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Lixo emocional

O que você guarda nos porões do seu inconsciente?

Josecler Alair
2018
J á que nosso cérebro é comparado

a um computador potente, desejo que


nós aprendamos a utilizar o botão
DELETE com mais freqüência.

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Índice

Prefácio .............................................................4

Introdução ..........................................................7

Psoríase............ ...............................................11

Armazenamento................................................18

Sentimentos......................................................24

Mergulhar para dentro de si .............................31

Limpando..........................................................38

Chamando o caminhão.....................................46

Do autor ...........................................................52

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Prefácio

Q uando recebi de meu amigo, Josecler Alair, o

convite para apresentar o seu livro “Lixo Emocional”


fiquei lisonjeada, pois, o início de nossa amizade foi
marcado pela proximidade de nosso trabalho voltado
para a saúde integral de cada ser.

Este livro vai levar você a realizar um exercício mental


de autoconhecimento.

Esta trajetória será realmente fascinante e provocará


nos “porões de seu inconsciente” uma incrível
descoberta de todas as armadilhas que surgem em
cada curva de sua caminhada.

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Você penetrará no seu Eu mais profundo, e trará a tona
lembranças que funcionarão como um exercício salutar
para o crescimento psicossomático de todo ser humano
que ousa buscar a felicidade.

Este belo trabalho de Josecler vem de encontro a minha


vivência clínica, que está voltada para a libertação das
dores emocionais e físicas que tanto nos limitam.

Bem, falando do livro de Josecler...

Boa leitura e Boas descobertas!

Dra. Isabela Bastos Alvarenga Resende.

- Graduada em Fisioterapia pela UNILAVRAS.

- Pós Graduação em Ortopedia e Esportes pela UFMG.

-Formação Internacional em: Microfisioterapia, Leitura Biológica(Nova Medicina


Germânica), Ciclo de uma Vida, PNS(PosturoterapiaNeurosenssorial).

- Formação em hipnose.

- Formação em aromaterapia.

-Coordenadora da clínica municipal de fisioterapia Hamilton Resende – Perdões, MG

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S e há em você algum pensamento,

idéia ou até mesmo alguma


crença que um dia já lhe foi útil e hoje
não é mais, LIVRE-SE disso.

Não existe nenhum ordenamento


que lhe obrigue a continuar guardando
aquilo que não tem mais valor pra você.

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Introdução

N osso cérebro é uma máquina muito potente e não o

conhecemos em sua totalidade. Nossas individualidades


nos tornam sujeitos espetaculares e fazem com que
nossas experiências sejam as mais diversas, não
havendo uma fórmula mágica para obtermos resultados
para todos os indivíduos.

Nossas experiências e as formas como as interpretamos


permitem a toda diferença nas ações e reações que
temos durante nossa vida.

Uma das atitudes que mais me chamam a atenção é o


valor que damos às pessoas, aos fatos e como os
armazenamos em nossa memória. Esse armazenar faz
com que nosso cérebro tenha sempre, “em mãos”, todos
os sentimentos, desejos e informações pertinentes
àquilo que vivemos e vivenciamos ao longo das nossas
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vidas. Algumas pessoas conseguem facilmente “deletar”
as informações das quais trataremos aqui como
“desnecessárias” ou dolorosas; outras, por sua vez,
além de não as deletarem, acionam-nas o tempo todo e
permitem-se reviver as emoções e sentimentos como se
tudo que está preso à sua memória fosse real e
estivesse acontecendo outra vez.

Precisamos ter o que chamo de “inteligência emocional”


e fazermos uma verdadeira faxina, em nossa memória,
colocando para fora o que não nos serve mais. Quando
eu falo sobre essa inteligência emocional, pode parecer
coisa de outro mundo, mas nada mais é do que a
capacidade de reconhecer, avaliar e entender os nossos
sentimentos e então conseguirmos lidar com todos eles
fazendo a vida se tornar mais prática e fácil.

Espero que, após ler este livro, você possa chamar o


caminhão de lixo e o deixar levar tudo que está
sobrando em sua memória.

Josecler Alair
Hipnoterapeuta
e Life Coach

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T enho tanto sentimento

Que é freqüente persuadir-me


De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Fernando Pessoa
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Psoríase

D esde pequeno tenho consciência de ter em meu

corpo uma patologia conhecida como psoríase. Durante


muitos anos, por conta da coceira em excesso, me via
sangrando em diversas regiões do meu corpo,
principalmente, na canela e no peito. Todas as vezes
que me via em dificuldades a coceira aumentava e eu
não me dava conta de que inconscientemente estava
reproduzindo em meu corpo algum tipo de sofrimento ou
dor.

A ciência diz se tratar de uma forma mais comum de


dermatite crônica que causa lesões brancas na pele em
algumas partes do corpo, como cotovelos, joelhos,
região sacral, mãos, pés e cabelo. A psoríase é

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amplamente creditada como uma doença hereditária. A
predisposição para a doença está presente no
nascimento, mas são os fatores desencadeantes, como;
o estresse o trauma psicológico, que influenciam
fortemente as manifestações da patologia. Os aspectos
psicológicos dão ao assunto uma importância muito
grande e merecem ser trabalhados na sua
particularidade, de forma individual, não podendo ser
tratado como uma fórmula química ou matemática Não
é apenas o corpo que sofre com a deterioração da pele,
mas também a psique que em algum momento foi
gravemente ferida e hoje repete padrões.

Outros fatores que precisam ser considerados neste


assunto estão relacionados com o contexto social. O
indivíduo, além de sofrer no corpo e na alma, também
encontra desconfiança, insegurança e isolamento no
que tange o seu convívio social.

Em minhas pesquisas, tenho entendido que as doenças


relacionadas à nossa pele têm um pano de fundo ou
maior incidência no contexto emocional e pouca coisa
se dá no contexto hereditário propriamente dito. Nossa
pele é o maior órgão do nosso corpo e representa a
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forma como nós nos conectamos com o mundo externo
e com as pessoas de uma forma em geral. Quando nós
não temos harmonia com o mundo, a nossa pele busca
nos defender de uma forma ou de outra. Para esse
fenômeno os estudiosos dão o título de: “LINGUAGEM
NÃO VERBAL” ou então, “O CORPO FALA”. Em se
tratando da pele, isso passa para muito além da
psoríase, mas também pelas acnes e outras formas de
expressões.

Partindo dos escritos Freudianos, entendemos que o


nosso corpo é como se fosse um grande mapa que
expressa no seu exterior à organização do interior. Ou
seja, nosso estado mental, quer seja no consciente ou
no inconsciente organiza nossas emoções e
sentimentos e o corpo só se coloca de forma a explicitar
isso. Em se tratando da nossa pele, quando bebê,
nosso cérebro começa a codificar a nossa relação com
o toque, com a forma de receber carinho dos pais e das
pessoas mais próximas e em específico da mãe que é
quem mais toca o bebê, cuida, alimenta e zela por ele.

Quando na nossa fase adulta, passamos por diversas


experiências. O nosso cérebro tende a nos fazer seres
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racionais o tempo todo para darmos resolução aos mais
diversos conflitos. Se por alguma razão nós não
conseguirmos atender as nossas expectativas na
resolução do problema, o cérebro continua em busca de
ferramentas e mecanismos para dar um resultado
positivo a esta demanda e como forma de defesa, ele
faz uma espécie de análise de todas as experiências
que já vivemos na nossa vida e ao retornar em forma de
uma suposta regressão, o cérebro encontra várias
memórias. Dentro dessas memórias, existiu uma época
em que a nossa mãe cuidava da gente com zelo e nada
nos afligia. Ao fazer essa busca e encontrar uma
possível rota de fuga para o alívio, o corpo cria então,
reações, exteriorizando nossa dor para que possamos
assim chamar a atenção de alguém para que possa
cuidar da gente novamente.

Hipnose

A terapia com a utilização da hipnose pode promover a


melhoria de muitas doenças, inclusive as doenças na
pele, isso se não promover a resolução total do
problema. A hipnose é um estado semelhante ao sono,
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gerado por um processo de indução, onde o indivíduo
fica mais suscetível às sugestões por parte do
hipnotizador ou hipnólogo. No processo terapêutico,
chama-se hipnoterapia. A hipnoterapia é capaz de
auxiliar o sujeito a reduzir sua dor, e os sintomas
psicossomáticos que geram perturbação. O mecanismo
pelo qual a hipnose produz uma melhoria dos sintomas
e lesões da pele estão relacionadas com a regulação da
oxigenação no sangue, a regulação do fluxo sanguíneo
e outras funções do sistema nervoso autônomo que,
normalmente, não estão sob o nosso controle
consciente.

O sistema neuro-hormonal é também afetado pelo


relaxamento induzido por meio da hipnose. Ao utilizar a
terapia com hipnose, o cliente consegue na grande
maioria das vezes, limitar a dor e coceira, além de
auxiliar na redução da ansiedade e do estresse.

Minha ideia principal não é de ensinar auto-hipnose para


ninguém, apesar de ser minha ferramenta de trabalho,
mas nestes casos, como o vivido por mim, pode ser
uma das melhores formas de prevenção ou tratamento
de algumas patologias. Quando conseguimos dar um
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novo significado em algumas situações nas nossas
vidas, o corpo humano reage de forma graciosa. Para
além do contexto da auto-hipnose, tenho percebido
grandes mudanças quando o ser humano que sofre com
essas patologias consegue descobrir o seu papel aqui
na terra e também o papel de várias personagens de
sua vida, principalmente figuras paterna, materna e seus
relacionamentos amorosos.

Ao colocar para fora o nosso “LIXO EMOCIONAL”


conseguimos então liberar espaço para que nosso corpo
funcione perfeitamente, sem pressões, sem angústias e
assim nossa vida segue mais leve.

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N osso cérebro é o melhor brinquedo já criado:

nele se encontram todos os segredos, inclusive o da


felicidade”.
Charles Chaplin

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Armazenamento

O cérebro humano é o órgão que mais me encanta e

uma das tarefas mais difíceis é dominá-lo. Depois de


muito estudo, podemos dizer que nosso cérebro tem
duas divisões básicas: emocional e racional. Claro que,
neurologicamente falando, ele se divide em muitas
outras partes, mas estas duas são as que mais
importam, para nós, agora, pois precisam estar em
equilíbrio para que possamos ter uma saúde física e
mental tranquila.

O lado racional do nosso cérebro se baseia em


evidências objetivas e estabelece relações entre causas
e efeitos; o nosso lado emocional funciona de forma
diferente, atua bem mais rápido do que o primeiro, já
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que não para e analisa causas e efeitos ou as
consequencias das ações e atua por impulso, como que
se agisse “sem pensar”.

A parte do nosso cérebro que “controla” as emoções é


conhecida por SISTEMA LÍMBICO, e sua função é
cuidar de “gerenciar” nossas emoções, memórias e tudo
que nós aprendemos. A título de curiosidade, o sistema
límbico tem mais ou menos o tamanho de uma noz.

Agora que já sabemos de quem cobrar um melhor


gerenciamento, podemos aprofundar mais um
pouquinho. O sistema límbico é composto pelo
hipocampo que fica responsável pela memória e pela

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amígdala que se ocupa das emoções e do nosso estado
de humor.

O hipotálamo gerencia tudo isso e, graças a esse


conjunto, nós somos capazes de armazenar dados em
nossa memória que afetam, diretamente, nosso estado
emocional. Para não ficar muito técnico, vou dar
exemplos:

Quando nos lembramos do primeiro amor, enchemo-nos


de emoções tão boas que chegamos até mesmo a dar
um leve sorrisinho. Por outro lado, ao lembrarmos um
trauma do passado, enchemo-nos de emoções
negativas e podemos até mesmo chorar e ficar
depressivos.

Quando a gente entende melhor a amígdala,


observamos que sua principal função é processar e
armazenar as reações emocionais. Desempenha um
papel essencial em sentimentos como o amor, o medo,
o ódio e é essencial para identificar quais os verdadeiros
riscos e saber como reagiremos frente a eles.

Ao tentar entender um pouco mais sobre o hipotálamo,


descobrimos que ele faz a liberação de hormônios,
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regula o comportamento alimentar, além de exercer
controle das expressões fisionômicas. Ele cria
substâncias químicas relacionadas a sentimentos como
tristeza, agressividade, amor ou raiva. Também
influencia, notavelmente, no desejo sexual e no ciclo do
sono.

Bom, meu interesse aqui não é ser técnico ao extremo,


mas trazer a nós uma noção de como nosso cérebro
atua. Se estudarmos a fundo, encontramos em nosso
cérebro outras áreas importantes para o controle das
emoções. Há funções específicas, em nosso cérebro,
para cuidar da nossa concentração, empatia, julgamento
e controle emocional, distração e desorganização,
ansiedade, estresse e hiperatividade. Todos esses
sentimentos sem deixar de lado o reconhecimento de
objetos e agressividade como estados de defesa.

Só até aqui, já temos uma quantidade muito grande de


informações que podem nos auxiliar a gerenciar nossas
memórias e emoções as quais a partir de agora podem
fazer toda a diferença em nossas vidas. Podemos
começar a pensar melhor, e então, querermos ativas

21
somente memórias, lembranças, acontecimentos e fatos
saudáveis.

22
“N enhum ser humano é capaz de esconder um

segredo. Se a boca se cala, falam as pontas dos


dedos”.

Sigmund Freud

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Sentimentos

C onhecer um pouco mais sobre os nossos

sentimentos é uma tarefa muito difícil para nossa


sociedade atual. Vivemos os dias de forma tão corrida
que quase não nos permitimos mais parar e meditar
sobre conceitos. Apenas vivemos os momentos e
quando sentimos que algo deu errado é que buscamos
parar com a finalidade de amenizar nossas dores e em
último caso é que buscamos resolver o problema.
Muitas são às vezes em que tentamos mudar as coisas
dentro de nós em meio ao caos, sem darmos a devida
atenção que os nossos sentimentos merecem e agindo
assim não vamos conhecer causa e efeito. Uma vez
ouvi de um gestor público que ele havia assumido o
24
cargo por ordem judicial, no meio do caminho, de uma
forma que não dava tempo de pensar para agir e que
ele estava trocando os quatro pneus com o carro em
movimento.

Há autores brilhantes que podem nos ajudar a entender


melhor nosso contexto enquanto seres humanos. Como
exemplo, cito o sociólogo Zygmunt Bauman que nos traz
o conceito básico da oposição entre um mundo sólido e
o mundo líquido. Para o autor, estamos vivendo um
estagio que ele denomina como “interregno”, neste
contexto, tudo aquilo que os antigos sabiam e nos
passaram para que possamos saber como lidar com a
nossa existência, passa a ser deixada de lado e não
serve mais, da mesma forma que as novas idéia e
tecnologias que nos são apresentadas o tempo todo,
ainda não tem total funcionalidade e ou não sabemos
utilizar, (estão engatinhando segundo o autor).

Nossa sociedade quase não sabe mais o sentido das


ações, apenas vivemos mecanicamente. Até nas
relações (virtuais, via smartphones e redes sociais) não
sentimos o cheiro, o toque, os sons, reagimos de forma

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mecânica (vide as pessoas andando nas ruas com os
seus aparelhos nas mãos, sem olhar para os lados,
quase sendo atropeladas).

Nossas ações não são pensadas em sua totalidade. A


gente simplesmente age e caso surja algum sentimento
ruim, reagimos. Algumas pessoas reagem fazendo uso
de medicação, creio eu que essa é a geração que mais
consome ansiolítico em todos os tempos. Outras
pessoas reagem explodindo em processos orgânicos
como doenças crônicas, depressões ou ansiedades.
Apenas, quando estamos prestes a explodir ou quando
o nosso organismo não dá mais conta e “explodimos” é
que paramos para olhar para dentro de nós e conhecer
nossos sentimentos.

O ato de sentir é um estado afetivo que se produz em


nós por algumas causas e efeitos que nos
impressionam durante a nossa existência. Estas causas
e efeitos podem estar ligados à alegria e à felicidade,
bem como estarem ligadas à dor e à tristeza. Os
sentimentos quer sejam bons ou ruins, surgem como
resultado da forma como interpretarmos o que estamos

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vivendo naquele momento e isso nos permite deixar
gravado e consciente esse estado emocional. Por
exemplo: quando estamos andando na rua, voltando de
uma festa e somos assaltados. Podemos nos
impressionar com a perda de nossos objetos e nossas
emoções serem ruins ou podemos nos impressionar de
termos conseguido escapar com vida e nossas emoções
serem boas. A forma como interpretamos o evento é
que gerará nossas emoções.

Os sentimentos estão vinculados então à dinâmica


cerebral ou produção de neurotransmissores que são
conduzidos ou produzidos de acordo como nós
reagimos perante os acontecimentos. Trata-se de
impulsos da nossa sensibilidade ou interpretação
relativa ao que se vive ou o que se imagina estar
vivendo como sendo positivo ou negativo. Por exemplo:
o término de um relacionamento. Se no momento do
término você tiver reações positivas, vai produzir
sentimentos de liberdade e de paz e ao mesmo tempo,
se no momento do término você tiver reações negativas,
vai produzir sentimentos de dor, medo, insegurança.

27
Se usarmos de outras palavras, os sentimentos são
emoções que determinam um estado afetivo em nosso
corpo. Sempre que os sentimentos são saudáveis, o
estado do nosso ânimo alcança a felicidade e a
dinâmica do nosso cérebro flui normalmente. Caso
contrário, o estado do nosso ânimo não fica equilibrado
e podem surgir perturbações como, por exemplo,
depressão.

Os sentimentos podem ser positivos, quando promovem


boas ações em nossa vida e maneira de pensar, ou
prejudiciais, se alimentam más ações. Neste último
caso, é importante que a gente consiga dominar os
sentimentos e modificá-los. Por exemplo: um sujeito que
sinta ódio planeja realizar um assassinato.

É, portanto, imprescindível que essa pessoa controle o


seu sentimento de ódio de modo a evitar até mesmo um
crime. A gente nunca se deve deixar ser guiados,
unicamente, pelos nossos sentimentos, uma vez que
eles são instintivos e, sendo assim, podem representar
a perda da nossa liberdade.

28
29
“ Deve-se evitar toda precipitação e todo o
preconceito ao se analisar um assunto e só ter
por verdadeiro o que for claro e distinto”.

René Descartes

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Mergulhando para dento de si

O principal propósito de viver deveria ser: viver feliz e

com qualidade de vida, mas isso só é possível se


conseguirmos criar, (pensamentos positivos) em nossa
mente e, (ações concretas), ao nosso redor. Caso isso
não ocorra, viver será sem graça.

Para viver de forma natural, é preciso que nós saibamos


lidar com os nossos pensamentos, sentimentos, desejos
e ações, o que não é uma tarefa fácil. Em minha
experiência com atendimentos, tenho encontrado
pessoas de diversas culturas, credos, condições
financeiras, gêneros e afirmo: não é um trabalho fácil,
porém se alegrem, não é impossível.

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Uma das principais ferramentas, para conseguirmos
cumprir essa tarefa, é fazermos análise de todo esse
contexto. Há quem faça autoanálise, há quem precise
do auxílio de um profissional da psicologia, há quem se
encontre em terapias alternativas. O caminho não
importa, o importante é conseguir.

A hipnoterapia é uma dessas modalidades de terapia


alternativa que escolhi para atuar e tem auxiliado a
diversas pessoas. O cliente, ao me procurar, sabe que
existe algo que precisa ser mudado. Muitos nem sabem
o quê especificamente, mas, ao conhecerem ou, ao se
permitirem vivenciar uma experiência hipnótica, o cliente
é direcionado, em um primeiro momento, a fazer um
mergulho para dentro de si.

Essa terapia proporciona ao cliente um contato direto


com seus sentimentos, com as suas emoções e
desejos. O “X” da questão é: o que o cliente quer ou
pode fazer depois de ter contato com esses
sentimentos?

Neste momento, a pessoa se depara com emoções,


sentimentos e desejos que nem ela mesma sabia que

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habitavam seu ser. Não que seja ruim esse encontro, a
dificuldade é quando exerce função negativa sobre a
pessoa, trazendo, ao seu cotidiano, dor, peso e
sofrimento.

O processo terapêutico com o auxílio da hipnose segue,


de acordo com a capacidade do cliente, faço apenas a
condução de forma técnica, mas enxergar, interpretar,
aceitar e se permitir guardar ou não um sentimento é um
processo muito individual de cada um, cabe a mim
somente o cuidado de auxiliá-lo.

Citarei alguns exemplos, aqui, para facilitar nossa


contextualização: preguiça, falta de força de vontade,
cansaço, dúvidas, medo, insegurança, ansiedade, auto
sabotagem, falta de confiança, ansiedade,
procrastinação, vícios, dificuldade nos relacionamentos,
raiva, agressividade, incompreensão, impulsividade,
insatisfação, frustração, complexos, culpas, pânico,
doenças e muito mais.

Associadas a todas essas reações, encontramos,


muitas vezes, crenças limitantes que nos são instaladas
de forma inconsciente, por intermédio de vários

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paradigmas e dificuldades em elaborar algumas
questões que encontramos durante nossa existência,
principalmente na infância e adolescência. Isso de certa
forma acaba passando pelas nossas experiências com
diversas culturas, os nossos familiares, religião, com a
sociedade em geral. Como exemplo, cito o que
acontece nos casos de bullying.
Ao vivenciar pelo menos, uma vez na vida, qualquer
uma de todas essas emoções aqui citadas, nosso
cérebro capta as sensações e as guarda numa espécie
de banco de memórias. Podendo a qualquer momento
associar uma nova experiência com algo vivido por nós
no passado.
Ao longo dos anos, toda e qualquer outra situação que
se aproximem o mínimo possível da experiência anterior
o cérebro não interpreta de forma racional, como já
tratamos anteriormente e libera, como forma de defesa,
todas as sensações novamente. Deveria funcionar como
um “recado”, para que a gente saísse da situação o
mais rápido possível. Porém, como tudo isso se passa
de forma inconsciente, não agimos como deveríamos e
revivemos todas as dores.

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Da mesma forma, repito, falta-nos um pouco de
racionalidade, ao tratarmos das emoções e o
mecanismo é o mesmo, para as sensações boas que
vivenciamos, nos nossos anos de vida.
Diante deste contexto gracioso, o cliente, também,
depara-se com sentimentos e sensações que citarei,
agora, para facilitar nosso entendimento:
Disposição, paz, calma, amor, alegria, felicidade,
clareza, autoestima elevada, aceitação, compreensão,
perdão, paciência, motivação, satisfação, capacidade,
confiança, saúde e muito mais.
Após ter contato com todo esse contexto, cabe a cada
um de nós saber valorar um por um os sentimentos que
habitam nosso ser e decidir o que queremos ou não
habitando em nós. Infelizmente nossa cultura (ocidental)
pesa muito a mão nos sentidos negativos. Isso tem um
reflexo da religiosidade, do processo de culpa e pecado,
mas não trataremos diretamente sobre isso, apenas vou
exemplificar para entendermos melhor.

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Uma pessoa termina um relacionamento após anos de
dedicação. Quais é o primeiro desejo que passa pela
mente dessa pessoa?

(A) Ganhar na mega-sena.


(B) Fazer um pós-doutorado.
(C) Matar-se e/ou matar o outro.
(D) Doar todos seus bens aos órfãos.
(E) Viajar pela costa do mar mediterrâneo.

É mais fácil essa pessoa pensar na opção (C) primeiro,


pois o término do relacionamento faz com que nos
sintamos vazios, logo, a vida passa a não ter mais
sentido.
Percebe-se na questão apresentada acima como em
nossa sociedade há, naturalmente, uma tendência de
nós sempre sermos ou nos sentirmos pesarosos,
culpados e pecadores. Basta então encontrarmos um
mecanismo para sair desse ciclo que se torna
naturalmente vicioso em nossas vidas, em direção a
uma vida que seja mais leve, tranquila e suave.

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“U m ladrão rouba um tesouro, mas não furta a

inteligência. Uma crise destrói uma herança, mas


não uma profissão. Não importa se você não tem
dinheiro, você é uma pessoa rica, pois possui o
maior de todos os capitais: a sua inteligência.
Invista nela. Estude!”

Augusto Cury

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Limpando

M eu intuito aqui não é lhe ensinar técnicas de

alguma terapia alternativa, apesar de eu trabalhar com


uma, a hipnose, mas quero facilitar sua jornada em
direção ao seu bem-estar. Sinta-se à vontade para
mudar para melhor tudo o que considerar viável.

Uma das primeiras atitudes que você deve se propor a


fazer é separar um tempo para você estar consigo
mesmo. Tenha um momento de intimidade só seu,
garanto-lhe que a experiência será ótima. Outra forma
que é muito importante é ter seu próprio espaço, seu
cantinho ou seu “lugar seguro”, onde você possa se
sentir completamente em paz. Esse lugar não precisa
ser miraculoso, místico ou milagroso.

38
Basta lhe trazer boas sensações. Há quem prefira um
escritório particular, outras pessoas preferem seu
quarto, algumas pessoas preferem o consultório de um
terapeuta, há quem prefira estar em contato direto com
a natureza, como, por exemplo, em uma cachoeira. O
local não importa, o importante é estar em contato com
o seu “eu” interior.

Vale lembrar que nosso corpo nos fornece sinais o


tempo todo, por isso, é importante saber identificar o
que estamos sentindo, como reagimos, o que é
saudável ou não para nós.

Conhecimento ou autoconhecimento são fundamentais


a fim de conseguirmos fazer essa limpeza. Buscar, em
seu encontro consigo mesmo, estar sempre calmo (a),
procure ficar sempre o mais confortável possível, seja
sentado (a) ou deitado (a). Não existe uma posição
única, mas, sim, a posição que lhe faça bem.

Só precisamos lembrar que ninguém “cozinha na


garagem”, ou faz suas “necessidades fisiológicas na
sala”, logo toda ação precisa de um espaço específico,

39
preparado para aquele fim. Selecione o seu melhor local
e o aproveite ao máximo.

Utilize a sua respiração para auxiliar no processo de


relaxamento e concentração. Para isso, vou lhe dar a
dica de como deve fazer.

Sente-se ou deite-se confortavelmente onde você possa


se sentir completamente seguro. Feche seus olhos.
Inspire lentamente puxando o ar pelo nariz até encher
completamente os pulmões. Em seguida expire
lentamente pela boa até esvaziar completamente os
pulmões, utilize o diafragma para auxiliar. Repita esse
exercício várias vezes e quanto faz isso, imagine que ao
inspirar você leva vida para dentro do seu corpo e ao
expirar, todos os pensamentos ruins vão saindo junto
com o ar pela boca.

Quando fechamos os olhos, permitimos que o cérebro


não fique em estado de alerta, tão ligado às pessoas,
fatos e aos acontecimentos que estão a nossa volta,
isso auxilia, também, no processo de relaxamento e
concentração.

40
Quando a gente se permite entrar neste estado citado
acima, lembro-me de uma frase do psicanalista Carl
Jung que diz: “Quem olha para fora sonha, quem
olha para dentro desperta”, isso me faz perceber que
estou próximo a despertar de algo, porque não dizer,
despertar de algo que nos aprisiona.

Após estarmos relaxados e concentrados, nesse


encontro conosco mesmos, é preciso que façamos uma
leitura de tudo o que sentimos, o modo como reagimos
durante o dia, durante a semana e até mesmo durante o
mês. Exemplo: tenho ficado nervoso facilmente esta
semana? Tenho dormido demais nos últimos dias? Após
essa identificação, temos, assim, de entender o que tem
nos causado essas reações.

Essa atividade proposta aqui não é muito fácil de fazer,


por isso, é importante querermos estar de bem com a
vida ou de bem com a gente mesmo. Dedicação ao
processo e às ações, saber e fazer escolhas positivas
são fundamentais para o processo fluir.

41
Neste momento em que estamos nos permitindo
vivenciar esta experiência única, é importante
utilizarmos nosso cérebro em nosso favor.

Os nossos pensamentos precisam ser nossos parceiros,


criando imaginação em que a gente possa trabalhar
tudo em nosso corpo. Quando colocamos nossas
imaginações em funcionamento, o cérebro produz
hormônios, neurotransmissores, sensações e reações
que são únicas e precisam estar em nosso favor.

O que vou escrever agora pode ser levado em


consideração como sendo uma espécie de script para
você.

Imaginem-se em paz, tranquilos, felizes, imaginem-se


bem e, acima de tudo, sendo os donos (as) dos seus
sentimentos e desejos. Quando estiverem se sentindo
empoderados, iniciem uma organização dos seus
sentimentos, escolham um dos lados, esquerdo ou
direito e imaginem-se separando os sentimentos bons e
ruins.

42
Coloque-os em posições opostas, sentimentos bons de
um lado, sentimentos ruins de outro. Utilizo, neste
momento, buscar, em minhas lembranças, em minhas
memórias, todos os momentos que vivenciei e me
fizeram sentir algo que me foi importante, quer seja bom
ou ruim.

Vou exemplificar aqui alguns dos momentos que sempre


me auxiliam.

O dia que ganhei um presente, o dia da minha


formatura, meu primeiro beijo, meu melhor momento
sexual, minha melhor viagem. Por outro lado, busco,
também, momentos como a morte do meu pai, o dia em
que fui demitido de um emprego, quando fui humilhado
por uma pessoa, quando perdi uma oportunidade por
falta de dinheiro dentre outros. Assim, fica mais fácil,
para o nosso cérebro, associar as nossas emoções com
momentos vividos e, portanto conseguirmos identificar,
naturalmente, quando vivenciamos as mesmas
emoções e conseguirmos separá-las em nossa
imaginação.

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Após separarmos essas emoções, e esse tempo é
individual e vai variar, de acordo com o seu poder
criacional, precisamos limpar nossa “casa interior”.
Fazermos uma faxina em nossas memórias. Fazer,
literalmente, uma limpeza emocional em nossa mente,
em nosso cérebro.

44
A
“ mbiente limpo não é o que mais se limpa e sim

o que menos se suja.”


Chico Xavier

45
Chamando o caminhão

N este momento quero te convidar para mergulhar

numa espécie de metáfora, ou seguindo os passos de


Jesus, te convido para vivenciar uma parábola
contemporânea.

Diante de tudo que nós falamos acima, creio que você já


deva ter um conhecimento, mesmo que seja mínimo de
tudo que há dentro de você, pelo menos o que está na
parte superior do “iceberg” que é nosso inconsciente.
Agora que já limpou, já separou o que é bom e o que é
ruim pra você, eu te convido a utilizar sua imaginação e
criar uma projeção baseada na hipnose e na
Programação Neurolinguística.

46
Imagine que você esteja ao lado de todo aquele lixo
emocional que você separou. Você pode utilizar da
metodologia que achar mais prática e talvez queira
ensacar ou encaixotar esse lixo, sinta-se a vontade para
trabalhar a forma como esse lixo vai ser descartado.

Continue imaginando e criando a sensação e a


percepção de que neste instante você passa a ver o
caminhão de lixo se aproximando de você.

Ouça o barulho do motor, crie o barulho dos freios do


caminhão que manobra perto do amontoado dos lixos.
Imagine o motorista acionando o freio de mão,
descendo da cabine e te auxiliando a jogar todas as
caixas ou sacos dentro da parte traseira do caminhão de
lixo. Após se livrarem de tudo, vá um pouco mais além.
Perceba que sua mente é uma ferramenta muito potente
e que neste momento ela está criando algo em seu
benefício, por isso se permita ir mais além.

Continue imaginando o motorista acionando a alavanca


na parte superior do caminhão, a alavanca se mexe,
abarca todos os sacos e caixas e os leva para dentro da
parte de compactação do caminhão. Esse movimento

47
faz com que os sentimentos, os lixos, os sacos, as
caixas saiam do seu campo de visão.

Você até pode tentar vê-los, mas eles não estarão mais
no seu campo de visão. Nesta hora, você gentilmente
agradece ao motorista do caminhão e o libera. Ele se
volta para a cabine, liga o motor novamente, solta o freio
de mão e o caminhão segue seu destino que é um
aterro sanitário bem longe de você. Você neste
momento só poderá enxergar o caminhão diminuindo de
tamanho devido à distância que ele toma de você e
quanto mais longe ele chega, menos é o tamanho do
caminhão no seu campo de visão e ele vai diminuindo,
diminuindo e diminuindo até o momento em que ele
some completamente e você não o enxerga mais.

Da mesma forma, todo aquele lixo emocional que ele


levou já não faz mais parte de você.

O que vive e reina agora em sua vida são os


sentimentos bons, os que ficaram juntos de você e
neste contexto você pode organizá-los para que caibam
perfeitamente em sua mente e seu coração.

48
Espero que este trabalho tenha te auxiliado
profundamente a se libertar das amarras que por anos
aprisionam as pessoas. Desejo do fundo do meu
coração que a paz, a bondade, a fé e a esperança
sejam seus guias de ora em diante no caminho de luz
que você irá trilhar.

Pude dividir com vocês nessas páginas, uma ferramenta


simples que tem auxiliado várias pessoas e que da
mesma forma me auxiliou. A parte mais engraçada
disso tudo é que como trabalho com a hipnose clínica,
essa ferramenta passou a fazer parte do meu cotidiano
junto a meus clientes. Por isso, sempre a utilizo comigo
também e ao encontrar com as pessoas na rua no
centro da cidade, sempre escuto das mais diversas
pessoas: “Nossa, você está com um ar mais leve. O que
você está fazendo”?

Desejo que esta mesma leveza tome conta de seu ser!

49
J esus falou muitas coisas por parábolas,

dizendo:

"O semeador saiu a semear. Enquanto lançava


a semente, parte dela caiu à beira do caminho,
e as aves vieram e a comeram.

50
Parte dela caiu em terreno pedregoso, onde
não havia muita terra, e logo brotou, porque a
terra não era profunda. Mas, quando saiu o sol,
as plantas se queimaram e secaram, porque
não tinham raiz.
Outra parte caiu no meio dos espinhos, que
cresceram e sufocaram as plantas. Outra ainda
caiu em boa terra, deu boa colheita, a cem,
sessenta e trinta por um.
Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!"

Evangelho segundo Mateus


Capítulo 13; VV 3 ao 9

51
Do autor

Josecler Alair nasceu em 11 de agosto de 1981 na


cidade de Juiz de Fora na zona da mata mineira. Desde
criança se mostrava muito curioso. Como se dedicou
muito cedo em conhecer os ensinamentos bíblicos,
Josecler é convidado a ministrar pregações e palestras
com temas pertinentes ao mundo cristão. A curiosidade
permanecia pulsante em seu ser, para acalmar, foi em
busca de mais conhecimento e se tornou investigador
particular profissional. Imbuído do desejo de saciar-se e
preencher-se com “o novo” ele deixa sua cidade natal,
suas atividades laborais, suas funções, sua família e sai
em meados de 2008, rumo à cidade do Rio de Janeiro
onde dedicou todos os seus esforços ao curso superior
de Investigação e Perícia Judicial.

Perito judicial graduado pela Universidade Estácio de Sá


do Rio de Janeiro fez, além da graduação, vários cursos
52
de especialização e capacitação, dentre os quais, três
cursos sobre Abuso Sexual e Pedofilia, logo após,
lançou seu primeiro livro chamado “Morte no 217-a. O
código Penal bate à sua porta”. Depois do lançamento,
Josecler mudou-se para Portugal onde cursou sua Pós -
graduação em Ciências Forenses com ênfase em
Comportamento Desviante e em seguida, sentindo a
necessidade de alimentar o lado espiritual, escreve o
livro “Três Dezesseis” baseado no evangelho de João
3:16 falando sobre o amor de Deus e suas
particularidades com o ser humano falho e carnal.

Josecler acredita que cada passo de seu trajeto, suas


formações profissionais e o estudo bíblico colaboraram
para seu entendimento no que tange a natureza do
homem, bem como a forma cruel de pensar e agir em
detrimento ao outro. Em abril de 2014, é consagrado
Pastor protestante, mas hoje não exerce a função
ministerial.

Em janeiro de 2015 é convidado a assumir a Ouvidoria


Municipal na cidade de Lavras no Sul de Minas Gerais
onde reside. Na Ouvidoria gerenciou alguns projetos

53
que aproximavam o povo do serviço público, o mais
notório destes projetos foi a “Ouvidoria Participativa”,
por este motivo recebeu o título de cidadão honorário de
Lavras. É também membro atuante na diretoria da
Academia Lavrense de Letras onde ocupa a cadeira
titular nº XI cujo patrono é Nelson Rodrigues.

Finalizando sua atuação no serviço público, Josecler se


dedicou aos cursos de formação em Psicanálise Clínica,
Hipnose Prática, Hipnose clínica e Coaching e com a
conclusão dos cursos monta seu consultório onde
atende a população com hora marcada.

54
Obrigado!

Josecler Alair
Hipnoterapeuta e Life Coach
Tel: (35) 98818-7293
www.hipnos.psc.br
hipnoshipnoterapia@gmail.com
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