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A FILOSOFIA DE PLATÃO

A filosofia de Platão é uma das mais influentes e duradouras na história do pensamento ocidental. Platão
nasceu em Atenas, Grécia, por volta de 427 ou 428 a.C., e foi discípulo de Sócrates, outro grande filósofo
grego. Fundou a Academia, uma instituição de ensino e pesquisa em Atenas, considerada a primeira
instituição de educação superior do mundo ocidental.

Platão expressou suas ideias filosóficas principalmente por meio de diálogos escritos, onde Sócrates
frequentemente é o personagem principal. Esses diálogos apresentam uma variedade de tópicos,
incluindo ética, política, epistemologia (teoria do conhecimento), metafísica (estudo da natureza da
realidade), filosofia da mente e teoria das formas.

As principais ideias filosóficas de Platão incluem:

1. Teoria das Formas (ou Ideias): Platão acreditava que além do mundo físico sensível, existe um
mundo de ideias perfeitas e eternas, chamadas de "Formas" ou "Ideias". Por exemplo, podemos
ver muitas cadeiras diferentes no mundo físico, mas todas elas são apenas imitações imperfeitas
da "Forma" de cadeira perfeita, que existe no mundo das ideias. Essas formas são a fonte de tudo
o que existe e são acessíveis à mente através da razão.

2. Mundo Sensível X Mundo Intelectual: Platão dividia a realidade em dois reinos distintos. O mundo
sensível é o mundo físico que percebemos com nossos sentidos, mas que é transitório e mutável.
Em contraste, o mundo intelectual é o mundo das Formas imutáveis e eternas, acessíveis apenas
por meio do pensamento e da razão.

3. Teoria da Alma: Platão também propôs uma teoria tripartida da alma humana. Ele acreditava que
a alma é composta de três partes: a razão, o espírito (ou coragem) e os apetites (ou desejos). A
alma racional deve governar as outras partes, alcançando a harmonia e a virtude.

4. Epistemologia e Anamnese: Platão desenvolveu a ideia de que o conhecimento verdadeiro é


recordar (anamnese) o que a alma já conhece no mundo das Formas antes de encarnar no corpo
físico. Assim, aprender é lembrar-se do conhecimento esquecido.

5. Estado Ideal (República): Platão também é conhecido por sua obra "A República", na qual
descreve sua visão de um estado ideal liderado por filósofos-reis. Nesse estado, a justiça
prevaleceria, e cada indivíduo desempenharia o papel para o qual é mais adequado.

Platão teve uma profunda influência em filósofos posteriores, incluindo Aristóteles, e seu pensamento
continua a ser objeto de estudo e debate até os dias atuais. Suas ideias sobre ética, conhecimento,
política e metafísica moldaram a história da filosofia ocidental e ainda são consideradas relevantes para
as discussões filosóficas contemporâneas.

Biografia

Platão chamava-se Arístocles. Nascido em Atenas, no ano de 428 a.C., e falecido em 348 a.C. com 80
anos, o apelido Platão foi conferido ao filósofo em sua juventude por causa de seus atributos físicos, por
ser um homem forte, de ombros largos (a palavra correspondente em grego, Platon, significa “omoplatas
largas”, “costas largas”, “ombros grandes”).

Platão era filho de uma família influente politicamente na Grécia (Platão era descendente de Sólon, um
dos legisladores e estadistas de maior destaque da política ateniense). Por pertencer a uma família que
possuía bens materiais, Platão pôde dedicar-se aos estudos de Filosofia.

Entre 409 a.C. e 404 a.C., Platão lutou na Guerra do Peloponeso, período final das batalhas entre Atenas
e Esparta. Tendo sido derrotado (Esparta derrotou Atenas), Platão vivenciou o período denominado
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Tirania dos 30, quando o regime democrático ateniense deu lugar à tirania oligárquica dos modelos
espartanos.

Platão conheceu o filósofo Sócrates, pensador que foi o seu mestre iniciador na Filosofia, mentor
intelectual e amigo, em Atenas. A influência de Sócrates sobre Platão é tão grande que a maioria dos
textos deixados por Platão é feita de diálogos em que Sócrates é o personagem principal.

Em 388 a.C., onze anos após a morte de Sócrates, Platão fundou a sua escola filosófica: a Academia.
Por ser ateniense, o filósofo tinha direitos civis garantidos e podia adquirir terrenos na cidade. Ele
escolheu um terreno no interior do parque Academia, dedicado ao herói grego Akademus. Um lugar onde
os jovens reuniam-se para discutir política e praticar exercícios físicos, a Academia era uma espécie de
retiro tranquilo e politicamente efervescente dentro da cidade, tendo uma vasta área verde e dois
templos.

Principais ideias

→ Dialética

A dialética platônica, de inspiração parmenidiana, era uma técnica de extração de uma conclusão
(síntese) com base em duas ideias opostas (tese e antítese).

→ Idealismo

O idealismo platônico é o que há de mais marcante em sua obra. Com base na noção de que o
conhecimento das Ideias ou Formas puras, imutáveis e perfeitas é o único conhecimento verdadeiro
(obtido pelo intelecto), o filósofo afirmou que o nosso conhecimento sobre a matéria (obtido pelos
sentidos) é enganoso.

Aquilo que conhecemos por meio de nossos sentidos corpóreos são meras ilusões causadas por nossos
órgãos do sentido, portanto, são conhecimentos inferiores. O conhecimento ideal estaria, segundo o
filósofo grego, no Mundo das Ideais, estância metafísica racional que só poderia ser alcançada por
nosso intelecto. Hoje, utilizamos a expressão “amor platônico”, que se refere a um tipo de amor que
nunca se concretiza, ou seja, é ideal.

→ Política

Para Platão, existem três tipos de caráter que moldam as almas das pessoas. Cada tipo, em sua teoria
política, deveria ocupar o seu respectivo cargo na sociedade, a fim de formar uma organização perfeita
da pólis:

1. Caráter concupiscível: mais ligado à liberdade e aos desejos, é o caráter de pessoas mais
afeitas ao trabalho manual e artesanal.

2. Caráter irascível: por serem dominadas por impulsos de raiva, essas pessoas estariam aptas ao
serviço militar.

3. Caráter racional: esse tipo de caráter estaria, para Platão, mais próximo da racionalidade e,
concomitantemente, da justiça, o que conferiria às pessoas que o têm a capacidade de governar,
ou seja, de atuar na política.

Obras

A maior parte dos escritos de Platão é composta pelos diálogos socráticos, em que o seu mestre,
Sócrates, é a figura central. Em geral, os diálogos falam sobre um determinado tema, mas sem grandes
delimitações ou especificações, podendo falar sobre outros assuntos.

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Temos conhecimento, hoje, de 35 diálogos deixados por Platão. Abaixo, estão listados os principais
textos e suas características gerais:

1. Apologia de Sócrates: escrito após a morte de Sócrates, o texto narra os últimos momentos do
mestre de Platão, quando foi acusado de corrupção da juventude de Atenas, julgado e condenado à
morte.

2. Láques, ou Da coragem: o livro traz uma nova concepção de coragem ao cidadão grego, antes
habituado à concepção heroica relacionada a Aquiles e Ulisses, por exemplo. Agora, a concepção de
heroísmo ganha uma conotação de ação moralmente equilibrada e justa.

3. Hípias menor: diálogo em que são tratadas as noções de verdade, mentira e justiça.

4. Hípias maior: nesse texto, Platão expõe as suas concepções sobre o belo e as artes.

5. Górgias: livro que fala sobre a Retórica, tomando como interlocutores principais Sócrates e o sofista
Górgias.

6. Fédon: diálogo em que Platão expõe a sua concepção de alma, de reencarnação e assuntos em
relação à constituição metafísica do homem.

7. O Banquete: nesse livro, Platão utiliza a figura de Sócrates para falar sobre o bem e o amor ideal.

Relação entre Platão, Sócrates e Aristóteles

Platão foi discípulo de Sócrates. As ideias socráticas marcaram a trajetória intelectual de Platão, que, por
sua vez, foi mestre de Aristóteles. Aristóteles foi fortemente influenciado por Platão, mas não se manteve
na mesma linha de pensamento de seu mestre, tendo modificado e discordado de muitas teorias
platônicas.

A República

“A República” foi escrita, mais ou menos, por volta de 380 a.C. A obra é dividida em dez livros, todos
escritos na forma de diálogos em que Sócrates ocupa o lugar de personagem principal. Por meio desses
diálogos, Platão apresenta as suas teses sobre a política e o que ele considera como justiça, enquanto
conceito puro, eterno e imutável.

Sócrates partiu em busca do entendimento do conceito de justiça para achar o modo perfeito de governo.
Por apresentar um modo perfeito de governo, baseado no idealismo, “A República” pode ser
considerada a primeira utopia política do Ocidente.

Uma das mais comentadas passagens dessa obra está localizada no livro VII, no qual Platão apresenta a
sua tão comentada Alegoria da Caverna, diálogo em que Sócrates apresenta aos interlocutores uma
história alegórica para explicar a superioridade do conhecimento advindo do Mundo das Ideias e do
raciocínio intelectual.

Frases

“As cidades somente alcançarão a felicidade se os filósofos se tornarem reis ou se os reis se tornarem
filósofos.”

“Tente mover o mundo, mas comece movendo a si mesmo.”

“Não eduques as crianças nas várias disciplinas recorrendo à força, mas como se fosse um jogo, para
que também possas observar melhor qual a disposição natural de cada uma.”

“Muitos odeiam a tirania apenas para que possam estabelecer a sua.”


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“Boas pessoas não precisam de leis para obrigá-las a agir responsavelmente, enquanto as pessoas ruins
encontrarão um modo de contornar as leis.”

Resumo

 Jovem ateniense de família aristocrática.

 Praticante notável de esportes e interessado por política.

 Discípulo de Sócrates.

 Escreveu os diálogos socráticos, as principais fontes de conhecimento sobre os pensamentos de


seu professor.

 Fundou a Academia, instituição de ensino de Filosofia e Política para os jovens atenienses.

 Escreveu “A República”, primeira grande utopia política ocidental.

 Fundou o Idealismo, doutrina filosófica que atribui ao conhecimento meramente racional e às


Ideias a centralidade na busca pela verdade sem possibilidade de erro.

Obra: A República

A República é o segundo diálogo mais extenso de Platão (428-347 a.C.), composto por dez partes (dez
livros) e aborda diversos temas como: política, educação, imortalidade da alma, etc. Entretanto, o tema
principal e eixo condutor do diálogo é a justiça.

No texto, Sócrates (469-399 a.C.) é o personagem principal, narra em primeira pessoa e é responsável
pelo desenvolvimento das ideias. Essa é a principal e mais complexa obra de Platão, onde estão
presentes os principais fundamentos de sua filosofia.

A República (Politeia) idealizada pelo filósofo se refere a uma cidade ideal, chamada de Kallipolis (em
grego, "cidade bela"). Nela, deveria ser adotado um novo tipo de aristocracia. Diferente da aristocracia
tradicional, baseada em bens e na tradição, a proposta do filósofo é que esta possua como critério o
conhecimento.

A Kallipolis estaria dividida em estratos sociais baseados no conhecimento e seria governada pelo "rei-
filósofo". Os magistrados, responsáveis pelo governo da cidade, seriam aqueles que possuíssem uma
aptidão natural para o conhecimento, e, somente após um longo período de formação, estariam
preparados para ocupar os devidos cargos.

Esse sistema de governo é chamado de sofocracia, que vem das palavras gregas sophrós (sábio)
e kratia (poder) e é representado como "o governo dos sábios".

A Morte de Sócrates e A República

É importante perceber que a morte de Sócrates foi muito importante para a continuidade da filosofia
platônica. Motivou-o em parte à proposição de uma cidade ideal e sua crítica à democracia, presentes na
obra.

Sócrates foi condenado à morte, acusado de heresia e corrupção da juventude ateniense. Foi julgado em
um tribunal democrático no qual participaram os cidadãos de Atenas.

Para o filósofo, a democracia é injusta por permitir que uma pessoa ignorante tenha o mesmo valor que
um sábio, dentro das deliberações políticas.

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Deste modo, injustiças são cometidas. Para ele, o critério da maioria, base da democracia, não possui
qualquer tipo de validade já que, em muitos casos, como o de Sócrates, a maioria pode estar errada e ser
democraticamente injusta.

É em A República que se apresenta o célebre Mito da Caverna, proposto por Platão, uma metáfora sobre
a vida de Sócrates e o papel da filosofia.

A Justiça, o Principal Tema de A República

A justiça é o principal conceito desenvolvido em A República. Todo o texto se desenvolve ao redor da


tentativa de definição desse conceito por Sócrates e seus interlocutores.

Platão acredita que a justiça é a maior de todas as virtudes e compreende que, para que se possa
praticá-la, é necessário defini-la. Os dois primeiros livros são dedicados ao tema e mostram a dificuldade
de se definir um conceito tão importante e complexo como a justiça.

Livro I

O primeiro dos dez livros da obra A República, que consiste em um diálogo socrático criado por Platão,
tem início com a ida de Sócrates à casa de Céfalo.

Lá, Sócrates, inspirado pelos jogos olímpicos que estavam acontecendo, busca definir o que é a justiça.
Sem sucesso, seus interlocutores tentam encontrar a melhor definição que dê conta do conceito.

Céfalo, um velho comerciante "no limiar da velhice", que vivia comodamente em Atenas, é o anfitrião do
encontro. Ao ser questionado, afirma que a justiça é dizer a verdade e restituir o que é do outro.

Sócrates refuta essa definição. Céfalo se retira e deixa o debate com seu filho, Polemarco. Este, depois
de algum debate, define a justiça como o ato de dar benefícios aos amigos e prejuízos aos
inimigos.

Novamente, a definição é refutada por Sócrates, que afirma que o mal nunca será um ato de justiça.
Portanto, o prejuízo não é um ato positivo como exige a justiça.

Após esse debate, Trasímaco, um dos sofistas, acusa Sócrates de não querer encontrar definição
nenhuma e apenas jogar com as palavras e discordar sem apresentar soluções.

Trasímaco diz ter uma boa resposta e afirma que a justiça é o que é vantajoso para o mais forte. No
caso, o governo.

Sócrates, novamente, discorda e mostra que todo o debate foi desvirtuado do caminho sobre a natureza
da justiça. Ele diz que as discussões foram acerca do que é vantajoso: a justiça ou a injustiça e que
permanece sem nada saber sobre o tema.

O Livro I de A República se encerra com essa afirmação.

Livro II

O segundo livro de A República tem início com a mesma tentativa de estabelecer a natureza da justiça.
Um dos interlocutores, Glauco, faz uma apologia à injustiça, citando o Mito do Anel de Giges.

Com ele, Glauco mostra que as pessoas sofrem pelas injustiças praticadas contra elas, mas se
beneficiam pela prática da injustiça e pela corrupção. Desse modo, todas as pessoas que têm
oportunidade se corrompem e praticam injustiças em benefício próprio.

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No Mito do Anel de Giges, um pastor de ovelhas em meio à tempestade encontra um cadáver que usa
um anel. Ele toma para si esse anel e ao regressar à cidade, percebe que esse anel lhe dá o dom da
invisibilidade.

Giges, o pastor, entra no palácio, seduz a rainha e conspira com ela a morte do rei. Após o assassinato
do rei, ele assume seu lugar e governa tiranicamente.

O Mito do Anel de Giges é uma das alusões filosóficas encontradas na obra O Senhor dos Anéis, de
J.R.R. Tolkien

A partir do mito narrado, Glauco espera ter convencido Sócrates de que a justiça não é em si uma
virtude, mas sim o parecer ser justo, já que todos são corruptíveis.

Entretanto, a refutação a esse argumento, desta vez, não parte de Sócrates, mas do irmão de Glauco,
Adimanto. Ele afirma que se pode pensar de forma diferente da que pensa o irmão, que a justiça é uma
virtude (não em si mesma, mas nos efeitos que ela gera), e que, por fim, os justos são recompensados,
seja pelos deuses ou pelo reconhecimento dos que ficam após sua morte.

Sócrates tece elogios aos jovens, mas não acredita que haja resolução para o problema da justiça
enquanto não abandonarem o pensamento sobre questões pontuais e pensarem de forma mais ampla,
dando conta do todo da justiça para compreender o que ela é na alma.

Ambos concordam que a justiça é preferível às injustiças e, sendo assim, precisam de criar uma
ordenação para que a justiça seja possível. O filósofo encaminha a conversa para a idealização de uma
cidade perfeita.

Somente no Livro IV, Sócrates parece chegar a uma definição de justiça como sendo o equilíbrio e a
harmonia entre as partes da cidade.

A Cidade Ideal de Platão

Nos próximos livros de A República, orientados pela ideia de justiça, os três (Sócrates, Glauco e
Adimanto) buscam definir a cidade ideal.

Para isso, definem que a cidade deveria ser dividida em três partes, e que a perfeição estaria na
integração harmônica entre elas.

A primeira classe de cidadãos, mais simples, seria dedicada às ações mais triviais relativas ao sustento
da cidade, como o cultivo da terra, o artesanato e o comércio. Os responsáveis por essas atividades
seriam aqueles que possuíssem na constituição de sua alma, o feno, o ferro e o bronze.

Os cidadãos de uma segunda classe, de acordo com Platão, seriam um pouco mais hábeis por
possuírem prata na mistura de suas almas. Estes, chamados de guerreiros, protegeriam a cidade e
constituiriam o exército e seus auxiliares na administração pública.

A terceira classe de cidadãos, mais nobres, estudaria por cinquenta anos, se dedicaria à razão e ao
conhecimento, e constituiria a classe dos magistrados. A estes caberia a responsabilidade de governar a
cidade, pois só eles teriam toda a sabedoria que a arte da política exige.

A justiça entendida como uma virtude só poderia ser praticada pelo detentor do conhecimento dedicado à
razão. Este poderia controlar suas emoções e seus impulsos e governar a cidade de forma sempre justa.

Os cidadãos são divididos em grupos de acordo com sua atuação e o nível de conhecimento necessário
para o desempenho de suas atividades. Somente a atuação em conformidade com a determinação
natural da alma pode trazer o equilíbrio e a harmonia entre as partes.

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A Alma na República

A composição da alma humana poderia conter bronze, prata ou ouro e isso determinaria à qual das três
classes da república cada pessoa pertenceria.

A alma platônica, assim como a sociedade da república, também é dividida em três partes:

Parte da Localização no
Função
Alma Corpo

Razão, busca pelo conhecimento e sabedoria. Controla as


Racional Cabeça
demais partes da alma

Emoções e sentimentos. Desenvolve a coragem e a


Irascível Coração
impetuosidade

Desejos e apetites sexuais. Desenvolve a prudência e a


Apetitiva Baixo-ventre
moderação

Para Platão, a parte racional da alma é a parte mais desenvolvida pelos filósofos, que a partir dela,
controlam as demais.

Em outro texto, Platão faz uma alusão que afirma que a razão é como as rédeas responsáveis pelo
controle de dois cavalos numa carruagem.

Por esse motivo, os filósofos deveriam ser os responsáveis pelo governo da cidade, por não estarem
suscetíveis às emoções e aos desejos.

Platão afirma que a alma, assim como a cidade, obtém sua plenitude através da relação harmônica entre
as partes que integram o todo.

No livro, Platão desenvolve a ideia de imortalidade da alma e sua relação com o conhecimento, dando
continuidade à teoria da reminiscência socrática.

O filósofo afirma que a alma, por ser imortal e eterna, pertence ao mundo das ideias e lá pode apreender
todas as ideias existentes e assim possui todo o conhecimento possível.

No momento da união da alma com o corpo, a alma se esqueceria desse conhecimento. Somente
através da busca pelo conhecimento é que a alma é capaz de relembrar aquilo que já soube.

Deste modo, no Livro IV de A República, Platão busca conciliar as filosofias opostas de Heráclito (c.540-
470 a.C.) e Parmênides (530-460 a.C).

Heráclito afirmou que o universo estava em um constante movimento de mudança (devir). Platão associa
essa constante transformação ao mundo sensível, onde tudo sofre a ação do tempo e possui uma
duração: nasce, cresce, morre e se renova.

De Parmênides, extraiu a ideia da permanência e associou-a ao seu mundo das ideias, onde tudo é
eterno e imutável (permanente).

Essas são as bases do dualismo platônico e sua distinção entre o corpo (mundo sensível) e a alma
(mundo das ideias).

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A Educação na República

Na república, a educação ficaria ao encargo do Estado e as famílias não teriam participação sobre a
criação. O Estado seria o responsável por educar os indivíduos e direcioná-los às atividades mais
adequadas ao seu tipo de alma (bronze, prata ou ouro).

É nesse momento que Platão faz uma dura crítica à educação grega, sobretudo à poética. Para ele, a
poesia desvirtuaria os indivíduos a partir da ideia de que os deuses seriam detentores de características
humanas como: compaixão, predileção, inveja, rancor, etc.

Esses deuses, humanizados pela poética, serviriam de modelo de corrupção aos indivíduos. A
humanização faria com que os deuses questionassem o seu papel dentro da sociedade e tivessem como
objetivo uma transformação social.

Platão propõe que todos os indivíduos recebam uma educação geral baseada nos valores da cidade.
Essa educação moldaria o caráter de cada um de seus alunos, conscientizando-os de seu papel dentro
da sociedade.

Após um período de vinte anos, os primeiros indivíduos formados seriam aqueles que possuem feno,
ferro e bronze na constituição de suas almas. Eles seriam os responsáveis pela fabricação de artefatos, a
produção de alimentos e o comércio.

Os guerreiros receberiam mais dez anos de formação e após esse período, estariam aptos à defesa da
cidade e a cargos auxiliares da administração pública. A prata misturada em suas almas determina sua
aptidão para esse tipo de ação.

Com cinquenta anos de formação e diversas provas, os possuidores de almas com ouro, dedicados aos
estudos e à razão, assumiriam os cargos de magistrados e seriam responsáveis pelo governo da cidade.

Platão mostra que somente os mais esclarecidos podem governar de maneira justa.

Dialética de Platão

Platão define a dialética como a arte de pensar, questionar e hierarquizar ideias. O termo dialética é
utilizado por Platão na referência a qualquer método que possa ser recomendado como veículo da
filosofia.

Para Platão, a dialética é um instrumento que permite o alcance a verdade. É preciso ressaltar que
sua obra está ligada à preocupação com a ciência (considerada o conhecimento verdadeiro), a moral e a
política.

O trabalho de Platão envolve a função pedagógica e política quando o assunto é o conhecimento,


considerado a materialização do real. A materialização da pedagogia ocorre pelo método usado para
superar o senso comum.

Método Dialético de Platão

 Opinião x verdade

 Desejo x razão

 Interesse particular x interesse universal

 Senso comum x filosofia

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É o senso comum o ponto de partida da dialética platônica, não para ser reafirmado, mas refutado e que
deve ser superado. Platão propõe que o senso comum e a opinião sejam questionados para a descoberta
da verdade a partir do indivíduo sem a interferência externa.

A hierarquia do método da dialética platônica tem como objetivo demonstrar a fragilidade, a falta de
fundamentação e os preconceitos que formam o senso comum. É, ainda, objetivo, que o indivíduo tenha
a consciência do funcionamento do método.

A dialética admite as contradições somente como meio para superá-las, exige atitude crítica,
necessidade de reflexão, questionamento da opinião, da origem e de suas fundamentações.

Conceito de Dialética

O termo dialética, do grego dialektké, é o método de discussão de ideias opostas com o objetivo de
encontrar a verdade. É uma forma de argumentação lógica, exigindo o debate para a avaliação
sistemática das relações entre conceitos específicos gerais.

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