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Platão

Platão foi discípulo de Sócrates e o primeiro teórico idealista. Escreveu sobre diversos temas, como
amor, amizade, política, justiça, imortalidade da alma, entre outros.
Estátua de Platão, um dos maiores pensadores da Grécia Antiga.
Platão foi discípulo de Sócrates e um dos mais importantes filósofos da Grécia Antiga. No período
antropológico, iniciado a partir das ideias socráticas, Platão destacou-se por ter lançado a sua teoria idealista e
por ter deixado escrita a maioria dos textos conhecidos hoje sobre Sócrates.

O idealismo platônico consiste, basicamente, em uma distinção entre conhecimento sensível, inferior e
enganoso, que seria obtido pelos sentidos do corpo, e conhecimento inteligível, superior e ideal, que acessaria a
verdade sobre as coisas. O conhecimento inteligível seria aquele que permite o nosso acesso ao ser e à essência
de algo, que seria imutável, ao contrário da aparência, que pode enganar-nos. O conhecimento inteligível estaria
no Mundo das Ideias e das Formas, enquanto o conhecimento sensível estaria em nossa realidade material.

O Mundo das Ideias ou das Formas (que deve ser escrito com letra maiúscula) seria a realidade intelectual,
verdadeira, eterna e imutável, que pode ser acessada apenas por meio da capacidade racional do ser humano.
Nessa instância, estariam as essências das coisas, os conceitos, as ideias fixas e imutáveis que descrevem
essencialmente cada ser ou objeto existente. Já o mundo sensível seria a realidade com a qual nos
defrontamos em nosso mundo prático, que experimentamos. Essa realidade sensível é ilusória e enganadora,
pois, para usar um jargão popular no qual Platão inspirava-se: as aparências enganam.

Resumo sobre Platão

 Jovem ateniense de família aristocrática.

 Praticante notável de esportes e interessado por política.

 Discípulo de Sócrates.

 Escreveu os diálogos socráticos, as principais fontes de conhecimento sobre os pensamentos de seu


professor.

 Fundou a Academia, instituição de ensino de Filosofia e Política para os jovens atenienses.

 Escreveu “A República”, primeira grande utopia política ocidental.

 Fundou o Idealismo, doutrina filosófica que atribui ao conhecimento meramente racional e às Ideias a
centralidade na busca pela verdade sem possibilidade de erro.

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Biografia de Platão

Platão chamava-se Arístocles. Nascido em Atenas, no ano de 428 a.C., e falecido em 348 a.C., o apelido Platão
foi conferido ao filósofo em sua juventude por causa de seus atributos físicos, por ser um homem forte, de
ombros largos (a palavra correspondente em grego, Platon, significa “omoplatas largas”, “costas largas”,
“ombros grandes”).

Platão era filho de uma família influente politicamente na Grécia (Platão era descendente de Sólon, um dos
legisladores e estadistas de maior destaque da política ateniense). Por pertencer a uma família que possuía bens
materiais, Platão pôde dedicar-se aos estudos de Filosofia. Entre 409 a.C. e 404 a.C., Platão lutou na Guerra do
Peloponeso, período final das batalhas entre Atenas e Esparta. Tendo sido derrotado (Esparta derrotou Atenas),
Platão vivenciou o período denominado Tirania dos 30, quando o regime democrático ateniense deu lugar à
tirania oligárquica dos modelos espartanos.
Platão conheceu o filósofo Sócrates, pensador que foi o seu mestre iniciador na Filosofia, mentor intelectual e
amigo, em Atenas. A influência de Sócrates sobre Platão é tão grande que a maioria dos textos deixados por
Platão é feita de diálogos em que Sócrates é o personagem principal.

Em 388 a.C., onze anos após a morte de Sócrates, Platão fundou a sua escola filosófica: a Academia. Por ser
ateniense, o filósofo tinha direitos civis garantidos e podia adquirir terrenos na cidade. Ele escolheu um terreno
no interior do parque Academia, dedicado ao herói grego Akademus. Um lugar onde os jovens reuniam-se para
discutir política e praticar exercícios físicos, a Academia era uma espécie de retiro tranquilo e politicamente
efervescente dentro da cidade, tendo uma vasta área verde e dois templos.

Leia também: Aristóteles: felicidade como fim das ações humanas

Principais ideias de Platão

→ Dialética

A dialética platônica, de inspiração parmenidiana, era uma técnica de extração de uma conclusão (síntese) com
base em duas ideias opostas (tese e antítese).

→ Idealismo

O idealismo platônico é o que há de mais marcante em sua obra. Com base na noção de que o conhecimento das
Ideias ou Formas puras, imutáveis e perfeitas é o único conhecimento verdadeiro (obtido pelo intelecto), o
filósofo afirmou que o nosso conhecimento sobre a matéria (obtido pelos sentidos) é enganoso.

Aquilo que conhecemos por meio de nossos sentidos corpóreos são meras ilusões causadas por nossos órgãos do
sentido, portanto, são conhecimentos inferiores. O conhecimento ideal estaria, segundo o filósofo grego,
no Mundo das Ideais, estância metafísica racional que só poderia ser alcançada por nosso intelecto. Hoje,
utilizamos a expressão “amor platônico”, que se refere a um tipo de amor que nunca se concretiza, ou seja, é
ideal.

→ Política

Para Platão, existem três tipos de caráter que moldam as almas das pessoas. Cada tipo, em sua teoria política,
deveria ocupar o seu respectivo cargo na sociedade, a fim de formar uma organização perfeita da pólis:

1. Caráter concupiscível: mais ligado à liberdade e aos desejos, é o caráter de pessoas mais afeitas ao
trabalho manual e artesanal.

2. Caráter irascível: por serem dominadas por impulsos de raiva, essas pessoas estariam aptas ao serviço
militar.

3. Caráter racional: esse tipo de caráter estaria, para Platão, mais próximo da racionalidade e,
concomitantemente, da justiça, o que conferiria às pessoas que o têm a capacidade de governar, ou seja, de
atuar na política.

Obras de Platão

A maior parte dos escritos de Platão é composta pelos diálogos socráticos, em que o seu mestre, Sócrates, é a
figura central. Em geral, os diálogos falam sobre um determinado tema, mas sem grandes delimitações ou
especificações, podendo falar sobre outros assuntos.

Temos conhecimento, hoje, de 35 diálogos deixados por Platão. Abaixo, estão listados os principais textos e suas
características gerais:

1. Apologia de Sócrates: escrito após a morte de Sócrates, o texto narra os últimos momentos do mestre de
Platão, quando foi acusado de corrupção da juventude de Atenas, julgado e condenado à morte.
2. Láques, ou Da coragem: o livro traz uma nova concepção de coragem ao cidadão grego, antes habituado à
concepção heroica relacionada a Aquiles e Ulisses, por exemplo. Agora, a concepção de heroísmo ganha uma
conotação de ação moralmente equilibrada e justa.

3. Hípias menor: diálogo em que são tratadas as noções de verdade, mentira e justiça.

4. Hípias maior: nesse texto, Platão expõe as suas concepções sobre o belo e as artes.

5. Górgias: livro que fala sobre a Retórica, tomando como interlocutores principais Sócrates e o sofista Górgias.

6. Fédon: diálogo em que Platão expõe a sua concepção de alma, de reencarnação e assuntos em relação à
constituição metafísica do homem.

7. O Banquete: nesse livro, Platão utiliza a figura de Sócrates para falar sobre o bem e o amor ideal.

Relação entre Platão, Sócrates e Aristóteles

Platão foi discípulo de Sócrates. As ideias socráticas marcaram a trajetória intelectual de Platão, que, por sua vez,
foi mestre de Aristóteles. Aristóteles foi fortemente influenciado por Platão, mas não se manteve na mesma linha
de pensamento de seu mestre, tendo modificado e discordado de muitas teorias platônicas.

A República

“A República” foi escrita, mais ou menos, por volta de 380 a.C. A obra é dividida em dez livros, todos escritos
na forma de diálogos em que Sócrates ocupa o lugar de personagem principal. Por meio desses diálogos, Platão
apresenta as suas teses sobre a política e o que ele considera como justiça, enquanto conceito puro, eterno e
imutável.

Sócrates partiu em busca do entendimento do conceito de justiça para achar o modo perfeito de governo. Por
apresentar um modo perfeito de governo, baseado no idealismo, “A República” pode ser considerada a
primeira utopia política do Ocidente.

Uma das mais comentadas passagens dessa obra está localizada no livro VII, no qual Platão apresenta a sua tão
comentada Alegoria da Caverna, diálogo em que Sócrates apresenta aos interlocutores uma história alegórica
para explicar a superioridade do conhecimento advindo do Mundo das Ideias e do raciocínio intelectual.

Frases de Platão

 “As cidades somente alcançarão a felicidade se os filósofos se tornarem reis ou se os reis se tornarem
filósofos.”

 “Tente mover o mundo, mas comece movendo a si mesmo.”

 “Não eduques as crianças nas várias disciplinas recorrendo à força, mas como se fosse um jogo, para que
também possas observar melhor qual a disposição natural de cada uma.”

Para Platão, o Belo está pautado na noção de perfeição, de verdade. Para ele, a Beleza existe em si mesma, no
mundo das ideias, separada do mundo sensível (que é o mundo concreto, no qual vivemos). Assim, as coisas
seriam mais ou menos belas a partir de sua participação nessa ideia suprema de Beleza, independentemente da
interferência ou do julgamento humano.

O filósofo critica as obras de arte que se limitam “copiar” a natureza, já que elas acabam afastando o homem da
real Beleza, que é aquela existente no mundo das ideias. Essas questões influenciaram, por muito tempo, em
maior ou menor intensidade, a produção artística ocidental
Quem foi Aristóteles?

Aristóteles nasceu na cidade de Estagira, na Macedônia, em 384 a.C. Foi um dos três grandes filósofos da
Grécia Antiga, tendo convivido e estudado com Platão. Sabe-se que, em sua juventude, teve uma sólida
formação em ciências, o que influenciou bastante a sua produção filosófica. Ainda jovem, o filósofo foi para
Atenas, onde conheceu o seu mestre Platão e foi estudar na Academia — centro de estudos e discussões sobre
Filosofia e Política fundado pelo professor de Aristóteles nos arredores de Atenas.

Após anos de estudos na Academia, Aristóteles passou a lecionar na instituição, aprofundando-se em seus
estudos sobre temas da Filosofia Platônica (de forte inspiração socrática) — que iam de conhecimentos de Ética e
Política até questões como o conhecimento da verdade e a formação das ideias. Na medida em que estudava
tais temas, Aristóteles formulava as suas próprias teorias, o que o levou a um afastamento intelectual das ideias
platônicas e marcou uma cisão muito grande dele com o seu mestre, representada na valorização
do conhecimento empírico.

Contam as suas biografias que, na ocasião da morte de Platão, Aristóteles (que já lecionava há muito tempo na
Academia) esperava um cargo de gestão na instituição de ensino. Ao não receber esse cargo, o pensador
desligou-se da Academia e partiu de Atenas para a cidade de Artaneus, na Ásia Menor, tornando-se consultor e
conselheiro político entre os anos de 347 e 343 a.C.

Nesse último ano, ele resolveu retornar à Macedônia e, na ocasião, tornar-se preceptor de Alexandre, herdeiro
do império macedônico. Em 335 a.C., na ocasião da posse de Alexandre como imperador devido à morte de seu
pai, Aristóteles seguiu de volta para Atenas e fundou, em um local próximo à cidade, o seu Liceu — um centro
de estudos de filosofia e esportes para os jovens atenienses.

Leia também: Aristóteles: felicidade como fim das ações humanas

Principais ideias de Aristóteles

→ Sistematização

Antes de Aristóteles, os estudos de Filosofia compreendiam uma mistura de Astronomia, Física, Matemática,
Cosmologia, Política, Ética, Estética, Retórica, entre outras áreas do conhecimento. O filósofo foi o primeiro a
classificar e a sistematizar essas áreas, desenvolvendo estudos específicos sobre cada tema.

→ Política e Ética

Aristóteles foi um defensor do sistema político democrático pelo qual Atenas já havia passado, tendo escrito um
livro sobre isso. Também escreveu tratados de Ética, em que afirmava a necessidade da busca de uma moderação
das ações humanas baseada na prudência, para que a vida em sociedade levasse os cidadãos à felicidade.

→ Metafísica

Tendo aprimorado os estudos platônicos sobre o assunto e, em certa medida, afastando-se um pouco das ideias de
seu mestre, Aristóteles escreveu um tratado de dez livros chamado “Estudos de Filosofia Primeira”, que, mais
tarde, seria conhecido por “Metafísica”. Esses estudos, segundo o próprio filósofo, tratavam sobre o ser em
geral, ou seja, seriam uma espécie de ciência geral, mãe de todas as ciências.

→ Lógica

Aristóteles fundamentou as primeiras noções da Lógica Clássica, baseada na argumentação e na Retórica. Em


seus estudos, que buscavam algumas noções metafísicas, como a divisão das categorias do que se fala, ele
buscou uma forma de linguagem que fosse formalmente válida e que buscasse argumentos que fossem
fundamentados em premissas. Surgiu aí a noção de silogismo.

→ Empirismo
Sendo o primeiro filósofo a fundamentar a necessidade do conhecimento prático advindo da observação e da
atenção aos sentidos do corpo, Aristóteles deixou em seu legado intelectual o conhecimento empírico, que mais
tarde ressoaria na Filosofia Escolástica e na Filosofia Moderna, chamando a atenção dos pensadores para o
entendimento dos efeitos do mundo com base em suas causas.

Isso representou um afastamento do modelo de conhecimento platônico, baseado na busca intelectual pela Ideia,
que seria pura, eterna e imutável. Platão considerava que o conhecimento advindo dos
sentidos seria imperfeito e enganador. Na pintura apresentada abaixo, o pintor renascentista Rafael
Sânzio mostra essa discordância entre os dois pensadores ao compor a cena com Platão apontando para cima,
como quem aponta para o Mundo das Ideias, e Aristóteles com a mão espalmada para o chão, como quem
defende que o conhecimento está aqui, no mundo material.

Platão e Aristóteles em recorte do plano central da Escola de Atenas, pintura renascentista de Rafael Sanzio.[1]
Leia também: A trajetória de Platão, mentor de Aristóteles

Obras de Aristóteles

Das 22 obras deixadas por Aristóteles, especula-se que algumas podem ter sido, na verdade, compilações e
anotações de seus alunos do Liceu tiradas durante as aulas do mestre. Os historiadores não sabem, ao certo, a
autoria correta dessas obras, com exceção das principais.

A seguir, estão selecionados alguns dos principais escritos de Aristóteles:

 Metafísica: conjunto de dez livros, escritos como “Estudos de Filosofia Primeira” e reunidos e
renomeados mais tarde por Andrônico de Rodes como “Metafísica”. Tratavam de um conhecimento
geral sobre o ser e como o conhecemos, ou seja, uma espécie de ciência geral que tinha como objeto o
próprio ser e não recortes dele (como a Matemática é um recorte do ser que estuda apenas as relações
numéricas — uma parte de todo o ser).

 Categorias: pequeno livro sobre Lógica que apresenta a necessidade da classificação e separação de
conceitos diferentes para o tratamento de assuntos diferentes, a fim de que equívocos sejam evitados.
Seria uma espécie de distinção das diversas categorias do pensamento.

 Physica: tratado de oito livros com observações de Aristóteles sobre a Ciência da Natureza.

 Da alma, ou Sobre a alma: escritos sobre a noção dos antigos de alma, que equivale, para nós, à
noção de mente. O filósofo trata de assuntos relacionados a como o ser humano constitui-se com base
em sua personalidade e a como essa alma atua na distinção entre nós e os outros animais.

 Ética a Nicômaco: livro que fala sobre Ética expondo as noções de virtude, racionalidade prática
(uma racionalidade voltada para o cotidiano e o convívio político) e eudaimonia (uma noção dos
gregos antigos de que haveria um guia — a consciência — para as nossas ações).

 Política: livro em que o pensador defendeu as suas teses sobre a organização política das cidades,
baseada na ação ética individual e no exercício da democracia, além de um conjunto de fatores que
levariam os cidadãos à vida perfeita.

Frases de Aristóteles

 “O belo é o esplendor da ordem.”

 “O homem é, por natureza, um animal político.”

 “O homem é um animal de linguagem.”

 “Nada do que existe em potência torna-se ato senão por algo que já existe em ato.”
Artes para Aristóteles

Aristóteles parte do mesmo ponto de Platão. Ele aceita que a arte é imitação, o que em grego se chama
mímesis. Mas não é uma imitação qualquer.

Ele escreveu o seguinte:

“O ofício do poeta não é descrever coisas realmente acontecidas, mas as que podem, em dadas
circunstâncias, acontecer, isto é, coisas que são possíveis segundo as leis da verossimilhança e da
necessidade.”

Ou seja, o poeta não imita acontecimentos reais, mas o que poderia acontecer, de acordo com as leis da
verossimilhança e da necessidade.

Por exemplo, num filme, ao representar um personagem com temperamento explosivo em uma situação
de conflito, é verossímil ou até necessário que a cena se encerre com uma briga.

Por isso Aristóteles também afirma que “a poesia tende a representar o universal”. Ao vermos o filme, não
estamos aprendendo sobre o comportamento do personagem específico, mas do ser humano em geral.
Pode até ocorrer de nos identificarmos com o personagem e pensar que, na mesma situação, acabaríamos
agindo da mesma forma.

Assim, ao vermos um filme não estamos apenas nos divertindo com imitações de imitações como pensava
Platão, mas aprendendo sobre a natureza das ações humanas.
"Immanuel Kant escreveu algumas das principais obras filosóficas da Modernidade. Personalidade influente no
meio intelectual de sua cidade e membro da Real Academia das Ciências de Berlim, curiosamente, o pensador
nunca saiu de sua cidade natal, Königsberg.

Kant fundou uma nova teoria do conhecimento, chamada idealismo transcendental, e a sua filosofia, como um
todo, fundou o criticismo, corrente crítica do saber filosófico que visava, como queria Kant, a delimitar os limites
do conhecimento humano.

As obras de Kant possuem uma rara erudição, um estilo literário único e um rigor metodológico e filosófico
inigualável. Professor da Universidade de Königsberg por quase cinco décadas, o docente e pesquisador dedicou-
se a escrever sobre Lógica, Metafísica, Teoria do Conhecimento e Ética e Filosofia moral.

Leia também: Metafísica de Aristóteles: o que é, resumo e exemplos

Tópicos deste artigo


1 - Biografia
2 - Filosofia de Kant
3 - Principais ideias
4 - Citações
5 - Resumo
Biografia
Filho de uma família chefiada por um artesão descendente de escoceses, Kant nasceu na cidade de Königsberg,
na Prússia Oriental, em 22 de abril de 1724. Sua família tradicional protestante marcou a sua vida e relação com
a religião. O grande pensador da Modernidade não se dizia ateu, mas sempre manteve uma relação polêmica com
a religião por defender, em seu criticismo, que somente podemos conhecer aquilo que podemos intuir, ou seja,
aquilo que podemos ver, ouvir, de fato experimentar.

Aos 16 anos de idade, Immanuel Kant entrou para o curso de Teologia da Universidade de Königsberg, onde
começou a aprofundar os seus estudos em Filosofia, principalmente em Leibniz. Também se interessou por Física
e Matemática, inclusive escrevendo sobre Ciências Naturais.

Em 1746, o falecimento de seu pai fez com que o filósofo fosse obrigado a trabalhar como preceptor, ensinando
os filhos de famílias ricas de Königsberg. Para sua sorte, o pensador conquistou certo prestígio e conseguiu
adentrar no meio intelectual da cidade, devido à influência adquirida como preceptor e à sua inteligência
incomum.

Em 1754, o filósofo retornou para a universidade, onde se doutorou em Filosofia e passou a lecionar como livre
docente. Em 1770, o filósofo e professor de Königsberg passou a ocupar a cátedra de Lógica e Metafísica da
Universidade de Königsberg, cargo que ocupou até a sua morte.
A entrada como professor catedrático também impulsionou os trabalhos filosóficos de Kant, que se ocupou de
suas principais obras, as quais promoveriam o que ele chamou de “revolução copernicana da Filosofia”, devido à
sua inclinação para o criticismo, que resolveria os impasses de filósofos e correntes filosóficas anteriores.

Kant foi proibido de escrever sobre religião pelo Rei Frederico Guilherme II, da Prússia, devido às suas teses
polêmicas, que levariam a uma espécie de agnosticismo intelectual. Kant publicou textos sobre religião somente
em 1797, após a morte do rei.

Alguns dos principais livros de Kant são: Crítica da razão pura, Crítica da razão prática, Crítica da faculdade de
julgar e Fundamentação da Metafísica dos costumes. Extremamente rigoroso e metódico, o filósofo nunca se
casou e não teve filhos, dedicando-se, quase integralmente, à pesquisa e à docência em Filosofia. Curiosamente,
o pensador prussiano nunca saiu de sua cidade natal, e sua extrema erudição e seu conhecimento geral eram
obtidos por meio de leituras e contato com pessoas de fora.

Algumas curiosidades sobre a personalidade de Kant saltam aos olhos de leitores de suas biografias. Um homem
muito inteligente, sagaz, bondoso e gentil, o filósofo tinha também certos hábitos que remetiam à sua
personalidade metódica. Sabe-se que ele tinha uma rigorosa rotina e cumpria, fielmente, seus afazeres em
horários rigorosamente controlados. Ele tinha horário certo para dormir, acordar, comer, estudar, escrever e fazer
suas caminhadas vespertinas.

Conta-se que os habitantes de Königsberg, alguns vizinhos do filósofo, acertavam seus relógios quando viam
Kant passando pela rua, pois ele sempre passava pelos mesmos lugares no mesmo horário. Uma única vez, o
pensador prussiano atrasou-se por estar absorto em uma leitura, e esse atraso foi suficiente para despertar a
curiosidade dos vizinhos.

Após sofrer de uma doença degenerativa, o filósofo faleceu do dia 12 de fevereiro de 1804, aos 79 anos de
idade."
"Filosofia de Kant
Immanuel Kant ficou conhecido por ter formulado o que ele denominou ser uma “revolução copernicana na
Filosofia”. Grande leitor do racionalista Gotfried Wilhelm Leibniz e do empirista inglês David Hume, Kant
tratou de juntar elementos das duas correntes que mais movimentaram a Filosofia europeia moderna em uma
teoria criticista, sem cair em qualquer tipo de relativismo.

O idealismo transcendental kantiano construiu uma complexa teia de conceitos para explicar que nem o
empirismo estava certo e nem o racionalismo explicava plenamente o conhecimento humano. Para Kant, o
conhecimento é obtido com base na percepção do que ele chamou de “coisa em si”, que é o objeto.

Esse processo dá-se pelo que o pensador denominou intuição, e é a racionalidade, por meio das faculdades
mentais, que proporciona ao ser humano o conhecimento, pois a nossa mente é capaz de relacionar conceitos
puros aos dados da percepção.

Para Kant, há a coisa em si e o conceito transcendental, sendo a nossa relação com esses dois elementos
estritamente pessoal e psicológica, mas o fato de haver um conceito universal, que serve de parâmetro, impede
que a teoria kantiana seja relativista.
No campo moral, Kant formulou uma teoria chamada Metafísica dos costumes, baseada no imperativo
categórico, que tenta desfazer qualquer relativismo moral empregando forças para descobrir as máximas ou leis
morais universais. Para Kant, existe um dever universal baseado em leis morais e esse dever está submetido ao
estrito cumprimento das leis morais em qualquer situação racional. O ser humano ou qualquer outro ser racional
deve cumprir aquilo que é estabelecido pela lei moral.

No campo político, Kant escreveu o livro A paz perpétua, em que ele elabora um tratado de paz e cooperação
universal imaginário entre os Estados. Esse tratado, de inspiração iluminista e republicana, visava a garantir a paz
entre as nações, o respeito aos Direitos Humanos e à vida. A obra kantiana, publicada em 1795, influenciou
fortemente a consolidação da Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 150 anos depois.

Kant também escreveu um artigo denominado “O que é esclarecimento?” ou “O que é Iluminismo?”. A relação
estabelecida entre iluminismo e esclarecimento dá-se na tradução dos termos para alemão (a palavra Aufklärung
designa, simultaneamente, esclarecimento e iluminação) na obra de Kant. Elaborado em estilo de resposta à
pergunta, o texto defende que o ser humano deve sair da “menoridade”, que seria o estado de desconhecimento
que impede o desenvolvimento autônomo, e chegar ao conhecimento, que seria a garantia da autonomia e do
esclarecimento.

No campo estético, Kant desenvolveu uma complexa teoria, ligada à sua teoria do conhecimento, denominada
estética transcendental. Essa teoria está presente na Crítica da razão pura, livro que trata, majoritariamente, de
epistemologia, e no livro Crítica da faculdade do juízo, que fala especificamente dos juízos estéticos.

Veja também: Saiba mais sobre este ramo filosófico desenvolvido por Sartre

Principais ideias
Criticismo: filosofia voltada para estabelecer os limites do conhecimento humano com base em um intenso
exercício filosófico, estabelecendo uma crítica revisionista da Filosofia.

Idealismo transcendental: doutrina filosófica voltada para entender como ocorre o conhecimento humano, com
base em noções como juízo analítico, juízo sintético e juízo estético.

Iluminismo: a indicação de uma iluminação por meio do conhecimento é o requisito para a formação de uma
mente autônoma.

Imperativo categórico: é a formulação de uma lei moral, máxima da ação ética em qualquer situação. O
imperativo kantiano pode ser formulado da seguinte maneira: age de tal maneira a tornar a sua ação uma lei
universal. Isso significa que a ação deve ser universalmente correta ou estar, em qualquer situação, em
correspondência com o dever. Há também a máxima: age de tal modo a utilizar a natureza e as pessoas como fim
e nunca como meio. Isso significa que há uma obrigação moral de não usar as pessoas como meio para que se
consiga algo.

Citações
“Não se pode aprender Filosofia alguma. [...] Só se pode aprender a filosofar, isto é, exercitar o talento da razão
na observância de seus princípios universais.”

"A guerra é má, por originar mais homens maus do que aqueles que mata."

"A felicidade não é um ideal da razão mas sim da imaginação."

"Duas coisas que me enchem a alma de crescente admiração e respeito, quanto mais intensa e frequentemente o
pensamento delas se ocupa: o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim."

"A moral, propriamente dita, não é a doutrina que nos ensina como sermos felizes, mas como devemos tornar-nos
dignos da felicidade."

"É no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade."

"Pensamentos sem conteúdos são vazios; intuições sem conceitos são cegas."

Resumo
O filósofo prussiano Immanuel Kant nasceu e sempre viveu na cidade de Königsberg. Metódico e rigoroso,
formou-se em Teologia e, desde cedo, escreveu tratados de Ciências, Filosofia e religião. Doutorou-se em
Filosofia e passou a lecionar na Universidade de Königsberg. Sua produção filosófica mais intensa deu-se a partir
de 1770, período em que elaborou a sua filosofia criticista e o seu idealismo transcendental — teoria crítica da
razão que sintetiza o empirismo e o racionalismo."
O que é a arte para Kant?
Só é possível, segundo Kant, denominar arte a produção realizada de forma livre e racional. Mesmo
que se realizem “obras” na natureza, como o exemplo das abelhas que constroem suas colmeias,
como se parecessem obra de arte, tais seres, contudo, não o fazem de maneira racional e livre
(KANT, 1995).
Biografia de Friedrich Hegel
Friedrich Hegel (1770-1831) foi um filósofo alemão, um dos criadores de sistemas
filosóficos do final do século XVIII e início do século XIX. Representou a
culminância do “idealismo alemão”.
Hegel lançou as bases da maior parte das tendências filosóficas e ideológicas
posteriores, como o marxismo, o existencialismo e a fenomenologia.
Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) nasceu em Stuttgart, Alemanha, no dia
27 de agosto de 1770. Seu pai era um funcionário público. Desde pequeno,
recebeu uma esmerada educação cristã.
Formação
Hegel iniciou seus estudos em Stuttgart. Depois de se formar no ginásio,
ingressou no seminário de Tübingen, em 1788, onde cursou filosofia e teologia
durante cinco anos.
Durante os primeiros anos se dedicou à filosofia. Seu diploma de formatura
assinalava que, embora fosse notável sua dedicação a essa disciplina, o mesmo
não ocorria com os estudos teológicos.
Foi colega de classe do poeta Hölderlin e do filósofo Schelling, que partilhavam
sua admiração pela tragédia grega e pelos ideais da Revolução Francesa.
Os primeiros escritos de Hegel versaram sobre assuntos teológicos, mas ao
concluir o curso, Hegel não seguiu a carreira eclesiástica, preferiu se dedicar ao
estudo da literatura e da filosofia grega.
Em 1796, Hegel mudou-se para Frankfurt, onde Hölderlin lhe conseguiu um lugar
de preceptor de famílias ricas. Em 1801 habilitou-se livre-docente na Universidade
de Jena.
Em 1806 escreveu seu primeiro grande livro “Fenomenologia do Espírito”. Em
outubro desse mesmo ano, deixou Jena, quando Napoleão Bonaparte invadiu a
cidade
Entre 1807 e 1808, Hegel dirigiu um jornal em Bamberg. Em 1808, tornou-se diretor
do ginásio de Nuremberg. Em 1812, em Nuremberg, casou-se com a jovem Maria
Helena Susanna von Tucher. Em 1816 tornou-se professor da Universidade de
Heidelberg.
Em 1817, publicou “Enciclopédia das Ciências Filosóficas”, na qual delineou seu
sistema completo. Em 1818, Hegel foi chamado para Berlim, onde ocupou a
cátedra de filosofia, época em que encontra a expressão definitiva de suas
concepções religiosas.
Em Berlim, sua influência foi grande em todas as áreas. Apesar de Hegel ter
grande talento pedagógico, era mau orador e em seus escritos usava
terminologias pouco usadas que dificultavam sua leitura.
Exerceu enorme influência em seus discípulos que dominaram todas as
universidades da Alemanha. Passou a ser o filósofo oficial do rei da Prússia. Após
a sua morte, permaneceu uma figura dominante, pois várias reforma políticas e
movimentos acadêmicos se basearam em seu trabalho, mesmo em oposição a ele,
como no caso de Karl Marx.
A obra de Hegel foi central no pensamento britânico até o final do século XIX, e
também foi importante entre os professores e progressistas políticos americanos.
Hegel ganhou a reputação de ser um dos pensadores mais obscuros e
impenetráveis de sua época.
Friedrich Hegel morreu em Berlim, na Alemanha, no dia 14 de novembro de 1831,
vítima de uma epidemia de cólera.
Dialética hegeliana
A ideia de dialética, entendida como estrutura da realidade e do pensamento,
Friedrich Hegel herdou de Heráclito de Éfeso. Para Hegel, o fundamento supremo
da realidade não podia ser o “absoluto” nem o “eu”, e sim a “ideia”, que se
desenvolve numa linha de estrita necessidade.
A dinâmica dessa necessidade não teria sua lógica determinada pelos princípios
de identidade e contradição, mas sim pela “dialética”, realizada em três fases:
“tese”, “antítese” e “síntese”. Assim, toda realidade, primeiro “se apresenta”,
depois se nega a si própria e em um terceiro momento supera e elimina essa
contradição.
De acordo com o as três fases do processo dialético que Hegel denominou
“simplicidade, cisão e reconciliação, dão origem a contradições novas e novas
soluções.
Idealismo Absoluto ou Hegelianismo
A ideia fundamental de Hegel é a de que o objetivo da filosofia é o mesmo da
religião, o absoluto em Deus.
Enquanto a religião o apreende na forma da representação/imagem e sentimento,
a filosofia o apreende na forma do conceito, compreendendo-o como unidade ou
síntese do finito e do infinito.
Para Hegel a religião absoluta é o cristianismo, que se distingue das demais por
sua ideia da encarnação, que representa a união do divino e do humano.
O sistema desenvolvido por Hegel, o idealismo absoluto, abrangeu várias áreas do
conhecimento como a lógica, a filosofia da natureza e a filosofia do espírito.
A lógica de Hegel
A lógica de Hegel é uma ontologia, que estuda o ser, a essência e o conceito. O
ser enquanto tal é o imediatamente indeterminado, quer dizer, o nada.
Essa aparente contradição se resolve no devir, ao longo do qual o não ser vem a
ser (o homem nasce) e o ser deixa de ser (o homem morre). Nada há no céu e na
terra, escreve Hegel, que não contenha ao mesmo tempo o ser e o nada.
A tese, ser. e a antítese, nada, não passam pois, de abstrações ou momentos de
um processo em que ambas são absorvidas e superadas na e pela síntese. A
realidade é assim, contraditória ou dialética em si mesma e não apenas no nosso
pensamento.
A filosofia da natureza
A filosofia da natureza é a parte menos viva do sistema hegeliano. Para Hegel, a
natureza é a ideia absoluta da objetivação ou alienação do espírito no espaço, o
ser “para outro”, o mero “estar aí”, embora seja também processos inconsciente
na direção do espírito.
A filosofia da natureza a considerada como espaço e como tempo, inorgânica e
orgânica, sendo, pois, matemática, física do inorgânico e física do orgânico.
A filosofia do espírito
Segundo Hegel, a filosofia do espírito examina as formas ou manifestações do ser
“para si”, que, além de consciência, é consciência de si mesmo.
O espírito pode ser subjetivo, objetivo e absoluto. O espírito subjetivo é o que se
sabe a si mesmo, o que tem interioridade. Unido a um corpo, é alma, cujo estudo
compete à antropologia, enquanto sabe, é consciência, enquanto não sabe, é
espírito, tema da psicologia.
As manifestações do espírito objetivo são o direito, a moralidade e a moralidade
social. O pressuposto do direito é a pessoa, racional e livre, e as relações que se
estabelecem entre as pessoas. Seu imperativo é: “seja uma pessoa e respeite os
outros como pessoas”
O espírito absoluto é a síntese do espírito subjetivo e do objetivo, dos quais é o
fundamento comum. Inclui a arte a religião e a filosofia.
O pensamento político de Hegel
Além do interesse pelo problema religioso, Hegel sempre se preocupou com as
questões políticas. Assim como o pensamento religioso, o pensamento político de
Hegel também se presta para a mais de uma interpretação.
Por um lado, visa a reconciliação com a realidade, que procura interpretar
racionalmente. Por outro lado, a dialética, que é a alma do sistema, se opõe a
qualquer imobilização, e explica o movimento, o processo histórico, pelas
contradições que tanto podem ocorrer entre as classes, provocando as revoluções
e as guerras.
O pensamento hegeliano foi crucial para o desenvolvimento das teorias de Karl
Marx, embora este usasse o método dialético de Hegel em bases materialistas e
econômicas.
Frases de Hegel

 “Nada de grande no mundo é feito sem paixão.”


 “O homem não é mais do que a série dos seus atos.”
 “A necessidade, a natureza e a história não são mais do que instrumentos da revelação do
Espírito.”
 “A luz, afirmam, é ausência de trevas, mas na pura luz se vê tão pouco quanto na pura
escuridão.”
 “A existência do homem tem o seu centro na cabeça, ou seja, na razão, sob cuja inspiração ele
constrói o mundo da realidade.”

Obras de Hegel

 Fenomenologia do Espírito (1806)


 Ciência e Lógica (1812-1816)
 Enciclopédia das Ciências Filosóficas (1817)
 Elementos da Filosofia do Direito (1821)
 Lições Sobre a Filosofia da Religião (1832)
 Lições Sobre a História da Filosofia (1836)
 Lições Sobre a Estética (1838)

Arte é para Hegel não apenas um mero jogo da imaginação com o entendimento nem o campo do que é somente ilusório, mas a
expressão sensível da idéia (tomada como ideal), e implica um momento fundamental de reconciliação do espírito com a sua
efetividade e história . Por outro lado, se pensarmos a posteridade da estética de Hegel e levarmos em conta que o tema do fim da
arte é o ponto crucial e mais atual do pensamento estético hegeliano, vemos que esses tópicos põem em questão a própria
possibilidade de a arte ainda exprimir a verdade. Assim, se ao olhar retrospectivamente para a história ocidental e moderna, Hegel
verifica os laços entre arte e verdade, esse mesmo gesto reverte dialeticamente e “negativamente” para o futuro, pois implica
necessariamente o reconhecimento da dificuldade que a arte tem para “exprimir os nossos mais altos interesses”, num mundo no
qual o universal encontra-se emancipado da sensibilidade.

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