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A.·. R.·. G.·. B.·. B.·. V.·. L.·. S.·.

FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE


Fundada em 13 de dezembro de 1898 (E\ V\)
Sob os Auspícios do Gr\ Or\ Paulista
Rua Ana Francisca de Oliveira nº 72 – Caixa Postal 50 – Cep 13920.000
Or\ de Pedreira – SP Telefone (19) 3893-5808

A.·. G.·. D.·. G.·. A.·. D.·. U.·.


A.·. R.·. G.·. B.·. B.·. V.·. L.·. S.·. Fé, Esperança e Caridade

S.:
F.: U.:

Peça de Arquitetura OF.·.                      Ir.·. Fábio Luís Pocai C.·.M.·.


                                                                     CIM 25675

Or.·. de Pedreira, 25 de Agosto de 2022 da E.·. V.·.

NOLUMUS LEGES MUTARI


Não removas os limites antigos que teus pais fixaram.
Provérbios 22:28

A Maçonaria é regida por regras, leis e costumes morais, buscando sempre a justiça e perfeição do
homem.
Assim que somos iniciados recebemos, junto com o Ritual, os Landmarks, “considerados como as
mais antigas Leis que regem a Maçonaria Universal, pelo que se caracteriza pela sua antiguidade”.
Regulamentos, estatutos, leis e até ritos podem sofrer alterações, porém os Landmarks não.
Na Maçonaria a primeira menção feita à palavra “Landmarks” encontra-se nas “39 Obrigações ou
Regulamentos Gerais”, de autoria de George Payne. Durante o seu segundo mandato como Grão-
Mestre da Grande Loja de Londres, em 1720, Payne compilou esses regulamentos e apresentou àquela
Assembléia, que os adotou em 1721, para que servissem como sua lei orgânica.
No artigo 39, lê-se o seguinte texto: “Cada grande Loja anual tem inerente poder e autoridade para
modificar esse Regulamento ou redigir um novo em benefício desta Fraternidade, contanto que sejam
mantidos invariáveis os antigos Landmarks.”
Contudo, os Landmarks não foram definidos nenhuma vez. A primeira vez foi em Jurisprudence of
Freemasonry 1858 pelo Dr. Albert Mackey. Ele colocou três características básicas:
1. Antiguidade imemorial notória;
2. Universalidade;
3. Absoluta "irrevocabilidade".
Ele ainda afirmou que os Landmarks são 25 no total e não podem ser alterados. Contudo, outros
escritores tiveram diferentes interpretações históricas do que seriam os Landmarks exatamente.
Hoje os Landmarks de Albert Mackey constituem apenas uma das 18 ou mais compilações de
Landmarks existentes no mundo.
Alega-se, portanto, a sua relatividade, pois poucas Grandes Lojas dos Estados Unidos adotam os
Landmarks “de Albert Mackey” e a Grande Loja Unida de Inglaterra, que nem toca nessa questão,
segue as “Rules” próprias para estabelecer no resto do mundo o que é certo ou errado.
Em 1863, George Oliver publicou o livro Freemason's Treasury no qual ele lista 40 Landmarks. No
último século, algumas Grande Lojas Americanas tentaram enumerar os Landmarks, variando da
Virgínia (7) e nova New Jersey (10) até Nevada (39) e no Kentucky (54).
Joseph Fort Newton, no livro The Builders, faz uma definição simples dos Landmarks: "A paternidade
de Deus, a fraternidade do homem, a lei moral, a Regra de Ouro e a esperança da vida eterna."
Em 1911, entendendo os 25 pontos de Mackey como um resumo do “direito comum” maçônico, o
jurista Roscoe Pound (1970-1964) distinguiu sete deles como realmente Landmarks:
1. Crença em um Ser Supremo (19)
2. Crença na imortalidade (20)
3. Que um "livro de lei sagrada" é uma parte indispensável do "mobiliário" da Loja (21)
4. A lenda do Terceiro Grau (3)
5. Sigilo (sem especificar o quê) (11, 23)
6. Simbolismo da alvenaria operativa (24)
7. Que um maçom deve ser um homem, nascido livre e de idade legal (18)

Historicamente os Landmarks são derivações das Old Charges (Antigas Obrigações), que são
manuscritos do final da Idade Média e do início da Idade Moderna usados pelas corporações dos
Maçons Operativos Talhadores de Pedra e que foram encontrados, basicamente, na Inglaterra e na
Escócia, e recobrem um período que vai do final do século XIV ao ano de 1748. Na verdade, os
antigos manuscritos que, grosso modo, fazem referência tanto à Maçonaria Operativa medieval, quanto
à Maçonaria Especulativa moderna.

O chamado Poema Régio, datado supostamente de 1390, parece ser um dos elos mais antigos capazes
de ligar, em definitivo, a Maçonaria Operativa à Maçonaria Especulativa. Trata-se de um manuscrito
de 64 páginas, em pergaminho, de autor anónimo, que se encontra hoje no Museu Britânico.
Começa descrevendo como Euclides da Alexandria ( 300.A.C. – conhecido como “Pai da Geometria”,
autor da obra Os Elementos) levou a geometria a ser chamada de Maçonaria, passando o conhecimento
desde a nobreza do Egito, até sua chegada na Inglaterra durante o reinado do Rei Eltelstano (924 a
939).
Temos então quinze artigos e quinze pontos, em um rígido código ético.
Em resumo os artigos e pontos seriam assim:
 Artigo 1º – o Mestre Maçom deve ter segurança absoluta no conhecimento da Geometria e
deve pagar os Companheiros corretamente;
 Artigo 2º – todo Mestre Maçom deve comparecer às assembleias da Ordem;
 Artigo 3º – um Mestre Maçom não deve aceitar qualquer Aprendiz, a menos que tenha certeza
de que poderá conviver bem durante sete anos com ele e se estiver seguro de que o Aprendiz
será capaz de aprender o ofício;
 Artigo 4º – o Mestre Maçom deve supervisionar o trabalho do Aprendiz que, por sua vez, deve
ter boa índole;
 Artigo 5º – o Aprendiz não pode ser deformado para não fazer a Ordem passar vergonha
porque faria mal à instituição e deve ser um homem forte;
 Artigo 6º – o Mestre Maçom, convém sublinhar, deve ser perfeito na sua Arte e deve transmitir
absolutamente tudo ao Aprendiz;
 Artigo 7º – um Mestre Maçom não deve, em hipótese alguma, dar abrigo a ladrões ou
assassinos, a fim de não envergonhar a Ordem;
 Artigo 8º – um Mestre Maçom deve substituir, imediatamente, qualquer membro da Ordem que
não corresponder às expectativas e necessidades;
 Artigo 9º – o Mestre Maçom deve ser sábio e forte e deve ser útil à Ordem, onde quer que vá;
 Artigo 10º – todos devem ter ciência, acima e abaixo (na hierarquia), que nenhum Mestre
Maçom deve tentar suplantar o outro, mas deve comportar-se como um Irmão e deve terminar
o seu trabalho de modo correto;
 Artigo 11º – nenhum Maçom deve trabalhar à noite;
 Artigo 12º – um Mestre Maçom, onde quer que esteja, deve zelar para que nada possa depravar
os seus Companheiros;
 Artigo 13º – se o Mestre Maçom tiver um Aprendiz, deve instruí-lo o necessário para que ele se
torne útil à Ordem, onde quer que vá;
 Artigo 14º – nenhum Mestre Maçom deve tomar Aprendiz, a menos que seja capaz de instruí-
lo e responder por ele;
 Artigo 15º – o Mestre Maçom deve ser um instrutor amigo, não deve prestar falso juramento e
jamais deve envergonhar a Ordem.

São listados então quinze pontos;

 Ponto Primeiro – onde se congregarem Mestres Maçons, devem demonstrar amor a Deus e
também aos seus Companheiros;
 Ponto Segundo – o Mestre Maçom deve trabalhar dedicadamente, para merecer o descanso;
 Ponto Terceiro – o Aprendiz deve levar a sério os conselhos do Mestre Maçom e dos seus
demais Companheiros também, e nada do que vir ou ouvir em Loja poderá contar a qualquer
homem no mundo;
 Ponto Quarto – nenhum homem deve mostrar-se falso em relação à Ordem, ou prejudicar os
Mestres Maçons e Companheiros, e todos devem obedecer às leis;
 Ponto Quinto – o Maçom deve receber pagamento do Mestre, que deve avisá-lo até o meio-dia,
se não precisar dele depois [desse horário];
 Ponto Sexto – se surgir inveja ou ódio entre Maçons, cabe a outro Maçom corrigi-los, para que
convivam segundo as leis de Deus;
 Ponto Sétimo – o Maçom deve respeitar a esposa do Mestre e do Companheiro;
 Ponto Oitavo – o Maçom sempre deve ser um mediador positivo entre o Mestre Maçom e os
Companheiros;
 Ponto Nono – o Maçom deve servir aos seus Companheiros, dia após dia, sem buscar quaisquer
vantagens e todos os homens devem ser igualmente livres; deve pagar todos os homens de
modo correto e deve ser justo com todos os Companheiros, todos os homens e todas as
mulheres e também deve registar o bem que os Companheiros fizerem;
 Ponto Décimo – o Maçom deve viver corretamente, para não fazer recair sobre a Ordem
vergonha alguma e, se cometer algo impróprio, será chamado à Assembleia para explicar-se
diante dos seus iguais; e, se não aparecer, será punido conforme a lei que vem de tempos;
 Ponto Décimo-Primeiro – o Maçom, se vir um Companheiro executar um trabalho de forma
incorreta, deve corrigi-lo com palavras dóceis;
 Ponto Décimo-Segundo – no local em que se realizar a Assembleia, deve haver Mestres
Maçons e Companheiros, e outros grandes Senhores, e o prefeito da localidade e o xerife do
condado, cavaleiros também; e, se houver qualquer acusação contra eles (Mestres e
Companheiros?), devem tomá-los sob a sua custódia;
 Ponto Décimo-Terceiro – o Maçom deve jurar que jamais roubará e jamais ajudará falsos
Obreiros;
 Ponto Décimo-Quarto – o Maçom deve jurar, perante Mestres Maçons e Companheiros, que
obedecerá ao seu rei e também deve prestar o juramento dos Maçons, sobre todos os pontos
anteriores, e saber que será responsabilizado, se faltar com a palavra;
 Ponto Décimo-Quinto – se os Maçons atentarem contra a Ordem, não poderão retornar a ela e o
xerife poderá encarcerá-los e tomar-lhe os bens e o gado e colocá-los à disposição do rei, e
deixar que ele lhes decida o destino. “

Depois do Poema Régio, e de algumas dezenas de Old Charges, tivemos vários outros documentos
históricos, documentos estes que pregam as virtudes necessárias para um maçom, como o Código
Moral Maçônico, um conjunto de regras de 1717, quando aconteceu a primeira reorganização oficial
de Lojas Maçônicas, quando foi criada a Grande Loja de Londres e Westminster. Este código moral,
somente foi totalmente desenvolvido e aprovado no Congresso de Lausanne(Suíça) em 1875.

As normas do Código Moral Maçônico são as seguintes:

Venera ao Grande Arquiteto do Universo.


A verdadeira reverência que se dá ao Grande Arquiteto consiste nas boas obras.
Tenha sempre sua alma em um estado puro para comparecer dignamente diante sua consciência.
Ama a seu próximo como a ti mesmo.
Não faça o mal para esperar o bem.
Faz o bem por amor ao próprio bem.
Estima aos bons, ama aos fracos, evade dos maus, mas não odeie a ninguém.
Não lisonjeie a seu irmão, pois é uma perfídia; e se seu irmão te lisonjeia, teme que te corrompa.
Escuta sempre a voz de sua consciência.
Seja o pai dos pobres; o pranto que sua severidade os arrancou, será como outras tantas maleficências
que cairão sobre ti.
Respeita ao visitante local ou forasteiro; ajude-lhe, sua pessoa deve ser sagrada para ti.
Evita as querelas, previne os insultos, deixa que a razão fique sempre de seu lado.
Partilha com o faminto seu pão, já aos pobres e aos peregrinos acolha-os em sua casa; quando vê o nu,
cobre-o e não desprecie tua carne na sua.
Não se apresse em te irar, porque a ira repousa no seio do néscio.
Detesta a avareza, porque quem ama as riquezas nenhum fruto tirará delas, pois isto também é vaidade.
Evade dos ímpios, porque sua casa será arrasada, mas, as Lojas dos justos florescerão.
No caminho da honra e da justiça está a vida, mas no caminho do desvio estará à morte.
O coração dos sábios está onde se pratica a virtude, e o coração dos néscios, onde se festeja a vaidade.
Respeita às mulheres, não abuse jamais de sua fragilidade e muito menos pense as desonrar.
Se tiver um filho, te regozije, mas teme pelo tanto que se te confia. Faz com que até os dez anos te
tema, até os vinte te ame e até a morte te respeite. Até os dez anos seja seu professor, até os vinte seu
pai e até a morte seu amigo. Pensa em lhe dar bons princípios antes de belas maneiras, que te deva
retidão esclarecida e não frívola elegância. Faz um homem honesto antes de um homem hábil.
Se te envergonhar de seu destino, tenha orgulho; pensa que se este nem te honra e nem te agrada, deve
cumpri-lo de modo que te traga uma coisa ou outra.
Lê e aproveita, vê e imita, reflete e trabalha, te ocupe sempre no bem de seus Irmãos e trabalhará para
ti mesmo.
Te contente de tudo, por tudo e com tudo.
Não se apresse em julgar as ações dos homens, não reprove e elogie menos; antes procura sondar bem
os corações para poder apreciar suas obras.
Seja entre os profanos livre sem permissividade, grande sem orgulho, humilde sem baixeza; e entre os
Irmãos, firme sem ser tenaz, rigoroso sem ser inflexível e dócil sem ser servil.
Fala moderadamente com os grandes, prudentemente com seus iguais, sinceramente com seus amigos,
docemente com os pequenos e eternamente com os pobres.
Justo e valoroso defenderá ao oprimido, protegerá a inocência, sem esperar nada dos serviços que
prestar.
Exato apreciador dos homens e das coisas, não atenderá mais que ao mérito pessoal, sejam quais forem
suas classes, status e a riquezas.
O dia que se generalizem estas máximas entre os homens, a espécie humana será feliz, e a Maçonaria
terá terminado sua tarefa e cantado seu triunfo regenerador.

Conclusão

Não basta conhecer os Landmarks, o principal de nossa Ordem está na história, até em nosso Ritual
temos mais informações de como ser um bom homem, na vida maçônica e na profana.
As Antigas Obrigações estão sendo cada vez mais esquecidas, relegadas a uma biblioteca empoeirada,
cuja busca em meios digitais ainda é de difícil acesso.
Nossa ordem é secular, quiçá até milenar segundo algumas vertentes, mas sempre, sempre, regida por
regras, normas e leis, buscando transformar o homem num ser melhor, mais justo, caridoso, humilde,
buscando o polimento da pedra bruta.
O Imutável na Maçonaria tem que ser sua história, seus princípios, isso é algo que se alterado perde-se
a essência da Maçonaria.
Estas são as raízes da Maçonaria, maior que um rito, afinal essas Old Charges abrangem todos os ritos
existentes, maior que um oriente, a Maçonaria é universal, devemos preservar estas histórias, passa-las
para novas gerações, para que nunca sejam esquecidas, porque como nos ensina o último parágrafo do
Código Moral Maçônico, “o dia que se generalizarem estas máximas entre os homens, a espécie
humana será feliz, e a Maçonaria terá terminado sua tarefa e cantado seu triunfo regenerador”.

Bibliografia

https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuscritos_Ma%C3%A7%C3%B4nicos
https://pedraoculta.blogspot.com/2014/09/codigo-maconico-as-normas-de-lausanne.html
https://pedraoculta.blogspot.com/2015/01/a-maconaria-dissecada-primeira.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Landmarks
https://www.freemason.pt/as-obrigacoes-de-um-macom-old-charges/
https://www.freemason.pt/consideracoes-sobre-o-poema-regio-do-seculo-xiv-e-v/
https://redecolmeia.com.br/2019/11/10/o-poema-regio-regius-poem-tambem-conhecido-como-manuscrito-
halliwell/
http://www.lojauniaobrasileira.com.br/telas/fotos/adm_Roger_18_19/Landmarks_texto.pdf
https://www.livrosgratis.com.br/ler-livro-online-149081/the-principles-of-masonic-law-a-treatise-on-the-
constitutional-lawsusages-and-Landmarks-of-freemasonry
https://wimasons.org/wp-content/uploads/2010/07/Chapter-12-The-Charges-and-The-Landmarks-102011.pdf

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