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Apenas Um Pouco Gay

(Straight Guys 9)

Por: Alessandra Hazard

Tyler Meyer é totalmente hétero. Mas então a mulher gostosa que ele
está pegando coloca o dedo onde ela não deveria, e de repente ele não tem
tanta certeza... Garotos héteros também gostam desse tipo de coisa, certo?
Exceto que as coisas ficam confusas - e frustrantes - quando os
dedos e os brinquedos não são suficientes.
Então temos Nick Hardaway, o melhor amigo de Tyler. O que é um
pouco de diversão entre amigos, certo?
Capítulo 1

Normalmente, Tyler Meyer não era o único a culpar uma garota


gostosa por tentar algo novo na cama, ei, ele era um cara de 24 anos de
mente aberta com um desejo sexual saudável, mas não achava que
era totalmente irracional pedir algum aviso antes que a garota com quem
estava transando enfiasse um dedo no seu traseiro.
— Uau, o que você está fazendo? — Perguntou com uma risada,
olhando para a loira nua entre suas coxas. A vista era fantástica, a curva de
sua cintura e bunda fazendo-o se contorcer em sua boca, mas o dedo molhado
na bunda de Tyler era estranho demais para conseguir apreciar plenamente a
vista.
Erica parou de chupar seu pênis tempo suficiente para sorrir e dizer:
— Relaxe. Talvez você goste. Meu ex gostava de ter um dedo na
bunda durante um boquete. Disse que parecia mais intenso.
Tyler sacudiu a cabeça e deu uma risada.
— Eu não estou nesse tipo de coisa, querida.
Ela torceu o dedo e Tyler viu estrelas, seu corpo convulsionando
quando ele soltou o que era provavelmente uma mistura de um grito e um
gemido. Ele gozou, e parecia que continuava gozando e gozando, seu corpo
tremendo de prazer.
Quando Tyler finalmente conseguiu focar seu olhar novamente,
encontrou Erica olhando para ele com um olhar atordoado em seu rosto.
— Uau. — Ela disse fracamente antes de sorrir. — Não está nisso,
hein?
Tyler corou, sentindo-se desconfortável, envergonhado, e um pouco
assustado, então rapidamente rolou e caiu sobre ela até que ela esqueceu até
mesmo o seu próprio nome, muito menos... Daquele incidente.
Depois, quando a colocou em um táxi e tomou um longo banho, Tyler
tentou não pensar no que havia acontecido. Não era um grande negócio.
Não era.

*****
— Fale logo.
— O quê? — Tyler perguntou bebendo sua cerveja.
— Você tem algo em mente. — Nick disse. — Derrame.
Tyler abaixou a cerveja e olhou para o seu melhor amigo do outro
lado da mesa antes de dar uma olhada em torno do pub.
— Eu não sei do que você está falando, cara. — Silêncio.
Suspirando, Tyler voltou seu olhar para Nick, que apenas levantou as
sobrancelhas com expectativa. Às vezes Tyler odiava o quão bem Nick o
conhecia. Tipo, eram melhores amigos e tudo, mas era um saco ser um livro
tão aberto para Nick. Sempre incomodara Tyler quando estavam na escola
secundária juntos; Nick nunca havia comprado sua besteira quando Tyler se
gabava de suas conquistas. Nick sempre tinha apenas o encarado com aquele
olhar irritantemente divertido em seus olhos sempre que Tyler... Exagerava
um pouco as coisas.
Era irritante que ainda não pudesse mentir para Nick, mesmo depois
de todos esses anos. Não era como se vivessem nos bolsos um do outro hoje
em dia. Nem iam mais para a mesma escola: Nick estava na faculdade de
direito, enquanto Tyler não se deu ao trabalho de ir para a UNI após a sexta
série, preferindo trabalhar no pub de sua família. Tinham amigos diferentes
nos dias de hoje, interesses diferentes e tudo mais.
Mas foda-se. Nick Hardaway ainda era seu melhor amigo. Eles foram
irmãos pela vida; Tyler sabia disso. Eles não tinham perdido o contato, mesmo
no ano em que Tyler viveu com seus avós em Los Angeles. Quando retornou a
Londres, a amizade deles era tão sólida quanto antes. Tyler foi a primeira
pessoa para quem Nick tinha se assumido, a pessoa que Nick mais
confiava. Tipo, eles realmente não falam sobre sentimentos, não eram
garotinhas, mas ambos sabiam que tinham um ao outro, não importava o quê.
Foi por isso que Tyler estava considerando compartilhar seu...
Problema com Nick.
Lambendo os lábios, olhou incerto para seu melhor amigo.
Nick olhou de volta, seus olhos cinzentos expectantes.
— Lembra-se da loira que me juntei há alguns dias atrás? — Tyler
disse.
Nick tomou um gole lento de sua cerveja, e havia algo como
curiosidade em seus olhos agora. Nick sabia que Tyler não se preocupava com
suas conexões. Tyler se ligava muito; era fácil, divertido e descomplicado, que
era basicamente o lema da vida dele.
— Aquela que estava tateando seu pau na pista de dança? — Nick
disse.
— Sim. — Tyler disse, recostando-se em seu assento com um sorriso.
Nick bufou.
— Largue esse sorriso estúpido. Você parece um idiota. Um maior do
que você normalmente é.
— As meninas que vão para casa comigo todas as noites claramente
discordam de você, e desculpe, a opinião delas é a que conta.
Nick riu.
— É malditamente adorável que realmente ache que elas fodem com
você por causa do seu sorriso estúpido. Agradeça a seus pais por seus
genes. Essa é a única razão pela qual você transa. Embora, pessoalmente, eu
não veja o apelo.
Tyler revirou os olhos. Em particular, sempre pensou que Nick
exagerava um pouco com tudo... Não achar ele atraente. Era um pouco
insultante, na verdade. Não era uma espécie de idiota homofóbico. Nick
deveria ter sabido melhor agora. E não ia fugir gritando se Nick admitisse que
Tyler fosse quente, objetivamente falando.
Tipo, Tyler estava perfeitamente ciente de que era um pouco vaidoso,
mas era por uma boa razão, ok? Não era culpa dele que as mulheres fossem
tão na dele. Era um cara de boa aparência, objetivamente. Tinha bom cabelo
loiro escuro e olhos azuis. Garotas eram loucas por seus olhos o que, verdade
seja dita, Tyler não entendia, mas o que seja.
— Meus pais não me deram esses bebês. — Tyler disse, acariciando
seu abdômen.
Nick, o idiota, riu.
— Por favor, me diga que você não chama seu abdômen de
bebês. Por favor.
— Oh, foda-se. — Tyler disse, chutando-o debaixo da mesa. — Você
queria que seu corpo fosse tão bom quanto o meu. — Bem, para ser
totalmente sincero, Nick estava tão bem quanto ele. Eram exatamente da
mesma altura, na verdade, e foram construídos de forma semelhante. Nick
poderia ou não ter braços melhores, mas Tyler não ia admitir isso em voz
alta. Nunca.
— Certo. — Nick brincou. — Então, e aquela loira? Você não
conseguiu fazê-la gozar ou algo assim?
— Foda-se. Eu vou fazer você saber que a fiz gritar. — Tyler olhou
para sua cerveja. — Foi só... Ela fez uma coisa... Foi estranho e meio nojento,
mas não consigo parar de pensar nisso agora. — Ele lançou um olhar para Nick
e encontrou-o carrancudo.
— Uma coisa? — Nick disse.
Tyler sentiu seu rosto ficar quente.
— Ela colocou um dedo em mim.
Silêncio.
— Você não gostou?
— Não, sim, eu... — Tyler gemeu, incapaz de encontrar seus olhos. —
Eu gostei, cara. Esse é o problema. Nunca gozei tão duro. Não consigo parar
de pensar nisso agora e está fodendo com a minha cabeça. Eu não sou
gay! Você sabe que não sou!
— Ty...
Tyler se forçou a olhar para o amigo.
Nick tinha uma expressão incrédula no rosto.
— Você percebe que os gays não são as únicas pessoas que podem
gozar com a estimulação anal, certo? Na verdade, alguns gays nem gostam
disso. Um dedo na sua bunda não te faz gay, seu idiota.
Tyler soltou o fôlego. Nick estava certo. Ele saberia melhor. Nick era
realmente gay. Ao contrário de Tyler.
— Mas... — Disse, mordendo o lábio. — O problema é que isso me
estragou; a coisa do dedo. Não posso nem masturbar sem sentir que algo está
faltando. Transei com uma garota muito gostosa ontem e senti; não sei, tão
insatisfatório, cara. Muito menos intenso. — Ele olhou para Nick, implorando.
— Você é gay, você entende, certo?
Nick olhou para ele estranhamente.
— Não realmente, na verdade. Eu não sou... — Ele passou os dedos
pelos cabelos negros com um sorriso irônico. — Não é realmente minha coisa,
Ty.
Tyler piscou.
— Mas você é gay. — Ele se sentiu quase traído. Nick deveria ser a
pessoa que entenderia.
Nick deu-lhe um olhar um pouco abatido.
— Como eu disse, nem todos os gays gostam disso. — Ele deu de
ombros. — Não faz muito pra mim. Não vale a pena o incômodo. Acho que
minha próstata não é tão sensível. Mas parece que a sua é, então
parabéns. Aprecie.
Tyler olhou para ele, incrédulo. Apreciar?
— Você está brincando comigo, cara? Esse é o seu conselho?
Nick riu.
— Que tipo de conselho você quer? Compre um pouco de
lubrificante...
— Mantenha sua voz baixa, droga. — Tyler disse, franzindo a testa
em sua cerveja. Até as orelhas dele estavam quentes. — Sou um cara
hétero. Homens heterossexuais não fazem isso.
Nick exalou em voz alta.
— Deus, você é tão idiota. Por que somos amigos? Eu tenho amigos
muito mais legais.
Tyler bateu o joelho contra o de Nick.
— Não seja desaforado. — Ele disse, sorrindo. — Sou seu melhor
amigo. Todos os seus amigos da escola de direito são chatos e feios. E sou
totalmente o melhor braço direito que um homem gay poderia desejar.
Nick bufou.
— Não me lembro de você ser meu braço direito. Eu não preciso de
um, de qualquer maneira.
— Por que você acha que é atingido quando saímos juntos? Os gays
te veem com um cara gostoso como eu e pensam que você não é o perdedor
que é.
— Sim. — Nick disse secamente. — Deve ser isso.
— Oh, foda-se.
Eles caíram em um silêncio sociável. Tyler olhou para o bar, mas não
parecia que Justin precisava de ajuda. Justin era novo, mas não era hora do
rush. Ele deveria estar bem.
— Estou falando sério, companheiro. — Nick disse, fazendo Tyler
olhá-lo. — Consiga um bom lubrificante e experimente. Se foi tão bom quanto
você disse, deve a si mesmo experimentar. Se foi um golpe de sorte, nenhum
dano feito. Colocar um dedo na sua bunda não vai fazer de você gay.
Nick ergueu as sobrancelhas.
— A menos que você seja inseguro sobre sua heterossexualidade?
Tyler estreitou os olhos.
— Foda-se. Eu não sou inseguro. — Estava cem por cento certo. Nick
sabia disso melhor que ninguém.
Recostando-se em seu assento, Nick olhou para ele por cima do copo
de cerveja.
— Então faça. O que você tem a perder?
Mais tarde naquela noite, Tyler olhou para o teto do seu quarto,
ofegando como se tivesse acabado de correr uma maratona, seu pau gasto,
seus dedos ainda enterrados em seu ânus, seu corpo formigando pelo orgasmo
mais intenso de sua vida.
Ele não podia esperar para fazer isso de novo.
E de novo, e de novo, e de novo.
— Merda. — Ele sussurrou.
Era tudo culpa de Nick.

Capítulo 2

Na noite seguinte, Tyler foi ao seu clube favorito e pegou a mulher


mais quente que poderia encontrar, uma ruiva alta e curvilínea com grandes
pernas. Seu nome era Debbie. Ela deu uma chupada incrível e estava tão
molhada em torno dele que sua vagina fazia sons molhados toda vez que ele
se movia; foi um grande impulso ao seu ego.
Tyler deixou o apartamento dela sentindo que teve uma boa foda e
satisfeito consigo mesmo. Ele amava mulheres.
— Mas? — Nick disse, interrompendo-o quando Tyler se tornou
poético sobre Debbie.
Tyler fez uma careta para ele.
— Não há um mas. Liguei-me à mulher mais sexy de Londres e
obtive o número dela. Acho que vou ligar para ela.
Nick bebeu sua cerveja lentamente, apenas olhando para ele daquele
jeito meio divertido e meio exasperado que sempre deixava Tyler louco. Era
normal querer dar um soco no rosto estúpido de seu melhor amigo?
— O quê? — Tyler disse.
— Você não tem que provar que você é hétero, sabe. — Nick disse
amavelmente.
— Só porque você gostou de se dedilhar.
Tyler tomou um grande gole de sua cerveja.
— Então você realmente gosta. — Nick disse.
Tyler olhou para o bar, mas Justin claramente não precisava da ajuda
dele no momento; Zoe estava ajudando-o hoje à noite. Mas era uma pena. Ele
poderia usar uma desculpa para evitar essa conversa.
Ele encolheu os ombros, o rosto desconfortavelmente quente, o que
era ridículo. Não corava sobre sexo. Não que masturbar fosse sexo. Nick
estava certo: não havia nada de estranho ou gay em gostar de um dedo - ou
dois - na sua bunda.
— Você não está me dizendo coisa alguma. — Nick falou. Tyler fez
uma careta. — Vamos lá, Ty. — Nick continuou. — Sou eu.
Esfregando a parte de trás do seu pescoço corado, Tyler disse com
relutância, evitando o olhar de Nick.
— O sexo com ela foi ótimo. Facilmente o top cinco de sexo na minha
vida. Eu estava tão excitado que mal podia esperar até chegar no apartamento
dela. — Ele umedeceu os lábios com a língua. — O sexo estava bem, mas
ainda não foi tão intenso quanto... Gozei muito mais forte apenas com meus
dedos, sabe? Eu quero fazer isso, tipo o tempo todo agora. Todo o maldito
tempo.
Nick estava quieto.
Tyler olhou para o lado e encontrou Nick cuidando da cerveja com
uma expressão apertada no rosto, as sobrancelhas escuras franzidas.
— Então o quê? — Nick disse finalmente, limpando a garganta. — Eu
não entendo qual é o seu problema. Encontre uma mulher disposta a dedilhar
você.
Tyler se encolheu com a mera sugestão. Ele não podia imaginar pedir
isso de uma mulher que ele estava.
— Eu não sei. — Disse. — É realmente... Afeminado.
A expressão estranha de Nick mudou para um olhar mais familiar de
exasperação.
— É o século XXI. Você sabe que todos esses estereótipos machistas
são uma coisa do passado, certo? Muitas mulheres gostam de se encarregar, e
não há nada de errado em querer estar no lado de receber algum jogo de
bunda. Não faria você menos viril ou algo assim.
Racionalmente, Tyler entendia isso totalmente. Mas...
— Ainda é humilhante pedir a uma menina quente para enfiar o dedo
no meu rabo. — Tyler murmurou. — E se ela rir de mim? E se achar estranho
ou nojento? — Ele franziu o nariz. — É meio nojento, na verdade. Eu não
gostaria de enfiar o dedo na bunda de alguém, especialmente se mal os
conheço.
Nick riu, seus olhos cheios de alegria.
— Como alguém que regularmente coloca suas várias partes do corpo
na bunda de alguém, eu discordo. Não sabia que você era tão puritano.
Tyler chutou-o debaixo da mesa.
— Cale-se. Não sou puritano.
— Você sabe o quê? — Nick disse com um sorriso, puxando seu
telefone e batendo em algo.
— Tenho uma ideia.
Tyler olhou para ele com desconfiança.
— Uma ideia?
Depois de mais alguns toques, Nick levantou os olhos do telefone e
disse:
— Você deve receber algo da Amazon dentro de alguns dias.
Os olhos de Tyler se arregalaram.
— Você não... — Ele gaguejou, sua boca seca.
— Eu fiz. — Nick disse, inclinando-se para trás em seu assento. —
Você deveria ter encomendado alguns brinquedos em vez de reclamar de sua
grande crise de próstata.
Tyler ficou vermelho. Dedos era uma coisa, mas colocar um vibrador
em sua bunda? Seria meio gay.
— Cancele o pedido, você é uma merda. — Sussurrou, olhando em
volta conscientemente.
— Não. — Nick disse com um sorriso idiota. — É uma solução perfeita
para heterossexuais de mente fechada como você, que transa com todas as
mulheres que quer, e então vai para casa e se fode com um vibrador. Não se
preocupe, escolhi um bom. Nada muito grande.
Tyler ficou de pé e saiu em disparada.
Sério, ele precisava de um novo melhor amigo.
Nick idiota. Ele não ia usar esse vibrador.
Nem ia abrir a caixa quando chegasse.

*****
O vibrador era rosa choque e estúpido. Porque é claro que era. Nick
vivia para zombar dele, o idiota.
Tyler fez uma careta para a coisa ridícula, jogou-a em sua mesa de
cabeceira e esqueceu tudo sobre isso. Jogaria fora mais tarde.
Mas, mais tarde naquela noite, enquanto se preparava para sua
punheta noturna, encontrou seu olhar voltando para a coisa.
Mordeu o lábio inferior e desviou o olhar, resolvido a não fazê-
lo. Dedos era uma coisa. Colocar um objeto em forma de pau na bunda dele
era completamente diferente.
Os dedos são mais do que suficientes. Tyler pensou, circulando seus
dedos lubrificados em torno de sua entrada. Os empurrou contra a borda
sensível, sibilando um pouco. Maldição, por que isso parece tão bom? Já
estava duro como uma rocha, seu pau vazando contra seu estômago enquanto
seu corpo tremia em antecipação. Empurrou dois dedos de uma vez, ofegando
com a sensação deliciosa e natural de plenitude. Neste momento, ele meio que
gostou desse sentimento completo, que o assustou, porque gostar de
estimulação da próstata era uma coisa, mas gostar de ter coisas em sua bunda
era provavelmente um pouco gay. Sem ofensa para caras gays que gostavam
de ter coisas em suas bundas.
Mas porra, isso era tão bom. Tyler estava respirando ofegante
enquanto empurrava seus dedos, gemendo quando seus dedos roçaram sua
próstata. Fodaaaa.
O olhar atordoado de Tyler caiu sobre a mesa de cabeceira
novamente. O dildo era mais espesso e longo que os dedos. Provavelmente
seria mais satisfatório.
Talvez apenas uma vez? Tentar um vibrador uma vez não seria muito
gay. Ninguém precisava saber. Nem mesmo Nick.
Foi assim que Tyler se encontrou gemendo alto enquanto se fodia
com o vibrador rosa brilhante que seu melhor amigo havia
comprado. Merda. Sabia que estava sendo alto, que deveria estar mais quieto;
as paredes não eram muito grossas, mas não podia evitar. Estava tão cheio. O
alongamento era delicioso, e ele não conseguia parar de choramingar toda vez
que o dildo empurrava sua próstata superestimulada. Era quase demais e ele
mal tinha a coordenação para fazer o dildo entrar e sair dele. Tudo o que
queria era se deitar e receber, perder-se nessa sensação de ser fodido. Talvez
devesse investir em um acessório. Talvez devesse encontrar uma namorada
com a mente aberta que não se importaria de fodê-lo em vez de fazê-lo
transar com ela.
Tyler gemeu com o pensamento, imaginando uma loira gostosa com
seios grandes que balançavam quando ela o fodia com seu pênis... O seu
acessório, não seu pênis. Porque Tyler não gostava de pau. Brinquedos sexuais
que pareciam um pênis não eram iguais a um pênis real. A sensação de um
pau real provavelmente era muito diferente do vibrador em sua bunda de
qualquer maneira. Provavelmente nem de longe tão bom. Um pau real não
seria tão duro. Um pênis real não poderia fodê-lo tão forte quanto queria.
Tyler gemeu e gozou, ondas e ondas de prazer rolando sobre ele
enquanto apertava com força o pênis - o dildo - em sua bunda.
Ele se sentou, ainda respirando com dificuldade, e olhou para a porra
em seu estômago. Puta merda. Nunca gozou sem tocar seu pênis. Nem mesmo
quando era adolescente.
Suspirando, se jogou de volta no colchão. E não se incomodou em
puxar o pênis para fora. Sabia que estaria pronto novamente em quinze
minutos, e não se enganou pensando que poderia masturbar sem querer algo
em sua bunda.
Nos dias de hoje, sempre parecia querer algo em sua bunda, o que
era... Um pouco preocupante. Isso estava se transformando em obsessão.
Tyler suspirou novamente, passando a mão no rosto. Talvez
realmente devesse começar a procurar por aquela namorada de mente aberta
que não se importaria de fodê-lo.
Capítulo 3

A palavra obsessão era muito inadequada, Tyler pensou desesperado


enquanto afundava em seu novo pênis de quinze centímetros de comprimento,
em forma de ventosa, na poltrona do seu quarto. Estava respirando
pesadamente, ofegando quando apertou em torno do brinquedo grosso
nele. Porra, era tão bom. A plenitude parecia incrível, mas não era o
suficiente. Ele descobriu que gostava da sensação de um pênis; dildo,
maldição; movendo-se nele; ter um dentro dele não era suficiente. Queria
empurrar. Queria ser fodido.
Mordendo o lábio, começou a montar o vibrador com mais força,
pequenos gemidos escapando de sua boca enquanto roçava sua
próstata. Foda-se.
Seus olhos vidrados capturaram a imagem de seus pais em sua mesa
de cabeceira, e Tyler corou, imaginando o que seus pais cristãos pensariam se
o vissem agora, montando o vibrador como uma puta. A vergonha o atingiu
novamente, mas não conseguia parar. Olhou para as coxas tremendo com o
esforço e seu pau vermelho e duro e sentiu outra onda de constrangimento. A
cabeça brilhante do vibrador parecia perturbadoramente como a cabeça de um
pênis quando o violou.
Tyler gozou intocado, gritando em uma voz que nem sequer soava
como a dele.
Deus.
Tyler olhou sem ver a foto de seus pais, corado e sem fôlego, o pênis
falso ainda dentro de sua bunda. E se perguntou o que seus pais diriam se
descobrissem que essa era a coisa mais próxima de uma experiência religiosa
que já havia sentido.
Maldito inferno, ele precisava de ajuda.
*****
— Acho que tenho um problema. — Tyler disse severamente,
tomando sua cerveja.
Ele podia sentir a atenção de Nick se afiando.
— Um problema?
Tyler tomou um grande gole de sua cerveja, colocou-a no chão e
olhou nos olhos de Nick.
— Não transei em três semanas.
As sobrancelhas de Nick subiram.
— Você está falando sério?
Tyler assentiu miseravelmente. Sabia por que Nick estava surpreso, é
claro. Fazia anos desde que não tinha feito sexo a muito tempo. Transar todos
os dias era a norma para ele. Três semanas era anormal, para dizer o mínimo.
— Por que não? — Nick disse.
Tyler sentiu seu rosto ficar quente. Ele queria dizer que era muito
esforço, mas mentir não ajudaria a situação. Nick não seria capaz de ajudar se
não conhecesse a extensão do problema.
— Se pegar uma mulher, ela esperaria que eu transasse com ela. —
Murmurou.
— Tenho certeza que esse é o ponto. — Nick disse, parecendo
divertido, o filho da puta.
Tyler o encarou e deu-lhe um olhar carregado. Ele tinha que soletrar?
O sorriso no rosto de Nick se alargou.
— Espera. Isso ainda é sobre o problema da próstata?
Tyler o silenciou, olhando em volta conscientemente.
— É, não é? — Nick disse, rindo.
— Ah, porra. — Tyler disse, passando a mão frustrada pelo cabelo. —
Sei que é engraçado para você, mas não é engraçado para mim, cara!
A expressão divertida finalmente escorregou do rosto de Nick.
— Desculpa. Apenas imaginei que você experimentou um pouco e
depois seguiu em frente. Já faz quase um mês.
— Exatamente! — Tyler disse miseravelmente. Ele tomou um gole de
sua cerveja e olhou sua superfície.
— É tudo culpa sua, você sabe. Sua e do pênis estúpido que você me
comprou.
— Então... Você o colocou em uso, certo?
Tyler franziu o cenho.
— Não se atreva a rir de mim.
— Eu não estou rindo. Olhe para mim, Ty. Tyler.
Tyler se forçou a olhar para Nick.
Nick estava olhando-o seriamente, com aquele olhar meio
preocupado e meio carinhoso com o qual Tyler estava muito familiarizado.
— Ei, você pode me dizer qualquer coisa. Sabe disso, certo? Vamos
descobrir isso.
Tyler assentiu, relaxando um pouco. Ele sempre fez. Nos dias de
escola, Nick estava acostumado a cuidar da bagunça de Tyler toda vez que
Tyler fodia. Por toda a merda que Nick geralmente dava a ele, Tyler sabia que
o escárnio de Nick era bem-humorado, e Nick cuidava de suas costas quando
isso importava.
— Fale comigo. — Nick disse com firmeza.
Tyler suspirou.
— Não peguei ninguém em semanas porque não quero foder. — Ele
olhou para longe, seu rosto desconfortavelmente quente. — Quero dizer, as
mulheres são ótimas. Elas parecem e cheiram bem, mas... Prefiro ser fodido,
para ser honesto.
Por um longo momento, Nick não disse nada.
Tyler se perguntou se o chão debaixo dele poderia abrir e engoli-lo se
desejasse o suficiente.
— Tenho certeza de que há mulheres que gostariam disso. — Disse
Nick por fim, sua voz muito neutra.
Tyler fez uma careta.
— Tenho certeza de que existem, mas como vou saber de antemão
que a garota que estou tentando está bem sobre isso? Tipo, algumas semanas
atrás, peguei uma garota muito gostosa e tentei sugerir... você sabe... e... —
Ele se encolheu.
— Não foi bem?
Tyler soltou uma risada.
— Você poderia dizer isso. Ela riu e me disse que não era tão
bizarra. Ela riu, Nick. — Nunca tinha sido tão humilhado em sua vida. Até
mesmo pensar nisso fez seu pau murchar e seu interior apertar com
mortificação. Se sentiu com cerca de dois centímetros de altura. Ainda sentia.
— Isso não significa que outras mulheres também ririam. — Nick
disse.
Tyler cruzou os braços sobre o peito.
— Eu meio que não sinto vontade de dar outra chance. — Disse com
uma risada fraca.
— Tyler.
Algo na voz de Nick o fez olhar para ele.
Nick tinha uma expressão tensa e vagamente irritada em seu rosto.
— Não faça isso. — Ele disse. — Você não tem nada para se
envergonhar. Então, alguma mulher aleatória não estava nisso, e daí? É a
perda dela, não sua. O que estamos fazendo sexualmente não nos define. Você
nunca deveria ter vergonha por causa disso.
Tyler deu-lhe um sorriso torto. Nick era normalmente descontraído e
tranquilo, mas quando estava falando sério sobre algo, tinha aquela
intensidade obstinada que era difícil não ser atraído. Ia ser um ótimo advogado
um dia. Ridiculamente, Tyler se sentia muito orgulhoso de ter Nick como seu
melhor amigo. Não que ele tivesse baixa autoestima; era só... Tyler gostava
de se considerar realista. Era um pouco fracassado, enquanto Nick era muito
mais esperto. Nick era muito mais motivado, mais determinado. Nick iria a
lugares. Tyler... Tyler era mais um tipo de cara de ir com o fluxo.
Provavelmente iria transar por mais alguns anos antes de se estabelecer com
uma garota bonita, ter quatro filhos e trabalhar no pub até o dia em que
morresse. Não que houvesse algo de errado com esse tipo de futuro. Tyler
estava perfeitamente bem com isso. Nick teria apenas um muito diferente,
Tyler tinha certeza disso.
— Não estou envergonhado. — Tyler mentiu. — Eu realmente não
sinto vontade de ser humilhado novamente.
Nick deu-lhe um longo olhar, um ainda desconfortavelmente intenso.
— Você poderia se registrar em sites de namoro. — Ele finalmente
disse. — Seria bem anônimo. Você poderia ser sincero sobre suas preferências
dessa maneira.
Tyler quase zombou, mas realmente pensou sobre isso.
Era uma solução perfeita, na verdade.
— Vou tentar. — Disse, os ombros caídos de alívio. — Obrigado,
cara.
Nick sorriu para ele.
— A qualquer momento.

Capítulo 4
Seu nome era Jessica. Tinha vinte e seis anos, era alta, morena e
deslumbrante, com curvas para morrer e um sorriso incrível.
Tyler a escolheu cuidadosamente das onze mulheres interessadas em
atrelá-lo, e até agora ele não estava se arrependendo de sua escolha. Estava
definitivamente excitado. Ela cheirava bem, sua pele era macia e suave.
Também beijava bem.
Eles saíram por um tempo, e tudo foi perfeitamente bom.
Então chegaram ao evento principal.
As alças da cinta dildo duplo parecia incrível nela: o pau duro parecia
ótimo entre suas coxas macias. Seus seios grandes balançavam
sedutoramente enquanto ela empurrava dentro dele.
Enquanto estava deitado debaixo dela, com as pernas bem abertas,
Tyler se sentiu... Estranho. Estava dividido entre ficar excitado e estar
terrivelmente autoconsciente. Isso está errado. Uma voz no fundo de sua
mente continuava sussurrando. Um homem normal seria aquele empurrando
seu pênis em uma mulher tão quente. Um homem normal não estaria tomando
um pau falso dela. Ela deve estar secretamente zombando dele.
Seu pênis murchou com esse pensamento.
Jessica começou a se mover, o rosto corado e os olhos meio
fechados. Parecia estar se divertindo. Tyler... Não tanto, para ser totalmente
honesto. Embora ter um vibrador no rabo fosse bom como sempre, o ritmo
estava errado, os impulsos não eram poderosos o suficiente, e ela continuava
perdendo completamente sua próstata. Quanto mais tempo passava, mais
frustrado ficava. Sentindo-se à beira da excitação, mas na maioria das vezes
apenas autoconsciente e desajeitado.
Rangendo os dentes, Tyler começou a se masturbar. Seria
amaldiçoado se pedisse para ela encontrar seu ponto g masculino. Isso seria
tão embaraçoso. Mais do que já era.
*****
— Nunca vou fazer isso de novo. — Tyler disse, olhando diretamente
para frente enquanto corria na esteira.
À sua direita, Nick diminuiu a velocidade da esteira e virou a cabeça.
— Não foi bem?
Tyler fez uma careta.
— Ela foi ótima, mas...
— Mas?
— Me senti muito autoconsciente para me divertir. Eu não podia...
Não podia dizer que queria que ela pregasse minha próstata e me fodesse
mais forte. Eu simplesmente não consegui. Foi muito embaraçoso.
Nick suspirou.
— Está tudo na sua cabeça, Ty. Acho que você só precisa realmente
confiar na mulher antes de deixá-la te foder. Arranje uma namorada, não uma
conexão de uma noite só.
— Sim, e se minha namorada não gostar desse tipo de coisa? Não é
exatamente uma pergunta que eu possa fazer em um primeiro encontro. —
Tyler franziu a testa. — Além disso, Jessica não era muito boa em me
foder. Tive que realmente me masturbar para gozar, e não tive que fazer isso
em semanas!
Nick errou um passo na esteira. Amaldiçoando, ele a desligou e se
virou para Tyler com um olhar estranho no rosto.
— Você está dizendo que realmente pode gozar apenas de ser fodido?
Tyler piscou, confuso.
— Sim? Isso é incomum?
Nick soltou uma risada, balançando a cabeça.
— Sim, Ty, é um pouco incomum.
Tyler processou essa informação antes de dar de ombros.
— Acho que sou incrível.
Nick bufou, enxugando o suor da testa com uma toalha.
— Você acha? Eu tenho que ir. Zach e Tristan estão voltando de sua
lua de mel hoje, e há uma coisa de boas-vindas que não posso perder.
Tyler pulou da esteira.
— Eu ainda não consigo acreditar que seu irmão se casou com um
cara. Ele era hétero!
Nick riu.
— Faz anos que se juntaram. Deixe isso ir.
— Você deixou? — Tyler disse, jogando um braço ao redor dos
ombros de Nick. — Eu me lembro de você estar muito apaixonado pelo
namorado do seu irmão.
Nick revirou os olhos.
— Não estava apaixonado. Tristan é ridiculamente quente, e sou um
homem gay com olhos. Isso é tudo.
— Ainda. Deve ter sido estranho para você.
— Foi um pouco estranho no começo. — Nick admitiu com um sorriso
irônico. — Zach ainda fica meio tenso quando olho para Tristan por muito
tempo. Isto é hilário.
Tyler riu, batendo os ombros juntos.
— Você totalmente faz isso de propósito, seu idiota.
Nick encolheu os ombros com um sorriso indolente, seus olhos
cinzentos cheios de diversão.
— Somos irmãos. É tudo muito divertido.
Tyler sorriu, balançando a cabeça. Como filho único, ele às vezes
invejava Nick por sua grande família. Nick tinha quatro irmãos e uma irmã e,
embora tecnicamente todos vivessem separados, eles eram muito próximos e
frequentemente se reuniam na casa do irmão mais velho de Nick, Zach.
— Mas você não está ansiando pelo marido do seu irmão, certo? —
Tyler perguntou, só para ter certeza. Às vezes era difícil ler Nick. Apesar de
toda a sua atitude descontraída, ele era muito discreto quando se tratava de
seus sentimentos e vida pessoal.
Nick riu.
— Eu não estou ansiando. A vida é muito curta para ficar com um
cara. Muitos peixes e tudo mais.
— Sim. — Tyler disse, em total concordância, seguindo Nick para o
chuveiro da academia.
Despindo-se e entrando no chuveiro mais próximo, Nick olhou-o.
— Então, o que vai fazer agora?
Suspirando, Tyler entrou na cabine ao lado de Nick e começou o
banho. Não sabia o que dizer. Sentia que preferia morrer a repetir o fiasco da
noite anterior. Mas o problema era que ele ainda queria ser fodido em vez de
foder.
— Acho que o vibrador vai funcionar. — Disse com mau humor
quando desligou o chuveiro e saiu da cabine. — Tenho certeza que vai ficar
velho em breve, tem que, certo? E então vou voltar para o modo normal.
Nick tirou o jeans e uma camiseta limpa da bolsa.
— Você vai viver. — Disse secamente. — Há muitas pessoas solteiras
que não transam há meses.
— Uh, huh. — Tyler disse distraidamente, olhando para o pênis de
Nick. Era... Era bem grande. Não que não tivesse visto o pênis de Nick antes,
tinha visto muitas vezes, mas agora ele realmente olhou. Deve ter pelo menos
vinte centímetros de comprimento quando estivesse duro, talvez até mais. Era
muito maior que qualquer coisa que Tyler teve dentro dele.
— É meio rude olhar para o pau do seu amigo. Apenas assustador.
Tyler corou e olhou para cima.
Nick tinha um olhar irônico no rosto, as sobrancelhas levantadas
ligeiramente.
Tyler cruzou os braços sobre o peito nu.
— Estava aí. Qualquer um olharia.
— Parece que você gostou de olhar. — Nick disse, muito secamente,
olhando para a virilha de Tyler.
Tyler franziu o cenho. Ele realmente estava meio duro, mas não era
culpa dele! Nos dias de hoje, qualquer coisa em forma de vibrador parecia ligá-
lo, e aparentemente o pênis de Nick não era exceção.
— Desculpe, cara. — Murmurou, extremamente envergonhado, e
começou a se vestir. — Não vai acontecer de novo. Sei que não é legal olhar.
Nick não disse nada, então Tyler assumiu que o incidente já estava
esquecido.
Exceto que não conseguia parar de pensar nisso. Sobre o pau de
Nick.
Tyler estava além de envergonhado agora, estava em pânico. Era
uma coisa gozar ao ter algo em sua bunda, mas era completamente outra
começar a imaginar um pênis real dentro dele. Um pau real não era um
vibrador. Na verdade, era anexado a outro cara. Não deveria estar pensando
sobre isso, imaginando como seria.
Mas simplesmente não conseguia parar de pensar nisso. A textura
seria mais macia, então a penetração inicial provavelmente não seria tão
desconfortável. Não precisaria fazer nada do trabalho duro: não teria que
mover o vibrador e poderia simplesmente ficar lá e aproveitar a sensação de
ser fodido no colchão. Porque isso era o que realmente queria, se Tyler fosse
honesto consigo mesmo: ser atacado. Fodido.
Importava se a coisa em sua bunda estava ligada a outro cara? Claro
que sim. Tyler não era gay. Mas Nick... Com certeza Nick não contava. Nick
não era apenas um cara. Nick era seu melhor amigo. Sabia que tudo que Tyler
queria era ter algo duro batendo nele. Nick sabia que Tyler não era gay. Então,
não seria totalmente gay.
Satisfeito que tudo finalmente fizesse perfeito sentido em sua cabeça,
Tyler pegou o celular e ligou para Nick.
— Eu quero que você me foda. — Disse quando Nick respondeu.
Houve silêncio na linha.
Tyler franziu a testa e olhou para a tela do celular para se certificar
de que a ligação não havia sido desconectada. Não.
Finalmente, Nick pigarreou.
— Você está bêbado?
— Não! — Tyler disse, zombando. — Olha, pensei um pouco...
— Oh, Deus. — Nick murmurou.
— Pare de tirar sarro de mim. Estou falando sério. Faz todo o sentido,
cara. Você é um homem gay. Seu pau. Minha bunda. Você goza, eu gozo, todo
mundo está feliz, nada fica estranho.
Nick soltou uma risada estrangulada.
— Já lhe ocorreu que eu poderia não querer te foder, seu idiota?
Tyler piscou perplexo.
— Por que você não iria querer me foder? Eu sou gato! Você é gay!
Nick bufou.
— Só porque sou gay não significa que quero foder todos os caras
bonitos. Eu te disse: você não é meu tipo.
Tyler franziu o cenho, começando a ficar ofendido. Não que quisesse
que seu melhor amigo secretamente o desejasse, mas era meio ofensivo que
não o fizesse.
— Sou do tipo de todos. Se eu fosse gay, transaria comigo.
Uma risada soou do outro lado da linha.
— Você leva o narcisismo a um nível totalmente novo. — Mas então a
voz de Nick ficou séria. — Não é uma boa ideia, Ty. Confie em mim.
— Por quê? — Tyler quase choramingou. Seu pulso realmente doía de
todo o exercício que estava recebendo ultimamente. Válvula de sucção tinha
visto muita ação também, mas às vezes ele só queria se deitar e se divertir em
vez de trabalhar para o orgasmo. Era uma pessoa preguiçosa; então o
processe.
— Isso tornaria as coisas estranhas.
— Não, não iria. — Tyler disse. — Você vai me dar seu pau para
gozar, você também terá um orgasmo. É uma vitória.
Nick riu.
— Não é realmente excitante saber que você quer usar meu pau
como um vibrador glorificado.
Tyler franziu a testa. Quando Nick colocava dessa maneira, soava um
pouco estranho.
— Tudo bem. — Disse, mal-humorado. — Esqueça. Tchau.
Ele desligou e olhou para o celular. Contou apenas até seis antes dele
tocar.
Tyler sorriu. Nick era tão previsível, na verdade. Por toda a merda
que Nick lhe dava, ele se dobrava como uma espreguiçadeira barata quando
Tyler precisava de sua ajuda.
— Você é tão idiota. — Nick disse com exasperação quando Tyler
respondeu. — Algum dia não vai funcionar.
Tyler sorriu.
— Você me ama.
— Eu não sei porque. — Nick disse com uma risada. — Bem. Vamos
fazer. Mas apenas uma vez. E só se você prometer não ter um surto gay.
— Por que eu teria um surto gay? É você. Não será gay. Você sabe
que não sou gay.
— Sim, Ty, eu sei. — Nick disse, e soou como se estivesse revirando
os olhos.
Tyler fez beicinho. Nick nunca o levava a sério!
— Então, quando você vem?
Houve silêncio por um breve momento.
— Você quer fazer isso agora? — Nick disse finalmente.
— Claro, por que não?
Capítulo 5

— Ok, isso é estranho. — Disse Tyler.


— Cale-se, foi sua ideia brilhante.
Tyler olhou para Nick, mas provavelmente não parecia muito
intimidador, considerando que ele estava nu - que ambos estavam nus.
Tinha visto Nick nu antes, claro. Mas de alguma forma, isso era
diferente. Olhou para Nick cautelosamente: o abdômen sarado, ombros largos
e braços fortes.
— Isso é tão estranho, cara.
Nick soltou uma risada, subindo na cama.
— Estou surpreso que você tenha conseguido transar.
Tyler lambeu os lábios secos.
— Não me entenda mal, tenho certeza de que as garotas e os caras
totalmente gays adoram isso, mas todo esse músculo e a falta de peitos estão
me enlouquecendo.
— Mas não são os peitos que você quer, certo? — Nick disse, muito
secamente.
Tyler riu, seu olhar passando para o pênis de Nick.
— Não no momento. — Disse ele, lambendo os lábios novamente.
Não sabia como o pênis de Nick poderia parecer tão atraente quando o resto
dele não fazia nada em Tyler. Era estranho? Provavelmente. Mas adorava olhar
para o pênis de Nick. Isso realmente o excitava: como era grosso e bonito,
mesmo que não estivesse totalmente duro ainda.
— Fique duro. — Disse Tyler.
Nick suspirou exasperado, mas parecia animado ao invés de irritado
quando pegou seu pênis na mão e começou a acariciá-lo, seus grandes dedos
manuseando seu pênis com facilidade e confiança. Tyler desviou o olhar do
pênis endurecendo rapidamente para olhar o rosto de Nick. Estava relaxado,
os olhos cinzentos semicerrados enquanto vagavam pelo corpo de Tyler,
demorando-se em suas coxas musculosas e bem torneadas. Um pouquinho
aliviado por Nick claramente não o achar repulsivo, apesar de suas alegações
contínuas de que Tyler não era o seu tipo, Tyler olhou para o pênis de Nick e
abriu as coxas um pouco. Seu canal meio apertado em antecipação.
— Vamos lá, está duro o suficiente. — Disse Tyler. — Já fiz a
preparação.
Nick levantou as sobrancelhas um pouco.
— Você quer que eu apenas enfie isso?
— Não é esse o ponto?
Algumas emoções cintilaram no rosto de Nick.
— Nunca fodi ninguém sem, ao menos, um beijo.
Tyler franziu a testa.
— Você quer me beijar? De jeito nenhum, isso seria muito estranho.
Nick riu.
— Você está certo: seria melhor enfiar meu pau em você. Beijar seria
muito gay.
Tyler fez beicinho.
— Pare de tirar sarro de mim. Você sempre tira sarro de mim.
Nick sorriu para ele e, inclinando-se, bicou-o na testa.
— Porque você é tão engraçado. Bobo e engraçado.
— Ei! — Tyler puxou-o em uma chave de braço e lutaram por alguns
minutos, rindo.
Finalmente, acabaram com Nick em cima dele, seus braços
prendendo Tyler.
— Você nunca vai ganhar contra mim, bobinho. — Disse Nick,
sorrindo desagradavelmente. — Tenho quatro irmãos. Sou basicamente um
profissional nisso.
Tyler olhou para ele.
— Você é um merda. Saia de mim, idiota!
Nick sorriu um pouco.
— Pensei que você queria que eu entrasse em você?
Tyler desejou poder derrubá-lo. Mas queria realmente ser fodido,
então...
— Tudo bem. — Falou abrindo as pernas. — Coloque dentro.
Nick deu-lhe um olhar estranho.
— Desse jeito? Cara a cara?
Confuso, Tyler franziu a testa.
— O ângulo é ruim para foder ou algo assim?
— Não. — Nick disse depois de um momento. — Podemos fazer
funcionar.
— Então, faça já. — Tyler disse impaciente. Não tinha perdido sua
ereção enquanto lutavam e Nick também não. Estavam prontos para irem.
Nick suspirou, pegando o preservativo e colocando-o com uma mão.
Lubrificou seu pênis e olhou entre as pernas de Tyler.
— Tem certeza de que não quer que o prepare?
— Já disse que fiz isso. — Disse Tyler, abrindo mais as coxas. —
Vamos.
Nick não parecia convencido, mas colocou a mão no quadril de Tyler,
enfileirou-se e finalmente entrou.
Tyler fechou os olhos com força quando o comprimento espesso - um
pau - o encheu devagar. Porra. Inferno. Isso era...
— Tudo bem? — Nick disse quando chegou ao fundo.
— Sim. — Tyler respondeu sem fôlego, apertando em torno do pênis
nele. Merda, nunca esteve tão cheio. Mesmo seu maior dildo não se comparava
ao pau de Nick. Mas não doeu. Ao contrário de seus dildos, a coisa dentro dele
era feita de carne e osso, então não era tão desconfortável quanto seus
brinquedos sexuais. Apenas o fazia se sentir maravilhosamente cheio, as
terminações nervosas em seu traseiro formigando agradavelmente.
— Foda-me. — Tyler pediu, tentando não gemer com essa sensação.
— Gosto muito disso.
Nick fez um estranho tipo de barulho estrangulado, puxou para fora,
e depois bateu dentro dele, esfaqueando sua próstata.
Tyler gritou, arqueando para fora da cama.
Imediatamente, Nick parou, olhando em seus olhos atentamente.
— Machuquei você?
Tyler olhou para ele, seu rosto quente.
— Faça isso novamente!
Rindo, Nick fez de novo. E de novo, de novo e de novo.
Tyler estava apenas distantemente ciente de que os sons que estava
fazendo nem sequer soavam humanos. Estava meio rosnando, meio
choramingando a cada estocada do pênis de Nick. Provavelmente parecia e
soava ridículo. Não dava a mínima. Era tão bom; não seria capaz de parar os
ruídos que estava fazendo, mesmo que sua vida dependesse disso. Era apenas
Nick, de qualquer maneira. Nick o tinha visto em situações muito mais
embaraçosas. Gemer como uma vadia por ter um pênis nele ainda estava
provavelmente no Top 3, mas tanto faz.
Em algum momento, Nick colocou Tyler em suas mãos e joelhos e
começou a foder em estilo cachorrinho. A posição era meio humilhante -
estava sendo fodido como uma maldita cadela - mas, estranhamente, apenas o
excitou.
— Oh, foda, foda, foda. — Murmurou sem fôlego enquanto Nick batia
nele por trás, os quadris dele batendo na parte de trás das suas coxas a cada
estocada.
— Bom? — Nick disse, seu ritmo se tornando enlouquecedoramente
rápido, pele batendo na pele.
— Sim, sim, muito bom, não pare. — Tyler implorou, gemendo no
travesseiro. — Você é o melhor, cara.
Nick riu de novo e começou a foder o cérebro de Tyler.
Não demorou muito para Tyler gozar, meio soluçando de prazer
intenso e irresistível. Seu orgasmo parecia durar uma eternidade, o prazer
rolando através de seu corpo, uma onda após a outra enquanto se contorcia
em torno do pênis de Nick. Deus. Puta merda. Isso era tão bom. Seus
orgasmos de próstata sempre pareciam mais prolongados e intensos do que os
orgasmos normais de estimulação de pênis, mas isso era outra coisa. Até
gostava que Nick ainda estivesse se movendo dentro dele, perseguindo seu
próprio orgasmo - embora Tyler se sentisse superestimulado e dolorido, ainda
era muito bom de uma forma estranha. Saber que isso era prazeroso para
outra pessoa fazia uma enorme diferença. Tyler não se sentiu envergonhado e
patético depois de gozar como costumava se sentir. Sentiu-se maravilhoso.
Até mesmo o gemido de prazer de Nick quando caiu em cima dele foi muito
gratificante. Ele tinha feito aquilo. Deu prazer a Nick.
Mas o filho da puta era pesado como o inferno. Tyler aguentou por
alguns minutos - era a coisa educada a fazer depois que seu melhor amigo
acabara de lhe dar o melhor orgasmo de sua vida, mas não conseguia respirar,
porra.
— Ugh, você é pesado.
Nick rolou para fora dele e caiu de costas, parecendo corado e fodido.
Tyler bufou, virando de costas também.
— Você precisa trabalhar em sua resistência, cara.
— Foda-se. — Disse Nick preguiçosamente.
— Você acabou de fazer.
— Você é hilário, Ty.
— Obrigado, eu tento.
Com seu sorriso desaparecendo, Nick olhou nos olhos dele.
— Você está bem? Não está pirando?
Tyler olhou para o teto.
— Não há nada para surtar. Gostar de um pau na minha bunda não é
ser gay. Significa apenas que sou... pervertido ou algo assim. Não sou de
repente gay só porque gosto de ter algo na minha bunda.
Esperava que Nick zombasse dele, mas para sua surpresa, Nick não o
fez.
— Ouvi falar de homens que se identificam como heterossexuais, mas
que amam pênis. — Nick disse de forma neutra. — Não são atraídos por
homens, mas gostam de serem fodidos, e não se importam com quem fode
enquanto tenham um orgasmo.
— Sim, exatamente! — Tyler disse, sentindo-se ridiculamente aliviado
por haver outros esquisitos como ele.
Suspirando, Nick fechou os olhos.
— Você se importa se eu ficar a noite?
Tyler bufou.
— Desde quando precisa da minha permissão? — Nick normalmente
só ficava sempre que queria. Tyler até comprou uma escova de dentes extra
para que o idiota parasse de usar a dele.
— Desde que coloquei meu pau em você. — Disse Nick, já soando
meio dormindo.
Tyler olhou para ele com uma careta. O que isso tem a ver com
alguma coisa? Nada mudou para eles.
— Você está seriamente indo dormir? São apenas dez!
— Para sua informação, transar com você dá muito trabalho. Deixe
um homem dormir, Ty.
Tyler franziu os lábios.
Nick riu.
— Pare de fazer beicinho. Não temos mais doze anos.
— Não estou fazendo beicinho. — Tyler mentiu, fazendo beicinho. Os
olhos de Nick estavam fechados de qualquer maneira. Como ele sabia?
— Oh, pelo amor de Deus. — Disse Nick e abriu os olhos. — Bem. O
que você quer fazer? Jogar FIFA?
Tyler mordeu o lábio.
— Hum, vamos foder de novo?
Nick olhou para ele.
— Agora? — Perguntou, com uma voz ligeiramente engasgada,
incredulidade escrita em todo o seu rosto.
Tyler se recusou a parecer envergonhado.
— O quê? Sou um cara jovem com um desejo sexual saudável.
— Não faz nem cinco minutos. Você não está dolorido? Não sou
exatamente pequeno.
Levantando as sobrancelhas, Tyler sorriu.
— Está dizendo que não pode levantar de novo? Frouxo.
Os olhos de Nick se estreitaram.

Capítulo 6

Nick Hardaway costumava pensar que tinha uma vida sexual


saudável, mas depois de duas semanas fodendo com seu melhor amigo,
percebeu o quanto estava errado. Tinha sido praticamente um monge
comparado a quantas vezes tinha transado ultimamente.
Tyler era muito insaciável. Nick gostava de pensar que os homens
com quem transou no passado deixaram sua cama perfeitamente satisfeitos,
mas Tyler... era outra coisa. Ele ficava duro no momento em que Nick
mostrava seu pênis, se contorcendo impacientemente até que Nick finalmente
desse a ele o que queria: seu pênis. Nunca havia encontrado um cara que
gostasse tanto de ser fodido quanto Tyler.
Teve que admitir que inflamou seu ego o fato de que nem precisou
tocar o pênis de Tyler para fazê-lo gozar, não que Tyler quisesse isso. Tocar
seu pau seria muito gay: Tyler era ridículo assim. Aparentemente, ter o pau de
Nick nele não era gay, mas Deus me livre se Nick o tocasse com as mãos. Nick
não sabia se ria ou se ficava ofendido com essa atitude. Queria ficar ofendido,
realmente queria, mas nunca conseguiu ficar bravo com o quão ridículo Tyler
era. Era como ficar com raiva de um filhote de cachorro que não sabia de
nada.
— Vamos, cara. — Choramingou Tyler.
— Depois do jogo de hóquei. — Disse Nick, seus olhos na TV. Os
Bruins estavam absolutamente esmagando os Penguins.
— Mas estou com tesão. — Disse Tyler, caindo no sofá ao lado dele.
Nick bufou.
— Você está sempre com tesão. — Manteve os olhos na tela, fingindo
não notar que os olhos de Tyler estavam fixados sem problemas em sua
virilha. — Use um vibrador se não pode esperar.
Em sua visão periférica, o lábio inferior de Tyler ficou preso. Cristo,
ele realmente era tão infantil às vezes.
— Não quero um vibrador. — Tyler respondeu, olhando para a virilha
coberta com brim de Nick. — Quero seu pau.
O pênis em questão se contraiu. Nick ignorou. Estava assistindo a um
bom jogo de hóquei, e não ia deixar Tyler distraí-lo só porque queria usar o
pau de Nick para gozar.
— Niiiiick. — Disse Tyler, colocando a cabeça no ombro de Nick. —
Vamos.
Nick soltou um suspiro.
— Você acha que esse tipo de atitude é excitante? Quanto mais você
choraminga, menos excitado fico. Deixe-me assistir ao maldito jogo.
— Tudo bem. — Tyler falou emburrado. — Embora eu não saiba por
que você está incomodando com este jogo. Os Bruins vão ganhar, de qualquer
forma. Blackburn e Fairley são imparáveis.
Nick teve que admitir que Tyler tinha razão. Os Bruins tiveram um
início inacreditável nesta temporada, principalmente graças à incrível química
entre o novato Fairley e o capitão dos Bruins, Hunter Blackburn. Sua linha
estava em chamas, marcando gols em todos os jogos como se não fosse nada.
Como se ouvisse os pensamentos de Nick, Blackburn recebeu um
passe doentio de Fairley e atirou o disco na rede, para o deleite dos fãs dos
Bruins.
— Aposto que eles vão transar. — Disse Tyler, assistindo Blackburn
varrer Fairley em um abraço.
— Não seja ridículo. — Disse Nick. — Blackburn é definitivamente
hétero. Está namorando aquela modelo famosa, esqueci o nome dela.
Tyler encolheu os ombros.
— Ok, talvez não transem. Mas aposto que Fairley quer. Veja como
ele olha para Blackburn: como se fosse cair de joelhos ali mesmo se apenas
Blackburn disser uma palavra.
Bufando, Nick revirou os olhos.
— Você está vendo coisas que não existem só porque está com tesão.
Tyler lhe deu uma cotovelada.
— Estou certo! É muito patético que até eu tenha um gaydar melhor
que o seu.
— Sim, certo. — Disse Nick, voltando os olhos para a TV. — Silêncio
agora. — Não precisava virar a cabeça para saber que Tyler estava emburrado
como o bebê gigante que era. Mas pela primeira vez, Tyler ouviu e ficou
quieto.
Assistiram ao período em silêncio, e Nick quase cochilou quando
sentiu uma mão em seu pênis.
Ele se encolheu, seus olhos se abrindo.
— Tyler.
— O quê? — A voz de Tyler era toda inocência.
— O que você está fazendo? — Nick disse, com os olhos entediados
no rosto de Tyler.
Tyler deu de ombros, seu olhar curioso na virilha de Nick. Ele apalpou
o contorno do pênis maciço de Nick antes de fazer um genuíno beicinho.
Nick revirou os olhos, tirou a mão de Tyler do seu pênis e voltou seu
olhar para o jogo de hóquei.
Exceto que Tyler colocou a mão de volta e começou a sentir seu
pênis.
— Não é gay agarrar o pau de outro homem? — Nick rangeu,
exasperado, mesmo seu pênis começando a endurecer de qualquer maneira.
— Não estou agarrando seu pau. — Disse Tyler, seus olhos azuis
trancados na virilha de Nick com fascínio aterrorizado que era igualmente
desanimador e excitante. — Estou... colocando-o em um estado de trabalho.
Não muito diferente de lavar e lubrificar um vibrador.
— Certo. — Disse Nick, dividido entre rir e dizer a Tyler para ir se
foder, literalmente. Também ficou meio surpreso, para ser honesto, surpreso
que Tyler estivesse tocando seu pênis. Era a primeira vez que Tyler o tocou
nas semanas que estavam transando, embora não fosse a primeira vez que
Nick o pegou olhando para ele.
— Estou feliz que você esteja bem com isso, cara. — Disse Tyler,
abrindo o jeans de Nick e puxando seu pau meio duro. — Não quero que as
coisas se tornem estranhas entre nós.
— Claro, Ty. — Nick falou, mas o sarcasmo pareceu voar sobre a
cabeça de Tyler. Ele apertou a mandíbula quando sentiu seu pau começar a ser
acariciado. Para sua irritação e desconforto, não era nem uma masturbação
que estava fazendo isso por ele. O olhar fixo, parcialmente nervoso e em parte
faminto no rosto estupidamente bonito de Tyler era mais excitante do que o
desajeitado toque que estava recebendo. Nick não sabia por que diabos isso
era tão excitante. Talvez fosse porque havia algo vagamente errado sobre
Tyler tocar seu pênis. Parecia um tabu, porque meio que era. Tyler sempre foi
firmemente colocado na categoria fora dos limites, então isso parecia errado,
quase incestuoso. Não que o visse como um irmão, mas Tyler era mais
próximo dele do que seus primos. E disse uma verdade para seu amigo: ele
realmente não era o tipo de Nick, que tendia a gravitar em direção a caras
magros e de cabelos escuros. O corpo alto e musculoso de Tyler e os cabelos
loiros pareciam um pouco estranhos para ele, mesmo sem levar em conta que
era seu melhor amigo. Exceto que o pênis de Nick não parecia dar a mínima
para suas dúvidas, endurecendo apenas após algumas esfregadas da mão de
Tyler.
— Gosto disso. — Tyler deixou escapar, olhando para a ereção de
Nick em sua mão. — Seu pau. Gosto de como parece. Isso meio que me excita
quando está duro. Isso é estranho?
Nick bufou.
— Só agora percebe que gosta do meu pau?
O olhar de Tyler disparou para o dele.
— O que você quer dizer?
Os lábios de Nick se curvaram.
— Além do óbvio, você olha para o meu pau toda hora, companheiro.
— Eu não!
— Sim. Você olha, Tyler. Mesmo quando não estamos fodendo.
As orelhas de Tyler ficaram vermelhas.
— Eu não! Isso seria...
Nick decidiu ter pena dele.
— Acho que é natural sentir alguma curiosidade. — Admitiu. —
Lembra que fiz sexo oral na Liz quando tínhamos quinze anos? Não me fez
hétero.
A expressão de Tyler se iluminou.
— Oh, certo! Você estava curioso.
— Só queria ter certeza de que eu era realmente gay, não bi. — Nick
disse, desejando que Tyler parasse de acariciar seu pênis. Era realmente
perturbador quando estava tentando ter uma conversa e ver Tyler como um
amigo.
Tyler piscou para ele antes de voltar seu olhar para a ereção de Nick
em sua mão.
— Sim, você está certo: sexo oral com um cara uma vez não
significaria nada.
Nick olhou para ele. Não foi exatamente isso o que quis dizer.
Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Tyler se inclinou e deu
uma lambida em seu pênis.

*****
Tyler tinha genuinamente intenção de apenas provar, saciar a
curiosidade que sentia há séculos. Só queria saber. Queria saber como seria a
grande veia no pênis de Nick contra sua língua; apenas isso. Mas no momento
em que sua língua tocou a pele aveludada da ereção de Nick, ele meio que se
perdeu na textura e no gosto dela. Tinha que lambê-lo novamente. E de novo.
E de novo.
Merda. O gosto era bom. Como um pau poderia ser tão bom?
Tyler lambeu a cabeça vermelha inchada e exalou tremulamente
quando o gosto dela agrediu seus sentidos. Porra. E se... e se ele
simplesmente pegasse a ponta na boca? Apenas a ponta? Não seria muito gay,
certo?
Decidindo que não seria muito gay, Tyler levou a cabeça do pênis em
sua boca e parou. Talvez mais um centímetro? Ou dois?
Tyler percebeu que tinha muito mais do que “apenas a ponta” quando
o pênis de Nick cutucou contra sua garganta. Porra. As coxas de Nick estavam
rígidas com a tensão sob suas mãos, mas Tyler não se importou. Ele só podia
se concentrar no comprimento duro em sua boca, tinha um pênis na boca,
puta merda.
— Dentes. — Nick gritou. — Cubra com seus lábios.
Tyler fez o que ele mandou, mas não conseguiu se concentrar.
Sempre gostou de mulheres que beijavam agressivamente, que sabiam usar
suas línguas. O pênis de Nick estimulou sua boca sensível apenas muito bem,
fazendo sua cabeça girar de prazer. Só queria continuar a sugá-lo, sentir o pau
esfregar contra as paredes da boca. Era tão bom. Mas a posição em que
estava doía seu pescoço, então Tyler rolou do sofá e caiu de joelhos na frente
das coxas abertas de Nick.
Gemeu um pouco quando colocou a boca de volta no pênis dele, seus
olhos se fechando involuntariamente.
— Porra. — Nick gritou, soando sem fôlego. — Você gosta disso?
O embaraço tomou conta dele. Tyler se recusou a responder,
subitamente sentindo-se autoconsciente, mas incapaz de parar de chupar.
— Sim, assim. — Nick murmurou, colocando a mão na cabeça de
Tyler. — Você está indo tão bem.
Tyler se aprumou um pouco, o elogio apagando sua autoconsciência.
Claro que era bom nisso; ele era incrível no sexo. Tyler se sentiu tão satisfeito
que nem sequer fez nenhum barulho quando a mão de Nick começou a guiar
sua cabeça - ou quando os quadris de Nick começaram a empurrar em sua
boca. E para a confusão de Tyler, isso apenas o excitou ainda mais, por algum
motivo.
Por um tempo, houve apenas o som molhado e obsceno do pênis de
Nick se movendo em sua boca.
Mas quando a respiração de Nick se tornou dura e ofegante, Tyler se
afastou e disse:
— Não. Você não vai gozar em outro lugar, apenas na minha bunda.
Nick olhou para ele.
— Então, siga em frente, você é demais.
Sorrindo em triunfo, Tyler retirou um preservativo pré-lubrificado do
bolso e rolou na ereção de Nick. Tirando seu jeans e cueca, montou no colo
dele, praticamente tremendo de impaciência. Não podia acreditar como ficou
excitado por chupar um pau. Era gay? Talvez um pouco, mas era apenas sua
boca que era muito sensível, certo?
— Você fez a preparação? — Nick disse quando seu pênis bateu
contra a entrada de Tyler.
— É claro. — Ele respondeu, tentando alinhar-se. Evidentemente, era
um pouco trabalhoso se preparar e se esticar toda vez que queria ser fodido.
Tyler fez beicinho. As mulheres tinham muito mais facilidade. Pelo menos
ultimamente ele não precisava de muito preparo, acostumado com a
circunferência de Nick e sempre um pouco esticado de sua foda anterior. Nick
geralmente se oferecia para prepará-lo, mas Tyler recusava todas as vezes.
Até mesmo a ideia de Nick colocar os dedos no seu traseiro fazia-o corar
constrangido. O pênis de Nick era uma coisa - sabia que Nick estava se dando
bem também para que ele não se sentisse tão autoconsciente - mas os
dedos... os dedos eram diferentes. Além disso, quanto menos íntimo isso for,
melhor. Não queria estragar sua amizade.
Tyler assobiou quando sentou lentamente no pênis. Nem sempre
gostava muito dessa parte - a estranha sensação inicial de ter algo tão grande
em sua bunda -, mas sabia que ia melhorar.
— Calma. — Nick murmurou, colocando as mãos nos quadris de Tyler
para firmá-lo.
Seus olhos se encontraram e trancaram.
Algo mudou na expressão de Nick.
Tyler sentiu sua pele ficar quente. Por causa da posição, seus rostos
estavam desconfortavelmente próximos e isso parecia... diferente. Mais íntimo,
de alguma forma.
Desconcertado, Tyler fechou os olhos e começou a montar Nick
lentamente, concentrando-se na sensação maravilhosa de um pênis se
movendo dentro de seu canal. Mas ainda não era o suficiente. Poderia se foder
em um vibrador com o mesmo resultado. Ele amava ser fodido. Não era nem
que não quisesse fazer a parte difícil; ele só queria... só queria se deitar e
pegar. Havia algo sobre isso que incrivelmente o excitava. Talvez fosse a parte
tabu: os homens deveriam ser os tomadores, afinal. Talvez tenha sido outra
coisa. De qualquer forma, isso não foi suficiente. Ele queria ser fodido.
— Ugh, preciso de algo diferente. — Falou sem fôlego, abrindo os
olhos e concentrando-os em Nick com alguma dificuldade. — Quero estar
debaixo de você.
Um músculo na bochecha de Nick saltou, seu olhar muito escuro. Ele
nunca olhou para Tyler com esse tipo de intensidade durante o sexo. Sempre
brincavam e riam, a brincadeira evitando que as coisas ficassem estranhas.
Isso definitivamente parecia um pouco estranho.
Mas antes que Tyler pudesse dizer qualquer coisa, Nick derrubou-os.
O que se seguiu foi o mais intenso, a foda mais brutal de sua vida.
Tyler só podia suspirar e encarar o teto com os olhos vidrados enquanto seu
melhor amigo praticamente o dobrava ao meio e o fodia violentamente, cada
impulso tinha o objetivo de acertar sua próstata perfeitamente. Era
aterrorizante. Era perfeito, e tudo de que ele sempre precisou.
— Oh, Deus, ah, ah, sim, sim, sim. — Resmungou Tyler de forma
incoerente. Estava segurando suas próprias pernas para cima e separadas,
mas agora ele levantou e colocou-as sobre os ombros de Nick enquanto seu
amigo o fodia como uma britadeira. Merda, isso era perfeito, o pênis de Nick
era tão perfeito...
— Você é uma vadia. — Nick disse entre suas investidas brutais. —
Quero te encher, te deixar tão cheio com o meu pau que não vai conseguir
andar direto por uma semana, e todo mundo vai saber que é uma vadia por
trás de sua pose de macho...
Tyler gozou de repente, pegando-o de surpresa. Ofegou, tentando se
recuperar da onda de prazer intenso e entender o que acabara de acontecer.
Será que acabou de gozar com um pouco de conversa suja?
Hein.
Por que Nick falou com ele desse jeito? Obviamente, Nick não quis
dizer aquelas palavras, mas como sabia que elas deixariam Tyler mais
excitado?
Quando Tyler conseguiu focar seu olhar, encontrou Nick olhando para
ele com uma expressão muito estranha.
Nick puxou e rolou para fora dele.
— Aonde você está indo? — Tyler disse confuso. O pênis de Nick ainda
parecia duro o suficiente para machucar.
— Tenho que ir. — Disse Nick, fechando seu zíper embora com
alguma dificuldade. Sua voz soou um pouco desligada. Ele não encontraria os
olhos de Tyler.
— É meia-noite. — Tyler falou ficando cada vez mais confuso. — Você
pode passar a noite.
Nick sacudiu a cabeça.
— Eu tenho que ir.
E então ele se foi.

Capítulo 7

— Vai nos dizer o que diabos está errado com você?


Nick olhou para o irmão e bufou, vendo seu olhar severo.
— Sei que você é mais velho, mas não sou mais exatamente uma
criança, Zach. Não tenho que te explicar nada.
A expressão de Zach não mudou, suas sobrancelhas castanhas
franziram enquanto o olhava inquisitivamente.
— Você anda pensativo, e nunca foi pensativo. Você não é como eu.
Nick sorriu fracamente. Era uma brincadeira da família que, embora
Zach e Nick parecessem iguais, menos pela cor de seus cabelos, não podiam
ser mais diferentes no que diz respeito às suas personalidades. Zach era
reservado e responsável, inclinado a comandar as pessoas ao redor. Nick era
tranquilo e descontraído, desde que não se referisse a algo ou alguém com
quem realmente se importasse. Se isso acontecesse, estava propenso a ser...
Muito intenso. Parando para pensar sobre isso, talvez fosse um pouco como
Zach. Talvez.
— Não sei do que está falando. — Disse Nick finalmente,
concentrando os olhos na partida da FIFA entre Tristan e James, que estava
absolutamente vencendo seu meio-irmão, o que era meio hilário, considerando
que Tristan era um ex-astro do futebol.
Podia sentir o olhar indiferente de Zach, mesmo sem olhar.
— Mal o vimos por semanas, mas depois você aparece na minha casa
e praticamente se muda para ela. Sem mencionar que seu melhor amigo ligou
para o nosso maldito telefone fixo várias vezes, e você nos pediu para mentir
que não estava aqui. Que porra é essa? Desde quando evita Tyler?
Desde que comecei a enfiar meu pau nele, pensou Nick, beliscando a
ponta do nariz. Não, não estava correto: as coisas estavam bem no
começo. Nem tinha pensado no que fazia com Tyler como sexo real, eram
apenas amigos que gozavam juntos, nada mais. Não viu Tyler como um objeto
de atração. Mas naquela última vez, olhou para o rosto tolo de Tyler e, em vez
de se sentir divertido ou até mesmo carinhoso, sentiu uma pontada de pura
satisfação masculina e desejo.
E isso o assustou.
Nick não queria Tyler. Nunca quis Tyler. Sempre se ressentira da
ideia de que homens gays não poderiam ser bons amigos com caras héteros
sem secretamente os cobiçar. Talvez evitar Tyler não fosse à melhor ideia que
já teve, mas não tinha uma melhor. Queria resolver a sua cabeça, e não
poderia fazê-lo se mantivesse seu pau em Tyler todos os dias.
Porra, não queria estragar a amizade deles. Tinha sido tão relutante
em concordar com a ideia insana de Tyler por uma razão: muitas coisas
poderiam dar erradas se as pessoas introduzissem sexo em sua amizade. Não
esperava que ele fosse o problema: pensou que Tyler seria o único a
surtar. Parecia quase divertido agora.
Zach soltou um suspiro.
— Bem. Não fale. Mas estou te avisando que se não me disser o que
te deixou pensativo, Tristan vai tirar isso de você de qualquer maneira, e será
muito mais irritante com isso do que eu. — Ele parecia exasperado, mas
infinitamente afetuoso. Amoroso.
Nick não podia negar que uma parte dele estava com ciúmes. Não
por causa de Tristan, estava bem acima de sua paixão pelo marido de Zach,
mas pelo que tinham. Nick queria isso, queria conhecer um cara que o fizesse
parecer tão ridiculamente apaixonado quando falava sobre ele. Tinha vinte e
cinco anos. Não tinha vergonha de admitir que quisesse algo estável. Os
homens Hardaway geralmente não faziam casual. Todos eram sobre parceiros
e família. Quanto mais velho Nick ficou, mais verdadeiro isso se tornou para
ele. Queria um relacionamento. Simplesmente não parecia ser capaz de se
comprometer com qualquer um dos seus amantes. Sua amizade com Tyler
tinha sido a única constante em sua vida por anos, e seria amaldiçoado se
perdesse por causa de sexo.
— Acho que posso ter fodido a nossa amizade. — Disse Nick com um
suspiro.
— De que maneira? — Disse Zach, olhando para o jogo da FIFA.
Nick fez uma careta, imaginando como deveria explicar a situação
sem fazer parecer insano. Sem mencionar que não queria exatamente contar a
Zach sobre as preferências sexuais de Tyler. Podia zombar de Tyler por seu
desejo totalmente hétero de ser fodido, mas se sentia muito protetor para
contar a alguém sobre isso.
— Só... O olhei e tive alguns pensamentos que tenho certeza que não
deveria ter sobre o meu melhor amigo.
O olhar de Zach se lançou para ele, suas sobrancelhas se uniram.
— Ele está... Em forma. — Disse Zach. — Não é natural ser um pouco
atraído por um homem quente se você é gay?
Nick quase riu. Era meio hilário que Zach fosse casado com um
homem, mas não tivesse experiência em ser atraído por outros homens. Zach
tinha sido hétero toda sua vida até que conheceu Tristan.
— Você é atraído por todas as mulheres bonitas? — Nick disse, muito
secamente.
— Ok, você tem um ponto. — Disse Zach.
— Além disso, Tyler não é meu tipo. — Disse Nick e atirou em Tristan
um olhar malicioso, só para irritar Zach. — Tristan é.
Zach bufou, parecendo divertido, o filho da puta.
— Então e quanto a Tyler? Está interessado nele agora?
— Não. — Nick disse rapidamente. — Tenho certeza de que foi
apenas uma única vez.
— Então qual é o problema? Por que o está evitando?
Nick fez uma careta. Enquanto tinha certeza que seus pensamentos
ficaram confusos apenas pelo sexo e que não sentiria nada por Tyler além de
afeição amigável quando não estivessem transando, ainda havia o medo
subjacente de que não fosse um caso único. Porra, não queria querer
Tyler. Ter uma coisa pelo melhor amigo era uma receita para o desastre. Isso
quase arruinou a longa amizade de Ryan e James. Claro, estavam juntos
agora, mas o relacionamento deles tinha sido um fodido inferno por um
tempo. Naquela época, seu irmão havia dito a Nick que não corresponder aos
sentimentos de James era a pior coisa que poderia ter acontecido. Apenas sua
estranha co-dependência os impediu de nunca mais se verem novamente.
Tyler e Nick definitivamente não eram co-dependentes, então
qualquer atração unilateral desajeitada acabaria com a amizade deles. Não
queria isso. Enquanto hipoteticamente poderia funcionar perfeitamente sem
Tyler, Nick ainda gostava daquele maldito idiota e não queria perdê-lo. Tinham
sido amigos desde sempre.
— Só preciso lidar com essa merda antes de ver Ty de novo. — Disse
Nick.
— E como está planejando lidar com isso?
Nick sorriu sombriamente. As coisas importantes primeiro: tinha que
pôr um fim ao seu tempo de foda. Sem sexo, não haverá mais problema. A
única falha com esse plano é que não estava otimista sobre suas chances
contra os olhos azuis de Tyler, seus olhos de cachorrinho e o beicinho
triste. Então, precisava de uma razão, uma boa, para parar o que estavam
fazendo.
— Vou arranjar um namorado. — Disse Nick.

Capítulo 8

— Ele ficou cansado de mim.


— Acho que já teve o suficiente, companheiro. — Disse a garçonete.
Tyler sacudiu a cabeça. Não estava bêbado. Pode estar um pouco
tonto, só um pouco, mas não estava bêbado. Não, não, não.
— Ele ficou cansado de mim. — Disse Tyler.
A garota suspirou.
— Sim, já disse isso. Umas dez vezes.
Tyler fez beicinho.
— Você está cansada de mim também. Posso ver.
A garçonete riu.
— Lidar com bêbados deprimidos faz parte da descrição do
trabalho. Confie em mim, você não é o mais chato. É meio fofo de um jeito
patético.
Tyler franziu a testa, não tendo certeza se estava sendo
insultado. Além disso, não estava bêbado. Estava apenas... Apenas...
Olhou para o líquido marrom em seu copo.
— Todo mundo fica cansado de mim.
— Aqui vamos nós de novo. — A menina murmurou, parecendo
exasperada.
— Eles fazem. — Disse Tyler e engoliu sua bebida.
— Vá para casa, companheiro.
— Mamãe certa vez disse ao papai que não ficou surpresa por eu não
ter outros amigos além de Nick. — Disse Tyler em seu copo. — Ouvi.
Podia sentir os olhos da garota nele. Não disse nada.
— As pessoas se cansam de mim. — Tyler murmurou. — Sempre o
fazem. Sou muito, muito carente. — Sabia que era simpático - no começo. As
pessoas sempre disseram que era fácil estar perto dele. Era alto, um pouco
arrogante, um pouco puta por atenção, mas sempre bem-intencionado. As
pessoas geralmente não se importavam. Sempre tinha muitos colegas, mas
apenas um amigo. Nick era o único amigo que permaneceu por anos, o único
que não se cansava dele, o único que não parecia se importar com suas piadas
idiotas, sua imaturidade e carência. Todos, menos Nick, sempre diziam para
crescer. Nick era o único que parecia gostar dele do jeito que era.
Mas parecia que Nick finalmente havia ficado doente dele
também. Provavelmente estava prestes a acontecer. Se os pais dele o achava
totalmente desapontador, é claro que Nick também se cansaria de sua merda.
Isso era inevitável. Então não havia razão para estar tão chateado. Tudo
bem. Poderia lidar.
Tyler mordeu o lábio trêmulo, odiando-se um pouco por sua
incapacidade de ser duro. Por que estava tão bagunçado? Os homens deveriam
ser durões, seu pai sempre dizia isso. Seu pai nem chorou no funeral do avô
de Tyler. Se o pai dele podia fazer isso, Tyler poderia, porra, lidar com seu
melhor amigo evitando-o e se recusando a atender suas ligações.
— Não sinto falta dele. — Disse teimosamente. — Dane-se.
A garota suspirou, parecendo muito sofrida, como se não fosse à
primeira vez que Tyler dissera isso naquela noite.
Talvez não tenha sido.
Os ombros de Tyler caíram.
— Sinto falta de seu pênis. — Disse melancolicamente.
— Ok, definitivamente teve o suficiente. — Disse a garçonete, o
olhando com um sorriso torto. — Vá para casa e durma, menino bonito. Tenho
certeza de que seu namorado atenderá suas ligações eventualmente.
Tyler fez uma careta, seu estômago apertando com algo
desconfortável.
— Ele não é... Meu namorado. Não sou gay.
— Ah!
Tyler a olhou com desconfiança.
— O que isso deveria significar?
A garota deu de ombros.
— Tanto faz. De qualquer forma, meu conselho é o mesmo:
durma. As coisas vão ficar melhores de manhã.
— Não funciona.
— O que não funciona?
— Dormir. — Disse Tyler. — Continuo esperando e esperando, mas
não. Ainda sou eu, e ainda sou o mesmo perdedor de quem ele se cansou.
A garota soltou um suspiro. Seus olhos eram quase do mesmo tom
de Nick.
— Pelo amor de Deus. Tem certeza de que não era seu
namorado? Definitivamente não lamentei tanto quando meu namorado me
deixou um tempo atrás.
Tyler sacudiu a cabeça com uma risada fraca.
— Te disse que não sou gay. Não estou deprimido. Apenas...
— Esmagado. — Disse a menina, muito secamente. — Você com
certeza parece que não está deprimido.
Tyler a olhou, mas era meio indiferente na melhor das hipóteses. Não
se sentia muito bem, fisicamente e emocionalmente. Estava apenas... Tão
cansado. Cansado de não saber o que diabos queria de sua vida, cansado de
sua incapacidade de ser alguém que as pessoas gostariam de ficar por perto.
Talvez se fosse uma pessoa melhor, alguém mais unido, alguém mais
desinteressado e menos agressivo, Nick não teria ficado doente dele. Talvez se
não tivesse pressionado Nick para fodê-lo, ele ainda seria seu amigo.
Um amigo? Uma voz no fundo de sua mente disse.
Sim, amigo, Tyler disse a si mesmo teimosamente. Nick era mais
importante do que alguns grandes orgasmos. Poderia sobreviver sem o pênis
dele, mas definitivamente não queria perder o melhor amigo que sempre
esteve lá. Talvez Nick estivesse certo e fosse um erro misturar amizade com
sexo, mas não era como se pudesse dizer isso a Nick quando este não estava
respondendo suas ligações.
— Me dê outra dose. — Tyler disse à garçonete.
— Não. — Disse ela. — Definitivamente teve o suficiente. Olha, vai
para casa. Ou ligue para o seu namorado e diga para levá-lo para casa.
— Ele não é meu namorado. — Disse Tyler, com as sobrancelhas
franzidas em confusão. Pensou que já havia dito isso. Ou não tinha? — Não
sou nem mesmo o tipo dele. — Murmurou. — Ele não me quer, não
assim. Mesmo se fosse gay, e não sou... Ele não escolheria alguém como
eu. — Os lábios de Tyler se torceram. — Nunca escolheria alguém como
eu. Sou eu, só eu. Sempre procura por caras interessantes e bem-sucedidos, e
não perdedores como eu.
— Acho que está sendo muito duro consigo mesmo, amigo. Tipo, não
te conheço, mas não disse que administra um pub?
Tyler sacudiu a cabeça.
— É do meu avô. E não é muito. Mal faço o suficiente para cobrir
minhas contas. Alguém mais esperto poderia torná-lo lucrativo. Meus pais não
acham que é um trabalho real de qualquer maneira... Acho que sou burro
demais para conseguir um de verdade. Nick provavelmente pensa assim
também. Ele é... É esperto. Não como eu. Não sei por que ficou preso comigo
por tanto tempo... Ninguém faz. — Sorriu torto. — Até meus pais desistiram de
mim quando disse que estava fingindo ter fé. Acham que vou para o inferno
por não acreditar realmente em seu Deus. Tipo, às vezes acredito nele, talvez,
mas não acredito em acreditar, e tomam isso como um insulto pessoal. —
Bufou uma risada. — Embora ainda pensem que “é apenas uma fase”, como se
estivesse fazendo isso apenas para irritá-los. Não me levam a sério. Ninguém
faz.
A garçonete estava franzindo a testa agora.
— Ok, tem mais problemas do que pensava. Talvez tente lidar com
eles um de cada vez? Você está uma bagunça. Sem ofensa.
Tyler não se ofendeu. Estava realmente uma bagunça. Ninguém
ficava ofendido com a verdade.
— Não sei como. — Disse Tyler, a olhando com os olhos arregalados,
sem piscar.
A garota suspirou.
— Por favor, não faça isso. Seus olhos pidões são estupidamente
eficazes.
Tyler assentiu.
— Sempre funcionam. Mesmo em Nick, mesmo que negue. Ou pelo
menos funcionavam em Nick. — Os ombros de Tyler caíram. — Por que Nick
está ignorando minhas ligações?
A garota suspirou e se virou para outro cliente.
Tyler se curvou sobre o bar, sentindo muito pena de si mesmo.

Capítulo 9

Quando Nick finalmente atendeu seu maldito telefone depois de duas


semanas afastado, Tyler não estava de bom humor.
— Onde diabos você esteve? — Sussurrou, mais do que um pouco
irritado, e ferido. Para ser justo, nunca foram presos no quadril e passaram
mais de duas semanas sem se verem. Mas desta vez pareceu...
Diferente. Além disso, Nick sempre respondia quando Tyler
ligava. Sempre. Mesmo quando não saíam por meses, geralmente mandavam
mensagens de texto ou falavam ao telefone. Desta vez, Nick estava
claramente evitando-o.
— Desculpe, estava apenas preso em algo. — Disse Nick.
— Em alguma coisa. — Disse Tyler sem rodeios, profundamente
impressionado. O que era tão importante que Nick o ignorou por semanas?
— Alguém. — Disse Nick. — Conheci um cara. Seu nome é
Brad. Também é estudante de direito.
Tyler olhou para a parede oposta sem ver, sentindo-se surpreendido
pelas notícias.
— Brad? — Disse finalmente. — Parece um idiota. Brad, o
Idiota. Brad está, assim, no Top 5 dos nomes mais desleixados do mundo.
— Você é uma criança, Ty. — Nick parecia estar sorrindo. — Ele é um
amor. Já estivemos em alguns encontros. Realmente gosto dele. É apenas meu
tipo.
Tyler decidiu que não gostava dessa pessoa, Brad. Por um momento,
não tinha certeza do porque se sentia tão fortemente assim sobre um cara que
nem conhecia. Então percebeu algo: se Nick estivesse namorando alguém, isso
significaria que iria parar... Os namorados geralmente não estavam bem com
os seus outros significativos transando com outra pessoa.
Tyler franziu os lábios.
— Mas e eu?
Houve silêncio na linha.
— Você? — Nick disse finalmente.
Tyler franziu a testa. Não era óbvio o que queria dizer? Nick iria
forçá-lo a dizer isso em voz alta?
— Aquela pessoa, Brad, provavelmente não permitirá que você me
foda enquanto estiver namorando. — Disse Tyler.
— Provavelmente não está errado. — Disse Nick, sua voz
extremamente seca.
— Nick. — Tyler estava apontando para reprovação, mas sua voz saiu
toda errada, chorosa e amuada. O que foi sobre Nick que o reduziu a uma
criança total? Era seriamente desconcertante.
Nick riu.
— Não, Ty. Apenas não faça. Certamente não acha que vou colocar
minha vida pessoal em espera até você superar sua fixação em pau?
Tyler franziu a testa novamente.
— Mas você é meu melhor amigo. — Falou, mas saiu incerto. Após as
últimas semanas, não era exatamente tão confiante quanto costumava ser.
— Tenho certeza que te foder não está entre os meus deveres como
melhor amigo. — Disse Nick. Não parecia mais divertido. Tyler não tinha
certeza do que estava na voz de Nick, mas o que quer que fosse, não gostou.
— Claro que não é seu dever. — Disse Tyler rapidamente. — Eu só...
— Seu rosto ficou quente. Tyler pigarreou. — Deixa pra lá. Você está
certo. Deve namorar quem quiser. Vou descobrir algo.
Desligou, sentindo-se ridiculamente chateado sem motivo. Isso foi
patético. Não era algum tipo de... Puta. Poderia ser totalmente amigo de Nick
sem querer seu pênis. Mesmo se fosse uma puta, não era necessariamente
pelo pênis de Nick. Qualquer pau faria. Em teoria.
O telefone de Tyler tocou. Era Nick.
— O que quer dizer com descobrir alguma coisa? — Nick disse
quando Tyler respondeu.
Tyler apertou os lábios. Por que isso era assunto de Nick? Ele estava
livre para namorar aquele pequeno idiota, deixou claro que não se importava
com Tyler. Primeiro o ignorou por semanas, agora isso.
— Há sempre brinquedos sexuais. — Tyler esperava que sua voz não
soasse tão pouco entusiasta. Um vibrador não era o mesmo. Não importa quão
realista parecesse, não era nem perto da coisa real. Sem mencionar que se
foder com um brinquedo levava muito esforço, o seu traseiro ficaria doendo
depois, e não era tão bom nisso quanto Nick, o que Tyler não estava
envergonhado em admitir. Nick era um homem gay. Fazia sentido que fosse
melhor em foder caras do que um cara hétero como Tyler.
— E você não é o único homem com um pau, certo? — Tyler
acrescentou com humor forçado, tentando ignorar sua inquietação. Não podia
imaginar confiar em algum estranho, algum cara gay que não conhecia e que
poderia ter uma ideia errada, transar com ele no lugar de Nick.
— Certo. — Disse Nick, seu tom difícil de ler, antes de cair em
silêncio.
O silêncio se estendeu, tornando-se desconfortável.
Tyler mordeu o lábio, sentindo-se confuso com a estranha tensão. A
amizade dele e de Nick sempre foi fácil. Não havia lugar para silêncios
estranhos.
Por fim, Nick disse secamente.
— Boa sorte então.
E desligou.
Bem desse jeito.
Tyler olhou para o telefone, decepção feia agitando seu
estômago. Após semanas de ausência de Nick, esta não era a reunião que
tinha em mente. Pensou... Pensou que Nick teria uma boa razão para ignorá-
lo. Brad, o Idiota, não era uma boa razão, caramba.
Eram mesmo amigos?
Nick estava realmente cansado dele?
Odiando o quão inseguro e chateado se sentia, Tyler interrompeu
essa linha de pensamento.
Com o maxilar cerrado, baixou o aplicativo Grindr em seu
telefone. Não precisava de Nick. Poderia ficar totalmente bem sem Nick.
E ia provar isso.

Capítulo 10

Seu nome era Greg. Tinha vinte e sete anos e gostava de se exercitar
e foder caras no colchão, pelo menos era o que dissera a Tyler quando
trocaram mensagens de texto.
— Uau, você é quente. — Foi à primeira coisa que Greg disse quando
Tyler abriu a porta do quarto de hotel que alugou.
Tyler se afastou quando o cara tentou beijá-lo.
— Te disse, não beijo. — Se afastou, cruzando os braços sobre o
peito. — Não sou gay. Não me toque.
Greg riu, mostrando os dentes brancos e retos.
— Será difícil se quiser meu pau em você, mas seja o que for. Não é
o primeiro cara “hétero” sedento por pênis que comi.
Tyler olhou para ele, sentindo-se mais desconfortável do que
nunca. Mudou de um pé para o outro, despindo-se lentamente enquanto Greg
se despia rapidamente. Não estava nem um pouco excitado. Não sentiu
absolutamente nada a não ser a crescente vontade de correr. O que estava
fazendo aqui? Não era gay.
Até mesmo o pau duro de Greg não estava excitando. Parecia
estranho. Não era tão reto quanto o de Nick, era curvado para a esquerda. E
embora fosse do mesmo tamanho, não era nem de longe tão bonito e de dar
água na boca. Tyler tentou não insistir no fato de que provavelmente era
motivo de preocupação que pensasse no pênis de seu melhor amigo como ‘de
dar água na boca’.
— Vamos lá. — Disse Greg. Totalmente nu, sentou-se na cama,
acariciando seu pênis grosso preguiçosamente antes de rolar um
preservativo. — Seja um bom garoto hétero e monte meu pau. Você sabe que
quer.
Tyler olhou para o pênis, tentando se convencer de que seria bom
quando realmente entrasse dentro dele. Não era isso que queria? Fazia
semanas desde que foi fodido de verdade. Sentia falta da sensação de um pau
grosso inserido dentro dele, sentia falta de se perder no prazer disso. Os
vibradores não chegaram nem perto da coisa real. De qualquer forma, o pau
de Greg não parecia tão ruim assim. Era agradável, grosso e provavelmente
daria uma boa sensação. Tyler imaginou que estava transando com ele e,
finalmente, sentiu uma onda de excitação.
Mas então cometeu o erro de olhar para o homem nu ao qual o pênis
estava ligado e instantaneamente matou sua excitação. Tipo, não era como se
Tyler tivesse olhado o corpo de Nick durante o sexo ou algo assim, o pênis de
Nick era a única coisa que estava interessado, mas o corpo de Nick era... Muito
bom de olhar, objetivamente. Tipo, Tyler era hétero, não cego. Podia apreciar
os músculos tonificados e o corpo bem cuidado de Nick, mesmo que não o
ativassem exatamente. Nick sempre cheirava bem, sua pele limpa e
macia. Então, sim, Tyler não se importou em olhar para Nick. Em contraste, a
acne no ombro de Greg, peito peludo e barriga de cerveja eram meio
repugnantes.
Tyler franziu a testa, além de frustrado consigo mesmo. Não
entendia. Um bom pau era a única coisa pela qual tinha vindo aqui, certo? O
resto do corpo de Greg não deveria importar, não era gay para estar
interessado nos corpos dos caras, mas por alguma razão, isso importava.
Nunca esteve menos excitado em sua vida.
— Companheiro. Não tenho a noite toda. — Disse Greg, começando a
parecer irritado. — Você é um daqueles homens “hétero” que não conseguem
se decidir? Prometeu uma foda. Venha cá, caramba.
Tyler deu um passo para trás, olhando para o cara
cautelosamente. Só agora notou que havia um empolamento na voz do cara e
seu rosto estava suspeitamente vermelho. Greg não estava sóbrio. Como
diabos não tinha percebido isso?
— Eu... — Disse incerto, dando outro passo para trás. — Olha, cara,
me desculpe, mas não quero fazer isso.
— Você está brincando comigo? — Greg cerrou os punhos. Eram
enormes, observou Tyler com crescente desconforto. Greg olhou com raiva
para ele. — Vim dirigindo do outro lado da cidade para essa merda?
— Olha, não há necessidade de ficar chateado...
— Vou te mostrar chateado, seu pequeno merda! — Greg caminhou
em sua direção, sua expressão francamente ameaçadora.
Foi pura autopreservação, não covardia: Tyler correu para o banheiro
e se trancou. Greg bateu na porta, xingando e gritando com Tyler.
— Fique calmo, porra. — Disse Tyler, tanto para ele quanto para
Greg. Não era um bichano. Podia se defender totalmente contra aquele cara,
não importando o quão enormes esses punhos parecessem. Malhava, pelo
amor de Deus. Estava em ótima forma.
Exceto que ter os músculos não significa muito se não sabe como
usá-los. Nunca esteve em uma luta real. A última vez que esteve em uma
briga estava com quinze anos, e mesmo assim não teve que lutar. Nick fez isso
por ele.
Nick.
Poderia ligar para o Nick. Ele saberia o que fazer.
Incrivelmente feliz por ainda estar com o jeans e o celular no bolso,
Tyler puxou o aparelho e discou o número familiar.
— Você está brincando? — Nick disse quando Tyler explicou a
situação. — Diga-me que você está brincando.
— Há um bêbado irritado e com tesão fora do banheiro. — Tyler
assobiou, estremecendo quando Greg empurrou com força contra a porta. —
Venha cá e afaste-o. Pode tirar sarro de mim depois.
Nick desligou.
Tyler só podia esperar que isso significasse que Nick estava com
pressa para chegar até ali em vez de voltar a dormir. Tinha escrito o endereço
que Tyler lhe deu?
— Olha, não há necessidade de ficar chateado. — Tentou novamente,
levantando a voz.
— Saia, seu idiota! — A porta sacudiu novamente.
Tyler suspirou e deslizou para o chão, imaginando que poderia ficar
confortável até que Nick chegasse. Meio que esperava que Greg se entediasse
e fosse embora, mas como as pessoas bêbadas costumavam ser, o cara
parecia estupidamente teimoso e determinado a “ensinar-lhe uma lição”. Ele
nem parecia ter se vestido. Porra, Nick nunca iria deixá-lo viver, se Nick
viesse.
Tyler franziu a testa. Chamar Nick, esperando que lidasse com sua
bagunça, foi uma reação instintiva, um hábito profundamente enraizado depois
de anos de amizade, mas talvez não devesse ter feito isso. Ainda não tinham
se encontrado depois daquele telefonema estranho no outro dia, e as poucas
mensagens que trocaram eram estranhamente tensas e desajeitadas. Tyler
não tinha ideia de onde estavam um com o outro. Parte dele ainda estava
chateado com Nick por seu ato de desaparecimento, e irritado por escolher sair
com Brad, o Idiota, em vez dele.
Mas também sentia falta de seu melhor amigo.
E se Nick não vier?
Tyler tentou afastar o pensamento, mas se recusou a continuar a
pensar nisso. Após as últimas semanas, não se sentiu exatamente seguro em
relação à amizade de Nick. Se ele não vier...
Bem, isso responderia de uma vez por todas a questão de saber se
Nick estava cansado dele ou não, não é?

Capítulo 11

Tyler não sabia quanto tempo esperou. Ele tentou não olhar para o
telefone - não queria continuar checando como uma pessoa obcecada.
Finalmente, ouviu alguns ruídos que não eram insultos de Greg.
— Vista-se e saia. — Disse a voz de Nick.
Os ombros de Tyler cederam em alivio.
Ele veio.
— Quem você pensa que é? — Greg grunhiu, ainda parecendo
chateado.
Tyler sentiu uma pontada de preocupação. Devido a ter tantos
irmãos, Nick era muito melhor em lutar do que ele, mas os punhos de Greg
ainda poderiam causar algum dano substancial. Tyler pensou em sair do
banheiro e ajudar Nick, mas antes que pudesse fazer alguma coisa, Nick
grunhiu:
— Saia.
Deve ter havido algo convincente em seu rosto, porque Greg na
verdade pareceu desistir, resmungando algo em voz baixa. Em pouco tempo,
Tyler ouviu a porta se fechar.
— Tyler?
Tyler se levantou, abriu a porta e deu a Nick seu melhor olhar
envergonhado.
— Obrigado, cara. Você é um salva-vidas!
Um músculo se contraiu no maxilar de Nick, seus olhos cinzentos
tempestuosos quando ele prendeu Tyler com um olhar fulminante. Isso meio
que deixou Tyler nervoso. Era muito, muito difícil realmente irritar Nick, mas
não era bonito quando acontecia.
— O que você achou que estava fazendo? — Nick gritou, agarrando
os ombros de Tyler e sacudindo-o. — Encontrar um estranho total, um
estranho bêbado, em algum lugar sombrio, onde ninguém daria a mínima se
ele te estuprasse ou assassinasse?
— Como eu deveria saber que ele iria aparecer bêbado? — Tyler
disse, não apreciando o tom de Nick.
Nick franziu o cenho.
— Você poderia ter dito a ele para sair quando viu que não estava
sóbrio, sabe, antes dele ficar nu e com tesão. Você está tão desesperado por
pau?
Tyler sentiu suas orelhas queimarem.
— Você está começando a me irritar, cara.
— Eu? — Nick disse, os dedos cavando em seus ombros, com
força. — É foda duas da manhã, tenho aula em poucas horas, mas tenho que
resgatar sua bunda de algum bêbado porque você está com sede de pau, mas
é muito covarde para agir como um adulto sobre isso.
— Foda-se. — Tyler falou, tentando libertar-se do aperto de Nick. —
Você não deveria ter vindo se era um incômodo. — Odiando o quão grossa sua
voz ficou e na esperança de distrair Nick, Tyler partiu para a ofensiva. — Por
que você está tão bravo? Você me salvou de situações muito mais
ridículas. Pensei que você iria zombar de mim, não me mastigar. Que
diabos? Por que está tão chateado?
A mandíbula de Nick se apertou.
— Estou chateado. — Disse ele, muito uniformemente. — Porque
você é muito malditamente descuidado. Você poderia ter se machucado,
Tyler. Mesmo que aquele cara não estivesse bêbado, você poderia ter se
machucado. Você parece muito ofensivo quando começa a jorrar merda sobre
não ser gay, como se ser gay fosse algo terrível. Não me ofendo porque sei
que não quer dizer isso, mas estranhos aleatórios não sabem disso. Estou
zangado porque estava preocupado, seu babaca.
Tyler franziu a testa, sua raiva saindo dele.
— Sinto muito. — Murmurou, baixando o olhar. Ele não tinha
percebido que o que dizia soava ofensivo. Estava acostumado a poder dizer
qualquer coisa a Nick sem ofendê-lo; não tinha percebido que outras pessoas
poderiam tomar suas palavras da maneira errada.
Nick suspirou, puxando-o em um abraço solto.
— Só não faça isso de novo. — Disse ele.
Tyler colocou os braços em volta da cintura de Nick, abraçando-o de
volta. O abraço parecia um pouco estranho, mas tão
malditamente bom, exatamente o que ele precisava depois das semanas de
incerteza e insegurança. O cheiro familiar de Nick era estranhamente
calmante, e Tyler se viu apertando os braços ao redor dele, fechando os olhos
e relaxando. Parecia que estava respirando livremente pela primeira vez em
semanas. Nick ainda era seu melhor amigo. Tudo estava certo com o mundo.
— Teria me acovardado mesmo que ele não estivesse bêbado. —
Disse baixinho, pressionando o nariz na junção entre o pescoço e o ombro de
Nick.
Nick bufou.
— Muito gay?
— Meio quê. — Tyler admitiu, e ficou tenso quando as mãos de Nick
deslizaram para cima e para baixo em suas costas nuas. Provavelmente, o
gesto deveria ser reconfortante, mas seu corpo faminto ainda parecia associar
Nick a orgasmos alucinantes, então o toque o estava excitando. Um pouco
envergonhado por sua excitação totalmente inadequada, Tyler tentou manter
seus quadris separados para que Nick não notasse seu pênis endurecido. —
Tipo, agora tenho certeza que definitivamente não sou gay. Eu não poderia
imaginar deixar aquele cara me foder. Nem sequer queria o pênis dele, na
verdade.
Por um longo momento, Nick não disse nada, suas mãos nas costas
de Tyler.
— Você quer o meu. — Foi uma declaração, proferida em um tom
estranho.
— Não, quero dizer... — Tyler lambeu os lábios. Foi há semanas. —
Sinto falta. — Murmurou, feliz que Nick não podia ver seu rosto corado.
— Do meu pau. — Declarou Nick, no mesmo tom estranho, cortado.
Tyler assentiu.
— Eu sei: você está namorando alguém. — Ele disse, mal-
humorado. Isso fez dele uma pessoa ruim que não deu a mínima para essa
pessoa, Brad? Ele era apenas um nome. Era tão injusto. Brad conhecia Nick há
algumas semanas. Tyler era seu melhor amigo desde que eram
crianças. Certamente isso dava a ele mais direito ao pau de Nick?
Tyler mordeu o lábio para se impedir de dizer, porque percebeu o
quanto isso soava ridículo.
— Você já fodeu com ele?
Com suas mãos segurando os ombros de Tyler, Nick empurrou-o para
estudar seu rosto.
— O que isso importa para você? — Ele disse, seu rosto inescrutável,
seus olhos brilhando com alguma emoção que Tyler não podia ler.
Tyler encolheu os ombros, evitando o olhar dele. Seus pensamentos
soavam idiotas, mesmo em sua própria cabeça. Ele só... não gostava de
pensar no pênis de Nick em algum cara gay bonito e de cabelos
escuros. Mesmo imaginando isso, seus punhos cerraram e seus dentes doeram
com o quão duro os estava rangendo.
Nick riu. Havia algo estranho naquela risada, alguma ponta afiada
que Tyler não gostou.
— Você é inacreditável. — Nick disse. — Você é muito hétero, não
está interessado em mim, mas acha que meu pau é sua propriedade. Isso está
certo?
Tyler olhou para baixo, com o rosto quente.
— Responda-me. — Disse Nick, agarrando seu queixo e forçando-o a
olhá-lo nos olhos. — É isso mesmo, Tyler?
Tyler olhou para ele com cautela, seu estômago vibrando de
nervoso. Era estranho, mas o homem falando com ele não parecia nada com
seu melhor amigo. Era como olhar para uma pessoa diferente, um estranho
total. Não havia nada do carinho exasperado e sofrido com que Nick
costumava olhá-lo. Em vez disso, havia algo mal e duro nos olhos dele.
— Eu fiz uma pergunta. — Nick disse categoricamente.
— Eu não gosto do seu tom. — Disse Tyler, tentando esconder seu
desconforto. — Sou seu melhor amigo, lembra?
Um sorriso torto e amargo apareceu nos lábios de Nick.
— Mas você não quer o seu melhor amigo. — Sua mão escorregou
para o traseiro de Tyler e apertou, fazendo Tyler olhar para ele em
choque. Nick observou-o com olhos escuros e inescrutáveis. — Tudo que você
quer é meu pau. Você é nada além de uma puta de pau.
— Você vai ser socado se não parar. — Disse Tyler, encarando-o. Por
algum motivo misterioso, ele tinha um tesão, mas isso era totalmente
irrelevante.
Nick sorriu. Não foi um sorriso agradável.
— Lembra daquele pornô que uma vez roubamos da sua prima
quando tínhamos treze anos? Sobre uma garota loira e bonita que passava
todo o tempo nas costas. Ela estava sempre desesperada por isso, sua vagina
molhada e inchada toda a maldita vez. Ela deixava qualquer um com um pau
fodê-la. Ela não se importava se era o garoto do correio, o cara da pizza, ou
seu professor - não importava, contanto que ela tivesse um pênis longo e
grosso nela.
Tyler lambeu os lábios secos, seu coração batendo forte.
— O que isso tem a ver com alguma coisa?
Nick olhou-o nos olhos e apertou os dedos contra a rachadura de
Tyler, a pressão enlouquecedora até mesmo através do jeans.
— Você é igual a ela. Uma puta de pau. Tudo que você quer é
pau. Aposto que se tivesse uma vagina, estaria gotejando o tempo todo.
Um pequeno gemido deixou os lábios de Tyler. Ele olhou para Nick,
de olhos arregalados.
Nick o estudou por um momento, seu olhar sombrio e
avaliador. Então colocou o dedo sob o jeans de Tyler e acariciou levemente o
seu ânus sensível. As narinas de Nick se alargaram.
— Viu? Você está tão molhado.
Engasgando, Tyler olhou para ele. Se preparou enquanto esperava
por Greg, mas isso não o fez molhado. O que Nick estava jogando?
— Olhe para você. — Disse Nick, esfregando o dedo sobre seu
ânus. — Você já está todo molhado e ansioso e mal te toquei. — Nick
empurrou um dedo e Tyler estremeceu, seu ânus apertando em torno dele.
— Você quer meu pau na sua vagina?
— Cale a boca, cale a boca, cale a boca. — Disse Tyler fracamente,
mesmo que seu corpo estivesse empurrando de volta no dedo de Nick. Porra,
ele nunca se sentiu tão desesperado por nada em sua vida e tão assustado ao
mesmo tempo. Este era o dedo de Nick em seu ânus. Por alguma razão,
parecia mais tabu do que ter o pênis de Nick nele. Isso era sujo, errado e gay.
Nick se inclinou e murmurou em seu ouvido:
— Você quer meu pau em sua vagina, Ty?
— Foda-se. — Disse Tyler, mas saiu como um gemido. Ele não
entendia por que Nick estava fazendo isso, por que estava sendo tão mau com
ele, por que estava dizendo essas coisas - coisas que iam direto para seu
pênis, por alguma razão estúpida.
— Olha como você está molhado para mim. — Nick disse, deslizando
a outra mão entre eles e tocando o ponto úmido no jeans de Tyler, onde ele
estava vazando antes, e começou a acariciar seu pênis estranhamente, como
se fosse... como se fosse um clitóris.
Tyler pressionou a testa contra o ombro de Nick, sua respiração dura
e seu coração batendo forte. Não sabia por que isso o estava excitando. Ele
não era mulher. Não tinha uma maldita vagina. Ele era um cara. Um cara
hétero. Isso não deveria ser tão excitante.
Nick puxou o dedo para fora.
Tyler choramingou.
— Nick?
— Quer meu pau?
— Por favor.
Os dentes de Nick roçaram contra sua orelha.
— Você quer isso em sua vagina?
Tyler mordeu o lábio com força. Ele se recusava a dizer isso.
— Por que você está sendo tão idiota?
— Você quer meu pau em sua vagina? — Nick disse novamente, mais
forte, empurrando o dedo contra o períneo de Tyler.
— Sim! — Tyler retrucou. Estava totalmente indo socar Nick por isso -
depois que Nick finalmente desse o que ele queria.
— Então seja uma boa garota: tire suas roupas, suba nessa cama e
abra as pernas para mim.
Corado de humilhação e raiva - e uma excitação ridícula - Tyler fez o
que lhe foi dito.
Esticado na cama, observou Nick se despir sem pressa, seus olhos
semicerrados no corpo nu de Tyler. Ainda havia algo escuro e desconhecido em
seu olhar, àquela borda que deixava Tyler nervoso e excitado como o inferno.
Tyler lambeu os lábios quando Nick tirou a calça jeans e seu pau
saltou livre. Sua boca se encheu de água ao vê-lo. Merda, queria chupar.
Mas Nick não deixou. Nu, ele foi até a mesa de cabeceira e pegou os
suprimentos que Tyler havia colocado lá. Rolando o preservativo, Nick olhou
para ele, seu olhar vagando sobre o corpo nu de Tyler sem vergonha.
Naquele momento, Tyler percebeu que Nick parou de fazer o papel de
um melhor amigo indulgente. Parou de tratá-lo com luvas de pelica. Nick
estava com raiva o suficiente para não se importar com as reservas de Tyler
sobre sexo gay. Só ia pegar o que ele estava oferecendo.
Tyler observou sem fôlego quando Nick lubrificou seu pau duro. Não
conseguia desviar o olhar. Não conseguia parar de olhar faminto para os dedos
grandes e fortes de Nick acariciando aquele pau grosso e vermelho. Porra,
talvez ele fosse uma puta por pau. Nada o havia excitado mais do que aquele
pau.
Nick subiu na cama.
Tyler estremeceu quando o corpo musculoso cobriu o seu.
O rosto de Nick estava acima dele enquanto o olhava.
— Vou te beijar. — Declarou Nick. — E se você quiser meu pau, vai
me beijar de volta.
O coração de Tyler acelerou.
— O que você está jogando? Pare com isso!
Algo mudou nos olhos de Nick, um lampejo de algo que poderia ser
remorso, mas não era.
— É muito gay para você? — Nick disse, seus lábios torcendo. —
Então saia da cama.
Tyler o encarou, mas não se moveu. Apesar do sentimento de pânico
em seu estômago que insistia que isso era errado - ele tinha um homem nu e
excitado em cima dele que ia beijá-lo - Tyler não podia move-se, seu pênis
dolorosamente duro contra o quadril de Nick.
Ele olhou dos olhos inescrutáveis e duros de Nick para os lábios e
engoliu em seco.
A boca de Nick se aproximou cada vez mais até que seus lábios se
tocaram, seu corpo nu o esmagando. Nick sempre foi tão cuidadoso em manter
uma certa distância dele, tomando cuidado para não o assustar durante o
sexo. Agora estava fazendo o oposto - quase parecia querer assustar Tyler,
dominá-lo.
A língua de Nick saiu e lambeu o lábio inferior de Tyler.
Tyler engasgou, o coração martelando em seu peito, seu corpo todo
tenso.
A língua de Nick escorregou dentro de sua boca, seus dentes
pastando contra o lábio de Tyler, sua barba raspando seu queixo. Tyler
estremeceu, um gemido subindo em sua garganta. Nick tomou seu queixo em
uma mão e o beijou com força e profundidade, sua língua explorando a boca
de Tyler, tão confiante e forte que rapidamente o subjugou. Ele não
gostou. Não gostou de como emasculado o beijo o fez sentir, como se fosse
algum tipo de garota - uma garota virgem - que nunca beijou ninguém. Ele
não sabia o que fazer com a boca, como deveria mover os lábios. Só podia
separar seus lábios e deixar Nick fazer o que quisesse, pequenos sons
escaparam de sua boca involuntariamente. Ele não gostou. Era muito intenso e
estranho, a barba por fazer de Nick deixando muito claro que estava sendo
beijado por um homem.
Mas parecia que seu corpo estava derretendo, seus joelhos fracos e
seus membros sem ossos. Ainda bem que estava deitado; ele não seria capaz
de suportar. Sua cabeça estava girando. Não conseguia manter os olhos
abertos, dominado pela força do beijo. Ele... odiava isso.
Tyler choramingou quando o beijo terminou, sentindo-se estranho,
faminto e confuso. Ele agarrou os ombros largos de Nick, precisando...
A boca de Nick desceu pelo pescoço dele, sugando chupões em sua
pele. Sua língua lambeu o mamilo de Tyler, que gemeu, longo e
embaraçosamente alto.
Nick deu uma risada rouca.
— Quer que eu chupe seus seios?
Tyler gemeu, tão excitado que não podia nem ficar ofendido pela
merda que Nick estava dizendo.
— Diga. — Disse Nick, passando a língua sobre o mamilo sensível de
Tyler, o toque enlouquecedor. Não foi o suficiente.
— Chupe meus peitos. — Tyler disse, muito excitado para ficar
envergonhado.
A boca de Nick se fechou em torno de seu mamilo e sugou.
Tyler arqueou-se na cama, um som inumano deixando sua garganta.
— Oh, sim, foda, mais. — Ele exigiu sem fôlego.
Nick obedeceu, chupando suavemente seu seio - seu mamilo,
caramba - a mão dele amassando o outro.
— Está pronta para o meu pau, querida? — Nick disse, sua voz não
soava como a sua normal. Ele chupou com força o outro mamilo. — Você está
boa e molhada para mim?
— Vou te socar por essa merda mais tarde. — Disse Tyler
fracamente, esfregando sua virilha contra o estômago de Nick. Ele estava tão
duro. — Entre em mim, idiota.
Nick tirou a boca do peito, soltando o mamilo dolorido, e subiu até
que seus quadris estavam entre as coxas abertas de Tyler. Os olhos vidrados
de Nick olharam da ereção de Tyler para seu rosto.
— Você não parece muito ofendido comigo. — Disse, pressionando a
ponta do seu pênis contra o ânus de Tyler, provocando-o. — Não sei porque
ficaria ofendido, de qualquer maneira. — A voz de Nick era leve, mas havia
uma nota desagradável nisso. — Se você não é homo, mas quer um pau em
você, isso te faz uma mulher, não é? É apenas lógico.
Tyler não sabia o que dizer sobre isso. Ele só podia olhar para Nick
aturdido, ofegando um pouco toda vez que o pênis de Nick batia contra seu
ânus sensível.
— Você está sendo um idiota. — Conseguiu dizer.
— Não. — Disse Nick, espalhando as coxas de Tyler mais e
pressionando seu pênis dentro. — Estou feito de inventar desculpas para sua
merda.
Os olhos de Tyler rolaram na parte de trás de sua cabeça quando o
pênis de Nick finalmente encheu-o. Embora tivesse se preparado e usado
brinquedos sexuais, fazia semanas que teve algo tão grande quanto Nick
dentro. Caramba, sentia falta desta sensação. Ele ainda gostava da forma
como as coxas foram esticadas, espalhando-se largamente para acomodar os
quadris de Nick entre elas; estranhamente, apenas o deixou mais excitado. Ele
se sentia sacana, impotente, e amava isso.
Os olhos de Nick estavam meio fechados, a mandíbula apertada como
se estivesse com dor.
— Bom. — Disse ele, seu tom de voz rouco.
Tyler assentiu fracamente, apertando ao redor do pênis dentro
dele.
— Tão bom. — Saiu de sua boca antes que pudesse se conter. — Seu
pênis em mim.
Nick olhou para ele sem um sorriso, algo sombrio e duro em sua
expressão.
— Diga obrigado.
— O quê? — Tyler soltou uma risada.
Nick não riu.
— Diga obrigado. — Disse ele, puxando para fora e dirigindo para a
direita contra a próstata de Tyler. Gemendo, Tyler arqueou para fora da cama,
às unhas cravadas nas costas de Nick, que deu outro golpe curto e vicioso
contra sua próstata. — Obrigado por meu pau.
— Você está brincando comigo, cara? — Tyler falou, mas não soou
muito convincente, considerando que saiu como um gemido ofegante. Era tão
bom, o comprimento grosso dentro dele simplesmente perfeito, movendo-se
nele apenas para a direita. Merda, nada parecia melhor do que estar deitado
de costas e tomando o pênis de Nick.
— Estou falando absolutamente sério. — Disse Nick. — Você queria
meu pau, e estou dando para você. O mínimo que pode fazer é me
agradecer. Estou esperando. — E então o filho da puta parou de se mover.
Tyler olhou para Nick, incrédulo e desesperado em igual
medida. Quando ficou óbvio que Nick não estava cedendo com isso, Tyler
disse:
— O que você quer que eu diga, idiota?
— Diga: obrigada pelo seu pau, Nick. Senti falta de tê-lo na minha
vagina.
Tyler balbuciou.
— Foda-se. Você está maluco se pensa que estou dizendo isso! — Ele
não entendia por que Nick estava tão determinado a humilhá-lo - e não
entendia por que isso não o enojava tanto quanto deveria, por que essas
palavras fizeram seu pau pulsar.
Nick apenas olhou para ele com firmeza. A gota de suor escorrendo
pela testa era a única coisa que dizia que era difícil para ele ficar imóvel dentro
de Tyler.
— Tudo bem. — Disse ele, e começou a puxar para fora.
— Espere!
Nick parou e olhou de volta para ele, a ponta de seu pênis fazendo
cócegas na entrada de Tyler. Era enlouquecedor.
Mordendo o lábio inferior, Tyler deu a Nick um olhar suplicante.
— Eu não... Realmente não entendo porque você está tão bravo
comigo, mas sinto muito mesmo assim. Vamos lá, cara...
Nick olhou furioso para ele.
— Não. Você não pode apenas me dar esses olhos de cachorrinho e
esperar que te perdoe tudo. Não vai mais funcionar.
Mas, mas era assim que eles funcionavam: Tyler fazia algo estúpido,
dava a Nick seu melhor sorriso tímido e Nick perdoava tudo com um olhar
exasperado. Tyler não sabia o que deveria fazer se isso não funcionava
mais. Como deveria fazer Nick perdoá-lo por tudo o que fez? Ele não sabia
como lidar com esse Nick hostil e malvado.
Talvez pudesse dizer o que Nick queria? Não iria matá-lo, certo?
— Obrigado! — Ele deixou escapar. — Obrigado por me dar seu pau,
senti falta de tê-lo na minha... na minha... — Tyler corou furiosamente, seu
pênis ficando tão duro que o deixou sem fôlego. — Na minha vagina. — Ele
sussurrou, olhando Nick nos olhos.
O pomo de adão de Nick balançou. Seus quadris empurraram,
batendo seu pênis dentro, e Tyler gemeu, embaraçosamente alto. Nick se
inclinou e o beijou, duro e ganancioso. Tyler abriu os lábios ansiosamente,
muito longe para se importar com o quão gay era. Ele só queria. Se contorceu
contra o corpo duro de Nick quando este se empurrou contra ele, duro, mas
lento, circulando e provocando todos os tipos de sensações inebriantes. O
pênis de Nick bateu contra sua próstata, e Tyler estremeceu, a cabeça jogada
para trás, os braços agarrados aos ombros de Nick. Eles se moviam juntos,
gemidos baixos e grunhidos acompanhando os sons de batidas de seus
corpos. Tyler também podia se ouvir dizer alguma coisa embaraçosa, mas não
parecia capaz de parar.
— Oh, oh caralho, sim, sim, sim, assim mesmo. Mais duro... tão
bom... ah, ah, ahhh...
Porra, ele estava tão perto, tão perto...
Uma mão firme envolveu seu pênis negligenciado e acariciou uma
vez.
Tyler arqueou-se para fora do colchão e gozou, gritando enquanto
seu corpo tremia com imenso prazer, apertando em torno do pênis de Nick.
Puta merda! Jesus Cristo.
Nick tocou seu pênis? Tyler sentiu que deveria achar estranho, mas
se sentia muito bem. Parecia que todos os seus nervos estavam cantando com
prazer. Ele estava apenas vagamente ciente de que Nick também gozou e ficou
imóvel, respirando com dificuldade em cima dele.
— Ainda vou te socar pela merda que disse. — Tyler murmurou sem
fôlego. — Esse tipo de conversa suja não é legal, cara. — Não importa que
tenha sido uma reviravolta ridícula.
Nick grunhiu alguma coisa e rolou de costas para ele e fechou os
olhos.
Tyler o cutucou em seu bíceps.
— Você ouviu o que eu disse?
— Vá dormir, Ty. — Disse Nick, sem abrir os olhos.
— Mas isso foi realmente estranho, cara. — Insistiu Tyler. — Eu não
quero que faça isso de novo. Não estou nesse tipo de merda.
Nick abriu os olhos e encontrou o olhar de Tyler firmemente.
— Assim como você não está em homens, certo?
Tyler sentiu seu rosto ficar quente.
— Isso é uma pergunta capciosa? — Ele disse cautelosamente.
Os lábios de Nick se torceram um pouco.
— Vá dormir, Tyler. — Disse ele, fechando os olhos novamente.
— Mas...
— Não estou com disposição para isso. — Disse Nick sem rodeios,
virando-se de barriga para baixo e enterrando o rosto no travesseiro.
Tyler fechou a boca.
Ele ficou acordado por muito tempo, muito depois que a respiração
de Nick se estabilizou.
Tyler sentia-se muito assustado para adormecer. Ele nem estava
pirando por causa de todas as coisas gays que fizeram hoje à noite. Estava
enlouquecendo porque não sabia como lidar com esse Nick zangado e hostil.
Isso o assustou muito.
Ele finalmente conseguiu arruinar sua amizade?

Capítulo 12

O mês seguinte foi o mais estranho da vida de Tyler.


A amizade dele e de Nick parecia estar totalmente quebrada. Pelo
menos Tyler não achava que o que tinham agora era amizade. Não havia nada
de amistoso na maneira como Nick o tratava. Ele não agia exatamente ruim;
simplesmente não era o seu eu bem-humorado e descontraído.
Nick estava... diferente.
Às vezes, Tyler pegava Nick encarando-o intensamente, como se
Tyler fosse a coisa mais interessante do mundo. Outras vezes, Nick mal olhava
para ele e, mesmo quando o fazia, seu olhar era duro e indelicado. Era tudo
muito confuso. Tyler não sabia como lidar com esse Nick. Não tinha certeza se
gostava desse Nick. Este Nick era um pouco idiota, para ser honesto, mas seu
corpo estúpido parecia estranhamente interessado neste babaca e todas as
coisas gays que Nick tinha forçado sobre ele ultimamente.
Nick não era mais cuidadoso e atencioso com as sensibilidades de
Tyler. Parecia ter um prazer perverso em tentar assustá-lo fazendo coisas
totalmente gays como beijar durante o sexo. Tyler aguentava, porque...
porque estava certo de que Nick realmente queria que ele surtasse e parasse o
que estavam fazendo. Então, obviamente, a natureza contrária de Tyler não
desistiria. Estava determinado a não perder a estranha versão do gay chicken1
que estavam jogando ultimamente. - Seria gay chicken se um deles fosse gay?
Tyler não tinha certeza, mas estava decidido a não perder de qualquer
maneira.
No entanto, os beijos de Nick eram terríveis. Tyler mal podia suportá-
los; eram muito intensos, estranhos e esmagadores. Nick, o babaca, sabia o
quanto Tyler estava assustado com isso e continuava beijando-o, mas Tyler se
recusava a admitir a derrota.
Às vezes, Nick o beijava pelo que parecia ser horas, até Tyler se
sentir desgastado, desesperado e sensível e parecer que sua cabeça estivesse
em um nevoeiro e que suas bolas iriam explodir. Outras vezes, Nick se
recusava a dar-lhe o seu pênis até poder apalpar e beijar Tyler em todos os
lugares, o que era quase tão chato e frustrante quanto os longos beijos.
Nick também tocava o pênis de Tyler. Muito.
— Vamos, isso é tão gay. — Tyler tentou dizer as primeiras vezes que
isso aconteceu, mas Nick não se intimidou.
— Isso não é mais gay do que ter o meu pênis na sua bunda. — Nick
dizia categoricamente, acariciando o pênis de Tyler até que este esquecesse
seus protestos, sua mente tornando-se nebulosa e inútil novamente.
Realmente não era justo que seu corpo se transformasse em um traidor
completo ultimamente. Ver sua ereção na grande mão masculina de seu
melhor amigo era incrivelmente errado, mas aparentemente ele estava em

1 Um jogo no qual duas pessoas heterossexuais têm que demonstrar algum tipo de carinho homossexual, por exemplo
um beijo, e quem desistir primeiro é o chicken, ou seja, um covarde.
todas as coisas erradas agora.
E então havia a outra coisa - a que Tyler estava determinado a não
pensar. Tanto quanto estava preocupado, isso não aconteceu. Até acontecer. E
mesmo quando acontecia, não contava realmente. Porque Tyler não era algum
tipo de aberração. Era um cara totalmente normal que não gostava desse tipo
de coisa. Não que tivesse algo contra pessoas que gostassem desse tipo de
coisa; ele simplesmente não era uma dessas pessoas.
Exceto quando era.
— Sim, oh, oh, foda-me, se afunde nessa vagina, amo seu pau,
afunda em mim, sim, sim, desse jeito!
Depois, Tyler meio que queria que o chão se abrisse e o engolisse,
mas durante o sexo parecia absolutamente perder o controle de sua boca.
Tipo, não entenda errado - ele não tinha nada contra uma conversa suja - mas
ele era um homem, pelo amor de Deus. Ele é quem deveria ouvir aquelas
palavras de uma mulher sexy debaixo dele, não dizê-las enquanto seu melhor
amigo tomava sua bunda. Era absolutamente mortificante.
No geral, nestes dias, Tyler sentia como se sua cabeça fosse explodir
de confusão.
Não entendia nem Nick, nem a si mesmo.

*****
Tyler gostava de pensar que era um cara decente.
Por toda a sua vida como mulherengo, nunca pegou mulher
comprometida. Não queria ser esse tipo de cara.
Então meio que queria saber se Nick ainda estava namorando Brad
ou não, mas estava com muito medo de perguntar depois da reação de Nick na
última vez que conversaram sobre isso.
O que é que isso importa para você?
O fato de que ele estava com medo de falar com seu melhor amigo
sobre sua vida amorosa mostrou como as coisas se tornaram estranhas entre
eles.
Sem mencionar que ultimamente não tinham conversado muito,
ponto final. Atualmente, mal trocavam mensagens. Nick mal acabava de entrar
em seu apartamento, e então transavam. Tipo, Tyler tinha tentado apenas sair
como amigos algumas vezes, mas Nick não era muito aberto às suas
tentativas de restaurar o equilíbrio. Nick parecia estar sempre com vontade de
sexo quando chegava, ignorando as fracas tentativas de Tyler em conversar e
apenas atacando-o até que a boca de Tyler estivesse cheia da língua de Nick
ou do seu pênis.
Um dia no início de novembro, Nick chupou seu pau.
Em defesa de Tyler, ele estava muito excitado para dizer não. Foi
uma daquelas raras vezes que Nick gozara antes dele, deixando Tyler à beira
do orgasmo, frustrado e excitado. Então, quando Nick escorregou pelo seu
corpo e engoliu seu pênis, Tyler pôde apenas olhar para ele com os olhos
arregalados. A boca de Nick parecia incrivelmente boa ao redor dele, úmida,
macia e hábil, mas a visão daquilo... Ver os lábios de seu melhor amigo ao
redor de seu pênis era tão visceral, que Tyler não sabia o que fazer com ele
mesmo.
— Não. — Conseguiu falar, empurrando na boca de Nick. Ele não
queria, mas parecia incapaz de parar, precisando, apenas precisando.
Nick apenas revirou os olhos para ele e começou a balançar a cabeça
para cima e para baixo, seu dedo massageando o ânus de Tyler.
Tyler gemeu, empurrou algumas vezes na boca de Nick e gozou.
— Isso não foi legal, cara. — Tyler murmurou depois, incapaz de
encontrar os olhos de Nick. — Não pedi para você...
— Chupar seu pau? — Nick disse, fechando o zíper e pegando sua
camisa. Sua expressão estava em branco, impossível de ler.
Tyler lambeu os lábios. Estavam inchados e doloridos.
— Sim. Quero dizer, não que não tenha sido bom, mas você sabe,
não sou...
— Você não é gay, eu sei. — Disse Nick, deslizando em sua jaqueta.
Havia agora o familiar tom duro e perturbador em sua voz que
ultimamente parecia irritar Tyler e excitá-lo um pouco ao mesmo tempo.
Irritado com seu corpo, Tyler assentiu rigidamente, puxando os
lençóis para cobrir o colo.
— Te vejo depois. — Disse Nick e saiu sem esperar por sua resposta.
Tyler sussurrou para o quarto vazio:
— Te vejo depois.
Franzindo a testa, se jogou de volta no colchão e soltou um gemido
de frustração.
Odiava o que a amizade deles havia se tornado. Mesmo que visse
Nick todos os dias, parecia que não falavam há séculos.
Parecia que estavam se afastando, mais e mais a cada dia.

Capítulo 13

— Compreender as tendências do mercado de ações é extremamente


importante. É claro que nem todos podem detectar sinais de fraqueza no
mercado, mas todo mercado em ascensão chega a um ponto em que a
atividade de vendas ultrapassa as compras.
Tyler olhou ansiosamente para a porta.
— Você concorda, Tyler?
— Claro, cara. — Respondeu Tyler com um sorriso forçado. Esperava
que esse chato não percebesse que não se lembrava do nome dele. Achava
que seu nome fosse Dave, mas não tinha certeza, então não queria deixar as
coisas estranhas se não fosse. Em sua defesa, sempre foi terrível com os
nomes das pessoas, e fazia anos desde a última vez que viu aquele cara.
Quando Andy disse a ele que seria uma pequena festa de confraternização com
algumas pessoas de sua escola, Tyler tinha pensado que Andy tinha convidado,
tipo, dez sujeitos para um pouco de cerveja e batatas fritas, não cinquenta
pessoas que Tyler mal lembrava e com quem tinha pouco em comum.
Agora Tyler desejou não ter vindo. Odiava festas assim. Elas se
tornaram insuportáveis nos últimos anos. Todo mundo parecia estar em
alguma faculdade chique ou tinha um ótimo trabalho. Tyler sempre se sentiu
como um perdedor nessas coisas. Um estranho. Um cara que todo mundo
conhecia como o atleta popular de seus dias de escola, mas ninguém
realmente o respeitava como um adulto.
Tyler puxou o celular, fingiu que alguém estava ligando para ele e se
virou. Se sentia um perdedor, mas qualquer coisa era melhor do que ter que
fazer uma pequena conversa com um idiota auto importante em um terno que
custava mais do que Tyler fazia em um ano.
Ainda fingindo estar ao telefone, Tyler se afastou do talvez Dave,
olhando para a porta com saudade. Será que Andy ficaria ofendido se ele
abandonasse sua festa chique tão cedo depois de chegar? Provavelmente.
— Por que você está fingindo um telefonema, seu perdedor? — Uma
voz familiar zombou dele gentilmente por trás.
Tyler congelou antes de se virar lentamente.
Nick estava sorrindo um pouco para ele, tomando uma bebida.
Tyler sorriu, uma onda de alívio invadindo-o. Nick estava olhando
para ele, olhando como costumava fazer, com exasperação e diversão. Parecia
que tinha sido séculos desde que Tyler tinha visto Nick pela última vez, não um
dia.
As sobrancelhas escuras de Nick subiram.
— Você está se sentindo bem? — Ele disse, tomando um gole de sua
bebida.
— Sim. Por quê?
— Você estava com cara de enterro, mas agora está sorrindo como
um idiota.
Tyler franziu o cenho para ele, mas estava meio desanimado na
melhor das hipóteses. Seria ridículo que sentisse falta de receber as boas-
vindas de Nick?
— Oh, vai se foder. — Disse com um sorriso, olhando para a camisa
de botão e calça de Nick. Queria brincar com Nick por estar vestido demais,
mas para ser totalmente honesto, Nick não parecia muito diferente dos outros
convidados. Mas ao contrário, Tyler parecia ser o único que se destacava em
sua camisa e jeans desalinhados. Era o cara que não se parecia com os outros.
O sorriso de Tyler desapareceu. Cruzou os braços sobre o peito,
lutando contra a súbita autoconsciência.
— O que foi? — Nick disse, olhando para ele com uma leve carranca.
Tyler tinha que admitir que era bom ter o olhar preocupado de Nick
sobre ele, a prova de que ainda se importava. Tyler era homem o suficiente
para admitir que estava com medo. Estava com medo de que não fossem mais
amigos, e que Nick já não se importava mais. Era reconfortante saber que ele
ainda se importava.
Mas também estava estranhando que Nick pudesse agir de forma tão
normal, indiferente e amigável, como se não fosse o mesmo homem de olhos
duros que o empurrava, transava com ele e sussurrava coisas horríveis e
humilhantes em seu ouvido enquanto levava Tyler à loucura.
Isso estava dando uma chicotada em Tyler. Ou Nick estava fingindo
agora ou... Qual era a alternativa? Tyler não sabia.
Qual versão do Nick era real?
— Eu me sinto como um perdedor. — Tyler falou quando percebeu
que Nick ainda estava esperando por uma resposta. Ele se arrependeu assim
que as palavras saíram de sua boca. Não tinha a intenção de admitir, mesmo
que não fosse tão embaraçoso quanto a outra coisa que o incomodava.
Nick bufou.
— Estou feliz que finalmente tenha percebido isso.
Tyler desviou o olhar.
— Espere, está falando sério? — Nick disse. Seu tom perdeu a leveza
momentaneamente.
Tyler encolheu os ombros, correndo uma mão através de seu cabelo.
— Eu só... Olhe para eles, Nick. Olhe para você. Sinto que sou o único
aqui que não está fazendo algo produtivo com a minha vida. Tipo, todos eles
se tornaram pessoas de sucesso ou, pelo menos, descobriram o que fazer com
suas vidas enquanto estou apenas...
— Você, o quê? — Nick disse. — Está gerenciando o pub de seu avô e
fazendo bem o suficiente. Dê uma folga a si mesmo, Jesus. Nem todo mundo
deveria ser o CEO de uma grande empresa. Não é um concurso de medição de
pau. Você não deve nada a ninguém enquanto estiver satisfeito com sua vida.
Tyler fez uma careta.
— Tyler, olhe para mim.
Ele fez, relutantemente.
— Só porque você não foi para a universidade ou tem um emprego
importante, isso não o faz menos do que eles, ok? — Nick disse, olhando-o nos
olhos com o tipo de intensidade que era difícil não ver.
Tyler assentiu com um sorriso torto.
— Ok.
Nick deu-lhe um olhar de sondagem e, depois de um momento,
apontou para o grupo de pessoas do outro lado da sala.
— Vamos falar com Robin. Ele está tentando chamar nossa atenção.
Tyler seguiu Nick para seu antigo colega de classe, aproximando-se
de Nick enquanto se aproximavam do grupo em que Robin estava. Ele só...
Não era exatamente tímido em qualquer extensão da imaginação, mas se
sentia um pouco mais como se pertencesse a Nick quando estava ao seu lado.
Ou melhor, sentia-se seguro quando estava ao lado de Nick, que tinha o tipo
de presença que chamava a atenção, sem a intenção de fazê-lo: uma postura
ereta, cabeça erguida, a confiança casual. Nick parecia que pertencia a todo
lugar, e quando Tyler estava com ele, não se sentia como se fosse uma fraude
fingindo ser um adulto em encontros como esse.
Depois de uma hora, pouco a pouco, Tyler começou a relaxar
enquanto os outros convidados começaram a se soltar e agir mais como os
meninos e meninas que ele lembrava. Mas não percebeu que estava seguindo
Nick como um cachorrinho até que Erica o apontou.
— Vejo que vocês ainda são tão repugnantes como de volta à escola.
— Brincou ela, sorrindo. — Mais ainda, na verdade.
Tyler meio que congelou, sentindo-se como um cervo preso nos
faróis. Só depois de dizer a si mesmo que ela não poderia saber que ele e Nick
estavam transando, forçou-se a sorrir.
— Não posso me livrar dele, não importa o quanto tente. — Disse ele
com um suspiro exagerado.
Ela riu.
— Acho que é bom. — Disse ela, parecendo um pouco melancólica. —
Gostaria de manter contato com meus amigos da escola.
Tyler fez um barulho de comiseração, o tempo todo tentando não se
preocupar. Parecia estranho que ele ficasse tão perto de Nick? Estava sendo
pegajoso?
Olhou em volta e só agora percebeu que as únicas pessoas que se
moviam em pares eram casais. Porra.
Tyler resmungou alguma coisa e se afastou de Nick, determinado a
parar de se comportar como uma namorada grudenta e começar a se
comportar como um adulto independente.
Durou quinze minutos.
Ser um adulto independente era inesperadamente difícil. Estava
ciente da distância entre ele e Nick em todos os momentos, como se
estivessem presos por cordas invisíveis.
Ugh! Sério, que porra é essa? Tyler não entendia. Nunca foi tão ruim
assim. Ao contrário da crença popular, ele e Nick nunca tinham sido pregados
pelo quadril. Nunca se sentiu tão... carente antes. Era terrível. E isso estava
começando a assustá-lo. Tyler tinha uma suspeita de que todas as coisas gays
que Nick tinha forçado ultimamente eram culpadas por essa merda. Nick não o
tocou hoje à noite e isso deve estar jogando-o fora, fazendo-o ciente de Nick.
Não que ele queria que Nick o tocasse. Estava, assim, condicionado a
isso neste momento. Seu corpo deve ter se acostumado com isso. Tipo, ter seu
melhor amigo era ótimo - Tyler sentiu sua falta - mas ao mesmo tempo se
sentia estranho em estar na mesma sala que Nick e não o ter em todo o seu
espaço pessoal, forçando beijos e outras coisas gays sobre ele. Essa era a
única razão pela qual Tyler se sentia tão consciente da distância entre eles
agora. Era estranho. Era isso.
— Ei, Nick está solteiro? — Alguém perguntou de repente, tocando
seu cotovelo.
Tyler desviou o olhar de Nick e olhou para a mulher que se dirigia a
ele.
— Ele é gay.
Daphne revirou os olhos.
— Eu sei. Estou perguntando pelo meu irmão. Ele está solteiro e Nick
é apenas o tipo dele.
— Nick é comprometido. — Tyler disse secamente antes de franzir a
testa. Não tinha certeza se ele havia dito a verdade. Não tinha ouvido falar de
Brad no mês passado. Por tudo que sabia, poderiam ter terminado, se eles
estivessem juntos. Não era como se tivesse visto aquele tal de Brad. Tyler
estava começando a pensar que Nick o inventara. Quando Nick teria tempo
para esse cara se ele literalmente fodia Tyler todos os dias?
— Ah. — Disse Daphne, parecendo um pouco desapontada. — Por que
ele não trouxe seu namorado, então?
Tyler deu de ombros, mas então percebeu que isso era uma boa
desculpa, razão para voltar para o lado de Nick. Deveria definitivamente
perguntar sobre o namorado dele, certo? Certo.
— Vou perguntar a ele. — Disse Tyler e caminhou de volta para Nick,
que ainda estava ouvindo a longa história de Alex sobre suas férias na
Espanha.
— Onde você esteve? — Nick murmurou distraidamente, colocando a
mão na parte inferior das costas de Tyler.
Tyler ficou imóvel, arregalando os olhos. A mão de Nick parecia
pesada, grande e... Provavelmente parecia um pouco estranha. Amigos não
colocavam a mão na parte inferior das costas do outro assim. Era
definitivamente um pouco estranho.
Mas Tyler não sacudiu a mão. Ficou lá, contribuindo absolutamente
com nada para a conversa, um pouco aturdido, confuso e oprimido apenas por
causa da porra da mão de Nick descansando no meio de suas costas.
Era apenas uma mão. Uma mão.
Mas Tyler não conseguia respirar. Ninguém notou que Nick tinha uma
mão na parte inferior das suas costas? Ninguém achou estranho? Parecia
amigável? Certamente ele não sentia como amigável. Deveria se afastar. Ele
deveria, deveria...
Tyler, porra, não conseguia. Todos os seus sentidos pareciam estar
aumentados, e o mundo à sua volta diminuiu. Tudo o que conseguia pensar
era naquela mão, no peso dela. Ele imaginou que estava escorregando um
pouco, até que os dedos de Nick roçaram a pele entre a camiseta de Tyler e o
cós da calça jeans. Então, talvez os dedos de Nick deslizassem por baixo da
calça jeans e acariciassem, esfregando seu ânus até que sua vagina ficasse
molhada e dolorida...
Tyler sentiu vontade de bater em si mesmo. Que diabos? Seu corpo
poderia estar estupidamente naquela merda, mas, diferente das outras vezes
em que Tyler se viu ridiculamente excitado quando Nick o tratava como uma
garota, eles não estavam na cama. Essa merda bizarra e esquisita não tinha
lugar no meio da sala de Andy, enquanto estavam cercados por seus antigos
colegas de classe e Nick estava agindo como um companheiro estritamente
platônico. Tyler não entendia por que estava imaginando sobre aquela coisa
estranha agora - por que estava fantasiando sobre isso. Não era como se ele
pensasse em si mesmo como uma mulher. Ele era um cara, e estava feliz em
ser um cara, muito obrigado. Era tudo culpa de Nick, é claro, por colocar essas
ideias estranhas em sua cabeça.
— Você está bem? — Nick disse baixinho, inclinando-se para o ouvido
de Tyler.
Tyler respirou superficialmente, tentando não sentir o cheiro familiar
da loção pós-barba de Nick. Ele não estava bem. Isso não estava bem.
— Sim. Por quê?
— Você está terrivelmente quieto.
Tyler quase riu. Ele dificilmente poderia dizer que estava muito
ocupado pirando sobre o fato de que, aparentemente, estava pensando em ter
sua vagina inexistente publicamente apalpada por um cara que nem era seu
namorado, um cara que provavelmente tinha um namorado.
— Onde está Brad? — Perguntou Tyler.
— Brad? — Nick repetiu.
Tyler olhou para ele.
— O cara que você estava namorando, sabe?
Algo mudou nos olhos de Nick.
— O que tem ele?
— Por que ele não está aqui? — Perguntou Tyler.
Nick encolheu os ombros, seu rosto se fechando e seus olhos
endurecendo. Tyler não estava mais olhando para seu melhor amigo. Esse era
o homem com quem Tyler se tornara intimamente familiarizado no último mês.
Sério, Nick tinha um distúrbio de personalidade dissociativa?
Tyler franziu a testa, totalmente confuso com o comportamento de
Nick. Era um mistério. Nick estava se sentindo culpado por trair seu
namorado? Ele era leal ao extremo - pelo menos do seu amigo Nick, Tyler
conhecia toda sua vida. Mas não tinha certeza sobre este Nick, o homem que
olhava para ele com olhos sombrios e rudes, cujos pensamentos eram
impossíveis de ler.
Este Nick também tinha um horrível, terrível, nada bom efeito no
corpo de Tyler. A mão em sua parte inferior das costas agora parecia escaldá-
lo, sua pele formigando apesar do tecido que a separava da mão de Nick. Isso
era apenas um reflexo incondicionado deste momento, Tyler tinha certeza
disso. Seu corpo associou Nick sendo um idiota com momentos sexys nus.
Embora, o simples fato de ele querer ‘momentos sexys nus’ com outro homem
fosse um pouco inquietante.
Tyler mordeu o lábio, incerto quando começou a querer ficar nu com
Nick ao invés de apenas querer o pau dele.
Tyler olhou para Nick cautelosamente, tentando entender. Seu olhar
percorreu as bochechas magras de Nick e a mandíbula forte, sobre seus lábios
firmes e sensuais, enquanto se curvavam um pouco para dar a Alex um sorriso
fugaz.
Tyler molhou os próprios lábios e afastou o olhar.
Que porra é essa?
Depois de alguns minutos dizendo a si mesmo que ele não tinha
apenas olhado seu melhor amigo, Tyler olhou para Nick. O olhar de Tyler se
moveu para baixo, para o pescoço grosso de Nick, demorando-se no pomo de
Adão, depois para os ombros largos e o peito musculoso que pareciam
francamente obscenos naquela camisa azul de botão. A camisa de Nick era tão
fina que seus músculos pareciam prontos para romper o algodão. Tyler podia
até ver os mamilos. Nick deveria ser preso por indecência pública. Sério, o que
diabos foi essa merda?
Mais que um pouco quente, Tyler desviou o olhar. Hum, ele tinha
apenas olhado Nick novamente? Não, claro que não. Foi a camisa. Qualquer
um olharia quando Nick estivesse usando uma camisa tão ridícula.
Relaxando um pouco, se permitiu olhar para Nick novamente.
Desta vez, olhou para as veias dos antebraços, depois para os longos
e fortes dedos em volta do copo.
O copo foi levantado para os lábios de Nick e Tyler assistiu impotente
enquanto o pomo de Adão dele se movia. Era estranhamente hipnotizante.
Com a boca seca, Tyler acidentalmente olhou para cima e encontrou
os olhos dele fixos nos de Nick - que aparentemente estavam observando-o.
Tyler ficou vermelho.
O olhar de Nick pareceu ficar mais afiado.
Ele se inclinou e murmurou, seus lábios quase roçando o lóbulo da
orelha de Tyler.
— Você está bem? Parece corado.
— Sim. — Tyler mentiu, absolutamente mortificado por como parecia
sem fôlego. Ele não estava nada bem. Isso não deveria acontecer. Quando isso
aconteceu? Quando? Isso era algo novo ou ele tinha sido muito tolo para
perceber?
Isso não significa nada. Tyler disse a si mesmo. Era natural que
comece a achar Nick atraente em algum sentido. Via Nick e pensava em sexo.
Estar tão perto dele, mas não tê-lo tocando-o sexualmente estava claramente
fodendo com a sua cabeça. Deve ser isso. Era isso.
Só precisava colocar alguma distância física entre eles. Sim, distância
parecia bom.
Tyler se forçou a se afastar. Foi muito mais difícil do que deveria ter
sido.
— Mas talvez você esteja certo, não me sinto muito bem. —
Murmurou, evitando o olhar de Nick. Ele se afastou antes que Nick pudesse
dizer qualquer coisa.
Encontrando o banheiro mais próximo, Tyler fechou a porta atrás dele
e olhou no espelho. Seu rosto estava realmente corado, seus olhos vidrados.
Inferno. Ele parecia hipertenso.
— Eu sou hétero. — Disse Tyler. Dizer em voz alta não ajudou. Não
fez nada para matar a excitação que zumbia debaixo de sua pele. Não fez nada
para fazê-lo parar de querer.
Deslizando para o chão, colocou os braços em volta dos joelhos,
colocou a cabeça entre eles e respirou.
Ele pensou em seus pais - ambos devotados cristãos. Pensou no que
diriam se descobrissem que era realmente um desapontamento maior do que
imaginavam. Nunca conseguiram esconder o quanto estavam desapontados
com suas escolhas de vida. Nunca aprovaram que ele não se incomodou em ir
para a universidade e conseguir um emprego “real”.
Potencial desperdiçado. Falta de ambição e motivação. Você crescerá
um dia, mas será tarde demais.
Havia muitas outras coisas que disseram às suas costas, coisas que
Tyler não pôde deixar de ouvir, coisas que o fizeram sentir como o maior
desperdício de espaço. Seu relacionamento com seus pais não tinha sido o
mesmo desde que admitiu que estava fingindo ter fé. Eles já pensavam que ele
estava indo para o inferno. Tyler não podia sequer imaginar a expressão em
seus rostos se descobrissem que queria colocar a boca no pescoço de seu
melhor amigo, e em sua boca, seu pênis, e seu...
Uma risada histérica borbulhou na parte de trás da garganta de Tyler.
Arrancando dele um som áspero que soou um pouco quebrado. Tyler riu, riu e
riu, até que seus olhos estavam ardendo e teve que respirar profundamente,
para que as lágrimas não se derramassem.
Maldito patético.
Ele realmente era um perdedor, não era?
Capítulo 14

Ele não sabia quanto tempo ficou sentado quando a porta atrás dele
se moveu.
— Tyler? Está aí?
Saltando de pé, Tyler foi até a pia e jogou água fria em seu rosto
corado. Atrás dele, a porta se abriu e fechou.
— Você está bem?
— Estou bem, Nick. — Tyler conseguiu dizer, sem se virar.
Uma mão tocou seu ombro.
— Olhe para mim.
Tyler soltou uma risada.
— Prefiro não virar.
— Por quê?
Porque é a última pessoa que preciso estar por perto agora.
— Apenas saia, cara. — Tyler disse com firmeza.
Parecia frágil, desgastado nas bordas, algo horrível em seu peito, um
desejo desesperado que rapidamente se tornou esmagador. Sabia que, se
olhasse para Nick agora, faria algo estúpido. Algo que se arrependeria.
— Olhe para mim. — Nick disse mais firme. — Tyler.
Contra seu melhor julgamento, olhou para ele no espelho.
Nick tinha uma careta sombria no rosto. Sua expressão impossível de
ler quando seus olhos se encontraram no espelho. Não tinha coisa alguma
amigável em sua expressão, seu rosto estava fechado. Este era o homem de
olhos duros que sonhara, não seu melhor amigo.
Tyler ainda o desejava.
Não podia saber o que estava escrito em sua expressão, mas alguma
centelha apareceu nos olhos de Nick e ele colocou as mãos em seus braços.
Tyler estremeceu e caiu contra ele, reprimindo um gemido subindo em sua
garganta. Fechou os olhos enquanto braços o envolviam, abraçando-o mais
apertado.
Isso não deveria ter parecido diferente dos milhares de abraços que
deram ao longo dos anos. Mas nunca se abraçaram assim, com Nick
segurando-o em seus braços por trás. Amigos não se abraçavam assim.
Melhores amigos não se abraçavam assim. Não parecia amigável. Parecia
muito mais próximo do que na sua dinâmica durante o sexo. Exceto que não
transaram naquele dia e estavam no banheiro extravagante de um antigo
colega de classe, com dezenas de pessoas do lado de fora da porta.
Tyler tentou se afastar, mas não conseguiu. Seus joelhos pareciam
repugnantemente fracos, seu corpo se fundindo com o de Nick. Ele só... queria
ficar ali por um tempo. Queria se sentir bem, e isso era bom.
Estava muito cansado e envergonhado por seu comportamento –
realmente era como uma namorada carente – mas não podia se forçar a se
afastar da solidez de Nick, reafirmando a presença atrás dele, ao redor dele.
— Alguém disse alguma coisa? — Nick murmurou contra seu ouvido.
— Alguém te incomodou?
Tyler balançou a cabeça, esfregando a bochecha contra a de Nick. Ele
cheirava tão bem. Não sabia quando pararia de se excitar pela sensação da
barba em sua pele, mas agora era maravilhosa. Queria mais. Se contorceu
contra o outro corpo, tentando se aproximar dele, e fez um som feliz quando
os braços de Nick ao seu redor se apertaram.
Sentiu seu amigo suspirar.
— Ty. — Ele disse, sua voz tensa. — Gosta de foder com a minha
cabeça?
— O que quer dizer? — Tyler perguntou, suas sobrancelhas franzidas.
Abriu os olhos e olhou para Nick no espelho. Ele não estava olhando
de volta, sua mandíbula apertada.
— Às vezes realmente te odeio. — Ele disse baixinho.
Tyler franziu a testa, totalmente confuso com as palavras de Nick.
Não faziam sentido, considerando que os braços dele ainda estavam ao seu
redor. Mas então percebeu o que deveria ser. Então estava certo, afinal. Nick
realmente estava cansado dele.
— Certo. — Falou sem jeito, libertando-se dos braços do outro
homem. — Olha, me desculpe por ter sido uma bagunça. Sei que deve estar
cansado de lidar com a minha... — Deu uma risada fraca. — Sei que posso ser
desagradável, carente e... sim.
Os olhos de Nick se estreitaram.
— Do que está falando?
Tyler olhou para baixo.
— Tipo, eu entendo. Sou uma bagunça, sou meio imaturo, estúpido
e... Todo mundo fica cansado de mim.
— Que porra é essa, Tyler? — Nick levantou seu queixo e o fez olhar
para ele. — Pode ser um pouco idiota às vezes, mas não é estúpido. Não há
nada errado com você. Entendeu? — Havia o familiar olhar de exasperação nos
olhos de Nick, e era inconfundivelmente afeiçoado.
Um sorriso puxou os lábios de Tyler. Antes que pudesse pensar duas
vezes, se lançou para frente e deu um selinho em seu amigo.
Ambos congelaram.
Lentamente, muito devagar, Tyler se afastou e olhou para Nick com
os olhos arregalados.
A expressão dele era muito estranha.
— Certo. — Tyler disse com uma risada. — Isso foi estranho, sim?
Vamos fingir que não fiz...
Nick empurrou-o contra a pia e o beijou.
Tyler engasgou, seus joelhos se transformando em geleia. Agarrou a
borda da pia, seus olhos se fecharam. Só podia segura firme e deixar Nick
devorar sua boca, pequenos sons saindo de seus lábios enquanto chupava a
língua de seu amigo. Maldito inferno, odiava isso, odiava o quanto estava
sobrecarregado e indefeso. Era só um beijo. Um beijo. Não era uma garota
virgem frágil – era um homem tão grande quanto Nick – mas seu corpo se
recusava a fazer qualquer coisa além de tomar, derreter e querer. Porra,
estava duro. Estava duro apenas por beijar, que diabos.
Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade – e não o
suficiente – Nick parou de beijá-lo e o olhou com olhos escuros vidrados.
— Coloque o meu pau para fora.
Tyler lambeu seus lábios úmidos. Pareciam inchados.
— Está maluco? Há pessoas do lado de fora da porta. — Sua voz nem
sequer soava como sua própria, rouca e sem fôlego.
Nick empurrou as virilhas com mais força, fazendo-o ofegar ao sentir
a ereção contra a dele.
— Eu tranquei. Coloque o meu pau para fora.
Tyler olhou para ele, seu estômago apertando.
— Não há maneira de transarmos aqui.
— Não vou te foder. — Nick disse, observando-o com os olhos meio
fechados. — Vai colocar o meu pau para fora e me masturbar.
Tyler olhou para ele com os olhos arregalados. Este não era o acordo.
Toda vez que transaram, sempre terminava com o pênis de Nick na sua bunda
– que era a razão original pela qual começaram a brincar. Dá ao outro homem
uma masturbação apenas por dar seria... seria enorme. Seria gay.
Não haveria como voltar atrás.
Tyler começou a balançar a cabeça quando Nick se inclinou e disse
em seu ouvido:
— Vamos, querido. Sei que está desesperado por mim, mas pode
esperar até chegarmos em casa, certo? Te foderei bem e duro, até que sua
vagina esteja ensopada e dolorida do meu pau.
Tyler estremeceu, um gemido subindo em sua garganta. Deslizando
uma mão entre eles, puxou o zíper da calça de Nick com os dedos trêmulos,
até que sua mão finalmente fechou em torno da ereção quente. Acariciou
rápido e forte enquanto seu amigo sussurrava coisas sujas em seu ouvido,
dizendo quão boa garota era, como sua mão era boa, o quanto queria espalhar
suas pernas ali mesmo e empurrar em sua vagina faminta. Era humilhante.
Era castrador. Era estupidamente excitante.
Tyler se encontrou esfregando impotente contra a coxa dura de Nick
até que sua visão ficou branca e gozou em sua fodida calça. Nem notou o
outro homem gozar também, mas deve ter gozado: sua mão estava pegajosa
e o pênis de Nick estava amolecendo. Ambos estavam respirando com
dificuldade, envolvidos em um meio abraço. Tyler estava contente pela pia
atrás dele, ou provavelmente teria caído.
Por fim, Nick pigarreou e recuou. Enfiou seu pau dentro da calça,
fechou o zíper e lavou as mãos. Finalmente, olhou para Tyler. Algo brilhou
através de seus olhos.
— Parece uma bagunça, Ty. — Disse, sua voz suave e divertida,
como se não fosse o homem que acabara de fazer Tyler gozar com nada além
de palavras sujas. Então seu melhor amigo estava de volta.
Atordoado, Tyler olhou para a parte úmida do jeans e fez uma careta.
Era bom que o seu jeans fosse escuro.
Virou-se para o espelho e tentou se tornar apresentável, determinado
a agir como se nada de estranho tivesse acontecido.
Porque não tinha.
Capítulo 15

Mas tudo mudou.


Agora que as comportas foram abertas, Tyler não conseguia fechá-las
novamente. Parecia completamente incapaz de ver Nick como um amigo mais,
seus olhos demorando-se impotente na curva da boca dele, sua mandíbula
firme e seu corpo ridiculamente em forma. Era horrível. O pior. Tyler não sabia
o que fazer consigo mesmo, como parar de querer essas coisas gays, como
voltar ao normal e parar de babar por seu melhor amigo.
Neste ponto, tinha certeza que não escolheria uma mulher atraente
nua com um pênis artificial sobre um Nick nu, com sua falta de seios e seu
corpo forte e musculoso. Era tão gay e Tyler estava muito confuso. Não se
sentia gay. Não começou de repente a conferir outros caras. Não olhava para
os corpos ou mãos de outros homens – apenas os de Nick.
A pior parte era que seu amigo parecia completamente imperturbável
e impossível de ler. Após a masturbação no banheiro de Andy, não pediu mais
masturbações não recíprocas e não parecia agir de forma diferente ao seu
redor. Tyler se sentia... estupidamente desapontado, e isso o irritava. O
irritava que estava começando a sentir todas as coisas gays e estava excitado
enquanto Nick o tratava como um melhor amigo platônico, ou o fodia tão
gostoso que via estrelas – antes de sair de Tyler e voltar a ser seu melhor
amigo.
Não era que não queria seu melhor amigo por perto. Apenas... não
parecia ser capaz de desligar o desejo depois que o sexo acabava. Claramente
Nick não tinha o mesmo problema.
Tyler se forçou a parar de pensar nisso e tentou se concentrar na tela
da televisão.
A televisão de 85 polegadas que os Hardaways compraram
recentemente era uma beleza, e o filme que todos assistiam era divertido –
pelo menos Tyler presumia que devia ser, porque todos os outros pareciam
absortos nele, até onde podia ver. Já estava começando a se arrepender de ter
ficado para a noite de cinema da família, mas teria sido rude recusar,
considerando que tinha ido à casa de Zach sem ser convidado e não esperava
que todo o clã Hardaway estivesse lá. Nick já estava deitado preguiçosamente
no encosto do sofá, e deu um tapinha no espaço ao lado dele quando o viu.
Foi assim que Tyler acabou espremido ao lado de Nick no sofá que
era pequeno demais para dois homens grandes, ou pelo menos parecia assim.
Estava indesejavelmente e dolorosamente consciente do calor que irradiava do
corpo do outro homem, dos poucos centímetros separando suas coxas. Nick
parecia que tinha tomado banho recentemente e se barbeado, o cheiro de sua
loção pós-barba fazendo o pênis de Tyler engrossar em sua calça folgada. Era
pior. Era particularmente enlouquecedor, porque parecia que ele estava em
seu modo de melhor amigo esta noite, não demonstrando nenhum interesse.
Tyler mordeu a parte interna de sua bochecha, tentando dizer a si
mesmo que estava perfeitamente feliz em agir como se fosse apenas um
amigo. Eram camaradas. Certo? Poderia viver totalmente sem colocar as mãos
em Nick. Absolutamente não queria deslizar a mão sob a camisa dele e tateá-
lo.
Ugh. Era como se Tyler fosse um adolescente mais uma vez, suas
mãos coçando para tocar e seu pênis duro apenas por estar tão perto do
objeto de sua luxúria. Não parecia mesmo importar que houvesse uma dúzia
de outras pessoas na sala. Ainda queria subir no colo de Nick, enfiar a língua
na garganta dele e sentar em seu pênis, não necessariamente nessa ordem.
Até seus mamilos estavam duros e sensíveis demais contra sua camisa,
ansiando pela atenção do homem – suas mãos, sua boca, qualquer coisa.
Tyler cravou seus dedos em suas próprias coxas, esperando que a
dor apagasse os pensamentos totalmente insanos e gays de sua mente.
Na tela, alguém gritou.
Tyler se encolheu, assustado e confuso.
Ao seu lado, Nick riu.
— Vamos lá, não é tão assustador.
Tyler olhou para a tela, só agora percebendo que estavam assistindo
a um filme de terror. Pelo menos, a coisa peluda e revoltante que estava
comendo a loira viva era uma grande pista de que era um filme de terror.
— Ugh, nojento. — Disse, aproximando-se de Nick. Não era que
estivesse com medo ou algo assim – era tão nojento.
Nick bufou.
— Quer que eu segure sua mão?
Sentiu-se corar.
— Oh, cale-se. — Tyler disse, e recuou novamente quando o monstro
peludo atacou outra pessoa.
Rindo baixinho, Nick passou o braço ao redor dele.
— Você é tão bebê.
Tyler olhou sem ver a tela, respirando devagar e de maneira
uniforme, de modo que Nick não pensasse que estivesse praticamente
tremendo com o esforço de não se inclinar nele. Maldito inferno, o que havia
de errado com ele? O que era isso? Seu estômago parecia engraçado. Seu
pênis estava duro. Queria que Nick virasse a cabeça e beijasse sua bochecha,
sua boca – em todos os lugares.
Porra.
Isso era definitivamente gay. Era definitivamente, sem dúvida gay.
— Você está tremendo. — Nick disse, acariciando seu ombro e
finalmente virando a cabeça para Tyler, que forçou um sorriso torto.
— Você sabe que filmes de terror não são minha coisa. Eles me
assustam.
Não conseguia ler a expressão de Nick na semiescuridão. A única luz
na sala vinha da televisão, e como o filme era em tons escuros e sombrios,
não fazia um bom trabalho em deixar a sala clara o suficiente para ver bem os
rostos. Talvez se estivessem sentados mais perto da televisão, teria sido claro
o suficiente, mas estavam muito longe.
— Não precisa ficar se não gosta. — Nick disse, apertando um pouco
o ombro de Tyler com seus dedos fortes e talentosos.
Esperava que não fosse óbvio o quanto estava gostando do toque.
— Estou bem. — Mentiu.
Definitivamente não estava bem. Estava tão longe de estar bem
quanto poderia. Mas não queria ir embora. Tyler não tinha certeza se era
fisicamente capaz de se afastar de Nick e sair. Sentia-se muito quente, sua
pele formigando, seu pênis duro o suficiente para ser desconfortável, e se
sentia como se fosse morrer se seu amigo parasse de tocá-lo. Queria esmagar
sua boca contra a de Nick e enfiar a língua em sua garganta. E então queria
esfregar sua virilha no rosto do homem, tê-lo chupando seu clitóris.
Porra.
Com o rosto quente, Tyler olhou fixamente para a tela, aterrorizado
com seus próprios pensamentos. Não era sua primeira fantasia suja sobre
Nick, longe disso. Estava pensando no homem por meses enquanto se
masturbava. As fantasias não eram preocupantes a princípio: apenas imaginou
Nick transando com ele, imaginou seu pênis se movendo em seu canal, o
alongamento e a deliciosa plenitude. Era sua fantasia de masturbação nos
últimos meses. Mas ultimamente outras fantasias mais preocupantes se
infiltraram: ele chupando seu pau, Nick o fodendo, o pênis dele fodendo sua
boca, a língua em sua boca enquanto seu pênis empurrava em sua vagina.
Era tudo muito confuso, embaraçoso e tão errado.
Não estava tudo bem.
Não era bom sonhar com seu melhor amigo chupando seu clitóris
inexistente enquanto se sentava ao lado dele, inconsciente de seus
pensamentos imundos e estranhos. Tyler parecia um pervertido.
— Acha que sou doente? — Perguntou baixinho.
Sentiu o olhar de Nick no lado do seu rosto.
— Doente? — Ele disse também baixinho.
Na tela, alguém gritou novamente.
Molhando os lábios, Tyler virou a cabeça para Nick.
— Acha que sou doente por gozar por... sabe?
Sentiu a respiração de Nick. Claro que o cara ficou surpreso. Nunca
conversaram sobre o que faziam na cama – e definitivamente não quando
estava em modo de melhor amigo. Tyler sentiu como se estivesse quebrando
uma regra tácita. Mesmo suas orelhas pareciam desconfortavelmente quentes,
mas não desviou o olhar do outro homem. A semiescuridão ajudou, dando-lhe
coragem para falar sobre isso, mas ainda se sentia além de envergonhado.
— Isso é uma torção inofensiva. — Nick disse, seu tom
cuidadosamente neutro. — Uma vez namorei um cara que queria que eu
fingisse que éramos irmãos enquanto transávamos.
— Caramba. — Tyler disse.
Nick bufou suavemente.
— É apenas uma fantasia sexual. Ele não estava realmente atraído
por seu irmão. — Seus olhos entediados fixaram em Tyler. — É apenas uma
fantasia sexual para você, certo? Porque está tudo bem se não for.
Tyler nunca se sentiu tão desconfortável em sua vida.
— Não sou transexual. — Murmurou, seu rosto quente.
Tinha certeza disso depois de todo a pesquisa que fez.
Aparentemente, havia uma grande diferença entre torção entre gêneros e
transexualidade, nunca se deve confundir um com o outro. Tyler
definitivamente não se identificava como uma mulher. Apenas gozava com a
ideia de ter partes femininas – realmente não queria tê-las. Gostava muito de
seu pau e bolas, muito obrigado.
— Acho que sou apenas uma aberração que gosta de alguma merda
estranha. — Murmurou, fazendo uma careta.
Nick puxou Tyler para mais perto e roçou os lábios contra sua
têmpora.
— Pare com isso. Você não é uma aberração, Ty.
Tyler estremeceu com o contato inocente, instantaneamente
desejando mais. Quando Nick começou a se afastar, não conseguiu impedir
que um gemido escapasse de sua garganta.
Seu amigo deu uma pausa e olhou para ele. Tyler tinha certeza de
que Nick não podia ler sua expressão com tão pouca luz, mas algo deve tê-lo
denunciado. Ele inalou bruscamente, apertando a mão em seu ombro.
— Tyler... — Disse, um aviso claro em sua voz.
Nick não precisava dizer isso em voz alta para ele entender. Sabia
que não deveriam cruzar mais linhas do que já tinham. Deveriam estar
curtindo como amigos agora. Não era nem o momento nem o lugar para outra
coisa. Toda a família de seu amigo estava a poucos metros de distância, pelo
amor de Deus. O relacionamento sexual sem compromisso nunca deveria
manchar suas vidas cotidianas, a amizade deles.
Tyler franziu os lábios, o pânico subindo em seu peito. O que estava
fazendo? Era hétero. Já se esquecera?
— Sim. Está certo. Desculpa.
Voltou para a televisão e tentou o seu melhor para se concentrar no
filme. Mas não podia. Não conseguia relaxar. Nick estava muito tenso ao seu
lado também.
Depois de alguns minutos, Nick grunhiu um maldito seja, e se
aninhou na orelha de Tyler, respirando com dificuldade.
Tyler estremeceu, seus olhos se fecharam e sua boca se afrouxou
quando a língua de Nick lambeu o lóbulo da sua orelha. Virou a cabeça,
procurando a boca do outro cegamente e ofegando quando finalmente a
encontrou. Porra, isso era loucura. Estavam em uma sala cheia de pessoas.
Poderiam ser descobertos se beijando a qualquer momento agora, mas Tyler
não poderia se afastar mesmo se fosse para salvar sua vida. Gemeu na boca
de Nick, arqueando quando a mão dele começou a subir por sua coxa, para
cima e para cima até que finalmente estava acariciando-o através de sua calça
de moletom.
Tyler gemeu contra os lábios do homem, mas felizmente o barulho foi
abafado pelos gritos vindos da televisão.
— Nick... — Sussurrou com voz rouca, salpicando o queixo de Nick
com beijos enquanto descia pelo seu pescoço.
Seu telefone tocou.
Tyler se afastou e pegou o telefone antes que os Hardaways
pudessem olhar para eles.
O identificador de chamadas fez sua garganta fechar.
— Pai? — Resmungou, pânico cego subindo em seu peito quando
percebeu o que estavam fazendo – o que quase tinham feito. Em um lugar
público, em uma sala cheia de pessoas. Foda-se, foda-se.
A voz de Jonathan Meyer era toda negócios.
— Sua mãe está perguntando se trará sua namorada para o jantar de
Natal.
Tyler passou a mão pelo rosto, tentando reunir seus pensamentos.
Seu cérebro ainda parecia como se estivesse em uma névoa.
— Jantar de Natal? Mas ainda falta quase um mês.
— Exatamente. — Seu pai respondeu. — Tem muito tempo para
contar à sua namorada.
— Não tenho namorada, pai. — Tyler disse exasperado, olhando de
soslaio para Nick.
Seu amigo se afastou e voltou sua atenção para o filme, o rosto
impassível.
— Então arranje uma. — Seu pai disse secamente. — Tem idade
suficiente para pensar em começar uma família. Estou cansado de ouvir isso
da sua mãe.
— Mas...
— Quando vai crescer, Tyler? — Seu pai disse. — Já tinha família e
carreira na sua idade.
Tyler fechou os olhos, sua garganta apertada.
— Não sou você, pai.
— Disso estou ciente. — Seu pai disse categoricamente. — Direi à sua
mãe que você trará. Não a desaponte novamente.
E ele desligou.
Tyler apertou as mãos contra os olhos e expirou devagar. Não
adianta ficar chateado. Seus pais sempre tiveram expectativas irreais que
nunca poderia atingir. Estava tudo bem. Não era algo novo.
— O que ele queria? — Nick perguntou, seu olhar na tela.
Tyler soltou uma risada.
— Meus pais querem que eu leve uma namorada para o jantar de
Natal.
Nick não falou. Ele nem olhou para Tyler.
Não importa, Tyler disse a si mesmo.
A ligação de seu pai foi o banho frio que ambos claramente
precisavam para retornarem à realidade.
Isso os lembrou do que eram um para o outro – e o que não eram.

Capítulo 16

Tyler não queria comparecer ao vigésimo aniversário do irmão mais


novo de Nick.
Não era a primeira festa da família Hardaway para a qual foi
convidado. Geralmente gostava muito deles. Eram uma família barulhenta,
unida, e sempre foram calorosos com ele.
Mas era diferente desta vez.
Depois do que aconteceu há algumas semanas na noite de cinema
dos Hardaways, Tyler estava evitando a casa deles, não querendo ser
lembrado da linha que ele e Nick atravessaram brevemente. Não que isso o
impedisse de transar com seu amigo pelo menos a cada dois dias, mas pelo
menos estavam se comportando. Meio que isso. Após a noite do filme, Nick
parecia ainda mais determinado a não misturar sua amizade e sua vida sexual,
a ponto de às vezes parecer que era uma pessoa completamente diferente
quando transava com Tyler – uma pessoa que desaparecia assim que o sexo
acabava.
Isso estava realmente fodendo com a sua cabeça, deixando-o incerto
sobre a amizade deles. A palavra amizade parecia terrivelmente inadequada.
Nem tinha certeza de que eram mais amigos. Nick não parecia mais inclinado a
compartilhar seus pensamentos, apenas olhava para Tyler com aquela
expressão ilegível que se tornou muito familiar e o deixava absolutamente
louco.
Nick o enlouquecia completamente, ponto final. Metade do tempo,
Tyler sentia falta de seu melhor amigo e sua dinâmica confortável e sociável, a
confiança entre eles. O problema era que, quando o homem estava em seu
modo de melhor amigo, ainda se sentia insatisfeito, desejando coisas que um
amigo não lhe daria. Estava totalmente fodendo com a sua cabeça.
Então, considerando o quão incerto e estranho seu relacionamento
com Nick era ultimamente, Tyler se sentia muito inadequado na festa dos
Hardaways, inseguro de seu lugar entre eles, um jeito que nunca sentira
antes. Como o melhor amigo de Nick, participou de muitos eventos da família
Hardaway ao longo dos anos, mas não tinha certeza de que ainda era seu
amigo, muito menos seu melhor amigo.
Sem mencionar que Tyler não estava exatamente ansioso para
finalmente conhecer Brad, o Idiota: Nick sempre convidava seu par para o
evento familiar se estivesse namorando alguém. Mas Tyler não podia desistir
da festa: Miles ligou pessoalmente e o convidou, e não conseguiu dar uma
desculpa para não ir.
Agora estava se arrependendo.
Tyler lançou outro olhar para o homem de cabelos escuros curtos que
estava rindo com Nick. Aparentemente, Brad, o Idiota, era muito real e não
alguém que seu amigo inventara, como estava começando a pensar. Era
realmente a definição do tipo de Nick: um pequeno twink, com uma
constituição esbelta, bunda empinada, cabelo e olhos escuros, e um
interminável fornecimento de observações inteligentes. Basicamente, era tudo
o que Tyler não era.
Sentia-se... estranho, desconfortável em sua própria pele enquanto
observava Brad, o Idiota, compartilhar piadas da faculdade de direito com Nick
que não faziam sentido na cabeça de Tyler.
Odiava isso, odiava o quão desajeitado e grande parecia em
comparação com aquele pequeno e delicado idiota, o quão estúpido e
ignorante sentia-se – era – comparado a ele. Odiava que Nick claramente
gostasse do idiota, sua diversão suave sempre presente enquanto conversava
com Brad.
Franzindo os lábios, Tyler se virou – e encontrou o olhar de Tristan
DuVal, que aparentemente estava o observando.
Fez uma careta.
— O quê?
Tristan apenas deu de ombros, seus olhos verdes azulados afiados e
avaliadores.
Tyler desviou o olhar. Pessoas de sucesso como Tristan DuVal sempre
o faziam se sentir desconfortável ao redor deles. Tristan tinha praticamente a
mesma idade que ele, mas era milionário, um ex astro do futebol e dono de
sua própria linha de roupas. Sempre se sentiu tão inadequado em sua
presença que não era mesmo engraçado.
Sua antipatia por Tristan DuVal não tinha nada a ver com o fato de
Nick ter estado envolvido com ele. Tyler não sentiu inimizade alguma com os
encontros de seu amigo. Nunca tentou competir com eles. Não havia nada
para competir: era o melhor amigo que revirava os olhos e brincava com Nick
sobre suas paixões fugazes e sua incapacidade de se comprometer com
alguém.
Mas agora sentia-se desequilibrado. Tentou assumir o papel do
melhor amigo sofredor, mas parecia tudo errado, como se tivesse superado
isso sem nem perceber.
— Pode sair se quiser, sabe.
Tyler se encolheu e virou a cabeça. Forçou um sorriso quando
encontrou Miles parado lá, tomando uma cerveja.
— O aniversariante! — Passou a mão pelo cabelo castanho dourado
de Miles, ganhando um olhar profundamente indiferente dele.
— Estou falando sério. — Miles disse. — Parece que preferia estar em
outro lugar. Não ficarei ofendido se decidir abandonar a nossa chata festa em
família. Embora meu irmão possa.
Tyler olhou para Nick, mas ele ainda parecia absorto em sua conversa
com Brad.
— Certo. Ele nem percebeu a minha chegada. — Estava muito
orgulhoso de quão indiferente e casual conseguiu soar.
Miles bufou.
— Sim, claro. Sabe o quão estranho ele é sobre você.
Tyler olhou para ele com uma careta.
— Estranho? Não seja bobo.
— Vamos, ele sempre foi estranho sobre você.
— De que maneira? — Tyler perguntou, contra seu melhor
julgamento.
Miles olhou para Nick e Brad.
— Como o fato de que nunca namorou um loiro em sua vida. Houve,
tipo, quinze caras que se preocupou em nos apresentar ao longo dos anos, e
todos eram de cabelos escuros.
Tyler molhou os lábios secos, sem saber onde Miles iria com isso.
— Ele tem um tipo.
Miles deu de ombros.
— Talvez. — Disse, mas não parecia convencido. Ele sorriu torto para
Tyler. — Sabe, ser o bebê da família tem suas vantagens: ouve e nota a merda
que os “adultos” continuam cegos. Tenho certeza que até Nick acha que tem
um tipo. E talvez tenha. — Ele encolheu os ombros novamente. — Nosso
subconsciente pode ser engraçado assim. Ele sempre desaprovou todo o clichê
de cara gay apaixonado pelo melhor amigo hétero.
Tyler abriu a boca e fechou-a. Miles não sabia do que estava falando.
Nick não... Nick nunca foi estranho com ele – pelo menos não até
recentemente. A mera ideia de que Tyler de alguma forma influenciou a
escolha dos namorados dele era ridícula. Completamente ridícula. Eram apenas
amigos. Foram amigos. Nick nunca o viu como nada além de um amigo – até
que Tyler o forçou a vê-lo como um amigo de foda.
— Você está errado. — Tyler finalmente disse. — Não poderia estar
mais errado.
Miles encolheu os ombros, já olhando para o celular distraidamente.
— Quer apostar quanto tempo o novo cara vai durar antes que Nick
encontre alguma falha e se livre dele? Uma semana, duas semanas no
máximo.
— Acho que eles já estão juntos há um mês. — Tyler disse.
— Mesmo? — Miles perguntou, digitando algo em seu telefone. —
Descobrimos sobre a existência desse sujeito uma hora atrás.
Tyler piscou.
— Vá para casa se estiver entediado, Ty. — Miles se afastou.
Tyler hesitou. Queria ir embora, mas ao mesmo tempo se sentia
paranoico de que, se fosse embora, Nick levaria Brad para o andar de cima e...
— Ugh. — Tyler resmungou, frustrado consigo mesmo.
Estava sendo ridículo. Sua presença não impediria Nick de levar Brad
para o andar de cima ou beijá-lo na frente de todos, de qualquer maneira.
Tyler era ninguém. Bem, não ninguém, mas...
Franzindo os lábios, Tyler lançou outro olhar para Nick e fez uma
careta quando viu que Brad estava no espaço pessoal do seu amigo. O homem
não estava o encorajando, suas mãos nos bolsos da calça escura, mas não
estava se afastando também. Queria – queria – queria gritar de frustração.
Não deveria se sentir assim, caramba. Nick era seu melhor amigo.
Seu melhor amigo homem. O que havia de errado com ele?
O olhar de Nick moveu de repente para Tyler, pelo que parecia ser a
primeira vez naquela noite. A expressão dele era estranha. Parecia... irritado?
Com quem? Estava parado ali, cuidando de seu próprio negócio.
Confuso, Tyler observou-o mais de perto.
Seu amigo parecia prestar muita atenção a Brad, mas de vez em
quando, olhava para Tyler e seu olhar se tornava mais sombrio, sua mandíbula
se apertava de um jeito distintamente irritado. Estava completamente confuso.
Com quem Nick estava irritado? Tyler? Ele mesmo?
Talvez estivesse irritado por não estar fazendo esforço algum para
fazer amizade com o seu encontro?
Franziu a testa. Para ser totalmente honesto, não queria fazer esforço
algum para fazer amizade com aquele pequeno idiota.
Mas talvez devesse. Se Nick estivesse falando sério sobre Brad, iria
querer que seu melhor amigo se desse bem com seu namorado, certo?
Ignorando a sensação feia e tensa em seu interior, vagarosamente
caminhou em direção a Nick e Brad.
— Ei. — Nick disse quando se aproximou deles.
Algo mudou na expressão de Nick antes dele lançar um braço ao
redor dos ombros de Tyler frouxamente. O gesto foi tão perfeitamente
amigável e casual, que não tinha motivo algum em fazê-lo tão malditamente
consciente. Respirou superficialmente o cheiro familiar da loção pós-barba do
homem, e tentou fingir que não sentia vontade de empurrar o rosto contra a
garganta dele e respirar fundo.
— Brad, Tyler. — Nick disse. — Não acho que tenham sido
apresentados oficialmente ainda.
— Prazer em conhecê-lo. — Brad disse, mal olhando para a direção
de Tyler. Seus olhos estavam apenas em Nick. Estava praticamente babando.
Era revoltante.
Tyler murmurou algo evasivo, tentando suprimir o impulso ridículo de
dizer àquele idiota que parasse de cobiçar Nick.
— Não me disse que viria. — Nick disse levemente, a imagem de um
melhor amigo e nada mais. Parecia distraído, já olhando para Brad.
E foda-se, Tyler estava cansado disso, cansado do ato de Jekyll e
Hyde2 de Nick. Lá, cercado pela extensa família dele, amigos e Brad, de
repente queria a prova de que seu amigo esteve enterrado nele até o fundo
praticamente a noite toda ontem, que o chamara de querido e sussurrou coisas
sujas em sua orelha, que não era apenas uma invenção da sua imaginação.
Então, pela primeira vez, Tyler escolheu se inclinar para o lado de
Nick, transformando o meio abraço casual em uma demonstração pública de
afeto muito casual, praticamente aconchegando-se ao seu lado.
Sentiu os músculos de Nick tensos, mas seu rosto não demonstrou
coisa alguma. Apenas lançou um olhar estranho para Tyler e ergueu um pouco
as sobrancelhas escuras.
Tyler sentiu-se corar, mas não recuou.
Nick o observou por um longo momento, sua expressão vagamente

2
Personagens do livro O Médico e o Monstro de Robert Louis Stevenson. Dr. Jekyll sente que está lutando entre o bem
e o mal dentro de si mesmo, levando à luta entre suas personalidades de Henry Jekyll e Edward Hyde. Ele passou uma
grande parte de sua vida tentando reprimir os impulsos malignos que não eram adequados para um homem de sua
estatura. Assim, cria um soro, ou poção, na tentativa de mascarar esse mal oculto dentro de sua personalidade. No
entanto, Jekyll se transforma no malvado Hyde.
irritada, embora o braço ao seu redor o apertou, aproximando-o mais dele.
Tyler não deveria ter se sentido tão satisfeito com isso, mas se
sentiu. Não pôde deixar de olhar para Brad, sentindo uma onda de satisfação
quando viu que ele definitivamente notara o quão perto estavam. Não
conseguiu ler a expressão dele tão bem, mas o idiota não parecia mais tão
alegre.
— Onde é o banheiro, Nick? — Brad perguntou, dando ao seu amigo
algum tipo de olhar significativo que ele não pareceu notar, porque ainda
estava olhando para Tyler.
— No fim do corredor à esquerda. — Tyler respondeu.
Brad olhou para ele.
Tyler olhou de volta. O quê? Estava apenas sendo útil!
Brad se afastou.
— Parece muito satisfeito consigo mesmo. — Nick disse.
Tyler olhou para qualquer lugar, menos para ele.
— Está transando com ele? — Perguntou antes de poder se conter.
Era algo que queria perguntar há muito tempo, mas não queria ouvir a
resposta de Nick.
Seu amigo olhou para ele por algum motivo.
— Não.
Tyler sentiu o nó no estômago afrouxar um pouco.
— Estamos namorando casualmente até agora. — Nick completou. —
Mas isso pode mudar. Ele está procurando um relacionamento sério.
— Ele sabe sobre mim? Que somos...
— Amigos de foda? — Nick forneceu.
Tyler não tinha certeza se gostava da palavra – algo sobre a maneira
que Nick disse o irritava – mas assentiu.
— Não há razão para ele saber sobre você, certo? — Nick questionou.
— Só sabe que ele e eu não somos exclusivos ainda.
Ainda?
— Você o beija? — Tyler continuou antes que pudesse se conter.
Nick pareceu tão surpreso com a pergunta quanto estava. Não
precisava dizer ‘o que isso tem a ver com você?’ podia ler em seu rosto.
Abaixando o olhar, falou:
— Apenas curioso.
— Curioso? — Nick disse, muito suavemente. — Pensei que a única
coisa que importava era onde eu colocava o meu pau.
Tyler franziu o cenho.
— Acho que não deveria beijá-lo. E se ele tiver herpes? Não quero
ficar com herpes.
A expressão de Nick ficou ultrajada.
— Você é inacreditável. Descubra o que diabos está acontecendo em
sua cabeça. Parece confuso. — Ele se afastou de Tyler e se virou – indo direto
para onde Brad foi.
Tyler agarrou o braço dele.
— Mas é uma preocupação legítima! — Balbuciou, sentindo-se
desesperado e possessivo, e odiando isso. O que diabos estava errado com
ele? No que Nick o transformara? — Ele parece insalubre! Não acha que ele
parece insalubre?
Um músculo pulsou no maxilar de Nick.
— Ouça, Tyler. — Nick começou, abaixando a voz. — Continua me
dizendo que é hétero. Bom para você, mas sou gay. Não quer nada de mim,
apenas o meu pau. Estou bem com isso – mais ou menos – mas também
preciso de coisas que não pode me dar. Coisas que terei que conseguir com
outra pessoa. Somos amigos que ocasionalmente transam, nada mais. Não
bagunce com a minha cabeça, ok?
— Mas te deixo me beijar. — Tyler disse, franzindo a testa em
confusão. — O que mais poderia querer?
Nick riu.
— O que mais eu poderia querer? — Ele balançou a cabeça com um
sorriso irônico. — Obrigado por suportar os meus beijos. Isso é um grande
sacrifício seu.
Ele soltou o braço do aperto de Tyler e voltou para o seu encontro.
Brad sorriu para Nick e disse algo, seus dedos acariciando o bíceps de seu
amigo.
Algo tenso e feio explodiu na boca do estômago de Tyler. Sentiu-se...
sentiu-se chateado, irritado e com raiva por nenhuma razão em particular.
Descubra o que diabos está acontecendo em sua cabeça. Você parece
confuso.
Tyler suspirou, tentando entender suas emoções. Nick estava certo.
Isso não era normal. Estava... se comportando muito estranho ultimamente.
Juntamente com sua recente e inquietante percepção de que era sexualmente
atraído por seu melhor amigo, essa possessividade era apenas mais um
sintoma do problema. O problema é que parecia ter desenvolvido uma...
preferência por todas as coisas gays que Nick fez com ele.
Uma preferência? Uma voz sussurrou sarcasticamente no fundo de
sua mente. Desejo seria um termo mais apropriado.
Tyler franziu a testa, corando. Então, o que isso significava? Era gay
agora?
O pensamento era... perturbador. Bem, Tyler não tinha algo contra
os gays. Apenas... simplesmente não podia ser um. De qualquer forma, não se
sentia gay. Seu olhar ainda gravitava naturalmente em direção a mulheres
bonitas – e Nick. Parecia que desenvolvera algo pelo seu melhor amigo. Era
provavelmente natural, considerando que Tyler o amava, então era totalmente
natural que seus carinhos platônicos, juntamente com todo o sexo gostoso que
tinham, criassem algum tipo de pseudo-paixão. Deveria passar em breve,
certo?
Não significava que era gay.
Aliviado por finalmente encontrar uma explicação para todos as
sensações estranhas dentro dele, Tyler se dirigiu para Nick e Brad,
determinado a ser um melhor amigo e reprimir sua intensa antipatia pelo cara.
Não era culpa de Brad que tivesse desenvolvido uma pseudo-paixão por seu
encontro. Provaria a Nick que poderia parar de agir como um esquisito
possessivo.
Então, quando alcançou o par, disse em sua melhor voz:
— Encontrou o banheiro?
Brad finalmente parou de olhar para Nick e olhou para Tyler.
— Sim. — Respondeu friamente.
Tyler deu-lhe seu melhor sorriso e deslizou entre ele e Nick. Podia
sentir o olhar intenso do seu amigo em sua nuca, mas ignorou, concentrando
sua atenção em Brad. Tyler queria ser gentil com o cara, mas continuava com
a mente em branco quando tentava pensar em algo amigável para dizer.
— Eu... Você assiste futebol? — Perguntou finalmente.
— Não realmente. — Brad disse friamente, olhando para Tyler como
se achasse que fosse estúpido.
Ignorando a pontada de insegurança, disse brilhantemente:
— Nick me contou tudo sobre você, mas acho que precisamos nos
conhecer melhor e nos tornarmos amigos se você e Nick serão algo mais. — As
palavras o fizeram querer vomitar, mas Tyler forçou um sorriso amigável.
— Amigos. — Brad repetiu, sua voz cheia de ceticismo e seus olhos
bonitos transmitindo sua dúvida de que ele e Tyler tinham algo em comum.
Havia algo vagamente ofensivo sobre esse olhar, mas Tyler estava
determinado a ignorá-lo. Tinha uma pele bem grossa e estava tentando provar
um ponto aqui.
Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, a mão de Nick apertou
seu ombro, o toque vagamente reconfortante.
— Tyler é meu melhor amigo há séculos. — Nick disse, sua voz de
aço, aproximando-o do seu lado. Encontrou-se relaxando no corpo dele, os
últimos remanescentes de seu desconforto desaparecendo. — Ele pode ser um
pouco idiota, mas ele é do bem, e sob todo esse pavonear, é um cara
genuinamente bom.
— Ei. — Tyler disse com um beicinho, olhando para Nick. — Não
pavoneio!
Nick sorriu torto para ele, seus olhos brilhando com diversão e
afeição.
— Pelo menos pavões são bonitos.
Para a mortificação de Tyler, sentiu-se um pouco orgulhoso. Maldito
inferno, essa coisa de pseudo-paixão era tão horrível.
Alguém limpou a garganta e Tyler desviou o olhar de Nick.
Brad tinha os lábios franzidos.
— Acho que irei para casa, Nick. — Disse ele, sua voz muito fria.
Nick deu-lhe um olhar igualmente frio.
— Quer uma carona?
Brad sacudiu a cabeça e dirigiu-se à porta, com a cabeça erguida.
Bem, isso foi estranho, Tyler pensou, mas não conseguia se
incomodar tanto assim. Havia algo sobre estar colado em Nick que o deixava
todo mole por dentro. Era absolutamente doentio, mas não conseguia se
afastar.
Só por um momento, Tyler disse a si mesmo, inclinando-se no
homem.
Nick levantou as sobrancelhas um pouco.
— Está muito sensível hoje.
Tyler sentiu seu rosto queimar.
— Cala a boca. — Murmurou, forçando-se a se afastar.
Mas o braço de Nick em torno dele não se mexeu e Tyler desistiu
depois de um esforço simbólico.
— Aprecio que fez um esforço para fazer amizade com Brad. — Nick
disse com o rosto cuidadosamente neutro. Sua discussão claramente não foi
esquecida.
Tyler bufou.
— Bem, ele não pareceu gostar disso. Olhou para mim como se eu
fosse um inseto chato a seus pés. Embora tenha que elogiar o cara por sua
habilidade de menosprezar alguém duas cabeças mais altas que ele apenas
com o olhar.
Os lábios de Nick franziram.
— Não o culpo. Me chamou de bonito na frente dele. — Tyler disse
com um sorriso torto. — Provavelmente adivinhou que estamos transando.
Os olhos de Nick permaneceram frios.
— Isso é irrelevante. Ele e eu tivemos alguns encontros casuais. Não
devemos nada um para o outro.
— Odeio te desiludir, mas ele parece discordar. — Tyler disse. Podia
entender totalmente a perspectiva do cara.
Nick encolheu os ombros.
— Isso é sobre ele. Nunca fiz promessas.
Tyler bufou.
— Pode ser um babaca às vezes. Engana as pessoas para pensarem
que você é legal, mas na verdade é um idiota total.
— Sou legal com as pessoas que merecem. — Nick disse, sua voz
inesperadamente dura. — Ele foi um idiota quando tentou ser legal com ele.
Pensei que fosse uma pessoa melhor do que isso.
Evitando seu olhar, Tyler franziu a testa. Pensou que Nick estava
sendo um pouco injusto com o cara.
Isso o fez pensar nas palavras de Miles. Quer apostar quanto tempo o
novo cara vai durar antes de Nick encontrar alguma falha nele e abandoná-lo?
Miles poderia estar certo? Nick sempre foi assim e Tyler não notara?
Para alguém que afirmava estar à procura de um relacionamento sério, o seu
amigo não se esforçou muito para entender qualquer um dos caras com quem
saiu. Era estranho. Na sua experiência, o homem era ótimo em empatia. Ele o
lia como um livro, sempre em sintonia com seu humor: como alguns minutos
atrás, quando sentiu seu constrangimento e insegurança, imediatamente
entrou em cena, protetor. Era estranho que Nick não mostrasse algo dessa
empatia com as pessoas que estava namorando.
— Ele estava com ciúmes. — Tyler disse. — O compreendo.
Podia sentir os olhos de Nick em seu rosto.
— O quê?
Tyler hesitou. Foda-se, Nick ainda era seu melhor amigo. Se não
pudesse ser honesto com seu melhor amigo, com quem poderia?
Encontrou o olhar de Nick.
— Eu também senti ciúmes.
Algo mudou nos olhos do homem, embora sua expressão
permanecesse guardada.
— Ciúmes?
Tyler molhou os lábios.
— Eu só... pareço ter desenvolvido uma pequena coisa por você. —
Falou com uma risada que soava dolorosamente estranha até mesmo para
seus ouvidos. — Tenho certeza que é apenas um efeito colateral de todo o
excelente sexo. Tenho certeza que passará. Sabe que sou hétero, mas só... —
Deu de ombros, olhando para Nick impotente. — Desculpa. Sei que disse para
não foder com a sua cabeça, mas estou tão confuso, Nick.
Seu amigo suspirou.
— Ty...
Nick se inclinou e beijou o canto da sua boca. Provavelmente
pretendia ser um beijo amigável e reconfortante, exceto que Tyler arruinou
totalmente as suas boas intenções, estremecendo e abrindo os lábios
ansiosamente.
Podia sentir a surpresa do outro homem, mas ele o forçou, beijando-
o de verdade, enterrando a mão no seu cabelo. Tyler suspirou em êxtase
quando a língua de Nick escorregou dentro de sua boca, sua barba esfregando
o queixo e fazendo-o tremer. Chupou a língua com avidez, envolvendo os
braços ao redor da cintura de Nick e tentando aproximá-lo mais, puxando-o
para dentro. Parecia que foi a meses desde que se beijaram pela última vez,
não um dia. Estava tão faminto por isso que não sabia o que fazer com ele
mesmo.
Alguém assobiou.
— Arranjem um quarto, vocês dois. Há crianças aqui.
— Vamos lá. — Nick disse com a voz rouca, levando-o para fora da
sala lotada.
Tyler não conseguiu nem se assustar com a cena que provavelmente
causaram. No momento em que entraram no quarto de Nick, o empurrou
contra a porta, pressionando beijos por todo o pescoço musculoso, suas mãos
vagando por baixo de sua camisa, precisando sentir a pele. Meu. Isso é meu,
você é meu, meu, meu, meu. Quase rasgou a camisa de Nick, os botões
voando por toda parte, e salpicou o peito largo com beijos, respirando
avidamente. Porra, cheirava e era maravilhoso. Tyler não podia esperar para
ficar nu debaixo dele.
Abriu o zíper da braguilha de Nick e tirou seu pau duro, grosso, longo
e de dar água na boca. Caiu de joelhos e engoliu avidamente, fazendo seu
amigo gemer acima dele. Tyler sempre pensou que as mulheres fingiam
quando gemiam em torno de seu pênis. Agora não conseguia parar de fazer
barulho enquanto chupava o pau do outro homem, seu próprio pau duro
vazando em seu jeans.
— Parece tão bonito com meu pau na sua boca. — Os dedos de Nick
acariciaram o cabelo de Tyler, suas orelhas sensíveis, fazendo sua cabeça
girar. — Tão ansioso por isso. Completamente natural... como uma puta para
isso. Está molhado de me chupar, querido?
Tyler gemeu ao redor do pênis, o seu próprio se contraindo.
— Olhe para você. — Nick disse, acariciando sua bochecha, seu pênis
na boca de Tyler, e observando-o com olhos escuros e vidrados. — Porra,
quero gozar em seu rosto. Posso fazer isso, querido?
Tyler franziu a testa, mas assentiu. Sentiu-se um pouco desapontado
por não ter Nick dentro dele, mas isso também era excitante, de uma forma
humilhante.
— Não se preocupe. — Nick disse, masturbando seu pênis sobre o
rosto de Tyler. — Te comerei tão gostoso, vou chupar seu clitóris por horas até
implorar pelo meu pau.
Tyler estremeceu, abrindo os lábios enquanto grossos jatos de sêmen
espiravam em seu rosto.
Depois de alguns minutos, Nick cumpriu sua promessa. Deitou Tyler
na cama e chupou seu pau pelo que pareceu uma eternidade, enquanto o
tempo todo dedilhava e estirava sua vagina para seu pênis.
Nick estava duro novamente quando Tyler começou a implorar,
fodendo o rosto dele, os sons deixando sua boca num longo e contínuo
gemido.
— Por favor, por favor, preciso de você...
Nick virou-o de bruços e empurrou dentro dele em um único e
poderoso impulso, sua respiração instável contra a orelha de Tyler, seu corpo
pesado em cima dele. Gemeu, absolutamente amando a sensação. Não sabia
como vivera sem ela.
— É tão apertado. — Nick grunhiu, movendo-se lentamente, suas
mãos marcando os quadris de Tyler. — Como uma puta de pênis pode ser tão
apertado?
Gemendo em seus braços cruzados, Tyler arqueou as costas e se
empurrou no pênis de Nick. Droga. Não havia melhor sensação no mundo.
— Tão faminto por isso. — Os impulsos de Nick ficaram curtos, seu
pênis esfaqueou a próstata de Tyler de novo e de novo. — Aposto que faria
qualquer coisa por um pau.
Tyler não podia falar, seu corpo sacudindo a cada empurrão de Nick.
— Todo mundo lá embaixo sabe o que estamos fazendo. — Seu
amigo disse, envolvendo a mão em torno do pênis de Tyler e masturbando-o.
— Mesmo que não tenham adivinhado que saímos para foder, provavelmente
podem ouvir os sons que está fazendo enquanto toma o meu pau. Puta.
Tyler gemeu, uma nova onda de excitação atingindo-o com força. O
fato de que todos lá embaixo sabiam, não deveria tê-lo excitado – deveria tê-
lo feito entrar em pânico, ao invés de fazer suas bolas e seu pênis doerem com
tanta excitação. Estava tão perto...
Nick enterrou o rosto em sua nuca, respirando com dificuldade, seu
pênis entrando e saindo da vagina de Tyler.
— Aposto que se escutarem com atenção o suficiente, ouvirão como
está molhado em volta do meu pau.
Tyler gozou, seu orgasmo tão violento e intenso que seus olhos
lacrimejaram. Sentiu se afastar, sentindo-se absolutamente esgotado.
O último pensamento que teve antes de adormecer foi:
Nunca conseguirei viver sem isso.
Sem ele.

Capítulo 17

Tyler geralmente odiava as manhãs.


Ele não era uma pessoa da manhã em tudo.
Mas esta manhã estava muito boa, ele decidiu sonolento,
empurrando o rosto contra o travesseiro quente e agradável que cheirava
ridiculamente bem.
Alguém acariciou a cabeça dele, os dedos raspando agradavelmente
contra o couro cabeludo.
— Já são quase dez horas, Ty. Acorde.
— Não. — Tyler murmurou e escutou uma risada suave.
— Então pelo menos me deixe ir.
Tyler franziu a testa e abriu os olhos turvos. Ele se viu olhando para
um peito largo e musculoso, que aparentemente estava usando como
travesseiro.
Então piscou, pensou por um momento e depois fechou os olhos
novamente. Haveria tempo de sobra para se sentir estranho depois. Agora se
sentia muito bem e sonolento para sentir muita coisa.
— Tyler.
— Vá embora, Nick. — Tyler murmurou.
— É difícil quando você está esparramado em cima de mim. — Disse
Nick, com a voz extremamente seca.
Tyler suspirou e depois levantou a cabeça um pouco. Olhou sonolento
para Nick, que estava olhando para ele com um leve divertimento.
— Eu não sabia que você era um abraçador. — Disse Nick com um
sorriso. — Não conseguia respirar quando acordei.
Tyler queria mostrar o dedo para ele, mas seria um esforço muito
grande - e se sentia ridiculamente distraído por toda a pele quente e dourada e
pelos afagos nos cabelos.
Tyler gemeu e baixou a cabeça no peito de Nick. Puta merda, isso era
terrível. Parte dele esperava que sua pseudo-paixão estúpida fosse embora
depois que se entregasse um pouco, mas aparentemente não. Se alguma
coisa, parecia pior.
— O que foi? — Nick disse, enfiando os dedos pelos cabelos de Tyler.
Tyler quase gemeu. O toque de Nick era tão bom, mas realmente não
estava ajudando na situação.
— Eu me sinto como uma colegial com uma paixão. — Tyler
resmungou.
Os dedos de Nick se detiveram em seus cabelos.
— Tyler... — Ele disse, sua voz um pouco desligada. Tensa.
Hesitante.
— Não diga nada. — Disse Tyler. — Eu sei que estou fodendo tudo.
Estou tentando, ok? Tipo, não quero me sentir assim por você. Tenho certeza
que vou superar essa merda em breve. Não quero foder tudo. — Essa merda é
apenas mais forte que eu.
Houve silêncio por um tempo.
Finalmente, Nick tirou a mão do cabelo de Tyler e disse:
— Ok.
Ele não foi rude, mas também não foi particularmente gentil, quando
se retirou de Tyler e saiu da cama.
Tyler observou impotente a maneira como os músculos das costas de
Nick se moviam sob sua pele e rapidamente desviou o olhar antes que Nick se
virasse.
— Vamos, levante-se. — Disse Nick, pegando suas roupas e depois
jogando as de Tyler para ele. — Já é muito tarde.
Tyler olhou para ele com cuidado, mas Nick parecia completamente à
vontade. Ele não parecia zangado. Tyler deve ter imaginado a súbita tensão no
ar.
Relaxando, pegou suas roupas. Sentia-se mais do que um pouco
dolorido, mas era o tipo de dor que o lembrava do sexo fantástico que tiveram.
Sua pele ainda parecia meio crua e sensível, mas Tyler também não se
importava.
A única coisa que o incomodava era o fato de ele meio que realmente
querer um beijo de bom dia.
Ou dois. Ou três.

*****
— Então, vocês estão juntos agora? — Foi a primeira coisa que
Tristan disse quando apareceu na cozinha, parecendo recém-saído do
chuveiro.
— Não. — Disse Nick.
Tyler engoliu o café e empurrou a xícara na direção de Nick, olhando
para ele implorando. Nick revirou os olhos, mas serviu-lhe outra xícara de
café. Seus joelhos roçaram sob a mesa. Tyler piscou algumas vezes, tentando
reunir seus pensamentos. Esperava que não estivesse corando. Ugh, isso foi o
pior. Era como se ele fosse um adolescente mais uma vez, ficando arrepiado
pelo contato mais inocente. Este era seu melhor amigo, pelo amor de Deus.
Apenas seu melhor amigo.
— Hmm. — Disse Tristan, abrindo a geladeira. — Onde está meu suco
de couve?
Nick bufou.
— Não acredito que quase me apaixonei por alguém que bebe suco
de couve. Revoltante.
Tristan mostrou o dedo para ele.
— Seu irmão é o responsável. Ele está me colocando em uma nova
dieta 'saudável'. — Tristan fez uma careta. — Aparentemente meus níveis de
colesterol são tão altos que é uma maravilha que eu ainda esteja vivo.
Tyler riu.
— Você é o único que se casou com o homem.
Tristan encolheu os ombros.
— Sim, eu sei. Sem arrependimentos, no entanto. Ele fode como um
sonho.
— Muita informação. — Disse Nick, entregando a Tyler um pedaço de
torrada.
Tyler comeu.
— Não são namorados, hein? — Tristan disse, olhando-os com
sobrancelhas arqueadas.
Nick parecia muito absorto em fazer sua própria torrada, então Tyler
foi quem teve que responder dessa vez.
Tyler suprimiu o desejo de afirmar que eles eram apenas amigos
platônicos; isso seria ridículo. Tristan provavelmente tinha visto eles se
beijando ontem, e Tyler tinha ficado a noite - e eles não foram exatamente
quietos.
Tyler corou com esse pensamento e murmurou:
— Somos melhores amigos. — Ele fez uma pausa antes de adicionar
hesitantemente: — Nós apenas fodemos. Somos amigos que fodem. Às vezes.
Bem, mais como todos os dias, mas sim. Amigos com benefícios. É uma coisa,
certo? As pessoas fazem isso o tempo todo.
Nick não levantou os olhos da torrada.
Tristan deu a Nick um longo olhar antes de olhar para Tyler.
— Você está tendo um surto gay ou algo assim? Supere isso.
Tyler abriu a boca e depois fechou.
— Isso não é da sua conta, Tristan. — Disse Nick, sem levantar os
olhos da torrada. — Não intimide Tyler.
Tristan fez uma cara inocente.
— Quem? Eu? Nunca. Só acho que, se parece um pato, nada como
um pato e grita como um pato, é estúpido fingir que não é um pato.
Nem Nick nem Tyler disseram nada.
Tyler olhou para a xícara vazia, tentando pensar em algo para dizer,
algo que não soaria como se estivesse em negação. Ele não estava em
negação, caramba. Ele e Nick não eram assim. Eles eram apenas... Eram
apenas...
A tensão só foi quebrada quando Zach entrou na cozinha, parecendo
suado e corado. Ele deve ter estado em sua corrida matinal.
— Bom dia, cabeças sonolentas. — Disse ele, entrando para dar um
beijo rápido em Tristan antes de pegar suco de laranja na geladeira e beber.
Tyler olhou Tristan enquanto este observava a garganta do marido
avidamente enquanto Zach engolia a bebida.
— Bruto. — Tyler murmurou para Nick, que apenas bufou,
claramente acostumado com isso.
— Alguém deve ter bebido o suco que você fez para mim. — Disse
Tristan, nem mesmo tentando parecer chateado com isso.
Zach sorriu para ele e pegou um jarro de suco de couve da geladeira
menor sob o balcão.
— Aqui está, querido.
Tristan parecia desanimado.
Tyler riu e olhou para Nick, com a intenção de compartilhar sua
diversão, mas não havia nenhum traço de sorriso no rosto de Nick.
Na verdade, o rosto de Nick estava inexpressivo enquanto tomava
um gole de café, os olhos duros, com aquela familiar aparência hostil neles.
Tyler olhou para ele, sem saber o que causara a mudança. Nick ainda
poderia estar interessado em Tristan? Poderia estar com ciúmes de seu irmão?
Tyler franziu a testa, não gostando do pensamento e odiando o
quanto isso o incomodava. Merda. Isso era tão repugnante. O ciúme era feio
em geral, mas ficar com ciúmes do melhor amigo era grosseiro e estúpido.
Completamente irritado com a maneira como ele estava se sentindo
em torno de Nick, Tyler decidiu que seria melhor se fosse embora.
Tentando agir de forma casual, chutou Nick sob a mesa.
— Ei, eu tenho que ir. Acabei de me lembrar que o pub está ficando
sem suprimentos. — Não era nem uma mentira, estritamente falando.
Nick assentiu e seguiu-o para fora da cozinha. Tyler não tinha certeza
do porquê; não era como se Tyler não soubesse o caminho. Nick normalmente
não se incomodava em acompanhá-lo até a porta.
Conscientemente ciente da presença de Nick atrás dele, Tyler enfiou
a mão no casaco e deu um tapinha nos bolsos para se certificar de que não
havia esquecido seu telefone ou suas chaves.
— Hum... Certo. — Falou, com um meio sorriso desajeitado, virando-
se. Merda, não tinha ideia do que estava errado com ele. Nunca se sentiu tão
estranho e inseguro em sua vida, seus músculos estavam tensos e seu
estômago estranho e palpitante.
Nick apenas olhou para ele com a mesma expressão ilegível, seus
ombros absolutamente relaxados. Idiota.
Ele também parecia tão bom que Tyler queria lambê-lo.
Fazendo uma careta por dentro, disse:
— Eu vou, então.
— Tyler. — Disse Nick quando ele começou a se afastar. — Sobre o
que Tristan disse...
Tyler endureceu, olhando para ele cautelosamente.
— Ignore-o. — Disse Nick, olhando-o nos olhos. — Ele age como se
fosse fácil superar uma crise de identidade sexual. Nunca é, especialmente em
circunstâncias como as suas, e ele não deveria ter sido tão irreverente sobre
isso. Não tinha o direito de pressioná-lo em algo que você não está pronto e
pode nunca estar.
Tyler sentiu sua garganta se fechar e teve que desviar o olhar por um
momento para se recompor.
— Obrigado, cara. Eu... Você é o melhor.
Nick deu-lhe um sorriso torto, esfregando a mandíbula desalinhada
cansadamente.
— Sim, tanto faz. — Ele bateu nas costas de Tyler, e foi tudo muito
viril e muito parecido como os amigos fazem.
Então é claro que Tyler teve que estragar tudo.
Ele atacou Nick e o beijou descuidadamente, enterrando a mão no
grosso cabelo que o deixara louco pela última hora. Ele empurrou a língua
dentro da boca de Nick, suspirando um pouco pelo delicioso contraste entre a
boca macia e molhada de Nick e a mandíbula áspera e não barbeada.
Depois de um momento, Nick finalmente respondeu, sua mão
subindo para embalar o rosto de Tyler enquanto o beijava de volta, profundo e
duro. Tyler se ouviu gemer e depois não se lembrou de mais nada.
Ele não tinha ideia de quanto tempo passou antes que Nick
interrompesse o beijo. Nick recuou, seus olhos escuros, suaves e intensos.
— Porra, Ty. — Ele balançou a cabeça com uma expressão tensa e,
em seguida, virou e desapareceu de volta para a cozinha sem sequer um
adeus.
Tyler caiu de costas contra a parede, todo o seu corpo cantando de
prazer, seus lábios doloridos, e sua mente em pânico total.
Porra.
O que ele estava fazendo?

Capítulo 18

Depois de chegar ao pub, Tyler desapareceu na parte de trás e


começou a fazer a tarefa que normalmente não se importava - o
reabastecimento de prateleiras - mas mesmo um trabalho tão fácil e repetitivo
provou ser difícil naquele dia.
Ele não conseguia se concentrar em nada. Continuou se encarando
olhando para o espaço, sua mente em outro lugar.
— O que há de errado com você hoje, chefe? — Perguntou Zoe.
Vacilando, Tyler olhou para ela sem entusiasmo.
— Nada.
Ela bufou.
— Se você diz, chefe.
Um dia iria demiti-la por não ter respeito por ele. Até mesmo como
ela dizia – Chefe – era zombando, Tyler tinha certeza disso. Não que a
culpasse por secretamente zombar dele. Provavelmente zombaria de si mesmo
se tivesse um perdedor como ele como seu chefe.
Zoe levantou as sobrancelhas com um sorriso.
— Você parece muito distraído hoje. É tudo o que estou dizendo. —
As palavras dela eram perfeitamente comuns, mas havia poucas dúvidas sobre
o que estavam sugerindo.
As mulheres eram muito assustadoras. Como ela sabia?
Tyler fez uma careta para ela e disse em sua voz mais enfática - que
ele suspeitava não ser muito autoritária:
— Volte para o trabalho, Zoe.
Revirando os olhos, ela voltou ao trabalho.
Tyler... Tentou. Ele ainda não conseguia se concentrar em merda
nenhuma. Ficava pensando nas coisas mais idiotas e ridículas, como a boca de
Nick, as suas mãos, o seu olhar sombrio, e no corpo musculoso em cima dele.
Continuava excitante se lembrar de todo sexo que tiveram na noite passada,
as coisas sujas que Nick sussurrou em seu ouvido enquanto o fodia com força,
seu cheiro, a sensação da barba contra sua pele, seus braços ao redor dele.
— Recomponha-se. — Tyler disse ao soltar outra lata por causa de
seu estado distraído. Ele era a porra de uma bagunça. Estava agindo como
uma menina de quinze anos que teve seu primeiro pau e agora não conseguia
o suficiente. Isso era ridículo. Precisava se concentrar em seu trabalho, não
sonhar com as várias partes do corpo do seu melhor amigo. Ele realmente
estava agindo como uma colegial com uma paixonite. Uma colegial muito
excitada.
Era o suficiente.
Assentindo resolutamente para si mesmo, Tyler pegou outra caixa e
se perguntou o que Nick estava fazendo.
Tyler gemeu. Isso era realmente ridículo. Fazia duas horas e meia
desde que saíra da casa dos Hardaways, pelo amor de Deus. Ele estava agindo
como aquelas namoradas grudentas que não podiam viver sem checar o
namorado a cada hora. Não que Nick fosse seu namorado - qual era o ponto.
Nick não era seu namorado, porque Tyler não era gay.
— Pelo menos me diga se ela é gostosa, chefe. — Disse Zoe,
sorrindo. — Eu a conheço?
Tyler olhou para ela.
— Volte para o trabalho.
— Vamos, chefe, estou curiosa! — Zoe disse. — Nunca vi você
assim.
— Assim como? — Ele gritou.
Ela sorriu.
— Todo sonhador.
Para a mortificação de Tyler, ele sentiu-se corar.
— Eu não tenho olhos sonhadores.
O sorriso de Zoe ainda estava lá.
— Então quem é ela? Vamos, talvez eu possa te ajudar. Também sou
mulher. Posso te dar uma perspectiva feminina.
Tyler bufou e murmurou:
— Não preciso da perspectiva de uma mulher.
Quando os olhos dela se arregalaram, ele se arrependeu
profundamente de suas palavras descuidadas.
— Caramba. Você está sonhando com um cara?
— Eu não estou sonhando. — Tyler disse.
O sorriso dela era tímido.
— Mas é um cara. Uau. Pensei que você fosse totalmente hétero. O
homem mais hétero de sempre.
— Não é engraçado. — Tyler resmungou, desviando o olhar. Ele se
sentia... Estranhamente não entrou em pânico que alguém tivesse descoberto.
Era estranho. Ele meio que esperava estar em pânico, mas não sentiu nada
além de um leve aborrecimento e constrangimento. Talvez o fato de Zoe ser
lésbica o deixasse mais à vontade falando sobre isso com ela.
Pela primeira vez em todo o tempo em que a conhece, Zoe parecia
totalmente séria quando disse:
— Sinto muito, você está certo. Está tudo bem? — Algo como
desconforto brilhou em seu rosto. — Sei que seus pais são... conservadores.
— Eles não sabem. — Disse Tyler. — Não há razão para saberem.
Porque sou hétero. — Ele odiava o quão defensivo soou.
Esperava que ela o contradissesse, mas Zoe apenas deu um longo e
compreensivo olhar.
— Mas você está interessado em outro cara. — Disse ela.
Franzindo os lábios, Tyler encolheu os ombros.
— É... complicado.
— Sempre é.
Quando ela não disse mais nada, Tyler hesitou. Ele meio que queria
falar com alguém, para descobrir o que diabos estava acontecendo, e mal
podia falar com seu melhor amigo sobre isso.
— Eu só... — Tyler passou a mão pelo cabelo. — Ele é meu melhor
amigo. Era para ser uma simples foda entre amigos - era sobre tirar isso do
meu sistema - eu nunca deveria querê-lo! Não sei como isso aconteceu. —
Tyler desinflou, seu rosto ficando quente. — Mas agora penso nele todo o
maldito tempo.
Zoe fez um som enquanto pensava, seus olhos escuros um pouco
curiosos.
— Ele é seu primeiro homem?
— Umm, sim. Obviamente.
— Talvez você devesse tentar dormir com outro homem? Isso poderia
ajudá-lo a descobrir se quer aquele cara em particular ou apenas o sexo.
Tyler não conseguiu parar a careta instintiva ao pensar em sexo gay
com outro cara.
— Já tentei. — Falou rigidamente. — Amarelei no último minuto. —
Sem mencionar que ele não esteve nem um pouco atraído por Greg; tudo o
que queria era ser fodido e nem conseguiu continuar com isso.
Tyler mordeu o interior de sua bochecha, desviando o olhar.
— E tenho certeza que o quero, não apenas seu pau. — Era
impossível negar depois que passou as últimas horas pensando sobre a boca
de Nick na sua. Tyler fez uma careta. — Não sei o que diabos está errado
comigo. Gosto de mulheres. Amo tudo sobre elas. Eu não sou gay.
Zoe suspirou.
— Tyler. Olhe para mim.
Ele fez, relutantemente.
A expressão de Zoe estava tensa, seus olhos brilhando.
— Brinquei com minha melhor amiga também quando eu tinha
dezessete anos. — Ela disse calmamente. — Ela foi minha primeira e eu...
desenvolvi sentimentos, mas ela era hétero. Não era sério para ela, pelo
menos assumi que não era. Eu me convenci de que não era sério para mim
também. Então não disse nada, fingi que era apenas foda sem sentido, que eu
também era hétero.
O sorriso dela era amplo, mas havia algo infinitamente triste e frágil
nisso.
— Alguns anos depois, fui a sua dama de honra. Cheguei em casa
depois do casamento e olhei para o meu apartamento vazio e... — A voz de
Zoe vacilou e ela desviou o olhar. — Eu queria poder reverter o tempo. —
Disse ela com voz rouca. — Desejei não ter sido tão covarde. Talvez se eu não
tivesse, estaríamos juntas. Ou talvez não, mas pelo menos eu não teria
pensado sobre o que fazer e beber meu peso em vodca no dia do casamento.
Tyler sentiu algo pesado e desagradável no estômago.
— Sinto muito.
Ela sorriu.
— Sim. Apenas... Não repita meus erros. Sei que é assustador, sei
que é difícil aceitar o que você é, mas faça isso antes que seja tarde demais.
Ele não vai te esperar para sempre enquanto você se descobre. Se você ficar
em negação, ele seguirá em frente. Acabará por conhecer alguém e se
apaixonar. Se estiver falando de Nick, caras como ele não ficam solteiros por
muito tempo.
Tyler lambeu os lábios secos, o nó de ansiedade em seu estômago se
agravava a cada segundo.
— Ele não está... Você entendeu errado. — Tyler conseguiu dizer. —
Ele não está esperando que eu me descubra. Não me quer de verdade. Eu nem
sou o tipo dele.
Zoe deu de ombros.
— Eu assumi que Phoebe não era séria sobre mim também.
— Ela era?
Afastando-se, ela riu.
— Mas essa é a coisa. Eu nunca saberei agora.
Tyler a observou limpar o balcão com movimentos bruscos e sentiu
uma onda de pena. Não saber com certeza era provavelmente a pior coisa
sobre a história de Zoe - ela não teve fechamento e não conseguia seguir em
frente. Perguntou-se se era por isso que Zoe era quase tão terrível nos
relacionamentos quanto ele, pegando uma nova garota a cada poucas
semanas, incapaz de se comprometer.
Pensou em Nick, imaginou-o se apaixonando por algum homem gay,
alguém que sabia o que queria e que deixaria Nick feliz. Isso iria acontecer
eventualmente. Zoe estava certa: um homem tão atraente e confiante quanto
Nick não ia ficar solteiro por muito tempo. Nick inevitavelmente encontraria
alguém. Os Hardaways eram homens de família. Nick podia foder ao redor
agora, mas eventualmente iria querer estabilidade, amor e família. Brad, ou
outra pessoa, alegremente daria a Nick o que quisesse. E Tyler...
Provavelmente seria o melhor homem, se Nick não se cansasse dele muito
antes disso.
Algo quente e feio encheu o peito de Tyler, sua boca tinha gosto de
ácido. Ele sentiu-se mal.
— Estou bem com a minha sexualidade agora. — Disse Zoe, sem se
virar. Sua voz não parecia nada com sua voz sarcástica normal. — Mas você
não pode voltar no tempo. — Ela riu. — A última vez que ouvi, ela teve dois
filhos.
Tyler sentiu como se alguém tivesse depositado uma tonelada de
chumbo em seu estômago.
De repente, ele queria Nick. Seriamente.
Queria ouvir sua voz. Agora.
Tyler dirigiu-se para a porta dos fundos.
Uma vez fora, ele respirou o ar fresco avidamente, mas isso não fez
nada para reprimir o pânico que crescia em seu peito.
Ele puxou seu celular.
Nick respondeu no segundo toque.
— Tyler?
Tyler fechou os olhos, encostando-se na porta. Não sabia quando a
voz baixa de Nick começou a fazê-lo se sentir quente e tonto por dentro. Só de
ouvi-la o fez se sentir instantaneamente melhor. Mais seguro.
— Ei. Você ainda está no Zach?
— Sim. Por quê?
Tyler mordeu o lábio, incerto com quem estava falando: seu melhor
amigo ou com seu amante idiota. A pior parte era que Tyler não sabia qual
deles queria agora. Queria a aceitação e afeto fáceis de seu melhor amigo,
mas também queria... Outras coisas. Porra, ele estava tão bagunçado.
— Preciso de você. — Disse Tyler, e então corou de imediato. —
Quero dizer, preciso ver você.
Houve silêncio na linha.
Finalmente, Nick disse:
— Você me viu há algumas horas. — Disse ele, parecendo cauteloso.
— Aconteceu alguma coisa?
Tyler mordeu a ponta da língua.
— E se eu disser que só queria te ver? — Ele disse. — Nenhuma
razão em tudo?
Houve outro silêncio antes de ouvir Nick amaldiçoar.
— O que você está fazendo, Tyler? — Ele falou e parecia com raiva.
Tyler passou a mão pelo cabelo, o estômago em nós.
— Não sei. — Admitiu, sua voz baixa. — Sinto muito, eu só... — Ele
forçou uma risada. — Esqueça. É estúpido. Estou sendo idiota. Não sei o que
estava pensando...
— Ty. Você está no bar? — Nick Perguntou.
— Sim.
— Vou estar ai em meia hora. — Ele falou e desligou.
Tyler não se incomodou em entrar, mesmo que estivesse frio lá fora.
Ele esperou, recostando-se na parede fria e pensando no que diria a Nick.
Não tinha ideia. Deveria tentar ser legal e agir como amigos? Mas
algo dentro dele se encolheu com isso. Ele não queria um amigo agora.
Queria... Ter certeza de que não estava sozinho nisto, que não era só ele. Nick
era tão difícil de ler. Tyler não sabia o que estava acontecendo em sua mente.
Ele ainda o via apenas como amigo? Tyler não tinha certeza.
Porra, o simples fato de que estava tão nervoso sobre se Nick
gostava dele daquele jeito ou não, estava o deixando louco. Isso era ridículo.
Estava sendo ridículo. Eles eram homens, não garotinhas. Por que estava
tornando as coisas tão desconfortáveis? Por que não poderia estar satisfeito
em foder sem complicar tudo desnecessariamente? Ele iria querer dar as mãos
com Nick agora?
Tyler imaginou os longos e fortes dedos de Nick entrelaçados aos
seus e se sentiu estupidamente quente com a ideia. Puta merda. Ele era um
homem. Eles não deveriam querer coisas assim, e definitivamente não com
outros homens.
Sei que é assustador, sei que é difícil aceitar o que você é, mas faça
isso antes que seja tarde demais. Ele não vai te esperar para sempre enquanto
você se descobre.
Não conseguia tirar as palavras de Zoe de sua mente. Francamente,
elas o assustaram. Embora Nick tivesse dito a ele para ignorar as palavras de
Tristan e não se sentir pressionado a fazer o que não estava pronto, a história
de Zoe o fez se sentir em pânico e inseguro novamente.
Ele estava em negação?
Estava sendo um covarde?
Tyler pensou nesta manhã - como foi bom ter acordado aconchegado
contra Nick, com os dedos dele enfiando-se em seus cabelos, o cheiro de Nick
em seu nariz e toda aquela pele quente e nua contra a dele. A sensação disso
foi além do bem. Ele se sentiu... Feliz. Tão feliz. Sentiu como se pertencesse
ali. Queria isso, mais que tudo. Tyler queria Nick.
Pegou seu telefone novamente e olhou para seus contatos.
Não conseguiu encontrar sua mãe em suas ligações recentes. Quanto
tempo se passou desde a última vez que conversou com ela?
Finalmente, encontrou seu contato e bateu em Chamar.
O telefone tocou quatro vezes antes dela responder.
— Mãe? — Ele resmungou.
— O que foi, querido? — Ela disse, parecendo distraída.
— Eu...
— É urgente, Tyler? Estou bastante ocupada agora.
Tyler lambeu os lábios secos.
— Acho que posso ser bi.
Houve um silêncio mortal na linha.
— Perdão? — Ela disse finalmente.
— Acho que sou bissexual. — Disse ele e olhou para os sapatos
enquanto esperava a reação dela. Foi estranho. Dizer isso em voz alta parecia
muito menos intimidante do que esperava. Ele se sentiu... Quase aliviado.
Estava feito. Mesmo que ela o odiasse agora, não havia mais nada a temer.
Estava feito.
— Tyler, eu não tenho tempo para suas piadas bobas. — Ela disse
secamente. — Quando você vai finalmente crescer?
Tyler piscou, absolutamente sem fala. Ela sabia que ele não estava
brincando. Ela tinha que saber, certo? Por que estava fingindo que ele estava?
— Estou falando sério, mãe. — Ele tentou, mas ela o interrompeu.
— Claro que você não está. — Disse ela. — Ligue para mim quando
aprender a ser um adulto responsável. — E ela desligou.
Tyler olhou para o seu telefone entorpecido antes de uma risada sair
de sua garganta.
Ele riu e riu, até que algo em seu peito doeu.
— Tyler?
Ele olhou para cima e lá estava Nick em sua jaqueta de couro escura,
um cigarro na mão.
Tyler não sabia o que estava escrito em seu rosto, mas Nick franziu a
testa e se aproximou.
— Ei. — Disse ele, colocando a mão no ombro de Tyler. — Você está
bem?
Tyler tentou sorrir, mas suspeitou que falhou. Ele deve parecer
verdadeiramente patético, porque a carranca de Nick se aprofundou.
— Ty?
E foda-se, talvez ele fosse fraco, talvez não fosse viril, mas tudo o
que queria naquele momento era estar nos braços de Nick. Ele quase caiu
contra Nick, enterrando o rosto em seu pescoço e inalando seu cheiro familiar
como um homem se afogando respirava ar.
Depois de um momento, os braços de Nick o envolveram e apertaram
com força.
— O que há de errado, Ty? — Ele disse. Quando Tyler não disse nada,
sua voz suavizou. — Querido, fale comigo. Venha, amor.
Tyler estremeceu, se contorcendo mais perto dele. Era a primeira vez
que Nick usava carinhos fora do sexo. Desta vez Nick soou como se realmente
quisesse dizer isso.
— Mamãe pensou que eu estava brincando. — Disse Tyler com uma
risada. Seus olhos estavam ardendo, então os pressionou contra o ombro de
Nick. — Malditamente brincando.
— Sobre o quê? — Nick falou, passando os dedos pelo cabelo de
Tyler.
— Eu disse a ela que sou bi e ela me disse para crescer.
Sentiu Nick ficar rígido contra ele.
— Você disse a ela que é bi?
Tyler assentiu.
Os dedos de Nick continuaram acariciando seu cabelo, seu outro
braço apertando ao redor de Tyler.
— Foi muito corajoso. — Disse ele. — Você fez bem, amor.
O interior de Tyler se aqueceu com o elogio e o carinho, mas ele
balançou a cabeça.
— Foi uma perda de tempo. — Murmurou. — Ela nem me levou a
sério. Eles nunca fazem.
— Porque eles são idiotas dominadores e arrogantes. — Nick disse,
seu tom áspero.
Tyler hesitou, dividido entre sua lealdade a seus pais e a vontade de
concordar com Nick.
— Eles me amam.
— Talvez façam. — Havia algo escuro e afiado na voz de Nick, como
se estivesse dizendo algo que ele estava reprimindo há muito tempo. — Mas
isso não muda o fato de que eles querem controlar sua vida. Eles dizem para
você crescer, mas ao mesmo tempo não querem te deixar tomar suas próprias
decisões.
Tyler abriu a boca e depois fechou.
— Você tem quase vinte e cinco anos, Ty. — Continuou Nick, sua voz
suavizada. — Não é um garotinho. Eles não precisam mais aprovar suas
escolhas de vida. Eles te criaram e são seus pais, mas você é uma pessoa
adulta e incrível. Você não precisa 'deixar de ser criança.' Você não precisa
fazê-los felizes. Se eles não o apreciam como você é, se não veem como é um
bom filho, é a perda deles, não a sua. Você só precisa se ver como o adulto
que é.
— Você realmente acha que sou incrível? — Tyler murmurou no
ombro de Nick.
Nick se afastou um pouco e, inclinando o queixo de Tyler para cima,
forçou-o a olhá-lo nos olhos.
— Eu não ficaria por aí tanto tempo com um pavão tão ridículo se não
soubesse que, apesar de toda essa besteira de machão, você é uma pessoa
incrível. Qualquer um que pense de outra forma simplesmente não te conhece.
Tyler olhou para Nick, cheio de uma onda de pura adoração.
Avançando, beijou a boca de Nick desajeitadamente - ou tentou.
Nick segurou seus ombros e o empurrou para longe.
— Olha, você está confuso agora, e não acho que seja uma boa
ideia...
— Você acabou de dizer que eu não deveria ter medo de tomar
minhas próprias decisões. — Disse Tyler, tentando se convencer de que Nick
não o estava rejeitando. Ele foi apenas parcialmente bem sucedido. A voz
insegura no fundo de sua mente continuava sussurrando que Nick nunca iria
querer um perdedor como ele.
— Sim, mas acho que você precisa se descobrir primeiro. — Disse
Nick com firmeza, fechando o rosto novamente.
E de repente, Tyler ficou com raiva de si mesmo mais do que de
qualquer outra pessoa. Por que ele se transformou em um tolo inseguro onde
Nick estava em causa? Ele era quente! Tinha um corpo incrível, um pau maior
do que a média e lindos olhos azuis. As mulheres eram loucas por ele. Não
havia razão para Nick não gostar dele. Na verdade, ontem mesmo Tyler fez
Nick esquecer tudo sobre Brad - que era do tipo de Nick - então por que estava
sendo tão inseguro agora?
— Você está certo. — Disse Tyler, recuando e tentando não mostrar o
quanto já sentia falta do calor do corpo de Nick. Ele baixou o olhar e olhou
para Nick por baixo de seus cílios. — Eu provavelmente deveria experimentar
um pouco, descobrir o que gosto, de que tipo de caras gosto...
Nick pegou outro cigarro e acendeu, seu rosto como pedra. Para
decepção de Tyler, Nick não parecia com ciúmes, mesmo que houvesse
alguma estranha tensão sobre ele.
— Pensei que fosse parar. — Disse Tyler.
Nick fez um gesto descompromissado com os ombros e deu um longo
trago, seu olhar escuro e atento em seu rosto.
— Então você está bem em estar em homens agora? Isso é
repentino.
Tyler deu de ombros, tentando avaliar as emoções de Nick.
— Eu não estou bem, não exatamente, mas alguém me fez perceber
que neste momento é inútil negar que sou um pouco gay. Então devo ser bi,
certo?
Os olhos de Nick pareciam penetrar em seu rosto.
— Você está me perguntando?
Tyler fez beicinho.
— Você também não me leva a sério.
A expressão inescrutável de Nick não mudou.
Tyler suspirou exasperado.
— Pare de fazer isso! Está me deixando louco!
— Fazer o quê? Não estou fazendo nada.
Tyler olhou para ele, apontando para o seu rosto ilegível.
— Isto! Eu não consigo te entender de jeito nenhum! Você sopra
quente e frio toda maldita vez. Você deixa de ser meu bom e compreensivo
melhor amigo para ser esse imbecil que olha para mim como se quisesse me
foder ou lutar comigo, eu nem sei mais! — Ele esvaziou, franzindo a testa em
confusão. — Está mexendo com a minha cabeça, Nick.
Uma estranha expressão cruzou o rosto de Nick. Ele largou o cigarro
e cuidadosamente o apagou com a bota, o tempo todo olhando para Tyler com
aquele estranho olhar intenso que Tyler não conseguia ler direito.
— Estou 'soprando quente e frio' porque não sei o que diabos você
quer de mim. — Disse Nick por fim. — Um dia você diz que é hétero e tudo
que quer é meu pau para gozar. No dia seguinte, diz que fica com ciúmes de
mim e não quer me compartilhar. No próximo, diz que é hétero, mas depois
me beija. Então você diz que é bi, mas que vai experimentar com outros caras.
— Nick riu, o som áspero. — Quem está mexendo com a cabeça de quem?
Tyler abriu a boca, mas não conseguiu pensar em nada para dizer.
Quando colocado dessa maneira, ele podia ver de onde Nick estava vindo.
Provavelmente ficaria muito chateado se estivesse no lugar dele também.
— Eu não pretendia. — Disse Tyler, olhando para ele com
sinceridade.
Um músculo flexionou na mandíbula de Nick.
— Eu sei. Essa é a única razão pela qual ainda estou aqui. Mas olha,
você precisa decidir de uma vez por todas o que quer que eu seja, e então a
cabeça de ninguém vai ficar confusa. Você quer que eu seja seu melhor amigo,
Tyler?
Antes que Tyler pudesse dizer sim, Nick disse:
— Apenas o seu melhor amigo?
O estômago de Tyler apertou. Incapaz de falar, ele balançou a
cabeça.
— Amigo de foda? — Nick disse sem muita inflexão.
Mordendo o lábio, Tyler só podia olhar para ele incerto.
— O que... O que você quer dizer com amigo de foda?
— Isso significa que vou te foder, mas vou sair com outros caras e
você não vai ficar com ciúmes.
Tyler baixou o olhar, franzindo a testa. Ele desejou que pudesse
concordar com isso, mas seu estômago doía com a simples ideia de Nick
fodendo, beijando e tocando outro cara. Inferno, ele não queria que Nick
olhasse para outros caras.
Ele balançou sua cabeça.
— É... é possível sermos melhores amigos que fodem e beijam, mas
exclusivamente?
Houve um silêncio mortal.
Finalmente, Nick pegou o queixo de Tyler em sua mão e inclinou o
rosto dele para cima. A expressão de Nick estava um pouco tensa.
— Talvez você esteja procurando a palavra 'namorado'?
Tyler engoliu em seco.
— Você quer ser meu namorado, Tyler? — Nick disse, estudando-o.
Tyler lambeu os lábios secos, o rosto desconfortavelmente quente.
De repente, Nick sorriu, parecendo mais relaxado e despreocupado
do que Tyler tinha visto em meses.
— Você faz totalmente, não é? Olhe para este rubor!
— Foda-se. — Tyler murmurou, socando-o no peito um pouco.
Nick deixou cair o sorriso e, inclinando-se, beijou-o na bochecha
levemente. Tyler estremeceu, apreciando a sensação da barba de Nick contra
sua pele.
— Você quer ser meu namorado, amor? — Nick disse, sua voz rouca
e íntima. Ele pressionou outro beijo contra a bochecha de Tyler. — Vou te
tratar muito bem, prometo.
— Hum, tudo bem. — Disse Tyler, sentindo-se muito sem fôlego de
um contato tão inocente. — Me sinto engraçado, Nick. — Murmurou,
enterrando os dedos no cabelo grosso de Nick.
Nick beijou sua orelha.
— De que maneira?
— Tipo, toda agitado no interior. — Disse Tyler, choramingando um
pouco quando Nick lambeu o lóbulo da sua orelha. — Como se eu tivesse
engolido bolhas e elas estão me fazendo cócegas por dentro. É tão estranho.
Nick riu, puxando-o para mais perto de seu corpo.
— Você é um tremendo idiota. É uma coisa boa que você é tão
bonito.
— Ei! — Tyler disse, fazendo beicinho.
Nick beijou o beicinho de seus lábios.
Tyler suspirou feliz. Era tão bom. Curiosamente, beijos nunca foram
tão bons até Nick.
Ele choramingou em protesto quando Nick se afastou um pouco.
— Eu não me importo. — Nick disse com voz rouca, olhando-o nos
olhos e acariciando a bochecha de Tyler. — Amo tudo sobre você.
Tyler lambeu os lábios, as bolhas em seu peito ficaram tão ruins que
ele quase teve medo de começar a flutuar.
— Como um amigo?
Nick sorriu, seus olhos encobertos.
— Não é como um amigo.
Tyler sorriu, desviou o olhar, depois olhou novamente para Nick e
sorriu desamparado antes de esconder o rosto corado contra o ombro dele.
— Ugh. Isso é tão nojento. Estamos agindo como garotas. Ugh.
Ele sentiu Nick rir.
— Você é uma pessoa tão ridícula. — Disse ele, dando um beijo em
cima da cabeça de Tyler.
Tyler sorriu contra o ombro de Nick, sentindo-se tão tonto que não
sabia o que fazer com ele mesmo.
— Também te amo. — Ele murmurou, beijando a garganta de Nick e
respirando seu cheiro masculino e limpo. — Não é como um amigo. —
Acrescentou ele, caso não fosse óbvio.
Os braços de Nick apenas apertaram em torno dele em resposta.
Tyler se permitiu aproveitar esse momento por alguns minutos antes
de decidir que isso estava ficando muito meloso e embaraçoso.
— Vamos foder. — Disse ele, levantando a cabeça.
A risada de resposta de Nick foi o melhor som do mundo, decidiu
Tyler, sorrindo de volta.

Epílogo

— Aww, vocês dois não são os mais fofos? — Tristan disse, se


jogando no sofá e sorrindo para Tyler e Nick irritantemente. — Eu sempre
soube que vocês seriam adoráveis juntos.
— Desconfiei há séculos atrás. — Miles entrou sem levantar os olhos
do telefone.
— Odeio a sua família. — Disse Tyler de onde estava esparramado no
tapete, usando o colo de Nick como travesseiro.
Desviando o olhar das cartas na mão, Nick sorriu para ele.
— Mentiroso.
Tyler se viu sorrindo de volta. Ok, talvez estivesse mentindo um
pouco. Mais do que um pouco. Ele amava os Hardaways, e era incrivelmente
grato por permitir que passasse o Natal com eles e fazê-lo se sentir tão
incluído. Sempre se sentira confortável em torno deles, mas agora que ele e
Nick estavam juntos, todos estavam ainda mais gentis com ele. Tyler esperava
que não estivessem apenas com pena dele por causa de seus pais. Não achava
que Nick havia contado a sua família sobre isso, mas considerando que Tyler
estava passando o Natal com os Hardaways, eles provavelmente adivinharam
o quanto as coisas estavam ruins com seus pais.
O sorriso de Tyler escorregou um pouco. Seus pais não receberam
bem as notícias - para dizer o mínimo. Sua mãe ainda se recusava a falar com
ele. Seu pai... A única coisa que seu pai dissera foi:
— Não estou nem surpreso. Um homem normal teria se estabelecido
agora.
Tyler esperava se sentir absolutamente destruído, mas estava
surpreendentemente bem, na verdade. Se sentiu quase aliviado, de certa
forma. Agora que seu relacionamento com seus pais havia chegado ao fundo
do poço, ele não tinha mais nada a temer. Estava feito. Talvez o
relacionamento deles melhorasse, talvez não, mas as coisas só poderiam
melhorar agora. Provavelmente levaria muito tempo para isso, se é que
fariam, mas Tyler estava surpreendentemente bem com isso. É claro que
ajudou imensamente que a única pessoa que sempre cuidava das suas costas
estava ainda mais próxima dele do que antes, tão perto que às vezes Tyler não
tinha certeza de onde ele terminava e Nick começava.
Estar em um relacionamento com Nick não era nada estranho. Era
maravilhoso demais. Tyler tem todas as vantagens de um melhor amigo,
juntamente com todo o grande sexo do mundo. Ele poderia beijar Nick a
qualquer hora que quisesse - e queria beijar Nick toda maldita hora
ultimamente. Era meio constrangedor, realmente, mas Tyler descobriu que
amava beijar Nick quase tanto quanto amava ter o pau de Nick nele. Estava se
transformando em uma puta total de beijo. Isso realmente existe?
Tyler sorriu um pouco, olhando para o namorado enquanto Nick
jogava cartas com seus irmãos. Nick tinha uma expressão de intensa
concentração em seu rosto, os Hardaways eram hilariamente competitivos
quando se tratava de jogos de cartas, então Tyler podia parecer satisfeito sem
ser pego olhando para Nick como uma seiva. Ele podia estudar suas feições,
expressões de cada emoção que Nick estava sentindo. A mandíbula de Nick
apertou com força enquanto encarava Ryan, que acabara de acusá-lo de
trapacear. Tyler molhou os lábios, querendo lamber a carranca da boca de
Nick. Beijá-lo. E fazer outras coisas para ele.
— Bruto. — Disse Miles com um bufo, chutando Tyler.
Tyler olhou para ele, seu rosto aquecendo. Se havia uma coisa que
ele odiava nos Hardaways, era a falta de privacidade. Havia apenas muitos
deles. Não se podia nem cobiçar o próprio namorado sem ser ridicularizado.
— A fase de lua de mel é doentia, não é? — Tristan disse, sorrindo. —
Me sinto constrangido em segunda-mão só de estar em torno desses dois.
Miles revirou os olhos.
— Como se você e Zach não fossem tão doentios. Vocês estão juntos
há dois anos. Qual é a sua desculpa?
Tristan encolheu os ombros antes de deslizar descaradamente no colo
do marido.
— Meu marido é o homem mais quente da sala. — Declarou ele,
olhando para as cartas de Zach. — Essa é a minha desculpa.
— Pare de me distrair, pirralho. — Disse Zach, mas envolveu seu
braço livre em torno de Tristan.
— Eu discordo. — James falou de onde estava sentado encostado no
ombro de Ryan. — Meu namorado é o homem mais quente nesta sala.
Tyler olhou de Zach para Ryan e franziu o nariz em pensamento. Ele
supôs que ambos eram quentes. Os Hardaways foram abençoados com alguns
grandes genes, na verdade. Ryan era meio ridiculamente bonito, mas a
impressionante estrutura óssea de Zach atraia mais Tyler.
— Acho que Zach é mais quente que Ryan. — Disse ele.
— Ai. — Ryan disse, rindo.
Tristan sorriu para Tyler.
— Eu gosto de você. Podemos ficar com ele?
Nick olhou para Tyler com atenção.
— Nós vamos.
Tyler lambeu os lábios. Droga, realmente queria um beijo. Poderia o
resto dos Hardaways desaparecer por um minuto para que Tyler pudesse
beijar seu namorado?
— A opinião de Tyler não conta. — Disse James com uma risada. —
Zach se parece muito com Nick, apenas com a cor diferente do cabelo, então a
opinião de Tyler não é exatamente imparcial.
— Ei, sou extremamente imparcial! — Tyler disse.
— Não seja um mau perdedor, Jimmy! — Tristan disse, colocando a
língua para fora. — Você perdeu. Engula isso.
— Não me chame de Jimmy. — James resmungou, olhando para seu
meio-irmão.
— Não briguem, crianças. — Disse John, revirando os olhos. — É
Natal.
Tyler se viu sorrindo. Estava feliz. Estava muito, muito feliz.
Ele olhou para Nick e o encontrou olhando de volta.
Nick roçou o polegar contra os lábios sorridentes de Tyler, sua
expressão estranhamente sombria e suave ao mesmo tempo.
— Feliz Natal, amor.
— Feliz Natal. — Tyler sussurrou, sorrindo impotente.
E foda-se, ele estava obtendo aquele beijo mesmo que todo o clã
Hardaway os visse.
Tyler agarrou a frente da camisa de Nick e o puxou para baixo.
— Venha aqui. Já faz duas horas inteiras desde que você me beijou.
Nick estava rindo enquanto seus lábios se esmagavam juntos.
O ângulo era muito estranho, havia assobios e risadas ao redor da
sala, mas ainda era o melhor beijo da vida de Tyler.
Tinha gosto de felicidade.
Fim

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