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O Capítulo Holandês do Rito Moderno Francês De Roos

Ir.´. Jean van Win,

Coordenador do Departamento da IV Ordem da Academia do Rito


Moderno

Tradução José Antonio de Souza Filardo

Diz-se, por diversas fontes e em muitos lugares, que o renascimento da Ordem


de Sabedoria do Rito Francês entrou na Europa através do canal da Holanda.

Esta bela história, romântica, antiga e sedutora, foi resumida pelo Irmão Pierre
Petitjean, na edição 37 de julho de 2006 da revista a Cadeia de União, Revisão
de estudos maçônicos, filosóficos e simbólicos publicada sob os auspícios do
Instituto Maçônico da França, presidido pelo Irmão Roger Dachez, numa revista
trimestral publicada pelo Grande Oriente de França.

Aqui vai um resumo dos fatos expostos na página 79, que iremos analisar e
comentar durante este estudo.

I. A história e a lenda.
A história usual.

“Em meados do século XIX, os capítulos trabalhando no Rito Francês


desapareceram… O renascimento terá lugar mais de cem anos depois, graças
à tenacidade de quinze irmãos do Grande Oriente da França… Eles se filiaram
ao capítulo De Roos, em Haia (Holanda), o último capítulo francês na Europa a
que, depois pediram uma licença para estabelecer em Paris, em 30 de
novembro de 1963, um novo capítulo que eles chamaram Jean-Théophile
Desaguliers…

“Estes são os extratos mais significativos da prancha gravada da sessão


inaugural deste capítulo:

“O ano de mil novecentos e sessenta e três e, da morte de Nosso Redentor mil


novecentos e trinta, no 30º dia do 8º mês da Verdadeira Luz 5963, dia de Santo
André da Escócia (30 de novembro da era vulgar), quinze Cavaleiros da Águia,
Maçons Perfeitos livres e Soberanos Príncipes Rosa Cruz reuniram-se no Vale
de Paris no Oriente de Heredom, no ponto correspondente ao Zênite, em um
lugar muito forte, muito retirado e bem coberto onde reinam a Fé, a Esperança
e a Caridade (13, villa des Acacias 9 bd Jean Mermoz em Neuilly-sur-Seine, às
10:00 horas da manhã).
“Esses quinze Cavaleiros, todos membros do Soberano Capítulo De Roos no
Vale de Haia, são, em ordem alfabética de nomes, os IIrr.´. Paul A., Edouard
F., Serge D., Pierre F., Jean de F., Jacques G., Pierre M., Vicente P., Pierre de
R., Albert R., Hartmut S., Christian V., iniciados no seio deste capítulo; René
Guilly e Jacques M., regularmente afiliados ao seio deste capítulo, Henri van
Praag, Mestre Perfeito Fundador [i] e responsável por este capítulo. Está ainda
presente o Ir.´. CJR, membro visitante do Soberano Capítulo De Roos, Vale de
Haia. O Trono da Sabedoria é ocupado pelo Mui Ilustre Irmão van Praag, de
maior idade[ii].

“O Mui Sábio e Mestre Perfeito Henri van Praag declarou que ele estava de
posse de prancha gravada de quinze Cavaleiros presentes, até este dia
membros do Soberano Capítulo De Roos no Vale de Haia, e expressando o
desejo de praticar no Vale de Paris, no seio de um Soberano Capítulo francês,
sob o título distintivo de Jean-Théophile Desaguliers os quatro graus que lhes
são caros: os de Eleito, de Escocês, de Cavaleiro do Oriente e Soberano
Príncipe Rosa-Cruz… O Mui Sábio e Perfeito Mestre, em virtude dos antigos
privilégios dos Soberanos Príncipes Rosa Cruz, Cavaleiros da Águia, Maçons
Perfeitos Livres declara, assim, constituído no Vale de Paris, no dia de Santo
André da Escócia, o Soberano Capítulo Jean Théophile Desaguliers.”

“A importância desta criação não pode ser compreendida a não ser a


colocando na longa história de Rito Francês. Como dirá mais tarde, por ocasião
do quadragésimo aniversário deste Capítulo, o Irmão Roger Dachez:” O que
podia parecer o início de uma aventura já era o resultado de uma jornada
bastante longa. Esta aventura – pois esta era uma, e esperamos que seja
sempre uma – que durou uma dezena de anos, originou-se, naturalmente, no
seio do berço histórico do Rito Francês, quer dizer o Grande Oriente da
França.” [...].

“Para os IIr.´. da R.F.M.R. no início dos anos sessenta, muitos deles detentores
do grau 18 do REAA, contentarem-se com uma equivalência arbitrária,
proclamar que a homonímia de títulos justificava em si a legitimidade de um
renascimento dos Altos Graus do Rito Francês fora do seu lugar de origem, o
GODF, parecia maçonicamente difícil de aceitar.”

O mito imaginário.
“É então que se manifesta a Providência, sobre a qual Chamfort dizia que ela
era não mais que o nome de batismo do acaso… Contatos foram feitos, de
maneira fortuita[iii], com o Mui Sábio e Mestre Perfeito de um Capítulo que
qualificaremos como “fóssil Maçônico”, o Capítulo De Roos, que os franceses
haviam fundado sob o Primeiro Império, em uma Holanda anexada, quando
Haia, capital do departamento de Bouches-de-la-Meuse, estava
maçonicamente dentro da autoridade do Grande Oriente de França.
“Este capítulo francês tinha sobrevivido, o tempo não tinha querido aboli-lo, e
no meio do século XX, ainda subsistia, nunca tendo deixado de existir,
aparentemente sem se dar conta de ter-se tornando o último conservatório dos
Altos Graus do Rito Francês.”

“Como sabemos, naquela época, a elite educada dos Países Baixos costumava
falar e cultivar a língua francesa. O Mui Sábio do Capítulo até mesmo a
ensinava. A ligação foi facilmente estabelecida[iv] e o resto seguiu sem
dificuldade. Os irmãos foram recebidos na IVa. Ordem em Haia, e alguns
meses depois, o Soberano Capítulo Francês Jean-Théophile Desaguliers foi
fundado em Neuilly, assumindo imediatamente a função natural de “Capítulo
Metropolitano para a França”, já que a ele cabia agora a tarefa difícil de
carregar sozinho, por muitos anos, a tocha das Ordens Capitulares do Rito
Francês”.

“O Capítulo De Roos, desde muito tempo não trabalhava na quarta ordem,


conferindo as três primeiras Ordens por comunicação, o que os IIrr.´. do
Soberano Capítulo Jean-Théophile Desaguliers obviamente não queriam
fazer.”

Esta história, bastante mítica conforme vamos tentar demonstrar, é contrariada


pela narrativa que dão dois dos principais protagonistas da época, René-
Jacques Martin [v] e René Guilly. Em particular, os contatos feitos por acaso e
a conexão que foi estabelecida com facilidade, que descrevemos acima,
indicam o estabelecimento de uma relação recente.

Temos a felicidade de tê-los conhecido e ter frequentado os dois grandes


Renés, e de ter trocado com cada um dos dois correspondência importante que
hoje, na hora certa, vai permitir, além do mito, estabelecer a realidade histórica
desses eventos tão importantes para iluminar o Renascimento do Rito Moderno
Francês na Europa.

Chamamos agora a atenção para uma lacuna de dimensão na história do MII


Roger Dachez. Nada é relatado sobre a existência de um capítulo De Roos
fundado em Medan, nas Índias Orientais Holandesas, da qual Henri van Praag
era membro e Rosa Cruz. Voltaremos em detalhe abaixo.

Nada é dito, também, sobre “franceses” bem imprecisos que teriam fundado o
De Roos sob o Império francês, na Holanda. A maioria das lojas deste país traz
orgulhosamente um título distintivo em língua francesa ou latim, e é
surpreendente que, sob o Império, enquanto os capítulos faziam parte quase
todos de uma loja simbólica, franceses (!) teriam preferido dar-lhe um título
distintivo… holandês! Aqui estão alguns exemplos, e deve-se notar que em
muitas lojas e capítulos, falava-se francês nesta época, e até mesmo hoje, já
que o autor dessas linhas foi oficial em um capítulo de Rito Holandês em
Leiden, na Holanda, que ainda trabalhava em francês em 1995. Eis alguns
exemplos de títulos distintos de lojas holandesas dos séculos XVIII e XIX:

Les Amis Réunis

L’Aurore

La Charité

La Bien-Aimée

Concordia Vincit Animos

La Constance

Credentes Vivent ab Illo

L’Espérance

Fides Mutua

Frédéric Royale

Guillaume aux Dix-Sept Flèches

La Paix

La Parfaite Union

La Philanthrope

Le Profond Silence

Ultrajectina

L’Union Frédéric

L’Union Provinciale

L’Union Royale

La Vertu

Vicit Vim Virtus[vi]

Enfim, os bancos de dados de várias instituições maçônicas holandesas


consultadas não fornecem qualquer capítulo com o título De Roos exceto por
um capítulo não reconhecido que trabalhava em Medan, nas Índias Orientais
Holandesas, sem qualquer constituição, como demonstraremos. Por fim,
evocamos às vezes a loja militar de um regimento francês de ocupação, que
não deixou traço nem na França nem na Holanda. Nunca qualquer prova
documental foi apresentada para estabelecer e sustentar estas diversas
alegações.

Vejamos primeiro como se desenvolveu a Maçonaria de altos graus nos Países


Baixos. Daremos a seguir a palavra aos principais protagonistas da
Renascença do Rito Moderno Francês na Europa.

Nascimento e desenvolvimento dos Altos Graus Modernos Franceses nos


Países Baixos [Extrato de folha DIN A4, três partes dobra dupla frente e verso,
publicado em holandês pelo Supremo Conselho da Ordem dos Maçons sob o
Grande Capítulo de Alto Graus dos Países Baixos. Tradução literal por Jean
van Win).

"Após a penetração da Maçonaria na Holanda por volta de 1730, outras formas


de trabalhos maçônicos ali penetraram rapidamente, principalmente oriundas
da França. Logo após a constituição de lojas maçônicas em nosso país
apareceu a prática daquilo que viria a ser chamado mais tarde de Altos Graus.
Nas atas de uma das cinco lojas fundadoras que participaram na criação da
Ordem dos Maçons, já se menciona em 12 de setembro de 1756, que esta loja
trabalhou nesta mesma noite, "à escocesa" (esta qualificação nada tem a ver
com o Rito Escocês; sua origem deve ser procurada nos meio dos Stuart
emigrados para a França), pretende este folheto.

"Uma loja escocesa tinha o mesmo nome que sua loja-mãe e tinha os mesmos
membros que esta última. Não havia qualquer consistência no trabalho nem na
organização de lojas escocesas. Desde 1774, vários esforços foram feitos para
colocar as lojas escocesas sob a autoridade de uma administração superior
(hoofdbestuur). Havia naquela época 24 lojas escocesas no país. Poucos dias
depois da reunião de Grande Loja das Lojas Simbólicas, estas oficinas foram
convocadas em 20 de maio de 1776 para uma reunião em Haia. O objetivo da
reunião era a constituição de uma Grande Loja Escocesa, que devia servir para
"apoiar e despertar a maçonaria azul em declino e cada vez mais
enfraquecida". A reunião resultou na criação de um Regulamento (Wetboek:
Volume da Lei) no qual se falava apenas de Eleitos e Escoceses.

"A segunda reunião da Grande Loja Escocesa teve lugar em 19 de maio de


1777, as atas fazem, pela primeira vez, referência a "Capítulos Escoceses". A
terceira reunião da Grande Loja Escocesa foi realizada em 18 de maio de
1778, a quarta e última em 5 de junho de 1786.

"A Assembleia Constituinte que deveria erigir o Grande Capítulo dos Altos
Graus (Hoofdkapittel der Hoge Graden) foi realizada em 15 de outubro de
1803. Este órgão jurisdicional, independente do Grande Oriente dos Países
Baixos, recebeu a soberania sobre os seguintes graus:

Eleito ou Mestre Eleito;


Cavaleiro de Santo André (que constitui os graus Aprendiz Escocês,
Companheiro escocês e Mestre Escocês);

Cavaleiro da Espada ou do Oriente;

Soberano Prince da Rosa Cruz.

"Originalmente, apenas os três primeiros graus eram praticados, e o grau de


Rosa Cruz era conferido por comunicação. Este grau assumiu, entretanto, uma
importância cada vez maior devido ao seu conteúdo, a tal ponto que os
trabalhos dos capítulos seriam limitado apenas a este grau, e os outros três
graus se veriam conferidos por comunicação (1854).

"O ritual do grau de Rosa Cruz concebido em 1803 expressava, segundo a


opinião de diversos irmãos, um perfume cristão dogmático, no qual cada um
dos irmãos não podia se encontrar. Ao longo dos anos, este ritual foi desafiado
por diversos capítulos, o que, eventualmente, levou à sua supressão. Quando
da elaboração do ritual de 1937, partiu-se da ideia de que, levando em conta o
caráter religioso do grau, podia-se conceber que o sentimento religioso do grau
de Rosa Cruz era de natureza universal e que não estava ligado a um culto
(godsdienst) em particular.

Os Altos Graus Históricos, raízes da nosso ritual holandês.

[…]

“É por analogia com a série de sete graus do Rito Francês ou Rito Moderno
que o Grande Capítulo dos Altos Graus, quando de sua constituição em 1803,
baseou e construiu sua estrutura sobre sete graus.

“Devido ao plano reformador de 1786, resultante do trabalho da comissão ad


hoc do Grande Oriente de França, o Rito Francês ou Rito Moderno foi
composto como segue, em contato direto com os três graus simbólicos:

- Primeira Ordem: Mestre Eleito

- Segunda Ordem: Mestre escocês

- Terceira Ordem: Cavaleiro do Oriente

- Quarta Ordem: Cavaleiro da Rosa Cruz.

[…]

“Essas três ordens são chamadas, desde 1854, de “Altos Graus Históricos”.

Elas constituem os três graus intermediários da Ordem dos Maçons sob o


Grande Capítulo dos Altos Graus dos Países Baixos.
“A partir da quarta ordem surge o grau de Soberano Príncipe da Rosa Cruz
(Soeverein Prins van het Rozekruis)”. Fim da Citação.

O mesmo texto é encontrado textualmente no panfleto holandês intitulado


“Rituaal van de Graad van Soeverein Prins van het R+, 1937″ (Ritual do Grau
de Soberano Príncipe da Rosa Cruz, 1937), reeditado em 1992 pela Ordem
dos Maçons sob o Grande Capítulo de Altos Graus na Holanda, panfleto
prefaciado pelo Ir.´. J.A. Veening, Grão-Mestre da Ordem.

Conclusão: fica claro a partir desses documentos oficiais que jamais os Altos
Graus dos Países Baixos trabalharam segundo o Rito Moderno Francês,
apesar de terem sido constituídos por analogia com este sistema, mas também
parece que eles jamais receberam uma patente do Grande Oriente de França.
As mais altas autoridades maçônicas batavas, como, por exemplo, o professor
Dr. Jan Snoek, atualizam hoje esta afirmação, como veremos um pouco mais
adiante, e os Países Baixos sempre praticaram esses Altos Graus holandeses
segundo suas necessidades específicas, e com total independência.

As histórias publicadas na França sobre a Maçonaria holandesa são


contraditórias, obscuras e pouco confiáveis. Elas também são incompletas e
tendenciosas. A existência de um “capítulo fóssil” do Rito Francês nunca foi
provada e este último nunca, obviamente, foi identificado e de resto nunca teria
podido existir.

Agora, portanto, é a hora de dar voz àqueles que viveram estes


acontecimentos, e que deixaram um registro autorizado e definitivo.

II. Relato dos acontecimentos segundo as principais testemunhas e


atores.

Carta autografada do M.´.R.´.I.´. Jacques Martin ao I.´. Jean van


Win, datada de 5 de Fevereiro de 1989 (excertos):
“A secularização dos rituais do Grande Oriente da França levou, por volta dos
anos 60, alguns II.´. a se voltar para o passado do seu rito e,
consequentemente, sobre o seu futuro. O rito foi intitulado “Rito Moderno
Francês Reestabelecido”. A formulação deve ser respeitada escrupulosamente.
Moderno: para indicar a filiação pela “Grande Loja dos Modernos” de Londres
(1717); Francês: para marcar as contribuições posteriores dos franceses:
contribuição dos companheiros e das quatro Ordens superiores: a 1a Ordem
Eleito Secreto; a 2 a Ordem de Grande Eleito Escocês; a 3 a Ordem de
Cavaleiro da Espada e a 4 a Ordem de Soberano Príncipe Rosa Cruz.
Reestabelecido: para especificar a retomada em conta dos símbolos
“desaparecidos”.
A primeira loja se intitulava “Do Dever e da Razão” Oriente de Paris, GODF.
Diante de certas dificuldades encontradas no seio de sua obediência, os IIr.´.
do GODF fixaram-se em uma loja da GLNF-Opéra: « les Forgerons du Temple
». Eles transformaram o título distintivo, que se tornou “Jean Théophile
Desaguliers”. Uma segunda loja, no Oriente de Lille foi fundada por mim,
intitulada “James Anderson” e instalada em 10 de maio de 1964 por Pierre
Ribaucourt e Rene Guilly, que era então VM da Desaguliers.

René Guilly fez com que recebessem o grau de Soberano Príncipe Rosa Cruz
alguns II.´. parisienses pelo capítulo “De Roos” (A Rosa) que trabalhava no Rito
Holandês. Na verdade, tratava-se do mesmo rito.

O Capítulo Rosa Cruz “De Roos” era presidido por um professor da


Universidade de Jacarta, que tinha sido prisioneiro dos japoneses, de quem
conservava as piores memórias: Hendrik (Henri) van Praag. Este irmão já era
idoso em 1963 [vii].

Em 30 de novembro de 1963, o capítulo “De Roos” compreendendo seu Mui


Sábio van Praag, dois IIr.´. holandeses e seus membros franceses abriram
regularmente os trabalhos, instalaram o Mui Sábio René Guilly, seus oficiais, e
consagraram o novo capítulo sob o título distintivo “Jean Théophile
Desaguliers” no templo da Villa des Acacias, no Oriente de Neuilly-sur-Seine.
Eles filiariam IIr.´. franceses já Rosa Cruzes, entre eles eu mesmo (eu já fora
recebido Rosa Cruz pelo Capítulo “La Lumière du Nord” no Vale de Lille, sob a
obediência do Grande Colégio de Ritos).

Naquele dia foram iniciados Rosa Cruz os IIr.´. Pierre de Ribaucourt, o escritor
Pierre Mariel, Bob Rouyat, Vincent Planque, Harmut Stein [...]. Eu ia
esquecendo o Ir.´. Fano, futuro Grão-Mestre da GLNF-Opera. O Soberano
Grande Comendador do Colégio dos Ritos, Francis Viaud, por causa de suas
funções, não pôde comparecer à sessão, mas compareceu ao copo d’água.

Em 1968, as oficinas “francesas” deixariam a GLNF-Opera depois do caso


Louis Pauwels, mas isso é outra história. Elas fundaram uma federação que
tomou o nome de Loja Nacional Francesa (LNF), localizada principalmente em
Paris e Lille.

A LNF viria a se separar em 1975 em duas seções: Paris e Lille. Em seguida,


um antigo venerável da J.T. Desaguliers, o jornalista Roger d’Alméras, se
separaria de René Guilly e criaria o capítulo francês intitulado, se bem me
lembro, “La Chaîne d’Union”. Em 1976, eu criei meu próprio capítulo francês
sob o título “La Rose e le Lys” que pratica as quatro Ordens. Eu também
comuniquei o rito aos IIr.´. do Sul, principalmente ao Ir.´. Jean Abeille, que é
atualmente o Regente do Rito Escocês Retificado do Grande Colégio de Ritos.

Pouco depois de receber esta carta, tive a sorte de iniciar relações com René
Guilly, que manteve comigo uma correspondência de grande interesse, entre
as quais esta carta em particular que nos interessa em primeiro lugar:

Carta autografada de 26 de outubro de 1991 de René Guilly a Jean van Win,


(documento cuja precisão e fidelidade não podem ser colocadas em dúvida).
Ele ainda tinha oito meses de vida).

“Através de um amigo pessoal [viii], o irmão Hendrik van Praag, professor de


francês, Mui Sábio em 1940 do capítulo “De Roos” em Medan (que eu não sei
onde fica) [ix], Rosa Cruz desde 1932 no Soberano Capítulo Srogol (Java),
grau 33 do Supremo Conselho dos Países Baixos nas Índias Orientais
Holandesas (Batávia), iniciações ao grau de Rosa Cruz foram realizadas em
Haia no capítulo “De Roos” [x], despertado no quadro do Supremo Conselho e
a Grande Loja dos Países Baixos, formado pelo irmão Onderdenwijngaard,
após os incidentes com o Grande Oriente dos Países Baixos, cerca de LUFM
[xi] (Data a ser confirmada, por volta de 1960?).

Hendrik van Praag, profundamente francófilo no melhor sentido do termo,


estava em desacordo nesta época com a política oficial holandesa. Eu tive
entrevistas com ele sobre isso. 1956 deve ser a data de sua aposentadoria e
seu retorno aos Países Baixos. Ele havia vivido a ocupação japonesa nas
Índias Orientais Holandesas e havia sofrido severamente.

Essas iniciações, em número de seis, tiveram lugar em Haia em 31 de março e


em 27 de outubro de 1963. Eu sou testemunha de seu mais alto nível. Além
disso, uma sessão especial do Capítulo “De Roos” no Vale de Paris, iniciou
seis outros irmãos em 30 novembro de 1963. Estes doze Rosa Cruzes, aos
quais foram adicionadas dois Rosa Cruzes originários do Grande Colégio dos
Ritos, e o próprio irmão Hendrik van Praag foram (ao todos em número de
quinze) os membros fundadores, em 30 de novembro de 1963, do Soberano
Capítulo Francês Jean Théophile Desaguliers – no.1.

É exato que o Rito Francês de quatro ordens, tal como por direito pertence à
tradição holandesa[xii] foi-nos comunicado em Haia e em Paris durante estas
iniciações. Mas, como vocês verão a seguir desta carta, isso não é para nós
um ponto exclusivo. O que nos parece igualmente importante é a presença de
três Rosa Cruzes incontestáveis do Grande Colégio dos Ritos e do Supremo
Conselho dos Países Baixos.[xiii] É também a iniciação, que não podia ser
mais regular, de doze outros irmãos ao grau de Rosa Cruz.

De fato, se partimos corretamente em 1963 da ideia do Rito Francês do GODF


de 1786, nosso pensamento evoluiu consideravelmente desde há quase trinta
anos de trabalho ritual e pesquisa de arquivos.
[Aqui segue uma justificativa detalhada do Rito Francês Tradicional, cujos
elementos são agora bem conhecidos e foram publicados várias vezes].

E René Guilly ao concluir esta longa carta muito informativa tanto sobre suas
intenções quanto o espírito de seu trabalho de “restauração”:

“A restauração do Rito Francês tradicional, acima do terceiro grau deve ser


baseada em princípios simples:

(1) autoridade e privilégios dos Soberanos Príncipes Rosa Cruz, assim como
a dupla filiação do Rito Francês e do Rito Escocês Antigo e Aceito para este
grau (o Rito Francês de 1786, especialmente quanto à primeira e à segunda
ordem, incapaz de representar a ele somente uma filiação suficiente).

(2) um trabalho de erudição verdadeiramente científico de detectar e colocar


em forma para cada grau, as versões mais antigas e mais autênticas.

Na época, recusamos a patente que Onderdenwijngaard quis nos dar,


considerando que os privilégios dos Soberanos Príncipes Rosa Cruz não
podiam se subordinar a tal documento. Foi purismo; do ponto de vista da
informação histórica, talvez tenhamos entendido errado. Seja o que for, o Rito
Francês deve assumir-se e definir-se sozinho, porque para ser claro, nenhum
outro organismo maçônico está disposto a dar-lhe apoio e patrocínio. E é
melhor assim.”

III. O que é comprovado sobre o capítulo De Roos, e o que é


claramente falso.
René Guilly nos diz, assim como René-Jacques Martin, que o irmão Hendrik
(Henri) van Praag era professor de francês em Medan nas Índias holandesas,
que ele foi Rosa Cruz desde 1932 no Capítulo Srogol em Java, e foi Mui Sábio
do capítulo De Roos em Medan.

Que este capítulo De Roos foi despertado em 1956, em Haia, como parte de
Grande Loja Holandesa irregular fundada pelo irmão Onderdenwijngaard
(então em disputa com o Grande Oriente dos Países Baixos, obediência
regular reconhecida pela GLUI). Este nome, Onderdenwijngaard,
impronunciável para não uma laringe não-holandesa, significa “sob o vinhedo”.

O que é evidenciado em tudo isso, e por qual documento?


O Cultureel Maçonniek Centrum Prins Frederik (CMC), hoje dirigido pelo Ir.´.
Jac. Piepenbrock, curador, me informa por carta: “em todo caso, posso
confirmar que existe realmente um capítulo De Roos considerando a seguinte
peça que encontrei nos arquivos. Ele estava provavelmente localizado em
Medan nas Índias anteriormente Holandesas. Como você sabe, as lojas e
capítulos tiveram que abater suas colunas durante a ocupação japonesa.”
A peça no arquivo produzida pelo CMC é uma carta escrita em agosto de 1947
pelo irmão Wim S.B. Klooster de Amsterdam, um ex-membro do Capítulo De
Roos de Medan, dirigida ao Supremo Conselho (Opperbestuur) dos Altos
Graus, com um pedido para ser transferido para um capítulo holandês.

A meu pedido, o CMC informou que o Capítulo De Roos tinha recebido sua
patente da Ordem dos maçons sob o Grande Capítulo de Altos Graus dos
Países Baixos.

Desejando cruzar esta informação, eu encontrei em um livro holandês que


voltaremos a discutir[xiv] repetidamente que este capítulo havia sido fundado
em janeiro de 1941, em Medan, sem notificação ao Grande Capítulo, e sem
uma constituição por este último, por motivos de guerra. Um capítulo muito
efêmero e “selvagem”, como se diz para um capítulo vivendo em completa
autarquia, fora de qualquer jurisdição.

O Ir.´. van Loo nos informa ainda que a Maçonaria foi novamente banida na
Indonésia em 27 de fevereiro de 1961. O Capítulo l’ Etoile d’Orient foi o último
dos seis capítulos que trabalhou nas Índias Orientais antes de 1942. Ele
também cessou seus trabalhos em 1959-1960. A união de dois capítulos
existentes na época em Batavia, La Fidèle Sincérité (1767) e La Vertueuse
(1783) gerou um longo período de trabalho de “lojas escocesas”. É este
período que terminou… Na decurso do Grande Capítulo de 1947, uma
proposta para reconhecer a regularidade dos irmãos admitidos pelo Capítulo
De Roos a ser ainda aprovada, embora o De Roos tenha vindo a adormecer
antes dessa data. Eles se tornaram assim, regulares, mas a título póstumo…

Os arquivos do Ir.´. Onderdenwijngaard e sua defunta obediência representam


quase nada em Haia. Algumas peças muito gerais, onde nunca há menção de
De Roos.

Os arquivos da Ordem dos Maçons dos Países Baixos incluem


correspondência a respeito da LUFM ao longo dos anos que tem girado em
torno da separação de Onderdenwijngaard do Grande Oriente. Mas nada foi
encontrado até o momento sobre o capítulo De Roos nem em publicações de
capítulos regulares desta época.

Por conseguinte, parece que o capítulo De Roos de Medan, foi uma criação do
Ir.´. van Praag, ele nunca foi reconhecido nem constituído pela sua autoridade
legítima, e ele foi finalmente e só quando já não mais existia, e que o Ir.´. van F
Praag, depois da guerra, reeditou a criação de um De Roos bis em Haia, de
forma irregular, e de uma forma simplesmente “autônoma” e muito “especial”,
como veremos a seguir.

IV. A Grande Loja dos Países Baixos do Ir.´. Onderdenwijngaard.


De 1956 a 1974, a Maçonaria holandesa sofreu uma cisão no seio da Ordem
dos Maçons sob o Grande Oriente dos Países Baixos. O loja Fiat Lux foi
considerada irregular pela Grande Loja Unida da Inglaterra e pelo Grande
Oriente dos Países Baixos [GOdN], apesar da perfeita conformidade de seus
rituais. Como resultado, uma Grande Loja dos Países Baixos [DRM] foi
formada através da divisão e viveu de 1956-1974, mas desapareceu com seu
fundador, o Ir.´. J.C.W. Onderdenwijngaard [ODW], nascido em 1897 e falecido
em 1973, e a maioria dos seus membros em seguida, retornou ao Grande
Oriente dos Países Baixos. Este período viu o nascimento de iniciativas
interessantes no desenvolvimento de contatos internacionais entre Maçons
europeus. Ele assistiu em particular desenvolver-se a amizade entre o Ir.´.
Henri van Praag e René Guilly [xv] e constitui o quadro no qual iria se
desenrolar a transmissão do Rito Francês, a partir de um misterioso “Capítulo
fóssil” holandês, a um grupo de irmãos franceses que teriam trazido o ritual de
volta à sua terra natal. Qual é ele?

Um Ir.´. Holandês, o Ir.´. Bob Vandenbosch, publicou na sua língua, um estudo


detalhado sobre esta interessante aventura maçônica de seu país. El presta
homenagem aos colaboradores que lhe permitiram reunir os numerosos
documentos, entre os quais é útil citar a Sra. Toos Onderdenwijngaard, filha do
Grão-Mestre da GdN; o Ir.´. Wim van Keulen, hoje colaborador do Cultureel
Centrum Maçonniek Centrum Prins Frederik em Den Haag, onde se tornaria
curador; o Ir.´. Dr. Jan Snoek, professor da Universidade de Heidelberg; o Ir.´.
Dr. Evert Kwaadgras, hoje curador do CMC Frederic Prins.

O Irmão Jan C.W. Onderdenwijngaard, cujo nome verdadeiro era Jan Cornelis
Willem Polak, nasceu em 01 de julho de 1897 em Zevenbergen, em Brabante
do Norte. Ele era um banqueiro, e depois se tornou consultor financeiro em
Haia. Toda a sua breve aventura obediencial é ilustrada por uma inevitável,
mas necessária citação de datas:

1939 Tesoureiro Internacional da Liga Universal dos Maçons [LUFM]

1947 Viagem nos Estados Unidos, à Argentina e ao Brasil

1948 Membro do Capítulo De Vriendschap (A Amizade)

1950 Presidente Internacional da LUFM

1956 Separação da GOdN [eliminado como membro em junho], com 18 outros


irmãos, após a recusa do GOdN a ratificar a nova loja Fiat Lux

1956 separação dos Altos Graus, em consequência de sua separação do


GOdN Demissão da Presidência da LUFM e do grupo holandês da Liga

Note-se aqui que é o mesmo ano em que Henri van Praag fundou em Haia, seu
segundo capítulo De Roos
1957 Foundation da Grande Loja dos Países Baixos, da qual se tornou Grão
Mestre

1961 A GdN se torna um dos co-fundadores do CLIPSAS[xvi]

1961 Iniciação do rei Hussein da Jordânia na GdN

1961 Instalação do Rei Hussein como Soberano Grande Comendador do


REAA

1961 o Ir.´. Hussein aceita o Grão Mestrado de honra da GdN

1962 Criação do Consistório Internacional de Jerusalém[xvii]

1970 diversas doenças e ataques, invalidez parcial

1971 A Grande Loja não é mais dirigida pelo Ir.´. ODW, mas este não quer ou
não pode delegar.

1973 morte do Ir.´. ODW antes que ele pudesse realizar seu projeto da volta de
sua GdN ao GOdN

1973 luta interna pelo Grão Mestrado, e retorno da maioria dos IIrr.´. ao GOdN.

*****

Este estudo extremamente completo de 20 páginas em nenhum momento faz


qualquer menção referência a um capítulo De Roos. Da mesma forma, as
publicações editadas pela loja Fiat Lux da GdN, que foram consultadas para os
anos anteriores e posteriores à criação de um Capítulo deve De Roos não
publicam uma só palavra sobre isso. Somente o Ir.´. Henri van Praag, uma
edição especial dedicada ao jubileu de 1957-1967, fez uma breve referência a
Medan, em um discurso que ele pronunciou, e ele cita certa loja Deli, que é, na
realidade, uma região situada no Norte de Sumatra, conhecida por seu
tabaco… Esta loja também não é mencionado na tabela de nomes do trabalho
do R.´.I.´. PJ van Loo: Geschiednis van het Hoofdkapittel der Hoge Graden in
Nederland.

Quanto à parte principal dos arquivos da GdN, ao que parece, no estudo do Ir.´.
Vandenbosch, eles foram destruídos após a morte do Ir.´. ODW. É o sobrinho
do Ir.´. ODW, o Ir.´. Jan Schats, que realizou esta destruição, e seria
responsável pelo desaparecimento de numerosos objetos de valor.
[Depoimento do Ir.´. Wim van Keulen, antigo curador do CMC Prins Frederik].

Não se pode dizer que as informações relativas ao capítulo De Roos nunca


tenham aparecido nestes arquivos. No entanto, no estudo cronológico do Ir.´.
Vandenbosch, a fundação e as relações supostamente com um capítulo De
Roos estão completamente ausentes entre os anos de 1962 e 1967. O ano
crucial de 1963 nem sequer é mencionado.
Por que René Guilly foi buscar uma “patente” junto a este capítulo muito
questionável De Roos de quem ele provavelmente conhecia – mas não é
totalmente certo – sobre a precariedade e falta de credibilidade? Porque em
1963, René Guilly pertencia ao Grande Oriente da França, que não era nem
reconhecido, nem mantinha relações com a Ordem dos Maçons dos Países
Baixos, onde Guilly pensava que se praticava ainda o Rito Francês. Ele não
podia, portanto, dirigir-se a esta obediência regular, já que ele próprio e seus
irmãos também eram irregulares.

Ele acreditava, sem dúvida, poder resolver o problema encontrando-se com


Henri van Praag, no quadro da LUFM, em que ele parecia se interessar[xviii],
cujo capítulo poderia ter podido possuir uma filiação, devido à sua antiga
filiação ao capítulo de Medan que ele tinha “revivido” em 1956, em Haia, fora
de qualquer obediência. Isso explicaria a qualificação de “amigo pessoal” dada
por Guilly a van Praag (ver a carta citada).

Conclusão: o capítulo De Roos de Medan nunca trabalhou no Rito Moderno


francês, mas sim no Rito holandês “por analogia”, e sem sombra de uma carta
constitutiva… Gil portanto recebeu uma filiação holandesa e nenhuma carta
constitutiva francesa. Em 1964, ele deixou o Grande Oriente de França para se
juntar à Grande Loja Nacional Francesa (Opera) onde ocupou o cargo de
Tesoureiro Federal de 1966 a 1967. Em 26 de abril de 1968 a Loja Nacional
Francesa foi criado sob impulso por três lojas providas de cartas constitutivas
regulares.[xix]

V. As relações estranhas com René Guilly com Henri van Praag


Desde o mês de setembro de 2009, o autor deste estudo enviou 14 e-mails ao
Ir.´. Roger Dachez, solicitando esclarecimentos sobre o capítulo De Roos e
sobre eventuais informações que estariam contidas nos arquivos do capítulo
metropolitano Jean Théophile Desaguliers. Infelizmente, todos nós sabemos o
quão bem o Ir.´. Dachez está ocupado em termos profissionais e
maçonicamente falando, e eu espero por sua resposta desde 30 de Maio,
quando prometeu fazer avançar esta investigação, e me manter informado.
Aqui está o conteúdo surpreendente:

No que se refere ao Capítulo De Roos, ele foi criado sob o Primeiro Império e
continuou por algum milagre a funcionar até os tempos modernos, sujeito a
algum tipo de acordo com o Conselho Supremo dos Países Baixos Holanda
segundo o qual os IIrr.´. que viessem dali eram “reconhecidos” como grau 18 e
poderiam, assim, continuar seu percurso no REAA…

O Capítulo Jean-Théophile Desaguliers foi criado, licenciado e instalado em


Paris pelos oficiais do Capítulo de Roos, em 1963. Temos todos os
documentos desta época.
Infelizmente, até onde é de meu conhecimento, este Capítulo De Roos
encerrou suas operações já há muito anos. Eu ignoro por que e que aconteceu
aos IIrr.´. que dele faziam parte.

Ainda estou aguardando uma resposta que não parece ser fácil de conseguir.
Isso é lamentável, e eu tenho que incluir no dossiê a cópia do e-mail que lhe
enviei novamente em 14 de junho de 2011 da seguinte forma:

Preciso terminar um projeto de pesquisa antes de outubro deste ano. Poderia


ter a amabilidade de pedir ao seu arquivista que pesquisasse nos arquivos do
capítulo JT Desaguliers tudo o que se refere à transmissão recebida por René
e seus amigos das mãos de Henri (Hendrik) van Praag em Haia (Den Haag)
em 1963, quando ele era Mui Sábio de um capítulo De Roos.

O que eu estou certo no momento é que o capítulo De Roos existia sim em


Medan nas Índias Holandesas sob a obediência do Hoofdbestuur der Hoge
Graden in Nederland regular, e que este capítulo De Roos não existe há muito
tempo, segundo o Cultureel Maçonniek Centrum dos Países Baixos.

Também é certo que Hendrik van Praag fundou outro capítulo De Roos depois
da guerra e em Haia, desta vez sob a obediência de um Supremo Conselho
efêmero criado a partir do zero pelo Ir.´. Onderdenwijngaard (também autor de
uma Grande Loja de dos Países Baixos efêmera), sem qualquer regularidade,
este irmão pretendendo reintegrar a LUF (Liga Universal dos Maçons) que o
Grande Oriente dos Países Baixos, muito regular, não desejava de maneira
nenhuma.

Parece provável que a Ir.´. Hendrik van Praag, ao mesmo tempo belga e judeu
de caráter muito ruim, copiou desta vez de forma irregular e ilegítima o que ele
tinha anteriormente vivido em um quadro regular, na Índia, mas por meio de
qualquer filiação, ao que parece, uma vez que ele é considerado fundador,
principalmente por Petitjean. Tenho prova de que outros IIrr.´. do Capítulo De
Roos de Medan integraram o Hoofdbestuur regular a partir de 1947.

Parece, portanto, que as cartas constitutivas, ou mais precisamente uma


filiação iniciática e nada mais, foram enviados a René Guilly por um antigo
membro demissionário do De Roos em Medan, que refundou um novo De Roos
em Haia, sem possuir qualquer carta patente que seja, porque
Onderdenwijngaard navegou sozinho por um curto prazo.

Você vai entender que o testemunho de seus arquivos é muito valioso; que se
trata de uma contestação ou de uma confirmação do que precede, porque esse
testemunho é o único que pode lançar luz sobre um ponto da história, e eu te
imploro agradecer desde já ao seu arquivista por sua rápida contribuição para a
pesquisa da realidade.

Com toda a minha amizade fraternal.


O momento parece ter chegado de nos fazer algumas perguntas que ficaram
sem resposta até hoje, mas cujos elementos descritos acima podem dar uma
aparência de explicação.

1. Por que Henri van Praag entrou para a secessão audaciosa do


irmão Onderdenwijngaard?
Para ter uma base de recrutamento para seu capítulo, que ele criou fora de
qualquer regularidade em 1956, ano em que Onderdenwijngaard deixa o Altos
Graus regulares nos Países Baixos. Esta foi para van Praag a única maneira
de garantir uma base de recrutamento para seu capítulo De Roos bis, caso
contrário ele nunca poderia funcionar.

2. Por que René Guilly entrou em contato com Henri van Praag?
René Guilly fora recebido Rosa Cruz no capítulo parisiense do Rito Francês
l’Etoile Polaire. Isso lhe deu uma filiação iniciática no seio do Rito, mas não
uma carta patente oficial no sentido que é entendido dentro da tradição da
Maçonaria.

3. Quem era, então, Henri van Praag?


Vimos acima que as avaliações sobre este Ir.´. estão longe de ser favoráveis.
Parece agora que ele teria criado um capítulo autônomo e independente em
Medan [xx], capítulo nunca foi constituído ou mesmo reconhecido por seu
poder de fiscalização, exceto postumamente. Ele parece ter recomeçado isso
após a guerra, em Haia, com um capítulo De Roos bis, sob a obediência dos
irmãos separatistas do Grande Oriente dos Países Baixos, sem, no entanto,
que sua relação com a Grande Loja dos Países Baixos tenha sido jamais
estabelecida documentalmente. De fato, todos os arquivos desta breve
obediência foram cuidadosamente destruídos pelo sobrinho de ODW. O
Capítulo De Roos bis é mais uma vez uma criação de motu próprio e pessoal,
sem passado, sem história e sem carta constitutiva.

Em 02 de julho de 1989, perguntei sobre o irmão Henri van Praag, ao Grande


Chanceler do Grande Capítulo Regular dos Países Baixos, que me respondeu
em holandês que eu traduzi:

No que se refere ao Sr. (sic) H.M. van Praag, nascido em 14 de setembro de


1893 em Antuérpia, ele se tornou um membro de S. Capítulo Strogol [xxi] (sic)
em 02 de março de 1932. O S. Capítulo Strogol estava situado no vale de
Bandoeng nas Índias Orientais Holandesas. O Ir.´. van Praag deixou nossa
Ordem, assim como os graus azuis em 1956. [...] O Ir.´. van Praag era
professor de francês e provavelmente de origem belga. Ele era judeu e, de
acordo com alguns IIrr.´. que o conheceram e dele se lembram, ele causou
muitos problemas em todos os lugares. Presumo que, eventualmente, o Ir.´.
van Praag faleceu.[xxii]

Nenhuma menção também, neste nível elevado, do capítulo fantasma De


Roos...

No entanto, informalmente, a qualidade de judeu de Hendrik van Praag pode


ser comparada à de Jan Onderdenwijngaard. Sabemos que este último, se
chamava, na verdade Jan Cornelis Willem Polak. É bem sabido, nos Países
Baixos, que seu banco era uma cobertura para abrigar durante a guerra os
obscuros negócios “germano-Anglo-americanos” que aconteciam no mais alto
nível, a WEA (West Europeesche Administratiekantoor), onde o financista judeu
de Haia, Jan Polak, assumiu a liderança de fato.

Esquisitice suprema, em 1943 por decisão particular de Seyss-Inquart,


Comissário do Reich para a Holanda ocupada, foi-lhe concedido o status de
“ariano honoris causa”, o que lhe dava o direito de se chamar daí em diante
Jan Onderdenwijngaard. Na WEA, entre outros, encontraram-se os nomes dos
industriais alemães e britânicos Thyssen e Merton.

Como René Guilly conheceu Henri van Praag? Henri van Praag falava francês,
já que ele tinha sido um professor dessa língua na Universidade de Jacarta,
conforme lemos nos escritos de René-Jacques Martin. Ele estava interessado
na LUFM, e no espírito internacionalista da futura CLIPSAS, assim como o Ir.´.
ODW, e, de acordo com Pierre Mollier, o próprio René Guilly naquela
época.[xxiii]É possível que eles tenham se encontrado, neste quadro, o que
explicaria por que Guilly o apresenta na carta citada acima, como “um amigo
pessoal”. Em 26 de outubro de 1991, René Guilly escreveu a Jean van Win:
“H.W. van Praag discordava naquela época da política oficial holandesa. Eu
tive entrevistas com ele sobre isso. 1956 deve ser a data de sua aposentadoria
e seu retorno aos Países Baixos”. Esta “política oficial”, era a recusa por parte
do GOdN, de se engajar em relações “pouco regulares” com a LUFM e a futura
CLIPSAS.

VI. A opinião de Pierre Mollier, Grand Bibliotecário do Grande Oriente de


França e historiador.

Pierre Mollier, que não se apresenta, escreve estas linhas surpreendentes em


um artigo intitulado Grande Capítulo Geral, encontrado na Internet, mas cuja
data não conheço, que deve ser antigo:

Em 1963, alguns maçons parisienses, todos eles os titulares do grau de Rosa


Cruz reunidos em torno de René Guilly (que tinha recebido este grau no
capítulo l’Etoile Polaire formado em 1839 no Rito Francês), desejavam reativar
os altos graus do Rito Francês. O Soberano Capítulo francês Jean-Théophile
Desaguliers é constituído com uma carta constitutiva e uma filiação tradicional
do capítulo holandês De Roos (La Rose). Na verdade, o Grande Capítulo dos
Altos Graus dos Países Baixos, criado à época da dominação francesa
continuou a prática do Rito Francês desde então até nossos dias. A partir do
capítulo Jean-Théophile Desaguliers, outros capítulos foram criados em França
nos últimos 30 anos.

Isso reflete, surpreendentemente o mito bem conhecido, que é insustentável


pelas razões expostas ao longo deste estudo.

Eu escrevi, então a Pierre Mollier uma longa carta argumentando, datada de 18


de agosto de 2011, cuja parte essencial é este parágrafo:

“Você ajudaria muito minha pesquisa, ajudando-me a identificar o capítulo


francês residente na Holanda entre 1804 e 1814 que, segundo uma tradição
obscura, seria susceptível de ter fornecido a carta patente aos Holandeses do
De Roos. Se jamais existiu, este capítulo deveria estar registrado no GCG do
GODF. Caso contrário, ele seria imaginário.”

Em 26 de Agosto de 2011, voltando de férias, Pierre Mollier telefonou-me, e eu


tive uma conversa surpreendentemente com ele, muito esclarecedora e
instrutiva. Em essência:

Pierre Mollier supunha que René Guilly sem dúvida conhecia Henri van Praag
através de contatos trocados a respeito da LUFM e da CLIPSAS, que nunca
houve um capítulo De Roos na Holanda, que de toda forma um capítulo devia
trazer, sob o Império, o nome de uma Loja Azul que o prolongava, que em
1963 ninguém na França sabia mais nada relativo ao Rito Francês; que Guilly
se contentou, sem dúvida com uma vaga declaração de van Praag de que
devia ter feito alusão à sua antiga participação em um capítulo De Roos nas
Índias Holandesas, abusivamente apresentado com sendo do Rito Francês,
que a Holanda nunca, em todo caso, praticou o Rito Francês e nem jamais
solicitou a carta patente para fazê-lo. (ele soube disso de Jan Snoek de quem
ele publicou uma entrevista em Renaissance Traditionnelle), que todo este
negócio do De Roos é uma fábula (sic), que Guilly provavelmente não quis ver
ali muito claro dentro de um ambiente poético e romântico, ele me pediu que
lhe enviasse uma copia de meu estudo.

Pierre Mollier acrescentou que o GODF não se preocupa com este caso e
considerar o caso De Roos como uma fábula. Que a única verdadeira filiação
de Guilly é aquela que ele obteve do l’Etoile Polaire, que fez dele um Rosa
Cruz do Rito Francês muito mais crível, e que todo o resto da evolução do Rito
Francês deriva de um único capítulo Jean Théophile Desaguliers.

Ele acrescenta ainda que a filiação das cartas constitutivas do Brasil não se
parece com coisa alguma (o que René Guilly já havia me escrito nestes
termos[xxiv] : “Nós denunciamos, como elas merecem, aventuras cômicas que
consistem em ir buscar uma filiação do Rito Francês no Brasil… (como vem de
fazer dela uma maçonaria, digamos, regular)”.

Acontece com todo historiador, de tempos em tempos, não poder


suficientemente controlar suas fontes, e retomar por sua própria conta teorias
vindas sabe-se lá de onde, mas que se supõe reflita “o que todo mundo sabe.”
Cabe aos verdadeiros historiadores reconhecer os erros que eles podem ter
cometido, rever seus julgamentos, e dá-los a conhecer honestamente. É isso
que fez Pierre Mollier.

Está claro que compreensão de Pierre Mollier destes eventos é hoje lúcida e
fundamentada, exceto em suas conclusões finais, que eu não posso
compartilhar.

VII. Conclusão: a verdadeira transmissão das Ordens de Sabedoria do Rito


Moderno Francês.

A entrevista de Pierre Mollier sobre o Ir.´. Dr. Jan Snoek teve lugar em Londres,
em paralelo ao 11 o Colóquio do Canonbury Masonic Research Center em 4 e
5 de novembro de 2000. Ela foi publicada na edição 125 de janeiro de 2001 da
revista Renaissance Traditionnelle.

O Professor Snoek é altamente qualificado para falar sobre este problema em


particular. Ele não só é Past Master da Loja de Pesquisas e Estudos Ars
Macionica, da Grande Loja Regular da Bélgica, mas também é Mui sábio e
Mestre Perfeito do capítulo de rito holandês De Delta em Leiden, Holanda.

Eu resumo os pontos de vista essenciais expressos por ele que se relacionam


diretamente ao nosso assunto, e esclarecem as circunstâncias altamente
improváveis nas quais um capítulo francês teria sido fundado por franceses na
Holanda ocupada !

Durante os primeiros anos do Escocismo na Holanda, os altos graus são


praticados pelas lojas simbólicas. Não há, neste momento, oficinas específicas
de altos graus.

Em 1795, as tropas da República Francesa invadiram os Países Baixos. Elas


permanecerão ali por 18 anos. A prioridade dos irmãos holandeses é resistir à
influência do Grande Oriente de França sobre as lojas locais. Eles
desenvolvem reforma interna para elaborar um sistema de altos graus um
pouco semelhante ao do Grande Oriente da França.

Em 1803 vota-se uma estrutura: a Ordem dos Altos Graus, incluindo : o Eleito,
o Escocês, o Cavaleiro do Oriente e o Rosa Cruz. Os rituais não são o mesmo
que os do GODF, e são tão diferentes, que não se trata, absolutamente, do
mesmo grau.
O caráter cristão do Rosa Cruz apresentou problemas sérios; foi decidido não o
conferir, a não ser por comunicação.

A Ordem dos Alto Graus holandesa tinha, portanto, um sistema equivalente ao


do GODF, mas totalmente independente e com rituais totalmente diferentes !

Em 1812, o Grande Oriente editou uma circular determinando que todas as


lojas holandesas passariam a pertencer ao GODF. A Grande Loja dos Países
Baixos escreveu ao GODF informando-o que a circular era nula e sem efeito !
Poucos meses depois, os franceses evacuariam os Países Baixos…

Ao longo de todo o século XIX, a maçonaria dos Países Baixos se organiza em


torno do binômio Grande Oriente dos Países Baixos / Ordem dos Altos Graus,
e nada mais.

Em 1854, eles decidem trabalhar apenas no grau de Rosa Cruz e não conferir
os graus intermediários a não ser por comunicação.

O Príncipe Frederick dos Países Baixos foi Grão-Mestre por 65 anos. Ele teria
desejado que houvesse um Rito Holandês, como existia um Rito Sueco, um
Rito Escocês e um Rito Francês.

Conclusão final: não existe e nunca existiu um Rito francês na Holanda nem
sob o Império, nem antes, nem depois. Por conseguinte, não poderia existir
qualquer afiliação com a França do Rito Francês através deste canal, que não
existe.

A filiação através de um capítulo fóssil holandês não é mais


defensável. Vejamos em resumo os fatos que tornam essa lenda
dourada definitivamente implausível:
Rito Moderno Francês nunca foi praticado pelos irmãos holandeses;

A estrutura formal dos Altos Graus neste país foi fundada por imitação do
Regime Francês, por analogia;

O Grande Oriente da França nunca foi capaz de impor sua autoridade;

O capítulo de efêmera duração De Roos, nas Índias Orientais Holandesas,


jamais teve sua vida constituída pela jurisdição legítima dos Altos Graus do
Rito holandês

O capítulo De Roos foi finalmente constituído na Holanda após seu


desaparecimento efetivo depois da guerra 1939-1945, é um capítulo
póstumo.
Este capítulo foi “despertado” por seu “fundador” Hendrik van Praag (as
palavras colocadas entre aspas são de René Guilly) em Haia, em 1956, sem
carta constitutiva de qualquer jurisdição do Rito Moderno Francês;

Hoje é evidente que estes fatos são comprovados e que este capítulo
“selvagem” muito contestável não constitui de forma alguma o vetor de
transmissão legítima e crível dos valores universais do Rito Moderno Francês.

Houve apenas um caso isolado no mundo, onde o Rito Moderno Francês


sobreviveu continuamente desde o início do século XIX: é o Brasil.

A afiliação formal via Portugal e Brasil, e comprovada por documentos


irrefutáveis, é também ela uma bela história romântica, mas que tem o mérito
exclusivo de ser autêntica e não afetada por obscuridades e improbabilidades.
Porque os documentos que atestam essa filiação sem interrupção desde 1822,
e da pureza desta transmissão fiel, estão disponíveis. Eles constituem e
permitem uma visão mais ampla da transmissão internacional de um rito
universal, que contrariam a princípio os partidários sensíveis de certo
eurocentrismo.

Aqui esta como se passaram as coisas cronologicamente.


VIII. A prodigiosa sobrevivência das Ordens de Sabedoria francesas em
Portugal e no Brasil

Este texto é um trecho da apresentação em PowerPoint feita em 12 de junho


de 2011 pelo Soberano Grande Inspetor Geral do Supremo Conselho do Rito
Moderno com sede no Brasil o Ir.´. Jose Maria Bonachi Batalla, por ocasião do
Congresso de Barcelona.

Em 1793, as lojas trabalhavam em Portugal, sob uma influência muito forte das
lojas de Paris.

Elas existiam no Porto e em Coimbra, das quais faziam parte estudantes das
províncias ultramarinas, incluindo o Brasil.

Em 1797 foi fundada a primeira loja brasileira. A fragata francesa, ancorada na


baía da Bahia, fundou a loja Os Cavaleiros da Luz, em Salvador da Bahia.

Em 1801, a primeira Loja regular do Brasil foi A Reunião, fundada no Rio de


Janeiro. Em seguida, a loja Ile de France no Oceano Índico, sob a égide do
Grande Oriente das Ilhas Maurício, que promovia os ideais políticos e sociais.

Em 1802 é criado o Grande Oriente de Portugal, com o seu primeiro Grão-


Mestre.
Em 1804 o Grande Oriente de França outorga ao Grande Oriente Lusitano uma
carta constitutiva para a fundação de um Grande Capítulo Geral do Rito
Francês (ou Moderno).

Em 30 de Novembro de 1807, o general francês Junot, um membro do exército


de Napoleão Bonaparte invade Portugal, entra em Lisboa e suprime a
Regência.

Em 1815, fundação loja no Brasil da loja Comércio e Artes sob a égide do


Grande Oriente de Portugal. Ela trabalha no Rito Moderno, segundo a
Constituição de 1806 desta obediência.

Em junho de 1822, a loja Comércio e Artes cria duas lojas: União e


Tranquilidade e Esperança de Niterói. Elas trabalham no Rito Moderno.

Essas três lojas metropolitanas fundam, em seguida, o Grande Oriente do


Brasil (GOB) e continuam a trabalhar no Rito Moderno.

A partir de 12 de julho de 1822, o Grande Oriente do Brasil, em sua quinta


sessão, refere-se a um sistema de 7 graus e realiza a elevação de vários
irmãos ao grau 4, ou seja, 1a Ordem do Eleito Secreto dos graus filosóficos do
Rito Moderno.

Este Rito Moderno era o rito oficial do Grande Oriente da França, de Portugal e
do Brasil.

Em 23 de julho de 1822, o Grande Oriente do Brasil, em sua sétima sessão,


mais uma vez concede o grau de Eleito Secreto, 1o da Ordem do Rito
Moderno, a vários irmãos.

Na mesma sessão é conferido o grau 7, Cavaleiro Rosa Cruz, Quarta Ordem


de Rito Moderno, ao Grão-Mestre José Bonifácio de Andrada e Silva.

Em 1822, a independência do Brasil está intimamente ligada à fundação do


Grande Oriente do Brasil.

Nesse mesmo ano, o Príncipe Regente D. Pedro I é iniciado na loja Comércio e


Artes, em 2 de agosto de 1822. Ele adota o nome de Guatimozim, o último
imperador asteca, que morreu em 1522.

Em setembro de 1822, D. Pedro I proclama a independência do Brasil. Ele se


torna Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil.

D. Pedro I, torna-se assim Rosa Cruz, Grau 7, Quarta Ordem dos graus
filosóficos do Rito Moderno. Este rito manteve-se como oficial do GOB para
todos os trabalhos de outros corpos ou poderes maçônicos: legislativo,
executivo e judiciário.

Em resumo:
A transmissão histórica e legítima do Rito Moderno ao Grande
Oriente do Brasil
O Grande Oriente do Brasil nasceu em 1822 no Rito Moderno. Ele foi
constituído pela loja “Commercio e Artes” que fora constituída, ela mesma pelo
Grande Oriente Lusitano, mais conhecido 1815-1822 como “Grande Oriente de
Portugal, Brasil e Algarves”, esta última tendo sido constituída em 1804 através
de carta constitutiva do Grand Orient de France (anexo).

Entre 1822 e 1832, o Grande Oriente do Brasil foi reconhecido, entre outros,
pelo Grande Oriente da França e pela Grande Loja Unida da Inglaterra.

A carta constitutiva que possuía, portanto, do Grande Oriente Lusitano tinha


sido transmitida ao Brasil à loja “Commercio e Arte” que foi, ela mesma,
transmitida em seguida por cissiparidade às outras lojas, futuras fundadoras da
obediência.

Altos Graus: a ata da reunião do Grande Oriente do Brasil de 12 julho de 1822


confirma expressamente a adoção, pela obediência da Maçonaria de sete
graus, que figura já na ata de 15 de maio de 1822 da loja “Commercio e Artes”
que pratica os altos Graus em seu capítulo associado, segundo o costume
geral da época (Capítulo 3, Seção 1 e Capítulo 13, Seções 1 e 2 da
Constituição de 1806 o Grande Oriente Lusitano).

Os poderes, concedidos por cartas constitutivas pelo Grande Oriente de


Portugal, Brasil e Algarves, portanto, pertenciam por filiação à obediência do
Grande Oriente do Brasil, que foi criada pela fissão da anterior, o que envolveu
a transferência de todos os seus deveres e seus direitos legítimos, incluindo os
tradicionais e inalienáveis de concedê-los, por sua vez.

*******************

O GOB pratica atualmente seis ritos oficiais:

O rito adonhiramita

O rito Brasileiro

O rito Escocês Antigo e Aceito

O rito Moderno

O rito Schröder

O rito de York

O Rito Moderno se estrutura como segue:


- até 1999, 7 graus dos quais 3 simbólicos e 4 filosóficos.
- os graus 4 a 7 (Ordens I a IV): o Eleito, Eleito Escocês, Cavaleiro do Oriente e
da Espada, Cavaleiro Rosa Cruz, reunidos nos capítulos regionais.

- Desde 1999, foram ativados os graus 8 e 9 da Ordem V, a saber:

o grau 8, Cavaleiro da Águia Branca, Inspetor do Rito;

O grau 9, Cavaleiro da Sabedoria, Grande Inspetor do Rito.

O grau 8, da quinta ordem é praticado em um Grande Conselho Kadosh


filosófico.

O grau 9 da quinta ordem é praticado no seio do Supremo Conselho do Rito


Moderno, jurisdição nacional dirigindo todos os graus filosóficos.

Correspondência dos Graus e dos graus.


Grau 9 grau 33 do REAA

Grau 8 grau 30 do REAA

Grau 7 – Rosa Cruz grau 18 do REAA

Grau 6 – Cavaleiro do Oriente grau 15 do REAA

Grau 5 – Eleito Escocês grau 14 do REAA

Grau 4 – Eleito Secreto grau 9 do REAA

Em 1972, o Grande Oriente do Brasil ratificou o tratado de aliança e amizade


com o Conselho Supremo do Rito Moderno para o Brasil por ocasião dos 150
anos do Supremo Conselho do Rito Moderno.

Em 1992 foi comemorado o 150 o aniversário da fundação do Supremo


Conselho do Rito Moderno para o Brasil.

Em 1999, é de suas mãos que o Grande Capítulo Francês recebeu as patentes


para as Ordens I, II, III e IV do Rito Francês.

Tudo isso remonta, em última análise ao Grande Capítulo Geral do Grande


Oriente de França, nascido em Paris em 1784, que ninguém no mundo
contesta. Mas o Supremo Conselho do Rito Moderno do Brasil manteve-se o
único chefe de ordem do Rito Moderno que tinha uma atividade ininterrupta na
maçonaria universal, do Rito Moderno através dos séculos XIX e XX,
permitindo-lhe denominar-se o Supremo Conselho do Rito Moderno ou
Francês.

Jean van Win, Quinta Ordem, Grau 9

Membro do Supremo Conselho do Rito Moderno – Brasil


Membro da Academia Internacional da Quinta Ordem – UMURM

Agosto de 2011,Vale de Bruxelas

Bibliografia
Arquivos da Grande Loge des Pays Bas Onderdenwijngaard, CMC, Den Haag,
Nederland

Cultureel Maçonniek Centrum ‘Prins Frederik’, Jan Evertstraat 9,


Postbus 11525, 2502 AM Den Haag, Nederland.

De Ritualen van de Historische Graden, Dr P.J. van Loo, 1973, Opperbestuur


der Hoge Graden.

Drs Birza, Grand Chancelier du Grand Chapitre régulier des Hauts Grades des
Pays Bas, lettre du 2 juillet 1989.

Folheto Din A4, sem data, editado pelo Opperbestuur van de Orde der
Vrijmetselaren onder het Hoofdkapittel der Hoge Graden in Nederland.

Geschiedenis van het Hoofdkapittel der Hoge Graden in Nederland, Dr P.J.


van Loo, 1953, page 117.

Hommage à René Guilly, Alain Bernheim in Masonic Papers, Pietre Stones


Review of Freemasonry.

Inleiding tot de Geschiedenis van het ritual van de Graad van Soeverein Prins
van het Rozekruis, 1983, Dr P.J. van Loo, Opperbestuur der Hoge Graden.

La Chaîne d’Union, n° 37, juillet 2006, page 79.

Carta do MRGM Jacques Martin ao autor em 5 de Fevereiro de 1989.

Carta de René Guilly ao autor em 26 de outubro de 1991.

Renaissance Traditionnelle n°125 de janvier 2001 : entrevista do Pr Dr Jan


Snoek por Pierre Mollier.

Rituaal van de Graad van Soeverein Prins van het R+, 1937, 1992, Orde der
Vrijmetselaren onder het Hoofdkapittel der Hoge Graden in Nederland.

Roger Dachez : 14 e-mails.

Anexo 1 :
Carta Patente do Grande Oriente de França, confirmando, em 6004, a carta
constitutiva dada em 1804 ao Grande Oriente Lusitano.

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[i] Grifo do autor.

[ii] Nascido em 1893, o Ir.´. van Praag tinha, então, 70 anos.

[iii] Grifo do autor.

[iv] Grifo do autor.

[v] Amigo pessoal e “associado” de René Guilly na época, e em seguida,


rompeu com ele e retirou-se para o norte da França, onde se se tornaria o
Grão-Mestre da GLISRU (Grande Loja Iniciátia e Simbólica dos Rito Unidos).
Ele fundou em Lille, no Boulevard de la Liberté, um capítulo misto de Rosa
Cruz do Rito Moderno Francês, do qual o autor destas linhas fez parte por volta
de 1990.

[vi] Geschiedenis van het Hoofdkapittel der Hoge Graden in Nederland, door
P.J. van Loo, 1953, p. 117 (História do Grande Capítulo dos Altos Graus dos
Países Baixos).

[vii] Ele tinha 70 anos.

[viii] Não se trata, portanto, de um encontro “acidental cujos vínculos foram


rapidamente estabelecidos,” como nos foi dito por Roger Dachez. Guilly e van
Praag e conheciam, sem dúvida devido a seu interesse comum pela LUFM
(Liga Universal de Maçons).

[ix] Medan é a capital da Província de Sumatra do Norte, nas Índias Orientais


Holandesas. A cidade é hoje o centro da cultura da borracha e da região de
Deli, famosa pela seu tabaco.

[x] De acordo com Guilly, podemos considerar que havia, portanto, dois
capítulos “De Roos”, um regular, mas póstumo em Medan, depois o outro
“despertado” e irregular em Haia.

[xi] Liga Universal dos Maçons.

[xii]A expressão é ambígua, mas ela não faz qualquer referência à tradição
francesa. Guilly parece acreditar, ou querer acreditar que os Hoge Graden der
Nederlanden possuem os Altos Graus franceses legitimamente. Isso é
chamado de patente, que, no entanto, nunca é mencionado. Isso se desculpa:
estamos em 1963!
[xiii] Mais tarde, Guilly justificou-me esta afirmação dizendo que, desta forma,
ele garantiu o direito sobre todos os graus intermediários localizados entre as
Ordens francesas e a partir do grau Mestre Maçom…

[xiv] PJ van Loo, op.cit., P. 146.

[xv]René Guilly certifica que ele manteve numerosas conversas sobre isso com
o Ir.´. van Praag.

[xvi] Centro de Ligação Internacional das Potências signatárias do Apelo de


Estrasburgo

[xvii] Dois fatos podem ser reconciliados, sem se tirar conclusões: o Ir.´. Polak
era judeu; O Ir.´. van Praag, também.

[xviii] Pierre Mollier a Jean van Win, por telefone, em agosto de 2011.

[xix] Alain Bernheim em Masonic Papers: Hommage à René Guilly, Pietre


Stones Review of Freemasonry.

[xx] Medan: a capital da província de Sumatra do Norte. A cidade é hoje o


centro da cultura da borracha e a região bem conhecida por seu tabaco que é
Déli.

[xxi] Este é um erro do Grande Chanceler; trata-se do capítulo Srogol e não


Strogol mencionado muitas vezes e corretamente nas várias publicações
oficiais do Grande Capítulo que o chanceler deveria ter lido.

[xxii] Carta de 02 de julho de 1989 do Drs. W. Birza, em Gravenhague ‘s (Haia),


Grande Chanceler do Grande Capítulo dos Países Baixos.

[xxiii] Conversa por telefone com Jean van Win em 26 de agosto de 2011.

[xxiv] Carta autografa de René Guilly a Jean van Win, 26 de Outubro de 1991.

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