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(Straight Guys7)
Por: Alessandra Hazard
*****
Levou ainda menos tempo do que esperava para encontrar a
1
Na Rússia significa um homem de negócios muito rico, com grande influência política.
informação que queria. O que descobriu irritou-o ainda mais. O homem com
quem Nina o enganara era inglês.
Vlad estava ciente de que era irracional não gostar de uma nação
inteira por causa de uma pessoa, mas depois do fiasco de Luke Whitford,
desenvolveu uma forte aversão a qualquer coisa inglesa. Perguntou-se se era
alguma piada cósmica que um inglês tenha arruinado sua vida profissional e
outro arruinado agora sua vida pessoal. Bem, Luke Whitford estava fora de seu
alcance, mas Sebastian Sumner não estava.
Vlad bateu na porta do quarto do hotel, seu corpo vibrando com
tensão e agitação. Enquanto esperava, pensou no que sabia sobre o homem.
Sebastian Sumner, vinte e cinco, sete anos mais novo do que ele e era um
modelo bem sucedido que vivia em Londres. Um maldito modelo. Vlad ainda
não podia acreditar que Nina o tivesse enganado com um modelo. Ela
normalmente virava o nariz para eles, dizendo que não gostava de homens
mais bonitos ou mais magros do que ela.
A porta se abriu.
Sebastian Sumner não era particularmente magro, mas era
indubitavelmente bonito.
Era alto, quase tão alto quanto o próprio Vlad, embora fosse atlético
e magro, enquanto Vlad era musculoso e corpulento. Os ombros de Sumner
eram bem largos e estava encoberto com um pouco de músculo, mas o olho
treinado de Vlad rapidamente avaliou que o outro homem não era páreo para
ele. Ele também era o polo oposto de Vlad, onde se podia olhar.
Vlad não tinha baixa auto-estima. As mulheres gostavam dele. Ele
tinha aparência eslava estereotipada com seus olhos azuis amendoados,
mandíbula quadrada e cabelo loiro cortado curto. Ele sabia que era bonito. Um
homem não era suposto ser bonito de qualquer maneira. Francamente,
homens bonitos com traços refinados sempre deixavam Vlad desconfortável,
só não sabia o motivo.
Esse cara... Ele era um desses.
O cabelo ondulado e negro de Sebastian era um pouco longo demais
e estava escovado para trás casualmente, emoldurando um rosto forte e
bonito com maçãs do rosto altas e esculpidas. Grandes olhos escuros olhavam
para Vlad com uma expressão inquisitiva. O cara estava usando um
delineador? Seus olhos eram muito bonitos para que fossem naturais. Os
lábios generosos de Sebastian estavam franzidos, sua cor vermelha
contrastava com a pele pálida e perfeita do sujeito.
O idiota era lindo, Vlad podia ver isso. De alguma forma conseguiu
parecer belo sem parecer feminino.
— Posso te ajudar, camarada? — Sebastian disse. Sua voz era baixa,
sua expressão um pouco sonolenta, como se estivesse levantado agora.
Seu inglês britânico riscou os nervos de Vlad, provocando uma nova
onda de raiva. Este homem esteve dentro de sua namorada. Ele fodeu a
mulher de Vlad em seu próprio apartamento, na própria cama de Vlad. Havia
fotos de Vlad e Nina em todo o lugar. Não havia nenhuma maneira do cara não
saber que Nina era comprometida.
— Você sabe quem sou, então corte a porcaria.
Reconhecimento surgiu no rosto do cara. Sebastian deu um passo
para trás, a cautela e uma sugestão de desconforto aparecendo em seus olhos.
— Você é namorado da Nina. Vlad, certo?
— Prazer em conhecê-lo. — Vlad disse, avançando sobre ele.
— Olha, não sabia que Nina tinha um namorado. — Sebastian disse
rapidamente. — Só vi suas fotos depois. — Ele deu um meio-sorriso torto,
desajeitado. — Ela não me deixou exatamente olhar ao redor quando
chegamos ao apartamento.
Em um movimento rápido, Vlad empurrou o idiota contra a parede.
— Isso é engraçado pra você, seu doente? Foi divertido para você
estragar o relacionamento de outro homem?
Sebastian ergueu ligeiramente as sobrancelhas.
— Estou dizendo a verdade: eu não sabia. Além disso, acho que você
está colocando a culpa na pessoa errada. Não é problema meu se seu
relacionamento fosse tão fraco que sua namorada me convidou para seu
apartamento depois de meia hora de dança...
Vlad deu um soco em sua mandíbula.
Sebastian gemeu, o sangue escorrendo de sua boca. Ele limpou-o,
faltando um ponto em seus lábios. Algo como medo surgiu no rosto de
Sebastian, mas um momento depois, se foi. Ele levantou o queixo, sua
expressão endurecendo.
— Acertei um nervo, cara grande?
— Feche a porra da boca. — Disse Vlad, batendo a cabeça de
Sebastian contra a parede e envolvendo seus dedos em volta de sua garganta.
— Você não tem nenhuma autopreservação, sua merda estúpida? Matei
pessoas por menos.
O cara realmente riu.
— Essa conversa maluca de macho realmente funciona com outras
pessoas, camarada?
Inacreditável. O idiota pensou que Vlad tinha uma postura machista.
— Você não tem ideia do que sou capaz, camarada. — Vlad disse sem
emoção. — Eu posso te esmagar com uma mão. — Não era uma ameaça vazia.
Ele poderia. Vlad intensificou seu aperto na garganta pálida. Levou-lhe uma
quantidade ridícula de satisfação quando Sebastian começou a ofegar. Mas,
não estava planejando realmente matar o cara. Nina não valia à pena. Assim,
quando o rosto estupidamente belo do modelo começou a tornar-se roxo, Vlad
relutantemente afrouxou seu aperto em seu pescoço.
Sebastian começou a tossir, tentando fervorosamente conseguir ar.
— Você deveria me agradecer, sabe? — Disse roucamente.
Esse cara era de verdade?
— Agradecer por foder minha namorada?
— Por testar a extensão da sua lealdade. — Sebastian olhou para ele.
— Você realmente precisa de uma mulher que disse a um perfeito estranho
como você era ruim na cama?
Os olhos de Vlad se estreitaram.
— Eu não sou ruim na cama.
Sebastian deu de ombros.
— Suas palavras, não minhas. Como eu poderia saber? — Ele olhou
para Vlad com um olhar de avaliação. — Claro, você é bem quente, mas não
significa nada se o cara não souber o que está fazendo.
Vlad sentiu seu estômago apertar com inquietação. Bem quente?
— Você é uma maldita bicha? — Porra do inferno, ultimamente
parecia que as bichas estavam por toda parte.
Sebastian piscou.
— Bem. — Disse fracamente. — Você não é uma bola de sol... Se eu
não soubesse que você era apenas um produto da propaganda anti-gay
prevalente em seu país, ficaria malditamente ofendido. Estou tentando não me
ofender, mas você não está permitindo com que me arrependa de dormir com
sua namorada, sabe?
— Então você é uma bicha.
— Se quer saber, me identifico como bissexual, mas sim, geralmente
prefiro homens. — Sebastian disse orgulhosamente. — Não tenho vergonha
disso.
Vlad zombou.
— Claro que não. Não esperaria nada diferente de um homem que
não vê nada errado em tomar o que pertence a outro homem.
Sebastian inclinou a cabeça para o lado.
— Ok, fico profundamente ressentido com a sua insinuação de que
ser bissexual ou gay é algo de que se envergonhar e que não temos moral.
Besteira homofóbica à parte, homem das cavernas, estar num relacionamento
não significa que seu parceiro é sua propriedade. Sua namorada não pertence
a você. Ela é sua própria pessoa. Se ela optar por dormir com outro homem,
esse é o seu direito, não importa o quão ruim seja. Já pensou que talvez fosse
culpa sua que ela não tivesse incentivo para permanecer fiel a você? Pelo que
vi, sua personalidade não é exatamente espumante. Ou talvez você realmente
seja ruim na cama...
Ele grunhiu de dor quando Vlad empurrou-o contra a parede.
— Cala-se. — Vlad rosnou. — Uma bichinha que leva no rabo não
pode julgar a proeza sexual de homens normais.
Sebastian riu em seu rosto.
— Você não acha que uma bicha está mais bem equipada para julgar
sua valentia do que os homens normais? — Ele moveu seus quadris.
— Que porra acha que está fazendo, seu merda doente? — Vlad
disse, seu pescoço ficando quente.
— Algum problema? — Sebastian disse e moveu os quadris
novamente, moendo contra Vlad.
— Pare com isso. — Ordenou Vlad, apertando novamente a garganta
de Sebastian. — Você não vai me assustar com essa merda repugnante.
— Repugnante, hein? — Sebastian disse suavemente, olhando-o nos
olhos. — Então por que você está meio-duro?
Ele não estava...
Porra.
Vlad olhou furioso.
— Não sou um homossexual.
Sebastian sorriu de novo, algo como diversão aparecendo em seu
rosto.
— Diga isso para o seu pau.
Vlad rangeu os dentes.
— Qualquer homem hétero ficaria um pouco duro se alguém se
esfregasse contra o pau dele. Isso não faz de mim um homossexual.
— Certo.
— Pare de se esfregar em meu pau, seu pervertido.
Sebastian sorriu mais.
— Por que não vai embora se isso te aborrece tanto?
— Porque uma bicha como você não vai me assustar. — Vlad falou,
sentindo-se muito nervoso para seu gosto. — Pessoas como você são
aberrações da natureza. Não devem ser chamados de homens.
A expressão de Sebastian escureceu.
— Você sabe, mudei de ideia. Estou ficando ofendido, afinal.
Vlad bufou.
— Isso deveria me assustar?
Algo passou pelos olhos de Sebastian antes que seus lábios se
esticassem num sorriso.
— Deveria. — Ele disse suavemente e apertou seus lábios contra os
de Vlad.
Vlad ficou rígido. Isso era doente, errado e nojento, mas, por alguma
razão, estava dolorosamente duro e queria...
Ele se afastou bruscamente e limpou a boca furiosamente antes de
empurrar a bicha contra a parede.
— Que merda? — Grunhiu, pressionando o antebraço contra a
garganta de Sebastian. — Já disse que não sou homossexual. Tenho de
soletrar em seu rosto?
Sebastian grunhiu, lutando para respirar e ainda assim continuou
olhando para ele com desafio.
— O que te diz que sua namorada gostou de um homossexual mais
do que de você?
O merda estúpido realmente tinha o desejo de morrer.
Um golpe no estômago de Sebastian o fez se dobrar. Outro em suas
costelas o enviou de joelhos, sem fôlego e com dor.
Vlad agarrou um punhado de cabelos negros e puxou Sebastian para
cima.
— Eu deveria fodidamente te espancar até a morte por sua boca
grande.
Arqueando, Sebastian sorriu para ele antes de falar.
— Por que você não coloca minha boca grande para melhor uso? —
Antes que pudesse reagir, Sebastian pressionou seus lábios entreabertos
contra o contorno do pau duro de Vlad.
Os músculos de Vlad travaram. Ele não conseguia se mover, não
podia respirar, não podia fazer nada além de olhar fixamente, quando
Sebastian arrastou seus lábios vermelhos sobre seu pau vestido, enquanto
olhava para Vlad.
— Pare com isso. — Ele se ouviu dizer, seu corpo vibrando com
tensão retida, seu pênis tão duro que era doloroso. Por que ele estava tão
duro, droga?
Olhando-o nos olhos, Sebastian esfregou a bochecha contra a ereção
de Vlad, como um gato, murmurando:
— Como é que você se sente ao saber que um homossexual te deixou
com tesão, cara hétero?
E Vlad não aguentou. Puxou seu zíper para baixo, agarrou seu pênis
e empurrou-o na boca da bicha. Sebastian grunhiu, engasgando com o grosso
comprimento em sua boca, seus olhos se arregalando. A visão era
imensamente gratificante. Claramente o cara estava blefando. Esperava que
Sebastian lutasse e se libertasse agora que Vlad o provocou, mas Sebastian
não o fez. Ele olhou para Vlad, apertou os lábios ao redor do pênis dele e
chupou.
Os olhos de Vlad rolaram até a parte de trás da sua cabeça, um
gemido baixo escapou da sua boca. O calor, a umidade, a quantidade perfeita
de sucção foram demais e de repente não se tratava mais do blefe de uma
bicha, mas de uma boca quente, envolvida em torno do seu pênis dolorido.
Antes que Vlad pudesse parar, seus quadris estavam entrando e saindo da
boca do cara, nojo e necessidade esmagadora de foder essa boca fazendo uma
guerra dentro do seu corpo.
Ele queria dizer pare, mas nada saiu. Ele queria afastar a bicha, mas
seu corpo não obedeceu. Não conseguia fazer nada a não ser empurrar seu
pau na garganta do garoto, rosnando com a sublime sensação, enquanto fodia
por minutos, talvez por horas, ele não tinha ideia. A boca de Sebastian era
fodidamente perfeita em torno do seu pau. Vlad estava se perdendo,
empurrando para dentro como um homem possuído, embalando o rosto de
Sebastian em suas mãos, necessitando foder...
Antes que soubesse, estava gemendo e gozando na garganta do cara.
Por um longo momento, houve apenas silêncio e prazer esmagador.
E então seu cérebro voltou a funcionar.
— Isso não aconteceu. — Disse com a voz rouca, ofegante e olhos
arregalados.
Sebastian enxugou a boca, observando-o com um olhar pensativo
que teria deixado Vlad inquieto se já não estivesse enlouquecendo.
— Claro. — Sebastian disse amigavelmente. Levantou-se e sorriu. —
Obrigado pela visita. Foi interessante. Você sabe onde está a porta.
Vlad não precisava ser mandado duas vezes. Estava quase fora
quando Sebastian disse:
— Peço desculpas por ter dado a sua namorada um orgasmo, mas
agora ela e você são iguais.
Vlad fechou a porta.
Saiu do edifício, a náusea rolando em seu estômago. Com a
mandíbula apertada, olhou diretamente para frente, evitando encontrar os
olhos de outras pessoas. Nunca se sentiu tão auto-consciente e enjoado em
sua vida. As pessoas poderiam olhar para ele e ver o que aconteceu? Estaria
escrito em seu rosto que ele fodeu a boca de outro homem? Isso fez dele uma
bicha, também?
IIидорас, IIдор, IIедик, Голубой2, ecoava em sua mente numa voz
mordaz, desgostosa. Parecia muito com a do seu tio e trazia memórias meio
esquecidas de sua infância.
Vlad cresceu numa pequena vila russa, longe de todas as grandes
cidades. A vila era tão antiquada que de muitas maneiras parecia presa na
primeira metade do século XX. Com apenas uma TV em preto e branco para
toda a aldeia, todos eram basicamente isolados do resto do mundo. Vlad não
era descontente com isso. Simplesmente não sabia que existia algo melhor.
Ele e seus irmãos passaram a infância trabalhando duro em sua pequena
fazenda sob o olhar severo e atento do seu tio. Um ex-sargento do Exército, o
2
Formas depreciativas de chamar os Homossexuais na Rússia.
Tio Stepan não acreditava em vagabundear.
— Não seja uma bicha e coloque seus traseiros para trabalhar. — Tio
Stepan iria gritar com eles quando os meninos estavam cansados e queriam
apenas descansar.
Bicha era o sinônimo de fraco durante o tempo que Vlad se lembrava.
Nenhum dos rapazes sabia o que exatamente a palavra originalmente
significava, mas todos sabiam que não queriam ser bichas. Quando os meninos
se queixavam de estar com frio ou com fome, tio Stepan gritava para que
parassem de ser pequenas bichas e começassem a ser homens de verdade.
Bichas não eram homens de verdade, tanto quanto o tio Stepan falava e os
meninos nunca questionaram a autoridade ou o conhecimento do seu tio.
Quando Vlad tinha onze anos, a palavra adquiriu outro significado.
Havia uma nova família na aldeia, algo quase inédito. Os recém-
chegados se mudaram de Moscou e tinham um adolescente muitos anos mais
velho do que Vlad. O nome do menino era Philip e era diferente de qualquer
outro rapaz que Vlad viu em sua vida. Pele macia, olhos de corça e muito inútil
na agricultura, ou em qualquer coisa nessa área. E, no entanto, Vlad não
conseguia desdenhá-lo. O garoto era simpático. Tinha um belo sorriso e um
monte de histórias engraçadas para contar. Vlad gostava de observá-lo. Foi
assim que um dia ele pegou Philip beijando Sergei, outro garoto da sua aldeia.
Vlad estava completamente espantado. Tendo vivido numa aldeia à moda
antiga e muito protegida por toda a sua vida, Vlad nem sequer sabia que
meninos poderiam beijar meninos. Confuso, foi até seu tio e perguntou sobre
isso.
As consequências foram nada menos que explosivas.
Vlad recebeu a chicotada da sua vida por fazer uma pergunta tão
estúpida e estranha. Philip e sua família saíram apressadamente da aldeia na
mesma noite. Sergei, o menino que Philip beijara, foi espancado até a morte
por seu próprio pai.
— Aquela bicha merecia! — Tio Stepan disse com uma sombria
aprovação. — Abominações, todos eles. Não deviam poder se misturar com as
pessoas normais.
Os irmãos de Vlad haviam murmurado o seu assentimento, enquanto
um Vlad de onze anos de idade, só sentou lá, sentindo mal do estômago. A
morte de Sergei era culpa dele por contar ao seu tio o que viu? Ele conhecia
Sergei. O menino era forte e capaz e não parecia uma abominação ou um
fraco. Ou teria sido corrompido por Philip? Era realmente contagioso?
— Não se culpe por isso, garoto. — Tio Stepan disse rispidamente,
batendo na cabeça Vlad. — Essas aberrações não são nada como você e seus
irmãos. Eles são uma vergonha para os homens e devem ser caçados e mortos
como cães raivosos para que não espalhem sua doença.
Mais de vinte anos depois, quando Vlad saiu do hotel em que ele
fodeu a boca de outro homem, pensou nas palavras do seu tio e sentiu a
náusea rolar em seu estômago. Não, ele não era mais um garoto ignorante de
onze anos. Sabia que a homossexualidade não era realmente uma doença.
Seu tio estava morto há muito tempo, e agora Vlad sabia que o ódio
do seu tio Stepan por homens gays era... Bastante radical. Mas era impossível
erradicar completamente tudo o que ele foi criado para acreditar.
Ele não era uma bicha. Ele era normal.
O que aconteceu no hotel foi uma casualidade. Isso nunca mais
aconteceria.
Nunca.
Capítulo 2
Capítulo 3
3
Apelido carinhoso. Significa alguém de cabelos encaracolados.
Um silêncio constrangedor desceu sobre a sala.
Ele e Luke olharam um para o outro.
Vlad nunca gostou do garoto. Ele era muito bonito, muito inocente,
muito... Gay. Seu jeito extravagante riscava os nervos de Vlad.
— Você realmente não precisa me acompanhar até a festa de noivado
amanhã. — Disse Luke finalmente. — Não quero que você vá. Seria estranho
como o inferno. Quero dizer, estou acostumado com seus insultos
homofóbicos, mas não quero que ofenda os anfitriões.
Vlad franziu o cenho.
— Você quer dizer...
— Sim, os noivos são gays. — Luke disse e olhou Vlad nos olhos,
como se o desafiando a dizer algo maldoso. — Talvez tenha ouvido falar de
Tristan DuVal?
Claro que sim. Não era todos os dias que um jogador de futebol do
calibre de Tristan se assumia.
— Sim. Ele é um ex-jogador do Chelsea que recentemente admitiu
que era uma bicha.
Luke sacudiu a cabeça.
— Você não vai à festa a menos que prometa não arruinar o dia
sendo rude e homofóbico.
Vlad revirou os olhos.
— Posso me conter. Eu me contive há alguns minutos, não é?
— Você se conteve? Então, o olhar de nojo em seu rosto foi
imaginação minha?
Vlad não disse nada.
Luke soltou um suspiro.
— Olhe, sei que não gosta de mim. Também não gosto de você, então
vamos fazer um acordo, ok? Você não tem que ficar quando não é necessário.
Roman está fora do país. Ele não vai descobrir.
Vlad bufou.
— Não desejo morrer, garoto. Ele me disse para te seguir em todos
os lugares. Te seguirei em toda parte. Não tenho de gostar de você para
mantê-lo seguro.
Luke arqueou as sobrancelhas.
— Está com medo dele?
— Sim. — Disse Vlad sem rodeios. Se o rapaz soubesse a extensão do
que Roman era capaz de fazer, nem teria perguntado. Ser cauteloso com
Roman era esperto. Um leopardo não podia mudar suas manchas, não importa
o quão duro estivesse trabalhando cobri-las. — E você é um idiota por não ter,
não importa o quão bom seja em chupar seu pau. Ele não é uma bicha. E logo
recuperará seus sentidos.
Luke piscou.
— Toda vez que começo a pensar que posso tolerá-lo, você prova que
estou errado. — Ele inclinou a cabeça para o lado, seus olhos curiosos. —
Sabe, às vezes me pergunto se você tem algum sentimento latente por mim
ou Roman.
Vlad olhou para ele.
— Isso é suposto ser uma piada?
Luke sacudiu a cabeça e saiu da cozinha.
Vlad cerrou os dentes e o seguiu.
— Você não vai dizer uma merda estúpida assim e então me ignorar.
— Você está certo, isso é estúpido. — Luke murmurou. — Tenho
certeza de que você não tem sentimentos por nenhum de nós... Apenas um
monte de sentimentos gay reprimidos no geral.
Vlad fechou os punhos e tentou não pensar num quarto de hotel e
numa boca molhada em torno de seu pau.
— Não sou uma bicha. Não tenho nenhum sentimento gay reprimido.
É patético como vocês, homossexuais, vêem gays em todos os lugares.
Luke sorriu um pouco, sacudindo a cabeça.
— Tanto faz. Enfim, Tristan DuVal é a única estrela de futebol
publicamente assumido. Embora não jogue mais, ainda é famoso e o fato de se
assumir é um grande negócio para todos nós, então tenho certeza de que
haverá muitos membros da comunidade LGBT na festa. Ou você se comporta,
ou não vai. É simples assim. Tristan é o irmão do meu melhor amigo. Não
posso, e não vou deixar você arruinar a noite.
— Vou manter minhas opiniões para mim mesmo. — Disse Vlad,
franzindo a testa, pensativo. Se houvesse muitos homossexuais proeminentes
na festa, era muito provável que fossem alvo do culto. Tinha que estar lá,
independentemente de sua aversão. Ele era um profissional, em primeiro
lugar.
A cautela nos olhos de Luke não desapareceu.
— Vamos ver. — Disse suavemente. — A festa é amanhã às seis da
noite. Não se atrase.
Vlad olhou para ele.
— Não estou indo a lugar nenhum. Roman não disse que eu ficaria
aqui?
Luke arregalou os olhos.
— O quê...? — Ele se interrompeu e suspirou, balançando a cabeça.
— Bem. Siga-me, então. Vou mostrar o seu quarto.
Julgando pelo tenso conjunto dos ombros de Luke, Roman teria um
inferno de uma briga vindo em seu caminho.
Vlad não estava preocupado. Não estava lá para ser amado e fazer
amigos. Estava lá para fazer seu trabalho.
— E... Vlad? — Luke disse, sua voz muito suave. — Não me importo
com seus pontos de vista, mas não vou tolerar quaisquer insultos homofóbicos
para com os meus amigos. Dê-me uma razão e te mando embora,
independentemente do que Roman diz. Se não me sentir confortável perto de
você, não vou ficar com você. Há ódio suficiente entre nós. Não vou tolerar
isso em minha própria casa. Entendeu?
— Sim. — Disse Vlad. O garoto tinha uma espinha, daria isso a ele.
Podia respeitá-lo.
Capítulo 4
****
Vlad não tinha a intenção de beber aqui. Roman teria sua cabeça se
descobrisse que Vlad ficou menos do que sóbrio enquanto estava sendo o
guarda-costas de Luke. Com certeza, uma taça de champanhe não o deixaria
bêbado, mas ainda assim. Não se sentia bem com ele mesmo por ser tão
facilmente conduzido ao álcool.
Vlad foi até o bar e pediu um copo de água. O engoliu de uma só vez,
se inclinou contra o balcão e passou o olhar pelo clube, procurando algo
incomum, qualquer um que parecesse fora de lugar.
O problema era que estava muito escuro e lotado no clube, a
atmosfera ficando mais barulhenta quando as inibições dos convidados foram
soltas pelo álcool. A pista de dança, que estava vazia no início da noite, agora
estava lotada, a música explodindo a todo volume. Não era mais uma festa de
noivado, apenas uma multidão de celebridades bêbadas e homens de negócios
moendo uns contra os outros.
O olhar de Vlad deslizou sobre a pista de dança antes de parar na
figura no meio dela. Sebastian Sumner tinha os olhos fechados enquanto seus
quadris se balançavam com a batida rítmica. Sua camisa preta estava
desabotoada quase até o umbigo, revelando seus peitorais tonificados e
estômago. Sua cabeça estava jogada contra o ombro de um homem alto e
musculoso, e seu braço estava enrolado na cintura de uma linda mulher loira
na frente dele.
Os lábios de Vlad se estreitaram quando os viu, observando a larga
boca de Sebastian sorrir obscenamente enquanto o homem e a mulher o
colocavam entre eles.
Puta.
Arrastando seu olhar para longe, Vlad voltou para onde Luke estava
sentado há alguns momentos. Ficou tenso ao ver que a mesa estava vazia.
Para onde o garoto tinha ido?
Depois de quinze minutos de busca infrutífera por toda a pista de
dança, o leve aborrecimento de Vlad se transformou em uma completa
ansiedade. Luke também não atendia o telefone celular.
Só quando estava certo de que Luke não estava em qualquer lugar
na sala lotada, Vlad foi procurar pelo resto do clube.
Era um daqueles clubes de luxo pretensiosos com muitos banheiros,
terraços e quartos privativos, um pesadelo para quem está tentando encontrar
uma pessoa. A cada minuto que passava, sua preocupação crescia. Ele ia
matar o próprio garoto se tivesse se metido em encrenca. Luke deveria avisar
Vlad se quisesse ir a algum lugar.
Vlad estava passando por uma das portas traseiras quando ouviu o
barulho. Anos de experiência o fizeram parar e prestar atenção. Parecia um
pouco como um grito abafado. Em silêncio, dirigiu-se à porta dos fundos e
abriu-a sem som.
Beco escuro. Cinco homens, um deles vestindo um uniforme de
garçom. O vestido de garçom estava uma arma na mão, empurrando contra as
costas de Sebastian Summer. Outro com uma faca pressionando a garganta de
Tristan DuVal. Dois reféns, três hostis.
Vlad não era um herói. Não tinha um complexo de salvar pessoas.
Mais tarde, racionalizou suas ações de forma lógica: talvez esses homens já
tivessem capturado Luke, que ainda não estava em nenhum lugar.
Então não pensou. Agiu.
Estava muito escuro e os homens já estavam a uns vinte metros de
distância. Ainda bem que era um atirador excepcional.
Vlad puxou a arma para fora e apontou para a arma na mão do
garçom.
O resto era um borrão de instintos, sangue e violência.
Três minutos depois, o falso garçom estava no chão, sangrando por
uma ferida na cabeça, as mãos amarradas pela gravata. Um de seus amigos
foi nocauteado, enquanto o terceiro estava choramingando sob a bota de Vlad,
enquanto ele empurrava a faca em sua coxa mais fundo antes de nocauteá-lo
também. Malditos amadores.
— Bem. — Disse uma voz, quebrando a neblina vermelha que
manchou sua visão. — Não que eu não esteja grato, mas isso é um pouco
excessivo, não acha? Além disso, quem diabos é você?
Vlad se endireitou e virou a cabeça, avaliando os outros dois homens.
O mais baixo, aquele que falara, Tristan DuVal, o olhava com curiosidade.
Parecia incrivelmente calmo para alguém que quase fora sequestrado.
Um olhar para Sebastian revelou que ele não estava tão calmo
quanto Tristan. Estava pálido, seus olhos escuros e arregalados passavam dos
homens no chão para Vlad. Sua boca estava vermelha de sangue.
Vlad sentiu sua virilha apertar e desviou o olhar, de volta para
Tristan.
— Sou o guarda-costas de Luke Whitford.
— Obrigado, guarda-costas de Luke Whitford. — Tristan disse com
um sorriso agradável.
Que porra é essa? O que havia de errado com esse garoto? Ele
parecia completamente despreocupado com o que quase tinha acontecido.
Antes que Vlad pudesse dizer alguma coisa, vários guardas de
segurança saíram pela porta, seguidos por alguns homens, Luke entre eles.
— Onde diabos você esteve? — Vlad rosnou para Luke.
— Estava no telefone com Roman. — Disse Luke distraidamente. —
Vocês estão bem, pessoal?
— Muito bem, graças ao seu Rambo. — Tristan respondeu. — Estou
bem, Zach. — Disse ele com um rolar de olhos quando seu noivo começou a
procurar por ferimentos. — Estou bem, querido. — Ele disse, mais suave,
enquanto o homem o puxava para perto e o abraçava com força, murmurando
algo em seu ouvido.
Vlad desviou o olhar. Seu olhar pousou em Sebastian novamente. O
modelo estava olhando ao redor, parecendo perdido. Ele parecia... Pequeno,
apesar de ser mais alto e muito mais musculoso do que Tristan. As
provocações confiantes, a arrogância de mais cedo, estavam longe de serem
vistas.
Vlad franziu o cenho e desviou o olhar. Não era da sua conta.
Caminhou até o atacante mais próximo e deu um tapa na bochecha
do cara. O cara gemeu.
— Quem mandou você? — Vlad disse.
O homem olhou para ele.
— Você é russo. Não deveria ser mais esperto do que salvar um par
de maricas?
Vlad só olhou para ele por um momento antes de colocar a mão na
faca ainda presa na coxa do cara e empurrar mais fundo. O cara gritou.
Vlad disse:
— Fale.
— Vlad. — Disse Luke atrás dele, parecendo nervoso.
— Fale. — Vlad repetiu, empurrando a faca novamente. — Ou vou
tirar essa linda faca e colocá-la na sua garganta.
O cara choramingou, os olhos arregalados de medo e dor.
— Você não ousaria, russo.
Vlad sorriu friamente.
— Quer apostar?
— Vlad, pare. — Luke sibilou furiosamente. — Você não pode
simplesmente torturar as pessoas por informações! — Ele olhou ao redor antes
de sibilar mais calmo. — Não estamos na Rússia. Roman não precisa desse
tipo de atenção sobre ele! Deixe a polícia lidar com isso.
Vlad assentiu com relutância e se afastou, mas não antes de dizer:
— Eles não estavam trabalhando sozinhos.
— Como sabe disso? — Sebastian interrompeu.
Vlad não olhou para ele quando respondeu.
— Eles têm fones de ouvido. Alguém estava coordenando-os. —
Provavelmente de um SUV sem identificação que agora já está longe há muito
tempo.
— Então acha que eles serão alvos novamente? — Um dos homens
que seguiu Luke para fora do clube disse. Vlad pensou que era amigo de Luke.
Ele encolheu os ombros.
— Provavelmente. Cultos geralmente são muito obcecados e tendem a
se fixar em algo no caso de uma falha.
— Vamos aumentar as medidas de segurança. — Disse o noivo de
Tristan, franzindo o cenho, com os braços ainda em volta de Tristan.
Tristan assentiu antes de olhar para Sebastian.
— Você não deveria mais morar sozinho. Pode morar com sua família?
Sebastian balançou a cabeça, ainda parecendo um pouco fora.
— Minha família não mora em Londres. Não gostaria de envolvê-los
de qualquer maneira.
— Você pode morar comigo. — Disse Luke, e o estômago de Vlad
caiu.
— Não. — Vlad cortou. — Isso é muito perigoso para você. Não
permitirei.
Luke olhou para ele.
— Felizmente não tenho que pedir sua permissão se quiser convidar
pessoas para irem a minha casa.
Vlad abriu a boca e fechou-a. Isso era verdade. Não havia nada que
pudesse fazer.
— Roman ficará furioso.
Luke sorriu.
— Eu sei. Mas se fosse por Roman, eu estaria trancado em uma torre
para me manter em segurança. Meu apartamento tem fortes medidas de
segurança. Roman insistiu nisso. É provavelmente o lugar mais seguro na
Inglaterra agora. É por isso que faz todo o sentido que Sebastian se mude para
lá enquanto esta bagunça não for resolvida.
Vlad rangeu os dentes. Tinha que admitir que a lógica do garoto era
boa.
Sabendo que tinha vencido, Luke sorriu para Sebastian.
— Viu? Até meu guarda-costas mal-humorado não tem objeções.
Vamos. Roman está fora do país e estou entediado até a morte no meu
enorme e vazio apartamento. Vlad não é divertido.
Sebastian aparentemente hesitou antes de olhar de Luke para Vlad.
Vlad olhou para ele. Não se atreva a aceitar a oferta.
Um sorriso de fantasma tocou os lábios de Sebastian, seus olhos
brilhando com um desafio familiar.
— Ok. — Disse para Luke. — Obrigado, companheiro.
Vlad queria dar um soco em algo.
Como se estivesse ouvindo seus pensamentos, Luke olhou para ele.
— Não se esqueça do que conversamos, Vlad. Se você agir como um
idiota homofóbico em torno dos meus amigos, vou demiti-lo, e você será o
único a explicar para Roman.
Vlad assentiu com a cabeça, ignorando o olhar curioso e especulativo
que Sebastian lhe lançou. Ele se virou.
Porra do inferno. Não podia acreditar em sua sorte de merda. Quais
eram as chances de Luke conhecer o cara que o chupou em Moscou?
Muito bom, na verdade, agora que ele pensou sobre isso. Luke e
Sebastian pertenciam ambos à privilegiada elite londrina. Claro que se
conheciam. Só a sua maldita sorte. E apenas sua sorte que Luke convidasse
Sebastian para viver com ele enquanto Vlad estava ficando sob o mesmo teto.
Vlad normalmente não acreditava em poderes superiores, mas se
eles existiam, deviam estar rindo dele.
Capítulo 5
Algumas horas mais tarde, muito cedo para o gosto de Vlad. Seu
alarme disparou e ele saiu da cama, mal-humorado e ainda um pouco
perturbado, mas determinado a ignorar Sebastian. Ele não ia responder a
provocações. Sebastian provavelmente queria provocá-lo a dizer ou fazer algo
homofóbico, para dar a Luke uma desculpa para se livrar dele. Bem, se esse
fosse o caso, os dois iriam ficar desapontados.
Terminado com sua rotina matinal, Vlad se dirigiu para a cozinha,
seduzido pelo cheiro de café.
Esperava encontrar Luke perto do fogão, mas encontrou Sebastian.
Vlad parou na porta por um momento antes de entrar na cozinha e
sentar-se à mesa. Ele olhou para o prato vazio na frente dele.
— Bom dia. — Sebastian murmurou, parecendo divertido e
completamente animado mesmo há essa hora.
Vlad odiava as pessoas da manhã. Ele não confiava nelas. E parecia
que Sebastian tinha decidido continuar o que tinha começado ontem à noite, a
ficar em seus nervos.
— Vejo que você é particularmente charmoso de manhã. — Disse
Sebastian, enchendo um prato para si.
Vlad apenas olhou para ele e pegou a xícara de café da mesa. Ele
tomou um gole ganancioso.
— Isso era meu, na verdade. — Vlad fez uma pausa antes de tomar
outro longo gole. — Tosser4. — Disse Sebastian.
Vlad deu de ombros.
— Não sei o significado da palavra, mas o mesmo para você. — Ele
levantou o olhar para o outro homem e empurrou o prato vazio para ele.
4
Uma gíria britânica. O seu uso comum refere-se tipicamente a qualquer um de quem você tenha uma baixa opinião.
Sebastian arqueou as sobrancelhas.
— Você não está realmente esperando que eu te alimente, certo? —
Seu tom era tão incrédulo e irritado que Vlad quase riu.
— Estou. — Disse ele, mantendo uma expressão séria. Não podia
negar que gostava de irritar esse cara. — Eu sou um homem grande, e
queimei um monte de calorias salvando sua bunda gorda ontem à noite.
— Com licença? — Sebastian balbuciou. — Minha bunda não é... —
Ele parou e sorriu docemente. — Por que, eu não sabia que você notou minha
bunda. Cuidado Vlad, ou as pessoas podem ter uma ideia errada,
companheiro.
Vlad rangeu os dentes.
— Está na minha frente e é enorme. Difícil de perder, companheiro.
— Era realmente difícil de perder. Aqueles finos suéteres cinza não deixaram
nada à imaginação. Vlad franziu o cenho antes de levantar o olhar. — Você
tem certeza que é um modelo, com uma bunda gorda assim?
O sorriso de Sebastian se alargou.
— Eu realmente tenho um contrato com Calvin Klein. Eles não
parecem se importar com minha bunda gorda.
— Estranho. — Vlad disse, empurrando seu prato novamente. —
Estou com fome, apresse-se.
— Inacreditável. — Disse Sebastian. — Primeiro você rouba meu café
e agora você exige ser alimentado. Eu entendo que você provavelmente foi um
atleta estereotipado que intimidou as pessoas a fazer o que você queria, mas
você é um pouco velho demais para isso. Cresça e se alimente.
— Você faz um monte de suposições sobre mim. — Vlad disse,
lançando ao outro homem um olhar curioso. Não que Sebastian estivesse
inteiramente errado, mas havia algo sobre a maneira como ele tinha dito isso
que fez Vlad se perguntar
— Eu? — Sebastian disse, inclinando seu quadril contra a mesa ao
lado da cadeira de Vlad. Sua camiseta subiu um pouco, exibindo um vislumbre
do seu abdomen pálido e tonificado. — Você vai negar que está acostumado a
mandar nas pessoas por aí? Que você fica com raiva quando não consegue o
seu caminho?
— Eu fui o chefe de segurança de um bilionário durante uma década.
Era meu trabalho comandar as pessoas ao redor. — Vlad acrescentou irritado.
— Você não pode ficar em outro lugar? Está quase em cima de mim.
Sebastian inclinou a cabeça para o lado.
— Você tem medo de pegar piolho de nós, gays? — Disse, com um
brilho malicioso aparecendo em seus olhos. — Tenho medo que esse navio já
tenha partido. — Ele lambeu os lábios com uma piscadela.
Esse pequeno maricas.
— Isso é suposto ser sedutor? — Vlad disse.
— Eu não sei. — Respondeu Sebastian, aproximando-se, e se
enfiando entre as coxas de Vlad. — Você está seduzido? Ou vai me chamar de
bicha e me dar um soco?
Vlad deu a ele, o que esperava que fosse um olhar duro.
— Não vai funcionar. Então você pode parar de tentar me fazer ser
demitido.
Sebastian franziu o cenho.
— O que?
— Corte a porcaria. — Vlad disse. — Você sabe que Luke está apenas
procurando uma desculpa para queixar-se de mim a Roman e me demitir. Você
não vai me provocar ao ponto de perder a paciência e fazer algo que você
possa chamar de homofóbico.
— Boa pegada. — Sebastian disse, seus lábios contraindo.
— Eu não tenho ideia do que você quer dizer. — Vlad disse com uma
cara séria. — De qualquer maneira, nada que você faça me provocará, então
pare. — E recue. Ele não estava confortável com esse cara em seu espaço
pessoal. Isso o fazia coçar em sua própria pele.
Sebastian apenas olhou para ele por um longo momento.
— Nada? — Ele disse suavemente, um brilho diabólico apareceu em
seus olhos novamente.
Isso fez com que Vlad desconfiasse, mas dificilmente conseguiria
voltar atrás. O desafio foi emitido.
— Nada. A puta de Whitford já me despediu uma vez. Eu não vou
deixar isso acontecer de novo. — Ele iria manter suas opiniões para si mesmo,
mesmo que isso o matasse. Não daria a Sebastian e a Luke a satisfação de
entregá-lo a Roman.
— Eu deveria estar impressionado com a sua recém descoberta? —
Sebastian disse, levantando as sobrancelhas um pouco. — Teria ficado
impressionado se você realmente tivesse percebido o quão fechado e doloroso
suas opiniões são e por isso decidiu mudar.
— Todo mundo tem direito à sua opinião. — Disse Vlad. — Vivemos
em um mundo democrático.
— Claro. — Sebastian disse amigavelmente. — Mas às vezes suas
opiniões podem causar danos reais. Alguma vez você já parou para pensar
quantas pessoas você fez se sentir inferior sobre si só por ter nascido dessa
maneira? Quantas pessoas que você fez se sentir inútil?
Vlad revirou os olhos.
— Pare de dramatizar. São apenas palavras. Se você não pode
aceitar uma opinião diferente, não é problema meu.
— Só palavras. — Repetiu Sebastián, com a expressão escurecida.
Sua voz era muito suave enquanto continuava. — Você sabe, quando eu tinha
dezessete anos, havia um menino morando na mesma rua onde morávamos.
Foi com ele meu primeiro beijo, ele foi meu primeiro namorado. Quando alguns
atletas como você descobriram sobre nós, eles nos chamaram de maricas,
repugnantes, anormais, nos disseram que íamos para o inferno e assim por
diante , apenas palavras, você sabe.
Vlad se recostou na cadeira e cruzou os braços sobre o peito.
— E?
— Ele se matou. — Disse Sebastian roucamente, segurando seu olhar.
— Por causa de valentões como você que não pensam antes de abrir a boca.
Palavras podem ter muito poder e fazer muito dano.
Vlad apertou os lábios. Ele desviou o olhar antes de olhar novamente
para Sebastian.
— Então ele era fraco. — Disse bruscamente. — Você claramente não
se matou por causa disso.
— Não, eu não. — Disse Sebastian. — Porque, ao contrário dele, eu
não pertencia a uma família religiosa. Eu também estava fora, e estava
acostumado a esse tipo de besteira. Ele não estava. Então, da próxima vez,
antes de sair nos chamando de bichas anormais, por favor, pare e pense duas
vezes.
Vlad odiava ser repreendido. Odiava sentir-se ainda mais errado.
— Você terminou? — Vlad se levantou rapidamente. Ele não estava
preparado para quão perto eles estavam. Estava quase tocando o outro
homem. Embora Sebastian fosse quase tão alto quanto ele, não era nem um
pouco musculoso, e Vlad não podia negar que sentiu um prazer perverso do
conhecimento de que poderia facilmente manipular e subjugar o merdinha.
Sebastian lambeu os lábios nervosamente, sem dúvida também
ciente disso, mas se manteve firme ao chão, apenas alguns centímetros
separando seus rostos.
— Sim, você não tem nada a dizer, então está recorrendo à
intimidação física. — Sebastian murmurou. — Como previsível.
— Tenho muito a dizer. — Disse Vlad. — Só não quero magoar seus
sensíveis sentimentos gays.
Os olhos de Sebastian brilharam.
— Para o registro, enquanto eu não me importo particularmente com
rótulos, algumas pessoas bissexuais podem achar ofensivo ser constantemente
mal rotuladas como gay ou hétero. A bissexualidade é uma sexualidade válida.
Todas as sexualidades devem ser respeitadas.
Vlad deu de ombros despreocupadamente, bem ciente de que
Sebastian ficaria furioso.
— Gays levam na bunda. Você leva na bunda. Nenhuma diferença.
Um vermelho começou na bochecha de Sebastian.
— Você ignorante... Urgh! — Ele levantou as mãos em frustração,
parecendo positivamente assassino.
Vlad sorriu, cruzando os braços sobre o peito.
— O que?
— Estou indo para urgh... — Sebastian empurrou contra ele. — Você
está fazendo isso de propósito, não é?
— O que está acontecendo aqui? — A voz preocupada de Luke
interrompeu.
Vlad não se virou para ele, ainda sorrindo para o rosto vermelho e
furioso de Sebastian.
— Vlad está incomodando você, Sebastian? — Disse Luke. — Apenas
diga a palavra e o demitirei. Ninguém insulta os meus hóspedes.
Sebastian olhou de Vlad para Luke, hesitação em seu rosto.
Vlad ergueu uma sobrancelha, desafiando-o.
Sebastian olhou para ele com os lábios franzidos.
— Não. Ele não é nada que eu não possa segurar.
Olhando para os olhos de Sebastian, Vlad não tinha certeza de qual
deles tinha lançado um desafio para o outro.
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Vlad meio que esperava que Sebastian fosse ficar em seu quarto o
resto do dia de mal humor.
Ele estava errado.
Sebastian saiu do seu quarto à noite, muito bem vestido em uma
camisa preta e jeans pretos que eram tão apertados que pareciam pintados em
suas longas pernas. Vlad teve que tirar os olhos das coxas de Sebastian,
franzindo o cenho. As coxas do rapaz eram mais bem torneadas do que a da
maioria das mulheres.
— Eu vou sair. — Sebastian disse para a sala em geral, ignorando
Vlad completamente.
Luke, que estava descansando no sofá em frente à TV, franziu a
testa.
— Tem certeza de que é uma boa ideia?
Sebastian deu de ombros.
— Não vou me esconder para sempre e colocar minha vida em pausa
por causa daqueles idiotas. Estou saindo.
— Pelo menos leve Vlad com você. — Luke disse.
Totalmente distraído, Vlad disse:
— Eu sou seu guarda-costas, não dele.
Sebastian nem não olhou para ele enquanto falava com Luke.
— Você sabe o que? É uma ótima ideia. — Ele disse a Luke. —
Obrigado!
— Meu trabalho é a sua segurança. — Disse Vlad, olhando para Luke.
— Não ser babá dos vagabundos que você pega por aí.
— Não precisa agradecer. — Disse Luke, sorrindo e piscando para
Sebastian. Ambos fingiram não ter ouvido Vlad. Pequenos idiotas.
— Eu não vou. — Vlad disse.
— Você vai. — Disse Luke. — Você sabe que estou perfeitamente
seguro aqui, então vá com Seb...
— Você não pode me obrigar a ir.
— Eu posso, na verdade. — Disse Luke, bocejando. — Enquanto
Roman está fora do país, eu sou aquele que dá as ordens. E estou mandando
você ir com Sebastian e garantir que ele não se machuque enquanto está fora.
Vlad não tinha certeza de qual deles odiava mais naquele momento.
Ele se levantou e foi para seu quarto.
Alguns momentos depois, ele voltou, colocando sua arma no coldre e
encolhendo os ombros em um casaco escuro. Ele não disse nada para os dois
homens, mas seu rosto de pedra deve ter dito tudo, porque ambos pareciam
incertos.
Sebastian o olhou com cautela antes de erguer seus ombros e sair do
apartamento. Vlad o seguiu em silêncio, olhando para sua nuca. Seus olhos
foram para o traseiro de Sebastian. Ele se perguntou como o cara conseguia
entrar naquelas calças jeans. Seu traseiro era realmente grande. E a forma
como Sebastian andava balançando os quadris assim, era claramente feito
para atrair a atenção para o seu traseiro e as coxas grosas. Vlad tinha certeza
de que o merdinha não estava usando roupas íntimas.
Os vinte minutos de viagem foram em silêncio inflexível. Se o
motorista de táxi notou a tensão, ele não disse nada.
Assim que eles chegaram, Vlad silenciosamente seguiu o modelo para
dentro do clube, mantendo alguma distância atrás dele.
O clube estava lotado. Sebastian foi imediatamente arrastado pela
multidão de pessoas, e Vlad estava certo de que Sebastian não conseguia mais
vê-lo. Vlad não tinha esse problema, claro. Ele se encostou à parede e o
observou de longe, entrando na mentalidade de um guarda-costas; imparcial,
mas atento e cauteloso.
Sebastian tomou alguma bebida colorida no bar antes de ir para a
pista de dança. Não demorou muito para atrair atenção. Em pouco tempo, ele
balançava os quadris ao ritmo da música, com os olhos fechados e a cabeça
jogada para trás no ombro de outro homem. Mãos masculinas tocaram seus
quadris enquanto seu dono triturava sua virilha contra o traseiro de Sebastian.
Vlad assistiu à exibição com crescente desgosto. Nem sequer era um
clube gay, pelo amor de Deus. Como esse homem sabia que estava tudo bem
em dançar dessa maneira com um total estranho? Que ele não levaria um soco
no rosto por moer contra outro homem? Não era como se Sebastian fosse um
twink ou algo assim.
Talvez fosse porque ele parecia uma maldita bicha. Os olhos de Vlad
percorreram a camisa de Sebastian com desprezo antes de se estabelecer
novamente nas mãos que seguravam os quadris de Sebastian. Nojento.
Ele olhou para as mãos do sujeito, mas em vez de desaparecer sob a
força de seu olhar, elas deslizaram sob a camisa para apalpar a barriga pálida
de Sebastian.
Percebendo que seu corpo estava tenso, Vlad tentou relaxar, mas não
conseguiu. Ele observou o sujeito apalpando o estômago de Sebastian, sua
mão escorregando para acariciar seus mamilos. Os lábios de Sebastian se
separaram. A puta estava claramente se divertindo, desfrutando de ter seu
peito tateado por um total estranho em público. Vlad ergueu os olhos para
olhar para Sebastian e o encontrou já olhando para ele através de olhos
nublados e pálpebras pesadas. Sebastian sorriu para Vlad e virou o pescoço
para o outro cara, o deixando-o beijar seu pescoço enquanto as mãos do cara
acariciavam seus mamilos. Vlad não precisava ouvir para saber que Sebastian
estava gemendo, se esfregando contra o outro homem.
— Vagabunda. — Vlad murmurou.
Sebastian, que não tinha tirado os olhos dele, sorriu ainda mais, seus
olhos se fecharam quando o outro homem segurou a protuberância sob a sua
calça jeans.
Vlad não percebeu que estava se movendo até que se encontrou a
meio caminho do casal. Antes que pudesse pensar duas vezes, estava
arrancando Sebastian dos braços do homem.
— Que porra é essa, cara? — O cara gritou sobre a música.
Vlad o ignorou.
— Você já terminou? — Ele rosnou no ouvido de Sebastian.
— Terminou com o quê? — Sebastian disse. — Larga o meu braço.
— Me provando que outros homens te querem. Isso é fodidamente
patético.
Sebastian fez uma careta para ele.
— Pare de ser um idiota, seu pau egocêntrico. Eu não estou provando
nada para você. Estou aqui para fazer sexo. Agora solte meu braço e
gentilmente vá se foder.
Vlad olhou para ele.
Sebastian virou a cabeça, seu pescoço estava coberto de marcas que
fizeram os punhos de Vlad se apertarem. Vagabunda, vagabunda, vagabunda,
soou em seus ouvidos. Ele não conseguia se lembrar da última vez em que ele
ficou tão bravo, sem um bom motivo.
— Cai fora, cara. — Disse o outro, tentando puxar Sebastian de volta
para ele. Ele não conseguiu, é claro. Vlad puxou Sebastian para mais perto,
seus dedos apertando a cintura de Sebastian sob a camisa. — Ele é seu
namorado ou algo assim? — Perguntou o cara, olhando para o braço de Vlad
em volta da cintura de Sebastian.
— Sim. — Vlad mentiu, só para se livrar do filho da puta irritante.
— Não! — Disse Sebastian. — Ele não é ninguém!
O homem lhe deu um olhar cético.
— Desculpe, estou aqui para me divertir, não me envolver com o que
quer que isso seja. — Depois ele desapareceu na multidão.
— Urgh. — Sebastian disse, olhando para ele, antes de arrastar Vlad
da pista de dança. Com a mandíbula apertada, levou Vlad para o banheiro
mais próximo desocupado, puxou Vlad para dentro e trancou a porta. Então
ele se virou e socou Vlad no estômago. Era desajeitado e inexperiente, mas
pegou Vlad de surpresa.
— Quer começar a se explicar? — Sebastian rosnou. — Por que você
disse isso?
Vlad cruzou os braços sobre o peito.
— Porque você parecia desesperado e patético.
— Eu não parecia nada disso. — Sebastian levantou o queixo e
franziu os lábios. — Mas mesmo se eu estivesse, o que você tem com isso? Por
que você está se comportando como um pai antiquado que protege a virtude
da sua filha?
Vlad abriu a boca e a fechou.
A verdade era que ele não tinha nenhuma explicação razoável para
seu comportamento. Ele só sabia que ver Sebastian sendo tocado por aquele
homem o deixou louco. Inferno, ele ainda sentia nojo quando olhava para os
chupões vermelhos no pescoço pálido de Sebastian.
— Vocês dois eram nojentos. — Disse Vlad. — Se esfregando como
pervertidos.
Sebastian ergueu seu punho, o abrindo e fechando.
— Juro por Deus, nunca estive tão tentado a me tornar violento até
te conhecer.
Vlad bufou.
— Desculpa cara. Eu sou uma má escolha para se tornar violento.
Um músculo começou a pulsar na bochecha de Sebastian.
— Você realmente acha que eu não posso te machucar?
— Você não pode. — Disse Vlad. Ele não estava sendo presunçoso.
Era apenas uma declaração real.
Mas, aparentemente, Sebastian o tomou por presunção, porque ele
fez um barulho frustrado e com raiva e ergueu o punho em direção à sua
mandíbula.
Vlad agarrou sua mão e o jogou contra a porta com facilidade.
Pegando o outro pulso de Sebastian, ele os levantou sobre suas cabeças.
— Foda-se! — Sebastian rosnou, se debatendo e grunhindo como um
gato feroz. — Eu odeio você, odeio você, odeio você...
Vlad fechou a boca no pescoço de Sebastian, os dentes afundando e
os lábios sugando sobre a marca vermelha ali.
Sebastian fez um barulho assustado antes de se transformar em um
longo gemido.
Foda-se, sua pele parecia incrível e a maneira como ela cheirava...
Vlad precisava mordê-lo bem ali, precisava machucar aquele pescoço pálido,
precisava substituir aquelas marcas com as suas. Essa necessidade pulsava
através do seu corpo, fazendo sua cabeça girar, e ele chupou mais forte, duro
e rápido, e ele precisava, precisava...
Ele apertou seus quadris contra Sebastian e ouviu um gemido. Ele
não tinha certeza de quem o fez, mas logo não importava, porque eles
estavam no cio como animais, como adolescentes cheios de tesão, ruídos
baixos e desumanos deixaram suas bocas enquanto esfregavam seus paus
vestidos de jeans juntos. Não era suficiente.
Vlad se atrapalhou com a mão livre entre seus corpos, soltando um
grunhido de frustração quando o jeans estúpido de Sebastian se recusou a ser
puxado para baixo. Finalmente, ele conseguiu os puxar para baixo, fazendo
Sebastian gritar.
— Doeu, seu idiota!
— Se você não tivesse vestido esses jeans sacanas dois números
menores, não teria sido tão difícil. — Vlad disse, antes de empurrar Sebastian
de cara na parede. Ele tocou a pele macia, deliciosamente cheirosa da nuca de
Sebastian e acabou se atrapalhando com seu próprio zíper.
Ambos gemeram quando Vlad empurrou seu pênis vazando contra a
bunda de Sebastian. Vlad olhou para baixo, observando fascinados os globos
perfeitos da bunda dele. Seu pênis vermelho parecia obsceno e sujo contra ela.
— Você não vai me foder a seco. — Sebastian disse com voz rouca.
Foder com ele?
O simples pensamento sacudiu seu corpo, limpando um pouco seu
cérebro da névoa induzida pela luxúria.
Que diabos ele estava fazendo?
— Aqui. — Sebastian disse, tirando alguma coisa do bolso. Só quando
Vlad notou que as mãos de Sebastian estavam livres, ele percebeu onde
estavam as suas. Elas estavam segurando os quadris de Sebastian, seus
polegares amassando avidamente suas nádegas sedosas e suaves.
— Você vai me foder ou não? — Sebastian disse, sua voz tensa. —
Se não for, eu vou achar outro homem que faça isso. Alguém que saiba o que
está fazendo.
Sobre seu cadáver.
Vlad pegou o preservativo e o pacote de lubrificante da mão de
Sebastian.
— Só para constar. — Ele disse, rosnando um pouco enquanto rolava
a camisinha e lubrificava seu pênis dolorido. — Isso não me faz uma bicha.
— Claro que não. — Sebastian disse enquanto Vlad usava o resto do
lubrificante em sua entrada. — Você é a definição de reto. Mais em linha reta...
Umm... Suas palavras se transformaram num gemido silencioso quando Vlad
empurrou dentro dele.
— Espere. — Sebastian disse, ofegante. — Me dê um segundo.
Vlad não sabia se iria conseguir. Ele cerrou os dentes com a tensão
em torno do seu pênis, sua visão nadando com desejo. Ele enterrou o rosto
contra a nuca suada de Sebastian, esticando a pele, desesperado para se
mover, para foder. Ele não conseguia se lembrar da última vez que esteve tão
desesperado para foder alguém, colocar seu pau dentro dele, e foder, foder e
foder.
— Vamos. — Sebastian finalmente disse, relaxando. — Mecha-se.
Obrigado, porra.
Vlad puxou para trás e então empurrou, seus dedos apertando a
carne macia da bunda de Sebastian.
— Oh. — Sebastian respirou, inclinando a testa contra a porta e
empurrando sua bunda de volta para o pênis de Vlad. Deus, o jeito que ele
parecia... A borda da sua camisa preta acima da sua bunda impecável, seus
jeans pretos puxados para baixo sobre suas coxas torneadas, grossas, longas
e intermináveis... Foda-se.
Vlad tinha que fodê-lo. Ele precisava. Então ele fez, grunhindo
enquanto empurrava para o aperto perfeito da bunda de um homem, porra.
Beijou e mordeu o pescoço de Sebastian, seus dedos deixando hematomas em
sua pele clara.
Nenhum deles estava particularmente quieto, ele gemia e grunhia
quando batia em Sebastian, seus gemidos se tornando obscenamente altos.
Levou vários instantes para perceber que os golpes que ele estava
ouvindo estavam vindo do lado de fora: alguém estava batendo na porta,
querendo usar o banheiro.
Ele ficou rígido, seu pau ainda dentro de Sebastian. Merda. Alguém
estava do outro lado da porta enquanto ele tinha o pau dentro de outro
homem. Merda.
— Não se atreva a parar. — Sebastian murmurou, soando
completamente extasiado. — Por favor, por favor, não pare. Está tão bom.
Os quadris de Vlad se moveram por vontade própria, seu pênis
mergulhando dentro e fora da bunda de Sebastian enquanto alguém exigia
usar o banheiro. Era errado, doente, pervertido, mas ele não conseguia parar,
não podia fazer nada além de querer e pegar. Ele mal registrou Sebastian
acariciando seu próprio pênis desesperadamente, gemidos escapando da sua
boca quando Vlad empurrava mais duro dentro dele.
— Sim, aí... Isso... Mais duro. — Ele resmungou, e Vlad o fodeu mais
forte, girando um pouco os quadris, sentindo que morreria se tivesse que
parar.
— Mais duro. — Sebastian exigiu, choramingando.
Deus, ele era insaciável para caralho, nascido para levar um pau.
Vlad rangeu os dentes, fodendo Sebastian em um ritmo brutal agora,
como um animal fodendo uma cadela no cio. Finalmente, Sebastian gritou e
caiu exausto contra a porta. Ele gozou, Vlad percebeu atordoado. Ele tinha
feito outro homem gozar em seu pênis.
— Malditos pervertidos, arranjem um quarto. — Gritou o homem do
outro lado da porta. — Bichas!
Seu corpo estremeceu com excitação perversa e Vlad se viu gozando
também, gemendo em silêncio.
Levou vários minutos para recuperar sua função cerebral.
A primeira coisa que percebeu foi a música. Um clube. Eles estavam
em um clube. E ele tinha acabado de fazer sexo com um homem.
Vlad abriu os olhos. Sua boca ainda estava na nuca de Sebastian.
Ele recuou lentamente, olhando para as marcas de mordidas
vermelhas no pescoço de Sebastian. Tirou o preservativo, o amarrou e o jogou
no lixo. Virando as costas para Sebastian, ele fechou sua calça, seus dedos
lentos e desajeitados. Ele podia ouvir movimento atrás dele, um grunhido, um
farfalhar de roupas.
Com o corpo rígido, Vlad esperou que o outro homem dissesse algo
zombeteiro. Ele tentou pensar em suas respostas.
Eu não sou gay. Isso foi um erro. Isto é culpa sua. Não sou gay. Sou
um homem normal e heterossexual.
Mas Sebastian não disse nada. A próxima coisa que Vlad ouviu foi o
som da porta se abrindo e fechando. Quando se virou, Sebastian tinha ido
embora.
Capítulo 10
5
Puta em russo.
Sebastian engoliu, sua boca muito seca e seu pau endurecendo
novamente.
— O quê? — Ele sussurrou.
— Você continua dizendo que foi um erro, que sou um erro pior do
que Fletcher, mas você não pode esquecer. Continua tentando me fazer
admitir o quanto o quero. Por quê? É assim tão pretensioso? — Vlad puxou seu
cabelo, puxando o rosto de Sebastian para mais perto. — Tem uma queda por
mim ou algo assim? — Sebastian sentiu seu rosto aquecer. — Acho que tem.
— Disse Vlad, pressionando sua testa contra Sebastian. — Acho que na
verdade quer que eu o foda de novo, mas tem vergonha de admitir. Quer me
provocar, em seguida, colocar toda a culpa sobre o russo malvado.
— Vai se foder. — Sebastian assobiou, sua ira voltando com força
total. Ele queria machucar Vlad. Deus, queria tanto machucá-lo, queria fazê-lo
engolir suas palavras e humilhá-lo completamente. — Não consegue nem arcar
com suas próprias ações. — Sebastian disse, respirando com dificuldade contra
a boca de Vlad. — Você sabe por que é pior que Fletcher? Ele era um
adolescente. Você é um homem adulto. Você é patético...
Vlad empurrou de volta e bateu suas bocas juntas.
Sebastian o mordeu. Vlad rosnou e mordeu de volta. Sebastian
mordeu novamente, querendo machucá-lo. Deus, isso era pura loucura, a raiva
em confronto com a excitação inebriante fazia sua cabeça girar com desejos
contraditórios. Ele queria matar Vlad, queria estrangulá-lo, queria transar com
ele e ser fodido, duro e sujo, até que nenhum deles pudesse lembrar seus
nomes.
Sebastian não tinha certeza de quando seu duelo mordaz virou beijos
profundos e famintos, mas logo estava gemendo e puxando Vlad em cima
dele, suas mãos acariciando as costas de Vlad, as unhas cavando enquanto
suas bocas se procuravam carentes. Ambos estavam gemendo e grunhindo,
retorcendo-se na cama e empurrando e puxando o outro. Sebastian não se
lembrava da última vez que desejou tanto algo assim, que seu corpo tremia
por isso. Ele estava quase chorando com o desejo de ter, tomar, foder.
Sebastian virou Vlad, rolando-o de costas e montando suas coxas
grossas. Olhou para o peito de Vlad, seu rosto encoberto na escuridão. Sua
própria respiração era tão alta que não conseguia ouvir mais nada. Quase
esperou que Vlad o empurrasse agora que pararam de se beijar, mas as mãos
do Vlad pareciam coladas aos quadris de Sebastian, os polegares acariciando
sua barriga sensível, enquanto os outros dedos estavam espalhados sobre as
nádegas de Sebastian, grandes e duros. As mãos de Vlad se moveram para
baixo e esfregaram as coxas de Sebastian avidamente, como se ele não
conseguisse se conter.
Sebastian inclinou-se para baixo e murmurou contra o ouvido de
Vlad:
— Quer me foder, não é? Muito. Mas vou ser o único a foder desta
vez.
Ele sentiu Vlad enrijecer sob ele.
— Não vai me fazer nada. — Disse Vlad, os dedos brincando nas
nádegas de Sebastian. — Não vou levar na bunda.
— Por que, tem medo de gostar demais? — Sebastian mordeu o
lóbulo da orelha de Vlad.
— Eu... — Tudo o que Vlad ia dizer foi cortado quando Sebastian tirou
o pau de Vlad e envolveu a mão em torno.
— Não sou gay. — Vlad ficou tenso, seu pau se contraindo na mão de
Sebastian.
— Com certeza. — Sebastian ligou o abajur e procurou na gaveta,
rezando que tivesse deixado algum lubrificante da última vez que visitou seus
pais.
Aparentemente ele tinha. Milagrosamente, havia também
preservativos. Sebastian pegou a garrafa, abriu-a e colocou nos dedos.
A mão de Vlad segurou seu pulso, apertando.
— Você não vai me foder. — Ele disse, acentuando cada palavra,
como se seu pau não estivesse como pedra na outra mão de Sebastian.
— Tudo bem, se está com medo...
Previsivelmente, Vlad se irritou com a mera sugestão de ter medo de
algo. Sebastian teria revirado os olhos, se seu pau não estivesse duro a ponto
de estar dolorido. Deus, ele queria foder. Precisava, queria enfiar seu pau
dentro de Vlad e fodê-lo duro, até que o filho da puta homofóbico implorasse
por seu pau.
— Não tenho medo de nada. — Disse Vlad. — Tudo bem, que seja.
Mas não vou gostar.
Era um desafio?
— Vamos ver. — Sebastian puxou a cueca de Vlad, empurrou suas
coxas e estabeleceu-se entre elas. Ele lambeu os lábios, olhando para o peito
de Vlad, queria beijá-lo, chupar os mamilos, morder esses peitorais, mas
forçou-se a ir direto preparar Vlad. Ele queria fazer Vlad implorar pelo seu pau
e tinha o pressentimento de que não seria fácil.
A verdade é que nem todos os homens gays gostam de sexo anal.
Alguns acham desconfortável, alguns acham que é muito confuso e trabalhoso.
Pessoalmente, Sebastian amava ter um pau dentro dele, e normalmente não
pressionou seu parceiro se o outro não queria ser passivo por qualquer motivo.
Estava bem em ser fundo. Esta na verdade, era a primeira vez que ardeu por
querer foder outro homem, fazê-lo desmoronar em seu pau. Queria ver o
orgulhoso, viril, homofóbico e supostamente hétero, se transformar em uma
puta por seu pau. O mero pensamento fez seu pênis doer.
A julgar pelo olhar entediado no rosto de Vlad, ele estava
determinado a não gostar disso.
A expressão de Vlad não mudou quando Sebastian empurrou um
dedo. Acariciando a ereção dele com a outra mão, Sebastian empurrou outro
dedo e começou a mexer suavemente. Nenhuma reação exterior.
Começando a ficar frustrado, Sebastian entortou os dedos...
Vlad estremeceu, seu corpo inteiro enrijecendo.
— Bom, não é? — Sebastian sorriu e repetiu, acariciando a próstata
de Vlad suavemente.
Vlad olhou para ele, sua mandíbula apertada firme. Era óbvio que
odiava estar gostando. E muito. Quando Sebastian terminasse, Vlad seria uma
puta total por pau, se ele quisesse ou não.
Sebastian empurrou um terceiro dedo para dentro de Vlad e um
gemido escorregou dos lábios firmemente apertados.
— Ainda odeia? — Sebastian murmurou, enfiando os dedos dentro e
fora.
Vlad olhou furiosamente para ele, suas bochechas coradas, seu pau
duro e as pupilas dilatadas.
— Sim.
— Mentiroso. — Disse Sebastian, massageando a próstata de Vlad.
Vlad não conseguiu engolir outro gemido e seus quadris começaram a
se mover acompanhando os dedos de Sebastian.
— Olhe para você. — Sebastian murmurou com a voz rouca. — Está
louco por isso. Olhe como está duro.
Se olhar pudesse matar, o que Vlad lhe deu teria.
— Apenas vá em frente. — Vlad rosnou.
Sebastian teria rido se não estivesse tão impaciente. Seus dedos
tremiam quando rolou a camisinha em seu pau.
— Espalhe suas coxas mais amplamente. — Sebastian disse,
alinhando-se.
Ambos viram seu pau desaparecer lentamente para dentro do ânus
de Vlad. Sebastian sugou ar quando a tensão o envolveu.
Vlad estava ofegante, os olhos vidrados.
— Isso parece antinatural. — Ele disse com os dentes cerrados.
Sebastian puxou e empurrou, batendo na próstata de Vlad, que
sugou um fôlego, arqueando debaixo dele.
— Você estava dizendo? — Sebastian disse, apoiando-se sobre Vlad e
sorrindo quando o canal dele cerrou em torno do seu pau.
— Foda-se. — Vlad disse, agarrando um punhado do cabelo de
Sebastian e puxando-o para baixo para um beijo furioso. Sebastian beijou de
volta, seus quadris em movimento, batendo em Vlad impotente, desejando
tanto nesse momento que mal podia pensar.
Eles foderam, duro e rápido. Não era sexo; era uma foda, tão
primitiva quanto poderia ser. Vlad estava gemendo sob ele, gemidos abafados
escapando da sua boca quando o pau de Sebastian pregava sua próstata. Por
todos os protestos de Vlad, ele claramente estava adorando ser fodido. Os
sons que estava fazendo eram muito bonitos.
— Ainda não é uma bicha? — Sebastian sussurrou, empurrando com
mais força e mais fundo, gotas de suor rolando em sua testa. Ser ativo dava
muito trabalho. Era uma das razões porque ele preferia ser passivo quando
tinha sexo com homens. Bem, era isso, e ele adorava um pênis. — Admita,
Vlad. Está adorando isso. Adora ser fodido. Finge ser hétero, mas na
verdade... — Sebastian se chocou contra ele — É uma puta por pau.
Vlad gemeu, mas teimosamente não disse nada, mesmo que seus
quadris se movessem para acompanhar os impulsos de Sebastian, as coxas
poderosas envolvendo os quadris dele. Deus, ele era tão incrivelmente
apertado. Sebastian parou por um momento, divertindo-se com a tensão em
torno do seu pau e acalmando sua respiração.
Vlad fez um som de insatisfação.
— Mova-se.
Sebastian acariciou o pau vazando de Vlad.
— Dê-me um momento. Estou cansado. — Não ajudou que ainda
pudesse sentir as inúmeras contusões no corpo.
— Princesa. — Vlad disse antes de rolá-los e montar em cima das
coxas de Sebastian. Ele se afundou no pau de Sebastian, com um gemido
aliviado. Deus... Sebastian assistiu paralisado, enquanto o grande e musculoso
corpo de Vlad montava seu pau, sua boca entreaberta, a cabeça jogada para
trás em êxtase, o pau duro parecendo delicioso contra seu abdômen.
Sebastian olhou avidamente para aquele lindo pau, desejando que pudesse
fazer duas coisas ao mesmo tempo: foder Vlad e montar aquele pau grosso.
O pensamento fez Sebastian gozar tão duro que gritou apesar dos
seus esforços para não. Foda-se, e se seus pais o ouvissem?
Vlad saiu do seu pau agora amolecendo, respirando pesadamente,
seu próprio pau ainda duro como rocha. Antes que Sebastian pudesse dizer
uma palavra, Vlad pegou outra camisinha, rolou sobre seu pau e começou a
lubrificar-se.
Ah! Deus, sim.
Sebastian suspirou quando Vlad jogou suas pernas sobre seus
ombros, praticamente o dobrando ao meio e empurrou lentamente. O
alongamento foi desconfortável, mas não doloroso, ele estava acostumado a
ser fundo e não precisava de muita preparação, e logo Vlad estava batendo
nele, usando-o como uma boneca de pano sem ossos, seu corpo pesado e
perfeito em cima dele. Havia algo sobre isso, apesar de não estar no comando,
isso o excitava como nada mais podia. Ele olhou para o teto, ofegando, quando
a cama rangeu sob eles. Deus, seus pais estavam no corredor enquanto ele
estava sendo fodido pelo seu guarda-costas homofóbico. Mas em vez disso
matar sua excitação, parecia intensificá-la ainda mais, fazendo-o se sentir
deliciosamente obsceno e perverso.
Quando Vlad gozou, Sebastian estava duro novamente. Ele lamentou
quando Vlad puxou seu pau amolecido.
— Quem é a vadia por pau agora? — Vlad rosnou com um sorriso
fraco, rolando fora dele.
Sebastian sentiu isso como se fosse um tapa.
— Eu o odeio. — Disse com ressentimento.
— Odeia? — Vlad disse, estendendo-se no seu saco de dormir.
— Babaca. — Disse Sebastian, fechando os olhos e tentando ignorar
a sensação de vazio em sua bunda vagamente insatisfeita. — Para que conste,
eu não tenho um fraquinho por você.
Vlad não disse nada. O silêncio parecia quase zombeteiro.
Sebastian respirou fundo, disposto a esquecer da excitação. Quando
conseguiu isso, arrependimento e vergonha vieram. Ele havia prometido a si
mesmo não deixar isso acontecer novamente. Ele havia prometido. Como
podia ser tão fraco?
Sebastian virou-se para o lado, de costas para Vlad e enrolou-se em
uma bola.
Idiota. Ele era um idiota.
Capítulo 15
*****
O resto da semana passou da mesma maneira: Sebastian alternava
entre evitá-lo e ignorá-lo. Vlad desejou poder fazer o mesmo, mas quanto
menos atenção Sebastian lhe deu, mais o incomodava. Ele mal conseguiu
evitar de fazer algo impulsivo, dizendo a si mesmo que assim era melhor.
As noites foram mais difíceis. Durante a noite, não havia como
escapar das lembranças e pensamentos que conseguia suprimir durante o dia.
Ele não dormiu bem. Não dormiu bem durante toda a semana.
Vlad suspirou e virou-se de costas, olhando para o céu escuro através
da janela junto à cama. A cobertura estava estranhamente silenciosa, os
outros dois homens haviam ido dormir horas atrás. Ele era o único acordado,
sua mente ocupada demais com pensamentos que preferia não ter.
Não havia como negar mais: ele não era tão reto quanto acreditou
toda a sua vida. Mas essa era a extensão do que ele estava disposto a admitir,
mesmo para si mesmo. Qualquer coisa além disso, era...
Vlad parou aquela linha de pensamento. Ele nunca foi bom em auto
reflexão. Na verdade, preferia não estar sozinho com seus próprios
pensamentos. Se fosse, tendia a ficar inquieto e vagamente insatisfeito.
Quando começou a se habituar a isso, sempre sentiu que havia algo
inerentemente errado com sua vida, com ele, mas nunca conseguiu entender o
quê.
A semana passada poderia ter finalmente lhe dado uma resposta,
mas não gostou da resposta.
O som de passos levou seus pensamentos a uma parada brusca.
Alguém estava se movendo no apartamento. Tenso, Vlad tirou a arma da mesa
de cabeceira e saiu silenciosamente da cama.
O corredor estava escuro e vazio.
Houve um ruído na sala de estar.
Quando chegou lá, encontrou Sebastian no meio da sala.
Vlad baixou a arma e acendeu a luz. Desta vez, não se surpreendeu
ao ver os olhos vidrados e sem vida de Sebastian. Ele estava sonâmbulo de
novo. Vlad olhou para ele, sem saber o que fazer. Sebastian estava usando
apenas uma calça solta de pijama que estava muito baixa em seus quadris.
Lambendo seus lábios repentinamente secos, ele desviou o olhar dos
quadris de Sebastian e caminhou para mais perto. Lembrou-se do que
Sebastian lhe dissera; que normalmente só ficava sonâmbulo quando estava
estressado por alguma coisa. Perguntando-se o que o estressou desta vez,
Vlad colocou a mão no ombro de Sebastian e sacudiu-o gentilmente.
— Acorde.
Sebastian se encolheu, fechou os olhos e caiu de encontro a Vlad, sua
respiração novamente suave. Ele estava dormindo agora, roncando
suavemente no pescoço de Vlad.
Vlad respirou trêmulo, sua cueca de repente um pouco apertada.
Amaldiçoando cada divindade em que pode pensar, repetiu:
— Acorde.
Sebastian murmurou algo sonolento e se aconchegou nele. Seus
lábios entreabertos roçaram a pele de Vlad, enviando arrepios ao pescoço.
Vlad fechou os olhos e respirou fundo. Isso era pura tortura.
— Acorde. — Disse ele, tentando não pensar em quanto queria
aproximar Sebastian e senti-lo. — Sebastian... — Grunhiu, agarrando-se ao
resto do seu controle pela pele dos seus dentes.
Finalmente, as pálpebras de Sebastian se abriram. Ele olhou para
Vlad, os olhos ainda sonolentos e um pouco confusos.
— Eu odeio meu cérebro. — Sebastian suspirou, parecendo
resignado. Levantou a mão e a colocou na parte de trás da cabeça de Vlad. —
Então, me beije.
Vlad congelou. Então percebeu que Sebastian pensava que estava
sonhando.
— Tudo bem. — Sebastian murmurou sonolento, baixando a cabeça.
Vlad nunca se sentiu tão fraco diante da atração. Depois de dias de
apenas olhar para Sebastian, olhando e querendo sua atenção, seu controle
era lamentável. Ele era atraído para este homem como uma abelha para o
mel.
Apenas um beijo, disse a si mesmo aturdido, olhando para a boca de
Sebastian. Apenas um.
Ele pressionou seus lábios contra os de Sebastian, engolindo o
gemido que ameaçou deixar seus lábios. Ele lambeu a boca de Sebastian,
embalando seu rosto em suas mãos. Sebastian era maravilhosamente
responsivo, seus lábios e língua tão famintos, seus braços envolvendo em volta
do pescoço de Vlad, puxando-o para mais perto. Pequenos gemidos encheram
o ar, enquanto se beijavam, se dele ou de Sebastian, Vlad não fazia ideia.
Foda-se, era quase dolorosamente bom.
De repente, Sebastian estremeceu e empurrou Vlad, afastando seus
lábios.
— Espere. — Ele disse, ofegante. — Não estou sonhando.
Com um suspiro, Vlad se afastou, suas mãos fechadas em punhos.
Não conseguia olhar para Sebastian. Ao contrário de Sebastian, ele não podia
alegar estar confuso e pensar que estava dormindo.
— Como é que... Eu estava dormindo?
— Sim. — Disse Vlad secamente. Podia sentir o olhar de Sebastian
sobre ele e suprimiu o desejo de cobrir sua virilha. Não havia nenhum motivo
para esconder seu pênis meio duro.
— Eu... — Sebastian interrompeu-se.
Vlad olhou para ele. Os ombros de Sebastian estavam tensos, com os
dedos tocando seus lábios. Quando seus olhares se encontraram, Sebastian
lambeu seus lábios brilhantes e limpou sua garganta.
— Boa noite. — Disse com voz rouca e saiu da sala.
Vlad soltou o fôlego que estava segurando, a tensão escorrendo.
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
*****
Foi muito menos estranho depois disso.
Vlad vinha todas as noites. Na maioria das noites eles diziam muito
pouco um ao outro, deixando seus corpos falarem, muito impacientes e
insaciáveis para conversar.
Mas às vezes eles falavam. Às vezes, aquelas conversas eram
divertidas e leves.
— Deixe-me ver se entendi. — Vlad disse uma noite enquanto se
deitavam um ao lado do outro após o primeiro orgasmo do dia. — Você vai
nomear os gatinhos da sua gata de Rose e Hugo. Como os nomes das crianças
fictícias da Hermione Granger, o mesmo personagem de ficção que você
nomeou sua gata.
— E o que há de errado com isso? — Sebastian disse, enfiando o
rosto sob a axila de Vlad e respirando. Deveria ser nojento, mas por algum
motivo, não era. Ele gostava do cheiro de Vlad ali. Amava. — Pessoalmente,
acho que é uma ideia brilhante.
— Oh, nada de errado com isso. — Vlad falou inexpressivamente. —
Exceto que os gatinhos poderiam ser garotos. Seria um pouco estranho
chamar um gato macho de Rose, você não acha?
Sebastian fez beicinho e disse com altivez:
— Eu não acredito em estereótipos de gênero. Não há nada de errado
em chamar um menino de Rose.
Vlad lançou-lhe um olhar exasperado.
— Você é tão ridículo. — Enterrando os dedos no cabelo de
Sebastian, inclinou o rosto para beijá-lo. — Tão pretensioso. Chega de
conversa.
Sebastian sorriu contra seus lábios.
— Talvez você devesse colocar algo na minha boca?
— Talvez eu deva. — Disse Vlad. E fez exatamente isso.
Mas às vezes suas conversas se tornavam feias, ou melhor, o clima
ficava escuro e tenso.
Sebastian sempre foi bastante empático, e levava todo o seu
autocontrole para não dizer nada quando via o tom de vergonha e auto-
aversão no rosto de Vlad após o sexo. Era óbvio que Vlad não superou suas
opiniões homofóbicas, não que Sebastian esperasse isso. Esse tipo de
homofobia estava profundamente enraizada nele para superá-la tão
facilmente, de uma vez. Algumas pessoas nunca superavam sua educação.
Sebastian tinha que se lembrar constantemente que não era da sua
conta. Eles tinham concordado que seu arranjo era estritamente casual e ele
não teria que lidar com os problemas de Vlad. Manter distância emocional era
a coisa sensata a fazer nesta situação. Vlad avisou que não poderia prometer
nada a ele. Vlad terminaria isso no momento em que tirasse essa obsessão do
seu sistema. Sebastian era grato pela honestidade de Vlad, realmente. Ele já
havia sido machucado uma vez, não precisava de outro cara homofóbico para
fodê-lo e pisar no seu coração se Sebastian o deixasse entrar. Ele não podia
investir muito em Vlad. Era apenas sexo, realmente intenso, viciante, mas
apenas sexo, no entanto.
Era por isso que mordia a língua e não dizia nada quando Vlad ficava
muito calmo e tenso depois do sexo. Era por isso que não dizia nada quando
Vlad o fodia com mais força, seu rosto tenso e seus olhos azuis fechados. Por
isso não dizia nada quando Vlad passava os dedos sobre o seu rosto e peito
quando pensava que Sebastian estava dormindo. Era por isso que não dizia
nada quando Vlad sussurrava algo em russo, parecendo irado e frustrado.
Algumas coisas eram melhores não ditas.
Capítulo 21
****
Sebastian tinha quase adormecido quando ouviu o som quase
silencioso de passos se aproximando da cama.
— Suas trancas são patéticas. — Disse uma voz familiar.
— Pare de invadir meu apartamento. — Sebastian murmurou no
travesseiro, bocejando. — Estou cansado de arrumar as fechaduras.
— Consiga melhores. — Vlad acendeu a lâmpada do abajur.
Sebastian virou de costas quando Vlad se inclinou para beijá-lo.
Quando seus lábios se encontraram, Sebastian suspirou, sentindo-se
derreter no beijo quando Vlad o beijou sem pressa, mas completamente. As
mãos de Sebastian encontraram o caminho para as costas de Vlad e o
puxaram para mais perto, sua boca se abriu mais para dar a língua dele um
melhor acesso. Deus, sentiu o beijo até os dedos dos pés, calor se espalhando
por todo o corpo. Era exatamente o que ele precisava depois de um dia tão
longo.
Mas suas pálpebras estavam ficando mais pesadas e Sebastian
empurrou Vlad um pouco, quebrando o beijo.
— Você deveria ter ligado. — Disse ele com um bocejo, fechando os
olhos. — Estou muito cansado e dolorido para o sexo. — Não era exatamente
verdade, mas estava cansado até os ossos após a sessão de fotos e não sentia
disposição alguma para rodadas de sexo rude e energético que ele e Vlad
geralmente tinham. Precisava ser mimado e amado esta noite, mas
obviamente isso estava fora de questão com Vlad.
— Dolorido? — Vlad disse com uma voz estranha. — Por quê?
— Porque ser um modelo é realmente muito cansativo, sabe. —
Sebastian falou. As pessoas muitas vezes pensavam que ser um modelo era
tão fácil quanto sorrir por alguns minutos. Eles não percebiam quanto tempo
podia demorar para configurar as luzes, a câmera, o quão difícil era assumir
algumas poses e fazê-lo novamente, novamente e novamente, até que a
imagem estivesse perfeita. Até o final da sessão de fotos, seus músculos
doíam, e não de uma boa maneira. — Nós mal tivemos tempo para comer.
— Nós?
— Antonio e eu. — Sebastian murmurou com outro bocejo. — Eu não
lhe disse que estávamos trabalhando juntos para a linha de moda de Tristan?
— Você disse.
Sebastian franziu o cenho, percebendo que Vlad parecia tenso. Ele
teve que engolir a pergunta que estava na ponta da sua língua. Não precisava
saber os pensamentos íntimos de Vlad. Estava contente em manter assim.
Já era ruim o suficiente para ele que fosse meio... Viciado em Vlad
das piores formas possíveis. Quando Vlad o beijava, sentia-se adorado.
Quando Vlad o tocava, ele se derretia no toque, desejando mais, mais e mais,
até que seus corpos estivessem fundidos um ao outro. Quando Vlad olhava
para ele, se sentia bonito e interessante. O último era particularmente
intoxicante. Adorava o quanto Vlad o queria, adorava ver a relutante atração e
fascinação nos olhos de Vlad quando ele o olhava. Sebastian não conseguia
explicar. Só sabia que ficava um pouco tonto e quente por dentro sempre que
seus olhos se fechavam. Era uma sensação embriagadora, viciante e perigosa.
Ele e Vlad eram amigos de foda, nada mais.
Embora, às vezes fosse difícil permanecer firme nessa crença. Era
difícil ficar distante quando podia ver o tumulto de emoções nos olhos de Vlad.
Não importa o que dizia a si mesmo, não podia simplesmente desligar suas
emoções. Embora Vlad tivesse cumprido sua palavra e não lhe dissesse nada,
havia uma parte de Sebastian que queria alcançá-lo e confortá-lo quando Vlad
se sentia estressado, queria lhe dizer que estava tudo bem, que ser atraído
pelos homens não era errado. Ele não o fez, é claro. Por um lado, duvidava
que tal tentativa fosse bem recebida. Por outro, Sebastian estava apavorado.
Aterrorizado por ficar muito ligado.
— Antonio é divertido. — Murmurou Sebastian. Queria abrir os olhos
e olhar para Vlad, mas não queria arriscar. Tentou resistir quando Vlad olhou
para ele. — Nunca é chato com ele.
— Tenho certeza. — Vlad disse com tal veneno que Sebastian abriu
os olhos. De repente ele se lembrou de que Vlad ouviu sua conversa telefônica
com Antonio há algumas semanas e sabia que ele e Antonio eram amigos de
foda.
Vlad estava com ciúmes?
O pensamento fez uma sensação engraçada aparecer no fundo do
seu estômago.
Sebastian olhou para Vlad, sua postura rígida e seu rosto impassível.
Ele estava com ciúmes?
— Ele queria vir. — Disse Sebastian, observando Vlad com cuidado.
— Mas eu estava muito dolorido e não queria ficar mais dolorido ainda.
Nem um único músculo se moveu no rosto de Vlad. O estômago de
Sebastian caiu e ele percebeu que queria que Vlad estivesse com ciúmes. Era
estúpido, mas queria isso. Queria que Vlad explodisse de raiva, o agarrasse, o
beijasse, e dissesse que Sebastian era dele, e só dele.
Qual merda era real? Ele sempre desprezou a possessividade, nunca
quis ser posse de ninguém, e agora queria que Vlad fosse todo possessivo
sobre ele?
— Tenho certeza de que ele poderá vir outro dia. — Disse Vlad sem
nem mesmo olhar para Sebastian. Ele não parecia incomodado. E por que
estaria? Sebastian era apenas uma foda casual, nada mais. Ao contrário dele,
Vlad não parecia ter problemas em se lembrar disso.
— Sim. — Sebastian disse, raiva apertando os músculos da sua
garganta. Deus, ele era um idiota. — Talvez amanhã. Vou convidá-lo amanhã.
Vlad pressionou os lábios e deu um rápido aceno de cabeça.
— Então eu não vou incomodá-lo. — Ele se virou rapidamente e
pegou seu casaco da cadeira.
O pânico borbulhou dentro dele. Vlad estava saindo para sempre? Ele
voltaria?
— Espere. — Sebastian falou, odiando-se um pouco por isso. Quando
Vlad se virou, Sebastian olhou para ele sob seus cílios. — Você também pode
vir. Amanhã.
Vlad ficou muito quieto.
— O que?
Porra, ele estava realmente sugerindo um trio com Antonio? Mas ele
se colocou nessa enrascada. Não podia recuar agora.
Sebastian forçou um sorriso.
— Se Antonio vier, isso não significa que você não pode, também.
Quanto mais, melhor, certo? Será divertido. Tony vive para o sexo casual e
ficará bem com isso.
Vlad o olhou. Sebastian não conseguia ler seu rosto.
Finalmente, Vlad acenou com a cabeça e saiu do quarto.
Sebastian ficou piscando atrás dele, se sentindo perdido. Como eles
tinham ido de ter deliciosos beijos arrepiantes para concordar em ter um trio
com outro homem?
E o que há de errado com um trio?
Sebastian franziu o cenho, mordendo o lábio. Sexo a três pode ser
divertido. Ele participou de algum no passado, mas... Mas...
Não achava que Vlad estava confortável o suficiente com sua
sexualidade para participar de um trio com outro homem. Vlad não se sentiria
confortável em tocar outro homem. Ou em beijar outro homem, ou prestando
atenção em alguém que não fosse ele.
Sebastian gemeu em voz alta. Fala sério?
O ciúme e a possessividade não tinha lugar em um relacionamento
casual. Isso era ruim.
Muito, muito ruim.
Capítulo 22
6
Gatinho em russo.
conhecera. Vlad não podia pensar nele como fraco e patético, nem menos
homem, só porque Roman tinha relações sexuais com outro homem.
Seu tio estava definitivamente errado, pelo menos a esse respeito.
Mas Stepan talvez estivesse certo sobre uma coisa; sua atração por
outro homem, pelo menos por um homem em particular, parecia antinatural.
Anormalmente forte.
Havia mais de um mês desde que fizeram sexo pela primeira vez.
Esperava que depois de fodê-lo conseguiria seguir em frente, mas porra, isso
não pareceu ajudar. A mera lembrança das horas que passou desfrutando do
corpo de Sebastian, beijando sua boca depois, incapaz de obter o suficiente, o
fazia queimar. Quase não conseguiu se afastar de Sebastian, precisou se forçar
a sair. Sentia-se como um adolescente novamente, exceto que nunca estivera
tão envolvido por uma pessoa quando era adolescente, ou um adulto, por falar
nisso. Vlad não podia deixar de pensar que devia estar doente, porque nunca
se sentira assim. Como uma bagunça hormonal com sua mente focada apenas
em uma coisa. O sorriso de Sebastian não devia deixá-lo sem fôlego e ardendo
de desejo para tocá-lo, beijar, como se alguém lhe tivesse dado um soco no
estômago e escrito bolas azuis sobre ele.
Talvez fosse apenas uma crise de meia-idade.
Talvez seu tio tivesse razão e isso fosse uma doença.
Ou talvez ele sempre fora uma bicha reprimida. Talvez não fosse
Sebastian. Talvez ele se comportasse tão ridiculamente com qualquer homem
atraente, embora sua falta de atração por Antonio pareça apontar o contrário.
Talvez Sebastian não fosse a exceção, mas Antonio.
Para testar essa teoria, Vlad fechou os olhos e tentou se imaginar
fodendo Luke. O garoto era tão bonito quanto poderia ser e Vlad
definitivamente não sentia repulsa com a ideia, mas o fraco interesse não era
nada em comparação com o insaciável desejo que sentia por Sebastian. Além
disso, Roman poderia realmente matá-lo se colocasse um dedo em seu garoto.
Roman.
Vlad imaginou o maldito Roman e bufou. Mesmo que a ideia não
fosse vagamente grosseira, Roman sempre fora como um irmão para ele, sabia
que seriam um desastre na cama. Não era exatamente um segredo para ele
que Roman era um pervertido dominador. Vlad não tinha inclinações
submissas. Raramente podia manter suas opiniões para si mesmo se
discordava das ordens de Roman, essa era a razão pela qual se chocaram tão
frequentemente ao longo dos anos. Seriam terríveis na cama.
Então era seguro dizer que não queria Luke ou Roman do jeito que
queria Sebastian.
Vlad não tinha certeza se devia estar feliz ou não. Por um lado, era
bom saber que não se tornou repentinamente uma puta louca por pau. Por
outro lado, era extremamente preocupante que estivesse tão preso a
Sebastian, doente de desejo por beijá-lo, tocá-lo, fodê-lo, vê-lo. Mesmo agora
seu olhar continuava a desviar para a direita, em direção ao bairro onde o
apartamento de Sebastian estava localizado. Não podia ver o prédio daqui,
mas isso não o impediu de olhar, como um apaixonado obcecado.
Suspirando, Vlad tomou outro gole da sua garrafa, olhando
maliciosamente para o céu escuro e deixando seus pensamentos vagar.
Não sabia por quanto tempo ficou ali, talvez uma hora, talvez mais,
quando a porta da varanda foi aberta atrás dele.
Roman saiu, acendendo um cigarro. Tinha o casaco jogado sobre os
ombros, o peito nu exposto. Ele cheirava a sexo.
— Não consegue dormir? — Roman perguntou, tragando
profundamente.
Vlad deu de ombros.
— Luke disse que foi um guarda-costas exemplar.
Vlad apenas bufou, um pouco surpreso. Enquanto ele e Luke tinham
trabalhado suas diferenças, não eram exatamente amigos. Esperava que o
garoto ainda guardasse rancor contra ele.
— Fico feliz que tenham trabalhado suas diferenças.
Vlad não disse nada, esperando. Roman não era um homem de jogar
conversa fora; estava indo a algum lugar com isso.
— Espero que volte ao seu antigo emprego. — Disse Roman.
Vlad riu. É claro que Roman não estava perguntando se queria voltar
ao seu antigo emprego. Estava informando a Vlad sobre sua decisão,
certamente esperando uma resposta positiva. Idiota arrogante.
— Quem disse que quero voltar? — Vlad disse. — Aceitei este
trabalho como um favor para você, porque lhe devia um. Talvez não esteja
interessado em ficar por perto. Esta cidade é fodidamente deprimente.
— Realmente. — Roman disse uniformemente, dando outra tragada.
— Disseram-me algo diferente. Luke me contou que está fodendo seu amigo
modelo.
Vlad enrijeceu. Foi muito difícil manter seu rosto sem expressão.
Como Luke sabia? Um palpite? Ou Sebastian lhe contou?
Inquietação revirou seu estômago. Não estava confortável com tantas
pessoas sabendo sobre ele.
— Se Luke passou a última hora falando sobre mim, estava fazendo
algo errado. — Vlad disse bruscamente.
Roman riu, não mordendo a isca.
— Então é verdade. Tenho que dizer que estou surpreso.
— Por quê? — Vlad perguntou. — Você costumava foder uma mulher
diferente todas as noites, mas agora está fodendo o garoto Whitford.
— Não estou fodendo Luke. — Roman disse, gelo rastejando em sua
voz. — Não fale dele desse jeito. Entendeu?
Vlad olhou para ele. Roman não parecia nem um pouco divertido com
a postura tensa e raiva saindo em ondas dele.
Olhando para seu chefe normalmente cabeça fria, Vlad percebeu que
Roman não tinha apenas sentimentos afetivos pelo menino. Ele o amava e
estava nisso a longo prazo.
Essa descoberta o fez se sentir... Estranho. Não se sentia enojado, e
essa era a parte estranha.
— Certo. — Vlad disse, virando-se. Depois de um momento,
acrescentou com firmeza: — Se soubesse quão importante ele é para você,
não teria ajudado Anastasia. Achei que fosse uma má influência. — A estrada
para o inferno foi pavimentada com boas intenções.
— Eu sei. — Disse Roman. — Essa é a única razão pela qual decidi te
perdoar. E se eu posso esquecer sua traição, você pode engolir seu maldito
orgulho. Aceite o trabalho, Vlad. Anna está farta de fazer o seu trabalho e mais
o dela. — Ele fez uma pausa. — E eu me acostumei com a maneira como lida
com as coisas, mesmo que Anna nunca questione minhas ordens, o que é uma
mudança refrescante comparado a você.
Os lábios de Vlad contraíram. Vindo de Roman, era o equivalente a
admitir que sentia falta dele.
— Tudo bem. — Disse. — Mas quero um aumento.
— Um aumento? — Roman disse com uma risada. — Já te pago uma
fortuna, seu idiota ganancioso.
— Esta cidade é fodidamente cara e meus gostos não são baratos.
— E pensar que você costumava ser um caipira que possuía duas
camisas. — Murmurou Roman, acendendo outro cigarro.
O sorriso de Vlad desapareceu. O caipira estaria revoltado e
horrorizado se pudesse vê-lo agora, se soubesse que Vlad estava louco por
outro homem.
— Isso foi há muito tempo. — Disse. — Sou um homem diferente
agora.
Ele era?
Capítulo 24
Capítulo 25
Um mês depois...
Capítulo 26
Capítulo 27
Epílogo
8
O símbolo da casa Slytherin, de onde foi tirado o nome do gato, é uma serpente, por isso o trocadilho.
satisfeito consigo mesmo.
Vlad apenas gemeu.
****
O casamento foi enorme, com muitas celebridades e imprensa
presentes. Vlad, que tinha se sentido vestido exageradamente em seu smoking
Armani em casa, agora entendeu porque Sebastian insistiu que eles se
vestissem com esmero.
Como convidados que não eram muito próximos do jovem prestes a
se casar, ele e Sebastian não se sentaram muito à frente. Vlad ficou mais do
que bem com isso, porque ele nunca gostou de dar as costas a tantas pessoas,
mas Sebastian se mantinha esticando o pescoço para tentar obter uma visão
melhor.
Luke acenou para eles a partir da linha da frente onde estava sentado
com Roman. Vlad acenou de volta. Estava achando o garoto muito mais
tolerável do que antes. Para sua ligeira surpresa, Luke e Roman ainda estavam
firmes, juntos já há um ano.
— Não diga a Roman, mas Luke está esperando que Roman vá fazer
o pedido em breve. — Sebastian murmurou em seu ouvido.
Se Vlad tivesse bebido alguma coisa, teria engasgado.
— É melhor Luke mesmo o fazer. — Falou com uma risada. — Eu
realmente não posso ver Roman propondo. — Mas se há um ano alguém
tivesse lhe dito que Roman estaria em um relacionamento sério de longo prazo
com o pirralho Whitford, teria pensado que a pessoa estava louca. Talvez ele
não soubesse de nada afinal.
Sebastian balançou a cabeça, e Vlad obteve uma amostra do seu
cheiro; água de colônia, loção pós-barba, e algo único para Sebastian. Ele teve
que suprimir o desejo de colocar o nariz contra a pele dele e cheirá-lo. Eles
estavam em público.
— Não, Luke quer ser o único a receber o pedido. — Disse Sebastian
com um sorriso divertido. Ele e Luke também tinham ficado muito mais
próximos. — Você sabe que ele é um romântico incorrigível. É melhor Roman
fazer o pedido com algum grande gesto romântico. Ainda bem que ele é podre
de rico e pode pagar por grandes gestos românticos.
Vlad bufou.
— Se ele não conseguir pensar em algo original, poderia sempre
comprar uma ilha tropical para Luke. — Ele disse secamente, e Sebastian riu.
Alguém os pediu para se calarem e eles voltaram sua atenção para o
casamento.
Depois que os noivos disseram os seus votos, Vlad olhou para
Sebastian novamente. Os olhos dele estavam suspeitosamente brilhante.
— Cale a boca. — Disse ele, corando quando notou o olhar de Vlad.
— É bonito, não é? Muito romântico.
Vlad voltou a pensar nos votos de casamento de Tristan DuVal que
envolveu as palavras: eu te odiei à primeira vista, ainda te odeio por me fazer
tão sentimental, e prometo te odiar até que a morte nos separe. Não parecia
muito bonito ou romântico para ele.
Vlad olhou para os noivos enquanto eles trocavam as alianças, seus
olhos somente um no outro. Ele realmente olhou.
Pervertidos, anormais, repugnantes. Eles devem ser caçados e
mortos como cães raivosos.
As palavras do seu tio pareciam grotescas e ridículas enquanto Vlad
observava o casal feliz se beijar. Não havia nada de anormal ou repugnante
sobre eles.
Estavam felizes, estavam apaixonados, estavam de pé na frente dos
seus amigos e entes queridos, comprometendo-se a uma vida juntos.
Seu tio estava errado. Racionalmente, Vlad já sabia disso a um longo
tempo, mas foi a primeira vez que ele soube e sentiu com cada fibra do seu
ser.
Amor era amor. Não havia absolutamente nada de errado em amar
alguém do mesmo sexo.
— Ei... — Sebastian disse, tocando-lhe no braço discretamente. —
Tudo bem? Você parece estranho.
Vlad desviou o olhar do casal feliz para o homem que durante todos
esses meses aguentou sua merda, sem queixas, sempre tão compreensivo.
Os olhos escuros de Sebastian estavam fixos nele
interrogativamente, os lábios vermelhos franzidos. Em seu smoking preto, ele
parecia impressionante.
Sua garganta de repente apertou com emoção, e Vlad se perguntou o
que fez para merecer este homem.
— Eu te amo. — Falou hesitante. Essas três pequenas palavras
tinham estado na ponta da sua língua tantas vezes ultimamente, mas as
inibições emocionais de Vlad sempre o impediam de dizê-las. — Eu te amo. —
Repetiu mais firme quando os olhos de Sebastian se arregalaram. — Estou
apaixonado por você.
Sebastian piscou algumas vezes, sua boca abrindo e fechando.
— Você tem certeza?
A esperança e a vulnerabilidade em sua voz quase partiram o coração
de Vlad. Ele não tinha ideia do quanto Sebastian havia precisado ouvi-lo dizer
essas palavras.
Em vez de responder, Vlad se inclinou e beijou Sebastian, ali mesmo,
na frente de três centenas de pessoas e inúmeras câmeras.
Flashes clicaram como loucos, mas ele percebeu que não dava à
mínima quando sentiu Sebastian sorrindo feliz contra sua boca.
— Eu te amo. — Vlad disse novamente, porque podia e por que...
Porra. Amava esse homem, amava tudo sobre ele.
— Eu também te amo. — Sebastian falou com a voz grossa, olhando
para ele com olhos que estavam um pouco úmidos.
Ele era lindo. E era seu.
Vlad riu.
— O quê? — Disse Sebastian, pegando sua mão e unindo seus dedos.
As pessoas estavam olhando. Vlad não deu à mínima.
— Em retrospectiva, estou feliz que você dormiu com a minha
namorada. — Disse Vlad, apertando seus dedos. — Devemos enviar um cartão
de agradecimento para Nina.
Sebastian sorriu, olhando para seus dedos entrelaçados com os olhos
brilhantes e felizes.
— Sim. — Ele disse suavemente. — Talvez nós devêssemos.
Fim