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TEMPLARIOS - JACQUES DEMOLAY

Na sexta-feira de 13 de Outubro de 1307, os templários no reino da França são


presos em massa por ordem de Filipe, o Belo. O grão-mestre Jacques DeMolay
é capturado em Paris. Imediatamente após a prisão, Guillaume de Nogaret
proclama publicamente nos jardins do palácio real em Paris as acusações
contra a ordem.
Esta manobra régia impedira o inquérito pontifício pedido pelo próprio grão-
mestre, o qual interno à Igreja, discreto e desenvolvido com base no direito
canônico, emendaria a ordem das suas faltas promovendo a sua reforma
interna.
A prisão, as torturas, as confissões do grão-mestre, criam um conflito
diplomático com a Santa Sé, sendo o papa o único com autoridade para efetuar
esta ação. Depois de uma guerra diplomática face ao processo instaurado
contra a ordem entre Filipe, o Belo e Clemente V, chegam a um impasse, pois
estando o grão-mestre e o Preceptor da Normandia, Geoffroy de Charnay sob
custódia dos agentes do rei, estão no entanto protegidos pela imunidade
sancionada pelo papa e absolvidos não podendo ser considerados heréticos.
Em 1314 o rei pressiona para uma decisão relativa à sorte dos prisioneiros. Já
num estado terminal da sua doença, com violentas hemorragias internas que o
impedem de sair do leito, Clemente V ordena que uma comissão de bispos
trate da questão. As suas ordens seriam a salvação dos prisioneiros ficando
estes num regime de prisão perpétua sob custódia apostólica e assegurando
ao rei que a temida recuperação da ordem não será efetuada.
Perante a comissão Jacques de Molay e Geoffroy de Charnay proclamam a
inocência de toda a ordem face às acusações dirigidas a ela, a comissão pára
o processo e decide consultar a vontade do papa neste assunto.

Ao ver que o processo estava ficando fora do seu controle e estando a


absolvição da ordem ainda pendente, Filipe, o Belo decide um golpe de mão
para que a questão templária fosse terminada, ordena o rapto de Jacques de
Molay e de Geoffroy de Charnay, então sob a custódia da comissão de bispos,
e ordena que sejam queimados na fogueira na Ile de la Cité pouco depois das
vésperas em 18 de Março de 1314.
Com isso Jacques DeMolay passou a ser conhecido como um símbolo de
lealdade e companheirismo. Pois ele preferiu morrer a entregar seus
companheiros ou faltar com seu juramento. E por esse motivo o Maçom Frank
Sherman Land veio a fundar a Ordem DeMolay, usando seu nome como mártir
e exemplo a ser seguido.
 

TEMPLARIOS

A poderosa fortaleza dos Cavaleiros Templários escondida sob as ruas de


Paris
O Marais já foi o lar da sede europeia dos Cavaleiros Templários, uma fortaleza
gigantesca conhecida como os recintos do templo Imagem: Alamy
Abaixo das ruas do distrito de Marais, encontram-se os vestígios
remanescentes de uma fortaleza perdida da ordem lendária, que segue
presente no imaginário coletivo.
Era um lindo dia de primavera em Paris e eu estava no terraço do Café Charlot,
no bairro mais chique da capital francesa, o Marais. Bebendo um aperol spritz,
assistia ao desfile de celebridades parisienses passar por mim.
Nesta época do ano, Paris adora celebrar o fim dos tristes meses de inverno, e
em nenhum lugar a famosa alegria de viver parisiense pode ser sentida com
mais força do que neste centro de frivolidade chamado Rive Droite.
Naquele dia, no entanto, não estava interessado no que estava na superfície
das ruas do Marais - mas no que estava abaixo desses pés com calçados de
grife. Porque, de maneira incongruente, sob as ruas de paralelepípedos do
distrito estão os restos da fortaleza mais poderosa dos misteriosos Cavaleiros
Templários.
De Indiana Jones ao O Código Da Vinci, as lendárias figuras dos Cavaleiros
Templários são presentes na imaginação moderna. Por trás das lendas, no
entanto, há um conto épico, abrangendo séculos e continentes - e que termina
em Paris, onde os vestígios dos anos finais dos Cavaleiros Templários ainda
podem ser vistos por aqueles que sabem onde procurar. E eu estava no Marais
naquele belo dia de primavera para encontrá-los.
Como os Cavaleiros Templários surgiram
A história dos Cavaleiros Templários começou em 1099, quando exércitos
católicos da Europa tomaram Jerusalém do controle muçulmano durante a
primeira Cruzada.
Os peregrinos europeus invadiram a Terra Santa como resultado, mas muitos
foram roubados e mortos enquanto passavam por áreas controladas por
muçulmanos durante sua jornada.
Para combater esses ataques, o cavaleiro francês Hugues de Payens criou
uma ordem militar composta por oito outros soldados chamados os Pobres
Cavaleiros de Cristo do Templo de Salomão - mais tarde conhecidos
simplesmente como os Cavaleiros Templários - por volta do ano de 1118.
A ordem de elite dos cavaleiros sediada no sagrado Monte do Templo de
Jerusalém prometia proteger todos os peregrinos cristãos da cidade. Os
cavaleiros começaram a acumular uma grande fortuna, com peregrinos gratos
enchendo-os de riquezas em troca de sua proteção.
O poder dos Cavaleiros Templários cresceu exponencialmente em 1139 e se
espalhou muito além de Jerusalém, quando o papa Inocêncio 2º emitiu uma
bula papal que dava à ordem proteções extraordinárias, incluindo a isenção do
pagamento de impostos ou dízimos em qualquer lugar do mundo e a retenção
de todos os presentes que eles recebessem de peregrinos gratos viajando pela
Terra Santa.
No mesmo ano, o rei Luís 7º doou uma propriedade aos templários na
extremidade nordeste das muralhas da cidade parisiense, onde um grupo de
cavaleiros se estabeleceu.
Embora não excludentes com membros da Europa, os Cavaleiros Templários
eram uma organização francesa com um fundador francês. Além disso, quase
todo grão-mestre ou líder supremo na história dos Templários era francês,
tornando a França a sede de seu poder na Europa.
"Paris preservou sua memória em sua toponímia: a Praça du Temple, o
Boulevard du Temple, a Rua du Temple, a Rue Vieille-du-Temple, a Rua das
Fontaines-du-Temple, a Igreja du Temple...", disse Thierry do Espirito, guia do
tour dos Cavaleiros Templários em Paris e autor de The Knights Templar for
Dummies (Os Cavaleiros Templários para Iniciantes, em tradução livre).
Uma fortaleza sob Paris
Sua propriedade original há muito tempo sucumbiu à grande marcha da
história, mas você ainda pode visitar o local, localizado logo atrás do Hotel de
Ville.
De volta ao passado, ao redor da mansão, havia quilômetros de pântano. Para
tornar a terra arável, os Cavaleiros Templários começaram a secar o pântano -
uma façanha que eles conseguiram alcançar por volta de 1240. Mas, embora
as terras úmidas tenham desaparecido há muito tempo, a área ainda é
chamada de "le Marais" ou "o Pântano".
Paguei minha conta e segui para a impressionante Praça du Temple, cuja
grama verdejante sombreada por árvores frondosas é o local perfeito para um
passatempo parisiense ainda mais amado do que observar as pessoas: um
piquenique no meio da tarde ao ar livre.
Mas eu vim por uma razão diferente: este parque idílico é construído bem em
cima das ruínas da sede europeia dos Cavaleiros Templários.
Cercada por oito muralhas de dez metros de altura, essa fortaleza gigantesca
outrora possuía torres, uma ponte levadiça, uma igreja gótica, vastos estábulos
e casas para os cavaleiros. Foi aqui que os Templários guardaram porções de
seu tesouro e criaram um poderoso "Estado dentro de um Estado", que era
inteiramente soberano em relação aos reis da França.
Embora esse sistema de soberania tenha funcionado por algum tempo, tudo
mudou em 1303, quando os Cavaleiros Templários foram forçados a transferir
sua base de operações do Monte do Templo para a sede europeia - os recintos
du Temple - depois que Jerusalém foi retomada pelos exércitos muçulmanos.
A ofensiva do rei Felipe
O rei da França na época, Filipe, o Belo, se ressentia profundamente do
poderoso "Estado dentro do Estado" dos Cavaleiros Templários e resolveu
derrubar a ordem por qualquer meio necessário.
O raciocínio do rei para destruir a ordem é especulado até hoje, embora muitos
estudiosos acreditem que suas motivações fossem financeiras.
"Philip poderia usar a moeda de prata que adquiriu do tesouro dos Templários
em Paris para melhorar a qualidade da moeda francesa, altamente degradada",
explicou Helen Nicholson, autora de Os Cavaleiros Templários: Uma Nova
História e professora de História Medieval na Universidade de Cardiff, na
Inglaterra.
A verdade é que, como rei, Filipe não precisava explicar seu raciocínio. Então,
em 13 de outubro de 1307, ele deteve inúmeros cavaleiros templários,
incluindo a autoridade suprema e único membro mais poderoso da ordem,
grão-mestre Jacques de Molay, preso sob acusações que incluíam adoração
ao demônio, blasfêmia, idolatria e homossexualidade.
A acusação final é estranhamente poética, já que hoje o Marais é um
conhecido distrito LGBTQ+. Olhando para os foliões e banhistas na Praça du
Temple, achei difícil imaginar uma época em que esse pequeno oásis ao lado
da estridente Praça de la République foi murada e cercada por cavaleiros
guerreiros estoicos - principalmente porque nenhuma das estruturas que
compunham os compartimentos du Temple existem hoje, tendo sido destruídas
por Napoleão 3º em 1853 para dar lugar à visão do Barão Haussmann de uma
nova Paris.
Mas se você souber onde procurar, ainda poderá ver traços da presença
fantasmagórica dos cavaleiros por todo o distrito. O número 158 na rua du
Temple é onde ficava a grande entrada para os recintos, e há boatos de que no
porão da rue de Picardie 32, agora o chique restaurante-bar Les Chouettes,
ainda é possível ver os restos de uma torre de esquina.
Os verdadeiros entusiastas dos Templários podem fazer uma viagem ao
Château des Vincennes, nos arredores de Paris, onde os portões pesados ??
da Grosse Tour (grande torre) dos recintos do Templo são guardados.
Nos arredores da Praça du Temple há um mercado fechado chamado Carreau
du Temple. Em 2007, enquanto a estrutura estava passando por reformas, os
restos de um cemitério dos Templários foi desenterrado, junto com os
esqueletos de cavaleiros que morreram na França.
Do outro lado da rua du Temple, de onde eu estava na Praça du Temple, notei
uma igreja com dois grandes estandartes vermelhos enfeitados com cruzes
brancas, lembrando o símbolo dos Cavaleiros Templários, que exibiam uma
cruz vermelha com fundo branco.
Intrigado para descobrir se havia alguma conexão, eu entrei, onde soube do
padre em serviço que a igreja é chamada de Église Sainte-Elisabeth de
Hongrie e as bandeiras na verdade significam a Ordem de Malta (oficialmente a
Soberana Ordem Hospitaleira Militar de São João de Jerusalém de Rodes e de
Malta) - uma ordem de cavalaria que rivalizava com os templários.
Então, fiquei surpreso ao descobrir que, quando pedi ao padre informações
sobre os recintos do Templo, ele prontamente me chamou para um escritório
trancado onde é mantida uma maquete da estrutura.
Acontece que, embora as duas ordens detestassem uma à outra por um
período, com os Hospitalários discordando das formas empreendedoras dos
templários, muitos templários foram transferidos para os Cavaleiros
Hospitalários após a dissolução de sua ordem, criando efetivamente uma
fusão.
O papa Clemente 5º também deu o controle dos recintos do Templo aos
Cavaleiros Hospitalários após a prisão e subsequente queda dos Templários.
O padre me levou a várias pinturas em toda a igreja que retratam a estrutura
imponente dos anexos. Olhando para elas, me senti quase transportado para
outra época e uma Paris totalmente estranha à minha experiência.
A morte do último grão-mestre
Saindo pelas portas ornamentadas da igreja, fui mais fundo no Marais.
Caminhando pela rua Réamur passei pelo Musée des Arts et Métiers, um
museu de engenharia e ciência, que já foi o Priorado de Saint-Martin-des-
Champs, onde, segundo Do Espirito, alguns dos templários presos foram
pegos.
Com isso em mente, fui para o local onde a história dos Cavaleiros Templários
mais ou menos terminava - a pequena ponta verdejante da Île de la Cité no rio
Sena, em frente ao distrito de Marais, chamada Praça do Vert-Galant.
Muito parecido com a Praça du Temple, a Praça du Vert-Galant é um lugar
tranquilo onde os parisienses e turistas vão para fazer um piquenique. Embora
parecesse algo saído de uma pintura de Renoir hoje, em 18 de março de 1314
parecia mais uma cena de um filme de terror. Porque foi nesse dia que, após
sete anos de prisão, De Molay foi queimado vivo numa fogueira.
Uma pequena placa na entrada do parque diz: "Neste local, Jacques de Molay,
o último Grande Mestre da Ordem dos Templários, foi queimado". Dizem que,
quando ele morreu, De Molay amaldiçoou o papa Clemente 5º e o rei Filipe, o
Belo, e todos os seus descendentes. Ele proclamou que dentro de um ano
tanto Filipe quanto Clemente morreriam, e que a linhagem do rei não mais
reinaria na França.
Os dois homens, de fato, morreram naquele ano, e nos 14 anos seguintes,
todos os herdeiros do rei Filipe morreram, destruindo efetivamente a linhagem
que havia governado a França por três séculos.
Podemos nunca saber, é claro, se De Molay realmente amaldiçoou o rei e o
papa Clemente 5. Seja qual for a verdade, está enterrado sob as ruas de
paralelepípedos do Marais, junto com inúmeros outros segredos parisienses.

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