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ou banco de dados sem permissão escrita da autora.
A violação de direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº 9.610/98 e punido
pelo artigo 184 do Código Penal.
Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, datas e
acontecimentos reais é mera coincidência.
Capa: Fox Assessoria
Revisão: Carina Barreira
Diagramação: Carina Barreira
Leitura Sensível: Letícia Guimarães
Juliana Mangi e Ana Luiza Tinoco (@duasrevisando)
Conteúdo adulto.
Proibido para menores de dezoito anos.
Sumário
DEDICATÓRIA
AVISO
SINOPSE
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
CAPÍTULO 48
CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 51
CAPÍTULO 52
CAPÍTULO 53
CAPÍTULO 54
CAPÍTULO 55
CAPÍTULO 56
EPÍLOGO
BÔNUS
AGRADECIMENTOS
SOBRE A AUTORA
OUTRAS OBRAS
DEDICATÓRIA
Dedico esse livro a todos aqueles que são livres em suas mentes, em
suas almas e em seus espíritos.
AVISO
Minha mente agora está nublada pela descarga de prazer que acabo
de receber, enquanto o primeiro jato voa longe, meu olhar está cravado ao
dele, seu pau pulsa contra seu abdômen. Imaginar meu corpo colado ao seu
me deixa em estado de alerta e meu corpo não descansa, meu membro ainda
está duro como uma rocha. Ícaro me olha com olhos assustados, um
pequeno ratinho indefeso que agora não sabe se corre ou se fica, o medo o
paralisa e o cheiro que sinto é de enlouquecer, é intenso, quente e sei que
tem funcionários olhando, mas não será a primeira vez que eles verão
minha perversão, todavia será a primeira vez que irão me contemplar de
joelhos.
Movido pelo carnal, quase animal, caminho até ele sem deixar de
encará-lo, no momento em que ficamos frente a frente, suas mãos
automaticamente vão para trás, ele sabe, sei que ele sabe.
— Agora, Ícaro, vou me ajoelhar na sua frente, engolir todo seu
comprimento, chuparei suas bolas e o farei gozar o levando completamente
até o fundo da minha garganta. — Sussurrar em seu ouvido o arrepia, sinto
quando solta o ar em busca de controle. — Se puder gritar eu agradeço,
caso não grite, não se preocupe, irei fazer com que isso aconteça.
— Não me toque. — Seu peito sobe e desce e a incerteza de suas
palavras me faz sorrir.
— Vamos brincar assim, depois que minha boca estiver em você se
disser não eu paro, agora se apenas ouvir seus gemidos é muito bom que
esteja gritando por mim.
— Não sabe aceitar um não.
— Meu Ícaro, não sou um homem de pedidos, se eu quero eu pego,
mas estranhamente com você estou sendo cortês, agora a escolha é sua.
Quer matar minha curiosidade ou deseja que tome a força o que me
pertence? Porque preciso te confessar, as domas são feitas com o pet se
debatendo, implorando que eu pare, eu os amarro, os chicoteio, os privo de
ar, limito seus movimentos por dias, é tão deliciosamente cruel e tão
completamente excitante.
— Demônio. — Ele ofega, sei que deseja que lhe cause tudo que
acabei de dizer.
— Gosta do que disse, não é? Imagine, Ratinho, a dor, o prazer, a
raiva, o caos convergindo em seu corpo e mente enquanto implora por mais.
— Minha mão neste momento segura seu pau que está duro como uma
rocha, assim como o meu.
Um grunhido escapa e não vem de mim, seus olhos se fecham ao
meu toque, colo nossos corpos, suas mãos se mantêm ainda nas costas,
mordo seu pescoço deixando a marca dos meus dentes, sinto o pulsar em
minha mão, continuo tocando, quando mordo seu mamilo e sua cabeça
pende para trás, seu corpo inteiro se arrepia, faço o mesmo com o outro
puxando-o com meus dentes.
Com minha mão sigo descendo pela sua barriga definida, ele não me
diz nada, mas seu corpo gosta do que sente. Ajoelho-me em sua frente,
engolindo seu pau antes que consiga pensar, o filho da puta tem um gosto
delicioso.
— Figlio di puttana[7]! — Xinga em italiano, sorrio porque acho
sexy a forma com que fala, apesar de achar sua pronúncia do meu idioma
perfeita. E como disse para fazê-lo, segura meus cabelos tentando não cair,
já que senti o solavanco do seu corpo assim que o engoli.
Seguro suas bolas, não sou delicado, sei quando um homem está
próximo do orgasmo, e ele ficou assim não só com o que viu, mas com o
que falei, e para testar minha teoria continuo chupando quando sinto a
primeira ondulação de seu membro em minha boca e percebo que seu
quadril busca mais de mim. Como disse que faria seus gemidos são
realmente gritos, aperto suas bolas e o grito de dor é seguido pelo esguicho
do seu gozo em minha garganta.
Continuo devorando e milhares de pensamentos perversos invadem
minha cabeça, o imagino pendurado por ganchos, seu sangue deslizando
pela sua pele, a euforia toma conta de mim, mas paro tudo que estou
fazendo no exato momento em que me vejo quebrando seu pescoço.
Num rompante, o solto fazendo bater os joelhos no chão, me levanto
sem olhar para trás e sigo para o meu quarto, vou me vestir. Já pronto ouço
meu telefone tocar.
— Fala, Dusham. — Atendo sem nenhuma paciência, ele vem
querendo se colocar na posição de nosso dono, mas tem ciência de que
somos livres.
— Chegou uma carga, precisa de doma, cachorro obediente,
submisso que implora por atenção, sem marcas, sem dor, sem caos,
Damian.
— Esses são os piores — falo, mas vou domar como for preciso,
que esse desgraçado enfie as marcas no rabo. — Por que uma entrega em
plena luz do dia?
— A outra carga já havia saído, chegou há dois dias, ele foi enviado
logo depois, pegue-o, dome-o e o entregue. Tem um mês.
— Por que tão rápido?
— Essa é a ordem.
— Estarei lá.
— Damian, esconda bem a sua joia, se eu o encontrar irei arrancar
sua cabeça para que entenda quais são as nossas leis.
— Quero que você e o Bratislav sigam de mãos dadas para o
inferno.
— Está me desafiando? — Sua voz não é das mais amistosas.
— Não se preocupe, usei e descartei, procure se achar que não é
verdade Tomasso Pionteri está morto, e preciso dizer, foi delicioso destruí-
lo antes de matá-lo.
— Mais um corpo jogado por Belgrado e o Sinistro irá te corrigir,
siga as regras ou eu o farei seguir.
— Anjo da Morte, suas ameaças metem medo apenas nos seus
inimigos, então me poupe de tentar demonstrar sua força.
— Anda insubordinado e inquieto, com toda certeza seus demônios
estão no controle, juro que te coloco no lugar, Damian.
— Não tenho medo de escuro como antes, nada que relembre o que
ele fazia comigo me causa medo agora, me colocar num poço, no sótão,
amarrado na floresta à noite, passando a madrugada na água gelada, nada
disso me causa pânico. Mas me diga, se eu te jogar no quarto branco você
fica menos arredio? — A ligação se encerra sem que ele responda.
Sorrio porque alguns demônios são muito medrosos.
Saio do meu quarto, abro a porta do quarto de Ícaro, o vejo deitado,
ele não se move quando ouve o barulho da porta. Fecho dessa vez sem a
trava, vamos ver o quão curioso o ratinho consegue ser.
Com isso em mente vou em direção à saída, passando pelos
soldados foco apenas no meu trabalho, nada neste momento realmente
importa.
Assim que me aproximo abro o carro e sigo até o porto, com toda
certeza essa doma será interessante apenas no começo, depois todos eles
sempre ficam tediosos e sem graça.
Faz algumas horas que estou no quarto, vejo o tal mapa e a rotina
que terei que seguir pelo resto da minha vida neste lugar. Como o homem
havia dito existe sim o grande X, exatamente na parte da casa onde eu
estava. Fico caminhando pelo quarto e vejo a neve se amontoar lá fora,
entendo completamente a mente perversa de Damian, ele me dá liberdade,
mas é algo bem limitado, onde no inferno conseguiria ir nu na neve,
ninguém em sã consciência tentaria fugir, não consigo nem atravessar as
portas que levam aos pátios externos.
O desgraçado nem precisa pôr uma coleira em mim para limitar
meus movimentos, enquanto estou no inferno vou descobrir uma forma de
ludibriar o capeta. Continuo observando a planta da casa, relendo a lista de
horários e o que estará funcionando e quais são seus horários, isso aqui
parece algo que um hotel de luxo faria, tem até spa, só preciso pedir.
Tento me concentrar e imaginar o que se passa em sua cabeça.
Quando ouço o barulho do seu carro vou a até a janela e ele não está
chegando, está saindo. Por onde andou todo esse tempo?
Ouço a porta ser destrancada e Gukla aparece ao ser aberta.
— Estamos na hora do almoço.
— Vai me contar o que está acontecendo aqui?
— Senhor, por favor, ele anda muito instável nos últimos dias, não
desobedeça, não faça isso, terei que relatar seu dia a ele e não quero ser eu a
culpada caso algo te aconteça.
— Ele pode me matar, não é? — Não preciso de sua confirmação
para algo que os seus olhos dizem. — Já entendi, farei segundo ordenado,
não quero trazer dor e sofrimento a mim, muito menos a vocês.
Sigo o cronograma, almoço, volto para o quarto, sou chamado para
o jantar, todas as refeições faço sozinho. O frio parece não dar trégua lá fora
e uma nevasca parece começar a nos atingir. É quase uma da manhã, minha
porta não foi fechada, não consigo dormir imaginando que ninguém deva
estar pela casa a essa hora, pego o roupão indo em direção à cozinha, toda a
casa está a meia luz. Caminho devagar até chegar ao meu destino, Gukla
havia feito alguns bolos após nossa conversa ao final da tarde, então meu
pensamento é comer um deles. Assim que me sirvo de um pedaço generoso
de bolo e um copo de leite, sento-me à mesa começando a comer,
recordando-me do olhar de Damian, o prazer percorre meu corpo a cada
garfada que levo à boca fazendo-me gemer pelo sabor do chocolate.
— Cada gemido que dá me faz ansiar pelo grito. — Pulo da cadeira
com o susto que levo. — Assustado?
— Não esperava encontrar ninguém aqui.
— É minha casa, pode ser que me encontre caminhando por ela.
— Não sabia que havia chegado.
— Estava esperando por mim?
— Não.
Ele começa a cheirar o ar em busca de algo, como se fosse um cão
farejando e sentindo cheiros que para nós são imperceptíveis.
— Sinto o cheiro da mentira de longe. — Aproximando-se de mim,
que neste momento me encontro de pé, o vejo dar a volta na cadeira
enquanto tento me manter longe, mas não alcanço meu objetivo já que meu
corpo encontra os armários atrás de mim. — Ratinho, vou te dizer o que vai
acontecer agora. — Engulo seco, suas palavras são como ameaças veladas
de que estou muito fodido. — Hoje vou foder seu rabo virgem, seu corpo
vai ficar à minha disposição, mas veja pelo lado bom, vou te tratar como
uma joia já domada, se for obediente e permitir que tudo aconteça, te darei
uma primeira vez digna de filmes, gemidos, prazer e muito relaxamento,
apesar de achar tudo isso muito tedioso e broxante. Agora se não aceitar
minha proposta, será à força, com violência e muita dor.
— Não quero que me toque.
— Não é a resposta que precisa me dar. Mas novamente por ser caro
demais para que eu te mate, vou outra vez te dar a opção de escolher, diga
não e irei te chicotear até que desmaie de dor, depois vou amarrá-lo
empinando sua bunda para o alto e me enterrarei em você sem prepará-lo,
vai sangrar e seu sangue será o lubrificante que fará meu pau deslizar ainda
mais fácil dentro de você. É sua escolha, e maldição, eu nem sei o motivo
de estar te dando.
Meu corpo inteiro sente que ele não mente quando diz isso.
— Por favor!
— Pelo que implora?
— Não me machuque.
— Gosto quando você é assim, submisso, continue, pela sua
integridade física. — Ele se controla, de alguma forma parece tentar se
manter calmo e com uma frieza que gela meus ossos. — Vá para o seu
quarto e fique em pé próximo a cama, estarei logo atrás de você.
— Por que faz isso?
— Precisa parar com todos os seus questionamentos, eles me
irritam, não vai desejar me ver fora de mim. — Por segundos parece que
enxergo vulnerabilidade em seus olhos, mas com toda certeza deve ser
minha mente pregando peças. — Suba, Ratinho. — Antes que me mova,
sua língua quente lambe o canto da minha boca fazendo um grunhido
escarpar de sua garganta. — Tinha chocolate aqui.
Meu coração está tão acelerado que parece que acabei de subir
milhões de lances de escada, o vejo sair da minha frente me dando
passagem. Sem que precise novamente me ordenar, saio em disparada de
volta para o quarto, ansiedade e inquietação me tomam, sou homem porra!
Sempre quis sexo, sempre desejei, mas gostaria de fazer amor, não assim
sem sentimento algum, algo carnal. Tive muitas oportunidades para isso e
agora todo meu tempo de espera não adiantou de nada. Não confio naqueles
olhos mortos e frios ele não será cuidadoso, muito menos carinhoso, nem
beijo deve acontecer, não poderei tocá-lo. Soco-me mentalmente, no alto
dos meus 1,80 de altura me sinto uma criança indefesa, não posso negar que
existe algo que nos liga, uma química dos infernos, mas não era isso que
imaginava para mim.
— Gosto de ser obedecido. — Sua voz grossa me tira dos meus
pensamentos e só então percebo que estou na posição que me ordenou,
parado em pé, nu, no meio do quarto, próximo à cama.
Não digo nada, observo que traz algo nas mãos, é impossível piscar
quando se está hipnotizado pela visão, existe algo nele, algo que me motiva
a olhar. Observo tudo sem emitir nenhum som, Damian está relaxado, tem
convicção em seus olhos, imaginar tudo daqui para frente é impossível, não
faço ideia de como será.
Não sei de onde vem a coragem para lhe pedir que não me prenda,
com nossas línguas duelando furiosas em um beijo que machuca sinto sua
mão deslizar pelas minhas costas e parar em minha bunda colando mais
nossos corpos como se fossemos nos fundir, a vontade de o tocar formiga
minhas mãos. Levanto meus braços quase cedendo a vontade de fazer
quando um rosnado me alerta do que pode me acontecer.
— Seja obediente, não desejo perder você, não tão rápido. —
Automaticamente coloco minhas mãos para trás, fazendo meu cérebro
entender o que preciso fazer.
Não digo nada, apenas preso nos seus olhos negros como a noite,
escuros como se a vida houvesse abandonado seu corpo há muito tempo.
Sua boca volta a minha, então logo ele começa a deslizar sua língua pelo
meu pescoço e, maldição isso arrepia minha pele e deixa um rastro de fogo
por onde passa.
— Céus! — clamo a algo superior no momento em que sua mão
pressiona meu pau começando a me masturbar.
— Suba na cama, meu Ícaro.
Como um cão adestrado, faço o que me manda, colocando-me ao
centro dela. Ofegante o vejo subir pegando o lubrificante trazendo consigo
colocando-o próximo a nós, sem dizer nada volta a me tocar suspendendo
meus braços acima da minha cabeça.
— Os mantenha aí, como da outra vez pode segurar meus cabelos,
nada além disso, seus dedos não podem tocar nenhum milímetro da minha
pele, você entendeu? — Suas palavras contêm algo desconhecido, todas as
vezes foram como ameaças, dessa vez parece cuidado.
— Sim. — Só posso estar louco idealizando coisas, talvez por ser
minha primeira vez esteja sonhando com o maldito último romântico, mas
aqui comigo tenho apenas um demônio tentando se controlar.
Sua boca volta ao meu corpo, alcançando meus mamilos, e porra!
Meu grito alcança meus ouvidos é um prazer lascivo, o desgraçado sabe o
que faz, como faz e porque faz, eu venderia minha alma se me pedisse,
entregaria de bom grado apenas para ter a sensação da sua boca em meu
corpo por todo o tempo. Ele segue descendo, meu pau segue pulsando, tão
duro que dói, muito pior que da vez que o vi se tocando. Até seu cheiro é
enlouquecedor, meu corpo inteiro vibra como se as tiras de músculos se
partissem tamanha excitação e ele ainda nem começou de fato, seria isso as
preliminares?? Pense, Tomasso, pense, ele é um cara que te comprou que
segundo disse matou pessoas por tocá-lo, acha mesmo que não seria o
próprio demônio na cama?
— Ohh, porra! — Arqueio meu corpo quase levando minhas mãos a
tocá-lo quando sou engolido por completo.
Ouço apenas seus gemidos, seu toque é experiente, sua boca é
quente e sinto que deslizo até sua garganta, não somos homens pequenos, se
eu fizesse isso estaria sufocando, mas ele parece dominar tudo que faz. Seus
ombros largos afastam bem minhas pernas dando a ele o acesso que
necessita, logo minhas bolas estão em sua boca, meu corpo inteiro queima e
fica cada vez mais impossível não gritar, estou quase chegando ao orgasmo
quando de forma abrupta ele me vira de bruços arrancando de mim um grito
surpresa.
— Como gostaria de não ter te oferecido uma primeira vez como
nos malditos filmes. — Sua voz é um rosnado contido.
Eu sou puro gemidos e sensações, quando sinto seu corpo deslizar
sobre o meu, é quente como se Damian pegasse fogo, como se sua
temperatura fosse maior que o normal, seu corpo inteiro cobre o meu, sinto
seu membro duro pressionado contra minha bunda, suas mãos deslizam
pelos meus braços levando-os para cima.
— Está excitado? — A rouquidão eriça os pelos de minha nuca.
— Sim.
— O que imaginou para sua primeira vez, Ratinho? Exclusivamente
hoje estou disposto a realizar desejos.
— Melhor não falar.
— Vamos, prometo que seja o que for será feito.
Acredito em suas palavras, mesmo que isso seja o meu maior erro.
— Imaginei olhos nos olhos, sentimentos, movimentos lentos que
vão aumentando a intensidade até explodir gozando enquanto clamo por
mais.
— Posso te dar isso tudo, menos os sentimentos, eu não os tenho,
aprecie o quanto posso ser bom no que faço, sexo é minha especialidade.
Sua boca próxima ao meu ouvido me enlouquece, maldito corpo
traidor dos infernos, logo perco seu calor e quase resmungo alto, quando
uma ordem vem dele.
— Vou te preparar, erga seus quadris. — Movimento-me como me
pede, logo alguns travesseiros são colocados sob mim. — Assim terei
melhor acesso a você.
Então nada mais importa, sua boca mergulha em mim num beijo
grego que quase me faz repensar sobre a vida. Sua língua anseia por espaço
mantenho-me o mais relaxado que consigo, quando seus dedos substituem-
na, com certeza o que escorre por mim é o lubrificante, sinto a pressão de
seus dedos pedindo passagem, sinto meu pau ser puxado para trás, o calor
úmido de sua boca na minha glande, ele me chupa como um pirulito e dou
acesso sem resistência. Um segundo dedo entra na equação, seus
movimentos de abrir e fechar são sentidos, impossível não rebolar em busca
de mais. Outro dedo aparece, fazendo-me agarrar os lençóis com força, seus
movimentos não cessam e unidos à sucção gostosa de sua boca logo a dor
da invasão desaparece. Meu corpo começa a se entregar as sensações
quando beirando o orgasmo ele para, então é como se o tempo ficasse em
suspenso.
— Te darei os olhos nos olhos que pediu.
Os travesseiros desaparecem e novamente sou colocado de costas
sobre a cama, seu corpo paira sobre o meu, não sem antes ter seu pau
completamente lambuzado de lubrificante, minha respiração está
entrecortada, seu olhar está direcionado a mim, mas seus olhos são mortos,
é como se ele estivesse no automático, como se fosse uma coisa mecânica,
robótica. Minhas mãos ainda estão à cima da minha cabeça, quando ele
começa a se posicionar entre minhas pernas, o cintilar de algo desconhecido
em seus olhos me inquieta, mas estranhamente me excita ainda mais. Meu
pau está muito duro e meu desejo agora é tocá-lo, como se lesse mentes sua
mão segue até meu membro começando um vai e vem delicioso enquanto
pede passagem em meu cu, começando a forçar a entrada, sinto queimar
lançando arrepios de dor pelo meu corpo, é torturante cada milímetro que
entra em mim, faz com que minha excitação acabe, sinto que estou
perdendo minha ereção, fecho meus olhos tentando não sentir a dor, mas é
impossível.
— Abra os olhos! — ordena trovejante.
Faço o que me pede, afinal fui eu quem pediu olhos nos olhos, na
minha cabeça parecia romântico, mas de fato a dor não ajuda, sua boca
toma a minha voltando a me beijar, sinto seus grunhidos até que um
rosnado alto escapa dele. Meu coração parece que vai sair pela boca ele está
completamente enterrado em mim, seus movimentos cessam ficando apenas
o beijo quente e devasso, Damian parece um animal contido esperando
apenas o momento certo de atacar, meu corpo volta a acender, a excitação
que havia desaparecido com a dor começa a percorrer cada célula existente
em mim, fazendo com que minha ereção volte. Com o corpo novamente
pegando fogo começo a me mexer, rebolando sem nenhuma vergonha para
que ele entenda que pode continuar, ganho uma mordida nos lábios que faz
emanar uma dor fina nublando minha cabeça, então ele parece despertar
fazendo com que tudo seja uma loucura insana, seus movimentos de vai e
vem começam lentos, seus olhos agora voltam aos meus, ele não demonstra
nada, mas posso notar o desejo que revela ao fechar os olhos a cada
arremetida, entrando e saindo de mim com uma intensidade incrível. Logo
nossos corpos começam a ter vida própria, somos uma mistura deliciosa de
gemidos grossos e grunhidos de prazer, por vezes ele acerta num ponto
exato dentro de mim que me faz gritar desesperado.
— Isso! Seus gritos enquanto fodo esse rabo apertado me deixa com
ainda mais vontade de marcá-lo. — Sua voz é carregada de maldade e por
segundos parece que ele não está aqui.
— Damian, isso é... — Minha frase é interrompida quando suas
arremetidas se tornam cada vez mais furiosas.
Sem condições de me segurar, envolvo minhas pernas em sua
cintura, trazendo-o para mais perto de mim, ele nada diz, mas parece
começar a se enfurecer, não posso negar que isso me deixa ainda mais
ensandecido, é como tentar controlar o que não tem controle. Damian é um
trem desgovernado que vai explodir a qualquer momento quando bater em
alta velocidade em qualquer coisa que o impeça de prosseguir.
— Gostaria muito de gozar urrando nessa posição, Ratinho, mas
tenho algo em mente e espero que consigamos continuar sem que me toque.
— O que deseja? — Neste momento ele pode me pedir qualquer
coisa.
— Você montado em mim, rebolando com vontade em meu pau.
Saindo de mim o vejo se levantar indo em direção a uma poltrona
que com certeza é usada para sexo.
— Venha.
Seu pau pulsa contra sua barriga, a visão do seu corpo
completamente tatuado me faz salivar.
— Como faremos com as mãos?
— Coloque seus cotovelos em meus ombros e mantenha suas mãos
em meus cabelos, apenas ali, Ratinho, se mantenha assim enquanto rebola.
Faço o que me pede, já em seu colo começo a deslizar enquanto sou
empalado por ele que rosna furioso com a sensação de se enterrar em mim.
— Agora rebola. — Um tapa forte atinge minha bunda e ao invés de
reclamar anseio que faça novamente.
Começo a rebolar como ordenou, a sensação é deliciosa, ainda sinto
um pouco de dor, mas nada que ultrapasse o prazer, suas mãos estão presas
em minha cintura como garras fortes que machucam, meu membro se
esfrega entre nossos corpos e ele dita o ritmo de tudo com as mãos, seus
braços fortes começam a me levantar e descer entre as reboladas e a loucura
insana de tudo que acontece parece começar a expandir tudo à nossa volta,
estamos prestes a explodir num orgasmo que com toda certeza me levará ao
cansaço extremo.
— Damian, não aguento mais. — Puxo seus cabelos com mais
força.
— Goza no pau do seu dono, Ratinho. — Uma mordida forte é dada
em meu peito fazendo-me gozar longos jatos entre nós, melando todo o
abdômen definido dele.
— Isso, seu cuzinho mordendo meu pau com tanta força me deixa
perdido.
Quando menos espero sua mão segue para o meu pescoço
começando a apertar com força, começo a ser privado de ar, Damian agora
se perdeu completamente e não está mais aqui, suas arremetidas furiosas de
baixo para cima me mostra o quanto ele está descontrolado. O ar começa a
faltar, penso em colocar minhas mãos contra seu pulso, mas isso pode
realmente me levar à morte, então ele me solta levando suas mãos às
minhas costas gozando enquanto me arranha com força fazendo-me urrar de
dor.
Seus rosnados me assustam, a força com que continua enquanto
goza em mim machuca, até que ele para tudo completamente, olhando-me
furioso, como se desejasse fazer jorrar meu sangue pelo chão do quarto,
ficando assim por alguns segundos, perdido em sua mente doentia, o vejo
piscar algumas vezes.
— Saia! — Sua ordem me assusta.
— Damian... — Tento falar.
— Saia agora de cima de mim, Ícaro! — Ele está realmente me
ameaçando.
Faço como manda me colocando em pé quando o vejo se levantar.
— Acho que isso foi mais que suficiente para sua primeira vez, as
próximas vezes que vier aqui foder você será à minha maneira, espero que
se lembre do quanto fui benevolente como desejado.
Tudo isso é dito enquanto ele caminha até a porta sem ao menos me
olhar, observo enquanto ele sai batendo-a atrás de si e travando-a,
mantendo-me preso.
Suspiro resignado, tudo foi perfeito até o momento em que ele se
perdeu, sigo para o banho precisando me lavar para tentar dormir.
CAPÍTULO 12
Acordo percebendo que dormi apenas três horas, cubro meus olhos
com o braço lembrando-me de horas atrás, nunca em toda minha existência
precisei me conter tanto, era isso ou matar meu brinquedo. Com toda
certeza Ícaro será uma linda joia, seus gritos e grunhidos eram sempre altos
e furiosos, então quando começar a acrescentar a dor no meio disso ele será
como eu sempre desejei que todas as joias fossem.
Sigo para o closet, vestindo meu terno preto de três peças, penso na
joia, é claro que deve estar dormindo ainda, a surra que lhe dei ontem quase
a matou, gozei como há muito não havia feito, depois de foder seu rabo
enquanto estava sangrando quase desmaiado. Ele irá se curvar, todos se
curvam nem que precise usar os ganchos.
Saio do meu quarto chegando ao corredor, no momento em que
passo pela porta do quarto de Ícaro decido vê-lo, abro-a e ele ainda está
dormindo, aproximo-me da cama vendo as marcas que causei em suas
costas, ele tem uma pele branca e o vermelho está quase vivo. A marca do
tapa que lhe dei também enfeita a lateral da sua bunda, imaginá-lo suspenso
enquanto implora para que eu pare faz meu pau pulsar, tenho que apertá-lo,
minha boca saliva para chupá-lo novamente, começo a repensar se devo
mesmo ir naquela maldita reunião, posso começar sua doma hoje mesmo,
mas sou interrompido pelo meu telefone que vibra no bolso.
Saio do seu quarto dessa vez deixando sua porta destrancada, ainda
tem algum tempo para que precise cumprir o cronograma que estabeleci.
— Damian.
— Estamos prontos. — Dimitri acredita que tenho cinco anos e que
precisa me lembrar das minhas obrigações.
— O que eu tenho a ver com isso?
— Apenas me certificando de que não se atrase.
— Se me disser em que momento fui irresponsável quanto ao meu
trabalho, pode ser que eu me interesse em melhorar.
— Damian...
— Vai se foder, Dimi, estarei aí no momento que preciso estar.
— Filho da puta!
— Era mesmo, uma cadela imunda que ao invés de nos manter
salvos ajudava o demônio a nos destruir a cada dia.
— Porra! Fica cada vez mais difícil, Damian.
— O que você quer de mim, Dimitri?
— Nada.
— Então enfie seu nada no meio do cu e me deixe em paz, não
somos próximos, não somos íntimos, não é porque descobriu como me
manter controlado ao me cobrir de tatuagens que isso significa que somos
melhores amigos, você só me toca porque precisa me tatuar, fora isso não
somos nada, essa porra de lealdade só existe pelo sangue do demônio que
carregamos. Escute bem, não temos nada além de trabalhos juntos.
— Ela deveria ter feito muito pior com você.
— Acredite, foi ruim o suficiente.
— Maldita cadela!
— Ligou para me controlar, está encaminhando a conversa a uma
sessão de terapia, quero que você, nossos irmãos, Bratslav e a imunda da
cadela que nos colocou no mundo sigam de mãos dadas para o maldito
inferno, e então, quando eu for para lá, podemos resolver todas as
pendências que temos nessa terra. Serei o primeiro a quebrar o pescoço da
vagabunda e socar um bastão de baseball no rabo dele, quanto a vocês, para
mim não faz diferença.
— Não se atrase.
Encerra a ligação e neste momento minha única vontade é de matar
qualquer um que atravesse meu caminho, observo que estou próximo à
mesa de café e que Gukla me olha como se esperasse minhas ordens.
— Traga meu café. — Sento-me sem dizer mais nada.
Todos que estão trabalhando aqui comigo tem uma dívida de
lealdade, Gukla eu comprei num lote de escravos, ela e suas irmãs estavam
sendo vendidas como cadelas para um inimigo, para irritar o desgraçado as
peguei para mim, são quinze delas trabalhando aqui, livres de estupros e
violência. Sorrio internamente ao me lembrar da joia, o desgraçado chinês
não está tendo a mesma sorte que elas, quanto aos meus soldados todos têm
suas famílias sobre minha mira, eles me são leais e eu os mantenho sob
proteção, não confio em nenhum deles, na verdade não confio em ninguém,
caso precise não hesito em meter uma bala em suas testas e mandá-los ao
inferno.
— Seu café, senhor. — Aceno com a cabeça.
Como enquanto a imagem da próxima reunião faz quase me jogar o
café para fora, encarar Bratislav e Konstantin na mesma sala é um nojo,
preferia beber meu próprio vômito, os dois doentes desgraçados que
criaram monstros como eu, o primeiro treinando e destruindo, e o segundo
permitindo, sei que não serei eu a matá-los, mas com certeza estarei na
plateia enquanto o caos se instalar.
Largo meu café sem nem ao menos conseguir continuar, pego
minhas chaves atravessando a sala quando vejo Ícaro descer as escadas, seu
olhar imediatamente segue até seus pés quando me vê, não lhe direciono a
palavra e sigo até meu carro saindo enquanto os pneus derrapam no gelo
fino existente em algumas partes. Gosto de carros e de alta velocidade,
busco pela adrenalina da quase morte, de como a linha tênue entre viver e
morrer pode ser rompida com apenas um deslize.
— Damian. — Ouço uma voz suave feminina me chamar como um
sussurro, então olho dentro do carro e não vejo nada.
As lembranças decidem me tomar, luto bravamente para mantê-las
enterradas no mais profundo abismo, por muitas vezes essa luta é vencida
por elas exatamente como agora, meus olhos seguem pelo trajeto, minha
mente neste momento volta até lá.
(...)
— Acordem seus imprestáveis do inferno, demônios malditos!
Ainda com a mente embaralhada pelo sono a vejo puxar os
cobertores dos meus irmãos, então o meu desaparece levando consigo as
cascas das feridas que Blatslav nos causou ontem, vejo Darko levar um
chute que o lança da cama, ele tem apenas seis anos.
Sigo em sua direção quando um tapa atinge meu rosto. — Deixe-o!
Esse lerdo nunca consegue acordar como se deve.
— Ele está cansado de ontem — Dusham rosna furioso.
— E você, seu maldito demônio, não se meta — ela fala com ele,
mas não se aproxima, parece temê-lo.
Dimitri pouco se importa com os chutes e pontapés que levamos e
vai até Darko que tenta controlar o choro, mas não consegue, os tapas dela
o atinge enquanto ele o protege com seu corpo, Dusham me olha parecendo
decidido a seguir comigo até Darko.
— Vocês são imundos, mas você, Darko, nasceu com os olhos do
diabo. — Ela pega Darko pelo pescoço após arrancar Dimitri de cima dele.
— Solte-o! — Dimitri ainda tenta soltá-lo, mas ela parece possuída
como todos os dias, sempre rasgada e sangrando.
— Diga-me, Dimi, como é lá? — Vejo seu corpo tensionar e meu
irmão ficar branco como um papel.
— Pare! — grito. Ela não pode fazer isso com ele.
— Ouçam bem cada um de vocês, eu os quero mortos, todos os
quatro mortos servindo de comida aos corvos, pertencem ao inferno, é lá
que é o lugar de vocês.
Ela sai e a imagem de Bratslav aparece quando abre a porta, seu
olhar se crava exatamente ao meu trazendo um medo descomunal que
quase me paralisa quando o vejo sorrir demoníaco.
Observo meus irmãos e eu, nossos corpos nus, marcados e agora
sangrando por algumas feridas. Dimitri continua branco como se desejasse
se fundir a parede. Darko chora abraçado ao seu corpo pequeno. Dusham
parece querer assassinar todos, suas mãos estão fechadas em punho e seu
olhar fixo na porta, uma fúria assassina me faz prometer que seria um dos
piores de todos, arrancaria esse medo de mim, essa vontade de me encolher
a cada vez que o olho. Vai chegar o dia que ele irá me temer.
(...)
— Damian! — Alguém me chama então presto atenção onde estou,
em frente à mansão de Konstantin e Dusham bate contra o vidro do meu
carro. — Vai ficar aí travando nossos carros por mais quanto tempo? —
questiona assim que abaixo o vidro.
— Estou saindo. — Seu arquear de sobrancelha parece duvidar das
minhas palavras, enquanto ele desaparece da minha vista voltando para o
seu carro.
Percebo que meus dedos estão brancos pela força desumana que
faço enquanto seguro o volante, respiro fundo seguindo com meu carro até
a frente da casa, os Anjos descem de seus carros, apenas nos
cumprimentamos com um acenar de cabeça seguindo para dentro, meu
olhar está fixo em Dusham, as recordações das lembranças que me
arrebataram no carro percorrem meu sistema, enquanto chegamos ao
escritório, Konstantin fuma um charuto enquanto o desgraçado do Bratslav
o olha sorrindo de algo que com certeza comentaram antes mesmo de
chegarmos aqui.
— Stefan — Konstantin fala e só então percebo que o futuro chefe
da Triglav está aqui, como se fosse possível Dusham estar longe dele, existe
um plano para destronar Konstantin e nós trabalhamos nele esperando
ansiosamente o momento de ir às forras com esses desgraçados. O que
precisamos é de uma aliança com outras máfias, algo que não acontece e
isso tem me inquietado porque ainda que goste muito do que me tornei,
estar com uma corrente que amarra meu pé a esses dois me causa um ódio
causticante.
— Sim.
— Teremos um carregamento vip, em duas semanas, serão quatro
domas para cada um, e preciso que sejam rápidos, os Anjos ficarão aqui e
você irá aprender com Dusham algumas técnicas. Damian está na doma de
uma joia preciosa, ele será encaminhado a um príncipe, é um presente do
sultão, então não pode se dividir com ninguém.
Meus pensamentos vagueiam imaginando o que faço aqui nesse
caralho de reunião se não serei domador de mais nada, olho para Bratslav
que me encara como se ansiasse que demonstrasse alguma coisa, logo ele
sorri e minha vontade é de rasgar sua garganta.
— Teremos homens na carga?
— Sim.
— Então por que Damian não entra na soma? Dividiríamos três para
cada — Stefan questiona com coerência.
— Todas as domas precisam ser felinas, Damian está no meio de
uma doma canina, não quero que misture as coisas.
— Quando foi que misturei algo? — questiono sem ter sido
chamado a conversa sabendo que não devo fazer isso.
— Ousa interromper o chefe, seu imundo? — Bratslav se ergue, eu
sabia, ele quer me ver descontrolado.
— Sinto muito, senhor. — Minhas palavras saem amargas, mas nada
é mais prazeroso que sua cara de bunda, surpreso por não acreditar que
recuei, eu gargalho mentalmente a cada vez que faço Bratislav de idiota.
— É isso, a verdade é que não sei por que Damian está aqui —
Konstantin avisa. — Deveria estar em sua doma. Escute bem, Anjo do
Caos, aquela joia foi escolhida a dedo, pode marcar seu corpo, mas não
pode matá-la, eu mesmo o matarei se algo acontecer com ele. — Intrigante,
já que essa parte não foi informada por Dusham, neste momento olho para
ele que com seu olhar me diz que apenas estava tentando me controlar e eu
o odeio por isso.
— Sim, senhor, farei o meu melhor.
Passamos mais algumas horas enquanto discutimos sobre as boates
que precisamos vasculhar e percebo que eles não sabem do que fiz no
leilão, Klinger não me entregaria dessa forma, sabe bem que morreria
apenas por ser um maldito cagueta. A reunião se encerra com as novas
ordens sobre as domas e algumas cobranças que deveríamos fazer após
entregarmos os novos pets aos seus donos.
CAPÍTULO 13
Abro meus olhos assustado quando ouço batidas na porta, com meu
coração esmurrando meu peito como se fosse explodir a qualquer momento
caminho até a porta, abrindo-a.
— Reporte — digo assim que vejo um dos soldados que tem
autorização de caminhar pela parte interna da casa.
— A joia, senhor, está queimando em febre, delirando em agonia.
— Chamou o Dr. Miscaro?
— Está em outro país numa convenção.
— Desgraçado! — rosno furioso por saber. — Deixe comigo, sei
exatamente quem pode nos ajudar neste momento, continue sua observação
até que a médica chegue.
— Sim, senhor.
Assim que sai corro até meu telefone e disco o número dela, por
acompanhá-la vi que está em Berlim.
— Damian. — A voz de Monike invade a linha ainda sonolenta.
— Preciso da sua ajuda.
— O que está acontecendo?
— Uma joia está queimando em febre e o médico responsável por
ela está em uma convenção.
— Damian, não quero me envolver nisso.
— Bem, você está envolvida no inferno tanto quanto nós, mas
gostaria mesmo de saber o motivo de estar na casa do Dimitri enquanto ele
fode vadias nos subterrâneos de Belgrado.
— Chego em sua casa em alguns minutos.
— Imaginei.
CAPÍTULO 15
Desperto quando o que parece ser o início dos raios solares adentra
o quarto, por estar no canto eles começam por aqui até chegar à cama, me
estico um pouco já que sou enorme e dormi encolhido, observo que Damian
continua na mesma posição que o encontrei. Olho no grande relógio da
parede, dormi pouco mais de quatro horas, faltando algumas para que eu
precise me levantar. Sigo observando-o quando finalmente se mexe, se
colocando de barriga para cima, a claridade deve incomodá-lo porque já
vira com o braço cobrindo seus olhos, vejo seu corpo tensionar quando
começa a bater suas mãos sobre o cobertor, então seu olhar assassino e frio
repousa sobre mim.
— O que faz aqui? — Sua pergunta é furiosa enquanto ele lança
longe o cobertor com o qual o cobri.
— Eu fui colocado aqui?
— Quem no inferno te colocaria no meu quarto sem ser eu? — Ele
está em pé caminhando em minha direção.
— Desculpe, mas está no meu quarto. — Minhas palavras parecem
despertá-lo.
Seu olhar vaga pelo local, então volta a me olhar com o mesmo ódio
contido de antes.
— Você quem me cobriu?
— Sim.
— Nunca mais faça isso, entendeu? — Meu coração parece que vai
parar de bater no peito, Damian parece transtornado, mas contido, é confuso
e me perco com todos os sinais que ele emite sem que eu os entenda.
— Sim.
Olhando para o grande relógio da parede sai furioso batendo a porta
com força.
— O que foi isso? — Esfrego meu rosto com as mãos.
Com o corpo tenso pelo que acabou de acontecer, continuo onde
estou sem me mexer, até que finalmente chega a hora de cumprir o
cronograma estipulado por ele, com toda certeza irritá-lo mais seria meu
fim.
Pronto, desço para o café, Gukla sorri assim que me vê.
— Bom dia! — Cumprimento sentando-me.
Olho para o lugar de Damian e ele não está. Começo a me servir,
olho para fora imaginando que posso dar um mergulho na piscina aquecida
ou posso usar a piscina natural termal[9] que existe lá fora, pelo que Gukla
me disse, foi construído exatamente para esses períodos. Os caminhos estão
sempre limpos e a temperatura segue sempre ideal.
— Onde posso pegar os chinelos e as toalhas para ir lá fora? —
Aponto para onde quero ir.
— Vou pedir para colocarem no banco próximo à porta de saída.
Agradeço com um acenar de cabeça enquanto imagino algumas
coisas da minha vida, tudo que aconteceu para chegar até aqui. Lembro-me
de Antonella, seu sorriso infantil e a saudade me agarra trazendo uma dor
insana no peito. Levanto-me seguindo até a porta de saída, calço os chinelos
me envolvendo num roupão extremamente grosso que tem um capuz que
ajuda e muito a encarar a neve lá fora. O frio me atinge assim que abro a
porta, fechando-a atrás de mim e seguindo para a água quente, se não fosse
pelo grosso roupão com certeza estaria tremendo de frio.
Rápido retiro o roupão seguindo diretamente para a água quente e
gostosa, mergulho minha cabeça rapidamente e saio, meus cílios começam
a congelar, minha barba tem gelo então eu sorrio.
Sorrio genuinamente quando ouço a voz de Antonella me
chamando.
— Vamos, Tomasso, só mais uma vez.
Suas pequenas mãozinhas estendidas para mim, enquanto nos
encaminhávamos pelos corredores do lugar, fico assim em estado de
contemplação, não vejo o tempo passar, neste momento não me encontro
preso a lugar algum, sou livre, livre na minha mente, livre no meu coração.
CAPÍTULO 16
Alguns dias se passaram desde o dia que castiguei Ícaro por permitir
que Vitchem o tocasse, não me aproximei mais dele. Novamente dirigindo
por Belgrado com o sol a pino, não sei para onde vou, desejo apenas me
afastar dele por sentir coisas que não sei o que são, Ícaro parece estar se
infiltrando em minha pele, quando vou à doma quero apenas que tudo
acabe, não consigo olhar apenas o adestro e fodo como deve ser feito, mas
meu pau precisa de estímulo, uso uma dose baixa do estimulante, a joia está
melhor, amanhã vou entregá-la, não a quero mais na minha casa.
A claridade da rua embaralha minhas vistas, estou novamente me
perdendo em lembranças, o inferno costuma querer se abrir e permitir que
seus demônios saiam para me atacar.
(***)
Estou rastejando ensanguentado pelo chão molhado, meu corpo
inteiro dói, mais uma vez Bratslav me surrou após me pegar desprevenido e
usar aquelas imundas para montar em mim. Minha cabeça lateja e meu
olho direito está fechado, o puro ódio líquido percorre minhas veias,
ninguém pode me ajudar, meus irmãos estão aqui, ninguém se move em
minha direção, bando de covardes malditos, quero que todos vivam no
inferno como vermes.
Meu corpo raspa no chão grosso, meu pau segue sendo esfolado um
pouco mais, fazendo com que meu grito de dor ecoe pelo maldito lugar,
recordo-me de cada rosto, vou matar todas, arrancarei suas gargantas após
trucidar suas bocetas, elas irão adorar sentar no que prepararei para elas.
O nojo que sinto de suas mãos me tocando, a dor de ser rasgado depois de
desmaiar pela exaustão e acordar com as chicotadas que me levavam
pedaços de carne, tudo isso me estimula, cada uma delas irá sofrer.
Ao atravessar a porta do inferno consigo me levantar, meus
músculos não parecem suportar, mas movido pela raiva caminho a passos
lentos até meu quarto, meu coração parece que irá parar a qualquer
momento, com toda certeza efeito da droga. Consigo chegar ao quarto
seguindo diretamente para o chuveiro, quando enfim a água cai sobre mim
grito de dor, as feridas abertas são as causadoras da ardência infernal,
mesmo sabendo que irá piorar quando precisar passar sabão e desinfetar
tudo.
Como imaginei foi um maldito martírio, ainda ouço a voz dele
sorrindo, dizendo que seria homem a qualquer custo, que me faria gostar
de bocetas e nunca mais tocaria um macho.
— Juro por tudo que existe em mim, por todo o caos que irei foder
todos os rabos que desejar, e que no momento certo serei eu a lhes causar
toda a dor que uma joia masculina precisa.
Os dias foram se passando, hoje completo vinte anos, minha
vingança está montada, todas as vadias estão presas e irão receber a minha
fúria, gostaria muito que fosse Bratslav no lugar delas, mas isso ainda não
está em meu alcance, o que não quer dizer que não chegará a sua hora
comigo, nem que seja para lhe dar uma surra.
No momento em que o relógio marca meia-noite, levanto-me
caminhando em direção ao subterrâneo, olho para Klinger que sorri
demoníaco.
— Tem certeza?
— Sim, depois disso tem passe livre para montar seu maldito
buraco.
— Anjo do Caos, adoro fazer negócios com você.
— Lembrarei disso quando estiver usufruindo dos meus direitos vips
na sua casa.
Ele apenas concorda com a cabeça, entro no lugar e temos doze
mulheres em duas fileiras de seis, abertas o suficiente para fazermos com
elas tudo que eu desejar, claro que jamais irei tocá-las, porém existem
homens dispostos a isso, eles se chamam Obscuros e eu neste momento sou
o seu senhor, servos da Triglav que seriam assassinados por Konstantin por
serem instáveis e descontrolados, estupradores violentos que causavam
destruição por onde passavam, eu os reivindiquei, ganhei sua lealdade
quando Bratslav começou a eliminá-los após criá-los um a um, hoje eles
me seguem, muitos morreram no processo enquanto Bratslav e Konstantin
acreditavam que estava eliminando-os e não sabiam que eu os domava
tornando-os ainda piores. Todos usam máscaras de demônios, estão nus e
com seus paus duros, posso sentir daqui a inquietação, alguns já se tocam
loucos pela minha ordem de destroçar cada uma das cadelas que me
tocaram, não me importa se estavam sendo obrigadas ou não, elas sabiam
que se Bratslav não as matasse eu as mataria.
— Boa noite, senhoras! — O choro explode assim que ouvem minha
voz. — Que feio, sejam cadelas mais fortes, lembram-se como era
prazeroso montar em mim?
— Ele nos obrigou.
— Não haverá misericórdia para nenhuma de vocês. Comecem! —
ordeno vendo os Obscuros caminharem como demônios sedentos de sangue
em direção a elas e o Caos se instala, são trinta homens sedentos por uma
foda, e doze mulheres gritando de dor, algumas delas recebem três deles,
nenhum buraco é privado de um pau. Os gritos se misturam aos urros de
prazer que meus demônios liberam, caminho até a mesa pegando um
chicote idêntico ao que Bartslav usa para me esfolar, sentindo em minha
mão o peso dele, quando me aproximo da primeira delas chicoteando-a,
arrancando pedaços de pele e carne de seu corpo, o spray de sangue voa
em mim e no Obscuro que gargalha enquanto continua fodendo seu rabo
como um animal.
Não sei quanto tempo fico aqui, surrando-as e permitindo que meus
demônios as estuprem com força, a imagem não me excita, mas o sangue
espirrando me deixa ensandecido e endurece meu pau. Uma a uma vou
chicoteando, arrancando partes dos seus corpos, nem mesmo os rostos são
privados do meu chicote. Algumas delas estão sangrando como porcos
jogando sangue de suas artérias, isso não causa nenhuma reação nos meus
demônios, eles continuam urrando e gozando, trocando de mulher quando
bem entendem. Estamos no inferno, no meu inferno e aqui a ciranda de
demônios acontece conforme a música que eu toco.
Gargalho como um louco perdido em meio ao caos, quando Klinger
decide me chamar.
— Damian. — Olho para ele decidindo se vou ou não matá-lo.
— Seus homens estão exaustos, vai matar todos eles se continuar
aqui.
Após suas palavras observo meus demônios, alguns sangram por
terem recebido minhas chicotadas, um deles está morto sem um pedaço do
pescoço, as mulheres já estão mortas mesmo que alguns deles ainda
continuem fodendo seus buracos.
— Está amanhecendo. — Pisco aturdido. — Sim, são quase sete da
manhã.
— Parem!
No momento em que ordeno meus demônios caem no chão como
sacos de batatas, perdi cinco deles, eu os matei e nem ao menos havia
percebido.
— Suas roupas estão no vestiário, creio que precise delas para sair.
Sem dizer nada caminho em direção aos vestiários, estou banhado
em sangue, quando me olho no espelho sorrio do monstro que me tornei,
acredito que Bratslav vai amar essa minha nova versão, eu não sinto mais
medo, não sinto mais nada.
(***)
Vejo o momento que Damian chega, quero contar sobre o livro que
estava todo marcado por ele com frases sobre os momentos em que a Fera
estava fazendo atrocidades e gerando o caos nas sombras, segundo ele a
morte o seguia. Apesar de estar parecendo me evitar e me deixar inquieto, é
impossível continuar longe depois de todas as suas anotações que me
fizeram sorrir durante a leitura, preciso vê-lo, ficar próximo e mesmo que
ele rosne para mim, nada vai importar.
Não consigo enxergá-lo como o monstro que relatou, com toda
certeza deve ser sua forma de me manter distante, agora fala isso para o
meu coração burro e masoquista. Quando chego na escada ele está
colocando o telefone no bolso seguindo para a ala proibida, não ouve
quando o chamo então decido segui-lo.
Vou sorrindo por vê-lo ir tirando algumas peças de roupas pelo
caminho, coisa que com certeza dará trabalho às funcionárias, mas tudo
desmorona como um castelo de cartas quando meus olhos se deparam com
a cena à minha frente, um homem nu, usando uma coleira, agindo como um
cão. Damian lhe dá petiscos e o faz rolar, sinto um frio percorrer minha
espinha e então entendo tudo que ele quis mostrar a mim, sim, ele é o
monstro que tentava me alertar. Continuo paralisado vendo tudo que se
passa à minha frente, seu olhar é morto e sombrio, sua face carrega uma
expressão de dor, como se ele estivesse em agonia. No momento em que
vejo o homem que tem vergões vermelhos como cicatrizes recém-
cicatrizadas andar parecendo feliz até sua tigela de água, um arfar escapa e
sou descoberto.
Quando seu olhar escuro se crava no meu saio correndo desesperado
para me esconder, minha mente roda sem conseguir entender nada, ele é um
monstro, eu me apaixonei pelo próprio demônio.
— Ícaro, volte aqui! — Sinto um solavanco no peito quando ouço
sua voz me chamar, mas isso não me para.
Entro no meu quarto atravessando-o, indo direto ao banheiro.
— Ícaro, abra a porta! — As batidas são tão fortes que fazem a
madeira branca tremer.
— Vá embora! — grito uma ordem sabendo que ele jamais irá
obedecê-la.
— Abra a maldita porta, juro que se precisar arrombá-la irei surrá-lo
pela sua insubordinação!
— Volte para o inferno, demônio maldito. — A dor percorre meu
peito ao proferir essas palavras, lembrando-me da sua caligrafia no livro, de
cada marcação e pontos de vista que ainda que sombrios me fizeram ter a
certeza de que me apaixonava a cada nova versão apresentada.
— Foi você quem pediu. — Então o primeiro baque quase arranca a
porta da soleira.
No segundo chute a porta explode contra a parede me fazendo quase
grudar contra a parede em que estou.
— O que é você? — brado para que me ouça, eu não quero vê-lo,
mas desejo saber.
Seu olhar é feral, quase assassino, ele está ofegante e o medo
percorre minha espinha como um veneno devastando tudo.
— O monstro que não tem sua história revelada na história que te
deixei hoje. — Isso me destrói, porque ainda que tenha visto o que vi, ele
acredita no que é.
— Aquilo que eu vi, é daquela forma que vai me deixar? —
pergunto com medo da sua resposta, porque eu posso suportar a dor e as
surras, elas me excitam, mas aquilo é demais.
— Ícaro... — sei que tenta dar voltas, tentando escapar da minha
pergunta.
— Responda! É aquela doma que diz que fará? — ordeno com uma
coragem que não sei de onde vem.
— Sim.
— Me quer como um cão? Você transformou um ser humano em um
cachorro!
— Esse sou eu! Eu assassino, estupro, violento, destroço, desosso,
mato, devasto tudo aquilo que eu toco. — Engulo suas palavras que descem
como uma grande bola de fogo em minha garganta.
— Me mate! — grito furioso.
— O quê? — Vejo confusão em seu olhar.
— Isso que ouviu, me mate, prefiro a morte a ser tratado como um
cão pelo homem que eu me apaixonei. — Vejo que minha língua grande
revela o que não deveria e ele me olha diferente.
— Não sou dado a sentimentalismos, Ícaro, nem mesmo sei por que
ainda não te surrei por sua revolta.
— Eu quero aquele homem! Aquele que me mostrou a sua versão, a
versão do monstro, não o que eu vi naquele porão.
— Aquilo que viu sou eu. — Ele aponta para o próprio peito. — E
pelo inferno, eu não desejo ser nada além do demônio que nasci para ser.
— Por que me entregou aquele livro? — indago curioso.
— Não importa, vá dormir, amanhã começo sua doma, será o que eu
desejo, não se esqueça que você me pertence, eu te comprei e farei com
você o que eu desejar fazer. — Suas palavras doem como se minha pele
fosse cortada com lâminas quentes.
— Não me faça odiá-lo, Damian. — Ele caminha em minha direção,
me encarando como se ansiasse me causar uma dor descomunal.
— Não será nenhuma novidade para mim, a verdade é que esse é
um dos poucos sentimentos que conheço bem, ódio. — Algo passa em seu
olhar, não consigo distinguir o que seja.
— Não faça isso comigo, por favor! — O final da frase sai como um
sussurro de dor, a mesma que sinto em meu peito sendo dilacerado pelas
suas palavras frias.
Suas mãos seguram meu rosto pela barba, me fazendo gemer de dor
e aflição enquanto seu olhar vasculha algo em mim.
— Acha que te comprei pelo seu rostinho bonito, Tomasso? —
Ouvi-lo me chamar pelo nome dói como um tiro. — Acha que sinto algo
além de desejo em vê-lo gritar pela dor que te causo? Sente que tem algum
tipo de importância real para mim? — Olha-me como se aguardasse uma
resposta. — Responda!
— Não.
— Seja uma boa joia e não me faça te mostrar o quão monstruoso
posso ser, castigando-o enquanto implora pela maldita morte. — Uma
lágrima escorre do meu rosto, estou em agonia.
Ele me solta fazendo-me encostar na parede, ficamos nos encarando,
então ele sai sem nem ao menos olhar para trás, levando consigo o único
resquício de esperança que existia em meu peito.
Meu coração bate nos ouvidos quando ouço seu nome. Não, ele não
pode tocar nela, não na minha bebê.
— Acho que esse olhar diz muito. — Sua voz tem um tom vitorioso,
como se houvesse feito a jogada e me dado um xeque-mate.
— Não pode tocá-la.
— Não? Vamos deixar algumas coisas bem claras aqui, meu Ícaro.
— Ele enfatiza o meu, sei que pertenço ao demônio, e pelo inferno, eu só
quero me afastar dele agora. Vasculho em sua face algum resquício do
homem que me escreveu todos aqueles pontos de vista, solto o ar
exasperado, porque com toda certeza ele foi uma criação da minha cabeça.
— Damian — falo seu nome em súplica.
— Vou te contar como as coisas vão acontecer, você não vai falar
nada com ninguém, ficaremos aqui até que receba alta, irá se comportar
como a pessoa mais agradecida do mundo por tê-lo salvo, caso contrário,
matarei toda sua família: pai, mãe, irmãos, tios, primos, até a maldita
décima geração. A pequena Antonella viverá sozinha, doente, sem recursos,
irei garantir que rode por todos os orfanatos e casas de acolhimento pelo
mundo até que morra depois de uma vida longa de sofrimento, isso se o
câncer não a matar antes. — As promessas em suas palavras me fazem
chorar.
Antonella tem apenas três aninhos e leucemia linfoide aguda[10]
(LLA), descobrimos há pouco mais de um ano, choro por imaginá-la passar
por tanto sozinha desde que fui tirado de casa, sua doença foi um dos
motivos de aceitar o emprego que pagava tão bem, poderia ajudar mais e
teria mais dias disponíveis. No momento fecho meus olhos sentindo a dor
de suas palavras e ameaças, quando aqueles olhos amendoados vêm à
minha mente e posso sentir o toque de suas mãozinhas se grudando à minha
barba me chamando de irmãozão.
— Prometo que não farei novamente. — Continuo com meus olhos
fechados, perdido em dor e nos sorrisos do meu bebê.
— Uma escolha muito inteligente. — Sua voz vitoriosa me causa
raiva.
Esse misto de sentimentos que meu peito insiste em sentir me faz ter
o poder de arrancar qualquer tipo de imagem idealizada de um Damian que
por mim mudaria ou seria diferente do que insistia em me mostrar, saber
que ele é muito pior do que eu já imaginava é cruel.
Volto a me deitar de costas para ele, enquanto ouço meu coração se
espatifar no chão como uma bola de vidro. Sei que continua no quarto, não
ouvi o barulho da porta, apenas alguns passos e nada mais. Fecho meus
olhos tentando me esquecer de como ele pode ir além, de como seu jogo é
sujo e as suas formas de tratar as coisas que deseja são sombrias. Damian
não tem noção de como sua atitude me destruiu, mas quem sou eu para
achar algo, ele é meu dono, apenas preciso parar de imaginar que tudo que
aconteceu até agora foi o início de uma história que teria final feliz. Sorrio
sem graça, o final da minha história com certeza será no fundo de uma cova
fria, após passar minha vida vivendo como um pet nas mãos do diabo.
(***)
Momento da tentativa de suicídio
Meu coração aperta a ponto de parecer faltar o ar, nunca imaginei
que alguém poderia ser tratado daquela forma, é monstruoso, horrendo.
Meu corpo inteiro se mantém encolhido e desde o momento em que Damian
saiu sem olhar para trás desejo desaparecer. Olho em volta e a sensação de
estar sendo engolido pelo lugar me toma, é como se as paredes se
apertassem contra mim, fazendo com que eu tentasse diminuir de tamanho
devido ao desespero, não sei quanto tempo se passa, não tenho noção do
tempo, apenas sinto meu corpo inteiro doer.
Estou paralisado, sem condição nenhuma de raciocinar de forma
coerente, mas tenho uma certeza, ele jamais me transformaria naquilo que
eu vi, nunca serei como ele deseja, nem que para isso eu precise morrer
como o maldito Ícaro fez.
Então essa ideia me parece interessante, não foi o que disse, que só
sairia daqui morto. Isso me anima, esse pensamento me busca como um
grande demônio que sorri, posso ouvi-lo me incentivar. “Vamos, Tomasso,
seja corajoso, se livre da dor e da angústia.” “Vamos, coragem, mostre a
ele como é livre.” “Corte os pulsos, ele não tem poder sobre você”
Tomado pelo encorajamento levanto-me em busca de algo, mas não
encontro nada que corte, reviro tudo, nada, até que uma ideia aparece.
Corro até o quarto pegando uma peça de decoração pesada o suficiente
para quebrar o grande espelho à minha frente, sem hesitar lanço-o contra
o espelho que se espatifa no chão. Meu coração esmurra no peito, parece
que meu estado catatônico e letárgico deu lugar a uma dinâmica diferente,
quero lhe mostrar que não tem poder sobre mim, nunca teve e jamais terá.
Lembro-me da minha família, eles jamais sofrerão, afinal de contas
eu já estou morto e imaginar isso me conforta na mesma proporção que me
assusta. Pego um pedaço pontiagudo de vidro nas mãos vendo meu reflexo
refletindo nele, as vozes voltam à minha cabeça me incentivando, quando o
deslizar ardente do caco afiado sobre meu pulso faz o sangue vivo brotar.
— Vamos lá, Tomasso, falta apenas o outro — digo a mim mesmo
me encorajando, logo estaria livre, livre de todo esse inferno em que me
meti.
Faço mesmo com o outro pulso, sentindo o mesmo ardor que agora
é bem-vindo, deito-me no chão frio enquanto meu sangue escorre, não sinto
nada, nem desespero, nem medo, exatamente nada. Antes pensar na morte
me fazia tremer, não agora, quando ela irá me libertar da dor, da angustia
e da inquietação, levará de mim a dor de ver que me apaixonei pelo diabo,
talvez nem mesmo Lúcifer seja tão cruel quanto Damian, espero lentamente
as coisas começarem a acontecer, a tal luz que todos falam, a minha vida
passar como um filme na minha frente, mas nada disso acontece, não existe
consolo ou conforto, apenas eu e minha mente que começa a ficar lenta e
turva. Meu corpo está se entregando ao cansaço, ao sono, algo parecido
com um relaxamento depois de um dia exaustivo de trabalho e nos deitamos
na cama sucumbindo ao desejo de apenas dormir. Fecho meus olhos
entregando-me à escuridão e ao silêncio, e nada mais parece existir.
Morrer é apenas um fechar de olhos eterno, a vida é inquietante,
mas a morte, a morte é um descanso as almas cansadas e sobrecarregadas.
(***)
— Ícaro. — A voz longe de Damian parece me despertar, não
acredito que ele veio até o pós-morte me buscar, ele não tem esse direito. —
Acorde, nós chegamos.
Então olho em volta, estou sendo observado pelo seu olhar morto e
sombrio, observo e me recordo de que não estou morto, nunca estive, não
da forma que desejei.
Sem nada dizer me levanto seguindo-o até um jatinho que nos
aguarda, o frio nos recebe e sem condições nenhuma de suportar encará-lo
não questiono, apenas sigo o fluxo. Não faço ideia de onde estamos indo,
mas isso pouco importa, em breve serei como um cão que não terá
vontades, apenas irá se ajoelhar e esperar por petiscos e carinho, irei beber
água em tigelas e comer ração, aquela imagem será meu futuro. Respiro
profundamente enquanto atravesso a pista até a aeronave.
— Por aqui. — Vejo-o me indicar o caminho enquanto sua mão
pousa em minha lombar, subo as escadas sendo direcionado por um
comissário de bordo para a poltrona mais próxima.
— Deseja beber ou comer algo, senhor?
— Não, obrigado.
Sento-me afivelando os cintos como pedido pela tripulação, Damian
não se senta ao meu lado, ele fica na poltrona mais afastada. Fecho meus
olhos quando ouço o piloto nos cumprimentar informando que teremos
mais de dezesseis horas de voo até Bali, na Indonésia[12], fico chocado, não
imaginei que iríamos para um lugar tão longe e minha curiosidade para
saber do motivo queima por dentro, mas não me movo, sigo quieto,
sentindo apenas que seu olhar queima minhas costas. Peço ao comissário
um cobertor e logo que recebo me cubro, aquecendo-me do frio do ar
condicionado. Alçamos voo e logo que o aviso de desatar cinto aparece
reclino a poltrona utilizando a que está vazia ao meu lado como cama.
Ícaro está em um silêncio ensurdecedor, decido lhe dar espaço,
ficaremos tempo suficiente juntos para que eu lhe mostre o que gosto de
fazer. Suas palavras continuam rodando minha cabeça, tenho a certeza
agora de que me odeia, nem mesmo tentando lhe mostrar que não era bom e
que existia em mim um monstro que rugia como um animal faminto em
busca de sangue, mesmo assim ele não se importou.
Konan se senta nas poltronas de trás deixando-me quieto, mas estou
inquieto, gostaria que ele brigasse, me enfrentasse, esse Ícaro letárgico e
apático só pode estar assim pela quantidade de sangue que perdeu. Monike
disse que com certeza essa melhora se daria com alguns dias.
Vamos chegar na minha casa em Bali por volta de duas horas após
todos os meus funcionários, isso é prazo mais que suficiente para se
acomodarem e que possam oferecer o conforto que precisamos.
A viagem é inquietante e longa, por várias vezes quis me levantar e
sentar-me ao seu lado, mas volta e meia aquele olhar rodava minha mente,
me causando sensações que doíam, eu não gosto de me sentir assim, não
gosto de ter meu peito sendo esmagado por uma maldita bigorna e não
saber como
resolver.
Meus demônios seguem inquietos como se
desejassem que eu fosse o Damian de sempre e o surrasse para que reagisse,
mas não faço, ao contrário disso, mesmo a contra gosto abro meu notebook
fazendo as vistorias que preciso. Com toda certeza conseguirei meu plano
de me manter afastado com ele, o levaria para minha cama, montaria nele e
o foderia com força. Existem muitas coisas que ainda não sabe sobre mim e
uma delas é que eu não desisto do que eu quero, nunca.
CAPÍTULO 25
Ícaro me traz muitas primeiras vezes, dormir com ele é algo que
nunca fiz, não foi algo profundo, mas um cochilo que me trouxe uma
sensação boa e que me faz desejar continuar por aqui. Lembro de suas
palavras e penso no que Darko disse sobre ele ser a minha pessoa.
— Sim, você é a minha pessoa. — Beijo sua nuca assim que
sussurro as palavras.
Por estar dormindo ele não se mexe, a sensação prazerosa que sinto
reverberar por mim, logo se esvai quando Konan informa que estamos
próximos ao pouso.
— Ratinho, precisamos nos levantar. — Passo a mão sobre seus
cabelos, contemplando seu despertar, de forma involuntária ele se vira, me
abraçando e meu corpo inteiro congela quando ele enfia seu rosto contra
meu peito, sinto o disparar do meu coração e o gelo percorre minhas veias.
— Podemos ficar mais? — questiona fazendo o vibrar de suas
palavras rasparem a pele do meu peito.
— Ícaro, me solte — peço ofegante e de forma bruta.
Logo ele pula longe de mim indo para a ponta da cama com um
olhar assustado e temendo minha reação.
— Desculpe, não estava acordado o suficiente.
Tento controlar meu corpo e meus pensamentos, ainda estou
congelado e apertando minhas mãos em punhos para conter a explosão de
ódio que sinto dentro de mim.
— Vista-se e vá para fora. — Não o olho, fecho meus olhos numa
tentativa desesperada de não fazer o que desejo, porque seus sorrisos e suas
risadas misturadas aos choros explodem em minha cabeça, não sei se está
fazendo o que peço, mas minutos depois tenho essa certeza quando a porta
se abre e logo se fecha.
Tento me acalmar e enterrar as malditas lembranças, finalmente
quando meu corpo já não mais formiga de ódio eu levanto-me da cama,
vestindo minha roupa e seguindo para a poltrona, dessa vez não me sento
afastado, pelo contrário, se não tivesse aversão ao toque o colocaria no meu
colo, saber que sou fodidamente quebrado e sem nenhuma chance de
conserto me faz afundar um pouco na poltrona. Ele me olha com um olhar
de quem deseja dizer muito mais, o comissário nos olha surpreso e as
imagens de tudo que farei com ele roda pela minha cabeça, fazendo-me lhe
dar um sorriso de canto para que ele entenda quem está no comando aqui e
a quem meu Ícaro pertence.
Minutos depois estamos em solo indonésio, os procedimentos de
taxiar se iniciam enquanto a equipe de bordo começa a falar algumas coisas
sobre o clima e a temperatura em Bali. As portas são abertas e tem dois
carros aguardando nossa chegada.
Desço com Ícaro à minha frente enquanto o olhar de medo do
homem que descobri por Koan se chamar Vlonich não me passa
despercebido, sigo caminhando com Ícaro e Konan até o carro, o desejo de
tocá-lo aumenta e minha mão segue em sua lombar.
— Meu Ícaro — chamo quando ele se vira para me olhar e sou
atingido por uma mistura desconhecida de sentimentos, mas dessa vez isso
parte dele.
— Sim, Dam. — Existe um esboço de sorriso, e o apelido está ali.
— Por que me chama assim?
— Na minha mente é assim que te chamo, desculpe Damian, diga o
que deseja.
— Vá com Konan.
— Damian, não faça o que penso que fará.
— Não sou conhecido como Anjo do caos por promessas vazias,
Ratinho.
— Ele não fez nada.
— E esse será o único motivo que lhe garantirá uma morte rápida.
— Seu olhar muda e ele parece decepcionado, o mesmo olhar que ganho
quando atinjo meus irmãos com todos os ataques que dou. — Agora vá. —
Abro a porta e o vejo entrar, assim que a fecho vejo o piloto, o copiloto e o
comissário de dedos leves e sorriso flertador.
— Vlonich.
— Sim, senhor. — Ele me olha surpreso, enquanto todos os outros
seguem se despedindo.
— Vi que gosta de homens — falo observando-o de cima a baixo.
— Sim, senhor.
— Isso muito me interessa.
— Se soubesse que o senhor viria até mim, teria mudado meu foco,
mas o que seu marido vai achar?
— Ele não é meu marido, apenas alguém que está comigo, ele sabe
bem as regras do jogo.
— Sexo sem compromisso? — Pelo visto o medo que existia nele
era de qualquer coisa, menos de mim.
— Quente e depravado.
— Prometo gritar como ele fez durante o voo.
— Não vejo a hora disso acontecer — respondo o direcionando ao
carro.
O motorista que nos aguarda pega sua mala, colocando no porta-
malas, enfio as mãos no meu bolso sentindo o fio de nylon grosso e
resistente, permito que entre sendo cortês abrindo-lhe a porta, nunca foi tão
fácil abater um cordeiro, o carro entra em movimento, fecho todos os
acessos do carro com um digitar de senhas, deixando-nos isolados ao fundo,
ele se vira para mim com um sorriso que quase lhe rasga o rosto e que me
causa ânsia. O que demoraria um pouco para acontecer é acelerado por ele
que enfia suas mãos sob meu terno tocando meu corpo e ouriçando meus
demônios, com o fio de nylon em uma das mãos, movimento-me rápido
girando seu corpo nojento dando duas voltas do fio em seu pescoço
começando a puxar.
— Nunca mais tocará em algo que pertence apenas ao demônio.
— Socorro! — grita se debatendo, mas corto sua voz quando aperto
ainda mais forte o fio.
Vlonich se debate chutando e tentando arrancar o fio das minhas
mãos, ele não tem como escapar, gargalho do cheiro de urina que invade o
carro, não leva muito para que esteja inerte e morto. Solto o fio do seu
pescoço enrolando em minhas mãos e enfiando-o no bolso, seus olhos estão
num vermelho vivo, sua expressão aterrorizada me excita, quando um
tempo depois o carro para.
— Senhor, temos um penhasco profundo a nossa lateral, apenas abra
a porta — Boris informa enquanto o ouço sair do carro.
Abro a porta e como me informou o penhasco se apresenta a mim,
empurrando com meus pés jogo o corpo imundo de Vlonich pela porta o
vendo cair como um boneco de pano que vai batendo em tudo pela frente,
tanto pedras como galhos, logo Boris lança sua mala que o segue para as
profundezas do inferno. Ambos desaparecem no fundo se perdendo na mata
fechada que tem ao final do penhasco.
— Vamos, Boris, tenho pressa de chegar em casa.
— Sim, senhor.
Saímos de lá em direção à nossa morada pelos próximos tempos.
Estou atônito com a reação de Ícaro, queria lhe causar pavor, mas
ele parece sentir a dor que vem de mim, a dor que só eu sinto há muito
tempo. É confusa a sensação de vê-lo sofrer já que eu lhe faço sofrer desde
o momento em que o comprei, o aprisionei, privei sua liberdade, o trato
como a um objeto caro demais para deixá-lo ir, e quando lhe revelo isso ele
parece querer me proteger.
— Gostaria de poder sentir — aviso sem condições nenhuma de
manter minhas muralhas erguidas, não estou na defensiva aqui, não existe
isto agora, e sim o desejo desesperado de sentir seu toque é algo que sinto
pela primeira vez na vida.
— Segure minha cintura, Dam, por favor, prometo não o tocar, mas
não posso não me aproximar. — Faço o que me pede, seus braços flutuam
na água. — Coloque sua testa na minha. — Novamente pede com uma voz
rouca e novamente obedeço.
Nossos tamanhos não fazem a posição desconfortável, já tentei por
mil vezes entender como não sinto nada quando meu corpo toca qualquer
outro que seja, mesmo que agora deseje apenas o dele, mas quando o
assunto é ter mãos em mim não consigo, meu coração está prestes a
explodir no peito. Mergulho na escuridão dos seus olhos, quando sua voz
rouca novamente ecoa invadindo meus ouvidos.
— Gostaria de estar lá por você, de protegê-lo com meu corpo
contra os chicotes que lhe atingiram.
— Não. — Imaginar isso me rasga ao meio. — Não é a visão que
gostaria de ter, Ícaro.
— Eu sinto sua dor, Damian, sinto tanto por tudo que precisou
suportar, e pelos céus, Deus sabe como queria alisar seu rosto com meus
dedos e te mostrar que a vida não é só dor e sofrimento.
— É tudo que eu conheço. — Engulo seco um nó maior que minha
garganta. — Nunca houve algo diferente.
— Me deixa te ensinar.
— Por que gostaria? Não valho à pena, Ícaro, eu te comprei,
mantenho você preso a mim, gostaria de ser essa pessoa que você acredita.
— Me deixa te mostrar que pode, que posso te amar e que receber
carinho é bom.
— Meu peito parece estar sendo esmagado e minha garganta dói,
não gosto de me sentir assim, é como voltar a ser criança, como se a
qualquer momento fosse acordado sendo lançado no chão sob gritos de que
era nojento e sujo. — Tento respirar e não consigo. — Você não pode.
— Posso, posso me compadecer, posso desejar tomar sua dor, posso
querer que seu sofrimento suma, não se escolhe o que sente, Damian.
— O que sente, Ícaro? Me explica, não sei do que fala, não sei como
é.
Pela primeira vez desejo o toque, a sensação de ser tocado com
carinho como ele fala, nossos olhos se mantêm fixos e minhas mãos alisam
suas costas fazendo por muitas vezes ele fechar os olhos. Seu corpo treme,
mas seu rosto desliza pelo meu. Fecho meus olhos, é uma sensação
diferente, não é toque em meu corpo, seu nariz percorre o meu, ele beija
meus olhos, um de cada vez, não consigo explicar como me sinto, meu
corpo parece em agonia, mas imaginar que isso pode acabar é ainda pior. A
sensação é deliciosa e ele se aventura um pouco mais, quando beija vários
pedaços do meu rosto, me mantenho com a mente focada, não gostaria que
nada se infiltrasse nela neste momento.
Os gemidos roucos que ouço são meus, puxo ainda mais para perto
seu corpo, quando num impulso o faço rodear minha cintura com suas
pernas.
Suas mãos ainda estão longe e meu coração parece bater na
garganta.
— Que tal subirmos, Ícaro? — Preciso trocar seus curativos.
— Não quero ir.
— Prometo que poderemos continuar na cama.
— Será um martírio, Dam, já está sendo, não o tocar está me
matando.
— Resolveremos isso em algum momento. — Esfrego meu rosto
contra o seu como ele fez. — Segure-se em mim, braços nos meus ombros
caso precise de apoio agarre meus cabelos, vou levá-lo para dentro.
Ele faz como peço então sigo com ele em meus braços direto para o
nosso quarto.
CAPÍTULO 28
(***)
Abro meus olhos e sinto a dor lancinante percorrer meu corpo,
procuro algo vasculhando tudo ao meu redor, tudo que consigo ver, já que
estou em uma posição não muito confortável. Vejo as roldanas no teto, vejo
os ganchos em mim, então a voz dele.
— Anjo do Caos, estou há algum tempo aguardando que acorde.
— Desgraçado! — rosno sem me mexer, conheço essa merda e ter
um desses ganchos rasgando minha pele vai desestabilizar tudo e me fazer
cair, serei novamente colocado aqui com os ganchos enfiados mais
profundamente em outro local para que suporte meu peso dessa vez.
Bratslav tem uma forma doentia de tratar seus Anjos, suspender
seus corpos em roldanas no teto com ganchos presos às nossas carnes é
uma delas. Não presto atenção nele e analiso como estou, estou de barriga
para cima, com ganchos cravados nos meus tornozelos, na carne acima dos
joelhos, esses aguentam pressão maior, um no topo das coxas e em cada
lado do quadril, seis deles em minha barriga que vão até meu peito, um em
cada lado do braço e quatro menores distribuídos nos antebraços e pulsos.
É isso, estou na treliça, uma haste de ferro que sustenta a cama de
ganchos em que estou no momento.
— Faz algum tempo que está aqui, só aí tem dois dias, fico
imaginando quando vai passar a gostar de bocetas.
— Nunca, eu amo comer um cu, montar um macho.
Tenho dezessete anos, cada dia que passa desejo ainda mais
destruir meu progenitor.
— Acho que posso cuidar disso, quem sabe invertendo as posições.
Do que diabos ele está falando?
— Tragam. — Sua ordem acontece quando um homem mascarado
com uma máscara de demônio chega, nu, com pau duro e ofegante, com
toda certeza foi estimulado.
— Esse é um Obscuro, um demônio adestrado, eles fazem apenas o
que mando, sou eu que comando as cordas que os movimenta, já que não
quer ser homem, pode ser um viado, gosta de dar o rabo, Damian? —
Medo percorre meu corpo, nunca permiti que me tocassem, não dessa
forma, não é isso que faço, tento me mexer, mas estou sendo lembrado a
cada fisgada dos meus músculos onde estou.
— Não ouse continuar — ameaço o demônio mascarado.
Sua gargalhada sombria abafada traz um gelo à minha espinha.
— Damian, Damian, preciso te contar, apenas o líder deles, no caso
eu, pode lhe fazer parar, sua lealdade é minha, nem mesmo a Triglav os
pararia.
— Bratslav, escreva o que estou dizendo, farei com você o mesmo
que possa vir a fazer comigo.
— Terá que me pegar antes, Damian — fala com soberba sentando-
se como numa maldita plateia. — Faça!
Sob gritos desesperados tento me debater, mas dessa vez os ganchos
parecem não ceder, sinto as mãos me tocarem, segurando-me, estou
exatamente aberto na altura dos eu pau, quando minha cintura é presa por
seus braços e sinto a dor lancinante que a força de sua arremetida me
causa, meu grito de dor e ódio ecoa pelo lugar que se mistura à gargalhada
de Bratislav.
Antes que consiga entender, vejo contra o grande espelho, não sou
eu quem está preso aos ganchos é Ícaro, ele está rodeado de Obscuros.
Bato na parede de vidro com força precisando salvá-lo, tirá-lo de lá, a dor
de vê-lo daquela forma me rasga o peito. Sou contido por vários soldados
enquanto tento me soltar, eles começam a estuprá-lo, quero que seja
comigo, que continue sendo eu, não ele.
Não adianta me debater, socá-los ou tentar afastá-los, são muitos e
não tenho condições nenhuma de continuar, os gritos de dor que Ícaro solta
me mata a cada vez que ouço e meu ódio me consome ainda mais.
(***)
Abro meus olhos sentindo o colchão sob mim balançar com força,
quando sinto uma pancada nas costas que me faz arfar, pulando para o lado
oposto vejo Damian se debater, como se lutasse ferozmente contra algo que
o perturba.
— Damian, Damian, acorde! — chamo, gritando inquieto por não
conseguir acordá-lo, lembrando de forma dolorida que não posso tocá-lo.
Seus dedos arranham, cansado de vê-lo se machucar faço algo que
com certeza pode me levar à morte, monto sobre sua cintura, segurando
seus braços lutando contra ele e seus pesadelos.
— Damian, acorde, não está lá! Acorde! — Seus olhos negros estão
assassinos no momento em que me olham, fazendo-me congelar
instantaneamente.
— Ícaro. — Ofegante chama meu nome.
Enquanto ele não percebe o que fiz, começo a tentar me afastar, mas
então em um rompante ele me abraça, envolvendo-me em seus braços,
enfiando seu rosto na curva do meu pescoço, o choro explode e não entendo
nada do que está acontecendo, mas deixo que continue, permito que se
liberte, já que estamos como estamos permito-me devolver o abraço. Não
sei como irá reagir, mas não consigo mais ser indiferente, não suporto mais
não o tocar com o amor que merece.
Minhas mãos deslizam pelas suas costas, sentindo alguns vergões
como se houvesse sido chicoteado, não entendo como isso aconteceu, em
que momento ocorreu, Damian não suporta dor, no momento não importa,
seu corpo sofre espasmos dos soluços do seu choro, enquanto uma das
minhas mãos sai para sua cabeça fazendo carinho em seus cabelos, ele está
suado, parece exausto, mas o choro não cessa.
— Não está mais lá, Damian, não está, sou eu aqui com você.
— Ele o tirou de mim, enquanto te machucavam, Ícaro, não podia
fazer nada.
— Foi só um pesadelo, não aconteceu nada — sussurro baixo para
que não se assuste.
Aproveito-me do momento já que não entende que o toco, com
certeza sua ficha não caiu, os minutos se passam, quando finalmente se
acalma, seu choro vai cessando, continuo com meus movimentos, ele
precisa de mim e dos meus braços para o protegerem.
Afastando meu corpo do seu, vejo seu rosto molhado pelas lágrimas,
então decido enxugá-las. Seus olhos estão vermelhos e fixos aos meus
como se realmente não estivesse acreditando no que vêem, meus dedos
livram seu rosto das lágrimas, seu olhar segue para minha mão, então
rapidamente as retiro.
— Desculpe, não consegui não o tocar.
— Faça de novo — pede desconfiado.
— Dam, é melhor não.
— Faça, por favor! — Seu pedido contém surpresa, mas existe algo
carinhoso.
Tremendo, aliso seu rosto, Damian fecha os olhos sentindo meus
dedos ainda trêmulos passar pela sua pele.
— É diferente de tudo que já senti. — Suspira emocionado — Não
sinto ódio, eu estava lá, eu vi tudo, não sei se suportaria se fosse real.
— Estava aonde? No seu sonho?
— Eles o haviam pegado, fiz de tudo para salvá-lo, mas não
consegui. Eu senti medo, Ícaro, pela primeira vez senti medo de perder,
perder a única pessoa que mesmo sem merecer disse me amar.
— Não sente nada quanto toco você? — indago curioso.
O que diabos esse homem estava sonhando que acordou sem sentir
ódio do meu toque?
— Uma sensação prazerosa, algo que quero ter todo o tempo.
— Meu Deus, Dam, nem acredito que irei conseguir tocá-lo quando
quiser.
— Talvez seja apenas um gatilho quebrado, algo que faz com que
apenas você consiga, ainda fervo imaginando que outra pessoa me toque.
— Como isso acontece?
— Não sei, mas pode continuar.
Ficamos assim por algum tempo em silêncio sentindo meus dedos
em sua pele quente, que agora se arrepia de uma forma gostosa.
— Posso beijá-lo? — peço, Damian ainda mantém seus olhos
fechados.
Beijo seu peito, depois o outro, lentamente ele se deita, seu pau
antes mole agora parece se animar, claro que não aguentaria uma rodada de
sexo, faz pouco tempo que quase me matou. Seu corpo tatuado é
completamente definido, minhas mãos percorrem cada parte dele e como
havia dito sinto em alguns lugares buracos pintados de tinta preta que me
fazem chorar por ele. Em meio as lágrimas de dor e a sensação maravilhosa
de poder tocá-lo vou beijando toda e cada parte que encontro pelo caminho,
até mesmo seu pé, venerando, dando a ele o carinho que jamais recebeu,
sendo para Damian a sua pessoa.
— Suba em minha cintura.
Não entendo seu pedido, quando faço seu corpo tensiona.
— O que houve?
— Talvez não consiga tudo de uma vez, por favor, saia. — Faço
como me pede, no momento em que subi ele fechou as mãos em punho.
Observo-o se sentar como estávamos antes, e ele estende sua mão,
entendo seu pedido silencioso, Damian está testando seus limites, sento-me
em seu colo observando que ele ainda está relaxado.
— O que acontecia quando estava deitado, Damian? — pergunto
sabendo que caso me revele, a história será tenebrosa.
— Era amarrado por cordas. — Tiro minha mão do seu corpo neste
momento.
— Coloque-as novamente, Ícaro, preciso que seja suportável falar e
seu toque parece ter esse poder sobre mim agora.
É tão intensa a forma com que me olha que se ele desejasse me
enfiar naquela maldita sala secreta novamente eu iria de bom grado,
precisaria apenas me pedir.
CAPÍTULO 32
Sentir o toque de Ícaro no meu corpo faz com que ele entre em
ebulição, seus dedos passeiam pelas minhas tatuagens como se tentasse
decifrá-las e eu não digo nada, sigo com meus olhos suas mãos que
deslizam pelas linhas e seguem aos meus mamilos rodeando os piercings
que tenho ali, não existe nada que gostaria mais que estar aqui e agora,
quando a voz de Gukla seguida de batidas na porta nos tira do nosso
momento.
— Acho que precisamos ir. — Seu corpo cobre o meu lentamente
quando suas mãos seguram meu rosto, fazendo com que feche meus olhos.
— Sim. — Tiro minhas mãos da cabeça, segurando seu rosto e lhe
dando um beijo na testa. — Vamos.
Pulamos da cama seguindo em direção à porta, assim que Gukla nos
vê, sorri, ela nunca esboça reações perto de mim, mas parece que até isso
Ícaro mudou nos meus funcionários. Caminhamos lado a lado com ela à
nossa frente.
— Como vi que gostam de massas e aquele molho divino que
fizeram ainda sobrou, fizemos um pequeno rodízio de pizza, espero que
apreciem — orgulhosa ela fala continuando sorrindo.
— Com certeza vou amar, Gukla. — Sua voz grossa é agradecida e
observá-lo me acalma.
Por uma fração de segundos vejo que Ícaro olha para o lado e seu
corpo tensiona, quando meu olhar segue na direção vejo Gtchin passar, ele é
enorme, um dos seguranças mais novos que temos, foi escolhido a dedo por
mim depois de uma seleção exaustiva.
— O que houve? — pergunto curioso e sentindo que algo não está
certo.
— Do que está falando? — Quando ele me olha nos olhos percebo
algo que não estava ali.
— O que é isso em seu rosto? — Seguro-o pela barba furioso
porque neste momento quero assassinar a porra do mundo.
— Não estou entendendo.
— Não!? Que porra de marca é essa em seu rosto, Ícaro? Quem
tocou em você?
— Ninguém me tocou, eu caí enquanto corria na praia. — Espremo
meus olhos sentindo o cheiro de sua mentira, dando tudo de mim para não
virar a mesa tamanha a minha raiva.
— Ícaro, eu conheço a diferença entre um murro e um ralado, não
minta para mim! — Soco a mesa fazendo algumas coisas caírem dela. —
Vou te perguntar novamente e espero que não minta, porque juro que o que
fiz com você naquele quarto secreto não será nem próximo da desgraça que
farei para corrigi-lo, então me diga, quem machucou você?
Tento me controlar, seu olhar neste momento contém pavor, ele
sente medo, porra! Mas se existe algo que ele deveria sentir de mim neste
momento é medo, não me diz nada, então seu corpo tensionando vem à
minha memória.
— Foi Gtchin? Foi aquele maldito que te tocou? Fale porra! — Seu
suspiro o entrega.
— Sim.
— Como? — O coração em meu peito esmurra com tanta força que
sei que pode ser ouvido, meus olhos estão cravados nele.
— Estava na praia, fui longe demais, ele me agarrou na volta.
— Agarrou? Como? Vamos, Ícaro, estou dando um inferno aqui,
juro que posso causar o maldito apocalipse. Como ele te agarrou? — Estou
arfando furioso, aperto a madeira da mesa com tanta força que posso partí-
la.
Então ele me conta tudo, desgraçado gozou se esfregando em meu
homem, vou assassiná-lo, não, vou entregá-lo aos meus demônios.
— Dam, por favor, não faça nada. — Viro minha cabeça como se na
dele houvesse nascido um olho na sua testa.
— O quê? O que há com você, Ícaro, o que mais não me contou?
Acha que sou o maldito Anjo do Caos por ser misericordioso com aqueles
que atravessam meu caminho? Por que está defendendo aquele verme,
caralho?!!!
— Ele disse que mataria Gukla, tive medo, Dam. — Um rosnado
tenebroso estoura de mim e Ícaro se encolhe na mesa.
Saio furioso em direção aos meus Obscuros, ouço os gritos de Ícaro
me chamando, mas no momento apenas a imagem de Gtchin sendo
estripado após ser violentado como uma cadela imunda roda minha mente.
Caminho pelo gramado, não vejo o filho da puta em lugar nenhum, mas sei
que hoje seu lugar é no posto de observação na parte da frente. Abro o
apartamento onde os Obscuros ficam.
— Senhor. — O primeiro que me vê cumprimenta-me abaixando as
vistas em sinal de respeito.
— Quero Gtchin no subterrâneo em meia hora, ele ousou tocar no
que me pertence, gozando sobre ele, quero que sejam os piores desgraçados
que consigam ser, só preciso dele respirando.
— Estaremos prontos, senhor. — Outro se aproxima de mim,
pegando sua máscara demoníaca da parede, pronto para caminhar pelo fogo
do inferno.
Saio marchando como um lunático, meus demônios clamam por
sangue, minha mente roda perturbada com a fala de Ícaro, como? Como
tive esse descuido, como permiti que ele fosse tocado debaixo do meu
nariz? Chego à cozinha encontrando Gukla e algumas funcionárias
retirando a mesa.
— Onde ele está? — pergunto com ódio borbulhando na superfície.
— Voltou para o quarto.
Não respondo, caminho como um touro alucinado até ele, abro a
porto e o vejo em pé olhando pela janela.
— O que faz aí? — Vou até ele puxando-o até mim, preciso tocá-lo,
não o perdi, não foi como no meu sonho.
— Desculpe, não deveria ter escondido, mas temi por Gukla.
— Ele não tocaria nela, só não entendo como foi burro por tocar em
você.
— Segundo ele você sempre entrega as sobras aos soldados.
— Desgraçado!
— Dam, o que vai fazer?
— Destroçá-lo, enviar uma mensagem clara de quem é você na
minha vida, Ícaro, vim até aqui para tentar me acalmar, se o pego agora o
mato muito rápido, preciso do seu toque, preciso antes que faça uma
desgraça, meu desejo é de surrá-lo por ocultar, mas pensar em machucá-lo
me tira o ar, é como autoflagelo.
— Olhe para mim, eu não quis nada do que ele fez, acredita em
mim. — Do que diabos ele está falando?
— Por que acha que não acreditaria?
— Não sei, ele é perverso, pode falar que fui eu quem ...
Não deixo que termine, colo minha boca na sua, preciso me acalmar
e só ele tem esse poder. Meu corpo está fervilhando e o ódio é tamanho que
não me traz uma ereção com meu corpo colado ao de Ícaro, mas seus dedos
em mim têm o poder de trazer a calmaria à minha tempestade.
— Nunca me esconda nada, Ícaro, nunca tente amenizar alguma
coisa por medo, eu sou um demônio e nada acontece com você que eu não
precise saber, seus pensamentos, seus malditos pensamentos me pertencem,
nunca mais vá por esse caminho, nunca mais pense que pode poupar vidas
escondendo-me alguma coisa, porque confie em mim, não pode, eu tenho
olhos em tudo, eu vejo tudo, sinto o cheiro da mentira, e pelo inferno,
espero de qualquer pessoa, mas isso vindo de você me mataria. Seja o que
for, Ícaro, desde uma dor de cabeça ou o fim do mundo, me conte, o que
sinto por você me fará resolver tudo. — Encosto minha cabeça em seu
ombro, preciso me manter calmo, Gtchin não pode morrer tão cedo. —
Nem que para isso precise da ajuda dos meus irmãos, e eles conseguem ser
ainda mais desgraçados que eu.
— Não quero que se perca. — Seus dedos em meus cabelos levam
uma sensação de tranquilidade ao meu corpo, menos à minha mente.
— Não posso me encontrar sem você.
— Sempre estarei aqui.
— É tudo que eu realmente desejo.
Ficamos assim agarrados até que minha mente é a única
ensandecida e meu corpo está calmo como o mar que antecede o caos.
Respiro algumas vezes o cheiro dele, o maldito cheiro que lhe permite fazer
tudo comigo, tudo que me controla, tudo que me acalma.
— Preciso ir. — Beijo sua testa.
— Volte para mim.
— Logo.
Saio novamente com meu corpo tranquilo em direção ao
subterrâneo, toda casa que tenho tem um desse equipado com o melhor para
uma tortura. Bato a mão no botão que faz a porta do elevador se abrir e que
irá me levar até ele, assim que atravesso a porta estou no inferno, no meu
inferno particular. A raiva dá lugar ao frenesi, no momento em que abro a
porta meu alvo está lá, os Obscuros já estão excitados, nus e mascarados.
— Ora, ora se não é o cara que espera pelas minhas sobras. — Entro
caminhando lentamente indo em sua direção.
— Senhor, o que está acontecendo? O que houve? Por que me
trouxeram aqui? — Suas palavras são desesperadas, em seu lugar estaria
também, porque o que vamos lhe causar não é nem de perto o que ele possa
imaginar de pior.
— Não vá por esse caminho, Gtchin, eu já sei de tudo, tentou foder
meu Ícaro, mas o máximo que conseguiu foi gozar nas calças como um
imprestável que não consegue ao menos atingir seus objetivos.
— Não, senhor, não aconteceu nada, o que aquele imundo disse? —
O soco que o atinge é tão forte que um de seus dentes voa longe.
— Chame-o de imundo novamente que irá clamar pelo fogo do
inferno.
— O quê? Não, senhor.
— Aquele homem é meu, minha pessoa da vida, e sabe quando
alguém irá colocar a mão sobre ele? Nunca! O desgraçado que tentar saberá
da sua história.
— Suspendam-no!
Os Obscuros começam a se mexer, um botão é acionado assim que
suas amarras são liberadas, seus gritos e pedidos de misericórdia são
ouvidos, mas neste momento meus ouvidos são abafados pela raiva, um dos
meus demônios prende os pés dele no chão e uma sinta de couro com uma
corrente presa à parede ergue seu quadril deixando sua bunda empinada e
exposta.
Caminho até a mesa pensando no chicote com ganchos e ossos nas
pontas, o que não quero ver será arrancado e vamos começar pela sua cara
cínica e mentirosa. O chicote é lançado em sua direção quando todos os
ganchos se cravam em seu rosto e alguns deles em seus braços.
— Haaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! — O grito de dor que ele dá é seguido
de mijo e fezes.
E a inquietação dos Obscuros começa, quando arrasto o chicote seu
rosto se desfigura, trago com ele carne, músculos e um dos seus olhos, é
lindo de ver uma parte dos seus dentes sem carne.
— Comecem!
Um jato de água gelada lava sua imundície e é tão forte que causa
microfissuras que sangram, seus gritos fazem uma sensação de
formigamento começar em minha língua, uma dose cavalar de estimulante
lhe é aplicada fazendo seu pau endurecer como uma rocha, quando o
primeiro Obscuro o empala, seu rabo é fodido sem nenhuma cautela, ele é
punhetado com uma luva áspera que arranha a cabeça do seu membro
deixando-o em carne viva.
O rodízio interminável começa e só vai parar quando eu ordenar, ele
está cuspindo sangue, com certeza mordeu a língua. Seu rosto desfigurado
me deixa alucinado gargalhando como um demônio e fazendo meus
Obscuros rirem juntos. Estamos nisso há quase duas horas já administrando
adrenalina o suficiente para fazer seu coração parar, mas o desgraçado é
forte, a linha tênue entre a vida e a morte precisa ser ultrapassada.
— Finalizem! — Dou a ordem e vejo um dos meus demônios
vestirem uma cinta peniana, que encaixa seu pau duro e excitado em um
pênis de espinhos, por dentro é como se enterrar em um rabo quente macio
e lubrificado, por fora é como trepar com um cacto.
Sentindo o peso do chicote em minhas mãos começo a açoitá-lo no
mesmo momento em que seu rabo é invadido, pedaços de pele e carne
voando enquanto meu obscuro urra gozando, suas pernas estão se esvaindo
em sangue já posso ver suas costelas, em algumas delas a fissura dos
ganchos está marcada. Ouço em meio ao caos que fazemos seu último
suspiro de vida então o filho da puta morre, estou cansado, banhado em
sangue e pedaços de carne, meus homens estão da mesma forma.
— Chamem o pessoal da limpeza e avisem que é isso que acontece
com aquele que ousar olhar para o meu homem.
Saio seguindo direto para os vestiários, jogando o chicote no canto
que cai em qualquer lugar, debaixo da água quente me livro do sangue, meu
pau está duro sem nem ao menos ter usado o estimulante, não vou
conseguir chegar até Ícaro, então me masturbo imaginando que seu cuzinho
me suga até o talo, estou num ponto tão orgástico que gozo clamando por
ele quase caindo no chão por ser devastado pelo prazer que só aqueles olhos
castanhos e aquele corpo quente me causam.
CAPÍTULO 37
Fico por todo tempo inquieto, Damian estava possuído como ainda
não havia visto, nem mesmo quando me apresentou à forca de Judas.
Contemplei sua agonia enquanto falava, meu coração parecia que sairia pela
boca tamanho desespero de vê-lo daquela forma e por minha culpa. Ando
de um lado para o outro até que desisto de ficar em pé e me deito na cama.
— Senhor. — A voz de Gukla me chama enquanto bate à porta.
— Entre — digo curioso.
— Pensei que poderia querer comer. — Ela traz uma bandeja com o
jantar. — Pode ser que demore a voltar.
— Obrigado, quando ele vir pode trazer mais, com certeza estará
com fome.
— Trago sim, apesar de ter o suficiente para ambos aqui, caso ele
chegue — informa.
— Mais uma vez obrigado pelo cuidado.
— Sinto muito pelo ocorrido — diz segurando seus dedos. — Não
deveria ter tentado esconder isso dele para me poupar, é a segunda pessoa
que faz algo por mim sem eu ter nada para dar em troca. — Olho e vejo
algo em seu olhar, gratidão. — O senhor Damian nos livrou sem pedirmos,
nos deu emprego, nos paga mensalmente e nos dá folga, sempre com
alguém para nos proteger.
Saber disso me faz ter certeza de que existe algo bom nele.
— Não se preocupe, Gukla, sempre a protegeremos, isso é uma
promessa.
— Coma antes que esfrie, não se preocupe, assim que o ver entrar
trago para ele também.
Ela sai com um esboço tímido de sorriso, vou até a mesa, sentando-
me para comer, quando a porta se abre novamente e um Damian com
cabelos lavados e cheiro de banho tomado atravessa por ela.
Levanto-me indo em sua direção, envolvendo-me em seus braços,
não dizemos nada, apenas sou pressionado contra seu corpo, que agora nem
lembra o que era horas atrás.
— Gukla acabou de trazer nosso jantar — digo olhando em seus
olhos.
— Então vamos comer antes que esfrie.
Por mais algum tempo comemos e conversamos como se nada do
que eu sei que ele fez existisse, Damian deseja me levar a uma ilha amanhã,
segundo ele os corais são lindos, onde foi uma vez sendo obrigado por
Dusham, o irmão mais próximo a ele, e o que ele mais briga, é bem
contraditório como ele expressa isso.
— Como pode ser o mais próximo e o que mais briga? — Mordo
um pedaço da pizza e pelos céus, gemo de prazer pelo sabor.
— Éramos os mais velhos e protegíamos os mais novos, Dimitri e
Darko são mais próximos, Dusham e eu também, mas quando ele decidiu
que seguiria Stefan para o Brasil ele me abandonou, então começamos a nos
desentender.
— Estava com ciúmes?
— Não, apenas com raiva, Dusham era tudo que eu tinha, era minha
linha de defesa e decidiu me deixar aqui à mercê daquele demônio, ter
alguém que guarda suas costas é muito interessante quando se tem um
progenitor como o meu.
— Sinto muito pelo que viveu.
— Não sinta, eu sou assim, eu não sei ser de outra forma, esse
Damian que te mostro agora só existe para você.
Ficamos em silêncio finalizando o jantar, Damian fica pensativo, seu
olhar tem tanta coisa indecifrável, não sou alguém com facilidade de ler
outras como ele, que sente o cheiro de mentira e consegue entender cada e
qualquer reflexo das pessoas.
— Por que seu pau é o único que não tem tatuagem? — Uma
pergunta aleatória, mas que me deixa extremamente curioso e seu olhar é
surpreso e ele sorri.
— Não esperava por essa, mas vou te falar, não encontrei nada para
colocar aqui, nada parece me instigar a passar pela tortura de ter o pau
esfolado por agulhas.
— Para quem não suporta a dor ter o corpo completamente tatuado é
estranho.
— Não sou alguém que se possa entender, tenho minhas neuras e
todas elas vieram depois de um momento de dor.
— Apenas emendou uma dor na outra.
— Gosto como me entende fácil.
Sorrio dele e seguindo para a cama, Damian parece desejar apenas o
momento, nada de castigo por esconder o que me ocorreu, seus braços me
envolvem e então tudo desaparece, não existe nada além de nós nesta cama.
Sinto meu corpo inteiro tenso, minha respiração está pesada, parece
que a qualquer momento eu vou morrer, meu coração vai parar isso é uma
certeza que tenho. Imaginar que Gukla e suas irmãs morreram é como levar
um tiro, e eu nunca levei um, saber que ele se preocupou com elas fazendo
quartos cofres me faz amá-lo ainda mais.
Quando as mãos de Damian me tocam tentando me trazer para a
realidade, seus olhos são mortais agora, tem um machucado que sangra em
sua cabeça.
— Está machucado — digo tocando sua testa.
— Primeiro vamos cuidar de você, está quase colapsando com tudo
que viu, depois posso cuidar de mim. — Confirmo com a cabeça.
Sua mão segura a minha e sou direcionado a um banheiro no
corredor, tenho meu colete retirado, a vistoria começa no momento em que
fico nu, suas mãos vão para minha cabeça seus dedos se enfiam em meus
cabelos, sinto alguns pedacinhos de pedra, mas não sinto dor além de
muscular, sou quase virado do avesso.
— Apenas alguns arranhões superficiais, vamos para o banho.
— Preciso verificar você — falo fazendo-o sorrir balançando a
cabeça. Verifico cada pedaço dele que tem escoriações e um corte na
cabeça. — Acho que precisamos de um ponto aqui.
— Podemos fazer depois, agora banho. — Sou levado para debaixo
do chuveiro quente e meu corpo sente o poder da água sobre ele.
Não falamos nada, sou lavado com cuidado e sinto algumas partes
arderem, com certeza ele também, mas diferente de mim não esboça nada, é
o mesmo Damian de sempre. No meio disso minha ficha começa a cair e
me lembro de como ele me protegeu, como usou o único colete que tinha
em mim, então o puxo para um beijo possessivo e intenso, não tenho
cuidado é duro e bruto, ele reage da mesma forma, preciso dele dentro de
mim, preciso sentir que estamos vivos e bem.
— Calma, não quero machucá-lo. — Sua voz carrega preocupação,
mas se existe algo que neste momento eu não preciso é de cautela.
— Damian, eu preciso da dor, da dor que só você me dá, aquela que
ao final vai me fazer gozar gritando como louco.
— Ícaro, vamos descansar, depois te dou tudo que quiser.
— Não, Dam, preciso que essa tensão passe, que meu corpo relaxe,
mas eu preciso da dor, eu imploro se precisar, só me fode com força e me
marca como seu.
Um grunhido rouco ecoa pelo banheiro e sou virado contra a parede
sem nenhum cuidado, tenho minhas pernas afastadas e pelos céus, ele nem
começou e já estou perdido.
Fica difícil tentar cuidar dele com ele implorando pela dor, não vou
lhe dar algo pesado demais, não agora, mas Ícaro precisa de mim e eu darei
tudo que ele pedir.
— Fique nesta posição — ordeno saindo do box seguindo para as
gavetas do banheiro.
Pego lubrificante e cinco elásticos, volto com a porra do meu pau
tão duro que se Ícaro roçar nele eu gozo como um adolescente inexperiente.
— Vire-se! — Dou um tapa forte em sua perna fazendo com que me
obedeça.
Assim que faz o que mando ele visualiza os elásticos, todos eles
enfiados em meus dedos.
— Me pediu dor, Ratinho, vou te dar o que suplica.
Puxo seu pau duro, passando com ele pelos elásticos, tenho um
pouco de dificuldade para passar por suas bolas e dois elásticos se soltam
batendo machucando-as o fazendo gemer. Sorrio porque ele lança sua
cabeça para trás, o filho da puta é um masoquista completo, se o colocasse
como desejava teria a função de anel peniano, mas Ícaro quer dor e sei o
quanto soltar cada um dos elásticos em suas bolas vai queimar e doer, a
cada um dele que bate ele urra pela dor que lhe causo.
— Damian! — Vejo seus dedos dos pés se contorcerem.
Enfiando-o completamente na boca seu gemido instiga, chupo com
vontade enquanto sei que suas bolas latejam, mas não dou continuidade,
paro virando-o novamente contra a parede fria do box.
— Ícaro, vou ser rápido porque preciso cuidar de você, mas da
próxima vez que me pedir dor, a forca de Judas será um passeio no parque
em um domingo à tarde.
— Só me faça gozar, inferno, minhas bolas ardem.
Suas pernas estão abertas, sua bunda empinada, lubrifico meu pau
começando a forçar minha passagem, ele está relaxado, Ícaro fica cada vez
mais perfeito para mim. Quando estou completamente dentro dele, travo
seu pescoço com meu braço e lhe privo o ar, então começo a foder seu rabo
com força, ele crava suas unhas em meu antebraço, o que me faz urrar pela
dor.
— Ratinho perverso. — Mordo seu pescoço.
— Ah!
A água volta a cair sobre nós e só então percebo que ele se segura
no registro do chuveiro, sinto minha cabeça doer, uma pontada forte e fina
que me faz quase perder os sentidos, continuo a fodê-lo, as coisas perdem
um pouco o foco, mas não me importo, ele precisa de mim e tudo que diz
respeito a ele é prioridade. Mantenho o ritmo e o agarre, seus gemidos
ficam mais fortes, mais altos e se misturam aos meus e aos barulhos que
nossos corpos fazem sob a água quente, a sensação de que logo vou gozar
me percorre, minhas bolas pesam.
— Vou gozar — digo perdido e entendo pouco de o porquê estou
oscilando tanto.
— Dam. — Seu corpo tensiona no momento em que minha mão
começa a masturbá-lo.
Estamos queimando, sinto nossos corpos pegando fogo, então seu cu
começa a morder meu pau, Ícaro acaba de gozar e me leva junto com ele,
logo tudo vira escuridão.
Minha alma parece que vai sair do corpo quando gozo lançando
meus jatos quentes na parede, mas há algo de errado, Damian está ofegando
diferente e seu aperto fica frouxo rápido depois que gozamos.
Seu corpo se descola do meu e ele cai com tudo no chão.
— Damian! — Passo a mão pelo seu rosto. Inferno, ele não me
responde.
Olho para todos os lados e sinto uma fisgada de dor em meu pau,
droga! Arranco os elásticos dele o que faz uma maldita dor atravessar meu
corpo, mas isso não importa agora.
— Damian, acorda! Damian! — Vou dando tapas em seu rosto,
chacoalhando seu corpo e nada.
Saio do banheiro procurando algo forte para que ele acorde, mas não
encontro nada, então vejo o telefone via satélite, não sei para quem ligo,
assim que o pego peço aos céus que exista algum contato gravado, assim
que o abro vejo que tem três nomes, Dusham, Dimitri e Darko, recordo-me
dele dizendo que Dusham o deixou, então escolho o próximo. A linha
começa a chamar sendo atendida no terceiro toque.
— Damian, o que está acontecendo? Porra! — Sua voz furiosa
explode do outro lado da linha
— Não é o Damian — digo tentando não pensar que ele está
desacordado no chão.
— Quem é você e o que fez com meu irmão? Vou arrancar suas
tripas na primeira oportunidade, seu escroto maldito.
— Sou Tomasso, não! Ícaro, esse é meu nome, estamos numa ilha,
fomos atacados e agora ele está desmaiado no banheiro e eu não consigo
acordá-lo.
— Ícaro, onde estão? — Sua voz parece controlada agora enquanto
escuto outra voz ao fundo.
— Fomos atacados, Damian me trouxe para uma ilha, não sei onde,
fica a meia hora da casa em que estávamos, estávamos no banho e ele caiu
desacordado.
— Ele está machucado?
— Apenas um corte na cabeça, algo que talvez leve três pontos e
algumas escoriações.
— Achei! — a voz fala do outro lado.
— Estamos a caminho.
— Como estão a caminho? Estamos em Bali, não em Belgrado.
— Estamos em Bali também logo chegaremos e explicamos.
— Certo.
— Ícaro. — Sua voz tenta me puxar de volta a ligação. — Apenas
cuide dele, por favor!
— Cuidarei.
Volto para o banheiro, o arrastando do chão molhado começando a
secar seu corpo, visto um roupão, coloco sua cabeça em meu colo depois de
cobri-lo com algumas toalhas.
— Por que tinha que ter feito minha vontade? Por que não foi
apenas você Damian? Por que não me mandou à merda e fez a sua vontade
e não a minha?
Percebo que estou chorando, quando vejo minhas lágrimas caírem
sobre seu rosto. Como posso amá-lo? Como posso sentir tanto pela sua
vida, ainda mais depois de tudo que aconteceu para que ele me tivesse?
Pensar nisso me causa sensações conflitantes, eu fui comprado, não devia
ter sentimentos por ele e sim raiva, muita raiva, mas Damian me envolveu
com sua escuridão levando a caminhar por lugares que eu desconhecia e
que jamais sonhei conhecer.
Estou perdido e pensamentos de que ele não vai acordar me deixa
inquieto, podemos ter quase o mesmo tamanho, mas não consigo carregá-lo
como ele faz comigo e isso me deixa muito frustrado.
— Onde vocês estão? — pergunto para as paredes, após verificar
seus batimentos pela milésima vez.
Então finalmente meu corpo relaxa e meu coração acelera quando
ouço ao longe o barulho de hélices, com certeza seus irmãos chegaram,
pouco tempo depois escuto vozes o chamar.
— Damian! Damian, onde vocês estão? — Não é a voz que ouvi no
telefone.
— Aqui! — grito em resposta.
Logo um homem enorme que parece ser maior que Damian e com o
rosto tatuado aparece, cravando seus olhos azuis assassinos em mim.
CAPÍTULO 39
Tenho ainda uma hora e meia até que encontre Bratslav e pegue meu
Ícaro, mas não sem antes enviar o desgraçado do Nikkolay Pormov para
abraçar Lúcifer. Estou no porto, onde suas cargas de drogas estão
abastecidas e serão enviadas em três dias, paro assobiando uma canção
italiana daquelas que Ícaro insiste em cantar de forma desafinada, a paz
entrando em meu sistema, aquela que conheci depois que aqueles olhos
castanhos entraram em minha vida mudando tudo.
Com a arma pronta miro nos containers explodindo mais de quinze
deles, carregados ou não de hoje em diante ele não irá mais precisar deles,
já que vai virar comida de peixe, se ele acreditou que seria um maldito
escroto que montaria em mim e me foderia pendurado pelos ganchos como
um Obscuro e ficaria assim, está muito enganado. O desgraçado recebeu
anistia de Konstantin por descobrir o mesmo que eu, agora ele morre e
Konstantin que se foda.
Cinco mísseis depois e com o porto completamente em chamas,
recebo a informação que Nikkolay Pormov está chegando, encosto-me no
carro quando o vejo estacionar sozinho e desesperado.
— É tão lindo de ver — digo aplaudindo-o todo largado passando a
mãos nos cabelos.
— Por que fez isso, seu demônio? Konstantin vai amar saber disso.
— Tenta me ameaçar, só que ele não sabe que eu já sei de tudo e que
descobri ser ele o Obscuro de anos atrás.
— Porque não costumo dar meu cu de graça, ou achou que me
foderia e não descobriria? Hoje vim arrancar de você todos os sorrisos de
escárnio que me deu enquanto não sabia.
— Hahahaah! Foi delicioso, se quiser podemos ter outra vez.
— Vai ficar para próxima, tenho algo melhor para você, e quanto a
Konstantin acha mesmo que aquela bicha velha que fode o enrustido do
Bratslav tem poder sobre mim agora?
— Então descobriu.
— Uma ótima jogada sua por sinal, conseguir tudo isso apenas com
ameaças, mas seu reinado acabou.
— E quem vai me impedir? Você?
— Não, eles — digo quando ele se vira e o Obscuro o acerta com
um taco de baseball.
O que não se sabe sobre um Obscuro é que não se quebra um pacto
de lealdade, e todos eles fizeram quando foram enfiados no inferno,
Nikkolay Pormov agora precisa pagar por ser um desertor.
Então sigo para os galpões, vou buscar Ícaro e acabar logo com isso.
Olho para o homem à minha frente, sinto nojo do que ele e aquele
demônio são, homens que fazem o mundo ser um lugar muito pior, imundos
que se deitam juntos, não, sob minha autoridade os Anjos nunca terão um
par, são terminantemente proibidos, eles serão sempre sozinhos, assim
como eu, o mundo precisa de mãos firmes e autoridade, e tudo que fiz com
eles não pode ser destruído.
A merda da jogada que fiz acreditando que destruiria Damian deu
errado, esse verme acabou se infiltrando sob a pele daquele filho da puta.
Lembrar-me de Charlize me causa ainda mais ânsia, aquela cadela não
conseguiu me dar todos os filhos que precisava, no parto de Darko ela
perdeu o útero, e ainda me entregou um deles com defeito, um viado
imundo que faz o que é abominável aos olhos da sociedade, não esconde
suas preferências nojentas de ninguém, faz tudo às claras como se fosse a
coisa mais normal do mundo, mas irei quebrá-lo, hoje o destruirei.
— Seu momento está chegando, Tomasso.
— Damian vai destruí-lo.
— Talvez sim, mas imagine, pense na cena, enquanto ele entra aqui
todo poderoso, acreditando que irá resgatar você, então contarei todo meu
plano, e todo esse sentimento irá escorrer pelo ralo.
— Filho da puta! Damian me ama, eu sei. — Vejo o Ratinho se
contorcer na cadeira a qual está amarrado.
— Teremos um lindo jantar em família, eu você e ele, contarei como
tudo aconteceu, como foi escolhido e levado diretamente a ele.
— Vá para o inferno!
Não o respondo, olhando a mesa de jantar à nossa frente com velas e
um bom vinho, isso será um evento, ver um demônio incontido se partindo
em pedaços bem à minha frente. Tomasso chora, mas devo confessar, ele
chora de raiva, sim eu vou desmascará-lo, no seu lugar também estaria
chorando.
Olho no relógio e estamos a segundos da permissão de Damian,
olho para os meus soldados e aceno com a cabeça, ele caminha até o grande
portão abrindo o galpão para que a grande estrela da noite apareça. Com
uma lanterna ele pisca algumas vezes até que podemos ver os faróis do
carro de Damian acenderem e se encaminhar até aqui, não podemos nos
matar, nem eu a ele, nem ele a mim, nenhum de nós iremos assinar nossos
atestados de morte dessa forma, mas isso não significa que não podemos
jogar.
Ele abre a porta mantendo o carro ligado.
— Desligue o carro, não será rápido — grito e seu olhar assassino
por me obedecer está lá.
Fazendo o que ordeno desliga o carro fechando a porta, olhando em
volta, tem um telefone na mão e uma arma na outra, enquanto caminha até
aqui analisa o local como um bom assassino faria, e isso enche meu peito de
orgulho, eu os ensinei muito bem.
— Sente-se, Anjo do Caos. — Seu olhar vai para Tomasso,
enquanto se senta parece querer confortá-lo, mas não tão rápido assim.
— Vou levá-lo daqui — diz ao meu infiltrado, a peça do meu jogo
de xadrez, ouvir suas palavras faz Tomasso abaixar a cabeça, desolado.
A cena é tão intensa que me faz sorrir.
— Posso saber para que esse teatro, Bratslav? — O telefone e a
arma são colocados sobre a mesa.
— Ah, meu filho, hoje é um dia especial, temos revelações a fazer,
um presente meu para você.
— Interessante, já que eu também tenho revelações a fazer, meu
presente para você, pai. — Quando me chama assim meu corpo inteiro
reage tensionando.
— Quer começar? — digo sorrindo.
— Não, imagina, tudo aqui foi preparado por você, faça as honras,
tenho todo o tempo do mundo para passar esse momento agradável ao seu
lado e ao lado do meu homem. — Ouvi-lo falar isso me causa nojo.
— Ele não é seu homem! — Soco a mesa, furioso.
— Não? E o que te faz pensar isso? — arqueia a sobrancelha cheio
de soberba. — Eu o fodo, ele me toca como ninguém jamais pôde, faz tudo
que eu desejo, meu pau fica tão duro quando sinto seu cheiro que posso
gozar apenas com seu olhar sobre mim. — Vejo-o juntar as mãos sobre a
mesa. — Sim, ele é meu homem. — Tomasso soluça e sei que está sofrendo
por ser um maldito mentiroso traidor.
A soberba com que Damian fala me faz quase pular da cadeira.
— Dam... — Tomasso o chama focando seu olhar nele.
— Oh, meu querido, não chore, estamos apenas começando.
Damian começa a observá-lo e estou pronto para tirar essa soberba
asquerosa do seu olhar.
— Vamos ao que importa.
— Pare! — Tomasso tenta começar a me impedir.
— Vamos, o que tem para me dizer? Vamos trocar confidências,
Anjo da Transfiguração.
— Eu começo. — Limpo minha garganta. — Mas antes, como está
meu neto, o pequeno Romeu?
— Muito bem, no momento sob a proteção dos meus irmãos. —
Essa informação deixa Tomasso em alerta.
— Filho?
— Sim, não é maravilhoso? Damian teve um filho com uma mulher,
ah, claro que seria com uma mulher, você jamais poderia gerar um filho.
— É verdade? — pergunta curioso a Damian.
— Sim, logo você irá conhecê-lo.
— Tá, vamos acabar logo com esse momento, lhe apresento —
Tomasso Pionteri, fotógrafo, 23 anos, italiano e o mais importante, meu
presente para você.
— Como? — O olhar surpreso de Damian me deixa animado.
— Sim, acreditou mesmo que ele caiu de paraquedas em sua vida?
Oh, não, não, não, eu lhe dei, o paguei para chegar até você, ficar ao seu
lado, ele precisava se infiltrar sob sua pele. Conte a ele, Tomasso, que
aceitou vir de lá até aqui quando ofereci todo o tratamento da sua irmã. —
Eles ficam se olhando e posso ver a dor nos olhos de Damian, com certeza a
traição dói. — Sim, meu querido, a ideia era lhe apresentar ele, os homens
de Klinger fizeram um ótimo trabalho, e negar a você o que desejava o faria
desejar ainda mais, e não é que deu certo.
Eles continuam se encarando, Tomasso chora e Damian encosta na
cadeira como se buscasse ar.
— Continuando, ele foi obediente, fez todas as suas vontades, e veja
bem, até a primeira vez dele foi romântica como ele pediu. Meu filho estava
mesmo sendo um gentleman, apesar de abominável o quanto cada ato seu
seja.
O silêncio se instala, os dois se encaram, com certeza a qualquer
momento Damian vai explodir e estarei aqui como o melhor expectador.
— Era isso?
— Sim, está feliz?
— Da mesma forma que o senhor irá ficar quando te apresentar a
minha história. — Olho-o tentando entender o que quer dizer.
— Vamos, diga meu filho, acho que nada supera meu presente.
— Sabe, Bratslav, passei anos no seu rastro, você deveria ter uma
rachadura na armadura de todo poderoso segundo no comando, agora me
conte, passou a ter esse cargo antes ou depois de dar e comer o rabo de
Konstantin? — Meu corpo paralisa com suas palavras, não, ele não pode
saber disso, ninguém pode, ninguém sabe.
— Mentira! — Soco a mesa, furioso, jogando-a para cima.
— Tenho todas as imagens, e muitas informações, um
relacionamento de trinta anos, são muitos anos comendo e dando o rabo
para quem tem tanto nojo. Era isso que o fazia um brocha com a mulher que
nos pariu?
— Nunca fui broxa! — grito com ódio lhe mostrando a arma
apontada para a sua cabeça.
— Hahahaha! Se esfregava nela e seu pau não subia, faltava o quê, a
bunda de Konstantin? Um viado enrustido, tanta coisa para você odiar, mas
me odeia porque eu tenho coragem de não esconder que amo comer um
rabo, agora você deve se odiar porque ama comer e dar a bunda sendo o
maldito verme que tanto odeia o que faz. Ou é abominável apenas quando
não é com você?
— Cale a boca! — Ele aponta a arma para mim.
— Agora vamos encerrar isso, solte Ícaro e o envie até mim, depois
você e eu vamos dar uma voltinha.
— Nunca! Ele só sai daqui morto.
— Então aconselho a atender seu telefone. — No momento em que
ele fala, meu celular toca, é Konstantin.
— Sim. — Atendo no segundo toque.
— Amor, deixe-o ir com seu homem.
— Não, Tin, ele não sairá daqui ao menos que seja morto.
— Amor, não seja insubordinado, venho limpando suas merdas e
seus rompantes de cavaleiro apocalíptico há anos, estamos próximos de
achar a cadela da Adrijana, então solte Tomasso, já deu a Damian um
ponto de vista muito bom, ele irá arcar com o peso de ter um mentiroso ao
seu lado, conseguiu o que queria, apenas solte-o.
— Tem certeza, tem certeza de que vai encontrar aquela vagabunda
e a matará?
— Sim, então as sombras do passado nos deixarão, eu passarei o
poder a Stefan e seremos apenas nós.
— Você promete?
— Sim.
Encerro a ligação e sigo para desamarrar esse viado imundo e
traiçoeiro para Damian cuidar do seu destino, quando Dimitri e Darko
aparecem no galpão trazendo alguns homens.
CAPÍTULO 47
(...)
Estou inquieto com as revelações que tenho tido de Bratslav, aquele
velho imundo sempre homofóbico e doente é um viado velho que dá e come
o rabo de Konstantin.
— Dam, o que o deixa inquieto? — Aliso seus cabelos, algo que
amo fazer quando estou nervoso.
— O cerco contra Bratslav está se fechando, empolgação e
inquietação me tomam, Ratinho.
— Hum!
— Hum? — sondo porque ele parece ter tensionado o corpo, sei de
toda e qualquer mudança que Ícaro tem.
— Lembra quando me pediu para nunca te esconder nada? —
Levanta colocando-se sentado à minha frente com as pernas cruzadas como
os índios se sentam.
— Sim.
— Preciso te contar algo.
— Sou todo ouvidos.
— Bratslav me trouxe para Belgrado, me enfiou naquele antro e fez
o segurança me mostrar a você. — Sua revelação me pega desprevenido.
— Como?
— Antonella tem leucemia, estávamos fazendo tudo que podíamos,
mas o tratamento é caríssimo e estávamos com todos os nossos bens
penhorados, iríamos para a rua já que não tínhamos como bancar as
prestações. — Ele respira fundo e abaixa a cabeça. — Um dia, um homem
me parou e disse que alguém queria conversar comigo, eu não sabia quem
era e tentei me esquivar, mas ele falou que isso cobriria todas as despesas
de Antonella e deixaria meus pais em uma situação confortável.
Ficamos nos olhando, não tenho reação e ele me teme neste
momento, saber que ele sente medo de mim me mata, decido não dizer nada
até que ele acabe com tudo.
— Eu só precisava aceitar uma proposta de emprego aqui e o resto
seria com o meu contratante, a princípio não confiei, mas eles sabiam tudo
sobre mim e depositaram na conta dos meus pais alguns milhares de euros.
Ver aquilo me fez não recuar, meus pais estavam muito felizes e era uma
chance de Antonella lutar pela vida. O informado foi que eu ganhei na
loteria e que o dinheiro foi para a conta deles, todo o resto era
desconhecido por mim, eu não sabia o que iria acontecer dali em diante,
até que você me viu e tudo aconteceu.
— Não sabia que teria que estar comigo?
— Não, o soldado estava me levando e disse que me colocaria em
um lugar para que alguém me visse, quando você apareceu.
— Não se recorda de mais nada, ninguém te disse nada?
— Depois que saiu, enquanto estávamos voltando para outro lugar,
o telefone dele tocou e ele disse que já tinha apresentado a joia a você e
que estava inquieto querendo-a. — Respiro profundamente com a mente
doentia daquele demônio. — Eu juro, Dam, nada do que sinto é mentira,
nada, eu amo você e não gostaria que descobrisse isso dele, ele pode
distorcer as coisas, mentir e te afastar de mim, fazê-lo me matar, e eu quero
uma família com você, quero filhos ainda que não os queira, e tudo bem
por enquanto, sei que vai chegar o momento em que irá desejar tê-los.
— Como tem tanta certeza?
— Seu coração é bom, sei que deseja uma família.
— Não serei um bom pai, posso ser como ele, posso ser um
demônio, não quero um filho enfiado na máfia.
— Podemos mantê-lo longe, eu sei que podemos, ele pode ser uma
pessoa normal, eu só preciso que acredite nisso.
Respiro fundo e me lembro de João Pedro, irmão de Stefan, ele é da
máfia, mas vive uma vida longe de tudo no Brasil, talvez possamos fazer
com que nosso filho ou filha tenha uma vida normal longe de Belgrado.
— Só não quero que acredite que não sinto o que sinto, imaginar
isso me rasga no meio. Eu venho tentando te contar há algum tempo, mas
nunca parecia ser o momento, e a cada vez que ouço que está descobrindo
coisas sobre ele, meu coração se aperta, não posso esperar que descubra
tudo sozinho e que acredite que a versão dele é a real.
— Ícaro, eu conheço a mentira de longe, não a vejo em seus olhos,
sua confiança em mim, em me contar antes que eu descobrisse o torna
ainda mais confiável. — Coloco meu notebook do lado e o puxo para os
meus braços.
(...)
Não foi difícil chegar com esse verme até aqui, vê-lo pendurado
pelos pulsos e nu é extasiante, o brilho no olhar de Dimitri é impagável,
como se uma criança acabasse de ganhar um doce. Nunca ganhamos um,
então com certeza a empolgação é enorme.
— Quanto tempo esperando por isso — Dimitri fala limpando cada
uma das pontas curvadas do chicote que irei usar em Bratslav, sim esse é o
mesmo que ele usava para me bater, foi guardado por todos esses anos para
que pudesse ir às forras.
— Tempo suficiente para desejar matá-lo, mas infelizmente para nós
ainda não é chegado seu momento, sei que todos nós teremos nosso
momento com ele, até que Dusham o mate, precisamos que Stefan chegue
ao poder e ainda não é chegado sua hora.
— Odeio o quanto estamos perto de eliminá-lo e teremos que parar
antes que morra.
— E é exatamente por isso que está aqui, se eu me perder me faça
voltar.
— Quer mesmo seguir o plano?
— Sim, vai ser lindo.
— Ele vai retaliar.
— Terei tempo para me preparar enquanto ele se recupera, porque se
existe algo que hoje irá acontecer aqui, é que veremos a morte alisando o
rosto do desgraçado do nosso progenitor.
— Estou animado para contemplar a beleza disso.
Pego um balde de água gelada para acordá-lo depois de ter lhe
apagado novamente para tirá-lo do carro.
— Vamos, princesa, desperte do seu sono de beleza.
— Haaaa! — Seu grito assustado nos faz gargalhar.
Olho em volta e alguns Obscuros observam dos grandes vidros, sei
que estão babando de vontade de se vingarem, mas se permitir que entrem
aqui nós o mataríamos.
— Seja bem-vindo à minha casa, pai, veja como é o lugar que mais
gosto de estar, completinho como nos ensinou — digo abrindo os braços lhe
mostrando o lugar, Dimitri está sentado na mesa de objetos de tortura.
— Muito homem da sua parte, conte-me como foi a sensação de ser
traído por aquele italiano imundo?
— Hahaha! — Soco sua cara para que nunca mais o chame assim.
— Meça suas palavras para falar do seu genro, Ícaro merece respeito.
— Sim, tanto respeito que lhe arrancou até a identidade, apesar de
não achar Tomasso um nome bonito, Ícaro é pavoroso. — Sim suas palavras
me afetam e isso me deixa inquieto, até porque me arrependo do que fiz,
tirei a oportunidade dele de voltar à sua família.
— Confesso que gosto muito mais do atual. — Soco sua costela.
— Haa! Seu filho duma cadela.
— Sim, uma muito devastada por sinal, mas estou aqui primeiro
para surrá-lo, o dia da forra chegou. E segundo, nome completo, idade e
onde estão os restos mortais dela.
— Acha mesmo que vai mudar algo achar os ossos daquela imunda?
— Outro soco o atinge nas costelas.
— Não mudará sua morte, mas não se preocupe, o conceito que
temos dela mudou. Sabe, Bratslav, me recordo bem de que tudo que ela fez
foi por sua ordem, mas o que não sabe é que ela nos deu motivos para
mudar em algum momento com frases certeiras e hoje preciso te confessar,
foram por causa dessas frases que rastejei do buraco em que me enfiou,
então seja a porra do homem que arrota por aí e me fale o que preciso.
— Sabe, Damian, existem algumas coisas que deveriam ter sido
pulverizadas junto com aquela cadela, uma delas era você, um verme
imundo que monta em machos e grita por aí o quanto é assassino e como
isso é sobre você.
— Sabe, Bratslav, eu sei porque me odeia, porque eu faço o que
você não tem coragem, eu fodo homens e falo que os fodo, não preciso me
esconder como uma barata como você e Konstantin que ficam sentados em
seus pedestais de macho e são duas gazelas velhas. Minha curiosidade é,
quem deu a bunda para quem primeiro? — A gargalhada de Dimitri ecoa e
se pudesse ouvi-los com certeza escutaria os Obscuros.
— Você é uma aberração!
— Sim e seu pai achava o mesmo de você enquanto distribuía corpo
de mulheres por aí, era por isso, agora as peças se encaixam. Você tinha
nojo delas, então criou demônios que as submetessem e fossem vendidas a
outros demônios que estavam dispostos a mantê-las em suas coleiras e as
dividindo por aí. Queria ter uma boceta no meio das pernas e não teve,
deixe-me ver, apaixonou-se por Konstantin e ele amava Adrijana, você o
manipulou até que pudesse ver que ele poderia ser bissexual, daí você deu a
bunda primeiro e depois com o passar dos anos ele deu para você, mas
querido, Konstantin sempre vai amar Adrijana e você é apenas uma bicha
velha que ele come, até porque não consegue foder mulher nenhuma por se
lembrar da boceta quente e apertada da mulher que ama — digo tudo isso
chegando até a mesa pegando o chicote das mãos de Dimitri que me entrega
de bom grado com um olhar tão assassino que sinto que ele pode gozar. —
Está com o pau duro, Anjo das Sombras — sussurro em seu ouvido.
— A ponto de gozar, Anjo do Caos — sussurra de volta.
— Mentira!!! O Tin me ama, sempre me amou e sempre vai me
amar. — O grito de Bratslav me faz voltar à atenção para ele enquanto sinto
o peso do chicote que é mais pesado que a réplica que tenho.
— Hahahaha! Seu desespero é patético, espero que seu Tin chegue a
tempo de salvá-lo de mim.
— Damian, no momento em que sairmos daqui você é um homem
morto.
— Entenda uma coisa, Anjo da Transfiguração, eu era uma criança
ingênua e que desejava amor, mas você me transfigurou e se existe algo que
eu não temo é a morte.
— Vocês sempre foram demônios, Dusham nasceu morto e acredite
se quiser reviveu, todos vocês estariam mortos se não fosse por mim e pelo
meu dinheiro, aquele que inclusive vocês herdaram, aquele velho demente
me privou da minha herança.
— Você se preocupa com tudo, acha que gostamos do título de
condes? Acha que Dusham ama aquela burguesia falida que baba ovo dele
como barão? Todos nós queremos que os títulos e a realeza medíocre se
fodam!
— São o que são e tem o que tem apenas por mim. — Cospe suas
palavras como se achássemos grande coisa.
— Chega de conversa, vamos ao que importa.
— Identidade completa da nossa mãe.
— Nunca!
— Foi você quem pediu.
Estou próximo a ele quando lanço o chicote em suas costas,
puxando lançando sobre mim um spray de sangue.
— Haaaaaaaaaaaaaaaaa! — Seu grito ecoa e me lembra os meus,
mas o prazer percorre meu corpo.
— Nome!
— Enfie esse chicote até no meu rabo, mas não vou te falar nada.
— Não se preocupe, tenho algo para o seu rabo e ele vai ser o
grande final.
Lanço novamente o chicote em suas costas agora do outro lado e
arrasto com tudo, seus gritos agora são seguidos de urina e fezes que
descem com facilidade. Dimitri continua gargalhando quando o acerto
novamente nas pernas, a cena é como realizar um sonho, mais cinco
chicotadas e o tronco de Bratslav está em carne viva, suas costelas
aparecem um pouco, ele não vai durar muito se continuar assim.
Dimitri urra gargalhando como se estivesse assistindo uma cena de
comédia, tenho que me controlar, mas algo será tirado dele, o dedo
orgulhoso que carrega o anel que descobri ter sido Konstantin que o deu, o
mesmo que o chefe da máfia sérvia Triglav ostenta com orgulho.
Largo o chicote no chão, indo até a mesa e pegando um alicate de
corte.
— Dimitri, segure a mão de nosso pai, o anel que ele ama beijar será
arrancado.
— Damian, tudo isso está muito melhor que ter orgasmos múltiplos.
— Então continue gozando, irmão, temos alguns momentos com ele
até que seu salvador chegue.
Caminhamos juntos até ele, que balbucia maldições contra mim,
quando Dimitri segura sua mão esquerda e eu lanço fora seu dedo anelar
que cai com o anel do seu amor.
— Desgraçado!!! Naãaaaao! Vou te matar, seu imundo.
— Agora o outro — ordeno com Dimitri fazendo o mesmo com o
outro que cai no chão ao lado do primeiro.
— Essa sua ceninha de beijar o anel agora entendida por mim como
um código de amor com Konstantin terá que ser feita de outra forma.
— Maldito, Damian, vou matá-lo! Vou destruir tudo à sua volta, não
sobrará nada, nada, ouviu bem? — Suas ameaças não são vazias, mas não
serei eu quem irá abaixar a aguarda, não depois de atiçar o enxame de
abelhas.
— Nome da minha mãe — ordeno entre dentes quando aperto o
bico do seu peito com o alicate girando com força até arrancá-lo.
— Haaaaaa!!!
O desgraçado está em agonia, mas não cede.
— Vamos para o final, com certeza agora irá falar.
Vou até a mesa com Dimitri caminhando ao meu lado e pego um
bastão de baseball, a parte de segurá-lo foi lixada e está poroso, vai causar
um estrago, tenho que me controlar para não matá-lo, mesmo que já sinta o
gosto doce da morte na ponta da minha língua.
— Curve-o — aviso a Dimitri.
— Dez minutos, Damian, ele já está próximo.
— Será mais que suficiente.
— Bratslav, será sua última chance, nome da nossa mãe.
— Hahahahaha! — o demônio sorri enquanto é colocado curvado
tendo sua cintura travada por uma cadeira. — Nunca!
Então começo a enfiar o bastão em seu rabo, ele grita e tenta se
mexer, gostaria de enfiá-lo até sair em sua garganta, mas preciso conter-me
e paro quando atinjo a marca dos 30 cm que havia marcado.
Seus gritos são tão altos que podem estourar suas cordas vocais,
quando Konstantin chega e seu olhar é de pavor.
— Pare!
— Não! Ele só sai daqui quando eu tiver o que preciso, todas as
informações sobre nossa mãe. — Seu olhar passeia entre mim e Bratslav e
sim, ele parece realmente amá-lo.
— É só isso que precisa?
— Sim.
— Não entregue a eles, Tin.
Parecendo não o ouvir ele se direciona a Dimitri pegando seu
telefone e digitando por algum tempo, logo devolve o aparelho e volta até
mim.
— Pronto, toda a informação que precisa está ali.
— Pode levá-lo.
— Sabe que ele vai caçá-lo — diz enquanto puxo o bastão do rabo
de Bratslav de uma só vez ouvindo seu grito feral sem nem ao menos tirar
meus olhos dos de Konstantin.
— Estou ansiando por isso.
— Mantenha sua palavra, não temos mais nada a conversar.
— Tudo que eu tenho é a minha palavra.
Vejo os homens de Konstantin entrarem, soltar Bratslav e arrastá-lo
agonizando para fora da minha casa.
CAPÍTULO 49
Próximos livros
Dimitri o Anjo das Sombras
Darko o Anjo da Atrocidade
SOBRE A AUTORA
@danimedina_autora
OUTRAS OBRAS
HERDEIROS TRIGLAV
Aliança de Sangue
MÁFIA ESPOSSITTO
Nascido da Vingança
Nascido Da Tormenta
Nascido do Ódio
Nascidos da Máfia
MÁFIA ORGANIZATSIYA
Desejo Sombrio
CLICHÊ
LGBT
[2]
Pessoas traficadas de ambos os sexos, aquela que será domada para submissão e
realização dos desejos dos seus compradores.
[3]
Sinistro, Alcunha de Konstantin, atual Chefe da Máfia Sérvia Triglav .
[4]
Belgrado é a capital da Sérvia, no sudeste da Europa .
[5]
Paris, a capital da França, é uma importante cidade européia e um centro mundial de arte,
moda, gastronomia e cultura .
[6]
Ícaro, na mitologia grega era o filho de Dédalo e é comumente conhecido pela sua
tentativa de deixar Creta voando — tentativa frustrada em uma queda que culminou na sua morte nas
águas do mar Egeu, mais propriamente na parte conhecida como mar Icário.
[7]
Filho da puta em italiano.
[8]
O Blackout consiste em um estilo de tatuagem que cobre a pele com blocos sólidos de
tinta preta.
[9]
Também conhecida como piscina termal, esse modelo é construído para receber a água
quente proveniente dos lençóis freáticos, localizados a mais de 500 metros abaixo da terra, onde
também passam pelo processo de aquecimento que caracteriza esse tipo de piscina.
[10]
Leucemia. As leucemias são os cânceres infantis mais comuns e acometem a medula
óssea e o sangue. Os tipos mais frequentes em crianças são a leucemia linfoide aguda (LLA) e a
leucemia mieloide aguda (LMA). A leucemia pode causar dor nos ossos e articulações, fadiga,
fraqueza, sangramento, febre, perda de peso entre outros sintomas.
[11]
A Groenlândia, cujo nome significa “terra verde”, é uma região autônoma do reino da Dinamarca
e a maior ilha do mundo. Fica na região ártica da América do Norte e perto do Polo Norte.
[12]
Bali é uma ilha da Indonésia mundialmente conhecida tanto pela sua beleza natural, com lindas
praias como pela sua diversidade cultural, que inclui templos incríveis, mas também dança, pintura,
artesanato e música.
[13]
Vó em italiano.
[14]
Touch screen ou tela sensível ao toque é um display que possibilita interagir com o
sistema operacional de um aparelho apenas ao tocar em na tela.
[15]
A internet tem três partes principais: a Surface Web, a Deep Web e a Dark Web. A Surface
Web representa cerca de 10% de toda a Internet e inclui tudo o que qualquer pessoa pode encontrar
inserindo termos em um mecanismo de pesquisa como Google ou Yahoo. A Deep Web (apesar do
nome obscuro) é simplesmente onde as informações são armazenadas e não são facilmente acessíveis
por ninguém. Isso inclui tudo o que é protegido por senha, de serviços de assinatura à conta bancária
e informações médicas. Essa seção representa a maior parte da Web. A Dark Web é algo que não é
acessível por navegadores padrão, como Google Chrome ou Firefox. Qualquer tipo de informação
pode ser encontrada na Dark Web; ela só é dark devido a sua acessibilidade mais limitada.
[16]
Download significa transferir (baixar) um ou mais arquivos de um servidor remoto
para um computador local.
[17]
Um búnquer (do alemão bunker, possivelmente de origem ânglica escocesa; pronúncia
em alemão: [búnkәr]) é uma estrutura ou reduto fortificado, parcialmente ou totalmente construído
embaixo da terra (subterrâneo), feito para resistir a projéteis de guerra. Alguns tipos de búnqueres
podem ser considerados sinônimos de casamata.
[18]
É um lançador de mísseis antitanque portátil produzido e desenvolvido pelos Estados
Unidos. O Javelin usa orientação automática por infravermelho que permite ao usuário buscar
cobertura imediatamente após o lançamento do míssil, em oposição aos sistemas guiados por fio, que
exigem que o utilizador guie a arma durante todo o engajamento.
[19]
Além de capital oficial, é também a capital cultural, industrial e financeira do país. Está
localizada na parte sudeste da Romênia.
[20]
Papai em italiano
[21]
Mamãe em italiano
[22]
Tomate em italiano.
[23]
22 UTI é a sigla para Unidade de Terapia Intensiva ou Unidade de Tratamento Intenso de um
hospital. São dotadas de sistema de monitorização contínua, que atende pacientes em estado
potencialmente grave ou com descompensação de um, ou mais sistemas orgânicos. A UTI surgiu
através da necessidade de oferecer um suporte maior para pacientes agudamente doentes, é um
ambiente reservado e único no ambiente hospitalar que oferece monitoria e vigilância 24 horas .
[24]
Ceifeiro em italiano
[25]
Anjo em grego