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Padre Rodrigo Maria

CATECISMO
DA TOTAL CONSAGRAÇÃO À
SANTÍSSIMA VIRGEM
segundo o método de São Luís Maria Grignion de
Montfort

Ficha Técnica
Coordenação

Padre Rodrigo Maria

Diagramação

Gráfica Microprint

Design

Adriano Maria

Editor

Opus Cordis Mariae

Revisão de Texto

Galdino Mello

Guarulhos, 2017

2ª Edição
Ampliada e Revisada
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer
meios (eletrônicos ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão da Editora .
Se não se arriscar algo por Deus, nada de grande se fará.

São Luís Maria Grignion de Montfort

À Deus, por sua infinita misericórdia e porque nunca desiste de nós;

À Santíssima, pelo seu SIM. Porque é nossa Mãe, nos ama e nos ensina a
amar Jesus;

Ao meu pai, senhor Albertino Alves de Sousa, fervoroso membro da


gloriosa Legião de Maria e a todos os legionários.

Ao grande amigo Edmilson Camilo Almeida, que se fez presente em


momentos em que muito precisei, não poupando esforços para ajudar;

A Ana Paula Barros, que teve a paciência e a dedicação de organizar este


livro e sua edição;

Aos soldados desconhecidos, que em meio às dificuldades e oposições mais


variadas, têm gastado seu tempo e dado de seus dons e sua vida,
combatendo o bom combate, para que Jesus seja mais conhecido, amado e
adorado por meio de sua Mãe Santíssima.

SUMÁRIO
PREFÁCIO

INTRODUÇÃO

PRIMEIRA PARTE - Conhecendo a Consagração

SEGUNDA PARTE - Fundamentos e Características dessa Devoção

TERCEIRA PARTE - Entrega Total

QUARTA PARTE – Sobre o uso do termo “escravo”

QUINTA PARTE – Sobre a espiritualidade e escolhas cotidianas

SEXTA PARTE – Sobre a preparação para a consagração, a cerimônia, o uso das correntes e outros
CONSIDERAÇÕES FINAIS e ANEXOS

REFERÊNCIAS

PREFÁCIO
Na preparação para o centenário das aparições de Nossa Senhora em
Fátima, onde a Santa Mãe de Deus fez-nos um magnífico apelo à
conversão, Ela pediu que rezássemos o terço todos os dias e profetizou o
Triunfo do Seu Imaculado Coração. Também revelou o meio pelo qual esse
Triunfo se daria e que O mesmo, necessariamente, levaria ao Reinado de
Jesus Cristo no mundo.

Este meio escolhido pela Providência de Deus é, como revela a própria


Senhora, a Devoção ao Imaculado Coração de Maria, traduzida de modo
perfeito, na total consagração ensinada por São Luis Maria Grignion de
Montfort no Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem.

Em nossos dias, a Providência de Deus deu-nos na pessoa de São João


Paulo II, um dos maiores apóstolos desta consagração. O seu “Totus Tuus’’,
lema pontifical que resumia sua total entrega, feita desde a juventude, ecoou
pelo mundo inteiro, ajudando a recuperar a dimensão mariana de nossa fé,
tão anemizada por um ecumenismo mal compreendido. O testemunho deste
grande Papa, juntamente com o empenho de muitos sacerdotes,
comunidades e apóstolos desconhecidos, fez com que muitíssimas pessoas
redescobrissem a Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem e encontrassem
na Escravidão Marial um grande auxílio para viver melhor seus votos
batismais e perseverar na graça de Deus.

A grande e rápida difusão da Santa Escravidão de Amor, tem feito um bem


enorme a muitíssimas almas e por meio delas à Santa Igreja de Deus. Hoje,
boa parte dos católicos mais fervorosos que militam pela vida e pela
família, pela sã doutrina e pela digna liturgia e que têm lutado, em meio a
muitos sofrimentos e desgastes, para defender e viver a fé católica, são
consagrados a Nossa Senhora como Escravos por Amor.
Entretanto, em meio aos muitos que se consagram, há também os que
vivem de maneira equivocada esta espiritualidade por não a compreender
bem. Outros tantos ficam muito aquém do que poderiam viver, pela mesma
razão. Outros, mais numerosos ainda, deixaram de se consagrar, pelo fato
de esta consagração lhes ter sido apresentada de uma forma errônea,
fazendo crer que a mesma se tornaria mais um peso que uma ajuda... ou,
que seria um conjunto de normas e regras muito difíceis em seu
cumprimento ou mesmo um ideal muito sublime e difícil de ser atingido
pelos reles mortais.

Com o objetivo de ajudar a compreender melhor a natureza e a finalidade


desta grande devoção, bem como para sanar muitas dúvidas que surgem
entre aqueles que se consagraram ou querem se consagrar, apresentamos
este pequeno catecismo da Total Consagração à Santíssima Virgem, com
introdução, perguntas e respostas, conclusão e alguns artigos anexos que
poderão ser úteis àqueles que querem viver, compreender e transmitir de
maneira correta a Santa Escravidão de Amor à Jesus por Maria.
INTRODUÇÃO
Quando contemplamos a história da salvação, pondo atenção no que diz a
Palavra de Deus, nos damos conta que vivenciamos continuamente uma
batalha espiritual. Uma luta, renhida e incessante, entre as potências do bem
e as forças do mal.

Existem dois - e apenas dois - exércitos que se embatem nesse confronto:


aquele de Deus sob o comando da Mulher e o de satanás composto pelos
anjos caídos, pelas almas condenadas e por todos aqueles que ainda neste
mundo lutam contra a graça e a verdade de Cristo.

Esta é uma guerra sem tréguas e sem possibilidade de acordos, uma vez que
o autor desse ódio entre as duas partes foi o próprio Deus. Foi o Altíssimo
mesmo, quem estabeleceu esta inimizade entre “a serpente e a mulher’’;
“entre a descendência da serpente e a descendência da mulher’’. E o
objeto da disputa são as almas imortais, criadas à imagem e semelhança de
Deus, mas que satanás e seus anjos querem arrastar para o inferno.

É muito significativo que o anúncio desse confronto tenha sido feito no


primeiro livro da Bíblia (Gen.3,15), já no início do gênero humano e depois
reapareça, de modo muito expressivo, no último livro da Bíblia (Ap.12,1-
18) que, entre outras coisas, versa sobre realidades que se darão nos últimos
tempos e que ainda iremos vivenciar. Esta luta perpassa toda a história e
envolve as potências do céu e do inferno, bem como neste mundo, as
descendências da Mulher e da serpente.

Ninguém está fora deste conflito, no qual não existe neutralidade, pois ou
estamos de um lado ou estamos de outro.

Juntamente com o estabelecimento dessa inimizade entre os dois lados,


Deus profetizou a derrota da serpente, que teria a sua cabeça esmagada pela
Mulher e sua descendência.
Estamos vivenciando esse combate espiritual todos os dias, em todos os
momentos, e quem não tem conhecimento ou simplesmente não se importa
com esta realidade, está fadado a ser derrotado e ter a sua cabeça esmagada
pelo inimigo. Precisamos ter consciência deste conflito e usar as armas que
o próprio Deus nos põe à disposição para vencermos as batalhas do dia-a-
dia e não nos deixarmos seduzir e subjulgar pelo inimigo.

Na Santa Igreja temos todos os meios de santificação: A Palavra de Deus,


os Sacramentos, a segurança do Magistério, o exemplo luminoso de tantos
homens e mulheres que nos precederam na fé e se santificaram... porque,
então, a maior parte do nosso povo renega seus votos batismais e ao invés
de servir a Cristo e seguir seus ensinamentos, estão servindo ao mundo e ao
pecado, colaborando (conscientes ou não) para instaurar no mundo o reino
de satanás? Porque, mesmo muitos dos que estão conscientes dessa luta
espiritual, sucumbem ante as investidas do inimigo? Por que os católicos
desconhecem as verdades mais básicas de sua fé e não têm consciência do
que é uma Santa Missa, da importância de uma Confissão, da necessidade
da oração? Porque a indiferença para com Deus e as heresias, têm crescido
e se generalizado sempre mais?

Diria o grande Pe. Faber, douto e santo sacerdote do Oratório que viveu no
sec. XIX na Inglaterra, e juntamente com ele uma multidão de santos, que a
causa de todos esses males é uma insuficiente, fraca e mesquinha devoção a
Nossa Senhora. E a razão não é difícil de se compreender...

Deus Pai estabeleceu que a Mulher e sua descendência esmagariam a


cabeça da serpente. Jesus, na Cruz, nos fez compreender de modo
inequívoco que essa mulher profetizada em Gênesis 3, 15 é sua Mãe
Santíssima, quando diz: “Mulher eis o teu filho’’(Jo.19,26). Na pessoa do
discípulo amado toda a Igreja é entregue e consagrada à Santíssima Virgem
pelo próprio Jesus que, portanto, estabelece sua maternidade espiritual e lhe
dá toda uma descendência, ou seja, uma multidão de filhos, a quem Ela terá
a função de ensinar e formar como verdadeiros adoradores de Deus, ou seja,
de os ensinar a rejeitar as obras do mal e realizar em suas vidas a vontade
de Deus. Em Apocalipse 12 o Espírito Santo nos narra como a antiga
serpente persegue a Mulher e sua descendência, e também como a Mulher
ensina os seus a derrotar o inimigo. Diz aí (Ap.12,17) que os filhos da
mulher são aqueles que observam os mandamentos de Deus e guardam o
testemunho de Jesus.

Ora, foi Jesus quem estabeleceu a maternidade espiritual de Nossa Senhora


e fez dela a formadora daqueles que Ele resgatou com Seu Sangue. A
missão d’Ela é nos ensinar a amar a Deus de verdade, levando-nos a fazer
tudo o que Jesus mandou (Jo.2,5). Ao mesmo tempo, essa Virgem Fiel, nos
levará a esmagar a cabeça de satanás, ensinando-nos a rejeitar as suas obras
e seduções. Maria é a mulher do sim a Deus. É Ela quem nos ensina a fazer
a vontade do Pai e a combater contra os inimigos e vencê-los.

Esta é a razão pela qual a maior parte dos cristãos, mesmo muitos que se
contam entre os crentes e “católicos praticantes’’, têm sido derrotados por
satanás, mantidos prisioneiros e escravos do pecado: estão longe de Maria
e não têm por Ela uma sólida e verdadeira devoção... não entraram dentro
da escola bendita de seu Imaculado Coração, para aí aprender a amar Jesus
de modo mais profundo e perseverante. Também não aprenderam a usar as
armas espirituais de modo adequado e eficiente para vencer o inimigo
infernal e as seduções do mundo; especialmente as armas da oração, da
Confissão, da Santa Comunhão, da penitência e da caridade... muitos são
derrotados porque não têm noção do perigo e porque não sabem usar bem
as armas que Deus nos deixou em sua Igreja.

A verdadeira devoção à Santíssima Virgem, tal como nos ensina Montfort,


nos coloca dentro dessa “academia’’ do Coração de Maria onde
aprenderemos a viver de maneira mais madura e profunda a nossa fé e onde
seremos treinados para essa guerra espiritual, aprendendo a identificar o
perigo, as artimanhas dos inimigos, o modo de neutralizá-los e vencê-los,
com o auxílio da graça de Deus e sob o comando de Nossa Senhora,
assistidos pela legião dos Santos Anjos.

A situação atual do mundo e dos cristãos, no que se refere à busca da


santidade, é de fato dramática, pois menos de 5% dos católicos vão à Santa
Missa dominical... e, desses que cumprem o preceito dominical, uma parte
muito significativa não tem vivido de acordo com o que pede Deus e sua
Santa Igreja.

Mas além da busca de nossa santificação pessoal, devemos também


considerar a grande massa do povo que segue o “caminho largo’’.

Quando temos verdadeiro desejo do céu e nos esforçamos para amar a


Deus, naturalmente somos impelidos a buscar não apenas a nossa salvação,
mas também o bem e a salvação de nossos irmãos, especialmente daqueles
que têm vivido fora da graça, ou seja, em pecado mortal. Há muitas pessoas
que estão cativas do diabo, aprisionadas em toda espécie de mentiras e
vícios. Mas como fazer para ajudar os outros, em meio a essa luta, se muitas
vezes nós mesmos temos dificuldades para nos mantermos em pé? Como
buscar a santidade e, ao mesmo tempo, contribuirmos de modo eficaz para
salvação de nossos irmãos?

Foi em meio a essa batalha espiritual, que em Fátima, em 1917, a


Santíssima Virgem revelou a extraordinária “estratégia de Deus’’ para
santificar o seu povo e salvar “os pobres pecadores’’. Disse aí Nossa
Senhora, após ter mostrado o inferno aos pastorinhos: “Para salvar as
almas dos pobres pecadores, meu Filho quer estabelecer no mundo a
devoção ao Meu Imaculado Coração. ’’

A devoção ao Imaculado Coração, que Jesus quer que se estabeleça no


mundo, é traduzida de modo perfeito na Total Consagração a Nossa
Senhora, tal como ensina Montfort no Tratado da Verdadeira Devoção.

Mas de que modo a total entrega ao Imaculado Coração de Maria pode


ajudar a salvar os pobres pecadores?

A resposta a essa pergunta revela a grandeza da sabedoria e da misericórdia


de Deus que quer salvar o seu povo, a importância estratégica da Santa
Escravidão de Amor e a razão do ódio e revolta do inferno contra o
Tratado da Verdadeira Devoção e a essa grande consagração aí ensinada.

Pois bem, por meio da Verdadeira Devoção ao Imaculado Coração de


Maria se entrega à Santíssima Virgem tudo o que somos e possuímos,
incluindo os méritos de nossas boas obras ou tesouro espiritual, cuja parte
doável (valores satisfatórios e impetratórios) será usada por Nossa Senhora
para resgatar os pobres pecadores que, se não alcançarem a graça da
conversão, irão para o inferno.

Deste modo, a Total Consagração ajuda a santificar e salvar não apenas os


que a fazem e se esforçam para vivenciá-la, mas, pela entrega dos méritos,
contribui para salvar os pobres pecadores.

É muito impressionante a extensão dessa “tática” de Deus, pois, por esta


total entrega a Jesus por Maria, não apenas crescemos e perseveramos na
graça (se lutarmos para sermos fiéis), mas também pela doação dos méritos
espirituais, forneceremos à Santíssima Virgem os meios para resgatar
muitos irmãos que estão prisioneiros no campo do inimigo, sendo
alimentados nos vícios para serem precipitados no inferno.

Para cada pessoa que se consagra, dezenas, centenas, milhares, dezenas de


milhares - ou ainda mais - de pecadores, serão salvos por causa da doação
de seus méritos. Se houvesse consagrados suficientes, NENHUMA pessoa
iria para o inferno, pois por meio da disponibilização desses “recursos”
espirituais, todos poderiam alcançar, ainda antes de morrer, a graça da
conversão. Daí se entende porque Jesus quer que se estabeleça no MUNDO
esta Total Consagração ao Imaculado Coração de Maria. Ele quer salvar o
seu povo, remido pelo seu Preciosíssimo Sangue.

Se, portanto, queremos atender o apelo do Coração de Jesus transmitido por


Nossa Senhora em Fátima, ajudar a santificar e salvar muitas almas,
procuremos conhecer bem, vivenciar, difundir por todos os cantos e por
todos os meios essa magnífica consagração ensinada pelo santo de
Montfort.

A luta espiritual está acontecendo e o combate não pára. Façamos todo o


possível para levar ao Imaculado Coração de Maria, por meio da Total
Consagração, o maior número de pessoas possível.

Não nos acomodemos, ao contrário, combatamos valorosamente para que


esta consagração, que levará ao Triunfo do Imaculado Coração de Maria e o
Reinado de Jesus, seja estabelecida no mundo. Não esperemos, pois no
mundo espiritual, tempo vale almas.
PRIMEIRA PARTE
Conhecendo a Consagração

1. O que é a Total Consagração à Santíssima Virgem ou Santa


Escravidão de Amor?

A Total Consagração à Santíssima Virgem ou Santa Escravidão de Amor é a


entrega de tudo o que somos e possuímos a Nossa Senhora, para que por
meio d’Ela possamos mais perfeitamente pertencer a Deus. É uma perfeita
renovação de nossas promessas batismais, através da qual reafirmamos a
nossa fé em Cristo e em sua Santa Igreja, nos propondo a renunciar ao mal
e suas obras e, sob a condução materna de Maria Santíssima, realizar em
nossa vida a vontade de Deus.

2. Por esta devoção se consagra a Jesus ou a Maria?

Por está prática se consagra ao mesmo tempo a Jesus e a Maria. A Jesus


como nosso fim último e a Maria como meio para nos unirmos mais
perfeitamente a Ele.

3. O que se entrega a Jesus e Maria com esta consagração?

Por meio desta Total Consagração, entregamos a Jesus pelas mãos de


Maria, nosso corpo com os seus sentidos, nossa alma com suas faculdades
(inteligência e vontade), nossos bens exteriores (bens materiais) e nossos
bens interiores (bens espirituais); tudo, sem reservas, para que a Santíssima
Virgem mesma administre nossa vida e tudo o que nos pertence para nosso
bem e santificação, para maior benefício de nosso próximo e para maior
glória de Deus.

4. Quem iniciou ou estabeleceu a consagração a Nossa Senhora?

Quem estabeleceu a consagração à Santíssima Virgem foi o próprio Jesus,


que na Cruz nos entregou aos cuidados de sua Mãe Santíssima. A Igreja nos
ensina que São João, “o discípulo amado’’, representava todos os fiéis, ou
seja, a Igreja inteira, de modo que ao entregar o “discípulo amado’’, Jesus
estava entregando toda a Igreja à Nossa Senhora. Quando Jesus diz: “Filho,
eis aí a tua Mãe” e “Mulher, eis aí o teu filho” (Jo 19, 26-27), Ele está
estabelecendo a Maternidade Espiritual de Nossa Senhora e dando a Ela a
autoridade de Mãe, Mestra e Formadora sobre todos aqueles que Ele
resgatava com seu sangue.

5. Foi São Luís de Montfort quem inventou a Santa Escravidão


de Amor à Maria Santíssima?

Não foi São Luís de Montfort quem inventou ou estabeleceu a Total


Consagração à Santíssima Virgem. Quem estabeleceu a consagração à
Nossa Senhora foi o próprio Jesus ao entregar e colocar aos seus cuidados
todos os que redimira com seu Sangue (Jo. 19,26).
6. Por que Jesus nos consagrou à Sua Mãe Santíssima,
colocando-nos sob os seus cuidados?

Jesus nos consagrou aos cuidados de sua Mãe Santíssima para que Ela nos
ajudasse a alcançar a salvação, ensinando-nos a amar a Deus de verdade, ou
seja, a fazer tudo o que Ele mandou, de forma que perseveremos na
amizade e na comunhão com Ele e alcancemos a Eterna Bem Aventurança.

7. Quando a consagração a Nossa Senhora começou a ser


entendida como Escravidão de Amor ou Escravidão Marial?

A Santa Escravidão de Amor, assim como muitas outras práticas e doutrinas


dentro da Igreja, passou por um desenvolvimento orgânico, no sentido que
com o passar do tempo foi sendo sempre melhor e mais profundamente
compreendida. Já se encontram nos primeiros séculos as orações realizadas
pelo povo cristão onde se invocava a Santíssima Virgem e suplicava sua
materna intercessão, como por exemplo: o “Sub Tuum Praesidium” (“A
vossa proteção recorremos ò Santa Mãe de Deus...”). Os cristãos
compreenderam, desde os tempos apostólicos, os gestos e as palavras de
Jesus, e tal como o discípulo amado, acolheram Maria em suas casas,
aceitando a sua autoridade materna, pois assim foi determinado pelo próprio
Cristo. No séc. VII Santo Idelfonso, bispo de Toledo na Espanha, escreve
um livro intitulado “Da Virgindade Perpétua de Santa Maria” no qual se
intitulava “Escravo da Escrava do Senhor”. A doutrina a cerca da Total
Consagração ou Escravidão Marial, foi se desenvolvendo com o passar do
tempo, e da Espanha - ocupada pelos mulçumanos - foi levada a vários
países, especialmente a França, onde essa prática encontrou terreno fértil.
Passando pelo Cardeal de Bérulle, Boudon, Olier, São João Eudes e outros
grandes nomes, foi em São Luís Maria Grignion de Montfort, que a Santa
Escravidão de Amor encontrou sua expressão mais perfeita, sendo também
por meio desse grande apóstolo de Maria que essa prática devocional
tornou-se mais popular. A doutrina e a espiritualidade da Santa Escravidão
de Amor foram imortalizadas no célebre escrito: O Tratado da Verdadeira
Devoção à Santíssima Virgem, escrito em 1712 pelo padre de Montfort.

8. Por que se diz que o demônio escondeu o Tratado da


Verdadeira Devoção por 130 anos?

Diz-se que o inimigo escondeu o Tratado da Verdadeira Devoção por 130


anos, porque o santo autor, deixando registrada no próprio Tratado uma
visão profética dada por Deus, indica que o inimigo infernal, tentaria
destruir o pequeno livro, ou ao menos encerrá-lo no silêncio de uma Arca.
Mas profetiza também o reencontro e o grande êxito que alcançaria.
A profecia registrada pelo santo missionário se cumpriu à risca. Morreu em
1716 sem publicar sua obra prima, que simplesmente desapareceu e só foi
reencontrada em 1842, numa Arca contendo livros velhos. Logo se
reconheceu pela letra e pelo autógrafo que se tratava do livro da profecia,
seguindo-se sua publicação no ano de 1843 com o título de “Tratado da
Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, dado pelo editor, uma vez
que o manuscrito foi encontrado sem as primeiras páginas, não se sabendo
em um primeiro momento, o título original dado pelo autor.
Após sua publicação o livro foi traduzido em dezenas de idiomas e
espalhou-se por todo o mundo. Tornando-se o livro Mariano mais lido e
mais estudado de todos os tempos.
9. Por que o demônio quis destruir o Tratado da Verdadeira
Devoção e o escondeu por 130 anos?
No próprio Tratado da Verdadeira Devoção quando São Luís narra à
visão que teve da revolta do inferno, por causa da composição do Tratado,
ele diz que a razão pela qual o inimigo infernal quis destruir este pequeno
livro ou ao menos escondê-lo no silêncio de um baú, foi para que não
aparecesse, e assim as pessoas não tivessem acesso, ao conhecimento da
sublimidade e importância desta consagração que tem o objetivo de
esmagar a cabeça da serpente, neutralizar a ação do mal e estabelecer no
mundo o Reinado de Jesus Cristo.
10.
Por que Deus permitiu que o demônio escondesse o Tratado
por praticamente 130 anos?

Deus, em sua sabedoria, permitiu que o inimigo escondesse o Tratado por


tanto tempo, para que deste modo o próprio inimigo expusesse todo o medo
e pavor que possui da consagração, ali ensinada e assim nos mostrasse com
mais clareza o poder e o valor desta arma com a qual nós poderemos
derrotá-lo com mais facilidade.
11.
O nome “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima
Virgem” foi dado pelo próprio autor?

Não. Esse nome não foi dado pelo autor, mas sim pelos editores, depois da
obra ter sido encontrada, após 130 anos. Pois a mesma foi encontrada, sem
as primeiras e sem as últimas páginas, não ficando, portanto, conhecido
naquele momento o título dado pelo autor. Só mais tarde, após um estudo
mais aprofundado se descobriu que o nome original dado pelo santo autor
àquela obra foi: “Preparação para o Reino de Jesus Cristo”.
12.
Por que São Luis deu ao Tratado da Verdadeira Devoção o
título original de: “Preparação para o Reino de Jesus Cristo”?

Porque na doutrina e na espiritualidade de São Luís Maria, a popularização


da consagração ensinada no Tratado da Verdadeira Devoção levará ao
Triunfo – Reinado de Maria e este ao Reino de Jesus Cristo. Portanto, o
Tratado da Verdadeira Devoção escrito por Monfort tem a finalidade de
ser um instrumento para ajudar a estabelecer no mundo o Reinado de Jesus
Cristo que se dará por meio da Verdadeira Devoção a Maria Santíssima. A
primeira frase do Tratado expressa bem a ideia do autor e a finalidade do
livro. “Foi pela Santíssima Virgem, que Jesus Cristo veio ao mundo, e
também por Ela que deve reinar no mundo.”
13.
Qual é o fim principal desta devoção?

A finalidade desta total entrega a Nossa Senhora é nos unir mais


perfeitamente a Jesus Cristo e nos ajudar a perseverar e crescer em sua
graça. Aceitando a Maternidade Espiritual de Nossa Senhora estabelecida
por Cristo (Jo 19,26), nos entregamos totalmente a essa boa Mãe, para que
ela nos ensine a cumprir em nossa vida a Santíssima Vontade de Deus, ou
seja, a obedecer tudo quanto Jesus mandou, de forma que perseveremos na
comunhão com Ele e assim nos tornemos verdadeiros seguidores de Cristo
e alcancemos a nossa eterna salvação.
SEGUNDA PARTE
Fundamentos e Características dessa Devoção

14.
Em que consiste esta devoção?

Consiste em entregar-se inteiramente à Santíssima Virgem, a fim de, por


Ela, pertencer mais perfeitamente a Jesus Cristo. Por meio desta
consagração, damos a Maria o nosso corpo com todos os seus membros e
sentidos, a nossa alma com as suas potências, inteligência e vontade, os
nossos bens exteriores (bens materiais) e os nossos bens interiores (bens
espirituais), que são os valores espirituais de nossas boas obras passadas,
presentes e futuras, sem nenhuma reserva.
15.
O que significa a entrega dos bens exteriores? Ficamos
obrigados a dar algo do que temos a alguém, à Igreja ou a
alguma instituição?

Esta total entrega de tudo que possuímos à Santíssima Virgem, não significa
que temos que entregar ou doar nossos bens materiais à Igreja ou a alguma
instituição. Significa tão somente que tudo o que era nosso passa a
pertencer a Nossa Senhora e que, sem que tenhamos que tirar nada de nosso
nome, nos tornamos administradores dos bens que pertencem à nossa Mãe
Celeste. Poderemos continuar a fazer todos os negócios (comprar, vender,
trocar, doar, etc.) desde que honestamente, como faria Nossa Senhora
mesma.
16.
Quais são os princípios fundamentais nos quais se baseiam
essa devoção?

Como ensina São Luís de Montfort no Tratado da Verdadeira Devoção,


Deus que é imutável não muda seu sentir, nem seu modo de agir. “Foi pela
Santíssima Virgem que Jesus Cristo veio ao mundo, e é por Ela que deve
reinar no mundo.” Os princípios fundamentais nos quais se baseiam a
devoção e a consagração à Santíssima Virgem são dois:
1- Deus quis servir-se de Maria na encarnação;
2- Deus quer servir-se de Maria na santificação das almas.
17.
Quais são as verdades fundamentais da Devoção à Virgem
Maria?

As verdades fundamentais da devoção a Santíssima Virgem são cinco:


1- Jesus Cristo é o fim último da devoção a Virgem Maria;
2- Pertencemos a Jesus e Maria na qualidade de escravos;
3- Devemos esvaziar-nos do que há de mal em nós;
4- Temos necessidade de um mediador, junto ao mediador mesmo
que é Jesus Cristo;
5- É-nos muito difícil conservar as graças e os tesouros recebidos
de Deus.
18.
Quais são os tipos de falsos devotos da Santíssima Virgem?

1- Os devotos críticos: são os que se consideram sábios e


criticam a devoção, o amor e a confiança que o povo
simples tributa a Nossa Senhora;
2- Os devotos escrupulosos: são os que temem desagradar ao
Filho honrando a Mãe;
3- Os devotos exteriores: são os que fazem sua devoção
consistir apenas em práticas externas. Abraçam muitas
devoções e não fazem bem feito nenhuma.
4- Os devotos presunçosos: são os pecadores entregues às
suas paixões, que não fazem violência, nem esforço para
mudarem de vida, entretanto crêem que se salvarão porque
se dizem devotos de Nossa Senhora;
5- Os devotos inconstantes: são aqueles que abraçam a
devoção com um entusiasmo inicial, mas não perseveram
nas práticas e logo desistem ou se tornam frios e medíocres;
6- Os devotos hipócritas: são os que vivem em pecado e
buscam a devoção a Nossa Senhora para tentar encobrir sua
vida infiel, a fim de passarem por aquilo que não são;
7- Os devotos interesseiros: são aqueles que recorrem a
Nossa Senhora apenas para obter favores e graças, mas uma
vez atendidos, já não a buscam nem se esforçam para
honrá-la.
19.
Quais são as notas características da Verdadeira Devoção?

As notas que caracterizam a Verdadeira Devoção são cinco. A Verdadeira


Devoção é:
1- Interior: ou seja, parte do espírito e do coração; provém do
amor que se tem a essa boníssima Mãe e do reconhecimento de
suas virtudes e grandezas, bem como de sua sublime missão;
2- Terna: isto é, cheia de uma grande confiança; como aquela que
um filho tem em sua boa mãe;
3- Santa: ou seja, leva a alma a evitar o pecado e a imitar as
virtudes de Maria;
4- Constante: fortalece a alma no bem, levando-a a não abandonar
com facilidade os seus exercícios de devoção. Mas se cai,
estende a mão à sua boa Mãe e levanta-se;
5- Desinteressada: ou seja, busca servir à Santíssima não pelo que
pode dela receber, mas por reconhecer que Ela merece ser
servida e honrada e Deus n’Ela.
20.
Qual a diferença desta consagração da que se costuma
fazer por ocasião do Batismo ou de outras consagrações que
existem?

Por esta devoção, damos a Jesus Cristo pelas mãos de Maria, tudo o que
somos e possuímos na ordem da natureza e da graça, incluindo o valor
espiritual de nossas boas obras, presentes, passadas e futuras. As demais
consagrações são simples, ou seja, dão uma parte do que possuímos e têm a
finalidade de nos colocar sob a proteção de Nossa Senhora ou obter suas
graças e auxílios. Existem centenas de consagrações à Santíssima Virgem e
todas são boas, mas são consagrações simples, que não têm a pretensão de
ser uma total entrega como o é a Santa Escravidão de Amor, ensinada no
Tratado da Verdadeira Devoção por São Luís Maria Grignion de
Montfort. Essa total entrega é mais abrangente em certo sentido, do que
aquela que faz uma religiosa de clausura estrita, por exemplo, pois ainda
que essa tenha renunciado sua vontade pelo voto de obediência, os bens
materiais pelo voto de pobreza, os prazeres do corpo pelo voto de castidade
e mesmo a liberdade física pelo voto de clausura, ela conserva contudo para
si o direito de oferecer o valor de suas orações, sacrifícios e boas obras nas
intenções que bem entender, enquanto pela Total Consagração mesmo esse
direito entregamos e consagramos a Nossa Senhora.
21.
Por que se diz que esta consagração é uma renovação de
nossos votos batismais?

Porque o que se faz nessa consagração é justamente reafirmar nossa fé em


Deus e nosso desejo de sermos fiéis a Ele, seguindo seus mandamentos
como nos ensina a Santa Igreja. Ao mesmo tempo reafirmamos nossa
renúncia ao diabo e a todas as suas obras, para nos mantermos sempre na
graça e na comunhão com Deus. No Santo Batismo, diz São Tomás de
Aquino, os homens fazem o voto de renunciar ao demônio e suas pompas. E
este voto, afirma Santo Agostinho, é o maior e mais indispensável. É
também o que dizem os canonistas: o voto principal é o que fazemos no
Batismo. Pela Total Consagração, renovamos nossas promessas batismais,
recuperando a consciência de nosso estado de pertença a Deus. Tudo isso
através de Maria, para que Ela nos ensine a sermos mais fiéis à nossa
adesão a Cristo, bem como à renúncia a todo mal.

22.
Qual a diferença que existe entre está consagração e aquela
apresentada por São Maximiliano Maria Kolbe?

Essencialmente não existe nenhuma diferença, pois o mestre de São


Maximiliano no que se refere à consagração foi São Luís Maria de
Montfort. A diferença fica apenas por conta de alguma metodologia e
alguma nomenclatura. Ambas as consagrações são uma entrega total de
tudo que se é e possui a Jesus pelas mãos de Maria.
23.
Quem pode fazer esta Total Consagração?

Todos os batizados que buscam ajuda para manter a fidelidade aos votos de
seu batismo podem e devem fazer esta consagração. Ou seja, todos os que
conscientes de sua fragilidade e limitação, buscam auxílio para amar a Deus
de verdade e perseverar em sua graça.
Em outras palavras, podem fazer esta consagração todos os que querem ser
santos, que acreditam em Jesus Cristo e em toda a sua doutrina, tal qual nos
transmite a Santa Igreja. Quem faz restrições à doutrina de Jesus Cristo
ensinada pela Santa Igreja, ou quem não pode (ou não quer) viver em
comunhão Eucarística, não pode fazer esta consagração.

24.
Quem não pode fazer essa consagração?

Não pode fazer essa consagração quem excluiu a graça de Deus de sua
própria vida, ou seja, quem vive em situação de pecado grave e por isso não
pode comungar o Santíssimo Corpo de Deus. É o caso, por exemplo, dos
que vivem juntos (maritalmente) e não são casados, casais de segunda
união, quem faz uso de métodos contraceptivos com a finalidade de evitar
filhos, quem é inscrito na maçonaria, quem é filiado ao PT, PC do B, PSOL,
PSTU ou qualquer organização socialista/comunista e/ou abortista ou que
defenda ideologia de gênero e afins.
25.
Esta consagração é uma devoção particular?

A consagração à Nossa Senhora deixou de ser uma simples devoção


particular para ter uma dimensão pública e oficial a partir do momento em
que a Igreja, por meio de sua máxima autoridade neste mundo, o Santo
Padre, o Papa, consagrou nações e também o mundo ao Imaculado Coração
de Maria. Foram vários os Papas que o fizeram, de forma pública e solene.
26.
As pessoas consagradas na vida religiosa podem fazer esta
consagração? Não seria supérfluo uma vez que já fizeram
seus votos e já têm o seu carisma?
As pessoas que pertencem a comunidades ou institutos religiosos podem
sim fazer esta consagração, pois a entrega total à Santíssima Virgem não é
algo estranho ou alheio a qualquer carisma que seja, ao contrário, por meio
desta total entrega, Nossa Senhora ajudará cada consagrado a compreender
e viver ainda melhor o seu próprio carisma. Ela é a Virgem fiel e Mãe
zelosa e nos ajudará a realizar bem nossos deveres e a cumprir com mais
perfeição a nossa missão.
27.
As pessoas que vivem objetivamente em uma situação de
pecado grave, como é o caso das pessoas de segunda união,
poderiam ao menos fazer essa consagração de forma
“espiritual’’?

A razão de ser desta consagração é ajudar as pessoas a viver e perseverar na


graça de Deus. Portanto, não tem sentido alguém que excluiu
voluntariamente a graça de Deus de sua própria vida, fazer esta
consagração, ainda que “espiritualmente’’. Para se consagrar é necessário
que a pessoa se disponha a renunciar o pecado que a separa de Deus e se
proponha a ser fiel e a esforçar-se para viver na graça. Fazer esta
consagração ainda que “espiritualmente”. Poderia gerar uma falsa sensação
de segurança em relação a vida espiritual e certamente faria a pessoa cair na
lista dos falsos devotos enumerados por São Luís, no Tratado da Verdadeira
Devoção, que chama de devotos hipócritas, os que usam a devoção para
encobrir seus pecados e vícios.
28.
Essa consagração não seria apenas para os membros de
comunidades religiosas?

Não. Esta consagração é para todo católico que queira ajuda para viver
melhor os votos do Batismo, bem como para crescer no amor a Jesus e
perseverar na graça de Deus.
29.
Esta consagração pertence a algum movimento ou
congregação religiosa?
A consagração não pertence a nenhum grupo ou congregação religiosa,
antes é um patrimônio espiritual da Igreja, podendo ser feita por qualquer
católico que queira ajuda para viver bem o seu Batismo.
30.
Também sacerdotes ou bispos podem fazer esta
consagração? Lhes será de alguma utilidade, uma vez que já
são ungidos do Senhor?

Também os sacerdotes e bispos podem fazer esta consagração. Mesmo


muitos Papas a fizeram, pois Nossa Senhora ajudará ainda mais seus filhos
prediletos a cumprirem melhor sua missão, a crescerem no amor a Deus e
no zelo pela salvação do rebanho de seu Filho. Como lhe confiaram
totalmente sua vida e seu ministério Ela terá uma liberdade maior para
formá-los e conduzi-los de modo a fazê-los sacerdotes segundo o Coração
de seu Filho, cópias fiéis do Sumo e Eterno Sacerdote e Bom Pastor que é
Jesus.
31.
O membro de algum grupo ou movimento da Igreja pode
dispensar esta consagração alegando que a mesma “não faz
parte da espiritualidade de seu movimento ou comunidade’’?

Embora seja um grande auxílio que Deus nos proporcione para nos ajudar a
alcançar o céu, ninguém está obrigado a fazer esta consagração.
Porém, não se pode alegar que esta consagração não faça parte de algum
carisma ou espiritualidade que exista dentro da Igreja Católica, pois a
consagração é um patrimônio da Igreja e faz parte de seu depósito
espiritual. A consagração é proposta a todo batizado, pois nos ajuda a viver
as promessas assumidas no mesmo. Não é algo extrínseco a nenhum
carisma ou espiritualidade verdadeiramente católica, ao contrário, os
membros de qualquer comunidade ou movimento que fazem esta
consagração, obtêm da Santíssima Virgem as graças necessárias para
compreender melhor e viver com mais profundidade e fidelidade seu
próprio carisma. Para quem quer ajuda para perseverar na graça, a Total
Consagração não tem nenhuma contra indicação... e o único “efeito
colateral” é a santidade.
32.
Quais Papas aprovaram e/ou recomendaram essa Total
Consagração a Nossa Senhora?

1. Clemente VIII (1592-1605) – Confere grande indulgência a


Confraria dos Escravos, estabelecida nos conventos
religiosos do Hospital de Caridade, no Bairro São Germano,
em Paris, assim como aos que trazem consigo e recitam a
Coroinha de Nossa Senhora;
2. Gregório XV (1621-1623) – Confere indulgências aos
Escravos de Nossa Senhora;
3. Urbano VIII (1623-1644) – Este Soberano Pontífice,
consultado sobre as práticas exteriores da Santa Escravidão
de Amor, aprovou de modo elogioso tão louvável fervor,
escrevendo a Bula “Cum sicut accepimus’’(de 20 de julho de
1631), onde concede grande número de indulgências aos
escravos de Maria;
4. Alexandre VII (1655-1667) – Expediu um bula, a 23 de
junho de 1658, na qual, por motivo da organização da
“Sociedade da Escravidão’’ em Marselha, no Convento dos
Padres Agostinianos de Provença, acrescenta muitas outras
consideráveis indulgências àquelas já concedidas por Urbano
VIII aos escravos da Santíssima Virgem;
5. Pio IX (1846-1878) – É sob seu pontificado que, a 12 de
maio de 1853, se promulga em Roma o decreto que declara
que os escritos do Padre Luís Maria Grignion de Montfort
eram isentos de todo erro que pudesse obstar-lhe a
beatificação;
6. Leão XIII (1878-1904) – Beatificou o Padre de Montfort e
morreu renovando sua Total Consagração a nossa Senhora e
invocando o nome do então Beato Luís Maria de Montfort;
7. São Pio X (1904-1914) – Tinha uma singular estima à Total
Consagração, e especialmente ao Tratado da Verdadeira
Devoção. Quando pensou em compor a encíclica
comemorativa do Jubileu da Imaculada Conceição, disse ter
lido muitas vezes o Tratado escrito por Montfort. Releu-o
tantas vezes, que chegou a reproduzir o pensamento, e não
raro, as expressões utilizadas pelo santo missionário. Ao
responder ao pedido do Procurador Geral dos Padres
Monfortinos para que abençoasse seu apostolado de difusão
da Total Consagração à Santíssima Virgem, o Santo Papa
disse: “Atendendo ao vosso pedido, recomendamos
vivamente o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima
Virgem, tão admiravelmente escrito belo Beato de Montfort;
e a quantos lerem este Tratado concedemos, de todo
coração, a benção apostólica’’. Sob o pontificado deste
grande Papa a Santa Escravidão foi definitivamente
organizada em associação, tanto para os sacerdotes, como
para os fiéis. A Arquiconfraria de Nossa Senhora, cujo fim é
a prática da Santa Escravidão foi ereta canonicamente pelo
Papa São Pio X a 28 de abril de 1913. São Pio X foi o
primeiro a se inscrever na confraria dos padres escravos de
Nossa Senhora, seu nome figura como o primeiro da lista.
8. Bento XV (1914-1922) – Em carta a família Monfortana
escreveu: “O Tratado da Verdadeira Devoção é um livro
pequeno em tamanho, mas de uma grande autoridade e de
uma grande unção. Possa ele espalhar-se mais e mais, e
avivar o espírito cristão em um grande número de almas.’’;
9. Pio XII (1939-1958) – Canonizou São Luís de Montfort em
1947 e tinha uma grande relíquia desse santo em sua capela
particular;
10.
João Paulo II (1978-2005) – Fez sua Total
Consagração quando ainda era seminarista. Foi um grande
devoto de São Luís G. de Montfort a quem chamava de
mestre da vida espiritual. Foi um dos maiores apóstolos da
Santa Escravidão Mariana em nossos tempos, ao ponto de
fazer da Total Consagração o lema de seu pontificado. Seu
‘’Totus tuus’’, correu o mundo e deu testemunho de sua
grande estima a esta grande espiritualidade. Escreveu a
família Monfortana dizendo que “não se deve deixar
escondida’’ esta consagração;
11.
Bento XVI (2005-2013) – Durante seu
pontificado foi convocado o ano sacerdotal (2009-2010) em
cujo encerramento foi distribuído para todos os sacerdotes
presentes na Praça da Basílica de São Pedro, uma cópia do
Segredo de Maria, uma espécie de resumo do Tratado da
Verdadeira Devoção, escrito também por São Luís de
Montfort.

33.
Como fazer esta Consagração?

Para se fazer esta consagração é necessário primeiro conhecê-la; lendo e


estudando o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem,
escrito por São Luís Grignion de Montfort, e outros livros sobre a Santa
Escravidão; ouvindo palestras e participando de encontros e retiros sobre o
tema.
Após se ter a consciência do que é esta consagração e de como se deve
vivê-la, marcar-se-á uma data e começar-se-á a fazer os exercícios
preparatórios que irão durar 30 dias. Estes exercícios são meditações e
orações diárias que podem ser encontradas no livro “Exercícios Espirituais
para a Total Consagração à Santíssima Virgem” ou outros semelhantes.
A sequência de preparação é a seguinte:
Doze dias preliminares: Para desapego do espírito do mundo e aquisição
do Espírito de Deus. Onde se medita nossa vocação à santidade,
desprendendo-se de tudo que possa nos atrapalhar a sermos santos e irmos
para o céu.
Primeira Semana: Para o conhecimento de si mesmo. Trata-se de um
período para fazermos um profundo exame de consciência a partir do que
devemos nos aperfeiçoar, buscando em tudo sermos agradáveis a Deus.
Após essa semana convém fazer a confissão geral, em preparação para a
consagração.
Segunda Semana: Para o conhecimento da Santíssima Virgem, de sua
pessoa, sua missão, das graças das quais Ela é repleta, de suas sublimes
virtudes, de seus privilégios, etc. De forma que a conhecendo melhor,
possamos amá-la mais e honrá-la como Ela merece ser honrada.
Terceira Semana: Para o conhecimento de Jesus Cristo nosso fim último,
nosso grande Deus e Senhor. Aqui devemos meditar no Mistério da Vinda,
da Vida, Paixão, Morte e Glorificação de Jesus Cristo, o Filho de Deus.
Devemos contemplar sua encantadora vida, sua pessoa e doutrina, para que
assim possamos crer Nele com mais profunda convicção e amá-lo com
amor abrasado, de forma a despertar em nós um grande desejo de fazê-lo
conhecido, amado e adorado por todos.
Durante esta preparação de um mês (ou 33 dias), após se fazer uma
confissão geral, em um dia já escolhido (de preferência uma festa mariana),
participa-se do Santo Sacrifício da Missa e se recebe Jesus no Santíssimo
Sacramento. Depois da ação de graças (e em ação de graças) se recita a
fórmula da consagração, que já deve estar previamente impressa ou
copiada, e se assina. Quando o sacerdote tem conhecimento da consagração
e apoia, pode se pedir que ele assine a folha como testemunha e abençoe as
correntes (se serão usadas).
34.
O que é a Confissão Geral e como se deve fazê-la?

A confissão geral é a confissão de todos os pecados mortais que já fizemos


durante nossa vida, ou ao menos os pecados graves que fizemos após a
última confissão geral, caso já a tenhamos feito alguma vez. Se faz a
confissão geral, como recomenda a Igreja, não porque se duvide do perdão
já recebido nas confissões anteriores, mas porque se renova a contrição e o
arrependimento de todos os pecados, neste que é um recomeço de uma vida
espiritual mais intensa.

35.
Como deve viver um consagrado e quais as práticas que
deve realizar?

Práticas Interiores: O essencial dessa prática consiste em fazer tudo por


Maria, com Maria e em Maria e para Maria, para mais perfeitamente fazê-
las por Jesus, com Jesus, em Jesus e para Jesus. Viver num estado de
abandono e confiança para com Nossa Senhora, confiando a Ela todas as
nossas necessidades, problemas, sofrimentos, alegrias, decisões, negócios,
etc. Como uma criança pequenina, devemos segurar nas mãos desta boa
Mãe e deixar-nos conduzir por Ela. Em tudo devemos recorrer a Ela,
procurando fazer tudo do jeito d’Ela. Devemos louvar a Deus e adorá-Lo
com o coração d’Ela.
Práticas externas: Também devemos cantar as glórias de Maria, honrá-La
com todo amor, anunciando a todos e em todo lugar o que é a verdadeira
devoção a Ela. Devemos contemplar os mistérios do Santo Rosário,
participar de suas festas, inscrever-se em suas confrarias, fazer e renovar
sempre a consagração a Ela e levar as pessoas a fazerem o mesmo. Usar as
pequenas cadeias de ferro ou correntes como sinal de nosso amor e de nossa
Consagração, etc. É preciso, entretanto, observar que estas práticas
exteriores não são essenciais, embora sejam utilíssimas para exteriorizar
nosso amor a Jesus e Maria e para edificar nosso próximo.
36.
No que consiste fazer tudo por Maria, com Maria, em
Maria e para Maria?

Fazer tudo por Maria é obedecer-lhe em todas as coisas, é conduzir-se por


seu espírito, é proceder sob o impulso da graça que Ela nos comunica. É
ainda, servir-nos d’Ela como de uma medianeira, para chegarmos a Jesus e
nos unirmos a Ele. É fazer passar todas as nossas ofertas por suas mãos,
apoiar-nos em sua intercessão, recorrer a seu auxilio para melhor conhecer e
amar a Jesus.
Fazer tudo com Maria significa fazer todas as coisas como Maria, ou seja,
consiste em imitar suas virtudes, como uma criança imita a sua mãe. É ficar
calmo e resignado nas contrariedades. Maria não faria assim? É esforçar-se
para sorrir diante das palavras irônicas ou más, que irritam ou ofendem. É
perseverar, ainda quando não tenhamos êxito. É ir até o fim nos bons
propósitos, apesar do aborrecimento que se sente às vezes. Em uma palavra,
é aceitar tudo como vindo das mãos de Maria: as contrariedades para nos
formar e os sucessos para nos animar. O olhar da Virgem Maria deve
sempre ensinar-nos a sobrenaturalizar toda a nossa vida.
Fazer tudo em Maria é a realização e aplicação da palavra de Nosso Senhor:
“Permanecei em mim e eu em vós” (Jo.15). Não se trata aqui de uma
permanência substancial, mas de uma presença moral, de uma presença de
pensamento, dum laço moral que põe duas pessoas em relações mútuas e
que, por assim dizer, faz passar os afetos de uma a outra. Quando
renunciamos a nosso modo de ver, as nossas intenções e vontades, para nos
identificarmos com Maria, então operamos e permanecemos n’Ela, do
mesmo modo que ela opera e permanece em nós. Fazer tudo em Maria
significa estar de tal modo mergulhado em Maria, que possamos dizer:
“Não sou eu que vivo, é Maria que vive em mim’’...e em mim adora Jesus,
em mim glorifica o Pai, em mim exalta o Espírito Santo, em mim serve e
ama os irmãos... Fazer todas as coisas em Maria é mais do que apenas
imitar ou tomar Maria como modelo, é na verdade deixar que Ela, em nós,
faça todas as coisas.
Fazer tudo para Maria significa oferecer tudo o que fazemos à Santíssima
Virgem para que, por meio d’Ela, Deus receba as nossas obras de um modo
mais perfeito. É, portanto, dedicar-lhe todas as nossas ações e realizações e
honrá-la sempre com o oferecimento de tudo quanto fazemos.
37.
Por que Santo Agostinho chama Nossa Senhora de “Forma
Dei’’?

Santo Agostinho assim chama Nossa Senhora, porque Deus feito homem
foi aí plasmado. Com efeito, Ela foi molde onde Jesus foi formado.
38.
Quais são, em resumo, os admiráveis efeitos desta
consagração na alma de quem a faz?

1- O conhecimento e desprezo de si mesmo. Que nos leva a


desprezar tudo o que de mal exista em nós, para colocarmos
nossa confiança unicamente em Deus;
2- Participação na fé de Maria. Que no céu Ela não necessita,
mas obteve de Deus a graça de guardá-la, para fazer dela
participar seus filhos e eleitos. Uma fé pura, viva, firme, ativa,
corajosa e reluzente;
3- A graça do puro amor. Que tirará do coração todo escrúpulo e
temor servil, para que a alma se dirija a Deus com toda confiança
como um bom filho ao melhor e mais bondoso dos pais;
4- A graça de uma grande confiança em Deus e em Maria.
Porque nos levará a nos aproximarmos de Jesus sempre com
Maria. E tendo nos entregado totalmente a essa boa Mãe, Ela por
sua vez, nos comunicará suas virtudes e seus méritos infundindo-
nos uma confiança ainda maior;
5- Comunicação da alma e do Espírito de Maria. A Santíssima
Virgem nos comunicará sua alma para glorificar o Senhor e seu
espírito para nos regozijarmos em Deus, contanto que
permaneçamos fiéis às práticas dessa devoção;
6- Transformação das almas em Maria à imagem de Jesus
Cristo. Maria é o molde perfeito onde foi plasmado Jesus Cristo.
Pela consagração entramos nesse molde e, se aí nos
desmancharmos (como que nos derretermos) pelo esforço em
viver essa espiritualidade, pouco a pouco iremos adquirir as
feições espirituais de Jesus Cristo, pois Nossa Senhora irá nos
ensinar a pensar como Jesus pensou, viver como Jesus viveu,
amar como Jesus amou e servir como Jesus serviu;
7- A maior Glória de Deus. Porque, por está prática, fielmente
observada, se glorificará muito mais a Deus em um só mês do
que por qualquer outra em muitos anos, pois por essa
espiritualidade se renuncia à própria vontade e às próprias
operações, para tudo se realizar visando agradar a Deus em tudo
e fazer sua Santíssima Vontade em todas as coisas.
39.
Quais são os graus da Santa Escravidão de Amor a Jesus
por Maria?

São quatro os graus da Santa Escravidão e todos têm, por base, a total
entrega de si mesmo e do que se possui a Maria Santíssima:
1- O Primeiro grau: consiste em nos entregarmos à Santíssima
Virgem como Escravos, abandonando-lhe a parte satisfatória e
impetratória de nossas boas obras, para que Ela as use para
promover a maior glória de Deus, o bem e a salvação das almas;
2- O Segundo grau: consiste em viver com Maria em espírito de
imitação. Considerar Maria em suas orações, contemplações,
ações, sofrimentos, assim como em todas as virtudes e buscar
imitá-la segundo nossas forças;
3- O Terceiro grau: consiste, além de renunciar completamente a
si mesmo e entregar-se a Maria Santíssima, também em
esconder-se em seu Dulcíssimo Coração para rezar, trabalhar e
sofrer em sua companhia, em suas disposições e em suas
intenções; de tal modo que não tenha mais vontade própria, mas
em tudo consulte a Maria, para fazer o que lhe for mais
agradável. Neste grau não apenas se imita à Santíssima Virgem,
mas se busca fazer desaparecer em nós o que é oposto as
qualidades admiradas em nossa boa Mãe. Trata-se de morrer
para si mesmo, a fim de que as virtudes de Maria apareçam
sempre mais. É como um agir sempre em Maria cada vez que for
agir, fazer tudo n’Ela e com o espírito d’Ela;
4- O Quarto grau: consiste não apenas em ir a Maria quando for
agir, mas em viver em Maria de modo permanente, ao ponto de
em verdade se poder dizer: “Não sou eu que vivo, é Maria que
vive em mim”...e em mim adora a Jesus, em mim serve a Deus,
em mim serve os irmãos...
40.
Por que São Luís diz que Maria Santíssima é um caminho
fácil, curto, perfeito e seguro para chegar até Deus?

É um caminho fácil, devido à plenitude de graça e da unção do Espírito


Santo, de que está cheio. Ninguém que marche nesse caminho se cansa,
nem recua.
É um caminho curto, que em pouco tempo nos leva a Jesus Cristo.
É um caminho perfeito, onde não há lama, nem poeira, nem a menor sujeira
do pecado.
É um caminho seguro, que, de um modo reto e garantido, sem voltas para a
direita ou para a esquerda, nos conduz a Jesus Cristo e à vida eterna. A
Virgem Maria é o caminho trilhado por Jesus Cristo, a Sabedoria
Encarnada, nosso único chefe, assim, todos os fiéis que o trilharem não irão
jamais se enganar.
Qualquer pessoa de oração, que quiser avançar no caminho da perfeição e
achar segura e perfeitamente a Jesus Cristo, deve abraçar de todo o coração,
esta devoção à Santíssima Virgem, que talvez ainda desconheça. Entremos
neste caminho, e marchemos dia e noite, até a plenitude da idade de Jesus
Cristo, ou seja, à maturidade espiritual.
TERCEIRA PARTE
Entrega Total dos Méritos
41.
O que é o tesouro espiritual ou valor espiritual de nossas
boas obras e como devemos compreender sua entrega a Nossa
Senhora?

Jesus disse que até um copo de água que déssemos ao nosso próximo não
ficaria sem recompensa. Assim, existe uma paga ou “salário’’ por todas as
boas obras que realizamos. Essa paga por cada boa obra, assim como a
recompensa que Deus nos dá pelo bem que realizamos, compõe o nosso
tesouro espiritual, que vai aumentando sempre mais na medida em que
realizamos boas obras. O que determina o valor de cada boa obra é o grau
de amor com que a realizamos. Quando morremos, se na graça de Deus
(sem pecados mortais), esse tesouro espiritual se transforma em glória ou
grau de felicidade. Quanto maior o tesouro espiritual, maior será nosso grau
de felicidade. Nesse tesouro espiritual existe uma parte pessoal e
intransferível que é o valor meritório de nossas boas obras; existe também
uma parte doável que são os valores impetratório (pelo qual se alcança
graças para si ou para alguma pessoa viva) e o valor satisfatório ou
indugencial (pelo qual se apaga as penas dos pecados pessoais ou das almas
do purgatório).
Quando nos consagramos a Nossa Senhora como escravos por amor,
entregamos-lhe todo nosso tesouro espiritual; o valor meritório para que ela
possa guardar e fazer crescer e os valores impetratórios e satisfatórios para
que ela possa utilizá-los como bem lhe aprouver para glorificar mais a
Deus, socorrer as almas do purgatório e, sobretudo, alcançar a conversão
dos pobres pecadores que, se não se converterem ainda antes de morrer, irão
irremediavelmente para o inferno.
42.
Por que Nossa Senhora em Fátima (1917) disse que Jesus
quer que se estabeleça no mundo a Devoção ao Imaculado
Coração de Maria?
Como a própria Santíssima Virgem disse em Fátima, Jesus quer que se
estabeleça no mundo a Devoção ao Imaculado Coração para “salvar as
almas dos pobres pecadores’’. Trata-se de uma grande “estratégia’’ de
Deus para salvar o seu povo nesse tempo de apostasia generalizada e
perdição. Os pobres pecadores são as pessoas que vivem em estado de
pecado mortal, na iminência de ir para o inferno a qualquer momento, se
assim morrerem. A única forma de salvar os que se encontram nessa
situação é alcançando-lhes a graça do arrependimento e da contrição ainda
antes da morte, para que reconciliando-se com Deus voltem à graça e se
salvem.
43.
De que forma a devoção ao Imaculado Coração de Maria
poderá ajudar a salvar os pobres pecadores?

Com a entrega de nossos méritos espirituais, a Santíssima Virgem passa a


ter à sua disposição “recursos espirituais’’ com os quais poderá resgatar os
“pobres pecadores’’, alcançando-lhes a graça da contrição e da
reconciliação com Deus ainda antes da morte. A Total Consagração a Jesus
por Maria nos transforma em doadores de bens espirituais, de modo que
quanto maior o número de consagrados por esse método, mais doadores de
dons espirituais Nossa Senhora terá e assim poderá ajudar a salvar muitas
almas mais. Se houvesse muitos milhões a mais de consagrados, talvez
Nossa Senhora conseguisse alcançar a graça da conversão para todos os
seus filhos, de modo que nenhuma alma mais cairia no inferno, pois a todos
seria alcançada a graça da contrição. Daí se entende o ódio do inferno
contra o Tratado da Verdadeira Devoção ao ponto de tentar destruí-lo e
de o ter escondido por 130 anos (1712-1842)...e também se entende essa
grande estratégia de Deus e a razão pela qual Jesus quer que se estabeleça
no mundo a Verdadeira Devoção ao Imaculado Coração de Maria.

44.
Quais serão as consequências da difusão desta Total
Consagração pelo mundo?

Como disse São Luís de Montfort no início do Tratado da Verdadeira


Devoção: “Foi por intermédio da Santíssima Virgem que Jesus Cristo veio
ao mundo e é também por Ela que Ele deve reinar no mundo’’. Sendo
assim, a Total Consagração à Santíssima Virgem levará não apenas à
santificação daqueles que a fizerem e se esforçarem por vivenciá-la, mas
beneficiará a muitíssimos outros que serão salvos graças aos méritos
daqueles que, por meio da Santa Escravidão de Amor, doaram à Mãe
Santíssima o seu tesouro espiritual... e mais ainda: é pela difusão desta Total
Consagração que Nossa Senhora, juntamente com sua descendência,
esmagará a cabeça da serpente, destruindo o reinado de satanás e
neutralizando a ação do mal no mundo. É pela difusão da verdadeira
devoção
que
virá o Triunfo do Imaculado Coração, que consiste em fazer Jesus reinar em
cada coração e deste modo no mundo.
45.
A difusão e a prática generalizada da Santa Escravidão de
Amor levará ao Triunfo do Imaculado Coração de Maria e ao
Reinado de Jesus?

Sim, é importante lembrar que a Santa Escravidão de Amor, no pensamento


e na doutrina de São Luís de Montfort, não é "mais uma devoção", e muito
menos “uma devoção qualquer”, mas sim, o meio que a Providência Divina
escolheu para estabelecer no mundo o Triunfo de Maria e em consequência
o Reinado de Jesus. Se, portanto, queremos que venha logo o prometido
Triunfo do Imaculado Coração de Maria e o Império de Jesus sobre toda a
humanidade, procuremos todos fazer, viver e propagar a Santa Escravidão
de Amor.
46.
De que forma se dará o Triunfo do Imaculado Coração de
Maria?

O Triunfo do Imaculado Coração de Maria, profetizado em Fátima, se dará


pelo estabelecimento da Devoção ao Imaculado Coração no mundo, ou seja,
pela difusão da Total Consagração em todos os lugares. O Triunfo do
Imaculado Coração acontece quando Maria leva o coração de uma pessoa a
se submeter à vontade de seu Filho, fazendo d’Ele Rei e Senhor daquela
vida e daquele coração.
47.
Qual a dimensão escatológica da Total Consagração à
Santíssima Virgem?

A dimensão escatológica da Total Consagração é aquela que se refere ao


fato de ter sido escolhida por Deus como estratégia de santificação e
salvação de seu povo nesses últimos tempos. Uns terão grande auxílio para
a própria santificação e salvação fazendo e vivendo esta consagração,
outros alcançaram a graça da contrição e do arrependimento antes de
morrerem por causa da doação dos méritos daqueles que se consagraram. O
Imaculado Coração de Maria é o refúgio seguro que Deus nos deu nesses
últimos tempos.
48.
Por que São Luís de Montfort diz no Tratado que a Total
Consagração seria ainda mais útil nos últimos tempos?

São Luís diz que a Total Consagração seria ainda mais útil e necessária
nesses últimos tempos, sobretudo porque cresceria muito a iniquidade e a
apostasia, fazendo-se necessária uma grande e extraordinária Misericórdia
de Deus para salvar o seu povo. Também, segundo ensina Montfort,
competirá à Santíssima Virgem a formação dos grandes santos e dos
apóstolos dos últimos tempos.
49.
Quem são os Apóstolos dos últimos tempos?

São Luís profetiza que serão sacerdotes do Altíssimo, preparados e


acrisolados no fogo das provações, das perseguições e dos sofrimentos. Diz
o santo missionário no “Tratado da Verdadeira Devoção” que:
“Serão “ministros do Senhor”, que qual fogo crepitante, levarão a toda
parte as chamas do Amor divino.
Serão “setas nas mãos do Todo Poderoso”, flechas agudas nas mãos
poderosas de Maria.
Serão “filhos de Levi”, bem purificados no fogo das grandes tribulações,
bem apegados a Deus, que trarão o ouro do amor em seus corações, o
incenso da oração no espírito e a mirra da mortificação no corpo.
Serão por toda parte “o bom odor de Cristo”: odor de vida para os pobres,
os pequenos e os humildes; odor de morte para os grandes, os ricos e
orgulhosos mundanos.
Serão “nuvens tonitruantes”, que voarão pelos ares ao menor sopro do
Espírito Santo.
Serão verdadeiros apóstolos dos últimos tempos, a quem o Senhor das
Virtudes dará a palavra e a força para operar maravilhas e arrebatar
gloriosos despojos ao inimigo.
Serão verdadeiros discípulos de Jesus Cristo, que seguirão da sua pobreza,
humildade, desprezo do mundo e caridade. Ensinarão o estreito caminho de
Deus na pura verdade, segundo o Santo Evangelho e não segundo as
máximas do mundo, sem se colocar em inquietação nem fazer acepção de
pessoas, sem poupar, escutar ou temer nenhum mortal, por poderoso que
seja.
Terão nos lábios a espada de dois gumes, que é a Palavra de Deus; trarão
aos ombros o estandarte sangrento da Cruz, o crucifixo na mão direita, o
Rosário na esquerda, os sagrados nomes de Jesus e Maria no coração, e a
modéstia e a mortificação de Jesus Cristo em toda a sua conduta”.
50.
Quais são as principais vantagens que obteremos, fazendo-
nos escravos por amor?

1- Tendo tão boa Mãe aceitado a nossa consagração, pelo que se


digna nos considerar sempre como propriedade sua, de nos
proteger e defender contra nossos inimigos e de nos obter todas
as graças que necessitamos nesta vida;
2- Maria tira todas as imperfeições das nossas boas obras - que
antes de chegar a Deus, passam pelas suas boas mãos - dá-lhes
um aumento de pureza, enfeita-as com suas virtudes e
pessoalmente as oferece a Deus, de modo que se tornam muito
mais meritórias e mais favoravelmente aceitas;
3- A Santíssima Virgem, pelo fato de nos termos consagrado a Ela
livremente, passa a ter uma liberdade muito maior para nos
formar interiormente, ensinando-nos a amar Jesus de um modo
muito mais perfeito, profundo e perseverante;
4- Tendo-nos mostrado generosos e desinteressados, a ponto de nos
despojarmos inteiramente de nossos bens, para colocá-los em
suas mãos, Maria também nos será generosíssima, neste mundo e
no outro, tanto na ordem da natureza, como da graça e da glória;
5- Aprendemos com a Mãe a vencer com mais facilidade as
tentações e a rejeitar as obras do mal, esmagando a cabeça do
inimigo e rechaçando suas más inspirações, a fim de fazermos
valer em nossa vida a vontade de Deus.
51.
Como poderemos assistir os nossos parentes, amigos e
benfeitores, vivos e mortos, uma vez que não podemos mais
oferecer por eles os valores satisfatórios e impetratórios de
nossas boas obras?

De modo algum nossos parentes, amigos e benfeitores ficarão sem socorro,


pois mesmo que não possamos aplicar os méritos espirituais nas intenções
destes ou daqueles, podemos, contudo, lhes socorrer de modo muito mais
eficaz... Ao invés de oferecermos um terço ou uma novena em suas
intenções, podemos oferecê-los com suas intenções, problemas e
preocupações à Nossa Senhora e Ela cuidará muito melhor do que
poderíamos fazer. É preciso crer e saber que Nossa Senhora jamais será
indiferente aos pedidos e às pessoas que lhe apresentamos. Ela não deixará
de demonstrar sua gratidão e generosidade para com aqueles que se
despojaram de tudo para honrá-la; ao contrário, será pródiga em retribuir
tão singular ato de amor e confiança, atendendo aos pedidos e socorrendo as
pessoas que seus escravos de amor lhe recomendarem.
QUARTA PARTE
Sobre o uso do termo Santa Escravidão e Escravos
de Amor
52.
Por que a Consagração é chamada de Santa Escravidão e
os consagrados de Escravos de Amor?

No contexto bíblico e também de nossa fé, a palavra ESCRAVO significa


tão somente propriedade. Também é importante observar que nesse mesmo
contexto as palavras ESCRAVO e SERVO são sinônimas e, portanto,
designam a mesma realidade. Quando alguém se proclama ou é
denominado escravo ou servo de alguém significa que é uma propriedade
de quem o possui. Quando a Santíssima Virgem se proclamou “escrava’’ do
Senhor, ela simplesmente estava dizendo que era uma propriedade de Deus,
que a Ele pertencia. Também nós, quando, por meio da Total Consagração,
nos fazemos “escravos por amor’’, simplesmente estamos dizendo que
escolhemos ser de Deus, ou seja, fizemos a opção de pertencer a Jesus de
um modo mais perfeito, uma vez que o fazemos por meio de Maria, que nos
purifica a nós e as nossas obras, nos tornando mais apresentáveis a Deus.
Esta consagração se chama Santa Escravidão de Amor, porque tem o
objetivo de reafirmar nossa escolha de pertencermos a Deus, para lhe
sermos fiéis e assim nos santificarmos.
A Santa Escravidão é uma garantia maior de nos conservarmos na graça e
vivenciarmos a verdadeira liberdade dos filhos de Deus.
53.
Não é mais adequado nos dizermos filhos do que
escravos?

A pessoa que se consagrou, não deixou de ser filho, apenas foi muito além
disso. O que é um escravo por amor, senão um filho que amando
ternamente sua Mãe e n’Ela confiando plenamente, se entregou totalmente a
Ela, para que melhor o conduza e o oriente? Um escravo por amor é um
filho que se fez pertença de sua Mãe, para que assim, Ela o faça mais
perfeitamente pertencer a Deus. Nós nos fazemos escravos e propriedade
d’Ela, mas Ela sempre nos trata como filhos muito amados. Além do mais,
nos fazemos escravos, porque filhos têm vontade própria, mas escravos
não, pois estes escolheram renunciar a própria vontade para fazer somente a
vontade de Deus.
54.
O termo escravo não seria inadequado para o nosso tempo
devido à realidade opressora que já designou?

O termo escravo significa tão somente propriedade e embora tenha sido


utilizado para designar a escravidão negra, indígena ou de outros povos, em
nada afeta a sua utilização para designar o estado de pertença de uma
pessoa a Deus ou à Santíssima Virgem. Na escravidão negra ou indígena
estes foram forçados a serem propriedade de alguém, na Santa Escravidão
por Amor, se faz livremente a opção de pertencer a Deus. Na escravidão
forçada e opressora se perdia a liberdade e a dignidade, na santa escravidão
por amor, se conserva a verdadeira liberdade e se restaura a dignidade
perdida pelo pecado.
55.
A Igreja concorda com o uso do termo escravo para
designar essa consagração de total entrega?

A Igreja não apenas concorda como também o utiliza. Desde as primeiras


aprovações oficiais dadas a esta consagração, os Papas utilizaram os termos
"escravos de Maria", "escravos de Nossa Senhora", " Santa escravidão à
Mãe de Deus", etc. Desde o Papa Clemente VIII (1592-1905) até São João
Paulo II (1978-20015), todos os Papas que falaram do assunto utilizaram o
termo “escravo” ou “escravidão” para se referirem a essa Total
Consagração.
56.
São Paulo nos diz que recebemos o espírito de filhos e não
de escravos. Não seria, portanto, errado se dizer “escravos de
Jesus” ou “escravos de Maria”?

De modo algum. A escravidão à qual São Paulo se refere é a escravidão ao


pecado e não a escravidão ou pertença a Deus, pois o mesmo apóstolo em
várias ocasiões se apresenta a si mesmo como “servo” de Jesus Cristo (Rm
1, 1; 1Cor 7,22; Rm 6, 22; Efésios 6, 6; Gálatas 1, 10), que no contexto
bíblico significa exatamente escravo ou propriedade (o termo usado por,
São Paulo e também por São Pedro, em grego é “doulos” que significa
“escravo e servo”, no sentido de total submissão). Além do mais, a Palavra
de Deus nos diz que Nossa Senhora e Nosso Senhor se fizeram escravos
(Isaías 42; 49; 50; 52.13; 53.12; 61; Lc 1,38; Fl 2; 7) por amor ao Pai e a
nós. Nós, portanto, temos muito mais razão de nos fazermos escravos por
amor a Eles e assim pertencermos mais perfeitamente a Deus.
QUINTA PARTE
Sobre a espiritualidade e escolhas cotidianas

57.
Quem faz esta Total Consagração pode continuar rezando e
intercedendo pelas pessoas?

Pode e deve continuar rezando e intercedendo por todos os que quiser ou


que lhe solicitam orações. Agora com mais confiança ainda, uma vez que
Nossa Senhora, que não se deixa vencer em generosidade, será muito pronta
em acolher e atender aos pedidos de seus escravos por amor em favor
daqueles por quem intercedem, pois a honra destes será sua honra também.
58.
Se nesta consagração me entrego totalmente a Maria, então
não posso mais recorrer diretamente a Jesus ou rezar
diretamente a Deus?

A total entrega à Santíssima Virgem longe de nos atrapalhar em nosso


relacionamento com Deus, antes o favorece, pois aprenderemos com nossa
Mãe do Céu a nos aproximarmos de Deus com muito mais fé e confiança
do que antes.
Nossa Senhora nos ensina a falar com Deus e nos inspira esse filial
abandono nas mãos do Pai.
Podemos e devemos recorrer diretamente a Jesus, ocorre que, uma vez
consagrados, não iremos sozinhos, mas acompanhados dessa boníssima
Mãe, a maior entre todos os intercessores, de forma que falaremos a Jesus
com muito mais segurança e confiança, sem medo de sermos repelidos. Em
nossos diálogos com o Senhor ou nas adorações a Jesus Sacramentado, a
Mãe estará sempre ali conosco, inspirando-nos as melhores palavras,
alcançando-nos a graça da sinceridade, da confiança, de um amor mais
terno a seu Filho Jesus.
Portanto, não falamos com Deus “por tabela”, mas diretamente, junto com
nossa Mãe para o fazermos de modo mais confiante e perfeito.
59.
Mas não se diz que quando entregamos tudo a Nossa
Senhora, Ela passa a oferecer todas as nossas boas obras a
Deus e não mais nós diretamente?

Sim. Quando nos consagramos totalmente à Santíssima Virgem, tudo passa


a pertencer a Ela, de modo que é Ela mesma quem passa a oferecer a Deus
todas as nossas boas obras, depois de purificá-las e revesti-las com suas
virtudes. Sendo assim, de fato, depois de consagrados, não somos mais nós
mesmos que oferecemos nossas boas obras a Deus, mas a Santíssima
Virgem...
Porém não se deve confundir a apresentação de nossas boas obras por parte
da Santíssima Virgem com o nosso diálogo ou relacionamento com Deus.
Ela apresenta nossas boas obras a Deus, mas NÃO nos substitui em nosso
diálogo com Ele... ao contrário, ajuda-nos a não termos medo d’Ele, e a nos
dirigir a Ele com muito mais segurança e confiança.
60.
Ao se consagrar, quais as normas ou regras os consagrados
passam a ter a obrigação de observar em sua vida?

A pessoa que faz a Total Consagração e se torna um escravo por amor,


NÃO passa a ter NENHUMA obrigação a mais do àquelas que toda pessoa
batizada já possui. A Total Consagração não possui um conjunto de normas
ou regras que os consagrados passam a ser obrigados a fazer após essa total
entrega. A Santa Escravidão de Amor é um grande AUXÍLIO que Deus
põe a nossa disposição, para nos ajudar a viver as obrigações que já
adquirimos no Santo Batismo, pois se nós não formos santos, ou seja, se
não perseverarmos na graça, nós nos condenaremos ao inferno. A Santa
Escravidão de Amor nos coloca dentro da “Escola do Imaculado Coração
de Maria’’, para aí aprendermos a fazer bem a vontade de Deus e assim
perseverarmos na graça, sem a qual não podemos nos salvar.
61.
Quer dizer que para se consagrar não é preciso ser santo ou
não se exige uma perfeição maior?

A exigência de sermos santos não decorre da Total Consagração, mas de


nosso Batismo mesmo e é condição necessária para se entrar no céu, uma
vez mas, quem ao morrer não estiver em estado de santidade (na graça de
Deus) não entra no céu. Não se exige que a pessoa, que queira se consagrar,
seja uma pessoa muito elevada espiritualmente ou que tenha alcançado uma
maior perfeição em sua prática religiosa. Tudo o que se exige, é que a
pessoa queira amar a Deus de verdade e tenha sincero desejo de ser santa e
de seguir a Jesus com fidelidade, colocando em prática seus mandamentos.
62.
Mas as pessoas que se consagram não são obrigadas a
deixar de assistir as novelas e programas lascivos? Deixar de
frequentar os ambientes e festas mundanas como bares,
carnaval, discoteca, shows mundanos? Não fica a pessoa
obrigada a deixar de usar roupas indecentes e imodestas e a
ter um comportamento mais recatado?... e tantas outras
coisas mais, necessárias para sermos santos e vivermos na
graça?

As pessoas devem deixar de assistir as novelas imundas ou programas


imorais; devem deixar de frequentar ambientes mundanos (carnaval, boates,
discotecas, bares, shows mundanos); devem deixar de usar as vestes
sensuais e provocativas; devem deixar os partidos ou organizações
abortistas; as falsas doutrinas; o ódio e o egoísmo, etc....não porque se
consagraram, mas porque são católicas, ou seja, porque foram batizadas e
prometeram em seu santo batismo renunciar todas as obras de satanás e
manter fidelidade e obediência a Jesus Cristo e à sua Santa Igreja. A
santidade – e, portanto, a obediência a Deus - deve ser vivida por todo
cristão independente de ter feito ou não esta total consagração. A
consagração irá nos ajudar a viver os votos ou promessas de nosso batismo
e a perseverar na obediência aos mandamentos. A consagração é um auxílio
que Deus nos proporciona para nos ajudar a colocar em prática o que Ele
nos mandou para que assim possamos nos salvar.
63.
Mas ao menos não ficamos obrigados a rezar o terço ou a
coroinha de Nossa Senhora e a usarmos as correntes ou
cadeias? E no caso das mulheres a usar apenas saias e vestidos
longos, assim como o véu?
Mais uma vez é preciso dizer: A Total Consagração não nos obriga a
nada. Nada é exigido sob pena de se estar cometendo pecado. Rezar o terço
ou a Coroinha, usar as correntes de ferro; e no caso das senhoras e
senhoritas, usar o véu ou apenas saias e vestidos longos, não são condições
para se consagrar, embora se recomende vivíssimamente todas essas
piedosas práticas.
A única condição para se consagrar é que a pessoa seja batizada e queira
realmente viver de modo fiel o seu Batismo, ou seja, que queira ser santa e
viver na graça de Deus.
As pessoas que se consagram e se deixam formar por Nossa Senhora, se
ainda não têm praticado uma piedade mais perfeita, seguramente a isso
serão conduzidas, desde que sejam dóceis e se deixem formar por esta boa
Mãe e Mestra incomparável.
64.
Qual o modo que São Luís Maria de Montfort ensinou a
receber a Santíssima Eucaristia para obtermos mais
abundantes frutos?

O modo que São Luís Maria ensinou para praticar a comunhão Eucarística,
dentro desta devoção, aperfeiçoa esse que é o maior entre os atos da vida
cristã. Eis o que nos aconselha a respeito:
1- Humilhar-nos na presença de Deus antes da comunhão,
renunciando as próprias disposições e pedindo a Maria para nos
emprestar seu coração para que assim possamos receber Jesus
Sacramentado com as disposições com que Ela O recebia.
2- Suplicar a Nosso Senhor, na hora da comunhão, que não repare a
nossa indignidade, mas somente as virtudes e os méritos de sua
Mãe Santíssima, que é toda a nossa esperança;
3- Depois da Comunhão suplicamos que sejam nossas as mesmas
disposições de fé, de amor, de reconhecimento com as quais
Nossa Senhora adorava a Jesus em suas santas comunhões, para
que possamos as oferecer a Jesus por toda a ação de graças.
65.
Mesmo não possuindo obrigações a mais do que os demais
batizados, possui o consagrado a Nossa Senhora alguma
restrição que os outros não têm?
Os consagrados não possuem nenhuma obrigação a mais e nem mesmo
alguma restrição, salva a de que não devem oferecer os méritos de suas
orações e boas obras, pelo fato de não os possuir mais, uma vez que tudo
entregaram à Santíssima Virgem.
66.
A espiritualidade dos Consagrados é diferente?

A espiritualidade de um consagrado é diferente, no sentido que este,


consciente de suas fraquezas e limitações, resolveu confiar todo o governo
de sua vida à Virgem Santíssima, para nada fazer sem sua instrução, de
modo que tenha assim mais garantias de se manter na graça de Deus e de
esmagar a cabeça do inimigo quando sobrevierem as tentações.
Os consagrados não são uma casta a parte... são apenas simplesmente
batizados que recorreram à Santíssima Virgem, para que Ela os ensine a
amar Jesus e a perseverar em seus ensinamentos.

67.
O que acontece se um consagrado cometer um pecado
mortal? O fato de ser consagrado torna os pecados mais
graves ainda?

Se um consagrado cometer um pecado mortal, ocorre com ele o que ocorre


com qualquer outro batizado, ou seja, perde a graça de Deus e coloca-se no
caminho do inferno, até que, arrependido se confesse com um sacerdote e
se reconcilie com Deus e com a Santa Igreja.
O fato de sermos consagrados não torna os nossos pecados mais ou menos
graves.
Devemos sempre recordar que um consagrado, é simplesmente um católico
que consciente de sua fragilidade, confiou sua vida à Santíssima Virgem
para que Ela o ajude a ser fiel a Jesus.
68.
Como posso lidar com o medo de não conseguir honrar
Nossa Senhora?

Esse tipo de medo geralmente é resultado da imaturidade espiritual e da


pouca confiança em Deus. Um dos efeitos da consagração na alma da
pessoa que busca vivenciar essa entrega é justamente o aumento da
confiança em Deus e a mudança na forma de se relacionar com Ele, pois
Nossa Senhora nos ajuda a superar o medo de Deus e nos leva a vê-lo como
um Pai bondoso que nos ama ternamente e em quem podemos confiar
plenamente. Nossa Senhora é muito honrada por nós quando fazemos a
consagração, uma vez que por esse ato estamos confiando-lhe toda nossa
vida e tudo o que possuímos. E continuaremos a honrando, à medida em
que confiarmos n’Ela e nos deixarmos conduzir por Ela, para que Ela nos
torne mais autênticos seguidores de Cristo.
69.
Depois da consagração é necessário modificar o modo de se
vestir? Também ficam proibidos os adornos e maquiagens?

Tudo o que em nós não estiver de acordo com a vontade de Deus,


precisamos mudar, independente de sermos ou não consagrados. A
vantagem como consagrados é que teremos uma graça especial para isso,
uma vez que nos entregamos completamente a Nossa Senhora, justamente
para que Ela nos ajude a fazer cumprir em nossa vida a vontade de Deus,
fazendo o que lhe agrada e rejeitando o que Ele não quer.
Em relação às vestes, todos temos que renunciar qualquer tipo de
vestimenta que seja imodesta e/ou sensual. E no que se refere aos adornos e
pinturas, vale a descrição e o bom senso. Nunca se mostrar de maneira
espalhafatosa, exagerada, regalada ou chamativa, mas sim, ser discreta e
modesta. Em outras palavras, nunca se apresentar de uma forma que Nossa
Senhora não se apresentaria. Essa é uma regra geral.
70.
Uma senhora ou senhorita consagrada pode continuar
usando calças compridas?

A consagração não trás consigo nenhuma norma de conduta específica, mas


renova os votos batismais pelos quais renunciamos o pecado e todas as
obras de satanás. A calça em si não seria pecaminosa, se fosse frouxa e se
usasse uma camisa ou camiseta que tampasse os quadris de forma a não
permitir se retratar e expor o corpo da mulher. Na realidade raramente se
usam calças descentes, que não sejam apertadas e modeladoras do corpo,
pelo que se recomenda evitar o uso das mesmas. Entretanto, se alguma
senhora ou senhorita as quiser utilizar de modo descente não estará
pecando.
71.
Como viver a modéstia de Maria sendo homem?

A modéstia é uma virtude que vale para todos, homens e mulheres. Refere-
se à sobriedade e pureza no modo de vestir-se, falar, olhar, brincar, e demais
áreas do comportamento. Sendo assim, relativamente à modéstia, um
homem não deve vestir-se de forma sensual e provocativa, deve sim,
renunciar a roupas coladas, curtas ou que de alguma forma retrate o corpo e
transmita sensualidade. Também deve guardar a modéstia no falar e nas
demais atividades. Como disse São Paulo, tudo o que fizermos, devemos
fazer para o Senhor, com o intuito de em tudo agradá-Lo.
72.
Como os homens podem imitar Maria, sem afetar sua
masculinidade?

A imitação de Maria refere-se às suas virtudes que, portanto, independe do


ser homem ou mulher. Todos nós necessitamos ser santos e Maria é o
modelo acabado de todas as virtudes. A imitação das virtudes de Maria
torna um homem ainda mais sólido em sua virilidade.
73.
Podemos, depois de consagrados, continuar a possuir
"gostos mundanos"? Por exemplo: gostar de uma
determinada banda ou programa que não seja religioso?

Depende... Como qualquer pessoa cristã, um consagrado deve evitar tudo o


que é pecado e ofende a Deus e buscar fazer tudo quanto possa honrá-Lo.
Se a música for contra a fé e a moral cristã, devemos rejeitá-la prontamente,
do contrário poderemos ouvi-la. O mesmo se diga do programa ou outra
atividade. Mas isso não se deve ao fato de sermos consagrados e sim pelo
fato de sermos católicos, que acreditam em Deus e querem honrá-Lo com
sua obediência.
74.
Como explicar para a família a Consagração?
A consagração é um ato pessoal. Algo entre a pessoa e Deus. Uma prática
aprovada e recomendada pela Igreja, que, portanto não carece da permissão
ou aprovação da família, pois não comporta nenhum tipo de prática que
ponha em risco a saúde do corpo ou da alma, ao contrário, nos ajuda a
sermos melhores como pessoas, como cristãos, como filhos, como irmãos,
como pais, como mães, como padres, como religiosos (as), etc.
Podemos comunicar nossa família e mesmo incentivá-los a fazer também
essa total entrega à Jesus por Maria.
Em se tratando de crianças, estas devem ser preparadas pelos pais ou com o
consentimento deles.
75.
É necessário colocar "Maria" no nome quando se faz essa
consagração?

Não é necessário. Trata-se de algo opcional para quem não possui esse
dulcíssimo nome no seu. Aliás, o privilégio é todo nosso. É uma
grandíssima graça podermos acrescentar ao nosso nome o glorioso nome de
nossa Mãe Santíssima, pois lá no céu, se perseverarmos na graça, assim
seremos chamados, com o nosso nome acrescido com o nome da Santíssima
Virgem.

76.
Com quantos anos se pode consagrar?

Pode-se consagrar após o uso da razão (mais ou menos 07 anos), de


preferência depois que já se aprendeu a ler e escrever, desde que a criança
seja adequadamente preparada e seus pais ou responsáveis lhe proporcione
uma vida cristã. É necessário que ao menos de modo básico a criança
compreenda o que está fazendo.
77.
Podemos consagrar os bebês por esse método?

Não podemos consagrar bebês ou quem não tenha entendimento por esse
método, porque se trata de uma entrega pessoal, ou seja, de uma
consagração que a pessoa faz de si mesma a Deus por meio de Nossa
Senhora, o que exige um mínimo de consciência e conhecimento do que se
está fazendo.
78.
É necessário "estarmos prontos" para nos consagrarmos?
Como sabemos se já estamos prontos?

O que se exige para podermos nos consagrar é simplesmente sermos


batizados e termos o sincero desejo de viver os votos batismais.
Fora isso o que necessitamos é ler e estudar o Tratado da Verdadeira
Devoção e fazermos os 30 dias de preparação.
Não é necessário nada, além disso.
79.
O que dizer às pessoas que dizem que “não são dignas’’ de
fazer esta consagração?

Normalmente, as pessoas que assim dizem, não sabem o que estão falando.
Consagrar-se ou não, não é uma questão de ser ou não ser digno, pois,
rigorosamente falando, ninguém é digno das coisas sagradas, mas Deus
mesmo nos tornou capazes de recebê-las, assim como à sua graça. Se uma
pessoa não se acha digna de fazer esta consagração, como poderá então
receber a Santíssima Eucaristia que é o próprio Deus?...A consagração não
é apenas para os perfeitos mas, sobretudo, para os que querem auxílio para
ir para o céu. Nos consagramos, não porque somos dignos, mas porque
necessitamos de ajuda para sermos fiéis a Deus e aos votos de nosso
batismo.
80.
Não é Nossa Senhora que escolhe os que Ela quer que
sejam seus escravos por amor? Não é preciso um sinal ou uma
“moção espiritual’’ para podermos nos consagrar?

Nossa Senhora já escolheu a todos os seus filhos para que sejam


consagrados e escravos por amor, o que é necessário é que nós a
escolhamos para ser nossa Mãe, Mestra e Formadora como o determinou
Jesus. E fazemos isso por meio desta total entrega ou santa Escravidão de
Amor.
O maior incentivo para nos fazermos escravos por amor já foi dado pelo
Espírito Santo e está nas Sagradas Escrituras quando Ele nos diz: “Sede
santos, porque Eu Sou Santo’’ ou se preferirmos podemos escutar as
Palavras saídas da boca do próprio Jesus: “Eís aí a tua Mãe’’...precisamos
ainda de alguma confirmação?
Quem entendeu que a consagração é um auxílio que Deus nos proporciona
para nos ajudar a sermos santos e perseverarmos na graça não fica
vacilando para fazer sua total entrega... do contrário, certamente sua dúvida
não será se quer ou não se consagrar, mas se quer ou não ir para o céu.
81.
Não seria imprudência fazer essa consagração muito
jovem?

Imprudência é dispensarmos ou adiarmos meio tão excelente que Deus nos


deu para nos ajudar a sermos santos.
O quanto antes fizermos, tanto melhor para crescermos no amor a Deus e
nos preservarmos do mal e do pecado.
82.
Como consagrado corro o risco de passar mais tempo no
Purgatório pelo fato de ter doado todo o valor satisfatório ou
indulgêncial de meus méritos?

Como diz São Luís Grignion de Montfort, esse pensamento é fruto do amor
próprio e do egoísmo e se destrói por si mesmo. Deixaria Nossa Senhora
passar mais tempo do que o necessário no Purgatório aquele que se
despojou completamente para mais honrá-La? Claro que não!...Ao
contrário, Ela que é a ecônoma de Deus e o “banco sagrado’’, onde seus
filhos e escravos por amor depositam todo seu tesouro espiritual, poderá
usar dos valores espirituais aí depositados para abreviar em muito nosso
tempo ou mesmo nos livrar do Purgatório. Amemos e façamos o bem da
melhor maneira possível e todo o restante confiemos a Ela que nos ama
ternamente e quer o nosso bem.
83.
Quando fazemos esta consagração precisamos renová-la
todos os anos?
Sim, é importante renovar todos os anos essa consagração fazendo
novamente os exercícios espirituais. Como temos sempre a tendência de
esquecer nossos propósitos e de esfriar o fervor inicial, essa prática nos
ajuda a sempre pensar de novo na entrega que um dia fizemos para que
possamos vivenciá-la ainda melhor e colher mais e melhores frutos dessa
grande espiritualidade.
84.
É possível que uma pessoa que se consagrou por este
método, se “desconsagre’’?

A consagração é perpétua, ou seja, uma vez feita é para sempre, a não ser
que o revoguemos expressamente. O que na prática significaria renunciar a
Jesus Cristo e a Santíssima Virgem para se entregar ao diabo.
85.
Quando um consagrado se confessa e o sacerdote dá como
penitência rezar por uma determinada intenção, como deve
proceder o consagrado, uma vez que entregou seus méritos à
Santíssima Virgem?

Deve cumprir a penitência dada pelo sacerdote na confissão, pois Nossa


Senhora como serva obedientíssima quer também que seus filhos o sejam.
86.
Quem tudo entregou à Santíssima Virgem por esta
consagração pode fazer novenas aos outros santos ou mesmo
consagrações como a São José ou aos Santos Anjos?

Sim. A consagração a Nossa Senhora nos fará ainda mais devotos e amigos
dos santos. Podemos sim, rezar e nos consagrar aos anjos e santos, pois essa
entrega ajudará a fazer de modo mais perfeito todas as boas práticas
devocionais.
87.
Então podemos dizer que fazemos voto de pobreza,
obediência e castidade ao se consagrarmos?
Não. Não fazemos votos de pobreza, obediência e castidade, que são
próprios das congregações ou ordens religiosas. Esta consagração pode ser
feita por todas as pessoas batizadas que querem ajuda para conservar,
crescer e perseverar na graça de Deus, independentemente do estado de
vida à qual sejam chamadas a viver.
SEXTA PARTE
Sobre a preparação para a Consagração, a
cerimônia, o uso das correntes e outros
88.
É necessário que esta consagração seja feita na presença de
um sacerdote?

Não. Pois se trata de uma consagração pessoal, ou seja, de uma entrega de


si mesmo a Deus, que, portanto, independe da presença ou aprovação de um
sacerdote.
Entretanto, sem dúvida, seria muito desejável a presença de um sacerdote
para abençoar essa entrega e também as cadeias que serão usadas como
sinal externo da consagração.
89.
O que fazer se o padre de nossa paróquia ou bispo da
diocese não aceitam esta consagração?

A consagração, tal como é ensinada por São Luís Maria Grignion de


Montfort no Tratado da Verdadeira Devoção, é uma prática totalmente
aprovada pela Igreja. Foi aprovada, indulgenciada e recomendada por
diversos Papas. Vivenciada e testemunhada por numerosos santos, de modo
que NÃO carece da aprovação de nenhuma outra autoridade para ser
praticada pelos fiéis católicos.
Por se tratar de uma prática pessoal já aprovada e recomendada pela Igreja,
o fiel NÃO necessita da autorização ou da concordância de qualquer outra
autoridade para realizá-la.
Contudo, em geral, será muito mais útil para a causa da divulgação da
consagração o apoio das autoridades locais para que outros fiéis sintam-se
mais motivados a se consagrarem também.
90.
Para a consagração ser válida é necessária a assinatura de
um sacerdote na fórmula de consagração?
Não. Para uma consagração ser válida não é necessária a assinatura de um
sacerdote. Mas, caso haja um sacerdote que acolha e abençoe, este poderá
assinar como testemunha. Entretanto, não se trata de algo essencial ou
necessário.
91.
Essa Total Consagração tem que ser feita na Missa ou pode
ser feita fora da mesma?

É mais adequado e recomendável que se faça na Santa Missa, após a


comunhão, em ação de graças. Mas também poderá ser feita fora da Santa
Missa, diante de uma imagem de Nossa Senhora.

92.
A Total Consagração poderá ser feita em qualquer
momento da Missa?

Não. A consagração só poderá ser feita após a comunhão e ação de graças.


Então se faz a leitura da fórmula, se assina, e se for o caso, o sacerdote
abençoa e faz a imposição das cadeias.
93.
Quando se faz a consagração com o acolhimento do
sacerdote como deve ser a cerimônia?

A cerimônia deve ser digna como manda a Santa Igreja e prescreve o


Missal Romano. Pode-se, se a liturgia do dia o permitir, dar um acento mais
mariano, especialmente se for alguma Festa de Nossa Senhora.
Se possível, que a Igreja esteja bem ornamentada com flores naturais e que
o sacerdote use todos os paramentos como é prescrito no Missal.
A critério do celebrante, os consagrandos poderão tomar parte na procissão
de entrada, se possível com vestes especiais para o dia (recomenda-se que
as senhoras e senhoritas usem vestidos ou saias longas e também o véu para
horarem, ainda mais, Nossa Senhora buscando imitá-la interior e
exteriormente testemunhando a modéstia com mais vigor).
Se possível, os consagrandos permaneçam juntos nos bancos mais centrais e
o mais adiante possível.
Participa-se da Missa normalmente, com piedade, devoção e profunda
adoração a Deus Nosso Senhor.
No momento do ofertório, os consagrandos poderão levar rosas a Nossa
Senhora.
Usa-se o método ensinado por São Luís de Montfort, para se comungar com
mais fruto.
Após a comunhão e ação de graças pessoal, se acende as velas (que cada
um deve portar para indicar que será feita a renovação das promessas do
batismo) e se procede à leitura da fórmula de consagração (que já deve estar
impressa).
Terminada a leitura da fórmula, se apagam as velas e cada um deve assinar
a fórmula da consagração, como que passando a “escritura’’ da própria vida
e de tudo o que possui a Nossa Senhora.
Uma vez assinadas as fórmulas, o sacerdote irá dar a benção nas cadeias e
aspergir as mesmas e aos neo consagrados (se pode fazer um breve canto de
ação de graças).
As cadeias podem ser colocadas pelos próprios consagrados ou pelo
sacerdote.
Seguem-se os ritos finais ordinários da Santa Missa.
Se o sacerdote quiser assinar como testemunha, poderá fazê-lo após a Santa
Missa.
Também neste dia (pode ser também em dia próximo), conforme aconselha
São Luís no Tratado da Verdadeira Devoção, se oferece a Nossa Senhora
algum tributo ou presente.
94.
Qual oração para a benção e imposição das cadeias os
sacerdotes poderão utilizar na cerimônia de consagração?

Na cerimônia de consagração o sacerdote poderá utilizar a seguinte fórmula


(ou outras semelhantes) para fazer a bênção e imposição das cadeias:
S- Nossa proteção está no nome do Senhor.
T- Que fez o Céu e a Terra.
S- O Senhor esteja convosco.
T- Ele está no meio de nós.

Benção:
S- + Abençoai Senhor, estas cadeias que os vossos filhos aqui apresentam
como sinal de sua entrega total a vós por meio de sua Mãe Santíssima.
Fazei Senhor com que todos aqueles que as usarem com fé e devoção de
acordo com a vossa Lei e vontade, alcancem a graça da libertação das
cadeias de todos os vícios e pecados e se unam, mas perfeitamente a Vós
com laços de amor, por meio da Santíssima Virgem. Vós que viveis com o
Pai, na unidade do Espírito Santo. Amém.
Imposição:
S- Recebam estas cadeias, que voluntariamente quisestes usar e trazer
durante vossa vida, como símbolo de vossa total entrega e de vossa
escravidão de amor à Santíssima Virgem Maria, nossa Mãe, Mestra e
Rainha e, por meio d’Ela, a Jesus Cristo Nosso Senhor. Para que por meio
d’Ela, Ele vos receba e vos guarde bem em Seu Santíssimo Coração, já aqui
nesta Terra, e por suas mãos vos acolha quando entrares na Eternidade.
T- Amém
95.
O que, e como deve ser o tributo que São Luís de Montfort
diz que se deve oferecer a Nossa Senhora no dia da
consagração?

O tributo ou presente que São Luís diz que se deve oferecer a Nossa
Senhora no dia da consagração, pode ser qualquer oferenda
(penitência, renúncia, ato de caridade, etc.), desde que feito de todo
coração. Seria de grande utilidade, se o consagrando, fizesse uma
oferta especial que exigisse um grau de sacrifício e desapego um
pouco maior, especialmente tendo em vista a difusão da Total
Consagração. Seja o empenho para difundir a consagração, para
formar grupos de consagrados e de preparação, para que mais pessoas
se consagrem ou ainda ajudar materialmente a obra de propagação da
consagração.
96.
A fórmula que se usa na consagração deve ser copiada a
mão ou deve ser impressa?

Tanto faz. Pode-se usar um modo ou outro. Em geral se recomenda a


fórmula impressa porque se torna mais organizado, legível e apresentável.
O próprio São Luís de Montfort, fazia imprimir as fórmulas que recitava
com o povo ao fim de cada missão que realizava.
97.
Quando alguém se consagra por este método no dia de
alguma Festa de Nossa Senhora, se diz que a pessoa se
consagrou, por exemplo, a Nossa Senhora Aparecida, a Nossa
Senhora de Fátima, à Virgem de Guadalupe ou outros títulos?

Quando se consagra por este método, se consagra simplesmente a Nossa


Senhora e não a algum de seus títulos específicos, ainda que seja na data de
uma festa mariana.
98.
É obrigatório o uso da cadeia para quem se consagra?

O uso das cadeias não é obrigatório, mas muito recomendado, pois uma vez
abençoadas são sacramentais, que nos alcançam graças e proteção. Além do
que, nos recordam sempre que pertencemos a Jesus e Maria, de forma a nos
ajudar a evitar a funesta escravidão aos vícios e ao demônio.
Além disso, o uso da corrente é um poderoso meio de propaganda da
consagração, uma vez que desperta em muitos a curiosidade a cerca da
mesma, dando-nos a oportunidade de falar a respeito da consagração.
Torna-se um “marketing” de Maria e da Total Consagração a Ela.
99.
O uso das correntes como um sacramental e sinal externo
da consagração é algo aprovado pela Igreja?
Toda a doutrina, bem como as práticas ensinadas por São Luís Grignion de
Montfort no Tratado da Verdadeira Devoção e demais escritos seus,
foram aprovadas pela Igreja e declarados isentos de erros pelo Papa Pio IX
em 12 de maio de 1853. O uso das cadeias é recomendado pelo santo de
Montfort no Tratado da Verdadeira Devoção. As cadeias de ferro foram
utilizadas por vários santos como sinal e testemunho de sua total entrega.
100.
Onde devemos usar a corrente?

Poderemos usar as correntes no punho, no tornozelo, no pescoço ou na


cintura.
Entretanto, é recomendável que se use em lugar visível, justamente para nos
recordar a nós e aos outros que pertencemos a Jesus e Maria. Em geral, o
uso no punho cumpre melhor a função acima descrita, de recordar-nos a nós
e aos outros a nossa pertença a Deus, ao mesmo tempo em que se torna
mais visível se faz melhor propaganda da consagração. Entretanto não há
uma obrigação quanto a isso e cada um pode usar como desejar.
101.
Como devem ser as correntes? De qual espessura? De que
material?

Como descrito no Tratado, as correntes devem ser simples, de ferro... não


de ouro ou de prata, mas humildes. No caso das pessoas que têm alergia a
ferro, se pode usar algum outro material. Não devem ser tão finas de forma
que se pareçam com quaisquer correntinhas ou cordões que as pessoas estão
acostumadas a usar, nem exageradamente grossas. Cabe aqui uma dose de
bom senso e discernimento.
102.
No lugar das correntes pode-se utilizar medalhas, anéis,
escapulários ou crucifixos como símbolo da consagração?

As correntes, embora não sejam obrigatórias, são o único sinal externo que
identifica a Santa Escravidão de Amor. Os outros símbolos, embora
excelentes e recomendados para o uso de todos, não são sinais externos
específicos da Total Consagração. Apenas as correntes são sinais externos
específicos da Total Consagração a Nossa Senhora.
103.
Existem padrinhos para essa consagração?

Não existem padrinhos para esta consagração. O que pode haver são
pessoas que nos ajudam a conhecer e/ou nos preparar para essa total
entrega, mas não convém chamá-los de padrinhos para não banalizar essa
que é uma função específica dentro da Igreja.
104.
Não seria esta consagração uma pratica já muito antiga e
inadequada para o nosso tempo?

Esta total consagração é uma renovação de nosso Batismo e tem por


finalidade nos ajudar a sermos mais fiéis a nossa vida cristã. Sendo assim, a
Total Consagração ou Santa Escravidão de Amor é de uma atualidade
pastoral perene, pois viver o batismo é uma exigência mesma de nossa fé
para que possamos nos salvar. Esta consagração nunca se torna ultrapassada
justamente porque ela nos ajuda a vivermos melhor a nossa consagração
batismal.
Aliás, um dos maiores apóstolos desta consagração em nossos dias foi o
grande Papa João Paulo II, sendo, portanto um testemunho atualíssimo.
105.
Qualquer pessoa ou grupo pode divulgar essa consagração ou
é necessária à permissão de alguma autoridade?

Qualquer pessoa ou grupo pode divulgar essa consagração e preparar


pessoas para se consagrar, desde que tenham se preparado e o façam de
modo correto. Para tal não necessitam de nenhum tipo de autorização, pois
se trata de uma consagração já aprovada e recomendada pela Igreja.
Entretanto é evidente que tudo o que for possível ser feito em comunhão
com a autoridade local, certamente favorecerá a causa da difusão da Total
Consagração.
106.
Pode-se renovar a consagração em uma data diferente
daquela em que fizemos?

É muito adequado que se renove na mesma data em que se realizou a


consagração, mas esta pode ser renovada também em outras datas.
107.
Quais são as datas em que ganhamos indulgência plenária ao
se fazer ou renovar esta consagração?

As datas em que se pode lucrar indulgência plenária se consagrando ou


renovando a consagração são quatro:
1- 28 de Abril: Dia de São Luís Maria de Montfort;
2- 25 de Março: Solenidade da Encarnação do Verbo;
3- 08 de dezembro: Solenidade da Imaculada Conceição;
4- 01 de Janeiro: Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus.
108.
De que forma a difusão da Santa Escravidão a Maria pode
tornar uma Paróquia ou Comunidade mais fervorosa?

A difusão da Consagração em uma comunidade ou paróquia a tornará mais


fervorosa na prática religiosa, na oração, na frequência aos sacramentos, nas
práticas de piedade, bem como na vivência de todas as virtudes, no sentido
que, na medida em que seus membros se entregam totalmente ao governo
de Maria Santíssima, aprendem com essa boa Mãe a fazer melhor todas as
coisas. Com o tempo passam a ter uma consciência maior da vida espiritual,
de forma a compreender muito melhor o que é uma Santa Missa e como
dela participar, a importância da Confissão, a grande necessidade da oração
e tudo o que é útil para se viver na graça e se salvar.
109.
É possível que uma pessoa que não saiba ou não possa ler
venha a fazer esta consagração?

Sim, é possível, desde que haja quem a instrua no conhecimento da


Verdadeira Devoção de modo que possa ter uma ideia clara do que é esta
consagração para fazê-la conscientemente. Poderá também escutar o
Tratado em áudio e igualmente escutar as meditações para cada dia de
preparação, bem como acompanhar as orações. No dia poderá repetir a
fórmula da consagração lida por alguém e concordar com “Assim seja”.
110.
Se não se renovar a consagração a cada ano ela perde a
validade?

Esta consagração é perpétua e não possui data de validade. Ainda que não
se renove, a consagração continua a valer igualmente e nossa pertença a
Deus e à Santíssima, na condição de escravo por amor, continua a mesma.
A importância de se renovar anualmente a consagração realizando os
exercícios espirituais, é para que nós possamos sempre reavivar a
consciência de nossa total entrega, afim de que possamos vive-la melhor.
Considerações
Finais
Se temos a consciência de que é vontade expressa do Coração de Jesus que
se estabeleça no mundo a Verdadeira Devoção ao Coração de Sua Mãe
Santíssima, tudo façamos para cumprir esse desejo de Nosso Senhor.
Isso redundará na Maior Glória de Deus e no bem e salvação de
numerosíssimas almas.
Divulgar a Santa Escravidão de Amor e levar as pessoas a se consagrar é a
mais excelente forma de ajudá-las a perseverar na graça de Deus e de
contribuir para resgatar muitíssimas outras pessoas das garras de satanás.
Procuremos compreender bem essa Total Entrega...
Procuremos vivenciá-la melhor ainda, para que, transmitindo-a de um modo
simples, claro e convincente, possamos dar à Santíssima Virgem um grande
e destemido batalhão de escravos por amor, para que ao comando dessa
Soberana Rainha se conquiste o mundo e todos os corações para seu único e
grande Jesus.

Anexos
ANEXO I
A necessidade e urgência da propagação da Total Consagração
à Santíssima Virgem

Amados irmãos e irmãs, todos estamos unidos no amor de Cristo e


queremos que Deus seja glorificado e que todos os seus filhos se salvem.
Cada qual, de acordo com as suas forças e com o estado de vida inspirado
por Deus, tem contribuído para a realização desses desígnios celestes. Nós
desejamos e trabalhamos para que Jesus reine no mundo e para que todos se
salvem. É preciso, porém, estarmos atentos à vontade de Deus e a sua
pedagogia.
Diz São Luís Grignion de Montfort na introdução do Tratado da
Verdadeira Devoção: “Foi por meio da Santíssima Virgem que Jesus
Cristo veio ao mundo e por meio dela que Ele deve reinar no mundo
(T.V.D. 1)”. É, portanto, sabido por todos, que Jesus Cristo vai reinar no
mundo e que o “Reinado de Maria” vai ser o meio pelo qual se dará o
“Reinado de Jesus”.

Em Fátima, a Santíssima Virgem confirma a profecia de São Luís quando


diz “Por fim meu Imaculado Coração triunfará”, e nos indica o meio que
a Providência Divina estabeleceu para que aconteça este Triunfo: “Meu
filho quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração”.
É justamente aqui onde devemos estar atentos, pois a devoção que Jesus
quer que se estabeleça ao Imaculado Coração de sua Mãe Santíssima não é
qualquer devoção, mas a perfeita devoção, a Total Consagração ou Santa
Escravidão de Amor, tal como ensina São Luís Grignion de Montfort; que
elucidando a profecia de Fátima diz: Esse tempo (do Triunfo-Reinado de
Maria) chegará quando se conhecer e praticar a devoção que eu ensino
(T.V.D.217).

Os desígnios de Deus são claros e simples: O Reino de Cristo se


estabelecerá pelo Reino de Maria e o Reino de Maria, pela propagação da
Total Consagração a Santíssima Virgem ou Escravidão de Amor ensinada
por São Luís de Montfort no Tratado da Verdadeira Devoção. Daí se
compreende a razão que levou o demônio a ter tanto ódio deste pequeno
livro, Tratado da Verdadeira Devoção, e a escondê-lo durante 130 anos
(1712-1842). O inimigo infernal queria (e quer) estabelecer o seu reino
diabólico e impedir o Triunfo-Reinado da Santíssima Virgem e, assim, o
Reinado de Jesus. Sendo assim, é urgente e necessário que todos
(independentemente de grupos, movimentos e comunidades que participem)
conheçam, façam, vivam e propaguem a Total Consagração a Nossa
Senhora, pois esta Total Consagração é patrimônio da Igreja Católica, não
atrapalhando a vivência de nenhum carisma particular, ao contrário, quando
alguém se consagra totalmente a Nossa Senhora, Ela mesma leva a pessoa a
viver com mais intensidade e fidelidade o seu próprio carisma.
A Total Consagração consiste numa total entrega de si mesmo a Nossa
Senhora com tudo que se tem, possui ou se possa possuir, na ordem da
natureza, da graça e da glória. A missão que Jesus deu a Nossa Senhora foi
a de formar verdadeiros adoradores de Deus. Pela Total Consagração, nós
acolhemos Maria em nossa casa e ela nos acolhe na escola do seu
Imaculado Coração, onde aprendemos o verdadeiro amor a Deus e ao
próximo, bem como as demais virtudes que farão de nós verdadeiros
cristãos. Fazer a Total Consagração é dar o nosso sim a Jesus que nos deu
Maria por Mãe, Mestra e Formadora.

Irmãos, não sejamos indiferentes à vontade de Deus, façamos tudo o que


estiver ao nosso alcance para propagarmos a Santa Escravidão de Amor
ensinada por São Luís. Não deixemos que o demônio continue a esconder
de nós e dos outros esta doutrina celeste. Nestes últimos tempos em que se
intensifica a batalha espiritual entre a Santíssima Virgem e o inimigo,
sejamos apóstolos da Total Consagração para que venha logo o Triunfo de
Maria e o Reinado de Jesus.

“Quando virá esse tempo feliz em que Maria será estabelecida Senhora e
Soberana dos corações, para submetê-los plenamente ao império de seu
grande e único Jesus? Quando chegará o dia em que as almas respirarão
Maria, como o corpo respira o ar? Então, coisas maravilhosas acontecerão
neste nosso mundo, onde o Espírito Santo, encontrando sua querida Esposa
como que reproduzida nas almas, a elas descerá abundantemente,
enchendo-as de seus dons, particularmente do dom da sabedoria, a fim de
operar maravilhas de graça. Meu caro irmão, quando chegará esse tempo
feliz, esse século de Maria, em que inúmeras almas escolhidas, perdendo-se
no abismo de seu interior, se tornarão cópias vivas de Maria, para amar e
glorificar a Cristo? Esse tempo só chegará quando se conhecer e praticar a
devoção que ensino:“Ut adveniat regnum tuum, adveniat regnum Mariae”.
(T.V.D.n.217).

Padre Rodrigo Maria,


escravo inútil da Santíssima Virgem

ANEXO II
A Total Consagração e a Estratégia de Deus para salvar seu
povo, revelada por Nossa Senhora em Fátima
Nosso Senhor Jesus Cristo veio ao mundo para nos salvar, ou seja, para
pagar o preço pelos nossos pecados, nos livrar do inferno e nos possibilitar
a felicidade eterna, que consiste na união com Deus no amor.
O objetivo de qualquer boa devoção ou prática de piedade é nos ajudar a
conhecer e colocar em prática a vontade de Deus de forma que possamos
perseverar na comunhão com Ele aqui e deste modo chegar à eterna bem
aventurança.
A Palavra de Deus e a Igreja nos ensinam que vão para o céu as pessoas que
no momento de sua morte estão em estado de graça, ou seja, na comunhão
com Deus, livres de pecados mortais. Por outro lado, vão para o inferno
todas as pessoas que no momento de sua morte estão em pecado mortal, ou
seja, sem a graça de Deus.
A graça de Deus que recebemos no Batismo é absolutamente necessária
para a nossa salvação. Se, no momento de nossa morte nos apresentarmos a
Deus sem a graça santificante (ou habitual), seremos precipitados no
inferno. A graça santificante é um dom sobrenatural que nos torna capazes
de termos comunhão com Deus, ou em outras palavras, a graça de Deus é a
presença de Deus em nós.
Após o início do uso da razão (mais ou menos 07 anos), poderemos perder a
graça de Deus se cometermos algum pecado mortal, ou seja, se
desobedecermos a Deus em matéria grave. O pecado mortal assim se chama
justamente porque nos faz perder a graça que é a vida de nossa alma,
deixando-nos mortos sobrenaturalmente. Se cometermos um pecado mortal,
estamos rompendo a amizade com Deus, rejeitando sua autoridade sobre
nós e desprezando seus mandamentos. A pessoa que está em estado de
pecado mortal, está em perigo de ir para o inferno a qualquer momento se
assim morrer.
Nosso grande esforço como cristãos é exatamente o de amar a Deus de
verdade, colocando em prática seus mandamentos de forma a conservarmos
em nós sua graça, ou seja, na vida de comunhão com Ele que concretamente
se expressa na digna recepção da Santíssima Eucaristia.
Jesus Cristo fundou a Igreja justamente para que continuasse sua obra
salvífica, ensinando a verdade e comunicando a sua graça por meio dos
Sacramentos. Sendo assim, se alguém perdeu a graça de Deus cometendo
algum pecado grave, poderá recuperar essa mesma graça, através do
arrependimento e da Confissão Sacramental.
Qualquer pecado grave nos faz perder a graça de Deus e nos torna
merecedores do inferno. Por exemplo: faltar missas dominicais ou de
preceito por preguiça e/ou comodismo; ter ódio do próximo; frequentar
falsas doutrinas; viver em situação de adultério (amasiamento, segunda
união), prática sexual fora do matrimônio, pornografia e masturbação,
frequentar ambientes gravemente pecaminosos (boates, discotecas,
carnavais, bailes funks, festas raves, etc.); evitar filhos por meios artificiais;
abortar ou apoiar o aborto; ingressar, apoiar ou votar em partidos ou
organizações de cunho socialista/comunista ou que defendem o aborto e a
ideologia de gênero; prejudicar o próximo com calúnias e difamações; etc,
etc, etc... a lista é grande... É sempre útil recordar que um pecado para ser
grave, além da matéria grave, necessita que se tenha conhecimento de causa
e vontade deliberada.
Quem quer ir para o céu deve se esforçar para rejeitar todo pecado,
especialmente os graves (ou mortais) que nos fazem perder a graça de Deus.
Para isso precisamos, além da ascese (esforço pessoal), do auxílio da graça
de Deus (graças atuais) que são obtidas pela oração, penitências, caridade e
digna recepção dos sacramentos.
A Total Consagração à Santíssima Virgem ou Santa Escravidão de Amor,
tem exatamente a finalidade de nos ajudar a perseverar na graça de Deus,
ensinando-nos a amar Jesus de verdade, colocando em prática seus
ensinamentos, de modo a fazermos tudo o que Jesus mandou. A Total
Consagração, como ensina São Luís Maria Grignion de Montfort, é um
auxílio que Deus põe à nossa disposição para nos ajudar a viver melhor
nosso Batismo e a perseverarmos na graça que garantirá nossa entrada no
céu.
A doutrina sobre essa Total Consagração a Jesus por Maria foi imortalizada
por São Luís de Montfort no célebre escrito ''Tratado da Verdadeira
Devoção à Santíssima Virgem''. Este pequeno livro abalou o inferno e
provocou grande pavor e ódio em satanás.
Pavor, porque o inimigo sabia que a popularização daquela consagração
levaria ao cumprimento da profecia feita pelo Pai no Antigo Testamento
(Gen.3,15), onde Deus disse ao demônio que A Mulher e sua descendência
esmagariam sua cabeça... Ódio porque, por meio da Consagração ali
ensinada, os fiéis fariam a entrega de tudo que eram e possuíam a Nossa
Senhora, inclusive dos méritos de suas boas obras, através dos quais a
Santíssima Virgem poderia salvar muitas almas, alcançando a graça da
contrição e da conversão a muitos pecadores que de outro modo iriam para
o inferno.
Por essa doação dos méritos à Nossa Senhora muitíssimas almas seriam
arrancadas das garras do demônio, pois lhes seriam alcançadas as graças do
arrependimento e do retorno à comunhão com Deus ainda antes de morrer.
Foi por isso que a antiga serpente, o demônio, quis destruir o Tratado ou ao
menos escondê-lo, a fim de que o povo continuasse a não o conhecer, e
assim a não compreender a grande utilidade que esta Consagração teria para
as pessoas que a fizessem e para as outras que pela doação dos méritos
seriam resgatadas para Deus pela Santíssima Virgem.
O grande diferencial dessa Total Consagração em relação às demais
Consagrações é justamente a entrega dos bens espirituais a Nossa Senhora,
pois por esse meio ela passa a ser a administradora de nosso tesouro
espiritual (toda recompensa que Deus nos concede pelas boas obras),
guardando e fazendo crescer a parte pessoal e intransferível (valor
meritório) e administrando a parte doável desse tesouro (valor impetratório
e valor satisfatório ou indulgencial ), de modo que possa utilizar essa parte
doável sobretudo para resgatar as almas, alcançando-lhes a graça do
arrependimento, para que retornem à comunhão com Deus e se salvem.
Quando em Fátima (1917) Nossa Senhora mostrou o inferno aos
pastorinhos e disse que “muitos vão para o inferno porque não há quem
reze e se sacrifique por eles’’, Ela revelou também uma grande estratégia
de Deus para salvar o seu povo: “Para salvar as almas dos pobres
pecadores, meu Filho quer estabelecer no MUNDO a devoção ao meu
Imaculado Coração’’.
Devemos nos perguntar:
No que consiste a devoção ao Imaculado Coração de Maria e de que
forma esta devoção ajudará a salvar os pobres pecadores?
Lúcia de Fátima disse que a devoção ao Imaculado Coração de Maria
consiste em uma consagração de abandono e entrega. A forma pela qual
essa devoção poderá ajudar a salvar “os pobres pecadores’’, é justamente
pela entrega dos méritos espirituais a Nossa Senhora, por meio da Total
Consagração.
A total entrega à Santíssima Virgem transforma automaticamente a pessoa
consagrada em doadora de méritos espirituais, ainda que a mesma não
tenha compreendido bem essa realidade. Sempre recordando que pelo
simples fato de nos consagrarmos por esse método temos um grande
aumento no valor de nosso tesouro espiritual, uma vez que Nossa Senhora é
quem passa a oferecer todas as nossas boas obras a Deus, que antes de por
Ela serem ofertadas são purificadas de suas imperfeições e enriquecidas
pelo perfume de suas virtudes.
Por causa da comunhão dos santos os nossos merecimentos podem ser
aplicados para alcançar graças e socorrer nossos irmãos vivos e também as
almas que estão no Purgatório, por isso o Papa Pio XII disse que “é um
mistério como muitos se salvam não graças aos seus merecimentos, mas
aos de outros’’... na realidade esse ensinamento do Papa é a mesma verdade
dita por Nossa Senhora em Fátima; embora de uma forma inversa: “muitos
se perdem, porque não têm quem reze e se sacrifique por eles’’... ou seja,
embora os que se condenam o fazem por sua própria culpa, eles não se
condenariam se houvesse pessoas que alcançassem para eles a graça do
arrependimento e do retorno à comunhão, ainda antes da morte.
Na verdade, especialmente em nossos dias, a grandíssima maioria dos que
se salvam, se salvam graças à intercessão e merecimentos de outros.
A uma religiosa Canadense chamada Dina Bélanger (1897-1929) a qual
Jesus revelou os mistérios da vida religiosa, uma vez disse o próprio
Salvador que se os religiosos (as) que existiam no mundo simplesmente
vivessem sua regra, nenhuma alma iria para o inferno... NENHUMA!!!!...
pelos merecimentos e intercessão dos religiosos todos se converteriam antes
da morte e juízo de Deus... mesmo os assassinos e abortistas, os ladrões e
corruptos, os blasfemadores, satanistas, etc... até os petistas alcançaram o
arrependimento de seus erros e a salvação... Calculem, menos de 1,5
milhões de pessoas (total de religiosos + sacerdotes existentes no mundo)
ajudariam a salvar 08 bilhões de pessoas... mas, infelizmente, a maior parte
de nossos religiosos, não vivem bem as regras de suas comunidades.
Não há forma mais eficiente de ajudar a salvar almas do que
disponibilizando nossos dons espirituais à Santíssima Virgem, por isso
Nosso Senhor escolheu esse meio para salvar o seu povo nesses tempos
difíceis. Daí a palavra de Nossa Senhora: “MEU FILHO QUER
estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração’’.
Se quisermos ajudar a salvar muitíssimas pessoas, nada melhor do que fazer
e divulgar a Total Consagração, levando todos quantos for possível a se
consagrar, disponibilizando a Nossa Senhora os seus dons espirituais para
que ela socorra as almas...
Em 1917 Nossa Senhora mostrou que muitas almas caíam no inferno...
naquele tempo quase não havia divórcios, abortos, prática homossexual...
ainda não havia filmes pornográficos, nem rock, nem baile funk, nem festas
haves, etc... os sacerdotes e bispos pregavam a mesma doutrina em todos os
lugares... havia muito mais preocupação com a salvação das pessoas. Como
seria se ela mostrasse o inferno hoje?
Todos os dias morrem centenas de milhares de pessoas. Quantas estão na
graça de Deus? Quantas estão preparadas para enfrentar o juízo?
Todos os dias, melhor ainda, em todos os momentos, Nossa Senhora
recolhe e usa todos os méritos, que lhe foram entregues por seus filhos e
escravos por amor, para que por esse meio Ela possa alcançar a graça do
arrependimento para os que estão em pecado mortal e no perigo de ir para o
inferno a qualquer momento. Todos os dias Ela resgata muitíssimas almas
para Deus, mas ainda assim muitíssimos vão para o inferno. FALTAM
DONS ESPITUAIS PARA RESGATAR MAIS ALMAS... FALTAM
DOADORES DE MÉRITOS... Se Ela tivesse mais méritos à sua
disposição, resgataria mais e mais almas. Se muitas mais pessoas fizerem a
Total Consagração, haverá muitos mais doadores de dons espirituais.
Por tudo isso na celebração dos 3OO anos da morte de São Luís Maria de
Montfort (1716-2016) e dos 100 anos de Fátima (1917-2017), precisamos
fazer uma grande campanha para divulgar a Total Consagração e assim
garantir muitos novos doadores de méritos espirituais a Nossa Senhora, para
que muitos pecadores sejam salvos.
No jubileu dos 100 anos de Fátima, é preciso colocar em evidência essa
estratégia de Deus para salvar o seu povo nesses tempos de perdição e
apostasia. É preciso fazer compreender como a Total Consagração à
Santíssima Virgem corresponde à devoção ao Imaculado Coração de Maria
que Jesus quer que se estabeleça no mundo e como pela doação dos méritos
poderão ser salvos os pobres pecadores que, de outro modo, se condenarão.
Cada alma custou o Sangue de Cristo. E o maior ato de caridade que
podemos ter para com nosso próximo é ajudá-lo a se salvar. Empenhemo-
nos todos nessa grande campanha.
Padre Rodrigo Maria,
escravo inútil da Santíssima Virgem.

ANEXO III
Serviço de Utilidade Pública!
Ajude a salvar almas!
Doe seus Méritos a Nossa Senhora.
Seja um Escravo por Amor!
Aos combatentes que dedicam à vida lutando para estabelecer no
mundo o Reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo, sob o comando da
Soberana Senhora.

Caríssimos,
A celebração dos 300 anos de São Luís de Montfort , (1716 – 2016) e dos
100 anos das aparições de Fátima (1917 –2017) nos apresenta como
ocasião e meio privilegiado para cumprirmos a missão de estender no
mundo o Reinado de Jesus Cristo por meio da propagação da Total
Consagração à Santíssima Virgem.
A profecia deve se cumprir… E para tal, devemos fazer a nossa parte e
dar tudo o que há de melhor em nós.
Nossa vida não deve ser preciosa aos nossos olhos, não devemos nos
poupar.
Devemos gastar minuto após minuto, os nossos esforços, suores e lágrimas,
para levar todos quantos for possível ao refúgio do Imaculado Coração de
Nossa Mãe Santíssima.
O grande desejo do coração de Jesus é salvar o seu povo; para isso Ele veio
ao mundo; por isso Ele morreu na cruz; para isso Ele instituiu os
sacramentos e fundou a Santa Igreja.
A Total Consagração à Santíssima Virgem leva não apenas à santificação
daqueles que a fazem e se esforçam por vivenciá-la, mas beneficia a muitos
outros que são salvos graças aos méritos daqueles que, por meio desta total
entrega, doaram o seu tesouro espiritual à Santíssima Virgem, ou seja, o
valor espiritual de todas as suas boas obras.
Em 1917 em Fátima, Nossa Senhora disse aos pastorinhos, após mostrar-
lhes o inferno e as numerosas almas que aí caiam: “Muitos se perdem
porque não há quem reze e se sacrifique por eles”, ou seja, embora os que
se condenam o fazem pela sua própria culpa, se houvesse quem rezasse e se
sacrificasse por eles, certamente não se condenariam. Se houvesse quem se
importasse com eles, oferecendo orações e sacrifícios pela sua conversão;
quem gastasse o seu tempo para ensinar-lhes o caminho de santidade e de
salvação, eles não se condenariam.
Todos os dias (ou em todos os momentos) Nossa Senhora – que é o “banco”
de Deus – recolhe os méritos das orações, boas obras e sacrifícios que lhe
são oferecidos pelos seus filhos e escravos de amor e com esses méritos
resgata almas que iriam se perder, adquirindo-lhes as graças necessárias
para a sua conversão e o arrependimento ainda antes da morte. Mas, se Ela
própria nos diz que muitas almas estão se perdendo é porque tem faltado
doadores de méritos.
O simples fato de uma pessoa entregar à Santíssima Virgem todos os seus
bens espirituais, por meio da Total Consagração, faz com que os
merecimentos de suas boas obras alcancem um admirável aumento em seu
valor, uma vez que Nossa Senhora purifica as nossas boas obras e as reveste
do perfume de suas virtudes antes de oferecê-las a Deus. Desse modo,
cresce muito o valor meritório de nossas boas obras (parte pessoal e
intransferível), assim como a parte doável de nosso tesouro espiritual, de
forma que a Santíssima Virgem passa a ter à sua disposição mais méritos
para socorrer os seus filhos, especialmente aqueles que estão para
comparecer diante do Tribunal de Deus.
Foi por isso que nesta mesma mensagem de Fátima ela acrescentou: “Para
salvar as almas dos pobres pecadores, Meu Filho quer estabelecer no
mundo a Devoção ao meu Imaculado Coração”. Pois a Total Consagração
ao Imaculado Coração de Maria ou Santa Escravidão de Amor, nos
transforma em “doadores de méritos” para a Santíssima Virgem. Assim
sendo, não há melhor maneira de se santificar e ajudar a salvar muitas
outras pessoas do que fazendo e propagando por toda parte a Total
Consagração à Santíssima Virgem.
A escrita do Tratado da Verdadeira Devoção por São Luís de Montfort
abalou profundamente o inferno e fez tremer os demônios. Deus mesmo
mostrou em visão ao santo de Montfort toda a revolta, ódio e medo do
inimigo infernal, que ante a perspectiva da difusão de uma consagração que
levaria ao cumprimento da profecia feita no Antigo Testamento (Gên.
3,15), tentou destruir ou ao menos esconder o Tratado da Verdadeira
Devoção. Deus não permitiu que os demônios destruíssem o pequeno livro,
mas curiosamente não impediu que o escondesse por 130 anos (1712 –
1842). Satanás e seus sequazes queriam impedir uma maior divulgação
deste livro que ensina no que consiste a consagração e a devoção à
Santíssima Virgem, bem como sua missão de ajudar a formar, santificar e
salvar os que Cristo lhe confiou como filhos (Jo 19, 26) e assim o escondeu
no “silêncio de uma arca” afim de que não aparecesse... pois ele bem sabia
que por meio desta consagração muitas almas lhe seriam arrancadas, seu
reino seria destruído e sua cabeça seria esmagada.
A difusão da Total Consagração em nossos dias possui um significado e um
apelo muito mais profundo do que possa parecer à primeira vista. A Total
Consagração tem um carácter escatológico, pois faz parte da estratégia de
Deus para salvar o seu povo nestes últimos tempos (T.D.V. 110 – 114). O
próprio São Luís de Montfort no Tratado da Verdadeira Devoção diz que
esta total entrega a Nossa Senhora seria mais necessária sobretudo nestes
últimos tempos, devido à grande corrupção no qual este iria se encontrar.
De novo Jesus aponta para o seu povo e diz: “Eis aí a tua Mãe”... foi por
isso que Nossa Senhora disse que Jesus quer que se estabeleça no mundo a
devoção ao Seu Imaculado Coração, pois essa é a sua estratégia para
neutralizar a ação do mal, esmagar a cabeça do inimigo e salvar o seu povo.
Como dizia o grande Papa São João Paulo II, referindo-se à Total
Consagração: “Esse tesouro não pode ficar escondido”. Por isso devemos
fazer o contrário daquilo que o demônio fez e nos esforçarmos para tornar
conhecida esta grande consagração que ele tanto se esforçou para esconder.
Jesus quer que se estabeleça no mundo a Verdadeira Devoção à sua Mãe
Santíssima para santificação e salvação do seu povo, pois a profecia diz que
a Mulher e sua descendência irão esmagar a cabeça da serpente (Gen. 3,15),
uma vez que a Mulher, por ordem e vontade do Altíssimo, ensinará seus
filhos a rejeitarem as obras das trevas e a obedecerem os mandamentos de
Deus (Ap. 12,17).
É tempo de combate, e a luta é cada vez mais intensa. Há muitas pessoas se
perdendo e numerosíssimas almas se condenando… Não podemos ser
indiferentes a essa realidade, pois apesar de nossa insignificância, tornamo-
nos “ânsia eterna de almas que esperam”. Por isso nos empenhemos na
campanha da difusão da Total Consagração e gritemos ao mundo inteiro:
“Ajudem a Salvar almas! Doem seus méritos a Nossa Senhora… Façam-
se “escravos por amor!”
Consagrem-se!
Nossa determinação e zelo em fazer o que Jesus mandou selará o destino de
muitas pessoas. Certamente, o que “fizermos nesta vida ecoará na
eternidade”.
Quanto vale uma alma?… O que você daria para salvar alguém?…
Trabalhemos, pois o tempo está muito abreviado. Aproveitemos as graças
proporcionadas nestes dois jubileus e tornemo-nos apóstolos da Total
Consagração, para Glória de Deus e salvação das almas. Coloquemos o
nosso tempo, nossos bens, nossos dons e nossa vida à disposição de Nossa
Senhora e Ela mesma fará o resto. Peçamos a Deus que aumente e purifique
em nós o dom da caridade, pois só quem tem um amor autêntico é capaz de
se sacrificar pelos outros.
Combatamos na oração e na entrega. Sejamos prontos, pois tempo vale
almas!
Pe. Rodrigo Maria,
escravo inútil de Nossa Senhora

ANEXO IV
Tempo de Formar Heróis

A luta contra satanás e o reino das trevas se intensifica à medida em que o


tempo se torna mais breve. Pouco tempo resta, diz o livro do Apocalipse.
Precisando ainda mais esta profecia, disse a Santíssima Virgem à Lúcia de
Fátima: “Estou reunindo meu exército para a derradeira batalha contra
satanás…”.

A vitória do exército de Deus sob o comando da Santíssima Virgem é certa,


porém, é preciso ajudar a conscientizar e salvar todos quantos for possível.
Mas quem combaterá pelo Reino de Deus? Quem estará disposto a
enfrentar toda a contradição do mundo moderno para ser fiel a Cristo?
Quem será capaz de sofrer a incompreensão e a perseguição para defender e
testemunhar a fé? Quem estará disposto a dar a vida por Jesus e pela Santa
Igreja?…
Verdadeiramente para sermos capazes de viver a fé até as últimas
consequências em nossos tempos, precisamos de uma graça especialíssima,
a graça do espírito de martírio bem como, do abandono e da total confiança
em Deus.

Na linha da determinação de Cristo, que nos deu Maria por mãe, mestra e
formadora, São Luís Maria Grignion de Montfort profetizou que compete à
Santíssima Virgem em união com o Espírito Santo, seu Divino Esposo, a
formação dos grandes santos dos últimos tempos, que deverão fazer ressoar
no mundo inteiro o nome de Cristo, pela heroicidade de suas vidas e pela
unção de suas palavras.

Serão perseguidos e pisados como é o calcanhar em relação aos demais


membros do corpo, mas ao mesmo tempo sustentarão o peso do Corpo
Místico de Cristo, e mais… é com este calcanhar — os fiéis filhos e
escravos da Santíssima Virgem — que Ela esmagará a cabeça de satanás,
neutralizando a ação do mal e estendendo o Reinado de Jesus nos corações
dos homens de boa vontade.

Se queremos que venha a nós o Reino de Deus, procuremos nos alistar no


Exército da Santíssima Virgem, entreguemo-nos a Ela, deixemo-nos formar
por Ela, a fim de que Ela nos ensine a amar a Deus com todo nosso coração,
com toda nossa força e com todo nosso entendimento.
Todos somos chamados a fazer esta total entrega a Jesus por meio de Maria
Santíssima, expressa de maneira muito simples, profunda e perfeita por São
Luís Grignion de Montfort no “Tratado da Verdadeira Devoção à
Santíssima Virgem”.

Devemos ler este sublime escrito, realizar o exercício espiritual (30 dias) e
fazer nossa total consagração. Devemos igualmente falar para todos sobre a
importância da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, sobretudo nestes
últimos tempos. Devemos formar ou ajudar a formar grupos de consagrados
a Nossa Senhora, e Ela em comunhão com o Espírito Santo nos formará na
santidade e suscitará os grandes santos, os verdadeiros heróis que os nossos
tempos precisam. Coragem!!!
Padre Rodrigo Maria
escravo inútil da Santíssima Virgem

ANEXO V

A Mulher, a Serpente e a Profecia


Por que o diabo quis impedir que as pessoas conhecessem o Tratado da
Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem?

O Papa Bento XV classificou o “Tratado da Verdadeira Devoção à


Santíssima Virgem”, escrito por São Luís Maria Grignion de Montfort,
como um “livro da mais suave unção”. De fato, todo seu conteúdo é
sublime e nos apresenta não apenas uma espiritualidade que eleva e
enriquece aqueles que procuram vivenciá-la e que beneficia imensamente o
próximo por causa da doação dos méritos, mas também porque nos
apresenta de modo claro a estratégia estabelecida por Deus para neutralizar
a ação do inimigo e estabelecer no mundo o Reinado de Jesus Cristo.

Em Gênesis 3,15 lê-se que o próprio Deus estabeleceu o ódio entre a


serpente e a mulher, entre sua descendência e a dela; e fazendo ver que
estamos em uma batalha espiritual, antecipa o conhecimento do resultado
final dessa guerra entre o bem e o mal, confiando à mulher e à sua
descendência a missão de esmagar a cabeça do inimigo, que por sua vez
procurará sempre armar-lhe ciladas.
O diabo – melhor do que nós – conhecia a profecia e sabia que mais cedo
ou mais tarde ela se cumpriria. Com efeito, o inimigo sabia que Deus não
fez uma mera ameaça, mas uma promessa onde decretava sua derrota.

A mulher é claramente Nossa Senhora, razão pela qual Jesus no alto da


cruz, quando nos consagra a Ela, entregando-nos a seus cuidados, não
utiliza o termo “mãe”, mas “mulher” (Jo 19,26). A palavra “mulher” aqui
não é uma palavra de desprezo, ou que denote qualquer frieza para com a
Mãe Santíssima, mas sim uma palavra técnica, precisa, muito bem
colocada, pela qual Jesus queria nos fazer compreender que a Virgem Maria
era a mulher destinada pelo Pai através da qual se cumprirá a profecia (Gen
3,15). Ele, seu único filho segundo a carne, entrega a Ela uma
numerosíssima descendência quando na pessoa de João diz: “Mulher eis aí
o teu filho”. A interpretação da Igreja sobre este gesto do Senhor é que
todos fomos entregues à Maria Santíssima, razão pela qual o Papa Paulo VI
declarou Maria “Mãe da Igreja”. Ela é a mulher da profecia. Cristo, a
cabeça da Igreja, e nós, seus membros, somos a descendência da mulher.

Jesus nos entregou a Maria, dando a Ela a amorosa autoridade de mãe sobre
todos, para que Ela nos ensinasse a amá-Lo, levando-nos a fazer tudo o que
Ele mandou, e assim nos mantivéssemos em comunhão com Ele e com mais
facilidade perseverássemos em sua graça.

O desejo do inimigo é arrastar-nos para o inferno, tentando-nos de todos os


modos possíveis para nos desviar do caminho de Deus e renegarmos a sua
vontade, perdendo a sua graça e, portanto a comunhão com Ele. Jesus nos
deu Maria como antídoto contra o inimigo. É Ela que, como boa Mãe, nos
ajudará a acolher e compreender melhor a vontade de Deus e a rejeitar as
tentações do inimigo, levando-nos a esmagar sua cabeça, ou seja, a rejeitar
suas propostas que nos fariam perder a amizade e a comunhão com Deus.

O povo cristão sempre venerou a Santíssima Virgem e recorreu à sua


materna intercessão, mas só pouco a pouco se foi compreendendo seu papel
no plano da salvação e como efetivamente Ela contribuiria em nosso
processo de santificação e salvação.
Quando São Luís Maria Grignion de Montfort escreve o Tratado da
Verdadeira Devoção mostrando de modo claro e elevado a importância e a
necessidade de uma verdadeira devoção para com a Virgem Santíssima para
nossa santificação pessoal, para benefício do próximo e cumprimento da
profecia, ou seja, do plano salvífico de Deus para o homem, o inferno se
revolta e satanás mostra todo seu pavor e ódio da consagração ali ensinada,
por isto ele reconhece que se o mundo conhecesse a devoção e a
consagração, do modo como Montfort a apresentava, a profecia se
cumpriria, sua cabeça seria esmagada, sua ação neutralizada e seu reino
destruído.

Tal é o pavor que o conteúdo do Tratado impõe ao inferno, que o inimigo


em uma atitude ousada, jamais vista na história, tenta destruir o pequeno
livro. Não sendo, entretanto permitido por Deus tal coisa, ele empreende
todos os esforços para escondê-lo, de “modo que não apareça” (T.V.D. 144)
e o mundo não o conheça… Em sua sabedoria Deus permite tal ação, de
modo que o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem
escrito em 1712 desapareceu e só foi reencontrado 130 anos depois, ou seja,
em 1842, sendo prontamente publicado e posteriormente traduzido em mais
de 60 línguas. Deus permitiu que o inimigo escondesse o Tratado por tanto
tempo para que assim ficasse manifesto todo o medo que ele tem da
consagração ali ensinada e assim compreendêssemos bem com que arma
deveríamos derrotá-lo.

Após 75 anos que o Tratado da Verdadeira Devoção foi encontrado, em


1917 Nossa Senhora aparece em Fátima e depois de mostrar o inferno aos
pastorinhos e muitas almas que aí caíam “por não haver quem rezasse e se
sacrificassem por elas” diz: “Para salvar as almas dos pobres pecadores,
meu Filho quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado
Coração”. É Jesus que novamente volta seu olhar para nós e apontando
para sua Mãe diz: “Eis aí tua mãe”… Ele quer que se estabeleça no mundo
a verdadeira devoção ao Coração da Virgem Imaculada, ou seja, aquela
devoção e aquela entrega que Ele mesmo quis que tivéssemos para com sua
Mãe Santíssima quando no-La deu por Mãe, e a fez Senhora, submetendo a
Ela os nossos corações.
Em Fátima nada de novo é dito. Ao manifestar o desejo do coração de seu
Filho a Santíssima Virgem simplesmente recorda a todos a profecia do Pai
(Gen. 3,15) e a ordem do Filho (Jo. 19,26), que respectivamente lhe confiou
a missão de derrotar o inimigo, esmagando-lhe a cabeça e de proteger e
educar a descendência que Deus lhe confiou ensinando-a a amá-Lo
verdadeiramente.

Em Fátima Nossa Senhora nos faz compreender, que por vontade de Deus,
a devoção e a consagração ao Seu Imaculado Coração precedem toda e
qualquer devoção, não por serem mais importantes, mas por serem uma
condição para se fazer e viver bem qualquer outra devoção ou
espiritualidades, sendo assim, aqueles que pela Total Consagração entram
na Escola do Imaculado Coração de Maria, aprendem com ela a adorar de
modo mais profundo a Jesus no Santíssimo Sacramento, a venerar de
maneira mais elevada o Seu Sacratíssimo Coração, a deixar-se conduzir
com muita mais docilidade pelo Espírito Santo, a honrar com mais
perfeição os anjos e santos de Deus.

Mais… Deus nos faz compreender que nesta batalha espiritual, seu plano
para combater o inimigo e estabelecer o reinado de seu Filho no mundo,
continua exatamente o mesmo, pois disse Nossa Senhora: “Por fim meu
Imaculado Coração triunfará”. O triunfo do Imaculado Coração de Maria
consiste tão somente em fazer de Jesus o Senhor de todos os corações.
Consiste em acolher todos em Seu Coração Imaculado para ensiná-los a
fazer tudo que Jesus mandou. Maria reina em nós quando Jesus é feito Rei
de nossos corações.

O inimigo sabe que se todos forem a Maria Santíssima, então aprenderão


com Ela a amar a Deus e a rejeitar as seduções do mal, por isso escondeu
por tanto tempo o Tratado da Verdadeira Devoção, que nos ensina quem é
Nossa Senhora e qual sua missão no processo de nossa santificação e
salvação, como devemos nos entregar e consagrar a Ela, para que Ela tenha
a liberdade de nos formar na fé e nos consolidar no amor a Jesus Cristo
Nosso Senhor.
No diário da Divina Misericórdia de Santa Faustina Kowalska, Jesus dizia à
santa que da Polônia faria surgir uma centelha, através da qual incendiaria o
mundo. Sem dúvida, essa centelha foi São João Paulo II, que em sua vida e
doutrina nos deu a síntese de Montfort e Fátima.

São João Paulo II tornou-se uma centelha que incendiou o mundo,


sobretudo no que se refere à sua devoção e consagração a Nossa Senhora.
Ele fez perceber pelo seu exemplo e doutrina a importância e o lugar de
Nossa Senhora na vida dos cristãos e de toda a Igreja. Colocou a base para
uma profunda e extensa divulgação de Total Consagração, uma vez que leu
o Tratado e fez a Consagração Total quando ainda era seminarista e adotou
como lema de seu pontificado o “Totus Tuus”, resumo de sua total entrega a
Mãe de Deus. Recomendando a todos que fizessem essa consagração,
escreveu à família Monfortana pedindo que não se “deixasse escondido
esse tesouro de graça”.

Tomando consciência do plano e da estratégia de Deus para salvar o seu


povo e dar cumprimento à profecia, derrotando o inimigo de nossa
salvação, compete a nós hoje, nas pegadas de São Luís de Montfort,
respondendo ao apelo de Fátima a exemplo de São João Paulo II, fazer de
tudo para conhecer, viver e divulgar a Total Consagração para que venha
logo o prometido Triunfo do Imaculado Coração e o Reinado de Jesus
Cristo Nosso Senhor.

O demônio teve grande pavor e ódio do Tratado da Verdadeira Devoção,


o que o levou a escondê-lo por 130 anos, façamos nós o contrário!
Trabalhemos para difundi-lo em todo o mundo, levando todos à Escola do
Imaculado Coração onde o mundo compreenderá aquilo que não somos
capazes de explicar, e entender o que não somos capazes de fazer
compreender com palavras. Que todos amem a Jesus com toda a força, com
toda alma, com todo coração e com todo entendimento. Que Ele reine no
mundo e em nossos corações.

Trabalhemos para que se cumpra a profecia!


Padre Rodrigo Maria
escravo inútil da Santíssima Virgem

Anexo VI

Decretum Contra Communismum

Papa Pio XII

Decreto do Santo Ofício de 1949

Q. 1 Utrum licitum sit, partibus communistarum nomen dare vel eisdem


favorem praestare.

(Acaso é lícito dar o nome ou prestar favor aos partidos comunistas?).

R. Negative: Communismum enim est materialisticus et antichristianus;


communistarum autem duces, etsi verbis quandoque profitentur se
religionem non oppugnare, se tamen, sive doctrina sive actione, Deo
veraeque religioni et Ecclesia Christi sere infensos esse ostendunt.

(Não. O comunismo, com efeito, é materialista e anti-cristão; e os chefes


comunistas, incluso se às vezes por palavra professam não combater a
religião, na realidade sem embargo, tanto na doutrina como na ação, se
mostram hostis à Deus, à verdadeira religião e à Igreja de Cristo.)

Q. 2 Utrum licitum sit edere, propagare vel legere libros, periodica, diaria
vel folia, qual doctrine vel actioni communistarum patrocinantur, vel in eis
scribere.

(Acaso é lícito publicar, propagar ou ler livros, diários ou folhas que


defendam a ação ou a doutrina dos comunistas, ou escrever nelas?).

R. Negative: Prohibentur enim ipso iure

(Não: estão proibidos, com efeito, pelo próprio direito - cf. CIC, can. 1399).

Q. 3 Utrum Christifideles, qui actus, de quibus in n.1 et 2, scienter et libere


posuerint, ad sacramenta admitti possint.

(Se os cristãos que realizarem concientemente e livremente, as ações


conforme os n°s 1 e 2 podem ser admitidos aos sacramentos?)

R. Negative, secundum ordinaria principia de sacramentis denegandis iis,


Qui non sunt dispositi

(Não, segundo os princípios de caráter geral referentes à negação dos


sacramentos aos que não têm a disposição requerida.)

Q. 4 Utrum Christifideles, Qui communistarum doctrinam materialisticam


et anti Christianam profitentur, et in primis, Qui eam defendunt vel
propagant, ipso facto, tamquan apostatae a fide catholica, incurrant in
excommunicationem speciali modo Sedi Apostolicae reservatam.

(Se os fiéis de Cristo, que declaram abertamente a doutrina materialista e


anticristã dos comunistas, e, principalmente, a defendam ou a propagam,
"ipso facto" caem em excomunhão ("speciali modo") reservada à Sé
Apostólica?)

R. Affirmative

(Sim.)
Esse decreto do Santo Ofício de Pio XII, que foi confirmado por João
XXIII em 1959, continua válido. Aliás, Pio XII trabalhou pessoalmente
contra o comunismo na Itália.

Tal condenação do comunismo se soma às condenações feitas por Pio IX,


Leão XIII, São Pio X, Pio XI, Pio XII (ele também condenou em outras
oportunidades), João XXIII, Paulo VI, Concílio Vaticano II (reiterou as
condenações precedentes) e João Paulo II.

A Igreja Católica condena o comunismo, socialismo e qualquer tipo de


materialismo e igualdade material. A pena para os que desobedecem a
proibição de ajudar o comunismo (ou suas variantes) sob qualquer aspecto
(incluindo a votação nos partidos filo-comunistas) é a excomunhão
automática.

"Socialismo religioso, socialismo cristão, são termos contraditórios:


ninguém pode ao mesmo tempo ser bom católico e socialista verdadeiro"
(Pio XI)

Anexo VII

Pecado Mortal
O pecado mortal (ou grave) é uma desobediência grave à Deus e à sua Lei.

O pecado é mortal quando:

1- A matéria é grave (ou seja, quando se trata de algo importante)


2- Existe o conhecimento de causa (ou seja, quando a pessoa sabe o que
está fazendo)
3- Há a vontade deliberada (ou seja, quando se faz por querer)

Se faltar um desses três itens o pecado é leve ou venial.

O pecado mortal é assim chamado porque nos faz perder a graça de Deus,
ou seja, a comunhão com Deus, levando nossa alma a um estado de morte.

Quem comete um pecado mortal, rompe por própria escolha a amizade com
Deus e coloca-se debaixo da julgo de satanás. É por isso que a Bíblia diz
que todo aquele que peca é do diabo (IJo. 3,8).

O pecado mortal é o maior mal e a maior desgraça que um ser humano


pode fazer nesta vida, justamente porque nos faz perder nosso maior
bem que é Deus.

Quem comete um pecado mortal torna-se réu de condenação e merecedor


do castigo eterno, de modo que se morrer nesse estado, sem
arrependimento, irá direto para o inferno.

Os pecados mortais mais comuns hoje são: faltar missa dominical por
preguiça ou comodismo, viver junto sem ser casado (amasiados ou casados
só no civil), pratica sexual fora do casamento (adultério, fornicação, prática
homossexual,etc), pornografia (incluindo novelas com cenas imorais,
BBBs, etc), masturbação, namoro indecente, ter ódio das pessoas (quando
se deseja o mal ao próximo), frequentar falsas doutrinas (espiritismo,
macumbaria, maçonaria, magia, etc.), difamar e/ou caluniar pessoas,
inscrever-se ou votar em associações ou partidos abortistas ou que
defendem ideias gravemente contrárias à família (como PT, PC do B,
PSOL, PV, PSTU, PDT, etc.), praticar ou apoiar a prática do aborto, evitar
filhos por métodos artificiais (pílulas, camisinhas, DIU, etc), embriagar-se
ou fazer uso de drogas, frenquentar festas ou shows mundanos (carnaval,
discotecas, boates, raves, bailes funks, etc.), etc….

A pessoa que está em estado de pecado mortal NÃO pode comungar, pois a
Santíssima Eucaristia é sacramento dos vivos, ou seja, só pode comungar
quem está na graça de Deus, sem pecados mortais. Quem comunga estando
em pecado mortal comete o gravíssimo pecado do sacrilégio, ou seja, da
profanação do Santíssimo Corpo e Sangue de Deus.

Aquele se arrepende de seus pecados, por mais numerosos e graves que


sejam, poderá recuperar a graça de Deus e portanto a amizade com Cristo,
se arrependido confessar seus pecados com o sacerdote e receber a
absolvição sacramental (Jo. 20,22-23).

Quem morre em estado de pecado mortal se condena para sempre ao


inferno (Mt. 25, 41). Por isso devemos nos esforçar para amar a Deus de
verdade e fugir de todo pecado e de toda ocasião de pecado, pois só se
salvam aqueles que no momento de sua morte estão na graça de Deus,
ou seja, sem pecados mortais.

Mas se por fraqueza, ilusão ou orgulho cairmos em algum pecado mortal,


não devemos permanecer neste modo, fora da comunhão com Deus…
busquemos um sacerdote e contritos confessemos nossos pecados. Deus
não rejeita ninguém que arrependido lhe suplica seu perdão. Devemos
nos confessar com frequência (quinzenalmente ou ao menos mensalmente)
como ensina o Código de Direito Canônico.

O amor de Deus é maior do que todos os nossos pecados, portanto não há


pecado que Deus não seja capaz de perdoar, desde que haja
arrependimento e verdadeiro propósito para deixar o pecado e lutar
para permanecer na comunhão com Deus.
Pe. Rodrigo Maria
escravo inútil da Santíssima Virgem

Anexo VII

CARTA DO PAPA JOÃO PAULO II


ÀS FAMÍLIAS MONFORTINAS
SOBRE A DOUTRINA DO SEU FUNDADOR
Aos Religiosos e às Religiosas
das Famílias Monfortinas
Um texto clássico da espiritualidade mariana
1. Há 160 anos foi publicada uma obra destinada a tornar-se um clássico da
espiritualidade mariana. São Luís Maria Grignion de Montfort compôs o
Tratado sobre a verdadeira devoção à Virgem Santíssima no início de 1700,
mas o manuscrito permaneceu praticamente desconhecido por mais de um
século. Quando finalmente, quase por acaso, em 1842 foi descoberto e em
1843 foi publicado, teve sucesso imediato, revelando-se uma obra de
eficiência extraordinária para a difusão da "verdadeira devoção" à Virgem
Santíssima. Eu próprio, nos anos da minha juventude, tirei grandes
benefícios da leitura deste livro, no qual "encontrei a resposta às minhas
perplexidades" devidas ao receio que o culto a Maria, "dilatando-se
excessivamente, acabasse por comprometer a supremacia do culto devido a
Cristo" (Dom e mistério, pág. 38). Sob a orientação sábia de São Luís Maria
compreendi que, quando se vive o mistério de Maria em Cristo, esse risco
não subsiste. O pensamento mariológico do Santo, de facto, "está radicado
no Mistério trinitário e na verdade da Encarnação do Verbo de Deus (ibid.).
A Igreja, desde as suas origens, e sobretudo nos momentos mais difíceis,
contemplou com particular intensidade um dos acontecimentos da Paixão
de Jesus Cristo, referido a São João: "Junto à cruz de Jesus estavam, de pé,
sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria
Madalena. Então, Jesus, ao ver ali de pé a sua mãe e o discípulo que Ele
amava, disse à mãe: "Mulher, eis o teu filho!". Depois, disse ao discípulo:
"Eis a tua mãe!". E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como
sua" (Jo 19, 25-27). Ao longo da sua história, o Povo de Deus experimentou
esta doação feita por Jesus crucificado: a doação da sua Mãe. Maria
Santíssima é verdadeiramente a nossa Mãe, que nos acompanha na nossa
peregrinação de fé, esperança e caridade rumo à união cada vez mais
intensa com Cristo, único salvador e mediador da salvação (cf.
Const. Lumen gentium, 60 e 62).
Como se sabe, no meu brasão episcopal, que é a ilustração simbólica do
texto evangélico acima citado, o mote Totus tuus está inspirado na doutrina
de São Luís Maria Grignion de Montfort (cf. Dom e mistério, págs. 38-
39: Rosarium Virginis Mariae, 15). Estas duas palavras exprimem a
pertença total a Jesus por meio de Maria: "Tuus totus ego sum, et omnia
mea tua sunt", escreve São Luís Maria; e traduz: "Eu sou todo teu, e tudo o
que é meu te pertence, meu amável Jesus, por meio de Maria, tua Santa
Mãe" (Tratado sobre a verdadeira devoção, 233). A doutrina deste Santo
exerceu uma profunda influência sobre a devoção mariana de muitos fiéis e
sobre a minha própria vida. Trata-se de uma doutrina vivida, de grande
profundidade ascética e mística, expressa com um estilo vivo e fervoroso,
que usa com frequência imagens e símbolos. A partir do tempo em que São
Luís Maria viveu, a teologia mariana contudo desenvolveu-se muito,
sobretudo mediante o contributo decisivo do Concílio Vaticano II. Por
conseguinte, hoje, deve ser lida novamente e interpretada à luz do Concílio
a doutrina monfortina, que conserva de igual modo a sua substancial
validade.
Com esta Carta, gostaria de partilhar convosco, Religiosos e Religiosas das
Famílias Monfortinas, a meditação de alguns trechos dos escritos de São
Luís Maria, que nos ajudam nestes momentos difíceis a alimentar a nossa
confiança na meditação da Mãe do Senhor.
Ad Iesum per Mariam
2. São Luís Maria propõe com singular eficiência a contemplação amorosa
do mistério da Encarnação. A verdadeira devoção mariana é cristocêntrica.
Com efeito, como recordou o Concílio Vaticano II, "a Igreja, meditando
piedosamente na Virgem, e contemplando-a à luz do Verbo feito homem,
penetra mais profundamente, cheia de respeito, no insondável mistério da
Encarnação" (Const. Lumen gentium, 65).
O amor de Deus mediante a união a Jesus Cristo é a finalidade de qualquer
devoção autêntica, porque como escreve São Luís Maria Cristo "é o nosso
único mestre e deve instruir-nos, o nosso único Senhor do qual devemos
depender, a nossa única Cabeça à qual devemos permanecer unidos, o nosso
único modelo com o qual nos devemos conformar, o nosso único médico
que nos deve curar, o nosso único pastor que nos deve alimentar, o nosso
único caminho que nos deve vivificar e o nosso único tudo, em todas as
coisas, que nos deve satisfazer" (Tratado sobre a verdadeira devoção, 61).
3. A devoção à Santa Virgem é um meio privilegiado "para encontrar Jesus
Cristo, para o amar com ternura e para o servir com fidelidade" (Tratado
sobre a verdadeira devoção, 62). Este desejo central de "amar com ternura"
é imediatamente dilatado numa fervorosa oração a Jesus, pedindo a graça
de participar na indizível comunhão de amor que existe entre Ele e a sua
Mãe. A relatividade total de Maria a Cristo, e, n'Ele, à Santíssima Trindade,
é antes de mais experimentada na observação: "Todas as vezes que pensas
em Maria, Maria louva e honra contigo a Deus. Maria é toda relativa a
Deus, e eu chamá-la-ia muito bem a relação de Deus, que existe
unicamente em relação a Deus, o eco de Deus, que não diz e não repete a
não ser Deus. Se dizes Maria, ela repete Deus. Santa Isabel louvou Maria e
proclamou-a bem-aventurada porque acreditou. Maria o eco fiel de Deus
entoou: Magnificat anima mea Dominum: a minha alma louva ao Senhor.
Aquilo que Maria fez naquela ocasião, repete-o todos os dias. Quando é
louvada, amada, honrada ou recebe algo, Deus é louvado, Deus é amado,
Deus recebe pelas mãos de Maria e em Maria" (Tratado sobre a verdadeira
devoção, 225).
É ainda na oração à Mãe do Senhor que São Luís Maria exprime a
dimensão trinitária da sua relação com Deus: "Saúdo-te Maria, Filha
predileta do Pai eterno! Saúdo-te Maria, Mãe admirável do Filho! Saúdo-te
Maria, Esposa fidelíssima do Espírito Santo!" (Segredo de Maria, 68). Esta
tradicional expressão, já usada por São Francisco de Assis (cf. Fontes
Franciscanas, 281), mesmo contendo níveis heterogéneos de analogia, é
sem dúvida eficaz para exprimir de certa forma a peculiar participação de
Nossa Senhora na vida da Santíssima Trindade.
4. São Luís Maria contempla todos os mistérios da Encarnação que se
realizou no momento da Anunciação. Assim, no Tratado sobre a verdadeira
devoção, Maria é apresentada como "o verdadeiro paraíso terrestre do Novo
Adão", a "terra virgem e imaculada" pela qual Ele foi plasmado (n. 261).
Ela é também a Nova Eva, associada ao Novo Adão na obediência que
repara a desobediência original do homem e da mulher (cf. ibid., 53; Santo
Ireneu Adversus haereses, III 21, 10-22, 4). Por meio desta obediência, o
Filho de Deus entra no mundo. A mesma Cruz já está misteriosamente
presente no momento da Encarnação, no momento em que Jesus é
concebido no seio de Maria. Com efeito, o ecce venio, da Carta aos Hebreus
(cf. 10, 5-9) é o acto primordial da obediência do Filho ao Pai, aceitação do
seu Sacrifício redentor "quando entra no mundo".
"Toda a nossa perfeição escreve São Luís Maria Grignion de
Montfort consiste em ser conformes, unidos e consagrados a Jesus
Cristo. Por isso, a mais perfeita de todas as devoções é incontestavelmente
a que nos conforma, une e consagra mais perfeitamente a Jesus Cristo. Mas,
sendo Maria a criatura mais conforme a Jesus Cristo, tem-se como resultado
que, entre todas as devoções, a que consagra e conforma mais uma alma a
nosso Senhor é a devoção a Maria, sua Mãe santa, e que quanto mais uma
alma estiver consagrada a Maria, tanto mais estará consagrada a Jesus
Cristo" (Tratado sobre a verdadeira devoção, 120). Dirigindo-se a Jesus,
São Luís Maria exprime como é maravilhosa a união entre o Filho e a Mãe:
"Ela é de tal forma transformada em ti pela graça, que não vive mais, não
existe mais: és unicamente Tu, meu Jesus, que vives e reinas nela... Ah! se
conhecêssemos a glória e o amor que tu recebes nesta maravilhosa
criatura... Ela está tão intimamente unida... De facto, ela ama-te mais
ardentemente e glorifica-te mais perfeitamente do que todas as outras
criaturas juntas" (Ibid., 63).
Maria, membro eminente do Corpo místico e Mãe da Igreja
5. Segundo as palavras do Concílio Vaticano II, Maria "é saudada como
membro eminente e inteiramente singular da Igreja, seu tipo e exemplar
perfeitíssimo na fé e na caridade" (Const. Lumen gentium, 53). A Mãe do
Redentor é também redimida por ele, de maneira única na sua Imaculada
Conceição, e precedeu-nos naquela escuta crente e cheia de amor da
Palavra de Deus que nos torna bem-aventurados (cf. ibid., 58). Também por
isso, Maria "está intimamente unida à Igreja: a Mãe de Deus é a
figura (typus) da Igreja, como já ensinava Santo Ambrósio, isto é, na ordem
da fé, da caridade e da união perfeita com Cristo. De facto, no mistério da
Igreja, que é também chamada justamente mãe e virgem, a Bem-Aventurada
Virgem Maria é a primeira, dando de modo eminente e singular o exemplo
de virgem e de mãe" (Ibid., 63). O próprio Concílio contempla Maria
como Mãe dos membros de Cristo (cf. ibid., 53; 62), e assim Paulo VI a
proclamou Mãe da Igreja. A doutrina do Corpo místico, que exprime de
maneira mais forte a união de Cristo com a Igreja, é também o fundamento
bíblico desta afirmação. "A cabeça e os membros pertencem à mesma
mãe" (Tratado sobre a verdadeira devoção, 32), recorda-nos São Luís
Maria. Neste sentido, dizemos que, por obra do Espírito Santo, os membros
estão unidos e conformados com Cristo Cabeça, Filho do Pai e de Maria, de
tal modo que "qualquer verdadeiro filho da Igreja deve ter Deus como Pai e
Maria como Mãe" (Segredo de Maria, 11).
Em Cristo, Filho unigénito, somos realmente filhos do Pai e, ao mesmo
tempo, filhos de Maria e da Igreja. Com o nascimento virginal de Jesus, de
certa forma é toda a humanidade que renasce. À Mãe do Senhor "podem ser
aplicadas, de maneira mais verdadeira de quanto São Paulo as aplica a si
mesmo, estas palavras: "Meus filhos, por quem sinto outra vez dores de
parto, até que Cristo se forme entre vós" (Gl 4, 19). Dou à luz todos os dias
os filhos de Deus, enquanto não estiver formado neles Jesus Cristo, meu
Filho, na plenitude da sua idade" (Tratado sobre a verdadeira devoção, 33).
Esta doutrina encontra a sua expressão mais bela na oração: "Oh! Espírito
Santo, concede-me uma grande devoção e uma grande inclinação para
Maria, um apoio sólido sobre o seu seio materno e um recurso assíduo à sua
misericórdia, para que, nela, tu possas formar Jesus dentro de mim"
(Segredo de Maria, 67).
Uma das expressões mais nobres da espiritualidade de São Luís Maria
Grignion de Montfort refere-se à identificação do fiel com Maria no seu
amor por Jesus, no seu serviço a Jesus.
Meditando o conhecido texto de Santo Ambrósio: A alma de Maria esteja
em cada um para glorificar o Senhor, o espírito de Maria esteja em cada
um para exultar em Deus (Expos. in Luc., 12, 26: PL 15, 1561), ele escreve:
"Como é feliz uma alma quando... está totalmente arrebatada e guiada pelo
espírito de Maria, que é um espírito doce e forte, zeloso e prudente,
humilde e corajoso, puro e fecundo" (Tratado sobre a verdadeira
devoção, 258). A identificação mística com Maria está totalmente dirigida
para Jesus, como se exprime na oração: "Por fim, minha querida e
amadíssima Mãe, se for possível, faz com que eu não tenha outro espírito a
não ser o teu para conhecer Jesus Cristo e os seus desejos divinos; que não
tenha outra alma a não ser a tua para louvar e glorificar o Senhor; que não
tenha outro coração a não ser o teu para amar Deus com caridade pura e
ardente como tu" (Segredo de Maria, 68).
A santidade perfeição da caridade
6. A Constituição Lumen gentium recita ainda: "Mas, ao passo que, na
Santíssima Virgem, a Igreja alcançou já aquela perfeição sem mancha nem
ruga que lhe é própria (cf. Ef 5, 27), os fiéis ainda têm de trabalhar por
vencer o pecado e crescer na santidade; e por isso levantam os olhos para
Maria, que brilha como modelo de virtudes sobre toda a família dos eleitos"
(n. 65). A santidade é perfeição da caridade, daquele amor a Deus e ao
próximo que é o objecto do maior mandamento de Jesus (cf. Mt 22, 38), e é
também o maior dom do Espírito Santo (cf. 1 Cor 13, 13). Assim, nos
seus Cânticos, São Luís Maria apresenta sucessivamente aos fiéis a
excelência da caridade (Cântico 5), a luz da fé (Cântico 6) e a firmeza na
esperança (Cântico 7).
Na espiritualidade monfortina, o dinamismo da caridade é expresso
especialmente através do símbolo da escravidão do amor a Jesus a exemplo
e com a ajuda materna de Maria. Trata-se da comunhão plena na kenosis de
Cristo; comunhão vivida com Maria, intimamente presente nos mistérios da
vida do Filho. "Não há nada entre os cristãos que faça pertencer de maneira
mais absoluta a Jesus Cristo e à sua Santa Mãe como a escravidão da
vontade, segundo o exemplo do próprio Jesus Cristo, que assumiu as
condição de escravo por amor a nós formam servi accipiens e da Santa
Virgem, que se considerou serva e escrava do Senhor. O apóstolo honra-se
do título de servus Christi. Várias vezes, na Sagrada Escritura, os cristãos
são chamados servi Christi" (Tratado sobre a verdadeira devoção, 72). De
facto, o Filho de Deus, que veio ao mundo em obediência ao Pai na
Encarnação (cf. Hb 10, 7), humilhou-se depois fazendo-se obediente até à
morte, e morte de Cruz (cf. Fl 2, 7-8). Maria correspondeu à vontade de
Deus com o dom total de si, corpo e alma, para sempre, desde a Anunciação
até à Cruz, e da Cruz até à Assunção.
Certamente, entre a obediência de Cristo e a obediência de Maria existe
uma assimetria determinada pela diferença ontológica entre a Pessoa divina
do Filho e a pessoa humana de Maria, do que deriva também a
exclusividade da eficiência salvífica fontal da obediência de Cristo, da qual
a sua própria Mãe recebeu a graça para poder obedecer de modo total a
Deus e assim colaborar com a missão do seu Filho.
Por conseguinte, a escravidão de amor deve ser interpretada à luz do
admirável intercâmbio entre Deus e a humanidade no mistério do Verbo
encarnado. É um verdadeiro intercâmbio de amor entre Deus e a sua
criatura na reciprocidade da doação total de si. "O espírito desta devoção...
é tornar a alma interiormente dependente e escrava da Santíssima Virgem e
de Jesus por meio dela" (Segredo de Maria, 44). Paradoxalmente, este
"vínculo de caridade", esta "escravidão de amor" torna o homem
plenamente livre, com a verdadeira liberdade dos filhos de Deus
(cf. Tratado sobre a verdadeira devoção, 169). Trata-se de se entregar
totalmente a Jesus, respondendo ao Amor com que Ele nos amou primeiro.
Qualquer pessoa que viver neste amor pode dizer como São Paulo: "Já não
sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim" (Gl 2, 20).
A "peregrinação da fé"
7. Na Novo millennio ineunte escrevi que "se alcança Jesus unicamente pelo
caminho da fé" (n. 19). Foi precisamente este o caminho seguido por Maria
durante toda a sua vida terrena, e é o caminho da Igreja peregrina até ao fim
dos tempos. O Concílio Vaticano II insistiu muito sobre a fé de Maria,
misteriosamente partilhada pela Igreja, pondo em realce o itinerário de
Nossa Senhora desde o momento da Anunciação até ao momento da Paixão
redentora (cf. Const. Lumen gentium, 57 e 67; Carta enc. Redemptoris
Mater, 25-27).
Nos escritos de São Luís Maria encontramos a mesma ênfase sobre a fé
vivida pela Mãe de Jesus num caminho que vai da Encarnação até à Cruz,
uma fé na qual Maria é modelo e tipo da Igreja. São Luís Maria expressa-o
com riqueza de imagens quando expõe ao seu leitor os "efeitos
maravilhosos" da perfeita devoção mariana: "Portanto, quanto mais
ganhares a benevolência desta venerável Princesa e Virgem fiel, tanto mais
o teu comportamento de vida estará inspirado pela fé pura. Uma fé pura,
portanto não te preocuparás minimamente de quanto é sensível e
extraordinária. Uma fé viva e animada pela caridade, que te fará agir
unicamente com motivo do amor puro. Uma fé firme e inabalável como
uma rocha, que te fará permanecer firme e constante no meio de furacões e
de tempestades. Uma fé laboriosa e penetrante que, como misteriosa chave
polivalente, te fará entrar em todos os mistérios de Jesus Cristo, nos fins
últimos do homem e no coração do próprio Deus. Uma fé corajosa, que te
fará empreender e concretizar sem hesitações coisas grandes para Deus e
para a salvação das almas. Por fim, uma fé que será a tua chama ardente, a
tua vida divina, o teu tesouro escondido da Sabedoria divina e a tua arma
omnipotente, com a qual esclarecerás todos os que são tíbios e têm
necessidade do ouro ardente da caridade, darás de novo vida aos que
morreram por causa do pecado, comoverás e perturbarás com as tuas
palavras suaves e fortes os corações de pedra e os cedros do Líbano e, por
fim, resistirás ao demónio e a todos os inimigos da salvação" (Tratado
sobre a verdadeira devoção, 214).
Como São João da Cruz, São Luís Maria insiste principalmente sobre a
pureza da fé e sobre a sua essencial e muitas vezes dolorosa obscuridade
(cf. Segredo de Maria, 51, 52). É a fé contemplativa que, renunciando às
coisas sensíveis ou extraordinárias, penetra nas profundezas misteriosas de
Cristo. Assim, na sua oração, São Luís Maria dirige-se à Mãe do Senhor
dizendo: "Não te peço visões ou revelações, nem gostos ou delícias, mesmo
só espirituais... Aqui na terra, eu quero que me pertença unicamente o que
tu quiseres, isto é: crer com fé pura sem nada provar ou ver" (ibid., 69). A
Cruz é o momento culminante da fé que Maria tem, como escrevi na
Encíclica Redemptoris Mater: "Maria participa mediante a fé no mistério
desconcertante desse despojamento... Isso constitui, talvez, a mais
profunda "kenosis" da fé na história da humanidade" (n. 18).
Sinal de esperança certa
8. O Espírito Santo convida Maria a "reproduzir-se" nos seus eleitos,
alargando até eles as raízes da sua "fé invencível", mas também da sua
"firme esperança" (cf. Tratado sobre a verdadeira devoção, 34). O Concílio
Vaticano II recordou quanto segue: "A Mãe de Jesus, assim como,
glorificada já em corpo e alma, é imagem e início da Igreja que se há-de
consumar no século futuro, assim também, na terra, brilha como sinal de
esperança segura e de consolação, para o Povo de Deus ainda peregrinante,
até que chegue o dia do Senhor (Const. Lumen gentium, 68). Esta dimensão
escatológica é contemplada por São Luís Maria sobretudo quando fala dos
"santos dos últimos tempos", formados pela Virgem Santa para levar à
Igreja a vitória de Cristo sobre as forças do mal (cf. Tratado sobre a
verdadeira devoção, 49-59). Não se trata de modo algum de uma forma de
"milenarismo", mas do sentido profundo da índole escatológica da Igreja,
ligada à unicidade e universalidade salvífica de Jesus Cristo. A Igreja
espera a vinda gloriosa de Jesus no fim dos tempos. Como Maria e com
Maria, os santos são na Igreja e para a Igreja, para fazer resplandecer a sua
santidade, para alargar até aos confins do mundo e até ao fim dos tempos a
obra de Cristo, único Salvador.
Na antífona Salve Regina, a Igreja chama a Mãe de Deus "nossa
Esperança". A mesma expressão é usada por São Luís Maria a partir de um
texto de São João Damasceno, que aplica a Maria o símbolo bíblico da
âncora (cf. Hom. 1ª in Dorm. B.V.M.: PG 96, 719): "Nós unimos as almas a
ti, nossa esperança, como a uma âncora firme. A ela afeiçoaram-se em
maior medida os santos que se salvaram e fizeram afeiçoar os outros, para
que perseverassem na virtude. Portanto, bem-aventurados, infinitamente
bem-aventurados os cristãos que hoje se mantêm unidos a ela fiel e
totalmente como a uma âncora firme" (Tratado sobre a verdadeira
devoção, 175). Através da devoção a Maria, o próprio Jesus "alarga o
coração com uma santa confiança em Deus, fazendo com que ele seja visto
como Pai e inspirando um amor terno e filial" (Ibid., 169).
Juntamente com a Virgem Santa, com o mesmo coração de mãe, a Igreja
reza, espera e intercede pela salvação de todos os homens. São as últimas
palavras da constituição Lumen gentium: "Dirijam todos os fiéis instantes
súplicas à Mãe de Deus e mãe dos homens, para que ela, que assistiu com
as suas orações aos começos da Igreja, também agora, exaltada sobre todos
os anjos e bem-aventurados, interceda, junto de seu Filho, na comunhão de
todos os santos, até que todos os povos, tanto os que ostentam o nome
cristão, como os que ainda ignoram o Salvador, se reúnam felizmente, em
paz e harmonia, no único Povo de Deus, para glória da santíssima e indivisa
Trindade" (n. 69).
Fazendo de novo meus estes votos, que juntamente com os outros Padres
Conciliares expressei há quase quarenta anos, envio a toda a Família
monfortina uma especial Bênção apostólica.
Vaticano, 8 de Dezembro de 2003, Solenidade da Imaculada Conceição da
Bem-Aventurada Virgem Maria.
PAPA JOÃO PAULO II

Referências
Bíblia Ave Maria. 192ª edição, 2010, Editora Ave Maria.

Catecismo da Igreja Católica. Editora Loyola.

Papa Pio XII. Divinis Redemptoris, sobre o comunismo ateu. Carta


Enciclica, 19 de março de 1937.

Papa Pio XII. Decretum Contra Communismum, Santo Oficio, 1 de julho


de 1949.

Frossard, André. “Não tenham medo”, entrevista com o Papa João Paulo
II, ed.Círculo do Livro, pág. 143-145.

Kowalska, Maria Faustina. Diário A Misericórdia Divina na Minha


Alma. 41ª edição, Editora Canção Nova.
Montfort, São Luís Grignion. Tratado da Verdadeira Devoção a
Santíssima Virgem. 22ª edição, 2016, Editora Opus Cordis Mariae.

Montfort, São Luís Grignion. O Segredo de Maria. 2016, Editora Opus


Cordis Mariae.

Pe. Lombaerde, Júlio Maria. O Segredo da Verdadeira Devoção para


com a Santíssima Virgem. Editora Opus Cordis Mariae, 1ºed., 2016, págs.
176-185.

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