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Cartas Terapêuticas

A manifestação da escrita para a cura

Ivan Bonaldo
2021

cursoorigens.com
Copyrigt 2021 by Ivan Luis Stringhini Bonaldo

BONALDO, Ivan L.S. Cartas Terapêuticas: A manifestação


da escrita para a cura. Edição e revisão: Daiana Pasquim.
Arte: Fernanda Penteado. E-book, 2021.

1. Cartas terapêuticas - 2. Mentor de terapeutas - 3.


Terapias complementares - 4- Histórias familiares. 5-
Primeira Lei Biológica

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ivan@cursoorigens.com
Cartas Terapêuticas
A manifestação da escrita para a cura
Pág 4

Apresentação
As cartas são uma das manifestações escritas mais antigas
da história da evolução da humanidade. Por excelência, são
um canal de comunicação entre ambos os lados, emissor e
receptor. Quem recebe uma carta, espera resposta.
As cartas terapêuticas, por sua vez, têm um posicionamento
unilateral, na grande maioria dos casos e, por isso, elas
curam. Elas são um instrumento de “desabafo”, de
organização de ideias e de sentimentos que podem
contribuir para o paciente alcançar a melhora, pois a carta
remove “as travas” do que foi vivido em silêncio, ou sentido
de forma inesperada, ou registrado de forma dramática; ela
reorganiza os campos emocional, psicológico e, por
consequência, físicos.

Nosso paciente nunca chega apenas com uma dor, ele


carrega consigo uma emoção que sustenta aquela dor. Às
vezes foi algo elaborado por ele, vezes outras, traz de
heranças de seus antepassados. Muitos desses registros não
estão à flor da pele, habitam escondido o corpo de nosso
paciente, agindo nas sombras do subconsciente e dali
reverberam sintomas que podem perdurar por toda uma
vida, se o ciclo não for quebrado. Alguns padrões de
sintomas e sentimentos podem ser sustentados por
emoções registradas no DNA dos antepassados há várias
gerações.

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A quebra desses padrões,


na maioria das vezes, se
consegue por meio das
terapias, em especial as
integrativas que enxergam
o ser humano em sua
complexidade, muito além
dos sintomas físicos, como
é o caso do Terapeuta da
Origem, que tenho
formado há mais de cinco
anos.

Sabemos que essa descoberta das emoções e como lidar


bem com sentimentos delicados, não raro de origem
autodestrutiva, de autodesvalorização, de medo e coação,
demandam a união de várias técnicas e até é possível
repetição das sessões. E somado a estas interferências
positivas que caminham em prol da cura do paciente,
surgem as cartas terapêuticas, que você poderá incentivar
seu paciente a fazer.
Esse livro se propõe a auxiliar o terapeuta a conduzir o seu
paciente para a confecção de sua carta terapêutica e a
adotá-la como um instrumento de auxílio de cura das
emoções.
Ao tomar conhecimento deste conteúdo, você, terapeuta,
talvez queira fazer antes suas próprias cartas. E até
recomendo que isso o faça, pois poderá internalizar por
completo o processo profundo da escritura e viverá as
emoções da transformação que a carta terapêutica promove,
em sua própria pele.

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A carta terapêutica é uma ferramenta simples e que vem


para aliviar o peso do trabalho. Também aconteceu comigo,
tive mágoas, incômodos, vivi desuniões, levei broncas e
xingamentos e, às vezes, naquele momento, não entendi
muito bem e como criança me sentia irritado. Aprendi que a
gente só pode perdoar alguém, a partir do momento que a
raiva saiu.
Tive pacientes que tiveram resultados fantásticos com essa
informação e puderam compartilhar o que nunca
imaginaram: abusos sexuais, desvalorizações profundas,
entre outros. É uma ferramenta para jogar pra fora, o que
nunca pode falar para outros.
Às vezes quem nos provocou mágoas também foi
importante em nossa vida, como é o caso dos nossos pais. Eu
fiz cartas agradecendo meus familiares ao longo do ano e
entreguei para eles no Natal: aos meus pais, minha irmã,
minha esposa. Isso nos deixa leves como seres humanos.

Você deve orientar seu paciente a estar preparado para fazer


isso de coração, pois é preciso reconhecer pessoas que
passaram por nossas vidas e que estiveram em nossa história
familiar.
Ademais, é importante afirmar, em primeira abordagem, que
a carta é um ato simbólico que pode ser feito pelo paciente,
com o intuito de modificar a interpretação de algo vivido,
sentido, imaginado.

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A carta terapêutica auxilia extremamente para trabalhar a


Primeira Lei Biológica, que versa sobre o indizível, o que não
pode ser expressado, aquilo que não pode ser falado em
determinados momentos, mas que através de uma carta é
possível compartilhar.
São casos de filhos para pais, para expor o que não puderam
dizer na infância pela situação de incapacidade ou
submissão;
Casos de mães, pais já falecidos, aos quais o(a) filho(a) não
pôde expressar aquelas palavras na despedida, ficando com
o trauma em suspenso, salvo em seu organismo - e gerando
sintomas variados em cada ciclo ou fase da vida;
Ou ainda, casos dos mais variados, porque adultos acham
que, em sua mentalidade atual “de adulto" não vale mais a
pena falar - mas por conta disso fica sustentando um
sintoma mal resolvido que se manifesta em seu corpo.
Dito isso, convido você a abstrair cada uma das etapas que
vou explicar, treinar a abordagem para seu paciente e,
sempre que desconfiar dos benefícios que uma carta
terapêutica pode trazer, inclua essas recomendações em sua
prática diária de atendimento no consultório.
Em suma, enquanto temos a raiva, isso incomoda e dá
sintomas físicos. Eu realmente acredito - porque já testei em
minha própria pele - que as cartas terapêuticas transformam
vidas. Elas diminuem o peso do passado.

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A 1ª Lei Biológica e o Pré-programante


A 1ª lei biológica nos ensina que há
correlação entre sintoma e situações
emocionais vividas. Durante uma
situação de estresse, passamos por
uma situação dramática, inesperada
e vivida em isolamento. Sozinho,
estou sem poder me defender de
uma situação. Passamos por
situações como sofrer calado
porque alguém me deixou; Não
poder compartilhar ou desabafar
sobre aquilo que vivi. E assim, não
pude jogar pra fora aquilo que me
incomodou.
Hamer descobriu que se podemos
compartilhar, diminuímos o peso
daquela frustração. Ter alguma
pessoa ao meu lado para falar sobre
esse assunto faz todo o sentido.
Antigamente, as pessoas usavam
bastante o confessionário e os
padres eram abrigo para falar das
frustrações engasgadas.

No Psicólogo, usamos dessa ferramenta de compartilhar


com o profissional aquilo que não se pode falar para as
pessoas próximas, mas ainda assim, para alguns não é fácil
compartilhar.
São os segredos mais intensos que fazem com que se tenha
vergonha de desabafar: o que vão falar de mim, vão espalhar
para outra pessoa…
Em dado momento, os detalhes acabavam indo para
instrumento secreto do diário, onde se pode registrar os
mínimos detalhes do dia - o que até foi usado em algum
momento pela Psicologia como forma de
compartilhamento.
O importante é encontrar uma forma de compartilhar.

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Nem tudo o que sentimos foi vivido por nós, mas pode ter
sido registrado em nosso DNA transgeracional. Para
compreender nossa história familiar, é importante também
analisar os conceitos de Desencadeador, Programante e Pré-
programante, que significa que para um sintoma seja
desencadeado ou iniciado na nossa vida (Desencadeador), é
preciso ter sido programado (Programante) em um
momento prévio, seja no começo da vida adulta,
adolescência, infância ou mesmo na gestação, através de um
grande estresse, além disto, muitas vezes já temos um
programa vindo instalado da herança familiar, ou seja, o que
os antepassados viveram nas histórias de família (Pré-
programante). Por exemplo: Avô alcoólatra, pai, filho
repetindo o mesmo vício. Falências, perigos, contextos de
relacionamentos mal vividos com a figura masculina; não
confio nos homens, pois é perigoso, devo estar sempre no
controle, podem vir se repetindo geração por geração.
Em histórias familiares de bloqueios podem ser usadas as
cartas terapêuticas para construir ou desconstruir essa
repetição de padrão que ressoa como um circulo vicioso,
levando a ocorrência dos sintomas.
Como terapeutas, quando trabalhamos com os ancestrais,
identificamos inúmeros problemas, desde:
Alcoolismo;
Abortos;
Falências;
Padrão comportamentais repetidos;
Problemas de relacionamento;
Traições;
Abusos;
Doenças físicas e emocionais repetindo;
Entre outras.
Nós aqui no Brasil temos muitas histórias escondidas, tabus
dos nossos antepassados que vieram de outros países e não
puderam ser revelados, expressados, segredos guardados a
"sete chaves".

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Como tirar a mágoa de seu paciente


Há 3 formas principais para aliviar a mágoa do âmago de
seu paciente:
Imaginemos a seguinte situação: se ele vivencia uma situação de
raiva muito intensa vinculada a primeira lei biológica, um tapa na
cara, apanhar, o(a) parceiro(a) agiu de alguma forma indesejada,
ficou engasgado(a) e não pode jogar para fora a raiva do que
aconteceu. É possível:
1 - Saco de pancadas
Se o paciente é cinestésico,
peça que use um saco de
pancada, para utilizar da parte
física, para assim jogar para
fora a raiva. Isso diminui o peso
de dentro de si e reduz a
tensão. As artes marciais são
uma forma de aliviar as
tensões do dia a dia. O esporte
em si, um chute numa bola,
ajuda a despender um pouco a
energia da raiva. Vale até socar
uma almofada, para jogar a
raiva para fora e diminuir a
sensação. 2 - No espelho
Peça ao paciente para olhar
para o espelho, imaginar a
pessoa que magoou e falar
tudo o que gostaria de ter
falado.
Imaginar o diálogo é uma
forma de entrar no
inconsciente e falar tudo o
que precisava ser dito. Mas é
preciso expressar com a
mesma energia que usaria
naquele momento do
ocorrido. Usar a energia exata
do momento da frustração.

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3 Escrever uma carta terapêutica


É uma forma de comunicar. Quando não existia telefone e
outros meios de comunicação, a carta há muitos anos era e
ainda é uma ferramenta de comunicação entre hemisférios,
regiões, cidades, para que possa expressar os sentimento, as
frustrações, as felicidades.
A escrita faz com que consiga despender todo o sentimento
que gostaria de ter utilizado no momento da frustração e
diminuir o peso.
É desta terceira estratégia que vamos falar.

Siga o Passo a passo*


1- Identifique
2- Ambiente (caneta e papel)
3- Respiração
4- Deixe fluir
5- Queime

*será explanado detalhadamente nas próximas páginas

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Anamnese

Desculpas que costumam manter o sintoma nas pessoas:


- Entendo que aquela criança sofreu, mas o pai fez daquele
jeito porque ele aprendeu assim.
- A mãe agiu daquela forma porque ela teve os pais como
teve e fez por impulso em sua vida, apenas repetiu;
- Hoje compreendo de outra forma e não vale a pena falar
com aquele(a) ex, de um relacionamento que ficou no
passado;
- Não vale a pena falar para minha sogra, vai criar um grande
caos dentro da família;
- Não vou expressar hoje aquela mágoa que eu tenho, vou
deixando, deixando.
- Isso já passou, mas sei que está marcado dentro de mim e
nunca vai passar.
- Melhor deixar em baixo do tapete do que dizer o que
precisa ser dito.
- Deixa isso pra lá.
- Deixa no passado o passado.
- O ex ficou para trás, foi um amor bobo de adolescência.
- Etc etc etc…

Argumentos definitivos para você fazer uma carta


terapêutica
- Nunca pude expressar ao meu pai o quanto eu o amava na
minha vida e agora ele já faleceu.
- Não posso dizer para minha mãe a falta que ela faz, porque
agora tive que assumir o papel de mãe da casa e não queria
ter assumido.
- Não posso dizer para meu pai a falta que ele faz, agora que
assumi o papel de homem da casa e preciso dar conta de
suprir minha mãe e meus irmãos;

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- Não tenho com quem contar (nem com meu (minha)


parceiro(a), nem meu (minha) chefe(a), nem com um(a)
amigo(a), etc.
- O que não se pode dizer de modo geral, pois a pessoa está
ausente por algum motivo (faleceu, mudou-se, desapareceu,
ausentou-se, separou-se, etc).
- Ou simplesmente hoje não vale a pena falar diretamente
com a pessoa.
- Você tem que perdoar quem te fez mal, mas para isto,
primeiro é preciso expressar o que ocorreu.

Tudo isso pode ser escrito, para expressar aquilo que você
sente que não pode ser dito a outra pessoa.

Como preparar-se para a Carta Terapêutica:


Passo 1
Deixar fluir, sem frear com o
racional. O racional fica
cerceando: “não vale a pena
dizer isso”, “não faz sentido”,
“acho que não deve ter
acontecido”, etc.
Às vezes, a gente coloca
muitas travas no fluir de nosso
inconsciente e freia tudo que
é preciso: “Não posso dizer
palavrão aos meus pais”, “não
posso dizer que tenho raiva
dessas pessoas”, "que isto?
não se deve falar estas coisas”.

A carta é para realmente falar tudo que está engasgado.


Pode até xingar para expressar tudo que nunca pôde. Ali é o
momento de manchar o papel em branco com
absolutamente tudo.

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Passo 2
Escrever todo o sentimento, dando vazão às palavras e
emoções que vierem.
Tem que buscar todo o sentimento escondido, a necessidade
mais profunda do paciente, desde aquelas vagas lembranças
da infância que ele desconfia sustentar algum modo de agir
que gostaria de transformar; desde o desejo que não foi
suprimido; aquelas palavras que não puderam ser ditas; as
emoções mais profundas, que não puderam ser esvaziadas.

De nada adianta escrever superficialmente, sem detalhes.


É preciso dizer o que precisa ser dito, colocando o que está
mais profundo em seu ser.
Se permitir abrir a mente, acessar o inconsciente, mesmo o
que não teve coragem de falar no consultório, para o próprio
terapeuta.

Em um cômodo fechado, sozinho, escreva tudo o que


gostaria de ter escrito ou falado.
É o momento de concretizar, no simbolismo da escrita, o que
no real não foi possível ser dito.

Passo 3
Agradeça e queime*
em um lugar seguro,
como forma de
eliminar e finalizar.

* Vou explanar outras


formas de fechar o
ciclo de sua cura.

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Para construir sua carta, você precisará:

- Papel e lápis ou caneta.


Sobre essa escolha de lápis ou
caneta, acesse o simbolismo em
sua cabeça. Os defensores do
lápis apontam que o carbono é
uma forma de identificar e
expressar tudo o que pudesse
ser expresso e uma forma de
ultrapassar o simbolismo e
colocar como pontos reais.
Porém, se você entende que o
lápis pode ser apagado, pode
haver uma borracha para
apagar o que foi escrito, isso não
ficará fixado. A caneta, por sua
vez, pode fixar a informação e a
deixar concretizada. O
simbolismo do paciente é o que
vai prevalecer nessa decisão.

- Esteja em um lugar calmo e


tranquilo.
Em absoluta preferência, o

paciente que vai realizar a carta terapêutica deve estar


sozinho, para que ninguém possa interferir no que vai ser
escrito. O paciente deve se conectar com aquela vivência
para colocar no papel tudo o que é mais importante ser
expresso naquele momento.

- Sobre o que escrever?


Este texto não pode ser aleatório. O terapeuta pode
identificar e ajudar o paciente a definir "O que", ou definir
"Quem".
- O texto deve versar, pontualmente, ao que o terapeuta
entendeu como padrão conflitivo.

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Exemplos:

1
- Se o padrão conflitivo é uma raiva ao pai, não se deve
deixar de escrever as raivas geradas na relação com o pai e
todos os padrões que acionaram esse sentimento.

2
- Se o padrão é de falta do pai, pode até escrever sobre a
raiva do pai, mas não pode deixar de escrever a falta que o
pai faz na vida dele(a). Que ele(a) possa expressar a ausência
nos diversos momentos de sua vida: a primeira ida à escola, a
proteção em várias outras primeiras vezes, o sentimento de
falta em datas comemorativas como Natal, Dia dos Pais,
apresentações da escola enquanto todos os outros amigos
tinham seus pais para abraçar, a falta de respostas que
cultivou ao longo de seu crescimento, entre outras
circunstâncias.

3
- Se o conflito é de desvalorização, ele(a) pode falar tudo
sobre raiva, mas não deixar de falar sobre as críticas e
julgamentos que passou em relação àquela pessoa. Seja o
chefe, o pai, a mãe, seja quem seja.

4
- Se ele(a) viveu uma sensação de abandono e a retenção de
líquido é devido a este processo do abandono, ele(a) pode
falar da raiva, da falta, da desvalorização, mas não pode
esquecer da sensação de se sentir deixado(a), de se sentir
sem referência, de ter ficado abandonado(a).

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O que é prioridade deve ser escrito!

E esta prioridade será o conflito específico que o terapeuta


trabalhou dentro da sessão.
O terapeuta da Origem vai identificar o sentimento
específico que incomoda o paciente, com o ressentir ao
órgão ou tecido que está fragilizado, relacionando ao
sintoma específico que está alterado.

Com quem é a frustração


Uma vez identificada a pessoa,
o ideal é transpor em
linguagem correspondente.
Isso significa, por exemplo, se
a vivência foi quando criança,
geralmente peço ao paciente
para escrever na carta o que a
criança gostaria de ter falado,
o que o adolescente gostaria
de ter expressado, o adulto
gostaria de ter registrado.

Recidivas
Às vezes o paciente volta,
porque não disse aquilo que
precisava ser dito. Cabe ao
terapeuta explanar ao
paciente antes de sair do seu
consultório com clareza para
que ele possa colocar aquela
informação na carta.
Exatamente aquilo que
precisa ser expressado.

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A Linguagem narrativa

Pouco adianta escrever como um adulto, perante um


conflito de infância. O que um adulto pensa é discrepante ao
que pensava uma criança de quatro anos. Os pesos e
sensações são absorvidas de forma diferente. Volte na figura
daquela criança e fale o que a criança gostaria de ter dito.
Qual era a necessidade mais profunda daquela criança?
Encontrar as palavras para isso é chegar à raiz da
manifestação e ressignificar o padrão.

Pode ser a necessidade do carinho, da falta do afeto, da


vontade do abraço, do querer que o pai ou a mãe estivesse
por perto, de não ter gostado de o pai ou a mãe ter deixado a
casa por X motivo, entre outros.

E aquele amor bobo de adolescência? Pode ter nascido ali


um caminho de relacionamentos mal-resolvidos e uma
sequência de frustrações na vida adulta.

Será que aquele adolescente não sofreu? Será que não


chorou?
Volte à figura do que aquele adolescente gostaria de ter
falado para aquela menina.
Ou o que aquela adolescente gostaria de ter falado para
aquele menino.
Porque para resolver o processo é preciso falar com
sinceridade, aquilo que realmente ficou fixado. A verdade
daquilo que sentiu, para se conectar com todas aquelas
informações.

Este processo pode e deve ser feito conforme o simbolismo


do paciente: Para iniciar o processo e se conectar com o
momento passado, vale uma oração, uma meditação, uma
sequência de respiração, que é o que ensinarei agora.

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Respiração: 20 conectadas

Ciclo de respirações, vou


explicar agora o Exercício
de 20 conectadas, que
vem da metodologia do
Renascimento.
Faça uma respiração
profunda (inspira e expira
pelo nariz). Em seguida, 4
respirações rápidas sem
pausa (puxa e solta o ar
rapidamente).
Recomece com uma
respiração longa.

Faça isso 5 vezes.

Isso fará você ir mais


fundo e se conectar com
a sua história ou história
familiar.
Sinta e deixe fluir.
Tudo está gravado em
nosso consciente,
inconsciente, em nosso
DNA, em nosso Campo
Morfogenético e essas
vivências refletem em
nosso corpo.

Feito isso, comece a


escrever.

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Sem papas na língua: desligue o racional


Deixe fluir no papel e escreva sem frear tudo que vier na
cabeça, sem usar o racional.
Coloque todo o sentimento, palavras e emoções.

A cura pela gratidão


Finalize com a frase do Ho’oponopono: “sinto muito”, “me
perdoe”, eu te amo”, “sou grato”, que tem como objetivo
guiar o praticante através das quatro etapas sentimentais:
arrependimento, perdão, amor e gratidão.

Pode escrever no final um agradecimento a pessoa a qual a


carta está sendo direcionada, se houveram também
momentos bons, para complementar o processo.

Indicação de leitura
Livro La Ley del
Espejo, de Yoshinori
Noguchi
Uma regra mágica
para solucionar os
problemas da
família.

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Escrevi. O que faço com a carta?

Queimar: cinzas e fumaça


Segundo algumas teorias, se a
pessoa já faleceu você pode
queimar a carta.
Há os que simbolizam e os
que entregam. Se o seu
interlocutor é falecido, vale até
ir ao cemitério para queimar
uma vela e a carta, como
forma simbólica de se
entregar para aquela pessoa,
transmutando aquela
informação para o espiritual.

Se a avó já faleceu, também


vale queimar na panela, como
se tivesse enviando aquela
informação.

É como se, simbolicamente, a


fumaça estivesse indo
entregar a informação.

Queimar como se tivesse deixando aquela cinza e o fogo


purificar a vivência e deixar o passado no passado.
Observe se o papel queima inteiro ou se fica buracos/espaços
sem serem queimados. Se há buracos, significa que ficaram
questões a serem trabalhadas. No dia seguinte, escreva todo
o sentimento. Tente encontrar em seus sonhos aquilo que
faltou… Se a liberação for completa, o papel queimará inteiro
e rápido.

Lembre sempre de alinhar a forma de simbolizar o processo,


com as crenças do paciente, para que não provoque conflitos
internos nele e ele evite de realizar o processo.

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Plantar
Vale também colocar a cinza
na terra como forma de
eliminar o passado,
deixando-o para trás; ou
fazendo a intenção para que
ele dê frutos.

O papel pode ainda ser


cortado em pedacinhos e ser
jogado no lixo ou enterrado
para que uma planta possa
crescer e vir algo de bom em
cima daquilo que foi ruim.

Deixar fluir na água


As cinzas também podem ser
jogadas em água corrente no
rio.
Ou mesmo o próprio papel
da carta pode ser jogado no
rio. Água corrente pode
simbolizar o deixar o passado
fluir.

Conforme o que o paciente


entende que é melhor. É
preciso seguir,
simbolicamente, ao que ao
paciente faz sentido.

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O que você pode agradecer?

O livro de Yoshinori Noguchi traz o exemplo de vivência de


uma mãe cujo filho sofre ataques e frustrações de outras
crianças que fazem bullying com ele. E a mãe sofre junto
com a criança.
O pai tem um amigo terapeuta e acaba por encontrar ele, e
este amigo sugere que a mulher vá ao consultório dele, pois
sabe que ela está a sofrer pelo filho. Assim a mãe, que quer
resolver esse sofrimento, vai. O terapeuta pede para a mãe ir
primeiro, sozinha, começa a trabalhar a terapia e percebe
que essa mulher tem várias frustrações com o próprio pai. E
perante o que ele vê, o filho sofre uma repetição da
frustração do avô, pois pelas mágoas que ela sentia, acabava
tratando mal o pai, o atacando, julgando. Ele pede para que
essa mulher escreva uma carta para o pai para expressar
suas necessidade. Mas ela reluta em fazer, mas com o passar
do tempo, acaba fazendo, assim expressa o que nunca pôde
expressar.
Carta feita, O terapeuta então pede para que ela escreva
tudo o que pode agradecer ao pai: agradecer à vida, pois se
ele não tivesse tido a relação com sua mãe ela não estaria
aqui. Agradecer se teve coisas boas que ele proporcionou em
sua vida, vivências de brincadeiras, presentes, apoio, suporte,
tudo o que tiver de positivo para a sua vida, por mais que
sejam pequenas coisas.
Ela reluta novamente, mas escreve a segunda carta para o
pai.

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Jogue a raiva para fora


Como falamos, ao colocar as mágoas numa carta, é


interessante expressar tudo de ruim para fora, pois se a
mágoa está engasgada, fica mais difícil ou quase impossível,
olhar para o positivo. O negativo realça e está sempre mais
expandido dentro de nós. Primeiro expresse tudo de ruim,
para depois nos conectarmos com o bom. Ele pede,
portanto, que ela faça a segunda carta, a carta positiva.
Quando ela escreve tudo de bom que o pai proporcionou a
ela, pode enfim se conectar no todo das coisas positivas que
o pai também proporcionou. Mas às vezes uma única coisa
negativa pode se sobressair em várias outras positivas.
Pode-se conectar com o positivo do primeiro fato, que é a
vida: "sem ele eu não estaria aqui", este já é um grande fator,
que as vezes já basta. Cada ato bom que o pai trouxe fez com
que ela preenchesse aquele vazio que estava ali.

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Expresse seus sentimentos


O terapeuta sugestiona que ela telefone para o pai para


contar esses fatores positivos. Ela reluta, mas novamente
acaba fazendo. Fala com o pai tudo o que foi de positivo. O
pai fica sem reação, só chora, chora e chora. A relação deles
muda para sempre, para melhor. Uma via que se conserta.

Às vezes, uma pequena coisa negativa chega bagunçando


tudo e gera uma mágoa do pai, altera a expressão facial para
nosso pai, nossa mãe, profissional que trabalha com a gente,
esposo, esposa, uma cara de mágoa, de repulsa, de
frustração. Às vezes a outra pessoa nem entende o porquê.
Pessoas passam uma vida inteira magoadas umas com as
outras sem entender o porquê. E o fato de, às vezes, nunca
falar o positivo para outra pessoa, não tem como ela saber se
realmente ela fez a diferença na vida do outro, em algum
momento.

Aí quando é possível expressar à pessoa para que possa


saber que ela fez a diferença, isso pode mudar relações. Às
vezes um pai passa a vida inteira quieto e fechado porque
quando ele falou você brigou, então é melhor ele ficar quieto
do que receber uma nova bronca.

Essa história nos faz perceber que quando é possível falar do


positivo, as relações mudam. A mãe do menino que sofria
bullying estava fazendo bullying com o próprio pai,
atacando-o. Isso fazia com que houvesse dificuldade de
relação com aquela família, restabelecida a partir de então.

Sistemicamente, é um ato que muda a história. Aquele


menino que antes era rechaçado passa a ser convidado pelos
outros garotos a estar junto com eles para brincar, jogar, se
divertir, pois aquele campo sistêmico parou de existir, que
era a repetição do padrão na família.

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Recapitulando…

1- Carta Negativa
2- Carta de Agradecimento, a Carta Positiva

Se se sentir à vontade, entregue a segunda carta!


Isso vai resultar em qualidade e fluidez na sua vida
e na de seus descendentes.

Mãos a obra!!

Comece por você e depois indique a seus


pacientes, para que eles também possam
cicatrizar suas feridas.

Ivan bonaldo

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