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Apenas Um Pouco Mau

(Straight Guys7)
Por: Alessandra Hazard

Ele tem certeza de que nunca se apaixonará por um homem...

Quando chove, transborda. Depois de perder seu trabalho de prestígio, Vlad


descobre que sua namorada o tem traído. Irritado e magoado, ele está determinado a
encontrar seu amante e ensinar-lhe uma lição. Quando descobre que seu amante é
bissexual, isso só o deixa mais irritado. Criado por uma família extremamente
homofóbica, Vlad está convencido de que ele é hétero e não tem nada, além de
desprezo, para as pessoas que não são.
Mas, às vezes, desprezo e raiva se transformam em obsessão, em seguida,
em algo completamente diferente, algo que Vlad sempre considerou doente e errado.

Ele tem certeza que nunca se apaixonará por um valentão


homofóbico...

Sebastian é um modelo inglês bem sucedido, que sempre detestou os


valentões. Quando um homem aparece na sua porta, acusando-o de dormir com sua
namorada, Sebastian não está interessado em ser um saco de pancadas. No entanto,
provocar um homofóbico provavelmente não é a melhor ideia... Ou a mais segura.
Mas Sebastian nunca foi bom em jogar seguro.
As coisas ficam muito mais complicadas quando Vlad se torna o guarda-
costas de Sebastian. Eles podem permanecer profissionais?
Não podem. Eles discutem, brigam, e odeiam tudo um no outro.
Agora, se ao menos pudessem descobrir como manter as mãos longe...
Capítulo 1

Havia um preservativo usado em cima da sua cama.


Isso não seria particularmente notável se não fosse o fato de que
Vlad esteve ausente por semanas e o preservativo definitivamente não lhe
pertencia.
Vlad olhou para a camisinha, sentindo a bile subir à garganta. Seu
olhar deslocou-se para a foto na mesa de cabeceira, uma foto de um dia no
parque. Ele e Nina pareciam tão felizes, seu pequeno corpo parecia minúsculo
em seus braços, enquanto a abraçava por trás.
Olhou de volta para a camisinha e sentiu o estômago doer.
Atrás dele, Nina continuava tagarelando inconscientemente, dizendo
como estava feliz por ele ter voltado para casa mais cedo da Suíça.
Vlad sempre se orgulhou de nunca bater numa mulher. Ele era um
homem grande, com um trabalho perigoso, temperamento quente e punhos
para combinar, mas nunca bateu numa mulher.
E nunca esteve tão tentado em sua vida.
Pensou que esta semana não poderia ficar pior. Aparentemente, não
era suficiente que tivesse perdido seu emprego e a confiança do homem que
considerava um amigo. Descobrir que sua namorada trouxe outro homem para
a sua própria casa e transou com ele em sua própria cama era apenas a
cereja no topo.
— Quem é ele? — Vlad se ouviu perguntando, sua voz calma.
A conversa incessante de Nina finalmente parou.
— O que?
Vlad se virou e apontou o dedo em direção ao preservativo.
— Quem é o idiota com quem você está me traindo?
Os enormes olhos azuis de Nina se alargaram. Seus lábios tremiam.
— Vlad, não é o que...
— Não é o que parece? — Vlad rosnou. — Você está brincando
comigo, Nina?
Ela se encolheu, afastando-se dele.
— Não sei do que está falando. — Ela disse, sua voz cheia de
confusão.
Ela não era uma mentirosa ruim. Muito ruim para ela que Vlad era
um ex-agente do governo e conhecia pessoas que mentiam para ganhar a
vida. Ele costumava ser um deles.
— Quem é ele? — Repetiu.
Não sabia por que de repente era tão importante. Não, ele sabia o
porquê: não pensava que era capaz de bater numa mulher, mesmo agora, não
importa o quão uma cadela mentirosa e enganadora ela fosse. Um homem era
um assunto diferente. O corpo de Vlad coçava por uma briga, estava ansioso
por encontrar uma saída para sua frustração e raiva reprimidas desde que
Roman o despedira de sua posição de chefe de segurança. Se fosse honesto
consigo mesmo, ele precisava encontrar uma saída para sua raiva desde que o
jovem inglês, Luke Whitford, conseguiu ter Roman enrolado no seu dedo
mindinho. Até hoje, desconcertava e desgostava Vlad como o pequeno filho da
puta conseguiu enfeitiçar um homem como Roman. Vlad nunca pensou que
Roman fosse gay. Ele ainda estava convencido de que não era. Era tudo culpa
de Luke Whitford. O pirralho tinha os lábios mais obscenos que Vlad já vira.
Mesmo Vlad, um homem completamente heterossexual, não pôde deixar de
olhar um pouco.
— Quem é ele? — Vlad repetiu. Seu peito doía mais do que gostaria
de admitir. Nina foi sua única namorada por dois anos. Ela era esperta,
engraçada e linda. Ele estava genuinamente afeiçoado por ela, às vezes, até
mesmo pensou que a amasse. Eles tinham uma coisa boa acontecendo. Ou
assim ele pensou. Aparentemente Nina era de uma opinião diferente se ela
tinha caído no pau de outro homem nas poucas semanas em que ele esteve
fora.
Não que pensasse que seu relacionamento fosse perfeito. Eles
discutiam muito frequentemente, principalmente por causa de suas viagens de
trabalho por todo o mundo. O sexo não era perfeito, tampouco, mas,
novamente, nunca foi. Vlad sempre se sentiu vagamente insatisfeito e
desinteressado durante o sexo, independentemente da mulher que ele fodia.
Vlad estava acostumado com isso, com seu baixo desejo sexual.
Estava realmente muito orgulhoso de que nunca deixou seu pau governar sua
cabeça, como muitos outros homens fizeram.
— Isso importa? — Nina disse, apertando sua mandíbula
teimosamente. Seus olhos brilharam. Ela não parecia mais assustada e
culpada. Agora parecia com raiva e na defensiva. — Por que você está
surpreso? Você nunca está em casa! Eu deveria ser uma freira, enquanto viaja
pelo mundo inteiro, fodendo mulheres em Paris e Londres?
— Eu nunca a enganei. — Disse ele, ignorando sua incredulidade. Ela
nunca acreditou nele. — Estou lhe perguntando pela última vez. Quem é ele?
Nina apertou os lábios.
— Não vou te dizer. Você iria machucá-lo.
O fato de que ela estava protegendo o filho da puta era um golpe
adicional.
— Certamente que sim. — Disse ele. — Agora pegue suas coisas e
saia do meu apartamento.
Nina congelou.
— Não pode fazer isso. — Disse ela. — Não pode simplesmente me
expulsar! Não tenho para onde ir em Moscou!
— Deveria ter pensado nisso antes de cair no pau de outro homem.
— Disse Vlad sem rodeios.
Nina corou.
— Você tem que ser tão vulgar?
Vlad deu uma risada áspera.
— Eu só estou chamando uma pá de uma pá. Ou, neste caso, uma
puta de puta.
Virando-se num vermelho vivo, ela olhou para ele.
— Você sabe o que? Sim, o enganei e apreciei cada segundo! Ele era
muito melhor do que você! Ele foi o melhor que já tive! Eu disse a ele como
você era patético e egoísta quando estava na cama e nós rimos juntos...
— Fora. — Vlad disse através de seus dentes. — Estou saindo agora e
é melhor que tenha ido embora no momento em que eu voltar. — Seus punhos
cerraram, ele saiu depois de olhar sobre seu ombro. — Deixe sua chave na
escrivaninha.
Lá fora, bateu na parede e encostou a testa contra ela, respirando
com dificuldade e tentando controlar seu temperamento. Ele não ia responder
à provocação. Não iria atacar uma mulher. Ele não era assim, droga. Embora
ele precisasse, como uma saída para a dor e raiva sibilando sob sua pele, o
alvo dele não ia ser uma mulher fraca. Nina não era a única que o havia
humilhado. Tinha um cúmplice.
Vlad ergueu a cabeça, a mandíbula numa linha determinada.
Não precisava de Nina para lhe dizer o nome de seu amante. Ele
poderia descobrir por si mesmo. Havia vídeo de vigilância no edifício. A última
década como chefe de segurança de um dos oligarcas1 mais impiedosos e
influentes da Europa lhe deu muitas conexões úteis. Até o final do dia, teria o
nome e o endereço da merda que o fez de tolo.
O filho da puta ia pagar.

*****
Levou ainda menos tempo do que esperava para encontrar a

1
Na Rússia significa um homem de negócios muito rico, com grande influência política.
informação que queria. O que descobriu irritou-o ainda mais. O homem com
quem Nina o enganara era inglês.
Vlad estava ciente de que era irracional não gostar de uma nação
inteira por causa de uma pessoa, mas depois do fiasco de Luke Whitford,
desenvolveu uma forte aversão a qualquer coisa inglesa. Perguntou-se se era
alguma piada cósmica que um inglês tenha arruinado sua vida profissional e
outro arruinado agora sua vida pessoal. Bem, Luke Whitford estava fora de seu
alcance, mas Sebastian Sumner não estava.
Vlad bateu na porta do quarto do hotel, seu corpo vibrando com
tensão e agitação. Enquanto esperava, pensou no que sabia sobre o homem.
Sebastian Sumner, vinte e cinco, sete anos mais novo do que ele e era um
modelo bem sucedido que vivia em Londres. Um maldito modelo. Vlad ainda
não podia acreditar que Nina o tivesse enganado com um modelo. Ela
normalmente virava o nariz para eles, dizendo que não gostava de homens
mais bonitos ou mais magros do que ela.
A porta se abriu.
Sebastian Sumner não era particularmente magro, mas era
indubitavelmente bonito.
Era alto, quase tão alto quanto o próprio Vlad, embora fosse atlético
e magro, enquanto Vlad era musculoso e corpulento. Os ombros de Sumner
eram bem largos e estava encoberto com um pouco de músculo, mas o olho
treinado de Vlad rapidamente avaliou que o outro homem não era páreo para
ele. Ele também era o polo oposto de Vlad, onde se podia olhar.
Vlad não tinha baixa auto-estima. As mulheres gostavam dele. Ele
tinha aparência eslava estereotipada com seus olhos azuis amendoados,
mandíbula quadrada e cabelo loiro cortado curto. Ele sabia que era bonito. Um
homem não era suposto ser bonito de qualquer maneira. Francamente,
homens bonitos com traços refinados sempre deixavam Vlad desconfortável,
só não sabia o motivo.
Esse cara... Ele era um desses.
O cabelo ondulado e negro de Sebastian era um pouco longo demais
e estava escovado para trás casualmente, emoldurando um rosto forte e
bonito com maçãs do rosto altas e esculpidas. Grandes olhos escuros olhavam
para Vlad com uma expressão inquisitiva. O cara estava usando um
delineador? Seus olhos eram muito bonitos para que fossem naturais. Os
lábios generosos de Sebastian estavam franzidos, sua cor vermelha
contrastava com a pele pálida e perfeita do sujeito.
O idiota era lindo, Vlad podia ver isso. De alguma forma conseguiu
parecer belo sem parecer feminino.
— Posso te ajudar, camarada? — Sebastian disse. Sua voz era baixa,
sua expressão um pouco sonolenta, como se estivesse levantado agora.
Seu inglês britânico riscou os nervos de Vlad, provocando uma nova
onda de raiva. Este homem esteve dentro de sua namorada. Ele fodeu a
mulher de Vlad em seu próprio apartamento, na própria cama de Vlad. Havia
fotos de Vlad e Nina em todo o lugar. Não havia nenhuma maneira do cara não
saber que Nina era comprometida.
— Você sabe quem sou, então corte a porcaria.
Reconhecimento surgiu no rosto do cara. Sebastian deu um passo
para trás, a cautela e uma sugestão de desconforto aparecendo em seus olhos.
— Você é namorado da Nina. Vlad, certo?
— Prazer em conhecê-lo. — Vlad disse, avançando sobre ele.
— Olha, não sabia que Nina tinha um namorado. — Sebastian disse
rapidamente. — Só vi suas fotos depois. — Ele deu um meio-sorriso torto,
desajeitado. — Ela não me deixou exatamente olhar ao redor quando
chegamos ao apartamento.
Em um movimento rápido, Vlad empurrou o idiota contra a parede.
— Isso é engraçado pra você, seu doente? Foi divertido para você
estragar o relacionamento de outro homem?
Sebastian ergueu ligeiramente as sobrancelhas.
— Estou dizendo a verdade: eu não sabia. Além disso, acho que você
está colocando a culpa na pessoa errada. Não é problema meu se seu
relacionamento fosse tão fraco que sua namorada me convidou para seu
apartamento depois de meia hora de dança...
Vlad deu um soco em sua mandíbula.
Sebastian gemeu, o sangue escorrendo de sua boca. Ele limpou-o,
faltando um ponto em seus lábios. Algo como medo surgiu no rosto de
Sebastian, mas um momento depois, se foi. Ele levantou o queixo, sua
expressão endurecendo.
— Acertei um nervo, cara grande?
— Feche a porra da boca. — Disse Vlad, batendo a cabeça de
Sebastian contra a parede e envolvendo seus dedos em volta de sua garganta.
— Você não tem nenhuma autopreservação, sua merda estúpida? Matei
pessoas por menos.
O cara realmente riu.
— Essa conversa maluca de macho realmente funciona com outras
pessoas, camarada?
Inacreditável. O idiota pensou que Vlad tinha uma postura machista.
— Você não tem ideia do que sou capaz, camarada. — Vlad disse sem
emoção. — Eu posso te esmagar com uma mão. — Não era uma ameaça vazia.
Ele poderia. Vlad intensificou seu aperto na garganta pálida. Levou-lhe uma
quantidade ridícula de satisfação quando Sebastian começou a ofegar. Mas,
não estava planejando realmente matar o cara. Nina não valia à pena. Assim,
quando o rosto estupidamente belo do modelo começou a tornar-se roxo, Vlad
relutantemente afrouxou seu aperto em seu pescoço.
Sebastian começou a tossir, tentando fervorosamente conseguir ar.
— Você deveria me agradecer, sabe? — Disse roucamente.
Esse cara era de verdade?
— Agradecer por foder minha namorada?
— Por testar a extensão da sua lealdade. — Sebastian olhou para ele.
— Você realmente precisa de uma mulher que disse a um perfeito estranho
como você era ruim na cama?
Os olhos de Vlad se estreitaram.
— Eu não sou ruim na cama.
Sebastian deu de ombros.
— Suas palavras, não minhas. Como eu poderia saber? — Ele olhou
para Vlad com um olhar de avaliação. — Claro, você é bem quente, mas não
significa nada se o cara não souber o que está fazendo.
Vlad sentiu seu estômago apertar com inquietação. Bem quente?
— Você é uma maldita bicha? — Porra do inferno, ultimamente
parecia que as bichas estavam por toda parte.
Sebastian piscou.
— Bem. — Disse fracamente. — Você não é uma bola de sol... Se eu
não soubesse que você era apenas um produto da propaganda anti-gay
prevalente em seu país, ficaria malditamente ofendido. Estou tentando não me
ofender, mas você não está permitindo com que me arrependa de dormir com
sua namorada, sabe?
— Então você é uma bicha.
— Se quer saber, me identifico como bissexual, mas sim, geralmente
prefiro homens. — Sebastian disse orgulhosamente. — Não tenho vergonha
disso.
Vlad zombou.
— Claro que não. Não esperaria nada diferente de um homem que
não vê nada errado em tomar o que pertence a outro homem.
Sebastian inclinou a cabeça para o lado.
— Ok, fico profundamente ressentido com a sua insinuação de que
ser bissexual ou gay é algo de que se envergonhar e que não temos moral.
Besteira homofóbica à parte, homem das cavernas, estar num relacionamento
não significa que seu parceiro é sua propriedade. Sua namorada não pertence
a você. Ela é sua própria pessoa. Se ela optar por dormir com outro homem,
esse é o seu direito, não importa o quão ruim seja. Já pensou que talvez fosse
culpa sua que ela não tivesse incentivo para permanecer fiel a você? Pelo que
vi, sua personalidade não é exatamente espumante. Ou talvez você realmente
seja ruim na cama...
Ele grunhiu de dor quando Vlad empurrou-o contra a parede.
— Cala-se. — Vlad rosnou. — Uma bichinha que leva no rabo não
pode julgar a proeza sexual de homens normais.
Sebastian riu em seu rosto.
— Você não acha que uma bicha está mais bem equipada para julgar
sua valentia do que os homens normais? — Ele moveu seus quadris.
— Que porra acha que está fazendo, seu merda doente? — Vlad
disse, seu pescoço ficando quente.
— Algum problema? — Sebastian disse e moveu os quadris
novamente, moendo contra Vlad.
— Pare com isso. — Ordenou Vlad, apertando novamente a garganta
de Sebastian. — Você não vai me assustar com essa merda repugnante.
— Repugnante, hein? — Sebastian disse suavemente, olhando-o nos
olhos. — Então por que você está meio-duro?
Ele não estava...
Porra.
Vlad olhou furioso.
— Não sou um homossexual.
Sebastian sorriu de novo, algo como diversão aparecendo em seu
rosto.
— Diga isso para o seu pau.
Vlad rangeu os dentes.
— Qualquer homem hétero ficaria um pouco duro se alguém se
esfregasse contra o pau dele. Isso não faz de mim um homossexual.
— Certo.
— Pare de se esfregar em meu pau, seu pervertido.
Sebastian sorriu mais.
— Por que não vai embora se isso te aborrece tanto?
— Porque uma bicha como você não vai me assustar. — Vlad falou,
sentindo-se muito nervoso para seu gosto. — Pessoas como você são
aberrações da natureza. Não devem ser chamados de homens.
A expressão de Sebastian escureceu.
— Você sabe, mudei de ideia. Estou ficando ofendido, afinal.
Vlad bufou.
— Isso deveria me assustar?
Algo passou pelos olhos de Sebastian antes que seus lábios se
esticassem num sorriso.
— Deveria. — Ele disse suavemente e apertou seus lábios contra os
de Vlad.
Vlad ficou rígido. Isso era doente, errado e nojento, mas, por alguma
razão, estava dolorosamente duro e queria...
Ele se afastou bruscamente e limpou a boca furiosamente antes de
empurrar a bicha contra a parede.
— Que merda? — Grunhiu, pressionando o antebraço contra a
garganta de Sebastian. — Já disse que não sou homossexual. Tenho de
soletrar em seu rosto?
Sebastian grunhiu, lutando para respirar e ainda assim continuou
olhando para ele com desafio.
— O que te diz que sua namorada gostou de um homossexual mais
do que de você?
O merda estúpido realmente tinha o desejo de morrer.
Um golpe no estômago de Sebastian o fez se dobrar. Outro em suas
costelas o enviou de joelhos, sem fôlego e com dor.
Vlad agarrou um punhado de cabelos negros e puxou Sebastian para
cima.
— Eu deveria fodidamente te espancar até a morte por sua boca
grande.
Arqueando, Sebastian sorriu para ele antes de falar.
— Por que você não coloca minha boca grande para melhor uso? —
Antes que pudesse reagir, Sebastian pressionou seus lábios entreabertos
contra o contorno do pau duro de Vlad.
Os músculos de Vlad travaram. Ele não conseguia se mover, não
podia respirar, não podia fazer nada além de olhar fixamente, quando
Sebastian arrastou seus lábios vermelhos sobre seu pau vestido, enquanto
olhava para Vlad.
— Pare com isso. — Ele se ouviu dizer, seu corpo vibrando com
tensão retida, seu pênis tão duro que era doloroso. Por que ele estava tão
duro, droga?
Olhando-o nos olhos, Sebastian esfregou a bochecha contra a ereção
de Vlad, como um gato, murmurando:
— Como é que você se sente ao saber que um homossexual te deixou
com tesão, cara hétero?
E Vlad não aguentou. Puxou seu zíper para baixo, agarrou seu pênis
e empurrou-o na boca da bicha. Sebastian grunhiu, engasgando com o grosso
comprimento em sua boca, seus olhos se arregalando. A visão era
imensamente gratificante. Claramente o cara estava blefando. Esperava que
Sebastian lutasse e se libertasse agora que Vlad o provocou, mas Sebastian
não o fez. Ele olhou para Vlad, apertou os lábios ao redor do pênis dele e
chupou.
Os olhos de Vlad rolaram até a parte de trás da sua cabeça, um
gemido baixo escapou da sua boca. O calor, a umidade, a quantidade perfeita
de sucção foram demais e de repente não se tratava mais do blefe de uma
bicha, mas de uma boca quente, envolvida em torno do seu pênis dolorido.
Antes que Vlad pudesse parar, seus quadris estavam entrando e saindo da
boca do cara, nojo e necessidade esmagadora de foder essa boca fazendo uma
guerra dentro do seu corpo.
Ele queria dizer pare, mas nada saiu. Ele queria afastar a bicha, mas
seu corpo não obedeceu. Não conseguia fazer nada a não ser empurrar seu
pau na garganta do garoto, rosnando com a sublime sensação, enquanto fodia
por minutos, talvez por horas, ele não tinha ideia. A boca de Sebastian era
fodidamente perfeita em torno do seu pau. Vlad estava se perdendo,
empurrando para dentro como um homem possuído, embalando o rosto de
Sebastian em suas mãos, necessitando foder...
Antes que soubesse, estava gemendo e gozando na garganta do cara.
Por um longo momento, houve apenas silêncio e prazer esmagador.
E então seu cérebro voltou a funcionar.
— Isso não aconteceu. — Disse com a voz rouca, ofegante e olhos
arregalados.
Sebastian enxugou a boca, observando-o com um olhar pensativo
que teria deixado Vlad inquieto se já não estivesse enlouquecendo.
— Claro. — Sebastian disse amigavelmente. Levantou-se e sorriu. —
Obrigado pela visita. Foi interessante. Você sabe onde está a porta.
Vlad não precisava ser mandado duas vezes. Estava quase fora
quando Sebastian disse:
— Peço desculpas por ter dado a sua namorada um orgasmo, mas
agora ela e você são iguais.
Vlad fechou a porta.
Saiu do edifício, a náusea rolando em seu estômago. Com a
mandíbula apertada, olhou diretamente para frente, evitando encontrar os
olhos de outras pessoas. Nunca se sentiu tão auto-consciente e enjoado em
sua vida. As pessoas poderiam olhar para ele e ver o que aconteceu? Estaria
escrito em seu rosto que ele fodeu a boca de outro homem? Isso fez dele uma
bicha, também?
IIидорас, IIдор, IIедик, Голубой2, ecoava em sua mente numa voz
mordaz, desgostosa. Parecia muito com a do seu tio e trazia memórias meio
esquecidas de sua infância.
Vlad cresceu numa pequena vila russa, longe de todas as grandes
cidades. A vila era tão antiquada que de muitas maneiras parecia presa na
primeira metade do século XX. Com apenas uma TV em preto e branco para
toda a aldeia, todos eram basicamente isolados do resto do mundo. Vlad não
era descontente com isso. Simplesmente não sabia que existia algo melhor.
Ele e seus irmãos passaram a infância trabalhando duro em sua pequena
fazenda sob o olhar severo e atento do seu tio. Um ex-sargento do Exército, o

2
Formas depreciativas de chamar os Homossexuais na Rússia.
Tio Stepan não acreditava em vagabundear.
— Não seja uma bicha e coloque seus traseiros para trabalhar. — Tio
Stepan iria gritar com eles quando os meninos estavam cansados e queriam
apenas descansar.
Bicha era o sinônimo de fraco durante o tempo que Vlad se lembrava.
Nenhum dos rapazes sabia o que exatamente a palavra originalmente
significava, mas todos sabiam que não queriam ser bichas. Quando os meninos
se queixavam de estar com frio ou com fome, tio Stepan gritava para que
parassem de ser pequenas bichas e começassem a ser homens de verdade.
Bichas não eram homens de verdade, tanto quanto o tio Stepan falava e os
meninos nunca questionaram a autoridade ou o conhecimento do seu tio.
Quando Vlad tinha onze anos, a palavra adquiriu outro significado.
Havia uma nova família na aldeia, algo quase inédito. Os recém-
chegados se mudaram de Moscou e tinham um adolescente muitos anos mais
velho do que Vlad. O nome do menino era Philip e era diferente de qualquer
outro rapaz que Vlad viu em sua vida. Pele macia, olhos de corça e muito inútil
na agricultura, ou em qualquer coisa nessa área. E, no entanto, Vlad não
conseguia desdenhá-lo. O garoto era simpático. Tinha um belo sorriso e um
monte de histórias engraçadas para contar. Vlad gostava de observá-lo. Foi
assim que um dia ele pegou Philip beijando Sergei, outro garoto da sua aldeia.
Vlad estava completamente espantado. Tendo vivido numa aldeia à moda
antiga e muito protegida por toda a sua vida, Vlad nem sequer sabia que
meninos poderiam beijar meninos. Confuso, foi até seu tio e perguntou sobre
isso.
As consequências foram nada menos que explosivas.
Vlad recebeu a chicotada da sua vida por fazer uma pergunta tão
estúpida e estranha. Philip e sua família saíram apressadamente da aldeia na
mesma noite. Sergei, o menino que Philip beijara, foi espancado até a morte
por seu próprio pai.
— Aquela bicha merecia! — Tio Stepan disse com uma sombria
aprovação. — Abominações, todos eles. Não deviam poder se misturar com as
pessoas normais.
Os irmãos de Vlad haviam murmurado o seu assentimento, enquanto
um Vlad de onze anos de idade, só sentou lá, sentindo mal do estômago. A
morte de Sergei era culpa dele por contar ao seu tio o que viu? Ele conhecia
Sergei. O menino era forte e capaz e não parecia uma abominação ou um
fraco. Ou teria sido corrompido por Philip? Era realmente contagioso?
— Não se culpe por isso, garoto. — Tio Stepan disse rispidamente,
batendo na cabeça Vlad. — Essas aberrações não são nada como você e seus
irmãos. Eles são uma vergonha para os homens e devem ser caçados e mortos
como cães raivosos para que não espalhem sua doença.
Mais de vinte anos depois, quando Vlad saiu do hotel em que ele
fodeu a boca de outro homem, pensou nas palavras do seu tio e sentiu a
náusea rolar em seu estômago. Não, ele não era mais um garoto ignorante de
onze anos. Sabia que a homossexualidade não era realmente uma doença.
Seu tio estava morto há muito tempo, e agora Vlad sabia que o ódio
do seu tio Stepan por homens gays era... Bastante radical. Mas era impossível
erradicar completamente tudo o que ele foi criado para acreditar.
Ele não era uma bicha. Ele era normal.
O que aconteceu no hotel foi uma casualidade. Isso nunca mais
aconteceria.
Nunca.

Capítulo 2

Cinco meses depois...

O telefone tocou, enquanto Vlad estava descansando na frente da TV


com uma cerveja na mão. O Chelsea acabou de marcar contra o Liverpool,
para irritação e decepção de Vlad. Ele apostou no Liverpool, mas o maldito
Gabriel DuVal tinha que marcar e arruinar tudo.
Seu telefone tocou novamente e Vlad olhou para o ID para ver quem
estava ligando, arregalou os olhos para se certificar de que seus olhos não o
estavam enganando.
Eles não estavam. Realmente era Roman Demidov, seu ex-chefe e
um ingrato filho da puta, o homem que Vlad respeitava e tolamente
considerava um amigo antes que Roman o tivesse demitido sem motivo há
cinco meses.
Bem, talvez não sem motivo, Vlad concordou a contragosto, mas
mesmo assim. Quinze anos de lealdade não vale mais do que uma bunda pela
qual Roman estava obcecado?
Vlad olhou para seu telefone antes de suspirar e passar o dedo na
tela para atender a chamada. Ele não se incomodou em ser educado e disse:
— Não achei que ouviria de você novamente depois que disse para ir
me foder e nunca voltar. — Ou algo nesse sentido. Vlad não se lembrava muito
bem porque estava muito ocupado sendo sufocado por Roman, mas a essência
da mensagem foi bastante clara. Francamente, teve a sorte de sair com sua
vida. Roman podia ser absolutamente implacável quando estava zangado e
Vlad sabia bem disso.
— As circunstâncias mudaram. — Disse Roman. — Encontrou outro
emprego?
— Você sabe que não. — Vlad disse, seus lábios torcendo. Ele não
tinha delírios, Roman não ligaria se não tivesse checado cuidadosamente para
se certificar de que Vlad não aceitou um dos inúmeros trabalhos que lhe foi
oferecido pelos inimigos de Roman.
— Sim, eu sei. — Disse Roman. — Por quê?
Essa era uma pergunta justa. Vlad poderia ter sido despedido de seu
trabalho anterior, mas era bom no que fazia e não faltaram ofertas de
emprego. Normalmente, não estaria desempregado. Simplesmente estava
esperando pela oferta certa. Ele podia se dar ao luxo de ficar temporariamente
desempregado.
Vlad sorriu.
— Todos queriam que eu entregasse seus segredos.
Houve silêncio na linha. Ambos sabiam que Vlad sabia muito sobre os
negócios de Roman, legal e ilegal. Ele poderia ter feito uma maldita fortuna
vendendo os segredos de Roman.
— Por que não o fez? — Perguntou Roman, parecendo
despreocupado, como se não tivesse duvidado nem por um momento de que
Vlad não o faria.
Vlad franziu o cenho e tomou um gole de cerveja.
— Porque aparentemente eu sou um idiota. — Ele realmente era um
idiota por permanecer fiel ao homem que o chutou por causa de uma bunda.
— Ótimo. — Roman disse secamente. — Tenho um trabalho para
você.
Vlad inclinou a cabeça para trás, franzindo a testa para o teto mal
iluminado.
— Um trabalho? — Não era como se Roman perdoasse alguém que o
havia ofendido.
— Olhe. — Roman disse numa voz cortada. — Não pense por um
momento que esqueci o que fez, mas sei que você, erroneamente, pensou que
estava agindo no meu melhor interesse. Estou te dando uma segunda chance.
Sua última chance. Não foda tudo.
— Qual é exatamente o trabalho? — Vlad disse, desconfiado, mas
curioso. — O que aconteceu? — Roman era um homem orgulhoso, teimoso,
que raramente mudava suas decisões. Ele não estaria oferecendo a Vlad uma
segunda chance se realmente não precisasse dele.
— Não sei se você está ciente ou não, mas mudei o quartel-general
da Suíça para Londres. — A voz de Roman era fria e calma, mas Vlad podia
sentir a tensão nela.
Vlad disse:
— E?
— Preciso sair de Londres por um mês, mas há uma... Situação aqui,
e não posso deixar Luke desprotegido.
Vlad zombou. Claro. Deveria saber. Ele deveria saber que somente
aquele pirralho inglês tinha o poder de fazer Roman mudar de ideia. Era meio
irônico que Luke Whitford fosse a razão pela qual Vlad perdeu o emprego e era
a razão de ele recuperá-lo. Ou não era?
— Que tipo de situação? — Disse bruscamente. Ele ainda não
entendia. Roman tinha centenas de pessoas trabalhando para ele.
— Está tudo nos jornais. — Disse Roman com um suspiro,
impaciência rastejando em sua voz. — Três homens gays foram espancados
até a morte. Todos eram publicamente assumidos e influentes de uma forma
ou de outra nas causas LGBT. As autoridades acreditam que seja obra de
algum culto anti-gay.
Vlad esfregou a têmpora.
— E você acha que seu garoto é um alvo?
Uma pausa.
— Não sei. — Disse Roman. — Mas Luke se assumiu publicamente e
esteve em todos os noticiários desde o começo do verão como o único herdeiro
do império empresarial Whitford. Ele é um alvo óbvio. — Sua voz adquiriu uma
borda de aço. — Mesmo que ele não seja alvo, não vou arriscar.
— Por que eu? — Vlad disse. — Você tem outras pessoas. Você tem
Anna.
— Ela vai me acompanhar. — Disse Roman. — Preciso dela comigo no
Peru. Ela não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. — Ele fez uma
pausa. — Não o demiti, porque duvidei de suas habilidades profissionais, Vlad.
O despedi pelo que fez. Sei como você é bom e é por isso que não acreditei
que você não tinha nada a ver com o desaparecimento de Luke, enquanto você
era responsável por ele.
Vlad tomou outro gole da sua garrafa e decidiu que odiava Roman
Demidov. Roman sabia muito bem como manipular as pessoas para fazerem o
que ele queria. Mas mesmo sabendo que Roman estava o manipulando, ainda
estava funcionando, droga. Roman não era de dar elogios levemente.
— E você confiaria em mim com a segurança do menino depois que
me livrei dele da última vez? — Vlad disse. — Depois que o maltratei na outra
vez? — Ele sabia que Roman não havia esquecido. Roman jamais esqueceu
nada.
Roman não respondeu imediatamente.
— Não faria se tivesse outra escolha. — Ele disse, sua voz como gelo.
— Não confio em você com ele, mas confio em você para mantê-lo seguro. —
Uma pausa. — Os assassinatos não são a única razão pela qual preciso que
proteja Luke. Charves tem sido um incômodo ultimamente. Seu pessoal tem
sido visto em Londres.
Vlad franziu o cenho. Charves era um gangster peruano que tinha
uma vingança pessoal contra Roman. Também era louco e, portanto,
imprevisível.
— Você e Anna são os únicos que sabem como sua mente funciona.
— Disse Roman. — Vou ao Peru para lidar com ele e não posso me dar ao luxo
de me distrair. E o serei, se estiver preocupado com a segurança de Luke.
Porra do inferno. Aquele garoto inglês tinha Roman completamente
dominado. Quem pensaria nisso?
— Tudo bem. — Disse Vlad. — Mas vou precisar de um visto.
— Já foi cuidado.
Vlad riu com voz rouca.
— Você é um idiota presunçoso. — É claro que Roman não conseguia
sequer imaginar alguém dizendo não a ele.
— Cuidado, Vlad.
Vlad revirou os olhos. Roman acreditava firmemente que a
familiaridade criava desprezo e geralmente se distanciava de seus
empregados. O problema era que ele e Roman haviam se conhecido pela
metade de suas vidas e se conheciam muito bem para uma relação estrita de
empregado e chefe.
Por outro lado, também não eram perto o suficiente para serem
verdadeiros amigos. Sempre foi uma luta para Vlad encontrar o equilíbrio
certo.
Vlad disse bruscamente.
— Foda-se, não tenho que ser respeitoso até que assine o contrato.
Envie para mim agora. Quando precisa de mim em Londres?
— Até o final da semana. — Roman ficou em silêncio por um curto
período de tempo. — Não me decepcione novamente. — Ele disse, finalmente,
sua voz enganosamente suave. — Se alguma coisa acontecer com ele,
enquanto eu estiver fora, perder seu trabalho é a última coisa que você terá
que se preocupar. Vou te encontrar.
Vlad sorriu. Ele não tinha quaisquer ilusões sobre isso. Roman
raramente sujava as mãos atualmente, mas quando o fazia, não era bonito.
— Eu sei. — Disse ele. — Não repito meus erros duas vezes. Sabe
disso.
— Eu sei. — Roman disse e desligou.
Vlad suspirou e olhou para o telefone, imaginando se cometeu um
erro. Ele tinha seu orgulho e realmente não queria ser o guarda-costas do
pirralho Whitford. Mas, por outro lado, ele devia a Roman.
Se Roman não o tivesse levado sob a sua aba todos aqueles anos
atrás, quem sabia qual beliche de prisão ele estaria aquecendo hoje! Salvara a
vida de Roman muitas vezes desde então, mas nunca sentira como se tivesse
pagado sua dívida. A verdade era que, até que conheceu Roman Demidov, sua
vida era uma merda.
Ele era um ninguém de alguma aldeia abandonada, sem educação,
sem perspectivas, dívidas enormes e uma propensão à violência e drogas
caras. Mesmo depois de quinze anos de serviço leal, Vlad ainda achava que
devia algo a Roman.
Talvez este trabalho finalmente fizesse o truque e ele estaria
finalmente livre.
Ignorando o nó de desconforto que apareceu em seu estômago com a
ideia de ir a Londres, Vlad foi ao seu laptop para reservar um vôo.
Londres era uma cidade enorme. As probabilidades de encontrar com
alguém que ele preferia não ver eram muito poucas. Não tinha nada com que
se preocupar.

Capítulo 3

Londres o cumprimentou sob nevoeiro e chuva pesada.


O táxi o deixou na frente do prédio de Luke Whitford, mesmo assim
Vlad ainda estava encharcado quando entrou. Tudo que queria era uma xícara
de chá quente e trocar de roupa, mas a extensa seleção de segurança pelo
elevador privativo que levava à cobertura de Luke levou quase quinze minutos.
Embora as medidas de segurança o deixassem satisfeito, a longa espera em
roupas encharcadas não o deixou exatamente em um bom humor. No
momento em que foi aprovado e as portas do elevador particular se abriram
para revelar a espaçosa cobertura de Luke Whitford, Vlad não estava com
vontade de esperar até que seu dono fizesse uma aparição. Silenciosamente,
se moveu em direção à cozinha onde podia ouvir vozes familiares.
— Ainda não entendo por que tem que ser ele. — Luke Whitford
estava dizendo. — Ele me odeia. Não confio nele.
— Então confie em mim. — Disse Roman. — Vlad é o melhor no que
faz. Na década que ele foi responsável pela minha segurança, nenhuma
tentativa contra minha vida foi bem-sucedida. — A voz de Roman suavizou um
pouco. — Se as coisas fossem diferentes, não o teria escolhido para te
proteger, mas...
Luke suspirou.
— Eu sei. Seja breve, sim?
— Sim. — Disse Roman. — Vlad, você pode parar de bisbilhotar.
Vlad entrou na cozinha, colocando no rosto uma expressão de
indiferença diante da visão que o saudou.
A cabeça de Luke estava descansando no peito de Roman, os dedos
de Roman correndo pelos cachos dourados do garoto. Os olhos azuis de Roman
ficaram fixos em Vlad sobre o ombro de Luke, perdendo a suavidade que
tinham há pouco. Agora havia apenas a borda dura e calculista com que Vlad
estava tão familiarizado.
— Olá, Vlad. — Disse Luke sem entusiasmo e sem olhar para ele.
— Tenho que sair mais cedo do que o previsto. — Disse Roman, sem
se preocupar com as sutilezas sociais. — Ficarei fora por um mês, talvez mais.
Luke suspirou, enterrando o rosto no pescoço de Roman.
— Odeio isso.
— Eu sei. — Roman disse, seu braço apertando ao redor do garoto
por um momento.
Vlad mudou de um pé para o outro, profundamente desconfortável.
— Esteja seguro, sim? — Luke murmurou tão suavemente que Vlad
mal podia ouvi-lo.
Algo brilhou nos olhos de Roman quando encontraram os de Vlad.
Ambos sabiam que não havia tal coisa como segurança quando seu nome era
Roman Demidov. Roman era um homem perigoso e poderoso, mas havia
outros homens perigosos e poderosos. Quando estava em Moscou, Vlad tinha
ouvido através de fofocas que Roman queria se livrar dos aspectos criminosos
do seu negócio e estava fazendo uma limpeza importante. Isso deixou alguns
dos seus ex-sócios de negócios infelizes.
— Vou ficar. — Respondeu Roman.
Luke ergueu a cabeça e sorriu um pouco triste para Roman. Por toda
a aversão que Vlad sentia pelo garoto, sabia que Luke Whitford estava longe
de ser estúpido. Afinal, o próprio pai de Luke foi morto durante uma viagem de
negócio semelhante àquela que Roman estava indo.
Luke passou a mão pelo peito de Roman e ajustou um pouco a
gravata.
— Se você se matar, ficarei muito, muito mal. — Disse ele com um
sorriso torto antes de puxar o rosto de Roman pela gravata e apertar seus
lábios juntos.
Vlad desviou o olhar.
Após cerca de meio minuto, os sons de beijos finalmente pararam
com um som molhado.
— Tenho um vôo para pegar, Curly3. — Disse Roman, afastando-se de
Luke.
Luke não disse nada, mas envolveu os braços ao redor de si mesmo.
Roman olhou para ele por um longo momento antes de desviar o
olhar para Vlad.
— Algo lhe acontece e você será responsabilizado por isso. Deve
acompanhá-lo em todos os lugares, sem exceção.
— Não preciso dele na festa de noivado amanhã. — Luke
interrompeu.
— Sem exceção. — Roman repetiu, encontrando o brilho de aço que
Luke lhe enviou. — Estou falando sério, Luke.
Luke apenas olhou com mais força.
Roman sorriu um pouco, a frieza em seus olhos desaparecendo, antes
de puxar o garoto para perto e beijá-lo duro, ganancioso e possessivo.
— Comporte-se enquanto eu estiver fora. — Disse com voz rouca. —
Seja um bom menino para mim.
Os olhos de Luke se iluminaram. Vlad nem queria saber.
Com um aceno brusco para Vlad, Roman se foi.

3
Apelido carinhoso. Significa alguém de cabelos encaracolados.
Um silêncio constrangedor desceu sobre a sala.
Ele e Luke olharam um para o outro.
Vlad nunca gostou do garoto. Ele era muito bonito, muito inocente,
muito... Gay. Seu jeito extravagante riscava os nervos de Vlad.
— Você realmente não precisa me acompanhar até a festa de noivado
amanhã. — Disse Luke finalmente. — Não quero que você vá. Seria estranho
como o inferno. Quero dizer, estou acostumado com seus insultos
homofóbicos, mas não quero que ofenda os anfitriões.
Vlad franziu o cenho.
— Você quer dizer...
— Sim, os noivos são gays. — Luke disse e olhou Vlad nos olhos,
como se o desafiando a dizer algo maldoso. — Talvez tenha ouvido falar de
Tristan DuVal?
Claro que sim. Não era todos os dias que um jogador de futebol do
calibre de Tristan se assumia.
— Sim. Ele é um ex-jogador do Chelsea que recentemente admitiu
que era uma bicha.
Luke sacudiu a cabeça.
— Você não vai à festa a menos que prometa não arruinar o dia
sendo rude e homofóbico.
Vlad revirou os olhos.
— Posso me conter. Eu me contive há alguns minutos, não é?
— Você se conteve? Então, o olhar de nojo em seu rosto foi
imaginação minha?
Vlad não disse nada.
Luke soltou um suspiro.
— Olhe, sei que não gosta de mim. Também não gosto de você, então
vamos fazer um acordo, ok? Você não tem que ficar quando não é necessário.
Roman está fora do país. Ele não vai descobrir.
Vlad bufou.
— Não desejo morrer, garoto. Ele me disse para te seguir em todos
os lugares. Te seguirei em toda parte. Não tenho de gostar de você para
mantê-lo seguro.
Luke arqueou as sobrancelhas.
— Está com medo dele?
— Sim. — Disse Vlad sem rodeios. Se o rapaz soubesse a extensão do
que Roman era capaz de fazer, nem teria perguntado. Ser cauteloso com
Roman era esperto. Um leopardo não podia mudar suas manchas, não importa
o quão duro estivesse trabalhando cobri-las. — E você é um idiota por não ter,
não importa o quão bom seja em chupar seu pau. Ele não é uma bicha. E logo
recuperará seus sentidos.
Luke piscou.
— Toda vez que começo a pensar que posso tolerá-lo, você prova que
estou errado. — Ele inclinou a cabeça para o lado, seus olhos curiosos. —
Sabe, às vezes me pergunto se você tem algum sentimento latente por mim
ou Roman.
Vlad olhou para ele.
— Isso é suposto ser uma piada?
Luke sacudiu a cabeça e saiu da cozinha.
Vlad cerrou os dentes e o seguiu.
— Você não vai dizer uma merda estúpida assim e então me ignorar.
— Você está certo, isso é estúpido. — Luke murmurou. — Tenho
certeza de que você não tem sentimentos por nenhum de nós... Apenas um
monte de sentimentos gay reprimidos no geral.
Vlad fechou os punhos e tentou não pensar num quarto de hotel e
numa boca molhada em torno de seu pau.
— Não sou uma bicha. Não tenho nenhum sentimento gay reprimido.
É patético como vocês, homossexuais, vêem gays em todos os lugares.
Luke sorriu um pouco, sacudindo a cabeça.
— Tanto faz. Enfim, Tristan DuVal é a única estrela de futebol
publicamente assumido. Embora não jogue mais, ainda é famoso e o fato de se
assumir é um grande negócio para todos nós, então tenho certeza de que
haverá muitos membros da comunidade LGBT na festa. Ou você se comporta,
ou não vai. É simples assim. Tristan é o irmão do meu melhor amigo. Não
posso, e não vou deixar você arruinar a noite.
— Vou manter minhas opiniões para mim mesmo. — Disse Vlad,
franzindo a testa, pensativo. Se houvesse muitos homossexuais proeminentes
na festa, era muito provável que fossem alvo do culto. Tinha que estar lá,
independentemente de sua aversão. Ele era um profissional, em primeiro
lugar.
A cautela nos olhos de Luke não desapareceu.
— Vamos ver. — Disse suavemente. — A festa é amanhã às seis da
noite. Não se atrase.
Vlad olhou para ele.
— Não estou indo a lugar nenhum. Roman não disse que eu ficaria
aqui?
Luke arregalou os olhos.
— O quê...? — Ele se interrompeu e suspirou, balançando a cabeça.
— Bem. Siga-me, então. Vou mostrar o seu quarto.
Julgando pelo tenso conjunto dos ombros de Luke, Roman teria um
inferno de uma briga vindo em seu caminho.
Vlad não estava preocupado. Não estava lá para ser amado e fazer
amigos. Estava lá para fazer seu trabalho.
— E... Vlad? — Luke disse, sua voz muito suave. — Não me importo
com seus pontos de vista, mas não vou tolerar quaisquer insultos homofóbicos
para com os meus amigos. Dê-me uma razão e te mando embora,
independentemente do que Roman diz. Se não me sentir confortável perto de
você, não vou ficar com você. Há ódio suficiente entre nós. Não vou tolerar
isso em minha própria casa. Entendeu?
— Sim. — Disse Vlad. O garoto tinha uma espinha, daria isso a ele.
Podia respeitá-lo.
Capítulo 4

Sebastian estava muito, muito atrasado.


— Droga, Hermione! — Disse, tentando mostrar alguma autoridade
em sua voz. — Desça neste instante.
Seu gato não se moveu nem um centímetro.
— Vamos lá, menina. — Implorou, olhando para o relógio. Estava tão
fodidamente atrasado. — Desça, princesa. Por favor. Sei que você pode. —
Pelo menos ninguém podia vê-lo implorando ao seu gato. Um privilégio de
viver sozinho.
Hermione não se moveu, ainda miava pateticamente de seu lugar em
cima do guarda-roupa. Sebastian suspirou, passando os dedos por seus
cabelos cuidadosamente arrumados. Não queria deixá-la lá em cima. Ele
provavelmente iria ficar fora até a manhã seguinte e não estava confiante em
sua capacidade de descer enquanto ele estivesse fora. Não seria a primeira vez
que seu gato tinha subido em algo e então não conseguia descer. Sebastian
amava Hermione, mas não era cego com suas falhas. Ela era meio... Não
muito inteligente, verdade seja dita. Sua irmã, Julia, sempre se queixou e o
chamou de idiota por nomear o gato mais idiota do mundo, com o nome de
uma das personagens mais espertas da ficção. Para ser justo, ele não podia
exatamente dizer o quão inteligente ela era, ou não, quando Hermione ainda
era um filhote.
— Tudo bem. — Disse ele com um suspiro, olhando de novo para o
relógio. Já estava quinze minutos atrasado. — É culpa sua. — Disse ele,
pegando a vassoura.
Meia hora depois, Sebastian tinha descido o gato, trocado de roupa, e
estava subindo em seu Range Rover, tentando não se sentir culpado. Talvez
sua mãe tivesse razão e ele não deveria ser responsável por outro ser vivo.
Tomara que Hermione não fique muito traumatizada. Mas não era como se ele
tivesse muita escolha, era? Era rude chegar atrasado para a festa de noivado
do seu chefe. Bem, estritamente falando, Tristan DuVal não era seu chefe.
Sebastian era empregado de uma agência de modelos e foi contratado para ser
o rosto da nova linha de moda para homens, de Tristan DuVal, mas ainda
assim. Chegar atrasado não era aceitável. Parecer que tinha lutado com seu
gato era ainda menos aceitável. A festa não era exatamente um acontecimento
pequeno, e provavelmente haveria membros da imprensa no local. O
compromisso de Tristan DuVal com outro homem era um grande negócio,
afinal. Não era todos os dias que um ex-jogador de futebol do calibre de
Tristan se assumia.
Sebastian sorriu pesarosamente, perguntando-se quando o mundo do
esporte mudaria. Ele teve sorte que o negócio de modelo não fosse tão cruel e
implacável para as pessoas não heterossexuais. Certo, havia babacas em toda
parte, mas as coisas não eram tão ruins quanto no futebol. Havia muitos
designers e modelos gays na indústria da moda, e a maioria das pessoas era
legal com Sebastian sendo abertamente bissexual. Na verdade, às vezes se
perguntava se o fato de ele não ser hétero teria influenciado Tristan em
escolhê-lo como o rosto da sua linha de moda. Talvez. De qualquer maneira,
foi uma grande oportunidade. A linha de moda de Tristan estava recebendo
muita publicidade. Sebastian não duvidava de que seria muito bem-sucedida.
Gay ou não, Tristan DuVal sempre foi querido na mídia. Era o menino de ouro
da Inglaterra, com sua aparência requintada, charme sem esforço, uma triste
história de infância e o trágico fim da sua promissora carreira. Tristan também
tinha grandes instintos de negócios e pertencia à rara categoria de pessoas
que conseguiram tudo o que pretendiam realizar, e Sebastian estava
genuinamente lisonjeado por Tristan tê-lo escolhido para ser o rosto da sua
linha de moda. Seria muito bom.
Sebastian sorriu excitado ao pensar nisso, desligou a ignição e saiu
do carro. Como esperado, havia um grupo considerável de paparazzis na frente
do clube.
— Sebastian, dê-nos uma palavra, por favor!
— Sebastian, é verdade que você vai ser o rosto da linha de moda
DuVal? E o contrato exclusivo com a Burberry?
— Sebastian, um comentário sobre o escândalo que aconteceu
durante a semana de moda em Nova York?
— Sebastian, você foi visto com...
Colocando o seu melhor olhar misterioso e sedutor, Sebastian
caminhou em direção à entrada do clube. Para ser totalmente honesto, apesar
de anos na indústria, ainda se sentia como uma fraude quando fazia isso. Na
verdade, estava muito longe de ser ardente e sedutor. Ele fora um geek total
quando era uma criança, preferindo noites tranquilas com um livro a sair com
os amigos que não tinha. A puberdade não o tratou bem, ele era um
adolescente estranho, desengonçado, cheio de espinhas, obcecado com
videogames e livros de Harry Potter, um fraco que era empurrado e tropeçava
nos corredores.
Quem teria imaginado na época que ele teria apenas um
desenvolvimento tardio?
Agora, olhando para os lustrosos cabelos negros de Sebastian, os
sedutores olhos escuros e físico tonificado, ninguém acreditaria em quão
dolorosamente desagradável e pouco atraente costumava ser. Seu eu
adolescente nunca teria acreditado que alguns anos mais tarde ele teria a
reputação de ser um mulherengo. Queria rir cada vez que ouvia alguém
chamá-lo disso. Bem, para ser justo, a reputação não era inteiramente não
merecida. Foi muito sedutor nos primeiros anos como modelo, mexendo com
tudo o que se movia, porque de repente as pessoas o queriam e tinha sido um
pouco embriagador. Ainda era, às vezes. Não podia negar que ainda amava a
emoção de atrair olhares de admiração de homens e mulheres que não lhe
teriam dado um segundo olhar em sua juventude. Talvez fosse mesquinho,
mas porra, era justo ser mesquinho depois de passar anos sendo rejeitado e
ridicularizado. Sebastian balançou a cabeça, sorrindo um pouco.
— Você tem vinte e cinco anos, idiota. — Murmurou para si mesmo.
Um adulto. Um verdadeiro adulto. Já era tempo de superar seus anos de
merda. Não foi a primeira e nem seria a última pessoa a ter uma péssima
adolescência.
Sacudindo seus pensamentos, entrou no clube. Seu rosto distante
firmemente, navegou através da multidão, um pouco aliviado que havia tantos
convidados. Certamente seu atraso não foi notado quando havia tantos outros
convidados famosos: jogadores de futebol, modelos, executivos, políticos e
socialites.
Ele não se surpreendeu. Pelo que sabia de Tristan DuVal, o cara não
era um a perder a oportunidade de fazer conexões. Não era apenas negócio,
para ser justo, Sebastian podia ver a família do casal de noivos e alguns rostos
familiares das instituições de caridade LGBT. Era certamente uma multidão
interessante e diversa.
Sebastian olhou ao redor do salão, seu olhar passando por cima dos
grupos de pessoas conversando. Provavelmente deveria ir encontrar Tristan e
seu noivo.
Seu olhar voltou para o homem alto e loiro encostado na parede.
Havia algo familiar nele...
O homem virou a cabeça um pouco e Sebastian respirou fundo.
Merda. Era ele. O espinhoso homofóbico que chupou em Moscou.
Sebastian mordeu o lábio, olhando para o outro homem.
A coisa era, Sebastian normalmente nunca dormia com pessoas
comprometidas. Não sabia que Nina era comprometida. Notou a foto dela e do
namorado só depois do sexo. Ele se sentiu tão merda por tudo isso, mas
depois de conhecer seu namorado de mente fechada, não podia exatamente
culpar Nina por se desviar. O cara era um valentão idiota.
Sebastian odiava os valentões. Esse homem, Vlad, se sua memória
não falhasse, trouxera um ataque de lembranças dolorosas e humilhantes de
sua juventude; de ser empurrado contra os armários, chamado de maricas e
chutado por um bando de idiotas homofóbicos como aquele homem. Sebastian
não podia lutar contra intimidadores quando era adolescente, mas agora que
já não era mais magro e tímido, podia mais do que defender-se. Estava
orgulhoso por não ter deixado suas inseguranças de adolescente dominá-lo em
Moscou, orgulhoso por não ter deixado que aquele idiota homofóbico o
chutasse. Ele tinha vencido. O idiota tinha deixado seu quarto de hotel
completamente confuso e com nojo dele mesmo. Serviu-lhe direito. Sebastian
ficou tão orgulhoso, certo de que tinha ensinado ao homófobo uma lição e Vlad
saberia melhor no futuro.
Bem, tanto para isso. O babaca estava zombando abertamente de
Tristan e de seu noivo, Zach. O casal não estava fazendo nada de escandaloso:
Zach tinha o braço pendurado casualmente na cintura de Tristan, seu polegar
apoiado no quadril dele enquanto o casal conversava com alguns convidados.
As manifestações públicas de afeto eram bem leves, mas a julgar pelo rosto de
Vlad, eles poderiam muito bem estar fazendo sexo. Otário.
Mordendo os lábios, Sebastian pegou uma taça de champanhe do
garçom e se dirigiu a Vlad.
— O que um homem legal e heterossexual como você está fazendo
em um lugar como este? — Ele disse, encostando na parede ao lado do outro
homem.
O corpo de Vlad ficou rígido. Ele não virou a cabeça para Sebastian,
por isso Sebastian aproveitou o momento para deslizar o olhar sobre o cara.
Vlad estava vestido com um terno, camisa e sapatos pretos, seu cabelo loiro
cortado muito curto em contraste.
Sebastian suspirou interiormente. Por que os valentões não eram tão
feios como seu interior?
— O que você está fazendo aqui? — Vlad disse, finalmente virando a
cabeça. Sua mandíbula estava apertada tão forte que um músculo pulsava em
sua bochecha. Olhos azuis olhavam para ele.
Arrepios correram até sua espinha, mas Sebastian ignorou seus
nervos e sorriu preguiçosamente.
— Sou convidado. E você? Estou surpreso que esteja numa festa
como esta. Não tem medo de pegar germes gay?
O rosto de Vlad não se alterou, mas não passou despercebido para
Sebastian o jeito que sua mão se fechou em um punho no bolso.
— Estou trabalhando. — Vlad empurrou a cabeça para o lado, em
direção ao lindo e pequeno rapaz conversando com o casal de noivos. —
Guarda-costas dele.
Sebastian levantou as sobrancelhas, surpreso.
— De Luke Whitford? Mas ele é gay.
— Não me diga que vocês dois são melhores amigos ou algo assim.
Sebastian riu. A preocupação óbvia do cara era hilariante.
— Na verdade, não. — Disse ele. — Apenas nos conhecemos. Ele é
um amigo de um amigo. — Pensou por um momento, ponderando por que
Luke precisaria de um guarda-costas. — É sobre os assassinatos? Um pouco
estranho contratar um homofóbico para proteger um homossexual de outros
homofóbicos.
Vlad olhou para ele.
— Pensar que dois homens fodendo é grosseiro não é o mesmo que
querê-los mortos.
— Grosseiro, hein? — Sebastian sorriu e tomou um gole do seu
champanhe, olhando para Vlad pela borda da taça. Ele engoliu o líquido e Vlad
deu uma rápida olhada no movimento da sua garganta.
Isso foi divertido.
Ignorando a voz insegura na parte de trás da sua cabeça que
continuava dizendo que ele estava brincando com fogo, Sebastian deixou seu
olhar vagar por todo o peito largo e musculoso de Vlad. Não tentou ser sutil.
Ser sutil não era o objetivo aqui.
— Pare com isso. — Vlad disse, seu rosto ficando um pouco vermelho
e seus olhos brilhando como os de um assassino.
Sebastian piscou e sorriu inocentemente.
— Parar o quê?
— Olhe... — Vlad soltou um suspiro, como se cada palavra lhe doesse.
Pegou uma bebida do garçom que estava de passagem e bebeu de uma só
vez. — Não sou uma bicha.
Sebastian deu uma risadinha.
— Sei que você não é uma bicha, companheiro.
Se olhares pudessem matar, ele estaria morto duas vezes.
— Não se faça de bonito comigo.
Sebastian sorriu e cruzou as pernas, levantando um pouco o quadril.
— Sempre sou bonito. — Murmurou, lambendo seu lábio e olhando
Vlad nos olhos. — Não acha?
— Não sou uma bicha. — Vlad repetiu sem rodeios, segurando o olhar
de Sebastian. — Não tenha ideias só porque fodi sua boca uma vez.
Sebastian passou a mão pelos cabelos, um pouco surpreso. Não
esperava que Vlad reconhecesse em voz alta o que havia acontecido.
— Está bem. — Disse Sebastian. Quando Vlad lhe lançou um olhar
suspeito, de olhos estreitos, Sebastian murmurou: — Belo pau, no entanto.
Gostei muito. — E se afastou, sorrindo para si mesmo. Gostava de brincar com
os pobres cérebros dos valentões. A expressão no rosto de Vlad não tinha
preço.

****
Vlad não tinha a intenção de beber aqui. Roman teria sua cabeça se
descobrisse que Vlad ficou menos do que sóbrio enquanto estava sendo o
guarda-costas de Luke. Com certeza, uma taça de champanhe não o deixaria
bêbado, mas ainda assim. Não se sentia bem com ele mesmo por ser tão
facilmente conduzido ao álcool.
Vlad foi até o bar e pediu um copo de água. O engoliu de uma só vez,
se inclinou contra o balcão e passou o olhar pelo clube, procurando algo
incomum, qualquer um que parecesse fora de lugar.
O problema era que estava muito escuro e lotado no clube, a
atmosfera ficando mais barulhenta quando as inibições dos convidados foram
soltas pelo álcool. A pista de dança, que estava vazia no início da noite, agora
estava lotada, a música explodindo a todo volume. Não era mais uma festa de
noivado, apenas uma multidão de celebridades bêbadas e homens de negócios
moendo uns contra os outros.
O olhar de Vlad deslizou sobre a pista de dança antes de parar na
figura no meio dela. Sebastian Sumner tinha os olhos fechados enquanto seus
quadris se balançavam com a batida rítmica. Sua camisa preta estava
desabotoada quase até o umbigo, revelando seus peitorais tonificados e
estômago. Sua cabeça estava jogada contra o ombro de um homem alto e
musculoso, e seu braço estava enrolado na cintura de uma linda mulher loira
na frente dele.
Os lábios de Vlad se estreitaram quando os viu, observando a larga
boca de Sebastian sorrir obscenamente enquanto o homem e a mulher o
colocavam entre eles.
Puta.
Arrastando seu olhar para longe, Vlad voltou para onde Luke estava
sentado há alguns momentos. Ficou tenso ao ver que a mesa estava vazia.
Para onde o garoto tinha ido?
Depois de quinze minutos de busca infrutífera por toda a pista de
dança, o leve aborrecimento de Vlad se transformou em uma completa
ansiedade. Luke também não atendia o telefone celular.
Só quando estava certo de que Luke não estava em qualquer lugar
na sala lotada, Vlad foi procurar pelo resto do clube.
Era um daqueles clubes de luxo pretensiosos com muitos banheiros,
terraços e quartos privativos, um pesadelo para quem está tentando encontrar
uma pessoa. A cada minuto que passava, sua preocupação crescia. Ele ia
matar o próprio garoto se tivesse se metido em encrenca. Luke deveria avisar
Vlad se quisesse ir a algum lugar.
Vlad estava passando por uma das portas traseiras quando ouviu o
barulho. Anos de experiência o fizeram parar e prestar atenção. Parecia um
pouco como um grito abafado. Em silêncio, dirigiu-se à porta dos fundos e
abriu-a sem som.
Beco escuro. Cinco homens, um deles vestindo um uniforme de
garçom. O vestido de garçom estava uma arma na mão, empurrando contra as
costas de Sebastian Summer. Outro com uma faca pressionando a garganta de
Tristan DuVal. Dois reféns, três hostis.
Vlad não era um herói. Não tinha um complexo de salvar pessoas.
Mais tarde, racionalizou suas ações de forma lógica: talvez esses homens já
tivessem capturado Luke, que ainda não estava em nenhum lugar.
Então não pensou. Agiu.
Estava muito escuro e os homens já estavam a uns vinte metros de
distância. Ainda bem que era um atirador excepcional.
Vlad puxou a arma para fora e apontou para a arma na mão do
garçom.
O resto era um borrão de instintos, sangue e violência.
Três minutos depois, o falso garçom estava no chão, sangrando por
uma ferida na cabeça, as mãos amarradas pela gravata. Um de seus amigos
foi nocauteado, enquanto o terceiro estava choramingando sob a bota de Vlad,
enquanto ele empurrava a faca em sua coxa mais fundo antes de nocauteá-lo
também. Malditos amadores.
— Bem. — Disse uma voz, quebrando a neblina vermelha que
manchou sua visão. — Não que eu não esteja grato, mas isso é um pouco
excessivo, não acha? Além disso, quem diabos é você?
Vlad se endireitou e virou a cabeça, avaliando os outros dois homens.
O mais baixo, aquele que falara, Tristan DuVal, o olhava com curiosidade.
Parecia incrivelmente calmo para alguém que quase fora sequestrado.
Um olhar para Sebastian revelou que ele não estava tão calmo
quanto Tristan. Estava pálido, seus olhos escuros e arregalados passavam dos
homens no chão para Vlad. Sua boca estava vermelha de sangue.
Vlad sentiu sua virilha apertar e desviou o olhar, de volta para
Tristan.
— Sou o guarda-costas de Luke Whitford.
— Obrigado, guarda-costas de Luke Whitford. — Tristan disse com
um sorriso agradável.
Que porra é essa? O que havia de errado com esse garoto? Ele
parecia completamente despreocupado com o que quase tinha acontecido.
Antes que Vlad pudesse dizer alguma coisa, vários guardas de
segurança saíram pela porta, seguidos por alguns homens, Luke entre eles.
— Onde diabos você esteve? — Vlad rosnou para Luke.
— Estava no telefone com Roman. — Disse Luke distraidamente. —
Vocês estão bem, pessoal?
— Muito bem, graças ao seu Rambo. — Tristan respondeu. — Estou
bem, Zach. — Disse ele com um rolar de olhos quando seu noivo começou a
procurar por ferimentos. — Estou bem, querido. — Ele disse, mais suave,
enquanto o homem o puxava para perto e o abraçava com força, murmurando
algo em seu ouvido.
Vlad desviou o olhar. Seu olhar pousou em Sebastian novamente. O
modelo estava olhando ao redor, parecendo perdido. Ele parecia... Pequeno,
apesar de ser mais alto e muito mais musculoso do que Tristan. As
provocações confiantes, a arrogância de mais cedo, estavam longe de serem
vistas.
Vlad franziu o cenho e desviou o olhar. Não era da sua conta.
Caminhou até o atacante mais próximo e deu um tapa na bochecha
do cara. O cara gemeu.
— Quem mandou você? — Vlad disse.
O homem olhou para ele.
— Você é russo. Não deveria ser mais esperto do que salvar um par
de maricas?
Vlad só olhou para ele por um momento antes de colocar a mão na
faca ainda presa na coxa do cara e empurrar mais fundo. O cara gritou.
Vlad disse:
— Fale.
— Vlad. — Disse Luke atrás dele, parecendo nervoso.
— Fale. — Vlad repetiu, empurrando a faca novamente. — Ou vou
tirar essa linda faca e colocá-la na sua garganta.
O cara choramingou, os olhos arregalados de medo e dor.
— Você não ousaria, russo.
Vlad sorriu friamente.
— Quer apostar?
— Vlad, pare. — Luke sibilou furiosamente. — Você não pode
simplesmente torturar as pessoas por informações! — Ele olhou ao redor antes
de sibilar mais calmo. — Não estamos na Rússia. Roman não precisa desse
tipo de atenção sobre ele! Deixe a polícia lidar com isso.
Vlad assentiu com relutância e se afastou, mas não antes de dizer:
— Eles não estavam trabalhando sozinhos.
— Como sabe disso? — Sebastian interrompeu.
Vlad não olhou para ele quando respondeu.
— Eles têm fones de ouvido. Alguém estava coordenando-os. —
Provavelmente de um SUV sem identificação que agora já está longe há muito
tempo.
— Então acha que eles serão alvos novamente? — Um dos homens
que seguiu Luke para fora do clube disse. Vlad pensou que era amigo de Luke.
Ele encolheu os ombros.
— Provavelmente. Cultos geralmente são muito obcecados e tendem a
se fixar em algo no caso de uma falha.
— Vamos aumentar as medidas de segurança. — Disse o noivo de
Tristan, franzindo o cenho, com os braços ainda em volta de Tristan.
Tristan assentiu antes de olhar para Sebastian.
— Você não deveria mais morar sozinho. Pode morar com sua família?
Sebastian balançou a cabeça, ainda parecendo um pouco fora.
— Minha família não mora em Londres. Não gostaria de envolvê-los
de qualquer maneira.
— Você pode morar comigo. — Disse Luke, e o estômago de Vlad
caiu.
— Não. — Vlad cortou. — Isso é muito perigoso para você. Não
permitirei.
Luke olhou para ele.
— Felizmente não tenho que pedir sua permissão se quiser convidar
pessoas para irem a minha casa.
Vlad abriu a boca e fechou-a. Isso era verdade. Não havia nada que
pudesse fazer.
— Roman ficará furioso.
Luke sorriu.
— Eu sei. Mas se fosse por Roman, eu estaria trancado em uma torre
para me manter em segurança. Meu apartamento tem fortes medidas de
segurança. Roman insistiu nisso. É provavelmente o lugar mais seguro na
Inglaterra agora. É por isso que faz todo o sentido que Sebastian se mude para
lá enquanto esta bagunça não for resolvida.
Vlad rangeu os dentes. Tinha que admitir que a lógica do garoto era
boa.
Sabendo que tinha vencido, Luke sorriu para Sebastian.
— Viu? Até meu guarda-costas mal-humorado não tem objeções.
Vamos. Roman está fora do país e estou entediado até a morte no meu
enorme e vazio apartamento. Vlad não é divertido.
Sebastian aparentemente hesitou antes de olhar de Luke para Vlad.
Vlad olhou para ele. Não se atreva a aceitar a oferta.
Um sorriso de fantasma tocou os lábios de Sebastian, seus olhos
brilhando com um desafio familiar.
— Ok. — Disse para Luke. — Obrigado, companheiro.
Vlad queria dar um soco em algo.
Como se estivesse ouvindo seus pensamentos, Luke olhou para ele.
— Não se esqueça do que conversamos, Vlad. Se você agir como um
idiota homofóbico em torno dos meus amigos, vou demiti-lo, e você será o
único a explicar para Roman.
Vlad assentiu com a cabeça, ignorando o olhar curioso e especulativo
que Sebastian lhe lançou. Ele se virou.
Porra do inferno. Não podia acreditar em sua sorte de merda. Quais
eram as chances de Luke conhecer o cara que o chupou em Moscou?
Muito bom, na verdade, agora que ele pensou sobre isso. Luke e
Sebastian pertenciam ambos à privilegiada elite londrina. Claro que se
conheciam. Só a sua maldita sorte. E apenas sua sorte que Luke convidasse
Sebastian para viver com ele enquanto Vlad estava ficando sob o mesmo teto.
Vlad normalmente não acreditava em poderes superiores, mas se
eles existiam, deviam estar rindo dele.

Capítulo 5

Os olhos de Vlad se abriram.


Ainda estava escuro. Ele não poderia estar dormindo por muito
tempo. Ficou acordado até altas horas da madrugada para examinar os
relatórios policiais que conseguiu colocar as mãos. Luke poderia ter proibido
que interrogasse aqueles homens, mas isso não significava que Vlad iria
permanecer no escuro.
Ele ficou quieto, tentando entender o que o havia despertado do seu
sono exausto.
Forçando a audição, Vlad esperou. O apartamento estava calmo,
nenhum som vindo dos quartos dos outros dois homens.
Lá. O som de passos. Alguém estava caminhando em direção à cama.
Vlad pensou em sua faca debaixo do travesseiro e na arma na gaveta
ao lado da cama. Ele não se mexeu. O elemento surpresa era mais valioso do
que a faca. Os passos pararam. Então, o intruso rastejou para cima da cama.
Que merda é essa?
Vlad olhou para o homem, e era um homem. Ele mal conseguia vê-lo
quando o homem se aproximou dele e enfiou o rosto no ombro de Vlad, mas
estava razoavelmente certo de que era Sebastian Sumner.
Perplexo, Vlad olhou para o cara na escuridão. Ele sentiu que estava
faltando alguma coisa. Ele e Sumner não estavam exatamente em termos de
aconchego. Ele mal tinha dito uma palavra ao sujeito depois que Sebastian os
seguiu até a cobertura de Luke. De fato, o silêncio pedregoso de Vlad,
enquanto Luke mostrava a Sebastian o seu quarto, deixara claro para todos os
envolvidos o que ele pensava do convite de Luke.
— Não sei o que você acha que está fazendo, mas saia. — Vlad não
levantou a voz, mas Sebastian choramingou e empurrou seu rosto mais duro
no ombro de Vlad. Tremores estavam dominando seu corpo. O que no mundo?
Estendendo a mão para a lâmpada, Vlad a ligou. Uma suave luz
amarela iluminou a sala e ele se virou para o outro ocupante da cama.
Os olhos de Sebastian estavam abertos, mas estáticos e sem foco,
sua respiração ainda suave. Para todos os efeitos, ele parecia adormecido.
Estava sonâmbulo.
Vlad pôs a mão no ombro de Sebastian e sacudiu um pouco.
— Acorde. — Falou e ficou irritado quando não houve reação. Ele
estava cansado como o inferno, seus nódulos estavam doendo, e ele não
estava com disposição para ser babar de alguém, especialmente este homem.
Sebastian não acordou. Em vez disso, fechou os olhos. Ele ainda
estava tremendo, tentando afundar ainda mais no ombro de Vlad. Estava
deixando Vlad cada vez mais desconfortável, considerando que ambos estavam
vestindo apenas suas roupas íntimas.
Ele pensou em empurrar Sebastian para fora da sua cama e maldizer
tudo o mais, mas tinha a sensação de que Luke faria um estardalhaço se
tratasse o hóspede dessa maneira.
Suspirando, Vlad sacudiu o sujeito com mais força.
— Acorde. — Sebastian se moveu um pouco, os cílios escuros
tremulando. Ele esfregou os olhos como uma criança, seus lábios apertando
em um beicinho. — Levante-se. — Vlad rosnou em seu ouvido.
Sebastian saltou, mexendo de um jeito cômico, os olhos arregalados
e confusos enquanto se sentava.
— Que porra você está fazendo na minha cama? — perguntou ele,
olhando para Vlad.
Vlad deitou-se e cruzou os braços atrás da cabeça.
— Eu deveria ser o único a perguntar isso.
Sebastian franziu as sobrancelhas antes de olhar ao redor do quarto.
A lâmpada não era muito brilhante e Vlad não podia dizer se Sebastian estava
corando ou não, mas ele parecia um pouco envergonhado agora. Parecia
principalmente confuso.
Finalmente, seu rosto se aclarou.
— Eu sonhei, não é? — Ele disse com um suspiro resignado. —
Acontece às vezes, quando estou estressado.
Vlad deu de ombros.
— Não sei e não me importo. Saia.
Sebastian o estudou.
— Estou fazendo você se sentir desconfortável? — Disse, inclinando a
cabeça para o lado, um fio de cabelo escuro caindo sobre seus olhos. A
sonolência inocente, quase infantil de momentos atrás, tinha desaparecido.
— Sim. — Disse Vlad. — Não tenho o hábito de ter gays meio nus na
minha cama.
— Para o registro, não sou gay. Eu disse a você, sou bi.
— A mesma coisa. — Disse Vlad, fechando os olhos. — Saia. Mal
dormi graças a você e aos idiotas que o atacaram.
Uma pausa.
— Você sabe alguma coisa nova? Sobre aqueles homens? — A voz de
Sebastian soava estranha.
— Sim. — Disse Vlad, sem abrir os olhos.
Ele quase sorriu quando ouviu Sebastian fazer um barulho irritado,
impaciente.
— E?
— Eles confessaram. — Disse Vlad, resfolegando. Os fanáticos assim
eram idiotas. — Todos eles são de origem religiosa, todos pensam que estão
fazendo o trabalho de Deus. — Vlad zombou. Enquanto estava longe de ser um
apoiador LGBT, ele desprezava besteiras religiosas como essa ainda mais. —
Aparentemente, seu culto quer eliminar demônios com grande alcance,
pessoas que podem influenciar a sociedade, saindo e falando. Aparentemente
você e Tristan DuVal se encaixam no perfil. — Era tudo bastante padrão e não
desafiava nada. Tudo considerado, essas pessoas eram amadoras, não os
profissionais que Vlad estava acostumado a lidar. Chato.
— Você poderia pelo menos ter fingido estar um pouco preocupado.
— Sebastian disse. — Vlad abriu os olhos. Os lábios de Sebastian estavam
franzidos, seus olhos escuros atormentados. — Mas por que você estaria
quando concorda com aqueles loucos?
Vlad olhou para ele.
— Você tem uma memória curta. Eu salvei sua bunda deles apenas
algumas horas atrás. Se eu quisesse, os deixaria levá-lo e chutá-lo até a
morte. Hmm, talvez eu devesse ter.
— Você é um idiota. — Disse Sebastian. — E nem sequer pode negar
que concorda com os lunáticos.
— Não coloque palavras na minha boca. — Vlad fechou os olhos
novamente. — Boa noite. E não foi nada. Não precisa me agradecer por te
salvar.
Houve um longo silêncio.
— Obrigado. — Sebastian finalmente resmungou, apenas
audivelmente.
Vlad sorriu e abriu os olhos.
— O que você disse?
— Não seja um idiota. — Sebastian disse. Estava olhando furioso
para Vlad, mas havia uma sugestão de algo sincero em seus olhos. Mas então
ele se foi, substituído por uma alegria diabólica. — Estou muito grato. — Disse.
— Muito obrigado, Vlad.
Vlad olhou para ele com desconfiança. Antes que pudesse dizer
alguma coisa, Sebastian se inclinou e pressionou seus lábios suaves contra a
sua bochecha sem barbear.
— Obrigado. — Ele murmurou, sua voz baixa e um pouco rouca. —
Você foi incrível. Foi muito quente. Deixou-me excitado.
Vlad empurrou-o para longe.
— Foda-se.
Sorrindo como um pirralho, Sebastian rolou para fora da cama e saiu
do quarto.
— Boa noite, cara hétero. — Ele disse da porta, e jogou-lhe um beijo.
Vlad apenas o olhou, limpando o rosto furiosamente. Seu rosto
estava quente, percebeu com aborrecimento. Ele estava fodidamente corado.
Não conseguia se lembrar da última vez em que tinha corado e se sentia tão
fora de equilíbrio.
Com um suspiro irritado, Vlad desligou a lâmpada, deitou-se na cama
e fechou os olhos, determinado a apagar da sua mente tudo o que aconteceu
nos últimos minutos. Ele foi tão bem-sucedido quanto quando tentou esquecer
o que aconteceu há meses em um quarto de hotel em Moscou.
E era apenas a primeira noite sob o mesmo teto que aquele
merdinha. Ele não tinha ideia de como iria sobreviver a isso sem matar
alguém.
Capítulo 6

Algumas horas mais tarde, muito cedo para o gosto de Vlad. Seu
alarme disparou e ele saiu da cama, mal-humorado e ainda um pouco
perturbado, mas determinado a ignorar Sebastian. Ele não ia responder a
provocações. Sebastian provavelmente queria provocá-lo a dizer ou fazer algo
homofóbico, para dar a Luke uma desculpa para se livrar dele. Bem, se esse
fosse o caso, os dois iriam ficar desapontados.
Terminado com sua rotina matinal, Vlad se dirigiu para a cozinha,
seduzido pelo cheiro de café.
Esperava encontrar Luke perto do fogão, mas encontrou Sebastian.
Vlad parou na porta por um momento antes de entrar na cozinha e
sentar-se à mesa. Ele olhou para o prato vazio na frente dele.
— Bom dia. — Sebastian murmurou, parecendo divertido e
completamente animado mesmo há essa hora.
Vlad odiava as pessoas da manhã. Ele não confiava nelas. E parecia
que Sebastian tinha decidido continuar o que tinha começado ontem à noite, a
ficar em seus nervos.
— Vejo que você é particularmente charmoso de manhã. — Disse
Sebastian, enchendo um prato para si.
Vlad apenas olhou para ele e pegou a xícara de café da mesa. Ele
tomou um gole ganancioso.
— Isso era meu, na verdade. — Vlad fez uma pausa antes de tomar
outro longo gole. — Tosser4. — Disse Sebastian.
Vlad deu de ombros.
— Não sei o significado da palavra, mas o mesmo para você. — Ele
levantou o olhar para o outro homem e empurrou o prato vazio para ele.

4
Uma gíria britânica. O seu uso comum refere-se tipicamente a qualquer um de quem você tenha uma baixa opinião.
Sebastian arqueou as sobrancelhas.
— Você não está realmente esperando que eu te alimente, certo? —
Seu tom era tão incrédulo e irritado que Vlad quase riu.
— Estou. — Disse ele, mantendo uma expressão séria. Não podia
negar que gostava de irritar esse cara. — Eu sou um homem grande, e
queimei um monte de calorias salvando sua bunda gorda ontem à noite.
— Com licença? — Sebastian balbuciou. — Minha bunda não é... —
Ele parou e sorriu docemente. — Por que, eu não sabia que você notou minha
bunda. Cuidado Vlad, ou as pessoas podem ter uma ideia errada,
companheiro.
Vlad rangeu os dentes.
— Está na minha frente e é enorme. Difícil de perder, companheiro.
— Era realmente difícil de perder. Aqueles finos suéteres cinza não deixaram
nada à imaginação. Vlad franziu o cenho antes de levantar o olhar. — Você
tem certeza que é um modelo, com uma bunda gorda assim?
O sorriso de Sebastian se alargou.
— Eu realmente tenho um contrato com Calvin Klein. Eles não
parecem se importar com minha bunda gorda.
— Estranho. — Vlad disse, empurrando seu prato novamente. —
Estou com fome, apresse-se.
— Inacreditável. — Disse Sebastian. — Primeiro você rouba meu café
e agora você exige ser alimentado. Eu entendo que você provavelmente foi um
atleta estereotipado que intimidou as pessoas a fazer o que você queria, mas
você é um pouco velho demais para isso. Cresça e se alimente.
— Você faz um monte de suposições sobre mim. — Vlad disse,
lançando ao outro homem um olhar curioso. Não que Sebastian estivesse
inteiramente errado, mas havia algo sobre a maneira como ele tinha dito isso
que fez Vlad se perguntar
— Eu? — Sebastian disse, inclinando seu quadril contra a mesa ao
lado da cadeira de Vlad. Sua camiseta subiu um pouco, exibindo um vislumbre
do seu abdomen pálido e tonificado. — Você vai negar que está acostumado a
mandar nas pessoas por aí? Que você fica com raiva quando não consegue o
seu caminho?
— Eu fui o chefe de segurança de um bilionário durante uma década.
Era meu trabalho comandar as pessoas ao redor. — Vlad acrescentou irritado.
— Você não pode ficar em outro lugar? Está quase em cima de mim.
Sebastian inclinou a cabeça para o lado.
— Você tem medo de pegar piolho de nós, gays? — Disse, com um
brilho malicioso aparecendo em seus olhos. — Tenho medo que esse navio já
tenha partido. — Ele lambeu os lábios com uma piscadela.
Esse pequeno maricas.
— Isso é suposto ser sedutor? — Vlad disse.
— Eu não sei. — Respondeu Sebastian, aproximando-se, e se
enfiando entre as coxas de Vlad. — Você está seduzido? Ou vai me chamar de
bicha e me dar um soco?
Vlad deu a ele, o que esperava que fosse um olhar duro.
— Não vai funcionar. Então você pode parar de tentar me fazer ser
demitido.
Sebastian franziu o cenho.
— O que?
— Corte a porcaria. — Vlad disse. — Você sabe que Luke está apenas
procurando uma desculpa para queixar-se de mim a Roman e me demitir. Você
não vai me provocar ao ponto de perder a paciência e fazer algo que você
possa chamar de homofóbico.
— Boa pegada. — Sebastian disse, seus lábios contraindo.
— Eu não tenho ideia do que você quer dizer. — Vlad disse com uma
cara séria. — De qualquer maneira, nada que você faça me provocará, então
pare. — E recue. Ele não estava confortável com esse cara em seu espaço
pessoal. Isso o fazia coçar em sua própria pele.
Sebastian apenas olhou para ele por um longo momento.
— Nada? — Ele disse suavemente, um brilho diabólico apareceu em
seus olhos novamente.
Isso fez com que Vlad desconfiasse, mas dificilmente conseguiria
voltar atrás. O desafio foi emitido.
— Nada. A puta de Whitford já me despediu uma vez. Eu não vou
deixar isso acontecer de novo. — Ele iria manter suas opiniões para si mesmo,
mesmo que isso o matasse. Não daria a Sebastian e a Luke a satisfação de
entregá-lo a Roman.
— Eu deveria estar impressionado com a sua recém descoberta? —
Sebastian disse, levantando as sobrancelhas um pouco. — Teria ficado
impressionado se você realmente tivesse percebido o quão fechado e doloroso
suas opiniões são e por isso decidiu mudar.
— Todo mundo tem direito à sua opinião. — Disse Vlad. — Vivemos
em um mundo democrático.
— Claro. — Sebastian disse amigavelmente. — Mas às vezes suas
opiniões podem causar danos reais. Alguma vez você já parou para pensar
quantas pessoas você fez se sentir inferior sobre si só por ter nascido dessa
maneira? Quantas pessoas que você fez se sentir inútil?
Vlad revirou os olhos.
— Pare de dramatizar. São apenas palavras. Se você não pode
aceitar uma opinião diferente, não é problema meu.
— Só palavras. — Repetiu Sebastián, com a expressão escurecida.
Sua voz era muito suave enquanto continuava. — Você sabe, quando eu tinha
dezessete anos, havia um menino morando na mesma rua onde morávamos.
Foi com ele meu primeiro beijo, ele foi meu primeiro namorado. Quando alguns
atletas como você descobriram sobre nós, eles nos chamaram de maricas,
repugnantes, anormais, nos disseram que íamos para o inferno e assim por
diante , apenas palavras, você sabe.
Vlad se recostou na cadeira e cruzou os braços sobre o peito.
— E?
— Ele se matou. — Disse Sebastian roucamente, segurando seu olhar.
— Por causa de valentões como você que não pensam antes de abrir a boca.
Palavras podem ter muito poder e fazer muito dano.
Vlad apertou os lábios. Ele desviou o olhar antes de olhar novamente
para Sebastian.
— Então ele era fraco. — Disse bruscamente. — Você claramente não
se matou por causa disso.
— Não, eu não. — Disse Sebastian. — Porque, ao contrário dele, eu
não pertencia a uma família religiosa. Eu também estava fora, e estava
acostumado a esse tipo de besteira. Ele não estava. Então, da próxima vez,
antes de sair nos chamando de bichas anormais, por favor, pare e pense duas
vezes.
Vlad odiava ser repreendido. Odiava sentir-se ainda mais errado.
— Você terminou? — Vlad se levantou rapidamente. Ele não estava
preparado para quão perto eles estavam. Estava quase tocando o outro
homem. Embora Sebastian fosse quase tão alto quanto ele, não era nem um
pouco musculoso, e Vlad não podia negar que sentiu um prazer perverso do
conhecimento de que poderia facilmente manipular e subjugar o merdinha.
Sebastian lambeu os lábios nervosamente, sem dúvida também
ciente disso, mas se manteve firme ao chão, apenas alguns centímetros
separando seus rostos.
— Sim, você não tem nada a dizer, então está recorrendo à
intimidação física. — Sebastian murmurou. — Como previsível.
— Tenho muito a dizer. — Disse Vlad. — Só não quero magoar seus
sensíveis sentimentos gays.
Os olhos de Sebastian brilharam.
— Para o registro, enquanto eu não me importo particularmente com
rótulos, algumas pessoas bissexuais podem achar ofensivo ser constantemente
mal rotuladas como gay ou hétero. A bissexualidade é uma sexualidade válida.
Todas as sexualidades devem ser respeitadas.
Vlad deu de ombros despreocupadamente, bem ciente de que
Sebastian ficaria furioso.
— Gays levam na bunda. Você leva na bunda. Nenhuma diferença.
Um vermelho começou na bochecha de Sebastian.
— Você ignorante... Urgh! — Ele levantou as mãos em frustração,
parecendo positivamente assassino.
Vlad sorriu, cruzando os braços sobre o peito.
— O que?
— Estou indo para urgh... — Sebastian empurrou contra ele. — Você
está fazendo isso de propósito, não é?
— O que está acontecendo aqui? — A voz preocupada de Luke
interrompeu.
Vlad não se virou para ele, ainda sorrindo para o rosto vermelho e
furioso de Sebastian.
— Vlad está incomodando você, Sebastian? — Disse Luke. — Apenas
diga a palavra e o demitirei. Ninguém insulta os meus hóspedes.
Sebastian olhou de Vlad para Luke, hesitação em seu rosto.
Vlad ergueu uma sobrancelha, desafiando-o.
Sebastian olhou para ele com os lábios franzidos.
— Não. Ele não é nada que eu não possa segurar.
Olhando para os olhos de Sebastian, Vlad não tinha certeza de qual
deles tinha lançado um desafio para o outro.

Capítulo 7

Sebastian nunca esteve tão completamente e totalmente furioso.


Geralmente, era uma merda para ficar irritado e chateado. Sua irmã sempre
zombava dele quando ficava com raiva, dizendo que parecia um filhote
tentando parecer ameaçador antes de esquecer tudo e querer brincar.
A força de sua própria raiva o tomou de surpresa. Não que fosse
difícil ficar com raiva quando a razão para isso estava em torno praticamente o
tempo todo.
Acariciando seu gato, Sebastian olhou para Vlad, que estava
descansando no sofá em frente à TV. Luke havia confiado a ele que os
assassinatos não foram a única razão pela qual Vlad foi nomeado seu guarda-
costas, mas não esclareceu. Embora Sebastian estivesse curioso, não
perguntou. Não era da sua conta. De qualquer forma, Luke foi forçado a
trabalhar em casa por enquanto. Sebastian ouviu Luke e Vlad discutindo sobre
isso quando estava saindo para pegar suas coisas e seu gato, Luke disse que
estava tudo bem ele trazer Hermione. Não demorou muito para que Sebastian
arrumasse suas coisas e voltasse para o apartamento de Luke. Pensou em ficar
fora por um tempo para evitar Vlad, mas se fosse honesto, sentia-se um pouco
desconfortável estando sozinho fora depois do que aconteceu.
Quando alguns lunáticos começaram a alvejar figuras proeminentes
do LGBT há alguns meses, Sebastian esteve consternado e interessado,
naturalmente, mas não teve realmente medo por si mesmo. Os
acontecimentos da outra noite finalmente o fizeram perceber que o perigo era
muito real.
Foi assim que Sebastian se encontrou ficando na casa de Luke
praticamente o dia todo com apenas Vlad como companhia. Bem, Luke estava
lá também, mas, como o CEO da Whitford Industries, Luke tinha uma quantia
louca de documentos e passava a maior parte do tempo em seu escritório e ao
telefone com seus funcionários. Sebastian desejava que pudesse trabalhar
também e tirar sua mente das coisas desagradáveis, mas, para sua sorte
estava entre os seus compromissos. Cumpriu a maioria das suas obrigações
contratuais durante a Semana da Moda de Nova York, e normalmente ficaria
encantado com a pausa, mas não havia nada de normal nessa situação.
— Há alguma razão para você estar aqui? — Vlad disse de repente.
— Hmm?
— Você não está assistindo o filme. — Vlad disse, seus olhos ainda na
TV. — Por que não vai para o seu quarto fazer yoga, pintar as unhas ou algo
assim?
Deus, Sebastian odiava esse homem.
— O que aconteceu com a sua tentativa de não ser um idiota
homofóbico?
Vlad virou a cabeça. Seus sofás estavam a um metro e meio de
distância, mas de repente tudo o que Sebastian pôde ver eram os olhos
surpreendentemente azuis do outro homem. Eles o deixavam fora a cada vez.
Um valentão como Vlad não deveria ter olhos tão bonitos. Era estranho, mal
ajustado e simplesmente injusto.
— Não sabia que pintar unhas era algo homofóbico. — Vlad disse.
— Não se faça de idiota. — Disse Sebastian.
Vlad sorriu.
— Mas sou um russo idiota que você precisa ensinar e educar. — Ele
disse, seu sotaque muito mais pesado do que o normal.
— Urgh! — Sebastian agarrou uma almofada e a jogou em sua
cabeça. Hermione miou afundando suas garras no seu peito. Sebastian sibilou
de dor. — Porra!
Vlad riu.
Sebastian jogou outra almofada nele e o imbecil a pegou. Foda-se
seus reflexos.
— Odeio estereótipos. — Disse Sebastian. — Dizer a um homossexual
ou a um homem bi para ir pintar as unhas é ser muito ignorante, para dizer o
mínimo. Sim, existem homens gays que gostam de pintar as unhas, mas
vamos às notícias: há homens heterossexuais que gostam também!
Vlad gemeu e fechou os olhos.
— Não me inscrevi para isso. — Disse ele. — Você é tão aborrecido.
Você não deveria ser um modelo constantemente lapidado com duas células
cerebrais e...
— Urgh, cala a boca! — A próxima coisa que Sebastian sabia era que
estava em cima de Vlad, tentando arrancar os olhos. — Cala a boca, cale a
boca, cale a boca! Você é tão idiota, Urgh! Não aguento você...
Em um movimento rápido, Vlad agarrou seus braços agitados e rolou-
os, prendendo Sebastian embaixo com seu corpo pesado.
— Solte-me. — Sebastian falou, ofegando e tentando se soltar.
Vlad bufou.
— Você não pode sequer dar um soco como um homem e então me
diz para não acreditar em estereótipos.
— Não sei golpear porque não acredito em violência, não por causa
de alguma merda machista!
— Claro. — Vlad disse, e estava olhando para seus lábios?
— Você está olhando para os meus lábios?
O olhar de Vlad voltou para os seus olhos. Ele franziu o cenho.
— Na verdade sim. Estava pensando em como seus lábios parecem
vermelhos. Parece uma puta pintada.
Sebastian respirou fundo e contou até dez.
— Nunca desprezei ninguém tanto quanto o desprezo. — Disse, muito
calmamente. Franziu o nariz. — Não posso acreditar que tive seu pau na minha
boca. Quero vomitar só de pensar nisso.
Vlad abriu a boca e fechou-a.
— O sentimento é mútuo, confie em mim.
— Bom. — Sebastian cuspiu.
— Ótimo.
Sebastian ergueu o queixo.
— Perfeito.
— Fantástico.
Sebastian parecia furioso.
Vlad sorriu satisfeito.
Urgh
Seus lábios colidiram em um terrível beijo molhado e sujo. Era
verdadeiramente terrível, porque Sebastian o odiava, odiava, odiava esse
homem, absolutamente o desprezava, mas queria a língua dele em sua própria
boca, não podia deixar de chupá-la e fazer ruídos desumanos, puxando Vlad
mais perto, Em cima dele, as unhas rasparam as costas de Vlad, cavando e
puxando.
Vlad puxou para trás, xingou em russo antes de mergulhar de volta,
mordendo e sugando os seus lábios. Sebastian gemeu, sugando a língua de
Vlad e passando os dedos pelos cabelos curtos dele. Deus... Queria esse
merda. Queria uma foda dura e suja tão mal que estava tremendo com isso.
Algo caiu.
— Oh. — A voz de Luke soou fracamente.
Arfando, eles se separaram.
Luke estava olhando para eles com os olhos arregalados, sua caneca
de café no chão.
Vlad rolou e se levantou.
Lentamente, como se estivesse aturdido, Sebastian sentou-se. Seu
rosto estava tão quente que provavelmente parecia um tomate. Porra, nunca
esteve tão envergonhado em sua vida. O que Luke deve estar pensando dele...
Luke sabia como Vlad era um idiota homofóbico.
— Não é o que parece. — Sebastian disse sem coragem, tirando a
franja dos seus olhos. Precisava de um corte de cabelo e possivelmente de um
terapeuta. Que diabos estava pensando, beijando aquele homem horrível?
— Isso não é da minha conta. — Disse Luke, parecendo quase tão
embaraçado e desconfortável quanto Sebastian se sentia. — Eu irei...
— Espere! — Sebastian disse, levantando-se. — Você não tem que ir,
não está interrompendo nada importante.
Luke lançou-lhe um olhar duvidoso.
— Eu não o suporto! — Sebastian disse e ei, não soou tão defensivo.
— O sentimento é mútuo. — Vlad resmungou sem olhar para ele.
— Veja! — Sebastian disse, balançando a cabeça e sorrindo como um
louco. — Foi um erro e foi nojento. O pior beijo da minha vida, honestamente.
— Fingiu que a situação em sua calça não existia.
Vlad bufou.
— O mesmo aqui. Eu não sou gay.
Sebastian revirou os olhos.
— Claro, Vlad. — Luke disse com um sorriso torto. Passou a mão
pelos cachos dourados, ainda parecendo um pouco desconfortável. — Na
verdade... Posso falar com você, Seb? Sozinho?
Sebastian se encolheu por dentro. Falar disso era a última coisa que
queria. Mas Luke era seu anfitrião e um amigo. Seria descortês dizer não.
Sebastian assentiu com relutância.
— Certo.
Vlad saiu da sala sem dizer mais nada. Idiota.
— Olhe. — Sebastian disse uma vez que estavam sozinhos. Deu um
sorriso estranho. — Nós realmente não precisamos ter essa conversa. Sei que
ele é um idiota homofóbico. Foi um erro, realmente. Nunca mais vai acontecer.
Luke pareceu hesitar.
— Sua homofobia realmente não é a maior questão. A coisa é... —
Ele suspirou. — Não tenho certeza de que deveria estar falando sobre isso com
você, Roman ficará chateado, mas não posso fazer nada. Vlad... Ele é uma má
notícia. — Ele soltou uma risada. — Sim, é provavelmente hipócrita de mim,
meu namorado não é exatamente um santo, mas Vlad sempre me deixou
desconfortável de uma maneira diferente.
Sebastian franziu o cenho, confuso.
— O que você quer dizer?
Luke olhou para o telefone antes de erguer o olhar.
— Vlad fez algumas coisas realmente feias no passado. — Ele sorriu
torto. — Não me interprete mal, Roman também não é um santo, mas é
temperamental e calculista. Ele não perde a calma com facilidade, e ele é
realmente capaz de amar. Roman pode ser cruel com seus inimigos, mas ama
sua família e a mim, ele é ridiculamente protetor das pessoas que ama. Vlad é
diferente. Ele não tem uma família para apaziguá-lo. Tem um mau
temperamento, e o perde muito facilmente. Obviamente, não posso saber se
isso se traduz em seus relacionamentos.
— O quê? — Sebastian disse, rindo. — Não existe relacionamento
entre nós!
Luke lançou-lhe um olhar estranho.
— Não disse que existia.
Certo. Fale sobre embaraçoso.
Sebastian cruzou os braços sobre o peito.
— É só isso que você queria falar? — Disse desconfortavelmente.
— Mais uma coisa. — Disse Luke, franzindo as sobrancelhas. —
Roman me disse algo sobre Vlad... Ele disse que Vlad foi criado por uma
família muito antiquada em uma vila muito antiga, e ele é russo, então...
Quero dizer, é um estereótipo que todos os russos são homofóbicos, eu
conheci algumas pessoas realmente adoráveis e solidárias enquanto estava em
Moscou, e a família de Roman também é bastante aberta, mas há alguma
verdade nisso, infelizmente. E, aparentemente, a família de Vlad era tão
homofóbica quanto ele. Então tenha cuidado, ok? Eu realmente acho que ele é
gay, mas duvido que vá admitir isso. Quanto mais ele te quiser, mais vai te
odiar e te culpar por isso.
Sebastian trocou de um pé para o outro.
— De qualquer forma, eu avisei você. — Luke disse com um encolher
de ombros. — Só para você saber. O que faz com essa informação é sua
escolha.
— Você não precisava me avisar sobre ele. — Sebastian disse depois
de limpar a garganta. — Realmente, o que você viu foi um erro. — Ele forçou
uma risada. — Sei que ele é um idiota. Eu seria louco em me envolver com
ele.
Luke sorriu.
— Sim, você seria. Você pode fazer muito melhor.
Sebastian sorriu de volta antes de agarrar Hermione e recuar para
seu quarto. Uma vez dentro, colocou Hermione no chão e olhou para ela.
— Posso fazer muito melhor. — Disse ele.
Hermione miou. Escolheu aceitar como concordância.
— Sim. — Sebastian disse. — Nada mais de me agarrar com
intimidadores homofóbicas.
Hermione miou novamente e Sebastian suspirou antes de bater a
cabeça contra a porta atrás dele.

Capítulo 8

Vlad acordou com a boca cheia de pelos. Tossindo, empurrou a coisa


ofensiva e olhou furioso para ela.
Era uma gata. Uma gata gorda, feia e amarela.
E pelo que parecia, ela tinha feito xixi em sua cama.
Agarrando a gata pelo pescoço e a fazendo miar em protesto, Vlad
caminhou em direção ao quarto em frente ao seu.
A porta estava aberta, o que explicava como a gata tinha saído, mas
depois dos últimos dias, Vlad não estava com vontade de ser compreensivo.
Ele abriu a porta e caminhou até a cama.
O ocupante da cama nem sequer se mexeu. Sebastian estava
dormindo pacificamente de bruços, sua boca um pouco aberta enquanto
roncava suavemente. A visão aumentou a onda de inquietação e raiva dentro
dele.
O olhar de Vlad percorreu os ondulados cabelos escuros, descendo
pela curva das suas costas nuas, até as covinhas gêmeas acima do generoso
monte da bunda de Sebastian recheando sua calça de pijama. Para um
modelo, o cara realmente tinha uma bunda enorme.
— Mantenha sua gata estúpida no seu próprio quarto.
Sebastian não se moveu, apenas murmurou algo sonolento.
— Acorde. — Vlad colocou seus dedos em torno de um tornozelo fino
e apertou. Duro.
Nenhuma reação.
Ele olhou para o traseiro de Sebastian. Sua mão tremeu. Não, bater
ali seria muito gay.
Vlad mudou seu olhar para a gata em sua mão, pensativo. A coisa
feia olhou para ele. Vlad sorriu e atirou-a sobre o cabelo de Sebastian. O gato
miou.
— O que...? — Sebastian grunhiu, rolando em suas costas e
esfregando seus olhos. Ele embalou o animal assustado em seu peito nu e
olhou sonolento para Vlad. — Você tem que ser um idiota com animais
inocentes, também?
— Esse animal inocente fez xixi na minha cama.
Sebastian deu um tapinha no gato, sorrindo.
— Que menina má, Hermione. Você deveria ter feito xixi nessa sua
cara feia.
Vlad bufou.
— Hermione? E eu pensando que você não poderia ficar mais
deprimente. Que homem adulto nomeia seu gato com o nome de um
personagem de livro infantil?
Sebastian sorriu, muito docemente.
— Oh, você é um fã, também! Qual é a sua cantada favorita de Harry
Potter?
Vlad olhou para ele. Será que esse cara acha mesmo que é
engraçado?
— Está deve ser a sala Precisa, porque você é exatamente o que eu
preciso. — Sebastian disse, parecendo estupidamente satisfeito consigo
mesmo. — Espere, conheço outras. Deixe-me pensar…
— Por favor, não. — Disse Vlad. — Você vai acabar se machucando.
Sebastian pareceu não se incomodar. Seus olhos ficaram pesados
quando ele se recostou contra os travesseiros e murmurou, olhando para Vlad:
— Devo estar sob a maldição Imperius, porque eu adoraria fazer
qualquer coisa que você quisesse.
— Isso foi horrível. — Disse Vlad, cruzando os braços sobre o peito
nu.
— Foi? Tenho uma diferente. — Os olhos escuros de Sebastian
correram pelos braços de Vlad. — Eu posso ser seu elfo doméstico. — Ele
disse. — Farei o que você quiser, e não preciso de nenhuma roupa, Mestre.
— Você é hilário. — Vlad falou. — Não mesmo.
Como se não o tivesse ouvido, Sebastian deixou seu olhar correr do
peito de Vlad até sua virilha vestida com uma boxer preta.
— Eu até deixaria seu Basilisco entrar na minha Câmara Secreta. —
Ele disse, lambendo os lábios obscenamente e sorrindo. — Isso é a sua varinha
ou você está feliz em me ver?
Vlad queria estrangulá-lo.
— Você é uma criança. Infantil e ridícula.
— Isso é um pouco perturbador, companheiro. — Sebastian disse. —
Espero que você não se sinta assim em torno de crianças reais.
— É chamada de ereção matinal. — Vlad disse entre dentes, sentindo
seu pescoço esquentar. Ele ficou lá parado, recusando-se a cobrir o seu pau,
porque era apenas ereção matinal. Não tinha nada a ver com o homem meio
nu esparramado na cama e suas estúpidas insinuações. Vlad tentou imaginar
as coisas mais repugnantes que podia e finalmente sentiu seu pênis suavizar.
Sebastian bocejou, passando a mão pelo cabelo.
— Se você diz, cara grande. Não é como se você já tivesse tido uma
ereção perto de mim antes. — Ele piscou, com olhos brilhantes e inocentes. —
Oh, espere...
Vlad apertou os punhos.
— Ontem foi um acaso. Eu não sou...
— Gay. — Sebastian terminou amigavelmente. — Eu sei, eu sei.
Você é um homem muito heterossexual que às vezes costuma colocar suas
partes do corpo na minha boca. — Ele balançou a cabeça tão solenemente que
era quase impossível dizer que estava rindo dele. — Eu não culpo você. Já me
disseram que tenho uma boca muito atraente. Minha boca é tão linda que deve
ter confundido seu pobre cérebro e o fez pensar que era a boca de uma
mulher. Não se preocupe, acontece com o melhor de nós.
Vlad bufou.
— O sarcasmo é um sinal de insegurança. Além disso, sua boca não é
tão bonita assim. É muito larga e estranha. Me fez lembrar um sapo.
Ele escondeu um sorriso quando a expressão de Sebastian se tornou
indignada.
— Venha aqui. — Disse Sebastian, sentando-se.
Vlad olhou para ele com cautela.
— Para que?
— Venha aqui. — Repetiu Sebastian. — A menos que você esteja
com medo? — Ele ergueu uma sobrancelha arrogante, parecendo
irritantemente superior e zombeteiro.
Vlad suspirou e se aproximou.
— E agora? — Ele disse, olhando desdenhosamente para toda a pele
pálida e cabelos escuros. O cara o lembrava da Branca de Neve, se ela tivesse
um metro e oitenta e dois de altura e fosse homem.
— Eu te desafio a me beijar. — Sebastian disse.
Vlad ficou tenso.
— Não, obrigado.
Sebastian sorriu serenamente.
— Por que não? Você tem medo de beijar meus lábios de sapo?
Vlad não conseguia se lembrar da última vez que ele teve que se
conter conscientemente para não fazer alguém calar a boca. Deus, ele queria
foder aquela boca, mas tinha a sensação de que tocar em Sebastian seria...
Desaconselhável.
— Então? — Sebastian disse, olhando para ele desafiadoramente.
— Não preciso provar nada para você. — Disse Vlad.
Sebastian bufou.
— Eu sabia que ele diria isso, Hermione. — Ele disse a gata.
A gata estúpida miou, como se estivesse concordando.
Vlad rangeu os dentes. Seu braço disparou, agarrando um punhado
de cabelos escuros e puxou o outro homem para cima. Sebastian grunhiu de
dor, olhando para ele com os olhos arregalados. Mais uma vez, a fachada
confiante e atrevida fugiu, revelando algo que parecia terrivelmente
semelhante ao medo.
Vlad fez uma pausa, mas seu aperto no cabelo de Sebastian não
afrouxou.
— Pare com essa porcaria. — Ele disse calmamente, olhando
Sebastian nos olhos. Sua mão livre se contraiu com a necessidade de tocar
aquela pele perfeita, para machucá-la. Ele fechou o punho ao seu lado. — Você
realmente não quer me provocar. — Ele disse irritado. — Você não iria gostar
do que eu faria com sua linda pele, Branca de Neve.
O pomo de Adão de Sebastian balançou.
— Não tenho medo de você. — Ele disse. — Eu não vou te deixar me
intimidar. — Ele abaixou seus cílios escuros. — Tudo bem, não me beije. Eu
sabia que você era um covarde. Todos os valentões são. Homens como você
sempre recorrem à intimidação física quando se sentem mal e estúpidos.
Vlad suspirou irritado.
— Tudo bem. — Ele se inclinou e parou, olhando para os lábios de
Sebastian. Eles pareciam bem vermelhos e macios. De jeito nenhum o cara
não estava usando algo em seus lábios. De jeito nenhum.
Os lábios sorriram.
— Você se acovardou? — Sebastian disse.
— O que você tem, doze anos? Não, eu não me acovardei. — Ele
respirou fundo e pressionou seus lábios contra os do outro homem. E se
afastou rapidamente. — Feliz agora? — Ele disse. — Isso não fez nada comigo.
Sebastian ergueu as sobrancelhas.
— Você chama isso de beijo? Não admira que sua namorada o traiu.
— Bem fraco. — Vlad disse, soltando o cabelo de Sebastian e
afastando-se. — Agora pare de me provocar. Não vai funcionar. Se você está
desesperado por uma transa, vá procurar por homens gays. Tenho certeza que
você não será tão repulsivo para eles como você é para mim.
Ele observou a expressão de Sebastian escurecer com raiva e
humilhação.
— Quer saber? Eu vou. — Disse Sebastian. — Saia do meu quarto.
Vlad fez isso, deixando a porta bater atrás dele.
Ele ficou parado no corredor por um momento, desejando que seu
corpo relaxasse.
— O quê? — Ele rosnou quando notou Luke o observando no final do
corredor.
Luke arqueou as sobrancelhas enquanto olhava com cautela os
punhos fechados de Vlad e sua expressão furiosa.
— Não tenho certeza se quero um guarda-costas que não me faz
sentir seguro ao seu redor.
— Vá em frente, me demita. — Vlad rosnou antes de ir para o seu
quarto.
Ele também bateu a porta, antes de cair contra ela e pressionar a
palma da mão contra sua ereção. Porra.

Capítulo 9

Vlad meio que esperava que Sebastian fosse ficar em seu quarto o
resto do dia de mal humor.
Ele estava errado.
Sebastian saiu do seu quarto à noite, muito bem vestido em uma
camisa preta e jeans pretos que eram tão apertados que pareciam pintados em
suas longas pernas. Vlad teve que tirar os olhos das coxas de Sebastian,
franzindo o cenho. As coxas do rapaz eram mais bem torneadas do que a da
maioria das mulheres.
— Eu vou sair. — Sebastian disse para a sala em geral, ignorando
Vlad completamente.
Luke, que estava descansando no sofá em frente à TV, franziu a
testa.
— Tem certeza de que é uma boa ideia?
Sebastian deu de ombros.
— Não vou me esconder para sempre e colocar minha vida em pausa
por causa daqueles idiotas. Estou saindo.
— Pelo menos leve Vlad com você. — Luke disse.
Totalmente distraído, Vlad disse:
— Eu sou seu guarda-costas, não dele.
Sebastian nem não olhou para ele enquanto falava com Luke.
— Você sabe o que? É uma ótima ideia. — Ele disse a Luke. —
Obrigado!
— Meu trabalho é a sua segurança. — Disse Vlad, olhando para Luke.
— Não ser babá dos vagabundos que você pega por aí.
— Não precisa agradecer. — Disse Luke, sorrindo e piscando para
Sebastian. Ambos fingiram não ter ouvido Vlad. Pequenos idiotas.
— Eu não vou. — Vlad disse.
— Você vai. — Disse Luke. — Você sabe que estou perfeitamente
seguro aqui, então vá com Seb...
— Você não pode me obrigar a ir.
— Eu posso, na verdade. — Disse Luke, bocejando. — Enquanto
Roman está fora do país, eu sou aquele que dá as ordens. E estou mandando
você ir com Sebastian e garantir que ele não se machuque enquanto está fora.
Vlad não tinha certeza de qual deles odiava mais naquele momento.
Ele se levantou e foi para seu quarto.
Alguns momentos depois, ele voltou, colocando sua arma no coldre e
encolhendo os ombros em um casaco escuro. Ele não disse nada para os dois
homens, mas seu rosto de pedra deve ter dito tudo, porque ambos pareciam
incertos.
Sebastian o olhou com cautela antes de erguer seus ombros e sair do
apartamento. Vlad o seguiu em silêncio, olhando para sua nuca. Seus olhos
foram para o traseiro de Sebastian. Ele se perguntou como o cara conseguia
entrar naquelas calças jeans. Seu traseiro era realmente grande. E a forma
como Sebastian andava balançando os quadris assim, era claramente feito
para atrair a atenção para o seu traseiro e as coxas grosas. Vlad tinha certeza
de que o merdinha não estava usando roupas íntimas.
Os vinte minutos de viagem foram em silêncio inflexível. Se o
motorista de táxi notou a tensão, ele não disse nada.
Assim que eles chegaram, Vlad silenciosamente seguiu o modelo para
dentro do clube, mantendo alguma distância atrás dele.
O clube estava lotado. Sebastian foi imediatamente arrastado pela
multidão de pessoas, e Vlad estava certo de que Sebastian não conseguia mais
vê-lo. Vlad não tinha esse problema, claro. Ele se encostou à parede e o
observou de longe, entrando na mentalidade de um guarda-costas; imparcial,
mas atento e cauteloso.
Sebastian tomou alguma bebida colorida no bar antes de ir para a
pista de dança. Não demorou muito para atrair atenção. Em pouco tempo, ele
balançava os quadris ao ritmo da música, com os olhos fechados e a cabeça
jogada para trás no ombro de outro homem. Mãos masculinas tocaram seus
quadris enquanto seu dono triturava sua virilha contra o traseiro de Sebastian.
Vlad assistiu à exibição com crescente desgosto. Nem sequer era um
clube gay, pelo amor de Deus. Como esse homem sabia que estava tudo bem
em dançar dessa maneira com um total estranho? Que ele não levaria um soco
no rosto por moer contra outro homem? Não era como se Sebastian fosse um
twink ou algo assim.
Talvez fosse porque ele parecia uma maldita bicha. Os olhos de Vlad
percorreram a camisa de Sebastian com desprezo antes de se estabelecer
novamente nas mãos que seguravam os quadris de Sebastian. Nojento.
Ele olhou para as mãos do sujeito, mas em vez de desaparecer sob a
força de seu olhar, elas deslizaram sob a camisa para apalpar a barriga pálida
de Sebastian.
Percebendo que seu corpo estava tenso, Vlad tentou relaxar, mas não
conseguiu. Ele observou o sujeito apalpando o estômago de Sebastian, sua
mão escorregando para acariciar seus mamilos. Os lábios de Sebastian se
separaram. A puta estava claramente se divertindo, desfrutando de ter seu
peito tateado por um total estranho em público. Vlad ergueu os olhos para
olhar para Sebastian e o encontrou já olhando para ele através de olhos
nublados e pálpebras pesadas. Sebastian sorriu para Vlad e virou o pescoço
para o outro cara, o deixando-o beijar seu pescoço enquanto as mãos do cara
acariciavam seus mamilos. Vlad não precisava ouvir para saber que Sebastian
estava gemendo, se esfregando contra o outro homem.
— Vagabunda. — Vlad murmurou.
Sebastian, que não tinha tirado os olhos dele, sorriu ainda mais, seus
olhos se fecharam quando o outro homem segurou a protuberância sob a sua
calça jeans.
Vlad não percebeu que estava se movendo até que se encontrou a
meio caminho do casal. Antes que pudesse pensar duas vezes, estava
arrancando Sebastian dos braços do homem.
— Que porra é essa, cara? — O cara gritou sobre a música.
Vlad o ignorou.
— Você já terminou? — Ele rosnou no ouvido de Sebastian.
— Terminou com o quê? — Sebastian disse. — Larga o meu braço.
— Me provando que outros homens te querem. Isso é fodidamente
patético.
Sebastian fez uma careta para ele.
— Pare de ser um idiota, seu pau egocêntrico. Eu não estou provando
nada para você. Estou aqui para fazer sexo. Agora solte meu braço e
gentilmente vá se foder.
Vlad olhou para ele.
Sebastian virou a cabeça, seu pescoço estava coberto de marcas que
fizeram os punhos de Vlad se apertarem. Vagabunda, vagabunda, vagabunda,
soou em seus ouvidos. Ele não conseguia se lembrar da última vez em que ele
ficou tão bravo, sem um bom motivo.
— Cai fora, cara. — Disse o outro, tentando puxar Sebastian de volta
para ele. Ele não conseguiu, é claro. Vlad puxou Sebastian para mais perto,
seus dedos apertando a cintura de Sebastian sob a camisa. — Ele é seu
namorado ou algo assim? — Perguntou o cara, olhando para o braço de Vlad
em volta da cintura de Sebastian.
— Sim. — Vlad mentiu, só para se livrar do filho da puta irritante.
— Não! — Disse Sebastian. — Ele não é ninguém!
O homem lhe deu um olhar cético.
— Desculpe, estou aqui para me divertir, não me envolver com o que
quer que isso seja. — Depois ele desapareceu na multidão.
— Urgh. — Sebastian disse, olhando para ele, antes de arrastar Vlad
da pista de dança. Com a mandíbula apertada, levou Vlad para o banheiro
mais próximo desocupado, puxou Vlad para dentro e trancou a porta. Então
ele se virou e socou Vlad no estômago. Era desajeitado e inexperiente, mas
pegou Vlad de surpresa.
— Quer começar a se explicar? — Sebastian rosnou. — Por que você
disse isso?
Vlad cruzou os braços sobre o peito.
— Porque você parecia desesperado e patético.
— Eu não parecia nada disso. — Sebastian levantou o queixo e
franziu os lábios. — Mas mesmo se eu estivesse, o que você tem com isso? Por
que você está se comportando como um pai antiquado que protege a virtude
da sua filha?
Vlad abriu a boca e a fechou.
A verdade era que ele não tinha nenhuma explicação razoável para
seu comportamento. Ele só sabia que ver Sebastian sendo tocado por aquele
homem o deixou louco. Inferno, ele ainda sentia nojo quando olhava para os
chupões vermelhos no pescoço pálido de Sebastian.
— Vocês dois eram nojentos. — Disse Vlad. — Se esfregando como
pervertidos.
Sebastian ergueu seu punho, o abrindo e fechando.
— Juro por Deus, nunca estive tão tentado a me tornar violento até
te conhecer.
Vlad bufou.
— Desculpa cara. Eu sou uma má escolha para se tornar violento.
Um músculo começou a pulsar na bochecha de Sebastian.
— Você realmente acha que eu não posso te machucar?
— Você não pode. — Disse Vlad. Ele não estava sendo presunçoso.
Era apenas uma declaração real.
Mas, aparentemente, Sebastian o tomou por presunção, porque ele
fez um barulho frustrado e com raiva e ergueu o punho em direção à sua
mandíbula.
Vlad agarrou sua mão e o jogou contra a porta com facilidade.
Pegando o outro pulso de Sebastian, ele os levantou sobre suas cabeças.
— Foda-se! — Sebastian rosnou, se debatendo e grunhindo como um
gato feroz. — Eu odeio você, odeio você, odeio você...
Vlad fechou a boca no pescoço de Sebastian, os dentes afundando e
os lábios sugando sobre a marca vermelha ali.
Sebastian fez um barulho assustado antes de se transformar em um
longo gemido.
Foda-se, sua pele parecia incrível e a maneira como ela cheirava...
Vlad precisava mordê-lo bem ali, precisava machucar aquele pescoço pálido,
precisava substituir aquelas marcas com as suas. Essa necessidade pulsava
através do seu corpo, fazendo sua cabeça girar, e ele chupou mais forte, duro
e rápido, e ele precisava, precisava...
Ele apertou seus quadris contra Sebastian e ouviu um gemido. Ele
não tinha certeza de quem o fez, mas logo não importava, porque eles
estavam no cio como animais, como adolescentes cheios de tesão, ruídos
baixos e desumanos deixaram suas bocas enquanto esfregavam seus paus
vestidos de jeans juntos. Não era suficiente.
Vlad se atrapalhou com a mão livre entre seus corpos, soltando um
grunhido de frustração quando o jeans estúpido de Sebastian se recusou a ser
puxado para baixo. Finalmente, ele conseguiu os puxar para baixo, fazendo
Sebastian gritar.
— Doeu, seu idiota!
— Se você não tivesse vestido esses jeans sacanas dois números
menores, não teria sido tão difícil. — Vlad disse, antes de empurrar Sebastian
de cara na parede. Ele tocou a pele macia, deliciosamente cheirosa da nuca de
Sebastian e acabou se atrapalhando com seu próprio zíper.
Ambos gemeram quando Vlad empurrou seu pênis vazando contra a
bunda de Sebastian. Vlad olhou para baixo, observando fascinados os globos
perfeitos da bunda dele. Seu pênis vermelho parecia obsceno e sujo contra ela.
— Você não vai me foder a seco. — Sebastian disse com voz rouca.
Foder com ele?
O simples pensamento sacudiu seu corpo, limpando um pouco seu
cérebro da névoa induzida pela luxúria.
Que diabos ele estava fazendo?
— Aqui. — Sebastian disse, tirando alguma coisa do bolso. Só quando
Vlad notou que as mãos de Sebastian estavam livres, ele percebeu onde
estavam as suas. Elas estavam segurando os quadris de Sebastian, seus
polegares amassando avidamente suas nádegas sedosas e suaves.
— Você vai me foder ou não? — Sebastian disse, sua voz tensa. —
Se não for, eu vou achar outro homem que faça isso. Alguém que saiba o que
está fazendo.
Sobre seu cadáver.
Vlad pegou o preservativo e o pacote de lubrificante da mão de
Sebastian.
— Só para constar. — Ele disse, rosnando um pouco enquanto rolava
a camisinha e lubrificava seu pênis dolorido. — Isso não me faz uma bicha.
— Claro que não. — Sebastian disse enquanto Vlad usava o resto do
lubrificante em sua entrada. — Você é a definição de reto. Mais em linha reta...
Umm... Suas palavras se transformaram num gemido silencioso quando Vlad
empurrou dentro dele.
— Espere. — Sebastian disse, ofegante. — Me dê um segundo.
Vlad não sabia se iria conseguir. Ele cerrou os dentes com a tensão
em torno do seu pênis, sua visão nadando com desejo. Ele enterrou o rosto
contra a nuca suada de Sebastian, esticando a pele, desesperado para se
mover, para foder. Ele não conseguia se lembrar da última vez que esteve tão
desesperado para foder alguém, colocar seu pau dentro dele, e foder, foder e
foder.
— Vamos. — Sebastian finalmente disse, relaxando. — Mecha-se.
Obrigado, porra.
Vlad puxou para trás e então empurrou, seus dedos apertando a
carne macia da bunda de Sebastian.
— Oh. — Sebastian respirou, inclinando a testa contra a porta e
empurrando sua bunda de volta para o pênis de Vlad. Deus, o jeito que ele
parecia... A borda da sua camisa preta acima da sua bunda impecável, seus
jeans pretos puxados para baixo sobre suas coxas torneadas, grossas, longas
e intermináveis... Foda-se.
Vlad tinha que fodê-lo. Ele precisava. Então ele fez, grunhindo
enquanto empurrava para o aperto perfeito da bunda de um homem, porra.
Beijou e mordeu o pescoço de Sebastian, seus dedos deixando hematomas em
sua pele clara.
Nenhum deles estava particularmente quieto, ele gemia e grunhia
quando batia em Sebastian, seus gemidos se tornando obscenamente altos.
Levou vários instantes para perceber que os golpes que ele estava
ouvindo estavam vindo do lado de fora: alguém estava batendo na porta,
querendo usar o banheiro.
Ele ficou rígido, seu pau ainda dentro de Sebastian. Merda. Alguém
estava do outro lado da porta enquanto ele tinha o pau dentro de outro
homem. Merda.
— Não se atreva a parar. — Sebastian murmurou, soando
completamente extasiado. — Por favor, por favor, não pare. Está tão bom.
Os quadris de Vlad se moveram por vontade própria, seu pênis
mergulhando dentro e fora da bunda de Sebastian enquanto alguém exigia
usar o banheiro. Era errado, doente, pervertido, mas ele não conseguia parar,
não podia fazer nada além de querer e pegar. Ele mal registrou Sebastian
acariciando seu próprio pênis desesperadamente, gemidos escapando da sua
boca quando Vlad empurrava mais duro dentro dele.
— Sim, aí... Isso... Mais duro. — Ele resmungou, e Vlad o fodeu mais
forte, girando um pouco os quadris, sentindo que morreria se tivesse que
parar.
— Mais duro. — Sebastian exigiu, choramingando.
Deus, ele era insaciável para caralho, nascido para levar um pau.
Vlad rangeu os dentes, fodendo Sebastian em um ritmo brutal agora,
como um animal fodendo uma cadela no cio. Finalmente, Sebastian gritou e
caiu exausto contra a porta. Ele gozou, Vlad percebeu atordoado. Ele tinha
feito outro homem gozar em seu pênis.
— Malditos pervertidos, arranjem um quarto. — Gritou o homem do
outro lado da porta. — Bichas!
Seu corpo estremeceu com excitação perversa e Vlad se viu gozando
também, gemendo em silêncio.
Levou vários minutos para recuperar sua função cerebral.
A primeira coisa que percebeu foi a música. Um clube. Eles estavam
em um clube. E ele tinha acabado de fazer sexo com um homem.
Vlad abriu os olhos. Sua boca ainda estava na nuca de Sebastian.
Ele recuou lentamente, olhando para as marcas de mordidas
vermelhas no pescoço de Sebastian. Tirou o preservativo, o amarrou e o jogou
no lixo. Virando as costas para Sebastian, ele fechou sua calça, seus dedos
lentos e desajeitados. Ele podia ouvir movimento atrás dele, um grunhido, um
farfalhar de roupas.
Com o corpo rígido, Vlad esperou que o outro homem dissesse algo
zombeteiro. Ele tentou pensar em suas respostas.
Eu não sou gay. Isso foi um erro. Isto é culpa sua. Não sou gay. Sou
um homem normal e heterossexual.
Mas Sebastian não disse nada. A próxima coisa que Vlad ouviu foi o
som da porta se abrindo e fechando. Quando se virou, Sebastian tinha ido
embora.

Capítulo 10

Sebastian fechou a porta do seu quarto e caminhou lentamente para


sua cama. Jogando-se sobre ela, olhou para suas fantásticas botas de Saint
Laurent. Sentia-se como um garoto estúpido e delirante de dezesseis anos de
novo.
Quando tinha dezesseis anos, teve uma enorme paixão pelo capitão
da equipa de futebol da escola, Mike Fletcher. Deus, era tão clichê: o garoto
gay; eles nunca se importaram quando Sebastian disse que ele era bi,
apaixonado pelo menino mais popular na escola, que era reto como uma seta,
como todo mundo sabia. Mike Fletcher não tinha sido reto como uma flecha,
pelo menos ele era gay o suficiente para permitir que Sebastian o chupasse
quando ele não estava o chamava de maricas nos corredores da escola.
Mike nunca havia retribuído, nunca o tocou, porque, segundo ele, não
era gay. Mike nunca o beijou, mas o Sebastian de dezesseis anos, era ingênuo
e delirante o suficiente para pensar que Mike estava apenas negando seus
sentimentos, que ele não deixaria Sebastian sugar seu pênis se não tivesse
sentimentos genuínos por ele. Foi muito mais tarde que Sebastian percebeu
que ele e Mike não tinham sequer sexo. Era uma devoção unilateral e
servil. Quando Sebastian disse a Mike que estava apaixonado por ele e queria
mais do seu relacionamento, Mike riu na sua cara e disse:
— Que relacionamento?
Fazia anos, mas Sebastian ainda se lembrava da inflexão na voz de
Mike e do desdém no rosto dele quando havia dito isso. E como se não tivesse
sido suficiente para Mike pisar todo o coração de Sebastian, Mike e seus
amigos literalmente chutaram os sentimentos dele mais tarde naquele
dia. Mike riu quando seus amigos o usaram como um saco de pancadas.
Depois disso, Sebastian fez o seu melhor para ficar longe de Mike
Fletcher, mas Mike não o deixaria em paz. Quase um ano depois, Mike pegou
Sebastian dando beijo no seu primeiro namorado, Bill. Mike tirou uma foto
deles, e o resto, como se costuma dizer, era história.
Bill, que não tinha saído, foi forçado a sair do armário e exilado pela
sua própria família. Um mês depois, de pé junto à cova de Bill e sentindo que
as pessoas olhavam para ele, Sebastian prometeu a si mesmo que nunca
mais. Estava farto de se envolver com caras que intimidavam outros para
esconder sua própria sexualidade. Gente como Mike nunca mudava. Eles eram
do tipo que se casavam cedo, produziam de dois á cinco filhos, e fodiam algum
gay ingênuo antes de voltar para sua esposa perfeita. Nunca mais.
E agora, quase dez anos mais tarde, Sebastian sentiu seu estômago
embrulhar, queimando de vergonha, porque estava com Mike Fletcher de
novo, não estava? Aparentemente, ele ainda era tão estúpido e fraco quanto
naquela época.
Jesus, como ele pôde? Como pôde ir contra seus próprios princípios e
deixar outro idiota homofóbico e enrustido foder com ele? Em Moscou, não
ficou envergonhado, porque sentiu que estava ensinando ao idiota homofóbico
uma lição. O que ele estava fazendo nos últimos dias, provocando Vlad, estava
perigosamente perto de flertar. O que acontecera no clube não foi uma
lição. Ele foi apenas estúpido, querendo arranhar a coceira e ser fodido,
profundo e duro.
Vlad o chamou de uma vagabunda. Ele estava certo.
Mesmo agora, só de pensar nisso e de lembrar o que sentira fez o
pau gasto de Sebastian se contrair, uma excitação vergonhosa derramando
sobre ele mais uma vez.
Idiota. Ele era um idiota. Não era mais um adolescente estranho,
pálido como a morte e impopular. Ele tinha dúzias de homens e mulheres
lutando por sua atenção. E ainda assim ele tinha que ir e ser fodido por um
homem que não tinha nenhum remorso pela sua homofobia.
Algo macio esfregou seu tornozelo. Sebastian olhou para baixo.
— Não tenho esperança, tenho? — Ele disse, pegando sua gata e
embalando-a contra seu peito. Ele caiu de volta no colchão e começou a
acariciá-la, tentando esvaziar sua mente de todos os pensamentos.
Não deu certo.
A pior parte foi... Ele adorou. Adorou fazer Vlad ficar louco, o fazer se
perder, sentir os grunhidos baixos de Vlad contra sua orelha, sentir os dedos
de Vlad apertarem seus quadris enquanto não podia deixar de fodê-lo. Era um
sentimento tão poderoso. O excitou quase tanto quanto o pau grosso dentro
dele.
Ele saiu antes que Vlad pudesse jorrar sua habitual merda
homofóbica, e também porque se sentiu envergonhado demais. Envergonhado
de amá-lo tanto, envergonhado por cair no mesmo buraco de coelho que caiu
quando era adolescente, e envergonhado por quebrar a promessa que fez para
si mesmo no túmulo do garoto morto.
— Por que sou tão idiota? — Sebastian sussurrou com um sorriso sem
humor.
Hermione miou.
— Sim. — Sebastian disse, fechando os olhos. Ele ficou tenso quando
ouviu o som de passos no corredor.
Vlad também estava de volta.
Os passos pararam diante da sua porta.
Sebastian ficou rígido, o coração batendo em seus ouvidos.
Ele entraria? Para que? Para dizer a Sebastian que ele não era
gay? Para agredi-lo? Ou talvez... Para rastejar em cima dele para outra
rodada?
Sebastian se odiou pela pequena emoção que sentiu ao pensar nisso.
Os passos soaram de novo, e então a porta em frente ao seu quarto
se fechou.
Sebastian suspirou, sem saber se estava desapontado ou aliviado
pela falta de confronto com Vlad.
Sabendo que o caminho estava livre, Sebastian saiu do quarto. Ele
estava com sede como o inferno. Caminhou para a cozinha, mas parou quando
viu que Luke estava lá. Ele estava sentado na mesa da cozinha, falando ao
telefone. Estava conversando com seu namorado, Sebastian percebeu. Antes
que pudesse sair para dar privacidade a Luke, ouviu seu próprio nome e parou.
— Isso não depende de você, Roman. — Disse Luke.
Sebastian encontrou o namorado de Luke apenas uma vez e não
tinha certeza do que pensar do homem. Roman Demidov era um homem
imponente, bonito, com o ar de poder e autoridade sobre ele, mas seus olhos
azuis frios deram a Sebastian um arrepio. Eles pareciam ler todos os seus
pensamentos e ver através dele. Roman deu a impressão de ser um homem
que não hesitaria em usar sua fraqueza contra você. Sebastian não conseguia
imaginar um homem menos adequado para um sujeito suave e romântico
como Luke, mas parecia funcionar.
— Vamos lá, Roman. — Disse Luke, parecendo divertido e um pouco
resignado. — Eu me sinto como Rapunzel. — Ele riu suavemente. — Até tenho
o cabelo dourado. — Qualquer coisa que Roman disse fez o sorriso de Luke
sumir. — Chega. — Disse ele. — Não sou nem descuidado, nem estúpido,
Roman. Sebastian é um amigo e precisa de ajuda. Sei que você está
preocupado, mas não estou recuando nisso. — Uma pausa. — Sobre isso... —
Disse Luke. — Não quero Vlad em minha casa. — A resposta de Roman fez
Luke revirar os olhos. — Ele é um idiota homofóbico. — Disse Luke.
Houve uma pausa.
— Não, ele não tem, mas minha casa é meu lugar seguro. — Disse
Luke. — Não quero que pessoas como ele se aproximem de mim ou dos meus
hóspedes. Sei que ele está incomodando Sebastian. — Luke suspirou. —
Ok. Mas quando você vai voltar para casa?
Houve uma pausa novamente. Luke fez beicinho.
— Isso não é logo. — Ele mordeu o lábio. — Sinto sua falta. A cama
está fria e vazia sem você. — A resposta de Roman fez Luke sorrir
suavemente. — Sim. — Disse. — Por favor, se cuide. Eu te amo.
Sebastian sentiu algo em seu peito apertar. Houve um tempo em que
também sonhou com o amor, em ter um parceiro estável para passar a vida
com ele. Um tempo em que não tinha medo de se machucar, não podia
imaginar se machucar pelo amor. Parece que foi em outra vida.
Luke desligou e suspirou, baixando a cabeça em suas mãos.
Sebastian limpou a garganta e entrou na cozinha.
— Desculpe, eu não queria ouvir, mas... Vou me mudar se o seu
namorado estiver contra...
— Não se importe com isso. — Disse Luke, erguendo a cabeça.
— Ele está apenas preocupado comigo. — Sua expressão se tornou
curiosa quando seus olhos varreram Sebastian, permanecendo em seu
pescoço. Luke sorriu.
— Teve sorte esta noite?
Não exatamente.
Sebastian encolheu os ombros e foi se servir de um copo com água.
— Vlad se comportou? Eu o vi quando ele voltou. Estava como uma
nuvem escura. — Luke riu. — Quando ele rosnou para mim, parecia um
trovão.
Sebastian engoliu sua água e colocou o copo no balcão ao lado da
pia.
— Sim. — Falou, contente que estava de costas para Luke e não tinha
que olhar nos olhos dele.
Uma nova onda de vergonha e mortificação tomou conta dele. Luke o
julgaria se descobrisse o que Sebastian permitiu acontecer? Claro que sim,
Sebastian iria julgar o inferno fora de si mesmo, se estivesse no lugar de
Luke. Mas, Luke estava namorando um russo.
— Posso te perguntar uma coisa? — Sebastian disse depois de um
momento de hesitação. Sempre gostou de Luke, ele era fácil de gostar, mas
ele e Luke eram mais amigos casuais. Sebastian não pensava que eles já
tinham falado sobre algo sério.
— Claro. — Luke disse, olhando para ele com curiosidade.
— Como Roman não se importa com a homofobia de Vlad?
Uma ruga apareceu entre as sobrancelhas de Luke.
— Não é que Roman não se importe, ele só entende por que Vlad é
assim. — Ele suspirou. — Você tem que entender que as coisas são diferentes
na Rússia, especialmente no campo. A homofobia é considerada a norma
socialmente aceitável em vez de algo de mente fechada e ruim. É terrível, eu
sei, mas é o que é.
— Então por que Roman não é homofóbico também?
Luke fez uma careta.
— Roman também tem seus momentos. E sua situação é bastante
singular. A maior parte da família dele vive na Suíça, e ele passa muito tempo
nos Estados Unidos e na Europa. Ele foi submetido à homofobia em menor
grau do que a maioria dos russos. — Luke encolheu os ombros. — E ajuda que
Roman seja muito aberto de espírito quando se trata de sexo, por isso não foi
um salto tão grande para ele. — Luke estremeceu. — Ainda há momentos em
que eu quero bater nele. Roman não se considera gay, ele diz que está comigo
porque me quer, não o meu pau. — Um sorriso suave apareceu no rosto de
Luke. — Isso me deixa um pouco irritado, mas também é meio doce? Eu o
amo, e ele me ama. Ninguém é perfeito. Algumas coisas valem a pena. O amor
vale a pena.
Sebastian sorriu fracamente. Ele não sabia se sentia ciúme ou
aterrorizado por Luke. Como poderia Luke deixar-se apaixonar por um homem
que nem se identificava como gay? Era uma receita para o desgosto, ou
felicidade, se os sentimentos de Roman fossem genuínos.
— De qualquer forma, por que você está perguntando? — Luke disse,
dando-lhe um longo olhar.
— Apenas curioso. — Sebastian fingiu um bocejo. — Estou
exausto. Boa noite.
— Boa noite. — Luke disse com diversão em seus olhos.
Sebastian correu para fora da cozinha, esperando que ele não fosse
um livro aberto. Parou abruptamente no corredor. A porta do quarto de Vlad
estava aberta. Molhando seus lábios, ele caminhou para ela o mais
silenciosamente que pôde e olhou para a abertura.
Sem camisa, Vlad estava fazendo flexões com um braço, seus
músculos das costas se moviam e se flexionavam com gotas de suor
escorrendo pela espinha.
Sebastian engoliu em seco e afastou os olhos. Voltou ao seu quarto,
se perguntando se o risco de acabar sendo sequestrado por lunáticos
homofóbicos era preferível a ficar sob o mesmo teto que Vlad.
— Vou ignorá-lo amanhã. — Sebastian disse a Hermione.
Ela lhe deu um olhar fixo. Sebastian suspirou, caiu na cama e cobriu
a cabeça com um travesseiro.
Até mesmo seu gato o estava julgando.
Capítulo 11

Normalmente, Sebastian era uma pessoa matinal. No entanto, depois


de passar metade da noite acordado, agitado e se virando, ele realmente não
apreciou ser despertado grosseiramente por um telefonema do seu agente.
— Vamos lá, levante...
— Espere, o quê? — Sebastian falou, esfregando os olhos.
Zoe suspirou.
— Você ouviu uma palavra do que eu disse? As fotos
para Gentleman começam em quatro horas. Esqueceu-se da sessão de
fotos? Espero que você esteja se mantendo em forma e comendo de forma
saudável.
Sebastian lembrou culpado do sorvete que comeu no dia anterior,
enquanto estava irritado com as palavras de Vlad.
— Claro. — Mentiu. Ele sabia que tinha a sessão de fotos em breve,
mas a data deslizou da sua mente com toda a emoção dos últimos dias.
— Ótimo. — Disse Zoe. — Embora não queremos que você pareça
muito perfeito. Você sabe que a Gentleman gosta de um olhar mais autêntico,
natural. Eles estarão fazendo a primeira parte da sessão de fotos em sua
cidade natal, você se lembra disso, não é?
Sebastian bocejou, tentando acordar completamente e falhando.
— Claro. — Respondeu. Ele se lembrava. Essa revista tocava a linha
tênue entre moda e arte. Os editores gostavam quando suas sessões de foto
tinham uma história coerente ou pelo menos emitiam uma mensagem
significativa. Eles gostavam de usar o modelo de fundo para a inspiração. Era
bem diferente das fotos habituais de Sebastian nas revistas de moda.
Ficou um pouco hesitante sobre aceitar o trabalho no início. Ele não
tinha certeza se queria compartilhar com o mundo o perdedor que foi em sua
juventude. Foi Zoe quem o convenceu de que, além dos benefícios financeiros,
esse trabalho também enviaria uma mensagem poderosa a todos os
adolescentes que estavam lutando, deprimidos lá fora. De que alguém no
fundo da escada social poderia se tornar muito bem sucedido quando
adulto. Isso finalmente convenceu Sebastian a aceitar.
— Ótimo, então! — Zoe disse. — Só mais uma coisa, amor. Você vai
precisar de um guarda-costas. O ataque contra você é notícia. Você não pode
ser visto em público desprotegido, isso iria refletir mal na
agência. Encontramos alguém para você, e ele deverá buscá-lo em meia hora.
— Tudo bem. — Sebastian disse com um suspiro.
— Boa sorte.
— Obrigado. — Sebastian disse e desligou.
Ele olhou para o relógio. Esperava que a agência fosse capaz de
encontrar um guarda-costas decente em tão pouco tempo. Sebastian não era
estúpido nem descuidado. A sessão de fotos era de conhecimento público. Ele
estaria ao ar livre na maior parte dela. Era uma oportunidade perfeita para
atacá-lo.
Tentando sacudir o nó de apreensão em seu estômago, Sebastian
saiu da cama. Depois de terminar sua rotina matinal e vestir-se, saiu do seu
quarto. Ele tinha que dizer a Luke que teria que ficar fora o dia todo.
Luke estava na cozinha, e não estava sozinho.
Sebastian não deixou seus passos vacilarem quando viu Vlad
conversando profundamente com Luke. Ambos olharam para cima quando ele
entrou na cozinha.
— Bom dia. — Disse Sebastian, servindo uma xícara de chá.
— Você vai embora? — Perguntou Luke.
— Sim, para uma sessão de fotos na minha cidade natal.
— Cancele. — Disse Vlad.
Sebastian, que até este ponto tinha ignorado com sucesso Vlad,
virou-se para ele.
— Desculpe?
Ele esperava que Vlad evitasse seus olhos depois do que aconteceu
na noite passada, mas ele encontrou o olhar de Sebastian.
— Cancele. — Repetiu. — Meu contato na polícia ligou. Um dos
homens presos falou. Aparentemente seus amigos estão planejando algo
grande para hoje.
Sebastian franziu o cenho.
— Por que hoje?
— É o Dia Nacional do Orgulho, Seb. — Lembrou Luke.
— Oh. — Sebastian disse suavemente. — Isso me escapou
completamente. — Ele olhou para Vlad. — O cara disse o que exatamente
esses lunáticos estão planejando?
Vlad sacudiu a cabeça.
— Ele só sabe que vão atacar dois públicos LGBT hoje. Após o ataque
a você ter falhado, você é uma escolha óbvia. Esses tipos de cultos tendem a
se fixar nas coisas.
— Quantas pessoas sabem que você tem uma sessão de fotos hoje?
— Perguntou Luke.
Sebastian apertou os lábios.
— É de conhecimento público. Não adianta manter secreto de
qualquer maneira, porque a maioria das fotos é feita em locais públicos.
— Você vai ter que cancelar. — Disse Luke franzindo o cenho.
— Não posso. — Disse Sebastian.
Vlad zombou.
— Pare de ser um idiota teimoso...
— Eu realmente não posso. — Sebastian disse, olhando para ele. —
Assinei um contrato. A revista não vai atrasar a seção. Eles têm prazos que
têm que cumprir. — Ele olhou para Luke. — Não se preocupe, a agência vai
enviar um guarda-costas para mim.
O interfone zuniu.
— Provavelmente é ele. — Disse Sebastian, e foi atender.
Levou uns bons dez minutos antes que a segurança de Luke lá
embaixo desse seu ok, e autorizasse o guarda-costas a subir até o
apartamento.
— Você sabe se ele é bom?— Vlad disse de repente enquanto todos
esperavam na sala de estar.
Surpreendido que Vlad se importasse, Sebastian encolheu os
ombros.
— Nunca o conheci.
Vlad deu-lhe um olhar duro.
— Deixe-me entender isso. Você está confiando em um homem que
nunca viu antes com sua vida, um homem que você nem conhece as
credenciais dele. Você sabe quantos amadores se tornam guarda-costas para
ganhar dinheiro rápido?
Sentindo seu rosto ficar quente, Sebastian olhou para ele. Como Vlad
conseguia fazê-lo se sentir estúpido tão facilmente?
— A agência não contrataria um amador. — Respondeu rígido.
— Tudo bem. — Disse Vlad. — Vamos testá-lo. — Vestido de preto
como de costume, ele caminhou até o elevador e tomou uma posição ao lado
dele. Alguns momentos depois, as portas do elevador se abriram.
No segundo que o guarda-costas atravessou o limiar, Vlad o colocou
em um estrangulamento, com sua arma pressionando violentamente contra a
cabeça do homem. O cara era ainda maior do que Vlad, mas isso não parecia
ajudá-lo em nada, e Vlad o empurrou.
— Esse é o seu guarda-costas profissional? — Vlad disse com
desgosto.
Sebastian franziu o cenho para o estranho.
— Eu estava torcendo por você. — Disse ele, mal-humorado. — Agora
tenho que aguentar esse tipo de gozação.
— Sebastian, parece que Vlad está certo. — Disse Luke, relutante. —
Esse cara não é muito bom. Sem ofensa. — Acrescentou com um olhar para o
estranho, que parecia estar dividido entre ficar envergonhado, ou irado.
Sebastian suspirou.
— O que você sugere que eu faça? Não tenho tempo para encontrar
outro guarda-costas.
Luke sorriu, desculpando-se.
— Sempre há Vlad.
— Não. — Sebastian e Vlad falaram antes de se olhar.
Luke foi até o sofá, pegou seu livro descartado e disse:
— Vlad, estou emprestando você para Sebastian. E antes de
protestar, Roman me deu permissão para emprestá-lo enquanto eu ficar em
casa, e não tenho intenção de me mover deste sofá a qualquer momento em
breve. Se você tiver algum problema com isso, fale com Roman. — Luke sorriu
serenamente antes de voltar para seu livro.
Sebastian não sabia se devia rir ou chorar. Luke, obviamente, pensou
que estava fazendo um favor a ele, e Sebastian não podia exatamente dizer
por que era tudo, menos isso.
Com um suspiro, dispensou o guarda-costas que a agência enviou,
pegou as chaves do carro e caminhou em direção ao elevador.
Sebastian sentiu, mas do que ouviu, Vlad segui-lo, o corpo grande de
Vlad colocando-o na borda em vez de fazê-lo sentir-se seguro. Sua pele ainda
se sentia muito quente, seus músculos agitados, e seus pensamentos mais
frios do que ele teria gostado.
Deus, ia ser um dia longo.
Capítulo 12

A cidade natal de Sebastian acabou por ser uma pequena cidade à


beira-mar. Uma brisa fria soprou no rosto de Vlad quando ele ficou a poucos
metros de onde o fotógrafo havia montado seu equipamento. A praia de
cascalho estava abandonada, pelo que Vlad podia ver, mas ele permaneceu
alerta, seu olhar varreu a praia, evitando se estabelecer por muito tempo na
sessão de fotos que estava acontecendo a poucos metros de distância.
Mas ele ainda não podia deixar de olhar.
Sabia pelo que tinha ouvido, que esta parte da sessão de fotos
deveria capturar o homem que Sebastian era agora. Aparentemente, isso
exigia calça skinny, casacos Gucci, botas Saint Laurent de veludo, e olhar
sensual para a câmera.
Vlad teve que segurar a língua, porque todas essas coisas eram
muito pouco práticas para o cenário. Ele não disse nada. Chegou à conclusão
de que quanto menos falasse com Sebastian, melhor. Parecia que cada vez
que conversavam brigavam e acabavam no espaço pessoal do outro, algo que
Vlad estava determinado a evitar depois do que aconteceu ontem à noite.
Ele pressionou os lábios e examinou o comprimento da praia
novamente. Não ia pensar no que aconteceu. Se Vlad pudesse broquear isso
no seu cérebro, o faria. Mas pelo menos ele era bom compartimentar. Não iria
passar o dia pensando em coisas que ele não deveria estar pensando, coisas
que não deveriam ter acontecido. Ele era um profissional.
— Morde os lábios um pouco, amor. — Disse o fotógrafo, e Vlad olhou
para o modelo novamente.
Sebastian estava descansando sobre uma grande rocha, seus longos
cabelos escuros varridos para trás pela brisa, seus dedos pálidos puxando a
gola preta sobre o queixo. O contraste entre sua pele branca como a neve,
cabelos e olhos escuros, tecido escuro e lábios vermelhos mordidos era
incrível. Vlad não era fotógrafo ou artista, mas mesmo ele podia ver quão lindo
era... Era perfeito.
— Perfeito. — Disse o fotógrafo. — Você é lindo, amor.
Sebastian sorriu para ele.
— Você é um bajulador, Matt, mas não vai dar certo.
O fotógrafo riu.
— Você não pode culpar um cara por tentar. Talvez um dia eu te
canse e você concordará em sair comigo.
Vlad zombou. E esse homem era um profissional?
— Talvez acontecesse se você não estivesse feliz casado. —
Sebastian disse com um bufo.
— Vamos, Alisa e eu somos um casal moderno, de mente aberta. —
Matt disse, sorrindo. — Ela pediria para assistir. Inferno, ela gostaria de se
juntar a nós.
Sebastian balançou a cabeça, ficando de pé.
— Desculpe, mas você sabe minhas regras, Matt. Não me envolvo
com pessoas comprometidas. Se torna muito complicado. — Seus olhos
escuros encararam Vlad. — Eu sempre pergunto se eles estão solteiros. Às
vezes eles mentem, mas não há nada que eu possa fazer sobre isso.
Vlad franziu os lábios e desviou o olhar, pela primeira vez
considerando que talvez Sebastian não soubesse que Nina fosse
comprometida.
— Tudo bem, nosso trabalho aqui está feito. Devemos mudar para a
sua antiga escola antes que chova. — Matt disse com seu tom tornando-se
profissional novamente depois de ser rejeitado.
Matt, Sebastian e o estilista conversaram amigavelmente enquanto
se dirigiam para a cidade. Vlad seguiu-os silenciosamente, observando os
arredores.
A cidade era pequena e pitoresca, o tipo de lugar onde todos
provavelmente conheciam os negócios uns dos outros. Vlad olhou para
Sebastian e tentou imaginá-lo fora e orgulhoso em uma cidade como esta.
Parece que ele não foi o único a pensar nisso.
— Não queremos nos preocupar muito com a homofobia em cidades
pequenas. — Disse Matt enquanto caminhavam para a escola de Sebastian. —
Nós gostaríamos que nossa mensagem fosse positiva. Então decidimos nos
concentrar no momento em que você decidiu não esconder mais quem você
era e obrigou as pessoas a aceitarem sua sexualidade.
— Mas nunca escondi minha sexualidade. — Disse Sebastian,
franzindo o cenho.
O estilista assentiu.
— Nós sabemos. Ele quer dizer no tempo depois dos seus colegas
homofóbicos terem intimidado seu namorado para... — Ele se cortou,
parecendo desconfortável.
— Matar-se. — Sebastian terminou para ela suavemente.
— Sim. — Disse ela, engolindo em seco. — Você nos disse que depois
disso se tornou mais desafiador e corajoso com suas roupas. Queremos
replicar isso, obviamente com roupas de grife, mas o mais próximo possível
dos dezessete anos de idade que pudermos.
Sebastian assentiu, mas Vlad notou que ele parecia bastante
desconfortável e tenso. A tensão em seus ombros parecia crescer quando
entraram em sua velha escola.
— Teremos uma sala de aula vazia para nós. — Disse Matt.
Sebastian não disse nada, seus olhos cintilando por todos os
corredores da escola, seu rosto mais pálido do que o habitual. Ele claramente
não tinha boas lembranças deste lugar.
— O professor de educação física disse que estava tudo bem se
tirássemos fotos no ginásio também. — Disse o estilista. — Um homem muito
útil, da sua idade, disse que o conheceu na escola. O Sr. Fletcher estava...
A cabeça de Sebastian girou na direção dela.
— Desculpe? Sr. Fletcher?
Sua voz soava um pouco tensa?
O estilista assentiu.
— Sim, o professor de educação física. Acho que ele se chama
Mike. Você o conhece?
— Sim. — Sebastian disse depois de uma breve pausa, olhando para
o outro lado. — Sim. Eu o conheço.
Vlad franziu as sobrancelhas às suas costas, se perguntando.
A segunda parte da sessão de fotos foi completamente diferente da
primeira. Saíram o casaco e calça de designer. Agora Sebastian estava usando
jeans e camisas estampadas que praticamente gritavam extravagantes. Mas
isso não foi o que fez Vlad olhar fixo. Sebastian usava delineador e unha
pintada.
Pegando o olhar de Vlad, Sebastian ergueu as sobrancelhas,
determinação e desafio em seu rosto.
— O quê? — Ele disse, encostando seu quadril contra a mesa
enquanto os outros dois homens discutiam sobre o cenário e iluminação. —
Algum problema?
Ele estava querendo uma briga, Vlad percebeu, observando Sebastian
com os olhos entrecerrados. Algo tinha colocado Sebastian na borda. Talvez
fosse o ambiente, não era preciso ser um gênio para adivinhar que Sebastian
tinha sido intimidado aqui, mas Vlad tinha uma sensação de que não foi só
isso.
— Na verdade não. — Disse Vlad. — Mas se você se parecia assim na
escola, não admira que tenha sido intimidado. Isso é praticamente um convite.
— Ele não podia imaginar um estudante usando delineador e unha pintada na
Rússia.
Sebastian riu sem humor.
— Eu fui escolhido bem antes de começar a usar unha pintada. — Ele
balançou uma mão sobre si mesmo. — Isso era apenas um grande foda-se
para os idiotas que intimidaram Bill, nada mais.
Vlad olhou para ele. Havia algo que não entendia.
— Você é bi. — Disse ele. — Por que não namorou meninas? Poderia
ter evitado tudo isso.
— Mesmo se eu namorasse apenas meninas, isso não me faria hétero
— Sebastian respondeu. — Não funciona assim. Mesmo que algum dia conheça
uma mulher maravilhosa, case e fique com ela pelo resto da minha vida, isso
não mudará o fato de que sou bissexual. Eu realmente prefiro homens a
mulheres. Por que eu iria esconder quem sou, e ficar satisfeito em fingir ser
algo que não sou? É o princípio da coisa.
— Princípio da coisa. — Vlad repetiu. — Eu não sei se isso é
estupidamente idealista ou simplesmente estúpido.
Os lábios de Sebastian se contraíram.
— Obrigado.
— Isso não foi um elogio.
— É a melhor coisa que você já me disse.
Vlad sacudiu a cabeça.
— Se você estivesse na Rússia, isso teria feito você ser espancado ou
preso. Talvez pior se você fosse azarado.
Sebastian deu um sorriso torto.
— Infelizmente, a homofobia não se limita à Rússia. — Disse ele. —
Mas sim, crescer nesse tipo de ambiente não poderia ter sido fácil para você.
Vlad enrijeceu.
— O que isto quer dizer?
Sebastian lambeu os lábios e abriu a boca
— Amor, estamos prontos para você! — Matt gritou e Sebastian se
afastou sem um segundo olhar para ele.
Vlad não assistiu as fotos sendo tiradas. Só havia muito de Sebastian
fazendo olhos quentes para a câmera que ele podia suportar. Sentindo-se
agitado, Vlad deixou a sala de aula para fumar no corredor.
— Você não está... Uau, calma ai, companheiro! — O recém-chegado
estava olhando de olhos arregalados para a arma de Vlad. — O gatilho está
travado?
Vlad passou o olhar pelo homem. Ele era alto e musculoso de uma
forma semelhante à Vlad, exceto pelo fato de que o cara talvez tivesse alguns
anos a menos que ele.
— Quem é Você?
— Sou o professor de educação física, Mike Fletcher. Eu realmente
não aprecio você apontando essa coisa para mim, companheiro.
Certo. O professor de educação física que o estilista mencionou. Vlad
baixou a arma, mas não a guardou.
O homem relaxou.
— Então, qual é o negócio aqui?
Vlad olhou de volta para a sala de aula onde as fotos ainda estavam
acontecendo. Nada aconteceu enquanto ele estava distraído.
Fletcher sugou uma respiração aguda.
Vlad olhou para ele e encontrou o cara olhando para Sebastian. Vlad
apertou os lábios, irritação queimando dentro dele. Havia algo naquele olhar
que ele não gostava.
— Você conhece o modelo? — Vlad disse.
Os olhos de Fletcher se voltaram para Vlad, sua mão voando para
esfregar o nariz e um rubor feio subindo por seu pescoço.
— Nós estávamos na mesma classe. Não que éramos amigos ou
qualquer coisa. — Ele bufou satisfeito. — Não estávamos exatamente no
mesmo círculo social, se você entende o que quero dizer.
Vlad não disse nada, e o sujeito continuou, falando rápido, como se
estivesse morrendo de vontade de falar com alguém sobre isso.
— Ele não parecia nada assim naquela época. Era uma pequena coisa
pálida, todo olhos e lábios, e uma bicha flamejante. Você sabe que ele é um
viado, certo? Todos nós sabíamos isso na escola. Todo mundo sabia que ele
estava amordaçando num pau. Implorou para chupar o meu, sabe? Quer dizer,
eu não sou gay, mas senti pena dele e o deixei um par de vezes.
— Sério. — Vlad disse sem qualquer inflexão, sentindo seu aperto na
arma aumentar. Afrouxou e guardou a arma.
— Sim. Obviamente não significava nada para mim. Mas então ele
colocou em sua cabeça que eu era um viado como ele. Tive que lhe ensinar
uma lição. — Fletcher riu antes de zombar. — Só que aquela bicha era puta
demais. Alguns meses depois, o peguei sugando o pau de algum
perdedor. Puta do caralho.
Vlad fez um barulho não comprometedor.
— O que você fez?
Fletcher sorriu maliciosamente.
— Eu tirei uma foto deles e enviei um e-mail para todos na
escola. Você deveria ter visto a reação. Não tinha preço. — Fletcher riu. —
Depois disso, todo mundo sabia a vagabunda que ele era.
Vlad olhou para o cara. A coisa era que Fletcher não estava
chamando Sebastian de nada que Vlad não tinha chamado, mas ouvir deste
homem... Ele não era fodidamente como ele.
Só eu posso fazer isso. Eu.
Empurrando o pensamento ridículo afastado, Vlad disse friamente,
— Há uma razão pela qual você está contando esta história a um
completo estranho?
A risada de Fletcher cortou seu tom. Pela primeira vez, ele parecia
um pouco incerto.
— Bem, ele é uma celebridade agora. Não é como se todos já não
soubessem que ele é uma bicha, certo? Apenas definindo alguns fatos aqui. Ele
era um ninguém do qual todo mundo riu naquela época. — Ele acariciou Vlad
no ombro como se fossem melhores amigos. — E ei, você é russo, deve
entender. Eu gostaria que tivéssemos leis contra as bichas como vocês têm na
Rússia. Se o fizéssemos, pessoas como ele não seriam famosas e poderosas
agora.
Vlad olhou para aquele homem amargo, patético e pensou: Eu sou
como ele?
— É bom te ver, também, Mike. — Sebastian disse suavemente,
fazendo os dois virarem a cabeça.
Sebastian parecia muito calmo, bonito e intocável.
— Como está a sua esposa? Ouvi dizer que está grávida do
quarto. Parabéns. Não deve ser fácil sustentar uma família tão grande. —
Sebastian sorriu serenamente.
Vlad queria machucar essa boca mesquinha e descarada com a dele.
Fletcher olhou furioso para Sebastian, murmurou algo, e se afastou
desconfortavelmente.
Sebastian continuou sorrindo, mas quando Vlad olhou de perto, pôde
ver como ele estava pálido e abalado, seus lábios tremendo e seus olhos
escuros olhando para qualquer lugar, menos para Vlad. Ele parecia
mortificado. Provavelmente estava mortificado por Vlad ter ouvido a história da
sua humilhação.
Seria tão fácil humilhá-lo ainda mais, devolver para ele tudo o que
tinha feito a Vlad. Por fazê-lo olhar e por fazê-lo desejar.
— Vamos, basta dizer. — Sebastian murmurou sem olhar para ele. —
Diga a puta perdedora e desesperada que acha que eu sou.
— Você terminou aí? — Vlad disse. Quando Sebastian olhou para ele
confuso, esclareceu, — As fotos?
— Quase. — Sebastian respondeu com seus ombros perdendo um
pouco de tensão. — Eles precisam de algumas tiradas no ginásio.
Vlad olhou para a sala de aula. O fotógrafo e o estilista estavam
discutindo sobre algo, profundamente absorvidos em sua conversa.
Ele olhou de volta para Sebastian.
Seus olhares se encontraram.
A boca de Vlad secou. De repente, percebeu que era a primeira vez
desde a noite passada, que haviam olhado um para o outro sem qualquer
outra distração.
— Sobre a noite passada... — Sebastian começou.
Vlad queria ir embora. Queria estar em qualquer lugar, menos aqui.
Mas não o fez. Ele não daria a Sebastian a satisfação de saber que poderia
perturbá-lo tão facilmente.
— Sim? — Ele disse, olhando Sebastian nos olhos. Decidiu que não
gostava do delineador. Os olhos do sujeito eram surpreendentemente grandes
como eram. Com o delineador pareciam ridículos. Como Fletcher o
descreveu? Sim, todo olhos e lábios.
— Vamos esquecer a noite passada, ok? — Sebastian disse, enfiando
a mão no bolso da sua calça jeans. Seus lábios se torceram em uma careta. —
Foi o pior erro da minha vida, o que diz muito, considerando... — Ele
gesticulou na direção que Fletcher foi.
Vlad olhou para ele, jogado fora de equilíbrio. Esperava que
Sebastian o provocasse, zombasse dele, ou talvez tentasse seduzi-lo
novamente. Pensou que seria ele quem precisaria insistir que ontem à noite foi
um erro. Ele certamente não esperava que Sebastian quisesse esquecer que
alguma vez aconteceu.
Vlad provavelmente deveria ter se sentido aliviado por ter sido
libertado tão facilmente. Em vez disso, sentiu-se irritado. Como ele poderia ser
pior do que aquele babaca patético e mesquinho?
— Eu sou o seu pior erro? — Ele disse antes que pudesse se
conter. Claro que ele e Sebastian haviam tido suas diferenças, mas pelo menos
ele não enviou a foto de Sebastian chupando alguém para todos na escola, não
levou o namorado de Sebastian a cometer suicídio e não falou de Sebastian
para completos estranhos.
A boca de Sebastian se abriu. Ele piscou.
— Você está realmente ofendido?
Os lábios de Vlad se estreitaram em uma linha fina.
Um sorriso lento se espalhou pelo rosto de Sebastian.
— Ah, você está ofendido. — Ele deu uma tapinha no rosto de Vlad.
Vlad queria virar a cabeça e morder os dedos.
Porra. Que diabos?
Ignorando sua agitação, Sebastian parou de sorrir e sua expressão se
tornou séria.
— Não tome isso pessoalmente. Mike é um idiota maior do que você,
mas eu era jovem e estúpido naquela época. Não tenho essa desculpa mais e
deveria ter sabido melhor.
— Amor, pode ir em frente e mudar para a roupa que escolhi para
você? — O estilista falou antes que Vlad pudesse dizer qualquer coisa. — Está
no vestiário do ginásio. Vamos nos encontrar com você depois que eu
convencer esse idiota que precisamos...
— Não me ensine como fazer o meu trabalho. — Matt disparou,
olhando para ele. — Estou certo, droga!
A discussão deles retomou.
Rolando os olhos, Sebastian saiu presumivelmente em direção ao
ginásio. Vlad o seguiu.
Como era domingo, a escola estava completamente vazia, seus
passos ecoaram no longo corredor. Vlad fixou os olhos na nuca de Sebastian,
ainda irritado. Seu olhar caiu para a enorme bunda de Sebastian abraçada por
um jeans desgastado. Em plena luz do dia parecia surreal que esteve dentro
daquele traseiro na noite passada.
Bicha.
Uma voz irônica disse em sua cabeça, e Vlad desviou o olhar, como
se queimado. Porra, o que havia de errado com ele? O que estava fazendo
cobiçando o traseiro de um homem? A insanidade de ontem à noite foi mais do
que suficiente. Ele não era uma maldita bicha como Sebastian. Embora... Vlad
tinha que admitir que precisasse de algumas bolas sérias para se vestir
estereotipado e extravagante depois de ser revelado a todos na sua escola e
depois que seu namorado foi intimidado até cometer suicídio. Isso levou muita
coragem e Vlad respeitava a coragem, mesmo que a coragem de Sebastian
fosse estupidamente idealista.
— Você sabe que esse cara tem ciúmes de você, certo? — Vlad disse,
quebrando o silêncio carregado. Ele podia ver os ombros de Sebastian tensos,
seus passos tremendo um pouco.
— Ciúmes de mim? — Sebastian perguntou com uma voz tensa.
Pensando na feiúra na voz de Fletcher, Vlad deu de ombros.
— O irrita saber que o gay perdedor que ele considerou muito abaixo
dele acabou ser tornando bonito, famoso e rico, enquanto ele está preso nesta
cidade, sem perspectivas, com uma esposa que não quer, e uma ninhada de
filhos que tem que sustentar.
Sebastian parou e se virou lentamente, uma expressão incrédula em
seu rosto.
— Você me chamou de bonito?
Vlad sentiu calor viajar até seu rosto.
— Não. — Ele disse. — Mas Fletcher pensa que você é.
Sebastian inclinou a cabeça com um pequeno sorriso.
— Ele lhe disse isso?
— Não. — Vlad disse, desejando que nunca tivesse mencionado
isso. — Eu tenho dois olhos e um cérebro funcionando. Ele estava quase
babando enquanto olhava para você. Foi muito repugnante.
Sebastian se aproximou, olhando-o com curiosidade.
— As pessoas olham para mim o tempo todo, Vlad. Foi-me dito que
sou muito agradável de olhar. Esse é o meu trabalho. Por que te incomodou?
Pensei que vocês dois iriam se der bem.
— Por quê? — Vlad se eriçou. — Eu me pareço com aquele idiota
mesquinho e infantil que se apega aos seus dias de glória na escola
secundária?
Sebastian sorriu.
— Você está realmente ofendido por ser comparado a ele. Oh, meu
Deus, isso é adorável! — Ele levantou uma mão e acariciou Vlad na bochecha,
diversão cobrindo seu rosto. — Não se preocupe, seu pau é maior.
Vlad agarrou o pulso de Sebastian.
Ambos ficaram imóveis com o contato, os dedos de Vlad seguravam o
pulso de Sebastian de uma forma que lembrava o que aconteceu na noite
passada. Uma imagem de si mesmo agarrando os pulsos de Sebastian e
empurrando-o contra a porta do banheiro, passou pela mente de Vlad. Ele
lambeu os lábios secos.
Sebastian engoliu em seco e sussurrou:
— Solte.
Vlad não o fez.
— Deixe-me ir. — Disse Sebastian novamente, algo como desespero
cruzando seu rosto.
Ele deveria. Fodidamente deveria.
Vlad olhou para os lábios entreabertos de Sebastian. O estilista
colocou algo sobre eles, pois pareciam ainda mais vermelhos do que o
habitual, um forte contraste com a pele pálida de Sebastian.
Sebastian os umedeceu com a ponta da língua.
— Solte. — Pediu novamente, seu lábio inferior tremendo.
Vlad tinha que provar. Ele precisava. A força dessa necessidade ia
além de qualquer coisa que já havia sentido, ele estava fodido com
essa agitação dentro dele, e foi incapaz de parar a si mesmo quando avançou
para provar aqueles lábios doces.
— Você é tão lindo. — Se ouviu murmurar, beijando aqueles lábios
repetidas vezes. Ele parecia bêbado. Sentia-se bêbado.
Sebastian soltou um pequeno gemido antes de congelar e empurrá-lo
para longe.
Eles olharam um para o outro, ambos sem fôlego e corados.
— Que diabo de brincadeira você está fazendo? — Sebastian quase
sibilou, parecendo mais que furioso. — O que aconteceu com o eu não sou
uma bicha? — Ele balançou a cabeça. — Você sabe o que? Não responda isso,
não importa. Eu não me importo. Não estou lidando com essa merda
novamente. Estou feito de ser fodido por héteros idiotas que não podem
manter seus pênis fora da minha boca. Vá encontrar uma pobre mulher para
foder e ser miserável com ela. E mantenha suas malditas mãos longe de mim.
— Enojado, Sebastian se afastou, desaparecendo rapidamente ao virar da
esquina.
Vlad cerrou os dentes, virou-se e socou a parede. Isso não o fez
sentir-se melhor, ou menos confuso. Ficou ali por um tempo, tentando acalmar
seu corpo e entender o que diabos ele estava fazendo.
Um grito abafado quebrou o ar e fez seu sangue gelar.
Então, ele estava correndo.
Capítulo 13

Eles o atacaram no momento em que Sebastian entrou no


vestiário. Um golpe em sua têmpora o fez tropeçar e cair, sua visão nadou e
seus olhos umedeceram com a dor cegante.
— Um gay. — Disse um homem acima dele antes de chutá-lo duro no
estômago. Sebastian se encolheu em uma posição fetal, tentando proteger sua
cabeça enquanto os chutes caíam sobre ele de todas as direções. Havia três
deles, percebeu distintamente através do nevoeiro de dor. Um deles empurrou
um trapo dentro da boca de Sebastian, fazendo-o amordaçar.
Faça alguma coisa.
Ele disse ao seu corpo estúpido, mas ficou paralisado com choque e
um ataque de memórias, como se ele tivesse dezesseis anos mais uma vez e
fosse Mike e seus amigos ensinando a bicha uma lição enquanto todo mundo
só assistia. Ninguém o ajudou e ninguém o ajudaria agora.
— Chega. — Disse um deles. — Vamos nocauteá-lo. Precisamos tirá-
lo daqui.
O que finalmente quebrou qualquer feitiço que estava sobre ele. Não,
não ia se render sem uma luta, droga. Sebastian rolou em suas costas e
chutou um deles na virilha, duro. O homem uivou antes que seu amigo
grunhisse para ele se calar e desse outro soco na cabeça de Sebastian que
quase o fez desmaiar. Agarrou-o e puxou-o para a janela aberta.
Sebastian não tinha certeza do que aconteceu a seguir. Suas orelhas
ainda estavam zumbindo por causa do soco, sua cabeça estava latejando, seu
corpo inteiro estava doendo como o inferno, então não registrou
imediatamente quando as mãos sobre ele desapareceram. Havia o som de
carne batendo contra carne, acompanhado por grunhidos e sons de dor.
Quando a náusea e a dor diminuíram e Sebastian finalmente
conseguiu focar seu olhar no que estava acontecendo, ele viu o punho maciço
de Vlad dar um golpe na cabeça de um homem, derrubando-o. Os outros dois
já estavam no chão.
Sebastian piscou aturdido, vendo Vlad tirar os cintos dos homens, os
amarrar rapidamente e amordaçá-los com suas próprias camisas.
Finalmente, Vlad se virou e olhou para ele, estudando-o da cabeça
aos pés. Irritante, ele parecia fodidamente impecável em seu terno preto e
nem sequer parecia sem fôlego. Isso não deveria ter sido quente.
Sebastian tirou a mordaça da sua boca e cruzou os braços sobre o
peito, sentindo-se inadequado e envergonhado pelas contusões que
provavelmente tinha. Era tão estúpido. Ele não tinha motivo para ficar
envergonhado. Ele não trabalhava protegendo as pessoas, e não seria
esperado que se protegesse contra três homens, mesmo que ele não fosse
contra a violência.
— Você está atrasado. — Disse Sebastian.
— Onde está a sua gratidão? — Vlad grunhiu, seu sotaque russo mais
pesado que de costume.
Sebastian arqueou uma sobrancelha e mal suprimiu uma careta
quando sentiu uma dor maçante.
— Pelo quê? Você não está fazendo o seu trabalho? — Ele sabia que
provavelmente devia agradecer a Vlad, mas depois da piada que Vlad havia
feito no corredor, não estava se sentindo particularmente gentil com
ele. Porque tinha havido uma parte dele que tinha ficado terrivelmente tentada
a esquecer sua promessa a si mesmo e aceitar qualquer migalhas que Vlad
jogasse para ele. E se desprezou por isso. Como poderia ser tentado? Ele não
tinha aprendido nada com Mike?
— Se não fosse por mim, você teria vindo aqui com aquele guarda-
costas inútil. — Vlad caminhou, levantou a camisa de Sebastian e começou a
sentir as costelas dele. — Quer apostar que nesse caso as suas chances seriam
de você estar um pouco menos bonito agora?
Um pouco menos bonito?
— Pelo menos ele teria sido profissional. — Sebastian retorquiu,
afastando-se do toque de Vlad. — Pare de me tocar. Estou bem. Já estive pior.
Vlad levantou os olhos azuis das costelas de Sebastian.
Sebastian encontrou seu olhar fixamente, embora estivesse
dolorosamente consciente de que as mãos de Vlad ainda estavam em sua pele,
o que o fez se sentir irritantemente hipersensível de repente, quebrando em
arrepios sob as mãos dele.
— Você está tremendo. — Vlad falou.
Sebastian tentou encolher os ombros com indiferença.
— É o choque e adrenalina. Fui atacado duas vezes em poucos
dias. Acho que tenho direito de me sentir um pouco traumatizado. — Verdade.
Mas não era por isso que estava tremendo.
Vlad não discutiu. Sua mão se moveu para baixo, pressionando
contra seu estômago.
— Dói aqui?
Sebastian mordeu o interior da sua bochecha.
— Um pouco. — Ele desejou que doesse mais, então a dor o distrairia
de quão bom o toque era. Sua barriga sempre foi uma zona um pouco erógena
e ter as mãos de Vlad ali estava deixando-o louco, seu estômago tremeu e
calor correu até sua virilha. Queria puxar Vlad para ele, esmagar seus corpos
juntos, sentir o pau grosso de Vlad arrastando por toda a sua barriga, antes de
cutucar entre suas pernas...
— Amor, você está pron... Que diabos?
Com o pescoço quente, Sebastian se afastou de Vlad e forçou um
sorriso quando viu o rosto estupefato de Matt. Ele só podia imaginar como era
a cena para o fotógrafo. Três homens amordaçados e amarrados no chão, e
Sebastian, que provavelmente parecia ter sido atingido por um caminhão.
— Parece que você não vai conseguir essas fotos no ginásio, Matt. —
Sebastian disse, odiando como a sua voz soou sem fôlego.
— Oh, meu Deus. — Matt disse com uma expressão horrorizada
aparecendo em seu rosto. — Amor, você está bem?
— Sim. — Sebastian mentiu. Ele sentia qualquer coisa, menos que
estava bem.
Quatro horas mais tarde, depois que Sebastian contou o incidente à
polícia, viu um médico e foi declarado saudável o suficiente para ir para casa,
Sebastian sentiu absolutamente tudo o acertar. Ele não tinha energia para
voltar para Londres, então decidiu ficar na sua casa de sua infância. Era mais
conveniente. Além disso, sentia falta dos seus pais e da sua irmã. Fazia tempo
que não os visitava. Sem mencionar que ficar na casa dos seus pais significava
que ele poderia ter alguma pausa de Vlad.
Exceto que aparentemente Vlad tinha outras idéias.
— Sério, volte para Londres. — Ele disse a Vlad enquanto
caminhavam em direção à casa dos seus pais. — Você não é meu guarda-
costas. É do Luke.
— Eu sou seu guarda-costas até retornarmos a Londres. —
Respondeu Vlad com seu rosto ilegível. — Falei com o Luke pelo telefone. Ele
me disse para ficar com você. Ele ficará com os Hardaways até o nosso
regresso.
— A casa dos meus pais é muito pequena. — Argumentou
Sebastian. — Não haverá lugar para você. — Era verdade. Seus pais se
recusaram quando se ofereceu para comprar uma casa maior. Eles adoravam
demais a sua pequena e pitoresca casa para mudar para outro lugar.
— Vou sobreviver. — Vlad disse com um encolher de ombros. — Não
preciso de muito.
Sebastian rangeu os dentes. Ele estava dando a Vlad uma desculpa
perfeita para sair e colocar alguma distância entre eles. Por que ele não estava
pegando? Por que o comportamento dele não fez qualquer sentido durante
todo o dia?
Lançou um olhar irritado para Vlad, mas ele estava olhando para
frente. Sebastian olhou fixamente para seu perfil duro antes de afastar seu
olhar e acelerar o passo.
A visão da casa da sua infância o fez relaxar um pouco. Foi a mãe de
Sebastian quem abriu a porta. Ela ofegou quando viu seu rosto.
Sebastian sorriu rapidamente.
— Estou bem, mãe, realmente.
Meia hora depois, todos finalmente se acalmaram, sua mãe insistiu
que tomassem chá antes de irem para a cama. Para Melinda Sumner, o chá
consertava tudo.
— Não entendo como alguém pode ser tão cruel. — Disse sua mãe,
ainda parecendo chateada. — Posso entender que algumas pessoas acreditam
que devemos amar apenas o gênero oposto, o que ainda está errado, mas as
pessoas podem acreditar em qualquer coisa que queiram acreditar, mas
realmente ferir pessoas inocentes por causa de quem eles amam? Por que
fariam isso? Por que formariam algum tipo de culto apenas para ferir as
pessoas que são diferentes?
Sua irmã olhou para Sebastian, e ele baixou os olhos, olhando para
sua xícara. Sua mãe ainda estava alheia ao fato que Mike e seus amigos o
haviam espancado.
— As pessoas odeiam o que não entendem. — Disse o seu pai.
— Ou talvez eles sejam apenas idiotas. — Disse Julia. — Não tem que
haver uma razão. Algumas pessoas são apenas vis.
— Talvez eles nunca tenham conhecido nada melhor. — Disse Vlad
em voz baixa.
Tenso, Sebastian deu a Vlad um olhar sobre a borda da sua
xícara. Ele basicamente estava ignorando seu guarda-costas desde sua
chegada, tentando fingir que ele não estava lá. Ter Vlad em sua casa de
infância parecia estranho em tantos níveis. Ele nunca imaginou que Vlad fosse
ter uma conversa real com sua família.
— O que isso quer dizer, querido? — Perguntou sua mãe.
Vlad deu de ombros, sua expressão se fechou.
— Algumas pessoas crescem sem conhecer nada além de ódio em
direção a... Qualquer coisa diferente. Eles não sabem quão erradas algumas
das suas crenças são. Simplesmente não conhecem nada melhor. Não
questionam o que os adultos lhes disseram.
Sebastian olhou para ele.
Seu pai foi o único a fazer uma pergunta que estava sem dúvida na
mente de todos.
— Você está falando por experiência própria, filho?
O semblante de Vlad estava duro. Ele deu um aceno de cabeça, seus
olhos azuis fixos em seu chá.
— Meu tio costumava dizer a mim e aos meus irmãos que os gays
eram como cães raivosos que deveriam ser mortos. Ele era a única figura de
autoridade masculina que tínhamos, e não víamos motivos para não confiar
em suas palavras.
Um pesado silêncio caiu sobre a sala.
— Isso é... Terrível. — A mãe de Sebastian falou, seus olhos escuros
arregalados e sua mão cobrindo sua boca. — Ele não deve ter sido uma boa
figura parental.
— Que psicopata! — Murmurou Julia.
Sua mãe lançou-lhe um olhar de censura.
— O importante é que agora você sabe melhor. — Disse ela, virando-
se para Vlad com um sorriso suave.
Quando Vlad não disse nada, seu sorriso desapareceu.
Uma risada histérica borbulhou na garganta de Sebastian. Deus, a
coisa toda era quase hilária.
— Ele me odeia mãe. — Sebastian disse com um suspiro.
— Não seja bobo, Sebastian. — Disse Melinda. — Como alguém pode
te odiar?
— Ele me odeia sim. — Insitiu Sebastian.
Melinda estava franzindo as sobrancelhas, olhando de Sebastian para
Vlad.
— Certamente meu filho está enganado? Você não pode odiá-lo.
Vlad deu de ombros.
— Não quero que ele morra.
— Bem, isso é um alívio. — Disse Julia com sarcasmo.
Vlad estava franzindo a testa.
— Eu não o odeio. O ódio é a palavra errada. Mas ele é uma merda
pretensiosa, muito idealista para seu próprio bem.
Melinda abriu e fechou a boca.
Julia começou a rir.
— Eu gosto de você. — Ela disse a Vlad.
Sebastian a chutou por baixo da mesa e olhou para Vlad
exasperadamente.
— Você poderia ter evitado insultar-me, pelo menos, enquanto está
na casa da minha mãe. — Mas ele estava um pouco confuso. Vlad não o
odiava? O dia estava ficando cada vez mais estranho.
— Não vejo nenhum ponto em mentir. — Vlad disse seus olhos fixos
em Sebastian com uma intensidade que era um pouco enervante. — Se você
não fosse contra a violência, você poderia ter aprendido a se proteger. Você
não é um covarde.
— Bem. — Disse sua mãe, parecendo desconfortável. Sebastian
sentia tanta pena dela. Ela estava claramente muito dividida. Melinda Sumner
se orgulhava de ser uma anfitriã gentil e calorosa, mas também era
ferozmente protetora dos seus filhos.
Melinda tomou um gole do seu chá.
— Pelo menos me diga que você sabe que seu tio estava errado.
— Claro que sim. — Vlad falou. — Mas se eu não tivesse me mudado
para Moscou quando tinha treze anos, provavelmente teria acreditado em tudo
o que ele nos disse.
— E poderia ser um daqueles fanáticos agora. — Murmurou Julia.
— Duvido. — Disse Vlad. — Matar alguém por razões religiosas e
ideológicas é mais do que estúpido. Eles nem sequer ganham nada por isso.
A mãe, o pai, e a irmã de Sebastian olharam para Vlad sem piscar os
olhos, chocados com o cara.
Sebastian não conseguiu segurar mais. Ele jogou a cabeça para trás e
começou a rir. Tinha se acostumado tanto a Vlad que se tornou insensível a
tais comentários vindos dele.
— Não é engraçado, Sebastian. — Disse sua mãe, parecendo nervosa
e frustrada.
Com pena da sua pobre mãe, Sebastian levantou-se, agarrou o braço
de Vlad e puxou-o de pé. Vlad permitiu, o que foi um alívio, porque Sebastian
não queria se sentir como um idiota na frente da sua família.
— Eu fui agredido. — Disse. — Acho que vou para a cama cedo. —
Ele puxou o braço de Vlad, levando-o para fora da sala.
— Espere querido! — Melinda gritou. — Tem certeza de que é
seguro... — Ela parou, corando quando Vlad a olhou.
Sebastian quase riu. Se sua mãe soubesse o que permitiu que Vlad
fizesse com seu corpo...
— Ele não vai me matar em meu sono. — Disse com um sorriso
irônico. — Disso tenho certeza. Boa noite. — E se dirigiu para o seu antigo
quarto com Vlad o seguindo de perto.
Quando a porta do seu quarto de infância se fechou atrás deles,
Sebastian limpou a garganta. Seu quarto nunca pareceu tão pequeno antes.
— Há um saco de dormir no armário. O banheiro fica no corredor.
Vlad não disse nada.
Então Sebastian ouviu o som da porta se abrindo e fechando, e
suspirou. Porra. Ele e Vlad dormindo no mesmo quarto era à pior ideia de
todas. Eles iriam querer matar um ao outro ou foder.
Sebastian não tinha certeza de qual seria pior.
Capítulo 14

Quando Vlad retornou do banheiro, Sebastian já havia mudado para


uma velha camiseta branca e um short que encontrou no armário. As roupas
eram um pouco pequenas, esticadas sobre os músculos que não estavam lá
quando as usou anos atrás.
Evitando olhar para Vlad, Sebastian foi ao banheiro.
Enquanto estava escovando os dentes, pegou seu reflexo no espelho
e recuou. Seus lábios estavam inchados e havia hematomas por todo o seu
estômago e pernas. Pelo menos os do rosto não pareciam tão feios. Esperava
que desaparecessem logo. Ou os maquiadores iriam matá-lo. Ele tinha outra
sessão de fotos em breve.
Sebastian quase colidiu com sua irmã, quando saiu do banheiro.
— Você parece horrível. — Disse Julia, correndo o olhar sobre ele.
— Obrigado. — Disse Sebastian. — Isso é só o que seu irmão
precisava ouvir depois de um dia tão traumatizante.
Ela revirou os olhos.
— Por favor. Você é mais forte do que todos nós juntos. Além disso,
seu pior é ainda melhor do que o meu melhor. Eu não sou o bonitão da família.
— Ela o puxou para um abraço e o beijou na bochecha. — Estou feliz por você,
idiota. Mas não foda com seu guarda-costas homofóbico.
Sebastian suspeitou que ele parecesse como no proverbio; Como um
cervo preso nos faróis, porque Julia começou a rir.
Sebastian franziu os lábios.
— De onde tirou essa ideia?
— Por favor. — Ela disse. — Eu o conheço, lembra? A tensão sexual
na mesa foi meio embaraçosa. Além disso, ele é exatamente o seu tipo; um
babaca, sósia de um viking, alto, construído como um tanque, mãos grandes,
pau grande...
— Você não sabe disso. Talvez o pau dele seja pequeno.
Ela olhou curiosamente para ele.
— É? Estranho. Geralmente posso dizer o tamanho do pênis de um
homem pelo modo que ele se comporta. Tenho certeza de que ele tem pelo
menos vinte e quatro centímetros.
Sebastian bufou.
— Oh, meu Deus, Cale-se. Estou envergonhado de ser seu parente.
Além disso, me ressinto profundamente com a implicação de que nossa
confiança depende do tamanho dos nossos paus.
Júlia sorriu e acariciou sua bochecha.
— Ouça a sabedoria dos mais velhos, irmãozinho. Quando chegar a
minha idade avançada, vai perceber a sabedoria das minhas palavras.
— Estou ansioso para chegar a isso, daqui a dois anos. — Sebastian
fez uma careta, se afastando. — Boa noite.
— Boa noite. Não foda seu guarda-costas!
Sebastian se moveu rapidamente, e entrou no seu quarto.
O quarto estava escuro e silencioso. Ele mal conseguia distinguir a
figura de Vlad sobre o saco de dormir ao lado da cama.
Xingando interiormente o russo teimoso pela marcação tão em cima,
Sebastian foi para a cama e escorregou debaixo das cobertas.
Estendeu-se de costas, fechou os olhos e disse a si mesmo para
dormir.
Depois de meia hora de tentativas corajosas de contar carneirinhos,
Sebastian desistiu e abriu os olhos.
O quarto estava tão quieto, que ele podia ouvir a respiração de Vlad.
Era constante e regular, mas sabia que ele estava acordado. Tinha certeza, de
que não estava imaginando a tensão no ar, tensa e vibrando, como um fio
esticado ao seu ponto de ruptura.
Ele está meio-duro desde que entrou no quarto.
Sebastian empurrou as cobertas sobre seu corpo superaquecido.
Quando isso falhou em esfriar sua pele corada, puxou a camiseta, e a
deixou cair no chão.
Ele se esticou, apreciando a sensação dos lençóis frescos contra sua
pele e tentando não pensar no fato de que estava quase nu, enquanto Vlad
estava a alguns metros de distância.
Não devia estar tão empolgado, mas claro que estava. Deus, ele
estava tão excitado, esteve com tesão por toda a manhã, com o corpo de Vlad
pairando sobre ele todo o dia. Em momentos como esses, realmente sentiu-se
como escória, seu corpo tendo mente própria e apenas querendo um pau duro,
e para o inferno com as consequências. Seu corpo não parecia se importar que
seu lado racional fosse contra a ideia de se envolver com a bagunça que era
Vlad e sua homofobia internalizada. Seu corpo só queria uma foda, e sua
mente suja continuava criando fantasias que só o excitavam ainda mais.
Fantasias como sair da cama, escarranchar nas coxas de Vlad, retirar
o pau grosso e longo dele, e montá-lo duro até que gozasse por todo o peito
largo e musculoso de Vlad. Ou talvez subir no peito de Vlad e alimentar a boca
dele com seu eixo enquanto Vlad massageava seu ânus. Ou talvez dar a volta
e pegar o pau de Vlad dentro da sua boca enquanto Vlad agarrava suas coxas
e lambia sua entrada.
Mordendo o lábio para impedir-se de fazer qualquer som, Sebastian
pressionou a mão contra sua ereção dolorida.
Não foda com seu guarda-costas.
A voz de Julia ecoou em sua mente.
Não foda com seu guarda-costas. Não foda com seu guarda-costas.
Sebastian imaginou aquelas coxas musculosas envolvidas em torno
da sua cintura, o corpo duro e forte que não podia quebrar acidentalmente
debaixo dele. Não sou bicha, Vlad diria, mesmo que gemesse e apertasse o
seu pau.
Sebastian apertou seu pau através do short, incapaz de se conter.
Deus, se Vlad soubesse no que estava pensando agora... Provavelmente
bateria nele. Talvez batesse nele, então dobraria Sebastian e transaria com
ele, duro e sujo, as pernas de Sebastian enroladas no seu pescoço grosso...
Sebastian mordeu o lábio e então percebeu que sua mão estava
dentro da cueca e acariciando sua ereção. Foda-se. Ele não sabia quando isso
aconteceu. Seu pau estava vazando, e o som molhado de pele acariciando pele
era inconfundível.
Em pânico, Sebastian forçou a mão a parar e afinou sua audição,
rezando para que Vlad tivesse adormecido. Mas ele não podia mais ouvir a
respiração constante de Vlad. O que significa que ele provavelmente o ouviu.
Sebastian apertou os olhos.
Vlad disse com voz rouca:
— Você não tem vergonha, não é?
— Sou um homem saudável, e tenho necessidades. — Sebastian
disse, recusando-se a agir como um menino apanhado com a mão na botija.
Se agisse menos envergonhado, seria menos constrangedor.
— Você gozou ontem à noite. — Disse Vlad. — Você é uma puta?
— Isso se chama ter uma libido saudável. — Sebastian sorriu para o
teto escuro. — Mas eu entendo. Na sua idade, provavelmente não se lembra
de como é ter isso mais frequentemente do que uma vez por semana.
— Tenho trinta e dois. — Vlad rebateu.
— É mesmo? Então porque age como um velho hipócrita que nunca
se masturbou em sua vida?
— Nunca fiz com outra pessoa no quarto.
Sebastian bufou.
— Por favor. Disse que tinha irmãos. Certamente não tinham quartos
separados?
— Meus irmãos morreram antes de atingirem a puberdade. — Vlad
disse secamente.
Ah. Sebastian limpou a garganta.
— Me desculpe. Todos eles? O que aconteceu?
— Tuberculose. — Vlad disse de um modo quase malcriado.
Sebastian não sabia o que dizer. Para sua surpresa, Vlad esclareceu:
— Vivíamos numa pequena aldeia longe das grandes cidades. Não
havia vacinas, nenhum medicamento adequado. Minha mãe me mandou viver
com os nossos parentes distantes em Moscou, quando ficou claro que eu era o
único não infectado.
O único?
— Você quer dizer... — Sebastian lambeu os lábios. — Quer dizer que
eles morreram? Sua mãe, também?
— Sim.
A tensão da voz de Vlad disse tudo, e Sebastian sentiu pena. Não
podia imaginar perder toda a sua família de uma vez, e ser mandado para uma
cidade grande, onde não conhecia ninguém. Talvez isso explicasse por que
Vlad era tão mal-humorado e zangado. Sua vida deve ter sido difícil. Isso não
era desculpa para algumas das coisas que Vlad disse e fez, mas explicou um
pouco.
— Como se tornou segurança de Roman Demidov? — Sebastian
disse, curioso, apesar de não querer parecer. — Quero dizer, é um grande
salto de vivendo em uma simples aldeia a homem de confiança de um
bilionário.
— Eu era muito pobre, e precisava de dinheiro. — Vlad disse. —
Entrei nas lutas ilegais. Era bom em bater nas pessoas. — Ele suspirou. — É
tudo muito banal, realmente. Envolvi-me com o tipo errado de pessoas e
basicamente tornei-me um viciado aos quinze anos. Como a maioria dos
viciados, faria qualquer coisa por drogas. Fiquei devendo muito dinheiro para o
tipo errado de pessoas. Um deles me mandou raptar a irmãzinha de Roman e
trazê-la para ele.
Quando Vlad não continuou, Sebastian disse:
— E? O que aconteceu?
— Não pude fazê-lo. — Vlad disse, com voz emocionada. — Anastasia
tinha apenas cinco anos. Eu a raptei, não estava trabalhando sozinho, mas a
entreguei ao seu irmão. Sabia que a família dela me mataria por raptá-la e
colocá-la em um grande risco, mas Roman convenceu seu pai que eu poderia
ser um recurso para eles. Ele lidou com as minhas dívidas, ajudou-me com
meu problema de vício e me ofereceu um emprego.
— Uau! — Disse Sebastian, um pouco surpreso. Roman Demidov não
era considerado um homem misericordioso. — Foi muito simpático da parte
dele.
Vlad riu, como se ele tivesse dito algo divertido.
— Roman não faz nada por bondade. Lealdade é difícil de garantir
nesses círculos. Ele basicamente garantiu minha lealdade por salvar minha
pele, e conseguiu alguém capaz, em quem podia confiar para vigiar suas
costas. E estava certo. Salvei sua vida inúmeras vezes e fui promovido a chefe
de segurança depois de apenas sete anos.
Sebastian mordeu seu lábio, um pouco assustado porque estavam
tendo uma conversa tão civilizada.
— Tenho a impressão que o Roman o despediu recentemente?
— Ele fez. — Houve relutância na voz de Vlad. Claramente o tópico
não era o seu favorito.
— Por quê? — Sebastian pressionou.
— Você sabe como Luke e Roman se conheceram? — O tom de Vlad
era cauteloso.
Isso despertou a curiosidade de Sebastian.
— Sim. — Ele disse. — Luke o conheceu através do trabalho durante
sua viagem de negócios para a Rússia.
— Claro. — Disse Vlad, com diversão em seu tom. — Se você não
sabe, não vou contar mais. Mas o essencial é... Eu não gostei que Luke
envolvesse Roman em torno do seu dedo mindinho. Pensei que era uma má
influência, deixou Roman irracional e... — Ele se interrompeu, mas Sebastian
podia adivinhar.
— Gay? — Ele disse, torcendo os lábios.
— Sim. — Disse Vlad. — Achei que o moleque o enfeitiçou. Roman
era hétero até que conheceu Luke. Foi por isso que ajudei Luke a retornar para
Inglaterra sem Roman saber.
— Não é tão surpreendente, sabe. — Sebastian disse suavemente,
um pouco divertido pelo pensamento de Luke enfeitiçar um homem como
Roman Demidov. Era óbvio que Vlad ainda subconscientemente sustentava a
crença que seu tio homofóbico incutiu nele, que ser gay era uma doença
contagiosa. Sebastian tentou não se ofender muito. Sabia que tais crenças
profundas não eram fáceis de esquecer.
— Luke é muito doce e bonito. — Disse Sebastian. — Ele é o perfeito
twink. É exatamente o tipo que pode ser atraente para os homens
heterossexuais. Duvido que Roman ficasse atraído... Por alguém como eu. Ele
me parece um homem realmente hétero.
— Você é não é exatamente feio. — Vlad disse rispidamente.
Sebastian riu.
— Obrigado, mas não sou bonito como Luke. Também sou alto e bem
construído...
— Seu rosto é mais bonito que o de Luke.
Sebastian ficou boquiaberto. Piscou várias vezes, incapaz de acreditar
que tivesse ouvido isso direito.
— Sou atraente, não bonito. — Ele disse, limpando a garganta um
pouco. — Não sou feminino ou bonito. Isso é o que quis dizer. Se você acha
meu rosto atraente, não significa que um homem hétero como Roman o faria.
Houve vários segundos de silêncio tenso.
— O que isso quer dizer?
— Você não é exatamente hétero. — Sebastian disse
cuidadosamente. — Certamente já percebeu isso agora? Eu diria que é muito
mais gay do que Roman. Ele quase não aciona meu gaydar. Ele é o exemplo
perfeito de um hétero virando gay por um homem especifico, mas você...
— Eu não sou gay. — Vlad disse, muito lentamente, salientado cada
palavra.
Sebastian pensou por um momento antes de sustentar-se em seu
cotovelo e olhar para baixo, para Vlad. Não podia ver sua expressão no escuro.
Tudo o que podia ver era o peito largo e musculoso de Vlad, subindo e
descendo.
Tentou não olhar, mas foi difícil. Porra, não entendia o que estava
acontecendo com ele. Via um monte de belos corpos em sua linha de trabalho,
e na maioria das vezes era insensível a eles. Raramente, parou e olhou para
eles. Por que de repente sentiu que tinha dezesseis anos de novo? A verdade
embaraçosa era que seu corpo estava completamente obcecado por Vlad.
Ficava tenso pela consciência que Vlad estava próximo, a pele hipersensível
formigava por tudo que Vlad fazia, como se fosse um adolescente bobo que
recém descobriu o sexo. Sebastian deu-se um pontapé mental, disse a si
mesmo para parar de agir como um estudante com uma queda por alguém, e
disse:
— Ok, digamos que você não seja gay. Vai fingir que não gostou do
sexo ontem?
Ele observou o pomo de Adão de Vlad subir e descer.
— Foi um erro. Você mesmo disse isso.
— Sim, claro que foi um erro, mas não foi o que perguntei. —
Sebastian disse suavemente. — Você não gostou de me foder?
— Que tipo de pergunta é essa? — Vlad disse duramente. — Eu gozei,
não foi?
Sebastian correu os dedos sobre sua coxa.
— O orgasmo é uma reação física ao estimulo. Não tenho que lhe
dizer que nem todos os orgasmos são iguais.
— Blyad5, o que quer que eu diga? Que gostei de te foder?
Sebastian observou com interesse que o sotaque de Vlad ficava mais
perceptível quando ele estava com mais raiva.
— Eu... — Começou, mas Vlad o parou.
— Você sabe o que eu penso? — Vlad de repente sentou-se e
inclinou-se em direção a ele, sua mão se enterrando no cabelo de Sebastian e
puxando a cabeça para a borda da cama, bem perto de Vlad até que seus
rostos estavam próximos.

5
Puta em russo.
Sebastian engoliu, sua boca muito seca e seu pau endurecendo
novamente.
— O quê? — Ele sussurrou.
— Você continua dizendo que foi um erro, que sou um erro pior do
que Fletcher, mas você não pode esquecer. Continua tentando me fazer
admitir o quanto o quero. Por quê? É assim tão pretensioso? — Vlad puxou seu
cabelo, puxando o rosto de Sebastian para mais perto. — Tem uma queda por
mim ou algo assim? — Sebastian sentiu seu rosto aquecer. — Acho que tem.
— Disse Vlad, pressionando sua testa contra Sebastian. — Acho que na
verdade quer que eu o foda de novo, mas tem vergonha de admitir. Quer me
provocar, em seguida, colocar toda a culpa sobre o russo malvado.
— Vai se foder. — Sebastian assobiou, sua ira voltando com força
total. Ele queria machucar Vlad. Deus, queria tanto machucá-lo, queria fazê-lo
engolir suas palavras e humilhá-lo completamente. — Não consegue nem arcar
com suas próprias ações. — Sebastian disse, respirando com dificuldade contra
a boca de Vlad. — Você sabe por que é pior que Fletcher? Ele era um
adolescente. Você é um homem adulto. Você é patético...
Vlad empurrou de volta e bateu suas bocas juntas.
Sebastian o mordeu. Vlad rosnou e mordeu de volta. Sebastian
mordeu novamente, querendo machucá-lo. Deus, isso era pura loucura, a raiva
em confronto com a excitação inebriante fazia sua cabeça girar com desejos
contraditórios. Ele queria matar Vlad, queria estrangulá-lo, queria transar com
ele e ser fodido, duro e sujo, até que nenhum deles pudesse lembrar seus
nomes.
Sebastian não tinha certeza de quando seu duelo mordaz virou beijos
profundos e famintos, mas logo estava gemendo e puxando Vlad em cima
dele, suas mãos acariciando as costas de Vlad, as unhas cavando enquanto
suas bocas se procuravam carentes. Ambos estavam gemendo e grunhindo,
retorcendo-se na cama e empurrando e puxando o outro. Sebastian não se
lembrava da última vez que desejou tanto algo assim, que seu corpo tremia
por isso. Ele estava quase chorando com o desejo de ter, tomar, foder.
Sebastian virou Vlad, rolando-o de costas e montando suas coxas
grossas. Olhou para o peito de Vlad, seu rosto encoberto na escuridão. Sua
própria respiração era tão alta que não conseguia ouvir mais nada. Quase
esperou que Vlad o empurrasse agora que pararam de se beijar, mas as mãos
do Vlad pareciam coladas aos quadris de Sebastian, os polegares acariciando
sua barriga sensível, enquanto os outros dedos estavam espalhados sobre as
nádegas de Sebastian, grandes e duros. As mãos de Vlad se moveram para
baixo e esfregaram as coxas de Sebastian avidamente, como se ele não
conseguisse se conter.
Sebastian inclinou-se para baixo e murmurou contra o ouvido de
Vlad:
— Quer me foder, não é? Muito. Mas vou ser o único a foder desta
vez.
Ele sentiu Vlad enrijecer sob ele.
— Não vai me fazer nada. — Disse Vlad, os dedos brincando nas
nádegas de Sebastian. — Não vou levar na bunda.
— Por que, tem medo de gostar demais? — Sebastian mordeu o
lóbulo da orelha de Vlad.
— Eu... — Tudo o que Vlad ia dizer foi cortado quando Sebastian tirou
o pau de Vlad e envolveu a mão em torno.
— Não sou gay. — Vlad ficou tenso, seu pau se contraindo na mão de
Sebastian.
— Com certeza. — Sebastian ligou o abajur e procurou na gaveta,
rezando que tivesse deixado algum lubrificante da última vez que visitou seus
pais.
Aparentemente ele tinha. Milagrosamente, havia também
preservativos. Sebastian pegou a garrafa, abriu-a e colocou nos dedos.
A mão de Vlad segurou seu pulso, apertando.
— Você não vai me foder. — Ele disse, acentuando cada palavra,
como se seu pau não estivesse como pedra na outra mão de Sebastian.
— Tudo bem, se está com medo...
Previsivelmente, Vlad se irritou com a mera sugestão de ter medo de
algo. Sebastian teria revirado os olhos, se seu pau não estivesse duro a ponto
de estar dolorido. Deus, ele queria foder. Precisava, queria enfiar seu pau
dentro de Vlad e fodê-lo duro, até que o filho da puta homofóbico implorasse
por seu pau.
— Não tenho medo de nada. — Disse Vlad. — Tudo bem, que seja.
Mas não vou gostar.
Era um desafio?
— Vamos ver. — Sebastian puxou a cueca de Vlad, empurrou suas
coxas e estabeleceu-se entre elas. Ele lambeu os lábios, olhando para o peito
de Vlad, queria beijá-lo, chupar os mamilos, morder esses peitorais, mas
forçou-se a ir direto preparar Vlad. Ele queria fazer Vlad implorar pelo seu pau
e tinha o pressentimento de que não seria fácil.
A verdade é que nem todos os homens gays gostam de sexo anal.
Alguns acham desconfortável, alguns acham que é muito confuso e trabalhoso.
Pessoalmente, Sebastian amava ter um pau dentro dele, e normalmente não
pressionou seu parceiro se o outro não queria ser passivo por qualquer motivo.
Estava bem em ser fundo. Esta na verdade, era a primeira vez que ardeu por
querer foder outro homem, fazê-lo desmoronar em seu pau. Queria ver o
orgulhoso, viril, homofóbico e supostamente hétero, se transformar em uma
puta por seu pau. O mero pensamento fez seu pênis doer.
A julgar pelo olhar entediado no rosto de Vlad, ele estava
determinado a não gostar disso.
A expressão de Vlad não mudou quando Sebastian empurrou um
dedo. Acariciando a ereção dele com a outra mão, Sebastian empurrou outro
dedo e começou a mexer suavemente. Nenhuma reação exterior.
Começando a ficar frustrado, Sebastian entortou os dedos...
Vlad estremeceu, seu corpo inteiro enrijecendo.
— Bom, não é? — Sebastian sorriu e repetiu, acariciando a próstata
de Vlad suavemente.
Vlad olhou para ele, sua mandíbula apertada firme. Era óbvio que
odiava estar gostando. E muito. Quando Sebastian terminasse, Vlad seria uma
puta total por pau, se ele quisesse ou não.
Sebastian empurrou um terceiro dedo para dentro de Vlad e um
gemido escorregou dos lábios firmemente apertados.
— Ainda odeia? — Sebastian murmurou, enfiando os dedos dentro e
fora.
Vlad olhou furiosamente para ele, suas bochechas coradas, seu pau
duro e as pupilas dilatadas.
— Sim.
— Mentiroso. — Disse Sebastian, massageando a próstata de Vlad.
Vlad não conseguiu engolir outro gemido e seus quadris começaram a
se mover acompanhando os dedos de Sebastian.
— Olhe para você. — Sebastian murmurou com a voz rouca. — Está
louco por isso. Olhe como está duro.
Se olhar pudesse matar, o que Vlad lhe deu teria.
— Apenas vá em frente. — Vlad rosnou.
Sebastian teria rido se não estivesse tão impaciente. Seus dedos
tremiam quando rolou a camisinha em seu pau.
— Espalhe suas coxas mais amplamente. — Sebastian disse,
alinhando-se.
Ambos viram seu pau desaparecer lentamente para dentro do ânus
de Vlad. Sebastian sugou ar quando a tensão o envolveu.
Vlad estava ofegante, os olhos vidrados.
— Isso parece antinatural. — Ele disse com os dentes cerrados.
Sebastian puxou e empurrou, batendo na próstata de Vlad, que
sugou um fôlego, arqueando debaixo dele.
— Você estava dizendo? — Sebastian disse, apoiando-se sobre Vlad e
sorrindo quando o canal dele cerrou em torno do seu pau.
— Foda-se. — Vlad disse, agarrando um punhado do cabelo de
Sebastian e puxando-o para baixo para um beijo furioso. Sebastian beijou de
volta, seus quadris em movimento, batendo em Vlad impotente, desejando
tanto nesse momento que mal podia pensar.
Eles foderam, duro e rápido. Não era sexo; era uma foda, tão
primitiva quanto poderia ser. Vlad estava gemendo sob ele, gemidos abafados
escapando da sua boca quando o pau de Sebastian pregava sua próstata. Por
todos os protestos de Vlad, ele claramente estava adorando ser fodido. Os
sons que estava fazendo eram muito bonitos.
— Ainda não é uma bicha? — Sebastian sussurrou, empurrando com
mais força e mais fundo, gotas de suor rolando em sua testa. Ser ativo dava
muito trabalho. Era uma das razões porque ele preferia ser passivo quando
tinha sexo com homens. Bem, era isso, e ele adorava um pênis. — Admita,
Vlad. Está adorando isso. Adora ser fodido. Finge ser hétero, mas na
verdade... — Sebastian se chocou contra ele — É uma puta por pau.
Vlad gemeu, mas teimosamente não disse nada, mesmo que seus
quadris se movessem para acompanhar os impulsos de Sebastian, as coxas
poderosas envolvendo os quadris dele. Deus, ele era tão incrivelmente
apertado. Sebastian parou por um momento, divertindo-se com a tensão em
torno do seu pau e acalmando sua respiração.
Vlad fez um som de insatisfação.
— Mova-se.
Sebastian acariciou o pau vazando de Vlad.
— Dê-me um momento. Estou cansado. — Não ajudou que ainda
pudesse sentir as inúmeras contusões no corpo.
— Princesa. — Vlad disse antes de rolá-los e montar em cima das
coxas de Sebastian. Ele se afundou no pau de Sebastian, com um gemido
aliviado. Deus... Sebastian assistiu paralisado, enquanto o grande e musculoso
corpo de Vlad montava seu pau, sua boca entreaberta, a cabeça jogada para
trás em êxtase, o pau duro parecendo delicioso contra seu abdômen.
Sebastian olhou avidamente para aquele lindo pau, desejando que pudesse
fazer duas coisas ao mesmo tempo: foder Vlad e montar aquele pau grosso.
O pensamento fez Sebastian gozar tão duro que gritou apesar dos
seus esforços para não. Foda-se, e se seus pais o ouvissem?
Vlad saiu do seu pau agora amolecendo, respirando pesadamente,
seu próprio pau ainda duro como rocha. Antes que Sebastian pudesse dizer
uma palavra, Vlad pegou outra camisinha, rolou sobre seu pau e começou a
lubrificar-se.
Ah! Deus, sim.
Sebastian suspirou quando Vlad jogou suas pernas sobre seus
ombros, praticamente o dobrando ao meio e empurrou lentamente. O
alongamento foi desconfortável, mas não doloroso, ele estava acostumado a
ser fundo e não precisava de muita preparação, e logo Vlad estava batendo
nele, usando-o como uma boneca de pano sem ossos, seu corpo pesado e
perfeito em cima dele. Havia algo sobre isso, apesar de não estar no comando,
isso o excitava como nada mais podia. Ele olhou para o teto, ofegando, quando
a cama rangeu sob eles. Deus, seus pais estavam no corredor enquanto ele
estava sendo fodido pelo seu guarda-costas homofóbico. Mas em vez disso
matar sua excitação, parecia intensificá-la ainda mais, fazendo-o se sentir
deliciosamente obsceno e perverso.
Quando Vlad gozou, Sebastian estava duro novamente. Ele lamentou
quando Vlad puxou seu pau amolecido.
— Quem é a vadia por pau agora? — Vlad rosnou com um sorriso
fraco, rolando fora dele.
Sebastian sentiu isso como se fosse um tapa.
— Eu o odeio. — Disse com ressentimento.
— Odeia? — Vlad disse, estendendo-se no seu saco de dormir.
— Babaca. — Disse Sebastian, fechando os olhos e tentando ignorar
a sensação de vazio em sua bunda vagamente insatisfeita. — Para que conste,
eu não tenho um fraquinho por você.
Vlad não disse nada. O silêncio parecia quase zombeteiro.
Sebastian respirou fundo, disposto a esquecer da excitação. Quando
conseguiu isso, arrependimento e vergonha vieram. Ele havia prometido a si
mesmo não deixar isso acontecer novamente. Ele havia prometido. Como
podia ser tão fraco?
Sebastian virou-se para o lado, de costas para Vlad e enrolou-se em
uma bola.
Idiota. Ele era um idiota.

Capítulo 15

A viagem para Londres foi tensa e silenciosa. Sebastian ligou o rádio


enquanto Vlad se sentou no banco de trás, os óculos de sol escondendo sua
expressão. Em seu terno preto impecável, parecia-se com a definição de um
guarda-costas perfeito. Exceto que o guarda-costas perfeito não transaria com
ele e depois passaria horas em um silêncio tenso e carregado. Ele e Vlad não
tinham trocado uma única palavra desde o sexo ontem à noite. A manhã foi
bastante estranha com os pais de Sebastian corando e evitando olhar para
qualquer um deles. Julia apenas suspirou e sacudiu a cabeça. O fato de que ela
não tirou sarro da situação, de alguma forma fez Sebastian sentir-se pior,
significava que sua irmã estava genuinamente preocupada.
Ele estava preocupado, também.
Porque agora, em plena luz do dia, seus olhos continuavam
persistentemente seguindo a linha do queixo quadrado de Vlad, que acentuava
seus lábios carnudos, e sua mente se mantinha evocando pensamentos sujos
como, parar o carro, pular para o colo de Vlad e desabotoar lentamente esse
terno imaculado. Imaginou-se arrastando os dedos e descendo aquele peito
musculoso, acariciando o abdômen tenso antes de mover a mão para baixo e...
Sebastian se contorceu no banco do motorista ajustando seu pau tão
sutilmente quanto podia.
Deixe de ser um adolescente, disse para si mesmo, frustrado com
toda aquela tesão, corpo idiota. Ter sexo com Vlad parecia ter deixado o
problema pior, não melhor.
O som saindo do telefone de Vlad quebrou a tensão no carro.
Sebastian olhou para o espelho. Vlad respondeu à chamada.
— Sim. — Vlad disse laconicamente, seu olhar passando rapidamente
até encontrar Sebastian pelo espelho. Ambos evitaram os olhos rapidamente.
— Obrigado. — Vlad disse antes de desligar.
— Era meu contato na polícia. — Vlad ofereceu, para surpresa de
Sebastian. — Um dos homens que o atacaram ontem falou, e a polícia
conseguiu parar outro sequestro de alto perfil ontem à noite. Meu contato diz
que não deve demorar muito antes de pegarem o resto deles.
Ah.
— Então finalmente posso ir para casa. — Disse Sebastian.
— Nem todos foram capturados ainda. — Disse Vlad.
— Eu sei, mas eles são menos perigosos agora que seus números
diminuíram. — Disse Sebastian. Agressores se alimentam do ódio e raiva um
do outro e, mais frequentemente do que não, são covardes demais para agir
por conta própria.
Vlad não discordou, era impossível ler sua expressão.
Sebastian mordeu o lábio, quando um novo pensamento ocorreu-lhe.
Quando voltasse para casa, não teria mais que aturar Vlad. Na verdade, era
improvável vê-lo novamente, a menos que ele fosse visitar Luke.
Ao invéz disso fazê-lo sentir-se aliviado, a sensação... Era um pouco
estranha. Em tão pouco tempo se acostumou com a presença constante de
Vlad, com a pequena emoção que ele tinha sempre que conseguia irritá-lo e...
Sebastian balançou a cabeça com uma careta. Quanto maior a
distância entre eles, melhor seria. Ontem à noite provou que não podia confiar
em si mesmo em relação a Vlad. Não podia confiar em si mesmo para não
acabar em suas costas se Vlad decidisse que o queria. O pensamento era
humilhante e irritante.
— Estou me mudando, assim que o resto deles for capturado. —
Disse Sebastian.
Vlad não disse nada, nem mudou de expressão. Olhando para a
expressão inescrutável de Vlad agora, era difícil acreditar que ele estivera
dentro deste homem ontem à noite.
Mas aconteceu. Ele esteve.
Sebastian não sabia o que Vlad estava pensando, mas, dado a
educação de Vlad, provavelmente fosse seguro presumir que ele estava
pirando atrás dessa fachada imperturbável.
Sebastian sentiu uma pontada de simpatia. Sabia que ele teve sorte
de ter essa compreensão, o apoio familiar. Não podia imaginar crescer em um
ambiente tão hostil e abusivo quanto o de Vlad.
Poderia simpatizar, mas isso não significa que tinha que gostar do
cara. Porque não gostava. Não. Tinha que admitir, no entanto, após o que
aprendera sobre a infância de Vlad, era difícil continuar a odiá-lo, mas
Sebastian ainda não gostava dele. E definitivamente não tinha um fraquinho
por ele.
O pensamento fez Sebastian corar e fazer uma careta. Quanto mais
cedo colocasse alguma distância entre eles, melhor seria para todos os
envolvidos. Se Vlad fosse qualquer coisa como Mike, e todas as evidências
sugeriam que fosse, ele reprimiria seus sentimentos homossexuais e fingiria
ser normal para o resto da sua vida.
O telefone de Sebastian zumbiu em seu bolso, interrompendo seus
pensamentos.
— Maldição. — Murmurou, olhando o movimento da rua e puxando o
telefone desajeitadamente. Colocando no viva-voz, retornou as duas mãos ao
volante. Nunca foi um condutor muito confiante.
— Ei, querido. — Alguém disse com um forte sotaque italiano.
Alguém muito familiar.
Sebastian sorriu.
— Olá, Antonio.
Ele e Antonio Bonaventura se conheciam há muito tempo, tendo
entrado na indústria da moda quase ao mesmo tempo. Sebastian não os
chamaria de amigos, mas eles se conheciam muito bem, e eram amigos-de-
foda casuais sempre que estavam na mesma cidade.
Sebastian sorriu um pouco enquanto ouvia a voz melódica de
Antonio, falando sobre tudo e nada. Antonio era um pouco fofoqueiro, mas era
inofensivo.
— Estou indo para Londres na próxima semana. — Antonio disse,
finalmente. — Estava negociando com Armani, mas DuVal me fez uma oferta
que não pude recusar. Posso dormir na sua casa? Sabe que odeio hotéis. E me
dará a oportunidade de conversar com você. — A intenção na voz de Antonio
era inconfundível. — Senti sua falta, lindo.
Sebastian bufou, mas antes que pudesse responder, sentiu um hálito
quente contra sua orelha.
— Diga que não. — Vlad disse, encontrando os olhos de Sebastian no
espelho.
— O quê?
— Diga que não. — Vlad repetiu, mais forte, colocando uma mão no
ombro de Sebastian, seus dedos roçando sua garganta nua.
Sebastian engoliu. Que diabo de jogo Vlad estava jogando?
— Desculpe, Tony, mas provavelmente não estarei na minha casa na
semana que vem. — Ele disse. Era verdade. Não estava dizendo isso por causa
de Vlad, claro que não.
— Bem... — Disse Antonio. — Ainda podemos sair, sim? Senti
saudades do seu rosto bonito.
— Claro. — Disse Sebastian, ignorando o aperto doloroso em seu
ombro. Foda-se, Vlad. — Mande-me uma mensagem a qualquer hora.
— Ok, bebê, eu vou. Ciao!
A ligação foi interrompida.
Vlad soltou seu ombro e se recostou no banco.
— O que foi isso? — Sebastian murmurou.
— É muito imprudente ser visto com outro modelo gay quando todos
os membros do culto ainda não foram pegos.
Vlad soou tão calmo e razoável, como se Sebastian fosse um ser
irracional.
Sebastian franziu os lábios.
— Mas Antonio e eu não temos que sair em público para nos divertir.
— Falou com um sorriso. — Ele tem um bom pau.
Franziu a testa quando disse isso. A última parte era completamente
desnecessária. Realmente estava tentando provocar Vlad? O que esperava
conseguir? Ciúmes?
Merda, talvez Vlad tivesse razão: realmente estava se comportando
como um garotinho com uma queda por alguém. Cristo, Sebastian não se
lembrava da última vez que agiu tão ridiculamente por causa de um homem.
Não, ele se lembrava: fora tão estúpido assim com Mike.
A constatação fez seu estômago cerrar com ansiedade. Talvez
realmente devesse chamar Antonio e ficar com ele. Precisava foder toda esta
estupidez do seu sistema.
— Você se considera bi, mas tudo o que você fala é de pau. — Vlad
disse, olhando pela janela do lado. — Estou surpreso que conseguiu ficar com
Nina.
— Eu sou bi. — Sebastian disse, um pouco confuso que Vlad
estivesse falando tão casualmente sobre sua ex-namorada. — Como um cara
que conheço que é igual a mim, que prefere principalmente homens e só às
vezes mulheres, mas ele se identifica como gay, enquanto eu me identifico
como bi. Nenhum de nós está errado. — Sebastian suspirou. — Claro que,
algumas pessoas diriam que não tenho coragem de me chamar de gay, mas
isso é besteira. Sim, prefiro os homens, oitenta por cento do tempo, mas às
vezes posso ficar genuinamente atraído por uma mulher também, então... —
Encolheu os ombros. — A bissexualidade é demasiado complexa para ser uma
divisão meio a meio. É realmente muito raro quando um bissexual gosta de
homens e mulheres da mesma forma. De qualquer forma, não é da conta de
ninguém como as pessoas escolhem se identificarem. O importante é ser
honesto consigo mesmo.
— Isso foi uma indireta pra mim? — Vlad disse.
— Se a carapuça serviu. — Sebastian murmurou.
Silêncio caiu entre eles por um longo tempo.
— Não foda o italiano. — Vlad disse de repente.
Sebastian olhou para ele no espelho. Vlad ainda estava olhando pela
janela, seu corpo repleto de tanta tensão que era quase palpável.
Ele realmente poderia estar com ciúme?
Era estranho o quanto o mero pensamento agradou-lhe.
— Por que não? — Sebastian disse.
Vlad pressionou seus lábios juntos.
Uma buzina de carro quebrou a tensão, e Sebastian levou seu olhar
de volta à estrada, evitando por pouco um acidente.
— Obrigado por sua resposta honesta. — Sebastian disse
sarcasticamente, começando a ficar chateado com a atitude estranha de Vlad.
Vlad permaneceu em silêncio.
O que quer que fosse. Não importava. Sebastian não estava mexendo
com isso. Se Vlad estava tentando convencer a si mesmo que era hétero,
Sebastian não lhe diria o contrário. Estava cansado de se envolver com
homens que estavam tão profundamente enterrados em sua negação, que
praticamente estavam se afogando nela. Em breve sairia do apartamento de
Luke e provavelmente nunca veria Vlad novamente, o que seria... Bom. Isso
seria muito bom.
Mal podia esperar.
Capítulo 16

O merdinha pretensioso o estava ignorando desde que voltaram para


Londres. Isso era perfeito na verdade, desde que Vlad também decidiu ignorar
Sebastian. Quanto menos falasse com o cara, melhor. Bem, pelo menos essa
era a teoria.
Na prática, ele não gostava de ser ignorado por Sebastian. Estava
ficando louco. Essa era a única explicação. Vlad observou a fonte de toda sua
frustração.
Sebastian estava estirado no sofá com um livro grosso nas mãos. Ao
contrário de Vlad, ele parecia completamente relaxado e absorvido em seu
livro. Não olhou para Vlad nem uma vez, não falou uma palavra para ele desde
o seu retorno. Isso aborreceu Vlad, porque ele era suposto ser o único a
ignorar. Sebastian deveria ser o frustrado, não ele.
Vlad fez uma careta, agarrando-se a esse pensamento infantil e
irracional. Irritado consigo mesmo, desviou o olhar, fixando-o na TV.
Trinta segundos depois, viu-se olhando novamente para Sebastian.
Havia um pequeno curativo no pálido pescoço de Sebastian, ao lado
da fraca marca avermelhada. A marca que seus dentes e lábios tinham
deixado. Vlad desviou o olhar.
Talvez a razão para sua frustração fosse a falta de confronto aberto.
Desde que Sebastian decidira fingir que sua pequena escapada não aconteceu,
Vlad não teve a oportunidade de dizer a Sebastian que o sexo não significou
nada.
Desejava que Sebastian o confrontasse e o chamasse de
homossexual para poder negar.
Mas Sebastian nem olhava para ele, e garoto, isso o irritava. Queria
levantar-se, caminhar até Sebastian e sacudi-lo, empurrá-lo, prendê-lo no sofá
e...
Vlad se levantou e saiu rapidamente da sala. Ele bateu os nós dos
dedos contra a porta do escritório e empurrou-a aberta.
— Você vai sair hoje? — Ele disse.
Luke ergueu os olhos do seu laptop, um telefone pressionado em sua
orelha.
— Um momento, Andrew. — Disse ele, desligando o telefone. —
Estou trabalhando em casa hoje. — Disse a Vlad, franzindo o cenho. — Roman
me pediu. Por quê? Existe algum problema?
Vlad desejou poder dizer que sim. Desejava poder dizer a Luke que
precisava sair imediatamente do apartamento para que pudesse relaxar,
afastar-se de Sebastian, da sua pele, sua boca e seus olhos. Inferno, ele quase
desejava que o pessoal de Charves fosse visto na área.
— Não. — Disse Vlad. — Estou ficando louco.
Fechou a porta firmemente e suspirou. Esta loucura tinha que passar.
Não passou.
À noite, ele estava além de frustrado.
Mal podia provar a comida, enquanto a devorava, sentindo-se
distraído e irritado. Olhou para Sebastian, odiando-se por sua incapacidade de
ignorá-lo. Observou Sebastian e Luke falar sobre seus conhecidos comuns e
tentou convencer-se de que estava olhando para os dois.
Ele não estava olhando para os dois.
Sebastian às vezes fazia aquele piscar lento, deixando seus cílios
varrerem seus olhos antes de olhar para quem quer que esteja falando, lento,
sonolento, semelhante a uma corça.
Para piorar as coisas, Vlad tinha certeza de que Luke notou que ele
estava olhando. Ele continuou atirando a Vlad olhares curiosos durante o
jantar, enquanto Sebastian continuava ignorando-o.
Sebastian não olhou para ele uma única vez o dia todo e isso estava
incomodando Vlad mais do que gostaria.
Olhe para mim, ele queria rosnar. Olhe para mim, olhe para mim,
olhe para mim.
Ele se sentia como um maldito colegial com uma paixão por uma
garota bonita.
Exceto que ele não era um estudante e Sebastian não era uma
menina bonita em qualquer trecho de imaginação. Ele era muito bonito. Tão
fodidamente bonito. E tinha um sorriso tão bonito.
Vlad quase gemeu em voz alta. Teria ele realmente pensado isso?
— Tire uma foto, Vlad. — Disse Luke de repente. — Vai durar mais.
O sorriso de Sebastian congelou. Ele ainda não olhou para Vlad.
— Não sei o que você quer dizer. — Vlad disse, franzindo o cenho
para Luke.
Luke arqueou as sobrancelhas.
— Você esteve olhando para Seb por meia hora.
— Eu só estava pensando no que ele vai fazer quando seu rosto
bonito parar de lhe fazer dinheiro fácil. — Vlad disse.
Lentamente, Sebastian virou a cabeça para ele, um rubor aparecendo
em suas maçãs do rosto.
— Mesmo? Que coincidência! Eu só estava me perguntando o que
você iria fazer quando não puder ganhar dinheiro fácil, estando estupidamente
na academia flexionando seus músculos.
— Ok, crianças. — Luke disse, ficando de pé. — Tenho coisas
melhores a fazer do que assistir vocês dois puxarem o cabelo um do outro.
— Nós não estávamos...
— Não estamos...
— Claro. — Luke disse, soando muito divertido para o gosto de Vlad
quando saiu da cozinha.
Vlad olhou para Sebastian.
A tensão entre eles era quase palpável.
Sebastian molhou os lábios com a língua, levantou-se e saiu da
cozinha.
Vlad olhou para a xícara de chá de Sebastian.
Estava quase cheia.

*****
O resto da semana passou da mesma maneira: Sebastian alternava
entre evitá-lo e ignorá-lo. Vlad desejou poder fazer o mesmo, mas quanto
menos atenção Sebastian lhe deu, mais o incomodava. Ele mal conseguiu
evitar de fazer algo impulsivo, dizendo a si mesmo que assim era melhor.
As noites foram mais difíceis. Durante a noite, não havia como
escapar das lembranças e pensamentos que conseguia suprimir durante o dia.
Ele não dormiu bem. Não dormiu bem durante toda a semana.
Vlad suspirou e virou-se de costas, olhando para o céu escuro através
da janela junto à cama. A cobertura estava estranhamente silenciosa, os
outros dois homens haviam ido dormir horas atrás. Ele era o único acordado,
sua mente ocupada demais com pensamentos que preferia não ter.
Não havia como negar mais: ele não era tão reto quanto acreditou
toda a sua vida. Mas essa era a extensão do que ele estava disposto a admitir,
mesmo para si mesmo. Qualquer coisa além disso, era...
Vlad parou aquela linha de pensamento. Ele nunca foi bom em auto
reflexão. Na verdade, preferia não estar sozinho com seus próprios
pensamentos. Se fosse, tendia a ficar inquieto e vagamente insatisfeito.
Quando começou a se habituar a isso, sempre sentiu que havia algo
inerentemente errado com sua vida, com ele, mas nunca conseguiu entender o
quê.
A semana passada poderia ter finalmente lhe dado uma resposta,
mas não gostou da resposta.
O som de passos levou seus pensamentos a uma parada brusca.
Alguém estava se movendo no apartamento. Tenso, Vlad tirou a arma da mesa
de cabeceira e saiu silenciosamente da cama.
O corredor estava escuro e vazio.
Houve um ruído na sala de estar.
Quando chegou lá, encontrou Sebastian no meio da sala.
Vlad baixou a arma e acendeu a luz. Desta vez, não se surpreendeu
ao ver os olhos vidrados e sem vida de Sebastian. Ele estava sonâmbulo de
novo. Vlad olhou para ele, sem saber o que fazer. Sebastian estava usando
apenas uma calça solta de pijama que estava muito baixa em seus quadris.
Lambendo seus lábios repentinamente secos, ele desviou o olhar dos
quadris de Sebastian e caminhou para mais perto. Lembrou-se do que
Sebastian lhe dissera; que normalmente só ficava sonâmbulo quando estava
estressado por alguma coisa. Perguntando-se o que o estressou desta vez,
Vlad colocou a mão no ombro de Sebastian e sacudiu-o gentilmente.
— Acorde.
Sebastian se encolheu, fechou os olhos e caiu de encontro a Vlad, sua
respiração novamente suave. Ele estava dormindo agora, roncando
suavemente no pescoço de Vlad.
Vlad respirou trêmulo, sua cueca de repente um pouco apertada.
Amaldiçoando cada divindade em que pode pensar, repetiu:
— Acorde.
Sebastian murmurou algo sonolento e se aconchegou nele. Seus
lábios entreabertos roçaram a pele de Vlad, enviando arrepios ao pescoço.
Vlad fechou os olhos e respirou fundo. Isso era pura tortura.
— Acorde. — Disse ele, tentando não pensar em quanto queria
aproximar Sebastian e senti-lo. — Sebastian... — Grunhiu, agarrando-se ao
resto do seu controle pela pele dos seus dentes.
Finalmente, as pálpebras de Sebastian se abriram. Ele olhou para
Vlad, os olhos ainda sonolentos e um pouco confusos.
— Eu odeio meu cérebro. — Sebastian suspirou, parecendo
resignado. Levantou a mão e a colocou na parte de trás da cabeça de Vlad. —
Então, me beije.
Vlad congelou. Então percebeu que Sebastian pensava que estava
sonhando.
— Tudo bem. — Sebastian murmurou sonolento, baixando a cabeça.
Vlad nunca se sentiu tão fraco diante da atração. Depois de dias de
apenas olhar para Sebastian, olhando e querendo sua atenção, seu controle
era lamentável. Ele era atraído para este homem como uma abelha para o
mel.
Apenas um beijo, disse a si mesmo aturdido, olhando para a boca de
Sebastian. Apenas um.
Ele pressionou seus lábios contra os de Sebastian, engolindo o
gemido que ameaçou deixar seus lábios. Ele lambeu a boca de Sebastian,
embalando seu rosto em suas mãos. Sebastian era maravilhosamente
responsivo, seus lábios e língua tão famintos, seus braços envolvendo em volta
do pescoço de Vlad, puxando-o para mais perto. Pequenos gemidos encheram
o ar, enquanto se beijavam, se dele ou de Sebastian, Vlad não fazia ideia.
Foda-se, era quase dolorosamente bom.
De repente, Sebastian estremeceu e empurrou Vlad, afastando seus
lábios.
— Espere. — Ele disse, ofegante. — Não estou sonhando.
Com um suspiro, Vlad se afastou, suas mãos fechadas em punhos.
Não conseguia olhar para Sebastian. Ao contrário de Sebastian, ele não podia
alegar estar confuso e pensar que estava dormindo.
— Como é que... Eu estava dormindo?
— Sim. — Disse Vlad secamente. Podia sentir o olhar de Sebastian
sobre ele e suprimiu o desejo de cobrir sua virilha. Não havia nenhum motivo
para esconder seu pênis meio duro.
— Eu... — Sebastian interrompeu-se.
Vlad olhou para ele. Os ombros de Sebastian estavam tensos, com os
dedos tocando seus lábios. Quando seus olhares se encontraram, Sebastian
lambeu seus lábios brilhantes e limpou sua garganta.
— Boa noite. — Disse com voz rouca e saiu da sala.
Vlad soltou o fôlego que estava segurando, a tensão escorrendo.
Capítulo 17

Sebastian sentiu como se a morte o abraçasse quando saiu do quarto


na manhã seguinte. Ele mal dormiu na noite passada depois de voltar para seu
quarto, mortificado de ser capturado em seu sonambulismo novamente e pedir
a Vlad para beijá-lo. Vlad provavelmente pensava que ele era uma aberração
por mais razões do que uma agora. Sebastian meio que esperava que Luke e
Vlad fossem para o escritório de Luke, para que não tivesse que enfrentá-los.
Mas ambos estavam na sala de estar.
Luke sorriu para ele quando viu Sebastian.
— Temos uma boa notícia! — Ele disse brilhantemente, colocando um
cacho de cabelo atrás da sua orelha. — Os membros restantes do culto foram
finalmente capturados ontem à noite!
Sebastian piscou para ele. Podia ver a figura de Vlad em sua visão
periférica, mas evitou encará-lo.
— Isso significa que posso ir para casa, certo?
Luke assentiu.
— Mas você pode ficar...
Sebastian virou-se rapidamente.
— Vou arrumar minhas coisas. — Respondeu sobre seu ombro e
recuou para o seu quarto.
Uma vez lá, olhou sem ver para o espaço.
Ele poderia finalmente ir para casa. Longe de Vlad.
O miado de Hermione o empurrou em ação. Empacotou rapidamente,
agarrou seu gato e foi agradecer a Luke por sua hospitalidade.
— Você não precisa se mudar imediatamente. — Disse Luke,
franzindo o cenho.
— Eu quero. — Disse Sebastian. Sentiu o olhar pesado de Vlad sobre
ele. Foi mais do que um pouco desconcertante. Não entendia o que estava
acontecendo na cabeça de Vlad. — Muito obrigado, companheiro, mas sinto
falta da minha própria cama.
— Eu entendo, mas gostaria que você pudesse ficar um pouco mais.
— Disse Luke, enquanto caminhavam para o elevador. Ele fez uma careta. —
Gostei de não ficar sozinho com Vlad.
Sebastian fez o possível para não olhar por cima do ombro para Vlad,
que provavelmente poderia ouvir cada palavra.
— Por que ele tem que ficar aqui se o culto foi pego?
— Pensei ter lhe dito que o culto não era o único motivo pelo qual
Vlad estava aqui. Há...
— Você não deveria estar falando sobre isso. — Vlad cortou atrás
deles e Sebastian se encolheu. A voz de Vlad soava muito mais próxima do
que esperava.
Luke suspirou.
— Eu me sinto como um prisioneiro em minha própria casa. — Ele
murmurou antes de levantar a voz. — Quando Roman estiver de volta, você
vai parar de ser meu guarda-costas. Eu pediria a Roman para demiti-lo
novamente, mas sei que você e Roman são amigos e por algum motivo ele
tem um ponto fraco por você. Acha que você é leal.
— E sou. — Disse Vlad antes de suspirar. — Luke...
Luke se virou e Sebastian também, curioso com essa resposta.
Vlad olhou para ele, seu rosto ilegível, antes de concentrar seu olhar
em Luke com uma expressão resoluta.
— Olha, sei que não tivemos um bom começo. — Disse ele. — Eu não
fiz a sua situação mais fácil. Não parei meus homens quando eles te
derrubaram...
— Você se juntou a eles, uma vez. — Luke sibilou, cruzando os
braços sobre o peito.
Vlad olhou para o rosto dele.
— Eu não estava exatamente sóbrio naquele tempo. Estávamos
comemorando o meu aniversário e uma coisa levou a outra. Você era um alvo
fácil.
Luke riu.
— É essa a sua ideia de um pedido de desculpas? Porque se for, você
está fazendo errado.
Vlad deu de ombros, seus ombros encurvaram um pouco.
— Não estou tentando me desculpar ou... Fingir ser um homem
melhor do que sou. Eu fiz coisas muito piores do que dar um tempo difícil para
alguém, e se me desculpasse por todas elas, ficaríamos aqui a noite toda. —
Seu olhar passou para Sebastian por uma fração de segundos antes de se fixar
em Luke. — Recentemente alguém me disse que sou um valentão. Talvez ele
estivesse certo. Mas o que aconteceu na Rússia foi um lapso de julgamento
singular, não algo que acontece regularmente. Roman teria me demitido há
muito tempo, se fosse. Então você pode parar de me olhar como se eu fosse te
agarrar e bater em você. Eu não vou, não importa o quanto não goste de você.
Luke mordeu o lábio.
— Não gosta de mim? Pretérito?
Vlad revirou os olhos, sorrindo para Luke.
— Não suporta o pensamento de alguém não estar enrolado em torno
de seu dedo mindinho sempre que bate seus cílios bonitos?
Luke franziu o cenho, mas seus lábios se contraíram.
Sebastian observou a troca de olhares, o estômago torcido em nós
desagradáveis. Quando percebeu exatamente o que era essa emoção feia,
desviou o olhar, assustado. Ele não poderia ser realmente estúpido o suficiente
para ter ciúmes de Vlad. Ele não estava.
Mas não podia negar que não gostou de ver Vlad sorrir para Luke do
jeito que nunca sorriu para ele, e não gostou de saber que Vlad notou que os
cílios de Luke eram bonitos.
Porra, ele estava sendo ridículo. Claro que os cílios de Luke eram
bonitos. Luke era provavelmente o sujeito mais bonito que Sebastian
conheceu, com exceção de Tristan DuVal. Claro que Vlad notou como Luke era
bonito. Ele não era cego, e era gay, não importa o que Vlad dizia a si mesmo.
Talvez Vlad secretamente tenha desejado Luke e essa fosse a razão
do seu antagonismo em relação a ele. Sua gata grunhiu protestando quando
Sebastian a apertou demais contra seu peito. Ele se forçou a relaxar o aperto.
— Tudo bem, estou de saída. — Sebastian disse desajeitadamente,
sentindo como se estivesse novamente na escola secundária e ainda fosse o
nerd invisível e perdedor. — Tchau, Luke. Obrigado por tudo!
Ele entrou no elevador antes que qualquer um deles pudesse dizer
alguma coisa.
Uma vez dentro, bateu a cabeça contra a parede e suspirou.
— Isso foi patético. — Disse a Hermione, pressionando sua bochecha
contra ela. — Eu sou um perdedor.
Não importava o quão bom ele parecia agora. Sempre se sentiria
como um patinho feio no coração. Sim, era óbvio que Vlad se sentiu atraído
por ele, mas era apenas isso, uma atração superficial por um cara bonito. Ele
não era nada especial para Vlad. Poderia ter sido qualquer um.
Ele não era nada especial para ninguém.

Capítulo 18

― Falou com o seu amigo?


Luke ergueu o olhar do seu notebook e encarou Vlad.
O russo descansava no sofá, os olhos fixos em seu telefone. Luke o
estudou com interesse. Desde que haviam conversado e limpado o ar entre
eles há uma semana, Luke se sentia muito mais confortável na presença de
Vlad, mas não eram exatamente amigos e ainda não tinha conseguido
entender o cara.
― Que amigo? ― Disse Luke. ― Tenho muitos amigos.
― Sebastian. ― Disse Vlad, seu tom casual, talvez casual demais.
Luke o olhou com curiosidade. Não era cego, notou que havia algo
acontecendo entre o seu guarda-costas rabugento e Sebastian. Luke não podia
dizer que aprovava, acreditava que terminaria com Sebastian em lágrimas,
mas, novamente, todos lhe disseram a mesma coisa sobre Roman, e Luke
nunca estivera tão feliz. Claro, Roman não era um homem fácil de estar, mas
Luke se sentia bem com ele. Bem, seguro e muito apaixonado.
Forçando-se a parar de pensar em Roman, Luke concentrou a sua
atenção em Vlad.
― Sim. ― Respondeu inocentemente, disfarçando um sorriso quando
a mandíbula de Vlad contraiu. O sujeito claramente não ficou feliz com a
brevidade da sua resposta.
Sete segundos se passaram antes que Vlad finalmente falasse
novamente.
― Ele não apareceu por aqui. ― Disse Vlad, com os olhos ainda no
telefone.
― Não. ― Luke confirmou, desviando o olhar por um momento para
esconder outro sorriso. ― Esperava que viesse com frequência? Nós não
somos realmente esse tipo de amigos. Ele está ocupado com a linha de moda
de Tristan, acho.
Vlad não disse nada.
Luke estudou suas feições intensas. Embora Vlad não o deixasse mais
nervoso, não pôde deixar de notar que havia uma promessa de violência nas
linhas do seu corpo. Luke se perguntou que tipo de vida Vlad levara para que
tal intensidade estivesse tão profundamente enraizada em seus maneirismos,
mesmo quando Vlad deveria supostamente estar relaxado e em segurança.
Vlad era diferente de Roman nesse quesito. Roman era todo poder
controlado e dominação, enquanto Vlad emitia vibrações tensas e agressivas,
como se pudesse explodir a qualquer momento. Tendo visto o que Vlad era
capaz de fazer, isso deixou Luke um pouco desconfiado, embora soubesse que
o homem não colocaria um dedo nele.
― Você gosta de Sebastian? ― Luke perguntou contra o seu melhor
julgamento.
Os ombros de Vlad se endureceram, até mesmo a ilusão de que
estava relaxado sumiu. Luke esperava que Vlad negasse ter qualquer
inclinação homossexual, então ficou muito surpreso quando Vlad simplesmente
disse:
― Não.
Sua curiosidade aumentou e Luke disse:
― Esqueceu que os vi juntos? Se beijando?
Mais uma vez esperou por um não sou uma bicha, ou outro slogan
homofóbico.
Vlad o surpreendeu de novo.
― Você é um garoto. ― Disse, sem desdém em sua voz. ― Não é
necessário gostar de alguém para beijá-los.
Luke revirou os olhos. Se ganhasse dinheiro por cada vez que alguém
subestimasse sua experiência ou sua idade, seria o homem mais rico da Terra.
― Sabe, não estava exatamente apaixonado por Roman na primeira
vez que fizemos sexo. ― Disse Luke. Quando Vlad virou a cabeça em sua
direção, Luke sorriu, divertido. ― Realmente pensou que eu fosse tão crédulo?
Roman odiava o meu pai e sabia que ele estava me usando. ― Inclinou a
cabeça. ― Na verdade, comparado a isso, não entendo por que você e
Sebastian não se deram bem desde o início...
― O cara fodeu a minha namorada enquanto eu estava cuidando de
você na Suíça. ― Disse Vlad sem rodeios.
Luke piscou. Isso era novidade para ele. Nem sabia que Vlad tinha
namorada.
― Isso não soa como Sebastian. ― Disse, franzindo as sobrancelhas.
― Quero dizer, o cara gosta de transar por aí, mas não é um idiota. Ele não
fode com os relacionamentos das outras pessoas. ― Pausou. ― Então o
conheceu antes de vir para Londres?
― Sim. Fui ao seu hotel em Moscou, queria lhe ensinar uma lição.
Luke estremeceu olhando os punhos maciços de Vlad. Sebastian não
era um homem pequeno por qualquer meio, mas não era páreo para esse tipo
de força brutal. Depois de ver os punhos de Vlad em ação contra aqueles
loucos homofóbicos, sabia que Vlad não usara nem metade de sua força contra
ele, Luke não estaria vivo se tivesse.
― E bateu nele? ― Perguntou Luke.
― Não. ― Vlad disse bruscamente. ― Ele me irritou tanto que... ―
Lambendo os lábios, desviou o olhar. ― Acabou me distraindo.
― Como?
― Não importa. ― Claramente isso era tudo o que Vlad iria dizer
sobre o assunto.
― Seb é muito bonito. ― Disse Luke, um pouco melancolicamente.
Sempre estivera um pouco invejoso dos olhares que Sebastian
recebia. Sebastian conseguia ser lindo e forte. Ninguém chamaria Sebastian de
um garoto bonito. Ele era apenas alguns anos mais velho do que Luke, mas as
pessoas pensavam que era muito mais velho e mais maduro do que ele.
Embora Luke não tivesse mais problemas por não parecer muito viril, às vezes
desejava ser levado mais a sério. Teria certamente tornado o seu trabalho
muito mais fácil.
Luke olhou para Vlad.
― Não acha? Que ele é bonito?
― Ele... ― Vlad apertou a mandíbula. ― Ele é muito... ― Cortou o
que quer que fosse dizer e franziu os lábios.
― Ele é muito bonito. ― Repetiu Luke.
― Não é tão bonito. ― Vlad resmungou. ― Ele se parece com a
Branca de Neve.
Luke riu.
― Está dizendo como se isso fosse uma coisa ruim.
― Ele é muito pálido. Em contraste, seus olhos são muito escuros. E
seus lábios são tão vermelhos que parecem pintados.
Luke cantarolou sem confirmar ou negar, cobrindo a boca com a mão
para esconder o sorriso.
― Seu traseiro é muito grande. ― Disse Vlad. ― E tem pernas de
galinha.
― Sim, parece positivamente trágico.
Vlad o olhou com desconfiança e franziu o cenho quando Luke
finalmente soltou uma risada descarada.
― Vamos, você gosta dele, admita!
― Não sei. ― Vlad disse com força. ― Não gosto dele da maneira que
está insinuando. O cara me irrita na maior parte do tempo.
― De que maneira gosta dele, então? ― Luke disse, não querendo
deixar o assunto quando Vlad parecia estranhamente falante.
Vlad o olhou.
― Não disse que gostava dele.
― Disse que não gostava dele da maneira que eu estava insinuando.
― Disse Luke, sorrindo. ― O que significa que gosta dele de alguma forma.
― Não foi o que eu quis dizer. ― Vlad rangeu os dentes, seu sotaque
de repente muito mais grosso. ― Não sou um nativo devo ter me expressado
errado.
Luke arqueou as sobrancelhas.
― Isso é muito conveniente. Está se esquecendo de que estou em um
relacionamento com um russo. Roman joga o cartão de estrangeiro quando lhe
convém, até demais. Vamos lá, derrame.
Vlad soltou um suspiro irritado, virando o rosto para longe.
― Deixe para lá. E não nos compare a você e Roman.
Luke sorriu.
― Nós?
Vlad lançou-lhe um olhar fulminante e fechou os olhos.
Por um momento, ficou em silêncio.
― A polícia acha que alguns membros menores do culto ainda podem
estar lá fora. ― Disse finalmente. ― É por isso que perguntei sobre ele. Isso é
tudo.
Luke franziu o cenho.
― Acha que Sebastian ainda está em perigo?
― Talvez. ― Disse Vlad, sem abrir os olhos. ― Os fanáticos loucos
são os mais difíceis de prever.
Luke o estudou, mas era impossível dizer se Vlad considerava o
perigo sério ou não.
― Talvez deva ir ver Sebastian. ― Disse Luke lentamente. Quando
Vlad não reagiu, decidiu fazer disso uma ordem. ― Quero que vá ver
Sebastian. Certifique-se de que seu lugar esteja seguro.
Vlad abriu os olhos. Olhou para o elevador privado antes de seu olhar
cair e balançar a cabeça.
― Irei depois de você ir para a cama. É mais seguro assim.
― Vá agora. ― Ordenou Luke. Sabia que Vlad tinha instalado um
sistema de segurança complicado no apartamento, no caso de ter que deixá-lo
sozinho à noite. Vlad nunca usou isso antes, porque com a exceção da viagem
à cidade natal de Sebastian, era inflexível sobre permanecer perto o tempo
todo, mesmo que isso não fosse exigido em seu contrato. Roman tinha razão
quando disse que Vlad não era nada, se não dedicado ao trabalho, indo além
das exigências. ― Vou ficar aqui. ― Disse Luke. ― Pode ir agora.
― Irei depois que você for para a cama. ― Vlad respondeu,
encerrando o assunto.
Luke o olhou por um momento antes de acenar com a cabeça e se
levantar.
― Então vou para a cama.
Vlad o encarou com desconfiança.
― Depois que eu ligar o sistema de segurança, não será capaz de sair
do seu quarto sem tropeçar nele.
Luke deu de ombros e fingiu um bocejo.
― Estou realmente cansado. ― Disse e se dirigiu ao seu quarto.
Quando Luke saiu do banheiro da suíte, Vlad bateu na porta e disse:
― Não poderá sair do quarto até o meu regresso.
― Ok. ― Disse Luke, deitando na sua cama muito macia e muito
vazia. Ele suspirou. ― Vlad?
― O quê? ― Vlad disse, sua impaciência mal escondida.
― Quando foi a última vez que falou com Roman? ― Luke disse, sem
olhá-lo. ― Ele não me ligou em dois dias. ― Estava querendo perguntar a Vlad
o dia todo, mas seu orgulho não deixou. Não queria parecer um bebê
pegajoso. Esperou que Roman telefonasse à noite, o homem prometeu ligar
todos os dias, e não haveria necessidade de perguntar a Vlad. Exceto que
Roman não ligou. E nunca perdeu uma ligação antes.
Houve uma pausa antes de Vlad responder.
― Três dias atrás.
Luke fechou os olhos, mordendo o lábio com força.
― Não é a primeira vez que Roman desaparece por alguns dias. ―
Disse Vlad com brusquidão. ― Pare de ser tão preocupado.
O cara estava realmente tentando consolar Luke?
― Obrigado. ― Luke disse com um pequeno sorriso. Roman estava
certo. Vlad não era tão ruim assim.
Vlad apenas grunhiu e fechou a porta.
Abraçando seu travesseiro, Luke apertou os olhos e ordenou a si
mesmo parar de ser estúpido. Vlad tinha razão. Roman estava bem.
Provavelmente estava se preocupando por nada.
Por favor, deixe-me estar preocupado por nada.
Em momentos como esse, Luke quase se perguntava se valia a pena.
Mas então lembrou dos braços de Roman ao redor dele, seu cheiro masculino e
reconfortante, seus lábios firmes, a sua barba fazendo cócegas no rosto de
Luke, e sentiu tanto a sua falta que algo doeu profundamente dentro dele.
― Volte... ― Sussurrou, quase que inaudível.
Tentando distrair-se, Luke pensou em Sebastian e Vlad. Verdade seja
dita, não estava tão certo de que fez a coisa certa ao instigar Vlad a ir verificar
Sebastian. Podia ver que Vlad nutria algum tipo de sentimento por Sebastian,
era impossível estar na mesma sala que aqueles dois e permanecer
inconsciente da tensão sexual espessa, quase sufocante entre eles, mas Luke
não tinha certeza se Vlad e Sebastian podiam fazer isso funcionar. Havia algo
perturbador no modo como Vlad olhava Sebastian, como se o odiasse e
desejasse ao mesmo tempo. Levando em consideração a homofobia
profundamente arraigada de Vlad, era uma receita para o desastre. Luke só
podia esperar que não tivesse cometido um grande erro e que as coisas não
ficassem feias no apartamento de Sebastian.

Capítulo 19

Roman ia matá-lo se algo acontecesse ao seu precioso menino


enquanto Vlad estivesse fora. Não importava que o perigo fosse mínimo após o
culto ter sido apanhado, poderia ter exagerado um pouco quando contou a
Luke sobre as preocupações da polícia, e a segurança no prédio de Luke era de
primeira linha. Mas nenhum sistema de segurança era impenetrável. Sem
mencionar que era um pouco preocupante Roman não ter contatado qualquer
um deles nesses dias.
Não deveria estar aqui. Deveria ter ficado perto de Luke e esperado
por notícias de Roman em vez de perseguir Sebastian Sumner. A perseguição
era provavelmente uma palavra muito suave. Estava sendo um babaca
completo.
Porque entrar no apartamento de alguém e vê-los dormir era muito
assustador, até mesmo para os seus padrões baixos.
Vlad olhou o homem adormecido, tentando combater o ressentimento
crescendo dentro dele. Racionalmente, sabia que essa... Obsessão não era
culpa de Sebastian. Ele era um homem adulto e o único responsável por suas
falhas e por sua falta de controle. Não era culpa de Sebastian se durante toda
a semana sentiu como se a sua pele estivesse coçando, querendo vê-lo.
Não tinha sido uma coisa fácil de aceitar. Vlad foi forçado a deixar de
viver em negação quando se pegou esperando, e desejando ver Sebastian
enrolado no sofá de Luke, seu rosto enterrado em um livro grosso, mastigando
seu polegar sempre que algo interessante acontecia na historia. Vlad não
percebeu que estivera catalogando mentalmente cada mania de Sebastian,
passando uma quantidade insalubre de tempo observando-o, até que se
encontrou com muito tempo disponível e nada para fazer enquanto Luke
trabalhava em seu escritório. Já não podia negar que gostava de observar
Sebastian, gostava de admirá-lo, como se Sebastian fosse uma bela obra de
arte. Vlad não queria pensar no que isso significava, porque nenhuma das
conclusões que chegou era particularmente confortável.
Sebastian murmurou algo dormindo e se moveu no sono, rolando de
seu estômago para suas costas. Os lençóis caíram até suas coxas.
A luz brilhava nos músculos dos braços de Sebastian e nas linhas
esculpidas do seu torso. Vlad engoliu em seco. Maldito seja. Maldito seja por
adormecer com as luzes acesas. Se estivesse escuro, Vlad não seria capaz de
ver seus longos cílios lançando grossas sombras sobre suas maçãs do rosto, ou
aquela linda boca, se separando ligeiramente. Ele parecia tão fodidamente
comestível. Vlad sempre achou que fosse um exagero quando as pessoas
diziam que alguém parecia delicioso. Não era um exagero. Vlad sentiu uma
fome quase física, e fez tudo menos babar, seu pênis endureceu só de olhar o
jovem adormecido.
Sujo, pervertido, doente.
Uma voz interior sussurrou, soando suspeitosamente como seu tio.
A vergonha revirava em seu estômago, mas não conseguia
sobrepujar o desejo inebriante e estúpido do seu corpo.
É doentio.
Vlad o queria.
É uma perversão.
Ele o queria.
É depravado e maligno.
Ele o queria.
Vlad esticou a mão até o tornozelo esguio e musculoso de Sebastian.
― Acorde.
Sebastian se agitou, murmurou algo e continuou dormindo.
Vlad acariciou o tornozelo e disse mais alto.
― Sebastian!
― O quê? ― Sebastian murmurou, seus olhos fechados. ― Estou
dormindo. Vá embora.
― Quero você. ― Disse Vlad.
Por alguns momentos, não houve reação do outro homem.
Então, Sebastian abriu os olhos turvos e o olhou com confusão.
― Vlad? O que está...? Como você...? ― Seus olhos se estreitaram,
sua expressão se tornando mais alerta. ― Espera. Você invadiu o meu
apartamento?
― Talvez.
― Talvez? ― Sebastian balbuciou. ― E não viu nada de errado nisso?
O que há de errado com você?
Vlad se encontrou sorrindo.
― É um dos crimes mais suaves que já cometi, na verdade.
― Percebe que isso não é muito reconfortante, certo? ― Sebastian
disse, sentando-se. As mechas escuras de cabelo caíram sobre seus olhos.
― Não estava tentando ser reconfortante. ― Vlad disse e começou a
desabotoar a sua camisa.
Sebastian o encarou com os olhos arregalados.
― O que está fazendo? ― Sussurrou, lambendo seus lábios.
― Me despindo.
― Por quê?
― Não é óbvio? ― Vlad disse, desabotoando o cinto.
Os olhos escuros de Sebastian se fixaram em seus dedos enquanto
desabotoavam a camisa.
― Não entendo. ― Disse impotente, soando como uma criança
confusa. Foi-se o homem confiante, experiente, sem vergonha e promíscuo.
Sebastian parecia vulnerável com seus olhos arregalados.
Vlad queria beijá-lo.
Sujo, pervertido, doente.
Vlad ignorou a voz insistente. Poderia sentir vergonha mais tarde.
Agora queria deitar entre aquelas coxas e beijar essa boca.
Abaixando a sua cueca, Vlad subiu na cama, puxou Sebastian na sua
direção até que ficasse no meio do colo de Vlad, e colocou as mãos nos ombros
nus dele.
― Olha... ― Vlad disse, encarando os olhos arregalados de Sebastian.
― Sei que não gosta de mim. Sei que disse que não queria lidar com as
minhas besteiras. Depois de conhecer Fletcher, entendi isso. Não sou muito
melhor que ele. E não sou bom para você. Provavelmente te lembro de cada
coisa de merda ou dolorosa que ele fez. E compreendo isso.
As sobrancelhas escuras de Sebastian franziram.
― O que está dizendo?
― Estou sendo honesto. ― Disse Vlad, seus polegares acariciando a
pele lisa da garganta de Sebastian. Ele parecia ser um daqueles raros homens
de cabelos escuros que não precisavam se barbear muitas vezes. O olhar de
Vlad se elevou pelo pescoço de Sebastian. Limpou a garganta, afastando os
olhos da boca dele. ― Estou dizendo que estava certo. Sou o idiota e valentão
que me acusou de ser. ― Encontrou o olhar de Sebastian novamente. ― Estou
dizendo que quero você, mesmo que eu não esteja totalmente bem com isso.
Não quero desejá-lo. Essa é a verdade. Provavelmente deveria me expulsar,
porque te olho, o desejo e quero fodê-lo por me deixar assim.
― Não te obriguei a fazer nada. ― Disse Sebastian. ― Você apenas
foi reprimido como o inferno. Poderia ter sido com qualquer um.
― Talvez. ― Vlad concedeu. ― Mas há uma coisa em mim que te
culpa, porque não foi qualquer outra pessoa que me faz agir como um
estudante obcecado com tesão e um único objetivo. Foi você.
Sebastian o olhou sem piscar, um leve rubor aparecendo em suas
bochechas pálidas.
― Ainda não consigo entender aonde quer chegar com isto. Veio aqui
para me bater? Novamente?
― Vim aqui porque não consegui ficar longe. ― Vlad disse, seus
dedos acariciando a garganta de Sebastian. Queria depositar uma trilha de
chupões e deixar marcas de mordida em torno desse pescoço, ver quanta força
de sucção precisaria fazer para a pele pálida de Sebastian mostrar as
contusões. ― Quero você. Quero enfiar o meu pau dentro do seu corpo e
continuar penetrando-o até que fique enjoado disso, até que esteja curado
dessa... Obsessão por você. Mas não quero ser um idiota. Quero ter certeza de
que entende que não sou... Que isso não significa nada demais. ― Encarou
Sebastian nos olhos. ― Me chute agora se não estiver de acordo com isso.
Observou o pomo de Adão de Sebastian se mover.
Não conseguia ler o rosto de Sebastian quando disse:
― Está dizendo que quer sexo sem ligação. Basicamente quer me
tirar do seu sistema.
Parecia uma afirmação, mas Vlad respondeu:
― Sim.
― Porque tem muita bagagem e não pode oferecer mais.
― Sim.
― E se... Se eu concordar com isso, não vou ter que lidar com o seu
chilique depois. Vai enlouquecer em outro lugar.
― Essencialmente.
― E não vai atirar a sua raiva em mim.
Vlad estremeceu interiormente. Isso não seria fácil, mas estava
determinado a não fazê-lo.
― Não.
― Não vai me fazer sentir como uma porcaria. Sem mais insultos
homofóbicos.
Vlad olhou Sebastian nos olhos.
― Vou tentar.
― Eu... ― Sebastian mastigou o seu lábio. ― Não sei. ― Ele sorriu
um pouco de lado. ― Isso é meio inesperado. Esperava que estivesse
profundamente em negação para até mesmo admitir que se sentisse atraído
por mim. Definitivamente não esperava ter uma conversa séria e adulta com
você que não terminasse em insultos.
Vlad sorriu de volta.
― A noite ainda é uma criança.
Sebastian riu. Imediatamente enrubesceu, cobrindo a boca com a
mão, claramente autoconsciente da sua risada estranha.
Vlad se viu sorrindo ainda mais. Era um alívio ver que Sebastian não
tinha uma risada perfeita e bonita para combinar com a sua aparência.
― Então... ― Vlad disse, retendo as suas mãos com esforço
consciente de sua parte. Elas queriam vaguear e tocar toda a pele exposta e
suave.
― Então... ― Sebastian repetiu, colocando as mãos no peito nu de
Vlad. O coração de Vlad trovejou sob sua palma. Sebastian levantou o olhar e
molhou os lábios com a língua. ― Sem qualquer conexão?
― Sem qualquer conexão. ― Disse Vlad, baixando os olhos para os
lábios de Sebastian, que foi o único a inclinar-se e encaixar suas bocas juntas,
e a tensão que torceu o interior de Vlad durante toda a semana finalmente
relaxou. Foi o que desejou o tempo todo, aquela boca. Embalando o rosto de
Sebastian, Vlad beijou-o com tudo que tinha, curvando a língua em torno da
dele.
― Foda. ― Sebastian disse quando finalmente se separaram para
respirar. Estava respirando com dificuldade, os olhos vidrados e os lábios
vermelhos e brilhantes com saliva.
― Sim. ― Vlad resmungou, o olhando fixamente.
Eles se moveram como um, esmagando os lábios novamente,
famintos, impacientes e desajeitados. Gemendo, Sebastian se mexeu no colo
de Vlad, seus peitos nus pressionando juntos e inspirando tremores deliciosos
em todo o corpo dele.
Porra, Vlad nunca quis consumir uma pessoa, deitando sobre ela e
tendo-a em todos os sentidos que uma pessoa poderia ser tomada. Queria
entender a mente de Sebastian, queria marcá-lo da cabeça aos pés, entrar
dentro dele e empurrar, empurrar, empurrar.
― Quero você. ― Disse Vlad, mordiscando a mandíbula de Sebastian.
― Quero fodê-lo. Por favor.
― Ok. ― Sebastian disse, caindo no colchão e puxando Vlad para
cima dele.
As preliminares foram curtas, desajeitadas e impacientes. Vlad teria
ficado envergonhado se Sebastian não estivesse igualmente desajeitado e
impaciente. Os dois beijaram e apalparam um ao outro como adolescentes
excitados, gemendo e ofegando na boca do outro.
― Chupa o meu pau? ― Sebastian murmurou contra seus lábios,
enviando um choque de excitação através do corpo de Vlad.
Olhou para o pênis vermelho e duro, orgulhoso contra o abdômen de
Sebastian. Parecia tão... Depravado. Sua boca se encheu de água.
Vlad inclinou-se e engoliu o pênis o máximo que pôde. Sebastian
choramingou acima dele, seus dedos agarraram os ombros de Vlad,
estimulando-o. Vlad fechou os olhos e chupou.
Bicha. A voz familiar em sua cabeça disse. Chupador de pau.
Ignorando, Vlad sugou mais forte, estranhamente excitado pela
obscenidade do ato. Gostava da maneira que o pênis esticava os seus lábios, o
sabor dele, o cheiro da excitação masculina. Chupar um pau parecia errado, e
ao mesmo tempo, satisfatório, e se viu gemendo enquanto o sugava. Seus
dedos massageavam as coxas de Sebastian enquanto movia a cabeça para
cima e para baixo, apreciando os sons que vinham da sua boca enquanto
chupava, lambia e zunia em torno do pau, ignorando o seu próprio, que estava
dolorosamente duro também.
― Pare, pare... ― Sebastian grunhiu de repente, empurrando-o. ―
Não quero gozar assim. ― Empurrou sua cueca para baixo e a tirou. ― Venha
aqui, me dê o lubrificante da gaveta.
Vlad não se lembrava de ter tirado a sua própria roupa de baixo, sua
visão presa a Sebastian enquanto o outro se preparava às pressas, mas em
algum momento, deve ter feito isso, porque seu pênis estava fora e o
empurrou dentro do ânus cintilante de Sebastian. As lindas coxas de Sebastian
apertaram ao redor dele, suas longas pernas enganchadas em torno da cintura
de Vlad.
Os dois gemeram, arquejando contra a boca um do outro, seus
corpos unidos. Foda-se, se havia um céu, deve fazê-lo se sentir assim. Vlad
não queria sair.
Dividido entre querer agarrar os quadris de Sebastian e apenas fodê-
lo no colchão, ou levá-lo enlouquecedoramente lento para extrair o máximo de
prazer enquanto podia, Vlad beijou Sebastian profundamente. Sebastian
enterrou os dedos em seus ombros, choramingando.
Sugestão tomada.
Rangendo os dentes, Vlad se afastou e impulsionou. Sebastian gemeu
e se arqueou sob seu corpo. Vlad encontrou rapidamente o ritmo que melhor
lhes convinha, um ritmo frenético e faminto que não possuía elegância, não
que nenhum deles se importasse com isso.
― Tão bom... ― Sebastian ofegou, seus olhos vidrados. Ele era uma
visão e tanto, e Vlad se apoiou sobre um cotovelo para olhá-lo enquanto o
fodia. Nunca se sentiu tão... Obcecado por alguém que fodia. Tão encantado.
Tão embriagado de luxúria e desejo.
Pela primeira vez, percebeu por que as estrelas da pornografia diziam
todas aquelas ridículas falas manjadas.
― Diga-me o quanto ama o meu pau. ― Disse Vlad, seus quadris se
movendo por sua própria vontade enquanto seus olhos se fixavam no homem
debaixo dele.
Sebastian soltou um riso rouco.
― Sério? ― Perguntou, suas palavras se transformando em um longo
gemido quando Vlad acertou o seu ponto doce. Vlad lembrou-se de como se
sentia bem quando um pau tocava aquele ponto dentro dele. Se não quisesse
tanto foder Sebastian, o teria feito fodê-lo. Talvez mais tarde, depois de ter
saciado o desejo de transar com Sebastian, dominá-lo e fodê-lo, se alguma vez
conseguisse saciar esse desejo.
― Diga... ― Ordenou Vlad, sibilando com o aperto perfeito ao redor
dele enquanto batia na próstata de Sebastian novamente, novamente, e
novamente.
― Amo o seu pau. ― Sebastian murmurou finalmente, seu rosto
corado e olhos rolando para a parte de trás da sua cabeça. ― Amo-o tanto, é
tão perfeito, tão bom.
Foda-se, o cara parecia drogado, como se o pau de Vlad fosse
realmente a melhor coisa que já sentiu, como se fosse morrer se Vlad parasse.
― Diga que é uma puta por ele. ― Vlad disse, empurrando com mais
força e se sentindo entorpecido, imprudente e invencível.
― Sou uma puta por ele. ― Sebastian murmurou. ― Uma puta de
pau.
― Do meu pau. ― Vlad retrucou, segurando por pouco o seu
orgasmo.
― Seu pau. ― Sebastian murmurou, parecendo completamente
perdido. ― Adoro. Quero tê-lo dentro de mim o tempo todo.
Fodido inferno.
Vlad empurrou os quadris para frente mais algumas vezes antes de
penetrar o seu pau com toda a força em Sebastian e rosnando enquanto
gozava, o seu mundo escurecendo por um momento.
Uma vez que se recuperou um pouco, descobriu que tinha Sebastian
preso debaixo dele. Sebastian choramingava, pressionando a sua ereção
contra a coxa de Vlad. Antes que pudesse pensar duas vezes, Vlad colocou a
mão em torno do pênis de Sebastian. Levou apenas alguns golpes firmes antes
de ele também chegar ao orgasmo com um gemido baixo.
― Estamos totalmente fazendo isso de novo. ― Sebastian disse com
um sorriso um pouco louco.
Vlad só podia assentir e pressionar o rosto no peito de Sebastian,
respirando-o. O cheiro de sexo e suor fresco não deveria ser tão agradável. A
voz na parte de trás da sua cabeça sussurrou que era um doente desviado,
mas não conseguiu se preocupar com isso quando todo o seu corpo cantava
com satisfação e prazer.
Sabia que se importaria mais tarde.
Mas não agora.

Capítulo 20

Sebastian enxugou as mãos no avental e olhou para a sua criação. O


bolo não estava grande coisa, mas cheirava delicioso e estava certo de que
acertou na receita que sua mãe lhe enviara.
Algumas pessoas provavelmente pensariam que ele era louco, mas
cozinhar era sua atividade favorita quando se sentia nervoso. E ele se sentia
um pouco ansioso naquela noite, olhando para o relógio a cada poucos
minutos.
Ele não tinha certeza se Vlad iria comer. Eles não fizeram nenhum
plano ontem à noite. Vlad já tinha saído quando Sebastian acordou esta
manhã, e agora Sebastian não sabia ao certo o que esperar. Vlad estava
planejando vim todas as noites? Ele estaria voltando? Apesar das palavras de
Vlad, Sebastian quase esperava que Vlad ficasse louco e mudasse de ideia.
Já eram dez da noite. Certamente Vlad não viria.
A campainha tocou.
Certo.
— Não coma o bolo. — Sebastian disse a sua gata e foi abrir a porta.
Vlad estava do outro lado. Sebastian molhou seus lábios, deixando
Vlad entrar. Ele não estava acostumado a ver Vlad em nada além de ternos
pretos, jeans pretos e camisetas pretas. Agora ele estava usando jeans e um
pulôver azul escuro de aparência muito suave que acentuava a largura dos
seus ombros e a cor dos seus olhos azuis, olhos esses que imediatamente se
fixaram em Sebastian. Era tão fácil se perder nesses olhos, nesse olhar. Como
todos, Sebastian gostava de ser o centro do universo de alguém, e Vlad
poderia entregar isso com um único olhar. Ele amava isso, ser o foco da
completa atenção de Vlad.
— Hum, oi. — Sebastian disse, percebendo que estava encarando
Vlad em silêncio.
Vlad finalmente afastou o olhar do seu rosto para percorrer o seu
corpo. Seus lábios se contraíram.
— Roupa legal.
Sebastian corou, lembrando-se de que estava vestindo uma grande
camiseta preta e um avental com as palavras; O cozinheiro mais bonito nela.
— Foi o presente de Natal da Julia, no ano passado. — Ele disse
defensivamente, tirando o avental. Arrependeu-se imediatamente. Agora se
sentia quase nu, consciente de que sua camiseta não fazia nada para cobrir
suas pernas. — Vou vestir um jeans. — Disse, apontando desajeitadamente
para seu quarto.
Vlad olhou para suas pernas e desviou o olhar rapidamente.
— Sim, faça isso.
Aliviado, Sebastian fugiu para seu quarto. Depois de vestir o jeans,
respirou fundo para acalmar-se, olhou para o espelho, gemeu para o ninho de
pássaro em sua cabeça e rapidamente amarrou o cabelo em um coque.
Algumas mechas escaparam, caindo sobre seu pescoço, mas Sebastian as
deixou, imaginando que não podia mais se esconder em seu quarto ou Vlad
poderia ter a impressão errada de que queria ficar bem para ele. O que não
queria. Obviamente. Eles eram apenas amigos de foda casual.
Quando Sebastian voltou para a sala de estar, encontrou Vlad
olhando ao redor, olhando para o interior com um olho atento.
— Não é muito, comparado ao apartamento de Luke. — Sebastian
disse, trocando de um pé para o outro. — Não sou bilionário. Como alguém
disse, ser profissionalmente bonito não é um trabalho muito lucrativo para os
homens.
— Você não está indo tão mal. — Vlad disse, olhando ao redor.
Sebastian deu de ombros.
— Não posso reclamar. Sou pago melhor do que a maioria dos
modelos masculinos. Mas tenho amigos que estão dando duro e acabam sendo
forçados a fazer trabalhos excêntricos.
Ele pegou o celular da mesa e olhou só para ter algo para fazer.
Foda-se, não se lembrava de que suas relações casuais fossem tão
desajeitadas. Por alguma razão, isso parecia diferente. Nunca se sentira tão
fora de equilíbrio. Não ajudava que até este ponto a maioria dos seus
encontros sexuais com Vlad tinha começado com uma luta. Ele não sabia como
se comportar em uma situação como essa. Eles deveriam ir direto para o
quarto? Devo beijar Vlad? Ou seria muito estranho?
— Bem... — Sebastian disse antes de tentar aparentar neutralidade e
deixar o celular de lado. — Você gostaria de uma xícara de chá?
— Sim, obrigado.
Sebastian o levou para a cozinha, sentindo o pesado olhar de Vlad
sobre ele e tentando não se preocupar muito. Talvez devesse ter apenas o
beijado. Queria beijá-lo.
— Sente-se. — Sebastian falou, colocando a chaleira no fogo.
Vlad pegou Hermione e sentou-se à mesa.
— Ela está mais gorda. — Disse, acariciando a barriga dela com seus
dedos grandes e fortes.
Sebastian tentou e não conseguiu deixar de ficar com ciúmes da sua
gata. Ele meio que queria tomar o lugar dela no colo de Vlad, colocar as mãos
naquele suéter macio e lamber ao longo da mandíbula quadrada antes de
enfiar a língua na boca de Vlad.
— Não a chame de gorda. — Disse tardiamente. — Ela está apenas
um pouco acima do peso.
Vlad olhou para Hermione especulativamente.
— Os mamilos dela estão maiores, Sebastian.
— E então? Por que você está olhando para os mamilos dela?
Vlad apalpou o ventre de Hermione e riu.
— Retiro o que disse. Ela não está gorda. Está grávida.
Os olhos de Sebastian se arregalaram.
— O que? Não! Ela não pode estar grávida! Ela ainda é um filhote! —
Ok, talvez não um filhote, mas ela ainda era muito jovem. Sebastian franziu o
cenho. — Ela não é assim. Não gosta de gatos machos.
Vlad parecia como se quisesse rir.
— Eu odeio quebrar isso para você, mas ela claramente gosta de pelo
menos um gato macho. Ela está muito grávida. Vai ter gatinhos em algumas
semanas, no máximo.
Sebastian sentou-se pesadamente.
— Algumas semanas? — Ele disse fracamente. — Por que eu não
sabia disso? Como você sabe disso?
Vlad estava sorrindo, um sorriso largo, aberto, divertido, que deixou
Sebastian um pouco sem fôlego, distraindo-o da crise em mãos.
— Eu cresci numa fazenda. — Vlad disse. — Tínhamos muitos gatos e
nenhum veterinário. Você aprende a reconhecer essas coisas.
— Mas… — Sebastian olhou para Hermione. — Tem certeza absoluta?
Vlad assentiu.
— Você deveria ter… — Ele parou, claramente procurando por uma
palavra em Inglês.
— Esterilizado ela? — Sebastian disse, esfregando o nariz. — Eu sei
que provavelmente deveria, mas senti pena e ela era apenas um filhote. — Ele
se sentiu corar. — Pare de me olhar dessa maneira. Eu me sinto como um
idiota. Pensei que ela estava ficando gorda.
Vlad deu uma risada.
— Mesmo? Pensei que ela estava apenas um pouco acima do peso.
Sebastian olhou para ele, mas logo se juntou a Vlad, rindo de si
mesmo.
Ele parou de rir quando notou o olhar de Vlad.
— O que?
Vlad disse:
— Eu gosto de você.
A respiração de Sebastian ficou presa em sua garganta.
— Você gosta de mim?
— Sim. — Vlad disse, sorrindo. — Você é um pouco ridículo, um
pouco pretensioso, mas você até que é bom.
Oh.
Sebastian deu a Vlad um pequeno sorriso, sentindo-se ridiculamente
nervoso e irritado consigo mesmo por isso.
— Acho que você não é tão ruim assim, também. — Ele disse,
mordendo o polegar.
Os olhos azuis de Vlad seguiram o gesto.
Vlad colocou Hermione no chão e disse:
— Venha aqui.
O coração de Sebastian pulou para sua garganta. Finalmente. Ele foi,
os joelhos um pouco fracos. E sentou no colo de Vlad.
Vlad colocou as mãos na parte inferior das costas de Sebastian.
Olharam-se.
Sua respiração irregular era tudo o que Sebastian podia ouvir.
— Então, acho que você ainda me quer. — Ele murmurou.
— Sim. — Vlad disse e o beijou.
Vlad o fodeu ali mesmo, na mesa da cozinha, rápido, duro e
maravilhosamente bom. O bolo estava arruinado, mas Sebastian não
conseguia se importar com isso, com as pernas enroladas nas costas de Vlad e
a língua dele em sua boca.
Depois disso, eles se moveram para o quarto, onde Vlad enterrou o
rosto no travesseiro enquanto Sebastian o fodia por trás.
Depois, se deitaram um ao lado do outro em um silêncio satisfeito e
exausto.
Sebastian não se lembrava de adormecer, mas quando abriu os
olhos, estava sozinho.
Vlad se foi.

*****
Foi muito menos estranho depois disso.
Vlad vinha todas as noites. Na maioria das noites eles diziam muito
pouco um ao outro, deixando seus corpos falarem, muito impacientes e
insaciáveis para conversar.
Mas às vezes eles falavam. Às vezes, aquelas conversas eram
divertidas e leves.
— Deixe-me ver se entendi. — Vlad disse uma noite enquanto se
deitavam um ao lado do outro após o primeiro orgasmo do dia. — Você vai
nomear os gatinhos da sua gata de Rose e Hugo. Como os nomes das crianças
fictícias da Hermione Granger, o mesmo personagem de ficção que você
nomeou sua gata.
— E o que há de errado com isso? — Sebastian disse, enfiando o
rosto sob a axila de Vlad e respirando. Deveria ser nojento, mas por algum
motivo, não era. Ele gostava do cheiro de Vlad ali. Amava. — Pessoalmente,
acho que é uma ideia brilhante.
— Oh, nada de errado com isso. — Vlad falou inexpressivamente. —
Exceto que os gatinhos poderiam ser garotos. Seria um pouco estranho
chamar um gato macho de Rose, você não acha?
Sebastian fez beicinho e disse com altivez:
— Eu não acredito em estereótipos de gênero. Não há nada de errado
em chamar um menino de Rose.
Vlad lançou-lhe um olhar exasperado.
— Você é tão ridículo. — Enterrando os dedos no cabelo de
Sebastian, inclinou o rosto para beijá-lo. — Tão pretensioso. Chega de
conversa.
Sebastian sorriu contra seus lábios.
— Talvez você devesse colocar algo na minha boca?
— Talvez eu deva. — Disse Vlad. E fez exatamente isso.
Mas às vezes suas conversas se tornavam feias, ou melhor, o clima
ficava escuro e tenso.
Sebastian sempre foi bastante empático, e levava todo o seu
autocontrole para não dizer nada quando via o tom de vergonha e auto-
aversão no rosto de Vlad após o sexo. Era óbvio que Vlad não superou suas
opiniões homofóbicas, não que Sebastian esperasse isso. Esse tipo de
homofobia estava profundamente enraizada nele para superá-la tão
facilmente, de uma vez. Algumas pessoas nunca superavam sua educação.
Sebastian tinha que se lembrar constantemente que não era da sua
conta. Eles tinham concordado que seu arranjo era estritamente casual e ele
não teria que lidar com os problemas de Vlad. Manter distância emocional era
a coisa sensata a fazer nesta situação. Vlad avisou que não poderia prometer
nada a ele. Vlad terminaria isso no momento em que tirasse essa obsessão do
seu sistema. Sebastian era grato pela honestidade de Vlad, realmente. Ele já
havia sido machucado uma vez, não precisava de outro cara homofóbico para
fodê-lo e pisar no seu coração se Sebastian o deixasse entrar. Ele não podia
investir muito em Vlad. Era apenas sexo, realmente intenso, viciante, mas
apenas sexo, no entanto.
Era por isso que mordia a língua e não dizia nada quando Vlad ficava
muito calmo e tenso depois do sexo. Era por isso que não dizia nada quando
Vlad o fodia com mais força, seu rosto tenso e seus olhos azuis fechados. Por
isso não dizia nada quando Vlad passava os dedos sobre o seu rosto e peito
quando pensava que Sebastian estava dormindo. Era por isso que não dizia
nada quando Vlad sussurrava algo em russo, parecendo irado e frustrado.
Algumas coisas eram melhores não ditas.

Capítulo 21

Luke estava certo de que Vlad e Sebastian estavam tendo um caso


ilícito. O pensamento o fez rir, o lembrou daqueles romances que costumava
ler, mas caso ilícito era uma expressão perfeita para definir o que estava
acontecendo entre Vlad e Sebastian. Não que houvesse algo moralmente
errado em uma relação sexual entre dois adultos consentindo, mas Vlad
certamente não parecia pensar assim se seus esforços para esconder seu caso
de Luke fosse alguma indicação.
Vlad deixava o apartamento de Luke apenas à noite, depois de Luke
ir para a cama, e sempre estava de volta antes que Luke se levantasse de
manhã. Luke nem sequer saberia sobre as ausências noturnas de Vlad se ele
não tivesse verificado os registros da segurança. Não era difícil imaginar aonde
Vlad ia todas as noites, considerando que ultimamente Vlad parecia bem fodido
e relaxado ou incrivelmente sombrio e tenso.
— Você pode conversar comigo, sabe. — Disse Luke um dia enquanto
estavam tendo um jantar tranquilo. Vlad parecia distraído e tenso, mais quieto
do que o habitual.
Vlad ergueu o olhar do seu prato, uma ruga aparecendo entre suas
sobrancelhas.
— Sobre o que?
Luke o olhou pensativo antes de chegar à conclusão de que Vlad
ainda não estava pronto para esta conversa. Ele estava claramente lutando
para chegar a um acordo com sua sexualidade e não precisava saber que Luke
sabia sobre sua coisa com Sebastian. Se Vlad não se sentia à vontade com o
relacionamento deles, era pouco provável que se sentisse confortável com
outras pessoas sabendo disso.
— Sobre qualquer coisa. — Luke disse com um encolher de ombros.
— Você parece tenso. Mais do que o normal.
O olhar penetrante e suspeito de Vlad quase o fez se contorcer na
cadeira.
— Estou preocupado com Roman. — Disse Vlad.
Luke olhou para seu guarda-costas. Vlad sabia o quanto ele estava
preocupado com Roman. Usá-lo para distrair a atenção de Luke era uma tática
suja, mas eficaz. Luke tentara manter sua mente ocupada com qualquer coisa
menos com Roman. Caso contrário ficaria louco de preocupação.
— Alguma notícia? — Perguntou Luke, rígido.
Vlad sacudiu a cabeça.
— Não depois do telefonema de Anna há dois dias. Eles ainda devem
estar em algum lugar nas montanhas. Existem rumores de que Charves tem
uma base lá.
— Provavelmente não há sinal onde ele está. — Disse Luke com mais
otimismo do que sentia.
Vlad assentiu bruscamente, sua expressão sombria.
Luke sentiu uma pontada de culpa por seus pensamentos anteriores.
Talvez estivesse errado e Vlad realmente estivesse preocupado com Roman
também.
— Você não está acostumado com isso, não é? — Disse Luke. —
Provavelmente odeia que em vez de estar lá fora, está preso me protegendo
de uma ameaça inexistente. — A última vez que Roman os contatou, disse que
Charves estava definitivamente no Peru e era improvável que fosse uma
ameaça para Luke.
Vlad deu de ombros.
— Isso parece estranho. Anna é boa, no entanto. Ela vai cuidar das
costas dele. — Apesar de suas palavras tranquilizadoras, Vlad ainda parecia
tenso e distraído.
Luke estava certo de que havia algo mais incomodando Vlad.
Mas o que?

****
Sebastian tinha quase adormecido quando ouviu o som quase
silencioso de passos se aproximando da cama.
— Suas trancas são patéticas. — Disse uma voz familiar.
— Pare de invadir meu apartamento. — Sebastian murmurou no
travesseiro, bocejando. — Estou cansado de arrumar as fechaduras.
— Consiga melhores. — Vlad acendeu a lâmpada do abajur.
Sebastian virou de costas quando Vlad se inclinou para beijá-lo.
Quando seus lábios se encontraram, Sebastian suspirou, sentindo-se
derreter no beijo quando Vlad o beijou sem pressa, mas completamente. As
mãos de Sebastian encontraram o caminho para as costas de Vlad e o
puxaram para mais perto, sua boca se abriu mais para dar a língua dele um
melhor acesso. Deus, sentiu o beijo até os dedos dos pés, calor se espalhando
por todo o corpo. Era exatamente o que ele precisava depois de um dia tão
longo.
Mas suas pálpebras estavam ficando mais pesadas e Sebastian
empurrou Vlad um pouco, quebrando o beijo.
— Você deveria ter ligado. — Disse ele com um bocejo, fechando os
olhos. — Estou muito cansado e dolorido para o sexo. — Não era exatamente
verdade, mas estava cansado até os ossos após a sessão de fotos e não sentia
disposição alguma para rodadas de sexo rude e energético que ele e Vlad
geralmente tinham. Precisava ser mimado e amado esta noite, mas
obviamente isso estava fora de questão com Vlad.
— Dolorido? — Vlad disse com uma voz estranha. — Por quê?
— Porque ser um modelo é realmente muito cansativo, sabe. —
Sebastian falou. As pessoas muitas vezes pensavam que ser um modelo era
tão fácil quanto sorrir por alguns minutos. Eles não percebiam quanto tempo
podia demorar para configurar as luzes, a câmera, o quão difícil era assumir
algumas poses e fazê-lo novamente, novamente e novamente, até que a
imagem estivesse perfeita. Até o final da sessão de fotos, seus músculos
doíam, e não de uma boa maneira. — Nós mal tivemos tempo para comer.
— Nós?
— Antonio e eu. — Sebastian murmurou com outro bocejo. — Eu não
lhe disse que estávamos trabalhando juntos para a linha de moda de Tristan?
— Você disse.
Sebastian franziu o cenho, percebendo que Vlad parecia tenso. Ele
teve que engolir a pergunta que estava na ponta da sua língua. Não precisava
saber os pensamentos íntimos de Vlad. Estava contente em manter assim.
Já era ruim o suficiente para ele que fosse meio... Viciado em Vlad
das piores formas possíveis. Quando Vlad o beijava, sentia-se adorado.
Quando Vlad o tocava, ele se derretia no toque, desejando mais, mais e mais,
até que seus corpos estivessem fundidos um ao outro. Quando Vlad olhava
para ele, se sentia bonito e interessante. O último era particularmente
intoxicante. Adorava o quanto Vlad o queria, adorava ver a relutante atração e
fascinação nos olhos de Vlad quando ele o olhava. Sebastian não conseguia
explicar. Só sabia que ficava um pouco tonto e quente por dentro sempre que
seus olhos se fechavam. Era uma sensação embriagadora, viciante e perigosa.
Ele e Vlad eram amigos de foda, nada mais.
Embora, às vezes fosse difícil permanecer firme nessa crença. Era
difícil ficar distante quando podia ver o tumulto de emoções nos olhos de Vlad.
Não importa o que dizia a si mesmo, não podia simplesmente desligar suas
emoções. Embora Vlad tivesse cumprido sua palavra e não lhe dissesse nada,
havia uma parte de Sebastian que queria alcançá-lo e confortá-lo quando Vlad
se sentia estressado, queria lhe dizer que estava tudo bem, que ser atraído
pelos homens não era errado. Ele não o fez, é claro. Por um lado, duvidava
que tal tentativa fosse bem recebida. Por outro, Sebastian estava apavorado.
Aterrorizado por ficar muito ligado.
— Antonio é divertido. — Murmurou Sebastian. Queria abrir os olhos
e olhar para Vlad, mas não queria arriscar. Tentou resistir quando Vlad olhou
para ele. — Nunca é chato com ele.
— Tenho certeza. — Vlad disse com tal veneno que Sebastian abriu
os olhos. De repente ele se lembrou de que Vlad ouviu sua conversa telefônica
com Antonio há algumas semanas e sabia que ele e Antonio eram amigos de
foda.
Vlad estava com ciúmes?
O pensamento fez uma sensação engraçada aparecer no fundo do
seu estômago.
Sebastian olhou para Vlad, sua postura rígida e seu rosto impassível.
Ele estava com ciúmes?
— Ele queria vir. — Disse Sebastian, observando Vlad com cuidado.
— Mas eu estava muito dolorido e não queria ficar mais dolorido ainda.
Nem um único músculo se moveu no rosto de Vlad. O estômago de
Sebastian caiu e ele percebeu que queria que Vlad estivesse com ciúmes. Era
estúpido, mas queria isso. Queria que Vlad explodisse de raiva, o agarrasse, o
beijasse, e dissesse que Sebastian era dele, e só dele.
Qual merda era real? Ele sempre desprezou a possessividade, nunca
quis ser posse de ninguém, e agora queria que Vlad fosse todo possessivo
sobre ele?
— Tenho certeza de que ele poderá vir outro dia. — Disse Vlad sem
nem mesmo olhar para Sebastian. Ele não parecia incomodado. E por que
estaria? Sebastian era apenas uma foda casual, nada mais. Ao contrário dele,
Vlad não parecia ter problemas em se lembrar disso.
— Sim. — Sebastian disse, raiva apertando os músculos da sua
garganta. Deus, ele era um idiota. — Talvez amanhã. Vou convidá-lo amanhã.
Vlad pressionou os lábios e deu um rápido aceno de cabeça.
— Então eu não vou incomodá-lo. — Ele se virou rapidamente e
pegou seu casaco da cadeira.
O pânico borbulhou dentro dele. Vlad estava saindo para sempre? Ele
voltaria?
— Espere. — Sebastian falou, odiando-se um pouco por isso. Quando
Vlad se virou, Sebastian olhou para ele sob seus cílios. — Você também pode
vir. Amanhã.
Vlad ficou muito quieto.
— O que?
Porra, ele estava realmente sugerindo um trio com Antonio? Mas ele
se colocou nessa enrascada. Não podia recuar agora.
Sebastian forçou um sorriso.
— Se Antonio vier, isso não significa que você não pode, também.
Quanto mais, melhor, certo? Será divertido. Tony vive para o sexo casual e
ficará bem com isso.
Vlad o olhou. Sebastian não conseguia ler seu rosto.
Finalmente, Vlad acenou com a cabeça e saiu do quarto.
Sebastian ficou piscando atrás dele, se sentindo perdido. Como eles
tinham ido de ter deliciosos beijos arrepiantes para concordar em ter um trio
com outro homem?
E o que há de errado com um trio?
Sebastian franziu o cenho, mordendo o lábio. Sexo a três pode ser
divertido. Ele participou de algum no passado, mas... Mas...
Não achava que Vlad estava confortável o suficiente com sua
sexualidade para participar de um trio com outro homem. Vlad não se sentiria
confortável em tocar outro homem. Ou em beijar outro homem, ou prestando
atenção em alguém que não fosse ele.
Sebastian gemeu em voz alta. Fala sério?
O ciúme e a possessividade não tinha lugar em um relacionamento
casual. Isso era ruim.
Muito, muito ruim.

Capítulo 22

Antonio Bonaventura era um homem alto, de cabelos escuros, pele


verde-oliva, dentes muito brancos e um sorriso encantador.
Vlad não gostou dele imediatamente.
Antonio sorriu para Vlad, dando-lhe um olhar de apreciação antes de
apertar sua mão firmemente. Seu polegar acariciou o pulso de Vlad.
— Você pode me chamar de Tony.
Sebastian limpou a garganta, colocando a mão no bíceps de Vlad.
— Então, este é Vlad, meu... — Ele parou, suas sobrancelhas
franzidas. — Amigo. — Terminou eventualmente.
Antonio deu uma risadinha.
— Um amigo como eu, certo, Bello? — Ele piscou para Sebastian,
passando um braço em torno dos seus ombros e beijando o canto da sua boca.
Vlad se forçou a abrir os punhos. Ele desviou o olhar, imaginando o
que estava fazendo ali. Ele não deveria ter vindo. A mera ideia de sexo com
aquele sujeito revirou seu estômago com desconforto e desgosto. Mesmo com
todas as dúvidas que enchiam sua mente após o sexo com Sebastian, tocar e
beijar Sebastian nunca o deixou inquieto.
Ele queria ir embora. Só que não queria deixar Sebastian sozinho
com aquele italiano viscoso. Odiava a maneira como o italiano olhava para
Sebastian, despindo-o com os olhos.
Logo ele irá literalmente despi-lo.
Vlad rangeu os dentes e disse a si mesmo que não se importava. Não
havia restrições. Era isso que tinham acordado. Eles não deviam nada um ao
outro. Sebastian podia tocar qualquer um que quisesse. Qualquer outro
homem, ou mulher, podia tocar em Sebastian. Vlad não tinha a prerrogativa.
A mão de Antonio deslizou pelas costas de Sebastian.
Vlad deu um passo em direção a eles e então se forçou a parar.
Sebastian não lhe pertencia. Ele não tinha nenhuma reivindicação. Não queria
nenhuma reivindicação.
Ainda conversando com Antonio, Sebastian lhe lançou um olhar que
Vlad não conseguiu ler.
A mão de Antonio se moveu para baixo. O italiano inclinou-se para
Sebastian, sorrindo. Seus lábios tocaram os de Sebastian. Ele o estava
beijando, beijando a boca doce e perfeita de Sebastian, apalpando-o,
puxando...
O controle de Vlad acabou.
Ele afastou o filho da puta de Sebastian e o jogou longe. Antonio
colidiu com uma cadeira e caiu no chão, xingando em italiano e olhando furioso
para Vlad.
— Que merda é essa? — Ele rosnou, ficando de pé com um grunhido.
— O que há de errado com seu russo de estimação, Sebastian?
— Saia. — Vlad disse ao italiano.
Antonio zombou e deu um passo em direção a ele.
— Você acha que pode...
— Acho melhor você ir, Tony. — Disse Sebastian, olhando para Vlad,
estranhamente.
— Você está falando sério? — Exclamou Antonio.
— Sim. — Respondeu Sebastian. — Desculpe, vou explicar depois.
— É melhor mesmo! — Antonio bufou, agarrou seu casaco e saiu
furioso.
— Bem, o que foi isso? — Sebastian disse depois que a porta se
fechou.
Seus lábios estavam vermelhos e brilhantes por causa do beijo de
Antonio.
Vlad puxou-o para perto e esmagou seus lábios juntos em um beijo
brutal. Cada célula em seu corpo parecia estar se esforçando para se
aproximar de Sebastian, se pressionar contra ele, afundar dentro dele,
derreter e fundir até que Sebastian fosse marcado com o nome de Vlad do lado
de dentro.
Quando ele finalmente deixou Sebastian respirar, Sebastian olhou
para ele aturdido, havia duas manchas vermelhas em suas bochechas pálidas.
— Você vai dizer ao italiano que ele não pode mais tocar em você. —
Vlad disse.
Os olhos de Sebastian se arregalaram um pouco.
— Eu vou? E por que faria isso?
Vlad abriu a boca e fechou-a. Depois disse rudemente:
— Porque ele tem um gosto repugnante e sua boca está com o gosto
ruim, igual a ele.
Sebastian sorriu.
— Então, teoricamente, se eu encontrar alguém que não tenha um
gosto nojento, você vai ficar bem com isso?
Vlad o olhou furioso.
— Você é um merdinha. — Falou e deu outro beijo em Sebastian.
Sebastian sorriu.
— Eu tenho um metro e oitenta de altura. Dificilmente sou pequeno.
— Você ainda é um merdinha. — Vlad disse e beijou-o novamente,
mais suave desta vez. Deus, ele não conseguia o suficiente.
Quando terminaram o beijo, Sebastian o olhou sério.
— Nós não somos exclusivos, Vlad. Amigos de fodas casuais, lembra?
Os dedos de Vlad apertaram nos lados de Sebastian.
— Certo.
— Então o que foi isso? — Sebastian disse. Apesar das suas palavras,
ele não parecia irritado. Sua expressão era suave, os lábios dobrados em um
beicinho.
Vlad queria beijá-lo.
— Eu sou um homem das cavernas possessivo e ignorante, lembra?
— Ele disse, forçando uma leveza em sua voz. — É por isso que nos
conhecemos, afinal.
Sebastian franziu seus lábios, uma mistura de emoções conflitantes
aparecendo em seu rosto.
— Isso é diferente. Nina era sua namorada há dois anos. Eu não. Sou
apenas um cara que você está fodendo há um mês.
Vlad não sabia o que dizer. Sebastian estava certo. Ele não tinha o
direito de sentir que a pele e a boca de Sebastian eram apenas dele para
beijar. Não eram, e ele deveria se lembrar disso. Foi ele quem disse a
Sebastian que isso era apenas um arranjo casual.
— Olha... — Disse Sebastian. — Sei que eu não deveria ter te
empurrado para essa coisa de trio. Sabia que você não estava preparado para
isso. Mas você também não pode agir como um namorado ciumento. Isso
realmente fode com a minha cabeça. Não faça mais isso, está bem? Não
complique.
Vlad assentiu com firmeza.
— Bom. Agora vamos para a cama. — Sebastian disse com um
sorriso suave, agarrando a mão de Vlad e puxando-o para o quarto.
Vlad o deixou, observando que, apesar das suas palavras de
admoestação, o merdinha parecia muito satisfeito com a sua explosão
ciumenta.
E, ao invéz disso fazê-lo sentir-se melhor sobre a coisa toda, fez Vlad
sentir-se como a escória da terra. Ele estava fodendo tudo para os dois.
Amigos de foda não se sentiam possessivos. Amigos de foda não atacavam
outro homem por tocar em seu camarada. Sebastian deveria tê-lo expulsado
imediatamente, em vez de ficar secretamente satisfeito, ou Vlad deveria ter
acabado com isso pessoalmente. Sebastian merecia o melhor. Vlad gostava
dele. Realmente gostava dele como pessoa. Não queria machucá-lo, não
queria ser outro Mike Fletcher.
Mas você é.
Uma voz provocou no fundo da sua cabeça.
Você é exatamente como ele. Ainda não pode admitir que seja uma
bicha, ainda acha que é melhor do que isso.
Sebastian o empurrou para a cama e se sentou nas coxas de Vlad.
— O que você quer esta noite? — Ele perguntou, deslizando as mãos
sob a camisa de Vlad com um sorriso travesso.
Ele era lindo. Um homem não deveria ser tão lindo.
— Você. — Vlad disse roucamente, puxando-o para a sua boca.
A voz em sua cabeça tornou-se mais fraca enquanto beijava
Sebastian, perdendo-se em seu gosto viciante e no seu perfume, tentando e
não conseguindo o suficiente.
Mas Vlad sabia que a voz retornaria. Sempre retornava.
Capítulo 23

Vlad voltou para o apartamento de Luke nas primeiras horas da


manhã.
Ficou tenso ao perceber que o sistema de segurança estava
desligado, desligado por alguém que não era ele.
Vlad tirou a arma do coldre, tentando ver os detalhes na sala escura.
A cobertura estava silenciosa. Esperançosamente, Luke dormia profundamente
em seu quarto, que só podia ser aberto do lado de dentro, caso alguém não
autorizado conseguisse desligar o sistema de segurança, o que parecia ser o
caso. Interiormente, se censurou por deixar Luke sozinho. Sinceramente
falando, não era obrigado a ser o guarda-costas de Luke vinte e quatro horas
por dia, sete dias na semana, tinha quatro horas de folga todos os dias, e Luke
tinha um segurança parado ao lado do seu elevador privado, mas ainda havia
maneiras de entrar no apartamento se alguém fosse dedicado o suficiente.
Embora Roman lhe tivesse dito há alguns dias que era improvável que Charves
atacasse Luke neste momento, Roman tinha muitos inimigos. Um deles pode
ter descoberto sobre o garoto de Roman.
Não deveria ter saído, ou pelo menos não deveria ter passado mais
de uma hora beijando Sebastian depois do sexo, relutante em sair enquanto
Sebastian parecia tão suave, ruborizado e bem fodido. Patético. Suas próprias
ações o fizeram se encolher.
Não o suficiente para parar. Sua voz interior falou sem graça.
Afastando esses pensamentos, Vlad focou em seu entorno, movendo-
se silenciosamente e segurando a respiração.
O apartamento estava absolutamente silencioso, o que significava
que o intruso o ouvira e estava se escondendo ou se movendo silenciosamente
em sua direção. A escuridão tornava impossível dizer onde, mas Vlad estava
calmo, sua mente limpando tudo o que era irrelevante e se concentrando
inteiramente no perigo.
Ali. Uma respiração baixa vindo da esquerda. Vlad estava se
movendo antes mesmo de vê-lo. Entrou em colisão com o intruso, enviando os
dois ao chão. O outro homem era alto e grande, assim como Vlad, e eles
lutaram silenciosamente, tentando obter vantagem um sobre o outro. Estavam
empatados, Vlad notou com surpresa enquanto lutava para prender o homem
sob ele e incapacitá-lo. Havia algo muito familiar no modo como o intruso
lutava.
— Vlad, saia de cima de mim. — Disse o homem.
Depois de alguns palavrões, Vlad soltou o homem e rolou para seus
pés. Encontrando o interruptor, acendeu as luzes.
O rosto sem graça do seu chefe o cumprimentou. Roman também se
levantou.
— Onde diabos estava e por que está voltando às três da manhã? —
Disse friamente. O não dito, em vez de proteger Luke pairava no ar.
Vlad rangeu os dentes. Estava cansado da atitude passiva agressiva
de Roman com ele. Sim, ele tinha meio que traído a confiança de Roman uma
vez, mas salvou sua pele dezenas de vezes.
— Tenho quatro horas livres todos os dias. Está no meu contrato. Não
tenho que estar a disposição do seu garoto e te ligar 24 horas por dia, 7 dias
por semana. Ele estava dormindo. Do que deveria protegê-lo? Pesadelos?
Disse que a ameaça de Charves era mínima.
A expressão de Roman tornou-se severa e avaliadora quando seu
olhar percorreu Vlad.
Vlad disse a si mesmo que não havia nenhuma maneira que Roman
poderia dizer o que esteve fazendo nas últimas duas horas.
— Está tudo bem? — Vlad perguntou, tentando desviar a atenção de
Roman. — Charves?
— Ele não será mais um problema. — Disse Roman, seus olhos
brilhando com fria satisfação.
Vlad quase sentiu pena de Charves. Mas, novamente, o cara era um
psicótico doente.
— Roman?
Vlad virou a cabeça.
Luke piscou sonolento antes de um sorriso brilhante iluminar seu
rosto.
— Está em casa! — Ele correu para Roman e se atirou nele. Roman o
abraçou com força, enterrando o rosto nos cachos de Luke.
Vlad olhou com leve descrença enquanto Roman acariciava o cabelo
de Luke, respirando profundamente.
— Ei, kotyonok6. — Murmurou, beijando a orelha de Luke.
— Senti sua falta. — Luke disse contra o pescoço de Roman. — Senti
tanta saudade.
— Eu também. — Roman disse roucamente antes de erguer Luke e
colocar as pernas dele em volta da sua cintura e levá-lo para fora da sala.
Vlad olhou para eles antes de ir ao bar e pegar uma mini garrafa de
vodka. Com Roman de volta, seu trabalho como guarda-costas de Luke
efetivamente terminou. Podia beber se quisesse.
Abrindo a garrafa, Vlad foi para a varanda. Era uma noite fria e
ventosa, mas não se importava. Estava acostumado com o frio.
Inclinando-se contra as grades, olhou para as luzes de Londres
espalhadas sob ele, tomou um gole da garrafa, apreciando a queimadura e
tentando não pensar em nada. Não funcionou muito bem.
Depois do que acabara de testemunhar, ficou óbvio que Luke não era
apenas uma fantasia passageira para Roman. Não podia negar que Roman
tinha sentimentos reais pelo garoto. E ainda assim, Vlad não conseguia pensar
em Roman como uma bicha.
Bichas são patéticas e fracas, não são homens de verdade.
As palavras do seu tio pareciam ridículas agora. Roman Demidov era
o oposto de fraco. Era um dos homens mais cruéis e fortes que Vlad já

6
Gatinho em russo.
conhecera. Vlad não podia pensar nele como fraco e patético, nem menos
homem, só porque Roman tinha relações sexuais com outro homem.
Seu tio estava definitivamente errado, pelo menos a esse respeito.
Mas Stepan talvez estivesse certo sobre uma coisa; sua atração por
outro homem, pelo menos por um homem em particular, parecia antinatural.
Anormalmente forte.
Havia mais de um mês desde que fizeram sexo pela primeira vez.
Esperava que depois de fodê-lo conseguiria seguir em frente, mas porra, isso
não pareceu ajudar. A mera lembrança das horas que passou desfrutando do
corpo de Sebastian, beijando sua boca depois, incapaz de obter o suficiente, o
fazia queimar. Quase não conseguiu se afastar de Sebastian, precisou se forçar
a sair. Sentia-se como um adolescente novamente, exceto que nunca estivera
tão envolvido por uma pessoa quando era adolescente, ou um adulto, por falar
nisso. Vlad não podia deixar de pensar que devia estar doente, porque nunca
se sentira assim. Como uma bagunça hormonal com sua mente focada apenas
em uma coisa. O sorriso de Sebastian não devia deixá-lo sem fôlego e ardendo
de desejo para tocá-lo, beijar, como se alguém lhe tivesse dado um soco no
estômago e escrito bolas azuis sobre ele.
Talvez fosse apenas uma crise de meia-idade.
Talvez seu tio tivesse razão e isso fosse uma doença.
Ou talvez ele sempre fora uma bicha reprimida. Talvez não fosse
Sebastian. Talvez ele se comportasse tão ridiculamente com qualquer homem
atraente, embora sua falta de atração por Antonio pareça apontar o contrário.
Talvez Sebastian não fosse a exceção, mas Antonio.
Para testar essa teoria, Vlad fechou os olhos e tentou se imaginar
fodendo Luke. O garoto era tão bonito quanto poderia ser e Vlad
definitivamente não sentia repulsa com a ideia, mas o fraco interesse não era
nada em comparação com o insaciável desejo que sentia por Sebastian. Além
disso, Roman poderia realmente matá-lo se colocasse um dedo em seu garoto.
Roman.
Vlad imaginou o maldito Roman e bufou. Mesmo que a ideia não
fosse vagamente grosseira, Roman sempre fora como um irmão para ele, sabia
que seriam um desastre na cama. Não era exatamente um segredo para ele
que Roman era um pervertido dominador. Vlad não tinha inclinações
submissas. Raramente podia manter suas opiniões para si mesmo se
discordava das ordens de Roman, essa era a razão pela qual se chocaram tão
frequentemente ao longo dos anos. Seriam terríveis na cama.
Então era seguro dizer que não queria Luke ou Roman do jeito que
queria Sebastian.
Vlad não tinha certeza se devia estar feliz ou não. Por um lado, era
bom saber que não se tornou repentinamente uma puta louca por pau. Por
outro lado, era extremamente preocupante que estivesse tão preso a
Sebastian, doente de desejo por beijá-lo, tocá-lo, fodê-lo, vê-lo. Mesmo agora
seu olhar continuava a desviar para a direita, em direção ao bairro onde o
apartamento de Sebastian estava localizado. Não podia ver o prédio daqui,
mas isso não o impediu de olhar, como um apaixonado obcecado.
Suspirando, Vlad tomou outro gole da sua garrafa, olhando
maliciosamente para o céu escuro e deixando seus pensamentos vagar.
Não sabia por quanto tempo ficou ali, talvez uma hora, talvez mais,
quando a porta da varanda foi aberta atrás dele.
Roman saiu, acendendo um cigarro. Tinha o casaco jogado sobre os
ombros, o peito nu exposto. Ele cheirava a sexo.
— Não consegue dormir? — Roman perguntou, tragando
profundamente.
Vlad deu de ombros.
— Luke disse que foi um guarda-costas exemplar.
Vlad apenas bufou, um pouco surpreso. Enquanto ele e Luke tinham
trabalhado suas diferenças, não eram exatamente amigos. Esperava que o
garoto ainda guardasse rancor contra ele.
— Fico feliz que tenham trabalhado suas diferenças.
Vlad não disse nada, esperando. Roman não era um homem de jogar
conversa fora; estava indo a algum lugar com isso.
— Espero que volte ao seu antigo emprego. — Disse Roman.
Vlad riu. É claro que Roman não estava perguntando se queria voltar
ao seu antigo emprego. Estava informando a Vlad sobre sua decisão,
certamente esperando uma resposta positiva. Idiota arrogante.
— Quem disse que quero voltar? — Vlad disse. — Aceitei este
trabalho como um favor para você, porque lhe devia um. Talvez não esteja
interessado em ficar por perto. Esta cidade é fodidamente deprimente.
— Realmente. — Roman disse uniformemente, dando outra tragada.
— Disseram-me algo diferente. Luke me contou que está fodendo seu amigo
modelo.
Vlad enrijeceu. Foi muito difícil manter seu rosto sem expressão.
Como Luke sabia? Um palpite? Ou Sebastian lhe contou?
Inquietação revirou seu estômago. Não estava confortável com tantas
pessoas sabendo sobre ele.
— Se Luke passou a última hora falando sobre mim, estava fazendo
algo errado. — Vlad disse bruscamente.
Roman riu, não mordendo a isca.
— Então é verdade. Tenho que dizer que estou surpreso.
— Por quê? — Vlad perguntou. — Você costumava foder uma mulher
diferente todas as noites, mas agora está fodendo o garoto Whitford.
— Não estou fodendo Luke. — Roman disse, gelo rastejando em sua
voz. — Não fale dele desse jeito. Entendeu?
Vlad olhou para ele. Roman não parecia nem um pouco divertido com
a postura tensa e raiva saindo em ondas dele.
Olhando para seu chefe normalmente cabeça fria, Vlad percebeu que
Roman não tinha apenas sentimentos afetivos pelo menino. Ele o amava e
estava nisso a longo prazo.
Essa descoberta o fez se sentir... Estranho. Não se sentia enojado, e
essa era a parte estranha.
— Certo. — Vlad disse, virando-se. Depois de um momento,
acrescentou com firmeza: — Se soubesse quão importante ele é para você,
não teria ajudado Anastasia. Achei que fosse uma má influência. — A estrada
para o inferno foi pavimentada com boas intenções.
— Eu sei. — Disse Roman. — Essa é a única razão pela qual decidi te
perdoar. E se eu posso esquecer sua traição, você pode engolir seu maldito
orgulho. Aceite o trabalho, Vlad. Anna está farta de fazer o seu trabalho e mais
o dela. — Ele fez uma pausa. — E eu me acostumei com a maneira como lida
com as coisas, mesmo que Anna nunca questione minhas ordens, o que é uma
mudança refrescante comparado a você.
Os lábios de Vlad contraíram. Vindo de Roman, era o equivalente a
admitir que sentia falta dele.
— Tudo bem. — Disse. — Mas quero um aumento.
— Um aumento? — Roman disse com uma risada. — Já te pago uma
fortuna, seu idiota ganancioso.
— Esta cidade é fodidamente cara e meus gostos não são baratos.
— E pensar que você costumava ser um caipira que possuía duas
camisas. — Murmurou Roman, acendendo outro cigarro.
O sorriso de Vlad desapareceu. O caipira estaria revoltado e
horrorizado se pudesse vê-lo agora, se soubesse que Vlad estava louco por
outro homem.
— Isso foi há muito tempo. — Disse. — Sou um homem diferente
agora.
Ele era?

Capítulo 24

Sebastian entrou no apartamento, trancou a porta e tirou as botas


Chelsea com um suspiro aliviado. Adorava-as, mas ainda eram novas e não as
ideais para usar o dia todo. Movendo os dedos dos pés para se livrar da
rigidez, Sebastian se dirigiu para seu quarto.
Gritou quando viu uma figura sentada em sua cama na escuridão.
— Sou eu. — Disse Vlad.
Sebastian soltou o ar, pressionando sua mão contra seu coração
batendo rapidamente.
— Jesus, você me assustou! Avise o cara que estará esperando por
ele em seu quarto no escuro. Credo. Pessoas normais esperam do lado de fora
quando não há ninguém em casa.
— Deixou a porta da sacada aberta.
Sebastian acendeu as luzes.
— Moro no segundo andar.
Vlad deu de ombros e lhe lançou um olhar, como se dissesse: E?
O sorriso divertido de Sebastian congelou. O que havia de errado com
ele? Os hábitos criminosos de Vlad não eram adoráveis. Definitivamente não.
Eram horríveis. Vlad era uma pessoa terrível, terrível.
— Certo. — Olhou para Vlad curiosamente, puxando o casaco e o
deixando cair na cadeira. — Por que está aqui tão cedo? Não deveria estar
proteger Luke?
— Roman voltou. Meu contrato acabou.
O estômago de Sebastian apertou.
Depois de um momento, disse num tom cuidadosamente casual:
— Isso significa que está deixando a Inglaterra?
Os olhos azuis de Vlad o observaram atentamente.
Colocando sua melhor expressão neutra, Sebastian começou a
desabotoar sua camisa.
— Não. — Vlad finalmente disse. — Roman me recontratou como
chefe de segurança.
Sebastian soltou a respiração que estava segurando. Só percebeu
que o medo se aninhara em suas entranhas quando se sentiu aliviado. Não
tinha nada que se sentir aliviado.
— Isso é... Bom. — Disse, tirando a camisa. Sentia-se sem graça,
inseguro. Não sabia onde estavam depois da noite estranha que tiveram,
quando Vlad foi todo homem das cavernas com ele. Gostou. Gostou muito, até
mesmo contra seu melhor julgamento. — Quero dizer, isso é bom para você,
certo?
Vlad encolheu os ombros, seus olhos ainda no rosto de Sebastian,
apesar do estado semi-despido dele.
— Contou a Luke sobre isso? — Vlad perguntou. — Contou a mais
alguém?
Sebastian franziu o cenho.
— Sobre o que?
— Sobre... Você e eu. — Vlad disse com a voz entrecortada.
— Claro que não. — Sebastian disse, franzindo o cenho. — Luke só
sabe o que viu com seus próprios olhos. — Ele franziu os lábios. — Não contei
a ninguém, bem, há Antonio, mas você concordou em ter um trio com ele,
então foi meio que inevitável. Mas nunca contaria a alguém sem sua permissão
explícita. Isso não é legal.
Vlad continuou a encará-lo com aquele olhar estranhamente intenso.
— O quê? — Sebastian perguntou.
Os músculos da bochecha de Vlad pulsavam.
— Isso me deixa desconfortável, que as pessoas saibam. Primeiro
esse italiano, agora Luke e Roman.
As mãos de Sebastian pararam no meio de puxar o jeans pelas coxas.
Molhou os lábios com sua língua, náusea rolando em seu estômago.
Então era isso.
— Se te deixa desconfortável, vamos acabar com isso. Não é grande
coisa. — Ele conseguiu rir levemente. — Isso era para ser sexo por diversão,
sem restrições. Se não é mais divertido, não há propósito, certo?
Talvez fosse o melhor. Já não sentia mais que fosse algo sem
amarras. Era qualquer coisa, menos isso.
— Sim. — Vlad concordou, seu olhar ainda no rosto de Sebastian.
— Tudo bem, então. — Sebastian disse, forçando um pequeno sorriso
e tentando ignorar o sentimento oco em seu estômago. Não estava
desapontado ou magoado. Não estava. Estava muito bem. Sempre soube que
Vlad acabaria enlouquecendo e voltaria a ser hétero e normal. Vlad era como
Mike. Sebastian estava preparado para isso. Esse era o ponto de ter sexo sem
compromisso. Vlad avisou que aconteceria. Não tinha razão para se sentir
irritado ou chateado.
— Você sabe onde fica a saída. — Disse.
Quando Vlad não se moveu da cama, sentiu-se um pouco bobo.
— Tchau! — Sebastian disse bruscamente, começando a ficar
chateado. Por que Vlad não ia? Olhou ao redor do quarto. — Preciso alimentar
o gato.
Onde estava Hermione quando precisava dela?
Finalmente, Vlad se levantou e foi para a porta, com passos lentos e
pesados.
De repente, Vlad parou, seus ombros e costas irradiando tensão.
Xingou através de seus dentes e caminhou em direção a Sebastian, agarrou
seu rosto e o beijou, sua língua empurrando na boca de Sebastian, exigente e
áspera. Havia algo necessitado e urgente sobre aquele beijo, algo
dolorosamente irritado e desesperado. Quebrou o coração de Sebastian, só um
pouquinho. Era isso. Era isso.
Vlad sugou seu lábio inferior, suas mãos segurando os quadris de
Sebastian tão apertado que doía.
— Me coloque para fora. — Grunhiu, beijando o canto da boca de
Sebastian. — Por favor, me coloque para fora. — Ele beijou o outro canto
antes de empurrar a língua para dentro, suas mãos escorregando sob a boxer
de Sebastian para puxar seus corpos juntos.
— Pare. — Sebastian disse fracamente.
Vlad o beijou com mais vontade, seus braços apertando em torno
dele.
— Pare. — Conseguiu dizer mais firme, empurrando o peito de Vlad.
Vlad ficou rígido, seu corpo cheio de tensão.
Sebastian fechou os olhos, respirou, expirou e os abriu.
— Você não pode fazer isso. — Disse, puxando o jeans para cima e
evitando os olhos de Vlad. — Eu não posso fazer isso, não de novo. Sei que
deve estar confuso, mas não é justo comigo, Vlad. Não pode continuar
brincando comigo. Eu não posso, não posso. Se isso te deixa desconfortável,
se está em pânico, é isso, acabamos.
Vlad apertou a mandíbula e assentiu, colocando as mãos atrás das
costas.
— Você está certo. Eu sinto muito. É só... — Ele balançou a cabeça.
— Deixa pra lá. O problema é meu, não seu.
Sebastian assentiu hesitante, abraçando-se.
— Não odeio mais você. — Disse ele. Sua garganta parecia estar em
carne viva. — Não mais. Fico feliz por podermos conversar e agir como adultos
responsáveis. Acho que podemos ser amigos se for ficar em Londres.
Vlad olhou para ele estranhamente.
— Claro. — Disse depois de um momento. — Por que não.
Lambendo os lábios, Sebastian olhou ao redor do quarto, procurando
algo para dizer.
— Então está saindo da casa de Luke? — Perguntou.
— Sim. — Vlad respondeu. — Na verdade, preciso encontrar um lugar
pra morar.
— O apartamento ao lado está vazio. — Sebastian disse sem pensar e
prontamente quis se chutar.
— Obrigado. Vou dar uma olhada. — Vlad disse, vestindo seu casaco.
Sebastian sabia que ele não o faria. Nunca seriam vizinhos ou
amigos. Nunca poderiam ser.
Essa era a verdade.
— Tudo bem. — Sebastian disse, balançando a cabeça
desnecessariamente e engolindo em torno do nó súbito em sua garganta. —
Nos vemos por aí.
Seus olhares se encontraram e permaneceram presos por um
momento que mais se pareceu uma eternidade.
Eu poderia ter te amado.
Em outra vida, poderiam ter construído algo juntos. Algo bom, forte e
brilhante. Algo que não machucasse. Talvez em outra vida, Vlad não tivesse
sido criado para odiar o que era. Talvez em outra vida Sebastian não tivesse
medo do amor e se permitiria confiar e amar novamente.
Em outra vida.
Mas não nesta.
Vlad se virou e saiu.
Quando ouviu a porta se fechar atrás de Vlad, Sebastian sentou
pesadamente na cama e olhou fixamente para o nada, sua garganta estava
fechada e dolorida.

Capítulo 25

Um mês depois...

A porta do centro de segurança abriu e fechou.


— O novo estagiário está chorando. — Disse Anna.
Vlad fez um ruído desleixado, sem abrir os olhos.
— Por que ele está chorando? — Perguntou Anna. — Vladislav!
Vlad abriu os olhos e deu de ombros, sabendo que a
enlouqueceria. Anna era uma adepta das regras, o tipo de fazer tudo pelo livro
e nunca questionar as ordens de Roman. Desnecessário dizer que nunca foram
próximos.
— Ele não tem espinha dorsal. — Disse ele finalmente, olhando para o
monitor de segurança mostrando o garoto chorando fora da sala. — Não estou
no clima para ficar de babá de crianças estúpidas hoje.
Anna cruzou os braços sobre o peito.
— Você nunca está com disposição desde que voltou ao
trabalho. Alguém poderia achar que uma segunda chance o deixaria mais
agradável, em vez de transformá-lo num tirano. É o quarto empregado que
você fez chorar nesta semana. Alguém vai reclamar. Não estamos mais na
Rússia, Vlad.
Ele deu-lhe um olhar fixo.
— Se você tem problemas com o meu comportamento, pode falar
com Roman.
Anna suspirou.
— Não me interprete mal, estou feliz por você estar de volta. Estava
cansada de fazer o seu trabalho, além do meu. Mas precisa lidar com o que
você tem descontando em todos. O que quer que esteja errado com você,
conserte.
— Nada está errado comigo.
Ela sorriu.
— Você é um idiota, mas não tão idiota. Conserte, Vlad.
Ela saiu e Vlad caiu de volta em sua cadeira, beliscando a ponta do
seu nariz.
Consertar?
Ele queria saber como.
Fazia mais de um mês. Seu mau humor piorava a cada dia, e
constantemente sentia vontade de dar um soco em alguém. Não houve uma
oportunidade de dar um soco em alguém, mas estava descontando em seus
subordinados e os levando as lágrimas. Para ser claro, ele se sentia uma
merda e estava descontando em todos ao seu redor. Com o Natal se
aproximando, quase todos estavam em espírito festivo, o que só realçava quão
miserável ele estava. Se Sebastian o visse agora, o chamaria de valentão e
estaria absolutamente certo.
Vlad soltou um suspiro, além de ficar irritado consigo
mesmo. Conseguira não pensar em Sebastian durante umas duas horas. Devia
ser um novo recorde. Se a sua coisa com Sebastian fosse uma doença, a falta
de exposição à causa definitivamente não estava ajudando.
Para piorar as coisas, parecia que Sebastian estava de repente em
todos os lugares. Vlad continuava a ver outdoors com Sebastian toda maldita
vez. Odiava-os, detestava olhá-los, odiava o olhar sensual que Sebastian dava
à câmera, para outras pessoas. Um ciúme ácido queimava suas entranhas
quando se perguntava se Sebastian estava com outra pessoa, se estava
sorrindo para elas, se deixava outras pessoas tocá-lo, beijá-lo, olhar para ele
dormir...
Vlad ergueu-se e começou a andar de um lado para o outro.
O que quer que esteja errado com você, conserte.
O engraçado era que não tinha realmente a intenção de acabar as
coisas entre eles. Simplesmente queria conversar e Sebastian era a única
pessoa com quem se sentia confortavelmente distante para discutir sua
sexualidade, mas Sebastian entendeu de maneira errada, interpretando o
desconforto de Vlad como desejo de acabar tudo. Após Sebastian sugerir que
terminassem seu arranjo, parecendo tão indiferente, Vlad dificilmente poderia
dizer que não queria acabar.
Talvez devesse ter.
E depois? Sebastian claramente não queria nada permanente com
ele. Inferno, se estivesse no lugar de Sebastian, também não iria querer nada
permanente com ele.
Vlad parou abruptamente.
Será que ele queria algo permanente com Sebastian?
Seu coração começou a bater mais rápido. Pensou em poder chamar
Sebastian de seu, de poder passar tanto tempo com Sebastian quanto
quisesse, ser o único homem a tocá-lo, beijá-lo, fodê-lo. Gostou da
ideia. Gostou muito.
Mas, enquanto seu coração e seu corpo estavam totalmente a bordo,
estava um pouco enjoado com a ideia de um relacionamento com um homem
e duvidou que fosse bom para Sebastian.
Vlad suspirou. Bem, ouvir seu cérebro só o havia transformado numa
merda miserável.
Talvez fosse hora de ser irracional e ir para o que queria.
A questão era saber se poderia convencer Sebastian que dariam certo
juntos, quando não conseguia convencer nem a si mesmo completamente.
Sebastian disse que podiam ser amigos.
Ele descartou a ideia como ridícula. Pela primeira vez, Vlad deu um
pensamento real a ela. Se fossem amigos, não seria capaz de tocar, mas
poderia ver Sebastian, olhar para ele o quanto quisesse. Dessa forma, não
faria mal a Sebastian por estar perto dele.
Talvez realmente fossem melhores como amigos.
Agora, se pudesse descobrir como manter suas mãos gananciosas
para si mesmo...

Capítulo 26

A casa estava iluminada por luzes de Natal.


Vlad olhou fixamente para ela por uns bons cinco minutos, antes de
caminhar lentamente em direção à porta da frente.
Podia ver silhuetas de pessoas nas janelas e tentava imaginar
celebrações de Natal. Nunca celebrou o Natal em sua vida. Não tinha família
para comemorar. Sem mencionar que, na Rússia, o Natal era celebrado em
janeiro e era principalmente um evento religioso, a importância das festas
nunca foi tão grande.
Nunca se sentira mais como um estranho do que ultimamente, como
se todos ao seu redor parecessem estar imersos em festividades de Natal. Até
mesmo Roman estava se divertindo com Luke e comemorando o Natal com
ele.
Vlad parou em frente à porta e hesitou. Talvez devesse ir e voltar
outro dia. Pelo que entendia, o Natal era um feriado em família. Era
improvável que fosse bem-vindo.
Mas estava adiando essa visita por muito tempo. Brincou com a ideia
de ligar para Sebastian, mas não tinha ideia do que dizer. Ele precisava vê-
lo. Não podia esperar mais ou seu presente de Natal para Sebastian seria
inútil, se Sebastian o aceitasse.
Vlad respirou fundo e bateu.
Alguns minutos se passaram antes que a porta se abrisse. Era a irmã
de Sebastian.
O sorriso de Julia desapareceu quando o viu.
— Você!
Vlad ergueu as sobrancelhas.
— Eu?
— O que quer? — Perguntou Julia. Seus olhos eram como os do seu
irmão, escuros e grandes, mas Vlad nunca vira uma expressão tão fria nos de
Sebastian. Se Vlad não estivesse no lado do receptor dos olhares gelados de
Roman durante metade de sua vida, poderia ficar intimidado por ela.
— Sebastian está aqui? — Vlad disse.
— O que importa para você? — Julia disse, saindo e fechando a porta
atrás dela. Ela cruzou os braços sobre o peito.
Vlad se sentiu como um idiota vestindo um casaco de inverno,
enquanto ela estava com um cardigan fino. Não estava particularmente frio,
mas nevava.
— Aqui, pegue meu casaco. — Ele disse, tirando-o, mas suas palavras
cortantes o impediram.
— Eu não quero nada de você. — Disse Julia. — Saia. Você tem muita
coragem por aparecer aqui.
— Não vou a lugar algum sem ver Sebastian. — Disse ele, um pouco
confuso por sua hostilidade. Mesmo que Sebastian tivesse contado a sua irmã
o que havia acontecido entre eles, devia ter dito a ela que sua relação era
casual.
Julia apertou os lábios.
— Para que precisa dele? Precisa de alguém para chupar o seu pau?
Vlad olhou para ela.
— Estou aqui como amigo. — Disse ele finalmente.
Ela riu.
— Certo.
— Ele disse que podíamos ser amigos. — Disse Vlad, controlando seu
temperamento. Não seria rude com a irmã de Sebastian. — Eu quero ser seu
amigo. — Queria provavelmente era uma palavra muito forte, mas não estava
mentindo.
Julia zombou.
— Por favor! Você não pode ser amigo de Sebastian.
Vlad rangeu os dentes.
— E por que diabos não?
— Porque um amigo de Sebastian não olharia para ele como se
estivesse faminto e Sebastian fosse uma refeição de três pratos.
— Não olhei para ele dessa maneira. — Vlad disse rigidamente.
Julia lançou-lhe um olhar indiferente.
— Eu estava na sala com vocês dois. Olhou para ele como se quisesse
empurrá-lo sobre a mesa e fodê-lo, bem ali. — Ela fez uma careta. — Rude.
Vlad empurrou as mãos em seus bolsos, lutando contra um rubor.
— Isso foi antes.
Mentiroso.
Julia olhou para ele.
— Por que você está aqui?
— Já disse a você. Quero ser amigo dele.
— Por que você está aqui? — Ela disse novamente, como se ele não
tivesse dito nada.
Vlad apertou os lábios.
— Não entendo por que está me interrogando como se eu fosse seu
ex ruim ou algo assim. Sebastian e eu tivemos uma coisa casual.
— Certo. — Ela disse, sua expressão endurecendo. — Tenha um bom
dia. Você não vai ver o meu irmão. — Ela se virou e colocou uma mão na
maçaneta da porta.
— Julia! — Grunhiu Vlad. — Preciso vê-lo.
Ela se virou devagar e o estudou por um longo momento.
— Por favor. — Disse. — Sinto falta dele.
Seu rosto se suavizou.
— Se você o machucar...
— Não vou. — Disse Vlad. — Estou dizendo a verdade, estou aqui
como amigo.
Ela suspirou, murmurou algo em voz baixa, e desapareceu na casa,
deixando-o olhando para a porta.
Ele esperou.
A espera parecia interminável.
Quando começou a pensar que Sebastian não sairia, a porta
finalmente se abriu novamente. Vlad sentiu sua boca secar.
Os olhos escuros de Sebastian olhavam para Vlad com uma
expressão ilegível. Sebastian estava usando um pulôver verde e grande, com
um jeans velho e surrado. Seu cabelo não estava estilizado. Crescera mais,
caindo nos ombros em ondas suaves. Vlad queria enterrar seus dedos
naqueles fios negros, puxá-lo para perto, e beijá-lo até que pudesse satisfazer
a fome sem fundo no abismo do seu estômago.
— Ei. — Sebastian disse, quebrando o silêncio. Havia algo cauteloso e
incerto na maneira como olhou para Vlad.
— Oi. — Vlad disse com voz rouca. Amigos. Ele estava ali como
amigo. Era melhor lembrar disso.
Eles se entreolharam.
— Como tem estado? — Vlad disse.
— Muito bem, obrigado. — Disse Sebastian, passando a mão pelo
cabelo. — Hermione teve dois filhotes.
Levou um momento para se lembrar do que Sebastian estava
falando. Certo. A gata de Sebastian.
Ele riu.
— Não me diga que realmente os chamou de Rose e Hugo.
— Eu os chamei de Gryff e Slyth7. — Disse Sebastian, sorrindo e
parecendo muito orgulhoso de si mesmo. Ele era ridículo.
Vlad queria beijá-lo. Esperava não parecer tão afeiçoado quanto se
sentia.
Eles ficaram olhando um para o outro, sem falar.
Vlad disse:
— Você nem me enviou mensagens de texto.
O sorriso de Sebastian desapareceu.
— Você também não me enviou.
— Se quisermos ser amigos, devemos fazer melhor. — Disse Vlad.
Sebastian baixou o olhar.
— Devemos.
Esmagando sua decepção, Vlad recuperou um envelope do bolso.
— Isto é para você. Feliz Natal.
Os olhos de Sebastian se iluminaram com curiosidade e prazer.
— O que é isso?
— Dois ingressos para o jogo do Chelsea e do Manchester City
amanhã. — Disse Vlad, esfregando a nuca. — Pensei que poderíamos ir
juntos. Sair para curtir. Se quiser.
Sebastian sorriu para ele.
— Uau! Sério? Claro que quero! Obrigado! — Ele se inclinou e beijou
7
Abreviação de Griffindor e Slytherin, nomes de duas das quatro casas da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, na
saga Harry Potter.
levemente a bochecha de Vlad.
Ambos ficaram paralisados.
— Certo... — Sebastian disse, afastando-se e apertando as mãos
atrás das costas.
Vlad levou um momento para recuperar o controle sobre seu
cérebro.
— Venho buscá-lo amanhã, então.
— Ótimo. — Sebastian disse, agarrando a maçaneta da porta atrás
dele. — Obrigado, vejo você amanhã. — Ele quase fugiu de volta para a casa.
Vlad tocou sua bochecha antes de deixar sua mão cair e fechá-la em
um punho.
Amigos. Apenas Amigos.
Certo.

Capítulo 27

Não era um encontro. Não era um encontro. Não era um encontro.


Talvez se Sebastian repetisse isso com frequência suficiente, às
borboletas em seu estômago finalmente iriam embora.
Não era um encontro. Estavam saindo como amigos. Ele e Vlad eram
amigos. Era a única coisa que podiam ser. Não deveria tornar isso estranho. O
último mês já foi bastante estranho. Foi atormentado com incertezas, se
sentindo fora de equilíbrio e frustrado com ele mesmo. Mesmo passar o Natal
com sua família não o ajudou. Felizmente, seus pais pareciam alheios.
Mas Julia não foi enganada tão facilmente. Ela percebeu seu humor
imediatamente após sua chegada, encurralou-o em seu quarto e o forçou a
falar.
Ele contou tudo a ela.
Depois que Sebastian terminou de falar, sua irmã não revirou os
olhos ou disse; Eu te avisei. Em vez disso, ela olhou para ele um pouco triste e
falou:
— Você se lembra do Natal que passamos na casa da tia Virginia?
Sebastian franziu o cenho.
— Vagamente? Eu tinha onze ou doze anos, acho.
Julia assentiu com a cabeça.
— Tia Virginia fez todas as crianças anotarem um pedido de Natal em
um pedaço de papel. A tia Stella devia ser seu Papai Noel Secreto, mas acabou
pedindo para você fazer outro pedido. Você se lembra do seu pedido original?
Sebastian procurou em sua memória, mas estava em branco.
— Não.
Sua irmã sorriu, um pouco divertida e muito triste.
— Você queria um amor épico. — Ela riu. — Eu me lembro de me
divertir zoando você por parecer uma garota. — Ela olhou para ele nos olhos.
— Queria que você nunca tivesse conhecido Mike.
Sebastian engoliu em seco e olhou para suas mãos.
— Eu não sei como isso é relevante. — Ele mudou de assunto e Julia
o deixou, mas antes de sair do seu quarto, ela o abraçou firmemente, da
maneira que eles não haviam se abraçado em anos, e disse calmamente:
— Não deixe um erro do passado ou o medo do futuro arruinar sua
vida. Não o deixe vencer. — E então ela se foi, deixando Sebastian com mais
perguntas e dúvidas.
As coisas tinham sido estranhas mesmo no trabalho. Ele tinha se
escondido sempre que cruzava caminhos com Antonio. O italiano não parecia
entender por que eles não podiam ficar juntos de novo, e Sebastian não sabia
como explicar o que nem ele não entendia. Ele era um homem jovem, solteiro
e que amava o sexo. Não havia razão para que não fizesse sexo com Antonio,
ou com qualquer outra pessoa. Então por que diabos ele não podia dizer sim a
Antonio?
Porque ele se sentia tomado.
Era ridículo, estava louco, era só em sua cabeça, mas realmente se
sentia tomado. Se fechasse os olhos, quase podia sentir as mãos de Vlad em
seus quadris, a boca dele no interior das suas coxas, chupando e deixando
marcas de amor em sua pele, marcando-o, seu toque íntimo e possessivo.
Queria pertencer ao Vlad. Ele, que sempre revirou os olhos para o
comportamento possessivo e as besteiras machistas.
Era ridículo. Ele não era de Vlad, e Vlad não era dele. A única coisa
que poderiam ter era amizade.
Sebastian repetia isso para si mesmo como um mantra enquanto Vlad
os conduzia para o estádio Stamford Bridge. Os dois em um espaço fechado
acabou por ser uma má ideia. Sebastian se viu balbuciando como um
adolescente nervoso, tentando não olhar fixamente para Vlad. Se alguém lhe
perguntasse sobre o que estavam falando, ele não tinha ideia.
Cristo, como poderia ser amigo desse homem? Ele não conseguia
parar de olhar para as mãos grandes e fortes de Vlad no volante e sentir
saudades do seu toque. Seus lábios formigavam, sentindo falta dos lábios dele.
Seu corpo sentia saudades do de Vlad.
Apenas pensar em beijá-lo obrigou Sebastian a apertar os dedos em
sua coxa para se impedir de estender a mão e agarrar-se a Vlad como um
macaco no cio.
Quando finalmente chegaram, Sebastian não podia sair do carro
rápido o suficiente. Eles usaram a entrada para o pessoal credenciado em vez
de esperar na longa fila para entrar no estádio.
— Conheço o dono do Chelsea. — Disse Vlad com um encolher de
ombros quando Sebastian perguntou.
Certo. O dono do clube era russo.
— Vamos procurar nossos lugares. — Disse Vlad, guiando-o com a
mão na parte inferior das costas.
Isso fez Sebastian se sentir engraçado. Disse a si mesmo para não
ser tolo. Amigos fazem isso. Não era grande coisa, ou pelo menos não era
suposto ser. Provavelmente Sebastian não devia sentir o toque tão
agudamente através do seu casaco.
Ele ficou aliviado e desapontado quando chegaram aos seus assentos
e Vlad baixou a mão.
— Os bilhetes VIPs estavam esgotados. — Disse Vlad.
— Estou feliz que estavam. — Sebastian disse, ocupando seu assento
e olhando ao redor excitado. — Assentos VIPs realmente não são minha coisa.
Eu adoro a atmosfera daqui. Adoro sentar com torcedores incondicionais que
realmente sabem e cantam os hinos, sabe?
— Você é um torcedor fanático, então? — Vlad disse, olhando para
ele com curiosidade.
Sebastian se contorceu um pouco em seu assento, tentando ignorar o
pequeno zumbido satisfeito em seu peito. Provavelmente não era saudável o
quanto gostava de ter a atenção de Vlad focada nele, e apenas nele.
— Desde a infância, mas não vou aos jogos tanto quanto costumava
fazer. — Respondeu, vendo os poucos assentos vazios em volta deles se
encherem rapidamente. A atmosfera já era incrível, os fãs cantando os hinos
das equipes enquanto os jogadores faziam o aquecimento.
— Por que não? — Vlad disse.
Pegando seu lábio entre os dentes, Sebastian olhou para ele.
— Meu rosto ficou bastante conhecido por aqui depois que participei
de um documentário da BBC sobre a homofobia no futebol. Obviamente eu não
sou um jogador de futebol, mas tenho amigos no armário que são. Falei por
eles, porque não podiam falar por si mesmos. — Ele sorriu ironicamente. — A
maioria dos torcedores de futebol não apreciaram que os chamei de idiotas
homofóbicos. Tive uma repercussão enorme no Twitter por ousar dizer o que
todos pensavam. De fato, poderia ser a razão pela qual o culto me alvejou. —
Sebastian olhou ao redor, pegando alguns olhares hostis, e se remexeu. —
Você provavelmente não quer ser visto comigo aqui.
Vlad estava franzindo a testa, sua expressão sombria enquanto
olhava ao redor.
— Você deveria ter me contado isso antes de virmos.
— Desculpe. — Disse Sebastian, hesitante, desviando o olhar. — Você
pode ir se quiser. Sei que não quer que as pessoas pensem que você é gay.
— Ei. — Vlad disse, colocando a mão em seu ombro. — Olhe para
mim.
Quando Sebastian o fez, Vlad deu-lhe um olhar duro.
— Não seja bobo. Não estou indo a lugar nenhum. Você deveria ter
me dito por que eu teria conseguido assentos mais seguros. Isso é tudo. — Ele
fez uma careta. — Sei que fui um idiota para você, mas realmente pensou que
iria me levantar e deixá-lo sozinho?
Sebastian olhou para ele e percebeu que a resposta era não. Não
tinha realmente esperado que Vlad fosse jogá-lo para os lobos. Parou de vim
aos jogos de futebol por uma razão; enquanto outros torcedores nunca o
atacavam fisicamente, sua animosidade e abuso verbal geralmente arruinavam
toda a diversão. Ele se sentia muito inseguro para assistir aos jogos por conta
própria, e não teria vindo se realmente pensasse que Vlad o deixaria sozinho.
— Não. — Sebastian disse suavemente, sorrindo um pouco, e afastou
os olhos de Vlad antes que pudesse dizer algo estúpido como; eu me sinto
seguro com você aqui. Ele olhou para o campo e disse com entusiasmo
forçado: — O jogo está prestes a começar!
Seu entusiasmo forçado tornou-se genuíno quando o árbitro apitou,
sinalizando o início do jogo. Sebastian concentrou sua atenção no jogo e logo
se perdeu na emoção dele. Ele não mentiu para Vlad. Não assistia mais a
partidas de futebol e estar em uma era um deleite raro para ele. Ao contrário
da última vez em que esteve em uma partida do Chelsea, ele se sentiu
relaxado e seguro com Vlad ao seu lado.
Quando o primeiro tempo se aproximou do fim, Vlad tocou sua mão.
— Suas mãos estão ficando azuis. Está com frio?
Só então Sebastian percebeu que seus dentes estavam batendo.
Estava tão absorto na partida que nem sequer tinha notado que estava
congelando.
— Sim, congelando. — Sebastian murmurou, franzindo a testa para o
casaco Saint Laurent que havia escolhido esta manhã depois de uma hora
experimentando todos os seus casacos e jaquetas. Algo que Vlad não
precisava saber. O casaco ficou muito bem nele, mas fez pouco para protegê-
lo do vento congelante. — Você não está com frio? — Sebastian perguntou
miseravelmente. Vlad usava apenas uma jaqueta fina, mas não parecia
afetado pelo tempo.
Vlad sacudiu a cabeça com um pequeno sorriso.
— Isto é como um lindo dia de primavera na Sibéria.
Rolando os olhos, Sebastian o golpeou no braço.
— Você pode tirar esse olhar presunçoso do rosto? Sim, você é um
russo resistente e eu sou uma delicada flor inglesa. Entendi.
Vlad estava sorrindo abertamente agora.
— Você não trouxe luvas, flor inglesa? — Ele disse, pegando a mão
gelada de Sebastian entre as palmas das suas e olhando para os nós dos
dedos.
— Não. — Sebastian disse, observando os dedos grossos de Vlad
acariciando e esfregando os seus mais finos. Uma sensação de vibração se
estabeleceu no seu estômago. Ele olhou para o rosto de Vlad. — Você trouxe?
Um canto dos lábios de Vlad se contraiu.
— Se eu trouxe, você vai me pedir para te dar?
— Você deveria me dar sem eu ter que pedir. — Sebastian disse com
um pequeno sorriso, e porra, eles estavam flertando?
Abortar, abortar. Eles não poderiam estar flertando.
Bufando, Vlad soltou as mãos de Sebastian e tirou um par de luvas
de couro do bolso.
— Por que você tem luvas se não está frio? — Sebastian perguntou.
— Você nunca sabe quando vai precisar entrar na casa de alguém
sem deixar digitais. — Disse Vlad, oferecendo as luvas a Sebastian.
Isso seria uma piada vindo de noventa e nove por cento das pessoas,
mas Sebastian tinha uma suspeita de que vindo de Vlad não era de todo uma
piada.
— Você não está falando sério, está? — Sebastian disse e só recebeu
um encolher de ombros como resposta, o que poderia significar qualquer coisa.
Suspirando exasperadamente, e esperava que não muito afetuosamente,
Sebastian pegou as luvas e as colocou. Elas eram um pouco grandes, mas
ficaram boas. — Obrigado. — Murmurou.
Vlad olhou para as mãos de Sebastian por um momento antes de
assentir e desviar o olhar.
Sebastian se voltou para o campo, sentindo-se um pouco perturbado.
Não tinha certeza de como se comportar ao redor de um Vlad que se
importava se ele estava com frio ou não. Quase desejava que Vlad estivesse
agindo como um idiota. Quase.
Fazendo o possível para ignorar o homem ao seu lado, Sebastian se
concentrou na partida. Ele ficou tenso quando o atacante do City driblou os
defensores do Chelsea. Porra... É melhor ele não...
Comemorou alto com os outros torcedores quando o atacante perdeu
a bola.
O ritmo do jogo aumentou depois disso, ambas as equipes trocando
momentos de roer as unhas. Sebastian ficou tão absorto no jogo que demorou
um tempo para notar que ele estava segurando o braço de Vlad com ambas as
mãos em excitação e se inclinando para ele.
Ele afastou as mãos.
— Jogo emocionante. — Disse, sem olhar para Vlad.
Porra. O que havia sobre Vlad que o transformava no perdedor
dolorosamente inábil que costumava ser quando era adolescente?
— Uhhum. — Vlad disse, seus olhos em seu telefone. — Você acha
que DuVal vai marcar? Eles estão dando a ele boas chances.
— Você está apostando? — Sebastian perguntou, inclinando-se em
direção a Vlad para olhar seu telefone.
Vlad zumbiu em afirmativa.
— Estou colocando cinco mil em Gabriel DuVal.
Sebastian assobiou.
— Gabe é uma boa aposta.
Vlad virou a cabeça.
— Você o conhece?
Sebastian engoliu em seco com a súbita proximidade dos seus rostos.
— Sim, quero dizer, nós não somos amigos ou qualquer coisa, mas
sim. Ele é o irmão adotivo de Tristan DuVal.
Os olhos de Vlad se iluminaram com curiosidade.
— Os rumores são verdadeiros?
— Que rumores? — Sebastian disse, estremecendo interiormente. Ele
sabia que era pouco provável que Vlad fosse entregar Gabe, mas ainda não se
sentia bem em compartilhar segredos que não eram dele.
— Que ele tem alguma coisa com o médico da equipe. — Vlad disse,
olhando para a área técnica onde Sebastian podia ver o Dr. Sheldon, um
homem insanamente atraente e abertamente gay.
— Não faço ideia. — Disse ele, esfregando o nariz.
Vlad o olhou por um momento.
— Você sabia que muitas vezes esfrega o seu nariz quando está
mentindo?
Sebastian abaixou a mão e riu.
— Pare de ser assustador.
Vlad deu-lhe um olhar ofendido.
— O que tem de assustador em notar essas coisas? Prestar atenção
pode salvar a sua vida algum dia.
Sebastian apertou os lábios para não rir.
— Tenho certeza de que você tem uma razão muito racional para ser
assustador. — Ele disse provocando, olhando Vlad nos olhos.
Vlad olhou para ele com uma expressão comprimida, como se tivesse
engolido algo azedo.
— Você está flertando. — Falou. — Se você espera que sejamos
amigos, pare de flertar. Maldição.
Sebastian lambeu os lábios.
— Não estou flertando. Só estou sendo amigável.
— Você está sendo muito bom em ser amigável. — Vlad disse.
A intensidade do seu olhar deixou Sebastian quente por toda parte,
seu pau ficou meio duro tão rápido que era vertiginoso.
— Eu... — Sebastian parou, sem saber o que dizer, porque ele
realmente estava flertando. Era como se não pudesse controlar sua boca ou a
maneira como olhava para Vlad.
— Você disse que não deveríamos, e concordei com você. — Disse
Vlad, parecendo estar quase sofrendo. — E estou tentando ser uma pessoa
decente para variar. Mas você está sendo... — Vlad olhou para ele. —
Encantador. Flertando e me fazendo me sentir estúpido.
— Não estou fazendo isso de propósito. — Sebastian disse se sentido
culpado e mordeu seu lábio inferior, abaixando seus cílios.
Vlad amaldiçoou em russo antes de agarrar rapidamente um punhado
do cabelo de Sebastian e beijar sua boca, duro e faminto. Ele se afastou ainda
mais rápido, amaldiçoando sob sua respiração e empurrando suas mãos
trêmulas em seus bolsos.
Sebastian olhou para ele com os olhos arregalados, os lábios
formigando, o coração acelerado e o corpo tremendo de desejo.
— Desculpe. — Vlad disse firmemente, olhando para o campo como
se fosse a coisa mais interessante do mundo.
Sebastian olhou longamente para a linha deliciosa da mandíbula de
Vlad e apertou as unhas nas suas coxas para deixar a dor distraí-lo.
Porra, eles eram terríveis em serem apenas amigos.
Confuso e frustrado, Sebastian olhou ao redor e congelou, pegando
os olhares de desprezo e desgosto dos homens em volta.
— Vamos embora. — Disse ele.
As sobrancelhas de Vlad franziram, seus olhos ainda no campo.
— Ainda falta metade do jogo.
— As pessoas estão olhando, Vlad. — Sebastian disse, seu peito cheio
de ansiedade.
As tensões corriam altas durante um jogo tão importante e a maioria
dos torcedores provavelmente tomava algumas bebidas antes do início do
jogo. Às vezes, a violência pode ser desencadeada pelas menores coisas.
Vlad seguiu seu olhar para os homens que os olhavam. Seu rosto
endureceu, algo feio e perigoso aparecendo em seus olhos.
— Calma. — Sebastian disse nervosamente, colocando a mão no
ombro de Vlad. O homem tinha um temperamento explosivo. Era muito
improvável que ignorasse se alguém o chamasse de gay.
— Estou perfeitamente calmo. — Vlad disse uniformemente.
— Vamos, então. — Disse Sebastian, levantando-se.
Vlad agarrou seu pulso e puxou-o para baixo.
— Não vamos a lugar nenhum. — Respondeu, olhando para os
homens ao seu redor. — Não vejo nenhuma razão para sairmos. Viemos ver a
partida e vamos assistir o jogo até o fim.
— Vlad... — Começou Sebastian, ansiosamente. Ele podia sentir a
hostilidade e o desgosto que emanava de quase todos os que estavam em sua
volta, com exceção da mulher na fileira abaixo, que só parecia curiosa.
— Nunca deixei um bando de idiotas me intimidar para sair e não
estou prestes a começar. — Vlad disse.
Sebastian deu um sorriso irônico.
— Você era a pessoa que costuma fazer a intimidação, hein?
Vlad não devolveu o sorriso. Na verdade, ele parecia profundamente
sem graça enquanto observava o ambiente como um falcão, olhando cada
homem nos olhos, como se os desafiando a ousar dizer alguma coisa.
Porra, isso não ia acabar bem.
— Vamos. — Sebastian tentou de novo, apertando o bíceps de Vlad.
— Vamos embora.
— Não. — Repetiu Vlad. — Temos todo o direito de estar aqui. —
Antes que Sebastian pudesse dizer alguma coisa, Vlad colocou um braço ao
redor dele e o puxou para que seus lados e coxas pressionassem juntos.
Com os olhos arregalados, Sebastian sibilou:
— Que diabos você está fazendo? Está maluco?
— Se alguém tem um problema, eles devem sair, e não nós. — Disse
Vlad.
— O que aconteceu com o; eu não sou uma bicha? — Sebastian
disse, confuso como o inferno. Pensou que Vlad tentaria colocar tanta distância
entre eles quanto possível com a mera suspeita de que estavam juntos. — Por
que não está pirando que as pessoas pensem que você é gay?
Vlad franziu o cenho. Talvez estivesse surpreso também.
— Eu não os conheço e não dou a mínima para o que pensam sobre
mim. — Disse ele. — Mas me importo em como eles estão olhando para nós.
Se foi assim que você se sentiu quando o insultei pela sua sexualidade, deveria
ter me dado um soco toda vez que abri minha boca.
Sebastian sentiu seu queixo cair. De todos os resultados de Vlad
sendo sujeito à homofobia, esse era certamente um que ele não esperava.
— Eu tentei dar um soco em você. — Sebastian disse com um sorriso.
— Não é minha culpa que você é construído como um tanque.
— Não, não é sua culpa. — Vlad disse em um tom estranho, voltando
a examinar seus arredores cautelosamente, seu olhar afiado e duro.
Sebastian se deixou relaxar e encostou-se contra Vlad. Era
insanamente bom ter o braço de Vlad em volta dele, sentir o hálito quente
contra sua orelha, sentir a força de Vlad com seu próprio corpo. Sebastian não
era um homem pequeno, mas, encostado contra Vlad, se sentia pequeno,
vulnerável e protegido, da melhor maneira possível.
Apesar dos olhares hostis, ele já não se sentia nervoso, de certa
forma estava certo de que ninguém faria nada. Isso era muito estúpido. Além
de perigoso.
Mas seu coração e seu corpo estúpidos não escutavam, deleitando-se
com o sentimento de estar quente, de ser mantido protegido. De ser cuidado.
Cristo, ele estava tão ferrado.
O intervalo passou em um borrão, com Vlad falando suavemente em
seu ouvido sobre os substitutos que ambos os técnicos das equipes deveriam
fazer. Sebastian se viu acenando abatido e contribuindo muito pouco, sua
mente ocupada em esmagar a pequena faísca de esperança que havia
levantado sua cabeça feia.
Ele não podia ler muito sobre o comportamento de Vlad. Mesmo que
Vlad estivesse se comportando como um namorado, isso não significava que
ele queria que o fossem.
Quando o intervalo terminou e a partida finalmente voltou, Sebastian
ficou aliviado por ter algo mais para se concentrar.
Chelsea começou o segundo tempo melhor e logo Sebastian estava
na ponta da cadeira, murmurando, vamos, enquanto a equipe lançava ataque
após ataque.
Quando Gabriel DuVal finalmente marcou, ele pulou de pé,
comemorando alto.
— Foda-se! Entrou!
Vlad o abraçou por trás, sorrindo e beijando sua bochecha.
O calor se espalhou pelo corpo de Sebastian, seu coração vibrando
como um pássaro aprisionado. Ele se recostou no peito de Vlad, desejando que
não houvesse tantas camadas entre eles. Os outros torcedores não prestavam
mais atenção neles, estavam muito ocupados se abraçando e comemorando o
gol.
Muito cedo, o árbitro apitou, indicando aos jogadores que
retomassem o jogo.
Com seu coração ainda batendo rápido, Sebastian se sentou no
assento e, depois de um momento de hesitação, se aconchegou em Vlad para
aquecer.
— Então, quanto você ganhou? — Ele disse, sorrindo para Vlad e
sentindo-se ridiculamente tonto.
Vlad olhou para ele.
— Mais do que eu pensava. — Falou envolvendo um braço ao redor
dele novamente.
Irradiante, Sebastian se acostumou com isso, sentindo-se muito
quente e feliz para se preocupar com os olhares dos idiotas homofóbicos em
torno deles.
Quando o jogo aproximou-se do fim, Vlad encostou o nariz na
bochecha de Sebastian. A respiração dele ficou presa em sua garganta. Ele não
ousou se mover.
Esfregando o nariz na bochecha de Sebastian, Vlad arrastou sua boca
ao longo da mandíbula dele e suspirou.
— Desculpe... — Falou com voz rouca. — Eu não posso ser seu
amigo. Não quero ser seu amigo. Eu quero mais.
Sebastian fechou os olhos, o medo, a esperança e um prazer violento
viajaram através do seu corpo.
Se permitir que isso aconteça, ele pode ter seu coração partido
novamente e desta vez poderia não se recuperar. Os sentimentos que sentia
por Vlad eram muito mais fortes e profundos do que a paixão adolescente que
sentiu por Mike. A queda seria muito mais dura.
Havia tantas razões pelas quais isso não iria funcionar. Vlad tinha
muita bagagem. Ele poderia decidir que não era gay afinal e deixá-lo depois de
alguns meses, ou poderia se ressentir por Sebastian tê-lo tornado gay,
envenenando sua relação com seu ressentimento.
Vlad talvez nunca o amasse. Mas também poderia vir a amar.
Sebastian abriu os olhos, a garganta dolorosamente apertada pelo
medo. O medo de fazer a escolha errada. De repente, se lembrou das palavras
da sua irmã.
Não deixe um erro do passado ou o medo do futuro arruinar sua vida.
Não o deixe vencer.
Sebastian se virou para olhar para Vlad, que encontrou seu olhar, sua
expressão desprotegida e aberta, e Sebastian percebeu que não era o único
que se sentia inseguro e vulnerável.
Colocou uma mão na bochecha de Vlad e sentiu um aperto em sua
garganta quando ele se inclinou para o toque.
Lambendo os lábios, Sebastian deu um salto de fé.
— Então seja mais. — Sussurrou e sorriu.
Os olhos azuis de Vlad se iluminaram.

Epílogo

Oito meses depois...

O dia do casamento de Tristan DuVal e Zach Hardaway amanheceu


ensolarado e bonito. A luz do sol filtrando através das cortinas semi-fechadas
acordou Sebastian. Bocejando, se virou para o outro lado e sentiu sua
respiração falhar.
O sol da manhã iluminava os cabelos loiros de Vlad com uma luz
dourada. Sua boca relaxada se abriu quando ele respirou uniformemente, seu
peito largo se movendo ritmicamente. Ele parecia quente, sólido. Uma imagem
de virilidade e masculinidade.
Sebastian apoiou a cabeça contra seu próprio travesseiro e
simplesmente o observou. Ele queria aconchegar-se contra o corpo quente de
Vlad e inalar o cheiro da sua pele beijada pelo sol. Mas, por enquanto, apenas
observou, sentindo que nunca se cansaria.
Eu te amo.
Esse pensamento não o deixou em pânico. Parecia certo e
confortável. Depois de meses juntos, ele estava acostumado a essas ondas
aleatórias de amor que lhe roubavam o fôlego.
Estar apaixonado era maravilhoso. Às vezes ainda era assustador,
mas Sebastian encontrou-se sorrindo com mais frequência, se sentindo em
geral mais positivo e feliz, principalmente quando Vlad estava em torno.
No entanto, nem sempre era sol e rosas.
Às vezes, havia dias ruins, quando Vlad se fechava e ficava tenso. Em
dias como esses, ele tendia a evitar Sebastian, mas geralmente acabava na
casa dele de qualquer maneira.
— Desculpe. — Vlad dizia bruscamente, acariciando a bochecha de
Sebastian, seu pescoço, respirando profundamente, como se tentando levá-lo
sob sua pele.
No começo, Sebastian pensava que ele estava se desculpando por
seu humor de merda, mas logo percebeu que Vlad estava se desculpando por
precisar dele mesmo quando estava de tal modo, e isso era... Derretia o
coração de Sebastian.
— Está tudo bem. — Sebastian havia dito numa dessas noites há
meses. Ele estava aconchegado em Vlad, com os braços dele apertados ao seu
redor. Embora Vlad estivesse segurando-o, nenhum deles tinha duvidas sobre
quem precisava mais de conforto no momento. Ele olhou para Vlad.
— Sei que eu disse que não queria lidar com os seus problemas para
aceitar que é gay, mas isso foi antes. — Antes de eu deixar você entrar. Antes
de você se tornar meu. — Você pode falar comigo. Quero que fale. Mas só se
você quiser, é claro.
Vlad apenas olhou para ele por um tempo.
— Eu... — Vlad fez uma careta, fechando os olhos por um momento.
— É como se houvesse uma voz irritante na minha cabeça, que continua me
dizendo como é errado e doente estar com um homem. Está quieta a maior
parte do tempo agora, mas às vezes, ela fode com minha cabeça, entende?
Sebastian assentiu com a cabeça, mordendo o lábio enquanto traçava
linhas no braço de Vlad com o dedo.
— O que posso fazer para ajudar?
— Já está ajudando. — Disse Vlad. — Fica muito quieta quando olho
para você.
Sebastian limpou a garganta de repente apertada e sorriu.
— E por que isso? — Ele disse provocando. Sim, estava pescando
para elogios. O processe.
— A presunção não é atraente. — Vlad disse. Mas a expressão
fascinada e intensa em seu rosto dizia o contrário. — Você sabe por que, seu
merdinha presunçoso.
Sebastian sorriu, sentindo-se quente, satisfeito e querido.
— Você adora isso. — Ele disse, sorrindo. — Você secretamente adora
tudo sobre mim, apesar de toda a sua atitude mal-humorada.
— Não sou mal-humorado. — Vlad disse irritado.
Sebastian ergueu a mão e o acariciou na bochecha.
— Está tudo bem. Você pode ser mal-humorado. Posso sorrir pelos
dois.
Vlad o beijou.
No momento em que Vlad se afastou, Sebastian estava um pouco
sem fôlego, sua mente vazia enquanto murmurava:
— Eu te amo.
Tinha sido a primeira vez que ele falou as palavras para Vlad.
Ambos ficaram paralisados, olhando um para o outro. Mas, se
Sebastian estava um pouco surpreso com sua própria declaração, Vlad parecia
absolutamente perdido, como se alguém tivesse puxado o chão de debaixo
dele.
— Você não pode me amar. — Ele finalmente disse, seu pomo de
adão se movendo.
Sebastian deu um tapa na cabeça dele.
— O que isto quer dizer? Posso amar quem eu quiser, mesmo um
urso mal-humorado como você. Não pode me dizer se eu te amo ou não.
Vlad piscou rapidamente e virou o rosto, ficando de perfil para
Sebastian. Era um perfil adorável, com uma mandíbula de morrer, mas
Sebastian não estava exatamente satisfeito em ficar olhando para ela depois
de declarar seus sentimentos, algo que não fez desde Mike.
Quanto mais o silêncio durava, mais auto-consciente se sentia.
Tentou livrar-se dos braços de Vlad, mas ele não o soltou.
Finalmente, Vlad olhou para ele.
— Você pode conseguir alguém muito melhor do que eu. — Disse ele,
sua voz rouca. — Você pode encontrar alguém agradável, que se aceita.
Alguém que nunca vai te machucar.
Sebastian mordeu o lábio.
— Tudo bem se você não puder dizer as palavras agora. Não quero
que você diga o que não quer dizer. Mas eu preciso saber se você tem algum
tipo de sentimento por mim. Que não sou apenas uma coisa bonita que você
gosta de foder. Isso seria o suficiente por enquanto. — Ele suspirou. Pronto.
Ele disse isso. Esperava que Vlad entendesse e apreciasse o quão difícil era
para ele dar o primeiro passo, se colocar em uma posição tão vulnerável.
Vlad olhou para ele como se estivesse louco.
— Confie em mim, eu não estaria aqui se não tivesse sentimentos
que não posso ignorar. — Vlad sorriu sem muita alegria. — Sinto... Como se
fosse impossível ter o suficiente de você. — Disse, passando as mãos sobre o
pescoço de Sebastian antes de acariciar seu rosto suavemente. — Eu nunca
vou conseguir o suficiente. — Ele beijou seus lábios suavemente. — Sempre
preciso de mais de você.
Sebastian soltou a respiração que estava segurando e sorriu para
Vlad. Talvez não fosse a declaração de amor que ele queria, mas estava perto
o suficiente. Era o suficiente por enquanto.
Agora, cinco meses depois dessa conversa, ainda era o suficiente.
Sebastian não podia reclamar. Ele estava realmente feliz, tão feliz
que às vezes tinha que se beliscar. Vlad era um namorado maravilhoso, apesar
de toda sua irritação e mau humor.
Quando Sebastian se permitiu imaginar que tipo de relação ele e Vlad
iriam ter, sempre pensou que seria sexual. Surpreendentemente, não foi o
caso. Não que não tivessem muito sexo, eles tinham. Às vezes, Sebastian até
se perguntava se era saudável querer tanto alguém.
Sua pele formigava quando Vlad olhava para ele um pouco mais
demorado, e queria que Vlad o tocasse o tempo todo. Teria sido patético se
Vlad não olhasse para ele com a mesma fome que comia Sebastian de dentro
para fora, sempre que eles não estavam tocando.
O sexo era fantástico e imensamente gratificante, mas o que o
tornava maravilhoso era o modo como seus corpos se encaixavam, como dois
pedaços de quebra-cabeça, como um ajuste perfeito. E essa química perfeita
se espalhou em quase todos os outros aspectos do seu relacionamento.
Vlad o puxava para o lado dele sempre que possível. Passava o braço
pelos ombros de Sebastian e o segurava perto quando assistiam a filmes
juntos. Sebastian nunca tinha sido muito de aconchegar antes, mas estava
começando a entender o apelo.
Ele adorava pressionar seu rosto contra o peito de Vlad e ouvir o
batimento constante do coração dele sob sua orelha enquanto via a chuva cair
pela janela. Ele adorava ver Vlad vigiá-lo, sentindo aquele olhar intenso e
apaixonado sempre que estavam na mesma sala.
Sim, agora sabia que Vlad tinha sentimentos por ele, sabia que Vlad
o adorava. Não precisava ouvi-lo dizer as palavras para saber disso. Ele não
era tão inseguro.
E ainda assim... Teria sido bom ouvir as palavras, para saber com
certeza.
Suprimindo um suspiro, Sebastian saiu da cama, com cuidado para
não acordar Vlad. Eles não precisavam estar no local do casamento até as dez
horas. Vlad poderia usar algum descanso extra depois de ficar acordado até
metade da noite por causa de alguns problemas de segurança no trabalho.
Enquanto isso, Sebastian podia fazer o café da manhã para eles.
O café da manhã estava pronto quando Vlad se aproximou da
cozinha, bocejando e com um olhar descontente em seu rosto.
Ele realmente era um urso mal-humorado. Seu urso mal-humorado.
— Bem a tempo para o café da manhã, dorminhoco. — Sebastian
falou, observando-o com um sorriso afetuoso. Vlad decididamente não era
uma pessoa da manhã.
Os olhos de Vlad ainda estavam meio fechados enquanto ele agarrava
as mãos a Sebastian.
— Você não estava na cama. — Resmungou abraçando Sebastian e
deixando cair o rosto no pescoço dele. Ele inalou profundamente. — Você
deveria ter ficado na cama.
— Se eu tivesse ficado, teríamos ignorado o café da manhã e então
nós dois ficaríamos mal-humorados no casamento. — Disse Sebastian,
empurrando Vlad na cadeira e colocando um prato com café da manhã na
frente dele. — Coma.
Ele sentou-se ao lado de Vlad e atacou seu próprio prato. Estava
morrendo de fome. Embora Vlad tivesse caído na cama no meio da noite, eles
ainda tinham tido uma rodada de sexo. Ele estava sempre com fome depois do
sexo.
— Nós temos mesmo que ir ao casamento de DuVal? — Vlad falou de
repente.
Sebastian levantou o olhar do prato. Estudou o rosto de Vlad,
tentando determinar se ele estava apenas sendo o mal-humorado de costume
ou se realmente não estava confortável em participar de um evento público
com ele.
A última possibilidade fez o estômago de Sebastian agitar. Ele sabia
que Vlad ainda não estava confortável com as pessoas sabendo sobre seu
relacionamento.
Enquanto não estavam exatamente escondendo, Vlad era um pouco
seco com ele em público, exibindo apenas uma fração do carinho que mostrava
quando estavam sozinhos.
A afeição que Vlad mostrou durante o primeiro encontro no jogo de
futebol acabou por ser uma exceção e não a regra. Sebastian tentou não levar
isso a sério, sabia que os problemas de Vlad não tinham nada a ver com ele.
Mas ainda doía um pouco.
Sebastian limpou a garganta e olhou para a xícara na sua mão.
— Eu tenho que ir, mas você não precisa ir comigo se não quiser. —
Falou o mais casualmente que pôde.
— Ei... — Vlad disse, batendo os joelhos juntos sob a mesa.
Sebastian levantou os olhos.
Vlad estava olhando para ele, sério.
— Eu quero.
Sentindo calor em seu peito, seu estômago, e em todos os lugares,
Sebastian enganchou seus tornozelos.
— Sim?
Vlad assentiu.
— Não quero que Antonio pense que você está disponível.
Sebastian revirou os olhos e deu um longo suspiro, mas estava
sorrindo quando se levantou.
— Acabe o seu café, precisamos escolher um smoking para você! E
precisamos alimentar os gatos antes de sair. — Ele franziu a testa, olhando ao
redor. — Na verdade, precisamos encontrá-los primeiro. Eu não vi Slyth8 por
toda a manhã. Ele deve ter rastejado para fora. — Ele riu do seu trocadilho,

8
O símbolo da casa Slytherin, de onde foi tirado o nome do gato, é uma serpente, por isso o trocadilho.
satisfeito consigo mesmo.
Vlad apenas gemeu.

****
O casamento foi enorme, com muitas celebridades e imprensa
presentes. Vlad, que tinha se sentido vestido exageradamente em seu smoking
Armani em casa, agora entendeu porque Sebastian insistiu que eles se
vestissem com esmero.
Como convidados que não eram muito próximos do jovem prestes a
se casar, ele e Sebastian não se sentaram muito à frente. Vlad ficou mais do
que bem com isso, porque ele nunca gostou de dar as costas a tantas pessoas,
mas Sebastian se mantinha esticando o pescoço para tentar obter uma visão
melhor.
Luke acenou para eles a partir da linha da frente onde estava sentado
com Roman. Vlad acenou de volta. Estava achando o garoto muito mais
tolerável do que antes. Para sua ligeira surpresa, Luke e Roman ainda estavam
firmes, juntos já há um ano.
— Não diga a Roman, mas Luke está esperando que Roman vá fazer
o pedido em breve. — Sebastian murmurou em seu ouvido.
Se Vlad tivesse bebido alguma coisa, teria engasgado.
— É melhor Luke mesmo o fazer. — Falou com uma risada. — Eu
realmente não posso ver Roman propondo. — Mas se há um ano alguém
tivesse lhe dito que Roman estaria em um relacionamento sério de longo prazo
com o pirralho Whitford, teria pensado que a pessoa estava louca. Talvez ele
não soubesse de nada afinal.
Sebastian balançou a cabeça, e Vlad obteve uma amostra do seu
cheiro; água de colônia, loção pós-barba, e algo único para Sebastian. Ele teve
que suprimir o desejo de colocar o nariz contra a pele dele e cheirá-lo. Eles
estavam em público.
— Não, Luke quer ser o único a receber o pedido. — Disse Sebastian
com um sorriso divertido. Ele e Luke também tinham ficado muito mais
próximos. — Você sabe que ele é um romântico incorrigível. É melhor Roman
fazer o pedido com algum grande gesto romântico. Ainda bem que ele é podre
de rico e pode pagar por grandes gestos românticos.
Vlad bufou.
— Se ele não conseguir pensar em algo original, poderia sempre
comprar uma ilha tropical para Luke. — Ele disse secamente, e Sebastian riu.
Alguém os pediu para se calarem e eles voltaram sua atenção para o
casamento.
Depois que os noivos disseram os seus votos, Vlad olhou para
Sebastian novamente. Os olhos dele estavam suspeitosamente brilhante.
— Cale a boca. — Disse ele, corando quando notou o olhar de Vlad.
— É bonito, não é? Muito romântico.
Vlad voltou a pensar nos votos de casamento de Tristan DuVal que
envolveu as palavras: eu te odiei à primeira vista, ainda te odeio por me fazer
tão sentimental, e prometo te odiar até que a morte nos separe. Não parecia
muito bonito ou romântico para ele.
Vlad olhou para os noivos enquanto eles trocavam as alianças, seus
olhos somente um no outro. Ele realmente olhou.
Pervertidos, anormais, repugnantes. Eles devem ser caçados e
mortos como cães raivosos.
As palavras do seu tio pareciam grotescas e ridículas enquanto Vlad
observava o casal feliz se beijar. Não havia nada de anormal ou repugnante
sobre eles.
Estavam felizes, estavam apaixonados, estavam de pé na frente dos
seus amigos e entes queridos, comprometendo-se a uma vida juntos.
Seu tio estava errado. Racionalmente, Vlad já sabia disso a um longo
tempo, mas foi a primeira vez que ele soube e sentiu com cada fibra do seu
ser.
Amor era amor. Não havia absolutamente nada de errado em amar
alguém do mesmo sexo.
— Ei... — Sebastian disse, tocando-lhe no braço discretamente. —
Tudo bem? Você parece estranho.
Vlad desviou o olhar do casal feliz para o homem que durante todos
esses meses aguentou sua merda, sem queixas, sempre tão compreensivo.
Os olhos escuros de Sebastian estavam fixos nele
interrogativamente, os lábios vermelhos franzidos. Em seu smoking preto, ele
parecia impressionante.
Sua garganta de repente apertou com emoção, e Vlad se perguntou o
que fez para merecer este homem.
— Eu te amo. — Falou hesitante. Essas três pequenas palavras
tinham estado na ponta da sua língua tantas vezes ultimamente, mas as
inibições emocionais de Vlad sempre o impediam de dizê-las. — Eu te amo. —
Repetiu mais firme quando os olhos de Sebastian se arregalaram. — Estou
apaixonado por você.
Sebastian piscou algumas vezes, sua boca abrindo e fechando.
— Você tem certeza?
A esperança e a vulnerabilidade em sua voz quase partiram o coração
de Vlad. Ele não tinha ideia do quanto Sebastian havia precisado ouvi-lo dizer
essas palavras.
Em vez de responder, Vlad se inclinou e beijou Sebastian, ali mesmo,
na frente de três centenas de pessoas e inúmeras câmeras.
Flashes clicaram como loucos, mas ele percebeu que não dava à
mínima quando sentiu Sebastian sorrindo feliz contra sua boca.
— Eu te amo. — Vlad disse novamente, porque podia e por que...
Porra. Amava esse homem, amava tudo sobre ele.
— Eu também te amo. — Sebastian falou com a voz grossa, olhando
para ele com olhos que estavam um pouco úmidos.
Ele era lindo. E era seu.
Vlad riu.
— O quê? — Disse Sebastian, pegando sua mão e unindo seus dedos.
As pessoas estavam olhando. Vlad não deu à mínima.
— Em retrospectiva, estou feliz que você dormiu com a minha
namorada. — Disse Vlad, apertando seus dedos. — Devemos enviar um cartão
de agradecimento para Nina.
Sebastian sorriu, olhando para seus dedos entrelaçados com os olhos
brilhantes e felizes.
— Sim. — Ele disse suavemente. — Talvez nós devêssemos.

Fim

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