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French O'Shields

Primeira Edição

 
São Paulo – SP

LMS

2011

Depressão: como derrotar o gigante

Auxílio prático para entender, prevenir e vencer a


DEPRESSÃO

French O’Shields

Foi publicado originalmente no inglês  sob o título  Slaying


the Giant , Copyright © 1994 by French O'Shields

Copyright © 2011 Literatura Monte Sião

A não ser que se indique o contrário, todas as citações


bíblicas foram tiradas da  Edição Corrigida e Revisada, Fiel
ao Texto Original, João Ferreira de Almeida. Grafia revisada
segundo o acordo ortográfico da lingua portuguesa - 2011

Tradução e Revisão: Bravo! Translations - 


www.bravotranslations.com

Tradutora: Cecília Eller Nascimento

Revisor: Hander Heim


Capa: Wilson Costa

Versão Ebook: Livro em Pixel - www.livroempixel.com.br

ISBN: 978-85-64737-05-1

RESERVADOS TODOS OS DIREITOS

Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou


reproduzida em qualquer meio ou forma — seja mecânico,
eletrônico ou mediante fotocópia, gravação, etc. — nem
apropriada ou estocada em sistema de banco de dados,
sem a autorização escrita da Literatura Monte Sião do Brasil
e o autor French O'Shields.

ENDOSSOS
Tenho 41 anos e sofri de depressão profunda a maior parte de minha vida
adulta. Já fui hospitalizado quatro vezes, durante oito meses, e tentei o suicídio
em duas ocasiões. Já li muitos livros, ouvi materiais de áudio e nunca encontrei
nenhuma resposta para meu problema. Seu seminário revolucionou minha vida.
Voltei a trabalhar e desfruto uma perspectiva totalmente diferente sobre as
coisas.

— Empresário de Michigan

Seu material é bem organizado e apresentado de maneira útil. Sua experiência


pessoal contribui muito para a habilidade de ensinar sobre a depressão e
inspirar esperança em outros.

— Dr. Randal L. Bremer - Pastor presbiteriano

Em nome da Lake City Ministerial Association e em meu nome, quero expressar


nosso mais sincero apreço pelo seminário sobre depressão. Todos os pastores
que participaram receberam auxílio valioso para saber como ajudar pessoas
deprimidas.

— Reverendo Don VanDyke, pastor - Lake City, Michigan

Estou muito bem familiarizado com a depressão em outras pessoas. Sou


eternamente grato a você por juntar os pedaços e me apresentar um corpo
coeso de conhecimento, com forma e raciocínio, que solucionou todas as ideias
conflitantes, compondo um todo coerente e repleto de significado.

— Susan Sargcart - Norwich, Inglaterra

Seu livro é valioso para mim, nas esferas pessoal e profissional. É uma obra
clara, significativa e a mais benéfica que já li. É uma alegria partilhar as
soluções práticas com outras pessoas.

— Sam Summey - Enfermeiro


Muito obrigada por ministrar seu seminário para o programa de saúde
comunitária de nosso hospital. A apresentação como um todo foi excelente, com
avaliações verbais e escritas de participantes que validam os dados. Todos nós
fomos beneficiados.

— Debi S. McKenzie, enfermeira - Georgetown Memorial Hospital, Carolina do


Sul

Dr. O’Shields, tenha certeza de que, durante todo o sofrimento que suportou
durante a depressão, Deus o estava moldando para servir de mensageiro e
consolador para pessoas como eu. Ele o manteve naquele abismo escuro até
que o propósito divino se cumprisse, assim como o oleiro é capaz de juntar os
pedaços de um vaso quebrado. Você precisou passar no teste que ele
estabeleceu para sua vida. Seu livro falou às partes mais profundas de minha
mente e alma, e colocou minha vida de volta nos trilhos.

— T. M., bancária - Charlotte, Carolina do Norte

Numa época em que a depressão é um grande problema de saúde no país,


precisamos desesperadamente de um livro que mostre a perspectiva cristã
sobre a depressão. COMO DERROTAR O GIGANTE, do Dr. French O’Shields, é este
livro. É muito elogiado e recomendado por pastores, médicos, conselheiros,
além de proporcionar auxílio a deprimidos e seus familiares.

— THE WINE PRESS, newsletter da CBU - Black Mountain, Carolina do Norte

Recomendo o livro para qualquer pessoa em depressão. Gosto da obra em


especial porque você fala com experiência em primeira mão e apresenta uma
resposta bíblica.

— A. D., psiquiatra - Alabama

Pessoal e profissionalmente, acho o livro completamente sensato e muito útil,


sem o jargão clínico estranho aos leigos.

— A. L., enfermeiro psiquiátrico - Carolina do Sul

Concluí que essa é a melhor abordagem sobre o assunto que já li.

— R. G., psicólogo - Carolina do Sul

Uma profunda obra de edição da Bíblia e da experiência, um livro libertador que


todo pastor, conselheiro e leigo deveria ter.

— G. C., PhD, terapeuta conjugal e familiar - Flórida

Que bênção seu livro tem sido para mim! Ele me capacitou a levar esperança a
pessoas deprimidas, inclusive a outros missionários. — S. P., missionário -
Quênia

Tenho a convicção de que seu livro chegou a mim em resposta à oração. A


terapia espiritual me deu nova perspectiva na vida.

— S. T., Pensilvânia

As pessoas reagem a esse livro mais do que a qualquer outro.

— B. B., dono de livraria - Carolina do Norte

Por ser dono de uma livraria, conheço muitos livros sobre depressão. Esse é o
melhor que já li.
— L. M., dono de livraria - Carolina do Sul

É possível que contenha mais informações úteis do que qualquer outro livro
sobre depressão que eu já tenha visto.

— J. C., editor de uma grande publicadora - Virgínia

Meu tio me emprestou o livro do Dr. O’Shields. Preciso confessar: senti que, com
certeza, ele me foi enviado por um anjo, pois eu nunca compraria um livro sobre
depressão. A obra me ajudou a entender meu filho muito melhor e também a
abrir os olhos para mim mesmo. Estou fazendo o pedido de um exemplar para
mim também.

— D. M. - Maryland

Estamos estudando seu livro em nosso grupo de oração e estudos da Bíblia na


igreja. Gostaria que soubesse o quanto ele tem sido útil para cada um de nós.
Muito obrigado por escrevê-lo.

— L. L., de uma congregação do Alabama

Dedico este livro a minha esposa, Alma,

que, com sua fé inabalável em Deus

e otimismo eterno, sempre mantém uma luz a brilhar 

em nossa janela de esperança,

por mais escuro que se torne o mundo.

Sumário
Prefácio

Introdução

1 - Depressão normal e anormal

2 - Depressão: ruim, mas não completamente

3 - A depressão e o cristão

4 - Depressão e temperamento

5 - A depressão e o perfeccionista

6 - Tipos de depressão

7 - Níveis de depressão

8 - Desencadeadores da depressão

9 - Sintomas: como é se sentir deprimido

10 - Terapia para a depressão

11 - A verdadeira causada depressão


12 - Pré-requisitos para superar a depressão

13 - Como superar a depressão: mudança no modo de


pensar

14 - Como superar a depressão: exercícios espirituais

15 - Vitória: liberdade afinal!

16 - Como ajudar uma pessoa deprimida

Conclusão

Anexo 1 - Arsenal de textos bíblicos

Anexo 2 - Teste do pensamento

Anexo 3 - Declaração da verdade de Deus

PREFÁCIO
Existe um grande gigante a espreitar nossa terra. Ele
ameaça cada um de nós. Arruína vidas, despedaça famílias
e reduz a força de trabalho. Assusta, entristece e paralisa.
Destrói ao nos convencer de que somos impotentes diante
dele e que não temos esperança de vencê-lo no combate.
Quem é esse gigante? A DEPRESSÃO.

Nos tempos bíblicos, outro gigante espreitava a terra. A


nação ameaçada era Israel, e o gigante, o filisteu Golias. Os
soldados de Israel, em geral valentes na batalha,
empalideciam de assombro e temor enquanto Golias
bradava seu desafio de participar de um combate mortal.
Eles se resignaram à derrota e fugiram.  Somente Davi, um
jovem pastor, novo demais para ser soldado, aceitou o
desafio. Davi contra Golias. Um embate improvável. O
pastorzinho parecia desarmado diante do colossal Golias,
cujas armas e armadura as pessoas comuns nem sequer
conseguiam carregar.  Os homens deram a Davi uma
armadura e armas convencionais. Ele as experimentou, mas
não eram confortáveis. Sentiu que elas ofereciam pouca
chance de vitória e se desfez delas.

No seu lugar, Davi escolheu sua funda de pastor e pequenas


pedras lisas, retiradas de um ribeiro. Foram pedras que
Deus criou e providenciou.

Quando se enfrentaram na batalha, o gigante desdenhou do


jovem pastor. Os soldados de Israel — supostos
especialistas na guerra — pensaram que Davi era louco de
achar que tinha alguma chance de derrotar o gigante.

Mas veja, veja! O gigante está morto! Ele sucumbiu à


primeira pedra lançada da funda de Davi. A todos, menos a
Davi, parecia a arma mais improvável, algo que os
especialistas pensaram nunca ser capaz de funcionar.

Incrível? Com certeza. Todavia, a arma verdadeira não era a


pedra, mas a confiança e a certeza inabalável de Davi no
Deus que lhe daria vitória. Em resposta aos brados de
escárnio de Golias, Davi respondeu confiantemente: “Tu
vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; porém
eu venho a ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos
exércitos de Israel, a quem tens afrontado. Hoje mesmo o
Senhor te entregará na minha mão, e ferir-te-ei, e tirar-te-ei
a cabeça” (1 Samuel 17:45–46). Sim, a arma espiritual foi o
verdadeiro instrumento que matou o gigante e trouxe a
vitória.  Em minha batalha contra o gigante da depressão,
descobri que as armas que funcionam melhor são as
espirituais. Alguns “especialistas” podem até pensar que
não. Mas eu sei a verdade. Já tive essa experiência.
Conheço o terror e os horrores da batalha e, graças a Deus,
desfrutei a alegria da vitória.

Para descobrir mais sobre o confronto entre Davi e Golias,


leia 1 Samuel cap. 17.  Para saber mais sobre o gigante da
depressão e como vencer a batalha contra ele, leia este
livro.  Tenho certeza de que as armas espirituais (terapia
espiritual) oferecem a única vitória completa e duradoura
sobre a depressão psicológica. Peço a Deus que use esta
obra a fim de dar a mesma certeza a você também. Que
Como derrotar o gigante não seja apenas mais um livro que
você lerá, mas sim, uma experiência em sua vida. Agora é o
começo da manhã de um domingo de Páscoa. Estou
sentado a sós na varanda da casa no lago dos queridos
amigos Tom e Gail. Enquanto observo os primeiros reflexos
coloridos do nascer do sol nas águas escuras do lago,
lembro-me das ressurreições na vida do cristão. Uma alegria
serena enche meu ser. Com certeza, ressuscitar para uma
nova vida a partir da cova da depressão é uma das mais
gloriosas delas.

Todo louvor, toda glória e gratidão sejam dados a Deus. Por


meio dele, VOCÊ PODE SUPERAR A DEPRESSÃO!
— French O’Shields - Páscoa de 1994

INTRODUÇÃO
Hoje você começa uma jornada imaginária a um mundo
diferente e estranho: o mundo dos deprimidos.

Na verdade, esse mundo estranho não é um lugar que todos


desejam ou planejam visitar, mas muitos o fazem. Cerca de
uma entre cada dez pessoas passam por lá em algum
momento: homens e mulheres, de crianças a idosos, de
todas as classes sociais, esferas econômicas e níveis de
escolaridade. Tais indivíduos descobrem que o mundo dos
deprimidos não é um local agradável de visitar. A vida lá é
terrível e faz jus a ser chamada de “um verdadeiro inferno”.
É um lugar a ser evitado, pois uma jornada real até esse
destino pode custar a sua própria vida!

Em nossa jornada imaginária, eu lhe contarei:

Como uma pessoa chega ao mundo dos deprimidos.


Como é a vida por lá.
Como voltar para casa e sair desse mundo estranho.

Por que fazer a jornada imaginária?

Já que o mundo dos deprimidos é um lugar tão terrível, por


que alguém desejaria fazer uma viagem imaginária para lá?
Trata-se de uma viagem benéfica que pode salvar vidas — a
sua ou a de alguém que você ama. Ela a ajudará a:

Evitar que você faça uma visita real a esse mundo.


Voltar dessa terra estranha, caso já esteja lá.
Compreender melhor como é, de fato, a vida de seu parente ou amigo e
como ajudá-lo a regressar.

Seu guia turístico

Antes de começar qualquer viagem, você precisa saber se


seu guia turístico é qualificado para levá-lo ao destino final,
capaz de fazê-lo aproveitar o lugar que está visitando e,
certamente, se saberá conduzi-lo em segurança de volta
para casa.  Meu nome é French O’Shields e serei seu guia
turístico nessa viagem imaginária. Quais são minhas
qualificações? Você tem o dever de saber.  Além de minha
formação em Teologia e dos 28 anos de experiência como
pastor titular de três igrejas nos Estados Unidos, sou
graduado em Psicologia e possuo alguma capacitação e
experiência na área da Psiquiatria (confira detalhes na
seção Sobre o Autor).

Tudo isso é útil para que eu seja seu guia turístico. Contudo,
minha qualificação mais importante é que eu mesmo já
estive no mundo dos deprimidos. Embora durante a maior
parte de minha vida adulta tenha sido propenso à
depressão e haja passado por depressão leve em algumas
ocasiões, em 1985, sofri de depressão clínica. Existi, não
vivi, nesse mundo por quase seis meses. A terapia secular
foi útil, mas não me fez superar a depressão. Deus me
revelou princípios, verdades e exercícios espirituais que me
habilitaram a vencê-la e a me ver livre dela desde
então.  Com minha formação e experiência, pensava que
sabia alguma coisa sobre depressão. Quando, porém, eu me
vi num quadro de depressão clínica, descobri que não
compreendia absolutamente nada. Isso me convenceu de
que ninguém consegue saber como é estar deprimido, a não
ser que tenha vivenciado na pele esse estado. Embora
pretenda compartilhar o conhecimento proveniente de
minha formação e experiência, a maior parte do que
abordarei provém de minha jornada pessoal e daquilo que
Deus me revelou, permitindo-me sair do mundo dos
deprimidos.

Este livro

Acredito que quanto mais uma pessoa conhece e


compreende a depressão, mais propensa ela é a evitá-la ou
superá-la. Por isso, procurarei contar-lhe o máximo possível
sobre a depressão. No entanto, este livro não é um tratado
científico, nem uma compilação de citações de outros
autores. Em vez disso, seu objetivo é compartilhar de
maneira simples aquilo que, com a ajuda de Deus, aprendi
sobre depressão, com a oração e a expectativa de que o
livro trará cura a você e também a outros.  Em gratidão ao
Senhor por me capacitar a vencer a depressão e movido
pela compaixão por outros que lutam com esse problema,
hoje em dia, eu dedico a maior parte de meu ministério a
partilhar minha experiência por meio de um seminário sobre
como ENTENDER, PREVENIR E SUPERAR A DEPRESSÃO.
Respondendo ao pedido e ao incentivo de muitos de
disponibilizar esse conhecimento por escrito, humildemente
apresento este livro.
Observação

Alguns leitores desta obra estarão passando por um estado


de depressão. Ao escrever, tive uma sensibilidade especial
em relação a esses leitores. Com isso em mente, fiz três
escolhas. Em primeiro lugar, os pensamentos são, às vezes,
repetidos no livro. Durante a depressão, a capacidade de
compreensão diminui. Por identificar-me com esse estado
clínico, procurei me manter alerta a ela.

Segundo, escolhi não submeter o manuscrito a um editor


profissional para uma possível revisão. De algum modo,
esse processo poderia ter aperfeiçoado a obra. Mas a
expressão dos pensamentos e sentimentos depressivos na
linguagem que eu os vivenciei aperfeiçoa a capacidade de
identificação. Acho isso mais importante do que eloquência
ou perfeição gramatical.

Terceiro, queria que o livro fosse o mais fácil possível de ler.


Portanto, quando precisei escrever sobre o deprimido no
singular, optei pelos pronomes de terceira pessoa “ele”, “o”
ou “dele”. A intenção não é fazer referência ao sexo, mas
denotar o ser humano de modo geral, tanto homens quanto
mulheres. Isso ajuda a desobstruir o texto de expressões
como “ele/ela” e facilita a leitura.

Por favor, leia o ANEXO 1: ARSENAL DE TEXTOS BÍBLICOS


antes de começar a ler os capítulos. Ele dará a você um
alicerce. Ao ler este livro, se você descobrir qualquer
princípio ou exercício que não se encontra de acordo com as
Escrituras, descarte-o imediatamente. Se for confirmado
pela Bíblia, insisto para que o aceite como verdade, a
despeito de qualquer ideia preconcebida que você talvez
tenha.

DEPRESSÃO NORMAL E ANORMAL


O homem ao meu lado no avião se apresentou. Nossa
conversa revelou que ele era advogado, e que eu fazia
seminários sobre depressão. Ele perguntou:

— Você não acha que todo mundo fica deprimido, de


vez em quando?

Eu garanti que sim e expliquei a importância de


compreender a diferença entre depressão normal e
anormal.

Um gráfico linear da sua e da minha experiência de vida


seria mais ou menos assim:

Vida  >  Mudança >  Perda  >  Tristeza (depressão


normal)  >  Ajuste  >  Crescimento (processo de
ceder) 

A progressão para a depressão normal


Do nascimento até a morte, a  vida  gera  mudanças. As
mudanças são inevitáveis. A vida poderia ser caracterizada
como uma série contínua de experimentar mudanças e
reagir a elas. Uma rápida olhada no espelho enquanto se vê
fotografias antigas convenceria qualquer cético da realidade
das mudanças.  A  mudança  sempre gera  perdas. Uma
mudança negativa, como a morte de um ente querido ou a
demissão de um emprego, ocasiona perda.  Mesmo quando
a mudança é, de modo geral, positiva, ela ainda traz certo
grau de perda. A maioria das crianças espera com
ansiedade o momento de se tornar adolescentes. Os anos
da adolescência parecem à terra prometida para elas.
Contudo, quando chegam lá, descobrem que precisam
deixar de lado algumas coisas boas de sua vida de criança.
As moças anseiam pelo dia em que conhecerão o Príncipe
Encantado, tornando-se, assim, a Princesa Encantada. Logo
descobrem, porém, como todas as pessoas casadas, que o
matrimônio proporciona algumas mudanças maravilhosas,
mas também envolve deixar para trás certas coisas
agradáveis.

Sim, todas as mudanças pelas quais passamos na vida,


sejam elas boas ou más, envolvem algum grau de
perda.  A  perda  sempre gera  tristeza.  Quando perdemos
algo importante e prazeroso, sentimos tristeza. Esse
sentimento é a  depressão normal.  Ela é sentida por todas
as pessoas, porque a vida sempre produz mudanças, as
mudanças geram perdas que, por sua vez, proporcionam
tristeza. Portanto, toda pessoa viva sofre de depressão
normal, em certos momentos. Quando ocorrem a perda e a
tristeza, produzindo depressão normal, nós precisamos
nos  ajustar à mudança que a ocasionou. Por meio do
processo de ceder, deixando para trás a pessoa ou coisa
que perdemos, nós nos ajustamos à perda. Esse processo
envolve todo o nosso ser: as esferas mental, emocional,
espiritual e física. Quando alcançamos sucesso em nos
ajustar à perda, a tristeza diminui e a depressão termina.
Conseguimos prosseguir com a vida e o  crescimento 
pessoal continua. A depressão normal não é intensa, nem
prolongada.  Podemos definir uma pessoa mentalmente
saudável como aquela que é capaz de se ajustar a
mudanças e perdas, prosseguir com a vida e continuar a
crescer integralmente como indivíduo.

Depressão anormal

A depressão passa a ser anormal ou doentia quando algo


interfere na habilidade de nos ajustarmos. Por algum
motivo, não conseguimos concluir a mudança ou perda,
nem nos adaptar a ela. A vida parece chegar a um ponto
morto e o crescimento rumo à totalidade é colocado em
espera. A tristeza ou depressão se torna intensa e
prolongada. Esse quadro, com toda a dor que o acompanha,
é a depressão anormal.  É a ela que a palavra “depressão”
se referirá quando aparecer no restante deste livro.  Nem
todas as pessoas passarão pela depressão anormal.
Algumas o farão, porque ajustar-se a uma mudança é um
dos desafios mais importantes da vida. Encarar mudanças
não é fácil para ninguém.

Muitos de nós, durante a infância, fomos protegidos das


perdas pelos pais. Eles nos amavam e não queriam que nos
magoássemos; por isso, tentaram impedir ou minimizar
nossa dor. A intenção deles era boa, mas os resultados não
o são. Fomos privados de aprender a lidar com a
perda. Quando criança, eu sempre tinha um cachorro. Após
alguns anos de companheirismo íntimo, o cão naturalmente
morria. Foi a perda mais traumática de minha juventude.
Mas eu não aprendi muito sobre como me ajustar à
mudança. Em poucos dias, se não do dia seguinte, meu pai
trazia um filhote novo para mim. A alegria de ter um animal
novo me protegia de lidar de verdade com a dor e o
sofrimento da perda.  As perdas de sua infância podem ter
sido diferentes das minhas, mas é provável que você tenha
passado por proteções semelhantes de pais bem-
intencionados. Isso explica, em parte, por que o ajuste a
mudanças e perdas é tão difícil para nós adultos.

DEPRESSÃO: RUIM, MAS NÃO


COMPLETAMENTE
Após um acidente numa caçada, precisei operar o olho. A
cirurgia deveria ser feita com anestesia local. Durante a
operação, meu olho teve uma hemorragia e o sangramento
retirou quase todo o remédio anestesiante. A dor foi
tremenda. Tanto que uma das enfermeiras auxiliares se
sentiu mal e precisou sair da sala. O cirurgião, a quem eu
mal conhecia, chorou ao conversar com Alma, minha
esposa, logo depois da cirurgia, por causa da dor intensa
que ele me vira sofrer.  Certo domingo, à uma da manhã
(uma hora muito inconveniente para um pastor ficar
doente), fui acordado por uma dor terrível. Ela melhorava
um pouco, mas depois voltava pior do que antes. Convicto
de que algo precisava ser feito, peguei o telefone ao lado de
minha cama e liguei para um amigo médico. Descrevi a dor
e então sugeri meu diagnóstico:

— Ou estou tendo um bebê ou estou com uma pedra nos rins.

— French, não acho que seja a primeira opção — ele logo respondeu.
— Eu tenho minhas dúvidas — disse gemendo.

É claro que nunca senti a dor do parto. Mas algumas irmãs


da igreja que já sentiram tanto a dor do parto quanto de
pedras nos rins me contaram que a segunda é pior. Só sei
que, se não for, fico bem feliz por não ser capaz de dar à
luz.

Uma experiência mais dolorosa

Conheço bem a dor física. Mas a dor intensa que senti


quando me encontrava no quadro de depressão clínica
excede qualquer dor física que já vivenciei. Sem dúvida, a
depressão foi a experiência mais dolorosa que já sofri.  A
depressão é terrível. A maioria de nós que já esteve no
mundo dos deprimidos o caracteriza como um “verdadeiro
inferno”. As pessoas que dizem isso estão certas. É assim
mesmo. Eu sei, pois já estive lá.

A boa notícia

A depressão não é completamente ruim. Há algo de bom


nela. Acredite em mim. Existe um lado positivo. A depressão
é, em nossa vida, como um detector de fumaça em nosso
lar. Ambos são instrumentos de advertência. O detector de
fumaça adverte de que algo está errado na casa e exige
ação imediata.  A depressão também nos adverte e
demanda ação imediata. Ela adverte de que algo está
errado em nosso caráter. Existem áreas críticas em nossa
vida que precisam de conserto e melhorias. Quando nossa
vida fica paralisada por causa da depressão, recebemos o
alerta da necessidade de chegar a um consenso em relação
à necessidade de grandes mudanças pessoais em nosso
caráter.

Seu caráter

O caráter não é definido, nesta obra, apenas como força ou


integridade moral. Em vez disso, é compreendido como o
complexo de qualidades mentais e emocionais que
distinguem cada ser humano como um indivíduo único.
Envolve atitudes, crenças, estilo de vida, habilidades e
capacidade de reagir de maneira positiva às circunstâncias.
Portanto, a depressão é um alerta em relação à necessidade
urgente de consertar e melhorar a vida em uma ou mais
dessas áreas.

Oportunidade para uma vida melhor

Encare a depressão como um desafio. Ela pode ser sua


oportunidade para ter uma vida melhor do que você jamais
havia experimentado antes de ficar deprimido. Quando você
obtiver sucesso em realizar as mudanças necessárias de
caráter e voltar do mundo dos deprimidos, descobrirá uma
nova vida, uma vida melhor. Terá mais capacidade de:
Desfrutar a vida a cada dia. O céu parecerá mais azul, a grama, mais verde
e as flores, mais belas.
Reconhecer todas as possibilidades que a vida tem para você. Conseguirá
andar por lugares que nunca sonhou serem possíveis e até mesmo de voar
com asas de águia.
Ter uma visão mais positiva da vida e de tudo a seu redor.

Sim, essas são boas notícias! A depressão não é


completamente ruim. Ao vivenciá-la e depois superá-la, sua
vida se tornará melhor. E VOCÊ PODE SUPERAR A
DEPRESSÃO! Creia nisso. Eu o sei. Graças a Deus, já passei
por isso também.

A DEPRESSÃO E O CRISTÃO
Uma mulher que eu não conhecia me escreveu o seguinte:

Dr. O’Shields,

Sou cristã e estou em depressão profunda há vários meses. Uma amiga


cristã me disse que cristãos de verdade não ficam deprimidos e que deve
haver alguma coisa errada em meu relacionamento com Deus. Ela falou
que, se eu fosse uma cristã verdadeira, não estaria deprimida. É assim
mesmo? Sinto uma dor tão grande! Por favor, me ajude.

Mary
Mary não é a única. Isso aconteceu comigo quando tive
depressão. Todo cristão deprimido, mais cedo ou mais tarde,
em geral mais cedo, receberá um conselho parecido. É
devastador. Torna a depressão ainda mais dolorosa e difícil
de superar. Agora Mary precisava lidar não só com a
depressão, mas também com a culpa e a ansiedade criadas
pela dúvida lançada sobre sua salvação.  Por isso, é
extremamente importante que Mary e todos nós saibamos
que isso não é verdade. Os cristãos podem ficar deprimidos
e isso ocorre sim com eles.  A depressão não é, em si
mesma, um fracasso espiritual. Ela não sugere, nem indica
que você não é um cristão de verdade. A depressão não é
um indicativo único do fato de você ser uma pessoa boa ou
má, mas um fator que determina se você está triste ou feliz.

A Bíblia e a depressão

Salmos é, para muitos, o livro preferido da Bíblia. Nós nos


identificamos com o livro de Salmos porque ele expressa os
sentimentos mais íntimos do ser humano. Um terço dos
salmos, 48 dentre os 150, falam sobre a depressão. A
palavra “depressão” pode não estar lá, mas os sentimentos
comunicados são os de uma pessoa deprimida.  Um bom
exemplo é o Salmo 102:3–7. Veja como a oração do aflito
jovem autor expressa alguns dos sintomas clássicos da
depressão: “Os meus dias se consomem como a fumaça, e
os meus ossos ardem como lenha. O meu coração está
ferido e seco como a erva, por isso me esqueço de comer o
meu pão. Por causa da voz do meu gemido os meus ossos
se apegam à minha pele. Sou semelhante ao pelicano no
deserto; sou como um mocho nas solidões. Vigio, sou como
o pardal solitário no telhado”.
Alguns dos personagens mais célebres da Bíblia passaram
pela experiência da depressão: Davi, Elias, Jonas, Jó e Jesus.
Sim, Jesus. No Getsêmani, às vésperas de sua prisão e
iminente crucifixão, ele disse a seus discípulos:  “A minha
alma está cheia de tristeza até a morte”   (Mateus
26:38).  Qualquer pessoa que já se sentiu deprimida sabe
que não existe definição melhor para a depressão do que
essa. Alguns dos líderes mais notáveis da igreja escreveram
em seu diário pessoal sobre a luta contra a depressão:
Martinho Lutero, líder da Reforma; John Wesley, fundador da
Igreja Metodista; e Samuel Logan Bengle, grande benfeitor
do Exército da Salvação.

Observação

Há dois aspectos a se compreender com respeito à


depressão e o cristão:

1. Pecados não confessados e dos quais não nos arrependemos em nossa


vida podem causar depressão, mas nem toda depressão é provocada por
pecados.

2. Muito embora seja possível que um cristão fique deprimido, por sermos
cristãos, temos disponíveis a nós os recursos necessários para vivermos
livres da depressão psicológica. Isso, porém, não é garantido. É preciso que
nos apropriemos de tais recursos.

Conclusão
Quando alguém lhe disser que cristãos de verdade não se
deprimem, dê a essa pessoa o crédito por suas boas
intenções e seja agradecido porque ela se importa com
você. Em seguida, desconsidere por completo e esqueça o
que ela falou. Não é, de maneira alguma, verdade. Apenas
mostra que ela não sabe nada sobre depressão. Também é
possível que saiba muito pouco sobre o que é ser cristão. E
nunca, mas nunca mesmo, diga a uma pessoa em
depressão qualquer coisa que a faça duvidar de seu
relacionamento com Cristo por causa de sua doença. Caso o
faça, apenas intensificará a depressão e a tornará mais
difícil de superar.

DEPRESSÃO E TEMPERAMENTO
Cerca de 10% da população mundial sofre de depressão
clínica em algum momento da vida. Isso significa que 90%
das pessoas nunca passam por esse problema. Por
quê? Alguns indivíduos são mais propensos à depressão do
que os outros. Isso se deve principalmente ao
temperamento. Nem todos temos o mesmo temperamento.
Portanto, não somos igualmente vulneráveis à depressão. O
que é o temperamento de uma pessoa? É a combinação da
constituição mental, emocional e física de um indivíduo. É o
complexo das qualidades emocionais e mentais que
distinguem uma pessoa. Está ligado à maneira de pensar,
comportar-se e às características de reação de um ser
humano. É a parte do indivíduo a que se referem às
palavras disposição, personalidade ou individualidade.  À
medida que eu descrever o temperamento mais propenso à
depressão, você conseguirá se identificar com algumas das
características.
Caso se identifique com muitas delas e parecer que você
tem esse tipo de temperamento, isso não quer dizer que a
depressão é inevitável em sua vida. Só significa que é mais
provável que você a vivencie. Por exemplo, as pessoas têm,
no âmbito físico, diferentes estruturas ósseas. Alguns têm
ossos largos, outros ossos médios e outros ainda ossos
finos. O tamanho da estrutura óssea determina sua
vulnerabilidade a fraturas. Contudo, mesmo se tiver ossos
estreitos e for, por isso, mais vulnerável a fraturas, você
pode passar dos noventa anos de idade sem nunca quebrar
um osso. Isso não significa que você está fadado a quebrar
um osso, apenas que é mais provável passar por tal
experiência.  O mesmo se aplica à relação entre
temperamento e depressão. Mesmo se você apresentar
alguns ou todos os aspectos do temperamento mais
propenso, isso não quer dizer que a depressão é uma
certeza no programa de sua vida. É possível que, durante a
vida inteira, você nunca sofra de depressão. Apenas
significa que você é uma pessoa com maior probabilidade a
apresentar esse quadro.  Portanto, caso nunca tenha
passado por uma depressão, não comece a fazer planos
para sua grande depressão futura. Talvez isso nunca
aconteça. Tenho a esperança de que a leitura deste livro e a
aplicação de seus princípios à vida impedirão tal ocorrência.

O temperamento propenso à depressão

A maioria das pessoas deprimidas apresenta traços de


temperamento semelhantes. Eles nos permitem identificar o
temperamento mais propenso à depressão. Você está mais
inclinado a ter depressão se for:
1. Extremamente introspectivo

Os pensamentos se concentram principalmente em si


mesmo. A maior parte de seus pensamentos se volta para
dentro. Em geral, você não está ciente desse fato. Se
alguém perguntar: “Você percebe que a maioria das coisas
que fala gira em torno de você mesmo?”, sua resposta mais
provável será: “Quem, eu? Não, eu não sou assim”. Isso
revela o quanto você se tornou autocentrado. Não consegue
nem reconhecer mais essa característica.

2. Muito sensível

Não se deve confundir ser muito sensível com sensibilidade


(um estado de alerta e consciência em relação às emoções
e aos sentimentos dos outros). Em vez disso, para o
propósito deste livro, sensível quer dizer sentimentos
frágeis. É aquela pessoa que costuma ser caracterizada
como melindrosa. Ser muito sensível é se sentir magoado
ou ofendido com facilidade pelas palavras e ações de outra
pessoa, ou pela ausência delas. Um comentário ou ação em
particular que não aborrece as pessoas comuns despertará
mágoa, birra e provavelmente raiva do indivíduo com esse
temperamento.

3. Alguém com uma autoimagem negativa

Ter uma autoimagem negativa significa apresentar


autoestima baixa. Você tem muita dificuldade em gostar de
quem você acha que é e em se aceitar. Uma vez que está
convicto de que sua forma de se ver equivale a quem você
de fato é, automaticamente presume que os outros também
não gostam de você, nem o aceitam. Afinal, se você não
gosta de si, não consegue imaginar que outra pessoa o
aprecie. Por causa disso, faz todo esforço para tentar ser
alguém de quem possa gostar, em vez de ser a pessoa que
Deus o criou para ser.

4. Alguém com pouca força de vontade e baixo


autocontrole

As características anteriores sempre são encontradas no


temperamento propenso à depressão. Esta, por sua vez,
costuma estar presente, mas não é sempre. Quando está,
pode incliná-lo à depressão porque a falta de força de
vontade e autocontrole resulta na ausência de disciplina. A
ausência de disciplina gera situações que produzem
angústia, trauma e culpa. Tais situações de crise, aliadas a
seu temperamento específico, podem ser a pedra de
tropeço que o lançará direto na depressão. Por esse motivo
foi incluída na lista.

5. Perfeccionista

Talvez esse seja o traço que mais o predisponha à


depressão, dentre todos os outros. É tão importante e sua
compreensão dessa característica é tão essencial que todo
o capítulo seguinte foi dedicado ao perfeccionismo.

A DEPRESSÃO E O PERFECCIONISTA
O perfeccionismo foi apontado como o quinto traço do
temperamento mais propenso à depressão. Por
desempenhar um importante papel na depressão, este
capítulo é dedicado a essa característica.

O que é um perfeccionista?

Talvez você esteja se sentindo confortável agora. É possível


que esteja dizendo a si mesmo, com um suspiro de alívio:
“Perfeccionista eu não sou!”. Você tem certeza de que
qualquer um que já tenha visto seu guarda-roupa, sua
cozinha, seu escritório, sua escrivaninha ou oficina nunca o
rotularia de perfeccionista.  Não vá assim tão rápido, você
ainda não está livre dessa! Se você pudesse ver minha
escrivaninha, ela não sugeriria perfeccionismo. A bagunça
sempre parece dar um jeito de me seguir. Mas sou um
perfeccionista confesso. Acredite.  O perfeccionista não é
uma pessoa que faz tudo com perfeição. Em vez disso, é
alguém que iguala dignidade e valor pessoal a fazer tudo
com perfeição. Portanto, ele sempre exige perfeição de si,
muito embora, a seu ver, nunca a tenha conquistado em
nada, de nenhuma maneira.

É aí que se encontra o problema. Se o perfeccionista fosse


capaz de fazer tudo com perfeição, não haveria dificuldade.
A dificuldade é criada não pelas ações, mas pelas
expectativas. O perfeccionista exige perfeição para
conquistar seu valor, mas, como todas as outras pessoas, é
incapaz de atingi-la. “Perfeccionista” é, em grande medida,
um termo leigo. Os psiquiatras costumam usar a expressão
“personalidade obsessiva compulsiva”. Não se deve
confundir o conceito com “transtorno obsessivo
compulsivo”, caracterizado por comportamentos irracionais,
como lavar as mãos em excesso. O uso aqui é muito mais
amplo. Portanto, “perfeccionista” é um termo melhor para
nós.

Descrição de um perfeccionista

Observe bem a descrição em palavras de um perfeccionista:

1. O perfeccionista adota um conjunto de padrões formulado e imposto por


ele mesmo e reage negativamente a si próprio quando não consegue
atingi-los.

2. O perfeccionista, por ter padrões irreais (mas não para ele), exige de si
ser um super-homem, a fim de ser homem. Isso quer dizer que, aos olhos
dos outros, a definição de “super-homem” é apenas o que, a seu ver,
significa ser um homem “comum”.

3. O perfeccionista é cauteloso demais e exige de si mesmo que seja


preciso e confiável. Essas são características desejáveis a todos. Mas para
o perfeccionista, elas são exageradamente importantes e obsessivas. Aqui
vai uma dica prática: não discuta com um perfeccionista. É impossível
ganhar. Ele sempre quer ter a última palavra, porque a do outro nunca é
precisa o bastante.
4. O perfeccionista tem expectativas irreais em relação aos outros, em
especial quanto às pessoas importantes em sua vida, e fica irritado quando
elas não alcançam o ideal. Que pena do pobre perfeccionista! Ele não
consegue se dar bem consigo mesmo porque nunca está à altura; tem
dificuldade de se relacionar com os outros porque eles também não estão.
Você está começando a perceber como é legal ser casado com um
perfeccionista ou ter um pai ou uma mãe assim? É claro que estou
brincando!

5. O perfeccionista é muito concentrado na estrutura. Ele dificilmente


demonstra flexibilidade. Vê qualquer mudança necessária ou afastamento
de seus planos como uma grande interrupção. O menor desvio da “melhor
maneira” é totalmente intolerável. 

Quando pastor, eu chegava à sala pastoral na igreja todas as manhãs com


o dia planejado. Por causa do perfeccionismo, sempre me chateava se a
Sra. Smith decidisse ter seu bebê naquela manhã e eu precisasse correr
para o hospital. Que falta de consideração! Ela não sabia que meu dia já
estava planejado?  Se um perfeccionista lhe pedir para fazer algo, tenha
certeza de que ele lhe dirá como fazer. E é bom fazer do jeito dele. Você só
parará de ouvir sobre o assunto quando o fizer dessa maneira.

6. O perfeccionista é muito controlado por “deveria” e “poderia”. Isso faz


com que lhe seja quase impossível relaxar. A esposa e mãe trabalhou em
seu emprego fora do lar o dia inteiro. Ela chega em casa, faz o jantar,
organiza a bagunça e senta em seu cantinho para ler um livro. Mas não
aproveita o momento. Por ser perfeccionista, enquanto lê fica dizendo para
si mesma: “Eu deveria estar lavando um monte de roupa. Não poderia
estar aqui lendo”. Assim é a vida do perfeccionista.

7. O perfeccionista sempre está sentindo algum grau de ansiedade e


tensão. Não importa se o cenário e a situação estão tranquilos ou
turbulentos, o perfeccionista sempre tem um sentimento corrosivo de
desconforto e insegurança. Há pouquíssimos momentos, ou mesmo
nenhum, em que ele se sente verdadeiramente em paz. O complexo do
“deveria” contribui para isso.
8. O perfeccionista é muito crítico com respeito a si mesmo, aos outros e
às coisas, mas acha difícil receber crítica. Sua dificuldade em lidar com a
crítica dirigida a ele não ocorre por sentir que não a merece. Ele já tem
certeza de que não está à altura. O que o perturba é saber que os outros
estão cientes de sua inadequação. O perfeccionista interpreta as críticas
como uma confirmação de suas opiniões negativas ao próprio respeito.

9. O perfeccionista nunca está satisfeito, nem sente que fez tão bem
quanto deveria, a despeito do nível de suas conquistas. Dentre todos os
sermões que preguei e todas as páginas que já escrevi, nunca me senti
totalmente satisfeito com um só deles. Sempre sinto que deveria ter feito
melhor. Em meu intelecto, sei que, ao longo de tantos anos, a lei das
probabilidades está a meu favor. É preciso haver pelo menos algo de bom
em algum lugar para representar meu melhor. Não para mim, porém. Por
quê? Porque sou perfeccionista e nunca me sinto satisfeito.

10. O perfeccionista desenvolve a visão de que ele é muito inadequado em


sua forma de ser e nas habilidades. Essa convicção é inevitável. Ela
certamente emergirá. Quando ele estabelece expectativas irreais para si,
falhará e, no momento em que falhar, ficará convencido de que é um ser
humano inadequado.

Como alguém se torna perfeccionista?

Há muito tempo, cientistas comportamentais debatem se é


a hereditariedade ou o ambiente que exerce o maior
impacto em nossa vida. A discussão continua. Nunca se
chegou a uma resposta consensual.  Ambos desempenham
uma parte no perfeccionismo. Você pode herdar de seus
pais certos genes e determinadas características físicas que
o predispõem ao perfeccionismo, por exemplo, uma
tendência ao funcionamento anormal da tireoide.  Com
certeza, o ambiente contribui. As pessoas que se
assentaram em meu gabinete com traços perfeccionistas
em geral revelaram ter crescido com um pai ou uma mãe a
quem era impossível agradar, a despeito de quão notáveis
fossem suas conquistas. Perfeccionistas costumam gerar
outros perfeccionistas. Eles criam um ambiente que, aliado
à hereditariedade, predispõe os filhos ao perfeccionismo.

Isso quer dizer que os pais nunca devem instigar seus filhos
a realizações por medo de que eles se tornem
perfeccionistas? Na verdade, não. Todos os bons pais devem
incentivar os filhos a conquistar o melhor que podem, mas o
nível das realizações sempre deve ser baseado nas
habilidades inerentes da criança. As expectativas e metas
nunca podem se separar das habilidades. A pressão e a
direção do impulso devem ser determinadas por essas
habilidades inerentes. Portanto, um pai sábio despende o
esforço e o dinheiro necessários para testar e determinar as
habilidades do filho antes de começar a instigá-lo. Isso se
aplica tanto ao intelecto, quanto à estabilidade emocional e
destreza física.  Muitos meninos se tornam perfeccionistas
nos campeonatos infantis de esportes por causa de um pai
perfeccionista que não se satisfaz até o filho conseguir fazer
gol a cada oportunidade de chutar a bola para dentro da
rede. Não importa para o pai que seu filho tenha mais
aptidão para a música ou as artes do que para o futebol. Ele
não se deu ao trabalho de descobrir.

As boas notícias
O perfeccionismo não é completamente ruim. Em parte,
devemos aos perfeccionistas do mundo uma melhor forma
de vida. Temos carros em vez de carroças, lâmpadas em
lugar de lanternas e processadores de texto substituindo a
pena e a caneta - tudo isso por causa daqueles que tiveram
a obsessão de criar um jeito melhor. Não, o perfeccionismo
não é de todo ruim, só precisa ser compreendido e
controlado.  Sim, o perfeccionismo pode ser controlado e
mudado. Ele não é feito de concreto. Você pode transformar
esse traço negativo em algo positivo em sua vida. É difícil, e
não acontecerá da noite para o dia, mas você pode mudar.
Tenho trabalhado nisso há anos, e até minha família
concorda que já fiz algum progresso, não uma vitória
completa, mas progresso.

Pergunte à pessoa mais próxima de você e fique ciente do


quanto o perfeccionismo tem se mostrado em sua vida.
Com frequência, o perfeccionista está tão envolvido em sua
luta que não percebe o fato de suas ações e palavras serem
controladas pelo perfeccionismo.  Faço a maior parte do
progresso falando comigo mesmo. Algum tempo atrás, isso
era considerado um possível sinal de insanidade. Hoje há
livros sobre como esse hábito é terapêutico. Quando me
sinto para baixo porque não alcancei minhas expectativas,
bato um papo comigo mesmo. Funciona mais ou menos
assim:

“French, Deus não o criou, nem o formou onisciente e todo-


poderoso. Você nunca será essas coisas. Portanto, você não
sabe tudo, não compreende tudo, nem pode fazer tudo.
Então, French, tudo bem você não conseguir alcançar suas
expectativas”.  Às vezes, digo para mim: “French, errar não
significa ser alguém sem valor. Seu valor é determinado por
quem você é, não pelas coisas que faz”.
Quando nenhum desses comentários chama minha atenção,
recorro ao método seguinte. Acredite, sempre me faz
acordar: “French, de todas as bilhões de pessoas que já
nasceram neste mundo, só uma foi perfeita: Jesus Cristo.
Você não acha tolo pensar que será a segunda? Que
absurdo, French!”. Uau! como isso é revelador para
mim!  Você é o único capaz de mudar seu perfeccionismo.
Você pode orar pedindo a ajuda de Deus, e deve fazê-lo,
pois, sem ela, é impossível. Todavia, só você pode colocar a
mudança em prática. Converse consigo mesmo e preste
atenção àquilo que diz. 

TIPOS DE DEPRESSÃO
A depressão tem natureza muito ampla. Há diferentes tipos
e vários níveis dentro de cada tipo. Isso torna quase
impossível defini-la numa declaração breve. É necessário,
porém, que estabeleçamos uma base.

Definição

A depressão é um sentimento esmagador e abrangente de


tristeza, ansiedade e inutilidade, em geral acompanhado, de
forma consciente ou inconsciente, de uma ou de todas as
três emoções a seguir: raiva, medo e culpa. “Esmagador” e
“abrangente” são adjetivos bem precisos. A pessoa
deprimida se sente “esmagada”, desanimada, assoberbada
e dominada por esse estranho sentimento. Ele é
“abrangente” porque afeta todas as partes do ser: corpo,
alma (intelecto, emoções e vontade) e espírito.
Dois tipos de depressão

É muito importante que todos os interessados na depressão


compreendam que existem dois tipos. Eles são
diferenciados pela causa de início da depressão.

1. Depressão orgânica.

Esse tipo de depressão costuma ser causado por uma


disfunção ou um problema físico ou orgânico.  Algumas
desordens orgânicas que podem causar a depressão são:
hipotireoidismo (baixo funcionamento da tireoide),
desequilíbrio hormonal (em geral envolvido na depressão
pós-parto), desequilíbrio químico no cérebro, hipoglicemia
(pouco açúcar no sangue) e tumor em determinadas regiões
do cérebro.  Algumas autoridades médicas creem que a
depressão também pode ser um efeito colateral ou
acompanhar outras doenças ou experiências físicas como:
infecção crônica, cirurgia, doença coronariana, ataque
cardíaco, enfarto e câncer.

Por causa das questões acima, a maioria dos especialistas


acredita que a hereditariedade pode desempenhar um
papel no surgimento da depressão. Às vezes, é difícil
confirmar isso, e pode se aplicar somente à extensão em
que o fator hereditário predispõe a pessoa a uma das
condições físicas mencionadas acima. Alguns medicamentos
prescritos para tais condições físicas podem, como efeito
colateral, ter seu papel no desencadeamento da
depressão.  As estatísticas revelam que apenas 10% dos
deprimidos começaram com depressão orgânica.
2. Depressão psicológica.

A depressão psicológica não envolve, inicialmente, causas


orgânicas. Em vez disso, é precipitada por problemas
mentais ou emocionais. Envolve o funcionamento impróprio
do caráter de alguém, conforme a definição e explicação de
“caráter” na página 14.  Pelas estatísticas, 90% dos
deprimidos têm inicialmente depressão psicológica.
Portanto, na maioria dos casos, a depressão é um problema
psicológico.

Ambos os tipos

Nem todos os especialistas concordam que existem dois


tipos de depressão. Alguns defendem que toda  depressão é
causada por desequilíbrio químico. Em contrapartida, outros
creem que  toda  depressão é psicológica e que o
desequilíbrio químico não exerce influência alguma. Os dois
pontos de vista me foram comunicados por médicos
diferentes durante meu tratamento. Outros acreditam que
existem dois tipos. O debate se prolonga por muitos anos,
sem perspectiva de consenso. Minha opinião é influenciada
pela formação e experiência que tive, mas principalmente
pelo episódio pessoal de depressão que enfrentei. A
combinação de todos esses fatores me convenceu de que:

Há inicialmente dois tipos de depressão: orgânica e psicológica.


Não importa se o início da depressão teve origem orgânica ou psicológica,
se ela não for diagnosticada e tratada, sofrerá prolongamento e a pessoa
acabará com ambos os tipos: depressão psicológica e orgânica
(desequilíbrio químico).

Após lutar com a depressão por anos (de um tipo que creio
ter sido totalmente psicológico), chegou um momento
específico em que percebi que ela havia assumido uma
dimensão nova e diferente. A princípio, não compreendi do
que se tratava. Mais tarde, percebi que o prolongamento da
depressão psicológica causara um desequilíbrio em minha
química cerebral. Estava, então, com depressão tanto
psicológica quanto orgânica.  É extremamente importante
que o deprimido e o terapeuta compreendam isso. Quando
tal condição não é reconhecida, não é possível haver a
recuperação plena da pessoa em depressão.

O desdobramento dessa realidade é que, como a pessoa


com depressão prolongada provavelmente apresenta os
dois tipos,  ambos  necessitam de tratamento. Talvez seja
necessário tomar antidepressivos para equilibrar de novo a
química cerebral, ou medicamentos para a tireoide, a fim de
equilibrar a glândula, ou então tratar a enfermidade física.
No entanto, a menos que a depressão psicológica também
seja tratada, o indivíduo não se verá completamente livre
dela. Caso a depressão psicológica seja tratada, mas o
desequilíbrio químico permaneça sem tratamento, ele
também não se recuperará por completo. Isso explica por
que alguns deprimidos melhoram, mas não livram por
completo da depressão.  É impossível superestimar a
importância de reconhecer essa realidade. É possível que
este seja um dos pontos mais vitais do livro. 

Í Ã
NÍVEIS DE DEPRESSÃO
Tanto a depressão orgânica quanto a psicológica têm vários
níveis. A cada um deles, a depressão piora e se torna mais
profunda. Os fatores chaves para esse processo são a
passagem do tempo e o grau de incapacidade. Isso
confirma a importância de um diagnóstico precoce seguido
de terapia, pois pode impedir a depressão de atingir níveis
mais profundos.

Quatro níveis

Não há um consenso quanto aos níveis ou nomes para eles.


Usarei os quatro níveis seguintes de depressão anormal
para ajudá-lo a ter uma melhor compreensão da doença:

1. Depressão leve.

É mais do que o sentimento depressivo normal de tristeza


que todos vivenciam ocasionalmente. Nesse ponto, mais
sintomas clássicos da depressão se manifestam, mas
nenhum deles num grau intenso. Não é crônico. Vai e vem,
mas sempre retorna. Em geral, a depressão leve é um tipo
de depressão reativa desencadeado por circunstâncias ou
acontecimentos indesejáveis.

2. Depressão intensa.
Esse tipo de depressão chega e não vai embora. Ela se
torna crônica. Alguns dias podem ser melhores que os
outros, às vezes até partes do mesmo dia podem ser
melhores. Mas a pessoa nunca se livra de um sentimento
estranho e desagradável. Começa a sentir quase todos os
sintomas clássicos da depressão, num grau de intensidade
cada vez maior. Continua, porém, conseguindo
desempenhar suas responsabilidades rotineiras, ainda que
com dificuldades. Consegue se levantar pela manhã e ir
para o trabalho, mas os familiares e amigos mais próximos
detectam que nem tudo está bem. O deprimido e essas
pessoas percebem que ele não está como de costume.

3. Depressão clínica.

Esse nível é a depressão intensa piorada. A gravidade dos


sintomas causa incapacitação. A pessoa deixa de conseguir
realizar as responsabilidades e atividades cotidianas
normais. Não consegue mais ir ao trabalho. Só sente o
desejo de enfiar a cabeça debaixo das cobertas num esforço
de fugir de uma existência com a qual não consegue mais
lidar.  Foi quando minha depressão chegou a essa fase que
eu suspeitei haver algo mais que o aspecto psicológico.
Coisas estranhas estavam acontecendo em mim e comigo.
Eu nunca havia passado por elas antes, muito embora
estivesse bem familiarizado com a depressão leve e intensa.
Além de triste, sentia-me muito assustado, pois não
entendia o que estava se passando em minha vida. O que
quer que fosse, sabia que era ruim.

4. Depressão clínica profunda.


Nesse nível, a inabilidade de desempenhar as atividades
normais fica tão grave que a pessoa pode ficar catatônica,
estado marcado pela imobilização, a letargia e o silencia.
Passa a impressão de haver perdido contato com o que
acontece a seu redor. Pode ou não responder
ocasionalmente a uma pergunta direta ou atender a uma
ordem, mas iniciar uma conversa é algo raro ou nunca
acontece. Nesse nível profundo de depressão, o sentimento,
tanto da pessoa deprimida quanto da família, é de total falta
de esperança. Com certeza, se ela já não recebe cuidados
profissionais, deve começar a ser atendida de imediato. É
necessária a hospitalização, com ou sem o consentimento
do enfermo.

Níveis de depressão

Às vezes, o deprimido tem pensamentos suicidas. Isso pode


ocorrer em qualquer nível de depressão, até mesmo na
depressão normal. Ter um pensamento suicida não é
incomum, nem alarmante, mas  acalentar  tal pensamento
é.  A tendência suicida fica mais forte à medida que o
sentimento de desesperança aumenta. Quanto mais a vida
parece insuportável, mais atraente se torna a morte.
Portanto, em geral, essa tendência é mais marcante quanto
mais deprimida se encontra a pessoa.  Existe uma crença
comum de que a pessoa que fala sobre cometer suicídio
nunca tentará tirar a própria vida. Trata-se de um mito; não
é verdade. A pessoa que fala em se suicidar, pode não só
tentar o suicídio, como também conseguir fazê-lo. Nunca
presuma que um deprimido, mesmo que tenha uma
depressão que pareça leve, não tentará o suicídio.
O deprimido com tendências suicidas pode contar a alguém
seus pensamentos ou escondê-los. O fato de não falar sobre
eles não significa que não os tenha.  A possibilidade de
suicídio sempre deve ser levada a sério. Não confie em sua
habilidade de prevê-lo. É sempre aconselhável que o
terapeuta, um familiar ou amigo pergunte à pessoa
deprimida se ela já teve pensamentos desse tipo. Alguns
temem fazê-lo por medo de que a pergunta se transforme
em sugestão. É preciso ter cautela e pensar antes sobre
como e quando perguntar. A esperança é que seja possível
fazê-lo de uma forma que minimize o aspecto sugestivo.
Mesmo assim, trata-se de um risco que é necessário correr,
pois o preço por não perguntar é alto demais.  Se o
deprimido reconhecer que nutre tais pensamentos, procure
fazê-lo contar a você sobre eles. Se ele der indicativos de
que está planejando como e onde tirará a própria vida, isso
demonstra sérias tendências suicidas e exige ação
imediata. Não banque o psiquiatra. Coloque a pessoa sob
cuidados profissionais. Se ela já estiver, informe ao
terapeuta sobre o que você descobriu. Faça pelo deprimido
aquilo que ele precisa  que você faça, não o que ele quer.  É
isso que o amor exige.

Se você está deprimido e tem pensamentos suicidas


recorrentes, conte a seu terapeuta e a seus familiares. Não
presuma que sempre conseguirá controlar sua vontade. Não
tenha vergonha de compartilhar os pensamentos. Não é
hora de brincar de esconde-esconde. Você tem depressão e
os pensamentos suicidas costumam fazer parte dela. Muna-
se da ajuda e das precauções necessárias para garantir sua
segurança e seu bem-estar.  Apenas uma pequena
porcentagem dos deprimidos comete suicídio. Mas uma só
pessoa já é um número alto demais. Todo cuidado possível
deve ser tomado para impedir alguém de tirar a própria
vida. Mesmo assim, isso ainda acontecerá às vezes. É por
isso que a depressão sempre deve ser encarada como uma
causa de morte em potencial.

OBSERVAÇÃO: Nos capítulos seguintes, a palavra


“depressão” se referirá à depressão psicológica, a não ser
que algo diferente seja especificado. 

DESENCADEADORES DA DEPRESSÃO
A depressão sempre tem uma causa. A pessoa deprimida
pode não estar ciente dela. Talvez sua família não faça a
menor ideia do motivo. Nem sempre o terapeuta conseguirá
fazê-la vir à tona. Contudo, ela ainda assim tem uma causa.

Quatro eventos desencadeadores

Com frequência, a depressão se desenvolve quando uma ou


mais das circunstâncias a seguir ocorrem ou existem na
vida de uma pessoa:

1. Uma grande perda.

Quando alguém passa por uma grande perda, é forçado a


deixar algo de valor expressivo, algo que constituía parte
íntima, vital e significativo da vida. As perdas podem ser: a
morte de um ente querido, a perda da saúde, a
incapacitação resultante de uma doença ou acidente, a
perda de um emprego, reveses financeiros e separação no
casamento. Esses são apenas alguns exemplos. A lista
poderia prosseguir muito mais. Do Capítulo 1, você deve se
lembrar que certo grau de tristeza (a depressão normal)
acompanha todas as perdas. Mas quando algo interfere no
processo de ajuste e a vida parece chegar a um ponto
morto, o sentimento normal de tristeza se transforma em
depressão psicológica (anormal).

2. Traição, engano ou rejeição.

Ser traído, enganado ou rejeitado por uma pessoa ou por


pessoas que você ama e em quem confia é uma experiência
devastadora.  Quanto mais significativo o relacionamento,
mais assoladora a experiência. O tratamento ruim por parte
de um cônjuge magoa muito mais do que se fosse infligido
por um amigo. Quando um estranho nos engana, é fácil
deixar para lá, mas quando um familiar próximo o faz, o
sofrimento é profundo. A intensidade da dor é comparável à
proximidade do relacionamento.  Ser enganado, traído ou
rejeitado por uma pessoa importante em nossa vida causa
mágoa, raiva e ressentimento, criando, assim, um solo fértil
para a depressão.

3. Más escolhas.

As más escolhas incluem decisões imorais, mas não se


limitam a elas. Qualquer decisão que for comprovada, pela
experiência futura, como uma escolha ruim pode
desencadear depressão psicológica.  Alguns exemplos: más
escolhas na profissão, em compras importantes, na
aposentadoria, no local de residência, no casamento,
quanto aos filhos, em relação ao divórcio, etc.

4. Grandes decepções.

As pessoas passam por grandes decepções quando um


acontecimento, uma coisa ou pessoa de importância não
proporciona o resultado desejado ou esperado.  As
decepções não estão ligadas à idade. Ocorrem desde a
infância até a velhice. Os adultos não conseguem entender
como um adolescente pode se chatear tanto por não ser
convidado para o baile da escola ou pelo térmico de um
relacionamento “romântico”. Mas, para o adolescente, essas
coisas equivalem a perda, rejeição e desapontamento numa
só circunstância. Tal experiência, a despeito do quanto
pareça trivial para adultos “mais sábios”, pode ser o ponto
de partida para a depressão de um adolescente.  Descobri
que os mais velhos são muito vulneráveis a decepções, em
especial na forma de metas e ambições não conquistadas.
Um fracasso na tentativa de alcançar um objetivo de vida
na meia idade não é tão devastador. A pessoa vislumbra
mais anos pela frente e outras oportunidades. No futuro,
porém, começa a perceber que os anos estão se esgotando
e que certas oportunidades ficaram para trás de maneira
definitiva. Ficam cada vez mais aparentes aquelas metas
que nunca serão cumpridas. É angustiante precisar colocar
sonhos não realizados na gaveta intitulada “Nunca
acontecerá!”. Isso pode desencadear uma depressão.

Como identificar o desencadeador


Nem toda depressão está ligada a essas quatro
circunstâncias. Entretanto, no aconselhamento a pessoas
com depressão psicológica, tenho, na maioria das vezes,
descoberto em algum momento a presença de uma ou mais
dessas quatro situações de vida. Elas nem sempre emergem
de imediato ou prontamente. A pessoa pode não revelar
porque não relacionou o incidente com a depressão. Ou
talvez esconda de propósito, por sentir mágoa, culpa ou
vergonha.  Tenho boas notícias. O desencadeador não
precisa ser identificado para haver cura. Contudo, quando
ele o é, isso facilita a recuperação por permitir que a pessoa
e o terapeuta se concentrem mais rápida e plenamente em
questões cruciais. Descobri que fazer perguntas é a melhor
maneira de descobrir se um desses quatro eventos está
ligado à depressão. As perguntas precisam ser feitas com
escolha cuidadosa das palavras e inserida na conversa num
tom que não demonstre ameaça. Não pergunto se a pessoa
já passou por algum desses incidentes. Começo com a
pressuposição que todo o mundo já vivenciou os quatro.
Então, uso palavras na pergunta para averiguar o grau de
impacto da experiência na vida do deprimido. Estas são as
quatro perguntas que faço, cada uma delas relativas aos
quatro eventos mencionados acima:

1. Qual é a maior perda que você considera ter sofrido em sua vida?
2. Quem é a pessoa que mais o magoou na vida?
3. De todas as decisões que você já tomou na vida, qual é a que mais
gostaria de mudar?
4. O que, ou quem, causou a maior decepção em toda sua vida?

O que a pessoa diz na resposta é importante. Mas o tempo 


que ela leva para responder tem significância ainda maior.
Se for preciso muito tempo e pensamento para encontrar
uma resposta, fica claro que o evento não exerceu grande
impacto na vida dela. A demora em responder, porém, pode
ser um esforço de esconder algo de você. No entanto,
observando com cuidado você em geral conseguirá discernir
se a pessoa realmente não se lembra de nada, o que sugere
pouco ou nenhum impacto, ou se está tentando ocultar
algo.  Se o deprimido responder rapidamente e com
resolução, isso indica que o evento teve sério impacto na
vida dele. Incentive-o a contar o máximo possível sobre o
evento. O simples convite “Conte-me mais sobre isso” pode
ser tudo que você precisará dizer. Se não for o caso, é
possível que você precise fazer perguntas adicionais,
formuladas com cautela, para ajudá-lo a se abrir. Aquilo que
descobrir por meio dessas perguntas e respostas poderá
capacitá-lo a identificar o desencadeador e ajudar o
deprimido a adquirir conhecimento útil sobre o motivo para
sua depressão. 

SINTOMAS: COMO É SE SENTIR


DEPRIMIDO
Neste capítulo, descreverei como a pessoa deprimida pensa,
sente e age - como é a vida no mundo da depressão. Após
me ouvir dar meu primeiro seminário sobre depressão,
minha esposa questionou qual era a sabedoria de falar
sobre os sintomas da depressão. Uma vez que todos nós
temos a tendência de nos identificar com sintomas descritos
(quer os apresentemos, quer não), ela se perguntou se isso
não levaria as pessoas a se deprimirem. A última coisa que
quero é deprimir as pessoas! Portanto, em respeito ao
conselho dela, repensei o valor de incluir essa parte.
Concluí que a apresentação dos sintomas é necessária por
dois motivos. Em primeiro lugar, permite que a pessoa
deprimida saiba o que há de errado com ela. Todo deprimido
tem consciência de que algo não está bem consigo, que as
coisas não estão certas. Mas muitos deles não sabem que o
problema é a depressão. É mais fácil superar a depressão
quando a pessoa é capaz de identificá-la.  Segundo, ajuda
pessoas que não estão deprimidas a compreender melhor
aquilo que seu familiar, amigo ou paciente deprimido está
vivenciando. Ao entender o que os deprimidos pensam,
sentem e por que agem como agem, você terá melhores
condições de ajudá-los e apoiá-los.

Sintomas clássicos

Sentei-me no quarto de uma amiga próxima que estava em


depressão profunda. Era difícil para ela conseguir falar. A
fim de mostrar que eu a compreendia, comecei a descrever
tudo que ela estava pensando, sentindo e fazendo. Ela
disse: “Sim, é assim mesmo”.  Seu marido, que estava
presente, ficou surpreso e me disse depois na varanda que
eu acabara de caracterizar a esposa dele com perfeição.  Eu
lhe garanti que isso não se devia a uma inteligência fora do
comum. Eu sabia simplesmente porque já havia passado por
aquilo.  Os sintomas da depressão são clássicos. Aplica-se
bem aos deprimidos a ideia de que, se você já viu um, viu
todos. Nem todas as pessoas deprimidas apresentam cada
sintoma; nem todas elas sentirão cada sintoma na mesma
intensidade. Embora existam algumas variações, as
semelhanças dominam. A maioria dos deprimidos sente,
pensa e age parecido.
Identificando os sintomas

Como os sintomas da depressão são clássicos, é


relativamente fácil identificá-los. Ao descrever como é estar
deprimido, estarei partilhando com você muitas de minhas
experiências pessoais.  Ao ler, observe como os sintomas
isolados se relacionam uns com os outros. Nenhum deles
existe sozinho. Faz parte da natureza deles nutrir-se um do
outro, criando, assim, um círculo vicioso.  Em minha
formação profissional, estudei os sintomas da depressão
com interesse casual, devo confessar. Nunca sonhei que
algum dia lutaria por minha vida na batalha contra a
doença. Ao partilhá-los com vocês, porém, baseei-me mais
em minha experiência pessoal. Sei que é real, pois passei
por isso. Mesmo assim, sei que é típico de todos os
deprimidos.

Esta é a vida no mundo da depressão:

1. Autoimagem muito negativa com fortes


sentimentos de inadequação.

O conceito que eu tinha a meu respeito era tão baixo que


sentia que, se me assentasse na beirada de uma folha de
papel, não conseguiria encostar os pés no chão. Estava
convencido de que havia falhado em todos os aspectos de
minha vida: como filho, marido, pai, amigo, pastor, ou seja,
um completo desastre como ser humano. Lembro-me de
dizer, vez após vez, a minha esposa: “Sou uma falha total
em todas as partes de minha vida. Não consigo fazer nada
direito!”.

2. Sentimento esmagador de tristeza e negativismo.

A tristeza e a infelicidade me esmagavam, dominando meus


sentimentos e pensamentos. O negativismo se infiltrara
completamente em meu ser, destituindo-me de qualquer
alegria e contentamento. Minha atitude era de total
escuridão e perdição. Ouvia pessoas dando risada e
demonstrando sinais de felicidade. Eu as invejava. Queria
ser daquele jeito, mas não conseguia encontrar motivo
algum para me permitir aquelas coisas.  A imagem visual
recorrente em minha cabeça era a de uma grande nuvem
negra descendo sobre mim, que me envolvia e da qual eu
não conseguia fugir. Ao compartilhar isso em seminários, é
incrível o número de pessoas deprimidas a me dizer que já
viram a mesma imagem. Era uma nuvem negra de 360
graus; não havia luz em parte alguma.  Desenvolvi a
estranha habilidade de encontrar algo ruim em todas as
coisas. Era capaz de ver uma nuvem escura em todo céu
claro. Minha esposa e outras pessoas me diziam: “Isso não é
maravilhoso?”, ou “Aquilo não foi ótimo?”. Minha resposta
era sempre a mesma: “Sim, MAS …” e começava a apontar
algo de negativo e ruim.

3. Retraimento.

À medida que a depressão se aprofunda, cresce o desejo de


se afastar. Com o tempo, o deprimido perde por completo o
desejo de estar em meio a outras pessoas. Ir a um culto (eu
já havia deixado meus deveres pastorais por causa de um
problema na voz) se tornou extremamente difícil. Visitas a
amigos ou saídas com eles se tornaram insuportáveis.
Embora estar com os familiares próximos sempre tenha
proporcionado auxílio e apoio, até isso se tornou fonte de
estresse por causa de meu desejo de afastamento.  A
depressão tem a terrível capacidade de transformar mesmo
a pessoa mais gregária num recluso. Faz extrovertidos
ficarem introvertidos, e os introvertidos, mais voltados para
si ainda - uma personalidade praticamente apagada.

4. Perda de interesse em fazer qualquer coisa.

O que o deprimido quer fazer? Nada. Até mesmo aquilo que


costumava proporcionar muita alegria e prazer deixa de
exercer qualquer atração.  Sou um ávido fã de esportes.
Minha ideia de uma grande experiência na vida é assistir ao
vivo a um importante jogo de futebol americano. O
basquete e o golfe me empolgam. O beisebol me anima um
pouco, mas não tanto. Contudo, quando estava
clinicamente deprimido, quase nem assistia a esportes. Nas
ocasiões em que o fazia, isso me proporcionava pouco
prazer. Eu me encontrava absorvido demais em meu próprio
turbilhão interior.

5. Incapacidade de lidar com os menores problemas.

Não estou me referindo a grandes problemas. Em vez disso,


falo de coisas tão pequenas que normalmente eu nem
chamaria de problemas. Quando estava deprimido, até o
menor detalhe que desse errado era considerado uma
imensa catástrofe. Um simples pedaço de palha é capaz de
sobrecarregar as costas do deprimido.
6. Incapacidade de realizar atividades rotineiras.

A menos que seja diagnosticada e tratada, a depressão


pode chegar ao ponto em que a pessoa não consegue mais
realizar suas atividades rotineiras. Essa é a depressão
clínica. Quando passei por esse nível de depressão, a menor
das tarefas cotidianas parecia o monte Everest. Até mesmo
as mais simples responsabilidades do dia a dia se
assemelhavam a obstáculos intransponíveis.  Há uma cerca
viva em todo o quintal da casa de minha família, para onde
Alma e eu nos mudamos após a morte de minha mãe. Foi
meu avô quem a plantou anos atrás, portanto ela tem valor
sentimental para mim. Quando, porém, estava deprimido,
ela parecia um monstro. Eu a podava com uma tesoura
manual. Mas era a cerca viva com o crescimento mais
rápido que eu já vira. Antes de colocar a tesoura de volta na
caixa de ferramentas, apareciam brotos de quinze
centímetros. Pelo menos, era o que me parecia. Lembro-me
de dizer a meu psiquiatra: “Se eu pensar que preciso podar
aquela cerca viva pelo resto de minha vida, é melhor morrer
logo!”.  Hoje consigo rir desse comentário. Mas, na época,
não era engraçado; era absolutamente sério. Depois que
meu pensamento melhorou e comecei a superar a
depressão, comprei um cortador elétrico. Hoje, na verdade,
eu gosto de podar a cerca viva. Quando estava deprimido,
era uma tarefa pior do que a morte, tudo por conta de
minha incapacidade de realizar até as responsabilidades
mais triviais. Sim, a depressão é paralisante.

7. Dor indefinível, mas real.

Não é incomum que a depressão se mascare sob a forma de


queixas físicas, como dores abdominais, na cabeça, nas
juntas, na coluna, nas pernas etc. Conquanto não haja um
motivo orgânico, a dor é bem real.  Na maior parte do
tempo, eu não conseguia apontar para um lugar específico
e dizer que era ali que doía. Essa dor nebulosa, mas muito
real, se encontrava em meu profundo interior. Era muito
mais grave do que qualquer dor física que eu já sentira.
Doía tanto do lado de dentro que às vezes parecia
insuportável, tão doloroso que eu sentia como se estivesse
a ponto de explodir.

8. Sentimento de rejeição e de não ser amado.

Eu estava cercado pelo amor e apoio abundantes e


maravilhosos de minha esposa, meus filhos e amigos
íntimos. Sempre serei grato a eles e a Deus por isso. Mesmo
sabendo que estava envolto em amor, não consegui
escapar por completo do sentimento de rejeição e de não
ser amado. É extremamente difícil, se não impossível,
sentir-se amado pelos outros quando você não se ama. A
depressão nunca aceita a realidade; em vez disso, ela a
distorce.

9. Sentimento de culpa.

A pessoa deprimida sempre se sente culpada. Pode, é claro,


tratar-se de culpa real caso haja pecados não confessados,
sem arrependimento ou não perdoados. Contudo, com
frequência a culpa é falsa. Se não houver nada para levar o
deprimido a se sentir culpado, tenha certeza de que ele
arranjará vários motivos. Na verdade, ele se sentirá culpado
por quase tudo que faz ou deixa de fazer. Sentir culpa é
uma consequência da depressão.
10. Excesso de introspecção.

A pessoa deprimida é muito introspectiva. Seus


pensamentos se concentram em si e estão saturados de
autocomiseração. Esse egocentrismo é bem óbvio aos
outros, mas o deprimido pode não percebê-lo.

11. Indecisão.

É extremamente difícil para o deprimido tomar até mesmo


as decisões mais simples.  Alma sugeria que fôssemos
passar o fim de semana com um de nossos filhos ou
familiares. Eu tinha a esperança de que fazê-lo me ajudaria
a sentir melhor e a superar o retraimento; por isso,
concordava em ir. Então vinha a parte difícil. Por causa da
indecisão, passava literalmente por três horas de tormento
tentando decidir o que levar na pequena mala apenas para
passar uma noite.  Quando ela me chamava para comer
fora, eu aceitava com relutância. Não queria que ela
cozinhasse, uma vez que minha depressão já estava
dificultando a vida dela de todo jeito. Mas eu sabia o que
aconteceria; era sempre assim. Eu acabava suando frio na
fila do balcão de alimentos porque não conseguia decidir
que verduras queria. Quanto mais alto o funcionário gritava
para mim, repetindo: “O que o senhor deseja? O que o
senhor deseja?” (com certeza, os funcionários que servem
comida nesse tipo de estabelecimento precisam fazer um
curso de impaciência), mais intenso meu pânico se
tornava.  Talvez você tenha notado que nenhuma dessas
decisões que eu precisava tomar era importante. Elas não
tinham relevância. Mas, para mim, pareciam questões de
vida ou morte. Isso é depressão. Ela faz todas as decisões
parecerem monumentais em importância. Mais uma vez,
distorce a realidade.
12. Ansiedade e medo.

A depressão e a ansiedade são gêmeos siameses. Sempre


andam lado a lado. Uma delas é dominante e, por isso, o
problema é chamado de depressão ou de ansiedade. Mas,
em qualquer dos casos, a despeito do nome recebido, o
outro elemento sempre está presente.  A ansiedade e o
medo que o deprimido sente costumam se tornar mórbidos.
Ele prevê alguma catástrofe iminente e pensa muito sobre a
morte. Eu tentava caminhar vários quilômetros todos os
dias porque sabia que isso poderia ajudar na recuperação.
Mas meus pensamentos eram muito mórbidos: eu tinha
medo de sofrer um ataque cardíaco ou enfarto enquanto
estivesse caminhando e de que só me encontrassem horas
depois, inconsciente ou morto na sarjeta. A tentativa de
evitar esses pensamentos não ajudava; eles vinham à
mente assim mesmo. A depressão passa a dominar os
pensamentos. Outro medo consumidor do deprimido é o de
perder a sanidade, de ficar doido. Esse temor fazia com que
eu me imaginasse sendo levado para uma instituição
psiquiátrica. Assim como a maior parte dos temores do
deprimido, esse medo é infundado. A depressão não
costuma levar à loucura, nem progredir para a insanidade. A
loucura, na forma que a maioria de nós a entende, está
ligada a outra doença mental, não à depressão.

13. Irregularidades no sono.

A depressão interfere no sono normal. Pode ir para ambos


os extremos. Talvez o deprimido queira dormir o tempo
inteiro, ou tenha dificuldade em pegar no sono. No meu
caso, ocorreu a segunda opção. Eu tinha muita dificuldade
para conseguir dormir e, quando isso acontecia, acordava
com frequência e bem cedo. Eu me encontrava num círculo
vicioso. Por ordens médicas, tomava um remédio para
dormir à noite, a fim de conseguir descansar, e um
antidepressivo pela manhã, para me ajudar no decorrer do
dia. De noite, começava tudo de novo.  Enquanto os outros
da casa dormiam um sono profundo, lembro-me
vividamente de ficar na cama acordado por horas. O sono
não vinha. Eu me perguntava se a vida um dia voltaria à
normalidade.

14. Agitação.

A agitação é uma companhia constante do deprimido. É o


sentimento de estar perturbado e chateado, e ele nunca
cede. O salmista, em depressão, o expressou assim: “Até a
minha alma está perturbada”   (Salmo 6:3).  Mesmo quando
não há nada que pareça desencadear a agitação, ela se faz
presente. A depressão em si é a causa. Descanso e
relaxamento parecem desejos inatingíveis.  Normalmente,
não tenho dificuldade alguma para dormir. Quando tenho,
consigo pelo menos me deitar quieto e descansar. Mas não
quando estava deprimido. A agitação interior não permitia.
Após me virar e contorcer sob as ordens da mente, sentia-
me forçado a levantar. Lembro-me dos muitos quilômetros e
das várias horas que andei pela casa durante a noite: do
corredor, até a sala, a copa, a cozinha e de volta ao
corredor, com as mãos apertadas a cada passo. Finalmente,
voltava para a cama na esperança de que seria diferente.
Dificilmente era. Por quê? Porque estava deprimido e a
agitação me acompanhava.
15. Choro.

A pessoa deprimida chora muito. Tudo parece tão sombrio,


triste e escuro que o choro vem com facilidade tanto de dia
quanto à noite. Conheço a experiência do salmista: “Toda a
noite faço nadar a minha cama; molho o meu leito com as
minhas lágrimas”   (Salmo 6:6).  As lágrimas ocupavam a
maior parte do tempo em que eu estava sozinho, mas não
vinham apenas quando me encontrava só. Era difícil
conseguir conversar com qualquer pessoa sem chorar, em
especial familiares e amigos próximos. Eu ligava para meus
filhos resolvido a não chorar, mas raras vezes conseguia.
Isso sempre me chateava, e com certeza os incomodava
também, mas parecia fora de controle. As lágrimas
simplesmente vinham… e vinham… e vinham…

16. Alienação espiritual.

Sentia-me espiritualmente desconectado. Muito embora


soubesse que não era verdade, não conseguia dissipar o
sentimento de que Deus havia me abandonado, e com
razão. Afinal, eu me sentia culpado por toda e qualquer
coisa.  A disciplina espiritual, que costumava me encher de
prazer e alegria, quase não se revelava. O sentimento de
alienação espiritual, combinado com outros sintomas
(retraimento, culpa, agitação etc.), transformou a ida à
igreja num sofrimento. Foi-se embora o desejo de orar e ler
a Bíblia. Quando me forçava a fazê-lo, aquilo parecia
desprovido de qualquer significado ou conforto reais.

17. Isolamento.
Quando estava com amigos, ou mesmo com a família, tinha
o estranho sentimento de que não pertencia ao grupo. Era
um sentimento de separação e isolamento, algo cada vez
mais assustador. Eu me perguntava se aquilo significava
que estava perdendo o contato com o ambiente a meu
redor. Graças a Deus, não era nada disso, mas ao nutrir a
possibilidade, ficava ainda mais ansioso e agitado.

18. Perda de memória e esquecimento.

A depressão leva ao esquecimento. Eu tinha grande


dificuldade de me lembrar de coisas recentes. Eu havia ou
não tomado o remédio? Não conseguia recordar. A perda de
memória é frustrante. Eu gastava horas todos os dias
procurando coisas de que precisava, mas não sabia onde as
colocara. Qualquer dificuldade normal de memória piora
com a depressão.  É fácil perceber como isso intensifica o
grande sentimento de inadequação que o deprimido já
sente, tornando a depressão ainda mais grave. Torna-se um
círculo vicioso.

19. Desordens alimentares.

Assim como o sono, a alimentação pode ser afetada em


direção aos dois extremos. Alguns deprimidos perdem a
fome, outros comem demais. Eu não conseguia comer. Até o
cheiro da comida ou o pensamento de precisar comer me
dava náuseas. O pouco que comia era forçado. Em dois
meses, perdi onze quilos. Os ossos dos quadris ficaram
salientes e eu tinha vergonha de usar roupa de banho.  A
depressão pode ser uma forma garantida de perder peso,
superando a maioria dos regimes. Mesmo assim, eu não a
recomendo. Nem mesmo a cintura mais esguia compensa a
dor da depressão.

20. Sentimento de perda de controle.

Eu pensava que estava perdendo cada vez mais o controle


de minhas habilidades e da vida de modo geral. Eu me
perguntava quanto tempo demoraria até eu não conseguir
mais cuidar de mim mesmo, e atender às necessidades
pessoais e financeiras. Isso aumentava ainda mais a
montanha de ansiedade que me assolava.  Muitas vezes,
esta imagem mental me oprimia: via-me sendo levado pela
forte correnteza de um rio até uma cachoeira gigantesca.
Sua velocidade e seu poder eram dominadores. Eu era
carregado para onde não queria ir, rumo à destruição certa.
Lutava freneticamente para retomar o controle, mas todo
galho ou toda pedra que segurava logo saía de minhas
mãos por causa da violência da correnteza. Via-me como
uma vítima de uma força turbulenta que cada vez mais me
destituía do controle sobre minha vida e, por fim, da própria
vida em si.

21. Perda de interesse na aparência pessoal.

As mulheres deprimidas param de usar maquiagem e os


homens deixam de se barbear. Normalmente, a aparência
pessoal perde a importância para o deprimido.

22. Diminuição do desejo sexual.


É comum que os deprimidos, tanto homens quanto
mulheres, percam o interesse pelo sexo. Isso pode levar a
um problema no relacionamento conjugal, levando o
cônjuge do deprimido a ficar muito frustrado e ter
sentimentos de rejeição. Nesse caso, o cônjuge não entende
que o motivo é a depressão, não a diminuição do amor e do
compromisso. É provável que a pessoa deprimida esteja
igualmente perplexa diante da mudança no apetite sexual,
e teria grande dificuldade de explicá-la ao cônjuge caso
compreendesse.

23. Perda de concentração.

É muito difícil para o deprimido se concentrar. Qualquer


responsabilidade que envolva acuidade mental, alerta,
competência e pensamento claro se torna estafante,
quando não impossível. A depressão mata a
criatividade.  Quando fiquei clinicamente deprimido, eu
escrevia uma coluna num jornal semanal. Essa atividade, da
qual costumava gostar, tornou-se um fardo estressante,
uma experiência verdadeiramente traumática. Precisava de
dias para fazer aquilo que antes só me tomava poucas
horas.

24. Falta de energia.

O deprimido tem sensação de fraqueza generalizada e


cansaço constante. O sentimento já o acompanha quando
acorda e permanece o dia inteiro. Médicos revelam que a
queixa mais comum de pacientes que se encontram
deprimidos, mas não sabem o que está errado, é exaustão
física e falta de energia.  Eu sabia que trabalhar no quintal
me faria bem, pois talvez me desse pelo menos alívio
temporário de minha mente perturbada e aflita. Mas como
eu conseguiria aparar a grama por duas horas com um
cortador elétrico se não tinha energia nem para ir até o
barracão pegá-lo? Tudo o que fazia, era forçado por mim
mesmo. Até isso, era terrível. Esse dilema intensifica outros
sintomas.

25. Falta de esperança.

A princípio, o deprimido sente que a terrível e estranha


condição pela qual está passando é temporária, e ele logo
se recuperará. À medida que os sintomas se prolongam e
ficam mais intensos, a esperança começa a diminuir. A falta
de esperança se torna a consequência e a culminância da
combinação de todos os outros sintomas.  A falta de
esperança é uma convicção crescente, por parte do
deprimido, de que seu estado atual (o inferno da depressão)
se tornou permanente. Ele se convence de que as coisas
nunca melhorarão, e de que sua vida nunca mais será
normal. Esse é o sintoma mais perigoso. Muitas vezes, trata-
se de um prelúdio para o suicídio. Com o fim da esperança,
o deprimido começa a sentir que qualquer coisa que a
morte trouxer será melhor do que a vida presente. A morte
se torna cada vez mais atraente e começa a ser vista como
uma solução para seu inferno pessoal e para o horror que
ele está causando a sua família.

É provável que a falta de esperança provoque pensamentos


suicidas e desejo de morte em todos os deprimidos.
Todavia, nem todos tentarão o suicídio. Mas é
extremamente difícil, mesmo para os profissionais, prever
quem irá. É por isso que toda pessoa deprimida a
manifestar falta de esperança deve ser considerada um
suicida em potencial. Pensamentos suicidas vieram a minha
mente, mas eu nunca os levei a sério. Atribuo isso à graça
divina e à garantia constante dada por minha família de que
ela precisava de mim. Eu sentia desejo real de morrer, mas
queria que Deus tirasse minha vida, em vez de fazê-lo com
as próprias mãos. Como sou feliz e grato hoje porque ele
não atendeu a essa oração! A falta de esperança também é
crítica porque dificulta o processo de recuperação. É muito
mais provável um deprimido que se apega à esperança e
expectativa de cura superar a depressão do que se ele não
faz ideia de como ou quando a recuperação acontecerá. Se
a falta de esperança não estiver saltando aos olhos, ela está
a caminho. Portanto, o deprimido e aqueles que procuram
ajudá-lo devem fazer todo esforço possível para manter viva
a esperança. Ela é a respiração do deprimido. Onde há
esperança, há vida.

Conclusão

Bem, assim é a vida no mundo dos deprimidos. Talvez essa


não seja uma lista exaustiva dos sintomas da depressão.
Com certeza, porém, é o bastante para confirmar a visão
dos deprimidos e convencer os não deprimidos de que a
depressão é mesmo um verdadeiro inferno!  Continue a
leitura. Tenho uma boa notícia.  Você pode superar a
depressão.  Com a ajuda de Deus, eu consegui. Você
também pode. 

10

TERAPIA PARA A DEPRESSÃO


A boa notícia é que a depressão é uma doença tratável.
Além de tratável, é bem-sucedida nesse processo. Existe
ajuda disponível.  Às vezes, em suas formas mais leves, a
depressão pode melhorar sozinha e até ir embora. Assim
como a pessoa não sabe o que causou a doença, não
consegue explicar como se recuperou dela.  No entanto, na
maioria dos casos, a depressão não vai embora por si só.
Não é algo do qual você pode simplesmente “se livrar”, por
maior que seja o desejo. O deprimido precisa chegar a um
entendimento de sua necessidade e buscar a ajuda
apropriada.

Superando a relutância

A má notícia é que a maioria dos deprimidos nunca procura


auxílio de qualquer tipo. Entendo essa relutância, pois eu a
senti. Lembro-me vividamente do conflito devastador dentro
de mim. Estava doente, sabia disso e percebia que piorava,
em vez de melhorar. Mesmo assim, resistia com toda força a
buscar ajuda. Afinal, nunca havia ouvido de alguém que fora
honrado ou recebera um prêmio por estar deprimido. A
opinião comum sobre a depressão leva o deprimido a sentir
vergonha, pouco importa que tal opinião seja incorreta. Ele
tem vergonha de haver perdido o controle da vida e de sua
incapacidade de retomá-lo.  Eu estava tomado pelo medo.
Quando era adolescente, meu pai foi hospitalizado com
depressão. Foi tratado com terapia de choques elétricos,
sem o benefício da anestesia, como se fazia na década de
1940. Essa horrível lembrança incomodava minha mente.
Não só presumia que era isso que fariam comigo: estava
certo de que esse seria o caso. Muito embora soubesse que
hoje se usa anestesia, não queria passar por terapia de
choque.  O incentivo de minha esposa e meus filhos não
conseguira quebrar a resistência até a manhã em que nosso
filho mais velho foi a nossa casa. Ele e minha esposa
ficaram a meu lado enquanto eu estava assentado no
quarto. Ele disse: Pai, não suportamos mais vê-lo sofrer
assim. Vamos levá-lo ao médico”. Às vezes, a família precisa
fazer aquilo que seu ente querido precisa, não o que ele
quer. Isso se chama amor firme. Sou muito agradecido por
minha família ter me amado assim.  Eu sabia que eles
estavam certos. Finalmente aceitei o fato de que não tinha
outra escolha, se queria um dia voltar a ter uma vida
normal. Com meu consentimento, em poucas horas
estávamos no consultório do médico que me atendia havia
22 anos. Com cautela, ele me explicou que eu precisava dos
cuidados de um psiquiatra, justamente o que eu temia ouvi-
lo dizer. Nunca sonhara que um dia eu estaria do outro lado
na relação terapeuta/paciente. Mais uma vez, sabia que
estavam me falando a verdade. Concordei hesitante e
sentei no consultório envolto em meus pensamentos,
chorando enquanto seus auxiliares marcavam minha
consulta com um psiquiatra. Minhas emoções eram mistas:
triste e ansioso em relação ao que estava a minha frente,
mas, ao mesmo tempo, a primeira sensação de alívio em
meses, pois finalmente havia dado um passo positivo para
obter ajuda profissional.

Essa falta de vontade demonstrada por muitos deprimidos


de buscar ajuda, em especial por parte dos homens, por
causa de seu ego masculino, tem diversas causas: não
saber que seu problema é a depressão; pensar que
conseguirão melhorar sozinhos; o estigma ligado à
depressão e a ser tratado por um psiquiatra ou psicólogo;
falta de conhecimento sobre as terapias disponíveis; custo
da terapia; e medo de várias formas de terapia,
principalmente por histórias que ouviram outros contarem
sobre quando o tratamento era menos avançado.  Qualquer
que seja o motivo, essa relutância em procurar ajuda
precisa desesperadamente ser superada. Toda escolha
diferente tem um preço muito alto: os horrores da
depressão se tornam um estilo de vida, relacionamentos
familiares e interpessoais são prejudicados, instala-se a
incapacidade de trabalhar e ter uma vida normal, além da
possibilidade do suicídio. Hoje em dia, as pessoas, de modo
geral, apresentam um entendimento muito maior da
depressão. Contudo, o estigma ligado à doença ainda existe
em dois segmentos de nossa sociedade, notavelmente na
arena política e no local de trabalho. Um tratamento
anterior para a depressão costuma ser usado como arma
política para derrotar muitos candidatos capazes. Ainda
existem aqueles que descartam os candidatos a uma vaga
de emprego que foram honestos o bastante para comunicar
o fato de terem sido tratados por depressão no passado. Até
mesmo o uso comum desse tipo de pergunta em
formulários para posições de trabalho confirma que o
estigma continua a existir com todo vigor.

A presença continuada dessa atitude ignorante e primitiva é


muito infeliz para o deprimido e sua família. Ela priva a
sociedade dos benefícios que tantos têm a oferecer. A
ciência confirma que o QI, as aptidões e a criatividade da
maioria das pessoas que sofreram de depressão é
excepcionalmente alto. A história comprova que grande
parte das invenções mais geniais e das realizações
artísticas mais criativas também se originou de pessoas que
tiveram depressão. Dois dos maiores líderes e estadistas
mundiais, Abraham Lincoln e Winston Churchill, sofreram de
depressão; mesmo assim, proporcionaram liderança digna
de nota a seu país em tempos turbulentos. Eu preferiria,
com toda certeza, ter um trabalhador ou oficial público que
reconheceu sua necessidade, buscou ajuda e superou a
depressão do que aqueles que perpetuam a doença, na
tentativa de escondê-la de si mesmos e dos
outros.  Infelizmente, o estigma ainda é possível a qualquer
pessoa que procure tratamento para a depressão. Contudo,
trata-se de um risco que é necessário correr. Nenhum
deprimido deve ser forçado a continuar vivendo o inferno da
depressão apenas por causa da possível atitude ignorante
dos outros. Não se deve deixar que o problema dos outros
(ignorância) impeça alguém de se livrar de seu problema
(depressão).

Tipos de terapia

Há vários tipos de auxílio disponíveis ao deprimido. O nível


necessário de terapia dependerá da intensidade da
depressão, e do tempo de enfermidade. Passarei a
identificar e ajudá-lo a entender as principais formas de
terapia.

1. Conversar com um profissional não psiquiátrico.

Muitas vezes, alguém que está passando por uma


depressão leve ou não clínica pode ser ajudada ao
conversar com uma pessoa com quem nutre um
relacionamento de confiança. Pode ser um membro da
família ou um amigo muito íntimo, com que tem liberdade
de compartilhar seus pensamentos e sentimentos. Pode
também ser um pastor, professor ou médico da família. Não
estou sugerindo que esse grupo não é profissional, apenas
que não são profissionais com formação psiquiátrica.  Para
ajudar, o amigo não precisa ser um “especialista” em
depressão. Se for alguém com quem o deprimido se sente
livre para compartilhar seus pensamentos e sentimentos
com honestidade, e o amigo souber ouvir, tiver um coração
carinhoso e uma atitude disposta a não julgar, as conversas
podem ser muito úteis. Caso o amigo já tenha superado
uma depressão ou a compreenda de maneira mais plena,
terá mais condições de ajudar. Um dos propósitos deste
livro é capacitar toda pessoa a ser esse tipo de amigo.

2. Psicoterapia.

Em linguagem simples, “psicoterapia” quer dizer


simplesmente terapia por meio do diálogo. É falar e ouvir,
mas principalmente falar com uma pessoa capacitada
profissionalmente para tratar indivíduos com problemas
mentais e emocionais. Podem ser psiquiatras, psicólogos,
enfermeiros ou assistentes sociais com especialização em
psiquiatria.  É importante conhecer a diferença entre o
psiquiatra e o psicólogo. O psiquiatra é um médico formado,
que fez residência em psiquiatria e se especializou no
tratamento de doenças mentais e emocionais. Por ser
médico, pode prescrever medicamentos. O psicológico é
formado em psicologia, muitas vezes tem um mestrado na
área, e também trata pessoas com necessidades mentais e
emocionais. Por não ser médico, não tem permissão para
receitar remédios. Depende principalmente de testes
psicológicos e da psicoterapia para diagnóstico e
tratamento. Às vezes, psiquiatra e psicólogo trabalham
juntos.

A psicoterapia costuma ser realizada com pacientes


externos, mas também pode fazer parte do tratamento
durante uma hospitalização. Tende a ser de longo prazo e
dispendiosa, dependendo da gravidade da depressão.
Algumas cidades ou municípios contam com centros ou
clínicas de saúde mental com profissionais que oferecem
tratamento para deprimidos a um preço acessível ao
paciente, ou de graça.  Embora com certeza a psicoterapia
seja benéfica em muitas áreas, os próprios profissionais
reconhecem que ela sozinha não tem demonstrado um
histórico muito eficaz no tratamento da depressão. A
experiência de muitos pacientes deprimidos confirma esse
ponto de vista.  A forma atual de psicoterapia sem
intervenção de medicamentos que parece ter mais sucesso
no tratamento da depressão se chama Terapia Cognitiva.
Ela foi desenvolvida na faculdade de medicina da
Pennsylvania University, pelos doutores Aaron T. Beck e
David Burns. Hoje é praticada em diversos lugares.

3. Terapia com medicamentos.

Passos largos foram dados na metade da década de 1950


com a descoberta e o desenvolvimento de medicamentos
antidepressivos. Talvez mais do que qualquer outra coisa,
foi isso que tirou o tratamento da depressão de uma era de
trevas.  A maioria dos psiquiatras se baseia principalmente
na terapia com medicamentos para tratar os deprimidos.
Muitos acreditam que a combinação dos remédios com a
psicoterapia é o método mais eficaz. Isso tende a confirmar
meu ponto de vista sobre tipos de depressão, expresso no
capítulo 6. Tenha a depressão iniciado orgânica ou
fisicamente, se ela permanecer sem diagnóstico e
tratamento por muito tempo, assumirá ambas as facetas e
as duas deverão ser tratadas. A maioria de nós sabe muito
pouco sobre os antidepressivos e os vê com incerteza e
ansiedade. Não sou médico, nem farmacêutico, por isso não
tenho conhecimento ou experiência para abordar esse
assunto com profundidade. Mas espero conseguir levá-lo a
entender o suficiente sobre os antidepressivos e como eles
funcionam, a fim de dissipar parte do mistério e do medo
que os envolve.

Em primeiro lugar, você precisa compreender o


desequilíbrio químico no cérebro relacionado à depressão. O
cérebro contém substâncias chamadas “aminas”. Para ser
mais específico, três aminas foram identificadas:
norepinefrina (ou noradrenalina), dopamina e
serotonina. São transmissores químicos que o cérebro usa a
fim de enviar mensagens de um nervo para o outro. Os
nervos em nosso cérebro não são segmentos contínuos,
mas, sim, uma série de segmentos desconectados. As
mensagens do cérebro, vitais para o funcionamento normal
e bem-estar, passam pelo segmento do nervo. Quando
chegam ao fim do segmento, são transportadas para o
próximo segmento de nervo apropriado por meio de
mensageiros químicos, as aminas. É fácil, então, perceber a
importância das aminas. Bem, é aí que reside o problema.
Uma das características de qualquer unidade (molécula)
desse mensageiro químico (amina) é que ela só funciona
uma vez. Quando transporta uma mensagem cerebral de
um nervo para o outro, é excretado do cérebro e do corpo
como um detrito. Por isso, o cérebro precisa de fartura de
unidades de aminas. Por exemplo, se as aminas fossem
carteiros, seriam necessários 365 deles para entregar sua
correspondência todos os dias do ano, não um só
entregando as cartas 365 vezes.

O desequilíbrio químico causado pela depressão leva a uma


das condições seguintes: ou restam muito poucas unidades
de aminas, ou as existentes perdem a capacidade de
funcionamento. Qualquer uma dessas condições impede o
cérebro de operar normalmente.  O problema se complica
ainda mais pelo fato de que, no momento, não existem
testes laboratoriais que determinem de maneira precisa e
conclusiva a existência de desequilíbrio químico. Portanto,
mesmo quando surge a suspeita de tal condição, não é
possível confirmar em laboratório qual delas ocorre: muito
poucas aminas ou aminas impotentes.  Entram os
antidepressivos. Esses medicamentos corrigem ambas as
condições e equilibram a química cerebral. Existem três
principais grupos de antidepressivos: tricíclicos, que dão
energia e aumentam a potência das aminas; inibidores da
monoaminoxidase, que aumentam a quantidade de aminas;
e os inibidores seletivos da recaptação da serotonina, como
o Prozac, Paxil e Zoloft, que são os mais usados.

Dentro de cada um desses tipos de antidepressivos existem


remédios diferentes. Portanto, a prescrição de
antidepressivos, excetuando a experiência do médico, é, em
grande parte, uma questão de tentativa e erro. Um
medicamento que funciona para uma pessoa pode não
ajudar outra. A tarefa crucial é encontrar a droga certa para
você. Tomei cinco antidepressivos diferentes receitados pelo
médico até encontrar um que me ajudasse. Percebi muito
rapidamente que meu corpo não seria capaz de tolerar três
deles. Um eu até conseguia tolerar, mas não fez nada para
melhorar minha depressão; a meu ver, ele a tornou pior. O
quinto, com o tempo, ajudou.  Por haver tantos remédios
diferentes e pelo fato de a maioria dos antidepressivos levar
cerca de 21 dias para produzir uma melhora notável, o
processo pode ser vagaroso e caro também.

Os antidepressivos, mesmo aqueles que forem eficazes,


podem provocar efeitos colaterais em alguns indivíduos.
Alguns dos mais graves são: reações alérgicas, fraqueza
muscular, tontura, confusão, batimento cardíaco acelerado,
lento ou irregular e sangramento incomum. Outros efeitos
colaterais menos sérios, mas ainda assim incômodos podem
incluir: perda de apetite, náusea, constipação, boca seca,
problemas sexuais, tremores, fraqueza moderada, sonhos
desagradáveis ou estranhos e perda de sono. Medicamentos
novos e melhores, com menos efeitos colaterais, continuam
a ser descobertos.  O lítio, a droga escolhida para tratar o
transtorno bipolar do humor (doença mental causada
provavelmente por desequilíbrio químico, na qual períodos
de euforia se alternam com depressão melancólica),
costuma ser muito eficaz, mas pode causar sérios efeitos
tóxicos. Portanto, o nível de lítio precisa ser monitorado de
perto por meio de exames laboratoriais.  A maioria dos
médicos não considera os antidepressivos medicamentos
viciantes.

Tomar antidepressivos parece incomodar alguns cristãos,


que consideram a necessidade uma falha em sua fé ou
compromisso. Isso, a meu ver, é algo totalmente infundado.
A mesma pessoa não se incomodaria em precisar tomar
insulina para controlar o diabetes. Qual é a diferença entre
tomar um medicamento para corrigir um desequilíbrio
químico no cérebro e um remédio para resolver o
desequilíbrio de insulina no pâncreas? Se você está disposto
a tomar qualquer medicação — e com certeza o cristão
deve estar —, não há motivo para excluir os
antidepressivos.

Meu conselho aos deprimidos é que tomem antidepressivos


quando todos os indicativos parecerem confirmar que o
desequilíbrio químico está ligado à depressão. O
medicamento correto é a maneira mais rápida e eficaz de
readquirir equilíbrio químico. É claro que dou esse conselho
com alguma cautela. Quando a depressão não se tornou
clínica, ou seja, não impossibilitou a pessoa de conduzir
suas atividades cotidianas, não aconselho tomar remédios
antes de tentar outras formas de terapia. A depressão pode
não ter envolvimento químico e, nesse caso, as drogas não
são necessárias. Minha experiência pessoal e a de outras
pessoas me convenceram de que tomar um antidepressivo
inadequado para seu caso pode intensificar certos aspectos
da depressão. Tenho quase certeza de que isso aconteceu
comigo.  Se as outras formas de terapia não o levaram a
superar a depressão, então recomendo tomar
antidepressivos. Pelos motivos já mencionados, acho
prudente tomar apenas medicamentos prescritos por um
psiquiatra ou médico com bastante experiência em tratar
deprimidos. A experiência do médico é ainda mais crucial
por causa da ausência de exames laboratoriais conclusivos
disponíveis.

Após a recuperação de uma depressão imediata, a maioria


dos psiquiatras receita uma dosagem de manutenção por
cerca de um ano, na tentativa de impedir a
reincidência.  Felizmente, existem alguns antidepressivos
naturais: alternativas a base de ervas e nutrientes às drogas
antidepressivas. Diversas pesquisas mostram que elas
funcionam tão bem quanto os medicamentos, mas com
muito menos efeitos colaterais. Assim como os remédios,
elas podem exigir de três a quatro semanas para ser
eficazes e funcionar em algumas pessoas, mas não em
outras.  Esses antidepressivos naturais não devem ser
tomados junto com medicamentos antidepressivos. No
entanto, se você não estiver tomando nenhum remédio,
pode consultar seu médico ou consultor da loja de produtos
naturais sobre a possibilidade de tomar uma alternativa
natural. Pode acontecer de você melhorar sua química
cerebral, ajudar no tratamento da depressão e evitar os
efeitos colaterais das drogas.

4. Terapia por choque elétrico.

O nome médico é terapia eletroconvulsiva (TEC). Antes da


descoberta dos antidepressivos, a TEC era muito usada no
tratamento da depressão. A partir de então, porém, só é
usada pela maioria dos psiquiatras como último recurso,
depois que todas as outras alternativas falharam.  Por mais
desagradável que possa parecer, a TEC costuma ser bem
eficaz quando as outras formas de tratamento secular não
são bem-sucedidas. Até onde consegui averiguar, a ciência
médica não compreende exatamente por que ela funciona,
mas reconhece que dá certo. A TEC é administrada por um
psiquiatra. O paciente recebe anestesia geral, eletrodos são
fixados no corpo dele e uma quantidade controlada de
corrente elétrica o faz entrar em convulsão. É claro que o
paciente anestesiado não está ciente da convulsão. Grande
parte da reputação negativa da TEC vem de uma época em
que os pacientes não eram anestesiados, mas apenas
amarrados e ficavam inconscientes por causa da convulsão.
Ainda bem que a TEC ficou muito mais humana.

Em geral, são feitas séries de dez a quinze tratamentos,


dependendo da gravidade e da duração da depressão. Ela
pode ser aplicada a pacientes externos ou
hospitalizados. Não conheço nenhum efeito colateral grave,
mas preciso lembrar, mais uma vez, que não sou médico.
Depois de acordar da anestesia, o paciente se sente confuso
e desorientado, mas tais sintomas costumam ir embora em
poucas horas. O pior efeito colateral que já ouvi falar é a
perda relativamente grave da memória. A maior parte da
memória acaba voltando, mas observei que não parece
retornar por completo.  Sou grato porque a TEC tirou meu
pai da depressão, quando nada mais conseguiu fazê-lo. Isso
foi antes do surgimento dos antidepressivos. Eu só
consentiria que a TEC fosse ministrada a mim ou a algum
familiar se todas as outras formas de terapia houvessem
sido tentadas e fracassassem. Caso fosse minha única
esperança de não continuar vivendo no inferno da
depressão pelo resto da vida, eu a receberia de bom grado.
Não conheço nada pior do que viver em depressão clínica.
Nada. Mas sou grato a Deus por não ter precisado recorrer a
essa última alternativa.

5. Terapia espiritual.

Embora não seja reconhecida ou validada por todos os


terapeutas, existe outra forma de terapia: a terapia
espiritual. Creio que é a única forma de terapia a oferecer
recuperação  completa  e  duradoura  da depressão. A
maioria dos terapeutas seculares nem chega a pensar numa
superação permanente ou “duradoura” da depressão.
Quando o psiquiatra me prescreveu antidepressivos pela
primeira vez, perguntei por quanto tempo precisaria tomá-
los. A resposta foi até que eu me recuperasse e depois pelo
menos mais um ano,  porque minha depressão
provavelmente voltaria.  Ao que parece, esse é o ponto de
vista mais aceito entre os médicos e a expectativa das
empresas farmacêuticas. Não era uma boa notícia. Na
verdade, era o tipo de informação que poderia fazer uma
pessoa deprimida ficar mais deprimida ainda.  Reconheço
com todo apreço a terapia secular. Acabei fazendo uso
dessa ajuda e não desanimo ninguém de buscá-la. Os dois
psiquiatras que me atenderam, os antidepressivos que
tomei, a hospitalização de uma semana numa clínica
psiquiátrica e a bateria de testes físicos que fiz lá, a terapia
em grupo e vocacional — tudo isso foi benéfico. Os
antidepressivos melhoraram o equilíbrio de minha química
cerebral. Com certeza, tudo isso me impediu de piorar. Mas
nada disso me habilitou a me  livrar por completo  da
depressão. A vida melhorou, mas não era boa; estava
menos terrível, mas não normal. Ainda me encontrava
deprimido, sentindo a maior parte dos mesmos sintomas.
Também tentei todas as sugestões práticas para a
depressão: caminhava vários quilômetros todos os dias; o
pouco que comia, correspondia a alimentos saudáveis;
tomei suplementos vitamínicos, em especial as vitaminas C
e do complexo B, que combatem o estresse; tentava
descansar e relaxar, algo nada fácil para o deprimido; e me
certificava, a cada dia, de fazer algo para ajudar outra
pessoa. Embora esses hábitos contribuam para o bem-estar
de todo o mundo e possam ajudar na depressão leve,
descobri que eles não são suficientes e têm pouco efeito na
depressão clínica ou intensa.  Procurei a ajuda de vários
conselheiros espirituais que conhecia e respeitava, mas só
descobri que eles não sabiam, nem compreendiam quase
nada sobre a depressão. Minha oração é que este livro ajude
a corrigir tal circunstância. Ficava claro que eles se
importavam, mas orar comigo era tudo o que tinham a
oferecer. Com certeza, valorizo a oração e nunca subestimo
suas possibilidades. Mas, a menos que eu fosse curado de
maneira milagrosa, precisa de mais do que oração e o
mesmo se aplica a qualquer pessoa deprimida.

Em meio a minha confusão e busca, passei a ter certeza de


algo: a resposta e a solução para minha necessidade
estavam em Deus. Mas por que eu não conseguia encontrá-
las? Onde estava a maçaneta? Como poderia me apropriar
da cura?  Clamei a Deus, pedindo a ele que me ajudasse a
superar aquela terrível depressão. Não foi a primeira vez.
Mas, naquela ocasião, meu clamor era mais desesperado.
Percebi que estava lutando pela vida. Deus atendeu à minha
oração. Com o tempo, pouco a pouco, ele começou a me
revelar  insights  sobre a depressão, verdades e exercícios
espirituais, os quais, se aceitos e colocados em prática, me
permitiriam superar a doença.

Por ter sido fiel à orientação divina, o Senhor me permitiu


superar a depressão. Desde 1986, estou livre da depressão
anormal, dependendo apenas da terapia espiritual, sem
tomar nenhuma droga antidepressiva, nem fazer terapia
secular.  Ao partilhar esses  insights  espirituais e exercícios
com outras pessoas em seminários, muitas das que
passavam por depressão os colocaram em prática e
também superaram sua doença. A Deus seja todo louvor e
toda glória!

Conclusão

Se houver goteiras em seu telhado, você tem três opções.


Primeiro, pode não fazer nada. Isso fará a situação piorar
até que o carpete, os móveis e a casa em si sejam
arruinados. Segundo, você pode colocar baldes no chão
para conter a água quando chover. Isso impedirá que as
coisas estraguem, mas será uma restrição a sua vida. Você
não conseguirá usar os cômodos da maneira que eles foram
planejados por causa dos baldes. Além disso, precisará
esvaziá-los. Isso significa que você não poderá sair de casa
por muito tempo para fazer as coisas de que gosta porque
pode chover e os baldes transbordarem. Terceiro, você pode
consertar as goteiras. Talvez essa solução exija mais esforço
inicial, mas, por ser a única opção que resolve de verdade o
problema, trata-se da única escolha sábia.  Essa é uma boa
ilustração daqueles que estão tentando consertar a
depressão. É possível não fazer nada, deixando as coisas
piorarem até tudo ser arruinado. Outra opção é fazer uso da
terapia secular. Isso pode ser necessário antes de ser
possível consertar o telhado. A partir de minha experiência
e observação, porém, a terapia secular é, em alguns
aspectos, semelhante a usar os “baldes”. É bem melhor do
que não fazer nada. Ajuda e impede a situação de piorar,
mas não conserta definitivamente o problema. É preciso
continuar esvaziando os baldes, ou seja, a pessoa
dependerá do retorno e possível continuação da terapia
toda vez que “chover” (a depressão vier). Constatei que
muito poucos pacientes de terapeutas recebem alta
permanente.

Concluí que a escolha mais óbvia e sábia para o tratamento


do deprimido é a terapia espiritual. Essa é a melhor
oportunidade de resolver o problema. Permita-me enfatizar,
mais uma vez, que, se o desequilíbrio químico se tornou
parte de sua depressão, é provável que o tratamento com
remédios seja necessário antes de a terapia espiritual ser
totalmente apropriada. Quando há um desequilíbrio químico
no cérebro, a habilidade da pessoa de pensar, raciocinar,
compreender e se apropriar de uma verdade para praticá-la
fica prejudicada.  Portanto, qualquer deprimido pode
necessitar tanto de terapia espiritual quanto secular. Isso
depende da gravidade da depressão e do fato de ela ter
adquirido feições tanto orgânicas quanto psicológicas. No
entanto, nenhum programa de tratamento deve excluir a
terapia espiritual, a despeito da gravidade. Ela é um
requisito fundamental para consertar  o problema.

O restante do livro

Dedico o restante do livro ao compartilhamento daquilo que


Deus me ensinou. Chamo isso de terapia espiritual. Creio,
de todo coração, que o Senhor pode fazer por qualquer
deprimido que esteja disposto a colocar os princípios em
prática aquilo que fez por mim. Tal convicção me levou a
concentrar meu ministério nos seminários sobre como
ENTENDER, PREVINIR E SUPERAR A DEPRESSÃO e neste
livro. 

11

A VERDADEIRA CAUSA DA DEPRESSÃO


No capítulo 8, sobre os desencadeadores, identifiquei quatro
situações que costumam estar associadas à depressão: uma
grande perda; ser traído, enganado ou rejeitado; más
escolhas e grandes decepções. Chamo esses elementos de
“desencadeadores” da depressão.  Se você for um
observador atento, já percebeu que não disse que esses
fatores  causavam  a depressão. Eis o que escrevi: “Com
frequência, a depressão se desenvolve quando uma ou mais
das circunstâncias a seguir ocorrem ou existem na vida de
uma pessoa”.  Veja bem, não estou tentando confundi-lo.
Tenho uma ideia a transmitir. Trata-se do primeiro princípio
que o Senhor me ensinou quando clamei em desespero por
ajuda.  As estatísticas revelam que uma de cada nove
pessoas sofrerá de depressão clínica em algum momento da
vida. Isso quer dizer que 90% da população nunca passará
por essa condição.

Agora, pense nisto: uma vez que as quatro situações acima


estão ligadas à depressão, é claro que cerca de 10% da
população vivenciará uma ou mais (provavelmente todas)
delas na vida. Se os quatro fatores fossem a causa real da
depressão, então a lógica nos diz que os 90% restantes da
população  nunca passam por  perdas, traições, más
escolhas ou grandes decepções. A experiência e observação
deixam claro que não é esse o caso. Com certeza, todos,
não só os 10% que ficam em depressão, enfrentam uma ou
provavelmente todas as quatro situações ao longo da vida.
Se 100% passam por essas coisas, mas 90% nunca
desenvolvem depressão, então é óbvio que tais
circunstâncias não são a causa da depressão. Podem ser o
estímulo que catalisa seu surgimento, mas perdas, traições,
más escolhas e grandes decepções  não causam 
depressão.  Qual então é a causa real da depressão? Deus
me impressionou com a necessidade de saber isso para que
eu pudesse começar a superar a depressão.

A real causa da depressão psicológica não se encontra no


que acontece em nossa vida, mas em como reagimos ao
que acontece. O índice 10/90 revela com clareza que as
pessoas não reagem da mesma maneira. Por quê? Por
muitos motivos, mas há um em particular: pela diferença de
temperamento. A depressão é um problema de percepção ,
Deus me revelou repetidas vezes. Sim! Tudo ficava cada vez
mais claro. A depressão  é   um problema de percepção.
“Senhor, o que quer dizer percepção?”, perguntei. Ele me
deu a resposta. Percepção é como você vê as coisas.  Isso
ajuda a explicar as reações diferentes: nem todos vemos
perdas, traições, más escolhas e grandes decepções da
mesma forma. Uma pessoa as encara de um jeito e outra de
maneira distinta. Até o mesmo indivíduo terá uma
perspectiva diferente em momentos diferentes em relação
ao mesmo evento ou a um acontecimento
semelhante.  Como se adquire uma perspectiva errada? Por
meio de um pensamento defeituoso. Portanto, a grande
lição é: a real causa da depressão psicológica é um padrão
defeituoso de pensamento . O modo de pensar fica
problemático.

Nosso modo de funcionamento


Para entender de que forma o padrão defeituoso de
pensamento é a real causa da depressão psicológica, é
necessário compreender um pouco da dinâmica do
comportamento humano.  De forma simples, o
comportamento (ações) resulta das emoções (sentimentos)
e as emoções resultam do modo de pensar (pensamentos).
Aquilo que você pensa determina como se sente, e aquilo
que sente determina suas ações.  Assim que você tem
determinado pensamento e acredita nele, sente de imediato
uma emoção correspondente. Essa emoção, por sua vez,
terá uma ação correspondente.  Deixe-me ilustrar esse
processo. Imagine que você é uma mulher a quem um
membro da família irá buscar, tarde da noite, do lado de
fora do prédio de seu escritório numa grande cidade. Sua
carona está alguns minutos atrasada e você se encontra na
calçada sozinha. De repente, vê um homem vestido com
roupas escuras de operário, um boné e carregando um
bastão de madeira. Ele está a um quarteirão de distância e
caminha em sua direção. O pensamento lhe ocorre: esse
homem vai me fazer algum mal. Quando você começar a
aceitar esse pensamento, sente a emoção correspondente.
Qual é? Medo. Por estar ansiosa e com medo, você age de
acordo. Atravessa a rua e se dirige para onde há um
pequeno grupo de pessoas bem vestidas do lado de fora de
um restaurante. Fica bem perto delas, fingindo ser parte do
grupo, mas seus olhos estão vidrados no homem do outro
lado da rua, de quem fugiu de medo.

Para sua vergonha, você o vê parar perto de onde estava de


pé, tirar a capa do hidrômetro com o bastão de madeira, ler
e registrar a medição em um livro e continuar pela calçada.
Seu pensamento original não era verdadeiro. No entanto,
enquanto você pensava que era, ele controlou suas
emoções e ações. Você teve medo e fugiu.  É assim que os
seres humanos funcionam. Nossos pensamentos, reais ou
imaginários, chegam e determinam o que sentimos e
fazemos. Depois de compreender isso, fica fácil perceber a
importância de nosso modo de pensar. Portanto, a chave
para nossa forma de agir está naquilo que pensamos. Muito
antes de cientistas comportamentais descobrirem, Salomão,
dotado por Deus de sabedoria singular, já havia
escrito: “Porque, como imaginou [o homem] no seu coração,
assim é ele” (Provérbios 23:7). Quando ler a Bíblia, coloque
“mente” em lugar de “coração” e você terá uma melhor
compreensão do significado.

O processo para um padrão defeituoso de


pensamento

O padrão defeituoso e confuso de pensamento que constitui


a causa real da depressão psicológica não ocorre num
instante. Em vez disso, é um processo que se desenvolve
com o tempo. É assim que se desenvolve um padrão
defeituoso de pensamento:

1. Quando alguém começa a se sentir deprimido, seus pensamentos ficam


negativos. Esse sentimento depressivo inicial pode ser a depressão normal
que todos nós vivenciamos por causa de perdas resultantes de mudanças
inevitáveis. Quando a pessoa nutre e aceita os pensamentos negativos,
passando a acreditar neles, os pensamentos ficam cada vez mais
negativos. O indivíduo se torna incapaz de se ajustar a perdas e mudanças,
e a depressão passa a ser anormal. Então o pensamento é dominado pela
negatividade, levando a percepção a ser negativa também. Ele vê e
percebe todas as coisas a sua volta numa perspectiva triste e sombria.
2. A pessoa tem a convicção absoluta de que as coisas realmente são
como ela as vê. Nem pensa na possibilidade de estar errada. Tem certeza
de que a forma que vê e concebe todas as coisas ligadas a si
correspondem completamente à realidade. É a verdade. Ninguém
consegue convencê-la do contrário.

Quando estava descendo para o abismo da depressão clínica, via tudo de


maneira negativa, sem esperança de mudar. Segue um exemplo:  Na
primavera de 1985, um mês antes de eu chegar ao fundo do poço, Alma e
eu nos mudamos de Charlotte, estado de Carolina do Norte, para a casa de
minha família a aproximadamente setenta quilômetros de distância, no
estado de Carolina do Sul, logo após a morte de minha mãe. A casa ao lado
pertencia a meu avô e, no passado, fora uma grande construção vitoriana.
Estava desocupada havia alguns anos e já mostrava os sinais da falta de
manutenção. Lá dentro, estavam armazenados vários móveis indesejados
e coisas da família acumuladas.

A velha casa ao lado ocupava meus pensamentos dia e noite. Todos eram
negativos. Tinha certeza absoluta de que não conseguiríamos encontrar
um comprador para a casa. Se encontrássemos, não poderíamos vendê-la,
pois não sabíamos o que fazer com todas as coisas que estavam
guardadas lá. Talvez você não esteja impressionado, achando que se trata
de um grande problema, mas creia que era uma questão de vida ou morte
em importância para mim, na época. Por melhores que fossem os
argumentos, ninguém conseguia me convencer de que alguma coisa
funcionaria na velha casa. Para mim, não havia solução. Estava convicto,
sem sombra de dúvida, de que minha percepção negativa era a
verdade.  Gostaria que você pudesse ver a antiga casa vitoriana hoje. Um
simpático jovem casal a comprou de nós. Isso nos forçou a nos livrar das
coisas armazenadas. Expusemos os móveis do lado de fora, vendemos
parte deles e demos o restante para caridade. Isso resolveu a questão. O
casal restaurou a casa com muito bom gosto e hoje ela está lá não só
como uma imponente exibição do passado, mas como um lembrete
constante a mim de que aquilo que consideramos uma verdade absoluta
quando em depressão, pode não ser verdade. Isso nos leva ao terceiro
passo.

3. Os pensamentos negativos que confundem o pensamento e alimentam


a depressão sempre contêm distorções graves. Não importa o quanto nos
convençamos de que as coisas são como as percebemos, em geral elas
não são. As percepções negativas do deprimido quase sempre são
perversões da realidade. A Bíblia chama isso de “engano”.  Não foi só a
casa de meu avô que me provou isso, mas todas as outras coisas de que
me convenci serem reais, mas que acabaram se mostrando apenas
invenções de meus pensamentos e de minha percepção negativa.

4. Os passos deste processo nutrem uns aos outros e ele se torna um


círculo vicioso. Quanto mais negativo é o pensamento, mais distorcido ele
se torna. Quanto mais distorcido, mais negativo. E o ciclo prossegue sem
parar; a cada ciclo, a pessoa chega mais fundo no abismo da depressão.

Esse não é o fim da história

Por mais pessimista que esse panorama pareça, na verdade,


ele não é. Em vez disso, Deus estava me conduzindo a uma
verdade fundamental que se transformou em meu primeiro
raio de esperança. Uma vez que a depressão é um
problema de percepção, causado por um padrão defeituoso
de pensamento, então eu podia mudar meu modo de
pensar. Alteraria, assim, minha perspectiva e conseguiria
sair do fundo do poço. Era possível superar aquela
depressão terrível. A única forma de quebrar o círculo e de
deter o padrão defeituoso de pensamento é mudando sua
forma de pensar. Somente isso transformará sua
perspectiva. Portanto, eu sabia o que precisava fazer; tinha
de mudar meu modo de pensar. Não sabe como, nem
quando; só sabia que, para me ver livre da depressão, isso
era necessário.  Graças a Deus, boas notícias podem surgir
de más notícias!

12

É
PRÉ-REQUISITOS PARA SUPERAR A
DEPRESSÃO
Em minha luta, Deus me fez, ao longo de um período,
reconhecer nove pré-requisitos para superar a depressão.
Esses nove princípios ou são verdades a se aceitar, ou
ações a realizar.  Descobri que a obediência aos nove
princípios  não  o livrará da depressão, mas é essencial e
necessária para conseguir se ver livre.  Depois de
compreender e reconhecer que a depressão é um problema
de perspectiva, causado por um padrão defeituoso de
pensamento, os passos a seguir colocam você no rumo
certo para superar a depressão:

1. Fazer um exame físico completo.

Uma das primeiras coisas que qualquer pessoa com


depressão intensa e prolongada deve fazer é um exame
físico completo. O objetivo é averiguar se ela sofre de
depressão orgânica, psicológica ou de ambas.  Diga a seu
clínico geral que você está passando por uma depressão e
que gostaria que ele fizesse todos os testes ou estudos
necessários para confirmar ou eliminar qualquer causa física
para a doença.  Alguns que ele poderá incluir são:
recapitulação de todos os problemas de saúde que você
tem e dos medicamentos que toma, para ver se algum
deles pode produzir depressão como efeito colateral; exame
de sangue para verificar o funcionamento da tireoide, como
o T4, ou testar a existência de hipotireoidismo; teste de
tolerância à glicose para ver se há baixo nível de açúcar no
sangue; e um escaneamento cerebral para procurar por um
tumor, se outros indicativos mostrarem necessário tal
procedimento. Seu médico pode desejar incluir outros
estudos também.

Na maioria dos casos, os exames são feitos sem internação.


No meu caso, como a depressão já havia atingido nível
clínico, fui recebido na ala psiquiátrica de um hospital
durante uma semana, sob os cuidados tanto de meu
psiquiatra quanto do clínico geral. Enquanto os exames
eram feitos, também recebi terapia para a depressão:
remédios, psicoterapia, terapia em grupo e ocupacional.  A
gravidade e a duração da depressão permitem que você e o
médico decidam se os testes devem ser feitos como
paciente externo ou interno. A despeito da escolha, é
necessário realizar os exames. Você e o terapeuta precisam
saber com que tipo de depressão estão lidando para
discernir o tipo de tratamento adequado.

2. Estabelecer um relacionamento salvífico com Jesus


Cristo

Você não precisa ser cristão para ficar deprimido e,


certamente, não estou propondo que você precise se tornar
um para melhorar da depressão. Mas, em minha opinião, o
indivíduo necessita sim ser cristão para vivenciar uma
libertação duradoura  da depressão. De acordo com a Bíblia:
todos pecaram (leia Romanos 3:23); e estão sob o salário ou
a pena do pecado, que é a morte (leia Romanos 6:23);
necessitam ser salvos; e a salvação é oferecida a todo ser
humano, por meio do arrependimento do pecado, da fé e da
aceitação pessoal de Jesus Cristo como Salvador e Senhor
(leia Romanos 5:8; João 3:16; 1 Coríntios 15:3–4; Romanos
10:9 e13).  Toda pessoa precisa chegar a um acordo com
estes três elementos: passado, presente e futuro. Qualquer
ser humano normal e racional que não faz isso acaba se
envolvendo naturalmente numa nuvem de desespero,
ansiedade e depressão.

Quando alguém se torna cristão e o sangue expiatório de


Jesus Cristo lhe é imputado, todos os três são
providenciados de forma instantânea: o passado é
perdoado, todos seus pecados são perdoados e esquecidos
por Deus. Seu presente recebe o cuidado providencial diário
de um Pai celeste amoroso. Seu futuro é garantido pela
promessa de vida eterna, na qual  “Deus limpará de seus
olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto,
nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são
passadas”   (Apocalipse 21:4).  Não existe nenhum outro
meio tão eficaz e garantido de cuidar do passado, do
presente e do futuro.  Quando em depressão, a pessoa não
vive, ela simplesmente existe. É desejo de Deus que todo
ser humano tenha vida plena, não que apenas exista. Mas o
indivíduo só está pronto de verdade para viver quando se
sente preparado para morrer, e a morte é inevitável a todos.
Somente o cristão garantiu o cuidado de seu passado,
presente e futuro.

O apóstolo João expressou essa verdade da seguinte


forma: “Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho
de Deus não tem a vida”  (1  João 5:12).  Tudo aquilo que
aprendi tanto em psicologia como em teologia, tudo que
observei na vida dos outros e em minha experiência pessoal
me convenceram de que somente um cristão consegue se
livrar permanentemente da depressão. Além disso, aquilo
que Deus disse na Bíblia é a base de minha convicção.

3. Ter uma firme crença na soberania de Deus.


Aquilo em que cremos é importante. Nossa reação às
situações e circunstâncias da vida é determinada, em
grande medida, por aquilo em que acreditamos. A negação
da existência de Deus, ou a crença de que ele criou todas as
coisas e depois se retirou, deixando o mundo e tudo que
nele há para se virar sozinho, só permitem uma conclusão:
a de se considerar uma vítima, num mundo selvagem, onde
tudo acontece por acaso, sem qualquer controle de sua
parte ou de qualquer outro. O desânimo e a depressão são
as consequências lógicas de tais crenças.  Mas a firme
convicção de que Deus criou todas as coisas e continua a
governar e controlar tudo com soberania, segundo seu
plano e propósito (baseado em seu amor infinito e imutável
por aqueles que fizeram um compromisso de fé com ele)
permite que a pessoa reaja positivamente aos
acontecimentos da vida, por piores que eles pareçam.

Agradeço a Deus porque a causa de meu problema vocal


(distonia laríngea) não é uma ameaça à vida. No entanto,
minha reação ao fato de precisar abdicar do ministério
pastoral por causa da doença foi devastadora e contribuiu
muito para o surgimento da depressão. Em minha luta para
sair do poço da depressão, Deus revelou que parte de meu
padrão defeituoso de pensamento era um complexo de
“vítima”.  Ele voltou minha atenção para algo em que eu
sempre acreditara com firmeza, mas que meu padrão de
pensamentos negativos havia esquecido: sua soberania. Eu
não entendia, naquela época, nem entendo hoje, por que
tenho esse problema vocal relativamente raro. Mas Deus
restaurou minha crença básica em sua soberania. Isso me
permitiu crer com convicção e declarar publicamente que
não teria acontecido a menos que o Senhor permitisse,
muito embora ele não tenha decretado a doença, nem a
provocado; e aquilo que Deus permite acontecer na vida de
um cristão já é planejado e destinado para sua glória e para
o bem da pessoa.
Meus pensamentos negativos de “vítima” começaram a
mudar. A restauração da crença na soberania divina iniciou
uma transformação em minha forma de reagir ao que me
acontecera. Isso me ajudou a ficar na posição certa para
superar a depressão.  A crença em relação ao grau de
envolvimento de Deus em nossas circunstâncias difíceis
certamente causa um impacto em nossa maneira de
responder e reagir. Transformamo-nos naquilo em que
acreditamos.

4. Alinhe-se com a vontade de Deus.

Pecados não confessados, dos quais não nos arrependemos


nem fomos perdoados podem causar depressão. Portanto,
se você ainda não lidou com pecados do passado, ou
persiste fazendo algo que sabe ser pecado, não se encontra
na posição adequada para superar a depressão.  O
deprimido que continua a pecar por meio de um
relacionamento adúltero, por exemplo, pode tomar
antidepressivos até esvaziar a farmácia, mas não vivenciará
libertação duradoura da depressão. Pode até melhorar por
um tempo, mas não ficará e permanecerá bem.  O pré-
requisito para superar a depressão é alinhar a si mesmo e
sua vida com aquilo que você crer ser a vontade de Deus,
conforme a revelação em sua Palavra, a Bíblia. Então você
terá dado um passo essencial rumo a uma posição que lhe
permitirá superar a depressão.

Intervalo
O assunto é denso. Façamos um intervalo.  Os quatro pré-
requisitos acima podem ou não lhe parecer difíceis,
dependendo de seu conhecimento prévio e de sua
experiência com a fé cristã.  Além disso, preciso adverti-lo:
os últimos cinco são difíceis para todo mundo. São
princípios que o deprimido precisa aceitar e colocar em
prática, após crer neles.  Devo admitir que foram
traumáticos para mim. Deus os revelou um a um. Quanto
mais forte ficava a mensagem, mais eu resistia. Eu não
queria nem ouvir as coisas que o Senhor me revelava,
quanto menos aceitá-las.

Com todo amor, ele enfrentou minha resistência com uma


pergunta persistente: “French, você quer sarar?”. Isso mexia
comigo. Esse pensamento me prendia e chamava minha
atenção. Minha resposta só podia ser: “Sim!”. Mas, ao dizer
isso, sabia qual era o significado: eu precisava concordar
com os princípios. Eles eram progressivos, ou seja, só
depois de lutar e concordar voluntariamente com um deles,
Deus me revelaria o próximo. Eles são conectados e o
seguinte emerge do anterior. A aceitação era necessária
para que eu ouvisse o próximo.  Admitir estas difíceis
verdades sobre mim mesmo e a depressão foi o ponto mais
crítico da estrada. Mas Deus deixou claro: essa era a
estrada que levava para longe da depressão. 

Continuemos então:

5. Reconhecer e aceitar o fato de que suas reações às


circunstâncias, não as circunstâncias em si, são a
causa real da depressão psicológica.

Algumas circunstâncias ocorrem em nossa vida em


resultado de nossas ações. Outras acontecem sem nenhum
controle de nossa parte. Em ambos os casos, porém,
podemos controlar nossa resposta e reação à
circunstância. Sentei na varanda de minha casa certa tarde,
imerso em pensamentos, lutando com essa mensagem que
viera de Deus. O Espírito Santo trouxe à tona a experiência
seguinte de minha memória.  Certa mulher, membro da
igreja, me pediu que visitasse sua vizinha, que fora
diagnosticada com uma doença terminal. Ela pensou que eu
poderia ajudar a enferma, mas o que acabou acontecendo
foi que eu recebi o auxílio e a inspiração. Quando uma
mulher atraente de trinta e poucos anos nos recebeu à
porta, fiquei surpreso. Ela estava animada e feliz, não
melancólica e deprimida como eu esperava encontrar uma
pessoa prestes a morrer. Depois de me apresentar, ela
educadamente nos convidou para entrar. Enquanto
conversamos em sua sala de estar, a paz e a alegria
daquela moça ficaram ainda mais evidentes. Ela pegou um
livro na mesa de canto, me entregou e perguntou: “Já leu
esse livro?”.

Após olhar para o título,  Em Busca de Sentido , de Viktor


Frankl, disse a ela que nunca vira a obra antes. Aquela
mulher prosseguiu: “Esse livro mudou minha vida. Quero lhe
dar esse exemplar”.  Fiquei boquiaberto enquanto ela
compartilhava as verdades que aprendera no livro: tudo
pode ser tirado de um ser humano, menos o direito de
escolher a atitude que terá a qualquer circunstância da
vida. Esse privilégio é inalienável. Ela completou: “Não
posso controlar minha doença, nem a morte que ela talvez
trará, mas tenho o direito e a opção de escolher minha
reação, qual será minha atitude à enfermidade”. Eu a
agradeci, orei com ela e corri para meu escritório, ávido por
descobrir mais sobre o livro que tivera um impacto tão
grande na vida dela.
Doze anos depois, eu me encontrava sentado em minha
varanda lutando desesperadamente para encontrar a saída
do abismo da depressão. A lembrança desse episódio me
fez reviver não só a experiência, mas também sua verdade.
Não é o que acontece em nossa vida, mas nossa reação aos
eventos que determinam nossa qualidade de vida. Durante
meu ministério, compartilhei esse livro e sua verdade com
muitas pessoas que estavam sofrendo. Agora eu precisava
dessa verdade e Deus me fez recordar dela, inflamando-a
de volta em minha vida quando já a havia perdido. Um pré-
requisito para se livrar da depressão é reconhecer e aceitar
esta verdade: sua reação (atitude, pensamentos e
percepção) às circunstâncias, não as circunstâncias em si, é
a real causa da depressão.

6. Parar de justificar a depressão e abrir mão do


direito de estar deprimido.

A maioria dos deprimidos encontra rapidamente uma lista


de motivos para justificar sua depressão. Conseguem
apontar para diversas circunstâncias em sua vida, todas
elas consideradas ruins o suficiente para deprimir,
fornecendo o direito necessário para eles se sentirem como
se sentem.  Às vezes, o terapeuta ajuda o deprimido a
confirmar esse direito. Tanto meu psicólogo quanto meu
psiquiatra, que me encorajaram a compartilhar algumas das
coisas difíceis que haviam acontecido em minha vida, me
disseram: “French, não é surpresa alguma você estar com
depressão. Aconteceram coisas ruins demais para deixá-lo
deprimido”.

Nas duas ocasiões, eu saí do consultório me sentindo


melhor. Ainda deprimido, mas melhor. Ambos me deram
apoio para justificar a depressão, fornecendo-me uma
sensação de alívio. Era certo eu estar me sentindo daquela
maneira. Por causa de todos os golpes pesados que
recebera, tinha o direito de estar deprimido. Podia lançar
fora a culpa e começar a procurar o que era possível
desfrutar na depressão. Chegamos a um problema imediato:
é muito difícil encontrar qualquer coisa a desfrutar na
depressão. Mesmo se eu conseguisse encontrar alguma,
algo que não fiz, não era isso que queria. Eu não queria
desfrutá-la, mas, sim, superá-la, me ver livre dela. O mundo
permitirá que você justifique a depressão. No entanto, não é
muito animador perceber que este mesmo mundo também
permitirá que você tome veneno, se assim o escolher.
Todavia, todos os deprimidos têm a tendência de se apegar
com toda força a esse direito de se justificar. Todo o mundo
se sente melhor quando consegue colocar a culpa de todos
os problemas em algo ou alguém que não seja ele mesmo.

Deus invadiu meus pensamentos. Ele permitiria que eu


ficasse deprimido, mas não deixaria que eu, nem qualquer
cristão, justificasse a depressão psicológica ou achar que
tinha direito a ela por causa dos golpes da vida. Por meio da
vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, Deus já deu ao
cristão tudo de que ele precisa para evitar que isso
aconteça. Então por que ele permitiria que eu me
justificasse? Fazê-lo seria uma negação da verdade. Para ser
franco, eu não queria ouvir isso, mas Deus foi bem claro. Se
quisesse me livrar da depressão, além de ouvir, eu
precisava aceitar essa verdade. Deveria parar de justificar a
depressão e abrir mão do direito de estar deprimido. Isso é
necessário para toda pessoa com depressão psicológica que
deseja superar sua condição.  Isso não equivale a negar o
estresse e o sofrimento que acompanham os
acontecimentos trágicos e as más circunstâncias na vida de
uma pessoa. Eles machucam sim. Conheço pessoas cuja
vida não passou apenas por uma chuva fina, mas por um
dilúvio de eventos inacreditavelmente ruins. Mas se 90%
dos indivíduos que passam por tais circunstâncias na vida
não vêm a sofrer de depressão clínica, então não havia
motivo algum para eu justificar minha depressão. Se era
minha reação, e não as circunstâncias, o real motivo da
depressão, então não tinha direito algum de ficar deprimido.

7. Assumir a responsabilidade pela própria


depressão.

A aceitação do princípio anterior me fez encarar esta


verdade: por mais que fosse doloroso admitir, eu estava
deprimido porque permitira que isso acontecesse. Senti que
esse conhecimento vinha de Deus, mas achei muito difícil
aceitá-lo. Afinal, a depressão já provocava dor demais sem
precisar admitir que era minha culpa. Embora fosse uma
conclusão lógica da verdade anterior que eu aceitara, ainda
resistia. Não conseguia me fazer aceitar a culpa por minha
depressão.  Em meio a essa luta, aconteceu algo que me
impediu de continuar resistindo. Meu otorrinolaringologista
preencheu o formulário médico anual exigido pela Junta de
Pensões Presbiteriana acerca de meu problema vocal. Ele
anexou uma cópia com suas anotações da última consulta,
que ocorrera enquanto eu estava deprimido. Antes de
encaminhá-las para a Junta, dei uma olhada nas anotações.
“French permitiu que a depressão tomasse conta” — ele
escrevera.

Fiquei furioso. Chamas saíam de meus olhos e fumaça de


meus ouvidos. Não literalmente, mas eu estava bravo o
suficiente para que isso acontecesse. Não conseguia
acreditar que Jim, meu amigo e irmão em Cristo, e médico,
pudesse ser tão cruel e insensível. Será que ele não sabia o
quanto eu estava sofrendo sem ser culpado por tudo?
Entregando as anotações para Alma, eu disse:

— Você acredita que Jim me acusou de  permitir  que a


depressão tomasse conta? Vou ligar para ele agora mesmo
e lhe dizer poucas e boas” — (Isso a despeito do fato de eu
estar começando a suspeitar que houvesse um perigo em
dizer poucas e boas para os outros. Quando você faz isso
demais, acaba perdendo a cabeça).

Enquanto batia os pés caminhando até o telefone, o Senhor


me parou no meio do caminho. O Espírito Santo me trouxe à
lembrança dois versículos da Bíblia que eu já lera em
particular e em público centenas de vezes. São palavras de
Jesus:  “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus,
crede também em mim”  (João 14:1) e  “Não se turbe o
vosso coração, nem se atemorize”   (João 14:27). O Espírito
Santo me ensinou com rapidez e de maneira profunda. Não
existe descrição melhor da depressão do que as palavras de
Jesus, uma mente perturbada e temerosa (nas Escrituras,
compreende-se melhor o termo “coração” se ele for
traduzido por “mente”). Jesus estava dizendo a todos que
creem nele e em Deus que não “se” turbassem, não
deixassem que isso acontecesse a si. Prostrei-me de joelhos
em prantos. Reconheci: “Senhor, Jim está certo. Ó, Senhor,
é a mesma coisa que estás tentando me fazer reconhecer e
aceitar desta vez. É minha culpa. Estou deprimido por
eu permitir  que a depressão tomasse conta”.

Não havia nada mais que eu pudesse fazer. Seria


totalmente inconcebível Jesus me dizer para não me turbar
se eu não tivesse capacidade de fazer isso acontecer. Meu
conhecimento sobre Jesus e minha fé nele me impediram de
crer que ele me mandaria fazer algo que eu não tivesse
condição nenhuma de fazer.  Não estou sugerindo que as
pessoas  escolhem  ter depressão. Escolher e permitir não
são a mesma coisa. Escolher é um ato consciente, permitir
pode ser tanto consciente quanto inconsciente. É possível
permitir que algo aconteça sem necessariamente escolher
isso.  Minha resistência se foi. A verdade era inegável: a
depressão psicológica é algo que a pessoa permite
acontecer. Essa foi a verdade mais difícil que precisei
aceitar, mas não havia outra alternativa. Aceitei a
responsabilidade pela depressão. Ao dar esse passo, por
mais difícil que tenha sido, fiz um avanço considerável rumo
à recuperação.

8. Assumir a responsabilidade e fazer esforço para se


ajudar a superar a depressão.

Após finalmente ser capaz de reconhecer e admitir que eu


havia permitido que a depressão tomasse conta e, portanto,
tinha responsabilidade por isso, descobri algo
extremamente útil. Só depois de admitir é que consegui
enxergar.  Até então, eu pensava que dependia de outra
pessoa para sair da depressão. Se eu tão só conseguisse
encontrar a pessoa certa, o terapeuta certo, o médico certo,
ele teria condições de me tirar daquele abismo terrível.
Quando todos os meus esforços de encontrar essa pessoa
ideal falharam, enfraqueceu minha esperança de
recuperação. Enfraqueceu porque a conclusão lógica em
meu pensamento era: se eu não encontrar a pessoa certa,
não conseguirei me recuperar. Depois de descobrir e admitir
que  eu  havia me colocado na depressão, percebi, pela
orientação do Espírito Santo, que  eu  mesmo tinha a
capacidade de me tirar dela. Se eu havia entrado, então
tinha a opção de sair. Esse reconhecimento teve um
impacto tremendo. Ele me libertou de me considerar
uma vítima  da depressão.

Enquanto o deprimido nega qualquer responsabilidade por


se colocar dentro ou fora do quadro de depressão (como a
maioria dos deprimidos), sua única conclusão será de que
ele é uma vítima da depressão. Por ser vítima, não sente ter
nenhum controle sobre estar deprimido ou superar essa
condição. Considera-se uma vítima da depressão por causa
das circunstâncias, das ações de outras pessoas ou de
alguma força satânica; portanto, não vê nada que possa
fazer a respeito.  Poucas coisas são mais prejudiciais ao
deprimido do que esse complexo de vítima. Ele significa, em
essência, que a pessoa tem toda probabilidade de
permanecer no abismo da depressão. É ao admitir que você
se permitiu ficar deprimido que é possível aceitar a
responsabilidade e fazer o esforço para se recuperar.
Portanto, ao aceitar essa responsabilidade e desafio, você
fica livre de qualquer complexo de vítima ao qual possa ter
se apegado com toda força.  Quando assumi a
responsabilidade e comecei a me ajudar a superar a
depressão, vivenciei uma grande virada. O complexo de
vítima foi embora; a possibilidade de recuperação adquiriu
nova vida.

9. Apegar-se à esperança.

Na última igreja em que atuei como pastor, costumava me


reunir às quartas-feiras pela manhã com um grupo de
membros para orar e compartilhar as lutas. Esse momento
se tornou muito pessoal. Recordo que, certa manhã, uma
senhora disse com tristeza:
— Acho que nunca conseguirei parar de fumar.

Após alguns momentos de silêncio no grupo, respondi:

— Penso que está certa, Mary. Acho que você nunca conseguirá parar de
fumar.

Ela me perguntou surpresa:

— Por que, pastor? Isso não é muito animador. Por que você acha que eu
nunca conseguirei parar de fumar?

— Simplesmente porque  você  não  acredita  que conseguirá. A menos que


você creia que isso pode acontecer, duvido mesmo que um dia ocorrerá.

Tentei dizer para ela a verdade em amor.  Agora, anos


depois, em minha luta para me libertar da depressão, o
Espírito Santo estava me comunicando a mesma verdade
que eu transmitira àquela mulher. Apegar-se à esperança é
um pré-requisito e parte essencial para superar qualquer
coisa, inclusive a depressão. O que significa apegar-se à
esperança? Significa acreditar que a recuperação que você
deseja tão desesperadamente acontecerá. É crer que seu
estado futuro será melhor que o presente. Desesperança é
crer que o presente estado miserável se tornará
permanente. Apegar-se à esperança é aplicar, pela fé, um
golpe mortal na desesperança. Apegar-se à desesperança e
ao desespero é pensar em Deus somente como uma figura
histórica. Apegar-se à esperança é crer que o Deus de hoje
é o mesmo de sempre, e que ele continua a estender seu
amor, cuidado e poder a todo aquele que o invoca.

Conclusão
Seus esforços para superar a depressão serão bem-
sucedidos em proporção direta a seu sucesso em cumprir os
nove pré-requisitos apresentados. Foi uma luta para mim. É
provável que também será para você. O processo exige
uma profunda busca interior e muita humildade. Lute com
cada uma dessas verdades pelo tempo que for preciso.
Empenhe-se até conseguir aceitá-las e concordar com elas.
É imprescindível admiti-las a fim de ficar pronto para
superar a depressão.  Nos dois próximos capítulos,
partilharei com você as coisas específicas que Deus me
disse para fazer a fim de superar a depressão. Ele as
revelou para mim pouco depois da luta pela aceitação de
cada uma das verdades e dos princípios que constituem os
pré-requisitos.  Preciso me certificar de que você entendeu:
o conteúdo dos próximos capítulos será eficaz para superar
a depressão na medida em que você conseguir reconhecer,
admitir e colocar em prática as verdades dos pré-requisitos,
com humildade e empenho.

13

COMO SUPERAR A DEPRESSÃO:


MUDANÇA NO MODO DE PENSAR
Uma vez que a real causa da depressão psicológica é um
padrão defeituoso de pensamento, torna-se óbvio que o
caminho para superá-la é mudar o modo de pensar.  Até
aqui, muito simples. Agora vem a pergunta difícil: como é
possível mudar o modo de pensar?

Embora alguns terapeutas seculares concordem com a


necessidade de mudança no padrão de pensamento do
deprimido, poucos oferecem ajuda significativa em dizer
como isso é possível. O conselho deles é basicamente o
seguinte: simplesmente faça. Vá em frente, mude. Pense
positivo. Quando estava deprimido, esse tipo de orientação
ajudou muito pouco. Se eu conseguisse controlar meus
pensamentos para só pensar positivo, é bem provável que
nunca houvesse caído em depressão, antes de qualquer
coisa. O fato de estar deprimido era uma evidência de que
eu não conseguiria, naquele momento, controlar os
pensamentos por vontade própria e direcioná-los para o
rumo que quisesse.

O pensamento positivo fundamentado na realidade é


valioso e terapêutico. Contudo, se não for baseado na
realidade, trata-se de um engano, de uma inverdade. É
como muitas das velhas casas de praia espalhadas pelo
litoral da Carolina do Sul, onde vivo. Elas foram construídas
sobre a areia com um alicerce inadequado. Podem parecer
muito atraentes, mas quando vêm ventos fortes e as
grandes ondas dos furacões, elas desabam e caem.  O
pensamento positivo pode ser totalmente desprovido de
verdade. Nesse caso, é muito destrutivo. Pense na pessoa
que, sob a influência das drogas, tem o “pensamento
positivo” de que é capaz de voar, mas salta em direção à
morte de um prédio alto porque sua percepção da realidade
é distorcida.

Quando me aproximei de Deus com a pergunta de como


mudaria meu pensamento, a resposta começou a chegar.
Os princípios que havia aceitado (capítulo anterior) me
colocaram na direção correta. Mas, como ainda estava
deprimido, a maior parte de meus pensamentos ainda era
confusa e distorcida, muito embora para mim tudo
parecesse verdade. Parecia que eu tinha um longo caminho
a percorrer para conseguir mudar meu modo de pensar,
portanto clamei a Deus: “Senhor, tu já me ajudaste, mas
preciso de mais. Meu modo de pensar ainda deve estar
distorcido, pois continuo em depressão. Por favor, meu
Deus, mostra-me como mudar meus pensamentos”.  Lá no
íntimo, eu sabia que a vitória sobre a depressão seria
encontrada em Deus, mas ainda não conseguira descobrir
como. Não compreendia o que deveria fazer. Orei e implorei
ao Senhor que me desse cura e vitória imediatas. Eu cria
que Deus era capaz de fazer isso, mas ainda não
acontecera.

Ele reagiu a meu desapontamento deixando claro que eu


precisaria me envolver no processo de cura. Não seria
sarado por meio de um decreto soberano, de um milagre,
mas, sim, mediante um processo espiritual do qual
participaria.  A resposta a como mudar o padrão de
pensamento foi revelada de maneira gradativa. Uma
falsificação é descoberta quando é colocada ao lado do
artigo genuíno. Um diamante sintético pode ser atraente e
enganar muitas pessoas, mas quando é colocado ao lado de
um diamante verdadeiro, é possível descobrir que ele não é
real. Quando estava deprimido, os pensamentos que tinha a
meu respeito e em relação às circunstâncias eram a
realidade para mim. Sentia-me convicto, como todos os
deprimidos, de que tudo era exatamente da forma que eu
via. Todos os meus pensamentos pareciam reais, uma
análise correta e verdadeira daquilo que eram as coisas.
Isso dificultava ainda mais a mudança em meu modo de
pensar.

Primeiro eu precisava descobrir quais dos meus


pensamentos eram distorções da verdade. Para fazer isso,
eles precisavam ser expostos à verdade. Essa era a única
maneira de descobrir quais eram verdadeiros e quais eram
falsos.  Desde o princípio da humanidade, a seguinte
pergunta é feita: o que é a verdade? Todo ser humano
precisa deparar com esse questionamento e chegar a uma
conclusão. Quer o façamos de forma consciente, quer não,
todos respondem pelo foco e a direção da vida, bem como
pelo objeto da mais suprema devoção.  Anos atrás, eu
tomara uma decisão para minha vida e experimentara sua
confirmação ao longo dos anos. Sou cristão, aceito que a
Bíblia, a Palavra de Deus, é a única fonte infalível e regra de
minha fé (aquilo em que creio) e prática (o que faço). Creio
que a única realidade neste mundo é aquilo que Deus diz, e
a Bíblia é a revelação e o registro de suas palavras. Só isso
é a verdade.

Sem perceber, eu havia permitido que meu padrão de


pensamentos se tornasse falho e defeituoso porque, sem ter
esta intenção, tinha deixado de colocar em prática tal
convicção. O que ocorreu comigo, acontece com toda
pessoa psicologicamente deprimida:  substituímos
(trocamos) as verdades de Deus pelas mentiras de Satanás.
 Bíblia descreve Satanás (o diabo) com estas palavras: “Ele
foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade,
porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira,
fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da
mentira”   (João 8:44). Seu desejo e propósito para toda
pessoa não é senão “a roubar, a matar, e a destruir”   (João
10:10).  Já que talvez você depare com isto, deixe-me
adverti-lo. Existem alguns pregadores, professores e seus
seguidores que creem que a depressão é meramente um
problema de possessão demoníaca. Por isso, concluem e
praticam que a libertação do “demônio da depressão” é
tudo de que alguém precisa para se livrar da doença. Sua
“ministração” a qualquer pessoa deprimida é expulsar esse
demônio.

Diversas vezes, alguns cristãos ordenaram ao “demônio da


depressão” que me deixasse. Em meu estado de desespero
e confusão, aceitava de bom grado qualquer possibilidade
de sair do abismo. Nunca percebi que isso ajudou, embora
seja agradecido pelo cuidado e pela preocupação dessas
pessoas.  Conheço vários que receberam a ministração de
livramento por intermédio de alguém que defendia essa
visão. Embora alguns relatem uma breve sensação de alívio,
em todos os casos, não houve contribuição significativa ou
duradoura para superar a depressão. É provável que o
sentimento momentâneo de alívio se deva a efeito
placebo.  Todo aquele que acredita de verdade na Bíblia
precisa reconhecer a existência de possessão demoníaca,
no passado e no presente, e existem as raras ocasiões em
que o exorcismo é necessário. Não acredito, porém, que
esse seja o único motivo ou a única resposta para a
depressão. Nem a Bíblia, nem a experiência parecem dar
apoio ao ponto de vista do “demônio da depressão”. Lembre
que Jesus expressou sentimentos depressivos e, com
certeza, ele não estava possuído por demônio nenhum.

Na verdade, essa visão e suas práticas são prejudiciais ao


deprimido, porque corroboram com o complexo de vítima.
Também acaba com qualquer esperança à qual ele se apega
em seu desespero e aprofunda a depressão. Por quê?
Porque fica sabendo que o único meio de cura falhou, já que
continua a se sentir deprimido.  É claro que é igualmente
errado afirmar que Satanás não desempenha parte
nenhuma na depressão. Sem dúvida, ele está envolvido,
pois, em tudo que faz, procura nos roubar, matar e destruir.
Em minha opinião, seu papel neste caso envolve a
opressão, não a possessão. (Isso não diminui o fato de que o
deprimido ainda precisa aceitar a responsabilidade por sua
depressão psicológica). Quando permitimos que Satanás
nos engane, sofremos sob sua opressão e ele obtém
sucesso em nos fazer substituir a verdade de Deus por suas
mentiras, sem nem nos darmos conta. Assim a realidade
passa a ficar distorcida em nosso padrão de pensamentos. A
distorção da realidade é o ponto central da depressão. Ela
atende muito bem aos propósitos do inimigo. Não existe
jeito melhor para ele roubar, matar e destruir a vida de uma
pessoa, reduzindo-a a uma existência miserável, desprovida
de esperança, alegria, paz e propósito do que por meio da
depressão.

Munido dessa revelação — de que eu havia substituído a


verdade de Deus pelas mentiras de Satanás — a solução
ficou evidente. Esse procedimento precisava ser revertido.
Eu devia conscientemente substituir as mentiras do Diabo
pela verdade de Deus. O processo para que isso ocorresse
envolve exercícios espirituais que eu precisaria realizar. Só
assim mudaria meu modo de pensar. É lógico que todos os
exercícios revelados pelo Senhor envolviam a Bíblia, sua
Palavra. Não haveria outro modo de meus pensamentos
serem expostos à realidade, uma vez que só as Escrituras
são verdade e realidade. É a revelação escrita de Jesus
Cristo, “o caminho, e a verdade e a vida”  (João 14:6). Foi o
próprio Jesus quem declarou: “E conhecereis a verdade, e a
verdade vos libertará” (João 8:32).  Libertar de quê? Da
escravidão. Inclusive do abismo da depressão? Sim! Quando
comecei a fazer os exercícios espirituais todos os dias, as
verdades que descobri, aliadas aos princípios que já havia
aceitado (capítulo anterior), meu padrão de pensamentos
começou a mudar. Passei a sentir, pela primeira vez em
meses, que havia alguma luz em meu mundo de
escuridão.  Isso não ocorreu da noite para o dia. Levou
tempo. Mas eu sabia que meu modo de pensar estava
mudando e, por causa disso, a liberdade do abismo da
depressão era, por fim, uma possibilidade real. 

14

COMO SUPERAR A DEPRESSÃO:


EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS
A aceitação das verdades e dos princípios que Deus me
revelou (Capítulo 12) me colocou na posição adequada para
a cura. Ao aceitar essas verdades, concordei:

1. Que minha reação às circunstâncias, não a circunstâncias em si, era a


causa da depressão.

2. Em parar de justificar minha depressão e em abrir mão do direito de estar


deprimido.

3. Que eu era responsável por minha depressão, pois permitira que ela
acontecesse.

4. Em assumir responsabilidade pela cura e fazer o esforço para isso ocorrer,


com a ajuda de Deus.

Ficou claro para onde Deus estava me conduzindo. Ao


concordar com as verdades, comprometi-me a fazer parte
do processo de cura. O Senhor, é claro, tinha a soberania de
operá-la sem meu envolvimento. Há ocasiões em que ele
cura pessoas com todo tipo de enfermidade de maneira
sobrenatural. Mas esse não parecia ser seu plano para
minha depressão. Creio que, em meu caso, e na maioria dos
casos de depressão, Deus acha importante que a pessoa se
envolva na própria cura.  De uma coisa eu tinha certeza:
procurar outra pessoa para “me curar”, para me tirar por
completo da depressão não havia funcionado. Não restavam
dúvidas. Deus estava apontando seu dedo para mim. Eu
mesmo iria “me curar”.  Isso não quer dizer que eu faria
tudo sozinho. Eu sabia muito bem que isso era impossível.
Como em todas as coisas, deveria depender da orientação e
do poder divinos, cumprindo um princípio bíblico que
descobri muito tempo atrás: não posso fazer sem Deus; ele
não fará sem mim. Esse é o jeito natural de Deus nos
conceder seus dons, seja a salvação, o derramamento de
seu Espírito ou a cura. Naquele instante, eu não sabia qual,
nem como era minha parte, mas ele me fizera chegar tão
longe que estava disposto a confiar que o Senhor
continuaria a me conduzir por todo o caminho. Eu fora longe
demais para desistir e voltar atrás. Além disso, não havia
outro lugar para ir, nenhum caminho diferente a trilhar.

Exercícios espirituais

Todas as vezes que demonstrei disposição em confiar em


Deus e caminhar pela fé, o Senhor nunca me decepcionou.
Não foi diferente dessa vez. Ele começou a me revelar o
“como” mostrando-me coisas que deveria fazer fiel e
consistentemente todos os dias, usando a Bíblia. Em minha
mente, elas foram identificadas como exercícios
espirituais. Logo reconheci que não era nenhum especialista
em exercícios espirituais. Ah! eu conhecia, tentara praticar e
mencionara diversas vezes em sermões a leitura da Bíblia, a
oração, os dízimos e as ofertas e outras disciplinas cristãs.
Mas sentia que havia algo mais que eu precisava
compreender.  Encontrei estas palavras de aconselhamento
do apóstolo Paulo ao jovem Timóteo: “Mas rejeita as fábulas
profanas e de velhas, e exercita-te a ti mesmo em piedade;
porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a
piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida
presente e da que há de vir”  (1 Timóteo 4:7–8).

O conceito que Deus desejava que eu compreendesse se


formou em minha mente: um exercício espiritual é gastar
tempo e energia no aperfeiçoamento do bem-estar total,
concentrando-se naquilo que se relaciona ao bem-estar
espiritual.  Com raras exceções, os deprimidos querem
desesperadamente sair do fundo do poço da aflição e da
dor. Com certeza, eu queria. Não importava o tempo e a
energia necessários, estava pronto a dedicá-los para a cura.
Foi então que Deus começou a me dizer o que em específico
eu precisava fazer para deixar o abismo.

1. Parar de fazer declarações negativas

Quanto mais deprimido ficava, mais negativas eram as


palavras que saíam de minha boca. Praticamente toda
declaração que eu fazia acerca de mim mesmo ou das
circunstâncias era negativa. Dizia a todo tempo: “Não
consigo fazer nada direito!”, “Sou um fracasso em tudo!”,
“Nada dá certo pra mim!”.  O fato de Alma ter conseguido
sobreviver comigo assim é uma prova viva da plenitude da
graça de Deus. Eu mesmo estava cansado daquilo. Quem
sabe? É provável que até Deus estivesse um pouco cansado
de mim daquele jeito também. Eu sabia como estava sendo
negativista, mas aquela era minha perspectiva. Todo o
negativismo parecia equivaler exatamente à realidade,
então como conseguiria ser verdadeiro e dizer algo
diferente?  Deus me revelou de forma clara, em minha
mente, que, se eu quisesse superar a depressão,
deveria parar de fazer declarações negativas!

Como de costume, questionei a Deus: “Como posso parar


de falar coisas negativas se é isso que penso e se é assim
que vejo as coisas?”. Logo compreendi que, naquele
momento, ele não esperava que eu me livrasse dos
pensamentos negativos, mas que tão somente não
os proferisse.  Os pensamentos só mudariam se eu fizesse
os exercícios espirituais. Isso levaria tempo. Mas era
essencial que eu parasse imediatamente de verbalizar
pensamentos negativos. Eu me perguntei por que não dizer
era tão importante. Então o Senhor me revelou este
princípio bíblico:  as palavras que falamos afetam muito e
determinam nossa qualidade de vida.  Veja o que encontrei
na Bíblia: 

“Porque quem quer amar a vida, e ver os dias bons, refreie a sua língua do
mal, e os seus lábios não falem engano”  (1 Pedro 3:10).

“Do fruto da boca de cada um se fartará o seu ventre; dos renovos dos
seus lábios ficará satisfeito. A morte e a vida estão no poder da língua; e
aquele que a ama comerá do seu fruto”  (Provérbios 18:20–21).

“O que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem” 


(Mateus 15:18).

Não há dúvida. A Bíblia declara e a experiência humana


confirma: nossas palavras afetam muito a qualidade de
vida. Quanto mais expressarmos verbalmente um
pensamento, mais ele se infiltra em nosso interior,
permeando e afetando corpo, alma e espírito. O indivíduo
que diz, vez após vez: “Sou tão burro, não consigo fazer
nada direito!”, acabará se tornando quase disfuncional, a
despeito da inteligência e de suas habilidades inatas.  As
palavras proferidas pelos outros podem nos afetar também.
Uma criança que ouve o tempo inteiro que é burra, chegará
à idade adulta acreditando que é burra e agindo assim. Pais,
por favor, prestem atenção!  As palavras que dizemos são
poderosas. Elas nos formam, modelam e afetam além do
que conseguimos compreender. Nem sempre podemos
controlar as palavras proferidas a nós por outros, mas
podemos, com esforço concentrado, exercer controle sobre
as nossas. Parar de fazer declarações negativas sobre si
mesmo é uma medida sábia para todos. Para aqueles que
desejam evitar ou superar a depressão, é obrigatório.

Mas o que é uma declaração negativa? Eu não tinha certeza


da resposta. Disse a Deus que, a fim de parar de fazer
declarações negativas, precisava entender o que elas
eram.  A confusão começou a se resolver. Uma declaração
negativa não é dizer algo verdadeiro que envolve uma
condição indesejável. Meu neto mais novo quebrou a perna.
Quando ele disse: “Vovô, caí e quebrei a perna”, não estava
fazendo uma declaração negativa. Estava me contando a
verdade. Era um fato real. Se ele, arrastando o gesso pelo
chão, dissesse: “Minha perna não está quebrada”, isso não
seria uma declaração positiva. Consistira numa negação da
realidade, que não teria nada de positivo em si. O que então
é uma declaração negativa? Existem duas maneiras de
fazer uma declaração negativa. A primeira delas é
verbalizar um pensamento ou uma opinião negativa sobre si
mesmo, acerca das próprias habilidades, ações ou
circunstâncias. “Não consigo fazer nada direito.” “Sou um
fracasso total em todos os aspectos da vida.” Essas são
declarações negativas. É óbvio que quase tudo que saía de
minha boca se tratava de declarações desse tipo.

Segundo, ao predizer verbalmente um resultado negativo


acerca de uma situação da vida que ainda não foi
determinada, estou fazendo uma declaração negativa. Se,
depois de ler no boletim da igreja um convite para ir
esquiar, disser para um amigo: “Eu gostaria de ir esquiar
com o grupo, mas sei que, se fosse, acabaria quebrando a
perna”. Uma mulher, ao tomar banho, descobre um nódulo
no seio. Alarmada e assustada, sai correndo do banho, pega
o telefone e diz para o marido em pânico: “Estou com
câncer de mama!”. Essas duas ilustrações são declarações
negativas. Ambas consistem em predições negativas
verbalizadas de circunstâncias cujos resultados ainda não
foram determinados. Eu ainda não fui esquiar e a mulher
ainda não consultou um médico. No entanto, ambos
declaramos verbalmente que um resultado negativo é a
realidade, muito embora o resultado verdadeiro ainda não
esteja determinado.  Se deveria parar de verbalizar os
pensamentos negativos, o que faria com eles então? Não há
vantagem nenhuma em brincar consigo mesmo. Não podia
fingir que os pensamentos não existiam. Eles não só
passavam por minha mente como cenas de um filme, como
também permaneciam ali e eu não conseguia me livrar
deles. Assim é a vida do deprimido. Esse é o mundo da
depressão.  Deus me convenceu de que ele compreendia.
Mais uma vez, confirmou que, naquele momento, não
esperava que eu não tivesse o pensamento, mas apenas
que não o proferisse. Ele me mostraria o que fazer com os
pensamentos negativos. Essa resposta foi o início dos
exercícios espirituais específicos.

O primeiro exercício espiritual

Não são necessárias muitas ferramentas para os exercícios.


Você só precisará de uma Bíblia (sugiro uma tradução
moderna, como a Bíblia Viva, porque é mais fácil de
compreender e aplicar), um caderno (use um novo,
exclusivamente para os exercícios espirituais), uma caneta
e um mínimo de trinta minutos por dia. Quanto mais tempo
você dedicar por dia, mais rápida será a mudança de seu
padrão de pensamentos. Há um pequeno preço a se pagar
para impedir ou superar a depressão. Qualquer pessoa que
já esteve deprimida ou quase dedicaria esse tempo com
alegria e mesmo mais.  O primeiro exercício espiritual está
relacionado a o que fazer com os pensamentos negativos
que ainda tinha, mas não podia verbalizar. Ele permite
atentar na exortação de Deus por meio do apóstolo Paulo:
“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim
poderosas em Deus para destruição das fortalezas;
destruindo argumentos, e toda a altivez que se levanta
contra o conhecimento de Deus, e  levando cativo todo o
entendimento [ou pensamento] à obediência de Cristo ” (2
Coríntios 10:4–5).  Foi assim que Deus me ensinou: em vez
de verbalizar um pensamento negativo quando ele vinha à
mente, deveria escrevê-lo no caderno, numa página com o
título: “Teste do Pensamento”. Inicie com as palavras: “Meu
Pensamento”. Tome o cuidado de deixar linhas em branco
após cada declaração escrita. Não se preocupe se, por um
pouco, suas páginas contiverem apenas declarações
negativas e espaços em branco. Isso porque, ao ler as
Escrituras (conforme orienta o segundo exercício espiritual
que discutiremos mais à frente), Deus lhe revelará
versículos da Bíblia específicos que revelam o que as
declarações negativas, na verdade, são: mentiras! Agora
escreva o texto bíblico que o Espírito de Deus permitiu que
você descobrisse nas linhas em branco abaixo do
pensamento negativo que ele refuta. Inicie com as palavras:
“Realidade (Verdade de Deus)”. (Veja no ANEXO 2 um
exemplo desse exercício.)

Isso é vital: todos os dias, leia  em silêncio  seus


pensamentos e em voz alta  a resposta de Deus para todas
as declarações às quais você encontrou um texto bíblico de
refutação.  Ao realizar esses exercícios espirituais com
diligência e constância, você fará a mesma descoberta que
eu fiz. Deus proverá um versículo em resposta a cada uma
de suas declarações negativas. A verdade divina refutará e
revelará a natureza distorcida de seus pensamentos. No
passado, sem perceber, você substituiu a verdade do
Senhor por mentiras de Satanás e passou a crer que elas
eram verdadeiras. Essa é a essência da depressão. É por
isso que você está deprimido.  Por meio desse exercício, ao
colocar em prova cada declaração negativa e torná-la cativa
pela verdade de Deus, um processo começa a ocorrer. Seus
pensamentos são transformados.  O processo de
pensamentos falhos que desencadeou a depressão está se
revertendo. As mentiras de Satanás são substituídas pela
verdade de Deus.

2. Identifique e use a realidade (verdade de Deus)

A segunda coisa que Deus me orientou a fazer a fim de


superar a depressão foi identificar a realidade (verdade de
Deus) e usá-la.  Antes de partilhar com você “como fazer”
isso, façamos uma breve revisão para contextualizar.
Aprendemos que a depressão psicológica é um problema de
perspectiva (como achamos que as coisas são). A
perspectiva negativa é causada por pensamentos
distorcidos resultantes de um padrão defeituoso de
pensamentos. Portanto, a solução é mudar nosso modo de
pensar. Como fazer isso? A resposta que Deus me mostrou é
tão simples que pode facilmente ser desconsiderada.
Devemos tão somente expor nossos pensamentos à
realidade. Isso revelará a distorção de nossos pensamentos.
Esses exercícios espirituais nos habilitarão a mudar o modo
de pensar substituindo os pensamentos distorcidos (as
mentiras de Satanás) pela realidade.

O que é a realidade? Qual é a verdade? O que é real neste


mundo? É aquilo que Deus diz. É sua Palavra, a Bíblia. Não é
o que  eu  penso ou falo — esse é apenas meu ponto de
vista. Não é o que os  outros  pensam ou falam — esse é
apenas o ponto de vista deles. Somente o que Deus pensa e
fala é realidade e verdade. E isso está registrado para nós
na Bíblia. Essa visão, é claro, é uma crença doutrinária na fé
cristã. Isso significa que, se não for cristão e não tiver esse
tipo de fé na Bíblia, o exercício não me ajudará a superar a
depressão? A resposta é um enfático não. Certo homem da
Flórida, doutor pela Oxford University, se encontrava num
dos quadros mais graves e desesperançosos de depressão
que já vi. Ele já fora hospitalizado diversas vezes e tentara o
suicídio várias outras. Apenas uma semana depois de ser
dispensado de um hospital com a notícia de que não
podiam fazer nada ali para ajudá-lo, ele acabou, por um
estranho rumo dos acontecimentos, participando de um
seminário no qual compartilhei as informações contidas
neste livro. Ele não era cristão, nem sequer tinha uma
Bíblia. Quando o homem e sua sogra, que lhe contara sobre
o seminário e fora com ela, chegaram à casa dela, ele lhe
pediu uma Bíblia. Uma hora depois do seminário, eles se
assentaram juntos à mesa da cozinha com a Bíblia e um
caderno para começar a fazer os exercícios espirituais. Ele
os continuou realizando com perseverança e, após várias
semanas, pôde retornar para a Flórida e reassumir seu
emprego de primeira linha, algo que não conseguia fazer
havia seis meses. Tinha uma nova vida; havia saído do
abismo da depressão.

Quando a experiência desse homem me foi relatada, fiquei


surpreso ao descobrir o que os exercícios haviam feito por
alguém que nem sequer era cristão. Talvez você também
faça essa surpreendente descoberta.  Durante minha luta
para compreender esse fato, o Espírito Santo me lembrou
do relato bíblico de Jesus curando o cego de nascença. Os
fariseus, já hostis a Jesus por suas palavras e ações e
sempre desejosos de condená-lo, ficaram questionando o
homem curado repetidamente sobre Cristo. Ele
respondeu:  “Se é pecador, não sei; uma coisa sei, é que,
havendo eu sido cego, agora vejo” (João 9:25). Os versículos
35 a 38 confirmam com toda clareza que o homem curado
não sabia nada mesmo sobre o Messias e não era um
seguidor quando recebeu a cura. Mas, após esse
acontecimento e sua conversa com Jesus, ele passou a crer.
Quem não passaria?  Uau! É difícil ignorar essa verdade.
Com certeza, Deus estava ensinando algo que eu e você
precisamos saber: sua Palavra (a Bíblia) é tão poderosa que
seu poder de cura não é limitado pela condição espiritual do
indivíduo. Quando o Senhor quer, sua Palavra, combinada
com a obra do Espírito Santo, pode curar até mesmo o
descrente que se mostra disposto a achegar-se a ele com o
coração sincero, humilde, sedento e necessitado. Quem
quer que você seja e qualquer que seja sua fé, eu o
incentivo a fazer os exercícios e deixar os resultados nas
mãos de Deus.

O segundo exercício espiritual

Deus revelou o procedimento passo a passo deste exercício,


para que eu pudesse colocar em prática a segunda coisa
que ele me ordenou a fazer: identificar e usar a realidade
(verdade de Deus):

1. Escolher um livro do Novo Testamento e começar a


lê-lo.
— Senhor, tenho lido a Bíblia minha vida inteira. Isso não é nem um pouco
novo — respondi.
Ele logo revelou que era algo novo sim. Antes, eu lera e
estudara a Bíblia de maneira devocional, para passar numa
disciplina da faculdade ou do seminário, para ensinar uma
lição ou preparar um sermão. O novo era meu propósito  na
leitura. Agora eu deveria ler as Escrituras com um só
propósito em mente: identificar e descobrir a verdade sobre
o cristão. Deveria me concentrar em apenas duas coisas: o
que um cristão é e o que ele tem em Cristo. Observação: na
Bíblia, existem algumas promessas feitas ao cristão, além
da salvação básica, que se baseiam em condições
adicionais. Elas não serão consideradas neste exercício.
Concentre-se apenas naquilo que o cristão é e tem com
base unicamente na aceitação de Jesus Cristo como
Salvador pessoal e Senhor. Isso garantirá que a verdade
(realidade) que identificarmos se aplicará a todo
cristão.  Devo admitir que, durante a depressão, eu não
tinha interesse específico em ler a Bíblia, muito embora
antes extraísse grande prazer dessa atividade. Não fique
surpreso se também sentir esse desinteresse. É comum
entre os deprimidos. No entanto, quando Deus me
concentrou no propósito singular desse exercício, eu o
encarei como um possível meio de livramento da depressão
e meu interesse na leitura da Palavra se renovou. 

Escolhi 1 Pedro. Embora você possa escolher qualquer livro


do Novo Testamento, sugiro que também comece com 1
Pedro. Usando a Bíblia Viva, comecei, cheio de expectativa,
com o primeiro versículo do capítulo 1. O versículo 2 estava
repleto de verdade sobre quem sou e o que tenho por crer.
Ouça isto: “Queridos amigos: Deus o Pai escolheu vocês há
muito tempo e sabia que se tornariam seus filhos. E o
Espírito Santo tem operado no coração de vocês,
purificando-o com o sangue de Jesus Cristo e fazendo-os
desejosos de agradar-Lhe. Que Deus os abençoe ricamente
e lhes conceda uma libertação cada vez maior de toda
inquietação e temor”   (1  Pedro 1:2 – Bíblia Viva).  Fiquei
maravilhado. Eu não havia lido esse versículo antes? Com
certeza já, muitas vezes. Mas foi diferente dessa vez. O
Espírito Santo estava revelando a verdade de Deus para
falar a mim no ponto de minha necessidade imediata mais
premente: a depressão e todos os sentimentos opressores
que a acompanham. A eterna Palavra de Deus se tornou
uma Palavra atual e relevante. Ela tinha algo  fantástico  a
me dizer exatamente na situação em que me encontrava:
no abismo da depressão.

2. Personalizar as verdades bíblicas.

O próximo passo era personalizar a verdade. Eu deveria


colocá-la em palavras que falavam direta e pessoalmente a
mim. Fazer isso me ajudaria a reivindicar a verdade para
minha vida.

3. Escrever as verdades no caderno.

Depois de personalizar as verdades do versículo em minha


mente, Deus mostrou que eu deveria escrevê-las no
caderno. Numa nova página, escrevi estas verdades
personalizadas com base no versículo citado acima, 1 Pedro
1:2.

1. Sou filho de Deus porque o Pai me escolheu muito tempo atrás.

2. Tenho o Espírito Santo atuando em meu coração, purificando-me com o


sangue de Jesus, tornando-me, assim, agradável a ele.
3. Tenho a bênção de Deus para me conceder liberdade crescente de toda
ansiedade e todo medo.

Enquanto continuava a leitura, as verdades pareciam pular


das páginas. Com muita reflexão, eu as personalizei e
acrescentei a meu caderno sob o título de “1  Pedro” (ver
ANEXO 3).

4. Leia em voz alta as verdades bíblicas


personalizadas que escreveu.

Deus me ensinou que esse passo é vital. Sem fazer a leitura


em voz alta, os três primeiros passos perdem seu potencial
pleno. Já partilhei com você a importância das palavras que
proferimos. Elas modelam, influenciam e determinam nossa
qualidade de vida.  Não tive dificuldade de aceitar a
importância desse passo. Estava muito consciente do efeito
desastroso de minhas declarações negativas. Uma vez que
as palavras causam impacto sobre a qualidade de vida, eu
poderia usar esse princípio para trabalhar a meu favor, em
vez de contra mim. A verbalização de verdades positivas
produziria resultados positivos.  Embora aceitasse a
importância, achei difícil ler em voz alta as verdades que
escrevera. Não entendi o porquê, e ainda não entendo. Só
presumo que tinha algo que ver com meu estado de
depressão.

Assentado com a Bíblia e o caderno no colo, percebi que


precisaria de ajuda. Chamei Alma para ficar ao meu lado no
sofá. Foi a primeira vez que mostrei a ela meu caderno e
compartilhei o que Deus estava me orientando a fazer.
Nunca me esquecerei daquela manhã. Pedi a ela que lesse
comigo em voz alta as palavras que eu havia escrito. Minha
voz hesitava e era interrompida por soluços. Mas o choro
não foi totalmente de tristeza. Um estranho sentimento de
alegria surgiu. Em meu espírito, senti uma nova luz que me
guiaria para fora da depressão. Quando o Espírito mostrou a
Alma meu raio de esperança, ela também começou a chorar
comigo, enquanto líamos vez após vez: “Sou filho de
Deus…”.

5. Gaste tempo todos os dias fazendo este exercício.

Todos os dias eu deveria dedicar tempo a esse exercício


espiritual. Quando terminei 1 Pedro, li 2 Pedro e então
outros livros do Novo Testamento e Salmos. Em todos os
casos, identifiquei quem eu era e o que tinha por crer em
Cristo, personalizei as verdades e as escrevi no caderno. Na
hora de ler em voz alta, podia ler não só o que escrevera
naquele dia, mas também nos dias anteriores.  Ao fazer o
segundo exercício, descobri versículos específicos que
refutavam os pensamentos negativos que havia escrito no
caderno, relativos ao primeiro exercício, “Teste do
Pensamento”. Escrevi os versículos nos espaços que havia
deixado em branco após cada pensamento negativo. Com o
tempo, Deus refutou todo pensamento negativo que eu
tivera com sua Palavra (a realidade). 

15

VITÓRIA: LIBERDADE AFINAL!


A vitória não ocorreu de uma hora para outra. Mesmo assim,
ao fazer os exercícios espirituais todos os dias, com
perseverança e consistência, ocorreu um fenômeno
maravilhoso e aparentemente estranho para
alguns.  Maravilhoso? Com certeza! Foi uma das
experiências mais maravilhosas de minha vida, pois a
colocou de volta do lado certo. Ao longo de vários meses
seguintes, enquanto passava tempo todos os dias com a
Bíblia e o caderno fazendo os exercícios espirituais, meu
modo de pensar mudou aos poucos, mas de forma certeira.
Com essa mudança, os sentimentos e as ações também
mudaram. Os sintomas de depressão diminuíram cada vez
mais, dia após dia, até desaparecerem. Eu conseguia pensar
com clareza, desempenhar as atividades cotidianas, criar e
aproveitar a vida de novo.

Por uma resolução pessoal, aguentando muitas noites


insones, eu não tomara um remédio para dormir sequer
desde que saíra do hospital. A esse ponto, eu já havia me
livrado aos poucos do antidepressivo. (Isso sempre deve ser
feito de maneira gradual, e com o consentimento do
médico.) Fazia dois meses que eu não ia ao psiquiatra, mas
tinha outra consulta marcada. Liguei para ele, agradeci sua
ajuda, disse que havia superado a depressão e que não
precisava mais dele; por isso, cancelei nosso encontro.
Desde 1986, não precisei mais de nenhuma dessas
coisas.  Afinal, estava livre da depressão! A grande nuvem
negra fora embora. Eu saíra do abismo e voltara do mundo
dos deprimidos. Todas as imagens e analogias terríveis da
depressão, que antes inundavam minha mente, se tornaram
positivas. A vitória era minha. Estava livre enfim.  Não
existem palavras adequadas para comunicar a alegria plena
e a gratidão a Deus que encheram meu coração. Meus
familiares sabem, pois esses sentimentos encheram o
coração deles também. Alma tinha o esposo de volta. Kathy,
Becky, Berny e Randy tinham o pai de volta. Os netinhos
tinham o vovô de volta. E eu tinha minha vida de volta! A
alegria e a gratidão continuam a transbordar e sempre o
farão. Elas são eternas.
Junto com a grande compaixão que sinto pelos deprimidos,
há a motivação para eu concentrar meu ministério em
ajudar outros a prevenir e superar a depressão. É humano
perguntar “por que” quando coisas ruins nos acontecem. Eu
costumava clamar: “Por quê, meu Deus, por que permitiste
que eu esteja tão deprimido?”. O novo foco que ele deu
para meu ministério com certeza dá parte da resposta (e,
quando estava em depressão, achava que o ministério era
coisa do passado). O apóstolo Paulo explica: “Bendito seja o
Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das
misericórdias e o Deus de toda a consolação; que nos
consola em toda a nossa tribulação, para que também
possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação,
com a consolação com que nós mesmos somos consolados
por Deus”   (2  Coríntios 1:3–4).  Sem dúvida, é fácil para
todos concordarem que essa foi, de fato, uma experiência
maravilhosa e feliz para mim e para as pessoas que me
amam e sofreram junto comigo. Mesmo assim, sei que, para
alguns, parecerá estranho aceitar que foi a terapia
espiritual, por meio dos simples exercícios mencionados,
que me permitiu superar a depressão.

A simplicidade dos caminhos de Deus muitas vezes parece 


estranha. Isso não deveria nos surpreender, pois a Bíblia
adverte: “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para
confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste
mundo para confundir as fortes”   (1  Coríntios 1:27).  A
terapia espiritual parecerá estranha e talvez até mesmo
duvidosa para aqueles que procurarem entendê-la apenas
com o intelecto. Por meios humanos, ela se encontra além
do entendimento. As maravilhas espirituais só podem ser
compreendidas espiritualmente. A Bíblia declara:  “Ora, o
homem natural não compreende as coisas do Espírito de
Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las,
porque elas se discernem espiritualmente”   (1  Coríntios
2:14).  Portanto, o entendimento de como os exercícios
espirituais podem, com eficácia, prevenir e superar a
depressão, deve acontecer na esfera espiritual. Só então o
método parecerá lógico e prático.

Como conseguir entender espiritualmente? Deus explica:


quando recebemos a Palavra, ela é “enxertada” no coração
e  “pode salvar as vossas almas”   (Tiago 1:21). Enquanto
você lê e profere a Palavra de Deus, o Espírito Santo a
implanta e enxerta em seu coração (mente). Ela se torna
parte do seu mais profundo ser. Expõe e manda embora as
mentiras de Satanás, substituindo-as pela verdade de
Deus. O que acontece é cumprimento de uma declaração da
própria Bíblia sobre si mesma:  “Toda a Escritura
[literalmente, todo texto bíblico] é divinamente inspirada, e
proveitosa para  ensinar , para  repreender , para 
corrigir , para  instruir em justiça ”  (2  Timóteo 3:16).  O
resultado? Conforme citado acima, a Bíblia diz que isso
salva nossa alma. O que significa salvar? Na língua original
do Novo Testamento (o grego), quer dizer todas estas
coisas: restaurar, curar, salvar da doença e de seus efeitos,
livrar do pecado e de suas consequências, preservar do
perigo. Trata-se de uma palavra maravilhosa que descreve
uma experiência incrível. O que é sua alma? É sua mente,
vontade e suas emoções. Portanto, ela cura e restaura seu
pensamento, seus sentimentos e suas ações.  Muda seu
modo de pensar! Derrota o gigante da depressão!

Mesmo depois de superar a depressão, é importante


continuar a fazer os exercícios espirituais todos os dias para
permanecer livre. Devo confessar que hoje deixo os dias
ocupados se passarem sem fazer os exercícios, mesmo
sabendo que isso não é o melhor. Mas se sinto que os
pensamentos negativos estão começando a invadir minha
mente e tenho sentimentos depressivos, pego meu caderno
imediatamente e faço os exercícios espirituais todos os dias,
em especial a parte de ler em voz alta a verdade de Deus
(realidade) sobre quem eu sou e o que tenho em Cristo. Ao
perseverar nos exercícios, Deus continua a enraizar e
enxertar sua verdade em nosso mais profundo ser. Isso nos
permite identificar e rejeitar instantaneamente as mentiras
de Satanás, quando este tenta injetá-las em nossos
pensamentos ou por meio das palavras de outros. Impede-
nos de aceitar de novo as mentiras diabólicas como
realidade e de nos permitirmos ser vencidos pela depressão.
Assim como os Alcoólicos Anônimos nunca deixam de lado
os Doze Passos para permanecer sóbrios, os deprimidos
nunca podem negligenciar a Bíblia e o caderno para
continuar livres da depressão. Devem ser nossos
companheiros pelo restante da vida. Se ficarem
empoeirados, nossa mente se torna vulnerável ao
pensamento defeituoso. Se isto ocorre, a depressão vem em
seguida.  Embora a depressão seja considerada um
problema crônico pela maioria dos terapeutas seculares,
não é necessário que seja assim. A terapia espiritual, além
de permitir à pessoa superar a depressão, também a deixa
livre da doença.  Meus lábios para sempre ecoarão as
palavras do apóstolo Paulo:  “Graças a Deus que nos dá a
vitória por nosso Senhor Jesus Cristo”   (1 Coríntios
15:57). Afinal a vitória sobre a depressão era minha! A Deus
seja toda a glória! 

  
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16

COMO AJUDAR UMA PESSOA


DEPRIMIDA
As pessoas deprimidas sofrem, assim como todas aquelas
que as amam e se importam. A depressão é quase tão
dolorosa para familiares e amigos íntimos quanto para o
deprimido.  Recordo-me vividamente de meus sentimentos
de frustração, desespero e medo ao ver meu pai se afundar
cada vez mais no abismo da depressão. Estava no primeiro
ano na faculdade (isso quer dizer que foi muito tempo
atrás), mas, em minha lembrança, ainda consigo sentir sua
dor, a de minha mãe, meu irmão e a minha.  No ministério
pastoral, também senti essa frustração quando membros
deprimidos e seus familiares procuravam minha ajuda.
Mesmo com minha formação em psicologia e psiquiatria, o
desejo de ajudar superava em muito minha capacidade de
fazê-lo. (Isso foi antes de sofrer de depressão e de Deus me
revelar os princípios e exercícios espirituais que
compartilhei neste livro).  Veja o sofrimento e a frustração
desta participante de um seminário que ministrei em
Norwich, Inglaterra. Ela escreveu: “Uma de minhas amigas
mais íntimas, que amo como se fosse parte da família, sofre
de depressão clínica há mais de três anos. Ela parece um
caso sem esperança. Sente que foi universalmente rejeitada
e abandonada pelos médicos, por seus amigos e por Deus.
Por ser uma amiga tão próxima, sinto que tenho diante de
mim um problema intransponível. Como eu, uma pessoa em
quem ela não confia mais, posso levar-lhe uma mensagem
de um Deus em quem ela não mais acredita?”

Esse tipo de carta não é incomum. Recebo muitas cartas


semelhantes e ligações telefônicas. Em geral, a angústia é
sempre a mesma: “Estou tão frustrado. Como posso ajudar
essa pessoa amada que está tão deprimida?”  Se você já
passou pela experiência de ver alguém que você ama
sucumbir à depressão, consegue se identificar com esses
sentimentos. Você se importa profundamente e deseja
ajudar com toda avidez, mas se sente inútil. A dor ao
testemunhar o sofrimento do outro é quase insuportável.
Você fica ansioso pela pessoa amada. Até que ponto a
depressão piorará? Ela conseguirá sobreviver a essa
experiência terrível? O tormento chegará ao fim? Essa
pessoa que você ama e com quem se importa tanto ficará
livre para ser quem ela de fato é? A frustração aumenta.
Você quer tanto ajudar, mas não sabe o que fazer, nem
como.  Com o tempo, é possível que você precise lutar
contra a impaciência. Os deprimidos podem se tornar muito
irritantes. Você sente o desejo de desistir, embora esse
pensamento o deixe culpado.

A depressão é uma experiência muito dolorosa, não só para


o deprimido, mas para todos que convivem com ele de
maneira significativa. Todos os familiares e amigos que
quiserem e tentarem ajudar passarão pelos sentimentos de
dor, frustração e impaciência. Não fique surpreso nem se
deixe abater por eles.  A maioria das pessoas que tenta
ajudar um deprimido começa de um ponto de grande
desvantagem. Por quê? Porque é impossível entender por
completo o que a depressão é de verdade, a menos que
você também já tenha sofrido de depressão. Não há dúvida
em minha mente de que isso é verdade. Houve um
momento em minha vida que tinha certeza de que
compreendia a depressão, por causa de minha formação na
área. No entanto, quando vivenciei a depressão clínica em
minha vida, descobri que eu sabia e compreendia muito
pouco sobre a doença. A parte mais importante do que hoje
sei vem de minha experiência de estar deprimido e daquilo
que Deus me revelou nessa época. Aquilo que aprendi
antes, na educação formal, ficou mais claro e compreensível
para mim em retrospecto depois que passei pela depressão.

Mas ouça isto! Só porque você nunca esteve deprimido, isso


não quer dizer que não possa ajudar alguém que esteja
passando por uma depressão. É possível ajudar um
deprimido sem ter a experiência pessoal. Contudo, quanto
mais você compreender e souber sobre a depressão, mais
será capaz de ajudar. E com certeza é possível saber
mais.  Tive o privilégio de visitar a Terra Santa seis vezes.
Que experiência maravilhosa para o cristão! É mais que
uma viagem, trata-se de um ponto alto na vida espiritual. É
claro que você não conseguirá saber tudo a menos que
também vá até lá, mas se ver meus  slides  e ouvir as
experiências e os sentimentos que tive durante minhas
visitas, com certeza saberá mais do que antes. O mesmo se
aplica à depressão. Com a leitura deste livro, você passou
pela experiência vicária de partilhar meu conhecimento e
minha vivência da depressão. Sentiu minha dor,
compartilhou meus sentimentos, provou meu desespero e
aprendeu o que Deus me ensinou. Com certeza, você
conhece e compreende mais a depressão do que antes.
Agora você pode entender melhor o que o deprimido
vivencia, sente, pensa e teme. Por causa disso, pode ser,
para ele, alguém que o compreende. Você pode  ajudá-lo!

Sugestões de como ajudar

De maneira geral, você pode ajudar um deprimido


compartilhando as informações contidas neste livro. A
maioria das pessoas, mesmo em meio à depressão, sabe
muito pouco sobre a doença. Talvez nem sequer reconheça
que seu problema se chama depressão, embora tenha
consciência de que algo está terrivelmente errado. Ela sabe
quais são os pensamentos e os pensamentos que tem, mas
não reconhece que se tratam dos sintomas clássicos da
depressão. Agora você pode ajudá-la a tomar conhecimento
disso. O simples fato de saber que alguém (você)
compreende os pensamentos, sentimentos e temores é
muito útil e animador. Você pode ajudá-la a entender os
tipos e níveis de depressão, encontrar a causa real do
problema e informar quanto às várias formas de terapia. E o
mais importante: explique e incentive-a a fazer uso da
terapia espiritual (versículos bíblicos, princípios e
exercícios).  Além disso, deixe-me sugerir algumas coisas
específicas a fazer e a evitar ao ajudar uma pessoa
deprimida.

Coisas a fazer

1. Passe tempo com o deprimido.

Fique com ele o quanto for possível. Sua presença diz muito;
proporciona grande ajuda e apoio. Não evite estar na
presença do deprimido por não saber o que dizer. Não
pense que você precisa falar algo o tempo inteiro. Seja um
bom ouvinte. No início, deixe que sua presença fale por si.
2. Seja muito paciente.

É tentador se desanimar e desistir do deprimido. Ele se


apega com tanta força aos pensamentos e sentimentos
negativos, os quais você reconhece serem muito
distorcidos. Lembre-se de que, na perspectiva da pessoa,
essa é a realidade. Qualquer um que insiste em continuar a
se afundar na autocomiseração pode se tornar
extremamente combativo aos outros. Seja paciente. Não
desista. Quando uma pessoa amada desiste de alguém que
já está deprimido, o golpe é muito grande. Mas quando
alguém se recusa a desistir, muito embora o deprimido já
tenha desistido de si mesmo, é muito encorajador.  Sou
eternamente grato a minha esposa, meus filhos e alguns
amigos especiais que nunca desistiram de mim, mesmo
durante os períodos de depressão mais profunda. Não
poderia culpá-los se tivessem desistido. Entretanto, o fato
de não o terem feito desempenhou um papel maior em
minha recuperação do que nunca serei capaz de
reconhecer. Mas eu sei que o amor, a paciência e a
perseverança deles foram os primeiros degraus na escada
que me fez conseguir, com o tempo, sair do abismo da
depressão.

3. Demonstre compreensão e empatia.

O deprimido se sente muito isolado, totalmente sozinho


num mundo estranho. Conquanto saiba que os outros se
importam, sente que as pessoas não compreendem o que
ele pensa e sente. Anseia desesperadamente por alguém
que o entenda. Você pode ser essa pessoa, se já passou
pela depressão e a superou, ou mesmo se isso não ocorreu,
mas você se informou sobre o assunto. Concentre-se nesse
tipo de relacionamento e em ser esse alguém. Você pode
dizer: “Ouvi você me contar que se sente deprimido (ou
qualquer outro sentimento que a pessoa tenha partilhado)”.
Não diga: “Entendo por que  você se sente…”. Isso tende a
justificar os sentimentos de depressão.

4. Procure inspirar e programar esperança.

Para o deprimido, seus objetivos foram destruídos, sua


perspectiva é completamente negativa e ele não vê solução
alguma para seus problemas. Seu padrão de pensamento
está concentrado no fracasso e na falta de esperança,
fazendo as circunstâncias aparecerem muito mais sombrias
do que na verdade são. Leve um pouco de “luz” ao
pensamento do deprimido. Procure inspirar esperança.
Conte histórias de como você e outros superaram más
circunstâncias e pensamentos depressivos.  Existe outra
forma importante de inspirar esperança. Faça o deprimido
dizer em voz alta com você: “Posso superar a depressão!”.
Escreva essas palavras em algumas páginas de um bloco de
anotações autocolante. Com a ajuda do deprimido, coloque-
as em lugares visíveis onde ele será forçado a encontrá-las
várias vezes por dia: espelho do banheiro, geladeira,
escrivaninha, portas, computador, painel do carro etc. Peça-
lhe que, como um favor a você, leia as palavras em voz alta
todas as vezes que as vir. Se a pessoa demonstrar
relutância ou der indicativos de que não acredita na
mensagem, diga que, por enquanto, não tem problema.
Insista, o máximo que puder, para que ela as fale assim
mesmo. Talvez o deprimido não perceba no momento, mas
estará verbalizando uma declaração positiva e, com o
tempo, mudará seu modo de pensar. Sinta-se livre para
descobrir outras maneiras de levar ânimo e inspirar
esperança.

5. Sugira pensamentos para ajudar a mudar a


perspectiva do deprimido.

Sempre esteja alerta a oportunidades para sugerir


pensamentos que ajudem a mudar a perspectiva do
deprimido. Isso pode ser uma “semente” plantada que
produzirá muitos frutos.  Na época em que, por causa da
depressão, eu tinha certeza de que nunca conseguiríamos
vender a casa de meu falecido avô, uma amiga sábia me
disse: “French, você já pensou na ideia de que, em algum
lugar, existe um jovem casal que adoraria ter uma casa
como essa e restaurá-la? Logo eles aparecerão para
comprá-la”. Não, eu nunca havia pensando nessa
possibilidade. Era um pensamento positivo demais para
mim ter. Mas quando ela o expressou, inseriu a
possibilidade em meu pensamento. Perceba que ela não
argumentou contra meu ponto de vista, apenas me
perguntou se eu já havia considerado uma opção diferente.

6. Ajude o deprimido a se sentir melhor acerca de si


mesmo.

A autoimagem do deprimido foi rasgada em pedacinhos. Ele


mesmo provoca isso, mas é claro que o processo pode ser
ajudado por comentários e ações críticos de outros. Sua
meta é fazê-lo se sentir melhor acerca de si mesmo. A
autoimagem do deprimido está tão aniquilada que lhe é
impossível acreditar em elogios. No entanto, se você
lembrá-lo de algumas conquistas específicas do passado,
lançará dúvida sobre a convicção de que ele é um fracasso
total. Enquanto eu estava lutando contra a depressão, em
algumas ocasiões, alguém disse ou escreveu: “Muitas vezes
leio anotações de coisas que aprendi com você anos atrás e
elas ainda me são um auxílio tremendo”; ou “Nunca me
esquecerei do que você fez por nossa família quando meu
pai morreu”. Essas palavras eram gotas revigorantes de
chuva que caíam sobre um solo ressecado. Você pode
proporcionar gotas de chuva para o deserto do deprimido.

7. Faça-o pensar em algo além de si mesmo.

As fronteiras do mundo do deprimido são muito estreitas e


se estendem muito pouco além de si mesmo. Quando ele
fala, concentra-se em si. É assim que ele é e esse é o lugar
onde se encontra no momento. Trata-se de uma porta difícil
de abrir, mas você pode ajudar. Conte alguns dos
acontecimentos ou experiências atuais a ele. Certifique-se
de que não são negativos. A última coisa que o deprimido
precisa saber é que sua prima foi estuprada, que o governo
aumentou os impostos ou que houve um aumento de
crimes violentos. Compartilhe boas notícias sobre pessoas
que ambos conhecem. Mencione assuntos que costumavam
interessá-lo, como mecânica, leitura, culinária etc. Continue
a estimulá-lo e uma hora ele começará a conversar com
você sobre essas coisas.

8. Envolva-o em atividades.
A maior parte dos deprimidos é retraída e seu nível de
energia equivale a zero. Mesmo se souber que algo pode
ajudá-los, em geral não se sente capaz de fazê-lo. Incentive
a pessoa deprimida a fazer algo com você. Ela
provavelmente demonstrará relutância, talvez até mesmo
resistência. Esteja preparado para isso. Enfrente a
resistência com insistência. Trata-se de uma ocasião em que
é aceitável ser incômodo. Seus esforços colherão benefício
em dobro se você conseguir que ela faça algo que
costumava fazer, mas acha que não consegue mais. Isso
ajudará na autoimagem do deprimido, ao refutar a
convicção de que ele não consegue fazer nada. Por
exemplo, peça-lhe que o ajude num projeto, pescaria ou
jogo de golfe. Caso se trate de uma mulher que sempre
fazia bolos, mas agora afirma que não consegue, teste isto:
vá ao mercado, compre todos os ingredientes, leve à casa
dela e diga: “Vamos para a cozinha. Quero que você me
mostre como fazer aquele bolo delicioso que você sabe!”
Para você, pode parecer uma atividade trivial, mas, para o
deprimido, será uma grande realização. E grandes guerras
se ganham por meio de uma sucessão de pequenas vitórias.

9. Compartilhe algo útil que você tenha vivenciado ou


aprendido para lidar com sentimentos negativos de
depressão.

Não é sábio começar a dar conselhos imediatamente. Mas


seu cuidado, seus ouvidos atentos, sua compreensão e
paciência criam um elo entre você e a pessoa deprimida.
Embora possa se tratar de um membro da família ou de um
amigo íntimo de longa data, isso ainda precisa ser feito. Em
muitos aspectos, o deprimido é uma pessoa diferente, com
perspectiva totalmente distinta daquela que você
costumava conhecer. Após se recuperar, ele voltará a ser a
pessoa de antes, mas agora se encontra em outro mundo, o
mundo dos deprimidos e você precisa desenvolver
intimidade com o deprimido da maneira que ele se
encontra. Precisa descobrir quem ele é no momento e de
onde partem suas ideias. Quando o elo se fortalecer e ele
começar a confiar em você, sentindo que você é alguém
que o entende, pode começar a compartilhar seus
conhecimentos e ajudá-lo a compreender a depressão e
como superá-la. Aquilo que Deus me ensinou sobre a
depressão e como superá-la, ele ensinou a você também
por meu intermédio. Não tenho dúvida de que o Senhor
usará você para partilhar esse conhecimento com o
deprimido, para que ele também seja liberto. Aprenda e
depois compartilhe.

10. Remova o acesso a todas as armas, substâncias


venenosas, medicamentos etc.

Não presuma que o deprimido não tem pensamentos


suicidas só porque ele nunca os mencionou. Muitos os têm,
mas poucos os revelam. Não corra esse risco. Remova, o
máximo possível, qualquer meio que a pessoa possa usar
para tirar a própria vida. Não é possível erradicar por
completo a possibilidade de suicídio, a não ser que tranque
a pessoa num quarto à prova de suicídio. Mas tirar o acesso
ao máximo de meios possíveis tornará as coisas mais
difíceis. A dificuldade aliada ao tempo e o esforço adicional
necessários podem ser o suficiente para levar o deprimido a
reconsiderar suas intenções.
11. Leve o deprimido a profissionais se a depressão
se tornar profunda.

A depressão não é um mero estado de tristeza; pode se


transformar numa questão de vida ou morte. Quando
alguém entra em depressão profunda, precisa de ajuda
profissional. É muito mais fácil para todos se o deprimido
concorda em buscá-la. Mas, ainda que ele resista, você
precisa levá-lo, nem que para isso tenha de recorrer a meios
legais. Lembre que a habilidade do deprimido de pensar e
tomar decisões está grandemente prejudicada. Ele precisa
que você faça a escolha certa por ele, enquanto se encontra
incapacitado para isso. Essa responsabilidade pertence à
família do deprimido. Mas, se por algum motivo, os
familiares não o fizerem ou não tiverem condições de fazê-
lo, um amigo íntimo precisa desempenhar esse papel. O
verdadeiro amor requer que ajamos de forma dura às vezes.
Exige que façamos aquilo que a pessoa amada precisa , não
aquilo que ela quer  que façamos.

Cuidado: coisas a evitar

1. Não ajude o deprimido a justificar sua autopiedade


ou depressão.

Ele precisa parar de justificar a própria depressão a fim de


poder superá-la. Portanto, certifique-se de que você não irá,
por palavras ou ações, ajudá-lo a se agarrar às justificativas.
Nunca diga: “Uau! não é de se espantar que você esteja
deprimido. Com certeza, você tem todo direito de se sentir
assim. Qualquer um que passasse pelo que você passou se
sentiria da mesma forma”. Essas palavras podem
proporcionar uma rápida sensação de alívio, mas, na
verdade, são muito prejudiciais. Elas reforçam o complexo
de “vítima”.

2. Não o condene, nem o faça sentir culpa por estar


deprimido.

Estar em depressão já é horrível o suficiente. O sentimento


de culpa pela depressão só aumenta o sofrimento. Portanto,
nunca diga ou faça nada que leve o deprimido a sentir
condenação ou culpa. Cuidado, nunca diga: “Você não tem
motivo algum para estar deprimido. Que bobeira ficar
sentindo pena de si mesmo!”. Ele interpretará essas
palavras como rejeição, mesmo que essa não seja sua
intenção. Isso o levará a pensar que você não o entende e
prejudicará muito seu papel de auxiliador.

3. Não fique alegre demais.

Para ajudar um deprimido, muitas pessoas acham que


precisam transbordar de alegria em suas visitas. Seu
objetivo é “alegrar” o indivíduo triste. O objetivo é nobre,
mas é preciso ter cautela. A alegria muito aberta e
exuberante daquele que tenta ajudar pode levar sofrimento
à pessoa que está lutando para se manter viva no abismo
da depressão. O contraste gritante só a deixa mais triste.
Torna quase impossível a identificação do deprimido com
você, interferindo na formação de um elo e enfraquecendo-
o. A Bíblia adverte:  “O que canta canções para o coração
aflito é como aquele que despe a roupa num dia de frio, ou
como o vinagre sobre salitre”   (Provérbios 25:20). Quando
visitar a pessoa deprimida, seja o mais natural possível.
Evite extremos de alegria ou tristeza. Um sorriso caloroso
que comunica amor e cuidado alcança muito mais do que
uma risada barulhenta.

4. Não discuta.

Tome cuidado para não discutir com o deprimido. A maioria


dos pensamentos e opiniões que ele expressar parecerão
distorcidos e até mesmo ridículos para você. Mas ele está
tão convicto de que são reais que discutir trará prejuízo e
nenhuma ajuda. A discussão o levará a defender seu ponto
de vista, consolidando-o ainda mais em sua mente. A
argumentação será compreendida como uma incapacidade
de compreender e rejeição, causando danos ao
relacionamento de vocês. Em vez de discutir, procure
mostrar um pensamento alternativo, dizendo: “Você já
pensou nesta possibilidade?”

5. Não desempenhe o papel de terapeuta


profissional.

Um familiar ou amigo disposto a ajudar nunca deve


desempenhar o papel de psiquiatra ou psicólogo amador.
Nem mesmo o mais ávido espectador de programas de
televisão sobre o assunto ou leitor de revistas populares
está qualificado para esse papel. Não dê sugestões com
respeito ao uso de determinado medicamento
antidepressivo, a despeito de sua experiência pessoal com o
remédio. Não sonde o passado da pessoa, na tentativa de
descobrir algum motivo profundo e obscuro para a atual
condição problemática. Caso isso seja necessário, é tarefa
de profissionais altamente especializados. Até eles
procedem com muita cautela. Nas conferências com o
pessoal do departamento de psiquiatria da faculdade de
medicina de que participei, o chefe sempre alertava
estagiários e residentes: “Cuidado para não cavar algo que
você não terá condições de cobrir”. Trata-se de um
excelente conselho para qualquer pessoa desejosa de
ajudar alguém aflito.

6. Não subestime sua importância como auxiliador.

Não subestime, de forma alguma, seu potencial como


auxiliador. Se a depressão não for muito profunda, um
familiar ou amigo íntimo compreensivo, cuidadoso e
paciente pode ser tudo de que a pessoa precisará para
ajudá-la a superar a depressão. Mesmo nos casos mais
graves, em que se faz necessário um terapeuta profissional
e talvez até a hospitalização, a continuidade do
relacionamento será a pedra fundamental do apoio e do
ânimo. Não minimize, nem retire o auxílio e apoio porque
outros estão envolvidos. Reconheça o papel deles, mas
reconheça o seu também. Você é uma âncora que o
deprimido não pode pensar em perder.

7. Não assuma a responsabilidade pela recuperação


do deprimido.
Reconheça a importância de seu papel de auxiliador, mas
nunca assuma a responsabilidade de tirar a pessoa da
depressão. Conforme afirmado anteriormente, se ela estiver
em depressão clínica profunda, há algumas ações que você
talvez precise fazer em seu lugar. Mas, mesmo nesse caso,
a responsabilidade de recuperação é dela, não sua. Por fim,
todo deprimido precisa assumir a responsabilidade pela
própria recuperação. Você não pode fazer isso por ele,
portanto não tente. Tenho a convicção de que os deprimidos
podem superar a depressão. Contudo, alguns não o fazem.
Não se sobrecarregue com um fardo de culpa se esse for o
caso. Não é sua culpa. Anos atrás, quando era um jovem
pastor, li em algum lugar (esqueci a fonte, mas nunca
esquecerei a mensagem) que algumas pessoas nem Jesus
poderia ajudar, porque elas não aceitariam. Vez após vez, o
Espírito Santo trouxe essa verdade a minha mente,
enquanto chorava diante do sofrimento e da dor de uma
pessoa que não pude ajudar. Todos nós que nos importamos
e procuramos auxiliar devemos nos lembrar: não somos
Deus, nem a pessoa com problemas, somente um
auxiliador. Não tente fazer o que só o deprimido pode fazer,
apenas esteja disposto a fazer aquilo que pode. Deixe o
resultado nas mãos de Deus e da pessoa em depressão.
Não há nada mais que você possa fazer.

Conclusão

A leitura deste capítulo revela que você se importa com


aqueles que sofrem no verdadeiro inferno que é a
depressão. Agradeço por esse cuidado e minha oração é
que eu tenha conseguido incentivá-lo em seu desejo e na
habilidade de ajudar. Não se desanime com o número de
sugestões que fiz. Poucos de nós, ou mesmo nenhum, será
excelente na realização de todas. Mas isso não é tão
importante quanto sua disposição de ser usado. As pessoas
que mais me ajudaram não sabiam tudo sobre depressão,
nem sobre como me auxiliar. Mas elas me amaram quando
eu não me amava e acreditaram em mim quando eu havia
perdido a fé em meu potencial. Continuaram a me dizer isso
até eu começar a crer de novo. Fico feliz por seu desejo de
aprender todo o possível sobre como ajudar uma pessoa em
depressão. Quanto mais você souber, mais preparado
estará. Mas, qualquer que seja seu conhecimento, aliado ao
amor, a compreensão e paciência, permitirá que Deus o use
para ajudar um deprimido. 

CONCLUSÃO
Será que essa terapia espiritual me tirará (ou tirará a
pessoa que amo) da depressão? Espero que você esteja se
fazendo essa pergunta agora. Afinal de contas, esse é o
grande objetivo.  Acredito com todo meu ser que a terapia
espiritual é a única maneira de “resolver” a depressão
psicológica, de superá-la de forma completa e definitiva. No
entanto, eu seria totalmente desonesto e irresponsável se
respondesse que, com certeza absoluta, tirará  você  ou a
pessoa que você ama da depressão. Por mais que quisesse
fazer isso, não posso lhe dar essa certeza, pois não
sei. Deixe-me dizer o que sei. Sei que aceitar os princípios e
fazer os exercícios que Deus partilhou comigo e eu com
você me fizeram superar por completo a depressão, quando
a terapia secular não conseguira. Desde 1986, estou livre da
depressão anormal usando somente a terapia espiritual.

Sei de outros que me contaram de sua libertação por meio


da prática da terapia espiritual. Quero encorajá-lo contando
apenas duas dessas histórias. Funcionou para a jovem caixa
de um banco na Carolina do Sul. Depois de participar de um
seminário e colocá-lo em prática, ela me escreveu: “Durante
minha infância e desde então, não sabia o que era passar
um dia sem depressão. Graças ao Senhor e a seu seminário,
pela primeira vez na vida estou livre. Não ousaria deixar
passar nem um dia sequer sem fazer os exercícios
espirituais”. Sei o que aconteceu na vida de um homem de
Michigan. Este é um pedaço da carta que ele me enviou:
“Tenho 41 anos e sofri de depressão profunda a maior parte
de minha vida adulta. Minha doença recebeu diagnóstico
equivocado várias vezes,  muitas vezes  ao longo dos anos.
Foi finalmente reconhecida em 1988. Passei um total de oito
meses no hospital nos últimos quatro anos, em quatro
internações diferentes. Tentei o suicídio duas vezes e
cheguei bem perto da morte. Já li muitos livros, ouvi
materiais de áudio e nunca encontrei nenhuma resposta
para meu problema. Nunca havia perdido tanto as
esperanças. A depressão era tão ruim que fiquei
impossibilitado de trabalhar. As pessoas que nunca
passaram por depressão profunda não conseguem imaginar
o medo, a ansiedade e o sentimento de desespero. Recebi
as fitas com seu seminário dois meses atrás, de um tio
amoroso, que mora na Flórida e se importa comigo. Por
meio de você e de suas fitas, Deus revolucionou meu
mundo. Enquanto ouvia, lágrimas vinham a meus olhos.
Temos tanto em comum! Foi inspirador demais ouvir um
homem que teve a mesma experiência que eu e obteve
vitória. Hoje estou feliz, trabalhando por conta própria,
e  desfruto   uma perspectiva totalmente diferente sobre a
vida de modo geral. Por ser ultraperfeccionista, precisei
mudar meu caráter e modo de pensar. Por favor, desculpe
os erros nesta carta manuscrita, mas é a primeira carta que
escrevo em quatro anos”.
Ao ler essa carta, chorei tão alto que Alma saiu correndo de
outro cômodo da casa para ver o que havia de errado
comigo. Para tranquilizar a preocupação dela, logo garanti
que eram lágrimas de alegria. Senti a dor e o sofrimento
desse homem, mas como me regozijava ao ver que Deus
lhe dera vitória. Dei a carta para Alma ler. Então ambos
choramos de pura alegria.  Todas as vezes que leio essa
carta, fico maravilhado ao perceber que, na experiência
desse homem, encontram-se tantos ingredientes que
abordamos. É bem provável que você os tenha reconhecido,
mas deixe-me destacar alguns: alguém deprimido; uma
pessoa amorosa (tio) se importou com ele e partilhou (por
meio das fitas) as verdades sobre a depressão, os princípios
e exercícios da terapia espiritual; a descoberta de que
alguém (minha experiência compartilhada nas fitas) havia
passado pelo que ele sofria e compreendia seus
sentimentos; a esperança inspirada nele ao ver minha
vitória; a prática perseverante da terapia espiritual, que
resultou na mudança de pensamento e caráter; a
experiência de liberdade da depressão.  É vital que você
saiba disto: embora seja minha oração que você ache este
livro útil, a simples leitura não tirará você, nem ninguém da
depressão. Se você aprendeu tudo que partilhei, somente
isso não o libertará. Os princípios precisam ser aceitos  e os
exercícios espirituais,  praticados  para você superar a
depressão. Ouvir não é suficiente. A terapia
espiritual  precisa ser realizada  para trazer cura. Ela
funcionará para você? Só você tem a resposta para essa
pergunta.

Eu o incentivo a dar uma oportunidade para a terapia


espiritual de Deus curá-lo. Ela já libertou a mim e a outros,
portanto há toda expectativa de que a prática funcionará
para você. Não somos diferentes de você — uma pessoa
que deseja desesperadamente ter a vida de volta.  Sempre
apreciei as palavras do salmista:  “Bendize, ó minha alma,
ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo
nome. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças
de nenhum de seus benefícios. Ele é o que perdoa todas as
tuas iniquidades, que sara todas as tuas enfermidades, que
redime a tua vida da perdição; que te coroa de benignidade
e de misericórdia, que farta a tua boca de bens, de sorte
que a tua mocidade se renova como a da águia”   (Salmo
103:1–5). Depois da depressão e de Deus me tirar dela,
essas palavras se tornaram ainda mais significativas. A
versão Almeida Revista e Atualizada traduz o versículo 4:
“da cova redime a tua vida” . Quando percebi isso, soube
que tais palavras eram, na verdade, a história de minha
vida. Sim, eu agradeço ao Senhor com todo meu ser por ter
redimido minha vida da cova, a cova da depressão. Acredito
com toda firmeza que ele deseja redimir você de sua
cova.  As palavras de um antigo hino evangélico, “Veja de
onde ele me tirou” expressam o que se passa em meu
coração:  “Ele me tirou das trevas / para a manhã de luz. /
Veja de onde ele me tirou. / E como me fascino mais com a
luz, / do que com a escuridão!”

Venha, querido amigo, venha se unir a mim na luz — ela é


muito mais fascinante que a escuridão! 

Anexo 1

ARSENAL DE TEXTOS BÍBLICOS


A Bíblia é a espada do cristão, seus versículos são nossas
armas espirituais.

VERSÍCULO CHAVE:
Filho meu, atenta para as minhas palavras; às minhas razões inclina o teu
ouvido. Não as deixes apartar-se dos teus olhos; guarda-as no íntimo do
teu coração. Porque são vida para os que as acham, e saúde para todo o
seu corpo. Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração,
porque dele procedem as fontes da vida. Desvia de ti a falsidade da boca,
e afasta de ti a perversidade dos lábios (Provérbios 4:20 – 24).

PERSPECTIVA (seu modo de ver e considerar as


coisas):

E vos renoveis no espírito da vossa mente (Efésios 4:23).

De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em


Cristo Jesus (Filipenses 2:5).

Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes


dará arrependimento para conhecerem a verdade, e tornarem a despertar,
desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos
(2 Timóteo 2:25–26).

Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste […] e que desde a tua
meninice sabes as sagradas Escrituras (2 Timóteo 3:14–15).
VERDADE (aquilo que Deus diz. Só isso é a
realidade):

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para


repreender, para corrigir, para instruir em justiça (2 Timóteo 3:16).

Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram


ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa (2  Tessalonicenses
2:15).

Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e no


amor que há em Cristo Jesus (2 Timóteo 1:13).

Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor


conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-
se da iniquidade (2 Timóteo 2:19).

Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo


coceira nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas
próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às
fábulas (2 Timóteo 4:3–4).

Servo de Deus, e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de


Deus, e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade, em
esperança da vida eterna (Tito 1:1–2).

Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele,
enraizados e edificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes
ensinados, nela abundando em ação de graças. Tende cuidado, para que
ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas,
segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não
segundo Cristo; porque nele habita corporalmente toda a plenitude da
divindade; e estais perfeitos nele, que é a cabeça de todo o principado e
potestade (Colossenses 2:6–10).

Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no


poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos (Colossenses 2:12).

A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria


(Colossenses 3:16).

Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por
todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia
enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor,
cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo (Efésios 4:14–15).

E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam
também os outros gentios, na vaidade da sua mente. Entenebrecidos no
entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles,
pela dureza do seu coração (Efésios 4:17–18).

PENSAMENTOS OU MODO DE PENSAR (a


opinião, ideia ou as percepções que residem
em sua mente e, por isso, determinam seus
sentimentos e ações):

Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque,


fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem
(1 Timóteo 4:16).

Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra
(Colossenses 3:2).
E vos renoveis no espírito da vossa mente (Efésios 4:23).

Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto,


tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é
de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai
(Filipenses 4:8).

Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as


armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para
destruição das fortalezas; destruindo argumentos, e toda a altivez que se
levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o
entendimento à obediência de Cristo (2 Coríntios 10:3–5).

Porque, como imaginou no seu coração, assim é ele (Provérbios 23:7).

DIZER OU FALAR (as palavras que saem de sua


boca):

E o próprio nosso Senhor Jesus Cristo e nosso Deus e Pai, que nos amou, e
em graça nos deu uma eterna consolação e boa esperança, console os
vossos corações, e vos confirme em toda a boa palavra e obra
(2 Tessalonicenses 2:16–17).

Porque quem quer amar a vida, e ver os dias bons, refreie a sua língua do
mal, e os seus lábios não falem engano (1 Pedro 3:10).

Do fruto da boca de cada um se fartará o seu ventre; dos renovos dos seus
lábios ficará satisfeito. A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele
que a ama comerá do seu fruto (Provérbios 18:20–21).

Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o
ventre, e é lançado fora no esgoto? Mas, o que sai da boca, procede do
coração, e isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus
pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e
blasfêmias. São estas coisas que contaminam o homem (Mateus 15:17–
20).

Porque, como imaginou no seu coração, assim é ele (Provérbios 23:7).

EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS (tempo e energia


dedicados à melhora do bem-estar total, por
meio da concentração naquilo que se relaciona
ao bem-estar espiritual):

Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas, e exercita-te a ti mesmo em


piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade
para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de
vir (1 Timóteo 4:7–8).

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que
se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade (2 Timóteo 2:15).

Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele
(Colossenses 2:6).

Graça e paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de Deus, e de


Jesus nosso Senhor (2 Pedro 1:2).
Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios,
nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos
escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei
medita de dia e de noite (Salmo 1:1–2).

Anexo 2

TESTE DO PENSAMENTO
(Um exemplo do primeiro Exercício Espiritual
ensinado no Capítulo 14).

VERSÍCULO CHAVE levando cativo todo


pensamento):

Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em
Deus para destruição das fortalezas; destruindo argumentos, e toda a
altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo
todo o entendimento [ou pensamento] à obediência de Cristo (2 Coríntios
10:4–5).

Meu pensamento: Deus não me ama mais!

Realidade (verdade de Deus):

Pois o mesmo Pai vos ama, visto como vós me (Jesus) amastes, e crestes
que saí de Deus (João 16:27).

Poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a


largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor
de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda
a plenitude de Deus (Efésios 3:18–19).
Meu pensamento: Deus se retirou de mim. Sinto-me
abandonado por ele!

Realidade (verdade de Deus):  

Porque ele [Deus] disse: Não te deixarei, nem te desampararei (Hebreus


13:5).

Meu pensamento: Meus pecados são tão maus e


tantos que Deus nunca poderia me perdoar!

Realidade (verdade de Deus):

Perdoando-vos todas as ofensas, havendo riscado a cédula que era contra


nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a
tirou do meio de nós, cravando-a na cruz (Colossenses 2:13–14).

Busquei tantas vezes a ajuda e o perdão de Deus tão


só para fracassar de novo que ele não quer mais
saber de mim!

No qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele (Efésios
3:12).

Não consigo fazer nada certo mais!

Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de


Cristo (Efésios 4:7).

Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós (2 Timóteo
1:14).
Já chega! Não tenho mais forças, nem recursos para
prosseguir!

Senhor dará força ao seu povo; o Senhor abençoará o seu povo com paz
(Salmo 29:11).

Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais
fortalecidos com poder pelo seu Espírito no homem interior (Efésios 3:16).

O futuro não me reserva nada de bom!

Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo
necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações
(1 Pedro 1:6).

Todos fomos chamados para o mesmo futuro glorioso (Efésios 4:4 – Bíblia
Viva).

Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente
não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada
(Romanos 8:18).

Ninguém pode me ajudar. Acho que nem Deus pode!

Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente
além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós
opera (Efésios 3:20).

Sou indigno demais até mesmo para me aproximar de


Deus e pedir sua ajuda!

E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas… A vós também, que noutro
tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras
más, agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte,
para perante ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis, se,
na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes
da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda
criatura que há debaixo do céu (Colossenses 1:20 – 23).

A fé que tenho em mim mesmo foi abalada. Sinto que


Deus não acredita mais em mim!

Mesmo quando estivermos fracos demais e não nos reste nenhuma fé, Ele
continua fiel para conosco e nos ajudará, pois não pode repudiar-nos,
porque somos parte dele mesmo. E Ele sempre cumprirá suas promessas a
nós (2 Timóteo 2:13 – Bíblia Viva).

Há tantos desafios a minha frente que não sei se


serei capaz de suportá-las: a possível morte de meu
cônjuge, deterioração da saúde, minha morte etc.
Seria melhor desistir agora mesmo!

Para que guardem as veredas do juízo. Ele preservará o caminho dos seus
santos (Provérbios 2:8).

Tu és o lugar em que me escondo; tu me preservas da angústia; tu me


cinges de alegres cantos de livramento (Salmo 32:7).

Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece (Filipenses 4:13).

Estou num tumulto interior enorme. Nunca mais terei


a paz de espírito que costumava desfrutar!

Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá.
Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize (João 14:27).
As coisas nunca dão certo para mim!

E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem


daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito (Romanos 8:28).

Sou um fracasso total em tudo!

Eleitos segundo a presciência de Deus Pai (1  Pedro 1:2). Deus o Pai
escolheu vocês há muito tempo e sabia que se tornariam seus filhos.

E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência


do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de
todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a
Cristo, e seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a
que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé
(Filipenses 3:8 – 9).

Anexo 3

DECLARAÇÃO DA VERDADE DE DEUS


(Um exemplo do segundo Exercício Espiritual
ensinado no Capítulo 14).

Uma personalização de versículos selecionados de 1 Pedro,


na versão Bíblia Viva, para declarar a realidade de quem eu
sou e do que tenho por crer em Cristo Jesus. Isso é real para
mim.
Sou filho de Deus porque Deus, o Pai, me escolheu muito tempo atrás
(1:2).

O Espírito Santo trabalha em meu coração, purificando-me com o sangue


de Jesus e tornando-me agradável a ele (1:2).

Posso esperar que Deus me abençoe e me conceda libertação cada vez


maior de toda inquietação e todo temor (1:2).

Nasci de novo por causa da misericórdia ilimitada de Deus (1:3).

Sou agora um membro da família de Deus (1:3).

Vivo na esperança da vida eterna porque Cristo levantou-se novamente


dentre os mortos (1:3).

Tenho o dom da vida eterna, que está guardado no céu para mim por Deus,
puro e imaculado, sem perigo de sofrer alteração ou de estragar-se (1:4).

Chegarei lá em segurança para recebê-lo, porque Deus, em seu grandioso


poder, garantirá isso e porque eu confio nele (1:5).

Estou verdadeiramente alegre, pois há uma felicidade maravilhosa para


mim no futuro, embora durante algum tempo a caminhada seja dura aqui
na Terra (1:6).

Estou feliz com a alegria indizível que vem do próprio céu, pois eu o amo e
confio nele, muito embora nunca o tenha visto (1:8).

Estou salvo (meus pecados foram perdoados e esquecidos por Deus), pois
o Senhor pagou por mim o precioso sangue de Cristo, o Cordeiro de Deus
sem pecado e sem mancha (1:19).

Posso pôr minha confiança em Deus, aquele que levantou Cristo dentre os
mortos. Minha fé e esperança descansam em Cristo (1:21).
Posso ter amor verdadeiro por todos, pois minha alma foi purificada do
egoísmo e do ódio quando confiei em Cristo como meu Salvador (1:22).

Tenho nova vida e ela durará para sempre, pois provém de Cristo (1:23).

Sou livre para fazer a vontade de Deus em todas as ocasiões (2:16).

Não retruco quando sou atacado ou insultado por outros. Posso deixar meu
caso nas mãos de Deus, que sempre julga com justiça (2:23).

Jesus carregou meus pecados em seu próprio corpo, a fim de que eu possa


morrer para o pecado e viver uma vida santa daqui para frente (2:24).

Sou curado pelos ferimentos de Jesus (2:24).

Jesus é o guardião de minha alma e me conserva a salvo de todos os


ataques (2:25).

Não me assusto quando passo por provas ardentes, pois isso não é coisa
estranha e nem fora do comum. Ao me tornar companheiro de Cristo em
seu sofrimento, terei a maravilhosa alegria de, no futuro, participar de sua
glória (4:12–13).

Posso ficar alegre quando for amaldiçoado ou insultado por ser cristão,
pois, quando isso acontece, o Espírito de Deus vem sobre mim com grande
glória (4:14).

Posso me entregar aos cuidados de Deus, pois ele prometeu que nunca
faltará (4:19).

Posso deixar com Deus todas as minhas preocupações e todos os meus


cuidados, pois ele está sempre pensando em mim e vigiando tudo a meu
respeito (5:7).

Pela confiança em Jesus, posso ficar firme contra os ataques de Satanás,


meu grande inimigo (5:8–9).
Depois de eu ter sofrido um pouquinho, meu Deus, que está repleto de
bondade, me dará, por meio de Cristo, sua glória eterna. Ele virá
pessoalmente me tomar e colocar num lugar firme, e me fazer mais forte
do que nunca (5:10).

A ele (Deus) seja todo o poder sobre todas as coisas, para sempre e
sempre (5:11). 

SOBRE O AUTOR
O Dr. French O’Shields e sua esposa Alma moram em
Gaffney e Surfside Beach, Carolina do Sul. Eles têm quatro
filhos, oito netos e três bisnetos. Ele é ministro ordenado da
Igreja Presbiteriana, EUA, Presbitério de Charlotte, Carolina
do Norte.

Educação e formação:

Bacharel em Psicologia, University of South Carolina


Pós-graduado em Psicologia, curso de verão, University of South Carolina
Mestre em Divindade, Erskine Theological Seminary
Doutor em Ministério, Union Theological Seminary, Richmond, Virginia
Curso de “Introdução a Psiquiatria”, realizado com estudantes de Medicina
na Medical College of Georgia
Curso de “Cuidado pastoral hospitalar”, Presbyterian Hospital, Charlotte,
North Carolina
Experiência:

Pastor principal de três igrejas presbiterianas por 28 anos


Professor de Teologia Sistemática no Erskine Theological Seminary
Mais de cem horas de participação semanal na Conferência da Equipe de
Psiquiatria, Talmadge Memorial Hospital, Augusta, Georgia (Medical College
of Georgia)
Autor de uma coluna semanal em vinte jornais, de quatro estados

Em 1982, parou de pastorear igrejas por causa de um


problema vocal (distonia laríngea). Seu ministério atual, por
meio da organização HEM OF HIS GARMENT (ORLA DE SUAS
VESTES), consiste em escrever, pregar, ensinar e apresentar
o seminário sobre como ENTENDER, PREVENIR E SUPERAR A
DEPRESSÃO nos Estados Unidos e na Inglaterra. 

Literatura Monte Sião do BrasilAplicando a Palavra


eterna à vida moderna

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Que falem os primeiros cristãos - David W. Bercot

Uma análise da igreja moderna sob a luz do cristianismo


primitivo. Este livro nos mostra quais eram os costumes e as
crenças religiosas dos cristãos no período pós-apostólico, e
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Muito além do protestantismo - D. Eugenio Heisey

Infelizmente, o protestantismo não conseguiu restaurar na


igreja à pureza doutrinária e conduta bíblica da era
apostólica. Foi por isso que alguns crentes começaram a se
reunir para buscar uma aproximação à Palavra de Deus em
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distinguem do cristianismo nominal. 96 pág. #37228
A fé pela qual vale morrer - Dallas Witmer

Há quatro séculos, na Europa, se alguém cresse em Deus e


obedecesse a ele, era bem provável que morreria pela fé. A
fé dos crentes dessa época era mais do que uma profissão
religiosa. Eles viviam e morriam por ela. Neste livro, o autor
examina o lado prático da fé verdadeira, baseado nas
histórias dos mártires daquela época. 104 pág. #37235

Respostas bíblicas ao seu alcance - George R. Brunk

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Deus, que responde a muitas perguntas formuladas por
aqueles que procuram a verdade. Esperamos que sua
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A vida e os escritos de Menno Simons - Harold S.


Bender e John Horsch

Durante o tempo da Reforma, um padre holandês chamado


Menno Simons se converteu, e movido por uma missão
divina, começou a ensinar e a escrever. Esta publicação
contém, em um só volume, a biografia de Menno Simons e
trechos selecionados de seus escritos. 120 pág. #37266
Música numa perspectiva bíblica - John Coblentz

O autor não pretende responder a todas as perguntas que


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Deixando a ira - John Coblentz

Este livro procura mostrar a raiz e o motivo da ira. A partir


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esperança e soluções práticas para pessoas que lutam
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Vivendo uma vida pura - John Coblentz

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A vontade de Deus para o amor matrimonial - John


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Em um mundo onde o amor é banalizado e onde os
matrimônios são considerados mais um fardo do que uma
união de extremo valor, este livro é de suma importância.
Com honestidade e franqueza bíblica, o autor lida com
assuntos tais como: a comunicação, a amizade no
matrimônio, o planejamento familiar e diretrizes para a
intimidade conjugal. 80 pág. #37129

Conselhos práticos para a família cristã - John


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Este livro é para pais e jovens que procuram direção e


conselhos bíblicos para suas vidas. Contém páginas de
instruções práticas para as inúmeras situações da vida
familiar com perguntas que podem servir como guia de
estudos. 320 pág. #37204
O que a Bíblia diz sobre a educação de filhos - J
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Como educar seus filhos com sabedoria divina, confiança


renovada e a bênção de Deus. Uma análise bíblica
altamente necessária para a educação de filhos numa
época em que muitos pais estão sendo influenciados por
princípios humanistas sobre a educação de filhos promovida
pelo mundo. 344 pág. #37211

A vida vitoriosa - John Coblentz


Os passos para a vitória nem sempre são fáceis, porém,
valem o sacrifício porque nos conduzem ao céu. Neste livro,
você encontrará um guia prático e detalhado da Palavra de
Deus que lhe mostrará como viver de maneira vitoriosa
contra o pecado. 96 pág. #37198

Um mês com os sábios - Pablo Yoder (compilador)

Este estudo do livro de Provérbios, dividido em 28 lições,


ajudará o leitor a aplicar a sabedoria dos Provérbios de uma
maneira prática em sua vida diária e assim ter uma vida
marcada pela sabedoria divina e abençoada por Deus. 128
pág. #37143
Uma vida bem-sucedida - Luke S. Weaver

Este livro é um guia sobre os fundamentos econômicos. Os


conselhos contidos nele abrangem desde a formação de
pequenos hábitos financeiros e decisões importantes para a
vida até conselhos de como lidar com o fracasso. Este livro
promove autodisciplina e diligência para um estilo de vida
econômico e prático. 216 pág. #91121

Junto às águas tranquilas - Diversos autores

Trezentas e sessenta e seis meditações diárias para pessoas


que realmente desejam um relacionamento íntimo com
Deus através da Palavra e obediência diária. Escrito por
diversos autores de congregações anabatistas dos EUA e
outros países. Com calendário para a leitura da Bíblia inteira
em um ano. 368 pág. #37112

Paula a valdense - Eva Lecomte

A história de Paula, a valdense, tem enriquecido a vida de


muitas gerações de crianças, jovens e adultos, estimulando-
os a seguir os passos do Mestre com amor e verdadeira
devoção. Com certeza, inspirará também a sua vida! 200
pág. #91138
A Bíblia na parede Uma antiga história verídica -
Autor desconhecido

Uma história do século XIX para todas as idades sobre um


homem que repetidamente rejeitou uma Bíblia que lhe foi
oferecida como presente. Mas, pela mão de Deus, essa
mesma Bíblia é conservada e utilizada para salvar esse
mesmo homem e dar início a um avivamento espiritual. 48
pág. #37167

Cento e onze histórias para crianças

Uma coleção de três livros com histórias para crianças. São


histórias que falam sobre o amor de Jesus, sobre a
obediência e o perdão, sobre a honestidade e a
generosidade. Através delas, as crianças aprendem que,
para serem realmente felizes, precisam amar a Jesus e
seguir seus ensinamentos. 200 pág. Capa brochura. #91053
Mary Jones e sua Bíblia Mary Carter

Desde pequena, Mary Jones, uma menina galesa, amava a


Palavra de Deus e desejava possuir sua própria Bíblia. Foi
preciso trabalhar vários anos e depois andar muitos
quilômetros a pé pelas montanhas para seu sonho se tornar
uma realidade. 128 pág. #91097

25 Histórias bíblicas favoritas - Ura Miller

Vinte e cinco histórias bíblicas favoritas de crianças,


acompanhadas por quadros bonitos para cada história. 56
pág. #41125
101 Histórias bíblicas - Ura Miller

Aqui oferecemos uma obra de fácil compreensão: histórias


bíblicas favoritas que têm deleitado milhões de crianças em
todo o mundo. Até as criancinhas pequenas que não sabem
ler gostam das ilustrações cativantes. Ao final de cada
história, há perguntas para você dialogar e ajudar seu filho
a se lembrar da história. 215 pág. Capa dura. #41120

Table of Contents
Endossos

Dedicatória

Prefácio

Introdução

1 - Depressão normal e anormal

2 - Depressão: ruim, mas não completamente

3 - A depressão e o cristão
4 - Depressão e temperamento

5 - A depressão e o perfeccionista

6 - Tipos de depressão

7 - Níveis de depressão

8 - Desencadeadores da depressão

9 - Sintomas: como é se sentir deprimido

10 - Terapia para a depressão

11 - A verdadeira causada depressão

12 - Pré-requisitos para superar a depressão

13 - Como superar a depressão: mudança no modo de


pensar

14 - Como superar a depressão: exercícios espirituais

15 - Vitória: liberdade afinal!

16 - Como ajudar uma pessoa deprimida

Conclusão

Anexo 1 - Arsenal de textos bíblicos

Anexo 2 - Teste do pensamento

Anexo 3 - Declaração da verdade de Deus

Sobre o autor

  
Caixa Postal, 241

CEP 18550-970 | Boituva-SP   

Av. Zélia de Lima Rosa, 340

Fone: (15) 3264-1402

e-mail: LMSdobrasil@gmail.com

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