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Supremo Conselho do Brasil do Grau 33

para o Rito Escocês Antigo e Aceito


“Consistório de Príncipes do Real Segredo nº 7”

Ritos, Rituais
e
Normas
Sociais
Trabalho de Trigésimo Segundo Grau
Ir Sublime Cavaleiro do Real Segredo Renato Moreira de Faria – IME 067887

Acampamento de Florianópolis, SC, 8 de setembro de 2011 da E V


Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 para o Rito Escocês Antigo e Aceito
Consistório de Príncipes do Real Segredo nº 7

Introdução
O termo Rito tem vários sentidos e tem significado totalmente diferente que Rituais. No
sentido mais geral, um rito é uma sucessão de palavras, gestos e atos que, repetida, compõe uma
cerimônia. Apesar de seguir um padrão, pode atualizar um mito seguindo ensinamentos ancestrais
e sagrados. É um conjunto de atividades organizadas, no qual as pessoas se expressam por gestos,
símbolos, linguagem e comportamento transmitindo, assim, um sentido coerente ao ritual.
De acordo o dicionário eletrônico Michaelis, Ritual, do latim rituale, tem como
definições: 1 - Pertencente ou relativo aos ritos. 2 - Que contém os ritos. 3 - Livro que contém os
ritos, ou a forma das cerimônias de uma religião. 4 - Cerimonial. 5 - Conjunto das regras, etiqueta,
praxe, protocolo. Frente a tal diversidade, evidencia-se que ritual não está apenas ligado à religião
ou formas de expressão religiosa. Um ritual acontece em concomitância de sujeitos, tempo e
espaço. Necessita, também, de objetivos, procedimentos, técnicas, instrumentos, objetos.
Em sociologia, uma Norma Social é uma regra socialmente reforçada com significado e
valores cuja sanção social a distingue de outros produtos culturais ou sociais. Normas e ausência
de normas afetam de forma ampla o comportamento humano. Normas sociais podem ser vistas
como declarações que regulam o comportamento e atuam como controles sociais informais. Elas
são geralmente baseadas em algum grau de consenso e são reforçadas por sanções sociais.

Ritos, Rituais e Normas Sociais e Maçônicas


Os ritos, os rituais, as cerimônias, os símbolos e as normas de convivência social são
elementos que reforçam a preservação dos valores organizacionais. Segundo Freitas (1991), o Rito
se configura em um conjunto de atividades elaboradas e executadas através de interações sociais e
mensagens de conteúdo simbólico.
Os ritos constituem-se de um conjunto relativamente elaborado, dramático e planejado de
atividades, que consolidam várias formas de expressão cultural em um evento, o qual é realizado
por meio de interações sociais É através dos ritos que as regras sociais são definidas, estilizadas,
convencionadas e principalmente valorizadas. Trice e Beyer (in Freitas, 1991). identificam seis
tipos básicos de ritos que ocorrem isolada ou conjuntamente nas organizações:
1. Ritos de passagem: facilitam os processos de admissão de indivíduos para novos
papéis e status. Neles o estado de alguém mudará visto que será retirado da massa anônima e
assumirá a identidade da organização, nos aspectos ético, social, e de relacionamento, em
processos de transição e de ascensão na organização social .
2. Ritos de degradação: dissolvem identidades sociais e seu poder. Estes ritos são
geralmente usados nos casos de exclusões, afastamento de membros e também para denunciar
falhas, incoerências, incompetências, violação de normas.
3. Ritos de confirmação ou de reforço: fortalecem identidades sociais e seu poder. São
geralmente utilizados para reconhecer publicamente “feitos heróicos”, conquistas, superações.
4. Ritos de reprodução ou de renovação: renovam estruturas sociais e melhoram o seu
funcionamento, como treinamento organizacional e adoção de novas formas gerenciais.
5. Ritos para redução de conflitos: eventos que reduzem conflitos e agressões e
restabelecem o equilíbrio das relações.

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6. Ritos de integração: encorajam e revivem sentimentos comuns que agregam os


indivíduos e os mantêm em um sistema social. Comumente usados em datas como Natal, Páscoa.
O caráter comunicativo do rito é de extrema importância, pois não é qualquer atividade
padronizada que constitui um rito. Rito é aquilo que o indivíduo faz sempre, sabe que o faz mas
não para e se pergunta por que o está executando. A palavra rito pode também designar tipo de
velocidade no ritual de processo jurídico. Segundo Fossá (2004) os rituais consagram algo para a
eternidade, conferindo-lhe uma dimensão sagrada e os ritos – como normas e padrões dos rituais –
permitem distinguir percursos de sacralização e afirmam um dado caminho distintivo.
Em Loja maçônica o Rito é um corpo de normas que regem os trabalhos quando em
reunião regular. São métodos utilizados para transmitir os ensinamentos e organizar as cerimônias
maçônicas, uma seqüência de atos a serem vencidos.
No Brasil os ritos mais praticados são: Rito Adonhiramita, Rito Brasileiro, Rito Escocês
Antigo e Aceito, Rito Escocês Retificado, Rito Moderno ou Francês, Rito Schröeder e Rito de
York ou de Emulação e cujas diferenças entre eles não chegam a ser significantes. No mundo
existem mais de 200 ritos praticados atualmente, porém os mais utilizados são o de Rito de York
ou de Emulação e o Rito Escocês Antigo e Aceito. Outras classes de Ritos maçônicos menos
comuns destacam-se pela abordagem mais esotérica e espiritualista como são os Ritos
denominados Misraim e Memphis.
Ritual é um conjunto de palavras, gestos e formalidades, geralmente imbuídos de valor
simbólico, cuja execução usualmente é prescrita e codificada pelas tradições da comunidade ou por
uma religião. Instruem como participar e interagir junto ao grupo social ao qual se pertença. Pode
ser executado por um único indivíduo, um grupo, ou por uma comunidade inteira em intervalos
regulares ou em situações específicas, em locais arbitrários ou específicos e diante de pessoas ou
privativamente. Também pode ser restrito a certo subgrupo da comunidade e pode autorizar ou
sublinhar a passagem entre condições sociais ou religiosas. Os espaços ritualísticos são passíveis
de múltiplas interpretações e são reinventados constantemente e, na medida em que se dominou a
linguagem e desenvolveu-a com valores culturais e religiosos, os rituais tornaram-se mais
complexos e passaram a simbolizar ideologias e ensinamentos.
A Maçonaria usa um ritual como modo efetivo para ensinar idéias importantes que
remontam aos primórdios de sua criação. É muito rico, antigo e é carregado com ações simbólicas
prescritas por regulamentos ou tradição, ou seja, parcialmente ritualísticos. Várias ações comuns
entre maçons, como toques, palavras e sinais podem ser entendidas como pequenos rituais e não só
o documento impresso com o título de ritual, que na realidade é um manual de procedimentos.
Os rituais maçônicos propugnam pelo culto ao sagrado de seus momentos e
acontecimentos, pelo desenvolvimento da capacidade que cada um tem que achar as suas respostas
para as suas grandes perguntas na sua própria fé, pelo desenvolvimento da capacidade de ver para
além da matéria. Propugnam por tudo aquilo que se respeita como norma de conduta valorativa e
que, por assim ser, pretendemos nós maçons disseminar e replicar.
As normas sociais, conceito vastamente utilizado na Sociologia, são prescrições de
comportamento e correspondem às expectativas sociais do que seja um comportamento humano
adequado que dá coerência e significado às questões da ordem social. A interação social humana
geral dentro de normas sociais são a base necessária à interação entre todos os grupos humanos,
pois seguem normas definidas, que são sempre reforçadas por sanções de várias ordens, de sentido
positivo ou negativo, indo desde a recompensa até a desaprovação informal e à punição formal.

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As normas sociais tem regras normativas que são identificadas e tem seu foco em: Ações
do ego de alguém; Reações do ego às ações do alter, e; Negociação entre ego e alter. Melville
Herskovits, chama atenção em seu clássico “Man and his works: the science of cultural
antropology,” para a necessidade de “atermo-nos para os aspectos que dão sentido às práticas
sociais”. Segundo ele os espaços ritualísticos não são apenas os ligados à religião ou misticismo,
mas todos aqueles que seguem normas que são frutos de pré-estabelecimentos consensuais, como
por exemplo, a música, a dança, as festas, as produções estéticas, as roupas, as comidas, que fazem
parte de um universo cuja ordenação social, cultural e política amplia o conceito de ritual.
Exemplificando: O espaço do jogo de cartas entre homens maduros, o espaço de um salão de
beleza onde as mulheres cuidam do corpo/aparência, entre tantos, obedecem a certas regras,
apresentam padrões e procedimentos típicos. Nesse sentido, seria correto afirmar que a vida em
sociedade só tem sentido a partir da compreensão dos rituais e seus elementos que reforçam a
missão, a política, os objetivos e as metas e também oferecem caminhos ou orientações para o
gerenciamento da cultura.
Segundo Maria Ester de Freitas (1991), os elementos formadores da cultura fornecem aos
membros da organização o direcionamento para suas ações. A assimilação destes elementos é
obtida através da linguagem verbal e não-verbal. Os elementos mais comuns da cultura
organizacional, segundo diversos autores são os valores, as crenças e os pressupostos, os ritos, os
rituais, as cerimônias, as estórias, os mitos, as sagas, os símbolos, os tabus, as lendas, os heróis, os
fundadores, os artefatos, as normas, a linguagem, a comunicação, os sistemas de recompensas, os
aspectos históricos e externos, as estratégias de socialização de novos membros dos grupos sociais.
No contexto da ordem social, pode-se afirmar que o conteúdo formal e normativo da
sociedade e de seus sistemas está continuamente submetido às pressões e mudanças dos códigos de
vida social, expressos pelas atitudes e pelos comportamentos dos atores que percebem a sua
capacidade de agir sobre a realidade que os cerca. Está a Maçonaria submetida a essas pressões.
Não é incomum ouvir-se que a Ordem está velha, que já não atrai mais candidatos jovens, que não
desperta interesse na sociedade. Entretanto há que se analisar que isso ocorre exatamente à vista de
um atendimento somente parcial às pressões dos códigos de vida social do presente, tendo em vista
a velocidade muito maior de mudança que admite a sociedade comparativamente à que admite a
Arte Real.

Conclusões
As estórias, os mitos, os heróis, os ritos, os rituais, as cerimônias, os símbolos, a
linguagem e a comunicação são elementos essenciais para a compreensão do imaginário motor
existente nas organizações. A história, as tradições, os usos, os costumes, o ser, o fazer, o dar, o
retribuir, o distinguir, o ornamentar, o simbolizar, são elementos essenciais que geralmente são
incorporados nesses ritos e nas normas sociais. É isso que a Maçonaria vem fazendo durante
séculos, incorporando com orgulho no seu ritual e em suas normas o respeito à tradição e à
memória, pois a memória e a tradição são elementos do passado que embasam o desenvolvimento
do futuro. Entretanto, respeito à tradição e à memória não necessariamente exclui respostas e
adaptações às pressões dos grupos sociais com os quais convive e se relaciona.
Embora as normas sociais mudem através dos tempos, quando nós maçons, em sintonia
com a sociedade profana, conseguirmos promover a integração do comportamento aos rituais,
praticar diariamente os nossos ritos, vamos saber mais sobre nós próprios e conhecer melhor os
outros e, acima de tudo, vamos conseguir construir melhor o (nosso) sagrado.
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Referência Bibliográfica
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