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Editora Maçônica^A TROLHA^Ctdtf

CADERNOS
DE
ESTUDOS
MAÇÔNICOS
PAULO ANTONIO OUTEIRO HERNANDES

Curso de Formação
de Companheiros do

Editora Maçônica "A TROLHA" Ltda.


Rua Castro Alves, 264 - Jd. Shangri-lá A
Fone (43) 3337-1982 - Fax (43) 3326-0915
Cx. Postal 238 - CEP 86001-970 - Londrina - PR

Londrina, fevereiro de 2017


Copyright © 2017 do autor Obediência: Grande Oriente do Distrito
Todos os direitos desta edição são reserva­ FederaI - GOB-Brasíiia
dos à EDITORA MAÇÔNICA "A TROLHA"
LTDA. Proibida a reprodução total ou parcial desta
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E-mail: redacao@atrolha.com.br editor (Lei n° 9.610, de 19/2/1998).

Coordenação Geral:
Conselho Editorial

I a Edição:
2017

Tiragem:
1.400 exemplares

Projeto Gráfico e Diagramação:


Maristela Meneghetti

Capa:
Ulisses R. M. Candreva

Revisão:
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Impressão e acabamento:
Viena Gráfica & Editora

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP-Brasil)


CATALOGAÇÃO NA FONTE

H557c Flernandes, Paulo Antonio Outeiro.


Curso de formação de companheiros do R.'. E.-. A.-. A.-. Paulo Antonio
Outeiro Hernandes. - 1. ed. - Londrina: Ed. Maçônica "A Trolha", 2017.
336p.; 14,21 cm. - (Coleção Cadernos de Estudos Maçônicos).

ISBN: 978-85-7252-361-5

1. Maçonaria - História - Estudo e ensino. 2. Maçonaria - Leis e


Legislação - Brasil. 3. Maçonaria - Curso. 4. Aprendizagem - For­
mação de Maçons. I. Título. II. Série.
CDD 366.1
CDU 061.236

índices para Catálogo Sistemático:

1. Maçonaria - História - Estudo e ensino


061.236:37.02 (CDU)
2. Maçonaria - Leis e Legislação - Brasil
061.236:342.536 (CDU)
3. Maçonaria - Curso
061.236:37.02 (CDU)
4. Aprendizagem - Formação de maçons
37.02:061.236 (CDU)
Registro aqui meus agradecimentos aos Irmãos:

• José Ronaldo G. Chicarino, V:.M.\ da A.-.R:.L.-.S:.


"Jardim Botânico N.° 35", oriente de Brasília (DF),
vinculada à M:.R:. Grande Loja Maçônica do Distrito
Federal, pela cessão dos normativos e rituais da GL-
MDF, utilizados nesta obra.
• Edenir e Moura, da editora "A TROLHA", pela pres-
tigiação a este autor desde a publicação do "Curso de
formação de aprendizes do R:.E..A:.A.\".

Ofereço este trabalho a todos os irmãos que se dedicam


à leitura e ao estudo maçônico.
I
Sumário

Conteúdos.......................................................... Pág.

Apresentação...........................................................11

Apresentação dos Editores...................................... 15

Primeira parte - "Generalidades, simbologia e


ritualística maçônica no grau 2 "

1. O que é o grau de companheiro-maçom...............19


2. Apanhado das origens do segundo grau................29
3. Elementos da filosofia, da moral e da doutrina do
grau de companheiro-maçom.............................. 47
4. Simbologia maçônica - Generalidades. O templo
maçônico. O O riente........................................... 61
5. Simbologia maçônica — O Ocidente no grau 2 .... 81
6. Outros elementos simbólicos - I - O número, a
idade e as ferramentas do companheiro.
O significado das palavras do gra u.................... 111
7. Outros elementos simbólicos - II - O painel
simbólico e o alegórico do grau de companheiro . 137
8. Elementos da ritualística do Rito Escocês Antigo e
Aceito na loja de grau 2 .................................... 169
9. Comentários sobre as viagens da elevação........ 181
Segunda parte - "Diretrizes para o funcionamento
da loja no segundo grau"

10. Leis maçônicas - Tópicos da legislação do GOB e


da Grande Loja Maçônica do Distrito Federal
relativos ao segundo grau: elevação e exaltação;
sessão do grau 2; a indumentária do
companheiro-maçom...................................... 205

Respostas às questões do Exercício de Verificação

Capítulo 1............................................................. 231


Capítulo 2............................................................. 237
Capítulo 3............................................................. 243
Capítulo 4 ............................................................. 249
Capítulo 5............................................................. 253
Capítulo 6............................................................. 259
Capítulo 7............................................................. 265
Capítulo 8............................................................. 271
Capítulo 9............................................................. 277
Capítulo 10........................................................... 283

Bibliografia.......................................................... 289

Apêndice 293
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A.\ A.-.

CURSO DE FORMAÇÃO DE
COMPANHEIROS DO R.\ E A A

Apresentação

Prezado irmão companheiro, bem-vindo ao mundo ma-


çônico e ao Curso de Formação de Companheiros do
R.-.E.-.A.-.A. .. Nossa proposta é fornecer-lhe os fundamen­
tos do segundo grau simbólico, ao qual você ascendeu
mediante sua elevação.

Os conteúdos vistos neste livro completarão tanto as ins­


truções que certamente o l.° Vigilante de sua loja vai-lhe
ministrar como o aprendizado que realizará através da
leitura do ritual, da boa literatura paramaçônica relativa ao
grau de companheiro e a frequência às sessões do grau 2.

Você está de parabéns por interessar-se em aprender.


As páginas que se seguirão pretendem constituir-se em
alicerce consistente para sua formação maçônica, a qual
deverá ser enriquecida pelo estudo constante.

Assim procedendo, você compreenderá, cada vez com


mais clareza, seu papel na Sublime Ordem e a importância
dela no seu aperfeiçoamento como pessoa. Além disso,

11
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

vai-lhe ficar crescentemente compreen­


sível a simbologia maçônica atinente ao
seu grau e a moral respectiva.

É oportuno esclarecer que este livro


está voltado aos maçons, especialmente
aos companheiros, membros das lojas
federadas ao Grande Oriente do Brasil
(GOB) ou das oficinas vinculadas à
Confederação da Maçonaria Simbólica
do Brasil — Grande Loja Maçônica do
Distrito Federal (GLMDF) que praticam
o Rito Escocês Antigo e Aceito.

Isso porque a simbologia, a ritualística e


a legislação de outras obediências ma-
çônicas ou de outros ritos podem variar.
Im agem idealizada
do com panheiro-
maçom Assinalamos ainda que doravante a
grafia do nome "Rito Escocês Antigo e
Aceito" poderá ser resumida como "Rito Escocês" ou mes­
mo abreviada "R.\E/.A.\A.\". O nome "Grande Oriente do
Brasil" poderá ser resumido apenas como "GOB", e "Gran­
de Loja Maçônica do Distrito Federal", como "GLMDF".

Ressaltamos também que o ritual da Grande Loja Maçônica


do Distrito Federal em que nos baseamos na elaboração
deste livro foi o unificado da região Centro-Oeste, pois,
como se sabe, a Confederação da Maçonaria Simbólica do
Brasil não possui poder central e a Grande Loja de cada
estado brasileiro é autônoma com relação às demais.

Agora, você tomará contato com generalidades sobre a

12
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.-. A.\

doutrina, a filosofia (espírito, propósito), a moral (men­


sagem) e a simbologia do grau de companheiro. Todas as
abordagens e esclarecimentos sobre o templo maçônico
das lojas do GOB e a simbologia dos elementos existen­
tes no Ocidente e no Oriente constam da obra "Curso de
formação de aprendizes do R.\E.-.A.-.A.\", de nossa auto­
ria, publicada pela editora A Trolha, que o convidamos a
conhecer ou reler.

Por fim, desejamos informar ao leitor que as citações dos


autores estrangeiros EL PENTAGRAMA (s. a.), FRAU ABRI-
NES, L.; HART, R. J. R.; REES, J. e WARD, J. S. M. foram
extraídas de obras publicadas em espanhol e inglês e
vertidas para o português em tradução livre por este autor.

Bons estudos.

13
Paulo Antonio Outeiro Hernandes
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.-. A.\ A.-.

Apresentação dos Editores

Iniciamos a apresentação deste livro citando duas frases


de Cora Coralina, pois entendemos serem muito pertinen­
tes à nossa vida e ao processo de aprendizagem:

“Todos estamos matriculados na escola da vida,


onde o mestre é o tempo”.

“O que vale na vida não é o ponto de partida e nem


o de chegada e sim, a caminhada. Caminhando e
semeando, no fim terás o que colher”.

Seguindo esta linha de pensamento, o autor Paulo Antonio


Outeiro Hernandes reitera as boas-vindas aos Irmãos que
iniciaram a sua vida maçônica e pretendem trilhar seu
caminho em uma base sólida e consistente, fase conside­
rada uma das mais importantes na formação maçônica,
o Grau de Companheiro.

O Segundo Grau ou Grau de Companheiro é em si uma


jornada que deve ser enriquecida pelo estudo constante.
O princípio da solidariedade, que nasce da sincera e íntima
comunhão entre Irmãos, deve ser a constante preocupa­
ção do Companheiro. Se a liberdade é o ideal do Aprendiz,
que aspira a Luz, a igualdade é o do Companheiro, para
que possa solidificar os sentimentos de fraternidade.

15
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

A importância de desenvolvera faculdade intelectual é in­


cutida nesse Grau, de modo que suas realizações possam
nos elevar a uma apreciação mais verdadeira e completa
das maravilhosas obras do G.'. A.\ D.-. U, harmonizando
nossa conduta. Agora é o tempo para executar, enquanto
ainda é dia. No Segundo Grau, o Sol está sempre no seu
meridiano.

Este livro traz com muita clareza o real significado da


transformação da Pedra Bruta em Pedra Cúbica e suas
devidas considerações e instruções, que não podem ser
negligenciadas, razões pelas quais se tornou um grande
desafio aos escritores Maçons. Eis a fundamental impor­
tância do trabalho do Autor: ajudar-nos a subir a Escada
Espiral do conhecimento. E isso ele fez de maneira simples
e exemplar, através de um curso. Um Curso para Com­
panheiros Maçons!

Londrina, janeiro de 2017.


Os Editores

16
PRIMEIRA PARTE

GENERALIDADES,
SIMBOLOGIA E
RITUALÍSTICA MAÇÔNICA
NO GRAU 2
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A.\ A:.

Capítulo l.°

O que é o grau de companheiro-


maçom

No Rito Escocês Antigo e Aceito — e certamente em todos


os demais ritos maçônicos praticados no Brasil —, o grau
de companheiro, o segundo na escalada iniciática do ma-
çom, é muitas vezes tido como transitório, como grau de
"passagem" entre o primeiro e o terceiro grau. Por isso,
não é raro as lojas o negligenciarem e a ele dedicarem
poucas sessões de instrução durante o ano. No entanto,
esse grau é importante e tem muita história e simbolismo.

O aprendiz, que, durante os trabalhos, sentava-se no topo


da coluna do Norte (que simbolicamente não recebe a luz
solar), agora se situa no Sul, já mais iluminado. "Êle segue
o curso do sol que (no hemisfério norte) sai no verão pelo
nordeste e marcha pelo Este e para o Sul, prestando cada
vez mais serviço ao mundo segundo avanço [sic] em seu
curso" (LEADBEATER, s. d., p. 192).

O aprendiz, uma vez elevado, firma-se na Ordem como


obreiro que já tem alguma ideia do que nela faz (a luz
simbólica que incide na coluna do Sul), do seu papel e
o que ela dele espera. Para isso, precisa ter recebido a
devida e necessária instrução do Segundo Vigilante, como
prescrevem os normativos do GOB, ou ter comparecido

19
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

às sessões de loja da GLMDF em que as instruções foram


ministradas mediante a leitura de textos do ritual.

“O grau anterior relaciona-se com o nascimento


em muitos aspectos: nascimento do homem, mas
também do conhecimento [maçônico] e de si próprio.
Neste segundo grau, nós nos ocupamos da vida
após o nascimento, a jornada através da vida e o
desenvolvimento do ser com seu recém-descoberto
conhecimento e a crescente sabedoria. Mas você
também aprenderá (ou já aprendeu) que este grau
traz certos ecos do grau anterior; ecos, mas não,
contraparte exata.”
(REES, 2011:55)

Assim, como aprendiz, o irmão aprendeu a desbastar a


pedra bruta, que representa as imperfeições humanas, e
a conviver com os irmãos em loja. Essa convivência, os
conhecimentos recebidos nas sessões e o contínuo estu­
do do ritual e da literatura paramaçônica fazem com que
esteja apto a transformar aquele bloco pétreo disforme
em cubo polido, pronto a encaixar-se figuradamente nas
paredes do edifício social.

Espera-se dele que coloque a pedra cúbica, devidamente


polida, no lugar adequado. Seus pés, em loja, ainda estão
em forma de esquadria. No ângulo reto por eles formado,
tal pedra tem rigorosamente de caber.

Essa alegoria1 representa o próprio homem maçom, que,

1 Alegoria — Conjunto de metáforas. Forma figurada de expressão, com sentido


diferente do usual. Assim, quando se diz que o companheiro trabalha no poli­
mento da sua pedra para torná-la cada vez mais polida, não se está querendo
dizer que ele de fato vá trabalhar em algum bloco real de pedra. Isso é alegoria.

20
Curso de Formação de Companheiros do R-. E.\ A.\ A.-.

em razão dos trabalhos na Sublime Instituição e do esforço


em progredir, tornou-se polido e solidário; a conduta, reta;
ele é alguém útil e modelo para a sociedade.

O companheiro, em razão de seu empenho e da instrução


que necessariamente deve receber, vai-se tornar obreiro
instruído e bem orientado. O Irmão José Ronaldo Viega
Alves comenta a respeito:

“Pela lógica, um companheiro bem instruído, bem


orientado, é o que vai começar a andar sozinho. Em
suas buscas, deverá saber que separar o joio do trigo
é fundamental, que não poderá negligenciar seu es­
tudo intelectual jamais, e que a verdade sempre vai
prevalecer no fim. Se o seu objetivo maior é chegar
a mestre, e teve a formação mais completa possível,
será o futuro mestre que saberá esclarecer e alertar
no momento exato aos companheiros, também
futuros, sobre a real importância do grau em que
eles se encontram, filtrando o que é verdadeiro”.
(ALVES, 2013:17)

Que significa transformar a pedra bruta


em cubo polido?

Por isso, para o pleno desenvolvimento e sua adequada


preparação para a exaltação, é necessário cumpra o Pri­
meiro Vigilante o dever de instruir o companheiro quanto
à filosofia, moral e conteúdos do segundo grau. É o que
prescrevem nossos normativos e o que de fato é preciso
acontecer.

O propósito principal do segundo grau é proporcionar ao

21
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

maçom o progresso na direção do conhecimento de si


mesmo pelo estudo a fim de pautar a vida pelos ditames
morais velados pelos nossos mistérios. Assim, com esse
progresso, o companheiro vai consolidar a crença na es­
tabilidade de nossa filosofia e capacitar-se a prosseguir
conscientemente na caminhada na Sublime Ordem.

Há, porém, outro importante aspecto no trabalho do


companheiro na busca da Verdade. Não nos esqueçamos
de que seu grau é o dois, número do dualismo, sistema
filosófico baseado nos opostos. "O dualismo philosophico
tem por fim explicar a reunião do bem e do mal, da ordem
e da confusão que se encontra no universo" (BASTOS,
1929:219).

Daí o companheiro estar imerso no reino da dialética:

“Uma das disposições do grau dois é a dialética.


Trata-se de um processo de investigação, de origem
filosófica, onde há um antagonista a ser enfrentado,
uma tese a ser contestada, estabelecendo dois pro­
tagonistas ou duas proposições divergentes, cujo
produto será uma síntese, uma nova tese ou verdade
a ser dialogada” (PIANOWSKI JR., 2016:37).

Essa disposição de ânimo leva, pois, o companheiro à


investigação constante na busca do grau de verdade do
que é estabelecido. É por isso que o maçom, em geral, e
o companheiro, em particular, tende a resistir aos dogmas
e preconceitos.

Por fim, a dualidade do dois e, por extensão, do grau de


companheiro inevitavelmente se estende aos conceitos
de espírito e matéria. No segundo grau, eles estão agora

22
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A.-.

trabalhando em equilíbrio, como sugere a disposição entrela­


çada do esquadro e do compasso, o que veremos logo mais.

Leitura recomendada — Será muito proveito­


so você ler também os seguintes textos, no
Apêndice II e IV, pp. 303 e segs. e 323 e segs.:
> Comentário e síntese do grau mais histórico e
intelectual da Maçonaria simbólica: o de compa-
nheiro-maçom (ALVES, 2013).
> O companheiro maçom e os estudos (PIANOWSKI
JR., 2016).

lE U Questionário de fixação

A seguir, você verá algumas perguntas e as respectivas


respostas relacionadas com o conteúdo visto há pouco.
Não deixe de lê-las, pois elas vão contribuir para a fixação
do que você acabou de estudar. Vamos lá?

O grau de companheiro é apenas estágio transitório


entre o primeiro e o terceiro grau?
Não, no Rito Escocês Antigo e Aceito, o grau 2 tem muita
importância, pois, nele, nós nos ocupamos da vida após o
nascimento, da jornada através dela e do desenvolvimento
do ser dotado de seu recém-descoberto conhecimento e
sabedoria crescente.

Qual a importância do grau de companheiro para a


futura ascensão ao mestrado?
O companheiro estudioso e aplicado será o futuro mestre

23
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

consciente, que saberá esclarecer os companheiros, tam­


bém futuros, sobre a real importância do grau em que
estarão e saberá orientá-los sobre a filosofia e a moral
desse grau.

Que significa a transformação da pedra bruta na


pedra cúbica?
Representa a remoção das mais básicas e elementares
imperfeições humanas de modo a estar o homem maçom
apto a encaixar-se no edifício social. Em suma, ele tornou-
-se polido o suficiente para ajudar a construir sociedade
cada vez mais correta, justa e solidária. Mais próxima da
perfeição inatingível.

Com relação à dicotomia espírito vs. matéria, o que


sugere a posição do esquadro e do compasso no grau
2?
Essa posição sugere que nesse grau o espírito e a matéria
trabalham unidos, em equilíbrio.

Qual é o papel do l . ° Vigilante no desenvolvimento


intelectual do companheiro em loja do GOB?
0 1.° Vig.'. é o responsável regimental pela instrução do
companheiro e deve assisti-lo em seus estudos.

24
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A.\

O QUE A SIMBOLOGIA C O N S T A N T E DESTE


C A P ÍT U L O TEM A V E R CO M SEU C O T ID IA N O
N A C O N D IÇ Ã O D E M A Ç O M

Você, como companheiro (ou detentor de graus


acima), no grau 2 tornou-se polido — como a pedra
cúbica — e solidário. Sua conduta, reta. Você deve
ser útil e modelo para a sociedade. Que implicações
tem isso no seu dia a dia? Você necessita ser:

A
> Afável no trato com as pessoas.
> Inflexível com o erro e a improbidade, mesmo que
lhe sejam oferecidas vantagens tentadoras.
> Menos apegado aos bens materiais. Compensa dis­
cutir e brigar por um raspado ou riscado acidental
no seu carro?
> Por fim, perguntamos: e aí?

A

E fácil agir rigorosamente assim? Claro que não. Afinal,


o desbaste da pedra bruta e sua transformação em cubo
polido é trabalho árduo e longo. Na verdade, sem prazo
para terminar. Mas não foi para isso que você ingressou
na Sublime Ordem?

25
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

EXERCÍCIO DE VERIFICAÇÃO - Capítulo l.°

Agora, você mesmo testará seus conhecimentos. Res­


ponda as questões de múltipla escolha sobre o conteúdo
estudado. Procure só ver as respostas — nas págs. 231-
235 — depois das questões respondidas. Bom teste.

1.0 propósito principal do segundo grau é:

□ a)
Preparar o companheiro para a exaltação.
□ b)
Ressaltar as qualidades do recém-elevado.
□ c)
Deixar o maçom contente e satisfeito com a loja.
□ d)
Reforçar os conteúdos assimilados no primeiro
grau.
□ e) Facilitar ao companheiro o conhecimento de si
mesmo.

2. Assinale com "V" (verdadeira) ou "F" (falsa) cada uma das


afirmativas abaixo e marque a opção correspondente:

• No R.-.E.-A/.A.-., o grau de companheiro é o


segundo na escalada iniciática............................ ( )
• Simbolicamente, a coluna do Sul não recebe a
luz s o la r............................................................( )
• 0 companheiro trabalha no polimento da pedra
bruta desbastada............................................... ( )
• No grau 2, a matéria ainda luta para dominar o
espírito.............................................................. ( )
• Na alegoria do segundo grau, o bloco de pedra
é o próprio maçom ............................................. ( )

□ a)V-F-F-F-V
□ b) F-V-V-V-F

26
Curso de Formação de Companheiros do R .. E.\ A.\ A.\

□ c) V-V-V-F-F
□ d) V-F-V-F-V
□ e) F-F-F-V-V

3. Assinale as afirmativas corretas e marque a opção cor­


respondente:

I. O grau de companheiro é apenas período


transitório entre o primeiro e o terceiro grau
simbólicos...................................................()
II. A transformação da pedra bruta na cúbica é
só lembrança do do passado medieval..........( )
III. A posição entrelaçada do esquadro e do
compasso sugere união do espírito e da matéria.()
IV. A perfeição do maçom só será alcançada no
grau de mestre........................................... ( )
V. De acordo com o GOB, as hastes do
compasso entrelaçam-se com o esquadro no
grau 2........................................................ ( )

□ a) I, III e V
□ b) Apenas III e V
□ c) II, IV e V
□ d) I, II e III
□ e) Somente II e IV

4 .Afirmativa correta:

□ a) No R.-.E. .A.-.A.-., o grau da plenitude maçônica é o 3.


□ b) Os companheiros sentam-se no topo da coluna do
Norte.
□ c) No grau 2, a Ordem ocupa-se da vida após o nas­
cimento.

27
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

□ d) Na sua coluna, o companheiro recebe a luz refletida


da Lua.
□ e) No GOB, o 2.° Vig.\ responde pela instrução dos
companheiros.

5. Alternativa INCORRETA:

□ a) As lojas NÃO costumam negligenciar o segundo


grau.
□ b) Cf. o Irm.-. Leadbeater, o aprendiz caminha se­
guindo o Sol.
□ c) Nas sessões, os pés do companheiro ainda estão
em esquadria.
□ d) É simbólica a luz que incide sobre o companheiro
na c o I a do Sul.
□ e) É melhor dizer "cúbica" em vez de "polida", rela­
tivamente à pedra.

28
Curso de Formação de Companheiros do R .. E.'. A.\ A.\

Capítulo 2.°

Apanhado das origens do segundo


grau

Maçonaria operativa vs. especulativa

As origens do segundo grau perdem-se nas brumas do


passado medieval, no período da Maçonaria operativa.
Vale lembrar que admitindo essa procedência estamos
reconhecendo como válida a hipótese de ser nossa insti­
tuição originária das corporações de ofício europeias em
funcionamento na Idade Média.

Assim, aquelas confrarias, ao receber em seus quadros


membros que não eram artífices, mas nobres e intelec­
tuais, deixaram, com o tempo, de ser organizações de
artesãos. Ingressaram, portanto, na era da Maçonaria
especulativa, mais ou menos como a conhecemos hoje.

É preciso, porém, ressalvar que, embora seja essa a ver­


são mais difundida e mesmo a mais aceita, há vários estu­
diosos e autores respeitados que contestam essa origem
para a Maçonaria moderna. Entre eles, estão os Irmãos
Christopher Knight e Robert Lomas, maçons ingleses e
pesquisadores da história da Sublime Ordem. Autores de
diversas obras sobre o tema, dizem eles em uma delas,
"A chave de Hiram":

29
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

“Muitos pedreiros e canteiros da Idade Média eram


analfabetos com pouca ou nenhuma educação além
de seu aprendizado, que lhes ensinava apenas as
técnicas do ofício. Imaginar que poderíam ter
compreendido, quanto mais originado, um ritual tão
complexo quanto esse que hoje é praticado pelos
Maçons exige demais de nossa credibilidade. Seu
vocabulário, e principalmente sua habilidade para
pensamento abstrato, devem ter sido verdadeira­
mente muito limitados. Viagens, especificamente
para os mestres-pedreiros mais capacitados, eram
eventos raros, portanto, sinais secretos, apertos de
mão e palavras de passe teriam pouco ou nenhum
valor; e mesmo se eles tivessem que viajar entre
uma construção e outra, para que necessitariam
de meios secretos de reconhecimento mútuo? Se
alguém mentirosamente alegasse ser um pedreiro,
não demoraria muito para que se descobrisse a sua
inabilidade no trabalho da pedra.

Como muitos reis e seus mais poderosos nobres


têm sido Maçons desde os primórdios conhecidos
da Ordem até a presente data, não conseguimos
imaginar as circunstâncias nas quais um bando
de nobres chega a uma reunião de pedreiros per­
guntando se podem copiar seus procedimentos e
usá-los, de maneira simbólica, para seu próprio
aprimoramento moral”.
(KNIGHT & LOMAS, 2002:34)

Notemos que esses autores afirmam haver reis e nobres


entre os maçons desde o início da existência da Maçona-
ria. Isso derrubaria a tese da herança operativa para os
maçons especulativos.

30
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A.\ A.-.

Qual a hipótese mais difundida e aceita para a


origem da Maçonaria?

Os Irmãos Knight e Lomas garantem haver a Maçonaria


surgido na Idade Média, mas não por obra dos pedreiros
construtores e sim por iniciativa de nobres herdeiros
dos cavaleiros da Ordem do Templo (templários) que se
refugiaram na Escócia. Isso teria ocorrido ao tempo da
perseguição movida a eles no restante da Europa, princi­
palmente na França de Felipe IV, o Belo, juntamente com
seu aliado o papa Clemente V.

Essa perseguição decorreu do processo judicial (1307)


engendrado pelo rei francês, que cobiçava o patrimônio
acumulado pela Ordem do Templo ao longo de quase dois
séculos. Tal processo culminou com a extinção dela em 1312,
a que se seguiu a execução na fogueira de vários líderes
templários, inclusive seu Grão-Mestre, Jacques de Molay.

A Escócia foi abrigo seguro


para os templários fugitivos
por por haver seu rei, Ro-
bert I, sido excomungado
pelo Papa (1305). Assim,
além da animosidade com
a Santa Sé, por ser ela
aliada do rei inglês — que
queria submeter a Escócia
—, aquele soberano estava
fora da jurisdição pontifícia,
embora sujeito a invasões
com apoio eclesiástico. Felipe IV, dito "o Belo"

31
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

No século XV, um descendente de nobre família que havia


participado das Cruzadas, os Saint Clair, decidiu cons­
truir edifício — a capela Rosslyn, próxima de Edimburgo,
Escócia — que funcionasse como relicário de preciosos
manuscritos que os templários teriam descoberto nos
subterrâneos das ruínas do Templo de Jerusalém.

Segundo os autores citados, os pedreiros que trabalha­


ram na construção de Rosslyn passaram a compartilhar o
conhecimento de ser o edifício lugar especial, sem saber
sua real destinação, e deter alguns segredos. Foram então
engajados por William St. Clair na manutenção do sigilo in­
tegrando organização iniciática no grau de aprendiz aceito.

Capela Rosslyn

Os profissionais mais antigos situaram-se no que prova­


velmente fosse o grau de companheiro.

Ambas as categorias faziam parte então de sistema de


obrigações que visavam fazer com que aqueles trabalha­
dores guardassem segredo de tudo aquilo que tinham
visto e feito.

32
Curso de Formação de Companheiros do R -. E.\ A.\ A.-.

O nível mais elevado, ao qual chegavam os que passavam


pelo ritual da ressurreição em vida, era reservado aos
maçons especulativos ou mestres.

Os autores mencionados declaram, após diligentes pes­


quisas:

“Agora podíamos estar certos, sem uma sombra de


dúvida sequer, de que o lugar onde a Maçonaria se
iniciara fora a construção da Capela de Rosslyn no
meio do século XV: posteriores desenvolvimentos
históricos confirmam esse ponto de vista porque a
família St. Clair de Rosslyn se tomou hereditaria-
mente a dos Grão-Mestres de Ofícios e Guildas e
Ordens da Escócia, mais tarde ocupando o posto
de Mestre dos Maçons da Escócia até o fim do
século XVIir.
(Op. cit, p. 306)

Nas paredes de Rosslyn, há vários detalhes artísticos que


lembram elementos maçônicos.

Por tudo isso, temos o direito de duvidar seriamente de


ser a moderna Maçonaria continuação das corporações
de ofício medievais que teriam recebido gradativamente
não-construtores: nobres e homens da classe média, que
acabaram por predominar e nos legaram a Ordem tal qual
a conhecemos hoje.

Entretanto, admitamos, ainda que provisoriamente, ser


a moderna Maçonaria originária mesmo das corporações
medievais de ofício. Os companheiros- maçons poderíam
então ter surgido naquele ambiente.

33
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

É bem conhecida dos irmãos estudiosos as expressões


"ofícios francos" e "Franco-Maçonaria". Nesse contexto,
a palavra "franco" tem o sentido de liv re , como em "en­
trada franca". Livre de quê? Não se trataria de livre de
servidão — como podemos depreender de várias leituras
—, mas do pagamento de taxas para o exercício da ati­
vidade profissional. Segundo Luiz Vitorio Cichoski, "fica
claro, portanto, que na Idade Média o termo fra n c o ou
liv re referia-se à isenção de taxas para com a hierarquia
medieval" (CICHOSKI, 2012:151).

Apesar de já haver registro de lojas maçônicas com


predominância de membros não-artífices, ou seja, de
maçons pertencentes à classe média e mesmo de nobres
ainda no século XVII, a Maçonaria dita "especulativa" só
se organizou em 1717, com a criação da Grande Loja de
Londres, resultado da reunião de quatro lojas londrinas.

Essa instituição, através de suas Constituições, declarou


ser a atividade maçônica regida por princípios realmente
universais. Eles deveriam fazer desaparecer os precon­
ceitos resultantes das diferenças entre os homens e as­
sim eliminar os motivos de animosidade entre os povos
e, em consequência, estabelecer a união, harmonia e a
convivência pacífica no mundo.

Da primeira Constituição adotada, a de James Anderson,


publicada em 1723, constava que "donde se conclui que a
Maçonaria é um centro de união e o meio de conciliar uma
verdadeira amizade entre pessoas que, de outra maneira,
ficariam perpetuamente separadas" (CASTELLANI e outro,
1995:38).

34
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.-. A.\

Origens do grau de companheiro

Antes de pesquisar as condições de surgimento dos com­


panheiros, vamos primeiramente investigar a origem do
nome "companheiro". O que significa? Há mais de uma
resposta a essa questão, mas vamo-nos fixar na versão
mais difundida.

Na França medieval — nação europeia mais importante


na época —, o termo a designar o artífice que já tinha
ultrapassado o estágio de aprendiz e dominava a profissão
praticada era "valet" (v a le te ).

“O termo 'Companheiro' acabou se generalizando


mais tarde, na baixa Idade Média, principalmente
após o século XIV, sendo empregado, ocasional­
mente, para designar os camaradas e confrades;
herança da 'Compagnonnage', como será visto em
outro lugar”.
(CICHOSKI, ibid., p. 156)

"Compagnonnage" foi sistema de aprendizagem e forma


de relações de trabalho artesanal, que remonta à Idade
Média, principalmente na França. Em resumo: o operário,
após cumprido o estágio de aprendiz, tornava-se com­
panheiro, sempre sob a orientação e supervisão de um
mestre, ao qual devia lealdade e obediência.

Que representava o companheiro nas corporações de


ofício medievais?

A hipótese mais aceita para a etimologia de "companheiro"

35
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

é a que considera provir a palavra do latim "cum panis",


que significa c o m p ã o , ou seja, compartilhadores do mes­
mo pão. Como se daria isso?

Na era medieval, o ato de tomar refeições ainda era


marcadamente comunitário e compartilhava-se do mes­
mo pão, tomava-se sopa na mesma terrina e bebia-se
vinho na mesma taça, que circulava entre os presentes.
Algo parecido com a roda de chimarrão, dos gaúchos. Os
trabalhadores, ao comer, no horário reservado para tal,
com certeza agiam assim e por isso eram "companheiros"
(compartilhadores do pão). Na hierarquia profissional,
entretanto, o companheiro era artífice mais categorizado,
como veremos a seguir.

Nas corporações medievais de ofício, o jovem que dese­


java aprender profissão (pedreiro, carpinteiro, ferreiro,
padeiro, etc.) procurava juntar-se a algum mestre que o
aceitasse. Durante o período de aprendizado, que pode­
ría durar seis ou sete anos — conforme a profissão —, o
trabalho não era remunerado.

Nessas organizações, durante muito tempo, a situação


de aprendiz não era considerada propriamente grau, mas
apenas estágio probatório. Ao final desse período, o artí­
fice apresentava trabalho final como prova de sua habili­
tação, chamada, na França, "chef d'oevre" (o b ra -p rim a ).

Caso demonstrasse compromisso e aptidão para a ativi­


dade, era considerado aceito por seus colegas de trabalho
e admitido como profissional da corporação de ofício.
Passava então a ser assalariado.

36
Curso de Formação de Companheiros do R .. E.\ A.\ A.\

“Era, portanto, nesta ocasião que o interessado


iniciava-se na arte com o aprimoramento do seu
treinamento, era nesta ocasião que se procedia ao
cerimonial do juramento — feito sobre as relíquias
dos Santos e sobre o Livro Santo — , ou, como
dizemos hoje, ocorria a INICIAÇÃO.”
(Idem, op. cit., p. 149)

Esse ritual praticava-se nas confrarias no continente eu­


ropeu, principalmente na França, algo distinto do que se
fazia na Inglaterra e na Escócia.

As autoridades civis e eclesiásticas não viam com bons


olhos esses rituais secretos e, ao longo dos séculos, foram
editados vários decretos com vistas a proibi-los. A cisma
dessas autoridades originava-se do desconhecimento de
tais práticas e da falta de controle sobre elas. "Em 1539,
pelo Decreto de Villers-Cotterêts, Francisco I retoma as
proibições de muitos de seus antecessores" (FILARDO,
s.d.).

Forma de atenuar essa desconfiança era eleger santos


como patronos das confrarias. Cada qual tinha seu pa­
droeiro, às vezes mais de um.

O companheiro, artífice medieval

Na Idade Média, os valetes (mais tarde denominados


"companheiros") predominavam nas corporações de ofí­
cio. Eles detinham a técnica que utilizavam nas diversas
atividades laborativas e podiam discutir os termos do
contrato de trabalho.

37
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Os companheiros continuavam ligados a um mestre, mas


não presos a ele e já com mais regalias. Eram muito
numerosos e exerciam considerável influência nas cor­
porações de ofício. Participavam das discussões e tinham
direito a voto.

O mestre de oficina podia exigir do companheiro condu­


ta de acordo com os bons costumes. Assim, se tomasse
conhecimento de o candidato a trabalho ter se envolvido
em casos de assassinato, roubo ou comportamento im­
próprio para com os colegas, poderia recusar contratar
o interessado.

Assim, podemos concluir ter tido o grau de companheiro


considerável importância nas confrarias medievais, pois
os mestres, em número muito mais reduzido, traçavam
os planos das obras — em se tratando da arte da cons­
trução —, mas eram os companheiros quem realmente
as executavam e garantiam a qualidade das edificações.

Veremos em seguida que eles continuaram com esse


destaque nos primórdios da Maçonaria dita "especulativa".

O grau de companheiro no alvorecer da Maçonaria


especulativa

Independentemente de aceitarmos ou não ser a Maçonaria


especulativa ou dos "aceitos" continuação das corporações
medievais de ofício, rituais do século XVII já mencionam
aprendizes e companheiros em trabalho conjunto.

“O grau de companheiro-maçom é o primeiro grau


organizado, já que o de aprendiz até então era

38
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A.\ A:.

considerado uma condição, um início de pro­


fissão. Com a criação do referido grau de parte
dos primeiros maçons aceitos, foi adotada uma
palavra de passe que diferisse da usada pelos
aprendizes.”
(ALVES, op. cit., p. 17)

O grau de companheiro historicamente representava o


auge da evolução profissional durante a fase operativa,
na Idade Média. Nos albores da fase especulativa, os
companheiros mantiveram esse prestígio, tanto é que por
essa época — falamos dos séculos XVI e XVII — só havia
dois graus maçônicos.

Outros autores admitem somente o grau de companheiro


mesmo no início do século XVIII. "A Maçonaria primitiva,
entendida como aquela que existia por volta de 1717
na Inglaterra, era constituída por um único grau: o de
companheiro" (CICHOSKI, 2012:158). Tal situação ainda
perdurou depois da estruturação da Maçonaria como so­
ciedade organizada por aquela época. O grau de mestre
surgiria em 1723, mas só foi implementado na prática
anos mais tarde.

Mais adiante, distinguem-se claramente, inclusive pelos


painéis respectivos, os graus de aprendiz e de compa­
nheiro e posteriormente, o de mestre. Essas mudanças
operaram-se gradativamente até a definitiva aceitação dos
três graus simbólicos. Ressaltemos que, no início, "mestre"
era apenas título honorífico, ocupado pelo companheiro
mais antigo, para dirigir loja.

39
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Qual a importância do grau de companheiro na


Maçonaria do início do século XVIII?

Por tudo isso, podemos concluir ser o grau de companheiro-


-maçom de particular importância no período operativo e
tal situação haver perdurado no início da Maçonaria espe­
culativa até que se consolidasse o grau de mestre- maçom.

Leitura recomendada: (Procure a referência


na Bibliografia.)

> Apêndice II, pp. 303 e segs. — Comentário e síntese


do grau mais histórico e intelectual da Maçona­
ria simbólica: o de companheiro-maçom (ALVES,
2013).
> Fundamentos operativos nos graus básicos (CI-
CHOSKI, 2012).

Questionário de fixação

Qual a origem m ais difundida e aceita para a


instituição maçônica?
A maioria dos autores admite provir a Maçonaria das
corporações de ofício medievais. Estas, provavelmente
a partir do século XVI, passaram a aceitar membros não
artífices (os "aceitos"), pertencentes a estratos socioeco-
nômicos mais elevados. Com o tempo, os aceitos passa­
ram a predominar em número sobre os operativos, que
acabaram por desaparecer das confrarias.

40
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A.\ A.\

Os pesquisadores m açônicos são unânimes em


abraçar essa hipótese?
Não. Alguns respeitados autores, como os ingleses Chris-
topher Knight e Robert Lomas, discordam desse entendi­
mento. Para eles, a Maçonaria surgiu em decorrência da
organização dos construtores da capela de Rosslyn, na
Escócia, realizada pelo nobre William St. Clair. Ele dividiu
os operários em dois graus: aprendizes e companheiros.
Os maçons especulativos (aristocratas) eram os mestres.

Nas expressões "ofícios fran cos" ou "Franco-


Maçonaria", que significa o elemento "franco"?
Quer dizer liv re ou is e n to d e ta x a s , como em "entrada
franca".

Quando se organizou a Maçonaria enquanto instituição?


Em 1717, com a reunião de quatro lojas londrinas e a
consequente fundação da Grande Loja de Londres.

Por que a Maçonaria logo alcançou grande sucesso


na Europa?
Porque pregava a união e a harmonia entre os homens
de todos os povos, o que ainda hoje faz.

Quem era o companheiro na Europa medieval?


Era artífice — pedreiro, carpinteiro, ferreiro, padeiro, etc.
— que tinha passado por período de aprendizado, durante
seis ou sete anos, junto a mestre de oficina, e reconheci­
damente dominado a arte a que se dedicou.

Como era visto o companheiro nas corporações de


ofício?
Era respeitado, tinha direito a voto e podia juntar-se ao
mestre que desejasse e com quem se acertasse.

41
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Qual a origem da palavra "companheiro"?


A origem mais aceita é a que considera provir essa pala­
vra do latim "cum panis", isto é, c o m p ã o . Isso significa
que os companheiros geralmente compartilhavam o pão
nas refeições que faziam em comum no local de trabalho.

Nas confrarias medievais, qual era o papel do


aprendiz?
O aprendiz não era propriamente considerado grau, mas
estágio probatório na busca do aprendizado de alguma
profissão.

No início da Maçonaria institucionalizada, no século


XVIII, quais os graus existentes?
Havia apenas os de aprendiz e companheiro. O grau de
mestre surgiu somente em 1723 e mesmo assim só foi
implementado na prática alguns anos mais tarde.

Qual a importância histórica do companheiro-maçom?


Na Maçonaria operativa, era profissional muito respeitado,
quem de fato fazia as obras acontecerem, pois o mestre
apenas elaborava os planos. No início da Maçonaria es­
peculativa, ainda gozava desse prestígio, porquanto só
havia dois graus: aprendiz e companheiro.

42
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A.-. A.-.

O QUE A SIMBOLOGIA C O N S T A N T E D EST E


CAPÍTULO TEM A V E R C O M SEU COTIDIANO
N A C O N D IÇ Ã O D E MAÇOM

Dois aspectos ressaltam-se no segundo capítulo deste


curso:

l . Os valores maçônicos presentes desde a primeira


Constituição de Anderson: "A Maçonaria é centro
de união e o meio de conciliar a verdadeira amiza­
de entre pessoas que, de outra maneira, ficariam
perpetuamente separadas".
2 .0 máximo empenho esperado na qualidade do seu
trabalho: "eram os companheiros quem realmente
executavam e garantiam a qualidade das edificações".


Por isso, você necessita:

> C o n tr ib u ir c o m s u a a ç ã o p a r a a h a rm o n ia e a c o n ­
c ó rd ia e n tre o s ir m ã o s da lo ja e n o m u n d o p ro fa n o
o n d e a tu a . D e q u e fo r m a ? D iz e n d o n ã o à d is s e m i­
n a ç ã o d e fo fo c a s e p r e fe r in d o o s ilê n c io a o d is c u rs o
n ã o -e d ific a n te .
> N ão se c o n te n ta r com resu ltad o "m eia-boca " "m ais ou
m enos". S e u trab alh o d e v e s e r m o d e lo a s e r im itado.
> Perguntamos: como está você nesses quesitos?
/

E f á c il a g ir rig o ro s a m e n te a ss im ? C la ro que não. A fin a l,


o d e s b a s te d a p e d ra b r u t a e su a tra n s fo r m a ç ã o em cu bo
p o lid o é tra b a lh o á rd u o e longo. N a v e rd a d e , sem p ra z o
p a ra te rm in a r. Mas não f o i p a ra isso que v o cê in g re s s o u na
S u b lim e O rd e m ?

43
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

EXERCÍCIO DE VERIFICAÇÃO - Capítulo 2.°

Agora, você mesmo testará seus conhecimentos. Res­


ponda as questões de múltipla escolha sobre o conteúdo
estudado. Procure só ver as respostas — nas págs. 237-
241 — depois das questões respondidas. Bom teste.

1. História da Maçonaria — Afirmativa correta:

□ a) A Maçonaria enquanto instituição só foi estabele­


cida em 1617.
□ b) Na Europa medieval, o companheiro não era muito
valorizado.
□ c) A Maçonaria já no início propôs a harmonia entre
os homens.
□ d) Em "Franco-Maçonaria", o elemento "franco" sig­
nifica fra n c ê s .
□ e) Na Idade Média, o aprendiz era remunerado no
início do trabalho.

2 .0 companheiro na Maçonaria operativa — Afirma­


tiva INCORRETA — Na Idade Média, os companheiros

□ a) eram em pequeno número na Europa.


□ b) garantiam a qualidade das edificações.
□ c) influenciavam as corporações de ofício.
□ d) inicialmente denominavam-se "valetes".
□ e) eram mais livres nas relações de trabalho.

3. A primeira Constituição maçônica foi publicada em

□ a) 1717
□ b) 1723

44
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A:. A:.

□ C) 1756
□ d) 1813
□ e) 1815

4. Assinale com "V" (verdadeira) ou "F" (falsa) cada uma


das afirmativas abaixo e marque a opção correspon­
dente:

• A Maçonaria atual pode ter-se originado das


corporações medievais de o fíc io ....................... ( )
• Os IIrm.\ Knight e Lomas garantem haver a
Maçonaria surgido na Escócia, durante a
construção da capela Rosslyn........................... ( )
• A primeira Constituição maçônica foi a redigida
por L. Dermott................................................ ( )
• Consta que a origem da palavra "companheiro"
seja o latim "cum panis" (c o m p ã o ) .................. ( )
• Na Idade Média, o artífice trabalhava na condição
de aprendiz por cinco anos ou até m eno s......... ( )

□ a) V-V-F-V-V
□ b) V-F-F-V-F
□ c) F-V-V-F-F
□ d) V-V-F-V-F
□ e) F-F-V-F-V

5. Assinale as afirmativas corretas e marque a opção cor­


respondente:I.

I. Nas confrarias medievais, o grau de


companheiro foi o primeiro organizado,
já que o aprendiz era considerado apenas
estagiário......................................................( )

45
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

II. O grau de mestre existia desde a Idade M édia.. ( )


III. Na Maçonaria do início do século XVIII, só havia
o grau de companheiro...................................( )
IV. As autoridades na Europa não se
incomodavam com os rituais secretos das
confrarias medievais de artífices..................... ( )
V. Na França medieval, "Compagnonnage" foi
sistema de aprendizagem e forma de relações
de trabalho artesanal.....................................( )

□ a) II, III e V
□ b) I, II e IV
□ c) I, III e IV
□ d) I, III e V
□ e) II, IV e V.

46
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A.-. A.\

Capítulo 3.°

Elementos da filosofia, da moral e da


doutrina do grau de companheiro-
maçom

O desenvolvimento do maçom a partir do segundo


grau

Ao alcançar o grau de companheiro, o maçom venceu a


completa escuridão e vislumbrou a luz do conhecimento.
Ele já pode enxergar o farol que lhe iluminará a escalada
na direção do contínuo progresso intelectual e moral.

Os conhecimentos que a Sublime Ordem proporciona ao


obreiro, principalmente a partir do grau 2, permitem-
-Ihe tornar-se progressivamente homem melhor e mais
esclarecido. Na condição de companheiro, o propósito da
Maçonaria não é apenas preencher sua mente com dados
e informações, mas com idéias e com o esclarecimento
do significado de sua ascensão ao segundo grau.

O Irmão Julian Rees, em seu "Making light: a handbook for


freemasons", ensina que a Maçonaria recorre a algumas

47
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

áreas do conhecimento para possibilitar tal progresso aos


irmãos. Elas são as sete artes liberais e as ciências:

“Estas são a Gramática, a Retórica, a Lógica, a


Aritmética, a Geometria, a Música e a Astronomia.
Pela Gramática, aprendemos o uso apropriado das
palavras, para capacitar-nos claramente a compre­
ender os textos produzidos por autores mais cultos
e instruídos que nós mesmos a fim de estimular
o aprendizado daquilo que nossa jornada é cons­
tituída. Pela Retórica, adquirimos habilidade na
expressão, possibilitando-nos persuadir pela força
dos argumentos e também ensinar. O estudo da
Lógica tomar-nos-á capazes de guiar nossa razão
enquanto formulamos questionamentos à procura
da verdade. A Aritmética, a ciência dos números,
vai-nos capacitar a calcular, como fará a Geometria,
apreciação mais extensa da forma e da relação entre
estruturas, em todos os sentidos. A Música permite
apreciação, de modo tangível e real, da harmonia e
de seu oposto, a discórdia, e também do ritmo. Estas
três últimas têm a ver com a harmonia, a proporção
e a totalidade do mundo criado. A Astronomia,
ciência complexa, busca permitir nossa apreciação
dos trabalhos infinitos do Criador”.
(REES, 2011:68)

Note que a frequência assídua aos trabalhos da loja


possibilita-nos o exercício dessas habilidades todas e o
desenvolvimento de nossas potencialidades.

Assim, temos a oportunidade de ouvir irmãos fluentes


no discurso e de, nós mesmos, praticar a oratória e nos
desinibir, nos momentos apropriados.

48
Curso de Formação de Companheiros do R.'. E.\ A.\ A.-.

Por que o companheiro deve-se aplicar no estudo e na


prática da Gramática e da Retórica?

Nas discussões e debates, exercitamos o raciocínio lógico,


e a coluna da harmonia torna possível a elevação da alma
e o serenamento dos espíritos. Com conhecimento astro­
nômico básico, não nos é estranho o estudo simbólico do
Sol, da Lua e de particular estrela, revelada ao maçom
no grau de companheiro.

A filosofia do segundo grau

Qual seria a filosofia do grau de companheiro, já que o


primeiro grau é dedicado à união dos maçons, em parti­
cular, e da Humanidade, em geral?

O ritual de companheiro do Grande Oriente do Brasil res­


ponde essa pergunta logo no seu início: "O grau de comp.-.
do Rito Escocês Antigo e Aceito é consagrado à exaltação
do trabalho, qualquer que seja a sua natureza: intelectual,
manual ou técnica" (RITUAL-GOB 2.° grau, 2009:11).

O mesmo ritual, mais adiante, reforça esse conceito quan­


do da leitura, pelo Orador, da Declaração de Princípios da
Maçonaria Universal durante a cerimônia de iniciação:
"reconhece o trabalho como dever social e direito inalie­
nável; julga-o dignificante e nobre sob quaisquer de suas
formas" (Idem, ibid., p. 104).

No ritual do mesmo grau produzido pela Grande Loja


Maçônica do Distrito Federal, consta que

49
Paulo Antonio Outeiro Hemandes

“No grau de comp.Mn.’., vamos encontrar a sín­


tese do aperfeiçoamento do coração humano pelo
trabalho, pela prática moral, das virtudes e das
ciências. Daí poder ser este grau considerado como
o da educação e da ciência”.
(RITUAL-GLMDF 2.° grau, 2010:7)

Podemos, pois, constatar ser o segundo grau consagra­


do ao trabalho do ponto de vista do GOB e dedicado ao
trabalho, mas também à educação e à ciência conforme
o entendimento da GLMDF.

Denizart Silveira de Oliveira Filho, em seu "Da elevação


rumo à exaltação", diz-nos que

“O trabalho, a grande alavanca propulsora do pro­


gresso, encontra em nossos símbolos e alegorias
um verdadeiro culto. O avental que ostentamos em
nossas oficinas representa o trabalho produtor, que
dignifica o homem, sem o qual a moralidade seria
impossível e a vida, uma obscura negação. Ele não
é uma maldição, mas uma grande bênção”.
(OLIVEIRA FILHO, vol. I, 2013:19)

O companheiro-maçom já desbastou sua pedra bruta, isto


é, trabalhou para eliminar as próprias e mais grosseiras
imperfeições. Ele continua o trabalho, mas agora no bloco
que se vai transformar na pedra cúbica ou polida. Assim,
esforça-se para tornar-se, ele mesmo, pedra fácil de en­
caixar nas paredes do edifício social e dessa forma ajudar
a construir sociedade mais justa, harmônica e solidária.

Contudo, o companheiro (e os demais obreiros) também

50
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A.\ A.-.

trabalha em outra frente: a construção do seu templo


interior: desse modo, torna-se pessoa cada vez mais es­
piritualizada, que gradativamente eleva o espírito sobre a
matéria. Que significa isso? Que ele pouco a pouco vai-se
desapegando dos bens materiais e passa a atribuir mais
importância aos princípios e valores morais: tolerância,
compreensão e solidariedade; combate à vaidade, ao
egoísmo, aos preconceitos e às condutas incorretas.

Qual é a filosofia do grau de com panheiro?

O companheiro-maçom, portanto, devota-se ao trabalho,


ao estudo, a seu desenvolvimento intelectual e também
ao aperfeiçoamento moral. As contínuas leituras do ritu­
al, da literatura paramaçônica e o trabalho em loja vão
proporcionar ao obreiro a oportunidade da introspecção
e da reflexão sobre seu papel na Ordem e na sociedade.
"A Maçonaria requer que usemos as faculdades intuitivas
e nossos sentimentos, na produção do conhecimento e
na aquisição da sabedoria" (REES, 2011:56).

E o trabalho que converte o maçom em obreiro, ou seja,


aquele que produz alguma obra. E é esta que o faz reco­
nhecido por seus irmãos.

Desse modo, o companheiro já vislumbrou a luz e dele


se espera utilize os conhecimentos adquiridos através da
adequada interpretação do simbolismo do primeiro grau
e agora também do segundo. Para quê? Em benefício da
própria evolução e da dos irmãos e demais pessoas que
com ele convivem. Isso significa aplicar em sua vida o

51
Paulo Antonio Outeiro Hemandes

significado daquele simbolismo, como os conceitos de


Equidade, Justiça, retidão e tantos outros.

Portanto, para o companheiro, o segundo grau representa


o despertar que lhe permitirá utilizar não só os conhe­
cimentos, mas a intuição e os sentimentos na tarefa
incansável de polir a pedra bruta desbastada.

No grau 2, o maçom, além de continuar a empregar, sim­


bolicamente, as ferramentas do aprendiz — o maço e o
cinzel —, é apresentado a algumas novas: a alavanca, a
régua, o esquadro e o compasso, que estudaremos mais
adiante. Elas simbolizam "virtudes que deve adquirir: p e r ­
s e v e ra n ç a , re tid ã o , m e d id a e c irc u n s p e c ç ã o . Com esses
novos ideais, o companheiro estará apto a aprimorar o
bloco ainda grosseiro de sua personalidade. Uma obra se
lhe apresenta a realizar: a o b ra s o c ia l" (OLIVEIRA FILHO,
op. cit., pp. 22-23).

Na busca do aprimoramento interno, o companheiro tem


como referências o simbolismo do prumo e do nível, duas
das joias móveis da loja. O que elas simbolizam?

O prumo, também chamado "perpendicu­


lar", é outro importante símbolo maçônico. É
basicamente formado por fio do qual pende
um peso. Representa a retidão e o equilíbrio.

O prumo é a joia do 2.° Vigilante, do qual,


portanto, espera-se conduta reta e equili­
brada em seu ofício.

Prumo O nível simboliza a igualdade de todos os ir­

52
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E .. A.\ A:.

mãos dedicados à obra maçô-


nica, a Arte Real. Serve para
verificar a horizontalidade
de um plano. Há mais de um
tipo de nível, mas o maçônico
é o composto de triângulo e
prumo, na forma da letra "A".
Colocado sobre a superfície,
Nível
esta só é considerada plana
se o fio de prumo permanecer rigorosamente na posição
vertical sem pender para nenhum dos lados. É a joia do
l.° Vigilante.

Isso, como o leitor pode facilmente deduzir, tem grande


simbolismo: essa dignidade da loja e os demais irmãos
devem ser justos de modo a só pender para o lado da
Razão e da Justiça.

“O maço, o cinzel, a régua, o compasso, o nível,


o prumo e por fim a alavanca, conjunto simbólico
do trabalho, são os nossos companheiros na luta
contra os obstáculos do progresso”.
(RITUAL-GOB 2.° grau, 2009:93)

E o trabalho do companheiro em loja? O Irmão Tito Alves


de Campos responde-nos em seu "Instrucional maçônico:
grau de companheiro":

“O trabalho realizado 'em loja' é a sinfonia de


ações individuais convergentes para a consecução
de objetivos comuns no cumprimento da missão
de cada maçom, da loja e da Sublime Instituição”.
(CAMPOS, 2014:24)

53
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Leitura recomendada: (Procure a referência


na Bibliografia.)

> Da elevação rumo à exaltação, dois volumes (OLI­


VEIRA FILHO, 2013).
> Instrucional maçônico: grau de companheiro
(CAMPOS, 2014:24).
> Ritual do grau de companheiro-maçom (RITUAL-
-GOB 2.° grau, 2009).
> Ritual do simbolismo maçônico - Companheiro-
-maçom (RITUAL-GLMDF 2.° grau, 2010).

Questionário de fixação

Quais são as sete artes liberais e as ciências que


podem ajudar o companheiro-maçom a desenvolver
seu potencial?
São a Gramática, a Retórica, a Lógica, a Aritmética, a
Geometria, a Música e a Astronomia.

Qual é a filosofia do segundo grau?


É a exaltação do trabalho, quer seja intelectual, manual
ou técnico.

Se o principal trabalho simbólico do aprendiz é o


desbaste da pedra bruta, qual é o do companheiro?
Sem dúvida, é o trabalho na pedra bruta desbastada de
modo a transformá-la em cubo polido.

54
Curso de Formação de Companheiros do R E:. A.\ Ar.

Que significa isso?


Significa que o companheiro, ao ascender ao grau 2,
já eliminou suas mais grosseiras imperfeições e agora
trabalha no próprio polimento de modo a contribuir para
a melhoria e aperfeiçoamento do grupo social com sua
ação e exemplo.

Qual o outro importante trabalho do companheiro-


maçom?
Ele trabalha na construção de seu templo interior e assim
se torna pessoa cada vez mais espiritualizada e progres­
sivamente desapegada dos bens materiais. Dá cada vez
mais importância aos valores morais, como a tolerância,
a compreensão e a solidariedade. Combate a vaidade, o
egoísmo, os preconceitos e as condutas reprováveis.

Quais novas ferramentas o companheiro conhece


no segundo grau?
A alavanca, a régua, o esquadro e o compasso.

55
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

O QUE A SIMBOLOGIA CONSTANTE D EST E


CAPÍTULO T E M A V E R CO M SEU C O T ID IA N O
N A (CO ND IÇÃ O D E MAÇOM

Dois aspectos ressaltam-se neste capítulo — O sim­


bolismo do prumo e do nível:

1.0 prumo — Representa a retidão e o equilíbrio.


Assim, deve o maçom ter a conduta reta e equi­
librada. Já vimos o que significa a retidão de
comportamento: é dizer não ao erro, ao vício, às
soluções fáceis, mas cheias de malandragem. Isso
vale até para as pequenas atitudes.


> Perguntamos: q u a n d o o irm ã o e s tá e la b o r a n d o
tr a b a lh o p a r a s u b ir d e g r a u n a M a ç o n a r ia s im ­
p le s m e n te c o p ia e c o la tr e c h o s in t e ir o s d e o b ra s
m a ç ô n ic a s s e m c it a r a fo n te , o u s e ja , fa z p a r e c e r
q u e o te x to é s e u ? V o cê c o n s id e ra c o rre ta e s sa
c o n d u ta , is to é, re ta c o m o o fio d e p r u m o ?

2 .0 nível — Simboliza a Equidade e a Justiça. Equida­


de é igualdade: tratar com polidez e consideração
todos, tanto aqueles importantes, de quem você
precisa ou pode vir a necessitar, como os subal­
ternos, os humildes, que mais precisam de você
do que você deles. E a Justiça é ser justo, sem
favorecimentos iníquos.

56
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A.\ A:.

> M e s m o c o m a lg u m p re ju íz o m a te ria l, é d a r a q u e m
m e re c e s u a p arte. Você, c o m ce rte za , d e v o lv e tro co
r e c e b id o a m a is o u p ro c u ra , n a m e d id a d o p o s sív e l,
r e s t it u ir a o d o n o o b je to p e rd id o . A o a g ir a s s im , o
m a ç o m e s tá p o n d o e m p r á t ic a o s im b o lis m o d o
p ru m o .
> Perguntamos: e você>está mesmo pondo em
prática tal simbolismo?

E fá c il a g ir rigorosam ente assim ? Claro que não. Afinal,


o d esb aste da pedra b ru ta e sua transform ação em cubo
polido é trab alh o árduo e longo. N a verdade, sem prazo
para term inar. M a s não fo i para isso que você ingressou
na Sublim e O rd em ?

57
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

EXERCÍCIO DE VERIFICAÇÃO - Capítulo 3.°

Responda as questões de múltipla escolha sobre o conte­


údo estudado. Procure só ver as respostas — nas págs.
243-247 — depois das questões respondidas. Bom teste.

1. As sete artes liberais e as ciências de que se vale a


Maçonaria são:

□ a) Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geome­


tria, Música e Astrologia.
□ b) Astronomia, Ética, Música, Aritmética, Geografia,
Lógica e Música.
□ c) Ética, Matemática, Harmonia, Retórica, Astrono­
mia, Literatura e Pintura.
□ d) Gramática,Retórica, Lógica, Aritmética, Geome­
tria, Música e Astronomia.
□ e) Gramática, Geometria, Ética, Astrologia, Pintura,
Geografia e Literatura.

2. Para o Grande Oriente do Brasil, a filosofia do grau de


companheiro é a exaltação

□ a) da união.
□ b) da moral.
□ c) do silêncio.
□ d) do trabalho.
□ e) da educação.

3. A principal tarefa do companheiro é

□ a) polir o cubo de pedra.


□ b) desbastar a pedra bruta.

58
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A :. A:.

□ c) aplicar o nível e o prumo.


□ d) estudar as relações de trabalho.
□ e) combater a desarmonia e a discórdia.

4. Assinale as afirmativas corretas e marque a opção cor­


respondente:

I. O prumo representa a retidão e o equilíbrio...( )


II. O nível simboliza a igualdade dos irmãos...... ( )
III. O prumo é a joia do 2.° Vigilante................. ( )
IV. O nível também é chamado "perpendicular". .( )
V. Para a Ordem, é indiferente o tipo de nível....( )

□ a) I, II e V
□ b) I, II e III
□ c) Apenas I e III
□ d) II, IV e V
□ e) Somente III e IV

5. Marque com "V" (verdadeira) ou "F" (falsa) cada uma


das afirmativas abaixo e assinale a opção correspon­
dente:

• No grau 2, o companheiro não utiliza o maço e o


cinzel, ferramentas do aprendiz......................... ( )
• Para a GLMDF, o grau de companheiro é dedicado
ao trabalho, à educação e à ciência....................( )
• Na tarefa de reflexão e meditação, o
companheiro vale-se da intuição e dos sentimentos.()
• O aprendiz desbastou sua pedra bruta. Elevado
a companheiro, a tarefa está terminada............. ( )
• Trabalho realmente dignificante é o intelectual,
pois é superior................................................. ( )

59
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

□ a) V -V-V-F-F
□ b) F-F-V-V-F
□ c) F-V-V-F-F
□ d) V-V-F-V-V
□ e) F-F-F-F-V

60
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E .. A.\ A:.

Capítulo 4.°

Simbologia maçônica

Generalidades. O templo maçônico. O Oriente

Generalidades

O companheiro já aprendeu, em sua estada no primeiro


grau, que a Sublime Ordem transmite toda a sua filosofia,
ensinamentos e valores na forma de símbolos e alegorias.
Por isso, a decoração do templo maçônico, a indumentária
do obreiro, os sinais e saudações, a ritualística, tudo tem
significado, tudo é simbólico.

Toda essa simbologia tem razão de ser: além de velar tais


ensinamentos aos olhos profanos, torna sua assimilação
mais facilitada para os obreiros, principalmente para os
aprendizes.

A decoração do templo na loja simbólica — o corpo ma­


çônico que, no R.-.E.-.A.-.A.-., trabalha nos três primeiros
graus — é a mesma tanto no grau 1 como no 2. Há apenas
um detalhe, importantíssimo, que passa praticamente
despercebido do aprendiz, mas que lhe é revelado no dia
de sua elevação. Falaremos sobre isso mais adiante.

61
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Você, companheiro, certamente recebeu a devida instru­


ção do 2.° Vig.-. de sua loja (GOB) quando era aprendiz e
conheceu todo o simbolismo dos elementos decorativos do
templo maçônico. Caso isso infelizmente não tenha ocor­
rido ou se a instrução foi insuficiente, recomendamos-lhe
fortemente ler a obra "Curso de formação de aprendizes
do R.-.E.-.A.-.A./', deste autor, publicado pela editora "A
Trolha". Por isso, abordaremos apenas um ou outro da­
queles elementos.

Se você, maçom do grau 2, é membro de loja da GLMDF,


com certeza compareceu às sessões em que lhe foram
ministradas as instruções quando ainda era aprendiz.
Isto porque sua presença foi condição necessária para a
elevação.

O templo maçônico

Comentaremos primeiramente algo do templo como um


todo. Ele simboliza nosso mundo, o planeta Terra. Muitos
creem que o local das sessões simbolize o Universo, já
que alguns autores dizem isso em seus livros.

Por que, porém, podemos afirmar com tanta certeza ser


o templo símbolo da Terra? Porque o templo maçônico
possui piso e teto, o que o Universo não tem. O piso do
setor onde se sentam ou movimentam-se a maioria dos
obreiros tem revestimento quadriculado e simboliza a
superfície terrestre; o teto, que representa o firmamen­
to, apresenta-se como céu estrelado, com o Sol, a Lua,
planetas e constelações.

62
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A.\ A:.

O próprio ritual do GOB, primeiro grau, também nos es­


clarece essa questão quando o 2.° Vigilante responde ao
Venerável Mestre — quanto à forma do templo, na segun­
da instrução aos aprendizes — que a altura do edifício vai
"da Terra ao Céu" (RITUAL-GOB l.° grau, 2009, p. 173).

Além disso, o eminente Irmão José Castellani, em seu di­


cionário maçônico, diz que "já que o Templo representa a
Terra..." (CASTELLANI, 1995:171). Então, não pode haver
mais dúvidas de que o templo maçônico é a representação
do mundo, do planeta Terra.

Veja as ilustrações seguintes, retiradas dos rituais de


aprendiz, que reproduzem a planta do templo de lojas
praticantes do R.\E.-.A.-.A.\ do GOB e da GLMDF.

Que simboliza o templo maçônico: a Terra ou o


Universo?

63
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

O c .\

Planta do templo cf. ritual de aprendiz do GOB

64
Curso de Formação de Companheiros do R.'. E.\ A.\ A.-.

01 - Venerável 21 - Mestre de Banquete


02 - l.° Vigilante 22 - Bibliotecário
03 - 2.° Vigilante 23 - Altar dos juramentos
04 - Orador 24 - Altar dos perfumes
05 - Secretário 25 - Painel do grau
06 - Tesoureiro 26 - Pedra cúbica
07 - Chanceler 27 - Pedra bruta
08 - Mestre de Cerimônias 28 - Prancheta
09 - Hospitaleiro 29 - Mar de bronze
10 - l.° Diácono 30 - Coluna dos aprendizes
11 - 2.° Diácono 31 - Coluna dos companheiros
12 - l.° Experto 32 - Mestres
13 - 2.° Experto 33 - Autoridades maçônicas
14 - Porta-Bandeira 34 - Mestres instalados
15 - Porta-Estandarte 35 - Grão-Mestre Geral ou
Grão-Mestre Geral Adjunto ou
Delegado do Grão-Mestre Geral
16 - Porta-Espada 36 - Grão-Mestre Estadual ou
Grão-Mestre Estadual Adjunto
ou mestre instalado anterior
mais recente da loja
17 - Cobridor Externo 37 - Pavilhão nacional
18 - Cobridor Interno 38 - Bandeira do GOB
19 - Mestre de Harmonia 39 - Bandeira do grande oriente
estadual
20 - Arquiteto 40 - Estandarte da loja

65
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Planta do templo cf. ritual de aprendiz da GLMDF

Obs.: a porta do templo, aquém-colunas, não aparece


nesta reprodução da gravura.

66
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.-. A:. A:.

01 - Ven.\ Mestr.-. 21 - M.\ de Banquetes


02 - Ex-Venz. 22 - Arquiteto Decorador
03 - l.° Vig.\ 23 - M.-. de Harmonia
04 - 2.° Vig/. A - Altar dos perfumes
05 - Orad.-. B - Col.-. "B"
06 - Sec.-. C - Alt.-, dos JJuram.-.
07 - Tesoureiro D - P.-.B.-.
08 - Chanc.-. E - P.-.C.-.
09 - M.\ de CC.-. F - Altar das abluções
10 - M.\ de CC.-. Adj.-. G - Painel simbólico
11 - Hosp.-. H - Pira (altar das purificações)
12 - l.° Diác.-. I - Prancheta da loja
13 - 2.° Diác.-. J - Col.-. "J"
14 - Porta-Bandeira K - Carta constitutiva
15 - Porta-Estandarte L - Pavilhão Nacional
16 - Porta-Espada M - Estátua de Minerva (sabedoria)
17 - l.° Exp.-. N - Estandarte
18 - 2.° Exp.'. 0 - CCol.-. toscanas
19 - G.-. do Temp.-. P - Estátua de Hércules (força)
20 - Cobridor Q - Estátua de Vênus (beleza)

67
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

O Oriente

O aprendiz fica sabendo que, no templo, o Oriente, que


se situa logicamente a Leste, é de nível mais elevado e
simboliza a luz do conhecimento e da sabedoria, que dali
deve emanar. Lá se coloca o altar (a mesa) e o trono (a
cadeira) do Venerável Mestre, o painel com os luminares
e o Delta Luminoso no centro.

No Oriente, também se colocam a prancheta ou tábua de


delinear, o altar dos perfumes e, nas lojas do R.-.E.\A.-.A.\,
o altar dos juramentos. Vamo-nos deter mais sobre este
último elemento, uma vez que ele apresenta diferenças
conforme as sessões sejam de aprendiz, companheiro
ou mestre.

O altar dos juramentos, si­


tuado no centro do Oriente,
defronte do altar principal,
do Venerável, consiste em
pequena mesa triangular
— na verdade, extensão
daquela grande mesa.

O ritual do GOB para o


R.-.E.-.A.-.A.-. também ad­
mite, em lugar da mesinha,
"pequena coluna de um
metro de altura, com cane-
luras e truncada" (RITUAL-
-GOB l.o grau, 2009:17).
Altar dos juramentos
(Foto de Ernani Rocha) Sobre o altar dos juramen-

68
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A.\ A.\

tos, dispõem-se três importantes componentes simbóli­


cos, os quais, considerados em conjunto, constituem as
três grandes luzes emblemáticas da Maçonaria. São
eles: o esquadro, o compasso e o Livro da Lei.

“O compasso, o esquadro e o Livro da Lei são


também considerados os p a ra m e n to s d a lo ja e não
podem ser retirados de seu lugar enquanto durar a
sessão ritualística. Note que, em loja de aprendiz,
o esquadro é disposto sobre o compasso. Por que
isso? Porque no grau 1 o maçom ainda está, sim­
bolicamente, sob forte influência da matéria, ainda
que busque o aperfeiçoamento espiritual. Como o
esquadro representa a matéria, ele põe-se sobre
o compasso, símbolo do espírito. Em sessões de
outros graus nas lojas simbólicas, a posição desses
elementos mudará”.
(HERNANDES, 2015:101)

O compasso e o esquadro, juntos, representam a medida


justa que deve nortear todas as ações dos maçons. Veja­
mos em que muda a posição do esquadro e do compasso
em sessão de companheiro.

Acabamos de ver que, em loja de aprendiz, o esquadro


coloca-se sobre o compasso no altar dos juramentos. Já
na sessão de grau 2, há novidade: o esquadro e o com­
passo entrelaçam-se.

A posição das hastes do compasso no entrelaçamento


com o esquadro é normatizada pelo Grande Oriente do
Brasil, conforme se pode ler no ritual do grau de com­
panheiro. Na abertura dos trabalhos, o Orador "coloca

69
Paulo Antonlo Outeiro Hernandes

depois sobre o L.-.da L.-.


aberto, o Esq.-. e o Com.-,
na posição do gr.-. — pon­
ta dir.-. do Com.-, sobre o
Esq.-."(RITUAL-GOB 2.°
grau, 2009:35).

A GLMDF, em seu ritual de


companheiro, não explici­
ta a posição das hastes do
Esquadro e compasso na posição
em loja de companheiro (GOB) compasso em relação aos
ramos do esquadro. Con­
tudo, no painel simbólico do grau 2, veem-se o compasso
e o esquadro entrelaçados, mas diferentemente do painel
do GOB a haste esquerda docompasso é que se sobrepõe
ao mesmo ramo do esquadro.

Por que essa diferença do grau 1 para o 2? Isso tem a


ver com o significado desses importantes elementos da
simbologia maçônica. Vimos há pouco que no grau de
aprendiz o esquadro (símbolo da matéria) coloca-se sobre
o compasso (representação do espírito) por o aprendiz,
simbolicamente, ainda estar dominado pela matéria.

O companheiro, porém, evoluiu. Em sua progressão, já


existe equilíbrio entre a influência material e a espiritual:
ele começa-se a libertar do apego por tudo o que os bens
materiais representam. O espírito e a matéria estão agora
operando juntos. Esse é trabalho longo e árduo, mas pelo
menos começou.

Na grande maioria das lojas maçônicas brasileiras, o Livro


da Lei é a Bíblia Sagrada. Vejamos a seguir qual trecho

70
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A:.

bíblico é lido na abertura dos trabalhos no grau 2 e o que


representa para os maçons.

Qual a posição do esquadro e do compasso em loja


de companheiro? Que isso simboliza?

A leitura do Livro da Lei no grau 2

No grau de companheiro, nas oficinas do GOB que prati­


cam o R.-.E.-.A.-.A.-., a passagem bíblica lida pelo Orador
é Amós, 7:7-8.

Nas lojas da GLMDF, quem lê o trecho apropriado do Livro


da Lei é "o mais moderno dos Ex-VVen.-. (ou, em sua fal­
ta, o Ir.'. Experto)" (RITUAL-GLMDF 2.° grau, 2010:12).

Daquele trecho bíblico consta:

“Mostrou-me também isto: Eis que o SENHOR


estava sobre um muro levantado a prumo; e tinha
um prumo na mão. O Senhor me disse: Que vês
tu, Amós? Respondi: um prumo. Então me disse
o SENHOR: eis que eu porei o prumo no meio do
meu povo Israel; e jamais passarei por ele”.
(BÍBLIA-VN, 1985:898)

Essa é a versão da passagem bíblica do grau 2 lida normal­


mente nas lojas. Entretanto, a Bíblia de Jerusalém apre­
senta versão algo diferente, como se pode ver a seguir:

“(Terceira visão: o fio de prumo)


Assim me fez ver:
Eis que o Senhor estava de pé sobre um muro de

71
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

chumbo e tinha em sua mão um fio de prumo. E


Iahweh1 me disse 'Que vês, Amós?'. Eu disse 'Um
fio de prumo'. O Senhor disse: 'Eis que porei um
fio de prumo no meio do meu povo, Israel, não
tomarei a perdoá-lo'”.
(BÍBLIA-JR, 2002:1623)

A propósito da menção do prumo no texto bíblico, sa­


bemos que esse instrumento é a joia do 2.° Vigilante.
Também chamado "perpendicular", representa a retidão
e o equilíbrio.

Pelo tempo de Amós, os hebreus já estavam separados em


dois reinos: Israel, ao Norte, e Judá, ao Sul. Originário de
aldeia próxima de Belém, na Judeia, Amós, porém, vivia
no reino de Israel.

“O profeta Amós era um trabalhador braçal, um


boiadeiro e cultivador de sicômoros (árvores que
geram um fruto parecido com o figo).
O seu ministério foi exercido no século VIII a.C.
durante os reinados dos reis Uzias (ao sul de Isra­
el) e Jeroboão II (ao norte de Israel). Sua obra foi
marcada por uma profunda crítica social e religiosa.
Ele denunciou a desigualdade social de seu tempo,
bem como o uso idólatra da religião, transformada
em mero instrumento que serve à alienação e usada
como fachada para a iniquidade.”
(GUERREIRO, s. d.)

1 Iahweh — Possível nome de Deus em hebraico, já que não se conhecem as


vogais originais. Nos textos nessa língua, geralmente as vogais, constituídas
por pontos e traços, são omitidas. Assim, pode-se no máximo especular qual
seria a pronúncia verdadeira do nome do Eterno. As consoantes desse nome
são as que figuram no tetragrama sagrado: hwhy. Voltaremos a esse assunto
no capítulo 5.°.

72
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A.\ A.\

O texto bíblico lido nas sessões do segundo grau mostra


estar o Senhor insatisfeito com o povo que se considera
escolhido por Ele. Aquela gente descambou para a idola­
tria e a impiedade.

Assim, o fio de prumo representa a avaliação de Deus da


situação em que Israel estava vivendo (quanto ao equilí­
brio e à retidão) e da possibilidade de essa nação perma­
necer de pé, ou seja, de subsistir. Na expressão "jamais
passarei por ele", referindo-se a esse povo, "passarei"
significa a te n d e re i, p e r d o a re i. Portanto, os israelitas es­
tavam mal perante o juízo do G.-.A.-.D.-.U...

De fato, a história registra problemas para o povo de


Israel nessa época:

“No ano 740 A.E.C., a Assíria conquistou Samaria,


capital do reino de Israel, ao Norte, e levou seu
povo ao exílio. Oito anos depois, a Assíria invadiu
Judá(2 Reis 18:13). O rei assírio Senaqueribe exi­
giu do rei judeu Ezequias um tributo de 30 talentos
de ouro e 300 talentos de prata. A Bíblia diz que
esse tributo foi pago. Mesmo assim, Senaqueribe
insistiu que a capital de Judá, Jerusalém, também
se rendesse incondicionalmente a ele — 2 Reis
18:9-17,28-31“
(JW, 2010)

O nexo entre Amós, 7:7-8 e o conteúdo deste grau tem


como centro o prumo e seu simbolismo. Vimos que esse
instrumento e o nível, joias dos VVig.-., fazem parte da
simbologia do segundo grau.

73
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Leitura recomendada: (Procure a referência


na Bibliografia.)

> Dicionário de termos maçônicos (CASTELLANI, J.,


1995).
> Ritual do grau de com panheiro-m açom , GOB
(RITUAL-GOB 2.° grau, 2009).
> RITUAL de companheiro-maçom, GLMDF (RITUAL-
-GLMDF 2.° grau, 2010).

Questionário de fixação

Que simboliza o Oriente no templo maçônico?


Simboliza a luz do conhecimento e da sabedoria, que,
do trono do V.\M.\, deve emanar para iluminar todos os
demais irmãos.

Quais objetos são colocados sobre o altar dos


juramentos em lojas do GOB nas sessões de grau 2?
São as três grandes luzes emblemáticas da Maçonaria: o
esquadro, o compasso e o Livro da Lei.

E nas lojas jurisdicionadas pela GLMDF?


Além do esquadro, do compasso e do Livro da Lei, nas
lojas da GLMDF também se colocam um maço, um cinzel,
uma régua e uma alavanca.

Que representam o esquadro e o compasso unidos?


Os dois são instrumentos de medição. Representam a
medida justa que deve nortear todas as ações dos maçons.

74
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A.\ A.-.

Como são colocados o esquadro e o compasso em


sessão de grau 2?
São dispostos entrelaçados.

Qual das pontas do compasso deve-se sobrepor?


0 ritual de companheiro do GOB determina ser a ponta
direita, uma vez voltadas para o Ocidente. O ritual da
GLMDF, diferentemente, mostra, no painel simbólico do
segundo grau, a haste esquerda do compasso sobrepondo-
-se ao mesmo ramo do esquadro.

Qual o simbolismo desse entrelaçamento?


O fato de o compasso não estar mais sob o esquadro,
como nos trabalhos do grau 1, significa que o companheiro
evoluiu e não está tão dominado pela matéria. Já existe
equilíbrio entre valores espirituais e materiais. O espírito
e a matéria estão trabalhando juntos.

75
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

O) QUE A SIMBOLOGIA C O N S T A N T E DESTE


CAPÍTULO TEM A VER CO M SEU COTIDIANO
N A CONDIÇÃO DE MAÇOM

Neste capítulo, mencionam-se elementos da decora­


ção do templo já vistos no primeiro grau. Entretanto,
um deles aparece em destaque agora: o Livro da
Lei. E que representa ele? É o conjunto da lei moral.
Qualquer que seja a crença do maçom, esse livro
certamente conterá regramentos que devem ser
seguidos e com toda a certeza vão ao encontro dos
princípios da Sublime Ordem.

> Perguntamos: o q u e is s o te m a v e r c o m s e u d ia
a d ia ? O le m b r e te q u e n ã o d e v e s e r e s q u e c id o : o
maçom nunca será objeto de escândalo. S e o
o b r e iro d e s c a m b a p a r a o c a m in h o to rto , n ã o fa rá
j u s a o a u x ílio , m a t e r ia l o u m o ra l, d e s e u s irm ã o s.
F iq u e a te n to .

E fá c il a g ir rigorosam ente assim ? Claro que não. Afinal,


o d esb aste da pedra b ru ta e sua transform ação em cubo
polido é trab alh o árduo e longo. N a verdade, sem prazo
para term inar. M a s não fo i para isso que você ingressou
na Sublim e O rdem ?

76
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E A.-. A.\

EXERCÍCIO DE VERIFICAÇÃO — Capítulo 4.°

Responda as questões de múltipla escolha sobre o conte­


údo estudado. Bom teste. Respostas nas págs. 249-252.

1. Afirmativa INCORRETA:

□ a) O templo maçônico simboliza o Universo.


□ b) No Brasil, o Livro da Lei geralmente é a Bíblia.
□ c) O piso quadriculado representa a superfície ter­
restre.
□ d) O altar dos juramentos é extensão do altar do

□ e) No grau 2, o esquadro e o compasso estão entre­


laçados.

2. O Livro da Lei no grau de companheiro — Afirmativa


correta:

□ a) Em Amós 7:7-8, "passarei" significa c o n to rn a re i,


ro d e a re i.
□ b) O profeta Amós era rico fazendeiro e queria ser
sacerdote.
□ c) No texto bíblico do grau de comp.\, o Senhor
julgará Judá.
□ d) No tempo de Amós, os hebreus dividiam-se em
dois reinos.
□ e) O trecho bíblico lido em sessão do grau 2 refere-
-se ao nível.

3. No Oriente do templo maçônico, NÃO

□ a) se encontra o altar dos perfumes.

77
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

□ b) está localizada a coluna da Força.


□ c) se situa uma das joias fixas da loja.
□ d) se coloca o painel com os luminares.
□ e) ilumina os irmãos a luz da sabedoria.

4. Assinale com "V" (verdadeira) ou "F" (falsa) cada uma das


afirmativas abaixo e marque a opção correspondente:

• No altar dos juramentos, estão colocadas as


três grandes luzes emblemáticas da Maçonaria. ..( )
• A haste direita do compasso está em cima do
ramo direito do esquadro na sessão de
companheiro, nas lojas do GOB......................... ( )
• O entrelaçamento do compasso e do esquadro
indica que a matéria e o espírito estão em luta ...( )
• O companheiro ainda está simbolicamente
muito apegado aos bens m ateriais.................... ( )
• O compasso, o esquadro e o Livro da Lei são
considerados os paramentos da lo ja .................. ( )

□ a) V-V-V-F-V
□ b) F-F-F-V-V
□ c) V-V-F-F-V
□ d) F-V-F-V-F
□ e) V-F-V-F-F

5. Identifique as afirmativas corretas e marque a opção


correspondente:I.

I. O teto do templo maçônico costuma ser


decorado como representação do céu do
hemisfério s u l............................................... ( )

78
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A:.

II. Do grau 1 para o 2, a decoração do templo


no R.-.E.-.A.-.A.-.quase não se altera................... ( )
III. No templo maçônico, o piso quadriculado é o
pavimento m osaico....................................... ( )
IV. O simbolismo do compasso e do esquadro juntos
serve de balizamento para todas as ações dos
m açons..........................................................( )
V. O Oriente do templo corresponde ao Oeste
terrestre.........................................................( )

□ a) I, III e V
□ b) I, II e III
□ c) I, IV e V
□ d) II, IV e V
□ e) II, III e IV

79
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

80
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A :. A:.

Capítulo 5.°

Simbologia maçônica — O Ocidente


no grau 2

Na sessão de grau 2, a decoração do Ocidente do templo


é idêntica à dos trabalhos de aprendiz. As joias fixas da
loja lá ainda permanecem, entre as quais a pedra bruta
e a pedra cúbica. Aquela, ao lado da mesa do l.° Vig.-. e
esta, próxima do 2.° Vig...

Apesar de também estar presente na decoração do templo


em loja de aprendiz, a pedra cúbica — às vezes chamada
"pedra polida" — é elemento característico do companhei-
ro-maçom, que nela simbolicamente trabalha. Já vimos
anteriormente o que ela representa no nosso simbolismo.

Entretanto, há elemento existente no Sul — acima da


mesa do 2.° Vigilante —absolutamente típico do grau 2.
Ele pode ter passado despercebido do aprendiz, mas lhe
é revelado quando de seu aumento de salário: a Estrela
Flamejante.

A Estrela Flamejante

Em certo momento da cerimônia de elevação, o elevando

81
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

está diante do altar do V.-.M.-., que aponta para a estrela


e lhe diz: "Contemplai esta estrela misteriosa e nunca
a afasteis do vosso espírito" (RITUAL-GOB 2.° grau,
2009:84).

No ritual da GLMDF, consta o Venerável dirigindo-se assim


ao aprendiz: "Meu Ir. ., contemplai (apontando para o Del­
ta) este Delta misterioso e nunca o afastais [sic] de vosso
espírito" (RITUAL-GLMDF 2.° grau, 2010:40). O mesmo
ritual refere-se mais adiante à Estrela Flamejante sem que
o V.-.M.-. dê-lhe o mesmo destaque dado ao Delta. Como
este é descrito contendo a letra iode ou a "G", deduzimos
tratar-se do delta sagrado e não, do luminoso.

Por que a estrela é "misteriosa"? O que significa? É o que

A Estrela Flamejante — também


dita "flamígera" — é o símbolo
máximo do segundo grau. Muitas
obras maçônicas referem-se a
ela como figura de seis pontas.
Entretanto, modernamente e no
R.-.E.-.A.-.A.-., é estrela de cinco
pontas,como podemos ler no ri­
tual de companheiro do GOB:"0
comp.-. ... ascende à visão da Es­
trela Flamejante de cinco pontas" (grifo nosso) (RITUAL-
-GOB 2.° grau, 2009:11).

Parece que essa estrela, como símbolo maçônico, era


desconhecida dos membros das corporações medievais

82
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A :. A:.

de ofício. Aparece na Maçonaria francesa a partir de 1737,


mas não foi inicialmente adotada em todos os ritos.

Esse importante elemento simbólico consiste, como já


dissemos, em estrela de cinco pontas, com raios e a letra
"G" em seu interior.

O Irmão Nicola Aslan, ao referir-se a ela, diz que

“A estrela flamígera, flamejante ou resplandecente é


o emblema da Divindade, é símbolo de iluminação
e de boa conduta e a representação de todos os
símbolos do grau de companheiro. É o Espírito que
anima o Universo, o princípio de toda sabedoria e
o poder gerador da natureza”.
(ASLAN, 2012:475-476)

A Estrela Flamejante tem muitos significados e interpreta­


ções. Como acabamos de ver, pode simbolizar a divindade,
o eu ou a luz interior, os quatro elementos dos antigos
mais a quintessência1.

Ela na verdade baseia-se em símbolo mais


antigo, a estrela de cinco pontas.

Considerada como a reunião de cinco alfas,


toma o nome de "pentagrama" ou pentalfa.
Estrela de figura geométrica atribuída ao matemático
cinco pontas
e místico grego Pitágoras. Consta que ele a
considerava emblema da perfeição e do saber supremo.

Quintessência — E o quinto elemento, superior aos outros quatro (ar, água,


terra e fogo). Conceito do filósofo grego Aristóteles (384-322 a. C.), era matéria
transparente, inalterável e participava da composição dos corpos celestes. É
o "mercúrio filosofal" dos alquimistas. Possivelmente, corresponda à essência
denominada por Isaac Newton de "espírito da matéria" (Veja FERREIRA, 2008).

83
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

O nome "pentalfa", de origem helê-


nica, significa c in c o a lfa s , a primeira
letra do alfabeto grego corresponden­
te ao nosso "A".

Assim, no pentalfa, tem-se cinco "AA"


com um pentágono interior.
Pentalfa

“Segundo Pitágoras, o cinco é o número perfeito do


microcosmo homem, tendo como símbolo secreto
o pentagrama [cinco linhas] personificado na estrela
de cinco pontas, onde uma linha junta a cabeça aos
braços e pernas estendidos formando a que os ma-
çons denominam 'estrela flamígera', que representa
o corpo humano com a cabeça virada para cima
simbolizando o homem primitivo.”
(ALVES, 2016:39)

O "homem primitivo" a que se refere a citação é Adam


Kadmon (em hebraico, leitura da direita para a esquer­
da, ■ paij? Q7X). Ele é o homem celestial ou o ser antes da
queda (Gênesis, 3,1-24).

“O pentagrama recebia especial atenção dos pitagó-


ricos, sendo objeto de reverência e de compromisso
de segredo, possivelmente, em razão de constituir
uma figura que se replica ao infinito, da mesma
forma como ocorre com a própria d é c a d a
sa g ra d a : unindo-se os ângulos internos do
pentagrama por meio de retas, obtém-se
c um novo pentagrama invertido no centro, e
esse procedimento pode ser repetido inde­
finidamente.”
(RODRIGUES, R. G., 2016:189-190)

84
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.'. A.\ A.-.

Voltando à origem pitagórica do pentagrama, o Irmão


Kennyo Ismail dela discorda alegando que

“Essa teoria seria ótima, se não houvesse vários


pentagramas de origem mesopotâmica, babilônica,
egípcia, registrados em pedra e datados de, pelo
menos, 3.000 a.C, ou seja, mais de dois milênios
antes de Pitágoras nascer”.
(ISMAIL, 2011)

O pentalfa ou estrela de cinco pontas


é símbolo muito utilizado no mis­
ticismo e na magia. Nesse campo,
como acabamos de ver, pode tam­
bém significar a
figura humana,
com a cabeça
correspondendo
à ponta voltada para cima; os braços
estendidos são as duas pontas logo
abaixo; as pernas abertas, as pontas
inferiores.
Homem Vitruviano

Essa figura identifica-se com o "Homem Vitruviano", de­


senho de Leonardo da Vinci (1490). Sua cabeça, mãos
e pés equivalem às pontas do pentagrama. "Vitruviano"
refere-se ao arquiteto romano Vitrúvio, que, em uma de
suas obras, descreve as proporções do corpo humano
masculino.

“A Estrela Flamejante ou pentagrama esotérico,


também chamada a Estrela dos Magos, traçada
adequadamente no pavim ento ou na parede
principal das lojas ou dos centros de estudos

85
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

herméticos não somente é belo e original ador­


no, mas também é poderoso condensador de
luz astral que enfoca a atenção dos homens em
direção ao misterioso, controla a influência per­
versa das más entidades e atrai a bênção e ajuda
dos seres de luz.

Razão da posição do pentagrama esotérico com


o vértice superior voltado para cima e suas
duas pontas para baixo: a Estrela Flamejante
é o hom em , representa o m icrocosm o. Sua
cabeça, o vértice superior; seus braços, os vér­
tices laterais; suas pernas abertas, seus vértices
inferiores.”
(EL PENTAGRAMA, s.d., pp. 2-3)

Os primeiros cristãos consideravam o pentalfa ou pen­


tagrama como símbolo das cinco chagas de Cristo. Na
Europa medieval, era usado como amuleto na proteção
contra demônios.

Nas oficinas maçônicas, essa estrela de cinco pontas


simboliza a paz, o amor e a fraternidade, reunidos nas
cinco primeiras dignidades da loja: V.-.M.-., l.° Vig.., 2.°
Vig.., Or.-. e Secr.\. Na fachada dos templos, representa
a acolhida fraternal dispensada aos irmãos.

Eduardo Freitas associa-a com elementos alquímicos2:

“Chegado ao quinto degrau de sua simbólica ascen­


são, o Iniciado adquire aquela iluminação ou visão

2 Alquímicos — Relativos à Alquimia, antiga ciência, predecessora da moderna


Química, que pretendia transformar metais ordinários em ouro. Entretanto,
para a Alquimia mística, esse ouro era simbólico e representava o eu interior,
que, transformado, reluzia como ouro metálico.

86
Curso de Formação de Companheiros do R E.\ A.\ A:.

espiritual, que faz dele um vidente e o capacita para


discernir a Estrela Flamejante que brilha diante
e por cima dele, na parte mais íntima de seu ser.
Esta Luz ideal, proveniente de seu Ser Espiritual
o ilumina agora com toda a claridade e guia com
acerto seus passos na Senda do Progresso, que o
converterá em “mais que homem”, no verdadeiro
Mestre em toda a extensão da palavra. A Estrela
(emblema do homem perfeito ou do Arquétipo Di­
vino do Homem, do verdadeiro Filho de Deus feito
ou emanado diretamente Dele, e por sua imagem e
semelhança) tem cinco pontas que correspondem
aos quatro elementos e a quinta essência de que
acabamos de falar, ou seja dos metais ordinários
ou faculdades comuns do homem: o chumbo de
seus instintos materiais, o estanho de sua compos­
tura vital, o cobre de seus desejos e o ferro de seu
templo, aos quais se une o mercúrio filosófico da
Inteligência Soberana que todo o amálgama [sic]
e o domina”.
(FREITAS, s.d.)

As cinco pontas remetem ao simbolismo do número cinco,


inclusive aos cinco pontos da perfeição: força (coluna do
Norte), beleza (coluna do Sul), sabedoria (Oriente), vir­
tude e caridade, predicados a serem cultivados por todos
os obreiros presentes na oficina.

O Irmão J. S. M. Ward ainda acrescenta que em muitas


lojas do interior inglês "é usual ver pintado no teto uma
estrela de cinco pontas, no meio da qual se pode ver a
letra 'G'. Neste caso, a estrela representa o homem com
seus cinco sentidos, com o 'G' no centro para lembrar-nos
da Centelha Divina dentro" (WARD, 2012:61).

87
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Q u e s im b o liz a a e s t r e la f la m e j a n t e ?

No templo maçônico, a Estrela Flamejante deve, prefe-


rentemente, ser iluminada por dentro. A luz interna indica
que do companheiro deve emanar luz própria, que ilumine
todos os que estão à sua volta. Como? Pela conduta reta
(simbolizada pelo esquadro) e senso de justiça (repre­
sentado pelo compasso), que o transformem em exemplo
para o grupo a que pertence.

A letra "G'

Inscrita no centro da Estre­


la Flamejante, encontra-se
a letra "G". Esta também
é frequentem ente vista
entre as hastes do com­
passo juntamente com o
esquadro nas representações desses símbolos maçônicos.

Que significa ela? Seu simbolismo é tão ou mais miste­


rioso que o da Estrela Flamejante. Isto porque há muita
controvérsia a respeito do que ela representa.

Do ritual de companheiro do GOB, na "Segunda instrução


do grau", consta este diálogo do V.-.M.-. com o 2.° Vig..:

“Ven.'. — Que significa, Ir.‘. 2.° Vig.'., a letra'G'?


2.° Vig.'. — Geometria, Geração, Gravidade, Gênio
e Gnose”.
(RITUAL-GOB 2.° grau, 2009:107)

88
Curso de Formação de Companheiros do R .. E.\ A.-. A.\

O ritual da GLMDF dá a mesma significação à letra "G"


(RITUAL-GLMDF 2.° grau, 2010:59).

Em que esses rituais se baseiam para afirmar isso? Não


sabemos. É verdade que todas essas palavras principiam
pela letra "G", mas não fica claro por que esses possíveis
significados associam-se exatamente ao segundo grau.

Muitos autores pretendem explicar tal sentido abstruso,


quase sempre repetindo o que dizem os rituais citados.

Castellani, em seu "Curso básico de liturgia e ritualística",


mencionado pelo Irmão José Ronaldo Viega Alves, afirma
que

“Pode-se, todavia, chegar ao significado divino da


letra G sem apelar para as fantasias e as forçadas de
situação como nos casos citados, o que não condiz
com uma instituição como a Maçonaria”.
(ALVES, 2013:20)

Q u a l a ex p licação do term o "p e n ta lfa "?

Em épocas mais antigas, colocava-se a letra hebraica iode


ou iud (’’) no centro da estrela, como afirma Nicola Aslan:

“Na Estrela Flamígera era colocada a letra Iod he­


braica, que tem, precisamente, estes significados.
Supõe-se, porém, que os ingleses teriam substi­
tuído o Iod hebraico pela letra G, principalmente
devido à sua fonética de 'iod' com 'God', o que, no
fundo, não a fez mudar de sentido, já que o Iod é a

89
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

primeira letra do Tetragramaton hebraico inefável,


significando Deus”.
(ASLAN, 2012:525)

O tetragrama citado (do grego


"tetra" = q u a tro e "grama" =
le tra -* q u a tro le tra s ) é o con­
junto das consoantes existentes
no inefável nome hebraico de
Tetragrama sagrado
Deus, como já vimos antes, no
capítulo 4.°.

É inefável porque os judeus não o podiam e ainda não


o podem pronunciar, já que é tabu. Além disso, desde
épocas remotas, não sabemos mais quais eram as vogais
dessa palavra sagrada — representadas na escrita por
pontos e traços —, que eram omitidas justamente para
o povo não a pronunciar. A leitura faz-se da direita para
a esquerda.

Vê-se, portanto, que a primeira letra é iode, correspon­


dente à semivogal "y". Nicola Aslan então supõe que na
Inglaterra, onde surgiu a Sublime Instituição, o iode tenha
sido substituído na Estrela Flamejante pela letra "G" por
semelhança fonética.

Acreditamos que tal substituição tenha base não na


sonoridade, mas no significado. Isto porque a tal letra
hebraica é a inicial do nome divino e frequentemente
o representa. Assim, a letra iode e a "G" acabavam-se
equivalendo. Como esta última é a inicial do nome inglês
para Deus (God), é muito provável que essa tenha sido a
razão de tal letra ter sido colocada no centro da estrela.

90
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A.\ A:.

Nas demais línguas do ramo germânico, o nome de Deus


também começa com a letra "G": "Gott" (alemão), "God"
(holandês), "Gud" (dinamarquês, norueguês, sueco) e
Guõ (islandês).

Entretanto, essa hipótese não impede de atribuirmos


outros significados à letra "G", como "Geometria, Gera­
ção, Gravidade, Gênio e Gnose". Tanto é que o Irmão J.
S. M. Ward, referindo-se a essa letra, inscrita na Estrela
Flamejante, diz-nos que

“Então, o grau de companheiro-maçom ensina-nos


que somente começamos a reconhecer Deus dentro
de nós quando vivemos vida virtuosa. Há também,
provavelmente, a referência à palavra 'Geração',
que naturalmente é associada com a vida do homem
plenamente desenvolvido”.
(WARD, 2012:62)

O Irmão Ward, na obra citada, ainda lamenta que na


maioria das lojas londrinas não vemos esse importante
ornamento (a estrela com a letra "G").

Em uma palavra: que representa a letra "G"


inscrita na Estrela Flamejante?

Se aceitamos, como declaram os rituais de companheiro


do GOB e da GLMDF, que a letra "G" signifique G e o m e tria ,
G e ra ç ã o , G ra v id a d e , G ê n io e G n o s e , qual a justificativa
para esses significados?

Vemos serem eles cinco, o que é compreensível por ser

91
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

esse o número do companheiro. (Ainda comentaremos


isso.) O ritual do GOB dá sumaríssimas explicações do
porquê de cada um, a saber:

Geometria — O maçom tem de ocupar lugar polido no


edifício social.
Geração — Ela [a le tra “G ”] faz a obra da vida.
Gravidade — Há força irresistível que une os irmãos.
Gênio — O maçom pesquisa a Verdade e aspira a sempre
subir aprimorando-se.
Gnose — Porque inquire as Verdades Eternas.

Ora, as justificativas que o ritual do GOB dá para esses


significados da letra "G" são insuficientes. Se o leitor-
-companheiro decidir pesquisar pouco mais a fundo tais
significados, verá que existe muito mais do que essas
simples — para não dizer simplórias — alegações.

O ritual da GLMDF estende-se mais que o do GOB nas


explicações:

Geometria — [Trata-se da Geometria] Aplicável à construção


universal; da que nos ensina a polir o homem e torná-lo
digno de ocupar seu lugar no edifício social.
Geração — O comp.\ é chamado a fazer "obra de vida",
pondo em ação sua energia vital e aprofundando-se nos
mistérios da existência. E tudo isso se origina da Ge­
ração, cujas leis inspiraram as mais belas doutrinas da
Antiguidade.
Gravidade — A atração universal, que tende a aproximar
os corpos da ordem física, corresponde, na ordem social,
a uma força misteriosa análoga, que tende à reunião
e, mesmo, à fusão das almas. Correspondente à força

92
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A.\ A.-.

que une os corações; que assegura a solidez do edifício


maçônico, cujos materiais são seres vivos, unidos e in­
dissolúveis pela profunda afeição que sentem uns pelos
outros. O Amor Fraternal é, na Maçonaria,o princípio vital
de ordem, harmonia e estabilidade, assim como a Gravi­
dade o é dos corpos celestes.
Gênio — Exaltação fecunda de nossas faculdades inte­
lectuais e imaginativas. Desde que o espírito, calculada-
mente, adquira a posse de si mesmo, não sai dos limites
do talento que possa conter. Para chegar a ser gênio,
necessário é que se abandone às influências superiores;
que se entusiasme; que vibre aos acordes de uma har­
monia mais elevada.
Gnose — Em grego, quer dizer c o n h e c im e n to . È o con­
junto de noções comuns a todos os iniciados, que à força
de pesquisar, acabam por se encontrar na mesma com­
preensão da causa das cousas.

Embora o ritual da GLMDF seja bem mais substancioso


que o do GOB na explicação dos significados da letra
"G", fica, como aquele, muito aquém na explanação do
conceito de "gnose".

Desse modo, mantendo os mesmos cinco itens, veremos


agora, em nossa interpretação, algo como:

Geometria — É o ramo da Matemática que se ocupa


do estudo das medidas e proporções. O elemento "geo"
é de origem grega e significa T e rra (o planeta). Assim,
etimologicamente, Geometria é o e s t u d o d a m e d id a da
T erra. Na Maçonaria, o conhecimento geométrico é ca­
racterístico do G/.A.-.D.-.U.-., também chamado o "Grande
Geômetra".

93
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Para poder ocupar o devido lugar no edifício social, o com­


panheiro precisar ser polido, como a pedra cúbica. Para
isso, ele tem de seguir os ensinamentos do seu Mestre
(Jesus, Buda, Maomé ou algum dos outros faróis que, de
tempos em tempos, vêm iluminar a Humanidade); polido
dessa forma, poderá refletir a luz divina e ser modelo para
o grupo em que está inserido.

Para obter tal polimento, o companheiro necessita do


concurso de algumas ferramentas, o que você verá no
próximo capítulo. Note que esses instrumentos tanto
podem ser considerados sob o ponto de vista operativo
(sentido denotado) como no alegórico (sentido conotado).

De posse das ferramentas, o companheiro vai simbolica­


mente traçar, sobre as superfícies, linhas retas e curvas,
figuras quadrangulares e círculos; vai calcular e verificar
ângulos. Tudo isso requer conhecimento da Geometria.

Geração — Essa palavra pode ser empregada em vários


contextos, não só no biológico. Situando-nos neste último,
podemos considerá-la com o sentido de p ro d u ç ã o da vida.

Aldo Lavagnini, citado por Denizart de Oliveira Filho, en­


tende que se inscrevermos a figura humana na Estrela
Flamejante com a letra "G" no centro (conforme descrito
anteriormente), o
ponto de situação
da letra c o rre s ­
ponderá, naquela
figura, aos órgãos
reprodutores mas­
culinos, responsá-

94
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.-. A:. A.-.

veis pela inseminação e consequentemente pela geração


da vida. (Cf. OLIVEIRA FILHO, 2013-v.II: 19.)

“O quadro que o Universo oferece ao observador é


uma série não interrompida de Criações (ou agrega­
ções), de Destruição (ou segregações) e de Regene­
ração (ou novas criações de seres). Nascer, morrer,
reproduzir-se: tal é a lei que rege todo o criado.”
(FRAU ABRINES, 1998:203)

Esse é o ciclo perpétuo na Natureza: geração, destruição


e regeneração (re+geração). Assim, a semente é gerada
pela planta, é semeada, apodrece e daí nasce nova plan­
ta. Estes conceitos serão alegoricamente retomados no
grau de mestre.

Vários autores maçônicos referem-se à "força criadora" e


à "força interior", como é o caso de Denizart de Oliveira
Filho (Cf. OLIVEIRA FILHO, op. cit.). Talvez essas forças
sejam uma só, que gera criações conforme a vontade do
homem. (Relembre a alegoria do maço e do cinzel. Este
direciona a força do maço para onde o artesão quer.)

O companheiro (portanto, o homem iniciado) seguindo os


princípios maçônicos da Equidade e da Justiça (compasso)
e da retidão (esquadro) aplica a força criadora com vistas
à geração do homem superior, regenerado. Em outras
palavras: torna-se, ele mesmo, ser mais elevado.

E por que "regenerado"? Porque o homem comum já havia


sido criado, no mundo profano, e, depois da iniciação e
de sua ambientação no universo da Sublime Ordem, foi
sendo estimulado a prosseguir na senda da luz. Tornou-

95
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

-se companheiro, viu a Estrela Flamejante e conheceu os


significados da letra "G", um dos quais é g e ra ç ã o .

A geração pode ser coletiva e essa força interior gerado­


ra pode produzir resultados bons ou ruins (novamente,
a analogia do maço e do cinzel), dependendo da nossa
vontade. Assim, em loja, a agregação sinérgica3 das for­
ças mentais positivas dos irmãos na presença da Força
Superior, invocada no início dos trabalhos, gera a egré-
gora, espécie de energia de natureza espiritual. Como
essas forças são positivas, a egrégora é positiva. Se no
ambiente reinar a discórdia, a egrégora será negativa.

Essa entidade espiritual e energética é para muitos um


ser com existência própria:

“A princípio fraco e incapaz de atividade, prestes


a dissolver-se, se for abandonado a si mesmo, esse
ser coletivo vai-se precisando à medida que as
reuniões aumentam; a sua forma toma-se cada vez
mais nítida e ele adquire uma possibilidade de ação
cada vez maior”.
(ALVES, 2016:72)

Gravidade — Todos sabemos que, no domínio da Física, a


força da gravidade atrai os corpos para o centro da Terra.
Aliás, nessa área da ciência, a gravidade é simbolizada
pela letra "g". Se se trata de conceito físico, por que mo­
tivo é incluído no estudo maçônico?

Provavelmente, trate-se de alegoria, pois assim como a

3 Sinérgica — Relativa à sinergia, conceito segundo o qual a soma de forças


ou de esforços, em determinadas condições, resulta em somatório superior ao
conjunto dessas forças consideradas isoladamente.

96
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A.\ A.\

gravidade atrai irresistivelmente todos os corpos para o


centro do planeta, da mesma forma existe força irresistí­
vel — o amor fraternal — que une os irmãos na Sublime
Ordem. (A propósito, é oportuno recordar o simbolismo
da corda de 81 nós. Cf. HERNANDES, 2015:81.)

Gênio — Esta palavra tem também diversos significados


conforme o contexto em que é inserida. No do ritual do
GOB — "O maçom pesquisa a Verdade e aspira a sempre
subir aprimorando-se" —, entendemos que o sentido aí é
o de a p tid ã o n a tu r a l p a r a a lg o ; d o m (Houaiss).

Portanto, o iniciado do segundo grau já revelou talento,


aptidão para o autoaperfeiçoamento, mediante a medi­
tação e a reflexão na busca da Verdade. Isso é "gênio",
no contexto dos significados da letra "G".

Gnose — A explicação do ritual do GOB é vaga e chega a


ser insossa. "Gnose" é palavra de origem grega (yvíooiç ,
"gnosis"), que significa c o n h e c im e n to . Conhecimento de
quê? Trabalho de instrução deste autor, apresentado em
loja de companheiro, tenta responder:

“Sem dúvida, do G A D U . Aí se estabelece


relação lógica entre o significado G o d (Deus) e g n o ­
s e para a letra G. Evidentemente, estamos apenas
no início da investigação.........Não podemos falar
sobre gnose sem mencionar gnosticismo, que vem
a ser a 'doutrina segundo a qual o conhecimento é
o caminho da salvação, sobretudo para os espíritos
humanos, partículas de luz do mundo superior
mantidas em prisões de carne'.
(HINNELLS, 1993:109, citado em HERNANDES,
2007:2)

97
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

O conceito metafísico de gnose foi extremamente caro


para os cristãos gnósticos, corrente do cristianismo primi­
tivo que se desenvolveu principalmente no século II e III.
Por esse conceito, o cristão que levasse vida santificada
poderia alcançar a gnose, isto é, o conhecimento.

Mas conhecimento de que mesmo? Do G.-.A.\D.\U.\. Con­


tudo, não se trata de conhecimento intelectual, que se
obtém através dos livros. Ele é prático, mediante experi­
ência pessoal, extática, contato direto com a divindade.

O maçom que conseguir passar pela experiência da gnose


terá chegado ao final da caminhada que principiou pela
entrada no templo, vendado, à espera de ver a luz.

Vários autores escreveram sobre a gnose, como G. S.


Mead: "Gnosis não é conhecimento a r e s p e ito de alguma
coisa, mas contato direto ou comunhão, o conhecimento
de, no sentido de familiaridade imediata com a divindade"
(MEAD, 1995: 29).

Elaine Pageis, destacada pesquisadora e autora de obras


a respeito do tema, declara que

“Estes gnósticos consideravam que a busca da g n o ­


sis envolve cada um de nós num processo solitário e
difícil, enquanto nos debatemos contra resistências
internas. Eles compararam esta resistência à g n o sis
ao desejo de adormecer ou de embriagar-se — isto
é, de conservar o estado de inconsciência”.
(PAGELS, 2004:135)

A autora refere-se ao estado de inércia em que se encontra

98
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A.\ A.\

o espírito humano quando, na verdade, este deveria


buscar o retorno à divindade mediante sua reintegração
a ela. (Fique atento à descrição do papel e do sentido da
movimentação do Irmão Experto na quinta viagem da
cerimônia de elevação.)

Por fim, mencionamos o autor gnóstico contemporâneo


Stephan A. Hoeller, que esclarece o alcance do termo
"gnose":

“Estudiosos da experiência mistica frequentemente


fazem distinção entre o que chamam de estados
místicos visionários e de união, o primeiro sen­
do descritivo, o último denotando união divina.
Parece que os antigos gnósticos partilhavam de
ambos. As visões gnósticas muitas vezes inclu­
íam ascensões celestiais, porém outros tipos de
visões como mortes por êxtase também estavam
em evidência. Morria-se para o mundo criado e
ascendia-se através de regiões eônicas4, pelos dis­
cursos dos habitantes destes reinos. Os gnósticos
aparentemente conheciam estas visões como sendo
parcialmente intrapsíquicas e que davam a eles um
statu s especial. Descreviam-nas como experiências
nas quais a 'centelha divina' (pneum a), residente no
indivíduo, unia-se à realidade dos mundos superio­
res. Como outros místicos, os videntes gnósticos
pareciam compreender a experiência de união como
uma conjunção (unio m y stic a )5 com um ser divino

4 Nota deste autor: eônica — Relativa aos éons ou eones (do grego óiarvEç),
emanações de Deus ou seres eternos que dele emanam, de acordo com algumas
correntes gnósticas.
5 Nota deste autor: unio mystica, em latim. Em português, u n iã o m ís tic a .

99
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

(Sophia ou Cristo) ou com a essência espiritual da


divindade última. As sínteses dessas experiências
visionárias e de união podem ser caracterizadas
como gnose”.
(HOELLER, 2005:21-22)

Q u a is os c in co s ig n ific a d o s da le tra "G "


s e g u n d o o s e u e n te n d im e n to ?

Leitura recomendada: (Procure a referência


na Bibliografia.)

> Estrela flamígera e G (letra) (ASLAN, N., 2012).


> Comentário e síntese do grau mais histórico e
intelectual da Maçonaria simbólica: o de compa-
nheiro-maçom (ALVES, J. R. V., 2013).
> Gnosticismo: uma nova interpretação da tradição
oculta para os tempos modernos (HOELLER, S. A.,
2005).
> Manual do companheiro franco maçom (FREITAS,
E., 2011).

Questionário de fixação

Quais elementos simbólicos presentes no templo


m açônico são característicos do com panheiro-
maçom?
São a pedra cúbica, a Estrela Flamejante e a letra "G".

Onde se localiza essa estrela?


Localiza-se ao Sul, acima da mesa do 2.° Vigilante.

100
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A.\ A.\

Quais os simbolismos da Estrela Flamejante?


Ela pode representar a divindade (G.-.A.-.D.-.U.-.), a luz
interior do companheiro, o próprio maçom (com a cabeça,
braços e pernas distribuídos pelas pontas da estrela) e
os quatro elementos dos antigos mais a quintessência.

Que é a quintessência?
Conceito do filósofo grego Aristóteles, era matéria trans­
parente, inalterável e participava da composição dos
corpos celestes. A quintessência, como já vimos, talvez
corresponda à essência denominada porlsaac Newton de
"espírito da matéria". (Veja FERREIRA, 2008.)

Em que figura se baseia a Estrela Flamejante?


Baseia-se na estrela de cinco pontas, pentagrama ou pen-
talfa, atribuída ao matemático e místico grego Pitágoras.
Consta que ele a considerava emblema da perfeição e do
saber supremo. Contudo, essa estrela é símbolo muito
mais antigo, encontrada em gravações em pedra meso-
potâmicas e egípcias.

Por que os nomes "pentagrama" e "pentaifa"?


Porque a estrela de cinco pontas parece ser constituída de
cinco letras (em grego, "grama" = lin h a ou le tra ). Essas
letras assemelham-se ao "A" ("alfa", no alfabeto grego).
Há ainda um pentágono no centro da figura.

Por que no misticismo e na magia a estrela de cinco


pontas significa a figura humana?
Porque o desenho do corpo humano pode-se distribuir
pelas pontas da estrela: cabeça, na ponta superior; os
dois braços, nas pontas logo abaixo; as duas pernas, nas
pontas inferiores.

101
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Que é o "Homem Vitruviano"?


É desenho atribuído a Leonardo da Vinci que representa
a figura humana masculina.

Qual outro motivo da associação da figura humana


à estrela de cinco pontas?
Porque cinco são os sentidos do homem: visão, audição,
olfato, paladar e tato.

Qual o simbolismo da letra "G", colocada no centro


da Estrela Flamejante?
Muitos autores interpretam-na como a letra inicial do
nome do G.\A.\D.\U.-. em inglês (God) — lembrando que
a Maçonaria surgiu na Inglaterra — e nas demais línguas
germânicas: "Gott" (alemão), "God" (holandês), "Gud"
(dinamarquês, norueguês e sueco) e Guô (islandês).

Que significados os rituais do GOB e da GLMDF dão


para a letra "G"?
Geometria, Geração, Gravidade, Gênio e Gnose.

Explique resum idam ente o porquê de cada um


desses significados.
Geometria — De posse das ferramentas, o companheiro
vai simbolicamente traçar, sobre as superfícies, linhas
retas e curvas, vai calcular e verificar ângulos. Tudo isso
requer conhecimentos da Geometria.
Geração — Se, de acordo com a doutrina do criacionismo,
atribuirmos ao G.-.A.-.D.-.U.-. a criação de toda a vida neste
mundo, a ideia de geração ou produção de vida estará a
Ele relacionada.
Gravidade — Assim como a gravidade física atrai irresis­
tivelmente todos os corpos para o centro do planeta, da

102
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E A:. A:.

mesma forma existe força irresistível — o amor fraternal


— que une os irmãos na Sublime Ordem.
Gênio — O iniciado do segundo grau já revelou talento,
aptidão para o autoaperfeiçoamento, mediante a medi­
tação e a reflexão na busca da Verdade. Isso é "gênio",
no contexto dos significados da letra "G".
Gnose — É o conhecimento do G '. A.-. D.-. U.-. mediante
experiência pessoal, que consiste em contato direto com
a divindade em visões ou uniões místicas, só possível com
vida justa e reta.

103
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

O QUE A SIMBOLOGIA CONSTANTE DESTE


C A P ÍT U L O T E M A V E R COM S E U COTIDIANO
N A (CO ND IÇÃ O DE M A Ç O M

Neste capítulo, brilham a Estrela Flamejante e a letra


"G".

Estrela Flamejante — A luz interna da estrela indica


que do companheiro deve emanar luz própria, que
ilumine todos os que estão à sua volta. Como? Pela
conduta reta (simbolizada pelo esquadro) e senso de
justiça (representado pelo compasso).

> J á v im o s q u e a c o n d u t a r e t a e x c lu i o e r r o e a
m a la n d ra g e m . A s s im , d o m a ç o m e s p e r a - s e t o ta l
h o n e s tid a d e . S e e le n ã o e s tá a g in d o a s s im , h o u v e
a lg u m p ro b le m a c o m s e u e s q u a d ro . É p re c is o , p o is,
c o n s e r tá - lo e r e t ific a r o c o m p o rta m e n to .
> O se n so d e ju s tiç a é a lg o q u e n o s a p ro x im a do G:. A:.
D:. U : . . O m a ço m n ã o e x p lo ra s e u s e m p re g a d o s n em
lh e s n e g a a q u ilo a q u e têm direito, m e sm o q u e isso
n ão co n ste da Lei. N e m s e m p re o q u e é le g a l é m oral.

Letra "G" — Que relação os cinco significados dessa


letra misteriosa têm com o companheiro-maçom?
Vejamos:
• Geometria — Conhecimento para traçar retas,
curvas, círculos e verificar ângulos para produzir
perfeita pedra cúbica.

104
Curso de Formação de Companheiros do R E.\ A:. A

• Geração — A vida: geração, destruição e regene­


ração.
• Gravidade — Força irresistível de atração.
• Gênio — Pesquisa da Verdade, vontade de aprimo­
ramento, aptidão para o autoaperfeiçoamento.
• Gnose — Conhecimento do Gr. A.-. D.-. U -. .

> Geometria — O c o m p a n h e ir o s e g u e o c a m in h o q u e
c o n d u z à p e r fe ita p e d r a c ú b ica . Is to s ig n ific a p o li­
dez, in s e rç ã o e x e m p la r n o e d ifíc io s o c ia l, o u s e ja ,
a fa b ilid a d e , p re d is p o s iç ã o p a r a a ju d a r. A lg u é m q u e
to d o s re c o n h e ç a m c o m o m a ç o m p e lo c o m p o r ta m e n ­
to d ig n o . C o m o é s u a im a g e m p e r a n t e o s irm ã o s da
lo ja e a s p e s s o a s d o s e u c ír c u lo d e r e la c io n a m e n t o ?

> Geração — A s fo rç a s m e n t a is g e r a d a s p e lo s i r ­
m ã o s p ro d u z e m re la ç õ e s d e c o n c ó r d ia o u d is c ó rd ia ,
a m iz a d e o u in im iz a d e . O m a ç o m d e v e a g ir s e m p re
c o m v is ta s a g e r a r a m b ie n t e d e p a z e c o n c ó rd ia . É
fo ra d e p r o p ó s it o h a v e r e m lo ja g ru p o s e m o p o s iç ã o
d e s tru tiv a . A o m a ç o m c a b e c o n t r ib u ir p a r a s a n e a r o
m e io e m q u e v iv e e c r ia r c lim a h a rm ô n ic o e fra te rn o .
V o cê e s tá fa z e n d o s u a p a r t e ?

> Gravidade — E s s a a tra ç ã o , n a M a ç o n a ria , c o n s is te


n a fo rç a d o a m o r fra te rn a l q u e u n e o s m a ç o n s s o b re
a s u p e rfíc ie d a Terra. E s s e a m o r im p lic a c o n d u ta fr a ­
te rn a e, a o m e s m o te m p o , le a l e fra n ca . E m o u tra s
p a la v r a s : fa z e r a s c rític a s q u e tiv e re m d e s e r fe ita s
a o irm ã o d e fo rm a fra te rn a e c a ra a c a ra e n ão, p e lo s
c o rre d o re s . P o r o u tro la d o , p r o c u r e s e m p r e p a s s a r
a tro lh a s o b re a s m á g o a s e o s re s s e n tim e n to s . S e

105
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

v o c ê n ã o c o n s e g u ir p e r d o a r o s e rro s a lh e io s , c o m o
q u e re rá q u e p e r d o e m o s s e u s p r ó p r io s ?

> Gênio — O e m p e n h o n o a u t o a p r im o r a m e n t o ( p o ­
lim e n to d a p e d r a b ru ta d e s b a s ta d a ) é o b r ig a ç ã o
d e to d o o m a ço m . I s s o im p lic a r e fle x ã o s o b re v o cê
p ró p rio . C o m o e s tá s e u c re s c im e n to c o m o p e s s o a ,
s u a e v o lu ç ã o e s p ir it u a l? V o c ê é m e lh o r a g o ra d o
q u e a n te s d e s e r in ic ia d o ? É o m o m e n to d e fa z e r a
a u to a v a lia ç ã o .

> Gnose — A c a m in h a d a c o m v is ta s a a lc a n ç a r a
g n o s e é m u ito á rd u a e lo n g a . E la c h e g a a b e ir a r a
s a n tid a d e . I s s o te m tu d o a v e r c o m o c o n c e ito de
re tid ã o , r e p re s e n ta d o p e lo e s q u a d ro , e d e ju s t iç a ,
s im b o liz a d o p e lo c o m p a sso . E a í, m e u irm ã o ? E s q u a ­
d ro e c o m p a s s o n ã o é s ó c o lo c a r n o te rn o o a lfin e te
d e la p e la c o m e s s e s ím b o lo . É p ô r e s s e s c o n c e ito s
e m p rá tic a , n o d ia a dia.

É f á c il a g ir rigorosam ente assim ? Claro que não. Afinal,


o d e sb a ste da p ed ra b ru ta e sua transform ação em cubo
polido é trab alh o árduo e longo. N a verdade, sem prazo
para term inar. /Aas não fo i para isso que você ingressou
na Sublim e O rd e m ?

106
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A :. A:.

EXERCÍCIO DE VERIFICAÇÃO - Capítulo 5.°

Responda as questões de múltipla escolha sobre o conte­


údo estudado. Bom teste. Respostas nas págs.253-257.

1.0 elemento decorativo típico do templo em loja de


companheiro é:

□ a) Letra ”G"
□ b) Pedra bruta
□ c) Pedra cúbica
□ d) Corda de 81 nós
□ e) Estrela Flamejante

2. A Estrela Flamejante tem vários significados na Maço-


naria, EXCETO:

□ a) Grande Arquiteto do Universo


□ b) Luz interior do obreiro maçom
□ c) Cinco chagas de Jesus, o Cristo
□ d) Eu interior do iniciado na Ordem
□ e) Quatro elementos + quintessência

3. Alternativa INCORRETA — A letra "G" na Maçonaria

□ a) também pode ser a inicial de "gnose".


□ b) era substituída pela letra hebraica iode.
□ c) pode ser a inicial do nome inglês "God".
□ d) tem G e o g ra fia como um dos cinco significados.
□ e) aparece inserida entre o compasso e o esquadro.

107
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

4. Localize as afirmativas corretas e marque a opção cor­


respondente:

I. G e o m e tria , G e ra ç ã o , G ra v id a d e , G ê n io e
G n o s e são tidos como os significados
maçônicos da letra "G "................................. ( )
II. Na Ordem, não consideramos alegoricamente a
palavra "gravidade" como significado da letra "G".()
III. Egrégora é energia de natureza espiritual
resultado da geração sinérgica de forças
mentais positivas ou negativas...................... ( )
IV. Gnose é o conhecimento experiencial
do G.'. A.-. D.-. U.-........................................... ( )
V. No âmbito maçônico, geração nunca pode
acarretar regeneração................................... ( )

□ a) I, II e III
□ b) I, III e IV
□ c) I, II e V
□ d) II, IV e V
□ e) III, IV e V

5. Assinale as afirmativas a seguir com "V" (verdadeira)


ou "F" (falsa) e marque a opção correspondente:•

• A estrela de cinco pontas é indevidamente


identificada com a figura humana...................... ( )
• No templo maçônico, a Estrela Flamejante não
deve ser iluminada por de n tro .......................... ( )
• A Estrela Flamejante também é dita "flamígera".. ( )
• A quintessência é o quinto elemento, conceito
do filósofo grego Aristóteles..............................( )
• Supõe-se basear-se a Estrela Flamejante no
pentagrama grego.............................................( )

108
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A.\

□ a) F-F-V-V-V
□ b) V-V-V-F-F
□ c) V-F-V-V-V
□ d) F-V-F-F-V
□ e) F-F-F-V-F

109
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

110
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A:. A:.

Capítulo 6.°

Outros elementos simbólicos - I

O número, a idade e as ferramentas do companheiro-


maçom. O significado das palavras do grau

O número do companheiro-maçom

Há milênios o homem vem estudando os números para


compreender seu sentido esotérico, ou seja, o que eles
ocultam. Daí surgiu a Numerologia, estudo que procura
desvendar esses mistérios.

Na Cabala judaica, séculos atrás, os antigos rabinos de­


senvolveram conceitos numéricos de modo a associarem
as letras hebraicas aos números. Desse modo, estabele-
ceu-se rede de relações que possibilitou fazer previsões
sobre o caráter e a personalidade das pessoas e prever
acontecimentos futuros.

A Maçonaria de há muito aproveitou o significado oculto


dos números em sua simbologia. Assim, os números um,
dois, três, cinco, sete e nove têm papel relevante no co­
nhecimento maçônico.

111
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Sabemos que o número do aprendiz é três. Por quê? Por­


que ele não tem ainda a capacidade de trabalhar no qua­
ternário, ou seja, ainda não consegue realizar o trabalho
no mundo material, o dos quatro elementos. Simbolica­
mente, ainda nem consegue falar, só soletrar. Da mesma
forma, trabalha no desbaste da pedra bruta, mas ainda
não a sabe polir para transformá-la na pedra cúbica, que
se encaixe perfeitamente nas paredes do edifício social.

Já o número do companheiro é cinco. Assim, cinco anos é


sua idade, cinco são as pancadas na porta do templo, de
cinco batidas é a bateria. Esse é o número dos passos na
marcha respectiva, de luzes no conjunto dos candelabros
nos trabalhos desse grau e das viagens na cerimônia de
elevação.

Há algumas tentativas de entendimento do significado


desse número. Uma delas é que o cinco é formado pela
adição do um ao quatro. O um, a unidade, corresponde
ao princípio de vida, ao espírito. Segundo Pitágoras, é a
fonte emanadora de tudo. O G.\ A.-. D.-. U.'. é a unidade
absoluta.

Já o quatro, o quaternário, é o símbolo dos elementos dos


antigos: ar, água, terra e fogo. Assim, o cinco é a repre­
sentação do espírito agindo sobre a matéria. Por isso, "o
cinco compreende o espírito e o seu invólucro material"
(ASLAN, 2012:284).

O Irmão Octaviano M. Bastos, em sua "Pequena encyclo-


pedia maçonica", afirma sobre o número do companheiro
que o

112
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.-. A.\

“Cinco se forma de quatro pela addição de um.


Um é o princípio de vida, o espírito; quatro são
os elementos; por conseguinte, cinco é o espírito
dominando os elementos. A figura correspondente
ao numero 5 é o pentagramma, a estrella flammante
de cinco pontas, que representa o corpo humano
com a cabeça virada para cima”.
(BASTOS, 1929:393)

Outra interpretação é a que se refere a 3+2=5, soma em


que três é a divindade, cuja fagulha é encarnada, e dois é
o material, o ser que se reproduz por dois sexos opostos
e não consegue perpetuar-se de outro modo.

Consideremos o cinco ainda como a soma do dois, o bi­


nário, com o três, o ternário. Já vimos antes que o dois
é símbolo da dualidade, da ambiguidade. O três significa
equilíbrio, é o número da forma, pois qualquer corpo, para
existir, necessita de três dimensões: comprimento, largura
e altura. É o binário em ação no ternário.

Tudo muito bem, mas por que o cinco é o número do


companheiro? Tanto o ritual como a bibliografia parama-
çônica não respondem satisfatoriamente essa pergunta.

O ritual do GOB pode fornecer pista através da fala do


V.\M.\: "Meu Ir.-., nos tempos primitivos da nossa Ordem
era mister que o Apr.\ trabalhasse, sem interrupção, du­
rante cinco anos, para ser elevado a Comp.\". (RITUAL-
-GOB 2.° grau, 2009:74). Se o ritual refere-se à Maçonaria
operativa, já vimos que os aprendizes trabalhavam mais
que isso: seis ou sete anos.

113
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Q u a l é o n ú m e r o d o c o m p a n h e ir o - m a ç o m ? J u s t if iq u e .

O ritual da GLMDF, na justificativa que faz de ser cinco o


número do companheiro, vai mais fundo ao declarar que

“Ides passar do número três ao número cinco, isto é,


ides progredir no caminho que vindes percorrendo.
Cinco é um número misterioso porque se compõe
do binário, símbolo do que é falso e duplo, e do
temário, cujo segredo conheceis. Cinco dá-nos a
ideia da perfeição e da imperfeição, da ordem e da
desordem, da felicidade e da infelicidade, da vida
e da morte. Aos antigos, dava a ideia dos maus
princípios lançando a perturbação no mundo, isto
é, os anos de aprendizado dos iniciados”.
(RITUAL-GLMDF 2.° grau, 2010:34)

Não obstante, em outro trecho (Idem, ibid., p. 32), na fala


do V.-.M.-. ao aprendiz na elevação, esse ritual também faz
alusão ao tempo de trabalho do aprendiz nas corporações
medievais de ofício praticamente repetindo as palavras do
Venerável do GOB, com poucas variações. Assim, tanto o
Grande Oriente do Brasil como a GLMDF consideram ser
de cinco anos o tempo de trabalho do aprendiz antes de
ser elevado a companheiro na Maçonaria operativa.

Vamos tentar outros caminhos de investigação. Sabemos


que o aprendiz está simbolicamente ainda sob grande
influência da matéria. No grau de companheiro, o mundo
material ainda se manifesta com força para ele. Tanto
é que cinco são os sentidos humanos, como já vimos:

114
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A :. A.\

visão, audição, olfato, paladar e tato. Por isso, o cinco é


seu número, conforme uma das interpretações.

Entretanto, quando recebeu aumento de salário, o aprendiz


— agora companheiro — começou a desenvolver notavel­
mente o lado mental e a vislumbrar a presença do espírito,
ou seja, já passou a considerar os valores espirituais.

“O cinco é o símbolo do mental quando vê o que


os olhos e os sentidos não captam. Enquanto o
quaternário reduz a visão cósmica dentro dos ciclos
evolutivos, o cinco é o romper desse equilíbrio
imanente e é por isso símbolo de um transcender
do físico. É essa uma de suas mais importantes sig­
nificações, embora pelas suas muitas interpretações
possa ter outro significado.”
(MANUAL, s.d., p. 3)

Desse modo, o companheiro, em sua caminhada, deve


desenvolver a visão interior, procurar os sentidos espi­
rituais, já que naturalmente exercita os sentidos físicos.

Parece, portanto, sob tal ponto de vista, que o número


cinco foi associado ao segundo grau por serem cinco os
sentidos físicos do homem, os quais o companheiro deve
ultrapassar penetrando no seu eu interior.

Vimos lá atrás que o aprendiz restringe-se ao três, seu


número. Por suas limitações, não consegue terminar a
obra, não avança pelo quaternário, o mundo físico dos
quatro elementos.

Isso é expresso no ritual do GOB, grau de companhei­


ro, quando, durante a cerimônia de elevação, o V.\M.\

115
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

dirige-se ao elevando: "Por muito perfeito que seja o


Apr.\, lembrai-vos que sozinho não pode terminar a sua
obra" (RITUAL-GOB 2.° grau, 2009:77).

O companheiro, porém, avança e executa essa obra. En­


tretanto, ele não se contenta em parar por aí. Como já
desenvolve a visão para seu próprio interior,

“E sensibilizado em avançar, pois agora tem a liber­


dade. Não se contenta com o QUATRO e descobre
a Quintessência, pela sua capacidade de raciocínio,
o seu livre-arbítrio, e aí sente em verdade por que
é um ser diferente neste Universo”.
(GODOY, 2016:38)

A idade do companheiro-maçom

Na Subi.-. Ord.., a idade simbólica do maçom corres­


ponde ao grau que detém. Assim, quando perguntamos
a ele sua idade, queremos saber seu grau, já que no
R.-.E.-.A.-.A.-.cada grau equivale a um número simbólico.
Já sabemos que o número do companheiro é cinco.

A idade simbólica do companheiro é informada pelo ritual


do GOB do segundo grau, na resposta que o 2.° Vig.\ dá
a pergunta do V.-.M.-.: "Que idade tendes, Ir.-.2.° Vig..?".
Resposta: "Cin.-. AAn.\, Ven.-.Mestre" (RITUAL-GOB 2.°
grau, 2009:33).

O próprio ritual sugere por que são cinco anos a idade do


companheiro-maçom, como acabamos de ver: no período
operativo, o aprendiz trabalhava ininterruptamente por cin­
co anos (ou mais) antes de ser promovido a companheiro.

116
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A;.

Já o ritual da GLMDF elabora mais essa interpretação. À


pergunta do V.\M.\ ao 2.° Vig.-. sobre a idade do com­
panheiro, este dá a idade, ao que o Venerável replica:
"A que se refere este número?". Obtém como resposta:

“A quintessência, concebida como espírito uni­


versal das coisas ou como um quinto princípio
reduzindo à unidade o quaternário dos Elementos.
Alude, também, aos cinco sentidos, que revelam
o mundo exterior, objeto de estudo do comp.'.,
enquanto o número três indica que o ap.'. deve
encerrar-se em seu mundo interior”.
(R1TUAL-GLMDF 2.° grau, 2010:71)

As ferramentas do companheiro

No R.-.E.-.A.-.A.-., o companheiro continua trabalhando com


as ferramentas do aprendiz — o maço ou malho e o cinzel
—, mas agora tem a sua disposição mais algumas: o es­
quadro, o compasso, a régua de 24 polegadas e a alavanca.

Todas essas ferramentas são carregadas de simbolismo,


o qual remonta ao período operativo e auxilia o maçom a
seguir os ditames que devem pautar sua conduta.

Malho ou maco — É um dos


instrumentos de trabalho do
aprendiz e costuma-se vê-lo
repousado sobre a .. Na
ritualística maçônica, é utili­
zado na cerimônia de inicia­
ção, quando o neófito executa
seu primeiro trabalho.

117
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Mais tarde, durante sua ascensão ao segundo grau, o ele­


vando é conduzido à pedra cúbica, próximo à mesa do 2.°
Vig.\, quando aprende a trabalhar nela. Como isso ocorre?

O companheiro utiliza o maço/malho no polimento e alisa-


mento da pedra desbastada para produzira pedra cúbica,
o cubo polido apto a encaixar-se nas paredes do edifício
social. Como você pode perceber, o real e o alegórico, o
denotado e o conotado alternam-se na simbologia maçô-
nica para a perfeita compreensão dos princípios e valores
da Sublime Ordem.

Que simboliza o malho? Representa a vontade, a força, a


energia e a decisão. Significa também o aspecto ativo da
consciência, necessário para a superação dos obstáculos
à obra maçônica.

Cinzel — Juntamente com o malho, é outro instrumento


de trabalho do aprendiz e também do companheiro. Figura
normalmente sobre a P.-.B. ..

0 cinzel representa o dis­


cernimento, o intelecto e o
Cinzel direcionamento da energia
(Imagem retirada de http://www. produzida pela aplicação
verdadeejustica.com.br/paginas/
do malho, a qual deve ser
simbolos.html)
empregada na realização
da Arte Real, sempre a serv >da Humanidade.

Na construção do templo interior e do edifício social, o


malho e o cinzel são inseparáveis. Isso significa que não
basta o existir da inteligência, mas que ela deve ser em­
pregada nas boas obras.

118
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A :. A:.

O maço e o cinzel são entregues


ao aprendiz antes deempreen-
der a primeira viagem ritualís-
tica durante a cerimônia de sua
elevação.

Compasso — O compasso tem


alguns significados, como sím­
bolo da Justiça, da perfeição —
porque serve para traçar figura
perfeita, o círculo (delimitado
pela circunferência) —, do espí­
Trabalho com o malho e o
rito e do co­ cinzel (figura retirada do
dicionário de J. Castellani)
nhecimento
humano. É
confeccionado em metal ou madeira e
normalmente fica aberto em 45°, com
as pontas voltadas para o Ocidente.

Com relação à medida, em graus, da


Compasso
circunferência que o compasso traça
(360°), representação do Grande Arquiteto do Universo,
essa abertura (45°) significa que o conhecimento humano
é muito inferior. Nesse grau de abertura, o compasso fica
estável e não há o risco de abrir-se, de repente, durante
o traçado. Assim, esse grau está relacionado à ideia de
estabilidade, importante nas tradições que embasaram a
doutrina da Sublime Ordem.

Régua de 24 polegadas Simboliza as 24 horas do dia


e assim o maçom é
Vl"i ■ T T T V 7 W r .r si a s ií n * * isr f»r£ i:j
lembrado a bem apro­
veitar o tempo em obra Régua de 24 polegadas

119
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

benéfica e produtiva, a serviço da Humanidade, e não se


esquecer de repousar por oito horas.

Assim, a régua de 24 polegadas representa o tempo bem


empregado e também a exatidão, o aperfeiçoamento e a
precisão na realização do trabalho.

É utilizada pelo aprendiz na cerimônia de sua elevação.


Juntamente com o compasso, é-lhe entregue antes do
início da segunda viagem. Para que isso? Para o compa­
nheiro poder

“medir proporcionalmente o co m p rim en to (a lon ­


g itu d e), la rg u ra (a la titu d e ) e a ltu ra (a a ltitu d e ) da
pedra, segundo o lugar particular do edifício que
tem que ocupar. A p rim e ira deve ser suficiente para
que o indivíduo possa preencher todas as obriga­
ções inerentes a seu estado ou posição; a se g u n d a
deve assegurar sua estabilidade, ao mesmo tempo
em que a do edifício em que se coloca; e a terceira ,
fazer com que seus esforços contribuam para elevar
o meio em que se encontra, segundo a elevação que
consegue alcançar, procurando seu contato íntimo
e individual com a Suprema Realidade”.
(OLIVEIRA FILHO, 2013:221)

A longitude e a latitude correspondem à localização do


maçom no grupo social a que pertence. A altitude, a posi­
ção, o nível em que aí se encontra. O maçom, em geral, e
o companheiro, em particular, deve envidar esforços para
elevar o nível daqueles que se encontram nas camadas
inferiores da sociedade, segundo as possibilidades dele
próprio e dos demais.

120
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A.-.

As linhas paralelas que margeiam a


superfície da régua, em proporção har­
mônica, inscrevem-se no círculo com
que podemos representar o Universo.
Desse modo, elas também passam a ter
simbolismo:a Lei Moral, mais importan­
te, e as leis da Natureza.

Tomando a linha maior, a que repre­


senta a Lei Moral, e levando-a para
dentro de outro círculo, podemos
segmentá-la de modo a formar figura
de cinco lados, o pentágono.

Dentro dele, traçamos outras linhas a


partir de seus ângulos e assim dese­
nhamos estrela de cinco pontas nele inscrita.

Já vimos no capítulo 5.° o simbolismo da estrela de cinco


pontas. Temos então que "o círculo representa o Universo;
o pentágono simboliza a organização da matéria para for­
mação do corpo humano; a estrela simboliza a dimensão
imaterial que compõe o Ser
como 'Alma Vivente'" (CAM­
POS, 2014:59).

Daí podermos concluir que


a linha que representa a Lei
Moral, tomada da régua e
form atada no pentágono,
circunscreve a figura hu­
mana contida na estrela,
ou seja, deve dirigir-lhe os

121
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

passos. Se isso seria desejável para o mundo profano, é


imperativo para o maçom.

Alavanca — Simbolicamente, essa ferramenta auxilia o


companheiro no transporte e acondicionamento dos ma­
teriais trabalhados.

Alavanca

A alavanca é símbolo da força e da vontade consciente,


que o maçom emprega para atingir a meta da aquisição
do conhecimento. Arquimedes — físico, matemático e in­
ventor grego — disse: "Dê-me um ponto de apoio e uma
alavanca e moverei a Terra".

Esse instrumento é utilizado pelo aprendiz na cerimônia de


sua elevação. Durante os trabalhos, o elevando recebe-o
ao iniciar a terceira viagem.

Esquadro — O esquadro, como símbolo geral na Maçona-


ria, é o de pedreiro, ou seja, o confeccionado em madeira
e com os dois ramos de igual tamanho.

Na arte da construção, serve para traçar ângulos retos e


para conferir a retidão das arestas das pedras, condição

122
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A :. A:.

necessária ao encaixe de umas nas outras. É por isso


que o simbolismo preferencial do esquadro é a retidão,
inclusive de caráter e conduta. Representa também a
matéria e a Equidade.

O esquadro é entregue ao elevando no início de sua quarta

v
viagem.

Esquadro de
Conferindo a retidão
pedreiro
dos ângulos da pedra

(Imagem retirada de
www.aminternacional.
org/maconaria_simbolos.
maconicos.html)

É importante recordar que há outro


tipo de esquadro, o de carpinteiro,
confeccionado geralmente em metal.
J Seus ramos são de comprimentos
Esquadro de
carpinteiro diferentes e o maior e normalmente
milimetrado. Esse tipo de esquadro é
a joia do Venerável.

Todas essas ferramentas possibilitam ao companheiro


trabalhar, sob a orientação dos mestres, de forma eficiente
e eficaz na construção de seu templo interior e ajudar a
erguer edifício social justo (compasso), correto (esqua­
dro), equilibrado (prumo) e igualitário (nível).

Repare que no primeiro grau as ferramentas eram de


ação. Agora, elas são predominantemente instrumentos

123
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

de medida, de ajuste, de checagem. Verificação da própria


conduta, de sua justiça e moralidade.

Toda essa alegoria não é apenas figurativa. Os conceitos


de Equidade, Justiça, equilíbrio e retidão, representados
pelas ferramentas do companheiro, são impositivos que
se colocam para o maçom, é o que se espera dele, inclu­
sive no mundo profano. A própria Constituição do Grande
Oriente do Brasil, em seu artigo 29, aponta como um dos
deveres do maçom "haver-se sempre com probidade,
praticando o bem, a tolerância e a solidariedade humana"
(CONSTITUÇÃO-GOB, 2007:12).

A Constituição da Grande Loja Maçônica do Distrito Fe­


deral, nos artigos atinentes aos deveres do maçom da
jurisdição, também dele espera a aplicação daqueles
elevados princípios, conforme se constata da leitura do
artigo 66, incisos IX e X:
"IX - praticar a tolerância, respeitando as convicções e
as crenças de cada um, pugnando contra os pre­
conceitos, a superstição e o fanatismo;
X - ter conduta maçônica dentro e fora da Loja" (CONS-
TITUIÇÃO-GLMDF, 2007:29).

Referida Constituição ainda retoma o tema no art. 109,


inciso IV: "manter, tanto na vida maçônica, como na pro­
fana, conduta ilibada, esforçando-se pelo bem da Ordem,
da Pátria e da Humanidade" (Idem, ibidem, p. 76).

Quais são as ferramentas do com panheiro?

124
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A.\ A ..

O significado das palavras do grau

Diferentemente do grau de aprendiz, que somente possui


palavra sagrada, no de companheiro há palavra sagrada
e de passe (do inglês "password" = senha). A palavra
sagrada é j....n e a de passe, sh...ô..et. Que significam?
Vejamos cada uma delas.

é palavra hebraica designativa de uma das colunas


do templo de Salomão e nome de pelo menos quatro per­
sonagens hebreus. É também nome de uma das colunas
vestibulares da loja maçônica.

Essa palavra é formada pela abreviação do nome de Deus,


n«’ ("Yah", leitura da direita para a esquerda) e pela forma
verbal "a...n", que significa e le e s ta b e le c e u . (Em hebraico,
os verbos não são enunciados pelo infinitivo, como em
português, mas pelo pretérito perfeito.)

O nome mc ("Yah") entra na composição de muitos antro-


pônimos1 hebraicos, como Isaías (ínsrt&ír = Yishayahu),
Jerem ias (inirs-iír = Yerem iyahu), Josias (mipttfír =
Yoshiyahu) e vários outros. A leitura no hebraico, repe­
timos, faz-se da direita para a esquerda.

Assim, a palavra sagrada do segundo grau, signi­


fica D e u s e s ta b e le c e u (ou e s t a b e le c e r á ). Estabeleceu o
quê? Estabeleceu-se com e s ta b ilid a d e e firm e z a . Por que
podemos afirmar isso? Porque essa palavra designa uma
das colunas do templo de Salomão e do templo maçôni-
co. Mas há a outra, "B...z", que significa fo rç a , firm e z a ,

1 Antropônimos — Nomes de pessoas.

125
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

fo rta le za . Assim, a associação dos nomes das duas colunas


— "B..z" e "J...n" — pode ser interpretada como "Deus se
estabelecerá com firmeza ou como fortaleza".

“Na Maçonaria, o vocábulo T [J........n] sugere o


aumento de salário que o aprendiz-maçom recebe
ao se confirmar sua tenacidade, seu esforço no
desbaste da pedra bruta. É o coroamento dessa
fase inicial da vida maçônica, a qual será sem­
pre lembrada, pois servirá de fortes alicerces do
edifício moral que está sendo construído. Assim,
podemos afirmar que a coluna T, convertida em
palavra sagrada no 2.° grau, tem por fim levar o
companheiro-maçom a entendê-la como 'estabe­
le ce r' metas firmes no ato do servir, a exemplo
dos sacerdotes, que realizavam seus préstimos
no templo de Jerusalém. O companheiro-maçom
firmemente integrado à sua loja, e s ta b e le c e n d o
trabalho assíduo, certamente estará contribuindo
para que a construção do Templo seja a mais pura
e perfeita das obras que a humanidade conhece e
sabiamente é desenvolvida dentro e fora de uma
oficina maçônica.”
(OLIVEIRA FILHO, vol. I, 2013:61)

A palavra de passe, sh...ô..et, também vocábulo hebraico,


significa e s p ig a d e trig o . De fato, conforme o "Dicionário
prático bilingüe português-hebraico — hebraico-portu-
guês: totalmente transliterado" (ACHIASAF, 2004:133),
a palavra "espiga (trigo)" em hebraico é, em caracteres
latinos, "sh...ô...t".

As grafias da letra » transliteradas do hebraico que


comecem por "sch" não devem ser consideradas. Têm

126
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E .. A.\ A.\

certamente influência germânica e não correspondem


à correta transposição dos caracteres hebraicos para as
letras do alfabeto latino. Assim, em vez de "sch", é pre­
ferível "sh".

O nome da letra » é, portanto, transliterado "shin" e não,


"schin". Outra observação: a última vogal da palavra
"sh...ô...t" é "ê" fechado e não, "é", aberto.

Pois bem, que tem a ver espiga com o grau de companhei­


ro? A resposta a essa questão relaciona-se com história
bíblica que remonta ao tempo em que os hebreus ainda
viviam em tendas e eram comandados por juizes, antes
da monarquia.

Depois do êxodo do Egito, os hebreus invadiram Canaã e


apossaram-se do território canaanita pela força das armas.
As tribos hebreias distribuíram-se por aquelas terras, que
na época eram mais extensas que o atual Israel, conforme
a determinação de Moisés.

A tribo de Efraim ocupava o centro de Canaã — região que


foi chamada posteriormente de Samária —, a oeste da
atual Jordânia, ao sul do território da tribo de Manassés
e ao norte da tribo de Benjamin.

A leste do rio Jordão, onde hoje se situa o reino da Jor­


dânia, existe região montanhosa chamada Gileade desde
os tempos bíblicos. As tribos de Gade, Rúben (filhos de
Jacó) e parte da gente de Manassés (filho de José) lá se
fixaram (Deuteronômio 3:13; Números 32:40).

Mais tarde, houve conflito entre os efraimitas e os

127
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

gileaditas, separados pelo rio Jordão. Esse relato lemos em


Juizes, 12:1-7. Ocorre que o modo de expressão linguís­
tica dos primeiros apresentava curiosa particularidade:
parece não conseguirem pronunciar palavras iniciadas
por"sh". Em vez disso, diziam "s".

Essa característica serviu para identificá-los na contenda,


conforme lemos em Juizes 12:5-6:

“Porém, os gileaditas tomaram os vaus do Jordão


que conduzem a Efraim; de sorte que, quando
qualquer fugitivo de Efraim dizia: 'Quero passar’;
então os homens de Gileade lhe perguntavam: 'Es tu
efraimita?' Se respondia: 'Não'; então lhe tomavam:
Dize, pois, Chibolete; quando dizia Sibolete, não
podendo exprimir bem a palavra, então pegavam
dele e o matavam nos vaus do Jordão. E caíram de
Efraim naquele tempo quarenta e dois mil”.
(BÍBLIA-VN, 1985:275-276)

Desse modo, a palavra "sh...ô...t" foi adotada pelos gi­


leaditas como senha ou palavra de passe ("password")
eficiente para identificar os adversários. Alguns séculos
depois, Salomão teria utilizado tal palavra com a mesma
finalidade para os companheiros durante a construção do
templo em Jerusalém.

Posteriormente, a Maçonaria dela apropriou-se como pa­


lavra de passe do segundo grau, o que persiste até hoje,
"tanto pela sua origem histórica como pelo seu significado"
(OLIVEIRA FILHO, op. cit., p. 65).

Essa palavra acaba tendo no meio maçônico o sentido

128
Curso de Formação de Companheiros do R .. E.\ A:. A:.

de fa rtu ra , a b u n d â n c ia , conforme se lê no ritual do GOB,


grau de companheiro: "Significa Fartura-Abundância e
é representada por uma espiga de trigo" (RITUAL-GOB
2.° grau, 2007:88). Entretanto, devemos tomá-la como
significando a b u n d â n c ia d e c o n h e c im e n to e também de
s a b e d o r ia e não, de bens materiais.

Qual o sentido maçônico que têm a palavra


sagrada e a de passe do grau de companheiro?

Leitura recomendada: (Procure a referência


na Bibliografia.)

> Da elevação rumo à exaltação, vol. I (OLIVEIRA


FILHO, D. S., 2013).
> Grande dicionário enciclopédico de Maçonaria e
simbologia (ASLAN, N., 2012).
> MANUAL de instrução do grau 2: companheiro; Rito
Escocês Antigo e Aceito. Brasília: GOB (MANUAL, s. d.).
> Pequena encyclopedia maçonica (BASTOS, O. M.,
1929).
> Última instrução do segundo grau simbólico: sim­
bologia numérica (GODOY, N. G. M., 2016).

Questionário de fixação

Qual é o número do companheiro-maçom? Por que


o número é esse?
O número do companheiro é cinco. Pode ter a ver com o

129
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

número de anos que os aprendizes das corporações me­


dievais de ofício teriam trabalhado para ser promovidos
a companheiro. Pode também se relacionar com os cinco
sentidos humanos.

Há alguma outra interpretação do número cinco?


Sim. Por essa, ele compõe-se do quatro — relacionado
aos elementos dos antigos — mais a quintaessência ou
quintessência.

Que é a quintessência?
É conceito formulado pelo filósofo grego Aristóteles pelo
qual havia um quinto elemento, sutil, que entrava na
composição dos corpos celestes. É a quintessência.

Para onde o companheiro deve desenvolvera visão?


Para seu interior fazendo uso do livre-arbítrio.

Qual a idade do companheiro-maçom?


Cinco anos.

Quais são as novas ferramentas que o companheiro


simbolicamente utiliza?
São o esquadro, o compasso, a régua de 24 polegadas
e a alavanca.

Você certamente já conheceu, quando aprendiz, o


simbolismo do esquadro e do compasso. Qual então
o significado maçônico da régua de 24 polegadas?
A régua de 24 polegadas remete às 24 horas do dia.
Por isso, representa o tempo bem empregado. Significa
também a exatidão, o aperfeiçoamento e a precisão na
realização do trabalho.

Que simboliza a alavanca para o companheiro?


Simbolicamente, ela auxilia o companheiro no transporte

130
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E A . \ A:.

e acondicionamento dos materiais trabalhados, princi­


palmente dos cubos polidos de pedra. Essa ferramenta é
símbolo da força e da vontade consciente, que o maçom
emprega para atingir a meta da aquisição do conheci­
mento.

O companheiro-maçom não trabalha mais com o


maço e o cinzel, ferramentas do aprendiz?
Trabalha, sim, com o maço e o cinzel no polimento da
pedra para deixá-la perfeito cubo polido.

De que tipo são as ferramentas características do


companheiro? Que simbolizam em conjunto?
São instrumentos de medição e de ajuste, de verificação
da própria conduta, de sua justiça e moralidade.

Qual o significado da palavra sagrada?


E le (o G:. A :. D :. U :.) s e e s ta b e le c e rá c o m e s ta b ilid a d e
e firm e z a ou c o m o fo rta le z a .

E o da palavra de passe?
Literalmente, quer dizer e s p ig a d e trig o . No meio maçô-
nico, tem o sentido de fa rtu ra , a b u n d â n c ia .

Que tipo de abundância?


De sabedoria e conhecimentos da Sublime Ordem.

131
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

O QUE A SIMBOLOGIA C O N S T A N T E D E S T E
C A P ÍT U L O T E M A V E R CO M SEU C O T ID IA N O
N A CONDIÇÃO DE MAÇOM

No sexto capítulo, tratamos das ferramentas que o


companheiro já conhece desde o primeiro grau e as
que lhe foram apresentadas na cerimônia de eleva­
ção. Neste mesmo capítulo, foi também comentado
o número e a idade do companheiro.

Já vimos que o número cinco está diretamente ligado


aos cinco sentidos do homem. Eles devem estar a
serviço do autoaperfeiçoamento do maçom, ou seja,
do polimento da pedra bruta desbastada.


Perguntamos:

> V isã o — T u d o o q u e v o cê vê e lê é a p lic a d o n a s u a


p r ó p r ia e v o lu ç ã o ? V o cê re je ita o q u e vê q u e s ó lh e
v a i c r ia r d ific u ld a d e s , e m b a r a ç o s ?
> A u d iç ã o — V o c ê p a s s a p a r a a fre n te tu d o o q u e
o u v e , s e m v e r ific a r a p ro c e d ê n c ia e a v e rd a d e d o
q u e é d ito ? S e o u v e a lg o g ra v e a r e s p e ito d e a lg u m
irm ã o d a lo ja v o cê r e p a s s a a p e n a s a o s e u V e n e rá v e l
p a r a e le to m a r a s p r o v id ê n c ia s a s e u c a r g o ?
> O lfa to — A q u i n ã o s e tra ta d e c h e ir a r física , m a s
m e ta fo ric a m e n te . A s s im , s e a lg o "n ã o lh e c h e ira
b e m ", v o cê a g e p o n d e r a d a m e n t e ? E v ita s itu a ç õ e s
o u a m b ie n te s q u e s e c h o c a m c o m o s p r in c íp io s
m a ç ô n ic o s o u c o m s u a p ró p ria c o n s c iê n c ia ?

132
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A.-.

> P a la d a r — N o v a in te rp re ta ç ã o m e ta fó ric a : q u e g o sto


h á e m fr e q u e n t a r o s tr a b a lh o s d a s u a lo ja ? E le s
e s tã o s e m g o s to , s e m s a l n e m a ç ú c a r ? O q u e v o cê
e stá fa z e n d o p a ra m u d a r e s sa s itu a ç ã o ? N ã o e sta ria
fa lta n d o o te m p e ro d e s u a a ç ã o p a ra m e lh o r a r is s o ?
> T a to — O ta to te m a v e r c o m s e n tir, m e s m o s e m
ver. C o m o v o cê s e n t e q u e e s tá s u a e v o lu ç ã o , s e u
c re s c im e n to n a O rd e m ? C re s c im e n to ta m b é m in t e ­
le c tu a l, q u e s e re la c io n a c o m e s tu d o s m a ç ô n ic o s .
V o cê lê c o m fre q u ê n c ia o b ra s m a ç ô n ic a s ?

É f á c il a g ir rigorosam ente assim ? C laro que não. Afinal,


o desbaste da pedra b ru ta e sua transform ação em cubo
polido é trab alh o árduo e longo. N a verdade, sem p razo
para term inar. M a s não fo i para isso que você ingressou
na Sublim e O rd e m ?

133
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

EXERCÍCIO DE VERIFICAÇÃO - Capítulo 6.°

1. As ferramentas que o aprendiz passa a conhecer na


cerimônia de sua elevação são:

□ a) a régua, o maço, o cinzel e a alavanca.


□ b) o maço, o cinzel, a alavanca e o esquadro.
□ c) o esquadro, o compasso, a régua e o maço.
□ d) o esquadro, o compasso, o maço e o cinzel.
□ e) a régua, o compasso, a alavanca e o esquadro.

2. O número cinco foi associado ao grau de companheiro


provavelmente porque cinco são:

□ a) As viagens da elevação.
□ b) Os significados da letra "G".
□ c) Os sentidos do ser humano.
□ d) As pontas da Estrela Flamejante.
□ e) os anos da idade do companheiro.

3. A palavra sagrada do grau de companheiro significa:

□ a) Equidade e Justiça
□ b) Equilíbrio e retidão
□ c) Estabilidade e firmeza
□ d) Força e discernimento
□ e) Prudência e moderação

4. Marque as afirmativas abaixo com "V" (verdadeira) ou


"F" (falsa) e assinale a opção correspondente:•

• A palavra de passe do segundo grau significa


fa rtu ra , a b u n d â n c ia .......................................... ( )

134
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A.\

• A régua de 24 polegadas simboliza a dedicação


ao trabalho sem preocupação com descanso.......( )
• O malho e o cinzel representam a vontade e a
força orientadas pelo intelecto e o discernimento. ( )
• O número cinco pode significar a matéria agindo
sobre o espírito.................................................( )
• Para a GLMDF, o cinco é número misterioso
porque se compõe do binário e do ternário......... ( )

□ a) V-V-V-F-V
□ b) F-V-V-F-F
□ c) F-F-F-V-V
□ d) V-F-F-V-F
□ e) V-F-V-F-V

5. Identifique as afirmativas corretas e marque a opção


correspondente:I.*
V

I. Simbolicamente, o aprendiz sabe desbastar a


pedra bruta, mas não a sabe polir..................( )
II. Para a Maçonaria, a figura geométrica que
representa o número cinco é o pentágono...... ( )
III. O número um simboliza o princípio de vida, o
espírito........................................................ ( )
IV O ritual do GOB considera o cinco como
número do segundo grau porque entende que
na Maçonaria operativa o aprendiz trabalhava
cinco anos até ser promovido a companheiro..( )
V. O companheiro ainda não consegue vislumbrar
a presença do espírito, o que só alcançará
quando chegar a mestre............................... ( )

135
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

□ a) I, II, IV
□ b) I, III e IV
□ c) I, III e V
□ d) II, III e V
□ e) II, IV e V

Respostas nas pp. 259-263.

136
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.-. A.\

Capítulo 7.°

Outros elementos simbólicos - II

O painel simbólico e o alegórico do grau


de companheiro

O painel simbólico

0 painel simbólico do grau de companheiro das lojas do


R.-.E.-.A.-.A.-. adotado pelo Grande Oriente do Brasil, expos­
to no interior do templo durante as sessões ritualísticas,
indica que a loja está trabalhando no segundo grau.

Ele apresenta algumas diferenças com relação ao do grau


de aprendiz. Comentaremos cada um dos elementos
constitutivos e seu simbolismo.

Orla dentada ou denteada — Consiste em sucessão


alternada de triângulos brancos e pretos, em volta de todo
o painel, os quais, no templo, bordejam o pavimento mo­
saico. Seu simbolismo depende de como a consideramos:
quanto à forma ou quanto às cores.

> Quanto à forma — sequência de triângulos contíguos


e alternados —, representa a união dos irmãos.

137
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

> Q u an to às co re s —
branco e preto —, lem­
bra a diversidade dos
maçons, mas também
pode repetir o simbo­
lism o do p avim ento
mosaico, que veremos
daqui a pouco. É um dos
ornamentos do templo.

Corda de três nós e suas


borlas — Esta corda não
deve ser confundida com a
que ornamenta o templo, a

Painel simbólico do segundo grau


- GOB

corda de 81 nós. Como a ou­


tra, ela também termina em
duas borlas, cujo simbolismo
provavelmente seja o mesmo
das borlas da corda maior, ou
seja, Equidade e Justiça ou
prudência e moderação.

O significado da corda de
três nós é igual ao da corda
de 81 nós: ela representa a
união dos irmãos; os nós ou
laços, o amor fraternal.
LOJA DE COMPANHEIRO

Painel simbólico da Grande Loja


O painel simbólico da Gran­
Maçônica do Distrito Federal de Loja Maçônica do Distrito

138
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A.'

Federal é muito semelhante ao do Grande Oriente do


Brasil. De fato, comparando os dois painéis, vemos serem
quase idênticos. Diferenciam-se pelas janelas gradeadas,
cujas grades estão mais evidentes no painel da GLMDF;
pelos diferentes capitéis e pela base das colunas: no pai­
nel do GOB, há ornamentos junto à base, no meio e no
alto do fuste, enquanto no da GLMDF não há; pela orla
dentada: no painel do GOB, no centro de cada lado, figura
um triângulo, ao passo que no da GLMDF aparecem as
letras iniciais dos quatro pontos cardeais.

Qual o simbolismo da orla dentada ou


d enteada?

Prancheta da loja — A prancheta da loja, também cha­


mada de "tábua de delinear", é instrumento de trabalho do
mestre-maçom. Uma das joias fixas do templo, localiza-se
diante do altar do Venerável. Trata-se de chapa quadrada

Prancheta em seu lugar no Oriente

139
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

ou retangular de madeira sobre


a qual estão pintadas as cruzes
quádrupla e a de Santo André,
as quais serviram como chave do
alfabeto maçônico.

Abóbada celeste — Ela cobre


tanto o Ocidente como o Oriente.
A abóbada celeste do templo é
representação aproxim ada do
céu do hemisfério norte, região

Prancheta
(Fotos de Ernani Rocha)

do planeta onde nossa


Ordem surgiu, herança
da Maçonaria francesa. O
teto estrelado inspira-se
nos templos egípcios, onde
as colunas se elevavam-
-se em direção ao céu.
Templos da antiguidade
e muitas igrejas antigas
eram assim decorados.
No painel, a abóbada está
representada por grupo de
estrelas no centro da parte
superior. A. .. .
Abóbada celeste

Que significa a corda de três nós? E suas borlas?

140
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A.\ A.\

As três janelas — Essas janelas gradeadas e misteriosas


localizam-se na parte superior e do lado direito ou sul do
painel. Vários autores pretendem situá-las no Oriente,
no Sul e no Ocidente. Entretanto, basta observar o painel
para constatarmos estarem duas delas juntas, do mesmo
lado. (De fato, na prática, tanto a coluna do Norte como
a do Sul situam-se no Ocidente do templo. Ali, com ex­
ceção do Oriente, tudo se junta e mistura.) De qualquer
modo, o que importa é seu simbolismo: elas lembram as
janelas utilizadas pelos antigos maçons construtores para
observar a marcha do Sol. Assim, através delas, pode-se
ver o nascer do astro-rei, ele ao meio-dia e o pôr do sol.
Em razão das grades, profanos não conseguem adentrar
o templo. Segundo Jules Boucher, citado por Nicola Aslan,
"a janela do Oriente traz a suavidade da aurora, o seu
renovamento de atividade; a do meio-dia [Sui], a força e
o calor; a do Ocidente dá uma luz sempre enfraquecida
que incita ao descanso. O Norte, obscuro, não recebendo
nenhuma luz, não precisa de janela" (ASLAN, 2012:632).
De fato, os aprendizes, colocados na coluna do Norte,
têm necessidade de ser iluminados, mas, nessa posição,
apenas percebem a luz solar que entra pela janela do Sul.
Já Denizart O. Filho (OLIVEIRA FILHO, vol. II, 2013:118)
entende que essas três janelas denotam três distintos
gêneros de experiência que se podem considerar como
três mundos distintos: o mundo divino ou experiência da
realidade transcendente (janela do Oriente); o mundo
exterior ou experiência da realidade objetiva (Ocidente);
o mundo interior ou experiência da realidade subjetiva
(Sul). Dessa forma, o companheiro orienta o templo
da vida individual para ser constantemente iluminado
em seus três gêneros de atividade: quando ingressa no
templo, enquanto nele trabalha e quando dele se retira.

141
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Os luminares — Como no templo, em que aparecem


no painel colocado no Oriente, atrás do trono do V.-.M.'.,
o Sol e a Lua estão figurados na parte superior do pai­
nel simbólico do grau 2 ao lado do conjunto compasso-
-esquadro-Estrela Flamejante. Os dois corpos celestes
representados juntos simbolizam a fonte de luz e esta
refletida. Isto quer dizer que o maçom, em particular o
companheiro, recebe a luz da sabedoria, emanada do
Oriente do templo, e reflete-a sobre aqueles que ainda
necessitam de esclarecimento. Vejamos agora cada um
desses luminares separadamente.

(Delta: imagem extraída de http://www.verdadeejustica.com.br/


paginas/simbolos.html)

O Sol — 0 Sol, o astro, está diretamente associado ao


princípio masculino, ativo e fecundante do Universo. É o
doador da luz, também o princípio da vida, a energia vital.
Em muitas culturas, era um dos deuses ou identificado
com a divindade. Assim foi no antigo Egito, de onde essa
concepção passou para os hebreus e daí, séculos depois,
para a Maçonaria.

0 Sol é elemento importante na simbologia alquímica


(relativa à antiga Alquimia), onde também é associado à
ideia de masculino. Para o maçom, o astro-rei é fonte de
luz, mas a luz intelectual, que sempre busca, e símbolo
da razão.

142
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A:.

Por que não há janela simbólica


no norte do templo maçônico?

A Lua — O satélite natural da Terra é relacionado com


o princípio feminino e passivo. Costuma simbolizar a in­
tuição, regularidade, afeição e a obediência. É também
de origem alquímica a representação da Lua nas lojas
maçônicas. Este uso pode-se ter inspirado em antigas
religiões, pois no Egito ela associava-se a ísis e na Grécia
era a deusa Selene. Era, ainda na mitologia grega, ligada
a outra deusa, Ártemis, que os romanos chamaram de
Diana.

Para o maçom, a Lua em quarto crescente simboliza evo­


lução e indica ao companheiro que há trabalho por fazer.
Mostra também a escalada iniciática do obreiro, das trevas
(lua nova) em direção à luz (lua cheia). "A Lua ilumina
porque é capaz de refletir a luz do Sol, assim também o
coração sensível ao bem só ilumina porque é capaz de
refletir a luz verdadeira da sabedoria emanada do Su­
premo Arquiteto do Universo. 'À imagem e semelhança
do Criador', a criatura faz brilhar a sua luz" (CAMPOS,
2014:152).

Compasso, esquadro e Estrela Flamejante — Entre o


Sol e a Lua, encontra-se o conjunto
compasso-esquadro-Estrela Flame­
jante. O compasso e o esquadro
juntos constituem notável e mui co­
nhecido símbolo maçônico conforme
vimos no capítulo 4.° — O Oriente. No

143
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

painel de companheiro, recebem a companhia da Estrela


Flamejante, emblema do grau.

O compasso — Já visto no capítulo 6.°.


O esquadro — Já visto no capítulo 6.°.
A Estrela Flamejante — Já vista no capítulo 5.° — A
Estrela Flamejante.

A trolha — Esse instru­


mento — espécie de pá
metálica achatada, de for­
ma losangular, com cabo
—, empregado na arte da
Trolha
construção, é semelhante
à colher de pedreiro. Esta serve para aplicar a massa, e a
trolha, para aplainá-la e assim aparar as arestas e remo­
ver desníveis da superfície. É neste sentido que a trolha
torna-se objeto simbólico na Maçonaria, pois, após trolha-
mento, isto é, a passagem da trolha,a massa apresenta-
-se uniforme e o edifício aparenta ser bloco único. Desse
modo, ao considerá-la como agente de retirada de irregu­
laridades e de tudo o que afeta a estética da construção,
ela simboliza a tolerância, a indulgência, a benevolência
e a conciliação. No painel do grau 2, encontra-se no lado
esquerdo, ou seja, no Norte.

A espada — Simboliza a liberdade,


característica do maçom, pois nos
tempos antigos somente os homens
livres podiam portar espada. Assim,
os escravos e servos não tinham per­
missão de usar tal arma. Ela também
pode significar a vigilância contra

144
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A :. A:.

ameaças à segurança do templo e dos trabalhos; tem


ainda muitos outros simbolismos. Espadas são utilizadas
em cerimônias maçônicas com finalidade estritamente
simbólica.

O nível — Já visto no capítulo 3.° — A filosofia do se­


gundo grau.
O prumo — Já visto no capítulo 3.° — A filosofia do se­
gundo grau.
A régua — Já vista no capítulo 6.° — As ferramentas do
companheiro.
A alavanca — Já vista no capítulo 6.° — As ferramentas
do companheiro.
O maço ou malho — Já visto no capítulo 6.° — As fer­
ramentas do companheiro.
O cinzel — Idem.

Que simboliza a espada?

A pedra bruta — Material de tra­


balho do aprendiz, a pedra bruta
(P.-.B.-.), uma das joias fixas do
templo, é pequeno bloco disforme de
pedra, cheio de saliências, reentrân­
cias, ângulos e arestas. É fragmento
de pedreira tal qual foi dali retirado.
Ela fica postada defronte à mesa do l.° Vigilante. É nela
que o neófito, ou seja, o aprendiz que acabou de ser
iniciado, cumpre sua primeira tarefa. A P.-.B.-. simboliza
a insipiência e as imperfeições humanas,o homem rude
e primitivo.

145
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

A pedra cúbica — Outra das


joias fixas do templo, a pedra
cúbica (também dita "pedra
polida") é onde trabalha o
com panheiro. Como vimos,
ela deriva da P..B.-., já com as
irregularidades removidas; as
arestas, aparadas; os lados,
Pedra cúbica alisados. É bloco trabalhado de
pedra e localiza-se ao lado da
mesa do 2.° Vigilante, A pedra cúbica é a obra final do
companheiro-maçom.

“O cubo sempre representa o id e a l da p e r fe iç ã o


hum ana, na medida em que se apresente com ab­
soluta igualdade, retidão e paralelismo tetragonal
nas três dimensões da vida material, moral e espi­
ritual, enquanto que, geralmente, a primeira, que
corresponde à profundidade, prevalece no estado
e atividade ordinários da humanidade.”
(OLIVEIRA FILHO, 2013:221)

As colunas vestibulares — Ladeando a porta de entra­


da, ainda no átrio, erguem-se as colunas vestibulares,
já que se localizam no vestíbulo. Elas não têm finalidade
arquitetônica, pois não suportam o teto. Seu propósito é
somente simbólico e decorativo. Inspiram-se nas colunas
de bronze do templo de Salomão e são designadas pelas
letras B (Boaz) e J (J....n), respectivamente a da esquer­
da e a da direita de quem as olha de frente. Tais nomes
referem-se ao bisavô do rei hebreu Davi e ao primeiro
sumo sacerdote do templo de Jerusalém.

146
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E .. A.-. A.\

Segundo alguns, represen­


tam os aprendizes e com ­
panheiros e assim servem,
simbolicamente, para guar­
da das ferramentas deles.
No topo dessas colunas de­
senhadas no painel, diferen­
temente do que se verifica
na realidade dos templos do
R.-. E.-. A.-. A.., encontram-
-se duas esferas:sobre a co­
luna "B", o globo terrestre;
sobre a "J", globo estrelado
(celeste), representando o Colunas vestibulares

Universo. Para os maçons,


essas esferas simbolizam "a extensão universal da
sociedade, recordando-lhes que a caridade que devem
praticar é o que há de maior e universal" (ASLAN,
2012:450).

Porta ocidental — É a única porta que dá acesso externo


ao templo. Está situada no Ocidente, onde o Sol se põe,
ou seja, onde a luz se extingue. Isso quer dizer que o
maçom ao retirar-se do templo deixa para trás a luz da
sabedoria e da fraternidade maçônicas.

Por outro lado, a porta do templo encontra-se fechada


durante os trabalhos. Isto significa que o acesso a eles
só é permitido para os profanos que demonstrarem qua­
lidades suficientes, vencerem provas e assim passarem
pela cerimônia da iniciação na Sublime Ordem.

147
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Q u a l o s im b o lis m o d a p e d r a c ú b ic a ?

Pavimento mosaico — O pavimento mosaico, um dos


ornamentos do templo, é o revestimento que cobre todo
o piso do Ocidente. É composto geralmente de cerâmica
quadriculada com ladrilhos brancos e pretos, como no
tabuleiro de xadrez. Antigamente, esse pavimento axa-
drezado restringia-se a retângulo disposto no centro dessa
área de circulação. Posteriormente, o GOB determinou
sua extensão a todo o piso do Ocidente. Em suas visitas
a outras lojas — e possivelmente em sua própria —, você
poderá observar esse retângulo. Entretanto, as lojas em
que o templo ainda se acha nessa condição estão, na
verdade, em desacordo com as determinações superiores.

Os ladrilhos brancos e pretos do pavimento mosaico repre­


sentam algumas dicotomias ou oposições: luz vs. trevas.
bem vs. mal (entre os quais o
iniciado caminha perigosamente
rumo à perfeição inatingível),
espírito vs. matéria. Pode, segun­
do alguns, também simbolizar a
união dos maçons, espalhados
pela superfície da Terra com sua
diversidade de cores e tipos.

Você poderá deparar em leitu­


ras com a expressão incorreta
"pavimento de mosaico". Quem
Pavimento mosaico assim diz confunde o adjetivo

148
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A ..

"mosaico" — relativo a Moisés, como em "lei mosaica"


— com o substantivo "mosaico = ladrilho". Mesmo assim,
fique informado da existência de autores respeitáveis que
insistem no acerto do emprego da citada expressão, que
julgamos equivocada.

Escada de cinco degraus — Como


todos sabemos, os degraus são ele­
mentos integrantes de uma escada,
que nos permitem subira algum lugar.
A escada de cinco degraus represen­ Escada alegórica de
tada no painel do grau 2 simboliza o cinco degraus
caminho de acesso aos mistérios do
grau de companheiro. Ela recorda os cinco sentidos, por
alguns dos quais o aprendiz pode ascender na escada
maçônica mediante o exercício da vontade que leve à
dedicação ao estudo, à pesquisa e ao uso da razão.

Assim, o primeiro degrau simboliza a prova da terra,


realizada na câmara de reflexão. Por isso, o aprendiz
antes de aspirar ao grau 2 deve visitar o interior da
terra — V.I.T.R.I.O.L.1 — "penetrando na realidade das

1 V .I.T.R .I.O .L.— Sigla formada pelas letras iniciais do lema hermético dos
alquimistas, em latim: "Visita interiorem terrae rectificandoque invenies occul-
tum lapidem", cuja tradução é: "Visita [tu] o interior da Terra e retificando-te
encontrarás a pedra oculta [a pedra filosofal dos alquimistas]". Devemos adentrar a
realidade do próprio mundo objetivo e não nos contentar com seu estudo ou
exame puramente exterior. Então, retificando constantemente nossa visão e
os esforços de nossa inteligência é que atingiremos o conhecimento da Ver­
dade, que nos liberta da ilusão. Vai ao interior da Terra e seguindo em linha
reta, em profundidade, encontrarás a pedra oculta. Essa alegoria quer dizer:
descendo ao fundo de si mesmo, pesquisando no mais recôndito do seu ser,
o profano terá a oportunidade, pela real iniciação, de descobrir a pedra filo­
sofal que constitui o segredo dos sábios, a verdadeira sabedoria. A alquimia
do iniciado não transforma o ferro em ouro, mas, fundamentalmente, a pedra
bruta — que representa nossa insipiência e nossas imperfeições — no ouro
puro do conhecimento maior. A alusão é à pedra filosofal, que teria o poder de
transformar os metais inferiores em ouro. Mas, para a Alquimia oculta ou mís­
tica, é convite para a procura do eu interior, do espírito, do âmago de cada ser.

149
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

coisas que se escondem atrás de sua aparência ou


forma exterior".

O segundo degrau corresponde à prova do ar, executada du­


rante a primeira viagem da cerimônia de iniciação. Ela lembra
ao aprendiz que mesmo diante dos ambientes mais hostis ele
deve permanecer firme em suas convicções, sem hesitação.

O terceiro dearau equivale à prova da água, realizada na


segunda viagem. Relacionada à calmaria e também à fúria
dos oceanos, ela mostra ao aspirante que deve dominar
as paixões, particularmente as desprezíveis, aquelas que
eventualmente possam surgirem seu íntimo. Ela também
simboliza o autocontrole, que lhe permite manter a sere­
nidade nas situações extremas e ser útil ao grupo social
na senda da Liberdade e da Justiça.

O quarto relaciona-se à prova do fogo, executada durante


a terceira viagem do aprendiz. Nesta, ele deve desejar
que o calor das chamas seja tão intenso quanto o calor
de seu entusiasmo nas lutas em favor da sociedade, da
Pátria e da Sublime Ordem.

Finalmente, o quinto dearau. que o agora companheiro


pode finalmente galgar, corresponde à quintessência, a
substância sutil a que nos referimos no capítulo quinto. "É
o princípio da Luz e da Palavra",2 que combate as trevas
e eleva o iniciado (João, 1:4-5 e 6:63). "Palavra": em
grego Aó y o ç = logos3.

2 OLIVEIRA FILHO, op. Cit., p. 142.


3 Logos — Muitas vezes, os primeiros cristãos empregavam esse vocábulo para
referir-se ao próprio Cristo.

150
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A.-. A.\

Mas cada um dos cinco degraus significa


isso mesmo? Sim, de acordo com Denizart
de Oliveira Filho (OLIVEIRA FILHO, vol. II,
2013:141-142). Para ele, de fato, tais degraus
correspondem aos elementos e experiências
das provas iniciáticas. Dessas, quatro são
aquelas pelas quais o candidato a aprendiz-
-maçom passou na iniciação. A quinta já é
apanágio do companheiro: remete à quinta viagem da
elevação.

Que representam os cinco degraus


da escada do companheiro?

Observe que quatro das citadas provas, próprias da ce­


rimônia de iniciação, relacionam-se diretamente com os
quatro elementos dos antigos. Contudo, agora o maçom já
não é mais aprendiz: com a elevação, tornou-se compa­
nheiro e doravante tomará contato com outros conteúdos
do conhecimento:

“Mas o companheiro é sensibilizado em avançar,


pois agora tem a liberdade. Não se contenta com
o QUATRO e descobre a q u in tessên cia , pela sua
capacidade de raciocínio, o seu livre-arbítrio, e aí
sente em verdade porque é um ser diferente neste
universo.

Diriamos, então, o ser humano seria a quintessên­


cia neste universo, pela sua condição diferenciada
comparada a tudo que existe?

Já descobre que os quatro elementos que a sua

151
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

visão espiritual sentiu na iniciação são agora


representados pelo carbono, pelo nitrogênio,
pelo hidrogênio e pelo oxigênio, que é a com­
posição de tudo neste universo. N esse estágio, o
companheiro assume consigo o compromisso de
começar a tracejar as suas atitudes, a sua vida,
pela razão, fugindo paulatinamente de ações e
de reações instintivas”.
(GODOY, 2016:39)

O painel alegórico

Diferentemente do painel simbólico, que exibe as ferra­


mentas e os elementos decorativos do grau de companhei­
ro, o painel alegórico mostra as alegorias características
desse grau.

Observemos, de pas­
sagem, que o ritual do
Grande Oriente do Bra­
sil, grau 2, não mostra o
painel alegórico, apenas
o simbólico.

Já o ritual de compa­
nheiro da Grande Loja
Maçônica do Distrito
Federal não só exibe
dito painel como insere
outra gravura em que
detalha a escada de
Escada de caracol caracol.

152
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .. A:.

Em gravura do painel, não retirada desse ritual, vemos


alguns símbolos do segundo grau,uns bem evidentes,
outros nem tanto.

Escada de caracol — Elemento simbólico típico do grau


de companheiro. Essa escada, de significado esotérico e
alegórico, mostra os três degraus do aprendiz,os cinco do
companheiro e os sete do mestre-maçom.

Isto significa que o jovem aprendiz amadureceu, tornou-


-se companheiro e esforça-se por avançar, por subir na
escalada maçônica. A subida é difícil e tortuosa. Todavia,
através do estudo e da perseverança, ele chega à matu­
ridade e ao mestrado, ou seja, à plenitude maçônica no
simbolismo. Sim, porque se ele é obreiro do R.-.E.'.A.-.A.-.
só alcançará a plenitude maçônica no grau 33.

Na gravura, vemos dois companheiros conversando a


respeito da subida da escada. No topo, encontra-se um
mestre, que aguarda aqueles dois irmãos empreenderem
a caminhada até se reunirem a ele.

Veja então a diferença das condições de acesso ao pri­


meiro e ao segundo grau.

Na iniciação, o candidato está nas trevas e passa por


provas simbolicamente difíceis e perigosas. Contudo, ele
sente que, se for firme e decidido, superará os obstáculos.
Na escada de caracol, ele subirá os três primeiros degraus,
mas está em patamar ainda dominado pela matéria.
(Lembre-se da posição do esquadro sobre o compasso no
altar dos juramentos em sessão de aprendiz.)

153
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Já no grau 2, o elevando, em sua ascensão pelos cinco


degraus, encontra condições mais suaves, em ambiente
mais iluminado e espiritualizado. Esses degraus remetem
aos cinco sentidos humanos e também representam as
quatro provas da iniciação mais a última viagem da eleva­
ção. Assim, ele, com seu empenho, recebe o pagamento,
mas muito além de algo material. Ele subiu ao patamar
intermediário da escada e viu que as diferenças entre o
primeiro estágio e o segundo são extraordinárias.

Posteriormente, o companheiro, a persistir no propósito


de continuar a subir a escada, galgará os sete degraus
restantes (e muitos outros mais além, nos graus supe­
riores) e atingirá o mestrado. Esses degraus representam
as sete ciências e artes liberais do mundo antigo, que já
mencionamos no capítulo 3.°: Gramática, Retórica, Lógica,
Aritmética, Geometria, Música e Astronomia.

Na subida da escada de caracol, o companheiro executa


movimento giratório sobre si mesmo, o qual, em sentido eso­
térico, simboliza a visão para dentro dele próprio em busca
do autoconhecimento. (Reveja o V.I.T.R.I.O.L., na p. 149.)

Isso vai ao encontro do que já havia sido dito Sócrates


(469 a.C.-399 a.C.), importante filósofo grego: "Conhece-
-te a ti mesmo" (em grego, rva>8i cteoutcúv), célebre frase
inscrita no santuário Sócrates do deus Apoio em Delfos,
Grécia. O Irmão José Castellani ainda acrescenta:

“Para isso, ele [o iniciado] recebe a Iniciação, que


ensina, principalmente ao companheiro e em pri­
meiro lugar, a esquecer tudo aquilo que lhe é pró­
prio, para, em seguida, concentrar-se, descendo ao
âmago dos próprios pensamentos, com o intuito de

154
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A:.

se aproximar da fonte da pura Verdade, instruindo-


-se, assim, não pelas sábias lições dos mestres, mas
pelo exercício constante da meditação”.
(CASTELLANI, 2006:331)

Se observarmos a escada de caracol com atenção, pode­


remos estabelecer paralelo entre ela e a própria oficina. A
escada tem três lanços, como vimos, compostos de três,
cinco e sete degraus.

N o q u e c o n s is te a e s c a d a d e c a r a c o l?

A loja, para ser considerada justa e perfeita, necessita de


três que a governem (o V.-.M.-. e os Vigilantes); cinco
que a componham (aos três primeiros juntam-se o Ora­
dor e o Secretário); sete que a completem. (Aos cinco
somam-se mais dois obreiros, um dos quais exercerá
necessariamente o cargo de Cobridor. É conveniente que
o outro seja o Mestre de Cerimônias.)

Colunas e globos — Já comentamos anteriormente as


colunas e os globos. Lembramos que no grau 1, apesar
de no respectivo painel simbólico figurarem tais esferas,
nas lojas do R.-.E.-.A.-.A.-. os capitéis das colunas vestibu­
lares são romãs. Contudo, no painel do grau 2, também
aparecem as mesmas esferas, que representam o globo
terrestre e o celeste.

As paredes do edifício — Podem passar despercebidas


do observador desatento as paredes dessa construção.
Entretanto, ela é especialmente característica do segundo
grau. Podemos claramente ver que essas paredes foram

155
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

construídas com pedras trabalhadas, polidas, isto é, pe­


dras cúbicas. Elas constituem a marca do companheiro,
que, depois de ter desbastado as pedras brutas como
aprendiz, agora trata de poli-las para poderem encaixar-se
perfeita e simbolicamente nas paredes do edifício físico,
mas, sobretudo, do edifício social.

Assim, polido, o companheiro habilita-se a inserir-se ade­


quadamente no grupo a que pertence. Com isso, poderá
contribuir, com sua ação e exemplo, para o aperfeiçoamen­
to da sociedade de acordo com os princípios maçônicos.
Para cumprir tal dever, necessitará trilhar os caminhos da
Justiça e da Retidão, ou seja, pôr em prática o simbolismo
do compasso e do esquadro.

Qual o simbolismo das paredes do edifício no


painel alegórico do grau de companheiro?

Na ilustração em cores, contida no ritual da GLMDF-Grau


de companheiro, que corresponde ao painel alegórico,
notamos algumas diferenças com relação à gravura há
pouco descrita.

Em ambas, o pavimento predominante apresenta quadra­


dos escuros em fundo branco, não o pavimento mosaico.
Este aparece, no painel da GLMDF, em tamanho menor,
mais ao fundo do interior do edifício.

Nessa outra seção, ao fundo, ao final do pavimento mo­


saico, vemos parede sobre a qual aparece inscrição com
o nome inefável do G.-.A.-.D.-.U.-. em hebraico:

156
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E .. A.-. A.\

P A IN E L D A L O JA D E C O M P A N H E IR O M A Ç O M

GLMDF

157
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Na mesma parede, encontra-se uma porta, que dá acesso


a aposento dentro do qual se encontra lâmpada antiga,
com a chama acesa sobre quadrado. Ela representa
a sabedoria ou o conhecimento.O quadrado provavel­
mente sugere espécie de móvel, sobre o qual se apoia
a lâmpada.

No restante do interior do edifício, vemos em primeiro


plano a escada de caracol, que dá acesso ao mencionado
pavimento mosaico e à parede com a inscrição hebraica.

Ao lado da escada de caracol, na parede, vemos, como


decoração, um esquadro, um compasso fechado e outro
esquadro, com aparência de nível.

Ao pé da escada, encontra-se figura humana, possivel­


mente o aprendiz, quase entre as colunas vestibulares,
voltado para panorama mais amplo. Neste, figura uma
pirâmide e a Esfinge, ao fundo. Em primeiro plano, um rio,
que se imagina ser o Nilo, na margem do qual aparecem
pés de trigo.

É provável essa alegoria representar o maçom diante do


conhecimento desconhecido, que lhe cabe tentar absorver
e compreender. O rio simboliza o caminho que o levará
até lá e o trigal, a fartura, a abundância desse mesmo
conhecimento.

Assim, no painel alegórico da GLMDF, parece haver dois


caminhos a disposição do iniciado na busca do conheci­
mento: a escada de caracol e o rio. Provavelmente, eles
se equivalham.

158
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A :. A;.

Finalmente, na parede em primeiro plano, no interior do


edifício, vemos janelas com treliças ou grades e, do lado
esquerdo delas, a estrela de seis pontas, radiante, no
interior da qual aparece a letra "G".

Q u e p a r a le lo p o d e m o s e s t a b e le c e r
e n t r e a e s c a d a d e c a r a c o l e a lo j a ?

Leitura recomendada: (Procure a referência


na Bibliografia.)

> Curso de formação de aprendizes do R..E..A..A.'.


(HERNANDES, P.A.O., 2015).
> Da elevação rumo à exaltação, vol. II (OLIVEIRA
FILHO, D. S., 2013).
> Dicionário enciclopédico de Maçonaria e simbolo-
gia (ASLAN, N., 2012).
> Instrucional maçônico: grau de companheiro
(CAMPOS, T. A., 2014).
> Ritual da GLMDF, grau de companheiro (RITUAL-
-GLMDF 2.° grau, 2010).

Questionário de fixação

Quais são os painéis do grau de companheiro-maçom?


São o painel simbólico e o alegórico.

Qual dos dois fica exposto nas sessões de grau 2?


O simbólico.

159
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Qual a diferença entre os dois painéis?


O painel simbólico exibe as ferramentas e os elementos
decorativos do grau de companheiro, ao passo que o painel
alegórico mostra as alegorias esotéricas características
desse grau.

No painel simbólico, para que servem as três janelas?


Elas recordam os tempos operativos, quando as janelas
das edificações em que os artífices trabalhavam serviam
para eles observarem a marcha do Sol.

Por que, no painel simbólico, não há janela no Norte?


Porque o Sol não bate nessa região do templo.

Denotada e conotadamente, para que serve a trolha?


Denotadamente, serve para aplicar a massa na cons­
trução e assim aparar as arestas e remover desníveis
da superfície. Conotadamente, o trolhamento, isto é, a
passagem da trolha remove arestas e irregularidades no
relacionamento entre irmãos. Assim, a trolha simboliza a
tolerância, a indulgência, a benevolência e a conciliação.

Qual é a obra final do companheiro-maçom?


A pedra cúbica. Ela é bloco de pedra livre de irregularida­
des e imperfeições, pronto para encaixar-se nas paredes
da construção. Simbolicamente, representa o maçom
polido e tolerante, pronto para inserir-se no edifício social,
que ele ajuda a erguer com seu exemplo e participação.

No painel simbólico do grau, que simboliza a escada


de cinco degraus?
Simboliza o caminho de acesso aos mistérios do grau de
companheiro.

Que quer dizer cada um desses degraus?


O primeiro simboliza a prova da terra. O segundo, a prova

160
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A:. A:.

do ar. O terceiro representa a prova da água. O quarto, a


do fogo. Todas essas provas, na iniciação. O quinto degrau
significa a última prova da elevação e também a quin­
tessência, ambas relacionadas ao grau de companheiro.

Que significa V.I.T.R.I.O.L.?


É sigla formada pelas letras iniciais do lema hermético dos
alquimistas, em latim: "Visita interiorem terrae rectifican-
doque invenies occultum lapidem", cuja tradução é: "Visita
[tu] o interior da Terra e retificando-te encontrarás a pedra
oculta [a pedra filosofai dos alquimistas]". Devemos adentrara reali­
dade do próprio mundo objetivo e não nos contentar com
seu estudo ou exame puramente exterior. Então, retificando
constantemente nossa visão e os esforços de nossa inteli­
gência é que atingiremos o conhecimento da Verdade, que
nos liberta da ilusão. A Terra, no caso, é o próprio iniciado.

Nos painéis simbólicos do grau 1 e 2 do R . E. A A


os mesmos globos figuram acima dos capitéis?
Não. No ritual do GOB-grau 1, o painel simbólico mostra,
acima dos capitéis das duas colunas vestibulares, figura
de três romãs abertas em cada uma. No painel do grau
2, na mesma posição, vemos sobre a coluna "B" o globo
terrestre e, sobre a coluna "J", o globo celeste. No ritual
da GLMDF-grau 1, veem-se as mesmas romãs abertas.
No ritual de grau 2, a natureza e posição dos globos é
idêntica à que vemos no ritual de companheiro do GOB.

No painel alegórico do segundo grau, qual compo­


nente chama mais a atenção?
A escada de caracol.

Que significa ela?


A escada de caracol é elemento simbólico típico do grau

161
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

de companheiro. De complexo significado esotérico e ale­


górico, mostra os três degraus do aprendiz, os cinco do
companheiro e os sete do mestre-maçom. Isto significa
que o jovem aprendiz amadureceu, tornou-se compa­
nheiro e esforça-se por avançar, por subir na escalada
maçônica. A subida é difícil e tortuosa, mas possível de
ser realizada.

Qual é a plenitude maçônica no simbolismo?


O grau de mestre.

Quando é que o obreiro pertencente a loja do


R. .E.-.A.-.A.. alcança a plenitude maçônica?
Quando atinge o topo da escada, o grau 33.

Que paralelo podemos estabelecer entre a escada


de caracol e a oficina maçônica?
A escada tem três lanços, como vimos, compostos de três,
cinco e sete degraus. A loja em oficina, para ser conside­
rada justa e perfeita, necessita de três que a governem: o
V.-.M.-. e os Vigilantes; cinco que a componham: aos três
primeiros juntam-se o Orador e o Secretário; sete que a
completem: aos cinco somam-se mais dois obreiros, um
dos quais exercerá necessariamente o cargo de Cobridor.
É conveniente que o outro seja o Mestre de Cerimônias.

Que elemento decorativo do painel alegórico do


segundo grau pode passar despercebido? Que
significa?
São paredes de alguma edificação. Podemos claramente
ver que elas foram construídas com pedras trabalhadas,
polidas, isto é, pedras cúbicas. Constituem a marca
do companheiro, que, depois de ter desbastado as pe­
dras brutas como aprendiz, agora trata de poli-las para

162
Curso de Formação de Companheiros do R E . - . A :. A.\

poderem encaixar-se perfeita e simbolicamente nas pa­


redes do edifício físico, mas, sobretudo, do edifício social.

No painel alegórico do grau 2 da GLMDF, o que


chama mais a atenção no panorama que o aprendiz
observa?
A pirâmide e a Esfinge, que representam o conhecimento
misterioso do grau de companheiro, ao qual o aprendiz
terá acesso depois de longo caminho, simbolizado pelo rio.

163
Paulo Antonio Outeiro Hemandes

O QUE A SIMBOLOGIA CONSTANTE DESTE


C A P ÍT U L O T E M A V E R CO M SEU COTIDIANO
N A (CONDIÇÃO) D E MAÇOM

O grau de companheiro requer atitude de introspec-


ção do maçom: ele volta-se para o interior de si mes­
mo, para o autoconhecimento, para a autoanálise.

• Perguntamos: v o cê j á p a r o u p a r a a v a lia r o q u e
e s tá fa z e n d o n a S u b lim e O rd e m ? S u a s u b id a n a
e s c a d a m a ç ô n ic a a té a g o ra e s tá d e a c o rd o c o m a s
e x p e c ta tiv a s ?
/
E f á c il a g ir rigorosam ente assim ? Claro que não. Afinal,
o d esb aste da p ed ra b ru ta e sua transform ação em cubo
polido é trab alh o árduo e longo. N a verdade, sem prazo
para term inar. M a s não f o i para isso que você ingressou
na Sublim e O rd em ?

164
Curso de Formação de Companheiros do R.é. E.-. A :. A:.

EXERCÍCIO DE VERIFICAÇÃO - Capítulo 7.°

1. Elementos do painel simbólico de companheiro já co­


nhecidos do aprendiz:

□ a) Alavanca, régua e maço


□ b) Maço, cinzel e pedra bruta
□ c) Maço, cinzel e pedra cúbica
□ d) Sol, Lua e Estrela Flamejante
□ e) Letra "G", colunas e orla dentada

2. Painel simbólico do grau de companheiro — Associe


corretamente os elementos da primeira coluna com os
da segunda e marque a opção correspondente:

1. GOB v. Grades mais evidentes nas janelas, na


gravura do ritual.
2. GLMDF w. Orla dentada com letras no centro de
cada lado do retângulo.
x . Orla dentada com pequenos triângulos
no centro de cada lado do retângulo.
y. Ornamentos na base das colunas.
z. Ornamentos no fuste das colunas.

□ a) 2v 2w lx iy lz
□ b) 2v 2w lx 2y 2z
□ c) lv lw 2x iy 2z
□ d) 2v 2w lx 2y lz
□ e) lv lw 2x iy lz

165
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

3 .Painel sim bólico do grau de com panheiro -


V.I.T.R.I.O.L. - Afirmativa INCORRETA:

□ a) A sigla VITRIOL é formada pelas iniciais de lema


alquímico.
□ b) Descer ao interior da terra = chegar ao fundo de
si mesmo.
□ c) A pedra oculta a encontrar é a pedra filosofal dos
alquimistas.
□ d) Para a Alquimia mística, o ferro pode-se transfor­
mar em ouro.
□ e) Retificando a visão, chegaremos ao conhecimento
da Verdade.

4. Painel alegórico do grau de companheiro - Escada


de caracol — Assinale com "V" (verdadeira) ou "F"
(falsa) cada uma das afirmativas abaixo e marque a
opção correspondente:•

• A escada de caracol mostra os três degraus do


aprendiz, os cinco do companheiro e os sete
do mestre-maçom............................................( )
• Na escada, estão representados dois
companheiros e um mestre.............................. ( )
• O aprendiz ao chegar ao segundo lanço da
escada encontra as mesmas condições que
experimentou no primeiro lanço........................( )
• Na subida da escada, o companheiro não pode
galgar os sete degraus restantes.......................( )
• Os cinco degraus simbolizam os sentidos humanos. ( )

166
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A:.

□ a) V-V-F-V-F
□ b) F-F-F-V-F
□ c) V-V-F-F-V
□ d) V-F-V-F-V
□ e) F-V-V-F-V

5. Painel alegórico do grau de companheiro - Escada


de caracol — Localize as afirmativas corretas e marque
a opção correspondente:

I. Do início ao fim da subida, o companheiro


sempre vai em linha reta............................... ( )
II. O último lanço da escada representa as sete
ciências e artes liberais do mundo antigo........ ( )
III. No painel alegórico da GLMDF, a lâmpada
acesa simboliza o espírito de curiosidade
do maçom..................................................... ( )
IV. As paredes do edifício foram construídas com
pedras cúbicas............................................... ( )
V. Na loja justa e perfeita, podemos estabelecer
paralelo entre a composição da oficina e a
escada de caracol...........................................( )

□ a) I, IV e V
□ b) Apenas I e III
□ c) I, III e IV
□ d) Somente II e V
□ e) II, IV e V

Respostas nas pp. 265-269.

167
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

168
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A.\ A.-.

Capítulo 8.°

Elementos da ritualística do Rito


Escocês Antigo e Aceito na loja de
grau 2

Nas sessões ordinárias, a ritualística em loja de aprendiz e


na de companheiro é quase a mesma. Há, porém, algumas
diferenças, que passaremos a comentar.

Sinal de ordem e saudação — Assim como o sinal de


ordem do grau 1 recorda o juramento feito pelo candidato
durante a iniciação, o de companheiro também lembra o
compromisso assumido na elevação. Desse modo, a mão
dir.-. sobre o cor.-, em forma de gar.-. simboliza o desejo
do elevando de, se for perjuro, ter esse órgão arrancado
"para servir de pasto aos abutres" (RITUAL-GOB, 2.°
grau, 2009:85).

O gesto da saudação igualmente lembra o juramento


prestado. O movimento, tanto no primeiro grau como no
segundo, é executado de modo rápido e ríspido.

Que recorda ao maçom a saudação do grau 2?

169
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Marcha — A marcha do companheiro é continuação da


do aprendiz. Aos três passos iniciais acrescentam-se
dois. Dessa forma, o obreiro dá os passos de aprendiz e
simultaneamente faz o sinal de ordem desse grau. Em
seguida, faz sinal de companheiro e dá mais dois passos,
oblíquos: o primeiro, à direita e o segundo, à esquerda
juntando os pés a cada vez.

I3
0
I 2
0
I 1
0
Note que na execução da marcha do grau 2 os três primei­
ros passos constituem linha reta. Depois, o passo à direita
e o último, à esquerda, formam dois lados de triângulo,
mas falta um para completar essa figura geométrica. Se
aquela reta fosse prolongada, completaria o triângulo. Por
analogia, também falta ao companheiro mais um grau
para atingir a plenitude maçônica no simbolismo.

As batidas — As pancadas na porta, as batidas com os


malhetes e a bateria executam-se conforme o número do
companheiro. As batidas são dadas na sequência
O intervalo entre as duas séries lembra o interregno que
houve entre a iniciação e a elevação.

Você certamente há de se lembrar das batidas com o


malho na pedra cúbica durante sua elevação. Foram duas

170
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.-. A.\

batidas a mais relativamente à cerimônia de iniciação.


Tudo é simbólico: o polimento, executado pelo compa­
nheiro, do bloco de pedra já desbastado pelo aprendiz é
mais trabalhoso. Isto significa que o esforço é maior para
o maçom chegar a estar pronto para inserir-se no edifício
social a fim de poder contribuir, pelo exemplo e pela ação,
para o aperfeiçoamento da sociedade a que pertence.

Na marcha de companheiro, por que falta algo


para com pletar a figura do triângulo?

Luzes dos candelabros — Nas sessões do segundo grau,


os candelabros dos W ig c o n tin u a m com uma lâmpada ou
vela acesa em cada um. O do V.-.M.-., porém, está com as
três luzes acesas. Assim, o total delas, cinco, corresponde
ao número do companheiro.

l.o Vig.-. V.-.M.-. 2.° Vig.-.

Você certamente aprendeu, quando ainda estava no grau


inicial, que as lâmpadas ou velas dos candelabros indicam
o grau da sessão e acendem-se em homenagem ao Grande
Arquiteto do Universo.

171
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Localização dos companheiros — No cortejo de entrada


das sessões a que o obreiro do grau 2 tem acesso, ele
é o segundo a entrar, depois dos aprendizes. Na saída,
inversamente, é o penúltimo.

No templo, os companheiros sentam-se no topo da colu­


na do Sul. Desse modo, estão de frente para o l.° Vig.\,
responsável — nas lojas do GOB — por sua instrução.

Diferentemente da abertura das sessões de grau 1, nas de


companheiro, os VVig.-. saem de suas mesas e percorrem
as colunas para atender à ordem do V.-.M.-. de verificar
se todos os irmãos das respectivas jurisdições são com-
panheiros-maçons. Nesse momento, todos os presentes
estão de pé e à ordem e voltados para o Oriente.

Para efetu ar tal exam e, p re scrito pelo ritual, os


VVig .-."percorrem as suas ccol.-., começando pelo Ir.-, que
está mais próximo à porta de entrada, recebem o sin.-.,
etc." (RITUAL-GOB 2.° grau, 2009:29).

Repare que, devido a confusão terminológica, ainda não


esclarecida no meio maçônico, no citado ritual consta que
os VVig.-. "recebem o sinal". Que sinal? Evidentemente, o
sinal de ordem do grau. Mas todos os irmãos das colunas
já estão à ordem faz algum tempo e os VVig.-. olham-nos
de frente e veem que fazem o sinal de ordem. Como então
"recebem" dito sinal?

Na verdade, o que os VVig.-. recebem é a saudação ma-


çônica, ou seja, o movimento que o obreiro faz a partir
do sinal de ordem.

172
Curso de Formação de Companheiros do R.'. E A . \ A.\

Por isso, é preciso deixar bem claro o sentido de cada


uma dessas expressões:

• Sinal de ordem — Disposição corporal normatizada,


estática, de um ou dos dois membros superiores (com
destaque para o todo ou parte deles — dedo, mão, mão
e braço), que caracteriza determinado grau maçônico,
tanto no simbolismo como nos graus superiores.
• Saudação maçônica — Movimento executado, de
forma rápida e ríspida, a partir do sinal de ordem.

Tanto o sinal como a saudação são feitos com o maçom


de pé e em loja.

De acordo com o ritual do GOB, com exceção dos irmãos


que ocupam cargos (dignidades e oficiais) e os situados
no Oriente — que não são examinados —, todos os demais
passam pela verificação dos VVig... Na prática, porém, os
companheiros é que são alvo preferencial da verificação,
procedida pelo 2.° Vig.\.

Conforme o ritual da GLMDF, na abertura dos trabalhos


em sessão de companheiro, esse exame é semelhante ao
descrito no ritual do GOB. Contudo, não há referência à
necessidade de todos se voltarem para o Oriente nem à
dispensa de verificação das dignidades e oficiais.

Onde se sentam os companheiros no templo


maçônico? Por que se sentam aí?

173
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Leitura recomendada: (Procure a referência


na Bibliografia.)
> Ritual do 2.° grau, GOB (RITUAL-GOB 2.° grau, 2009).
> Ritual GLMDF-Grau de com panheiro (RITUAL-
-GLMDF 2.° grau, 2010).

JL Questionário de fixação

A saudação do companheiro recorda que parte do


juramento prestado na elevação?
A saudação no grau 2 lembra ao companheiro que, se for
perjuro, ele pede seja seu cor.-, arrancado.

Como é a marcha do companheiro-maçom?


Ele faz os três passos do aprendiz e simultaneamente o
sinal correspondente. Em seguida, faz o sinal de compa­
nheiro e dá mais dois passos, oblíquos: o primeiro, à di­
reita e o segundo, à esquerda juntando os pés a cada vez.
O que lembra a figura formada pelos dois passos oblíquos?
Lembra triângulo ao qual falta um lado.

Que isso simboliza?


Como ainda falta um lado para completar o triângulo,
também falta uma etapa para o maçom atingira plenitude
no simbolismo: o mestrado.

Quantas são as batidas na sessão de grau 2?


São cinco.

Essas cinco batidas são dadas sem interrupção?


Não. Há intervalo depois da terceira batida.

174
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A.\ A:.

Que isso significa?


Representa o interregno de um ano entre a iniciação e a
elevação desde que o aprendiz tenha frequência suficiente
e a ascensão, aprovada pela oficina.

Por que as batidas do companheiro na pedra cúbica são


em número maior que as do aprendiz na pedra bruta?
Porque o polimento da P..C.-. é mais trabalhoso que o
desbaste na P.\B.\.

Que isso quer dizer?


Que o esforço é maior para o maçom chegar a estar pronto
para inserir-se no edifício social a fim de poder contribuir,
pelo exemplo e pela ação, para o aperfeiçoamento da
sociedade a que pertence.

Quantas são as lâmpadas ou velas acesas nos cande­


labros das luzes da loja em sessão de companheiro?
Como se distribuem? Que significa "luzes" nesta
pergunta?
São cinco: três no candelabro do V.-.M.-. e uma em cada
candelabro dos VVig.-.. Neste contexto, "luzes" significa o
c o n ju n to d o s trê s p r in c ip a is d irig e n t e s d a lo ja : o V.-.M:.,
o l . ° Vig:. e o 2 .° Vig:..

Por que essas lâmpadas/velas são acesas durante


os trabalhos?
Para indicar o grau da sessão e prestar homenagem ao
Grande Arquiteto do Universo.

Onde se sentam os companheiros nas sessões?


No topo da coluna do Sul.

Por que se situam aí?


Para estarem à vista do seu instrutor, o l.° Vig.-. — nas

175
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

lojas do GOB —, sentado na coluna do Norte. Nas lojas da


GLMDF, os companheiros também se sentam no topo da
coluna do Sul, mas para estarem ao lado do seu mestre,
já que nessa obediência o 2.° Vig.\ é que é o supervisor
de sua instrução.

176
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .. A:.

O QUE A SIMBOLOGIA CONSTANTE D ESTE


C A P ÍT U L O TEM A VER C O M SEU COTIDIANO
N A C O N D IÇ Ã O D E M A Ç O M

Na marcha do companheiro, os passos oblíquos mos­


tram que falta um lado para completar o triângulo,
ou seja, falta ainda uma etapa para ele chegar à
plenitude maçônica no simbolismo: o mestrado.

> Perguntamos: v o cê e s tá e s tu d a n d o o r itu a l d e c o m ­


p a n h e iro e a p re n d e n d o c o m a lite ra tu ra p a ra m a ç ô n ic a
a fim d e s e p r e p a r a r a d e q u a d a m e n t e p a r a o e x a m e
q u e lh e a b rirá a s p o r t a s d a e x a lta ç ã o ?

O polimento da P.-.C.-. é mais trabalhoso que o des-


baste na Isso significa que o esforço é maior
para o maçom chegar a estar pronto para inserir-se no
edifício social a fim de poder contribuir, pelo exemplo
e pela ação, para o aperfeiçoamento da sociedade a
que pertence.

> Perguntamos: v o c ê e s tá d a n d o e s s e e x e m p lo n o
m e io f a m ilia r e s o c ia l, o u s e ja , e x e m p lo d e c o n d u ta
in fle x iv e lm e n te re ta e j u s t a ? E n a lo ja ? V o cê é fa t o r
d e r e fo rç o da h a rm o n ia e d a c o n c ó r d ia ?

E fá c il a g ir rigorosam ente assim ? Claro que não. Afinal,


o d esb aste da pedra b ru ta e sua transform ação em cubo
polido é trab alh o árduo e longo. N a verdade, sem prazo
para term inar. M a s não f o i para isso que você ingressou
na Sublim e O rdem ?

177
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

EXERCÍCIO DE VERIFICAÇÃO - Capítulo 8.°

1. Nas sessões ordinárias de grau 2, uma destas opções


é igual à do grau de aprendiz:

□ a) Marcha
□ b) Sinal de ordem
□ c) Bateria do grau
□ d) Luzes dos candelabros
□ e) Circul.'. do Hosp.'. no Or.-.

2. Ritualística do segundo grau — Afirmativa correta:

□ a) Na marcha, os três primeiros passos formam


triângulo.
□ b) Na bateria do grau, as pancadas são dadas sem
intervalo.
□ c) Há três luzes nos candelabros do Venerável e de
cada Vigilante.
□ d) Os companheiros sentam-se em qualquer fileira
da coluna do Sul.
□ e) São cinco as batidas que o companheiro dá na
P.-.C.-. na elevação.

3. Marcha do companheiro — Afirmativa INCORRETA:

□ a) Na execução, o sinal de ordem muda.


□ b) Em cada movimento, os pés juntam-se.
□ c) A marcha é muito diferente da do aprendiz.
□ d) Os três primeiros passos são dados em linha reta.
□ e) O quarto passo é dado à direita e o quinto, à es­
querda.

178
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.-. A.-. A.\

4. Ritualística do grau 2 — Identifique as afirmativas


corretas e marque a opção correspondente:

I. O número de batidas do comp.-. na pedra


lembra que seu ofício é mais trabalhoso do
que o do aprendiz.......................................... ( )
II. A saudação deve ser executada de forma
lenta e suave.................................................( )
III. A quantidade de luzes nos candelabros do
V.-.M.-. e dos VVig.-. indica o grau da sessão. ...( )
IV. Quando à ordem, os pés do companheiro
não precisam ficar em esquadria.................... ( )
V. As lâmpadas ou velas dos candelabros são
acesas em homenagem ao G.-.A.-.D.-.U.'...........( )

□ a) II, III e V
□ b) I, III e V
□ c) I, II e IV
□ d) I, IV e V
□ e) II, III e IV

5. Marque as afirmativas a seguir com "V" (verdadeira)


ou "F" (falsa) e assinale a opção correspondente:•

• A saudação no grau 2 lembra ao companheiro


que ele próprio pediu para ter o cor.', arrancado
para alimentar os abutres se for perjuro...........( )
• O companheiro, nas lojas da GLMDF, senta-se na
coluna do Sul, onde fica ao lado do seu mestre.... ( )
• Do seu lugar, os companheiros estão de frente
para o l.° Vig.'., responsável por sua instrução
nas lojas do GOB............................................ ( )

179
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

• Em sessão do segundo grau, o exame dos


presentes pelos VVig... é muito diferente
conforme os rituais do GOB e da GLMDF.......... ( )
• Na marcha, o passo faltante para completar o
triângulo significa que falta ao companheiro mais
um grau para atingir a plenitude maçônica....... ( )

□ a) V-F-V-F-V
□ b) V-V-V-F-V
□ c) F-V-F-V-F
□ d) V-V-V-F-F
□ e) F-F-F-V-F

180
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A.-. A.-.

Capítulo 9.°

Comentários sobre as viagens da


elevação

Se no grau de aprendiz es­


tam os, sim bolicam ente, na
prevalência da matéria sobre
o espírito (haja vista a posição
do esquadro sobre o compasso
no altar dos juramentos), nos
trabalhos de companheiro já
houve incremento no nível de
Esquadro e compasso em
espiritualidade. (Aqui também loja de companheiro (GOB)
vale a observação sobre a po­
sição do esquadro e do compasso juntos.)

"Pitágoras ensinava aos seus discípulos que a Geometria


no espaço é o pensamento da Energia criadora" (AS-
LAN,2012:532). Por isso é que o Grande Arquiteto, no
segundo grau, é considerado o Grande Geômetra. Porque a
Inteligência Universal utilizou os elementos de que se vale
a Geometria na obra da criação: retas, curvas, ângulos,
circunferências, polígonos, círculos, etc.

Nas sessões de companheiro, as vibrações psíquicas e

181
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

espirituais são mais altas. É para auxiliar o aprendiz a


ascender a esse plano que uma palavra de passe ser-lhe-
-á transmitida na elevação. Ela, como já vimos, significa
a b u n d â n c ia , mas não de bens materiais e sim, de conhe­
cimento, de sabedoria e de espiritualidade.

Q u a l a d iferen ça q ue há, n os tra balh o s do g rau 2 com relação aos


de aprendiz, re lativ a m e n te à p o siçã o do esq u ad ro e do com p asso
ju n to s ? E xp liqu e essa diferença.

No segundo grau, o maçom tem a oportunidade de adqui­


rir conhecimentos que lhe possibilitem tentar responder
à questão: "O que sou?". Para isso, realiza cinco viagens
simbólicas e, a partir daí, já elevado e mais espiritualiza­
do, começa a empreender esforços para ativar a centelha
divina existente em seu interior.

As pessoas em geral ignoram essa faísca transcendente,


mas o maçom tem o dever de saber de sua existência,
pois o templo interior no qual trabalha desde que apren­
deu a polir a pedra desbastada é construído exatamente
para abrigá-la.

“Tal como o aprendiz, o companheiro também deve


proceder do mundo concreto ou do domínio da
realidade objetiva (o Ocidente) ao mundo abstrato
ou transcendente, o mundo dos princípios e das
causas (o Oriente), atravessando a região obscura
da dúvida e do erro (o Norte) para voltar pela região
iluminada pelos conhecimentos adquiridos (o Sul),
constituindo cada viagem uma nova e diferente
etapa de progresso e realização.”
(OLIVEIRA FILHO, vol. I, 2013:91)

182
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A.\ A.\

Que significa tudo isso? Quer dizer que o aprendiz, que


em breve vai-se tornar companheiro, procede do primeiro
grau, onde, simbolicamente, predomina a matéria ou o
mundo material, a "realidade objetiva". Ela encontra-se
no Ocidente, região sem luz, onde o candidato adentrou
na iniciação em busca dessa mesma luz.

O objetivo dele é conseguir a iluminação, ou seja, ad­


quirir o conhecimento, a sabedoria, aprender o caminho
que conduz ao G.-. A.-. D.-. U... Tudo isso encontra-se
no Oriente, de onde vem a luz. Para atingir sua meta, o
candidato passa pelo Norte, região mal iluminada. Você
se lembra de que, no painel simbólico, não há janelas no
Norte? Assim, a luz do Sol não atinge simbolicamente
essa parte do templo.

Ao percorrer o Sul, já passa por região iluminada pelos


conhecimentos recebidos. Desse modo, em cada viagem,
faz novos progressos e realizações.

Esses movimentos todos ocorrem durante a cerimônia


de elevação, durante a qual o aprendiz empreende as
mencionadas cinco viagens. Elas recordam os tempos
medievais, em que, nas corporações de ofício, o aprendiz
trabalhava por cinco anos (ou mais) sob a supervisão do
mestre até ser promovido a companheiro. Nessas viagens,
o candidato utiliza as ferramentas próprias para demons­
trar estar apto a essa promoção.

Vejamos as condições de cada uma dessas viagens e seu


simbolismo. Antes de iniciar a primeira, o aprendiz traz
a régua de 24 polegadas, que entrega ao l.° Experto.

183
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Q u e r e c o r d a m a s c in c o v ia g e n s
d a c e r im ô n ia d e e le v a ç ã o ?

Primeira viagem — 0 aprendiz inicia esta jornada levan­


do o maço ou malho e o cinzel, ferramentas necessárias
para realizar o trabalho de corte e desbaste da pedra
bruta. Ela recorda o período de um ano que deve decorrer
para o artífice aprender a executar aquele duro trabalho
na condição de aprendiz, sob a orientação dos mestres.

Esse desbaste representa o es­


forço para reduzir as imperfei­
ções de caráter e comportamen­
to, sem prazo para terminar. O
candidato a companheiro é in­
centivado e exortado a praticar
as virtudes maçônicas.

Você aprendeu que o maço


representa a vontade e a força
que age sobre o cinzel no traba­
lho sobre a pedra, ou seja, sobre
seu próprio interior. O cinzel direciona a força recebida dos
golpes do maço. Assim, aquele leva a força para uma ou
outra direção. Por isso, o cinzel representa o livre-arbítrio
e os princípios morais que norteiam a ação do maço, isto
é, da força interior do indivíduo.

S im b o lica m e n te , p a ra q u e s e rv e m a s fe rra m e n ta s q u e o
ca n d id a to ie v a n a p rim e ira v iage m na s e s s ã o d e e le v a ç ã o ?

184
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A

Segunda viagem — Nesta viagem — que


representa o segundo ano de trabalho
do aprendiz —, o candidato desfaz-se do
maço e do cinzel e recebe o compasso e a
régua de 24 polegadas. Nesse período, o
obreiro aprende a traçar linhas, especial­
mente a reta e o círculo, sobre as pedras
desbastadas e aplainadas mediante o uso daquelas
ferramentas.

Com a régua, o obreiro traça a reta e mede-lhe o


\ comprimento. A partir dessa linha, o artífice pode
N\ traçar todas as figuras planas que possuem ân-
\\ . gulos, como, por exemplo, o triângulo — de
\* \ grande significado maçônico — e a estrela
\ de cinco pontas. A reta também indica o
\/ caminho reto e justo, o único que conduz
à perfeição, que deve ser percorrido pelo
maçom. É exatamente para trilhá-lo e receber o neces­
sário apoio para isso que o homem ingressa na Sublime
Ordem.

Lembremo-nos ainda de que a régua também simboliza


a contagem do tempo, que o maçom deve empregar com
proveito, tanto no trabalho como no descanso devido.

O compasso permite traçar o círculo, que simboliza o


Universo, o Cosmos (do grego KÒopoç = ordem, organi­
zação -» Universo). Essa figura perfeita tem, entre outros
significados — como o espírito, a Justiça — o de ideal de
perfeição, que, embora inatingível pelo ser humano, deve
ser perseguido de modo permanente e perseverante.

185
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Com que p ropósito o candidato leva a


régua e o com passo na segunda viagem ?

Terceira viagem — Na ter­


ceira circulação, o aprendiz
mantém a posse da régua e
entrega o compasso, depois
do que toma a alavanca.
Esta jornada simboliza o
JW*"

terceiro ano de aprendiza­


do, "no qual se confia ao
Apr.-. a direção, transporte e
colocação dos materiais tra­
Arquimedes e a alavanca balhados, o que se alcança
com a régua e a alavanca"
http://parquedaciencia.blogspot.
com.br/2014/12/torque-e-as- (R ITU AL G O B -2 .0 grau,
alavancas-de-arquimedes.html 2009:80).

A alavanca representa o poder que possibilita remover


grandes obstáculos ao multiplicar nossas próprias forças.

Lembra-se, no capítulo 6.°, de havermos citado o grego


Arquimedes e sua frase sobre a alavanca?

“A alavanca é um instrumento de potencialização


da força física. Consiste em uma barra alongada e
rígida, reta ou curva, móvel em tomo de um eixo
denominado ponto de apoio, também conhecido
como fulcro ou eixo de rotação

186
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A :. A:.

É utilizada para aumentar a capacidade do obreiro


no esforço de mover ou levantar objetos pesados.
A pedra, uma vez polida,deve ser transportada da
pedreira para o local da obra, onde ocupará seu
lugar no edifício do Templo.”
(CAMPOS, 2014:68)

Uma série de elementos simbólicos estão presentes nesta


viagem decorrentes do emprego da alavanca, a saber:

1. A rigidez da alavanca é metáfora para o conceito de


Virtude. Assim, o maçom em geral e o companheiro,
em particular, deve pautar rigidamente sua vida por
conduta virtuosa com vistas a aproximar-se o mais que
é humanamente possível da perfeição.
2. Para operarmos essa ferramenta, pegamo-la firmemen­
te com as duas mãos. Isso também tem simbolismo:
a razão e a vontade são o motor que produz a força,
que, por sua vez, opera o movimento e a mudança.
3. Essa força é aplicada a corpo inerte, pesado que deve
ser movido. No caso da alegoria maçônica, esse corpo
é bloco de pedra já polido — a pedra cúbica — a ser
transportado para a obra do edifício. Que ele repre­
senta? A atuação do maçom, já polido no segundo ano
simbólico de trabalho como companheiro. Essa atuação
dá-se tanto na edificação de seu templo interior (que
tenha dignidade suficiente para abrigar a centelha di­
vina) como na obra coletiva de construção do edifício
social, na qual o maçom deve ter participação exemplar.
O próprio peso do bloco de pedra também significa
algo: as dificuldades, agruras e mesmo as tentações
que se colocam no caminho da retidão do homem que
se propôs a trilhá-lo.

187
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

4. A pedra vai ser transportada para o local da obra. Onde


fica isso? Dissemos há pouco que a atuação do maçom
visa a edificação de seu templo interior — seu cora­
ção como sede dos sentimentos — e o edifício social.
Esta edificação corresponde à comunidade, à pátria do
iniciado e mesmo à própria Humanidade. O comporta­
mento inatacável serve de exemplo para todos os que
se encontram à volta desse iniciado, os quais ele deve
iluminar. Foi por isso e para isso que ele recebeu a luz.
(É com esse simbolismo que a Estrela Flamejante deve
ter, no templo maçônico, iluminação interna.)
5. Dissemos há pouco que a alavanca representa o poder
que possibilita mover grandes obstáculos. Ela é, pois,
ferramenta que vai auxiliar o companheiro na tarefa
de remover a pedra cúbica pronta para inserção na
parede do edifício. Já vimos que tudo isso é alegórico:
o bloco de pedra é a ação do maçom e o edifício social,
a comunidade, o meio social em que ele atua. Se a
alavanca simboliza o auxílio nessa tarefa, de onde vem
essa ajuda? Da Sublime Ordem, mais particularmente,
da loja que o companheiro frequenta. A doutrina ma-
çônica e os valores morais continuamente repisados no
dia a dia das sessões constituem poderoso estímulo ao
contínuo aperfeiçoamento do obreiro, ou seja, estímulo
a seu polimento.

S im b o lic a m e n t e , q u e p o d e
o c o m p a n h e ir o fa z e r
c o m a a la v a n c a ?

Quarta viagem — O candidato continua com a régua


e dá ao Experto a alavanca, ao passo que dele recebe o
esquadro.

188
Curso de Formação de Companheiros do R E . \ A:. A:.

A quarta viagem lembra o quarto ano


de trabalho do aprendiz, que, com o
auxílio da régua e do esquadro, ocupa-
-se da elevação do edifício medindo as
paredes e verificando-lhes a retidão.
Esquadro

Sabemos que a régua (de 24 polegadas) serve para, simbo­


licamente, medir a extensão das superfícies e também para
calcular a utilização, pelo maçom, das 24 horas do dia. Da
mesma forma, ele calcula o tempo necessário para empre­
gar no levantamento e aperfeiçoamento do edifício social.

Você notou que na quarta viagem o candidato permanece


com a régua, pois ela serve de apoio ao esquadro, que ao
lado dela desliza no traçamento das retas. O esquadro é
de grande importância no planejamento da edificação, pois
seus lados formam ângulo reto e isso permite dotarmos
as paredes da necessária retidão.

Já vimos que um dos simbolismos do esquadro é a reti­


dão. Nesta viagem, esse significado é ressaltado. Assim,
é relembrada ao aprendiz a inegociável conduta reta na
sociedade em que vive. Seu exemplo de retidão atrai os
homens de boa índole e de boa vontade para imprimir
essa mesma correção à sociedade a que pertencem.

“O esquadro é utilizado para checar e ajustar ângu­


los retos de edificações e ajudar a trazer a matéria
bruta para a forma devida. Então, no sentido opera­
tivo, o esquadro prova, verifica e autentica ângulos
retos para assegurar sua verdade. Da mesma manei­
ra, em sentido alegórico, esse instrumento verifica
e autentica a ve rd a d e da moralidade.

189
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

O esquadro ensina-nos a regular nossas vidas e


ações de acordo com a linha e as regras maçônicas
e a harmonizar nossa conduta nesta vida. Proce­
dendo desse modo, tomamo-nos aceitáveis para o
Ser Divino, de quem toda a bondade emana e para
quem devemos prestar conta de todas as nossas
ações. Lembre-se, na Maçonaria, o esquadro está
sempre à nossa volta. E o modelo onipresente de
vida e de ações.”
(REES, 2011:75-76)

Como o esquadro, por sua forma, permite traçar quatro


retas que se cruzam criando quatro ângulos retos iguais,
cria-se também a imagem da Equidade. Esta caracterís­
tica deve ser defendida pelo maçom no meio social sob
inspiração do texto constitucional brasileiro em seu artigo
5.°: "Todos são iguais perante a Lei".

P o r q u e o c a n d id a to , n a c e rim ô n ia d e e le v a çã o ,
p e rm a n e c e co m a r é g u a ? Q u e fa rá co m o e s q u a d ro e
e la ju n t o s ?

Quinta viagem — No início desta viagem, o aprendiz


entrega a régua e o esquadro e nada recebe. Portanto,
nada leva.

O Experto coloca a ponta de uma espada sobre o peito


do candidato e faz o giro completo andando para trás no
sentido horário ou dextrogiro (rumo à direita), indo pelo
Norte e voltando pelo Sul até ficarem entre colunas.

Você deve-se lembrar de que esse sentido da rotação tem,


desde tempos antigos, significado positivo, do bem. Tanto

190
Curso de Formação de Companheiros do R .. E:. A.\ A:.

é que o oposto, o sentido


voltado para a esquerda,
é o sinistrogiro: do latim
"[manu] sinistra" ( m ã o
e s q u e rd a ). "Sinistra" ad­
quiriu conotação negativa
em português.

A última viagem mostra


que as artes e técnicas
manuais foram aprendi­
das nos quatro primeiros
anos e que no último o
aprendiz dedicou-se ao
estudo teórico. Ele está
livre para a reflexão e apreensão do significado do novo
grau.

Três elementos simbólicos destacam-se nesta última via­


gem, quais sejam, a espada sobre o coração, a ausência
de ferramentas e o auxílio do Irmão Experto.

“A espada representa a verdade percebida e


sentida pelo obreiro postulante ao grau de com­
panheiro. O desconforto, a dor
ou o incôm odo causados pela

J
ponta da espada representam a
dor moral causada pelo eventual
conflito entre a verdade e a nossa
iência moral.”

•S, 2014:81)

191
2 instrumentos demonstra, como já
andidato passou da fase operativa
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

para a intelectual. Ele acompanha o Experto na marcha


deste para trás. Que pode significar isso? Significa que,
já com nível mais elevado de espiritualidade, em razão
de ter tido a visão da Estrela Flamejante, o aprendiz
pode-se elevar do plano físico para o espiritual e assim
iniciar a jornada de reintegração de sua centelha íntima
à fonte original. O acompanhamento do Experto em seu
movimento de retrogradação simboliza o início dessa
caminhada de retorno.

Isso tem tudo a ver com o conceito de "gnose", que


significa conhecimento, assunto de que já tratamos no
capítulo 5.° (significados da letra "G"), que o convida­
mos a rever.

P o r q u e o a p re n d iz n ã o le v a q u a lq u e r
in s tru m e n to d u ra n te a q u in ta v ia g e m ?

Leitura recomendada: (Procure a referência


na Bibliografia.)

> Comentário e síntese do grau mais histórico e


intelectual da Maçonaria simbólica: o de compa-
nheiro-maçom (ALVES, J. R. V., 2013).
> Da elevação rumo à exaltação, vol. I (OLIVEIRA
FILHO, D. S., 2013).
> Dicionário enciclopédico de Maçonaria e simbolo-
gia (ASLAN, N., 2012).
> Instrucional maçônico: grau de companheiro
(CAMPOS, T. A., 2014).

192
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.-. A ..

Questionário de fixação

Que nome o G: A:.D:.U:. assume no segundo grau


simbólico?
O Grande Geômetra.

Por que essa denominação?


Porque o Grande Arquiteto utilizou os elementos de que
se vale a Geometria na obra da criação: retas, curvas,
ângulos, circunferências, polígonos, círculos, etc.

Por que são cinco as viagens iniciáticas que o


aprendiz empreende na cerimônia de elevação?
Porque elas recordam o período em que o aprendiz trabalha­
va nas oficinas medievais até ser promovido a companheiro.

Que ferramentas o aprendiz leva na primeira viagem


da elevação?
0 maço ou malho e o cinzel.

Em que trabalho o companheiro utilizará essas


ferramentas?
No polimento da pedra bruta desbastada a fim de con-
vertê-la em pedra cúbica, polida.

Que simbolismo têm o maço e o cinzel?


O maço representa a vontade e a força interior do indi­
víduo. O cinzel simboliza o livre-arbítrio do maçom e os
princípios morais que norteiam a ação do maço.

Quais instrumentos o candidato recebe durante a


segunda viagem na elevação?
O compasso e a régua de 24 polegadas.

193
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Que simbolizam eles?


Com o compasso, o elevando consegue traçar o círculo,
que simboliza o Universo, o Cosmos. Essa figura repre­
senta o ideal de perfeição, que, embora inatingível pelo
ser humano, deve ser perseguido de modo permanente
e perseverante. A régua significa que o tempo deve ser
bem calculado pelo maçom para utilização no trabalho
e no repouso. Ela também dá orientação ao traçado das
linhas obtidas com o uso do esquadro. A reta, desenhada
com o emprego da régua, indica o caminho reto e justo,
que deve ser percorrido pelo maçom, o único que conduz
à perfeição inatingível.

Que acontece com os instrumentos de trabalho na


terceira viagem?
O aprendiz permanece com a régua, entrega o compasso
e recebe a alavanca.

Que representa a alavanca?


A alavanca simboliza o poder de multiplicação de nossas
forças com vistas à remoção de grandes obstáculos.

Qual é o local da obra para onde o companheiro


transporta a pedra cúbica?
Em seu coração e na comunidade onde atua, em sua
pátria e mesmo em toda a superfície da Terra, onde vive
a Humanidade.

Na quarta viagem, quais instrumentos o candidato


leva?
Ele continua com a régua e, já sem a alavanca, passa a
levar também o esquadro.

Para que o aprendiz leva o esquadro e o que este


simboliza na ocasião?

194
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A.\

O esquadro é de grande importân­


cia no erguimento da edificação,
pois seus lados formam ângulo reto
e isso permite dotarem-se as pare­
des da necessária retidão. Esse ins­
trumento também é empregado na
checagem dos ângulos das pedras
que formarão as paredes do edifício. Um dos significados
do esquadro é a retidão de vida. Assim, a conduta reta
(correta) do companheiro em sua comunidade é valiosa
contribuição ao aperfeiçoamento do edifício social.

Que leva o candidato na quinta viagem? Que isso


representa?
Nesta viagem, o candidato à elevação nada transporta.
Isso significa que já superou a fase operativa e agora se
vai dedicar à meditação e à reflexão.

Que faz o Irmão Experto nessa viagem?


Circula de marcha a ré, acompanhado pelo candidato,
ao mesmo tempo em que apoia a ponta de uma espada
sobre o peito do elevando.

Que representa o desconforto da ponta da espada


sobre o peito?
Representa a dor causada por eventual conflito entre a
Verdade e a nossa consciência moral.

Qual o simbolismo da caminhada do candidato no


acompanhamento do Experto em seu movimento
de retrogradação?
Significa a jornada de retorno da centelha divina (que o
maçom encerra em seu templo interior) rumo à reintegra­

195
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

ção à fonte original. Esse é conceito gnóstico e, portanto,


relaciona-se com a gnose, um dos significados da letra "G".

196
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A.\

O Q liE A SIMBOLOGIA CONSTANTE D E S T E


CAPÍTULO T E M A V E R CO M SEU COTIDIANO
N A C O N D LÇ Ã O D E M A Ç O M

A régua de 24 polegadas simboliza a contagem do


tempo, que o maçom deve empregar com proveito,
tanto no trabalho como no necessário descanso.

> Perguntamos: você está aproveitando o tempo


livre para estudar o ritual de companheiro a fim de
se instruir e absorver a filosofia e a moral do grau?

A rigidez da alavanca lembra ao companheiro a con­


duta inflexível que deve manter no combate à impro­
bidade e ao erro.

> Perguntamos: você está mantendo essa conduta


ou às vezes transige com o erro?

Como o esquadro, por sua forma, permite traçar qua­


tro retas que se cruzam, cria-se também a imagem
da Equidade.

> Perguntamos: você age dessa forma? Trata os


mais humildes com a mesma deferência e simpatia
com que lida com os poderosos?

197
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

E fá c il a g ir rigorosam ente assim ? Claro que não. Afinal,


o d esb aste da pedra b ru ta e sua transform ação em cubo
polido é trab alh o árduo e longo. N a verdade, sem prazo
para term inar. M a s não fo i para isso que você ingressou
na Sublim e O rd em ?

198
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E:. A :. A:.

Exercício de verificação — Capítulo 9.°

1. Ferramentas que o candidato leva nas viagens da ce­


rimônia de elevação:

□ a) l . a viagem — Régua e maço.


□ b) 2.a viagem — Esquadro e compasso.
□ c) 3.a viagem — Régua e alavanca.
□ d) 4.a viagem — Esquadro e alavanca.
□ e) 5.a viagem — Régua e cinzel.

2. Instrumento com que o aprendiz já entra no templo na


sessão de elevação:

□ a) Maço
□ b) Cinzel
□ c) Régua
□ d) Esquadro
□ e) Compasso

3. Sobre a alavanca — Afirmativa INCORRETA. Na ter­


ceira viagem, o candidato carrega a alavanca porque

□ a) ela possibilita mover grandes obstáculos.


□ b) vai ajudar a remover o bloco polido de pedra.
□ c) é instrumento de potencialização da força física.
□ d) Arquimedes disse frase célebre sobre essa fer­
ramenta.
□ e) ele precisa de auxílio na tarefa de seu próprio
polimento.

199
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

4. Ritualística da cerimônia de elevação — Assinale as


afirmativas a seguir com "V" (verdadeira) ou "F" (falsa)
e marque a opção correspondente:

• O emprego do malho e do cinzel no corte e


desbaste da pedra representa o começo do
trabalho de redução das imperfeições do maçom.( )
• O círculo, traçado pelo compasso, simboliza o
planeta Terra.................................................... ( )
• A reta, traçada pela régua, significa o caminho
reto e justo do maçom...................................... ( )
• A dor causada pela ponta da espada na quinta
viagem representa as dificuldades da caminhada
maçônica.......................................................... ( )
• Na quarta viagem, o significado da retidão do
esquadro é ressaltado....................................... ( )

□ a) V-F-V-F-V
□ b) V-V-V-F-F
□ c) F-F-V-V-F
□ d) V-F-F-F-V
□ e) F-V-F-V-V

5. As cinco viagens — Localize as afirmativas corretas


e marque a opção correspondente:I.

I. Na quarta viagem, o M.-.CCer.-. dá ao candidato


a alavanca..................................................... ( )
II. O maço representa o livre-arbítrio, e o cinzel,
a vontade e a força........................................ ( )
III. Na quinta viagem, a ausência de instrumentos
indica que o maçom passou da fase operativa
para a intelectual........................................... ( )

200
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.'. A .\ A:.

IV. As cinco viagens recordam os anos do trabalho


do aprendiz nas corporações de ofício medievais.( )
V. Nas viagens, o aprendiz passa pelo Norte,
região iluminada pelos conhecimentos recebidos.( )

□ a) Apenas IV e V
□ b) III, IV e V
□ c) I, II e III
□ d) I, II e V
□ e) Somente III e IV

Respostas nas pp. 277-281.

201
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

202
SEGUNDA PARTE

DIRETRIZES PARA 0
FUNCIONAMENTO DA
LOJA NO
SEGUNDO GRAU
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A.-.

Capítulo 10

Leis maçônicas

Em nosso livro anterior, "Curso de formação de aprendizes


do R.-.E.-.A.-.A.-.", tratamos no capítulo correspondente de
vários aspectos — de maneira mais geral — da legislação
do Grande Oriente do Brasil aplicáveis aos maçons da
Federação.

Neste trabalho, comentaremos tópicos relacionados espe­


cificamente ao grau de companheiro. Desta feita, porém,
incluiremos a legislação respectiva da Confederação da
Maçonaria Simbólica do Brasil — Grande Loja Maçônica
do Distrito Federal.

Tópicos da legislação do GOB relativos ao segundo


grau

• Acesso ao arau de companheiro — O Regulamento Ge­


ral da Federação (RGF)* prescreve, no artigo 35, que o
aprendiz

* Obs.: aprovado pela lei n.° 0099, de 09.12.2008.

205
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

“para atingir o grau de companheiro frequentará


durante doze meses lojas do Grande Oriente do
Brasil com assiduidade, pontualidade e verdadeiro
espírito maçônico. O responsável por sua instrução
maçônica pedirá que o aprendiz seja submetido ao
exame relativo à doutrina do grau”.
(REGULAMENTO, 2008:14)

Esse artigo, em seu § 6.°, alterado pela lei 123/2011,


publicada no boletim n.° 1 do GOB, de 31.01.2012, es­
tabelece que o percentual de frequência requerido do
aprendiz às sessões ordinárias da sua loja, para elevação,
é de 50%.

O citado artigo menciona vagamente o "responsável por


sua instrução maçônica". Dando "nome aos bois", trata-
-se do 2.° Vigilante, conforme prescreve o RGF em seu
artigo 121: "Compete ao Segundo Vigilante: II - instruir
os maçons sob sua responsabilidade de acordo com o
ritual" (REGULAMENTO, 2008:26).

O que consta do ritual do GOB, grau de aprendiz? Consta


que "Por sua vez a posição do 2.° Vig.\, que tem sob sua
direção e orientação a Col.-. do Sul, permite-lhe obser­
var o topo da Col.-. do Norte, onde estão os AApr... cuja

Q u a l é o t e m p o d e p e r m a n ê n c ia n o g r a u d e a p r e n d iz d o
m a ç o m d e lo ja d o G O B p a r a p le it e a r a e le v a ç ã o ?

Q u a l é o p e rc e n tu a l de fre q u ê n cia d o a p re n d iz às se s sõ e s p a ra
re q u e re r a e le v a çã o c o n fo rm e o RG F?

206
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A.\ A.'.

instrução está sob sua responsabilidade" (grifo nosso)


(RITUAL GOB-1.0 grau, 2009:18).
• Instrução dos companheiros — A instrução e orientação
dos companheiros está a cargo do l.° V i g . conforme
consta do RGF, capítulo 120: "Compete ao Primeiro Vigi­
lante: II - Instruir os maçons sob sua responsabilidade
de acordo com o ritual". E o que diz o ritual do GOB,
l.° grau? Diz que "Esta posição permite ao l.° Vig.-.
observar todo o Oc.-. que está sob sua direção e orien­
tação e especificamente os CComp.-.. cuia instrução é
de sua responsabilidade" (grifo nosso) (Idem, ibidem,
op. cit.).

Cabe, pois, ao V.-.M.-.cuidar para essa instrução (dos


aprendizes e companheiros) ser efetivamente minis­
trada.

• Acesso ao grau de mestre — A ascensão ao grau 3, isto


é, a exaltação do companheiro requererá permanên­
cia no segundo grau por seis meses (art. 36 do RGF),
durante os quais ele deverá ter frequentado sessões
ordinárias de lojas do Grande Oriente do Brasil. O
percentual mínimo de assiduidade de sessões da loja
do candidato é de 80% (RGF, art. 36, § 5.°). Dessas
sessões, pelo menos quatro deverão ser de instrução
no segundo grau.

Repare que a frequência mínima para a exaltação é


mais alta (80%) que para a elevação (50%) de maçons
do GOB.

• Das sessões de arau 2 — 0 ritual do GOB estabelece que


"a loja de comp.-. poderá ser aberta por transformação

207
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

de loja de aprv. ou diretamente no grau" (RITUAL GOB-


-2.° grau, 2009:12).
No caso de transformação, o ritual do GOB não prevê
nova leitura no Livro da Lei, desta vez do trecho relativo
ao grau 2. O mesmo ritual tampouco faz alusão a mu­
dança no painel simbólico do grau nem a transmissão
da pai.-, sagr.-. respectiva.

Evidentemente, o sinal de ordem e a saudação serão os de


companheiro enquanto a sessão permanecer nesse grau.

No altar dos juramentos, na sessão de companheiro,


permanecerão os mesmos elementos simbólicos da ses­
são de aprendiz. Somente nas cerimônias de elevação
é que se colocarão, em outra pequena mesa, forrada
com toalha branca, a régua de 24 polegadas, o maço,
o cinzel, outro compasso, a alavanca, outro esquadro
e uma espada.

Em se tratando do compasso e do esquadro, dizemos


"outro" porque o esquadro e o compasso colocados
no altar dos juramentos não podem dali ser retirados
enquanto durar a sessão ritualística. O ritual do grau 2
do GOB, porém, não esclarece essa questão.

Na hipótese de transformação dos trabalhos do grau de


aprendiz para os de companheiro, a posição do esquadro
e do compasso no altar dos juramentos será reajusta­
da para o segundo grau pelo Orador (RITUAL GOB-2.0
grau, 2009:23). No retorno à loja de aprendiz, essa
dignidade opera nova mudança na posição daquelas
peças, adequada a esse grau (Idem, ibidem, p. 25).

208
Curso de Formação de Companheiros do Rr. E.\ A:. A.\

Já vimos no capítulo 8.° que as lâmpadas ou velas dos


candelabros existentes sobre o altar do V.-.M.-. e sobre
as mesas dos VVig.-. totalizam cinco luzes. Entretanto,
o ritual do GOB não se refere ao acendimento de novas

Q u a l é o te m p o d e p e rm a n ê n c ia d o m a ço m d e loja
d o G O B n o g ra u d e c o m p a n h e iro p a ra p le ite a r a
e x a lta ç ã o ? Q u a l é o p e rc e n tu a l d e fre q u ê n c ia re q u e rid o ?

lâmpadas ou velas quando da transformação


dos trabalhos para o grau 2.
• A indumentária do companheiro-maçom —
De modo geral, a indumentária do compa­
nheiro é a mesma da dos aprendizes e mes­
tres. Isto significa que o maçom do segundo
grau de lojas do R.\E.-.A.\A.\ tanto pode
vestir terno preto, camisa branca, gravata Aventai de
, companheiro
preta, cinto, meias e sapatos da mesma conforme o
cor como o balandrau, de que falaremos
em seguida.

Entretanto, há mudança importante na indumentária


do companheiro: o avental, embora permaneça bran­
co, como o do aprendiz, tem a abeta abaixada, como
se vê na foto. Você verá explicação para esse fato no
Apêndice I. O ritual informa: "Os títulos, joias e trajes
são os mesmos que se usam no grau 1 ...

A insígnia do comp.'. consiste no avental de apr.-., com


a abeta abaixada, confeccionado em pele branca (c o u ro
ou s im ila r ), preso à cintura por cordões ou fitas de cor

* Foto copiada de http://w w w .casadom acom .com .br/products/Avental-de-


-Companheiro-%252d-COMAB.html

209
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Qual das dignidades da loja é responsável pela


instrução dos companheiros nas lojas do GOB?

preta. O traje maçônico será confor­


me a legislação maçônica em vigor"
(RITUAL-GOB 2.° grau, 2009:16).

Nosso rito admite, alternativamente,


o uso do balandrau preto nas sessões
ordinárias. Como você certam ente
já sabe, trata-se de espécie de toga
(parecida com a antiga batina de sa­
cerdotes católicos) com gola fechada,
comprimento até o tornozelo e mangas
compridas, sem qualquer símbolo ou
insígnia estampados.

A camisa é também branca e a calça,


Balandrau cinto, meias e sapatos são igualmente
http://www. pretos. Não se admitem calça jeans
edinhoparamentos.
com.br/sessoes. nem tênis.
asp?item=2
Como o balandrau só é admitido nas

No âmbito do GOB, na transformação da loja


de aprendiz para a de companheiro, que
mudança ocorre no altar dos juramentos?

sessões ordinárias, nas magnas o maçom deve trajar


terno e gravata de acordo com o rito.

Tópicos da legislação da Confederação da Maçonaria

210
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A :. A:.

Simbólica do Brasil — Grande Loja Maçônica do


Distrito Federal (GLMDF) relativos ao segundo grau

• Acesso ao grau de companheiro — O Regulamento Geral


da Grande Loja Maçônica do Distrito Federal — aprova­
do em 12.11.2007 e promulgado em 04.12.2007 pelo
decreto n.° 008/2005-2009 — prescreve em seu artigo
108:

“Os Graus Sim bólicos de Companheiro e de


Mestre-maçom, este último com a plenitude dos
direitos maçônicos, serão conferidos mediante as
seguintes condições:
I - ao Aprendiz que tenha, em Loja, recebido as
instruções de seu grau, poderá ser proposto
ao [sic] grau de Companheiro, pelo Primeiro
Vigilante, após 1 (um) ano de sua Iniciação,
desde que este o considere convenientemen­
te preparado;
II - [Refere-se aos requisitos para a exaltação.];
III - além das condições previstas nos incisos I
e II acima, somente poderá ser proposto au­
mento de salário ao Aprendiz ou ao Compa­
nheiro que houver freqüentado o Seminário
Maçônico correspondente, ministrado pela
Grande Loja, e ter respondido o questionário
específico do seu grau;
IV - o Venerável Mestre, após receber a proposta
de aumento de salário, marcará o dia para o
exame do interessado”.

Assim, o aprendiz para poder aspirar à elevação ne­


cessita haver recebido em loja as instruções do grau,
ser considerado preparado para tal pelo l.° Vig.., ter
cumprido o interstício de um ano no primeiro grau, ter

211
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

frequentado o Seminário Maçônico e respondido ques­


tionário específico.

O art. 100 do Regulamento Geral, no inciso IX, diz que é


dever das lojas "realizar pelo menos 3 (três) sessões por
mês, uma das quais destinada especialmente a instrução
maçônica".

O ritual de aprendiz da GLMDF entra em pormenores a


respeito das instruções em loja, pré-requisito para a ele­
vação, no tópico "Instruções", a saber:

“Para que o Ap.'. M.'. adquira conhecimentos ma-


çônicos que lhe dão direito a aumento de salário,
deve receber, pelo menos, cinco instruções em ses­
sões separadas, e que a loja é obrigada a realizar”.
(RITUAL-GLMDF l.° grau, 2010:122 e segs.)

Das páginas que se seguem no ritual constam as referidas


cinco instruções.

• Instrução dos companheiros — Nas lojas da Grande


Loja Maçônica do Distrito Federal, os Vigilantes não têm
responsabilidade direta pela instrução dos aprendizes
e companheiros.

Os irmãos do grau 2 recebem, em loja, três instruções,


que constam do ritual do grau. Os textos respectivos são
lidos por diferentes dignidades da oficina nas sessões
em que tais instruções são ministradas.

• Acesso ao arau de mestre — Voltamos ao art. 108,


do RG da GLMDF, onde consta no inciso II que "ao
companheiro que tenha, em loja, recebido as instru­

212
Curso de Formação de Companheiros do R E . - . A.\ A.\

ções de seu grau, poderá ser proposto ao [sic] grau de


mestre-maçom, pelo Segundo Vigilante, após 7 (sete)
meses de sua elevação, desde que este o considere
convenientemente preparado".

O inciso III do mencionado artigo do RG prescreve,


como faz com relação ao aprendiz, que o companheiro
que desejar aumento de salário deverá ter "frequentado
o Seminário Maçônico correspondente, ministrado pela
Grande Loja, e ter respondido o questionário específico
do seu grau".

Em resumo, o companheiro desejoso de ascender ao


grau de mestre necessita: haver recebido em loja as
instruções respectivas, ter cumprido o interstício de sete

Q u a l é o t e m p o d e p e r m a n ê n c ia n o g r a u d e a p r e n d iz
p a r a o m a ç o m d e lo j a d a G L M D F p l e i t e a r a e le v a ç ã o ?
E a e x a lt a ç ã o ?

meses após a elevação, ter frequentado o Seminário


Maçônico, ter respondido o questionário, e a exaltação
ter sido proposta pelo 2.° Vig.\ após este o considerar
apto.
• Das sessões de grau 2 — A Grande Loja Maçônica do
Distrito Federal admite a realização de trabalhos no
grau de companheiro com abertura nesse grau ou por
transformação de loja de aprendiz.

Conforme o ritual da GLMDF, no caso de transformação,


o l.° Diac. fecha o painel simbólico de aprendiz e abre
o de companheiro. Embora não haja referência explícita
naquele ritual, subentendemos que o Ex-Venerável fe­
che o Livro da Lei aberto no trecho relativo ao grau de

213
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

aprendiz e depois abra-o no referente ao segundo grau.


Isto porque na descrição dos procedimentos de retorno
ao grau de aprendiz, o citado ritual declara que "o Livro
da Lei é fechado de acordo com o cerimonial descrito
no ritual do grau de aprendizes" (RITUAL-GLMDF 2.°
grau, 2010:29). O ritual não menciona leitura do tre­
cho do Livro da Lei referente ao grau 2 na hipótese de
transformação.

Posteriormente, quando da volta ao primeiro grau, o


1. ° Diácono expõe novamente o painel simbólico de
aprendiz.

A p a l s a g r . \ do grau 2 é transmitida na forma ritualís-


tica e, no retorno ao grau 1, a pal.-. deste grau é outra
vez comunicada.

Sobre o altar dos juramentos, "além do Livro da Lei,


do esquadro e do compasso, haverá mais: um maço,
um cinzel, uma régua e uma alavanca" (RITUAL-GLMDF
2. ° grau, 2010:7). O ritual não menciona mudança na
posição do esquadro e do compasso após a transforma­
ção para o segundo grau nem no retorno ao primeiro.

O citado ritual também não menciona o acendimento


de lâmpadas ou velas em candelabros para adequá-las
ao segundo grau.

• A indumentária do companheiro-maçom — O ritual da


GLMDF não descreve o traje do companheiro, exceto
quanto ao avental. Esclarece ser idêntico ao do apren­
diz — branco, preso à cintura por cordões ou fita de

214
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A .\ A.-.

seda branca —, porém, com a abeta abaixada. O uso


do balandrau não é mencionado, já que isso ocorre no
ritual do grau de aprendiz:

“Nas sessões econômicas, estritamente aos mestres


maçons, admite-se o uso de 'balandrau', de cor
preta, comprimento até os sapatos, mangas largas

© Nas sessões de companheiro nas lojas da GLMDF,


quais peças simbólicas se colocam no altar dos
juramentos?

e compridas, colarinho fechado até o pescoço,


calça, meias e sapatos pretos. O balandrau não
poderá conter quaisquer inscrições, distintivos ou
emblemas”.
(RITUAL-GLMDF l.° grau, 2010:26)

A leg islação do Grande O riente do Brasil em


confronto com a da Grande Loja Maçônica do Distrito
Federal relativamente ao grau de companheiro

• Acesso ao arau de companheiro — Art. 35 do Regu­


lamento Geral da Federação, do GOB, vs. art. 108 do
Regulamento Geral da GLMDF:

Tópico GOB GLMDF


Interstício para ele­ 12 meses 12 meses
vação

215
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Percentual de fre ­ 50% Não exige.


quência
Participação em se­ O seminário não Exige.
minário existe.
Quem fa z o p e d i­ Segundo Vigilante Primeiro Vigilante
do do aum ento de
salário.
Elaboração de tra­ Requer. Não requer.
balho escrito
Presença nas se s ­ O RGF é omisso a Requer cinco ses­
sõ e s de in stru çã o respeito, apesar de sões, quando são
do grau 1 o ritual de aprendiz lidas as cinco ins­
conter duas instru­ truções previstas
ções específicas. no ritual.
Pree n ch im e n to de Requer. Requer.
questionário

• Instrução dos companheiros — Uma vez que os apren­


dizes e companheiros da jurisdição da GLMDF recebem
formalmente em loja as instruções respectivas, os Vigi­
lantes não têm o encargo de sua instrução em separado.
No GOB, os companheiros devem receber a instrução
do 1.0 Vig--. (RITUAL-GOB, l.° grau, 2009:18).

• Acesso ao orau de mestre — Artigo 36 do RGF vs. art.


108 do Regulamento Geral da GLMDF:

Tópico GOB GLMDF


I n t e r s t íc io p a ra 6 meses 7 meses
exaltação
Percentual de fre ­ 80% das sessões Não exige.
quência da loja do candi­
dato

216
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A .\ A.\

Participação em s e ­ 0 seminário não Exige.


m inário existe.
Q uem fa z o p e d i­ Primeiro Vigilante Segundo Vigilante
do do aum ento de
salário.
Elaboração de tra­ Requer. Não requer.
balho escrito
Pree n ch im e n to de Requer. Requer.
questionário
I n s tru ç õ e s d a d a s Requer quatro ses­ Requer três ses­
em loja 1. sões, em duas das sões, quando são
quais seriam lidas lidas as três instru­
as duas instruções ções existentes no
constantes do ri­ ritual.
tual.

• Sessões ordinárias abertas no grau 2 — Ritual de com­


panheiro do GOB vs. da GLMDF:

Tópico GOB GLMDF


Abertura no grau Ritual, p. 27 Ritual, p. 8
Exposição e retira­ Mestre de Cerimô­ l.° Diácono
da do painel sim bó­ nias
lico do grau

1 Instruções em loja — 0 Grande Oriente do Brasil requer tenha o aspirante ao


grau 3 assistido a no mínimo quatro sessões de instrução do grau de companheiro
para pleitear exaltação. Contudo, do ritual respectivo só constam duas instruções
específicas do grau 2. Embora o RGF não seja explícito, provavelmente em duas
daquelas quatro sessões devam ser lidas tais instruções. É provável também
que o GOB considere sejam as outras duas instruções ministradas no Tempo
de Estudos em sessões ordinárias desse grau. Já do ritual de companheiro da
GLMDF constam três instruções específicas, que devem ser ministradas em três
sessões mediante leitura dos textos.

217
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

A lta r dos ju ra m e n ­ Mantêm-se os mes­ Além dos instru­


tos mos instrumentos mentos do grau 1,
do grau 1, agora na são também colo­
posição de compa­ cados um maço, um
nheiro. cinzel, uma régua e
uma alavanca.
Lâm padas ou velas Três luzes acesas Ritual não mencio­
no candelabro do na.
e uma (a do
centro) em cada
candelabro dos
Wig.\(ritual, p. 13)

• Sessões ordinárias transformadas do arau 1 para o 2


— Ritual de companheiro do GOB vs. da GLMDF:

TÓpiCO GOB GLM D F

T ran sform ação da Sim, cf. ritual, p. 12 Sim, cf. ritual, p. 24


sessão de apr:. em
de comp:.
Nova leitura do L:. Não se faz. Não se faz.
L:.
Mudança do painel Não se faz. É feita.
Transm :. pal:. Não se faz. É feita.
sagr.-. do g rau de
comp.-.
A lta r dos ju ra m e n ­ Mantêm-se os mes­ Mantêm-se os mes­
tos mos instrumentos mos instrumentos
do grau 1, com do grau 1, sem
ajuste da posição ajuste.
do esquadro e com­
passo.

218
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.-. A:.

Lâm padas ou velas Ritual não mencio­ Ritual não mencio­


na. na.

• Indumentária do companheiro-maçom — Ritual do GOB,


grau de companheiro vs. ritual do companheiro-maçom
da GLMDF.

TÓpiCO GOB GLM D F

T ra je do c o m p a ­ O mesmo do grau 1 Não descreve.


nheiro

Avental - aparência Igual ao do apren­ Igual ao do apren­


diz, com a abeta diz, com a abeta
abaixada abaixada
M aterial do avental Pele branca (couro Não descreve. Há
ou similar) e cor­ descrição no ritual
dões ou fitas pretas. do grau de aprendiz.

Leitura recomendada: (Procure a referência


na Bibliografia.)

> R IT U A L-G O B 2.° grau: companheiro-maçom; Rito


Escocês Antigo e Aceito (RITUAL-GOB 2.° grau, 2009).
> R IT U A L-G LM D F do simbolismo maçônico: aprendiz
maçom (RITUAL-GLMDF l.° grau, 2010).
> R ITU A L-G LM D F do simbolismo maçônico: companhei­
ro maçom (RITUAL-GLMDF 2.° grau, 2010).

Questionário de fixação — Lojas do Grande

219
Paulo Antonio Outeiro Hemandes

Oriente do Brasil

Qual o período em que o maçom deve permanecer


como aprendiz para pleitear a elevação?
São doze meses, em que ele deve frequentar lojas do GOB.
Qual o percentual de frequência às sessões ordinárias da
sua loja exigido para o aprendiz habilitar-se à elevação?
É de no mínimo 50%.

Qual é a dignidade regimentalmente responsável


pela instrução dos aprendizes?
É o 2.° Vigilante, conforme consta do ritual de aprendiz
do GOB, na p. 18.

E o responsável pela instrução dos companheiros?


É o l.° Vigilante, de acordo com o mesmo ritual, na
mesma pág.

P o r q u a n to tem po, a c o n ta r da e le v a ç ã o , o
companheiro deve trabalhar no segundo grau até
poder ser exaltado?
Por seis meses (art. 36 do RGF).

Qual é o p ercentual de frequência às sessões


durante esse período?
É de pelo menos 80% de frequência às sessões ordinárias
da loja do companheiro.

Quais são as outras exigências para a exaltação?


O citado artigo prevê que o companheiro interessado no
aumento de salário deva ter assistido a no mínimo quatro
sessões de instrução do grau. Embora o RGF não seja
explícito, subentende-se que em duas dessas sessões
sejam ministradas, mediante leitura em loja, as duas
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A.-. A.\

instruções constantes do ritual de companheiro. Além


disso, o candidato deve ter elaborado trabalho escrito, ter
respondido o questionário e a exaltação ter sido proposta
pelo l.° Vig.\ após este considerá-lo apto.

Como podem ser abertas as sessões de companheiro?


Diretamente no grau ou por transformação de loja de
aprendiz.

No caso de transformação, o que ocorre com o sinal


de ordem, com a saudação e o que se vai passar no
altar dos juramentos?
Quando a sessão de aprendiz passar ao grau 2, o sinal de
ordem e a saudação passarão a ser os de companheiro.
No altar dos juramentos, o Orador irá colocar o esquadro
e o compasso na posição do grau. Se e quando a sessão
retornar ao primeiro grau, aquela dignidade recolocará
tais elementos na posição de aprendiz. Evidentemen­
te, enquanto transcorrer a sessão no segundo grau, os
aprendizes deverão ter o templo coberto para eles. (E não
"fazei cobrir o templo os Ilr.-. AApr.\", como erroneamente
o ritual registra na p. 23.)

A s fe rra m e n ta s usad as sim b o lica m e n te p elo


companheiro ficam normalmente expostas no altar
dos juramentos?
Ficam nas lojas da GLMDF. Nas do Grande Oriente do Bra­
sil, não. Elas somente permanecem no templo das lojas
do GOB nas cerimônias de elevação, quando se colocarão
em outra pequena mesa, forrada com toalha branca. Nela
ficarão a régua de 24 polegadas, o maço, o cinzel, outro
compasso, a alavanca, outro esquadro e uma espada. Em
se tratando do compasso e do esquadro, dizemos "outro"
porque o esquadro e o compasso colocados no altar dos

221
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

juramentos não podem dali ser retirados enquanto durar


a sessão ritualística.

No que difere a indumentária do aprendiz da do


companheiro ?
Apenas no avental. O aprendiz usa o avental branco com a
abeta levantada, ao passo que o companheiro usa-o com
a abeta abaixada. No caso do balandrau, é a mesma coisa.

Questionário de fixação — Lojas da Grande Loja


Macônica do bistrito Federal

Qual o período em que o maçom deve permanecer


como aprendiz para pleitear a elevação?
São doze meses.

Qual o percentual de frequência exigido às sessões


ordinárias da sua loja para o aprendiz habilitar-se
à elevação?
O Regulamento Geral não requer frequência mínima. O
mesmo se passa relativamente à exaltação.

Qual é a dignidade regimentalmente responsável


pela instrução dos aprendizes?
O artigo 108, inciso I do Regulamento Geral da Grande
Loja Maçônica do Distrito Federal (GLMDF) não designa
especificamente o instrutor dos aprendizes, já que nesse
normativo consta que o "Aprendiz que tenha, em Loja,
recebido as instruções de seu grau poderá ser proposto ao
grau de Companheiro". Essas instruções são em número
de cinco e diferentes dignidades e oficiais da loja parti­
cipam da leitura do texto. Depois, poderá ser proposta
pelo l.° V i g a elevação do aprendiz.

222
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A.\

E o responsável pela instrução dos companheiros?


A situação é semelhante à dos aprendizes, de acordo com
o mesmo regulamento e artigo, inciso II. Entretanto, são
três as instruções que o companheiro recebe formalmente
em loja. Diferentes dignidades (oficiais não leem) partici­
pam da leitura do texto. Posteriormente, o 2.° Vig.-.poderá
propor a exaltação do companheiro.

Por quanto tempo> , a contar da elevação, o compa­


nheiro deve trabalhar no segundo grau até poder
ser exaltado?
Por sete meses (art. 108 do Regulamento Geral da GLMDF).

Quais são as outras exigências para a exaltação?


O citado artigo prevê que o companheiro interessado no
aumento de salário deva ter recebido em loja as instruções
respectivas, ter frequentado o Seminário Maçônico, ter
respondido o questionário, e a exaltação ter sido proposta
pelo 2.° Vig.-. após este considerá-lo apto.

Como podem ser abertas as sessões de companheiro?


Diretamente no grau ou por transformação de loja de
aprendiz.

No caso de transformação, o que ocorre com o


sinal de ordem, com a saudação, com o painel
simbólico do grau e o que se vai passar no altar dos
juramentos?
Quando a sessão de aprendiz passar ao grau 2, o sinal de
ordem e a saudação passarão a ser os de companheiro.
0 1.° Diácono fecha o painel de aprendiz e depois abre
o de companheiro. No retorno aos trabalhos do grau 1,
ele inverte o processo. Quanto ao altar dos juramentos,
o ritual silencia sobre mudança na posição do esquadro

223
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

e do compasso quando a sessão passa ao segundo grau.


Tampouco faz menção à exposição das demais ferramen­
tas do companheiro.

As ferramentas usadas simbolicamente pelo


companheiro ficam normalmente expostas no
altar dos juramentos?

Quando a sessão de companheiro é aberta diretamente


no grau, a régua de 24 polegadas, o maço, o cinzel, a
alavanca, além do esquadro, do compasso e do Livro da
Lei colocam-se no altar dos juramentos.

No que difere a indumentária do aprendiz da do


companheiro?
Apenas no avental. 0 aprendiz usa o avental branco —
preso à cintura por cordões ou fita de seda branca — com
a abeta levantada, ao passo que o companheiro usa-o com
a abeta abaixada. O uso do balandrau não é mencionado
no ritual do grau 2, já que isso consta do de aprendiz.
Este prevê que esse traje alternativo possa ser usado,
nas sessões econômicas, somente pelos mestres maçons.

224
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A.’.

O Q U E E STE C A P ÍT U L O T E M A V E R C O M SEU
C O T ID IA N O N A C O N D IÇ Ã O D E M A Ç O M

A frequência assídua às sessões da loja é necessária


não só para ajudá-la a funcionar a contento como
para o maçom absorver as boas lições dos trabalhos
maçônicos e ficar a par do que ocorre para saber
posicionar-se nas discussões e votações.

> Perguntamos: você, como companheiro (ou de­


tentor de graus acima), tem frequentado as sessões
de sua loja com a assiduidade prometida quando
preencheu os formulários da proposta de iniciação?

E fácil agir rigorosamente assim? Claro que não. Afinal,


o desbaste da pedra bruta e sua transformação em cubo
polido é trabalho árduo e longo. Na verdade, sem prazo
para terminar. Mas não foi para isso que você ingressou
na Sublime Ordem?

225
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

EXERCÍCIO DE VERIFICAÇÃO - Capítulo 10

1. Loja do GOB — Sessão de companheiro por transfor­


mação de sessão de grau 1 — Alternativa INCORRETA:

□ a) É lido o L.\ da Lei em Amós 7:7-8.


□ b) Não há mudança do painel simbólico.
□ c) Não se transmite a pai.-, sagr.-. respectiva.
□ d) A quantidade de luzes permanece a mesma.
□ e) Ajusta-se a posição do esq.-. e do compasso.

2. Sessão de companheiro por transformação de ses­


são de grau 1 em loja da GLMDF — Alternativa correta:

□ a)0 Orador abre e fecha o Livro da Lei em cada


etapa da sessão.
□ b) A palavra sagrada de cada grau não é transmitida
na mudança.
□ c) Há fechamento e nova abertura do painel simbó­
lico do grau um.
□ d) Reajusta-se a quantidade de lâmpadas ou velas
dos candelabros.
□ e)0 ritual prescreve mudança na posição do esqua­
dro e do compasso.

3. Acesso ao grau de companheiro — Associe corre­


tamente os elementos da coluna da esquerda com os
da direita e marque a alternativa correspondente:

226
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A.\

1. GOB u. Interstício de 12 meses.


2. GLMDF v. Segundo Vig. . pede aumento de salário.
w. Não exige frequência.
x. Requer trabalho escrito.
y. Exige participação em seminário.
z. Requer preenchimento de questionário.

□ a) 2u 2v lw 2x ly lz
□ b) lu lv lw lx 2y 2z
□ c) 2u 2v 2w 2x iy lz
□ d) lu lv 2w lx 2y 2z
□ e) lu 2v 2w lx 2y lz

4. Identifique as afirmativas corretas e marque a opção


correspondente:

I. Para exaltação, o GOB requer interstício de


sete meses e a GLMDF, seis meses................ ( )
II. O GOB exige 50% de frequência para o
aprendiz pleitear aumento de salário............. ( )
III. Na GLMDF, a instrução dos companheiros NÃO
está diretamente a cargo de um dos Vigilantes. ( )
IV. Nas lojas do GOB, a instrução e pedido de
aumento de salário dos companheiros está a
cargo do 2.° Vigilante....................................( )
V. Sobre o altar dos juramentos das sessões de
grau 2 da GLMDF, além das três grandes
luzes emblemáticas da Maçonaria, veem-se
também um maço, um cinzel, uma régua e
uma alavanca................................................( )

227
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

□ a) I, III e V
□ b) II, III e V
□ c) I, II e IV
□ d) I, III e IV
□ e) II, IV e V

5. Assinale as afirmativas a seguir com "V" (verdadeira)


ou "F" (falsa) e marque a opção correspondente:

• O avental do companheiro é igual ao do aprendiz. ( )


• Nas lojas do GOB, o uso do balandrau só é
permitido nas sessões ordinárias........................ ( )
• O oficial que abre e fecha o painel simbólico do
grau nas lojas da GLMDF é o l.° Diácono.......... ( )
• O RGF, do GOB, determina ao companheiro
frequência mínima de 50% a sessões ordinárias
de lojas do Grande Oriente para poder pleitear
a exaltação....................................................... ( )
• Nas oficinas da GLMDF, os companheiros devem
ter recebido em loja as instruções do grau
para habilitar-se à exaltação...............................( )

□ a) F-F-V-F-V
□ b) V-V-F-F-V
□ c) F-V-V-V-F
□ d) V-F-F-V-F
□ e) F-V-V-F;V

Respostas nas pp. 283-287.

228
RESPOSTAS AS
QUESTÕES DO
EXERCÍCIO DE
VERIFICAÇÃO
i

I
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A.-.

Respostas às questões do Exercício


de Verificação

Capítulo l.°

Questão 1

Resposta: alternativa "e".

Justificativa: facilitar ao companheiro o conhecimento


de si mesmo — 0 propósito principal do segundo grau é
proporcionar ao maçom progresso na direção do conhe­
cimento de si mesmo pelo estudo a fim de pautar a vida
pelos ditames dos nossos mistérios.

Questão 2

Resposta: alternativa "d".

Justificativa - A sequência V-F-V-F-V é a correta, como


se verificará a seguir:

• No R:.E.-.A:.A:., o grau de companheiro é o segundo


na escalada iniciática — Verdadeira. De fato, no Rito
Escocês, de 33 graus, o grau de companheiro é o se­
gundo, depois do de aprendiz e antes do de mestre.

231
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

• Simbolicamente, a coluna do Sul não recebe a luz solar


— Falsa. A coluna que simbolicamente não recebe a luz
do Sol é a do Norte. É por isso que no painel simbólico
do grau não há janela naquela região.
• O companheiro trabalha no polimento da pedra bruta
desbastada — Verdadeira. Uma vez elevado, o maçom
recebe do aprendiz pedra bruta por este desbastada e
começa o árduo trabalho de polimento daquele bloco
de pedra.
• No grau 2, a matéria ainda luta para dominar o espí­
rito — Falsa. No segundo grau, há equilíbrio de forças
entre a matéria e o espírito, pois o maçom já começou
a tarefa de reflexão e meditação.
• Na alegoria do segundo grau, o bloco de pedra é o
próprio maçom — Verdadeira. A pedra cúbica, polida
pelo companheiro, é alegoria do próprio maçom do
segundo grau. Ele trabalha com afinco para polir-se e
assim poder encaixar-se com facilidade nas paredes
metafóricas do edifício social de modo a melhorá-lo por
seu exemplo.

Questão 3

Resposta: alternativa "b"

Justificativa: o gabarito é "b", que corresponde às afir­


mativas III e V, como segue:

III.A posição entrelaçada do esquadro e do compasso sugere


união do espírito e da matéria — Correta. No segundo
grau, o obreiro já está simbolicamente menos influen­
ciado pela matéria e, portanto, mais espiritualizado.

232
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A.'.

V. De acordo com o GOB, as hastes do compasso entre­


laçam-se com o esquadro no grau 2 — Correta. Uma
vez que no segundo grau o espírito e a matéria estão
trabalhando unidos, sem um sobrepor-se ao outro, a
disposição do compasso e do esquadro nesse grau é
entrelaçada.

Demais alternativas, todas incorretas:

I. O grau de companheiro é apenas período transitório


entre o primeiro e o terceiro grau simbólicos — In­
correta. O grau 2 é importante e tem muita história e
simbolismo.
II. A transformação da pedra bruta na cúbica é só lem­
brança do passado medieval — Incorreta. Essa trans­
formação é alegórica: representa a transformação do
próprio maçom em pessoa mais polida e tolerante de
forma a inserir-se com facilidade no meio social em
que vive.
IV. A perfeição do maçom só será alcançada no grau de
mestre — Incorreta. Como o ser humano é imperfeito,
a perfeição é inatingível, embora o maçom tenha, mais
que o profano, condições de aproximar-se dela o mais
possível.

Questão 4

Resposta: alternativa "c".

Justificativa: no grau 2, a Ordem ocupa-se da vida


após o nascimento — Se no grau 1 a Maçonaria trata do
nascimento do homem maçom, no segundo grau ela de

233
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

fato ocupa-se da vida após o nascimento. Isto significa


que o companheiro terá, no convívio com os mestres
mais experientes, as condições necessárias e suficientes
para desvencilhar-se da imposição da matéria e começar
a despertar para as virtudes do espírito.

Demais alternativas:

a) No R:.E:.A:.A. .r o grau da plenitude maçônica é o 3 —


Não, nesse rito, o grau da plenitude é o 33, o topo da
escada. Contudo, se nos ativermos apenas aos graus
simbólicos, aí, sim, o grau 3 será o pleno.
b) Os companheiros sentam-se no topo da coluna do Norte
— Os companheiros, na verdade, sentam-se no topo
da coluna do Sul.
d) Na sua coluna, o companheiro recebe a luz refletida da
Lua — Não, simbolicamente, há janela na coluna do Sul.
É aí onde se sentam os companheiros, por onde entra
a luz solar, conforme se vê no painel simbólico do grau.
e) No GOB, o 2.° V i g r e s p o n d e pela instrução dos com­
panheiros — Ele é o responsável regimental pela ins­
trução dos aprendizes. O l.° Vig.-. é que é o instrutor
dos companheiros.

Questão 5

Resposta: alternativa "a".

Justificativa: as lojas NÃO costumam negligenciar o


segundo grau — Costumam, sim, infelizmente. Tanto é
que a maioria delas não realiza sessões de companheiro
na quantidade que deveríam.

234
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A.-.

Na alternativa "e", de fato é melhor dizer "cúbica" em vez


de "polida", relativamente à pedra, pois esta é mesmo
cúbica e pedra de qualquer formato pode ser polida.

235
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

236
Curso de Formação de Companheiros do R.'. E.\ A.\ A.-.

Respostas às questões do Exercício


de Verificação

Capítulo 2.°

Questão 1

Resposta: alternativa "c".

Justificativa: a Maçonaria já no início propôs a harmo­


nia entre os homens — Sim, tanto é que na Constituição
elaborada por James Anderson, publicada em 1723, cons­
tava que "donde se conclui que a Maçonaria é um centro
de união e o meio de conciliar uma verdadeira amizade
entre pessoas".

Demais alternativas, todas incorretas:

a) A Maçonaria enquanto instituição só foi estabelecida


em 1617 — Ela foi instituída em 1717.
b) Na Europa medieval, o companheiro não era muito valo­
rizado — Pelo contrário, era considerado e tinha regalias,
situação de que os aprendizes não desfrutavam.
d)Em "Franco-Maçonaria", o elemento "franco" significa
francês — Nesse contexto, quer dizer livre (do paga­
mento de taxas), como em "entrada franca". Em outros

237
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

contextos, pode significar francês, como em "comércio


franco-brasileiro".
e)Na Idade Média, o aprendiz era remunerado no início
do trabalho — Ele só passava a ser remunerado quando
era promovido a companheiro.

Questão 2

Resposta: alternativa ”a".

Justificativa: os companheiros eram em pequeno núme­


ro na Europa — Não, os valetes/companheiros eram muito
numerosos e predominavam nas corporações de ofício.

Questão 3

Resposta: alternativa "b".

Justificativa: a prim eira Constituição maçônica foi


publicada em 1723 — De fato, a primeira Constituição
maçônica surgiu em 1723 e serviu de normativo para a
Grande Loja de Londres, primeira obediência da Sublime
Ordem, fundada em 1717, na capital inglesa. Baseada nas
Antigas Obrigações, seu compilador foi o pastor James
Anderson, auxiliado por dois eminentes maçons, Jean
Théophile Desaguliers e George Payne.

Questão 4

Resposta: alternativa "d".

Justificativa: a resposta correta é a "d" porque contém


a sequência V-V-F-V-F, a saber:

238
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A :. A:.

• A Maçonaría atual pode ter-se originado das corpora­


ções medievais de ofício — Verdadeira. Essa é a versão
tradicional, pela qual nobres e aristocratas europeus
ingressaram em confrarias de artífices e com o tempo
passaram a predominar nessas organizações.
• Os I l r m K n i g h t e Lomas garantem haver a Maçonaría
surgido na Escócia, durante a construção da capela
Rosslyn — Verdadeira. Esses pesquisadores ingleses
descartam a versão tradicional e ligam a construção
da chamada capela Rosslyn com o achado de precio­
sos pergaminhos, por parte de cavaleiros templários,
no subterrâneo das ruínas do templo de Salomão, em
Jerusalém. Aquela edificação escocesa teria sido cons­
truída para abrigar tais documentos, e os construtores
teriam sido organizados em três graus.
• A primeira Constituição maçônica foi a redigida por
L. Dermott — Falsa. Esse maçom irlandês escreveu o
livro "Ahiman Rezon", que funcionou como verdadeira
Constituição de grande loja dissidente na Inglaterra, a
qual viria a se fundir com a Grande Loja de Londres e
originar a Grande Loja Unida da Inglaterra, em funcio­
namento até hoje.
• Consta que a origem da palavra "companheiro"seja o
latim "cum p a n is " (com pão) — Verdadeira. Os com­
panheiros geralmente compartilhavam o alimento
nas refeições que faziam no local de trabalho. Como
isso era normalmente feito "com pão", daí o "cum
panis".
• Na Idade Média, o artífice trabalhava na condição de
aprendiz por cinco anos ou até menos — Falsa. Segundo
se sabe, o aprendiz trabalhava em estágio probatório
por seis anos ou mais, sem remuneração.

239
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Questão 5

Resposta: alternativa "d".

Justificativa: essa alternativa corresponde à sequência


I, III e V, como segue:

I. Nas confrarias medievais, o grau de companheiro foi o


primeiro organizado, já que o aprendiz era considera­
do apenas estagiário — Correta. Havia o mestre, que
não era considerado grau, já que ele era o instrutor
e dono do negócio.
III. Na Maçonaria do início do século XVIII, só havia o
grau de companheiro — Correta. Posteriormente, o
aprendiz também foi considerado grau e o de mestre
só surgiu ainda depois.
V. Na França medieval, "Compagnonnage" foi sistema
de aprendizagem e forma de relações de trabalho ar-
tesanal — Correta. Nesse sistema, o aprendiz deveria
executar trabalho final que comprovasse sua habili­
dade, o qual, na França, chamava-se "chef d'oevre"
(obra-prima).

Alternativas incorretas:

II. O grau de mestre existia desde a Idade Média — In­


correta. Não, ele surgiu, na Inglaterra, em 1723, mas
só foi implementado na prática anos mais tarde.
IV. As autoridades na Europa não se incomodavam com
os rituais secretos das confrarias medievais de artífi­
ces — Incorreta. Incomodavam-se, sim, tanto é que
os proibiam por desconhecer sua natureza e não ter
controle sobre eles. Foi por isso que tais corporações

240
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A.\

assumiram nomes de santos católicos e os conside­


raram padroeiros.

241
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

242
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A.-.

Respostas às questões do Exercício


de Verificação

Capítulo 3.°

Questão 1

Resposta: alternativa "d".

Justificativa — Para possibilitar o progresso dos obrei­


ros, as sete artes liberais e as ciências de que se vale a
Maçonaria são\ a Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética,
Geometria, Música e Astronomia. Isso porque com a

• Gramática aprendemos o uso apropriado das palavras


e das regras de sua combinação.
• Retórica adquirimos habilidade na expressão.
• Lógica tornamo-nos capazes de guiar nossa razão en­
quanto dirigimos questionamentos à procura da Verdade.
• Aritmética capacitamo-nos a calcular.
• Geometria aprendemos a medir a forma e as estruturas.
• Música apreciamos a harmonia — e distinguimo-la da
dissonância (sentido denotado) ou da discórdia (cono-
tado) — e o ritmo.
• Astronomia apreciamos os trabalhos infinitos do Cria­

243
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

dor — o Universo — e capacitamo-nos a reconhecer


os astros componentes do painel da loja e da abóbada
celeste existente no teto do templo.

Questão 2

Resposta: alternativa "d".

Justificativa — Para o Grande Oriente do Brasil, a filo­


sofia do grau de companheiro é a exaltação do trabalho,
conforme se comprova com a leitura do ritual de compa­
nheiro do GOB: "O grau de comp.-. do Rito Escocês Antigo
e Aceito é consagrado à exaltação do trabalho, etc.".

Questão 3

Resposta: alternativa "a".

Justificativa: a principal tarefa do companheiro é polir


o cubo de pedra — Essa tarefa consiste em polir e alisar
seu tosco cubo de pedra, ou seja, polir-se para inserir-se
com facilidade no edifício social. Já mais espiritualizado, o
companheiro prossegue na tarefa de construir seu templo
interior para nele abrigar condignamente a centelha divina
que todos possuímos. Com relação à alternativa "e", é
evidente que o companheiro deve combater a desarmo­
nia e a discórdia, mas isso é decorrência do polimento da
pedra bruta desbastada e sua transformação em cúbica.

Questão 4

R esp o sta: a lte rn a tiv a "b".

244
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A:.

Justificativa: alternativas corretas — Elas equivalem à


sequência I, II e III, a saber:

I. O prumo representa a retidão e o equilíbrio — Correta.


O prumo ou fio de prumo tem esse simbolismo, pois
assim como serve para aferir a retidão de parede
possibilita verificar o equilíbrio da construção.
II. O nível simboliza a igualdade dos irmãos — Correta.
Sim, do possuidor dessa joia, o l.° Vigilante, espera-
-se Equidade (ou igualdade) e Justiça, pois o fio de
prumo que ela contém deve ficar rigorosamente sem
pender para um lado ou outro quando a superfície é
totalmente plana.
III. O prumo é a joia do 2.° Vigilante — Correta. Assim
como o fio do prumo fica totalmente reto em função
do peso nele pendurado para verificar a retidão e o
equilíbrio da parede, deve também o 2.° Vigilante,
detentor dessa joia, agir com correção e equilíbrio
em suas funções na loja.

Alternativas incorretas:

IV. O nível também é chamado "perpendicular" — Incor­


reta. O prumo é que é assim chamado.
V. Para a Ordem, é indiferente o tipo de nível — Incorre-
ta. Há vários tipos de nível, mas o maçônico é o que
é composto de triângulo e prumo, na forma da letra
"A".

Questão 5

R esp o sta : a lte rn a tiv a "c".

245
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Justificativa: a sequência correta é F-V-V-F-F, como


se pode ver a seguir:

• No grau 2, o companheiro não utiliza o maço e o cin-


zel, ferramentas do aprendiz — Falsa. Utiliza, sim, no
polimento da pedra bruta desbastada e na sua trans­
formação em cúbica.
• Para a GLMDF, o grau de companheiro é dedicado ao
trabalho, à educação e à ciência — Verdadeira. O ritual
do segundo grau da GLMDF, no item "Escopo do grau
de companheiro", deixa claro que "no grau de Comp.-.
M.-., vamos encontrar a síntese do aperfeiçoamento do
coração humano pelo trabalho, pela prática moral das
virtudes e das ciências. Daí poder ser este grau conside­
rado como o da educação e da ciência" (RITUAL-GLMDF
2.° grau, 2010:7).
• Na tarefa de reflexão e meditação, o companheiro vale-
s e da intuição e dos sentimentos — Verdadeira. Sim.
No primeiro grau, o aprendiz executa trabalho mecâni­
co, com base na força, mas também com discernimento,
representado pelo cinzel na direção correta. Como com­
panheiro, já mais espiritualizado, tem oportunidade de
praticar a introspecção e a meditação, já que o espírito
alcança o equilíbrio com a matéria.
• O aprendiz desbastou sua pedra bruta. Elevado a com­
panheiro, a tarefa está terminada — Falsa. Ao atingir
o maçom o segundo grau, a nova tarefa está apenas
começando: a de polimento da pedra bruta desbastada
e sua transformação em pedra cúbica. Isto significa o
polimento de si próprio para permitir a adequada inser­
ção no edifício social, ou seja, no meio em que vive.
• Trabalho realmente dignificante é o intelectual pois é
superior — Falsa. De acordo com o Grande Oriente do

246
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A:.

Brasil, no ritual do grau 2, podemos ler que "o grau de


companheiro do Rito Escocês Antigo e Aceito é con­
sagrado à exaltação do trabalho, qualquer que seja a
sua natureza: intelectual, manual ou técnica". A GLMDF
também exalta o trabalho, sem privilegiar qualquer
modalidade, já que no seu ritual de grau 2 lê-se que
"no grau de Comp.-. M.\, vamos encontrar a síntese do
aperfeiçoamento do coração humano pelo trabalho, pela
prática moral das virtudes e das ciências". Portanto,
para a Maçonaria, tanto o trabalho intelectual, como o
manual ou o técnico são dignificantes.

247
Pau lo Antonio O uteiro Hernandes
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.é. A .\ A.\

Respostas às questões do Exercício


de Verificação

Capítulo 4.°

Questão 1

Resposta: alternativa "a".

Justificativa: o templo maçônico simboliza o Universo


— Essa afirmativa é mesmo incorreta, pois o templo ma­
çônico simboliza o mundo, o planeta Terra.

Questão 2

Resposta: alternativa "d".

Justificativa: no tempo de Amós, os hebreus dividiam-


s e em dois reinos — Depois de Salomão, os hebreus não
conseguiram manter a unidade e dividiram-se em dois
reinos, frequentemente em conflito: Israel, ao Norte, e
Judá, ao Sul.

D e m a is a lt e r n a t iv a s , in c o r r e t a s :

249
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

a) Em Amós 7:7-8, "passarei"significa contornarei, rodea­


rei — Não, o significado correto é atenderei, perdoarei.
b) 0 profeta Amós era rico fazendeiro e queria ser sa­
cerdote — Amós, na verdade, era trabalhador braçal,
boiadeiro e cultivador de sicômoros.
c) No texto bíblico do grau de comp:., o Senhor julgará
Judá — Não, julgará Israel, o reino do Norte, que havia
descambado para a idolatria e a impiedade.
e)0 trecho bíblico lido em sessão do grau 2 refere-se ao
nível — Refere-se ao prumo: "O Senhor estava sobre
um muro levantado a prumo; e tinha um prumo na
mão".

Questão 3

Resposta: alternativa "b".

Justificativa: no Oriente do templo maçônico, NÃO está


localizada a coluna da Força — De fato, não está. Lá se
situa a coluna abstrata, simbólica da Sabedoria, repre­
sentada pelo Venerável Mestre.

Demais alternativas, todas incorretas — No Oriente do


templo maçônico, NÃO

a)se encontra o altar dos perfumes — Encontra-se, sim,


nas lojas do GOB, à direita do trono do do ponto
de vista de quem olha para ele.
c) se situa uma dasjoias fixas da loja — Situa-se a pran­
cheta ou tábua de delinear.
d) se coloca o painel com os luminares — Ele está colocado
atrás do altar e do trono do V.-.M...
Curso de Formação de Companheiros do R.'. E.\ A.\ A:.

e)ilumina os irmãos a luz da sabedoria — Ilumina, sim,


na figura do V.\M...

Questão 4

Resposta: alternativa "c".

Justificativa: essa alternativa corresponde à sequência


V-V-F-F-V, a saber:

• No altar dos juramentos, estão colocadas as três gran­


des luzes emblemáticas da Maçonaria — Verdadeira. São
elas o esquadro, o compasso e o Livro da Lei, que não
podem ser retirados enquanto a sessão não terminar.
• A haste direita do compasso está em cima do ramo
direito do esquadro na sessão de companheiro, nas
lojas do GOB — Verdadeira. Isso significa que o maçom
do segundo grau não se encontra, simbolicamente, tão
dominado pela matéria e já avançou na espiritualização.
• O entrelaçamento do compasso e do esquadro indica
que a matéria e o espírito estão em luta — Falsa. No
grau 2, o espírito e a matéria estão equilibrados e tra­
balham unidos.
• O companheiro ainda está simbolicamente muito ape­
gado aos bens materiais — Falsa. O maçom do segundo
grau iniciou processo de reflexão e meditação e come­
çou a espiritualizar-se.
• O compasso, o esquadro e o Livro da Lei são considera­
dos os paramentos da loja — Verdadeira. Além de serem
as três grandes luzes emblemáticas da Maçonaria, são
também os paramentos da loja.

251
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Questão 5

Resposta: alternativa "e".

Justificativa: essa opção inclui as afirmativas II, III e


IV, quais sejam:

II. Do grau 1 para o 2, a decoração do templo no


R:.E:.A:.A:. quase não se altera — Correta. O único
elemento da decoração que está sempre lá, mas não
é levado em consideração no templo de aprendiz é
a estrela de cinco pontas pendente do teto sobre a
mesa do 2.° Vig.\.
III. No templo maçônico, o piso quadriculado é o pavi­
mento mosaico — Correta. Sim, o piso realmente tem
esse nome, com referência a Moisés. Não se deve
dizer "pavimento de mosaico".
IV. O simbolismo do compasso e do esquadro juntos
serve de balizamento para todas as ações dos ma-
çons — Correta. De fato, o compasso pode significar
a Justiça e o esquadro, a Retidão. Essa é a conduta
que se espera do maçom: justa e reta.

Demais afirmativas, incorretas:

I. O teto do templo maçônico costuma ser decorado como


representação do céu do hemisfério sul — Incorreta. O
teto estrelado é imagem do céu do hemisfério norte,
onde surgiu a Sublime Ordem.
V. O Oriente do templo corresponde ao Oeste terrestre —
Incorreta. Oriente = Leste, onde o Sol nasce, de onde
vem a luz.

252
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A.-.

Respostas às questões do Exercício


de Verificação

Capítulo 5.°

Questão 1

Resposta: alternativa "e".

Justificativa: o elemento decorativo típico do templo


em loja de companheiro é a Estrela Flamejante. De fato,
essa estrela misteriosa só é apresentada ao maçom do
R.-.E.-.A.-.A.-. durante a cerimônia de sua elevação. A letra
"G", que também é característica do segundo grau, não
constitui propriamente elemento decorativo do templo,
até porque se encontra inserida na citada estrela.

Questão 2

Resposta: alternativa "c".

Justificativa — A Estrela Flamejante tem vários signifi­


cados na Maçonaria, EXCETO: as cinco chaaas de Jesus.
o Cristo. O pentagrama ou estrela de cinco pontas era,
para os primeiros cristãos, símbolo das cinco chagas de

253
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Cristo. Ocorre que a Estrela Flamejante é mais que sim­


ples estrela de cinco pontas: ela é radiante e contém a
forte letra "G".

Os demais significados da Estrela Flamejante contidos nas


outras opções são todos corretos:

a) Grande Arquiteto do Universo


b) Luz interior do obreiro maçom
d) Eu interior do iniciado na Ordem
e) Quatro elementos + quintessência

Questão 3

Resposta: alternativa "d".

Justificativa: alternativa INCORRETA — A letra "G" na


Maçonaria tem Geografia como um dos cinco significados.
Essa afirmativa é de fato incorreta, pois Geografia não é
significado maçônico da letra "G". Os cinco significados
usualmente aceitos são: Geometria, Geração, Gravidade,
Gênio e Gnose. As demais alternativas são todas corre­
tas e, portanto, incorretas em virtude do enunciado da
questão.

Questão 4

Resposta: alternativa "b".

Justificativa — Afirmativas corretas. Elas correspondem


à sequência I, III e IV, a saber:

254
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A :. A:.

I. Geometria, Geração, Gravidade, Gênio e Gnose são


tidos como os significados maçônicos da letra "G"
— Correta. Contudo, há quem entenda que essa im­
portante letra para os maçons seja simplesmente a
inicial da palavra inglesa "God" = Deus, em português.
Nas demais línguas do grupo germânico — alemão,
holandês, sueco, norueguês, dinamarquês e islandês
— "Deus" também principia com "G".
III. Egrégora é energia de natureza espiritual resultado da
geração sinérgica de forças mentais positivas ou nega­
tivas — Correta. A egrégora forma-se em agrupamento
de forças mentais na presença da entidade espiritual
invocada. Pode ser positiva ou negativa. Nas sessões
maçônicas onde impera a harmonia, com invocação ao
G.-.A.-. D.-. U.-., a egrégora só pode ser positiva.
IV. Gnose é o conhecimento experiencial do G.-.A.-.D :. U:.
— Correta. A gnose, conceito caro a determinada
corrente cristã dos primeiros séculos, consiste no
conhecimento da divindade mediante experiência
pessoal decorrente de êxtase ou união mística. Esses
eventos só podem ser vividos por pessoas de conduta
reta e justa, algo próximo da santificação.

Demais alternativas, incorretas:

II. Na Ordem, não consideram os alegoricam ente a


palavra "gravidade" como significado da letra "G" —
Incorreta. Na Maçonaria, o uso dessa palavra é, sim,
alegórico, pois seu significado não é o adotado pela
Física como sendo a força de atração de um corpo
celeste em direção ao seu centro. Na Ordem, a força
da gravidade tem a ver com a atração dos maçons
uns pelos outros através do amor fraternal.

255
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

V. No âmbito maçônico, geração nunca pode acarretar


regeneração — Incorreta. Pode, sim. Na Natureza, a
geração, destruição e regeneração (re+geração) da
vida obedece a ciclo perpétuo. Assim, a semente é
gerada pela planta, é semeada, apodrece e daí nasce
nova planta. Estes conceitos serão alegoricamente
retomados no grau de mestre.

Questão 5

Resposta: alternativa "a".

Justificativa: essa alternativa corresponde à sequência


F-F-V-V-V, como segue:

• A estrela de cinco pontas é indevidamente identificada


com a figura humana — Falsa. É com frequência que
essa identificação acontece, como na magia. No famoso
desenho de Leonardo da Vinci, o "Homem Vitruviano",
sua cabeça, mãos e pés equivalem às pontas do pen­
tagrama ou estrela de cinco pontas.
• No templo maçônico, a Estrela Flamejante não deve ser
iluminada por dentro — Falsa. De preferência, é bom
ser. Isto porque o companheiro deve irradiar a luz, que
ilumine todos os que estão à sua volta, produzida pela
retidão de conduta e senso de justiça.
• A Estrela Flamejante também é dita "flamígera" —
Verdadeira. É, sim, embora tanto o Grande Oriente do
Brasil como a Grande Loja Maçônica do Distrito Federal
adotem o termo "flamejante".
• A quintessência é o quinto elemento, conceito do filó­
sofo grego Aristóteles — Verdadeira. Trata-se do quinto

256
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A :. A :.

elemento, superior aos outros quatro (ar, água, terra e


fogo). Conceito do filósofo grego Aristóteles (384-322
a. C.), era matéria sutil, transparente, inalterável e
participava da composição dos corpos celestes.
• S u p õe -se b a sea r-se a Estrela Fla m e ja n te no p e n ta g ra ­
m a g reg o — Verdadeira. O pentagrama ou estrela de
cinco pontas foi atribuído ao matemático e místico grego
Pitágoras. Consta que ele a considerava emblema da
perfeição e do saber supremo. Contudo, essa estrela é
símbolo muito mais antigo, encontrada em gravações
em pedra mesopotâmicas e egípcias.

257
Paulo Antonio Outeiro Hernandes
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A :. A:.

Respostas às questões do Exercício


de Verificação

Capítulo 6.°

Questão 1

Resposta: alternativa "e".

Justificativa: as ferramentas que o aprendiz passa a


conhecer na cerimônia de sua elevação são a régua de
24 polegadas, o compasso, a alavanca e o esquadro. Ele
também recebe, na primeira viagem, o maço e o cinzel,
mas estes já lhe são conhecidos desde a iniciação.

Questão 2

Resposta: alternativa "c".

Justificativa: o número cinco foi associado ao grau de


companheiro provavelmente porque cinco são os sentidos
do ser humano — De fato, é através dos cinco sentidos
que o companheiro vê, sente, percebe a realidade que o
cerca e pode trabalhar para seu aprimoramento. Contudo,
deve procurar os sentidos espirituais, já que naturalmente

259
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

exercita os sentidos físicos. Parece, portanto, que o núme­


ro cinco foi associado ao segundo grau por serem cinco os
sentidos físicos do homem, os quais o companheiro deve
ultrapassar penetrando no seu eu interior.

Assim, as viagens da elevação (alternativa "a"), as pontas


da Estrela Flamejante (alternativa "d") e os anos da idade
do companheiro (alternativa "e") decorrem do número
dos sentidos do homem.

O número dos significados da letra "G" certamente foi


acomodado para coincidir com o número dos sentidos.

Entretanto, conforme vimos, há outras explicações para


o cinco como número do companheiro, tais como a soma
dos quatro elementos com a quintessência e os anos de
trabalho do aprendiz nas corporações medievais de ofício.

Questão 3

Resposta: alternativa "c".

Justificativa: a palavra sagrada do grau de companheiro


significa estabilidade e firmeza — O vocábulo hebraico
"j..... n" é formado pela abreviação do nome de Deus
("Yah") e pela forma verbal ("a....... n"), que significa
ele estabeleceu. Estabeleceu o quê? Estabeleceu-se com
estabilidade e firmeza. Por que podemos afirmar isso?
Porque essa palavra designa uma das colunas do templo
de Salomão e do templo maçônico. Mas há a outra, "b...z",
que significa força, firmeza, fortaleza. Assim, a associação

260
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A.-. A.\

dos nomes das duas colunas — "b....z"e"j..... n"— pode


ser interpretada como "Deus se estabelecerá com firmeza
ou como uma fortaleza".

Questão 4

Resposta: alternativa "e".

Justificativa - essa opção corresponde à sequência V-


-F-V-F-V, a saber:

• A palavra de passe do segundo grau significa fartura,


abundância — Verdadeira. Realmente, o vocábulo he­
braico "sh...ô..et" quer dizer espiga de trigo e por isso
esse significado foi associado àqueles conceitos.
• A régua de 24 polegadas simboliza a dedicação ao
trabalho sem preocupação com descanso — Falsa. O
número 24 representa as horas de um dia completo,
que devem ser bem aproveitadas pelo maçom no es­
tudo e no trabalho. Entretanto, nelas deve-se incluir o
descanso de oito horas.
• O malho e o cinzei representam a vontade e a força
orientadas pelo intelecto e o discernimento — Ver­
dadeira. Esses são os significados do malho ou maço
(vontade, força) e do cinzei (intelecto, discernimento).
Portanto, a força na ação deve ser orientada pelo dis­
cernimento para ser proveitosa.
• O número cinco pode significar a matéria agindo sobre
o espírito — Falsa. No segundo grau, o companheiro
encontra-se em situação de equilíbrio entre a matéria
e o espírito. Este já começa a agir sobre a matéria, e o
maçom tem a visão mais aberta para a espiritualidade.

261
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

• Para a GLMDF, o cinco é número misterioso porque se


compõe do binário e do ternário — Verdadeira. 0 ritual
de companheiro declara que o "Cinco é um número
misterioso porque se compõe do binário, símbolo do que
é falso e duplo, e do ternário, cujo segredo conheceis.
Cinco dá-nos a ideia da perfeição e da imperfeição, da
ordem e da desordem, da felicidade e da infelicidade,
da vida e da morte".

Questão 5

Resposta: alternativa "b".

Justificativa - A opção "b" corresponde à sequência


I, III e IV, em que todas as afirmativas são corretas,
como segue:

I. Simbolicamente, o aprendiz sabe desbastar a pedra


bruta, mas não a sabe polir — Correta. Por suas li­
mitações, o aprendiz não consegue terminar a obra,
ou seja, não sabe polir a pedra. Assim, não passa do
ternário para o quaternário.
III. O número um simboliza o principio de vida, o espírito
— Correta. O um, segundo Pitágoras, é a fonte ema-
nadora de tudo. O G.-.A.-.D/.U.-. é a unidade absoluta.
IV. O ritual do GOB considera o cinco como número do
segundo grau porque entende que na Maçonaria ope­
rativa o aprendiz trabalhava cinco anos até ser promo­
vido a companheiro — Correta. Essa é a justificativa
do GOB no ritual do grau 2. A Grande Loja Maçônica
do Distrito Federal também assim entende. Contudo,
sabemos que geralmente o aprendiz de artífice na

262
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A.\

época medieval trabalhava seis, sete anos até poder


ser promovido a companheiro.

Afirmativas incorretas:

II. Para a Maçonaria, a figura geométrica que representa


o número cinco é o pentágono — Incorreta. A figura
que a Sublime Ordem leva em conta para representar
o número cinco é a estrela de cinco pontas, particu­
larmente a Estrela Flamejante, vinculada ao segundo
grau simbólico.
V. O companheiro ainda não consegue vislumbrar a pre­
sença do espírito, o que só alcançará quando chegar
a mestre — Incorreta. Quem é assim é o aprendiz. O
companheiro já consegue sentir a presença do espí­
rito, situação representada pela posição do esquadro
e do compasso, juntos.

263
Paulo Antonio Outeiro Hernandes
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A.-. A.\

Respostas às questões do Exercício


de Verificação

Capítulo 7.°

Questão 1

Resposta: alternativa "b".

Justificativa: elementos do painel simbólico de compa­


nheiro já conhecidos do aprendiz: maço, cinzel e pedra
bruta — Com efeito, no primeiro grau, as ferramentas do
aprendiz são o maço ou malho e o cinzel, com os quais
trabalha na pedra bruta. As demais ferramentas, a Estrela
Flamejante e a letra "G" só serão conhecidas do maçom
quando se tornar companheiro.

Questão 2

Resposta: alternativa "a".

Justificativa — Essa opção contém a combinação 2v 2w


l x l y lz , ou seja:

No painel simbólico do grau de companheiro, notamos


no ritual

265
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

1. Do GOB
x. Orla dentada com pequenos triângulos no centro de
cada lado do retângulo — Observam-se quatro peque­
nos triângulos em cada lado do retângulo que delimita
o piso do templo. No painel da GLMDF, encontram-se
letras indicativas dos quatro pontos cardeais.
y. Ornamentos na base das colunas — Há ornamentos bem
trabalhados na base das colunas. No painel da GLMDF,
não há ornamentos.
z. Ornamentos no fuste das colunas — No fuste de cada
coluna, há duas cintas ou faixas. No painel da GLMDF,
não há ornamentos, apenas as letras "B" e "J".

2. Da GLMDF
v. Grades mais evidentes nas janelas, na gravura do
ritual — As janelas contêm treliças. No ritual do GOB,
não aparecem grades ou treliças.
w. Orla dentada com letras no centro de cada lado do
retângulo — No ritual do GOB, no lugar das letras, há
pequenos triângulos.

Questão 3

Resposta: alternativa "d".

Justificativa — Painel simbólico do grau de compa­


nheiro - V.I.T.R.I.O.L. — Afirmativa INCORRETA: para a
Alquimia mística, o ferro pode-se transformar em ouro.
A alquimia do iniciado não transforma o ferro em ouro,
mas, fundamentalmente, a pedra bruta, que representa
nossa insipiência e nossas imperfeições, no ouro puro do
conhecimento maior.

266
Curso de Formação de Companheiros do R.'. E.\ A .\ A.'.

Questão 4

Resposta: alternativa "c".

Painel alegórico — Essa opção corresponde à sequência


V-V-F-F-V, a saber:

• A escada de caracol mostra os três degraus do aprendiz,


os cinco do companheiro e os sete do mestre-maçom
— Verdadeira. 0 companheiro galga o segundo lanço da
escada e, com estudo e perseverança, sobe o terceiro
para chegar ao topo como mestre.
• Na escada, estão representados dois companheiros e
um mestre — Verdadeira. Dois aprendizes estão prontos
a subir os três primeiros degraus da escada. No topo,
aguarda-os o mestre, que já a percorreu.
• O aprendiz ao chegar ao segundo lanço da escada
encontra as mesmas condições que experimentou no
primeiro lanço — Falsa. Ao iniciar a subida do primeiro
lanço, o candidato está em patamar ainda dominado
pela matéria: está nas trevas e passa por provas sim­
bolicamente difíceis e perigosas. Já aspirando ao grau
2, o aprendiz, em sua ascensão pelos cinco degraus —
que simbolizam os cinco sentidos humanos ou as quatro
provas da iniciação mais a última viagem da elevação
—, encontra condições mais suaves, em ambiente mais
iluminado e espiritualizado.
• Na subida da escada, o companheiro não pode galgar
os sete degraus restantes — Falsa. Não só pode, como
deve. O companheiro, a persistir no propósito de conti­
nuar a subir a escada, galgará os sete degraus restantes
(e muitos outros mais além, nos graus superiores) e
atingirá o mestrado. Esses degraus representam as sete

267
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

ciências e artes liberais do mundo antigo: Gramática,


Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Música e As­
tronomia.
• Os cinco degraus simbolizam os sentidos humanos —
Verdadeira. O segundo lanço da escada corresponde
ao grau 2. O companheiro ainda tem, simbolicamente,
alguma dependência da matéria. Por isso, está sob
influência dos sentidos humanos. Mas já começa a
vislumbrar a espiritualidade e a voltar-se para seu eu
interior. Esses degraus também podem representar as
quatro provas da iniciação mais a última viagem da
elevação.

Questão 5

Resposta: alternativa "e".

Justificativa — A opção "e" corresponde à sequência II,


IV e V, em que as três afirmativas são corretas, como
segue:

II. O último lanço da escada representa as sete ciências


e artes liberais do mundo antigo — Correta. Sim, são
as áreas do conhecimento que encaminham o maçom
ao mestrado: Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética,
Geometria, Música e Astronomia.
IV. As paredes do edifício foram construídas com pedras
cúbicas — Correta. Percebemos claramente a lisura
e o perfeito encaixe das pedras. Isso significa que o
companheiro já está pronto para subir até o topo da
escada.
V. Na loja justa e perfeita, podemos estabelecer paralelo

268
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A.\

entre a composição da oficina e a escada de caracol —


Correta. Sim, a escada tem três lanços, como vimos,
compostos de três, cinco e sete degraus. A loja em
oficina, para ser considerada justa e perfeita, necessi­
ta de três que a governem (o V.-.M.-. e os Vigilantes);
cinco que a componham (aos três primeiros juntam-se
o Orador e o Secretário); sete que a completem. (Aos
cinco somam-se mais dois obreiros, um dos quais
exercerá necessariamente o cargo de Cobridor.)

Demais afirmativas, incorretas:

I. Do início ao fim da subida, o companheiro sempre


vai em linha reta — Incorreta. Como a escada tem
o formato de caracol, o obreiro, ao subi-la, faz giro
sobre si mesmo. Isso, em sentido esotérico, simboliza
a visão para dentro dele próprio, em busca do auto-
conhecimento.
III. No painel alegórico da GLMDF, a lâmpada acesa sim ­
boliza o espírito de curiosidade do maçom — Incorreta.
Ela representa a sabedoria ou o conhecimento, que o
iniciado deve buscar ao longo da trajetória na Sublime
Ordem.

269
Paulo Antonio Outeiro Hernandes
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A.\

Respostas às questões do Exercício


de Verificação

Capítulo 8-°

Questão 1

Resposta: alternativa "e".

Justificativa — Nas sessões ordinárias de grau 2, uma


destas opções é igual à do grau de aprendiz: Circul:. do
Hosp:. no Or:. — Na sessão de grau 2, a circulação do
Hospitaleiro no Oriente é exatamente igual à da sessão
de grau 1. Já a circulação no Ocidente é algo distinta, pois
esse oficial não percorre o topo da coluna do Norte, onde
se sentam os aprendizes. Da mesma forma, a marcha,
o sinal de ordem, a bateria e a quantidade e distribuição
das luzes dos candelabros são diferentes.

Questão 2

Resposta: alternativa "e".

Justificativa — Afirmativa correta: são cinco as batidas

271
Paulo Antonio Outeiro Hemandes

que o companheiro dá na P:.C:. na elevação — De fato, é


isso mesmo: duas a mais do que o aprendiz dá na P.-.B.-.
na iniciação. As cinco pancadas correspondem ao número
do companheiro.

Demais afirmativas, todas incorretas:

a) Na marcha, os três primeiros passos formam triângulo


— Não, na marcha de companheiro, os três primeiros
passos (correspondentes à marcha de aprendiz) são
dados em linha reta.
b) Na batería do grau, as pancadas são dadas sem inter­
valo — As pancadas são dadas em dois momentos, com
rápido intervalo entre eles, assim:
c) Há três luzes nos candelabros do Venerável e de cada
Vigilante — Não: na sessão de companheiro, somente
o candelabro do V.-.M.-. apresenta três luzes. Os dos
VVig.-. mantêm uma luz cada.
d) Os companheiros sentam-se em qualquer fileira da
coluna do Sul — Os maçons do segundo grau sentam-
-se no topo da coluna do Sul, quer os de lojas do GOB,
quer os da GLMDF.

Questão 3

Resposta: alternativa "c".

Justificativa — Marcha do companheiro, afirmativa IN­


CORRETA: a marcha é muito diferente da do aprendiz — A
marcha do companheiro é algo diferente, mas não muito
diferente da do aprendiz. A marcha no grau dois contém
a do grau um e acrescenta mais dois passos, um à direita
e outro à esquerda.

272
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A.-.

Questão 4

Resposta: alternativa "b".

Justificativa: essa alternativa corresponde à sequência


I, III e V — três afirmações corretas —, a saber:

I. O número de batidas do comp:. na pedra lembra que


seu ofício é mais trabalhoso do que o do aprendiz —
Correta. O polimento da pedra desbastada demanda
mais tempo e perseverança a fim de ela ficar perfeita
para o encaixe nas paredes do edifício social.
III. A quantidade de luzes nos candelabros do V.-.M:. e dos
W ig:. indica o grau da sessão — Correta. Uma das
finalidades do acendimento das luzes nos candelabros
é essa.
V. As lâmpadas ou velas dos candelabros são acesas
em homenagem ao G:.A:.D:.U:. — Correta. Essa é a
outra finalidade.

Afirmativas incorretas:

II. A saudação deve ser executada de forma lenta e su­


ave — Incorreta. Ela deve ser feita de forma rápida
e ríspida.
IV. Quando à ordem, os pés do companheiro não pre­
cisam ficar em esquadria — Incorreta. Tanto os pés
do aprendiz como os do companheiro (e dos demais
irmãos em sessões de grau 1 e 2) devem estar em
esquadria quando os maçons estiverem à ordem.

Questão 5

Resposta: alternativa "d".

273
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Justificativa: a alternativa "d" equivale à sequência V-


-V-V-F-F, como segue:

• A saudação no grau 2 lembra ao companheiro que ele


próprio pediu para ter o cor.-, arrancado para alimentar
os abutres se for perjuro — Verdadeira. A mão em forma
de garra e o movimento ríspido na horizontal sugerem
isso.
• O companheiro, nas lojas da GLMDF, senta-se na coluna
do Sul, onde fica ao lado do seu mestre — Verdadeira.
Os companheiros sentam-se na coluna do Sul, onde
também se senta o 2.° Vig.-., responsável por ela. Na
GLMDF, a essa dignidade cabe avaliar os conhecimentos
do companheiro e, ao final do período previsto, pedir-
-Ihe o aumento de salário.
• Do seu lugar, os companheiros estão de frente para o
l. ° Vig.-., responsável por sua instrução nas lojas do
GOB — Verdadeira. Como o l.° Vig.-. senta-se na coluna
do Norte, de frente para a do Sul, está em posição fron­
tal aos companheiros, por cuja instrução é responsável
nas lojas do GOB.
• Em sessão do segundo grau, o exame dos presentes
pelos VVig:.. é muito diferente conforme os rituais do
GOB e da GLMDF — Falsa. São muito semelhantes. Os
dois rituais prescrevem o exame dos irmãos das colunas
efetuado pelos VVig.-.. Em ambos, os irmãos sentados
no Oriente não são examinados. Há duas pequenas
diferenças entre os citados rituais.
• Na marcha, o passo faltante para completar o triângulo
significa que falta ao companheiro mais um grau para
atingir a plenitude maçônica — Falsa. Esse passo fal­
tante para completar o triângulo quer dizer que ainda é

274
Curso de Formação de Companheiros do R.é. E.\ A.\ A.\

preciso o companheiro subir mais um grau para atingir a


plenitude maçônica no simbolismo. A plenitude maçô-
nica total o maçom de loja do R.\E.\A.‘.A.\ só alcançará
quando chegar ao grau 33.

275
Paulo Antonio Outeiro Hernandes
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A .\ A.-.

Respostas às questões do Exercício


de Verificação

Capítulo 9.°

Questão 1

Resposta: alternativa "c".

Justificativa — Ferramentas que o candidato leva nas


viagens da cerimônia de elevação: 3.a viagem — Régua e
alavanca. De fato, na terceira viagem, o aprendiz conserva
a régua e toma a alavanca, conforme se lê no ritual do
GOB, na fala do : "Ir.-. Exp.-., recebei do Ir.\ Apr.\
o compasso e entregai-lhe a alavanca, fazendo-o praticar
a terceira viagem" (RITUAL-GOB 2.° grau, 2009:79).

O ritual da GLMDF também prescreve esses dois instru­


mentos, conforme atesta o V.-.M.-.: "Passastes simbolica­
mente por vosso terceiro ano de estudos trabalhando com
a régua e a alavanca" (RITUAL-GLMDF 2.° grau, 2010:37).

Demais alternativas, todas incorretas:

a) l . a viagem — Incorreta: régua e maço — Correta:


maço e cinzel.

277
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

b) 2.a viagem — Incorreta: esquadro e compasso — Cor­


reta: régua e compasso.
d) 4.a viagem — Incorreta: esquadro e alavanca — Cor­
reta: esquadro e régua.
e) 5.a viagem — Incorreta: régua e cinzel — Correta:
nenhum instrumento.

Questão 2

Resposta: alternativa "c".

Justificativa — Instrumento com que o aprendiz já entra


no templo na sessão de elevação: régua. É isso que se lê
no ritual do GOB, quando o Experto, ao cumprir ordem
do V.-.M.-., prepara o candidato e o conduz à porta do
templo: "O Exp.-. executa, retira-lhe os metais e condu­
zindo o Apr.-., que segura com a m.-. esq.-., uma régua
. . . bate à porta do templo como Apr.-." (RITUAL-GOB
2.° grau, 2009:71).

IMo ritual de elevação da GLMDF, pode-se ler na fala do


V.-.M.-., antes do início das viagens, que "está, ainda, em
vossas mãos a régua de 24 polegadas. Que jamais vos
esqueçais de sua significação simbólica!" (RITUAL-GLMDF
2.° grau, 2010:34). Pouco mais adiante: ”Ir.\ Exp. ., fazei
o candidato praticar a sua primeira viagem" (Idem, ibid.
loc. cit.).

Questão 3

Resposta: alternativa "d".

Justificativa — Sobre a alavanca. Afirmativa INCOR-

278
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A.-.

RETA. Na terceira viagem, o candidato carrega a alavanca


porque Arquimedes disse frase célebre sobre essa ferra­
menta — Embora o grego Arquimedes tenha realmente
pronunciado célebre frase sobre a alavanca, não é por
causa dela que o candidato carrega tal ferramenta. Ele a
leva pelas razões contidas em todas as demais alterna­
tivas, corretas em si, mas incorretas em decorrência do
enunciado da questão:

a) Ela possibilita mover grandes obstáculos.


b) Vai ajudar a remover o bloco polido de pedra.
c) É instrumento de potencialização da força física.
e)Ele [o elevando] precisa de auxílio na tarefa de seu
próprio polimento.

Questão 4

Resposta: alternativa "a".

Justificativa — Essa opção corresponde à sequência V'


-F-V-F-V, a saber:

• O emprego do malho e do cinzel no corte e desbaste da


pedra representa o começo do trabalho de redução das
imperfeições do maçom — Verdadeira. Esse trabalho,
sem prazo para terminar, na verdade começou no dia
da iniciação do maçom. A força do malho e o discer­
nimento do cinzel são o fio condutor dessa jornada de
autoaperfeiçoamento.
• O círculo, traçado pelo compasso, simboliza o planeta
Terra — Falsa. O círculo representa o Universo, o Cos­
mos.

279
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

• A reta, traçada pela régua, significa o caminho reto e


justo do maçom — Verdadeira. Esse simbolismo aplica-
-se à marcha do aprendiz e mesmo aos passos dos
irmãos deslocando-se em linha reta do átrio ao interior
do templo.
• A dor causada pela ponta da espada na quinta viagem
representa as dificuldades da caminhada maçônica —
Falsa. Essa dor ou incômodo representa possível conflito
entre a verdade e nossa consciência moral. Em outras
palavras, esse mesmo desconforto o maçom sente sem­
pre que perceber discrepância entre a verdade admitida
e sua inteligência, o que caracteriza o erro.
• Na quarta viagem, o significado da retidão do esquadro
é ressaltado — Verdadeira. Nessa viagem, fica evidente
o papel do esquadro, que desliza pela régua. Com o
esquadro, o maçom verifica simbolicamente a retidão
das paredes do edifício que se vai erguendo aos poucos.
Assim também, a retidão de sua vida, de sua conduta
será importante baliza para o edifício social, ou seja,
para a comunidade onde atua.

Questão 5

Resposta: alternativa "e".

Justificativa — As cinco viagens. Localize as afir­


mativas corretas e marque a opção correspondente. A
alternativa "e" equivale à sequência Somente III e IV,
como segue:

III. Na quinta viagem, a ausência de instrumentos indica


que o maçom passou da fase operativa para a intelec­

280
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A :. A:.

tual — Correta. Nessa fase, o companheiro não mais


necessita de ferramentas ou instrumentos, mas do
seu intelecto para os estudos teóricos.
IV. As cinco viagens recordam os anos do trabalho do
aprendiz nas corporações de ofício medievais — Cor­
reta. Embora se saiba que os aprendizes daqueles
tempos trabalhavam, sem remuneração, geralmente
por mais de cinco anos.

Demais alternativas, todas incorretas:

I. Na quarta viagem, o M:.CCer:. dá ao candidato a ala­


vanca — Incorreta. Não é na quarta, mas na terceira
viagem que o aprendiz recebe a alavanca. E quem
lhe dá essa ferramenta é o Experto, não o Mestre de
Cerimônias.
II. O maço representa o livre-arbítrio, e o cinzel, a vontade
e a força — Incorreta. É o contrário: o maço repre­
senta a vontade e a força; o cinzel, o livre-arbítrio e
o discernimento.
V. Nas viagens, o aprendiz passa pelo Norte, região ilumi­
nada pelos conhecimentos recebidos — Incorreta. Ele
de fato passa pelo Norte, assim como pelo Sul, mas
esta é a região do Ocidente (que, no templo, acaba
englobando o Oeste, Norte e Sul) que recebe alguma
iluminação. Isso fica evidente quando examinamos o
painel simbólico do grau 2 (e também do 1), onde não
há janelas no Norte, mas no Sul.

281
Paulo Antonio Outeiro Hernandes
Curso de Formação de Companheiros do R.'. E.\ A .\ A.'.

Respostas às questões do Exercício


de Verificação

Capítulo 10

Q u estão 1

Resposta: alternativa "a".

Justificativa — Loja do G O B — S e ssã o d e com p an h eiro


p o r tran sform ação de sessão de g ra u 1 — A lte rn a tiv a
IN C O R R E TA : é lid o o L:. da Lei em A m ó s 7:7-8.

O ritual de companheiro do Grande Oriente do Brasil não


faz qualquer referência a nova leitura do Livro da Lei em
sessão de grau 2 por transformação de sessão de aprendiz.

Q u estão 2

Resposta: alternativa "c".

Justificativa — S essão de com p an h eiro p o r tra n sfo rm a ­


ção de se ssã o de g ra u 1 em loja da G L M D F — A lte rn a tiva
correta: há fe ch am e n to e nova abertu ra do p a in e l s im ­
b ólico do g ra u um.

283
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

De fato, o l.° Diácono fecha o painel de aprendiz e depois


abre o de companheiro. No retorno ao primeiro grau,
inverte o processo.

Questão 3

Resposta: alternativa "d".

Justificativa — Acesso ao arau de companheiro — A s­


socie corretamente os elementos da coluna da esquerda
com os da direita e marque a alternativa correspondente.

A opção "d" corresponde à sequência lu l v 2w lx 2y


2z, a saber:

1. GOB
lu . Interstício de 12 meses.
lv . Segundo Vig.-. pede aumento de salário,
lx . Requer trabalho escrito.

2. GLMDF
2w. Não exige frequência.
2y. Exige participação em seminário.
2z. Requer preenchimento de questionário.

Ressaltemos que tanto o GOB como a GLMDF exigem o


interstício de 12 meses para o aprendiz ser elevado. Da
mesma forma, ambas as obediências requerem o preen­
chimento de questionário para esse fim.

Questão 4

Resposta: alternativa "b".

284
Curso de Formação de Companheiros do R.’. E.\ A.-. A:.

Justificativa — Identifique as afirmativas corretas e mar­


que a opção correspondente. Essa alternativa equivale à
sequência II, III e V, a saber:

II. O GOB exige 50% de frequência para o aprendiz


pleitear aumento de salário — Correta. É o que de­
termina o RGF no artigo 35, que reza que o aprendiz
"para atingir o grau de companheiro frequentará du­
rante doze meses lojas do Grande Oriente do Brasil
com assiduidade, pontualidade e verdadeiro espírito
maçônico". No § 6.°, consta que "o aprendiz só será
colado ao grau de companheiro se tiver frequentado,
no mínimo cinquenta por cento das sessões ordinárias
de sua loja. Esse percentual foi determinado pela lei
123/2011, publicada no boletim do GOB n.° 1, de
31.01.2012, que alterou o texto anterior do RGF.
III. Na GLMDF, a instrução dos companheiros NÃO está di­
retamente a cargo de um dos Vigilantes — Correta. Os
companheiros recebem em loja a necessária instrução
para exaltação posterior. O art. 100 do Regulamento
Geral, no inciso IX, diz que é dever das lojas "realizar
pelo menos 3 (três) sessões por mês, uma das quais
destinada especialmente a instrução maçônica". Já no
art. 108, inciso II, consta que "ao companheiro que
tenha, em loja, recebido as instruções de seu grau,
poderá ser proposto ao [sic] grau de mestre-maçom,
pelo Segundo Vigilante". Tais instruções, em número
de três, constam do ritual do grau de companheiro-
-maçom da GLMDF.
V. Sobre o altar dos juramentos das sessões de grau 2
da GLMDF, além das três grandes luzes emblemáti­
cas da Maçonaria, veem-se também um maço, um
cinzel, uma régua e uma alavanca — Correta. Essas

285
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

ferramentas devem estar dispostas sobre o altar em


todas as sessões do segundo grau, conforme pres­
creve o ritual de companheiro-maçom da GLMDF, p.
7. "Do ritual do grau de companheiro — Do templo":
"O templo dos trabalhos de comp.-. m.-. é decorado
como o de aprendiz. No altar dos juramentos, porém,
além do Livro da Lei, do esquadro e do compasso,
haverá mais: um maço, um cinzel, uma régua e uma
alavanca".

Demais alternativas, incorretas:

I. Para exaltação, o GOB requer interstício de sete meses


e a GLMDF, seis meses — Incorreta. É o contrário: o
GOB exige seis meses e a Grande Loja, sete.
IV. Nas lojas do GOB, a instrução e pedido de aumento de
salário dos companheiros está a cargo do 2.0 Vigilante
— Incorreta. Esses são encargos do l.° Vigilante. O
Segundo cuida da instrução e do aumento de salário
dos aprendizes.

Questão 5

Resposta: alternativa ”e".

Justificativa — A opção "e" contém a sequência F-V-V-


-F-V, como segue:

• O avental do companheiro é igual ao do aprendiz — Fal-


§â. É quase igual: a diferença está na abeta. No avental
de aprendiz, ela está levantada; no do companheiro,
abaixada.

286
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A.-.

• Nas lojas do GOB, o uso do balandrau só é permitido nas


sessões ordinárias — Verdadeira. Nas sessões magnas,
o traje é terno, gravata e avental, de acordo com o rito.
• O oficial que abre e fecha o painel simbólico do grau
nas lojas da GLMDFé o l. ° Diácono — Verdadeira. É o
que prevê o ritual de companheiro nas pp. 13 e 23: "O
l.° Diac.v, de passagem, abre o painel da loja" e "De
passagem, o l.° Diac.-. fecha o painel da loja".
• O RGF, do GOB, determina ao companheiro frequência
mínima de 50% a sessões ordinárias de lojas do Gran­
de Oriente para poder pleitear a exaltação — Falsa. O
RGF, no art. 36, § 5.° prescreve que "o companheiro
só será colado no grau de mestre se tiver frequentado,
no mínimo, oitenta por cento das sessões ordinárias de
sua loja".
• Nas oficinas da GLMDF, os companheiros devem ter
recebido em loja as instruções do grau para habilitarem-
s e à exaltação — Verdadeira. É o que consta no art.
108, inciso II do Regulamento Geral: "ao companheiro
que tenha, em loja, recebido as instruções de seu grau,
poderá ser proposto ao [sic] grau de mestre-maçom, pelo
Segundo Vigilante".

287
Paulo Antonio Outeiro Hernandes
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A:.

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289
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

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292
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.-. A.\ A.\

APÊNDICE

I. O avental maçônico, insígnias, paramentos e


balandrau
Irm:. Frederico de Jesus Silva

II. Comentário e síntese do grau mais histórico e


intelectual da Maçonaria simbólica: o de com-
panheiro-maçom
Irm.-. José Ronaldo Viega Alves

III. Última instrução do segundo grau simbólico:


simbologia numérica
Irm:. Ney Giordan Marcondes de Godoy

IV. O companheiro maçom e os estudos


Irm:. Benjamin Pianowski Júnior

293
Paulo Antonio Outeiro Hernandes
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A:.

Apêndice I

O avental m açônico, insígnias,


paramentos e balandrau

Irm F re d e rico de Jesus Silva

O avental é um legado que a maçonaria moderna rece­


beu da maçonaria operativa. Esta peça, que foi de tanta
utilidade para o Maçom operativo, já que lhe protegia a
roupa, transformou-se para o maçom moderno numa
alfaia simbolizando a disciplina e o trabalho do Maçom.

Até a sua regulamentação pela Grande Loja Unida da


Inglaterra, os aventais da maçonaria inglesa assumiram
os mais variados aspectos e formas. Simples peles desa­
linhadas de cordeiro, no princípio, os aventais sofreram
uma evolução constante nos países que adotaram a ins­
tituição maçônica.

Em fins do século XVIII era grande moda enfeitar os aven­


tais com pinturas e bordados à mão que reproduziam a
riqueza emblemática da maçonaria.

O primeiro contato do Maçom com essa insígnia, que ex­


pressa sua condição, é na Iniciação. Ao entregar o Avental
ao Iniciando o Venerável diz: Recebei este Avental, a mais

295
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

honrosa insígnia do Maçom, pois é o emblema do Trabalho,


a indicar que devemos ser sempre ativos e laboriosos. Sem
ele, não podereis comparecer às nossas reuniões. Deveis
usá-lo e honrá-lo; porque ele, jamais vos desonrará.

O Avental, cujo uso se liga a costumes antiqüíssimos


relatados não só na Bíblia, quando Moisés instruiu os
hebreus para que tivessem os rins cingidos na noite da
libertação do jugo egípcio, por exemplo, mas nos mistérios
persas, na Grécia cerca de 40 séculos antes de Cristo, no
Hindustão ou nas Américas, tem a finalidade de isolar e
de filtrar as vibrações primitivas que atuam no corpo do
Homem evitando que seu pensamento seja desviado dos
planos superiores para o plano das forças mais densas.
Quando isso ocorre, o que não é raro acontecer, cria-se
uma fluidez magnética intensamente negativa e, como é
óbvio, altamente prejudicial ao trabalho em Loja.

É mister, portanto, impedir que isso ocorra e o Avental


tem a propriedade de fazê-lo desde que devidamente
magnetizado e usado corretamente, pois ele tem uma
espécie de tela entérica que atravessa o seu cinto. Essa
tela funciona como uma barreira contra as forças negativas
e contra a comunicação prematura entre os planos astral
e físico o que é muito importante, especialmente para
o Aprendiz já quer este detém muito pouco ou nenhum
conhecimento sobre esse assunto.

Ao nosso Avental, não importa o grau que detenhamos,


merece que lhe dediquemos um especial cuidado. Primei­
ramente, porque temos que honrá-lo como símbolo do
trabalho que eleva e dignifica o Homem em sua trajetória
terrena; e em segundo lugar, porque se o tratarmos como

296
Curso de Formação de Companheiros do R.-. E.\ A.\ A:.

deve ser tratado ele será nossa proteção permanente


contra as forças maléficas que pululam ao nosso redor
e que podem ser fácil e rapidamente atraídas por nossos
corpos.

O Avental é a peça mais importante na Maçonaria. Distin­


tivo indispensável do trabalho. É o único que dá ao maçom
o direito de entrar nos Templos e participar das reuniões.
Sua forma e cores variam de acordo com os graus e Ritos,
mas seu significado místico é o mesmo. O Avental Branco,
sem adornos, do Io grau, indica a pureza da alma, que
se supõe tê-la alcançado neste grau.

O azul celeste está associado com a dedicação espiritual.


Nos graus 1 e 2 não aparecem nenhum metal, pois o
maçom esteve, teoricamente, se despindo de todos os
metais e transmutando-os em riquezas espirituais.

Azul: Cor da Safira que simboliza a piedade, o equilíbrio,


a lealdade e a sabedoria, é a cor celeste que caracteriza
as Lojas Simbólicas e os maçons dos três primeiros graus.

A abeta levantada, (ternário) significa que o aprendiz não


sabe ainda trabalhar e precisa proteger-se.

O companheiro-maçom cujo material de trabalho é a


pedra cúbica (provinda do polimento da pedra bruta), já
pode usar o avental com a abeta abaixada (quaternário)
pois não necessita mais de tanta proteção para o corpo.

Na condição de companheiro o Irmão elevado não usa


venda porque ele já conhece a Verdade, sua vista já é
forte suficiente para resistir a luz dentro do Templo, mas

297
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

não ainda para subir ao Or.\ Ele usou venda quando como
profano bateu nas portas do Templo e foi necessário ocul­
tar da sua vista a Loja em trabalhos maçônicos, porém ele
já possui defesa suficiente para que seu corpo não seja
lambado pelas águas lodosas das corrupções do mundo
profano, o corpo a que se refere é o corpo espiritual, e
é nesse momento com o avental de abeta baixa que se
está formando o verdadeiro maçom, a partir deste ponto
é que saberemos se realmente o Comp.-. será ou não um
bom M/.M...

Os CComp.-., finalmente, após passar 6 (seis) meses com


a abeta baixa e ter provado seus merecimentos passam
então a condição de mestres e aí é que só planejam e
dirigem, simbolicamente os trabalhos, passam a utilizar
o avental também de pele branca, orlado de azul-celeste,
em todo seu contorno e na abeta.

O avental do mestre é forrado de preto, tendo uma ro­


seta também azul celeste no centro da abeta, que estará
sempre descida, e duas rosetas iguais, uma em cada
lado inferior do avental, no centro das rosetas, um botão
também azul-celeste. E finalmente o Mestre Instalado
utiliza o avental também de pele branca orlado de azul-
-celeste, em todo seu contorno. A diferença é que ao
invés de rosetas, traz três (taus) invertidos, sendo um
no centro da abeta e dois na parte inferior, um de cada
lado, de metal dourado. Terá junto a ponta inferior do
triângulo, duas fitas azuis com franjas, formadas por
sete correntes de sete elos dourados e pequenas esferas
também douradas. Uma vez passado pelo procedimento
ritualístico de Instalação, o M.-.I.-. jamais usará o avental
com rosetas.

298
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A.-.

Insígnias complementares do avental e paramentos.

Mestre

1. Fita - Os mestres usam uma fita azul-celeste


de 10 cm de largura, forrada de preto, posta a
tiracolo, do ombro direito para o esquerdo.
2. Jóia - Um esquadro prateado com ramos iguais,
pendente da fita de mestre, com a abertura vol­
tada para baixo.

Mestre Instalado

1. Colar - Azul celeste, com 10 cm de largura, com


um ramo de Acácia bordado na cor dourada, de
cada lado, no vértice formado pelo colar, há a fi­
gura de um delta radiante com o olho onividente.
O colar é forrado de preto.
2. Jóia - É um esquadro dourado com ramos desi­
guais, pendentes do colar, com a abertura voltada
para baixo e a haste maior a direita.
3. Punho - com seda branca orlado com azul celes­
te com um ramo de acácia de cada lado , tendo
bordado na face externa a jóia do cargo.

Não é permitido usar qualquer tipo de condecoração,


recompensa, cruz, colar, pingente, medalhão maçônico,
etc., por sobre o colar dos mestres e autoridades, mesmo
que sejam emblemas maçônicos.

Obs.: (Constante do ritual de M.-.M, pág. 12): "O mestre


Instalado quando não exercer o cargo de venerável, po­
derá usar apenas o avental de Mestre Instalado".

Essa observação serve para que os M s e diferenciem

299
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

dos atuais V.-.M.-. de Lojas, presentes em uma mesma


Sessão, devendo-se observar que na ritualística já está
definido onde devem tomar assento no Oriente, ou seja,
ambos, a esquerda do Trono de Sal...

As autoridades Dep.-.Fed.-., Estad.-., Gr.-. Secr.\, Min.-, e


outros que tem os seus paramentos específicos da repre­
sentação, tem assento no Or.-. diretamente independente
de convite do V.-.M.-., evitando os constantes constrangi­
mentos do Ven.-. ter que interromper a Sessão, pedindo
para o Mestr.-. de Cer.-. convidá-los a tomar acento no Or.-.
. Essas autoridades quando em Sessões Ordinárias de suas
Lojas, com exceção do M.-.I.-. e do V.-.M.-. podem a seu
critério, deixar de usar seus paramentos de auto cargo, a
fim de se apresentarem mais a vontade, e disponíveis para
ocupar alguma outra função que a Loja necessite no Oci­
dente, por exemplo 2.° Diac.-. Cobr.-. Mest.-. Cer.-. e outros.

Balandrau

Balandrau é o traje típico maçônico. É preconizado seu uso


estrito em sessões maçônicas simples, ditas econômicas.
Todo balandrau é de cor preta, com comprimento abaixo
dos joelhos, mangas largas e compridas. O colarinho alto
deverá está sempre fechado.

O balandrau é palavra originada do latim medieval Ba-


landrana, que definia a vestimenta de mangas largas
abotoada na frente e, pelo uso, designava certas roupas
usadas por confrarias, normalmente em cerimônias de
cunho religioso.

Historicamente, as organizações de ofício, ditas "Maçonaria

300
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A:.

Operativa", adotavam o traje, tal qual os Collegiati dos


Collegia Fabrorum e membros dos Ofícios Francos, dos
séculos XIV e XV, com seu balandrau negro.

Atualmente, a Maçonaria no Brasil de várias obediências


tolera a veste talar, negra, de mangas longas, colarinho
alto e fechada até o pescoço como opção ao terno escuro,
por entender que só o avental seja paramento maçônico,
alguns ritos como Emulation (erradamente chamado de
York Inglês), não permitem o uso do balandrau, sendo
exigido o uso do terno escuro.

O Art. 84 do RGF - estabelece em parágrafo único que


admite-se "eventualmente" o uso do balandrau nas de­
mais sessões desde que usado com calça preta ou azul-
-marinho, sapatos e meias pretas, e sem qualquer insígnia
ou símbolo estampados.

Trabalho apresentado pelo Ir.\ FREDERICO DE JESUS SILVA -


Na Loja Obreiros do Vale, do Or.-. do Park Way - DF - Setembro
de 2007.
Acessível na internet em xa.yimg.com/kq/groups/14976696/
2100142765/name/Avental+Maconico.doc

301
Paulo Antonio Outeiro Hernandes
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A:. A:.

Apêndice II

Comentário e síntese do grau mais


histórico e intelectual da Maçonaria
simbólica: o de companheiro-maçom

Irm:. José Ronaldo Viega Alves

Quando procedemos às leituras de trabalhos publicados


em periódicos e revistas, pertinentes ao Grau de Compa­
nheiro Maçom, é bastante comum, ou quase uma regra,
depararmos com essa espécie de lembrete ou aviso: o
Grau de Companheiro Maçom não é um Grau interme­
diário.

Para começo de conversa, lembremos que, durante o


período relativo à Francomaçonaria, o Companheiro re­
presentou o ápice da escalada profissional dos pedreiros
construtores, e, portanto, é um Grau que conserva, no
âmbito da nossa Ordem, uma enorme tradição. Esta
brevíssima introdução já acena com a existência de dois
extremos, de um lado, o de ser historicamente um Grau
de importância significativa, e de outro lado, um Grau
que supostamente não possui na atualidade o seu devido
reconhecimento, ou até mesmo o aprofundamento que se
requer o que parece ser um problema bem comum. Sem

303
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

entrar nas particularidades que envolvam Ritos, Lojas,


Potências e Maçons, seria omissão, isso, sim, aqui e agora,
não trazer esta questão à baila. Theobaldo Varoli Filho fez
escola com seu pensamento, e de maneira sintética como
ele se manifestou sobre o assunto:

O Grau de Companheiro não é “intermediário”


- é o Grau principal e o mais histórico da Maço-
naria. (...) estão completamente errados aqueles
poucos M açons que chegaram a considerar o
Grau de Companheiro com o “intermediário”.
A verdade é que não é Maçom o Iniciado que
não conhecer profundamente o segundo Grau
Simbólico, cuja doutrina é a mais perfeita síntese
da história da humanidade e a mais completa
exposição de que o homem tem passado por
Iniciações contínuas.

Na obra "A Simbólica Maçônica" de Jules Boucher, pode­


mos encontrar algumas questões discutíveis quando o
mesmo escreve sobre esse Grau:

É preciso reconhecer que a atual Iniciação


Maçônica ao Grau de Companheiro não tem o
caráter Iniciático que encontramos no primeiro
e no terceiro Graus. A indigência dos Rituais do
Grau de Companheiro é, digamo-lo, por demais
evidente.

E mais adiante:

A Iniciação ao Grau de Companheiro comporta


cinco viagens: na primeira, o Recipiendário desco­
bre os cinco sentidos, na segunda as quatro Ordens
da Arquitetura. Por que quatro e não cinco, com o

304
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A.-.

acréscimo da ordem compósita, para permanecer


fiel ao número cinco?

Os tipos de questões que são apresentadas acima, em


conjunto com as variadas definições referentes ao Segun­
do Grau que encontramos em publicações, denotam um
pouco do preconceito existente: "é um Grau injustiçado",
"é um Grau pouco estudado", "é um Grau marginalizado",
"é um Grau de pouca relevância", "tratado hoje como
parente pobre", esta última, no dizer de Nicola Aslan.
Enfim, isso tudo fica evidenciado nas opiniões emitidas
e que aqui foram recolhidas. Há outras, a maioria delas
sem que se possa dar crédito, pois enveredam por expli­
cações do tipo místico, especificamente com relação ao
número dois, ou ainda, uma que se refere à traição dos
Companheiros Maçons que assassinaram o Mestre Hiram,
imputando assim ao Grau toda uma carga negativa. Sem
falar que essas invencionices acabam cooperando para
que os próprios Companheiros queiram permanecer o
mínimo de tempo possível nessa condição, fato este
também já detectado. Como melhorar esta situação? A
resposta pode estar na formação e no tempo despendido
para essa formação. Pela lógica, um Companheiro bem
instruído, bem orientado, é o que vai começar a andar
sozinho. Em suas buscas, deverá saber que separar o joio
do trigo é fundamental, que não poderá negligenciar no
seu estudo intelectual jamais, e que a verdade sempre
vai prevalecer no fim. Se o seu objetivo maior é chegar a
Mestre, e teve a formação mais completa possível, será o
futuro Mestre que saberá esclarecer e alertar no momento
exato aos Companheiros, também futuros, sobre a real
importância do Grau em que eles se encontram, filtrando
o que é verdadeiro. E assim, esse panorama de anos irá

305
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

se modificando. A luz que a Estrela Flamígera emite sim­


bolizará de vez a Estrada Luminosa da Maçonaria. Uma
desculpa muito utilizada é que existem poucas Sessões de
Companheiro, mas, verdade verdadeira, isso não poderá
ser um impeditivo para que sejam montados grupos de
estudos em períodos pré-Sessão, ou num outro dia, onde
Companheiros possam ouvir aos seus Mestres instruto­
res, sobre as questões todas que os afligem e, assim,
crescerem em conhecimentos, bebendo da história, da
Ritualística, da filosofia e da ciência, tão presentes nesse
que é o Segundo Grau da Maçonaria Simbólica.

Histórico do Grau

Na opinião de vários autores, e quase por unanimidade, foi


atribuída a origem da palavra Companheiro à expressão
latina "cum panis". A única voz que destoou desse con­
junto, encontrada em minhas pesquisas, foi a do Irmão
Raimundo Rodrigues, que em um trabalho seu defendeu
essa origem como sendo da palavra "com panarius", termo
proveniente do baixo latim, e que era largamente utilizada
pelos escritores da Idade Média, sendo que, além do mais,
Rodrigues alega desconhecer a expressão "cum partis".
Do ponto de vista documental, de 1356 até a década de
1670, era o Grau de Aprendiz predominando e até então
não existe documento registrando o Grau de Companheiro
Maçom. A partir daí, os Catecismos existentes já men­
cionam Aprendizes e Companheiros trabalhando juntos.
O Grau de Companheiro Maçom é o primeiro Grau orga­
nizado, já que o de Aprendiz até então era considerado
uma condição, um início de profissão. Com a criação do
referido Grau de parte dos primeiros Maçons Aceitos, foi
adotada uma palavra de passe que diferisse da usada

306
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A :. A:.

pelos Aprendizes. Aliás, quando dos primeiros tempos,


aqui se subentendendo os da Maçonaria dos Aceitos e os
da criação do Grau de Companheiro, pelo menos em cinco
dos dezessete documentos mais antigos está registrado
o fato de que, nos banquetes realizados na época por
ocasião das Iniciações, os Aprendizes comiam na cozi­
nha e os Companheiros na sala, o que caracterizou uma
diferença entre o que se chamava de Grau de Cozinha e
Grau de Sala.

De acordo com Castellani, o Grau de Companheiro Ma-


çom sempre representou o ápice da carreira profissional,
quando ainda nas confrarias de artesãos ligados à arte da
construção, lá no período medieval, quando da Maçonaria
que ficou conhecida por Operativa. Já em plena Maçonaria
dos Aceitos, chamada também de Especulativa, os Obrei­
ros qualificados, após uma passagem pelo aprendizado
do ofício, eram os Companheiros. Consta que até o século
XVIII, somente existiam dois Graus reconhecidos na Fran-
comaçonaria, o de Aprendiz (Entered Apprentice) e o de
Companheiro (Fellow). Nessa mesma Maçonaria, o Mestre
era aquele Companheiro que reunisse mais experiência
em relação aos outros.

O Ritualismo todo referente ao Grau somente veio a ser


definido após a fundação da Primeira Grande Loja em 1717,
tendo sido, então, o sustentáculo profissional e doutrinário
dos agrupamentos maçônicos, até o surgimento do Grau
de Mestre Maçom, que só aparecería em 1723, e teria a
sua implantação a partir de 1738.

Castellani alerta para o fato de que não se deve confundir


o Companheirismo Maçôníco com o Compagnonnage,

307
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

que eram associações de companheiros que surgiram na


Idade Média em função direta da Ordem dos Templários,
organizados em torno dessa Doutrina, e que foram de­
signados para construírem cidadelas no Oriente Médio.
Também é importante saber que muitos dos símbolos
pertencentes ao Grau foram acrescentados ao mesmo
na fase da Maçonaria dos Aceitos, onde havia adeptos
da alquimia oculta, da magia, da Cabala, e do Rosa-
-Crucianismo. Os verdadeiros Obreiros envolvidos nas
construções do período medieval, e que compunham a
Maçonaria Operativa, nunca adotaram anteriormente tais
símbolos, pois estavam ligados profundamente à Igreja.

Objetivos do Grau

Conforme o disposto no dicionário de Girardi, esse Grau


"tem como objetivo o estudo das Ciências Naturais, da
Cosmologia, da Astronomia, da Filosofia, da História e
a investigação da origem de todas as causas, todas as
coisas. Hoje, a Maçonaria tem em mira os três aspectos
essenciais: a Instrução Moral, Física e Intelectual; a Mo­
ral abrange a espiritualidade; a Física, o conhecimento
completo da Natureza; e a intelectual, a mística, parapsi-
cologia e ciências afins". Ainda, o Grau de Companheiro é
consagrado à Exaltação do trabalho, pois é através do tra­
balho que o Companheiro transformará a Pedra Bruta em
Pedra Cúbica. A conduta investigativa, aliada ao seu com­
prometimento, fará com que encontre as respostas que
busca para entender o Universo, não sem antes perscrutar
o seu próprio interior. De acordo com Joaquim Gervásio de
Figueiredo, o seu objetivo especial é o desenvolvimento
de suas faculdades intelectuais, artísticas e psíquicas que
o aproximarão mais de Deus, ali representado pela Letra

308
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A.-.

"G", conforme isso vem demonstrado no Ritual da sua


Elevação a esse Grau. E corroborando tudo, resumir da
maneira que Nicola Aslan resumiu, ou seja, dizendo que
o Grau de Companheiro Maçom é o Grau do trabalho, do
estudo, do aperfeiçoamento intelectual e moral.

As Cinco Viagens e as Ferramentas do Grau de


Companheiro

É muito importante ter em mente que, ao galgarmos um


novo degrau na Ordem, e particularmente no R.-. E.\ A.-.
A. ., do qual estamos falando agora, deveremos estar dis­
postos a utilizarmo-nos de novas ferramentas de trabalho.
Todas elas, com a função de auxiliar-nos na construção
do nosso Templo interior.
Durante a Elevação do Aprendiz ao Grau de Companheiro,
será exigida a realização de Cinco Viagens Simbólicas e,
no transcorrer de cada uma dessas experiências, ficará
subentendida a utilização correta dessas ferramentas.
Para efetuar a Primeira Viagem, o Aprendiz deixa mo­
mentaneamente a Régua com a qual havia adentrado ao
Templo para receber o Maço e o Cinzel, Instrumentos que
conhece de Desbastar a Pedra Bruta, já que tem conso­
nância direta com o primeiro ano de estudos, mas que,
como Companheiro, irá empregá-los em cortar e lavrar
a Pedra Bruta. Ainda aí, o Companheiro que está sendo
preparado se faz acompanhar das experiências adquiridas
e dos Instrumentos que utilizou para desenvolver seus
trabalhos no Grau de Aprendiz. O Maço comanda o Cinzel,
pois ele age sobre o Cinzel. O Maço significa vontade ati­
va, força na aplicação, e o Cinzel, além de representar a
ferramenta que está ali para dar forma ao que é informe
e tosco, também representa o intelecto e o discernimento

309
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

na investigação. Para a segunda viagem, que equivale ao


segundo ano de estudos do Candidato, este entregará o
Maço e o Cinzel e receberá em contrapartida o Compasso
e a Régua, para praticar a Arte de traçar linhas sobre os
materiais aplainados, o que somente é possível de ser
conseguido com a utilização em conjunto da Régua e do
Compasso. O Compasso, um dos grandes Símbolos da
Maçonaria, significa medida de circunspecção e justeza,
nas pesquisas e na conduta. Com a ajuda dele traçamos
o Círculo centrado pelo Ponto. Símbolo solar, e aí esta­
rão combinados o Círculo (o infinito) e o Ponto (início de
toda evolução). O relativo e o absoluto representados.
A Régua, por sua vez, serve para que ele trace o cami­
nho justo e reto, o que está ligado à ideia da busca da
perfeição, Escopo dos Maçons. Deve-se também atentar
para o simbolismo da Régua no que tange à mesma ser
utilizada para demonstrar que o tempo, de maneira equi­
librada e harmoniosa, deverá ter uma parte empregada
na meditação e no estudo, uma parte no trabalho e ainda
outra no repouso. A Régua tem tudo a ver com método.
Para a Terceira Viagem, simbolizado aqui, o terceiro ano,
o Candidato entrega o Compasso, permanece ainda com
a Régua e recebe uma Alavanca, símbolo da potência
do trabalho e da resistência. A Alavanca alude, ainda, à
perseverança e à força moral. Esses Instrumentos juntos
simbolizam a Firmeza, a Coragem e a Confiança do Maçom
para prosseguir em seus objetivos. Pelo fato da Alavanca
multiplicar a força, e para que essa seja controlada, é
que a Régua deve ser utilizada em conjunto. A Alavanca
é a fé que pode mover montanhas. Com relação à Quarta
Viagem a ser empreendida, ou o quarto ano simbolizado,
o Aprendiz que busca ser Elevado a Companheiro segui­
rá com a Régua, entregará a Alavanca e receberá um

310
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A:.

Esquadro. Ele deve ocupar-se com a Elevação do edifício.


É uma viagem destinada também ao estudo da Filosofia.
Cumpre dizer que até aqui a Régua vem permanecendo
para dar a medida do tempo que deverá ser utilizado,
e em conjunto com as outras ferramentas com que irá
dosar a força que deverá ser empregada. O emprego do
Esquadro dará a forma regular a qualquer um dos mate­
riais reunidos para a consecução da obra. Por seu ângulo
reto, consegue representar a conduta também reta que
os homens devem exibir para a sociedade, ou seja, a re­
tidão em suas ações e a equidade que devem dispensar
no trato para com os seus semelhantes. A Quinta e última
Viagem, agora sem carregar Instrumento nenhum, tem
o objetivo de demonstrar que o Candidato, após ter sido
suficientemente instruído nas práticas manuais, deverá
então voltar-se para o estudo teórico. As Viagens todas
servem para mostrar o quanto é difícil atingir a perfeição, e
que, se um dia estivermos próximos a ela, foi pelo mérito
dos muitos esforços que empreendemos durante a nossa
caminhada diária para chegar tão perto.

A Estrela Flamígera

No transcorrer da Cerimônia de Elevação o V.-. M.-. apontará


para a Estrela Flamígera e, dirigindo-se ao candidato, dirá:
"Contemplai esta estrela misteriosa e nunca a afastai do
vosso espírito. Ela não é só o emblema do gênio que leva o
homem à prática das grandes ações, mas, também, o sím­
bolo do Fogo Sagrado com que nos dotou o G.-. A:. D.-. U.-.
e sob cujos raios devemos discernir, amar e praticar a ver­
dade, justiça e equidade". Essa estrela é o símbolo máximo
do Companheiro, e nela o Comp.-. Maç.-. deverá encontrara
inspiração para a construção de uma sociedade mais justa.

311
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

A Letra G

No centro da Estrela Flamejante está a Letra G. No Ritual


de Companheiro Maçom é dito que ela significa Geometria,
Gravidade, Gênio e Gnose, bem como que o significado da
letra Iod, corresponde à Letra G. Existe a suposição que os
ingleses substituíram a letra Iod pela Letra G, na Estrela
Flamígera, devido a sua assimilação fonética de Iod com
God, continuando a ter o mesmo sentido, já que o Iod é
a letra inicial do Tetragramaton, o nome inefável, o nome
de Deus. Castellani em seu "Curso Básico de Liturgia e
Ritualística" disse o seguinte: "Pode-se, todavia, chegar ao
significado divino da Letra G, sem apelar para as fantasias
e as forçadas de situação, como nos casos citados, o que
não condiz com uma instituição como a Maçonaria".

A Escada de Caracol

Conforme Rizzardo DaCamino, no Painel do Grau de


Companheiro "nota-se uma escadaria em forma de cara­
col dividida por um patamar. Os cinco primeiros degraus
simbolizam os cinco sentidos humanos; os sete degraus
seguintes representam as sete ciências liberais. A espi­
ral simboliza o deslocamento obrigatório do corpo que o
Companheiro deve realizar sobre si mesmo para atingir
o topo da escadaria. No sentido esotérico, é a 'visão para
dentro', em busca dos sentidos espirituais e das ciências
esotéricas". Representa, ainda, a Marcha da evolução em
busca da Perfeição.

Conclusões

O Grau de Companheiro, como pudemos ver, é importan­

312
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A.\

tíssimo do ponto de vista intelectual , e somente através


de muito estudo o Maçom conseguirá absorver uma parte
desse conteúdo riquíssimo em ensinamentos. Para dar
sequência ao Grau de Aprendiz e avançar num Grau re­
pleto de ensinamentos filosóficos, históricos, ritualísticos,
assim como de uma profunda simbologia numérica, ou
dos rudimentos da Cabala, pois, nesse Grau, ela estará
mais presente, e ainda, a alusão às sete artes, além de
outros tantos símbolos de grande significação como a Es­
trela Flamígera, a Letra G, a Escada em Caracol, e muito
mais, evidentemente, serão necessários, sem dúvida,
muita vontade e determinação do Companheiro para au­
ferir tais conhecimentos. É sabido que o Companheiro,
no seu intuito de dirimir as dúvidas que lhe assolem, não
admitirá senão aquilo que possa ser provado ou que então
satisfaça a sua razão. O Companheiro terá que dedicar-se
com muito afinco então, trabalhar muito, e usar bastante
de uma metodologia.

O que me motivou, sobremaneira, na construção deste


trabalho, foi elaborar uma síntese do Grau, para, a partir
da sua radiografia aqui exposta, deixar claro o quão ex­
tenso é o roteiro para ser cumprido nesse Grau. Perguntar
se, ante as evidências todas reunidas, e falo dos conte­
údos, que mostram a complexidade do Grau no que se
refere ao cabedal de informações a ser disponibilizadas,
se com um número de Sessões muito irrisório (o que pa­
rece ser um problema geral) seja possível viabilizar aos
Companheiros os conhecimentos mínimos necessários, e
acrescente-se para um entendimento satisfatório do Grau.
E isso se partirmos do pressuposto que possuímos bons
instrutores, com a sabedoria que se requer sobre o Grau,

313
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

com uma didática mínima, e um poder de síntese ideal.


É preciso que pensemos em melhor solidificar as bases
de edifício maçônico, na melhor formação dos Maçons,
desde os Graus de Aprendiz e de Companheiro, para que
tenhamos Mestres com o conhecimento aquele que se
espera dos verdadeiros Mestres.

Fontes Bibliográficas:

Internet:
"Companheiro Maçom: o Grau Injustiçado" - Artigo de Kennyo
Ismail - Disponível em: www.noesouadro.com. br/. ../compa-
nheiro-maçom-o-arau-iniusticado.Lt...

Livros:
ASLAN, Nicola. Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e
Sim bologia. Londrina: "ATROLHA", 2012

BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. São Paulo: Pensamento.


DACAMINO, Rizzardo. Dicionário Maçônico. São Paulo: Madras,
2006.
FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria.
São Paulo: Pensamento.
FILHO, Denizart Silveira de Oliveira. Da Elevação Rum o À Exal­
tação. Londrina: "ATROLHA", 2013.
FILHO, Theobaldo Varoli. Curso de Maçonaria Sim bólica Com pa­
nheiro (II Tomo). São Paulo: A Gazeta Maçônica, 1976.
GIRARDI, João Ivo. Do Meio-Dia à Meia-Noite - Vade-Mécum
Maçônico. Nova Letra: 2008.

O PRUMO 1970-2010 - Coletânea de Artigos - Grau 2 Compa­


nheiro - Volume II. Florianópolis: 2010.
TROLHA, Xico & PASCHOAL, Fernando Salles. Instruções Para
Loja de Companheiro. Londrina: "ATROLHA", 2002.

314
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.'. A.\ A.-.

Revistas:
O Prumo n° 208
"A TROLHA", n° 129, n° 227, n° 239, n° 247 e n° 284.

315
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

316
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A.\

Apêndice III

Última instrução do segundo grau


simbólico: simbologia numérica

Irm:. Ney Giordan Marcondes de Godoy

Tudo vive no Universo. 0 mundo é, então, uma só uni­


dade interligada do microcosmo ao macrocosmo. Já está
provada pela Ciência que a composição orgânica do ser
humano é idêntica à de tudo o que existe na Natureza
e no Universo, de qualquer gênero. Porém, só o homem
é especial. Porque ele pensa, ele planeja e ele executa,
sendo o único dotado da capacidade de raciocínio. Só que
até hoje procura descobrir qual é o seu verdadeiro papel
neste fantástico Universo.

Esta não deixa de ser uma regra geral para a humanidade.


O Maçom, porém, tem a obrigação de enxergar e sentir
a vida nele e ele nesta vida, de uma maneira um pouco
mais racional, pois afirmar que na Maçonaria é tudo sim­
bólico não condiz com as reais finalidades de formação e
orientação moral da sua Filosofia.

Falar de números, porém, é adentrar um campo minado


de controvérsias e inconclusões. Basta lembrar que o

317
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

maior físico da atualidade, Einstein, fundamentou muitas


de suas teorias em regras catalogadas dos ensinamentos
geométricos/matemáticos de Pitágoras, elaborados há
5.000 anos.

E não esquecer que ninguém até o momento conseguiu


navegar nas águas eso térica s da Numerologia Hebraica,
pois aos Hebreus não interessava a parte física do núme­
ro, e sim o som da sua pronúncia. Aí reside o insondável
mistério. O máximo conseguido pelo homem nesse cam­
po foi criar uma ciência chamada de Numerologia, que
busca explicar situações passadas, presentes e futuras,
por um valor exotérico dos números. Alcançar, então, o
poder íntimo da Numerologia Hebraica, até o momento é
tarefa não conseguida pelo ser humano contemporâneo.
E a Maçonaria investe nessa área, tanto que nos três Graus
encontramos ensinamentos baseados na simbologia dos
números. Assim, vamos buscar entender, dentro da nossa
limitação, o que visa a Instituição ao oferecer regras pe­
dagógicas de filosofia humana aos Obreiros, sustentadas
na simbologia numérica.

O Aprendiz fica limitado a incursionar até o número três.


Por quê? Por não ter a capacidade de encontrar o q u a te r­
nário, isto é, ele planeja, coordena, mas não consegue
ainda executar a obra, ou o trabalho. Simbolicamente, o
Aprendiz não sabe, ainda, o que polir e como polir. Ele
observa, medita e planifica. Mas não consegue executar,
porque a execução é representada pelo número quatro.
Observemos, porém, que é aí, nessa primeira fase, que
ele aprimora a sua visão íntima, mas a escuridão do seu
espaço impede que enxergue as trilhas modeladoras da

318
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A.\

praticidade para o seu desenvolvimento. É, na verdade,


o menino na sua primeira infância.

Como Companheiro a esfera do conhecimento e o mundo


dedutivo são diferentes. Já na marcha exige-lhe definição,
decisão de rumo, por um quaternário, que nada mais é
do que a realização. Por isso que o Companheiro começa
a sua jornada no número quatro. Entenda-se de maneira
inquestionável, que o homem está vinculado diretamente
ao TETRAGRAMA HEBRAICO, HE, VAU, HE, IOD, criado à
semelhança do MESTRE SUPERIOR.

Senão vejamos. Dispõe da capacidade de criar, de des­


cobrir, de gerar, com IOD. HÉ chega a confundir-se com
IOD, pela simultaneidade, eis que a falta de um deles,
nada teria sentido. Seria um vazio ou um verdadeiro nada.
Com HÉ o homem torna-se ativo, produtor, criador. IOD
pensa. HE opera. VAU vem ao encontro de IOD e HE para
fixar-lhes método, regra, caminho e as demais condições
de fluxo e de refluxo da atividade humana. Finalmente,
reaparece HE que consolida todo o resultado da elaboração
planejada, quer como Maçom, quer como Profano. O HE
final é assim, o quaternário encontrado. O Aprendiz
não tem essa capacidade, falta-lhe o HE final.

O b se r v e -se q u e n a s lín g u a s ju d a ic o /h e b r a ic a s o
p r o c e d im e n to d e le itu ra é in v e rso a o n o sso : D A
D IR E IT A P A R A A E S Q U E R D A . Portanto, em
HE, VAU, HE, IOD, a primeira palavra é IOD, e
assim por diante.

Mas o Companheiro é sensibilizado em avançar, pois agora


tem a liberdade. Não se contenta com o QUATRO e des­
cobre Q uintessência, pela sua capacidade de raciocínio,

319
Paulo Antonio Outeiro Hemandes

o seu livre-arbítrio, e aí sente em verdade porque é um


ser diferente neste Universo.

Diriamos, então, o ser humano seria a quintessência neste


Universo, pela sua condição diferenciada comparada a
tudo que existe?

Já descobre que os quatro elementos que a sua visão


espiritual sentiu na Iniciação são agora representados
pelo Carbono, pelo Nitrogênio, pelo Hidrogênio e pelo
Oxigênio, que é a composição de tudo neste Universo.
Nesse estágio, o Companheiro assume consigo o com­
promisso de começar a tracejar as suas atitudes, a sua
vida, pela razão, fugindo paulatinamente de ações e de
reações instintivas.

Sente que a cobrança pela sua delicada posição coloca-o


frente à abóbada do Templo e aí brota a energia que o
liga ao Macrocosmo. Encontra, assim, sentido no axioma
do Hermetismo "o q u e tem em cim a é o m esm o que tem
em baixo". Então o Macrocosmo e o Microcosmo abarcam
um sentido único de seres, uma só vida, diferenciada,
porém, em escalas mentais. Nessa fase de avaliação da
interligação universal vê-se debruçado no Signo de Salo­
mão quando a sua Estrela Flamejante entrelaça-se com a
Estrela do Macrocosmo, unindo o homem e o Mundo. Eis
o sagrado sentido da abertura do Livro da Lei nas nos­
sas reuniões. É o número Seis abrindo trincheiras para a
harmonia do número Sete.

O Sete, finalmente, é o equilíbrio, pois simboliza a reor­


ganização das diferenças. Envolvido pelo poder esotérico
deste número voltamos ao princípio. Somos agasalhados

320
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E . . A .\ A:.

pelo Delta Sagrado. Nesta fase do progresso do Compa­


nheiro, ele sentiu dispor de "o Olho que tudo vê", pois
conseguiu polir a sua personalidade por inteiro e abriu-se
para uma tarefa repleta na ética, na harmonia, na soli­
dariedade e no amor. Inicia, então, a construção do seu
Templo de Salomão, pois o seu coração está preparado
para a Exaltação. E é no seu coração que o G.-. A.-. D.-.
U.'. colocou esse olho que tudo vê.

Em qualquer atividade humana, no campo profissional, no


campo social, no campo doméstico, deve o homem saber
medir a capacidade de empreender, planejando o que vai
resultar, por mais simples que seja, dentro de uma pers­
pectiva equilibrada na alçada do poder que dispõe para a
tarefa programada e para o resultado previsto, atuando
com prudência, com ordem e especialmente com ética.
Isso seria, finalmente, a mensagem esotérica do poder
dos números dentro da Filosofia da nossa Instituição, pro­
pondo um progresso seguro, uma valorização cadenciada
de estrutura moral e a consolidação plena do Maçom, não
im p orta o G rau, dentro do mundo maçônico, assim como,
no mundo Profano. É o que conseguimos entender. Afinal,
continuamos Aprendizes.

321
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

322
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A.-.

Apêndice IV

O companheiro maçom e os estudos

Irm:. Benjamin Pianowski Júnior

Como está a Maçonaria em relação aos pensamentos


científico e filosófico?

P a r a um M a ç o m e s tu d io s o , a s c o n tr a d iç õ e s ,
a s in co n g ru ê n c ia s, a s p o lê m ic a s e o s a ssu n to s
a in d a n ão e s c la re c id o s ou re so lvid o s, p a s s ív e is
d e d isc u ssõ es, s ã o o rein o d e se u a p re n d iza d o .
(SPOLADORE, 2012)

Acerca do que é atribuído ao Grau de Companheiro Ma­


çom e também sobre o pensamento do Irmão Spoladore,
procurou-se, por meio de conceitos e associações, falar
de certas qualidades imputadas ao Grau de Companheiro
e de temas centrais que envolvem o quesito inicialmente
proposto. Para orientação, ao elaborar este pequeno es­
tudo, foram utilizadas como referências: Breno Trautwein,
Nicola Abbagnano, Edgar Morin, Immanoel Kant, Hercule
Spoladore e o Ritual de Companheiro R.-.E.-.A.-.A...

Para se abordar a prática de estudos comum aos Maçons,


este Trabalho tem início com a seguinte informação acerca

323
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

das tradições e do que é encontrado nos anais da Ordem


Maçônica, onde diz que o 2o Grau caracteriza-se por ser
"profundamente histórico e realista" (R.-.E.-.A.-.A.-., C.M.
2012, p.9) e "revela a grande influência árabe no cristia­
nismo e no judaísmo, desde a época Alexandrina, durante
a Idade Média e até a Renascença" (R.-.E.-.A.-.A.-., C.M.
2012, p.9).

“O s á r a b e s n ã o s e lim ita v a m a c o n h e c im e n to s
r e strito s. E s tu d a v a m a s a b e d o r ia o r ie n ta l e a
f ilo s o fia g re g a , a lé m d a a lq u im ia e d a m e d ic in a .
In flu en c ia ra m s á b io s d a Ig re ja , c o m o o co rreu ,
p o r ex em p lo , co m R o g e r B a c o n , o fr a n c is c a n o
(1 2 1 4 -1 2 9 4 ). T ra n sfo rm a ra m a c a b a la ju d a ic a
m e d ie v a l, a o d iv u lg a r e m o n e o p ita g o r is m o e a
a lq u im ia , a á lg e b r a e a m a te m á tic a . E m su m a,
o s s á b io s á r a b e s d e C ó r d o v a e T oledo en sin a ra m
a C iê n c ia a o O c id e n te ”. (R.-.E.-.A.-.A.-., C.M.
2012, p.9)

A respeito dessas atividades científicas e filosóficas par­


ticulares dos árabes, pode-se asseverar que está nelas
o intento de encontrar a verdade. Convém colocar aqui,
sempre baseado nas referências utilizadas neste Trabalho,
que essa busca da verdade é algo sem fim (MORIN, 2005).
O que ocorre com a ciência, de acordo com Edgar Morin
(2005), é que a evolução de suas afirmações não segue
para uma grande certeza. Embora, no senso comum, se
acredite o contrário disso.

Para expor mais sobre essa questão, podemos evocar


uma citação onde Trautwein (1997), falando da Ordem
Maçônica, aborda sobre a verdade, dando a entender que,

324
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A.'.

devido ao despreparo, o indivíduo passa a adotar teorias


e explicações como definitivas:

“E m n o ssa p ro c u ra d a ve rd a d e so m o s m u itas vezes


tra íd o s p e la ilu sã o d e te rm o s en co n tra d o . E, com o
D o m Q uixote, va m o s d e la n ç a em riste, d em o lin d o
tu do a q u ilo q u e s e a n te p õ e a o s n o sso s co n ce ito s
d o g m á tico s. ” (TRAUTWEIN, 1997, p 125)

Vê-se que Trautwein faz um tipo de alerta contra os concei­


tos dogmáticos que, porventura, se conceba ou se idealize.
A produção de um dogma, por mais bem intencionada
que seja a defesa de uma única verdade, por mais que
ela pareça ser mesmo certa e definitiva, ela ainda será
incompatível com o método dialético, onde deve haver
diálogo e onde a verdade é uma tese que terá de ser
contraposta. Tal tipo de procedimento, uma postura de
legitimação de uma opinião ou de uma ideologia, choca-se
com os propósitos e preceitos do Maçom.

Conforme o Ritual de Companheiro (GOP, 2012), uma das


disposições do Grau dois é a Dialética. Trata-se de um
processo de investigação, de origem filosófica, onde há um
antagonista a ser enfrentado, uma tese a ser contestada,
estabelecendo dois protagonistas ou duas proposições di­
vergentes, cujo produto será uma síntese, uma nova tese
ou verdade a ser dialogada (ABBAGNANO, 2010). Segundo
as considerações de Morin (2005), a filosofia precisa da
ciência e vice-versa, à primeira cabe preencher-se com
conhecimentos empíricos e à segunda desenvolver-se na
capacidade de pensar a si mesma.

Além da dialética, os exaltados trabalhos moral e

325
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

intelectual confirmam o quanto o Grau de Companheiro


não deve trabalhar sem a ciência e a filosofia.

No caso do Trabalho Moral, ele é inseparável da ciência e


da filosofia, como pode ser observado durante a evolução
histórica da moral, quando foi claramente influenciada
pela Revolução Científica, intimamente ligada ao que se
chamou de Revolução Copernicana no campo da filosofia
(KANT, 2010), e conforme pode-se ver em sua definição
geral. Segundo Abbagnano (2010), moral é a conduta
orientada por normas, tida como objeto da ética que vem
a ser a ciência da conduta.

O significado geral de Trabalho Intelectual, segundo


Abbagnano (2010), pode ser descrito como sendo a
apreensão do significado de algo, alcançar a interpretação
de um Símbolo, entender as razões de um argumento,
avaliar a importância de determinada intervenção etc.

Para o Iniciado, a Maçonaria apresenta-se através de sua


história, de muitos conceitos, Símbolos, leis e princípios
que se interlaçam e devem ser decifrados por cada Mem­
bro, sempre consoante os desiguais recursos individuais.
Isso, associado aos conhecimentos científicos e filosóficos,
vem a ser a laboração intelectual do Maçom (SPOLADO-
RE, 2012).

Spoladore (2012) deixa evidente que os fundamentos dos


pensamentos científico e filosófico são o caminho para a
interpretação e o esclarecimento. Está manifesto que o
Companheiro Maçom, em teoria, é um pesquisador e um
estudioso sem limites e, obrigatoriamente, deveria estar
atualizado.

326
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.\ A.\

Acerca da ciência, Popper (apud MORIN, 2005) diz ser


um espaço dedicado a contrariar princípios de explica­
ções e teorias, o que equivale a dizer que faz empenho
em rebater interpretações de mundo e postulados me­
tafísicos. Ao estudar ciência, a intenção não é tornar-se
cientista, nem saber as notícias recentes, mas sim tentar
compreender seus fundamentos. Conforme Popper (a p u d
MORIN, 2005), novamente, pode-se entender que o es­
tudo científico é um campo permanentemente aberto e
inexorável, onde há sempre contrários, mas também onde
estão presentes certas regras: a sujeição a fundamentos
de coerência, de um lado; o respeito aos elementos, por
outro. Os oponentes entram nesse desafio determinados
a seguir tais regulamentos, e isso faz da ciência excelente
(MORIN, 2005).

O levante feito por Trautwein (1997), sobre posições


dogmáticas, serve para prevenir sobre posturas conclu­
sivas, relativas a determinado tema, desacompanhadas
de garantias da sua validade, ou seja, sem aplicar meto­
dologia científica ou processo dialético. Pode-se dizer que
ele descreve ali uma cena de uma prática não Maçônica,
desde a produção do dogma até a tentativa de infundi-lo.
Segundo Abbagnano (2010) e Trautwein (1997), o dog­
ma pode ser definido como sendo uma opinião, o oposto
da ciência, produto do preconceito e da ignorância. É o
quesito fundamental e indiscutível de uma crença, po­
dendo ser, de cunho religioso, filosófico, social, político,
ideológico, científico etc.

Segundo Popper (a p u d MORIN, 2005), os dogmas e as


doutrinas, por definição, não aceitam a possibilidade de
que sejam qualificadas como falsas. As teorias científicas,

327
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

para o serem, estão sempre abertas à demonstração de


sua falsidade.

Diante destas reflexões e informações, pode-se apresentar


o seguinte silogismo:

O Companheiro Maçom baseia seus estudos na ciência e


na filosofia.

A ciência e a filosofia são incompatíveis com dogmas e


preconceitos.

Logo, a Maçonaria é incompatível ou inconciliável com


dogmas e preconceitos.

Olhando-se para a ecologia do desenvolvimento humano


de Bronfenbrenner (1996), considera-se que, para uma
certa sociedade ou grupo humano, pode-se afirmar que
os micro, meso, exo e macrossistemas tendem a ter a
mesma estrutura, como se fossem originários do mesmo
modelo principal e os sistemas funcionassem de maneira
parecida. Seguindo-se por essa teoria, oportuniza-se dizer
que a Maçonaria, como um microssistema, é dominada
pelas idéias prevalecentes no momento, ela não vence o
desafio de fazer valer sua vocação para a liberdade de
pensamento e nem de fazer prosperar os fundamentos da
filosofia e da ciência, seguindo pelo dogmatismo evidente
(TRAUTWEIN, 1997).

E para concluir, retoma-se a questão: Como está a Maço­


naria em relação aos pensamentos científico e filosófico?
Pode-se dizer que as bases do conhecimento filosófico e
também os princípios do pensamento científico não são

328
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A.-. A.\

priorizados na Ordem, o que justifica as duras críticas


feitas porTrautwein (1997).

Diante disso, propõe-se que o Maçom se coloque diante


da vida, dos fenômenos e das experiências com um olhar
crítico e uma atitude de Maçom pesquisador, buscando
suspender seus preconceitos e compreender em profun­
didade aquilo que se propõe a estudar, fazendo valer os
valores do iluminismo e demais princípios libertadores
que inspiram a Ordem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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KANT, I. Crítica da Razão Pura. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010.
MORIN, E. Ciência com Consciência. Rio de Janeiro: Bertrand
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SPOLADORE, Hercule. JB News, 768, Florianópolis, 03 de ou­
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TRAUTWEIN, B. Dogm as e Preconceitos Maçônicos. Londrina:
"A TROLHA", 1997.

329
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

330
Curso de Formação de Companheiros do R.\ E.\ A .\ A.-.

Dados biográficos do autor

Paulo Antonio Outeiro Hernandes — ou simplesmente Paulo


Hernandes — nasceu em 10 de setembro de 1942 emAraraquara
(SP), mas passou quase toda a infância e juventude em Barre-
tos, também no interior paulista. De pai maçom, iniciou-se na
Ordem em dezembro de 1972, na loja Estrela do Norte II, or.-.de
Mandaguari (PR), de onde saiu no final de 1973, já mestre, para
residir em São José dos Campos (SP). Lá frequentou até 1976 a
loja Duque de Caxias III, ambas vinculadas ao GOB. Muitos anos
depois, já radicado em Brasília (DF), filiou-se à sua loja atual, a
ARLS “Atalaia de Brasília N.° 1574”, também do GOB. Vem exer­
cendo diversos cargos na administração da oficina, mas o que
mais satisfação lhe proporciona é o de Segundo Vigilante, pela
oportunidade que lhe oferece de instruir os aprendizes.

Nos graus superiores, chegou ao topo (grau 33), em 2007, em


cujos corpos vem ocupando vários cargos. Recebeu do Supre­
mo Conselho do Brasil do grau 33 para o Rito Escocês Antigo e
Aceito (São Cristóvão) duas medalhas de reconhecimento “pelos
importantes serviços prestados ao Supremo Conselho do Brasil
e à Maçonaria”.

No mundo profano, o autor foi funcionário do Banco do Brasil S. A.


durante 30 anos. Lecionou por 13 anos em instituição privada de
ensino superior em Brasília as disciplinas “Linguística”e “Língua

331
Paulo Antonio Outeiro Hernandes

Portuguesa”. Trabalhou tambémcomo assessor da Presidência da


República (2003/2011), como produtor e revisor de textos. Desde
2000, mantém saite na internet (www.paulohernandes.pro.br), de
acesso livre, dedicado ao estudo da língua pátria e da Linguística.

Em 2015, Paulo Hernandes publicou pela “Editora A Trolha” seu


primeiro livro, Curso de form ação de aprendizes do R r. E r. A r.
A r., destinado a ajudar a instrução dos recém-ingressados na
Maçonaria e mesmo a dos maçons iniciados há mais tempo.

Agora, o autor lança o Curso de form ação de com panheiros do


R r. E r. A r. A r.. Esta obra certamente será valioso auxiliar dos
Primeiros Vigilantes na instrução dos companheiros de lojas
vinculadas ao GOB que praticam o Rito Escocês Antigo e Aceito.

Será igualmente importante ferramenta para os Segundos Vigilan­


tes das lojas da Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil
(Grandes Lojas), particularmente as da Grande Loja Maçônica do
Distrito Federal (GLMDF) que trabalham no mesmo rito.

Endereço eletrônico do autor para eventuais contatos: pauloher@


pobox.com .

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Redação, Diagramação,
Composição, Revisão, Arte-Final.

Rua Castro Alves, 264 - Jd. Shangri-lá A


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