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Meins
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informação sem autorização por escrito da autora.
Todos os direitos reservados.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da imaginação da
autora. Qualquer semelhança com a realidade é mera
coincidência.
Sinopse
Leah Diaz é uma mulher de espírito livre, de riso fácil e
uma amiga terrivelmente protetora. É também uma mulher
com uma missão: encontrar Bonita e espancar seu traseiro
por deixá-la louca de preocupação. Sua tentativa de
resgate, no entanto, lhe dá mais do que ela pode imaginar
quando se depara com um homem capaz de fazer seu
sangue cantar e seu coração inchar de amor. Um delicioso
desconhecido que, depois de uma noite tórrida e
apaixonada, faz seu mundo virar de cabeça para baixo.
Embry Warden, beta da matilha de Snowville, é um amante
da liberdade e das caçadas. Fêmeas e sexo fazem parte
de sua rotina diária. Acasalar-se passa longe de seus
planos até que seu alfa encontra sua Companheira
Prometida e se acasala com ela.
Embry não buscou pela sua, sequer cogitou se
comprometer, mas aqui estava ela, sua Companheira
Prometida, e ele tem toda intenção de mantê-la.
Nota da autora
Caro leitor,
Talvez você estranhe o pseudônimo desse livro,
caso já o tenha lido. Ocorre que eu, Daya Engler, em 2020,
passo a assinar todos os meus trabalhos, inclusos os
anteriormente publicados com o pseudônimo Daya Engler,
como S. K. Meins.
Desde já agradeço a compreensão.
Atenciosamente,
S. K. Meins
Para você
Sinopse
Nota da autora
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Epilogo
Um gostinho de SEDUTORA RENDIÇÃO
Contato
1
CAPTURADA
Inuvik, Canadá
Montanha Blakestood, Snowville
Assombroso.
Não havia outra palavra para definir as últimas...
horas.
Oh, espere um momento. Havia sim!
Luxúria. Seca. Carência. Desespero. Muita loucura.
Tesão.
Louco e quente.
Estas também eram boas palavras, se não as que
melhor se encaixavam ao seu comportamento dado às
coisas sujas e profanas que tinha feito com...
Qual era mesmo o nome dele?
Lee não podia dizer. Também não era como se seu
amante tivesse oferecido seu batismo. Ou que tivesse tido
a chance de se lembrar de perguntar esse pequeno detalhe
quando o rosto bonito do homem mais espetacular, que ela
teve a chance de pôr as unhas, estava descansando
deliciosamente no berço entre as suas coxas nuas.
Tinha sido insano. Explosivo. Glorioso. Devastador.
Libertador.
Lee ainda podia sentir... seja lá o que fosse aquela
sensação, pulsando através dela, crescente e persuasiva.
A necessidade ardente. A fusão indômita de abalos
eróticos. A emoção chiava percorrendo em suas veias,
crepitando em seu crânio. Eletrizante. Febril. Encorpado
como cera quente encapuzando seus sentidos, enredando-
a tão fundo, colando-os juntos com cola, que ela se sentiu
apanhada por algo sobrenatural e poderoso. Foi surreal e
delicioso. Algo tão bom que ela tinha querido ficar para
sempre. Mesmo o frio balançando seus cabelos e
ressecando seus lábios inchados não podia impedi-la de se
sentir quente. Estava tenra e ainda melecada entre as
coxas, os músculos internos doloridos da melhor forma. O
calor era um zumbido em seu corpo febril.
O aroma dele estava por toda parte, dentro dela.
Lee cheirava a ele.
Sentia-se como ele, como se ainda estivesse lá,
como se fosse uma parte dele.
Mesmo seu gosto... Oh, Deus, seu gosto era tão, tão
bom, inebriante. Chocolate derretido atacando todo o seu
sistema. Lee adorava chocolate.
O tipo foi uma bomba sexual no seu cérebro no
momento que colocou seus olhos nele. Seus neurônios
entraram em choque. Ele a tinha envolvido com o olhar.
Corrompido com seu magnetismo animal. Profanado com
sua voz grossa, profunda e íntima.
A voz... aquela voz extremamente grave e forte,
como o aço coberto de veludo negro, iluminou seu coração
e reverberou em seu âmago, atando sua alma quando
chamou por ela. Não. Seu amante tinha ordenado, um
comando suave e autoritário ao mesmo tempo então, Lee
estava lá, toda mole e entregue, a mercê daquele homem.
Nos braços dele, a boca na sua, mãos por todas as partes,
seus corpos unidos. Juntos eles foram prazer e felicidade
em sua mais pura essência.
A coisa toda foi realmente muito insana, que mesmo
ela em toda sua vasta loucura jamais poderia compreender
o que ocorrera para que agisse de tal maneira.
Nunca havia se sentido de tal forma.
Louca. Sem controle. Submissa.
Mas, então, nunca nenhum homem a havia atraído
com essa crueza.
Os caras como àquele não costumavam flertá-la e
destilar esse açúcar, quem dirá fazê-la entrar em curto-
circuito. Caras assim sequer cruzavam a mesma rua que
ela.
Contudo, seu cara quente não era como qualquer
outro que já tivera conhecido. O homem era cheio de si,
muito seguro e decidido do tipo que beirava a arrogância
suprema, ainda assim era amável e atencioso. Austero e
áspero, porém macio.
Ele tinha sido seu por algumas horas e por aquele
tempo a fez cogitar o para sempre.
A sensação das pontas do cabelo dele roçando em
sua virilha ainda fazia um arrepio tentador ondular sob sua
espinha e aquecer seu sangue. Até os pelos de suas coxas
esfregando contra as dela quando ele a montou por trás
fazia seu corpo florescer para a vida e nascer dentro dela
um anseio de nunca mais separar-se dele. Lee tinha
adorado o cabelo. Era sedoso, muito macio, seus dedos
não tinham podido ficar longe dele. Os fios eram ondulados
e longos na altura dos ombros massivos. Seu amante era
alto e maciço por todos os lados. Honestamente, seu corpo
era a melhor coisa que já tivera visto alguma vez. Os olhos
eram como olhar para o céu tempestuoso, acinzentado e
profundo, brilhante. E eles tinham dançado para ela com
possessividade e adoração. Os lábios firmes mais macios e
doces que ela já tinha provado, e tão malditamente hábeis
que apenas a lembrança a fazia querer refazer o caminho
para a casa dele.
Deus, o homem a tinha tirado do eixo e abalado seu
mundo num flash.
Quantos homens eram capazes de fazer isso?
Lee tinha feito um achado. A exceção.
Ela gostou... Humpf! Gostar não chegava nem perto
do que sentiu. Queria se ajoelhar na frente dele e fazer
uma prece. Oh, espere! Ela fez exatamente isso! Está
certo, não era o tipo de prece que Deus iria apreciar
sorrindo quando ela tinha o grosso pênis de um homem
rude e viril tentando chegar a sua garganta, mas o diabo
poderia aplaudi-la de pé pelo feito extraordinário. Lee tinha
tomado umas boas polegadas dele, saboreando o gosto
salgado de seu pré-sêmen, antes de engasgar. Lee soltou
uma risadinha baixa e tremula, e depois ficou séria,
correndo o olhar pelo breu. Bem, talvez pensar no diabo
quando se estava no meio do nada, no escuro, com o
vento uivando através das copas das árvores, o farfalhar
de galhos secos e folhas se batendo, e apenas a frágil
chama de uma vela para iluminar o seu caminho não fosse
lá a melhor das ideias.
Lee quase se arrependeu por ter deixado seu
amante à surdina.
O conforto e a segurança dos braços poderosos
dele, sua pele aquecida passando seu calor para ela, a
sensação de seus corpos juntos, mesmo o som forte de
seu coração batendo em suas orelhas quando ele a
aninhou em seu peito, agora a fazia se sentir meio
estranha, quase como se estivesse um pouco doente.
Queria ficar, mas não queria dar-lhe a chance de
escorraçá-la quando acordasse e percebesse que ela
ainda estava lá, como uma boba carente de seu conto de
fadas.
Essa coisa toda não existia.
Ele tinha tido o que queria dela, ela idem.
Lee decidiu que podia sentir uma pontinha de falta
dele, afinal.
Eles tinham fodido de maneira gloriosa durante tanto
tempo que ela não podia contar, e então, ele a alimentou,
banhou e fodeu, novamente. Logo eles tinham caído
exaustos no sono justo dos amantes. Ele tinha se enrolado
nela, pernas e braços entrelaçados, que foi um milagre Lee
ter sido capaz de fugir de sua posse sem tê-lo despertado
no processo. O que era totalmente justificável. O homem
tinha feito tudo sozinho, um árduo trabalho de girar e moer
a pélvis tantas vezes que o esgotou. Ele deveria estar
morto, sua alma dormindo em outra dimensão depois de
todo esforço. Não era como se ela fosse uma amante
preguiçosa, Lee tinha dado sua contribuição na dança
erótica deles, mas em algum momento tudo que ela pôde
fazer foi aceitar seu prazer e se deleitar. Ele pareceu gostar
disso. Ela não achou nenhum pouco ruim.
Ser servida com um derrame de prazer vertiginoso
lhe soava como o céu.
Um suspiro baixo acompanhou o curvar sonhador de
seus lábios.
Lee tinha dado algum real, excitante e suado
trabalho a sua menina solitária, agora era hora de retornar
a sua maçante realidade, que a aguardava de braços
abertos, fria e vazia, onde caras como seu sexy amante
não voltavam para ter outro pedaço de bunda fácil.
Mas antes, ela tinha de dar uma passadinha na nova
residência de Bonita.
Não era como se realmente se importasse com a
opinião alheia. Isto tinha ficado para trás, em Charlotte,
com seus fãs e seu ex-babaca-namorado. Contudo, Bonita
não era uma pessoa qualquer. Era sua amiga. E, bem,
agora tinha seu companheiro.
Uma explicação não cairia mal e, pelo sim e pelo
não, não custaria nada trocar umas palavrinhas. Ademais,
de qualquer maneira, tinha que se despedir da amiga.
Eventualmente, retornaria para uma visita.
Talvez um fim de semana inteiro?
Poderia até encontrá-lo novamente...
Lee exalou um sopro forte de ar e, em seguida,
xingou-se por quase apagar sua única luz. Isto era outra
coisa. Sua lanterna foi esquecida na casa de Trish quando
seu cara quente a arrebatou, e ela não tinha achado outra
quando pulou para fora da cama dele. Mas, em
compensação, tinha achado um punhado de velas e caixas
de fósforos.
Agora, ela caminhava pelo breu gélido numa
procissão solo.
Deveria ter trazido uma caixa fechada, a ele não
faria falta mesmo, e Lee duvidava que seu amante desse
por falta de uma caixa quando tinha um estoque generoso
delas.
— Precisa de ajuda para encontrar o seu caminho?
Lee saltou girando, o movimento abrupto quase fez
a vela se apagar, mas a chama tornou a perseverar
bravamente. O coração batia nas costelas quando ela
ralhou.
— De onde diabos você saiu, cacete?
O vulto na sua frente não se moveu. Lee tratou de
se recompor e balançou a luz em torno da silhueta
sombreada até muito, muito acima, inclinando a cabeça
para trás.
E, oh, Deus do Santo Céu...
Que líquido mágico esses homens tomavam?
Ele era enorme. ENORME. Mesmo. O sombreado
perverso beijando um lado de sua face revelava uma barba
severa e linhas duras, quase cruéis. Um rosto feral.
Selvagem. Lee podia apostar que numa batida contra ele,
ela se desfaria como vidro se chocando contra uma parede
sólida de cimento. Era um tipo atraente e impressionante.
Não tanto quanto seu amante, mas, definitivamente, quente
e sensual. Talvez um pouquinho intimidador,
principalmente, quando ele permanecia imóvel e quieto na
sua frente, e ela tinha a impressão de seus cruéis olhos
frios lhe perfurarem duramente.
Os nervos começaram a estalar, e Lee se agitou. —
Escute aqui, meu amigo, não se faz isso com as pessoas,
sabia? Chegar assim, do nada, sorrateiro como um
bandido ruim e os bons também, se é que existe algum...
Quer dizer, tirando aquele que me roubou o celular uma
vez, quando ainda morava em Charlotte. Ele me deixou
ligar para o meu pai antes, sabe? Eu acho que ele foi legal,
tirando, é claro, a parte do roubo..., Mas, escute, voltando a
nossa conversa, você não deve fazer isso, este tipo de
comportamento pode causar um ataque cardíaco em
alguém. Como você sabe que eu não tenho o coração
fraco e doente? Eu poderia ter um. E então, você teria me
matado porque não sabe se anunciar com sutileza. Porque
vou dizer, meu camarada, você aparecer de repente e falar
atrás de uma pessoa no meio do nada e nesse breu do
caralho é a treva. Qualquer outro pensaria que é o capeta
buscando sua alma para levar ao inferno... Não que você
se pareça com o capeta, quero dizer, falam por aí que ele
anda na forma de um homem muito quente. E pensando
bem, você não é de se jogar fora, é um bom pedaço...
O tipo fez um som parecido com um grunhido, que
disparou seu alarme, cortando-a, seus traços muito
chateados, e Lee percebeu que divagava como uma
perfeita louca.
Grande. Realmente grande, garota.
Ela sorriu embaraçada e esticou a mão.
— Leah Diaz. Lee para os amigos.
Ele continuou perscrutando-a, insondável.
— Essa é a hora que você, sabe, oferece sua graça
de volta, uh? Que tal?
Ele se inclinou para frente e, merda, era maior do
que ela pensava então, a coisa mais estranha aconteceu, o
grandalhão começou a cheirar. Narinas se movendo e tudo
isso. De repente, voltou-se para trás, completamente ereto
e mais rígido, se possível.
Será que ela estava fedendo sêmen? Sexo?
Promiscuidade?
Jesus Cristo...
Lee quis dar uma boa cheirada em si mesma, mas
parou ao som da voz do estranho soando um pouco mais
dura e enferrujada também, como se ele não tivesse o
costume de falar. O que era uma tristeza, pois a voz do tipo
era muito bonita, quase hipnótica, a pesar da rigidez.
— A casa de Embry fica na direção contrária.
Lee plissou o cenho em estranheza, e depois deu
uma risadinha.
— Espere! Como...?
— Eu a levarei de volta para ele.
— NÃO! Uh... Espere aí! Eu não... Olha, não vou
voltar. Eu estou indo pra casa da minha amiga, Trish
Mitchell. Bom, pelo menos penso que seja a casa dela
também já que agora ela está morando com Conan, quero
dizer, Caleb... Caleb Black.
— Eu a acompanho.
— Eu... ah, obrigada. Eu aprecio isso, mas não
precisa...
— Vamos.
Ele passou em sua frente enquanto ela, boquiaberta,
encarava suas costas.
Ele não perguntou, não sugeriu.
Só ordenou, como se estivesse acostumado a não
ser contrariado.
Lee queria fazer justamente isso. Olhando ao redor,
bem... Dado à situação, bater o pé e discutir a questão
talvez não fosse uma decisão inteligente.
— Está frio essa noite — ela comentou, após alguns
passos, e depois riu de sua estupidez. Que dia não era frio
quando o lugar era feito de camadas de gelo?
Lee se apressou atrás dele enquanto cuidava para a
chama não se apagar, embora o homem parecesse não
precisar de qualquer luz para encontrar o seu caminho.
Ele estava tão silencioso quanto um mudo.
Era inquietante!
— Então..., essa coisa sobre o seu nome, ele, ah, é
algo muito ruim? Eu sei que há mães que amam castigar
seus filhos antes mesmo de nascer. De fato, tive uma
prima, coitadinha, minha tia a chamou de Agripina
Sebastiana. Pense isso na escola.
— Collin Del Rey.
— Eu sei que... Collin? Agora isso não foi difícil,
hein? Collin é...
Ele parou abruptamente quase a fazendo bater o
nariz em suas costas. Tudo no tipo era enooooooorme. Se
isso era parâmetro para alguma coisa... Lee se freou,
amaldiçoando. Embora o tipo fosse uma sobremesa de
encher a boca d’água e fazer outras partes encharcadas, o
pensamento não caiu bem.
Collin girou inclinando a cabeça para baixo para ela,
fuzilando-a com os olhos azuis brilhantes, sobrenaturais. —
Mantenha a língua para si mesma.
Lee assentiu sem palavras, só não sabia se pelo
ranger de dentes do Mr. Bean ou pelo resplendor brutal de
seus olhos. Eles tinham brilhado com o que ela pensou ser
um fino contorno de dourado. Lindos e ferozes. Olhos
capazes de congelar a alma. Mortais.
Ele tinha uma aura perigosa que fazia todos os seus
instintos gritarem, mas esta não era uma opção. Não iria
correr do grande lobo mau para ser capturada e devorada
por ele. Se bem que o grandalhão mais se parecia com um
leão, com essa atitude, todo altivo e prepotente.
Eles recomeçaram a caminhada.
Um minuto inteiro de silêncio foi seu máximo.
— Hispânico, hein? E o que faz um hispânico por
essas bandas?
Silêncio.
— Você mora por aqui, certo? Ou só tá de
passagem? Algum parente?
Silêncio.
— Eu sei, foram perguntas um tanto óbvias e
estúpidas. Você parece conhecer bem o lugar e para onde
estamos indo e, — ela pausou repentina quando ele se
moveu com desconcertante rapidez, puxando-a para o lado
enquanto murmurava o que parecia ser xingamentos em
um idioma que ela não podia compreender. Seu olhar
atordoado ficou nele então, caiu para baixo levando a
claridade da vela para o chão, onde havia uma pedra que a
faria amaldiçoar a mãe, se batesse o pé. Dor e frio não era
uma combinação agradável. Fixou Collin. — Obrigada. Isso
foi muito gentil.
— Preste atenção por onde anda — ele rugiu,
dando-lhe as costas.
— Ei! Eu não tenho culpa da pedra estar ali. E outra,
eu não sei se percebeu, mas está muito escuro aqui e essa
velinha mal dá pra iluminar minha cara, caramba!
— Não deveria ter deixado Embry, se não pode
cuidar de si mesma.
Ela empertigou ofendida, pisando duro atrás dele.
— Quem disse que eu não posso, hein?
Lee pisou em falso, um castigo pela mentira, mas se
equilibrou a tempo, porém não foi rápida suficiente para o
Mr. Bean não ver. Ela deu os ombros e bufou. — Tinha um
buraco ali. Como supõe que eu veja o maldito se tudo está
coberto de neve?
O som esquisito, o rosnado, veio novamente.
O seu cara quente também tinha feito muito desses
sons exóticos e selvagens, mas ao contrário do Mr. Bean
que lhe causava arrepios aterradores e intimidantes, o seu
amante fazia seu sangue cantar enquanto aquele som
viajava dentro dela. Atraindo. Acendendo a luxúria.
Lee suspirou baixinho, enrolando um braço ao seu
redor.
Humanos não grunhiam ou rosnavam, pelo menos
ela achava que não, exceto esses daqui. Uma
característica particular do pessoal do vilarejo. Deus sabe
que eles se mantinham reclusos, muito selvagens, ainda
que abrissem uma exceção na primavera. Talvez fosse
algo na água ou no ar. Quem sabe?
Bonita alertou antes, quando ainda tinha dúvidas
sobre Caleb.
Collin diminuiu o passo.
— Não vou lhe tocar outra vez, assim, mantenha os
olhos bem abertos.
— Que diabos você quis dizer com isso de “não vou
lhe tocar outra vez”?
Lee teve a ligeira impressão que ele tornava a
murmurar maldições e por algum tempo conseguiu frear
sua língua enquanto cuidava de suas passadas no chão
traiçoeiro.
Mr. Bean não a tinha insultado, verdade?
Seus olhos se afunilaram nas costas dele com
periculosidade.
Era bom ele não ter feito isso, do contrário, chutaria
o seu gordo traseiro.
— Estamos longe?
— Não.
— Quanto falta?
Nada.
Porcaria.
Ela tinha de ter prestado atenção ao caminho
quando seu cara quente a roubou, mas ao invés disso,
estava mais preocupada com o quanto poderia ter dele em
sua boca. O gosto da pele dele, a forma que ele
endureceu, gemendo e fazendo aquele grunhido sexy
enquanto sua língua corria pela coluna forte do pescoço
indo até ao pé da orelha. Eles quase rolaram na neve, um
ou dois troncos conheceram suas costas. Isso era mais
distração que uma mulher poderia lidar.
Uma onda de prazer passou por todo seu corpo.
Lee estremeceu, e depois respirou fundo, afogando
o desejo.
— E agora?
Silêncio.
— Você não é um bom falador, hein?
Collin lhe deu um olhar intenso sobre o ombro. Era
impossível não ver. O azul estava luzindo como um farol. O
aviso muito claro para não ser lido naquela efêmera
olhada.
Certo. Calar a boca agora.
Minutos de tédio mórbido depois, eles, enfim,
alcançaram a casa de Trish e Caleb. Estavam na frente da
larga escada de sete degraus dando acesso ao alpendre
quando Lee se preparou para agradecer a Collin, no
entanto, ele deu a volta ficando de frente para ela. As luzes
acesas da varanda lhe ofertaram uma melhor olhada no Mr.
Bean. E, Cristo, o que o homem tinha de mau-humor ele
tinha de bonito. E ele era a pessoa mais mal-humorada que
ela já conheceu. Collin também não parecia nenhum pouco
feliz, se é que conhecia o conceito. Então, ele fez a coisa
esquisita, novamente.
Lee fechou a cara e puxou para trás.
— Ei! Pare com isso! Ninguém te disse que é rude
cheirar as pessoas?
Collin se endireitou com uma careta de desagrado,
as linhas de sua expressão marcando duramente, ainda
assim, ele seguia sendo bom aos olhos.
Todo grande e impressionante.
Um predador, ela teve de admitir.
— Embry não vai gostar que eu tenha te tocado, —
ele rosnou em desagrado.
— O quê?
Collin fixou o olhar no seu, a seriedade dele a fez
engolir duro. — Não gostamos que outro macho toque
nossas fêmeas.
Os olhos de Lee doeram enquanto as sobrancelhas
só faltavam atingir a linha do cabelo, e então, eles se
estreitaram irritados. Ele a insultou duas vezes agora.
— Escute aqui, Senhor-não-me-toque, isso é uma
boa coisa de se dizer, porque eu não sou nenhum animal,
caso não tenha percebido. E, para a sua informação, eu
não sou fêmea, nem mulher de ninguém. Mando em meu
nariz. Fim de história.
Povo doido do caralho.
Collin só fez olhá-la por um rápido instante, como se
ela tivesse enlouquecido.
— Está entregue — ele resmungou, deu um aceno
duro e ofereceu suas costas.
O tipo simplesmente começou a andar para longe.
— Oh, certo, agora me deixou falando sozinha,
também... Muito prazer, Collin Del Rey. Bom dia para você,
também. Ou boa noite, seja lá que diabos de horas são.
Mr. Bean sumiu na escuridão, sorrateiro como tinha
chegado, feito um gato.
Lee apagou a chama da vela no gelo do chão, e
depois foi para a porta.
Trish, no sofá, girou a cabeça para ver quem estava
entrando, os olhos crescendo surpresos quando
enquadraram à amiga. Lee sorriu encabulada, dando um
aceno com a mão e fechou a porta atrás dela com a outra.
Caleb despontou na sala.
Excelente.
— Olá.
— Lee? O que está fazendo aqui? Cadê Embry?
Ela estava corando? Realmente? Desde quando ela
corava, Jesus?
E por que, diabos, todos ficavam perguntando por
Embry?
— Ah, isso... — ela pigarreou, o sorriso
embaraçado. — Eu queria me explicar, antes de ir para
casa. Você sabe. Sobre o que aconteceu quando o
bonitão... eu...
Trish foi até ela, colocando a mão em seu braço.
— Não precisa explicar nada, Lee. Está tudo bem.
Ela colheu os ombros e lambeu os lábios. — É, mas
eu quero. Eu juro, eu não, — seu olhar balançou para
Caleb e voltou para Bonita. — Não costumo agir daquela
maneira. Sei que pode parecer difícil de acreditar quando
estive lá toda orangotango no cio, mas aquele homem...
uh... Meu Deus... — pausou, dando uma risadinha
desconfortável e baixa. Depois esfregou as mãos na calça.
— Bem... Fico muito feliz por você, quero dizer, por vocês
dois. Parabéns pelo bebê. Espero poder ser a madrinha.
Caleb, que se mantivera quieto até então, se
aproximou.
— Embry sabe que você está aqui? Que está indo
embora?
Sua testa plissou.
— O quê?
— Ele sabe que você está indo para a cidade? Não
creio que ele tenha te deixado ir, e mesmo que o fizesse,
ele estaria aqui contigo. Mas visto que Embry não está em
nenhum lugar por aqui, concluo que saiu escondida. O que
é surpreendente, devo dizer.
— Caleb — Trish censurou.
Ele e Bonita trocaram um olhar cheio de
significados.
— Ela não pode ir sem falar com ele, sabe o que vai
acontecer se fizer isso.
— Oras essa! Eu não preciso da autorização de
Embry pra ir para qualquer lugar! Não é porque trepamos
que me tornei sua propriedade.
— Pertence a ele — Caleb disse, simplesmente.
Ele passou um braço sobre os ombros de Bonita e
inclinou para Lee, cheirando, cortando qualquer resposta
mal criada engatada na ponta de sua língua.
— Collin estava com você. Ele te tocou?
— Mr. Bean me trouxe...
— Mr. Bean?
— Chamou Collin de Mr. Bean?
Bonita parecia tão espantada quanto Conan. Podia
jurar que era uma centelha de diversão e deboche no olhar
do homem, embora ele lutasse para se manter firme.
Lee bufou e rolou os olhos. — Não disse a ele. Mr...
Collin não é bem um tipo tagarela. Ele me acompanhou e
me tocou, não da maneira que pensa. Eu ia enfiar o pé
numa pedra e ele me puxou para o lado... Ei, espere, como
sabe que Collin me tocou?
Caleb suspirou, ignorando a pergunta. — Embry não
vai gostar disso.
— Por favor! Seu amigo e eu só passamos um bom
momento juntos. Não é como se isso fizesse de nós um
casal... Deus, só eu que estou achando isso tudo
estranho?
No outro instante, três coisas aconteceram
simultaneamente.
Um grunhido irritado encheu o ar e a engolfou no
fundo da barriga, pungindo seu sexo e seus mamilos duros.
A porta principal bateu fechada e aquela voz grave, soando
com um quê de repreensão e sadismo a fez derreter em
uma poça de sensações.
— Fêmea, você ia embora sem me dizer nada?
Empurrando a paixão para baixo, Lee jogou uma
olhada para o lado e, Deus, se suas pernas não ficaram
fracas. Embry a estava fincando com o olhar, com
promessas escuras e libidinosas. Uma onda de
necessidade excruciante correu dentro dela.
Lee tremeu e tragou.
Ela adorou a emoção, mas também não iria dar
nada tão fácil assim.
Tinha ido facilmente na primeira vez, porém, naquele
momento por alguma razão ela não podia raciocinar direito.
Mas agora, embora houvesse o desejo crescendo em seu
íntimo, ela podia pensar e ter um pouco de controle sobre
si mesma.
— Responda-me — ele trovejou, apesar do tom
manso quase adulador, o som era um vicio revestindo seus
sentidos, fazendo-a pulsar em resposta.
Lee lutou, agressiva. — Desculpe, chefe. Não sabia
que tinha de te informar qualquer coisa. Nós tivemos uma
noite quente e só. Obrigada, mas acabou.
Choque pintou as feições dele, antes de seus lábios
repuxarem com um grunhido.
— Está me dispensando?
Lee se aproximou e falou só para ele. — Olhe só,
Embry, eu realmente gostei daquilo tudo... você sabe ao
que me refiro, certo? Você é... uh... Meu Deus... Nós até
podemos repetir, eu gostaria disso. Mesmo. Mas isto não te
dá direitos sobre mim.
Os olhos dele estreitaram, o rosto muito sério então,
ele fez a mesma coisa que Mr. Bean e Conan, ele cheirou.
Jesus, eles tinham sérios problemas com seus narizes
intrometidos, não tinham? O mais estranho veio depois.
Embry endureceu, os músculos enrijecendo severamente
sob a pele enquanto aquele som saia dos lábios dele, mas
não havia nada de sexy neste, era profundo e brutal,
aterrador e feio. Num piscar Embry exalava agressividade,
sua expressão quase animal. Ela engoliu duro, chocada.
A tensão repentina pesou no ar.
— Collin — ele rosnou no fundo de sua garganta, a
voz rude e deformada.
— Vá cuidar da sua fêmea. Não é um pedido,
Embry.
Embry olhou acima dela — Ele a tocou.
O músculo de seu pescoço pulsando.
— Não foi porque ele quis, Embry, — Caleb
apaziguou, a voz ainda que baixa, era poderosa, uma
ordem que ela própria não podia objetar. — Lee iria se
machucar chutando uma pedra, Collin a tirou do caminho.
Pegue sua fêmea e vá. Agora mesmo você não está
pensando direito então, me ouça, Embry. Não me obrigue.
Pegue-a e vá.
Lee girou sob os calcanhares, os olhos, descrentes
e irritados, fixos em Caleb.
— Como assim “pegue-a e vá”? Perdeu a mente?
Eu não sou nada dele, tampouco, sou mercadoria de
alguém, caramba! E quer saber de uma coisa? Não estou
gostando mais de você, Conan. De nenhum dos dois! São
dois bárbaros!
Lee olhou rapidamente para o braço, onde a mão de
Embry se fechou com gentileza, porém firme. Faíscas
viajaram num rastro ardente partindo daquela parte, o
prazer do contato enrodilhando dentro dela em um volume
espesso. Ergueu o olhar para o seu rosto. Um selvagem
sorriso desenhou os lábios dele. Sua barriga ficou agitada.
— O que está fazendo?
Embry esticou a mão tocando seu rosto, e ela
resistiu à tentação de fechar os olhos.
— Doçura, não pode desafiar seu macho e achar
que vai sair impune.
A palavra carinhosa ecoou em seu coração como
um poema de amor.
— D-Desafiar? Impune? Que loucura é essa? — Ela
bateu na mão dele e ele não fez mais que comê-la com o
olhar. Lee mal pôde recusar o aperto em seu baixo ventre,
a adrenalina fazendo-a mais excitada. — Me solte agora
mesmo e fique longe de mim!
— Sim, doçura — Embry disse sedutor, puxando-a
firmemente contra ele. — E como uma boa fêmea irá
aprender que nunca deve desafiar seu macho.
Ele olhou para Caleb por cima da sua cabeça.
— Perdoe minha fêmea. Ela está um pouco...
acalorada.
Seu coração mal teve tempo para absorver as
palavras, pois, no outro instante, estava ocupado
trovejando quando Embry a agarrou, jogando-a em seu
ombro.
Seu mundo virou de cabeça para baixo, literalmente.
A inquietude explodiu na boca de seu estômago e
fez as pontas de seus nervos estalarem com algum tipo de
comoção aguda que ela não podia entender. Isto a pôs
mais nervosa. Uma pilha de nervos, de inquietação... e, por
Deus, de luxúria.
Lee gritou e esperneou, batendo nas costas e no
traseiro dele com os punhos cerrados, contudo, Embry não
cedeu, e então, começou a caminhar para a porta. O mais
preocupante era que ninguém parecia estar fazendo um
movimento para ajudá-la.
Numa última tentativa, Lee levantou a cabeça,
procurando Trish com o olhar.
— Bonita, me ajude! Esse troglodita está me
sequestrando!
2
DELICIOSA TORTURA
PROPOSTA
RETICÊNCIAS
IMPLICAÇÕES
CONVERSAS
— Poderia matá-lo.
Caleb assentiu. — Poderia.
— Acha que ele está tramando?
O alfa queria acreditar nisso. Também não era como
se Lucius fosse grande coisa. Mesmo fazendo o bem o
macho faria mal. Não o tipo que o faria tomar uma decisão
drástica, ainda. No entanto, um bom líder nunca deveria
subestimar seu oponente.
— Ele não é burro, e não apareceu por caso. Ele só
quer uma coisa.
Embry assentiu com um grunhido enquanto seguiam
para o próximo chalé. Ele e Caleb fiscalizaram cada canto,
observando os entalhes feitos à mão.
— Seja como for, o dano que ele causou terá de ser
julgado pelo conselho.
— Permitirá que ele fique?
— É cedo para qualquer decisão, Embry. Veremos
isso quando a hora chegar. Esta não é uma situação
comum e não deve ser tratada com tal.
— Quando?
— Lucius terá um julgamento adequado quando
estiver forte o bastante.
— Isso é generoso, meu amigo.
— É o protocolo — disse simplesmente.
— Ele atacou Trish.
Caleb focou o beta, sua voz calma e baixa, apesar
da dureza. — Não estou amolecendo. Amo Trish e nossa
criança. Não há nada que eu não faça para protegê-las. O
que Lucius fez, quase matar Trish de medo, merece uma
punição severa... Ele está pagando um preço alto demais
que mesmo os mais fortes fraquejariam. Odeio o macho,
mas não posso ser injusto. Minha fêmea e nossa criança
estão bem. Ele não era um risco. Nós ficamos possessivos
e loucos com qualquer mínima ameaça.
— Ele poderia estar mentindo.
Caleb sabia que não, e entendia a desconfiança do
amigo.
— Não estou baixando a guarda.
Caleb parou, respirou fundo, e girou ficando de
frente para o outro macho.
— Olhe, não estou sendo leviano aqui. Honro minha
fêmea. Honro meu bando. Minha posição. Sei da minha
obrigação como alfa do bando, e como companheiro da
minha fêmea. Lucius não quis matá-la. Ele sentiu o cheiro
de shifter nela, sabia que estava marcada. Ficou curioso.
Ele não sabia que humanos e shifters podiam se acasalar,
mesmo ele não cogitou isso. Não posso culpar o infeliz por
ser curioso.
Embry assentiu. Caleb não era alfa por deixar suas
emoções controlarem suas ações, ele era racional,
controlado e inteligente, e justo. Tudo que o bando
precisava.
Os machos dirigiram seus olhos para o acabamento
do chalé.
— O que acha? — Embry perguntou.
Caleb olhou ao redor com aprovação. — Ficou muito
bom. Peça para o Arik tirar fotos novas para o site. Iremos
atrair uma gama de turistas para a próxima temporada. Em
um lugar como este, o rústico precisa oferecer conforto.
— O empreiteiro teve que refazer o orçamento outra
vez para adequá-lo ao que pediu e para trabalharem sem
estourar o orçamento.
— Ele conseguirá terminar os outros antes da
primavera?
— Creio que sim. Mais machos se despuseram a
ajudar.
Depois que fiscalizaram os chalés que estavam
prontos, os machos pegaram o caminho de volta para
casa. Caleb riu ao sentir a mudança no beta.
— Ansioso?
— Sempre.
— É, eu ainda sinto.
— É estranho, mas bom pra caralho. Melhor do que
jamais ousei imaginar. Só o pensamento de me afastar
dela me faz mal — confidenciou.
— Sinto o mesmo, embora esteja mais controlado.
— Diminuiu pra você?
— Ainda somos recém-acasalados, porém aquela
ânsia insana de montá-la a cada minuto não sinto mais.
Desejo Trish, mas nada que não possa trabalhar.
Uns passos depois, Caleb perguntou:
— Irá mesmo contar a ela?
— Preciso fazer isso. Tenho notado algumas coisas,
também não é como se pudesse evitar. Lee está
deslumbrada, mas ela não é boba, já percebeu que tenho
hábitos e comportamento diferente dos humanos. Ela não
parece ligar, contudo, sei que isso está cutucando lá dentro
— Embry bateu o dedo na própria cabeça.
Caleb riu. — Fomos agraciados com fêmeas
geniosas.
— Devemos começar um clubinho?
— Desde que você é minha melhor aposta, e eu a
sua, podemos montar essa porra.
Os shifters riram e seguiram caminho.
— Quer mudar?
Estavam a uns bons quilômetros de casa.
— Nah. Prefiro usar esse tempo pra falarmos.
— Compartilhe — demandou, Caleb.
— Notou alguma diferença em Trish quanto ao
tempo?
— De que tipo?
— O clima não parece afetar Lee como antes, e ela
parece não perceber que usa menos roupas para se
agasalhar, também. E eu posso jurar que a ouvi emitir um
som muito similar a um grunhido quando estamos íntimos.
Ela também teve comportamentos parecidos com nossas
fêmeas quando querem aproximação de seus machos.
Caleb assentiu.
— Algo mais?
— Nada que possa afirmar.
— O Conselho me chamou. Suas respostas não
foram novidades em tudo, mas eles disseram algumas
coisas interessantes. O drukāt, como sabemos, não é igual
para todos os casais. Em comparação a sua companheira
e Trish, na minha fêmea foi mais forte e duradouro. Mas
Trish, diferente de Lee, não queria nenhum macho. Sem a
magia forçando-a ao que ela se recusava, o resultado hoje
seria diferente.
— Fico feliz que ela o aceitou.
— Eu também, meu amigo. Eu também.
— Algo mais?
— Trish também não sente mais frio como antes.
Raina a examinou e a tem monitorado. Sua temperatura
corporal subiu, mas Trish não tem febre. Ela parece ótima,
está mais disposta e resistente, isso é outra coisa que
pareceu ter mudado. São mudanças lentas, porém
perceptivas. Cogitamos a gravidez. Ela tem comido mais
do que o normal, mas não tem mudado o peso, exceto pelo
inchaço normal dos seios. Trish não se comporta como
uma fêmea humana grávida normal se comportaria. Ela
está grávida de um híbrido. É claro que há questões
pendentes, e respostas que teremos ao longo de sua
gravidez, e outras que só poderemos ter certeza após ela
parir ou até que nossa criança faça os 5 anos quando a
primeira mudança deverá ocorrer.
Ainda que não acreditasse e a questão soasse
absurda, Embry fez a pergunta. — Acha possível nossas
trocas de fluídos e mordida forçá-las a se transformar?
— Não. Shifter nascem. Esta é uma verdade
incontestável. O conselho trouxe a questão. Uma vez que a
troca de fluídos e mordida mexe com a fisiologia de nossas
fêmeas para emprenhá-las, a troca também libera seus
instintos, deixando-as mais selvagens. Sabemos que
precisamos, que aguentamos. Trish disse que quando
concluímos nosso acasalamento, ela teve um impulso.
— Que tipo de impulso?
— Ela disse que sentia a necessidade de me
desafiar, de ser submetida, de me fazer provar ser digno.
Isso se parece muito com o instinto em nossas fêmeas.
— O Criador nunca erra.
— Ele não nos daria uma fêmea que pudesse se
quebrar com facilidade, que não pudéssemos manter
devido à nossa natureza.
— Estou contando com isso — sussurrou Embry,
apreensivo.
— Preocupa-se com o tempo de vida dela em
comparação ao nosso?
— Não. Isso não me preocupa. Qualquer tempo com
ela será perfeito. E depois, bem, não é como se
suportássemos por muito tempo o luto de nossa fêmea.
— Há exceções.
Embry olhou para Caleb, a expressão mais séria
então, assentiu.
— Sim, há.
7
DECISÕES IMPULSIVAS
DECISÕES
FORMALIDADES
CASA
TRÉGUA?
SEDUTORA RENDIÇÃO
Emme Muller jogou seu olhar trilha acima. A boca
seca escancarou e os delicados ombros desabaram
tragicamente enquanto sua mente tentava calcular quantos
metros ainda faltavam percorrer para, enfim, chegar ao fim
do mundo.
Talvez, vinte? Cinquenta? Cem?
Provavelmente, era uma eternidade de metros, que
faziam suas pernas tremerem e os pés clamarem por
descanso. Nunca desejou tanto possuir a velocidade
supersônica de Sonic.
Logo ali. Rá!
Tinha dito um morador local quando ela esteve na
lanchonete P&C atrás de um café quente e de
coordenadas para encontrar a maldita reserva, logo que
chegou ao que parecia ser onde o vento fez a curva. O fim
do mundo era mais adiante. O maldito morador só
esqueceu-se de avisar que a trilha era terrivelmente
íngreme e que ao fim dela necessitaria de um médico para
costurar seus joelhos. Mas, principalmente, que era um
caraaaaaaaaaaaalho de longe. Já havia perdido a noção
de quanto tempo estivera subindo a maldita trilha sem
nunca chegar. Uma vida?
Emme lutou contra a vontade de refazer o caminho
e dar um murro nas fuças do mentiroso. Entretanto, descer
o caminho, que subiu com sacrifício, não parecia a ideia
mais atraente do mundo, ainda mais quando ela teria de
refazer o caminho. Emme não precisaria estar
peregrinando, como se quisesse alcançar uma graça
divina, se os habitantes daquele deserto de gelo tivessem
um pingo de amor ao próximo.
Ocorria que, a tal vilarejo, Snowville – tão criativo,
uh? –, onde sua amiga se escondeu, como Tony tinha
informado, era algum tipo de colônia muito reservada às
visitações, abrindo exceções apenas na primavera e no
verão. Nem mesmo os moradores poderiam dar as caras
sem uma autorização prévia. Pelo menos, fora isso que os
moradores, com os quais falou, alegaram quando se
negaram a levá-la até lá.
Besteira! Esta devia ser a desculpa que eles davam
para a falta de cordialidade.
Pelo menos, não estou mais tocando castanholas
com os dentes.
Estava bem agasalhada, claro! Entretanto, roupa
nenhuma no mundo era capaz de impedir com eficiência o
frio de permear seu corpo. Andar como um camelo tinha
ajudado sua mente a se distrair do ar gélido perfurando seu
corpo com agulhas, as roupas (uma loja inteira embrulhada
em seu corpo) pesavam, o que fazia a caminhada mais
árdua. A atividade aquecia seu corpo e consumia muitas
calorias, o que a estava tornando faminta. E alguns gramas
mais magra. Novamente, Emme estava mais cansada. Ah,
claro, não podia se esquecer de que era noite, embora
fosse dia. Um truque zombeteiro do universo. Se não fosse
pelo lugar ser praticamente inóspito, Emme teria dado
pulos de felicidade por haver um lugar como esse no
mundo, onde durante seis meses do ano só havia noite.
Mas, então, aonde raios estava a diversão? No meio
da floresta com os animais selvagens tocando batuques
enquanto todos dançavam em volta da fogueira?
De repente, em sua imaginação pintou uma cena
cômica de uma balada no meio da densa floresta
margeando a sua volta. Ela riu com diversão... e medo.
Animais selvagens. Noite. Frio. Vento. Barulhos da
noite.
Um arrepiou gélido cortou sua espinha e Emme
estremeceu. Seus olhos debilitados varreram ao redor
enquanto sua mente dizia para ela não seguir por aquele
caminho. Emme tinha um caralho de situação ali. E, se não
quisesse descer aos gritos o caminho já percorrido, tinha
de manter a mente longe de más possibilidades.
Emme respirou profundo, refugiando os
pensamentos indesejados e colocou sua raiva no caminho
que ainda tinha pela frente quando agarrou a alça da mala,
recomeçando o calvário de passos. Dando graças por estar
em dia com a academia. Não era uma modelo anoréxica e,
para os padrões da sociedade, estava acima do peso. No
entanto, tinha orgulho de ser mais curvilínea do que os
esqueletos dos anúncios na tevê. Definitivamente, tinha um
montão de carne sensual para fazer um homem babar nela
enquanto eles tinham um momento de diversão suada.
Sobretudo, era saudável.
Algum tempo depois, seu olhar arriscou uma olhada
para cima.
Quase lá. Porra dos infernos.
Cara, quando chegasse ao maldito lugar iria
desmaiar na primeira cama que encontrasse pela frente.
Não. Primeiro iria espancar o traseiro de Trish, e depois
abraçar a cama por uma semana. Isso! Aquela ingrata
merecia umas boas palmadas por tê-la obrigado a passar
por esse calvário quando Emme poderia estar no
aconchego de seu apartamento, em sua cama king size
confortável assistindo alguma merda na Netflix.
Trish não podia esperar que ela se contentasse com
meras palavras de “estou bem e encontrei alguém para
aquecer meus pés” num e-mail depois que a cadela tinha
sumido sem dizer uma palavra sequer. Mesmo não
merecendo, Emme precisava vê-la com seus próprios
olhos e falar com ela. Sabia que Trish tinha enfrentado o
inferno antes de desaparecer e, Deus sabia que, ela
entendia os motivos da amiga para tomar uma atitude tão
drástica e escolher aquele lugar. Não tirava sua razão,
pois, embora aparentasse ser feita de ferro aos olhos dos
demais, Emme reconheceu que não teria tido a mesma
valentia. Teria chutado o rabo de Stephan, talvez, cortado
suas bolas e feito uma sopa, mas, em seguida, teria
desabado porque no fundo era uma chorona de primeira.
Sua meditação se interrompeu quando, finalmente,
avistou algumas casas ao longe. Seu suspiro de alívio foi
longo e emocionado. E, por um momento, Emme se
permitiu parar para tomar fôlego. Largou a mala e inclinou-
se para frente, apoiando as mãos nos joelhos rijos e
trementes do frio enquanto respirava ofegante.
— Quem é você?
Até lá...
Contato
Espero que você tenha gostado de ler
SEDUTORA SUBMISSÃO.
Foi uma longa espera, admito. Senti com vocês,
também estava doente de ansiedade para voltar a Inuvik e
passar uns bons momentos no universo de FM.
Eu amei escrever a história de Embry&Lee. A
leveza, a objetividade e a maneira descomplicada de
levarem a vida, focando no que é essencial para ser feliz, é
invejável. A vida PODE SIM ser levada de forma leve,
basta ser corajoso o bastante para se permitir.
Embry&Lee, como citado acima, são um casal
descomplicado, desta forma, sua história não poderia ser
diferente. É rápido e focal. Sedutora Submissão é também
um livro de transição, onde os eventos que constroem as
próximas histórias estão se desenrolando enquanto nosso
casal trabalha em seu acasalamento, bem como outros
personagens ganham voz e assim podemos conhecer um
pouco mais de Forever Mine.
Em minha página no Facebook deixei um post com
mais explicações.
Outra coisa, eu gostaria de perguntar se você pode
avaliar este livro. Avaliações são essenciais para a carreira
de um escritor. Não só para promover os nossos livros,
elas nos incentivam a continuar escrevendo, além do mais,
seu feedback é importante para mim. Então, desde já,
muito obrigada se você me deu uma avaliação.
Abaixo estão minhas redes sociais, onde você
poderá me encontrar.