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apresenta:
• A apresentação foi baseada no Ritual do Grau de Aprendiz Maçom, Rito Adonhiramita, publicado pelo Grande Oriente do Brasil –
GOB, edição 2009
• Os comentários refletem apenas a opinião pessoal do apresentador, e não a posição oficial do Grande Oriente do Brasil nem de
qualquer Potência Simbólica ou Filosófica na qual o Rito Adonhiramita é praticado
• Todas as dúvidas podem e devem ser dirimidas de forma oficial junto à Secretaria Geral de Orientação Ritualística do Grande
Oriente do Brasil, e nos departamentos correspondentes nas demais Potências
INTRODUÇÃO
• O Livro da Lei é um dos símbolos obrigatórios nas Lojas Simbólicas
• Juntamente com o Esquadro e o Compasso forma as chamadas Três Grandes
Luzes da Maçonaria
• Nenhuma sessão, de qualquer natureza, pode ser realizada sem que estes três
símbolos máximos estejam expostos
• Juntos, eles resumem todos os princípios doutrinários da Maçonaria
• Foram instituídos oficialmente desde as Constituições de Anderson, de 1723
• O Livro da Lei é obrigatório em todos os Ritos praticados nas Potências
obedientes à Grande Loja Unida da Inglaterra
• Porém, surge na França, após a segunda metade do século XVIII, em função do
pensamento racionalista, e iluminista, o conceito de que o Livro da Lei não deve,
necessariamente, ser um livro sagrado, pertencente a uma religião
• Não era esse o conceito da Grande Loja de Londres e Westminster, e a partir daí,
foi instaurada uma enorme controvérsia, que persiste até nossos dias
• Independentemente do entendimento dado ao Livro da Lei, TODOS os Ritos
estabeleceram sua natureza nos rituais
• Embora muitos maçons confundam esse conceito de Livro da Lei, o Rito
Adonhiramita estabelece em seus rituais a natureza desse símbolo
• Minha intenção nesta apresentação, é abordar as principais correntes de
pensamento maçônico acerca da natureza do Livro da Lei, procurando responder
às indagações mais comuns, e demonstrar qual foi a escolha dos ritualistas
Adonhiramitas, evidentemente, acrescentando aos fatos minha interpretação
pessoal
ESCOPO
• Livro da Lei x Livro Sagrado
• A Origem do Conceito de Livro da Lei
• As Primeiras Ordenações dos Povos da Antiguidade
• A Ordenação da Sociedade Medieval
• O Conceito de Lei nas Raízes da Maçonaria Especulativa
• A Grande Loja de Londres e Westminster
• O Reverendo James Anderson e as Constituições
• As Religiões Predominantes na Europa do Século XVIII
• A Reforma de 1738
• As Sete Leis de Noé
• A Definição na Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita
• A Reforma de 1815
• Os Landmarks
• Os Princípios Universais da GLUI
• A Manifestação da GLUI no século XX
• O Livro da Lei no Rito Adonhiramita
• O Simbolismo do Livro da Lei no Rito Adonhiramita
• Conclusão
LIVRO DA LEI x LIVRO SAGRADO
• Esta é a primeira questão que se impõe, e que de certa forma divide os Ritos, Livro da
Lei e Livro Sagrado são sinônimos?
• Talvez cause surpresa, mas conceitualmente, a resposta é SIM
• Toda a ordenação social dos povos, desde a antiguidade, e sem exceção, foi baseada
em padrões de comportamento estabelecidos pelas diversas religiões
• Isso é muito fácil de ser compreendido. Enquanto os homens, por sua natureza, têm a
característica de não se respeitar mutuamente, questionando sempre as posições
discordantes de seu entendimento pessoal, o mesmo não ocorre com a divindade. O
Criador é infalível, seja lá qual for Seu nome, e deve ser obedecido incondicionalmente
• Esse entendimento foi percebido pelos sacerdotes do antigo Egito, que estabeleceram
a ordenação social ideal, com base na suposta determinação divina
• Este princípio foi seguido por todos os povos da antiguidade, cujos códigos legais
influenciaram o formato das nossa leis atuais
• Mesmo no caso dos chamados Estados Laicos, onde à princípio as leis estão apartadas
dos conceitos religiosos, o comportamento ético e moral segue princípios religiosos
• No caso das sociedades ocidentais, esses padrões foram estabelecidos na tradição
judaico-cristã, primeiramente na Lei Mosaica, e depois modificadas, ou aperfeiçoadas,
se preferirmos, pelo ministério de Jesus
• Isto é um fato, mesmo que não concordemos com este formato. E tanto é verdade, que
temos presenciado tentativas progressivas, em praticamente todas as sociedades, de
apartar os princípios éticos e morais, herdados da religião, das leis civis
• Ou seja, ainda que no futuro a situação seja diferente, ainda é assim neste início de
século XXI
O CÓDIGO DE HAMURABI
• Na verdade, o que chamamos de “raízes da Maçonaria Especulativa”, são associações nas quais os ritualistas buscaram inspiração
para conceber a doutrina maçônica
• A Maçonaria moderna não é uma evolução dessas associações, mas determinados conceitos e princípios foram claramente
absorvidos, ou herdados delas, com maior ou menor intensidade de acordo com cada Rito
• De acordo com a maioria dos autores e pesquisadores, as principais são:
1. As corporações de pedreiros medievais
2. As Ordens Militares de Cavalaria da Idade Média, e
3. Os Movimentos Rosacruzes
AS GUILDAS DE PEDREIROS MEDIEVAIS
Regulamentos Gerais 12
“A Grande Loja consiste e é formada por Mestres e Vigilantes de todas as Lojas
registradas, com o Grão-Mestre à sua frente, e seu Adjunto à sua esquerda, e seus
Grandes Vigilantes em seus respectivos lugares; e deverá haver uma Comunicação
Trimestral acerca da Festa de São Miguel, Natal e Dia de Nossa Senhora, em lugar
considerado conveniente pelo Grão-Mestre (...)”
Regulamentos Gerais 22
“Todos os Irmãos de todas as Lojas ao redor e em Londres e Westminster deverão
ter uma comunicação e celebração anuais em lugar conveniente, no Dia de São João
Batista ou no Dia de São João Evangelista, como a Grande Loja ache mais adequado
em novo regulamento; tendo nos últimos anos se reunido no Dia de São João
Batista (...)”
• Ora, se trata-se de uma obra deísta, e aberta a todas as religiões, por que razão
estabelece a obrigatoriedade de celebrações cristãs?
• Para concluir a análise, resta inserir as Constituições no contexto histórico, ou
seja, no pensamento filosófico predominante no início do século XVIII
RELIGIÕES PREDOMINANTES NA EUROPA DO SÉCULO XVIII
• Tanto Anderson, como Desaguliers, eram religiosos. É legítimo,
portanto, supor que os conceitos de moral e ética inseridos nas
Constituições tenham se baseado nos ditames de suas respectivas
fés
• O artigo primeiro das Constituições fala de uma religião universal,
comum, e que a partir da promulgação das Constituições, nenhum
maçom era mais obrigado a professar a fé da nação em que se
encontrava
• Mas que fé seria essa, então?
• A FÉ CRISTÃ
• Observando o período histórico de fundação da Grande Loja de
Londres e Westminster, percebemos que a Igreja Católica não apenas
exercia influência política nos reinos, mas também combatia e
perseguia aqueles que professavam fé diferente, notadamente os
partidários do que se chamou Protestantismo, correntes cristãs
originadas da Reforma Religiosa iniciada por Lutero
• Anderson e Desaguiliers eram integrantes dessa segunda corrente,
um presbiteriano, e outro huguenote, calvinista
• No meu entendimento, o que eles pretendiam era conceder a
liberdade de escolha aos maçons, em relação à corrente cristã de sua
preferência, e não outra religião
• Ficará mais fácil de considerar essa hipótese, se examinarmos quais
eram as religiões praticadas na Europa no início do século XVIII
AS RELIGIÕES NO SÉCULO XVIII
CRISTIANISMO ISLAMISMO Infiéis combatidos nas
Cruzadas
Discriminados e
JUDAÍSMO estigmatizados como
Católica Apostólica Romana algozes de Jesus
Grega Ortodoxa
Luterana
Presbiteriana
Calvinista
Anglicana
Anabaptista (Batista)
“A abertura de uma Loja não é outra coisa senão o consentimento unânime para começar os
trabalhos. Entre os antigos cavaleiros, esta cerimônia se fazia com uma prece à Divindade.
Essa máxima religiosa perdeu-se entre as diferentes perturbações que o catolicismo sofreu; os
cristãos, perseguidos em seus mais secretos esconderijos, foram obrigados a simbolizar os
principais pontos de sua religião; e, para eliminar toda suspeita dos tiranos que os perseguiam,
passaram a usar o nome de maçom. Assim, esses homens esclarecidos e virtuosos, sob
símbolos materiais, prestavam sempre homenagem ao Deus Supremo que os criara”.
(SAINT-VICTOR, Guillemain, Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita, Volume I, Filadélfia, 1787, página 14)
• Como vimos, Saint-Victor vai além, não apenas cita a Bíblia, mas
especificamente o Evangelho, logo, a fé cristã
• Creio que não haja mais dúvidas quanto à natureza do Livro da Lei,
nos primórdios do Rito Adonhiramita. Era a Bíblia
A REFORMA DE 1815
“Um maçom é obrigado, por seu título, a obedecer a lei moral e, se compreender
bem a Arte, nunca será ateu estúpido, nem libertino irreligioso. De todos os
homens, deve ser o que melhor compreende que Deus enxerga de maneira
diferente do homem, pois o homem vê a aparência externa ao passo que Deus vê o
coração. Um maçom é, portanto, particularmente compelido a nunca atuar contra
os ditames de sua consciência. Seja qual for a religião de um homem, ou sua forma
de adorar, ele não será excluído da Ordem, se acreditar no Glorioso Arquiteto do
Céu e da Terra e se praticar os sagrados deveres da moral.”
Landmark 21
“Um Livro da Lei como parte indispensável no ornamento da Loja”.
OS PRINCÍPIOS UNIVERSAIS DA MAÇONARIA
• Como mencionado anteriormente, após a proliferação das listas de Landmarks,
e da inevitável confusão instaurada a partir daí, a GLUI, em 1928, publica os
Princípios Universais da Maçonaria, também conhecidos como Oito Pontos de
Reconhecimento e Regularidade, que estabelecem as regras básicas e
fundamentais para que as Potências Simbólicas sejam reconhecidas pela GLUI,
e as Lojas subordinadas possam ser visitadas e frequentadas por maçons de
todo o planeta
• Destes oito princípios, quatro, que destaco aqui, possuem relação com o
conceito de Livro da Lei na Maçonaria
• Vemos aqui a Bíblia ser explicitamente citada como Livro da Lei, porém, há a
permissividade para que outros Livros Sagrados, ou seja, pertencentes a
correntes religiosas não cristãs, seja adotado pelas Lojas Simbólicas
• A dúvida parece novamente ter sido instaurada
A MANIFESTAÇÃO DA GLUI NO SÉCULO XX
• Como vimos, a Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita estabeleceu em 1781, a Bíblia como Livro da Lei no Rito
Adonhiramita
• No Brasil, no Ritual publicado pelo GOB, em 1896, na página 21, na descrição do Juramento do candidato, há a determinação de
que ele beije a Bíblia três vezes
• No ritual em vigor, publicado pelo GOB, em 2009, temos isso claramente definido na página 27, na descrição do Altar dos
Juramentos, e na 238, quando o candidato se prepara para prestar o Juramento. Em todas as outras ocasiões é mencionada
apenas a expressão Livro da Lei
• Embora no meu entendimento não haja indefinição, o Livro da Lei é a denominação maçônica da Bíblia nos rituais, mas
interpretações distintas ocorrem com alguma frequência
AS EVIDÊNCIAS RITUALÍSTICAS
• No meu entendimento, o ritual deve ser examinado como um todo, de forma
contextualizada, para que não tenhamos dúvidas nem quanto à sua aplicação,
nem quanto ao propósito dos ritualistas
• Se alguma indefinição pode ser percebida em relação à natureza do Livro da Lei
nos rituais, o que não é minha opinião, alguns fatores ritualísticos podem nos
auxiliar nos esclarecimentos
1. Somos batizados com água, uma prática cristã, inaugurada por São João
Batista, nosso Patrono
2. Abrimos o Livro da Lei com a leitura do Evangelho de João, capítulo 1,
versículos 6 a 9
3. O “traidor”, da Cena da Traição, se chama Caim
4. A técnica de manuseio do turíbulo, na Cerimônia de Incensação, é
católica, e não inspirada em Leadbeater como muitos insistem
5. O uso do sino, nas 12 Vibrações Argentinas, repete a prática das igrejas
medievais
6. A posição do Orador, na Abertura e Fechamento do Livro da Lei, e no
momento do Juramento dos candidatos, repete a sagração dos cavaleiros
medievais
7. A Espada Flamígera, utilizada pelo Venerável Mestre, foi inspirada no
querubim bíblico que expulsou Adão e Eva do Paraíso
8. O Stekenna, símbolo do Rito Adonhiramita, se refere ao Livro das
Revelações de João Evangelista
BOM DIA