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RODOLFO
KOMOREK
O PADRE SANTO
Gerência geral: Rafael Cobianchi
Preparação e revisão: Annabella Editorial / Thuâny Simões
Capa e Diagramação: Diego Rodrigues
 
Este livro segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Editora Canção Nova
Rua João Paulo II, s/n
Alto da Bela Vista
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Todos os direitos reservados.
 
ISBN: 978-65-8845-167-0
 
© EDITORA CANÇÃO NOVA, Cachoeira Paulista, SP, Brasil, 2021
Ébion de Lima

 
 
 
 
 

RODOLFO
KOMOREK
O PADRE SANTO
Sumário

Apresentação ........................................................................ 7
Prefácio.................................................................................... 9
Capítulo I
Um presente para o mundo............................................... 11
Capítulo II
Infância exemplar................................................................ 13
Capítulo III
No seminário.......................................................................... 15
Capítulo IV
Padre e capelão militar na guerra................................ 17
Capítulo V
Salesiano de Dom Bosco................................................... 21
Capítulo VI
No noviciado......................................................................... 25
Capítulo VII
Sacerdote exemplar............................................................ 37
Capítulo VIII
Missionário no Brasil........................................................ 43
Capítulo IX
Em Dom Feliciano, RS........................................................ 45
Capítulo X
Em Niterói, RJ....................................................................... 59
Capítulo XI
Em Luiz Alves, SC................................................................. 63
Capítulo XII
Em Lavrinhas, SP.................................................................. 67
Capítulo XIII
Em São José dos Campos, SP............................................. 79
Capítulo XIV
A Flor da Caridade............................................................. 89
Capítulo XV
Nem sempre falava correto ............................................ 95
Capítulo XVI
Trabalho e penitência........................................................ 99
Capítulo XVII
Piedade fervorosa................................................................ 111
Capítulo XVIII
A criatura mais humilde.................................................... 117
Capítulo XIX
Pobre ao extremo................................................................. 121
Carta ao leitor..................................................................... 135
Oração para pedir a Deus a glorificação do venerável Padre
Rodolfo Komorek................................................................ 140
Comunicação de graças recebidas......................................... 140
Visitas à Capela das Relíquias e ao Memorial........................ 141
Doações em favor da causa................................................... 142
Apresentação

E ste pequeno livro sobre o Venerável Padre Rodolfo


Komorek foi escrito por Ébion de Lima em 1957 e teve
uma segunda edição em 1972. O livro, portanto, data de mais de
60 anos atrás. Todavia, é uma das biografias mais completas do
Padre Rodolfo, propiciando ao leitor uma série de informações,
episódios e acontecimentos que estão ausentes em boa parte de
outras biografias. Daí a importância de fazer uma nova edição
do presente livro.
Foi assim que, com a devida autorização, além de adaptar o
texto ao novo acordo ortográfico, foram feitos alguns retoques e
introduzidas algumas notas de rodapé. Além disso, para melhor
orientar os leitores, a cada um dos treze primeiros capítulos, que
o autor assinalara unicamente com um algarismo romano, foi
dado um título, indicando o assunto ali desenvolvido. Tenha-se
presente, porém, que em nada, absolutamente, foi modificado
o conteúdo da narração.
Só resta desejar que a leitura do livro de Ébion de Lima
continue a despertar sempre mais o conhecimento do Padre
Rodolfo, o desejo de imitar suas virtudes (a não confundir com
suas penitências) e a confiança em sua intercessão junto a Deus.
 
Secretariado Padre Rodolfo Komorek

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Prefácio

1.° Para se declarar que o conteúdo dessas páginas é


autêntico.
Material haurido dos muitos depoimentos escritos recolhi-
dos dentre numerosas pessoas que conviveram com o biografado,
tanto no Brasil como na Polônia. Acrescem ainda as pesquisas
pessoais do autor, abordando testemunhas fidedignas nos vários
lugares do Brasil onde se desenvolveram os labores apostólicos
do homem de Deus.
 
2.° Para protestar que, conformando-nos aos decretos de
Urbano VIII e de outros Sumos Pontífices, não tencionamos
atribuir aos fatos narrados senão a fé e a autoridade decorrentes
de verídico testemunho humano, para não precedermos aos
juízos da Santa Igreja.
 
Lorena, 24 de maio de 1957
 
Ébion de Lima

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Capítulo I
Um presente
para o mundo

Q uando chega uma criança ao mundo, ela vem nos dizer,


segundo o poeta Kipling1, que Deus ainda não se cansou
dos homens. E quando nasce um santo, ele vem dizer mais:
que Deus, apesar de tudo, está presenteando a humanidade.
Foi assim que, no dia 11 de outubro de 1890, o presente de
Deus aos homens chamou-se Rodolfo Komorek.
Ele nasceu na cidade de Bielsko, segundo a denominação
polonesa, ou Bielitz, em língua alemã. Esta cidade, então com
30.000 habitantes, está na Silésia, um dos pedaços de terra da
Europa Central mais maltratados pelos tratados. Retalhada e
distribuída ora à Polônia, ora à Prússia (Alemanha), ora à an-
tiga Checoslováquia2, era da Áustria quando nasceu Rodolfo.
Em 1919, uma parte retornou à Polônia; em 1945, retornou
o restante. Posteriormente, foi dominada pelo imperialismo
soviético, recuperando sua liberdade somente em 1989.

1
Joseph Rudyard Kipling (Bombaim, 1865 – Londres, 1936), autor e
poeta, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura de 1907.
2
Checoslováquia: hoje são dois países independentes: a República Checa
e a Eslováquia.

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RODOLFO KOMOREK O PAdre Santos

O pai de Rodolfo chamava-se João, um ferreiro de físico


arrojado, semblante severo e franco, rabiscado por um exu-
berante bigode retorcido que lhe acentuava a personalidade
respeitável de pai de família à moda antiga. Afeito ao trabalho
assíduo e pesado, tirava biblicamente do suor de seu rosto à
beira da forja o pão para os filhos, que eram sete!
Uma das suas ambições consistia em querer decididamen-
te resgatar a sua descendência daquela condição humilde de
vida dura; subtrair os filhos à obscuridade mediante educação
esmerada e instrução superior, “para que não tenham que
trabalhar assim tão duramente como eu”, dizia ele. Parece que
seus esforços não iludiram as suas esperanças, aliás, justas.
Sem contar Maria, que foi apenas uma boa dona de casa,
dentre os outros cinco filhos que chegaram à idade adulta,
Wanda se fez professora, Roberto tornou-se engenheiro, assim
como João, que depois passou a ser cantor. Leopoldo, o mais
jovem, seguiu o curso de indústria e comércio. Por fim, Rodolfo,
que era o terceiro filho, subindo os degraus do altar, abraçou
a carreira que está mais perto de Deus.

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Capítulo II
Infância exemplar

Q uando Rodolfo tinha 6 anos, já passava pelas ruas de


Bielsko com um livro debaixo do braço e sacolinha de lanche
a tiracolo. Era tão novo, e a matemática já lhe insidiava a alegria
de viver... O curso primário constava de 5 anos.
Na cidade predominava o elemento alemão: 80 por cento!
Era nessa língua que as aulas se ministravam. Em casa, falava-se
o polonês. Nas paróquias, pregava-se nas duas línguas. Havia na
população um contingente de 25 por cento de protestantes. A praça
era forte na indústria têxtil, especialidade da região, e encontrava-se
com cerca de 60 fábricas de tecelagem. Naquela altura, conforme
as aspirações do pai, os três primeiros filhos já estavam na escola.
D. Inês, mãe infatigável e pia, abriu uma sala de costura
nos seus humildes aposentos, ao rés-do-chão; no pátio, também
o ferreiro montara a sua tenda e, ali, moldava a sua felicidade
doméstica ao golpe estridente do martelo.
Com 11 anos, Rodolfo começou a frequentar o ginásio,
passando, depois, para o liceu clássico alemão de sua cidade natal.
Dava um exemplo inédito de piedade e aplicação. Madrugava
para o estudo e, a caminho da escola, entrava primeiro na igreja
paroquial, a fim de assistir3 à Santa Missa, lá no fundo da nave,
de joelhos, com edificante fervor.
Era, desde então, muito devoto da Virgem Maria e levava
no bolso, inseparável, o seu terço. Manifestou-se logo um rapaz

3
Assistir à Santa Missa: era a linguagem usada antes do Concílio Vaticano
II, em vez de “participar” da Santa Missa, como se usa hoje.
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RODOLFO KOMOREK O PAdre Santos

resoluto e coerente, com uma seriedade precoce, quase taciturno.


Concentrado no seu dever, talvez já preocupado com o ideal
elevado que Deus lhe preparava, era de uma tenacidade invejável
e de grande força de vontade.
João, seu irmãozinho mais novo, tinha outro estilo. Malandro
e traquinas, ia embocando por um caminho escorregadio. Não
valeram nem as súplicas dos irmãos mais velhos, nem as ameaças
dos pais. Certa vez, porém, o garoto, ao se levantar, rezou apres-
sadamente as orações e, com a toalha ao ombro, dirigiu-se à pia.
Rodolfo, já sentado à mesa, estudava, ali perto, o grego. Tendo
observado as preces malfeitas do irmão, com acento fraterno, ins-
pirado em senso verdadeiramente cristão, admoestou-o dizendo:
“João, você poderá tudo se realmente quiser e rezar como deve”.
Querer e rezar: um conselho que foi como um programa.
Impressionado vivamente, o maninho, a partir daquele dia, co-
meçou a ser melhor.
De Rodolfo, seu irmão extraordinário, Wanda nos dá o
seguinte perfil deste período de sua vida:
 
Era humilde, falava pouco, rezava e era muito diligente, pois
estudava até tarde da noite. Muitas vezes adormeceu por cima dos
livros. Nunca fez mal a nenhum de nós, antes, uma vez ou outra,
tomou o castigo em nosso lugar. Seu boletim escolar foi sempre o
melhor de todos.
 
Era, pois, natural que, em 1909, terminado o curso secundário
de oito anos em sua terra natal, passasse nos exames de madureza
com distinção.

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Capítulo III
No seminário

N aquele mesmo ano, Rodolfo entrou para o seminário


em Weidenau, arquidiocese de Breslau, ali perto de sua
cidade natal. Edificante a seriedade com que iniciou a carreira
eclesiástica. Tinha 19 anos. Apresentava-se alto e impressio-
nantemente magro. O ardor de sua preparação ao sacerdócio
levou-o bem cedo a extraordinárias mortificações, especialmente
durante a quaresma, na qual, somente por obediência ao Diretor,
resignava-se a comer carne.
O seminário de Rodolfo era então uma filial da Faculdade
de Teologia da Universidade de Breslau, e o Arcebispo, Cardeal
Kopp, frequentemente lá comparecia para presidir aos exames.
Pelo Natal, pela Páscoa e nas férias, os seminaristas retornavam
ao convívio com os seus. Causa admiração a todos os conter-
râneos a atitude humilde e recatada do seminarista Komorek.
Durante a Santa Missa e as celebrações de Igreja, reparavam-no,
todos, imóvel em seu lugar, dentro do presbitério, com as mãos
juntas e as faces pálidas, ainda mais pálidas pelo realce da cor
negra da batina e a magreza ascética do semblante compenetrado.
O currículo dos seus estudos teológicos foi brilhante, con-
forme se pode verificar no boletim de notas finais. Segundo
praxe do seminário, as Ordens Sacras se recebiam todas no
último ano de Teologia. Para Rodolfo, foi em 1913.
A 22 de julho daquele ano, foi ordenado sacerdote. A
primeira Missa celebrou-a em Weidenau. Compareceram os
parentes, a chamado do Reitor, pois Rodolfo planejava para

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RODOLFO KOMOREK O PAdre Santos

aquele grande dia sumo recolhimento, na solidão do seminário.


Depois celebrou a primeira Missa solene na paróquia de Bielsko,
sua terra natal. A igreja, repleta de fiéis. Nos primeiros bancos,
seus pais, irmãos e amigos. Por muitos anos, havia ainda quem
se recordava da fisionomia devota e recolhida daquele neossa-
cerdote irradiante de íntimo regozijo, mas esmagado ao fardo
de tanta responsabilidade: ministro de Deus!
No domingo seguinte, sua primeira pregação. Firme, com
as mãos grudadas no púlpito. A voz não muito forte; parecia
tímido. Mas o seu aspecto concentrado e convicto era de uma
eloquência perfeita.
Dez dias depois da ordenação, o Padre Rodolfo já estava
no campo destinado ao exercício de seu sagrado ministério.
Inicialmente, desenvolveu um apostolado meio nômade, pois
dentro do espaço de um ano esteve em três paróquias diversas,
pequenos aglomerados urbanos nos arredores de Bielsko.
Já desde esse tempo aparecia aos olhos dos paroquianos
como um perfeito homem de Deus. Inteiramente e heroica-
mente dedicado às almas confiadas à sua solicitude apostólica,
contam que era paupérrimo. Dava tudo aos pobres. Vivia como
um ermitão: na oração, na penitência, nas obras de caridade,
sobretudo para com os pobres, que mereciam dele um carinho
singular.
Jovem e mortificado, chamavam-no um “São Luís”. Tra-
tava rapidamente com mulheres e só em força de seu sagrado
ministério. Dormia no duro chão, coberto apenas com o pró-
prio sobretudo.
Por algum tempo, teve consigo sua mãe colaborando com
ele. Mas eis que os clarins da guerra de 1914, com o perfilar
sinistro das mobilizações, marcaram para os destinos do Padre
Rodolfo outro rumo de áspero caminhar.

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