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O GRUPO ADONHIRAMITA DE ESTUDOS

apresenta:

O PAINEL DO GRAU
NO RITO ADONHIRAMITA
Sergio Emilião
MI - F R+C
OBSERVAÇÕES
• A apresentação foi baseada no Ritual do Grau de Aprendiz Maçom, Rito Adonhiramita, publicado pelo Grande Oriente do Brasil –
GOB, edição 2009
• Os comentários refletem apenas a opinião pessoal do apresentador, e não a posição oficial do Grande Oriente do Brasil nem de
qualquer Potência Simbólica ou Filosófica na qual o Rito Adonhiramita é praticado
• Todas as dúvidas podem e devem ser dirimidas de forma oficial junto à Secretaria Geral de Orientação Ritualística do Grande
Oriente do Brasil, e nos departamentos correspondentes nas demais Potências

AVISO LEGAL
O ingresso na sala virtual desta apresentação implica na tácita concordância com a íntegra do que dispõe a Lei
Geral de Proteção de Dados, Lei Federal n° 13.709, de 14.08.2018
INTRODUÇÃO
• O Painel do Grau é um elemento comum a todos os Ritos
• É uma peça fundamental na decoração dos Templos maçônicos
• A intenção deles é ilustrar, de forma objetiva, o conteúdo de cada Grau
• No entanto, os diferentes enfoques da Doutrina, em conformidade com as características
de cada Rito, os tornaram diferentes
• Não são diferenças gritantes, e nem poderiam ser, pois a Doutrina é única, mas os traços
da “personalidade” de cada Rito estão ali estampados
• O Painel do Grau é uma peça ligada diretamente às origens da Maçonaria moderna,
portanto, trata-se de um elemento dos mais tradicionais, e seu manuseio durante as
sessões no Rito Adonhiramita é ritualístico
• Talvez este seja um dos temas mais explorados nas pesquisas e trabalhos maçônicos,
desta forma, não é minha intenção apresentar algo novo, mas apenas reforçar seu
simbolismo
• Apesar do título da apresentação ser genérico, será abordado exclusivamente o Painel do
Grau de Aprendiz Maçom
• Não obstante, excluído o simbolismo particular de cada um dos três Graus Simbólicos, as
razões de sua adoção e uso são as mesmas
• Minha intenção nesta apresentação, é abordar as origens históricas do Painel do Grau, as
principais hipóteses sobre os motivos que levaram à sua adoção na Maçonaria, e examinar
seu simbolismo no Rito Adonhiramita na atualidade, evidentemente, acrescentando minha
interpretação pessoal
ESCOPO

• A Origem do Painel do Grau


• O Painel do Grau nas Primeiras Lojas Especulativas
• A Evolução do Painel do Grau
• Painel Simbólico e Painel Alegórico
• A Inserção nos Rituais
• O Painel do Grau no Rito Adonhiramita
• O Simbolismo do Painel do Grau
• Formato e Dimensões do Painel do Grau
• O Uso Ritualístico do Painel do Grau
• O Painel do Grau do Futuro
• Conclusão
A ORIGEM DO PAINEL DO GRAU
• O Painel do Grau no idioma britânico, berço oficial da Maçonaria moderna, se chama Tracing
Board, tábua de traçar, ou de delinear, numa tradução livre
• Isto sugere que sua origem está exatamente nas guildas de pedreiros medievais, nos maçons
operativos, como costumamos chamar
• Nas antigas corporações de pedreiros, este instrumento servia como as pranchetas de
desenho modernas, atualmente substituídas por softwares eletrônicos, que usam plataformas
como o AutoCAD ou Revit, para desenvolvimento dos projetos de arquitetura
• Era sobre essa mesa, ou prancheta rudimentar, que os mestres de ofício colocavam papéis e
pergaminhos, e neles traçavam os planos, o projeto das obras que seriam construídas,
detalhando em escala reduzida as dimensões e detalhes de cada elemento arquitetônico
• Portanto, a primeira lição que podemos depreender do Painel do Grau, é que trata-se de uma
peça de uso exclusivo dos Mestres, ainda que seja exibido em Loja desde o Grau de Aprendiz
• A Maçonaria moderna, evidentemente por ter características filosóficas, e não práticas ou
profissionais, englobou a mesa de desenho, ou prancheta, e os papéis ou plantas, dos
antigos construtores de templos, num único elemento, que passou a chamar de Painel do
Grau
• Na Maçonaria francesa, a Tracing Board passou a se chamar Tableau de Loge, numa
tradução livre, painel da loja, placa da Loja, ou coisa assim
• Há um simbolismo relevante e sutil nessa versão para o idioma francês. A placa da Loja
equivale às atuais placas de obra, que indicam a natureza da construção que ali irá se
desenvolver
• Assim, o Painel do Grau das Lojas contemporâneas pretende indicar “para que nos
reunimos”, e também sinalizar o que vamos aprender
O PAINEL DO GRAU NAS PRIMEIRAS LOJAS ESPECULATIVAS
• Como sabemos, as primeiras Lojas do período oficial da Maçonaria
Especulativa, se reuniam em locais improvisados como pátios de igrejas, e
cômodos de tavernas
• É evidente que não possuíam decoração específica
• Para que o local se “transformasse num Templo”, um maçom, que devia ser
muito bom de desenho, traçava no chão, com giz ou carvão – os Mestres
devem atentar para esse detalhe – os símbolos do Grau no qual a Loja estava
trabalhando
• Para que não fosse pisoteado, e em consequência o desenho danificado,
essas ilustrações eram cercadas por uma corda com nós
• Esse foi o primeiro Painel do Grau utilizado pela Maçonaria moderna
• Foi dessa prática que surgiu a inspiração para o atual cargo de Arquiteto, que
monta a Loja, tal qual esse Mestre dos primórdios da Maçonaria moderna o
fazia, porém, no início do século XVIII essa tarefa era do Cobridor
• Evoluíram daí também a Orla Dentada, o Pavimento Mosaico, e a Corda de 81
Nós
• A adoção dessas ilustrações na Maçonaria me parece uma ideia formidável.
Os maçons do início do século XVIII consolidaram todos os elementos da
Doutrina numa espécie de “pergaminho de uma só página”, desenhado no
chão, reduzindo todas as páginas da extensa cultura maçônica no menor
elemento cultural da civilização, o símbolo
• Estava sacramentada a Maçonaria Simbólica
OS TAPETES MAÇÔNICOS

• Com o passar do tempo, e muito provavelmente pela escassez de


Mestres que fossem capazes de desenhar bem no chão, as Lojas
desenvolveram tapetes, nos quais os símbolos do Grau eram
representados
• Esses tapetes podiam ser produzidos em série, como livros ou gravuras
• Esta peça era de muito mais fácil manuseio, bastando desenrola-la para
os trabalhos, e novamente enrola-la e guarda-la ao final
• O Ritual de Emulação, e o Rito Shröeder, por exemplo, utilizam peças
semelhantes
• Esta foi a primeira evolução dos Painéis do Grau
O PAINEL VERTICAL
• É bem provável que os Painéis verticais, apoiados em cavaletes ou similares, tenha
se originado na Maçonaria Continental, ou seja, fora das ilhas britânicas
• Da mesma forma, as circunstância que certamente levaram a essa medida foram a
diversificação dos Ritos, com visões diferentes da Doutrina Maçônica, e a construção
de espaços próprios, com decoração fixa, para realização das sessões
• A partir desse momento, o Painel do Grau se transforma num quadro emoldurado,
como o que conhecemos atualmente
• Isso possibilitou sua padronização, pelo menos no âmbito de cada Rito, ou às vezes
Obediência, e essa circunstância permanece inalterada até nossos dias
• Nem todos os Ritos adotaram essa forma de simbolismo, mas o Rito Adonhiramita
sim
A INTERPRETAÇÃO ARTÍSTICA
• Como afirmei, um dos prováveis motivos para a adoção dos Painéis
emoldurados, foi a dificuldade das Lojas possuírem em seus quadros Mestres
com habilidade em desenho artístico
• Mas sempre existiram entre nós artistas plásticos e pintores
• Dessa maneira, a exemplo da prática consagrada por reis e pelas religiões, a
Maçonaria contratou artistas para desenharem as ilustrações maçônicas
• Os mais famosos desses artistas foram os britânicos Josiah Bowring, e John
Harris, com ênfase para este segundo, e a maioria dos Painéis utilizados
atualmente na Maçonaria são baseados na sua interpretação subjetiva dos
símbolos maçônicos
• Isso ocorreu porque Harris, que desenhava Painéis para as Lojas por conta
própria, presenteou em 1825 o Duque de Sussex, então Grão-Mestre do Craft.
com um conjunto de Painéis dos três Graus Simbólicos, e isso foi entendido
como uma “aprovação oficial” de suas ideias
• Um pouco mais tarde, em 1845, Harris ganhou um concurso promovido pela
Emulation Lodge of Improvement, para projetar os Painéis do Ritual de
Emulação. Assim, os desenhos de Harris adquirem definitivamente a condição
de “oficiais”, e foram praticamente adotados por todos os Ritos
• Mesmo as diferenças que vemos hoje são fruto de uma releitura de sua visão
sobre os símbolos maçônicos
• De toda forma, como vimos, a padronização, se assim podemos chamar, só
ocorreu em meados do século XIX
PAINÉIS FAMOSOS
A Corda Interna
A Orla Dentada
Pontos Cardeais
Céu?
Escada de Jacó?
Alavanca ou Régua?
Âncora
Chave
A Taça Sagrada
Sol e Lua invertidos
As Ordens de Arquitetura
Mão e Livro da Lei
O Altar dos Juramentos
Esquadro e Compasso
Equinócios
O Piso Ortogonal
O Templo Infinito
A Tábua de Traçar

Painel de Aprendiz Painel de Aprendiz


Josiah Bowring John Harris
1812 1825
PAINEL SIMBÓLICO E PAINEL ALEGÓRICO

• Nosso ritual faz a distinção entre Painel Simbólico e Painel Alegórico


• Na verdade, essa diferença é apenas semântica, pois ambos são, ao mesmo
tempo, simbólicos e alegóricos
• O que os ritualistas batizaram como Simbólico, foi aquele que escolheram
para a função ritualística, talvez por entenderem que a simplicidade da
representação dos símbolos proporcionasse uma leitura mais direta e
objetiva da doutrina do Grau
• Os chamados Alegóricos, constam de nosso ritual como uma ilustração dos
ensinamentos contidos no Grau, e suas imagens certamente são mais
elaboradas, e mais afastadas do conceito acadêmico de símbolo
• Os Painéis de Bowring e Harris atualmente se enquadram nessa segunda
classificação, e não é raro vermos reproduções deles decorando Templos e
condomínios maçônicos
A INSERÇÃO NOS RITUAIS
• Como vimos, os Painéis do Grau mais ou menos padronizados vão surgir após 1845
• Portanto, a Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita, de 1781, não poderia fazer
referências a ele
• O mesmo ocorre com os primeiros rituais brasileiros
• No ritual de 1963, publicado pelo GOB, há uma representação do Templo Adonhiramita,
indicando a localização de Oficiais, Dignidades, e elementos da decoração, porém, não há
citação ao Painel do Grau, o que nos leva a supor que não era um item obrigatório até então
• No ritual de 1969, também editado pelo GOB, há uma imagem do Painel em preto e branco,
porém, não é indicada a sua localização no Templo, e tampouco há menção ao seu uso
ritualístico
• É possível, portanto, que as Lojas trabalhassem nesse período com Painéis monocromáticos
• Foi a partir do ritual de 2003, igualmente publicado pelo GOB, que o Painel passou a ser
representado em cores, foi indicada a sua posição no Templo, e seu uso ritualístico é
descrito por completo
• A partir de 2003 houve poucas alterações, uma delas, que veremos adiante, parece ter sido
fruto de simples erro de impressão na escolha da imagem
• Ou seja, mesmo se tratando de um elemento tradicional, e ligado aos primórdios da
Maçonaria Especulativa, no que tange ao Rito Adonhiramita, o Painel do Grau só começou a
ser regulamentado no final do século XX, o que no mínimo é curioso
O PAINEL DO GRAU NO RITO ADONHIRAMITA

• Propositalmente, não vou reproduzir nessa apresentação o Painel do


Grau constante de nosso ritual, mas sim essa imagem à direita, que
possui os mesmos símbolos
• Na verdade, trata-se de uma releitura minha dos mesmos símbolos,
uma versão mais moderna, por assim dizer
• Mas como podemos constatar, à exceção de um item, é o mesmo
painel, com traços e colorido um pouco diferentes
• Vou examinar cada um desses símbolos, evidentemente demonstrando
minha visão particular, e esclarecendo a razão da modificação que
propus
A ORLA DENTADA
• Como vimos, a Orla Dentada foi um dos elementos da decoração de nossos Templos que
evoluiu dos Painéis desenhados no chão das primeiras Lojas Especulativas, portanto, não
poderia deixar de estar representada nos atuais Painéis do Grau
• No entanto, sua inserção nos Painéis do Grau só ocorreu em 2003, antes disso não faziam
parte das ilustrações
• O que de plano chama a atenção na Orla Dentada, é que ela é formada por triângulos, e o
triângulo é o primeiro dos polígonos geométricos planos, ao qual todos os demais podem
ser reduzidos
• No meio místico representa uma Lei Universal, a Causa, Fonte, ou Origem; o
Desdobramento, ou Emanação, e o Efeito, ou Materialização
• Com o vértice voltado para cima representa o Plano Espiritual, e na direção contrária o
Plano Material, unidos formam o Hexagrama
• Esta é a representação da Orla Dentada, a compreensão intuitiva, divina, espiritual, que
associada ao conhecimento racional do quadrado proporciona ao ser humano a plena
compreensão do Universo
• Assim, a Orla Dentada exibe triângulos com os vértices alternando-se para dentro e para
fora, ou seja, a consequência do somatório da matéria e do espírito
• No Rito Adonhiramita, a Orla Dentada é azul celeste, justamente para simbolizar uma
emanação diferente das cores associadas ao Plano Material, o preto e o branco, pois esta é
uma Emanação Divina, que representa a prevalência do espírito sobre a matéria, por isso, o
vértice dos triângulos azuis está voltado para dentro
• A escolha do azul certamente se deu em virtude do Rito Adonhiramita, juntamente com o
Rito Moderno, ser considerado um Rito Azul
A CORDA
• A corda que envolvia o Painel do Grau nas primeiras Lojas Especulativas evoluiu para a
Corda de 81 Nós, que ganhou um simbolismo especial
• Mas não creio que nossos antepassados estivessem envolvendo os primitivos Painéis com
a Corda de 81 Nós, penso que eles tentavam representar a corda utilizada pelos maçons
operativos
• Era com o uso de uma corda e nós equidistantes, que os antigos construtores egípcios
desenvolveram o Esquadro Egípcio, também chamado de Esquadro Pitagórico, ou ainda 4,
5e6
• É o famoso triângulo das razões métricas do triângulo retângulo
• Era formado por 12 nós, na verdade 12 medidas, e acrescentando um intervalo, obtinham o
triângulo equilátero
• Eis aí um esquadro primitivo, capaz de traçar ângulos retos, de 90 graus, e também os
ângulos notáveis, 30, 45 e 60 graus
• Estes, na verdade, são os primeiros passos da Geometria, umas das 7 Ciências ou Artes
Liberais, objeto da Doutrina Maçônica
• Os antigos construtores egípcios utilizavam geometria empírica, prática, e foi isso que
fascinou os filósofos e matemáticos gregos, como Pitágoras de Samos, por exemplo
• Ou seja, por mais improvável que possa parecer, vemos aí a constatação da origem do
Esquadro e do Compasso estar relacionada à corda e seus nós
O FUNDO AZUL

• Esse é um dos elementos do Painel do Grau que ganhou um simbolismo especial com a
adoção das cores
• É evidente que um fundo azul celeste nos remete ao céu, apesar dos Painéis de Harris
retratarem um fundo mais sombrio
• Me parece ter sido realmente essa a intenção dos ritualistas, mesmo que haja incoerências
físicas, pois à luz do dia vemos o Sol e as nuvens, mas não a Lua e as estrelas
• É claro que podiam ter optado por um ou outro, ou mesmo pelos dois, dividindo o céu em
dois hemisférios
• Nesse sentido, me parece que outro fator influenciou os ritualistas, o fato do Rito
Adonhiramita, assim como o Rito Moderno, serem conhecidos como “Ritos Azuis”
• A razão dessa denominação deve-se ao fato de, apesar de ambos os Ritos serem de
origem francesa, terem adotado os princípios da Grande Loja de Londres e Westminster,
fundada em 1717, e chamada de “Loja dos Modernos”
• Provavelmente a cor foi inspirada na realeza britânica. O pigmento azul, de difícil obtenção
na antiguidade, foi extraído por muitos séculos de uma pedra preciosa chamada lápis
lazúli, desde o antigo Egito, chegou a custar mais caro que o ouro
• A cor azul passou então a ser designativa de realeza na Europa, onde surgiu a expressão
“sangue azul”, para se referir à nobreza
• A Grande Loja de Londres e Westminster adotou o azul como cor dos paramentos,
lembrando que na Inglaterra, as Lojas Simbólicas são chamadas de Blue Lodges
• Este também é o motivo pelo qual nossos Templos têm suas paredes pintadas de azul
• No meu entendimento, não é exatamente o céu que está retratado ali, mas as paredes do
Templo, afinal, os nossos símbolos estão inseridos nelas, e não no céu
O SOL

• O simbolismo do Sol na Maçonaria é bastante extenso. A Maçonaria, conforme sua


Doutrina, é um culto solar
• No Rito Adonhiramita ele representa a manifestação visível da Verdadeira Luz
• Marca o início de nossos trabalhos, simbolicamente ao meio-dia, quando atinge o zênite, e
a sombra de todos os homens se torna igual
• É o trajeto aparente dele no firmamento, o analema, que reproduzimos quando nos
movimentamos em Loja
• É sua posição simbólica, observada diretamente pelos Vigilantes, que define o lado mais
iluminado, e o lado mais escuro do Templo. Por isso está localizado do lado direito, parte
simbolicamente mais iluminada do Templo
• O Venerável Mestre é comparado ao Sol pelo Cobridor Interno, quando afirma que cabe a
ele “iluminar os obreiros com suas luzes”
• Também está representado indiretamente nas Doze Vibrações Argentinas, seja quando as
associamos ao seu trânsito pelas constelações zodiacais, ou na contagem das horas de
nosso período de trabalho
• O Sol possui um simbolismo tão importante no Rito Adonhiramita, que está representado
no Painel do Grau, no Retábulo, e na Abóbada Celeste
• Sob o aspecto místico simboliza o princípio ativo e masculino, a polaridade positiva, o
vigor, e a vida
• Outros elementos da decoração do Painel do Grau são decorrentes, ou desdobramentos
de seu simbolismo
A LUA
• A Lua, de certo modo é o oposto do Sol, e tal qual o astro rei, surge no Painel do Grau, no
Retábulo, e na Abóbada Celeste. Está envolta em nuvens, provavelmente para indicar que se
encontra no céu físico
• Representa o princípio passivo, feminino, e a polaridade negativa
• Enquanto o Sol rege os ciclos cósmicos, a Lua rege os ciclos materiais, como as marés, e a
gestação dos mamíferos, por exemplo
• Foram as fases da Lua que inspiraram o calendário hebraico, que por sua vez influenciou o
Calendário Adonhiramita
• Representa a noite, o período reservado para nosso descanso, mas também se refere à parte
simbolicamente menos iluminada do Templo, a Coluna do Norte, onde têm assento os Aprendizes.
Por isso está situada à esquerda no Painel do Grau
• Mas essa condição nos traz uma reflexão importante, a Lua não possui luz própria, reflete a luz do
Sol no período em que não somos capazes de enxerga-lo por sua localização no céu, mas ela nos
lembra que ele está lá. O mesmo ocorre conosco, nenhum de nós tem luz própria, apenas
refletimos a Luz emanada do GADU, em maior ou menor intensidade, em conformidade com a
lapidação de nossas Pedras Brutas
• É da Lua que vem a “mui fraca luz”, que permite o trânsito vagaroso e cauteloso na Coluna do
Norte
• Talvez estas características de nosso satélite, tenham inspirado as antigas Escolas Iniciáticas a
associa-la com a intuição, com a percepção extrassensorial, e também como relacionada, às
mudanças de humor, e às próprias paixões, que nos dedicamos a vencer
• Na verdade não percebo a Lua como oposta ao Sol, mas como complementar
• Juntos, estes símbolos representam duas pontas da manifestação física do Universo, ou do
triângulo, se preferirmos
• Demonstram justamente a dualidade do Universo, representada muito bem pelas peças de opostos
extremos, pretas e brancas, no Pavimento Mosaico
• Reunidas, lado a lado, simbolizam a Harmonia do Universo, a complementação de duas forças,
aparentemente opostas, mas perfeitamente equilibradas
AS ESTRELAS

• As estrelas são outro elemento relacionado ao Sol, ele próprio é uma estrela
• Não me parece que haja intenção de representar alguma estrela ou constelação em
particular, mas sim indicar a pluralidade de sóis, de galáxias, e de possíveis mundos
onde haja vida como na Terra
• Em certas ocasiões a Doutrina chama o Grande Arquiteto do Universo de Supremo
Árbitro dos Mundos. Não me parece por acaso
• Mas creio que o principal simbolismo das estrelas esteja ligado à ASTRONOMIA,
uma das chamadas 7 Artes Liberais, que também são objeto de estudo de nossa
Ordem
• Os homens, desde a antiguidade, utilizaram as estrelas como indicadoras dos rumos
a seguir, da direção certa. Me parece que no Painel do Grau, no Retábulo, e na
Abóbada Celeste, elas representam algo parecido, o caminho correto a ser seguido
pelo maçom
• O ser humano sempre olhou para o céu, a fim de compreender melhor o Universo,
não foi à toa que várias civilizações o consideraram a morada dos deuses
• Apesar do fundo azul celeste, estão posicionadas no lado mais escuro do Templo, ou
oposto ao Sol, certamente uma alusão a serem visíveis durante a noite
AS TRÊS JANELAS

• Existem 3 janelas, uma no Leste, e duas no Sul, representadas no Painel do Grau


• Este é outro elemento associado diretamente ao Sol, elas estão nessa posição porque este é o
caminho que o Sol percorre no céu do hemisfério norte, berço da Maçonaria moderna
• Esta era a orientação dos templos desde o antigo Egito, proporcionando ao observador
interno uma perspectiva mística, obtida através da iluminação natural, enfatizada em
determinadas épocas do ano
• As catedrais góticas também absorveram esse conceito, explorado não apenas nos seus
maravilhosos vitrais, mas na própria orientação do edifício
• Segundo o relato bíblico, o Templo de Jerusalém, erguido no reinado de Salomão, e base da
Doutrina Maçônica, também observava a orientação solar
• São essas janelas que permitem a Coluna do Sul se tornar simbolicamente a parte mais
iluminada de nossos Templos
• Mas estas janelas também se referem ao nosso olhar, à nossa observação
• O ser humano, à exemplo dos insetos e outros animais, é atraído pela luz
• No caso dos maçons, essa luz não é exatamente física, mas em sentido figurado simboliza o
aperfeiçoamento moral, ético, intelectual e espiritual que buscamos, no caminho da Perfeição
• A SABEDORIA, Coluna invisível em nossos Templos, tal qual a sefirote Daat, depende do
nosso olhar aguçado, de nossa percepção além do visível, da correta interpretação dos
símbolos
• Alguém disse uma vez que os olhos são a “janela da alma”, e acho que estava correto
A CHAVE DO ALFABETO MAÇÔNICO

• Alguns autores se referem a esse símbolo como a Tábua de Traçar, ou Prancheta do Mestre,
mas na verdade, o que vemos exibido aí é a Chave do Alfabeto Maçônico
• Esta é a “senha”, ou o método, pelo qual o Alfabeto Maçônico é decodificado
• O Alfabeto, ou Cifras Maçônicas, na verdade foi criado por um alquimista alemão chamado
Cornelius Agrippa, e também é conhecido como Cifra Pigpen, chiqueiro em inglês
• Essa denominação se deu por conta da formatação do código, que insere as letras do
alfabeto ocidental em quadrados, como os compartimentos em que os porcos são criados
• As bordas internas destes quadrados não são visíveis, e eles são preenchidos pelos
caracteres da esquerda para a direita em sequência alternada, em dois grupos
• Para abranger todos os caracteres do alfabeto ocidental, foi acrescentado um “X”, originado
das bissetrizes internas dos quadrados, e pontos
• Dessa forma, os caracteres do Alfabeto Maçônico são expressos em esquadrias e ângulos,
com pontos ou não
• Atualmente encontra-se em desuso, na verdade é uma criptografia de fácil solução, não
emprestando sigilo eficiente, e está restrito, no âmbito do GOB, à Palavra Semestral,
decifrada pelo Venerável Mestre, e transmitida em Cadeia de União, duas vezes por ano
• Está exibida no Painel do Grau de Aprendiz justamente porque é nesse Grau que o maçom
conhece os símbolos da Doutrina, e no final das contas, resumidamente falando, o maçom é
um “decifrador de símbolos”
O ALFABETO MAÇÔNICO
O PRUMO

• O Prumo é um instrumento, ou ferramenta, própria da construção civil, logo, relacionado


ao período chamado de Operativo da Maçonaria
• Nas construções, é utilizado para verificar a perpendicularidade das superfícies, ou seja,
se as pedras, ou tijolos, se encontram alinhadas em ângulo reto vertical em relação ao
solo, uma perpendicular perfeita
• É a Joia do 2° Vigilante, e está relacionada à Coluna do Norte, onde os Aprendizes têm
assento
• No meu entendimento esta Joia está invertida, e isso provavelmente ocorreu porque os
ritualistas inverteram as Colunas, e se esqueceram de acompanhar com as Joias
• Simbolicamente, o Prumo representa a aspiração vertical, em direção ao céu, logo
espiritual
• Não me parece coerente, que um “Aprendiz que recebeu mui fraca luz”, logo, não alcançou
um estágio capaz de perceber a espiritualidade, possa nutrir essa aspiração, isso me
parece mais aplicável ao Grau de Companheiro
• De toda forma, a representação no Painel do Grau segue a ordenação do ritual
O NÍVEL

• O Nível também é um instrumento, ou ferramenta, própria da construção civil, e


igualmente relacionado ao período chamado de Operativo da Maçonaria
• Nas construções, é utilizado para verificar a horizontalidade das superfícies, ou seja, se
as pedras, ou tijolos, se encontram alinhadas paralelamente em relação ao solo
• É a Joia do 1° Vigilante, e está relacionada à Coluna do Sul, onde os Companheiros têm
assento
• Pelas razões que citei anteriormente, creio que esta Joia também está invertida
• Simbolicamente, o Nível representa o nivelamento horizontal, a IGUALDADE e
paralelismo entre os maçons, logo, está relacionada ao Plano Material
• No meu entendimento este deve ser um dos primeiros ensinamentos que Aprendiz deve
receber
• Penso que seja apenas depois de atingir esse estágio de compreensão da IGUALDADE
entre os seres materiais, que o maçom se torne capaz de aspirar a evolução espiritual
• Mas, da forma que o Prumo, a representação no Painel do Grau segue a ordenação do
ritual
O COMPASSO E O ESQUADRO

• Mais do que dois outros elementos relacionados ao período Operativo da Maçonaria, o


Esquadro e o Compasso formam o símbolo mais conhecido, inclusive no meio profano,
de nossa Ordem
• O Compasso representa o Plano Espiritual, a Emanação Divina originada do ponto, e
irradiada em todas as direções, simultaneamente, e de forma igualitária. É um
instrumento do Mestre Maçom. Símbolo do TERNÁRIO
• Já o Esquadro, está relacionado ao QUATERNÁRIO, à materialidade, ao reto agir, reto
pensar, e reto falar
• É a aposição destes dois instrumentos que indica em que Grau a Loja está trabalhando
• No Grau de Aprendiz, o Esquadro é superposto ao Compasso, simbolizando que o
maçom nesse estágio ainda se encontra envolto pela matéria, ainda é assolado pelos
vícios e paixões, e busca seu aperfeiçoamento moral e ético, através do desbastar da
Pedra Bruta
• É assim que estas duas peças estão dispostas no Painel do Grau
• Se não houvesse mais nenhum elemento simbólico, apenas estes dois itens seriam
suficientes para que percebêssemos em que Grau a Oficina está trabalhando
• Há uma sutileza na representação desse símbolo na ilustração do ritual de 1969. Nele, o
Esquadro possui seus ramos desiguais, um menor que o outro
• Este ramo menor é a empunhadura, era com a mão direita que os pedreiros operativos o
seguravam e manipulavam nas construções
• Portanto, se é seguro pela mão direita, e colocado sobre o Livro da Lei pelo Orador, essa
deve ser a posição correta, com o ramo menor voltado para o lado do próprio Orador
A PEDRA BRUTA

• A Pedra Bruta está associada à Coluna do Norte, e aos Aprendizes


• É outro símbolo herdado do período Operativo da Maçonaria
• Ela representa a rudeza de nossa personalidade, carente de desbaste e esquadrejamento
• Foi assim, que simbolicamente nossos padrinhos nos encontraram no mundo profano
• Embora seja um símbolo do Grau de Aprendiz, penso que dificilmente nos livraremos
dessa tarefa de desbasta-la e esquadreja-la, mesmo decorados com Graus mais elevados
• A Pedra Bruta é companheira do maçom por toda a sua vida, ela representa a sua
consciência. Quanto mais nos concentrarmos e nos dedicarmos a aperfeiçoa-la, a retifica-
la, mais próximos da evolução estaremos, ao mesmo tempo que percebemos o quão
imperfeitos ainda somos
• O que devemos perceber, é que a tarefa de aperfeiçoa-la é individual e intransferível
• Ingressamos na Maçonaria para aperfeiçoar a nós mesmos
A PEDRA POLIDA

• A Pedra Polida, ou Cúbica, está associada à Coluna do Sul, e ao Grau de Companheiro,


dessa maneira, não poderei aprofundar sua análise
• É exibida no Painel do Grau de Aprendiz porque também o é, fisicamente, nos Templos
• Ela representa o estágio seguinte ao de Aprendiz, ou Pedra Bruta, na evolução maçônica
• É outro símbolo oriundo do período Operativo da Maçonaria
• Em termos construtivos, ou operativos, representa a pedra pronta para se associar a
outras, e formar fundações, paredes, etc.
• Simbolicamente representa o refinamento de nossa personalidade
• Ainda carece de aperfeiçoamento, mas já é possível perceber a diferença entre ela e a
disforme Pedra Bruta
O MAÇO E O CINZEL

• Estes elementos estão diretamente associados à Pedra Bruta e à Pedra Polida


• São os instrumentos, ou ferramentas, do Aprendiz, por essa razão, estão dispostos
junto à Coluna do Norte
• É com eles que o neófito maçom irá executar o desbastar e esquadrejar da Pedra
Bruta
• Não é possível ensinar o ângulo de incisão do cinzel, e tampouco a força a ser
aplicada ao maço. Esta é uma tarefa individual, e vai depender do nível de
imperfeição que nossa personalidade possuir
• No entanto, nossa autoanálise geralmente é falha, a imagem que fazemos de nós
mesmos raramente coincide com a maneira que os outros nos enxergam
• Neste sentido, os Aprendizes necessitam do apoio dos Mestres, que podem orientar
sobre qual aresta o desbaste deverá ser acentuado
• Neste Grau, esses instrumentos representam PERSEVERANÇA, a DISCIPLINA, e a
força de vontade de evoluir. Seu manuseio, por outro lado, irá demonstrar a
capacidade e habilidade que o Aprendiz possui, e ainda, o ritmo necessário para seu
progresso
• Do seu manuseio disciplinado, decorrerá o mérito, que o possibilitará galgar o
próximo degrau da senda maçônica
AS DUAS COLUNAS
• Estes elementos são bastante óbvios, representam as duas Colunas do Templo, exatamente na
posição correspondente ao Rito Adonhiramita
• A Coluna do Norte, “J”, representa a BELEZA, e a Coluna do Sul, “B”, a FORÇA. Estão de
acordo com a Doutrina
• Em nosso Rito essas Colunas são do estilo coríntio, e encimadas por romãs entreabertas, a
representação está correta
• Porém, ao serem adicionadas as cores ao Painel do Grau, surgiu uma distinção curiosa, uma
delas é vermelha, e a outra preta. No modelo monocromático têm a mesma tonalidade
• Ora, se essas Colunas simbolizam as colunas vestibulares do Templo de Jerusalém, ambas
deveriam ser de bronze, logo, da mesma cor
• Isto sugere que os ritualistas enxergam outras colunas neste elemento, e isso me parece
consequência do tratamento apressado que instituiu a atual Lenda do Terceiro Grau
• Alguns autores se referem às cores dessas Colunas como simbolizando as colunas de
fumaça, negra, e de fogo, vermelha, que segundo o Livro do Êxodo dirigiu os hebreus durante
os 40 anos de sua peregrinação no deserto
• Respeitosamente discordo dessa hipótese, e creio que a razão seja outra, principalmente
porque as colunas do Livro do Êxodo não são físicas
• No meu entendimento a alusão é referente às colunas de Enoch, construídas por Tubalcain
• As colunas de Enoch eram ocas, e nelas deveria ser guardado o conhecimento a ser
repassado para a civilização pós diluviana, pois o arcanjo Uriel teria avisado a Enoch do
cataclismo. Não é no interior da Coluna que guardamos o “salário”? Esse “salário” não é o
CONHECIMENTO?
• Uma era de bronze, para resistir às águas, e outra de mármore, para resistir ao fogo
• E coube a seu bisneto, Noé, a missão de salvar o conhecimento e a vida no planeta
• Nesse sentido, ressalto que por muito tempo, os maçons Adonhiramitas foram chamados de
Cavaleiros Noaquitas, e que a primeira versão da Lenda do Terceiro Grau era sobre Noé
AS ROMÃS

• As romãs, interpretadas como símbolo de prosperidade e união, não são exclusivas da


Maçonaria. Estão presentes em outras escolas filosóficas, e tradições iniciáticas com simboliso
parecido
• No caso do Painel do Grau, sua inclusão é justificada pela descrição bíblica dos ornamentos
das colunas vestibulares do Templo de Jerusalém, erguido por Salomão, segundo 1 Reis, e 2
Crônicas
• As frutas entreabertas, exibem farta quantidade de sementes, que simbolizam os maçons,
unidos por sua polpa, doutrinariamente uma tríplice argamassa
• São em número de três em cada Coluna, provavelmente representando os três Graus
Simbólicos, lembrando que apesar de tratarmos a Oficina como Loja Simbólica, há uma Loja
específica para cada Grau, portanto, existe na mesma Oficina, uma Loja de Aprendiz, uma Loja
de Companheiro, e uma Loja de Mestre
• Em síntese, as romãs representam a própria Oficina, próspera, harmônica, e unida pelos
maçons, simbolizados nas suas sementes
O TEMPLO

• O templo representado no Painel do Grau não é o Templo de Jerusalém, é o local onde a


Loja se reúne
• A associação com o Templo de Jerusalém se dá com base na sua localização na ilustração,
entre as duas Colunas. Apesar disso, existem duas colunas adicionais na ilustração,
totalizando, portanto, quatro
• A imagem, na verdade, pretende retratar um templo grego, que foi considerado um cânone
da arquitetura clássica, notadamente pela harmonia entre o frontispício e suas colunas, e à
proporção do Número de Ouro, 0,1618
• Portanto, é uma homenagem à ARQUITETURA, arte praticada pelos maçons operativos
• A entrada nesse Templo se dá por uma única porta, que iluminei na ilustração que fiz, para
representar que nele “recebemos a Luz”. Na ilustração do ritual a cor adotada para a porta
é o amarelo, que creio significar a mesma intenção
• Na ilustração do ritual, as paredes do Templo são verdes, desde 2003, e confesso que não
encontrei outra razão para essa escolha que não fosse a referência à bandeira do Brasil, o
verde da parede, o azul do frontispício, e o amarelo da porta. Em minha ilustração, inseri
um fundo estrelado, já que doutrinariamente o Templo Maçônico é um microcosmo, uma
representação do Universo em escala infinitesimal
• De toda forma, independentemente da representação adotada, o que está simbolizado no
Painel é o local onde os maçons se reúnem, com vistas ao seu aprimoramento
OS DEGRAUS

• Existe uma divergência em relação ao número dos degraus representados no Painel do Grau,
entre os rituais a partir de 2005, e os anteriores a esse
• De 1969 a 2003 existem três degraus que levam à representação do Templo
• Vejo nesta escolha duas justificativas possíveis
• A primeira é referente à conformação física dos primeiros Templos do século XVIII. Neles,
todo o piso da Loja era nivelado, havia apenas três degraus, que elevavam exclusivamente o
Trono da SABEDORIA
• A segunda, de interpretação doutrinária, diz respeito aos três Graus Simbólicos, à Bateria do
Grau, à Idade, e à Marcha do Aprendiz
• Realmente, TRÊS, é o numero do Aprendiz, parece fazer sentido
• A partir de 2005, a ilustração no ritual exibe cinco degraus, sem entrar em maiores detalhes, é
um número que não possui conexão com o Grau de Aprendiz, portanto, no meu
entendimento, trata-se de um equívoco de impressão
• De toda forma, a inclusão de um novo elemento, que veremos adiante, a partir de 2009, pode
apontar para uma direção diferente
• No Painel Adonhiramita, os degraus substituem a Escada de Jacó
O PISO QUADRICULADO

• A partir do ritual de 2009, foi acrescentado ao Painel um piso quadriculado


• Esse piso não é o Pavimento Mosaico, pois não está cercado pela Orla Dentada, é o Square
Pavement, o “Pavimento Quadrado” que decorava os primeiros Templos do século XVIII
• Notem que as Colunas e os degraus estão posicionados sobre ele
• Neste raciocínio, por coerência, devem ser representados aí os degraus do Templo
Adonhiramita, que não são nem três, nem cinco, mas sete, correspondendo às Três Virtudes
Teologais no Oriente, FÉ, ESPERANÇA, e CARIDADE, e Quatro Virtudes Cardinais do
Ocidente, TEMPERANÇA, CORAGEM, JUSTIÇA, e PRUDÊNCIA
• Foi isso que representei na minha releitura do Painel
• Outro aspecto de que discordo é a paginação deste piso, exibido na diagonal na ilustração do
ritual
• Nós, Adonhiramitas, temos verdadeira obsessão pelas esquadrias, nos movimentamos em
Loja seguindo o trajeto aparente do Sol no firmamento, nos orientamos pelos Pontos
Cardeais, os meridianos observados pelos Vigilantes são uma malha bidimensional de
quadrados. Pela lógica, esse piso deveria ter paginação ortogonal. Foi assim que o
representei
• Na verdade, independentemente do padrão adotado, o que está representado ali é o chão do
Templo, a superfície sobre a qual “marchamos” em direção à Luz
O DELTA SAGRADO

• Na primeira ilustração do Painel do Grau nos rituais, ocorrida em 1969, havia gravado
sobre o frontispício do Templo, apenas um triângulo, com raios emanando dele
• A partir de 2003, o mesmo triângulo passa a conter em seu interior o Tetragrama
Sagrado, IOD – HE – VAV – HE, o Nome Inefável de Deus segundo a tradição judaica
• Esta atualização, vamos chamar assim, deixa claro que a intenção dos ritualistas era
indicar que aquele templo grego representado no Painel é um lugar sagrado, nós o
consagramos à divindade, portanto, ele representa a presença do Grande Arquiteto do
Universo em nossos trabalhos. Trata-se, inequivocamente, de um Templo Maçônico
A EVOLUÇÃO DOS PAINÉIS

1969 a 2003 2003 a 2005 2005 a 2009 2009


FORMATO E DIMENSÕES

• O ritual não prescreve um tamanho padrão para o Painel do Grau. O bom senso
determina apenas que proporcione visão à distância, ou seja, o ideal é que os
obreiros possam enxergar os símbolos nele contidos. Essa é a ideia de sua
existência
• Os pesquisadores afirmam que os Painéis de John Harris foram pintados na
Proporção Áurea, ou Número de Ouro
• Porém, atualmente os padrões comerciais da ABNT, A4, A3, A2, etc., não
reproduzem essa proporção
• Portanto, as dimensões utilizadas certamente atenderão a esses formatos, que
são adotados pelas gráficas brasileiras
• Os Painéis geralmente são emoldurados, e protegidos por vidro ou película
plástica
• Podem ser impressos em papel ou vinil, não há restrição quanto à mídia utilizada
• Podem ser exibidos em cavaletes ou porta-painéis. Existem lojas especializadas
em produtos maçônicos que comercializam tanto o Painel quanto o suporte,
porém, nada impede que a própria Oficina os produza
• Independentemente de opiniões, como a que apresentei, o modelo deve
corresponder rigorosamente à descrição contida no ritual em vigor
O USO RITUALÍSTICO

• O Painel do Grau assumiu, a partir do ritual de 2003, postura ritualística


• É colocado sobre um cavalete ou suporte, sobre o Pavimento Mosaico, voltado
para a porta do Templo, ou seja, para a vista de quem ocupa assento no Ocidente,
e quem entra no Templo
• Ele é manipulado exclusivamente pelo Mestre de Cerimônias durante as sessões
• Permanece com a face oculta até a Abertura do Livro da Lei. Após desfazer o
Pálio, o Mestre de Cerimônias vira sua face para a frente, de modo a exibir os
símbolos, e em seguida dirige-se a seu lugar e senta-se
• No encerramento dos trabalhos, procede da mesma maneira, porém, voltando sua
face para trás e ocultando novamente a visão dos símbolos
• O Venerável Mestre somente declara aberta a Loja após o Painel ser exibido, e da
mesma forma, a declara fechada após ter sido oculto
• Aprendizes e Companheiros podem, e devem observar o Painel do Grau de perto,
antes ou após as sessões, ou seja, com a Loja fechada
• E os maçons, de todos os Graus, devem conhecer e serem capazes de descrever
o seu simbolismo a qualquer momento, eles são a síntese dos ensinamentos do
Grau
O PAINEL DO FUTURO

• O que direi a seguir não é vaticínio, mas apenas uma observação, baseada na
própria história da evolução do Painel do Grau
• Como vimos, iniciou como um desenho no chão, evoluiu para tapetes, e
transformou-se em quadros emoldurados
• Estamos em pleno século XXI, a tecnologia avança em velocidade vertiginosa,
creio que num futuro não muito distante, o Painel do Grau possa se transformar
numa tela de led iluminada, ou até mesmo uma imagem holográfica em 3D, afinal,
não é a Maçonaria uma Ordem progressista e evolucionista?
• Na verdade, aliás, como a própria história nos conta, o objetivo é representar os
símbolos do Grau
• Na mesma linha de raciocínio, nossos atuais Secretários, há um bom tempo,
deixaram de utilizar escantilhão e pena
• Particularmente sou defensor da união entre a tecnologia e a Doutrina, entendo
que o resultado final é dos mais eficientes no que toca à dramaticidade das
sessões. Isso está longe, no meu entendimento, de ruptura de qualquer tradição
CONCLUSÃO

• Ao que parece, o Painel do Grau sempre foi um item obrigatório, desde


as primeiras Lojas Especulativas, mesmo que não houvesse
regulamentação no ritual
• Apesar dessa importância, no caso do Rito Adonhiramita, essa
regulamentação nos rituais somente teve início no final do século
passado
• A adoção das cores, por exemplo, só ocorreu no início deste século
• De toda forma, se pudermos imaginar uma síntese do Grau, a melhor
concepção foi justamente o Painel do Grau
• Conhecer o seu simbolismo é matéria básica, e no meu entendimento
obrigatória, em Maçonaria
O Grupo Adonhiramita de Estudos foi idealizado por
maçons praticantes do Rito. Agrega Irmãos de todos os
Ritos, de todos os Graus e Qualidades, membros de
Potências Simbólicas Regulares, unidos pelo propósito
de fomentar a pesquisa, a troca de conhecimento, e o
debate sobre nossa Doutrina, história, ritualística e
liturgia.
Os temas tratados se referem ao Grau de Aprendiz.

Todos são bem-vindos! Caso haja interesse em participar,


basta solicitar a inclusão no chat.
Agradecemos a todos pela participação, e contamos com a
presença em nossas próximas palestras.

Que o Grande Arquiteto do Universo nos guie e ilumine!

BOA NOITE!

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