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cami
Published: 2022
Source: https://www.wattpad.com
Importante + lista de personagens
Queria pedir encarecidamente que, por favor, não espalhem o link da
tradução deliberadamente pela internet. Repassem de forma privada, pela
dm, pra evitar que a história seja derrubada.
Os capítulos são bem longos e eu estou traduzindo sozinha. Traduzir leva
mais tempo do que apenas ler, porque além de ler ainda é preciso escrever,
então um capítulo leva horas seguidas de trabalho ininterrupto. Mas
prometo atualizar o mais rápido que eu conseguir.
Pode haver algumas inconsistências ou alguns entendimentos e
insinuações que infelizmente tendem a se perder durante a tradução, mas
firmo meu compromisso de sempre tentar ser o mais precisa possível, ao
mesmo tempo em que tento trazer uma leitura fluída e sem vocabulário
enferrujado .
~lista de personagens
King Kunakorn:
Uea Anon:
Jade:
Mai:
Mongkol:
Gun:
Bas:
Capítulo 1: Azarado
Já olhou para alguém pela primeira vez e sentiu ódio?
Senti isso há 9 anos e este sentimento não mudou até agora, parecendo só
ficar mais forte a cada dia!
"Uea!"
Às 8 da manhã de uma segunda-feira, a voz do P'Bas, meu supervisor
imediato e chefe do departamento de TI, cumprimentou-me pelas costas. O
elevador pelo qual eu estava esperando ainda estava no 15º andar, onde a
minha empresa se localizava. Dei um sorriso educado, dobrei as mãos e
cumprimentei a pessoa atrás de mim.
"P'Bas, bom dia!"
"Bom dia! Chegou tão cedo hoje."
"Sim", respondi sucintamente. Na verdade, venho trabalhar neste horário
todo dia, não cheguei mais cedo do que o normal. Mas não corrigi o P'Bas
em voz alta porque eu sabia que ele estava apenas comentando. São só
observações educadas. Não sou bom em me comunicar com as pessoas,
então tenho que escolher ecoar o discurso da outra.
"Haverão novos estagiários chegando hoje e o gerente vai passar para
verificar o nosso departamento. Lembrei aos rapazes que frequentemente se
atrasam para trabalhar que devem chegar cedo hoje. Não sei se o grupo de
garotos ouviu!", eu não olhava para o P'Bas que ainda estava falando. Fui
atraído por uma silhueta alta. O homem estava usando uma camisa preta e
calça cinza. Ele andava devagar para dentro do edifício.
Desde que eu vi esta pessoa entrar na cafeteria do andar de baixo da
empresa, as minhas sobrancelhas franziram involuntariamente. O homem
ficou de pé no balcão e pediu um copo de café à moça do caixa. Pela minha
perspectiva, não posso ver a expressão no rosto do homem, mas não preciso
ver, porque sei exatamente a expressão que ele terá.
Não importa quantos anos passem, ele só vai ter uma única expressão:
frívola.
"Pelo menos um chegou", apontei com a cabeça em direção à cafeteria.
P'Bas seguiu o meu olhar e deixou sair um suspiro de alívio.
"Sim! Felizmente, está aqui! É um suspiro de alívio! Ele é com quem
mais me preocupo! O Ai'King se atrasa toda segunda-feira!", P'Bas
balançava sua cabeça em desesperança e reclamava. Continuei encarando o
rapaz pedindo café até a porta do elevador abrir, então olhei de volta para o
elevador e fui à empresa com o P'Bas.
O meu nome é Anon e o meu apelido é Uea. Estou apenas há uns meses
dos 27 anos. Sou designer gráfico em uma das organizações privadas no
centro da cidade. Estou solteiro e acabei de terminar com o meu ex há um
mês.
Sou do tipo muito bonito para a maioria da população. Do ensino médio
até agora, as pessoas têm me seguido. Não gosto de lidar com as pessoas e
odeio que me incomodem.
Mesmo assim, ainda há pessoas tentando se aproximar de mim. Algumas
correm e dizem que gostam de mim, outras deliberadamente se aproximam
de pessoas ao meu redor para chegar até mim e, neste último caso, elas vão
basicamente me ignorar. O meu princípio é muito simples: se quiser me
conhecer deve falar comigo, não incomodar os outros. Só vai causar
problemas desnecessários para eles.
Embora muitas pessoas me sigam, não me associo aos outros
casualmente. Antes de eu aceitar uma pessoa, frequentemente passo muito
tempo a conhecendo antes de concordarem ficar com ela. Mesmo que toda
vez eu ache que sei o bastante sobre a personalidade e hábitos de alguém,
nunca tentei ficar com ninguém por mais de um ano.
Não sou uma pessoa gananciosa, mas terminei com esses homens por um
motivo.
Isso! Eu gosto de homens. Como é que costumam me chamar...? Gay?
É 2020 e homossexualidade não é nada novo. Sou de uma escola de
garotos. Desde o ensino médio, sabia que não gostava de garotas. Todos os
meus ex-namorados são garotos. Nos últimos 10 anos, tive muitos
parceiros. Não sei se, aos olhos das outras pessoas, só mudo de namorado.
Pessoas frequentes como óleo têm quaisquer pensamentos, mas para mim...
não é algo a se orgulhar.
"N'Uea, bom dia", no momento em que bati o cartão para abrir a porta e
entrar na empresa, P'Pong, um sênior do departamento de vendas, me
cumprimentou com uma gentil e doce voz.
"Olá, P'Pong.", embora eu quisesse ir embora rapidamente, me virei e o
cumprimentei com mãos dobradas. P'Pong é uma daquelas pessoas que
sempre me pagam bebidas e lanches, mas tenho uma regra constante
quando escolho um namorado, que é nunca escolher alguém do escritório!
Porque não quero me sentir envergonhado quando trabalhar na empresa
depois de terminar, mas este não é o motivo principal pelo qual não gosto
do P'Pong. Não gosto dele porque sei que ele está em um relacionamento.
Mesmo tendo um relacionamento, ainda me persegue. É o tipo de pessoa
que eu mais odeio!
"Pedi que Ai'Jade lhe trouxesse um presentinho. Coma mais!", piscou,
não esquecendo de flertar comigo enquanto falava. Assenti relutantemente e
apressei-me para o departamento de TI. Quando andava para a mesa, vi um
copo de chá de limão nela.
"O que é isto?", virei a minha cabeça e perguntei ao colega de quem
sento próximo e ele veio até mim.
"É seu! O P'Pong me pediu para lhe dar", Jadenipat, conhecido como
Jade, é o meu parceiro de trabalho, bom amigo e colega de quarto na
faculdade. Ele me respondeu enquanto apontava com a cabeça para o copo
de chá de limão na bancada.
"Tome você", depois que empurrei o copo para o meu amigo, não olhei
para ele de novo. Os olhos estreitos do Jade instantaneamente brilharam,
mas a boca dele dizia...
"Ei! O P'Pong deu especialmente para você, pelo menos tome um golinho
também!"
"Não aceito coisas de estranhos.", falei e me virei, ligando o meu
computador. Jade pegou o copo de chá de limão e bebeu.
Jade é a única pessoa que pode ser chamada de boa amiga. Nos
conhecemos no dia da entrevista da faculdade. A pele do Jade é muito clara,
2-3 cm mais baixo do que eu e seus olhos são pequenos. Ele parece um
mestiço padrão de chinês e tailandês. Sua característica mais icônica deve
ser suas bochechas macias e chamativas, o que prova que o meu amigo ama
comida.
Jade é uma pessoa alegre e de mente aberta. Ele se dá facilmente com as
pessoas ao seu redor. Completamente oposto ao meu eu introvertido.
Embora as nossas personalidades sejam bem diferentes, ainda nos tornamos
bons amigos. Por causa da personalidade do Jade, amigos, sêniores e
júniores da mesma idade sempre gostam de pedir que o Jade me traga
presentes.
Eu já o disse várias vezes para não ajudar outras pessoas a me darem
presentes, mas o Jade sempre se preocupa que, se ele não aceitar, vai causar
problemas para nós dois, dizendo que são todos pessoas que se conhecem.
Sêniores e gerações mais velhas precisam cuidar uns dos outros. Então não
importa o quanto eu seja relutante, devo fazer do Jade o meu braço direito.
"Não dá para amolecer o coração? O P'Pong já está atrás de você há mais
de 2 meses", o Jade virou-se e me perguntou. Eu só dei um "hum" com a
garganta. Na verdade, não gosto de quem quer dizer que gosta de mim e não
me diz pessoalmente. Usando meus amigos... é ainda mais impossível que
eu goste deste tipo de pessoa.
"Você sabe que não gosto de encontrar pessoas na empresa, é problema
demais."
"Ah! Você e o Ai"King têm a mesma ideia, vocês dois..."
"Quem está fofocando sobre mim tão cedo pela manhã?". A conversa foi
interrompida por uma voz grave, e o meu rosto se contraiu por um
momento quando ouvi.
Essa pessoa já pode morrer?!
O homem alto da cafeteria de 10 minutos atrás está lentamente entrando
no escritório do departamento. Ele é King, um bom amigo que o Jade
conhece desde o jardim da infância. Ele trabalha no mesmo departamento
que eu, mas é um programador.
Se fosse para descrevê-lo sem preconceito, ele é, de fato, um cara muito,
muito bonito. Seus olhos afiados, com extremidades que se curvam
suavemente, tornando sua expressão fria quando não está sorrindo. Seu
corpo faz parecer que ele gosta de malhar. Ele é cerca de 10 centímetros
mais alto do que eu. As funcionárias da empresa são loucas por ele, é claro!
Esta imagem só se aplica à aparência, já a personalidade...
Irritável, ambíguo, sempre cínico e sarcástico quando fala, um pegador
que troca de ficante quase toda semana!
Enquanto ele andava até a sua mesa, seu olhar encontrou o meu. A curva
no canto de sua boca não passou despercebida por mim.
Este é o amigo de um amigo que não me agradou à primeira vista.
"Suas coisas estão na mesa, King", Jade apontou a sacola de presente que
sentava na mesa do King. O King é outra pessoa que recebe presentes de
outras pessoas através do Jade. A única diferença é que eu nunca prestei
atenção, mas ele recebe. O King diz que namorar alguém da empresa está
fora de cogitação, mas ele está fazendo o oposto.
"De quem?"
"N'Min. Uma nova funcionária do departamento de contabilidade."
"Ah! A com bochechas rosadas. Tão fofa."
Ele disse que não vai flertar com colegas, mas sempre que alguém o traz
presentes, ele recebe com um olhar gentil e é simpático como se estivesse
dando esperança.
Além da palavra "hipócrita", não sei mais como definir.
"É bom, mas é doce demais. Que tal você comer o resto?", ele colocou o
restante na mesa do Jade depois de dar algumas mordidas nos brownies.
"Uea? Comer?" ofereceu o Jade, segurando o brownie na minha frente.
Eu só olhei e voltei ao meu trabalho.
"Todo seu."
"Tudo bem! Se está dizendo...", Jade sorriu e rapidamente enfiou o saco
de lanches em sua gaveta, com medo de que eu pudesse mudar de ideia. Seu
comportamento infantil me fez rir um pouco.
Jade é uma pessoa fácil de lidar e não pensa demais. A menos que seja
sobre comida. Ele é tão gentil que alguns sêniores gostam de tirar vantagem
disso.
Além do Jade e eu, a posição de designer gráfico também inclui
P'Mongkon. Ele é o primo do dono da empresa. Há nós três, mas as tarefas
sempre caem em Jade e eu. P'Mongkon sempre desaparece sem qualquer
motivo. Ele não faz suas responsabilidades e tira intervalos sempre que
quer. Como resultado, Jade acabava fazendo. Embora nem sempre eu possa
ajudar o Jade com suas tarefas, tudo que eu podia fazer é ficar e fazer hora
extra com ele.
Odeio admitir, mas às vezes temos que obedecer os sêniores para evitar
futuros problemas no trabalho. Não importa o quanto seja habilidoso, se
tiver problemas com um dos parentes do dono, será difícil ficar.
O trabalho no mundo real é cruel assim.
"Encontrei o P'Bas mais cedo nesta manhã e ele disse que o novo
estagiário vai vir.", disse eu ao Jade, que está curtindo o brownie. Ele
suspirou alto, o que é muito compreensível. Ter um estagiário é um jogo de
risco. Eles podem deixar o trabalho mais leve ou mais pesado.
"Fiquei responsável pelo estagiário no ano passado. É a sua vez este
ano.", o Jade imediatamente virou-se.
"Tudo bem", dei de ombros. No ano passado, o Jade foi o mentor e, como
ele disse, é a minha vez este ano. O P'Bas me deu o currículo do estagiário
na semana passada e, pelo que eu vi, diria que sou sortudo.
"Você normalmente não concorda tão facilmente, Uea", o Jade cerrou
seus olhos em mim com uma expressão confusa. Sua reação me fez sorrir.
Eu estava prestes a responder, quando alguém falou por trás.
"O Uea olhou o currículo dele. Ele com certeza vai devorá-lo sozinho."
"Cale a boca", olhei para trás e vi o King me encarando de volta. Ele
ergueu as sobrancelhas e me deu um sorrisinho astuto. Inspirei fundo e
tentei suprimir a minha irritação antes de olhar para a frente de novo. O
Jade riu seco, revirando os olhos antes de parar de olhar.
Com o King e eu sendo amigos do Jade do ensino infantil e da faculdade
respectivamente, o Jade frequentemente é pego entre ele e eu quando
discutimos. Nossas briguinhas sempre preocupam o Jade, mas não pode
fazer muita coisa sobre isso. O King e eu realmente não nos damos bem.
Ele nunca parou de me incomodar. Eu nunca gostei dele e isso ainda não
mudou.
Eu nunca realmente pensei que isso duraria por anos. Se ele não tivesse
deixado uma má impressão em mim quando nos conhecemos, então eu não
o acharia irritante como acho agora.
Foi durante o meu segundo ano na faculdade que o King e eu nos
conhecemos.
*
Eu tinha cerca de 19 anos quando peguei o meu namorado de um ano me
traindo com alguém da faculdade de contabilidade. Eu confiava nele e
dedicava o meu amor a ele mais do que a qualquer pessoa. Eu nunca esperei
que o motivo do nosso término seria por causa de traição. O meu coração
ficou tão partido que eu bebi até a dor passar.
Decidi ir ao bar sozinho. Eu lembro de como fui bebendo, copo atrás de
copo, me culpando por ser tão idiota e sem saber que estava sendo traído
por meses. Pessoas vinham e tentavam flertar, mas eu não estava no clima
para conversar com ninguém.
Em meio às luzes vertiginosas e música ensurdecedora, pude sentir
alguém me encarando de longe. Ignorei a sensação inicialmente, mas
continuaram a me olhar. Perdendo a minha paciência, me virei e olhei de
volta.
Quem estava me encarando era um homem de cerca da minha idade, bem
vestido e de muito boa aparência. Me ver virar para trás o fez sorrir, olhos
brilhando muito com uma dose de diversão. Imediatamente soube que ele
estava interessado em mim. Eu estava pronto para agarrar um copo e ir até
ele, só para esquecer a dor que eu estava sentindo.
Se não fosse pela linda mulher em seus braços.
Sentei e observei por um tempo. A mulher nos braços dele o cutucava
levemente com o cotovelo, o fazendo virar-se para ela. Seus corpos se
aproximaram até que eles começaram a se beijar. Soltei um grunhido.
Virando para o outro lado, não posso evitar sentir-me enjoado. Qualquer
interesse inicial rapidamente tornou-se desgosto. Por que as pessoas olham
e flertam com os outros quando já têm um parceiro? Que horrível!
Perdi todo o interesse em um instante e continuei a beber. Depois de um
tempo, comecei a sentir vontade de urinar, então levantei e fui ao banheiro.
Tropecei aqui e ali, mas consegui chegar ao banheiro e fazer o que
precisava fazer.
Eu estava prestes a voltar quando senti o mundo girando, a minha visão
começou a ficar embaçada. Bem quando eu estava prestes a cair no chão,
alguém pegou o meu braço e me apoiou.
"Tenha cuidado!", falou uma voz grave e rouca, que eu nunca havia
ouvido antes. Olhei para cima, para ver quem era. Percebendo que era o
homem de antes, não pude evitar franzir a testa.
"Obrigado", o agradeci. Não importa como me sinta sobre uma pessoa, é
rude não agradecê-las quando me ajudam.
Tentando o meu melhor para me afastar sem cair, senti o homem que era
alguns centímetros mais alto do que eu recusando-se a soltar. Em vez disso,
me segurou mais perto. Seus lábios curvaram-se em um sorriso perigoso e
sedutor.
"Consegue andar? Quer que eu lhe leve de volta?", me perguntou, mas
imediatamente me afastei. A minha visão ficando mais embaçada, mas pude
olhá-lo fixamente.
"NÃO, obrigado!", gritei antes de sair andando. Toda vontade de beber a
noite toda foi embora.
Devo beber até curar a dor por causa do meu maldito ex que me traiu.
Como eu consegui encontrar outro idiota paquerador que rapidamente me
deu dor de cabeça?!
Que engraçado.
Pensei que nunca o veria de novo, mas eu estava tão enganado. Dois
meses depois vi o Jade de pé com alguém no dormitório. Fiquei atordoado
quando percebi quem era. Ele era exatamente a mesma pessoa que conheci
no bar!
Jade nos apresentou e eu descobri que o nome dele é King, com quem ele
cresceu. Baseado na expressão do amigo do Jade quando ele me olhou,
pude dizer que ele também me reconheceu.
"É um prazer conhecê-lo", sorriu King, me dando o mesmo olhar e
expressão que me deu naquela noite. Como se estivesse tentando me
provocar.
Não consegui evitar desdenhar, antes de dar uma desculpa para poder
entrar no dormitório, deixando Jade e King para conversar. Tenho que
admitir que tenho preconceito contra o King por causa de como ele se
comportou naquela noite. Ele me lembra o meu pai, que tinha uma amante e
sempre brigava com a minha mãe. Eventualmente se divorciaram. E tem
também o meu ex.
Mas ele é só o amigo de um amigo. Ele não vai para a mesma
universidade que eu, então não devemos nos ver com frequência. Não
preciso lembrar de assuntos tão triviais, certo?
De novo, como eu estava enganado. Nunca realmente esperei que, depois
de me formar, o King e eu estaríamos trabalhando juntos sob a mesma
empresa.
Eu tentei entrar nesta empresa por causa da recomendação do Jade.
Contudo o Jade não me disse que o King também estaria trabalhando aqui.
Fiquei chocado de início. Eu tentei evitar qualquer tipo de contato, mas
parece que o King pensa diferente. Quanto mais eu recusava estar perto
dele, mais ele me incomodava e me provocava todo dia.
Pelo Jade, eu tento não levar as coisas para o coração, porque não quero
que ele carregue o fardo de seus dois melhores amigos não se darem bem.
Mas o King não cooperava nem um pouco. Ele acha que é entretenimento.
Quanto mais eu reajo, mais ele encontra formas para me irritar. Mas eu não
sou do tipo que fica quieto e deixa ele fazer o que quiser. Faz três anos que
eu trabalho aqui e a nossa relação sempre foi assim.
E será assim se ele não parar de me incomodar.
*
Eram 9 da manhã quando o gerente geral e o P'Bas trouxeram o novo
estagiário para se apresentar. Um garoto alto usando um uniforme de
faculdade se apresentou como Mai. Ele tem um sorriso educado e expressão
gentil, como se viesse de uma família nobre. O que mais me surpreendeu
foi que seu olhar nunca saiu da nossa direção.
Eu olhei o Jade que estava sentado ao meu lado, e então de volta para o
estagiário. A minha intuição é que foi o Jade que chamou a atenção do Mai.
"Tudo bem! Por favor, cuidem dele. Quem está responsável este ano?",
perguntou o gerente geral. Eu estava prestes a levantar a minha mão quando
alguém com uma voz grave e rouca falou.
"É a vez do Jade este ano."
Eu me virei e vi o King piscando para o Jade, que estava franzindo a
testa. Seus olhos afiados encontraram os meus, lábios curvando-se para
cima.
O que está acontecendo?
Já que o gerente geral ainda estava aqui, escolhi manter a minha boca
fechada. Vou só esperar eles irem embora antes de esclarecer as coisas.
Quanto mais observo o novato, mais percebo a forma que ele olhava para
o meu amigo. E parece que a minha intuição estava certa! Ele está
interessado no Jade. Hm...
"Espere um segundo. Eu não- Eu não sou o responsável este ano, na
verdade. O meu amigo estava só brincando. Na verdade-"
"Você! Lembra? Você geralmente fica com os novos estagiários, certo?",
sorri para o Jade que estava de boca aberta, aparentemente confuso com o
que está acontecendo.
Meu amigo é desatento e ingênuo, então frequentemente me preocupo
que alguém tire vantagem dele. Mas depois de pensar sobre, será melhor
que o Jade seja o mentor do Mai. Além disso, o Mai parece interessado no
Jade e o Jade está solteiro. De forma alguma deixarei esta oportunidade de
juntá-los passar. E também, não acho que o Mai seja uma má pessoa.
"Tudo bem, Jade! Agora você tem alguém trabalhando com você!", o
King encorajou a ideia, o que me fez franzir a testa. Pensando bem, o King
tem forçado desde que o gerente perguntou. Suspeito.
Ele está planejando algo?
Com o passar das horas, eu observei cada movimento do Mai. Percebi
que o Mai estava sempre procurando por qualquer forma para se aproximar
do Jade. Tornou-se mais claro quando ele se ofereceu para levar o Jade de
volta para o seu apartamento.
"O meu apartamento é em Lat Kabrang. Tenho um carro e vamos pelo
mesmo caminnho. Posso lhe levar e buscar, P'Jade."
"Ei, não se preocupe com isso. Não quero lhe incomodar."
"Não é nenhum incômodo. Como eu disse, vamos pelo mesmo caminho.
Deixe-me dirigir para você."
"Mas eu-"
"Você acha que a tarifa do trem é cara, certo? Só vá com ele para que
possa poupar dinheiro", sugeriu King. Jade estava hesitante, mas
eventualmente concordou.
Depois de dizer tchau para Jade e Mai, fui ao estacionamento. Na minha
frente está King, que estava indo na mesma direção. Quanto mais encaro
suas costas, mais ele se torna uma coisa desagradável.
Depois de conseguir alcançá-lo, perguntei sobre o que aconteceu mais
cedo.
"O que está fazendo?"
Ele estava destravando seu carro, que estava estacionado ao lado do meu.
Ele virou-se para olhar para mim e respondeu.
"Estou destravando o meu carro. Por quê?"
Viu? Que idiota!
"Quero dizer, por que disse ao gerente que o Jade era responsável pelo
Mai? Você até o encorajou a ir com o Mai para casa."
King sorriu e andou para perto de mim.
"Por quê? Gostou do novato? Está interessado no Mai?"
"O que pensa que está fazendo?", perguntei nervoso.
"Khun Anon, acalme-se. Você fica nervoso facilmente. Só relaxe."
"King!", murmurei mostrando a minha irritação, mas ele só riu, satisfeito
por ter conseguido me irritar.
"Uea, você fica tão fofo quando está chateado. E engraçado!", riu ele
dando um tapa no meu braço, que eu rapidamente tentei evitar, mas falhei.
Ele conseguiu me empurrar para trás antes de se aproximar mais, colocando
as mãos na porta do carro, enjaulando-me no meio.
"Não fique zangado.", sorriu enquanto se aproximava. "Tsk. Nem posso
me aproximar", comentou enquanto tentei afastá-lo. Mesmo que o
estacionamento seja pouco iluminado, não quero que alguém nos veja e
espalhe rumores estranhos.
"Saia da frente", falei friamente, mas ele não se moveu nem um pouco.
Em vez disso, aproximou-se até eu sentir a ponta do seu nariz tocar a minha
orelha.
"E o Mai? Eu vi que ele está interessado no nosso amigo. Eu só estava o
ajudando. Só isso.", sua voz grossa e abafada sussurrou. O que me pegou
foi o que ele disse em seguida.
"Mas não é o único motivo", pausou. "O Mai é um homem atraente. Não
o quero perto de você."
King inclinou a sua cabeça, seus lindos olhos escuros encontraram os
meus. Um brilho perigoso passou em seus olhos. Ele baixou a direção do
seu olhar e fixou nos meus lábios. Imediatamente apertei os meus lábios
quando as próximas palavras saíram da sua boca.
"Ou eu ficaria com ciúme."
Se qualquer outra pessoa estivesse nesta situação, garanto que se
apaixonaria imediatamente, seu rosto ficaria vermelho. Mas eu conheço este
cara por anos. Eu sei muito bem que ele só está fazendo isso para me
provocar.
"Idiota!", o empurrei e abri a porta do meu carro. King apenas riu.
Imediatamente liguei o meu carro e dirigi para fora do estacionamento.
Em meus anos estando com ele, sabemos tudo sobre a personalidade um
do outro. King tem lábia, um paquerador que sabe usar o seu charme. E ele
usa comigo porque sabe o quanto odeio homens que flertam demais.
Nunca acreditei em qualquer palavra que ele diz. O King não gosta de
mim. Na verdade, ele nunca realmente gostou de alguém.
Embora eu tenha tido muitos ex, eu os levava a sério. Por outro lado, o
King nunca realmente considerou namorar alguém a sério. Quando ele fica
entediado, vai embora. Nada diferente do meu ex.
Me senti apertando o volante com força quando vi o Honda Civic preto
atrás de mim no sinal vermelho. Não muito depois, o meu telefone tocou
indicando que uma nova mensagem havia chegado.
"O Khun Anon ficou com tanta vergonha que teve que sair dirigindo?"
Eu desliguei o meu telefone e encarei o carro próximo do meu. As
janelas são escuras, então não pude vê-lo dentro, mas sei que ele tinha um
sorriso malicioso espalhado em seu rosto agora.
É. Vai ser impossível ficar em paz com uma pessoa como ele.
De jeito nenhum.
Capítulo 2: A Coisa Chamada Fraqueza
Crescendo, sempre me senti sozinho.
No momento em que a minha mãe me tirou da casa do meu pai, ele ficou
tão feliz de se livrar do fardo que nem olhou na minha cara. Desde aquele
dia, não vejo o rosto dele e tenho certeza de que ele está muito alegre em
não ver a minha também.
Só tenho a minha mãe na vida. Não quero ser deixado por ela como o meu
pai fez.
E casaram. Logo depois, nos mudamos para uma casa de três andares no
subúrbio. De início, fiquei feliz pela minha mãe. Feliz que ela recuperou a
sua felicidade. Pensando que ela voltaria a ser boa para mim como
costumava ser. Como eu estava enganado.
"Um amigo? Um amigo que ficou segurando a sua mão por um tempão?
Acha que eu sou idiota?", a minha mãe não acreditou em mim e eu entendi
porque não parecíamos nada com amigos normais.
"Quem lhe ensinou a ser assim? Uea, você é um garoto! Há muitas garotas
no mundo, por que você iria com um garoto? Já pensou quão embaraçoso
seria para a sua mãe e o seu pai se outras pessoas o vissem agindo daquele
jeito com um garoto? Termine com ele imediatamente!"
Mãe não conseguia aceitar que o filho dela gostava de um cara. Desde
então, eu era repreendido todo dia, forçando-me a terminar com o rapaz.
Para um garoto rebelde de 14 anos, não importa o quão duro a minha mãe
tentasse me corrigir, resultava em nada. Ser gay não é uma escolha. Além
disso, não posso simplesmente restringir os meus sentimentos.
A coisa boa é que a minha mãe é menos cruel com sua nova filha agora. Ela
ainda se importa um pouco comigo, tendo me mandado para estudar, mas
não o suficiente para se importar sobre como eu me sinto. Pelo contrário, o
meu pai adotivo começou a se importar comigo. Quanto mais eu crescia,
mais o meu pai adotivo prestava atenção em mim todo dia.
Mas a atenção que ele estava me dando era além do normal.
Beep!
'Mãe'
"O que está fazendo? Por quê não está atendendo o telefone?"
"Vá para casa e mostre a cara. O seu pai me pergunta todo dia. Está ficando
irritante!"
Não pude evitar sorrir ironicamente antes de abrir o aplicativo do banco.
Depois de transferir o dinheiro, desliguei o meu telefone de novo. Coloquei
na mesa de centro e suspirei suavemente.
Desde a faculdade, sempre estive longe de casa. Mesmo depois que o
semestre acabava, me ocupei trabalhando de meio-período para ganhar
dinheiro e pagar o meu aluguel. Meu colega de quarto e amigo, Jade,
decidia ir para casa depois que o semestre acabava, mas eu não. Mesmo que
alguém me pedisse, eu nunca quis voltar para aquela tal "casa", jamais.
Mesmo que por algumas horas.
Moro sozinho no momento, mas posso dizer que é melhor do que morar
com algumas pessoas que me tratam como se eu não existisse.
Depois de suspirar, levantei-me lentamente do sofá, desabotoei a minha
camisa que havia usado o dia todo, peguei uma toalha de banho do armário
e me dirigi ao banheiro.
Fechei os meus olhos e deixei a água gelada do chuveiro lavar o meu
corpo da cabeça aos pés, silenciosamente esperando que pudesse lavar as
coisas que estavam me deixando exausto e pesando o meu coração.
Se fosse fácil assim...
Quando se trata da minha carreira, também não é tão especial. A empresa
para a qual trabalho é de tamanho médio. O pagamento não é alto, mas é o
bastante para eu pagar o aluguel mensal facilmente. Quanto à minha vida
amorosa, tenho sido azarento, embora tenha recebido um "presente" de um
dos meus ex.
Um dos meus ex, o filho de um famoso empresário, comprou-me um
carro enquanto estávamos juntos. Eu estava feliz descobrir que ele estava
me traindo com outras pessoas. Ele admitiu e, para amenizar a sua culpa,
me deu o carro completamente.
É a forma de aliviar a culpa de alguém, eu acho.
Para muitas pessoas que vão trabalhar, a coisa mais importante sobre ir
trabalhar todos os dias é ser capaz de chegar de casa para o trabalho no
horário, sem ter que fazer hora extra e desperdiçar o tempo de descanso,
que já é miserável. Mas às vezes, pelo senso de responsabilidade pelo meu
trabalho, como esta noite, vou ficar, já que o meu chefe planejou terminar
todo o trabalho antes de sair. Vou ficar hoje na pressa para finalizar um
diagrama promocional, para que os programadores possam atualizar a
página do software amanhã de manhã. De início, eu ia levar para casa e
fazer, mas quando vi o Jade sendo forçado pelo P'Bas a ficar e terminar o
trabalho não terminado do P'Mongkon, decidi mudar de ideia e ficar com
ele.
Normalmente, se eu tivesse que fazer hora extra, o Jade ficaria comigo
mesmo que não tivesse um trabalho à mão. Não importa o quanto estivesse
cansado, ele não ia querer ir para casa ainda. Talvez ele tenha medo de que
eu me sinta sozinho na minha própria companhia. Eu não me importava
muito, mas é bom ter alguém que se preocupe comigo.
"Mai, você vai ficar mesmo?", ouvi King perguntar. Ele também vai ficar
além do horário para consertar bugs no site da empresa.
"Sim", respondeu o novo estagiário do departamento com um sorriso
gentil.
A nossa empresa não tem uma política afirmando que estagiários que
fizerem hora extra serão pagos. Não acho que qualquer interno ficaria
voluntariamente sabendo disso. Acho que o Mai não realmente queria ficar
para fazer trabalho, mas para ficar com o meu amigo um pouco mais.
Entendo. Todos querem encontrar uma desculpa para se aproximar da
pessoa que gostam!
"Ótimo! Você sabe alguma coisa sobre escrever páginas web? Venha e
me ajude a consertar os bugs."
"Não, P'King. Sinto muito."
"Sente-se e trabalhe calmamente! Não atrapalhe o meu filho!", Jade
repreendeu King enquanto me mantive calado e continuava fazendo o meu
trabalho. Enquanto eu estava me concentrando no meu trabalho, fui
repentinamente interrompido por uma voz.
"Tenho boca, por que não posso falar? Quer que eu sente como um mudo
e não fale o dia todo, como o Uea? É difícil!"
"Fico quieto o dia todo e termino o meu trabalho, não sou como você que
nem entende o seu!", falei, dando-o um olhar frio. Quanto mais vi os
quantos da sua boca se mexerem provocativamente, mais irritado fiquei.
Antes que ele me irritasse mais, voltei e foquei no meu trabalho. Mesmo
que eu só sente em silêncio, ele vai encontrar uma forma para me irritar.
Então diga-me: como posso não odiá-lo?
Eram quase 19h30 quando senti os meus ombros ficando pesados e
doloridos. Jade havia acabado de vir olhar a tela do meu computador.
"Como está indo? Deixe-me ajudar!"
"O seu trabalho está terminado?", dei uma olhada na tela do computador,
que ele havia mudado para a área de trabalho.
Jade concordou e disse "Sim! E você? Está quase acabando?"
"Quase. Só mais um pouco. Não se preocupe comigo. Pode ir para casa
agora."
"Tem certeza?", vi o olhar hesitante no rosto dele ao olhar para a pessoa
atrás de mim. Eu sabia o que ele estava pensando.
Ele não queria me deixar sozinho com o King. Provavelmente estava
preocupado que acabássemos tendo uma briga no escritório.
"Vá para casa, para que Mai possa descansar. Tenho que terminar em
meia hora", disse. Jade respirou fundo antes de virar-se para limpar as
coisas na sua mesa.
"Tudo bem, então. Lhe vejo amanhã! Espero que consigam terminar o
trabalho rapidamente e ir para casa", Jade olhou para mim depois de dizer
isso e então para a pessoa sentada atrás de mim. Depois de acenar um tchau
para o King e eu, o Mai seguiu o meu amigo e foi embora.
Depois que os dois saíram, o departamento foi envelopado pelo silêncio.
Este silêncio, no entanto, não durou muito.
"Então... todo mundo foi embora. Somos só você e eu agora", a voz do
King quebrou o silêncio naquele momento, mas eu só o ignorei.
"Uea". Não. Não vou prestar atenção.
"Khun Anon!"
"Ei! Vai me ignorar? Que arrogante!"
A pessoa sentada atrás de mim ainda estava falando e eu o deixei, porque
eu sabia que se eu virasse e respondesse, o meu trabalho não seria
terminado. O King me chamou mais umas 2 ou 3 vezes, mas depois de ver
que eu realmente não dei a atenção que ele queria de mim, ele manteve a
boca fechada e fez o seu próprio trabalho.
Os únicos sons da sala eram de cliques no mouse e digitação no teclado,
ecoando pelo escritório vazio e silencioso. Quando o relógio pendurado na
parede marcou 20h, dei um suspiro de alívio, pressionei o botão de salvar e
enviei o arquivo para o colega responsável pela programação.
"Terminou?", o único programador da sala perguntou depois que enviei o
arquivo. Levantei do meu assento e desliguei o computador.
"Viu o e-mail, por que pergunta?"
"Vai para casa agora? O meu trabalho ainda não acabou, fique comigo
por um tempo!", eu estava colocando as minhas coisas na bolsa quando o
King veio e agarrou o meu pulso.
"Mas o meu trabalho acabou. Solte-me", disse e empurrei sua mão.
"Espere, você não gosta mesmo de ficar perto de mim?", perguntou ele
depois de ver a minha expressão irritada.
Não gosto muito quando pessoas me tocam, a menos que seja o meu
namorado ou pessoas em quem confio, como o Jade.
"King", cerrei os meus olhos e encarei o homem que tentava agarrar o
meu braço de novo.
"O quê?", King não se importava nem um pouco com a minha irritação.
E quanto mais ele via a minha expressão de impaciência, mais ele me
provocava. Eu o senti apertar mais sua mão em mim, enquanto me puxava
para perto.
"Solte".
"Por quê? Está com medo de se apaixonar por mim se ficarmos mais
perto?", King inclinou a cabeça. Tão perto que senti seu hálito quente de
menta atingir o meu rosto. "Quanto mais próximos ficamos, mais não pode
evitar sentir algo por mim. Não é isso, Khun Anon?"
"Na verdade, você está certo. Nunca me senti assim por mais ninguém.
Só você faz com que eu me sinta assim", encarei diretamente os seus olhos
e me inclinei até que os nossos rostos estivessem a apenas centímetros de
distância.
"'Sinta assim' como?"
"Sinta irritado! Puto!", afirmei antes de balançar os meus braços para
fora do aperto dele. Depois de me libertar, continuei a limpar as coisas na
mesa. Desta vez, houve uma risada entretida atrás de mim. O ignorando,
peguei as minhas coisas e estava prestes a ir para casa, mas...
Clique!
As luzes do teto apagaram. O som do ar condicionado operando parou de
repente. O escritório até então iluminado, tornou-se breu. Então, apenas
silêncio.
"Porra! Queda de energia a esta hora?", berrou o King em voz grave.
Percebendo a situação em que eu estava, a minha garganta começou a
secar e senti o meu coração batendo mais rápido. Havia quedas de energia
ocasionais neste edifício, então a empresa geralmente tinha eletricidade
reserva. Mas nesta manhã, ouvi alguém dizer que a fonte de alimentação
alternativa estava tendo alguns problemas, e deveria ser consertada amanhã.
Mas por que teve que acontecer hoje?!
Suor frio começou a aparecer nas minhas palmas e testa. Minha
respiração ficou pesada e senti vontade de vomitar. Algumas memórias
dolorosas piscavam na minha mente como uma inundação, causando tremor
involuntário nas minhas mãos.
"Merda. Não tem nenhum fantasma no escritório, né? Uea, vai mesmo
me deixar aqui sozinho e ir para casa?", ignorando o King, foquei em me
acalmar e evitar que o meu corpo tremesse.
"Uea?", vendo que não respondi, sua voz grossa chamou por mim de
novo. Ainda não respondi. Estava escuro, mas senti que ele se moveu de
onde estava e aproximou-se de mim devagar. Enquanto ele andava para
perto, a luz fraca do seu computador iluminava um pouco a sala.
Eu o empurrei há uns minutos, mas agora estou andando para ele. Não,
para a luz atrás dele.
"Uea! Fale comigo", chamou King. Senti suas mãos quente envolvendo
as minhas. Foi aí que eu soltei o fôlego que não sabia que estava segurando.
Inconscientemente apertei a mão dele de volta, tentando amenizar o medo
no meu peito. A sala não está tão escura a ponto de não conseguir ver nada,
ainda tem uma luz difusa.
Certo, não está tão escuro, Uea. Você está bem. Você está com alguém
agora. Você está bem. Não é como quan-
Clique!
As luzes da sala voltaram e o ar condicionado trabalhava de novo.
Pisquei os meus olhos lentamente para ajustar à luz repentina. Soltei um
suspiro de alívio. Finalmente acabou. E nada aconteceu.
"Uea, você está bem? Está tão pálido!", a voz preocupada do King tocou
os meus ouvidos. Seus olhos fortes me encaravam com preocupação. Baixei
o meu olhar ao chão antes de puxar a minha mão.
"Estou bem".
"Eu disse para falar comigo, mas você segurou a minha mão de repente.
Achei que você ia desmaiar de medo de fantasmas", sua voz provocativa
voltou, fazendo-me encará-lo. King apenas sorriu antes de colocar o seu
braço sobre os meus ombros.
"Não quer mesmo ficar comigo um tempinho? Você viu a queda de
energia de agora há pouco. E se tiverem fantasmas de verdade aqui e faltar
energia de novo mais tarde? Não vai sentir culpa deixando-me aqui
sozinho?", ele fez bico, me olhando com olhar de cachorrinho. Não pude
evitar revirar os olhos.
"Por que me sentiria culpado? Você não é igual a eles?"
"O qu- Eu não sou um fantasma!"
"Claro".
"Ei!"
"Tchau", imediatamente andei para fora do escritório sem nem olhar para
ele. A gargalhada estrondosa do King foi ouvida ao longe.
Esfreguei o meu braço em irritação. Em menos de 10 minutos, fui tocado
por ele sabe Deus quantas vezes. Ugh!
Preocupado que a energia caísse novamente, decidi descer o lance de
escadas que levava até o estacionamento, em vez de usar o elevador.
Assim que cheguei em casa, imediatamente tirei as minhas roupas de
trabalho e tomei um banho, esperando aliviar o estresse e exaustão de
trabalhar o dia todo.
Depois de vestir o meu pijama, fui ao quarto e sentei na cama, quando o
meu telefone tocou. Peguei para ver quem estava ligando. Desta vez não era
a minha mãe, mas o meu ex-namorado P'Pok. Foi ele com quem terminei há
alguns meses e, até agora, ele tem me implorado para voltar com ele.
Esta não é a primeira vez em que fico nesta situação. Alguns dos meus ex
de repente voltam a ter juízo depois que os pego traindo. Dizem que não
podem me perder e me imploram para voltar para eles. Mas sou o tipo de
pessoa que, quando magoado, lembro pelo resto da vida. Depois de ser
machucado uma vez, recuso-me a voltar para a mesma pessoa. Não dou
outra chance para me engarem de novo.
Alguém uma vez me lembrou que amor homossexual é frágil. Muitos
caras acham que estar com um homem é super divertido e querem tentar
uma vez na vida. Mas haja o que houver, eventualmente vão mudar de ideia
e namorar uma mulher, formar uma família com ela e nos esquecer
completamente.
É muito difícil encontrar alguém que nos trate sinceramente. Não acho
que tem algo a ver com gênero. Mesmo que não seja um amor do mesmo
sexo, haverá problemas de corações deslizando e mudando. De fato, o
maior problema é que essas pessoas não sabem ficar contentes. Ainda há
muitas pessoas boas neste mundo, mas eu não tenho sorte, porque depois de
todos esses anos, nunca encontrei 'o certo'.
Coloco meu coração e alma em cada relacionamento, toda vez, mas cada
vez só volta tristeza e decepção. Na verdade, já estou ficando cansado. Uma
vez me consolei em frustração e disse que talvez eu estivesse destinado a
morrer sozinho desde início, ou pelo menos pelo resto da minha vida. Mas
no fundo, eu sei que ainda desejo ter alguém ao meu lado o tempo todo.
O relógio eletrônico na mesa de cabeceira dizia que já passava das 21h.
Antes de desligar as luzes para me preparar para a cama, me certifiquei de
ligar a lâmpada da mesma mesa. Sua luz suave e quente evita que o quarto
seja completamente engolido pela escuridão. É uma rotina que eu sempre
faço à noite para me ajudar a dormir pacificamente, sem me preocupar
com... certas coisas.
Puxando o lençol para o meu peito, deitei na cama macia. Rodeado por
lençóis quentes e luz suave no quarto, senti o meu corpo relaxar. Quando eu
estava na faculdade, Jade costumava rir de mim porque eu tinha que ligar a
luz toda noite antes de dormir. Que eu tinha medo do escuro. Eu não dizia
nada porque não queria admitir.
Não percebi que, não importa quantos anos tenham passado, a escuridão
ainda me assusta...
Não percebi até hoje que o que aconteceu no passado ainda me assombra.
Capítulo 3: Fora de Controle
Atenção: aviso de possível gatilho ao final do capítulo (SPOILER: relação
sob efeito de álcool).
Se eu fosse escrever o meu dia de trabalho ideal, diria que deve começar
comigo acordando assim que o alarme toca, sem me sentir cansado e
querendo voltar a dormir. Então ir ao trabalho sem ficar preso no trânsito, e
comprar o meu café matinal sem ter que esperar na fila.
E não ver o rosto travesso de um certo alguém de manhã cedo.
"Bom dia!", uma voz rouca me cumprimentou assim que eu entrei no
edifício. King, que estava usando uma camisa azul e calça cinza escuro,
seguiu-me e entrou no prédio também.
Dei um clique com a língua e apressei o meu passo para evitar esta
pessoa. Há tantos funcionários neste edifício, por que é sempre ele quem eu
tenho que ver primeiro? Que sorte.
"Por que está com pressa? Está me evitando?", perguntou King antes de
me alcançar. Seu olhar penetrante me disse que ele estava de bom humor.
Neste momento, vários empregados estavam esperando na frente do
elevador. Fiquei atrás deles e encarei atentamente o número do andar na tela
do elevador, ignorando a pessoa de pé ao meu lado.
"Fiz uma pergunta e não recebi resposta alguma. Que adorável!"
"Cale a boa. É cedo pela manhã", resmunguei, dando um olhar irritado.
"O quê? Estou apenas cumprimentando o meu amigo, como sempre",
King deu de ombros antes de colocar o seu cotovelo no meu ombro. Ele
inclinou-se sussurrou "Além disso, já passamos a noite juntos antes. Como
eu poderia não lhe dizer oi?"
Suas palavras foram tão ambíguas que eu tive que me virar.
"Quando eu passei a noite com você?", ergui minhas sobrancelhas para
ele.
"Semana passada, lembra? Quando a queda de energia aconteceu durante
a nossa hora extra na semana passada!", ergueu suas sobrancelhas, com os
cantos da sua boca curvando-se. "Por quê? Está pensando em outra coisa?"
"Não. Por que pensaria?"
"Sim, sim. Claro."
Vendo-me encará-lo intensamente, King sorriu e inclinou-se para mais
perto.
"O que está pensando, Khun Anon? Gostaria de passar outra noite
comigo?", me provocou.
"Só de pensar nisso me faz querer lhe dar um soco", disse antes de
empurrar o seu cotovelo para longe do meu ombro.
"Oh, Uea. Você é tão mau!", fingiu estar magoado, mas eu não me
importei. Aos meus olhos, o King é só o amigo de um amigo. E só porque
nós dois somos amigos do Jade, não significa que temos que ser amigos.
Ele e eu somos apenas colegas de trabalho da mesma empresa. Só isso.
Para ser honesto, se você ignorar sua natureza paqueradora, o King é uma
boa pessoa. Ele é responsável quando se trata do seu trabalho, muito mente
aberta e disposto a ajudar os outros. Mas eu ainda não quero estar envolvido
com ele. Mesmo que ele não seja tão perigoso quanto parece por fora...
"A propósito, naquela noite... você-"
"Uh...", uma doce voz vindo de trás dele o cortou. Virei e vi uma linda
mulher de saia curta atrás dele, bochechas rosadas com blush forte rosa.
Tão forte que parecia que ela havia acabado de ser estapeada por alguém.
"Bom dia, P'King. Bom dia, P'Uea", cumprimentou, com palmas
pressionadas uma contra a outra. Ela é uma dos novos funcionários, mas
não consigo lembrar o seu nome.
"Bom dia, N'Min!", a pessoa ao meu lado a cumprimentou por mim e,
assim que ouvi o seu nome, lembrei que era uma colega do departamento de
contabilidade.
"Acabou de chegar?", perguntou King gentilmente.
"Não, tenho estado aqui por um tempo. Só desci para comprar um copo
de café", respondeu, olhando para a pessoa ao meu lado com um rosto
corado e expressão tímida. Baseado em como ela age, acho que ela pensa
no King como uma pessoa atraente e tem uma queda por ele. Nada diferente
de outras funcionárias da empresa. Não é de admirar já que muitas pessoas
parecem ficar deslumbradas com a beleza do King.
"Pedi que P'Jade lhe levasse brownies na semana passada. Você os
comeu, P'King?", perguntou ela ao King, olhando esperançosamente.
Depois de ouvir a resposta do homem ao meu lado, os meus olhos quase
rolaram para a parte de trás da cabeça.
"Sim! Estava bom!", assentiu, a dando um sorriso gentil.
"Obrigada! Se gostou, vou fazer outro na próxima!", seus olhos se
iluminaram quando ouviu sua resposta.
"Ah, não se preocupe! Não quero incomodá-la!", King acenou com as
mãos, ainda mantendo o sorriso estampado em seu rosto.
Ainda lembro dele reclamando que estava doce demais, mesmo só tendo
dado 2 ou 3 mordidas, antes de dar o resto para o Jade comer. Mas ele não
disse não diretamente quando a júnior disse que faria para ele de novo.
Soube que [namorar] pessoas da empresa está fora de cogitação para ele
também, mas suas atitudes sempre que alguém flerta com ele dizem o
contrário. Que hipócrita.
"Ei, Uea! O elevador está aqui. Para onde está indo?", ignorando sua
pergunta, me virei e fui em direção à cafeteria.
Não tenho energia para escutar sua conversa de flertes com os outros. E
por alguma razão, estou irritado.
Dez minutos depois, voltei e parei na frente do elevador. Lá, vi o homem
que deixei mais cedo. Ele deveria estar no escritório há minutos. Me vendo,
King andou até mim e colocou seu braço ao redor do meu ombro.
"Solte-me", tentei me livrar do seu toque com nojo em meu rosto. Ele só
riu de mim.
E apenas com a chegada do elevador, ele me soltou. Assim que as portas
do elevador abriram, rapidamente entrei para não impedir outras pessoas de
entrarem. King seguiu e parou na minha frente, com suas costas viradas
para mim. Depois disso, ele começou a andar lentamente para trás, até que
senti as minhas costas tocarem a parede.
Não havia muitas pessoas no elevador, então não havia necessidade de
ficar assim. Só havia um motivo para ele fazer isto: está deliberadamente
me provocando de novo!
Tentei empurrar suas costas para longe de mim, mas ele não se mexia.
Em vez disso, ele se inclinava mais, até que fiquei preso entre ele e a
parede.
Fiquei o acotovelando e empurrando para ter o meu espaço e ele retribuía
só para me provocar. Isso continuou até que finalmente chegamos no andar
onde o nosso escritório é localizado. Assim que saímos do elevador, o
empurrei para fora do caminho e o encarei. Um sorriso animado estava
estampado na cara dele, claramente entretido pelo que aconteceu.
Batendo o ponto, ouvi quando o King estava cumprimentando os outros
funcionários. A coisa mais parecida entre ele e Jade é que ele também é
muito gentil às outras pessoas e se dá bem com elas facilmente. Quanto a
mim, exceto pelos meus colegas do departamento de TI, raramente falo com
colegas de outros departamentos. Sempre que veem a minha expressão de
indiferença, as pessoas tendem a ficar intimidadas ou pensar que não sou
amigável. Bom para mim, eu acho. Afinal, quanto mais pessoas conhece,
mais problemático fica.
Andando até a minha mesa, identifiquei um copo de suco em cima da
minha mesa. É provavelmente de alguém que estava tentando se aproximar
de mim. Empurrei o copo para o lado, liguei o computador e comecei a
trabalhar. O relógio na parede indicava que era quase hora do trabalho,
então fiquei surpreso quando olhei a mesa do Jade e ele não estava lá.
Geralmente Jade chega na empresa cerca do mesmo horário que eu.
Depois de ter começado a ir para o trabalho com o Mai, costumeiramente
chegava mais cedo. Mas hoje é diferente. Ele não está se sentindo bem
hoje? Bem quando eu estava prestes a ligar para o meu melhor amigo, Jade
entrou no departamento com seu cabelo bagunçado, sobrancelhas sulcadas e
lábios para baixo.
"Ei, Jade! Não está atrasado hoje? Onde está o novato?", King o
provocou.
"O trem quebrou hoje!", Jade resmungou enquanto colocava a sua
mochila na mesa. Vi que o meu amigo tinha suor na testa, então dei o copo
de suco na minha mesa para matar a sua sede. Jade pegou e tomou um gole,
constantemente puxando o colarinho de sua camisa para dissipar o calor.
"Jade, onde está o estagiário? Por que não está com você?", a chefe
sênior de Suporte para TI, Faai, perguntou enquanto olhavam na direção da
porta.
"Ele voltou para a universidade esta manhã, srta. [N/T: possível
inconsistência no pronome de tratamento. Referem-se como "srta", mas
usaram ele/dele para falar sobre essa pessoa.] Faai. Ele voltará às 13h."
"Tudo bem! Pensei que N'Mai estivesse de licença médica, caso contrário
o jantar desta noite com ele estaria cancelado", exclamou Faai. Depois de
ouvir o que disse, olhei o calendário na mesa e percebi que era a sexta-feira
antes do fim do mês.
É nossa tradição que, sempre que um estagiário junta-se ao
departamento, façamos uma festa de boas-vindas. Quando é hora do
estagiário ir embora, fazemos uma festa de despedida também. A maioria
de nós escolhe a sexta-feira porque não temos que nos preocupar em
acordar cedo no dia seguinte para trabalhar. E também para curtir ao
máximo e nos divertirmos a noite toda. Quanto à localização, geralmente é
no restaurante de sempre não longe daqui.
O departamento acredita no lema "trabalhe duro, divirta-se muito".
Basicamente, sempre que as pessoas do departamento inteiro saíam para
comer e beber, se divertiam muito e iam com tudo, especialmente quando se
tratava de comidas e bebidas alcoólicas. Além disso, não temos saído assim
em meses! Tenho certeza que o pagamento deste mês vai acabar nesta festa.
Eram cerca de 13h quando Mai, o personagem principal da festa desta
noite, entrou no departamento e cumprimentou todos com um sorriso gentil.
Suas mãos estavam segurando algumas caixas de donuts. Pude claramente
ver os olhos do Jade se iluminarem instantaneamente, olhando intensamente
para a comida que o Mai estava segurando. Jade ama muito essa marca de
donuts e o Mai os comprou para todos comermos!
É uma coincidência ou o Mai sabe que o meu melhor amigo gosta de
comer, então comprou?
"Lembro, P'Jade, que você gosta. Coma mais, tudo bem?!", não pude
evitar sorrir quando o ouvi dizer isso. Então ele comprou para o Jade, mas
incluiu todo o departamento para não deixar o seu interesse óbvio.
Os outros colegas levantaram-se e foram experimentar os donuts, mas eu
estava tão ocupado com o trabalho que não tive tempo de ir até lá pegar.
Alguém com uma mão pálida e clara colocou um prato com um donut e um
pequeno garfo na minha mesa. Olhei para cima e vi o Mai na minha frente
com um sorriso em seu rosto.
"Coma um pouco também, P'Uea."
"Obrigado", respondi, antes de pegar o garfo e dar uma mordida. Olhei
novamente para cima e vi o Mai andando de volta para o Jade, que estava
com a boca cheia.
Isso não é considerado suborno? Esse garoto sabe como jogar!
*
Hoje é a última sexta-feira do mês e o dia em que o nosso salário é pago.
A minha carga de trabalho hoje não está tão pesada. Este deveria ter sido
outro bom dia de trabalho, se não fosse pelas mensagens surgindo no Line a
cada cinco minutos.
"Por que não está respondendo as minhas mensagens?"
"Uea, por favor, atende o telefone?"
"Podemos conversar?"
"Uea, sinto muito! Por favor, pode me dar outra chance?"
"Uea! Responde, por favor!"
Suspirando alto, peguei o meu telefone, abri o Line e silenciei o meu ex-
namorado com irritação.
Este meu ex-namorado é o filho de um político famoso. O conheci no
casamento de um sênior que conheci há alguns meses. P'Pok veio até mim e
pediu o meu número. Ele foi muito mais educado na época, então dei meu
número de boa vontade. Depois de dois meses de conversa, ele de repente
confessou para mim que queria ser o meu namorado. Ele ainda era bem
comportado quando começamos a namorar, mas em apenas dois meses, o
peguei transando com uma modelo e terminei com ele imediatamente.
De início, parecia que ele não havia levado o término a sério, achando
que eu voltaria para ele mais cedo ou mais tarde. Duas semanas depois,
percebendo que eu tinha terminado com ele de verdade, de repente veio até
mim implorou para que voltássemos. Quando recusei, ele começou a me
irritar ligando todas as manhãs e tardes.
Bloqueei seu número e sua conta no Line, então ele começou a me
assediar através das redes sociais. E dos meus amigos! Ele até forçou os
meus amigos a me dizerem para desbloqueá-lo imediatamente. Eu
realmente não queria ver os meus amigos serem assediados sem motivo,
então não tive escolha senão desbloqueá-lo e sofrer. Felizmente, nunca o
levei para o meu apartamento quando estávamos namorando, senão eu teria
sido perseguido, com certeza.
Suspeito que ele tenha levado um pé na bunda pelo seu novo caso, por
isso está me incomodando de novo.
Continuei a me concentrar no meu trabalho até que fosse hora de ir
embora. Comecei a guardar as coisas e fui ao restaurante onde a festa de
boas-vindas seria esta noite. Também havia três colegas do mesmo
departamento indo comigo.
Quando cheguei, sentei no lado e fiquei no meu telefone enquanto os
outros pediam a comida. Abri o Line e vi que o número de mensagens não
lidas ao lado do P'Pok continuava a crescer. Continuei descendo até que o
contato da minha mãe chamou a minha atenção. O meu humor azedou
imediatamente assim que li suas mensagens.
"Você foi pago hoje? Que tal dar um pouco para a sua mãe?"
"Donkao disse que quer fazer artes."
"Ajude-nos com a mensalidade. São apenas 3.000 baht*." [N/T: cerca de
R$ 438,30 na cotação de 04/08/2022]
De novo?
Não pude evitar apertar o meu celular com raiva. Como irmão mais
velho, não tenho nenhum preconceito contra minha meia-irmã. Donkao é
alegre, uma criança doce e aluna com boa educação [doméstica]. O que eu
não entendo é por que a minha mãe sempre me pede para pagar sua
mensalidade ou outros gastos. Não tenho vínculo com aquele seu lado da
família. Eu só ganho uma pequena quantidade e ainda tenho que dá-los
dinheiro quase todo mês, quando deveria ser o pagamento do meu aluguel.
"Por que não disse ao tio Sorn? Por que tenho que pagar?"
"Sabe quanto custam as taxas escolares da Donkao por um semestre?
Acha que é barato, não é? São necessárias mais taxas para entrar na
universidade! O seu pai trabalhou duro para cobrir a maior parte das
despesas, mas não consegue. Pode ajudar um pouco os seus pais? É o
mínimo que você pode fazer e nem faz."
Desdenhei da sua resposta. Para ser honesto, 3.000 baht não é grande
coisa. Com certeza posso pagar pela mensalidade da minha meia-irmã. O
que me chateia é o fato de que eu nunca tive esse tipo de atenção da minha
mãe.
Donkao tem sorte de ser apoiada pela sua mãe. E ela nem é a mãe dela de
verdade. A minha mãe dá tudo que ela quer. Mas quando era eu, a minha
mãe nunca se importava com o que eu queria fazer. Eu também gostava de
desenhar e queria estudar artes, mas a minha mãe me forçou a estudar
matérias como matemática e ciências.
Depois que terminei o terceiro ano, pedi para entrar na universidade que
eu queria. Queria estudar artes para entrar na universidade de arquitetura. A
minha mãe foi muito contra na época, dizendo que era um desperdício de
dinheiro. Mas agora a minha mãe está enviando a minha meia-irmã, que
nem é sua filha biológica, para a escola para estudar.
Ela disse que era um desperdício de dinheiro para gastar comigo, mas é
uma despesa necessária para gastar com a minha meia-irmã. Realmente sou
só um parasita na vida da minha mãe.
Desligando o meu telefone, peguei a cerveja que estava servida na minha
frente e bebi tudo de uma vez.
"Uau! Vai devagar. Você não comeu ainda", Jade agarrou o meu pulso
quando me viu derramando outra garrafa de cerveja no copo.
"Eu queria beber."
"A sua barriga ainda está vazia! Se beber mais, vai ficar bêbado logo!
Não-"
"Deixe ele em paz, senão ele vai encarar você", King, que estava sentado
próximo a Jade e Mai, falou. Eu virei em sua direção e o encarei. "Veja! Eu
falei! Nem fiz nada".
"Cale a boca", murmurei em irritação, terminando a cerveja na minha
mão de uma vez antes de colocar mais uma. Jade suspirou impotente e,
depois de soltar o meu punho, virou-se para King.
"Tudo bem. Mas você! Vai beber muito esta noite?"
"Por que a pergunta? Está com medo de ter que me arrastar para casa
como antes?"
"Claro! Você estava extremamente bêbado daquela vez. E se eu tivesse te
deixado dirigir naquela noite e matasse alguém acidentalmente?"
"Tudo bem. Não vou beber muito hoje. Vou deixar para a próxima vez",
disse o King balançando as sobrancelhas. Nem tive que perguntar o que ele
quis dizer com "próxima vez". Provavelmente vai ao próximo bar encontrar
outra pessoa para dividir a cama.
Não prestei mais atenção à conversa entre Jade e King, e continuei
bebendo copo após copo em silêncio, cercado pelo barulho dos colegas ao
meu redor. Depois que todos beberam mais alguns copos, o clima da festa
ficou gradualmente mais animado. O Mai foi forçado a cantar por um
grande grupo de sêniores (Jade sendo o líder). Ouvindo o Mai cantar, virei-
me e dei uma olhada no meu amigo.
Ele cantou "Don't Tell You" da Bedroom Audio. Ouvindo a letra, ele
rapidamente descobriu para quem o Mai estava cantando.
"Quem disse que você não sabe cantar? Mentiroso!", Jade tomou a
oportunidade para provocá-lo enquanto esperava o júnior alto voltar da
cantoria. Mai sorriu brilhantemente e perguntou ao Jade com olhos vivos.
"Você gostou?"
"Amei! Me fez querer chorar, certo, Uea? O Mai canta muito bem,
certo?", perguntou Jade enquanto cutucava o meu braço com o cotovelo.
"Soa bem", simplesmente concordei. Ai'Jade pareceu estar muito
satisfeito com o meu elogio ao Mai. Eu sei que Jade é muito próximo do
Mai. Este garoto é inteligente e capaz de fazer as coisas, mas o Jade ainda
não parece saber que o Mai nunca o tratou como um simples sênior.
O Jade é muito lento, ás vezes...
Neste momento, a animação da festa alcançou o nível mais alto. A sala
inteira estava cheia de cantoria e risos felizes. Nem P'Bas ou Faai sabiam
por quanto tempo se levantaram e dançaram. Jade gritava "Saúde!" vez ou
outra. Em meio a gritos bêbados e vozes cantantes de pessoas
desconhecidas, todos se divertiam muito, mas eu era o único deprimido
sentado num canto, sem estar no clima para participar.
Líquido de cor âmbar descia pela minha garganta, copo após copo. Não
entendo por que a minha vida é tão insuportável. Não tenho o amor da
minha família desde criança. Costumava procurar alguém que me amasse
quando eu crescesse, pessoas que também levassem cada relacionamento a
sério. Desejo amor, uma relação estável, pelo cuidado sincero de alguém,
mas toda vez há apenas decepção. Parece que não posso ter felicidade na
minha vida, como em uma maldição.
O mundo é cruel demais.
"O que está doendo tanto para beber, Khun Anon? Teve o coração partido
de novo?", a voz familiar do King de repente tocou na sala cheia de cantos.
Seus olhos afiados pularam Mai, que estava sentado entre nós e encontrou o
meu olhar.
"Só esta noite."
"Han?"
"Só esta noite. Por favor, não me incomode, ok?", virei o meu rosto e
bebi a garrafa de cerveja de novo. O King apenas deu de ombros ao ver
isso, ignorou-me e virou-se para falar com o Mai. Não ouvi o que estavam
conversando. Só ouvi alguns pedaços. Agora estou cansado demais para me
importar com qualquer coisa.
A minha cabeça ficou grogue e tonta com o álcool. Comparado ao Jade
que pode beber muito álcool sem ficar bêbado, sou fraco para bebida. Não
acho que posso beber mais. Raramente bebo tanto, esta noite há muitas
coisas incomodando... P'Pok, minha família... Além de me embebedar com
álcool, não sei o que mais fazer para esquecer essas preocupações
temporariamente.
Depois de beber toda a cerveja na minha frente, fixei os meus olhos no
vinho tinto não muito distante, e o bebi taça após taça, como se não pudesse
parar. Não tinha a intenção de parar.
"Acho que você bebeu demais", soou uma voz grave. O King tinha
sentado ao meu lado de alguma forma e tomou a taça de vinho da minha
mão.
"Me deixe em paz!", levantei a minha cabeça e, depois de tomar a taça de
volta, tomei tudo de uma vez. Ainda o ouço reclamar constantemente em
minha confusão, mas a minha consciência não consegue mais se concentrar
em ouvir seus absurdos.
No barulho alto ao meu redor, as coisas à minha frente começam a ficar
embaçadas e as minhas pálpebras não conseguiram aguentar, e fecharam-se.
Vagamente ouvi a voz do Jade martelando em meus ouvidos, ouvi alguém
mencionar a palavra "táxi" e senti alguém forçando-me a levantar. Neste
momento, a ponta do meu nariz sentiu o cheiro de menta misturado ao
álcool. Este cheiro era muito familiar. Subconscientemente relaxei o meu
corpo e não resisti ao toque desta pessoa. Depois disso, perdi a consciência
e quando a recuperei, tive ajuda para sair do carro.
Só senti que o mundo estava girando e que eu estava bêbado. Tentei abrir
os olhos para ver quem era a pessoa na minha frente, mas naquele
momento, os meus olhos estavam anormalmente pesados e levou algum
tempo para conseguir abrir só uma pequena fenda. Neste momento,
vagamente me vi de pé de frente a uma porta, houve o som de um cartão
destrancando a porta e então eu fui levado a um cômodo escurecido.
"Quem...?", perguntei à pessoa em uma voz rouca. Por causa do ambiente
quieto ao meu redor, a minha consciência lentamente ficou esclarecida.
"Está acordado? Você estava bêbado como cachorro morto!", soou uma
voz grave e familiar, respondendo a minha pergunta de agora há pouco. Eu
sabia que devia conhecer o dono desta voz, mas a minha consciência
confusa ainda não conseguia funcionar, então não pude lembrar quem era
esta pessoa por um tempo.
Depois de ser levado para um quarto com pouca luz, as batidas do meu
coração aceleraram violentamente por entrar no ambiente escuro. O medo
no meu coração me fez agarrar a camisa da pessoa que estava perto de mim
como se eu estivesse me afogando.
"Durma aqui no quarto e eu vou dormir na sala. Ah, porra, estou tonto", a
voz grave do homem continuava a ser ouvida e o homem estava tentando
puxar a minha mão para longe da sua camisa.
"Uea, solte."
"Aonde... vai?", perguntei em uma voz bêbada e trêmula. O som do ar
condicionado pode ser ouvido, mas está tão escuro que não dá nem para ver.
"Eu vou dormir, vá dormir também!"
Depois de conseguir empurrar a minha mão, ele me empurrou até que o
meu calcanhar tocasse a lateral da cama. Me deitou na cama e uma tontura
correu por sua cabeça. Ao mesmo tempo, puxei esta pessoa para cima da
cama com toda a minha força.
Ele cobria o meu corpo completamente e o peso dele pressionava o meu
corpo. Então, ouvi um leve xingamento no meu ouvido e a outra pessoa
levantar-se do meu corpo. Comecei a entrar em pânico e agarrei o corpo
dele com mais força, com medo de ser deixado sozinho.
"N-Não! Por favor... Por favor, nã- por favor, não!", murmurei, com o
medo levando o meu corpo a tremer constantemente. Quanto menos ouvia
uma resposta da outra pessoa, mais tenso os meus braços ficavam ao redor
do seu corpo, agarrando tudo que eu conseguia segurar.
"Não vá... estou com medo..."
"Uea, pare!"
Por um momento fiquei assustado por seu tom feroz. Eu ainda estava
imerso no medo do abandono. Não ousei mais colocar os meus braços ao
redor do seu pescoço e só chorava nervosamente sob ele.
Mais uma vez, sentia-me abandonado no escuro, não quero ser deixado
para trás como antes...
"Me... me abraça", sussurrei suavemente, a reação instintiva do meu
corpo foi curvar-se em direção ao corpo quente.
"Uea, por favor, pare e me solte!"
"Não... Não-", imediatamente recusei e usei toda a minha força para
aprisioná-lo em meus braços.
Neste momento, eu sabia que não podia mais ficar sozinho neste lugar.
Eu realmente quero que ele fique comigo, me abrace, me conforte.
"Me abraça... não... vá..."
Ele respondeu com o som de um suspiro profundo e então lentamente
inclinou-se ao meu ouvido, o cheiro do álcool em seu corpo tornou-se mais
claro.
"Quer me provocar?", a voz rouca e levemente tremida, como se tivesse
suprimindo sua própria luxúria que foi gradualmente provocada, perguntou.
Senti o calor da sua respiração em meu ouvido e um sentimento estranho
repentinamente desceu ao meu estômago. "Quer saber? A minha paciência
tem limite."
"Me... me abraça...", implorei suavemente em seu ouvido e o abracei de
novo até que não havia distância entre nossos corpos. Neste momento, as
minhas bochechas começaram a sentir um leve toque, que então desceu
para a lateral do pescoço. O meu corpo começou a ficar insuportavelmente
quente e a minha respiração ficou ofegante. Comecei a flexionar o meu
quadril, o esfregando contra os lençóis, na esperança de aliviar aquela
sensação intensa.
Até que senti algo duro contra a parte de baixo do meu corpo. Tentei me
mover contra ele. Quando conseguir esfregar o local com o meu quadril,
parece que a sanidade da pessoa foi quebrada instantaneamente.
"Se me provocar aqui, não vou conseguir me controlar!", sua voz grave e
rouca soou em meus ouvidos de novo e a razão que me restava me dizia que
este seria o seu último aviso para mim.
Deixei para lá e tentei abrir os olhos para ver quem era a pessoa
pressionada contra mim. O álcool no meu corpo deixava o meu cérebro
incapaz de pensar e só agia por motivos instintivos.
"Não vá... me abrace... uh... uh... uh..."
Esta foi a última coisa que conseguir dizer antes de sentir um toque
quente e caloroso em meus lábios. Sua língua molhada correu pelo meu
lábio inferior, me fazendo abrir a boca antes de sentir ela entrar, lambendo e
sugando a minha. Retribuí, nossas línguas colidindo ferozmente. Eu
conseguia sentir o cheiro e sabor do álcool entre nós.
Suas mãos grandes não esqueceram de tocar o meu corpo ao mesmo
tempo. Cada vez que ele tocava a minha pele, despertava uma sensação de
formigamento. O homem emitiu um rosnado baixo e sedutor com a
garganta, e eu senti o meu rosto corar, com o meu corpo ficando ainda mais
excitado e quente.
Tudo começou a ficar fora de controle e intenso.
Seu toque causou uma agitação fervorosa e de desejo na parte inferior do
meu corpo, e eu continuei me contorcendo até que a minha genitália fosse
gentilmente segurada por uma mão grande e quente. O estímulo sensorial
deixou o meu corpo extremamente sensível e eu não pude evitar gemer.
Movi o meu quadril contra a mão, querendo mais. Seus gemidos
transbordaram pela sua boca, misturando-se a suspiros, todos ecoando no
quarto.
Em meio à escuridão, continuei a receber as carícias da pessoa em mim, e
eu respondia com entusiasmo ao seu toque. Minha consciência
gradualmente se embaralhava, mas em compensação, o prazer em meu
corpo tornava-se cada vez mais claro.
Eu desejava carinho e toques em meu coração, mas só a paixão e o desejo
continuavam em minha mente, até que que o meu corpo desconheceu a
existência de qualquer outra coisa. Eu anseio que a pessoa em mim me
excite mais e eu não quero que ele pare.
Depois disso, os nossos corpos continuaram entrelaçados e evoluindo por
muito tempo. A última coisa que lembrava é que eu parecia estar flutuando
no paraíso do desejo. Em sincronia com ele, o sentimento frio da escuridão
foi completamente substituído por este toque caloroso.
Capítulo 4: Erro
Acredito que a vida da maioria das pessoas não seja como nadar num mar
de rosas. Sempre encontrarão obstáculos, pedras no caminho. E quando
algo dá errado, querem voltar no tempo para consertar o erro. Pena que na
vida real não dá para fazer isso.
Quanto a mim, dou o meu melhor para não me apegar ao passado. Todas
as coisas ruins que aconteceram ou que fiz ficam no passado. Deixo-as para
trás e, como uma lição de vida, aprendo a coexistir com elas. Mas neste
momento, vendo a situação em que me encontro, espero pela primeira vez
que tenha sido só um sonho.
Agora, anseio voltar no tempo para antes de ter acontecido.
A luz clara da janela brilhou através dos meus olhos fechados, a luz do
sol estava forte. Lentamente recuperei a consciência e uma náusea tonta
surgiu. O desconforto repentino me fez franzir o cenho levemente, balancei
a minha cabeça, foquei novamente e lembrei que havia bebido demais na
noite passada, agora tendo dor de cabeça por causa da ressaca.
Esfreguei os meus olhos e deixei escapar um suspiro de alívio,
pretendendo mexer o meu corpo de baixo das cobertas. Neste momento,
uma dor dilacerante se espalhou da parte inferior para o corpo inteiro
através da coluna. Meu corpo ficou rígido, pensando que esta situação era
um pouco incomum. Apenas lembro que estava bêbado ontem à noite. Por
que o meu corpo está dolorido depois de acordar como se eu tivesse me
exercitado por muitas horas? E pelo toque gelado da colcha cobrindo o meu
corpo, é óbvio que estou deitado nu na cama. Além disso, o meu bumbum...
Está dolorido, ardido, e pegajoso como se estivesse saindo algum muco...
Abri os meus olhos e senti o meu coração batendo violentamente em
pânico. O teto bege à minha frente claramente me dizia que este não é o
meu quarto e a minha mente gradualmente recordava fragmentos da noite
passada. Lentamente virei a minha cabeça e olhei para o lado, esperando
que não fosse o que eu pensava.
Um garoto nu com suas costas viradas para mim apareceu na minha
frente. Seu lindo e musculoso dorso estava coberto de arranhões
avermelhados e a parte inferior do seu corpo estava coberta pela mesma
colcha que a minha. Só de ver esta imagem, o meu coração gelou por
perceber como as costas desta pessoa são familiares.
De repente, a lembrança do sexo quente e fumegante piscou na minha
mente. Percebendo o que aconteceu na noite anterior, não pude evitar deitar
minha testa sobre a minha mão com irritação por ter tido uma relação com
esta pessoa ontem à noite.
"Hm..."
Neste momento, vi a pessoa de costas para mim começar a se mexer.
Sentei apressadamente. Com as pernas tremendo levemente pela dor, não
tendo tempo para me incomodar com isto neste momento, peguei
apressadamente as roupas que haviam caído ao lado da cama. Ver a camisa
azul no chão ao meu lado está me enlouquecendo!
Droga! Por que isso teve que acontecer?
Olhando para esquerda e direita, imediatamente me apressei para o que
achei ser o banheiro. Fechei a porta e logo fui ao espelho para verificar o
meu corpo. Apertei os meus lábios levemente quando percebi como
estavam inchados. Todo o meu corpo estava cheio de chupões roxo-
avermelhados, especialmente no pescoço e no peito, dizendo que o que
houve ontem à noite não foi apenas um sonho.
Embora o álcool tenha me causado perda da consciência, e apenas vagos
fragmentos de memória tenham ficado espalhados na minha mente, ainda
lembro que eu não só não empurrei a pessoa do meu corpo ontem, como
também inclinei o meu corpo e ansiei pelas suas carícias e toques...
Esta não é a primeira vez que faço sexo com alguém, mas é a primeira
vez que não faço sexo com um namorado. Mesmo que eu queira que tenha
sido só um pesadelo, está mais do que claro o que realmente aconteceu.
Suportei o desconforto na parte de trás com um rosto tenso e decidi tomar
um banho para me limpar. Relutantemente coloquei a camisa banhada por
álcool de ontem à noite, olhei para a porta do banheiro e hesitei por muito
tempo. Finalmente segurei o fôlego e abri a porta, dando de cara com a
realidade dura.
"Uea", o dono do quarto chamou o meu nome em uma voz grave e rouca.
O homem alto estava sentado na cama, a parte inferior do seu corpo coberta
apenas por uma colcha fina, olhando para mim com olhos inexplicáveis.
Virei meu rosto para o outro lado. Estava tão zangado que não queria ver a
cara dele.
O quarto ficou em completo silêncio até que King resolveu quebrá-lo.
"Quanto você lembra de ontem à noite?"
"Não lembro e não quero lembrar", depois de ter dito isso andei
diretamente até a porta. King saiu da cama quando viu e andou para segurar
o meu punho.
"Aonde está indo?"
"Voltar."
"O seu carro e o meu ainda estão estacionados no restaurante. Me espere
para-"
"Não". Sacudi a sua mão e saí do quarto. Vi a minha mochila no sofá.
Peguei e me apressei em direção à porta, mas o homem alto estava a
bloqueando.
"Saia da frente", falei.
"Uea, está zangado comigo?", ouvindo esta pergunta, não pude evitar o
desdém. Perguntei em um tom sarcástico "O que você acha?".
"Pelo que está zangado? Estávamos muito alegres ontem à noite!", ao
ouvir sua resposta, olhei para ele incrédulo.
"Está zangado comigo por ter gozado den-"
"Você realmente não sabe o que me deixa zangado?!", berrei, incapaz de
continuar contendo as minhas emoções. Todo o meu corpo estava tremendo
de raiva. King olhou-me de cima com uma expressão vazia em seus olhos.
"Isso é mesmo grande coisa? Estávamos bêbados ontem à noite."
"Sim! É, sim! Porque acordei esta manhã e abri os meus olhos só para
descobrir que dormi com alguém que não amava. E quer que eu finja estar
feliz? Não sou como você, que dorme com qualquer um!", a minha voz
tremia tanto que senti que não podia mais falar. Engolindo o caroço na
minha garganta, virei o meu rosto e tentei respirar fundo para conter as
minhas emoções.
"Sei que não posso só colocar toda a culpa em você. Eu estava bêbado.
Você estava bêbado. Ambos somos culpados. Agora que aconteceu, deixe o
assunto morrer aqui e nunca fale sobre isso de novo", continuei.
Olhei em outra direção e continuei a andar até a porta. Quando girei a
maçaneta e estava prestes a abrir, uma voz soou atrás de mim. O que ele
disse me deixou atordoado por um segundo.
"Está tão zangado porque sabe que fui eu que dormi com você ontem,
não é?"
"..."
"Se fosse outra pessoa, não estaria com tanta raiva. Mas foi eu, então é
por isto que está com raiva, certo?"
"Sim!", gritei, antes de virar-me para encará-lo. "Já que entendeu tudo,
nunca fale sobre isso de novo."
"..."
"Não faça com que eu me sinta ainda pior sobre mim mesmo."
Rapidamente saí do apartamento do outro e não planejava ficar para
ouvir o que ele tinha a dizer. A esta altura, eu só queria deixar sua casa o
mais rápido possível e ir para qualquer lugar, desde que não fosse aqui!
Minha ressaca ainda não foi embora e posso sentir a minha cabeça
latejando. Senti algo surgindo na minha garganta antes de cair de joelhos no
canto da rua. Com calor e exaustão, vomitei tudo que tinha na barriga até
ficar sem fôlego.
Recuperando a minha respiração sob o sol quente como brasa, senti algo
quente rolar pelas minhas bochechas. Disse para mim mesmo que era
apenas suor escorrendo da minha testa, mas o ardor em meus olhos
indicavam que eu estava apenas me enganando.
Convenci-me de que era apenas um pesadelo, mas, de novo, não era
mesmo. Não havia nada que eu pudesse fazer para me impedir de sentir
assim.
Estou zangado com o King por ele não conseguir controlar suas partes
baixas. Estou ainda mais zangado comigo mesmo. Sei que isto aconteceu
por minha causa. Não posso lançar toda a culpa nele por ter perdido o
controle após me ajudar ontem. Se ele apenas tivesse me deixado no quarto
e eu o soltasse... se eu não chorasse o implorando para ficar... essa loucura
não teria acontecido.
Se eu não tivesse tanto medo do escuro, eu provavelmente não teria...
A minha visão começou a embaçar com lágrimas. Fechei os meus olhos e
deixei-as fluir continuamente, com o corpo tremendo enquanto soluçava
descontroladamente. O meu corpo pareceu ficar sem energia e não
conseguia mais aguentar.
Parece que a minha vida é cheia de espinhos e obstáculos. Decidi
comprar um copo de café para limpar a minha mente. Depois de tomar um
táxi de volta para o restaurante onde aconteceu a festa ontem à noite para
pegar o meu carro, fui direto para o meu apartamento e deitei
imediatamente. O meu corpo está exausto e dolorido. Ainda não comi nada
e a minha dor de cabeça parece ter piorado. No caminho para casa, passei
na loja de conveniência e comprei uma marmita para comer. Abri e comecei
a comer.
Depois de comer, tomei alguns remédios, então fui para a cama e
adormeci assim que fechei os olhos.
O céu no lado de fora começava a ficar laranja quando acordei. Levantei
e me inclinei contra a cabeceira, olhando de relance o meu celular na minha
mesa. Peguei e abri para olhar. Várias ligações perdidas e mensagens não
lidas surgiram - mensagens da minha mãe pedindo para transferir dinheiro
para pagar a escola da Donkao o mais rápido possível e mensagens do
P'Pok.
Além disso, muitas ligações perdidas do King.
"Por favor, atenda o telefone. Quero esclarecer as coisas com você."
Encarei a fileira de palavras na minha frente com olhar vazio. Não sei
como escrever meu humor atual. Realmente quero escapar do mundo real,
realmente quero dormir de agora em diante sem encarar este fato cruel, mas
sei que é impossível. No fim, ainda tenho que viver e aceitar a realidade de
que isso aconteceu.
Só não agora.
Desliguei o telefone de novo e o coloquei de volta em seu lugar. Ainda
não quero saber o que está acontecendo no mundo exterior e não estou
mentalmente preparado para lidar com isso. Por favor, me dê mais algum
tempo até que eu esteja mentalmente forte o bastante para não mostrar
quaisquer sinais de fraqueza.
Quando o momento chegar, conversarei com ele cara a cara.
****
O final de semana passou num piscar de olhos e era manhã de segunda-
feira de novo. O alarme soou, mas continuei deitado na minha cama, sem
ânsia de levantar e me arrumar como de costume. Deixei os minutos
passarem e só dez minutos depois levantei lentamente e andei até o
banheiro, fazendo a minha rotina matinal em um ritmo mais lento do que
nunca.
Ontem desliguei o meu telefone de novo o dia todo, isolando-me do
mundo exterior. Enquanto isso não aliviava a minha tensão, me dava tempo
para escapar da realidade. Liguei o meu telefone novamente enquanto
dirigia para o trabalho e o alerta de ligações perdidas do King surgiu de
novo, e bem neste momento...
Ring! Ring! Ring!
Gelei. O telefone tocou menos de dois minutos após ser ligado. Apertei
os meus lábios e li o nome. King não desistia de tentar me contatar, mesmo
que eu estivesse decidido a ignorá-lo. Deixei o telefone vibrar sozinho, meu
pé lentamente deixou o acelerador e o carro foi desacelerando devagar.
O trânsito da segunda-feira estava tão pesado como sempre. Acreditava
que não chegaria muito atrasado, ainda que precisasse dirigir um pouco
mais. Não cheguei à empresa até às 8h45, 15 minutos após o horário de
trabalho. De fato, desde o meu primeiro dia de trabalho, se não fosse pelo
trânsito pesado ou o carro quebrando no meio do caminho, raramente
estaria atrasado. Mas hoje eu propositalmente saí pela porta um pouco mais
tarde do que de costume, não querendo ter tempo livre antes de começar o
trabalho.
Não quero olhar ou falar com o King.
Escanei o meu cartão de ponto e cumprimentei os sêniores do escritório a
caminho do departamento. Talvez o meu rosto esteja um pouco assustador
hoje. Normalmente, eu sempre provocava o P'Pong quando entro no
departamento. Hoje só o observei à distância, nem dei um passo adiante.
Entrei no departamento de TI. Os meus colegas já estavam sentados em
suas mesas e começando a trabalhar. Andei direto para a minha mesa.
Quando estava prestes a sentar, meu olhar acidentalmente encontrou o da
pessoa que sentava atrás de mim. O clima de repente ficou intenso, com
tensão invisível preenchendo o ar. Seus olhos afiados me encaravam,
segurando seu olhar e sua expressão solene, não tendo seu sorriso
provocante que eu havia passado a me acostumar. Divergi do olhar e virei
para sentar-me na minha cadeira.
"Por que se atrasou hoje?", perguntou Jade.
"Acordei tarde", respondi de forma curta.
Jade piscou para mim. "Está doente?", sua voz preocupada.
Balancei a minha cabeça em resposta e liguei o computador. Jade
percebeu que eu não estava no clima para conversar agora, então voltou a
focar no seu trabalho. Não consegui evitar um suspiro.
Tenho que admitir, comparado a antes, preferia ser provocado e irritado
pelo King o tempo todo do que estar nesta situação intensa e desconfortável
agora. Pelo menos antes eu podia olhar em seu rosto sem me sentir assim.
Tudo entre nós deu muito errado.
Passei a manhã inteira trabalhando quietamente em minha mesa,
mantendo distância de todo mundo, sem dizer uma palavra. Meus olhos
estavam apenas focados no trabalho à minha frente. Meus colegas
pareceram sentir o meu mau humor, pois ninguém ousou vir conversar
comigo. E não era apenas eu que estava agindo diferente do normal hoje. O
outro protagonista do incidente também esteve quieto o dia todo, e a
habitual voz de brincadeira e conversa com os colegas desapareceu.
Durante a pausa do almoço, costumava ir à cafeteria com Jade e King
para almoçarmos. Recentemente, o Mai se juntou e vai almoçar conosco.
Mas já que não estou com vontade de conversar com pessoas estes dias,
quando o Jade veio e me perguntou o que eu queria comer, disse que
encomendaria comida e comeria no escritório. No fim, o Jade me
acompanhou deixando Mai e King de fora.
Pude sentir um olhar penetrante por trás. Ignorando, continuei a
concentrar-me no meu trabalho. Quando ouvi o King finalmente se levantar
e sair do departamento, deixei sair o fôlego que estava segurando.
O clima entre nós era tão intenso que eu estava prestes a enlouquecer. Por
mais quanto tempo tenho que suportar esta situação?
A comida que pedi chegou 10 minutos depois. Peguei o bento de cavala
grelhada ao sal e andei até a longa mesa nos fundos do departamento. Jade
sentou-se próximo a mim e comeu em silêncio, até que decidiu me
perguntar.
"Uea, tem certeza de que está bem?"
"Por quê?"
"Você está tão quieto hoje e quase não interagiu com os outros. Está com
dor de cabeça?", vendo a tristeza nos olhos do Jade, senti um nó na
garganta.
"Não", respondi.
Ele ficou em silêncio por um momento antes de perguntar "Aonde o King
lhe mandou na última sexta-feira? Ele sabe onde você mora?".
Sua pergunta me fez gelar por um momento. Jade olhava para mim
esperando uma resposta. Engoli a minha saliva para molhar a minha
garganta seca e agi indiferente, como se nada tivesse acontecido.
"Ele me mandou para casa", menti.
"Que bom, fiquei preocupado que ele houvesse lhe mandado para o lugar
errado. Acabei de descobrir que ele também sabe onde você mora", disse
Jade enquanto eu sentava em silêncio.
Vendo que eu estava agindo estranho, fora do meu eu habitual, Jade
abaixou sua colher e me perguntou em tom sério.
"De verdade, algo aconteceu com você?", olhei nos olhos do Jade com o
meu coração cheio de confusão e incerteza.
Seria muito bom expressar e desabafar tudo para ele agora. Seu conselho
e conforto seriam apreciados. Não tenho ninguém na vida em quem me
apoiar, senão o Jade. Mas...
"Estou bem, de verdade", assenti, sem muita certeza se estava
convencendo ele ou a mim mesmo.
"Tem certeza?".
"Sim, desculpe por preocupá-lo", forçando um sorriso, o dei um tapinha
no ombro antes de levantar e jogar fora a minha marmita comida pela
metade. Assim que vi o olhar preocupado do Jade me seguindo, não pude
evitar sentir-me culpado por mentir.
Não importa o quanto eu queira contá-lo tudo por ele ser meu amigo,
penso em como ele também é amigo do King. Nossa relação sempre foi
tensa e o Jade se vê nos meio de nós dois de tempos em tempos. Não quero
adicionar estresse psicológico ao meu amigo por causa deste dilema.
Em qualquer caso, não há nada a mencionar sobre esse assunto e a
melhor opção é não contar para ninguém.
****
À tarde, eu estava quietamente ocupado com as minhas próprias coisas.
O King não veio me incomodar e era óbvio pela sua expressão que também
não estava de bom humor. Com o passar do tempo, o rosto do King tornava-
se cada vez mais irritado e até os seu programador júnior começou a
perceber. Ele correu até o Jade para perguntar o que aconteceu com o seu
sênior, só para ver o Jade sorrir amargamente, indicando que nem ele sabia
o que aconteceu. Quanto a pessoa que sabe o motivo - nem mesmo eu ouso
contar. King disse que queria conversar comigo, mas para mim, desde que
eu saí do seu quarto, a conversa estava encerrada.
"Ei, pode xerocar isto para mim?", eu estava de pé em frente à copiadora
no fundo da sala quando Jade repentinamente veio e me entregou um
panfleto que estava segurando.
"Quantas cópias você quer?"
"10 cópias. Por sinal, sua brochura está pronta?"
"Ainda não", respondi enquanto colocava o panfleto na copiadora.
De repente, Jade inclinou-se no meu ouvido e disse suavemente "Quer
que eu peça para o Mai te ajudar? Ele já terminou e está livre".
"Não precisa, faltam apenas alguns."
"Deixe o Mai ajudar. Ele é muito trabalhador e ajuda as pessoas quando
necessário", Jade elogiou. Soltei um "hm" e continuei o trabalho que estava
na minha mão.
"Então, o que acha do Mai?"
"...ele faz um bom trabalho."
"O que mais?"
"Ele é bonito".
"Oh! É raro você elogiar os outros".
"Só estou falando fatos. Além disso, ele é muito educado. Um bom
garoto", o respondi honestamente. De início, achei um pouco suspeitas as
intenções do Mai em se aproximar de mim, mas depois de passar um tempo
com ele e observar cada atitude sua nas últimas duas semanas, pude
perceber que sua educação não era falsa. Ele só é gentil e educado assim
mesmo.
"Sim, o Mai é muito bom. Qualquer pessoa que o namorasse teria ciúme,
não acha?!", Jade inclinou-se parecendo satisfeito com os meus elogios a
ele. Seus olhos estavam brilhando como se estivesse esperando algo.
"Hm... Imagino quem teria a sorte de namorá-lo."
Ele está referindo-se a si mesmo?
"Então, e se você tiver um namorado como o Mai?"
"Que bom, eu acho? Ele não é paquerador e parece muito verdadeiro", eu
disse tirando os papéis da copiadora. Minha testa franziu quando li o que
estava escrito.
"Hm, Jade?"
"Hein?"
"Você-"
"Terminaram de usar a copiadora? Preciso usá-la agora", minha pergunta
foi cortada por uma voz grossa e profunda atrás de mim. King lentamente
aproximou-se e pude sentir o meu corpo ficar tenso. Posso até sentir o seu
olhar em mim.
"Ei, King, quando chegou aqui?", perguntou Jade, mas King não parecia
interessado em respondê-lo.
"Terminaram? Por favor, saiam se sim."
"Terminamos, você pode usar. Vamos", Jade parecia sentir o clima
sombrio e rapidamente agarrou o meu braço para voltarmos à mesa. Ao
passar, ouvi um suspiro pesado de trás.
"Aqui", entreguei para ele o panfleto que havia me dado mais cedo.
"Obrigado", depois que ele pegou e estava prestes a voltar para a sua
mesa, imediatamente o agarrei pelo braço.
"Jade?"
"Hein?"
"Está interessado nessas coisas?"
"O quê?"
"Não consuma isso. Essas coisas fazem mal para o seu corpo e
afrodisíacos são muito perigosos. Se realmente tiver problemas nesta área,
sugiro que consulte um médico primeiro", lembrei a ele com preocupação.
A expressão aturdida do Jade me disse que ele não havia entendido sobre o
que eu estava falando. Olhei para o panfleto em sua mão e para ele de novo.
Jade ainda é muito jovem. Em meus olhos, ele sempre foi saudável, mas
quando vi que ele estava tirando cópias de panfletos promocionais de
afrodisíaco para melhorar a performance sexual, percebi que ele tinha esse
tipo de problema em pouca idade.
Fiquei sentado em minha mesa até quase 16h, quando decidi levantar do
meu assento para ir ao banheiro.
"Aonde está indo?", Jade olhou e me perguntou.
"Banheiro. Volto já", disse muito quietamente, não querendo ser ouvido
pelas pessoas ao meu redor.
Depois de atender às minhas necessidades físicas, estava prestes a voltar
ao meu assento quando vi alguém com quem nunca queria conversar de
novo bloqueando a porta do banheiro.
"Vamos conversar!"
Sem esperar pela minha resposta, King agarrou o meu pulso e me puxou.
Tentei me libertar do seu aperto, que só ficou mais forte. Não tive escolha a
não ser segui-lo.
"O que é?", perguntei enquanto ele me levava à saída de emergência.
King fechou a porta antes de soltar o meu pulso. Ele me olhou e pude ver
como estava frustrado.
"Precisamos conversar."
"Não tenho nada para conversar com você."
"Por quanto tempo vai me evitar?", sua voz grossa e rouca começou a
ficar mais alta. O rosto do King, que atrai muitas pessoas do escritório,
agora estava cheia de tensão e frustração.
"Admito, sou um idiota. Eu estava bêbado, não consegui me controlar e
fodi você sem proteção. Quero lhe pedir desculpas, mas você fica me
evitando!"
"Tudo bem! Desculpas aceitas. Deixe-me pedir desculpas também porque
parte disso foi minha culpa. Agora que está resolvido, vamos esquecer
sobre esta conversa e tudo que aconteceu", eu disse antes de sair.
King imediatamente segurou o meu pulso. Sua mão apertando mais forte,
ao ponto de eu não conseguir não reagir por dor.
"King, solte!"
"Se você não voltar a ser o Uea de sempre, isso não vai acabar", não só
fingiu não ter me escutado, como também agarrou o meu braço e me puxou
para mais perto.
Travei o meu maxilar e perguntei entre os dentes "O que quer dizer? Não
costumo me dar bem com você! Qual é a diferença entre o nosso estado
atual e o de antes?"
"É que você nem está olhando para mim! Como se eu não existisse neste
mundo. E eu odeio isso!", sua voz de raiva fez o meu coração tremer
estranhamente. Seus olhos afiados estavam cheio de raiva. O homem que
sempre usou um sorriso simples desapareceu em um instante. Engoli seco.
"Diga o que você quer que eu faça. Se ainda se sente desconfortável,
podemos fazer exame de sangue! Qualquer coisa! Mas, por favor, não me
evite. Se continuar fazendo isso, só vai piorar!", o homem alto respirava
ofegante em frustração. Fiquei em pé silenciosamente, olhei para o meu
pulso, que estava sendo segurado pela outra pessoa, e lentamente me
libertei da sua palma enquanto eu falava.
"King, sabe por que estou te evitando?"
"..."
"Porque quanto mais olho para o seu rosto, mais raiva sinto de mim
mesmo!", depois de conseguir puxar a minha mão, levantei a minha cabeça
para encontrar seu olhar. Ele me olhava com uma expressão complicada.
Não pude dizer o que ele estava sentindo agora, mas quanto a mim...
Estou cansado física e mentalmente.
"A única coisa que eu quero é que isso acabe e não seja mencionado de
novo. Você já se desculpou comigo, então não me incomode mais. Não
mencione de novo, para que eu consiga esquecer o mais rápido possível."
Depois que terminei de falar, passei por ele, abri a porta e voltei ao
escritório sem fazer um som, deixando o King lá sozinho sem nem olhar na
cara dele.
Olhei meu pulso e ainda posso sentir sua mão quente amarrada a ele.
Vendo a marca levemente vermelha, senti a minha garganta começando a
ficar seca. Os cantos dos meus olhos começaram a marejar. Rapidamente
pisquei duas ou três vezes e respirei fundo. Consertando minha expressão,
andei de volta para a minha mesa como se nada tivesse acontecido.
Sei que não posso consertar o passado, mas o tempo pode curar tudo.
Enquanto o tempo passa, vou começar a ter coragem para encarar os meus
erros e conseguir voltar aos trilhos.
Só queria que esse dia chegasse logo.
Capítulo 5: A Desgraça Nunca Vem Sozinha
Já faz uma semana desde a festa de boas vindas. E desde então, parece que
o azar tem me seguido.
Há uma semana, alguém bateu na traseira do meu carro e quebrou a
minha lanterna. O porta-malas até ficou amassado, e eu tive que mandar
para o conserto. Além disso, a situação entre o King e eu não estava nada
melhor - ainda está cheia de tensão e muito desconfortável. Desde que
tivemos aquele confronto na saída de emergência, nunca mais falei com ele
e o evitei a todo custo. Quanto ao King, ele parecia calmo e indiferente, mas
havia vezes em que eu podia sentir seu olhar irritado e frustrado por trás de
mim. Eu nunca me importei e só focava no meu trabalho.
Além disso, não temos nada sobre o que conversar.
"Uau! A pessoa que me vendeu esta marmita é dona de um jardim de
pimenta? Por que diabos está tão apimentado? Qualquer um que comer isso
terá diarreia. E está salgado pra caramba! Como ousam vender isso?", um
murmúrio alto foi ouvido da mesa ao meu lado. Jade, que decidiu comer
comigo no escritório hoje, estava reclamando sobre a comida que comprou.
Sua língua seca e olhos marejados.
No momento é hora do almoço. Decidi comprar uma marmita pela
manhã e comer no almoço, em vez de sair para comer num restaurante
próximo. O Jade às vezes me acompanha para almoçar e às vezes sai para
comer com o King e o Mai. Jade tentava me levar para jantar depois do
trabalho, mas eu recusei todos eles porque não queria ficar no meio dos
planos do Mai. A intenção de busca era muito clara, mas o Jade é muito
desatento para perceber.
Desde o incidente, tenho visto um sorriso amargo no rosto do Jade mais
de uma vez. Assistir seus dois melhores amigos agindo tensos um com o
outro deve tê-lo preocupado muito. Mesmo assim, não me forçou a falar
sobre e nunca perguntou o que estava acontecendo. No passado, sempre que
eu me metia em problemas, o Jade sempre me perguntava o que estava
havendo com uma expressão preocupada em seu rosto. Se ele achasse que
estaria confortável o bastante para conversar sobre, ele sentaria e ouviria
com boa vontade.
O Jade ser o meu melhor amigo é uma das melhores coisas que já
aconteceram na minha vida.
"Está muito apimentado? Quer trocar pelo meu?", perguntei quando o vi
tirar a pimenta de dentro. O Jade olhou para a minha marmita de arroz com
porco frito e só balançou a cabeça.
"Não, pode comer", disse antes de continuar comendo. Embora ele
tivesse que beber um bocado de água gelada para cada colher de arroz, e
continuasse reclamando, logo a marmita de arroz frito com carne de porco
picada e folhas de manjericão se foi. Conheço o Jade há tanto tempo e eu
raramente o ouço reclamar sobre comida. Não importa o quanto o gosto
estivesse ruim, ele comeria tudo. Nunca deixava nenhuma sobra.
Não tenho certeza se o meu amigo estava mesmo faminto ou só não
queria gastar dinheiro.
"Só vou ao banheiro. Volto já", disse ao Jade enquanto colocava a última
colherada na boca. Levantei e joguei a marmita no lixo.
Eu estava prestes a entrar no banheiro, fiquei aturdido quando vi o King
de pé no balcão, lavando as suas mãos. Ele levantou a cabeça quando notou
a minha presença.
"Entre se quiser. Já estou de saída", falou em voz baixa e fria. Parecia
calmo, mas eu pude ver em seus olhos profundos a frustração e a raiva
enquanto olhava para mim.
Fui ao banheiro, tentando não olhar em seu rosto. Assim que eu estava
prestes a passar por ele, King falou comigo de repente.
"Sério, por quanto tempo vai continuar com isso?", perguntou em tom
irritado. Olhei para ele e não pude evitar perguntar "O que há para se
conversar?".
"Foi você quem disse que queria que este assunto fosse encerrado. Então
por que continua me ignorando?".
"Geralmente eu nem falo com você."
"Eu sei, mas não me ignorava assim. Se quer que tudo volte ao normal,
então aja como costumava!", replicou ele, o que fez o meu rosto contrair.
Rapidamente saí do banheiro deixando-o xingando para trás.
Tenho o conhecido por anos e posso dizer que o King é uma pessoa
muito impaciente. Ele nunca pensa sobre suas aventuras de uma noite só,
então ele não gosta da forma como estou agindo agora. Mas não sou como
ele. Sempre que vejo seu rosto, não posso evitar pensar sobre o incidente.
Sentei de volta na minha própria mesa, rapidamente abrindo o programa
que deixei e continuei a trabalhar. Ouvi Jade perguntar ao King como estava
o seu almoço, mas King respondeu apenas com um silencioso "sim".
Não só ele estava puto, eu também estava por não conseguir superar.
"P'Uea, comprei uma vitamina de melancia para todos. Tome um pouco,
por favor", veio o Mai com um grande copo de vitamina de melancia para
me "subornar".
Depois de agradecê-lo, agarrei o canudo e tomei um gole. Não está doce
demais, mas dá a sensação de frescor. Enquanto sugo a vitamina de
melancia para dentro da minha boca, meu nervosismo diminui um pouco.
Virando-me e vendo o Mai aproveitar a oportunidade para ir conversar com
o Jade, não pude conter um sorriso.
Bem, vendo que ele se esforçou tanto comprando vitaminas de melancia
e as deu para todos, vou lhe dar alguns pontos!
*
Se me perguntassem sobre as coisas mais problemáticas e chatas que já
encontrei na minha carreira, definitivamente responderia que são pessoas
que trabalham irresponsavelmente.
Sentei e encarei P'Mongkhon enquanto ele guardava suas coisas com
pressa, como se o trabalho tivesse acabado. Ele acabou de anunciar na
nossa frente que seu cachorro estava seriamente doente no hospital, e
morrendo. Ele disse que deveria ir vê-lo uma última vez, e então entregou o
trabalho dele para o Jade.
"Obrigado! Lhe pago um café amanhã!", P'Mongkhon deu no Jade, que
estava sentado parado porque não esperava nenhum trabalho extra, um
aperto no ombro. Fiquei encarando o P'Mongkhon com um olhar
desaprovador e irritado que, quando ele virou e viu minha expressão, só
sorriu vergonhosamente e saiu apressado. Quanto a mim, posso apenas
olhar o meu amigo com pena.
Não é que somos mesquinhos, se os nossos colegas estiverem mesmo
com pressa, é claro que daríamos uma mãozinha imediatamente, mas o
problema é que esta não é a primeira vez que o P'Mongkhon procura
desculpas para evitar o trabalho. Às vezes ele diz que sua família está
doente. Às vezes ele diz que brigou com a sua esposa ou que seu cachorro
está doente, ou morto. Não sei quantas vezes por ano isso acontece.
Acredito que até crianças no jardim de infância saberiam que ele está
mentindo ao ouvi-lo.
"Por que isto está acontecendo? O cachorro morreu de novo? Esta é a
terceira vez no ano. Quantos cachorros o P'Mongkhon tem em casa?",
alguém perguntou em voz alta, como se quisesse ser ouvida por todos.
"Não sei... suspeito que sua família administre um canil", comentou um
júnior.
"Você tem que ser como eu. Deixe-o ser repreendido pelo chefe, Jade.
Você está sempre o ajudando", Fai clicou sua língua, claramente o
comportamento do P'Mongkhon lhe causava insatisfação.
"Sabe que se eu não ajudá-lo, ele vai vir nos culpar por não termos o
ajudado", meu amigo balançou a sua cabeça cansado.
Sempre que algo acontece com o P'Mongkhon, parece que o Jade é
sempre o azarado. Ele não ousava dar suas tarefas para mim porque eu
deixava claro que não gostava de fazer o trabalho dos outros. Além disso, a
energia negativa que eu emitia o fazia não ousar me incomodar, então ele
tinha que pedir ajuda ao Jade.
Tentei conversar com ele diretamente e até persuadir o Jade a não pegar
qualquer trabalho dele mais, mas não acabou muito bem. P'Mongkhon sabe
como jogar suas cartas e usá-las contra nós. Ele sabe que não gostamos de
ser repreendidos pelo chefe, então ele tem confiança sobre o trabalho sendo
feito, é por isso que fica deixando o seu trabalho para nós.
"Vou ajudá-lo", levantei do meu assento e andei até o Jade, que estava
abrindo o computador do P'Mongkhon para visualizar seus arquivos de
trabalho.
"Ah, Uea! Você é um enviado do céu."
"Envie-me os arquivos."
Talvez a única coisa que eu possa fazer pelo meu amigo é ajudá-lo no
trabalho! Quando o relógio marcou 17h30, os colegas do departamento
começaram a deixar a sala um a um, deixando apenas eu, Jade e Mai para
continuar a terminar as tarefas do P'Mongkhon. Quanto aos programadores
como King e os outros, eles ainda estavam sentados em suas cadeiras para a
testagem de programas. Neste momento, o telefone que coloquei de lado
vibrou repentinamente e, quando vi o nome mostrado lá, não pude evitar
revirar os olhos.
Eu já paguei pela mensalidade da Donkao na semana passada, então por
que ela está ligando de novo?
"Mãe", relutantemente pressionei o botão para atender, mas a voz do
outro lado da linha não era da minha mãe.
"Olá, você é parente da sra. Tida?"
"Sim."
"Esta é uma ligação do hospital. A Tida envolveu-se em um acidente de
carro e machucou a perna. Por favor, venha ao hospital o mais rápido
possível", todo o meu corpo ficou dormente quando ouvi o que tinha
acontecido com a minha mãe. A enfermeira rapidamente esclareceu que o
ferimento não era tão sério, mas eu não pude evitar ficar ansioso.
"Tudo bem, irei o mais rápido possível!", respondi antes de desligar.
Rapidamente salvei o meu trabalho e comecei a guardar as coisas da mesa,
colocando-as na minha mochila.
"O que há de errado, Uea?""
"A minha mãe foi atropelada por um carro e agora está no hospital
Lerdsin."
"Ela está bem?", Jade perguntou em tom preocupado.
"Não é tão sério, no entanto. Mas tenho que correr e pagar a conta do
hospital", continuei arrumando as minhas coisas com mãos trêmulas. Meu
amigo franziu a testa e me perguntou "Como vai chegar lá? Você não veio
dirigindo hoje".
"Vou pegar um táxi."
"Acho que é Mai conveniente que o Mai lhe leve, vai poupar muito
dinheiro."
"Não precisa, eu vou-"
"O engarrafamento é mortal a esta hora. Quanto vai custar um táxi?
Deixe o Mai levar você! Mai, tudo bem para você, não é? Vá, leve o Uea."
Vi o Jade animadamente puxando a manga do Mai. Embora o Mai
estivesse muito confuso pelas atitudes do Jade, ele imediatamente levantou-
se por cortesia.
"E-está bem..."
"Não precisa-"
"Deixem que eu o levo", uma voz grossa e rouca falou de trás. King
desligou seu computador, pegou a chave do seu carro, virou-se e me olhou.
"King, você não tem trabalho para fazer?", Jade o olhou antes de virar
seu olhar para mim e então para ele de novo. Ele provavelmente pode sentir
a tensão entre seus dois melhores amigos que estão se encarando.
"Já fiz", respondeu ele ao Jade, mas ele não tirou seu olhar dos meus
olhos nem por um momento. Jade apenas piscou.
"Mas-"
"Se você deixar o Mai levar o Uea, como vai para casa?"
"Trem!", Jade respondeu rapidamente.
"Deixe o Mai ficar com você, assim ele não tem que ficar indo para lá e
para cá. A mãe do Uea está em Lerdsin, perto de onde eu moro. Então
posso fazer isso por conveniência", disse King.
"Mas-", Jade tentou argumentar.
"O seu trabalho ainda não acabou. Deixe o Mai ficar e ajudar você, e eu
levo o Uea ao hospital", o homem alto cortou as palavras do Jade com uma
voz severa, não deixando qualquer brecha para argumentos. Ele andou até
mim e perguntou em voz baixa "Vem comigo?".
Olhei para ele e pensei. Realmente não quero ficar sozinho com ele, mas
isto é uma emergência...
"Sim, tudo bem. Obrigado", respondi suavemente. Embora ele tenha se
oferecido para ajudar desta vez, não quero recusar sua gentileza
grosseiramente. Pelo menos poupar o dinheiro do táxi. Além disso, vamos
passar muito tempo juntos na empresa, então talvez eu deva aproveitar esta
oportunidade para tentar consertar a nossa "relação".
"Não há de quê", respondeu King antes de sair primeiro. Agarrei a minha
bolsa e encarei Jade.
"Lamento não poder ficar para lhe ajudar."
"Ei! Tudo bem, vai estar pronto logo. Corra e visite sua mãe!", me
confortou, gentilmente batendo em meu ombro.
"Vejo você amanhã."
"Até mais! Cuide-se!", a voz do Jade veio por trás enquanto eu batia o
ponto de saída. Empurrando a porta para sair, vi o King na frente do
elevador, pressionando o botão para evitar que as portas fechassem.
"Entre."
Entrei e fiquei no canto do elevador. Enquanto as portas do elevador
fechavam, o clima entre nós parecia ainda mais tenso do que antes.
Basicamente, desde que entramos no elevador, nenhum de nós falou.
Nem mesmo enquanto o King me levava até o hospital. Embora eu goste do
silêncio, um silêncio assim só torna o clima mais estranho, quase sufocante.
O trânsito fica muito pesado depois do trabalho e o carro está preso no meio
da estrada, então só posso observar a paisagem do lado de fora da janela
quietamente. Quanto ao King, ele está dirigindo em silêncio, não se
importando em me provocar.
"Obrigado por me trazer até aqui", depois de uma hora e meia, fui o
primeiro a quebrar o silêncio. Quando o carro parou na frente do hospital,
destravei meu cinto de segurança.
"Quer que eu espere por você?"
"Tudo bem. Posso voltar sozinho."
Sem olhar para trás, abri a porta e saí do carro. Corri até o balcão de
informações sobre pacientes com pressa. O enfermeiro deu o número da
enfermaria da minha mãe e me disse para ir lá. Agradeci e me apressei até
lá.
"Demorou."
Foi a primeira coisa que ouvi da boca da minha mãe assim que entrei em
seu quarto. A tal mãe está deitada na cama com uma expressão irritada em
seu rosto.
"O que aconteceu? Como foi atingida por um carro?", fingi não me
importar com o que ela acabou de dizer e só perguntei o que estava
havendo.
"Só vim ver minhas amigas por aqui. Eu estava prestes a atravessar a rua
quando o carro me atropelou. O médico disse que eu torci o tornozelo e tive
hematomas nas minhas nádegas. Aquele motorista deve ser cego! Como ele
pôde não me ver atravessando a rua?", ela resmungava em irritação.
Meus olhos divergiram do rosto da minha mãe e vi um molde macio ao
redor do seu tornozelo. Todo o resto estava normal, o que me aliviou um
pouco.
"Por que demorou tanto, afinal? São quase 20h30. Não ligaram para você
há muito tempo?", minha mãe apertou os seus olhos com raiva e olhou para
mim.
"É o trânsito."
"Tendo em vista que você não atende o telefone depois de tocar por tanto
tempo, pensei que queria esperar até eu morrer!", ouvindo o sarcasmo da
minha mãe, respirei fundo e segurei.
"Já ligou para casa?"
"Já liguei. A Donkao está num acampamento em Waifu e o seu pai está
em Chiang Mai para participar de um seminário. Por isso pedi que você
viesse", não pude evitar ranger os dentes quando ela se referiu ao seu novo
marido como meu pai.
Pai minha bunda.
"O médico deixou você dormir no hospital por uma noite?"
"Oh! Não dormi no hospital! Rápido, pague a conta médica enquanto está
aqui. Quero ir para casa. Ah, e também lembre de me dar o dinheiro do
táxi! Vou voltar sozinha mais tarde", minha mãe me chutou para fora da
enfermaria. Depois disso, a vi pegar o telefone e jogar.
Depois de respirar fundo, saí e perguntei à enfermeira sobre o custo.
Depois de pagar a conta médica, a ajudei a sentar numa cadeira de rodas e a
empurrei até a frente do prédio do hospital, onde planejava esperar por um
táxi. Havia cadeiras na saída do hospital para os pacientes e suas famílias
sentarem. Eu estava prestes a ir lá quando vi o King sentado lá, o que me
pegou de surpresa.
Ele ainda não voltou para casa?
"Quem é aquele?", minha mãe perguntou. King, notando a nossa
presença, levantou-se e se aproximou de nós.
"Meu amigo do trabalho. O meu carro precisa ser consertado, então ele
me trouxe até aqui."
"Tem certeza? Ele não é o seu chefe? Ele é rico?", a minha mãe disse tão
alto que as pessoas que estavam próximas não puderam evitar olhá-la.
Parado, apertei a mão ao ouvir suas palavras.
A minha mãe sempre foi assim. Sarcástica e maldosa. Tudo para tirar
sarro de mim e da minha sexualidade. Sempre que havia muitas pessoas, ela
dizia essas coisas em voz alta só para me envergonhar. Este é um dos
motivos pelos quais eu odeio ir para casa. Não quero ouvir essas palavras
dolorosas da pessoa que me deu a luz.
"Olá, tia", cumprimentou King. Olhando para ele, embora o seu rosto
estivesse sem expressão, eu sabia que ele havia ouvido aquelas palavras
como todo mundo.
"Olá", a minha mãe cumprimentou de volta enquanto olhava para o King
da cabeça aos pés. "Você é namorado do Uea?".
"Sou amigo do Uea."
A minha mãe forçou um sorriso e o olhar em seu rosto claramente me
dizia que ela não acreditava no que o King estava dizendo. Depois disso, ela
virou o seu olhar para mim, que estava de pé atrás dela, e me mandou
chamar um táxi.
"Chame logo um táxi!", eu estava prestes a falar quando o King falou.
"Fique aqui. Vou chamar um para você", antes que eu pudesse dizer não,
ele saiu. Não muito tempo depois, um táxi estacionou na entrada do
hospital.
"Rápido! Me dê a tarifa do táxi", ouvi sua exigência enquanto a ajudava a
entrar no carro. Apertando os meus lábios, abri a minha carteira e tirei 300
baht [N/T: cerca de R$ 43,74]. Ela rapidamente agarrou da minha mão antes
de fechar a porta do carro.
Fiquei parado em pé e observei o táxi deixar o hospital.
"Vamos. Vou lhe levar em casa", disse King.
Mãos grossas agarravam o meu pulso e me puxavam até o
estacionamento. Languidamente segui os seus passos. Quando pensei que
esta seria a primeira vez que vi a minha mãe em quase um ano, não pude
evitar suspirar. Sempre que vejo a minha família, fico infeliz e as minhas
emoções ficam ainda mais pesadas do que antes.
"Como está a sua mãe?", a voz grossa tentava falar comigo pela primeira
vez desde que nós dois ficamos sozinhos.
"Seu tornozelo está um pouco fora do lugar, mas nada sério."
"Isso é bom."
O silêncio que se seguiu suprimia o clima no carro de novo. Eu olhava
atordoado através da janela do carro no sinal vermelho do semáforo à
frente, e perguntei em voz baixa...
"Você ouviu aquilo?", olhei o King enquanto ele divergia seu olhar da
estrada e olhava para mim.
"O quê?"
"O que a minha mãe disse."
"...Sim."
"Lamento, a minha mãe sempre faz isso," disse amargamente.
Em relação aos assuntos da minha família, tanto Jade quanto King sabem
que o motivo pelo qual me recusava a ir para casa era o meu pai adotivo.
Meu conflito com a minha mãe era porque ela não gostava de mim por eu
gostar de homens. Mas ele provavelmente pensa que o conflito foi tão sério
ao ponto da minha mãe poder me envergonhar e insultar assim na frente de
outras pessoas.
"Por que lamenta? Você não fez nada de errado", perguntou ele. Ele me
encarou por um momento antes de adicionar "Eu é quem deveria estar me
desculpando".
"Sobre o quê?"
"A sua mãe não teria dito aquilo se eu não tivesse me aproximado de
você."
Honestamente, não tinha realmente nada a ver com o King se
aproximando de mim ou não. Se a minha mãe quisesse me envergonhar,
mesmo que eu sentasse em silêncio e ninguém falasse comigo, ela faria de
qualquer forma em que pudesse pensar.
"E sinto muito sobre aquela noite", disse em voz sincera. O assunto sobre
o qual eu não queria conversar novamente nunca foi de novo mencionado,
fazendo-me ficar um pouco tenso. Eu estava prestes a cortá-lo, mas vi como
seus olhos estavam cheios de culpa e arrependimento.
"Eu estava bêbado naquela noite e realmente não tinha a intenção de
fazer nada assim com você! Se eu estivesse sóbrio, nunca teria feito! Faz eu
sentir-me mal ver o que aconteceu entre nós."
"..."
"Eu sei que você queria nunca falar sobre isso de novo, mas está me
afetando. Sei que você não gosta de mim tanto assim, mas sempre pensei
em você como um amigo, Uea. Vê-lo ignorar a minha existência, faz com
que eu me sinta ainda mais culpado", não pude conter um suspiro após
ouvi-lo.
Admito que eu me sentia muito desconfortável. Nem queria me
aproximar dele ou ver o seu rosto. Mas, por outro lado, eu sabia que o
culpado não era o King. Foi eu que fiquei bebendo descontroladamente e,
no fim, fiquei tão bêbado que não conseguia levantar e deixei acontecer.
"Não é você que é o culpado. Eu também deveria ser culpado porque...
não lhe parei."
Pensando no que aconteceu naquela noite, minha voz gradualmente ficou
rouca. Respirei fundo e pedi desculpa.
"Eu sinto muito."
"..."
"Nunca pensei em culpar apenas você. Eu só não quero conversar sobre
aquela noite. Honestamente, ainda não quero ver o seu rosto", o rosto do
King ficou mais sério e eu virei o meu.
"Mas eu realmente falo sério quando digo que lhe perdoei. Você não tem
que se preocupar com isso", adicionei.
Neste momento, a luz vermelha do semáforo ficou verde e o King tirou
os seus olhos do meu rosto, refocando na rua à frente dele. Eu o disse a
localização do meu apartamento há muito tempo, e nenhum de nós dois
disse uma palavra pelo resto da viagem. O carro estava estacionado na
interseção na frente do meu prédio e enquanto eu destravava o meu sinto de
segurança, o agradeci em voz baixa. Assim que eu estava prestes a abrir a
porta e sair do carro, King agarrou o meu braço, seus olhos piscando.
"Eu sinto muito mesmo", ele repetiu. Olhei para baixo sem dizer uma
palavra e finalmente assenti.
"Bem, obrigado por me trazer de volta", respondi suavemente antes de
puxar o meu braço da sua mão e sair.
Quando cheguei ao meu apartamento, fui direto para o sofá. Exausto.
Sei que a minha relação com o King ser 100% do que era antes de
acontecer, mas estou cansado e não quero chorar e remoer o passado, que
não pode ser mudado. Não é a primeira vez na vida que algo dá errado.
Já estive com pessoas que partiram o meu coração. Embora me doa muito
a cada vez, posso sempre me recompor e seguir em frente. Pelo menos o
King é completamente inocente, diferente de outras pessoas que nem tem
remorso se quebraram o meu coração
Suspirei de novo e lentamente fechei os meus olhos. O acúmulo
prolongado da fadiga me fez lenta e inconscientemente adormecer. Quando
acordei, já eram 22h. Levantei e tomei banho antes de deitar na cama para
dormir, acordando horas depois para ir trabalhar.
***
Na manhã seguinte, eu estava no meu telefone esperando pelo elevador
quando senti uma presença ao meu lado. Assim que o suave cheiro de
mente atingiu o meu nariz, imediatamente reconheci quem era. Virei para
olhá-lo e encontrei seus olhos. O leve constrangimento entre nós me fez
suspirar.
"O que está olhando?", perguntei.
"Não posso olhar para o meu colega de trabalho?", perguntou ele de volta
enquanto entrávamos no elevador.
"Veio me incomodar de novo cedo pela manhã?"
No momento, éramos apenas o King e eu no elevador. O King não me
respondeu e eu apenas dei de ombros. Enquanto assistimos o número do
andar mudando, o clima estranho entre nós parece estar gradualmente se
dissipando. Parece que posso finalmente respirar aliviado.
Tenho estado muito cansado nos últimos dias, agora só quero deixar para
lá e seguir em frente.
Quanto àquela noite, foi só um erro na minha vida... só isso.
Capítulo 6: O Início
Com o passar dos dias, a tensão entre o King e eu começou a diminuir.
Desde o incidente no elevador, a minha relação com ele tem se
recuperado lentamente, o que significa que ele vem me provocar de tempos
em tempos. Às vezes, eu ignoro, às vezes, não. Eu retalio como costumava
antes. Claro, não podemos voltar a ser 100% de como costumava ser. Ainda
tem algum constrangimento e um pouco de tensão, mas tenho certeza de
que precisará de tempo para esquecer completamente sobre aquela noite.
Bem, pelo menos podemos conversar um com o outro de novo. O Jade não
tinha que se preocupar com nada, como antes. A única desvantagem é que o
Jade voltou a ser o "entregador".
Na época quando o King e eu estávamos brigados, os homens do
escritório provavelmente sabiam que eu não estava no clima. Ninguém
ousou se aproximar e me incomodar, ou até me dar um presentinho como de
costume. Contudo, assim que viram que eu voltei ao normal, começaram a
pedir que o Jade me entregasse presentes de novo. Estou muito insatisfeito
com o comportamento deles!
Pensei que já tivesse deixado claro antes que não me envolvo com
pessoas da empresa. Será que não falam tailandês?
"N'Uea~", P'Pong, do departamento de vendas, me chamou em tom
baixo. Estou um pouco confuso e perdido no momento porque ainda não sei
quem me deu a sacola de lanches através do Jade. O sênior de 30 anos
entrou no nosso departamento com um sorriso em seu rosto e um copo de
café em sua mão.
"Comprei este café especialmente para você!", ele andou bem na minha
frente e colocou o copo de café na minha mesa sob o olhar dos meus
colegas de departamento. Olhei o copo de relance antes de dizer "Lamento,
mas eu não tomo-"
"N'Uea, você não toma mais café? Então vou comprar um pouco de suco
para você."
"Não é isso. Não bebo nada disso, então você não tem que comprar para
mim", minhas palavras perturbaram o P'Pong de imediato. Suspirando,
fiquei de pé e me aproximei dele.
"Por que não usa o seu tempo para cuidar da pessoa que está traindo em
vez de fazer isto? Você não está num relacionamento? Ela está trabalhando
no escritório abaixo do nosso, não está? Se souber que está traindo
enquanto está numa relação com ela, vai ficar de coração partido e não
confiará mais em você".
Quase me senti mal quando vi sua expressão de choque e mágoa, mas ele
precisa ouvir. Pessoas gananciosas que não conseguem ser leais aos seus
parceiros precisam ouvir. Pessoas que têm uma mente de traidor precisam
ouvir. Precisam estar cientes porque acredite em mim quando digo que 90%
desses homens são inconscientes e não percebem. Uma vez que começaram
a trair ou já traíram, acontece de novo e de novo.
É um ciclo vicioso que não termina.
"Obrigado pela sua gentileza, mas seria melhor não fazer isso de novo no
futuro", coloquei o café de volta em sua mão e sentei de volta em minha
cadeira. P'Pong deixou o meu departamento rapidamente. O assisti fugindo
pelas costas e suspirei.
Parece que ele não vai pisar neste departamento por um tempo.
"Aw, ele se esforçou tanto para comprar presentes para te agradar, mas
você o rejeitou! Você é cruel demais, Uea", King me provocou assim que
P'Pong saiu.
"Eu só tinha que deixar claro. Diferente de alguém que usa conversa
fiada, dando falsa esperança", zombei.
"Se chama ser gentil."
"Se chama ser paquerador", não pude evitar discutir com ele. King deu de
ombros e voltou ao trabalho.
É assim que geralmente querelamos. Começamos com duas ou três
palavras, mas acabamos brigando com mais dez. Bem, pelo menos não está
tão constrangedor quanto antes.
"Neste caso, devo reduzir a lista de pessoas de quem recebe, certo? Ele
provavelmente não vai mais incomodá-lo", perguntou Jade.
"Já lhe disse. Não importa quem seja, não pegue presentes. E eu já disse
antes que os nossos colegas estão fora de cogitação."
"Mas você ainda pode aceitar os meus, senão ficarão tristes!", King veio
e deu um tapinha nas costas do Jade antes de rir com alegria. Revirei os
meus olhos.
A longa semana já passou de novo e, num piscar de olhos, é o final de
semana de novo. Na sexta-feira à noite, tomei um banho e fui para a cama
mais cedo do que o normal porque tinha um lugar aonde ir muito cedo pela
manhã. Nesta tal manhã, meu telefone começou a tocar, me acordando antes
do meu alarme. Bocejando, agarrei o meu telefone e não pude deixar de
franzir o cenho quando vi quem estava ligando.
"O que é?", perguntei em tom de irritação. É cedo demais para estar
ouvindo a voz dele.
"Você acordou tarde!", a irritante voz do King saiu pelo alto-falante. Virei
para ver a hora, eram apenas 8h30 da manhã.
"Tenho o dia de folga hoje. Cabe a mim a que horas quero levantar.",
resmunguei. Trabalhei duro esta semana. Mereço descansar.
"Não, mas você tem que acordar cedo mesmo! Muitas pessoas estarão
esperando na fila!"
"Fila do quê?", perguntei em confusão.
"Na fila do exame de sangue!", disse alegremente, fazendo-me gelar.
"Isso mesmo! Vou lhe levar para fazer um exame de sangue."
"..."
"Estou esperando aqui embaixo, então se vista rápido!", disse King antes
de encerrar a chamada. Qualquer sonolência que eu tinha rapidamente
desapareceu. Imediatamente levantei e fui rapidamente ao banheiro.
Geralmente, sempre que eu transava com outras pessoas, sempre me
certificava que um de nós estava usando proteção. Na noite em que fiz sexo
com o King foi a primeira vez que dormi com alguém sem qualquer
proteção. Sexo entre dois homens é mais arriscado do que sexo entre um
homem e uma mulher. Além disso, o King troca de parceiro a cada noite.
Para ter certeza, decidi fazer o exame de sangue.
Na verdade, eu originalmente planejava ir ao hospital hoje. Eu só não
estava esperando que ele viesse e fizesse comigo. Talvez esta também seja
uma forma de ele expressar suas desculpas.
Depois de trocar de roupa, desci apressado para procurar por ele. King
estava usando uma camisa de manga curta cinza e jeans preto hoje, sentado
quietamente no sofá esperando por mim com um copo de café gelado em
sua mão.
"Café?", perguntou enquanto levantava o copo em sua mão.
"Obrigado, mas vamos!", recusei e o King deu de ombros antes de seguir.
"O seu carro ainda não foi consertado?"
"Hm". Se o meu carro já estivesse consertado eu não estaria no seu! Quis
dizer isso, mas não tinha energia para discutir com ele cedo pela manhã.
Além disso, estou tão nervoso agora que não quero conversar nada.
Pelo caminho ao hospital, o King tentou me engajar numa conversa e, às
vezes, me provocava, mas como eu estava ansioso, mal respondia. E estava
me deixando maluco.
Não que eu nunca tenha feito um exame de sangue para AIDS. Eu tenho
feito todo ano e estava tudo bem porque tomava medidas de segurança. Mas
esta era a minha primeira vez fazendo exame por um sexo desprotegido. E é
por causa do Kin-
"Uea, está me encarando de novo?", King pareceu sentir o meu olhar
mesmo não tendo tirado os seus olhos da estrada. Respirei alto em irritação.
Quanto mais eu via o comportamento indiferente, mais queria batê-lo! Se
eu não estivesse preocupado em capotar, teria lhe dado uma surra. [N/T:
possível inconsistência na última frase]
Chegamos ao hospital cerca das 10h e não haviam muitas pessoas para
exame de sangue. Não demorou muito até chegar a nossa vez. Em todo
tempo que eu esperava, sentei em silêncio por medo. King, que estava
sentado ao meu lado, não me provocava nem dizia qualquer coisa, mas era
óbvio para mim como ele também estava um pouco nervoso. Só uma hora
depois o resultado saiu.
Deixei sair um suspiro de alívio depois de ver que ambos os nossos
exames deram negativo.
"Eu disse que ficaríamos bem. Você estava pensando demais!", exclamou
King enquanto íamos ao estacionamento.
"Como posso não ter medo? Você não é tão confiável!"
'"Khun Anon, só para você saber, levo sexo muito a sério. Também não
quero morrer rápido!"
"Mas você não usou camisinha naquela noite", o encarei. King ficou
atordoado ao ouvir aquilo, antes de sorrir timidamente.
"Bem, eu estava bêbado. Mas eu prometo! Uso toda vez!", disse ele
levantando sua mão direita. Virei para o outro lado e o ignorei.
Toda a viagem foi envelopada pelo silêncio depois daquilo. Eu estava
esperando que o King me levasse de volta ao meu apartamento, então
quando o cenário ficou desconhecido para mim, franzi a testa.
"Este não é o caminho de volta para o meu apartamento", disse ao
perceber que ficávamos cada vez mais distantes do meu apartamento.
"Quem disse que vamos voltar ao seu apartamento agora?", sorriu
malicioso.
"Estou com fome e queria comer. Você provavelmente não deve ter
tomado café da manhã ainda", King olhou com um sobrancelhas franzidas.
Na verdade, antes do exame de sangue, eu estava tão preocupado que
esqueci, e agora que ele mencionou...
Fiquei em silêncio e só deitei as costas no banco do passageiro. Vendo
que eu não me importava, King continuou dirigindo. Alguns minutos
depois, chegamos em um shopping bem conhecido.
"O que quer comer?", ele perguntou enquanto entrávamos no shopping.
Olhei pelos restaurantes e nenhum eram baratos.
"Algo da praça de alimentação", rapidamente sugeri.
"Não se preocupe com o preço. É por minha conta."
"Por que de repente quer pagar para mim?", perguntei, estreitando os
meus olhos para ele.
"Veja isto como uma forma de me desculpar", respondeu de forma
simples. Vendo minha expressão de desconfiança, ele suspirou.
"Só escolha ou não- Na verdade, eu vou escolher! Vamos!", King
imediatamente pegou o meu braço e entrou num dos restaurantes
tailandeses sem dizer uma palavra.
Dele me puxando ao restaurante, a sentar-me numa cadeira e então pegar
o menu entregue pelo garçom com uma mão, a série inteira de ações foi
completa de uma vez só. Quase cada prato do cardápio custa mais de 500
baht [N/T: cerca de R$ 71,95]. Eu sabia que ser programador ganhava
muito mais do que um designer gráfico, era por isso que o King podia
comprar o que quisesse a qualquer preço.
Não tenho queixas quanto a isso. Não sou eu quem vai pagar mesmo.
Pedi um pad thai com camarões frescos e chá de limão. Enquanto
esperava pela comida, peguei o meu telefone para assistir alguns vídeos
cachorros e gatos no Twitter. Gosto muito de animais pequenos. Sempre
quis um gatinho ou cachorrinho para me acompanhar e passar meu tempo
de solidão comigo, mas eu sabia que o meu desejo jamais se tornaria
realidade. Além disso, na verdade sou alérgico ao pelo.
Lembro de quando eu estava na faculdade e tentei ir à cafeteria de gatos
com o Jade, mas 5 minutos depois de entrar, fugi rapidamente. Eu espirrava
tão excessivamente que os outros clientes não conseguiam evitar olhar para
o lado.
Não levou muito tempo para que a comida fosse servida. Me concentrei
em comer meu pad thai enquanto King fazia o mesmo. O clima na mesa
estava um pouco estranho. King e eu trabalhamos na mesma empresa por 3
anos, mas esta é a primeira vez que comemos juntos sem o Jade, então não
estou acostumado.
"Por que está me encarando? Sou mais apetitoso que o seu pad thai?", o
homem sentado oposto a mim me olhava, o canto dos seus lábios curvando-
se. Acabei de perceber que estava o encarando.
"Pode dizer algo que não me deixe enjoado?", não pude evitar revirar os
olhos por sua arrogância. King apenas riu antes de descansar o seu queixo
em sua mão, me olhando intensamente.
"Continue me olhando. Eu não ligo."
"Eu preferia estar cego", respondi e comi toda a comida no prato de uma
vez.
Dez minutos depois, King chamou o garçom para pagar a conta. Depois
de ver a quantia de 4 dígitos na conta, encarei a mão que dava o cartão de
crédito ao garçom. Depois de hesitar por um tempo, decidi abrir a minha
carteira para pegar 500 baht e dar para ele.
"Para que é isso?"
"Vamos rachar."
"Eu lhe disse que é por minha conta."
"Só pegue", estufei o dinheiro em sua mão. King balançou sua cabeça e
tentou empurrar a minha mão para trás, então eu levantei da cadeira, andei
até ele e coloquei o dinheiro em seu bolso.
"Você é tão teimoso", murmurou ele com uma voz irritada, mas só
ignorei. Só não quero ficar em dívida com ele.
"Vamos para casa agora?", King me perguntou depois de sairmos do
restaurante. Assenti enquanto observava o lugar cheio de gente. King e eu
nos dirigíamos ao estacionamento. Em meio à multidão movimentada, vi
uma silhueta familiar e não pude deixar de parar.
"Aquele é..." sussurrei, meus olhos perseguindo o homem familiar, alto e
magro, que tinha o braço envolvendo em alguém sexy.
"Han?", King me viu, virou e andou de volta até mim quando viu que eu
havia parado de andar. Ele seguiu a minha linha de visão para ver o que
havia chamado a minha atenção. Continuei a encarar a pessoa até que ele
estivesse numa distância visível. Não contive um sorriso em descrença
quando percebi quem era.
Ontem, ele estava mandando mensagens pedindo para voltarmos. E agora
o estou vendo com uma mulher passeando no shopping. Inferno!
"Conhece ele?", King não conteve a pergunta enquanto via o homem se
aproximar em nossa direção. Imediatamente escondi-me atrás do King,
bloqueando a visão do homem com suas costas largas, até que os dois foram
embora lentamente.
"Vamos voltar", não esperei que ele respondesse e rapidamente andei até
o estacionamento.
O Honda Civic preto acelerava em direção ao meu apartamento, de vez
em quando, podia sentir o King me olhando de relance. A imagem do P'Pok
com a mulher na minha frente ainda ressoa em minha cabeça. Estamos
acabados e tenho certeza de que o meu coração está em paz agora, mas
ainda não consigo evitar sentir raiva.
Embora eu tenha traçado uma linha clara com ele imediatamente, e não
queira voltar com ele, não significa que eu não sinta nenhuma dor. Dei o
meu tudo a ele, mas tudo que ele fez foi recompensar o meu amor tendo
outra pessoa enquanto estávamos juntos.
Quantas vezes terei que encontrar um desgraçado assim? Por que não
consigo encontrar pessoas boas?
"Pela forma que você olhou pra ele, presumo que seja o seu ex", a voz do
King quebrou o silêncio no carro. Virei para olhar pela janela do carro e dei
um "hm" baixo a ele.
"Então por que está emburrado? Se ele está com outra pessoa, deixe-o
estar. Outra pessoa vai vir substituí-lo. Você tem muitas opções na nossa
empresa."
Olhei para o seu rosto focado antes de chamá-lo.
"King."
"Han?"
"Por que as pessoas não se satisfazem com uma?"
"...Está falando de mim?"
"Daqueles caras."
"Quis dizer o seu ex?", perguntou. Pude apenas suspirar em vez de
responder. Realmente não entendo como podem trair tão facilmente quando
dizem estar apaixonados. Para mim, se estou apaixonado por aquela pessoa,
de forma alguma vou fazê-las duvidar do meu amor ou quebrar sua
confiança.
Talvez haja uma mensagem clara por trás deste tipo de pergunta com a
qual me deparo frequentemente: meu ex-namorado nunca me amou, para
começar.
"São todos reincidentes, difíceis de mudar", ele disse sua opinião, que me
fez sorrir um pouco.
"Está falando de si mesmo?"
"Ei! Não me culpe! Quando namoro, não traio", respondeu
imediatamente, fazendo-me erguer uma sobrancelha. King estreitou seus
olhos para mim e eu apenas o encarei.
"Você acha que estou mentindo."
"E não está?", perguntei, completamente não acreditando no que ele
estava dizendo. Pelo olhar em seus olhos no primeiro dia em que o vi no
bar, a ver o que ele tem feito na empresa pelos últimos 3 anos... ninguém
acreditaria.
"Estou dizendo a verdade! Bem, tudo bem. Posso olhar um pouco quando
vejo alguém que faz o meu tipo, mas sempre que estou em um
relacionamento, sempre cuido da pessoa desde o início e não fico em
contato com outras."
"...Então você não namorava a última pessoa que foi à empresa?",
precisei perguntá-lo.
Este incidente é bem conhecido na empresa. Há cerca de 2 anos, uma
pessoa que o King namorava enlouqueceu e correu até a empresa para
causar confusão. Gritava pelos quatro cantos que tinha levado um pé na
bunda do King porque ele havia encontrado outra pessoa. O King não havia
ido ao trabalho naquele dia, então no fim, foi o Jade que encarou a sua
fúria.
"Não, era só uma ficada", continuou casualmente. "Não namoro ninguém
desde que me formei na faculdade. A maioria é sexo casual. Alguns duram
3 ou 4 vezes. Mas eu sempre enfatizo para esses pessoas que só estou
procurando um lance e me divertindo. Se concordarem, nós 2 ganhamos. Se
não, então não."
Fiquei quieto sobre sua explicação. Eu não o conhecia bem o bastante
para saber se ele e aqueles caras estavam num relacionamento. Até onde
sei, ele só namora o tempo todo e termina quando fica entediado.
"Você sabe que há algo errado em fazer isso, mas não acho que vai
parar", eu disse em desaprovação. Se não está procurando um
relacionamento, então para que flertar com outras pessoas?
"Sinceramente, eu só quero transar", a resposta direta do outro me deixou
lento por um momento. King tirou os seus olhos da estrada à frente e me
olhou, não conseguindo conter uma risada.
"A sua expressão é fofa! Querer sexo é normal! Nunca quis sexo?"
"Quero dizer, é normal? Querer sexo com alguém que não é o seu
namorado?"
"Então... você tinha sentimentos por mim aquela noite?", sua pergunta
me fez gelar.
"...eu estava bêbado", respondi suavemente. Naquela noite... eu admito
que fiquei um pouco emocionado. Inegavelmente, foi bom. Mas foi porque
eu estava tão bêbado que perdi o juízo e o controle. Teria sido outra história
se eu mantivesse um pingo de sanidade no momento e ainda pensasse que
fazer sexo com um homem que eu não amo era algo bom.
Levantei o olhar quando ouvi sua risada fraca em meus ouvidos. King
estava sorrindo divertidamente enquanto me olhava.
"Do meu ponto de vista, 'amor' e 'sexo' nem sempre têm que andar juntos.
Não quero namorar. Só quero saciar o meu desejo e ter amizade colorida. O
problema é que a maioria das pessoas não quer terminar comigo. Então tem
isso."
"..."
"Por que está quieto? Está me xingando mentalmente?", ele suspirou
antes de adicionar "Cada um tem o seu próprio ponto de vista e perspectiva,
e este tipo de debate nunca terá fim. Mas contanto que eu esteja solteiro,
tenho o direito de fazer isso. Quando o dia em que eu quiser estar sério com
alguém chegar, então paro imediatamente."
Fiquei aturdido por um momento pelo que ele disse, mas o meu coração
estava cheio de dúvidas.
Não sou uma pessoa conservadora que não ouve a opinião de alguém
diferente da minha, mas eu entendia o que o King estava dizendo. Ele sente
que, contanto que não se comprometa numa relação com alguém, ainda tem
liberdade para escolher.
Algumas pessoas podem escolher perdoar seu parceiro que está por aí,
dizendo que foi algo físico e não espiritual, mas para mim, nenhum dos dois
é bom.
Quanto ao King... para ser honesto, ainda não consigo acreditar que,
quando esse dia chegar, ele realmente vai parar como disse. Pelo menos
nunca testemunhei um homem traidor que fica na sua e se engata realmente
a alguém. Onde estão os leais no amor?
"Uea", me chamou depois de um momento de silêncio.
"O que foi?"
"...se eu disser, você vai me bater?"
"Depende do que você está prestes a dizer."
"E se eu quisesse falar com você sobre aquela noite?", suas palavras
fizeram a minha testa franzir automaticamente. King olhou de relance antes
de continuar.
"Embora eu estivesse bêbado, lembro como foi bom."
"..."
"Já faz muito tempo que não encontro alguém que se encaixa tão bem a
mim na cama. Se fosse outra pessoa, eu com certeza a convidaria para
sermos amigos com benefícios, sem dúvidas. Mas já que é você... está
interessado?", ele disse meio brincando.
Vendo que eu imediatamente caí em silêncio, King mudou de assunto
imediatamente. Não respondi porque a minha cabeça estava ocupada
pensando em... coisas.
Nos meus 27 anos de vida, sempre tive uma vida simples. Tentei fazer o
papel de um bom filho, tentei ao máximo ser eu mesmo, e então deu o meu
coração em troca de um amor ideal. Mas em troca, fui machucado
repetidamente e tive meu coração partido pelas pessoas ao meu redor.
Enquanto conversava com o King hoje, pensei sobre a crença que eu tinha
sobre mim mesmo.
É melhor se eu não amar?
E se eu pudesse encontrar alguém para preencher o meu desejo enquanto
eu tivesse libido? E se eu quisesse enlouquecer uma vez na vida? Como
seria...?
King viu que eu estava em silêncio, então ligou o som com algumas
músicas. No sábado à tarde, o fluxo de tráfego era muito mais tranquilo do
que o de costume e não demorou até que chegássemos ao destino.
"Chegamos", disse o King após estacionar em frente ao meu
apartamento.
Destravei o cinto de segurança e o agradeci. "Obrigado por me trazer de
volta."
"Sim. Vejo você na segunda-feira", respondeu.
Neste momento, a minha mão, que estava prestes a abrir a porta,
lentamente desceu. Respirei fundo e o chamei.
"King."
"Han?"
"Quero tentar."
"Tentar o quê?", o outro ergueu suas sobrancelhas levemente. Hesitei por
um momento, então olhei para ele. Seus olhos firmes refletindo os meus.
Olhei para este "amigo de um amigo" por quem tive sentimentos mistos por
vários anos com uma expressão complicada.
"O que você acabou de dizer."
"..."
"Quero ser amigo com benefício com você."
Neste momento, o carro ficou em silêncio. O clima no veículo era tão
quieto que até mesmo a respiração mais suave poderia ser claramente
ouvida. Ele ficou estupefato. Depois que percebi como fui impulsivo ao
falar, imediatamente abri a porta do carro. Saí do carro e subi correndo.
Naquela hora, eu não sabia como a minha impulsividade afetaria o
futuro.
Capítulo 7: Acordo
Na vida do Anon Nantaphiwat, hoje deve ser o dia em que menos sou eu
mesmo!
Estava sentado na cama, com o meu olhar flutuando para o lado de fora
da janela inconscientemente. A minha cabeça devia estar fora de si. Como
eu pude dizer algo tão estranho? "Quero tentar"...
Pensando no que saiu da minha boca, junto com o olhar do outro ao
ouvir, não pude não dar um suspiro. Sempre deixei claro que não gosto do
King, mas agora quis ser amigo com benefícios com ele... Mesmo que ele
não esteja chocado, eu estou com o meu próprio pensamento.
Sinto que estou perdendo a cabeça gradualmente... não! Neste caso, devo
dizer que já perdi o juízo completamente.
Ding!
O alerta de mensagem atraiu o meu olhar para o telefone ao lado. Uma
pequena mensagem apareceu na tela do celular da pessoa de quem eu havia
me despedido há menos de meia hora.
"O que está fazendo? Vamos conversar."
Encarei a tela do celular por um momento e decidi não abrir. Virei e
deitei na cama, com sobrancelhas franzidas pela confusão. Sempre senti que
o que eu havia acabado de dizer ao King foi um pouco imprudente. Eu só
queria ter uma pessoa que eu amo e também me amasse de verdade. Talvez
a esperança de algo duradouro houvesse sido perdida, me fazendo ter
aquela ideia estranha...
Ou devo me desculpar por assustá-lo? Ou devo dizer para ele que o que
eu disse era apenas uma piada? Mas por outro lado... eu estava um pouco
hesitante.
Depois de passar por repetidos relacionamentos dolorosos, eu estava tão
cansado que não conseguia dar um passo adiante. Ou eu deveria dar uma
pausa primeiro e encontrar alguém com quem aliviar a solidão durante o
período?
O King pode ser um bom candidato.
A relação de trabalho de longa data entre ele e eu não necessariamente
requer conhecimento da vida pessoal um do outro. Se só analisarmos o
sexo, me sinto muito satisfeito com a performance dele na cama. Embora eu
me sinta um pouco desconfortável com seu comportamento paquerador ou
seu olhar de leão para uma presa. É lisonjeiro, mas não quero que ele seja
um namorado, então não preciso me importar com ele em nada.
Contanto que o King não envolva outra pessoa ou já tenha alguém...
contanto que ele não faça essas coisas ruins, como o meu pai fazia ao trair a
minha mãe, ou o meu ex que apareceu com outra pessoa, acho que posso
aceitar.
O alerta de mensagem soou de novo, como se ansiasse pela minha
resposta. Suspirei alto, decidindo desligar o telefone e colocá-lo na mesa de
cabeceira. Enterrei a minha cabeça no colchão macio e lentamente fechei os
olhos.
King queria conversar sobre, mas ainda não posso dá-lo uma resposta.
Só porque eu ainda não tenho certeza dos meus próprios pensamentos.
***
O domingo passou de novo, infelizmente, e na segunda-feira pela manhã
eu estava no trem lotado como uma lata de sardinha. Sempre dirigi até o
trabalho antes e ainda não estou acostumado com a vida de ter que pegar
trens com outras pessoas todos os dias, mas não tenho escolha a não ser ter
paciência. Tenho que esperar até o próximo sábado antes que eu possa
centro de reparos para pegar o meu carro.
De tempos em tempos, as pessoas no trem olham para mim. Não gosto de
ser o centro dos olhares. A fim de ignorar os seus olhos curiosos, escolhi
olhar para baixo e procurar algo no meu telefone, só para aliviar a sensação
constrangedora. Mas quando vi o número de mensagens não lidas
mostradas perto do app, não pude não ficar chocado.
Desde que fugi naquele dia, o King tentou me mandar mensagens no
sábado e no domingo, e tentou me ligar duas ou três vezes, mas não atendi
nenhuma vez porque não sabia o que fazer.
Ainda não decidi...
"Bom dia!", soou o cumprimento amoroso do Jade depois que entrei no
departamento. Mai imediatamente me cumprimentou em voz grave e eu o
respondi com um sorriso amigável.
"Não há presente para ser entregue a você hoje. Cheguei um pouco mais
cedo. Os seus fãs ainda não chegaram, espere até o meio-dia", Jade sorriu e
disse para mim enquanto eu ligava o computador.
"Eu não quero aquelas coisas."
"Ah... eu já falei para eles, mas não querem ouvir, então é melhor aceitar.
De qualquer forma, é grátis", balançou a cabeça e então me olhou. Vendo a
minha mesa, erguei sua sobrancelha...
"Não comprou café?", perguntou ao ver que o café que eu tomava todo
dia não estava na minha mesa.
"Muita gente na fila. Não quero esperar. Planejo encontrar algo para
comer mais tarde."
"Devo descer e comprar algo para você? De qualquer forma, vou
comprar café para o P'Jade", disse o Mai bem na hora e o Jade assentiu com
a cabeça entusiasticamente como uma galinha catando arroz.
"Não precisa, eu mesmo vou", respondi.
Mai assentiu e rapidamente levantou-se do assento, gentilmente dizendo
"Já volto, P'Jade".
"Lembra do que quero beber?"
"Frapuccino de Caramelo".
"Incrível, incrível! Vá!", Jade sorriu brilhante e satisfeito. Depois de
receber seu sorriso, os lábios do mais novo pareciam querer se formar um
beijo para o Jade, mas o mesmo era muito inocente e só queria sua comida.
É mais difícil estar buscando alguém insensível ao amor.
"Volto logo."
Quando Mai saiu do departamento, levantei da cadeira deixando para trás
o rapaz que tomava leite de coco no café da manhã na mesa, e andei até
uma salinha usada como copa.
Liguei a chaleira e, quando a água ferveu, derramei o copo de café no
copo enquanto olhava fixamente a parede, pensando naquilo de novo e de
novo, e pensando mais 10 vezes de novo. A vantagem de uma relação de
uma amizade colorida com o King é que nenhum compromisso é preciso,
mas a desvantagem é...
"Uea", uma familiar voz grossa e profunda me fez parar de colocar água
quente no copo. Observei o homem alto entrando na sala com o canto dos
meus olhos. Ele estava usando uma camisa cinza e calça preta hoje e seu
cabelo estava penteado para trás. Suas sobrancelhas e testa estavam
claramente visíveis.
"Por que não atendeu as minhas ligações?", perguntou em voz grave,
sinto que estou sentado em pinos e agulhas ao olhar para os seus olhos
profundos.
Bem. Aí está. Eu estava falando exatamente sobre isto.
"Eu não olhei meu telefone... aconteceu alguma coisa?", perguntei de
volta. King erguei o canto de sua boca e aproximou-se de mim. O leve
cheiro de menta flutuava do seu corpo.
"Só quero lhe perguntar uma coisa", King disse por trás de mim, seu
corpo quase tocando as minhas costas e o hálito quente soprava contra o
lóbulo da minha orelha, que parecia sensível.
"O que você disse antes de sair do carro no sábado..."
"..."
"É o que eu estou pensando?"
"..."
"Estava falando sobre sermos amigos com benefícios, não é? Você
concorda?", só de ouvir sua voz grave soando nos meus ouvidos, sem nem
mesmo me tocar, perdi o ritmo da minha respiração. Era como se eu
estivesse envolto por seus braços.
"Naquele dia, eu... esqueça, deixe para lá, só falei por falar", murmurei.
Francamente ainda hesito, admito que quero tentar, mas depois de pesar os
prós e os contras, eu...
Essa relação é vazia demais?
"Experimente, não vai doer. Além disso, vai ser bom para nós dois", seus
longos dedos tocavam a minha nuca. O toque fez os pelos do meu corpo se
arrepiarem. Tive que me virar enquanto o olhava com sobrancelha erguida.
"Está me seduzindo?"
"Bem, se você concordar... vai ser bom", o canto de sua boca ergueu-se
formando um sorriso malicioso. Para ser honesto, não importa o quanto eu
o odeie, não consigo rejeitá-lo neste momento. Ele é muito atraente. Não é
de surpreender que haja muitas garotas o querendo a qualquer custo.
O King conhece bem os seus charmes e sabe como usá-lo em benefício
próprio.
"Não vamos nos apaixonar", King trouxe o seu rosto para perto do meu e
o seu nariz pontudo tocou a minha bochecha. Imediatamente empurrei os
seus ombros e, quanto tentava me distanciar, olhei para a porta com medo
que fôssemos vistos por alguém.
"Não-"
"Quer tentar? Se não gostar..."
"Pessoal~~"
O grito do Jade veio à distância e eu rapidamente empurrei o outro para
fazê-lo virar-se, e ajustei a minha expressão.
"Então vocês estão aqui!", Jade entrou na copa com um sorriso.
"Jade, o que está fazendo aqui?", o tom da voz do King soou um pouco
irritado e o Jade veio para o meu lado.
"Vim fazer café para Fai. Ela disse que tem dores nos pés e não podia
andar. Como membros do departamento, devemos cuidar uns dos outros",
ele explicou com animação, pegando um copo e fazendo café calmamente.
"..."
"O que está olhando King? O meu rosto está sujo?"
Jade viu que ele estava sendo encarado pelo amigo com sobrancelhas
erguidas e inconscientemente tocou seu rosto. A pessoa sendo questionada
respirou fundo e saiu da sala. Jade virou-se e me olhou.
"Não tem nada! Veja!"
Pensando na expressão irritada do outro, não pude conter um sorriso. Eu
sabia que eu era podre. Sempre que eu via sua expressão de irritação, meu
humor se renovava!
Baseando meu humor no sofrimento dos outros... parece que eu sou tão
mal quanto. Ops!
***
King não mencionou aquilo para mim o dia todo (pude ver que ele
queria, mas não havia um bom momento para conversar). Sentei na mesa,
pensando na conversa de novo e de novo. Na verdade, eu já decidi a minha
resposta, mas ainda sou cuidadoso e cauteloso. A ideia de sair da minha
zona de conforto me deixa intimidado.
Esta é a primeira vez na vida em que quero fazer algo louco. Comparado
a outros infortúnios que já passei na vida, isso é nada. Mas há uma outra
voz no meu coração dizendo: não ultrapasse os seus limites, não se arrisque.
"Uea, vamos ao mercado comer arroz siu-mei juntos!", Jade cutucou o
meu ombro, sua voz alta me puxando dos meus pensamentos e
automaticamente olhei o relógio do computador. Percebi que já era hora de
ir para casa.
"Obrigado, mas estou de boa. Vá você", recusei. O outro choramingava e
resmungava enquanto desligava o computador.
"Por quê? Você nunca mais saiu com a gente!", Jade reclamou fazendo
biquinho.
Já perguntou a pessoa ao seu lado se ele quer que eu vá e atrapalhe seu
date?
"Fica para próxima", olhei para o Mai que estava guardando as suas
coisas, que me deu um sorriso ciente e compreensivo.
Só sei que essa "próxima" não vai chegar até o ano do macaco [N/T: o
próximo ano do macaco é em 2028].
"Tudo bem, te vejo amanhã!", Jade acenou e se despediu, seguido por
Mai, que saiu atrás dele.
"O seu carro ainda não foi consertado, não é? Eu te levo", King disse
aproximando-se.
"Não preci-"
"Vamos!", King segurou meu pulso, não permitindo que eu recusasse, me
puxando para fora do departamento. Eu já sabia porquê ele estava insistindo
em me levar desta vez, então não protestei mais.
Já hesitei por alguns dias, talvez esteja na hora de decidir.
***
O Honda preto deixou o prédio da empresa e as ruas estavam lotadas de
longas filas de carros, o trânsito não saía do lugar. Eu mexia no meu celular
em silêncio enquanto o King batia no volante com os dedos. Seus olhos
estavam fixos no shopping não muito longe.
"Vai levar um tempo. Eu gostaria de parar para jantar primeiro", disse
King. Eu concordei.
Depois de estacionar o carro, entramos no shopping. Antes que eu
pudesse puxar o homem alto para a praça de alimentação, mais uma vez ele
me ignorou e entrou num restaurante caro. Pedi uma tigela de arroz com
pato e ele pediu arroz com junta de porco para comer. Esta é a segunda vez
em dois dias que como sozinho com o King. Quem diria que não era
agradável olharmos um para o outro há algumas semanas? Os fatos provam
que ninguém pode prever o futuro. Começo a hesitar seguir com essa
relação de amizade com benefícios...
Porque sentimentos são a coisa mais impossível de prever.
"Uea, você come pouco demais", vendo que só comi 2/3 do prato, ele
baixou os talheres e não pôde conter uma reclamação.
"Estou cheio", depois de responder, tomei um gole d'água.
"Coma mais, vai precisar", deu um sorriso brincalhão, com seu tom
sugerindo algo.
"...vamos embora."
Depois de comerem, entramos no carro e fomos em direção ao
apartamento. Fiquei pensando sobre a minha própria vida e não tive tempo
de conversar com ele, então King ligou a música e cantarolou a música
baixinho. Eu observei o trânsito à frente, que estava tão congestionado
quanto antes. Se não houvesse trânsito, levaria menos de meia hora de casa
para o trabalho. Mas todo mundo sabe que Bangkok é um dos locais mais
congestionados do mundo e não há nada que possa ser feito sobre isso.
Seria bom se eu conseguisse chegar em casa em só uma hora e meia.
"King, este não é o cruzamento para o meu apartamento", o vendo
repentinamente dobrar antes da próxima interseção, não pude deixar de
perguntá-lo.
"Eu sei", depois de me responder com indiferença, erguei as sobrancelhas
para mim.
"Então ond-"
"É a do meu apartamento."
"..."
"Já decidiu sobre aquilo? Se disser não, dou a volta imediatamente e lhe
levo de volta para o seu apartamento". Quando ele terminou de dizer a
última palavra, o veículo entrou num mar de silêncio de novo. Olhei para
seu rosto quietamente, hesitando responder algo tão sério.
"Uea", vendo que eu não havia respondido por muito tempo, chamou de
novo.
Olhei pela janela e disse suavemente "sim, continue".
"..."
"Vá para o seu apartamento", respondi. King pausou e, após dar um
sorriso, pisou no acelerador com uma expressão de satisfação.
Eu decidi ser amigo com benefícios do King.
***
Na verdade, havia várias coisas que me deixaram hesitante. Este não é
um tipo de relação comum. Há um certo risco emocional, mas é
relativamente fácil quando a outra pessoa é o King.
Mesmo que ele não traia, não gosto que ele esteja sempre flertando com
outras pessoas. É difícil para mim ter sentimentos por pessoas que não
gosto. Esta é uma linha que não consigo cruzar.
Neste curto período de tempo, haverá apenas sexo entre ele e eu.
Desde que eu tive aquela briga enorme com o King no outro dia, nunca
pensei que teria outra oportunidade para vir aqui. Eu estava entrando num
dos apartamentos dos prédios luxuosos na Silom de novo. Quando vim aqui
pela primeira vez, eu estava tão zangado que não vi direito. Desta vez eu
realmente pude ver...
O apartamento do King é muito maior do que o meu e também fica bem
no centro. Desnecessário dizer que seu apartamento valha, no mínimo, 10
milhões de baht [N/T: cerca de 1.430.000,00]. A cor do interior é inclinada
ao marrom, o que parece combinar com seu estilo de vida. Os móveis e
outras decorações são relativamente simples, mas vendo o sofá de couro
marrom-avermelhado, parece que seu preço é equivalente a três meses do
meu salário. A renda mensal de um programador é considerável e a família
do King é rica, para começar. Seus pais estão no negócio de exportação e
têm sua própria empresa e pode-se dizer que ele vive uma vida de rei.
Ah, como seria bom nascer em berço de ouro...
"Quer tomar banho primeiro?", King virou para me perguntar enquanto
eu observava o lustre acima de mim.
"Eu não tenho roupas para vestir."
"Tudo bem, você não vai usar mesmo", King sorriu, seus olhos emitiam
um brilho relaxado e atrevido. As garotas corariam se vissem, mas eu já sou
imune. Eu odeio esse caráter frívolo.
Nem começou ainda e eu já quero morrer.
"O roupão está no armário preto", apontou King. "Vá primeiro. Eu vou
depois".
"Tudo bem", respondi, peguei um roupão e entrei no banheiro do quarto.
Tranquei a porta e fiquei de pé em frente para o espelho. Eu estava aqui
outro dia observando os chupões que o King havia feito em meu corpo e
ainda claramente lembro do choque em meus olhos, mas agora o olhar
refletido no espelho é de calma e indiferença.
Eu ainda não acredito que me trouxe para cá de novo.
"Você está muito sexy usando isso", soou uma voz grave e profunda. Eu
havia acabado de sair do banheiro depois do banho quando. Aqueles olhos
profundos olharam direto para o meu corpo. Virei o meu rosto. Os olhos do
outro pareciam muito satisfeitos.
"Pare de olhar e vá tomar banho."
"Sim, senhor", ele pegou a toalha e entrou no banheiro enquanto
assobiava.
Eu saí para a sala de estar e peguei o controle remoto para ligar a TV. Na
verdade, não tinha muito o que assistir, só queria que este apartamento
quieto tivesse um pouco de som.
Eu estava sentado no sofá, pensando coisas de novo. Não levou muito
tempo até que o alto dono do apartamento saísse com uma toalha de banho
amarrada ao redor do seu quadril e seu abdômen musculoso estava nu. As
gotas de água escorriam pelo seu tronco até a parte coberta pelo tecido. A
pele brilhava como uma escultura artística criada por um mestre artesão.
Devo admitir que o corpo do King é perfeito.
"Uea, está pronto?", perguntou. Peguei o controle e desliguei a TV,
chamando o nome dele.
"King."
"Han?"
"Vamos fazer um acordo primeiro."
"Diga", King sentou-se junto a mim. Minha mente me dizia para recuar,
mas já que concordei em fazer isto, por que dar pra trás? De qualquer
forma, o corpo do King estará mais próximo de mim do que está agora...
desde que ele aceite o meu acordo.
"Tenho algumas condições que quero discutir com você. A primeira é
que só podemos fazer isto até duas vezes na semana."
"Ei! Isso é muito pouco!"
"Não é. Você só está acostumado a fazer demais. Se não puder aceitar-"
"Eu não disse que não vou aceitar!", resmungou.
"Então aceita?"
"...Tudo bem. O que mais?", perguntou.
"Não deixe chupões ou marcas em meu corpo. Não ligo se podem ser
cobertas, não gosto de ver marcas vermelhas e roxas em meu corpo".
"Hm..."
"Se quiser, vai precisar ter minha permissão primeiro. Se eu disser não, é
não. E também terá que usar camisinha toda vez que fizermos."
"Tudo bem, só isso?"
"Tem mais", apertei os meus lábios e falei a coisa que mais estava me
preocupando "Não fique de brincadeiras no escritório. Você não pode contar
para ninguém, nem mesmo o Jade".
"Uea, você acha mesmo que vou contar para as pessoas? Acha que vou
falar 'ei, Uea e eu transamos!'", brincou. Olhei sério para ele e ele piscou
para mim.
"Eu juro que este assunto será um segredo entre nós dois, não se
preocupe", ele sorriu e acrescentou "Mais alguma coisa?".
"Se, no futuro, você ou eu conhecermos alguém que queremos namorar
ou se um de nós quisermos parar, vamos parar imediatamente".
"Sim", concordou. "Só isso... não é?", perguntou pela terceira vez.
"Bem, tem algo importante".
"O quê?"
Me aproximei dele, olhei em seus olhos e disse em alto e bom som: "Se
você dormir com mais alguém durante este período, nossa relação acaba de
imediato".
"...O quê?", King ergueu suas sobrancelhas. Vendo sua reação, não pude
deixar de sorrir.
"Antes você disse que enquanto estiver solteiro, pode fazer o que quiser e
eu respeito isso. Normalmente não me interesso por saber o que você faz
com os outros, mas já que estaremos em uma relação com contato muito
íntimo, tenho medo de pegar doenças."
"Mas vamos usar preservati-"
"Mesmo assim. A nossa relação vai continuar até que um de nós queira
terminar ou até você encontrar outro parceiro de cama, tudo bem? Se não
puder aceitar isso, acabamos aqui."
Olhei para a expressão de surpresa com satisfação. Intencionalmente
esclareci os termos do acordo porque não gosto de dividir o mesmo homem
com outras pessoas, mesmo que não seja meu namorado. O maior motivo é
que eu tenho medo de pegar alguma doença e eu não sei quem dormiria
com ele. Se a pessoa estiver doente, mesmo que use camisinha, não será
100% eficaz. Se eu fosse infectado pelo King, a minha vida estaria acabada.
Não quero que a minha vida seja tão irônica.
Talvez você ache que sou egoísta demais, mas não o forcei a aceitar. Se
ele realmente não puder, não vou culpá-lo. Nós apenas cancelaríamos a
ideia. Por outro lado, a minha condição restringe o King completamente.
Tendo em vista sua personalidade livre, tenho 90% de certeza que ele não
vai aceitar.
"Hm, tudo bem!"
Viu? Ele não-
O QUÊ?!
"De agora em diante, sou apenas seu, okay?", sorriu, olhos brilhando de
alegria.
"..."
"O motivo pelo qual fico trocando de parceiros é porque nunca
combinava com nenhum. Mesmo que combinasse, outros problemas
surgiam. Mas você é diferente. Combinamos perfeitamente fisicamente e
com certeza você não vai se apaixonar por mim mesmo. Então por que me
incomodar em procurar outra pessoa?"
Fiquei aturdido pela sua resposta. Pensei que ele definitivamente me
rejeitaria quando ouvisse essa condição, não esperava que ele concordasse
facilmente.
"Você... aceita mesmo?", estreitei os meus olhos, não acreditando
completamente nele.
"Hm... não sei, mas se eu realmente dormir com outra pessoa, prometo
não mentir para você."
"..."
"Somos amigos e temos trabalhado juntos há muito tempo. Eu não quero
que acabe com ressentimentos. Mesmo que a nossa relação acabe, ainda
quero ser seu amigo", King garantiu com sinceridade em sua voz. Me senti
aliviado.
Para ser honesto, não sei quão crível o King é, mas por ele ter se
desculpado sinceramente pelo incidente naquela noite, posso ver que ele
realmente faz o que fala. Além disso, não tenho planos de manter esta
relação com ele por muito tempo. Definitivamente ele não vai suportar e vai
encontrar outra pessoa em um mês.
Quando isso acontecer, vamos poder encerrar a relação e voltar ao modo
anterior. Sem problemas.
"Mas eu também tenho uma condição. Se não me deixa dormir com
outras pessoas, só dois dias por semana com certeza não são suficientes!",
ele sorriu com olhar malicioso e disse "Quero 4 dias!".
"Isso é demais!"
"Não é!"
"Eu po-"
"3 dias está bom, concorda? Venho ao seu apartamento te encontrar por 3
vezes na semana". King viu a minha atitude rígida e, finalmente derrotado,
seus olhos ficaram mais escuros enquanto ele se aproximava.
"Concordei com todas as suas muitas condições e, para ser honesto, estou
em desvantagem aqui. Você pode pelo menos me dar esta, Uea", sussurrou
em meu ouvido.
Revirei meus olhos e, depois de considerar por um momento, apertei os
lábios "Tudo bem".
King imediatamente riu em satisfação. Ele descansou suas mãos nas
costas do sofá, me aprisionando em seus braços. Seu rosto se inclinou e
perguntou "Mais alguma coisa?". A voz grave e madura alcançou os meus
ouvidos, ainda mais sedutora.
"Não."
"Então... podemos começar, certo?", disse ele gentilmente tocando a pele
da minha bochecha com a ponta do seu nariz, selando o canto da minha
boca com a sua, esperando pela minha resposta,
"Hmm, sim...", sussurrei e meus lábios imediatamente sentiram o toque
dos dele. Meu corpo ficou tenso e fechei os olhos, sentindo os meus lábios
serem lentamente massageados.
Estou mesmo fazendo isso?
"Por que está tão parado? Ainda está hesitando?", King perguntou
recuando. Vendo que eu ainda não havia aberto os olhos e nem respondido
sua pergunta, sua voz grave era misturada a traços de erotismo...
"Não pense demais. Você quer e eu quero. Estamos só nos ajudando", sua
também tinha ternura, a respiração lenta dele podia ser ouvida enquanto ele
tentava ser paciente. King aproximou-se de mim de novo, seus dedos
gentilmente desciam meu roupão e expunham os meus ombros. King
baixou sua cabeça no meu pescoço e o beijou, fazendo uma trilha até a
minha clavícula.
A minha mente ficou em branco. Eu nunca transei com ninguém além de
um namorado. Embora eu tenha muita experiência na cama, mas agora
sinto-me como um adolescente virgem, tão nervoso que não sei onde
colocar as mãos. Não tenho certeza se tomei a decisão certa.
Devia pedi-lo para parar?
"Uau. É isso mesmo? Achei que fosse melhor do que isso. Parece que o
Khun Anon só late e não morde, não é?"
Suas palavras me incitaram e eu abri os olhos rapidamente. Seu rosto
estava a poucos centímetros de distância do meu e ele ergueu a sobrancelha
de forma desafiadora. Sua expressão sedutora era basicamente o rosto que
eu conhecia há anos.
Por que tive que me enfiar nisso?
Eu estava um pouco zangado. Respirei fundo e coloquei os braços nas
costas do King, o puxando em um beijo. Não ligo para o que ele diz, ainda
que sejam insultos ou provocações, porque eu nunca irei ceder na frente
dele!
O beijo ficou cada vez mais quente e eu passeava com com minha língua
pela sua boca, procurando pela ponta da sua língua como em uma batalha
que eu não ousava perder, seu leve gemido me indicando que ele estava
muito satisfeito com os toques. Nossos lábios se separaram, ainda que
estivéssemos ligados por um fio molhado que, por um momento, ia de uma
boca a outra, até que o partimos. Seus olhos mostravam todo o desejo
despertado nele.
"Agora sim", King sorria em satisfação antes de beijar meus lábios como
se não conseguisse mais conter seus desejos. Nos beijamos e lentamente
fomos até o quarto, sem pararmos, até que as minhas costas eram
pressionadas contra a colcha macia. O corpo do King rapidamente cobriu o
meu e nos entrelaçamos.
Os beijos do King me excitavam muito, constantemente provocavam os
meus desejos. A minha sanidade começou a ficar embaçada pelo calor do
momento e podia apenas confiar na reação instintiva do meu corpo a
responder aos beijos com a mesma ânsia. O nó do roupão foi desfeito e a
sua mão grande gentilmente havia começado a tocar a minha pele. A
respiração do King começou a perder o compasso enquanto ele tocava o
meu corpo. E eu não conseguia conter as minhas mãos de tocar seu peito e
abdômen, com seus músculos fortes.
A minha mão desceu pelo seu tórax até a toalha que estava amarrada em
seu quadril, que logo foi solta por mim e caiu em cima da cama.
Acha que só você sabe brincar?
"Hm... que impaciente...", a risada profunda do King soou em meus
ouvidos.
A minha mão acariciou seu órgão ereto e King deixou escapar um
gemido do fundo de sua garganta e trancou o maxilar quando me sentiu
massagear a cabeça com o meu polegar, até que um líquido cristalino
começou a sair.
Eu não tive a oportunidade de observar aquele dia porque estava bêbado,
mas depois que toquei... percebi que era muito grande e grosso.
"Não, só queria conhecer...", depois de falar, aumentei a intensidade com
os meus dedos ao redor até que senti que o King estava ficando ainda mais
excitado, com seu pau ficando ainda maior em minha mão.
"Então me deixe fazer o mesmo."
"Ah...", um gemido transbordou pela minha boca quando seus lábios
quentes desceram explorando o meu peito. King chupava o meu mamilo
com vontade e eu, sem conseguir segurar, mergulhei os meus dedos em seu
cabelo o puxando para mais perto. Ele continuou chupando um dos meus
mamilos que já estavam eretos e a respiração começou a ficar mais
ofegante. Ao mesmo tempo, sua mão grande e máscula acariciava o outro.
A temperatura do corpo começou a ficar mais quente devido ao desejo.
Seus lábios revezaram para o outro mamilo, e continuou descendo pelo
meu corpo com uma trilha de beijos. King pegou as minhas pernas e as
abriu, posicionando-se no meio e se inclinando para passar a língua entre o
meu bumbum. Gemi mais alto quando ele continuou lambendo e sua língua
chegou ao meu pênis, o King lambia lentamente como se estivesse
saboreando uma sobremesa.
"King... ah... ah!", eu gemia sem fôlego e fiquei ereto sem qualquer
esforço. As explosões de prazer faziam minha barriga contrair e eu
segurava seu cabelo impacientemente. Eu não sei se quero que ele pare ou
que ele continue me dando prazer.
"Quer mais alguma coisa?", King ergueu sua cabeça e viu o meu rosto
avermelhado e olhos marejados. Seus olhos pareciam muito satisfeitos.
O homem alto pegou a camisinha e o lubrificante, gotejou um pouco em
seus dedos e então voltou para a cama, colocando um dedo sobre a minha
entrada enquanto levantava uma das minhas pernas com a mão esquerda,
para ter espaço.
"Ah!"
"Relaxe", depois de falar, ele lentamente começou a massageá-la.
Ele continuou tentando me preparar com calma com seus dedos
molhados pelo gel. Apertei o ombro dele quando senti uma dor fina como
agulha.
"Uea, você está apertado. Relaxe, respire", disse King acariciando minha
perna com o seu polegar para me ajudar a relaxar.
"Estou tentando... que tal você me deix-" ah...", as palavras que eu não
havia terminado de falar desapareceram no beijo quente do King, e a ponta
da sua língua explorava os quatro cantos da minha boca. Estiquei os meus
braços para envolvê-los ao redor do seu pescoço e o beijei de volta com
muito desejo, tentando me distrair dos dedos que trabalhavam duro na
minha entrada. King mantinha o ritmo fazendo movimentos de tesoura,
massageando enquanto procurava o ponto certo.
"Ah, hmmmm!!!"
"Achei?", me perguntou em voz suave e rouca, enquanto os seus dedos
atacavam constantemente os meus pontos mais sensíveis. Seus olhos firmes
assistiam o meu rosto fixamente, que expressava gemidos de excitação
devido ao prazer.
"Mais... por fav- ah!", movi o meu quadril contra os seus dedos,
tremendo e chorando por mais estimulação. King saciou o meu desejo e
continuou a massagear os meus pontos sensíveis até que eu gritei e atingi o
meu clímax, liberando o líquido sobre meu corpo.
"Uea, você é muito atraente, sabia?", disse King com os olhos cheios de
luxúria. King retirou os seus dedos, abriu o pacote de camisinha e a
desenrolou em seu órgão enorme, antes de banhá-lo em lubrificante. King
levantou as minhas pernas com as suas mãos, posicionando-se no meio
delas.
"Qual pose você quer?", perguntou enquanto me estimulava com a mão.
Após um orgasmo, comecei a me sentir excitado de novo.
"Eu... tanto f- Ah!", arfei em surpresa quando King me virou, fazendo-me
deitar de barriga. Ele me disse para me apoiar nos joelhos, segurou o meu
quadril e gesticulou para que eu levantasse o bumbum.
"Vamos fazer nesta então", disse King enquanto inseria pouco a pouco na
minha entrada. "Caralho, tá apertado", falou entredentes. Suas mãos
continuavam a apertar o meu quadril.
King ainda tentava entrar no caminho apertado. O lençol que estava por
baixo já havia sido agarrado e amassado indiscriminadamente por mim,
meus olhos começaram a marejar, enquanto senti que ficava mais apertado
ao redor do King. King inclinou-se, pressionando seu peitoral nas minhas
costas, enquanto me dava beijos suaves e gentis.
"Você está bem?", King perguntou ao perceber que só conseguiu adentrar
apenas a metade.
"Sim...", respondi rouco.
Os lábios do King sugavam o lóbulo da minha orelha, virando o meu
rosto para beijar a minha boca, enquanto puxava o meu quadril contra o seu.
Assim pude sentir o King por inteiro, finalmente, dentro de mim. Meus
olhos reviraram e o King continuava a me beijar, me dando tempo para
ajustar-me ao seu tamanho.
"Posso me mover?"
"Hmmm", segurei os lençóis abaixo de mim, me preparando para a
estocada. De início, King apenas fez movimentos lentos. Depois que me
acostumei e a passagem ficou mais fácil, ele começou a acelerar. Gemendo,
o meu corpo se movia seguindo o ritmo do King, que estava trás de mim. E
as explosões de prazer tomaram conta do meu corpo. Não consegui segurar
meus gemidos, impaciente por mais.
"Está gostoso", senti mais beijos em minha nuca. Suas palmas fortes
deixavam marcas na minha pele enquanto distanciavam as popas da minha
bunda. O som dos nossos corpos se chocando era a única coisa que dava pra
ouvir no quarto, e me excitava. Arqueei ainda mais as minhas costas
elevando os meus quadris, para receber mais do estímulo intenso que vinha
através das estocadas do King.
"Ahm... mais rápido!", eu estava preso no redemoinho do desejo e, sem
vergonha, tive que obedecer a minha vontade em pedir mais. Sorri quando
ouvi King gemer rouco no meu ouvid.
"Quer mais? Assim?", sussurrou King, imediatamente acelerando seus
movimentos e atingindo ainda mais fundo dentro de mim. Ele estava me
estimulando tão bem que eu não conseguia pensar em mais nada. Tudo que
eu conseguia ouvir eram os nossos gemidos. Sentia que poderia derreter em
seus braços.
"King... oh!", gemi quando King me virou de repente sem separar os
nossos corpos. King inclinou-se sobre mim, cobrindo o meu corpo, beijando
o meu pescoço. Não pude evitar gemer repetidas vezes.
"Quero ver o seu rosto quando eu gozar", King disse em voz rouca de
desejo, levantando uma das minhas pernas até seu peito e, me fazendo
gemer mais, voltou a fazer movimentos e seu órgão atingia ainda mais
fundo em mim.
"Ah, ah, bem aí", eu tremia de prazer quando King atingiu o meu ponto
mais sensível e o prazer extremo era insuportavelmente bom. Agarrei-me ao
lençol sob mim para controlar os movimentos do meu corpo enquanto King
continuava acelerando suas estocadas. As pontas dos meus dedos
inconscientemente queriam agarrar os músculos de suas costas e deixavam
marcas vermelhas por onde passavam. King segurou em meu quadril como
uma âncora, com seus próprios quadris golpeando mais forte, atingindo
diretamente a minha próstata. Mais um ou dois movimentos do King e eu
gemi de prazer com olhos fechados enquanto atingia meu ápice mais uma
vez.
"Você já... ah... tá... ah... per-?", gaguejei vendo que o King continuava a
me foder como se não houvesse fim. Sua mandíbula estava trancada e seu
cenho franzido em concentração.
"Estou quase", King fala rouco, com seu rosto fazendo expressões de
prazer enquanto ele fazia movimentos de entrada e saída. A estimulação
excessiva da minha próstata estava me fazendo contrair minha entrada,
levando o King ao seu limite. Sentindo-se ficar cada vez mais perto do
clímax, King foi com tudo, o mais profundo que conseguia. Deitando seu
corpo sobre o meu, King respirou ofegante enquanto gozava dentro da
camisinha.
O quarto todo cheirava a sexo e luxúria. Antes limpos, agora os lençóis
brancos estavam sujos, amaçados e molhados. Fiquei deitado na cama,
tentando recuperar o meu fôlego enquanto King tinha o seu rosto
mergulhado em meu pescoço.
"Porra, isso foi muito bom", a voz rouca e grossa do King falou em meu
ouvido. Foi mesmo bom, foi até melhor do que o sexo com todos os meus
ex-namorados.
"Tira de dentro. Estou ficando com calor", murmurei rouco depois de
gemer tanto. Empurrei os ombros dele, urgindo que ele tirasse de dentro de
mim. Além disso, seu corpo sobe o meu estava começando a pesar.
"O quê? Me jogando fora depois de usar? Que cruel...", provocou.
"Levante. Você é pesado. E está ficando mais quente", tentei empurrá-lo,
mas King ainda tinha o seu rosto em meu pescoço e não queria sair.
"Está mesmo ficando mais quente...", sorriu. Congelei quando senti o
órgão do King, que ainda estava dentro de mim, ficando duro de novo. King
imediatamente o tirou de dentro de mim, removendo a camisinha usada
antes de abrir outra.
"Fiquei duro de novo. Mais uma?"
"Ei, eu nã-", eu estava prestes a protestar quando suas palmas
rapidamente desceram pelo meu corpo, agarrando meu membro e o fazendo
ficar ereto mais uma vez. Os protestos em minha boca rapidamente
tornaram-se suspiros e gemidos.
"O que estava dizendo?", olhou para mim com sorriso provocativo
enquanto me masturbava continuamente. Consenti entredentes "Cala a
porra da boca e vai log- uhm", King capturou os meus lábios, inserindo a
sua língua em minha boca enquanto eu sentia seu membro grande grosso
em minha entrada. Ele começou a fazer movimentos profundos e fortes de
vai e vem, e eu podia ouvir vagamente seus gemidos de prazer.
"Como quiser", disse King em voz baixa antes de me foder pela segunda
vez naquele dia.
***
Quando a nossa transa intensa chegou ao fim, era quase meia-noite.
Deitei na cama com pálpebras pesadas, sentindo que podia cair no sono a
qualquer momento. A pessoa ao meu lado levantou, amarrou uma toalha ao
redor do seu quadril e pegou algo da sua gaveta. Franzi a testa quando o vi
pegar um isqueiro e um cigarro, sentando-se no pé da cama.
"O que está fazendo?"
"Fumando", respondeu King, prestes a acender o cigarro em sua mão.
"Vai fumar na varanda", disse em voz rouca, puxando a colcha para
cobrir o meu rosto. Eu odeio cheiro de cigarro. O odor é horrível.
"Tudo bem", respondeu e levantou-se para abrir a porta de vidro em
direção à varanda. O cigarro em sua mão estava aceso. King levava o
cigarro à sua boca, inalava um pouco de nicotina e lentamente colocava pra
fora...
Eu encarei as costas largas de pé na varanda fumando os cigarros. Os
arranhões em suas costas, meu corpo nu sob as cobertas... Só provava que o
desejo foi real.
Parceiro de cama... amigo com benefício... como quiser chamar. Parece
que não somos só colegas. Nem ele é mais só o "amigo de um amigo". King
e eu temos oficialmente outra relação agora.
Minhas pálpebras fecharam de cansaço. Embora eu ainda sinta que o que
acabou de acontecer não seja certo, é tarde demais. Eu já decidi.
É só um curto momento de loucura na minha vida e não vai demorar até
retornar ao que era antes.
Não vai.
Capítulo 8: Nervoso
Já imaginou como seria o seu futuro?
Quando estava na faculdade, imaginava que, quando chegasse aos meus
20 e poucos, teria um trabalho estável, meu próprio carro e apartamento.
Talvez vivesse como um homem de negócios numa capital e um namorado
com quem planejar o futuro.
Claro, esta é uma fantasia muito básica. Não estou mesmo esperando que
seja muito diferente de agora. Na verdade, está ficando cada vez mais
distante.
Sim, já tenho meu próprio apartamento, mas trabalhar numa empresa
privada de pequeno-médio porte não pode ser considerado estável. Tenho o
meu próprio carro, sim, mas não foi eu mesmo quem comprou. E o mais
importante: não encontrei o amor da minha vida.
Além do mais, nunca pensei que seria amigo com benefícios de alguém
que eu não gosto.
"Uea, no que está pensando?", perguntou King enquanto esperávamos
pelo elevador.
"Nada."
"Hmm, claro. Pensei que estivesse sonhando acordado, já que estava
olhando fixamente a parede. Não fui brusco demais a ponto de você bater
sua cabeça na parede ontem, fui?", sussurrou numa voz provocativa, com
seus olhos transmitindo flerte.
O dia literalmente acabou de começar e ele já está assim.
"Cale a boca", resmunguei. Já faz duas semanas, mas ainda não consigo
acreditar que estou neste tipo de relação com ele.
Tudo foi de acordo com o acordo que conversamos. Éramos só sobre
negócios na empresa como de costume, nem mesmo Jade conseguia ver a
mudança entre nós. Depois do trabalho, cada um de nós dirigia de volta o
seu próprio carro. King geralmente vai ao meu apartamento 3 vezes por
semana ou eu vou ao dele de vez em quando. Também transferi algumas das
minhas roupas para o seu apartamento, para que eu tenha uma muda de
roupas para usar no trabalho no dia seguinte. Sem precisar pegar roupas
grandes demais emprestadas.
Durante essas semanas, além do nosso acordo de cama, a forma como
tratamos um ao outro não mudou. Ele ainda continua me incomodando e eu
ainda me irrito. Especialmente numa situação como agora...
"Olá, Khun King", uma linda garota com uma doce voz veio
cumprimentar o King. Encarei a pessoa cujo nome estava sendo chamado e
não pude evitar revirar os meus olhos quando ouvi seu tom de voz gentil e
doce.
"Olá, Khun Rung. Você está muito bonita hoje", disse King dando seu
sorriso típico. Se lembro corretamente, esta mulher trabalha no andar bem
acima do nosso. Não sei direito, já que trabalhamos em departamentos
diferentes, mas o King parece conhecer todos deste edifício.
Se fosse o Jade, eu diria que ele está apenas sendo gentil e amigável. Mas
sendo o King, digo que está sendo paquerador e só quer tirar a roupa dela.
"Obrigada. Você está lindo hoje!", ela sorriu tímida, suas bochechas
estavam começando a ficar vermelhas. O sorriso do King enlargueceu.
Suspirando de irritação, virei o rosto.
Por que tenho que estar aqui assistindo-o flertar? Que irritante.
"Khun Rung, está pronta para voltar?"
"Não, eu estava esperando pelo café quando lhe vi. Só vim dizer oi",
respondeu ela.
No momento em que a porta do elevador abriu, imediatamente entrei por
estar cansado de ouvir a conversa deles. Fiquei de pé no canto de trás para
dar espaço para às outras pessoas. Ouvi o King dar adeus à Khun Rung
antes de vir ficar ao meu lado, dando-me um sorriso leve.
Quer saber? Talvez eu devesse ter arranhado a cara dele em vez das
costas ontem à noite. Seria melhor do que deixá-lo fingir ser um cara legal
na frente das outras pessoas.
Enquanto mais pessoas entravam, o elevador ficou lotado e o King teve
que se pressionar contra mim. Posso sentir seu peito largo contra o meu
ombro. Enquanto subíamos, fiquei silenciosamente observando o número
dos andares mudarem até sentir algo tocando as minhas costas.
O homem que estava próximo agarrou a minha bunda, antes de envolver
a minha cintura em seu braço, apertando. O encarei. Ele ergueu sua
sobrancelha antes de descer o braço.
Ding!
Quando chegamos ao nosso andar, saí rapidamente, cuidadosamente
olhando ao redor para ter certeza que ninguém viu o que aconteceu antes de
virar para a pessoa.
"Por que fez isso?", perguntei com voz séria.
"Não, foi um acidente", respondeu com um sorriso inocente, mas pude
ver em seus olhos que ele estava mentindo.
"Só um fantasma acreditaria que foi acidental! Você obviamente fez de
propósito!", franzi minhas sobrancelhas. O King apenas ergueu o canto de
sua boca e inclinou-se antes de sussurrar no meu ouvido.
"Eu vi você ficando apertado. Tive medo que você se machucasse, então
deixei que se apoiasse em meu braço. Fala sério. Já fizemos coisas mais
íntimas do que isso, esqueceu?", suas mãos subiram e tocaram a parte baixa
das minhas costas de novo. Rapidamente as empurrei e olhei firme em seus
olhos.
"Eu falei para não brincar na empresa!"
"Sim, sinto muito. Não tive a intenção. A minha mão acabou tocando.
Foi realmente um acidente", disse sorrindo brilhante. Respirei fundo antes
de pisar forte em seu pé.
"AI!"
"Ops, sinto muito. O meu pé acabou pisando. Foi um acidente", sorri para
ele, que agora estava surpreso por seu pé ter sido pisado. Fui embora em
direção ao escritório após bater o ponto.
Ficando muito irritado tão cedo de manhã... Parece que hoje não é um
bom dia!
***
E não é um bom dia mesmo.
Não só para mim como para todos na empresa. Temos esperado
ansiosamente pelo aumento salarial anual. Agora que chegou, me deixou
desapontado e frustrado.
Jade, que acabou de voltar da reunião com o chefe, retornou ao escritório
com um rosto triste e estava para baixo. Quando o chefe anunciou na sala
de conferência que só aumentaria o nosso salário em 1% este ano, o meu
amigo imediatamente inclinou-se para trás na cadeira em frustração e ficou
sentado com um olhar de frustração em seu rosto. O Jade já havia dito antes
que queria usar o seu salário para investir em alguns fundos, mas essa fonte
de fundos só cresceu um pouco e não pode ser usada em investimentos.
"Pelo menos há um leve aumento", embora eu estivesse tão desapontado
quanto, dei o meu melhor para confortá-lo. Jade apenas assentiu com um
rosto triste.
Eu originalmente planejava ir à churrascaria no shopping no almoço para
comemorar o aumento, mas já que o salário só subiu levemente, só posso
comer uma tigela de macarrão com frango amargo perto da empresa.
Sentei oposto ao Jade, que ficava fazendo barulhos enquanto sugava o
macarrão apimentado para dentro da boca. Mai entregou um lenço ao Jade
para que ele enxugasse o seu suor. Não fiquei surpreso quando vi que a
tigela do Jade estava cheia de pimentas vermelhas.
Jade nunca come nada apimentado demais.
"Caramba, Jade! Está comendo macarrão ou sendo fodido por alguém?
Por que diabos está gemendo?", King reclamou com leve provocação.
"Bem, está apimentado! Além disso, o tempo está quente demais! Eu não
estou gemendo", retrucou Jade, com a boca cheia de macarrão.
"Você sequer sabe como as pessoas gemem quando estão sendo fodidas?
Estou lhe dizendo, Jade, fazem o mesmo só que você está fazendo agora",
King continuou a provocar, fazendo o Jade corar.
"Não, não fazem!"
"Você não namora, como você sabe?"
"Já assisti pornô, seu cuzão! Não minta para mim", Jade respondeu com
confiança. Apertei os meus lábios para me impedir de rir.
"Oh, caramba. Qual site está usando, Jade? Talvez eu devesse dar uma
olhada", King riu alto enquanto segurava a barriga.
Os olhos do Jade arregalaram quando percebeu que havia mordido a isca
do King. Quando viu que o Mai não havia conseguido não rir, Jade corou.
"King, seu desgraçado! Seu idiota!", gritou Jade com vergonha, batendo
e chutando o King por baixo da mesa, fazendo-a tremer. As pessoas das
mesas próximas começaram a olhar para nós. Imediatamente os adverti com
os olhos, mas o King continuou a provocar o seu amigo de infância.
"Fala sério, Jade! Por que está com vergonha? Todo homem assiste por-
AIII!", King gritou depois que eu bati em seu ombro.
"Não podemos comer em paz? Você é barulhento!", adverti. King apenas
riu antes de esticar sua língua para Jade. Esses homens às vezes brigam um
com o outro como crianças mesmo que estejam ficando velhos.
Assisti Mai entregar ao Jade um copo de água para beber antes de eu
voltar a comer o meu macarrão. Eu estava prestes a dar uma mordida
quando senti algo apertar o meu quadril, me fazendo travar.
"O que foi?", perguntou Jade quando notou que eu estava duro.
"Não, nada", Jade apenas assentiu e voltou a comer. Olhei fixamente para
o King.
Tire. A. Sua. Mão. De. Mim. Balbuciei enquanto olhava nervosamente
para os outros dois. King não soltou e ainda teve a audácia de acariciar as
minhas costas.
Esse desgraçado...
"Espere, vou pegar um pouco de água para você, P'Jade", disse Mai numa
voz suave antes de levantar-se. Foi só quando o júnior alto se levantou que
o King timidamente puxou sua mão para longe de mim, então se virou e
continuou comendo o macarrão como se nada tivesse acontecido. Gritei por
dentro de frustração.
Não sei como ele consegue me irritar toda vez. Às vezes, só queria bater
nele.
***
Depois de pagar a conta, comprei um copo de chá preto gelado para
extinguir a minha sede e ter algo para beber enquanto esperava Jade
terminar de comprar o seu. Jade voltou não muito tempo depois.
"Voltem para a empresa primeiro. Vou à farmácia", Jade nos disse
enquanto tomava um gole da sua bebida.
"O que precisa de lá? Você está bem?", perguntou Mai rapidamente e,
vendo sua expressão preocupada, não pude evitar rir por dentro e me sentir
aliviado. São tão fofos.
"Não há nada errado comigo. Só vou visitar alguém", Jade garantiu,
alcançando a cabeça do garoto alto e dando um tapinha.
"Ah, está falando daquele?"
Há um mês, Jade chegou tarde à empresa. Ele veio usando uma camisa
com lama e amaçada. Ele explicou que havia ajudado um cachorrinho que
quase foi atropelado. Na época, Jade confiou o cachorrinho ao dono da
farmácia enquanto tentava encontrar um lar permanente. Infelizmente,
ninguém entrou em contato com ele. No fim das contas, o dono da farmácia
adotou o cachorrinho.
"Sim, eu não o visito há quase um mês. Ele já deve estar crescido."
"Cachorros crescem muito rápido. Ele provavelmente não tem a
aparência que tinha quando você o encontrou."
"Sim", Jade murmurou a si mesmo, com um olhar de pena em seu
semblante. Pelo último mês, ele teve que trabalhar duro todo dia para
alcançar o progresso do seu trabalho. Depois do almoço, ele tinha que
correr de volta à empresa para trabalhar. Jade não teve tempo de visitar.
"Deveríamos todos ir visitá-lo?"
"Não, não gosto de cachorros", King rapidamente recusou.
Jade virou seu olhar rapidamente para mim, "E você, Uea?"
"Você sabe que não posso ir", estranhei. O rosto do Jade ficou confuso
por um momento até que ele percebeu. Ele riu quando lembrou do motivo.
"Certo. Esqueci que você é alérgico a pelos. Sinto muito", ele deu um
tapinha em meu ombro como se quisesse me confortar. Jade sempre
esquece. Nos conhecemos há anos, ele está no mesmo departamento que eu,
mas sempre esquece que sou alérgico a pelos.
Ele é esquecido numa idade jovem.
"Tudo bem, então você o P'King voltem à empresa primeiro. E que tal
vo-"
"Sim, posso ir com você?", antes que Jade pudesse terminar de falar, Mai
o interrompeu com uma expressão entusiasmada indicando o quanto ele
queria passar um tempo com o meu amigo.
Mas, é claro, o meu amigo inocente não percebeu.
"Tudo bem! Vocês voltem à empresa primeiro. Mas não se matem no
caminho!", Jade nos lembrou.
"Preocupe-se com você primeiro! Mai, cuide bem do P'Jade. Ele é meio
maluco. Certifique-se de que ele não vai ser atingido por um carro quando
estiver atravessando a rua", provocou King, fazendo com que Jade o
xingasse. Balancei a minha cabeça e massageei a minha têmpora enquanto
assistia aqueles amigos de infância. Não esperando pelo King, virei e fui em
direção à empresa.
"Espere por mim!", com passos largos, King conseguiu me alcançar.
"Gosta de cachorros, Uea?"
"Sim, são fofos. Por que não gosta deles?"
"Na verdade eu gosto."
"Mas agora há pouco vo-"
"Por que eu deveria ir com o Jade? Não é melhor deixar o Mai
acompanhá-lo? Já faz um mês e ainda não há progresso algum. Eu só estava
o ajudando", riu.
Hmm. King parece parece ser muito íntimo e próximo do Mai, e isso me
preocupa um pouco.
Olhei para a pessoa que andava ao meu lado com desconfiança. Sei que o
Mai é um bom garoto, mas o problema é que a pessoa ao meu lado não.
Sempre que estão juntos, temo que algo aconteça. Quem sabe? O King pode
plantar algumas ideias estranhas na cabeça do Mai.
"O que está olhando?", perguntou King quando me viu olhar estreito para
ele.
"Nada", respondi antes de tomar um gole. No canto do meu olho, pude
vê-lo olhando para trás antes de inclinar-se na minha direção.
"Na verdade, há algo que eu gosto mais do que cachorros. Não quer
saber?"
"O quê?"
"De quatro. Ah, eu amo muito", disse com um sorriso no rosto.
Engasguei no chá.
"Ops!", riu enquanto alisava as minhas costas com a sua mão.
"Seu fodido!", resmunguei. King só continuou rindo enquanto me olhava.
Boa dor!
"Ai!", choramingou depois que bati forte em seu braço. "Caramba, se
acalma!"
"Desgraçado!", depois de repreendê-lo, imediatamente virei e olhei ao
redor, com medo de sermos ouvidos. Graças a Deus ninguém estava
passando.
"Eu lhe falei, não fale assim em público!"
"Ninguém ouviu. Está tudo bem!", ele colocou o seu braço sobre os meus
ombros, sorrindo antes de inclinar-se ao meu ouvido e sussurrar "Sei que
você também gosta. Sempre que estamos nessa posição, você não consegue
parar de gemer".
"Se disser mais uma palavra, vou derramar todo esse chá preto gelado na
sua cabeça!", olhei para ele fixamente e me preparei para abrir a tampa.
King continuou rindo com lágrimas nos olhos.
"Sim, sim, sem mais", ergueu suas mãos em redenção. Suspirei antes de
andar à frente dele.
Não é de admirar que ele não tenha um parceiro. Seria um infortúnio tê-
lo como namorado.
***
Agora já passou do meio-dia. A maioria dos funcionários terminou de
almoçar e está voltando para trabalhar. Entrei no edifício, com o King me
seguindo atrás. Enquanto esperava o elevador, vi uma silhueta aproximar-se
pelo canto do meu olho.
"A sua garota está ali, por que não vai dizer oi?", gesticulei para que o
King olhasse, assentindo para a garota linda em frente à cafeteria. Não a
conheço pessoalmente, mas sei que ela trabalha no andar de baixo. Ela
parece ter tomado gosto pelo King porque nunca perde uma oportunidade
de cumprimentá-lo.
"Não, vamos", disse ele com testa franzida, o que me surpreendeu. Seu
rosto parecia desagradado. Estou suspeitando que ele não goste dela.
Entendo.
"King, não quer um pouco de café?", perguntei em voz alta, enfatizando
o seu nome. Senti os cantos da minha boca formarem um sorriso quando
notei a mulher virar em nossa direção.
"Ei!", reclamou antes de me encarar. Só agi inocente e fingir não ter feito
de propósito.
Tenho buscado oportunidades para provocá-lo e agora é a chance.
Olhei de relance para a mulher de novo e a vi andando em nossa direção.
Estou secretamente satisfeito com o resultado. Decidi deixar o King para
trás e esperar pelo elevador sozinho, mas a pessoa próximo a mim foi mais
rápida.
"Gerente!"
"Oh! Qual o problema, Khun Anon?"
Enruguei o meu nariz e vi que o King atrás de mim estava acelerando e
andando em direção ao gerente da empresa, que também estava esperando
pelo elevador. Ele sorriu educadamente para o gerente e começou a
conversar. Quanto à mulher da cafeteria, ela claramente parou no caminho
quando viu King conversar com o gerente, abandonando a sua vontade de
vir dizer oi.
Droga! Você deu sorte, King. Murmurei enquanto entrava no elevador,
decepcionado que não o peguei.
Você teve sorte desta vez.
Cheguei em nosso escritório enquanto o King continuava conversando
com o gerente. Fui para a minha mesa, abri o arquivo no qual estava
trabalhando e continuei a fazer o meu trabalho. Logo depois, King retornou
ao escritório. Ele andou direto até mim. Seus olhos cheios de uma suave
irritação.
"Estava se vingando de mim?"
"Talvez. Talvez não", respondi casualmente. King clicou sua língua e
estava prestes a dizer algo, mas foi interrompido por um colega que entrou.
"P'King! Acabei de encontrar aquela garota que trabalha no andar
debaixo ao nossa empresa. Qual é o nome dela mesmo? Não lembro", Gun,
um programador júnior, chegou. King suspirou antes de responder numa
voz preguiçosa.
"Srta. Moh."
"Certo! Ela me perguntou se você tem estado ocupado com o trabalho
ultimamente. Ela não tem te visto sentado na cafeteria há alguns dias."
"Então o que você disse?"
"Eu disse que você está muito, muito ocupado com o trabalho e não tem
nem um tempo livre."
"Tudo bem, bom", sua voz rouca e grave tinham uma pitada de alívio, o
que me surpreendeu.
"Não gosta daquela pessoa? A acho bonita, diferente das funcionárias do
nosso departamento", Gun perguntou exatamente o que eu estava curioso. O
comportamento do King com aquela garota era muito bom independente do
ponto de vista, então é estranho que ele diga que não gosta dela. King
usualmente é amigável com todo mundo. Eu nunca o vi se esforçar tanto
para evitar alguém assim antes.
"Ela é agressiva demais. Eu não gosto. Ela tem me seguido e, sempre que
conversamos, ela faz perguntas demais embora nos conheçamos apenas há
pouco tempo. Pense, se ela já é assim antes de qualquer coisa acontecer
entre nós, quanto mais se realmente estivermos juntos num
relacionamento?", ele respondeu nossas perguntas num tom sério.
Hmm. Parece que o nosso homem livre não gosta de ser controlado pelos
outros! Para ser honesto, esse tipo de pessoa é muito adequado para uma
pessoa paqueradora e ardilosa como o King.
"Isso é verdade", disse Gun em concordância.
Olhei para a tela do meu computador e resolvi ignorar a conversa deles e
me concentrar em meu trabalho, as a próxima pergunta do Gun me fez
erguer as orelhas e ouvir.
"Uh, P'King, então qual é o seu tipo ideal?"
"Por que a pergunta?"
"Sempre que vamos a um bar, você escolhe alguém muito rapidamente.
Imagino se você tem um tipo ideal ou algo assim".
"É só por uma noite. O que você acha?", zombou. Revirei os meus olhos.
Como esperado dele.
"Então você não tem nenhum tipo específico?"
"Tenho, na verdade."
"Como qual?", Gun perguntou ansioso para saber. Perdi o interesse e
estava prestes a continuar trabalhando quando o King falou.
"Uma pessoa que pareça sexy e sedutora sem nem tentar. Uma pessoa
que possa me atrair só por sentar. Este é o meu tipo."
Senti um olhar intenso por trás de mim. De repente, o clima atrás de mim
começou a ficar estranho e uma sensação desconfortável subiu em meu
peito.
"Uau. Sua resposta é como esperada, P'", disse Gun antes de andar até
mim e me dar um tapinha no ombro.
"E você, P'Uea, tem algum tipo?"
"Alguém que não seja um paquerador", respondi curto, os fazendo rir.
"É muito claro. O P'King não tem chance", Gun virou-se e deu um
tapinha no ombro do King. King me olhou e fingiu estar magoado.
"Oh, Uea. Como você pôde? Partiu o meu coração!"
"Tanto faz", o olhei e virei o rosto. Voltei o foco ao trabalho à minha
frente e deixei que os dois programadores continuarem a sua conversa.
Na verdade, nem sei por que bisbilhotei a conversa deles, para começar.
E qualquer que seja o tipo ideal do King, não tem nada a ver comigo.
***
O trabalho da tarde é sempre miserável. Um dos motivos pode ser porque
tenho que sair para o trabalho cedo pela manhã. Ter uma refeição completa
no almoço também me deixa sonolento. Ouvi o Jade reclamar sobre os seus
olhos ficarem cansados enquanto pegava alguns lanches da mesa do Mai
para comer. Também comecei a me sentir com um pouco de sono, então
divergi os meus olhos do computador para a pequena Kuan Yin* que
comprei e pus na mesa, dando oportunidade para os meus olhos
descansarem. [N/T: *conhecida também como a "deusa da misericórdia" ou
Guanyin no budismo]
Mas a minha sonolência não desapareceu, então decidi ir ao banheiro
para lavar o rosto.
Liguei a torneira, juntei um pouco de água e joguei no meu rosto
sonolento, sentindo-me muito mais refrescado. Depois de pegar um pouco
de papel para enxugar o meu rosto, decidi voltar ao trabalho. Bem aí, King
entrou no banheiro com um copo de café.
"Trabalho demais hoje. Duvido que chegarei no horário mais tarde. Acho
que tenho que ficar", ligou a torneira para limpar o copo do café. King me
olhou e perguntou "Vai ficar também?"
"Não. Terminei todo o meu trabalho hoje."
"Sortudo. Volte para casa primeiro, então. Vou para lá ali que o meu
trabalho tiver terminado."
"Vai para onde?", ele franziu o cenho após ouvir a minha pergunta.
"Pergunta estranha, mas tudo bem. O que geralmente fazemos à noite?",
respondeu com uma pergunta, os cantos de sua boca formando um sorriso.
"Você não vai hoje."
"O quê? Por quê?" , o sorriso presunçoso do King rapidamente
desapareceu.
"Você tem me provocado o dia todo. Acha que ainda estou no clima para
ficar com você?", resmunguei. "Eu lhe disse para não ficar de brincadeira
no escritório e você não ouviu."
"Qual é. Não leve tão a sério. Sinto mui-"
"E depois de pedir desculpa? Está planejando parar de me irritar? Se não
for sincero, então do que adianta se desculpar?", o repreendi com uma voz
firme.
Eu sei que o King gosta de provocar as pessoas e não tem intenção de
ofender, mas às vezes eu fico muito irritado com isso. Além disso, não
quero que outros vejam e suspeitem da nossa relação. Se eu não deixar a
minha irritação clara, ele não vai parar.
"...Então, eu realmente não posso te ver hoje?", a expressão em seu rosto
desapareceu num instante, deixando só um tom sério. Suspirei e estava
prestes a responder quando o meu telefone tocou de repente.
O peguei, apertando os meus lábios quando vi o nome na tela.
"É a sua mãe, não vai atender?", King me perguntou quando viu que eu
estava encarando o telefone. Inspirei fundo e estava prestes a pressionar o
botão para atender, mas a ligação foi desligada. Nem segundos depois, o
meu telefone foi bombardeado por mensagens.
"Por que não atende sempre que eu ligo?"
"Quando vai voltar para casa?"
"Entendo! Agora que você é adulto e tem o seu próprio dinheiro, você
não tem que voltar e ver os seus pais, tem?"
"Venha para casa uma vez neste sábado para que o seu pai pare de
reclamar! Está ficando irritante!"
Esta não é a primeira vez que a minha mãe me força a ir para casa. Ela
não quer me ver porque sente falta do seu único filho, mas para agradar o
seu marido que sente falta do seu filho adotivo. Esta é a terceira vez que ela
me manda mensagens em duas semanas. Aquele marido nojento dela parece
tão ansioso em me ver. Cada vez que vejo o seu rosto, quero vomitar.
"Qual é o problema?", sua voz grossa e rouca perguntou num tom gentil.
Só balancei a minha cabeça e guardei o celular.
"Nada. A minha mãe só me disse para ir para casa."
"Bem, vá para casa. Conversaremos outro dia", disse, desligando a
torneira antes de pegar o seu copo.
Hesitei por um momento, mas..
"King."
"Han?"
"Hoje à noite... pode ir se quiser", eu disse numa voz baixa, evitando
completamente o seu olhar. Ele ficou aturdido por um momento, olhos
cerrados em confusão.
"Não vai para casa?"
"Não, não volto para lá há muito tempo", respondi, não querendo dizer
para ele que aquela não era minha casa de jeito nenhum. Só a casa da nova
família da minha mãe. Além disso, aquela casa me lembra memórias que
tenho tentado esquecer.
Já faz alguns anos desde o incidente, mas é difícil sempre que piso
naquela casa.
"Lamento", mesmo que o King não mencionasse, pude dizer que ele
estava sendo empático pela minha família. Balancei a cabeça e disse que
estava tudo bem.
"Só me avise quando chegar. Vou descer para lhe buscar", eu disse antes
de sair do banheiro.
De início, eu não deixei o King ir porque não conseguia suportar o que
ele fez hoje. Queria aproveitar a oportunidade para ensiná-lo uma lição, mas
quando vi a mensagem de texto da minha mãe, um sentimento de
desconforto veio instantaneamente. Não quero ficar sozinho hoje.
Sentei na cadeira e continuei a trabalhar. Ouvi os passos do King por
perto. Olhei para cima e encontrei o seu olhar por um segundo antes de ele
olhar para outro lugar e retornar ao seu assento para trabalhar.
Ding!
"Vejo você mais tarde, então."
Olhei a mensagem do homem atrás de mim, então bloqueei a tela do meu
telefone, relaxei um pouco e continuei a focar no trabalho à minha frente.
Embora não sejamos tão próximos, percebia que, após conhecê-los por
tantos anos, ele sabe quando brincar e quando ser sério, mesmo que seja um
pouco irritante. Em termos de sexo, ele não é um egoísta que só se importa
com o seu prazer. Diferente dos meus ex. Ele também se importava comigo.
Ele sabe o que o meu corpo quer e responde aos meus pedidos.
Suas habilidades na cama são excelentes. Dormir com ele pode me fazer
esquecer dos problemas que não quero encarar por um tempo e me ajudar a
clarear a minha mente. Sinto como se divagasse para outra dimensão e não
precisava me importar com nada além do seu toque.
Mesmo que seja por pouco tempo. Para mim, é suficiente.
Capítulo 9: Desconhecido
Socializar com pessoas é algo que não sou muito bom. Como uma pessoa
introvertida, raramente tomo a iniciativa de conversar com outras pessoas,
especialmente com pessoas que não conheço. Prefiro ficar sozinho do que
socializar, mas no trabalho socializar é algo inevitável, porque sempre
temos que trabalhar com outras pessoas. Embora eu esteja no mercado de
trabalho há vários anos, sempre me sinto sobrecarregado quando converso
com novos colegas de trabalho.
Cada colega da empresa tem sua própria experiência de vida e
personalidade. Alguns são muito reservados, como eu. Mas a maioria é
amigável e gosta de conversar com as pessoas. Acredito que este é o motivo
pelo qual a empresa organiza diferentes atividades todo ano, para que cada
funcionário aqui possa conhecer e se comunicar com outros. Além de
querer que os funcionários aliviem o estresse do trabalho, é claro.
Todo ano, a empresa organiza duas atividades principais. A primeira é a
viagem anual de férias da empresa e a outra é...
"Os times para o evento de esporte da empresa foram anunciados.
Verifique a sua cor para saber em qual time está. Postei a lista no quadro de
avisos. Os uniformes dos times serão enviados à tarde. Venham e assinem",
eu estava no filtro de água quando o P'Bas fez o anúncio. Meu olhar foi até
o quadro de avisos que estava próximo e suspirei.
Não gosto de participar de atividades desde que eu era estudante. Se
posso evitar, vou tentar evitar ao máximo. Mas já que esta atividade vai
afetar o bônus de fim de ano, não importa o quão cansado eu esteja com
essa atividade, tenho que fazê-la. Em adição ao prêmio, o time vencedor
também tem um bônus de 500 baht [N/T: cerca de R$ 71,45], então não
importa quanto o evento pode ser chato, não deve ser tão ruim.
"Uea, por favor, tire uma foto para eu ver", Jade gritou na frente da sala.
Peguei o meu telefone e tirei uma foto do quadro de avisos, e então voltei
ao meu assento. Os meus colegas que estavam sentados próximo a mim
imediatamente vieram ver.
"Namwaan! Estou no time com você!"
"Como assim vocês estão juntos enquanto eu estou no outro?"
"P'Bas é tão mau. Ele se colocou no time do P'King de novo!"
"As garotas podem se afastar um pouco? Quero ver em qual time estou",
Je Fai andou empurrando o grupo de pessoas na minha frente e, olhando o
meu telefone, disse "Estou no time azul este ano. Jade, você e eu estamos
no mesmo time!".
"O que?! Merda! Oh, não, quis dizer oba! Que sorte!"
"Jade! Eu ouvi isso!"
"Je Fai, veja o meu também!"
"Você não tem um time, N'Gun! Vai ter que apresentar. Que pena."
"De novo?! Eu nem pude jogar no ano passado!", Gun protestou com
uma expressão de frustração. Je Fai riu e então roubou o celular de mim,
continuando a ler a lista.
"Então no time azul tem P'Bas, Jade, King e eu. Ótimo! Mas por que o
N'Mai foi designado para o time laranja? P'Bas?!", Je Fai protestou em voz
alta, enquanto a pessoa responsável pelo grupo, P'Bas, apenas ria e ignorava
a pergunta.
Grupos de eventos de esporte são geralmente determinados
aleatoriamente por cada departamento, para que os funcionários possam
usar esta oportunidade para conhecer os seus colegas de outros
departamentos. É por isso que não é surpreendente que alguns colegas
sejam atribuídos a times de outra cor. Subconscientemente olhei na direção
do Mai. Ele estava olhando para o Jade que estava brincando de luta com Je
Fai. Parecia um pouco desapontado, provavelmente porque não estava no
mesmo time que o meu amigo.
"Há o P'Mongkol, Uea e o N'Mai no time laranja. Oh, só de olhar esta
lista, realmente acho que o nosso time vencerá este ano!", Je Fai afirmou
brincando, antes de devolver o telefone para mim. Apenas sorri porque é
verdade.
Não importa que time seja, contanto que Jade e Fai estejam juntos, é
garantia de que seu time definitivamente vencerá. Com o entusiasmo e
energia deles, até os fantasmas da empresa têm que desistir.
"Uea, confio N'Mai a você. Lembre de cuidar bem dele!", me disse Jade
com um sorriso brilhante quando a multidão começou a se dispersar.
"Sim."
"Que pena que não posso estar no mesmo time que você, P'Jade", disse
Mai. Jade encarou o Mai e apenas sorriu, dando tapinhas em seu ombro.
"Está tudo bem. Vai poder conhecer outros rostos do escritório. Além
disso, o Uea estará com você, não vai se sentir sozinho. E talvez conheça
novos amigos e me esqueça."
"Como eu poderia te esquecer, P'Jade?", N'Mai franziu a testa e seu tom
tornou-se sério, mas o Jade não percebeu, porque agora mesmo ele acabou
de virar e olhou para o Gun, que estava furioso por não poder participar do
jogo.
"O que está havendo?", a voz grave do King soou. Ele havia acabado de
retornar do banheiro e a discussão sobre o evento de esporte ainda estava
ecoando no escritório.
"Os times do evento de esporte acabaram de sair. E eu não vou participar!
De novo!", N'Gun resmungou enquanto clicava o seu mouse
agressivamente.
"Você vai ser o apresentador de novo? Qual é o problema? Você só tem
que sentar e falar. Não vai ficar cansado."
"Mas tenho feito isso por dois anos!"
"Ah, fala sério. Em qual time estou?"
"Você e eu estamos no time azul. Mai e Uea estão no time laranja",
respondeu Jade.
"Ah, sério?", disse arrastando a voz de forma provocativa. Os nossos
olhares se encontraram quando olhei para ele. Ele ergueu sua sobrancelha e
fez biquinho.
"Aw, o Uea não está no mesmo time que eu. Não fique tão triste, tudo
bem?", provocou.
"Não se preocupe, não estou nada triste", respondi com voz monótona, o
fazendo rir. Embora eu não esteja no mesmo time que o Jade, tudo bem
contanto que eu não esteja no mesmo time que o King.
Não tenho que lidar com ele por um dia. Eu deveria comemorar!
***
Os dias voaram tão rapidamente. Trabalho e responsabilidades
continuavam chegando ao ponto de que Jade, Mai e eu tivemos que ficar
depois do horário quase todo dia. Foi só quando acordei numa manhã que
percebi que dois dias depois seria o evento esportivo.
"King, quando vai pegar sua camisa?", olhei a blusa azul que estava num
pacote claro que foi deixada desde que foi entregue. King saiu do meu
quarto só usando sua calça, sua mão segurando sua camiseta branca.
"Eu esqueci que estava aqui. Achei que estivesse no meu apartamento",
King olhou a blusa azul esquecida antes de vestir a sua branca, cobrindo a
parte superior nua do seu corpo.
"Leve. Você vai usar depois de amanhã."
"Irei."
"Obrigado", depois que o lembrei, fui ao meu banheiro e chequei a minha
aparência na frente do espelho antes de sair para o trabalho.
Desde que o nosso acordo começou, e porque quase sempre estamos
juntos, começamos a conversar cada vez mais. Embora a maior parte seja
sobre o trabalho ou coisas pessoais.
Contanto que o King não esteja brincando, posso conversar com ele pelo
menos um pouco. Mas o King sendo King, ele gosta de brincar ou me
provocar na maior parte do tempo. Ele, especialmente, gosta de apertar a
minha cintura pela manhã antes de eu ir trabalhar. De início, eu ia o
repreender, mas decidi apenas ignorá-lo, porque eu sabia que quando mais
eu reagisse, mais alegre ele ficaria e não pararia.
Psicopatas gostam de ver a pessoa enlouquecer. Acho que ele é um.
Agarrei um pente e continuei a pentear a minha franja e pelo canto do
olho, vi o King entrar. No começo, achei que ele fosse pegar algo ou apertar
a minha cintura de novo, mas ele só ficou atrás de mim abraçando a minha
cintura com um braço antes de me dar um beijo na bochecha.
"Você já é lindo", depois de soltar a minha cintura, ele casualmente
pegou o cinto e colocou enquanto eu fiquei parado.
"Não faça isso de novo", disse eu numa voz séria.
"Han?"
"Não beije a minha bochecha assim de novo."
"Caramba, que sério", murmurou. Inspirei fundo e continuei penteando o
meu cabelo com irritação.
O número de vezes que o beijei no último mês não dá para contar em 10
dedos, mas as vezes que ele me beijou na bochecha foram demais. Se for só
para desafogar sua luxúria, tudo bem, porque não sinto nada além de pura
luxúria. Mas fora da cama, sempre que ele me beija, me dá sensações
estranhas e me incomoda muito.
Tipo agora. Não sei como me sentir. E eu odeio não saber como me sinto.
***
Se as pessoas observassem bem, descobririam que o King e eu chegamos
ao escritório cerca do mesmo horário quase toda manhã, (dormimos na
mesma cama à noite e dirigimos para fora do apartamento juntos. Como
podemos não chegar ao mesmo tempo?) o que é muito incomum para nós.
King costumava se atrasar para o trabalho, enquanto eu chegava sempre
cedo.
Me preocupa sempre que entramos juntos porque alguém pode perceber.
Felizmente, ninguém apontou isso ainda, o que significa que ninguém
descobriu ainda. Sinto-me aliviado de alguma forma.
Mas é melhor prevenir o mais cedo possível. Talvez seja melhor que eu
chegue aqui primeiro ou talvez que eu deixe o King sentado na cafeteria do
térreo um pouco?
"Vão para o escritório primeiro, vou só comprar um pouco de milk tea", a
voz do Jade me puxou de volta dos meus pensamentos.
É o intervalo do almoço agora. Acabamos de terminar de comer e
estamos nos dirigindo de volta ao escritório. O Jade, que não sabe viver sem
sobremesa, acenou antes de ir direto à loja de bubble tea próxima do
edifício. Mai naturalmente o seguiu como uma sombra.
"Uea, você acha que o Jade sabe que o Mai gosta dele?", King, que
estava ao meu lado, perguntou. Observei o júnior tentando pagar ao caixa e
o meu amigo estava tentando impedi-lo de pagar para ele.
"Obviamente não."
"Coitado do Mai, não acha?"
Eu estava prestes a abrir a minha boca quando uma doce voz feminina
chamou o meu no,e
"N'Uea? É você?"
"Olá, P'Pear!", assim que vi o seu rosto, cumprimentei a mulher que
estava andando na minha direção em um vestido.
"Há quanto tempo?! Você trabalha neste edifício?", P'Pear sorriu
brilhante enquanto gentilmente tocava o meu braço.
Ela era minha sênior na faculdade. Ela ajudava o Jade e eu a estudar para
as provas, dava conselhos e cuidava de mim de muitas formas. Uma pessoa
muito agradável, de verdade. Mas não temos tido contato em muito tempo,
desde que ela se formou. A última vez que nos encontramos provavelmente
foi num casamento de sua família, há 3 anos.
"Sim! E você, P'Pear?"
"Ah, estou discutindo negócios com o chefe aqui hoje. Só de sair para
comprar um copo de café antes de voltar", ergueu o café em sua mão.
"Que coincidência. Não lhe vejo há tanto tempo. Lembro como você era
fofo quando eu estava na faculdade. Até agora! Deve haver muitos garotos
atrás de você!"
"Não mesmo", ri e P'Pear riu ainda mais alto. Seu olhar divergiu de mim
para o King que estava de pé ao meu lado.
"E este é?"
"O meu amigo. Trabalhamos na mesma empresa."
"Oi. Meu nome é King. Sou amigo do Uea", apresentou-se com uma voz
suave, os cantos de sua boca se erguiam levemente. Seus olhos brilharam
por causa da linda mulher à sua frente.
Juro, este paquerador...
"Olá, meu nome é P'Pear. Sou sênior do Uea da faculdade."
"É um prazer conhecê-la."
"O prazer é meu", respondeu P'Pear com um sorriso, então voltou a olhar
para mim com arrependimento. "Queria conversar e ficar mais com você,
mas o chefe está esperando por mim no carro. Te encontro no Line mais
tarde. Colocamos os papos em dia lá, tudo bem?"
"Tudo bem, boa viagem!", acenei para a minha sênior. P'Pear me abraçou
apertado antes de acenar e andar em direção à saída do prédio. Virei para
olhar para o King ao meu lado e vi que ele estava encarando,
carinhosamente, as costas da P'Pear.
"Pare de olhar para a P'Pear assim. Ela é casada e tem filhos."
"O que quer dizer? Estou olhando para ela normalmente. Você está sendo
tendencioso", sorriu para mim. Revirei os meus olhos e fui embora para
esperar pelo elevador.
Acho que ele está sendo só "acolhedor" e "amigável" demais. Não
afetuoso.
As portas do elevador abriram e eu entrei com o King, que tomou a
oportunidade para se aproximar de mim antes que as portas fechassem.
"O que você acabou de dizer estava errado, Uea", disse ele de repente,
fazendo com que eu olhasse para ele confuso.
"O quê?"
"Você disse para ela que éramos amigos, mas na realidade somos mais do
que isso", se inclinou e sussurrou no meu ouvido. Suspirei e dei o meu
melhor para suprimir a ânsia de dá-lo um chute.
"...Cale a boca", disse eu entredentes e me afastei alguns passos antes de
virar a minha cabeça. King não pôde evitar rir quando viu a minha reação.
"A propósito, não vou hoje à noite. Ai'Gun está de coração partido, então
me convidou para beber."
"Vá onde quer que queira ir", respondi. Neste momento, as portas do
elevador abriram e outras pessoas entraram, cortando a conversa.
King indo a bares não é nada novo. O departamento todo sabe como ele é
familiar com esse tipo de lugar. Ele frequentemente levava o Ai'Gun a bares
e basicamente, sempre que ia a um bar, conseguia caçar sua preza com
sucesso. Sempre que o King se atrasa para o trabalho, você nem precisa
adivinhar o que aconteceu na noite anterior.
Temos estado numa relação de amigos com benefícios por mais de um
mês e ele não esteve num bar neste período. E quando ele dorme comigo,
quase nunca se atrasa para o trabalho. Parece que não pode evitar esta noite.
Olhei para ele e lembrei que, uma vez que ele dormisse com outra
pessoa, o nosso acordo estaria acabado. Pensando nisso, senti um pequeno
aperto no peito.
É um sentimento de alívio e tristeza. Não me importo de encontrar outra
pessoa com quem dormir para amenizar a solidão até que eu encontre um
namorado de verdade. Acho que é uma pena enorme já que o King conhece
minhas necessidades físicas muito bem. Mas se ele quebrar o acordo entre
nós, não poderei aceitar.
Vai acabar mais cedo ou mais tarde, de qualquer forma, então não
importa muito.
Andei de volta direto para o escritório e ouvi a voz de uma colega indo
cumprimentar o King, dizendo que trouxe uma sobremesa para ele. Os
deixei e prossegui para o departamento. Quando andei até a mesa, encontrei
um copo de bubble tea com um bilhete. Parece que alguém colocou aqui
escondido.
Suspirei cansado antes de distanciar o copo. Liguei o computador, abri o
software e continuei o meu trabalho. Quando um júnior chegou, o entreguei
o bubble para tomar.
***
Funcionários que têm os fins de semana de folga tendem a ficar mais
entusiasmados toda sexta-feira porque é o último dia de trabalho da semana.
Quem não ficaria? É por isto que estou motivado a trabalhar hoje, já que é o
último dia de trabalho da semana. É por isso que esta semana parece
levemente diferente. Quando entrei no escritório, o som dos meus colegas
rindo e conversando alto me recebeu.
O clima está tão vívido e alegre embora ainda não seja sexta-feira. Já que
o evento esportivo acontecerá amanhã, não teremos que trabalhar. Podemos
relaxar e ficar confortáveis. Algumas pessoas estavam muito animadas,
especialmente Je Fai e o Jade. Mas pessoas como eu, que não gostam de
socializar e participar deste tipo de atividades, prefiro sentar e trabalhar.
Coloquei a minha bolsa e o café na mesa, observando ao redor da sala
que alguns assentos ainda estavam vazios. Embora a maioria dos
funcionários estivesse se preparando para o evento amanhã, ainda há alguns
que estão atrasados para o trabalho.
Especialmente aqueles dois.
"P'King e P'Gun estão tirando o dia de folga hoje?", Mai perguntou
enquanto eu olhava o assento vazio atrás de mim. Balancei a minha cabeça
para mostrar que eu não sabia. Jade olhou os assentos vazios dos
programadores e franziu a testa.
"Não, ele não me disse nada. Ele não foi a um bar com o Gun ontem?
Acho que o Gun estava bêbado demais para acordar e o King
provavelmente encontrou alguém com quem se divertiu demais para
acordar", disse Jade estufando o cookie que dei para ele em sua boca.
Assim que ele terminou de falar, uma das pessoas sobre quem estávamos
falando entrou.
"Bom dia, pessoal!", Gun cumprimentou apressadamente as pessoas ao
seu redor e sentou em sua cadeira. Ele estava respirando ofegante,
indicando que estava com pressa para completar o prazo para participar do
evento.
"Estávamos falando sobre você. Pensei que estava morto!"
"Voltei, P'Jade, e não estou morto, mas com certeza irei com esta
temperatura. Por que está tão quente?", Gun arfava enquanto tirava sua
camisa vermelha xadrez. Ele puxou sua camisa branca de baixo para se
ventilar. Seu cabelo está bagunçado e parecia ter dormido a noite toda.
"Ei! E o King?"
"P'King? Ele e-"
"Por que está procurando por mim tão cedo? Já está sentindo minha falta,
Jade?", falando no diabo...
King entrou no escritório com círculos escuros ao redor dos olhos como
o seu júnior. Ele mexeu suas sobrancelhas antes de me dar um sorriso
enquanto passava pelo meu assento. Ver sua expressão leve me deixou um
pouco irritado.
Ah, ele deve ter tido uma noite muito alegre e confortável!
"Bem, eu estava imaginando se você apareceria na empresa hoje ou se
ainda estaria no paraíso", Jade brincou e Mai sorriu. Vi que King sorriu,
antes de eu decidir virar e ignorar a conversa.
Não estou no clima para ouvir essa experiência "celestial".
"Como assim 'paraíso'? Ontem foi o inferno! Acredita que este garoto
bebeu tanto que desmaiou e eu tive que levá-lo para casa?", reclamou.
Pausei porque não era o que eu esperava ouvir sobre ontem à noite.
"P'King, sinto muito", Gun implorava como uma criança mimada e Jade,
que estava sentado ao meu lado, gargalhou.
"Ah! Então você não encontrou alguém com quem se divertir ontem?
Que pena!"
"Não fui lá para isso. Só estava bebendo com o Ai'Gun", explicou King.
Que inacreditável!
"King, é impossível você não ter levado ninguém para casa ontem à
noite. Eu realmente não acredito!", Jade disse exatamente o que eu estava
pensando.
"Aí é com você", King apenas sorriu, dando de ombros como se não se
importasse.
A conversa teria continuado se não fosse pelo gerente geral entrando na
sala. Todos imediatamente viraram-se, encarando o computador e fingindo
trabalhar.
Continuei trabalhando após isso. Eram cerca de 11h quando o meu
telefone vibrou. Abri e vi que alguém havia me mandado mensagem.
"Podemos conversar? Me encontre na saída de emergência."
Imediatamente virei e olhei para trás. A mesa atrás de mim está vazia.
Suspirei suavemente e disse ao Jade que ia ao banheiro. Levantei e saí do
escritório. Ele estava levemente apoiado contra a parede, com os seus
braços cruzados, quando cheguei lá.
"E aí?"
"Onde hoje à noite? No meu ou no seu?", perguntou King. Apenas olhei
para ele em silêncio com muitas perguntas correndo pela minha mente. O
canto da sua boca se ergueram quando me viu o olhando fixamente.
"O quê?"
"Ontem à noite... você..."
"Não dormi com ninguém. Não quebrei o nosso acordo", King
imediatamente respondeu a pergunta que estava presa na minha garganta.
Só ergui a minha sobrancelha, claramente ainda em dúvida.
"Não consegue acreditar? Pode perguntar ao Ai'Gun como me comportei
ontem à noite!"
"Quer que ele suspeite?", resmunguei. Posso sentir a paranoia baixando.
Escolhi acreditar nele.
Que estranho, né? Quem pensaria que, um dia, eu confiaria nas palavras
deste homem. Temos sido amigos com benefícios há meses e posso dizer
que aprendi mais sobre ele durante este período. Ele é uma pessoa muito
objetiva. Não há motivo para ele mentir sobre as coisas. E se ele tivesse
transado com outra pessoa, tenho certeza que ele diria imediatamente.
Preferencialmente, gostaria que ele não dormisse com outra pessoa
porque preciso que ele me acompanhe na minha solidão. Seria uma pena ter
que acabar a nossa relação agora.
"Acredite em mim! Eu já disse que se eu fizesse, nunca mentiria para
você", King colocou a mão em meu ombro e me apertou levemente, me
garantindo.
"É melhor você não estar mentindo. Não gosto de mentirosos", disse eu
num tom sério. Quando ele ouviu, seus olhos se iluminaram, sua palma
rapidamente desceram do meu ombro para a minha cintura, colocando o
braço ao redor dela.
"Significa que se eu não mentir, vai gostar de mim?"
"Baboseira. Vou voltar ao trabalho", empurrei a sua mão e estava prestes
a voltar quando o King segurou o meu pulso.
"Então onde estaremos hoje? No seu?"
"Por quê? Temos um evento esportivo amanhã. Não precisa dormir e
descansar?"
"É mais um motivo para nos vermos esta noite. Tenho que fazer alguns
exercícios de aquecimento, entende?", King se aproximou e me abraçou em
seus braços. Posso cheirar sua fragrância leve de menta.
"Solte. Alguém vai nos ver!"
"Ninguém está aqui exceto nós", disse ele antes de eu sentir seus lábios
no meu pescoço. Eu me esquivei, mas o King apenas subiu e mordiscou o
lóbulo da minha orelha antes de sussurrar numa voz grave.
"Deveríamos tentar algo divertido. Como desligar as luzes, deixar a sala
completamente escura-"
"Não!", o cortei, rapidamente acabando com o clima quente e intenso.
King não pareceu ofendido, mas ficou aturdido quando viu a expressão em
meu rosto. Engoli seco e me acalmei antes de me virar.
"Vou voltar ao trabalho. Vamos conversar mais tarde", disse antes de
voltar ao escritório. Pensando na minha reação exagerada, sinto uma dor no
peito.
Não importa quanto tempo passe, sempre haverá feridas não cicatrizadas
em meu coração.
***
Desde o acordo, nunca impedi que o King me encontrasse contanto que
não excedesse a regra de 3 dias por semana. Ontem à noite foi a primeira
vez em que percebi que deveria tê-lo impedido.
Quer saber por quê? É porque não dormi o suficiente! Estou em privação
de sono.
Saí do carro usando a minha camisa laranja, calça de moletom e tênis.
Balancei a minha cabeça para afastar o sono. Nem sei de onde o King tira
essa energia. Quando dormi, eram cerca de 2h da manhã, mas aí tive que
acordar às 5h30 para tomar banho. E agora estou com tanto sono! Minhas
pálpebras estão pesadas e o meu corpo dolorido. Não quero mesmo me
mover.
Se eu soubesse disso, não teria deixado que viesse ao meu apartamento
ontem à noite. Encarei o dono do Honda Civic preto estacionado próximo
ao meu carro, o homem que me deixou privado de sono, o homem cujo
nome é King. Ele olhou para mim e sorriu quando viu a minha expressão.
"O que há com o seu rosto? Está zangado comigo de novo, Khun
Anon?", andou até mim depois de perguntar. King geralmente não usa
camiseta, mas quando usou sua azul hoje, sua veste bem ajustada revelava
seus músculos do peito, costas largas e abdômen tonificado.
Se fosse um dia normal, eu definitivamente apreciaria, mas hoje não
estou no clima para apreciar o seu corpo não importa o quanto ele esteja
lindo.
"Ainda está zangado por não dormir o bastante? Você estava muito
energético e gritando ont-"
"Cala a boca!", o olhei fixamente. Ele apertou os lábios e imediatamente
ergueu as mãos em redenção.
Suspirando alto, tranquei a porta do meu carro e dirigi até o ginásio com
o King me seguindo. A empesa alugou o ginásio de uma universidade
privada como local para o evento esportivo. Senti que o presidente desta
universidade é amigo do meu chefe, então ele fez uma exceção para
emprestar o local em dia útil.
"Uea, em que evento você está?", King perguntou enquanto andava ao
meu lado.
"Só participo do evento Comida Dou Kuai, e fiquei no time com o Mai",
respondi. Para ser sincero, se eu tivesse que escolher, preferiria não
participar de nenhuma atividade, mas já que o P'Bas insistiu e ficou me
incomodando, não tive escolha a não ser escrever o meu nome em um dos
jogos.
"Ah! Ai'Jade e eu estamos no mesmo time. Há três times participando,
certo? Imagino se terei uma chance de ir contra você", King disse com a
curiosidade evidente em sua voz.
"Mas se tiver, tenho que me desculpar antecipadamente porque
definitivamente vou ganhar!"
"Como tem certeza?"
"Porque sempre que jogo, nunca perco", respondeu com confiança, seus
olhos brilhando astutamente, antes de adicionar "Tenho que ganhar de novo
desta vez!"
"Certamente, você vai", respondi casualmente. King apenas sorriu antes
de colocar o seu braço sobre os meus ombros.
"Isso mesmo! Você só vai ter que esperar e ver! Vem, vamos entrar, Khun
Anon!", disse King entusiasticamente.
"Me solte", empurrei o seu braço e entrei no ginásio. Cliquei a minha
língua quando o ouvi rir atrás. Por sorte, não tive que estar no mesmo time
que ele hoje. Me sentia aliviado.
É bom estarmos separados por um tempo, para que eu não tenha que ser
incomodado por ele, mesmo que seja só por um dia.
Capítulo 10: Bom Conhecer Você
Aviso de gatilho na parte final deste capítulo: violência infantil e
homofobia. Um segundo aviso está disponível antes do início do tema.
Comparado a pessoas da mesma idade, minha rotina diária é
relativamente chata.
Como um funcionário de escritório comum, começo a trabalhar às 8h30 e
então deixo o trabalho às 17h30. Em adição às 2 horas diárias de
engarrafamento, isso conta mais como mais da metade das 24 horas do dia.
E eu não sou do tipo extrovertido, que gosta de lidar com pessoas, e não
gosto de socializar depois do trabalho. Quando eu ainda tinha um
namorado, ainda arranjava tempo para sair com o meu namorado, mas gora,
sem namorar, apenas acordo de forma mecânica para ir trabalhar todos os
dias. Depois volto do trabalho para casa para dormir. Todo dia assim.
Mas agora... está bem diferente.
Desde que comecei a relação de amigos com benefícios com o King, a
minha vida mudou drasticamente. Agora dirijo para o meu apartamento ou
para o dele diretamente depois do trabalho. O jantar não é mais comprado
numa lojinha perto do meu apartamento, mas sim pelo King, em um
shopping próximo. Sempre que quero assistir a um filme, King me
acompanha ao cinema para assisti-lo. E quando voltamos ao apartamento,
fazemos sexo. Tudo que faço com ele é quase exatamente o mesmo que eu
fazia com os meus ex-namorados. Mas não tenho nada com ele além de
sermos amigos de cama.
Assim que entrei neste jogo, consegui entender por que a maioria das
pessoas terminaram com ele antes de ficarem infelizes, porque tudo que ele
fazia apenas traria dor no final. Pensando de forma mais profunda, essa
relação de amigos com benefícios e a relação romântica não são tão
diferentes. Uma vez que uma das partes tem a ilusão do amor, é considerado
violação do acordo. E se uma das pessoas tenta pedir mais e a outra decide
terminar, no fim, só causa ressentimento e discórdia.
Mas acredito que o King e eu não acabaremos assim, por que tanto ele
quanto eu só queremos encontrar alguém com quem aliviar a solidão. Ele
não faz o meu tipo e o King anseia uma vida livre. Ele nunca foi, em 27
anos de vida, amarrado por alguém.
O alarme matinal soou no quarto quieto. Entreabri os meus olhos com
sono, peguei o meu telefone e desliguei o alarme, fechando os meus olhos
na cama por um tempo, até que lembrei que tinha que levantar para
trabalhar hoje. Prontamente levanto da cama quentinha e confortável
sentando.
O ar frio do quarto soprou na minha pele nua. Virei para trás e observei a
pessoa ao meu lado. Na luz escura e fraca, sua a pele cor de mel e suas
costas fortes e musculosas estavam expostas. Gentilmente esfreguei os
meus olhos cansados, saí da cama e fui direto ao armário, peguei a toalha e
as roupas que usaria e andei até o banheiro.
Há 7 dias na semana. Basicamente, em 3 deles, alguém vem dormir
comigo. Portanto, tenho que ajustar o alarme para mais cedo do que o
normal, porque só tem um banheiro no meu apartamento. O King sempre
acorda depois. Eu tenho que acordar e tomar um banho assim que o alarme
toca, deixá-lo dormir por um tempo e depois acordá-lo para tomar banho
quando saio do banheiro.
Andei até a pia e comecei a lavar o meu rosto e escovar os dentes.
Quando a água gelada atingiu a minha face, senti que a sonolência diminuiu
bastante. Enxuguei o rosto e, quando estava prestes a tomar banho, ouvi a
porta do banheiro abrir.
Droga. Esqueci de trancar a porta do banheiro!
Respirei fundo e vi aquele homem alto entrar pelado, sem nem um pingo
de vergonha. Talvez por eu morar sozinho há muito tempo, não esteja
acostumado a trancar a porta do banheiro. Mas pareço esquecer que estou
com alguém agora.
"Por que entrou?", perguntei, até que os meus olhos desceram até a parte
inferior do corpo dele e eu fiquei sem palavras.
Neste momento, posso ver claramente, o quanto King está excitado
agora.
"Bem, meu garoto sente falta da casa dele, então o trouxe para lhe ver",
disse King com sua voz rouca e sorrindo de canto. Ele andou até as minhas
costas, King naturalmente envolveu-me em seus braços aproximando a
minha bunda do seu órgão ereto. Seus beijos delicados pousavam na minha
nuca, enquanto a minha entrada começava a ser pressionada pela sua
ereção. Nem é preciso perguntar para saber o que ele quer dizer com "meu
garoto".
Ontem à noite não foi o bastante? O que há com esse homem?
"Quando me tornei a casa do seu garoto?", inspirei fundo e tentei escapar
da pessoa que esfregava lascivamente o seu corpo contra o espaço entre as
minhas nádegas, mas King imediatamente me segurou mais forte e sugou o
lóbulo da minha orelha como punição. Ele riu leve maliciosamente e disse...
"Desde a noite do nosso acordo, meu garoto lhe reconheceu como sua
casa."
"Então procure outra casa!", revirei os meus olhos e, ao mesmo tempo, as
mãos enormes do King passeavam com força pela minha bunda antes de me
dar um tapa, me fazendo gritar. Ele segurou-me com força pela cintura e eu
tive que segurar no canto da pia para evitar cair sobre ela.
"King, nós fizemos ontem à noite."
Enquanto eu protestava, suas mãos começaram a tocar todo o meu corpo.
Sua respiração rápida e suspiro baixo deixavam claro que a sua excitação
havia despertado completamente neste momento.
"Só fizemos uma vez ontem à noite, não foi o suficiente. Só lhe deixei
dormi porque vi que estava cansado", disse numa voz ofegante.
As mãos incansáveis do King tomaram vantagem da situação e cobriram
a minha ereção, fazendo movimentos de vai e vem lentamente, até que a
parte inferior do meu abdômen contraiu levemente devido ao prazer.
Apertei os meus lábios na tentativa de suprimir as explosões de prazer e
então ouvi um sussurro no meu ouvido.
"Me deixa colocar, Uea."
"Mas... vamos nos atrasar por causa do engarrafamento..."
"Ainda nem são 6h, não vamos nos atrasar muito. Venha... Só uma vez",
seu tom de voz baixo era um tanto quanto sedutor e eu estava sentindo seu
pênis ereto bem na minha entrada, pronto para entrar. Basta eu dizer sim
para ele ir com tudo.
King começou a aumentar a velocidade do seu movimento com a mão,
me fazendo gemer suave e apoiar meu corpo nele ao sentir minhas pernas
ficarem fracas.
"Por quê... espe-", tentei dar um tapa em sua mão, mas King gentilmente
manteve seus movimentos e sussurrou suave em meu ouvido.
"Veja como está duro..."
"Só por causa dos seus toqu- hum!", antes que eu pudesse terminar de
falar, King pressionou seus lábios quentes contra os meus. A ponta língua
do King passeou sobre o meu lábio inferior antes de mordiscá-lo, me
fazendo abrir a boca, ocasião que ele aproveitou para finalmente explorar a
minha língua com a dele. O beijo e toques firmes fizeram a minha
persistência começar a se dissipar...
King abriu a boca bem perto do lóbulo da minha orelha e disse "Vamos
fazer... vem, só uma rapidinha...". Seus olhos escuros estavam cheios de
luxúria e eu não pude conter meu desejo.
Ser estimulado assim naturalmente provocou a minha excitação. Se eu
ignorar, meu corpo não vai relaxar.
"Se quiser... ah... vai ter que usar camisinha..."
"Mas está na mesa de cabeceira, muito long-"
"Use ou pare agora!", adverti entredentes, ignorando suas reclamações
em meu ouvido. No meu ponto de vista, segurança é sempre a primeira
prioridade. Mesmo quando eu fazia sexo com meus ex, não permitia
penetração sem camisinha. Quanto mais o King, que nem é meu
namorado?!
"Está bem", King murmurou e beijou com vontade a lateral do meu
pescoço antes de sair para o quarto e voltar com uma camisinha.
Ele rasgou a embalagem e a desenrolou em seu membro.
"Levanta a bunda", disse o homem alto antes de inserir facilmente seus
dedos, uma vez que a minha entrada ainda estava úmida e alargado por
causa do sexo na noite anterior.
"Precisa de lubrificante?"
"Ahm... não precisa, pode colocar", a minha resposta deixou os seus
olhos meio-apertados muito satisfeitos. King tirou os seus dedos de dentro
de mim. Sua pele bronzeada contrastava fortemente com a minha. King
usou uma das mãos para abrir a minha bunda e logo penetrou toda a sua
ereção em mim, que fui instantaneamente alargado pelo seu membro
grosso. Senti o prazer de ser preenchido e ergui os quadris para seguir os
seus movimentos. Meus gemidos baixos eram nítidos em meu rosto.
"Eu amo."
A voz rouca soou repentinamente enquanto ele continuava seus
movimentos de vai e vem, e o meu coração ficou inexplicavelmente
apertado, e me vi acordar do turbilhão do desejo.
Ama? Ama o quê? Ama o que estamos fazendo ou...?
"Amo a sensação de estar dentro de você, Uea..."
Suas palavras seguintes permitiram que o meu coração relaxasse
lentamente, enquanto eu recebia um beijo na bochecha do King, que me
penetrava com força. Ignorei o que ele acabou de dizer e rapidamente
respondi as suas carícias com um gemido arrastado. O som dos nossos
corpos colidindo e da penetração em minha entrada úmida a cada estocada
deixaram o banheiro instantaneamente cheio de excitação e sexo.
A usual rotina matinal, nesta manhã... de repente tornou-se intensa e
excitante.
***
Finalmente sei que não dá para confiar em pessoas como o King!
O relógio digital do carro mostra que atualmente são 8h. Observei o
tráfego tumultuado ao meu redor e as minhas palmas, que seguravam o
volante, começaram a suar. Se eu não tivesse sido mole ou se eu só tivesse
desconfiado de quando ele disse que seria "uma rapidinha"... Tenho
transado com ele há um mês, como ainda pude acreditar que no dicionário
do King existe a palavra "rapidinha"? Eram 7h da manhã quando
terminamos e corremos para tomar banho. No momento em que deixamos o
apartamento, já eram quase 40 minutos de atraso! 20 minutos se passaram e
ainda estou preso na rua perto do condomínio, nem saí do lugar!
Beep!
Não pude evitar buzinar com raiva para o Honda Civic preto da frente,
mas eu sabia que o dono do carro não teria qualquer reação. Ele estava de
ótimo humor quando saiu de casa! Ainda apertou meu bumbum no elevador
e nem se preocupou se chegaria atrasado no trabalho.
Se ele quiser sexo comigo de novo pela manhã antes do trabalho, jamais
vou concordar! Não vai ter uma próxima vez!
***
"Uea, por que está atrasado hoje?", King e eu finalmente chegamos no
departamento às 9h e Jade nos perguntou imediatamente.
Fingi não ver o olhar de acusação do P'Bas e rapidamente liguei o
computador, antes de responder "Foi o trânsito".
"Você só perguntou ao Uea, por que não pergunta por que estou
atrasado?", perguntou King ao Jade com olhos cerrados.
"Perguntar para quê? Não é como se estivesse chegando atrasado pela 1ª
ou 2ª vez."
"Ei! Você fala como se eu fosse um idiota!"
"E não é?"
"Seu mald-"
"O que estão conversando? Voltem logo ao trabalho!", P'Bas reprimiu
imediatamente e os dois rapidamente se calaram, cessando a briga.
Comecei a trabalhar duro para pegar o ritmo do trabalho. De fato, a
minha empresa é pequena. Basicamente 3-4 designers são suficientes para
assumir a carga de trabalho, mas por que sempre acumulamos as tarefas?
Por causa do irresponsável do P'Mongkol! Um estagiário pode ser útil, mas
Jade e eu acabamos ficando além do horário quase todos os dias quando não
temos um.
Só espero que P'Mongkol possa refletir sobre si mesmo, caso contrário
encontrarei um outro emprego mais cedo ou mais tarde!
"P'Uea."
Quando eu estava concentrado no trabalho, ouvi alguém me chamando
numa voz baixa. Divergi o olhar da tela do computador para cima, seguindo
o som. Vi um garoto vestido num uniforme universitário segurando um
notebook em suas mãos. Sorrindo cordialmente, ele colocou o notebook
sobre a minha mesa.
"Este banner está bom? Preciso modificar de novo?", perguntou ele.
Automaticamente olhei de relance a mesa ao meu lado e vi que a pessoa
devia estar em outro lugar, então entendi por que o Mai veio até mim para
perguntar sobre seu trabalho.
"Oh..."
"Então, este design está bom?"
"Sim, pode ser usado, Mai. Mostre-o ao P'Bas, não deve haver
necessidade de modificá-lo."
Mai apenas ficou parado em pé e sorriu. O observei de forma
desconfiada. Ele imediatamente inclinou-se a mim e sussurrou em meu
ouvido.
"Posso perguntá-lo uma coisa?"
"Diga", Mai e eu raramente conversamos sobre qualquer coisa que não
seja trabalho, mas desde que fiquei no mesmo time que ele no evento
esportivo, tenho tido mais oportunidades para falar com ele sobre outras
coisas.
Naquele dia, perguntei ao Mai diretamente se ele gosta do meu amigo. O
Mai abriu o seu coração e me respondeu seriamente. Para ser honesto, não
me preocupo nem um pouco. Mai sempre foi muito bom e cuidou bem do
Jade. É só que o meu amigo é lento demais, então Mai não pôde evitar me
perguntar como conquistar o Jade ou que tipo de pessoa o Jade gosta ou
desgosta...
Deve ser o mesmo hoje.
"Além de bubble tea, Krispy Kreme, milk tea e brownies, o que o P'Jade
gosta de comer?"
Observei o Mai fazer uma lista das comidas favoritas do meu amigo e
não pude conter a risada. Pude ver que o Mai realmente se importa com ele,
embora eu realmente não entenda bem por que ele sempre usa comida para
agradar o Jade. As bochechas dele estão tão redondas que estão prestes a
explodir, mas o Mai continua a alimentá-lo. Talvez ele tenha presumido que
o Jade é um amante de comida e por isso usa isso para agradá-lo.
"Sério, o Jade põe qualquer coisa na boca. Nunca ouvi falar de alguma
comida que ele não tenha gostado."
"Não há nenhuma que ele goste particularmente?", perguntou Mai.
Pensei por um momento e de repente lembrei de algo.
"Quando eu estava na faculdade, Jade gostava de comer especialmente
bananas fritas de uma lojinha. É uma banana indonésia. Era perto da nossa
universidade. Ele comprava quase todo dia, mas depois da formatura ficou
difícil comprar, então ele não come mais."
"Estas?", Mai encontrou uma foto no Google para me mostrar e sorriu
quando me viu assentir com a cabeça.
"Há uma loja que vende próximo à minha universidade."
"Bem, compre um pouco para ele quando voltar para a faculdade algum
dia, ele deve gostar muito!"
"Está bem, obrigado, P'Uea!", disse Mai com um sorriso no rosto.
Assenti e o dei outro sorriso. Neste momento, ouvi uma série de passos
ao longe. Tirei os meus olhos do Mai e olhei para o outro lado, vendo Jade e
King entrando com uma grande caixa de arquivos.
"Deixe-me ajudá-lo", Mai apressadamente pegou a caixa de arquivos e
colocou atrás da mesa da Je Fai. Ele voltou para pegar seu notebook e
sentou-se em seu lugar. Jade tomou a oportunidade para aproximar-se de
mim.
"Sobre o que estavam conversando?", perguntou Jade com um sorriso
fraco, seus olhos brilhantes pareciam um pouco sem vida.
"Mai veio perguntar-me sobre trabalho", respondi. Ele apenas fez "hum"
baixinho, antes de olhar para o seu estagiário, que estava sentado do seu
outro lado.
"Tenho visto vocês conversando muito recentemente."
"Sim."
"Que bom", murmurou aparentemente chateado.
Desde o dia do evento esportivo, Jade se tornou um pouco estranho,
parecia estar pensando muito sobre algo, forçava sorrisos e até perguntei se
ele estava bem.
Sei que deve ter algo na cabeça dele, mas ele não deve estar pronto para
dizer. Não quero envergonhá-lo. Ele vai falar quando se sentir melhor.
Jade endireitou-se na cadeira e continuou a trabalhar. Também voltei a
minha mente ao trabalho na minha frente. Quando clicava o meu mouse, o
telefone de repente vibrou na mesa, avisando que uma mensagem havia
chegado. Na verdade, nem precisei abrir para saber de quem era.
Recentemente, a minha mãe não me ligou ou mandou mensagens me
forçando a ir para casa. Talvez já soubesse que eu não aceitaria voltar
facilmente, de qualquer forma. P'Pok não me pede para voltarmos há uma
semana, então há apenas uma pessoa...
"O que você e o Mai estavam conversando? Estavam tão próximos."
"Por que está perguntando?"
"Só por curiosidade."
"Pare de me incomodar e volte ao trabalho", suspirei e saí do aplicativo,
me preparando para colocar o telefone de volta na mesa. O alerta soou de
novo. Pressionei para dar uma olhada e fiquei sem reação.
"Se eu dissesse que estou com ciúme, você diria?"
"Não brinque com esse tipo de coisa. Eu não gosto!", respondi
bloqueando o meu celular. Olhando de relance para trás secretamente, não
pude evitar me sentir um pouco nervoso...
A minha relação com ele é apenas de amigos com benefícios. Há um
limite claro nesse relacionamento. O King pode achar que é só uma piada
inofensiva, mas acho que se ainda queremos ter o que gostaríamos um do
outro, ele não pode continuar a falar bobagens.
Sentimentos não podem ser usados em brincadeiras!
King deve ter percebido que eu fiquei zangado. Ele não mencionou as
mensagens o dia todo e não fez piadas comido. Até o momento de irmos
para casa, sentamos em nossas mesas e nos concentramos no trabalho. Os
outros colegas começaram a desligar seus computadores um a um para ir
para casa, mas ainda tenho uma pequena quantidade de trabalho incompleto
e planejo terminá-lo antes de ir embora.
"Uea, quer jantar conosco? Posso esperar por você!", perguntou-me Jade
enquanto arrumava sua bolsa.
"Não, ainda tenho marmitas em casa."
"Você pode guardar para amanhã!"
"Se eu guardar por mais algum dia, vai apodrecer. Não quero desperdiçar
comida."
Na verdade, estou apenas mentindo. Não quero segurar vela para ele e o
Mai.
Jade grunhiu, seus olhos pequenos fixaram em seu estagiário e então
sussurrou "É uma pena..."
"Lamento, comerei com você em outro dia!"
"Bem, então dirija para casa com cuidado e lhe vejo na segunda-feira",
disse Jade me dando adeus.
Eu assenti, acenei um tchauzinho e olhei para o homem alto de uniforme
ao lado do meu amigo. Mai sorriu para mim e disse tchau. Saí e os assisti
deixar o escritório.
De fato, o período de estágio do Mai acabará em pouco mais de um mês,
mas o meu amigo ainda não percebeu que está sendo cortejado. E o Mai
parecia calmo demais. O Mai se sente decepcionado? Ou ele não percebeu o
quanto meu amigo é lento?
Dei uma olhada pela na sala do departamento. Todos os meus colegas
haviam ido embora, mas eu ainda ouvia o som do teclado atrás de mim.
Virei e vi o King com uma expressão concentrada e encarando a tela do
computador. Não acho que ele tinha planos de ir para casa.
Ele ainda tem trabalho a fazer?
***
Continuei a trabalhar até que o meu relógio marcou 18h. Após mandar o
último e-mail, só tinha que esperar que o P'Bas verificasse. Olhando a sala,
havia apenas King e eu de todo o departamento. Quando comecei a guardar
os meus pertences e desliguei o computador, ouvi uns sussurros vindo de
trás com uma voz grave.
"Uea, hoje à noite-"
"A sua cota da semana já não esgotou?", perguntei diretamente sem olhar
para ele. Honestamente, ainda que não tenha esgotado, não quero dormir
com ele hoje. Ainda estou zangado por ter me atrasado! E ele fez piadinhas
de novo!
"Bem, eu sei, só queria jantar com você", disse ele com um ar de riso. Ao
me ver olhar para ele, King riu "O que você pensa de mim? Acha que só
penso naquilo?"
"E não pensa? Achei que fosse louco."
"Ah, fala sério", ergueu suas sobrancelhas e aproximou-se de mim
lentamente. King sorriu levemente, encarando o meu rosto e finalmente
descendo o olhar até os meus lábios, onde olhou fixamente.
"Eu admito, sempre lembro do sabor que tem fazer sexo com você."
O clima começou a ficar intenso. Ele me encarava com olhos profundos e
sua respiração começou a ficar mais rápida. Rapidamente divergi o olhar e
peguei a minha mochila.
"Ore mais, vai ajudar a purificar os seus pecados."
Ouvindo o que eu disse, o outro caiu na risada em um instante. Enquanto
eu planejava ir embora, King imediatamente segurou o meu pulso com
firmeza.
"Vem comer comigo."
"Não pode comer sozinho?"
"É solitário demais comer sozinho, vamos comer juntos!", disse
segurando o meu pulso, e eu franzi o cenho, o que fez ele franzir também.
King suavizou a sua voz para me convencer.
"Hoje é sexta-feira, não vá correndo para casa. Eu sei que se você for
agora, vai ficar entediado e sem nada para fazer. Prefere isso a sair e
passear? Vamos. Vou lhe levar a um lugar bonito mais tarde", disse antes de
me arrastar. Vi a silhueta alta diante de mim e finalmente concordei.
O King é assim. Se eu me opor, ele vai continuar me importunando até
que eu concorde. Estou lidando com um homem de 27 anos ou uma criança
de 7?!
Por que sempre age como uma criança?
Dirigimos para longe da empresa em direção ao enorme mercado noturno
próximo ao meu apartamento. As sextas-feiras à noite são sempre mais
cheias do que os outros dias. Já passava das 19h quando chegamos. A
minha barriga estava roncando alto no carro. Na verdade, prefiro comer no
mercado perto da empresa, mas não quero ter que fugir de colegas de
trabalho. Não quero que suspeitem da relação entre o King e eu, então
preciso suportar a fome e dirigir até aqui.
"O que quer comer?", perguntou King após estacionar o carro.
"Qualquer coisa está bom", respondi. Permita-me deixar claro que estou
quase morrendo de fome e consigo engolir qualquer coisa sem mastigar!
Às 19h de uma sexta-feira, todo o mercado noturno está cheio de pessoas
que vieram comer após o trabalho, como nós. Nos levou um certo tempo até
encontrar um restaurante com assentos vazios, e finalmente um deles era de
macarrão e sopa tailandesa. Nos sentamos.
Quando meu pedido chegou, peguei a tigela de macarrão e, estando
extremamente faminto, imediatamente enfiei o porco frito na minha boca.
"Está com tanta fome assim, Khun Anon? Não precisa adicionar os
temperos? Hahaha", King viu ao ver minha expressão faminta. Ele pegou
uma colher cheia de condimentos e colocou na boca após misturar.
Comemos as nossas tigelas de macarrão em silêncio e, depois de um tempo,
King falou.
"Uea, posso fazer uma pergunta?"
"O que é?"
"Por que concordou em transar comigo?"
"Já faz mais de um mês, por que só está perguntando agora? Por que não
perguntou no começo?"
"E se você mudasse de ideia depois que eu perguntasse naquela época?",
sorriu.
Não querendo me gabar, mas como homem, pude perceber como o King
me queria desde a primeira vez em que me viu. Caso contrário, como ele
concordaria com todas aquelas condições? Se ambas as partes estão
dispostas a ceder, significa que achamos que vale a pena e eu aceitei fazer
sexo porque, no meu ponto de vista, seria um bom negócio.
Eu só não sei quando ele vai cansar de mim.
"Você não parece alguém que gostaria deste tipo de relação. Fiquei tão
surpreso por você ter tomado a iniciativa naquele dia, que fiquei um pouco
intrigado."
"Eu queria algo animador. Não há nada bom na minha vida mesmo",
depois que terminei de falar, casualmente enchi uma colher de kway teow e
coloquei na boca. Ouvindo a minha resposta, o outro ergueu sua
sobrancelha.
Inclinando-se ao meu ouvido, King sussurrou "Ah, entendi. Então sou a
coisa boa da sua vida. Pelo menos do sexo você gosta comigo."
Imediatamente o empurrei e o adverti para não mexer comigo de novo.
Embora o que ele disse seja verdade e eu goste mesmo de transar com ele, o
problema é que eu ainda o odeio fora do sexo!
"Posso fazer mais uma pergunta?"
"O quê?"
"Você tem medo do escuro?"
Ploch!
A colher em minha mão caiu no chão fazendo barulho. Não esperava essa
pergunta repentina. O clima começou a ficar para baixo. Me curvei e peguei
a colher que caiu no chão, colocando sobre a mesa. Pegando uma nova, não
me preocupei em olhar para o outro lado, que ainda estava esperando pela
resposta, mas eu sabia que o seu olhar estava fixado em mim.
"Percebi no dia que teve uma queda de energia na empresa. Naquele dia,
você ficou muito pálido. E também não desliga o abajur quando dormimos.
Quando eu mencionei para desligarmos as luzes na saída de emergência
outro dia, você pareceu assustado, como se fosse desmaiar..."
Quanto mais King falava, mais eu segurava a colher com força,
encarando a comida sem expressão.
Obviamente não comi o bastante, mas fiquei sem fome.
O King não é idiota. Desde o dia em que o empurrei após falar sobre
apagar as luzes, eu sabia que ele suspeitaria. Mas quando ele realmente
perguntou, não queria responder.
As conversas vívidas dos clientes ao nosso redor continuaram e apenas a
mesa com o King e eu ficou em completo silêncio, imóveis como se
estivéssemos congelados. King pareceu perceber a tensão em meu coração.
Ele se mexeu primeiro, silenciosamente pegando a colher para continuar a
comer, enquanto eu quietamente esperei que ele terminasse. Não queria
mais comer.
"Está cheio?", perguntou King novamente.
"Bem, se já terminou, vamos."
Levantei e paguei a tigela de macarrão. King pagou a sua parte e saiu
comigo. Enquanto andávamos, casualmente observei as muitas pessoas na
frente dos restaurantes, pensando na pergunta que o King acabou de fazer.
Nunca mencionei isso ou cheguei a dizer para alguém o motivo pelo qual
tenho medo do escuro. Sempre que alguém pergunta, intencionalmente
mudo de assunto, porque tenho muita vergonha de compartilhar com os
outros. Para mim, não é uma boa memória para ser tornada pública. Não
quero ver pena nem empatia no olhar de ninguém.
"Uea..."
Não sei quando, mas o cara que estava andando atrás de mim já havia
apressado os seus passos e me alcançado, ficando ao meu lado. Vendo sua
mão grande em meu ombro, perguntei suavemente "O que está fazendo?".
"Não é só sobre sexo que podemos conversar."
King disse em um tom em que apenas dois poderíamos ouvir. A luz
suave dos restaurantes próximos brilhavam em seu rosto, fazendo seus
olhos usualmente penetrantes parecerem gentis.
"Não sou só seu parceiro. Sou seu amigo."
O toque acolhedor instantaneamente aqueceu completamente o meu
coração. Levantei o meu olhar para ver os olhos do King, que aperto
levemente o meu ombro e disse "Tudo bem se não quiser dizer, apenas
fiquei um pouco preocupado. Só queria evitar as coisas que você tem medo
ou não gosta", ele deu 2 ou 3 leves tapinhas em meu ombro, antes de
remover sua mão, e então virou-se na direção de uma loja próxima.
Hesitei por um momento, até que meus lábios se moveram.
"Você está certo."
"Han?"
Aviso de gatilho: violência infantil e homofobia
"O que você acabou de me perguntar. Sim, tenho medo do escuro", fiquei
em silêncio por um momento, respirei fundo e então decidi falar. "No
ensino fundamental... eu era trancado no banheiro."
Olhei em direção ao horizonte, me perguntando se deveria continuar e
uma voz no meu coração clamava para que eu desabafasse. Depois de muito
tempo, abri a boca.
"Você já viu a minha mãe, né?"
"Sim."
"A minha mãe... não gosta muito de mim", expliquei com um sorriso
amargo. "Tive um namorado quando estava no ensino fundamental e a
minha mãe ficou zangada quando descobriu por achar que era errado. Ela
achou que seria vergonhoso se outras pessoas descobrissem que não gosto
de garotas."
"..."
"Então ela me punia."
Baixei o meu olhar e encarei o chão. Quando lembrei daquela memória,
meu corpo tremeu inconscientemente. Cerrei os punhos tentando acalmar o
meu corpo, na esperança de que o King não notasse qualquer anormalidade.
"Ela me trancava no banheiro pelo lado de fora com uma corrente e
desligava a luz, para que eu refletisse no que havia feito de errado durante a
noite toda. Ela me deixava lá e não permitia que eu saísse até a manhã e
eu...", sentindo a minha boca seca e triste, pausei e engoli seco
subconscientemente, então continuei numa voz rouca.
"O banheiro era muito pequeno e tão escuto que eu não conseguia ver
nada. Eu encolhia meu corpo pequeno num cantinho a noite toda, sem
coragem para dormir. Mantive esse estado por um tempo até descobrir... que
já havia desenvolvido medo do escuro. Não posso ficar num ambiente sem
luz, então tenho que ligar o abajur toda noite. Tentei ver um psiquiatra e ele
prescreveu uns remédios para mim, mas infelizmente não ajuda muito
porque são fatores psicológicos. Isso... não é fácil de curar."
"..."
"Mas já acabou. É só ligar a luz do quarto. Tenho dinheiro suficiente para
pagar a conta de energia todo mês. É só que... você talvez tenha dificuldade
em dormir sempre que vai dormir comigo", encerro com um riso fraco, na
esperança de aliviar o clima tenso. Para ser sincero, tenho medo de levantar
o rosto e ver a reação dele.
É a primeira vez que converso sobre isso com alguém. Nunca pensei que
a primeira pessoa para quem eu falaria seria para o intrometido que detesto
há anos...
"Não importa se não durmo", King colocou sua mão em meu ombro
antes de se aproximar. "Há outras coisas que podemos fazer. A noite é uma
criança", acrescentou numa voz leve, um sorriso provocante apareceu em
seu rosto.
Vendo seu sorriso, suspirei e continuei andando. Felizmente, não vi
traços de pena em seus olhos, o que é um alívio. Não sei como me sentiria.
Na verdade, contei apenas metade da história.
Tenho, sim, medo do escuro porque me lembra daquele passado dolorido,
mas o que me assusta mais... é aquela pessoa [N/T: ou "as pessoas"].
Se eu realmente contasse tudo, King seria incapaz de não sentir pena de
mim.
"Quer comer mais alguma coisa? Só comeu metade de uma tigela de
macarrão", perguntou King.
Olhei ao redor e sinalizei negativamente "Não quero comer".
"Mas quero continuar comendo."
"Compre o que quiser", respondi.
Quando ouviu a minha resposta, um sorriso apareceu no canto de sua
boca e, ao se aproximar, sussurrou no meu ouvido "Quero comer você,
posso?".
O olhando fixamente, o empurrei para longe.
"Vamos, Uea."
"Não!", meu tom foi firme. A libido dele é alta demais! Ele deveria se
tornar um monge e orar mais para limpar essa alma podre.
"Compre o que quiser, eu vou embora!", quando eu estava prestes a ir
embora, King imediatamente agarrou o meu pulso e apontou para a
barraquinha vendendo gelatina de grama não muito longe.
"Vamos ali comer uma tigela de gelatina de grama!"
"Eu não-"
"Por favor?", implorou. Olhei a barraquinha cheia de clientes e o meu
coração ficou um pouco balançado...
"...Tudo bem", estou me sentindo meio triste, talvez me sinta melhor com
alguma sobremesa.
"Vamos! O pai paga para você!", piscou maliciosamente e me puxou para
lá. Vendo seu corpo alto segurando o meu pulso, um sorriso inconsciente
começou a se formar em meu rosto.
Sob circunstâncias normais, nós dois jamais conseguiríamos conversar
por mais de 2 minutos. Hoje foi a primeira vez que descobri que o King é
um bom ouvinte. Ele percebeu que eu não precisava de sua compaixão,
sabendo que eu não queria mencionar o passado. Ele não forçou que eu me
abrisse. Ele sabia o que dizer para acalmar o meu coração. Tudo que ele fez
deixou o meu coração muito mais confortável. É assim que é ser amigo
dele?
Mesmo que ele possa ser irritante, talvez tê-lo como amigo não seja tão
ruim.
Capítulo 11: Ansiedade
Antes que eu me desse conta, King e eu temos sido amigos com benefícios
por mais de 2 meses. Tudo progrediu suavemente de acordo com o acordo
original. Nossa questão na cama tem sido agradável. Conversamos de forma
direta um com o outro sobre isso. King nunca me forçou a uma posição que
ele gosta e eu odeio. Se eu disser que não quero ou não gosto de alguma
coisa, ele para imediatamente. Até mesmo a relação na empresa melhorou
muito, pelo menos. Agora podemos conversar um com o outro como se
fôssemos amigos há anos. Nossas briguinhas também diminuíram. Contanto
que ele não me provoque intencionalmente, naturalmente o acho mais
agradável aos olhos.
O King não viola o nosso acordo há muitos dias, mas este cara... desta
vez ele fez o que eu já havia proibido. Agora estou irritado!
"King!"
Na manhã cedo de um dia de trabalho, usando um roupão de banho, saí
do banheiro do apartamento de luxo na Silom com um olhar irritado e andei
direto até o dono da casa que ainda estava dormindo.
"King, acorda!"
"Hm...", murmurou King inconscientemente, seus olhos ainda relutantes
para abrir. Ele não parecia ter qualquer intenção de acordar com pouco
movimento.
Suspirei fundo, coloquei minhas duas mãos em seus ombros e comecei a
chacoalhá-lo vigorosamente.
"Oh... O que está fazendo?"
"Levante agora!"
"Sim, sim...", relutantemente sentou-se na cama com olhos meio
fechados, nem parecia ter acordado. Seu cabelo escuro estava bagunçado,
mas tenho que admitir que ainda parecia a aparência de um modelo em
capas de revista.
"Tomou banho?", perguntou com voz rouca, me puxando para ele.
Minhas costas estavam pressionadas contra seu peito e seus braços fortes
envolviam a minha cintura.
Lutei para sair dos seus braços, mas o homem atrás de mim enterrava seu
nariz no meu pescoço, inspirando fundo.
"Seu corpo está muito cheiroso."
"Pare!"
Antes que as coisas saíssem de controle, rapidamente o empurrei para
longe. Ficando à distância, disse friamente.
"O que é isto?", puxei um pouco o decote do meu roupão para mostrar o
que ele havia feito. Ele esfregou os olhos e observou. Depois de ver para
onde eu estava apontando, apenas ergueu as sobrancelhas.
"Ah, é um chupão?"
"Eu disse para não deixar marcas em mim!", disse numa voz séria.
Ontem à noite, quando ele estava me fodendo muito bem, não pude
perceber o que estava fazendo comigo. Só notei pela manhã quando olhei-
me no espelho e vi uma marca vermelha no meu pescoço! Deixei claro
desde o início que não gostava de ver marcas vermelhas e roxas no meu
corpo e agora estou preocupado que alguém veja! Mesmo que o colarinho
da camisa possa cobrir, vou sempre me sentir desconfortável.
"Esqueci por um momento, não consegui me controlar ontem. Sinto
muito", ergueu o canto de sua boca desculpando-se com um sorriso. Não
pude não franzir a testa.
"Não me olhe assim, não vai haver uma próxima vez. Prometo!", vendo a
expressão de insatisfação em meu rosto, ele imediatamente ficou sério e
prometeu de novo.
Aceitei o meu destino e soltei uma respiração presa, cerrando os olhos
para o rapaz que estava sorrindo.
"Vá tomar banho! Não seja tão lento! Não quero me atrasar por causa do
engarrafamento!", disse e o ignorei, na tentativa de não tornar algo pequeno
uma grande coisa. Abri o armário para pegar a camisa e a calça que iria
usar, e as vesti. Neste momento, um assovio foi ouvido vindo de trás de
mim e imediatamente me virei, sentindo-me inquieto. Vi uma silhueta
apenas coberta por uma toalha de banho ao redor do seu quadril entrando no
banheiro.
Como posso confiar nesse cara?
***
"Vou subir primeiro hoje. Por favor, compre um café para mim. Igual ao
seu", disse King após dirigir para o térreo da empresa. Assenti e o deixei
esperar pelo elevador da empresa sozinho enquanto eu andava até a
cafeteria do edifício.
Hoje a fila está tão longa que está quase saindo da loja. Dei uma olhada
nos outros funcionários da empresa que estavam esperando pelo café e
inconscientemente puxei o meu colarinho. Não consigo nem pensar no King
sem ficar irritado, que era o culpado, mas estava sentado confortavelmente
no escritório enquanto eu estou aqui, ansioso e nervoso, pensando que
alguém pode ver as marcas.
Segurei o meu colarinho enquanto esperava a minha vez de fazer o
pedido. Bem nessa hora, vi uma mulher sentada na cafeteria pelo canto do
meu olho. Lembro dela de quando gritei o nome do King para provocá-lo.
Mas o King nunca mencionou o nome dela. Será que era Moh?
"Próximo, por favor! Olá, o que gostaria de pedir?", perguntou a
atendente do balcão da frente, tirando a minha atenção da mulher.
"Americano gelado."
"Só um?", eu ia pedir dois já que o King queria um, mas aí pensei no que
ele fez ontem...
"Sim, só um", respondi e paguei. Alguns minutos depois, saí da cafeteria
com o americano gelado na mão. Observei a srta. Moh, que ainda estava
sentada e fui em direção ao elevador.
Se ele descer agora... pode acabar a encontrando por acaso. Sorri ao
pensar na minha possível vingança contra ele.
"Uea, onde está o meu?", resmungou King quando me viu entrar no
departamento apenas com um café em mãos. Coloquei a minha mochila na
mesa antes de encará-lo e dizer calmamente "Não comprei."
"Ah, fala sério! Você foi tão cruel comprando só para você e não para
mim!", reclamou. Dei uma risadinha silenciosa, ajustei a minha expressão e
continuei.
"Se quiser tomar, vá e compre você mesmo."
"Ah, eu vou descer e comprar eu mesmo", depois de falar, ele tirou sua
carteira da bolsa e saiu, não parecendo estar de bom humor. Sorri sozinho.
Será que ele vai ficar mais irritado se vir aquela mulher?
"Encontrou o King lá no térreo? Por que não comprou o café dele?",
perguntou-me Jade ao ver o King sair enquanto eu sentava na minha
cadeira.
"Lembra daquela garota do andar de baixo? A garota que sempre seguia
o King."
"Sim, por quê?"
"Eu a vi sentada na cafeteria e achei que o King pudesse querer vê-la",
respondi.
Quando Jade viu o sorriso mau no meu rosto, imediatamente soube o que
eu estava pensando. Assim que ele imaginou King descendo e encontrando
a garota na cafeteria com uma expressão de surpresa, Jade riu.
Normalmente eu jamais guardaria um rancor assim, mas quando penso no
que ele fez e em como me provocava de propósito, não é nada mau que eu o
provoque de volta.
Boa sorte, King!
Parece que a minha vingancinha teve sucesso, porque quando vi o King
retornar ao departamento com o café, a expressão em seu rosto era ainda
mais irritada. King fixou seu olhar em mim. Fiz uma expressão indiferente
e fingi me concentrar no meu trabalho, mas eu quase estava morrendo de rir
por dentro!
"Jade, lhe enviei um e-mail!"
"..."
"Jade. Jade!"
"An... O quê?"
"Eu disse que lhe enviei um e-mail."
Meu amigo apenas encarava a tela do computador com olhar vazio, sem
abrir o e-mail para verificar. Ele me assentiu com os mesmos olhos em
branco, e então quietamente virou o seu olhar para continuar trabalhando.
Secretamente observei o meu amigo com desconfiança, e a minha intuição
me dizia que a anormalidade do Jade deveria estar relacionada ao
estagiário.
"Está pensando no Mai?", tentei perguntá-lo, e o Jade virou-se
imediatamente. O choque em seus olhos traiu completamente seus
pensamentos íntimos.
"Não! Por que acha que estou com saudade dele? Ele só voltou à
universidade e vai voltar mais tarde!"
Só de olhar na cara dele, dá para saber que ele está pensando sobre o
Mai. Significa que as coisas estão progredindo.
Não muito tempo depois, o nong de quem o meu amigo sentia saudade
entrou no departamento com uma grande sacola de sobremesas. Jade
encarou a sacola de bananas fritas que o Mai havia comprado perto da
universidade. Mai olhou para o Jade com um olhar carinhoso até que os
seus olhos encontraram os meus, e aí ele me deu um sorriso grato.
Mai usa comida para agradar o meu amigo, já que ele não tem qualquer
resistência para comida. Não importa o quão lento Jade seja no amor, posso
ver que ele tem um sentimento pelo Mai em seu coração.
Tenho que admitir que o Mai sabe que aproximar-se do Jade assim é
muito inteligente!
***
Hoje o almoço está mais silencioso do que o normal, porque Jade, que é
quem mais fala entre nós, não pôde almoçar por comer muitas bananas
fritas, então ficou no escritório. Apenas King, Mai e eu escolhemos comer
numa lojinha de frituras próxima à empresa. Apenas trocamos algumas
palavras aleatoriamente e, com pressa, estufamos as nossas bocas com as
comidas que estavam em nossa frente, para que pudéssemos voltar correndo
ao escritório o mais rápido possível. Depois do sol escaldante da tarde,
queríamos nos sentir confortáveis e frescos.
Depois de comermos, quando estávamos prestes a retornar ao edifício,
King, que estava andando na frente, de repente tirou o seu celular do seu
bolso de trás. Os meus olhos acidentalmente viram a tela do seu celular de
relance. Parecia que alguém estava o ligando pelo Line. Embora eu não
tenha conseguido ver o nome, a foto perfil é obviamente de uma garota
sexy e gostosona. Parece ser de alguma bonitinha do seu harém.
"Suba primeiro, vou fumar um cigarro", virou-se para falar comigo e o
Mai antes de andar para atrás do prédio.
Franzi as sobrancelhas enquanto assistia sua silhueta se distanciar
lentamente, e um traço de insatisfação surgiu.
Vai mesmo fumar? Acha que as pessoas não conseguem ver que você vai
seduzir mulheres?
Respirei fundo e parei de prestar atenção na sensação estranha. Ele pode
fazer o que quiser, a vida é dele. Sou apenas seu parceiro de cama e não
tenho direito de interferir em seus assuntos particulares. Embora seu
comportamento seja um pouco irritante.
"Mai, vou voltar à empresa. Vai comprar alguma coisa?", virei para o
júnior de pé ao meu lado. Quando o Mai estava prestes a falar, fui
interrompido por um grito repentino.
"Uea!"
Essa voz irritada é muito familiar para mim. Imediatamente me virei e
fiquei chocado. O homem alto e bonito de pé em frente ao edifício é o meu
ex-namorado.
Fiquei congelado enquanto o via andar em minha direção.
P'Pok não tem me enviado mensagens pedindo para voltar há algumas
semanas. Achei que ele tivesse cansado e desistido, como os anteriores.
Não esperava que ele fosse aparecer repentinamente no térreo da minha
empresa.
Ele não acha que é invasão da minha privacidade?
"O que está fazendo aqui?"
"Vim conversar com você, não me evite mais", disse agarrando a minha
mão.
Mai, que estava próximo a mim, parecia um pouco nervoso e sem saber o
que fazer. Forcei o meu pulso para fora do aperto do P'Pok, e o encarei com
insatisfação.
"Acho que já encerramos a conversa. Já conversamos cara a cara e por
mensagens. Não acho que temos o que conversar."
P'Pok não evitou gritar comigo "Mas eu ainda não acabei! Imploro que
me perdoe por uns meses. Pare de enrolar e volte para mim."
O barulho da discussão começou a atrair os olhares das pessoas que
passavam, todos que olhavam começavam a comentar baixinho entre si.
Controlei a minha respiração e tentei o meu melhor para suprimir a raiva e a
vergonha no meu coração.
Durante os dias em que eu estive com o P'Pok, ele nunca mostrou esse
seu mau lado na minha frente. Ele não expôs seu verdadeiro lado até que eu
descobri que ele estava me traindo. Ele não só gritou comigo como também
descontou sua raiva em mim, mas nunca pensei que ele viria aqui me
ameaçar agora!
"Não vou conversar com você de novo e não planejo voltar para você.
Não faça mais isso. Não quero perder o respeito pelo que foi bom com você
no início."
"Uea!"
"Vou dizer pela última vez: por favor, vá embora. Não temos mais nada a
discutir."
"Foi apenas um pequeno mal-entendido. Por que quer criar um grande
caso? Acho que precisamos conversar", ele se apressou em agarrar o meu
braço e os sussurros dos funcionários da empresa começaram a ficar mais
altos.
"Solte!"
"Não."
"Por favor, não faça isso. Isso é assédio!", Mai correu e tentou afastar o
P'Pok colocando-se na minha frente. Vendo que o Mai correu para me
proteger, P'Pok pareceu ainda mais irritado.
"E quem é você, porra? Não se meta na vida dos outros!"
"Não. Não se meta você na minha vida!", gritei de volta, com os olhos
queimando de raiva. Inconscientemente me aproximei do Mai e disse "E
fale baixo com o meu namorado. Ele não é igual a você."
"O quê?!", P'Pok gritou e encarou o Mai e eu em descrença. Não prestei
atenção em qual era a expressão do Mai. Espero que ele entenda a situação
e colabore com a minha atuação.
"Este rostinho branco é o seu novo namorado?", zombou. "Sinto muito,
mas não compro isso, Uea."
"Se você acredita ou não, é problema seu. Mas já tenho um novo
namorado, não me incomode!"
"Não-"
"Só sei que você correu para assediar o namorado de outro. Qual é a
diferença do seu comportamento para o de um perdedor?", Mai disse
educadamente com um sorriso falso, antes de segurar o meu punho. Embora
o tom em sua voz fosse muito educado, eu sabia que era de uma leve raiva.
"Sr., sugiro que pare com este comportamento o mais rápido possível.
Agora que as redes sociais estão tão desenvolvidas, não seria bom que
alguém gravasse um vídeo e colocasse na internet."
"Seu desgraçado! Como ousa-", P'Pok se aproximou e os guardas
próximos correram para dominá-lo.
"Sr. guarda, por favor, ajude-me a lidar com ele", Mai tomou a minha
mão e entramos no edifício. Ainda havia leves comentários atrás de mim.
Virei e olhei para trás, enxergando o meu ex-namorado com pena. Ele ainda
estava gritando e sendo arrastado para fora do prédio.
Como pude tê-lo como namorado, para começar? Felizmente já terminei
com ele.
Enquanto esperávamos pelo elevador, Mai continuou segurando a minha
mão com força, até o momento em que as portas do elevador fecharam. Aí
o garoto mais novo soltou a minha mão e sorriu para mim.
"Obrigado", disse. Ele apenas balançou a cabeça.
"Tudo bem, P'Uea."
Nenhum de nós dois conversamos depois disso, apenas andamos até o
departamento em silêncio. Neste momento, o celular vibrou. Rejeitei a
ligação do P'Pok e bloqueei o seu contato.
Vou deixá-lo pensar que realmente tenho um novo namorado. É a melhor
forma. Espero que, assim, ele possa desistir. Se ele fizer um caos, vou
denunciá-lo por uso de drogas. O P'Pok é filho de uma famosa figura
política. Acho que seu pai jamais iria querer saber que estão falando do seu
filho por aí. Seria ainda pior se viesse ao público no noticiário!
Os outros colegas do departamento começaram a voltar do almoço um a
um. O que acabou de acontecer no térreo foi visto por muitas pessoas.
Rapidamente me tornei o assunto depois do intervalo. Os colegas que
perderam se reuniram por um tempo e eu os deixei fofocar. Enquanto
discutiam alto, sentei e me concentrei no trabalho. Todos estão falando
sobre isso.
"P'King! P'King!", Gun chamou King em voz baixa, me fazendo olhar
para cima. A pessoa sendo chamada estava entrando no departamento. King
inclinou-se sobre a mesa do Gun e o Jade aproximou-se para perguntá-lo.
"Aonde você foi? Sabe o que aconteceu com o seu amigo?"
"Fui fumar atrás do prédio. E então conversei com alguém no telefone
por um tempo. Quem morreu?"
"O ex-namorado do P'Uea queria que o P'Uea voltasse para ele", assim
que o Jade disse isso, King franziu a testa e olhou para mim.
"Sim! Foi uma loucura na frente do edifício, tão barulhento! Quando Mai
apareceu e fingiu ser o namorado do P'Uea, aquele cara ainda quis bater
nele!", Gun jorrou a informação animadamente, não querendo ser deixado
de fora em compartilhar o que disse. Quando King ouviu isso, suas
sobrancelhas franziram tanto que quase se curvaram. Rapidamente, ele
virou-se para o outro protagonista do incidente.
"Sério? Então Mai, o que você fez?"
"Eu deixei com os guardas, e então voltei com o P'Uea."
"Eles até se deram as mãos! Pareciam um casal de verdade!", disse Gun
apressadamente, interrompendo.
Olhei para o Mai com o canto da minha boca curvado para cima e me
desculpei.
"Sinto muito por fazê-lo fingir que é meu namorado."
"Tudo bem, eu entendo, mas acho que ele ainda não desistiu do P'Uea.
Estou preocupado que ele vá até a sua casa e cause problemas", Mai olhou
para mim procupado.
Apenas sorri amargamente e balancei a cabeça.
"Posso lidar com isso sozinho, não se preocupe", confortei o outro.
Felizmente, não fiquei com o P'Pok por muito tempo e nunca tentei levá-lo
até o meu apartamento. Pelo menos não tenho que me preocupar sobre ele
indo até a minha casa e me ameaçando.
"Se ele vier de novo, apenas chamaremos a polícia. É isso!", King soou
sua voz grave e os seus olhos estavam mais tensos do que o normal quando
ele olhou para mim. Não sei o que esse cara está pensando. Minha vida
pessoal não tem nada a ver com ele. Será que... ele está preocupado
comigo?
Pensando nisso, não pude evitar parar de clicar o mouse que estava em
minha mão. Uma sensação indescritível rapidamente se espalhou em meu
peito. Não tenho nenhum bom amigo, exceto Jade, e não estou acostumado
a ter outras pessoas preocupadas comigo. Não sei se o King pensa mesmo
assim e é estranho perguntar diretamente...
Em qualquer caso, sou considerado um dos amigos dele. Mesmo que ele
esteja nervoso, não acho que é estranho.
***
"Uea!"
Após o horário de trabalho, eu estava a chegar no estacionamento
subterrâneo quando um rapaz que tem me seguido desde lá de cima de
repente me parou. Virei para olhá-lo, presumindo que ele tivesse algo para
me dizer. Geralmente, quando há apenas o King e eu, ele aproveita a
oportunidade para me provocar, mas quando eu estava no elevador com ele
agora mesmo, ele estava diferente. Ele manteve um rosto sério e ficou
apenas em silêncio ao meu lado.
"Vai voltar ao seu apartamento?"
"Aonde posso voltar se não for para o meu apartamento?", perguntei sem
entender. Depois de ouvir a minha resposta, pelo seu rosto, ele não parecia
satisfeito.
"Mai não disse que o seu ex-namorado pode ir atrás de você no
apartamento? Não acho que ele desistirá facilmente."
Sua pergunta me congelou por um momento. Não esperava que ele
estivesse pensando nisso.
"Ele não sabe onde eu moro. Não o levei para o meu apartamento quando
namorávamos. Além do mais, ele perdeu sua reputação naquele momento.
P'Pok é o filho de um certo congressista, então ele não deve querer armar
um grande circo e afetar a reputação do seu pai de novo."
"Que bom", sussurrou suavemente, seus olhos relaxaram gradualmente.
Vendo sua expressão, aquele sentimento inexplicável apareceu no meu peito
de novo.
King pode apenas preocupar-se comigo como um amigo, mas todas as
atitudes que ele teve me mostravam que não parecia ser o caso, e o meu
relacionamento com o King não era tão próximo quanto com o Jade. Ele
tinha um comportamento suspeito, o que fez com que eu me sentisse
estranho.
Geralmente apenas brigamos, não costumamos nos preocupar um com o
outro assim.
"Uea, você tem medo dele?", King aproximou-se depois de perguntar,
encarando os meus olhos com uma expressão vazia e sem brilho.
"...O que quer dizer?"
"Se estiver com medo, posso dormir com você mais tarde. Ou quer fazer
algo mais interessante do que dormir?", um sorriso brincalhão apareceu em
seu rosto e eu fiquei envergonhado por um momento.
Bufei profundamente e fui direto para o meu carro sem olhar para trás.
"Uea, vam-"
"Esta semana já esgotou", bloqueei suas palavras com uma só frase. Abri
a porta e entrei no carro. Ainda podia ouvir a sua risada no momento em
que fechei a porta, balancei a minha cabeça e suspirei.
No fim, acabou sendo algo relacionado ao sexo. Eu realmente não devia
criar expectativas com esse cara.
***
Sempre senti que a minha intuição é bem certeira. Pelo menos sei bem
como são as pessoas que conheço, como são suas personalidades e como
lidar com elas. Ainda sei, mas sempre há coisas inesperadas em tudo.
Parece... que previ algumas coisas erradas.
Eu disse para o King e os outros que, depois que o P'Pok foi arrastado
para fora pelos guardas no outro dia, ele sentiria completa vergonha em me
assediar de novo. Além disso, eu o bloqueei em todos os canais de
comunicação. Não é de admirar que ele tenha desaparecido da minha vida
desde então. Sem que ele me incomode por uma reconciliação, a minha
vida está muito mais confortável!
Mas o meu conforto durou apenas uma semana...
Ele começou a me ligar por outros números porque não acreditava que eu
tinha um novo namorado, e ficava me implorando para que eu mudasse de
ideia. Então o Jade persuadiu Mai e eu a sairmos para jantar, tirarmos
algumas fotos e postá-las no Twitter para confundir o P'Pok. Isso faria com
que ele acreditasse que o Mai e eu realmente estamos namorando, mas não
vi a necessidade de chegar nesse ponto, e eu não queria incomodar o júnior
tanto assim. Mas quando o Jade mencionou, imediatamente presumi o
motivo por trás.
O Jade deve ter entendido mal. Ele deve ter achado que o Mai gostava de
mim e planejou nos juntar.
Não sei o que deu errado e fez o Jade entender errado. Eu mal conversava
com o Mai antes. E quando conversamos, é só porque o Mai quer
conselhos. O Jade tende a imaginar coisas demais, então pedi que ele
conversasse com o Mai para esclarecer as coisas. Sei que se não sair da
boca do Mai, o Jade não vai acreditar em nada.
Também espero que o Mai possa tomar esta oportunidade para conversar
claramente com o meu amigo, afinal, o que ele sugeriu foi um ultraje.
No fim da tarde da quarta-feira, eu estava saindo do prédio, indo em
direção ao estacionamento que ficava próximo ao prédio para poder voltar
para casa. Geralmente estaciono no estacionamento no subsolo, mas há que
peguei engarrafamento mais cedo, perdi a vaga e precisei usar o
estacionamento aberto.
Trabalhei até às 18h30, a maioria dos meus colegas, como Jade e Mai, já
foi embora. King ficou no escritório assim como eu, dizendo que havia
ainda alguns trabalhos não terminados em mãos. Não marquei nada com ele
hoje.
Olhei para o céu, que parecia estar escurecendo com um leve rosado.
Acho que logo vai chover. Se chover, com certeza terá um forte
engarrafamento de novo em minutos. Não conseguirei chegar em casa até
às 21h.
"Já saiu do trabalho? Estou esperando por você há muito tempo", a voz
de alguém soou. Parei. Depois de seguir a voz, vi P'Pok de pé próximo ao
meu carro. Por fora ele parecia calmo, mas a insatisfação era evidente em
seus olhos. Fechei os punhos com irritação ao me ver nesta situação.
O King estava mesmo certo. Ele não desistiu.
"Não mandei que esperasse por mim", disse friamente, encarando P'Pok
que sorria enquanto estava inclinado sobre o meu carro.
"Aonde foi o seu namorado? Ou ele fugiu com outra pessoa?",
perguntou.
"Não é da sua conta", fiquei de pé paralisado enquanto disfarçadamente
olhava ao redor. Parecia ser um ponto cego. Caso algo acontecesse, um
guarda poderia não ver.
"Uea, o namorado que você mencionou... acabei de vê-lo seguindo
alguém até um carro, com um sorriso estampado no rosto", P'Pok me
encarava com um olhar triste, claramente debochando de mim. Dei um
passo para trás quando percebi que ele andava em minha direção, mas ele
foi mais rápido e conseguiu agarrar o meu punho com força.
"Uea, onde está o seu namorado? Cadê ele? Vocês não tinham nada, não
é? Naquele dia você só mentiu para mim, não foi?", P'Pok gritava
histericamente.
"Nós já terminamos! Tendo eu um namorado ou não, você não tem
direito algum de fazer isto!", respondi friamente tentando me libertar dele,
mas P'Pok me segurou com mais força. Chiei de dor.
"Não quero terminar! É tão difícil assim voltar comigo?"
"Não quero mais estar com você!", berrei e os olhos do P'Pok ficavam
mais sombrios quando me ouviu. Vagamente senti o cheiro de álcool vindo
dele.
"Solte o meu braço!"
"Não!"
"Ele disse para você soltar. Tá surdo?", uma voz grave soou e P'Pok tirou
sua atenção de mim para o homem que havia falado. Fiquei aturdido por um
momento. A silhueta alta estava de pé ao meu lado, segurando o meu braço
do P'Pok com uma mão e protegendo-me atrás dele. O rosto bonito do King
tinha um sorriso fraco, mas definidamente não era do tipo charmoso e doce
que ele usava para atrair alguém que achava atraente. Aquele sorriso era de
puro escárnio.
Meu coração tremeu levemente por medo. Nunca vi essa expressão no
rosto do King desde que o conheço.
"Não seja intrometido! É só uma briga de casal!", P'Pok virou-se para
mim, me encarando, e disse "Uea, sei que está mentindo para mim. Aquele
garoto não é mesmo o seu namorado, não é?"
"Sim, está certo! Aquele garoto realmente não é o namorado do Uea",
King respondeu por mim. King me olhou, colocou o seu braço ao redor da
minha cintura e disse "Ele apenas estava lá porque eu não estava por perto
no momento. O namorado do Uea sou eu."
"Baboseira! Você está men-"
Pow!
King socou o P'Pok no rosto e o barulho do soco foi incrivelmente alto,
fiquei paralisado de choque. King aproximou-se do P'Pok que havia caído
no chão após o murro e disse com um olhar vazio.
"Se acredita ou não, o problema é seu. Não diga que não lhe avisei.
Nunca mais assedie o meu namorado ou vai apanhar de mim até perder os
dentes. A escolha é sua", ameaçou com uma voz fria, travando o maxilar de
ódio.
"Você- Acha que tenho medo de você?", embora P'Pok ainda esteja
gritando, a sua voz está tremendo, assim como a sua boca. Ele está agindo
como durão, mas a forma como os seus olhos tremem de medo ao olhar
para o King revelam o contrário.
Não é de admirar que ele se sinta assim, porque a aura que o King esta
emanando agora é muito amedrontadora.
"Estou avisando pela última vez. Se não quiser ir parar no hospital com a
cabeça sangrando, é melhor ir embora", o tom do King deixava claro que a
sua paciência estava acabando e o P'Pok levantou-se do chão cambaleando
antes de sair do estacionamento.
O ambiente voltou a ficar calmo e fiquei parado em silêncio, observando
o dorso da pessoa que estendeu a mão para me ajudar sem hesitar. Me senti
sufocado e sem saber o que dizer. Ouvi o suspiro do King e ele virou-se
para me olhar. Cuidadosamente olhou o meu corpo dos pés à cabeça antes
de perguntar "Você está bem?" numa voz calma e gentil. Completamente
diferente da forma como estava falando pouco antes.
"Estou bem", respondi virando o meu rosto para o outro lado e ele
imediatamente puxou a manga da minha camisa para olhar.
"O seu pulso está machucado."
"Vai sarar logo", respondi. Meu coração estava batendo mais forte por
medo desde momentos antes e ainda não se recuperou. King gentilmente
massageava os machucados em meu pulso, e isso fazia com que o meu
coração continuasse a disparar. Ficando ainda mais forte.
Estou começando a ficar incerto do motivo pelo qual está batendo tão
rápidio.
"Por que você veio para cá? Não disse que ainda tinha trabalho para
terminar?"
"É verdade, mas não tenho que terminar de imediato. Logo mudei de
ideia. Felizmente lhe vi antes de ir embora. Senão, não sei aonde ele teria
lhe levado", disse com um traço de raiva em sua voz, enquanto olhava na
direção por onde o P'Pok havia ido embora. Voltou o seu olhar para mim e
disse "Eu falei que ele não desistiria tão facilmente".
"Eu... Eu não acho que ele virá de novo."
"Foi o que você disse da última vez", apesar de estar me repreendendo,
King tinha uma expressão calma.
Ambos ficamos em silêncio. Após um tempo, o homem mais alto tomou
a iniciativa de quebrar o silêncio.
"Você vai morar comigo, no meu apartamento, por uma semana. Não
pode ficar sozinho."
"Eu estou b-"
"Vamos deixar o seu carro aqui. Vamos usar o meu hoje", King ignorou
as minhas reclamações e puxou o meu braço. Foi só aí que percebi como ele
era autoritário. Ele não tinha intenção de discutir isso comigo, então deixei
que me levasse.
Honestamente, também tenho medo que o P'Pok arme outra emboscada
por perto, pelo menos não terei que ir ao apartamento do King sozinho.
O carro estava bem quieto. King não começou a dirigir imediatamente
após ligar o motor, apenas olhava em frente calmamente tentando ajustar o
humor. O observei em silêncio e decidi falar.
"Obrigado."
"Sem problemas", balançou a sua cabeça e virou-se para me olhar.
Depois de pensar por um momento, acrescentou "Não vai mais se juntar a
esse tipo de gente, não é?".
"Bem, antigamente eu não imaginava que ele ficaria assim", admiti com
dor no coração. Sempre achei que o conhecesse o bastante. Não imaginei
que a imagem de cavalheiro, de quando começamos a namorar, era
fingimento. Seu caráter real é péssimo.
"Na próxima vez, lembre-se de usar os olhos para observar bem as
pessoas por um longo período. As conheça bem antes de iniciar um
relacionamento com elas. No início, é possível fingir ser outra pessoa, mas
depois de um tempo a máscara cai. E aí você vai estar triste e sozinho,
assim, de novo."
Seu conselho sincero me deixou surpreso. Conheço o King há uns anos,
mas não sabia que ele falava bem assim.
"Então... devo evitar alguém como você, não é?", brinquei e ele começou
a rir imediatamente, começando a relaxar.
"Desgraçado! Que cruel dizer isso para quem você está devendo uma."
"Ajuda é ajuda, eu já agradeci", retruquei.
Os olhos afiados do King brilharam quando me ouviu e eu percebi uma
expressão perigosa em seu rosto. King inclinou-se e fixou seu olhar em meu
rosto.
"E se eu disser... que não quero só um obrigado?", sussurrou numa voz
abafada e grave.
"Então o que você quer?", virei o meu olhar levemente como se não
tivesse entendido, evitando o olhar feroz do King. Na verdade não era
difícil entender o que ele queria dizer. Eu sabia exatamente o que ele queria.
"Isso aqui", King disse devagar antes de sua respiração tocar o meu
pescoço, logo tornando-se um beijo. As mãos firmes começaram a acariciar
o meu corpo enquanto os seus lábios expressavam sua luxúria ao cobrir os
meus.
A temperatura no carro ficou quente como fogo. Colocamos nossas mãos
na nuca um do outro e não poupamos a paixão em nosso beijo. As nossas
línguas batalharam como se nenhum de nós dois quiséssemos admitir a
derrota durante muito tempo. Quando separamos o beijo, arfávamos
tentando pegar fôlego.
"Os vidros do meu carro são pretos", enquanto esfregava os seus lábios
contra o meu, King sussurrou com erotismo, e usava as duas mãos para tirar
o meu cinto. Mas rapidamente peguei a sua mão.
"Aqui é muito pequeno. Vamos fazer em casa?", disse suavizando a
minha voz e ele sorriu com o canto da boca sedutoramente. Afastei o seu
peito forte com ambas as mãos.
Embora fazer no carro soe muito excitante, este estacionamento é
próximo do prédio. Não é legal fazer aqui. King respirava ofegante,
tentando segurar o desejo intenso, e encostou-se relutantemente em seu
assento.
"Se quiser, é só dirigir rápido", sorri.
Após um segundo, o carro deixou o estacionamento correndo, mas a
chuva começou a cair e o trânsito quase ficou paralisado.
"Porra de trânsito!", King xingou ao dar de cara com uma situação
inesperada e o sinal vermelho à frente não parecia querer se tornar um
verde.
Ouvindo a reclamação violenta do King no carro, suavemente ergui os
cantos da minha boca num sorriso.
"Fica calmo."
Assim que vi sua expressão de irritação, tive uma ideia atrevida.
Coloquei a mão em seu joelho e subi lentamente pela sua coxa até chegar
na sua virilha.
"Tá querendo que eu encoste o carro e te foda aqui mesmo?", King
resmungou entredentes. Quando a minha mão começou a passear bem no
lugar entre as duas pernas, King apertou as mãos no volante.
Sorri com aquela visão. Vi pela janela, de canto de olho, que o ambulante
da barraquinha da calçada estava dormindo, então comecei a massagear a
ereção do King por cima da calça. Neste momento, as luzes do semáforo
ficaram verdes e os carros começaram a andar.
"Dirija", falei enquanto continuava as carícias, até que senti que o
volume em sua calça havia ficado maior.
King começou a respirar ofegante enquanto mantinha os seus olhos na
estrada. Sorri e lentamente abri o zíper de sua calça com a ponta dos dedos,
antes de inserir os meus dedos no espaço que havia sido aberto. Mais uma
vez, comecei a massagear com movimentos lentos. King deixou sair um
gemido baixo, pisou no acelerador e dirigiu com tudo até em casa.
Ri baixo, adorando o prazer de provocá-lo. Mas talvez eu tenha brincado
demais, porque assim que chegamos ao apartamento do King, fui
imediatamente jogado na cama. E lá ele implorou por mais a noite toda.
"Ei, está dormindo?"
Depois de ser fodido por ele a noite toda, só fiquei na cama, ainda
exausto pela falta de sono. Ouvindo a voz grave e confortante do King,
fechei os meus olhos e enterrei a minha cabeça no travesseiro. Houve um
pequeno som antes de eu sentir King deixar a cama. Uma mão grande e
quente segurou o meu pulso e eu senti algo gelado sendo esfregado nele.
Baseado no cheiro forte de menta, pude perceber que era uma pomada.
A minha consciência começou a adormecer. Apesar de estar com a
cabeça distante, alguns sentimentos indescritíveis surgiram em meu peito.
Estou prestes a adormecer, mas, neste momento, sabia que o meu coração
estava aquecido.
Talvez nem tudo na minha vida seja ruim.
Capítulo 12: Relacionamentos
ATENÇÃO: Gatilho na metade deste capítulo. Um novo aviso estará
disponível antes do início do tópico sensível (assédio sexual, tentativa de
estupro).
Afim de prevenir que P'Pok aproveitasse a chance de me seguir ou
ameaçar, me mudei para o apartamento do King há uma semana. Nada
especial aconteceu nos últimos 7 dias. A última vez que vi o P'Pok foi
quando ele levou um soco no rosto do King naquele dia. P'Pok não mais
atrapalhou a minha vida nem me ligou. Parece que ele aprendeu a sua lição
e parou de me assediar e me procurar por aí.
Uma semana depois, sugeri ao King que eu queria voltar para o meu
apartamento. Um dos motivos era porque eu não queria perturbar a sua vida
pessoal.
Outro motivo é...
"Quer voltar hoje? Ele pode estar esperando que você volte para casa
para causar problemas de novo. Fique por mais uma semana. Não me
importo", a mão boba da voz grossa aproveitou a oportunidade para
acariciar o meu bumbum enquanto eu estava de frente para o espelho,
penteando o meu cabelo para ir trabalhar.
Balancei a minha cabeça e olhei para o homem que usava apenas uma
toalha de banho ao redor do seu quadril. Ele estava ocupado de pé atrás de
mim, me provocando, e não tinha intenções de parar.
Quero ir embora rápido por causa dele! Seu desejo sexual é grande
demais. Antes tínhamos o acordo de fazermos três vezes por semana, mas já
que estou ficando em seu apartamento, esse cara pediu por uma extensão na
quantidade de dias de sexo como taxa de aluguel! No início eu meio que
"concordei não concordando", mas quando voltei a pensar direito, percebi
que ele transa demais.
Ainda não disse para ele que planejo proibi-lo de dormir comigo na
próxima semana. Espero que não sufoque até a morte.
"Vou para casa hoje. Ele não deve voltar. Arrume-se logo! São quase
7h!", rapidamente o afastei, lembrando que, se ele se atrasasse de novo,
seria como na época do mês em que se atrasou três vezes.
"É sexta-feira, estou com preguiça. Podemos tentar não ir?"
"Não! Vamos nos despedir do Mai hoje!", virei para o lado para evitar a
braço que se esticou para abraçar a minha cintura. Peguei um cinto e o
coloquei, enquanto esperava que o King trocasse de roupas antes de sairmos
juntos.
***
O período de estágio é de 4 meses no total. A próxima semana será da
última semana de estágio do Mai na nossa empresa. Tradicionalmente, o
departamento de TI faz uma festa de despedida para os estagiários. Vários
sêniores convidaram o Mai para trabalhar depois de se formar, mas Jade e
eu achamos que uma pessoa talentosa como o Mai deveria trabalhar numa
empresa grande. Comparado à uma empresa pequena, há mais
oportunidades de trabalho para se desenvolver e crescer.
Dei uma leve olhada na mesa preróxima a mim. O rapaz responsável por
cuidar do estagiário encarava os arquivos no computador com suas mãos
fixas no teclado, sem se mover. Nesta última semana, o meu amigo tem
estado mais silencioso do que o normal e o clima entre o Mai e ele caiu
numa estranheza sem precedentes.
Mais cedo o Jade veio me consultar e disse que, desde que se declarou
para o Jade, o Jade tem o evitado, intencionalmente ou não. Confortei o Mai
dizendo que o Jade precisava de um pouco de tempo para pensar. Enquanto
envelhecemos, não mais ficamos com alguém só por diversão. Mai ainda é
jovem e há muitas oportunidades de conhecer inúmeras pessoas. Mas, na
nossa idade, não mais queremos estar nesses momentos de curta duração.
Mas acredito que o King seja um caso diferente, ele obviamente ainda
curte uma vida livre de solteiro.
Quanto ao Jade, entendo que ele precise de algum espaço privado para
pensar, mas não consigo suportar ver o Jade animado se tornar tão
deprimido, então especialmente convidei o Jade a continuar na sala de
reuniões depois da reunião ao meio-dia para conversarmos.
"Algo está errado com você. O que aconteceu? Você tem estado quieto",
Jade riu seco depois de ouvir a minha pergunta.
"Você sempre me vê por dentro, não é?"
"Você é um livro aberto, Jade. Qualquer um pode ver que a sua cabeça
está cheia."
"É mesmo?", murmurou, deitando-se em sua cadeira com frustração.
"Sim. Então, o que está rolando?", Jade só encarou o teto por um
momento antes de responder.
"Você me disse para perguntar ao Mai sobre a pessoa que ele gosta, então
perguntei."
"É?"
"Ele disse que gosta de mim."
Sim. E todo mundo na empresa sabe disso.
"E então?"
"É, mas nesses últimos dias ele parece... distante?"
"Notei que vocês dois parecem distantes um do outro", confirmei. O
rosto do Jade parecia ainda mais triste. Talvez ele não percebesse, mas ele
valorizava muito o Mai.
"O que acha que está havendo com ele? Fiz algo errado?"
"Bem, o que aconteceu depois que ele se declarou para você?"
"Fui meio pego de surpresa. Não soube como agir e havia muito no que
pensar antes que eu pudesse dizer qualquer coisa a ele. E agora ele está
quieto."
"Ele provavelmente acha que você não gosta dele."
"Não? Quero dizer, eu ainda não disse nada. Por que ele acharia isso?"
"Ele acha isso porque você não disse nada, Jade. Imagine se declarar para
alguém e essa pessoa começar a ficar quieta ou distante. O que pensaria?",
expliquei, tentando mostrá-lo a perspectiva do Mai. Jade sempre foi
devagar e ingênuo quando se trata de amor porque nunca esteve num
relacionamento sério. Eu não o culparia se ele nunca pensasse que o seu
silêncio levaria a um mal-entendido.
"Mas... eu gosto dele", murmurou Jade.
"Mas ele não sabe. Acho que ele deve estar deprimido. Pensei que não
gostasse dele e, por ele ser muito gentil, não queria rejeitá-lo cara a cara."
"Oh...", Jade ficou aturdido quando me ouviu dizer isso. Vendo seu rosto
pálido de surpresa, dei um tapinha em seu ombro para confortá-lo. "Vamos
almoçar juntos. Vai ter muita gente lá embaixo. Você deveria conversar com
o Mai rapidamente. Se continuar assim, o aperto em seu coração ficará cada
vez maior", o assustei.
O outro concordou com uma expressão insociável e eu esfreguei sua
cabeça fofinha. Embora tenhamos uma idade semelhante, Jade era como um
irmão mais novo aos meus olhos. Depois que conversamos, saímos para
comer juntos.
***
King e eu sempre deixávamos o clima muito tenso no almoço pelas
briguinhas, mas na última semana tudo se inverteu. King e eu trocávamos
olhares enquanto observávamos os outros dois: Mai comia seu almoço
silenciosamente e o Jade olhava o Mai de relance nervoso de vez, em
quando.
Qualquer um poderia ver que há algo acontecendo entre eles.
"O que há com o Jade?", perguntou King numa voz baixa no caminho de
volta à empresa após o almoço.
Dei uma olhada no mais novo que estava andando na frente, e então no
meu amigo que tem andado como um cadáver nesses últimos dias, "O Jade
pensa demais e não foi cuidadoso com os sentimentos do Mai. Entendi por
que o Mai ficou distante e expliquei claramente ao Jade", murmurei,
cuidadosamente baixando a minha voz para que os outros dois não nos
escutem falando sobre eles.
"Ele não sabia? É pior do que eu pensava", King não conseguiu conter
um leve riso. Neste momento, ele virou-se e deu uma olhada atrás. Vendo
que ninguém estava nos seguindo, imediatamente pôs seu olhar em mim.
"O Jade é muito devagar, diferente de mim. Eu sou bem rápido", piscou.
"Mas as suas mãos parecem ser mais rápidas do que o seu cérebro", disse
entredentes quando senti a minha bunda sendo apertada pela mão grande de
alguém.
King sorriu quando me viu acelerar os passos e fugir. Respirei fundo para
controlar a minha expressão e o meu coração acelerado.
Isso tem acontecido de tempos em tempos, desde que o King afugentou o
P'Pok como meu namorado naquele dia. Tenho me dito que aquilo foi pura
atuação e que o meu coração só bateu mais rápido porque eu estava
assustado. Mas quando o King gentilmente segurou o meu pulso e aplicou a
pomada, tenho que admitir que me senti aquecido e cuidado.
Não sei se meu coração acelera porque eu simplesmente me sinto
solitário demais e já faz algum tempo desde que alguém cuidou de mim. Eu
disse para mim mesmo para controlar as emoções e não cruzar a linha. Já
passei por isto antes, mas logo descobri que era só uma paixão, não era
amor de verdade. Então rapidamente segui em frente e esqueci sobre isso.
Eu diria que é o mesmo desta vez e não tão diferente da última situação,
mas...
Olhei para o homem alto de pé ao meu lado esperando pelo elevador. Ele
estava sorrindo e conversando com um sênior do departamento de
marketing. Antes, sempre que eu olhava para o King, pensava em como ele
era irritante. Mas sempre que vejo o seu rosto, sinto um incômodo estranho
e inexplicável no meu coração.
A relação de amigos com benefícios existe há 3 meses, e esta é a primeira
vez em que percebo o perigo que vêm com este tipo de relacionamento.
***
À tarde, no escritório, a maior parte dos meus colegas vão relaxar e
trabalhar lentamente, porque basicamente não há trabalho a ser feito com
pressa. Mas esta sexta-feira parece diferente. Há muito trabalho acumulado.
Jade estava tão ocupado que nem teve tempo de desgrudar os seus olhos da
tela do computador. Estávamos sendo observados pelo chefe e eu me sentia
tonto por encarar a tela por muito tempo. Quando olhei o relógio
novamente, já era hora de ir para casa.
Desligo o computador e guardo os meus pertences antes de ir ao
restaurante onde seria realizada a festa de despedida desta noite com dois
júniores, que estavam prestes a embarcar no veículo. Quando chegamos, os
outros colegas já tinham pedido comida e iam para a frente da sala para
cantar e eu sentei quietamente para comer.
"Vamos! Cerveja", disse Jade entregando uma cerveja. Fixei os meus
olhos na bebida de cor âmbar e hesitei por um momento. Finalmente,
balancei a cabeça e rejeitei a sua gentileza. Peguei um refrigerante e
coloquei no meu copo. O incidente da festa de boas-vindas só aconteceu
porque eu não estava sóbrio. Mesmo que já tenha passado, não quero pensar
nisso. Mesmo que King e eu sejamos amigos com benefícios, foi um erro,
de qualquer forma. Sim, se eu pudesse voltar no tempo, definitivamente
daria tudo para evitar que acontecesse.
Eu estava rodeado por um grupo de pessoas que estava se divertindo
bebendo cerveja e vinho e, entre eles, havia eu que estava tomando bebidas
leves submissamente. Mai, que estava sentado próximo ao King, foi meio
forçadamente puxado para cantar pela P'Fai. Mai teve que levantar e andar
até a frente, antes de escolher uma música triste para cantar. Não pude
evitar olhar o Jade que estava próximo a mim, seu rosto estava sério e havia
uma expressão pensativa nele.
Depois de cantar uma música, Mai entregou o microfone à P'Fai e
sentou-se de volta em seu lugar. Virei o meu rosto para olhar para o meu
amigo e vi que os lábios do Jade ficaram entreabertos enquanto observavam
o Mai várias vezes. Tirou o seu celular da bolsa e saiu da sala da festa para
fazer uma ligação.
"Beba menos ou vai ficar bêbado rápido."
King viu que o Mai continuava a beber e rapidamente agarrou a taça de
vinho do júnior que tinha acabado de voltar. Contudo, Mai agarrou a taça de
volta e bebeu todo o vinho de uma vez. Esta é a minha primeira vez, desde
que conheci o Mai, que o vejo bebendo álcool como um adulto.
"Este garoto bebeu vinho como se fosse água! O que há com você, Mai?
Está com o coração partido?", perguntou King.
"Ainda não", respondeu Mai, enchendo sua taça novamente em silêncio.
"Caramba, o que ele está pensando?", murmurou King.
"Talvez ele não consiga dizer que não gosta de mim porque me deixaria
triste..."
"Não é isso", respondi.
Mai sorriu amargamente e perguntou "Então silêncio é a resposta, não
é?".
Caí no silêncio e assisti o júnior colocar mais vinho em sua taça vez após
vez. Não importa o quanto King tentássemos convencê-lo, o Mai não dava
ouvidos. Posso apenas esperar que o Jade volte e deixar que resolvam o
problema entre eles.
"Está planejando só tomar Pepsi hoje?", vendo que tentar convencer o
Mai não deu certo, King permitiu que o Mai continuasse a beber, então
virou-se e me provocou. Um par de olhos afiados viram o copo de
refrigerante na minha mão e sorriu de canto.
"Nem um pouco de cerveja? Ou isso te lembra o que aconteceu na última
festa de boas-vindas?"
"...Cale a boca", respondi irritadamente e era absolutamente impossível
dizer a ele que eu não ousava tocar em álcool de novo por causa do último
incidente.
King não conteve a risada quando viu que eu estava prestes a cuspir fogo.
Mas depois de alguns seguidos, eu estava rindo, porque ele engasgou com o
bolo peixe frito que enfiei na sua garganta. Chorei de rir.
"Aqui", depois de já ter rido o bastante, o entreguei um copo de água.
King tomou a água de uma vez e olhou para mim. Por um instante, me senti
dominado pelo seu olhar.
Seus olhos pareciam... mais suaves do que o normal.
"O que está olhando?"
""Deve ser a primeira vez..."
"Han?"
"que você sorri com tanta alegria olhando pra mim."
"..."
Inconscientemente virei o meu rosto, evitei o seu olhar firme e pensei
sobre isso por um tempo, era mesmo como ele disse. Raramente riu, mesmo
que eu esteja conversando com outras pessoas. Basicamente não tenho
expressão.
Não esperava que King percebesse.
King continuou a saborear a cerveja que estava em sua mão quietamente,
enquanto eu comia a comida à minha frente e assistia os meus colegas
cantarem alegremente com interesse. Com o passar do tempo, percebi que o
Mai havia bebido tanto que estava tremendo. Neste momento, o Jade
retornou à sala da festa e quando ele viu que o Mai já estava tão bêbado,
seus olhos arregalaram em choque.
"Ele está bêbado, mas continua bebendo como se estivesse com o
coração partido", King ergueu o seu queixo para a pessoa próximo a ele.
Vendo os olhos do Jade prontos para culpá-lo, King apressou-se em dizer
"Não me olhe assim. Eu mesmo tentei persuadi-lo, mas ele não ouviu".
"São quase 21h. Leve logo o Mai para dormir!", eu disse.
Jade suspirou e tomou um dos braços do Mai, colocando sobre os seus
ombros para apoiá-lo.
"Bem, então vou embora primeiro. Vão para casa com cuidado."
"Você também, Jade, tenha cuidado para não bater o carro do Mai. O
preço da manutenção deve ser muito caro!", sorriu King.
Sorri secretamente ao ver o Jade levantar o seu pé e chutar a panturrilha
do King boca grande. A sala estava cheia de risos, música e cantoria dos
meus colegas.
Eu bebia refrigerante enquanto assistia os outros cantarem. Depois de um
tempo, verifiquei a hora no meu relógio. Eram quase 21h30, hora de ir
embora.
"Vou embora primeiro", disse ao King e aos sêniores presentes. Desta
vez, o King me seguiu despedindo-se dos outros e saiu comigo. Franzi a
testa levemente, temporariamente suprimindo as dúvidas em meu coração e
quando saí do restaurante, logo falei "Por que me seguiu?".
"Vou voltar no seu carro!"
"...E o seu carro?"
"Deixo estacionado aqui e pego amanhã. Estou bêbado e não posso
dirigir", disse ele.
Olhei para o King com uma expressão vazia dos pés à cabeça. Embora
ele realmente tenha bebido alguns copos de cerveja, não parece estar
bêbado. Suspeito.
"Você claramente não está bêbado."
"Mas tomei alguns copos. Seria terrível se eu fosse pego numa blitz."
"O seu nível de álcool não deve ser o bastante para exceder o limite...",
retruquei. King deu um passo para frente e inclinou- sobre o meu corpo,
suas sobrancelhas estavam tão franzidas que se aproximavam no meio.
"A campanha ensina 'se beber, não dirija', mas você me incentiva a
dirigir? É isso mesmo? Você deveria arcar com a responsabilidade social,
Khun Anon."
"Tudo bem. Levo você de volta", concordei suavemente e estava prestes
a entrar no carro, mas o King prosseguiu dizendo "Não precisa perder
tempo, vamos para o seu apartamento. Ficarei com você por uma noite".
Ergui a minha sobrancelha pela sua sugestão.
"Por que iria dormir no meu apartamento?"
"Para que você não perca tempo me levando."
"Mas-"
"Deixei você dormir no meu apartamento por uma semana. Não posso
pedir para dormir no seu apartamento por uma noite? Que cruel", a desculpa
do King me fez revirar os olhos. Sei exatamente o que ele queria que
acontecesse.
Ele chiou e reclamou com um olhar de desprezo. Revirei os meus olhos.
O que ele está pensando? Fingir estar bêbado é só uma desculpa, o objetivo
real para ir ao meu apartamento é fazer sexo!
O que quer mesmo fazer no meu apartamento?
"Só dormir!", alertei imediatamente. Estou cansado demais esta noite,
não tenho qualquer energia para seguir a libido dele.
King ergueu uma sobrancelha imediatamente, seu sorriso parecia um
pouco travesso...
"Bem, eu também estou com sono. Prometo só dormir!"
"Está bem."
"Conversaremos sobre isso amanhã de manhã", King ergue uma
sobrancelha. Balanço a minha cabeça desamparadamente enquanto destravo
as portas do meu carro. Ouvi um leve assovio atrás de mim. Suspirei
levemente ao observar o homem que estava abrindo a porta do lado do
passageiro e sentando. Não pude evitar xingar em silêncio.
Será que ele consegue pensar com a cabeça de cima por um minuto? Ele
é um tarado.
No fim, levei o cara "bêbado" de volta ao meu apartamento. King fez
exatamente como prometeu, apenas deitamos e dormimos, mas assim que
amanheceu... ele começou. Felizmente fui capaz de me segurar e não fiquei
excitado pelas suas carícias. King teve que erguer a bandeira branca e se
render. Ele deixou o meu apartamento às 10h.
Meu apartamento ficou silencioso de novo. Passei a maior parte do dia
limpando a casa, porque não tive tempo para limpá-la. Antes que eu
pudesse perceber, já era noite. Passei os meus olhos no apartamento limpo e
arrumado, até que parou num calendário pendurado na parede.
A data próxima do número vermelho evocavam memórias que eu quase
esqueci. Encarei o número por um longo momento antes de ir tomar banho.
Depois de sair das minhas roupas suadas, continuei a fazer outras tarefas
diárias.
Decidi ir para a cama mais cedo esta noite. No começo da manhã do dia
seguinte, fui acordado pelo som de mensagens chegando às 8h. Quando
peguei o meu telefone e as abri, vi uma série de mensagens do Jade.
"Feliz aniversário!"
"27 anos! Desejo alegria no coração e não a mesma dor que tenho na
coluna. Espero que possa conhecer boas pessoas e parceiros. Desejo-lhe 30
milhões na loteria. (não esqueça de mim quando ganhar!)"
"Fico devendo um presente de aniversário. Ainda sou muito pobre. Então
vou lhe chamar para comer macarrão e frango amanhã. Hahaha."
Não contive o sorriso e mandei um "Obrigado!" ao Jade, não esquecendo
de perguntá-lo se havia esclarecido tudo com o Mai, ao que ele respondeu
"está tudo certo", me deixando aliviado. Saindo da conversa com o Jade,
cliquei no grupo animado do departamento de TI e as curtas mensagens
com o meu nome surgiram. Todas eram desejam parabéns dos meus colegas
e algumas figurinhas.
Leio as mensagens com alegria. O departamento deposita grande
importância no aniversário de cada colega. Sempre que era o aniversário de
alguém, mandavam mensagens parabenizando e desejando feliz aniversário.
Até tentava esperar até que um colega me mandasse mensagem um feliz
aniversário antes de eu acordar. Se eu não tivesse olhado o calendário
ontem, teria quase esquecido que hoje foi o dia em que abri os meus olhos
para ver o mundo.
Para mim, este dia é apenas um dia normal entre muitos dias. Geralmente
fico quieto em meu quarto no meu aniversário ou volto após fazer mérito
aos monges pela manhã. Basicamente não saio para comemorar e não acho
que há algo especial. Nunca me importei com o meu aniversário, assim
como a pessoa que me deu a vida.
Não recebo parabéns da minha mãe há muito tempo e acho que ela não
quer lembrar do dia em que um parasita como eu nasceu trazendo dor.
Coloco de lado o meu telefone, levanto para tomar banho, tomo um copo
de café quente como café da manhã e dirijo até um templo próximo. Não
tenho ido ao templo em muitos anos e eu tenho sido incomodado por dores
de cabeça nos últimos anos. Já que hoje é o meu aniversário, pensei em
fazer mérito e orar por mim mesmo.
Acontece que hoje é um feriado e muitas pessoas vêm ao templo para
fazer mérito. Depois de eu comprar as oferendas para os monges, estico as
minhas mãos para receber as bênçãos dos monges sagrados e o batismo
com água benta, e então alimento os peixes e faço caridade. Após jogar as
migalhas de pão da minha mão no tanque de peixes, curti a brisa que
soprava, observando o claro céu azul e a vasta vista do Rio Chao Phraya
sem pressa. Gosto muito da paisagem do Rio Chao Phraya ou do mar
porque acalma a minha mente cansada.
Ding!
A mensagem soou bem neste momento. Peguei o meu telefone e dei uma
olhada, franzindo a testa. Era do King.
"Parabens, nong Uea! Nascemos no mesmo ano~ Não sei o que lhe dar
de presente, então vou me dar. Hahahaha"
Suspirei em descrença. Ele me provoca até no dia do meu aniversário? E
"nong Uea"? Nascemos no mesmo ano! Bloqueei a tela do meu celular e
estava prestes a colocá-lo no meu bolso de trás. Mas bem na hora, o celular
vibrou mostrando o nome de alguém. Quando vi a pessoa que estava
ligando, não contive o sorriso ao atender.
"E aí? Por que me ligou?"
"P'Uea! Feliz aniversário! Sinto tanto a sua falta!"
A voz energética da Donkao veio do outro lado da linha. Ela é a minha
irmãzinha pelo lado do meu padrasto, sua personalidade é vívida e animada
de uma garota de 17 anos. Ela é o único membro da família que ainda tem
contato comigo e não é desconfortável que eu me dê bem com ela. Ela é 10
anos mais nova, mas N'Donkao está muito ciente dos conflitos entre eu e os
membros da minha família. Mesmo assim, ela nunca parou de falar comigo
sem mostrar qualquer emoção estranha.
"Também sinto a sua falta", disse, e pude ouvir sua risada fofa do outro
lado da linha.
"Venha me ver se sente minha falta."
"Você também pode vir ao meu apartamento", Donkao ficou em silêncio
por um momento e, quando falou de novo, seu tom era cauteloso.
"Na verdade..."
"O quê?"
"A mamãe pediu que lhe ligasse para pedir que viesse para casa hoje.
Mamãe disse que não lhe vê há vários meses. Ela disse que se tentássemos
ligar com o número dela, você não atenderia. E já que é seu aniversário, ela
achou que seria ótimo que viesse para casa e visse sua família."
As afirmações da minha irmã eram inacreditáveis. Meu coração
dormente começou a tremer. Não recebo parabéns da minha mãe há muito
anos. Era um pouco difícil dizer se ela ainda lembra do meu aniversário.
Mas a minha irmã disse que ela ainda lembra do meu aniversário, isso
significa que ela se importa comigo, não é?
"P'Uea, está livre hoje? Se tiver tempo, pode passar aqui em casa? Venha
jantar, sinto muito a sua falta...", minha meia-irmã implorava com uma voz
fofa. Senti o meu coração amolecer.
"Bem, vou à noite."
"É mesmo? Há algo que você gostaria de comer? Vou pedir para a mãe
cozinhar para você mais tarde!"
"Não precisa, posso comer qualquer coisa. Vejo você mais tarde", depois
que terminei de falar, desliguei a chamada e observei o rio à frente como se
estivesse em transe. Meus sentimentos eram mistos, estava tanto alegre
quanto inquieto.
Estou muito feliz que a minha mãe ainda lembra do meu aniversário, mas
inevitavelmente vou encontrar aquela pessoa quando chegar. Pensei por um
momento e acho que só preciso suportar por 2 horas, só para ver a minha
irmã e a minha mãe. Se possível, espero muito que aquela pessoa não esteja
em casa.
Só de pensar em vê-lo me sinto enjoado.
Depois de deixar o templo, voltei para o meu apartamento e saí de novo
quando eram 17h. Não demorou muito tempo até que eu já estivesse
estacionando o carro na vaga em frente à casa do meu padrasto. Para ser
honesto, o meu apartamento não é longe daqui. Embora eu tenha comprado
o apartamento para ficar longe da minha família, parte do meu coração
estava preocupado com a minha mãe e a minha irmã, então escolhi um
apartamento perto da minha casa para que eu pudesse chegar rápido caso
algo acontecesse.
Um antigo ditado diz que o sangue é mais denso que a água. Mesmo que
a minha mãe não me ame, mesmo que doa muito, ainda amo e me preocupo
com ela.
"P'Uea!", uma doce voz de garota me chamou enquanto eu saía do carro.
Vi a meiga Donkao saindo de dentro de casa correndo antes de me abraçar
pela cintura. Acariciei a sua cabeça. Ela está muito mais alta do que a
última vez que a vi. Dei uma olhava na casa e na lavanderia de baixo em
transe.
Morei aqui por quase 10 anos e, desde que fui à universidade, nunca mais
voltei.
"Finalmente, achei que não lembrasse o caminho de casa."
Minha mãe seguiu Donkao e saiu da lavanderia, encarando o seu filho
que não via há meses com uma expressão de indiferença. Não havia traços
de felicidade ou desgosto. Deixo o abraço da Donkao e cumprimento a
minha mãe, mas ela apenas disse com impaciência "Entrem logo ou todos
os mosquitos vão entrar na casa!"
O vislumbre de esperança que sobrevivia em meu coração foi
rapidamente destruído. Vi o rosto da Donkao ficar amargo após ouvir as
palavras da minha mãe. Peguei a sua mão e entramos em casa juntos. Assim
que entrei em casa, todo o meu corpo entrou em choque quando ouvi uma
voz rouca.
"Há quanto tempo, Uea."
Apertei a minha mão que não estava segurando a mão da Donkao. No
momento que olhei a pessoa que chamava de padrasto, todo o meu corpo
ficou rígido.
"Oi, tio Sorn", embora eu estivesse relutante, tinha que respeitá-lo na
frente da minha mãe. Tio Sorn, meu padrasto, me deu um sorriso.
"Estou feliz que voltou para casa. Sinto muito a sua falta", não se
importando com o meu comportamento estranho, ele me olhava com
expressão anormal, um sorriso gentil e olhar meigo. As pessoas de fora
podem achar que ele é um padrasto bom e gentil baseado em sua expressão,
mas não sabem de nada. Agora sei da hipocrisia e do nojo escondidos atrás
desse sorriso.
ATENÇÃO! Aviso de gatilho: assédio sexual e tentativa de estupro
Por fora, ele finge ser uma boa pessoa, mas na verdade é só um tarado
que vive procurando oportunidades para abusar do seu enteado!
Vamos voltar dez anos, quando eu estava iniciando o ensino médio.
Tirando o fato de que a minha mãe não se importava comigo, a minha vida
era basicamente a mesma que qualquer outra criança. Depois que ela
descobriu que eu sou gay, tudo se encaminhou para o pior. Naquele
momento, o tio Sorn conversava com a minha mãe e a acalmava quando ela
estava zangada comigo. Ele me abraçava e me confortava quando eu estava
chorando por ter sido repreendido pela minha mãe. Naquela época, pensei
que ele me entendesse e achei que estivesse sendo gentil comigo.
Eu tinha apenas 14 anos, jovens demais para conseguir ver a verdadeira
face de alguém.
Mais à frente no ensino médio, comecei a perceber que o tio Sorn sempre
me olhava como se estivesse à espreita e frequentemente se aproximava do
meu corpo sem motivo algum. Sua atenção por mim excediam a da minha
minha mãe. Embora eu achasse estranho naquela época, não suspeitei
porque pensei que ele apenas tinha pena de mim.
Até que um dia, quando voltei da escola sonolento, tirei um cochilo no
sofá da sala de estar. De repente senti que algo duro estava cutucando as
minhas nádegas enquanto eu estava meio dormindo. Rapidamente levantei e
abri os olhos. Quando vi o que estava na minha frente, tive medo e não
soube como reagir.
"Sorn... Tio Sorn, o que você fez comigo...?"
"Eu só queria te acordar. A sua mãe já terminou de cozinhar. É hora de
jantar", deu um tapinha em minha bunda enquanto olhava meu corpo
fixamente, enquanto seus olhos transmitiam algo estranho. Fiquei tão
assustado que corri para o quarto e me tranquei por uma noite.
Não posso imaginar o que teria acontecido se a minha mãe não estivesse
em casa naquele dia.
Mesmo que eu soubesse, ele não tinha intenções de esconder sua
verdadeira face. Ele começou a me ameaçar com os olhos e abrir o meu
quarto com a chave para entrar. Então consegui roubar a chave do quarto e
esconder. Foi durante o período em que eu fui trancado no banheiro de
baixo pela minha mãe. Ele teve ainda mais confiança em tentar arrombar a
porta, dizendo que estava me ajudando a fugir. Tudo que ele fazia só
aprofundava mais o meu medo do escuro. Felizmente, ele não conseguiu
porque a minha mãe me deixou sair. E quando tentei falar para ela sobre o
que havia acontecido, só recebi tapas e reclamações.
"Acha que ser gay já não envergonha a sua mãe o bastante? Ainda quer
dizer que o seu padrasto molestou você?! Ele é homem, não um gay como
você! Ele lhe trata tão bem e é assim que quer recompensá-lo? Pirralho,
você não sabe ser grato!"
Aquela foi a primeira e única vez em que eu disse alguma coisa. Isso
também me ensinou que apenas eu posso me ajudar. Ninguém mais. Nem
mesmo a minha mãe.
O ensino médio foi basicamente a época mais difícil para mim. Esta casa
não é nada diferente do inferno, eles me enlouqueciam. Eu era jovem e só
sabia lidar com isso covardemente, e tive tanto medo que não soube lidar
com isso e contar para outras pessoas sobre o assunto. Dei o meu melhor
para fingir normalidade, e os meus amigos e professores da escola não
percebiam os problemas que eu estava enfrentando.
Felizmente, naquele ano, o tio Sorn encontrou um novo emprego e
precisou trabalhar como vendedor num escritório estrangeiro e não podia
vir para casa com frequência. Eu só precisava ser cuidadoso quando ele
viesse 2 dias por mês. Talvez outros filhos se preocupem em ter que se
mudar para longe de suas famílias, mas desde o ensino fundamental até a
entrada na universidade, aquele foi o dia mais relaxante e livre da minha
vida, com certeza!
Não é seguro aqui, não é o meu lar. Se não houvesse motivos especiais,
eu nunca mais pisaria nesta casa.
Mas hoje...
"Venha! Venha comer! Todos estão esperando por você!", ouvi o grito da
minha mãe de novo e pude apenas segui-lo até a cozinha, sentindo a
melancolia do meu coração.
O que estou esperando? Receber uma hospitalidade amorosa por parte
dela? Quando foi que isso já aconteceu?
Eu estava sentado próximo à minha irmã e ela rapidamente pegou uma
colher de arroz para mim, que comi em silêncio. Vi a minha mãe sentada na
cadeira oposta a mim, franzindo a testa sempre que me olhava. O meu
padrasto também estava sentado e me olhava pelo canto dos olhos de vez
em quando. Na tentativa de impedir que o clima ficasse muito tenso, a
Donkao iniciou algumas conversas. Infelizmente, os mais velhos não
prestaram muita atenção nela. O clima na mesa estava tornando quase
impossível comer. Obviamente não é assim que uma "família feliz" se
parece.
"Como você está?", perguntou o tio Sorn depois de um tempo.
"O seu pai fez uma pergunta, responda!", minha mãe gritou quando viu
que eu fingi não ouvir a pergunta, e continuou a comer a refeição à minha
frente em silêncio.
Apertei a colher na minha mão e disse num tom muito frio "Na mesma".
"Você parece mais energético desta vez. Estou feliz em vê-lo", ele
continuou. Segurando o enjoo, ouvi a minha mãe me chamar de novo.
"Você está vivendo bem, mas a sua irmã está trabalhando duro todos os
dias na escola. Ela planeja dar aulas de matemática. É difícil ganhar
dinheiro e eu não sei como pagar o curso", minha mãe soou irritada e usou
minha irmã para comparar comigo. Ela me olhou exatamente com os
mesmos olhos, uma expressão de ganância neles. Suas próximas palavras
me deixariam dormente.
"Você não é rico? Transfira dinheiro para ajudar a pagar a mensalidade.
5.000 baht serve. [N/T: cerca de R$ 706,00]
Só comi metade do arroz que estava no prato, mas o meu apetite ficou
cheio pela tristeza invisível. Coloquei os talheres de lado, não tenho mais
vontade de comer.
Finalmente sei por que a minha mãe pediu que a Donkao me ligasse.
"Então você pediu que eu viesse hoje para isso?"
"Claro! Você por acaso costuma atender as ligações da sua mãe? É
melhor começar a atender. Não pense que só porque já é adulto vai
conseguir distanciar da sua família facilmente!", minha mãe me encarava
com insatisfação enquanto me repreendia. O clima da mesa ficou
congelante.
Evitei o olhar agressivo da minha mãe e respirei fundo tentando me
acalmar.
Eu estava muito zangado e muito triste. Eu só queria fugir daqui o mais
rápido possível, não importa o que tivesse que fazer. Não queria mais me
importar com essas coisas irritantes, mas quando vi o rosto pálido da
Donkao, percebi que não poderia tal coisa.
O negócio de lavanderia da minha mãe é instável. Ela poderia apenas
depender do salário do meu padrasto como vendedor para sustentar todos os
gatos da família. Era assim quando eu ainda estava estudando, mas a coisa
mais triste é que a minha mãe ainda insistia em mandar a minha irmã para
estudar o que ela queria. Porém quando era eu, a minha mãe apenas dizia
que não achava necessário e para eu ir embora. Ela obviamente me fez
querer, parcialmente, ser uma pessoa cruel e desumana, porque eu não
poderia estudar o que eu queria como os outros. Mas é ainda pior fazer a
Donkao passar por isso.
Não era culpa dela.
"Vou embora", decidi levantar da mesa de jantar.
Donkao ficou ainda mais pálida e perguntou apressadamente "P'Uea, não
vai comer?".
"Não, estou indo embora."
"Não volte correndo, passe a noite aqui. Nós limpamos o seu quarto", o
tio Sorn interrompeu. Ignorei as suas palavras e virei para olhar a minha
mãe, que estava franzindo a testa em frustração e irritação.
"Sobre o dinheiro, da próxima vez irei transferir direto para a conta da
Donkao. Donkao, crie uma conta e me mostre", vendo-me ceder, o rosto da
minha mãe pareceu suavizar um pouco antes de me fazer uma expressão de
indiferença. Dói o meu coração vê-la agir assim. Peguei a chave do meu
carro e saí apressado da casa.
Tenho muita consciência de que sou apenas um caixa eletrônico para a
minha mãe.
"P'Uea!", Donkao saiu correndo apressada, quase chorando. Ela agarrou
o meu braço e disse numa voz trêmula "P'... eu sinto muito, eu não sabia
que a mãe diria aquilo ou eu definitivamente não pediria para você vir se eu
soubesse!".
"Tudo bem!", acariciei a cabeça da minha irmã e sorri. "Volte a comer. Vi
que você comeu muito pouco. Raramente lhe vejo. Se quiser me ver no
futuro, pode me ligar depois de terminar a aula nos sábados e domingos."
"Desculpe", ela soluçava, enxugando as lágrimas que escorriam pelas
suas bochechas.
"Está tudo bem. Estou indo."
A noite escura estava coberta por nuvens avermelhadas e parecia que
estava prestes a chover. Pisei no acelerador e deixei a casa para trás.
Observei a rua à minha frente com um sorriso amargo em meu rosto.
Já tenho 27 anos. Por que a minha mãe age assim com seu próprio filho?
Por que eu sou idiota de ter um fio de esperança achando que a minha mãe
vai me amar e cuidar de mim? Hoje foi o suficiente para provar que isso
nunca vai acontecer. A minha mãe não lembra do meu aniversário, mas a
Donkao a lembrou, e então ela achou que seria uma boa oportunidade para
me forçar a ir para casa e dá-la dinheiro.
Parece que o aniversário deste ano é o pior em muitos anos.
Eu não queria voltar ao apartamento por enquanto, então dirigi sem
rumo. Também não queria ficar sozinho. Queria dirigir até o apartamento
do Jade, mas lembrei que ele provavelmente estaria com o Mai, já que não
começaram a namorar há muito tempo e hoje é um dia de folga. Podem
estar jantando e não quero incomodá-los.
Por um momento, não sei mais para quem ligar, então decidi estacionar o
carro no canto da estrada. Deitando contra o banco do carro, fechei os olhos
e os abri depois de um tempo. Encarei o celular no banco do passageiro e,
com o coração pesado, o peguei e liguei para alguém.
"Ei, qual o problema? Por que está ligando esta hora? Precisa de mim,
Khun Anon?"
"King, está em casa?"
"...Sim."
"Posso ir te ver?"
"Você me rejeitou ontem e agora está procurando por mim?"
"Posso, por favor, ir te ver?", implorei com um tom de voz sério e o outro
lado da linha ficou em silêncio por 2 ou 3 segundos antes de responder.
"Sim. Ligue quando chegar, vou descer para lhe buscar."
Desliguei o telefone e dirigi o carro para o apartamento que ficava na
área de Silom. Cheguei ao meu destino em menos de 20 minutos, e liguei
para o King de novo. Não demorou até que o homem alto usando uma
camiseta branca e calça de algodão descesse até o saguão para me buscar.
"Por que veio me ver tão de repente?", quando fechou a porta do
apartamento, King virou-se questionando.
"Vim receber o meu presente", disse lentamente e, vendo-o erguer uma
sobrancelha, me aproximei e coloquei uma das minhas mãos em seu
peitoral robusto. Ergui o meu rosto e olhei para o homem mais alto à minha
frente.
"Disse que me daria um presente de aniversário, não disse? Vim recebê-
lo", depois de falar, agarrei a nuca do King e o beijei. King foi pego de
surpresa, mas logo reagiu e respondeu com desejo o meu beijo apaixonado.
Seus lábios quentes beijavam os meus como uma tempestade. A respiração
do homem que estava envolvendo a minha cintura logo começou a ficar
descompassada, e com um olhar de luxúria, olhou para mim.
"Você parece um pouco triste."
"Um pouco", confessei, e então pressionei o meu corpo contra o seu
enquanto ele me envolvia com os seus braços e eu deitava minha cabeça no
seu ombro. Pude sentir o membro ereto do King contra a parte baixa do
meu abdômen. Dei um leve sorriso e, ainda em seu pescoço, inclinei-me ao
seu ouvido e sussurrei "Pode me ajudar a ficar feliz?".
"Sim", a voz rouca do King concordou sem nem pensar.
Nos beijamos com vontade mais uma vez. Tiramos nossas roupas uma a
uma, até que os nossos corpos se encontraram entrelaçados na cama. O
quarto enorme foi preenchido pelo som dos corpos se chocando e de
gemidos intensos. As costas do King ficaram cheias dos meus arranhões, de
quando eu me deixei levar pelas carícias que ele me fazia.
O desejo turbulento ocupou toda a minha mente. Naquele momento, o
sentimento sufocante de decepção que havia em meu coração parecia ter
sido varrido para longe.
Fechei os meus olhos fracamente e fiquei sob o corpo do King,
respirando descompassadamente, enquanto chegava ao clímax. King ainda
estimulava o ponto sensível em meu pescoço, sem querer parar, enquanto
me beijava. Talvez esta não seja a melhor forma de encontrar felicidade,
mas me ajuda a esquecer a dor temporariamente.
"Uea", a voz rouca e grave me chamou.
Apenas respondi com um "hum", claramente exausto. Ele suspirou e me
perguntou.
"Há algo que você queira me dizer?"
Abri os meus olhos, o que fez com que os meus olhos encontrassem os
seus brevemente. Neste momento, as respirações de nós dois era clara e
audível no quarto silencioso.
"Fui para casa hoje."
Acabei por contar a história e, depois de algumas palavras simples, King
compreendeu. Não me perguntou mais nada. Ele só beijou o meu pescoço e
meu ombro novamente com seus lábios quentes, antes de mordiscar o
lóbulo da minha orelha e sussurrar "São só 20h".
"E daí?"
"O seu aniversário só acaba em 4 horas. Deixe-me continuar a lhe
presentear até o fim do seu aniversário. O que acha?", deu um sorriso
brincalhão.
Olhei para ele com olhos estreitos, mas suas próximas palavras me
surpreenderam e aqueceram o meu coração.
"Feliz aniversário."
Seu nariz alto tocava a ponta do meu nariz gentilmente antes do King
depositar um beijo em meus lábios.
Pude sentir lágrimas começando a se formar em meus olhos. Quando fui
para casa mais cedo, a minha mãe nem pensou em me parabenizar, me
tratando como um estranho. King, no entanto, me tratou melhor do que a
minha própria família.
Que ridículo.
O beijei de volta e as carícias despertaram novamente o desejo. O quarto
foi preenchido pelos meus gemidos chamando o nome do King, misturado
com o som dos corpos se chocando com força. Os quadris se
movimentavam em vai e vem continuamente, me forçando a cair no abismo
do desejo, não querendo voltar para o mundo real.
Não tenho certeza se as lágrimas que enchem os cantos dos meus olhos e
embaçam a minha visão são devido ao sexo intenso ou pelas cicatrizes do
meu coração.
Capítulo 13: Intuição
O aniversário deste ano pode ser considerado completamente diferente.
Acabei nem percebendo quando adormeci em deslumbramento ontem.
Quando abri os meus olhos de novo, o alarme já estava soando. Fiquei
aturdido por um momento, mas logo percebi que não estava no meu
apartamento nem numa cama vazia. O braço do homem que estava atrás de
mim se esticava e abraçava a minha cintura nua. O calor que ele me dava
provava que tudo que aconteceu ontem à noite era real.
O dono do quarto envolvia-me em seus braços por trás, os dois corpos
nus pressionados um contra o outro e a respiração quente do King soprava
em meu cabelo. Ele é sempre muito difícil e relutante em acordar. Mesmo
que colocasse o alarme em seu ouvido, não tenho certeza se ele acordaria
para desligá-lo.
Embora eu saiba que devo, neste momento, levantar, tomar um banho
imediatamente e trocar de roupas para ir ao trabalho, agora eu só quero
continuar deitado e escutar quietamente a respiração calma do King. Fiquei
chateado pelo que aconteceu ontem. De alguma forma, escutar a respiração
dele faz com que as minhas emoções se acalmem, mas me deixa um pouco
preocupado ao mesmo tempo...
Acho que a influência do King sobre mim parece estar ficando cada vez
maior.
Fui atormentado por uma montanha-russa de emoções ontem. Eu não
queria ficar sozinho, mas o que me surpreendeu muito foi que, naquele
momento, eu queria muito encontrar o King. Finalmente entendo por que
tantas pessoas são obcecadas por ele. King sabe exatamente o que fazer
para que você se sinta calmo. Eu aprecio a forma como ele cuidou de mim.
Ele me perguntou o que havia acontecido, mas quando me viu hesitando ou
não querendo conversar sobre, não insistiu nem me forçou a me abrir. Ele
ficou em silêncio ao meu lado, me confortou e me acolheu. Ele foi muito
cuidadoso, pelo menos... acho que foi sincero.
Mas o problema é: afeto demais jamais vai trazer algo bom para o
relacionamento entre King e eu.
Deveria haver apenas satisfação sexual entre ele e eu, em vez de tratar o
King como um porto seguro ou buscar conforto dele como na noite passada.
A minha intuição me adverte que eu deveria pular fora desta relação o mais
rápido possível e voltar à minha vida normal como na minha intenção
inicial, mas neste momento não quero tratar disso.
Gosto da sensação de estar em seus braços, é muito boa. A minha vida
originalmente era só amarga e triste, mas quando estou perto dele todo o
meu corpo relaxa. Ainda não estou mentalmente pronto para abrir mão do
paraíso emocional que acabei de encontrar.
Mesmo que esta relação seja perigosa, se eu lidar com cuidado, nada
deve dar errado... certo?
"Já é de manhã?", uma voz rouca soou em meus ouvidos me puxando dos
meus pensamentos, e os lábios do King gentilmente beijaram a minha nuca.
Virei para olhar o King, que ainda estava sonolento, e tirei a sua mão da
minha cintura.
"Sim, mas você pode dormir um pouco mais e acordar depois que eu
terminar de tomar banho."
"Não, estou completamente acordado, vamos tomar banho juntos para
não desperdiçarmos tempo."
Havia um olhar malicioso em nele, mas quando me viu estreitando os
olhos para ele, sorriu e ergueu as mãos em redenção.
"Tudo bem. Por favor, tome banho primeiro", disse King gesticulando em
direção ao banheiro.
Levantei, tirei a toalha de banho do closet e andei até o banheiro e fechei
batendo a porta.
Não é um desperdício de tempo tomarmos banho juntos, né? Posso
garantir que gastaríamos mais tempo do que o normal! Se eu concordar,
podemos até tomar banho, mas acredite que a água usada não sairia da
torneira!
Não vou concordar! Não quero passar pelo mesmo do mês passado,
quando tive o salário atrasado por chegar atrasado no trabalho.
***
Eu devo agradecer a mim mesmo por endurecer o meu coração e me
recusar a obedecer aos desejos do King, porque o trânsito de hoje está
muito congestionado. Mesmo saindo mais cedo do que o normal, chegar à
empresa está levando mais tempo do que de costume. Vejo que ainda havia
alguns colegas do departamento que não chegaram. Parece que deve haver
congestionamento para eles também, incluindo para a pessoa que se senta
na mesa ao meu lado.
"Acha que Jade e Mai se resolveram?", King pergunta-me numa voz
baixa inclinando-se para perto, após voltar de um passeio pelos outros
departamentos. Vejo o café em sua mão (parece ter sido dado a ele por outra
colega) e o encaro com nojo.
Já faz tantos anos e ainda é a mesma coisa! Os presentes de outras
pessoas ainda não são rejeitados, não está dando falsa esperança? Péssimo!
"Ei, eu perguntei tão gentilmente, por que está me encarando assim? Ah!
Vejo que a sua popularidade declinou recentemente e não tem alguém para
lhe dar presentes como eu tenho, então está com inveja?"
"Não me incomode", me viro para longe dele. Ainda posso ouvi-lo
murmurando, antes de decidir silenciá-lo colocando fones de ouvido para
ignorá-lo. Embora eu não possa ouvir o que ele está reclamando, não tenho
a intenção de prestar atenção no que ele diz sobre mim.
Depois que P'Pok veio até a empresa e fez uma grande confusão, todos
sabem que tenho um envolvimento com alguém, então ninguém ousa se
aproximar por enquanto. Ninguém pede que Jade me entregue presentes.
Não tem nada a ver com perder a popularidade. Já ele, flerta o dia todo e
afirma que está só sendo amigável e receptivo com suas colegas, mas não
acho que ele tenha a mesma atitude com cada colega igualmente.
Mas de quem ele aceita presentes não tem nada a ver comigo e eu não
tenho interesse em saber.
Ligo o computador e jogo no celular para matar o tempo antes de
começar a trabalhar. Os outros colegas do departamento começam a chegar
à empresa um após o outro. Não leva muito tempo até que Jade e Mai
entram. A expressão radiante em seus rostos indica que tudo entre eles foi
resolvido.
"Está melhor, Mai? Da última vez que te vi, você estava morto!", King
provoca assim que vê Mai. O garoto jovem com um sorriso tímido responde
o King com mãos juntas. Vendo que Mai não respondeu a sua pergunta,
King imediatamente torna Jade o seu alvo.
"Jade, o levou bem até em casa? Não fez nada estranho com ele enquanto
ele estava bêbado, fez?"
"Não sou como você que faz coisas estranhas quando alguém está bêbado
ou inconsciente assim!", Jade quase grita.
A risada leve do King chega em meus ouvidos e, logo em seguida, sua
voz grave.
"Não gosto de dormir com pessoas bêbadas. Gosto de fazer com pessoas
sóbrias, que dão seu consentimento".
Hm? E a primeira vez fui para cama com ele?
"O que houve, Uea?", minha expressão está um pouco estranha e Jade
virou-se para perguntar.
Olho para o meu amigo e respondo superficialmente "Nariz entupido".
"Quer um descongestionante?", Jade pergunta-me gentilmente. Balanço a
minha cabeça e vejo o Mai ligando o computador pelo canto dos olhos.
"O problema está resolvido, certo?", baixo a minha voz e pergunto
novamente ao meu amigo, após puxar a minha cadeira para o seu lado. Fico
aliviado em ver o brilho em seus olhos ao assentir.
Uma pessoa boa como o Jade deve ser mimada por alguém. Depois de
saber que essa pessoa é o Mai, estou muito feliz por ele. Acredito que o Mai
cuidará bem do meu amigo e não deixará o Jade triste.
Realmente não quero ver os meus amigos se machucando por amor como
eu.
Retorno à minha posição original e me concentrei em meu trabalho.
Ouço a P'Fai reclamar que esta é a última semana do Mai no estágio, mas
no fim todos acabariam rindo por causa das próximas palavras do Mai.
"Tenho mais uma coisa a anunciar. Não estou mais solteiro. Estou
comprometido."
Vendo a reação imediata do Jade, quase gargalho. Ele move seus olhos
para lá e para cá, entre Mai e a garota que estava vaiando próximo a ele,
não conseguindo conter uma risada escondida ao ouvir alguém perguntar
quem seria a sortuda. Quando ele vê Mai colocar a mão em seu ombro, suas
pupilas dilatam instantaneamente e ele ouve o Mai anunciar
orgulhosamente.
"Ele. Mas acho que eu sou o sortudo por ele ter me dado uma chance."
Neste momento, os assobios e berros correm soltos pela sala e as
bochechas do Jade ficam vermelhas como um tomate. Assim que os colegas
descobrem que Jade tem namorado, instantaneamente se tornam alvo de
piadas e provocações. Não é estranho que Mai tenha escolhido anunciar
diretamente em público, afinal, já era bem óbvio quando ele dava em cima
do Jade.
De fato, todos sabem bem, só quero aproveitar esta oportunidade para
zoar o Jade.
"Parabéns", sorrio para o Jade que ainda está corando.
"Obrigado", responde ele.
Estico a mão e lhe dou uma tapinha em seu ombro, dizendo "Não
esqueça de me convidar para comer. Eu ajudei muito!".
Jade fica boquiaberto, assistindo em descrença que eu estou zoando com
ele como todo mundo, enquanto Mai sorri e diz que vai me convidar para
comer mais tarde como agradecimento.
Sorrio e concordo antes de retornar meu olhar para a tela do computador.
Pelo menos posso me desfazer de uma das minhas preocupações.
***
Hoje é outro dia agitado. O chefe repentinamente joga uma pilha de
trabalho para mim às 17h, é meio duro fazer hora extra numa segunda-feira.
Quando todos começam a guardar seus pertences para ir para casa, como
um mero funcionário, não tenho direito de dizer não. Só posso terminar o
trabalho rapidamente e convencer o Jade a ir embora. Ele continua dizendo
que quer ficar e me ajudar, mas não é bom, porque, afinal, são minhas
obrigações. Depois de repetir meus motivos para ele, Jade finalmente
desiste e vai para casa com Mai.
O trabalho não é tão pesado, na verdade. A menos que fosse algo que eu
realmente não consigo fazer sozinho, não quero ocupar o tempo pessoal do
meu amigo assim.
"Já está terminando?", King, que também ficou além do horário, vem me
perguntar.
Viro para trás e vejo o computador que o outro acabou de desligar,
perguntando "Já terminou o seu trabalho?".
"Sim."
"Então vá para casa."
"Eu estava esperando por você. Vamos para o seu apartamento hoje.
Quero mudar de ambiente", diz casualmente. Felizmente são quase 19h da
noite e apenas ele e eu estamos na sala. Ninguém ouve a nossa conversa.
"Não quero fazer sexo hoje."
"Mas eu quero."
"Fizemos várias vezes ontem!"
"Ontem foi ontem. É uma necessidade diária."
"Você deveria procurar um médico. Acho que sua libido é alta demais,
talvez tenha desequilíbrio hormonal", digo de forma séria. Jade também já
teve disfunção sexual. Acho que o King também pode ter esse problema.
Sugiro que ambos consultem seus médicos antes que os problemas
fiquem sérios. Será mais seguro.
"Ah, você! Hahahaha", King cai na risada. Virando o meu rosto com a
testa franzida, volto a focar no meu trabalho de novo. Não entendo qual é a
graça. King puxa sua cadeira e se senta ao meu lado.
"Khun Anon, estou em boa saúde. Querer fazer sexo com você todos os
dias não significa que sou anormal."
"Mas se chama vício em sexo", respondo.
King dá de ombros, um sorriso se forma no canto da sua boca.
"Bem, se quiser pensar assim, fique à vontade. Onde quer que seja hoje à
noite?"
"Volte para o seu apartamento!", resmungo impacientemente na tentativa
de fazê-lo ir embora. Depois de balançar a sua cabeça, encosta suas costas
na cadeira e se recusa a ir embora.
"Não! Vou ficar com você. E se um fantasma te sequestrar?", pergunta
hipoteticamente. O encaro antes de voltar a trabalhar rapidamente, um
sentimento estranho aflorando em meu peito. No passado, sempre gostei de
trabalhar em silêncio. Mesmo que eu fosse deixado sozinho na empresa,
não me sentiria solitário, mas hoje... estou realmente feliz por alguém estar
comigo.
Este sentimento está ficando cada vez mais preocupante.
"Jade tem um namorado agora. Apenas você e eu sobramos solteiros", de
repente King falou após um momento de silêncio.
Depois de olhá-lo, pergunto "Qual o problema? Quer ter um namorado
também?".
"E você? Quer ter um namorado?", King me pergunta.
"Hm... Não parei para pensar nisso", sussurro.
King me fez a mesma pergunta há 3 meses. Naquela época, pude
firmemente responder que queria um namorado que pudesse sempre estar
ao meu lado, mas a decepção recorrente por longos períodos começou a me
cansar, então entrei na relação de amigos com benefícios. Eu poderia dá-lo
a mesma resposta agora. Mas o motivo real por trás disso... estou
começando a ficar inseguro.
Ainda não planejo ter um namorado, mas não tenho certeza se é porque
ainda me sinto esgotado ou se é porque não quero terminar a amizade
colorida com o King. Sempre me preocupo quanto os prós e contras do
relacionamento entre King e eu, e me sinto muito perdido, como se
estivesse andando na beira de um precipício.
Mesmo que eu saiba do perigo, não quero parar.
"E você?", pergunto de volta.
Vejo King encarar os meus olhos com uma expressão inexplicável, que
não posso entender o significado. Depois de um tempo, ele sorri e responde
"Não".
"..."
"Gosto de como as coisas estão agora".
Sua resposta é exatamente como eu esperava. Não é difícil para uma
pessoa como ele encontrar alguém. Ele só não quer estar preso a alguém tão
cedo, assim ele pode passear pelo harém todo dia.
Damos a mesma resposta, mas os motivos por trás podem ser descritos
como completamente diferentes.
Respiro fundo e tento ajustar a expressão em meu rosto no momento. Só
espero que o King não tenha notado a minha confusão e também oro para
que as coisas com as quais tenho me preocupado não aconteçam.
Odeio playboys! De forma alguma eu me apaixonaria por esse homem!
***
Fantasia é o reflexo da esperança das pessoas; a verdade é a realidade
inevitável que as pessoas devem encarar.
A fantasia é doce e charmosa, mas a realidade pode ser melhor do que
sonhamos. É simples, mas inesperadamente cruel. Faz as pessoas terem
medo de encarar a verdade, então elas preferem se aprisionar num mundo
ilusório do que sair e entender o que acontece no mundo exterior.
Quando eu era criança, era cheio de fantasias sobre o mundo como
qualquer outra criança. Orava secretamente para que a minha família
pudesse viver feliz junta novamente e a minha mãe pudesse amar e cuidar
de mim como faz com a minha irmã. Mas enquanto crescia, finalmente
percebi que nunca haveria um dia em que meu desejo se tornaria realidade.
Então eu tinha que tirar vantagem da noite para entrar na terra dos sonhos,
mas sempre que eu abria os olhos pela manhã, os berros violentos da minha
mãe e seus olhos nojentos me lembravam da verdade.
Para mim, a verdade é obviamente uma coisa comum neste mundo, mas a
sensação de se forçar a encarar a verdade é amedrontadora. Agora pareço
estar preso num dilema.
Hora de deixar o trabalho. King, Jade e eu estamos comendo um
ensopado num shopping próximo a empresa. Olho para o Jade, que parece
estar mandando mensagens para o Mai, antes de virar meu olhar para King,
que atualmente está sentado oposto a mim e usando seu telefone. Sinto uma
emoção estranha crescendo em meu coração quando olho para ele.
Muita coisa tem acontecido nos últimos meses. Primeiro, um estudante
vem ao departamento como estagiário e então transforma-se no namorado
do meu melhor amigo. Quanto a mim, é inacreditável que eu tenha
desenvolvido uma relação de amigos com benefícios com este cara, que
desgostei por anos, há 5 meses.
Dois meses se passaram desde que eu comecei a ter pensamentos
estranhos sobre o King.
Não tenho certeza do que penso sobre o King agora. Talvez seja porque o
King cuida de mim como amigo e parceiro de cama que acabou balançando
meu coração solitário com seu cuidado carinhoso, mas é só isso mesmo? É
só porque estou numa situação diferente? Ou há mais sentimentos
desconhecidos?
Nunca pensei que me tornaria tão vulnerável e não estou mentalmente
preparado para entender a verdade por trás disto. De qualquer forma, o
King não tem agido diferente. Por enquanto, decido deixar isso de lado,
ignorando esses sentimentos estranhos em meu coração e fingindo que
somos apenas parceiros de cama.
Acho que... lido bem com a situação assim.
"Ei, o que há com o seu rosto? A sua mãe brigou com você de novo?",
Jade ergue suas sobrancelhas e olho para o King que acabou de guardar seu
telefone após uma ligação.
"Sim. Caramba! Minhas orelhas estão dormentes", diz King tomando um
gole de cerveja.
Jade riu leve e então perguntou "Qual é a causa desta vez?".
"O mesmo de sempre. Como eu nunca vou para casa... não visito...
blábláblá."
"Você devia ir para casa mostrar o rosto. Caso contrário, ela não vai parar
de ligar para reclamar."
"Acho que ela vai reclamar ainda mais quando me vir!", ele parece estar
certo desta conclusão. Apenas escuto quietamente à conversa entre os dois
melhores amigos que cresceram juntos desde a infância, com um coração
um pouco curioso.
Além de saber que os seus pais começaram uma empresa bem
estruturada, pareço não saber nada sobre a situação familiar do King. Nos
últimos cinco meses, embora King eventualmente mencione sua vida
particular para mim, raramente o ouvi mencionar seus problemas familiares.
Como eu, ele reluta em falar sobre os seus pais.
De fato, são meio estranhos. Obviamente seus pais iniciaram uma
empresa, mas King está disposto a trabalhar na empresa pequena de outra
pessoa.
"Se a minha mãe ligar para você, diga que ocupado no trabalho e não
tenho tempo livre, é isso!"
"Se eu disser e a sua mãe não acreditar, o problema é todo seu!", Jade
disse apressadamente enquanto segura um pedaço de carne de porco com
palitinhos e põe na sua boca.
Enquanto observo King concordar, ergo o meu copo questionavelmente e
tomo um gole de cerveja.
Será que King, assim como eu, teve algum conflito com a sua família?
O assunto mais falado no jantar deve ser o namoradinho do Jade.
Querendo ou não, Jade sempre menciona o nome do Mai e pergunta sobre o
que o Mai me perguntava e pede que eu compartilhe minha experiência com
namoros. Também me pede para que eu o ensine a cozinhar, já que nunca
esteve na cozinha, dizendo que gostaria de surpreender o Mai. Acho que o
Jade não percebe, mas todos veem que ele e seu namorado têm
personalidades parecidas.
"Mai está aqui para me buscar. Vou indo primeiro!", tirando seu olhar do
celular, Jade nos acena um tchauzinho e anda até a entrada do shopping
para esperar pelo Mai. Olho para as costas do Jade enquanto ele vai embora
e vejo que o meu amigo está feliz, e estou feliz por ele do fundo do meu
coração.
"Vamos voltar também. Quero chegar no apartamento logo", King
sussurra em meu ouvido, coloca seu braço sobre os meus ombros e acaricia
meu braço fazendo movimentos circulares com o polegar.
Removo seu braço e ando em direção ao estacionamento do andar de
baixo.
"Uea, você tem planos para o sábado e o domingo?"
"Não, não tenho."
"Então vou te encontrar no seu apartamento."
Suas palavras me fazem pausar os meus passos. Virei e olhei para ele
confuso "Quer ir até nos sábados e domingos?".
"Bem, devo ficar até mais tarde no escritório todos os dias a partir de
amanhã. Não terei tempo para te encontrar. Só devo conseguir te ver nos
sábados e domingos."
"Não vai para casa? A sua mãe te ligou", pergunto.
King suspira, parecendo irritado "Apenas serei repreendido quando
voltar. Por que deveria voltar?".
Sua expressão me deixou curioso, mas não tenho certeza se devo fazer
mais perguntas. Não tenho certeza se tenho qualquer direito em perguntar,
especialmente sendo um tópico sensível.
"Não vai perguntar por que não quero ir para casa?", King pergunta.
Aperto os meus lábios antes de responder "Você... está em desacordo
com a sua família?"
"Não exatamente. É que sou sempre magoado pela minha família. Meu
irmão mais velho é o homem perfeito aos olhos de todos e meus pais
esperam que eu possa ser como ele. Sempre colocaram pressão em mim,
então fico sem ânimo para voltar", sua expressão ficou séria. "Disseram que
eu deveria estudar administração porque devo herdar o negócio da família
como meu irmão mais velho. Devo crescer dentro da estrutura de carreira
que os meus pais criaram como o meu irmão mais velho. Sempre que vou
para casa, tenho que ouvi-los reclamando. Qualquer um acharia irritante,
não é? Sério, estou cansado de ouvir."
Ouço em silêncio. Esta é a segunda vez que vejo o outro lado do King. O
jovem mestre King parece despreocupado, mas também carrega problemas
nas costas. Enquanto eu era abandonado pela minha família, King também
era estressado pela sua e até teve que sair de casa. Mas eu o entendo. Ser
constantemente comparado ao seu irmão mais velho assim deve ser muito
triste.
Nós dois temos cortes e feridas parecidas.
"Por que está quieto? Está sentindo pena de mim?", diz a voz grossa.
Ergo a minha cabeça para encontrar o seu olhar e percebo que a sua
expressão vazia havia desaparecido. Num piscar de olhos, um olhar familiar
ridículo surge e sua voz grossa soa de novo.
"Se tem dó de mim, deixe-me ir vê-lo no fim de semana."
"...", reviro os olhos, minha empatia foi um desperdício. Sem olhar para
trás, continuo os meus passos até o estacionamento e o deixo de lado.
Um cara com um desejo sexual forte assim não é digno de empatia!
***
Assim que comecei a trabalhar, o tempo vou sem que eu percebesse.
Antes que eu me desse conta, já tenho trabalhado nesta empresa há 3 anos.
Parece que a minha entrevista foi há apenas 1 ano. Os últimos 3 anos forem
bem razoáveis, embora o meu trabalho tenha sido frustrante às vezes, no
geral tem sido uma navegação tranquila. A maioria dos meus colegas de
trabalho são agradáveis e, mesmo que não seja uma empresa grande, as
condições são justas e boas.
Logo será hora do bônus anual da empresa, uma recompensa para os
colegas que trabalharam duro no último ano.
"Oh! P'Toon pediu que eu viesse recolher os nomes. Se algum de vocês
quiser levar os seus pais, irmãos, cônjuge, namorado ou namorada, netos ou
filhos na viagem da empresa, por favor, me falem para que possamos fazer
a organização dos quartos".
Numa tarde de fevereiro, Gun entra no escritório com um papel em sua
mão. Encaro o calendário na mesa e ouço os meus colegas começarem a
debater o assunto em questão.
"Quem vai levar? Quero levar o meu namorado!"
"Se levar o seu namorado, com quem vou dividir um quarto?"
"Devo levar a minha esposa e filho."
"É uma boa ideia, P'Bas? Não seria melhor não levar ninguém? Se levar a
sua esposa e filho, não poderá beber o quanto quiser!".
"O quê? Uma viagem da empresa?"
Há debates correndo pela sala junto com a exclamação do Jade. Meu
amigo ergue seu olhar da tela do computador com uma expressão vazia e
rapidamente pergunta "Por que tão cedo este ano? O local já foi decidido?
Onde vai ser?".
"Já ouviu falar em 'Venha a Samet, alegria a todo momento!'?, P'Toon
disse que o chefe gostaria de mudar o ambiente deste ano. Fomos às
montanhas no ano passado e ele quer brincar na água neste ano. É ótimo!",
Gun dança e explica para nós.
No ano passado, a empresa foi numa viagem para Xuan Phong em
Ratchaburi. Embora a viagem tenha sido muito interessante, a maioria dos
colegas homens reclamaram que prefeririam ir à praia porque não havia
garotas de biquíni nas montanhas. Eles curtem ver a "vista".
"Jade! Leve o seu namoradinho também!", a voz aguda da P'Fai soa e
Jade pisca.
"Por que eu deveria fazer isso?"
"Sinto muita falta do N'Mai. Se você não o levar, vou fazer um pequeno
relatório ao P'Toon e pedir que ele tire pontos da sua avaliação de
performance".
"Isso mesmo! Todos sentimos falta do Mai!", outras funcionárias
concordam. Jade estreitou os olhos ao olhar para elas.
"Esperem! Vocês já não têm namorados?"
"Não vou levar o meu marido. Então tecnicamente estarei solteira! Meu
coração será apenas para o Mai", P'Fai continua provocando, fazendo os
outros e até Jade rirem. Mai realmente é o amor deste departamento.
Mesmo que o período de estágio tenha acabado há 2 meses, os colegas
ainda falam sobre o Mai.
"P'Jade, escreva logo o nome do Mai. Ninguém liga se você vai ou não",
Gun entrega a lista.
"Quer morrer, seu fedorento? Vá logo trabalhar!", Jade grita com o júnior
antes de colocar a lista na mesa.
Sussurrei "Vai levar o Mai com você?".
"Acho que sim... Espere! Se eu levar o Mai comigo, com quem vai
dormir?", Jade aponta. Nos anos anteriores, Jade e eu sempre dividimos o
quarto. Se ele levar o Mai, ficarei sozinho.
"Ele pode dormir comigo", King se aproxima e coloca seus cotovelos em
minha mesa. Um sorriso brincalhão estampa seu rosto. "Não vou levar
ninguém. Pode dividir um quarto comigo".
"Tem certeza que não vão se matar? Quer saber? Esqueçam! Uea pode
ficar comigo e Mai pode ficar com você."
"Você deveria perguntar ao seu namorado com quem ele gostaria de
dormir primeiro! Deixe o Uea dormir comigo. Não vamos nos matar,
certo?", King vira para olhar para mim, seus olhos emanando provocação.
Franzo minhas sobrancelhas levemente. Sinceramente, eu realmente
quero dividir um quarto com Jade, mas não queria separá-lo do Mai.
"Tudo bem, posso dormir com o King", decido. Ouvindo a minha
resposta, King sorri de canto antes de dar uma tapinha em meu ombro.
Aperto os meus lábios ao ver a malícia em seus olhos.
Ele definitivamente está planejando algo. Pervertido do caralho.
"Tem certeza?", Jade pergunta num tom de preocupação. Concordo,
permitindo que Jade escreva o nome do Mai na lista. Encaro o King que
estava assobiando alegremente enquanto andava em direção à sua mesa.
A minha intuição me diz que essa viagem será uma verdadeira dor de
cabeça.
Capítulo 14: Armadilhas
Este capítulo se passa no ponto de vista do King.