RESENHA CRÍTICA

DROIT, R. P. Um passeio pela antiguidade. Pág. 133 a 139; DROIT, R. P.

Filosofia em cinco lições. Pág. 27 a 50.

O objetivo do texto inicialmente é apresentar uma leitura dos principais

pontos dos pensamentos dos dois grandes filósofos gregos Platão e Aristóteles
que, cada qual a seu modo, revolucionaram o pensamento filosófico com
implicações que abrangem hoje diversas áreas do pensamento. O texto também
mostra as diferenças no pensamento e métodos dos dois pensadores apesar do
fato de Aristóteles ter sido aluno de Platão.

O pensamento de Platão é logo influenciado pelos ensinamentos de

Sócrates. Este lhe ensina sobre a busca da verdade e a questionar inclusive o que
os sentidos nos apresentam. Esse modo de pensar carrega consigo uma herança
dos primeiros filósofos e sua busca pela origem da matéria, por um elemento
primordial. Assim também segue Platão que com sua busca pela verdade procura
a forma das coisas materiais, um “mundo das ideias” em que se chega indo
através das aparências e da visão individual de cada homem. Esse mundo das
ideias é que seria de fato o mundo real onde as coisas existem sem serem
distorcidas, alteradas, modificadas.

Logo no começo, o texto deixa evidencia uma das várias características de

Platão: sua habilidade e genialidade com a escrita. Essa característica torna-se
mais clara adiante quando o filósofo em um dos seus livros, A república, descreve
a alegoria da caverna. Nela Platão expressa seu pensamento sobre o mundo das
ideias da maneira mais didática e esclarecedora. Com esta alegoria Platão nos
mostra algo mais: o papel do filósofo é não apenas alcançar este mundo das ideias
para si, mas também mostrar aos homens esta verdade.

Assim como Platão desenvolveu o pensamento filosófico levando adiante e

aperfeiçoando o pensamento de seu mestre, Sócrates, também Aristóteles dá sua
contribuição à filosofia. No entanto, ele segue um caminho oposto ao do seu
mentor e dessa maneira torna a filosofia mais diversa e aprimorada. Se Platão
acreditava num mundo das ideias onde as coisas teriam suas formas imutáveis,
Aristóteles, pelo contrário não acreditava nesse conceito. Para ele é no próprio
mundo que observamos que encontramos “as chaves do conhecimento”.

Nesse sentido, Aristóteles torna a filosofia de fato uma ciência, com métodos
e ferramentas para analisar a razão. Sua maneira de pensar influencia, como
demonstrado no texto, gerações e culturas distantes e futuras. Ele trata em sua
obra sobre diversos assuntos através dos quais constrói seu raciocínio de maneira
coerente e talvez surpreendente dada a variedade de temas. Outra diferença
bastante marcante entre os dois filósofos: Platão com o mundo das ideias
propunha um pensamento mais rígido, uma forma ideal para as coisas que
superaria as distorções das impressões humanas; Aristóteles, no entanto buscava
uma raiz de pensamento e verdade, mas não a via como absoluta pois
comtemplava as exceções, era seu rigor relativo.

“Um passeio pela antiguidade” traz relatos mais pessoais da vida de

Sócrates, o grande pensador que influenciou Platão e toda a geração de filósofos
depois dele. Este texto conta de maneira resumida a história a partir de relatos de
sua vida já que ele próprio não deixou nada escrito e tudo o que sabe é através de
obras de autores contemporâneos (inclusive Platão que torna o estre personagem
de seus primeiros diálogos).

Conhecendo um pouco a trajetória de Sócrates, seus métodos ficam mais

evidentes, mas ainda surpreendentes. A maneira como ele colocou seu
pensamento não demonstra ser uma imposição da “sua” verdade, mas, como
descrito no próprio texto, consiste mais em “desestabilizar o indivíduo”. Sócrates
provoca as pessoas e suas certezas e as fazia perceber como podiam ser vazias.
Esse modo de pensar conduz a vida do filósofo de modo que se torna seu jeito de
viver, seu caráter.

Sócrates desperta avaliações conflitantes na sociedade ateniense de então,

mas não abre mão de seu estilo. Influencia jovens e chama a atenção de
estrangeiros. Seu jeito de pensar também é criticado e por toda uma geração atrai
admiradores e, por outro lado inimizades. O filósofo incomoda ainda mais quando
se contrasta com um grande valor da sociedade ateniense, a democracia: dentro
deste espaço de discussão todo aquele considerado cidadão tinha direito a
expressar sua opinião, mas de modo contraditório Sócrates expunha os defeitos
dessa forma de governo. Por fim, e com grande ironia, ele foi condenado à morte
por exercitar sua liberdade de expressão.

Os textos de Roger Pol-Droit trazem uma perspectiva daqueles que são

considerados os pais da filosofia ocidental – Sócrates, Platão e Aristóteles – cujas
ideias exerceram influência em diversos pensadores de diversas culturas ao redor
do mundo e ainda hoje permanecem atuais. Seus métodos e as discussões que
levantaram permanecem atuais e mostram como a filosofia tem sido fundamental
na evolução das sociedades.