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O GRUPO ADONHIRAMITA DE ESTUDOS

apresenta:

O CHAPÉU DO MESTRE
NO RITO ADONHIRAMITA
Sergio Emilião
MI - F R+C
OBSERVAÇÕES
• A apresentação foi baseada no Ritual do Grau de Aprendiz Maçom, Rito Adonhiramita, publicado pelo Grande Oriente do Brasil –
GOB, edição 2009
• Os comentários refletem apenas a opinião pessoal do apresentador, e não a posição oficial do Grande Oriente do Brasil nem de
qualquer Potência Simbólica ou Filosófica na qual o Rito Adonhiramita é praticado
• Todas as dúvidas podem e devem ser dirimidas de forma oficial junto à Secretaria Geral de Orientação Ritualística do Grande
Oriente do Brasil, e nos departamentos correspondentes nas demais Potências

AVISO LEGAL
O ingresso na sala virtual desta apresentação implica na tácita concordância com a íntegra do que dispõe a Lei
Geral de Proteção de Dados, Lei Federal n° 13.709, de 14.08.2018
INTRODUÇÃO
• O uso do chapéu na Maçonaria é um assunto polêmico e controverso
• Há correntes favoráveis e contrárias, independentemente de sua adoção pelos Ritos
• Diferentemente de outros Ritos, no Rito Adonhiramita o uso de chapéu é obrigatório para
todos os Mestres, não apenas para o Venerável, e em todas as sessões, nos três Graus
Simbólicos, ou seja, faz parte do seu traje
• Também faz parte da ritualística, sendo manuseado em diversas oportunidades durante as
sessões
• Por essa razão, absorveu um simbolismo muito mais intenso e abrangente, se comparado
aos demais Ritos
• Isso torna a literatura dedicada bastante escassa, e o que encontramos, na maioria das
vezes, são artigos e pesquisas de autores praticantes de outros Ritos, que não se
aprofundam no significado místico e esotérico que essa peça assume no Rito Adonhiramita
• Mesmo em nosso Rito há divergências sobre o formato e o próprio uso ritualístico
• Apesar de ser um item exclusivo do Grau de Mestre Maçom, ele é conhecido por todos
desde o Grau de Aprendiz, portanto, apesar de não ser conveniente o aprofundamento de
seu simbolismo, creio que as bases e fundamentos de seu uso podem e devem ser
abordados no Grau de Aprendiz, principalmente para que na ocasião propícia os novos
Mestres adquiram uma peça afinada com a Doutrina Adonhiramita
• Minha intenção nesta apresentação, é abordar as origens históricas do chapéu, as
principais hipóteses sobre os motivos que levaram à sua adoção na Maçonaria,
particularmente no Rito Adonhiramita, e examinar seu simbolismo na atualidade,
evidentemente, acrescentando minha interpretação pessoal
ESCOPO

• A Origem Histórica do Chapéu


• Os Chapéus Míticos
• Os Modelos de Chapéu Através dos Tempos
• O Arquétipo do Chapéu
• O Chapéu do Mago
• O Chapéu na Maçonaria
• A Introdução nos Rituais
• O Chapéu Adonhiramita
• O Chapéu e o Mestre Adonhiramita
• O Uso Ritualístico e Litúrgico
• O Modelo Adonhiramita
• Conclusão
A ORIGEM DO CHAPÉU
• Não parece haver muito mistério em relação ao surgimento do chapéu. Os pesquisadores são
unânimes em apontar seu uso inicial como uma simples cobertura, cujo objetivo era proteger
a cabeça dos raios do sol, logo, seu uso pela humanidade certamente está relacionado à
agricultura
• O que não deixa de se relacionar com um estágio evolutivo importante da humanidade, o
momento em que o homem primitivo deixou de ser nômade e fixou residência, dando origem
às primeiras aldeias e organizações sociais
• Esta origem do chapéu também o associa ao TRABALHO, e creio que isto seja significativo
para nós maçons
• Apesar disso, como quase tudo que o homem inventa, essa peça de vestuário assumiu
conotações diferentes através dos tempos, mantendo, no entanto, certa semelhança nas
diversas culturas
• Acabou tornando-se um ícone, um símbolo, ou um arquétipo, e isso acompanha o chapéu até
nossos dias
• Evidentemente, e por tratar-se de uma peça de vestuário, sofreu variações de formato, cor,
tamanho, e usos em função do que chamamos de moda
• Assim, o chapéu passou a ser utilizado não apenas como proteção contra os raios solares,
mas pelas religiões, no meio eclesiástico, no meio militar, em determinadas profissões, como
sinônimo de requinte e elegância, e também na Maçonaria
• Creio que a Maçonaria moderna, em maior ou menor intensidade de acordo com os Ritos,
assimilou todos estes simbolismos atrelados ao chapéu
• No Rito Adonhiramita isso me parece claro
OS CHAPÉUS MÍTICOS
• Não é comum encontrarmos heróis ou divindades na mitologia
utilizando chapéus
• Ressalto que me refiro exatamente à peça de vestuário, e não aos elmos
e capacetes de batalha, abundantes na mitologia nórdica, por exemplo
• Mas um deus grego chama a atenção nesse aspecto, Hermes
• O deus Hermes grego foi sincretizado da divindade Toth, dos egípcios
• Era o protetor dos viajantes, do comércio, da magia, do alfabeto, dos
números, dos pesos e medidas, e dos jogos de azar
• Sua definição como mensageiro dos deuses do Olimpo estava
relacionada à capacidade que possuía de ir de um lugar para outro com
extrema rapidez, mas não eram as asas de seu chapéu que lhe davam
essa capacidade, mas as das suas sandálias, o que torna seu chapéu
ainda mais curioso
• A cobertura da cabeça de Hermes na verdade é um chapéu, chamado
petaso, geralmente feito de couro ou palha, e bastante utilizado pelos
viajantes na antiguidade
• Mas talvez haja um outro simbolismo por trás das asas do seu chapéu,
associada à velocidade do pensamento, ao raciocínio rápido, à
capacidade lógica, à racionalidade
O CHAPÉU DOS ROMANOS

• Diz-se que em Roma, por volta de 1.000 a.C., os escravos eram


proibidos de usar chapéus. Isso os distinguia visualmente
• Porém, quando eram libertos, passavam a usar uma cobertura
semelhante a um barrete, com a ponta caída para o lado, como sinal de
sua nova condição de liberdade
• Séculos mais tarde, durante a Revolução Francesa, os revolucionários
adotaram um modelo de chapéu semelhante, que chamavam de bonnet
rouge, que se tornou símbolo do Partido Republicano
• Apesar de não ser nada parecido com os chapéus maçônicos, o barrete
ou bonnet rouge, assume um simbolismo de interessante relação com a
Doutrina Maçônica, LIBERDADE, e ser livre e de bons costumes
O DESDOBRAMENTO DO CHAPÉU
• Como vimos, o chapéu tem sua origem como simples proteção para a cabeça
• Mas não tardou para que o homem desmembrasse seu uso, associando-o à capacidade
intelectual, ao status social, e à profissão
• Os chapéus passam a ser ornamentos de cabeça, que tinham como objetivo distinguir
facilmente seu usuários dos demais, simplesmente pelo modelo utilizado
• As cabeças dos homens passaram a ser um indicador de sua qualidade, ornadas em
conformidade com seu status
• Os faraós egípcios usavam uma peça chamada nemes, originalmente feita de linho. Uma
espécie de lenço atado à cabeça por uma tiara. Simbolizavam o PODER
• Os monarcas e reis usavam coroas de ouro, decoradas com pedras preciosas. Além do
PODER, simbolizavam a RIQUEZA dos reinos que governavam
• No caso dos guerreiros, além da proteção para a cabeça, simbolizavam a FORÇA
• As cabeças dos sacerdotes das diversas religiões também passaram a ser ornadas, desde a
calva completa dos Kheri Heb, que evoluiu para a tonsura dos monges, passando pelos
cocares emplumados de xamãs e pajés, pela kipá dos judeus, pelos solidéus e chapéus dos
cardeais católicos, os turbantes islâmicos e das religiões de origem africana, e por aí afora
• Sob o aspecto místico, há uma associação especial, relacionada aos chapéus dos magos
• A partir da Idade Moderna os adornos para a cabeça assumem a condição de status e
elegância, evoluindo das perucas das cortes até os modelos de chapéu contemporâneos
• No meio militar, as boinas, quepes, e coberturas indicam HIERARQUIA
• É compreensível, portanto, que ao adotar o uso do chapéu, a Maçonaria tenha sincretizado
todos estes conceitos
O CAPELO

• Como vimos, o chapéu assumiu diversos simbolismos


através dos tempos, das culturas, e do meio em que é usado
• Mas todos os seus usos refletem apenas uma intenção, a
qualificação de quem o usa, agindo como um elemento
indicador de seu usuário ser alguém “diferenciado”
• Neste sentido, revestem-se de especial interesse o capelo
dos formandos, que simboliza a VITÓRIA, a CONQUISTA, o
MÉRITO, o SUCESSO, e a peça de mesmo nome usada pelos
magistrados, simbolizando nesse caso JUSTIÇA
• Creio que todos estes conceitos sejam aplicáveis ao chapéu
do Mestre Maçom
O CHAPÉU NA SABEDORIA POPULAR
• Do meu ponto de vista, há pelo menos dois ditos populares que refletem
simbolismos aplicáveis ao chapéu maçônico
• O primeiro deles é “se a carapuça lhe serviu...” Esse ditado, de maneira
irônica, é claro, evidencia o chapéu como uma peça de identificação visual
de determinada qualidade, virtude, ou mesmo defeito, ou seja, aponta que
cada modelo de chapéu é indicativo de uma personalidade, nos distingue
visualmente
• De outro lado, “vestir a carapuça”, significa assumir a RESPONSABILIDADE,
seja lá sobre o que for
• O outro é “tirar o chapéu”, que utilizamos como uma reverência, um
cumprimento formal a uma qualidade superior que identificamos em outra
pessoa
• Estes dois conceitos me parecem aplicáveis ao uso do chapéu pelos maçons
• Creio que todos estes conceitos sejam aplicáveis e desejáveis aos Mestres
Maçons, o sentido de RESPONSABILIDADE, e DISTINÇÃO, quando
atingimos o Grau de Mestre, e o reconhecimento à SUPERIORIDADE, que
será experimentada em diversos momentos em nosso ritual
MAESTRIA SABEDORIA
PROTEÇÃO
NOBREZA

VITÓRIA

TRABALHO

CONQUISTA

MÉRITO

DIGNIDADE

DISTINÇÃO

ELEGÂNCIA
LIDERANÇA
PODER JUSTIÇA
O CHAPÉU DO MAGO
• Como afirmei, o chapéu do mago, ou de bruxa, como aquele famoso chapéu falante dos filmes de
Harry Potter, são um capítulo à parte no simbolismo dos chapéus
• Todos conhecemos o modelo, são chapéus cônicos, pontiagudos, que na Idade Média eram chamados
hennings, e usados por donzelas
• Embora não seja este o modelo adotado pela Maçonaria, julguei interessante abordar nesta
apresentação, por conta de seu simbolismo, que me parece muito próximo a um dos conceitos
aplicados pelo Rito Adonhiramita
• Eu penso que uma abordagem mais abrangente só possa ser feita nos Graus Superiores, mas creio
que possa simplificar a explicação
• O cone é uma figura geométrica de rotação. Se pegarmos um triângulo e rotacioná-lo em seu eixo
vertical obteremos um cone
• Se observarmos essa figura do topo, veremos um círculo com um ponto no centro, a primeira
representação conhecida que o homem fez para a divindade. A emanação da Origem para todos os
pontos em igual extensão
• O simbolismo desse chapéu cônico está associado à intenção do mago de canalizar as Energias
Cósmicas para sua cabeça
• Ou seja, ainda que com sentido pouco diferente, vemos uma ideia muito semelhante nos chapéus
utilizados nas diversas religiões, e sob este aspecto místico, algo parecido com o conceito
Adonhiramita
O CHAPÉU E A SABEDORIA

• Ainda falando sobre os chapéus dos magos, por serem estudiosos da Natureza, dos
fenômenos naturais e sobrenaturais, das chamadas forças ocultas, os magos, desde a
antiguidade, assumiram a característica de serem seres humanos sábios
• Por conta disso, o chapéu assumiu também a conotação de SABEDORIA
• Certamente alguns se lembrarão de um personagem de histórias em quadrinhos criado por
nosso Irmão Walt Disney, o Professor Pardal
• Tendo em vista que Disney era maçom, talvez não tenha sido por acaso que associou ao
personagem um chapéu, o “Chapéu Pensador”, que ele utilizava para estimular seu cérebro
e criar suas invenções
• É evidente, que por estar posicionado sobre nossa cabeça, que por sua vez guarda o
cérebro, fonte de nossa intelectualidade, que o chapéu tenha assumido ora a posição de
elemento estimulador de ideias, ora como catalisador de influências e energias externas,
que alterarão nosso comportamento
• Este mesmo princípio, utilizado de modo inverso, deu origem ao “chapéu de burro”, que era
dado aos alunos pouco estudiosos até meados do século XX
O CHAPÉU NA MAÇONARIA

• Certamente o chapéu não fazia parte dos trajes maçônicos no início do século
XVIII
• Aliás, a adoção dos chamados trajes maçônicos se deu paulatinamente, com
forte contribuição dos Ritos de origem francesa, como o Adonhiramita, por
exemplo
• Creio ser possível que alguns maçons frequentassem as sessões do século XVIII
usando chapéus, notadamente cartolas, que eram uma peça representativa de
elegância, bom gosto e distinção, mas não creio que constasse dos rituais
• Embora não possamos afirmar serem referentes ao Rito Adonhiramita, as
ilustrações que conhecemos desse período não exibem maçons usando chapéus
• Ao que parece, a instituição do chapéu na Maçonaria ocorreu entre o final do
século XIX e início do século XX, “de fora para dentro”, ou seja, da moda do
mundo profano, assim como o terno, e a partir daí ganhou simbolismos
diversificados em função dos Ritos que adotaram seu uso
A INTRODUÇÃO NOS RITUAIS

• A Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita, considerada a obra de referência


para o Rito Adonhiramita, não faz menção ao uso de chapéu pelos Mestres
• Na verdade, a menção aos trajes do Rito Adonhiramita nos rituais parece ser bem
recente, com maior ênfase nos rituais editados a partir de 2003 pelo GOB
• Por essa razão, torna-se difícil precisar em que momento o chapéu foi adotado pelo Rito
Adonhiramita
• O testemunho de maçons mais antigos aponta para sua utilização desde a década de
1960, mas não obtive nenhuma referência documental sobre seu uso, e tampouco sobre
as características e modelo. Isso deu origem às controvérsias atuais
AS COBERTURAS NOS RITOS
• As coberturas para a cabeça não são uma exclusividade do Rito Adonhiramita
• No ritual praticado em Bristol, na Inglaterra, o Venerável Mestre sempre usou cartola
• O que diferencia essa peça de adorno para a cabeça nos Ritos, além do modelo, é claro, é o modo como é usado
• Esta maneira de usar o chapéu, ou cartola, está ligada diretamente aos rituais, portanto, além de se caracterizar como um
elemento ritualístico, este item assume simbolismos distintos em cada Rito
• Sem entrar em detalhes de seu uso, cito três modelos, utilizados por Ritos praticados no Brasil

Rito Escocês Retificado Rito Escocês Antigo e Aceito Rito Shröeder e York
Chapéu Tricorne Desabado Cartola
O CHAPÉU ADONHIRAMITA

• Diante do que vimos anteriormente, parece legítimo perguntarmos qual é o modelo de


chapéu do Mestre Adonhiramita
• Na verdade não há essa definição nos rituais, tudo o que temos é a simples menção ao uso
do chapéu preto pelos Mestres
• Talvez essa omissão seja proposital, a fim de não causar entraves para a prática do Rito,
deixando os maçons à vontade para escolherem o modelo que entenderem mais atraente,
ou mais acessível financeiramente
• Porém, na prática, isso tem causado alguma confusão. Vemos modelos variados, e
diferentes opiniões e pontos de vista acerca do que é correto
• Por mais louvável que tenha sido a iniciativa, me parece desejável o estabelecimento de
uma norma, de um padrão
• Como vimos anteriormente em outros Ritos, o modelo do chapéu identifica visualmente, e
de modo objetivo, o Rito praticado pelo maçom que o usa. Se nós, praticantes do Rito
Adonhiramita, adotarmos modelos diferentes, não haverá essa caracterização
• Além disso, como já citei, cada modelo possui um simbolismo próprio, identificado com a
Doutrina de cada Rito, e apenas um modelo se presta a esse papel
• O uso de diferentes modelos pelo Rito Adonhiramita gerou correntes distintas de
pensamento, cada uma alegando seus motivos e simbolismos para justificar a adoção de
cada modelo
• Vou analisar resumidamente algumas hipóteses correntes, apenas no sentido de
demonstrar as razões que me levaram a formar juízo sobre o modelo correto
O CHAPÉU DESABADO
• O chamado “chapéu desabado”, ou seja, com as abas dobradas para baixo, é próprio do
Rito Escocês Antigo e Aceito. É usado por todos os Mestres nas sessões do Grau 3, e
apenas pelo Venerável Mestre nas sessões dos demais Graus
• Os autores têm justificado a adoção desse formato através dos seguintes simbolismos:

1. Cobrir parcialmente a fronte do maçom, de modo a dificultar sua identificação, o que teria
sido de grande utilidade nos períodos em que a Maçonaria sofreu perseguições;
2. Emprestar ao maçom um ar de mistério, ao proporcionar sombra sobre seus olhos, e
3. Sinal de humildade. O abaixar das abas simboliza o reconhecimento de que devemos a
todo custo combater a soberba e a vaidade, maiores inimigos dos maçons

• Sem entrar no mérito destes simbolismos, no meu entendimento, eles não se aplicam ao
Rito Adonhiramita, portanto, esse não deve ser o modelo de nossos Mestres
• E por que é utilizado por alguns Mestres Adonhiramitas?
• Em primeiro lugar, porque nas década de 1970/80, o Rito Adonhiramita viveu um período
de expansão, e nessa época, muitos maçons praticantes do Rito Escocês Antigo e Aceito
se filiaram às Lojas Adonhiramitas, trazendo consigo a prática que conheciam e julgavam
correta. Isso ainda ocorre
• Nessa mesma época, grupos de Mestres Adonhiramitas se dedicaram a difundir e
expandir o Rito Adonhiramita no território brasileiro, e fizeram muitas viagens. Ocorre que
o chapéu é uma peça inconveniente para ser transportada como bagagem, notadamente
se não nos dispusermos a leva-los na cabeça
• Assim, por comodidade, transportar um chapéu de feltro, que pudesse ser facilmente
dobrado, e posteriormente desdobrado, tornou-se mais prático
• Infelizmente, na minha opinião, rompeu-se uma tradição
O CHAPÉU E O CHAKRA CORONÁRIO

• As doutrinas orientais afirmam que o corpo humano possui centros psíquicos em


seu corpo astral, ou perispírito, com correspondência em determinadas glândulas
endócrinas de nosso organismo
• Estas correntes defendem que na parte central do topo de nossas cabeças está
localizado o SAHASRARA CHAKRA, ou CHAKRA CORONÁRIO, o “Lótus das Mil
Pétalas”, ancorado em nossa glândula pineal
• Este é o último dos chamados Chakras Superiores, e é o responsável segundo a
doutrina, pela nossa comunicação com o Plano Espiritual, com a divindade,
proporcionando a intuição, e até a iluminação
• O chapéu do Mestre Adonhiramita é colocado exatamente sobre esse Chakra,
portanto, simbolicamente, já que não há matéria que possa impedir a penetração
de energias sutis, o Mestre estaria se protegendo das influências materiais e
formas de energia mais densas, e permitindo sua conexão com os Planos
Superiores apenas nos momentos em que o ritual pede que nos descubramos
• Nesse sentido, devemos nos lembrar que o último estalido na Aclamação se dá
exatamente sobre o Chakra Coronário, quando estamos descobertos
• Parece não haver dúvida quanto a associação deste conceito oriental e a Doutrina
Adonhiramita, mas isso não é suficiente para determinar o modelo correto do
chapéu do Mestre Adonhiramita
O AUTODOMÍNIO
• Creio que o chapéu do mago, o “chapéu pensador” do Professor Pardal, e a associação com o
Chakra Coronário, devam inspirar no Mestre Adonhiramita algo maior, e com significado muito
mais relevante, o AUTODOMÍNIO
• Ao simbolizar o isolamento das influências externas, que está representado nestes três
exemplos, o chapéu do Mestre Adonhiramita sugere o exercício da introspecção, da análise de
nosso íntimo, do prejuízo que nosso ego pode causar a nós e aos outros
• Olhar para dentro de si mesmo, é o que o chapéu do mago sinaliza. É um símbolo
• O Mestre Adonhiramita deve tentar perceber que ele é o “princípio causador” no Plano
Material, assim como todo ser humano o é, só que como “Mestre” devia saber disso
• Nossas atitudes, palavras e pensamentos darão origem inevitavelmente a alguma
consequência. Torna-se enorme a responsabilidade quando nos damos conta disso
• O chapéu do Mestre Adonhiramita tenta estimula-lo a perscrutar seu íntimo, a permanecer
desbastando e esquadrejando sua Pedra Bruta permanentemente. Sempre haverá uma aresta a
aperfeiçoar
• É por isso que a Doutrina Adonhiramita permite que apenas o Mestre faça uso do verbo em
Loja. Os ritualistas pretendiam que ele soubesse fazê-lo quando atingisse o Grau
• A Doutrina ensina que o desbastar da Pedra Bruta é uma tarefa individual, mas apesar disso,
permanecemos tentando desbastar a do nosso Irmão, ao invés da nossa. O Chapéu do Mestre
Adonhiramita o joga para dentro de si mesmo
• A tendência da natureza humana é não admitir seus próprios erros, e atribuir aos outros a
culpa e responsabilidade por eles, como a figura do diabo medieval, que tornou-se o bode
expiatório da humanidade, aliás, desde os Jardins do Éden
• A culpa não é da Loja, do Venerável Mestre, ou da Obediência, é exclusivamente nossa
• O Mestre Maçom, e isso é comum a todos os Ritos, é exemplo para Aprendizes, Companheiros
e Mestres menos experientes. Jamais devemos nos esquecer disso. De nada adiantará
usarmos o chapéu, se não praticarmos o RETO AGIR, o RETO PENSAR, e o RETO FALAR
O CHAPÉU RABÍNICO
• A influência da tradição judaico-cristã na Doutrina Maçônica é inquestionável
• A tradição judaica, desde os tempos de Aarão, usa coberturas de cabeça tanto para os
sacerdotes, quanto para os leigos nas celebrações religiosas
• Nesse sentido, além da Kipá, os rabinos costumam usar também chapéus pretos
• Há autores maçônicos que contestam a adoção do chapéu na Maçonaria com base na
tradição judaica, pelo fato dos judeus jamais se descobrirem, e nós, maçons, ao contrário,
nos descobrirmos em determinados momentos, durante a execução do ritual
• No que diz respeito ao Rito Adonhiramita, posso afirmar que o uso não é contrário, é
exatamente igual
• Ocorre que os judeus só se descobrem na presença de D’us, como ELE evidentemente não
se materializa, jamais se descobrem
• O princípio é o mesmo no Rito Adonhiramita, porém, entendemos que simbolicamente as
Energias emanadas do Grande Arquiteto do Universo se amplificam em determinados
momentos das sessões, e nessas ocasiões, nos descobrimos como se ELE estivesse
materializado
• A expressão latina soli Deo, só a Deus, que a Igreja Católica utiliza para designar um tipo
de cobertura, representa esse conceito
• No meu entendimento, este, o chapéu rabínico, é o modelo correto de chapéu do Mestre
Adonhiramita
• Apesar de não constar explicitamente dos rituais, não apenas esta associação, mas
também o testemunho de maçons mais antigos apontam nessa direção
• O modelo mais próximo, e que encontramos com maior facilidade do mercado, é o
chamado chapéu “Panamá”
O QUE REPRESENTA O CHAPÉU DO MESTRE?

• O chapéu do Mestre Adonhiramita, no meu entendimento, abrange todos os simbolismos que


vimos até aqui, porém, podemos consolidar nos seguintes termos:

1. Símbolo de CONQUISTA, pelo maçom ter atingido o último degrau da Maçonaria Simbólica
2. Símbolo de DISTINÇÃO, colocando o Mestre hierarquicamente acima de Companheiros e
Aprendizes
3. Sinônimo de RESPONSABILIDADE, pois ao atingir o Grau de Mestre, o maçom assume
deveres e compromissos mais amplos
4. Simbolicamente, representa a PROTEÇÃO quanto à influências negativas em seu
pensamento, pois o Mestre Adonhiramita permanece coberto a maior parte das sessões, só
retirando o chapéu nos momentos em que a Emanação Divina simbolicamente se intensifica
no Templo
5. Sinônimo de HUMILDADE, pois ao usar o chapéu, tal qual os judeus, o Mestre Adonhiramita
reconhece que há “ALGO MAIOR”, o Grande Arquiteto do Universo, que rege toda a
Manifestação de modo onisciente e onipresente, e que nossa capacidade intelectual não é
suficiente para compreendê-Lo
POR QUE TODOS OS MESTRES USAM CHAPÉU?

• Diferentemente de outros Ritos, todos os Mestres Adonhiramitas, e não apenas o


Venerável, usam chapéu em todas as sessões
• A Doutrina Adonhiramita entende que todos os Mestres são iguais, o Venerável
não é superior, apenas lidera a Loja por uma concessão de seus pares
• Os paramentos que vão indicar sua qualidade e autoridade são os punhos e o
colar, o Grau do Venerável Mestre é 3, como dos demais Mestres presentes na
sessão
• O uso do chapéu é obrigatório para todos os Mestres, não é permitido aos
Mestres Adonhiramitas participarem dos trabalhos sem ele
• Os regulamentos dos Poderes Maçônicos, no âmbito do GOB, estabelecem que
os detentores de cargos estão isentos de seu uso, mesmo em suas Lojas, pois
são representantes destes Poderes, e não de um Rito em particular
• Respeitosamente discordo dessa prática, pois entendo que normas e
regulamentos dos Poderes Maçônicos não são supervenientes ao ritual, e se
estamos em Loja, devemos nos submeter aos procedimentos do Rito
PODEMOS EMPRESTAR NOSSO CHAPÉU?

• Entendo que não, por vários motivos


• Se admitimos que nossas espadas e aventais magnetizam nossas energias, e plasmam
nossa personalidade, é natural que os chapéus também o façam
• Se considerarmos sua associação com o mais evoluído de nossos Chakras, essa vedação
ganha maior proporção
• Se não acreditamos em nada disso, resta um fator material e decisivo, nossas cabeças
não são do mesmo tamanho, temos diâmetros diferentes. Lembram daquele ditado “se a
carapuça lhe servir...” Pois é, o chapéu é um paramento INDIVIDUAL
• E se o Mestre esquecer seu chapéu?
• Acho pouco provável que um Mestre Adonhiramita leve para o templo dois chapéus,
justamente com o objetivo de empresta-lo para outro Mestre que tenha se esquecido dele
• Para esta eventual hipótese talvez seja recomendável que a Loja possua algumas
unidades guardadas no Templo para esse fim
• Ninguém sofrerá tonturas, dores de cabeça, ou será fulminado por um raio, se usar um
chapéu que não lhe pertença, mas devemos observar que o respeito ao traje é uma
questão de disciplina, e se não nos disciplinamos, dificilmente “faremos novos
progressos”
E OS VISITANTES DE OUTROS RITOS?

• No meu entendimento, as características de cada Rito devem ser preservadas


• Assim, Mestres Maçons praticantes de outros Ritos estão isentos de usar chapéu nas
sessões Adonhiramitas
• Embora não haja essa menção explícita em nosso ritual, se é permitido o uso de
balandrau para Irmãos visitantes de outros Ritos, não vejo razão para agir diferente em
relação ao chapéu e outros itens, como as luvas brancas, a cor da gravata, e a faixa de
Mestre
• Nesse mesmo entendimento, penso que nós, em visita a Lojas de outros Ritos,
devemos ir paramentados em conformidade com o Rito Adonhiramita
EXISTE SAGRAÇÃO DE CHAPÉU?

• NÃO
• Não existe qualquer ritual ou cerimônia especial
• O chapéu é uma peça de vestuário, que faz parte da indumentária do Mestre
Adonhiramita
• Não é uma peça “mágica”, e tampouco atribui ao Mestre algum poder sobrenatural ou
metafísico
• É apenas um símbolo
• Mas deve ser escolhido com carinho e cuidado com respeito
• O chapéu é o símbolo da evolução do maçom no Rito Adonhiramita
PODEMOS MUDAR DE CHAPÉU?

• SIM
• Os chapéus não são indestrutíveis, e sofrem desgaste natural provocado pela ação do
tempo e do uso
• Quando isso ocorrer, o Mestre poderá simplesmente comprar outro, e usar
imediatamente sem a necessidade de qualquer outra medida
• Aliás, além de todo o simbolismo atrelado à peça, o chapéu é um item do vestuário,
representa elegância e distinção, não é desejável que usemos chapéus esfarrapados
• Além de depor contra nossa personalidade, o uso de chapéus em mau estado de
conservação atinge a imagem da Loja e do próprio Rito
• Lembro que o chapéu será sempre preto
CONCLUSÃO
• O uso de chapéus pelos Mestres Adonhiramitas é mais que uma característica do
Rito, é uma TRADIÇÃO
• A tradição é o elemento mais importante para manter um Rito vivo. Sempre
caberá a nós essa missão de preserva-la
• Como vimos, há um exuberante simbolismo nessa tradição
• Penso que os Mestres Adonhiramitas deviam usar seus chapéus com saudável
orgulho. São um símbolo de distinção
• Eles representam uma conquista, a chegada ao último degrau dos Graus
Simbólicos
• O chapéu não nos transforma em super homens, pelo contrário, nos trazem um
fardo de responsabilidade, nos lembrando que somos seres imperfeitos
• Firmo minha posição, de que é urgente a padronização do chapéu Adonhiramita.
Se o chapéu faz parte de nossa indumentária, ou do nosso “uniforme”, deve ser
igual para todos. Imaginem uma tropa em que cada soldado use uma cobertura
diferente
O Grupo Adonhiramita de Estudos foi idealizado por
maçons praticantes do Rito. Agrega Irmãos de todos os
Ritos, de todos os Graus e Qualidades, membros de
Potências Simbólicas Regulares, unidos pelo propósito
de fomentar a pesquisa, a troca de conhecimento, e o
debate sobre nossa Doutrina, história, ritualística e
liturgia.
Os temas tratados se referem ao Grau de Aprendiz.

Todos são bem-vindos! Caso haja interesse em participar,


basta solicitar a inclusão no chat.
Agradecemos a todos pela participação, e contamos com a
presença em nossas próximas palestras.

Que o Grande Arquiteto do Universo nos guie e ilumine!

BOA NOITE!

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