Você está na página 1de 5

1 PURITANISMO: como começou

Mas antes mesmo do leitor se ater em o que era o puritanismo é necessário


olhar para um pouco antes na história, mais precisamente em 21 de janeiro de 1525
em Zurique acontecia o conselho Municipal de Zurique. Esse conselho determinava
que Conrad Grebel e Felix Manz parassem de ensinar a bíblia e alguns dias antes o
conselho havia orientado que todas as crianças até 8 dia de vida deveriam ser
batizadas pelos pais, aquele que se opusesse a admoestação correria o risco de ser
banidos da região.1
No entanto a história do cristianismo toma outro rumo graça a doze homens
que se opuseram a essa ordem, um ex - sacerdote chamado George Blaurock, foi
até Conrad e pediu para ser batizado pela mesma forma apostólica, com a confissão
de fé pessoal em Jesus Cristo. Em seguida, todos os outros homens foram sendo
batizados um após o outro, isso resultou em umas das ações mais revolucionárias
do cristianismo, dando origem assim ao grupo conhecido como anabatistas.2
Os anabatistas têm como suas principais crenças o batismo na fase adulta,
ou na fase da consciência, anulando assim o batismo de crianças. Esse nome
anabatistas significa rebatizadores, mas, o movimento ficou assim conhecido por
esse nome quando seus inimigos os começaram a chamar dessa forma, eles, porém
preferiam que os chamassem de batistas.3
Alguns homens desse debruçaram nas escrituras para estudá-las e
perceberam que a igreja primitiva não mantinha nenhuma ligação com o estado, o
principal cuidado da igreja primitiva era com homens e mulheres, que de forma
espontânea decidiram seguir a Jesus e seus ensinamentos. Por isso os anabatistas
queriam tanto a separação da igreja e estado4.

O movimento chamado puritanismo aconteceu em três datas diferentes, e


suas forças eram concentradas na reforma da igreja da Inglaterra. O primeiro
movimento aconteceu em 1558 a 1603, no reinado da rainha Elizabeth, onde buscou
purificar a igreja da Inglaterra segundo os padrões da Genebra de Calvino.
No reinado de James I e Carlos I em 1603 a 1642, ocorreu o segundo
movimento puritano onde resistiram as reivindicações da monarquia para que se
conformassem a um cristianismo chamado de alta igreja.
A terceira data importante para o movimento puritano aconteceu em 1642 a
1660 durante a guerra civil da Inglaterra no governo de Oliver Cromwell, onde os
puritanos tiveram uma chance de moldar a igreja nacional da Inglaterra.5

1
SHELLEY,Bruce L: História do Cristianismo: uma obra completa e atualizada da igreja cristã desde
de a origem até o século XXI. Trad. Giuliana Niedhardt.- 1 ed.- Rio de Janeiro : Thomaz Nelson Brasil,
2018. p 270
2
SHELLEY,Bruce L: História do Cristianismo: uma obra completa e atualizada da igreja cristã desde
de a origem até o século XXI. Trad. Giuliana Niedhardt.- 1 ed.- Rio de Janeiro : Thomaz Nelson Brasil,
2018. p 270
3
SHELLEY,Bruce L: História do Cristianismo: uma obra completa e atualizada da igreja cristã desde
de a origem até o século XXI. Trad. Giuliana Niedhardt.- 1 ed.- Rio de Janeiro : Thomaz Nelson Brasil,
2018. p 271
4
SHELLEY,Bruce L: História do Cristianismo: uma obra completa e atualizada da igreja cristã desde
de a origem até o século XXI. Trad. Giuliana Niedhardt.- 1 ed.- Rio de Janeiro : Thomaz Nelson Brasil,
2018. p 272
Esse termo puritano foi usado pela primeira vez em 1560, usada por
protestantes ingleses, que acharam deficientes a reforma da rainha Elizabeth e
pediram mais purificação da igreja na Inglaterra. A primeira impressão foi negativa
quando usaram esse termo, mas logo o termo foi bem aceito, quando viram que o
movimento queria uma melhor conformidade da Inglaterra com a Palavra de Deus.
Havia três áreas que os puritanos reivindicação uma purificação, primeiro era
o púlpito, defendiam uma pregação bíblica e doutrinariamente correta, segundo uma
santidade pessoal e da obra do Espírito de Deus. Em terceiro lugar na maneira de
adorar, buscavam promover uma simplicidade litúrgica, nas vestimentas e no
governo da igreja.6
Os puritanos obtiveram certo sucesso, atingindo os pontos onde
consideraram como meios para a purificação da Igreja. Mas em 1662, o ato de
uniformidade foi aprovado, esse ato dizia que todos os ministros deveriam assinar e
adotar o Livro de Oração Comum. A maioria dos ministros Puritanos não podiam
aceitar esse livro pois era um meio termo entre o Catolicismo Romano e o ensino da
Reforma.
Essa não aceitação, originou o movimento conhecido como a Grande
Expulsão, na qual mais de dois mil ministros foram expulsos de suas igreja e casas,
porque não estavam de acordo com o uso do Livro de Oração Comum. Como o
movimento dos Puritanos já havia crescido significativamente, restaram alguns
puritanos que lutavam pela reforma de dentro, e usava a liberdade de pregar. Dessa
maneira trabalhavam pela reforma da igreja e das pessoas a ter uma vida de
devoção coerente com a doutrina da graça.7
Criou-se uma ideia na atualidade que os Puritanos eram pessoas totalmente
aversos a alegria, que se vestiam mau entre outras qualidades negativas. O autor
Riken escreveu uma obra que desmistifica essas ideias e busca apresentar como
eram os pioneiros. Há de ressaltar que depois da restauração alguns do movimento
se perderam e escambaram para o outro lado.8
Muitos teólogos acabam afirmando que os puritanos eram pessoas aversas a
o sexo, que se vestiam mau, não gostavam de artes e que viviam a parte da
sociedade. Porém a obra Santos no mundo, rebate essa ideia, na obra o autor relata
como era os primeiros puritanos e desmistifica toda esses assuntos.9
Os puritanos tinham algo diferente e pode-se dizer que estavam muito a
frente do seu tempo quando se pense em organização eclesiástica, pensavam
igualmente como Lutero ao afirmar que a igreja é uma grande assembleia de almas,
também não seria as grandes construções e vestimentas pomposas que fariam
alguma diferença no âmbito da espiritualidade, ao invés disso estar na presença dos
remidos.
Em sua grande maioria os teólogos afirmavam que o que compunha o corpo
da igreja não era somente presbíteros e sacerdotes, mas sim a comunhão de todas

5
SHELLEY,Bruce L: História do Cristianismo: uma obra completa e atualizada da igreja cristã desde
de a origem até o século XXI. Trad. Giuliana Niedhardt.- 1 ed.- Rio de Janeiro : Thomaz Nelson Brasil,
2018. p 315.
6
BEEKE, Joel R. Puritanismo: lições sobre o puritanismo. Trad. Samuel Fernandes Nascimento
Junior.- 1 ed.- Franca: Defesa do Evangelho, 2021. P 5.
7
BEEKE, Joel R. Puritanismo: lições sobre o puritanismo. Trad. Samuel Fernandes Nascimento
Junior.- 1 ed.- Franca: Defesa do Evangelho, 2021. P 6.
8
RYKEN, Leland. Santos no mundo: os puritanos como realmente eram. Editora fiel da missão
evangélica. São José dos Campos- SP 1992, p 15
9
RYKEN, Leland. Santos no mundo: os puritanos como realmente eram. Editora fiel da missão
evangélica. São José dos Campos- SP 1992, p 16
a pessoas no ouvir a palavra e o viver da forma santa. Os puritanos criam mais em
uma igreja invisível, onde o prédio não faria tantas diferenças, mas para ele cada
homem e mulher que confessasse ao Senhor isso os tornaria um templo de Deus10.
1.1Principais nomes do movimento puritano
Conhecido como o pai do movimento, Willian Perkins, nasceu em Marston
Jabbett, Warwickshire. Não era apenas um grande teólogo e pregador, mas também
era conhecido pelo aconselhamento bíblico, sempre oferecendo uma sabedoria
espiritual para a resolução dos problemas. Foi fundamental para promover a reforma
na igreja da Inglaterra, a sua vida sempre permeava pela graça de Deus na salvação
do homem. Apontou que do início ao fim, a salvação do homem vem de Deus, dessa
maneira ele classifica o catolicismo romano como um inimigo da graça de Deus, pois
exaltava a liberdade da vontade do homem, assim diminui a graça de Deus11.
Richard Sibbes nasceu em Tostock, Suffolk, era mestre em Cambridge, tendo
obtido o bacharelado três anos antes. Se converteu em uma pregação de Paul
Baynes, que era sucessor de Perkins na igreja de St. Andrews. Foi pároco da Holy
Trinity em Cambridge, a convite do rei Charles I.
Conhecido com um doce expositor da graça e do amor de Deus em Cristo,
sua vida foi piedosa. Afirma que que o nosso amor a Deus, demonstrava se Deus
nos amava, para ele o amor era irresistível e recíproco12.
Richard Baxter, nascido em Rowton, Shropshire, teve uma educação informal.
Foi ordenado na igreja da Inglaterra, foi capelão do exército. Baxter apesar de não
ter uma congregação, segue pregando e dando palestra e escrevendo até pouco
antes de sua morte.
Após sua expulsão da Igreja da Inglaterra, sofre intensa perseguição, por
causa da sua pregação e pelo Ato de Uniformidade. É preso alguma vezes por sua
pregação e escritos não-conformistas. Levava a pregação como algo muito sério,
tinha um ministério zeloso, um ensino catequético e uma pregação grave, por esses
motivos ficou conhecido como um dos melhores pastores e pregadores que o
puritanismo produziu13.
Conhecido como um dos maiores pensadores e mestres do puritanismo, John
Owen, tem seus escritos que são relevantes para os dias atuais. Nascido em
Stadham, perto de Oxford.
Owen era facilmente identificado como um homem controlado pelo princípio
básico de viver a vida cristã e adorar a Deus está no conhecimento da sua Palavra.
Seus ensinos estavam baseados na mortificação do pecado, comunhão com Deus e
a gloriosa pessoa de Cristo. Na sua lapide, tinha a inscrição, um peregrino na terra,
que se agarrou a Deus como se estivesse no céu14.

10
RYKEN, Leland. Santos no mundo: os puritanos como realmente eram. Editora fiel da missão
evangélica. São José dos Campos- SP 1992, p 127
11
BEEKE, Joel R. Puritanismo: lições sobre o puritanismo. Trad. Samuel Fernandes Nascimento
Junior.- 1 ed.- Franca: Defesa do Evangelho, 2021.p 13.
12
BEEKE, Joel R. Puritanismo: lições sobre o puritanismo. Trad. Samuel Fernandes Nascimento
Junior.- 1 ed.- Franca: Defesa do Evangelho, 2021.p 20.
13
BEEKE, Joel R. Puritanismo: lições sobre o puritanismo. Trad. Samuel Fernandes Nascimento
Junior.- 1 ed.- Franca: Defesa do Evangelho, 2021.p40.
14
BEEKE, Joel R. Puritanismo: lições sobre o puritanismo. Trad. Samuel Fernandes Nascimento
Junior.- 1 ed.- Franca: Defesa do Evangelho, 2021.p 48.
Talvez um dos maiores nomes do puritanismo na américa, Jonathan Edwards,
nascido em uma família cristã, onde avô e pai eram pastores. Se converteu ao ler 1
Timoteo 1.17, diz ter sentido a glória de Deus tomar seu corpo, inundar a sua alma.
Edwards começa sua carreira ministerial em Nova York, em uma igreja
presbiteriana.
Tempos depois ele recebe um chamado para ajudar seu avô Salomon na
igreja em Northampton. O ministério dele é abençoado com múltiplos avivamentos.
Edwards é um instrumento usado por Deus na propagação e defesa do Grande
Avivamento.
Devido algumas divergências doutrinaria, a igreja de Northampton, votam pela
demissão desse grande pastor e teólogo. Então se torna pastor de uma igreja
pequenina e missionário para os índios Housatonic, em Stockbridge.
Edwards aceita o convite para ser o presidente da faculdade de New Jersey,
mas um fato terrível o tira a vida, quando a uma complicação de uma vacina tomada
contra varíola.15
1.2 PONTOS NEGATIVOS DO PURITANISMOS
É inegável que os puritanos mudaram o mundo como viviam e até os dias
atuais são lembrados os seus grandes feitos. No entanto podemos aprender muita
coisa com seus maus exemplos.
Beeke, aponta alguns pontos negativos que devemos com toda a certeza
fazer diferente do que eles fizeram. Tinham regras demais, isso acabou por causar
um legalismo muito forte no meio deles. Existem alguns exemplos do que aconteceu
quando se descumpriam, um exemplo bem conhecido ocorreu quando, um casal de
namorados subiu em uma macieira para passar a tarde, foram julgados
publicamente pois fizeram isso no Dia do Senhor, e nesse dia não era permitido
fazer nada16.
Eles eram acusados por falar demais. Prolixidade, não sabiam quando parar
de falar, erravam mais por falar muito, do que deixar de falar alguma coisa. Ao
observa as obras dos famosos puritanos perceber-se que a fartura de palavras em
seus vocabulários, faz o leitor perceber que eles tentam dizer a mesma coisa duas
ou até três de maneiras diferentes17.
Em tudo que faziam davam um jeito de colocar a sua moralidade em questão,
eles não se permitiam fazer qualquer coisa sem dar um sermão, tentavam moralizar
todas as coisas, acreditavam que isso era o que deviam fazer 18, atualmente seriam
chamados de excessivos. Não tinham nenhuma tolerância com os grupos religiosos,
há de se entender tal postura ao olhar para tanta perseguição que esse grupo
sofreu, porém nos dias atuais é sensato respeitar e tolerar pontos de vista distintos 19.

15
BEEKE, Joel R. Puritanismo: lições sobre o puritanismo. Trad. Samuel Fernandes Nascimento
Junior.- 1 ed.- Franca: Defesa do Evangelho, 2021.p 48.
16
BEEKE, Joel R. Puritanismo: lições sobre o puritanismo. Trad. Samuel Fernandes Nascimento
Junior.- 1 ed.- Franca: Defesa do Evangelho, 2021.p 199.
17
BEEKE, Joel R. Puritanismo: lições sobre o puritanismo. Trad. Samuel Fernandes Nascimento
Junior.- 1 ed.- Franca: Defesa do Evangelho, 2021.p 202.
18
BEEKE, Joel R. Puritanismo: lições sobre o puritanismo. Trad. Samuel Fernandes Nascimento
Junior.- 1 ed.- Franca: Defesa do Evangelho, 2021.p 203.
Por fim podemos citar o fato deles serem extremistas, nota-se que a falta de
proporção em determinados assuntos deixava-lhe as vistas embaçadas. Sempre
acreditavam que seus argumentos eram os corretos. Esse extremismo causou nas
pessoas uma repugnação, aponto de serem conhecidos até hoje por esses motivos20

19
BEEKE, Joel R. Puritanismo: lições sobre o puritanismo. Trad. Samuel Fernandes Nascimento
Junior.- 1 ed.- Franca: Defesa do Evangelho, 2021.p 207 .
20
BEEKE, Joel R. Puritanismo: lições sobre o puritanismo. Trad. Samuel Fernandes Nascimento
Junior.- 1 ed.- Franca: Defesa do Evangelho, 2021.p 209.

Você também pode gostar