Você está na página 1de 15

ASSESSORIA PEDAGÓGICA E MARKETING

ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES: ESTUDO COMPARATIVO


ENTRE A BIOCIMENTAÇÃO E O SOLO GRAMPEADO

BRASÍLIA/DF

2019
RESUMO

A questão da estabilidade de taludes tem se transformado nas últimas décadas em


um tema fundamental no que se refere à segurança, posto que as regiões próximas
de encostas naturais estejam sendo cada vez mais ocupadas por conta do
crescimento populacional descontrolado. O trabalho de pesquisa em questão
apresenta uma definição resumida de talude, elencando suas mais utilizadas
maneiras de escorregamento como também os tipos de contenção que podem ser
usadas na estabilização do maciço de solo. Assinala ainda o conceito de solo
grampeado, as fases do processo de execução e faz uma avaliação comparativa
entre os dois métodos: o solo grampeado e a biocimentação. O artigo mostra
também que o solo grampeado constitui-se em um processo que cuja execução é
considerada rápida quando comparada à biocimentação, pois a mesma só trouxe
resultados expressivos após um longo período de tempo. Além disso, se comparada
a biocimentação, o solo grampeado faz uso de muitos equipamentos e mão de obra
especializada.

Palavras-chaves: Taludes. Estabilização. Solo grampeado. Encostas.


Biocimentação.
1 INTRODUÇÃO

São inúmeros os métodos que podem ser utilizados com o objetivo de


estabilizar taludes, alguns dos mais conhecidos são: a Diminuição da inclinação do
talude, a Drenagem superficial e profunda, o Revestimento do talude, a
Revegetação, o Emprego de materiais estabilizantes, os Muros de arrimo e
ancoragens, a Utilização de bermas, a Prévia consolidação da fundação, se
constituída por solos compressíveis.

De forma geral, o talude apresenta-se como uma massa de solo que se


submete a três campos de forças: seu próprio peso, escoamento de água e sua
resistência ao cisalhamento.

Entende-se como talude todo terreno inclinado, natural ou artificialmente. O


talude natural é aquele constituído naturalmente pela natureza, pela ação geológica
ou pela ação das intempéries (chuva, sol, vento, entre outras). Já o talude artificial é
aquele que foi construído pela ação do ser humano, como as minas a céu aberto, as
barragens de reservatório de água, as laterais de estradas e ruas, a escavação de
valas para assentamento de tubo de água e até os fundos das casas edificadas em
local em aclive (terreno subindo) ou declive (terreno descendo), como também em
aterros e terraplenagens urbanas.

O presente projeto tem por objetivo apresentar propostas conceituais que


tragam uma diretriz geral para o implemento da proteção e revestimento vegetal das
encostas. O estudo sugere a melhora das características ambientais contribuindo
com o controle dos processos erosivos das encostas, mediante intervenções
baseadas em técnicas de recuperação de áreas degradadas e engenharia natural,
dando ênfase na biocimentação e solo grampeado.

A biocimentação se efetiva com a constituição de calcite através da hidrólise


da ureia, sendo a calcite o elemento responsável pela aglutinação das partículas do
solo, tornando-o mais resistente, pouco permeável e um bom método para a
estabilização de taludes (PEDREIRA, 2014).

O solo grampeado representa uma técnica de estabilização feita através da


introdução de elementos resistentes, denominados grampos ou chumbadores. É
realizada em três fases: escavação, introdução dos grampos ou chumbadores e o
jateamento do concreto para a impermeabilização do maciço (MAGALHÃES, 2013).

Finalmente, o presente trabalho de pesquisa apresenta como proposta a


identificação, a conceituação e a descrição dos processos e dos fenômenos erosivos
e de instabilidade geotécnica e dessa maneira sugerir técnicas baseadas em
conceitos de engenharia natural para a mitigação, correção e prevenção de tais
processos.

Para a elaboração do trabalho em questão utilizaremos a pesquisa


bibliográfica. Entende-se por pesquisa bibliográfica a revisão da literatura sobre as
principais teorias que norteiam o trabalho científico. Tal revisão chamamos de
levantamento bibliográfico ou revisão bibliográfica, a qual pode ser realizada em
livros, periódicos, artigo de jornais, sites da Internet entre outras fontes.

Segundo Marconi e Lakatos (2007):

A metodologia está diretamente relacionada com o problema a ser


estudado; a escolha dependerá dos vários fatores relacionados com a
pesquisa, a natureza dos fenômenos, o objeto da pesquisa, os recursos
financeiros, a equipe humana e outros elementos que possam surgir no
campo da investigação.
2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ESTABILIDADE DE TALUDES

2.1.1 Taludes

Dentre as definições encontradas para talude a que mais se destaca é “toda


e qualquer superfície inclinada que limita um maciço de terra, rocha ou de ambas,
distinguindo igualmente talude natural (encostas ou vertentes) e artificial (cortes e
aterros)” (PEDREIRA, 2014). Conforme norma ABNT NBR 11.682:1991
(Estabilidade de Taludes), “os taludes naturais são compostos pela ação da
natureza, sem ingerência do ser humano”. Ainda conforme a mesma norma ABNT
NBR 11.682:1991 (Estabilidade de Taludes), “os taludes artificiais são aqueles
formados, ou modificados, pela ação direta do homem”.

No que diz respeito aos taludes, adequado se torna também fazer referência
aos fenômenos que podem acarretar a instabilidade dos maciços de solo. Tais
fenômenos são chamados de movimentos de massa, sendo eles origens e
ocorrências de maneiras distintas. Apresentam-se a seguir os principais tipos de
movimentos de massa relevantes para esse trabalho de pesquisa:

a) Rastejos: oscilações que acontecem mais lentamente, isto é, com baixas


velocidades, de maneira contínua e não apresentando superfície de ruptura definida.
São movimentos que podem ocorrer com grandes volumes de material, sendo
normalmente provocados por ação da gravidade juntamente com as variações de
temperatura e umidade (GERSCOVICH, 2016);

b) Escorregamentos: caracterizam-se como movimentos rápidos de uma amostra


bem definida de solo e/ou rocha. O deslocamento ocorre por conta da gravidade,
sendo ele realizado tanto para baixo quanto para fora do talude (TOMINAGA, 2009).

c) Corridas de massa: consistem no escoamento rápido do solo causado pelo


excesso de água. São fenômenos que alcançam grandes distâncias em um curto
período de tempo, ainda que a área de ocorrência seja pouco inclinada, podendo
ocasionar consequências em grande escala (SANTORO, 2011).

Mediante o exposto, cabe estabelecer uma comparação em relação ao nível


de risco dos deslocamentos característicos e a velocidade característica média,
através de informações baseadas na ABNT NBR 11682:1991 (Estabilidade de
Taludes), que aponta como sendo de alto risco quando o deslocamento na
horizontal for maior que 20,0 cm, na vertical maior que 10,0 cm e com velocidade
característica média superior a 20,0 mm/dia para ambas as direções e, de baixo
risco, quando o deslocamento na horizontal for menor que 5,0 cm, na vertical entre
2,0 e 10,0 cm e com velocidade característica média entre 1,0 e 20,0 mm/dia para
duas direções.

Outro item de grande relevância no estudo da estabilização de taludes


encontra-se no quesito de segurança do mesmo. De acordo com a ABNT NBR
11682:1991 (Estabilidade de Taludes), o fator de segurança consiste na “relação
entre os esforços estabilizantes (resistentes) e os esforços instabilizantes (atuantes)
para determinado método de cálculo adotado”.

Segundo Teixeira (2011), o fator de segurança (FS) é o definidor da


condição de estabilidade do talude e o indicador do nível de segurança de um
projeto. Para assegurar a estabilidade o talude deve apresentar fator de segurança
maior que 1,0, tendo como limite de estabilidade em iminência de ruptura o valor
igual a 1,0 e se torna instável quando apresenta valores inferiores a 1,0.

2.1.2 Tipos de contenção de taludes

As contenções podem ser determinadas como estruturas construídas com a


finalidade de promover a estabilidade do talude. Operam como sustentáculo,
impedindo que ocorram escorregamentos ou quaisquer outras formas de
movimentação do solo que possam ocasionar a instabilidade (BARROS, 2013).

De maneira resumida, as estruturas de contenção são usadas na


estabilização dos taludes quando o fator de segurança do maciço apresenta valores
inferiores aos exigidos na norma (TEIXEIRA, 2011). Na maioria das vezes são
estruturas onerosas, assim sendo, deve-se proceder a uma avaliação minuciosa
antes da adoção de qualquer tipo de contenção (MEDEIROS, 2012).

Para Marangon (2009), o modo de contenção mais adequado é determinado


mediante a análise do talude no que se refere aos processos que possam trazer
instabilidade ao mesmo, isto é, avaliando o estado do maciço e pontuando quais os
fatores instabilizantes que atuam nele.
Na visão de Teixeira (2011), os mais importantes tipos de contenção são os
que se baseiam no peso, os que trabalham com ancoragem (solo grampeado,
cortina atirantada e terra armada), os que trabalham por ficha (estaca justaposta) e
os sistemas mistos (estaca justaposta com estronca ou tirante).

Utilizar-se-á como foco do presente trabalho de pesquisa o processo da


biocimentação e far-se-á uma comparação com o método do solo grampeado,
objetivando caracterizar e relacionar os benefícios da utilização de um processo
menos agressivo ao meio natural. A ênfase na biocimentação justifica-se pela
necessidade da promoção de novos métodos que permitam uma maior
sustentabilidade para o meio ambiente além da questão econômica e no solo
grampeado por ser um dos métodos mais utilizados atualmente.

2.1.3 Solo Grampeado

O solo grampeado caracteriza-se por ser um método de reforço “in situ” do


talude efetivado através da inserção de elementos resistentes no solo. Esses
elementos são chamados de grampos, que são fixados na horizontal de modo a
introduzir esforços resistentes de tração e cisalhamento (ORTIGÃO, 2012).

Conforme o engenheiro Roberto Kochen, diretor técnico da Geocompany, o


processo de grampeamento do solo proporciona a estabilização do talude mediante
o aumento da coesão do conjunto solo-reforço. Quando projetado, executado e
supervisionado de maneira correta por profissionais qualificados e com experiência o
método proporciona benefícios como econômica e segurança.

O método do solo grampeado não é aconselhado para aterros, terrenos


muito arenosos ou em locais cujo nível d’água seja elevado, pois esses fatores
atrapalham o processo de construção e implantação dos grampos. O ambiente ideal
para sua utilização está em taludes naturais ou resultantes de escavações (BOLTON
e STEWART, 2010).

Conforme Zirlis e Palmeira (2012), essa metodologia tem como finalidade


resistir aos esforços externos como afundamentos e escorregamentos e esforços
internos por meio dos chumbadores que têm por função estabilizar todo o volume de
solo envolvido. Os componentes de reforço devem manter o solo equilibrado,
trazendo segurança para o ambiente nas possíveis ações de escorregamento. Tais
elementos são fixados no solo de modo a permitir a introdução dos esforços
resistentes de tração e cisalhamento (ORTIGÃO, 2012). De maneira geral, os
grampos respondem pela estabilização geral do talude (ZIRLIS E PALMEIRA, 2012).

No entendimento de Magalhães (2013), o processo de execução do


grampeamento do solo resume-se essencialmente na escavação do talude,
colocação dos grampos e jateamento do concreto projetado. Dessa forma, torna-se
conveniente citar tais pontos a seguir:

a) Escavação do talude: conforme Teixeira (2011), as profundidades recomendadas


para a escavação são de 1 a 2 metros conforme o tipo de solo, com intuito de evitar
grandes deformações na face do talude. Também recomenda-se a inclinação da
face do talude, sempre que possível, para aumentar a estabilidade e reduzir o uso
de armaduras de reforço.

b) Introdução dos grampos: os grampos podem ser introduzidos no talude de duas


maneiras distintas, sendo uma delas por meio da injeção e a outra por cravação. No
método de injeção, após o pré-furo as barras são posicionadas no talude e logo
após é inserida uma calda de cimento, sendo que esta deve atender aos requisitos
do projeto, não contendo, portanto, cimentos que possam ser altamente agressivos
aos grampos (ZIRLIS E PALMEIRA, 2012). Já o método por cravação o grampo é
introduzido por percussão com auxílio de martelete. Este possui um processo
executivo mais ligeiro, apresentando como desvantagem uma menor resistência ao
cisalhamento (ORTIGÃO, 2012).

c) Jateamento do concreto: consiste no revestimento do paramento do talude. O


concreto, por sua vez, pode ser projetado de duas maneiras distintas: por via seca
ou por via úmida. No concreto projetado por via seca, o preparo é feito a seco,
sendo que a água é adicionada somente no bico de projeção. Já no concreto
projetado por via úmida, a mistura é preparada com água e assim projetada na
superfície (SOLOTRAT, 2017).

As máquinas para a execução do solo grampeado consistem basicamente


de um equipamento para escavação de terra, uma máquina perfuradora, um
equipamento de injeção e outros equipamentos leves. Os trabalhos de escavação,
perfuração e injeção podem ser efetivados respectivamente em posições diferentes
de trabalho, proporcionando rapidez na construção (BRUCE E JEWEL, 2007).

Trata-se de um processo pouco agressivo ao meio ambiente (TEIXEIRA,


2011), entretanto, o grande inconveniente está no processo de impermeabilização
com concreto, pois a própria produção do cimento emite quantidade significativa de
dióxido de carbono (CO2) na atmosfera (VAN PAASSEN, 2010).

2.1.4 A Biocimentação e seu Processo Químico

A biocimentação consiste em um método no qual a formação da calcite é


responsável pela ligação das partículas do solo, provocando ganhos na rigidez e
resistência. Essa técnica também é conhecida como MICP – Calcite Introduzida
Microbiologicamente por Precipitação (PEDREIRA, 2014).

Para sua realização utiliza-se uma mistura de ureia [CO(NH2)2] e água


(H2O), formando um líquido nutriente que, quando introduzida no solo, alimenta as
bactérias conhecidas como Sporosarcina pasteurii, comumente presentes nele
(PEDREIRA, 2014). Com a introdução dos nutrientes no solo, em condições
favoráveis, as bactérias se desenvolvem rapidamente e aumentam sua quantidade.
Após a fermentação, a mistura dá lugar a um material ligante que proporciona o
aumento da resistência do solo (RIBEIRO, 2015).

O procedimento de precipitação de carbonato de cálcio (CaCO3), mediante


a hidrólise da ureia, é a maneira mais direto e com capacidade de produzir grandes
quantidades de carbonatos em pouco tempo (DHAMI, 2013).

Fica evidente que para qualquer método que seja adotado para a
estabilização de taludes existem fatores que podem afetar negativamente a estrutura
durante ou após sua execução. No que diz respeito à biocimentação, deve-se
elencar a seguir os principais itens que podem ter influência no comportamento das
bactérias e que podem interferir na produção do biocimento.

As bactérias geram a calcite com eficiência quando o ambiente em que se


encontram proporciona as condições adequadas. Assim, alguns fatores podem
influenciar no comportamento delas e, consequentemente, na produção do
biocimento, entre eles estão pH, temperatura e quantidade de nutrientes (RIBEIRO,
2015).

O pH é considerado perfeito quando alcança valores entre 7,5 e 8,


garantindo a máxima atividade da enzima. Porém, se apresentar pH de 9 a enzima
ainda consegue realizar sua atividade, entretanto, com rendimentos inferiores
(PEDREIRA, 2014).

Já no que se refere à temperatura, Ribeiro (2014) informa que as bactérias


Sporosarcina pasteurii são capazes de sobreviver em temperatura ambiente, porém,
atingem sua eficiência máxima quando são submetidas à temperatura de 30ºC.
Dessa forma, quando submetidas a temperaturas inferiores ou superiores a 30ºC
elas não se multiplicam com a mesma eficiência, tornando o processo mais lento ou
até mesmo ineficiente.

Quanto ao nutriente, a quantidade pode afetar o rendimento da bactéria.


Dependendo da proporção ela pode produzir mais ou menos calcite em determinado
tempo (BORGES, 2015).

Baseando-se nos argumentos anteriormente citados pode-se caracterizar os


aspectos do solo após receber o tratamento denominado biocimentação.

Um dos solos mais utilizados nas obras geotécnicas é o laterítico (solos


superficiais, típicos das partes bem drenadas das regiões tropicais úmidas,
resultante de uma transformação da parte superior do subsolo pela atuação do
intemperismo). São obras como as de estradas, aeroportos e barragens que utilizam
especificamente as argilas lateríticas no processo de pavimentação por possuir uma
ótima trabalhabilidade (VILLIBOR, 2006).

Com a adição do processo de biocimentação, essas obras podem usufruir


de um aumento de resistência. A precipitação da calcite, pelo processo de
cimentação das partículas aumenta a rigidez e resistência do solo, evitando suas
deformações (DEJONG, 2010).

A biocimentação realiza-se “in situ”, reforçando o solo e melhorando a


resistência à erosão, pois ao introduzir as bactérias no solo, estas estão sujeitas a
produzir o biocimento. O biocimento, por sua vez, reduz os vazios, diminuindo o
processo que causa o arrastamento de pequenas quantidades de solo (BORGES,
2015). Bang (2011), através de ensaios verificou que o principal motivo da
resistência ao cisalhamento é o fato de que na metabolização das bactérias ao redor
das células há um aumento significativo de cristais de carbonato de cálcio. Isso faz
com que as partículas do solo fiquem mais interligadas e com menos poros,
tornando o solo mais duro e resistente, tanto na ação de intemperismos quanto na
resistência ao corte e deslizamento. A National Earthquake Hazards Reduction
Program, por meio de suas experiências, obteve resultados tão positivos que
comparou o solo após o tratamento, com um tipo de “rocha”, pois apresentou uma
velocidade de 1200 m/s de onda de corte ou até mais que isso (NEHRP, 2013).

Outro fator de grande relevância na caracterização do solo tratado por meio


da biocimentação é a permeabilidade do solo. Ferris (2012), observou que houve
uma redução de 15% a 20% da permeabilidade com uma comparação inicial. Já
Whiffin (2007), de maneira muito semelhante, percebeu uma diminuição da
permeabilidade de 22% a 75%. O que pode ser explicado pela elevação da
regularidade e aumento da densidade do solo.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando são analisados os elementos apresentados, percebe-se que, para


que ambos os métodos sejam concretizados de modo eficiente e seguro é
necessário que se faça uma meticulosa avaliação do local e de suas condicionantes.

Depois dessa minuciosa avaliação procede-se a uma análise do tipo de


contenção mais adequado e faz-se o cálculo do melhor fator de segurança para a
estabilização. Não obstante a avaliação local, podem ainda acontecer circunstâncias
em que as condicionantes locais não são consideradas de maneira apropriada, o
que poderá originar restrições ou a inviabilidade de seu uso.

Verificou-se, para fins de estudo, que depois da efetivação de uma


escavação os taludes de corte colocam-se em uma condição de instabilidade, sendo
necessário cuidados especiais. Nota-se ainda que, as intempéries têm influência
direta nas condições do talude, causando deslizamentos e carregamento de solo.
Por conseguinte, os dois métodos focados apresentam a finalidade de tornar
impermeável o maciço, impedindo esses tipos de problemas.

Em relação ao método de grampeamento seus resultados já foram bastante


avaliados, visto que é o mais conhecido. Trata-se de um tipo de contenção possível
de ser utilizada na maior parte dos tipos de solos. Entretanto, mesmo não sendo
muito prejudicial ao meio ambiente, demanda muitos materiais em seu processo de
execução, além de exigir um grande controle de qualidade e de profissionais
habilitados.

No caso da biocimentação, trata-se de um processo mais recente, pouco


usado e que ainda encontra-se em estudo, porém até o presente momento
apresenta resultados bastante satisfatórios. Consiste em uma técnica que depende
muito das condições do ambiente para produzir as bactérias, sendo que elas só são
produzidas com eficiência se estiverem em condições adequadas. Sua efetivação,
de acordo com estudos realizados por Pedreira (2014), não exige muito tempo,
compondo-se essencialmente de uma mistura de ureia e água, que formam um
líquido nutriente, que é inserido “in situ” para alimentar as bactérias. Após a
introdução do nutriente aguarda-se o efeito da proliferação e formação da calcite,
gerando uma maior resistência do solo.
Porém, não há como estimar qual dos métodos é mais eficaz e eficiente,
posto que existem diversos fatores a serem mensurados como: o tipo de obra, o
tamanho dela, qual tipo de solo é predominante no local e a frequência de
ocorrência das intempéries. Além do mais, a biocimentação consiste em uma técnica
que mesmo apresentando bons resultados os estudos realizados até o momento
apresentaram resultados em dois anos.

O trabalho de pesquisa tem por base uma revisão bibliográfica, porém,


torna-se conveniente para pesquisas futuras considerar os resultados tanto do
processo de grampeamento do solo como da biocimentação por meio de ensaios de
caracterização, tais como: resistência e permeabilidade. Outra questão de interesse
poderia ser a observação em campo, com a finalidade de examinar a eficácia de
cada um no mesmo tipo de solo e condições locais similares, conseguindo assim
resultados comparativos mais específicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT NBR 11682:2009; Estabilidade de Encostas. ABNT/CB-002 Construção Civil.

BARROS, P. L. A. Obras de contenção. Manual técnico. Maccaferri: banco de


dados. 2013 Disponível em:
<https://www.aecweb.com.br/cls/catalogos/maccaferri/obras_de_contencao_opt.pdf>
Acesso em: 10 agosto 2019.
BRUCE, D. A.; JEWELL, R. A. Soil mailing: Application and practice – part 2.
Ground Engineering, 2007.
BOLTON, M. D.; STEWART, D. I. The response of nailed walls to the elimination
of suction in clay. Proceedings of the international conference on reinforced
soil. Glasgow, 2010.
BORGES, H. M. R. R. Bio-cimentação como técnica de reparação de
argamassas cimentícias. Dissertação. (Mestrado em Engenharia Civil) – Técnico
Lisboa, 2015.
DEJONG, J. T. Biomediated soil improvement. Ecological Engineering, 36, 196-
210, ASCE, 2010.
DHAMI, N. K.; REDDY, M. S.; MUKHERJEE, A. Biomineralization of calcium
carbonate polymorphs by the bacterial strains isolated from calcareous sites.
Journal of Microbiology and Biotechnology, 2013.
FERRIS, F. G. Calcium carbonate precipitation by ureolytic subsurface
bacteria. Geomicrobiology Journal, 17, 305-318, 2012.
GERSCOVICH, D. M. S. Estabilidade de taludes. 2ª ed. Oficina de Textos. São
Paulo, 2016.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de
metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2007.
MAGALHÃES, M. A. Resistência ao arranchamento de grampos com fibras de
polipropileno. 2013. Dissertação. (Mestrado em Ciências em Engenharia Civil).
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.
MARANGON, M. Notas de aula: Estabilidade de taludes. Unidade 4. Universidade
Federal de Juiz de Fora. Minas Gerais, 2009.
MEDEIROS, Marcelo. Sistemas de contenções. Universidade Federal do Paraná:
Curitiba, 2012.
NEHRP RECOMMENDED PROVISIONS (National Earthquake Hazards Reduction
Program) (2013). For seismic regulations for new buildings and other
structures.
ORTIGÃO, J. A. R. Experiência com solo grampeado no Brasil. São Paulo: Solos
e rochas, 2012.
PEDREIRA, R. R. Biocimentação de solos arenosos para melhoramento das
suas características hidro – mecânicas. Porto Alegre, 2014.
RIBEIRO, Tatiane. Europeus criam biocimento fabricado por bactérias.
QIQUEMINOVA: banco de dados. Disponível em:
<https://queminova.catracalivre.com.br/inventa/europeus-criam-biocimento-
fabricadopor-bacterias/> Acesso em: 14 agosto 2019.
SANTORO, Jair. Os Desastres Naturais e suas consequências. 3ª edição.
Instituto Geológico: São Paulo, 2011.
SOLOTRAT. Solo grampeado. Grajaú. São Paulo, 2017. Disponível em:
<www.solotrat.com.br/assets/pdf/solo-grampeado.pdf> Acesso em: 15 agosto 2019.
TEIXEIRA, I. J. R. Estudo comparativo de duas alternativas para contenção de
taludes verticais: solo grampeado e cortina atirantada. Monografia. (Graduação
em Engenharia Civil). Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana,
2011.
TOMINAGA, Lídia Keiko. Desastres Naturais, Conhecer para prevenir. 1ª edição.
Instituto Geológico, São Paulo, 2009.
VAN PAASSEN, L. A. Quantifying biomediated ground improvement by
ureolysis: large-scale biogrout experiment. Journal of geotechnical and
geoenvironmental engineering © ASCE, 2010.
VILLIBOR, D. F. A importância dos solos tropicais em pavimentação. Anais da
7ª Reunião de Pavimentação Urbana. São José dos Campos, 2006.
WHIFFIN, V. Microbial carbonate precipitation as a soil improvement technique.
Geomicrobiology Journal, 24, 1-7, 2007.
ZIRLIS, A. C.; PALMEIRA, E. M. Utilização do Solo Grampeado no Brasil. São
Paulo: Solos e rochas, 2012.

Você também pode gostar