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FREDERICO HENRIQUE PENA SOARES

ACONSELHAMENTO DE FAMÍLIA

Artigo apresentado para cumprir as


exigências da disciplina aconselhamento
do curso de Bacharelado em Teologia,
ministrada pela professor Ricardo
Lebedenco.

FACULDADE BATISTA
IJUÍ
2023
ACONSELHAMENTO DE FAMÍLIA
Frederico Henrique Pena Soares1

INTRODUÇÃO
No aconselhamento cristão, pode-se encontrarar vários desafios para ajudar
uma pessoa entender o que está acontecendo de errado ou o que está fora do eixo
na sua vida. No entanto, no aconselhamento de família, os desafios dobram de
tamanho, pois não é uma pessoa que o conselheiro precisa prestar atenção, mas sim
duas pessoas que buscam solucionar os problemas, é aí que começa o conflito de
interesses. O conselheiro precisa dominar as técnicas do aconselhamento para obter
mais resultado.
Esse trabalho irá abordar o primeiro núcleo da família, que é o marido e a
esposa, bem com os desafios que o casal passa para manter uma vida em santidade,
quando alguma coisa sai fora dos trilhos, entra a persona do conselheiro, onde ele
precisa identificar o causador do problema e diante disso ajudar o casal na dissolução
do problema.

1 OBJETIVO DO ACONSELHAMENTO
O grande objetivo do aconselhamento é dar base para a família que está
passando por perdas, decisões difíceis, ou desapontamentos a enfrentar melhor
essas dificuldades, e estimular o desenvolvimento pessoal e interpessoal. O dever do
conselheiro é levar os aconselhados a ter um relacionamento pessoal com Cristo, para
então obter perdão e conseguir se desvincular do pecado que oprimi o ser humano, e
isso irá acontecer na identificação do causador do problema2.
Collins, em sua obra faz alguns apontamentos relevantes que um conselheiro
precisa ter na hora de identificar, para não cometer alguns erros que podem ser muito
graves na hora de aconselhar:
‘’em todas as situações de aconselhamento, o orientador precisa fazer pelo
menos quatro perguntas: Qual é o problema? Será que devo intervir e tentar
ajudar? O que eu poderia fazer para ajudar? Será que existe alguém mais
qualificado do que eu para atuar nesse caso? É importante que o conselheiro
cristão tenha conhecimento da natureza dos problemas, saibam como o que
a bíblia ensina sobre eles e estejam familiarizados com as técnicas de
aconselhamento’’3.
Para se obter sucesso na hora de identificar o problema, há estudos que
mostram que o conselheiro tem mais eficácia e acerto quando ele demonstra algumas
qualidades como ser afetuoso, sensível, compreensivo, demonstra interesse na causa
e confronta as pessoas em amor. Pesquisas também revelaram que ser digno de
confiança, honesto, paciente, competência e ter boa saúde psicológica e ter um bom
conhecimento nos problemas humanos, bem como manejo das técnicas de
aconselhamentos, nota-se que há grandes chances de obter êxito4.

1
Bacharelando no curso de Teologia da Faculdade Batista Pioneira.
2
COLLINS,Gary R. Aconselhamento Cristão; Trad. Lucília Marques Pereira da Silva. São Paulo, vida Nova 2004, p
704. P 17.
3
Collins, 2004, p 19.

4
Collins, 2004, p 20.
Os problemas que um conselheiro pode encontrar em gabinete podem ser
diversos, problemas que envolvem a vida espiritual, geralmente ocupam uma pequena
parcela dos aconselhamentos que surgem na jornada de um conselheiro. Em sua
grande maioria os aconselhamentos que surgem são ligados a vida interpessoal,
matrimonial, depressão, confusão e crises do cotidiano5.
Todo aconselhamento começa com uma fase de conversação, nem sempre é
fácil iniciar uma conversa, ainda mais quando se trata de aconselhamento, por isso é
muito importante tomar cuidado para o conversa não se torne um monólogo. Através
desse início presume-se qual seja o problema que levou o casal, porém presumir não
é ter certeza do que está acontecendo, por isso essa é uma fase demanda bastante
tempo investido6.
Quando se trata sobre família no aconselhamento, geralmente quem procura o
auxílio é a mulher, o homem tem sempre mais dificuldade em procurar ajuda, eles
tendem a ter pensamentos de que não precisam de ajuda. Contudo é muito importante
que vá os dois no gabinete, porque se é muito tendencioso que a parte que ao
aconselhamento passe o tempo todo apenas para falar mal do cônjuge. O conselheiro
precisa ter atenção dobrada para conseguir desvendar os problemas que o casal está
passando, pois tem que observar duas reações ao mesmo tempo, manter a atenção
em duas pessoas não é nada fácil. Ruthe destaca em sua obra:
‘’Em vez de uma pessoa, agora temos duas que buscaram o
aconselhamento. O conselheiro precisa prestar atenção no dobro das
impressões. Também é preciso estar atento às reações e linguagens corporal
de duas pessoas.
Em vez de ser confrontado com os problemas de um indivíduo, agora
estamos diante dos problemas do casamento. No centro estão os problemas
da parceira e não em primeiro lugar os problemas de apenas uma pessoa
atingida’’7.
A observação começa logo após a chegada do casal, e procura-se não perder
nenhum detalhe, pois a comunicação não verbal pode dizer mais do que a verbal.
Conseguindo identificar o problema é hora da confrontação, uma parte do
aconselhamento importante que deve ser feito em amor, mas de maneira nenhum
deve ser negligenciada. Nesta da fase é interessante perguntar ao aconselhado qual
é a intenção dele nesse processo, diante de tudo que foi exposto, qual é a direção que
ele pretende dar a sua vida, já que agora conseguiu descobrir a razão dos
acontecimentos. Aqui é importante que os dois estejam seguros da decisão que vão
tomar adiante, assim a confrontação tem como objetivo assegurar de que os dois
entenderam o caminho que vão tomar daquele dia em diante8.
No próximo ponto será apresentado alguns motivos que levam casais e famílias
a entrarem em uma crise profunda, se não for tratado de forma rápida. Pois como
vimos existem o problema, mas antes disso precisamos entender qual é a causa
desse problema.

5
Collins, 2004, p 44.
6
MOLOCHENCO, Silas. Curso Vida Nova de Teologia Básica: Aconselhamento - São Paulo: Vida Nova, 2008, p
176, p 81.
7
RUTHE, Reinhold. Aconselhamento Terapêutico com uma introdução para o aconselhamento conjugal; Trad.
Hans Udo Fuchs. Curitiba: Editora Luz e vida, 1999, p247, p 104.
8
Molochenco, 2008, p 99.
3
2 CAUSAS DE CRISES FAMILIAR
Em um estudo feito pela faculdade de Brasília, os casais participaram de uma
pesquisa, onde o objetivo era descobrir qual é a maior causa de divórcios, visto que
hoje mais casamentos se desfazem do que pessoas se casam. Essa pesquisa mostra
vários motivos pelos quais pessoas decidem se divorciarem e acabar como núcleo
familiar, como falta de dinheiro, ter problemas não resolvidos com familiares,
imaturidade, falta de amor, má comunicação, caráter incompatibilidade entre outros.
Contudo, esse estudo irá focar em um motivo e dando um destaque especial ao topo
dessa lista que é a infidelidade9. Faz se necessário olhar para a Palavra de Deus e
ressaltar o quão é importante mantermos a fidelidade ao nosso cônjuge.
Ao olhar para a palavra de Deus, nota-se ordens claras em relação a fidelidade
entre o casal, no texto de Malaquias 2.13-19, Deus faz uma repreensão a infidelidade
do povo e usa o casamento para demonstrar o seu descontentamento:
‘’Há outra coisa que vocês fazem: Enchem de lágrimas o altar do SENHOR;
choram e gemem porque ele já não dá atenção às suas ofertas nem as aceita
com prazer. E vocês ainda perguntam: “Por quê?” É porque o SENHOR é
testemunha entre você e a mulher da sua mocidade, pois você não cumpriu
a sua promessa de fidelidade, embora ela fosse a sua companheira, a mulher
do seu acordo matrimonial.
Não foi o SENHOR que os fez um só? Em corpo e em espírito eles lhe
pertencem. E por que um só? Porque ele desejava uma descendência
consagrada. Portanto, tenham cuidado: Ninguém seja infiel à mulher da sua
mocidade.
“Eu odeio o divórcio”, diz o SENHOR, o Deus de Israel, “e também odeio
homem que se cobre de violência como se cobre de roupas”, diz o SENHOR
dos Exércitos.’’
O que podemos ver é Deus dando uma ênfase onde ele deixa claro que é a
mulher da tua mocidade, no singular, indicando que o homem teria durante sua vida
apenas uma mulher10. É muito importante deixar claro na hora do aconselhamento
que o matrimonio não é apenas uma aliança entre o marido e a mulher, mas vai muito
além disso, quando o profeta Malaquias diz: Deus é testemunha da aliança entre o
casal.
Novamente as escrituras condenam o abandono do cônjuge, pois manter o
casamento não é apenas uma obrigação entre o casal, mas faz parte do próprio pacto
firmado com Deus11. A infidelidade conjugal é tão séria que em Apocalipse é elencado
como fator determinante para a não entrada no céu, e é comparada aos assassinos,
os idólatras e todos os que amam a mentira (Ap 22.14-15). A palavra grega que foi
empregada é’’pornos’’, e normalmente é traduzida como impuros, prostitutos,
adúlteros ou imorais, seu significado engloba todo tipo de pecado sexual12.
A infidelidade na vida conjugal vai além do sexo fora do casamento. Precisa-se
ampliar essa visão, pois todo pecado nasce no pensamento e depois a pessoa precisa
colocar em prática aquilo que previamente cresceu em seu coração. Pode-se dizer
então que o sexo fora do casamento envolve pensamentos pecaminosos, logo existe
tratar primeiro sobre esses pensamentos e o porquê eles ocorrem. Um exemplo que
o autor Collins cita em sua obra é a fantasia sexual, ao autor apresenta duas visões,

9
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/avp/v2n1/v2n1a02.pdf, p 6.
10
SUBIRÁ, Luciano. O propósito da família, 2 ed. Curitiba, PR: Editora Orvalho, 2020, p 69.
11
SUBIRÁ, 2020, p 69.
12
SUBIRÁ, 2020, p 49.
a primeira onde algumas pessoas defendem que enquanto não houver um contato
físico não há pecado, essa visão legalista. Outros defendem que só de imaginar algum
tipo de desejo sexual com qualquer mulher que não seja a dele já é um pecado, teoria
que é defendida pelo sermão do monte, onde Jesus afirma que apenas olhar para
uma mulher com intensões impuras, já comete adultério13.
Uma pessoa que se envolve em caso de infidelidade, é muito provável que
aconteceram conversas que não deveria ter com outras pessoas que fora da união
conjugal. A Bíblia como já vimos, ela condena qualquer tipo de pecado sexual,
inclusive a linguagem obscena, o crente precisa estar longe dessas cousas, pois é
muito fácil cair nesse tipo de pecado. Porém as coisas começam a cada vez ficarem
pior, se esses tipos de pecados não forem combatidos, e o próximo passo que uma
pessoa infiel poder ter é o pecado da masturbação, essa prática sempre é
acompanhada de pensamento luxuriosos, como já apresentado nesse trabalho, é um
pecado, então é importante identificar o porquê o aconselhado está indo por esse
caminho e ajudá-lo a sair desse poço14.
Na obra aconselhamento bíblico nota-se uma pirâmide dos desejos. O topo da
pirâmide é o objeto de desejo, meio fica reservado para os desejos de relacionamento
e a base desejos que sentido à vida. Com essa pesquisa o conselheiro irá conseguir
colher informações suficiente para ajudar o aconselhando a vencer os pecados
sexuais15.
Por fim, é preciso levar em consideração que o casal que busca ajuda está sob
pressão do sofrimento, que busca ajuda sincera e toma posição em frente aos
desafios, é somente olhando para as escrituras que se encontrará ajuda eficaz, em
filipenses 2.12-13 há uma promessa maravilhosa:
‘’Continuem trabalhando com respeito e temor a Deus para
completarem a salvação de vocês. Porque Deus está agindo sempre em
vocês para que obedeçam a vontade dele, tanto no pensamento, quanto nas
ações’’16
Por isso o conselheiro deve sempre estar debaixo da Palavra do Senhor, o
conselheiro por si só não tem poder algum para ajudar um pecador, por isso é tão
importante estar diante do Deus dos céus.

6 CONCLUSÃO
Buscou apresentar para o leitor o objetivo do aconselhamento cristão e
algumas técnicas usadas em gabinete pastoral pra ajudar a identificar o problema,
como perguntas para iniciar conversas e processos na hora da confrontação. Também
alguns atributos que podem gerar crises na família. Apresentou-se uma situação mais
recorrente dentro de gabinetes pastorais e técnicas para ajudar o aconselhado a sair
dessa situação, e então a família que é um plano divino não sofrer consequências
graves como o divórcio.

13
Collins, 2004, p 293.
14
Collins, 2004 p 294.
15
SEMINÁRIO bíblico Palavra da Vida. Aconselhamento bíblico. Vol. 4, p 120.
16
Ruthe, 1999, p 106.
5
REFERÊNCIAS

COLLINS, Gary R. Aconselhamento Cristão; Trad. Lucília Marques Pereira da Silva.


São Paulo, vida Nova 2004, p 704
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/avp/v2n1/v2n1a02.pdf,
MOLOCHENCO, Silas. Curso Vida Nova de Teologia Básica: Aconselhamento - São
Paulo: Vida Nova, 2008, p 176
RUTHE, Reinhold. Aconselhamento Terapêutico com uma introdução para o
aconselhamento conjugal; Trad. Hans Udo Fuchs. Curitiba: Editora Luz e vida, 1999,
p247
SEMINÁRIO bíblico Palavra da Vida. Aconselhamento bíblico. Vol. 4
SUBIRÁ, Luciano. O propósito da família, 2 ed. Curitiba, PR: Editora Orvalho, 2020

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