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Supremo Conselho do Brasil do Grau 33

para o Rito Escocês Antigo e Aceito


“Consistório de Príncipes do Real Segredo nº 7”

Platão
Trabalho de Trigésimo Segundo Grau

Ir Sublime Cavaleiro do Real Segredo Renato Moreira de Faria – IME 067887


Acampamento de Florianópolis, SC, 8 de setembro de 2011 da E V
Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 para o Rito Escocês Antigo e Aceito
“Consistório de Príncipes do Real Segredo nº 7”

Introdução
Platão foi filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos
diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação
superior do ocidente. Ajudado por Sócrates, seu mentor, e por Aristóteles, seu pupilo, construiu os
pilares da filosofia natural, da ciência e da filosofia ocidental.
É considerado pela maioria de filósofos como o maior
prosador não só da língua grega, como de todas as outras línguas. A
sofisticação de seus textos é evidente em seus trinta e cinco diálogos
socráticos e treze cartas tradicionalmente creditadas a ele e que foram
publicados das mais variadas maneiras em diversas épocas, causando
divergências quanto à nomenclatura e referenciação de suas obras.
A forma de seus escritos é o diálogo, onde há a narrativa da
transição espontânea entre o ensinamento oral e fragmentário de
Sócrates e o método estritamente didático de Aristóteles. O fundador
da Academia confunde muitas vezes o mito e a poesia com os
elementos puramente racionais do sistema. Platão não primava pelo
rigor, a precisão, o método, a terminologia científica que tanto
caracterizam os escritos de seu discípulo Aristóteles.

A vida e as obras de Platão


Platão, nome de origem grega Plátōn, cujo significado é "amplo", viveu em Atenas de
428 a 347 a. C. Estudiosos acreditam que seu nome verdadeiro era Aristócles e que recebeu o
apelido de Platão devido a seu porte atlético com ombros largos e à sua capacidade intelectual de
tratar de diferentes temas, como ética, política, metafísica e a teoria do conhecimento. Nascido no
ano da 88a olimpíada, no sétimo dia do mês Thargêliốn, foi um dos mais importantes pensadores e
escritores de toda a história da civilização ocidental. Era filho de Aristão, que tinha como ancestral
Codrus o último rei de Atenas, e sua mãe foi Perictione, descendente de Sólon, legislador, jurista e
poeta considerado como um dos sete sábios da Grécia antiga. Platão teve educação semelhante à
dos jovens aristocratas da sua época, recebendo aulas de retórica, matemática, música e ginástica.
Por volta dos 20 anos, encontrou o filósofo Sócrates e tornou-se seu discípulo até a morte deste.
Depois da morte do mestre Sócrates, Platão retirou-se juntamente com outros socráticos
para Mégara, junto a Euclides. Aos quarenta anos, Platão viajou para a Magna Grécia para
conhecer mais de perto comunidades pitagóricas e viajou pelo mundo para instruir-se, tendo estado
no Egito, onde admirou a veneranda antigüidade e estabilidade política; na Itália meridional, onde
travou contato fecundo para o desenvolvimento do seu pensamento com os pitagóricos; na Sicília,
onde conheceu Dionísio I, tirano de Siracusa e travou amizade profunda com Dion, cunhado
daquele. Caído, porém, na desgraça do tirano quando se sentiu ofendido por algumas declarações
de Platão, foi posto à venda no mercado de escravos e comprado por alguns filósofos, que o
enviaram de volta à Grécia, aconselhando-o que os sábios devem se associar o mínimo possível
aos tiranos, ou com o maior cuidado possível.
Em seu retorno fundou uma escola nos jardins de Academo, do qual ganhou o nome
famoso de Academia (escola destinada à investigação filosófica). Em pouco tempo, esta escola
adquiriu prestígio e a ela acorriam inúmeros jovens em busca de instrução e até mesmo homens
ilustres a fim de debater idéias, tornando-se um dos maiores centros culturais da Grécia, recebendo

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políticos e filósofos como Aristóteles, Demóstenes, Eudoxo de Cnido e Esquines, entre tantos
outros. Adquiriu, perto de Colona, povoado da Ática, uma propriedade rural, onde levantou um
templo às Musas, que se tornou propriedade coletiva da escola durante quase um milênio, até o
governo do imperador Justiniano (529 d.C.). Permaneceu na direção da Academia até sua morte,
em 347 a.C. primeiro ano da 108a olimpíada.
Dentre suas principais obras destacam-se os “Diálogos” que são constituídos de trinta e
cinco peças teatrais com apresentações e defesas de lados opostos de uma mesma questão, e, a
segunda e talvez a mais marcante: “A República”, que trata de teologia, metafísica, ética, arte,
psicologia, educação, estadismo, feminismo, controle de natalidade e democracia.

O contexto de Platão no Grau 32


Platão dedicou-se inteira e ininterruptamente à especulação metafísica, ao ensino
filosófico e à redação de suas obras até sua morte, quando, segundo ele próprio, se dá a libertação
definitiva do cárcere do corpo. Juntamente com seu mestre
Sócrates, Platão buscou descobrir as verdades essenciais das
coisas, seus fundamentos além do físico, e defendia que a
forma de buscar estas realidades vinha do conhecimento do
além das coisas, da busca racional e contemplativamente a
verdade no interior do próprio homem através da filosofia,
lógica, retórica, matemática, entre outros.
Desenvolveu em sua Teoria das Idéias ou Teoria das
Formas a noção de que o homem está em contato permanente
com dois tipos de realidade: uma inteligível, que é imutável,
igual a si mesma; e outra, que é sensível, que são imagens da
realidade inteligível, as realidades dependentes, mutáveis, todas
as coisas que afetam nossos sentidos.
Platão não buscava as verdadeiras essências da forma física, mas, sob a influência de
Sócrates, buscava a verdade essencial das coisas. Buscava não o mundo concreto percebido pelos
sentidos que era uma pálida reprodução do mundo das Idéias. Para ele, cada objeto concreto que
existe participa, junto com todos os outros objetos de sua categoria de uma Idéia perfeita, e seu
foco são coisas como o ser humano, o bem ou a justiça.
Como filósofo não buscava a essência do conhecimento nas coisas, que considerava
corruptíveis, ou seja, variam, mudam, surgem e se extinguem; buscava a verdade plena, baseada
em algo estável, nas verdadeiras causas, na verdade essencial que não pode variar e que deve valer
para todos os demais. O conhecimento era o próprio homem não enquanto corpo, mas enquanto
alma. O conhecimento contido na alma era a essência daquilo que existia no mundo sensível. O
corpo era a matéria e a alma era o imaterial, o divino que o homem possuía. Enquanto o corpo está
em constante mudança de aparência, a alma não muda nunca. Para Platão, a técnica e o mundo
sensível eram secundários e a verdade deveria ser buscada em algo superior. O conhecimento tinha
também fins morais, ou seja, levar o homem a viver com bondade e felicidade. Assim, o
conhecimento era uma forma de levar o homem a discernir melhor dentre as verdades e o que eram
aparências de verdades.

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Conclusões
A trajetória evolutiva dos filósofos se apresenta claramente em nossas Lojas, quando
representamos a jornada rumo ao aperfeiçoamento humano, onde as verdades mais puras e
inequívocas se estabelecem e se busca ultrapassar o mundo sensível e conquistar o universo das
idéias. Ao escalarmos metaforicamente os degraus da escada de Jacó estamos simbolicamente
subindo os degraus do conhecimento no mundo das idéias, e, pelo caráter iniciático, renunciando
aos vícios com o fim de atingir determinados fins espirituais, as virtudes. Estamos caminhando
rumo ao conhecimento supremo, deixando de ser o “homem-comum” para entrar no templo da
verdadeira sabedoria; sabedoria essa que nos permitiria ver que o Grande Arquiteto do Universo é
o ápice do mundo inteligível ou sensível, pois é Dele que se extrai as formas primordiais, a
sabedoria ou inteligência.
Platão acreditava que os efeitos da ação do homem se restringem ao mundo material, que
no Mundo das Idéias o homem não pode transformar nada, visto que o que é perfeito não pode ser
mais que perfeito. Para ele a alma depois da morte reencarnava em outro corpo, mas a alma que se
ocupava com a Filosofia e o Bem era privilegiada quando da morte do corpo de não reencarnar
mas passar o resto dos seus tempos em companhia dos deuses.
Ensinou-nos a nos conhecermos a nós próprios e desvendou-nos o mundo das idéias
puras e das realidades eternas; a percebermos não só os fenômenos e as leis que dominam o físico,
mas também a percebermos e domínio do espírito pelo Verdadeiro, pelo Belo e pelo Bem, tríplice
realização do Divino. Com essa compreensão e a crença na existência de uma força concreta que
impulsione, oriente e determine nossas condutas sempre pela trilha do reto e do justo, poderemos
trabalhar sempre em busca do aprimoramento moral e intelectual da humanidade.
O Grau de Sublime Cavaleiro do Real Segredo nos apresenta o fato de que boa parte da
tradição da Maçonaria pode ser interpretada e compreendida à luz dos ensinamentos de Platão. À
medida que aprofundamos nossa visão sobre estas concepções nos aproximamos mais das
verdades mais puras e inequívocas do mundo sensível e do universo das idéias. Ser um legítimo
iniciado na Arte Real equivale a ser considerado, simbolicamente, um discípulo do mestre Platão.

Referência Bibliográfica
CASTELLANI, José. Dicionário de Termos Maçônicos. Londrina: Ed. A Trolha, 2ª ed., 1995.
DELEGACIA LITÚRGICA EM SANTA CATARINA DO SUPREMO CONSELHO DO
BRASIL PARA O RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO. Consistório: Graus
Administrativos. Florianópolis: Consenso. s.d. 386 p.
DINUCCI, A. Platão, entre a Filosofia e a Retórica in “Prometeus - Filosofia em revista” ano I,
n.2, Julho-Dezembro 2008, pág. 1-15;
FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria, Seus Mistérios, Ritos,
Filosofia, História. São Paulo: Pensamento. s.d. p. 545.
MORAVCSIK, J. Platão e o Platonismo. 1ª edição, São Paulo: Loyola, 2006.
MUNDO DOS FILÓSOFOS. A vida de Platão. Disponível em:
http://www.mundodosfilosofos.com.br/platao.htm. Consultado em: 20/08/2011.

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“Consistório de Príncipes do Real Segredo nº 7”

PIRES, Carlos Alberto Carvalho. Filosofia e Maçonaria: Platão entre colunas. Disponível em:
http://maconaria-brasil.blogspot.com/2009/09/filosofia-e-maconaria-platao-entre.html.
Consultado em: 21/08/2011.
PORTAL DE PSICOLOGIA “PSICOLOUCOS”. Biografia de Platão. Disponível em:
http://www.psicoloucos.com/Platao/biografia-de-platao.html. Consultado em 20/08/2011.
SANTA CATARINA, Wilson. O Filósofo Platão. In Consistório: Graus Administrativos.
Delegacia Litúrgica em Santa Catarina do Supremo Conselho do Brasil para o Rito
Escocês Antigo e Aceito. Florianópolis: Consenso. S.d.. 386 p.
SUPREMO CONSELHO DO BRASIL DO GRAU 33 PARA O RITO ESCOCÊS ANTIGO E
ACEITO. Ritual do Grau 32: Sublime Príncipe do Real Segredo. Rio de Janeiro: HG.
2009. 76 p.

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