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Não Brinque com Anon (Bed Friend)

cami

Published: 2022
Source: https://www.wattpad.com
Importante + lista de personagens
Queria pedir encarecidamente que, por favor, não espalhem o link da
tradução deliberadamente pela internet. Repassem de forma privada, pela
dm, pra evitar que a história seja derrubada.
Os capítulos são bem longos e eu estou traduzindo sozinha. Traduzir leva
mais tempo do que apenas ler, porque além de ler ainda é preciso escrever,
então um capítulo leva horas seguidas de trabalho ininterrupto. Mas
prometo atualizar o mais rápido que eu conseguir.
Pode haver algumas inconsistências ou alguns entendimentos e
insinuações que infelizmente tendem a se perder durante a tradução, mas
firmo meu compromisso de sempre tentar ser o mais precisa possível, ao
mesmo tempo em que tento trazer uma leitura fluída e sem vocabulário
enferrujado .
~lista de personagens
King Kunakorn:
Uea Anon:
Jade:
Mai:

Mongkol:
Gun:
Bas:
Capítulo 1: Azarado
Já olhou para alguém pela primeira vez e sentiu ódio?

Senti isso há 9 anos e este sentimento não mudou até agora, parecendo só
ficar mais forte a cada dia!
"Uea!"
Às 8 da manhã de uma segunda-feira, a voz do P'Bas, meu supervisor
imediato e chefe do departamento de TI, cumprimentou-me pelas costas. O
elevador pelo qual eu estava esperando ainda estava no 15º andar, onde a
minha empresa se localizava. Dei um sorriso educado, dobrei as mãos e
cumprimentei a pessoa atrás de mim.
"P'Bas, bom dia!"
"Bom dia! Chegou tão cedo hoje."
"Sim", respondi sucintamente. Na verdade, venho trabalhar neste horário
todo dia, não cheguei mais cedo do que o normal. Mas não corrigi o P'Bas
em voz alta porque eu sabia que ele estava apenas comentando. São só
observações educadas. Não sou bom em me comunicar com as pessoas,
então tenho que escolher ecoar o discurso da outra.
"Haverão novos estagiários chegando hoje e o gerente vai passar para
verificar o nosso departamento. Lembrei aos rapazes que frequentemente se
atrasam para trabalhar que devem chegar cedo hoje. Não sei se o grupo de
garotos ouviu!", eu não olhava para o P'Bas que ainda estava falando. Fui
atraído por uma silhueta alta. O homem estava usando uma camisa preta e
calça cinza. Ele andava devagar para dentro do edifício.
Desde que eu vi esta pessoa entrar na cafeteria do andar de baixo da
empresa, as minhas sobrancelhas franziram involuntariamente. O homem
ficou de pé no balcão e pediu um copo de café à moça do caixa. Pela minha
perspectiva, não posso ver a expressão no rosto do homem, mas não preciso
ver, porque sei exatamente a expressão que ele terá.
Não importa quantos anos passem, ele só vai ter uma única expressão:
frívola.
"Pelo menos um chegou", apontei com a cabeça em direção à cafeteria.
P'Bas seguiu o meu olhar e deixou sair um suspiro de alívio.
"Sim! Felizmente, está aqui! É um suspiro de alívio! Ele é com quem
mais me preocupo! O Ai'King se atrasa toda segunda-feira!", P'Bas
balançava sua cabeça em desesperança e reclamava. Continuei encarando o
rapaz pedindo café até a porta do elevador abrir, então olhei de volta para o
elevador e fui à empresa com o P'Bas.
O meu nome é Anon e o meu apelido é Uea. Estou apenas há uns meses
dos 27 anos. Sou designer gráfico em uma das organizações privadas no
centro da cidade. Estou solteiro e acabei de terminar com o meu ex há um
mês.
Sou do tipo muito bonito para a maioria da população. Do ensino médio
até agora, as pessoas têm me seguido. Não gosto de lidar com as pessoas e
odeio que me incomodem.
Mesmo assim, ainda há pessoas tentando se aproximar de mim. Algumas
correm e dizem que gostam de mim, outras deliberadamente se aproximam
de pessoas ao meu redor para chegar até mim e, neste último caso, elas vão
basicamente me ignorar. O meu princípio é muito simples: se quiser me
conhecer deve falar comigo, não incomodar os outros. Só vai causar
problemas desnecessários para eles.
Embora muitas pessoas me sigam, não me associo aos outros
casualmente. Antes de eu aceitar uma pessoa, frequentemente passo muito
tempo a conhecendo antes de concordarem ficar com ela. Mesmo que toda
vez eu ache que sei o bastante sobre a personalidade e hábitos de alguém,
nunca tentei ficar com ninguém por mais de um ano.
Não sou uma pessoa gananciosa, mas terminei com esses homens por um
motivo.
Isso! Eu gosto de homens. Como é que costumam me chamar...? Gay?
É 2020 e homossexualidade não é nada novo. Sou de uma escola de
garotos. Desde o ensino médio, sabia que não gostava de garotas. Todos os
meus ex-namorados são garotos. Nos últimos 10 anos, tive muitos
parceiros. Não sei se, aos olhos das outras pessoas, só mudo de namorado.
Pessoas frequentes como óleo têm quaisquer pensamentos, mas para mim...
não é algo a se orgulhar.
"N'Uea, bom dia", no momento em que bati o cartão para abrir a porta e
entrar na empresa, P'Pong, um sênior do departamento de vendas, me
cumprimentou com uma gentil e doce voz.
"Olá, P'Pong.", embora eu quisesse ir embora rapidamente, me virei e o
cumprimentei com mãos dobradas. P'Pong é uma daquelas pessoas que
sempre me pagam bebidas e lanches, mas tenho uma regra constante
quando escolho um namorado, que é nunca escolher alguém do escritório!
Porque não quero me sentir envergonhado quando trabalhar na empresa
depois de terminar, mas este não é o motivo principal pelo qual não gosto
do P'Pong. Não gosto dele porque sei que ele está em um relacionamento.
Mesmo tendo um relacionamento, ainda me persegue. É o tipo de pessoa
que eu mais odeio!
"Pedi que Ai'Jade lhe trouxesse um presentinho. Coma mais!", piscou,
não esquecendo de flertar comigo enquanto falava. Assenti relutantemente e
apressei-me para o departamento de TI. Quando andava para a mesa, vi um
copo de chá de limão nela.
"O que é isto?", virei a minha cabeça e perguntei ao colega de quem
sento próximo e ele veio até mim.
"É seu! O P'Pong me pediu para lhe dar", Jadenipat, conhecido como
Jade, é o meu parceiro de trabalho, bom amigo e colega de quarto na
faculdade. Ele me respondeu enquanto apontava com a cabeça para o copo
de chá de limão na bancada.
"Tome você", depois que empurrei o copo para o meu amigo, não olhei
para ele de novo. Os olhos estreitos do Jade instantaneamente brilharam,
mas a boca dele dizia...
"Ei! O P'Pong deu especialmente para você, pelo menos tome um golinho
também!"
"Não aceito coisas de estranhos.", falei e me virei, ligando o meu
computador. Jade pegou o copo de chá de limão e bebeu.
Jade é a única pessoa que pode ser chamada de boa amiga. Nos
conhecemos no dia da entrevista da faculdade. A pele do Jade é muito clara,
2-3 cm mais baixo do que eu e seus olhos são pequenos. Ele parece um
mestiço padrão de chinês e tailandês. Sua característica mais icônica deve
ser suas bochechas macias e chamativas, o que prova que o meu amigo ama
comida.
Jade é uma pessoa alegre e de mente aberta. Ele se dá facilmente com as
pessoas ao seu redor. Completamente oposto ao meu eu introvertido.
Embora as nossas personalidades sejam bem diferentes, ainda nos tornamos
bons amigos. Por causa da personalidade do Jade, amigos, sêniores e
júniores da mesma idade sempre gostam de pedir que o Jade me traga
presentes.
Eu já o disse várias vezes para não ajudar outras pessoas a me darem
presentes, mas o Jade sempre se preocupa que, se ele não aceitar, vai causar
problemas para nós dois, dizendo que são todos pessoas que se conhecem.
Sêniores e gerações mais velhas precisam cuidar uns dos outros. Então não
importa o quanto eu seja relutante, devo fazer do Jade o meu braço direito.
"Não dá para amolecer o coração? O P'Pong já está atrás de você há mais
de 2 meses", o Jade virou-se e me perguntou. Eu só dei um "hum" com a
garganta. Na verdade, não gosto de quem quer dizer que gosta de mim e não
me diz pessoalmente. Usando meus amigos... é ainda mais impossível que
eu goste deste tipo de pessoa.
"Você sabe que não gosto de encontrar pessoas na empresa, é problema
demais."
"Ah! Você e o Ai"King têm a mesma ideia, vocês dois..."
"Quem está fofocando sobre mim tão cedo pela manhã?". A conversa foi
interrompida por uma voz grave, e o meu rosto se contraiu por um
momento quando ouvi.
Essa pessoa já pode morrer?!
O homem alto da cafeteria de 10 minutos atrás está lentamente entrando
no escritório do departamento. Ele é King, um bom amigo que o Jade
conhece desde o jardim da infância. Ele trabalha no mesmo departamento
que eu, mas é um programador.
Se fosse para descrevê-lo sem preconceito, ele é, de fato, um cara muito,
muito bonito. Seus olhos afiados, com extremidades que se curvam
suavemente, tornando sua expressão fria quando não está sorrindo. Seu
corpo faz parecer que ele gosta de malhar. Ele é cerca de 10 centímetros
mais alto do que eu. As funcionárias da empresa são loucas por ele, é claro!
Esta imagem só se aplica à aparência, já a personalidade...
Irritável, ambíguo, sempre cínico e sarcástico quando fala, um pegador
que troca de ficante quase toda semana!
Enquanto ele andava até a sua mesa, seu olhar encontrou o meu. A curva
no canto de sua boca não passou despercebida por mim.
Este é o amigo de um amigo que não me agradou à primeira vista.
"Suas coisas estão na mesa, King", Jade apontou a sacola de presente que
sentava na mesa do King. O King é outra pessoa que recebe presentes de
outras pessoas através do Jade. A única diferença é que eu nunca prestei
atenção, mas ele recebe. O King diz que namorar alguém da empresa está
fora de cogitação, mas ele está fazendo o oposto.
"De quem?"
"N'Min. Uma nova funcionária do departamento de contabilidade."
"Ah! A com bochechas rosadas. Tão fofa."
Ele disse que não vai flertar com colegas, mas sempre que alguém o traz
presentes, ele recebe com um olhar gentil e é simpático como se estivesse
dando esperança.
Além da palavra "hipócrita", não sei mais como definir.
"É bom, mas é doce demais. Que tal você comer o resto?", ele colocou o
restante na mesa do Jade depois de dar algumas mordidas nos brownies.
"Uea? Comer?" ofereceu o Jade, segurando o brownie na minha frente.
Eu só olhei e voltei ao meu trabalho.
"Todo seu."
"Tudo bem! Se está dizendo...", Jade sorriu e rapidamente enfiou o saco
de lanches em sua gaveta, com medo de que eu pudesse mudar de ideia. Seu
comportamento infantil me fez rir um pouco.
Jade é uma pessoa fácil de lidar e não pensa demais. A menos que seja
sobre comida. Ele é tão gentil que alguns sêniores gostam de tirar vantagem
disso.
Além do Jade e eu, a posição de designer gráfico também inclui
P'Mongkon. Ele é o primo do dono da empresa. Há nós três, mas as tarefas
sempre caem em Jade e eu. P'Mongkon sempre desaparece sem qualquer
motivo. Ele não faz suas responsabilidades e tira intervalos sempre que
quer. Como resultado, Jade acabava fazendo. Embora nem sempre eu possa
ajudar o Jade com suas tarefas, tudo que eu podia fazer é ficar e fazer hora
extra com ele.
Odeio admitir, mas às vezes temos que obedecer os sêniores para evitar
futuros problemas no trabalho. Não importa o quanto seja habilidoso, se
tiver problemas com um dos parentes do dono, será difícil ficar.
O trabalho no mundo real é cruel assim.
"Encontrei o P'Bas mais cedo nesta manhã e ele disse que o novo
estagiário vai vir.", disse eu ao Jade, que está curtindo o brownie. Ele
suspirou alto, o que é muito compreensível. Ter um estagiário é um jogo de
risco. Eles podem deixar o trabalho mais leve ou mais pesado.
"Fiquei responsável pelo estagiário no ano passado. É a sua vez este
ano.", o Jade imediatamente virou-se.
"Tudo bem", dei de ombros. No ano passado, o Jade foi o mentor e, como
ele disse, é a minha vez este ano. O P'Bas me deu o currículo do estagiário
na semana passada e, pelo que eu vi, diria que sou sortudo.
"Você normalmente não concorda tão facilmente, Uea", o Jade cerrou
seus olhos em mim com uma expressão confusa. Sua reação me fez sorrir.
Eu estava prestes a responder, quando alguém falou por trás.
"O Uea olhou o currículo dele. Ele com certeza vai devorá-lo sozinho."
"Cale a boca", olhei para trás e vi o King me encarando de volta. Ele
ergueu as sobrancelhas e me deu um sorrisinho astuto. Inspirei fundo e
tentei suprimir a minha irritação antes de olhar para a frente de novo. O
Jade riu seco, revirando os olhos antes de parar de olhar.
Com o King e eu sendo amigos do Jade do ensino infantil e da faculdade
respectivamente, o Jade frequentemente é pego entre ele e eu quando
discutimos. Nossas briguinhas sempre preocupam o Jade, mas não pode
fazer muita coisa sobre isso. O King e eu realmente não nos damos bem.
Ele nunca parou de me incomodar. Eu nunca gostei dele e isso ainda não
mudou.
Eu nunca realmente pensei que isso duraria por anos. Se ele não tivesse
deixado uma má impressão em mim quando nos conhecemos, então eu não
o acharia irritante como acho agora.
Foi durante o meu segundo ano na faculdade que o King e eu nos
conhecemos.
*
Eu tinha cerca de 19 anos quando peguei o meu namorado de um ano me
traindo com alguém da faculdade de contabilidade. Eu confiava nele e
dedicava o meu amor a ele mais do que a qualquer pessoa. Eu nunca esperei
que o motivo do nosso término seria por causa de traição. O meu coração
ficou tão partido que eu bebi até a dor passar.
Decidi ir ao bar sozinho. Eu lembro de como fui bebendo, copo atrás de
copo, me culpando por ser tão idiota e sem saber que estava sendo traído
por meses. Pessoas vinham e tentavam flertar, mas eu não estava no clima
para conversar com ninguém.
Em meio às luzes vertiginosas e música ensurdecedora, pude sentir
alguém me encarando de longe. Ignorei a sensação inicialmente, mas
continuaram a me olhar. Perdendo a minha paciência, me virei e olhei de
volta.
Quem estava me encarando era um homem de cerca da minha idade, bem
vestido e de muito boa aparência. Me ver virar para trás o fez sorrir, olhos
brilhando muito com uma dose de diversão. Imediatamente soube que ele
estava interessado em mim. Eu estava pronto para agarrar um copo e ir até
ele, só para esquecer a dor que eu estava sentindo.
Se não fosse pela linda mulher em seus braços.
Sentei e observei por um tempo. A mulher nos braços dele o cutucava
levemente com o cotovelo, o fazendo virar-se para ela. Seus corpos se
aproximaram até que eles começaram a se beijar. Soltei um grunhido.
Virando para o outro lado, não posso evitar sentir-me enjoado. Qualquer
interesse inicial rapidamente tornou-se desgosto. Por que as pessoas olham
e flertam com os outros quando já têm um parceiro? Que horrível!
Perdi todo o interesse em um instante e continuei a beber. Depois de um
tempo, comecei a sentir vontade de urinar, então levantei e fui ao banheiro.
Tropecei aqui e ali, mas consegui chegar ao banheiro e fazer o que
precisava fazer.
Eu estava prestes a voltar quando senti o mundo girando, a minha visão
começou a ficar embaçada. Bem quando eu estava prestes a cair no chão,
alguém pegou o meu braço e me apoiou.
"Tenha cuidado!", falou uma voz grave e rouca, que eu nunca havia
ouvido antes. Olhei para cima, para ver quem era. Percebendo que era o
homem de antes, não pude evitar franzir a testa.
"Obrigado", o agradeci. Não importa como me sinta sobre uma pessoa, é
rude não agradecê-las quando me ajudam.
Tentando o meu melhor para me afastar sem cair, senti o homem que era
alguns centímetros mais alto do que eu recusando-se a soltar. Em vez disso,
me segurou mais perto. Seus lábios curvaram-se em um sorriso perigoso e
sedutor.
"Consegue andar? Quer que eu lhe leve de volta?", me perguntou, mas
imediatamente me afastei. A minha visão ficando mais embaçada, mas pude
olhá-lo fixamente.
"NÃO, obrigado!", gritei antes de sair andando. Toda vontade de beber a
noite toda foi embora.
Devo beber até curar a dor por causa do meu maldito ex que me traiu.
Como eu consegui encontrar outro idiota paquerador que rapidamente me
deu dor de cabeça?!
Que engraçado.
Pensei que nunca o veria de novo, mas eu estava tão enganado. Dois
meses depois vi o Jade de pé com alguém no dormitório. Fiquei atordoado
quando percebi quem era. Ele era exatamente a mesma pessoa que conheci
no bar!
Jade nos apresentou e eu descobri que o nome dele é King, com quem ele
cresceu. Baseado na expressão do amigo do Jade quando ele me olhou,
pude dizer que ele também me reconheceu.
"É um prazer conhecê-lo", sorriu King, me dando o mesmo olhar e
expressão que me deu naquela noite. Como se estivesse tentando me
provocar.
Não consegui evitar desdenhar, antes de dar uma desculpa para poder
entrar no dormitório, deixando Jade e King para conversar. Tenho que
admitir que tenho preconceito contra o King por causa de como ele se
comportou naquela noite. Ele me lembra o meu pai, que tinha uma amante e
sempre brigava com a minha mãe. Eventualmente se divorciaram. E tem
também o meu ex.
Mas ele é só o amigo de um amigo. Ele não vai para a mesma
universidade que eu, então não devemos nos ver com frequência. Não
preciso lembrar de assuntos tão triviais, certo?
De novo, como eu estava enganado. Nunca realmente esperei que, depois
de me formar, o King e eu estaríamos trabalhando juntos sob a mesma
empresa.
Eu tentei entrar nesta empresa por causa da recomendação do Jade.
Contudo o Jade não me disse que o King também estaria trabalhando aqui.
Fiquei chocado de início. Eu tentei evitar qualquer tipo de contato, mas
parece que o King pensa diferente. Quanto mais eu recusava estar perto
dele, mais ele me incomodava e me provocava todo dia.
Pelo Jade, eu tento não levar as coisas para o coração, porque não quero
que ele carregue o fardo de seus dois melhores amigos não se darem bem.
Mas o King não cooperava nem um pouco. Ele acha que é entretenimento.
Quanto mais eu reajo, mais ele encontra formas para me irritar. Mas eu não
sou do tipo que fica quieto e deixa ele fazer o que quiser. Faz três anos que
eu trabalho aqui e a nossa relação sempre foi assim.
E será assim se ele não parar de me incomodar.
*
Eram 9 da manhã quando o gerente geral e o P'Bas trouxeram o novo
estagiário para se apresentar. Um garoto alto usando um uniforme de
faculdade se apresentou como Mai. Ele tem um sorriso educado e expressão
gentil, como se viesse de uma família nobre. O que mais me surpreendeu
foi que seu olhar nunca saiu da nossa direção.
Eu olhei o Jade que estava sentado ao meu lado, e então de volta para o
estagiário. A minha intuição é que foi o Jade que chamou a atenção do Mai.
"Tudo bem! Por favor, cuidem dele. Quem está responsável este ano?",
perguntou o gerente geral. Eu estava prestes a levantar a minha mão quando
alguém com uma voz grave e rouca falou.
"É a vez do Jade este ano."
Eu me virei e vi o King piscando para o Jade, que estava franzindo a
testa. Seus olhos afiados encontraram os meus, lábios curvando-se para
cima.
O que está acontecendo?
Já que o gerente geral ainda estava aqui, escolhi manter a minha boca
fechada. Vou só esperar eles irem embora antes de esclarecer as coisas.
Quanto mais observo o novato, mais percebo a forma que ele olhava para
o meu amigo. E parece que a minha intuição estava certa! Ele está
interessado no Jade. Hm...
"Espere um segundo. Eu não- Eu não sou o responsável este ano, na
verdade. O meu amigo estava só brincando. Na verdade-"
"Você! Lembra? Você geralmente fica com os novos estagiários, certo?",
sorri para o Jade que estava de boca aberta, aparentemente confuso com o
que está acontecendo.
Meu amigo é desatento e ingênuo, então frequentemente me preocupo
que alguém tire vantagem dele. Mas depois de pensar sobre, será melhor
que o Jade seja o mentor do Mai. Além disso, o Mai parece interessado no
Jade e o Jade está solteiro. De forma alguma deixarei esta oportunidade de
juntá-los passar. E também, não acho que o Mai seja uma má pessoa.
"Tudo bem, Jade! Agora você tem alguém trabalhando com você!", o
King encorajou a ideia, o que me fez franzir a testa. Pensando bem, o King
tem forçado desde que o gerente perguntou. Suspeito.
Ele está planejando algo?
Com o passar das horas, eu observei cada movimento do Mai. Percebi
que o Mai estava sempre procurando por qualquer forma para se aproximar
do Jade. Tornou-se mais claro quando ele se ofereceu para levar o Jade de
volta para o seu apartamento.
"O meu apartamento é em Lat Kabrang. Tenho um carro e vamos pelo
mesmo caminnho. Posso lhe levar e buscar, P'Jade."
"Ei, não se preocupe com isso. Não quero lhe incomodar."
"Não é nenhum incômodo. Como eu disse, vamos pelo mesmo caminho.
Deixe-me dirigir para você."
"Mas eu-"
"Você acha que a tarifa do trem é cara, certo? Só vá com ele para que
possa poupar dinheiro", sugeriu King. Jade estava hesitante, mas
eventualmente concordou.
Depois de dizer tchau para Jade e Mai, fui ao estacionamento. Na minha
frente está King, que estava indo na mesma direção. Quanto mais encaro
suas costas, mais ele se torna uma coisa desagradável.
Depois de conseguir alcançá-lo, perguntei sobre o que aconteceu mais
cedo.
"O que está fazendo?"
Ele estava destravando seu carro, que estava estacionado ao lado do meu.
Ele virou-se para olhar para mim e respondeu.
"Estou destravando o meu carro. Por quê?"
Viu? Que idiota!
"Quero dizer, por que disse ao gerente que o Jade era responsável pelo
Mai? Você até o encorajou a ir com o Mai para casa."
King sorriu e andou para perto de mim.
"Por quê? Gostou do novato? Está interessado no Mai?"
"O que pensa que está fazendo?", perguntei nervoso.
"Khun Anon, acalme-se. Você fica nervoso facilmente. Só relaxe."
"King!", murmurei mostrando a minha irritação, mas ele só riu, satisfeito
por ter conseguido me irritar.
"Uea, você fica tão fofo quando está chateado. E engraçado!", riu ele
dando um tapa no meu braço, que eu rapidamente tentei evitar, mas falhei.
Ele conseguiu me empurrar para trás antes de se aproximar mais, colocando
as mãos na porta do carro, enjaulando-me no meio.
"Não fique zangado.", sorriu enquanto se aproximava. "Tsk. Nem posso
me aproximar", comentou enquanto tentei afastá-lo. Mesmo que o
estacionamento seja pouco iluminado, não quero que alguém nos veja e
espalhe rumores estranhos.
"Saia da frente", falei friamente, mas ele não se moveu nem um pouco.
Em vez disso, aproximou-se até eu sentir a ponta do seu nariz tocar a minha
orelha.
"E o Mai? Eu vi que ele está interessado no nosso amigo. Eu só estava o
ajudando. Só isso.", sua voz grossa e abafada sussurrou. O que me pegou
foi o que ele disse em seguida.
"Mas não é o único motivo", pausou. "O Mai é um homem atraente. Não
o quero perto de você."
King inclinou a sua cabeça, seus lindos olhos escuros encontraram os
meus. Um brilho perigoso passou em seus olhos. Ele baixou a direção do
seu olhar e fixou nos meus lábios. Imediatamente apertei os meus lábios
quando as próximas palavras saíram da sua boca.
"Ou eu ficaria com ciúme."
Se qualquer outra pessoa estivesse nesta situação, garanto que se
apaixonaria imediatamente, seu rosto ficaria vermelho. Mas eu conheço este
cara por anos. Eu sei muito bem que ele só está fazendo isso para me
provocar.
"Idiota!", o empurrei e abri a porta do meu carro. King apenas riu.
Imediatamente liguei o meu carro e dirigi para fora do estacionamento.
Em meus anos estando com ele, sabemos tudo sobre a personalidade um
do outro. King tem lábia, um paquerador que sabe usar o seu charme. E ele
usa comigo porque sabe o quanto odeio homens que flertam demais.
Nunca acreditei em qualquer palavra que ele diz. O King não gosta de
mim. Na verdade, ele nunca realmente gostou de alguém.
Embora eu tenha tido muitos ex, eu os levava a sério. Por outro lado, o
King nunca realmente considerou namorar alguém a sério. Quando ele fica
entediado, vai embora. Nada diferente do meu ex.
Me senti apertando o volante com força quando vi o Honda Civic preto
atrás de mim no sinal vermelho. Não muito depois, o meu telefone tocou
indicando que uma nova mensagem havia chegado.
"O Khun Anon ficou com tanta vergonha que teve que sair dirigindo?"
Eu desliguei o meu telefone e encarei o carro próximo do meu. As
janelas são escuras, então não pude vê-lo dentro, mas sei que ele tinha um
sorriso malicioso espalhado em seu rosto agora.
É. Vai ser impossível ficar em paz com uma pessoa como ele.
De jeito nenhum.
Capítulo 2: A Coisa Chamada Fraqueza
Crescendo, sempre me senti sozinho.

Eu era um filho único que cresceu em uma família de classe média-alta. O


meu pai era um oficial de polícia e a minha mãe funcionária de uma
empresa. Uma família típica. Como filho único, é esperado que eu seja
amado, mimado e cuidado pela minha família. Se não fosse pelas constantes
brigas e gritarias por causa do casamento falido deles. Meu eu de 10 anos
não podia fazer nada além de parar e assistir os meus pais gritarem um com
o outro todos os dias.

Eu não entendia o mundo adulto naquela época, mas tinha um


pressentimento do motivo pelo qual estavam sempre brigando. O meu pai
traía a minha mãe com sua amante. Quando a minha mãe o flagrou, ela
enlouqueceu e chorou de ressentimento. Por metade de um ano, chegava da
escola só para ouvi-los xingar e brigar, até que decidiram se divorciar.

Eles, na verdade, pensaram em se divorciar no mês que a minha mãe pegou


o meu pai com outra mulher, mas não conseguiam chegar em um acordo
por minha causa. Já que eu era criança, precisava ficar sob a guarda de
alguém. Para dizer o mínimo, ambos não queriam essa responsabilidade. No
fim, o meu pai ganhou e a responsabilidade caiu sobre a minha mãe.

No momento em que a minha mãe me tirou da casa do meu pai, ele ficou
tão feliz de se livrar do fardo que nem olhou na minha cara. Desde aquele
dia, não vejo o rosto dele e tenho certeza de que ele está muito alegre em
não ver a minha também.

A minha mãe e eu alugamos um apartamento no centro da cidade para


começarmos uma nova vida. O meu pai não se importava muito comigo,
então não recebi nenhuma pensão dele. A minha mãe teve que sustentar
todas os nossos gastos sozinha e estava exausta. E quando ela está cansada,
desconta tudo em mim gritando comigo. Eu não podia fazer nada além de
sentar quietamente e aceitar tudo, temendo que a minha mãe me deixasse
também se eu conseguisse irritá-la ainda mais.

Para uma criança de 10 anos, o pensamento de ser abandonado é assustador.


Então tentei ser um bom filho. Estudei muito para ser alguém de quem a
minha mãe teria orgulho.

Só tenho a minha mãe na vida. Não quero ser deixado por ela como o meu
pai fez.

A minha mãe e eu continuamos vivendo normalmente por cerca de um ano.


Até que um dia a minha mãe chegou em casa do trabalho com um homem
que eu nunca havia visto. O homem me disse para chamá-lo de pai. A
minha mãe então explicou que eles iam se casar.

E casaram. Logo depois, nos mudamos para uma casa de três andares no
subúrbio. De início, fiquei feliz pela minha mãe. Feliz que ela recuperou a
sua felicidade. Pensando que ela voltaria a ser boa para mim como
costumava ser. Como eu estava enganado.

A minha mãe não reclamava mais comigo. Na verdade, ela não se


importava mais comigo. E se tornou mais aparente quando ela teve um bebê
com seu novo marido. Naquela época, eu estava no sétimo ano do ensino
fundamental e claramente entendia o que estava nos olhos da minha mãe.

Uma mancha do seu passado? Um parasita? Se não, provavelmente algo


próximo a isso.

Mãe nunca se importava com quão tarde eu chegava em casa, o que eu


estava fazendo ou com quem eu estava. Aos olhos dela, havia apenas seu
marido, sua filha recém-nascida e sua enteada.

Quanto a mim, que estava frequentando uma escola só de garotos, foi o


momento em que comecei a descobrir que não gostava de garotas.

"Quem era aquele?", reclamou a minha mãe quando cheguei da escola


naquele dia na garupa da moto de um amigo.
Hesitei por um momento antes de responder. "Um amigo".

"Um amigo? Um amigo que ficou segurando a sua mão por um tempão?
Acha que eu sou idiota?", a minha mãe não acreditou em mim e eu entendi
porque não parecíamos nada com amigos normais.

"Quem lhe ensinou a ser assim? Uea, você é um garoto! Há muitas garotas
no mundo, por que você iria com um garoto? Já pensou quão embaraçoso
seria para a sua mãe e o seu pai se outras pessoas o vissem agindo daquele
jeito com um garoto? Termine com ele imediatamente!"

Tenho sido varrido pela tempestade de emoções negativas da minha mãe


desde que era criança, mas essa foi a única vez que senti um senso de
desesperança e vazio. Do momento em que ela casou-se novamente, esta foi
a primeira e única vez em que ela prestou atenção em mim.

Mãe não conseguia aceitar que o filho dela gostava de um cara. Desde
então, eu era repreendido todo dia, forçando-me a terminar com o rapaz.
Para um garoto rebelde de 14 anos, não importa o quão duro a minha mãe
tentasse me corrigir, resultava em nada. Ser gay não é uma escolha. Além
disso, não posso simplesmente restringir os meus sentimentos.

A nossa relação foi ladeira abaixo desde então.

A coisa boa é que a minha mãe é menos cruel com sua nova filha agora. Ela
ainda se importa um pouco comigo, tendo me mandado para estudar, mas
não o suficiente para se importar sobre como eu me sinto. Pelo contrário, o
meu pai adotivo começou a se importar comigo. Quanto mais eu crescia,
mais o meu pai adotivo prestava atenção em mim todo dia.
Mas a atenção que ele estava me dando era além do normal.

Beep!

A buzina do carro atrás de mim me puxou de volta das minhas lembranças.


Percebendo que a luz verde havia acendido em algum ponto, imediatamente
pisei no acelerador para continuar a dirigir. Não muito depois, cheguei no
meu edifício.

Depois de passar o meu cartão, destranquei a porta do meu apartamento


para entrar. O cômodo encheu-se de luz suave assim que pressionei o
interruptor. Tenho morado neste aposento de 36 metros quadrados por mais
de 3 anos. Depois de colocar as chaves do meu carro e o celular na mesa de
centro, fechei os meus olhos e curti o silêncio por um momento.

O silêncio é algo com que tenho muita familiaridade e, em algum momento,


faz-me sentir em paz. A exaustão de trabalhar o dia todo gradualmente
desapareceu. Graças ao ar frio do ar condicionado soprando gentilmente o
meu corpo.

Depois de um tempo, abri os meus olhos e liguei o meu telefone para


verificar se eu perdi alguma mensagem ou ligação. Senti os meus olhos
arregalarem quando vi que havia 5 ligações perdidas.

'Mãe'

Se fosse outro filho, teriam ligado de volta imediatamente. Só fiquei em


silêncio, ponderando se deveria ligar de volta ou não. Decidindo, abri o
Line. Como esperado, havia mensagens da minha mãe que não foram lidas.

"O que está fazendo? Por quê não está atendendo o telefone?"

"Não ligo se não atende o telefone, mas me dê 3.000 baht* rapidamente.


Não me deu dinheiro suficiente este mês!"
[N/T: cerca de 436,80 em agosto de 2022]

"Vá para casa e mostre a cara. O seu pai me pergunta todo dia. Está ficando
irritante!"
Não pude evitar sorrir ironicamente antes de abrir o aplicativo do banco.
Depois de transferir o dinheiro, desliguei o meu telefone de novo. Coloquei
na mesa de centro e suspirei suavemente.
Desde a faculdade, sempre estive longe de casa. Mesmo depois que o
semestre acabava, me ocupei trabalhando de meio-período para ganhar
dinheiro e pagar o meu aluguel. Meu colega de quarto e amigo, Jade,
decidia ir para casa depois que o semestre acabava, mas eu não. Mesmo que
alguém me pedisse, eu nunca quis voltar para aquela tal "casa", jamais.
Mesmo que por algumas horas.
Moro sozinho no momento, mas posso dizer que é melhor do que morar
com algumas pessoas que me tratam como se eu não existisse.
Depois de suspirar, levantei-me lentamente do sofá, desabotoei a minha
camisa que havia usado o dia todo, peguei uma toalha de banho do armário
e me dirigi ao banheiro.
Fechei os meus olhos e deixei a água gelada do chuveiro lavar o meu
corpo da cabeça aos pés, silenciosamente esperando que pudesse lavar as
coisas que estavam me deixando exausto e pesando o meu coração.
Se fosse fácil assim...
Quando se trata da minha carreira, também não é tão especial. A empresa
para a qual trabalho é de tamanho médio. O pagamento não é alto, mas é o
bastante para eu pagar o aluguel mensal facilmente. Quanto à minha vida
amorosa, tenho sido azarento, embora tenha recebido um "presente" de um
dos meus ex.
Um dos meus ex, o filho de um famoso empresário, comprou-me um
carro enquanto estávamos juntos. Eu estava feliz descobrir que ele estava
me traindo com outras pessoas. Ele admitiu e, para amenizar a sua culpa,
me deu o carro completamente.
É a forma de aliviar a culpa de alguém, eu acho.
Para muitas pessoas que vão trabalhar, a coisa mais importante sobre ir
trabalhar todos os dias é ser capaz de chegar de casa para o trabalho no
horário, sem ter que fazer hora extra e desperdiçar o tempo de descanso,
que já é miserável. Mas às vezes, pelo senso de responsabilidade pelo meu
trabalho, como esta noite, vou ficar, já que o meu chefe planejou terminar
todo o trabalho antes de sair. Vou ficar hoje na pressa para finalizar um
diagrama promocional, para que os programadores possam atualizar a
página do software amanhã de manhã. De início, eu ia levar para casa e
fazer, mas quando vi o Jade sendo forçado pelo P'Bas a ficar e terminar o
trabalho não terminado do P'Mongkon, decidi mudar de ideia e ficar com
ele.
Normalmente, se eu tivesse que fazer hora extra, o Jade ficaria comigo
mesmo que não tivesse um trabalho à mão. Não importa o quanto estivesse
cansado, ele não ia querer ir para casa ainda. Talvez ele tenha medo de que
eu me sinta sozinho na minha própria companhia. Eu não me importava
muito, mas é bom ter alguém que se preocupe comigo.
"Mai, você vai ficar mesmo?", ouvi King perguntar. Ele também vai ficar
além do horário para consertar bugs no site da empresa.
"Sim", respondeu o novo estagiário do departamento com um sorriso
gentil.
A nossa empresa não tem uma política afirmando que estagiários que
fizerem hora extra serão pagos. Não acho que qualquer interno ficaria
voluntariamente sabendo disso. Acho que o Mai não realmente queria ficar
para fazer trabalho, mas para ficar com o meu amigo um pouco mais.
Entendo. Todos querem encontrar uma desculpa para se aproximar da
pessoa que gostam!
"Ótimo! Você sabe alguma coisa sobre escrever páginas web? Venha e
me ajude a consertar os bugs."
"Não, P'King. Sinto muito."
"Sente-se e trabalhe calmamente! Não atrapalhe o meu filho!", Jade
repreendeu King enquanto me mantive calado e continuava fazendo o meu
trabalho. Enquanto eu estava me concentrando no meu trabalho, fui
repentinamente interrompido por uma voz.
"Tenho boca, por que não posso falar? Quer que eu sente como um mudo
e não fale o dia todo, como o Uea? É difícil!"
"Fico quieto o dia todo e termino o meu trabalho, não sou como você que
nem entende o seu!", falei, dando-o um olhar frio. Quanto mais vi os
quantos da sua boca se mexerem provocativamente, mais irritado fiquei.
Antes que ele me irritasse mais, voltei e foquei no meu trabalho. Mesmo
que eu só sente em silêncio, ele vai encontrar uma forma para me irritar.
Então diga-me: como posso não odiá-lo?
Eram quase 19h30 quando senti os meus ombros ficando pesados e
doloridos. Jade havia acabado de vir olhar a tela do meu computador.
"Como está indo? Deixe-me ajudar!"
"O seu trabalho está terminado?", dei uma olhada na tela do computador,
que ele havia mudado para a área de trabalho.
Jade concordou e disse "Sim! E você? Está quase acabando?"
"Quase. Só mais um pouco. Não se preocupe comigo. Pode ir para casa
agora."
"Tem certeza?", vi o olhar hesitante no rosto dele ao olhar para a pessoa
atrás de mim. Eu sabia o que ele estava pensando.
Ele não queria me deixar sozinho com o King. Provavelmente estava
preocupado que acabássemos tendo uma briga no escritório.
"Vá para casa, para que Mai possa descansar. Tenho que terminar em
meia hora", disse. Jade respirou fundo antes de virar-se para limpar as
coisas na sua mesa.
"Tudo bem, então. Lhe vejo amanhã! Espero que consigam terminar o
trabalho rapidamente e ir para casa", Jade olhou para mim depois de dizer
isso e então para a pessoa sentada atrás de mim. Depois de acenar um tchau
para o King e eu, o Mai seguiu o meu amigo e foi embora.
Depois que os dois saíram, o departamento foi envelopado pelo silêncio.
Este silêncio, no entanto, não durou muito.
"Então... todo mundo foi embora. Somos só você e eu agora", a voz do
King quebrou o silêncio naquele momento, mas eu só o ignorei.
"Uea". Não. Não vou prestar atenção.
"Khun Anon!"
"Ei! Vai me ignorar? Que arrogante!"
A pessoa sentada atrás de mim ainda estava falando e eu o deixei, porque
eu sabia que se eu virasse e respondesse, o meu trabalho não seria
terminado. O King me chamou mais umas 2 ou 3 vezes, mas depois de ver
que eu realmente não dei a atenção que ele queria de mim, ele manteve a
boca fechada e fez o seu próprio trabalho.
Os únicos sons da sala eram de cliques no mouse e digitação no teclado,
ecoando pelo escritório vazio e silencioso. Quando o relógio pendurado na
parede marcou 20h, dei um suspiro de alívio, pressionei o botão de salvar e
enviei o arquivo para o colega responsável pela programação.
"Terminou?", o único programador da sala perguntou depois que enviei o
arquivo. Levantei do meu assento e desliguei o computador.
"Viu o e-mail, por que pergunta?"
"Vai para casa agora? O meu trabalho ainda não acabou, fique comigo
por um tempo!", eu estava colocando as minhas coisas na bolsa quando o
King veio e agarrou o meu pulso.
"Mas o meu trabalho acabou. Solte-me", disse e empurrei sua mão.
"Espere, você não gosta mesmo de ficar perto de mim?", perguntou ele
depois de ver a minha expressão irritada.
Não gosto muito quando pessoas me tocam, a menos que seja o meu
namorado ou pessoas em quem confio, como o Jade.
"King", cerrei os meus olhos e encarei o homem que tentava agarrar o
meu braço de novo.
"O quê?", King não se importava nem um pouco com a minha irritação.
E quanto mais ele via a minha expressão de impaciência, mais ele me
provocava. Eu o senti apertar mais sua mão em mim, enquanto me puxava
para perto.
"Solte".
"Por quê? Está com medo de se apaixonar por mim se ficarmos mais
perto?", King inclinou a cabeça. Tão perto que senti seu hálito quente de
menta atingir o meu rosto. "Quanto mais próximos ficamos, mais não pode
evitar sentir algo por mim. Não é isso, Khun Anon?"
"Na verdade, você está certo. Nunca me senti assim por mais ninguém.
Só você faz com que eu me sinta assim", encarei diretamente os seus olhos
e me inclinei até que os nossos rostos estivessem a apenas centímetros de
distância.
"'Sinta assim' como?"
"Sinta irritado! Puto!", afirmei antes de balançar os meus braços para
fora do aperto dele. Depois de me libertar, continuei a limpar as coisas na
mesa. Desta vez, houve uma risada entretida atrás de mim. O ignorando,
peguei as minhas coisas e estava prestes a ir para casa, mas...
Clique!
As luzes do teto apagaram. O som do ar condicionado operando parou de
repente. O escritório até então iluminado, tornou-se breu. Então, apenas
silêncio.
"Porra! Queda de energia a esta hora?", berrou o King em voz grave.
Percebendo a situação em que eu estava, a minha garganta começou a
secar e senti o meu coração batendo mais rápido. Havia quedas de energia
ocasionais neste edifício, então a empresa geralmente tinha eletricidade
reserva. Mas nesta manhã, ouvi alguém dizer que a fonte de alimentação
alternativa estava tendo alguns problemas, e deveria ser consertada amanhã.
Mas por que teve que acontecer hoje?!
Suor frio começou a aparecer nas minhas palmas e testa. Minha
respiração ficou pesada e senti vontade de vomitar. Algumas memórias
dolorosas piscavam na minha mente como uma inundação, causando tremor
involuntário nas minhas mãos.
"Merda. Não tem nenhum fantasma no escritório, né? Uea, vai mesmo
me deixar aqui sozinho e ir para casa?", ignorando o King, foquei em me
acalmar e evitar que o meu corpo tremesse.
"Uea?", vendo que não respondi, sua voz grossa chamou por mim de
novo. Ainda não respondi. Estava escuro, mas senti que ele se moveu de
onde estava e aproximou-se de mim devagar. Enquanto ele andava para
perto, a luz fraca do seu computador iluminava um pouco a sala.
Eu o empurrei há uns minutos, mas agora estou andando para ele. Não,
para a luz atrás dele.
"Uea! Fale comigo", chamou King. Senti suas mãos quente envolvendo
as minhas. Foi aí que eu soltei o fôlego que não sabia que estava segurando.
Inconscientemente apertei a mão dele de volta, tentando amenizar o medo
no meu peito. A sala não está tão escura a ponto de não conseguir ver nada,
ainda tem uma luz difusa.
Certo, não está tão escuro, Uea. Você está bem. Você está com alguém
agora. Você está bem. Não é como quan-
Clique!
As luzes da sala voltaram e o ar condicionado trabalhava de novo.
Pisquei os meus olhos lentamente para ajustar à luz repentina. Soltei um
suspiro de alívio. Finalmente acabou. E nada aconteceu.
"Uea, você está bem? Está tão pálido!", a voz preocupada do King tocou
os meus ouvidos. Seus olhos fortes me encaravam com preocupação. Baixei
o meu olhar ao chão antes de puxar a minha mão.
"Estou bem".
"Eu disse para falar comigo, mas você segurou a minha mão de repente.
Achei que você ia desmaiar de medo de fantasmas", sua voz provocativa
voltou, fazendo-me encará-lo. King apenas sorriu antes de colocar o seu
braço sobre os meus ombros.
"Não quer mesmo ficar comigo um tempinho? Você viu a queda de
energia de agora há pouco. E se tiverem fantasmas de verdade aqui e faltar
energia de novo mais tarde? Não vai sentir culpa deixando-me aqui
sozinho?", ele fez bico, me olhando com olhar de cachorrinho. Não pude
evitar revirar os olhos.
"Por que me sentiria culpado? Você não é igual a eles?"
"O qu- Eu não sou um fantasma!"
"Claro".
"Ei!"
"Tchau", imediatamente andei para fora do escritório sem nem olhar para
ele. A gargalhada estrondosa do King foi ouvida ao longe.
Esfreguei o meu braço em irritação. Em menos de 10 minutos, fui tocado
por ele sabe Deus quantas vezes. Ugh!
Preocupado que a energia caísse novamente, decidi descer o lance de
escadas que levava até o estacionamento, em vez de usar o elevador.
Assim que cheguei em casa, imediatamente tirei as minhas roupas de
trabalho e tomei um banho, esperando aliviar o estresse e exaustão de
trabalhar o dia todo.
Depois de vestir o meu pijama, fui ao quarto e sentei na cama, quando o
meu telefone tocou. Peguei para ver quem estava ligando. Desta vez não era
a minha mãe, mas o meu ex-namorado P'Pok. Foi ele com quem terminei há
alguns meses e, até agora, ele tem me implorado para voltar com ele.
Esta não é a primeira vez em que fico nesta situação. Alguns dos meus ex
de repente voltam a ter juízo depois que os pego traindo. Dizem que não
podem me perder e me imploram para voltar para eles. Mas sou o tipo de
pessoa que, quando magoado, lembro pelo resto da vida. Depois de ser
machucado uma vez, recuso-me a voltar para a mesma pessoa. Não dou
outra chance para me engarem de novo.
Alguém uma vez me lembrou que amor homossexual é frágil. Muitos
caras acham que estar com um homem é super divertido e querem tentar
uma vez na vida. Mas haja o que houver, eventualmente vão mudar de ideia
e namorar uma mulher, formar uma família com ela e nos esquecer
completamente.
É muito difícil encontrar alguém que nos trate sinceramente. Não acho
que tem algo a ver com gênero. Mesmo que não seja um amor do mesmo
sexo, haverá problemas de corações deslizando e mudando. De fato, o
maior problema é que essas pessoas não sabem ficar contentes. Ainda há
muitas pessoas boas neste mundo, mas eu não tenho sorte, porque depois de
todos esses anos, nunca encontrei 'o certo'.
Coloco meu coração e alma em cada relacionamento, toda vez, mas cada
vez só volta tristeza e decepção. Na verdade, já estou ficando cansado. Uma
vez me consolei em frustração e disse que talvez eu estivesse destinado a
morrer sozinho desde início, ou pelo menos pelo resto da minha vida. Mas
no fundo, eu sei que ainda desejo ter alguém ao meu lado o tempo todo.
O relógio eletrônico na mesa de cabeceira dizia que já passava das 21h.
Antes de desligar as luzes para me preparar para a cama, me certifiquei de
ligar a lâmpada da mesma mesa. Sua luz suave e quente evita que o quarto
seja completamente engolido pela escuridão. É uma rotina que eu sempre
faço à noite para me ajudar a dormir pacificamente, sem me preocupar
com... certas coisas.
Puxando o lençol para o meu peito, deitei na cama macia. Rodeado por
lençóis quentes e luz suave no quarto, senti o meu corpo relaxar. Quando eu
estava na faculdade, Jade costumava rir de mim porque eu tinha que ligar a
luz toda noite antes de dormir. Que eu tinha medo do escuro. Eu não dizia
nada porque não queria admitir.
Não percebi que, não importa quantos anos tenham passado, a escuridão
ainda me assusta...
Não percebi até hoje que o que aconteceu no passado ainda me assombra.
Capítulo 3: Fora de Controle
Atenção: aviso de possível gatilho ao final do capítulo (SPOILER: relação
sob efeito de álcool).
Se eu fosse escrever o meu dia de trabalho ideal, diria que deve começar
comigo acordando assim que o alarme toca, sem me sentir cansado e
querendo voltar a dormir. Então ir ao trabalho sem ficar preso no trânsito, e
comprar o meu café matinal sem ter que esperar na fila.
E não ver o rosto travesso de um certo alguém de manhã cedo.
"Bom dia!", uma voz rouca me cumprimentou assim que eu entrei no
edifício. King, que estava usando uma camisa azul e calça cinza escuro,
seguiu-me e entrou no prédio também.
Dei um clique com a língua e apressei o meu passo para evitar esta
pessoa. Há tantos funcionários neste edifício, por que é sempre ele quem eu
tenho que ver primeiro? Que sorte.
"Por que está com pressa? Está me evitando?", perguntou King antes de
me alcançar. Seu olhar penetrante me disse que ele estava de bom humor.
Neste momento, vários empregados estavam esperando na frente do
elevador. Fiquei atrás deles e encarei atentamente o número do andar na tela
do elevador, ignorando a pessoa de pé ao meu lado.
"Fiz uma pergunta e não recebi resposta alguma. Que adorável!"
"Cale a boa. É cedo pela manhã", resmunguei, dando um olhar irritado.
"O quê? Estou apenas cumprimentando o meu amigo, como sempre",
King deu de ombros antes de colocar o seu cotovelo no meu ombro. Ele
inclinou-se sussurrou "Além disso, já passamos a noite juntos antes. Como
eu poderia não lhe dizer oi?"
Suas palavras foram tão ambíguas que eu tive que me virar.
"Quando eu passei a noite com você?", ergui minhas sobrancelhas para
ele.
"Semana passada, lembra? Quando a queda de energia aconteceu durante
a nossa hora extra na semana passada!", ergueu suas sobrancelhas, com os
cantos da sua boca curvando-se. "Por quê? Está pensando em outra coisa?"
"Não. Por que pensaria?"
"Sim, sim. Claro."
Vendo-me encará-lo intensamente, King sorriu e inclinou-se para mais
perto.
"O que está pensando, Khun Anon? Gostaria de passar outra noite
comigo?", me provocou.
"Só de pensar nisso me faz querer lhe dar um soco", disse antes de
empurrar o seu cotovelo para longe do meu ombro.
"Oh, Uea. Você é tão mau!", fingiu estar magoado, mas eu não me
importei. Aos meus olhos, o King é só o amigo de um amigo. E só porque
nós dois somos amigos do Jade, não significa que temos que ser amigos.
Ele e eu somos apenas colegas de trabalho da mesma empresa. Só isso.
Para ser honesto, se você ignorar sua natureza paqueradora, o King é uma
boa pessoa. Ele é responsável quando se trata do seu trabalho, muito mente
aberta e disposto a ajudar os outros. Mas eu ainda não quero estar envolvido
com ele. Mesmo que ele não seja tão perigoso quanto parece por fora...
"A propósito, naquela noite... você-"
"Uh...", uma doce voz vindo de trás dele o cortou. Virei e vi uma linda
mulher de saia curta atrás dele, bochechas rosadas com blush forte rosa.
Tão forte que parecia que ela havia acabado de ser estapeada por alguém.
"Bom dia, P'King. Bom dia, P'Uea", cumprimentou, com palmas
pressionadas uma contra a outra. Ela é uma dos novos funcionários, mas
não consigo lembrar o seu nome.
"Bom dia, N'Min!", a pessoa ao meu lado a cumprimentou por mim e,
assim que ouvi o seu nome, lembrei que era uma colega do departamento de
contabilidade.
"Acabou de chegar?", perguntou King gentilmente.
"Não, tenho estado aqui por um tempo. Só desci para comprar um copo
de café", respondeu, olhando para a pessoa ao meu lado com um rosto
corado e expressão tímida. Baseado em como ela age, acho que ela pensa
no King como uma pessoa atraente e tem uma queda por ele. Nada diferente
de outras funcionárias da empresa. Não é de admirar já que muitas pessoas
parecem ficar deslumbradas com a beleza do King.
"Pedi que P'Jade lhe levasse brownies na semana passada. Você os
comeu, P'King?", perguntou ela ao King, olhando esperançosamente.
Depois de ouvir a resposta do homem ao meu lado, os meus olhos quase
rolaram para a parte de trás da cabeça.
"Sim! Estava bom!", assentiu, a dando um sorriso gentil.
"Obrigada! Se gostou, vou fazer outro na próxima!", seus olhos se
iluminaram quando ouviu sua resposta.
"Ah, não se preocupe! Não quero incomodá-la!", King acenou com as
mãos, ainda mantendo o sorriso estampado em seu rosto.
Ainda lembro dele reclamando que estava doce demais, mesmo só tendo
dado 2 ou 3 mordidas, antes de dar o resto para o Jade comer. Mas ele não
disse não diretamente quando a júnior disse que faria para ele de novo.
Soube que [namorar] pessoas da empresa está fora de cogitação para ele
também, mas suas atitudes sempre que alguém flerta com ele dizem o
contrário. Que hipócrita.
"Ei, Uea! O elevador está aqui. Para onde está indo?", ignorando sua
pergunta, me virei e fui em direção à cafeteria.
Não tenho energia para escutar sua conversa de flertes com os outros. E
por alguma razão, estou irritado.
Dez minutos depois, voltei e parei na frente do elevador. Lá, vi o homem
que deixei mais cedo. Ele deveria estar no escritório há minutos. Me vendo,
King andou até mim e colocou seu braço ao redor do meu ombro.
"Solte-me", tentei me livrar do seu toque com nojo em meu rosto. Ele só
riu de mim.
E apenas com a chegada do elevador, ele me soltou. Assim que as portas
do elevador abriram, rapidamente entrei para não impedir outras pessoas de
entrarem. King seguiu e parou na minha frente, com suas costas viradas
para mim. Depois disso, ele começou a andar lentamente para trás, até que
senti as minhas costas tocarem a parede.
Não havia muitas pessoas no elevador, então não havia necessidade de
ficar assim. Só havia um motivo para ele fazer isto: está deliberadamente
me provocando de novo!
Tentei empurrar suas costas para longe de mim, mas ele não se mexia.
Em vez disso, ele se inclinava mais, até que fiquei preso entre ele e a
parede.
Fiquei o acotovelando e empurrando para ter o meu espaço e ele retribuía
só para me provocar. Isso continuou até que finalmente chegamos no andar
onde o nosso escritório é localizado. Assim que saímos do elevador, o
empurrei para fora do caminho e o encarei. Um sorriso animado estava
estampado na cara dele, claramente entretido pelo que aconteceu.
Batendo o ponto, ouvi quando o King estava cumprimentando os outros
funcionários. A coisa mais parecida entre ele e Jade é que ele também é
muito gentil às outras pessoas e se dá bem com elas facilmente. Quanto a
mim, exceto pelos meus colegas do departamento de TI, raramente falo com
colegas de outros departamentos. Sempre que veem a minha expressão de
indiferença, as pessoas tendem a ficar intimidadas ou pensar que não sou
amigável. Bom para mim, eu acho. Afinal, quanto mais pessoas conhece,
mais problemático fica.
Andando até a minha mesa, identifiquei um copo de suco em cima da
minha mesa. É provavelmente de alguém que estava tentando se aproximar
de mim. Empurrei o copo para o lado, liguei o computador e comecei a
trabalhar. O relógio na parede indicava que era quase hora do trabalho,
então fiquei surpreso quando olhei a mesa do Jade e ele não estava lá.
Geralmente Jade chega na empresa cerca do mesmo horário que eu.
Depois de ter começado a ir para o trabalho com o Mai, costumeiramente
chegava mais cedo. Mas hoje é diferente. Ele não está se sentindo bem
hoje? Bem quando eu estava prestes a ligar para o meu melhor amigo, Jade
entrou no departamento com seu cabelo bagunçado, sobrancelhas sulcadas e
lábios para baixo.
"Ei, Jade! Não está atrasado hoje? Onde está o novato?", King o
provocou.
"O trem quebrou hoje!", Jade resmungou enquanto colocava a sua
mochila na mesa. Vi que o meu amigo tinha suor na testa, então dei o copo
de suco na minha mesa para matar a sua sede. Jade pegou e tomou um gole,
constantemente puxando o colarinho de sua camisa para dissipar o calor.
"Jade, onde está o estagiário? Por que não está com você?", a chefe
sênior de Suporte para TI, Faai, perguntou enquanto olhavam na direção da
porta.
"Ele voltou para a universidade esta manhã, srta. [N/T: possível
inconsistência no pronome de tratamento. Referem-se como "srta", mas
usaram ele/dele para falar sobre essa pessoa.] Faai. Ele voltará às 13h."
"Tudo bem! Pensei que N'Mai estivesse de licença médica, caso contrário
o jantar desta noite com ele estaria cancelado", exclamou Faai. Depois de
ouvir o que disse, olhei o calendário na mesa e percebi que era a sexta-feira
antes do fim do mês.
É nossa tradição que, sempre que um estagiário junta-se ao
departamento, façamos uma festa de boas-vindas. Quando é hora do
estagiário ir embora, fazemos uma festa de despedida também. A maioria
de nós escolhe a sexta-feira porque não temos que nos preocupar em
acordar cedo no dia seguinte para trabalhar. E também para curtir ao
máximo e nos divertirmos a noite toda. Quanto à localização, geralmente é
no restaurante de sempre não longe daqui.
O departamento acredita no lema "trabalhe duro, divirta-se muito".
Basicamente, sempre que as pessoas do departamento inteiro saíam para
comer e beber, se divertiam muito e iam com tudo, especialmente quando se
tratava de comidas e bebidas alcoólicas. Além disso, não temos saído assim
em meses! Tenho certeza que o pagamento deste mês vai acabar nesta festa.
Eram cerca de 13h quando Mai, o personagem principal da festa desta
noite, entrou no departamento e cumprimentou todos com um sorriso gentil.
Suas mãos estavam segurando algumas caixas de donuts. Pude claramente
ver os olhos do Jade se iluminarem instantaneamente, olhando intensamente
para a comida que o Mai estava segurando. Jade ama muito essa marca de
donuts e o Mai os comprou para todos comermos!
É uma coincidência ou o Mai sabe que o meu melhor amigo gosta de
comer, então comprou?
"Lembro, P'Jade, que você gosta. Coma mais, tudo bem?!", não pude
evitar sorrir quando o ouvi dizer isso. Então ele comprou para o Jade, mas
incluiu todo o departamento para não deixar o seu interesse óbvio.
Os outros colegas levantaram-se e foram experimentar os donuts, mas eu
estava tão ocupado com o trabalho que não tive tempo de ir até lá pegar.
Alguém com uma mão pálida e clara colocou um prato com um donut e um
pequeno garfo na minha mesa. Olhei para cima e vi o Mai na minha frente
com um sorriso em seu rosto.
"Coma um pouco também, P'Uea."
"Obrigado", respondi, antes de pegar o garfo e dar uma mordida. Olhei
novamente para cima e vi o Mai andando de volta para o Jade, que estava
com a boca cheia.
Isso não é considerado suborno? Esse garoto sabe como jogar!
*
Hoje é a última sexta-feira do mês e o dia em que o nosso salário é pago.
A minha carga de trabalho hoje não está tão pesada. Este deveria ter sido
outro bom dia de trabalho, se não fosse pelas mensagens surgindo no Line a
cada cinco minutos.
"Por que não está respondendo as minhas mensagens?"
"Uea, por favor, atende o telefone?"
"Podemos conversar?"
"Uea, sinto muito! Por favor, pode me dar outra chance?"
"Uea! Responde, por favor!"
Suspirando alto, peguei o meu telefone, abri o Line e silenciei o meu ex-
namorado com irritação.
Este meu ex-namorado é o filho de um político famoso. O conheci no
casamento de um sênior que conheci há alguns meses. P'Pok veio até mim e
pediu o meu número. Ele foi muito mais educado na época, então dei meu
número de boa vontade. Depois de dois meses de conversa, ele de repente
confessou para mim que queria ser o meu namorado. Ele ainda era bem
comportado quando começamos a namorar, mas em apenas dois meses, o
peguei transando com uma modelo e terminei com ele imediatamente.
De início, parecia que ele não havia levado o término a sério, achando
que eu voltaria para ele mais cedo ou mais tarde. Duas semanas depois,
percebendo que eu tinha terminado com ele de verdade, de repente veio até
mim implorou para que voltássemos. Quando recusei, ele começou a me
irritar ligando todas as manhãs e tardes.
Bloqueei seu número e sua conta no Line, então ele começou a me
assediar através das redes sociais. E dos meus amigos! Ele até forçou os
meus amigos a me dizerem para desbloqueá-lo imediatamente. Eu
realmente não queria ver os meus amigos serem assediados sem motivo,
então não tive escolha senão desbloqueá-lo e sofrer. Felizmente, nunca o
levei para o meu apartamento quando estávamos namorando, senão eu teria
sido perseguido, com certeza.
Suspeito que ele tenha levado um pé na bunda pelo seu novo caso, por
isso está me incomodando de novo.
Continuei a me concentrar no meu trabalho até que fosse hora de ir
embora. Comecei a guardar as coisas e fui ao restaurante onde a festa de
boas-vindas seria esta noite. Também havia três colegas do mesmo
departamento indo comigo.
Quando cheguei, sentei no lado e fiquei no meu telefone enquanto os
outros pediam a comida. Abri o Line e vi que o número de mensagens não
lidas ao lado do P'Pok continuava a crescer. Continuei descendo até que o
contato da minha mãe chamou a minha atenção. O meu humor azedou
imediatamente assim que li suas mensagens.
"Você foi pago hoje? Que tal dar um pouco para a sua mãe?"
"Donkao disse que quer fazer artes."
"Ajude-nos com a mensalidade. São apenas 3.000 baht*." [N/T: cerca de
R$ 438,30 na cotação de 04/08/2022]
De novo?
Não pude evitar apertar o meu celular com raiva. Como irmão mais
velho, não tenho nenhum preconceito contra minha meia-irmã. Donkao é
alegre, uma criança doce e aluna com boa educação [doméstica]. O que eu
não entendo é por que a minha mãe sempre me pede para pagar sua
mensalidade ou outros gastos. Não tenho vínculo com aquele seu lado da
família. Eu só ganho uma pequena quantidade e ainda tenho que dá-los
dinheiro quase todo mês, quando deveria ser o pagamento do meu aluguel.
"Por que não disse ao tio Sorn? Por que tenho que pagar?"
"Sabe quanto custam as taxas escolares da Donkao por um semestre?
Acha que é barato, não é? São necessárias mais taxas para entrar na
universidade! O seu pai trabalhou duro para cobrir a maior parte das
despesas, mas não consegue. Pode ajudar um pouco os seus pais? É o
mínimo que você pode fazer e nem faz."
Desdenhei da sua resposta. Para ser honesto, 3.000 baht não é grande
coisa. Com certeza posso pagar pela mensalidade da minha meia-irmã. O
que me chateia é o fato de que eu nunca tive esse tipo de atenção da minha
mãe.
Donkao tem sorte de ser apoiada pela sua mãe. E ela nem é a mãe dela de
verdade. A minha mãe dá tudo que ela quer. Mas quando era eu, a minha
mãe nunca se importava com o que eu queria fazer. Eu também gostava de
desenhar e queria estudar artes, mas a minha mãe me forçou a estudar
matérias como matemática e ciências.
Depois que terminei o terceiro ano, pedi para entrar na universidade que
eu queria. Queria estudar artes para entrar na universidade de arquitetura. A
minha mãe foi muito contra na época, dizendo que era um desperdício de
dinheiro. Mas agora a minha mãe está enviando a minha meia-irmã, que
nem é sua filha biológica, para a escola para estudar.
Ela disse que era um desperdício de dinheiro para gastar comigo, mas é
uma despesa necessária para gastar com a minha meia-irmã. Realmente sou
só um parasita na vida da minha mãe.
Desligando o meu telefone, peguei a cerveja que estava servida na minha
frente e bebi tudo de uma vez.
"Uau! Vai devagar. Você não comeu ainda", Jade agarrou o meu pulso
quando me viu derramando outra garrafa de cerveja no copo.
"Eu queria beber."
"A sua barriga ainda está vazia! Se beber mais, vai ficar bêbado logo!
Não-"
"Deixe ele em paz, senão ele vai encarar você", King, que estava sentado
próximo a Jade e Mai, falou. Eu virei em sua direção e o encarei. "Veja! Eu
falei! Nem fiz nada".
"Cale a boca", murmurei em irritação, terminando a cerveja na minha
mão de uma vez antes de colocar mais uma. Jade suspirou impotente e,
depois de soltar o meu punho, virou-se para King.
"Tudo bem. Mas você! Vai beber muito esta noite?"
"Por que a pergunta? Está com medo de ter que me arrastar para casa
como antes?"
"Claro! Você estava extremamente bêbado daquela vez. E se eu tivesse te
deixado dirigir naquela noite e matasse alguém acidentalmente?"
"Tudo bem. Não vou beber muito hoje. Vou deixar para a próxima vez",
disse o King balançando as sobrancelhas. Nem tive que perguntar o que ele
quis dizer com "próxima vez". Provavelmente vai ao próximo bar encontrar
outra pessoa para dividir a cama.
Não prestei mais atenção à conversa entre Jade e King, e continuei
bebendo copo após copo em silêncio, cercado pelo barulho dos colegas ao
meu redor. Depois que todos beberam mais alguns copos, o clima da festa
ficou gradualmente mais animado. O Mai foi forçado a cantar por um
grande grupo de sêniores (Jade sendo o líder). Ouvindo o Mai cantar, virei-
me e dei uma olhada no meu amigo.
Ele cantou "Don't Tell You" da Bedroom Audio. Ouvindo a letra, ele
rapidamente descobriu para quem o Mai estava cantando.
"Quem disse que você não sabe cantar? Mentiroso!", Jade tomou a
oportunidade para provocá-lo enquanto esperava o júnior alto voltar da
cantoria. Mai sorriu brilhantemente e perguntou ao Jade com olhos vivos.
"Você gostou?"
"Amei! Me fez querer chorar, certo, Uea? O Mai canta muito bem,
certo?", perguntou Jade enquanto cutucava o meu braço com o cotovelo.
"Soa bem", simplesmente concordei. Ai'Jade pareceu estar muito
satisfeito com o meu elogio ao Mai. Eu sei que Jade é muito próximo do
Mai. Este garoto é inteligente e capaz de fazer as coisas, mas o Jade ainda
não parece saber que o Mai nunca o tratou como um simples sênior.
O Jade é muito lento, ás vezes...
Neste momento, a animação da festa alcançou o nível mais alto. A sala
inteira estava cheia de cantoria e risos felizes. Nem P'Bas ou Faai sabiam
por quanto tempo se levantaram e dançaram. Jade gritava "Saúde!" vez ou
outra. Em meio a gritos bêbados e vozes cantantes de pessoas
desconhecidas, todos se divertiam muito, mas eu era o único deprimido
sentado num canto, sem estar no clima para participar.
Líquido de cor âmbar descia pela minha garganta, copo após copo. Não
entendo por que a minha vida é tão insuportável. Não tenho o amor da
minha família desde criança. Costumava procurar alguém que me amasse
quando eu crescesse, pessoas que também levassem cada relacionamento a
sério. Desejo amor, uma relação estável, pelo cuidado sincero de alguém,
mas toda vez há apenas decepção. Parece que não posso ter felicidade na
minha vida, como em uma maldição.
O mundo é cruel demais.
"O que está doendo tanto para beber, Khun Anon? Teve o coração partido
de novo?", a voz familiar do King de repente tocou na sala cheia de cantos.
Seus olhos afiados pularam Mai, que estava sentado entre nós e encontrou o
meu olhar.
"Só esta noite."
"Han?"
"Só esta noite. Por favor, não me incomode, ok?", virei o meu rosto e
bebi a garrafa de cerveja de novo. O King apenas deu de ombros ao ver
isso, ignorou-me e virou-se para falar com o Mai. Não ouvi o que estavam
conversando. Só ouvi alguns pedaços. Agora estou cansado demais para me
importar com qualquer coisa.
A minha cabeça ficou grogue e tonta com o álcool. Comparado ao Jade
que pode beber muito álcool sem ficar bêbado, sou fraco para bebida. Não
acho que posso beber mais. Raramente bebo tanto, esta noite há muitas
coisas incomodando... P'Pok, minha família... Além de me embebedar com
álcool, não sei o que mais fazer para esquecer essas preocupações
temporariamente.
Depois de beber toda a cerveja na minha frente, fixei os meus olhos no
vinho tinto não muito distante, e o bebi taça após taça, como se não pudesse
parar. Não tinha a intenção de parar.
"Acho que você bebeu demais", soou uma voz grave. O King tinha
sentado ao meu lado de alguma forma e tomou a taça de vinho da minha
mão.
"Me deixe em paz!", levantei a minha cabeça e, depois de tomar a taça de
volta, tomei tudo de uma vez. Ainda o ouço reclamar constantemente em
minha confusão, mas a minha consciência não consegue mais se concentrar
em ouvir seus absurdos.
No barulho alto ao meu redor, as coisas à minha frente começam a ficar
embaçadas e as minhas pálpebras não conseguiram aguentar, e fecharam-se.
Vagamente ouvi a voz do Jade martelando em meus ouvidos, ouvi alguém
mencionar a palavra "táxi" e senti alguém forçando-me a levantar. Neste
momento, a ponta do meu nariz sentiu o cheiro de menta misturado ao
álcool. Este cheiro era muito familiar. Subconscientemente relaxei o meu
corpo e não resisti ao toque desta pessoa. Depois disso, perdi a consciência
e quando a recuperei, tive ajuda para sair do carro.
Só senti que o mundo estava girando e que eu estava bêbado. Tentei abrir
os olhos para ver quem era a pessoa na minha frente, mas naquele
momento, os meus olhos estavam anormalmente pesados e levou algum
tempo para conseguir abrir só uma pequena fenda. Neste momento,
vagamente me vi de pé de frente a uma porta, houve o som de um cartão
destrancando a porta e então eu fui levado a um cômodo escurecido.
"Quem...?", perguntei à pessoa em uma voz rouca. Por causa do ambiente
quieto ao meu redor, a minha consciência lentamente ficou esclarecida.
"Está acordado? Você estava bêbado como cachorro morto!", soou uma
voz grave e familiar, respondendo a minha pergunta de agora há pouco. Eu
sabia que devia conhecer o dono desta voz, mas a minha consciência
confusa ainda não conseguia funcionar, então não pude lembrar quem era
esta pessoa por um tempo.
Depois de ser levado para um quarto com pouca luz, as batidas do meu
coração aceleraram violentamente por entrar no ambiente escuro. O medo
no meu coração me fez agarrar a camisa da pessoa que estava perto de mim
como se eu estivesse me afogando.
"Durma aqui no quarto e eu vou dormir na sala. Ah, porra, estou tonto", a
voz grave do homem continuava a ser ouvida e o homem estava tentando
puxar a minha mão para longe da sua camisa.
"Uea, solte."
"Aonde... vai?", perguntei em uma voz bêbada e trêmula. O som do ar
condicionado pode ser ouvido, mas está tão escuro que não dá nem para ver.
"Eu vou dormir, vá dormir também!"
Depois de conseguir empurrar a minha mão, ele me empurrou até que o
meu calcanhar tocasse a lateral da cama. Me deitou na cama e uma tontura
correu por sua cabeça. Ao mesmo tempo, puxei esta pessoa para cima da
cama com toda a minha força.
Ele cobria o meu corpo completamente e o peso dele pressionava o meu
corpo. Então, ouvi um leve xingamento no meu ouvido e a outra pessoa
levantar-se do meu corpo. Comecei a entrar em pânico e agarrei o corpo
dele com mais força, com medo de ser deixado sozinho.
"N-Não! Por favor... Por favor, nã- por favor, não!", murmurei, com o
medo levando o meu corpo a tremer constantemente. Quanto menos ouvia
uma resposta da outra pessoa, mais tenso os meus braços ficavam ao redor
do seu corpo, agarrando tudo que eu conseguia segurar.
"Não vá... estou com medo..."
"Uea, pare!"
Por um momento fiquei assustado por seu tom feroz. Eu ainda estava
imerso no medo do abandono. Não ousei mais colocar os meus braços ao
redor do seu pescoço e só chorava nervosamente sob ele.
Mais uma vez, sentia-me abandonado no escuro, não quero ser deixado
para trás como antes...
"Me... me abraça", sussurrei suavemente, a reação instintiva do meu
corpo foi curvar-se em direção ao corpo quente.
"Uea, por favor, pare e me solte!"
"Não... Não-", imediatamente recusei e usei toda a minha força para
aprisioná-lo em meus braços.
Neste momento, eu sabia que não podia mais ficar sozinho neste lugar.
Eu realmente quero que ele fique comigo, me abrace, me conforte.
"Me abraça... não... vá..."
Ele respondeu com o som de um suspiro profundo e então lentamente
inclinou-se ao meu ouvido, o cheiro do álcool em seu corpo tornou-se mais
claro.
"Quer me provocar?", a voz rouca e levemente tremida, como se tivesse
suprimindo sua própria luxúria que foi gradualmente provocada, perguntou.
Senti o calor da sua respiração em meu ouvido e um sentimento estranho
repentinamente desceu ao meu estômago. "Quer saber? A minha paciência
tem limite."
"Me... me abraça...", implorei suavemente em seu ouvido e o abracei de
novo até que não havia distância entre nossos corpos. Neste momento, as
minhas bochechas começaram a sentir um leve toque, que então desceu
para a lateral do pescoço. O meu corpo começou a ficar insuportavelmente
quente e a minha respiração ficou ofegante. Comecei a flexionar o meu
quadril, o esfregando contra os lençóis, na esperança de aliviar aquela
sensação intensa.
Até que senti algo duro contra a parte de baixo do meu corpo. Tentei me
mover contra ele. Quando conseguir esfregar o local com o meu quadril,
parece que a sanidade da pessoa foi quebrada instantaneamente.
"Se me provocar aqui, não vou conseguir me controlar!", sua voz grave e
rouca soou em meus ouvidos de novo e a razão que me restava me dizia que
este seria o seu último aviso para mim.
Deixei para lá e tentei abrir os olhos para ver quem era a pessoa
pressionada contra mim. O álcool no meu corpo deixava o meu cérebro
incapaz de pensar e só agia por motivos instintivos.
"Não vá... me abrace... uh... uh... uh..."
Esta foi a última coisa que conseguir dizer antes de sentir um toque
quente e caloroso em meus lábios. Sua língua molhada correu pelo meu
lábio inferior, me fazendo abrir a boca antes de sentir ela entrar, lambendo e
sugando a minha. Retribuí, nossas línguas colidindo ferozmente. Eu
conseguia sentir o cheiro e sabor do álcool entre nós.
Suas mãos grandes não esqueceram de tocar o meu corpo ao mesmo
tempo. Cada vez que ele tocava a minha pele, despertava uma sensação de
formigamento. O homem emitiu um rosnado baixo e sedutor com a
garganta, e eu senti o meu rosto corar, com o meu corpo ficando ainda mais
excitado e quente.
Tudo começou a ficar fora de controle e intenso.
Seu toque causou uma agitação fervorosa e de desejo na parte inferior do
meu corpo, e eu continuei me contorcendo até que a minha genitália fosse
gentilmente segurada por uma mão grande e quente. O estímulo sensorial
deixou o meu corpo extremamente sensível e eu não pude evitar gemer.
Movi o meu quadril contra a mão, querendo mais. Seus gemidos
transbordaram pela sua boca, misturando-se a suspiros, todos ecoando no
quarto.
Em meio à escuridão, continuei a receber as carícias da pessoa em mim, e
eu respondia com entusiasmo ao seu toque. Minha consciência
gradualmente se embaralhava, mas em compensação, o prazer em meu
corpo tornava-se cada vez mais claro.
Eu desejava carinho e toques em meu coração, mas só a paixão e o desejo
continuavam em minha mente, até que que o meu corpo desconheceu a
existência de qualquer outra coisa. Eu anseio que a pessoa em mim me
excite mais e eu não quero que ele pare.
Depois disso, os nossos corpos continuaram entrelaçados e evoluindo por
muito tempo. A última coisa que lembrava é que eu parecia estar flutuando
no paraíso do desejo. Em sincronia com ele, o sentimento frio da escuridão
foi completamente substituído por este toque caloroso.
Capítulo 4: Erro
Acredito que a vida da maioria das pessoas não seja como nadar num mar
de rosas. Sempre encontrarão obstáculos, pedras no caminho. E quando
algo dá errado, querem voltar no tempo para consertar o erro. Pena que na
vida real não dá para fazer isso.
Quanto a mim, dou o meu melhor para não me apegar ao passado. Todas
as coisas ruins que aconteceram ou que fiz ficam no passado. Deixo-as para
trás e, como uma lição de vida, aprendo a coexistir com elas. Mas neste
momento, vendo a situação em que me encontro, espero pela primeira vez
que tenha sido só um sonho.
Agora, anseio voltar no tempo para antes de ter acontecido.
A luz clara da janela brilhou através dos meus olhos fechados, a luz do
sol estava forte. Lentamente recuperei a consciência e uma náusea tonta
surgiu. O desconforto repentino me fez franzir o cenho levemente, balancei
a minha cabeça, foquei novamente e lembrei que havia bebido demais na
noite passada, agora tendo dor de cabeça por causa da ressaca.
Esfreguei os meus olhos e deixei escapar um suspiro de alívio,
pretendendo mexer o meu corpo de baixo das cobertas. Neste momento,
uma dor dilacerante se espalhou da parte inferior para o corpo inteiro
através da coluna. Meu corpo ficou rígido, pensando que esta situação era
um pouco incomum. Apenas lembro que estava bêbado ontem à noite. Por
que o meu corpo está dolorido depois de acordar como se eu tivesse me
exercitado por muitas horas? E pelo toque gelado da colcha cobrindo o meu
corpo, é óbvio que estou deitado nu na cama. Além disso, o meu bumbum...
Está dolorido, ardido, e pegajoso como se estivesse saindo algum muco...
Abri os meus olhos e senti o meu coração batendo violentamente em
pânico. O teto bege à minha frente claramente me dizia que este não é o
meu quarto e a minha mente gradualmente recordava fragmentos da noite
passada. Lentamente virei a minha cabeça e olhei para o lado, esperando
que não fosse o que eu pensava.
Um garoto nu com suas costas viradas para mim apareceu na minha
frente. Seu lindo e musculoso dorso estava coberto de arranhões
avermelhados e a parte inferior do seu corpo estava coberta pela mesma
colcha que a minha. Só de ver esta imagem, o meu coração gelou por
perceber como as costas desta pessoa são familiares.
De repente, a lembrança do sexo quente e fumegante piscou na minha
mente. Percebendo o que aconteceu na noite anterior, não pude evitar deitar
minha testa sobre a minha mão com irritação por ter tido uma relação com
esta pessoa ontem à noite.
"Hm..."
Neste momento, vi a pessoa de costas para mim começar a se mexer.
Sentei apressadamente. Com as pernas tremendo levemente pela dor, não
tendo tempo para me incomodar com isto neste momento, peguei
apressadamente as roupas que haviam caído ao lado da cama. Ver a camisa
azul no chão ao meu lado está me enlouquecendo!
Droga! Por que isso teve que acontecer?
Olhando para esquerda e direita, imediatamente me apressei para o que
achei ser o banheiro. Fechei a porta e logo fui ao espelho para verificar o
meu corpo. Apertei os meus lábios levemente quando percebi como
estavam inchados. Todo o meu corpo estava cheio de chupões roxo-
avermelhados, especialmente no pescoço e no peito, dizendo que o que
houve ontem à noite não foi apenas um sonho.
Embora o álcool tenha me causado perda da consciência, e apenas vagos
fragmentos de memória tenham ficado espalhados na minha mente, ainda
lembro que eu não só não empurrei a pessoa do meu corpo ontem, como
também inclinei o meu corpo e ansiei pelas suas carícias e toques...
Esta não é a primeira vez que faço sexo com alguém, mas é a primeira
vez que não faço sexo com um namorado. Mesmo que eu queira que tenha
sido só um pesadelo, está mais do que claro o que realmente aconteceu.
Suportei o desconforto na parte de trás com um rosto tenso e decidi tomar
um banho para me limpar. Relutantemente coloquei a camisa banhada por
álcool de ontem à noite, olhei para a porta do banheiro e hesitei por muito
tempo. Finalmente segurei o fôlego e abri a porta, dando de cara com a
realidade dura.
"Uea", o dono do quarto chamou o meu nome em uma voz grave e rouca.
O homem alto estava sentado na cama, a parte inferior do seu corpo coberta
apenas por uma colcha fina, olhando para mim com olhos inexplicáveis.
Virei meu rosto para o outro lado. Estava tão zangado que não queria ver a
cara dele.
O quarto ficou em completo silêncio até que King resolveu quebrá-lo.
"Quanto você lembra de ontem à noite?"
"Não lembro e não quero lembrar", depois de ter dito isso andei
diretamente até a porta. King saiu da cama quando viu e andou para segurar
o meu punho.
"Aonde está indo?"
"Voltar."
"O seu carro e o meu ainda estão estacionados no restaurante. Me espere
para-"
"Não". Sacudi a sua mão e saí do quarto. Vi a minha mochila no sofá.
Peguei e me apressei em direção à porta, mas o homem alto estava a
bloqueando.
"Saia da frente", falei.
"Uea, está zangado comigo?", ouvindo esta pergunta, não pude evitar o
desdém. Perguntei em um tom sarcástico "O que você acha?".
"Pelo que está zangado? Estávamos muito alegres ontem à noite!", ao
ouvir sua resposta, olhei para ele incrédulo.
"Está zangado comigo por ter gozado den-"
"Você realmente não sabe o que me deixa zangado?!", berrei, incapaz de
continuar contendo as minhas emoções. Todo o meu corpo estava tremendo
de raiva. King olhou-me de cima com uma expressão vazia em seus olhos.
"Isso é mesmo grande coisa? Estávamos bêbados ontem à noite."
"Sim! É, sim! Porque acordei esta manhã e abri os meus olhos só para
descobrir que dormi com alguém que não amava. E quer que eu finja estar
feliz? Não sou como você, que dorme com qualquer um!", a minha voz
tremia tanto que senti que não podia mais falar. Engolindo o caroço na
minha garganta, virei o meu rosto e tentei respirar fundo para conter as
minhas emoções.
"Sei que não posso só colocar toda a culpa em você. Eu estava bêbado.
Você estava bêbado. Ambos somos culpados. Agora que aconteceu, deixe o
assunto morrer aqui e nunca fale sobre isso de novo", continuei.
Olhei em outra direção e continuei a andar até a porta. Quando girei a
maçaneta e estava prestes a abrir, uma voz soou atrás de mim. O que ele
disse me deixou atordoado por um segundo.
"Está tão zangado porque sabe que fui eu que dormi com você ontem,
não é?"
"..."
"Se fosse outra pessoa, não estaria com tanta raiva. Mas foi eu, então é
por isto que está com raiva, certo?"
"Sim!", gritei, antes de virar-me para encará-lo. "Já que entendeu tudo,
nunca fale sobre isso de novo."
"..."
"Não faça com que eu me sinta ainda pior sobre mim mesmo."
Rapidamente saí do apartamento do outro e não planejava ficar para
ouvir o que ele tinha a dizer. A esta altura, eu só queria deixar sua casa o
mais rápido possível e ir para qualquer lugar, desde que não fosse aqui!
Minha ressaca ainda não foi embora e posso sentir a minha cabeça
latejando. Senti algo surgindo na minha garganta antes de cair de joelhos no
canto da rua. Com calor e exaustão, vomitei tudo que tinha na barriga até
ficar sem fôlego.
Recuperando a minha respiração sob o sol quente como brasa, senti algo
quente rolar pelas minhas bochechas. Disse para mim mesmo que era
apenas suor escorrendo da minha testa, mas o ardor em meus olhos
indicavam que eu estava apenas me enganando.
Convenci-me de que era apenas um pesadelo, mas, de novo, não era
mesmo. Não havia nada que eu pudesse fazer para me impedir de sentir
assim.
Estou zangado com o King por ele não conseguir controlar suas partes
baixas. Estou ainda mais zangado comigo mesmo. Sei que isto aconteceu
por minha causa. Não posso lançar toda a culpa nele por ter perdido o
controle após me ajudar ontem. Se ele apenas tivesse me deixado no quarto
e eu o soltasse... se eu não chorasse o implorando para ficar... essa loucura
não teria acontecido.
Se eu não tivesse tanto medo do escuro, eu provavelmente não teria...
A minha visão começou a embaçar com lágrimas. Fechei os meus olhos e
deixei-as fluir continuamente, com o corpo tremendo enquanto soluçava
descontroladamente. O meu corpo pareceu ficar sem energia e não
conseguia mais aguentar.
Parece que a minha vida é cheia de espinhos e obstáculos. Decidi
comprar um copo de café para limpar a minha mente. Depois de tomar um
táxi de volta para o restaurante onde aconteceu a festa ontem à noite para
pegar o meu carro, fui direto para o meu apartamento e deitei
imediatamente. O meu corpo está exausto e dolorido. Ainda não comi nada
e a minha dor de cabeça parece ter piorado. No caminho para casa, passei
na loja de conveniência e comprei uma marmita para comer. Abri e comecei
a comer.
Depois de comer, tomei alguns remédios, então fui para a cama e
adormeci assim que fechei os olhos.
O céu no lado de fora começava a ficar laranja quando acordei. Levantei
e me inclinei contra a cabeceira, olhando de relance o meu celular na minha
mesa. Peguei e abri para olhar. Várias ligações perdidas e mensagens não
lidas surgiram - mensagens da minha mãe pedindo para transferir dinheiro
para pagar a escola da Donkao o mais rápido possível e mensagens do
P'Pok.
Além disso, muitas ligações perdidas do King.
"Por favor, atenda o telefone. Quero esclarecer as coisas com você."
Encarei a fileira de palavras na minha frente com olhar vazio. Não sei
como escrever meu humor atual. Realmente quero escapar do mundo real,
realmente quero dormir de agora em diante sem encarar este fato cruel, mas
sei que é impossível. No fim, ainda tenho que viver e aceitar a realidade de
que isso aconteceu.
Só não agora.
Desliguei o telefone de novo e o coloquei de volta em seu lugar. Ainda
não quero saber o que está acontecendo no mundo exterior e não estou
mentalmente preparado para lidar com isso. Por favor, me dê mais algum
tempo até que eu esteja mentalmente forte o bastante para não mostrar
quaisquer sinais de fraqueza.
Quando o momento chegar, conversarei com ele cara a cara.
****
O final de semana passou num piscar de olhos e era manhã de segunda-
feira de novo. O alarme soou, mas continuei deitado na minha cama, sem
ânsia de levantar e me arrumar como de costume. Deixei os minutos
passarem e só dez minutos depois levantei lentamente e andei até o
banheiro, fazendo a minha rotina matinal em um ritmo mais lento do que
nunca.
Ontem desliguei o meu telefone de novo o dia todo, isolando-me do
mundo exterior. Enquanto isso não aliviava a minha tensão, me dava tempo
para escapar da realidade. Liguei o meu telefone novamente enquanto
dirigia para o trabalho e o alerta de ligações perdidas do King surgiu de
novo, e bem neste momento...
Ring! Ring! Ring!
Gelei. O telefone tocou menos de dois minutos após ser ligado. Apertei
os meus lábios e li o nome. King não desistia de tentar me contatar, mesmo
que eu estivesse decidido a ignorá-lo. Deixei o telefone vibrar sozinho, meu
pé lentamente deixou o acelerador e o carro foi desacelerando devagar.
O trânsito da segunda-feira estava tão pesado como sempre. Acreditava
que não chegaria muito atrasado, ainda que precisasse dirigir um pouco
mais. Não cheguei à empresa até às 8h45, 15 minutos após o horário de
trabalho. De fato, desde o meu primeiro dia de trabalho, se não fosse pelo
trânsito pesado ou o carro quebrando no meio do caminho, raramente
estaria atrasado. Mas hoje eu propositalmente saí pela porta um pouco mais
tarde do que de costume, não querendo ter tempo livre antes de começar o
trabalho.
Não quero olhar ou falar com o King.
Escanei o meu cartão de ponto e cumprimentei os sêniores do escritório a
caminho do departamento. Talvez o meu rosto esteja um pouco assustador
hoje. Normalmente, eu sempre provocava o P'Pong quando entro no
departamento. Hoje só o observei à distância, nem dei um passo adiante.
Entrei no departamento de TI. Os meus colegas já estavam sentados em
suas mesas e começando a trabalhar. Andei direto para a minha mesa.
Quando estava prestes a sentar, meu olhar acidentalmente encontrou o da
pessoa que sentava atrás de mim. O clima de repente ficou intenso, com
tensão invisível preenchendo o ar. Seus olhos afiados me encaravam,
segurando seu olhar e sua expressão solene, não tendo seu sorriso
provocante que eu havia passado a me acostumar. Divergi do olhar e virei
para sentar-me na minha cadeira.
"Por que se atrasou hoje?", perguntou Jade.
"Acordei tarde", respondi de forma curta.
Jade piscou para mim. "Está doente?", sua voz preocupada.
Balancei a minha cabeça em resposta e liguei o computador. Jade
percebeu que eu não estava no clima para conversar agora, então voltou a
focar no seu trabalho. Não consegui evitar um suspiro.
Tenho que admitir, comparado a antes, preferia ser provocado e irritado
pelo King o tempo todo do que estar nesta situação intensa e desconfortável
agora. Pelo menos antes eu podia olhar em seu rosto sem me sentir assim.
Tudo entre nós deu muito errado.
Passei a manhã inteira trabalhando quietamente em minha mesa,
mantendo distância de todo mundo, sem dizer uma palavra. Meus olhos
estavam apenas focados no trabalho à minha frente. Meus colegas
pareceram sentir o meu mau humor, pois ninguém ousou vir conversar
comigo. E não era apenas eu que estava agindo diferente do normal hoje. O
outro protagonista do incidente também esteve quieto o dia todo, e a
habitual voz de brincadeira e conversa com os colegas desapareceu.
Durante a pausa do almoço, costumava ir à cafeteria com Jade e King
para almoçarmos. Recentemente, o Mai se juntou e vai almoçar conosco.
Mas já que não estou com vontade de conversar com pessoas estes dias,
quando o Jade veio e me perguntou o que eu queria comer, disse que
encomendaria comida e comeria no escritório. No fim, o Jade me
acompanhou deixando Mai e King de fora.
Pude sentir um olhar penetrante por trás. Ignorando, continuei a
concentrar-me no meu trabalho. Quando ouvi o King finalmente se levantar
e sair do departamento, deixei sair o fôlego que estava segurando.
O clima entre nós era tão intenso que eu estava prestes a enlouquecer. Por
mais quanto tempo tenho que suportar esta situação?
A comida que pedi chegou 10 minutos depois. Peguei o bento de cavala
grelhada ao sal e andei até a longa mesa nos fundos do departamento. Jade
sentou-se próximo a mim e comeu em silêncio, até que decidiu me
perguntar.
"Uea, tem certeza de que está bem?"
"Por quê?"
"Você está tão quieto hoje e quase não interagiu com os outros. Está com
dor de cabeça?", vendo a tristeza nos olhos do Jade, senti um nó na
garganta.
"Não", respondi.
Ele ficou em silêncio por um momento antes de perguntar "Aonde o King
lhe mandou na última sexta-feira? Ele sabe onde você mora?".
Sua pergunta me fez gelar por um momento. Jade olhava para mim
esperando uma resposta. Engoli a minha saliva para molhar a minha
garganta seca e agi indiferente, como se nada tivesse acontecido.
"Ele me mandou para casa", menti.
"Que bom, fiquei preocupado que ele houvesse lhe mandado para o lugar
errado. Acabei de descobrir que ele também sabe onde você mora", disse
Jade enquanto eu sentava em silêncio.
Vendo que eu estava agindo estranho, fora do meu eu habitual, Jade
abaixou sua colher e me perguntou em tom sério.
"De verdade, algo aconteceu com você?", olhei nos olhos do Jade com o
meu coração cheio de confusão e incerteza.
Seria muito bom expressar e desabafar tudo para ele agora. Seu conselho
e conforto seriam apreciados. Não tenho ninguém na vida em quem me
apoiar, senão o Jade. Mas...
"Estou bem, de verdade", assenti, sem muita certeza se estava
convencendo ele ou a mim mesmo.
"Tem certeza?".
"Sim, desculpe por preocupá-lo", forçando um sorriso, o dei um tapinha
no ombro antes de levantar e jogar fora a minha marmita comida pela
metade. Assim que vi o olhar preocupado do Jade me seguindo, não pude
evitar sentir-me culpado por mentir.
Não importa o quanto eu queira contá-lo tudo por ele ser meu amigo,
penso em como ele também é amigo do King. Nossa relação sempre foi
tensa e o Jade se vê nos meio de nós dois de tempos em tempos. Não quero
adicionar estresse psicológico ao meu amigo por causa deste dilema.
Em qualquer caso, não há nada a mencionar sobre esse assunto e a
melhor opção é não contar para ninguém.
****
À tarde, eu estava quietamente ocupado com as minhas próprias coisas.
O King não veio me incomodar e era óbvio pela sua expressão que também
não estava de bom humor. Com o passar do tempo, o rosto do King tornava-
se cada vez mais irritado e até os seu programador júnior começou a
perceber. Ele correu até o Jade para perguntar o que aconteceu com o seu
sênior, só para ver o Jade sorrir amargamente, indicando que nem ele sabia
o que aconteceu. Quanto a pessoa que sabe o motivo - nem mesmo eu ouso
contar. King disse que queria conversar comigo, mas para mim, desde que
eu saí do seu quarto, a conversa estava encerrada.
"Ei, pode xerocar isto para mim?", eu estava de pé em frente à copiadora
no fundo da sala quando Jade repentinamente veio e me entregou um
panfleto que estava segurando.
"Quantas cópias você quer?"
"10 cópias. Por sinal, sua brochura está pronta?"
"Ainda não", respondi enquanto colocava o panfleto na copiadora.
De repente, Jade inclinou-se no meu ouvido e disse suavemente "Quer
que eu peça para o Mai te ajudar? Ele já terminou e está livre".
"Não precisa, faltam apenas alguns."
"Deixe o Mai ajudar. Ele é muito trabalhador e ajuda as pessoas quando
necessário", Jade elogiou. Soltei um "hm" e continuei o trabalho que estava
na minha mão.
"Então, o que acha do Mai?"
"...ele faz um bom trabalho."
"O que mais?"
"Ele é bonito".
"Oh! É raro você elogiar os outros".
"Só estou falando fatos. Além disso, ele é muito educado. Um bom
garoto", o respondi honestamente. De início, achei um pouco suspeitas as
intenções do Mai em se aproximar de mim, mas depois de passar um tempo
com ele e observar cada atitude sua nas últimas duas semanas, pude
perceber que sua educação não era falsa. Ele só é gentil e educado assim
mesmo.
"Sim, o Mai é muito bom. Qualquer pessoa que o namorasse teria ciúme,
não acha?!", Jade inclinou-se parecendo satisfeito com os meus elogios a
ele. Seus olhos estavam brilhando como se estivesse esperando algo.
"Hm... Imagino quem teria a sorte de namorá-lo."
Ele está referindo-se a si mesmo?
"Então, e se você tiver um namorado como o Mai?"
"Que bom, eu acho? Ele não é paquerador e parece muito verdadeiro", eu
disse tirando os papéis da copiadora. Minha testa franziu quando li o que
estava escrito.
"Hm, Jade?"
"Hein?"
"Você-"
"Terminaram de usar a copiadora? Preciso usá-la agora", minha pergunta
foi cortada por uma voz grossa e profunda atrás de mim. King lentamente
aproximou-se e pude sentir o meu corpo ficar tenso. Posso até sentir o seu
olhar em mim.
"Ei, King, quando chegou aqui?", perguntou Jade, mas King não parecia
interessado em respondê-lo.
"Terminaram? Por favor, saiam se sim."
"Terminamos, você pode usar. Vamos", Jade parecia sentir o clima
sombrio e rapidamente agarrou o meu braço para voltarmos à mesa. Ao
passar, ouvi um suspiro pesado de trás.
"Aqui", entreguei para ele o panfleto que havia me dado mais cedo.
"Obrigado", depois que ele pegou e estava prestes a voltar para a sua
mesa, imediatamente o agarrei pelo braço.
"Jade?"
"Hein?"
"Está interessado nessas coisas?"
"O quê?"
"Não consuma isso. Essas coisas fazem mal para o seu corpo e
afrodisíacos são muito perigosos. Se realmente tiver problemas nesta área,
sugiro que consulte um médico primeiro", lembrei a ele com preocupação.
A expressão aturdida do Jade me disse que ele não havia entendido sobre o
que eu estava falando. Olhei para o panfleto em sua mão e para ele de novo.
Jade ainda é muito jovem. Em meus olhos, ele sempre foi saudável, mas
quando vi que ele estava tirando cópias de panfletos promocionais de
afrodisíaco para melhorar a performance sexual, percebi que ele tinha esse
tipo de problema em pouca idade.
Fiquei sentado em minha mesa até quase 16h, quando decidi levantar do
meu assento para ir ao banheiro.
"Aonde está indo?", Jade olhou e me perguntou.
"Banheiro. Volto já", disse muito quietamente, não querendo ser ouvido
pelas pessoas ao meu redor.
Depois de atender às minhas necessidades físicas, estava prestes a voltar
ao meu assento quando vi alguém com quem nunca queria conversar de
novo bloqueando a porta do banheiro.
"Vamos conversar!"
Sem esperar pela minha resposta, King agarrou o meu pulso e me puxou.
Tentei me libertar do seu aperto, que só ficou mais forte. Não tive escolha a
não ser segui-lo.
"O que é?", perguntei enquanto ele me levava à saída de emergência.
King fechou a porta antes de soltar o meu pulso. Ele me olhou e pude ver
como estava frustrado.
"Precisamos conversar."
"Não tenho nada para conversar com você."
"Por quanto tempo vai me evitar?", sua voz grossa e rouca começou a
ficar mais alta. O rosto do King, que atrai muitas pessoas do escritório,
agora estava cheia de tensão e frustração.
"Admito, sou um idiota. Eu estava bêbado, não consegui me controlar e
fodi você sem proteção. Quero lhe pedir desculpas, mas você fica me
evitando!"
"Tudo bem! Desculpas aceitas. Deixe-me pedir desculpas também porque
parte disso foi minha culpa. Agora que está resolvido, vamos esquecer
sobre esta conversa e tudo que aconteceu", eu disse antes de sair.
King imediatamente segurou o meu pulso. Sua mão apertando mais forte,
ao ponto de eu não conseguir não reagir por dor.
"King, solte!"
"Se você não voltar a ser o Uea de sempre, isso não vai acabar", não só
fingiu não ter me escutado, como também agarrou o meu braço e me puxou
para mais perto.
Travei o meu maxilar e perguntei entre os dentes "O que quer dizer? Não
costumo me dar bem com você! Qual é a diferença entre o nosso estado
atual e o de antes?"
"É que você nem está olhando para mim! Como se eu não existisse neste
mundo. E eu odeio isso!", sua voz de raiva fez o meu coração tremer
estranhamente. Seus olhos afiados estavam cheio de raiva. O homem que
sempre usou um sorriso simples desapareceu em um instante. Engoli seco.
"Diga o que você quer que eu faça. Se ainda se sente desconfortável,
podemos fazer exame de sangue! Qualquer coisa! Mas, por favor, não me
evite. Se continuar fazendo isso, só vai piorar!", o homem alto respirava
ofegante em frustração. Fiquei em pé silenciosamente, olhei para o meu
pulso, que estava sendo segurado pela outra pessoa, e lentamente me
libertei da sua palma enquanto eu falava.
"King, sabe por que estou te evitando?"
"..."
"Porque quanto mais olho para o seu rosto, mais raiva sinto de mim
mesmo!", depois de conseguir puxar a minha mão, levantei a minha cabeça
para encontrar seu olhar. Ele me olhava com uma expressão complicada.
Não pude dizer o que ele estava sentindo agora, mas quanto a mim...
Estou cansado física e mentalmente.
"A única coisa que eu quero é que isso acabe e não seja mencionado de
novo. Você já se desculpou comigo, então não me incomode mais. Não
mencione de novo, para que eu consiga esquecer o mais rápido possível."
Depois que terminei de falar, passei por ele, abri a porta e voltei ao
escritório sem fazer um som, deixando o King lá sozinho sem nem olhar na
cara dele.
Olhei meu pulso e ainda posso sentir sua mão quente amarrada a ele.
Vendo a marca levemente vermelha, senti a minha garganta começando a
ficar seca. Os cantos dos meus olhos começaram a marejar. Rapidamente
pisquei duas ou três vezes e respirei fundo. Consertando minha expressão,
andei de volta para a minha mesa como se nada tivesse acontecido.
Sei que não posso consertar o passado, mas o tempo pode curar tudo.
Enquanto o tempo passa, vou começar a ter coragem para encarar os meus
erros e conseguir voltar aos trilhos.
Só queria que esse dia chegasse logo.
Capítulo 5: A Desgraça Nunca Vem Sozinha
Já faz uma semana desde a festa de boas vindas. E desde então, parece que
o azar tem me seguido.
Há uma semana, alguém bateu na traseira do meu carro e quebrou a
minha lanterna. O porta-malas até ficou amassado, e eu tive que mandar
para o conserto. Além disso, a situação entre o King e eu não estava nada
melhor - ainda está cheia de tensão e muito desconfortável. Desde que
tivemos aquele confronto na saída de emergência, nunca mais falei com ele
e o evitei a todo custo. Quanto ao King, ele parecia calmo e indiferente, mas
havia vezes em que eu podia sentir seu olhar irritado e frustrado por trás de
mim. Eu nunca me importei e só focava no meu trabalho.
Além disso, não temos nada sobre o que conversar.
"Uau! A pessoa que me vendeu esta marmita é dona de um jardim de
pimenta? Por que diabos está tão apimentado? Qualquer um que comer isso
terá diarreia. E está salgado pra caramba! Como ousam vender isso?", um
murmúrio alto foi ouvido da mesa ao meu lado. Jade, que decidiu comer
comigo no escritório hoje, estava reclamando sobre a comida que comprou.
Sua língua seca e olhos marejados.
No momento é hora do almoço. Decidi comprar uma marmita pela
manhã e comer no almoço, em vez de sair para comer num restaurante
próximo. O Jade às vezes me acompanha para almoçar e às vezes sai para
comer com o King e o Mai. Jade tentava me levar para jantar depois do
trabalho, mas eu recusei todos eles porque não queria ficar no meio dos
planos do Mai. A intenção de busca era muito clara, mas o Jade é muito
desatento para perceber.
Desde o incidente, tenho visto um sorriso amargo no rosto do Jade mais
de uma vez. Assistir seus dois melhores amigos agindo tensos um com o
outro deve tê-lo preocupado muito. Mesmo assim, não me forçou a falar
sobre e nunca perguntou o que estava acontecendo. No passado, sempre que
eu me metia em problemas, o Jade sempre me perguntava o que estava
havendo com uma expressão preocupada em seu rosto. Se ele achasse que
estaria confortável o bastante para conversar sobre, ele sentaria e ouviria
com boa vontade.
O Jade ser o meu melhor amigo é uma das melhores coisas que já
aconteceram na minha vida.
"Está muito apimentado? Quer trocar pelo meu?", perguntei quando o vi
tirar a pimenta de dentro. O Jade olhou para a minha marmita de arroz com
porco frito e só balançou a cabeça.
"Não, pode comer", disse antes de continuar comendo. Embora ele
tivesse que beber um bocado de água gelada para cada colher de arroz, e
continuasse reclamando, logo a marmita de arroz frito com carne de porco
picada e folhas de manjericão se foi. Conheço o Jade há tanto tempo e eu
raramente o ouço reclamar sobre comida. Não importa o quanto o gosto
estivesse ruim, ele comeria tudo. Nunca deixava nenhuma sobra.
Não tenho certeza se o meu amigo estava mesmo faminto ou só não
queria gastar dinheiro.
"Só vou ao banheiro. Volto já", disse ao Jade enquanto colocava a última
colherada na boca. Levantei e joguei a marmita no lixo.
Eu estava prestes a entrar no banheiro, fiquei aturdido quando vi o King
de pé no balcão, lavando as suas mãos. Ele levantou a cabeça quando notou
a minha presença.
"Entre se quiser. Já estou de saída", falou em voz baixa e fria. Parecia
calmo, mas eu pude ver em seus olhos profundos a frustração e a raiva
enquanto olhava para mim.
Fui ao banheiro, tentando não olhar em seu rosto. Assim que eu estava
prestes a passar por ele, King falou comigo de repente.
"Sério, por quanto tempo vai continuar com isso?", perguntou em tom
irritado. Olhei para ele e não pude evitar perguntar "O que há para se
conversar?".
"Foi você quem disse que queria que este assunto fosse encerrado. Então
por que continua me ignorando?".
"Geralmente eu nem falo com você."
"Eu sei, mas não me ignorava assim. Se quer que tudo volte ao normal,
então aja como costumava!", replicou ele, o que fez o meu rosto contrair.
Rapidamente saí do banheiro deixando-o xingando para trás.
Tenho o conhecido por anos e posso dizer que o King é uma pessoa
muito impaciente. Ele nunca pensa sobre suas aventuras de uma noite só,
então ele não gosta da forma como estou agindo agora. Mas não sou como
ele. Sempre que vejo seu rosto, não posso evitar pensar sobre o incidente.
Sentei de volta na minha própria mesa, rapidamente abrindo o programa
que deixei e continuei a trabalhar. Ouvi Jade perguntar ao King como estava
o seu almoço, mas King respondeu apenas com um silencioso "sim".
Não só ele estava puto, eu também estava por não conseguir superar.
"P'Uea, comprei uma vitamina de melancia para todos. Tome um pouco,
por favor", veio o Mai com um grande copo de vitamina de melancia para
me "subornar".
Depois de agradecê-lo, agarrei o canudo e tomei um gole. Não está doce
demais, mas dá a sensação de frescor. Enquanto sugo a vitamina de
melancia para dentro da minha boca, meu nervosismo diminui um pouco.
Virando-me e vendo o Mai aproveitar a oportunidade para ir conversar com
o Jade, não pude conter um sorriso.
Bem, vendo que ele se esforçou tanto comprando vitaminas de melancia
e as deu para todos, vou lhe dar alguns pontos!
*
Se me perguntassem sobre as coisas mais problemáticas e chatas que já
encontrei na minha carreira, definitivamente responderia que são pessoas
que trabalham irresponsavelmente.
Sentei e encarei P'Mongkhon enquanto ele guardava suas coisas com
pressa, como se o trabalho tivesse acabado. Ele acabou de anunciar na
nossa frente que seu cachorro estava seriamente doente no hospital, e
morrendo. Ele disse que deveria ir vê-lo uma última vez, e então entregou o
trabalho dele para o Jade.
"Obrigado! Lhe pago um café amanhã!", P'Mongkhon deu no Jade, que
estava sentado parado porque não esperava nenhum trabalho extra, um
aperto no ombro. Fiquei encarando o P'Mongkhon com um olhar
desaprovador e irritado que, quando ele virou e viu minha expressão, só
sorriu vergonhosamente e saiu apressado. Quanto a mim, posso apenas
olhar o meu amigo com pena.
Não é que somos mesquinhos, se os nossos colegas estiverem mesmo
com pressa, é claro que daríamos uma mãozinha imediatamente, mas o
problema é que esta não é a primeira vez que o P'Mongkhon procura
desculpas para evitar o trabalho. Às vezes ele diz que sua família está
doente. Às vezes ele diz que brigou com a sua esposa ou que seu cachorro
está doente, ou morto. Não sei quantas vezes por ano isso acontece.
Acredito que até crianças no jardim de infância saberiam que ele está
mentindo ao ouvi-lo.
"Por que isto está acontecendo? O cachorro morreu de novo? Esta é a
terceira vez no ano. Quantos cachorros o P'Mongkhon tem em casa?",
alguém perguntou em voz alta, como se quisesse ser ouvida por todos.
"Não sei... suspeito que sua família administre um canil", comentou um
júnior.
"Você tem que ser como eu. Deixe-o ser repreendido pelo chefe, Jade.
Você está sempre o ajudando", Fai clicou sua língua, claramente o
comportamento do P'Mongkhon lhe causava insatisfação.
"Sabe que se eu não ajudá-lo, ele vai vir nos culpar por não termos o
ajudado", meu amigo balançou a sua cabeça cansado.
Sempre que algo acontece com o P'Mongkhon, parece que o Jade é
sempre o azarado. Ele não ousava dar suas tarefas para mim porque eu
deixava claro que não gostava de fazer o trabalho dos outros. Além disso, a
energia negativa que eu emitia o fazia não ousar me incomodar, então ele
tinha que pedir ajuda ao Jade.
Tentei conversar com ele diretamente e até persuadir o Jade a não pegar
qualquer trabalho dele mais, mas não acabou muito bem. P'Mongkhon sabe
como jogar suas cartas e usá-las contra nós. Ele sabe que não gostamos de
ser repreendidos pelo chefe, então ele tem confiança sobre o trabalho sendo
feito, é por isso que fica deixando o seu trabalho para nós.
"Vou ajudá-lo", levantei do meu assento e andei até o Jade, que estava
abrindo o computador do P'Mongkhon para visualizar seus arquivos de
trabalho.
"Ah, Uea! Você é um enviado do céu."
"Envie-me os arquivos."
Talvez a única coisa que eu possa fazer pelo meu amigo é ajudá-lo no
trabalho! Quando o relógio marcou 17h30, os colegas do departamento
começaram a deixar a sala um a um, deixando apenas eu, Jade e Mai para
continuar a terminar as tarefas do P'Mongkhon. Quanto aos programadores
como King e os outros, eles ainda estavam sentados em suas cadeiras para a
testagem de programas. Neste momento, o telefone que coloquei de lado
vibrou repentinamente e, quando vi o nome mostrado lá, não pude evitar
revirar os olhos.
Eu já paguei pela mensalidade da Donkao na semana passada, então por
que ela está ligando de novo?
"Mãe", relutantemente pressionei o botão para atender, mas a voz do
outro lado da linha não era da minha mãe.
"Olá, você é parente da sra. Tida?"
"Sim."
"Esta é uma ligação do hospital. A Tida envolveu-se em um acidente de
carro e machucou a perna. Por favor, venha ao hospital o mais rápido
possível", todo o meu corpo ficou dormente quando ouvi o que tinha
acontecido com a minha mãe. A enfermeira rapidamente esclareceu que o
ferimento não era tão sério, mas eu não pude evitar ficar ansioso.
"Tudo bem, irei o mais rápido possível!", respondi antes de desligar.
Rapidamente salvei o meu trabalho e comecei a guardar as coisas da mesa,
colocando-as na minha mochila.
"O que há de errado, Uea?""
"A minha mãe foi atropelada por um carro e agora está no hospital
Lerdsin."
"Ela está bem?", Jade perguntou em tom preocupado.
"Não é tão sério, no entanto. Mas tenho que correr e pagar a conta do
hospital", continuei arrumando as minhas coisas com mãos trêmulas. Meu
amigo franziu a testa e me perguntou "Como vai chegar lá? Você não veio
dirigindo hoje".
"Vou pegar um táxi."
"Acho que é Mai conveniente que o Mai lhe leve, vai poupar muito
dinheiro."
"Não precisa, eu vou-"
"O engarrafamento é mortal a esta hora. Quanto vai custar um táxi?
Deixe o Mai levar você! Mai, tudo bem para você, não é? Vá, leve o Uea."
Vi o Jade animadamente puxando a manga do Mai. Embora o Mai
estivesse muito confuso pelas atitudes do Jade, ele imediatamente levantou-
se por cortesia.
"E-está bem..."
"Não precisa-"
"Deixem que eu o levo", uma voz grossa e rouca falou de trás. King
desligou seu computador, pegou a chave do seu carro, virou-se e me olhou.
"King, você não tem trabalho para fazer?", Jade o olhou antes de virar
seu olhar para mim e então para ele de novo. Ele provavelmente pode sentir
a tensão entre seus dois melhores amigos que estão se encarando.
"Já fiz", respondeu ele ao Jade, mas ele não tirou seu olhar dos meus
olhos nem por um momento. Jade apenas piscou.
"Mas-"
"Se você deixar o Mai levar o Uea, como vai para casa?"
"Trem!", Jade respondeu rapidamente.
"Deixe o Mai ficar com você, assim ele não tem que ficar indo para lá e
para cá. A mãe do Uea está em Lerdsin, perto de onde eu moro. Então
posso fazer isso por conveniência", disse King.
"Mas-", Jade tentou argumentar.
"O seu trabalho ainda não acabou. Deixe o Mai ficar e ajudar você, e eu
levo o Uea ao hospital", o homem alto cortou as palavras do Jade com uma
voz severa, não deixando qualquer brecha para argumentos. Ele andou até
mim e perguntou em voz baixa "Vem comigo?".
Olhei para ele e pensei. Realmente não quero ficar sozinho com ele, mas
isto é uma emergência...
"Sim, tudo bem. Obrigado", respondi suavemente. Embora ele tenha se
oferecido para ajudar desta vez, não quero recusar sua gentileza
grosseiramente. Pelo menos poupar o dinheiro do táxi. Além disso, vamos
passar muito tempo juntos na empresa, então talvez eu deva aproveitar esta
oportunidade para tentar consertar a nossa "relação".
"Não há de quê", respondeu King antes de sair primeiro. Agarrei a minha
bolsa e encarei Jade.
"Lamento não poder ficar para lhe ajudar."
"Ei! Tudo bem, vai estar pronto logo. Corra e visite sua mãe!", me
confortou, gentilmente batendo em meu ombro.
"Vejo você amanhã."
"Até mais! Cuide-se!", a voz do Jade veio por trás enquanto eu batia o
ponto de saída. Empurrando a porta para sair, vi o King na frente do
elevador, pressionando o botão para evitar que as portas fechassem.
"Entre."
Entrei e fiquei no canto do elevador. Enquanto as portas do elevador
fechavam, o clima entre nós parecia ainda mais tenso do que antes.
Basicamente, desde que entramos no elevador, nenhum de nós falou.
Nem mesmo enquanto o King me levava até o hospital. Embora eu goste do
silêncio, um silêncio assim só torna o clima mais estranho, quase sufocante.
O trânsito fica muito pesado depois do trabalho e o carro está preso no meio
da estrada, então só posso observar a paisagem do lado de fora da janela
quietamente. Quanto ao King, ele está dirigindo em silêncio, não se
importando em me provocar.
"Obrigado por me trazer até aqui", depois de uma hora e meia, fui o
primeiro a quebrar o silêncio. Quando o carro parou na frente do hospital,
destravei meu cinto de segurança.
"Quer que eu espere por você?"
"Tudo bem. Posso voltar sozinho."
Sem olhar para trás, abri a porta e saí do carro. Corri até o balcão de
informações sobre pacientes com pressa. O enfermeiro deu o número da
enfermaria da minha mãe e me disse para ir lá. Agradeci e me apressei até
lá.
"Demorou."
Foi a primeira coisa que ouvi da boca da minha mãe assim que entrei em
seu quarto. A tal mãe está deitada na cama com uma expressão irritada em
seu rosto.
"O que aconteceu? Como foi atingida por um carro?", fingi não me
importar com o que ela acabou de dizer e só perguntei o que estava
havendo.
"Só vim ver minhas amigas por aqui. Eu estava prestes a atravessar a rua
quando o carro me atropelou. O médico disse que eu torci o tornozelo e tive
hematomas nas minhas nádegas. Aquele motorista deve ser cego! Como ele
pôde não me ver atravessando a rua?", ela resmungava em irritação.
Meus olhos divergiram do rosto da minha mãe e vi um molde macio ao
redor do seu tornozelo. Todo o resto estava normal, o que me aliviou um
pouco.
"Por que demorou tanto, afinal? São quase 20h30. Não ligaram para você
há muito tempo?", minha mãe apertou os seus olhos com raiva e olhou para
mim.
"É o trânsito."
"Tendo em vista que você não atende o telefone depois de tocar por tanto
tempo, pensei que queria esperar até eu morrer!", ouvindo o sarcasmo da
minha mãe, respirei fundo e segurei.
"Já ligou para casa?"
"Já liguei. A Donkao está num acampamento em Waifu e o seu pai está
em Chiang Mai para participar de um seminário. Por isso pedi que você
viesse", não pude evitar ranger os dentes quando ela se referiu ao seu novo
marido como meu pai.
Pai minha bunda.
"O médico deixou você dormir no hospital por uma noite?"
"Oh! Não dormi no hospital! Rápido, pague a conta médica enquanto está
aqui. Quero ir para casa. Ah, e também lembre de me dar o dinheiro do
táxi! Vou voltar sozinha mais tarde", minha mãe me chutou para fora da
enfermaria. Depois disso, a vi pegar o telefone e jogar.
Depois de respirar fundo, saí e perguntei à enfermeira sobre o custo.
Depois de pagar a conta médica, a ajudei a sentar numa cadeira de rodas e a
empurrei até a frente do prédio do hospital, onde planejava esperar por um
táxi. Havia cadeiras na saída do hospital para os pacientes e suas famílias
sentarem. Eu estava prestes a ir lá quando vi o King sentado lá, o que me
pegou de surpresa.
Ele ainda não voltou para casa?
"Quem é aquele?", minha mãe perguntou. King, notando a nossa
presença, levantou-se e se aproximou de nós.
"Meu amigo do trabalho. O meu carro precisa ser consertado, então ele
me trouxe até aqui."
"Tem certeza? Ele não é o seu chefe? Ele é rico?", a minha mãe disse tão
alto que as pessoas que estavam próximas não puderam evitar olhá-la.
Parado, apertei a mão ao ouvir suas palavras.
A minha mãe sempre foi assim. Sarcástica e maldosa. Tudo para tirar
sarro de mim e da minha sexualidade. Sempre que havia muitas pessoas, ela
dizia essas coisas em voz alta só para me envergonhar. Este é um dos
motivos pelos quais eu odeio ir para casa. Não quero ouvir essas palavras
dolorosas da pessoa que me deu a luz.
"Olá, tia", cumprimentou King. Olhando para ele, embora o seu rosto
estivesse sem expressão, eu sabia que ele havia ouvido aquelas palavras
como todo mundo.
"Olá", a minha mãe cumprimentou de volta enquanto olhava para o King
da cabeça aos pés. "Você é namorado do Uea?".
"Sou amigo do Uea."
A minha mãe forçou um sorriso e o olhar em seu rosto claramente me
dizia que ela não acreditava no que o King estava dizendo. Depois disso, ela
virou o seu olhar para mim, que estava de pé atrás dela, e me mandou
chamar um táxi.
"Chame logo um táxi!", eu estava prestes a falar quando o King falou.
"Fique aqui. Vou chamar um para você", antes que eu pudesse dizer não,
ele saiu. Não muito tempo depois, um táxi estacionou na entrada do
hospital.
"Rápido! Me dê a tarifa do táxi", ouvi sua exigência enquanto a ajudava a
entrar no carro. Apertando os meus lábios, abri a minha carteira e tirei 300
baht [N/T: cerca de R$ 43,74]. Ela rapidamente agarrou da minha mão antes
de fechar a porta do carro.
Fiquei parado em pé e observei o táxi deixar o hospital.
"Vamos. Vou lhe levar em casa", disse King.
Mãos grossas agarravam o meu pulso e me puxavam até o
estacionamento. Languidamente segui os seus passos. Quando pensei que
esta seria a primeira vez que vi a minha mãe em quase um ano, não pude
evitar suspirar. Sempre que vejo a minha família, fico infeliz e as minhas
emoções ficam ainda mais pesadas do que antes.
"Como está a sua mãe?", a voz grossa tentava falar comigo pela primeira
vez desde que nós dois ficamos sozinhos.
"Seu tornozelo está um pouco fora do lugar, mas nada sério."
"Isso é bom."
O silêncio que se seguiu suprimia o clima no carro de novo. Eu olhava
atordoado através da janela do carro no sinal vermelho do semáforo à
frente, e perguntei em voz baixa...
"Você ouviu aquilo?", olhei o King enquanto ele divergia seu olhar da
estrada e olhava para mim.
"O quê?"
"O que a minha mãe disse."
"...Sim."
"Lamento, a minha mãe sempre faz isso," disse amargamente.
Em relação aos assuntos da minha família, tanto Jade quanto King sabem
que o motivo pelo qual me recusava a ir para casa era o meu pai adotivo.
Meu conflito com a minha mãe era porque ela não gostava de mim por eu
gostar de homens. Mas ele provavelmente pensa que o conflito foi tão sério
ao ponto da minha mãe poder me envergonhar e insultar assim na frente de
outras pessoas.
"Por que lamenta? Você não fez nada de errado", perguntou ele. Ele me
encarou por um momento antes de adicionar "Eu é quem deveria estar me
desculpando".
"Sobre o quê?"
"A sua mãe não teria dito aquilo se eu não tivesse me aproximado de
você."
Honestamente, não tinha realmente nada a ver com o King se
aproximando de mim ou não. Se a minha mãe quisesse me envergonhar,
mesmo que eu sentasse em silêncio e ninguém falasse comigo, ela faria de
qualquer forma em que pudesse pensar.
"E sinto muito sobre aquela noite", disse em voz sincera. O assunto sobre
o qual eu não queria conversar novamente nunca foi de novo mencionado,
fazendo-me ficar um pouco tenso. Eu estava prestes a cortá-lo, mas vi como
seus olhos estavam cheios de culpa e arrependimento.
"Eu estava bêbado naquela noite e realmente não tinha a intenção de
fazer nada assim com você! Se eu estivesse sóbrio, nunca teria feito! Faz eu
sentir-me mal ver o que aconteceu entre nós."
"..."
"Eu sei que você queria nunca falar sobre isso de novo, mas está me
afetando. Sei que você não gosta de mim tanto assim, mas sempre pensei
em você como um amigo, Uea. Vê-lo ignorar a minha existência, faz com
que eu me sinta ainda mais culpado", não pude conter um suspiro após
ouvi-lo.
Admito que eu me sentia muito desconfortável. Nem queria me
aproximar dele ou ver o seu rosto. Mas, por outro lado, eu sabia que o
culpado não era o King. Foi eu que fiquei bebendo descontroladamente e,
no fim, fiquei tão bêbado que não conseguia levantar e deixei acontecer.
"Não é você que é o culpado. Eu também deveria ser culpado porque...
não lhe parei."
Pensando no que aconteceu naquela noite, minha voz gradualmente ficou
rouca. Respirei fundo e pedi desculpa.
"Eu sinto muito."
"..."
"Nunca pensei em culpar apenas você. Eu só não quero conversar sobre
aquela noite. Honestamente, ainda não quero ver o seu rosto", o rosto do
King ficou mais sério e eu virei o meu.
"Mas eu realmente falo sério quando digo que lhe perdoei. Você não tem
que se preocupar com isso", adicionei.
Neste momento, a luz vermelha do semáforo ficou verde e o King tirou
os seus olhos do meu rosto, refocando na rua à frente dele. Eu o disse a
localização do meu apartamento há muito tempo, e nenhum de nós dois
disse uma palavra pelo resto da viagem. O carro estava estacionado na
interseção na frente do meu prédio e enquanto eu destravava o meu sinto de
segurança, o agradeci em voz baixa. Assim que eu estava prestes a abrir a
porta e sair do carro, King agarrou o meu braço, seus olhos piscando.
"Eu sinto muito mesmo", ele repetiu. Olhei para baixo sem dizer uma
palavra e finalmente assenti.
"Bem, obrigado por me trazer de volta", respondi suavemente antes de
puxar o meu braço da sua mão e sair.
Quando cheguei ao meu apartamento, fui direto para o sofá. Exausto.
Sei que a minha relação com o King ser 100% do que era antes de
acontecer, mas estou cansado e não quero chorar e remoer o passado, que
não pode ser mudado. Não é a primeira vez na vida que algo dá errado.
Já estive com pessoas que partiram o meu coração. Embora me doa muito
a cada vez, posso sempre me recompor e seguir em frente. Pelo menos o
King é completamente inocente, diferente de outras pessoas que nem tem
remorso se quebraram o meu coração
Suspirei de novo e lentamente fechei os meus olhos. O acúmulo
prolongado da fadiga me fez lenta e inconscientemente adormecer. Quando
acordei, já eram 22h. Levantei e tomei banho antes de deitar na cama para
dormir, acordando horas depois para ir trabalhar.
***
Na manhã seguinte, eu estava no meu telefone esperando pelo elevador
quando senti uma presença ao meu lado. Assim que o suave cheiro de
mente atingiu o meu nariz, imediatamente reconheci quem era. Virei para
olhá-lo e encontrei seus olhos. O leve constrangimento entre nós me fez
suspirar.
"O que está olhando?", perguntei.
"Não posso olhar para o meu colega de trabalho?", perguntou ele de volta
enquanto entrávamos no elevador.
"Veio me incomodar de novo cedo pela manhã?"
No momento, éramos apenas o King e eu no elevador. O King não me
respondeu e eu apenas dei de ombros. Enquanto assistimos o número do
andar mudando, o clima estranho entre nós parece estar gradualmente se
dissipando. Parece que posso finalmente respirar aliviado.
Tenho estado muito cansado nos últimos dias, agora só quero deixar para
lá e seguir em frente.
Quanto àquela noite, foi só um erro na minha vida... só isso.
Capítulo 6: O Início
Com o passar dos dias, a tensão entre o King e eu começou a diminuir.
Desde o incidente no elevador, a minha relação com ele tem se
recuperado lentamente, o que significa que ele vem me provocar de tempos
em tempos. Às vezes, eu ignoro, às vezes, não. Eu retalio como costumava
antes. Claro, não podemos voltar a ser 100% de como costumava ser. Ainda
tem algum constrangimento e um pouco de tensão, mas tenho certeza de
que precisará de tempo para esquecer completamente sobre aquela noite.
Bem, pelo menos podemos conversar um com o outro de novo. O Jade não
tinha que se preocupar com nada, como antes. A única desvantagem é que o
Jade voltou a ser o "entregador".
Na época quando o King e eu estávamos brigados, os homens do
escritório provavelmente sabiam que eu não estava no clima. Ninguém
ousou se aproximar e me incomodar, ou até me dar um presentinho como de
costume. Contudo, assim que viram que eu voltei ao normal, começaram a
pedir que o Jade me entregasse presentes de novo. Estou muito insatisfeito
com o comportamento deles!
Pensei que já tivesse deixado claro antes que não me envolvo com
pessoas da empresa. Será que não falam tailandês?
"N'Uea~", P'Pong, do departamento de vendas, me chamou em tom
baixo. Estou um pouco confuso e perdido no momento porque ainda não sei
quem me deu a sacola de lanches através do Jade. O sênior de 30 anos
entrou no nosso departamento com um sorriso em seu rosto e um copo de
café em sua mão.
"Comprei este café especialmente para você!", ele andou bem na minha
frente e colocou o copo de café na minha mesa sob o olhar dos meus
colegas de departamento. Olhei o copo de relance antes de dizer "Lamento,
mas eu não tomo-"
"N'Uea, você não toma mais café? Então vou comprar um pouco de suco
para você."
"Não é isso. Não bebo nada disso, então você não tem que comprar para
mim", minhas palavras perturbaram o P'Pong de imediato. Suspirando,
fiquei de pé e me aproximei dele.
"Por que não usa o seu tempo para cuidar da pessoa que está traindo em
vez de fazer isto? Você não está num relacionamento? Ela está trabalhando
no escritório abaixo do nosso, não está? Se souber que está traindo
enquanto está numa relação com ela, vai ficar de coração partido e não
confiará mais em você".
Quase me senti mal quando vi sua expressão de choque e mágoa, mas ele
precisa ouvir. Pessoas gananciosas que não conseguem ser leais aos seus
parceiros precisam ouvir. Pessoas que têm uma mente de traidor precisam
ouvir. Precisam estar cientes porque acredite em mim quando digo que 90%
desses homens são inconscientes e não percebem. Uma vez que começaram
a trair ou já traíram, acontece de novo e de novo.
É um ciclo vicioso que não termina.
"Obrigado pela sua gentileza, mas seria melhor não fazer isso de novo no
futuro", coloquei o café de volta em sua mão e sentei de volta em minha
cadeira. P'Pong deixou o meu departamento rapidamente. O assisti fugindo
pelas costas e suspirei.
Parece que ele não vai pisar neste departamento por um tempo.
"Aw, ele se esforçou tanto para comprar presentes para te agradar, mas
você o rejeitou! Você é cruel demais, Uea", King me provocou assim que
P'Pong saiu.
"Eu só tinha que deixar claro. Diferente de alguém que usa conversa
fiada, dando falsa esperança", zombei.
"Se chama ser gentil."
"Se chama ser paquerador", não pude evitar discutir com ele. King deu de
ombros e voltou ao trabalho.
É assim que geralmente querelamos. Começamos com duas ou três
palavras, mas acabamos brigando com mais dez. Bem, pelo menos não está
tão constrangedor quanto antes.
"Neste caso, devo reduzir a lista de pessoas de quem recebe, certo? Ele
provavelmente não vai mais incomodá-lo", perguntou Jade.
"Já lhe disse. Não importa quem seja, não pegue presentes. E eu já disse
antes que os nossos colegas estão fora de cogitação."
"Mas você ainda pode aceitar os meus, senão ficarão tristes!", King veio
e deu um tapinha nas costas do Jade antes de rir com alegria. Revirei os
meus olhos.
A longa semana já passou de novo e, num piscar de olhos, é o final de
semana de novo. Na sexta-feira à noite, tomei um banho e fui para a cama
mais cedo do que o normal porque tinha um lugar aonde ir muito cedo pela
manhã. Nesta tal manhã, meu telefone começou a tocar, me acordando antes
do meu alarme. Bocejando, agarrei o meu telefone e não pude deixar de
franzir o cenho quando vi quem estava ligando.
"O que é?", perguntei em tom de irritação. É cedo demais para estar
ouvindo a voz dele.
"Você acordou tarde!", a irritante voz do King saiu pelo alto-falante. Virei
para ver a hora, eram apenas 8h30 da manhã.
"Tenho o dia de folga hoje. Cabe a mim a que horas quero levantar.",
resmunguei. Trabalhei duro esta semana. Mereço descansar.
"Não, mas você tem que acordar cedo mesmo! Muitas pessoas estarão
esperando na fila!"
"Fila do quê?", perguntei em confusão.
"Na fila do exame de sangue!", disse alegremente, fazendo-me gelar.
"Isso mesmo! Vou lhe levar para fazer um exame de sangue."
"..."
"Estou esperando aqui embaixo, então se vista rápido!", disse King antes
de encerrar a chamada. Qualquer sonolência que eu tinha rapidamente
desapareceu. Imediatamente levantei e fui rapidamente ao banheiro.
Geralmente, sempre que eu transava com outras pessoas, sempre me
certificava que um de nós estava usando proteção. Na noite em que fiz sexo
com o King foi a primeira vez que dormi com alguém sem qualquer
proteção. Sexo entre dois homens é mais arriscado do que sexo entre um
homem e uma mulher. Além disso, o King troca de parceiro a cada noite.
Para ter certeza, decidi fazer o exame de sangue.
Na verdade, eu originalmente planejava ir ao hospital hoje. Eu só não
estava esperando que ele viesse e fizesse comigo. Talvez esta também seja
uma forma de ele expressar suas desculpas.
Depois de trocar de roupa, desci apressado para procurar por ele. King
estava usando uma camisa de manga curta cinza e jeans preto hoje, sentado
quietamente no sofá esperando por mim com um copo de café gelado em
sua mão.
"Café?", perguntou enquanto levantava o copo em sua mão.
"Obrigado, mas vamos!", recusei e o King deu de ombros antes de seguir.
"O seu carro ainda não foi consertado?"
"Hm". Se o meu carro já estivesse consertado eu não estaria no seu! Quis
dizer isso, mas não tinha energia para discutir com ele cedo pela manhã.
Além disso, estou tão nervoso agora que não quero conversar nada.
Pelo caminho ao hospital, o King tentou me engajar numa conversa e, às
vezes, me provocava, mas como eu estava ansioso, mal respondia. E estava
me deixando maluco.
Não que eu nunca tenha feito um exame de sangue para AIDS. Eu tenho
feito todo ano e estava tudo bem porque tomava medidas de segurança. Mas
esta era a minha primeira vez fazendo exame por um sexo desprotegido. E é
por causa do Kin-
"Uea, está me encarando de novo?", King pareceu sentir o meu olhar
mesmo não tendo tirado os seus olhos da estrada. Respirei alto em irritação.
Quanto mais eu via o comportamento indiferente, mais queria batê-lo! Se
eu não estivesse preocupado em capotar, teria lhe dado uma surra. [N/T:
possível inconsistência na última frase]
Chegamos ao hospital cerca das 10h e não haviam muitas pessoas para
exame de sangue. Não demorou muito até chegar a nossa vez. Em todo
tempo que eu esperava, sentei em silêncio por medo. King, que estava
sentado ao meu lado, não me provocava nem dizia qualquer coisa, mas era
óbvio para mim como ele também estava um pouco nervoso. Só uma hora
depois o resultado saiu.
Deixei sair um suspiro de alívio depois de ver que ambos os nossos
exames deram negativo.
"Eu disse que ficaríamos bem. Você estava pensando demais!", exclamou
King enquanto íamos ao estacionamento.
"Como posso não ter medo? Você não é tão confiável!"
'"Khun Anon, só para você saber, levo sexo muito a sério. Também não
quero morrer rápido!"
"Mas você não usou camisinha naquela noite", o encarei. King ficou
atordoado ao ouvir aquilo, antes de sorrir timidamente.
"Bem, eu estava bêbado. Mas eu prometo! Uso toda vez!", disse ele
levantando sua mão direita. Virei para o outro lado e o ignorei.
Toda a viagem foi envelopada pelo silêncio depois daquilo. Eu estava
esperando que o King me levasse de volta ao meu apartamento, então
quando o cenário ficou desconhecido para mim, franzi a testa.
"Este não é o caminho de volta para o meu apartamento", disse ao
perceber que ficávamos cada vez mais distantes do meu apartamento.
"Quem disse que vamos voltar ao seu apartamento agora?", sorriu
malicioso.
"Estou com fome e queria comer. Você provavelmente não deve ter
tomado café da manhã ainda", King olhou com um sobrancelhas franzidas.
Na verdade, antes do exame de sangue, eu estava tão preocupado que
esqueci, e agora que ele mencionou...
Fiquei em silêncio e só deitei as costas no banco do passageiro. Vendo
que eu não me importava, King continuou dirigindo. Alguns minutos
depois, chegamos em um shopping bem conhecido.
"O que quer comer?", ele perguntou enquanto entrávamos no shopping.
Olhei pelos restaurantes e nenhum eram baratos.
"Algo da praça de alimentação", rapidamente sugeri.
"Não se preocupe com o preço. É por minha conta."
"Por que de repente quer pagar para mim?", perguntei, estreitando os
meus olhos para ele.
"Veja isto como uma forma de me desculpar", respondeu de forma
simples. Vendo minha expressão de desconfiança, ele suspirou.
"Só escolha ou não- Na verdade, eu vou escolher! Vamos!", King
imediatamente pegou o meu braço e entrou num dos restaurantes
tailandeses sem dizer uma palavra.
Dele me puxando ao restaurante, a sentar-me numa cadeira e então pegar
o menu entregue pelo garçom com uma mão, a série inteira de ações foi
completa de uma vez só. Quase cada prato do cardápio custa mais de 500
baht [N/T: cerca de R$ 71,95]. Eu sabia que ser programador ganhava
muito mais do que um designer gráfico, era por isso que o King podia
comprar o que quisesse a qualquer preço.
Não tenho queixas quanto a isso. Não sou eu quem vai pagar mesmo.
Pedi um pad thai com camarões frescos e chá de limão. Enquanto
esperava pela comida, peguei o meu telefone para assistir alguns vídeos
cachorros e gatos no Twitter. Gosto muito de animais pequenos. Sempre
quis um gatinho ou cachorrinho para me acompanhar e passar meu tempo
de solidão comigo, mas eu sabia que o meu desejo jamais se tornaria
realidade. Além disso, na verdade sou alérgico ao pelo.
Lembro de quando eu estava na faculdade e tentei ir à cafeteria de gatos
com o Jade, mas 5 minutos depois de entrar, fugi rapidamente. Eu espirrava
tão excessivamente que os outros clientes não conseguiam evitar olhar para
o lado.
Não levou muito tempo para que a comida fosse servida. Me concentrei
em comer meu pad thai enquanto King fazia o mesmo. O clima na mesa
estava um pouco estranho. King e eu trabalhamos na mesma empresa por 3
anos, mas esta é a primeira vez que comemos juntos sem o Jade, então não
estou acostumado.
"Por que está me encarando? Sou mais apetitoso que o seu pad thai?", o
homem sentado oposto a mim me olhava, o canto dos seus lábios curvando-
se. Acabei de perceber que estava o encarando.
"Pode dizer algo que não me deixe enjoado?", não pude evitar revirar os
olhos por sua arrogância. King apenas riu antes de descansar o seu queixo
em sua mão, me olhando intensamente.
"Continue me olhando. Eu não ligo."
"Eu preferia estar cego", respondi e comi toda a comida no prato de uma
vez.
Dez minutos depois, King chamou o garçom para pagar a conta. Depois
de ver a quantia de 4 dígitos na conta, encarei a mão que dava o cartão de
crédito ao garçom. Depois de hesitar por um tempo, decidi abrir a minha
carteira para pegar 500 baht e dar para ele.
"Para que é isso?"
"Vamos rachar."
"Eu lhe disse que é por minha conta."
"Só pegue", estufei o dinheiro em sua mão. King balançou sua cabeça e
tentou empurrar a minha mão para trás, então eu levantei da cadeira, andei
até ele e coloquei o dinheiro em seu bolso.
"Você é tão teimoso", murmurou ele com uma voz irritada, mas só
ignorei. Só não quero ficar em dívida com ele.
"Vamos para casa agora?", King me perguntou depois de sairmos do
restaurante. Assenti enquanto observava o lugar cheio de gente. King e eu
nos dirigíamos ao estacionamento. Em meio à multidão movimentada, vi
uma silhueta familiar e não pude deixar de parar.
"Aquele é..." sussurrei, meus olhos perseguindo o homem familiar, alto e
magro, que tinha o braço envolvendo em alguém sexy.
"Han?", King me viu, virou e andou de volta até mim quando viu que eu
havia parado de andar. Ele seguiu a minha linha de visão para ver o que
havia chamado a minha atenção. Continuei a encarar a pessoa até que ele
estivesse numa distância visível. Não contive um sorriso em descrença
quando percebi quem era.
Ontem, ele estava mandando mensagens pedindo para voltarmos. E agora
o estou vendo com uma mulher passeando no shopping. Inferno!
"Conhece ele?", King não conteve a pergunta enquanto via o homem se
aproximar em nossa direção. Imediatamente escondi-me atrás do King,
bloqueando a visão do homem com suas costas largas, até que os dois foram
embora lentamente.
"Vamos voltar", não esperei que ele respondesse e rapidamente andei até
o estacionamento.
O Honda Civic preto acelerava em direção ao meu apartamento, de vez
em quando, podia sentir o King me olhando de relance. A imagem do P'Pok
com a mulher na minha frente ainda ressoa em minha cabeça. Estamos
acabados e tenho certeza de que o meu coração está em paz agora, mas
ainda não consigo evitar sentir raiva.
Embora eu tenha traçado uma linha clara com ele imediatamente, e não
queira voltar com ele, não significa que eu não sinta nenhuma dor. Dei o
meu tudo a ele, mas tudo que ele fez foi recompensar o meu amor tendo
outra pessoa enquanto estávamos juntos.
Quantas vezes terei que encontrar um desgraçado assim? Por que não
consigo encontrar pessoas boas?
"Pela forma que você olhou pra ele, presumo que seja o seu ex", a voz do
King quebrou o silêncio no carro. Virei para olhar pela janela do carro e dei
um "hm" baixo a ele.
"Então por que está emburrado? Se ele está com outra pessoa, deixe-o
estar. Outra pessoa vai vir substituí-lo. Você tem muitas opções na nossa
empresa."
Olhei para o seu rosto focado antes de chamá-lo.
"King."
"Han?"
"Por que as pessoas não se satisfazem com uma?"
"...Está falando de mim?"
"Daqueles caras."
"Quis dizer o seu ex?", perguntou. Pude apenas suspirar em vez de
responder. Realmente não entendo como podem trair tão facilmente quando
dizem estar apaixonados. Para mim, se estou apaixonado por aquela pessoa,
de forma alguma vou fazê-las duvidar do meu amor ou quebrar sua
confiança.
Talvez haja uma mensagem clara por trás deste tipo de pergunta com a
qual me deparo frequentemente: meu ex-namorado nunca me amou, para
começar.
"São todos reincidentes, difíceis de mudar", ele disse sua opinião, que me
fez sorrir um pouco.
"Está falando de si mesmo?"
"Ei! Não me culpe! Quando namoro, não traio", respondeu
imediatamente, fazendo-me erguer uma sobrancelha. King estreitou seus
olhos para mim e eu apenas o encarei.
"Você acha que estou mentindo."
"E não está?", perguntei, completamente não acreditando no que ele
estava dizendo. Pelo olhar em seus olhos no primeiro dia em que o vi no
bar, a ver o que ele tem feito na empresa pelos últimos 3 anos... ninguém
acreditaria.
"Estou dizendo a verdade! Bem, tudo bem. Posso olhar um pouco quando
vejo alguém que faz o meu tipo, mas sempre que estou em um
relacionamento, sempre cuido da pessoa desde o início e não fico em
contato com outras."
"...Então você não namorava a última pessoa que foi à empresa?",
precisei perguntá-lo.
Este incidente é bem conhecido na empresa. Há cerca de 2 anos, uma
pessoa que o King namorava enlouqueceu e correu até a empresa para
causar confusão. Gritava pelos quatro cantos que tinha levado um pé na
bunda do King porque ele havia encontrado outra pessoa. O King não havia
ido ao trabalho naquele dia, então no fim, foi o Jade que encarou a sua
fúria.
"Não, era só uma ficada", continuou casualmente. "Não namoro ninguém
desde que me formei na faculdade. A maioria é sexo casual. Alguns duram
3 ou 4 vezes. Mas eu sempre enfatizo para esses pessoas que só estou
procurando um lance e me divertindo. Se concordarem, nós 2 ganhamos. Se
não, então não."
Fiquei quieto sobre sua explicação. Eu não o conhecia bem o bastante
para saber se ele e aqueles caras estavam num relacionamento. Até onde
sei, ele só namora o tempo todo e termina quando fica entediado.
"Você sabe que há algo errado em fazer isso, mas não acho que vai
parar", eu disse em desaprovação. Se não está procurando um
relacionamento, então para que flertar com outras pessoas?
"Sinceramente, eu só quero transar", a resposta direta do outro me deixou
lento por um momento. King tirou os seus olhos da estrada à frente e me
olhou, não conseguindo conter uma risada.
"A sua expressão é fofa! Querer sexo é normal! Nunca quis sexo?"
"Quero dizer, é normal? Querer sexo com alguém que não é o seu
namorado?"
"Então... você tinha sentimentos por mim aquela noite?", sua pergunta
me fez gelar.
"...eu estava bêbado", respondi suavemente. Naquela noite... eu admito
que fiquei um pouco emocionado. Inegavelmente, foi bom. Mas foi porque
eu estava tão bêbado que perdi o juízo e o controle. Teria sido outra história
se eu mantivesse um pingo de sanidade no momento e ainda pensasse que
fazer sexo com um homem que eu não amo era algo bom.
Levantei o olhar quando ouvi sua risada fraca em meus ouvidos. King
estava sorrindo divertidamente enquanto me olhava.
"Do meu ponto de vista, 'amor' e 'sexo' nem sempre têm que andar juntos.
Não quero namorar. Só quero saciar o meu desejo e ter amizade colorida. O
problema é que a maioria das pessoas não quer terminar comigo. Então tem
isso."
"..."
"Por que está quieto? Está me xingando mentalmente?", ele suspirou
antes de adicionar "Cada um tem o seu próprio ponto de vista e perspectiva,
e este tipo de debate nunca terá fim. Mas contanto que eu esteja solteiro,
tenho o direito de fazer isso. Quando o dia em que eu quiser estar sério com
alguém chegar, então paro imediatamente."
Fiquei aturdido por um momento pelo que ele disse, mas o meu coração
estava cheio de dúvidas.
Não sou uma pessoa conservadora que não ouve a opinião de alguém
diferente da minha, mas eu entendia o que o King estava dizendo. Ele sente
que, contanto que não se comprometa numa relação com alguém, ainda tem
liberdade para escolher.
Algumas pessoas podem escolher perdoar seu parceiro que está por aí,
dizendo que foi algo físico e não espiritual, mas para mim, nenhum dos dois
é bom.
Quanto ao King... para ser honesto, ainda não consigo acreditar que,
quando esse dia chegar, ele realmente vai parar como disse. Pelo menos
nunca testemunhei um homem traidor que fica na sua e se engata realmente
a alguém. Onde estão os leais no amor?
"Uea", me chamou depois de um momento de silêncio.
"O que foi?"
"...se eu disser, você vai me bater?"
"Depende do que você está prestes a dizer."
"E se eu quisesse falar com você sobre aquela noite?", suas palavras
fizeram a minha testa franzir automaticamente. King olhou de relance antes
de continuar.
"Embora eu estivesse bêbado, lembro como foi bom."
"..."
"Já faz muito tempo que não encontro alguém que se encaixa tão bem a
mim na cama. Se fosse outra pessoa, eu com certeza a convidaria para
sermos amigos com benefícios, sem dúvidas. Mas já que é você... está
interessado?", ele disse meio brincando.
Vendo que eu imediatamente caí em silêncio, King mudou de assunto
imediatamente. Não respondi porque a minha cabeça estava ocupada
pensando em... coisas.
Nos meus 27 anos de vida, sempre tive uma vida simples. Tentei fazer o
papel de um bom filho, tentei ao máximo ser eu mesmo, e então deu o meu
coração em troca de um amor ideal. Mas em troca, fui machucado
repetidamente e tive meu coração partido pelas pessoas ao meu redor.
Enquanto conversava com o King hoje, pensei sobre a crença que eu tinha
sobre mim mesmo.
É melhor se eu não amar?
E se eu pudesse encontrar alguém para preencher o meu desejo enquanto
eu tivesse libido? E se eu quisesse enlouquecer uma vez na vida? Como
seria...?
King viu que eu estava em silêncio, então ligou o som com algumas
músicas. No sábado à tarde, o fluxo de tráfego era muito mais tranquilo do
que o de costume e não demorou até que chegássemos ao destino.
"Chegamos", disse o King após estacionar em frente ao meu
apartamento.
Destravei o cinto de segurança e o agradeci. "Obrigado por me trazer de
volta."
"Sim. Vejo você na segunda-feira", respondeu.
Neste momento, a minha mão, que estava prestes a abrir a porta,
lentamente desceu. Respirei fundo e o chamei.
"King."
"Han?"
"Quero tentar."
"Tentar o quê?", o outro ergueu suas sobrancelhas levemente. Hesitei por
um momento, então olhei para ele. Seus olhos firmes refletindo os meus.
Olhei para este "amigo de um amigo" por quem tive sentimentos mistos por
vários anos com uma expressão complicada.
"O que você acabou de dizer."
"..."
"Quero ser amigo com benefício com você."
Neste momento, o carro ficou em silêncio. O clima no veículo era tão
quieto que até mesmo a respiração mais suave poderia ser claramente
ouvida. Ele ficou estupefato. Depois que percebi como fui impulsivo ao
falar, imediatamente abri a porta do carro. Saí do carro e subi correndo.
Naquela hora, eu não sabia como a minha impulsividade afetaria o
futuro.
Capítulo 7: Acordo
Na vida do Anon Nantaphiwat, hoje deve ser o dia em que menos sou eu
mesmo!
Estava sentado na cama, com o meu olhar flutuando para o lado de fora
da janela inconscientemente. A minha cabeça devia estar fora de si. Como
eu pude dizer algo tão estranho? "Quero tentar"...
Pensando no que saiu da minha boca, junto com o olhar do outro ao
ouvir, não pude não dar um suspiro. Sempre deixei claro que não gosto do
King, mas agora quis ser amigo com benefícios com ele... Mesmo que ele
não esteja chocado, eu estou com o meu próprio pensamento.
Sinto que estou perdendo a cabeça gradualmente... não! Neste caso, devo
dizer que já perdi o juízo completamente.
Ding!
O alerta de mensagem atraiu o meu olhar para o telefone ao lado. Uma
pequena mensagem apareceu na tela do celular da pessoa de quem eu havia
me despedido há menos de meia hora.
"O que está fazendo? Vamos conversar."
Encarei a tela do celular por um momento e decidi não abrir. Virei e
deitei na cama, com sobrancelhas franzidas pela confusão. Sempre senti que
o que eu havia acabado de dizer ao King foi um pouco imprudente. Eu só
queria ter uma pessoa que eu amo e também me amasse de verdade. Talvez
a esperança de algo duradouro houvesse sido perdida, me fazendo ter
aquela ideia estranha...
Ou devo me desculpar por assustá-lo? Ou devo dizer para ele que o que
eu disse era apenas uma piada? Mas por outro lado... eu estava um pouco
hesitante.
Depois de passar por repetidos relacionamentos dolorosos, eu estava tão
cansado que não conseguia dar um passo adiante. Ou eu deveria dar uma
pausa primeiro e encontrar alguém com quem aliviar a solidão durante o
período?
O King pode ser um bom candidato.
A relação de trabalho de longa data entre ele e eu não necessariamente
requer conhecimento da vida pessoal um do outro. Se só analisarmos o
sexo, me sinto muito satisfeito com a performance dele na cama. Embora eu
me sinta um pouco desconfortável com seu comportamento paquerador ou
seu olhar de leão para uma presa. É lisonjeiro, mas não quero que ele seja
um namorado, então não preciso me importar com ele em nada.
Contanto que o King não envolva outra pessoa ou já tenha alguém...
contanto que ele não faça essas coisas ruins, como o meu pai fazia ao trair a
minha mãe, ou o meu ex que apareceu com outra pessoa, acho que posso
aceitar.
O alerta de mensagem soou de novo, como se ansiasse pela minha
resposta. Suspirei alto, decidindo desligar o telefone e colocá-lo na mesa de
cabeceira. Enterrei a minha cabeça no colchão macio e lentamente fechei os
olhos.
King queria conversar sobre, mas ainda não posso dá-lo uma resposta.
Só porque eu ainda não tenho certeza dos meus próprios pensamentos.
***
O domingo passou de novo, infelizmente, e na segunda-feira pela manhã
eu estava no trem lotado como uma lata de sardinha. Sempre dirigi até o
trabalho antes e ainda não estou acostumado com a vida de ter que pegar
trens com outras pessoas todos os dias, mas não tenho escolha a não ser ter
paciência. Tenho que esperar até o próximo sábado antes que eu possa
centro de reparos para pegar o meu carro.
De tempos em tempos, as pessoas no trem olham para mim. Não gosto de
ser o centro dos olhares. A fim de ignorar os seus olhos curiosos, escolhi
olhar para baixo e procurar algo no meu telefone, só para aliviar a sensação
constrangedora. Mas quando vi o número de mensagens não lidas
mostradas perto do app, não pude não ficar chocado.
Desde que fugi naquele dia, o King tentou me mandar mensagens no
sábado e no domingo, e tentou me ligar duas ou três vezes, mas não atendi
nenhuma vez porque não sabia o que fazer.
Ainda não decidi...
"Bom dia!", soou o cumprimento amoroso do Jade depois que entrei no
departamento. Mai imediatamente me cumprimentou em voz grave e eu o
respondi com um sorriso amigável.
"Não há presente para ser entregue a você hoje. Cheguei um pouco mais
cedo. Os seus fãs ainda não chegaram, espere até o meio-dia", Jade sorriu e
disse para mim enquanto eu ligava o computador.
"Eu não quero aquelas coisas."
"Ah... eu já falei para eles, mas não querem ouvir, então é melhor aceitar.
De qualquer forma, é grátis", balançou a cabeça e então me olhou. Vendo a
minha mesa, erguei sua sobrancelha...
"Não comprou café?", perguntou ao ver que o café que eu tomava todo
dia não estava na minha mesa.
"Muita gente na fila. Não quero esperar. Planejo encontrar algo para
comer mais tarde."
"Devo descer e comprar algo para você? De qualquer forma, vou
comprar café para o P'Jade", disse o Mai bem na hora e o Jade assentiu com
a cabeça entusiasticamente como uma galinha catando arroz.
"Não precisa, eu mesmo vou", respondi.
Mai assentiu e rapidamente levantou-se do assento, gentilmente dizendo
"Já volto, P'Jade".
"Lembra do que quero beber?"
"Frapuccino de Caramelo".
"Incrível, incrível! Vá!", Jade sorriu brilhante e satisfeito. Depois de
receber seu sorriso, os lábios do mais novo pareciam querer se formar um
beijo para o Jade, mas o mesmo era muito inocente e só queria sua comida.
É mais difícil estar buscando alguém insensível ao amor.
"Volto logo."
Quando Mai saiu do departamento, levantei da cadeira deixando para trás
o rapaz que tomava leite de coco no café da manhã na mesa, e andei até
uma salinha usada como copa.
Liguei a chaleira e, quando a água ferveu, derramei o copo de café no
copo enquanto olhava fixamente a parede, pensando naquilo de novo e de
novo, e pensando mais 10 vezes de novo. A vantagem de uma relação de
uma amizade colorida com o King é que nenhum compromisso é preciso,
mas a desvantagem é...
"Uea", uma familiar voz grossa e profunda me fez parar de colocar água
quente no copo. Observei o homem alto entrando na sala com o canto dos
meus olhos. Ele estava usando uma camisa cinza e calça preta hoje e seu
cabelo estava penteado para trás. Suas sobrancelhas e testa estavam
claramente visíveis.
"Por que não atendeu as minhas ligações?", perguntou em voz grave,
sinto que estou sentado em pinos e agulhas ao olhar para os seus olhos
profundos.
Bem. Aí está. Eu estava falando exatamente sobre isto.
"Eu não olhei meu telefone... aconteceu alguma coisa?", perguntei de
volta. King erguei o canto de sua boca e aproximou-se de mim. O leve
cheiro de menta flutuava do seu corpo.
"Só quero lhe perguntar uma coisa", King disse por trás de mim, seu
corpo quase tocando as minhas costas e o hálito quente soprava contra o
lóbulo da minha orelha, que parecia sensível.
"O que você disse antes de sair do carro no sábado..."
"..."
"É o que eu estou pensando?"
"..."
"Estava falando sobre sermos amigos com benefícios, não é? Você
concorda?", só de ouvir sua voz grave soando nos meus ouvidos, sem nem
mesmo me tocar, perdi o ritmo da minha respiração. Era como se eu
estivesse envolto por seus braços.
"Naquele dia, eu... esqueça, deixe para lá, só falei por falar", murmurei.
Francamente ainda hesito, admito que quero tentar, mas depois de pesar os
prós e os contras, eu...
Essa relação é vazia demais?
"Experimente, não vai doer. Além disso, vai ser bom para nós dois", seus
longos dedos tocavam a minha nuca. O toque fez os pelos do meu corpo se
arrepiarem. Tive que me virar enquanto o olhava com sobrancelha erguida.
"Está me seduzindo?"
"Bem, se você concordar... vai ser bom", o canto de sua boca ergueu-se
formando um sorriso malicioso. Para ser honesto, não importa o quanto eu
o odeie, não consigo rejeitá-lo neste momento. Ele é muito atraente. Não é
de surpreender que haja muitas garotas o querendo a qualquer custo.
O King conhece bem os seus charmes e sabe como usá-lo em benefício
próprio.
"Não vamos nos apaixonar", King trouxe o seu rosto para perto do meu e
o seu nariz pontudo tocou a minha bochecha. Imediatamente empurrei os
seus ombros e, quanto tentava me distanciar, olhei para a porta com medo
que fôssemos vistos por alguém.
"Não-"
"Quer tentar? Se não gostar..."
"Pessoal~~"
O grito do Jade veio à distância e eu rapidamente empurrei o outro para
fazê-lo virar-se, e ajustei a minha expressão.
"Então vocês estão aqui!", Jade entrou na copa com um sorriso.
"Jade, o que está fazendo aqui?", o tom da voz do King soou um pouco
irritado e o Jade veio para o meu lado.
"Vim fazer café para Fai. Ela disse que tem dores nos pés e não podia
andar. Como membros do departamento, devemos cuidar uns dos outros",
ele explicou com animação, pegando um copo e fazendo café calmamente.
"..."
"O que está olhando King? O meu rosto está sujo?"
Jade viu que ele estava sendo encarado pelo amigo com sobrancelhas
erguidas e inconscientemente tocou seu rosto. A pessoa sendo questionada
respirou fundo e saiu da sala. Jade virou-se e me olhou.
"Não tem nada! Veja!"
Pensando na expressão irritada do outro, não pude conter um sorriso. Eu
sabia que eu era podre. Sempre que eu via sua expressão de irritação, meu
humor se renovava!
Baseando meu humor no sofrimento dos outros... parece que eu sou tão
mal quanto. Ops!
***
King não mencionou aquilo para mim o dia todo (pude ver que ele
queria, mas não havia um bom momento para conversar). Sentei na mesa,
pensando na conversa de novo e de novo. Na verdade, eu já decidi a minha
resposta, mas ainda sou cuidadoso e cauteloso. A ideia de sair da minha
zona de conforto me deixa intimidado.
Esta é a primeira vez na vida em que quero fazer algo louco. Comparado
a outros infortúnios que já passei na vida, isso é nada. Mas há uma outra
voz no meu coração dizendo: não ultrapasse os seus limites, não se arrisque.
"Uea, vamos ao mercado comer arroz siu-mei juntos!", Jade cutucou o
meu ombro, sua voz alta me puxando dos meus pensamentos e
automaticamente olhei o relógio do computador. Percebi que já era hora de
ir para casa.
"Obrigado, mas estou de boa. Vá você", recusei. O outro choramingava e
resmungava enquanto desligava o computador.
"Por quê? Você nunca mais saiu com a gente!", Jade reclamou fazendo
biquinho.
Já perguntou a pessoa ao seu lado se ele quer que eu vá e atrapalhe seu
date?
"Fica para próxima", olhei para o Mai que estava guardando as suas
coisas, que me deu um sorriso ciente e compreensivo.
Só sei que essa "próxima" não vai chegar até o ano do macaco [N/T: o
próximo ano do macaco é em 2028].
"Tudo bem, te vejo amanhã!", Jade acenou e se despediu, seguido por
Mai, que saiu atrás dele.
"O seu carro ainda não foi consertado, não é? Eu te levo", King disse
aproximando-se.
"Não preci-"
"Vamos!", King segurou meu pulso, não permitindo que eu recusasse, me
puxando para fora do departamento. Eu já sabia porquê ele estava insistindo
em me levar desta vez, então não protestei mais.
Já hesitei por alguns dias, talvez esteja na hora de decidir.
***
O Honda preto deixou o prédio da empresa e as ruas estavam lotadas de
longas filas de carros, o trânsito não saía do lugar. Eu mexia no meu celular
em silêncio enquanto o King batia no volante com os dedos. Seus olhos
estavam fixos no shopping não muito longe.
"Vai levar um tempo. Eu gostaria de parar para jantar primeiro", disse
King. Eu concordei.
Depois de estacionar o carro, entramos no shopping. Antes que eu
pudesse puxar o homem alto para a praça de alimentação, mais uma vez ele
me ignorou e entrou num restaurante caro. Pedi uma tigela de arroz com
pato e ele pediu arroz com junta de porco para comer. Esta é a segunda vez
em dois dias que como sozinho com o King. Quem diria que não era
agradável olharmos um para o outro há algumas semanas? Os fatos provam
que ninguém pode prever o futuro. Começo a hesitar seguir com essa
relação de amizade com benefícios...
Porque sentimentos são a coisa mais impossível de prever.
"Uea, você come pouco demais", vendo que só comi 2/3 do prato, ele
baixou os talheres e não pôde conter uma reclamação.
"Estou cheio", depois de responder, tomei um gole d'água.
"Coma mais, vai precisar", deu um sorriso brincalhão, com seu tom
sugerindo algo.
"...vamos embora."
Depois de comerem, entramos no carro e fomos em direção ao
apartamento. Fiquei pensando sobre a minha própria vida e não tive tempo
de conversar com ele, então King ligou a música e cantarolou a música
baixinho. Eu observei o trânsito à frente, que estava tão congestionado
quanto antes. Se não houvesse trânsito, levaria menos de meia hora de casa
para o trabalho. Mas todo mundo sabe que Bangkok é um dos locais mais
congestionados do mundo e não há nada que possa ser feito sobre isso.
Seria bom se eu conseguisse chegar em casa em só uma hora e meia.
"King, este não é o cruzamento para o meu apartamento", o vendo
repentinamente dobrar antes da próxima interseção, não pude deixar de
perguntá-lo.
"Eu sei", depois de me responder com indiferença, erguei as sobrancelhas
para mim.
"Então ond-"
"É a do meu apartamento."
"..."
"Já decidiu sobre aquilo? Se disser não, dou a volta imediatamente e lhe
levo de volta para o seu apartamento". Quando ele terminou de dizer a
última palavra, o veículo entrou num mar de silêncio de novo. Olhei para
seu rosto quietamente, hesitando responder algo tão sério.
"Uea", vendo que eu não havia respondido por muito tempo, chamou de
novo.
Olhei pela janela e disse suavemente "sim, continue".
"..."
"Vá para o seu apartamento", respondi. King pausou e, após dar um
sorriso, pisou no acelerador com uma expressão de satisfação.
Eu decidi ser amigo com benefícios do King.
***
Na verdade, havia várias coisas que me deixaram hesitante. Este não é
um tipo de relação comum. Há um certo risco emocional, mas é
relativamente fácil quando a outra pessoa é o King.
Mesmo que ele não traia, não gosto que ele esteja sempre flertando com
outras pessoas. É difícil para mim ter sentimentos por pessoas que não
gosto. Esta é uma linha que não consigo cruzar.
Neste curto período de tempo, haverá apenas sexo entre ele e eu.
Desde que eu tive aquela briga enorme com o King no outro dia, nunca
pensei que teria outra oportunidade para vir aqui. Eu estava entrando num
dos apartamentos dos prédios luxuosos na Silom de novo. Quando vim aqui
pela primeira vez, eu estava tão zangado que não vi direito. Desta vez eu
realmente pude ver...
O apartamento do King é muito maior do que o meu e também fica bem
no centro. Desnecessário dizer que seu apartamento valha, no mínimo, 10
milhões de baht [N/T: cerca de 1.430.000,00]. A cor do interior é inclinada
ao marrom, o que parece combinar com seu estilo de vida. Os móveis e
outras decorações são relativamente simples, mas vendo o sofá de couro
marrom-avermelhado, parece que seu preço é equivalente a três meses do
meu salário. A renda mensal de um programador é considerável e a família
do King é rica, para começar. Seus pais estão no negócio de exportação e
têm sua própria empresa e pode-se dizer que ele vive uma vida de rei.
Ah, como seria bom nascer em berço de ouro...
"Quer tomar banho primeiro?", King virou para me perguntar enquanto
eu observava o lustre acima de mim.
"Eu não tenho roupas para vestir."
"Tudo bem, você não vai usar mesmo", King sorriu, seus olhos emitiam
um brilho relaxado e atrevido. As garotas corariam se vissem, mas eu já sou
imune. Eu odeio esse caráter frívolo.
Nem começou ainda e eu já quero morrer.
"O roupão está no armário preto", apontou King. "Vá primeiro. Eu vou
depois".
"Tudo bem", respondi, peguei um roupão e entrei no banheiro do quarto.
Tranquei a porta e fiquei de pé em frente para o espelho. Eu estava aqui
outro dia observando os chupões que o King havia feito em meu corpo e
ainda claramente lembro do choque em meus olhos, mas agora o olhar
refletido no espelho é de calma e indiferença.
Eu ainda não acredito que me trouxe para cá de novo.
"Você está muito sexy usando isso", soou uma voz grave e profunda. Eu
havia acabado de sair do banheiro depois do banho quando. Aqueles olhos
profundos olharam direto para o meu corpo. Virei o meu rosto. Os olhos do
outro pareciam muito satisfeitos.
"Pare de olhar e vá tomar banho."
"Sim, senhor", ele pegou a toalha e entrou no banheiro enquanto
assobiava.
Eu saí para a sala de estar e peguei o controle remoto para ligar a TV. Na
verdade, não tinha muito o que assistir, só queria que este apartamento
quieto tivesse um pouco de som.
Eu estava sentado no sofá, pensando coisas de novo. Não levou muito
tempo até que o alto dono do apartamento saísse com uma toalha de banho
amarrada ao redor do seu quadril e seu abdômen musculoso estava nu. As
gotas de água escorriam pelo seu tronco até a parte coberta pelo tecido. A
pele brilhava como uma escultura artística criada por um mestre artesão.
Devo admitir que o corpo do King é perfeito.
"Uea, está pronto?", perguntou. Peguei o controle e desliguei a TV,
chamando o nome dele.
"King."
"Han?"
"Vamos fazer um acordo primeiro."
"Diga", King sentou-se junto a mim. Minha mente me dizia para recuar,
mas já que concordei em fazer isto, por que dar pra trás? De qualquer
forma, o corpo do King estará mais próximo de mim do que está agora...
desde que ele aceite o meu acordo.
"Tenho algumas condições que quero discutir com você. A primeira é
que só podemos fazer isto até duas vezes na semana."
"Ei! Isso é muito pouco!"
"Não é. Você só está acostumado a fazer demais. Se não puder aceitar-"
"Eu não disse que não vou aceitar!", resmungou.
"Então aceita?"
"...Tudo bem. O que mais?", perguntou.
"Não deixe chupões ou marcas em meu corpo. Não ligo se podem ser
cobertas, não gosto de ver marcas vermelhas e roxas em meu corpo".
"Hm..."
"Se quiser, vai precisar ter minha permissão primeiro. Se eu disser não, é
não. E também terá que usar camisinha toda vez que fizermos."
"Tudo bem, só isso?"
"Tem mais", apertei os meus lábios e falei a coisa que mais estava me
preocupando "Não fique de brincadeiras no escritório. Você não pode contar
para ninguém, nem mesmo o Jade".
"Uea, você acha mesmo que vou contar para as pessoas? Acha que vou
falar 'ei, Uea e eu transamos!'", brincou. Olhei sério para ele e ele piscou
para mim.
"Eu juro que este assunto será um segredo entre nós dois, não se
preocupe", ele sorriu e acrescentou "Mais alguma coisa?".
"Se, no futuro, você ou eu conhecermos alguém que queremos namorar
ou se um de nós quisermos parar, vamos parar imediatamente".
"Sim", concordou. "Só isso... não é?", perguntou pela terceira vez.
"Bem, tem algo importante".
"O quê?"
Me aproximei dele, olhei em seus olhos e disse em alto e bom som: "Se
você dormir com mais alguém durante este período, nossa relação acaba de
imediato".
"...O quê?", King ergueu suas sobrancelhas. Vendo sua reação, não pude
deixar de sorrir.
"Antes você disse que enquanto estiver solteiro, pode fazer o que quiser e
eu respeito isso. Normalmente não me interesso por saber o que você faz
com os outros, mas já que estaremos em uma relação com contato muito
íntimo, tenho medo de pegar doenças."
"Mas vamos usar preservati-"
"Mesmo assim. A nossa relação vai continuar até que um de nós queira
terminar ou até você encontrar outro parceiro de cama, tudo bem? Se não
puder aceitar isso, acabamos aqui."
Olhei para a expressão de surpresa com satisfação. Intencionalmente
esclareci os termos do acordo porque não gosto de dividir o mesmo homem
com outras pessoas, mesmo que não seja meu namorado. O maior motivo é
que eu tenho medo de pegar alguma doença e eu não sei quem dormiria
com ele. Se a pessoa estiver doente, mesmo que use camisinha, não será
100% eficaz. Se eu fosse infectado pelo King, a minha vida estaria acabada.
Não quero que a minha vida seja tão irônica.
Talvez você ache que sou egoísta demais, mas não o forcei a aceitar. Se
ele realmente não puder, não vou culpá-lo. Nós apenas cancelaríamos a
ideia. Por outro lado, a minha condição restringe o King completamente.
Tendo em vista sua personalidade livre, tenho 90% de certeza que ele não
vai aceitar.
"Hm, tudo bem!"
Viu? Ele não-
O QUÊ?!
"De agora em diante, sou apenas seu, okay?", sorriu, olhos brilhando de
alegria.
"..."
"O motivo pelo qual fico trocando de parceiros é porque nunca
combinava com nenhum. Mesmo que combinasse, outros problemas
surgiam. Mas você é diferente. Combinamos perfeitamente fisicamente e
com certeza você não vai se apaixonar por mim mesmo. Então por que me
incomodar em procurar outra pessoa?"
Fiquei aturdido pela sua resposta. Pensei que ele definitivamente me
rejeitaria quando ouvisse essa condição, não esperava que ele concordasse
facilmente.
"Você... aceita mesmo?", estreitei os meus olhos, não acreditando
completamente nele.
"Hm... não sei, mas se eu realmente dormir com outra pessoa, prometo
não mentir para você."
"..."
"Somos amigos e temos trabalhado juntos há muito tempo. Eu não quero
que acabe com ressentimentos. Mesmo que a nossa relação acabe, ainda
quero ser seu amigo", King garantiu com sinceridade em sua voz. Me senti
aliviado.
Para ser honesto, não sei quão crível o King é, mas por ele ter se
desculpado sinceramente pelo incidente naquela noite, posso ver que ele
realmente faz o que fala. Além disso, não tenho planos de manter esta
relação com ele por muito tempo. Definitivamente ele não vai suportar e vai
encontrar outra pessoa em um mês.
Quando isso acontecer, vamos poder encerrar a relação e voltar ao modo
anterior. Sem problemas.
"Mas eu também tenho uma condição. Se não me deixa dormir com
outras pessoas, só dois dias por semana com certeza não são suficientes!",
ele sorriu com olhar malicioso e disse "Quero 4 dias!".
"Isso é demais!"
"Não é!"
"Eu po-"
"3 dias está bom, concorda? Venho ao seu apartamento te encontrar por 3
vezes na semana". King viu a minha atitude rígida e, finalmente derrotado,
seus olhos ficaram mais escuros enquanto ele se aproximava.
"Concordei com todas as suas muitas condições e, para ser honesto, estou
em desvantagem aqui. Você pode pelo menos me dar esta, Uea", sussurrou
em meu ouvido.
Revirei meus olhos e, depois de considerar por um momento, apertei os
lábios "Tudo bem".
King imediatamente riu em satisfação. Ele descansou suas mãos nas
costas do sofá, me aprisionando em seus braços. Seu rosto se inclinou e
perguntou "Mais alguma coisa?". A voz grave e madura alcançou os meus
ouvidos, ainda mais sedutora.
"Não."
"Então... podemos começar, certo?", disse ele gentilmente tocando a pele
da minha bochecha com a ponta do seu nariz, selando o canto da minha
boca com a sua, esperando pela minha resposta,
"Hmm, sim...", sussurrei e meus lábios imediatamente sentiram o toque
dos dele. Meu corpo ficou tenso e fechei os olhos, sentindo os meus lábios
serem lentamente massageados.
Estou mesmo fazendo isso?
"Por que está tão parado? Ainda está hesitando?", King perguntou
recuando. Vendo que eu ainda não havia aberto os olhos e nem respondido
sua pergunta, sua voz grave era misturada a traços de erotismo...
"Não pense demais. Você quer e eu quero. Estamos só nos ajudando", sua
também tinha ternura, a respiração lenta dele podia ser ouvida enquanto ele
tentava ser paciente. King aproximou-se de mim de novo, seus dedos
gentilmente desciam meu roupão e expunham os meus ombros. King
baixou sua cabeça no meu pescoço e o beijou, fazendo uma trilha até a
minha clavícula.
A minha mente ficou em branco. Eu nunca transei com ninguém além de
um namorado. Embora eu tenha muita experiência na cama, mas agora
sinto-me como um adolescente virgem, tão nervoso que não sei onde
colocar as mãos. Não tenho certeza se tomei a decisão certa.
Devia pedi-lo para parar?
"Uau. É isso mesmo? Achei que fosse melhor do que isso. Parece que o
Khun Anon só late e não morde, não é?"
Suas palavras me incitaram e eu abri os olhos rapidamente. Seu rosto
estava a poucos centímetros de distância do meu e ele ergueu a sobrancelha
de forma desafiadora. Sua expressão sedutora era basicamente o rosto que
eu conhecia há anos.
Por que tive que me enfiar nisso?
Eu estava um pouco zangado. Respirei fundo e coloquei os braços nas
costas do King, o puxando em um beijo. Não ligo para o que ele diz, ainda
que sejam insultos ou provocações, porque eu nunca irei ceder na frente
dele!
O beijo ficou cada vez mais quente e eu passeava com com minha língua
pela sua boca, procurando pela ponta da sua língua como em uma batalha
que eu não ousava perder, seu leve gemido me indicando que ele estava
muito satisfeito com os toques. Nossos lábios se separaram, ainda que
estivéssemos ligados por um fio molhado que, por um momento, ia de uma
boca a outra, até que o partimos. Seus olhos mostravam todo o desejo
despertado nele.
"Agora sim", King sorria em satisfação antes de beijar meus lábios como
se não conseguisse mais conter seus desejos. Nos beijamos e lentamente
fomos até o quarto, sem pararmos, até que as minhas costas eram
pressionadas contra a colcha macia. O corpo do King rapidamente cobriu o
meu e nos entrelaçamos.
Os beijos do King me excitavam muito, constantemente provocavam os
meus desejos. A minha sanidade começou a ficar embaçada pelo calor do
momento e podia apenas confiar na reação instintiva do meu corpo a
responder aos beijos com a mesma ânsia. O nó do roupão foi desfeito e a
sua mão grande gentilmente havia começado a tocar a minha pele. A
respiração do King começou a perder o compasso enquanto ele tocava o
meu corpo. E eu não conseguia conter as minhas mãos de tocar seu peito e
abdômen, com seus músculos fortes.
A minha mão desceu pelo seu tórax até a toalha que estava amarrada em
seu quadril, que logo foi solta por mim e caiu em cima da cama.
Acha que só você sabe brincar?
"Hm... que impaciente...", a risada profunda do King soou em meus
ouvidos.
A minha mão acariciou seu órgão ereto e King deixou escapar um
gemido do fundo de sua garganta e trancou o maxilar quando me sentiu
massagear a cabeça com o meu polegar, até que um líquido cristalino
começou a sair.
Eu não tive a oportunidade de observar aquele dia porque estava bêbado,
mas depois que toquei... percebi que era muito grande e grosso.
"Não, só queria conhecer...", depois de falar, aumentei a intensidade com
os meus dedos ao redor até que senti que o King estava ficando ainda mais
excitado, com seu pau ficando ainda maior em minha mão.
"Então me deixe fazer o mesmo."
"Ah...", um gemido transbordou pela minha boca quando seus lábios
quentes desceram explorando o meu peito. King chupava o meu mamilo
com vontade e eu, sem conseguir segurar, mergulhei os meus dedos em seu
cabelo o puxando para mais perto. Ele continuou chupando um dos meus
mamilos que já estavam eretos e a respiração começou a ficar mais
ofegante. Ao mesmo tempo, sua mão grande e máscula acariciava o outro.
A temperatura do corpo começou a ficar mais quente devido ao desejo.
Seus lábios revezaram para o outro mamilo, e continuou descendo pelo
meu corpo com uma trilha de beijos. King pegou as minhas pernas e as
abriu, posicionando-se no meio e se inclinando para passar a língua entre o
meu bumbum. Gemi mais alto quando ele continuou lambendo e sua língua
chegou ao meu pênis, o King lambia lentamente como se estivesse
saboreando uma sobremesa.
"King... ah... ah!", eu gemia sem fôlego e fiquei ereto sem qualquer
esforço. As explosões de prazer faziam minha barriga contrair e eu
segurava seu cabelo impacientemente. Eu não sei se quero que ele pare ou
que ele continue me dando prazer.
"Quer mais alguma coisa?", King ergueu sua cabeça e viu o meu rosto
avermelhado e olhos marejados. Seus olhos pareciam muito satisfeitos.
O homem alto pegou a camisinha e o lubrificante, gotejou um pouco em
seus dedos e então voltou para a cama, colocando um dedo sobre a minha
entrada enquanto levantava uma das minhas pernas com a mão esquerda,
para ter espaço.
"Ah!"
"Relaxe", depois de falar, ele lentamente começou a massageá-la.
Ele continuou tentando me preparar com calma com seus dedos
molhados pelo gel. Apertei o ombro dele quando senti uma dor fina como
agulha.
"Uea, você está apertado. Relaxe, respire", disse King acariciando minha
perna com o seu polegar para me ajudar a relaxar.
"Estou tentando... que tal você me deix-" ah...", as palavras que eu não
havia terminado de falar desapareceram no beijo quente do King, e a ponta
da sua língua explorava os quatro cantos da minha boca. Estiquei os meus
braços para envolvê-los ao redor do seu pescoço e o beijei de volta com
muito desejo, tentando me distrair dos dedos que trabalhavam duro na
minha entrada. King mantinha o ritmo fazendo movimentos de tesoura,
massageando enquanto procurava o ponto certo.
"Ah, hmmmm!!!"
"Achei?", me perguntou em voz suave e rouca, enquanto os seus dedos
atacavam constantemente os meus pontos mais sensíveis. Seus olhos firmes
assistiam o meu rosto fixamente, que expressava gemidos de excitação
devido ao prazer.
"Mais... por fav- ah!", movi o meu quadril contra os seus dedos,
tremendo e chorando por mais estimulação. King saciou o meu desejo e
continuou a massagear os meus pontos sensíveis até que eu gritei e atingi o
meu clímax, liberando o líquido sobre meu corpo.
"Uea, você é muito atraente, sabia?", disse King com os olhos cheios de
luxúria. King retirou os seus dedos, abriu o pacote de camisinha e a
desenrolou em seu órgão enorme, antes de banhá-lo em lubrificante. King
levantou as minhas pernas com as suas mãos, posicionando-se no meio
delas.
"Qual pose você quer?", perguntou enquanto me estimulava com a mão.
Após um orgasmo, comecei a me sentir excitado de novo.
"Eu... tanto f- Ah!", arfei em surpresa quando King me virou, fazendo-me
deitar de barriga. Ele me disse para me apoiar nos joelhos, segurou o meu
quadril e gesticulou para que eu levantasse o bumbum.
"Vamos fazer nesta então", disse King enquanto inseria pouco a pouco na
minha entrada. "Caralho, tá apertado", falou entredentes. Suas mãos
continuavam a apertar o meu quadril.
King ainda tentava entrar no caminho apertado. O lençol que estava por
baixo já havia sido agarrado e amassado indiscriminadamente por mim,
meus olhos começaram a marejar, enquanto senti que ficava mais apertado
ao redor do King. King inclinou-se, pressionando seu peitoral nas minhas
costas, enquanto me dava beijos suaves e gentis.
"Você está bem?", King perguntou ao perceber que só conseguiu adentrar
apenas a metade.
"Sim...", respondi rouco.
Os lábios do King sugavam o lóbulo da minha orelha, virando o meu
rosto para beijar a minha boca, enquanto puxava o meu quadril contra o seu.
Assim pude sentir o King por inteiro, finalmente, dentro de mim. Meus
olhos reviraram e o King continuava a me beijar, me dando tempo para
ajustar-me ao seu tamanho.
"Posso me mover?"
"Hmmm", segurei os lençóis abaixo de mim, me preparando para a
estocada. De início, King apenas fez movimentos lentos. Depois que me
acostumei e a passagem ficou mais fácil, ele começou a acelerar. Gemendo,
o meu corpo se movia seguindo o ritmo do King, que estava trás de mim. E
as explosões de prazer tomaram conta do meu corpo. Não consegui segurar
meus gemidos, impaciente por mais.
"Está gostoso", senti mais beijos em minha nuca. Suas palmas fortes
deixavam marcas na minha pele enquanto distanciavam as popas da minha
bunda. O som dos nossos corpos se chocando era a única coisa que dava pra
ouvir no quarto, e me excitava. Arqueei ainda mais as minhas costas
elevando os meus quadris, para receber mais do estímulo intenso que vinha
através das estocadas do King.
"Ahm... mais rápido!", eu estava preso no redemoinho do desejo e, sem
vergonha, tive que obedecer a minha vontade em pedir mais. Sorri quando
ouvi King gemer rouco no meu ouvid.
"Quer mais? Assim?", sussurrou King, imediatamente acelerando seus
movimentos e atingindo ainda mais fundo dentro de mim. Ele estava me
estimulando tão bem que eu não conseguia pensar em mais nada. Tudo que
eu conseguia ouvir eram os nossos gemidos. Sentia que poderia derreter em
seus braços.
"King... oh!", gemi quando King me virou de repente sem separar os
nossos corpos. King inclinou-se sobre mim, cobrindo o meu corpo, beijando
o meu pescoço. Não pude evitar gemer repetidas vezes.
"Quero ver o seu rosto quando eu gozar", King disse em voz rouca de
desejo, levantando uma das minhas pernas até seu peito e, me fazendo
gemer mais, voltou a fazer movimentos e seu órgão atingia ainda mais
fundo em mim.
"Ah, ah, bem aí", eu tremia de prazer quando King atingiu o meu ponto
mais sensível e o prazer extremo era insuportavelmente bom. Agarrei-me ao
lençol sob mim para controlar os movimentos do meu corpo enquanto King
continuava acelerando suas estocadas. As pontas dos meus dedos
inconscientemente queriam agarrar os músculos de suas costas e deixavam
marcas vermelhas por onde passavam. King segurou em meu quadril como
uma âncora, com seus próprios quadris golpeando mais forte, atingindo
diretamente a minha próstata. Mais um ou dois movimentos do King e eu
gemi de prazer com olhos fechados enquanto atingia meu ápice mais uma
vez.
"Você já... ah... tá... ah... per-?", gaguejei vendo que o King continuava a
me foder como se não houvesse fim. Sua mandíbula estava trancada e seu
cenho franzido em concentração.
"Estou quase", King fala rouco, com seu rosto fazendo expressões de
prazer enquanto ele fazia movimentos de entrada e saída. A estimulação
excessiva da minha próstata estava me fazendo contrair minha entrada,
levando o King ao seu limite. Sentindo-se ficar cada vez mais perto do
clímax, King foi com tudo, o mais profundo que conseguia. Deitando seu
corpo sobre o meu, King respirou ofegante enquanto gozava dentro da
camisinha.
O quarto todo cheirava a sexo e luxúria. Antes limpos, agora os lençóis
brancos estavam sujos, amaçados e molhados. Fiquei deitado na cama,
tentando recuperar o meu fôlego enquanto King tinha o seu rosto
mergulhado em meu pescoço.
"Porra, isso foi muito bom", a voz rouca e grossa do King falou em meu
ouvido. Foi mesmo bom, foi até melhor do que o sexo com todos os meus
ex-namorados.
"Tira de dentro. Estou ficando com calor", murmurei rouco depois de
gemer tanto. Empurrei os ombros dele, urgindo que ele tirasse de dentro de
mim. Além disso, seu corpo sobe o meu estava começando a pesar.
"O quê? Me jogando fora depois de usar? Que cruel...", provocou.
"Levante. Você é pesado. E está ficando mais quente", tentei empurrá-lo,
mas King ainda tinha o seu rosto em meu pescoço e não queria sair.
"Está mesmo ficando mais quente...", sorriu. Congelei quando senti o
órgão do King, que ainda estava dentro de mim, ficando duro de novo. King
imediatamente o tirou de dentro de mim, removendo a camisinha usada
antes de abrir outra.
"Fiquei duro de novo. Mais uma?"
"Ei, eu nã-", eu estava prestes a protestar quando suas palmas
rapidamente desceram pelo meu corpo, agarrando meu membro e o fazendo
ficar ereto mais uma vez. Os protestos em minha boca rapidamente
tornaram-se suspiros e gemidos.
"O que estava dizendo?", olhou para mim com sorriso provocativo
enquanto me masturbava continuamente. Consenti entredentes "Cala a
porra da boca e vai log- uhm", King capturou os meus lábios, inserindo a
sua língua em minha boca enquanto eu sentia seu membro grande grosso
em minha entrada. Ele começou a fazer movimentos profundos e fortes de
vai e vem, e eu podia ouvir vagamente seus gemidos de prazer.
"Como quiser", disse King em voz baixa antes de me foder pela segunda
vez naquele dia.
***
Quando a nossa transa intensa chegou ao fim, era quase meia-noite.
Deitei na cama com pálpebras pesadas, sentindo que podia cair no sono a
qualquer momento. A pessoa ao meu lado levantou, amarrou uma toalha ao
redor do seu quadril e pegou algo da sua gaveta. Franzi a testa quando o vi
pegar um isqueiro e um cigarro, sentando-se no pé da cama.
"O que está fazendo?"
"Fumando", respondeu King, prestes a acender o cigarro em sua mão.
"Vai fumar na varanda", disse em voz rouca, puxando a colcha para
cobrir o meu rosto. Eu odeio cheiro de cigarro. O odor é horrível.
"Tudo bem", respondeu e levantou-se para abrir a porta de vidro em
direção à varanda. O cigarro em sua mão estava aceso. King levava o
cigarro à sua boca, inalava um pouco de nicotina e lentamente colocava pra
fora...
Eu encarei as costas largas de pé na varanda fumando os cigarros. Os
arranhões em suas costas, meu corpo nu sob as cobertas... Só provava que o
desejo foi real.
Parceiro de cama... amigo com benefício... como quiser chamar. Parece
que não somos só colegas. Nem ele é mais só o "amigo de um amigo". King
e eu temos oficialmente outra relação agora.
Minhas pálpebras fecharam de cansaço. Embora eu ainda sinta que o que
acabou de acontecer não seja certo, é tarde demais. Eu já decidi.
É só um curto momento de loucura na minha vida e não vai demorar até
retornar ao que era antes.
Não vai.
Capítulo 8: Nervoso
Já imaginou como seria o seu futuro?
Quando estava na faculdade, imaginava que, quando chegasse aos meus
20 e poucos, teria um trabalho estável, meu próprio carro e apartamento.
Talvez vivesse como um homem de negócios numa capital e um namorado
com quem planejar o futuro.
Claro, esta é uma fantasia muito básica. Não estou mesmo esperando que
seja muito diferente de agora. Na verdade, está ficando cada vez mais
distante.
Sim, já tenho meu próprio apartamento, mas trabalhar numa empresa
privada de pequeno-médio porte não pode ser considerado estável. Tenho o
meu próprio carro, sim, mas não foi eu mesmo quem comprou. E o mais
importante: não encontrei o amor da minha vida.
Além do mais, nunca pensei que seria amigo com benefícios de alguém
que eu não gosto.
"Uea, no que está pensando?", perguntou King enquanto esperávamos
pelo elevador.
"Nada."
"Hmm, claro. Pensei que estivesse sonhando acordado, já que estava
olhando fixamente a parede. Não fui brusco demais a ponto de você bater
sua cabeça na parede ontem, fui?", sussurrou numa voz provocativa, com
seus olhos transmitindo flerte.
O dia literalmente acabou de começar e ele já está assim.
"Cale a boca", resmunguei. Já faz duas semanas, mas ainda não consigo
acreditar que estou neste tipo de relação com ele.
Tudo foi de acordo com o acordo que conversamos. Éramos só sobre
negócios na empresa como de costume, nem mesmo Jade conseguia ver a
mudança entre nós. Depois do trabalho, cada um de nós dirigia de volta o
seu próprio carro. King geralmente vai ao meu apartamento 3 vezes por
semana ou eu vou ao dele de vez em quando. Também transferi algumas das
minhas roupas para o seu apartamento, para que eu tenha uma muda de
roupas para usar no trabalho no dia seguinte. Sem precisar pegar roupas
grandes demais emprestadas.
Durante essas semanas, além do nosso acordo de cama, a forma como
tratamos um ao outro não mudou. Ele ainda continua me incomodando e eu
ainda me irrito. Especialmente numa situação como agora...
"Olá, Khun King", uma linda garota com uma doce voz veio
cumprimentar o King. Encarei a pessoa cujo nome estava sendo chamado e
não pude evitar revirar os meus olhos quando ouvi seu tom de voz gentil e
doce.
"Olá, Khun Rung. Você está muito bonita hoje", disse King dando seu
sorriso típico. Se lembro corretamente, esta mulher trabalha no andar bem
acima do nosso. Não sei direito, já que trabalhamos em departamentos
diferentes, mas o King parece conhecer todos deste edifício.
Se fosse o Jade, eu diria que ele está apenas sendo gentil e amigável. Mas
sendo o King, digo que está sendo paquerador e só quer tirar a roupa dela.
"Obrigada. Você está lindo hoje!", ela sorriu tímida, suas bochechas
estavam começando a ficar vermelhas. O sorriso do King enlargueceu.
Suspirando de irritação, virei o rosto.
Por que tenho que estar aqui assistindo-o flertar? Que irritante.
"Khun Rung, está pronta para voltar?"
"Não, eu estava esperando pelo café quando lhe vi. Só vim dizer oi",
respondeu ela.
No momento em que a porta do elevador abriu, imediatamente entrei por
estar cansado de ouvir a conversa deles. Fiquei de pé no canto de trás para
dar espaço para às outras pessoas. Ouvi o King dar adeus à Khun Rung
antes de vir ficar ao meu lado, dando-me um sorriso leve.
Quer saber? Talvez eu devesse ter arranhado a cara dele em vez das
costas ontem à noite. Seria melhor do que deixá-lo fingir ser um cara legal
na frente das outras pessoas.
Enquanto mais pessoas entravam, o elevador ficou lotado e o King teve
que se pressionar contra mim. Posso sentir seu peito largo contra o meu
ombro. Enquanto subíamos, fiquei silenciosamente observando o número
dos andares mudarem até sentir algo tocando as minhas costas.
O homem que estava próximo agarrou a minha bunda, antes de envolver
a minha cintura em seu braço, apertando. O encarei. Ele ergueu sua
sobrancelha antes de descer o braço.
Ding!
Quando chegamos ao nosso andar, saí rapidamente, cuidadosamente
olhando ao redor para ter certeza que ninguém viu o que aconteceu antes de
virar para a pessoa.
"Por que fez isso?", perguntei com voz séria.
"Não, foi um acidente", respondeu com um sorriso inocente, mas pude
ver em seus olhos que ele estava mentindo.
"Só um fantasma acreditaria que foi acidental! Você obviamente fez de
propósito!", franzi minhas sobrancelhas. O King apenas ergueu o canto de
sua boca e inclinou-se antes de sussurrar no meu ouvido.
"Eu vi você ficando apertado. Tive medo que você se machucasse, então
deixei que se apoiasse em meu braço. Fala sério. Já fizemos coisas mais
íntimas do que isso, esqueceu?", suas mãos subiram e tocaram a parte baixa
das minhas costas de novo. Rapidamente as empurrei e olhei firme em seus
olhos.
"Eu falei para não brincar na empresa!"
"Sim, sinto muito. Não tive a intenção. A minha mão acabou tocando.
Foi realmente um acidente", disse sorrindo brilhante. Respirei fundo antes
de pisar forte em seu pé.
"AI!"
"Ops, sinto muito. O meu pé acabou pisando. Foi um acidente", sorri para
ele, que agora estava surpreso por seu pé ter sido pisado. Fui embora em
direção ao escritório após bater o ponto.
Ficando muito irritado tão cedo de manhã... Parece que hoje não é um
bom dia!
***
E não é um bom dia mesmo.
Não só para mim como para todos na empresa. Temos esperado
ansiosamente pelo aumento salarial anual. Agora que chegou, me deixou
desapontado e frustrado.
Jade, que acabou de voltar da reunião com o chefe, retornou ao escritório
com um rosto triste e estava para baixo. Quando o chefe anunciou na sala
de conferência que só aumentaria o nosso salário em 1% este ano, o meu
amigo imediatamente inclinou-se para trás na cadeira em frustração e ficou
sentado com um olhar de frustração em seu rosto. O Jade já havia dito antes
que queria usar o seu salário para investir em alguns fundos, mas essa fonte
de fundos só cresceu um pouco e não pode ser usada em investimentos.
"Pelo menos há um leve aumento", embora eu estivesse tão desapontado
quanto, dei o meu melhor para confortá-lo. Jade apenas assentiu com um
rosto triste.
Eu originalmente planejava ir à churrascaria no shopping no almoço para
comemorar o aumento, mas já que o salário só subiu levemente, só posso
comer uma tigela de macarrão com frango amargo perto da empresa.
Sentei oposto ao Jade, que ficava fazendo barulhos enquanto sugava o
macarrão apimentado para dentro da boca. Mai entregou um lenço ao Jade
para que ele enxugasse o seu suor. Não fiquei surpreso quando vi que a
tigela do Jade estava cheia de pimentas vermelhas.
Jade nunca come nada apimentado demais.
"Caramba, Jade! Está comendo macarrão ou sendo fodido por alguém?
Por que diabos está gemendo?", King reclamou com leve provocação.
"Bem, está apimentado! Além disso, o tempo está quente demais! Eu não
estou gemendo", retrucou Jade, com a boca cheia de macarrão.
"Você sequer sabe como as pessoas gemem quando estão sendo fodidas?
Estou lhe dizendo, Jade, fazem o mesmo só que você está fazendo agora",
King continuou a provocar, fazendo o Jade corar.
"Não, não fazem!"
"Você não namora, como você sabe?"
"Já assisti pornô, seu cuzão! Não minta para mim", Jade respondeu com
confiança. Apertei os meus lábios para me impedir de rir.
"Oh, caramba. Qual site está usando, Jade? Talvez eu devesse dar uma
olhada", King riu alto enquanto segurava a barriga.
Os olhos do Jade arregalaram quando percebeu que havia mordido a isca
do King. Quando viu que o Mai não havia conseguido não rir, Jade corou.
"King, seu desgraçado! Seu idiota!", gritou Jade com vergonha, batendo
e chutando o King por baixo da mesa, fazendo-a tremer. As pessoas das
mesas próximas começaram a olhar para nós. Imediatamente os adverti com
os olhos, mas o King continuou a provocar o seu amigo de infância.
"Fala sério, Jade! Por que está com vergonha? Todo homem assiste por-
AIII!", King gritou depois que eu bati em seu ombro.
"Não podemos comer em paz? Você é barulhento!", adverti. King apenas
riu antes de esticar sua língua para Jade. Esses homens às vezes brigam um
com o outro como crianças mesmo que estejam ficando velhos.
Assisti Mai entregar ao Jade um copo de água para beber antes de eu
voltar a comer o meu macarrão. Eu estava prestes a dar uma mordida
quando senti algo apertar o meu quadril, me fazendo travar.
"O que foi?", perguntou Jade quando notou que eu estava duro.
"Não, nada", Jade apenas assentiu e voltou a comer. Olhei fixamente para
o King.
Tire. A. Sua. Mão. De. Mim. Balbuciei enquanto olhava nervosamente
para os outros dois. King não soltou e ainda teve a audácia de acariciar as
minhas costas.
Esse desgraçado...
"Espere, vou pegar um pouco de água para você, P'Jade", disse Mai numa
voz suave antes de levantar-se. Foi só quando o júnior alto se levantou que
o King timidamente puxou sua mão para longe de mim, então se virou e
continuou comendo o macarrão como se nada tivesse acontecido. Gritei por
dentro de frustração.
Não sei como ele consegue me irritar toda vez. Às vezes, só queria bater
nele.
***
Depois de pagar a conta, comprei um copo de chá preto gelado para
extinguir a minha sede e ter algo para beber enquanto esperava Jade
terminar de comprar o seu. Jade voltou não muito tempo depois.
"Voltem para a empresa primeiro. Vou à farmácia", Jade nos disse
enquanto tomava um gole da sua bebida.
"O que precisa de lá? Você está bem?", perguntou Mai rapidamente e,
vendo sua expressão preocupada, não pude evitar rir por dentro e me sentir
aliviado. São tão fofos.
"Não há nada errado comigo. Só vou visitar alguém", Jade garantiu,
alcançando a cabeça do garoto alto e dando um tapinha.
"Ah, está falando daquele?"
Há um mês, Jade chegou tarde à empresa. Ele veio usando uma camisa
com lama e amaçada. Ele explicou que havia ajudado um cachorrinho que
quase foi atropelado. Na época, Jade confiou o cachorrinho ao dono da
farmácia enquanto tentava encontrar um lar permanente. Infelizmente,
ninguém entrou em contato com ele. No fim das contas, o dono da farmácia
adotou o cachorrinho.
"Sim, eu não o visito há quase um mês. Ele já deve estar crescido."
"Cachorros crescem muito rápido. Ele provavelmente não tem a
aparência que tinha quando você o encontrou."
"Sim", Jade murmurou a si mesmo, com um olhar de pena em seu
semblante. Pelo último mês, ele teve que trabalhar duro todo dia para
alcançar o progresso do seu trabalho. Depois do almoço, ele tinha que
correr de volta à empresa para trabalhar. Jade não teve tempo de visitar.
"Deveríamos todos ir visitá-lo?"
"Não, não gosto de cachorros", King rapidamente recusou.
Jade virou seu olhar rapidamente para mim, "E você, Uea?"
"Você sabe que não posso ir", estranhei. O rosto do Jade ficou confuso
por um momento até que ele percebeu. Ele riu quando lembrou do motivo.
"Certo. Esqueci que você é alérgico a pelos. Sinto muito", ele deu um
tapinha em meu ombro como se quisesse me confortar. Jade sempre
esquece. Nos conhecemos há anos, ele está no mesmo departamento que eu,
mas sempre esquece que sou alérgico a pelos.
Ele é esquecido numa idade jovem.
"Tudo bem, então você o P'King voltem à empresa primeiro. E que tal
vo-"
"Sim, posso ir com você?", antes que Jade pudesse terminar de falar, Mai
o interrompeu com uma expressão entusiasmada indicando o quanto ele
queria passar um tempo com o meu amigo.
Mas, é claro, o meu amigo inocente não percebeu.
"Tudo bem! Vocês voltem à empresa primeiro. Mas não se matem no
caminho!", Jade nos lembrou.
"Preocupe-se com você primeiro! Mai, cuide bem do P'Jade. Ele é meio
maluco. Certifique-se de que ele não vai ser atingido por um carro quando
estiver atravessando a rua", provocou King, fazendo com que Jade o
xingasse. Balancei a minha cabeça e massageei a minha têmpora enquanto
assistia aqueles amigos de infância. Não esperando pelo King, virei e fui em
direção à empresa.
"Espere por mim!", com passos largos, King conseguiu me alcançar.
"Gosta de cachorros, Uea?"
"Sim, são fofos. Por que não gosta deles?"
"Na verdade eu gosto."
"Mas agora há pouco vo-"
"Por que eu deveria ir com o Jade? Não é melhor deixar o Mai
acompanhá-lo? Já faz um mês e ainda não há progresso algum. Eu só estava
o ajudando", riu.
Hmm. King parece parece ser muito íntimo e próximo do Mai, e isso me
preocupa um pouco.
Olhei para a pessoa que andava ao meu lado com desconfiança. Sei que o
Mai é um bom garoto, mas o problema é que a pessoa ao meu lado não.
Sempre que estão juntos, temo que algo aconteça. Quem sabe? O King pode
plantar algumas ideias estranhas na cabeça do Mai.
"O que está olhando?", perguntou King quando me viu olhar estreito para
ele.
"Nada", respondi antes de tomar um gole. No canto do meu olho, pude
vê-lo olhando para trás antes de inclinar-se na minha direção.
"Na verdade, há algo que eu gosto mais do que cachorros. Não quer
saber?"
"O quê?"
"De quatro. Ah, eu amo muito", disse com um sorriso no rosto.
Engasguei no chá.
"Ops!", riu enquanto alisava as minhas costas com a sua mão.
"Seu fodido!", resmunguei. King só continuou rindo enquanto me olhava.
Boa dor!
"Ai!", choramingou depois que bati forte em seu braço. "Caramba, se
acalma!"
"Desgraçado!", depois de repreendê-lo, imediatamente virei e olhei ao
redor, com medo de sermos ouvidos. Graças a Deus ninguém estava
passando.
"Eu lhe falei, não fale assim em público!"
"Ninguém ouviu. Está tudo bem!", ele colocou o seu braço sobre os meus
ombros, sorrindo antes de inclinar-se ao meu ouvido e sussurrar "Sei que
você também gosta. Sempre que estamos nessa posição, você não consegue
parar de gemer".
"Se disser mais uma palavra, vou derramar todo esse chá preto gelado na
sua cabeça!", olhei para ele fixamente e me preparei para abrir a tampa.
King continuou rindo com lágrimas nos olhos.
"Sim, sim, sem mais", ergueu suas mãos em redenção. Suspirei antes de
andar à frente dele.
Não é de admirar que ele não tenha um parceiro. Seria um infortúnio tê-
lo como namorado.
***
Agora já passou do meio-dia. A maioria dos funcionários terminou de
almoçar e está voltando para trabalhar. Entrei no edifício, com o King me
seguindo atrás. Enquanto esperava o elevador, vi uma silhueta aproximar-se
pelo canto do meu olho.
"A sua garota está ali, por que não vai dizer oi?", gesticulei para que o
King olhasse, assentindo para a garota linda em frente à cafeteria. Não a
conheço pessoalmente, mas sei que ela trabalha no andar de baixo. Ela
parece ter tomado gosto pelo King porque nunca perde uma oportunidade
de cumprimentá-lo.
"Não, vamos", disse ele com testa franzida, o que me surpreendeu. Seu
rosto parecia desagradado. Estou suspeitando que ele não goste dela.
Entendo.
"King, não quer um pouco de café?", perguntei em voz alta, enfatizando
o seu nome. Senti os cantos da minha boca formarem um sorriso quando
notei a mulher virar em nossa direção.
"Ei!", reclamou antes de me encarar. Só agi inocente e fingir não ter feito
de propósito.
Tenho buscado oportunidades para provocá-lo e agora é a chance.
Olhei de relance para a mulher de novo e a vi andando em nossa direção.
Estou secretamente satisfeito com o resultado. Decidi deixar o King para
trás e esperar pelo elevador sozinho, mas a pessoa próximo a mim foi mais
rápida.
"Gerente!"
"Oh! Qual o problema, Khun Anon?"
Enruguei o meu nariz e vi que o King atrás de mim estava acelerando e
andando em direção ao gerente da empresa, que também estava esperando
pelo elevador. Ele sorriu educadamente para o gerente e começou a
conversar. Quanto à mulher da cafeteria, ela claramente parou no caminho
quando viu King conversar com o gerente, abandonando a sua vontade de
vir dizer oi.
Droga! Você deu sorte, King. Murmurei enquanto entrava no elevador,
decepcionado que não o peguei.
Você teve sorte desta vez.
Cheguei em nosso escritório enquanto o King continuava conversando
com o gerente. Fui para a minha mesa, abri o arquivo no qual estava
trabalhando e continuei a fazer o meu trabalho. Logo depois, King retornou
ao escritório. Ele andou direto até mim. Seus olhos cheios de uma suave
irritação.
"Estava se vingando de mim?"
"Talvez. Talvez não", respondi casualmente. King clicou sua língua e
estava prestes a dizer algo, mas foi interrompido por um colega que entrou.
"P'King! Acabei de encontrar aquela garota que trabalha no andar
debaixo ao nossa empresa. Qual é o nome dela mesmo? Não lembro", Gun,
um programador júnior, chegou. King suspirou antes de responder numa
voz preguiçosa.
"Srta. Moh."
"Certo! Ela me perguntou se você tem estado ocupado com o trabalho
ultimamente. Ela não tem te visto sentado na cafeteria há alguns dias."
"Então o que você disse?"
"Eu disse que você está muito, muito ocupado com o trabalho e não tem
nem um tempo livre."
"Tudo bem, bom", sua voz rouca e grave tinham uma pitada de alívio, o
que me surpreendeu.
"Não gosta daquela pessoa? A acho bonita, diferente das funcionárias do
nosso departamento", Gun perguntou exatamente o que eu estava curioso. O
comportamento do King com aquela garota era muito bom independente do
ponto de vista, então é estranho que ele diga que não gosta dela. King
usualmente é amigável com todo mundo. Eu nunca o vi se esforçar tanto
para evitar alguém assim antes.
"Ela é agressiva demais. Eu não gosto. Ela tem me seguido e, sempre que
conversamos, ela faz perguntas demais embora nos conheçamos apenas há
pouco tempo. Pense, se ela já é assim antes de qualquer coisa acontecer
entre nós, quanto mais se realmente estivermos juntos num
relacionamento?", ele respondeu nossas perguntas num tom sério.
Hmm. Parece que o nosso homem livre não gosta de ser controlado pelos
outros! Para ser honesto, esse tipo de pessoa é muito adequado para uma
pessoa paqueradora e ardilosa como o King.
"Isso é verdade", disse Gun em concordância.
Olhei para a tela do meu computador e resolvi ignorar a conversa deles e
me concentrar em meu trabalho, as a próxima pergunta do Gun me fez
erguer as orelhas e ouvir.
"Uh, P'King, então qual é o seu tipo ideal?"
"Por que a pergunta?"
"Sempre que vamos a um bar, você escolhe alguém muito rapidamente.
Imagino se você tem um tipo ideal ou algo assim".
"É só por uma noite. O que você acha?", zombou. Revirei os meus olhos.
Como esperado dele.
"Então você não tem nenhum tipo específico?"
"Tenho, na verdade."
"Como qual?", Gun perguntou ansioso para saber. Perdi o interesse e
estava prestes a continuar trabalhando quando o King falou.
"Uma pessoa que pareça sexy e sedutora sem nem tentar. Uma pessoa
que possa me atrair só por sentar. Este é o meu tipo."
Senti um olhar intenso por trás de mim. De repente, o clima atrás de mim
começou a ficar estranho e uma sensação desconfortável subiu em meu
peito.
"Uau. Sua resposta é como esperada, P'", disse Gun antes de andar até
mim e me dar um tapinha no ombro.
"E você, P'Uea, tem algum tipo?"
"Alguém que não seja um paquerador", respondi curto, os fazendo rir.
"É muito claro. O P'King não tem chance", Gun virou-se e deu um
tapinha no ombro do King. King me olhou e fingiu estar magoado.
"Oh, Uea. Como você pôde? Partiu o meu coração!"
"Tanto faz", o olhei e virei o rosto. Voltei o foco ao trabalho à minha
frente e deixei que os dois programadores continuarem a sua conversa.
Na verdade, nem sei por que bisbilhotei a conversa deles, para começar.
E qualquer que seja o tipo ideal do King, não tem nada a ver comigo.
***
O trabalho da tarde é sempre miserável. Um dos motivos pode ser porque
tenho que sair para o trabalho cedo pela manhã. Ter uma refeição completa
no almoço também me deixa sonolento. Ouvi o Jade reclamar sobre os seus
olhos ficarem cansados enquanto pegava alguns lanches da mesa do Mai
para comer. Também comecei a me sentir com um pouco de sono, então
divergi os meus olhos do computador para a pequena Kuan Yin* que
comprei e pus na mesa, dando oportunidade para os meus olhos
descansarem. [N/T: *conhecida também como a "deusa da misericórdia" ou
Guanyin no budismo]
Mas a minha sonolência não desapareceu, então decidi ir ao banheiro
para lavar o rosto.
Liguei a torneira, juntei um pouco de água e joguei no meu rosto
sonolento, sentindo-me muito mais refrescado. Depois de pegar um pouco
de papel para enxugar o meu rosto, decidi voltar ao trabalho. Bem aí, King
entrou no banheiro com um copo de café.
"Trabalho demais hoje. Duvido que chegarei no horário mais tarde. Acho
que tenho que ficar", ligou a torneira para limpar o copo do café. King me
olhou e perguntou "Vai ficar também?"
"Não. Terminei todo o meu trabalho hoje."
"Sortudo. Volte para casa primeiro, então. Vou para lá ali que o meu
trabalho tiver terminado."
"Vai para onde?", ele franziu o cenho após ouvir a minha pergunta.
"Pergunta estranha, mas tudo bem. O que geralmente fazemos à noite?",
respondeu com uma pergunta, os cantos de sua boca formando um sorriso.
"Você não vai hoje."
"O quê? Por quê?" , o sorriso presunçoso do King rapidamente
desapareceu.
"Você tem me provocado o dia todo. Acha que ainda estou no clima para
ficar com você?", resmunguei. "Eu lhe disse para não ficar de brincadeira
no escritório e você não ouviu."
"Qual é. Não leve tão a sério. Sinto mui-"
"E depois de pedir desculpa? Está planejando parar de me irritar? Se não
for sincero, então do que adianta se desculpar?", o repreendi com uma voz
firme.
Eu sei que o King gosta de provocar as pessoas e não tem intenção de
ofender, mas às vezes eu fico muito irritado com isso. Além disso, não
quero que outros vejam e suspeitem da nossa relação. Se eu não deixar a
minha irritação clara, ele não vai parar.
"...Então, eu realmente não posso te ver hoje?", a expressão em seu rosto
desapareceu num instante, deixando só um tom sério. Suspirei e estava
prestes a responder quando o meu telefone tocou de repente.
O peguei, apertando os meus lábios quando vi o nome na tela.
"É a sua mãe, não vai atender?", King me perguntou quando viu que eu
estava encarando o telefone. Inspirei fundo e estava prestes a pressionar o
botão para atender, mas a ligação foi desligada. Nem segundos depois, o
meu telefone foi bombardeado por mensagens.
"Por que não atende sempre que eu ligo?"
"Quando vai voltar para casa?"
"Entendo! Agora que você é adulto e tem o seu próprio dinheiro, você
não tem que voltar e ver os seus pais, tem?"
"Venha para casa uma vez neste sábado para que o seu pai pare de
reclamar! Está ficando irritante!"
Esta não é a primeira vez que a minha mãe me força a ir para casa. Ela
não quer me ver porque sente falta do seu único filho, mas para agradar o
seu marido que sente falta do seu filho adotivo. Esta é a terceira vez que ela
me manda mensagens em duas semanas. Aquele marido nojento dela parece
tão ansioso em me ver. Cada vez que vejo o seu rosto, quero vomitar.
"Qual é o problema?", sua voz grossa e rouca perguntou num tom gentil.
Só balancei a minha cabeça e guardei o celular.
"Nada. A minha mãe só me disse para ir para casa."
"Bem, vá para casa. Conversaremos outro dia", disse, desligando a
torneira antes de pegar o seu copo.
Hesitei por um momento, mas..
"King."
"Han?"
"Hoje à noite... pode ir se quiser", eu disse numa voz baixa, evitando
completamente o seu olhar. Ele ficou aturdido por um momento, olhos
cerrados em confusão.
"Não vai para casa?"
"Não, não volto para lá há muito tempo", respondi, não querendo dizer
para ele que aquela não era minha casa de jeito nenhum. Só a casa da nova
família da minha mãe. Além disso, aquela casa me lembra memórias que
tenho tentado esquecer.
Já faz alguns anos desde o incidente, mas é difícil sempre que piso
naquela casa.
"Lamento", mesmo que o King não mencionasse, pude dizer que ele
estava sendo empático pela minha família. Balancei a cabeça e disse que
estava tudo bem.
"Só me avise quando chegar. Vou descer para lhe buscar", eu disse antes
de sair do banheiro.
De início, eu não deixei o King ir porque não conseguia suportar o que
ele fez hoje. Queria aproveitar a oportunidade para ensiná-lo uma lição, mas
quando vi a mensagem de texto da minha mãe, um sentimento de
desconforto veio instantaneamente. Não quero ficar sozinho hoje.
Sentei na cadeira e continuei a trabalhar. Ouvi os passos do King por
perto. Olhei para cima e encontrei o seu olhar por um segundo antes de ele
olhar para outro lugar e retornar ao seu assento para trabalhar.
Ding!
"Vejo você mais tarde, então."
Olhei a mensagem do homem atrás de mim, então bloqueei a tela do meu
telefone, relaxei um pouco e continuei a focar no trabalho à minha frente.
Embora não sejamos tão próximos, percebia que, após conhecê-los por
tantos anos, ele sabe quando brincar e quando ser sério, mesmo que seja um
pouco irritante. Em termos de sexo, ele não é um egoísta que só se importa
com o seu prazer. Diferente dos meus ex. Ele também se importava comigo.
Ele sabe o que o meu corpo quer e responde aos meus pedidos.
Suas habilidades na cama são excelentes. Dormir com ele pode me fazer
esquecer dos problemas que não quero encarar por um tempo e me ajudar a
clarear a minha mente. Sinto como se divagasse para outra dimensão e não
precisava me importar com nada além do seu toque.
Mesmo que seja por pouco tempo. Para mim, é suficiente.
Capítulo 9: Desconhecido
Socializar com pessoas é algo que não sou muito bom. Como uma pessoa
introvertida, raramente tomo a iniciativa de conversar com outras pessoas,
especialmente com pessoas que não conheço. Prefiro ficar sozinho do que
socializar, mas no trabalho socializar é algo inevitável, porque sempre
temos que trabalhar com outras pessoas. Embora eu esteja no mercado de
trabalho há vários anos, sempre me sinto sobrecarregado quando converso
com novos colegas de trabalho.
Cada colega da empresa tem sua própria experiência de vida e
personalidade. Alguns são muito reservados, como eu. Mas a maioria é
amigável e gosta de conversar com as pessoas. Acredito que este é o motivo
pelo qual a empresa organiza diferentes atividades todo ano, para que cada
funcionário aqui possa conhecer e se comunicar com outros. Além de
querer que os funcionários aliviem o estresse do trabalho, é claro.
Todo ano, a empresa organiza duas atividades principais. A primeira é a
viagem anual de férias da empresa e a outra é...
"Os times para o evento de esporte da empresa foram anunciados.
Verifique a sua cor para saber em qual time está. Postei a lista no quadro de
avisos. Os uniformes dos times serão enviados à tarde. Venham e assinem",
eu estava no filtro de água quando o P'Bas fez o anúncio. Meu olhar foi até
o quadro de avisos que estava próximo e suspirei.
Não gosto de participar de atividades desde que eu era estudante. Se
posso evitar, vou tentar evitar ao máximo. Mas já que esta atividade vai
afetar o bônus de fim de ano, não importa o quão cansado eu esteja com
essa atividade, tenho que fazê-la. Em adição ao prêmio, o time vencedor
também tem um bônus de 500 baht [N/T: cerca de R$ 71,45], então não
importa quanto o evento pode ser chato, não deve ser tão ruim.
"Uea, por favor, tire uma foto para eu ver", Jade gritou na frente da sala.
Peguei o meu telefone e tirei uma foto do quadro de avisos, e então voltei
ao meu assento. Os meus colegas que estavam sentados próximo a mim
imediatamente vieram ver.
"Namwaan! Estou no time com você!"
"Como assim vocês estão juntos enquanto eu estou no outro?"
"P'Bas é tão mau. Ele se colocou no time do P'King de novo!"
"As garotas podem se afastar um pouco? Quero ver em qual time estou",
Je Fai andou empurrando o grupo de pessoas na minha frente e, olhando o
meu telefone, disse "Estou no time azul este ano. Jade, você e eu estamos
no mesmo time!".
"O que?! Merda! Oh, não, quis dizer oba! Que sorte!"
"Jade! Eu ouvi isso!"
"Je Fai, veja o meu também!"
"Você não tem um time, N'Gun! Vai ter que apresentar. Que pena."
"De novo?! Eu nem pude jogar no ano passado!", Gun protestou com
uma expressão de frustração. Je Fai riu e então roubou o celular de mim,
continuando a ler a lista.
"Então no time azul tem P'Bas, Jade, King e eu. Ótimo! Mas por que o
N'Mai foi designado para o time laranja? P'Bas?!", Je Fai protestou em voz
alta, enquanto a pessoa responsável pelo grupo, P'Bas, apenas ria e ignorava
a pergunta.
Grupos de eventos de esporte são geralmente determinados
aleatoriamente por cada departamento, para que os funcionários possam
usar esta oportunidade para conhecer os seus colegas de outros
departamentos. É por isso que não é surpreendente que alguns colegas
sejam atribuídos a times de outra cor. Subconscientemente olhei na direção
do Mai. Ele estava olhando para o Jade que estava brincando de luta com Je
Fai. Parecia um pouco desapontado, provavelmente porque não estava no
mesmo time que o meu amigo.
"Há o P'Mongkol, Uea e o N'Mai no time laranja. Oh, só de olhar esta
lista, realmente acho que o nosso time vencerá este ano!", Je Fai afirmou
brincando, antes de devolver o telefone para mim. Apenas sorri porque é
verdade.
Não importa que time seja, contanto que Jade e Fai estejam juntos, é
garantia de que seu time definitivamente vencerá. Com o entusiasmo e
energia deles, até os fantasmas da empresa têm que desistir.
"Uea, confio N'Mai a você. Lembre de cuidar bem dele!", me disse Jade
com um sorriso brilhante quando a multidão começou a se dispersar.
"Sim."
"Que pena que não posso estar no mesmo time que você, P'Jade", disse
Mai. Jade encarou o Mai e apenas sorriu, dando tapinhas em seu ombro.
"Está tudo bem. Vai poder conhecer outros rostos do escritório. Além
disso, o Uea estará com você, não vai se sentir sozinho. E talvez conheça
novos amigos e me esqueça."
"Como eu poderia te esquecer, P'Jade?", N'Mai franziu a testa e seu tom
tornou-se sério, mas o Jade não percebeu, porque agora mesmo ele acabou
de virar e olhou para o Gun, que estava furioso por não poder participar do
jogo.
"O que está havendo?", a voz grave do King soou. Ele havia acabado de
retornar do banheiro e a discussão sobre o evento de esporte ainda estava
ecoando no escritório.
"Os times do evento de esporte acabaram de sair. E eu não vou participar!
De novo!", N'Gun resmungou enquanto clicava o seu mouse
agressivamente.
"Você vai ser o apresentador de novo? Qual é o problema? Você só tem
que sentar e falar. Não vai ficar cansado."
"Mas tenho feito isso por dois anos!"
"Ah, fala sério. Em qual time estou?"
"Você e eu estamos no time azul. Mai e Uea estão no time laranja",
respondeu Jade.
"Ah, sério?", disse arrastando a voz de forma provocativa. Os nossos
olhares se encontraram quando olhei para ele. Ele ergueu sua sobrancelha e
fez biquinho.
"Aw, o Uea não está no mesmo time que eu. Não fique tão triste, tudo
bem?", provocou.
"Não se preocupe, não estou nada triste", respondi com voz monótona, o
fazendo rir. Embora eu não esteja no mesmo time que o Jade, tudo bem
contanto que eu não esteja no mesmo time que o King.
Não tenho que lidar com ele por um dia. Eu deveria comemorar!
***
Os dias voaram tão rapidamente. Trabalho e responsabilidades
continuavam chegando ao ponto de que Jade, Mai e eu tivemos que ficar
depois do horário quase todo dia. Foi só quando acordei numa manhã que
percebi que dois dias depois seria o evento esportivo.
"King, quando vai pegar sua camisa?", olhei a blusa azul que estava num
pacote claro que foi deixada desde que foi entregue. King saiu do meu
quarto só usando sua calça, sua mão segurando sua camiseta branca.
"Eu esqueci que estava aqui. Achei que estivesse no meu apartamento",
King olhou a blusa azul esquecida antes de vestir a sua branca, cobrindo a
parte superior nua do seu corpo.
"Leve. Você vai usar depois de amanhã."
"Irei."
"Obrigado", depois que o lembrei, fui ao meu banheiro e chequei a minha
aparência na frente do espelho antes de sair para o trabalho.
Desde que o nosso acordo começou, e porque quase sempre estamos
juntos, começamos a conversar cada vez mais. Embora a maior parte seja
sobre o trabalho ou coisas pessoais.
Contanto que o King não esteja brincando, posso conversar com ele pelo
menos um pouco. Mas o King sendo King, ele gosta de brincar ou me
provocar na maior parte do tempo. Ele, especialmente, gosta de apertar a
minha cintura pela manhã antes de eu ir trabalhar. De início, eu ia o
repreender, mas decidi apenas ignorá-lo, porque eu sabia que quando mais
eu reagisse, mais alegre ele ficaria e não pararia.
Psicopatas gostam de ver a pessoa enlouquecer. Acho que ele é um.
Agarrei um pente e continuei a pentear a minha franja e pelo canto do
olho, vi o King entrar. No começo, achei que ele fosse pegar algo ou apertar
a minha cintura de novo, mas ele só ficou atrás de mim abraçando a minha
cintura com um braço antes de me dar um beijo na bochecha.
"Você já é lindo", depois de soltar a minha cintura, ele casualmente
pegou o cinto e colocou enquanto eu fiquei parado.
"Não faça isso de novo", disse eu numa voz séria.
"Han?"
"Não beije a minha bochecha assim de novo."
"Caramba, que sério", murmurou. Inspirei fundo e continuei penteando o
meu cabelo com irritação.
O número de vezes que o beijei no último mês não dá para contar em 10
dedos, mas as vezes que ele me beijou na bochecha foram demais. Se for só
para desafogar sua luxúria, tudo bem, porque não sinto nada além de pura
luxúria. Mas fora da cama, sempre que ele me beija, me dá sensações
estranhas e me incomoda muito.
Tipo agora. Não sei como me sentir. E eu odeio não saber como me sinto.
***
Se as pessoas observassem bem, descobririam que o King e eu chegamos
ao escritório cerca do mesmo horário quase toda manhã, (dormimos na
mesma cama à noite e dirigimos para fora do apartamento juntos. Como
podemos não chegar ao mesmo tempo?) o que é muito incomum para nós.
King costumava se atrasar para o trabalho, enquanto eu chegava sempre
cedo.
Me preocupa sempre que entramos juntos porque alguém pode perceber.
Felizmente, ninguém apontou isso ainda, o que significa que ninguém
descobriu ainda. Sinto-me aliviado de alguma forma.
Mas é melhor prevenir o mais cedo possível. Talvez seja melhor que eu
chegue aqui primeiro ou talvez que eu deixe o King sentado na cafeteria do
térreo um pouco?
"Vão para o escritório primeiro, vou só comprar um pouco de milk tea", a
voz do Jade me puxou de volta dos meus pensamentos.
É o intervalo do almoço agora. Acabamos de terminar de comer e
estamos nos dirigindo de volta ao escritório. O Jade, que não sabe viver sem
sobremesa, acenou antes de ir direto à loja de bubble tea próxima do
edifício. Mai naturalmente o seguiu como uma sombra.
"Uea, você acha que o Jade sabe que o Mai gosta dele?", King, que
estava ao meu lado, perguntou. Observei o júnior tentando pagar ao caixa e
o meu amigo estava tentando impedi-lo de pagar para ele.
"Obviamente não."
"Coitado do Mai, não acha?"
Eu estava prestes a abrir a minha boca quando uma doce voz feminina
chamou o meu no,e
"N'Uea? É você?"
"Olá, P'Pear!", assim que vi o seu rosto, cumprimentei a mulher que
estava andando na minha direção em um vestido.
"Há quanto tempo?! Você trabalha neste edifício?", P'Pear sorriu
brilhante enquanto gentilmente tocava o meu braço.
Ela era minha sênior na faculdade. Ela ajudava o Jade e eu a estudar para
as provas, dava conselhos e cuidava de mim de muitas formas. Uma pessoa
muito agradável, de verdade. Mas não temos tido contato em muito tempo,
desde que ela se formou. A última vez que nos encontramos provavelmente
foi num casamento de sua família, há 3 anos.
"Sim! E você, P'Pear?"
"Ah, estou discutindo negócios com o chefe aqui hoje. Só de sair para
comprar um copo de café antes de voltar", ergueu o café em sua mão.
"Que coincidência. Não lhe vejo há tanto tempo. Lembro como você era
fofo quando eu estava na faculdade. Até agora! Deve haver muitos garotos
atrás de você!"
"Não mesmo", ri e P'Pear riu ainda mais alto. Seu olhar divergiu de mim
para o King que estava de pé ao meu lado.
"E este é?"
"O meu amigo. Trabalhamos na mesma empresa."
"Oi. Meu nome é King. Sou amigo do Uea", apresentou-se com uma voz
suave, os cantos de sua boca se erguiam levemente. Seus olhos brilharam
por causa da linda mulher à sua frente.
Juro, este paquerador...
"Olá, meu nome é P'Pear. Sou sênior do Uea da faculdade."
"É um prazer conhecê-la."
"O prazer é meu", respondeu P'Pear com um sorriso, então voltou a olhar
para mim com arrependimento. "Queria conversar e ficar mais com você,
mas o chefe está esperando por mim no carro. Te encontro no Line mais
tarde. Colocamos os papos em dia lá, tudo bem?"
"Tudo bem, boa viagem!", acenei para a minha sênior. P'Pear me abraçou
apertado antes de acenar e andar em direção à saída do prédio. Virei para
olhar para o King ao meu lado e vi que ele estava encarando,
carinhosamente, as costas da P'Pear.
"Pare de olhar para a P'Pear assim. Ela é casada e tem filhos."
"O que quer dizer? Estou olhando para ela normalmente. Você está sendo
tendencioso", sorriu para mim. Revirei os meus olhos e fui embora para
esperar pelo elevador.
Acho que ele está sendo só "acolhedor" e "amigável" demais. Não
afetuoso.
As portas do elevador abriram e eu entrei com o King, que tomou a
oportunidade para se aproximar de mim antes que as portas fechassem.
"O que você acabou de dizer estava errado, Uea", disse ele de repente,
fazendo com que eu olhasse para ele confuso.
"O quê?"
"Você disse para ela que éramos amigos, mas na realidade somos mais do
que isso", se inclinou e sussurrou no meu ouvido. Suspirei e dei o meu
melhor para suprimir a ânsia de dá-lo um chute.
"...Cale a boca", disse eu entredentes e me afastei alguns passos antes de
virar a minha cabeça. King não pôde evitar rir quando viu a minha reação.
"A propósito, não vou hoje à noite. Ai'Gun está de coração partido, então
me convidou para beber."
"Vá onde quer que queira ir", respondi. Neste momento, as portas do
elevador abriram e outras pessoas entraram, cortando a conversa.
King indo a bares não é nada novo. O departamento todo sabe como ele é
familiar com esse tipo de lugar. Ele frequentemente levava o Ai'Gun a bares
e basicamente, sempre que ia a um bar, conseguia caçar sua preza com
sucesso. Sempre que o King se atrasa para o trabalho, você nem precisa
adivinhar o que aconteceu na noite anterior.
Temos estado numa relação de amigos com benefícios por mais de um
mês e ele não esteve num bar neste período. E quando ele dorme comigo,
quase nunca se atrasa para o trabalho. Parece que não pode evitar esta noite.
Olhei para ele e lembrei que, uma vez que ele dormisse com outra
pessoa, o nosso acordo estaria acabado. Pensando nisso, senti um pequeno
aperto no peito.
É um sentimento de alívio e tristeza. Não me importo de encontrar outra
pessoa com quem dormir para amenizar a solidão até que eu encontre um
namorado de verdade. Acho que é uma pena enorme já que o King conhece
minhas necessidades físicas muito bem. Mas se ele quebrar o acordo entre
nós, não poderei aceitar.
Vai acabar mais cedo ou mais tarde, de qualquer forma, então não
importa muito.
Andei de volta direto para o escritório e ouvi a voz de uma colega indo
cumprimentar o King, dizendo que trouxe uma sobremesa para ele. Os
deixei e prossegui para o departamento. Quando andei até a mesa, encontrei
um copo de bubble tea com um bilhete. Parece que alguém colocou aqui
escondido.
Suspirei cansado antes de distanciar o copo. Liguei o computador, abri o
software e continuei o meu trabalho. Quando um júnior chegou, o entreguei
o bubble para tomar.
***
Funcionários que têm os fins de semana de folga tendem a ficar mais
entusiasmados toda sexta-feira porque é o último dia de trabalho da semana.
Quem não ficaria? É por isto que estou motivado a trabalhar hoje, já que é o
último dia de trabalho da semana. É por isso que esta semana parece
levemente diferente. Quando entrei no escritório, o som dos meus colegas
rindo e conversando alto me recebeu.
O clima está tão vívido e alegre embora ainda não seja sexta-feira. Já que
o evento esportivo acontecerá amanhã, não teremos que trabalhar. Podemos
relaxar e ficar confortáveis. Algumas pessoas estavam muito animadas,
especialmente Je Fai e o Jade. Mas pessoas como eu, que não gostam de
socializar e participar deste tipo de atividades, prefiro sentar e trabalhar.
Coloquei a minha bolsa e o café na mesa, observando ao redor da sala
que alguns assentos ainda estavam vazios. Embora a maioria dos
funcionários estivesse se preparando para o evento amanhã, ainda há alguns
que estão atrasados para o trabalho.
Especialmente aqueles dois.
"P'King e P'Gun estão tirando o dia de folga hoje?", Mai perguntou
enquanto eu olhava o assento vazio atrás de mim. Balancei a minha cabeça
para mostrar que eu não sabia. Jade olhou os assentos vazios dos
programadores e franziu a testa.
"Não, ele não me disse nada. Ele não foi a um bar com o Gun ontem?
Acho que o Gun estava bêbado demais para acordar e o King
provavelmente encontrou alguém com quem se divertiu demais para
acordar", disse Jade estufando o cookie que dei para ele em sua boca.
Assim que ele terminou de falar, uma das pessoas sobre quem estávamos
falando entrou.
"Bom dia, pessoal!", Gun cumprimentou apressadamente as pessoas ao
seu redor e sentou em sua cadeira. Ele estava respirando ofegante,
indicando que estava com pressa para completar o prazo para participar do
evento.
"Estávamos falando sobre você. Pensei que estava morto!"
"Voltei, P'Jade, e não estou morto, mas com certeza irei com esta
temperatura. Por que está tão quente?", Gun arfava enquanto tirava sua
camisa vermelha xadrez. Ele puxou sua camisa branca de baixo para se
ventilar. Seu cabelo está bagunçado e parecia ter dormido a noite toda.
"Ei! E o King?"
"P'King? Ele e-"
"Por que está procurando por mim tão cedo? Já está sentindo minha falta,
Jade?", falando no diabo...
King entrou no escritório com círculos escuros ao redor dos olhos como
o seu júnior. Ele mexeu suas sobrancelhas antes de me dar um sorriso
enquanto passava pelo meu assento. Ver sua expressão leve me deixou um
pouco irritado.
Ah, ele deve ter tido uma noite muito alegre e confortável!
"Bem, eu estava imaginando se você apareceria na empresa hoje ou se
ainda estaria no paraíso", Jade brincou e Mai sorriu. Vi que King sorriu,
antes de eu decidir virar e ignorar a conversa.
Não estou no clima para ouvir essa experiência "celestial".
"Como assim 'paraíso'? Ontem foi o inferno! Acredita que este garoto
bebeu tanto que desmaiou e eu tive que levá-lo para casa?", reclamou.
Pausei porque não era o que eu esperava ouvir sobre ontem à noite.
"P'King, sinto muito", Gun implorava como uma criança mimada e Jade,
que estava sentado ao meu lado, gargalhou.
"Ah! Então você não encontrou alguém com quem se divertir ontem?
Que pena!"
"Não fui lá para isso. Só estava bebendo com o Ai'Gun", explicou King.
Que inacreditável!
"King, é impossível você não ter levado ninguém para casa ontem à
noite. Eu realmente não acredito!", Jade disse exatamente o que eu estava
pensando.
"Aí é com você", King apenas sorriu, dando de ombros como se não se
importasse.
A conversa teria continuado se não fosse pelo gerente geral entrando na
sala. Todos imediatamente viraram-se, encarando o computador e fingindo
trabalhar.
Continuei trabalhando após isso. Eram cerca de 11h quando o meu
telefone vibrou. Abri e vi que alguém havia me mandado mensagem.
"Podemos conversar? Me encontre na saída de emergência."
Imediatamente virei e olhei para trás. A mesa atrás de mim está vazia.
Suspirei suavemente e disse ao Jade que ia ao banheiro. Levantei e saí do
escritório. Ele estava levemente apoiado contra a parede, com os seus
braços cruzados, quando cheguei lá.
"E aí?"
"Onde hoje à noite? No meu ou no seu?", perguntou King. Apenas olhei
para ele em silêncio com muitas perguntas correndo pela minha mente. O
canto da sua boca se ergueram quando me viu o olhando fixamente.
"O quê?"
"Ontem à noite... você..."
"Não dormi com ninguém. Não quebrei o nosso acordo", King
imediatamente respondeu a pergunta que estava presa na minha garganta.
Só ergui a minha sobrancelha, claramente ainda em dúvida.
"Não consegue acreditar? Pode perguntar ao Ai'Gun como me comportei
ontem à noite!"
"Quer que ele suspeite?", resmunguei. Posso sentir a paranoia baixando.
Escolhi acreditar nele.
Que estranho, né? Quem pensaria que, um dia, eu confiaria nas palavras
deste homem. Temos sido amigos com benefícios há meses e posso dizer
que aprendi mais sobre ele durante este período. Ele é uma pessoa muito
objetiva. Não há motivo para ele mentir sobre as coisas. E se ele tivesse
transado com outra pessoa, tenho certeza que ele diria imediatamente.
Preferencialmente, gostaria que ele não dormisse com outra pessoa
porque preciso que ele me acompanhe na minha solidão. Seria uma pena ter
que acabar a nossa relação agora.
"Acredite em mim! Eu já disse que se eu fizesse, nunca mentiria para
você", King colocou a mão em meu ombro e me apertou levemente, me
garantindo.
"É melhor você não estar mentindo. Não gosto de mentirosos", disse eu
num tom sério. Quando ele ouviu, seus olhos se iluminaram, sua palma
rapidamente desceram do meu ombro para a minha cintura, colocando o
braço ao redor dela.
"Significa que se eu não mentir, vai gostar de mim?"
"Baboseira. Vou voltar ao trabalho", empurrei a sua mão e estava prestes
a voltar quando o King segurou o meu pulso.
"Então onde estaremos hoje? No seu?"
"Por quê? Temos um evento esportivo amanhã. Não precisa dormir e
descansar?"
"É mais um motivo para nos vermos esta noite. Tenho que fazer alguns
exercícios de aquecimento, entende?", King se aproximou e me abraçou em
seus braços. Posso cheirar sua fragrância leve de menta.
"Solte. Alguém vai nos ver!"
"Ninguém está aqui exceto nós", disse ele antes de eu sentir seus lábios
no meu pescoço. Eu me esquivei, mas o King apenas subiu e mordiscou o
lóbulo da minha orelha antes de sussurrar numa voz grave.
"Deveríamos tentar algo divertido. Como desligar as luzes, deixar a sala
completamente escura-"
"Não!", o cortei, rapidamente acabando com o clima quente e intenso.
King não pareceu ofendido, mas ficou aturdido quando viu a expressão em
meu rosto. Engoli seco e me acalmei antes de me virar.
"Vou voltar ao trabalho. Vamos conversar mais tarde", disse antes de
voltar ao escritório. Pensando na minha reação exagerada, sinto uma dor no
peito.
Não importa quanto tempo passe, sempre haverá feridas não cicatrizadas
em meu coração.
***
Desde o acordo, nunca impedi que o King me encontrasse contanto que
não excedesse a regra de 3 dias por semana. Ontem à noite foi a primeira
vez em que percebi que deveria tê-lo impedido.
Quer saber por quê? É porque não dormi o suficiente! Estou em privação
de sono.
Saí do carro usando a minha camisa laranja, calça de moletom e tênis.
Balancei a minha cabeça para afastar o sono. Nem sei de onde o King tira
essa energia. Quando dormi, eram cerca de 2h da manhã, mas aí tive que
acordar às 5h30 para tomar banho. E agora estou com tanto sono! Minhas
pálpebras estão pesadas e o meu corpo dolorido. Não quero mesmo me
mover.
Se eu soubesse disso, não teria deixado que viesse ao meu apartamento
ontem à noite. Encarei o dono do Honda Civic preto estacionado próximo
ao meu carro, o homem que me deixou privado de sono, o homem cujo
nome é King. Ele olhou para mim e sorriu quando viu a minha expressão.
"O que há com o seu rosto? Está zangado comigo de novo, Khun
Anon?", andou até mim depois de perguntar. King geralmente não usa
camiseta, mas quando usou sua azul hoje, sua veste bem ajustada revelava
seus músculos do peito, costas largas e abdômen tonificado.
Se fosse um dia normal, eu definitivamente apreciaria, mas hoje não
estou no clima para apreciar o seu corpo não importa o quanto ele esteja
lindo.
"Ainda está zangado por não dormir o bastante? Você estava muito
energético e gritando ont-"
"Cala a boca!", o olhei fixamente. Ele apertou os lábios e imediatamente
ergueu as mãos em redenção.
Suspirando alto, tranquei a porta do meu carro e dirigi até o ginásio com
o King me seguindo. A empesa alugou o ginásio de uma universidade
privada como local para o evento esportivo. Senti que o presidente desta
universidade é amigo do meu chefe, então ele fez uma exceção para
emprestar o local em dia útil.
"Uea, em que evento você está?", King perguntou enquanto andava ao
meu lado.
"Só participo do evento Comida Dou Kuai, e fiquei no time com o Mai",
respondi. Para ser sincero, se eu tivesse que escolher, preferiria não
participar de nenhuma atividade, mas já que o P'Bas insistiu e ficou me
incomodando, não tive escolha a não ser escrever o meu nome em um dos
jogos.
"Ah! Ai'Jade e eu estamos no mesmo time. Há três times participando,
certo? Imagino se terei uma chance de ir contra você", King disse com a
curiosidade evidente em sua voz.
"Mas se tiver, tenho que me desculpar antecipadamente porque
definitivamente vou ganhar!"
"Como tem certeza?"
"Porque sempre que jogo, nunca perco", respondeu com confiança, seus
olhos brilhando astutamente, antes de adicionar "Tenho que ganhar de novo
desta vez!"
"Certamente, você vai", respondi casualmente. King apenas sorriu antes
de colocar o seu braço sobre os meus ombros.
"Isso mesmo! Você só vai ter que esperar e ver! Vem, vamos entrar, Khun
Anon!", disse King entusiasticamente.
"Me solte", empurrei o seu braço e entrei no ginásio. Cliquei a minha
língua quando o ouvi rir atrás. Por sorte, não tive que estar no mesmo time
que ele hoje. Me sentia aliviado.
É bom estarmos separados por um tempo, para que eu não tenha que ser
incomodado por ele, mesmo que seja só por um dia.
Capítulo 10: Bom Conhecer Você
Aviso de gatilho na parte final deste capítulo: violência infantil e
homofobia. Um segundo aviso está disponível antes do início do tema.
Comparado a pessoas da mesma idade, minha rotina diária é
relativamente chata.
Como um funcionário de escritório comum, começo a trabalhar às 8h30 e
então deixo o trabalho às 17h30. Em adição às 2 horas diárias de
engarrafamento, isso conta mais como mais da metade das 24 horas do dia.
E eu não sou do tipo extrovertido, que gosta de lidar com pessoas, e não
gosto de socializar depois do trabalho. Quando eu ainda tinha um
namorado, ainda arranjava tempo para sair com o meu namorado, mas gora,
sem namorar, apenas acordo de forma mecânica para ir trabalhar todos os
dias. Depois volto do trabalho para casa para dormir. Todo dia assim.
Mas agora... está bem diferente.
Desde que comecei a relação de amigos com benefícios com o King, a
minha vida mudou drasticamente. Agora dirijo para o meu apartamento ou
para o dele diretamente depois do trabalho. O jantar não é mais comprado
numa lojinha perto do meu apartamento, mas sim pelo King, em um
shopping próximo. Sempre que quero assistir a um filme, King me
acompanha ao cinema para assisti-lo. E quando voltamos ao apartamento,
fazemos sexo. Tudo que faço com ele é quase exatamente o mesmo que eu
fazia com os meus ex-namorados. Mas não tenho nada com ele além de
sermos amigos de cama.
Assim que entrei neste jogo, consegui entender por que a maioria das
pessoas terminaram com ele antes de ficarem infelizes, porque tudo que ele
fazia apenas traria dor no final. Pensando de forma mais profunda, essa
relação de amigos com benefícios e a relação romântica não são tão
diferentes. Uma vez que uma das partes tem a ilusão do amor, é considerado
violação do acordo. E se uma das pessoas tenta pedir mais e a outra decide
terminar, no fim, só causa ressentimento e discórdia.
Mas acredito que o King e eu não acabaremos assim, por que tanto ele
quanto eu só queremos encontrar alguém com quem aliviar a solidão. Ele
não faz o meu tipo e o King anseia uma vida livre. Ele nunca foi, em 27
anos de vida, amarrado por alguém.
O alarme matinal soou no quarto quieto. Entreabri os meus olhos com
sono, peguei o meu telefone e desliguei o alarme, fechando os meus olhos
na cama por um tempo, até que lembrei que tinha que levantar para
trabalhar hoje. Prontamente levanto da cama quentinha e confortável
sentando.
O ar frio do quarto soprou na minha pele nua. Virei para trás e observei a
pessoa ao meu lado. Na luz escura e fraca, sua a pele cor de mel e suas
costas fortes e musculosas estavam expostas. Gentilmente esfreguei os
meus olhos cansados, saí da cama e fui direto ao armário, peguei a toalha e
as roupas que usaria e andei até o banheiro.
Há 7 dias na semana. Basicamente, em 3 deles, alguém vem dormir
comigo. Portanto, tenho que ajustar o alarme para mais cedo do que o
normal, porque só tem um banheiro no meu apartamento. O King sempre
acorda depois. Eu tenho que acordar e tomar um banho assim que o alarme
toca, deixá-lo dormir por um tempo e depois acordá-lo para tomar banho
quando saio do banheiro.
Andei até a pia e comecei a lavar o meu rosto e escovar os dentes.
Quando a água gelada atingiu a minha face, senti que a sonolência diminuiu
bastante. Enxuguei o rosto e, quando estava prestes a tomar banho, ouvi a
porta do banheiro abrir.
Droga. Esqueci de trancar a porta do banheiro!
Respirei fundo e vi aquele homem alto entrar pelado, sem nem um pingo
de vergonha. Talvez por eu morar sozinho há muito tempo, não esteja
acostumado a trancar a porta do banheiro. Mas pareço esquecer que estou
com alguém agora.
"Por que entrou?", perguntei, até que os meus olhos desceram até a parte
inferior do corpo dele e eu fiquei sem palavras.
Neste momento, posso ver claramente, o quanto King está excitado
agora.
"Bem, meu garoto sente falta da casa dele, então o trouxe para lhe ver",
disse King com sua voz rouca e sorrindo de canto. Ele andou até as minhas
costas, King naturalmente envolveu-me em seus braços aproximando a
minha bunda do seu órgão ereto. Seus beijos delicados pousavam na minha
nuca, enquanto a minha entrada começava a ser pressionada pela sua
ereção. Nem é preciso perguntar para saber o que ele quer dizer com "meu
garoto".
Ontem à noite não foi o bastante? O que há com esse homem?
"Quando me tornei a casa do seu garoto?", inspirei fundo e tentei escapar
da pessoa que esfregava lascivamente o seu corpo contra o espaço entre as
minhas nádegas, mas King imediatamente me segurou mais forte e sugou o
lóbulo da minha orelha como punição. Ele riu leve maliciosamente e disse...
"Desde a noite do nosso acordo, meu garoto lhe reconheceu como sua
casa."
"Então procure outra casa!", revirei os meus olhos e, ao mesmo tempo, as
mãos enormes do King passeavam com força pela minha bunda antes de me
dar um tapa, me fazendo gritar. Ele segurou-me com força pela cintura e eu
tive que segurar no canto da pia para evitar cair sobre ela.
"King, nós fizemos ontem à noite."
Enquanto eu protestava, suas mãos começaram a tocar todo o meu corpo.
Sua respiração rápida e suspiro baixo deixavam claro que a sua excitação
havia despertado completamente neste momento.
"Só fizemos uma vez ontem à noite, não foi o suficiente. Só lhe deixei
dormi porque vi que estava cansado", disse numa voz ofegante.
As mãos incansáveis do King tomaram vantagem da situação e cobriram
a minha ereção, fazendo movimentos de vai e vem lentamente, até que a
parte inferior do meu abdômen contraiu levemente devido ao prazer.
Apertei os meus lábios na tentativa de suprimir as explosões de prazer e
então ouvi um sussurro no meu ouvido.
"Me deixa colocar, Uea."
"Mas... vamos nos atrasar por causa do engarrafamento..."
"Ainda nem são 6h, não vamos nos atrasar muito. Venha... Só uma vez",
seu tom de voz baixo era um tanto quanto sedutor e eu estava sentindo seu
pênis ereto bem na minha entrada, pronto para entrar. Basta eu dizer sim
para ele ir com tudo.
King começou a aumentar a velocidade do seu movimento com a mão,
me fazendo gemer suave e apoiar meu corpo nele ao sentir minhas pernas
ficarem fracas.
"Por quê... espe-", tentei dar um tapa em sua mão, mas King gentilmente
manteve seus movimentos e sussurrou suave em meu ouvido.
"Veja como está duro..."
"Só por causa dos seus toqu- hum!", antes que eu pudesse terminar de
falar, King pressionou seus lábios quentes contra os meus. A ponta língua
do King passeou sobre o meu lábio inferior antes de mordiscá-lo, me
fazendo abrir a boca, ocasião que ele aproveitou para finalmente explorar a
minha língua com a dele. O beijo e toques firmes fizeram a minha
persistência começar a se dissipar...
King abriu a boca bem perto do lóbulo da minha orelha e disse "Vamos
fazer... vem, só uma rapidinha...". Seus olhos escuros estavam cheios de
luxúria e eu não pude conter meu desejo.
Ser estimulado assim naturalmente provocou a minha excitação. Se eu
ignorar, meu corpo não vai relaxar.
"Se quiser... ah... vai ter que usar camisinha..."
"Mas está na mesa de cabeceira, muito long-"
"Use ou pare agora!", adverti entredentes, ignorando suas reclamações
em meu ouvido. No meu ponto de vista, segurança é sempre a primeira
prioridade. Mesmo quando eu fazia sexo com meus ex, não permitia
penetração sem camisinha. Quanto mais o King, que nem é meu
namorado?!
"Está bem", King murmurou e beijou com vontade a lateral do meu
pescoço antes de sair para o quarto e voltar com uma camisinha.
Ele rasgou a embalagem e a desenrolou em seu membro.
"Levanta a bunda", disse o homem alto antes de inserir facilmente seus
dedos, uma vez que a minha entrada ainda estava úmida e alargado por
causa do sexo na noite anterior.
"Precisa de lubrificante?"
"Ahm... não precisa, pode colocar", a minha resposta deixou os seus
olhos meio-apertados muito satisfeitos. King tirou os seus dedos de dentro
de mim. Sua pele bronzeada contrastava fortemente com a minha. King
usou uma das mãos para abrir a minha bunda e logo penetrou toda a sua
ereção em mim, que fui instantaneamente alargado pelo seu membro
grosso. Senti o prazer de ser preenchido e ergui os quadris para seguir os
seus movimentos. Meus gemidos baixos eram nítidos em meu rosto.
"Eu amo."
A voz rouca soou repentinamente enquanto ele continuava seus
movimentos de vai e vem, e o meu coração ficou inexplicavelmente
apertado, e me vi acordar do turbilhão do desejo.
Ama? Ama o quê? Ama o que estamos fazendo ou...?
"Amo a sensação de estar dentro de você, Uea..."
Suas palavras seguintes permitiram que o meu coração relaxasse
lentamente, enquanto eu recebia um beijo na bochecha do King, que me
penetrava com força. Ignorei o que ele acabou de dizer e rapidamente
respondi as suas carícias com um gemido arrastado. O som dos nossos
corpos colidindo e da penetração em minha entrada úmida a cada estocada
deixaram o banheiro instantaneamente cheio de excitação e sexo.
A usual rotina matinal, nesta manhã... de repente tornou-se intensa e
excitante.
***
Finalmente sei que não dá para confiar em pessoas como o King!
O relógio digital do carro mostra que atualmente são 8h. Observei o
tráfego tumultuado ao meu redor e as minhas palmas, que seguravam o
volante, começaram a suar. Se eu não tivesse sido mole ou se eu só tivesse
desconfiado de quando ele disse que seria "uma rapidinha"... Tenho
transado com ele há um mês, como ainda pude acreditar que no dicionário
do King existe a palavra "rapidinha"? Eram 7h da manhã quando
terminamos e corremos para tomar banho. No momento em que deixamos o
apartamento, já eram quase 40 minutos de atraso! 20 minutos se passaram e
ainda estou preso na rua perto do condomínio, nem saí do lugar!
Beep!
Não pude evitar buzinar com raiva para o Honda Civic preto da frente,
mas eu sabia que o dono do carro não teria qualquer reação. Ele estava de
ótimo humor quando saiu de casa! Ainda apertou meu bumbum no elevador
e nem se preocupou se chegaria atrasado no trabalho.
Se ele quiser sexo comigo de novo pela manhã antes do trabalho, jamais
vou concordar! Não vai ter uma próxima vez!
***
"Uea, por que está atrasado hoje?", King e eu finalmente chegamos no
departamento às 9h e Jade nos perguntou imediatamente.
Fingi não ver o olhar de acusação do P'Bas e rapidamente liguei o
computador, antes de responder "Foi o trânsito".
"Você só perguntou ao Uea, por que não pergunta por que estou
atrasado?", perguntou King ao Jade com olhos cerrados.
"Perguntar para quê? Não é como se estivesse chegando atrasado pela 1ª
ou 2ª vez."
"Ei! Você fala como se eu fosse um idiota!"
"E não é?"
"Seu mald-"
"O que estão conversando? Voltem logo ao trabalho!", P'Bas reprimiu
imediatamente e os dois rapidamente se calaram, cessando a briga.
Comecei a trabalhar duro para pegar o ritmo do trabalho. De fato, a
minha empresa é pequena. Basicamente 3-4 designers são suficientes para
assumir a carga de trabalho, mas por que sempre acumulamos as tarefas?
Por causa do irresponsável do P'Mongkol! Um estagiário pode ser útil, mas
Jade e eu acabamos ficando além do horário quase todos os dias quando não
temos um.
Só espero que P'Mongkol possa refletir sobre si mesmo, caso contrário
encontrarei um outro emprego mais cedo ou mais tarde!
"P'Uea."
Quando eu estava concentrado no trabalho, ouvi alguém me chamando
numa voz baixa. Divergi o olhar da tela do computador para cima, seguindo
o som. Vi um garoto vestido num uniforme universitário segurando um
notebook em suas mãos. Sorrindo cordialmente, ele colocou o notebook
sobre a minha mesa.
"Este banner está bom? Preciso modificar de novo?", perguntou ele.
Automaticamente olhei de relance a mesa ao meu lado e vi que a pessoa
devia estar em outro lugar, então entendi por que o Mai veio até mim para
perguntar sobre seu trabalho.
"Oh..."
"Então, este design está bom?"
"Sim, pode ser usado, Mai. Mostre-o ao P'Bas, não deve haver
necessidade de modificá-lo."
Mai apenas ficou parado em pé e sorriu. O observei de forma
desconfiada. Ele imediatamente inclinou-se a mim e sussurrou em meu
ouvido.
"Posso perguntá-lo uma coisa?"
"Diga", Mai e eu raramente conversamos sobre qualquer coisa que não
seja trabalho, mas desde que fiquei no mesmo time que ele no evento
esportivo, tenho tido mais oportunidades para falar com ele sobre outras
coisas.
Naquele dia, perguntei ao Mai diretamente se ele gosta do meu amigo. O
Mai abriu o seu coração e me respondeu seriamente. Para ser honesto, não
me preocupo nem um pouco. Mai sempre foi muito bom e cuidou bem do
Jade. É só que o meu amigo é lento demais, então Mai não pôde evitar me
perguntar como conquistar o Jade ou que tipo de pessoa o Jade gosta ou
desgosta...
Deve ser o mesmo hoje.
"Além de bubble tea, Krispy Kreme, milk tea e brownies, o que o P'Jade
gosta de comer?"
Observei o Mai fazer uma lista das comidas favoritas do meu amigo e
não pude conter a risada. Pude ver que o Mai realmente se importa com ele,
embora eu realmente não entenda bem por que ele sempre usa comida para
agradar o Jade. As bochechas dele estão tão redondas que estão prestes a
explodir, mas o Mai continua a alimentá-lo. Talvez ele tenha presumido que
o Jade é um amante de comida e por isso usa isso para agradá-lo.
"Sério, o Jade põe qualquer coisa na boca. Nunca ouvi falar de alguma
comida que ele não tenha gostado."
"Não há nenhuma que ele goste particularmente?", perguntou Mai.
Pensei por um momento e de repente lembrei de algo.
"Quando eu estava na faculdade, Jade gostava de comer especialmente
bananas fritas de uma lojinha. É uma banana indonésia. Era perto da nossa
universidade. Ele comprava quase todo dia, mas depois da formatura ficou
difícil comprar, então ele não come mais."
"Estas?", Mai encontrou uma foto no Google para me mostrar e sorriu
quando me viu assentir com a cabeça.
"Há uma loja que vende próximo à minha universidade."
"Bem, compre um pouco para ele quando voltar para a faculdade algum
dia, ele deve gostar muito!"
"Está bem, obrigado, P'Uea!", disse Mai com um sorriso no rosto.
Assenti e o dei outro sorriso. Neste momento, ouvi uma série de passos
ao longe. Tirei os meus olhos do Mai e olhei para o outro lado, vendo Jade e
King entrando com uma grande caixa de arquivos.
"Deixe-me ajudá-lo", Mai apressadamente pegou a caixa de arquivos e
colocou atrás da mesa da Je Fai. Ele voltou para pegar seu notebook e
sentou-se em seu lugar. Jade tomou a oportunidade para aproximar-se de
mim.
"Sobre o que estavam conversando?", perguntou Jade com um sorriso
fraco, seus olhos brilhantes pareciam um pouco sem vida.
"Mai veio perguntar-me sobre trabalho", respondi. Ele apenas fez "hum"
baixinho, antes de olhar para o seu estagiário, que estava sentado do seu
outro lado.
"Tenho visto vocês conversando muito recentemente."
"Sim."
"Que bom", murmurou aparentemente chateado.
Desde o dia do evento esportivo, Jade se tornou um pouco estranho,
parecia estar pensando muito sobre algo, forçava sorrisos e até perguntei se
ele estava bem.
Sei que deve ter algo na cabeça dele, mas ele não deve estar pronto para
dizer. Não quero envergonhá-lo. Ele vai falar quando se sentir melhor.
Jade endireitou-se na cadeira e continuou a trabalhar. Também voltei a
minha mente ao trabalho na minha frente. Quando clicava o meu mouse, o
telefone de repente vibrou na mesa, avisando que uma mensagem havia
chegado. Na verdade, nem precisei abrir para saber de quem era.
Recentemente, a minha mãe não me ligou ou mandou mensagens me
forçando a ir para casa. Talvez já soubesse que eu não aceitaria voltar
facilmente, de qualquer forma. P'Pok não me pede para voltarmos há uma
semana, então há apenas uma pessoa...
"O que você e o Mai estavam conversando? Estavam tão próximos."
"Por que está perguntando?"
"Só por curiosidade."
"Pare de me incomodar e volte ao trabalho", suspirei e saí do aplicativo,
me preparando para colocar o telefone de volta na mesa. O alerta soou de
novo. Pressionei para dar uma olhada e fiquei sem reação.
"Se eu dissesse que estou com ciúme, você diria?"
"Não brinque com esse tipo de coisa. Eu não gosto!", respondi
bloqueando o meu celular. Olhando de relance para trás secretamente, não
pude evitar me sentir um pouco nervoso...
A minha relação com ele é apenas de amigos com benefícios. Há um
limite claro nesse relacionamento. O King pode achar que é só uma piada
inofensiva, mas acho que se ainda queremos ter o que gostaríamos um do
outro, ele não pode continuar a falar bobagens.
Sentimentos não podem ser usados em brincadeiras!
King deve ter percebido que eu fiquei zangado. Ele não mencionou as
mensagens o dia todo e não fez piadas comido. Até o momento de irmos
para casa, sentamos em nossas mesas e nos concentramos no trabalho. Os
outros colegas começaram a desligar seus computadores um a um para ir
para casa, mas ainda tenho uma pequena quantidade de trabalho incompleto
e planejo terminá-lo antes de ir embora.
"Uea, quer jantar conosco? Posso esperar por você!", perguntou-me Jade
enquanto arrumava sua bolsa.
"Não, ainda tenho marmitas em casa."
"Você pode guardar para amanhã!"
"Se eu guardar por mais algum dia, vai apodrecer. Não quero desperdiçar
comida."
Na verdade, estou apenas mentindo. Não quero segurar vela para ele e o
Mai.
Jade grunhiu, seus olhos pequenos fixaram em seu estagiário e então
sussurrou "É uma pena..."
"Lamento, comerei com você em outro dia!"
"Bem, então dirija para casa com cuidado e lhe vejo na segunda-feira",
disse Jade me dando adeus.
Eu assenti, acenei um tchauzinho e olhei para o homem alto de uniforme
ao lado do meu amigo. Mai sorriu para mim e disse tchau. Saí e os assisti
deixar o escritório.
De fato, o período de estágio do Mai acabará em pouco mais de um mês,
mas o meu amigo ainda não percebeu que está sendo cortejado. E o Mai
parecia calmo demais. O Mai se sente decepcionado? Ou ele não percebeu o
quanto meu amigo é lento?
Dei uma olhada pela na sala do departamento. Todos os meus colegas
haviam ido embora, mas eu ainda ouvia o som do teclado atrás de mim.
Virei e vi o King com uma expressão concentrada e encarando a tela do
computador. Não acho que ele tinha planos de ir para casa.
Ele ainda tem trabalho a fazer?
***
Continuei a trabalhar até que o meu relógio marcou 18h. Após mandar o
último e-mail, só tinha que esperar que o P'Bas verificasse. Olhando a sala,
havia apenas King e eu de todo o departamento. Quando comecei a guardar
os meus pertences e desliguei o computador, ouvi uns sussurros vindo de
trás com uma voz grave.
"Uea, hoje à noite-"
"A sua cota da semana já não esgotou?", perguntei diretamente sem olhar
para ele. Honestamente, ainda que não tenha esgotado, não quero dormir
com ele hoje. Ainda estou zangado por ter me atrasado! E ele fez piadinhas
de novo!
"Bem, eu sei, só queria jantar com você", disse ele com um ar de riso. Ao
me ver olhar para ele, King riu "O que você pensa de mim? Acha que só
penso naquilo?"
"E não pensa? Achei que fosse louco."
"Ah, fala sério", ergueu suas sobrancelhas e aproximou-se de mim
lentamente. King sorriu levemente, encarando o meu rosto e finalmente
descendo o olhar até os meus lábios, onde olhou fixamente.
"Eu admito, sempre lembro do sabor que tem fazer sexo com você."
O clima começou a ficar intenso. Ele me encarava com olhos profundos e
sua respiração começou a ficar mais rápida. Rapidamente divergi o olhar e
peguei a minha mochila.
"Ore mais, vai ajudar a purificar os seus pecados."
Ouvindo o que eu disse, o outro caiu na risada em um instante. Enquanto
eu planejava ir embora, King imediatamente segurou o meu pulso com
firmeza.
"Vem comer comigo."
"Não pode comer sozinho?"
"É solitário demais comer sozinho, vamos comer juntos!", disse
segurando o meu pulso, e eu franzi o cenho, o que fez ele franzir também.
King suavizou a sua voz para me convencer.
"Hoje é sexta-feira, não vá correndo para casa. Eu sei que se você for
agora, vai ficar entediado e sem nada para fazer. Prefere isso a sair e
passear? Vamos. Vou lhe levar a um lugar bonito mais tarde", disse antes de
me arrastar. Vi a silhueta alta diante de mim e finalmente concordei.
O King é assim. Se eu me opor, ele vai continuar me importunando até
que eu concorde. Estou lidando com um homem de 27 anos ou uma criança
de 7?!
Por que sempre age como uma criança?
Dirigimos para longe da empresa em direção ao enorme mercado noturno
próximo ao meu apartamento. As sextas-feiras à noite são sempre mais
cheias do que os outros dias. Já passava das 19h quando chegamos. A
minha barriga estava roncando alto no carro. Na verdade, prefiro comer no
mercado perto da empresa, mas não quero ter que fugir de colegas de
trabalho. Não quero que suspeitem da relação entre o King e eu, então
preciso suportar a fome e dirigir até aqui.
"O que quer comer?", perguntou King após estacionar o carro.
"Qualquer coisa está bom", respondi. Permita-me deixar claro que estou
quase morrendo de fome e consigo engolir qualquer coisa sem mastigar!
Às 19h de uma sexta-feira, todo o mercado noturno está cheio de pessoas
que vieram comer após o trabalho, como nós. Nos levou um certo tempo até
encontrar um restaurante com assentos vazios, e finalmente um deles era de
macarrão e sopa tailandesa. Nos sentamos.
Quando meu pedido chegou, peguei a tigela de macarrão e, estando
extremamente faminto, imediatamente enfiei o porco frito na minha boca.
"Está com tanta fome assim, Khun Anon? Não precisa adicionar os
temperos? Hahaha", King viu ao ver minha expressão faminta. Ele pegou
uma colher cheia de condimentos e colocou na boca após misturar.
Comemos as nossas tigelas de macarrão em silêncio e, depois de um tempo,
King falou.
"Uea, posso fazer uma pergunta?"
"O que é?"
"Por que concordou em transar comigo?"
"Já faz mais de um mês, por que só está perguntando agora? Por que não
perguntou no começo?"
"E se você mudasse de ideia depois que eu perguntasse naquela época?",
sorriu.
Não querendo me gabar, mas como homem, pude perceber como o King
me queria desde a primeira vez em que me viu. Caso contrário, como ele
concordaria com todas aquelas condições? Se ambas as partes estão
dispostas a ceder, significa que achamos que vale a pena e eu aceitei fazer
sexo porque, no meu ponto de vista, seria um bom negócio.
Eu só não sei quando ele vai cansar de mim.
"Você não parece alguém que gostaria deste tipo de relação. Fiquei tão
surpreso por você ter tomado a iniciativa naquele dia, que fiquei um pouco
intrigado."
"Eu queria algo animador. Não há nada bom na minha vida mesmo",
depois que terminei de falar, casualmente enchi uma colher de kway teow e
coloquei na boca. Ouvindo a minha resposta, o outro ergueu sua
sobrancelha.
Inclinando-se ao meu ouvido, King sussurrou "Ah, entendi. Então sou a
coisa boa da sua vida. Pelo menos do sexo você gosta comigo."
Imediatamente o empurrei e o adverti para não mexer comigo de novo.
Embora o que ele disse seja verdade e eu goste mesmo de transar com ele, o
problema é que eu ainda o odeio fora do sexo!
"Posso fazer mais uma pergunta?"
"O quê?"
"Você tem medo do escuro?"
Ploch!
A colher em minha mão caiu no chão fazendo barulho. Não esperava essa
pergunta repentina. O clima começou a ficar para baixo. Me curvei e peguei
a colher que caiu no chão, colocando sobre a mesa. Pegando uma nova, não
me preocupei em olhar para o outro lado, que ainda estava esperando pela
resposta, mas eu sabia que o seu olhar estava fixado em mim.
"Percebi no dia que teve uma queda de energia na empresa. Naquele dia,
você ficou muito pálido. E também não desliga o abajur quando dormimos.
Quando eu mencionei para desligarmos as luzes na saída de emergência
outro dia, você pareceu assustado, como se fosse desmaiar..."
Quanto mais King falava, mais eu segurava a colher com força,
encarando a comida sem expressão.
Obviamente não comi o bastante, mas fiquei sem fome.
O King não é idiota. Desde o dia em que o empurrei após falar sobre
apagar as luzes, eu sabia que ele suspeitaria. Mas quando ele realmente
perguntou, não queria responder.
As conversas vívidas dos clientes ao nosso redor continuaram e apenas a
mesa com o King e eu ficou em completo silêncio, imóveis como se
estivéssemos congelados. King pareceu perceber a tensão em meu coração.
Ele se mexeu primeiro, silenciosamente pegando a colher para continuar a
comer, enquanto eu quietamente esperei que ele terminasse. Não queria
mais comer.
"Está cheio?", perguntou King novamente.
"Bem, se já terminou, vamos."
Levantei e paguei a tigela de macarrão. King pagou a sua parte e saiu
comigo. Enquanto andávamos, casualmente observei as muitas pessoas na
frente dos restaurantes, pensando na pergunta que o King acabou de fazer.
Nunca mencionei isso ou cheguei a dizer para alguém o motivo pelo qual
tenho medo do escuro. Sempre que alguém pergunta, intencionalmente
mudo de assunto, porque tenho muita vergonha de compartilhar com os
outros. Para mim, não é uma boa memória para ser tornada pública. Não
quero ver pena nem empatia no olhar de ninguém.
"Uea..."
Não sei quando, mas o cara que estava andando atrás de mim já havia
apressado os seus passos e me alcançado, ficando ao meu lado. Vendo sua
mão grande em meu ombro, perguntei suavemente "O que está fazendo?".
"Não é só sobre sexo que podemos conversar."
King disse em um tom em que apenas dois poderíamos ouvir. A luz
suave dos restaurantes próximos brilhavam em seu rosto, fazendo seus
olhos usualmente penetrantes parecerem gentis.
"Não sou só seu parceiro. Sou seu amigo."
O toque acolhedor instantaneamente aqueceu completamente o meu
coração. Levantei o meu olhar para ver os olhos do King, que aperto
levemente o meu ombro e disse "Tudo bem se não quiser dizer, apenas
fiquei um pouco preocupado. Só queria evitar as coisas que você tem medo
ou não gosta", ele deu 2 ou 3 leves tapinhas em meu ombro, antes de
remover sua mão, e então virou-se na direção de uma loja próxima.
Hesitei por um momento, até que meus lábios se moveram.
"Você está certo."
"Han?"
Aviso de gatilho: violência infantil e homofobia
"O que você acabou de me perguntar. Sim, tenho medo do escuro", fiquei
em silêncio por um momento, respirei fundo e então decidi falar. "No
ensino fundamental... eu era trancado no banheiro."
Olhei em direção ao horizonte, me perguntando se deveria continuar e
uma voz no meu coração clamava para que eu desabafasse. Depois de muito
tempo, abri a boca.
"Você já viu a minha mãe, né?"
"Sim."
"A minha mãe... não gosta muito de mim", expliquei com um sorriso
amargo. "Tive um namorado quando estava no ensino fundamental e a
minha mãe ficou zangada quando descobriu por achar que era errado. Ela
achou que seria vergonhoso se outras pessoas descobrissem que não gosto
de garotas."
"..."
"Então ela me punia."
Baixei o meu olhar e encarei o chão. Quando lembrei daquela memória,
meu corpo tremeu inconscientemente. Cerrei os punhos tentando acalmar o
meu corpo, na esperança de que o King não notasse qualquer anormalidade.
"Ela me trancava no banheiro pelo lado de fora com uma corrente e
desligava a luz, para que eu refletisse no que havia feito de errado durante a
noite toda. Ela me deixava lá e não permitia que eu saísse até a manhã e
eu...", sentindo a minha boca seca e triste, pausei e engoli seco
subconscientemente, então continuei numa voz rouca.
"O banheiro era muito pequeno e tão escuto que eu não conseguia ver
nada. Eu encolhia meu corpo pequeno num cantinho a noite toda, sem
coragem para dormir. Mantive esse estado por um tempo até descobrir... que
já havia desenvolvido medo do escuro. Não posso ficar num ambiente sem
luz, então tenho que ligar o abajur toda noite. Tentei ver um psiquiatra e ele
prescreveu uns remédios para mim, mas infelizmente não ajuda muito
porque são fatores psicológicos. Isso... não é fácil de curar."
"..."
"Mas já acabou. É só ligar a luz do quarto. Tenho dinheiro suficiente para
pagar a conta de energia todo mês. É só que... você talvez tenha dificuldade
em dormir sempre que vai dormir comigo", encerro com um riso fraco, na
esperança de aliviar o clima tenso. Para ser sincero, tenho medo de levantar
o rosto e ver a reação dele.
É a primeira vez que converso sobre isso com alguém. Nunca pensei que
a primeira pessoa para quem eu falaria seria para o intrometido que detesto
há anos...
"Não importa se não durmo", King colocou sua mão em meu ombro
antes de se aproximar. "Há outras coisas que podemos fazer. A noite é uma
criança", acrescentou numa voz leve, um sorriso provocante apareceu em
seu rosto.
Vendo seu sorriso, suspirei e continuei andando. Felizmente, não vi
traços de pena em seus olhos, o que é um alívio. Não sei como me sentiria.
Na verdade, contei apenas metade da história.
Tenho, sim, medo do escuro porque me lembra daquele passado dolorido,
mas o que me assusta mais... é aquela pessoa [N/T: ou "as pessoas"].
Se eu realmente contasse tudo, King seria incapaz de não sentir pena de
mim.
"Quer comer mais alguma coisa? Só comeu metade de uma tigela de
macarrão", perguntou King.
Olhei ao redor e sinalizei negativamente "Não quero comer".
"Mas quero continuar comendo."
"Compre o que quiser", respondi.
Quando ouviu a minha resposta, um sorriso apareceu no canto de sua
boca e, ao se aproximar, sussurrou no meu ouvido "Quero comer você,
posso?".
O olhando fixamente, o empurrei para longe.
"Vamos, Uea."
"Não!", meu tom foi firme. A libido dele é alta demais! Ele deveria se
tornar um monge e orar mais para limpar essa alma podre.
"Compre o que quiser, eu vou embora!", quando eu estava prestes a ir
embora, King imediatamente agarrou o meu pulso e apontou para a
barraquinha vendendo gelatina de grama não muito longe.
"Vamos ali comer uma tigela de gelatina de grama!"
"Eu não-"
"Por favor?", implorou. Olhei a barraquinha cheia de clientes e o meu
coração ficou um pouco balançado...
"...Tudo bem", estou me sentindo meio triste, talvez me sinta melhor com
alguma sobremesa.
"Vamos! O pai paga para você!", piscou maliciosamente e me puxou para
lá. Vendo seu corpo alto segurando o meu pulso, um sorriso inconsciente
começou a se formar em meu rosto.
Sob circunstâncias normais, nós dois jamais conseguiríamos conversar
por mais de 2 minutos. Hoje foi a primeira vez que descobri que o King é
um bom ouvinte. Ele percebeu que eu não precisava de sua compaixão,
sabendo que eu não queria mencionar o passado. Ele não forçou que eu me
abrisse. Ele sabia o que dizer para acalmar o meu coração. Tudo que ele fez
deixou o meu coração muito mais confortável. É assim que é ser amigo
dele?
Mesmo que ele possa ser irritante, talvez tê-lo como amigo não seja tão
ruim.
Capítulo 11: Ansiedade
Antes que eu me desse conta, King e eu temos sido amigos com benefícios
por mais de 2 meses. Tudo progrediu suavemente de acordo com o acordo
original. Nossa questão na cama tem sido agradável. Conversamos de forma
direta um com o outro sobre isso. King nunca me forçou a uma posição que
ele gosta e eu odeio. Se eu disser que não quero ou não gosto de alguma
coisa, ele para imediatamente. Até mesmo a relação na empresa melhorou
muito, pelo menos. Agora podemos conversar um com o outro como se
fôssemos amigos há anos. Nossas briguinhas também diminuíram. Contanto
que ele não me provoque intencionalmente, naturalmente o acho mais
agradável aos olhos.
O King não viola o nosso acordo há muitos dias, mas este cara... desta
vez ele fez o que eu já havia proibido. Agora estou irritado!
"King!"
Na manhã cedo de um dia de trabalho, usando um roupão de banho, saí
do banheiro do apartamento de luxo na Silom com um olhar irritado e andei
direto até o dono da casa que ainda estava dormindo.
"King, acorda!"
"Hm...", murmurou King inconscientemente, seus olhos ainda relutantes
para abrir. Ele não parecia ter qualquer intenção de acordar com pouco
movimento.
Suspirei fundo, coloquei minhas duas mãos em seus ombros e comecei a
chacoalhá-lo vigorosamente.
"Oh... O que está fazendo?"
"Levante agora!"
"Sim, sim...", relutantemente sentou-se na cama com olhos meio
fechados, nem parecia ter acordado. Seu cabelo escuro estava bagunçado,
mas tenho que admitir que ainda parecia a aparência de um modelo em
capas de revista.
"Tomou banho?", perguntou com voz rouca, me puxando para ele.
Minhas costas estavam pressionadas contra seu peito e seus braços fortes
envolviam a minha cintura.
Lutei para sair dos seus braços, mas o homem atrás de mim enterrava seu
nariz no meu pescoço, inspirando fundo.
"Seu corpo está muito cheiroso."
"Pare!"
Antes que as coisas saíssem de controle, rapidamente o empurrei para
longe. Ficando à distância, disse friamente.
"O que é isto?", puxei um pouco o decote do meu roupão para mostrar o
que ele havia feito. Ele esfregou os olhos e observou. Depois de ver para
onde eu estava apontando, apenas ergueu as sobrancelhas.
"Ah, é um chupão?"
"Eu disse para não deixar marcas em mim!", disse numa voz séria.
Ontem à noite, quando ele estava me fodendo muito bem, não pude
perceber o que estava fazendo comigo. Só notei pela manhã quando olhei-
me no espelho e vi uma marca vermelha no meu pescoço! Deixei claro
desde o início que não gostava de ver marcas vermelhas e roxas no meu
corpo e agora estou preocupado que alguém veja! Mesmo que o colarinho
da camisa possa cobrir, vou sempre me sentir desconfortável.
"Esqueci por um momento, não consegui me controlar ontem. Sinto
muito", ergueu o canto de sua boca desculpando-se com um sorriso. Não
pude não franzir a testa.
"Não me olhe assim, não vai haver uma próxima vez. Prometo!", vendo a
expressão de insatisfação em meu rosto, ele imediatamente ficou sério e
prometeu de novo.
Aceitei o meu destino e soltei uma respiração presa, cerrando os olhos
para o rapaz que estava sorrindo.
"Vá tomar banho! Não seja tão lento! Não quero me atrasar por causa do
engarrafamento!", disse e o ignorei, na tentativa de não tornar algo pequeno
uma grande coisa. Abri o armário para pegar a camisa e a calça que iria
usar, e as vesti. Neste momento, um assovio foi ouvido vindo de trás de
mim e imediatamente me virei, sentindo-me inquieto. Vi uma silhueta
apenas coberta por uma toalha de banho ao redor do seu quadril entrando no
banheiro.
Como posso confiar nesse cara?
***
"Vou subir primeiro hoje. Por favor, compre um café para mim. Igual ao
seu", disse King após dirigir para o térreo da empresa. Assenti e o deixei
esperar pelo elevador da empresa sozinho enquanto eu andava até a
cafeteria do edifício.
Hoje a fila está tão longa que está quase saindo da loja. Dei uma olhada
nos outros funcionários da empresa que estavam esperando pelo café e
inconscientemente puxei o meu colarinho. Não consigo nem pensar no King
sem ficar irritado, que era o culpado, mas estava sentado confortavelmente
no escritório enquanto eu estou aqui, ansioso e nervoso, pensando que
alguém pode ver as marcas.
Segurei o meu colarinho enquanto esperava a minha vez de fazer o
pedido. Bem nessa hora, vi uma mulher sentada na cafeteria pelo canto do
meu olho. Lembro dela de quando gritei o nome do King para provocá-lo.
Mas o King nunca mencionou o nome dela. Será que era Moh?
"Próximo, por favor! Olá, o que gostaria de pedir?", perguntou a
atendente do balcão da frente, tirando a minha atenção da mulher.
"Americano gelado."
"Só um?", eu ia pedir dois já que o King queria um, mas aí pensei no que
ele fez ontem...
"Sim, só um", respondi e paguei. Alguns minutos depois, saí da cafeteria
com o americano gelado na mão. Observei a srta. Moh, que ainda estava
sentada e fui em direção ao elevador.
Se ele descer agora... pode acabar a encontrando por acaso. Sorri ao
pensar na minha possível vingança contra ele.
"Uea, onde está o meu?", resmungou King quando me viu entrar no
departamento apenas com um café em mãos. Coloquei a minha mochila na
mesa antes de encará-lo e dizer calmamente "Não comprei."
"Ah, fala sério! Você foi tão cruel comprando só para você e não para
mim!", reclamou. Dei uma risadinha silenciosa, ajustei a minha expressão e
continuei.
"Se quiser tomar, vá e compre você mesmo."
"Ah, eu vou descer e comprar eu mesmo", depois de falar, ele tirou sua
carteira da bolsa e saiu, não parecendo estar de bom humor. Sorri sozinho.
Será que ele vai ficar mais irritado se vir aquela mulher?
"Encontrou o King lá no térreo? Por que não comprou o café dele?",
perguntou-me Jade ao ver o King sair enquanto eu sentava na minha
cadeira.
"Lembra daquela garota do andar de baixo? A garota que sempre seguia
o King."
"Sim, por quê?"
"Eu a vi sentada na cafeteria e achei que o King pudesse querer vê-la",
respondi.
Quando Jade viu o sorriso mau no meu rosto, imediatamente soube o que
eu estava pensando. Assim que ele imaginou King descendo e encontrando
a garota na cafeteria com uma expressão de surpresa, Jade riu.
Normalmente eu jamais guardaria um rancor assim, mas quando penso no
que ele fez e em como me provocava de propósito, não é nada mau que eu o
provoque de volta.
Boa sorte, King!
Parece que a minha vingancinha teve sucesso, porque quando vi o King
retornar ao departamento com o café, a expressão em seu rosto era ainda
mais irritada. King fixou seu olhar em mim. Fiz uma expressão indiferente
e fingi me concentrar no meu trabalho, mas eu quase estava morrendo de rir
por dentro!
"Jade, lhe enviei um e-mail!"
"..."
"Jade. Jade!"
"An... O quê?"
"Eu disse que lhe enviei um e-mail."
Meu amigo apenas encarava a tela do computador com olhar vazio, sem
abrir o e-mail para verificar. Ele me assentiu com os mesmos olhos em
branco, e então quietamente virou o seu olhar para continuar trabalhando.
Secretamente observei o meu amigo com desconfiança, e a minha intuição
me dizia que a anormalidade do Jade deveria estar relacionada ao
estagiário.
"Está pensando no Mai?", tentei perguntá-lo, e o Jade virou-se
imediatamente. O choque em seus olhos traiu completamente seus
pensamentos íntimos.
"Não! Por que acha que estou com saudade dele? Ele só voltou à
universidade e vai voltar mais tarde!"
Só de olhar na cara dele, dá para saber que ele está pensando sobre o
Mai. Significa que as coisas estão progredindo.
Não muito tempo depois, o nong de quem o meu amigo sentia saudade
entrou no departamento com uma grande sacola de sobremesas. Jade
encarou a sacola de bananas fritas que o Mai havia comprado perto da
universidade. Mai olhou para o Jade com um olhar carinhoso até que os
seus olhos encontraram os meus, e aí ele me deu um sorriso grato.
Mai usa comida para agradar o meu amigo, já que ele não tem qualquer
resistência para comida. Não importa o quão lento Jade seja no amor, posso
ver que ele tem um sentimento pelo Mai em seu coração.
Tenho que admitir que o Mai sabe que aproximar-se do Jade assim é
muito inteligente!
***
Hoje o almoço está mais silencioso do que o normal, porque Jade, que é
quem mais fala entre nós, não pôde almoçar por comer muitas bananas
fritas, então ficou no escritório. Apenas King, Mai e eu escolhemos comer
numa lojinha de frituras próxima à empresa. Apenas trocamos algumas
palavras aleatoriamente e, com pressa, estufamos as nossas bocas com as
comidas que estavam em nossa frente, para que pudéssemos voltar correndo
ao escritório o mais rápido possível. Depois do sol escaldante da tarde,
queríamos nos sentir confortáveis e frescos.
Depois de comermos, quando estávamos prestes a retornar ao edifício,
King, que estava andando na frente, de repente tirou o seu celular do seu
bolso de trás. Os meus olhos acidentalmente viram a tela do seu celular de
relance. Parecia que alguém estava o ligando pelo Line. Embora eu não
tenha conseguido ver o nome, a foto perfil é obviamente de uma garota
sexy e gostosona. Parece ser de alguma bonitinha do seu harém.
"Suba primeiro, vou fumar um cigarro", virou-se para falar comigo e o
Mai antes de andar para atrás do prédio.
Franzi as sobrancelhas enquanto assistia sua silhueta se distanciar
lentamente, e um traço de insatisfação surgiu.
Vai mesmo fumar? Acha que as pessoas não conseguem ver que você vai
seduzir mulheres?
Respirei fundo e parei de prestar atenção na sensação estranha. Ele pode
fazer o que quiser, a vida é dele. Sou apenas seu parceiro de cama e não
tenho direito de interferir em seus assuntos particulares. Embora seu
comportamento seja um pouco irritante.
"Mai, vou voltar à empresa. Vai comprar alguma coisa?", virei para o
júnior de pé ao meu lado. Quando o Mai estava prestes a falar, fui
interrompido por um grito repentino.
"Uea!"
Essa voz irritada é muito familiar para mim. Imediatamente me virei e
fiquei chocado. O homem alto e bonito de pé em frente ao edifício é o meu
ex-namorado.
Fiquei congelado enquanto o via andar em minha direção.
P'Pok não tem me enviado mensagens pedindo para voltar há algumas
semanas. Achei que ele tivesse cansado e desistido, como os anteriores.
Não esperava que ele fosse aparecer repentinamente no térreo da minha
empresa.
Ele não acha que é invasão da minha privacidade?
"O que está fazendo aqui?"
"Vim conversar com você, não me evite mais", disse agarrando a minha
mão.
Mai, que estava próximo a mim, parecia um pouco nervoso e sem saber o
que fazer. Forcei o meu pulso para fora do aperto do P'Pok, e o encarei com
insatisfação.
"Acho que já encerramos a conversa. Já conversamos cara a cara e por
mensagens. Não acho que temos o que conversar."
P'Pok não evitou gritar comigo "Mas eu ainda não acabei! Imploro que
me perdoe por uns meses. Pare de enrolar e volte para mim."
O barulho da discussão começou a atrair os olhares das pessoas que
passavam, todos que olhavam começavam a comentar baixinho entre si.
Controlei a minha respiração e tentei o meu melhor para suprimir a raiva e a
vergonha no meu coração.
Durante os dias em que eu estive com o P'Pok, ele nunca mostrou esse
seu mau lado na minha frente. Ele não expôs seu verdadeiro lado até que eu
descobri que ele estava me traindo. Ele não só gritou comigo como também
descontou sua raiva em mim, mas nunca pensei que ele viria aqui me
ameaçar agora!
"Não vou conversar com você de novo e não planejo voltar para você.
Não faça mais isso. Não quero perder o respeito pelo que foi bom com você
no início."
"Uea!"
"Vou dizer pela última vez: por favor, vá embora. Não temos mais nada a
discutir."
"Foi apenas um pequeno mal-entendido. Por que quer criar um grande
caso? Acho que precisamos conversar", ele se apressou em agarrar o meu
braço e os sussurros dos funcionários da empresa começaram a ficar mais
altos.
"Solte!"
"Não."
"Por favor, não faça isso. Isso é assédio!", Mai correu e tentou afastar o
P'Pok colocando-se na minha frente. Vendo que o Mai correu para me
proteger, P'Pok pareceu ainda mais irritado.
"E quem é você, porra? Não se meta na vida dos outros!"
"Não. Não se meta você na minha vida!", gritei de volta, com os olhos
queimando de raiva. Inconscientemente me aproximei do Mai e disse "E
fale baixo com o meu namorado. Ele não é igual a você."
"O quê?!", P'Pok gritou e encarou o Mai e eu em descrença. Não prestei
atenção em qual era a expressão do Mai. Espero que ele entenda a situação
e colabore com a minha atuação.
"Este rostinho branco é o seu novo namorado?", zombou. "Sinto muito,
mas não compro isso, Uea."
"Se você acredita ou não, é problema seu. Mas já tenho um novo
namorado, não me incomode!"
"Não-"
"Só sei que você correu para assediar o namorado de outro. Qual é a
diferença do seu comportamento para o de um perdedor?", Mai disse
educadamente com um sorriso falso, antes de segurar o meu punho. Embora
o tom em sua voz fosse muito educado, eu sabia que era de uma leve raiva.
"Sr., sugiro que pare com este comportamento o mais rápido possível.
Agora que as redes sociais estão tão desenvolvidas, não seria bom que
alguém gravasse um vídeo e colocasse na internet."
"Seu desgraçado! Como ousa-", P'Pok se aproximou e os guardas
próximos correram para dominá-lo.
"Sr. guarda, por favor, ajude-me a lidar com ele", Mai tomou a minha
mão e entramos no edifício. Ainda havia leves comentários atrás de mim.
Virei e olhei para trás, enxergando o meu ex-namorado com pena. Ele ainda
estava gritando e sendo arrastado para fora do prédio.
Como pude tê-lo como namorado, para começar? Felizmente já terminei
com ele.
Enquanto esperávamos pelo elevador, Mai continuou segurando a minha
mão com força, até o momento em que as portas do elevador fecharam. Aí
o garoto mais novo soltou a minha mão e sorriu para mim.
"Obrigado", disse. Ele apenas balançou a cabeça.
"Tudo bem, P'Uea."
Nenhum de nós dois conversamos depois disso, apenas andamos até o
departamento em silêncio. Neste momento, o celular vibrou. Rejeitei a
ligação do P'Pok e bloqueei o seu contato.
Vou deixá-lo pensar que realmente tenho um novo namorado. É a melhor
forma. Espero que, assim, ele possa desistir. Se ele fizer um caos, vou
denunciá-lo por uso de drogas. O P'Pok é filho de uma famosa figura
política. Acho que seu pai jamais iria querer saber que estão falando do seu
filho por aí. Seria ainda pior se viesse ao público no noticiário!
Os outros colegas do departamento começaram a voltar do almoço um a
um. O que acabou de acontecer no térreo foi visto por muitas pessoas.
Rapidamente me tornei o assunto depois do intervalo. Os colegas que
perderam se reuniram por um tempo e eu os deixei fofocar. Enquanto
discutiam alto, sentei e me concentrei no trabalho. Todos estão falando
sobre isso.
"P'King! P'King!", Gun chamou King em voz baixa, me fazendo olhar
para cima. A pessoa sendo chamada estava entrando no departamento. King
inclinou-se sobre a mesa do Gun e o Jade aproximou-se para perguntá-lo.
"Aonde você foi? Sabe o que aconteceu com o seu amigo?"
"Fui fumar atrás do prédio. E então conversei com alguém no telefone
por um tempo. Quem morreu?"
"O ex-namorado do P'Uea queria que o P'Uea voltasse para ele", assim
que o Jade disse isso, King franziu a testa e olhou para mim.
"Sim! Foi uma loucura na frente do edifício, tão barulhento! Quando Mai
apareceu e fingiu ser o namorado do P'Uea, aquele cara ainda quis bater
nele!", Gun jorrou a informação animadamente, não querendo ser deixado
de fora em compartilhar o que disse. Quando King ouviu isso, suas
sobrancelhas franziram tanto que quase se curvaram. Rapidamente, ele
virou-se para o outro protagonista do incidente.
"Sério? Então Mai, o que você fez?"
"Eu deixei com os guardas, e então voltei com o P'Uea."
"Eles até se deram as mãos! Pareciam um casal de verdade!", disse Gun
apressadamente, interrompendo.
Olhei para o Mai com o canto da minha boca curvado para cima e me
desculpei.
"Sinto muito por fazê-lo fingir que é meu namorado."
"Tudo bem, eu entendo, mas acho que ele ainda não desistiu do P'Uea.
Estou preocupado que ele vá até a sua casa e cause problemas", Mai olhou
para mim procupado.
Apenas sorri amargamente e balancei a cabeça.
"Posso lidar com isso sozinho, não se preocupe", confortei o outro.
Felizmente, não fiquei com o P'Pok por muito tempo e nunca tentei levá-lo
até o meu apartamento. Pelo menos não tenho que me preocupar sobre ele
indo até a minha casa e me ameaçando.
"Se ele vier de novo, apenas chamaremos a polícia. É isso!", King soou
sua voz grave e os seus olhos estavam mais tensos do que o normal quando
ele olhou para mim. Não sei o que esse cara está pensando. Minha vida
pessoal não tem nada a ver com ele. Será que... ele está preocupado
comigo?
Pensando nisso, não pude evitar parar de clicar o mouse que estava em
minha mão. Uma sensação indescritível rapidamente se espalhou em meu
peito. Não tenho nenhum bom amigo, exceto Jade, e não estou acostumado
a ter outras pessoas preocupadas comigo. Não sei se o King pensa mesmo
assim e é estranho perguntar diretamente...
Em qualquer caso, sou considerado um dos amigos dele. Mesmo que ele
esteja nervoso, não acho que é estranho.
***
"Uea!"
Após o horário de trabalho, eu estava a chegar no estacionamento
subterrâneo quando um rapaz que tem me seguido desde lá de cima de
repente me parou. Virei para olhá-lo, presumindo que ele tivesse algo para
me dizer. Geralmente, quando há apenas o King e eu, ele aproveita a
oportunidade para me provocar, mas quando eu estava no elevador com ele
agora mesmo, ele estava diferente. Ele manteve um rosto sério e ficou
apenas em silêncio ao meu lado.
"Vai voltar ao seu apartamento?"
"Aonde posso voltar se não for para o meu apartamento?", perguntei sem
entender. Depois de ouvir a minha resposta, pelo seu rosto, ele não parecia
satisfeito.
"Mai não disse que o seu ex-namorado pode ir atrás de você no
apartamento? Não acho que ele desistirá facilmente."
Sua pergunta me congelou por um momento. Não esperava que ele
estivesse pensando nisso.
"Ele não sabe onde eu moro. Não o levei para o meu apartamento quando
namorávamos. Além do mais, ele perdeu sua reputação naquele momento.
P'Pok é o filho de um certo congressista, então ele não deve querer armar
um grande circo e afetar a reputação do seu pai de novo."
"Que bom", sussurrou suavemente, seus olhos relaxaram gradualmente.
Vendo sua expressão, aquele sentimento inexplicável apareceu no meu peito
de novo.
King pode apenas preocupar-se comigo como um amigo, mas todas as
atitudes que ele teve me mostravam que não parecia ser o caso, e o meu
relacionamento com o King não era tão próximo quanto com o Jade. Ele
tinha um comportamento suspeito, o que fez com que eu me sentisse
estranho.
Geralmente apenas brigamos, não costumamos nos preocupar um com o
outro assim.
"Uea, você tem medo dele?", King aproximou-se depois de perguntar,
encarando os meus olhos com uma expressão vazia e sem brilho.
"...O que quer dizer?"
"Se estiver com medo, posso dormir com você mais tarde. Ou quer fazer
algo mais interessante do que dormir?", um sorriso brincalhão apareceu em
seu rosto e eu fiquei envergonhado por um momento.
Bufei profundamente e fui direto para o meu carro sem olhar para trás.
"Uea, vam-"
"Esta semana já esgotou", bloqueei suas palavras com uma só frase. Abri
a porta e entrei no carro. Ainda podia ouvir a sua risada no momento em
que fechei a porta, balancei a minha cabeça e suspirei.
No fim, acabou sendo algo relacionado ao sexo. Eu realmente não devia
criar expectativas com esse cara.
***
Sempre senti que a minha intuição é bem certeira. Pelo menos sei bem
como são as pessoas que conheço, como são suas personalidades e como
lidar com elas. Ainda sei, mas sempre há coisas inesperadas em tudo.
Parece... que previ algumas coisas erradas.
Eu disse para o King e os outros que, depois que o P'Pok foi arrastado
para fora pelos guardas no outro dia, ele sentiria completa vergonha em me
assediar de novo. Além disso, eu o bloqueei em todos os canais de
comunicação. Não é de admirar que ele tenha desaparecido da minha vida
desde então. Sem que ele me incomode por uma reconciliação, a minha
vida está muito mais confortável!
Mas o meu conforto durou apenas uma semana...
Ele começou a me ligar por outros números porque não acreditava que eu
tinha um novo namorado, e ficava me implorando para que eu mudasse de
ideia. Então o Jade persuadiu Mai e eu a sairmos para jantar, tirarmos
algumas fotos e postá-las no Twitter para confundir o P'Pok. Isso faria com
que ele acreditasse que o Mai e eu realmente estamos namorando, mas não
vi a necessidade de chegar nesse ponto, e eu não queria incomodar o júnior
tanto assim. Mas quando o Jade mencionou, imediatamente presumi o
motivo por trás.
O Jade deve ter entendido mal. Ele deve ter achado que o Mai gostava de
mim e planejou nos juntar.
Não sei o que deu errado e fez o Jade entender errado. Eu mal conversava
com o Mai antes. E quando conversamos, é só porque o Mai quer
conselhos. O Jade tende a imaginar coisas demais, então pedi que ele
conversasse com o Mai para esclarecer as coisas. Sei que se não sair da
boca do Mai, o Jade não vai acreditar em nada.
Também espero que o Mai possa tomar esta oportunidade para conversar
claramente com o meu amigo, afinal, o que ele sugeriu foi um ultraje.
No fim da tarde da quarta-feira, eu estava saindo do prédio, indo em
direção ao estacionamento que ficava próximo ao prédio para poder voltar
para casa. Geralmente estaciono no estacionamento no subsolo, mas há que
peguei engarrafamento mais cedo, perdi a vaga e precisei usar o
estacionamento aberto.
Trabalhei até às 18h30, a maioria dos meus colegas, como Jade e Mai, já
foi embora. King ficou no escritório assim como eu, dizendo que havia
ainda alguns trabalhos não terminados em mãos. Não marquei nada com ele
hoje.
Olhei para o céu, que parecia estar escurecendo com um leve rosado.
Acho que logo vai chover. Se chover, com certeza terá um forte
engarrafamento de novo em minutos. Não conseguirei chegar em casa até
às 21h.
"Já saiu do trabalho? Estou esperando por você há muito tempo", a voz
de alguém soou. Parei. Depois de seguir a voz, vi P'Pok de pé próximo ao
meu carro. Por fora ele parecia calmo, mas a insatisfação era evidente em
seus olhos. Fechei os punhos com irritação ao me ver nesta situação.
O King estava mesmo certo. Ele não desistiu.
"Não mandei que esperasse por mim", disse friamente, encarando P'Pok
que sorria enquanto estava inclinado sobre o meu carro.
"Aonde foi o seu namorado? Ou ele fugiu com outra pessoa?",
perguntou.
"Não é da sua conta", fiquei de pé paralisado enquanto disfarçadamente
olhava ao redor. Parecia ser um ponto cego. Caso algo acontecesse, um
guarda poderia não ver.
"Uea, o namorado que você mencionou... acabei de vê-lo seguindo
alguém até um carro, com um sorriso estampado no rosto", P'Pok me
encarava com um olhar triste, claramente debochando de mim. Dei um
passo para trás quando percebi que ele andava em minha direção, mas ele
foi mais rápido e conseguiu agarrar o meu punho com força.
"Uea, onde está o seu namorado? Cadê ele? Vocês não tinham nada, não
é? Naquele dia você só mentiu para mim, não foi?", P'Pok gritava
histericamente.
"Nós já terminamos! Tendo eu um namorado ou não, você não tem
direito algum de fazer isto!", respondi friamente tentando me libertar dele,
mas P'Pok me segurou com mais força. Chiei de dor.
"Não quero terminar! É tão difícil assim voltar comigo?"
"Não quero mais estar com você!", berrei e os olhos do P'Pok ficavam
mais sombrios quando me ouviu. Vagamente senti o cheiro de álcool vindo
dele.
"Solte o meu braço!"
"Não!"
"Ele disse para você soltar. Tá surdo?", uma voz grave soou e P'Pok tirou
sua atenção de mim para o homem que havia falado. Fiquei aturdido por um
momento. A silhueta alta estava de pé ao meu lado, segurando o meu braço
do P'Pok com uma mão e protegendo-me atrás dele. O rosto bonito do King
tinha um sorriso fraco, mas definidamente não era do tipo charmoso e doce
que ele usava para atrair alguém que achava atraente. Aquele sorriso era de
puro escárnio.
Meu coração tremeu levemente por medo. Nunca vi essa expressão no
rosto do King desde que o conheço.
"Não seja intrometido! É só uma briga de casal!", P'Pok virou-se para
mim, me encarando, e disse "Uea, sei que está mentindo para mim. Aquele
garoto não é mesmo o seu namorado, não é?"
"Sim, está certo! Aquele garoto realmente não é o namorado do Uea",
King respondeu por mim. King me olhou, colocou o seu braço ao redor da
minha cintura e disse "Ele apenas estava lá porque eu não estava por perto
no momento. O namorado do Uea sou eu."
"Baboseira! Você está men-"
Pow!
King socou o P'Pok no rosto e o barulho do soco foi incrivelmente alto,
fiquei paralisado de choque. King aproximou-se do P'Pok que havia caído
no chão após o murro e disse com um olhar vazio.
"Se acredita ou não, o problema é seu. Não diga que não lhe avisei.
Nunca mais assedie o meu namorado ou vai apanhar de mim até perder os
dentes. A escolha é sua", ameaçou com uma voz fria, travando o maxilar de
ódio.
"Você- Acha que tenho medo de você?", embora P'Pok ainda esteja
gritando, a sua voz está tremendo, assim como a sua boca. Ele está agindo
como durão, mas a forma como os seus olhos tremem de medo ao olhar
para o King revelam o contrário.
Não é de admirar que ele se sinta assim, porque a aura que o King esta
emanando agora é muito amedrontadora.
"Estou avisando pela última vez. Se não quiser ir parar no hospital com a
cabeça sangrando, é melhor ir embora", o tom do King deixava claro que a
sua paciência estava acabando e o P'Pok levantou-se do chão cambaleando
antes de sair do estacionamento.
O ambiente voltou a ficar calmo e fiquei parado em silêncio, observando
o dorso da pessoa que estendeu a mão para me ajudar sem hesitar. Me senti
sufocado e sem saber o que dizer. Ouvi o suspiro do King e ele virou-se
para me olhar. Cuidadosamente olhou o meu corpo dos pés à cabeça antes
de perguntar "Você está bem?" numa voz calma e gentil. Completamente
diferente da forma como estava falando pouco antes.
"Estou bem", respondi virando o meu rosto para o outro lado e ele
imediatamente puxou a manga da minha camisa para olhar.
"O seu pulso está machucado."
"Vai sarar logo", respondi. Meu coração estava batendo mais forte por
medo desde momentos antes e ainda não se recuperou. King gentilmente
massageava os machucados em meu pulso, e isso fazia com que o meu
coração continuasse a disparar. Ficando ainda mais forte.
Estou começando a ficar incerto do motivo pelo qual está batendo tão
rápidio.
"Por que você veio para cá? Não disse que ainda tinha trabalho para
terminar?"
"É verdade, mas não tenho que terminar de imediato. Logo mudei de
ideia. Felizmente lhe vi antes de ir embora. Senão, não sei aonde ele teria
lhe levado", disse com um traço de raiva em sua voz, enquanto olhava na
direção por onde o P'Pok havia ido embora. Voltou o seu olhar para mim e
disse "Eu falei que ele não desistiria tão facilmente".
"Eu... Eu não acho que ele virá de novo."
"Foi o que você disse da última vez", apesar de estar me repreendendo,
King tinha uma expressão calma.
Ambos ficamos em silêncio. Após um tempo, o homem mais alto tomou
a iniciativa de quebrar o silêncio.
"Você vai morar comigo, no meu apartamento, por uma semana. Não
pode ficar sozinho."
"Eu estou b-"
"Vamos deixar o seu carro aqui. Vamos usar o meu hoje", King ignorou
as minhas reclamações e puxou o meu braço. Foi só aí que percebi como ele
era autoritário. Ele não tinha intenção de discutir isso comigo, então deixei
que me levasse.
Honestamente, também tenho medo que o P'Pok arme outra emboscada
por perto, pelo menos não terei que ir ao apartamento do King sozinho.
O carro estava bem quieto. King não começou a dirigir imediatamente
após ligar o motor, apenas olhava em frente calmamente tentando ajustar o
humor. O observei em silêncio e decidi falar.
"Obrigado."
"Sem problemas", balançou a sua cabeça e virou-se para me olhar.
Depois de pensar por um momento, acrescentou "Não vai mais se juntar a
esse tipo de gente, não é?".
"Bem, antigamente eu não imaginava que ele ficaria assim", admiti com
dor no coração. Sempre achei que o conhecesse o bastante. Não imaginei
que a imagem de cavalheiro, de quando começamos a namorar, era
fingimento. Seu caráter real é péssimo.
"Na próxima vez, lembre-se de usar os olhos para observar bem as
pessoas por um longo período. As conheça bem antes de iniciar um
relacionamento com elas. No início, é possível fingir ser outra pessoa, mas
depois de um tempo a máscara cai. E aí você vai estar triste e sozinho,
assim, de novo."
Seu conselho sincero me deixou surpreso. Conheço o King há uns anos,
mas não sabia que ele falava bem assim.
"Então... devo evitar alguém como você, não é?", brinquei e ele começou
a rir imediatamente, começando a relaxar.
"Desgraçado! Que cruel dizer isso para quem você está devendo uma."
"Ajuda é ajuda, eu já agradeci", retruquei.
Os olhos afiados do King brilharam quando me ouviu e eu percebi uma
expressão perigosa em seu rosto. King inclinou-se e fixou seu olhar em meu
rosto.
"E se eu disser... que não quero só um obrigado?", sussurrou numa voz
abafada e grave.
"Então o que você quer?", virei o meu olhar levemente como se não
tivesse entendido, evitando o olhar feroz do King. Na verdade não era
difícil entender o que ele queria dizer. Eu sabia exatamente o que ele queria.
"Isso aqui", King disse devagar antes de sua respiração tocar o meu
pescoço, logo tornando-se um beijo. As mãos firmes começaram a acariciar
o meu corpo enquanto os seus lábios expressavam sua luxúria ao cobrir os
meus.
A temperatura no carro ficou quente como fogo. Colocamos nossas mãos
na nuca um do outro e não poupamos a paixão em nosso beijo. As nossas
línguas batalharam como se nenhum de nós dois quiséssemos admitir a
derrota durante muito tempo. Quando separamos o beijo, arfávamos
tentando pegar fôlego.
"Os vidros do meu carro são pretos", enquanto esfregava os seus lábios
contra o meu, King sussurrou com erotismo, e usava as duas mãos para tirar
o meu cinto. Mas rapidamente peguei a sua mão.
"Aqui é muito pequeno. Vamos fazer em casa?", disse suavizando a
minha voz e ele sorriu com o canto da boca sedutoramente. Afastei o seu
peito forte com ambas as mãos.
Embora fazer no carro soe muito excitante, este estacionamento é
próximo do prédio. Não é legal fazer aqui. King respirava ofegante,
tentando segurar o desejo intenso, e encostou-se relutantemente em seu
assento.
"Se quiser, é só dirigir rápido", sorri.
Após um segundo, o carro deixou o estacionamento correndo, mas a
chuva começou a cair e o trânsito quase ficou paralisado.
"Porra de trânsito!", King xingou ao dar de cara com uma situação
inesperada e o sinal vermelho à frente não parecia querer se tornar um
verde.
Ouvindo a reclamação violenta do King no carro, suavemente ergui os
cantos da minha boca num sorriso.
"Fica calmo."
Assim que vi sua expressão de irritação, tive uma ideia atrevida.
Coloquei a mão em seu joelho e subi lentamente pela sua coxa até chegar
na sua virilha.
"Tá querendo que eu encoste o carro e te foda aqui mesmo?", King
resmungou entredentes. Quando a minha mão começou a passear bem no
lugar entre as duas pernas, King apertou as mãos no volante.
Sorri com aquela visão. Vi pela janela, de canto de olho, que o ambulante
da barraquinha da calçada estava dormindo, então comecei a massagear a
ereção do King por cima da calça. Neste momento, as luzes do semáforo
ficaram verdes e os carros começaram a andar.
"Dirija", falei enquanto continuava as carícias, até que senti que o
volume em sua calça havia ficado maior.
King começou a respirar ofegante enquanto mantinha os seus olhos na
estrada. Sorri e lentamente abri o zíper de sua calça com a ponta dos dedos,
antes de inserir os meus dedos no espaço que havia sido aberto. Mais uma
vez, comecei a massagear com movimentos lentos. King deixou sair um
gemido baixo, pisou no acelerador e dirigiu com tudo até em casa.
Ri baixo, adorando o prazer de provocá-lo. Mas talvez eu tenha brincado
demais, porque assim que chegamos ao apartamento do King, fui
imediatamente jogado na cama. E lá ele implorou por mais a noite toda.
"Ei, está dormindo?"
Depois de ser fodido por ele a noite toda, só fiquei na cama, ainda
exausto pela falta de sono. Ouvindo a voz grave e confortante do King,
fechei os meus olhos e enterrei a minha cabeça no travesseiro. Houve um
pequeno som antes de eu sentir King deixar a cama. Uma mão grande e
quente segurou o meu pulso e eu senti algo gelado sendo esfregado nele.
Baseado no cheiro forte de menta, pude perceber que era uma pomada.
A minha consciência começou a adormecer. Apesar de estar com a
cabeça distante, alguns sentimentos indescritíveis surgiram em meu peito.
Estou prestes a adormecer, mas, neste momento, sabia que o meu coração
estava aquecido.
Talvez nem tudo na minha vida seja ruim.
Capítulo 12: Relacionamentos
ATENÇÃO: Gatilho na metade deste capítulo. Um novo aviso estará
disponível antes do início do tópico sensível (assédio sexual, tentativa de
estupro).
Afim de prevenir que P'Pok aproveitasse a chance de me seguir ou
ameaçar, me mudei para o apartamento do King há uma semana. Nada
especial aconteceu nos últimos 7 dias. A última vez que vi o P'Pok foi
quando ele levou um soco no rosto do King naquele dia. P'Pok não mais
atrapalhou a minha vida nem me ligou. Parece que ele aprendeu a sua lição
e parou de me assediar e me procurar por aí.
Uma semana depois, sugeri ao King que eu queria voltar para o meu
apartamento. Um dos motivos era porque eu não queria perturbar a sua vida
pessoal.
Outro motivo é...
"Quer voltar hoje? Ele pode estar esperando que você volte para casa
para causar problemas de novo. Fique por mais uma semana. Não me
importo", a mão boba da voz grossa aproveitou a oportunidade para
acariciar o meu bumbum enquanto eu estava de frente para o espelho,
penteando o meu cabelo para ir trabalhar.
Balancei a minha cabeça e olhei para o homem que usava apenas uma
toalha de banho ao redor do seu quadril. Ele estava ocupado de pé atrás de
mim, me provocando, e não tinha intenções de parar.
Quero ir embora rápido por causa dele! Seu desejo sexual é grande
demais. Antes tínhamos o acordo de fazermos três vezes por semana, mas já
que estou ficando em seu apartamento, esse cara pediu por uma extensão na
quantidade de dias de sexo como taxa de aluguel! No início eu meio que
"concordei não concordando", mas quando voltei a pensar direito, percebi
que ele transa demais.
Ainda não disse para ele que planejo proibi-lo de dormir comigo na
próxima semana. Espero que não sufoque até a morte.
"Vou para casa hoje. Ele não deve voltar. Arrume-se logo! São quase
7h!", rapidamente o afastei, lembrando que, se ele se atrasasse de novo,
seria como na época do mês em que se atrasou três vezes.
"É sexta-feira, estou com preguiça. Podemos tentar não ir?"
"Não! Vamos nos despedir do Mai hoje!", virei para o lado para evitar a
braço que se esticou para abraçar a minha cintura. Peguei um cinto e o
coloquei, enquanto esperava que o King trocasse de roupas antes de sairmos
juntos.
***
O período de estágio é de 4 meses no total. A próxima semana será da
última semana de estágio do Mai na nossa empresa. Tradicionalmente, o
departamento de TI faz uma festa de despedida para os estagiários. Vários
sêniores convidaram o Mai para trabalhar depois de se formar, mas Jade e
eu achamos que uma pessoa talentosa como o Mai deveria trabalhar numa
empresa grande. Comparado à uma empresa pequena, há mais
oportunidades de trabalho para se desenvolver e crescer.
Dei uma leve olhada na mesa preróxima a mim. O rapaz responsável por
cuidar do estagiário encarava os arquivos no computador com suas mãos
fixas no teclado, sem se mover. Nesta última semana, o meu amigo tem
estado mais silencioso do que o normal e o clima entre o Mai e ele caiu
numa estranheza sem precedentes.
Mais cedo o Jade veio me consultar e disse que, desde que se declarou
para o Jade, o Jade tem o evitado, intencionalmente ou não. Confortei o Mai
dizendo que o Jade precisava de um pouco de tempo para pensar. Enquanto
envelhecemos, não mais ficamos com alguém só por diversão. Mai ainda é
jovem e há muitas oportunidades de conhecer inúmeras pessoas. Mas, na
nossa idade, não mais queremos estar nesses momentos de curta duração.
Mas acredito que o King seja um caso diferente, ele obviamente ainda
curte uma vida livre de solteiro.
Quanto ao Jade, entendo que ele precise de algum espaço privado para
pensar, mas não consigo suportar ver o Jade animado se tornar tão
deprimido, então especialmente convidei o Jade a continuar na sala de
reuniões depois da reunião ao meio-dia para conversarmos.
"Algo está errado com você. O que aconteceu? Você tem estado quieto",
Jade riu seco depois de ouvir a minha pergunta.
"Você sempre me vê por dentro, não é?"
"Você é um livro aberto, Jade. Qualquer um pode ver que a sua cabeça
está cheia."
"É mesmo?", murmurou, deitando-se em sua cadeira com frustração.
"Sim. Então, o que está rolando?", Jade só encarou o teto por um
momento antes de responder.
"Você me disse para perguntar ao Mai sobre a pessoa que ele gosta, então
perguntei."
"É?"
"Ele disse que gosta de mim."
Sim. E todo mundo na empresa sabe disso.
"E então?"
"É, mas nesses últimos dias ele parece... distante?"
"Notei que vocês dois parecem distantes um do outro", confirmei. O
rosto do Jade parecia ainda mais triste. Talvez ele não percebesse, mas ele
valorizava muito o Mai.
"O que acha que está havendo com ele? Fiz algo errado?"
"Bem, o que aconteceu depois que ele se declarou para você?"
"Fui meio pego de surpresa. Não soube como agir e havia muito no que
pensar antes que eu pudesse dizer qualquer coisa a ele. E agora ele está
quieto."
"Ele provavelmente acha que você não gosta dele."
"Não? Quero dizer, eu ainda não disse nada. Por que ele acharia isso?"
"Ele acha isso porque você não disse nada, Jade. Imagine se declarar para
alguém e essa pessoa começar a ficar quieta ou distante. O que pensaria?",
expliquei, tentando mostrá-lo a perspectiva do Mai. Jade sempre foi
devagar e ingênuo quando se trata de amor porque nunca esteve num
relacionamento sério. Eu não o culparia se ele nunca pensasse que o seu
silêncio levaria a um mal-entendido.
"Mas... eu gosto dele", murmurou Jade.
"Mas ele não sabe. Acho que ele deve estar deprimido. Pensei que não
gostasse dele e, por ele ser muito gentil, não queria rejeitá-lo cara a cara."
"Oh...", Jade ficou aturdido quando me ouviu dizer isso. Vendo seu rosto
pálido de surpresa, dei um tapinha em seu ombro para confortá-lo. "Vamos
almoçar juntos. Vai ter muita gente lá embaixo. Você deveria conversar com
o Mai rapidamente. Se continuar assim, o aperto em seu coração ficará cada
vez maior", o assustei.
O outro concordou com uma expressão insociável e eu esfreguei sua
cabeça fofinha. Embora tenhamos uma idade semelhante, Jade era como um
irmão mais novo aos meus olhos. Depois que conversamos, saímos para
comer juntos.
***
King e eu sempre deixávamos o clima muito tenso no almoço pelas
briguinhas, mas na última semana tudo se inverteu. King e eu trocávamos
olhares enquanto observávamos os outros dois: Mai comia seu almoço
silenciosamente e o Jade olhava o Mai de relance nervoso de vez, em
quando.
Qualquer um poderia ver que há algo acontecendo entre eles.
"O que há com o Jade?", perguntou King numa voz baixa no caminho de
volta à empresa após o almoço.
Dei uma olhada no mais novo que estava andando na frente, e então no
meu amigo que tem andado como um cadáver nesses últimos dias, "O Jade
pensa demais e não foi cuidadoso com os sentimentos do Mai. Entendi por
que o Mai ficou distante e expliquei claramente ao Jade", murmurei,
cuidadosamente baixando a minha voz para que os outros dois não nos
escutem falando sobre eles.
"Ele não sabia? É pior do que eu pensava", King não conseguiu conter
um leve riso. Neste momento, ele virou-se e deu uma olhada atrás. Vendo
que ninguém estava nos seguindo, imediatamente pôs seu olhar em mim.
"O Jade é muito devagar, diferente de mim. Eu sou bem rápido", piscou.
"Mas as suas mãos parecem ser mais rápidas do que o seu cérebro", disse
entredentes quando senti a minha bunda sendo apertada pela mão grande de
alguém.
King sorriu quando me viu acelerar os passos e fugir. Respirei fundo para
controlar a minha expressão e o meu coração acelerado.
Isso tem acontecido de tempos em tempos, desde que o King afugentou o
P'Pok como meu namorado naquele dia. Tenho me dito que aquilo foi pura
atuação e que o meu coração só bateu mais rápido porque eu estava
assustado. Mas quando o King gentilmente segurou o meu pulso e aplicou a
pomada, tenho que admitir que me senti aquecido e cuidado.
Não sei se meu coração acelera porque eu simplesmente me sinto
solitário demais e já faz algum tempo desde que alguém cuidou de mim. Eu
disse para mim mesmo para controlar as emoções e não cruzar a linha. Já
passei por isto antes, mas logo descobri que era só uma paixão, não era
amor de verdade. Então rapidamente segui em frente e esqueci sobre isso.
Eu diria que é o mesmo desta vez e não tão diferente da última situação,
mas...
Olhei para o homem alto de pé ao meu lado esperando pelo elevador. Ele
estava sorrindo e conversando com um sênior do departamento de
marketing. Antes, sempre que eu olhava para o King, pensava em como ele
era irritante. Mas sempre que vejo o seu rosto, sinto um incômodo estranho
e inexplicável no meu coração.
A relação de amigos com benefícios existe há 3 meses, e esta é a primeira
vez em que percebo o perigo que vêm com este tipo de relacionamento.
***
À tarde, no escritório, a maior parte dos meus colegas vão relaxar e
trabalhar lentamente, porque basicamente não há trabalho a ser feito com
pressa. Mas esta sexta-feira parece diferente. Há muito trabalho acumulado.
Jade estava tão ocupado que nem teve tempo de desgrudar os seus olhos da
tela do computador. Estávamos sendo observados pelo chefe e eu me sentia
tonto por encarar a tela por muito tempo. Quando olhei o relógio
novamente, já era hora de ir para casa.
Desligo o computador e guardo os meus pertences antes de ir ao
restaurante onde seria realizada a festa de despedida desta noite com dois
júniores, que estavam prestes a embarcar no veículo. Quando chegamos, os
outros colegas já tinham pedido comida e iam para a frente da sala para
cantar e eu sentei quietamente para comer.
"Vamos! Cerveja", disse Jade entregando uma cerveja. Fixei os meus
olhos na bebida de cor âmbar e hesitei por um momento. Finalmente,
balancei a cabeça e rejeitei a sua gentileza. Peguei um refrigerante e
coloquei no meu copo. O incidente da festa de boas-vindas só aconteceu
porque eu não estava sóbrio. Mesmo que já tenha passado, não quero pensar
nisso. Mesmo que King e eu sejamos amigos com benefícios, foi um erro,
de qualquer forma. Sim, se eu pudesse voltar no tempo, definitivamente
daria tudo para evitar que acontecesse.
Eu estava rodeado por um grupo de pessoas que estava se divertindo
bebendo cerveja e vinho e, entre eles, havia eu que estava tomando bebidas
leves submissamente. Mai, que estava sentado próximo ao King, foi meio
forçadamente puxado para cantar pela P'Fai. Mai teve que levantar e andar
até a frente, antes de escolher uma música triste para cantar. Não pude
evitar olhar o Jade que estava próximo a mim, seu rosto estava sério e havia
uma expressão pensativa nele.
Depois de cantar uma música, Mai entregou o microfone à P'Fai e
sentou-se de volta em seu lugar. Virei o meu rosto para olhar para o meu
amigo e vi que os lábios do Jade ficaram entreabertos enquanto observavam
o Mai várias vezes. Tirou o seu celular da bolsa e saiu da sala da festa para
fazer uma ligação.
"Beba menos ou vai ficar bêbado rápido."
King viu que o Mai continuava a beber e rapidamente agarrou a taça de
vinho do júnior que tinha acabado de voltar. Contudo, Mai agarrou a taça de
volta e bebeu todo o vinho de uma vez. Esta é a minha primeira vez, desde
que conheci o Mai, que o vejo bebendo álcool como um adulto.
"Este garoto bebeu vinho como se fosse água! O que há com você, Mai?
Está com o coração partido?", perguntou King.
"Ainda não", respondeu Mai, enchendo sua taça novamente em silêncio.
"Caramba, o que ele está pensando?", murmurou King.
"Talvez ele não consiga dizer que não gosta de mim porque me deixaria
triste..."
"Não é isso", respondi.
Mai sorriu amargamente e perguntou "Então silêncio é a resposta, não
é?".
Caí no silêncio e assisti o júnior colocar mais vinho em sua taça vez após
vez. Não importa o quanto King tentássemos convencê-lo, o Mai não dava
ouvidos. Posso apenas esperar que o Jade volte e deixar que resolvam o
problema entre eles.
"Está planejando só tomar Pepsi hoje?", vendo que tentar convencer o
Mai não deu certo, King permitiu que o Mai continuasse a beber, então
virou-se e me provocou. Um par de olhos afiados viram o copo de
refrigerante na minha mão e sorriu de canto.
"Nem um pouco de cerveja? Ou isso te lembra o que aconteceu na última
festa de boas-vindas?"
"...Cale a boca", respondi irritadamente e era absolutamente impossível
dizer a ele que eu não ousava tocar em álcool de novo por causa do último
incidente.
King não conteve a risada quando viu que eu estava prestes a cuspir fogo.
Mas depois de alguns seguidos, eu estava rindo, porque ele engasgou com o
bolo peixe frito que enfiei na sua garganta. Chorei de rir.
"Aqui", depois de já ter rido o bastante, o entreguei um copo de água.
King tomou a água de uma vez e olhou para mim. Por um instante, me senti
dominado pelo seu olhar.
Seus olhos pareciam... mais suaves do que o normal.
"O que está olhando?"
""Deve ser a primeira vez..."
"Han?"
"que você sorri com tanta alegria olhando pra mim."
"..."
Inconscientemente virei o meu rosto, evitei o seu olhar firme e pensei
sobre isso por um tempo, era mesmo como ele disse. Raramente riu, mesmo
que eu esteja conversando com outras pessoas. Basicamente não tenho
expressão.
Não esperava que King percebesse.
King continuou a saborear a cerveja que estava em sua mão quietamente,
enquanto eu comia a comida à minha frente e assistia os meus colegas
cantarem alegremente com interesse. Com o passar do tempo, percebi que o
Mai havia bebido tanto que estava tremendo. Neste momento, o Jade
retornou à sala da festa e quando ele viu que o Mai já estava tão bêbado,
seus olhos arregalaram em choque.
"Ele está bêbado, mas continua bebendo como se estivesse com o
coração partido", King ergueu o seu queixo para a pessoa próximo a ele.
Vendo os olhos do Jade prontos para culpá-lo, King apressou-se em dizer
"Não me olhe assim. Eu mesmo tentei persuadi-lo, mas ele não ouviu".
"São quase 21h. Leve logo o Mai para dormir!", eu disse.
Jade suspirou e tomou um dos braços do Mai, colocando sobre os seus
ombros para apoiá-lo.
"Bem, então vou embora primeiro. Vão para casa com cuidado."
"Você também, Jade, tenha cuidado para não bater o carro do Mai. O
preço da manutenção deve ser muito caro!", sorriu King.
Sorri secretamente ao ver o Jade levantar o seu pé e chutar a panturrilha
do King boca grande. A sala estava cheia de risos, música e cantoria dos
meus colegas.
Eu bebia refrigerante enquanto assistia os outros cantarem. Depois de um
tempo, verifiquei a hora no meu relógio. Eram quase 21h30, hora de ir
embora.
"Vou embora primeiro", disse ao King e aos sêniores presentes. Desta
vez, o King me seguiu despedindo-se dos outros e saiu comigo. Franzi a
testa levemente, temporariamente suprimindo as dúvidas em meu coração e
quando saí do restaurante, logo falei "Por que me seguiu?".
"Vou voltar no seu carro!"
"...E o seu carro?"
"Deixo estacionado aqui e pego amanhã. Estou bêbado e não posso
dirigir", disse ele.
Olhei para o King com uma expressão vazia dos pés à cabeça. Embora
ele realmente tenha bebido alguns copos de cerveja, não parece estar
bêbado. Suspeito.
"Você claramente não está bêbado."
"Mas tomei alguns copos. Seria terrível se eu fosse pego numa blitz."
"O seu nível de álcool não deve ser o bastante para exceder o limite...",
retruquei. King deu um passo para frente e inclinou- sobre o meu corpo,
suas sobrancelhas estavam tão franzidas que se aproximavam no meio.
"A campanha ensina 'se beber, não dirija', mas você me incentiva a
dirigir? É isso mesmo? Você deveria arcar com a responsabilidade social,
Khun Anon."
"Tudo bem. Levo você de volta", concordei suavemente e estava prestes
a entrar no carro, mas o King prosseguiu dizendo "Não precisa perder
tempo, vamos para o seu apartamento. Ficarei com você por uma noite".
Ergui a minha sobrancelha pela sua sugestão.
"Por que iria dormir no meu apartamento?"
"Para que você não perca tempo me levando."
"Mas-"
"Deixei você dormir no meu apartamento por uma semana. Não posso
pedir para dormir no seu apartamento por uma noite? Que cruel", a desculpa
do King me fez revirar os olhos. Sei exatamente o que ele queria que
acontecesse.
Ele chiou e reclamou com um olhar de desprezo. Revirei os meus olhos.
O que ele está pensando? Fingir estar bêbado é só uma desculpa, o objetivo
real para ir ao meu apartamento é fazer sexo!
O que quer mesmo fazer no meu apartamento?
"Só dormir!", alertei imediatamente. Estou cansado demais esta noite,
não tenho qualquer energia para seguir a libido dele.
King ergueu uma sobrancelha imediatamente, seu sorriso parecia um
pouco travesso...
"Bem, eu também estou com sono. Prometo só dormir!"
"Está bem."
"Conversaremos sobre isso amanhã de manhã", King ergue uma
sobrancelha. Balanço a minha cabeça desamparadamente enquanto destravo
as portas do meu carro. Ouvi um leve assovio atrás de mim. Suspirei
levemente ao observar o homem que estava abrindo a porta do lado do
passageiro e sentando. Não pude evitar xingar em silêncio.
Será que ele consegue pensar com a cabeça de cima por um minuto? Ele
é um tarado.
No fim, levei o cara "bêbado" de volta ao meu apartamento. King fez
exatamente como prometeu, apenas deitamos e dormimos, mas assim que
amanheceu... ele começou. Felizmente fui capaz de me segurar e não fiquei
excitado pelas suas carícias. King teve que erguer a bandeira branca e se
render. Ele deixou o meu apartamento às 10h.
Meu apartamento ficou silencioso de novo. Passei a maior parte do dia
limpando a casa, porque não tive tempo para limpá-la. Antes que eu
pudesse perceber, já era noite. Passei os meus olhos no apartamento limpo e
arrumado, até que parou num calendário pendurado na parede.
A data próxima do número vermelho evocavam memórias que eu quase
esqueci. Encarei o número por um longo momento antes de ir tomar banho.
Depois de sair das minhas roupas suadas, continuei a fazer outras tarefas
diárias.
Decidi ir para a cama mais cedo esta noite. No começo da manhã do dia
seguinte, fui acordado pelo som de mensagens chegando às 8h. Quando
peguei o meu telefone e as abri, vi uma série de mensagens do Jade.
"Feliz aniversário!"
"27 anos! Desejo alegria no coração e não a mesma dor que tenho na
coluna. Espero que possa conhecer boas pessoas e parceiros. Desejo-lhe 30
milhões na loteria. (não esqueça de mim quando ganhar!)"
"Fico devendo um presente de aniversário. Ainda sou muito pobre. Então
vou lhe chamar para comer macarrão e frango amanhã. Hahaha."
Não contive o sorriso e mandei um "Obrigado!" ao Jade, não esquecendo
de perguntá-lo se havia esclarecido tudo com o Mai, ao que ele respondeu
"está tudo certo", me deixando aliviado. Saindo da conversa com o Jade,
cliquei no grupo animado do departamento de TI e as curtas mensagens
com o meu nome surgiram. Todas eram desejam parabéns dos meus colegas
e algumas figurinhas.
Leio as mensagens com alegria. O departamento deposita grande
importância no aniversário de cada colega. Sempre que era o aniversário de
alguém, mandavam mensagens parabenizando e desejando feliz aniversário.
Até tentava esperar até que um colega me mandasse mensagem um feliz
aniversário antes de eu acordar. Se eu não tivesse olhado o calendário
ontem, teria quase esquecido que hoje foi o dia em que abri os meus olhos
para ver o mundo.
Para mim, este dia é apenas um dia normal entre muitos dias. Geralmente
fico quieto em meu quarto no meu aniversário ou volto após fazer mérito
aos monges pela manhã. Basicamente não saio para comemorar e não acho
que há algo especial. Nunca me importei com o meu aniversário, assim
como a pessoa que me deu a vida.
Não recebo parabéns da minha mãe há muito tempo e acho que ela não
quer lembrar do dia em que um parasita como eu nasceu trazendo dor.
Coloco de lado o meu telefone, levanto para tomar banho, tomo um copo
de café quente como café da manhã e dirijo até um templo próximo. Não
tenho ido ao templo em muitos anos e eu tenho sido incomodado por dores
de cabeça nos últimos anos. Já que hoje é o meu aniversário, pensei em
fazer mérito e orar por mim mesmo.
Acontece que hoje é um feriado e muitas pessoas vêm ao templo para
fazer mérito. Depois de eu comprar as oferendas para os monges, estico as
minhas mãos para receber as bênçãos dos monges sagrados e o batismo
com água benta, e então alimento os peixes e faço caridade. Após jogar as
migalhas de pão da minha mão no tanque de peixes, curti a brisa que
soprava, observando o claro céu azul e a vasta vista do Rio Chao Phraya
sem pressa. Gosto muito da paisagem do Rio Chao Phraya ou do mar
porque acalma a minha mente cansada.
Ding!
A mensagem soou bem neste momento. Peguei o meu telefone e dei uma
olhada, franzindo a testa. Era do King.
"Parabens, nong Uea! Nascemos no mesmo ano~ Não sei o que lhe dar
de presente, então vou me dar. Hahahaha"
Suspirei em descrença. Ele me provoca até no dia do meu aniversário? E
"nong Uea"? Nascemos no mesmo ano! Bloqueei a tela do meu celular e
estava prestes a colocá-lo no meu bolso de trás. Mas bem na hora, o celular
vibrou mostrando o nome de alguém. Quando vi a pessoa que estava
ligando, não contive o sorriso ao atender.
"E aí? Por que me ligou?"
"P'Uea! Feliz aniversário! Sinto tanto a sua falta!"
A voz energética da Donkao veio do outro lado da linha. Ela é a minha
irmãzinha pelo lado do meu padrasto, sua personalidade é vívida e animada
de uma garota de 17 anos. Ela é o único membro da família que ainda tem
contato comigo e não é desconfortável que eu me dê bem com ela. Ela é 10
anos mais nova, mas N'Donkao está muito ciente dos conflitos entre eu e os
membros da minha família. Mesmo assim, ela nunca parou de falar comigo
sem mostrar qualquer emoção estranha.
"Também sinto a sua falta", disse, e pude ouvir sua risada fofa do outro
lado da linha.
"Venha me ver se sente minha falta."
"Você também pode vir ao meu apartamento", Donkao ficou em silêncio
por um momento e, quando falou de novo, seu tom era cauteloso.
"Na verdade..."
"O quê?"
"A mamãe pediu que lhe ligasse para pedir que viesse para casa hoje.
Mamãe disse que não lhe vê há vários meses. Ela disse que se tentássemos
ligar com o número dela, você não atenderia. E já que é seu aniversário, ela
achou que seria ótimo que viesse para casa e visse sua família."
As afirmações da minha irmã eram inacreditáveis. Meu coração
dormente começou a tremer. Não recebo parabéns da minha mãe há muito
anos. Era um pouco difícil dizer se ela ainda lembra do meu aniversário.
Mas a minha irmã disse que ela ainda lembra do meu aniversário, isso
significa que ela se importa comigo, não é?
"P'Uea, está livre hoje? Se tiver tempo, pode passar aqui em casa? Venha
jantar, sinto muito a sua falta...", minha meia-irmã implorava com uma voz
fofa. Senti o meu coração amolecer.
"Bem, vou à noite."
"É mesmo? Há algo que você gostaria de comer? Vou pedir para a mãe
cozinhar para você mais tarde!"
"Não precisa, posso comer qualquer coisa. Vejo você mais tarde", depois
que terminei de falar, desliguei a chamada e observei o rio à frente como se
estivesse em transe. Meus sentimentos eram mistos, estava tanto alegre
quanto inquieto.
Estou muito feliz que a minha mãe ainda lembra do meu aniversário, mas
inevitavelmente vou encontrar aquela pessoa quando chegar. Pensei por um
momento e acho que só preciso suportar por 2 horas, só para ver a minha
irmã e a minha mãe. Se possível, espero muito que aquela pessoa não esteja
em casa.
Só de pensar em vê-lo me sinto enjoado.
Depois de deixar o templo, voltei para o meu apartamento e saí de novo
quando eram 17h. Não demorou muito tempo até que eu já estivesse
estacionando o carro na vaga em frente à casa do meu padrasto. Para ser
honesto, o meu apartamento não é longe daqui. Embora eu tenha comprado
o apartamento para ficar longe da minha família, parte do meu coração
estava preocupado com a minha mãe e a minha irmã, então escolhi um
apartamento perto da minha casa para que eu pudesse chegar rápido caso
algo acontecesse.
Um antigo ditado diz que o sangue é mais denso que a água. Mesmo que
a minha mãe não me ame, mesmo que doa muito, ainda amo e me preocupo
com ela.
"P'Uea!", uma doce voz de garota me chamou enquanto eu saía do carro.
Vi a meiga Donkao saindo de dentro de casa correndo antes de me abraçar
pela cintura. Acariciei a sua cabeça. Ela está muito mais alta do que a
última vez que a vi. Dei uma olhava na casa e na lavanderia de baixo em
transe.
Morei aqui por quase 10 anos e, desde que fui à universidade, nunca mais
voltei.
"Finalmente, achei que não lembrasse o caminho de casa."
Minha mãe seguiu Donkao e saiu da lavanderia, encarando o seu filho
que não via há meses com uma expressão de indiferença. Não havia traços
de felicidade ou desgosto. Deixo o abraço da Donkao e cumprimento a
minha mãe, mas ela apenas disse com impaciência "Entrem logo ou todos
os mosquitos vão entrar na casa!"
O vislumbre de esperança que sobrevivia em meu coração foi
rapidamente destruído. Vi o rosto da Donkao ficar amargo após ouvir as
palavras da minha mãe. Peguei a sua mão e entramos em casa juntos. Assim
que entrei em casa, todo o meu corpo entrou em choque quando ouvi uma
voz rouca.
"Há quanto tempo, Uea."
Apertei a minha mão que não estava segurando a mão da Donkao. No
momento que olhei a pessoa que chamava de padrasto, todo o meu corpo
ficou rígido.
"Oi, tio Sorn", embora eu estivesse relutante, tinha que respeitá-lo na
frente da minha mãe. Tio Sorn, meu padrasto, me deu um sorriso.
"Estou feliz que voltou para casa. Sinto muito a sua falta", não se
importando com o meu comportamento estranho, ele me olhava com
expressão anormal, um sorriso gentil e olhar meigo. As pessoas de fora
podem achar que ele é um padrasto bom e gentil baseado em sua expressão,
mas não sabem de nada. Agora sei da hipocrisia e do nojo escondidos atrás
desse sorriso.
ATENÇÃO! Aviso de gatilho: assédio sexual e tentativa de estupro
Por fora, ele finge ser uma boa pessoa, mas na verdade é só um tarado
que vive procurando oportunidades para abusar do seu enteado!
Vamos voltar dez anos, quando eu estava iniciando o ensino médio.
Tirando o fato de que a minha mãe não se importava comigo, a minha vida
era basicamente a mesma que qualquer outra criança. Depois que ela
descobriu que eu sou gay, tudo se encaminhou para o pior. Naquele
momento, o tio Sorn conversava com a minha mãe e a acalmava quando ela
estava zangada comigo. Ele me abraçava e me confortava quando eu estava
chorando por ter sido repreendido pela minha mãe. Naquela época, pensei
que ele me entendesse e achei que estivesse sendo gentil comigo.
Eu tinha apenas 14 anos, jovens demais para conseguir ver a verdadeira
face de alguém.
Mais à frente no ensino médio, comecei a perceber que o tio Sorn sempre
me olhava como se estivesse à espreita e frequentemente se aproximava do
meu corpo sem motivo algum. Sua atenção por mim excediam a da minha
minha mãe. Embora eu achasse estranho naquela época, não suspeitei
porque pensei que ele apenas tinha pena de mim.
Até que um dia, quando voltei da escola sonolento, tirei um cochilo no
sofá da sala de estar. De repente senti que algo duro estava cutucando as
minhas nádegas enquanto eu estava meio dormindo. Rapidamente levantei e
abri os olhos. Quando vi o que estava na minha frente, tive medo e não
soube como reagir.
"Sorn... Tio Sorn, o que você fez comigo...?"
"Eu só queria te acordar. A sua mãe já terminou de cozinhar. É hora de
jantar", deu um tapinha em minha bunda enquanto olhava meu corpo
fixamente, enquanto seus olhos transmitiam algo estranho. Fiquei tão
assustado que corri para o quarto e me tranquei por uma noite.
Não posso imaginar o que teria acontecido se a minha mãe não estivesse
em casa naquele dia.
Mesmo que eu soubesse, ele não tinha intenções de esconder sua
verdadeira face. Ele começou a me ameaçar com os olhos e abrir o meu
quarto com a chave para entrar. Então consegui roubar a chave do quarto e
esconder. Foi durante o período em que eu fui trancado no banheiro de
baixo pela minha mãe. Ele teve ainda mais confiança em tentar arrombar a
porta, dizendo que estava me ajudando a fugir. Tudo que ele fazia só
aprofundava mais o meu medo do escuro. Felizmente, ele não conseguiu
porque a minha mãe me deixou sair. E quando tentei falar para ela sobre o
que havia acontecido, só recebi tapas e reclamações.
"Acha que ser gay já não envergonha a sua mãe o bastante? Ainda quer
dizer que o seu padrasto molestou você?! Ele é homem, não um gay como
você! Ele lhe trata tão bem e é assim que quer recompensá-lo? Pirralho,
você não sabe ser grato!"
Aquela foi a primeira e única vez em que eu disse alguma coisa. Isso
também me ensinou que apenas eu posso me ajudar. Ninguém mais. Nem
mesmo a minha mãe.
O ensino médio foi basicamente a época mais difícil para mim. Esta casa
não é nada diferente do inferno, eles me enlouqueciam. Eu era jovem e só
sabia lidar com isso covardemente, e tive tanto medo que não soube lidar
com isso e contar para outras pessoas sobre o assunto. Dei o meu melhor
para fingir normalidade, e os meus amigos e professores da escola não
percebiam os problemas que eu estava enfrentando.
Felizmente, naquele ano, o tio Sorn encontrou um novo emprego e
precisou trabalhar como vendedor num escritório estrangeiro e não podia
vir para casa com frequência. Eu só precisava ser cuidadoso quando ele
viesse 2 dias por mês. Talvez outros filhos se preocupem em ter que se
mudar para longe de suas famílias, mas desde o ensino fundamental até a
entrada na universidade, aquele foi o dia mais relaxante e livre da minha
vida, com certeza!
Não é seguro aqui, não é o meu lar. Se não houvesse motivos especiais,
eu nunca mais pisaria nesta casa.
Mas hoje...
"Venha! Venha comer! Todos estão esperando por você!", ouvi o grito da
minha mãe de novo e pude apenas segui-lo até a cozinha, sentindo a
melancolia do meu coração.
O que estou esperando? Receber uma hospitalidade amorosa por parte
dela? Quando foi que isso já aconteceu?
Eu estava sentado próximo à minha irmã e ela rapidamente pegou uma
colher de arroz para mim, que comi em silêncio. Vi a minha mãe sentada na
cadeira oposta a mim, franzindo a testa sempre que me olhava. O meu
padrasto também estava sentado e me olhava pelo canto dos olhos de vez
em quando. Na tentativa de impedir que o clima ficasse muito tenso, a
Donkao iniciou algumas conversas. Infelizmente, os mais velhos não
prestaram muita atenção nela. O clima na mesa estava tornando quase
impossível comer. Obviamente não é assim que uma "família feliz" se
parece.
"Como você está?", perguntou o tio Sorn depois de um tempo.
"O seu pai fez uma pergunta, responda!", minha mãe gritou quando viu
que eu fingi não ouvir a pergunta, e continuou a comer a refeição à minha
frente em silêncio.
Apertei a colher na minha mão e disse num tom muito frio "Na mesma".
"Você parece mais energético desta vez. Estou feliz em vê-lo", ele
continuou. Segurando o enjoo, ouvi a minha mãe me chamar de novo.
"Você está vivendo bem, mas a sua irmã está trabalhando duro todos os
dias na escola. Ela planeja dar aulas de matemática. É difícil ganhar
dinheiro e eu não sei como pagar o curso", minha mãe soou irritada e usou
minha irmã para comparar comigo. Ela me olhou exatamente com os
mesmos olhos, uma expressão de ganância neles. Suas próximas palavras
me deixariam dormente.
"Você não é rico? Transfira dinheiro para ajudar a pagar a mensalidade.
5.000 baht serve. [N/T: cerca de R$ 706,00]
Só comi metade do arroz que estava no prato, mas o meu apetite ficou
cheio pela tristeza invisível. Coloquei os talheres de lado, não tenho mais
vontade de comer.
Finalmente sei por que a minha mãe pediu que a Donkao me ligasse.
"Então você pediu que eu viesse hoje para isso?"
"Claro! Você por acaso costuma atender as ligações da sua mãe? É
melhor começar a atender. Não pense que só porque já é adulto vai
conseguir distanciar da sua família facilmente!", minha mãe me encarava
com insatisfação enquanto me repreendia. O clima da mesa ficou
congelante.
Evitei o olhar agressivo da minha mãe e respirei fundo tentando me
acalmar.
Eu estava muito zangado e muito triste. Eu só queria fugir daqui o mais
rápido possível, não importa o que tivesse que fazer. Não queria mais me
importar com essas coisas irritantes, mas quando vi o rosto pálido da
Donkao, percebi que não poderia tal coisa.
O negócio de lavanderia da minha mãe é instável. Ela poderia apenas
depender do salário do meu padrasto como vendedor para sustentar todos os
gatos da família. Era assim quando eu ainda estava estudando, mas a coisa
mais triste é que a minha mãe ainda insistia em mandar a minha irmã para
estudar o que ela queria. Porém quando era eu, a minha mãe apenas dizia
que não achava necessário e para eu ir embora. Ela obviamente me fez
querer, parcialmente, ser uma pessoa cruel e desumana, porque eu não
poderia estudar o que eu queria como os outros. Mas é ainda pior fazer a
Donkao passar por isso.
Não era culpa dela.
"Vou embora", decidi levantar da mesa de jantar.
Donkao ficou ainda mais pálida e perguntou apressadamente "P'Uea, não
vai comer?".
"Não, estou indo embora."
"Não volte correndo, passe a noite aqui. Nós limpamos o seu quarto", o
tio Sorn interrompeu. Ignorei as suas palavras e virei para olhar a minha
mãe, que estava franzindo a testa em frustração e irritação.
"Sobre o dinheiro, da próxima vez irei transferir direto para a conta da
Donkao. Donkao, crie uma conta e me mostre", vendo-me ceder, o rosto da
minha mãe pareceu suavizar um pouco antes de me fazer uma expressão de
indiferença. Dói o meu coração vê-la agir assim. Peguei a chave do meu
carro e saí apressado da casa.
Tenho muita consciência de que sou apenas um caixa eletrônico para a
minha mãe.
"P'Uea!", Donkao saiu correndo apressada, quase chorando. Ela agarrou
o meu braço e disse numa voz trêmula "P'... eu sinto muito, eu não sabia
que a mãe diria aquilo ou eu definitivamente não pediria para você vir se eu
soubesse!".
"Tudo bem!", acariciei a cabeça da minha irmã e sorri. "Volte a comer. Vi
que você comeu muito pouco. Raramente lhe vejo. Se quiser me ver no
futuro, pode me ligar depois de terminar a aula nos sábados e domingos."
"Desculpe", ela soluçava, enxugando as lágrimas que escorriam pelas
suas bochechas.
"Está tudo bem. Estou indo."
A noite escura estava coberta por nuvens avermelhadas e parecia que
estava prestes a chover. Pisei no acelerador e deixei a casa para trás.
Observei a rua à minha frente com um sorriso amargo em meu rosto.
Já tenho 27 anos. Por que a minha mãe age assim com seu próprio filho?
Por que eu sou idiota de ter um fio de esperança achando que a minha mãe
vai me amar e cuidar de mim? Hoje foi o suficiente para provar que isso
nunca vai acontecer. A minha mãe não lembra do meu aniversário, mas a
Donkao a lembrou, e então ela achou que seria uma boa oportunidade para
me forçar a ir para casa e dá-la dinheiro.
Parece que o aniversário deste ano é o pior em muitos anos.
Eu não queria voltar ao apartamento por enquanto, então dirigi sem
rumo. Também não queria ficar sozinho. Queria dirigir até o apartamento
do Jade, mas lembrei que ele provavelmente estaria com o Mai, já que não
começaram a namorar há muito tempo e hoje é um dia de folga. Podem
estar jantando e não quero incomodá-los.
Por um momento, não sei mais para quem ligar, então decidi estacionar o
carro no canto da estrada. Deitando contra o banco do carro, fechei os olhos
e os abri depois de um tempo. Encarei o celular no banco do passageiro e,
com o coração pesado, o peguei e liguei para alguém.
"Ei, qual o problema? Por que está ligando esta hora? Precisa de mim,
Khun Anon?"
"King, está em casa?"
"...Sim."
"Posso ir te ver?"
"Você me rejeitou ontem e agora está procurando por mim?"
"Posso, por favor, ir te ver?", implorei com um tom de voz sério e o outro
lado da linha ficou em silêncio por 2 ou 3 segundos antes de responder.
"Sim. Ligue quando chegar, vou descer para lhe buscar."
Desliguei o telefone e dirigi o carro para o apartamento que ficava na
área de Silom. Cheguei ao meu destino em menos de 20 minutos, e liguei
para o King de novo. Não demorou até que o homem alto usando uma
camiseta branca e calça de algodão descesse até o saguão para me buscar.
"Por que veio me ver tão de repente?", quando fechou a porta do
apartamento, King virou-se questionando.
"Vim receber o meu presente", disse lentamente e, vendo-o erguer uma
sobrancelha, me aproximei e coloquei uma das minhas mãos em seu
peitoral robusto. Ergui o meu rosto e olhei para o homem mais alto à minha
frente.
"Disse que me daria um presente de aniversário, não disse? Vim recebê-
lo", depois de falar, agarrei a nuca do King e o beijei. King foi pego de
surpresa, mas logo reagiu e respondeu com desejo o meu beijo apaixonado.
Seus lábios quentes beijavam os meus como uma tempestade. A respiração
do homem que estava envolvendo a minha cintura logo começou a ficar
descompassada, e com um olhar de luxúria, olhou para mim.
"Você parece um pouco triste."
"Um pouco", confessei, e então pressionei o meu corpo contra o seu
enquanto ele me envolvia com os seus braços e eu deitava minha cabeça no
seu ombro. Pude sentir o membro ereto do King contra a parte baixa do
meu abdômen. Dei um leve sorriso e, ainda em seu pescoço, inclinei-me ao
seu ouvido e sussurrei "Pode me ajudar a ficar feliz?".
"Sim", a voz rouca do King concordou sem nem pensar.
Nos beijamos com vontade mais uma vez. Tiramos nossas roupas uma a
uma, até que os nossos corpos se encontraram entrelaçados na cama. O
quarto enorme foi preenchido pelo som dos corpos se chocando e de
gemidos intensos. As costas do King ficaram cheias dos meus arranhões, de
quando eu me deixei levar pelas carícias que ele me fazia.
O desejo turbulento ocupou toda a minha mente. Naquele momento, o
sentimento sufocante de decepção que havia em meu coração parecia ter
sido varrido para longe.
Fechei os meus olhos fracamente e fiquei sob o corpo do King,
respirando descompassadamente, enquanto chegava ao clímax. King ainda
estimulava o ponto sensível em meu pescoço, sem querer parar, enquanto
me beijava. Talvez esta não seja a melhor forma de encontrar felicidade,
mas me ajuda a esquecer a dor temporariamente.
"Uea", a voz rouca e grave me chamou.
Apenas respondi com um "hum", claramente exausto. Ele suspirou e me
perguntou.
"Há algo que você queira me dizer?"
Abri os meus olhos, o que fez com que os meus olhos encontrassem os
seus brevemente. Neste momento, as respirações de nós dois era clara e
audível no quarto silencioso.
"Fui para casa hoje."
Acabei por contar a história e, depois de algumas palavras simples, King
compreendeu. Não me perguntou mais nada. Ele só beijou o meu pescoço e
meu ombro novamente com seus lábios quentes, antes de mordiscar o
lóbulo da minha orelha e sussurrar "São só 20h".
"E daí?"
"O seu aniversário só acaba em 4 horas. Deixe-me continuar a lhe
presentear até o fim do seu aniversário. O que acha?", deu um sorriso
brincalhão.
Olhei para ele com olhos estreitos, mas suas próximas palavras me
surpreenderam e aqueceram o meu coração.
"Feliz aniversário."
Seu nariz alto tocava a ponta do meu nariz gentilmente antes do King
depositar um beijo em meus lábios.
Pude sentir lágrimas começando a se formar em meus olhos. Quando fui
para casa mais cedo, a minha mãe nem pensou em me parabenizar, me
tratando como um estranho. King, no entanto, me tratou melhor do que a
minha própria família.
Que ridículo.
O beijei de volta e as carícias despertaram novamente o desejo. O quarto
foi preenchido pelos meus gemidos chamando o nome do King, misturado
com o som dos corpos se chocando com força. Os quadris se
movimentavam em vai e vem continuamente, me forçando a cair no abismo
do desejo, não querendo voltar para o mundo real.
Não tenho certeza se as lágrimas que enchem os cantos dos meus olhos e
embaçam a minha visão são devido ao sexo intenso ou pelas cicatrizes do
meu coração.
Capítulo 13: Intuição
O aniversário deste ano pode ser considerado completamente diferente.
Acabei nem percebendo quando adormeci em deslumbramento ontem.
Quando abri os meus olhos de novo, o alarme já estava soando. Fiquei
aturdido por um momento, mas logo percebi que não estava no meu
apartamento nem numa cama vazia. O braço do homem que estava atrás de
mim se esticava e abraçava a minha cintura nua. O calor que ele me dava
provava que tudo que aconteceu ontem à noite era real.
O dono do quarto envolvia-me em seus braços por trás, os dois corpos
nus pressionados um contra o outro e a respiração quente do King soprava
em meu cabelo. Ele é sempre muito difícil e relutante em acordar. Mesmo
que colocasse o alarme em seu ouvido, não tenho certeza se ele acordaria
para desligá-lo.
Embora eu saiba que devo, neste momento, levantar, tomar um banho
imediatamente e trocar de roupas para ir ao trabalho, agora eu só quero
continuar deitado e escutar quietamente a respiração calma do King. Fiquei
chateado pelo que aconteceu ontem. De alguma forma, escutar a respiração
dele faz com que as minhas emoções se acalmem, mas me deixa um pouco
preocupado ao mesmo tempo...
Acho que a influência do King sobre mim parece estar ficando cada vez
maior.
Fui atormentado por uma montanha-russa de emoções ontem. Eu não
queria ficar sozinho, mas o que me surpreendeu muito foi que, naquele
momento, eu queria muito encontrar o King. Finalmente entendo por que
tantas pessoas são obcecadas por ele. King sabe exatamente o que fazer
para que você se sinta calmo. Eu aprecio a forma como ele cuidou de mim.
Ele me perguntou o que havia acontecido, mas quando me viu hesitando ou
não querendo conversar sobre, não insistiu nem me forçou a me abrir. Ele
ficou em silêncio ao meu lado, me confortou e me acolheu. Ele foi muito
cuidadoso, pelo menos... acho que foi sincero.
Mas o problema é: afeto demais jamais vai trazer algo bom para o
relacionamento entre King e eu.
Deveria haver apenas satisfação sexual entre ele e eu, em vez de tratar o
King como um porto seguro ou buscar conforto dele como na noite passada.
A minha intuição me adverte que eu deveria pular fora desta relação o mais
rápido possível e voltar à minha vida normal como na minha intenção
inicial, mas neste momento não quero tratar disso.
Gosto da sensação de estar em seus braços, é muito boa. A minha vida
originalmente era só amarga e triste, mas quando estou perto dele todo o
meu corpo relaxa. Ainda não estou mentalmente pronto para abrir mão do
paraíso emocional que acabei de encontrar.
Mesmo que esta relação seja perigosa, se eu lidar com cuidado, nada
deve dar errado... certo?
"Já é de manhã?", uma voz rouca soou em meus ouvidos me puxando dos
meus pensamentos, e os lábios do King gentilmente beijaram a minha nuca.
Virei para olhar o King, que ainda estava sonolento, e tirei a sua mão da
minha cintura.
"Sim, mas você pode dormir um pouco mais e acordar depois que eu
terminar de tomar banho."
"Não, estou completamente acordado, vamos tomar banho juntos para
não desperdiçarmos tempo."
Havia um olhar malicioso em nele, mas quando me viu estreitando os
olhos para ele, sorriu e ergueu as mãos em redenção.
"Tudo bem. Por favor, tome banho primeiro", disse King gesticulando em
direção ao banheiro.
Levantei, tirei a toalha de banho do closet e andei até o banheiro e fechei
batendo a porta.
Não é um desperdício de tempo tomarmos banho juntos, né? Posso
garantir que gastaríamos mais tempo do que o normal! Se eu concordar,
podemos até tomar banho, mas acredite que a água usada não sairia da
torneira!
Não vou concordar! Não quero passar pelo mesmo do mês passado,
quando tive o salário atrasado por chegar atrasado no trabalho.
***
Eu devo agradecer a mim mesmo por endurecer o meu coração e me
recusar a obedecer aos desejos do King, porque o trânsito de hoje está
muito congestionado. Mesmo saindo mais cedo do que o normal, chegar à
empresa está levando mais tempo do que de costume. Vejo que ainda havia
alguns colegas do departamento que não chegaram. Parece que deve haver
congestionamento para eles também, incluindo para a pessoa que se senta
na mesa ao meu lado.
"Acha que Jade e Mai se resolveram?", King pergunta-me numa voz
baixa inclinando-se para perto, após voltar de um passeio pelos outros
departamentos. Vejo o café em sua mão (parece ter sido dado a ele por outra
colega) e o encaro com nojo.
Já faz tantos anos e ainda é a mesma coisa! Os presentes de outras
pessoas ainda não são rejeitados, não está dando falsa esperança? Péssimo!
"Ei, eu perguntei tão gentilmente, por que está me encarando assim? Ah!
Vejo que a sua popularidade declinou recentemente e não tem alguém para
lhe dar presentes como eu tenho, então está com inveja?"
"Não me incomode", me viro para longe dele. Ainda posso ouvi-lo
murmurando, antes de decidir silenciá-lo colocando fones de ouvido para
ignorá-lo. Embora eu não possa ouvir o que ele está reclamando, não tenho
a intenção de prestar atenção no que ele diz sobre mim.
Depois que P'Pok veio até a empresa e fez uma grande confusão, todos
sabem que tenho um envolvimento com alguém, então ninguém ousa se
aproximar por enquanto. Ninguém pede que Jade me entregue presentes.
Não tem nada a ver com perder a popularidade. Já ele, flerta o dia todo e
afirma que está só sendo amigável e receptivo com suas colegas, mas não
acho que ele tenha a mesma atitude com cada colega igualmente.
Mas de quem ele aceita presentes não tem nada a ver comigo e eu não
tenho interesse em saber.
Ligo o computador e jogo no celular para matar o tempo antes de
começar a trabalhar. Os outros colegas do departamento começam a chegar
à empresa um após o outro. Não leva muito tempo até que Jade e Mai
entram. A expressão radiante em seus rostos indica que tudo entre eles foi
resolvido.
"Está melhor, Mai? Da última vez que te vi, você estava morto!", King
provoca assim que vê Mai. O garoto jovem com um sorriso tímido responde
o King com mãos juntas. Vendo que Mai não respondeu a sua pergunta,
King imediatamente torna Jade o seu alvo.
"Jade, o levou bem até em casa? Não fez nada estranho com ele enquanto
ele estava bêbado, fez?"
"Não sou como você que faz coisas estranhas quando alguém está bêbado
ou inconsciente assim!", Jade quase grita.
A risada leve do King chega em meus ouvidos e, logo em seguida, sua
voz grave.
"Não gosto de dormir com pessoas bêbadas. Gosto de fazer com pessoas
sóbrias, que dão seu consentimento".
Hm? E a primeira vez fui para cama com ele?
"O que houve, Uea?", minha expressão está um pouco estranha e Jade
virou-se para perguntar.
Olho para o meu amigo e respondo superficialmente "Nariz entupido".
"Quer um descongestionante?", Jade pergunta-me gentilmente. Balanço a
minha cabeça e vejo o Mai ligando o computador pelo canto dos olhos.
"O problema está resolvido, certo?", baixo a minha voz e pergunto
novamente ao meu amigo, após puxar a minha cadeira para o seu lado. Fico
aliviado em ver o brilho em seus olhos ao assentir.
Uma pessoa boa como o Jade deve ser mimada por alguém. Depois de
saber que essa pessoa é o Mai, estou muito feliz por ele. Acredito que o Mai
cuidará bem do meu amigo e não deixará o Jade triste.
Realmente não quero ver os meus amigos se machucando por amor como
eu.
Retorno à minha posição original e me concentrei em meu trabalho.
Ouço a P'Fai reclamar que esta é a última semana do Mai no estágio, mas
no fim todos acabariam rindo por causa das próximas palavras do Mai.
"Tenho mais uma coisa a anunciar. Não estou mais solteiro. Estou
comprometido."
Vendo a reação imediata do Jade, quase gargalho. Ele move seus olhos
para lá e para cá, entre Mai e a garota que estava vaiando próximo a ele,
não conseguindo conter uma risada escondida ao ouvir alguém perguntar
quem seria a sortuda. Quando ele vê Mai colocar a mão em seu ombro, suas
pupilas dilatam instantaneamente e ele ouve o Mai anunciar
orgulhosamente.
"Ele. Mas acho que eu sou o sortudo por ele ter me dado uma chance."
Neste momento, os assobios e berros correm soltos pela sala e as
bochechas do Jade ficam vermelhas como um tomate. Assim que os colegas
descobrem que Jade tem namorado, instantaneamente se tornam alvo de
piadas e provocações. Não é estranho que Mai tenha escolhido anunciar
diretamente em público, afinal, já era bem óbvio quando ele dava em cima
do Jade.
De fato, todos sabem bem, só quero aproveitar esta oportunidade para
zoar o Jade.
"Parabéns", sorrio para o Jade que ainda está corando.
"Obrigado", responde ele.
Estico a mão e lhe dou uma tapinha em seu ombro, dizendo "Não
esqueça de me convidar para comer. Eu ajudei muito!".
Jade fica boquiaberto, assistindo em descrença que eu estou zoando com
ele como todo mundo, enquanto Mai sorri e diz que vai me convidar para
comer mais tarde como agradecimento.
Sorrio e concordo antes de retornar meu olhar para a tela do computador.
Pelo menos posso me desfazer de uma das minhas preocupações.
***
Hoje é outro dia agitado. O chefe repentinamente joga uma pilha de
trabalho para mim às 17h, é meio duro fazer hora extra numa segunda-feira.
Quando todos começam a guardar seus pertences para ir para casa, como
um mero funcionário, não tenho direito de dizer não. Só posso terminar o
trabalho rapidamente e convencer o Jade a ir embora. Ele continua dizendo
que quer ficar e me ajudar, mas não é bom, porque, afinal, são minhas
obrigações. Depois de repetir meus motivos para ele, Jade finalmente
desiste e vai para casa com Mai.
O trabalho não é tão pesado, na verdade. A menos que fosse algo que eu
realmente não consigo fazer sozinho, não quero ocupar o tempo pessoal do
meu amigo assim.
"Já está terminando?", King, que também ficou além do horário, vem me
perguntar.
Viro para trás e vejo o computador que o outro acabou de desligar,
perguntando "Já terminou o seu trabalho?".
"Sim."
"Então vá para casa."
"Eu estava esperando por você. Vamos para o seu apartamento hoje.
Quero mudar de ambiente", diz casualmente. Felizmente são quase 19h da
noite e apenas ele e eu estamos na sala. Ninguém ouve a nossa conversa.
"Não quero fazer sexo hoje."
"Mas eu quero."
"Fizemos várias vezes ontem!"
"Ontem foi ontem. É uma necessidade diária."
"Você deveria procurar um médico. Acho que sua libido é alta demais,
talvez tenha desequilíbrio hormonal", digo de forma séria. Jade também já
teve disfunção sexual. Acho que o King também pode ter esse problema.
Sugiro que ambos consultem seus médicos antes que os problemas
fiquem sérios. Será mais seguro.
"Ah, você! Hahahaha", King cai na risada. Virando o meu rosto com a
testa franzida, volto a focar no meu trabalho de novo. Não entendo qual é a
graça. King puxa sua cadeira e se senta ao meu lado.
"Khun Anon, estou em boa saúde. Querer fazer sexo com você todos os
dias não significa que sou anormal."
"Mas se chama vício em sexo", respondo.
King dá de ombros, um sorriso se forma no canto da sua boca.
"Bem, se quiser pensar assim, fique à vontade. Onde quer que seja hoje à
noite?"
"Volte para o seu apartamento!", resmungo impacientemente na tentativa
de fazê-lo ir embora. Depois de balançar a sua cabeça, encosta suas costas
na cadeira e se recusa a ir embora.
"Não! Vou ficar com você. E se um fantasma te sequestrar?", pergunta
hipoteticamente. O encaro antes de voltar a trabalhar rapidamente, um
sentimento estranho aflorando em meu peito. No passado, sempre gostei de
trabalhar em silêncio. Mesmo que eu fosse deixado sozinho na empresa,
não me sentiria solitário, mas hoje... estou realmente feliz por alguém estar
comigo.
Este sentimento está ficando cada vez mais preocupante.
"Jade tem um namorado agora. Apenas você e eu sobramos solteiros", de
repente King falou após um momento de silêncio.
Depois de olhá-lo, pergunto "Qual o problema? Quer ter um namorado
também?".
"E você? Quer ter um namorado?", King me pergunta.
"Hm... Não parei para pensar nisso", sussurro.
King me fez a mesma pergunta há 3 meses. Naquela época, pude
firmemente responder que queria um namorado que pudesse sempre estar
ao meu lado, mas a decepção recorrente por longos períodos começou a me
cansar, então entrei na relação de amigos com benefícios. Eu poderia dá-lo
a mesma resposta agora. Mas o motivo real por trás disso... estou
começando a ficar inseguro.
Ainda não planejo ter um namorado, mas não tenho certeza se é porque
ainda me sinto esgotado ou se é porque não quero terminar a amizade
colorida com o King. Sempre me preocupo quanto os prós e contras do
relacionamento entre King e eu, e me sinto muito perdido, como se
estivesse andando na beira de um precipício.
Mesmo que eu saiba do perigo, não quero parar.
"E você?", pergunto de volta.
Vejo King encarar os meus olhos com uma expressão inexplicável, que
não posso entender o significado. Depois de um tempo, ele sorri e responde
"Não".
"..."
"Gosto de como as coisas estão agora".
Sua resposta é exatamente como eu esperava. Não é difícil para uma
pessoa como ele encontrar alguém. Ele só não quer estar preso a alguém tão
cedo, assim ele pode passear pelo harém todo dia.
Damos a mesma resposta, mas os motivos por trás podem ser descritos
como completamente diferentes.
Respiro fundo e tento ajustar a expressão em meu rosto no momento. Só
espero que o King não tenha notado a minha confusão e também oro para
que as coisas com as quais tenho me preocupado não aconteçam.
Odeio playboys! De forma alguma eu me apaixonaria por esse homem!
***
Fantasia é o reflexo da esperança das pessoas; a verdade é a realidade
inevitável que as pessoas devem encarar.
A fantasia é doce e charmosa, mas a realidade pode ser melhor do que
sonhamos. É simples, mas inesperadamente cruel. Faz as pessoas terem
medo de encarar a verdade, então elas preferem se aprisionar num mundo
ilusório do que sair e entender o que acontece no mundo exterior.
Quando eu era criança, era cheio de fantasias sobre o mundo como
qualquer outra criança. Orava secretamente para que a minha família
pudesse viver feliz junta novamente e a minha mãe pudesse amar e cuidar
de mim como faz com a minha irmã. Mas enquanto crescia, finalmente
percebi que nunca haveria um dia em que meu desejo se tornaria realidade.
Então eu tinha que tirar vantagem da noite para entrar na terra dos sonhos,
mas sempre que eu abria os olhos pela manhã, os berros violentos da minha
mãe e seus olhos nojentos me lembravam da verdade.
Para mim, a verdade é obviamente uma coisa comum neste mundo, mas a
sensação de se forçar a encarar a verdade é amedrontadora. Agora pareço
estar preso num dilema.
Hora de deixar o trabalho. King, Jade e eu estamos comendo um
ensopado num shopping próximo a empresa. Olho para o Jade, que parece
estar mandando mensagens para o Mai, antes de virar meu olhar para King,
que atualmente está sentado oposto a mim e usando seu telefone. Sinto uma
emoção estranha crescendo em meu coração quando olho para ele.
Muita coisa tem acontecido nos últimos meses. Primeiro, um estudante
vem ao departamento como estagiário e então transforma-se no namorado
do meu melhor amigo. Quanto a mim, é inacreditável que eu tenha
desenvolvido uma relação de amigos com benefícios com este cara, que
desgostei por anos, há 5 meses.
Dois meses se passaram desde que eu comecei a ter pensamentos
estranhos sobre o King.
Não tenho certeza do que penso sobre o King agora. Talvez seja porque o
King cuida de mim como amigo e parceiro de cama que acabou balançando
meu coração solitário com seu cuidado carinhoso, mas é só isso mesmo? É
só porque estou numa situação diferente? Ou há mais sentimentos
desconhecidos?
Nunca pensei que me tornaria tão vulnerável e não estou mentalmente
preparado para entender a verdade por trás disto. De qualquer forma, o
King não tem agido diferente. Por enquanto, decido deixar isso de lado,
ignorando esses sentimentos estranhos em meu coração e fingindo que
somos apenas parceiros de cama.
Acho que... lido bem com a situação assim.
"Ei, o que há com o seu rosto? A sua mãe brigou com você de novo?",
Jade ergue suas sobrancelhas e olho para o King que acabou de guardar seu
telefone após uma ligação.
"Sim. Caramba! Minhas orelhas estão dormentes", diz King tomando um
gole de cerveja.
Jade riu leve e então perguntou "Qual é a causa desta vez?".
"O mesmo de sempre. Como eu nunca vou para casa... não visito...
blábláblá."
"Você devia ir para casa mostrar o rosto. Caso contrário, ela não vai parar
de ligar para reclamar."
"Acho que ela vai reclamar ainda mais quando me vir!", ele parece estar
certo desta conclusão. Apenas escuto quietamente à conversa entre os dois
melhores amigos que cresceram juntos desde a infância, com um coração
um pouco curioso.
Além de saber que os seus pais começaram uma empresa bem
estruturada, pareço não saber nada sobre a situação familiar do King. Nos
últimos cinco meses, embora King eventualmente mencione sua vida
particular para mim, raramente o ouvi mencionar seus problemas familiares.
Como eu, ele reluta em falar sobre os seus pais.
De fato, são meio estranhos. Obviamente seus pais iniciaram uma
empresa, mas King está disposto a trabalhar na empresa pequena de outra
pessoa.
"Se a minha mãe ligar para você, diga que ocupado no trabalho e não
tenho tempo livre, é isso!"
"Se eu disser e a sua mãe não acreditar, o problema é todo seu!", Jade
disse apressadamente enquanto segura um pedaço de carne de porco com
palitinhos e põe na sua boca.
Enquanto observo King concordar, ergo o meu copo questionavelmente e
tomo um gole de cerveja.
Será que King, assim como eu, teve algum conflito com a sua família?
O assunto mais falado no jantar deve ser o namoradinho do Jade.
Querendo ou não, Jade sempre menciona o nome do Mai e pergunta sobre o
que o Mai me perguntava e pede que eu compartilhe minha experiência com
namoros. Também me pede para que eu o ensine a cozinhar, já que nunca
esteve na cozinha, dizendo que gostaria de surpreender o Mai. Acho que o
Jade não percebe, mas todos veem que ele e seu namorado têm
personalidades parecidas.
"Mai está aqui para me buscar. Vou indo primeiro!", tirando seu olhar do
celular, Jade nos acena um tchauzinho e anda até a entrada do shopping
para esperar pelo Mai. Olho para as costas do Jade enquanto ele vai embora
e vejo que o meu amigo está feliz, e estou feliz por ele do fundo do meu
coração.
"Vamos voltar também. Quero chegar no apartamento logo", King
sussurra em meu ouvido, coloca seu braço sobre os meus ombros e acaricia
meu braço fazendo movimentos circulares com o polegar.
Removo seu braço e ando em direção ao estacionamento do andar de
baixo.
"Uea, você tem planos para o sábado e o domingo?"
"Não, não tenho."
"Então vou te encontrar no seu apartamento."
Suas palavras me fazem pausar os meus passos. Virei e olhei para ele
confuso "Quer ir até nos sábados e domingos?".
"Bem, devo ficar até mais tarde no escritório todos os dias a partir de
amanhã. Não terei tempo para te encontrar. Só devo conseguir te ver nos
sábados e domingos."
"Não vai para casa? A sua mãe te ligou", pergunto.
King suspira, parecendo irritado "Apenas serei repreendido quando
voltar. Por que deveria voltar?".
Sua expressão me deixou curioso, mas não tenho certeza se devo fazer
mais perguntas. Não tenho certeza se tenho qualquer direito em perguntar,
especialmente sendo um tópico sensível.
"Não vai perguntar por que não quero ir para casa?", King pergunta.
Aperto os meus lábios antes de responder "Você... está em desacordo
com a sua família?"
"Não exatamente. É que sou sempre magoado pela minha família. Meu
irmão mais velho é o homem perfeito aos olhos de todos e meus pais
esperam que eu possa ser como ele. Sempre colocaram pressão em mim,
então fico sem ânimo para voltar", sua expressão ficou séria. "Disseram que
eu deveria estudar administração porque devo herdar o negócio da família
como meu irmão mais velho. Devo crescer dentro da estrutura de carreira
que os meus pais criaram como o meu irmão mais velho. Sempre que vou
para casa, tenho que ouvi-los reclamando. Qualquer um acharia irritante,
não é? Sério, estou cansado de ouvir."
Ouço em silêncio. Esta é a segunda vez que vejo o outro lado do King. O
jovem mestre King parece despreocupado, mas também carrega problemas
nas costas. Enquanto eu era abandonado pela minha família, King também
era estressado pela sua e até teve que sair de casa. Mas eu o entendo. Ser
constantemente comparado ao seu irmão mais velho assim deve ser muito
triste.
Nós dois temos cortes e feridas parecidas.
"Por que está quieto? Está sentindo pena de mim?", diz a voz grossa.
Ergo a minha cabeça para encontrar o seu olhar e percebo que a sua
expressão vazia havia desaparecido. Num piscar de olhos, um olhar familiar
ridículo surge e sua voz grossa soa de novo.
"Se tem dó de mim, deixe-me ir vê-lo no fim de semana."
"...", reviro os olhos, minha empatia foi um desperdício. Sem olhar para
trás, continuo os meus passos até o estacionamento e o deixo de lado.
Um cara com um desejo sexual forte assim não é digno de empatia!
***
Assim que comecei a trabalhar, o tempo vou sem que eu percebesse.
Antes que eu me desse conta, já tenho trabalhado nesta empresa há 3 anos.
Parece que a minha entrevista foi há apenas 1 ano. Os últimos 3 anos forem
bem razoáveis, embora o meu trabalho tenha sido frustrante às vezes, no
geral tem sido uma navegação tranquila. A maioria dos meus colegas de
trabalho são agradáveis e, mesmo que não seja uma empresa grande, as
condições são justas e boas.
Logo será hora do bônus anual da empresa, uma recompensa para os
colegas que trabalharam duro no último ano.
"Oh! P'Toon pediu que eu viesse recolher os nomes. Se algum de vocês
quiser levar os seus pais, irmãos, cônjuge, namorado ou namorada, netos ou
filhos na viagem da empresa, por favor, me falem para que possamos fazer
a organização dos quartos".
Numa tarde de fevereiro, Gun entra no escritório com um papel em sua
mão. Encaro o calendário na mesa e ouço os meus colegas começarem a
debater o assunto em questão.
"Quem vai levar? Quero levar o meu namorado!"
"Se levar o seu namorado, com quem vou dividir um quarto?"
"Devo levar a minha esposa e filho."
"É uma boa ideia, P'Bas? Não seria melhor não levar ninguém? Se levar a
sua esposa e filho, não poderá beber o quanto quiser!".
"O quê? Uma viagem da empresa?"
Há debates correndo pela sala junto com a exclamação do Jade. Meu
amigo ergue seu olhar da tela do computador com uma expressão vazia e
rapidamente pergunta "Por que tão cedo este ano? O local já foi decidido?
Onde vai ser?".
"Já ouviu falar em 'Venha a Samet, alegria a todo momento!'?, P'Toon
disse que o chefe gostaria de mudar o ambiente deste ano. Fomos às
montanhas no ano passado e ele quer brincar na água neste ano. É ótimo!",
Gun dança e explica para nós.
No ano passado, a empresa foi numa viagem para Xuan Phong em
Ratchaburi. Embora a viagem tenha sido muito interessante, a maioria dos
colegas homens reclamaram que prefeririam ir à praia porque não havia
garotas de biquíni nas montanhas. Eles curtem ver a "vista".
"Jade! Leve o seu namoradinho também!", a voz aguda da P'Fai soa e
Jade pisca.
"Por que eu deveria fazer isso?"
"Sinto muita falta do N'Mai. Se você não o levar, vou fazer um pequeno
relatório ao P'Toon e pedir que ele tire pontos da sua avaliação de
performance".
"Isso mesmo! Todos sentimos falta do Mai!", outras funcionárias
concordam. Jade estreitou os olhos ao olhar para elas.
"Esperem! Vocês já não têm namorados?"
"Não vou levar o meu marido. Então tecnicamente estarei solteira! Meu
coração será apenas para o Mai", P'Fai continua provocando, fazendo os
outros e até Jade rirem. Mai realmente é o amor deste departamento.
Mesmo que o período de estágio tenha acabado há 2 meses, os colegas
ainda falam sobre o Mai.
"P'Jade, escreva logo o nome do Mai. Ninguém liga se você vai ou não",
Gun entrega a lista.
"Quer morrer, seu fedorento? Vá logo trabalhar!", Jade grita com o júnior
antes de colocar a lista na mesa.
Sussurrei "Vai levar o Mai com você?".
"Acho que sim... Espere! Se eu levar o Mai comigo, com quem vai
dormir?", Jade aponta. Nos anos anteriores, Jade e eu sempre dividimos o
quarto. Se ele levar o Mai, ficarei sozinho.
"Ele pode dormir comigo", King se aproxima e coloca seus cotovelos em
minha mesa. Um sorriso brincalhão estampa seu rosto. "Não vou levar
ninguém. Pode dividir um quarto comigo".
"Tem certeza que não vão se matar? Quer saber? Esqueçam! Uea pode
ficar comigo e Mai pode ficar com você."
"Você deveria perguntar ao seu namorado com quem ele gostaria de
dormir primeiro! Deixe o Uea dormir comigo. Não vamos nos matar,
certo?", King vira para olhar para mim, seus olhos emanando provocação.
Franzo minhas sobrancelhas levemente. Sinceramente, eu realmente
quero dividir um quarto com Jade, mas não queria separá-lo do Mai.
"Tudo bem, posso dormir com o King", decido. Ouvindo a minha
resposta, King sorri de canto antes de dar uma tapinha em meu ombro.
Aperto os meus lábios ao ver a malícia em seus olhos.
Ele definitivamente está planejando algo. Pervertido do caralho.
"Tem certeza?", Jade pergunta num tom de preocupação. Concordo,
permitindo que Jade escreva o nome do Mai na lista. Encaro o King que
estava assobiando alegremente enquanto andava em direção à sua mesa.
A minha intuição me diz que essa viagem será uma verdadeira dor de
cabeça.
Capítulo 14: Armadilhas
Este capítulo se passa no ponto de vista do King.

Gatos são animais cautelosos.


Foi o que uma pessoa que cria gatos que conheço me contou, dizendo
que é uma caracteróstica dos gatos. São independentes, arrogantes e
nasceram para serem donos de humanos. Querem que as pessoas deem todo
seu amor e atenção. Nunca entendi por que alguém amaria este tipo de
animal, não até que o conheci - um homem com personalidade de gato.
O tal homem está atualmente me observando com olhos penetrantes.
Desde quando subi no ônibus até eu me sentar ao lado dele, seu olhar
imóvel nunca me deixou.
Observando cada movimento meu como um gato vigilante.
"O que está olhando?", pergunto. Diferentemente dos nossos colegas, ele
não está nada animado para esta viagem. Uea aperta os seus lábios e vira o
rosto, quietamente observando a paisagem pela janela e me ignorando
completamente.
Eu riu impotente e desloco o meu olhar para o outro lado do ônibus, onde
Mai estava abrindo um saco de lanches e entregando para Jade.
"Não tenho escolha senão me sentar aqui, aqueles dois são jovens
namorados. O casalzinho tem que se sentar junto. Ou quer que eu seja o
cara mau e os separe?"
"Eu não disse nada", sua voz monótona é indiferente, mas o tricotar de
suas sobrancelhas entregam seus reais pensamentos. Ele obviamente não
me quer sentado ao seu lado. Uea deve estar preocupado que alguém possa
perceber a relação incomum que temos atualmente. Para ser honesto, não
consigo me importar menos com o que eles pensam.
"Por que se importa tanto com os arranjos de assento? Vamos dormir
juntos mais tarde, de qualquer forma", murmuro numa voz baixa.
Uea se vira e me encara, seus olhos emanam um traço de raiva. Ah,
parece que ele está suspeitando que eu possa fazer algo hoje à noite. Não
pensei realmente sobre isto... bem, talvez um pouco, mas não foi por este
motivo que insisti em dividir um quarto com ele. Eu só não queria ficar no
meio do jovem casal. Queria que Mai e Jade se divertissem e tivessem a
experiência mais doce possível nesta viagem.
Mas mesmo que eu dissesse, Uea não acreditaria. Em seus olhos, sou
apenas um cara que pensa com a cabeça de baixo e sempre troca de parceiro
na cama. Aos meus olhos, Uea é como um gato branco como a neve,
sempre posando com um ar de arrogância - tornando difícil que se
aproximem dele - não querendo nem ser acariciado pelo seu dono.
Do dia em que o conheci até agora, ele sempre foi uma pessoa fria.
Ele é alto e magro. Por baixo daquela calça preta sob medida, ele tem
cintura fina e bunda empinada. Sua pele é branca, quase podendo cegar
alguém. Ele é muito bonito. Se eu o visse andando na rua, definitivamente
atrairia a minha atenção.
Naquele momento, ele estava sentado casualmente com uma perna sobre
a outra, bebendo vinho como se fosse água e ignorando a agitação do
mundo externo. Mesmo que a música estivesse alta, ele ainda estava imerso
em seu próprio mundo.
Esta foi a impressão que ele me deu quando o vi pela primeira vez. Na
época, eu estava no segundo ano da universidade e, por acaso, encontrei o
amigo do meu bom amigo no bar. Eu não conhecia Uea na época, mas é
claro, não pude evitar que o meu olhar ficasse se direcionando a ele, porque
tudo nele estava de acordo com o meu tipo ideal.
Fui ao bar com alguém com quem estava ficando, esqueci como a pessoa
se chama. Raramente vou ao bar sozinho. Naquela noite, não encontrei a
oportunidade para chamá-lo para beber comigo. Achei ter feito o meu
melhor para mostrar o meu lado charmoso, mas não funcionou no Uea.
Quando esbarrei nele no banheiro mais tarde naquela noite, ele me olhou
como se eu fosse um demônio que come pessoas e cospe seus ossos.
Eu sabia que ele tinha me compreendido mal. Aproximei-me para ajudá-
lo, porque vi que ele estava tão bêbado que estava prestes a perder seu
equilíbrio. Eu planejava ajudá-lo a sair do bar e chamar um táxi, mas ele
parecia achar que eu estava tentando tirar vantagem dele. Achei que nunca
nos veríamos novamente, então não corrigi o mal-entendido de imediato.
Quem saberia que Uea acabaria sendo o colega de quarto do meu amigo de
infância, Jade?
Quando nos encontramos pela segunda vez, provavelmente era eu quem
estava feliz por vê-lo de novo, porque no dia Uea recusou-se
completamente a falar comigo. Aqueles grandes e lindos olhos mostravam
indiferença e insatisfação, mas mesmo assim não fiquei nada zangado,
mas... despertou meu interesse por ele.
Sim, fiquei interessado. Tenho tido interesse nele desde a primeira vez
que o vi. Acho que pode chamar de amor à primeira vista. Não me importo
com gêneros, tanto homens quanto mulheres são iguais para mim. Jade uma
vez brincou dizendo que, contanto que seja um ser humano, posso levar
qualquer um para a cama. Mas há algo que ele errou: só fico com quem se
encaixa no meu gosto.
Uea é quem mais se encaixa.
É uma pena que mal tenhamos nos encontrado. Ao longo da minha
carreira na universidade, só consegui vê-lo algumas vezes. Na época, eu era
jovem e cheio de energia, e não estava disposto a gastar o meu corpo
correndo atrás de alguém que não gostava de mim. Um dia, Uea foi à
empresa onde eu trabalhava por causa de uma sugestão do Jade.
A vida de trabalho maçante finalmente ganhou um pouco de diversão.
Ainda lembro da expressão chocada do Uea quando me viu no
departamento da empresa pela primeira vez. Ele deu o seu melhor para
evitar comunicar-se comigo até que finalmente não pude evitar perguntar ao
Jade se Uea tinha medo de mim. E a resposta que eu recebi é que Uea odeia
que brinca com os sentimentos das pessoas, então ele não queria muito
contato comigo. Eu não me importaria se fosse outra pessoa e não estou
interessado em conversar com pessoas que não gostam de mim, mas o
problema é que a pessoa era Uea.
Comecei a provocá-lo intencionalmente, querendo ver quantas
expressões fofas podem ser feitas por baixo de sua máscara fria.
Ambos somos colegas do mesmo departamento e ele também é amigo do
Jade. Temos contato um com o outro, de qualquer forma. Comecei a tentar
observar que tipo de pessoa ele era, mas infelizmente não consegui nada.
Seus olhos eram ocos e indiferentes, e ele era silencioso. Era quase possível
contar quantas palavras ele dizia ao longo do dia, e toda palavra que ele
direcionava a mim era fria.
Eu achava interessante e pensava no que fazer para rasgar sua máscara.
Passei a irritá-lo com todas as formas, intencionalmente provocando que ele
retaliasse. Finalmente consegui. A expressão em seu rosto me dizia
claramente o quanto ele me odiava. No começo, senti que ele ia
enlouquecer por causa das minhas provocações. Era interessante, mas
quanto mais passávamos tempo juntos, mais eu queria saber mais sobre
Uea.
Pensando nas coisas que Uea já passou, não é de se admirar que ele tenha
se tornado uma pessoa tão fria.
Quando se trata da relação entre Uea e eu, fica difícil descrever. Não
tínhamos quaisquer problemas falando sobre trabalho, mas quando
falávamos sobre outro assunto, sempre brigávamos. Eu o provocava em
toda oportunidade que eu tinha, e com certeza eu levava uma bronca dele.
Os nossos colegas de trabalho já se acostumaram. Embora eu tivesse muito
interesse nele, nunca pensei em ir atrás dele.
Achei que continuaríamos assim, brigando quase todos os dias. Até que
aconteceu aquela virada de chave.
Dei uma olhada no homem sentado ao meu lado, que estava observando a
paisagem mudando do lado de fora da janela do ônibus intensamente. Já se
passou mais de meio ano desde o dia em que ele concordou em sermos
amigos com benefícios. Embora o acordo tenha sido exagerado, concordei
sem contrariar uma palavra. Nunca, nem por um segundo, cheguei a me
arrepender da minha decisão.
Mas não tenho certeza se Uea pensa como eu.
As conversas dos nossos colegas enchem o ônibus. Gun grita para que o
motorista toque músicas tailandesas de amor para que ele comemore
dançando com a P'Fai. Aplaudi algumas vezes e ergui o meu relógio para
ver a hora. Agora são quase 9h. Mais de 100 funcionários e membros de
suas famílias participam desta viagem da empresa. Nos dividimos em dois
ônibus turísticos para partirmos do edifício da empresa em direção a Samet
na Província Rayong.
Para ser honesto, não gosto de participar nas viagens em grupos
organizadas pela empresa. Não é preocupante estar rodeado por executivos
de alto nível, não só o gerente geral ou o chefe? Como podemos relaxar
nossa cabeça? A empresa tem uma regra que participar da viagem é
considerado como pontuação na avaliação anual. Acaba sendo um certo
impedimento para pessoas que, como eu, querem evitar a viagem da
empresa. No fim, ninguém pode se safar.
Almoçamos num restaurante na província Rayong pelo caminho, e então
tomamos um barco até Koh Samet. Levamos cerca de 4 horas para chegar
de Bangkok até Koh Samet. A empresa reservou um resort à beira-mar para
descansarmos. Meus colegas se apressaram para pegar as chaves de seus
quartos assim que chegamos.
Depois de receber a chave da equipe do hotel, viro e ando em direção à
pessoa que estava esperando de pé no saguão do hotel com Jade e Mai.
"Vamos logo para o quarto, Khun Anon", provoco. O homem suspira
fundo, agarra as chaves em minha mão e anda rapidamente para o quarto.
"Você não pode maltratá-lo", diz Jade estapeando a minha cabeça.
"Como eu poderia maltratá-lo? Mai, leve logo a sua mulher para o
quarto!", esfrego a cabeça do meu amigo vigorosamente e ansiosamente
sigo os paços do Uea. Atrás de mim vêm o berro do Jade e o som do Mai o
acalmando. Ergo os cantos da minha boca feliz, acelero os meus passos e
sigo o meu "colega de quarto".
Há relatos de que a performance dos negócios da empresa neste ano é um
pouco menor do que nos anos anteriores, mas tenho que admitir que o chefe
ainda é muito solidário com os subordinados e nos ajudou a reservar um
hotel de 4 estrelas. Cada quarto do hotel tem uma área bem grande. Mesmo
que traga membros da família para participar, pode reservar um quarto extra
próximo com pouco custo. O bar da praia aqui uma série de atividades
aquáticas e os participantes podem aproveitar a linda paisagem ao redor do
resort. Vendo que o chefe está sendo tão generoso desta vez, ele deve ter
gastado pelo menos algumas centenas de milhares.
"Ah, o quê? Camas de solteiro?"
Quando entro no quarto e olho ao redor, vendo que há duas camas de
solteiro, não consigo evitar resmungar. Estreito os meus olhos e olho para o
meu colega de quarto. Ele parece muito satisfeito com o quarto em que vai
passar a noite. Uea põe a sua bagagem na cama de solteiro próxima à
varanda e se senta nela, indicando que havia escolhido uma cama. Ao ver
isso, também ponho minha bagagem em sua cama.
"O que está fazendo?"
"Também quero dormir nesta", respondo.
Ele me olha de lado e diz friamente "Eu sentei primeiro".
"Você nem me perguntou! Isso é muito injusto!", choramingo.
Uea franze a testa levemente e finalmente se levanta, planejando colocar
sua bagagem na outra cama. Apressadamente puxo o seu pulso, o fazendo
perder o equilíbrio e cair no meu colo. Aproveitando a oportunidade,
rapidamente estico o meu braço para prender o Uea em meus braços, só
para o caso de ele aproveitar a chance de escapar. Enterro a minha cabeça
em seu pescoço, desfrutando da fragrância fresca cítrica de seu corpo.
Realmente gosto do cheiro deste perfume. Já tentei colocá-lo em mim,
mas sempre sinto que é um pouco diferente do cheiro que sinto no Uea.
Obviamente é o mesmo perfume, mas o odor e a química corporais de cada
pessoa é um pouco diferente, então o cheiro é levemente diferente após a
aplicação. Gosto muito do cheiro do corpo do Uea. Não quero fazer nada
além de enterrar a minha cabeça nele e cheirá-lo.
Ele é muito poderoso... Até o cheiro do seu corpo é atraente para mim.
"Quer se mudar para a outra cama? Não precisa..."
"Não vai dormir nesta?"
Uea começa a se contorcer em meus braços, esfregando sua bunda
redondinha perto da minha virilha. Logo o seguro e tento fazê-lo sentar-se
parado.
"Não consigo dormir bem em novos lugares. Posso dormir na mesma
cama com você?"
"Esta cama não é tão grande, como podemos dormir juntos? Solte", Uea
tenta remover o meu braço que o envolvia. Na tentativa que se apoiar para
levantar-se, ele acabou apenas pressionando sua bunda contra meu membro.
Ranjo os meus dentes e aguento firme. Queria aproveitar a oportunidade
para provocá-lo, mas já consigo me sentir ficando ereto.
"Se ainda quiser sair para admirar a paisagem litorânea, não fique de
brincadeira", advirto firmemente.
Uea para de se mover e fica sentado em meu colo de forma rígida. Após
um tempo, quando meu corpo finalmente havia se acalmado, deixo Uea se
levantar e movo minha bagagem para a outra cama. Durante este período,
meu colega de quarto observava cada movimento meu com nervosismo.
"Tudo bem, quer sair para passear? Se não, podemos encontrar algo para-
"
"Estou saindo", responde ele rapidamente.
Não consigo conter o riso ao vê-lo pegando o celular e abrindo a porta
com pressa para sair do quarto.
Sua reação é tão fofa. Como posso aguentar não o provocar?
***
Todo ano, quando a empresa viaja, é organizado um jantar para que todos
comam juntos e também atividades de entretenimento à noite. Antes do
jantar, os funcionários têm duas ou três horas de tempo livre e alguns
escolhem ficar descansando no quarto. Outros saem para tirar fotos ou
participam nas atividades organizadas pelo resort. Agora há pouco, Mai nos
convidou para irmos no banana boat pelo Line. Uea e eu estamos esperando
há um tempo no bar a praia, mas aqueles dois ainda não apareceram.
"Caramba! Por mais quanto tempo teremos que esperar? Já faz 10
minutos. Não foram eles que nos convidaram para sair?", reclamo
repetidamente e a pessoa ao meu lado virou seu olhar para mim.
"Espere um pouco mais. Se não aparecerem nos próximos 10 minutos,
ligue e pergunte", após Uea terminar de falar, ele vira seu olhar de mim para
a praia à nossa frente, parecendo muito mais relaxado do que o normal.
Observo Uea secretamente pelo canto dos olhos. Uea é muito bonito,
cada centímetro da pele do seu rosto é completamente natural e mesmo só
estando parado, já é muito charmoso. Os lindos olhos e lábios atraentes me
faziam querer olhá-lo para sempre. Mas com a indiferença e senso de frieza
em seus olhos, a maioria das pessoas pensam que ele é arrogante. No início,
eu pensava assim. Apenas alguns meses após conhecê-lo, vi que ele não era
nada arrogante. Ele intencionalmente agia assim como um mecanismo de
proteção para impedir que os outros vejam a verdade em seu coração.
Uea sofreu muitas dores em sua infância traumática, e ele teve que
colocar camadas e camadas de máscaras para se proteger.
Dou uma olhada ao redor, mas ainda não vejo os outros dois caras. De
vez em quando, vejo algumas garotas secretamente nos olhando à distância.
Algumas sorriam timidamente para mim e eu retribuía com outro. Ao
mesmo tempo, vários homens lançavam olhares de fogo, mas não estavam
olhando para mim, e sim para o homem ao meu lado.
Uea apenas estando parado com uma expressão fria, consegue atrair a
atenção de inúmeros homens. Só na nossa empresa, já há várias pessoas
tentando se aproximar. Não é de admirar que a maioria dos homens na praia
tenham olhos ardentes para ele, mas isso está começando a me irritar.
Por que estão olhando para ele assim? Nunca viram um homem antes?
"Gosta do mar?", tomo a oportunidade para fazer Uea falar, tentando
deter aqueles grudados nele. Depois de me olhar por muito tempo, Uea olha
para o mar de novo e responde.
"Sim, mas só gosto de praias calmas assim. Hoje em dia, praias pacíficas
são difíceis de encontrar. Há turistas vindo de todos os lugares."
"Também não gosto de lugares com muitos turistas. Tem alguma
recomendação?", pergunto.
Uea pensa por um tempo e diz "Lampang é bem boa, com paisagem
bonita, parques nacionais e cachoeiras. Não é barulhento demais como em
outros lugares."
"Já foi lá?"
"Tenho uma parente que mora em Lampang. Na verdade, é a minha tia.
Quando eu era criança, ia lá para brincar no fim do semestre, mas agora
raramente falo com ela" diz ele levemente. Embora seu tom não seja de
tristeza, sei que família sempre foi um tópico sensível para ele, então
aproveito a chance para mudar de assunto.
"Olhe lá. Mai está puxando Jade por ali. Ele realmente faz o tipo
ciumento. Até supera o meu ciúme!", digo em voz alta, enquanto me
aproximo dele e o cutuco com o cotovelo "Mas lhe entendo bem, porque
sou muito ciumento como ele."
"Por que está me dizendo isso?", sua voz repentinamente fria me dá
calafrios.
"Só falei o que vi, não precisa levar tão a sério", rapidamente acalmo
suas emoções, antes que ele comece a se sentir irritado.
Uea traçou uma linha muito clara desde o início sobre o que podemos
fazer e o que não pode ser tolerado. Passar dessa linha põe nosso
relacionamento secreto em risco. Talvez o que estou fazendo já tenha
passado dos limites, mas não estou fazendo para provocá-lo.
Porque honestamente, não quero que esta nossa relação termine.
***
Passeamos no banana boat por um tempo. Mai e eu achamos este tipo de
esporte particularmente interessante. Jade reclama irritado por cair
repetidamente na água. E Uea seguia quieto, seu rosto não mostrava
irritação, acho que gosta deste tipo de esporte.
"Aqui!", Mai segura algumas garrafas de água gelada, que ele acaba de
trazer de uma loja próxima e ficamos esperando por ele sob os coqueiros da
praia.
O tempo está passando. Já são quase 17h, o sol já não é mais violento e
cada vez mais pessoas vêm curtir a praia. O que significa que cada vez mais
olhares eram disparados em nossa direção. Não que eu esteja preocupado
com as pessoas nos olhando, de fato, apenas algumas bonitas juntas já
podem atrair incontáveis olhares.
Enquanto bebo água, percebo que a expressão do Jade estava um pouco
diferente. Seu par de olhos pequenos encaram um grupo de garotas que
fofocam entre si. Elas olham para Mai, que acontece de estar bloqueado
pelo meu corpo. Estou um pouco curioso sobre como Jade reagiria, então
dou um pequeno passo para o lado para que as garotas possam claramente
desfrutar da beleza do Mai.
"Por que saiu do lugar?", pergunta Jade imediatamente.
"Para evitar o sol, está muito quente."
"Não tem sol aqui!"
"Como não? O sol está me cegando."
"King! Volte para o lugar onde estava", diz ele ansioso numa voz baixa.
Propositalmente finjo estar confuso e me recuso a sair do lugar, e
continuo a tomar água. Jade hesita por um momento e decide ir para o lugar
onde eu estava em pé originalmente. Quase riu alto. A altura do Jade era a
dos ombros do Mai. O que ele conseguiria esconder? Mas mesmo assim,
Jade ainda dá o seu melhor para bloquear a visão do Mai.
Ha ha! Ele parece estar trabalhando duro para esconder Mai das suas
admiradoras. Por que não começa a trabalhar na sua altura primeiro?
Mai não parece perceber que o seu amado está secretamente competindo
com outras e continua a conversar com Jade. Paro de olhar para o
casalzinho, viro e jogo a garrafa vazia dentro da lata de lixo e volto para
onde estava.
"Ei, vamos voltar para o quarto e tomar banho ou não chegaremos a
tempo de participar do jantar desta noite!", Jade nos apressa de volta ao
quarto ansiosamente.
"São apenas 16h30, vamos ficar mais um pouco. Voltar ao quarto às 17h
nos dá tempo de tomar banho", intencionalmente discordo. Jade sorri para
mim, mas pelos seus olhos parece que quer me estrangular.
"Já está tarde demais! Vamos voltar logo! Tem gente demais observa-
Ah, quero dizer, se não tomarmos banho o mais rápido possível, vamos
chegar ao local mais tarde do que os outros, o que é muito grosseiro."
"Ah, claro, você está preocupado com ser grosseiro. Achei que estivesse
com ciúm-"
"King, seu idiota!", ele não contém o grito.
Eu estou quase morrendo de rir deste amigo emocionalmente violento.
Felizmente, Mai finalmente vê o que está acontecendo e leva seu carinha de
volta para o quarto a tempo. Eu riu alto e observo a diferença de altura do
casalzinho e acho fofo.
Meu amigo é tão engraçado quando está com ciúme.
"Você o provocou de novo", sussurra Uea, a ternura em seus olhos está
claramente visível.
Dou de ombros, fingindo que não entendo o que ele está dizendo e volto
para o quarto do hotel com ele.
No caminho de volta ao quarto, há garotas tentando chamar minha
atenção e eu sorrio de volta para elas. De repente, imagino. Realmente
quero saber o que o Uea pensa. Ele ficaria com ciúme como Jade? Esse cara
sempre mantém suas emoções em seu coração e não é fácil notá-las. Por
várias vezes não consigo ver o que está escondido sob sua máscara de
indiferença, mas quando vejo ele fingir não prestar atenção e virar o rosto,
acho que ele não pensa nada especial.
Depois de tomar banho e trocar de roupas, andamos até o restaurante na
beira-mar para jantarmos com os colegas e a gestão. Antes do jantar, o
chefe fala sobre a grande rodada de conquistas através dos anos e as metas
de performance deste ano, mas ouço com indiferença. Outros colegas agem
como eu, salivando enquanto veem os frutos do mar à nossa frente. É uma
pena que tenhamos que esperar que o discurso do chefe acabe antes de
podermos comer o banquete.
Após uma hora, o jantar finalmente começa depois de a gestão revezar
para expressar suas grandes palavras. O banquete dura metade do tempo e,
depois que a maior parte dos executivos se levanta e vai embora, o carnaval
dos funcionários realmente começa.
Todo tipo de música toca uma após a outra, infinitas músicas românticas
locais e sertaneja. Os festeiros de sempre como P'Bas, P'Fai, Gun, Jade, etc.
cantam e festejam como se não conhecessem o cansaço. Eu levanto e canto
duas ou três músicas com eles antes de voltar para onde estava e me sentar,
observando o barulho do carnaval que os meus colegas fazem na minha
frente, bebendo uma taça de vinho tinto e curtindo a brisa do mar. Sinto-me
completamente relaxado.
"Quer um pouco?", pego uma garrafa de vinho tinto que tinha acabado de
trazer e entrego a pessoa ao meu lado. Uea pega a garrafa da minha mão e
coloca um pouco na taça. Ele não parece querer tocar em álcool
ultimamente, mas sei que ele gosta de vinho. Como ele poderia resistir ao
que gosta quando é de graça?
É uma viagem rara. Não há nada demais em ficar um pouco bêbado,
certo?
Alguns colegas dançam na frente da sala e outros como Uea, Mai e eu
nos sentamos ao lado e conversamos. Mai não consegue desviar sua atenção
do seu amor. Embora os gritos do Jade sejam mais altos do que a música,
Mai ainda o observa com um sorriso gentil e carinhoso.
Será que o Jade colocou alguma poção do amor na comida ou bebida do
Mai? Por que mais o Mai estaria tão estupidamente apaixonado por este
meu amigo?
"Vou ao banheiro", depois de um tempo, Uea baixa sua taça e se levanta.
"Devo acompanhá-lo?", o provoco com um sorriso.
Ele me encara e apressadamente vai embora. Observo as suas costas até
que elas desaparecem da minha visão. Então viro meu olhar de volta para
outro cara na mesa, que estava tomando cerveja.
"Não fique bêbado demais esta noite."
"Garanto que não ficarei bêbado", Mai responde, olhando Jade fixamente
enquanto ele rasgava a garganta de tanto cantar na frente da sala. Seus olhos
e sorriso têm uma expressão familiar. "Não quero dormir cedo hoje".
"Devagar, amigo. Ainda temos planos para amanhã", sorrio ao entender o
que queria dizer. Tomo um gole de vinho, mas as próximas palavras do Mai
me deixam perplexo.
"E você, P'King? Vão para cama esta noite?"
Coloco minha taça na mesa e observo o jovem à minha frente por um
momento Sua pergunta parece casual, mas o olhar nos olhos do Mai me diz
que há algo por trás das suas palavras.
"Quando descobriu?"
"Percebi quando o estágio estava quase acabando. Era meramente um
palpite, nunca pensei que seria verdade."
Ele aperta os seus olhos como uma lua crescente e obviamente me senti
encurralado. Mai é inteligente, cuidadoso e um pouco astuto. Não é
estranho que ele tenha percebido algumas pistas sobre Uea e eu.
"Então, você e P'Uea estão namorando?"
"Não. É apenas uma relação de amigos com benefícios. Não diga nada
para ninguém, especialmente Jade. P'Uea com certeza me mataria."
"Eu sei", Mai sorri e foca na música rolando na frente da sala, enquanto
eu pego a taça à minha frente e bebo o conteúdo de dentro.
De qualquer forma, Mai não é uma pessoa falante. Ainda que ele saiba do
nosso segredo, não é preocupante.
A festa continua noite adentro e a música alta continua tocando. Várias
colegas vieram brindar e conversar comigo. Sei que elas estão interessadas
em mim, mas não quero rejeitar a gentileza das pessoas imediatamente. Não
quero ser frio como Uea, ele corta assim que percebe algo diferente. Somos
colegas na empresa e precisamos trabalhar juntos, então tenho que ter um
bom relacionamento com elas. De qualquer forma, converso como sempre.
Contanto que não tentem fazer avanços, continuo as entretê-las. Caso
contrário, as afastaria sem pensar duas vezes.
A relação entre funcionários afeta grandemente a performance no
trabalho, por isso nunca falo sobre romance no trabalho. Mas como
ninguém pode prever o futuro, quem diria que um dia eu entraria num
relacionamento de amizade com benefícios com alguém do departamento?
É tarde da noite quando a multidão na praia começa a diminuir. Fui ao
bar ao ar livre para continuar bebendo. Depois de dançar por mais de uma
hora, Jade finalmente para e toma sua cerveja gelada. Eu tomo o vinho tinto
e, ao mesmo tempo, dou uma olhada em volta a procura da imagem do meu
amigo.
Uea só saiu para pegar outra garrafa de vinho, mas já se passou 10
minutos e ele ainda não voltou. Além disso, ele parecia meio embreagado.
Será que ele desmaiou por aí?
"Vou procurar Uea".
Após avisar Jade e Mai, levanto e entro no bar. A pessoa que eu estou
procurando está bêbado na frente do bar, sorrindo vagamente para um
estrangeiro alto, que se aproximava do Uea com olhar malicioso.
Uma sensação de raiva surgiu em meu coração e o clima originalmente
relaxado ficou instantaneamente tenso.
"Uea!"
Imediatamente apresso o meu passo, e o dono do nome que chamei vira
em minha direção. Seus olhos estão obviamente perdidos e vidrados. Sei
que ele está bêbado só de olhar.
"Você está bêbado. Vou ajudar-lhe a voltar para o quarto."
"Ainda está cedo...", murmura, franzindo levemente a testa.
Aparentemente não satisfeito com o que acabei de dizer. Pego o seu braço e
o puxo para longe do bar, arrastando-o até a nossa mesa.
"Vamos voltar ao quarto primeiro", digo ao Jade e Mai.
Meu amigo de olhos pequenos põe o caranguejo de volta no prato e me
adverte para não aproveitar a situação para provocar Uea. Estico a minha
língua para ele, enquanto seguro Uea com mais força antes de nos apressar
até o quarto.
"Tão cedo... Por quê?", Uea murmura, sua voz envolvida por um tom
triste enquanto lhe carrego para dentro do quarto.
"Para quem estava sorrindo?", pergunto sem lhe responder.
Uea ergue seus olhos vidrados e me encara por um tempo, até balançar a
cabeça atordoado.
"Não sei... Ele sorriu para mim, eu sorri para ele, assim como você
sempre sorri para outras pessoas."
Suspiro irritado. É normal que eu sorria para outras pessoas, mas Uea não
costuma fazer isso! Droga... Ele sorri com alegria para gente que nem
conhece, mas quando se trata de mim, recebo só olhares cortantes!
"King, por que está franzindo a testa...?", Uea aproxima-se cambaleando,
estica seus braços e segura ao redor da minha nuca. Em seguida, dá o
sorriso mais agradável e doce que já vi nele. "Sorria um pouquinho."
"Não tem do que sorrir."
Não consigo resistir a ele. Automaticamente estico os meus braços para
abraçar Uea pela cintura, ainda me sentindo irritado. Uea fica de pontas de
pés e aproxima o seu rosto do meu.
"Por que não sorriu? Não se divertiu hoje?", sua respiração quente toca o
lóbulo da minha orelha e os lábios macios do Uea gentilmente passam pelo
canto da minha boca. Quando ele pressiona firmemente seu corpo contra o
meu peito, começo a sentir a parte inferior do meu corpo reagir.
Ainda com meus braços ao redor da cintura fina do Uea, pergunto
entredentes "Por que você sempre gosta de desafiar a minha paciência?"
"Paciência?", diz ele inclinando a cabeça, enquanto toca o meu peito com
a ponta dos seus dedos através do decote da minha camisa. Fico mais
inquieto a cada centímetro que ele toca e sua próxima frase basicamente me
faria perder toda sanidade.
"Se quiser fazer, então faça. Por que ter paciência?"
Caralho. Ele está até me provocando.
Ranjo os meus dentes e uso toda a força que tenho para resistir de jogar
esse sem-vergonha na cama foder ele bem aqui. O desejo acende, mas a
minha mente dizia que ele não quer, embora já tenha feito sexo com ele
muitas vezes. Fizemos tantas vezes que é difícil contar, mas desta vez ele
está bêbado e eu não quero transar com uma pessoa embriagada.
"Está enjoado de mim? Não quer mais fazer sexo comigo?" acrescenta
numa voz suave ao ver que não o respondi. Talvez eu esteja pensando
demais, mas sinto um tom de mágoa em sua voz.
"Quero. Só quero que você esteja sóbrio quando estivermos fazendo",
Uea franze a testa levemente, a ponta do seu nariz enterrada em meu
pescoço é esfregada contra minha pele, e então ele murmura "Não vejo
nenhum problema nisso... Também... costumávamos fazer... quando
estávamos bêbados..."
Suas palavras me silenciam e a minha mente recorda da festa de boas-
vindas do Mai naquela noite. Uea e eu estávamos bêbados. Não consegui
controlar o meu corpo e isso ainda pesa em minha cabeça. Sinto-me
culpado e lamento pelo que aconteceu com ele. Embora eu esteja
interessado no Uea, nunca cheguei a pensar em tentar avanços com ele. Se
eu pudesse voltar no tempo, definitivamente pediria que Jade levasse Uea
de volta para casa para que aquilo não acontecesse.
"Sinto muito...", sussurro para a pessoa em meus braços. Uea continua a
resmungar sozinho. Não consigo entender o que ele diz, então o abraço e
ando com ele até a cama.
"Uea..."
"Hm..."
"Vá dormir..."
Depois que o coloco e o arrumo na cama, tento soltar as suas mãos que
ainda seguram a minha nuca. Uea me abraçava com força, olhando para
mim com olhos vidrados como se estivesse implorando. Não conseguindo
mais suportar, aproximo o meu rosto do dele e saboreio seus doces lábios,
tocando sua bochecha macia com a ponta do meu nariz e então,
relutantemente, nos afastando para cobri-lo com a coberta.
"Hm... King..."
"Vá dormir, temos que acordar cedo amanhã de manhã", sussurro em seu
ouvido. Ele tenta abrir os olhos para me encarar, mas deve estar sonolento
demais. Após me olhar por alguns segundos, adormeceu.
Estou tão excitado que a minha ereção está ficando dolorida. Suspiro ao
pensar que o meu garoto está cheio de energia, mas sua "casa" adormeceu
lindamente. Tenho que ir ao banheiro para tomar banho e lidar com o desejo
sozinho.
Saio do banheiro e observo a pessoa adormecida na cama com
sentimentos complexos. É estranho que eu consiga seguir obedientemente o
acordo por tanto tempo. Não gosto de compromissos, porque amo ser livre
e não quero ser restringido por outras pessoas. Não quero ter um
relacionamento sério com alguém e me sinto bem não tendo que cuidar de
alguém, mas neste momento... estou começando a me sentir incerto sobre se
ainda tenho esta concepção.
Admito que realmente estou viciado a fazer sexo com Uea. Nossos
corpos se encaixam bem. Sempre que tenho a chance de abraçar seu corpo,
me sinto muito bem. Amo vê-lo tendo um orgasmo embaixo de mim,
porque é só neste momento que ele não me olha com frieza.
Comparado com tantos outros parceiros de cama, pareço me importar
bem mais com Uea. Uea não é só um parceiro de cama para mim, mas
também um amigo. Estou muito interessado nele, porém não tenho
certeza... se é o bastante para desenvolver outro tipo de relacionamento.
Tenho um caráter muito possessivo e sou competitivo. Uma pessoa fria
como Uea pode despertar minha ânsia, mas também fico confuso quando
penso me cansarei dele logo após tê-lo.
Será que... me apaixonei mesmo por ele?
O relógio na parede me diz que são quase 23h30. Desligo as luzes do
quarto, não esquecendo de ligar o abajur da mesa de cabeceira entre as
camas. Uea tem muito medo do escuro e me preocupo que ele não enxergue
nada quando levantar-se para ir ao banheiro.
Deito-me na cama, coloco meus pensamentos de lado e lentamente fecho
os meus olhos.
***
Acordo com o som do alarme tocando. No momento em que abro os
olhos, vejo que as cortinas do quarto foram abertas e a luz forte entra no
quarto. Sento-me na cama e balanço a cabeça para afastar a sonolência.
Neste momento, meu colega de quarto sai do banheiro com roupas trocadas.
"Que horas são?"
"São 8h", diz com indiferença, sentando-se em sua cama para arrumar
suas roupas na mala.
Ando e me sento ao seu lado, logo meus olhos fixam em sua nuca, na
qual não contive deixar suaves beijos.
"Vá logo tomar banho", Uea empurra meu braço.
"Me seduzindo de manhã cedo... Já esqueceu como me provocou ontem à
noite?", pergunto.
Ele me olha, mas suas orelhas vermelhas já o deduraram. Ele obviamente
lembra do que fez ontem. O envolvo em meus braços por trás, sugo o
lóbulo da sua orelha e sinto seu corpo estremecer.
"Tentei agir como um cavalheiro ontem à noite, não planeja me dar
alguma recompensa?"
"Que recompensa?"
"Por exemplo... me deixar dormir em seu apartamento hoje", sussurro,
mas infelizmente sou empurrado imediatamente.
"Não foi você quem decidiu não fazer nada ontem? E agora está
reclamando. Tenho que trabalhar amanhã, preciso descansar bem."
"Ah, que cruel!", logo faço uma expressão triste para o homem de cara
fria. Uea me olha com traços de satisfação em seus olhos, mas seu tom
continuava calmo.
"Vou tomar café da manhã. Venha depois de tomar banho", após falar,
Uea se levanta e deixa o quarto, me abandonando na cama sozinho.
Ele não viu como me comportei bem? Por que agiu assim?!
***
"Ah, finalmente chegou! Está atrasado, King!", P'Fai me cumprimenta.
Olho ao redor enquanto me aproximo do bufê com o meu prato. Muitos dos
nossos colegas vieram cedo, parece que fui o último a chegar aqui.
"Sim. O personagem principal costuma ser o último a aparecer", riu e
coloco o meu prato próximo da P'Fai. Jade finge estar prestes a vomitar,
enquanto Mai apenas sorri para mim. Uea revira os seus olhos quietamente
e retorna para o seu café da manhã.
"Você voltou cedo para o quarto ontem à noite e ainda chegou aqui tarde.
Hm... você não estava maltratando Uea ontem, estava?" P'Fai me interroga.
"Claro que não! Que tipo de pessoa acha que sou, P'Fai?", resmungo
enquanto dou uma mordida no pão. Por que ela está me zoando como Jade?
É porque têm passado muito tempo juntos e ela absorveu os hábitos dele?
"Você é sempre mau para o Uea. Só estou preocupado com você, King.
Uea tem muitos admiradores. Só temo que todos os homens da empresa te
pisoteiem até a morte", brinca P'Fai.
Sorrio e como o ovo.
Como P'Fai disse, Uea tem muitos admiradores. Mas lamento, podem
ficar tristes, porque apenas eu posso segurá-lo em meus braços.
Se ela soubesse, que expressão faria?
Depois de comer o café da manhã, todos retornam aos seus quartos para
fazer suas malas e se preparar para o check-out. Sigo Jade e entrego a chave
de volta para os funcionários do balcão. Acho que Mai deve ter sido muito
gentil com o meu amigo ontem à noite, caso contrário Jade estaria andando
diferente. Como seria tão natural?
"Pessoal, o chefe está nos chamando para tirarmos uma foto em grupo na
praia!", Gun grita a acena. Andamos e nos posicionamos em grupo.
Coloco a câmera num tripé. Após configurar o timer, rapidamente corro
para ficar ao lado do Uea. Ele olha para a câmera intensamente, com um
raro sorriso em seu rosto.
Não consigo conter o sorriso ao vê-lo sorrir.
Sempre fui incerto sobre como me sinto sobre Uea, mas após os eventos
de ontem à noite, sei com certeza que não gosto de ver Uea sorrir para
outros homens. Não gosto de que ele saia da minha visão e do fato que ele
não tem sentimentos por mim. Também percebo que esta forma de pensar
arriscaria a nossa relação de amizade com benefícios.
Na relação de amizade com benefícios, um coração acelerado é
absolutamente proibido. Sei que Uea está disposto a ir para cama comigo
porque está confiante de que não haverá corações palpitando entre nós, mas
agora estou pronto para cruzar a linha. Não sei o que acontecerá no futuro.
Se eu tiver sorte suficiente, Uea aceitará os meus sentimentos e a nossa
relação subirá de nível. Mas se não, é possível que seja difícil até mesmo
sermos amigos.
Vale a pena tentar? E se... eu quisesse tentar?
"Digam X!", grita Gun. Aproveito a oportunidade para colocar o meu
braço ao redor dos ombros do Uea e sorrir brilhantemente para a câmera.
De repente, lembro de algo que o Gun disse no dia em que estávamos
escolhendo os nossos colegas de quarto.
"Venha para Ilha Samet, alegria a cada momento!"
Bem, parece ser exatamente como ele disse.
Capítulo 15: Fragmentos de Sentimento
A folga dos sonhos passou num instante. Na segunda-feira de manhã, todos
os funcionários têm que retornar ao trabalho, mas ainda sinto que a viagem
da empesa deste ano foi mais relaxante do que as dos anos anteriores. O
principal motivo é que ninguém me incomodou nesta viagem (ninguém
tentou me conquistar) e King não tentou me irritar em todo lugar como nos
anos passados. Eu não esperava nada desta viagem, mas, de fato, algo
aconteceu.
O alarme do celular toca como todos os dias. Acordo do meu sonho,
estico a mão para desligar o alarme e me sento na cama. Pego a toalha e vou
ao banheiro para tomar banho e trocar de roupas para ir trabalhar. Antes de
fechar a porta, observo o rapaz dormindo tranquilo na cama. Essa cena me
faz apertar os lábios inconscientemente.
Desde que voltei de Koh Samet, percebi que alguns sentimentos
mudaram em meu coração. King gosta de dormir no meu apartamento.
Embora ele obedeça a regra de fazer sexo apenas 3 vezes por semana, é
estranho que ele não peça sempre que vem dormir na minha casa. Às vezes,
quando ele quer vir para meu apartamento, dá a desculpa de que está
cansado e vai guardar a cota para o dia seguinte, quando tudo se repete. Em
vez de dormirmos na mesma cama por 3 dias na semana, agora ele dorme
comigo todos os dias. Mesmo que ele ainda me provoque de tempos em
tempos, é só para agitar o ambiente. Notei que ele me olha cada vez mais.
Quando ele me olha, há emoções que eu não consigo entender. Me deixava
tão confuso que eu não ousava olhar em seus olhos de início.
King gosta de olhar dentro dos meus olhos enquanto está fazendo sexo
comigo. Seus olhos são tão carinhosos sempre que estou tendo orgasmos
que me dá a ilusão de que somos realmente um casal de namorados.
Isso é perigoso demais!
Tentei fingir que não me importo com o seu olhar, mas era tão intenso
que não conseguia ignorar sua existência. Quis perguntá-lo diretamente
várias vezes, mas tinha medo de que fosse apenas impressão minha. King
pode tratar seus parceiros de cama de forma amável e muito carinhosa, não
seja o que eu havia pensado.
Amor é algo que vem e vai rápido. Sempre que me apaixono, me
comprometo completamente. Nunca vou tentar me apaixonar por alguém
precipitadamente só para esquecer a última relação dolorosa. Só quero amar
uma pessoa para sempre. Mas não consigo ter certeza de por quanto tempo
alguém como King pode amar alguém.
Homens que amam flertar e não serem restringidos realmente podem
parar e amar alguém? De acordo com a minha experiência, é absolutamente
impossível que isso aconteça. Mesmo que fosse possível, uma pessoa como
eu pode mesmo segurar o coração de alguém?
Não tenho confiança nisso.
A água gelada do chuveiro cai. Balanço a minha cabeça para parar de
pensar nisso e continuo a me concentrar no banho. Depois de terminar,
rapidamente saio para acordar o rapaz que ainda está deitado na cama. O
homem alto abre os seus olhos e se senta. Depois de ficar em transe na
cama, se levanta e vai ao banheiro. Rapidamente troco de roupas e me sento
na sala de estar para esperar por ele.
Em menos de 10 minutos, vi King saindo do banho com uma toalha de
banho enrolada no quadril. Meus olhos caíram em suas costas largas
bronzeadas, que ainda escorria gotas de água. O corpo torneado é muito
bonito e musculoso. Seria uma pintura perfeita, se não houvesse marcas de
arranhões que fiz em suas costas.
Observo as costas do King e olho para minhas unhas.
"Uea, que cor de camisa você acha que devo usar?", ele vira e me
pergunta em voz alta no quarto. King está vestindo uma calça, mas ainda
está sem camisa.
Olho para ele e respondo "Qualquer cor está bom".
"Tenho problemas para escolher, por favor, ajude-me a escolher uma", ele
me apressa.
Vejo o relógio e percebo que estou prestes a me atrasar. Ando
desencorajado até o quarto. King dá um passo para o lado e me deixa ficar
de pé em frente ao closet aberto.
Observo as camisas penduradas que eram maiores que as minhas. King
tem vindo dormir no meu apartamento mais frequentemente e cada vez
mais há mais roupas suas deixadas em meu armário, ocupando metade dele.
Parece que ele será forçado a levar algumas das roupas de volta para o
seu apartamento! Enquanto penso nisso, pego uma camisa azul. Planejo
entregá-la para ele, dar as costas e ir embora. Contudo, King coloca seu
braço ao redor da minha cintura e me dá um beijo na bochecha antes que eu
tenha tempo para reagir.
"Obrigado!", diz ao me soltar. Sinto seu peito vibrando levemente por
segurar uma risada e eu aperto meus lábios com raiva.
"Já não lhe adverti para não fazer isso?", engrossei a minha voz. Esse
cara beijou minha bochecha mais uma vez!
King franze o cenho, fingindo ter esquecido.
"Ah, sinto muito. Esqueci!", responde casualmente pegando a camisa e a
vestindo, antes de ir pentear seu cabelo em frente ao espelho.
Imediatamente fujo para a sala de estar e me sento no sofá, sentindo-me
confuso e perplexo.
Devo parar aqui antes que tudo saia do controle?
***
"Finalmente chegou, seu animal! Sabe, estou lhe esperando há muito
tempo", Jade começa a provocar estranhamente enquanto ligo o
computador.
Ergui meu olhar e segui o do Jade. Vi King entrando no departamento.
Hoje foi o meu dia de subir ao escritório primeiro e ele entrou na fila para
comprar café, subindo depois. Voltei meu olhar para o rapaz ao meu lado. A
expressão em seu rosto redondo parecia mais irritada do que de costume.
"Qual é o problema, anãozinho? Tá com saudade de mim?"
"A sua família que é de anões! Tenho 1.72cm de altura!"
"Você ainda ousa dizer que é alto. Que rídiculo! Hahahaha."
Parece que a risada do King o irrita muito. A pessoa de quem King riu
por sua altura não consegue evitar jogar um travesseiro de pescoço nele.
King rapidamente o agarrou com uma mão, enfiou de volta no pescoço do
Jade e esfregou com força sua cabeça.
"O que há com você? Chegou tão cedo, seu marido não te satisfez bem
em casa?"
"Idiota! Não é isso!"
"O que aconteceu?"
"A sua mãe me ligou ontem à noite."
King ergue suas sobrancelhas imediatamente ao ouvir e Jade continua
falando enquanto pega seu celular para verificar.
"Ela ligou às 21h de ontem procurando por você, mas você estava com o
celular desligado. Estava ocupado fazendo o quê?"
"Bem, estava ocupado fazendo exercícios de pistão", diz King com
calma. [N/T: pistão é parte de um motor, que movimentos de vai e vem
dentro de um cilindro, muito semelhante a vocês sabem o quê. King foi
perspicaz e inteligente aqui.]
Jade tem uma expressão de choque. Quase engasgo o meu café!
"Não é o tipo de 'exercício' que eu tenho em mente, é?", Jade pergunta
estupefato.
King sorri e diz "Bem, é o que você pensa". Depois de terminar de falar,
ele me olha e ri leve. Não posso evitar segurar o meu café com irritação.
Obviamente há tantas respostas que ele poderia escolher. A bateria
acabou ou o modo silencioso estava acionado. Qualquer motivo seria bom.
Por que dizer aquilo e deixar as pessoas saberem? Ugh!
Que sem-vergonha!
"É muito comum fazer esse tipo de coisa. Você também tem namorado,
por que está surpreso? É muito decepcionante ser interrompido por alguém
pelo telefone enquanto faz isso, você sabe, não é?", King dá uma tapinha na
cabeça do Jade, que fica aturdido antes de conseguir reagir e
apressadamente revida.
"Então, o que aconteceu? A minha mãe ligou por alguma coisa?", King
pergunta.
Jade estica suas mãos para organizar seu cabelo despenteado e responde
"Não sei, ela não me falou, mas disse que se eu conseguisse entrar em
contato com você, pedisse que você retornasse a ligação e dissesse que há
coisas importantes a conversar."
"Deve ser aquelas coisas de novo. Me dizer para ir para casa... sair logo
do meu emprego atual... herdar o negócio da família", King dá de ombros
com indiferença. Pega um saco de lanche de do Jade e enche a boca,
fazendo Jade ficar sério.
"Não sei, mas a sua mãe disse que é muito importante. Você deveria ligar
de volta, não quero ser culpa pela sua mãe por não avisá-lo, tudo bem?"
"Sim, ligarei mais tarde", responde.
O rosto de Jade relaxa ao ouvir e vira-se para continuar trabalhando. De
repente, parece ficar atento, seus pequenos olhos encaram seu amigo que
está comendo.
"Onde passou a noite? Com quem?", embora Jade fale muito suavemente,
o volume era suficiente para que eu ouvisse. Inconscientemente viro os
meus olhos para eles.
"Fofoqueiro", King cutuca Jade na cabeça, mas Jade continua
questionando.
"Hm, não estou fofocando, mas quero mesmo saber. Qual o problema? Se
conheceram num bar? É alguém bonito?", Jade continua perguntando
curiosamente, como se tivesse sido possuído por um espírito. Todas as
perguntas saem num só fôlego.
Rapidamente abro a pasta de arquivos e tento ignorar sua conversa, mas
por continuarem sussurrando ao meu lado, não consigo não prestar atenção.
"Uma pessoa bonita e legal", sua risada baixa fez o meu coração se
agitar, então tento ajustar a minha expressão enquanto Jade tentava
questioná-lo.
"Homem ou mulher?"
"Homem."
"Uau! Onde dormiu ontem à noite?"
"Dormi no apartamento dele. Era muito tarde, não me incomodei em
voltar ao meu apartamento."
Enquanto o assunto começa a se aprofundar, me sinto nervoso. Sei que
King não revelará muito, mas tenho medo do que devo fazer se Jade
perceber. Quando eu estava prestes a interromper e mudar de assunto, a
próxima pergunta do Jade me deixa atordoado.
"Você parece gostar dele, não é?"
"Bem, ele atende aos meus critérios para escolha de um parceiro."
O ar-condicionado parece entrar em greve e o clima do ambiente
esquenta instantaneamente. Meu rosto fica quente e o meu coração acelera
por causa do nervosismo. Só ouço as batidas do meu coração em meus
ouvidos. Não ouso virar para trás e olhar as duas pessoas que estão
conversando. Só sinto um olhar ardente por trás...
Ele acabou de dizer que atendo aos critérios para ser parceiro dele?
Viro o rosto para o outro lado e tento me distrair. King toma a
oportunidade para me provocar respondendo ao Jade. Esse cara não deixa
passar nenhuma chance de me provocar. Talvez ele saiba que consegue me
irritar com sucesso, então faz intencionalmente.
Ele não gosta mesmo de mim.
"O que vai fazer com ele? É só algo de uma noite?"
"Não, quando é por diversão, durmo muitas noites com outras pessoas.
Mas nunca vou deixar esta pessoa ir embora facilmente."
Seu tom é ambíguo e eu estou tão zangado que não aguento mais ouvir.
Decido pedir ao Jade para vir me ajudar a verificar o trabalho em mãos, a
fim de interromper sua conversa perigosa. Neste momento, o gerente geral
entra no departamento geral e a sua voz atrai a atenção de todos os colegas.
Tiro vantagem de o Jade estar ouvindo atentamente ao gerente geral e
dou um olhar sério ao King, mas ele não sorri para mim ou ergue suas
sobrancelhas como costuma fazer. Ele só me olha e dá um sorriso gentil.
Seu sorriso é tão gentil, tão gentil, que tenho que desviar o meu olhar para
outro lugar.
Eu prefiro que ele me irrite do que sorria gentilmente para mim, porque
pelo menos posso ficar chateado, diferente de como estou agora. Meu
coração está acelerado só pelo sorriso dele.
***
Não consigo me concentrar no meu trabalho o dia todo. Felizmente não
costumo falar muito e as pessoas ao meu redor não conseguem perceber
qualquer anormalidade em mim.
Sento-me discretamente, pensando o tempo todo no que havia
acontecido. Antes eu poderia fazer vista grossa para essas coisas, mas
juntando o comportamento do King com as palavras que ele disse, preciso
reconsiderar.
Sempre tento negar, mas, no fim, preciso admitir que o meu coração está
derretendo pouco a pouco! Não gosto que ele não me leve a sério e sempre
sorria para outras garotas. Agora, quando lhe olho nos olhos, fico perdido e
ajo cada vez menos como eu mesmo. Não sou um ignorante que nunca
experimentou do amor. Sei exatamente o que isso significa.
Embora eu não queira admitir... estou mesmo gostando dele.
É inacreditável. Em menos de um ano desde que me aproximei do King,
me apaixonei por ele, que odiei por vários anos. Realmente é muito
desconfortável. A coisa mais importante, é que eu quero saber como King
se sente por mim, se ele sempre se importou e cuidou de mim, se ele trata
todo parceiro igualmente ou tem um sentimento especial por mim.
"Vá para o meu apartamento esta noite!"
Esta mensagem veio da pessoa que me deixa confuso. Viro e vejo que o
departamento está quase vazio. Há cerca de meia hora, todos os
programadores foram chamados à sala de conferência. Apenas dois colegas
do suporte de TI, e Jade e eu sobramos na sala. Porque P'Mongkol está de
licença médica de novo.
Obviamente durante a reunião devo mandar uma pequena mensagem
para irritar King.
Suspiro alto e tomo um gole do café que comprei à tarde. Estou muito
triste, porque desde o início não quis acreditar na minha intuição. Eu não
deveria ter me disposto a desenvolver esse tipo de relação com ele. Se não
tivesse feito tudo isso, não estaria chateado agora.
"Trouxe alguns Post It, você quer?", Jade me pergunta após se sentar na
cadeira.
Concordo e ele me joga uma pilha, voltando ao trabalho em seguida.
Olho para o trabalho que terminei à minha frente e então o Post It em minha
mão. Não foi o bloco de notas grudentas que chamou a minha atenção.
"Jade."
"Hm?"
"Você tem cortador de unhas?"
"Na primeira gaveta, procure", ele ainda encara a tela do computador sem
piscar enquanto fala. Abro a gaveta e tiro o que preciso. Após retornar à
minha posição original, começo a cortar minhas unhas.
"Uea, por que está cortando as suas unhas? Já estão muito curtas", Jade
observa e franze o cenho.
"Estão crescendo."
"É fácil acabar cortando o dedo se estiverem curtas demais", Jade me
adverte.
Balanço a minha cabeça levemente e continuo a cortar com cuidado.
Acidentalmente arranhei as costas do King ontem à noite. Me preocupo que
ele fique machucado se eu arranhá-lo de novo esta noite. Não quero que ele
se machuque.
"Uea."
"Ah!", uma voz grossa chama meu nome repentinamente. Fico chocado.
Acidentalmente cortei o meu dedo. Não consigo conter um grito. Sangue
começa a sair da ponta do meu dedo.
"Viu? Eu disse que se cortasse muito, sangraria", Jade rapidamente pega
alguns lenços e coloca sobre o ferimento.
Estico a minha língua para ele. Limpo o machucado e me preparo para
colocar uma fita nele. Neste momento, um corpo alto vem rapidamente e
segura minha mão para olhar de perto.
"O que aconteceu?"
"Cortei o meu dedo."
"Idiota!"
"Cale a boca!", pego a fita que tirei da gaveta e aperto os meus lábios
com irritação. Eu não queria arranhar suas costas por gentileza, mas ele
ainda vem me provocar.
Sabia que deveria ter feito mais arranhões em suas costas!
"P'Bas pediu que você fosse à sala de reuniões", diz King ao Jade.
Ele pega o pedaço de fita da minha mão, segura a minha mão machucada
e cuidadosamente ata o ferimento. Meu coração começa a bater rápido de
novo.
"Você tem que ir, Jade, rápido!", King vira sua cabeça e diz ao Jade.
Meu bom amigo levanta-se imediatamente, pega o notebook e uma
caneta esferográfica para anotar seu trabalho mais tarde. Rapidamente me
liberto das mãos do King. King se vira e sai em direção à sala de reunião,
enquanto eu observo sua silhueta grande que rasga a minha cabeça.
Meu Deus. Depois de tirar sarro de mim, ele cuidou de mim...
Quer que eu entenda errado?
***
"O que devemos comer?", King pergunta casualmente, enquanto
entramos num dos shoppings no distrito de Silom para jantar.
Observo os restaurantes de alto nível ao meu redor. A maior parte dos
restaurantes haviam sido lotados por funcionários estrangeiros que
acabaram de receber seu salário. É muito difícil encontrar uma mesa vazia.
Penso por um tempo e tento dar minha opinião "Praça de alimentação?".
"Comprei delivery hoje, por que ir à praça de alimentação?"
O homem ao meu lado balançou a cabeça em discordância e então me
puxou com sua mão para um restaurante italiano. O garçom do restaurante
rapidamente vem nos receber quando nos vê entrando e então nos guia até
uma mesa vazia. Suspiro desamparado por ter sido arrastado por esse cara.
Sempre que ele me convida para comer, tem que ser num restaurante
chique. Será que ele não sabe que meu salário não é tão alto quanto o de um
programador?
"Peça o que quiser. Vou pagar."
Ele parece entender o que estou pensando. Olho o cardápio e ergo minhas
sobrancelhas em surpresa.
"Por que me convidou?"
"Tenho dinheiro e só quero gastá-lo", ergue suas sobrancelhas levemente.
Depois de dar uma olhada nesse rico de berço, retorno meu olhar ao
cardápio e aponto um spaghetti que não é caro para o garçom. Então pego
meu telefone, abro o site do banco e pago as contas mensais, transferindo
dinheiro para minha mãe.
Desde o meu aniversário, ela não tem ligado ou enviado mensagens.
Embora eu me sinta deplorável, não consigo evitar dar um suspiro de alívio.
Ainda sei o motivo pelo qual ela não tem me incomodado. A coisa mais
importante é que ela tem recebido o dinheiro que precisa. Quando o
dinheiro for usado, minha mãe definitivamente ligará. Para ela eu tenho
apenas o valor de um caixa eletrônico.
"Uea, volto já."
Enquanto eu continuo a lidar com várias contas, King de repente solta
uma frase e sai do restaurante para atender uma ligação. Após dez minutos,
ele ainda não voltou. Mesmo quando a comida já foi entregue, ele ainda não
dá sinais de que vai desligar. Então tenho que comer enquanto espero por
ele. King retorna à sua posição original com um rosto sério.
Já comi na mesma mesa que o King várias vezes. Ele sempre me provoca
durante a refeição, mas o jantar de hoje está envolto em silêncio e King não
parece ter desejo algum de conversar. Surge no meu coração o desejo de
saber o que aconteceu.
King não parece estar de bom humor... Quem acabou de ligar para ele?
"Vou cobrar taxa se for ficar me olhando tanto assim", soa a voz grave e
King ergue seu olhar da comida para mim.
Estou envergonhado por ter sido pego no ato.
"Qual é o problema?"
"Você... falou agora há pouco com seu parceiro de cama anterior?"
Acabo cuspindo as palavras. Estou com tanto medo que ranjo os meus
dentes para me impedir de falar mais. Normalmente, eu nunca agiria assim,
mas diante do King... meu autocontrole parece falhar instantaneamente.
"Parceiro de cama anterior? Por que acha isto?"
"Sempre que ligam, você vai conversar em outro lugar, não vai?",
pergunto de volta.
Lembro da vez em que ele disse que iria fumar, mas acabou que era uma
garota ligando para ele. Não gosto de pessoas que mentem. Não entendo
por que ele quer mentir para mim. É só me falar. Ele tem o direito de flertar
com várias pessoas, afinal!
Sou apenas seu parceiro de cama e não tenho o direito de interferir nos
assuntos pessoais dele.
"Bem, foi só uma ligação."
Ele admite num eufemismo e eu sou surpreendido por um momento,
antes de continuar comendo como se nada tivesse acontecido. Pensando
bem, é normal que ele flerte com várias pessoas ao mesmo tempo, mas o
meu coração parece discordar desta ideia.
"O que houve? Ligou para perguntar se quer reatar?"
Finjo não me importar enquanto como spaghetti. Mesmo que meu
coração já tenha seu palpite, meu coração treme. Não é estranho que
alguém tente restaurar sua relação de amizade com benefícios com ele.
Afinal, ele cuida muito bem do seu parceiro de cama.
"Provavelmente, mas já deixei claro a todos que ligaram e não planejo
voltar atrás."
"Por que não?"
"Porque se eu quiser voltar trás, a relação entre nós vai acabar", o homem
com expressão pesada fala com um sorriso fraco no rosto.
Baixo meu olhar e encaro o prato, não querendo que King veja minha
expressão complexa agora. Começo a me sentir um pouco nervoso com o
que ele acabou de dizer. Se ele ficar com outra pessoa, segundo o acordo, a
relação de amigos com benefícios entre ele e eu acabará, mas o tom em sua
voz era como se estivesse falando de um casal terminando.
"Não quero terminar com você, você é o melhor na cama!", King muda
seu discurso com um sorriso suave. Meu rosto esquenta e eu rapidamente
ergo o copo de água para fingir beber. Em termos de pregar peças nas
pessoas, tenho que admitir que este homem é bom demais.
"Foi a minha mãe quem acabou de ligar", King diz rapidamente enquanto
estou prestes a colocar a última porção de spaghetti na boca.
"Disse-lhe para ir para casa?"
"Não, pediu que eu fosse num encontro às cegas."
Neste momento, o tempo parece ter parado e o ambiente ao redor se
tornado silencioso, como se eu fosse o único dentro do restaurante.
Ele acabou de dizer "encontro às cegas"?
"...Mesmo?", olho nos olhos do King, sua expressão enfadonha e tom
sério me dizem que o que ele acabou de me dizer é verdade.
"Bem, há uma pessoa que acontece ser filha do parceiro de negócios do
meu pai. Acha que é mesmo uma coincidência?", ele desdenha, e a
zombaria em seus olhos é claramente visível. "Quando vão parar de
controlar a minha vida?"
"Então... você vai?"
"E você? Quer que eu vá?"
Sua pergunta me deixa aturdido. Seu olhar sério me faz imaginar como
ele está se sentindo neste momento. Minha intuição me diz que eu devo
negar, mas sei que é impossível responder assim.
"É você quem sabe", respondo muito brevemente, achando que a porção
de spaghetti em minha boca está sem gosto e insosso. Mas antes,
claramente, achava delicioso.
King ainda está sem qualquer expressão, e depois que ele apenas fez
"hm" com a garganta, a conversa entre nós chegou num fim repentino, e ele
apenas continua a comer o jantar em silêncio.
Se o passado foi um longo sonho, o que está acontecendo agora é um
lembrete que é hora de encarar a realidade. Tudo que King e eu fazemos é
como um casal. No fim, somos apenas amigos com benefícios. Não tenho
direito algum de interferir em seus assuntos pessoais, ainda mais familiares.
Sei que seus pais estão preocupados com ele, então vão dar o seu
máximo para arrumar as coisas para o filho deles. A maioria dos pais quer
que seu filho se case e empresas gostam de usar encontros às cegas. Acho
que é possível encontrar a pessoa certa com quem viver e talvez haja
interesses comerciais envolvidos.
Mas é mesmo justo com aqueles que são forçados a formar um casal?
Discordo dessa abordagem, mas como uma pessoa de fora, não tenho
direito de fazer qualquer observação irresponsável. Mas sou uma pessoa
que vive conflitos familiares, então sei muito bem que não existe felicidade
assim. Não quero causar conflitos entre King e seus pais por minhas
opiniões pessoais, e existe um parceiro de negócios envolvido. Interesses
comerciais estão inextricavelmente ligados e não posso tomar decisões
baseadas em meus próprios sentimentos. Todas as decisões devem depender
das próprias intenções do King.
Se King decidir ir, significa que ele está disposto a aceitar o arranjo.
Minha mente diz que é uma decisão sábia, mas meu coração fica cada
vez mais apertado. Tenho a sensação de que este é um sinal de que o nosso
relacionamento chegará ao fim.
Mas o problema é que eu não quero que as coisas acabem assim.
"Vou pagar a conta", a voz grave me puxa de volta à realidade. King
entrega o cartão de crédio ao garçom do restaurante. Após processar o
pagamento, ambos saímos do local e voltamos ao apartamento do King.
***
Sinto que o seu humor está um pouco estranho, porque não disse uma
palavra do restaurante até o carro, nem enquanto subimos os andares do
prédio. King não disse uma palavra. Nada.
Talvez ele esteja cansado demais esta noite. Será que devo ir embora?
"Quer ficar sozinho hoje?", sussurro enquanto o elevador sobe
lentamente.
"Não", responde imediatamente.
Antes das portas do elevador abrirem, o clima estava tão silencioso que
estava sufocante. Não tive escolha senão seguir os passos largos deste
homem alto para dentro do seu apartamento luxuoso, que eu já havia
visitado muitas vezes.
"King... ah!"
Assim que a porta do apartamento é fechada, King imediatamente
envolve os braços fortes ao redor da minha cintura e me beija ferozmente.
Meu corpo é pressionado contra a parede e suas mãos passeiam nele
constantemente. A sensação neste momento é sufocante. Antes, King fazia
preliminares lentamente antes de fazermos sexo, mas agora ele está
mordendo os meus lábios com força e estão quase ficando inchados. Nunca
vi King com um gênio tão violento antes.
"Hm... espere... ainda não tomei banho...", digo me esquivando enquanto
King deixa meus lábios para tirar minhas roupas. Rapidamente o afasto
empurrando seu peito, mas King ainda reluta, tirando minhas roupas e as
jogando no chão. Apoiando-me com seus braços, King me carrega até o
banheiro.
"Vamos tomar banho juntos", assim que ele termina de falar, King se
inclina e me beija forte de novo.
A água fria do chuveiro rega nossos corpos, mas o meu corpo está quente
como se estivesse sendo queimado numa fogueira. Meu corpo vibra e treme
enquanto ele penetra em mim. Cada beijo, cada toque e cada estocada são
ardentes, trazendo um pouco de dor.
Lágrimas escorrem pelos cantos dos meus olhos silenciosamente,
enquanto respirações ofegantes e gemidos ecoam pelo banheiro. Quanto
mais eu gemia, mais a pessoa que estava por trás de mim me abraçava,
como se quisesse esfregar todo meu corpo contra seu peito.
Já fiz sexo com King tantas vezes, mas está é a primeira vez que tenho
que lembrar o King para pegar leve antes que o meu corpo seja incapaz de
suportar o impacto.
Tem sido uma noite longa e faz algumas horas desde que a tempestade de
fúria se acalmou. Mesmo após o incidente, King ainda me aprisiona em seu
abraço caloroso por trás e eu não tenho opção senão me deitar de lado.
"Desculpe por ter sido bruto hoje", diz King enterrando seu rosto em meu
pescoço.
"Está tudo bem...", sussurro quase fechando os meus olhos de cansaço.
Sabendo que ele está enfrentando muita pressão no momento, pelo menos
quando o lembro, ele obedientemente e suavemente ainda se importa com
meu corpo e sentimentos.
É precisamente por isso... que eu gosto dele.
"Para onde está indo?", pergunto ao sentir o abraço quente por trás sendo
desfeito.
"Vá dormir, vou fumar um pouco", King sai da cama ao terminar de falar.
Enrugo o nariz e consigo puxar seu braço a tempo.
"Não fume... está bem?", finalmente pergunto após hesitar. Não sei se ele
acha que me importo demais. Não gosto do cheiro de fumaça. Embora ele
fume na varanda, o cheiro de fumaça ainda fica nele e traz pra dentro do
quarto quando ele volta. E o mais importante: fumar não faz bem ao corpo.
Mesmo que King não fume tanto quanto outros colegas da empresa, não
quero que ele fume se ele puder.
Na luz suave do quarto, nossos olhos colidem neste momento. King se
solta de mim e eu agarro sua mão. Neste momento, meu coração bate forte
com tensão, por achar que ele não daria a mínima para o meu pedido. Eu
não esperava que King voltaria à cama e se deitaria, pressionando meu
corpo contra o seu, assim como estávamos antes.
"Bem, eu durmo se você dormir."
King me dá um beijo no ombro e faz uma trilha de beijos até o pescoço.
Minhas bochechas ficam quentes. Antes eu me sentiria muito irritado, o
forçaria a me soltar imediatamente e dormiríamos sem nos abraçar. Mas não
sei quando comecei a sentir meu coração quentinho quando King passou a
me aconchegar depois de fazermos sexo e não mais fico irritado.
Fecho os meus olhos e deito a cabeça no travesseiro, sentindo-me
confuso. Sinto falta desta sensação e espero que ele possa me abraçar
sempre, mas sei que é impossível. Tudo tem uma data limite e sei que ela
está chegando.
Antes da minha consciência se apagar, meu último pensamento é: de fato,
eu não deveria gostar do King.
***
Levantar para trabalhar é a coisa mais difícil de fazer todos os dias, mas
ninguém pode evitar. Por causa do longo "exercício" de ontem, não pude
dormir por algumas horas e estou particularmente cansado no trabalho hoje.
O copo de café americano quente só me permite não pegar no sono na
mesa.
"É! Meu rosto está bom!", a voz do chefe soa repentinamente e todos os
colegas do departamento de TI imediatamente seguem a voz e rapidamente
desviam o olhar da tela do computador.
Olho para frente da sala e vejo o chefe entrar com um homem de vestes
formais. Ele parece muito legal e bonito. Nunca o vi antes. Vi ele sorrir e
observar firmemente as pessoas pela sala.
"Já que Khun Sujitra demitiu-se no ano passado, o departamento de TI
não tem sido liderado por um novo gerente. Khun Surasak tem trabalhado
duro por vocês", diz o chefe.
"Não", responde P'Bas, o supervisor que está temporariamente servindo
como gerente de departamento, imediatamente responde com um sorriso
educado.
O chefe ri levemente, então vira-se e dá uma tapinha no ombro do
homem ao seu lado.
"Isso não vai funcionar. Receio que Khun Surasak não terá tempo para
passar com sua família após casar-se, então estou trazendo um novo gerente
de departamento. Este é o meu sobrinho. Ele acabou de voltar dos Estados
Unidos no mês passado e seu nome é Grit", acrescenta o chefe.
"Olá, pessoal!", o dono do nome nos cumprimenta com um sorriso. "Meu
nome é Grit, tenho 30 anos e podem me chamar de P'Grit se forem mais
novos do que eu. Não precisam ser tão formais. De hoje em diante, serei o
gerente do departamento de TI, mas independentemente aceito conselhos de
vocês. Se tiverem quaisquer perguntas, por favor, sintam-se livres para vir
perguntar. Espero que possamos nos conhecer mais."
"Tudo bem, não será tarde demais para se conhecerem depois que a
reunião da gestão tiver acabado. Vamos nos concentrar no trabalho", o chefe
leva o novo gerente embora depois de falar. Assim que vão embora,
"Ele é tão lindo, P'Fai! E ele acabou de se tornar gerente aos 30!"
"Não por ser o sobrinho do chefe da empresa, ele é mais do que
suficiente para ser o vice-presidente!"
"Se algo der errado, será game over! Deveremos encontrar um novo
emprego."
"Pensei que P'Bas pudesse ser promovido, que pena..."
"É por contato, nada justo!", a voz ressentida do Jade soa em meu
ouvidos.
Quando mais observo P'Bas, que não está sentado distante, mais me sinto
desconfortável. Se eu fosse P'Bas e estivesse servindo como gerente de
departamento há tanto tempo, eu definitivamente esperaria ser promovido a
esta posição, em vez de ser levar uma surra do parente do chefe.
"Parece que P'Mongkol tem outro patrocinador. Não vai mais precisar
trabalhar em 365 dias do ano", a piada do Gun faz com que todos os colegas
do departamento gargalhem. Apenas eu e Jade estamos chocados.
"P'Uea! P'Jade! O trabalho aumentou, mas os salários não!"
"Eu sei!", depois de silenciar o júnior, Jade massageia suas têmporas em
desamparo.
Relutantemente observo a cadeira vazia do P'Mongkon. Ele está de
licença médica de novo hoje. Se Khun Grit é o sobrinho do chefe, significa
que é parente do P'Mongkon. Ele vai vir todos os dias? Vai trabalhar?
Parece que a carga de trabalho já está mais pesada do que nunca.
"Parem de conversar, trabalhem e trabalhem!", soa a voz do P'Bas e os
colegas do departamento de TI param de discutir sobre o novo gerente e
retornam aos seus assentos.
À tarde, o cansaço e o sono ainda permanecem, então decido tomar um
copo extra de café. Enquanto ainda estou mexendo o copo, o novo gerente
de repente aparece na copa.
"Olá!", lhe dou um cumprimento para mais velhos. Khun Grit é pego de
surpresa por um momento e então me cumprimenta de volta.
"Olá, você é...?"
"Meu nome é Anon."
"Qual é o seu apelido?"
"Meu apelido é Uea", respondo. Ele sorri para mim, mas a forma como
ele me olha me deixa um pouco desconfortável. Posso facilmente ver o
significado profundo dos olhos de um homem, e o Khun Grit está me
encarando com um olhar que eu não gosto.
Esse é o olhar de um homem visando uma presa no bar, olhando
fixamente a presa na qual está interessado, querendo conseguir, querendo
conquistar.
"Olá. Khun Uea, designer gráfico, não é? Quantos anos tem este ano?"
"27 anos", depois de responder, baixo minha cabeça levemente,
procurando uma chance para ir embora, mas obviamente Khun Grit não tem
a intenção de dar um passo para ir embora. Ele me encurrala num canto e
continua a conversar comigo.
"Sou programador e não tenho tido contato com design gráfico. Posso
voltar para lhe perguntar muitas coisas depois."
Ele dá um passo em minha direção, se aproximando de mim, e estende
sua mão. Subordinados como eu não tem escolha senão apertar as mãos
com ele por educação.
Após a mão grande segurar minha palma, ele até aperta levemente, seus
olhos parecem muito satisfeitos. Então ele diz com um sorriso em seu rosto
"Por favor, cuide de mim... N'Uea."
Capítulo 16: Buraco Negro
Para mim, há basicamente três que afetarão a minha carreira: primeiro, se a
carga de trabalho está equilibrada com o horário e o salário; segundo, o
ambiente de trabalho e a relação com os colegas; terceiro, o chefe.
Embora eu não me relacione muito bem com as outras pessoas, nos três
anos desde que me juntei à empresa, tirando desacordos ocasionais com os
colegas, nenhum grande problema aconteceu. Até o departamento de TI ter
um novo gerente. Percebo que a minha carreira não é tão feliz quanto antes.
"Bom dia, N'Uea, chegou tão cedo hoje!", a voz baixa do Khun Grit,
gerente do meu departamento, soa atrás de mim na fila da cafeteria no
térreo da empresa.
"Oi, Khun Grit", cumprimento educadamente, mas o homem na posição
mais alta balança sua cabeça.
"Me chame da mesma forma como chama seu namorado. Disse para me
chamar apenas de P'Grit", diz calmamente enquanto me olha e eu
hesitantemente concordo com a cabeça. Grit mostra um olhar satisfeito ao
me ver tão obediente. Sinto-me um pouco envergonhado, e viro os meus
olhos para o início da fila do café, esperando que a minha vez chegue logo.
Realmente não quero conversar nada com ele.
"O que N'Uea gosta de beber?"
"Hm?"
"Café. Qual quer beber? Também quero comprar. Vou comprar o seu,
apenas sente e espere. Eu pago."
"Não precisa, P'Grit... eu ficaria envergonhado."
"Qual é a vergonha em um chefe pedir algo a um subordinado? Ou...
você não gosta de mim?", ele diz se aproximando de mim e eu começo a
sentir uma dor de cabeça.
Lá vai ele dizendo essas coisas de novo.
"O que quer beber?"
"Americano gelado."
"Está bem, vá sentar-se ali na mesa e espere por mim", sem dizer mais
nada, ele agarra o meu braço e me puxa para fora da fila.
Agradeço num tom de voz baixo, viro e ando até a mesa vazia da loja.
Não consigo conter um suspiro após sentar-me.
Um mês já se passou desde que o novo gerente de departamento de TI
chegou e os colegas têm secretamente comentado o estilo de trabalho do
Khun Grit na empresa. Mesmo que ele seja sobrinho do chefe e tenha um
apoio por trás, sua habilidade no trabalho realmente é agradável aos olhos e
ele não se apoia no fato de ser parente do chefe, não se aproveita para
empurrar todo seu trabalho para seus subordinados. Não demorou para que
muitos colegas o aceitassem, mas eu... Eu não tenho qualquer opinião sobre
sua capacidade de trabalho, mas me sinto um pouco incomodado com seu
comportamento comigo.
Contanto que ele esteja na frente de outros colegas, ele vai se mostrar um
chefe comum e ninguém suspeita de nada. Mas sempre que ele e eu estamos
sozinhos, sua atitude vira de cabeça para baixo. Quando ele me olha, seu
olhar e seu tom de voz são tão óbvios que até uma criança no jardim da
infância perceberia. Como agora, que ele veio me comprar café sem motivo
algum. Não foi a primeira vez.
Sua aparência é muito bonita e sua personalidade é muito educada, mas
minha intuição está atenta que não devo me aproximar muito dele.
"Seu café."
"...Obrigado."
Quando estico as mãos para pegar o café que ele está me entregando, as
pontas do seu dedo levemente acariciam as costas da minha mão e ele age
como se nada tivesse acontecido. Sinto um arrepio e baixo o meu olhar em
vergonha. Khun Grit percebe e os cantos de sua boca formam um sorriso
discreto.
"Vou subir para a empresa primeiro."
"Por que se apressar para ir à empresa? Ainda tem meia hora até começar
a trabalhar."
"Alguns trabalhos não foram terminados ontem. Quero ir para continuar
a fazer o mais rápido possível."
"Então vou com você", levanta-se ficando ao meu de pé ao meu lado.
Saímos da cafeteria juntos. Ando direto para o elevador enquanto olho para
o outro lado com uma expressão irritada.
Ele parece gentil por fora, mas posso ver que seu comportamento
educado é só um disfarce. Ele se parece com outros caras fascinantes.
Vendo minha boa aparência, tenta me conquistar por diversão. Após brincar
comigo, me jogaria fora, em vez de querer ficar comigo de verdade.
Odeio esse tipo de coisa!
Se fosse outra pessoa, poderia apenas rejeitá-lo para que ele parasse, mas
ele é da família do chefe e até meu supervisor imediato. Não sei se ele é
uma pessoa justa e temo que ele me prejudique no trabalho. Então não
importa o quanto eu pense, não consigo ter uma postura firme com ele.
Posso apenas tentar muito contato com ele. Sei que Khun Grit também vê
minha timidez, mas ele está totalmente confortável. Ele frequentemente me
chama para seu escritório sob o pretexto de debater assuntos de trabalho,
mas dá o seu máximo para me prender por muito tempo.
Tudo que ele faz está tornando vir ao trabalho uma experiência dolorosa.
Felizmente, alguém vem dizer oi ao Khun Grit. Ele tem que parar e lidar
com a pessoa, então posso entrar no elevador sozinho e ir ao escritório.
Quando o elevador chega ao 15º andar, uma silhueta familiar alta entra em
meu campo de visão. O homem de camisa branca e calça cinza está de pé
em frente ao leitor de cartões escaneando seu crachá. King vira-se para me
ver e ergue suas sobrancelhas para mim, antes de me cumprimentar.
Se fosse antes, eu teria me sentido irritado, mas agora sinto-me
extremamente confortável.
Pelo menos a visão do King é muito melhor do que a do Khun Grit!
"Você chegou muito cedo hoje!", diz para mim enquanto paro próximo a
ele. Levanto meu crachá e escaneio no leitor de cartões, respondendo "Você
também. Por que veio mais cedo hoje?"
"Porque queria ver logo o seu rosto."
Suas palavras me fazem corar. Apressadamente retiro meu crachá do
leitor, empurro a porta da empresa e entro. Ouço King cumprimentar outros
colegas atrás de mim. Cumprimento meus sêniores e entro no departamento
de TI apressando os meus passos. Estou um pouco zangado por estar
nervoso. Meu coração está acelerado.
Comporto-me como um adolescente que está saboreando o amor pela
primeira vez, mas para um paquerador especialista em flertar, sei que isso
não é nada. Nunca vou levar a sério.
"Ah! Já comprou café? Acho que não vai querer este copo", diz Jade para
mim quando entro no departamento. Olho para o copo com pesar, não sei
quem pediu para pôr o café na minha mesa. Empurro o café na direção dele
e a mão do Jade o alcança, agarrando-o antes de beber.
"Uea, você devia se apressar e encontrar um novo namorado para que as
pessoas parem", eu estava prestes a ligar o computador. No momento em
que ouço a sugestão do Jade, um rosto lindo pisca em minha mente e eu sou
pego de surpresa.
Namorado... Pensei no rosto do King...
É absolutamente impossível que ele...
"Não quero encontrar um namorado ainda", sussurro para o meu amigo.
Jade sopra um assobio, dizendo que espera que eu possa encontrar um
bom namorado desta vez. Ele também diz que Mai tem um amigo solteiro e
que, se eu estiver interessado, pode me apresentar a ele, mas eu ainda
rejeito sua gentileza.
Jade não sabe do meu relacionamento com King. Ele não sabe que seu
amigo e seu amigo de infância não são apenas amigos, mas Jade jamais terá
uma chance de saber disso, porque essa relação acabará logo.
"Ei, como foi em casa ontem?", Jade desvia seu olhar para o homem que
acaba de entrar no departamento. King passa pelas nossas mesas, põe a
palma da sua mão na cabeça do Jade e esfrega ela toda antes de ir para sua
mesa e sentar-se.
"Quase morri de tanto sermão. Parecia que eu era uma criança de 7 anos
e não um adulto de 27", diz King mal-humorado.
Ontem foi domingo. De início, King disse que iria ao meu apartamento
para me ver, mas não muito tempo depois que passou pela porta, de repente
recebeu uma ligação de sua família. Acho que tinha relação com isso.
"E o encontro às cegas? Você foi?", diz Jade exatamente o que eu quero
perguntar.
"Não, ainda estou esperando me avisarem sobre o dia."
Encaro a tela do computador e a ansiedade surge em meu peito devido à
pergunta do Jade. Desde que King disse, em outro dia, que iria num
encontro às cegas organizado pela sua família, não o perguntei sobre o
progresso da situação. Um dos motivos é porque tenho consciência de que
não tenho direito de perguntar sobre esse assunto. E o outro, é porque não
quero saber a verdade.
Mesmo que eu ainda hesite sobre os sentimentos pelo King, depois de
saber sobre o encontro às cegas, tenho inconscientemente evitado procurar
respostas. Ainda que ele dissesse que gosta de mim, ainda não acredito que
uma pessoa livre como ele esteja mesmo disposta a sossegar. Além disso,
apaixonar-se nunca é uma questão entre apenas duas pessoas. Até onde eu
sei, sua família é bem tradicional. Seus pais não ficarão felizes em ver seus
filhos com alguém que não pode dar à luz a um herdeiro.
"Soube que a sua mãe pegou o número da casamenteira com a sua mãe",
King aperta seus olhos, encarando fixamente o rapaz à sua frente.
Jade dá uma risada seca enquanto coça a cabeça.
"Ah... é, na verdade, a minha mãe contatou a casamenteira para me
ajudar a encontrar uma namorada, mas já tenho Mai, então não foi preciso.
A sua mãe ligou para a minha e ela acabou apresentando a casamenteira a
ela."
"Que coincidência", diz King entredentes.
Jade coloca o copo de café na mesa, anda até King e dá tapinhas em seu
ombro para encorajá-lo e confortá-lo. "Só aceite o seu destino e vá para que
ela pare de se preocupar com você."
"Irei só porque estou cansado dos seus pensamentos tortos."
"É, você não tem que estar relutante sobre um encontro. Quem poderia
forçar alguém como você? Talvez você possa se interessar pela garota após
ver sua aparência."
Jade termina de falar bem quando estou pronto para abrir o arquivo. Os
cantos da minha boca estão curvados e há um sorriso em meu rosto. Mas
estou sentindo um gosto amargo.
Sim... talvez ele acabe gostando da garota do encontro às cegas. Se isso
acontecer, tenho que desejá-lo felicidades, terminar a relação de parceiros
de cama, continuar a viver a minha própria vida e então, ocasionalmente e
involuntariamente, lembrar que um dia tivemos bons momentos juntos.
Deixarmos boas lembranças... é o suficiente.
***
O sol escaldante é bem antipático com os funcionários que vão almoçar
ao meio-dia. King e eu voltamos ao edifício suando profusamente após o
almoço. Jade está de licença por metade do dia para visitar um parente
doente que está no hospital. Após voltar ao edifício, paro de pé ofegante em
frente ao ar-condicionado, enquanto tiro um lenço para enxugar meu suor.
"Quer?", entrego um lenço à pessoa ao meu lado. King observa o lenço
em minha mão e um olhar astuto brilha em seus olhos.
"Enxuga pra mim."
"Não tem mãos?"
"Sim, mas quero que você enxugue por mim", sussurra como se estivesse
me seduzindo. Zangado, enfio o lenço em sua mão e me apresso até a porta
do elevador.
Recentemente, ele tem usado essas frases para me provocar, o que me faz
pensar demais. Não quero mais que ele me trate assim, pois me preocupo
que um dia ele descubra que fico mexido por ele.
"Onde almoçaram?", a pessoa que eu menos quero ver aparece atrás de
mim enquanto esperamos pelo elevador.
Já que não posso me esconder, tenho que me virar de frente para o Khun
Grit e a resposta do King para ele chega aos meus ouvidos no mesmo
momento.
"Comemos no restaurante próximo à empresa. E você, onde almoçou?"
"Pedi delivery de um restaurante e acabei de descer para comprar algo",
Khun Grit ergue o maço de cigarros que está em sua mão.
Olho para o homem fumante que está ao meu lado, tentando imaginar o
que pode ser tão bom em algo que pode causar câncer e por que tantas
pessoas gostam.
"É bom pedir delivery, está quente demais lá fora", King concorda e
Khun Grit imediatamente fixa seus olhos em mim, sua expressão tornando-
se astuta.
"Isso mesmo, mas delivery não é bom para o meio-ambiente. Também
quero experimentar almoçar num restaurante próximo à empresa. Imagino
que você tenha algum favorito para recomendar."
Seus olhos claramente indicam que sua última frase foi endereçada a
mim, em vez do King. Minha mente ainda está pensando sobre como
responder, mas estou um passo atrás do King. Ele põe sua mão em meu
ombro, ri e então diz "A maioria de nós come no cruzamento próximo à
empresa. Não é muito gostoso. Se quiser experimentar restaurantes
deliciosos, tem que perguntar a P'Fai, ela é quem melhor sabe."
"Então é isso", responde Khun Grit. Embora ele ainda esteja sorrindo, o
clima começa agora a ficar um pouco constrangedor, o que me faz sentir
uma ânsia por sair daqui o mais rápido possível.
Como se o céu tivesse ouvido minha oração, o celular do Khun Grit
começa a tocar. Ele tira seu telefone de dentro do seu paletó, sorri para nós
e se afasta para atender a ligação. Em segredo, dou um suspiro de alívio e
desvio o olhar, vendo King olhando fixamente para as costas do gerente
enquanto ele se distanciava.
"O elevador está aqui", cutuco seu braço de leve e o King entra no
elevador junto com outros funcionários.
Pode ser só um desejo, mas sempre senti que King não gosta muito do
Khun Grit. King é o tipo de pessoa sociável que sempre está com um
sorriso nos lábios (embora a maioria seja por flerte, especialmente quando
vê uma garota passar), mas ele também é bom em usar uma máscara.
Mesmo que ele encontre alguém de quem não gosta, pode lidar com a
situação com um sorriso. Conheço King há muito tempo e posso,
definitivamente, ver a autenticidade em seus olhos e expressões.
Quando King estava conversando com Khun Grit, embora tivesse um
sorriso brilhante em seu rosto, não havia um em seus olhos, mas sim uma
leve hostilidade.
"Não sei se o problema sou eu, mas esse gerente não parece confiável."
Enquanto saímos do elevador, King fala num tom gentil. Viro e vejo duas
ou três pessoas juntas não muito longe de nós, então agarro o braço do King
e o levo para a saída de emergência. King fecha a porta a prova de fumaça
para termos certeza de que ninguém mais ouvirá a nossa conversa, então
vira-se e anda em minha direção.
"Tenho prestado atenção há um tempo. Ele está interessado em você."
Suas palavras soam como uma pergunta, embora seu tom esteja quase
certo. Não pude conter um suspiro e concordei com a cabeça.
"Também acho."
"Então gosta dele?"
"Não! Não gosto dele!", respondo apressadamente. Minha língua está tão
tensa que está quase dando um nó, assim como crianças que tentam pensar
numa desculpa para dar aos seus pais. Só de pensar no King achando que
posso gostar do Khun Grit, me sinto desconfortável.
"Por quê?"
"Ele parece ser o tipo de pessoa que gosta de brincar com o sentimento
dos outros", digo francamente. Os cantos da boca do King se curvam num
leve sorriso e sua expressão parece relaxar.
"Você parece odiar mesmo esse tipo de gente."
"Não quero ter que me preocupar sempre em ser traído um dia. Como
você disse antes, algumas pessoas nascem traíras e não mudam até
morrerem."
"Sim, mas isso varia de pessoa para pessoa. Não é completamente
impossível mudar", King me olha fixamente.
Seu olhar parece estar me sugando, o que me fez desviar o olhar. Sei que
o King é charmoso, mas também é perigoso. Seus olhos profundos são
como buracos negros em que não se vê saída. Gosto muito do King, e estou
obcecado com sua gentileza e cuidado por mim, mas tenho medo de ser
sugado para dentro caso me aproxime. Medo de entrar e não mais ter como
sair desse vórtex infinito.
"Quando se conhece alguém de quem gosta muito, não há mais vontade
de procurar por outras pessoas."
O homem alto aproxima-se de mim de repente, inclina-se ao meu rosto e
meu nariz consegue sentir o leve cheiro de tabaco e menta que vem dele.
Seu hálito quente sopra contra minha bochecha. King sorri enquanto me
olha. Seu sorriso ainda mais gentil do que de costume.
"Você acredita? Há alguém que pode mesmo mudar..."
"Não."
"..."
"A pessoa pode mudar quando acaba de se apaixonar, mas depois de um
longo tempo, no fim das contas, vai voltar a ser como era. Já vi muitas
pessoas assim", sorrio amargamente e King aperta seus olhos para continuar
o debate, mas o afasto para trás empurrando seu peito.
Experiências passadas me dizem que pessoas que brincam com
sentimentos só se restringem a uma pessoa quando estão no início da paixão
e voltam à sua natureza quando a novidade passa. O mundo real não é como
numa história de fantasia.
Mas King não parece saber.
Para ser honesto, gostaria de acreditar no que King disse.
"Vou voltar ao departamento, estou com calor."
"Quero ir ao seu apartamento esta noite", diz King.
Viro e o olho fixamente, erguendo minhas sobrancelhas.
"Quer fazer sexo ou só quer dormir?"
"Não sei, depende do clima", seu tom é muito casual e eu não consigo
evitar franzir o cenho, até que vejo os cantos de sua boca formarem um
sorriso que lentamente tornou-se malicioso.
"O que foi? Ficou decepcionado por eu só querer dormir?", seus braços
envolvem a minha cintura e me puxam para perto do seu corpo. "Se quiser,
então diga. Se for sobre o acordo de 3 vezes por semana, não me importo
com isso". Finjo não me importar muito.
"Não, só quero dizer que se não formos fazer sexo, volte para o seu
apartamento e durma lá. Suas idas ao meu apartamento todos os dias estão
gastando água e subindo a conta de energia elétrica."
Recupero meu fôlego e saio do seu abraço. Sinto-me um pouco
envergonhado e decepcionado... 3 vezes por semana já é muita coisa. King
basicamente usa toda a sua cota toda semana. Querer mais é excessivo e me
preocupo que seja algum tipo de problema médico.
"Não vou lhe incomodar, posso ajudar pagando as contas", enquanto
estou distraído, King me dá um beijo forte na bochecha e se afasta
lentamente. Viro-me rapidamente e passo direto pela porta, indo em direção
ao departamento.
Só espero que King não tenha visto meu rosto corado.
***
"P'Uea, pode comprimir o tamanho deste arquivo? O arquivo é grande
demais e eu não consigo carregar."
"Posso, sim."
Na tarde do dia de trabalho, Gun me pediu para comprimir o banner que
acabei de mandar para a equipe de programação para adicionarem à página
web. O departamento está tão quieto que apenas os sons do teclado e do
mouse podem ser ouvidos. Rapidamente abro o arquivo e sigo sua
solicitação de modificar.
"Obrigadinho", diz Gun.
"Você só fala fofo assim quando é com o Uea", uma voz grave
interrompe minha conversa com Gun.
"Como assim? Meu chefe King está com ciúme?", Gun intencionalmente
arrasta a última palavra, tornando-a mais longa, fazendo com que os colegas
do nosso departamento caiam na risada.
"Sim! Falando nisso, vocês não têm brigado ultimamente", P'Fai, que
está sentada no meio do departamento, diz em voz alta. Um par de cílios
grossos e delineador escuro reveza o olhar entre King e eu repetidamente,
apertando os olhos. Seus olhos tentam encontrar algo errado em nós.
"Desde que viajamos à Koh Samet, tenho lhes visto juntos e conversando
pacificamente. Estou muito feliz em ver que fizeram as pazes. Nunca pensei
que veria isso. Aconteceu algo que não sabemos?"
Sou pego de surpresa e imediatamente balanço a minha cabeça para
negar. Felizmente, sou do tipo de pessoa quieta, então ninguém percebe que
estou suando secretamente. O outro protagonista do assunto apenas ri.
"Guardei rancor por muitos anos, e agora estou começando a me sentir
cansado. Não é melhor se começarmos a nos amar?", diz King erguendo
uma sobrancelha para mim após responder P'Fai.
Está tentando esconder ou deixar todos mais desconfiados?
"Como assim começarem a se amar? Não estão namorando escondidos,
estão?", os olhos da P'Fai se arregalam.
"P'Fai! Como escrito nos romances, os rivais finalmente se apaixonam
um pelo outro, certo?", Gun corre para concordar.
Por que o radar de vocês é tão bom?
"Ah, o quê?! Teria que ser louco para acreditar nisso!", Jade interrompe a
fantasia dos dois esfregando o calafrio que corre pelos seus braços peludos.
"Falou desses dois juntos? Absolutamente impossível! Se for verdade, vou
sentar-me na frente da empresa e latir como um cachorro!"
"Tem certeza disso, Jade?", King sorri maliciosamente.
"Sim!"
"Engraçado... Uea, aceita namorar comigo? Quero ver o Jade sentar-se na
porta da empresa e latindo como um cachorro! Hahaha."
"Idiota!", Jade protesta em voz alta e o meu coração bate forte pelo que o
King acabou de dizer. Sei que ele só disse para provocar o Jade, mas o meu
coração está batendo como uma bateria.
Os sintomas estão piorando a cada dia.
Suspiro silenciosamente e, os ignorando, viro-me e reviso o arquivo, o
enviando para o júnior. Ainda não consegui acalmar o meu coração. Desde
a brincadeira da P'Fai e do Gun, tenho me preocupado que os colegas da
empresa descubram que estou agindo estranho porque tenho algo a
esconder no meu coração. No passado brigávamos muito, mas agora não
brigamos mais. As pessoas começarão a notar, até uma pessoa ingênua
como Jade eventualmente perceberá.
Jade diz que estava tão feliz que poderia chorar e quer saber o que
aconteceu para pararmos de brigar um com o outro. Apenas me sento em
silêncio e ouço a conversa entre eles. Não posso dizer-lhe o que realmente
estamos fazendo.
Jade ficaria chocado se soubesse.
Tenho trabalhado atenciosamente até o fim do turno. Apressadamente
guardo meus pertences e ando até o estacionamento. De fato, não
costumava correr para casa assim que as horas de trabalho acabam, mas
desde que o novo gerente chegou, tento evitar ficar na empresa quando a
maioria dos meus colegas já foram embora, para que o Khun Grit não tenha
a oportunidade de me incomodar.
"Então, vai vir ao meu apartamento?", pergunto ao King que está ao meu
lado.
Ele concorda levemente e destrava seu carro.
"Bem, há um jogo da Premier League inglesa às 2h15 da madrugada.
Vamos assistir juntos!"
"Quais times?"
"Arsenal vs Liverpool."
Após terminar de falar, King entra no carro. Olho para ele por trás e eu
suspiro irritado.
Hoje à tarde os meus colegas estavam felizes por termos parado de
brigar, mas, na minha opinião, já podem começar a ficar decepcionados,
porque a amizade entre King e eu terminará esta noite!
***
Às 2h da manhã, esfrego meus olhos, sento-me na cama e ando do meu
quarto até a sala-de-estar. Olho para o sofá, onde está o meu amigo com
benefícios alto, que sempre vem dormir na minha casa e agora paga minhas
contas de energia. Ele tem pernas longas e ocupa o sofá inteiro, encarando
intensamente a TV ligada, livremente pegando a garrafa de cerveja e
bebendo.
Dou uma olhada nele de novo e tenho que admitir novamente que King é
muito bonito. Embora ele apenas use camisetas brancas comuns e calças,
ainda consegue destacar sua boa aparência. Ele parece um modelo daquelas
revistas com ensaios de revista de um "dia de folga em casa". Sua franja
está para baixo, fazendo-lhe parecer completamente diferente da imagem
que tem na empresa. Seu rosto bonito está muito mais gentil.
A cena à minha frente está profundamente impressa em meu cérebro e
parece lentamente cobrir a impressão de quando o vi pela primeira vez há 9
anos.
"Está com sono? Eu estava prestes a acordá-lo", diz King. Observo suas
pernas longas. Gesticulo para que ele as coloque para baixo, então ando até
ele e me sento.
Abraço o travesseiro e olho para o relógio na parede.
"Espere um pouco mais e logo vai começar", King fala. Viro a cabeça
para olhar para ele e não contenho um suspiro quando vejo seu sorriso
provocante.
Sinto-me um pouco irritado e o principal motivo é porque o jogo da
Premier League de hoje é entre Arsenal e Liverpool... Sim, ele e eu somos
rivais.
Desde o ensino fundamental, gosto de assistir jogos de futebol, assim
como os outros garotos. Até que comecei a trabalhar, ficando cansado e
perdendo a vontade de acordar no meio da noite para assistir um jogo de
futebol. Mas ainda assim, presto atenção em suas notícias e sempre apoio
meu Cisne Vermelho favorito, o Liverpool. Jade é fã do Manchester United.
Como eu não falava muito com o King, nunca soube para qual time ele
torce, até que vi uma camisa com o emblema em seu armário. Ele também
encontrou uma camisa do Liverpool no meu guarda-roupa. O clima fica
tenso sempre que nos sentamos juntos para assistirmos a um jogo. É uma
batalha por honra e glória!
Quem ri por último ri melhor, e eu rirei quando o meu time ganhar!
"Calma! Quer brigar comigo antes de perder?"
Seu tom provocativo acende o fogo no meu coração e eu desvio o olhar
com insatisfação. Mesmo que eu goste do King, desde que seja sobre a
vitória do time, não pego leve com ninguém!
"Acho que não importa se quiser dormir, porque, de qualquer forma, o
seu time vai perder hoje."
"Parece que é você quem deveria ir para a cama."
"Lamento, viu a escalação? Vai ver que o meu Canhão será o vencedor!"
"Tenha cuidado para o seu Canhão não explodir na sua cara!", continuo a
provocá-lo, fazendo-lhe cair na risada. King agarra a almofada que eu
estava segurando com uma mão e inclina-se contra mim, colocando seu
braço sobre os meus ombros.
"Deveríamos fazer uma aposta?", diz King enquanto pega seu telefone
com a outra mão.
Não consigo entender, então viro e pergunto "Que aposta?".
"O torcedor do time que perder hoje deverá fazer o que o oponente
disser."
"Loucura!"
"Vai ser divertido!"
"Não acho divertido."
"Você acha chato porque sabe que o Liverpool vai perder!"
"Impossível!", retruco. Vendo o King esticando a língua pra mim, meu
espírito de luta imediatamente arde.
"Diz que é impossível, mas nem ousa brincar comigo. Se está tão
confiante que o Liverpool vai vencer, deve apostar comigo!"
Hesito um pouco. Acredito que o meu time vencerá, mas as coisas no
campo são imprevisíveis. Às vezes um time está na liderança, mas o
oponente vira o jogo no último minuto e vence. Acontece de vez em
quando.
Se o Liverpool realmente perder, King definitivamente me pedirá para
fazer algo estranho.
"Se você vencer, pode me pedir para fazer qualquer coisa. Se eu vencer,
não pedirei que você faça nada fora dos limites", diz King erguendo suas
mãos como se estivesse se rendendo. Deitando-se contra o sofá, ele tenta
me convencer dizendo cuidadosamente "Mas, após ver a escalação, o meu
time tem uma chance melhor de vencer. Se estiver com medo-"
"Tudo bem, vamos apostar", digo impacientemente sem virar-me para
olhar para ele. Não sei qual é a sua expressão agora.
"Se vencer, pode me pedir para fazer qualquer coisa. Se eu vencer, posso
pedir que faça qualquer coisa. Concorda?"
"Sim", continuo a responder sem olhar para ele.
Depois de negociarmos os termos da aposta, King fica quieto por um
tempo, até que ouço um sussurro. Viro e vejo que seu telefone estava aberto
no aplicativo de gravação de voz, e ele o entrega para mim.
"Precisa gravar?", pergunto sem acreditar.
"Tem que haver provas da aposta!", ele sorri e bloqueia o celular, antes
de tomar um gole de cerveja. Desvio o olhar, fazendo cálculos em minha
cabeça enquanto a TV mudava para a transmissão ao-vivo do jogo.
Espere e veja! Se eu ganhar, definitivamente ordenarei que ele grite
"TENHO DESFUNÇÃO SEXUAL!" 10 vezes na frente da empresa.
O jogo começa oficialmente. King e eu encaramos a tela da TV sem
piscar. É comum ganhar ou perder em jogos esportivos, mas para este jogo,
fico orando em meu coração para que o meu time não perca.
No começo do jogo, Liverpool tem a posse contínua da bola e não
demora muito para que lidere com 1x0. Imediatamente dou-lhe uma olhada
de canto de olho.
"Senhor, você está feliz demais. Só estamos nos 20 minutos", King ergue
suas sobrancelhas. Roubo a almofada de volta e a abraço. Não sei se onde
veio a autoconfiança dele, mas não planejo prestar atenção.
Quem está em desvantagem sempre gosta de dizer isso.
Mas eu não pude ficar feliz por muito tempo, porque em dez minutos,
Arsenal alcançou um empate. King ficou tão feliz que gritou e eu berrei em
decepção.
Tudo bem, Liverpool com certeza pontuará mais tarde.
Conforto-me e continuo a olhar para a tela da TV intensamente.
Choramingo "Cisne Vermelho" para atrair um gol rapidamente, mas parece
que nada acontece como esperado, porque os gols seguintes são defendidos
pelo goleiro ou roubados pelo outro time. Em 10 minutos, Arsenal passa a
liderar com 2x1.
King cruza suas mãos atrás de sua cabeça e encosta-se nas costas do sofá,
cruza suas pernas e bebe sua cerveja com uma expressão super irritante.
"Eu disse que você ficou feliz rápido demais!", diz com um sorriso de
canto.
"Não fique feliz cedo demais", digo friamente. King dá de ombros e
continua a beber sua cerveja enquanto encara a TV de um jeito irritante.
Eu imploro! Podem perder em qualquer dia, mas definitivamente não
pode ser hoje!
No fim do primeiro tempo, até então, o time do King liderava com 2x1.
Quando o Cisne Vermelho, toma a liderança no segundo tempo, eu estava
esperando ansioso, mas é uma pena que o time não tenha conseguido uma
oportunidade de marcar um gol.
Com o passar do jogo, meu desejo começou a falhar até o fim, o placar
final foi 2x1.
Coloco a almofada no sofá. Estou tão chateado que quero quebrar tudo!
Por que perder assim?
"Venci!"
A risada horrorosa ao meu lado realmente me deixa meio zangado.
Desligo a TV zangado. Desta vez perdi respeito e dignidade e todo o meu
bom-humor se foi.
"O que quer que eu faça?"
Olho fixamente para King com relutância. Sou uma pessoa de palavra. Já
que fiz uma aposta parecerei covarde caso não siga o acordo e há gravação
para provar. De qualquer forma, isto é algo que não posso evitar.
"Sente-se aqui", King diz dando uma tapinha em sua coxa, gesticulando
para que eu sente.
Respiro fundo e finalmente me sento no colo do King como devo.
King estica seus braços e me abraça apertado. Os cantos de sua boca
formam um sorriso, seus olhos escaneiam o meu rosto com uma expressão
extremamente brincalhona. Finjo estar calmo e olho dentro dos seus olhos o
máximo possível, mas meu coração espera em segredo que seus ouvidos
não sejam muito bons, para que não ouçam as batidas fortes e aceleradas
em meu peito. Meu coração está quase saindo pela boca.
"Diga o que quer que eu faça!", digo rapidamente antes de corar de
vergonha.
King me abraça um pouco mais apertado e esfrega meu pescoço com a
ponta do seu nariz. Suas atitudes me fazem perceber instantaneamente
perceber a natureza do seu pedido...
Ele deve... querer fazer aquilo!
O nariz do King gentilmente respira contra minha pele delicada e
obedientemente aproveito seu toque, abraçando seu pescoço com meu
braço. Ajusto o ângulo levemente para que seu lindo rosto fique
confortavelmente aninhado em meu pescoço, e seus lábios quentes vão da
base do meu pescoço até a bochecha. Começo a perder o ritmo da minha
respiração após ser provocado por ele.
King ergue seu rosto e olha para mim, rapidamente me dando um selinho
nos lábios. Não foi um beijo com força, foi suave, carinhoso. Estou
envergonhado.
"Ainda não pensei em nada, deixe-me ficar devendo", disse suavemente.
"São quase 4 da manhã, ainda podemos dormir por 1 hora. Vamos para a
cama."
Tudo está além das minhas expectativas. Embora o meu corpo esteja
queimando e eu esteja confuso, pulo fora do seu colo rapidamente e saio
antes que ele mude de ideia.
King desliga as luzes da sala, deixando apenas a luz do corredor da frente
do quarto acesa, e então entra no quarto.
Tento ligar a luz da mesa de cabeceira antes de dormir, mas não parece
querer acender.
"Uea, você dormiu?", King pergunta após fechar a porta do quarto. Ele se
senta no fim da cama.
Quando a lâmpada do abajur não liga, todo o quarto fica um completo
breu instantaneamente.
"A lâmpada queimou", murmuro, começando a ficar ansioso. Saio
rapidamente da cama, planejando encontrar uma luz para trocar.
"O que está fazendo?"
"Vou trocar a lâmpada", após terminar de falar, planejo acender a luz do
quarto, mas meu pulso é alcançado e agarrado por uma mão grande.
"Deixe para amanhã, vamos dormir primeiro".
"Mas-"
Quanto mais tempo fico no quarto escuro, mais a ansiedade piora. Antes
que as minhas emoções saiam do controle, King rapidamente puxa meu
braço e eu caio sentado na cama.
"Está tudo bem", ele me conforta com uma voz gentil enquanto me deita
na cama e se inclina para me abraçar apertado. "Estou aqui, ninguém pode
fazer nada com você."
Sua voz acaricia meus ouvidos e seus braços fortes descem até a minha
cintura, seu corpo pressionado contra o meu. Tento ajustar o ritmo da minha
respiração e lentamente relaxo sob a voz gentil do King. Ele delicadamente
faz carinho na minha cabeça com a palma da sua mão, até que o meu medo
se acalma devagar...
"Vá dormir. O céu estará claro em uma hora."
Fecho os meus olhos e enterro meu rosto no peito da pessoa que me
abraça apertado. O medo e a ansiedade em meu coração desapareceram e
são substituídos por sentimentos trêmulos...
Nunca tive um cuidado tão sincero dos meus antigos namorados e
ninguém nunca tentou me fazer não sentir medo ou me dispor a ficar num
cômodo escuro. Ao mesmo tempo, sou muito sortudo por ser abraçado
apertado por King nesta situação. Sendo segurado firme em seus braços, é
bom tê-lo ao meu lado para me confortar, estou disposto a confiar nele.
Não sei se ele sabe, mas agora ele pode definitivamente controlar minhas
emoções e me fazer sentir que ele é digno de confiança. Ele faz com que eu
me sinta calmo, faz o meu coração bater mais rápido e, ao mesmo tempo,
faz-me sentir triste. Se eu não tivesse confiança demais de que nunca me
apaixonaria por ele; se eu não tivesse enlouquecido repentinamente e
aceitado ser seu amigo com benefício; se eu tivesse encerrado esta relação
física quando comecei a perceber que estou interessado no King, nada
acabaria assim.
A coisa mais ridícula no momento é que não consigo cortar laços com
ele.
Já faz 10 anos desde o início do ensino médio. Sempre pensei que fosse
forte o bastante para encarar tudo, mas o que aconteceu hoje me diz que,
mesmo após crescer, no fim, aquele garotinho ainda é um covarde. Sei que
não pertence a mim e mesmo assim me recuso a soltar.
Sou como aqueles cientistas obcecados por buscar o segredo por trás dos
buracos negros, ansiosos por saber o que tem dentro, lentamente
aproximando-se da própria ruína.
O buraco negro infinito me engoliu. E agora é difícil sair.
Capítulo 17: Desejo
Nos últimos 27 anos, tudo que me aconteceu me fez perceber que não sou
uma boa pessoa. É por isso que sempre esbarro numa parede quando me
apaixono. Não seria muito ruim se eu me apaixonasse não tão
profundamente, pelo menos o meu salário ainda sustentaria a minha vida.
Mas agora... o fato diante dos meus olhos é que parece que meu emprego e
renda tornaram-se precários.
"Sinto muito, mas Khun Som do departamento de marketing espera usar
outros conceitos na nova exibição, então toda arte deve ser feita de novo", a
voz baixa do Khun Grit soa na sala do gerente, onde ele me chamou para
conversar.
Posso apenas sentar-me e olhar fixamente as notas que acabei de fazer.
Estou tão estressado que não consigo dizer nada.
"Quanto o progresso anterior havia sido completado?"
"Cerca de 80%."
"É muito ruim, mas deve ser feito de novo e deve ser terminado dentro
desta semana, N'Uea", o novo gerente do departamento de TI sorri
apologeticamente para mim, mas não acho que seu sorriso realmente
lamente qualquer coisa.
"Tudo bem", ranjo os meus dentes em resposta, exaustando toda a força
do meu corpo para não transparecer nada.
Khun Grit levanta-se da sua cadeira e anda até onde estou sentado,
pressionando sua mão grande em meu corpo e apertando. Khun Grit
inclina-se ao meu ouvido, fingindo ser gentil e observando o meu rosto. "Se
houver algo que você não entende, pode vir conversar comigo a qualquer
momento."
Os pelos de todo o meu corpo se arrepiam num instante e eu me afasto
antes de responder concordando.
"Tudo bem, voltarei ao trabalho."
Levanto-me rapidamente e saio da sala do gerente do departamento em
direção à minha mesa. Suspiro fundo, me forço a segurar minhas emoções e
tento não as expor em meu rosto, mas o meu coração está cheio de raiva.
"Qual é o problema?", Jade me pergunta imediatamente após eu voltar à
sala, encarando-me curiosamente enquanto me sento na cadeira.
"Ele quer mudar tudo. Ele acabou de me dizer para refazer tudo do
início."
"Babaca!", Jade exclama e rapidamente cobre sua boca. Seus olhos
pequenos apressadamente escaneiam os arredores. Vendo que nossos
colegas estão focando em seu trabalho e ninguém está prestando atenção na
situação, ele imediatamente aproxima sua cadeira e sussurra.
"Droga! Por que ele só falou agora? Ele não falou nada quando
começamos, só agora quando estamos quase no fim."
"Ele disse que o departamento de marketing havia acabado de notificá-lo,
mas eu claramente ouvi P'Som mencionar na semana passada. Acho que
Khun Grit pensou que P'Som mudaria de ideia e usaria o design original",
encaro o notebook sobre a mesa com olhos marejados.
Desde que comecei a ter um comportamento diferente para evitar o Khun
Grit, o número de vezes em que ele me chama em sua sala aumentou. Às
vezes é para elogiar um trabalho, às vezes para modificar. Nem sei quantas
vezes um trabalho já chegou a ser modificado, mas desta vez é a primeira
em que tenho que recomeçar do 0.
Para ser honesto, um briefing não claro e ter que modificar o trabalho é
algo que designers gráficos frequentemente enfrentam, mas neste caso,
Khun Grit tem secretamente outro propósito ao usar negócios de trabalho
para satisfazer seus desejos egoístas. Leve hoje como exemplo. Eu deveria
ter sido notificado do problema na semana passada, mas ele não me disse
até hoje. Talvez ele tenha percebido que não estou me dispondo a entretê-lo,
então ele pode usar sua posição de supervisor direto para me afetar. Quando
um parente do chefe se torna meu chefe, me faz querer não vir mais
trabalhar.
Ele é a pessoa mais irritante que eu já conheci!
"Deixe-me ajudá-lo!", Jade pede com gentileza.
Balanço minha cabeça negativamente. Até onde sei, Jade já tem muito
trabalho esperando por ele. Desde que Khun Grit assumiu o departamento,
P'Mongkon piorou. Talvez ele ache que tem duas pessoas o protegendo.
Todos os dias em que ele vem à empresa, ele come, bebe e usa o celular
para jogar na loteria. Ele basicamente recebe um salário todo mês sem
trabalhar, e recentemente ele tem negligenciado ainda mais. Mesmo que
seja "cumprimentado" por outros colegas do departamento, ele não tem
qualquer senso de responsabilidade.
"É tão irritante...", sussurro. Jade é pego de surpresa pela minha
reclamação, porque raramente me ouve reclamar sobre trabalho.
"Tudo bem, vamos encontrar um restaurante delicioso para almoçarmos
mais tarde!"
"E tem algum restaurante por perto que seja delicioso?", retruco. Jade
fica boquiaberto por um tempo, e então sorri. Retorno meu olhar à tela do
computador e abro um novo arquivo em branco com dor no coração.
Não sei por mais quanto tempo posso aguentar com esse novo chefe.
***
Após esperar até o meio-dia, saio para almoçar com Jade e King como de
costume, mas a comida próxima à empresa não está deliciosa, os problemas
no trabalho e o tempo abafado do meio-dia fazem com que tudo caminhe
para o pior. Mastigo o arroz hainanês de frango pensativo. Só dou algumas
mordidas para não parar ao sentir fome e dor de estômago no trabalho.
"Por que está comendo tão pouco?", King pergunta quando me vê baixar
os talheres.
"É."
"Vai morrer de fome à tarde."
"Não consigo comer."
"Uea foi enganado pelo Khun Grit. Ele pediu que Uea refizesse tudo
quando o trabalho já estava quase terminado", Jade, que está sentado ao
meu lado, fala. King, que está sentado à minha frente, imediatamente vira o
olhar para mim com uma expressão de curiosidade.
"Quer que eu me vingue por você?", diz King meio brincando. Embora
haja um sorriso em seus lábios, não há nenhum em seus olhos.
Eu desamparadamente ergo os cantos da minha boca e pergunto "Quer
ser chutado para fora da empresa por se vingar do parente do chefe da
empresa?".
"E daí?", ele dá de ombros levemente. Pode ser um assunto trivial para
ele. Afinal, ele também é o filho do chefe de uma empresa. Mesmo que ele
seja demitido, pode voltar e herdar o negócio de sua família.
"Onde encontraria um novo emprego numa economia tão morosa? Devia
ser grato por ter um emprego!", mas Jade também concordou dizendo "Mas
também acho que Khun Grit está exagerando, não sei o que fazer para
ajudar Uea."
"Ele só quer uma oportunidade para comer Uea!"
"Ei! Não!"
"O mundo não é um mar de rosas, Jade! Não pense que o chefe é uma
boa pessoa", King resmunga com raiva, me olha firme e diz num tom sério
"Você precisa ter cuidado, não fique sozinho com ele com frequência."
"Eu sei, também não quero ficar com ele."
"Mas até onde sei, você vai vê-lo imediatamente quando ele lhe chama."
"Posso me recusar a ser chamado pelo meu chefe?", ergo minhas
sobrancelhas. Não quero ver o rosto dele todos os dias. Se eu não estivesse
preocupado por ele ser meu chefe, já teria falado firmemente com ele. Mas
ainda tenho que pagar o apartamento todo mês. É impossível agir como
King quando se trata de dinheiro.
"Tudo bem, não briguem! Por que conversar sobre essas coisas irritantes
na pausa do almoço?", Jade vê que o clima começou a ficar tenso e
imediatamente surge como pacificador. "Vamos falar sobre o feriado!
Haverá um longo na próxima semana. Onde vai aproveitar o feriado?"
"Provavelmente não vou", respondo.
Se eu ainda não namorar alguém antes do feriado, devo ficar dormindo
em casa o dia inteiro. Os colegas planejam sair para passear ou visitar
familiares em outros lugares. Às vezes os invejo. Também tenho familiares,
tenho uma mãe e uma irmã, mas é uma pena que a minha mãe não me
aceite. Ela só quer me procurar por dinheiro e acabo me tornando um verme
pobre e sem lar.
"Não sei, vou pensar sobre isso de novo", após King terminar de falar, ele
me olha fixamente. Acabo encontrando seus olhos e desvio meu olhar
rapidamente para Jade, que está falando enquanto come.
"Mai e eu vamos sair. Acho que haverá um dia de folga na próxima
semana. Planejo tirar mais alguns dias de folga para usar o resto das férias
oficiais."
"Falando nisso, não tirei nenhuma licença de ausência este ano."
"É verdade! Não vi você pedir ausência. Não foi àquele encontro
recentemente, King? Com aquela pessoa, aquela pessoa que você gosta."
"Cof, cof, cof!", quase engasgo na bebida que estou tomando ao ouvir as
palavras do Jade. Tossi até quase ficar sem fôlego.
"Acalme-se", Jade se aproxima e me dá uma tapinha nas costas. Após
isso, continua olhando para King a espera de uma resposta. A pessoa que
está sendo perguntada olha para mim, que está ajustando a respiração, e
então sorri e responde.
"Acha que devo chamá-lo para sair?"
"É claro que deveria! Acho que se gosta mesmo dele, deveria conquistá-
lo seriamente. Não há com o que se preocupar. Falando nisso, tem uma foto
dele? Quero ver-"
"Para onde vai sair com o Mai?", antes que a conversa consiga me
queimar, me apresso para falar. King ri leve, como se pudesse ler a minha
mente. Não pude evitar ser grosseiro enquanto conversavam sobre aquele
assunto.
Já lembrei ao King várias vezes que não podemos ser descobertos pelos
outros, mas ele sempre gosta de se comportar como se quisesse levantar
suspeitas. Se a pessoa que está sentada aqui não fosse o Jade, já teria
suspeitado há muito tempo. Realmente quero lhe dar um tapa forte!
"Quero ir à Phuket, mas o hotel está cheio!"
Felizmente, Jade não percebeu qualquer anormalidade e respondeu minha
pergunta num tom normal.
"Mas, na verdade, quero ir à Lampang ainda mais! Gosto muito de lá.
Definitivamente convidarei Mai para ir comigo na próxima vez. Sou
obcecado por aquele lugar desde que fui visitar sua tia com você no
primeiro ano."
"Bem, também quero ir."
Quando estávamos na faculdade, Jade, eu, e mais dois ou três amigos do
mesmo departamento usávamos um trem para viajar até Lampang no fim do
semestre, e parávamos para visitar a minha tia, que tem um restaurante lá.
Ela é parente da minha mãe. De fato, minha mãe é de Lampang. Ela
mudou-se para Bangkok com o meu pai após se casar. Há alguns anos,
minha mãe teve uma grande briga com a minha tia. Não sei o que
aconteceu. A minha mãe ficou de bico fechado e não revelou nenhum
detalhe, e desde então a minha tia trocou de número de telefone e perdemos
o contato.
Quero visitar a minha tia, mas não tenho certeza se ela ainda me
receberá.
"Pessoal, ainda há pessoas esperando."
King aponta com a cabeça e vejo que há muitos funcionários que ainda
não comeram, e esperam do lado de fora por uma mesa vazia. Jade
apressadamente enfia o último pedaço de frango na boca. Saímos para
pagar a conta e limparem a mesa.
"Vou comprar bubble tea", diz Jade antes de ir andando até a loja não
muito longe de nós.
Olho à toa os veículos passando em alta velocidade na rua e reviro os
olhos ao pensar no trabalho que enfrentarei quando voltar.
Nunca tive que trabalhar tão duro antes.
"Se quiser ficar depois do horário no departamento, me avise. Ficarei
com você", a voz grossa soa suave e a minha irritação parece aliviar.
Olho o rosto do King. Seu olhar parece muito sério.
"Me preocupo por causa dele. Se ele lhe chamar em sua sala de novo,
lembre-se de levar Jade com você o máximo possível."
"Vou tentar", sussurro. Assim que recebo a preocupação e cuidado do
King, meu coração fica tão nervoso que esquece seu ritmo.
King dá um passo para mais perto de mim, inclina-se ao meu ouvido e
sussurra "Vá ao meu apartamento esta noite."
"Sim". Quando vejo Jade retornar em nossa direção, rapidamente ajusto a
minha expressão.
"Uea, não vai comprar algo para comer na empresa? Comeu muito
pouco", diz Jade.
"Ainda há um pouco de pão sobrando na sala."
"Está bem. Ninguém tem mais nada a comprar, certo?"
"Vamos voltar", digo.
Jade me entrega o bubble tea e me deixa tomar um gole, enquanto seu
outro braço fica ao redor da minha nuca e andamos em direção ao prédio.
No caminho de volta à empresa, secretamente observo a silhueta grande
do King, que está na minha frente. Admiro sua imagem deslumbrante,
generosa e forte. Cada vez que me aproximo do King, posso encontrar paz
em meu coração, porque sei que posso confiar nele com paz de espírito e
receber sua proteção cuidadosa e carinho. Não posso evitar olhar para baixo
ao pensar nisso. Por trás do sorriso em meu rosto, há uma tristeza
incontrolável.
Embora seja lindo, sei que, no fim das contas, essa pessoa não é minha.
***
A partir de agora o capítulo se passa no ponto de vista do King.
"N'Uea."
A pessoa que acaba de entrar no departamento chama Uea com uma voz
baixa. Viro a minha cabeça e sigo o som enquanto modifico o código da
página web. Não consigo evitar apertar forte o mouse. As veias no dorso da
minha mão saltam quando vejo o novo gerente. A silhueta alta está olhando
diretamente Uea de cima a baixo com uma expressão nojenta. Uea está
sentado com suas costas viradas para mim, então não posso ver sua
expressão neste momento, mas acho que o seu humor não está muito
melhor do que o meu.
A proximidade entre eles faz o meu bom humor desaparecer
instantaneamente e sinto uma ânsia de correr e socar a cara do gerente.
Desde o primeiro dia em que ele entrou no departamento, senti que ele era
atraente, mas o problema é que Khun Grit é o meu supervisor imediato. Se
eu tomar uma atitude impensada, Uea será o prejudicado no fim das contas.
Tenho que fingir simpatia e deixar de lado a minha insatisfação na frente do
novo gerente.
Mas se ele continuar me irritando, não sei até que dia vou suportar.
Felizmente, Jade também percebe a situação. Ele imediatamente finge
que tem um assunto de trabalho para perguntar ao novo gerente, que teve
que ir até Jade. Respiro fundo e engulo a insatisfação para continuar
trabalhando, mas ainda não consigo me livrar da irritação que sinto por
dentro.
A relação entre Uea e eu já é o bastante para causar dores de cabeça e
ainda há desgraçados que perseguem. Assim que vi seus olhos, percebi que
ele estava cobiçando Uea. Só de pensar nisso, quero esmurrar seus
pensamentos sujos para fora de sua cabeça. Uea obviamente não ousa
recusar e eu não posso dizer nada. Afinal, somos apenas amigos com
benefícios.
Eu curtia essa relação irrestrita antes, mas agora só posso dizer que
odeio!
"Quer ir para casa?", Jade pergunta em voz alta quando o relógio marca
17h30.
Após ouvir a resposta suave do Uea, há o som do computador sendo
desligado e eu também desligo o meu. Agora estou ainda mais preocupado
com ele ficando sozinho no escritório. Devo me certificar que aquele cara
não vai encontrar uma chance para assediar Uea.
"Dirijam com cuidado, pessoal, vejo vocês amanhã."
Jade nos dá um aceno de adeus e desce o prédio, atravessando para o
outro lado para pegar o trem, enquanto Uea e eu vamos até o
estacionamento.
Acelero os meus passos e ando até ele, perguntando "O que quer comer
hoje?".
"Vai comprar e comer no apartamento?", pergunta num tom de voz
cansado.
"Bem, vou comprar no mercado próximo ao apartamento."
Sinto dó ao ver seu rosto cansado. O trabalho do design gráfico tem sido
muito pesado recentemente, porque basicamente só restam dois designers
trabalhando. A existência de pessoas como sanguessugas só vai drenar a
empresa um dia, mas eu não ligo. De qualquer forma, a empresa não é
minha. Se ela falir, terei que encontrar um novo emprego para continuar
trabalhando.
O trânsito pelo caminho está congestionado. Leva mais de uma hora para
Uea e eu chegarmos ao mercado noturno próximo ao meu apartamento.
Quando saímos do carro, nos dividimos para comprar o jantar. Eu compro
arroz com joelho de porco e Uea vai até a loja de sopa de barriga de peixe,
mas quando ele volta, fico surpreso e ergo minhas sobrancelhas ao vê-lo
segurando uma sacola com cervejas geladas.
"Quer ficar bêbado hoje?"
"Não vou ficar bêbado, só quero beber", diz calmamente e anda à minha
frente.
Observo o dorso apático dele e apressadamente pego o ritmo dos seus
passos, seguindo-lhe até o estacionamento.
Assim que chegamos ao apartamento, quietamente comemos o jantar que
compramos e silenciosamente tomamos a cerveja gelada com cubos de
gelo. Uea não inicia uma conversa. Hoje ele está mais introspectivo e não é
difícil entender o motivo. Ele deve estar irritado com o aumento da carga de
trabalho e a pressão do Khun Grit.
"Acha que está na hora de eu encontrar um novo emprego?", pergunta-
me de repente e hesitando.
Ergo meu olhar do jantar à minha frente e olho para a pessoa que está
sentada oposta a mim, claramente vendo que seus lindos olhos estão cheios
de preocupação.
"Não consegue aguentar?"
"Não, só estou me sentindo um pouco cansado", olha pela janela, então
pega a cerveja e bebe. Por causa da influência do álcool, um rosado aparece
em suas bochechas. Essa aparência me lembra do primeiro dia, quando lhe
vi no bar. De repente sorrio um pouco.
Como sempre, ele foi arrogante como um gato, que não permite a
aproximação de outras pessoas. Seus olhos exalavam charme sedutor,
atraindo a atenção de todos. A única mudança seriam os meus sentimentos,
que crescem a cada dia. Desde o início, senti que ele se encaixava no meu
gosto e fiquei interessado, mas agora tornou-se um fascínio incurável. Da
mesma forma, no início era apenas desejo sexual, mas agora tornou-se
amor.
Já faz muito tempo desde que gostei tanto de alguém.
"Demita-se se estiver cansado. Arranhe-o muito antes de ir embora.
Lembre-se de me chamar para ajudar. Eu o odeio também", ergo minhas
sobrancelhas para Uea e ele curva sua boca num sorriso ao ouvir.
"Então você será chutado para fora da empresa."
"Não me importo!", respondo com indiferença.
Uea ri de leve, pega a cerveja com uma das mãos e toma um grande gole.
O clima deprimido entre nós gradualmente diminui.
"Você está bem hoje? Se estiver se sentindo cansado, não tem problema
se não fizer. Vá dormir", digo olhando as costas do Uea. Meu parceiro de
cama está andando em direção à cozinha com os pratos.
"Está tudo bem."
"Tem certeza?"
"Sim."
"Então não vamos para a cama tarde hoje", sigo-o até a cozinha, dando
um abraço por trás e maldosamente puxando a bainha de sua camisa para
fora de sua calça. Alcanço o cós de sua calça, passando a minha mão por
dentro e massageio seu membro. Sua pele é delicada. Sou forçado a recuar
quando Uea atinge a parte de baixo do meu abdômen com o cotovelo sem
misericórdia.
"Vá tomar banho", ele se vira e me encara.
"Sim, sim", sorrio e vou tomar banho como ele ordena. Meu parceiro de
cama não gosta de odor. Se eu não tomar banho após trabalhar o dia todo e
fizer sexo, ele se sentirá desconfortável.
Não há outra escolha senão obedecê-lo, mas se desta forma eu puder
comê-lo, vale a pena.
A água do banho fluiu em meu corpo. Enquanto seco meu cabelo, meus
pensamentos derivam à pessoa sentada na sala de estar. Temos tido esta
relação de amizade com benefícios por meio ano. Agora planejo dar um
passo adiante. Gosto muito dele. Eu o amo tanto que não quero deixá-lo ir e
ter a chance de encontrar outra pessoa, mas o problema é... Uea pode não
ter a mesma ideia que eu.
Nos últimos meses, muitas coisas mudaram. Na minha opinião, Uea deve
sentir o mesmo que eu. Pelo menos agora ele está disposto a me deixar
abraçá-lo para dormir. No passado, ele recusava imediatamente e, às vezes,
me evitava. Às vezes ele cora e fica tímido quando o provoco
intencionalmente, mas quando conversamos na saída de emergência, ele
categoricamente pensava que um homem sem ética não muda, o que me fez
ficar longe. Não ouso importuná-lo. Preocupo-me que tenha o efeito
contrário. Uea pode fechar ainda mais a porta do seu coração.
Por mais que eu queira deixar esta relação de amigos com benefícios e
conquistar Uea, infelizmente, Khun Grit tornou-se repentinamente um
grande obstáculo. E eu irei num encontro às cegas em breve. É impossível
que eu não vá. Se eu não for, envergonharei o parceiro de negócios da
minha família. Preocupo-me em ser um problema à família.
Droga!
"Uea, pode ir tomar banho", após tomar banho, enrolo uma toalha ao
redor do meu quadril, saio do banheiro e chamo pelo homem, que ainda está
bebendo cerveja, para tomar banho. Ele me olha com olhar vago, coloca a
cerveja na mesa de centro e levanta-se preguiçoso do sofá. Sua postura me
lembra a de um gato persa branco-neve balançando o pelo de sua grande
cauda, que graciosamente se aproxima.
Gato?
Acordo para a realidade de repente, vou ao quarto e entrego uma sacola
de papel ao Uea, enquanto ele, usando roupão, abre o armário e prepara-se
para tomar um banho.
"O quê?", ele pega a sacola da minha mão. Quando Uea vê o que tem
dentro, fica chocado.
Não é nada surpreendente, porque contém todos os brinquedos para
diversão sexual, incluindo faixas com orelhinhas de gato, cauda branca de
gato e coleira de couro embaixo. Este saco de papel tem estado no meu
quarto desde a semana passada. Acabei vendo essas coisinhas num site
estrangeiro e decidi comprar. A qualidade das coisas que comprei é
absolutamente excelente e garanto que não machucará Uea quando usar.
Comprei com muito dinheiro.
"Use pra mim", enquanto falo, observo cuidadosamente sua expressão.
Usualmente não usamos esse tipo de brinquedos quando fazemos sexo, mas
por eu ver muito Uea como um gato, realmente quero ter a oportunidade de
fazê-lo vestir-se como um gatinho safado. Fiquei tão excitado quando
fantasiei seu corpo branco usando uma cauda de gato e a faixa de
orelhinhas.
Uea ainda está parado no mesmo lugar como se estivesse petrificado,
encarando o conteúdo da sacola em transe. O olhar em seu rosto me deixa
um pouco incapaz de saber o que está pensando.
"Esta é a condição em que apostamos?"
"E se eu disser que não?", digo cuidadosamente.
De fato, no início quis usar como condição caso perdesse a aposta, para
forçá-lo a vestir-se como gato. Mas após pesar a severidade, embora eu
realmente queira que ele se vista como um gato, se não for voluntariamente,
não quero forçá-lo. Sexo coercitivo não deixará o parceiro de cama feliz.
Além do mais, quero usar esta aposta em situações mais importantes e devo
ser capaz de usá-la logo.
"Tudo bem se você achar que não é legal", digo vendo que ele continua
em silêncio. Já imaginava que Uea devolveria o saco de papel em seguida e
então me daria algumas broncas, mas realmente não esperava que ele fosse,
sem dizer uma palavra, virar-se e entrar no banheiro com o saco.
Ele aceitou tão fácil.
O som da porta fechando coloca os meus pensamentos de lado. Sento-me
na cama, pego o telefone para jogar algo para matar o tempo, enquanto
assobio de bom-humor, porque a imagem que tenho fantasiado está prestes
a aparecer na minha frente.
Click!
Depois de um tempo, a porta do banheiro é aberta. Saio da página do
jogo, erguendo o olhar para a pessoa que acaba de sair do banheiro.
Uea ainda está usando o roupão de banho, mas ele tem a faixa de orelhas
de gato em sua cabeça e uma coleira de couro com pingente de meia-lua em
seu pescoço. Foi o que escolhi especialmente para Uea. Acho que combina
bem com ele. Há um rosado em suas bochechas, não sei se é por causa da
influência do álcool ou porque está tímido pela sua aparência atual.
Ele fica de pé perto da cama, de costas para mim, lentamente despindo-se
do roupão, com as duas mãos, até que ele cai no chão. Engulo seco e o meu
coração acelera de excitação. Aperto os meus olhos e cuidadosamente
examino o corpo branco-neve à minha frente. Minha ereção aparece
instantaneamente quando escaneio a beleza que é o pênis do Uea.
Uma cauda branca e macia está inserida entre suas nádegas e, sob elas,
um par de pernas brancas como a neve. Curvo os cantos da minha boca ao
ver a beleza na minha frente. Uea vira-se para olhar para mim. Vendo-me
olhá-lo fixamente, inclina seu pescoço e sorri.
Caralho... tão sexy!
"Gosta disto?", vendo meus lábios secos, Uea não conteve me provocar
com uma leve risada. Estico meus braços para envolver o seu corpo.
Aproximo a ponta do meu nariz com uma expressão contente, e sinto o
cheiro leve de uma fragrância de banho em seu corpo.
"Bem, você está fica muito bonito quando veste", enterro meu rosto em
sua pele levemente mais fria devido ao banho, e dou um bom beijo em sua
bunda redondinha, arrancando um doce gemido de seus lábios.
Transbordando de desejo, mordo levemente um dos lados da sua bunda.
Uea vira seu rosto e dá uma olhada, então senta-se no meu colo e estica seu
braço por cima dos meus ombros, atrás do meu pescoço.
"Você e seu garoto são muito impacientes", provoca e, ao mesmo tempo,
esfrego minhas nádegas contra a minha toalha de banho para dar mais
espaço ao meu "garoto", que ainda está preso pela toalha.
"Você é tão tentador. Eu só poderia estar morto se não reagisse assim",
levanto Uea e removo minha toalha de banho com uma mão. Uea, que está
sentado em meu colo, olha fixamente para o meu membro que agora está
livre e logo fica de pé para cumprimentá-lo.
Ver o sorriso no rosto do Uea me deixa sem fôlego. Talvez por ter bebido
cerveja, Uea pareça mais sexy e atraente do que nunca. Ele está tão lindo
que está me sufocando. Achei que já fosse obcecado por ele, mas após vê-lo
tão sexy, sei que estou mais fascinado por ele.
Uea agarra a cauda branca de gato com sua mãozinha e passa em meu
pau provocativamente. O toque suave dá um estímulo enorme. A parte
inferior da minha barriga aperta e Uea vê a minha impaciência em seus
olhos, que brilham como se estivessem vendo algo interessante.
"Diga oi ao meu garoto", digo impacientemente. Ele está obediente como
um gatinho branco domado hoje e ajoelha-se na minha frente como eu
queria. A ponta macia da sua língua lambe a extenção do meu membro
levemente e eu ranjo os meus dentes para resistir ao prazer que sobe dos
meus pés à cabeça. Ele lambe cuidadosamente da base até o topo como se
estivesse saboreando uma comida deliciosa.
"Ah...", suspiro involuntariamente, minha boca quente engole meus
desejos, enquanto a ponta macia da língua brinca com minha ereção, que
ele chupa intermitentemente até eu perder o fôlego devido ao prazer. Não
pude evitar esticar minhas mãos e pressionar sua cabeça para baixo, então
ergui meu quadril, estocando mais profundamente em sua garganta.
Uea fica sufocado e protesta chiando com sua garganta, me observando
com um lindo par de olhos zangados.
Ah, parece que meu gatinho não gostou.
"Venha aqui", digo dando uma tapinha em minha coxa e o gatinho tira
minha ereção para fora de sua boca. Levanta-se e senta-se em minha coxa,
as sobrancelhas franzidas em seu rosto parecem me dizer que ficou
insatisfeito.
"Sinto muito, fui desleixado."
Beijo seus lábios gentilmente e traço uma trilha de beijos, respeitosos e
delicados, até os seus ombros. Nunca tentei acalmar outras pessoas tão
cuidadosamente, mas Uea é uma exceção.
"Não faça isso de novo."
"Eu sei", rapidamente concordo e beijos seus lábios de novo. Uea
responde o meu beijo e as nossas línguas se entrelaçam. Dá para sentir o
cheiro do álcool pelo nariz do Uea e eu tomo todo o fluído corporal em sua
boca enquanto a minha língua passeia por ela, até que os cantos de sua boca
derramem o líquido incolor. Sinto alguém apertando os meus ombros.
Sabendo que Uea está perdendo o fôlego, afasto-me um pouco e chamo,
novamente, o nome da pessoa que está sentada em meu colo.
"Uea."
"O que... O que houve?"
"Sabe? Sou alguns meses mais velho do que você", a ponta do meu nariz
toca o seu pescoço e as minhas mãos esfregam a bunda redondinha. Nasci
no mesmo ano que ele, mas em maio e Uea em outubro. Temos 5 meses de
diferença. O meu aniversário já passou, o que significa que tenho 28 anos,
um ano a mais do que ele.
"E daí?"
"Significa que você é mais novo do que eu. Me chame de P'King e eu
serei seu daddy", assim que digo, Uea ergue suas sobrancelhas e pressiona
um par de mãos pequenas em meu peito, gentilmente masturbando minha
ereção, enquanto sorri e diz
"Por que... P'King quer ser daddy do Uea?".
Ah, porra! O poder de ataque dele é muito forte.
"Bem, posso ouvir a sua voz~~", imploro baixinho. Se Jade, que me
conhece desde a infância, estivesse aqui e ouvisse isso, ficaria chocado.
Nunca implorei algo em tom fofo a alguém. Meus parceiros anteriores
nunca viram isso.
"Quer mesmo?", o homem que está prestes a me enlouquecer pergunta
com um sorriso desafiador.
Baixo os meus olhos e vejo o que havia sido escondido debaixo da cama.
"Ah-"
"Acho que você deveria me obedecer."
Entrego o controle remoto da cauda de gato para ele. Devido à excitação,
Uea começa a esfregar minha coxa com sua bunda e lambe os lábios. A
ponta da cauda de gato está conectada a um vibrador. Com a força da
vibração, Uea remove e insere de novo, e solta um gemido doce enquanto
treme de prazer.
"Ah... hm... hm...", a pessoa sentada em meu colo começa a gemer
freneticamente. Ao mesmo tempo, chupo e brinco com os seus mamilos
sensíveis. Mesmo que ele seja uma pessoa fria, o desejo força Uea a beijar
os meus lábios loucamente e eu gananciosamente chupo a ponta de sua
língua, amando a pessoa à minha frente com alegria. Uea encara vagamente
e curte o estímulo levado a ele em todos os aspectos, seus dedos agarrando
as minhas costas e a outra mão pressionando a minha nuca, levando a
minha cabeça contra seu peito.
Porra, que sexy! Estou disposto a morrer em seus braços.
Removo meus lábios do seu peito avermelhado e, ao mesmo tempo,
seguro sua ereção com a palma da minha mão e o masturbo. Assim, os
pontos sensíveis de trás e da frente do corpo do Uea são estimulados
simultaneamente e o líquido pegajoso espirra em nosso abdômen, e o
gatinho arfa e enterra sua cabeça em meu ombro.
"Mais uma vez?", ligo o vibrador de novo e vejo Uea tremer, antes de
balançar a cabeça.
"Hm... não."
"Hm?"
"Não mais", sua recusa me deixa um pouco preocupado que ele tenha se
machucado, mas o que ele diz a seguir me faz ranger os dentes.
"Não use esta coisa, P'King. Quero o pau do P'King dentro do corpo do
Uea..."
Falando com vergonha, voz trêmula, olhos marejados... Aperto sua bunda
como se não pudesse mais suportar. Ele cobiça cada vez mais e sabe que
não aguento mais. Está fazendo de propósito. Ele está me tentando fazer
perder o controle.
Danadinho,
Alcanço um pacote de camisinhas ultrafinas, abro o pacote e a desenrolo
em meu membro. Ergo o quadril do Uea, tiro o vibrador de gato de dentro
dele e toco sua entrada com meus dedos, acariciando com movimentos
circulares. Sorrio após aplicar o lubrificante.
Seguro meu pau contra sua entrada e lentamente empurro para dentro. A
familiaridade quente e molhada me rodeia e seu ânus suga meu pau
vigorosamente. Estou tão excitado que não contenho um gemido alto
enquanto ele se senta em meu colo. Enquanto gemo, o gatinho branco sobe
e desce por conta própria. Ele me deita na cama. O ornamento prata da
coleira de couro balança na minha frente, seguindo os movimentos de quem
a usa, refletindo seu brilho no quarto.
Gosto muito do Uea se sentando em mim, só deitar e admirar sua linda
expressão é muito bom e me deixa feliz.
Estico minha mão para apoiar sua bunda, aproveitando o prazer fatal,
esfregando seus mamilos com os meus dedos. A pessoa sentada em mim
balança sua bunda forte. A temperatura do quarto é obviamente fria, mas o
nosso corpo está suando e o som de corpos colidindo reverbera no quarto,
despertando meus desejos primitivos.
Deixo Uea agitar meu corpo vigorosamente com desejo e então, depois
de um tempo, recupero a dominância.
"Empina a bunda", seguro a cintura do outro e deixo-o ajoelhar-se na
cama. O homem que estava curtindo o prazer da luxúria obedientemente
ouve minhas instruções. Insiro minha ereção de novo de uma só vez.
"Aaah!"
Quando penetro meu pau, o gatinho sob mim fica tão excitado que
amassa os travesseiros. Retiro por inteiro e então insiro de uma só vez com
força. Levanto a bunda do Uea e me inclino para deixar um beijo nas costas
do Uea. Quanto mais profundo penetro, mais alto ele geme.
"Ah, você..."
"Me chame de P'King."
"P'... P'King... aqui... ah... hm... fode Uea... mais rápido..."
"Hmmm... aqui?"
"Ahhhhhhh!"
Ataco o ponto sensível em seu corpo. Uea continua a gemer e suspirar.
Sua bundinha redonda está sob minhas estocadas violentas.
Intencionalmente atinjo seu ponto sensível continuamente, aliviando o meu
desejo diante dos meus olhos.
Realmente gosto do momento do sexo com Uea. Sempre me traz alegria
infinita, não só física, mas Uea está mais disposto a remover a parede em
seu coração e deixar que eu me aproxime dele, mas isto não basta. Devo me
certificar que a pessoa na minha frente sempre vai ser só minha.
Eu realmente gosto muito dele!
"P... P'King... Ah!"
O corpo alvo se agita e logo o líquido branco e pegajoso é liberado de
novo. Suas costas se contraem devido ao orgasmo. Ranjo os meus dentes e
berro em minha garganta. Quase gozei. Rapidamente retiro de dentro do
Uea, removo a camisinha e começo a masturbar meu membro com rapidez,
até que o líquido sai.
Atiro o sêmen entre as nádegas do Uea. Sua entrada rosada está coberta
por sêmen. Essa imagem é muito erótica. Quero tirar uma foto e guardar,
mas se eu realmente fizer isso, o gatinho ajoelhado e ofegante sob mim, vai
definitivamente se levantar e gritar comigo.
"Por que tirou a camisinha? Estou todo sujo! Veja!", em um segundo, ele
começa a reclamar.
"Se ficar sujo, é só limpar. Eu não reclamei por você sujar tudo", encaro
seu sêmen na coberta e Uea imediatamente fica tímido com as orelhas
vermelhas, e eu sorrio pelo canto da minha boca. Dou uma tapinha na
bunda redondinha do Uea e pego um lenço para limpar o sêmen.
Uea se senta e tira a faixa de gatinho e a coleira de couro. Eu só me deito
na cama e puxo o pequeno para o meu abraço.
"Quero ouvir você me chamar de P'King de novo", sussurro e coloco a
ponta do meu nariz em seu cabelo macio.
"Não vou...", diz com voz suave e sonolenta.
Observo seu rosto sonhando e os olhos lindos estavam prestes a fechar
com fadiga.
"Uea."
"O quê?"
"Quer sair comigo para o feriadão? Pode ser perto de Bangkok, só a praia
Bang Saen na Província Chonburi", convido-lhe, mas depois de um tempo
ainda não ouço sua pergunta. Parece que ele adormeceu.
Talvez eu o convide novamente amanhã.
"Hm... Onde? Vamos...", quando eu estou prestes a levantar para desligar
a luz, uma suave voz soa. Não contenho um sorriso ao ver sua aparência
fofa. Após um tempo, me levanto lentamente e saio da cama e desligo todas
as luzes. Apenas uma luzinha ao lado da cama continua ligada.
Quando chegará a próxima semana? Estou muito ansioso!
***
A partir de agora a história segue no ponto de vista do Uea.
Abro os meus olhos sob o som do alarme e há uma explosão de dor em
minha bunda e costas. Fui abraçado por seus braços fortes e dormi a noite
toda. Fico quieto ouvindo a respiração da pessoa ao meu lado, e suspiro
após um tempo.
Embora eu realmente não queira me levantar, ainda tenho que ir ao
trabalho.
Gentilmente deixo o abraço do King, saio da cama e me preparo para
tomar banho. Fico vermelho ao ver o roupão de banho, a toalha e os
brinquedos sexuais espalhados pelo chão.
A imagem do sexo ardente de ontem à noite inundam a minha mente. Fui
sem-vergonha em usar orelhinhas de gato, uma cauda e chamá-lo de P'King.
Primeiramente, porque bebi várias garrafas de cerveja; segundamente,
tenho que admitir que estava disposto a vestir-me de gato porque sabia que
King queria ver. Quando vi a expressão expectante em seu rosto, decidi
obedecê-lo.
Sei que sou obstinado às vezes, mas King suporta meu temperamento
calmamente. Decido tomar o que aconteceu ontem como uma recompensa
por seu cuidado comigo, mas não planejo dizê-lo diretamente, porque se
souber, vai tirar sarro de mim por anos.
Rapidamente tomo um banho e então vou acordar o dono do quarto. Leva
um grande esforço para puxar King para fora da cama, e então levá-lo ao
banheiro para tomar banho. Enquanto espero King se organizar, de repente
lembro da conversa de ontem à noite. Quando eu estava quase dormindo,
meio dormindo meio acordado, parece que ouvi King me convidar para
viajar durante o feriadão. E eu pareço ter concordado.
Já faz muito tempo desde que saí para passear com alguém, então espero
ansioso pela chegada da folga longa da semana que vem. Mesmo que seja
impróprio, acho que, se eu puder viajar com King, pelo menos posso ter
boas lembranças para guardar antes que a nossa relação acabe.
Não deve ser estranho... Bons amigos também podem sair juntos!
King me perguntou para onde quero ir e, no fim, escolhi Chonburi
próximo à Bangkok. Embora haja muito trabalho na próxima semana, ainda
estou cheio de força de vontade, porque estou ansioso pelos dias da viagem
e não suporto as horas de trabalho. Olhando o calendário, conto quantos
dias de trabalho ainda faltam e fico orando para que os dias de folga
cheguem logo.
É uma pena que estou esperando o que as pessoas não querem.
"Uea."
Na sexta-feira à tarde após o longo feriado, King de repente me envia
uma mensagem de texto e me chama ao banheiro, dizendo que há algo que
quer conversar comigo. Quando entro no banheiro e vejo seu rosto sério, ele
me diz que nossa viagem à Chonburi deve ser cancelada. Um imprevisto.
"Sinto muito, desta vez não posso ir à viagem. A minha mãe me mandou
ir para casa e disse que me arranjou um encontro às cegas."
Sim... minha intuição sempre esteve certa...
"Tudo bem", respondo.
King me olha envergonhado e eu aconselho a mim mesmo para não me
importar, e volto ao meu assento. Meu coração está cheio de uma sensação
de vazio.
Não sou um boneco. Também tenho emoções. Depois da expectativa
feliz, só resta uma sensação de perda. Sei que King não tem escolha e não
quero que ele tenha conflito com seus pais, mas para ser honesto, ainda me
sinto um pouco enganado, mas não tenho o direito de pensar assim.
O departamento está cheio de som de cliques de mouse e teclados.
Encaro o calendário na mesa de novo. Depois de retrair meus olhos, olho de
novo a tela do computador e suspiro com cansaço...
Parece que passarei o feriado sozinho de novo, não há nada pelo que vale
a pena esperar.
Capítulo 18: Despertar
O feriadão passou pacificamente. Fiquei neste apartamento quadrado
limpando, cozinhando, me exercitando e tentando ao máximo encontrar
coisas para me forçar a relaxar, mas infelizmente ainda fiquei cheio de
distrações pensando nas coisas do King.
Ele me ligou no domingo à noite após o encontro às cegas, mas não disse
nada. Só me convidou para passear ou ir ao cinema no dia seguinte pelo
telefone. Acho que ele queria fazer as pazes comigo, mas achei uma
desculpa dizendo que estou muito cansado e queria descansar sozinho no
apartamento.
Na verdade, eu não menti para ele. Afinal, estou mesmo cansado agora.
Encarando o drama estrangeiro popular sendo exibido no notebook, não
contenho um suspiro. Só liguei o notebook e o deixei de lado, deixando
reproduzir por várias horas. Não consigo concentrar a minha cabeça no
programa e cedo aos meus pensamentos. A culpa é minha. Eu não deveria
ter tido expectativas extravagantes desde o início. Não tenho o direito de me
sentir injustiçado e nem de interferir em sua vida.
Na verdade, não tenho direitos desde o início.
O nome "amigos com benefícios" já diz tudo, somos apenas parceiros de
cama. King pode fazer o que quiser, com quem quiser, e é o mesmo para
mim. É algo que está dentro do acordo desde o início, e foi eu que pedi. Só
me sinto desconfortável pelo King procurar outra pessoa e a coisa mais
ridícula é que passei tanto tempo fazendo regras para me proteger, mas no
fim acabei ferido por elas.
O céu escuro no lado de fora está misturado a terríveis nuvens de chuva
carmesim. As luzes do edifício oposto são desligadas uma após a outra
enquanto a hora fica mais tarde. Olho para o relógio do notebook. São
quase meia-noite, então desligo o computador. Após ligar a luz da mesa de
cabeceira, vou desligar a luz do cômodo. Escaneio o meu quarto na luz
fraca.
Meu apartamento tem 36m² e só um quarto pequeno. Mas de alguma
forma, o quarto hoje parece mais vazio do que o normal. Não sei se é
porque estou deprimido, ou se é porque não tem alguém nele.
Encolho-me no meu lado da cama, subindo a coberta. Neste momento, a
cama parece mais espaçosa do que de costume sem a pessoa alta dormindo
ao meu lado; sem a pessoa que poderia me relaxar, implorando por um
abraço, fico lembrando a mim mesmo que devo ir ao trabalho amanhã.
Tenho que fechar os meus olhos para dormir, mas por causa da minha
confusão de sentimentos, fico rolando na cama.
Parece que devo me decidir para não enlouquecer.
***
"P'Uea! P'Uea!"
"Hm?"
Meu ombro é balançado violentamente. Neste momento, estou na fila
para comprar café na cafeteria embaixo do prédio. Viro-me em surpresa e
vejo que um programador júnior está de pé atrás de mim usando camiseta
branca por dentro de uma camisa xadrez. A parte inferior do seu corpo está
vestida com jeans casual. Seu cabelo está um pouco bagunçado, talvez
porque ele venha trabalhar de moto. Nossa empresa não tem requerimentos
específicos para vestimenta, então nos últimos 3 anos, nunca vi Gun vestir
camisa e calça para vir ao trabalho.
"Olá, P'Uea!", após Gun erguer suas mãos para me cumprimentar, ele
encara meu rosto hesitantemente, "Depois de um longo feriadão, por que
ainda voltou com olhar de desleixo? Está com sono, P'Uea?".
"Meio que isso", respondo brevemente. Embora esteja no mesmo
departamento que ele, tive poucas oportunidades para conversar com ele
sozinho. Mesmo que eu não seja bom em falar, não me sinto envergonhado,
porque ele sempre fala primeiro e esta vez não é exceção.
"Estou muito triste por ter que vir trabalhar após tirar folga. Para onde
você foi no feriadão?"
"Não fui a lugar nenhum, só dormi em casa."
"Assim como eu! Não estou no clima de sair para curtir, acabei de levar
um pé na bunda de novo. É a terceira vez este ano, P'Uea, acha que sou tão
ruim assim?", o júnior franze o cenho e me olha. Aos meus olhos, Gun não
é nada feio. Ele tem uma personalidade engraçada e descontraída, mas
sempre o ouço reclamar sobre ser chutado. Às vezes acho que o azar no
amor do Gun é igual ao meu.
"Você só não encontrou a pessoa certa ainda."
"Também me conforto dizendo isso, mas estou muito triste! Quando vou
encontrar?", Gun continua irritado e quietamente o escuto desabafar sua
insatisfação até chegar a nossa vez na fila. Gun e eu vamos ao elevador
após comprarmos o café, mas quando estou prestes chegar nele, sinto uma
vontade enorme de dar meia-volta e retornar à cafeteria.
"Ah, olá, P'Grit!", diz Gun.
"Bom dia, Gun! Bom dia, N'Uea!", Khun Grit, que usa um terno cinza,
vira-se e sorri para nós. Ele mantém seus olhos fixos em meu rosto e não
parece querer desviá-los. Ergo minhas mãos para cumprimentá-lo, e ele se
aproxima. Automaticamente, dou um passo para trás e, inconscientemente,
quero esconder-me atrás do corpo alto do Gun.
Por que tenho tanta má sorte logo cedo?
"Ei! Nosso gerente vem trabalhar cedo todos os dias! Onde foi aproveitar
o feriado, P'Grit?", N'Gun convida Khun Grit entusiasticamente para
conversar, completamente inconsciente da minha expressão facial bem ao
seu lado. Não é estranho que N'Gun não saiba que tenho ressentimentos
contra Khun Grit, já que finjo não haver quaisquer problemas na frente de
outros colegas. Apenas Jade e King sabem o que acontece.
"Só em Bangkok. Aconteceu de um amigo voltar dos Estados Unidos e
saímos para nos divertirmos juntos. E vocês dois?"
"Não há lugar especial aonde ir, P'Uea e eu apenas ficamos em casa
sozinhos."
"Não é nada mau ter um bom descanso", Khun Grit ri um pouco e então
vira seu olhar para mim. Ele sempre sorri gentilmente para mim, mas a
artimanha em seus olhos me faz sentir calafrios instantaneamente.
"Falando nisso, onde moram? Vejo vocês chegarem na empresa cedo
todos os dias."
"Ah, eu chegar cedo ou tarde no trabalho depende do engarrafamento no
dia. Moro em Phatthanakan e P'Uea... bem, esqueci. Onde mora P'Uea?",
Gun vira e olha para mim com uma expressão de vergonha. Não quero dizer
para ele onde moro, honestamente. Primeiramente, tenho uma pulga atrás
da orelha com o Khun Grit e, segundamente, sinto que estou tendo minha
privacidade invadida.
Mas parece ser rude não responder ao ser perguntado e Gun pode acabar
percebendo o que acontece.
"Eu... moro em..."
"Mora perto da minha casa", uma voz grossa soa repentinamente por trás.
O dono da voz descansa seu braço forte por cima dos meus ombros,
parecendo muito íntimo, com uma fragrância de menta familiar. Minhas
emoções se acalmam lentamente.
Mas, ao mesmo tempo, minha cabeça dói e meu coração aperta...
Ergo meu olhar para King, que sorri para Khun Grit. Por fora, parece ser
uma conversa diária entre um chefe e um subordinado, mas o braço ao meu
redor aperta enquanto King fala.
"Às vezes vamos para casa juntos, para pouparmos dinheiro com
gasolina."
"Ei, sério? Já estão próximos assim?", os olhos do Gun arregalam em
choque.
"Somos próximos há muito tempo, mas você não sabia."
King ergue suas sobrancelhas para o júnior antes de retornar seu olhar à
pessoa de maior posição. Khun Grit ainda tem um sorriso em seu rosto, mas
acho que ele deve estar ciente, porque seu olhar para o King não parece tão
amigável quanto antes.
Fico parado quietamente ao lado, preocupado que eu prejudique o King.
Embora King seja favorecido pelo chefe por sua forte capacidade no
trabalho, caso ele tenha um conflito com o sobrinho do chefe, não sei se ele
será capaz de ser justo.
Felizmente, o elevador chega em tempo e a conversa entre eles chega a
um fim abrupto. Tomamos o elevador para o 15º andar. Após escanear o
crachá, Khun Grit vai à sala da gerência no outro lado. Enquanto King, Gun
e eu vamos ao departamento de TI.
Após sentar-me, habitualmente olho de relance o assento ao meu lado. A
cadeira está vazia, porque o dono dela ainda está se divertindo em Phuket e
não voltou. Sem Jade, o clima ao redor fica ainda mais silencioso.
"Ah! Soube que foi num encontro às cegas recentemente."
Enquanto estou ligando o computador, Gun inesperadamente faz a
pergunta mais relutante. Finjo estar ocupado lidando com negócios em
minha mesa e ignorando a conversa entre os dois atrás de mim, mas ainda
não consigo impedir que ela chegue em meus ouvidos.
"Como soube?"
"Há alguns dias, pedi que P'Jade me comprasse molho de pimenta. Após
conversarmos por um tempo, P'Jade falou. Então é verdade? Ainda há
encontro às cegas hoje em dia?"
"Bem, a minha mãe arranjou para mim", embora seu tom seja monótono,
meu coração está tão agitado que não consigo respirar. Eu deveria estar feliz
em saber que o meu amigo pode ter uma vida estável e feliz, mas por que
não consigo?
Só agora percebo como sou egoísta.
"Uau! E aí, P'King? Gosta dela? É muito bonita, não é?"
"Ela é linda, mas não estou interessado."
"Heh, como seu júnior, acho que você é bonitão! Mas se escolher demais,
vai acabar virando um monge, P'King!", Gun não se segura e acaba
gargalhando após falar.
Pego minha garrafa de água e intencionalmente vou até o bebedouro no
fundo da sala. Não quero ouvir mais palavras, mas ao passar pela mesa dos
programadores, uma grossa voz diz "Eu não sou o que escolhe, estou
esperando ser escolhido."
"..."
"Só não sei se a pessoa está disposta a me escolher."
"Quem não te escolheria? P'King, rico e lindo- cof, cof, cof! Quero dizer,
você é tão bonito e bem-humorado. Recentemente, quando fomos ao bar,
pudemos beber como antes. Só nos divertindo um com o outro, sem engatar
uma relação com alguém. O que mais pode querer? É perfeito!"
"Está me encurralando e me dando bronca por me divertir demais? Seu
pestinha!"
"Caramba! Quase me dei mal! Aiiii, P'King!"
A voz do Gun sendo perseguido e implorando por misericórdia soa atrás
de mim. Enquanto ando ao fundo da sala, meu coração aperta dolorido
pelas palavras do King.
No momento em que estou pronto para me decidir, as palavras do King
me fazem pensar de novo. Talvez o que ele disse não tenha significado nada
especial, talvez ele estivesse falando sobre a garota do encontro às cegas ao
invés de mim, ou talvez ele realmente estivesse pensando em mim. Mas a
família do King definitivamente não concordaria com um relacionamento
entre ele e eu. Tendo arranjado um encontro às cegas para o seu filho, pode-
se ver claramente que sua família espera muito ter um herdeiro. Isso é algo
que com certeza não posso dar.
"Uea, a água está transbordando", a voz baixa do King soa de repente ao
meu lado. Fico surpreso e a garrafa de água quase cai da minha mão.
Felizmente, King estica sua mão a tempo de segurar a garrafa com força e
uma sensação quente vem do lugar onde nossas mãos se tocam, deixando
meu coração descontrolado de novo.
Não percebi quando ele chegou.
Rapidamente retraio a minha mão, vejo as poças de água no chão, suspiro
e ando até a despensa, na intenção de enxugar o chão eu mesmo.
"Está zangado comigo?", King me segue até a despensa e me pergunta de
repente.
Olho para ele e balanço a cabeça em negação.
Só me sinto injustiçado.
"Sinto muito, também não queria quebrar a promessa que fiz a você."
"Eu entendo", respondo brevemente. Realmente não estou zangado com
ele. Nem tenho o direito de estar. Tudo está dentro de como eu queria. King
não fez nada errado.
"Talvez encontremos outro dia livre. Posso na próxima semana. Sou
exclusivamente responsável por pagar desta vez para recompensar pela
quebra da minha promessa", diz King.
Não respondo, mas suspiro ao pensar que não há uma próxima chance.
Cheguei a querer algo que não pertence a mim, mas agora está na hora de
acordar do meu sonho e retornar ao mundo cruel da realidade.
"Posso ir lhe encontrar esta noite?", o tom de voz do King é leve, mas a
voz ainda ecoa na despensa apertada.
"É melhor não. Tenho estado um pouco cansado recentemente e não
estou no clima para transar", digo levemente.
"Só para dormir, sem fazermos nada."
"King", chamo seu nome e ergo meu olhar para ele. Seus olhos se tornam
profundos e solenes. Não ouso olhar em seus olhos diretamente. Antes de
continuar falando, respiro fundo.
"Jade não está aqui esta semana, devo ter muito trabalho e
definitivamente ficarei cansado, então quero descansar bem quando chegar
em casa. Eu... quero ficar sozinho, sinto muito."
Depois que termino de falar, a pequena despensa parece ter ficado mais
escura, o clima instantaneamente esfria e o olhar do King fica vazio. Neste
momento, não recebo nenhuma resposta dele, que apenas olha para o chão
com uma expressão complicada de decifrar. Antes que eu não possa mais
suportar a atmosfera deprimida da sala e me preparo para fugir daqui, a voz
grossa soa suavemente "Está bem".
"..."
"Sempre que quiser ficar depois do horário no departamento, me avise.
Ficarei com você quando precisar", o homem alto diz para mim e sai da
despensa sem olhar para trás, deixando-me sozinho nela. Observo suas
costas enquanto vai embora. Já a vi mais de cem vezes, mas nenhuma delas
pareceu tão atordoada e triste como desta vez.
O desenrolar das coisas deve ser assim e sair lentamente da vida do outro
é a escolha mais correta.
King merece ter sua própria vida e é o mesmo para mim. É muito comum
ter um ponto de virada na vida, porém é difícil me libertar quando quero
que ele volte aos trilhos da sua vida, mas mesmo assim, ainda é necessário.
Experiências passadas me ensinaram que ser persistente demais não é bom.
Não importa o quanto gosto do King, só acabará em dor. Tenho medo de
que, um dia, eu fique desapontado e não consiga seguir em frente.
Porque os meus sentimentos pelo King já superaram os sentimentos por
qualquer outra pessoa antes dele.
Se eu não desistir, serei o que mais estará machucado no fim. Pelo
menos, se eu escolher me afastar agora, um dia posso ser capaz de olhar
King nos olhos de novo e agradecê-lo por este período da minha vida em
que esteve ao meu lado. Não quero interromper o relacionamento com ele e
estou cansado. Não quero sofrer a mesma dor que já sofri de novo.
Lágrimas umedecem os cantos dos meus olhos e lentamente embaçam a
minha visão, até que começam a escorrer descontroladamente. Rapidamente
as enxugo com o dorso da minha mão e respiro fundo para me acalmar.
Embora eu tenha sempre desprezado minha própria fraqueza, devo admitir
que mais uma vez perdi para ela.
Por que tudo que acontece na minha vida é tão exaustivo?
Pelo resto da semana, havendo ou não pressões pessoais ou de trabalho,
vou concentrar-me no meu trabalho de todo coração. Minha carga de
trabalho tem crescido exponencialmente uma vez que Jade não está aqui e
P'Mongkon não tem qualquer intenção de ajudar. Khun Grit sempre
encontra formas de me aborrecer, seja me pedindo para mudar o meu
trabalho ou me chamando para um briefing por meia-hora. Obviamente,
esses briefings podem ser terminados em 5 minutos e o meu tempo de
trabalho é desperdiçado. Como resultado, tenho que ficar até tarde até 20h
ou 21h todos os dias, antes de conseguir ir para casa. A única coisa que
posso fazer é baixar minha cabeça em silêncio e testar minha paciência.
Khun Grit definitivamente ficará na empresa se eu estiver no escritório,
mas já que a empresa não é apenas nós dois, ele não consegue encontrar
uma oportunidade para me assediar. King realmente fica todos os dias até
tarde comigo como prometeu. Desde o incidente na despensa, conversamos
normalmente, mas ainda posso sentir o clima entre nós começando a mudar.
É como se um vidro invisível tivesse sido construído na frente dele e eu não
conseguisse enxergá-lo claramente. E, ao mesmo tempo, me separa dele.
Fico repetindo para mim mesmo que é a coisa certa, mas não consigo evitar
me sentir triste por dentro.
Estou começando a odiar o amor.
***
Na manhã de trabalho do primeiro dia útil da semana seguinte, deito-me
como morto sobre minha mesa. Na última semana, não houve ninguém
dormindo ao meu lado. Ninguém vem trabalhar comigo e as coisas ao meu
redor estão começando a ficar vazias. Talvez porque ainda não estou
acostumado. Contanto que eu tenha mais tempo, definitivamente tudo pode
voltar ao normal, como era antes de me tornar amigo com benefícios do
King.
Espero que tudo siga como desejo.
"Olá, pessoa. Jade está de volta - oh! Ainda não chegaram?", ouço o grito
animado do meu melhor amigo pela primeira vez e então o observo entrar
no departamento, mas quando Jade vê que a sala está quase vazia, fica
perplexo. Sempre há congestionamento na segunda-feira pela manhã. Não
há dúvida que pelo menos metade do departamento terá desconto no salário
por chegar atrasada.
"Por que chegou tão cedo?", pergunto ao amigo que está pronto para
colocar vários souvenirs em sua mesa.
"Mai me trouxe para a empresa. Felizmente, ele saiu de casa antes das 7h
hoje. Caso contrário, ficaria preso no meio da estrada. Uh... Teve muito
trabalho a fazer?"
"Um pouco", respondo taticamente. Não quero dizer a verdade ao Jade,
para que ele não fique triste. Basicamente, cuidei de todo o trabalho que
tinha acumulado antes e não é errado que Jade tire licença e descanse. A
culpa está em quem está indisposto a ajudar quem trabalha.
É uma pena que apenas os programadores tenham estagiário este ano. Se
também pudéssemos ter estagiários no design gráfico, pelo menos eu não
estaria tão cansado como estou agora.
"A viagem foi divertida? Vejo que Mai tem postado fotos no Instagram!"
"Bem, ele posta fotos na internet sem interrupção, o dia todo, a semana
toda. Estou preocupado que ele seja bloqueado por seus amigos! Mas a
praia é realmente linda e o hotel é agradável. O único problema é que lá o
sol é mortal. Pensei que estava quase derretendo", sua boca está
reclamando, mas os olhinhos curvados estão felizes. Observo e sorrio junto.
Sigo o Instagram do Mai e nunca ouvi Jade reclamar sobre um problema
com Mai. Também estou muito feliz em ver meu melhor amigo encontrando
a pessoa certa e sendo feliz.
"Ah, lembrancinha", Jade me entrega uma das grandes sacolas. Tiro o
conteúdo e descubro que é um pote de camarão seco ao molho de pimenta e
alguns petiscos locais.
"É muito? Pode me dar metade."
"Mesmo que eu dê metade, ainda é o bastante para distribuir aos outros.
Fique com tudo. Esse pote de molho de pimenta pode ser armazenado por
um mês e esses aperitivos podem ser comidos na empresa. Coma mais, Uea,
acho que tem perdido muito peso recentemente", Jade me olha de novo e
franze o cenho suavemente.
Sorrio para ele, me curvo e coloco a sacola na última gaveta.
Recentemente, realmente estou pesando um pouco menos. Talvez eu esteja
me preocupando com muitas coisas e tenha ficado um pouco
sobrecarregado.
Os outros colegas chegam ao departamento um após o outro. Sento-me e
assisto ao Jade entregar uma para cada um. Perto do início do turno, a voz
de alguém é ouvida.
"Finalmente voltou? Chupou seu marido até ficar seco, não foi? Já faz
uma semana!"
"Idiota, não precisa de molho de pimenta pra essa sua boca podre!"
"Ei! Levo bronca por tirar sarro de você, mas disse a verdade, por que
está com vergonha, Jade?"
"King, seu desgraçado-", Jade cora e retruca. Os outros colegas do
departamento riem. King parece estar de bom humor. Talvez seja por
conseguir provocar alguém cedo pela manhã, sua boca estava suportando
pacientemente. Ele não contém um sorriso tímido, mas quando seus olhos
acidentalmente encontram os meus, o sorriso instantaneamente se solidifica.
Mesmo quando olho para ele, me sinto um pouco perdido.
***
O trabalho de cada dia é chato, especialmente quando a carga de trabalho
do design gráfico está muito pesada. Ao meio-dia, corremos para voltar ao
trabalho após o almoço. Basicamente não há muito tempo para conversar,
mas Jade repentinamente faz uma pergunta no caminho de volta à empresa.
"King, o que aconteceu no seu encontro às cegas? Não me contou nada."
"Não tenho nada a dizer", King parece indisposto a contar mais.
"Nada mesmo? Levei lembrancinhas para casa no domingo. Sabia que
nem consegui falar com a minha mãe naquele dia, porque aconteceu da sua
mãe ligar para a minha para conversar? Algo deve ter acontecido."
"Devem ter conversado sobre negócios, não tenho interesse em ouvir."
"Sério? Então o que aconteceu no seu encontro às cegas? Ela é bonita?"
"Linda, mas nada demais", responde King.
Inconscientemente aperto os cantos da minha boca em irritação, então
coloco fone de ouvido e decido não ouvir a conversa entre os dois, mas vejo
uma pessoa andando até a minha mesa pelo canto dos meus olhos. É P'Som
do departamento de marketing.
"Uea, lamento interromper a sua hora de descanso, mas pode vir até o
meu departamento agora? Quero discutir alguns assuntos de trabalho com
você", diz P'Som.
"Está bem."
Então levanto-me e sigo, e passo cerca de 10 minutos debatendo
mudanças de trabalho. Ao retornar para o departamento de TI, vejo que
mais da metade da sala cheia de funcionários encontra-se vazia.
"Onde estão todos?"
"Khun Grit chamou todos os programadores para uma reunião. Ele quis
te chamar agora há pouco, mas eu disse que você foi encontrar P'Som",
Jade parece querer continuar a reclamar, mas quando vê P'Mongkon
casualmente abrindo o YouTube para ver destaques de partidas de futebol
ao seu lado, muda de ideia. Também acho que não é boa ideia fofocar perto
de pessoas com protetores, especialmente os parentes da família imperial
como P'Mongkon, que gosta de fazer tempestade em copo d'água.
"Hm... King te contou? A mãe dele planeja convidar a garota do encontro
às cegas para jantar de novo no domingo. Ele me disse que estará lá. Fiquei
confuso. Não pareceu normal. Acha que ele mudou de ideia?"
Meu coração parece parar de bater por um instante, fico sem palavras,
completamente incompreensível. No início, achei que King não pudesse
fugir da situação, mas ao saber que haverá um segundo encontro, estou
meio incerto se o King realmente não queria ir. É como se ele nunca tivesse
tido vontade de se livrar desde o início.
Ele intencionalmente deixa as coisas se desenvolverem assim, desde o
início, não é?
"Não sei", posso me ouvir sussurrando para Jade e ouço a voz dos meus
colegas conversando, mas além disso, nada mais. A única coisa que sinto é
como se houvesse algo preso em minha garganta. Minha cabeça me diz que
não tenho direito de estar desconfortável, mas meu coração faz o oposto.
Se eu fosse um competidor no campo, ergueria a bandeira branca e me
renderia. Meu humor no momento está tão ruim que nem consigo pensar.
Sinto-me muito cansado.
***
É muito difícil ser uma pessoa madura. Afinal, há muitas
responsabilidades. Para classe trabalhadora, não importa o quão magoado,
desatento ou como se sinta para trabalhar, tudo bem não estar de bom-
humor, mas trabalho é trabalho. Você nunca deve desistir no meio do
caminho, porque não afetará só a si mesmo, mas também afetará com quem
trabalha. Durante o resto do dia de trabalho, tento focar a minha atenção no
trabalho na tela do computador, forçando-me a não virar para olhar o rosto
do King, pois me preocupo em acabar fazendo algo idiota por não conseguir
me conter. A única coisa que posso fazer é ficar quieto, esperando que a
hora de ir para casa chegue logo. Se eu puder ficar sozinho, será uma boa
oportunidade para organizar meus pensamentos.
"Uea, vai ficar até mais tarde hoje?"
"Não, vou embora quando terminar isto", lido apressadamente com o
trabalho restante após terminar de falar. Agora são 17h30 e os outros
colegas estão começando a guardar suas coisas para ir para casa, mas ainda
tenho um pouco de trabalho. Deve ser feito em até 5 minutos, então planejo
terminar, porque não quero deixar para amanhã.
"Bem, então vou voltar primeiro", Jade me dá uma tapinha no ombro e
vai embora. Continuo trabalhando com pressa. Quando estou prestes a
desligar o computador, Khun Grit entra repentinamente no departamento.
"N'Uea, lamento interromper."
Loucura...
"Isto é muito urgente. A equipe de marketing nos solicitou
repentinamente, pode ser terminado hoje?", depois de explicar, ele me olha
com um sorriso no rosto.
"Mas falei com P'Som no almoço hoje e ela disse que gostaria até a
próxima semana..."
"Mas temos que mandar o documento para a empresa de impressão
publicitária amanhã de manhã, então devemos terminar rápido, por favor."
"...Tudo bem."
Não tenho escolha senão apertar os punhos sob a mesa com raiva, acho
que ele é mesmo louco. Obviamente a empresa de impressão publicitária só
precisa de dois dias para finalizar, então não tenho que terminar hoje. Ele só
quer usar o trabalho para me encrencar.
"Claro que ele não poderia ter vindo lhe avisar o dia inteiro hoje", o dono
da mesa atrás de mim diz numa voz grossa, fazendo Khun Grit franzir o
cenho. "As pessoas do departamento de marketing são muito ruins em
entender gestão de tempo."
"Sim", Khun Grit concorda. Pela expressão em seu rosto, ele sabe que
está sendo ironizado pelo King, mas esconde suas emoções muito bem.
Khun Grit desvia seu olhar do King e olha para P'Mongkon, que parece
estar em casa, com seus pés confortavelmente esticados sobre a cadeira do
Jade e assistindo vídeos no YouTube.
"P'Mongkon."
"Hm?"
"Por favor, ajude N'Uea, para que seja terminado rápido."
"O quê?! Tudo bem", o homem que foi repentinamente designado ao
trabalho é pego de surpresa, e então concorda com uma expressão vaga.
Quando Khun Grit sai do departamento, P'Mongkon se aproxima e me dá
uma tapinha no ombro.
"Lamento, N'Uea, mas tenho que correr para casa hoje. Meu cachorrinho
N'Limão não está se sentindo bem. Quero levá-lo ao hospital."
"Não nos disse que N'Limão morreu há um ano?", pergunto-lhe
friamente.
P'Mongkon pisca rapidamente e um falso sorriso aparece em seu rosto
por um instante, "Esse é um novo que estou criando. Coloquei o mesmo
nome propositalmente."
Reviro meus olhos de tédio, não quero mais lidar com gente
irresponsável. Quando P'Mongkon vê, desvia o olhar de mim e
imediatamente guardar tudo numa bolsa, antes de sair com pressa da sala.
"É mesmo difícil mudar."
Outros programadores júniores que ainda não foram embora sussurram
pelas suas costas ao ouvir a voz do King, apresentando suas queixas sobre
esse sênior desgraçado.
"Não tem problema se você for embora", sussurro para ele após ver que o
homem alto está sentado atrás de mim há um tempo. Hoje, há 3 ou 4
pessoas ficando além do horário no escritório. Não deve ser fácil para Khun
Grit encontrar uma oportunidade para me assediar.
"Está tudo bem", responde indiferentemente. Não poderia dizer nada,
então tenho que terminar o trabalho em mãos rapidamente.
Agradeço em segredo ao grupo de programadores por ficarem além do
horário também. Se não fosse esse o caso, deixar King e eu na sala sozinhos
deixaria o clima entre nós mais constrangedor.
Forço-me a ignorar as coisas ao meu redor e a me concentrar no meu
trabalho. Só quero terminar meu trabalho o mais rápido possível. Depois de
finalmente pressionar o botão de salvar, rapidamente envio o e-mail para
Khun Grit e olho o relógio. Fico um pouco surpreso ao ver que já são 20h30
e eu não percebi. Rapidamente desligo o computador e viro para trás para
dar uma olhada.
Acontece que todos os programadores júniores já foram para casa. King
não está em seu assento, mas seu computador ainda está ligado. Acho que
ele foi apenas ao banheiro.
"N'Uea", Khun Grit repentinamente mostra parte do seu corpo pela sala
da gerência e gesticula me chamando, "Obrigado".
Esta situação parece meio ruim. Agora há apenas duas pessoas restando
no departamento, Khun Grit e eu. Ele pode me intimidar facilmente,
embora eu ainda tenha que seguir suas instruções no fim das contas. De
qualquer forma, sou um homem. Se ele fizer alguma tentativa
indisciplinada, acredito que posso resistir de imediato.
Entro na sala da gerência, abrindo a porta quietamente e perguntando-lhe
"Quer que eu modifique alguma coisa?"
"Não, apenas quero dizer para você que sinto muito por fazê-lo ficar
trabalhando após o horário", seu tom de voz está cheio de culpa.
Rapidamente assinto. Não poderia dizer "está tudo bem", porque
realmente sinto-me muito insatisfeito.
"Então, sobre P'Mongkon, peço desculpas a você por ele. Ele realmente
foi embora após algo importante."
"Khun... P'Grit, serei direto. Agora Jade e eu temos muito trabalho a
fazer. Se possível, por favor, contrate outro designer gráfico. Se não, por
favor, convença P'Mongkon a trabalhar ativamente. Isso é muito injusto
com os outros colegas que tem uma carga de trabalho pesada, mas recebem
o mesmo salário", estou desamparado. Jade e eu temos tolerado demais,
ninguém gosta de ser explorado!
"Vou lembrá-lo", concorda.
Agradeço-lhe educadamente. Na verdade, sei que a situação não vai
melhorar mesmo que ele o lembre. Mas pelo menos seria bom se um novo
designer ajudasse com o trabalho.
"Então vou indo", ergo minhas mãos em despedida e planejo deixar a
sala da gerência, mas Khun Grit se aproxima para me impedir e diz para
mim com um sorriso em seu rosto
"Gosto do N'Uea".
"..."
"Como um colega, você é muito capaz de trabalhar. Vou dar-lhe pontos
extras na avaliação de trabalho", seus olhos e sorriso me dizem
intencionalmente que não sou só capaz de trabalhar.
Evito seu olhar, ergo minhas mãos de novo e apressadamente deixo a sala
da gerência, mas ao voltar para o departamento, vejo King me olhando
nervoso.
King e eu nos olhamos e nenhum de nós quer ser o primeiro a dizer algo.
Desvio o olhar para outra direção, guardo meus pertences e me preparo para
ir para casa. King me segue por todo o caminho até o estacionamento de
baixo. O homem alto não resiste à sua raiva e pergunta
"Por que entrou na sala dele?".
"Ele me disse para entrar", viro e olho diretamente em seus olhos. A luz
fraca do estacionamento deixa o clima entre parece ainda mais deprimente.
"Você simplesmente entrou atrás dele, não tem medo do que ele pode
fazer com você? Ao entrar na sala dele, é o seu fim assim que ele trancar a
porta. Não lhe disse para ter cuidado com ele?"
"Acha que posso ignorá-lo?"
"Deixe que ele saia da sala para falar com você!"
"É fácil falar, acha mesmo que é possível falar com um chefe assim?",
estou um pouco agitado e muito insatisfeito. Por que ele age como se eu
fosse o errado e quisesse entrar na sala atrás dele? Agora há pouco Khun
Grit disse que havia negócios a conversar comigo, como posso recusar?
"Está zangado comigo?", King ergue suas sobrancelhas.
"Você me culpou primeiro, não culpou?!"
"Não culpo você, estou dizendo isso porque estou preocupado com você!
Acompanhei você porque não queria que ficasse sozinho com ele, mas
desta vez você tomou a iniciativa de entrar e falar com ele!", seu tom de voz
começou a ficar forte. A linha da minha sanidade rompeu-se de repente.
"Eu disse que não consigo me livrar dele! Por que está falando tão alto?
Por que está enlouquecendo desse jeito?", não consegui conter. Meu corpo
todo treme por irritação e a relação entre ele e eu foi suprimida a este ponto
culminante. Mesmo que eu tente me acalmar e usar a razão para vencer
meus sentimentos, ele está me irritando neste momento, ainda mais por me
culpar por coisas que não são minha culpa.
Neste ponto, meus sentimentos de raiva e mágoa entram em erupção
irracionalmente por um instante.
O estacionamento sombrio fica em silêncio por um momento, e os olhos
do King que sempre exalaram luz e diversão instantaneamente desaparecem
sem deixar rastros. Os olhos que olham para mim foram deixados com uma
expressão de frieza e escárnio.
"Bem, sou mesmo louco. Sinto muito."
King dá passos largos por mim, entra em seu carro e vai embora. Fico em
pé, olhando para o nada, até o Honda Civic preto deixar a minha visão.
Ergo a minha mão e cubro a minha boca, fazendo o meu melhor para não
deixar o som de choro transbordar, mas, no fim, o som de soluço não para.
Sozinho no estacionamento, minhas pernas caem ao chão como se
tivessem perdido a força por um momento. No momento em que percebo
que tudo está prestes a colapsar, lágrimas escorrem silenciosamente pelo
canto dos meus olhos. Tudo isso foi causado por um homem.
Tornei-me solitário de novo. E, desta vez, mais desolado do que em
qualquer relacionamento passado.
Capítulo 19: A Gota D'Água
ATENÇÃO! Este capítulo contém possíveis gatilhos: homofobia e menção
de assédio sexual. Haverá um segundo aviso antes do início do gatilho.
Desde a explosão emocional no estacionamento, nos últimos 10 dias,
King e eu não temos falado um com o outro. Ao meio-dia, King também
saiu para almoçar com o pessoal do time de programação. Ao passar pela
minha mesa, ele não mais tinha seu sorriso arteiro, apenas uma expressão
séria e nem sequer olhou de relance. Os colegas rapidamente viram que
estávamos numa guerra-fria e os ouvi conversando sobre nós por nossas
costas, mas ninguém ousou perguntar o que havia acontecido. Apenas Jade
chegou a perguntar na terça-feira, mas só mencionei um pequeno conflito
com King e não disse os detalhes, então Jade não fez mais perguntas.
Fiquei realmente insatisfeito com King quando estava brigando com ele,
mas quando o tempo passou, comecei a me acalmar e pensar naquele dia.
Embora ele estivesse zangado comigo naquele dia, era porque ele se
preocupava comigo. Metade realmente foi culpa minha, porque fui muito
duro com ele. Suas preocupações e cuidado foram impiedosamente
ignorados por mim.
Se eu fosse tratado como ele foi por pessoas com quem me importo,
devia ficar igualmente desconfortável.
Não é a primeira vez que King e eu discutimos. Já brigamos incontáveis
vezes, de coisas triviais a sérias, como o que aconteceu na festa de boas-
vindas do Mai no ano passado. Mas nunca foi tão triste como desta vez,
porque os nossos corações não querem falar e esclarecer as coisas. Tudo
isso significa que a relação entre ele e eu foi completamente esgotada.
A compiadora soa indicando que está sem papel, me puxando de volta
dos meus pensamentos para a situação à minha frente. Enquanto tiro uma
nova pilha de papel branco e preparo para colocar na bandeja da copiadora,
ouço Jade me chamar.
"Uea."
"O que houve?", viro-me e olho para Jade, que anda em minha direção.
"Khun Grit pediu que o respondesse no grupo. Disse que há algumas
áreas que precisam ser modificadas."
"Sim", respondo indiferentemente. O homem ainda me incomoda no
trabalho com alegria. Odeio esse tipo de gente, mas não posso ignorá-lo.
Tenho começado a pensar em me demitir, mas ainda não quero usar este
método até o último momento. Afinal, não quero que as coisas cheguem a
esse ponto.
"Você..."
"...?", pergunto-lhe com os olhos.
Jade olha ao redor e vê que os outros colegas ainda estão trabalhando
duro. Ele misteriosamente se aproxima e sussurra "Ainda está conversando
com o King?".
Balanço minha cabeça. Não sei se ele quer conversar comigo. Pela
atitude que ele tem mostrado nos últimos dias, acho que já sei a resposta.
"Você está bem?", a pergunta do Jade me fez parar por um momento.
"Por que pergunta?"
"Tenho lhe visto muito distraído estes dias, há algo que queira me
dizer?", não sei qual é a expressão do meu rosto agora, mas a preocupação
nos olhos do Jade é claramente visível, o que me lembra da minha briga
com King no ano passado. Na época, Jade me perguntou a mesma coisa e a
minha resposta foi
"Estou bem", engulo minha saliva e relutantemente respondo "Não se
preocupe, tudo ficará bem logo..."
Vai acabar logo.
As últimas palavras pausaram na ponta da minha língua e a dor em meu
coração era dolorosa demais para falar. Desvio meu olhar do Jade e finjo
focar na copiadora. Ouço Jade suspirar fundo, antes de colocar sua mão em
meu ombro.
"Não sei o que aconteceu, mas se se sente desconfortável, pode dizer o
que quiser... estou sempre perguntando, oh, quero dizer, estou sempre
pronto para ouvi-lo a qualquer momento. Nunca quis fofocar sobre sua vida
particular. Não me entenda mal."
Seu tom de voz momentaneamente desamparado me faz gargalhar.
"Obrigado", digo suavemente. Após Jade me dar uma tapinha no ombro,
ele volta para o seu lugar. Observo suas costas. Sou muito grato por ele se
dispor a ir me dizer oi no primeiro dia de encontro na faculdade. Naquela
época, com a minha personalidade, seria impossível conhecer um amigo tão
bom. Se eu não conhecesse Jade, poderia não ter tido a oportunidade de
conhecer King...
Meu olhar desvia para a pessoa que está sentada e trabalhando
seriamente, e a minha mão que segura os papéis começa a tremer. De fato,
depois de alguns dias, comecei a sentir que havia errado com ele. Quero
conversar com ele, mas não consigo olhar em seu rosto. Tenho medo de que
ele não tenha se acalmado ainda, tenho medo de ser olhado por seus olhos
indiferentes, tenho medo de que ele vá embora como naquele dia.
Eu realmente não quero ver aquilo acontecer de novo...
Ao longo do dia, fico totalmente perdido. Sentimentos de culpa e medo
preenchem o meu coração. Sento-me e penso sobre isso várias vezes.
Finalmente, quando as horas de trabalho estão próximas do fim, reúno a
coragem e planejo ter uma conversa face a face com ele após o expediente,
mesmo que eu não tenha me desculpado ainda. Pelo menos a grande pedra
que tem estado presa em meu coração pode ir embora lentamente.
O relógio na parede marca 17h30. Rapidamente desligo o computador e
viro-me para olhar a mesa atrás de mim. Ele já guardou suas coisas e está
pronto para ir. Não consigo evitar apertar os meus lábios e meu coração
bate rápido. Quando estou prestes a chamá-lo, o celular do King vibra
repentinamente.
"Mãe", soa a voz grossa e, pegando a chave do carro, passa apressado por
mim e sai do departamento.
"Uea, por que está parado aí? Não quer ir para casa?", Jade, que acaba de
voltar do banheiro, me olha em confusão ao me ver parado em pé.
Agarro minha mochila e suspiro fundo.
Não importa, posso esperar até a próxima segunda-feira para desculpar-
me com ele cara a cara.
***
Usei o sábado para limpar o meu apartamento o dia todo e, quando
acordei no domingo, senti-me um pouco cansado. Sendo assim, acordei um
pouco tarde e fiquei com preguiça de cozinhar. Então vou à loja de
conveniência no térreo e compro uma marmita de micro-ondas. Assisto TV
enquanto como. Após uma tarde calma, desligo a TV e saio para a varanda
para respirar um pouco de ar fresco.
Ergo o olhar para o céu que está tão nublado como meu humor. Desde
que Jade me disse que King teria um jantar de encontro às cegas de novo,
minha mente não consegue parar de pensar nisso o dia todo. Sair para
encontrarem-se uma segunda vez já reflete muitas possibilidades. Parecem
que ambos os lados se sentem bem e têm o apoio de seus pais. O
relacionamento deles tem se desenvolvido sem problemas.
Tenho conhecido King por muitos anos. De início, na primeira vez que vi
o seu rosto, senti raiva. Então, passei a sentir paz quando ao vê-lo. No fim,
acabou em mágoa e tristeza. Embora eu já tenha namorado algumas vezes
antes, não sabia que o amor poderia doer tanto assim. Se eu pudesse voltar
no tempo, definitivamente não me colocaria numa relação perigosa de
amigos com benefícios. Brincar com as emoções é coisa mais
inconsequente para uma pessoa e todos têm que pagar um alto preço por
isso.
Se King e eu tivéssemos mantido nossa relação de "bons amigos", as
coisas teriam chegado a este ponto?
A culpa foi minha. Foi errado desde o início.
Buzz!
O telefone na mesa de centro da sala de estar vibra repentinamente,
quebrando a tranquilidade do momento. Aproximo-me e dou uma olhada.
Quando vejo quem está ligando, os cantos da minha boca não contêm um
raro sorriso.
"E aí, caloura universitária?"
"P'Ueaaaa! Como vai?", a linda voz da Donkao vem do telefone.
Minha irmã acaba de se tornar uma caloura na universidade. Ela está
estudando no Departamento de Artes na Faculdade de Artes da
Comunicação em uma das universidades não distantes de Bangkok. Donkao
vai para casa toda semana. Embora minha mãe e eu não mantenhamos
contato, ainda mantenho contato com Donkao pelo Line. Dou-lhe um pouco
de dinheiro regularmente, porque me preocupo com a minha irmã.
"O mesmo de sempre, está difícil estudar?"
"Na verdade, um pouco difícil. Há muitas atividades extracurriculares.
Às vezes, as atividades são após 20h ou 21h. Quando volto ao dormitório,
me sinto fraca. É muito irritante!", minha irmã lamenta no telefone e não
faço nada além de ouvir com um sorriso compreensivo. Realmente havia
muitas atividades para participar quando eu era um calouro, e parece que a
situação é a mesma todo ano.
"Onde está agora? Em casa ou no dormitório?"
"Estou voltando para o dormitório e acabei de sair de casa, P'Uea, agora
há pouco um homem veio encontrar a mamãe."
"Quem?", ergo minhas sobrancelhas suspeitosamente, mas ao ouvir as
palavras seguintes da Donkao, não contenho a raiva e aperto com força o
celular em minha mão.
"Ele disse que era seu chefe, P'Uea, e que passou para dizer oi. A mamãe
estava conversando com ele e me mandou sair, então liguei para você. Não
sei se ele está sendo sincero ou não, afinal, ele é o seu chefe. Temo que ele
esteja mentindo para a mamãe."
"Ele disse como se chama?"
"Ele disse que se chama Grit", quando minha irmã termina de falar,
aperto os meus punhos para tentar suprimir a raiva em meu coração.
Ele já passou dos limites!
"Cuidarei disso mais tarde. Volte para o dormitório o mais rápido
possível. Quando chegar, envie uma mensagem e fale comigo."
"Está bem!", Donkao responde.
Desligo o telefone, troco de roupas apressadamente, pego a chave do
carro e me dirijo para casa.
Não importa o quanto ele me perturbe no trabalho, posso suportar. Mas o
que ele está fazendo chegou ao meu limite. Ele usa minha privacidade para
me ameaçar. A única forma de ele saber o endereço da minha família é
abrindo o meu arquivo curricular pessoal, e eu com certeza não acredito que
ele apenas "passou" e lembrou que seu subordinado mora lá! Isso não faz
sentido nenhum!
Piso fundo no acelerador. Felizmente, o trânsito no domingo não é muito
movimentado. Leva apenas dez minutos para chegar até a casa do meu
padrasto. Vejo o Volvo prata do Khun Grit na frente da casa no exato
momento em que ele está saindo dela. Xingo baixo e o vejo dar adeus à
minha mãe, que está sorrindo alegremente.
"Mãe", continuo olhando para o chefe enquanto cumprimento a minha
mãe. Quando Khun Grit me vê aparecer, ergue suas sobrancelhas e dá um
sorriso hipócrita. Olho para ele friamente.
"Ah, chegou na hora certa. Seu chefe acabou de passar para dizer oi. Ele
disse que apenas estava fazendo coisas por perto, lembrou-se que sua casa é
aqui, veio visitar e comprou algumas frutas no caminho. Khun Grit,
obrigada!", em sua última frase, minha mãe dá um sorriso amigável para a
outra pessoa.
Então o outro mostra um falso sorriso gentil e diz "Mãe do Uea, de
nada!".
"Khun Grit, pode ir embora. Tenho algo para conversar com a minha
família", digo numa voz baixa. Desta vez estou muito irritado. Ele não tem
o direito de vir encontrar a minha mãe sem a minha permissão. Ninguém
próximo de mim faria tal coisa.
"Bem, estou prestes a ir embora mesmo. Vejo N'Uea na empresa
amanhã", os olhos do Khun Grit brilham com luz triunfante. É óbvio que
ele gosta de ver minha expressão de insatisfação e impotência. Observo ele
entrar em seu carro com meu coração rugindo.
Tenho muito azar!
"Ei, ele é seu chefe ou seu marido?", minha mãe pergunta animada
depois que o Khun Grit vai embora, "Ele é rico, não é? Veja seu carro, tão
luxuoso!"
"Ele é apenas meu chefe", respondo friamente.
"Mas ele parece estar muito interessado em você. Posso lhe dizer,
apresse-se e pegue-o!"
Suas palavras me deixam rígido e eu olho para ela com olhar incrédulo.
"Você não odeia que eu goste de homens?"
"Ah, o quê?! Agora não me importo com nada. Não ligo se você insiste
em ser gay. Quando se encontra alguém rico, deve agarrar com força, não
seja estúpido. Vá com ele, entendeu? Se tiver uma boa vida, sua família terá
uma boa vida."
Meu coração parece ser esmurrado ferozmente por suas palavras. Embora
eu saiba do meu lugar em sua mente, meu coração ainda se abala quando
ouço com os meus próprios ouvidos. No fim, não valho nada para a minha
mãe. Sou apenas uma ferramenta para levar dinheiro para minha família.
Não importa que forma ou método eu use.
"Para você eu só sirvo para isso, certo?", não esperava que a minha voz
fosse começar a tremer. "Que diabos é Uea aos seus olhos? Sou apenas o
seu caixa eletrônico, mãe?".
"O que quer dizer? Maluco!", minha mãe imediatamente semicerra os
olhos para mim. "Louco!".
"Estou perguntando! O que sou aos seus olhos?", esta parece ser a
primeira vez em que grito com a minha mãe. Ela é pega de surpresa e grita
de volta ao se recuperar do choque.
"Como ousa gritar comigo?! Eu sou a sua mãe!"
Nossa discussão feroz atrai a atenção das pessoas passando, que param
para olhar. Os vizinhos curiosos especialmente esticam seu pescoço para
fofocar sobre o que está acontecendo. Agora minhas emoções estão me
sobrecarregando e eu não me importo com os olhares das pessoas ou com
aqueles ao meu redor. Não ligo sobre nada.
"E daí se o que eu disse é verdade? Já se importou comigo exceto quando
precisa de dinheiro?"
"Uea, acalme-se, fale tudo devagar e direito. Deve estar cansado de
dirigir até aqui, então vamos entrar em casa", tio Sorn, que acabou de sair
da casa, tenta nos mediar. Olho para ele diretamente em seus olhos e digo
com indiferença
"Cale a boca, não falei com você!".
"Você não tem permissão para falar com o seu pai desse jeito!", minha
mãe grita comigo com uma voz que pode ser ouvida do jardim inteiro.
Fico aturdido por um momento, olhando vago para a mulher que me deu
à luz e não me contenho em mostrar um sorriso de dar dó e
autodepreciativo.
Mesmo que eu me sinta zangado porque a minha mãe não se importa
comigo, tudo bem. Mas não está nada bem quando ela protege o homem
que está na minha frente!
"Pai?", os cantos dos meus olhos começam a brilhar intensamente e eu
ranjo os meus dentes, explodindo as mágoas que estiveram escondidas em
meu coração por muito tempo. "Ele é só seu marido, não meu pai!".
"Como pode dizer isso? Ele tem alimentado você desde que era criança!
Seu garoto ingrato!", minha mãe apressadamente me dá uma tapa forte e é
parado pelo meu padrasto. Minha bochecha começa a ficar dormente e
lágrimas começam a fluir silenciosamente pelas minhas bochechas. Essas
duas gotas não escorreram por causa da dor na bochecha.
ATENÇÃO! Abaixo há gatilho: homofobia e menção de assédio sexual.
Não leia se for sensível.
"Sim! Sou um garoto ingrato! Mas você só o protege! Mesmo quando eu
lhe disse que fui assediado sexualmente por ele naquele dia, você ainda
ficou do lado dele!"
Minha voz gritando passou de trêmula para soluçante, viro-me para olhar
o rosto do tio Sorn, mas ele desvia, não ousando me olhar.
"Falando sério, tio Sorn, já se sentiu culpado pelo que fez comigo?"
"Do que está falando? Cale a boca!", minha mãe se apressa em
responder, olhando ao redor com nervosismo, como se tivesse um medo
terrível de ser ouvida pelos outros e virar a fofoca do jantar.
"Eu só disse os fatos! E você, mãe? Já se preocupou comigo? Já me
colocou em seus olhos? Mãe, por que me odeia?", continuei dizendo os
problemas em meu coração enquanto todos assistem. Quanto mais falo,
mais zangado fica o rosto da minha mãe. Quando ela ouve as vozes de
outras pessoas comentando, fica à beira de perder o controle da sua
sanidade.
"Sim! Eu odeio você! Odeio muito você e o seu pai!", minha mãe berra,
estica seu dedo indicador e aponta tremendo o meu rosto, mas fico em
choque ao continuar ouvindo.
"Sabe por que eu te odeio tanto? Você é uma mancha na minha vida! Seu
pai é só um desgraçado teimoso que teve a ousadia de me pedir para ser sua
esposa. Não estava disposta, fui forçada a casar com ele. Ele disse que me
amava muito, mas fugiu com uma esposa muito rica e jovem, e então lhe
jogou como um fardo pra mim! Se não fosse por sua causa, não teria tido
que trabalhar tanto!"
Sinto-me como se tivesse tomado um banho de água fria da cabeça aos
pés. Minha mãe me encara ressentida com olhos vermelhos e sua boca
continua resmungando.
"Se eu não tivesse sido forçada a casar com ele, minha vida teria sido
muito melhor! Se não fosse por você, eu não teria que trabalhar duro para te
criar. Eu te criei, mas você cresceu e se tornou um homossexual pervertido
e só traz vergonha para a minha família e para mim! Há algo em você de
que eu possa me orgulhar?!"
Sua voz ressoa pelo local e minha mãe arfa nos braços do meu padrasto
após dizer as palavras guardadas em seu coração.
"Sério...", murmuro para mim mesmo. Cada palavra que a minha mãe
disse perfuraram meu coração violentamente. Ainda tinha um anseio em
meu coração. Só queria que ela me tratasse como um filho, mas hoje
finalmente sei que isso é impossível. Ou era impossível desde o início, mas
ignorei os fatos.
"Por que não me abortou, para começar? Por que me deu à luz?",
pergunto-a numa voz fraca, "Se você e o papai não se amavam, por que me
deram à luz?".
Além do silêncio, não consigo ter uma resposta da minha mãe. Viro o
meu rosto e digo com uma voz trêmula
"Lamento se me tornei uma mancha na vida da minha mãe, mas, por
favor, não se preocupe mais. De agora em diante, a mancha não mais
existirá na sua vida."
Assim que termino de falar, entro no carro e dirijo para fora de lá
imediatamente, sem olhar para trás. Não me importo sobre como a minha
mãe se sente após ouvir o que eu disse. Devo dizer que não me importo
com mais nada.
Meu coração está despedaçado.
Resisto às lágrimas e quero voltar ao apartamento o mais rápido possível,
mas não consigo evitar parar no acostamento e chorar roucamente. Cada
palavra da minha mãe ainda está se repetindo em meus ouvidos. São como
feridas não cicatrizadas que foram severamente abertas.
Sempre soube que a minha mãe é decepcionada comigo. Mesmo que eu
sempre tenha trabalhado duro e tenha tido notas excelentes, até uma
medalha de honra e bacharelado. Só esperava que a minha mãe pudesse ter
orgulho de mim. Tenho trabalhado duro para ganhar dinheiro e dar para ela
todo mês na esperança que compensasse por decepcioná-la. Mas hoje
finalmente descobri que, não importa o quanto eu trabalhe duro, minha mãe
não verá valor, porque ela odeia a minha existência desde o início!
Sim! Porque desde o momento em que abri os olhos para ver este mundo,
a mancha dela já existia!
Após eu limpar minhas lágrimas e segurar os soluços, tiro o celular do
bolso da calça com a mão tremendo. Ao chegar no número de alguém, meus
olhos ficam quentes e lágrimas rolam de novo e eu não consigo parar.
Da última vez era King me confortando, mas agora ele deve estar no seu
encontro às cegas. Não posso incomodá-lo.
Os dias de poder me deitar em seus braços e ser confortado por uma voz
suave não voltarão. Sim... não voltarão...
"Jade...", seguro os soluços, sussurrando no telefone...
"O que aconteceu?"
"Está livre agora?"
"Acabei de terminar de comer e vou dormir, não há nada para fazer. Por
que a sua voz está tremendo?", pergunta do outro lado da linha.
Respiro fundo e digo ao telefone.
"Posso ir ao seu apartamento para encontrá-lo? Acho... não consigo...",
na última frase, não consigo conter o choro. Embora eu tenha tentado
controlar a minha voz para evitar que trema, no fim ainda não tive sucesso.
"Ei! O que aconteceu? Onde você está?!"
"Eu... acabei de voltar de casa e agora estou voltando ao meu
apartamento, mas não posso... ficar sozinho..."
"Volte para o seu apartamento agora mesmo! Vou encontrá-lo
imediatamente!", Jade diz ansiosamente do outro lado da linha.
Respondo suavemente, desligo a ligação e dirijo em direção ao meu
apartamento.
***
"Uea!"
30 minutos depois, quando os meus olhos estão vermelhos, chego no
saguão do prédio. Jade já chegou há muito tempo e Mai é visto no sofá do
saguão. Assim que me vê, fica de pé e me cumprimenta rapidamente.
"Você está bem? Vamos subir para conversar."
"Vou esperar por você sentado aqui", Mai diz suavemente e Jade, após
assentir para ele, coloca sua mão em meu ombro e me arrasta para o
elevador.
"Briguei com King por causa do Khun Grit na semana passada e Khun
Grit foi ver a minha mãe em casa, e após brigar com ela agora há pouco,
ouvi dela que ela tem desgosto do meu pai e de mim depois que ele deixou
a minha mãe sozinha comigo."
Tirando a relação secreta com King, disse tudo ao meu amigo. Embora o
meu coração doa cada vez mais, felizmente posso contar tudo.
Quando há alguém que pode fazer você sentir-se em paz ao estar ao seu
lado, parece que a dor em seu coração diminui.
"Khun Grit! Que desgraçado! Este idiota passou dos limites! Acho que
deveria relatar isso ao chefe!", Jade zangadamente estapeia o sofá da minha
casa. Desde o início, Khun Grit se acha superior a nós por ser parente do
chefe. Depois que ele assumiu a gestão do departamento, nem mesmo P'Bas
tem parecido feliz com ele desde então. Quanto mais Jade ouve o que tenho
passado, mais magoado fica.
"De qual lado acha que o chefe vai ficar? Funcionários comuns, que não
tem nada a ver com ele, ou do sobrinho?", pergunto e ele suspira após ouvir.
"Sim... mas isso é demais! Caramba! Isso é uma ameaça!"
"Planejo falar com ele diretamente, espero que ele pare."
"Bem, tudo bem dizer diretamente, espero que acabe aqui. Quanto aos
seus assuntos familiares...", a voz do Jade silencia-se devagar.
Sorrio amargamente e balanço a minha cabeça sem força.
"Tudo bem. De fato, é melhor saber tudo. Posso desistir."
"Vai mesmo desistir?", Jade pergunta suavemente. Tendo dito aquilo,
como posso insistir? Afinal, ela é a minha mãe e o meu coração dói mais
quando penso nisso.
"Algum dia, as coisas melhorarão", embora as palavras fossem ditas para
ele, servem de conforto para mim.
Sim, estou acostumado a sentir dor no coração. Um dia estarei
mentalmente preparado e não mais sentirei dor.
"Tudo bem, você ainda tem a mim!", Jade me dá uma tapinha no ombro
com uma expressão séria. Sinto-me um pouco culpado ao ver o olhar do
Jade.
"Lamento por incomodá-lo ligando", digo. Hoje é domingo. Jade deveria
estar deitado confortavelmente em casa com seu namorado, mas agora eu os
incomodei e deixei Jade deprimido.
"Perdão?! Sou seu amigo! Pegue leve!", ele estica sua mão e esfrega meu
cabelo, sorri e continua "Mas você está mesmo bem? Deixe-me ficar com
você hoje, Mai pode voltar para casa primeiro."
"Tudo bem, já melhorei. Vá. Não quero ouvi-lo reclamar para mim que
não consegue dormir porque Mai não está lhe abraçando para dormir", tomo
a oportunidade para tirar sarro dele. Lembro-me que Mai já lhe colocou
para dormir antes, tirou uma foto do momento e postou nos stories do
Instagram, fazendo com que os sêniores da empresa fizessem piadas com
Jade. Na época, ele corava de vergonha. Hoje, também.
"Ah! Não permitirei que ele tire fotos mais!", Jade resmunga e levanta-
se.
"Vou te acompanhar."
"Tudo bem! Tenha um bom descanso! Posso descer sozinho, vejo você
amanhã!"
Acompanho-o até a porta da frente e o apartamento fica em silêncio de
novo. Olho pela janela. O céu lá fora foi imprevisível e o sol se põe
devagar. Entro na cozinha e faço uma omelete para jantar. Então tomo
banho e troco de roupas, antes de me sentar em silêncio no quarto.
Com a mente ausente, fico pensando sobre o passado. Os rancores e
mágoas com King, a pressão que tive que enfrentar no trabalho e o quanto a
minha mãe me odiava.
Após encontrar todo tipo de infortúnio, ainda não me tornei um louco.
Olho o telefone na mesa de cabeceira hesitantemente. O próximo passo
está fadado a afetar minha carreira, mas o benefício em troca é que posso
tranquilamente evitar os problemas à minha frente. Não planejo mais
suportar. Não posso mais aguentar o que pode acontecer.
Ergo o telefone e hesito, até que decido ligar para o encrenqueiro do dia
pelo Line.
"Há algo em que posso ajudar, N'Uea?", o outro lado da linha responde
rapidamente.
Respiro fundo e digo para ele num tom insatisfeito "Por que foi à minha
casa hoje?".
"Tinha acabado de resolver algumas coisas por perto. Lembrei que a sua
família mora perto e passei para dizer oi."
"Então como sabia o endereço da minha casa? Leu o meu currículo?"
"A fim de entender e cuidar dos meus subordinados, devo conhecer o
histórico de cada um de vocês!", não admite diretamente, mas é o bastante
para provar que é tanto o gerente do departamento quanto sobrinho do chefe
da empresa. Se ele quer verificar o currículo de um funcionário comum,
deve ser difícil para o departamento de recursos humanos recusar esse
pedido.
"Você me ameaça. Diga logo o que quer de mim!", cheguei ao ponto em
que não consigo aguentar. Neste momento, uma chacota vem do outro lado
da linha e diz
"N'Uea, sabe exatamente o que eu quero."
"..."
"Não brigue comigo. Sabe o que posso oferecê-lo se me ajudar."
Ele finge me persuadir com uma voz gentil. Quase me sinto enjoado ao
ouvir, ele finalmente mostrou sua cara. Planejava continuar a negociar com
ele amanhã, mas agora que estamos conversando pelo telefone, já sinto nojo
dele.
Hoje ele encontrou a minha casa, então talvez depois apareça na frente do
meu apartamento e consiga fazer tudo que quiser comigo.
Mas esse dia nunca vai chegar.
"Entendo", respondo calmamente. Depois de desligar, levanto-me da
cama, ligo meu notebook e escrevo um e-mail.
***
É basicamente difícil ter a chance de soprar um vento frio na capital da
Tailândia, embora agora estejamos entrando na estação amena. Quando o
sol sobe no horizonte, o céu parece estar melhor do que nas outras estações.
Ficará claro mais tarde, assim como quando saí do táxi hoje. São quase
7h30 da manhã quando o céu começa a clarear.
Olho em volta. Pessoas arrastam malas e se reúnem em grupos neste
local movimentado. De acordo com a lógica, eu deveria estar indo ao
trabalho neste momento ou já estar no caminho, o que é totalmente
diferente do agora. Usualmente, tenho dores de cabeça por causa das
condições do trânsito, mas hoje acordei mais cedo do que de costume,
deixei meu carro no apartamento e peguei um táxi até o aeroporto Don
Mueang. Talvez eu até pareça que vou trabalhar, com uma mochila tão leve.
Mas não acho que voltarei a empresa novamente.
Ando até o telão de voos. Meu voo decola em duas horas. Ainda há um
tempinho para lidar com assuntos pessoais antes de entrar no avião, então
decido sentar-me e fazer uma ligação para um bom amigo.
"Jade."
"Onde você está? Estou na empresa e os outros não chegaram ainda.
Rápido, estou muito solitário!"
"Abra a gaveta sob a minha mesa, por favor."
"O que aconteceu?"
"A gaveta sob a minha mesa. Abra!", repito.
"Hm, espere um pouco", Jade responde e o som da gaveta abrindo é pego
pelo telefone, então ele prossegue dizendo "Devo abrir agora?".
"Vê o envelope branco?"
"Vejo."
"Entregue para o RH", digo, e o outro lado da linha fica em silêncio
imediatamente.
"...O que está no envelope?", o tom de voz do Jade fica sério
repentinamente.
"Carta de demissão".
"..."
"Já mandei um e-mail para P'Toon do RH ontem à noite. Ajude-me a
passar essa carta de demissão para ele e diga que lamento não poder
notificá-lo com antecedência há um mês. Já adiantei o trabalho. Você não
vai precisar limpar minha bagunça, já cuidei de tudo."
Jade, no outro lado da linha, não diz nada. Ele ainda deve estar em
choque. De fato, já resolvi a situação há um mês. Havia discutido com Jade
antes que eu me demitiria se não conseguisse aguentar, disse que seria a
minha última opção. Escolhi ficar e ser paciente porque ainda há muitas
contas e dívidas esperando serem pagas por mim todo mês. Não posso
perder meu emprego nesta situação econômica, mas realmente não posso
aceitar o mal comportamento do Khun Grit comigo todos os dias. Então
baixei o formulário de demissão antecipadamente para um caso de
emergência, eu só não esperava que realmente seria útil um dia.
"Pode me ajudar a entregar minha carta de demissão?"
"O quê?! Calma, Uea! Está falando sério?"
"Bem, liguei para Khun Grit ontem à noite. Ele já deu a ideia de que me
quer diretamente. Não posso mais trabalhar com ele. Não posso mais
trabalhar com esse tipo de pessoa. Não quero ficar quieto diante desse tipo
de ato, entende?"
Um suspiro pesado vem do outro lado da linha. Para mim, demitir-se é
uma decisão difícil. Estou muito satisfeito com o trabalho aqui. Tenho um
grupo de bons colegas e bons amigos como Jade, que me apoiam, mas Jade
também entende o dilema que estou enfrentando. Ele também está
preocupado com a minha segurança.
"...Já pensou bem?"
"Sim."
"Então o que planeja fazer agora?"
"Planejo viajar para outro lugar por um tempo e retornar à Bangkok antes
de procurar um emprego devagar. Estou no aeroporto e há só 2 horas até a
decolagem."
"Espere! Para onde está indo?", Jade imediatamente pergunta surpreso.
Dou uma olhada no telão de voos de novo e não sei como responder sua
pergunta. Planejo ir, mas não sei se deveria ir. É um lugar onde não tenho
nada além de uma boa recepção. Se souberem para onde estou indo, temo
que alguém possa ir me procurar. Se isso acontecer, vou precisar encontrar
um novo lugar para ficar. Então escolho dizer
"Entro em contato com você quando chegar". Desligo imediatamente.
Jade tenta fazer mais duas ou três ligações, mas não atendo.
Viro para trás e olho minha mochila, que tem apenas itens de necessidade
diária e mudas de roupas. Não contenho um sorriso. No fim, cedi
covardemente, mas é a minha única saída. Como pode um funcionário
comum como eu derrotar o sobrinho do chefe da empresa? Como pode um
garotinho, que tem sido um erro desde o momento em que nasceu, ganhar o
coração da sua mãe? E, por último, como pode viver uma linda história de
amor como num romance?
Tudo está bagunçado demais e eu estou cansado. Se eu quiser escapar e
me acalmar por um tempo, acho que ninguém vai me julgar por fazer algo
errado.
Baixo o olhar para o meu celular e clico no chat da pessoa que me
entristeceu. Tenho adiado por tempo demais. Na semana passada, achei que
teria tempo para desculpar-me com King, mas, de fato, nenhum de nós tem
como saber o que acontecerá no futuro. Já pode ser tarde demais quando
descobrimos nossos erros.
Posso não ter tido a oportunidade de pedir desculpas pessoalmente para
ele, mas, quando nos encontrarmos de novo, o problema entre nós terá sido
resolvido.
Meu pomo de adão movimenta-se para cima e para baixo de forma não
natural no momento em que clico na barra do chat no meu telefone,
digitando cada palavra com tristeza. King não é o tipo de homem que
guarda rancor. Ele é generoso e vai me entender e se dispor a me ver de
novo como um amigo.
"King
Sinto muito, o que eu disse naquele dia foi muito ruim e machucou você.
Sei que estava preocupado comigo, mas ainda me zanguei com você.
Obrigado por cuidar de mim. Obrigado por sempre ter ficado comigo.
Eu sinto muito, muito mesmo."
Após pressionar o botão de enviar, encaro inexpressivamente cada
palavra que acabei de mandar. Ainda tenho mil palavras para dizer para ele.
Embora seja difícil escrever todas, agora que estou pronto para ir embora,
não quero deixar quaisquer arrependimentos antes de ir. Algumas coisas
estão prestes a chegar ao fim. Não, deveriam ter acabado há muito tempo,
não deveriam ter acontecido.
Mas não há como negar que realmente tive um momento feliz durante
esse período.
"Também quero dizer que...
de agora em diante, terminamos nossa relação de amizade com
benefícios!"
Capítulo 20: Gangorra
Ponto de vista do King
Na segunda-feira de manhã, apresso-me até a empresa em pânico e corro
para o departamento. Esqueço de cumprimentar os meus sêniores e não
tenho tempo para lidar com os júniores que vêm até mim. Não paro para
dizer oi a ninguém. Vou enlouquecer agora mesmo!
"de agora em diante, terminamos nossa relação de amizade com
benefícios."
Ao receber essa mensagem repentinamente, meu corpo inteiro pulou em
irritação. Discutimos um pouco naquele dia. Perdi o meu temperamento
com Uea só porque me preocupo com ele. Fiquei com um pouco de ciúme,
esqueci que Uea também tem suas próprias dificuldades. Após voltar a
pensar direito, percebi que estava errado. Realmente quero desculpar-me
com ele, mas lembro da última vez em que cometi um erro na festa de boas-
vindas do Mai. Fiquei importunando Uea para que as coisas voltassem ao
normal o mais rápido possível, o resultado não foi como esperado, então
desta vez aprendi minha lição. Não posso ser possessivo assim. Planejava
esperar uma semana até que ambos tivessem se acalmado para poder
explicar para ele com calma, mas parece que me enganei mais uma vez.
Escaneio a sala do departamento, mas não acho a silhueta de quem quero
encontrar. Imediatamente semicerro os olhos para Jade, que está sentado ao
lado, e pergunto-lhe "Onde está Uea? Ele ainda não chegou?".
"Como pode ver", ele suspira desamparado, com rosto aparentando
desagrado.
Ligo para Uea imediatamente, mas a ligação é desconectada
automaticamente.
"Jade, pode ligar para Uea?", viro a minha cabeça e pergunto-lhe. Jade
parece ter uma expressão estranha em seu rosto.
"Na verdade..."
"Jade", a voz do P'Bas soa de repente e ele se aproxima com um olhar
confuso. "Encontrei Toon do RH lá embaixo. Ele disse que recebeu o e-mail
da demissão do Uea ontem à noite. O que aconteceu?"
"Demissão?"
"Ele tem algo pessoal para cuidar", quando ouço a resposta do Jade,
minha mente fica em branco como num curto-circuito. Não consigo
acreditar no que estou ouvindo.
Cheguei tarde demais, Uea não planejava esperar por mim...
"É impossível que Uea simplesmente abandone o trabalho assim. Jade,
fale para mim por que ele renunciou?!", meu tom de voz começa a ficar
mais duro. É impossível que alguém como Uea deixe a empresa em
segredo. Acredito que Jade deve saber o motivo por trás disso.
"Sim!", P'Bas concorda comigo.
A pessoa sendo questionada pisca em surpresa, então pega o meu braço e
vira-se para P'Bas.
"P'Bas, espere por mim, vou voltar para conversar com você. Quanto a
você, venha!", ele furiosamente me puxa para fora do departamento assim
que termina de falar, e subimos as escadas da saída de emergência. Aqui há
um jardim no terraço que é uma plataforma verde, especialmente construído
neste andar pelo dono deste prédio, mas acabou se tornando um paraíso
para fumar para os funcionários daqui, inclusive eu.
"Vamos conversar! O que há com ele? Por que Uea se demitiu?", tiro um
cigarro com um rosto tenso e, após Jade fechar a porta, suspira fundo sem
dizer nada.
"Foi por causa do Khun Grit. Ontem, ele foi à casa da mãe do Uea para
arranjar problemas. Ele descobriu o endereço pelo arquivo de currículo.
Uea chegou lá e teve uma briga com sua mãe. Fui ao seu apartamento para
confortá-lo. Foi o que aconteceu!"
As palavras do Jade fazem o meu punho apertar. Se aquele idiota
estivesse na minha frente agora, lhe daria um soco sem pensar duas vezes!
Ele não só se recusa a parar como também passa dos limites!
"Bem, Uea já deixou claro para mim que você e ele discutiram por causa
do Khun Grit. Você cometeu erro? Está agindo emocional demais! Sei que
se importa com ele, mas deve esclarecer as coisas. É isso que você quer
com seu temperamento? Não pode ser mais sensível com os sentimentos
dele?!", Jade começa a resmungar no meu ouvido e me encara hora ou
outra, enquanto fumo em silêncio ao lado dele.
"Bem, a culpa é minha. Perdi a cabeça por um momento", balbucio,
sabendo que sou irritável e de pavio curto, e sempre cometo erros.
Especialmente dessa vez.
"Então por que ele se demitiu?"
"Ele disse que não poderia mais obedecer a esse tipo de chefe. Eu
concordo. Se não dá para mudar, é melhor encontrar um novo emprego",
quanto mais ouço ao Jade, mais o meu coração aperta. A culpa não é do
Uea, mas é ele quem está sofrendo as consequências. Já o culpado pode
continuar feliz nesta empresa, não é verdade?!
"Uea acabou de me ligar e disse que já escreveu sua carta de demissão e a
colocou na gaveta, e me pediu que entregasse ao P'Toon. Ele foi a outro
lugar para descansar por um tempo, antes de voltar para procurar um novo
emprego. Ele me ligou quando já estava no aeroporto", Jade continua
dizendo. Assim que o ouço dizer isso, imediatamente aperto a bituca do
cigarro e ando até a porta. Meu amigo agarra meu braço imediatamente.
"Espere um minuto! Para onde está indo?"
"Encontrá-lo", respondo apressadamente e começo a me sentir mais
ansioso. Ainda não me desculpei com Uea, não esclareci as coisas. A
situação entre ele e eu não deve acabar assim.
"Perdão?! Deveria prestar atenção em que horas são e na situação do
trânsito primeiro! Aqui é Bangkok! É um dos lugares mais congestionados
do mundo! Quando chegar ao aeroporto Don Mueang, o voo já terá
decolado há muito tempo!"
"Droga. Porra! Quer que eu o assista ir embora sem fazer nada?!", não
consigo me conter e acabo gritando com ele. Jade não responde nada e seus
olhos me observam com suspeitas.
"King, gostaria de saber por que está tão zangado", diz num tom confuso,
"Até que ir procurá-lo de imediato. Está agindo de forma anormal. Pode
esperar que ele nos ligue novamente e então se desculpar com ele, não é
mais fácil? Há algo que eu não estou sabendo aqui?"
Imediatamente desvio o olhar com a consciência pesada. Embora Jade
seja usualmente lento, ele conhece bem a minha personalidade porque o
conheço desde a infância. Ele sabe que nunca me importo com alguém a
menos que ela signifique muito para mim. Não importa o quanto sua mente
seja lerda, é impossível não duvidar da minha atitude.
"Ficou em silêncio. Não falar nada significa que há algo entre vocês que
eu não sei, certo?"
"..."
"King, me responda! Idiota!"
"Bem, tem", finalmente falo. De qualquer forma, seria inútil esconder.
Não quero mais esconder a relação entre Uea e eu. Quero gritar para todos:
UEA É MEU!
"E que porra é essa?"
"É um problema de casal."
"Ah, é um problema de- O quê????!!!!", ele está em choque. Seus olhos
arregalam extremamente chocados enquanto me encaram, como se chifres
de demônio estivessem crescendo na minha cabeça. Sua boca abre e fecha
repetidamente como se estivesse ofegante e parece esquecer repentinamente
como produzir qualquer som.
"Já estão namorando?!!!", ele grita após um minuto.
"Não, não estamos."
"Ah..."
"Só amigos com benefícios", suspiro irritado. Minha explicação parece
estreitar a distância entre Uea e eu, mas ao mesmo tempo é o maior
obstáculo a nos separar.
"Ah... espere um minuto. O que é isso?", Jade hesita, "amigos com
benefícios? O que quer dizer com isso?"
"É uma relação de parceiros de cama. Temos feito sexo por um ano,
entendeu?"
"Caralho-!", ele fica boquiaberto e, no momento em que seus olhos estão
prestes a cair de choque, "Está mentindo para mim, não é? Isso não é nada
engraçado!"
"Estou com cara de quem está brincando com você?", pergunto
seriamente.
Jade fica completamente aturdido. Ele senta-se suavemente na cadeira
como se estivesse se rendendo, estica sua mão e toca sua têmpora.
"Rápido! O que está esperando? Cuspa tudo para mim, rápido!"
Então começo a explicar tudo. Começo pela briga no dia da festa de
boas-vindas do Mai, e até que fomos fazer teste de AIDS juntos. Em
seguida, que Uea me convidou a sermos amigos com benefícios. Também
digo ao Jade que agora estou certamente apaixonado pelo Uea. Quando
Jade ouve a verdade, suspira fundo assim que termino de falar.
"Quando ele soube que você ia para ir num encontro às cegas, uma
pessoa como Uea deve ter estado pronto para encerrar essa relação de
amigos com benefícios com você, seu desgraçado! Porra! Por que não disse
a verdade para Uea? Por que ficou arrastando a situação? Caramba! Que
dor de cabeça! Você está morto agora. Vocês dois são ótimos em criar mais
problemas!", Jade me olha desconfiado e sussurra "Gosta mesmo dele?".
"Sim", respondo. Na verdade, estou louco de amor pelo Uea. Nunca
pensei que amaria alguém tão profundamente.
"E ele?"
"Não sei, mas acho que ele tem os mesmos sentimentos por mim."
"Você só se importa consigo mesmo, Uea odeia canalhas assim. Acha que
ele gostaria de você?", Jade tem uma expressão de descrença, mas não me
incomodo em debater com ele. Acredito na minha intuição e também em
mim mesmo. Sempre que eu via o olhar do Uea e seu comportamento
comigo, acreditei que ele também sente o mesmo.
"Mais uma coisa: já que diz que gosta dele, por que ainda foi ao encontro
às cegas?"
"Porque a minha mãe me forçou a ir haja o que houvesse e este assunto
envolvia negócios de família. Tive que aceitar calado e ir."
"Mas você teve mais um outro jantar de encontro às cegas!"
"Eu não queria ir! Deixei muito claro desde o início para a minha mãe
que estava relutante em atender ao seu pedido e havia negócios de família
envolvidos. Achei que a minha mãe estivesse disposta a me deixar em paz
contanto que eu fosse uma vez. Ela não só não estava disposta a parar como
continuou marcando encontros, então tive que resolver a situação eu
mesmo! Precisei conversar cara a cara para deixar claro que já tenho
alguém e, assim que terminei de falar para ela, planejei ir para casa e dizer à
minha família claramente."
Suspirei por um longo momento. Ontem fiquei irritado o dia todo. Achei
que depois que resolvesse o encontro às cegas, não haveria preocupações e
a relação com Uea poderia ir mais longe. Inesperadamente, as coisas
mudaram drasticamente em um só dia.
Nada aconteceu como esperado.
"A garota disse alguma coisa?"
"Ela não disse nada. Ela disse que entendia. Parece que ela também foi
forçada a ter um encontro às cegas pela sua família."
"Então a sua família está bem? Acho que a sua mãe deve estar muito
zangada", Jade me pergunta suavemente. Ele conhece bem a minha família
e presume que a minha mãe deve estar muito insatisfeita.
"Claro que não está bem, mas é a minha vida. Por que devo me casar
com alguém que não amo e ser forçado a morar junto por 30 ou 40 anos?",
dou de ombros.
Ontem eu estava conversando com os meus pais e fiquei com dor de
cabeça. Diferentemente do meu pai que é bom em falar, a minha mãe perde
seu temperamento e me dá bronca. Ela disse que quanto mais velho fico,
menos sensível me torno. Eu disse para ela que, mesmo que eu esteja
disposto a seguir seus arranjos de casamento, este não é o mesmo caso. Ir a
um encontro às cegas e casamento são duas coisas muito diferentes. Não é
simplesmente algum tipo de piedade filial. Quero viver a minha vida do
meu próprio jeito.
Aos olhos da minha mãe, não sou o tipo de filho que se dispõe a
obedecer a decisões. Não é surpreendente que eu rejeite seu pedido. A vida
é minha. Não tenho o direito de escolher quem vai me acompanhar em cada
fase da minha vida?
Pensando nisso, ranjo meus dentes com raiva. Pego meu telefone e tento
ligar para Uea de novo. O telefone bipa de novo, indicando desconexão
automática. Aperto o meu celular com força e continuo a tentar discar seu
número com meus dedos, mas o meu coração está tão violento que quero
arremessar meu telefone para aliviar minhas emoções.
"Sabe para onde ele foi?", viro-me e pergunto ao Jade.
"Não tenho certeza, mas presumo um lugar."
"Qual?"
"King, pare de ligar para ele. Talvez ele tenha desligado o celular", ele
não responde minha pergunta. Quando estou prestes a arremessar meu
celular de ódio, ele repentinamente agarra o celular da minha mão e diz
"Além disso, mesmo que ele não tenha desligado o celular, acha que ele
atenderia ao ver que é o seu número que está ligando para ele? Você furioso
assim, eu não atenderia se fosse eu!"
"Então o que você quer que eu faça?!", estou tão irritado que não consigo
suportar.
"A primeira coisa a se fazer é se acalmar, desgraçado!", ele me dá uma
tapa atrás da minha cabeça e eu cambaleio para frente por um momento e o
olhar no rosto do Jade fica terrível, "Por enquanto, não podemos fazer nada,
só podemos esperar. Vou tentar ligar para ele até a noite e vou falar para
você quando ele estiver disposto a dizer onde está. Entendido? Quanto a
você, se realmente quer ir procurá-lo, tire uma boa licença!"
Estou muito estressado e tenho que admitir que o que ele acabou de dizer
é verdade, e não posso fazer nada agora sem saber onde ele está.
Ou...
[Conversa do passado]
"Uea, eu não gosto de locais com muitos turistas. Tem alguma
recomendação?"
"Lampang é bem bom, com paisagem bonita, parques nacionais e
cachoeiras. Não é barulhento demais como em outros lugares."
"Já esteve lá?"
"Tenho uma parente que mora em Lampang. Na verdade, é a minha tia.
Quando eu era criança, ia para lá para passear ao fim do semestre, mas
agora não temos contato."
A conversa da última viagem da empresa repentinamente vem à cabeça e
parece haver um vislumbre de esperança no meu átrio esquerdo! Uma vez,
Uea disse que tem parentes morando em Lampang e ele parece gostar muito
deste lugar. Acho que é provável que ele vá para lá para buscar refúgio em
seus parentes, mas isto é só uma hipótese. De qualquer forma, tenho que
esperar a informação do Jade, porque Uea definitivamente não me dirá."
"Jade, você entregou a carta de demissão do Uea?"
"Ainda não, estou esperando P'Toon vir perguntar-me sobre Uea, mas não
quero que Uea trabalhe com aquele tipo de babaca!", ele range seus dentes e
diz zangado.
"Não entregue, guarde sua carta de demissão", digo.
Jade ergue suas sobrancelhas levemente, seus olhos estão cheios de
preocupação...
"King, sei que não quer que ele se demita e eu também não quero. Mas se
ele não se demitir, o assédio será infinito. Aquele canalha definitivamente
não deixará Uea em paz. Quem iria querer ter um chefe que o intimida o dia
todo? Ele não pode derrotar aquele desgraçado, de qualquer forma".
"Não quero seguir um chefe tão canalha", os olhos do Jade arregalam
assim que termino de falar.
"Espere um minuto! Não me diga que vai se demitir também! Vai me
deixar para trás?!"
"Do que está falando? Vim trabalhar nesta empresa antes daquele
desgraçado, por que eu deveria sair?", imediatamente ergo um sorriso
astuto.
Pensando bem, há definitivamente uma chance para virar o jogo. Uea
claramente não fez nada errado. Ele não precisava ser a pessoa a admitir
derrota. Não acredito que não há outra forma de resolver este assunto!
"Sim! É aquele desgraçado que deveria ter ido embora!"
***
Ponto de vista do Uea
Há claros sons de pássaros ao longe. Abro os meus olhos e olho para
cima. Observo o teto de madeira escura do cômodo por um tempo. Pisco os
meus olhos para dispersar a sonolência e me sento na cama.
Saio da cama quente e minha pele se sente fria de repente. A estação de
inverno neste lugar não é como em Bangkok. O vento aqui é friorento e está
frio o bastante para fazer um homem alto de 1.75cm como eu tremer de
frio. Embora as janelas estejam completamente fechadas e o ventilador não
esteja ligado, o ar gelado ainda penetra através das brechas escondidas.
Tento esquentar meus braços com minhas palmas, e então pego uma toalha
e coloco no meu corpo para manter-me aquecido até o banheiro próximo ao
meu quarto.
"São só 5h da manhã, meu filho, por que não dorme mais?", soa a voz de
uma mulher gentil e de idade. A pessoa que fala é a dona da casa e também
a minha tia. Ela diz isso ao me ver sair do quarto.
"Não, quero tomar banho o mais rápido possível e ajudá-la a arrumar as
coisas."
"Ah, não! Há uma outra pessoa que chegará mais tarde para ajudar. Já
que está de férias, deve tirar um bom descanso."
"Tudo bem, quero muito ajudar. É chato fazer nada."
Sorrio para a minha única parente antes de fechar a porta do banheiro
para me refrescar.
A água quente dissipa o frio do meu corpo. Rapidamente tomo um banho
e troco de roupas, então olho-me no espelho e seco meu cabelo. As lágrimas
de ontem à noite ainda permanecem nos cantos dos meus olhos, mas pelo
reflexo no espelho, meu humor parece ter se acalmado muito.
Já faz três dias desde que me demiti e vim repentinamente para a casa da
minha tia em Lampang.
Embora eu já tenha pensado sobre demissão antes, meu coração ficou
atônito e preocupado quando a carta foi entregue. Não planejava viajar de
início, mas quando me vi completamente arruinado, só queria me libertar de
Bangkok, independente de para onde fosse. Sendo um lugar quieto, não
tenho que pensar sobre todas as coisas confusas. Então tive uma ideia, corri
até aqui sob o risco da minha tia não me aceitar por causa da minha entre
ela e minha mãe, elas não têm contato uma com a outra há vários anos.
Felizmente, quando a minha tia me viu olhando a loja escondido, me
chamou apressadamente para dentro. Contei para ela todas as coisas que
aconteceram. Incluindo a briga com a minha mãe e o conflito na empresa.
Por sorte, a minha tia me recepcionou e disse que posso ficar aqui até
retornar à Bangkok.
Minha tia e minha mãe têm personalidades muito diferentes. A minha
mãe é uma pessoa muito irritável e facilmente fica estressada, mas a minha
tia tem personalidade calma. Ela me cumprimentou entusiasticamente sem
dizer nada. Esse tratamento é algo que nunca tive da minha própria mãe.
De fato, ela não ficou nada surpresa quando contei a história toda. Ela já
sabia que a minha mãe nunca me amou.
Então, durante estes três dias, tenho morado na casa da minha tia todos os
dias e fui ao seu restaurante ajudar. Minha tia é viúva, seu marido faleceu
há dez anos e não tiveram filhos. Tia mora sozinha e administra um
restaurante de empreendimento conjunto com outro homem. Seu restaurante
tailandês é proeminente ao lado da estrada e é muito grande, atrás do
restaurante tem um local de descanso. No passado, quando eu vinha aqui
com meus colegas de classe da universidade nas férias, lembro que seu
restaurante não era grande assim. O tempo passou e agora ela está
expandindo seu negócio, porque há infinitos turistas que vêm e comem
aqui.
O estilo de vida aqui é muito diferente da capital. Tudo aqui é quieto e o
ritmo de vida lenta é defendido. Não é estressante como Bangkok e a
poluição do ar é relativamente suave. Aqui posso relaxar e respirar
livremente, e relaxar meu humor. Mais uma vez sinto que a minha decisão
original foi muito correta e que devia sair daquela situação o mais rápido
possível. Mesmo com a minha situação financeira atual, estou muito
preocupado sobre encontrar um emprego novo no futuro, especialmente na
recessão em curso. Não muitas empresas estão dispostas a contratar novos
funcionários. Por sorte, tenho algumas economias, que são suficientes para
pagar o financiamento do apartamento por 4-5 meses. Se eu ainda não tiver
encontrado um novo emprego até lá, posso encontrar alguns trabalhos
autônomos primeiro e o dinheiro ganho ainda poderá pagar minhas
despesas diárias.
Deixo as minhas preocupações para trás, saio do banheiro e trabalho com
outros funcionários para preparar o restaurante. Este restaurante é aberto
todos os dias das 11h às 22h. Agora estamos no pico da estação turística. Há
tantos clientes que vêm ao restaurante todos os dias. Não quero ser só um
fardo só comendo, bebendo e passeando aqui, então às vezes ajudo a pegar
pedidos, entregar comida e receber dinheiro pela minha tia. Outro motivo
pelo qual continuo ajudando a fazer tantas coisas, é para evitar que eu
pense...
Para que eu não sinta saudade...
"Tudo bem se não vier ajudar no restaurante hoje. Os funcionários aqui já
são o bastante para ajudar."
Fico parado num transe e a tia de 65 anos coloca suas mãos enrugadas
em meus ombros, antes de continuar dizendo "Já que Uea veio aqui para
descansar, como sua tia, também espero que possa aproveitar seu tempo
feliz!".
"Deixe-me ficar e ajudar hoje. Vou sair para passear amanhã", viro e
respondo, esperando que ela se sinta tranquila. Tia sorri suavemente ao
ouvir, e parece estar satisfeita com a resposta. Ela sai andando para verificar
a abertura do restaurante e me sento na cadeira em silêncio, meus olhos
caídos melancólicos.
Ainda que eu tenha que superar muitas coisas em meu coração, nem tudo
será o mesmo. Estou preocupado que Jade esteja enfrentando uma carga de
trabalho pesada por causa da minha demissão. Ele me liga todos os dias e
diz para não pensar demais, mas ainda me sinto culpado. Jade me perguntou
onde estou agora e, como não tenho a intenção de esconder, disse a
localização. Minha demissão causou-lhe problemas demais. Não quero que
ele se preocupe comigo. Ele também mencionou que outros colegas da
empresa ficaram surpresos com minha saída repentina, especialmente
King...
Fico em silêncio sempre que ele fala sobre King e então rapidamente
mudo o assunto. Não é que eu não queira saber como ele está, mas quanto
mais ouço sobre ele, mais sinto sua falta.
King ficou furioso no dia que me demiti. Ele me enviou muitas
mensagens, mas não mais entrou em contato comigo depois daquele dia.
Suspirei de alívio, porque não sei exatamente o que dizer para ele e o meu
coração não está forte o bastante para falar com ele de novo.
Ainda gosto muito dele. Levará um longo tempo para que eu ajuste
minha mentalidade devagar. Se eu ouvir menos notícias dele, acredito que
serei capaz de superá-lo.
Só espero que as coisas andem na direção para qual eu oro.
A hora no relógio marca 11h30. Levanto-me da cadeira, lanço fora os
pensamentos caóticos em minha mente e ajusto meu humor para receber os
clientes que entram no restaurante. A tarde é o horário de pico no
restaurante e hoje não é exceção.
"Licença, há alguma mesa disponível?"
A voz desse homem é um pouco familiar. Concentro-me em calcular os
valores de pé atrás do balcão. Imediatamente ergo minha cabeça e sorrio
para responder "Sim! Por favor-".
Quando vejo claramente o rosto do cliente, o sorriso em meu rosto
desaparece instantaneamente. Vejo os olhos que arrasam o meu coração
cada vez que o vejo me encarando profundamente. King coloca um de seus
cotovelos no balcão e há um leve sorriso em seu rosto.
"Leve-me à mesa vazia!"
"Como sabia que estou aqui?", falo de novo após o choque em meu
coração. Uma gargalhada vem dele e em seguida sua voz profunda diz
"Porque sou inteligente!".
"Soube pelo Jade, não foi?", baixo meu rosto. King não poderia adivinhar
se não fosse pelo Jade. Só Jade sabe onde estou. Há alguns dias, ele pediu
que eu enviasse a localização do restaurante da minha tia, dizendo algo
sobre querer vir aqui também. Ele disse que, após comer aqui uma vez, não
consegue mais esquecer o sabor, então queria trazer Mai para vir
experimentar também. Ao ouvir isso, sem saber do plano por trás, passei a
localização do restaurante para ele. Nunca pensei que tal pessoa viria me
encontrar aqui.
Mas por que King está aqui mesmo?!
King respira fundo e sua expressão leve instantaneamente torna-se séria.
"Vim aqui para desculpar-me pela minha birra."
Desvio o olhar, na tentativa de evitar seus olhos intensos. Pelo canto dos
meus olhos, consigo ver minha tia se aproximar.
"Uea, hm... O que aconteceu..?", a voz da minha tia hesita ao ver King e
eu discutindo no balcão.
"Ah... este-"
"Você é tia do Uea, certo? Olá!", King imediatamente segura as mãos da
minha tia e a cumprimenta com seu sorriso brilhante, "Sou King, Uea é
meu-"
"Amigo! Ele é meu amigo da empresa!", rapidamente interrompo a
conversa. Temo que King diga algo estranho. Minha tia está satisfeita em
ouvir a resposta, então vira seu rosto para olhar para King.
"Acontece que você é amigo do Uea, por que veio até aqui, filho? Está
aqui para viajar?"
"Sim, tirei dias de folga para viajar até aqui e soube que Uea também
estaria aqui, então vim aqui para encontrá-lo. Sei por que Uea é tão lindo,
sua beleza deve ter sido herdada da sua tia!", sua lábia é doce e
escorregadia, e tem outra mão para aliciar a mulher idosa. Veja como ele
está feliz em aliciar a minha tia!
"Está bem, está bem, o garoto da cidade é mesmo doce! Venha aqui, deve
estar cansado. Venha sentar-se aqui e conversem um tempinho, quer algo
para comer? Tia vai cozinhar para você!"
"Está tudo bem, já comi antes de chegar aqui."
"Uea, se estiver livre, leve o seu amigo ao pavilhão! Lá é tão legal e
podem se sentar e conversar."
"Tudo bem", respondo impotente e o guio até o pavilhão de madeira
próximo ao restaurante. King me segue quietamente e nos sentamos no
pavilhão. Sou o primeiro a iniciar uma conversa.
"Veio aqui perguntar por que fui embora? Se sim, então exagerou... Na
verdade, podia apenas ter me ligado", digo a pessoa sentada à minha frente.
A distância de Bangkok à Lampang é bem longa, ainda que venha de avião,
é uma longa jornada e é incômoda. Por que usar sua folga preciosa para vir
aqui?
[N/T: As empresas costumam ter um regulamento que permite que
funcionários tirem folgas independente do motivo. Costuma-se permitir 7
dias de folga por ano.]
"Se eu ligasse, você atenderia?", ele corta meu discurso de uma só vez.
Não consigo dizer nada para refutar, ele está certo... Mesmo que ele ligasse,
eu poderia não o atender.
"Na verdade, não é nada. Voei até aqui porque queria muito te ver."
Suas palavras tiram o compasso da minha respiração. King olha
fixamente o meu rosto e diz numa voz gentil "Uea, sinto muito. Não
consegui controlar minhas emoções por um momento. Forcei os meus
próprios pensamentos em você. Minha impulsividade fez com que eu
perdesse meu temperamento com você. Sinto muito mesmo. Você está
certo, então..."
"Tudo bem, eu também errei. Sinto muito, eu disse muitas coisas ruins
para você naquele dia", digo suavemente e a tristeza em meu coração alivia
muito por finalmente me desculpar com ele pessoalmente.
"Isso é um alívio. Significa que não apenas eu fiquei preocupado, você
também se sentiu da mesma forma por mim", então sua voz profunda soa
antes que nossos olhos se encontrem. O olhar carinhoso do King faz com
que eu me sinta um pouco nervoso.
"Fiquei com ciúme, sabia?"
O ar para por um instante e eu não consigo dizer uma palavra. Sempre
me perguntei como King se sente sobre mim. Mesmo que eu pudesse
presumir pelas pistas que ele me dava, não queria admitir, porque era claro
que não havia possibilidade alguma entre nós. King fala repentinamente
como se estivesse jogando uma bola diretamente em minha direção e eu não
conseguisse desviar.
"Eu gosto de você, sei que sente o mesmo por mim, não é? Acredito que
a minha intuição não está errada", seus olhos brilhantes revelam confiança.
Meu coração lateja e pulsa. Instantaneamente perco a minha coragem e não
ouso olhar para ele.
"Não importa como me sinto. No fim das contas, você vai se casar com
outra pessoa."
"Acalme-se, Khun Anon. Quem é que vai se casar?", ergo as minhas
sobrancelhas em dúvida ao ver King rindo e se divertindo.
"Você..."
"Já deixei claro que nunca vou me casar com alguém que não seja da
minha escolha. Acha que uma pessoa como eu vai se dispor a isso por causa
dos outros?", responde com um sorriso.
Olho para a paisagem do lado de fora do pavilhão e sussurro "Não sei,
nunca sei nada sobre você, de qualquer forma."
King não responde, só olha para mim com uma expressão difícil de
decifrar e então percebo que meu tom foi tão angustiante, o que eu acabei
de dizer foi tão desesperado. Normalmente, eu nunca agiria assim. Só ajo
diferente com King, me torno menos como eu mesmo.
"Bem, foi por isso que eu vim dizer para você cara a cara", King levanta-
se e se aproxima de mim assim que termina de falar. Imediatamente quero
fugir, mas ele agarra minha cintura e me aproxima ainda mais dele. Ele
abraça minha cintura e não pretende soltá-la.
"Para onde quer ir?"
"Solte, ou seremos vistos pelos outros!", tento assustá-lo numa voz baixa
e olho com nervosismo para o restaurante ao mesmo tempo.
"Não!", King não apenas fala como também aproveita a oportunidade
para me dar um beijo na bochecha, e eu estapeio seu ombro até que ele grite
"Ai!" de dor.
"Se não me soltar, não vou querer conversar sobre nada!", dou-lhe um
ultimato. Ainda que King esteja insatisfeito, ainda estica sua língua com
raiva e retrai sua mão. Imediatamente dou um passo para trás e King
continua dizendo.
"Concordo em terminar nossa relação de amigos com benefícios, mas
quero reverificar nosso relacionamento. Não sei o quanto acredita no que eu
disse, mas me livrei de todos os obstáculos só para poder estar com você.
Uea, estou falando sério desta vez!"
"...E se a sua família não concordar conosco?"
"É problema deles!"
"Se importa com eles?"
"Sei que têm boas intenções para mim, mas são apenas intenções. A vida
é minha. Quero escolher o meu próprio caminho", ele aperta o meu pulso e
o calor da sua palma faz o meu coração pular de novo.
"Uea, se lembra da aposta entre nós? Você prometeu conceder um desejo
meu se o Liverpool perdesse."
"Lembro disso."
"Hoje estou aqui para honrar a nossa aposta", ele parece solene. Engulo
nervoso e pergunto
"O que você quer?".
"Quero que me dê uma chance e tente abrir o seu coração."
"...", não sei como reagir. Tenho sentimentos mistos e o meu coração está
muito confuso. Sei que é uma boa notícia. King também gosta de mim e até
espera ter um relacionamento sério comigo. Mas tenho medo de ser
machucado de novo se eu mergulhar mais fundo...
"Eu sei pelo que já passou antes, sei que não gosta do tipo macho man,
mas não pode ter preconceito com todo mundo assim. Eu não sou os
outros!"
"..."
"Sei que pode estar preocupado. Imploro que me dê uma chance para me
provar. É só uma chance, está bem? Gosto de verdade de você! Uea, não
quero mais te perder!"
Seu tom de imploração realmente me assusta. O King que eu conheço é
uma pessoa que é cheia de confiança em si mesmo, mas agora ele parece ter
perdido toda sua autoconfiança e seu rosto está mais nervoso do que já vi
antes.
O pavilhão está bem vazio. Neste momento, está tão quieto que até som
do vento soprando é claramente audível. Baixo meu olhar e encaro o chão
hipnotizado. King já decidiu, mas e eu? Experiências românticas passadas
me deixaram com muito medo de entregar o meu coração sem reservas.
Não posso suportar uma decepção de novo e nem sei se a família do King
estaria bem com nosso relacionamento. A estrada adiante parece cheia de
espinhos, parece tenebrosa, mas mesmo assim...
"Eu..."
Embora eu planeje desistir do meu coração, ainda gosto do King...
"Posso dar uma chance."
Decido desafiar o meu medo interior e dar um passo adiante. Suas
pupilas crescem em choque, como se não acreditasse no que os seus
próprios ouvidos ouvem. Quando seu lindo rosto volta aos seus sentidos, ele
curva sua boca lentamente num sorriso. Talvez ele tenha ficado animado
demais e inconscientemente aperta meu pulso com força, até eu apertar os
cantos da minha boca devido à leve dor.
"Mas não estamos namorando oficialmente, não vou matar você
amarrado", prossigo. King me olha calmamente sem me interromper, para
me deixar terminar de falar de uma só vez. Respiro fundo e continuo "King,
vou ser direto. Nós dois sabemos como você era antes. Ainda que tenha me
dito que não procuraria por mais ninguém, não precisa dizer nada, estou
bem. Não tenho confiança em mim mesmo e acredito que a sua família
realmente tem a capacidade de fazê-lo parar de gostar de mim. Não sei se
ainda vai conseguir ficar comigo depois que isso acontecer, ainda seríamos
um casal? E se mudar de ideia e encontrar outra pessoa? Não quero que
essas coisas mudem a visão do nosso status."
Agora, parece que um objeto duro está preso em minha garganta. Quando
penso que algo assim pode acontecer, meu coração aperta. Ainda que o meu
coração doa, continuo a falar com tristeza.
"Então, a minha condição é que posso dá-lo uma chance, mas quando
cansar de mim e quiser me deixar, por favor, me avise com antecedência."
"Está bem", promete. O sorriso em seu rosto é muito brilhante, mas
imediatamente retraio minha mão que estava sendo segurada forte por ele e
as minhas próximas palavras fazem o sorriso em seu rosto congelar.
"Então... durante este período, é estritamente proibido tocar o meu corpo
sem o meu consentimento."
"O quê?!", King ergue suas sobrancelhas ao ouvir as palavras.
King faz uma expressão de criança inocente. Não consigo conter uma
risadinha e rapidamente ajusto a minha expressão para continuar explicando
"Não estamos namorando oficialmente. Você não é meu namorado. Como
pode fazer essas coisas pervertidas?".
"E só um beijo? Pode me beijar?"
"Não posso."
"Abraçar?"
"Não posso."
"E andar de mãos dadas?"
"Não pode sem a minha permissão."
"O quê?! Você é tão autoritário", King lamenta de imediato.
Ergo as minhas sobrancelhas e pergunto "Não pode aceitar?".
"Eu não disse isso!", ele retruca zangado.
Seu rosto me faz sorrir conscientemente. Parece ser a primeira vez que
sorrio do fundo do meu coração desde que eu nasci, não o tipo de sorriso
superficial.
Não tenho confiança em mim mesmo e tenho sido assustado por aquelas
más experiências do passado. Se eu continuar a fechar meu coração por
causa do medo, talvez não mais saiba o que realmente penso. Como King
disse, se eu impor rancor de outras pessoas a ele, será injusto com ele.
Realmente espero que tudo entre ele e eu possa se desenvolver
tranquilamente de agora em diante.
"Onde está dormindo agora?"
"Numa hospedagem próxima daqui. Estamos no pico da estação turística,
é tão difícil encontrar um lugar para descansar. Felizmente, há lugares para
alugar. Quer ficar comigo? A cama do meu quarto é muito grande!", um
leve sorriso aparece em seu rosto de novo.
Dou-lhe um olhar de nojo. Em apenas alguns minutos ele volta a ser
malicioso de novo! Seu caráter é tão ruim!
"Mais quantos dias de folga? Em qual dia vai voltar? Já comprou a
passagem?"
"Ainda não comprei uma passagem de volta, quero esperar você para
voltarmos juntos."
"Se for me esperar para voltar, acredito que logo perderá o seu emprego
como eu! Planejo ficar aqui por duas ou três semanas antes de retornar à
Bangkok para procurar um novo emprego", sinto-me um pouco pesado e
suspiro. Não é fácil encontrar um emprego durante este período e não sei
quanto tempo levará até encontrar um emprego parecido.
"Por que está procurando por um novo emprego?", pergunta-me King.
Ele dá uma risada terrível e eu ergo minhas sobrancelhas.
"Já me demiti."
"Jade não entregou sua carta de demissão", King responde.
Estou um pouco tonto com essa informação, mas mesmo que a minha
carta de demissão não tenha sido entregue, minha determinação não vai
ceder.
"Não posso mais continuar trabalhando naquela empresa", digo
indiferentemente. Desde que Khun Grit esteja lá, nada pode ser mudado.
Ele certamente não me deixará em paz facilmente. Não quero mais ficar
trabalhando num ambiente que pode até piorar a minha saúde.
"Caramba! O cara foi embora! Quando estava vindo esta manhã, Jade
ligou para me informar antes que eu entrasse no avião!", olho para King em
choque ao ouvir sua resposta.
"Para onde ele foi?"
"Acho que deve ter sido transferido para outra filial, não sei! Não estou
interessado na vida dele!"
"Como isso pôde acontecer?! Por que de repente ele-"
"Enfim, ele já foi!"
Talvez eu esteja chocado demais. King não contém uma risada. Ele se
encosta em sua cadeira antes de continuar me explicando devagar.
"Conversei com o chefe, Jade também contou às outras pessoas do
departamento sobre você. Quando souberam o que o cara havia feito com
você, disseram que bateriam nele até matá-lo. Eles rodearam nosso chefe e
pediram uma explicação. Por sorte, o chefe ainda tem alguma consciência e
não queria deixar as coisas piores para um funcionário, então transferiu
aquele cara para outra filial", todo o fato é além das minhas expectativas.
Fico um pouco surpreso, não esperava que o chefe valorizasse mais seus
funcionários do que seu sobrinho!
"Mas... o chefe não vai concordar se eu voltar..."
"Se ele não quiser que o escândalo do sobrinho dele se espalhe para
outras filiais, deve agir com você como se nada tivesse acontecido", ainda
que haja um sorriso relaxado no rosto do King, não há sorriso em seus olhos
"O chefe pediu que você descanse bem e volte para trabalhar. Ele disse que
era sua compensação e, em troca, prometi não postar o escândalo nas redes
sociais. E você não vai perder dinheiro por absentismo".
Encaro a pessoa à minha frente hesitantemente. King é uma das pessoas
favorecidas pelo chefe. Nunca pensei que ele teria a coragem de negociar
com o chefe, mas King é esse tipo de pessoa. Ele é muito inteligente e sabe
como usar isso em seu favor. Com a moeda de troca em sua mão, mesmo
que ele enfrente a pessoa que ele odeia, ainda pode sorrir e cumprimentá-
las. Mas ele já descobriu a estratégia de lidar em seu coração.
Talvez eu esteja tão acostumado com seu rosto sorridente, que quase
esqueço como esse garoto é traiçoeiro e astuto!
"Neste caso, não deixe que seus outros parentes tenham direitos lá
também! Aquele P'Mongkon insuportável!", fico cansado ao pensar no
problema anterior, mas King continua dizendo...
"Sua situação também estava fora de controle. Jade não conseguiu
suportar. Ele reclamou ao chefe na frente de todo mundo. Então P'Mongkon
recebeu a ordem de voltar ao trabalho que ele negligenciou. P'Mongkon
ficou muito insatisfeito, mas os outros colegas do departamento estão o
monitorando de perto. Ele não ousa reclamar ao chefe."
"Sério...?!", murmuro numa voz baixa. Não consigo acreditar no que
ouço. Parece que tudo havia chegado a um fim, o que significa que não
tenho que me demitir. Quanto ao assunto entre King e eu...
"Ainda há 3 ou 4 dias para ter um bom descanso. Podemos retornar à
Bangkok no domingo", King aproxima-se de mim. Embora não toquemos o
corpo um do outro, ele me olha fixamente com olhar afetuoso e isso me
deixa um pouco tonto. Especialmente quando ele fica encarando os meus
lábios.
"Estou aqui, de qualquer forma, pode me levar para visitar este lugar
como um senhorio?"
"Sim", tento me controlar para não rir, mas os cantos da minha boca não
conseguem parar de se erguer, porque ele tem encarado os meus lábios por
tempo demais.
No dia em que eu estava desesperado e não conseguia encontrar uma
saída, o homem que está na minha frente me esticou sua mão e me puxou
do abismo escuro. Não sei o que acontecerá no futuro, mas hoje escolho
confiar nele e ver o seu rosto com um sorriso caloroso. Sei que a minha
decisão foi correta.
Realmente espero que King seja a pessoa ao qual estou destinado e que
sempre estará ao meu lado. Seria ótimo se isso fosse verdade!
Capítulo 21: Os Direitos dos "Amantes
Informais"
O tempo de início de inverno no norte da Tailândia não é mesmo
brincadeira. A temperatura aqui cai de repente ao anoitecer. Ainda que eu
use roupas grossas de manga longa e jeans, ainda tremo de frio. Por volta
das 22h, fico no restaurante da minha tia e trabalho com os outros
funcionários para ajudar a arrumar. Faço uma checagem dupla para me
certificar de que nada importante foi esquecido. Após desligar o gás e
trancar o caixa de dinheiro e a porta, volto à loja localizada nos fundos do
restaurante.
"Você deve estar cansado depois de voltar do restaurante, como eu disse,
não é um problema se você não ajudar", no momento em que piso dentro de
casa, a voz gentil da dona da casa soa. Minha tia está sentada no sofá, me
olhando com olhos carinhosos.
"Tudo bem. Se eu ajudar, você pode voltar logo e descansar bem. Não
sinto nenhum peso, e hoje é o último dia em que posso ajudar no
restaurante."
Ergo um largo sorriso para a minha tia idosa. Amanhã é domingo, que é o
dia em que volto para Bangkok. Vou trabalhar como de costume na
segunda-feira.
Não consigo acreditar que vou mesmo voltar para aquele lugar.
"Como vai voltar amanhã? A que horas você vai embora, garoto?"
"Eu já comprei a passagem. Por volta das 9h."
"Vai voltar com o seu amigo, não é?", tia pergunta com um sorriso.
Como uma idosa muito mais velha do que eu, sempre senti que a minha
tia consegue pegar algumas pistas, sabendo que King não é apenas um
simples amigo. Mas a minha tia não mostrou nem uma atitude estranha ou
de nojo, e seu comportamento me deixa aliviado. Minha única parente no
mundo que não me odeia por causa disso.
"Sim, King vai vir me buscar amanhã."
"Já fez a sua mala?"
"Ainda não, vou fazer depois de tomar banho."
"Ah, então se apresse e se apronte! Já está tarde, vá tomar banho antes de
dormir, rápido!", tia estica suas palmas enrugadas pelo trabalho duro, e
gentilmente acaricia o meu cabelo.
Depois de dizer boa noite à minha tia, vou pegar toalhas de banho, lavo o
meu corpo e volto ao banheiro. Após isso, começo a fazer a mala com a
qual vou voltar para Bangkok amanhã.
Buzz!
O celular, que está carregando, vibra de repente. Paro de arrumar as
minhas roupas, ando e o pego, e quando vejo o nome na tela, rapidamente
olho para o relógio que está na parede.
São 23h... Ainda não dormiu?
"Por que está ligando?"
"Ei! Mesmo que não seja um relacionamento oficial, não fale comigo
nesse tom, Khun Anon", algumas risadas vêm do outro lado do telefone.
Meu coração fica aquecido assim que ouço a familiar voz grave.
"Não vai dormir?"
"Vou dormir, mas sinto muito a sua falta e quis te ligar."
"Há do que sentir saudade? Passamos o dia todo juntos", ergo as minhas
sobrancelhas levemente. Na verdade, não só hoje. Nos últimos três dias,
King e eu temos ficado juntos como feijões o dia todo, passeando pelas ruas
e becos de Lampang, indo ao Parque Nacional Caisang antes de ontem e à
Rua Pedonal Gongda ontem. E hoje ao templo Wat Phra That Doi Phra
Chan para orar por bênçãos.
É como ir num encontro.
"Mas não estamos juntos agora, então começo a sentir saudade", um tom
sedutor vem do outro lado da linha e eu não consigo conter um sorriso nos
cantos da minha boca. Não é de admirar que muitas garotas o queiram.
"Obrigado pelo seu flerte barato. Já pode ir dormir. Vejo você amanhã."
"Hahaha! Espere um minuto! Não corra para desligar a ligação!"
"Qual é o problema?", os cantos da minha boca sorriem. Na verdade, sei
que ele só quer conversar comigo, mas é interessante ter uma oportunidade
tão boa de provocá-lo.
"O que está fazendo?"
"Colocando as minhas coisas na mala."
"Vamos conversar enquanto você faz a mala!"
"Não, a minha boca vai ficar muito cansada."
"Isso é cruel, Khun Anon", parece ter alguém um pouco insatisfeito na
outra ponta da ligação.
Quase riu até não conseguir mais respirar. Quando termino de rir,
continuo dizendo "Vá dormir! Amanhã vamos nos levantar cedo pela
manhã e você não vai acordar cedo se não dormir agora".
"Não está esquecendo de alguma coisa?", King me lembra pelo telefone.
Franzo o cenho de leve, tentando pensar no que estou esquecendo.
"Esquecendo o quê?"
"Você esqueceu."
"O que esqueci?"
"Esqueceu de dizer boa noite para mim, Uea. Vamos, diga"
Quando ele me lembra, os cantos da minha boca quase se erguem de
novo.
Para ser honesto, ainda não estou acostumado a King fazendo esse tipo
de coisa comigo. Ainda que a nossa relação de amigos com benefícios tenha
acontecido por mais de um ano, nesta relação nós dois podemos ser amigos,
no máximo. Mas agora é diferente do passado.
"Boa noite", respondo apressadamente. Felizmente estou sozinho agora.
Se King estivesse aqui, definitivamente perceberia a minha orelha
vermelha.
"Está bem, vejo você amanhã. Boa noite."
A voz gentil é ouvida, fazendo as minhas bochechas queimarem.
Rapidamente encerro com um simples "hm" e, depois disso, ajusto a minha
respiração e volto a arrumar a minha mala de novo.
Após 10 minutos, tudo está feito. As lembrancinhas a serem dadas aos
colegas da empresa estão organizadamente colocadas em grandes bolsas de
papel. Desligo as luzes do quarto, deixando apenas uma pequena luz
amarela na varanda para que o quarto não fique escuro demais, e então me
deito na cama.
Inesperadamente, aos 28 anos e já tendo me apaixonado algumas vezes,
ainda me sinto tão nervoso que o meu coração bate forte. Sempre que me
aproximo do King, começo a me sentir perdido se eu não for bom em
esconder minha expressão facial. Ele definitivamente perceberá minha
expressão excessivamente nervosa e vai rir muito de mim! Então isso não
pode ser descoberto por ele. Acontece que sou do tipo de pessoa que fica
tímica com a pessoa que gosto...
Ergo a coberta para cobrir o meu queixo, tento fechar os meus olhos e
cubro o meu rosto com um travesseiro macio para tentar esconder meu
sorriso. Estou me fazendo de bobo como um adolescente que acabou de
começar a amar, e os cantos da minha boca ainda se erguem fora de
controle.
Se alguém deve ser culpado, esse alguém deve ser King! Porque ele é
quem me fez ficar assim!
***
Às 6h do dia seguinte, saí da casa da minha tia e me preparei para ir ao
aeroporto. King alugou um carro para me buscar. Antes de ir embora, minha
tia me acompanhou até o lado de fora. Ela nos desejou o melhor e disse
para ligarmos para ela assim que retornarmos à Bangkok. Fiquei
emocionado em dizer adeus à minha única parente unindo as minhas mãos.
Comparando com a pessoa que me deu à luz, se a minha mãe pudesse me
amar e se importar mais comigo, seria muita sorte. Mas vendo seu
comportamento após eu ir em casa naquele dia, acredito que meu coração
pode desistir de hoje em diante.
Sei que esse desejo é impossível e não posso reverter os fatos. Não
importa o quanto eu me sinta triste, digo para mim mesmo que a única coisa
que posso fazer é encarar com um sorriso e continuar a viver a minha vida
bem.
Ao chegar no aeroporto, primeiramente King devolve o carro alugado e
então seguimos para o balcão da companhia aérea. O voo de Lampang para
Bangkok leva mais de uma hora e o nosso avião chega no aeroporto Don
Mueang às 11h. Após sair do avião e recolher as bagagens, King dirige até
o shopping para almoçarmos e então de volta ao meu apartamento.
"Obrigado por me trazer de volta", destravo o meu cinto de segurança e,
após agradecê-lo, estou prestes a abrir a porta e sair do carro.
"Uea, posso subir para a sua casa? Estou com um pouco de sono e não
posso dirigir o carro", ele boceja de novo, tentando parecer muito sonolento
e cansado, mas a luz em seus olhos está brilhando. Levo um segundo até
ver a má ideia que ele está tendo.
"Você dormiu agora há pouco no avião", desmascaro seus truques bem na
hora. Os olhos dessa pessoa sonolenta são estranhos! Ele só queria usar uma
desculpa para ir ao meu apartamento.
"Não consegui dormir no avião de novo. O que faço se adormecer
enquanto dirijo? Subir para o seu apartamento-"
"Vejo você na empresa amanhã!", saio apressado do carro e deixo escapar
uma risada enquanto entro no apartamento.
Desde que entramos no novo acordo, King sempre se manteve nas regras
e não tem reclamado muito, mas às vezes ele cria truques escondido para ter
contato físico comigo. Ele põe seu braço ao redor dos meus ombros e
afirma haver muitas pessoas na rua, e que precisa me abraçar forte para
evitar que os outros esbarrem em mim (só que, na verdade, não há tantos
transeuntes como ele diz). Mesmo que eu o encare, ele finge indiferença.
Ainda finge inocência para entrar no meu apartamento hoje?!
Embora eu goste muito do King, é necessário criar algumas regras
primeiro, sem-trégua, e eu acho que as regras que determinei antes serão a
melhor prova se King está sendo sincero ou não. Realmente quero saber por
quanto tempo ele pode aguentar.
Dei-lhe a oportunidade, mas o desenvolvimento da história vai depender
de sua própria determinação.
***
Na manhã seguinte, acordo às 5h30 para tomar um banho, me vestir e me
preparar para o trabalho mais tarde. O celular vibra no momento em que
estou de frente ao espelho, penteando o meu cabelo. Pego e vejo que é King
ligando.
"Oi, o que é?"
"Estou no térreo do seu apartamento."
Franzo suavemente o cenho, fico confuso por suas palavras.
"Você veio-"
"Desça quando terminar. Vou esperar por você no saguão", King desliga
assim que termina de falar.
Suspiro, coloco as roupas trocadas no closet e saio apressado para
encontrar o rapaz que está me esperando no térreo do edifício.
Usando uma camisa escura e calça cinza, King senta-se elegantemente no
sofá do saguão. Todos os dias, ele usa creme de cabelo para pentear seu
cabelo para trás asseadamente. Todo o corpo do King exala uma luz
deslumbrante e as pessoas passando não conseguem evitar olhá-lo duas
vezes. Fico de pé no canto e o espio, sentado no sofá sem ninguém perto
dele, mexendo em seu celular, ignorando completamente os olhares
curiosos das pessoas.
Se eu não conhecesse King há muito tempo, teria pensado que há uma
equipe de filmagem que alugou este prédio para gravar hoje, porque King é
tão lindo que ele é mais do que suficiente para ser protagonista de um
drama de idol.
"Por que está aqui?", após ficar de pé por um tempo, decido não o
observar mais. Saio do cantinho e King ergue o olhar do seu celular, seu
rosto instantaneamente mostra um sorriso brilhante.
"Vim te buscar para trabalhar", ele fica em pé depois de terminar de falar.
Sempre achei que a minha altura de 175cm fosse considerada a altura
padrão para homens tailandeses, mas pareço menor quando fico ao lado do
King.
"Como foi que pensou em vir aqui me buscar para trabalhar de repente?",
pergunto com estranheza.
"Para ganhar pontos. Mai aproximou-se assim do Jade no início, e ele
finalmente conseguiu, não foi?", ele me responde com um leve sorriso.
"Ah, então acha que esse método pode ser bem-sucedido?"
"Não sei, quero tentar", ele ergue suas sobrancelhas e estende sua mão
para mim, como se quisesse colocar em meu ombro. Mas ao me ver
observando sua mão, seus movimentos mudam de repente. Ele estica sua
mão e faz um gesto de "por favor".
"O carro está estacionado próximo ao prédio, vamos!"
Olho para o sorriso travesso no rosto dele e balanço a minha cabeça. Saio
do saguão e ouço um assobio satisfeito atrás de mim. O dono do carro
parece estar de bom humor. Ele me segue por trás assobiando.
Fiquei um pouco nervoso ao vê-lo. Esses truques são mais lisos do que
enguias.
***
"Uea!", assim que King e eu entramos no departamento, meu melhor
amigo Jade corre para me abraçar e me escaneia da cabeça aos pés. Após
duas ou três vezes, Jade dá um suspiro de alívio ao ver o meu corpo como
de costume.
"Amigo! Por favor, converse comigo antes de fazer algo da próxima vez!
Eu quase tive um ataque cardíaco!", Jade segue falando, mas sua expressão
está relaxada.
"Sinto muito", digo, sentindo-me muito culpado.
Jade acena e diz que está tudo bem. Ele aperta o meu ombro e retorna à
sua mesa, enquanto King, que segue atrás, é responsável por colocar a carta
à mão na despensa.
"No início, planejei ir encontrá-lo com King, mas não tenho folga e se eu
também fosse, ninguém ficaria trabalhando. Se for deixado com
P'Mongkon, não vou conseguir relaxar!", suas narinas se dilatam de raiva.
Ele resmunga e eu encaro a mesa vazia ao lado dele. Desde que conheci
Jade, raramente o vejo fazer caretas sobre outras pessoas, porque o próprio
Jade é fácil de lidar e não pensa muito. Ainda que ele tenha sido usado pelo
P'Mongkon antes, não lhe via reclamando. Mas agora vejo. Acho que algo
aconteceu quando fui embora que não estou sabendo, caso contrário meu
amigo não estaria com essa cara.
"Você não precisava ir! Se fosse, minha oportunidade seria jogada no
lixo", King, que acaba de entrar, esfrega gentilmente o cabelo do Jade. A
pessoa com o cabelo bagunçado vira-se e o olha fixamente.
"Idiota! Se não fosse por mim, saberia onde ele estava? Você não só não
me agradece, como também-"
"Bem, vou te levar para comer mais tarde", a pessoa de cabelo bagunçado
imediatamente fecha sua matraca e dá uma tapinha no ombro do King em
satisfação. Enquanto ouço Jade ler uma lista de restaurantes e pensa onde
quer comer, não dou nenhuma sugestão.
Bem, meu amigo pode comprar toda comida quer quiser!
Outros colegas chegam à empresa um após o outro. Todos me dão um
sorriso amigável ao me verem. A expressão feliz em seus rostos parece me
dizer que estão felizes por me ver voltar ao trabalho. Quando lembro do que
King havia me dito, que todos se impuseram diante do chefe, sinto-me grato
por terem pressionado Khun Grit a ir embora e me deixar voltar ao trabalho.
Ainda que a minha vida não tenha sido tranquila em outros aspectos, sou
grato por cada colega (a maioria) que conheço. São todos ótimos!
Parece que ainda tenho boa sorte.
"Ei! Meu P' voltou!"
Uma voz alta e animada soa na porta de entrada quando estou prestes a
começar a trabalhar. Gun entra no departamento e cumprimenta os outros
colegas, e imediatamente acena para seu P' que está jogando jogos. Então
acontece de Gun encontrar meus olhos.
"Ah, ah! Você é um novato?", a silhueta alta do Gun anda até a minha
mesa, colocando um dos seus cotovelos nela, então curva-se e aproxima-se
de mim, dizendo como piada "Qual é o seu nome? Você é tão fofo! Você
tem namorado? Posso dar em cima de você?".
"Vá embora!", Jade, que está sentado ao meu lado, segura um punhado
de doces na jarra da mesa e joga contra Gun. Ele imediatamente desvia,
parecendo um pouco constrangido.
Depois do tumulto, Gun se vira e continua a olhar para mim como se
estivesse esperando que eu respondesse.
Decido brincar com Gun por um momento. Pisco para ele, fingindo estar
tímido e digo...
"Ainda não... não tenho namorado ainda", sussurro.
"Uhuu! E se eu-"
"Lamento, já reservei essa pessoa."
Uma voz grossa soa por trás de mim. King vira sua cadeira e olha para
nós dois. Seus olhos afiados me olham fixamente por um tempo antes de
desviar seu olhar para o seu júnior e falar numa postura séria.
"Eu dou sério em cima desse homem, se quiser tê-lo então vai ter que
brigar comigo primeiro. Aí vai saber."
"Uau!"
Assim que essa frase acaba, os assobios ao redor e os gritos ridículos
continuam como num loop. Tenho a sensação de ter voltado a um ano atrás,
quando Mai anunciou em voz alta que estava oficialmente namorando Jade.
Mas o que é diferente daquele dia é que o objeto de piada não era mais
Jade, e sim eu.
Quero morrer!!!
"Ah! Então não há mais nenhum bonitão no departamento para a P'Fai
flertar? Que pena!", P'Fai pisca seus olhos. O olhar brincalhão em seus
olhos é muito óbvio. Gun imediatamente entende e imediatamente se junta
ao time de pessoas me provocando.
Aperto os cantos da minha boca, tentando fingir estar bem, mas as
minhas bochechas ficaram quentes.
King basicamente usou todas as suas folgas para a viagem à Lampang.
Acho que a maior parte dos colegas da empresa também devem começar a
duvidar da relação entre nós. Jade ajudou a esclarecer aos outros que não
estamos numa relação formal, mas ainda no acordo mútuo. Embora eu
esteja mentalmente preparado para ser ridicularizado, é meio... quando
realmente sou feito de piada em público.
Bem, entendo completamente como Jade ficou de mau-humor por ter
sido provocado naquele dia.
"Se tivesse chegado um pouco mais cedo, não teria que ficar com ciúme
e sofrer!", Jade ri zombando.
"Sim, sim! Soube que não estão namorando oficialmente ainda!", Gun,
de pé ao lado da minha mesa, interrompe imediatamente. Neste momento,
uma garrafa de cola vazia é jogada contra Gun de repente.
King levanta-se de sua cadeira e se aproxima, agarrando Gun pelo
colarinho e levando seu júnior para longe.
"Por quanto tempo vai ficar de brincadeira? Apresse-se e trabalhe!"
"Sim, sim!", Gun ergue suas mãos em um gesto de redenção e segue os
passos do King voltando. Mas quando ele se senta em sua posição original,
um brilho de inspiração surge e ele apressadamente vira-se e olha para seu
sênior.
"P'King! P'King! Por quanto tempo têm estado numa relação informal?"
"2 meses."
"Ei, não foi por volta da época quando começamos a tirar sarro de vocês
dois se comportando estranhos?! Certo! P'Jade também até se gabou,
apostando que se estivessem mesmo num relacionamento secreto, ele
fingiria ser um cachorro e latiria na frente do prédio da empresa!!!", assim
que Gun termina de falar, o som de cliques no mouse da mesa ao lado dele
para no ar.
"O quê?! Não! Eu não disse isso!", Jade imediatamente desvia seu olhar
da tela do computador e retruca em voz alta com a expressão mais calma de
sua vida.
"P'Jade disse! Eu lembro!", diz Gun.
"Sim! Eu também lembro que você disse!", P'Fai confirma.
"Não, não, não! Eu não disse! Eu não disse!"
"Parece que alguém aqui está fingindo ter amnésia! Hahaha!", King ri até
ficar sem fôlego e o protagonista do assunto não se contém em virar e
encará-lo.
"Pode mentir para qualquer um, mas não pode mentir para si mesmo,
Jade!", P'Bas, que tem estado em silêncio, também ri e o provoca junto com
a equipe. Jade pode apenas franzir o cenho e erguer suas mãos implorando
por misericórdia.
"Ah, eu não sabia! Eu sou azarado demais, não é?"
Acidentalmente ouço-lhe reclamar em segredo.
"Vamos descer para gravar um vídeo!", Gun começa a incitar.
"Sim, sim, sim! Entendi! Vou mais tarde!", diz antes de se deitar
tristemente sobre a mesa.
Dou uma olhada em volta, meus olhos colidem com aqueles olhos
profundos sem querer. Sob a aparência de olhos brincalhões e sorriso leve,
há um ambiente quente por dentro. Não consigo evitar sentir-me quente e
nervoso. Desvio do seu olhar e tento confortar Jade, que está curvando sua
cabeça e escondendo seu rosto, tentando esconder a vergonha em seu rosto.
Não posso deixá-lo me ver com vergonha! De jeito nenhum!
***
"Espere um minuto! Tenho que gravar um vídeo? Tenho que levar a sério
as palavras do Gun?"
Próximo ao fim do expediente, a voz de desespero do Jade soa com sua
vontade de morrer lentamente, e o céu escurece gradualmente. Estamos no
estacionamento e, na nossa frente, um cachorrinho gordinho tailandês. Por
ter manchas pretas e brancas em seu corpo, foi pego e chamado de
Manchinha. Ele balança sua cauda animadoramente e olha para a pessoa
brincando consigo, mas eu, alguém que é sensível à pelos de animais, fujo e
posso apenas assistir o meu melhor amigo à distância enquanto ele brinca
com o cachorrinho.
"Você tem que guardar como prova ou outros colegas não acreditarão,
fala sério! Devemos fazer tudo que podemos!", King, que tem segurado seu
celular esperando pela filmagem, clica sua língua duas ou três vezes em
irritação, e então diz "Quando você vai latir? Tenho esperado com o meu
telefone por muito tempo! Estou muito cansado!!!"
"Espere um pouco mais!", a pessoa que está levando a bronca respira
fundo.
"Rápido! Tem mosquitos! Mai também está esperando por você!"
"Eu sei!", Jade olha cuidadosamente ao redor, então abaixa-se para olhar
o pequeno animal que ergue seu focinho entusiasticamente. É um cachorro
de rua e frequentemente vaga pelo prédio do nosso escritório desde que era
filhote. Talvez porque a guarda de segurança e a zeladora sintam dó e o
alimentem ocasionalmente, ele ama estar próximo às pessoas. Ninguém tem
más intenções, alguém do prédio trouxe uma coleira e desde então tornou-
se um cachorro permanentemente residente neste edifício.
Jade encara King como se quisesse se transformar numa pessoa invisível.
Vendo a expressão imprevisível no rosto do meu amigo, quero sentir
empatia por ele, mas também quero rir alto. Ele foi feito de piada pelas
pessoas do departamento o dia todo, dizendo que queriam assistir a um
vídeo dele latindo e que ele deve latir pelo menos quatro ou cinco vezes
antes de ser aprovado por eles. Ainda que ele não queira fazer, Jade disse
que ele é uma pessoa que, se é capaz de falar, é capaz de fazer. Tendo feito
sua promessa, ele faria. Caso contrário, sua autoestima ficaria ferida.
"King, todos já foram embora?", Jade pergunta hesitante. Ele está tão
tímido e não ousa fazer sob o olhar de todos. Hoje, King e eu tivemos que
ficar com ele e esperar que até a maioria dos funcionários fossem embora
para casa antes de começarmos a gravar o vídeo, para deixá-lo menos
constrangido.
"Rápido! Não tem mais ninguém! Só nós e o secretário. Late logo, seu
idiota!"
"King, seu desgraçado! Se quer tanto ouvir um latido, então venha aqui e
lata você mesmo!"
"Que absurdo! Por que eu latiria? Eu não fiz promessas para latir!
Hahaha!"
A risada do King faz Jade ficar furioso. Impotente, assisto Jade perseguir
King no estacionamento, até que Jade fica sem força e para por um
momento para respirar. E a perseguição continua. Jade constantemente grita
e King ainda o provoca sem nem um sinal de exaustão.
Eles têm quase 30 anos de idade ou são como crianças crescidas? Não dá
para serem mais maduros?!
"Vamos! Late logo. Vamos logo para casa!", King aponta a câmera para
frente de novo e Jade, que ainda está arfando, recupera sua respiração. No
fim, ele decide abaixar-se ao lado do cachorrinho quando está pronto.
"Ao! Ao! Ao!"
"Você não soa nada como um cachorro!"
"Não sou um cachorro!"
"Não está bom! Faz de novo!"
"King, seu miserável!!!"
"Ou quer latir de novo na frente dos seus colegas? Escolha você mesmo!"
Sendo ameaçado tão impiedosamente, Jade aperta seus lábios. Ele deixa
de lado o seu coração e dá um olhar determinado ao King. Depois de
respirar fundo algumas vezes, ele fala de novo.
"Woof! Woof! Woof! Auuuuuu"
"Ah, meu Deus! Você tem que se lamber! Não consigo parar de rir!
Hahahahaha!", King ri e senta-se no chão com sua barriga curvada. Seu
sorriso parece tão cruel, não só ele, mas ao ver o meu amigo agindo tão
engraçado, também não consigo conter a risada. E o cachorrinho que foi
imitado pelo cachorro falso não entende o que acabou de acontecer e só fica
balançando sua cauda em animação.
"Por quanto tempo vai continuar rindo?!!", Jade está vermelho, assim
como suas orelhas. Ele está tão envergonhado e zangado que chuta o
homem que ainda está sentado no chão rindo sem controle. "Satisfeito, não
está?! Não me incomode de novo, seu desgraçado!".
"Ninguém te incomodou, foi você que disse que queria latir!"
Depois de finalmente parar, King levanta-se do chão e afugenta o
cachorrinho. Eu me aproximo deles, estico a minha cabeça para verificar a
filmagem que acabou de ser gravada e, ao mesmo tempo, Jade coça sua
cabeça irritado.
Bem, eu o entendo, também ficaria com muita vergonha!
"Vou enviar este vídeo para Mai, para que ele saiba o quão idiota é seu
namoradinho!", soa a voz grave e o menor entre nós quase desmaia de
medo.
"Ei! Devolve para mim!", Jade se apressa para pegar o telefone. Quando
ele vê King pressionar o botão de enviar, fica furioso e chuta o corpo do
King.
"Tarde demais! Ele já visualizou!", diz King.
"Mai respondeu! Ele disse que eu lati bem e mais fofo do que um
cachorrinho. Ele está me elogiando ou zombando de mim...?", Jade franze o
cenho e seus olhinhos olham para lá e para cá na direção do homem. A
resposta do Mai faz Jade se perguntar.
"Deve ser um elogio!", ele tenta confortar Jade. Não importa o que Jade
faça, Mai definitivamente vai apoiá-lo e encorajá-lo. Embora sua resposta
tenha sido um pouco estranha, sabia que Mai não deixaria Jade triste.
"Se quiser saber, pergunte ao seu marido você mesmo. Pode ir embora
para casa!", King acena para ele ir embora.
"É!", Jade ergue sua bolsa, dá seu dedo do meio ao King e um aceno de
adeus para mim, deixando o edifício em passos lentos.
"Tudo bem! Esposa, vamos para casa também!", King vira-se e diz para
mim quando a silhueta do Jade desaparece ao longe.
"Quem é a sua esposa?"
"Você! Tentamos todas as posições, não lembra?", ele se aproxima de
mim lentamente, inclinando-se ao lóbulo da minha orelha e falando numa
voz rouca.
Reviro os meus olhos de leve, baixo a minha voz e digo...
"Se reivindicar cada pessoa com quem já fez sexo como esposa, então já
deve ter umas agora."
"Ei! Mas eu admito, haha", King sorri de canto, seus olhos profundos
olham os meus com afeto. Ele sorri e diz "Mas nunca mais. Só quero você.
Só quero ter você."
Maluco!
"Pode fazer o que quiser, vou esperar para ver", faço o meu melhor para
me controlar e respondê-lo com meu tom e expressão de sempre, então
ando em direção ao carro do King, que está estacionado não muito longe,
como se meus pés estivessem descontrolados. Ouço vagamente sua
risadinha atrás de mim.
Não pode ser... ele não saberia...
"Acalme-se, Khun Anon, suas orelhas estão vermelhas."
"..."
Dá para acreditar? Eu o odeio!
***
"Pessoas demais hoje", o murmuro do King soa em nossos ouvidos
enquanto entramos em um dos shoppings do distrito de Silom. Está
tumultuado. São cerca de 19h30, a maior parte dos assalariados como nós
vêm aqui para comer algo após as horas de trabalho.
"É início do mês e as pessoas ainda têm dinheiro para comer no
shopping", dou uma olhada ao redor para ver se consigo encontrar
restaurantes com mesas livres. Neste momento, meus olhos estão passando
pela loja de macarrão. Não há muitas pessoas, então puxo a manga do
homem ao meu lado.
"Quer comer neste restaurante?", pergunto sua opinião, mas não recebo
uma resposta. Então viro o meu rosto e vejo King franzindo a testa e
encarando um rapaz que não está longe.
"O que está olhando? Quem é aquela pessoa?", sigo seu olhar. O garoto
parece ser um funcionário de colarinho branco. Ele parece ter cerca da
mesma idade que nós. O garoto sorri quando percebe o meu olhar. Ele faz
"hm" com a garganta, parecendo ainda mais insatisfeito.
"Não sei, mas ele tem olhado para você", King desvia seu olhar para
mim. Seu tom é tenso e as sobrancelhas em seu lindo rosto estão franzidas.
Todo o seu corpo exala forte agressividade.
Não consigo evitar que os cantos da minha boca se curvem e pergunto já
sabendo a resposta "Não gosta?".
"Quem gostaria?", King respira fundo e olha para mim em silêncio.
Então continua "Se outra pessoa olhasse para mim, ficaria bem com isso?".
"O que há de errado nisso? Só estariam te olhando, não é?", minha
resposta deixa King furioso.
"E se eu olhar para outros?"
"...", assim que ouço sua pergunta, penso por um segundo. De início, eu
ainda aceitava, não era? Mas agora por que hesito?
Penso por um momento e respondo "É seu direito. Ainda não estamos
namorando oficialmente. Você tem o direito de olhar para outras pessoas".
Para falar a verdade, sempre que outras garotas vêm procurando por
King, meu coração fica desconfortável. Mas é sempre o mesmo, não sou
namorado oficialmente do King, então tenho que aguentar. Se ele realmente
quiser e se interessar por outras pessoas, ou quiser sair com elas, não tenho
direito de impedi-lo ou ficar com ciúme.
"Então como 'amantes informais', sempre faremos algo juntos. O que
podemos fazer juntos?", King me pergunta.
Fico em silêncio, antes de responder "Entender os hábitos um do outro,
ligações frequentes um para o outro, sair para passearmos juntos..."
"Podemos sentir ciúme?"
"..."
"Acho que tudo bem", vendo que não respondi, ele responde por conta
própria. King olha fixamente o meu rosto e diz em tom sério "Significa que
também pode ter ciúme de mim, porque sempre que outras pessoas
desejarem você, eu ficarei com ciúme".
"..."
"Não importa o que seja. Por favor, me diga o que quer que eu faça ou
não faça. Podemos nos adaptar um ao outro, porque não estamos brincando
juntos só para sair do tédio, Uea. Estou falando sério sobre você. Não tenho
planos de encontrar nem uma outra pessoa, só você."
Meu coração pula de alegria ao ouvir as palavras do King. Imediatamente
assinto como resposta e os cantos da minha boca se erguem levemente.
Embora King tenha deixado claro antes que está sério sobre mim, ainda fico
feliz em ouvi-lo de novo.
"Sei que se preocupa sobre nosso status. Portanto, se sente que não
somos namorados oficiais e está envergonhado em me proibir de agir de
certas formas, pode me dar um título oficial de imediato! Estou pronto a
qualquer momento."
Ao dizer a última frase, o sorriso no canto da sua boca começa a se
iluminar. Imediatamente desfaço meu sorriso e encaro o cara mau que
rapidamente voltou ao modo paquerador obscuro.
"Ainda não estou pronto."
"Ei, que coração de pedra! Não viu minha sinceridade?", ele
imediatamente finge parecer digno de dó.
Balanço a minha cabeça para responder sua pergunta, então estico um
dedo e aponto na direção da loja de macarrão, mudando o rumo da
conversa.
"Vamos neste restaurante, estou com fome", assim que estou prestes a
andar, King me para de repente.
"Uea."
"O que houve?"
"Posso segurar a sua mão?", King estende sua mão.
Baixo o olhar para a mão grande dele, então ergo a minha cabeça e vejo o
olhar em dúvida do King.
"Quero segurar a sua mão para que outras pessoas não olhem você de
novo. Esses olhares são muito incômodos", King explica num tom irritado.
Sorrio suavemente e coloco a minha mão na palma do King.
"Está bem".
Após receber a minha permissão, seu rosto lindo imediatamente explode
num sorriso caloroso. King coloca os cinco dedos entre os meus e segura a
minha mão firmemente, então andamos até a loja de macarrão.
Secretamente baixo a minha cabeça e observo a minha mão que é
firmemente segurada pelo King. O calor da palma dele instantaneamente
aquece todo o meu coração.
Está bom como está. Quanto ao problema de status...
Hm! Parece um pouco rápido demais para o progresso atual, então vamos
esperar pacientemente!
"Vamos para casa, minha esposa!"
Capítulo 22: Sortudo
Faz um mês desde que me demiti e voltei à empresa. A vida de retornar ao
local de trabalho novamente está começando a navegar tranquilamente. De
início, fiquei muito nervoso sobre o comportamento do chefe em relação a
mim (era normal, afinal, fiz com que o sobrinho do chefe fosse rodeado por
todos os colegas do departamento e finalmente teve que ser exilado a outra
empresa). Durante o tempo em que voltei à empresa, aconteceu do chefe ir
ao exterior para participar de um seminário, mas quando ele regressou à
empresa uma semana depois, me chamou em seu escritório.
"Anon, peço desculpas a você em nome do meu sobrinho."
Após me convidar para conversar, sua primeira frase foi um pedido de
desculpas para mim. Sua atitude me surpreendeu, porque nunca pensei que,
como chefe de uma empresa, ele estaria disposto a pedir desculpas a um
funcionário comum. Posso ver que ele realmente não está satisfeito com o
incidente, então eu disse ao chefe que tinha que deixar para lá e o agradeci
por me dar a oportunidade de voltar. Pelo menos através desse acontecido,
sei que o meu chefe não é parcial e que não tratará seus parentes com
favoritismo. Sou grato por ter encontrado um chefe tão bom. Quando ao
Khun Grit... Não tenho ouvido falar nele desde então, só espero que ele seja
cuidadoso na nova empresa e não estique as garras para seus colegas
novamente.
Quanto ao meu trabalho de design, pode-se dizer que P'Mongkon está
tonto com a nossa eficiência. O chefe ordenou que P'Mongkon assumisse os
seus próprios trabalhos de novo, porque Jade foi até o chefe para fazer uma
reclamação. Ainda que ele respondesse com relutância quando perguntado
sobre o progresso do seu trabalho, ele ainda trabalha duro (na verdade,
forçado) para se concentrar no trabalho pelo qual está responsável e não
mais abandona ou joga para nós o completarmos em seu nome. Outros
colegas do departamento trabalham juntos para observar cada passo seu.
Não sei por quanto tempo P'Mongkon será capaz de viver em paz, mas é
certo que se ele voltar ao estado de antes, Jade e eu não mais iremos engolir
nossa raiva e todos os colegas do departamento vão testemunhar por nós.
Tudo acabou dando tão certo quanto King havia me dito.
O início da manhã de quarta-feira, estaciono o meu carro no
estacionamento do térreo e entro no edifício, entrando na fila para comprar
café como de costume. Na verdade, não tenho dirigido por mim mesmo no
último mês. King assume a tarefa quase todos os dias, então começo a me
preocupar se meu carro vai ser abandonado por muito tempo e se algumas
partes ou equipamentos começarão a falhar. Então eu disse para ele ontem
que iria dirigir eu mesmo. Ainda que King tenha reclamado, ainda fez o que
eu queria obedientemente.
Talvez porque ele esteja no período de observação e me cortejando de
novo, basicamente será obediente a tudo que eu disser. Como há alguns
dias, quando aconselhei que fumasse menos e ele disse que se eu não gosto
mesmo que ele fume, vai dar o seu melhor para parar de fumar. Então, nos
dias seguintes, ele realmente não fumou nem um cigarro.
Nunca pensei que ele realmente seria tão obediente.
Pego o café da atendente e saio da loja. Ando até o elevador e
cumprimento alguns colegas próximos com um senso de familiaridade. A
maior parte deles trabalha em outra empresa, como o rapaz ao meu lado que
trabalha no departamento de recursos humanos da empresa próxima a
nossa. Antes, ele gostava de conversar comigo enquanto estivéssemos na
frente do elevador pela manhã. Acho que queria me dizer algo, mas
desistiu.
Não só ele, mas vários rapazes, vários colegas homens da minha empresa
estão mantendo distância de mim intencionalmente.
"Bom dia, Jade", após cumprimentar um grupo de sêniores e júniores que
estão lanchando na frente do departamento juntos, e ando até o meu amigo
sentado em sua mesa com cenho franzido, sem conversar com outros
colegas.
"Bom dia. Não tenho presentes para te dar hoje, Uea", Jade não consegue
erguer seu olhar do jogo. Escaneio a minha mesa e percebo que o café que
sempre aparece duas vezes por semana finalmente se foi. Então sento-me na
cadeira com alegria.
"King desgraçado! Ele não deveria ter anunciado em voz alta que está
tentando te conquistar! Agora perdi todas as minhas fontes de lanches..."
A reclamação do Jade alcança os meus ouvidos e não contenho uma
risadinha. Lembro-me que King anunciou publicamente para todos os
colegas do departamento que quer me conquistar, quando voltei à empresa
naquele dia. A partir daquele dia, a notícia se espalhou pelo escritório para
todos os outros departamentos. Todos sabem que temos algum tipo de
relação e todos os rapazes que me cortejavam recuaram. A notícia também
parece ter chegado às outras empresas ao mesmo tempo. O entregador Jade
tem estado desempregado por duas semanas.
Tudo bem. De qualquer forma, sempre fiquei enojado de algumas
pessoas usarem meus amigos para isso.
"Então ninguém quer que você passe presentes para King?", pergunto-lhe
suavemente. Embora King e eu não estejamos namorando oficialmente,
meu coração ainda se sente desconfortável quando penso em alguém
interessado nele. Já que King disse que posso ficar com ciúme, não seria
nada demais se eu quisesse saber quem quer aproximar-se dele
silenciosamente.
"Não tenho recebido nem da nossa empresa nem de outras ultimamente.
Ele atrai tanta atenção para si próprio que eu acho que todos sabem. Acho
que outras garotas estão com medo de lutar contra você", Jade ergue olhar
do telefone que está usando. Ele olha para mim com olhos brincalhões.
"Prometo a você. Nunca o vi dando em cima de alguém tão a sério. Se ele
mesmo diz, significa que ninguém mais tem esperança, então por que
perder tempo mandando presentes?"
"Sério...?", sussurro e não consigo conter uma alegria por ouvir isso.
"Droga! Não consegui passar de nível de novo!"
Ouço o xingamento do Jade. Viro a minha cabeça e vejo Jade encarando
a tela do celular com um olhar de irritação. Recentemente, ele tem estado
viciado num jogo com tema de doces. Ele joga todos os dias quando está
livre e pede que eu o ajude, mas é mais difícil de passar nos níveis mais
altos, então sempre tenho que vê-lo triste e miserável ultimamente.
"Mai é muito bom em jogar esse jogo. Deixe-o ajudar a passar esse
nível", digo.
"Mas ele quer que eu o recompense..."
"O quê?", não consigo entender o que ele está dizendo.
Jade pisca rapidamente e balança sua cabeça como um chocalho.
"Vou tentar de novo mais tarde. Se não conseguir passar de nível hoje,
vou deixá-lo ajudar. Na verdade, ele me ajudou a passar de nível ontem à
noite. Por que sempre perco quando jogo sozinho?!", ele suspira fundo e
irritado, antes de ver o horário através da tela do computador com seus
olhinhos.
"Loucura! São quase 8h30 agora e o idiota do King ainda não chegou!"
"Ele foi ao bar ontem à noite, deve chegar aqui mais tarde hoje."
"O quê?!", Jade vira-se e olha para mim, abrindo a sua boca tão grande
que moscas poderiam entrar. "Ele foi ao bar?! Com quem ele foi?".
"Foi com Gun. Ele também me convidou, mas eu disse que estava
cansado e que queria ir para casa para poder dormir mais."
"Então permitiu que ele fosse? Por que não discordou?", pergunta ele de
volta. "Não sei, acho que eu ficaria com ciúme", Jade estica sua mão e coça
sua cabeça. Entendo o que ele quis dizer. King é muito bonito e também um
mestre do flerte. Sempre que ele vai a um bar, alguém vai tomar a iniciativa
para enlaçá-lo.
"Não, é a vida pessoal dele. Não quero interferir demais. Quero que ele
tome suas próprias decisões sobre tudo", calmamente encosto-me no meu
assento. Se me perguntar se penso nisso, digo que é impossível que eu não
pense muito, mas não quero dominar cada passo da sua vida. Todos devem
ter seu próprio tempo pessoal ou com certeza morrerão de tristeza.
"Se Mai dissesse que ele quer ir a um bar, o deixaria ir?", pergunto de
volta.
"Sim!", Jade responde sem pensar.
"Por quê?"
"Porque confio nele."
"Bem, esse também é o meu motivo", respondo. Embora fique
secretamente preocupado, vou descansar e deixá-lo ir. Tenho confiança
suficiente nele. Sempre sairemos com os nossos amigos e sempre teremos o
nosso próprio círculo social. Se King estiver tão sério sobre mim quanto
disse, ainda que ele vá a esses locais, não deve haver dores de cabeça.
"Não se preocupe. se ele te trair e te deixar triste, vou pedir para o Mai
vir e dá-lo uma surra!", Jade me dá uma tapinha no ombro com a expressão
mais séria da sua vida.
Não contenho a risada e então agradeço ao meu melhor amigo.
"Que surra?", uma voz grave interrompe a nossa conversa e viro para ver
que o protagonista do assunto está entrando no departamento. Hoje King
está usando uma camiseta branca e calça preta. O cabelo descansa
levemente em sua testa. Assim que encontra meu olhar, ergue suas
sobrancelhas.
"Bom dia, P'Jade. Bom dia, P'Uea", Gun nos cumprimenta vindo logo
atrás. O cabelo do garoto está bagunçado quase todos os dias. Seus olhos
estão escurecidos e ele parece não ter conseguido dormir muito.
"Bem, bom dia. Não dormiu? Está com olhos de panda", Jade
cumprimenta o júnior e Gun sorri abaixando sua bolsa, antes de deitar-se
sem força sobre sua mesa.
"Esse cara disse que queria esquecer a garota e que queria usar o álcool
para acalmar suas mágoas, mas no fim ele acabou encontrando ela e o seu
novo namorado no bar", King acarica a cabeça do Gun. O pobre garoto está
de coração partido de novo e está deitado inerte na mesa. King então se vira
e pergunta "Então, sobre o que estavam conversando agora há pouco?".
"Eu disse para Uea que se você trair, vou pedir que Mai venha e bata em
você", Jade provoca King, que ri de sua mesa.
"Vai chamar Mai para vir porque sabe que não consegue me bater, não
é?"
"Ei!", grita Jade. Não consigo não rir escondido. Meu amigo é um
cachorrinho. Se ele quiser usar força, claro que vai precisar de ajuda!
"Não incomode Mai, estou tão bom que não posso voltar a ser mau.
Ontem à noite apenas me sentei e bebi. Se não acredita em mim, pode
perguntar ao Gun!", a boca claramente fala ao Jade, mas os olhos profundos
continuam me olhando com afeto. Ele ergue um dos cantos da sua boca
delicadamente. Desgosto um pouco dessa expressão, então finjo estar firme.
"Sério, P'! Houve uma garota que tomou a iniciativa ontem, ela era
gostosona! Mas P'King apenas saiu andando friamente, eu juro!", Gun
ergue sua cabeça da mesa e dá um joinha para confirmar.
Semicerro os meus olhos em direção ao King e sua expressão condensa
de repente ao ver.
Uma gostosona se aproximou? Hm, nada surpreendente!
"Vou pegar um pouco de água".
Pego a garrafa de água, levanto-me da cadeira e vou em direção à copa.
O som do lamento do Gun vem por trás de mim e ouço os passos de alguém
me seguindo de perto.
"Quer água também?", pergunto a quem me segue à copa. King se
aproxima lentamente, tocando o meu braço em silêncio. Afasto-me, paro
em frente ao bebedouro e encho a garrafa com água.
"Não, só quero ficar sozinho com você um tempinho."
Ele está de pé atrás de mim e sua respiração quente sopra contra minha
nuca, instantaneamente sinto como se uma corrente elétrica estivesse
correndo pelo meu corpo.
"Como se sente? Encontrou alguma presa ontem à noite?"
"Como poderia ter encontrado? Minha presa estava dormindo
confortavelmente ontem. Até a convidei, mas ela não quis ir comigo", os
sussurros profundos e aveludados fazem o meu coração tremer. Não ouso
virar-me para olhar para ele, só espero que as minhas orelhas não fiquem
vermelhas, é muito vergonhoso.
"Mas soube que uma garota tomou a iniciativa de se aproximar."
"Bem, ela tinha um corpo bonito, mas nem olhei para ela, sério!", diz ele.
Viro o rosto e olho para o homem que está atrás de mim, então ergo as
minhas sobrancelhas a ele.
"Nem olhou para ela, mas sabe que ela tinha boa forma?"
"..."
"Recue um pouco, alguém pode acabar nos vendo", empurro-lhe
gentilmente, mas King não se move. Ele estica seus braços e me confina
entre eles, aproximando-me ainda mais dele.
"Não fique zangado. Falo sério sobre não ter ficado interessado nela, só
olhei casualmente. Não olhei intencionalmente."
"Eu não disse nada."
Finjo me concentrar em fechar a tampa da garrafa d'água e ouço a
risadinha do homem atrás de mim, antes de encostar seus lábios quentes no
lóbulo da minha orelha.
"Bem, não pense nisso. Prefiro o seu corpo delicado e magro."
Suas palavras deixam o meu rosto quente e fico tão nervoso que quase
derrubo a garrafa de água que está em minha mão. Odeio muito seus flertes,
especialmente na empresa!
"Você está envergonhado!", King parece perceber que a minha expressão
está estranha e ele ri animado.
"Baboseira!", afasto-lhe para longe, planejando sair da copa, mas King
imediatamente agarra a minha mão.
"Espere um minuto."
"O que é?"
"Quando você vai deixar...?
"Por quê? Não pode esperar?", pergunto tendo ciência. Na verdade, esse
homem me pergunta isso toda semana, até que comecei a hesitar. Ele
realmente não consegue esperar.
"Posso, mas quero abraçar e beijar você..."
Ao ouvir a resposta dele, dou o meu melhor para controlar o sorriso que
se forma nos cantos da minha boca. Admito que fui um pouco cruel em
provocá-lo estes dias fingindo não ver que ele quer me abraçar ou me beijar.
Agora apenas o permito pegar minhas mãos.
"É?"
"Sério! Nem sou um namorado e não posso tocar o seu corpo? Tenha
misericórdia de mim", ele faz cara de coitadinho, mas em meus olhos ele é
um tigre! Não importa o quanto finja ser coitadinho, ainda posso ver o
quanto é perigoso!
"Já tocou muitas vezes", digo. Tivemos uma relação de amigos com
benefícios por mais de um ano e agora apenas 1-2 meses de abstinência, e
não consegue aguentar?!
"Muito autoritário!", ele clica sua língua em irritação e eu retraio a mão
que havia sido pega pelo King.
"Pare de reclamar, vá trabalhar!"
"Além disso,", diz ele aproximando-se de mim. Quando ele se inclina e
sussurra em meu ouvido, seus olhos brilham. "espere só até o seu coração
amolecer. Vou querer o pagamento com o dobro de juros."
Engasgo e, pelo sorriso em seus olhos, posso adivinhar o que está por trás
da frase "dobro de juros".
"Então espere por mais 3 anos!"
"Posso esperar, mas acha que vai conseguir aguentar quando passar?",
diz ele sorrindo.
Respiro fundo e apresso os meus passos para fora da sala.
Não sei se ele está brincando ou falando sério, só espero que ele possa
pegar leve quando isso acontecer e ele deve me ouvir até lá.
Não é?!
***
É normal que a carga de trabalho de vários departamentos aumente ao
fim do ano, porque tanto a nossa empresa quanto as empresas-clientes
devem completar todo o trabalho antes do recesso de fim de ano. O mesmo
acontece com o meu departamento de TI e a equipe de design gráfico. Tudo
bem, mas os programadores estão entre o céu e o inferno, porque o chefe
pediu que acelerassem o desenvolvimento do aplicativo antes do começo do
novo ano. O grupo de programadores são frequentemente chamados para
reuniões e a Tecnologia Operacional tem que ficar além do horário quase
todo dia. (Deem dinheiro à OT!) Muitas pessoas do departamento vão
trabalhar com um par de olhos de panda todos os dias e, é claro, King não
está imune.
"Bom dia, King, você está na OT de novo hoje?", quando está próximo
ao início do horário de trabalho, Jade pergunta repentinamente. Segurando o
pão que comprei para o café da manhã, dou uma mordida.
"Devo ficar até a próxima semana, droga! Estou exausto!", King inclina-
se sobre a minha mesa e dá uma mordida no pão.
Ergo o olhar para o maxilar definido do King. Seu rosto está como de
costume, mas a exaustão em seus olhos é claramente visível.
"Oh, se você ficar, Uea não terá que ir embora mais tarde?"
"Não, agora venho ao trabalho sozinho."
Jade perguntou isso porque King vai me buscar cedo todas as manhãs.
Depois do trabalho, comemos algo antes que ele me leve de volta até em
casa. Mas já que a carga de trabalho dos programadores aumentou, ele tem
que ficar na OT todos os dias. Eu disse que ele não precisava me levar para
o trabalho e para casa por um tempo, assim ele poderia descansar. King
também não queria me ver perdendo tempo esperando por ele, então
concordou com este arranjo.
A vantagem é que King não se cansa ainda mais, mas a desvantagem é
que não há mais ninguém para me acompanhar no jantar. De repente, sinto-
me solitário. Não havia me preocupado com isso antes, mas sinto-me um
pouco desconfortável agora que tenho que comer sozinho.
"Quando é que o Ano Novo vai chegar?", Jade suspira fundo.
Concordo com as palavras do Jade. Realmente espero que o tempo possa
passar mais rápido. A maioria das pessoas trabalhadoras devem estar
indispostas para trabalhar. Acredito que todos estão esperando o longo
recesso em duas semanas. A maior parte deve ter planejado passar um
feriadão maravilhoso em outra província há muito tempo. Por exemplo,
Jade está planejando levar sua família para a hospedagem da família do Mai
em Kanchanaburi. Já eu...
"Uea, para onde vai no Ano Novo?", Jade se vira e me pergunta.
Balanço a minha cabeça. De início, planejava visitar a minha tia em
Lampang, mas a minha tia planejou ir ao templo, então não tenho ideia do
que fazer no recesso.
"Ainda não sei que lugar ele irá visitar, mas é certo que ele vai comigo",
a voz grossa responde por mim.
Ergo a minha cabeça e olho para o rapaz parado acima.
"Quando eu disse que vou com você?"
"Se não for comigo, com quem vai?", ele olha bem nos meus olhos e
ergue suas sobrancelhas.
Torço o nariz ao ouvir as palavras sem-vergonhas do King e, ao mesmo
tempo, Jade olha para ele com nojo, então tosse algumas vezes.
"Qual é o problema, anãozinho? Seu pé ficou preso na sua garganta?"
"Eu só me engasguei!", Jade furiosamente esmurra o outro no braço e diz
firmemente "Eu só queria saber para onde vão. Se não tiverem planos, Mai
os convida para juntarem-se a nós. Querem ir à hospedagem ou não? É de
graça."
"Queremos!", King concorda imediatamente, mas ao mesmo tempo fico
um pouco hesitante por dentro.
"Mas não vai incomodá-lo? Afinal, a sua família também vai com você."
"Ei, ah, não! E foi Mai quem convidou vocês para irem! Minha mãe
estava reclamando que sente a sua falta, dizendo que faz muito tempo desde
que te viu!", Jade me dá uma tapinha no braço para me dar confiança.
Finalmente concordo.
"Diga ao Mai que dormirei no mesmo quarto que Uea, para não
desperdiçar mais quartos!", King diz essas palavras num tom casual como
se estivesse comentando sobre o bom tempo de hoje, mas a luz brilha em
seus olhos. Os maus pensamentos em seu coração são completamente
revelados.
E daí se dormirmos no mesmo quarto? De qualquer forma, não
amolecerei o meu coração para ele!
"Você não vai conseguir, seu desgraçado! Que irritação cedo pela manhã!
Aconselho que se concentre no seu trabalho! Já são 8h30!", Jade acena sua
mão e sorri maliciosamente. King sai em direção ao seu assento, mas ao
passar por mim, não esquece esticar sua mão para massagear a região
sensível da minha nuca e fico instantaneamente nervoso.
Foi só deixá-lo segurar minha mão que ele começou a procurar
oportunidades para me comer! Não vou pegar leve com ele!
***
O almoço de hoje foi diferente do habitual. Nós três não nos convidamos
para comer. A marmita que comprei pela manhã não foi comida, então
planejo guardá-la para não ter que sair para procurar algo para comer. Jade
foi levado pela P'Fai para experimentar um novo restaurante próximo e
King estava com pressa. Não quis desperdiçar tempo saindo depois de
terminar o trabalho ao meio-dia, então comprou uma marmita para comer
na empresa. Como outros programadores, ele tem estado nesse estado por
uma semana completa.
Secretamente observo King ao meu lado e enfio minha última porção de
arroz em minha boca. Então ele alcança e pega uma bala de morango do
Jade para comer após o macarrão. Antes, King gostava de sempre fumar um
cigarro depois de comer, mas recentemente ele tem tentado parar, então
precisa encontrar algo doce para mastigar como substituição.
"Vou ao banheiro", depois de falar ao King, levanto-me e jogo fora a
marmita, antes de andar até o banheiro no lado de fora do departamento.
O escritório fica bem quieto por essas horas, porque a maior parte dos
colegas sai para almoçar. Ligo a torneira e escovo os dentes depois de
comer, como de costume. Após verificar no espelho, ouço passos se
aproximando por trás de mim. Viro-me e percebo que King acaba de entrar
no banheiro.
"Uea", ele me chama e então fica por trás de mim.
Imediatamente observo a porta do banheiro com um olhar vigilante.
"Não. Vamos ser vistos por alguém."
"Todos saíram para comer, ninguém vai ver", diz ele, mas ainda tento
empurrá-lo para mantê-lo distante. Neste momento, King aperta meu pulso
com firmeza e, sem uma palavra, me empurra para a cabine mais escondida
e fecha a porta.
A cabine do banheiro é usualmente estreita. Quando dois homens adultos
estão dentro dela ao mesmo tempo, só fica ainda mais apertada. O ambiente
do banheiro é quente e úmido. Movo o meu corpo com dificuldade e
pergunto em tom sério ao rapaz que me forçou para dentro do banheiro.
"Que porra é essa?"
"Estou cansado, quero um pouco de incentivo", ele fala brando comigo
como um estudante mimado do ensino fundamental. Embora não tenha tido
minha permissão para tocar o meu corpo, nossos corpos têm que ficar
juntos neste espaço apertado.
"Eu falei para você que isto não é permitido na empresa!", franzo o cenho
impotente.
"Ei, não sente dó de mim?", o tom do King é triste. Em seus olhos, que
sempre brilham uma luz maliciosa, só restam tristeza e desamparo. "Às 20h
ou 21h, não posso ficar com você após o trabalho e a carga de trabalho está
me matando. Quero que me encoraje um pouquinho."
"..."
"Uea, você não sabe como-"
Boo!
Apoio as minhas mãos nos ombros do King e tiro vantagem da minha
força para ficar na ponta dos pés, beijando sua boca tagarela delicadamente
e então me afastando rapidamente. Vou concordar implacavelmente, vendo
que ele está trabalhando duro e está cansado estes dias, caso contrário ele
nem poderia pensar nisso!
"Está bem?", pergunto suavemente. Meus olhos estão fixos nos ombros
dele, porque não ouso olhá-lo diretamente. Quietamente ergo o meu olhar
para cima, e quando o vejo com olhinhos apaixonados, minhas bochechas
ficam quentes.
Não importa quantas vezes eu veja, ainda não me acostumo.
"Pode beijar de novo?", King suaviza sua voz, coloca seus braços ao
redor da minha cintura e me puxa para mais perto dele até que nossos
corpos fiquem tão colados que não haja distância entre eles.
Rapidamente fico na ponta dos pés e dou um selinho em sua boca de
novo, e o sorriso em seu rosto fica mais forte.
"Beije de novo."
"Já beijei duas vezes."
"Me beija de novo", ele baixa sua cabeça e continua me implorando com
uma voz rouca. Ele gentilmente toca a ponta do meu nariz com a ponta do
seu.
Não consegui não amolecer ao ver seus olhos implorando.
"É a última vez."
"É", King responde devagar.
Respiro fundo, ergo a minha cabeça e pressiono meus lábios nos do King
de novo. Quando estou prestes a me afastar, de repente King usa sua mão
para segurar a minha nuca e beija os meus lábios com firmeza. Sua língua
quente aproveita a oportunidade para entrar rapidamente em minha boca.
"Hm...", o beijo delicado rapidamente começa a se tornar intenso e um
gemido não pode ser contido. As mãos que estavam apenas segurando a
camisa do King lentamente andam até o pescoço, ansiando pelo seu toque.
Depois de um tempo, King deixa os meus lábios e me permite respirar
algumas vezes até aproximar-se de novo para cobrir os meus lábios. Ele
massageia todo o meu corpo com as suas mãos e, quietamente, alcança
minha calça e aperta minha bunda.
Fecho os meus olhos e deixo o meu corpo descansar em seu peitoral
definido, respondendo ao seu entusiasmo sem pensar. Não temos nos tocado
assim por dois meses. Só agora percebo o quanto senti falta da pessoa à
minha frente.
Eu sinto muita saudade do beijo gostoso do King!
O som do beijo reverbera no banheiro pequeno e o nosso forte desejo nos
força a ficar relutantes em deixar a boca um do outro. A língua quente do
King e a minha se entrelaçam e brincam uma com a outra, saboreando a
bala de morango na boca um do outro. O sabor me faz sentir bêbado ainda
que eu não tenha ingerido álcool. Só quero saborear o gosto na boca do
King. Ele também não parece querer que este momento maravilhoso acabe
facilmente.
"Ah, já chega", sussurro e, depois de um momento, ele lentamente se
afasta. Paro rapidamente ao sentir a temperatura do banheiro continuar a
subir, antes que ambos saiamos do controle.
Quando ergo o meu rosto para olhar para ele, um estranho tom vermelho
aparece em meu rosto. Seu olhar de luxúria encara diretamente os meus
lábios. Ele lambe seus lábios como se estivesse relembrando a preza que
acabou de saborear. Ainda há nele uma expressão de quem ainda não ficou
satisfeito.
Sinto-me envergonhado quando olho para baixo e vejo que a minha
camisa está amassada, e então vejo a ereção óbvia na calça do King contra a
parte baixa do meu abdômen.
Meu Deus! O que estou fazendo? Este é o banheiro da empresa!
"Ainda não provei o bastante", King murmura, enterrando o seu rosto no
meu pescoço, deixando uma série de leves beijos.
"Não mais", após eu sussurrar numa voz baixa, empurro seus ombros
levemente para sinalizá-lo que se afaste. King suspira. Ainda que relutante,
ele curva sua boca num sorriso.
"Obrigadinho, estou encorajado."
A luz naqueles olhos afiados é tão fascinante que tenho que desviar o
olhar, então posso apenas ficar parado como um boneco e deixar que King
me ajude a guardar bainha da minha camisa dentro da calça. Depois de
terminar, ele se abaixa e dá um forte beijo em minha bochecha.
"Tão feliz!", ele comemora baixinho e eu reviro os olhos ao sucesso
desse idiota.
"Não deixei que fizesse isso!"
"Mas você respondeu quando beijei!", percebendo o sorriso contido em
meu rosto, King continua gentilmente "Khun Anon, também sente saudade
do meu beijo, não é?".
Não respondo à pergunta, só quero abrir a tranca da cabine do banheiro
antes que sejamos vistos pelos outros e saio com pressa. Por sorte, todos
ainda estão comendo lá fora e ainda não voltaram, caso contrário não teria
coragem de olhar na cara delas! Ficaria corado e estranho!
***
Depois da carga de trabalho pesada das duas últimas semanas, finalmente
cheguei a última semana de trabalho deste ano. Hoje a nossa empresa
alugou o salão de banquetes deste edifício para realizar um jantar de fim de
ano, então o clima do escritório está relativamente tranquilo. Ouço colegas
brincando e rindo hora ou outra ao longo do dia. Quase todos os colegas
não conseguem se concentrar no trabalho, minha mente já viajou para o
jantar de fim de ano à noite há muito tempo.
Quando está na hora de terminar o trabalho, cada colega desliga
imediatamente o computador e desce para o salão. O salão até então vazio
fica cheio de dúzias de mesas redondas chinesas e a mesa de jantar tem
pratos, como um bufê. Com aperitivos e sobremesas, também há uma torre
de cerveja do tipo tome-tudo-que-puder. Há grandes telas de projeção e
microfone sobre o palco, que devem estar organizados para discursos de
alto nível e próximos eventos. Assim que entramos no salão, todos
imediatamente encontram um bom lugar para se sentar. Alguns se sentam
com colegas de outros departamentos. Quanto a Jade, King e eu,
escolhemos nos sentar juntos com o pessoal do departamento de TI.
"O momento em que mais amo esta empresa é no jantar de fim de ano!",
diz Jade, que está sentado à minha esquerda e ele coloca um garfo em sua
boca com uma expressão feliz.
"Já faz tempo desde que vi você comer com tanta alegria. Olhe só para
você sorrindo tanto que nem consegue enxergar! Venha, vou ajudá-lo a dar
uma mordida também!", King estica o braço próximo a mim para pegar um
pedaço dos bolinhos de peixe do prato do Jade. Irritado, Jade joga
amendoins contra King, que me usa como escudo e se esconde por trás de
mim para revidar.
"Pessoal! Por que são como criançonas?", P'Fai parece sentir-se sem
esperanças, erguendo sua mão até a testa.
Neste momento, o chefe está dando um discurso no palco. Uso os meus
olhos para sinalizar aos dois que não brinquem mais. Jade grunhe, ergue seu
garfo e o aponta no rosto do King.
Depois de uma série de discursos do alto escalão, finalmente chega ao
momento quando a festa inicia oficialmente. O som da música e das
conversas no salão vem um atrás do outro. Penso que, após um ano de
trabalho duro, posso finalmente curtir um recesso longo e lindo. Os rostos
dos colegas estão cheios de expressões de vigor e o mais interessante agora
é a troca de presentes de Ano Novo. O orçamento para cada presente este
ano é de cerca de mil baht [N/T: cerca de R$ 143,20].
"Droga! Comprei um carregador este ano como presente, como posso ter
ganho apenas uma caixa de biscoitos?", Jade range os dentes, o sorriso em
seu rosto se desfaz instantaneamente e ele irritadamente empurra uma
grande caixa vermelha de biscoitos em seus braços.
Lamento pela má sorte do meu amigo. Não importa o quanto ele goste de
comer. Se eu ganhasse essa caixa de biscoitos, sentir-me-ia um pouco triste.
E eu comprei um purificador de ar para carros. O preço não é muito alto.
Nem mesmo eu tenho esse tal purificador. Espero ganhar algo bom desta
vez, o melhor seria ganhar os 10.000 baht do chefe. Prêmio em dinheiro.
"Uea, N'Min pegou o seu presente!"
King balança o meu ombro e gesticula para que eu vá até o palco.
Imediatamente me levanto e entrego o presente a ela. Ainda lembro que esta
garota costumava mandar bebidas e lanches para King, e o sorriso em seu
rosto enquanto pega o presente de mim parece um pouco forçado.
"P'Uea, por favor, sorteie para ver de quem você receberá o seu
presente!", Gun diz do microfone. Ele é o apresentador deste evento (é ele
de novo!) e ele entrega a caixa do sorteio para mim.
Coloco a minha mão na caixa, tiro um dos pedacinhos de papel e abro.
"Número 48!"
"48, 48! Ei!", Gun exclama ao ouvir, um sorriso suspeito estampa seu
rosto.
Viro-me e olho a pilha de presentes atrás de mim. Quando finalmente
vejo o presente com o número 48, de repente eu...
"Onde está Khun Kunakorn do departamento de TI? Por favor, suba ao
palco o mais rápido possível para entregar o presente pessoalmente", Gun
diz o nome do dono do presente e há um monte de assobios e gritos do
público. Estou tão envergonhado que quero me esconder.
Meu Deus! Esta empresa tem quase cem funcionários. Por que peguei o
presente do King?
"Haha! É um casal natural! Hahaha. É um casal que nasceu para ficar
junto!", Gun dá uma gargalhada, sabendo que intencionalmente enganou a
platéia.
Meus olhos desconfiados lançam um olhar traiçoeiro para Gun antes de
eu receber o presente do King. Sei exatamente o que está nesta caixa porque
Jade e eu compramos com ele.
Consegui uma nova luminária este ano, o presente não é nada mau!
Olho em direção à câmera e sorrio. Depois que a foto comemorativa é
tirada, saio apressadamente do palco, não deixando oportunidade para Gun
tirar sarro de nós, mas talvez meu movimento tenha sido grande demais.
Ainda que eu tenha saído, o cara que gosta de algazarra ainda está lá.
"Licença, Khun Kunakorn, por que está sorrindo tão feliz? O que houve?
Geralmente não te vejo sorrir tão brilhantemente para mim", diz Gun.
"Porque eu escolho a pessoa certa para quem sorrir", a resposta do King
faz a plateia rir de novo.
"Ei! Tudo bem, meu chefe realmente tem dois pesos, duas medidas! Está
bem! Vamos voltar ao assunto do sorteio de novo, qual presente quer
receber este ano?"
"Estou feliz em receber qualquer presente. Não me importo com o que
será. Mas, na verdade, há algo que eu quero mais do que receber um
presente."
Quando estou prestes a sentar em meu assento, fico perplexo ao ouvir
suas palavras. Viro-me em espanto para observar o homem sobre o palco, e
me deparo com os olhos do King me olhando profundamente.
"E o que é?", pergunta Gun.
"Aos quase 30 anos, espero não continuar solteiro no novo ano", diz King
com um sorriso.
Aplausos da plateia soam e os olhares dos colegas próximos caem sobre
mim. Aperto os meus lábios, tentando fingir que nada aconteceu.
"É para alguém especial?"
"Sim, apenas uma pessoa."
Quanto mais ele fala, mais envergonhado fico. Estou tentando encontrar
um buraco para me esconder. Guardo o presente e sento-me rapidamente,
tentando esconder a minha expressão, mas ainda não consigo escapar dos
olhos de laser do Jade me observando. Pela expressão dele, ele já viu tudo
que está em minha cabeça.
"Seu coração amoleceu?", pergunta baixinho no meu ouvido.
Sorrio sem dizer uma palavra, não respondendo à sua pergunta, só viro o
meu rosto para o outro lado e assisto o início da próxima rodada de sorteios.
Quanto à meta do King para o ano que vem...
Hm... Seu desejo vai ter que aguardar e ver!
Capítulo 23: Ao Seu Lado
Todos os dias, parece que o tempo tem passado mais rápido do que o
esperado, assim como diz o ditado "a felicidade não sabe como o tempo
passa". Ao retornar voltar da viagem de Ano Novo, dei uma olhada no
calendário do mês e percebi que não havia prestado atenção no tempo.
Antes que eu percebesse, já era o segundo mês do ano.
Na sexta-feira, no início da manhã do último dia de trabalho da semana,
espreguiço os meus braços. O céu lá fora mostra nuvens brancas.
Alegremente sento-me na cama para tomar um banho e vestir roupas para
me preparar para o trabalho.
Hoje me visto um pouco mais delicadamente do que o normal e saio para
o saguão no térreo. Assim que entro no saguão, vejo a imagem familiar de
um homem alto sentado no sofá brincando com seu celular. Ele fica sentado
no térreo jogando no celular todos os dias antes de me levar para o trabalho.
Não consigo conter o sorriso ao vê-lo.
Já faz três meses desde que concordei em dar uma chance ao King. Nos
últimos três meses, a atitude dele de fato foi como ele disse no início.
Admito que não tinha muita confiança nele no começo, já tinha uma ideia
pré-concebida de que um homem como ele não abriria mão de sexo por
alguém, mas King quebrou meu conceito pouco a pouco.
Faz mais de um ano desde os dias de amigos com benefícios e King
nunca teve outra pessoa ao seu lado senão eu. Pode-se dizer que ele apenas
está seguindo as regras que estipulei no começo, mas desde que ele se
declarou para mim naquele dia, seu comportamento comprova até um ponto
que ele cumpriu a promessa que fez.
Posso mesmo dizer que ele consegue!
"Bom dia!"
Com um sorriso convencido no rosto, King levanta-se do sofá e anda na
minha direção. Tudo bem, minha opinião pode parecer tendenciosa, mas
ainda que King finja não ser um playboy, aos meus olhos, ele sempre será
um. Mesmo que se passem 10 anos, ele definitivamente ainda parecerá um.
"Por que veio hoje sem aplicar creme no cabelo?", a testa dele está
suavemente coberta pelo cabelo e ele não penteou sua franja como de
costume.
"Tarde demais. Acordei tarde hoje, porque não tinha ninguém para me
acordar...", ele me olha fixamente como se usasse os seus olhos para dizer
que a culpa é minha, porque me recusei a dormir em seu apartamento na
noite passada e por isso acordou tarde.
Finjo não ler os seus olhos e continuo a perguntá-lo.
"Precisa que alguém te acorde mesmo já sendo adulto?"
"Quero que a minha esposa me acorde."
Quando sou pego de surpresa, seus dedos longos delicadamente tocam o
meu rosto e um choque elétrico se espalha através da pele da ponta dos seus
dedos e as minhas bochechas não conseguem evitar ficar vermelhas.
"Apresse-se, vai haver congestionamento mais tarde!", rapidamente
mudo o assunto e pulo fora da situação embaraçosa, mas a pessoa próxima
a mim parece perceber que estou com vergonha e ri de leve antes de segurar
a minha mão.
"Gosto muito da forma como fica tímido comigo."
"Você vai ou não? Vou dirigir sozinho se não andar", franzo o cenho, mas
King ri ainda mais abertamente quando vê e, antes que eu mude de ideia,
rapidamente toma a minha mão e anda até o seu carro, estacionado do lado
de fora.
***
"Uea, o que quer comer esta noite?", King me pergunta enquanto o carro
está parado num sinal vermelho.
Olhando para baixo no meu telefone, vejo a data e a hora mostrados e
percebo que hoje é 14 de fevereiro.
É o Dia dos Namorados...
"Não tem que ficar com a Tecnologia Operacional hoje? Parece que os
seus programadores têm feito muito trabalho ultimamente."
"Não, ninguém quer ficar em dias assim. É melhor deixar os júniores
saírem e comemorarem com suas namoradas!", King me olha casualmente e
retorna o olhar à estrada à frente, dizendo "Ah, mas mesmo que eu fique,
será uma tristeza. Todo mundo namora alguém, menos eu. Não tenho
ninguém para me fazer companhia. É uma pena."
Ergo minhas sobrancelhas ao ouvi-lo, viro a minha cabeça para ver a
expressão triste em seu rosto e sorrio por dentro.
A nossa relação tem se desenvolvido tranquilamente nos últimos três
meses. Na verdade, devo dizer que está indo super bem, mas ele precisa da
minha aprovação para me tocar quando pensa "naquilo" e ainda não
confirmamos o nosso status. Embora não nos consideremos namorados
oficialmente, basicamente fazemos coisas que um casal normalmente faria.
"Ainda não tem eu? Também não tenho namorado", brinco com o rapaz
de cara amarga, que ergue suas sobrancelhas e responde com um sorriso
impotente.
"Você é tão mau!", ele me olha com um olhar metade brincalhão, metade
acusador. Dou de ombros e viro o meu rosto para ver a paisagem pela janela
do carro, só para esconder o sorriso em meu rosto.
Para ser honesto, tenho amolecido desde a viagem de Ano Novo, porque
nesses dias ele foi capaz de provar que é um homem de palavra. Não sou do
tipo coração de pedra que vai negar os sentimentos do próprio coração e
King parece ter notado que estou cedendo, mas ainda não concordei em ser
seu namorado, porque quero provocá-lo mais.
Considere como um pagamento pelo quanto ele tem me provocado nos
últimos anos!
Pensando na última frase que ele acabou de dizer, cubro a minha boca ao
rir. Ele diz que sou mau, mas não sou nem metade do que ele é. Nem
consigo contar quantas vezes ele se aproveitou para se achegar ao meu
corpo nos últimos três meses, especialmente quando dormimos no mesmo
quarto durante a viagem de Ano Novo. Ele ficava implorando por abraços e
beijos, e eu quase caí nessa. Por sorte, me recuperei, então nada aconteceu,
mas King insistiu em me abraçar para dormir, então acabei desistindo e
deixei.
Dá para saber quem é pior só de olhar!
"Já decidiu o que quer comer esta noite?", no momento em que a luz do
semáforo fica verde, King pergunta e o carro acelera devagar.
Penso por um momento e então respondo "Quero comer comida
japonesa".
"Que tal salmão?"
"Cada um pode pagar o seu", digo, mas King nega com a cabeça.
"Hoje é por conta do pai. Não recuse!", ele ergue uma sobrancelha e me
olha.
Franzo a testa levemente. Não sei se ele quer se gabar de que o seu
salário mensal é mais alto do que o meu ou se gosta de brigar para pagar.
Sinto-me envergonhado, porque não quero devê-lo dinheiro, mas King
sempre diz que gastar um pouco de dinheiro não é nada.
Todos os ricos são assim? Acho que começo a entender os sentimentos
do Jade sempre que Mai encontra todo tipo de razão para convidá-lo para
jantar.
***
Ao pisar no edifício, já sinto o clima de Dia dos Namorados ao meu
redor. A passagem pelo jardim em frente ao prédio está decorada com vasos
de lindas rosas. A frente da cafeteria que geralmente visito está decorada
com balões rosas e vermelhos. Os rostos dos colegas estão especialmente
mais animados do que de costume. Enquanto ando, olho as pessoas ao meu
redor e, quando estou prestes a entrar na cafeteria como normalmente faço,
a pessoa ao meu lado me cutuca no ombro.
"Suba primeiro, vou comprar o seu café também", diz King.
"Tudo bem, me dá sua bolsa então", estico a mão para pegar sua bolsa,
mas ele não a entrega de imediato. Em vez disso, segura minha mão com
sua palma grande e dá um sorriso paquerador familiar em seu rosto.
"Por que não leva o meu coração também?"
"Essa frase é muito cliché", após ficar perplexo por um minuto, não
contenho a risada. Ele parece se sentir da mesma forma. King sorri e
entrega a sua bolsa para mim.
"Vejo você na empresa mais tarde, esposa", diz ele.
Intencionalmente finjo não ouvir, rapidamente pego a sua bolsa e
apresso-me até o elevador.
Quem é a esposa dele?! O atrevimento dele realmente é o maior do
mundo.
"Bom dia, Khun Uea", enquanto espero pelo elevador, uma voz baixa soa
ao meu lado.
"Bom dia, Khun Boom. Veio à empresa hoje?", curvo-me levemente ao
novo colega que se juntou ao departamento de vendas da empresa há um
mês.
Khun Boom tem por volta da mesma idade que eu. Ele é alto e parece
amigável, tem uma personalidade calma e fica facilmente envergonhado,
mas também é engajado no trabalho de vendas, que requer boas habilidades
de conversação. Para falar a verdade, raramente falo com colegas de outros
departamentos, mas acontece que Khun Boom me perguntou por direções
no primeiro dia em que se juntou à empresa. Mais tarde, quando nos
encontramos de novo, ele começou a me cumprimentar proativamente e
lentamente passamos a nos conhecer.
"Sim, vim à empresa para pegar algo", após terminar de falar, me deu um
sorriso tímido.
Continuo conversando com Khun Boom até o elevador abrir e entramos
juntos. Não sou o tipo de pessoa que fala muito, mas vendo a expressão
tímida dele, tive que tomar a iniciativa para criar um assunto para que o
clima não ficasse muito sufocante.
Só agora entendo por que Jade gosta de falar com todo mundo. Afinal,
um ambiente quieto demais pode às vezes deixar as pessoas
desconfortáveis.
"Uea, chegou tão cedo hoje! Bom dia, Khun Boom!"
"Bom dia, Khun Jade", Khun Boom cumprimenta meu melhor amigo
com um sorriso. Jade, que acaba de sair do banheiro, coloca sua mão em
meu ombro e olha para a terceira pessoa presente com um sorriso no rosto.
"Como tem estado o trabalho? Está indo bem?"
"Está tudo bem", depois do Khun Boom responder educadamente, ele nos
diz que quer discutir algo com o departamento de contabilidade e tem que
ir. Depois de nos despedirmos dele, continuamos até o departamento de TI.
"Uea, por que veio sozinho? E o King?"
"Ele foi comprar-"
"Bom dia, P'Uea", desta vez, outra voz grave interrompe a conversa entre
Jade e eu. Ao me virar, ergo as minhas sobrancelhas em surpresa.
"Bom dia, Gun. Está tão lindo hoje! Vai a um encontro com uma
garota?", não consigo evitar olhar o júnior à minha frente. Ele está usando
camisa e calça comprida hoje, o típico traje que se vê no escritório. Gun
parece suave e organizado. Não veio em sua camiseta e jeans típicos, então
estou surpreso em ver suas roupas hoje.
"Não é nada, P'. Eu só queria tentar um estilo diferente. P'King me disse
para tentar me vestir assim, mas estou terrível, não é?", pergunta com um
olhar de incerteza.
"Não, acho que você está muito bem."
"Sério? Obrigado!", Gun toca sua nuca, parecendo um pouco
envergonhado pelo elogio. Ele não parece tão mal quanto antes. Tenho
certeza de que esse estilo vai atrair muitas garotas!
"Quase morri de susto quando entrei. Achei que Gun havia sido possuído
por um espírito!", Jade exclama.
"Hm! Só quero ficar mais bonito de vez em quando!", Gun olha para trás
de mim e diz "Para onde foi meu bom irmão, por falar nisso? Ele não veio
com você? Sempre vejo P'King atrás de você."
"Viemos juntos, mas subi à empresa primeiro e King foi me comprar
café", respondo, colocando a bolsa do King em sua mesa. Não consigo não
rir quando paro para pensar no que acabo de dizer. Jade sempre provoca
King por ele ficar colado em mim o dia inteiro. Ele está mais para um
stalker irritante do que um pretendente. Mas não acho ele irritante, na
verdade me faz feliz.
Todos querem ficar grudados na pessoa que gostam o dia todo, certo?!
"Ah! Costumava ser outra pessoa implorando para dá-lo um presente,
mas agora é ele quem está distribuindo presentes por aí! Infelizmente, meu
irmão não passa de um tigre de papel", Gun suspira e baixa a cabeça para
jogar em seu telefone. Sento-me na minha cadeira.
"Falando em presentes, eu costumava ter presentes de Dia dos
Namorados para você ou King na minha mesa. Não tenho nenhum este ano,
realmente não estou acostumado!", Jade diz ao abrir a gaveta e tirar a caixa
de cookie que ganhou no Ano Novo, pegar um cookie e colocar na sua
boca.
"Isso é ótimo!", respondo.
Os outros sempre pediam que Jade me desse presentes em todo Dia dos
Namorados. Finalmente fui capaz de respirar aliviado quando King
anunciou a nossa relação.
"Uea, vejo que Khun Boom parece ser muito tímido com você. Como ele
pode ser um vendedor?", Jade repentinamente muda a conversa e coloca a
caixa de cookie em minha mesa. Não rejeitando a gentileza do meu melhor
amigo, pego um pedaço e saboreio antes de responder.
"Conversas de trabalho são diferentes de conversas casuais."
"Mas até onde vejo, ele parece preferir conversar com você. Não costumo
vê-lo conversando com outras pessoas. Ele quer conquistar você?"
"..."
"Hm... provavelmente não. Basicamente todos sabem que você já foi
reservado", depois de falar consigo mesmo, Jade pega um cookie e coloca
em sua boca, mas seu palpite faz o meu coração tremer.
De fato, o meu conhecimento sobre Khun Boom é apenas superficial e
ele raramente menciona o tópico de namoro. Já sobre se ele tem outros
pensamentos sobre mim, não tenho certeza. Raramente presto atenção
especial a este aspecto. Afinal, não planejo encontrar mais ninguém.
"Jade, por que chegou tão cedo hoje?", King acaba de entrar no
departamento e todas as especulações na minha mente são repentinamente
esquecidas.
"Não moro em Lat Krabang, esqueceu?", Jade responde.
Antes, Jade sempre chegava à empresa mais tarde do que nós porque sua
casa é muito longe, mas recentemente Mai comprou um apartamento
próximo à Conti, que é mais próximo ao local de trabalho deles e só leva 20
minutos para chegar do apartamento até o trabalho. Jade chega muito cedo à
empresa todos os dias.
"É!", King responde antes de me olhar e passar o café americano gelado
para minhas mãos.
"Aqui está o seu café."
"Obrigado."
"Onde está o meu?"
"Você não é minha esposa, por que eu deveria comprar pra você? Peça
para Mai comprar!", a mãozona estapeia Jade atrás da cabeça e então sorri
para mim com bajulação. "Este é um benefício especial só para você, Uea!".
"Se quiser, pode dar esse benefício a outros também!", dou-lhe um olhar
meio brincalhão e o ouvinte apenas sorri e aperta o meu ombro.
"Por que está com ciúme mesmo, Khun Anon?", King diz suavemente.
"Continuem flertando! Não se importem comigo, sou apenas o ar!", Jade
nos provoca e eu não consigo não retaliar.
"Sentimo-nos da mesma forma quando está com Mai!"
Vendo seu amigo retaliar, Jade apenas pisca seus olhos e faz uma careta
para mim, então ouço-lhe sussurrar para si mesmo "Francamente...".
"Bem, aonde o seu marido vai levá-lo para comemorar esta noite, Jade?",
King pergunta.
"Mai reservou o restaurante cedo pela manhã, mas recusou-se a dizer
onde é. Disse que não haveria surpresa se dissesse, mas não me importo.
Não ligo para o que como. Não escolho o que comer", embora Jade diga
com normalidade, não é difícil ver em seus olhos o quanto está animado.
Casais geralmente ficam muito animados com o Dia dos Namorados. É algo
muito comum. Até pessoas que não são românticas, como eu, esperam por
esse dia ansiosamente.
"Bem, vamos comemorar também, não é?", King se vira e ergue suas
sobrancelhas para mim.
Desvio o olhar e não contenho um sorriso no canto da minha boca.
Este Dia dos Namorados deve ser especial. King pode não saber, mas
estou esperando muito por hoje à noite.
***
A carga de trabalho hoje não é tão pesada, calmamente termino o
trabalho em mãos devagar. À tarde, o meu celular vibra de repente,
avisando-me que há uma mensagem chegando. Ergo-o e um sorriso
pequeno surge em meu rosto. Acontece que é uma mensagem da Donkao.
Ela enviou uma figurinha de feliz Dia dos Namorados para mim.
Falando na minha família, não tenho contatado a minha família desde o
conflito, mas ainda mando dinheiro todo mês. Ainda que a minha mãe seja
muito insatisfeita sobre o meu nascimento, ela me criou até a idade adulta.
Devo dar o meu melhor. Acho que não é gratidão, mas responsabilidade de
filho. É puramente obrigação. Ajuda-me a sentir que não mais devo algo à
minha mãe.
Só faço isso para fazer com que o meu coração se sinta melhor, não por
outra pessoa.
Não contatei a minha mãe e ela não tomou a iniciativa de me contatar
também, mas uma vez a minha mãe pediu que Donkao me pedisse para
comprar material escolar. Acho que a minha mãe ainda pode estar
envergonhada ou não ousa me pedir dinheiro. Ela vai pedir que a minha
irmã venha até mim por ela. Na verdade, sempre soube que a maior parte do
dinheiro, que ela afirma ser para ajudar na mensalidade da minha irmã, é
usado em outra coisa, mas agora não me importo mais. Só sou responsável
por mandar a mesada da minha irmã. Donkao disse que não tem
necessidade urgente de dinheiro por enquanto e vai me avisar novamente se
algo der errado.
Sento-me e deixo a minha mente ir. Lembro-me que Donkao ligou outro
dia para me dizer que o clima em casa não tem estado muito bom
recentemente, porque o escândalo de quando briguei com a minha mãe foi
ouvido pelos vizinhos. Frequentemente conversamos sobre meu padrasto e
a minha mãe pelas costas deles. Por esse motivo, os dois estão sempre
discutindo e brigando em casa o dia todo. Não sinto muita coisa ao ouvir
isso. Analisando bem, tudo foi culpa deles dois mesmos.
Os problemas que estão enfrentando agora não são nada além da dor e do
medo que tenho suportado por muitos anos.
Donkao disse que lamenta não ter percebido imediatamente as coisas que
o pai dela havia feito comigo. Também aconteceu de ela ir para casa e ouvir
o conteúdo da briga entre os nossos pais e soube de toda a história. Ela
ficou desconfortável e não quer ir para casa. Depois de muito tempo, meu
humor estranhamente se acalmou, como se o que eu tivesse acabado de
saber não fosse sobre a minha família.
Parece que meu coração e alma estão finalmente em paz.
Respiro fundo, tentando não pensar nas velhas coisas ruins e então
devolvo uma figurinha à minha irmã. No momento, só me restam duas
parentes: minha tia e minha irmã. Embora eu queira ser filial a ela como seu
filho, acho que dei o meu melhor pela minha mãe. Daí em diante, só farei o
que tiver que fazer e então viverei cada dia com a consciência limpa.
"Conversando com outras pessoas?", uma voz grave soa suavemente
sobre a minha cabeça.
Ergo o olhar para King. Acontece que ele tem documentos a colocar na
minha mesa. Respondo "Conversando com a minha irmã".
"Veja! Você enviou para ela essas figurinhas fofas, mas nem me dá uma",
ele finge estar triste.
"Volte ao trabalho!", não consigo não rir e rapidamente aceno para
afugentá-lo. King relutantemente volta à sua cadeira, depois de rir.
Ding!
"Então com quem vai sair para comemorar o Dia dos Namorados hoje à
noite, P'Uea? É P'King, certo?"
A mensagem da minha irmã me faz virar a cabeça e espiar a pessoa cujo
nome foi mencionado, que está sentado quietamente trabalhando. Não
consigo não relembrar a primeira vez que Donkao viu King há um mês. Ele
convidou a minha irmã para jantar e ir fazer compras naquele dia. Não
tenho certeza se King intencionalmente subornou a minha irmã, mas ela
ficou confortável com ele após vê-lo apenas uma vez. Ela ficou
supersatisfeita e me perguntou várias vezes quando eu concordaria em ser
namorado dele ao longo do dia.
Viu que me recuso a ceder e implementou a "política da irmã" para me
fazer concordar. Que homem ardiloso!
"Acha mesmo que ele é bom?"
"Sim! P'King parece gostar mesmo de você! Ele cuidará bem do meu
irmão! P'Uea, ceda logo. Estou ficando cansada de juntar vocês dois."
A mensagem da minha irmã me obriga a virar a minha cabeça e espiar
King de novo, então ergo levemente os cantos da minha boca.
Bem, parece haver chegado a hora!
***
"Ah, finalmente está na hora de ir para casa! Levantem-se e saiam!!!", a
voz do Jade soa às 17h30 ao ver a hora na tela do computador. Meu melhor
amigo imediatamente desliga o computador e guarda tudo com uma mão só
dentro da bolsa, segurando o celular na outra para conversar com seu
namorado. Parece que Mai já está esperando no térreo. Jade não diz uma
palavra e rapidamente arruma suas coisas, deixando o departamento com
pressa, mais rapidamente do que o normal como qualquer outro colega da
empresa.
"Uea, espere por mim. Tenho que testar o código de novo. Está quase
pronto. Não levará mais do que 5 minutos", King vira-se e diz para mim
quando estou prestes a desligar o computador.
"Está bem, então irei ao banheiro primeiro."
"Tudo bem! Encontro você no elevador depois", responde King.
Pego a bolsa e ando em direção ao banheiro. Quando saio do banheiro,
vejo o departamento de TI pelo canto do olho.
Franzo o cenho quando vejo alguém espiando escondido em frente ao
departamento de TI. Quando me aproximo, percebo que essa pessoa é Khun
Boom, quem eu havia encontrado na manhã de hoje.
"Khun Boom", aproximo-me para dizer oi e ele é pego de surpresa por
um momento, virando seu corpo para mim em câmera lenta.
"Khun Uea."
"Veio aqui encontrar alguém? Ou pegar alguma coisa?", pergunto-lhe
com desconfiança.
Pessoas do departamento de vendas não vêm até o nosso departamento
sem motivos, a menos que o chefe peça que encontrem alguém ou peguem
algo, elas não vêm em circunstâncias normais. Mas ele não já veio por aqui
nesta manhã? Ele não tem amigos no departamento de TI e a maior parte
dos seus colegas já foram para casa a esta hora.
"Não, estou aqui para encontrá-lo", ele cora e seus olhos fixam em mim.
Sou surpreendido e de repente lembro-me do que Jade me disse nesta
manhã...
Bem, parece ser a primeira vez que o meu amigo adivinha certo, embora,
no fim, ele geralmente esqueça o que disse.
"Ah, há algo errado?", pergunto-lhe, embora basicamente presuma o que
ele quer dizer.
"Hoje é o Dia dos Namorados", sua voz treme de leve e vejo Khun Boom
respirar fundo para se acalmar, antes de continuar "Vim aqui dizer que
gosto muito de você."
Eu sabia.
"Na verdade, me sinto mexido por você desde que te vi pela primeira
vez, então... quis vir te dizer pessoalmente."
No momento em que ele termina de falar, o ambiente é envolvido pelo
silêncio. Ainda que ele pareça um pouco nervoso, ele me olha firmemente e
posso apenas desviar o olhar apologeticamente.
"Khun Boom, sinto muito...". Depois de um momento, digo "Obrigada
por sua gentileza a mim, mas... já tenho um namorado".
"...Então é isso", sussurra.
Sinto-me um pouco sobrecarregado. Antes, quando eu rejeitava os
outros, raramente me importava com suas emoções, porque podia ver que
aquelas pessoas não tinham a intenção de ter um relacionamento sério
comigo. Mas com uma pessoa honesta como Khun Boom, e hoje ele ter tido
coragem de vir aqui para se declarar para mim, faz com que eu me sinta
mais culpado.
"Sinto muito mesmo".
"Está bem", ele sorri e desvia o olhar.
Observando o dorso do Khun Boom enquanto ele vai embora, não
contenho um suspiro. Oro em meu coração para que ele encontre a pessoa
certa um dia.
"Uea", a voz grave de alguém soa e, ao mesmo tempo, o toque quente de
sua mão grande em minha pele. Viro-me para olhar para ele.
"Desde quando está aí?", puxo-lhe de volta para o departamento e fecho a
porta da sala.
"Desde quando você começou a conversar com o vendedor", o tom do
King é monótono e seu rosto calmo. Não consigo desvendar o que ele está
pensando.
"Ciúme?", pergunto com um sorriso.
"Sim, mas ao ouvir sua resposta para ele, fiquei mais confuso", seu tom
de voz começou a ficar leviano. King aproxima-se de mim, posso até sentir
sua respiração quente sair do seu nariz. Seus olhos brilham mais do que
nunca.
Encaro a pessoa à minha frente com desconfiança e, de repente, um
pensamento surge em minha cabeça...
Se ele está aqui desde Khun Boom e eu começamos a conversar, significa
que ele ouviu...
"Acabei de ouvir que você tem um namorado agora."
Sua mão, que estava na minha cintura, sobe para as minhas costas e o seu
braço rapidamente puxa-me para o seu abraço. Olho para os lados em
pânico. Quando vejo que King e eu somos as duas únicas pessoas restando
no departamento, meu coração acelerado começa a relaxar.
"Qual é o problema? Não ouvi errado, não é?", pergunta repetidamente.
A voz rouca e a fragrância fraca de menta em seu corpo fazem o meu
coração bater rapidamente.
"Não", meu coração está pulando como louco e eu respondo curto,
fingindo estar calmo.
"Desde quando tem um namorado?"
"Desde agora", ergo os cantos da minha boca e ergo os meus olhos para
ver a pessoa à minha frente. No momento em que ouve a minha resposta,
um sorriso brincalhão aparece no canto da sua boca e seus olhos parecem
bem satisfeitos.
"E quem é ele?", King pergunta.
Sorrio e não quero responder sua pergunta facilmente. King me vê
sorrindo e não diz uma palavra, então lentamente aproxima o seu rosto de
mim.
"O que está fazendo?", apressadamente estico a mão e cubro a sua boca,
para impedi-lo de me beijar. Mesmo que ninguém mais esteja presente,
ainda há câmeras.
"Quero beijar você!"
Sua mão grande espreme o meu pulso. O olhar ardente do King fixa em
meu rosto, e então ele beija a palma da minha mão que está sobre a sua
boca. Posso sentir as minhas bochechas esquentando.
"Vendo que está relutante em dizer, tive que confirmar por conta própria
o quanto você é teimoso..."
O brilho nos olhos do King é muito intenso. Não ouso olhar diretamente
em seus olhos e aperto os meus lábios com firmeza. Estou tão nervoso que
até posso ouvir o som do meu coração batendo.
Esta é a primeira vez em que fico tão tímido com alguém.
"Então, quem é o seu namorado? Deixe-me ouvir", sua voz sussurra em
meu ouvido.
Dou o meu melhor para segurar um sorriso, fingindo estar calmo.
"Quem vai me acompanhar no jantar para comemorar o Dia dos
Namorados hoje."
Assim que termino de falar, o sorriso no rosto do King se torna enorme.
Seus olhos parecem conter infinitos carinho e doçura. Olhamos os olhos um
do outro em silêncio, sem quebrar a tranquilidade do momento. Só
observamos o sorriso no rosto do outro.
"O Dia dos Namorados deste ano está incrível!"
Ele pega minha mão. Seus dedos longos passam pelo espaço entre os
meus e imediatamente aperto a sua mão. Meu coração está cheio de um
sentimento indescritível de entusiasmo e felicidade.
"Durma no meu apartamento esta noite...", King diz suavemente para
mim com um olhar gentil. Minhas bochechas ficam vermelhas de novo e ele
continua dizendo "...Tudo bem? Meu namorado".
"Sim", concordo de leve. Seus olhos afiados brilham instantaneamente.
Pelos seus olhos, dá para saber que esta noite será longa! Mas tudo bem.
Amanhã é sábado e não importa o quão tarde eu acorde.
Neste dia lindo, não quero ir dormir nem tão cedo!
"Vamos comer!", com um sorriso brilhante no rosto do King, ele pega
minha mão e saímos juntos.
Olho em segredo para o perfil que tem segurado a minha mão e não quer
soltá-la, e de repente lembro de como éramos antigamente.
Desde o início, houve uma incompatibilidade e sempre que nos
encontrávamos, brigávamos, e quase sempre que abríamos a minha boca, a
discussão era infinita. Quem diria que a pessoa que eu não conseguia
suportar acabaria sendo a pessoa com quem quero caminhar pelo resto da
vida.
"Está me espiando?", meu namorado de repente me pergunta numa voz
baixa. Riu de leve, sem admitir nem negar.
Não posso prever o que acontecerá no futuro. Ainda há muito obstáculos
à frente para superar. Quanto à família do King, ainda me preocupo sobre
não conseguir aprovação da sua família, mas tenho confiança nele.
Contanto que ele continue segurando firme a minha mão e não solte,
também não soltarei a dele.
Um casal apaixonado andando de mãos dadas na jornada da vida. Tenho
encontrado incontáveis decepções no amor. Nunca teria imaginado que
seria sortudo o bastante para encontrar a pessoa a qual estou destinado. Até
este minuto e este segundo, depois de muitas rodadas de buscas, finalmente
a encontrei.
Parece que... a minha vida pode ser cheia de sorte, afinal!
[FIM]
***
Mas calma aí! Ainda temos capítulos especiais e ainda não é hora de se
despedir de KingUea! Continuem por aqui. <3
Especial 1: Amigo de um Amigo
Sempre achei que a minha sorte no amor é terrível.
"Uea! Eu sei que errei! Perdão!"
A voz suplicante vem de um garoto usando uniforme de estudante. Ele
continua me implorando na cafeteria da faculdade e o meu índice de
irritação está prestes a atingir o pico! Estou faminto agora, porque não
tomei café da manhã. Estava correndo para a aula de manhã. Quem
adivinharia que haveria um teste surpresa hoje e que não poderia dar uma
fugida para comprar algo para comer? Meu bom-humor já caiu por terra,
mas esse cara é como um patinho seguindo a mãe pata. Ele gruda em mim
desesperadamente, como se não conseguisse perceber o quanto estou
irritado só de olhar para mim.
"Nós já não estamos mais juntos desde aquele dia, não acho que há algo
mais a dizer", digo num tom frio, semicerrando os olhos para o rapaz
seguindo atrás.
"Ei, eu sei que errei feio! Não estou mais com aquela garota! Vamos ficar
juntos como antes!"
Tão irritante.
"Não, desde que fique triste me lembrarei sempre. Não serei idiota o
bastante para ser enganado de novo", após dizer friamente, planejo ir
embora, mas o ouro continua seguindo.
Posso apenas xingar em meu coração cheio de raiva. O homem bonito à
minha frente é um namorado que conheci após entrar na universidade. Já
faz um ano desde que ele tenta me conquistar. Na época, fui muito gentil
com ele. Assim que ele se declarou, me senti bem e imediatamente
concordei. Tudo foi um mar de rosas, até o dia em que ele foi pego me
traindo secretamente com a estrela da Faculdade de Contabilidade.
Dez meses de romance instantaneamente tornaram-se uma mentira,
desperdiçando meu precioso tempo.
"Não farei de novo! Eu realmente te amo, Uea! Por favor, me dá mais
uma chance!"
"No futuro, ainda que eu não exista, vai haver alguém disposto a te dar
uma chance. Não desperdice seu tempo, nós acabamos."
"Mas..."
"Se você consegue entender as pessoas, entenda que não ficarei com você
de novo. Não me siga!", grito a última frase quase zangado e
apressadamente deixo a cafeteria da faculdade após dizê-la.
Não quero mais perder tempo com esse tipo de pessoa, devo dizer que
não quero pensar nem mesmo por um segundo!
Então deixo a cantina e retorno ao dormitório de moto com raiva. Estou
cansado da aula e queria voltar rapidamente para encontrar algo que
preenchesse o meu estômago. Contudo encontrei o meu ex-namorado e ele
me implorou que lhe desse uma chance. Desde que o peguei traindo, ele
desapareceu por quase um mês e então apareceu repentinamente na minha
frente um dia. Levou um mês inteiro para que ele implorasse para voltar
com ele, mas não importa quantas vezes peça, minha resposta ainda será
não.
Se me perguntar se ainda tenho sentimentos pelo Guy, com certeza. O
namorei por 10 meses e o amor que tive por ele é mais profundo do que o
que tive pelos namorados que tive antes dele. Ainda que cada anterior
relacionamento não tenha sido como esperado, eu tinha muita confiança
com Guy desta vez, achei que ele não me trairia como outros homens com
aquelas garotas bonitas, mas no fim ele provou não ser diferente dos meus
namorados anteriores. Durante os dias de término, eu me sentava no
dormitório e chorava a noite toda, deixando os meus colegas de quarto
preocupados por não conseguir dormir, e então eu ia até o bar sozinho para
ficar bêbado para me sentir melhor. Nunca teria feito isso antes e, quando
me recuperei, percebi que a decisão de terminar estava muito certa!
Não deveria andar com esse entulho ao meu lado, certo?
Relembrando quando bebi no bar há dois meses, pode-se dizer que houve
uma onda trás da outra. Naquele dia, eu estava tão quebrado por causa
daquele canalha que planejava beber para aliviar as minhas mágoas, mas
droga! Encontrei outro canalha! Ainda que já tenha passado 2 meses,
claramente lembro do olhar daquele cara, encarando-me como se eu fosse
sua preza e ele um lobo selvagem, mas segurando outra linda garota em
seus braços.
Sua namorada estava ao lado dele, mas ainda desconfortavelmente
seduzia outros rapazes bonitos. Canalha. Minha má sorte é grande, por que
encontrei alguém desse tipo de novo?
Odeio muito!
"Oh, Uea! Por que voltou ao dormitório agora? Ainda não tinha aulas até
15h?", meu colega de quarto questiona após eu abrir a porta do dormitório.
O nome do meu colega de quarto é Jade. Ele é mestiço tailandês-chinês
com pele clara e olhos pequenos. Ele é cerca de 2-3 centímetros menor do
que eu. Ele é um colega de classe do mesmo departamento que eu e sua
personalidade é bem diferente da minha. Tenho uma personalidade calma e
não sou bom em me comunicar com outras pessoas, mas Jade é vívido e
animado, e tem muitos amigos. Embora nossas personalidades sejam
diferentes, sou mais próximo do Jade do que de outros amigos. Talvez
porque ele seja otimista e simples. Quando estou com ele, posso ficar muito
relaxado, mas às vezes, por causa do caráter muito otimista do Jade, ele
sempre é usado inconscientemente. Ou pedem que ele entregue presentes a
mim...
"Por causa de uma pessoa incômoda", respondo de forma simples e
coloco sobre a mesa o camarão frito com macarrão Phnom Penh que acabei
de comprar no restaurante do térreo do dormitório.
"Foi o Guy de novo, não foi? Ele ainda não parou?"
"É", digo enchendo a boca de macarrão Phnom Penh.
Jade usa um par de shorts de futebol, espirrando da cama com o nariz
avermelhado, pega seu telefone e carteira antes de andar até o espelho.
"Seu coração não amoleceu?", Jade pergunta, casualmente usando sua
mão para pentear seu cabelo embaraçado.
"Não, vou lembrar sempre uma vez que me magoei", digo
indiferentemente, quanto mais me lembro do que aconteceu, mais me
zango. Para mim, a oportunidade só será reservada àqueles que cometem
erros acidentalmente, mas esse descarrilamento definitivamente não foi
acidental. Esse tipo de golpe não se dá numa tentativa só. Como poderia
acontecer se nenhum dos dois lados estivesse pensando em trair?
Antes de amar alguém, você deve se amar um pouco mais, porque não
haverá mais ninguém neste mundo que se importa com você, além de você
mesmo. Até mesmo a família.
"Como quiser, vou descer para comprar uma marmita", Jade diz ao se
virar.
Respondo-lhe casualmente e coloco todos os meus pensamentos no
macarrão Phnom Penh frito à minha frente. Depois de 10 minutos, Jade
volta com uma marmita de macarrão Phnom Penh em sua mão.
"Minha mãe acabou de ligar e vamos ter algo para comer à noite! Minha
família foi para Chonburi no último sábado e a minha mãe comprou uma
grande peça de bolos de arroz cozido no vapor com óleo de coco para nós!"
"Sua mãe vai vir em breve?"
Encontrei a mãe do Jade uma vez no Dia da Orientação. Ainda que ela
estivesse próxima da meia-idade, ainda é bem conservada, e parecia
elegante e linda. Jade uma vez disse que sua mãe participou de concursos
de beleza quando era jovem, e agora é uma professora em Nonthaburi. A
mãe do Jade me trata muito bem, ela compra lembrancinhas aonde quer que
vá e definitivamente pede que Jade divida um pouco comigo.
"Talvez peça que P'Jet traga como antes. Hoje é segunda-feira, a minha
mãe vai ensinar!", diz ele.
Assinto. Sei que já encontrei o irmão do Jade muitas vezes, porque P'Jet
sempre traz lanches para o seu irmão. Ele é umas das pessoas que conheço
que parecem muito pedante, alto e bonito. Excelente, gentil e educado, a
coisa mais poderosa é que ele é estudante de medicina. Jade sempre reclama
da dor de cabeça que é as garotas querendo conhecer P'Jet através dele.
Claro! Todas esperam ter um bom namorado como P'Jet! Também quero
conhecer uma pessoa assim!
"Quero dormir por um tempo, Uea, pode me acordar às 14h30?"
Concordo e sento-me em silêncio para escrever o relatório. Ando até Jade
às 14h30 para acordá-lo e, após trocar de roupas, saímos para a aula.
Pego o assento traseiro da moto do Jade e vamos juntos à aula das 15h.
Essa aula é uma matéria independente da matriz curricular da faculdade. Há
cerca de 200 estudantes matriculados. Sento-me quietamente e faço
anotações, enquanto meu amigo adormeceu na mesa menos de dez minutos
do início da aula. Neste momento, sinto que um grupo de garotos próximo
secretamente me olha, mas o ignoro.
"Uea, o sênior da Faculdade de Ciências quer o seu Line. Disse para ele
que não posso dá-lo, então ele escreveu o Line dele e pediu que passasse
para você."
Depois da aula, Jade entra no banheiro e eu espero perto das escadas. Ele
sorri para mim quando sai do banheiro. Olho inexpressivo para a pequena
anotação na mão do meu amigo e digo para ele que ainda estou no
parágrafo anterior. Não superei o relacionamento e não estou pronto para
começar um novo.
"Se não quer, pode jogar fora no dormitório", Jade me passa a anotação
enfiando-a na minha palma.
Coloco a anotação no bolso da minha calça e então desço as escadas com
Jade para voltar ao dormitório.
"Ei, deixe-me atender o telefone", Jade diz repentinamente antes de andar
para o estacionamento.
Não estou interessado em ouvir a conversa do meu amigo, então pego o
meu telefone e entro nas redes sociais para passar o tempo. Depois de um
tempinho, Jade vem e me cutuca no braço.
"Foi a sua mãe que ligou?"
"Foi o meu amigo que ligou. Acontece que a minha mãe passou todas as
lembrancinhas para ele e ele disse que está prestes a chegar no nosso
dormitório", Jade está ocupado ligando o motor da moto enquanto fala, e eu
sentado no assento de trás. Jade dirige rapidamente em direção ao
dormitório em alta velocidade.
"Jade, deixe-me descer aqui primeiro. Estou com sede", quando a moto
do Jade passa por uma loja de conveniência na esquina no dormitório, peço
que ele pare para me deixar descer. E então ele segue até o dormitório.
Compro chá de leite gelado e algumas latas de café para me preparar para
o meu relatório esta noite. Ando devagar de volta ao dormitório, mas
quando estou prestes a andar até o espaço aberto em frente ao edifício,
franzo o cenho. Jade está usando preto e conversando com um garoto que
usa camiseta e jeans. Olhando de perfil, as sobrancelhas do garoto eram
inesperadamente familiares.
Parece que já vi essa pessoa em algum lugar antes.
"Uea! Por aqui!", Jade segura um saco de aperitivos numa mão e acena
para mim entusiasticamente. Apresso os meus passos e ando em sua
direção. No mesmo momento, o garoto virou-se e olhou.
Meus passos pararam e as más memórias do bar há dois meses
instantaneamente vieram à mente.
Ele... não é aquele canalha que conheci no bar?!
"É o seu amigo, Jade?", a voz profunda que ouvi há dois meses soa e seus
olhos continuam a me olhar com firmeza. Nos encaramos sem acreditar e eu
não ouso acreditar que haja uma coincidência como essa no mundo.
Ainda que eu estivesse bêbado naquela noite, ainda lembro da aparência
do homem à minha frente muito claramente. O homem é alto, com pele cor
de mel, aparência muito bonita e tem um corpo muito excepcional, como se
tivesse saído de uma revista. Ele está usando apenas uma camiseta e jeans,
mas faz com que estudantes que estão passando virem-se e deem uma
olhada.
Não condigo desviar o olhar ao vê-lo.
"Ele é Uea, meu colega de quarto. Já falei sobre ele para você antes", a
voz do Jade é ouvida, ele se aproxima e toca o meu ombro, continuando a
me apresentar "Uea, ele é King. Ele costumava morar próximo à minha
casa. Somos amigos desde a infância".
"É um prazer conhecê-lo", os cantos dos seus olhos se erguem
suavemente e ele continua a me olhar com curiosidade, e um sorriso
inexplicável aparece em sua boca. Não gosto da forma como ele me olha.
Seus olhos são quase os mesmos de quando o vi no bar naquele dia.
É o tipo de olhar paquerador que odeio.
"É", respondo curto e apresso-me para subir os andares, deixando Jade
sozinho para conversar com o seu amigo. Sinto o olhar do King encarando
as minhas costas ao me afastar e sinto-me ainda mais irritado.
Volto ao dormitório e deito-me na minha cama com um coração
estressado. Bastou um olhar nos olhos do King para me sentir descontente.
Não gosto de homens traíras, sejam meu pai ou namorados anteriores. Até o
amigo do meu amigo é um canalha sem valor moral!
Basta olhar nos olhos desses homens para saber a ideia ruim que querem
ter comigo. Não sou narcisista, mas sei que sou bonito. Muitos homens
querem me levar para a cama, mas não quero ficar com alguém
casualmente. Só quero ter um namorado que me amará de todo coração, em
vez de uma relação curta que só leva a sexo. Corto todos os homens que se
aproximam de mim com esse propósito na primeira oportunidade!
Claro! Eu nunca namoraria alguém como King! (Uea, espere só o tapa na
cara!)
Espreguiço-me na cama, fecho os meus olhos devagar e tento esquecer
essa bagunça.
Esqueça! Ele é só um amigo do meu amigo e ele não está na mesma
universidade, então não preciso encontrá-lo com frequência, de qualquer
forma.
Não preciso levar para o coração.
***
Não tenho visto King de novo. Levou um tempo até ouvir Jade reclamar
sobre uma ou duas coisas sobre ele. A maioria é como ele rejeitou a garota
A ou ficou preso na garota B. Enquanto ouço, penso: claro! Como ele
poderia viver uma vida pacífica num beco sem saída?! Frívolo. É o que
podemos chamar de auto-inflingido.
Desde que saí do ano júnior, a faculdade tem ficado cada vez mais
pesada. Todo dia há muitos relatórios em grupo e trabalhos esperando ser
feitos. É normal dormir às 3 ou 4h da manhã e então acordar às 8h para ir à
aula. Antes, depois da aula, ainda tínhamos força para encontrar comida
próximo à universidade ou ir ao bar de vez em quando, mas agora, depois
da aula, basicamente não tenho energia nem com 3 ou 4 amigos num
pequeno círculo, muito menos sair para me divertir. Só queremos voltar ao
dormitório para dormir.
No último dia de agosto, quando o sol está raiando, saio da moto usando
meu uniforme universitário física e mentalmente. Só quero voltar ao
uniforme o mais rápido possível e ligar o ar-condicionado para dormir
confortavelmente. Ontem à noite, Jade e eu escrevemos um relatório a noite
inteira. Não dormi a noite toda e tive que correr para aula pela manhã.
Felizmente, a minha aula só durou até às 14h. Jade matriculou-se em outra
matéria que terminava às 14h30, então decidi voltar ao dormitório primeiro.
Para ser honesto, minha mente agora está cheia dos meus amados
travesseiros e cama macia. Estou prestes a fechar os meus olhos e
adormecer no caminho até o dormitório.
"Uea", quando bipo o cartão de acesso na entrada do dormitório, a voz
grave de alguém me chama de repente.
Franzo o cenho e viro para olhar a pessoa que está me chamando.
Quando vejo o dono da voz, meu sono torna-se susto.
"Lembra de mim? King, amigo do Jade".
"Lembro", respondo-lhe numa voz desagradável, e então olho para o
homem usando uma camisa polo vermelha com logo de outra universidade
que se aproxima devagar.
"Veio ver Jade?", pergunto ao homem à minha frente.
"Bem, a mãe dele me [ ] pediu para trazer lanches para ele. Onde ele
está? Liguei para ele, mas ele não atendeu. Ele não está com você [ ]?",
King diz, mas neste momento me importo apenas com o pronome que ele
acabou de usar. Não consigo evitar puxar o canto da minha boca...
Eu [ ]? Você [ ]? Quando ficamos íntimos para ele usar "eu [ ]"
ou "você [ ]" se não trocamos mais do que três palavras?!
[N/T: os pronomes acima são variações do "eu" e "você" em tailandês,
porém só são usados entre amigos próximos]
"Como você pode ver", respondo brevemente. Já estou sonolento e
irritado, agora tenho que lidar com este homem que está na minha frente.
Eu não estaria insatisfeito com ele se houvesse outra pessoa em sua frente,
mas o problema é que o ver não está sendo agradável aos meus olhos.
Planejo ignorado e continuar a bipar o cartão para abrir a porta e subir,
quando uma palma grande de repente agarra meu pulso.
"Espere um minuto! Não vá!"
"Qual é o problema?", observo com insatisfação esse homem. Tenho
certeza de que King deve saber pelo meu comportamento que não gosto de
ser tocado por ele, mas finge não entender e continua a me segurar.
"Para onde foi Jade?"
"Foi para a aula, ele esqueceu de levar o celular e vai voltar em meia
hora."
Tento remover meu pulso da sua mão, mas King agarra com mais firmeza
e me puxa para o saguão em frente ao dormitório.
"Então sente-se aqui e espere comigo. Seria solitário ficar sozinho!", diz
ele enquanto me empurra devagar em direção ao banco na clareira.
Ranjo os meus dentes e tento suprimir a raiva em meu coração. King
senta-se oposto a mim, enquanto sorri e forma provocante para mim.
Que dia ruim hoje!!!
"Se quer entregar lanches ao Jade, pode me dar e eu dou para ele mais
tarde", sugiro, só querendo que ele saia da minha frente o mais rápido
possível. King ergue uma sobrancelha ao ouvir isso e ri de leve.
"Como isso poderia ser feito? As coisas dele devem ser pessoalmente
entregues a ele. Como podem ser entregues a alguém que não sabe dos
detalhes? E se houver deficiências nos lanches?"
"Não sou alguém que desconhece os detalhes, sou amigo do Jade",
suprimo a voz em irritação. O que ele quer dizer com isso? Quis sugerir que
não se importa comigo?!
Alô, antes de falar, veja quem você é!
"Como saberei que tipo de pessoa você é? Não nos conhecemos bem", a
atitude provocativa na voz grave é muito óbvia.
Ranjo os meus dentes e viro o meu rosto para o outro lado, dando o meu
melhor para suprimir as emoções violentas que me fazem pensar em
levantar e ir embora.
"Parece que não quer se aproximar de mim", vendo que tenho ficado em
silêncio, King continua a me provocar. Quando vê meu rosto tenso,
imediatamente sorri de canto "Ha! Adivinhei!".
"Espere aqui por um tempo, Jade voltará logo. Vou subir para dormir",
depois de falar friamente, tento me levantar e subir para o dormitório. O
homem alto imediatamente levanta-se e impede que eu vá embora.
"Tão cruel. Vamos nos sentar e conversar. Afinal, sou amigo do Jade e
você é amigo do Jade. Seria melhor que nos déssemos bem."
Ergo meu olhar e observo o homem na minha frente com um rosto
infeliz. Sua boca diz que espera que tenhamos um pouco de contato, mas
cada palavra está constantemente me provocando. Seus olhos me encaram
como se estivessem tendo ideias erradas...
"Amigos de amigos não precisam ser amigos."
"O quê?"
"Estou indo", levanto-me e volto ao dormitório, deixando King sozinho
no térreo esperando pelo Jade.
Sei que o que acabo de fazer agora é muito grosseiro, mas não gosto dele.
Só quero que ele saiba que não quero lidar com ele. Não me importo com o
que outras pessoas pensam de mim ou como me veem. Após o tempo, ouço
o som da porta do dormitório sendo aberta e o meu colega de quarto entra
vestindo um uniforme universitário amarrotado com um saco de lanches de
casa.
"Uea, vamos comer juntos. Minha mãe pediu que King trouxesse para
mim", ele coloca o saco de lanches na cama e começa a desembrulhar.
"Bem, quando você chegou? Deve ter encontrado King agora há pouco."
As palavras do meu amigo deixam-me aturdido por um momento. Parece
que King não contou ao Jade do encontro que acabamos de ter.
"Não", decido contar uma mentirinha e Jade não faz mais perguntas, só
se virou e abriu a caixa de mochi em sua mão, entregando-me um pedaço.
Dentre todas as pessoas que conheço, é com os sentimentos do Jade que
mais me preocupo. Ele é o meu amigo mais próximo. Sempre que Jade
mencionou King, nunca coloquei adiante as minhas próprias opiniões, então
Jade não sabe que não gosto dele. Ele é um amigo que conhece desde a
infância, se eu deixá-lo saber que não me dou bem com seu amigo, ele
ficaria muito triste. De qualquer forma, King e eu temos nossas próprias
vidas e não teremos a chance de ter contato um com o outro.
***
A carreira de quatro anos da faculdade finalmente acabou. Tenho que me
mudar dormitório da faculdade. Vários dos meus amigos, como Jade,
voltaram para casa para morar com suas famílias e eu aluguei uma casa para
resolver coisas urgentes primeiro.
Para graduados como eu, que estão apressados para receber o diploma e
correr para encontrar um emprego, mesmo com a recente desaceleração
econômica, fui sortudo o bastante em encontrar um emprego um mês depois
de formado. Comparado a outros graduados que se formaram no mesmo
momento que eu e estão começando na indústria, meu salário é muito bom.
Depois de trabalhar por um tempo, me mudei da casa alugada para um
apartamento no Distrito de Sathorn. No momento, o dono do apartamento
planejava vendê-lo, então comecei a negociar o preço. Felizmente, o dono
tem paciência o bastante para me esperar trabalhar por um ano primeiro,
para que eu possa pedir um empréstimo no banco para comprar o
apartamento.
De início, tudo passou muito bem, mas a minha situação no local de
trabalho começou deteriorar. Meu chefe era um homem de meia-idade com
temperamento ruim. Ele não parecia gostar muito de mim. Todo o trabalho
era empurrado para mim e outros colegas não eram autorizados a me ajudar,
além de não ousarem desobedecer às ordens do chefe. Ninguém ousava me
ajudar. Até quis suportar no começo, mas depois de um tempo, parei. Não
dá mais.
"Se o ambiente de trabalho é tão ruim, por que tem que ser paciente?
Demita-se! Assim que cheguei à empresa, queriam contratar um designer
gráfico adicional", Jade diz quando nos encontramos numa churrascaria.
Observo com nervosismo enquanto meu amigo coloca o delicioso porco
assado em sua boca. Para falar a verdade, estou sob muita pressão agora.
Quero largar o meu emprego, mas estou com medo de ficar desempregado
por muito tempo. Porém, ao ouvir as palavras do Jade, meu coração
reacende a esperança.
"A empresa em que você trabalha é boa?"
"É boa, a maioria dos meus colegas é boa. Ainda que não seja uma
empresa grande, os benefícios não são ruins. Demita-se e venha para a
nossa empresa, Uea. Por que se segurar naquela empresa?"
"..."
"Você é tão bom, com certeza o RH se agradará por você", Jade continua
me encorajando, tentando me deixar mais confiante.
Concordo de leve. Demito-me da minha empresa anterior no dia seguinte
e, depois de lidar com todo o trabalho em mãos, envio meu currículo para a
empresa do Jade.
Uma semana depois da entrevista, recebo a ligação da contratação.
Imediatamente envio uma curta mensagem para informar as boas notícias
ao Jade e ele me liga para me parabenizar assim que a recebe. Dou um
suspiro de alívio. Para ser honesto, não gosto de mudar para uma nova
empresa, porque não sou bom em me comunicar com outras pessoas. Tenho
que me adaptar ao novo ambiente novamente. A necessidade de trabalhar
duro para entrar num novo círculo social me deixa ansioso, mas felizmente,
tenho o meu amigo, então posso me sentir calmo. Pelo menos há alguém
com quem posso falar com confiança e não quero me preocupar muito com
esse novo início.
***
Cedo na manhã do primeiro dia de trabalho, estou sentado na cafeteria no
térreo do edifício esperando pelo Jade. Meu melhor amigo vem até mim
com alegria e me leva até o departamento pessoal para pegar o crachá de
ponto. No caminho até lá, Jade é amigável e cumprimenta colegas. Sinto
alguns olhares curiosos ao meu redor, mas finjo não notar.
"Jade", um homem que aparenta estar na casa dos trinta chama Jade
quando acabamos de sair do departamento pessoal. Reconheço esta pessoa
da minha entrevista. Ele é o chefe do departamento de TI, que é onde vou
trabalhar.
"Oh, P'Bas! Bom dia!", Jade imediatamente me puxa e o cumprimenta
com mãos juntas.
P'Bas devolve com um sorriso pequeno, e então vira-se para Jade.
"King vem trabalhar hoje? Liguei para ele, mas ele não atendeu."
"Ele deve vir, mas atrasado. Ele foi ao bar ontem à noite, e deve trocar de
roupa para sair às pressas."
"Bem, vou ter uma reunião mais tarde. Se entrar em contato com ele,
diga-o que a reunião começará às 9h em ponto."
"Está bem."
Ouço em silêncio a conversa entre eles, que parece mencionar uma
terceira pessoa. Depois de ouvir o nome, sinto-me um pouco confuso.
Imediatamente penso no amigo do Jade ao ouvir "King", aquele homem
problemático e frívolo. A última vez que o vi foi na nossa formatura. Ele
fez uma viagem especial para parabenizar Jade. Depois disso, não ouvi nada
sobre esse homem de novo por um ano inteiro, até agora.
Mas há tantas pessoas chamadas King, não deve haver tal coincidência...
"Vamos, Uea! Vou levá-lo para conhecer outros colegas do
departamento."
Jade me dá uma tapinha no ombro levemente para me puxar dos meus
pensamentos, então sigo Jade para me apresentar aos colegas e lentamente
começo a trabalhar com a ajuda do P'Bas e do Jade.
"Caramba, são quase 9h. Aquele cara ainda não atende o telefone!"
Ouvindo os sussurros do meu amigo, viro-me para olhar e vejo que Jade
está quase fazendo uma careta. Seus olhos pequenos estão atentos ao
celular.
"Para quem está ligando?"
"Estou aqui! Não me ligue!", a voz grave me faz engolir minhas palavras
logo após perguntar.
"Desgraçado! Só apareceu agora? Vou ficar com dor de cabeça por sua
causa, idiota!", Jade grita com a pessoa que acaba de entrar. O homem alto
de camisa azul e calça preta coloca sua bolsa na mesa atrás de mim, então
vira-se para olhar para mim, encontrando-se diretamente com o meu olhar.
"Quem é este? Colega novo?", o sorriso leve familiar aparece em seu
rosto de novo. O sorriso é quase exatamente o mesmo de quando o vi pela
primeira vez. King aproxima-se de mim lentamente e segura a minha mão.
Ao apoiar-se na minha mesa, seu antebraço cor de mel fica saliente sob a
camisa.
Estou perplexo. Estou sem palavras. Não parece que esta pessoa chamada
King e o amigo do Jade são a mesma pessoa.
"King, lembra-se do Uea? Meu colega de quarto. Já o viu antes."
"É claro que lembro", responde sem desviar o olhar do meu rosto, seus
olhos parecem ver algo interessante e brilham com curiosidade. De repente
tenho o pressentimento de que a minha carreira nesta empresa será mais
caótica do que eu esperava.
"Você não mencionou que tem um amigo que trabalha aqui", olho para
Jade e pergunto-lhe calmamente.
Jade vira sua cabeça e responde sem jeito "Não falei antes?".
É claro que não disse! Se eu soubesse, definitivamente não teria me
candidatado a esta empresa!!!"
"É ótimo trabalhar aqui com pessoas que conheço há muito tempo", o
homem atrás de mim interrompe, colocando sua grande palma em meu
ombro e apertando suavemente.
Olho para King com expressão de insatisfação ao perceber sua mão sobre
o meu ombro. Os cantos da sua boca se erguem quando ele percebe que
estou mais irritado.
Que ódio! Odeio esse tipo de gente! Isso é demais.
"É um prazer conhecê-lo!", diz com um sorriso.
Não respondo, é só ele quem se sente feliz. Não me sinto nada feliz em
ver o rosto dele.
"Confio meu amigo a você, não o provoque!", diz Jade.
"É."
"..."
"Vou cuidar bem de você."
Que ódio! Vou morrer.
De agora em diante, minha vida será uma perturbação.
Especial 2: Viagem (de carro) por Compensação
de Tempo
No início de março, o tempo em Bangkok começa a ficar abafado. O sol
quente atinge diretamente o chão pela manhã, anunciando a chegada do
longo verão. Sento-me no banco do passageiro do Honda Civic preto e
observo a paisagem em ambos os lados da estrada por onde o carro passa.
Com o som da música alegre no caixa, o carro deixa o centro de Bangkok
de devagar, indo em direção à praia de Chonburi.
"Precisa ir ao banheiro? Posso parar no posto de gasolina", o dono do
carro pergunta-me numa voz grave, então desvio o olhar da janela e olho
para a pessoa que está dirigindo.
"Não", respondo e observo seu rosto de perfil. Hoje, o meu amor ainda
está lindo e cheio de charme. A única diferença é que ele trocou de roupas.
Ele mudou de vestes sérias de trabalho para um traje azul e branco. Camisa
havaiana com três botões desabotoados, usando calça azul marinho na parte
de baixo.
É de fato uma roupa de ir à praia! Estamos indo à praia no fim de
semana!
Na verdade, esta é uma viagem de compensação (segundo a descrição do
King). Lembra-se de quando King me convidou para Sattahip durante o
feriadão no ano passado? Naquela época, ele teve que cancelar porque foi
chamado para um encontro às cegas de repente. Ele sempre se sentiu
arrependido por isso, então a primeira coisa que fez após me apaixonar por
ele foi me convidar para viajar de novo, dizendo que queria compensar pelo
fracasso do compromisso anterior. Escolhemos um local próximo de
Bangkok para zarpar neste final de semana, para que não tenhamos que tirar
licença especial.
King disse que é responsável por todos os gastos desta viagem. Fiquei
muito infeliz no início, mas ele insistiu que havia cometido um erro da
última vez e estava disposto a arcar com todas as despesas como reparação,
esperando pela próxima viagem para fazer isso. Briguei com ele para que
cada um pagasse sua parte por dois ou três dias, até que finalmente fui
convencido por ele. A fim de me deixar mais confortável, dei a King total
poder para decidir aonde ir e qual hotel reservar. Afinal, ele é a pessoa
responsável por gastar dinheiro!
Não ligo para onde vou me divertir. Não importa aonde eu vou desde que
eu vá com quem gosto.
"Você tem ficado de olho em mim desde manhã cedo! Estou
particularmente lindo hoje?", King brinca de repente, seus olhos ainda
focados na estrada à frente.
"É só estranho, não sente frio? O ar-condicionado está tão forte",
pergunto-lhe com meus olhos fixados em seu peito bronzeado e forte,
exposto pelo decote. O ar-condicionado deste carro é muito forte. Por
exemplo, sinto muito frio numa camisa polo grossa, mas King está apenas
usando uma camisa havaiana fina sem nada por baixo. Ele não sente frio?
"Não, acho que está bom."
Sua resposta me faz erguer minhas sobrancelhas, meus olhos ainda
fixados no peito do meu namorado e há um sentimento estranho
indescritível em meu coração.
"Você está me olhando muito. Está com ciúme?"
"..."
Acalmo-me instantaneamente, não sabendo o que responder, mas ele está
certo. O King de costume já é muito bonito. Hoje ele trocou-se para uma
camisa havaiana de verão, assim como aqueles modelos que vão à praia
para fotografar capas de revistas. Quando penso que ele atrairá atenção das
garotas aonde quer que vá, não consigo não franzir o cenho.
De fato, sou uma pessoa muito ciumenta.
"Se eu disser que estou com ciúme, vai abotoar sua camisa?", tento
perguntá-lo.
"Não, quero ver você com ciúme."
"É mesmo um saco!", resmungo em voz baixa e King ergue os cantos de
sua boca em satisfação.
Já faz três semanas desde que King e eu nos tornamos namorados. Muitas
coisas são iguais a quando éramos amigos com benefícios. Contudo, ainda
há algumas mudanças sutis. O próprio King é um homem de boa lábia que
sabe como agradar as pessoas. Eu já achava que ele cuidava atenciosamente
de mim antes, mas desde que me tornei seu namorado oficialmente, ele me
ouve ainda mais. Cada frase sua é mais doce do que o mel! Mas ainda nos
chamamos pelo mesmo jeito que antes, provavelmente porque temos sido
amigos por tempo demais e, se mudarmos, nenhum de nós se acostumará.
Mas também usamos nomes para nos chamar na cama. É mais fácil
excitá-lo do que usando outras palavras.
[N/T: tailandeses usam "nomes" entre casais com um toque galanteador.
Também pode ser phi e nong com tom de flerte]
Quanto a mim, também houve mudanças. Eu costumava ser uma pessoa
quieta e não tomaria a iniciativa de estar com alguém. Mesmo quando
amigos com benefícios, apenas King me procurava unilateralmente, mas
agora o nosso relacionamento mudou. Ao estar nesse mundo a dois com
King, tomo a iniciativa de grudar nele. Às vezes, posso sentar-me ao seu
lado e colocar a cabeça em seu ombro. Para ser honesto, ainda me sinto
muito tímido fazendo isso, mas gosto da sensação de deitar-me no King.
Instantaneamente me deixa mais confortável e aquecido.
É muito comum agir como um bebê com seu namorado, então todos
devem ser iguais nessas coisas!
Na manhã do sábado, talvez por ainda haver pessoas que precisam
trabalhar, o trânsito ainda está muito congestionado. O nosso carro e os das
outras pessoas lutam na rua por duas horas. São quase meio-dia quando
chegamos à cidade de Pattaya. Paramos no mercado flutuante Sifang assim
como no mantra do Jade "as forças armadas não se moveram, a comida e a
grama irão primeiro".
"Vamos!", após King estacionar o carro e desligar o motor, ele põe um
chapéu de palha branco, que estava pendurado no banco, em cima da minha
cabeça e então coloca óculos escuros em si mesmo.
"Espere um minuto", imediatamente seguro a mão dele que estava prestes
a abrir a porta do carro.
"Qual é o problema?"
"Vista-se primeiro", aponto para a camisa havaiana do King que mostra
peito demais e o ajudo a abotoar os botões um a um. King senta-se
quietamente e me deixa arrumar sua roupa. Semicerro meus olhos quando
vejo o sorriso brilhante no rosto do meu namorado. Embora ele já tenha
colocado os óculos de sol, a luz brilhante em seu olhar ainda é claramente
visível.
"Está mesmo com ciúme! Se tem um namorado tão lindo, deve acordar
mentalmente preparado", ergue suas sobrancelhas.
Reviro os meus olhos. O que ele acabou de dizer é muito narcisista.
Neste momento, arregalo os meus olhos e King de repente beija firme o
meu rosto.
"Não pode impedir que outras pessoas me olhem, mas não fique com
ciúme, não vou olhar para mais ninguém", sussurra em meu ouvido.
Suas palavras me impedem de conter um sorriso no canto da boca.
Empurro a porta e saio do carro.
Isso mesmo! Por que estou tão nervoso?
Depois de sairmos do carro, entramos no mercado flutuante Sifang. É um
mercado grande dividido em múltiplas áreas. Barcos a manivela preenchem
todo o rio. Turistas podem tentar sentar-se no barco de venda e curtir os
dois lados da rotina diária dos residentes, mas a temperatura aqui é tão
abafada que a pele fica prestes a ser cozida. King e eu vamos embora
rapidamente e planejamos encontrar um restaurante interno para almoçar
pelo caminho. Há barraquinhas de comida em ambos os lados da estrada.
Parece delicioso e me faz lembrar do Jade. Se o meu amigo comilão
estivesse viajando comigo, definitivamente comeria cada comida de rua!
Depois de passear por um tempo, finalmente paramos na frente de uma
cafeteria ao estilo tailandês e terminamos com uma sobremesa e gelo
raspado de leite fresco. Depois disso, tiramos fotos em todos os lugares.
King gosta muito de tirar fotos e trouxe sua câmera de filme hoje. Paramos
por dois ou três minutos em quase todos os lugares onde vamos, porque
uma vez que King esteja num lugar lindo, ele imediatamente me puxa para
fazê-lo tirar fotos sem parar.
"Fique aí e irei tirar uma foto para você", digo meia hora depois. King
ficou tirando fotos minhas ao ponto de o tubo precisar ser trocado para um
segundo, mas o próprio fotógrafo não tirou foto alguma.
"Sabe como usar uma câmera de filme?", pergunta.
Balanço a minha cabeça. King pega a minha mão e senta-se no banco
para me explicar brevemente como usar uma câmera de filme. Tento
pressionar o obturador da câmera três ou quatro vezes. Não sei qual será o
efeito. Tenho que esperar até tirar o filme. Veremos.
Enquanto estamos indo comprar lembrancinhas para levar aos colegas da
empresa, o celular vibra para indicar que há uma nova mensagem. Quando
o pego, acontece que Jade envidou uma mensagem.
"Jade nos perguntou por mensagem como nos sentimos sobre esta
viagem."
"Ele está muito solitário ou ninguém conversa com ele? Ele já conversou
comigo por um tempo cedo pela manhã, dizendo que Mai tem algo urgente
para devolver à empresa hoje", King examina a tela do meu celular rindo.
"Vamos tirar algumas fotos para nos exibirmos para ele".
"É".
Abro o aplicativo da câmera e aponto a lente para mim mesmo. King
aproxima o seu corpo do meu, mas quando estou prestes a pressionar o
obturador, King, que está atrás de mim, de repente vem e beija o meu rosto
rapidamente.
"King!", arregalo os meus olhos e imediatamente olho ao redor com
nervosismo. Este é um local público. Tudo bem se fosse um garoto e uma
gatora demonstrando afeto publicamente, mas se alguém vir dois garotos ao
passar por aqui, definitivamente nos olhariam estranhamente.
"Está com medo de ser visto pelos outros?"
"Medo dos olhares de julgamento", respondo. Tenho que admitir que,
mesmo que a sociedade tailandesa agora seja muito aberta,
homossexualidade ainda não é 100% normal aos olhos da maior parte da
sociedade.
Por que diabos não podemos ter tratamento justo como os outros?
"Quem quer que olhe ficará cansado! Não fizemos nada de ruim!", King
aperta a minha mão. A ansiedade pesada em meu coração parece relaxar um
pouco.
King é esse tipo de pessoa. Ele sempre demonstra total autoconfiança.
Ele não se importa se os outros o verão com olhares estranhos. Devo
admitir que é precisamente por causa da autoconfiança do King que tenho
mais confiança.
Envio a foto ao Jade (claro que não é a que ele roubou um beijo da minha
bochecha!) e vago por um tempo antes de deixar o mercado flutuante.
Nosso próximo destino é um dos vinhedos em Sattahip e planejo fazer um
passeio especial aqui para tirar algumas lindas fotos. King fez uma coleta de
dados antes de conhecer a linda paisagem e queria tirar fotos para apreciá-
la. Só ao chegar aqui, descobriu que há muitos campos de flores plantados
aqui. Torno-me modelo de novo e peço para King tirar fotos sem parar,
pensando: depois que esta viagem acabar, estas fotos serão o bastante para
que eu atualize o Instagram todos os dias no próximo ano!
Depois de tirar as fotos, visitamos a vinícola. Após ouvirmos a
explicação do dono da vinícola sobre como processar uvas em diferentes
produtos, o dono da vinícola coloca vinho tinto numa pequena taça para que
eu possa experimentar. Minha boca instantaneamente se enche de um sabor
azedo, doce e adstringente. Estico a minha língua para lamber os meus
lábios, pensando em como quero outra taça de vinho tinto para saborear.
"Você bebe muito. Vai ficar bêbado se beber demais", King me olha com
dó e sorri ao me parar.
Torço o meu nariz em insatisfação. Entre tantas bebidas alcoólicas, vinho
tinto é a minha favorita, assim como a do King, mas a minha tolerância é
muito menor do que a dele. Quando bebo um pouco, fico bêbado
facilmente, mas King ainda consegue aguentar continuar bebendo. Nada é
mais triste do que isso!
Saindo da vinícola, partimos em direção ao centro de Pattaya, prontos
para irmos ao hotel fazer check-in. Nesta viagem, King foi responsável por
pagar, então confiei nele para organizar a acomodação. Mas quando o carro
entra no hotel, imediatamente viro a cabeça e olho para a pessoa que está
dirigindo.
"Por que reservou aqui?"
"Vi comentários na internet que é muito próximo à beira-mar e que a
paisagem é muito bonita", King diz para mim com um sorriso, enquanto
segura a minha mão enquanto entramos no saguão do hotel.
Olho ao redor deprimido, basta olhar uma vez para saber que é um hotel
cinco estrelas! Quão caro deve ser para ficar aqui só por uma noite???
"O hóspede reservou a suíte executiva com vista para o mar?"
"Sim."
Assim que ouço o funcionário dizer o tipo de quarto que foi reservado,
eu, que acabo de saber de toda a história, sussurro para o homem que está se
comunicando com o funcionário do hotel.
"Quanto você gastou?"
"Apenas alguns milhares de baht", responde casualmente e, ao mesmo
tempo, fico secretamente nervoso.
Na minha opinião, "apenas alguns milhares de baht" deve ser pelo menos
5 ou 6 mil baht! [N/T: entre R$ 689,50 e R$ 827,40] É só uma viagem de
dois dias e uma noite, mas o preço e uma noite já é metade de 10.000 baht.
Não é extravagante demais? Nunca mais deixarei que ele fique responsável
pela acomodação de novo!
"Está tudo bem! Já faz muito tempo. Dinheiro é como pelo, não vou
sentir dor!", King sussurra em meu ouvido enquanto esperamos que o
funcionário termine o check-in.
Secretamente o repreendo com os olhos. O problema é dele sobre como
quer gastar seu dinheiro. De qualquer forma, nunca deixarei que King
escolha um hotel sozinho. Definitivamente vou monitorar o processo todo
quando reservar um hotel no futuro!
"Tudo bem, não enrugue o seu rosto. Vá dar uma olhada no quarto, deve
ser muito bonito!"
Com um braço robusto descansando sobre os meus ombros, seguimos o
funcionário para o elevador até o quarto no 31º andar. Quando penso no
meu namorado gastando dinheiro como água, suspiro por dentro. De
qualquer forma, já foi gasto.
No momento em que abro a porta, não consigo evitar ficar maravilhado.
Este quarto é tão grande quanto o apartamento do King em Bangkok!
Coloco a minha bagagem no sofá da sala de estar e então exploro os
arredores com curiosidade. O ambiente é decorado num estilo moderno com
tons terrosos. O quarto tem muito espaço. Há um banheiro na sala e uma
pequena cozinha bem equipada. Também há duas poltronas na pequena
varanda, permitindo que as pessoas se sentem e curtam a infinita paisagem
litorânea. Mas o que mais me choca é que há uma porta do chão ao teto que
abre o banheiro. O banheiro é dividido em duas partes. Uma parte é o box
do chuveiro com uma cortina de chuveiro e a outra é uma enorme banheira
com hidromassagem. A banheira fica de frente para uma peça grande de
vidro até o teto. Dá para tomar banho a noite toda enquanto assiste o mar.
Não significa que metade do banheiro é do lado de fora?!
"Gostou?"
O homem que reservou este quarto de hotel inclina-se ao meu ouvido e
diz baixinho, enquanto me abraça apertado por trás e enterra seu rosto no
meu pescoço, depositando um bom beijo.
"Li as avaliações na internet e vi que a vista neste quarto é linda. Sei que
Uea gosta do mar e deve gostar muito deste quarto."
Os lábios macios cobrem a minha pele e a respiração quente do seu nariz
sopra contra a minha delicada nuca, dando-me leves arrepios excitantes que
se espalham pelo corpo. Nos conhecemos muito bem, se alguém chama o
outro pelo nome desse jeito, significa que ela está começando a se sentir
excitada.
"Escolheu este quarto por causa deste banheiro", viro-me e olho para a
pessoa atrás de mim por trás com um olhar que mostrava que ele já havia
sido descoberto.
"Ah! Fui pego."
Claro! Posso ter 90% de certeza de que ele escolheu este lugar por causa
do banheiro com vidro até o teto!
"Significa que vamos dormir tarde de novo."
"Bem, vamos tentar num lugar novo. Deve ser divertido fazer nesta
banheira, não é?", antes mesmo de terminar de falar, sua mão desliza por
dentro da minha camisa polo e acaricia meu abdômen.
Já tentei na banheira com King antes. Embora muito excitante, é uma
pena que a banheira do apartamento do King seja um pouco estreita. Foi um
pouco difícil para que eu mexesse o meu corpo e King pareceu se sentir da
mesma forma, então escolheu este quarto com uma banheira espaçosa.
Ele quer vingança...
"Você quer?", King sussurra no meu ouvido meio brincando, mas suas
mãos já escorregaram para a minha bunda e ele parece já estar pronto.
Fico na ponta dos pés e beijo o seu queixo fino, olhando bem nos seus
olhos.
"Acalme-se, ainda não visitamos a paisagem ao redor do hotel", digo
suavemente, mas de repente quero provocá-lo. Silenciosamente estico a
mão e a esfrego contra seu membro. Não contenho sorrir por dentro quando
o ouço ranger seus dentes e arfar pacientemente.
"Dá para não ir?", sua respiração começa a ficar um pouco
descompassada. King me pressiona contra a parede e seus lábios quentes
beijam cada lado do meu rosto.
"Não, vou me sentir irritado se não conhecermos todas as instalações
deste hotel em que você gastou tanto dinheiro! Espere até hoje à noite para
transar e agora vamos descer para passear."
Dou uma tapinha no seu peito para confortar o coitado que está cerrando
seus dentes com paciência. King respira fundo e, por um segundo, seus
olhos provocam pena, mas logo depois há um brilho astuto neles.
"E também faremos compras. Deixar para ir para a cama enquanto
assistimos a paisagem à noite parece melhor", King sorri de canto e as
insinuações em seus olhos fazem a minha bochecha corar. O nosso sexo
sempre foi feroz. Acho que King não me deixará dormir facilmente esta
noite.
Mas tudo bem, eu não planejava dormir mesmo!
Ponto de vista do King
Quem disse que Uea é quieto, sem emoções e não fala nada? Para mim,
ele é definitivamente um homem safado que gosta de provocar. De novo fui
maltratado pelo meu namorado.
Olho para a bunda redondinha debaixo do short branco à minha frente.
Uea anda na frente e vamos pegar o elevador para visitar o spa no térreo.
Tento respirar fundo para suprimir a luxúria instigada. Uea disse que quer
que eu seja paciente, mas suas mãos intencionalmente massagearam minha
ereção e ele me olhava com uma expressão intolerável de prazer, igual um
diabinho que gosta de brincar com humanos. Rangi os meus dentes com
raiva, mas quando penso que mais ninguém viu o lado safado do Uea, sinto
muita alegria em meu coração.
Tenho sido namorado do Uea por três semanas. Durante essas três
semanas, tenho visto o verdadeiro lado dele. Uea gosta de agir como um
bebê mais do que eu pensava. Ainda que ele não tenha lábia e seja sempre
quieto, ele veio e sentou-se ao meu lado, colocando a cabeça em meu
ombro. Sua aparência fofa me deixa ainda mais obcecado por ele. Essas
pequenas atitudes nunca aconteciam quando éramos amigos com benefícios
e isso mostra claramente o quanto a relação entre nós tem progredido. Pode-
se definitivamente chamar de amante próximo. Ainda que a sua atitude
tenha mudado, é uma mudança que estou muito feliz de ver.
"Que tipo de massagem você quer?", Uea pergunta. Quando entramos no
spa do hotel, decido dar uma olhada nos vários pacotes que oferecem e
finalmente escolho a mesma massagem tailandesa que Uea. Para falar a
verdade, não tenho muito interesse nesses spas. Não tenho muito interesse
nessas massagens, mas naturalmente sigo seus desejos se ele quiser uma,
sem falar que tenho algo com que matar o tempo e esperar que a noite
chegue!
Após a massagem acabar uma hora depois, Uea e eu sentirmos nossos
corpos relaxados enquanto saímos do spa. Meus músculos estavam
doloridos por ficar sentado o dia todo no escritório. Uma massagem
ocasional pode relaxar músculos tensos. Quando voltar, definitivamente
recomendarei ao Jade. Jade sempre reclama de dor nas costas. Na próxima,
ele deve tentar massagem tailandesa.
"Quer andar na praia?", quando vejo Uea olhando para os lados, convido-
o para ir à praia. Vendo que ele assente e concorda, imediatamente pego a
sua mão e ando direto para a praia atrás do hotel.
Provavelmente por não ser um longo feriadão, não há muitos turistas na
praia desta vez. O sol às 17h começa a enfraquecer e a brisa do mar não é
mais abafada. Uea e eu podemos aproveitá-la enquanto passeamos
confortavelmente na praia.
Observo o doce rosto de perfil do meu amor ao meu lado, seus olhos
lindos parecem mais relaxados e mais felizes do que jamais vi antes. Parece
que somos as únicas pessoas restando no mundo, de mãos dadas na praia.
Não é o tipo de sentimento que faz o coração bater mais rápido, mas do tipo
calmo que pode aquecer o coração.
De fato, nunca pensei que viver tendo sexo casual era muito interessante.
Eu só não queria carregar um fardo e não queria ser privado da minha
liberdade por alguém. Sempre achei que seria muito chato ter alguém
comigo pelo resto da minha vida. Quando conheci Uea, percebi que não
seria nada tedioso. Me sinto tão feliz porque a pessoa que eu amo também
me ama, me acompanha e fica ao meu lado.
Sou muito grato ao Uea por se dispor a roubar o meu coração e me dar a
oportunidade de me provar a ele.
"Aonde vai durante o Festival Songkran este ano?", pergunto-lhe
enquanto nos sentamos numa cadeira de praia para descansar. Ele olha para
mim com seus olhos redondos.
"Não precisa voltar para visitar os seus pais?"
"Só devo voltar por um dia. Se viajarmos, podemos visitar os meus pais
primeiro e ir para Naia depois."
"Se eu for com você, eles vão me receber bem?", Uea diz hesitante.
Encaro Uea e vejo uma expressão de preocupação em seus lindos olhos.
Na verdade, eu o levei para casa para conhecer os meus pais uma semana
após começar a namorá-lo oficialmente. Meu pai parecia estar bem, mas a
minha mãe parecia estar muito insatisfeita. Ela sempre esperou que eu
pudesse me casar com uma mulher, e ter filhos para continuar as gerações.
No início, quando levei Uea, minha mãe recusou-se a dizer uma palavra
para ele. Isso fez com que meu namoradinho pensasse sobre isso em
segredo. Até que tentei levar Uea de novo para casa na semana passada, a
minha mãe começou a conversar com ele, mas sua expressão ainda é meio
feia.
"Não há problema com o meu pai. O comportamento da minha mãe
parece ter começado a suavizar. Ela deve se dispor a conversar com você
quando formos para casa desta vez", dou confiança ao meu amor. Conheço
bem a minha mãe. Ela é uma pessoa dominadora, sempre me forçando a
seguir o que ela acha que é apropriado. Mas, no fim, ela sempre amolece e
obedece aos meus desejos porque sabe que não pode me forçar. Pelo que o
comportamento dela começou a amolecer quando levei Uea da última vez,
não deve demorar muito até que ela se acostume a aceitar o meu
relacionamento com Uea.
Mas não importa se ela não o aceitá-lo. O meu amor por ele deve ser
decidido por minha conta e eu nunca permitirei que outras pessoas façam
comentários irresponsáveis.
"Então pode ir a qualquer lugar. De qualquer forma, não tenho uma casa
para voltar no Songkran deste ano", após Uea terminar de falar, ele estica
suas pernas e deita-se na cadeira de praia. Mesmo que ele tenha dito de
forma calma, sei que no fundo do seu coração, ainda se sente triste sobre
sua família.
"Vamos visitar os meus pais por um dia e então saímos pelo resto do
feriado."
"Tudo bem", Uea prontamente concorda.
Deitamo-nos e conversamos sobre tarefas domésticas por um tempo e,
depois de uma chamada de vídeo com Jade que está preso no apartamento
em Bangkok, voltamos ao hotel para nos prepararmos para jantar.
Escolhemos a churrascaria do hotel para jantar e conversar enquanto
saboreamos vinho tinto. Depois de comer, vamos ao bar na praia. Peço
coquetel com pouco álcool para Uea e um Martini enquanto ouço uma
banda ao vivo, e curto a brisa fria do mar à noite.
Não demora para que Uea coloque sua cabeça em meu ombro. Desço o
olhar para o meu amor que está começando a agir ousadamente.
Normalmente, se não estamos apenas nós dois sozinhos, Uea nunca vem
deitar-se em mim. Agora que ele está um pouco bêbado não se importa se
há algumas pessoas espalhadas sentadas por perto e intimamente se aninha
em meus ombros.
"Quer voltar para o quarto?", pergunto e a cabeça que descansa em meu
ombro concorda.
"Então vamos", ajudo Uea a voltar para o quarto. Meu braço procura pela
sua cintura pequena. Seus passos estão um pouco instáveis e suas
bochechas estão coradas pelo álcool. Ele é tão fofo que eu quero roubar um
beijo no rosto dele!
Meu Deus, mal posso esperar para voltarmos para o quarto!
"King... hm..."
Ao chegar ao quarto, assim que a porta é fechada, não consigo esperar
mais e enterro meus lábios no pescoço do Uea. Um lindo gemido transborda
de sua boca. Uea coloca sua mão em meu peito, com seus olhos redondos
parecendo mais doces e charmosos do que de costume. Ele ergue sua
cabeça e sorri maliciosamente para mim.
"Estou cansado por passearmos o dia todo. Vamos tomar um banho
primeiro!"
"Vamos para banheira juntos", imploro a ele como um bebê, mas ele
apenas sorri e balança a cabeça.
"Deixe-me me limpar primeiro. Vá ao banheiro do outro lado para tomar
banho"."
"Tudo bem..."
No fim, sigo os desejos do meu namorado e tomo banho separadamente.
Uea pega um roupão de banho e entra no chuveiro do outro lado. Então tiro
as minhas roupas e jogo uma bola de bolhas para banheira na jacuzzi e
espero pelo Uea na vista do mar à noite.
A luz fraca dos prédios na praia está em forte contraste com o mar
noturno escuro e calmo. A vista é tão linda que acho que o preço do hotel
de quase 10.000 baht [N/T: cerca de R$ 1.379,00] é realmente um bom
valor.
Ah... Não disse ao Uea quanto foi o preço aqui, caso contrário ele
morreria de susto!
A porta que separa os banheiros em ambos os lados é aberta e o meu
amor num roupão branco anda devagar até mim. Percebo que os seus olhos
estão muito brilhantes, como se não estivesse bêbado.
"Já está sóbrio do vinho?"
"Bem, está muito melhor depois de tomar um banho", Uea tira o roupão
de banho depois de falar, revelando sua pele branca. Seus olhos redondos
brilham e ele coloca um pé de cada vez dentro da banheira.
"A vista não é linda?", pergunto. Uea está sentado apoiado em seus
joelhos de costas para mim. Meus lábios pressionam seu ombro delicado e
os beijos tímidos ecoam no banheiro. Nossos corpos nus estão juntos.
Grudados, sem deixar qualquer espaço. A minha respiração começa a ficar
ofegante e a temperatura da água quente da banheira parece estar mais
quente do que antes.
Está tudo bem. É só o meu corpo que começou a ficar mais quente por
causa da excitação.
"Muito linda", Uea diz numa voz suave e vira sua cabeça para olhar a
paisagem do lado de fora, antes de virar para mim e colocar os seus lábios
nos meus.
Avidamente toco cada parte da pele delicada do meu amado com a minha
boca. A luz fraca do prédio lá fora e o mar escuro e calmo eram apenas
separados de nós por um vidro que vai do chão ao teto. Tudo isso nos deixa
extremamente excitados. Sempre quis tentar. É como fazer sexo num lugar
aberto, o que Uea se recusa a concordar por sempre ter suas preocupações,
mas havendo uma partição de vidro no meio, acredito que Uea deve se
dispor a concordar comigo.
Não quero desperdiçar mais nem um segundo esperando!
Seguro a bunda redondinha do Uea e o meu membro já ereto faz
movimentos de vai e vem entre suas nádegas, até que ele separa o beijo e
senta-se em mim, respirando ofegantemente.
"King... hm..."
"Rebole sozinho", sussurro em seu ouvido, erguendo seu corpo e o
fazendo virar-se para ficar de frente para mim. O rosto do Uea está corado e
ele apoia suas mãos nos meus ombros. De acordo com o meu pedido, ele
rebola sua bunda na água e esfrega meu pau, erguendo seu rosto. Baixo a
minha cabeça e me concentro em saborear os dois doces rosa à minha
frente, enquanto seguro sua cintura fina com ambas as mãos para estabilizá-
lo.
Os grandes olhos lacrimosos do Uea me olham. Sinto-me embriagado ao
deixar um chupão em seu peito macio. Uea ergue meu queixo, pressionando
seus lábios levemente nos meus antes de dar um sorriso meigo e sexy.
"P'King gosta que Uea faça isso?"
MEU DEUS! De quem é esta esposa tão tentadora?
Ranjo os meus dentes e aperto uma das minhas mãos em sua bunda
redondinha como resposta. A bunda do Uea começa a se movimentar mais
rápido no meu membro. Coloco uma das minhas mãos em suas costas para
deixá-lo estável e, com a outra, estimulo sua ereção. No momento em que a
minha mão toca seu membro, um doce suspiro soa em meus ouvidos.
Começo a massageá-lo mais rapidamente e gemidos continuam a vir.
Quanto tempo levará até que o líquido branco e turvo seja liberado?
Uea enterra sua cabeça em meu ombro. Depois de um tempo, ele ergue
sua cabeça e move mais seu quadril em movimentos de vai e vem de novo.
Achei que a minha esposa ia gozar, mas ele semicerra seus dentes para
suportar. Como posso satisfazer meu desejo?
Ainda não estou satisfeito!
"Colocou lubrificante antes de entrar na banheira? Pode deixar King
penetrar?", não consigo esperar. Pergunto e pressiono a entrada do Uea.
"É cansativo fazer aqui, podemos fazer na cama?", Uea abre seus olhos
redondos para mim e age como um gatinho, então levanto Uea da banheira
e tiro todas as bolhas de sabão do nosso corpo. Depois disso, pego Uea e o
levo diretamente até o quarto. Assim que ele se chega à cama, fica de
quatro e empina a bunda.
Uso a ponta dos meus dedos para acariciar sua entrada com movimentos
circulares e o gracioso gemido médio imediatamente é ouvido lentamente.
Percebo que sua entrada foi coberta por lubrificante e está macia e úmida.
Parece que o meu namoradinho já fez tudo antecipadamente. Boa
preparação, não preciso gastar tempo alargando.
Que fofo!
Coloco a camisinha no meu membro que já está ereto e excitado, e
pressiono a entrada do Uea com o meu pau. Neste momento, lambo os meus
lábios secos, seguro sua bunda redondinha com ambas as mãos e enfio meu
membro num fôlego só.
"Ah!", Uea não contém um gemido quando meu membro o penetra. Seu
ânus suga minha ereção. Eu gosto muito de ver os nossos corpos conectados
tão intimamente. Provoca meus desejos ainda mais.
"Relaxe ou vou gozar daqui a pouco."
"Se gozar assim é porque tem ejaculação precoce", Uea me provoca com
palavras, mas não fico nada chateado. Pelo contrário, desperta minha
vontade ainda mais!
"Você vai ver quem é que tem ejaculação precoce", sussurro no seu
ouvido e, ao mesmo tempo, tiro um pouco do meu membro e o penetro
novamente, ajustando o ângulo para que a pessoa sob mim possa se adaptar
ao ritmo. Então começo a acelerar.
Enquanto os exercícios de cama ficam quentes, a temperatura do
ambiente começa a subir. Esfrego a bunda de pêssego do meu amor com
prazer e os meus olhos admiram com alegria a doçura da linda cena do meu
pau penetrando em sua entrada.
Caramba! Realmente quero tirar uma foto e guardar.
Alcanço e pego o telefone na mesa de cabeceira. Coloco na câmera e a
aponto para o corpo elegante do meu namorado, que se vira e me olha
surpreso.
"O que acabou de fazer?"
"Tirei uma foto."
"E se a foto vazar?"
"Não vou deixar que vejam. Vou esconder numa pasta secreta e
encriptar."
Dou confiança ao meu namorado. Sempre quis poder guardar lembranças
do sexo em foto e salvá-las, mas devo tomar medidas para manter a
confidencialidade e me certificar que essas fotos na cama não sejam vistas
por outras pessoas.
Quem iria querer deixar que vissem o corpo de seus cônjuges? É
impossível!
"Então tudo bem", concorda com uma voz trêmula.
Tiro mais algumas fotos antes de guardar o telefone e retornar a minha
atenção ao ritmo do corpo. O lençol da cama é apertado e amassado com
força pelas mãos do Uea sempre que meu membro penetra no local mais
fundo da sua entrada. Com um gemido, pressiono o meu peitoral contra as
costas dele e estico uma das mãos para massagear seus dois mamilos,
enquanto a outra mão passeia até a parte do seu corpo que a preenche por
inteiro.
"Oh... Hmmm... King... mais rápido"
Uea me implora numa voz baixa. Eu amaria ir mais rápido. Viro o meu
rosto para respondê-lo com um beijo, colocando a ponta da minha língua
em sua boca para sentir o gosto doce da sua saliva, e então obedeço às suas
instruções e penetro mais rápido. O corpo do Uea treme com o ritmo.
"King, P'King."
As pontas do dedo do Uea seguram com firmeza o meu quadril,
desabafando o desejo turbulento, enquanto a outra mão esfrega a coberta. A
mão que anteriormente segurava o meu quadril passa a envolver a minha
nuca. Inclino a minha cabeça para o seu ombro e gemidos transbordam dos
meus lábios. A bunda redonda faz grandes movimentos para frente e para
trás devido ao meu impacto violento. Intencionalmente atinjo seu ponto
sensível penetrando furiosamente, fazendo com que Uea, que está sob mim,
gema constantemente.
"Tudo bem?"
"É, não aguento mais", ouço um gemido doce e uso a minha mão para
fazer Uea liberar seu fluido branco. No momento do seu ápice, sua entrada
aperta violentamente e eu não semicerro meus dentes, sabendo que também
estou prestes a ter um orgasmo.
"King."
"Vou gozar", rapidamente retiro meu membro de dentro do canal úmido
do Uea, jogo fora a camisinha, viro o corpo do Uea para deitá-lo de costas
na cama e toco seus lábios avermelhados com meu pau duro e ereto.
Uea olha para o meu rosto e abre a boca obedientemente, e então
habilidosamente toma meu membro para dentro de sua boca. A ponta
quente da sua língua lambe a cabeça do meu pau e o chupa com vontade.
Eu, com um gemido, penetro para mais próximo da sua garganta e, ao
mesmo tempo, libero uma grande quantidade de sêmen.
"Cof, cof, cof."
A pessoa deitada na cama parece engasgar-se. Rapidamente retiro meu
membro, pego um lenço e coloco em seus lábios, pedindo que ele cuspa o
líquido do amor que acabei de liberar.
"Engoli", ele afasta a minha mão, seu rosto está corado e ele arfando.
Enxugo o sêmen branco que restou nos lábios do Uea com meu polegar e
então posiciono-me de novo, erguendo sua bunda redondinha. Observo o
corpo do meu amado cuidadosamente.
Agora que acabei de usar sua entrada, ela ainda está um pouco aberta
ainda que esteja encolhendo, como se estivesse me convidando para
penetrá-la com meu membro de novo. Engulo minha própria saliva.
Imediatamente tiro uma nova camisinha da caixa, abro o pacote e
rapidamente a visto.
"Mais uma!", coloco uma as pernas do Uea sobre os meus ombros assim
que termino de falar. As bochechas brancas como a neve do Uea estão
coradas, que abre seus lindos e grandes olhos, e me olha fixamente com
uma expressão de anseio.
"Penetre, quero algo do King", Uea sussurra e então ergue sua bunda e
sua atitude instantaneamente aguça meu desejo. Cada centímetro do meu
corpo está pronto.
Me seduz tanto. Como eu poderia deixá-lo facilmente hoje?
***
A luxúria se esvai. Depois de mais de duas horas de exercícios contínuos
na cama, este gatinho branco quase ficou inconsciente por minha causa.
Tiro meu membro de dentro do Uea pela terceira vez esta noite. Retiro a
camisinha e a jogo fora, saindo da cama para desligar a luz do quarto.
O quarto uma vez iluminado de repente torna-se escuro. Apenas algumas
luzes dos prédios lá fora penetram e eu mal vejo os móveis do cômodo.
Volto para a cama com a intenção de ligar o abajur como costumo fazer
toda noite. Desta vez, uma voz fraca soa da pessoa do outro lado da cama e
a mãozinha do Uea agarra o meu braço.
"King."
"O quê?"
"Não precisa acender."
No ambiente escuro, firo surpreso em ouvi-lo dizer tal frase, o que me faz
erguer as sobrancelhas imediatamente.
"Consegue dormir sem acender a luz?"
"Se estiver aqui, consigo dormir."
Embora ainda haja um pouco de incerteza em sua voz, as palavras que
ele diz me deixam boquiaberto instantaneamente. Deito-me na cama e o
abraço por trás. O gatinho branco como a neve vira-se de imediato e enterra
seu rosto em meu peito.
Olho fixamente a pessoa em meus braços e delicadamente massageio o
seu cabelo macio. Sei que nunca foi fácil superar o medo em seu coração,
mas Uea está tentando muito superá-lo. E eu também fico feliz em saber
que estar por perto deixa Uea relaxado.
"Vamos dormir. Boa noite!", beijo Uea suavemente. Ele move seu corpo
para mais perto de mim e murmura enquanto procura minha cintura.
"Bem, boa noite!"
"Está bem."
Abraço-lhe forte e fecho os meus olhos.
Gastei toda a minha energia hoje e ainda há muitos pontos turísticos para
visitar amanhã. Originalmente planejava levar Uea à ilha Kang para
mergulhar. Não sei se ele conseguirá acordar a tempo de ir. Se não der
certo, o levarei ao cruzeiro fluvial e então a um passeio na praia. Essas
coisas não requerem muito esforço e, quanto ao outro itinerário, deixarei
para a próxima viagem.
Temos muito tempo no futuro, sabe? Seja amanhã, depois de amanhã, nos
próximos dez ou vinte anos, ainda tenho muitas coisas que quero conquistar
com a pessoa que está em meus braços.
Especial 3: Café, Chá ou Eu?
Se me perguntar se tem havido quaisquer problemas desde que estou com
King, posso dizer que não tem havido grandes problemas no
relacionamento, porque não importa o quanto a minha personalidade seja
diferente da do King, vamos dar o nosso melhor para acomodar o outro.
King tem uma personalidade irritável e pode facilmente ficar impaciente,
mas eu sou uma pessoa que raramente ou até não consigo expressar minhas
ideias diretamente, então nós dois fazemos grandes concessões. King tenta
controlar suas emoções e se acalmar, sempre pergunta minhas opiniões em
tudo, sempre levando em consideração os meus sentimentos e eu tento abrir
o meu coração para dividir os meus sentimentos com King e digo
diretamente a ele o que gosto ou não gosto, mesmo que as vezes cause
problemas por discordâncias. Quando não estamos felizes, rapidamente
desamarramos o nó e resolvemos o problema o mais rápido possível.
Antes de interagirmos, acredito que o maior problema deveria ser que
ambas as partes se recusaram a contar seus sentimentos cara a cara. Só
agora deixamos claro todas as coisas para que o outro entenda. Embora a
troca entre nós ainda esteja indo bem, recentemente notei que uma "grande
crise" apareceu!
"Mai vai esperar que cuidemos do ataque e Jade vai cuidar da retaguarda
do marido dele!"
No quarto espaçoso de um apartamento luxuoso do distrito de Silom,
uma voz grave soa de repente no silêncio, fazendo eu, que estou sentado na
cama usando fones de ouvindo e assistindo a séries no notebook com
prazer, erguer minha cabeça. Vejo meu namorado de pijamas com suas
costas viradas para mim, sentado de frente para a mesa do computador
enquanto encara a tela do computador sem nem piscar. Não consigo evitar
suspirar profundamente.
É... Recentemente o meu namorado tornou-se viciado em jogos.
É comum que rapazes joguem em times, mas isso não me inclui. Não
gosto de jogar em jogos de computador. Tenho que trabalhar no computador
o dia todo, como resultado não quero que olhem para o computador por
tempo demais. Causa cansaço visual. Em segundo lugar, não sou bom em
jogar. Tentei aprender na faculdade, Jade me ensinou a como jogar esses
jogos, mas parece que não tenho qualquer talento para jogar jogos, porque
não importa o quanto sejam simples, morro rapidamente todas as vezes e
gradualmente perdi o interesse em jogar em computadores.
Sou muito ruim em jogos, mas o meu namorado é ótimo. Não aprendi
sobre em particular, mas ouvi Jade e Gun mencionarem que a forma de
jogar do King é particularmente poderosa. Sei que ele gosta de passar muito
tempo jogando com eles. Eles têm trabalhado juntos por muitos anos e o
que mais gostam de jogar são jogos com Battle Royale, como jogos de
sobrevivência em que precisam lutar contra outros jogadores até o fim.
(Também é o pior jogo que já joguei.) King recentemente tem se saciado
com um novo jogo super popular. Os membros fixos da equipe são Jade,
Mai e Gun. Esse jogo parece ser muito divertido, porque os ouvi debatendo
o jogo quase o dia todo enquanto fico apenas sentado ouvido. Afinal, não
sei de nada sobre.
Quando estávamos numa relação de amigos com benefícios, quer que
fosse King indo ao meu apartamento ou eu indo ao dele à noite, raramente
tive a oportunidade de vê-lo jogar. Talvez jogasse nos dias em que não nos
encontrássemos. Quando ficamos juntos oficialmente, King me implorava
que eu me mudasse para o seu apartamento para morar com ele. Ainda não
me mudei oficialmente e, embora fique indo e voltando entre os nossos
apartamentos, por causa do aumento de números de noites que passo na
casa dele, finalmente descobri o outro lado do meu namorado quando está
em casa. A severidade da indulgência desse homem em jogos de
computadores é além da expectativa!
Quão ruim ele é em se entregar a jogos de computador? Pode-se dizer se
senta na frente da tela do computador assim que volta para casa do trabalho
quase todos os dias! É verdade! Ele costumava jogar em dias alternados,
mas nas últimas duas semanas ele tem jogado quase todos os dias!
Especialmente nos sábados e domingos, depois do trabalho e do jantar, ele
se senta na frente do computador por 5 ou 6 horas. Todas as noites sou
obrigado a ouvi-lo ligar o microfone para discutir táticas com seus colegas
de equipe no jogo, sobre o qual não sei nada. Após ouvir as discussões entre
ele e os membros da sua equipe todos os dias, sei que em seguida dizem
qual membro é responsável por qual posição. King é o capitão, Jade é o
soldado reserva, Mai é o franco-atirador e Gun é o olheiro. São viciados em
jogar. Às vezes estou pronto para dormir, mas ainda lutam infinitamente.
A situação é crítica.
Pressiono o botão de pausa, retiro os fones de ouvido e ouço o meu
namorado comandar seus membros de equipe num tom muito sério. Dou
uma olhada no relógio pendurado na parede. São quase 23h30 agora e
teremos que ir ao trabalho amanhã.
Para ser honesto, não queria interferir muito nos passatempos dele, mas
depois de vê-lo sendo excessivamente indulgente nos últimos dias, não
posso evitar começar a me preocupar com o seu corpo. E também tenho que
me levantar para trabalhar, não é só ele! O mesmo vale para os outros três.
Cada vez que instigo King a vir para cama, sempre ouço coisas como "só
vou jogar por mais 5 minutos" ou "espere um pouquinho mais, vai acabar
logo", mas o "espere um pouquinho mais" na verdade significa jogar por
mais uma hora.
Não vai dar certo!
"King, vai dormir?"
"O quê? O quê??"
"Perguntei se vai dormir!"
"Vá para a cama primeiro, Uea. Vou jogar mais uma- Caramba, Jade!
Você não me passou a arma, desgraçado!", a voz grave continua a xingar e
sua atenção volta para a tela do computador.
Ergo minhas sobrancelhas e observo o vilão controlado pelo meu
namorado no jogo, de repente me sentindo um pouco injustiçado.
Antes, King me abraçava para dormir toda noite. E se não abraçasse, se
apressaria para me beijar. Mas nas últimas duas semanas, desde que se
engajou em jogar no computador, esses abraços e beijos desapareceram, é
claro! Porque sempre vou para a cama antes dele. Não dá certo para mim
manter os meus olhos abertos até ele terminar para dormirmos juntos. Mas
já que não tenho King para dormir comigo, não consigo descansar!
Não quero fazer papel de bobo, mas agora sinto que essa porcaria de jogo
roubou o meu tempo exclusivo com King! Esse tempo era meu!
"King, já são 23h30!"
"Entendi! Vou para a cama depois de jogar por mais meia hora", King
grita em resposta para mim, mas seus olhos ainda encaram a tela sem piscar,
e não a mim. O clique no mouse parece estourar a minha sanidade.
Desligo o meu notebook e não estou mais no clima para assistir séries.
Se eu deixar esta situação continuar, definitivamente vai dar errado mais
cedo ou mais tarde. Devo fazer algo para que King saiba que não estou bem
com isso!
Imediatamente saio da cama e ando até o closet, abro a porta do armário
e procuro pelo que preciso. Pelo canto do olho, vejo o homem ainda sentado
na mesa do computador. Ele nem vira o rosto para saber o que estou
fazendo? Ele não gostava de ficar grudado em mim antes? Parece até que
foi possuído por um demônio jogador!
Hm... Já que ele foi possuído, também pode se despossuir. Ok, estou
pronto para exorcizar esse demônio!!
Aperto as coisas em minha mão e, depois de encontrar o que preciso,
entro no banheiro, tiro o meu pijama e visto as roupas que acabei de tirar do
closet. É uma camisa de manga longa vermelha escura. O pijama de cetim
delineia perfeitamente minha pele impecável e branca, aparente sob a
bainha do pijama. Talvez porque não seja meu fica um pouco folgado
quando uso.
É só um pijama. Não tenho intenções!
As longas mangas do meu pijama cobrem metade da minha palma, o que
parece um pouco incômodo, mas não vou arregaçá-las. Vou em direção ao
espelho e checo cuidadosamente. Depois de ver a imagem no espelho, fico
satisfeito e os cantos da minha boca se erguem.
"King."
Abro a porta do banheiro e chamo o meu namorado, mas o rapaz apenas
me responde fazendo um som com a garganta. Sua consciência permanece
no jogo e ele ignora meu chamado, então ando até ele e abraço o seu
pescoço com os meus braços, gentilmente beijando sua bochecha macia.
"O que houve? Qual é o problema?"
King estica sua mão e esfrega minha cabeça, mas seus olhos ainda
encaram a tela do computador. Já que chamá-lo não consegue atrair sua
atenção, só posso mudar de estratégia e andar na frente dele, depois sentar-
me em suas coxas de frente para ele.
King fica um pouco atordoado de início, seus olhos afiados percorrem o
meu corpo até o meu pijama, aí o som do mouse para.
"Desligue o microfone", balbucio.
"Ei, caras, esperem por mim", enquanto King fala, seus olhos ficam
presos em mim. Ele desliga o microfone e sua grande palma deixa o mouse
e procura a minha cintura.
Imediatamente viro a minha cabeça e ergo os cantos da minha boca com
satisfação. Realmente o atraio mais do que aquele jogo, porque antes os
olhos do King estavam sem expressão e sombrios.
"O que é isso? Está usando minha roupa?", pergunta numa voz rouca.
Estico as minhas mãos até a base do meu pijama cor carmesim e subo a
bainha de forma que a parte inferior do meu corpo mal fica coberta. Minha
pele nua de repente é tocada pelo ar frio que é soprado do ar-condicionado e
tremo levemente. Mas o calor da palma do King instantaneamente dissipa o
gelado do meu corpo.
"É sexy! No que estava pensando? Por que vestiu?", a grande mão do
King gentilmente esfrega a minha bunda redonda.
"Só quis experimentar. É muito confortável usar assim", depois de
responder, coloco a minha bochecha no pescoço do meu namorado e o beijo
delicadamente.
"Você não estava usando assim agora há pouco, não foi?"
"É."
"Por que de repente mudou para outro pijama?"
"Já chamei várias vezes, mas você ainda se recusa a virar-se e dar uma
olhada, então acho que se eu usar assim, você se dispõe a olhar para mim",
digo com uma voz um pouco magoada. King ergue sua mão e
delicadamente toca meu rosto.
"Está com ciúme?"
"Não sei, só quero que você me abrace. Você não me abraça para dormir
há várias noites."
Inclino a minha cabeça em seu ombro e estico meus braços para abraçar a
pessoa à minha frente. Ainda me sinto um pouco envergonhado em dizer o
que sinto em meu coração, mas estou obcecado demais pelo abraço do
King. Vou ficar definitivamente quebrado se um dia não puder abraçá-lo.
"Lamento, fiquei muito viciado no computador."
Suas palavras me fazem franzir o cenho de novo. Ergo a minha cabeça do
seu ombro e começo a balançar a minha bunda levemente. Os olhos do
homem sob mim ficam afiados.
"Quer me seduzir?"
"Se é o que acha...", com um doce sorriso, intencionalmente uso o espaço
entre as minhas nádegas para esfregar a parte mais vulnerável, enquanto
inclino-me ao seu ouvido e digo "Uea tem duas opções para você escolher
esta noite".
"Han?"
"Quer continuar jogando o jogo ou desligar o computador e jogar na
cama comigo?", propositalmente pauso por alguns segundos e sussurro as
últimas palavras em seu ouvido soprando delicadamente com o meu nariz
no lóbulo da sua orelha. O membro do King parece acordar, imediatamente
reagindo ao que acabei de fazer. Ainda que estivesse escondido sob calças
grossas de moletom, o calor e a ereção ainda seriam óbvios.
"Parece que meu garoto também sente minha falta", não contenho a
piada. Ele me olha em silêncio e parece me engolir com seu olhar. Um
sorriso brincalhão aparece no canto da boca do meu namorado e, ao mesmo
tempo, King estica sua mão e pega o mouse para desligar o computador.
"Já escolheu?"
"Desde o início, havia apenas uma resposta", ouço sua voz rouca.
Exclamo. O homem alto de repente levanta-se. Rapidamente envolvo
minhas pernas ao redor da sua cintura para evitar cair. Ao mesmo tempo,
King me abraça com seus braços fortes e ambos caímos nos lençóis.
"Quem seria idiota de escolher jogar com o computador? É claro que é
mais divertido brincar com a minha esposa!", King diz vigorosamente, seus
olhos brilhantes como os de um tigre.
Não consigo evitar que os cantos da minha boca se ergam ao ver sua
reação e toco seu membro de um jeito engraçado. King ri de leve e agarra
minha mão para me impedir de provocá-lo, antes de levantar-se e colocar a
camisinha após retirar o pijama rapidamente.
Admiro seu corpo nu. King gosta de malhar usualmente. Sua pele cor de
mel atrai o meu olhar para ele. Os músculos fortes são bem proporcionais,
como se me convidassem a deixar marcas neles.
Após King vestir a camisinha, aliso cuidadosamente a linha do músculo
na parte inferior do seu abdômen e então o toco com a ponta dos meus
dedos. Neste momento, ouço-o respirar fundo.
"É muito bom", King sussurra em meu ouvido e aperta minha cintura.
Passo a mão no peitoral forte do meu namorado, com a outra não
esquecendo de desabotoar os botões do meu pijama e ativamente abrindo as
pernas para convidá-lo a entrar.
"Venha, mal posso esperar para jogar com P'King".
"Sim", a voz rouca concorda suavemente. Seus lábios rapidamente
cobrem os meus enquanto estico os braços para buscar sua nuca e respondo
ao seu entusiasmo com um beijo.
Nesta noite, vou jogar por algumas horas dom P'King.
***
"Uea, já é de manhã!", quando recupero a consciência, ouço uma voz
baixa me chamado suavemente. Estou deitado no sofá, meus olhos
entreabertos com dificuldade. Estou procurando pelo meu celular para ver
que horas são. Alguém desliga o alarme, acho que foi o homem que está
esgueirando-se pela minha cintura e apertando minha bunda.
De fato, King raramente acorda mais cedo do que eu. Parece que
realmente trabalhei além da minha capacidade ontem à noite.
"Estou com muito sono", reclamo numa voz baixa. Realmente não quero
levantar-me para tomar banho. Não sei se foi errado ou certo seduzir King
ontem à noite, porque parecemos ter dormido mais do que nos dias normais
de jogo do King.
"Por que não pedimos folga juntos hoje?", o homem que não se importa
em não ir ao trabalho começa a tentar me convencer, esfregando a minha
bunda com sua mão grande.
Rolo para abraçar o seu peitoral cheio e beijo a ponta do seu queixo
gentilmente.
"Não, tenho trabalho a fazer e deve ser completado ainda hoje."
"Ainda não estou satisfeito...", a voz grossa reclama, mas ele abre um par
de olhos brilhantes e olha para mim fixamente. Instantaneamente percebo
que o seu tal "não satisfeito" definitivamente não é puro, mas não dormi o
bastante.
"Guarde para quando voltar hoje à noite, se não jogar..."
Beijo levemente os lábios do King e me afasto para olhar um pouco os
olhos do meu namorado. Com dor no coração, gentilmente pressiono suas
olheiras com as pontas dos meus dedos, que estão mais escuras do que de
costume.
"As olheiras estão mais escuras do que o normal. Você vai para cama tão
tarde todos os dias e está prestes a se tornar um panda."
"Não gosta que eu jogue?", King pergunta curiosamente como se
estivesse adivinhando os meus pensamentos.
Balanço a minha cabeça e suspiro forte.
"Não, não vou proibi-lo de fazer seus hobbies, mas estou muito
preocupado em vê-lo dormir tão tarde todos os dias. E também estou
preocupado com Jade, cujo corpo tem quase 30 anos. Cuide bem do seu
corpo!", coloco meu rosto em seu peito largo e explico, mas vendo que não
há resposta por parte dele, ergo o olhar para ele e vejo que ele está olhando
para mim com olhos afetuosos. Meu rosto de repente fica corado.
"Mas você ainda está com ciúme, não é?"
"Um pouquinho", admiro, talvez eu realmente pense demais. Namoramos
por apenas três meses, mas temos sido amigos com benefícios por um ano
inteiro antes. Temos estado juntos há um tempo, não consigo não me
preocupar ao vê-lo se interessar por outras coisas.
Tenho medo de que o período fresco do amor tenha acabado. Tenho
medo de que ele esteja começando a se sentir enjoado.
"Está com medo de que eu apenas fique jogando e esqueça de você?"
"É."
"Por que você é tão fofo?", King sussurra e então se vira, deitando-me de
costas na cama. Seus lábios pressionam os meus, nossas línguas perseguem
uma à outra e brincam por um tempo até que King esteja disposto a se
afastar e me soltar. Ele me beija novamente na bochecha fazendo um
barulho alto.
"Vou focar um pouco quando estiver jogando e não irei para a cama tarde
demais. Pode ficar descansado."
"É."
"E não precisa se preocupar, porque, comparado a outras coisas, só tenho
olhos para você", King sussurra em meus lábios.
Suas palavras fazem a minha boca sorrir, então faço biquinho e beijo seus
lábios como recompensa.
Só uma frase e já fez o meu coração acelerar.
"Vou tomar banho primeiro."
Empurro a pessoa que está por cima de mim, na intenção de me levantar
para tomar banho e preparar-me para ir ao trabalho, mas King não está a
fim de mover o seu corpo e, mais uma vez, ele se inclina ao meu pescoço e
me beija. Até ser quase 6h, ele não me deixou ir tomar banho.
Embora tenhamos saído mais tarde do que de costume, felizmente, o
trânsito hoje não está muito tumultuado e conseguimos chegar à empresa
antes do início do expediente. Observando o meu namorado escanear seu
crachá, de repente me recordo de quando eu disse que nunca me
apaixonaria por colegas da empresa. Quem diria que eu pagaria minha
língua no fim das contas?
A vida é assim. Coisas inesperadas sempre acontecem!
"Idiota, você finalmente chegou!", de repente a voz tenebrosa do meu
amigo é ouvida. Assim que King e eu pisamos no departamento, os olhos
do Jade imediatamente focam no rosto do meu namorado. A melancolia em
seu rosto é claramente visível e ele põe seu telefone sobre a mesa, anda até
atrás da mesa do King e coloca suas mãos sobre a mesma fazendo barulho.
"O que deu na sua cabeça ontem? Desgraçado! Desapareceu sem dizer
nada! Abandonou a nós três no meio da floresta inimiga!"
"Sim! Morri por sua causa!", Gun inclina-se e rapidamente intervém.
"Sim! Fomos aniquilados, porque nos deixou sozinhos!", Jade, que franze
o cenho, está ainda mais ofendido e o rapaz que toma a bronca apenas sorri
e estapeia vigorosamente o ombro do seu amigo.
"Sinto muito, me ocupei com algo ontem à noite."
"Que diabos você teve que fazer? Nos conte!!! Se estava no telefone, só
nos diga! Em vez de deixar a nós três esperando como idiotas!!!"
"Bem, não tenho tempo para te contar", King continua a explicar. Ao
mesmo tempo, viro-me e deixo de participar da conversa de jogadores. No
momento em que ligo o computador, sorrio levemente.
"Está apressado? Está com diarreia?! Não pode nos dizer por três
segundos?"
"Bem, estou muito ansioso, sinto muito. Hoje vou convidá-lo para tomar
bubble tea, tudo bem?"
"Tudo bem!", o tom de mágoa do Jade desaparece instantaneamente. Ele
parou de reclamar assim que recebeu o suborno, voltando para sua mesa e
sentando-se, e então pegando seu telefone para enviar uma mensagem para
o seu namorado.
Gun arregala seus olhos e apressadamente ergue sua mão em protesto.
"Como pode apenas convidar ao Jade? Também me convide para tomar
bubble tea, P'King!"
"Hm, tudo bem!"
"Obrigado!", depois do Gun sorrir, ele volta a trabalhar em seu
computador.
Olho para King secretamente e vejo que seu olhar também me encontra, e
ele sorri para mim em resposta.
Pelo menos ontem à noite eliminei uma das minhas preocupações. King
realmente gosta de jogar jogos, mas entre jogos e eu, King ainda me
escolhe.
Bem, é como as coisas devem ser!
FIM DOS CAPÍTULOS ESPECIAIS
***
Chegamos ao fim dos capítulos especiais. Obrigada a todos que
acompanharam até aqui. A autora confirmou que teremos novos especiais
no ano que vem e eu tentarei traduzi-los também. Até lá, por favor,
compartilhem o link da novel com cuidado (pela dm) para que não seja
derrubada e mais pessoas possam ter acesso a ela.
Até logo <3
Table of Contents
Titel
Importante + lista de personagens
Capítulo 1: Azarado
Capítulo 2: A Coisa Chamada Fraqueza
Capítulo 3: Fora de Controle
Capítulo 4: Erro
Capítulo 5: A Desgraça Nunca Vem Sozinha
Capítulo 6: O Início
Capítulo 7: Acordo
Capítulo 8: Nervoso
Capítulo 9: Desconhecido
Capítulo 10: Bom Conhecer Você
Capítulo 11: Ansiedade
Capítulo 12: Relacionamentos
Capítulo 13: Intuição
Capítulo 14: Armadilhas
Capítulo 15: Fragmentos de Sentimento
Capítulo 16: Buraco Negro
Capítulo 17: Desejo
Capítulo 18: Despertar
Capítulo 19: A Gota D'Água
Capítulo 20: Gangorra
Capítulo 21: Os Direitos dos "Amantes Informais"
Capítulo 22: Sortudo
Capítulo 23: Ao Seu Lado
Especial 1: Amigo de um Amigo
Especial 2: Viagem (de carro) por Compensação de Tempo
Especial 3: Café, Chá ou Eu?

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