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(Straight Guys 8)
Capítulo 2
1
Moeda oficial da Inglaterra e Reino Unido.
bolsa dela dobrada debaixo da jaqueta.
Ele virou a esquina e desapareceu no beco escuro. Olhando em volta
e certificando-se de que estava sozinho, tirou a bolsa e abriu.
Seus olhos se arregalaram quando viu seu conteúdo. Dinheiro. Muito
dinheiro. E esses eram diamantes?
Algo frio pressionou contra a nuca de Sam.
— Não se mexa. — Disse uma voz masculina profunda.
Sam amaldiçoou em voz baixa. Estúpido. Deveria ter suspeitado de
algo. Tinha sido muito fácil, mesmo para ele.
— Leve-o ao carro. — Disse a mesma voz. Dois homens corpulentos
agarraram os braços de Sam e o arrastaram para a van negra estacionada ao
virar da esquina.
Sam não resistiu, sua mente estava correndo. Quem gostaria de
sequestrá-lo e por quê? Ele não era ninguém. Bem, não exatamente ninguém,
mas era um peixe pequeno num lago muito grande. Por que ele?
Os homens o empurraram para dentro, mas não entraram com
ele. Sam ouviu um deles entrar no banco do motorista e o outro ocupar o
assento do passageiro.
Quando começou a se perguntar se deveria tentar sair do carro, outro
homem entrou na parte de trás da van e sentou na sua frente.
Sam olhou-o cautelosamente. Não o reconheceu. Ele tinha cabelos
castanhos e olhos escuros, sua pele era morena, ou estava bronzeada. Sam
não sabia dizer qual. O homem estava vestido com calça preta e uma simples
camisa preta de gola alta que não fazia nada para esconder seu corpo alto e
musculoso.
— Olá, Sam. — Disse o homem quando o carro começou a se mover.
Sam piscou.
— Assustador.
Algo que poderia ser diversão cintilou nos olhos do homem.
— Eu poderia tornar ainda mais assustador. — Sua voz era
incrivelmente profunda e rica, o tipo de voz que chamava a atenção das
pessoas. — Você é Sam Landon, tem dezoito anos e é um membro da pequena
gangue de Ed Tucker.
A pele de Sam arrepiou. Ninguém sabia seu sobrenome. Nem
mesmo Tucker.
— O que quer de mim? — Ele disse.
O homem apenas o olhou por um longo momento.
Ele era muito atraente, Sam percebeu com desconforto e
aborrecimento.
Não era como se tivesse um problema com homens bonitos; era só...
Não gostava do efeito que tinham sobre ele. Sam tendia a corar, balbuciar e
fazer coisas estúpidas em torno de garotos bonitos - que sempre eram héteros
ou desinteressados nele - o que tornava tudo ainda mais mortificante.
Hormônios são terríveis e ter dezoito anos sugava.
— Aqui está a coisa... — Disse o homem. — Você está em apuros.
Roubou vinte mil libras e uma pulseira de diamantes de um cidadão
proeminente.
— Você armou para mim. — Sam disse. — Eu nunca fui pego!
O homem piscou lentamente, seus lábios se contorcendo.
— Isso é irrelevante. O importante é que foi pego roubando uma
soma substancial de dinheiro e uma herança inestimável. Normalmente, isso
significaria prisão.
Sam franziu os lábios.
— O que você quer?
— Queremos que trabalhe para nós. — Disse o homem.
Sam não podia dizer que estava surpreso. Ele suspeitou que fosse
uma armadilha. Sabia que tinha feito um nome próprio em certos círculos.
— Para quem você trabalha? Big Johnson? Xavier?
O homem riu, o som rouco e profundo.
Sam sentiu o estômago apertar e amaldiçoou seus estúpidos
hormônios mais uma vez.
— Ninguém tão excitante, receio. — Disse o homem. — Trabalho para
o SIS.
— SIS... — Sam repetiu confuso.
— Serviço de Inteligência Secreta. — O homem esclareceu, como se
Sam não soubesse o que era. — Ou MI6, se você preferir.
Sam o olhou por um momento antes de dizer:
— Prove.
O homem levantou as sobrancelhas.
— Você percebe que ser um Agente de Inteligência Secreta não é
algo que alguém anuncia, certo?
— Besteira. — Disse Sam. — Se você realmente é um agente do MI6,
precisará de algum tipo de identificação para provar à polícia que suas ações
são sancionadas pelo governo. É terrivelmente impraticável que seus
superiores não tenham problemas sempre.
Pela primeira vez, Sam viu algo como aprovação nos olhos escuros e
teve que lutar contra o rubor ameaçando colorir suas bochechas. Hummm.
Hormônios.
— Gosto de você, Red. — Disse o homem, o que realmente não
estava ajudando com a situação de seu rubor. — E normalmente, você estaria
certo. Mas, estritamente falando, os agentes do MI6 não estão autorizados a
realizar operações em casa, de modo que ter um ID real não ajudaria. A
maioria dos nossos agentes de campo possui identidades falsas emitidas pelo
MI5.
— Mas não você?
O homem sacudiu a cabeça.
— Pertenço a uma divisão especial que não possui IDs. Sou conhecido
como Agente 11, ou A11.
Sam riu.
— Agente11? Sério? Vai me dizer que há o agente 007 também?
O olhar que o agente 11 lhe deu foi definitivamente mordaz.
— Não, James Bond e seus similares não são reais. Mas o MI6 é. E
alguns de nós têm nomes código.
— Então, como você se chama? Sinto-me bobo, te chamando de
agente 11 na minha cabeça.
— Confidencial.
Sam sorriu.
— Seu nome é confidencial? Muito incomum.
— Coisinha insolente. — Murmurou o agente 11. — Não posso te
contar meu nome. Não tome isso pessoalmente. Apenas duas pessoas no MI6
conhecem o meu verdadeiro nome.
Sam recostou-se no assento e colocou as pernas no banco oposto, ao
lado do agente.
— Então, se eu concordar em trabalhar para o MI6, também recebo
um nome código? Posso escolher o número?
O agente 11 olhou para as pernas dele, sem parecer impressionado.
— Se for recrutado, será um estagiário por um tempo. Se participar
de missões enquanto estiver treinando, terá um nome código aleatório. Mesmo
se você completar com sucesso o programa de treinamento, provavelmente
será apenas o agente Landon. Desculpe te decepcionar, mas a maioria dos
agentes do MI6 não tem nomes código permanentes.
— Mas você tem. — Sam apontou, intrigado. — Por quê?
— Você sabe o que acontece com gatos curiosos, Red?
— Eles morrem.
— Precisamente.
Sam olhou para ele. Não estava certo de que o cara estava
brincando, considerando seu trabalho.
— Certo. — Sam disse com um sorriso estranho antes de franzir a
testa. — E pare de me chamar de Red.
O agente 11 encolheu os ombros.
— Então, vai aceitar o trabalho?
Sam inclinou a cabeça para o lado, um pouco confuso.
— Tenho uma escolha?
— Sempre há uma escolha. — Disse o agente 11.
— Se a outra opção é a prisão, não há realmente uma escolha.
O agente 11 o olhou de forma constante, algo surgindo em sua
expressão.
— Se realmente não deseja servir seu país e protegê-lo, saia do
carro. Não vou te impedir.
Sam teria zombado e revirado os olhos, mas o olhar sério e mortal no
rosto do agente o fez hesitar. Ele sentiu que esse homem não era um para
discursos patrióticos vazios.
— Você está falando sério.
— Claro que sim. — O agente 11 suspirou. — Olha, não é um
trabalho bonito. Às vezes você será forçado a fazer coisas... Que vai
absolutamente odiar, coisas que vão fazê-lo vomitar e querer evitar seu reflexo
no espelho. — O agente 11 deu um sorriso que não alcançou seus olhos. —
Confie em mim, se realmente não acredita que está fazendo o que é certo, que
seu país precisa que você aguente e continue com isso, não vai durar muito no
Serviço Secreto.
Sam ficou nervoso, sentindo-se um pouco desconfortável. Enquanto
não se considerava muito patriota e nunca teve a ambição de servir a Rainha e
ao País, também não era antipatriótico. Se tivesse uma escolha, ele gostaria
de estar no lado bom por uma vez. Sem mencionar que, se aceitasse o
emprego, ficaria livre de Tucker e sua ―proteção‖. Essa era uma vantagem
bastante significativa no livro de Sam.
— Você é um recrutador ruim. — Disse Sam. — Não deveria me
convencer de que eu seria louco por não aceitar uma oferta de trabalho como
essa?
Um genuíno olhar de diversão apareceu no rosto do agente 11.
— Provavelmente.
Sam viu isso como confirmação de que o agente recebeu ordens de
recrutá-lo, uma com a qual claramente discordava, mas foi forçado a seguir.
— Por que não quer que eu aceite a oferta de emprego?
— Você é muito jovem. — Disse o agente 11. — Este estilo de vida
não é seguro para crianças.
Sam sorriu torto.
— Sem ofensa, agente 11, mas meu estilo de vida atual também não
é seguro. — Ele hesitou. — Para que tipo de missão você me quer?
— Cond.
Sam cruzou os braços sobre o peito e fez uma careta exagerada.
— Você realmente é um recrutador ruim.
Os lábios do agente 11 se contraíram.
Sam suspirou, pensou por um momento e perguntou:
— Será que vou ter meu próprio apartamento? — Uma casa. Algo
meu.
— Sim. Depois de terminar o treinamento.
Sam lambeu os lábios secos.
— Onde eu assino?
O agente 11 tocou o pequeno comunicador de orelha que Sam nem
sequer notou até então.
— Ele está dentro. — Disse o agente 11, sua postura relaxou, mas
seus olhos continuaram sombrios.
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 6
*****
Meia hora depois, ajoelhado na plataforma redonda no meio da
enorme sala, nu e tremendo, Sam já não tinha mais a certeza de que
conseguiria fazê-lo.
Toda a experiência era surreal. Podia ver pelo canto do olho os outros
pets, ajoelhados de maneira semelhante, com as cabeças baixas,
completamente nus, enquanto dezenas de homens ricos em ternos feitos sob
medida e algumas mulheres em vestidos igualmente caros andavam pela
plataforma, ficando ociosos, conversando e os examinando, como se fossem
gado em exposição para potenciais compradores - o que supunha que fossem.
Sam estava dividido entre rir histericamente do ridículo total da
situação e odiar cada um daqueles ricos idiotas. Era repugnante e meio triste
que o dinheiro pudesse tornar qualquer fantasia ridícula de algumas pessoas
realidade.
A pior parte era que nem sequer vislumbrara o agente 11 até
agora. Isso fez seu estômago apertar com ansiedade. Conforme instruído, não
esteve em contato com o MI6 desde que chegara à Turquia. E se algo tivesse
acontecido e o agente 11 nem estivesse no navio? E se o disfarce dele já
tivesse sido explodido? E se Sam estivesse sozinho ali? E se...
— Levante a cabeça, garoto. — Disse uma voz masculina, num inglês
com forte sotaque. Um sotaque polonês.
Sam fez o possível para não congelar. Ergueu a cabeça devagar e
conseguiu manter a expressão dócil ao encontrar os olhos pálidos de Brylsko.
Ele tinha visto a foto do alvo, é claro. Objetivamente, Brylsko era
bastante atraente para um homem de meia-idade. Seu cabelo loiro tinha
apenas um toque de cinza nas têmporas; seus dentes eram brancos, sua pele
suave. Mas apesar de sua aparência arrumada, havia algo... Oleoso no
homem. Reptiliano. Ele lembrou Sam de uma cobra. Uma cobra escorregadia.
— Quantos anos tem, querido? — Brylsko disse, seu olhar varrendo
Sam.
Suprimindo a vontade de falar que toda a informação estava
disponível nos tablets fornecidos pelos organizadores do leilão - um dos quais
estava nas mãos de Brylsko - Sam olhou para baixo e disse suavemente:
— Dezoito, senhor.
Brylsko o segurou pelo queixo e levantou seu rosto novamente. Sam
não conseguiu reprimir o estremecimento de repulsa ao toque. Esperando que
Brylsko confundisse isso com excitação, Sam se inclinou para o toque, seus
olhos examinando a sala discretamente.
Onde diabos estava o agente 11?
— Um menino tão bonito. — Disse Brylsko, segurando sua bochecha e
passando o polegar sobre o lábio inferior de Sam. — Talvez eu dê um lance por
você.
O estômago de Sam rolou. Lutou para manter sua expressão
inalterada. Não tinham considerado essa possibilidade. De acordo com a
inteligência do MI6, Brylsko sempre tinha bebês femininos; ele não
deveria estar interessado nele.
Acalme-se, Sam disse a si mesmo, respirando uniformemente. Ele
não era realmente um escravo e não era um leilão real: realmente poderia
recusar um contrato com o maior lance, se não gostasse deles. O problema era
que, se Brylsko fizesse uma oferta por ele e vencesse, provavelmente ficaria
muito ofendido se Sam recusasse sua oferta generosa.
Isso seria prejudicial para a missão: precisava se aproximar o
suficiente do alvo para roubar o pendrive, afinal.
Porra. Não estava preparado para isso. Seria mentira dizer que
nunca distraiu seus alvos antes de roubá-los, mas isso era outra coisa. Não era
apenas um flerte sem sentido. Não podia imaginar deixar Brylsko tocá-lo, fodê-
lo, possuí-lo. O simples pensamento o fez enjoado. Não queria ser uma
prostituta, nem mesmo pela Rainha e o País.
Antes que pudesse reagir às palavras de Brylsko, uma voz familiar
disse:
— Ele é realmente muito bonito.
Sam quase suspirou de alívio. Agente 11.
Ele olhou para a voz e piscou, observando a figura do agente. Ele
parecia... Parecia completamente diferente. Na semana em que Sam não o viu,
o agente 11 conseguiu fazer um bom trabalho. Enquanto a barba estava bem
cuidada, mudava sua aparência muito, fazendo-o parecer um pouco mais
velho. E isso não era tudo. Havia algo diferente na maneira como o agente se
comportava.
Não parecia mais uma arma cuidadosamente controlada; sua postura
era relaxada, quase preguiçosa, o corte de seu terno de grife de alguma forma
escondendo seu físico impressionante. Era a imagem perfeita de um civil rico e
hedonista. Até a voz dele soava muito melhor do que normalmente.
O agente 11 e Brylsko trocaram um olhar que durou um pouco
demais, até que Brylsko sorriu agradavelmente e estendeu a mão.
— Milosz Brylsko. E você é Dominic Bommer, acredito.
Sam mal escondeu sua surpresa e medo. O nome do agente 11 para
esta missão deveria ser William Robertson, não Dominic Bommer. Seu disfarce
já estava queimado?
Sam olhou para o agente, mas ele não parecia surpreso nem
cauteloso. Parecia... Envergonhado?
— Apreciaria se mantivesse meu nome verdadeiro quieto. — O agente
11 disse com uma pequena careta, apertando a mão de Brylsko. Depois riu. —
Minha família ficará muito chocada se descobrirem que estou num cruzeiro
como esse.
Brylsko bufou.
— Famílias. Acho que quanto menos souberem sobre nossos...
Interesses, melhor. — Seus olhos azuis se voltaram para Sam. — Não é
verdade, querido?
— Não tenho família, senhor. — Sam disse suavemente, sua mente
correndo. Brylsko havia descoberto o outro disfarce do agente 11? O agente 11
não queria se comprometer? Mudou alguma coisa para esta missão?
— É uma pena. — Disse Brylsko com algo parecido a um sentimento
genuíno. — Fala polonês, garoto?
Sam balançou a cabeça, esperando, além da esperança, que isso o
tornasse menos atraente aos olhos de Brylsko.
— Não sou muito bom em idiomas, senhor. É por isso que prefiro
morar em um país de língua inglesa.
Brylsko olhou para o agente 11.
— Parece que está com sorte, Sr. Bommer. Ou é Lorde
Bommer? Receio não estar muito familiarizado com títulos britânicos e
honoríficos.
O agente 11 sacudiu a cabeça com um sorriso triste.
— A menos que meu primo morra sem deixar filhos, serei um simples
senhor pelo resto da vida. Não ligo para títulos, de qualquer maneira. Não sou
esnobe. Dominic está bem.
— Então deve me chamar de Milosz. — Brylsko olhou para Sam. —
Você está interessado no garoto? Deveria estar. Estou quase tentado, mas
odeio manter meu animal de estimação num país no qual ele não quer estar.
Isso seria cruel, e não sou um homem cruel.
Sam esperava que seu rosto não traísse sua descrença e alívio.
— Ainda não decidi. — Disse o agente 11, olhando para Sam. — Mas
o menino é realmente bonito. — Ele colocou a mão no pescoço de Sam, o
polegar subindo lentamente até chegar ao lábio inferior de Sam.
Desta vez, o arrepio de Sam não foi causado por repulsa.
— Muito bonito. — Disse o agente 11, sua voz profunda ficando mais
rouca.
Sam não teve que convocar o rubor que aqueceu suas
bochechas. Sabia que sua reação era estúpida, ―Dominic‖ era um excelente
ator, mas ele não podia evitar.
— Sammy, não é? — O agente 11 disse, olhando para o crachá aos
pés de Sam.
Sam assentiu, seus olhos se fecharam quando ―Dominic‖ começou a
passar os dedos fortes pelos seus cabelos. Parecia impossivelmente bom. Ele
quase podia entender porque todas essas pessoas queriam viver aquela
fantasia.
Brylsko riu.
— Ele já parece bastante tomado por você.
— Você está, Sammy? — Dominic disse.
Sam forçou os olhos a abrirem e assentiu, inclinando-se para o
toque.
Tinha quase certeza de que podia ver aprovação nos olhos do agente
11.
— Aceitará um contrato comigo, se eu fizer uma oferta por você? — O
agente murmurou, acariciando a bochecha de Sam com os nós dos dedos.
Em vez de responder, Sam virou a cabeça e se aninhou na mão do
agente 11. Antes que pudesse pensar duas vezes, beijou-a suavemente.
Por uma fração de segundo, houve um olhar estranho nos olhos do
outro homem, mas desapareceu tão rápido que não tinha certeza se não tinha
imaginado.
Agente 11 sorriu para ele.
— Vou te ver mais tarde, então.
E então ele recuou - e Sam percebeu que esquecera completamente
que Brylsko estava a poucos metros de distância, observando-os.
— Vamos dar uma olhada em outros pets? — Disse o agente 11,
olhando para Brylsko.
Brylsko olhou de Sam para Dominic, o rosto indecifrável, antes de
acenar e passar para o próximo animal de estimação.
Sam baixou o olhar, obrigando-se a não olhar para o agente 11 se
afastando.
*****
Oito pessoas deram lances por ele. Oito.
Sam pensou que oito pessoas o queriam o suficiente para comprá-lo
por uma quantia exorbitante de dinheiro.
As pessoas ricas eram loucas de pedra.
No final, ―Dominic Bommer‖ ganhou o leilão. Brylsko não tinha feito
nenhuma oferta por ele, comprou uma linda garota de cabelos escuros, mas
Sam o pegou lhe olhando algumas vezes. Não sabia o que fazer com
aquilo. Brylsko suspeitava de algo?
Sam ainda estava ponderando enquanto ele e ―Dominic Bommer‖
lidavam com as formalidades. Para um leilão ilegal, havia uma quantidade
surpreendente de papelada. Parecia que os organizadores do leilão não eram
nada além de competentes. Por curiosidade, examinou seu contrato e quase
ficou boquiaberto ao ver o ultrajante ―Subsídio‖ que Dominic ofereceu para lhe
pagar todos os meses.
Finalmente, depois do que pareceu séculos, o agente 11 o conduziu
em direção ao que provavelmente era sua cabine. Sam foi obediente, tentando
ignorar o toque na parte inferior das costas. Deus. Como deveria se concentrar
no trabalho quando parecia perder todo o seu foco, toda vez que aquele
homem o tocava? Aquilo estava começando a ficar muito chato.
A porta se fechou atrás deles e Sam olhou ao redor da cabine. Era
espaçosa e confortável. A mala de Sam já estava lá, na enorme cama que
dominava a cabine. Sam lambeu os lábios e se virou para olhar para o
parceiro.
Agente 11 estava desabotoando seu paletó, seus olhos varrendo a
cabine de uma maneira aparentemente casual, mas Sam sabia que estava
procurando por grampos. Foi avisado sobre isso. Até que o agente confirmasse
que a cabine estava livre de grampos, tinham que continuar jogando seus
papéis.
— O que gostaria que eu fizesse, senhor? — Sam disse suavemente.
O agente 11 estremeceu um pouco, tirando o paletó e indo até o
guarda-roupa para pendurá-lo.
— Primeiro, não me chame de senhor. Dominic está bem.
Sam assentiu, pronunciando o nome silenciosamente. Provavelmente
precisava começar a pensar no agente como Dominic. Não podia se dar ao luxo
de entregá-los.
— Como gostaria que eu te chamasse? — Dominic disse, afrouxando a
gravata, seus olhos escuros encobertos e enganosamente cansados, enquanto
continuavam varrendo a cabine.
Sam franziu a testa, não entendendo a pergunta.
— Sammy?
Dominic riu, seus dedos bronzeados desabotoando sua camisa branca
de uma maneira que era muito distrativa. Sam tentou não encarar a princípio,
mas depois percebeu que Sammy, o Bebê Doce, iria cobiçar seu papaizinho,
especialmente quando ele era tão gostoso.
— Algumas pessoas têm uma aversão a apelidos. — Dominic
esclareceu, deixando a camisa aberta, revelando seu peito largo e musculoso,
e um conjunto absolutamente perfeito de abdominais, com um rastro de
cabelo escuro desaparecendo em sua cintura.
Sam quase choramingou com a injustiça daquilo. Por que os quentes
sempre eram héteros?
— Sammy?
Sam piscou e desviou o olhar da trilha feliz de Dominic.
Dominic levantou as sobrancelhas um pouco.
Sam corou, percebendo que foi pego babando. Ele bateu os cílios.
— O quê? Um cara não pode olhar para o seu papaizinho quente?
A expressão de Dominic ficou divertida.
— É bom saber que não me acha repulsivo. — Ele olhou para o
contrato que colocou na mesa. — Precisamos conversar sobre isso, a
propósito. Mas primeiro, tome um banho. Você fede.
— Eu não!
— Você fede aos outros homens que te tocaram.
O leve desprezo nos lábios de Dominic era perfeito, sua expressão
um pouco zombeteira, mas principalmente possessiva. Sam sentiu vontade de
aplaudir sua atuação.
Ele não podia, claro.
Em vez disso, colocou seu sorriso mais insolente.
— Vai se juntar a mim?
Os lábios de Dominic se contraíram.
— Talvez. Se você for muito bom.
Sorrindo, Sam pegou o pijama da mala e foi até o
banheiro. Conforme instruções pré-missão, ele se despiu rapidamente e
começou a tomar banho, colocando o chuveiro na posição mais alta. Se a
cabine estivesse grampeada, o chuveiro era o único lugar em que podiam
conversar sem serem ouvidos. Deus, esperava que a cabine não estivesse
grampeada. Não tinha certeza se poderia agir como Sammy, o bebê de açúcar
o tempo todo. Pelo menos, não tinha que fingir ser atraído por seu papai.
Sam fez uma careta ao pensar, uma nova onda de mortificação
lavando sobre ele. Só podia esperar que Dominic pensasse que era um
excelente ator. A única coisa pior do que ser atraído por um homem
heterossexual, era esse homem saber disso e sentir pena dele.
Não vacilou quando a porta do banheiro abriu. Fechou os olhos,
deixando a água bater em seu rosto e ombros, de costas para a porta. Mas se
perguntou se o agente 11 gostava da vista.
Não seja bobo. Não importa o quão legal seu traseiro seja, não
transformará um homem hétero em gay.
Depois de alguns minutos, sentiu um corpo firme e musculoso
pressionando contra suas costas. Uma barba roçou sua orelha antes que o
agente 11 dissesse baixinho sobre o som da água.
— Dois grampos na cabine, um no banheiro. Possivelmente uma
câmera escondida no guarda-roupa, mas ainda não é possível verificar sem
despertar suspeitas.
Sam respirou fundo.
— Por que há grampos? Disseram que seria altamente improvável.
Ele sentiu Dominic suspirar contra sua orelha.
— A verificação de antecedentes de Brylsko era mais completa do que
o esperado por Amanda. Meu disfarce foi queimado porque tenho uma
cobertura bastante pública como Dominic Bommer na Inglaterra. Fui capaz de
explicar o uso de um nome falso, mas claramente Brylsko ainda tem algumas
suspeitas, se instalou grampos na minha cabine. — Suas mãos acariciaram o
peito de Sam. — Isso obviamente complica as coisas, mas se provarmos a ele
que somos quem dizemos, sua guarda deve baixar.
— Estamos em perigo? — Sam disse, tentando ignorar as grandes
mãos calejadas em sua pele. Trabalho. Aquilo era trabalho para Dominic.
— Não em perigo imediato. — O agente murmurou, arrastando as
mãos por todo o peito de Sam, seus lábios roçando no seu pescoço. — Brylsko
é muito paranoico. Se realmente suspeitasse que eu estava atrás dele, não
teria me deixado entrar no navio.
Sam suspirou.
— Qual é o plano agora?
— Nada mudou. Nós jogamos nossos papéis e tentamos chegar perto
o suficiente de Brylsko.
— E os grampos?
— Não fazemos nada sobre eles. Os civis nunca os notariam.
Sam mordeu o lábio.
— Mas se houver grampos e câmeras na cabine... Nós teremos que...
Ele sentiu os músculos de Dominic ficarem tensos.
— Sim. Desculpe por isso, Red. — Ele suspirou contra a nuca de
Sam. — Eu te disse, você é muito jovem para este trabalho.
Sam franziu os lábios.
— Pare de me tratar como uma criança. Cresci nas ruas de Londres,
sabia? Estou pronto para isso. Você está?
Dominic soltou um ruído frustrado.
— Não é um jogo, Sammy. Você entende o que vai fazer?
— Entendo.
— Mesmo? — As mãos de Dominic se moveram para os quadris de
Sam.
Sam engoliu em seco e disse ao seu pau para se comportar.
Previsivelmente, seu pênis não escutou.
— Sim.
Dominic xingou baixinho, seu corpo praticamente irradiando
frustração.
— Eu não vou te foder. — Ele disse no ouvido de Sam.
O pênis de Sam se contraiu com a palavra 'foder'.
— Mas vou ter que fazer alguma coisa. — Disse Dominic. — Você
entende isso, certo?
Sam assentiu, lambendo os lábios.
— Eu posso chupar seu pau? — Ele ofereceu, esperando que não
parecesse muito ansioso. — Não é nada demais, na verdade. Gosto disso. —
Isso era uma espécie de eufemismo, para ser honesto. Ele amava chupar pau,
sempre teve um pouco de fixação oral.
Dominic exalou alto.
— Tudo bem. — Disse ele antes de tirar as mãos de Sam. —
Vá. Comporte-se normalmente. Mostrar alguma emoção e nervosismo também
seria apropriado. Não procure por grampos.
— Sim, senhor. — Disse Sam, pretendendo dar-lhe uma saudação
insolente, mas quando realmente viu o agente 11 nu e molhado, esqueceu
como falar. Felizmente, Dominic não estava olhando em sua direção e não
podia vê-lo babando de novo.
Finalmente, Sam conseguiu afastar os olhos e saiu do banheiro.
Assim que estava na cabine, percebeu que havia deixado o pijama no
banheiro. Gemendo de frustração, caminhou até a sua mala e remexeu nela,
tentando encontrar algo para dormir e determinado a não pensar no corpo
molhado e musculoso do agente 11. Ou seu pênis, de dar água na boca,
mesmo em estado de descontração.
Hétero, indisponível, muito mais velho e fora do meu alcance.
Sam repetiu isso em sua cabeça, mais e mais, mas foi inútil.
A única coisa em que parecia ser capaz de se concentrar era o fato
estimulante de que logo conseguiria chupar aquele pau.
Foda-se sua vida.
Capítulo 7
Capítulo 8
*****
Martha fez um discreto sinal de positivo para Sam quando ele e
Dominic se sentaram no restaurante. Ela estava na companhia de um homem
de meia-idade, com cabelos grisalhos, que se portava como se fosse dono do
mundo. O cara tinha um rosto forte e robusto, mas parecia que poderia ser o
pai dela em vez do seu amante. Martha parecia feliz o suficiente, então
imaginou que seu papaizinho estivesse bem.
Sam olhou para o próprio companheiro e reprimiu um suspiro. O
papaizinho de Martha não tinha nada dele. Dominic parecia escandalosamente
gostoso naquele terno escuro, a camisa azul meio desabotoada, revelando a
pele bronzeada, em que Sam queria esfregar o rosto. Ele provavelmente
estava encarando novamente. Felizmente, Dominic não pareceu notar, seus
olhos varrendo o restaurante de uma maneira aparentemente descontraída.
Embora Sam não olhasse em volta, soube imediatamente quando
Brylsko entrou na sala. A expressão de Dominic não mudou, nem endureceu,
nem o olhou. A única coisa que traiu Dominic foi o quão frio seus olhos ficaram
quando tomou um gole de café. Sam foi incomodamente lembrado de que
aquele homem não era apenas um espião. Também era um assassino
sancionado pelo governo, quando a ocasião pedia isso.
— Tente estas. — Disse Sam, mastigando uma panqueca. —
Deliciosas.
O gelo derreteu dos olhos de Dominic quando desviou o olhar para
Sam.
— Estão? — Ele disse. — Você deve comer seus legumes também.
— Você não é minha mãe. — Disse Sam, estendendo a mão para
outra panqueca.
Dominic deu-lhe um olhar aquecido.
— Eu deveria esperar que não.
Sam quase gemeu em voz alta. Foi realmente necessário? O agente
11 merecia um Oscar por sua performance.
— Venha aqui. — Disse Dominic, dando um tapinha no seu colo.
— Estamos em um restaurante, Nick. — Sam apontou com um
sorriso, embora estivesse perfeitamente consciente de que era uma desculpa
esfarrapada. Não era um restaurante normal. Outros bebês de açúcar se
aconchegavam contra seus papais de açúcar ou estavam sentados em seus
colos. Um cara estava ajoelhado aos pés de uma mulher de meia-idade, a
bochecha apoiada no seu joelho. Brylsko colocou seu bebê na coleira,
enquanto a conduzia ao restaurante.
Ele e Dominic eram um dos poucos casais que se comportavam
normalmente.
Estavam se destacando.
— Sammy.
Sam reprimiu um suspiro. Dominic estava certo. Não podiam deixar
Brylsko suspeitar de qualquer coisa.
Sam se levantou e sentou no colo de Dominic. Ele meio que esperava
alguma estranheza, mas deveria saber melhor. Seu corpo pareceu se fundir
imediatamente com o de Dominic, ficando repugnantemente relaxado e flexível
contra o peito firme. Cristo, ele cheirava tão bem.
— Ele está olhando para nós. — Dominic disse baixinho no ouvido de
Sam, sua mão acariciando suas costas. Para o olhar casual, provavelmente
parecia que Dominic o estava sentindo e sussurrando coisas doces. — Ele está
usando uma corrente de ouro em volta do pescoço, e parece que há algo nela,
mas está sob a camisa dele. Impossível dizer se é o pendrive ou não.
— Vamos ter que esperar até que ele dê um mergulho na piscina. —
Sam murmurou, lutando para manter sua atenção na missão quando tudo o
que queria era fechar os olhos e permanecer nos braços de Dominic para
sempre.
Dominic riu.
— A piscina? Qual?
— Há mais de uma? — Sam suspirou. Ele já podia vê-los vagando
pelo convés o dia todo, tentando pegar Brylsko sem camisa. — Mencionei que
minha pele odeia o sol e que o sentimento é mútuo?
Dominic riu, levantou o rosto de Sam e beijou seu nariz descontente.
— Vou te proteger disso.
Sam absolutamente não derreteu numa poça de gosma. Decidiu que
odiava homens heterossexuais, especialmente aqueles que eram ridiculamente
quentes e que o tratavam como se fosse algo precioso.
— Você pode me proteger do sol?
— Eu posso colocar protetor solar em você.
Sam sorriu maliciosamente.
— Em toda parte?
Os olhos de Dominic estavam risonhos.
— Criança travessa.
Sam sorriu.
— Ainda pensa em mim como uma criança depois da noite passada?
Uma careta mal visível cruzou o rosto de Dominic.
— Não me lembre.
Sam tentou não ficar ofendido e falhou.
— Aviso que fui informado de forma confiável, por várias fontes, que
sou ótimo em chupar pau.
A expressão de Dominic ficou comprimida.
— Eu realmente não precisava dessa informação.
Uma risada deixou os lábios de Sam quando percebeu o que era
aquilo. Ele baixou a voz.
— Tenho vivido nas ruas desde que tinha seis anos, Nick. Realmente
acha que era um garotinho inocente, uma virgem corada que ficaria
incomodada com o que aconteceu na noite passada? Não precisa se preocupar
com a minha virtude inexistente. — Ele sorriu e beijou a bochecha de Dominic,
estremecendo quando a barba dele fez cócegas em sua pele. — Mas é muito
doce da sua parte.
— Doce. — Disse Dominic com riso em sua voz. — Não me lembro da
última vez que alguém me chamou de doce.
Sam encostou a bochecha na de Dominic.
— Eu não sei... Seu pau se provou muito doce para mim.
— Sammy... — Disse Dominic, meio rindo, meio gemendo.
O que Dominic estava prestes a dizer foi interrompido quando uma
voz familiar disse:
— Uma bela manhã, não é?
Sam ficou tenso, mas relaxou novamente quando a mão de Dominic
acariciou suas costas.
— É. — Disse Dominic, estendendo a mão livre para um aperto de
mão. Sua expressão era educada e amigável. — Milosz. Receio não me lembrar
do nome de sua companheira.
— Este é meu animal de estimação, Anika. — Disse Brylsko,
acariciando a coleira de couro em sua mão. A garota, Anika, era muito bonita e
muito quieta, a imagem da submissão. Brylsko olhou para ela com uma
expressão vagamente possessiva que, para surpresa de Sam, parecia
genuinamente afetuosa. — Ela não é linda?
— Tenho certeza que ela é. — Disse Dominic, lançando um olhar
neutro para a menina, antes de voltar seus olhos para Sam, seu olhar se
tornando muito mais apreciativo. — Mas tenho medo de não ser um bom juiz
da beleza feminina.
Cristo, ele era bom. Mesmo sabendo que o agente 11 era hétero,
Sam não podia dizer que ele era nada além de honesto.
Brylsko riu.
— Eu posso ver isso. — Ele deu a Sam um longo olhar.
Sam apertou-se contra Dominic, esperando que sua inquietação não
fosse óbvia.
— Vai participar da apresentação de shibari2 com seu garoto? —
Perguntou Brylsko, voltando seu olhar para Dominic. — Já me disseram que
eles têm artistas incríveis.
Sam esperava que Dominic concordasse, mas ele balançou a cabeça
com um encolher de ombros.
— Não sou tão interessado em escravidão. Sou um homem simples de
gostos simples. Talvez outro dia, se não tivermos nada para fazer.
— Hmm, isso é uma pena. Tenho certeza de que veremos você por aí.
— Brylsko levou seu animal à mesa deles.
— Por que disse não? — Sam sussurrou quando estavam sozinhos.
Dominic beijou o canto da sua boca.
— Tenho certeza que ele estava nos testando. Não podemos parecer
ansiosos para ir onde quer que ele vá. Além disso, Dominic Bommer não tem
nenhum histórico de estar interessado em qualquer forma de BDSM, então
seria duplamente suspeito.
— E você? — Sam murmurou, lambendo os lábios e tentando não
olhar para a boca de Dominic. Ele nunca esteve tão dolorosamente consciente
da boca de outro homem.
— E eu?
— Você está interessado em escravidão?
2
Arte japonesa de amarração erótica.
— Você não gostaria de saber! — Dominic disse, dando um beijo no
nariz de Sam.
Sam fez beicinho.
Dominic riu.
— Então, o que agora? — Disse Sam, olhando em volta para se
certificar de que ninguém estava perto o suficiente para ouvi-los.
— Comemos, damos uma longa caminhada ao redor do navio. Se
tivermos sorte, Brylsko tira a camisa em algum momento.
— E se não tivermos?
O rosto de Dominic ficou sério.
— Se não tivermos, vamos pensar em outra coisa. Você consegue
roubar essa corrente?
Sam pensou por um momento antes de concordar.
— Sim. Se estiver perto o suficiente e ele estiver distraído por alguma
coisa.
Dominic olhou para ele atentamente.
— Pode colocar de volta no pescoço dele sem que ele perceba?
Sam fez uma careta.
— Talvez. — Era um grande talvez.
— Não é bom o suficiente. Não vou deixá-lo correr esse risco quando
não sabemos ao certo se o pendrive está nessa corrente.
— Pode não haver escolha. — Disse Sam em voz baixa, embora
também não fosse exatamente fã desse plano. Realmente era muito arriscado.
— Esse será o nosso último recurso. — Disse Dominic. — Temos
tempo para encontrar uma solução melhor.
Sam franziu os lábios, pressionando o nariz no oco da garganta de
Dominic.
— Há outra opção, sabe. — Ele sussurrou com relutância. — Para
levá-lo a tirar a camisa.
Ele sentiu os músculos de Dominic endurecerem contra ele.
— Não.
— Só estou dizendo que...
— Não. — Dominic cortou-o, sua voz como gelo.
Sam suspirou.
— Ele está interessado em mim. Posso dizer. Talvez não estivesse
interessado o suficiente para fazer uma oferta, mas o suficiente para não dizer
não, se um amigo se oferecesse para compartilhar seu garoto.
Dominic ficou quieto.
Por fim, ele disse:
— Encontraremos outro caminho.
Sam olhou para a expressão séria de Dominic e sentiu uma sensação
quente se enrolar em seu peito e em seu coração.
Deus, isso era ruim.
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Sam tentou ficar com raiva de Dominic, mas não era realmente de
guardar rancor. Agora se sentia um pouco para baixo e muito estúpido. O
agente 11 fez o seu trabalho quando o beijou. Não era intenção de Dominic
tirar vantagem. Sam não tinha motivos para ficar bravo ou chateado. Não era
culpa de Dominic que Sam tivesse uma grande paixão por ele, um homem
hétero e mais velho que estava fora do seu alcance de qualquer maneira. Ele
estava sendo estúpido e irracional. Deve concentrar seus esforços em fazer o
trabalho e terminar a missão. Quando a missão acabar, provavelmente não
veria muito de Dominic de qualquer maneira. Agentes especiais normalmente
têm pouco a ver com os estagiários.
Em vez de tranquilizá-lo, o pensamento fez uma bola de ansiedade se
acomodar no fundo de seu estômago.
Sam esperava ser bem-sucedido em esconder o que sentia, mas é
claro, Dominic percebeu.
— Você está chateado. — Ele disse quando se juntou a Sam no
chuveiro naquela tarde.
Sam manteve os olhos fora do corpo de Dominic. Ele não sentia
vontade de ser humilhado novamente, obtendo um sinal inapropriado.
— Um pouco. — Ele admitiu com um sorriso pesaroso, enxaguando o
cabelo e olhando para qualquer lugar, exceto para o outro homem. — Não
importa.
Dominic pegou seu queixo e inclinou o rosto para cima.
— O que há de errado, Sammy?
Sam nunca gostou muito de ser chamado de nada além de Sam. Mas
gostava da forma como Dominic dizia Sammy. Era quente, carinhoso e suave.
Parecia um carinho.
— Fale comigo. — Dominic disse, olhando-o atentamente. — Você
pode me dizer qualquer coisa. Somos uma equipe, lembra?
Sam olhou para ele e não sabia o que dizer. Tudo o que queria no
momento era esconder seu rosto contra o pescoço de Dominic e o deixar
segurá-lo e acariciar seus cabelos. Cristo, isso era uma maldição. A coisa dele
para Dominic era a mais estranha mistura de desejo, pouca força de vontade e
uma necessidade infantil de conforto.
— Não é nada. — Sam disse, deixando cair o olhar e odiando-se por
ser uma criança sobre isso.
— Isso é sobre o beijo?
Assustado, Sam olhou para ele e corou sob o olhar compreensivo de
Dominic, que murmurou:
— Você não deve deixar algo tão superficial quanto uma paixão te
derrubar quando está indo tão bem.
Sam ergueu o nariz e riu.
— Você poderia ter a decência de fingir que não notou nada, sabe.
Isso está ficando mortificante.
Sorrindo, Dominic beijou-o no nariz.
— Nada mortificante sobre isso. Eu também tive dezoito anos.
Lembro-me de como é ruim.
— Eu não acredito em você. — Sam disse, inclinando sua bochecha
superaquecida contra Dominic. — Você provavelmente também era muito
quente aos dezoito anos. Todas as garotas provavelmente estavam na sua.
— Bem. — Dominic disse. — Você acreditaria em mim se eu dissesse
que tinha espinhas?
— Não. — Sam disse, sorrindo apesar de si mesmo.
Dominic deixou cair um beijo no topo da sua cabeça.
— Passará, Sammy.
— Eu sei. — Sam suspirou. — Mas ainda é uma merda. Não posso
esperar para superar isso. — Desesperado por uma mudança de assunto,
disse: — Você teve a chance de verificar as câmeras na sala de Shibari?
— Sim. — Dominic falou, com suas mãos deslizando sobre as costas
de Sam. — Há três. Sem infravermelhos. Há dois pontos cegos na sala, um
atrás da coluna e outro à esquerda da porta.
Sam fechou os olhos, tentando imaginar a sala em sua mente. Ele a
viu apenas fugazmente, mas tinha uma boa memória.
Exceto que ele teve problemas para se concentrar. As mãos de
Dominic eram muito perturbadoras. O estranho era que o toque de Dominic
não parecia impessoal. Dominic estava lavando Sam como se tivesse todo o
direito de tocá-lo, suas mãos confiantes e gentis.
Sam puxou os quadris para trás. A situação era bastante
embaraçosa.
— A coluna é a solução. — Ele disse, limpando a garganta. O
ultrabook que recebeu do MI6 podia ser pequeno, mas o brilho de sua tela
ainda o iluminaria em uma sala escura, a menos que Sam o usasse atrás da
coluna. Ele franziu a testa. — Está seguro de que o programa pode decodificar
a senha do pendrive em alguns minutos?
— Não é a primeira vez que usei. O programa foi desenvolvido pelos
nossos melhores hackers. Há muito pouco que não pode decodificar.
— Muito pouco? Isso não é muito reconfortante.
As mãos ensaboadas de Dominic se moveram para a parte inferior
das suas costas.
— Todos estão confiantes de que funcionará. Além disso, Brylsko não
é o tipo de empregar programadores de computador de primeira linha. Ele é
muito paranoico que vão apunhalá-lo pelas costas e roubar todo o seu
dinheiro.
— Então, quando estamos fazendo isso? — Sam disse, tentando
ignorar o peso perfeito das mãos de Dominic na parte inferior das suas costas.
Deus, sentia... Seu ânus apertou, seu pênis dolorosamente duro enquanto
imaginava os longos dedos de Dominic escorregando mais baixo e acariciando
entre suas nádegas.
— Quanto mais cedo, melhor. — Dominic disse, suas mãos
mergulharam mais baixo, passando nas nádegas e coxas. — Então, esta noite.
Sam não podia mais se concentrar na conversa.
— Tudo bem. — Ele conseguiu falar afastando-se. Não pôde olhar nos
olhos de Dominic enquanto saia do banheiro.
Sério, sua vida era foda.
Capítulo 13
*****
Quando chegaram a Barcelona, ele ainda não se sentia pronto.
Tudo parecia tão... Decepcionante. Sam havia esperado um confronto
aberto com Brylsko, que destruísse seus disfarces, por algum tipo de violência
que provaria que Brylsko era mais do que apenas um empresário hedonista de
meia idade. Mas não houve nada. Ninguém os deteve enquanto deixavam o
navio e entravam num táxi.
— Isto foi decepcionante. — Sam murmurou, olhando pela janela do
carro.
Dominic - agente 11, caramba! - resmungou.
— Decepcionante é bom, confie em mim. Significa um trabalho bem
feito. — Ainda assim, ele parecia um pouco tenso. Não era óbvio, mas depois
de mais de uma semana estando em contato com ele, Sam aprendeu a
diferença entre um agente do MI6 completamente relaxado e um agente do
MI6 que estava realmente tenso enquanto fingia estar relaxado.
Sam se animou.
— Estamos em perigo? — Sussurrou, olhando com olhos arregalados.
Talvez o motorista fosse um dos homens de Brylsko. Talvez fosse sequestra-
los!
O agente 11 deu uma risada.
— Não. Desculpe te desapontar.
Sam suspirou.
— Não é minha culpa que a missão foi chata. Ser um agente secreto
não é tudo isso que as pessoas falam.
O agente 11 sorriu, com dentes brancos destacando contra sua pele
beijada pelo sol, ainda com a barba por fazer e injustamente lindo.
Deus, queria tanto beijá-lo.
Engolindo em seco, Sam desviou o olhar.
Ficou em silêncio depois disso, balançando sua perna ansiosamente
enquanto esperava que chegassem ao aeroporto. Pegou o agente 11 o
observando algumas vezes, mas ele também ficou calado.
Só quando o avião estava decolando, Sam deixou escapar, sem olhar
para o seu companheiro.
— Então você já tem uma missão depois dessa?
— Sim.
Sam olhou para suas mãos, lembrando-se de que isso não era dá sua
conta. Não tinha o direito de perguntar.
Para sua surpresa, o agente 11 falou voluntariamente.
— Vou trabalhar na minha missão de longo prazo.
Sam virou a cabeça para ele.
— O Dominic Bommer?
O outro homem assentiu.
Sam molhou os lábios.
— Aquela em que você deve seduzir o filho de um figurão?
Com sua expressão impenetrável, o agente 11 assentiu novamente.
— Oh! — Sam suspirou e desviou o olhar de novo, tentando ignorar o
nó apertado em seu estômago.
Não era ciúme. Não tinha o direito de ficar com ciúmes. Esse era o
trabalho de Dominic. Ele também era o trabalho de Dominic. Não significava
nada para Dominic - ao agente 11. Era bom lembrar disso.
O agente 11 suspirou.
— Sam.
Sam tirou o seu novo celular dado pelo MI6 e colocou os fones de
ouvido.
— Sammy. — Disse Dominic.
— O quê. — Sam disse sem rodeios, olhando a tela de seu celular.
— Você está bravo comigo?
— Não. — Disse Sam. — Por que eu estaria com raiva de você?
— Não faça isso. — Disse Dominic.
— Fazer o quê?
— Não minta. — Disse Dominic calmamente. — Você não é assim.
Você diz o que pensa. Isso é raro. Não permita que isso mude.
Sam zombou.
— Mentir não é o nosso trabalho?
Dominic soltou uma risada com suas próprias palavras jogadas de
volta para ele.
— Não deixe o trabalho mudá-lo. Você nunca deve deixar suas
missões afetá-lo fora do trabalho. Se fizer isso, não durará muito com o MI6.
Sam levantou o olhar para Dominic.
— Só isso? É fácil para você? Manter seu trabalho separado da sua
vida?
— Claro que não é. — Disse Dominic, sua expressão sombria. — Mas
você deve aprender a dividir. Pense em si mesmo como um ator que tira a
maquiagem do palco após uma apresentação. Da mesma forma, tudo o que
acontece durante uma missão não é real. É uma performance.
Bom.
Sam riu.
— Você não precisa me dizer isso, sabe. Entendo. Devo superar
minha paixonite tola e parar de ser estúpido. Eu consigo, está bem? — Se
forçou a encontrar os olhos de Dominic com firmeza. Dominic queria
honestidade, não era? Poderia ser brutalmente honesto. — Sei que você
realmente não se importa comigo. Não sou um completo idiota.
Dominic apertou os lábios, uma expressão fechada em seu rosto. Sua
mandíbula serrou e ele desviou o olhar antes de dizer com rigidez.
— Não foi isso o que quis dizer. Não sou a porra de um robô, sabe.
Eu... Me importo com você. Eu lhe disse, sua quedinha não me incomoda. Nem
estava pensando nisso quando falei. Só queria que fosse sincero comigo. Se
está com raiva, diga que está com raiva. Não quero que minta para mim.
O nó apertado no estômago de Sam afrouxou um pouco.
— Você vai ser honesto de volta?
Dominic riu, como se Sam tivesse dito algo engraçado e olhou para
ele.
— Eu já sou. Você acha que sou tão sincero com todos?
Sam franziu a testa. Agora que pensava sobre isso, se lembrou das
pessoas no MI6 fazendo fofocas sobre como distante e fechado o agente 11
era. Apesar de trabalhar para o MI6 há uma década, o agente 11 ainda era um
mistério para a maioria de seus colegas de trabalho.
— Não é? — Sam perguntou suavemente.
Dominic balançou a cabeça com um sorriso irônico.
— Agora, me diga o que te chateou. Não sou um leitor de mentes.
— Hum. — Sam estudou suas unhas com mais interesse do que
precisava. — Acho que estou apenas me sentindo descartável. Substituído por
outra pessoa.
Podia sentir o olhar de Dominic sobre ele.
— Você está com ciúmes?
Corando, Sam fez uma careta.
— Não. — Ele resmungou sem convicção.
Merda, isso era humilhante.
— Sammy. — Dominic disse com um suspiro. — Minha próxima
missão será completamente diferente dessa.
Havia algo sobre o tom de Dominic que fez Sam olhar para ele.
Dominic beliscou a ponta do nariz.
— Também não estou ansioso para a minha próxima missão, sabe.
Herdeiro de um império do crime ou não, o cara que deveria usar também é
uma pessoa. É possível que ele nem esteja ciente das atividades criminosas do
seu pai.
— Então por que o seduzir?
Dominic fez uma careta.
— Porque seu pai é um filho da puta paranoico. Ele faz Brylsko
parecer ingênuo e confiante. É impossível chegar perto dele, porque ele
literalmente não confia em ninguém. Seu filho é o único ponto fraco que tem.
Ele não parece ter muito carinho por seu filho, mas parece que quer deixar
tudo para sua carne e sangue, então deve começar a confiar nele em algum
momento em breve. E tenho que me tornar a pessoa que seu filho confia. É a
única maneira de conseguir alguém dentro.
Sam franziu a testa.
— Por que o MI6 está envolvido, no entanto? A inteligência doméstica
não é o trabalho do MI5.
Dominic encolheu os ombros um pouco.
— É uma operação conjunta com MI5. O alvo tem conexões com uma
quadrilha sul-americana de tráfico humano e a máfia russa.
Sam olhou para as nuvens pela janela. Embora racionalmente
entendesse que a missão de Dominic era importante, se sentia doente com o
pensamento de que Dominic iria seduzir outro cara, sorrir para ele, beijá-lo,
tocá-lo e fazer sexo com ele.
Mas não era como se sua opinião fosse importante. Ele era apenas
um garoto gay com uma paixão estúpida por um homem heterossexual.
— Tudo bem. — Disse sem emoção. Ligou a música e fechou os
olhos.
Não se lembrava de adormecer, mas deveria ter, porque a próxima
coisa que percebeu, era que tinham pousado e Dominic desabotoava seu cinto
de segurança enquanto ele piscava com força para afugentar o sono. Sentia-se
desorientado.
— Venha. — Disse Dominic, o guiando para fora do avião com uma
mão colocada na parte inferior das suas costas.
Sam se inclinou para o toque antes de se afastar, como uma boneca
de pano puxada em duas direções diferentes.
— Sammy? — Dominic disse.
Pare de me chamar de Sammy. Sam quase surtou, mas não o fez.
Não tinha condições para falar depois de tudo - também tinha problemas para
pensar em Dominic como o agente 11.
— Vamos pegar nossa bagagem e encontrar um táxi. — Disse Sam,
olhando para frente.
A viagem de táxi para a sede foi silenciosa.
Não era um silêncio amigável. Sam fechou os olhos e fingiu dormir,
dolorosamente consciente do homem ao lado dele. Pensou que podia sentir o
olhar de Dominic sobre ele, mas, no entanto, sabia que era só sua imaginação.
Foi um alívio quando o táxi finalmente os deixou na sede.
— Nós realmente precisamos relatar imediatamente? — Disse Sam,
sem olhar para Dominic.
— Sim. — Dominic disse, se aproximando do scanner de íris.
Ele apitou e ficou verde.
Sam o seguiu até o prédio, tentando não parecer que estava
arrastando os pés. Deveria estar animado. Completou com sucesso sua
primeira missão de campo. Ia ser motivo de inveja no centro de treinamento.
O centro de treinamento... Parecia que fazia meses desde que esteve
lá.
Parecia que se passaram meses desde Dominic...
Dominic não existe. Sam se lembrou com raiva. Havia apenas o
agente 11, que em breve iria seduzir outro homem.
— Bem-vindo de volta, A11. — Disse Claudia, dando um sorriso a
Dominic. — Como foi seu voo?
— Bom. — Dominic disse laconicamente. — C está em seu escritório?
— Sim, mas ela quer que você arquive seu relatório da missão e
entregue os dados recuperados ao departamento de Inteligência. — Claudia
olhou para Sam pela primeira vez. — O agente Landon deve relatar
pessoalmente. Ela está esperando por você.
Sam não conseguia ver o rosto de Dominic, mas pode ver seus
ombros levemente tensos.
— Por que ele?
Claudia encolheu os ombros.
— C não se explica a mim.
Dominic deu um aceno de cabeça e olhou para Sam, algo cintilando
em seus olhos quando seus olhares se encontraram.
E então se virou e foi embora.
Sam o observou ir, suas entranhas em nós.
Quando as portas do elevador se fecharam atrás de Dominic, Sam se
encontrou olhando fixamente e estupidamente para elas, sentindo-se perdido e
sozinho. Tinha esquecido como era. Realmente esqueceu.
— Sam? Você está bem?
— Sim. — Sorrindo fracamente para Claudia, Sam bateu na porta e
entrou no escritório de Amanda.
Capítulo 15
Capítulo 16
Maldição.
As mãos de Dominic apertaram o volante. Não olhou para o espelho
retrovisor enquanto a sede desaparecia de vista. Tinha mais autocontrole do
que isso. Pouco.
— Idiota, estupido. — Murmurou em voz baixa. Não só era
completamente impotente para resistir a Sammy quando perguntou algo, mas
também teve que suprimir as ideias completamente insanas e paranoicas de
que algo aconteceria com Sammy quando não estivesse por perto para
protegê-lo.
Sammy não precisava de proteção. Ele não era nem indefeso nem
ingênuo. Havia sobrevivido mais de uma década nas ruas. E não precisava de
Dominic para segurar sua mão. Ele ficaria bem enquanto Dominic se
concentrasse na missão Whitford - mesmo que a missão durasse meses.
Seus lábios apertaram com o pensamento.
Dominic tinha que lembrar a si mesmo que só conhecia o menino há
um mês. Não era tempo suficiente para ficar tão... Apegado.
Além disso, alguma distancia os faria bem. Sammy superaria sua
paixão e acharia outro objeto para suas afeições. Quando Dominic o visse de
novo, Sammy provavelmente lhe diria que tinha uma paixonite por um garoto
de sua idade e não pareceria mais atordoado e excitado toda vez que Dominic
o tocasse.
O pensamento era... Estranho.
O fato de que era estranho provava que definitivamente precisava de
uma boa distância do garoto.
*****
Ele conseguiu por três horas.
Em defesa de Dominic, teve uma boa razão para ligar para Sammy.
Ou então, disse a si mesmo.
Sammy respondeu no quarto toque.
— Nick?
Dominic, que estava jogado no sofá, se endireitou. Parecia que o
garoto esteve chorando.
— Você está bem?
Conseguiu ouvir Sam respirar fundo antes de responder.
— Sim, estou bem. Estava apenas cochilando. Algo errado?
Dominic franziu a testa, sem dúvida não acreditava nele.
— Não. Só queria saber o que exatamente Amanda disse.
— Oh! Já te disse tudo.
Dominic estremeceu.
— Eu sei, mas preciso de todos os detalhes.
— Ela queria te colocar em apuros. — Disse Sammy. — Tentou me
convencer a dizer que você me coagiu a fazer sexo. — Ele zombou. — Ela
realmente teve a coragem de fingir ser toda simpática e compreensiva, como
se eu não tivesse ideia de que foi ela que pediu para você me recrutar para
essa missão, perfeitamente consciente de que algum tipo de sexo
provavelmente estaria envolvido. Fingiu que foi sua ideia e que suas ações não
foram autorizadas.
Dominic murmurou pensativo.
— Interessante.
— Por que ela te odeia? — Disse Sam.
— Ela acha que estou atrás de seu trabalho.
— Você está?
— Talvez.
— Sério? Você quer ser o Chefe do MI6?
Dominic fez uma careta.
Querer era uma palavra muito forte.
— Em alguns anos talvez. É algo que estou considerando.
— Você não é um pouco jovem para esse trabalho?
Dominic encolheu os ombros um pouco.
— Tenho experiência suficiente. A idade pode realmente ser uma
coisa positiva. O principal motivo pelo qual os superiores estão considerando
substituir Amanda é porque ela é muito antiquada. Tecnologicamente, estamos
um pouco atrás de agências de inteligência estrangeiras como a CIA, e não
porque não temos capacidade. Amanda está presa em seus velhos hábitos e se
recusa a dar ao departamento de Pesquisa e Desenvolvimento financiamento
suficiente. Isso é frustrante às vezes, porque, por exemplo, nossa última
missão teria sido muito mais fácil se tivéssemos alguma tecnologia que a CIA
possui. Então sim, às vezes é tentador ter o controle do MI6, então não
estaremos mais presos no século passado.
— Mas o programa para hackear que os técnicos nos deram era bem
legal. — Disse Sam, um sorriso na voz dele. — Posso ou não ter feito uma
cópia ilegal para mim.
Dominic sorriu, alívio o percorrendo com a leveza na voz de Sammy.
Tinha começado a pensar que não conseguiria ouvi-la novamente.
— Vou fingir que não ouvi isso. — Disse secamente.
— Ouviu o quê? — Sammy disse, com uma voz muito inocente e
doce.
Dominic riu. Poderia vividamente imaginar grandes olhos verdes
olhando para ele com fingida confusão e inocência. Se Sammy estivesse aqui,
ele... Iria beijar Sammy na ponta do seu nariz. Ou talvez em sua bochecha.
Sammy iria corar e fazer aquela coisa subconsciente que sempre fazia quando
Dominic o tocava, iria se inclinar para o toque, como se pedisse mais. Ele
sempre queria mais.
— Nick? — Sammy disse com incerteza, o trazendo de volta ao
presente.
Dominic balançou sua cabeça, aturdido por seus próprios
pensamentos.
— Desculpe, fiquei distraído por um momento. — Ele esfregou um
dedo entre as sobrancelhas, franzindo a testa. — Sam?
— O quê?
Dominic não podia acreditar no que estava prestes a perguntar.
— Nós estamos bem? — Parecia tão estranho e embaraçoso como
esperava. Estava perguntando a um garoto de dezoito anos que tinha
compartilhado uma missão se estavam bem, embora realmente não tivesse
feito nada de errado. Não deveria se importar que Sammy estivesse chateado
com a sua próxima missão.
— Existe um nós? — Perguntou Sammy.
Dominic fechou os olhos.
— Não estaria perguntando se não houvesse. Não quero que você
pense que não te quero por perto agora que a missão acabou.
Havia silêncio na linha.
— Você quer?
A total vulnerabilidade na voz de Sammy deixou o peito de Dominic
apertado com protecionismo.
— Claro que sim, bebê. — Se ouviu dizer. Imediatamente, Dominic
fez uma careta. Não deveria ter usado o apelido carinhoso. A missão tinha
terminado e, continuar usando os apelidos só mexeria com a cabeça de
Sammy - com as duas cabeças. As coisas já estavam bem complicadas.
— Não tinha certeza de que você queria. — Confessou Sam, sendo
completamente sincero. Dominic não precisava vê-lo para saber que Sammy
estava sorrindo, apenas um pouco.
Percebendo que também estava sorrindo, Dominic passou a mão pelo
rosto, um mal-estar se acomodando em seu estômago.
Que diabos estava fazendo?
— Tenho que ir. — Disse laconicamente e terminou a ligação.
Imediatamente, se sentiu como um idiota - um idiota maior do que já
era.
*****
Sammy ligou para ele duas horas depois.
— Olá. — Ele disse, soando tímido, mas determinado. Dominic podia
imaginá-lo mordendo seu lábio, o queixo apoiado nos joelhos dobrados. A
imagem era perturbadora e vívida em sua mente.
— Ei. — Dominic disse, abrindo a geladeira. — Está tudo bem?
— Sim. — Disse Sammy. — Só... Você meio que desligou sem dizer
adeus e eu estava apenas... — Ele parou antes de gemer. Parecia abafado,
como se Sammy o fizesse em sua mão. — Basicamente, sou aquele garoto
pegajoso e chato que quer garantir que as pessoas não o odeiam
secretamente. Por favor, me ignore. Vou desligar e nunca mais usar um
telefone.
Dominic se viu sorrindo.
— Não o odeio secretamente. Estamos bem. Desculpe, se lhe dei a
impressão de que não queria falar com você.
— Então por que desligou tão abruptamente?
Dominic hesitou. Seu primeiro instinto era mentir - com seu trabalho,
sempre era - antes que se lembrasse de que a honestidade deveria ir nos dois
sentidos.
— Para ser honesto, queria parar de conversar com você. — Disse
Dominic, fechando a geladeira fazendo uma nota mental para fazer compras o
mais rápido possível. — Mas não porque te odeio secretamente.
Houve um silêncio na linha.
Dominic caminhou até seu laptop e se sentou novamente. A imagem
de Luke Whitford o encarava na tela. Luke parecia um pouco mais novo que os
seus vinte e três anos. Com seus cabelos dourados, características finas e
lábios cheios, ele era claramente muito bonito. Era mais bonito do que a
maioria das mulheres que Dominic conhecia. Era uma pena que não pudesse
sentir uma centelha de atração por ele, o que tornava sua missão bem mais
difícil. Fingir desejo não era fácil, mesmo para alguém tão experiente quanto
ele. Sempre diziam que a falta de ereção era a prova mais condenatória.
Estava olhando essa imagem durante a última hora, tentando encontrar algo
sobre Luke que o atraísse. Não poderia tomar Viagra sempre que saísse com
Luke.
Era uma das razões pelas quais Dominic odiava missões chamariz,
especialmente quando o alvo era do sexo masculino. Nem sempre era atraído
pelas mulheres que deveria seduzir, mas com as mulheres era bem mais fácil
enganar seu corpo para acreditar que estava atraído por elas. Até agora não
foi bem-sucedido em convencer seu corpo de que queria Luke Whitford.
Claro, o fato de que seus pensamentos continuavam retornando para
Sammy com uma frequência irritante não estava exatamente o ajudando a se
concentrar no trabalho.
— Então, por quê? — Sammy disse finalmente.
Dominic se recostou em seu assento.
— Desliguei antes que pudesse dizer algo estúpido. Mais estúpido do
que já disse. — Ainda não podia acreditar que tinha chamado Sam de bebê.
Cristo, tinha enlouquecido?
— O que você quer dizer?
— Olhe. — Dominic disse com um suspiro. — Estou tentando não ser
um idiota. Sei que não é legal mexer com alguém. Não queria fazer isso,
mas... Não consigo ser firme com você como deveria.
Deveria ter sido mais firme com Sammy sobre sua paixonite em vez
de chamá-lo por apelidos carinhosos.
— Espere. — Sammy disse, parecendo estar dividido entre rir e
suspirar. — Se é sobre você me chamar de bebê, sei que você não é... Sei que
não me vê dessa maneira. Não se preocupe. Não estou delirando.
— Ainda assim. — Disse Dominic. — Eu deveria estar... Deveria haver
uma linha. Sou o adulto com mais experiência. Deveria ser o mais
responsável. Mas, em vez de ser responsável, continuo escorregando e
tratando você como... Como... — Meu bebê. — Não consigo ser tão firme com
você quanto deveria ser.
— Awww. — Sammy parecia que estava sorrindo. — Você está
dizendo que gosta muito de mim, Nick?
Dominic deu um sorriso pesaroso. Se fosse assim tão simples.
— Acho que fiquei um pouco apegado a você, Red.
Ele praticamente ouviu o sorriso de Sammy.
— É claro que você ficou. — Disse ele. — Tenho uma personalidade
cativante.
— Você tem. — Dominic disse, sorrindo fracamente.
Ficaram em silêncio por um tempo, mas desta vez o silêncio era
confortável.
— Sei que você não pode vir para a sede. — Sammy disse de
repente. — Mas posso ir na sua casa? Quando tiver tempo?
Dominic olhou para a imagem de Luke sem ver.
Quando não respondeu, Sammy murmurou com uma risada
estranha:
— Ok, vamos fingir que não disse nada.
— Vai parecer tão suspeito quanto eu indo para a sede. — Disse
Dominic. — Minha casa provavelmente será vigiada após Whitford ouvir sobre
o meu namoro com seu filho.
— Oh! Tudo bem. Entendi. Esqueça, foi estupido sugerir isso de
qualquer maneira.
Dominic fez uma careta. Às vezes, a insegurança de Sammy era de
partir o coração.
— Lembre-se do que lhe disse sobre prestar atenção ao que as
pessoas falam ao invés de deixar sua opinião preconcebida afetar seu
julgamento? Tudo o que disse foi que você não pode vir à minha casa da sede,
pois mais cedo ou mais tarde, os homens de Whitford te seguiriam de volta ao
MI6, não importa o quanto você seja cuidadoso.
— Não vão!
— Vão. Você é muito talentoso com o que faz, mas ainda é apenas
um novato. Não tem experiência prática e cometerá um erro, porque todo
novato faz.
Sammy ficou em silêncio, claramente desanimado.
O maxilar de Dominic apertou.
Não se atreva, disse sua parte racional.
Mas outra voz sussurrou que Sammy estava triste, estava sozinho,
vulnerável e precisava dele.
— Mas você pode ficar comigo se quiser. — Disse Dominic, se
encolhendo com o seu autocontrole, ou a falta dele.
— O quê?
Sammy parecia tão atordoado como parte de Dominic estava com
essa sugestão.
Era um homem reservado. Tentava manter sua vida pessoal longe da
profissional, tanto quanto possível. Em uma década com o MI6, nunca ofereceu
a um colega para ficar com ele. A maioria de seus colegas nem sabia onde
morava. E agora estava oferecendo para compartilhar sua casa com um garoto
de dezoito anos que só conhecia a um mês. O que diabos estava errado com
ele? Nunca tinha se apegado às pessoas tão rápido ou tão forte. Se Sammy
fosse uma mulher, Dominic poderia ter culpado a paixão. Como Sammy era
um garoto, estava apenas perplexo e irritado pela intensidade desse apego.
Para não mencionar que convidar um garoto gay que tinha uma
paixão por ele para viver em sua casa era o oposto do esperto. Era a definição
de irresponsável.
Mas, aparentemente, se Sammy estivesse chateado, todo seu
pensamento racional saia pela janela. Inacreditável.
Apertando a ponta do nariz, Dominic explicou:
— Não há regras que o impeçam de morar em algum lugar além da
instalação de treinamento. Enquanto você estiver com um treinador
qualificado, nem precisa ir para a sede até seus testes dentro de alguns
meses.
— E você é um treinador qualificado? — Disse Sam.
Dominic sorriu um pouco.
— Não, mas sou a próxima melhor coisa. Todos os agentes da minha
classificação estão qualificados para treinar novatos.
— Mas não vai interferir no seu disfarce? Seria suspeito se alguém
com quem não está relacionado vivesse com você.
— Na verdade. — Disse Dominic pensativo. — Provavelmente será
menos suspeito se você morar comigo. Se Richard Whitford conseguir
descobrir que estive naquele cruzeiro, também descobrirá que comprei um
animal de estimação no leilão. Será mais suspeito se meu amante de repente
desaparecer depois de chegar em casa.
— Mas e Luke? — Disse Sammy. — Ele não ficará emocionado se
descobrir que está vivendo com o amante que comprou em algum cruzeiro
pervertido. Isso contradiz com sua imagem de homem confiável que procura
um relacionamento sério.
Dominic soltou um suspiro.
— Eu sei. — A missão de Brylsko comprometeu seu disfarce de
qualquer maneira. — Vou tentar não trazer Luke para casa, mas se ele
descobrir sobre você, digo que era um garoto sem-teto que encontrei perto de
casa alguns anos atrás, que senti pena e o trouxe para morar comigo.
Obviamente, direi que você é hétero.
— Não vai funcionar se Luke descobrir sobre o cruzeiro do
papaizinho. — Sam apontou, jogando de advogado do diabo.
Dominic murmurou em acordo, considerando e descartando ideias.
— Poderia dizer que o trouxe para casa quando tinha, digamos,
quinze anos. — Disse Dominic. — Você morou comigo por alguns anos, mas
então ficou chateado e fugiu quando descobriu que eu estava pensando em me
estabelecer e criar uma família. Direi a Luke que você tem problemas de
confiança e abandono. É foi por isso que fugiu e não consegui encontrá-lo por
um tempo. Então ouvi de alguém que você estava desesperado por dinheiro e
se inscreveu para algum cruzeiro pervertido. Claro que tive que interferir. Mas
não poderia simplesmente arrastá-lo de volta, então tive que o comprar para
mantê-lo a salvo de velhos e mulheres pervertidas. Então aqui estamos.
— Isso... — Sammy disse. — Isso poderia funcionar, na verdade. Isso
explica perfeitamente por que alguém como Dominic Bommer estaria em um
cruzeiro como esse. — Ele fez uma pausa antes de perguntar em voz baixa: —
Você realmente quer que eu viva com você?
Cristo, Dominic queria abraçá-lo.
— Sim, Sammy. Arrume suas coisas. Vou conversar com Amanda e
buscá-lo em algumas horas.
— Mas ela te odeia. Tem certeza de que não vai dizer não?
Dominic sorriu severamente.
— Tenho certeza.
Capítulo 17
*****
Uma semana depois, Sam tinha certeza de que nunca foi mais feliz
em sua vida.
Viver com Dominic era ainda melhor do que imaginou. Esperava se
sentir um pouco desajeitado, como normalmente fazia quando ficava na casa
de alguém, mas Dominic nunca o fizera sentir-se intruso ou indesejável.
O único problema era que morar com Dominic não estava
exatamente ajudando-o a se livrar de sua paixão. A palavra – paixão - parecia
tão inadequada para a sensação de calor que enchia seu coração enquanto
observava Dominic fazer o café da manhã, com olhos sonolentos, barba por
fazer e um pouco mal-humorado. Sam queria puxá-lo para perto e beijá-lo
tanto que se sentia como se estivesse engasgando com a necessidade.
Odiava ver Dominic saindo para o trabalho, mas adorava quando
voltava para casa. Não importava o quanto Dominic estivesse cansado, sempre
tinha um sorriso para Sam. Ele parecia feliz em ver Sam, feliz em passar o
tempo com ele depois do trabalho, feliz em treiná-lo e tê-lo por perto.
Às vezes, Sam o convencera a jogar videogame - por que Dominic
sequer possuía um Xbox, se nunca o usava? - e às vezes eles trabalhavam no
ginásio no andar de baixo, mas na maioria das vezes, sentavam juntos e
assistiam filmes. Aquelas noites eram as favoritas de Sam.
Era uma dessas noites. Estavam esparramados no sofá, a TV era a
única fonte de luz na sala. A cabeça de Sam estava no colo de Dominic, os
dedos dele passando pelo seu cabelo distraidamente enquanto assistiam ao
filme.
Se alguém perguntasse, Sam não seria capaz de explicar como eles
terminaram assim - começaram nas extremidades opostas do sofá com uma
distância muito respeitável entre eles. Isto era genuinamente desconcertante.
Não parecia importar o quanto Sam tentava não ser tão carente pelo afeto de
Dominic; nunca funcionou.
Independentemente de como acabaram assim, Sam sabia que ele
provavelmente deveria se afastar, mas Deus, não podia. Os dedos de Dominic
traçavam padrões em seu couro cabeludo, pequenos movimentos minúsculos
que deixavam o corpo de Sam arrepiado. Sentia como se estivesse flutuando,
profundo contentamento percorrendo seu corpo a cada toque gentil. Ele não
queria que isso acabasse.
— Ei. — Dominic murmurou, olhando para ele. — Por que você está
sorrindo?
Ele estava?
Sam encolheu os ombros, sorrindo impotente. Ele olhou nos olhos de
Dominic, seu peito inchando com aquela sensação quente e intensa que estava
com medo de nomear.
— Isso é provavelmente muito sentimental, mas adoro você. Sabe
disso, certo?
Dominic se inclinou e beijou-o no nariz.
Franzindo o nariz, Sam riu.
— Isso não conta, sabe. Diga algo sentimental.
Dominic bufou.
— Sammy, você tem um espião/assassino do governo acariciando
seu cabelo. Não fica mais sentimental do que isso para mim.
Sam fez beicinho.
— Você não presta.
Dominic riu, seu polegar empurrando o lábio inferior de Sam.
— Pare de fazer beicinho. Agentes secretos não fazem cara feia.
— Este faz. — Disse Sam arrogantemente e lambeu o polegar de
Dominic.
— Bruto. — Disse Dominic, mas não afastou a mão.
— Discordo. — Disse Sam, lambendo o polegar novamente. Suas
pálpebras se fecharam, ele chupou o polegar em sua boca. O gosto da pele de
Dominic, a sensação de algo duro em sua boca estava rapidamente deixando-o
tonto e com tesão. Deus. Fazia muito tempo desde que chupou um pau.
— Jesus, Sammy. — Disse Dominic, soando um pouco estrangulado e
tirou o polegar.
Parecia um balde de água fria.
Sam abriu os olhos, o rosto quente de vergonha.
— Desculpe. — Ele disse sem jeito. — Você provavelmente notou que
tenho um caso grave de fixação oral. — Ele forçou uma risada. — Tipo, se você
não quer que eu chupe seu pau, é melhor não colocar coisas na minha boca.
Dominic não riu.
Era difícil ler sua expressão no brilho sombrio da TV.
— Podemos, por favor, esquecer? — Sam disse com uma careta. —
Vou sair e encontrar alguém. — Sam reprimiu outra careta. Ele não estava
exatamente ansioso para chupar o pau de algum cara aleatório, mas não podia
deixar sua frustração sexual estragar as coisas entre eles. Sam suspirou. — Eu
estava planejando sair e transar de qualquer maneira. Isso vai me ajudar a me
livrar dessa paixão irritante.
Dominic tirou a mão do cabelo de Sam.
— Sim, provavelmente seria melhor se você sair e... Ficar com
alguém da sua idade. — Sua voz soou um pouco estranha: desconfortável e
rígida - quase como se a ideia de uma conexão gay fosse nojenta.
Sam franziu a testa.
— Nunca te imaginei um homofóbico.
— Claro que não sou. — Disse Dominic, as sobrancelhas se unindo. —
É apenas... Conexões de uma noite podem ser perigosas. Há muitos idiotas
arrepiantes por aí.
Revirando os olhos, Sam sentou.
— Sou um menino grande, Dominic. Posso cuidar de mim mesmo. —
Ele foi para o seu quarto. Se quisesse arrumar alguém, precisava se trocar.
Ele tentou ignorar o nó de desconforto em seu estômago.
Por que sentia como se fosse trair Dominic?
Capítulo 18
Capítulo 19
— Bom dia. — Disse Dominic, tomando seu café. Ele já estava vestido
para o trabalho, com uma calça cinza e uma camisa branca que parecia
obscenamente boa contra a pele bronzeada.
Sam desviou os olhos e sentou-se à mesa.
— Bom dia. — Ele disse, tentando agir normalmente. Havia prometido
a Dominic que não tinha ilusões e que não queria ser um mentiroso.
Eles tinham fodido. Dominic o tinha fodido.
À luz do dia, parecia surreal. Se não estivesse um pouco dolorido,
pensaria que tudo foi um sonho.
— Vou chegar em casa tarde hoje à noite. — Disse Dominic.
Os olhos de Sam se voltaram para ele.
— Por quê?
Dominic fez uma ligeira careta.
— Tenho um encontro com Luke Whitford.
Sam sentiu o estômago apertar.
— Já? — Ele disse fracamente. — Isso foi rápido.
— Meu primo James providenciou, na verdade. — Dominic tomou
outro gole de sua caneca. — Ele é o melhor amigo de Luke. Nem precisei pedir
a ele para fazer isso. Aparentemente, James acha que Luke precisa de alguma
distração depois do sequestro.
— Estranho. — Sam murmurou. — Concordar com um encontro
apenas um mês depois de uma experiência tão traumática.
Dominic assentiu.
— Parece um pouco estranho.
— Poderia ser uma armadilha?
— Improvável. James é um cara legal, um dos meus melhores
parentes, na verdade. Ele parece genuinamente preocupado com o amigo.
Estou começando a pensar que ele está esperando que vou tirar a mente de
Luke de algo, ou alguém.
Sam olhou para ele com curiosidade.
— O que você quer dizer?
Dominic encolheu os ombros.
— É só um palpite. Eu poderia estar errado.
— Vamos lá, diga-me de qualquer maneira! — Sam disse, dando a
Dominic seus melhores olhos de cachorrinho. Ficou um pouco surpreso com o
quão fácil era agir normalmente, provocar Dominic e ser um pirralho. Ele não
se sentia diferente com Dominic, agora que eles transavam - talvez um pouco
mais consciente dele fisicamente, mas desde que sempre esteve
extremamente consciente do corpo de Dominic, não era nada incomum. Sam
tinha certeza de que era um bom sinal de que nada havia mudado para ele.
Você não pode cair mais fundo se você já está no fundo, uma voz
disse hesitante no fundo de sua mente.
Sam ignorou isso.
Dominic suspirou, parecendo muito sofrido, mas apaixonado.
— Luke Whitford tem um tipo. Ele parece ter um fraquinho pelos
idiotas, especialmente quando eles são altos, sombrios e mais velhos que ele.
Se realmente foi sequestrado por Roman Demidov, não é impossível que tenha
desenvolvido algo para Demidov. O russo se encaixa perfeitamente no tipo de
Luke.
Você também, pensou Sam, infeliz. Em voz alta ele disse:
— Pensei que Luke estava procurando por um relacionamento sério e
comprometido?
Dominic olhou para ele por cima da borda da caneca.
— Não é exatamente raro pensar com seu pênis no calor do momento
e fazer coisas que não deveria.
Seus olhos se encontraram e seguraram, o olhar de Dominic firme e
sério.
O estômago de Sam despencou.
— Sim. — Ele disse baixinho. — Acho que você está certo.
Aparentemente inconsciente de seu desconforto, Dominic continuou:
— Eu realmente considerei ir para o tipo imbecil, mas Luke parece ser
racional o suficiente para entender que ele não pode confiar em homens assim,
não importa o quão atraído por eles possa ser. Em última análise, preciso da
confiança dele, então o papel de um homem com quem ele gostaria de se
casar é mais útil a longo prazo do que o papel de um homem que ele gostaria
de foder.
Sam zombou. Se Dominic pensava que Luke não iria querer dormir
com ele, teria uma surpresa.
Dominic olhou para o relógio e baixou a caneca.
— Merda, estou atrasado. — Ele se levantou, pegando o paletó na
parte de trás da cadeira e deslizando pelos braços e ombros.
— Boa sorte com Luke. — Sam forçou.
Dominic fez uma pausa e olhou para ele.
— Obrigado, Sammy. — Disse Dominic, sua voz profunda, quente e
crua. Sua mão roçou o ombro de Sam quando passou por ele a caminho da
porta.
Quando a porta se fechou atrás dele, Sam afundou em seu assento,
lambendo os lábios. Ele nunca quis tanto um beijo de adeus antes. Talvez
alguma coisa tenha mudado, afinal.
*****
Sam olhou em volta nervosamente, meio que esperando ser expulso
do centro de comando a qualquer momento. Mas ninguém olhava para ele,
todos os manipuladores ocupados cuidando de seus respectivos agentes e
ocasionalmente latindo ordens para eles. Nunca esteve no centro de comando
antes e, estritamente falando, ele provavelmente não deveria estar lá, mas
sua autorização não ainda foi revogada depois da missão Brylsko, então
aproveitou a chance para assistir a missão de Dominic.
Enquanto observava Dominic sorrir e flertar com Luke Whitford, Sam
estava começando a se arrepender. Ele tentou se lembrar que Dominic era
hétero e não estava interessado em Luke, mas era inútil. A admiração, a
atração nos olhos escuros de Dominic quando ele olhou para Luke pareciam
absolutamente genuínos. Virou o estômago de Sam por vários motivos
diferentes. Luke era tão lindo. Sam podia ver até mesmo homens
heterossexuais o achando atraente. Mas se Dominic fingia estar atraído por
ele... Se era tão bom em fingir, como poderia ter certeza de que Dominic não
mentia para Sam sobre não ter pena dele?
Quanto mais tempo assistia o encontro de Dominic e Luke, pior Sam
se sentia. Luke parecia um cara legal. O que Dominic estava fazendo era tão
frio e manipulador. Dominic havia pesquisado os relacionamentos passados de
Luke e sabia por que todos eles fracassaram. Ele sabia o que Luke estava
procurando num relacionamento e cuidadosamente elaborou sua imagem na
do homem dos sonhos de Luke. Era engenhoso e repugnante.
— Veja, vou ser direto com você. — Dominic disse a Luke, sua
expressão séria. — Eu não quero qualquer mal-entendido aqui. Quero me
certificar de que estamos na mesma página. — Ele olhou Luke nos olhos, seu
olhar franco e calmo. — Estou cansado da cena de clube e relacionamentos
casuais. Neste momento, gostaria de um marido e dois filhos para mimar. —
Dominic encolheu os ombros. — Eu realmente gosto de você, mas se um
relacionamento sério não é no que está interessado, é melhor me dizer agora.
— Você está correndo um grande risco, A11. — Disse o manipulador
de Dominic, parecendo agitado. — O que você vai fazer se ele disser não?
Dominic, é claro, ignorou seu manipulador, perfeitamente calmo e
confiante de que funcionaria.
Isso aconteceu.
Luke levou o copo aos lábios e deu um gole na bebida. Claramente
surpreso e inseguro de como responder.
Dominic sorriu, parecendo divertido.
— Eu não estou propondo nem nada. — Ele disse, erguendo a mão
sobre a mesa e pegando a livre de Luke. Sam olhou para ele, odiando o quão
bem a pequena mão de Luke parecia na de Dominic. Enquanto isso, Dominic
continuou: — Não quero que você surte. Só estou dizendo que gosto do que
vejo. Um sorriso como o seu não mente, e gostaria muito de conhecê-lo
melhor. Você gostaria de me conhecer?
Luke sorriu para Dominic e assentiu, claramente encantado com a
franqueza, a confiança e a honestidade de Dominic.
Sam sentiu-se mal do estômago.
O resto do encontro correu bem. Sam podia ver a tensão nos ombros
de Luke se esvaindo, a ligeira cautela em seus olhos desaparecendo,
substituída por sorrisos genuínos. Ele estava se segurando um pouco, e
enquanto claramente não estava se apaixonando por Dominic, os seus olhos
continuavam apreciando o rosto, as mãos e os ombros largos de Dominic sob o
terno.
Sam não podia nem culpar o cara: Luke teria que estar morto ou ser
hétero para não apreciar o físico e carisma de Dominic.
Depois do jantar, a dupla deu uma curta caminhada e Dominic
realmente comprou flores para Luke. Sam zombou - quão interessante era
isso? - mas Luke claramente não compartilhava sua opinião, olhando para
Dominic e parecendo totalmente encantado. Certo. Luke era um romântico
sem esperança.
Foi um alívio quando Dominic finalmente deixou Luke em casa.
Mas o alívio de Sam não durou muito tempo.
O manipulador de Dominic invadiu as câmeras de segurança do
prédio de Luke; portanto, Sam teve uma visão na primeira fila dos olhos de
Dominic quando ele beijou Luke em despedida. Eles estavam em branco e
indiferentes. Quando Dominic terminou o breve beijo, ele sorriu para Luke,
seus olhos cheios de afeição e desejo.
Sam cambaleou até o banheiro mais próximo e lavou o rosto com
água fria, tentando reprimir a vontade violenta de vomitar. Ele estava
tremendo, seu estômago revirando de desconforto e desgosto.
Naquele momento, olhando para seu próprio rosto pálido no espelho,
entendeu o que Dominic quis dizer quando falou que o trabalho de um agente
do MI6 não era para todos. Dominic o havia avisado, mas Sam ignorou.
Olhando para trás, se sentiu muito jovem e muito tolo. Ele não era
como Dominic. Não tinha estômago para mentir e enganar pessoas inocentes,
mesmo pela Rainha e o País. Ele não conseguia se imaginar usando outras
pessoas em nome de uma missão. Não podia se imaginar no lugar de Dominic,
forçado a tocar, beijar e dormir com alguém por quem não estava atraído. Ele
não sabia como Dominic fazia isso. Deve exigir uma força mental incrível –
uma que Sam claramente não tinha, se apenas observar a missão de Dominic
o fez se sentir mal.
Bem, supunha que era melhor que descobrisse agora e não depois.
Sam se endireitou, respirou fundo e saiu do banheiro, tentando
ignorar a sensação de perda enquanto se dirigia ao departamento de RH.
Capítulo 21
Dominic voltou para casa algumas horas depois que deixou Luke em
casa. Enquanto a noite foi bem-sucedida no que diz respeito à missão, ele teve
que fazer um desvio para o seu pub favorito na tentativa de se livrar do gosto
ruim em sua boca.
Gostava de Luke Whitford. Ele parecia um cara legal com problemas
com o pai, que queria muito um relacionamento comprometido e uma
família. Usar isso contra Luke fez Dominic se sentir como a pior escória na
Terra.
Beber não apagou o sentimento - nunca apagava - mas diminuiu um
pouco. Ele não estava bêbado - sabia quando parar antes que suas faculdades
fossem comprometidas - então não estava mais que levemente embriagado
quando chegou em casa.
Havia luz na sala de estar.
Isso o fez franzir a testa. Não esperava que Sammy esperasse por
ele. Já era bem depois da meia-noite. Talvez Sam tivesse adormecido
assistindo televisão. Esperava que Sammy estivesse dormindo. Ele não queria
vê-lo, não esta noite. Ou melhor, queria vê-lo um pouco demais para o próprio
conforto, absorver seu afeto caloroso como o bastardo ganancioso e egoísta
que era e fingir por um tempo que ele era a pessoa decente que Sammy
acreditava que fosse.
E era precisamente por isso que não deveria ver Sam agora.
Tendo em mente que o garoto poderia estar dormindo, Dominic
destrancou a porta e entrou na casa tão silenciosamente quanto pôde.
Sammy não estava dormindo.
Estava sentado no sofá, claramente vestido para sair. A bolsa com as
coisas dele estava a seus pés.
Dominic de repente ficou desperto, sentindo-se completamente
sóbrio.
— Pensei que você estaria dormindo. — Se ouviu dizer, seu peito
apertado. Maldição, ele sabia que não deveria ter fodido Sam - sabia que isso
tornaria as coisas estranhas - mas não pensou que Sammy realmente fosse
embora por causa disso. Talvez o fato de agir como se a noite passada nunca
tivesse acontecido foi um erro. Talvez deveriam ter falado e ter certeza de que
estavam na mesma página.
— Eu estava na sede. — Disse Sam, com os olhos verdes em
branco. — Assisti a sua missão.
Dominic abriu a boca e fechou sem dizer nada. Seus ombros ficaram
tensos quando percebeu o que isso significava.
— E o que você achou? — Ele finalmente disse, sua voz calma, como
se seu coração não batesse com força no peito... Com algo que parecia muito
como medo. Provavelmente estava confuso, mas ele era praticamente viciado
na forma como Sammy o olhava - como se ele fosse o mundo de Sammy - e
não sabia o que faria se mudasse para desgosto e desapontamento.
— Acho que você estava certo e eu estava errado.
— O quê?
Sammy sorriu tristemente.
— Eu sai, Nick.
Dominic olhou para ele. Talvez estivesse mais bêbado do que
pensava, porque seu cérebro não conseguia entender as palavras de Sammy.
— Saiu?
Sammy assentiu.
— Preenchi todos os formulários apropriados. Sou apenas um
estagiário, então não havia tantos, na verdade. Obviamente, assinei um NDA4
e devolvi o equipamento do MI6... — Sammy mastigou o lábio e estendeu o
telefone que Dominic lhe deu. — Acho que devo devolvê-lo também.
Dominic olhou do telefone para o rosto de Sammy. Ele não precisava
perguntar o que tinha causado isso. Poderia adivinhar. Sempre pensou que
Sam não era adequado para o MI6 - ele não era endurecido o suficiente para
as coisas que o MI6 queria que fizesse. Enquanto sua conduta durante a
missão de Brylsko foi exemplar, Sammy não foi forçado a fazer nada que
achasse particularmente desagradável e imoral. A missão de Whitford era
diferente. Provavelmente foi a primeira vez que Sam se deparou com a
4
Acordo de confidencialidade.
realidade do trabalho de Dominic.
— Você não vai dizer que preciso pensar nisso? — Sammy disse com
um sorriso torto.
— Não. — Disse Dominic. — Tenho certeza que você já pensou.
Sammy assentiu.
— Eu acho... Vou embora, então. — Disse ele, pegando a mochila e
levantando-se. — Te esperei apenas para dizer adeus.
O interior de Dominic apertou.
— Você tem um lugar para ir?
Sammy colocou a mochila sobre o ombro.
— Eu vou ficar bem. Talvez não tenha uma casa, mas nunca dormi
sem um teto sobre minha cabeça. Tenho amigos. Mais ou menos.
— Mais ou menos? — Dominic disse, em grande parte não
convencido.
Sam encolheu os ombros.
— Pessoas que me devem favores. — Seus lábios se curvaram em
um sorriso triste que tinha uma ponta de amargura. — E não é como se não
pudesse roubar se tiver que fazer.
— Você odeia roubar.
Sammy encolheu os ombros novamente, evitando os olhos dele.
— Vou fazer o que tiver que fazer. Não é como se eu fosse bom em
qualquer outra coisa. — Ele se moveu em direção à porta.
— Sammy.
O garoto parou, olhando para baixo.
— Olhe para mim.
Quando Sam finalmente olhou com uma expressão incerta, Dominic
disse:
— Você quer ir embora?
Sam piscou.
— Eu já lhe disse que sai.
— Não. — Dominic disse, aproximando-se. Ele roçou os nódulos
contra a bochecha de Sammy e viu-o se mover instintivamente para o toque.
Algo nele relaxou. Tinha medo de que Sammy se afastasse de seu toque
depois de vê-lo mentir e manipular Luke. — Você quer sair da minha casa?
Se afastar de mim.
Era o que ele queria dizer e ambos sabiam disso.
Sammy molhou os lábios, uma ruga apareceu entre suas
sobrancelhas.
— Esta é uma pergunta séria? Já não sou um estagiário do MI6,
Nick. Eu não deveria estar aqui.
— Você pode ficar se quiser.
Sammy o olhou fixamente. Por um longo momento, ele não disse
nada.
— Por quê? — Ele finalmente disse, sua voz calma. — Para que você
precisa de um garoto sem-teto?
— Você pode não ser mais do MI6, mas eu ainda deveria ter um bebê
de açúcar. — Disse Dominic, esperando aparentar casualidade e não como se
quisesse fazer Sammy ficar. Que não era realmente isso.
Mentiroso.
Nunca foi bom em mentir para si mesmo. Havia uma parte dele que
queria forçar Sammy a ficar. Aquela parte queria agarrar o garoto e beijá-lo
até ele esquecer seu próprio nome e lembrar-se apenas de Dominic. E ficou
enojado que queria manipular Sam para ficar. Ele deveria deixá-lo ir. Estava se
tornando cada vez mais óbvio que não podia confiar em si mesmo com Sam. O
garoto estaria mais seguro nas ruas do que debaixo do seu teto.
Como se estivesse ouvindo seus pensamentos, Sammy sacudiu a
cabeça.
— Se Luke descobrir, tenho certeza de que você pode facilmente
encontrar uma mentira convincente para explicar onde está o seu bebê de
açúcar. — Ele sorriu com tristeza. — Não vamos fingir que sou necessário para
o sucesso da sua missão. Vi o quão bem o agente 11 pode mentir. Ele não
precisa de mim aqui.
Dominic aproximou-se e colocou as mãos nos ombros de Sammy,
resistindo ao impulso de envolver o seu rosto em forma de coração.
— E se eu disser que quero você aqui? Não o agente 11. Eu.
Sammy engoliu em seco, seus olhos examinando o rosto de
Dominic.
— Por quê? — Ele disse, sua voz vacilante. — O que você quer
comigo? Sou um garoto gay ignorante e estúpido com uma paixão
inconveniente por você.
— Você não é estúpido.
Sammy fez uma careta.
— Eu nem obtive meu GCSE5. Sou tão ignorante quanto é
possível. Roubar é a única coisa em que sou bom. — Ele riu. — Tive que roubar
livros infantis para aprender sozinho como ler e escrever. Não tenho um
vocabulário horrível graças ao fato de amar a leitura.
— Você ainda é muito jovem. Pode estudar e conseguir seu
certificado. — Quando Sammy o olhou cético, Dominic apertou os ombros dele
e disse: — Você irá. Na verdade, não é raro que os recrutas do MI6 tenham
educação irregular. Temos acordos com o governo para os casos que o
fazem. Você pode ser educado em casa até que possa fazer os exames para
então se inscrever em uma faculdade de sua escolha.
— Mas não estou mais com o MI6. — Disse Sam. — Nunca poderei
pagar lições particulares ou universidade sem roubar, muito...
— Eu pagarei. — Disse Dominic.
Quando Sam franziu a testa e abriu a boca, Dominic o cortou.
— Não é nada para mim. Eu não sou exatamente pobre.
As sobrancelhas de Sammy franziram.
— Eu sei que seu disfarce Dominic Bommer é supostamente muito
rico, mas...
— Sam... — Dominic disse com um sorriso irônico. — Dominic
5
Certificado geral de educação secundária.
Bommer sou eu. Minhas preferências e vida pessoal podem ser falsas, mas
minha situação financeira não é. Eu realmente sou um chefe de departamento
em uma das maiores empresas financeiras do país. Sem mencionar que ser um
agente sênior de campo paga muito bem, considerando os perigos do
trabalho. Não sou bilionário, mas estou bem.
Sammy balançou a cabeça, piscando.
— Ainda assim... Eu não... — Ele deu uma olhada em Dominic. —
Você ainda não respondeu por que me quer aqui, porque quer pagar por minha
educação e... — Sammy parecia perdido, seus olhos verdes ficando confusos.
— Eu não entendo.
Cristo, Dominic queria abraçá-lo.
Então o fez.
Sammy ficou rígido em seus braços por exatamente um segundo
antes de o abraçar. Foda, ele se encaixava perfeitamente nos braços de
Dominic, tão perfeitamente que era difícil soltá-lo.
— Quero que fique porque me importo com você. — Disse Dominic
contra a testa de Sammy. — Quero você na minha casa, seguro, quente e
confortável. Porque você merece isso. E se você se chamar de estúpido
novamente, eu... — Ele lutou para criar uma ameaça adequada. Para alguém
que conhecia dúzias de diferentes técnicas de tortura, era surpreendentemente
difícil ameaçar Sammy com qualquer coisa. — Vou mudar a senha do Wi-Fi e
não lhe direi qual é.
Sam começou a rir contra seu ombro.
— Ok, isso é realmente muito assustador. Obrigado, Nick. Eu também
me importo com você.
Dominic se pegou sorrindo - um sorriso quente e suave que mostrava
muito mais sobre como se sentia do que estava com vontade de mostrar. O
sorriso parecia estranho em seus lábios e ele estava contente de que Sammy
não pudesse vê-lo.
Dominic limpou a garganta.
— Então, você vai ficar. — Perguntou, se afastando e estudando o
garoto. Embora tenha formulado isso como uma declaração, era sem dúvida
uma pergunta.
Sammy assentiu.
— Se você quer que eu fique, vou ficar. — Ele sorriu um pouco,
diversão aparecendo em seus olhos. — O que posso dizer? Eu me acostumei
com a vida mimada de ser seu bebê de açúcar.
Dominic resmungou.
— Boa noite. — Ele caminhou para o seu quarto, tentando não pensar
sobre a satisfação que sentiu quando Sammy se chamou de seu bebê de
açúcar.
Jesus. Ele tinha um problema.
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Jess Sanders amava seu trabalho. A loja era sofisticada, por isso
raramente ficava lotada ou barulhenta. Na maioria das vezes, se sentava atrás
do balcão, lendo revistas de moda ou assistindo TV, o que ela mais gostava.
Pegue aquele casal gay, por exemplo.
Bem, Jess assumiu que fossem um casal. Se eles eram amigos, era
muito estranho com certeza.
O homem de cabelos escuros claramente pertencia à clientela rica
que vinha à loja. Era óbvio, não só pelo Rolex no pulso e seu impecável terno
escuro, mas também pela maneira segura que se portava. E ele cheirava a
dinheiro e poder, que não era tão incomum ou notável; Jess via dezenas de
homens como ele todos os dias.
Era seu companheiro que parecia interessante.
Jess não podia pensar numa razão para um homem como este ser
amigo do ruivo naquelas roupas baratas, mal ajustadas e tênis desgastado.
Verdade seja dita, o dono da loja dissera a Jess para certificar-se de que
pessoas pobres não estragassem o visual da loja. Jess não sabia como ia
conseguir, mesmo que tivesse inclinada a ouvir seu empregador. Além disso,
tinha o pressentimento de que se tentasse ser fria e condescendente com o
ruivo, não iria gostar de reação do outro homem.
Ela não pensou que eram amigos. Eles eram mais do que bonitos, e
Jess não quis dizer sua aparência, embora também fossem. Na sua opinião,
eles eram absolutamente adoráveis juntos. O homem de cabelos escuros
parecia muito insistente sobre comprar tudo que o ruivo até mesmo dirigisse
um pequeno olhar, sem sequer verificar a etiqueta de preço, então eles
acabaram com uma considerável pilha de casacos, jeans, camisas e camisetas.
O rapaz ruivo, realmente estava parecendo um pouco sobrecarregado quando
se aproximaram do balcão.
Jess fechou sua revista, moveu-se para o registo e somou as pilhas
de roupas.
— Isso deu um total de 1.942 Libras.
O ruivo arregalou seus olhos verdes comicamente.
Jess sentiu uma pontada de desconforto. Talvez ela devesse ter se
certificado de que o garoto soubesse que as roupas não eram baratas. Ia ser
estranho pra caramba.
Felizmente, o outro homem nem sequer piscou. Ele puxou a carteira
e entregou a Jess seu cartão de crédito.
— Nick, isso é demais. — O garoto protestou enquanto Jess
educadamente colocava suas compras nas embalagens. — Sério, eu não...
— Tudo bem. — O chamado Nick disse, seu tom conclusivo. — Não se
preocupe.
— Mas...
— Sammy, não se preocupe. — Disse Nick, suavizando a voz quando
percebeu o desconforto do ruivo. — Sei que o deixa desconfortável, mas me
deixa desconfortável demais vê-lo em trapos, enquanto estou usando roupa de
grife. — Faz-me parecer um cretino. — As pessoas pensarão que não estou
cuidando bem de você.
Sammy bufou.
— Acha que não sei o que está tentando fazer? — Ele disse, rolando
os olhos. — E não é seu trabalho cuidar de mim.
— Não é meu trabalho... — Nick concedeu, olhando-o fixamente. —
Eu quero fazê-lo. Por favor, me permita?
Jess controlou a vontade de sorrir quando o ruivo corou e deixou cair
seu olhar, seus cílios longos tremulando contra o seu rosto pálido.
Sério, eles eram muito bonitos!
— Jessica? — Nick disse, olhando em seu crachá.
Percebendo que ainda não tinha devolvido seu cartão, Jess corou e
fez exatamente isso.
— Obrigada por comprar aqui! Por favor, volte sempre.
Acenando educadamente, Nick pegou as sacolas e conduziu Sammy
para fora da loja, com uma mão na parte inferior das costas do rapaz.
Jess sorriu para si mesma quando a porta fechou atrás deles.
Em momentos como este, ela quase desejava que gostasse de
homens. Seria muito bom ter um homem mais velho que a enchesse de
presentes caros e a tratasse como uma princesa.
Jess riu. Nenhuma quantidade de roupas caras a faria gostar de pau.
Era uma coisa boa que sempre poderia encontrar uma bela mulher
mais velha.
*****
Às vezes, ser chefe do RH do MI6 podia ser tedioso, Rachel Longwood
meditou quando bateu na porta. Ela desejava poder delegar esta visita a um
dos seus assistentes, mas nenhum deles estava equipado para lidar com o
agente 11.
A doce Débora sem dúvida o deixaria convencê-la a concordar com o
que quisesse enquanto Alan... Ele era uma pessoa doce e um competente
assistente, mas Rachel tinha de admitir que lhe faltasse astúcia para enfrentar
o agente 11.
A porta se abriu, revelando um ruivo que lhe parecia vagamente
familiar. Rachel o vira apenas de passagem, desde que era Deborah quem
cuidava dos novatos.
Não ficou surpresa quando o garoto apresentou sua demissão
semanas atrás, como fizeram alguns dos estagiários, infelizmente, incapaz de
lidar com a pressão ou o treinamento físico. Mas ela ficou muito surpresa nesta
manhã quando o Manipulador do agente 11 informou que o rapaz
aparentemente ainda vivia com o agente.
— Senhora? — Sam disse.
— Olá. — Rachel sorriu. — Ele está em casa?
— Você sabe que estou. — Disse o agente 11, aparecendo por cima
do ombro de Sam. Seus olhos inescrutáveis a estudaram por um momento. —
Que surpresa, Rachel. Mas pode entrar. — Ele tocou no ombro do garoto
suavemente e Sam se afastou. Ele esparramou-se no sofá marrom enorme, e
pegou um iPad. O rapaz não parecia que ia deixá-los a sós quando o agente 11
acenou para Rachel sentar no sofá do outro lado da sala e caiu na poltrona em
frente a ela.
— Bem? — Agente 11 disse, olhando para ela com expectativa. — A
que devo o prazer?
Como chefe do RH, Rachel sabia que seu verdadeiro nome era
Dominic, mas ele nunca a convidara para chamá-lo pelo seu primeiro nome e,
verdade seja dita, ela não podia pensar nele como Dominic.
Embora fosse mais novo do que ela, o agente 11 estava no MI6 há
mais tempo. Ele sempre seria o agente 11 para ela, um homem bonito, mas
distante, e ela sempre teve problemas para lê-lo.
Ele poderia ser como um camaleão se a missão exigisse: confiante,
tímido, arrogante, humilde, paquerador, sério; o que deixava muito difícil dizer
sua personalidade real.
Rachel levantou suas sobrancelhas, olhando para o garoto
descansando sobre o outro sofá.
— Você provavelmente pode adivinhar por que estou aqui.
A expressão do agente 11 não mudou.
— Não vejo como meus hóspedes são uma preocupação para o MI6.
Às vezes Rachel esquecia que o agente 11 veio de uma família
aristocrática, tão antiga quanto a Rainha e sua linhagem. Olhando sua
expressão arrogante, ela facilmente podia acreditar, mas, novamente, talvez
essa arrogância casual resultasse da confiança do agente em suas habilidades.
Talvez fosse um pouco dos dois.
Em qualquer caso, ela absolutamente recusava-se a ser intimidada
por seu olhar frio, odiando o fato de que já não se sentia tão confiante quanto
antes. Mas não mostraria.
— A cláusula de não divulgação, A11, está em seu contrato por um
motivo... — Ela disse. — Seu hóspede não está autorizado a saber nada sobre
o seu trabalho, e ainda assim ele está vivendo com você enquanto está
conduzindo uma missão. Ele não pode viver com você agora que não está
conosco. Não pode estar familiarizado com informações confidenciais.
O rapaz bufou de seu sofá, confirmando a suspeita de que ele não
estava absorto em seu iPad como fingia estar.
Dirigindo a Sam um olhar que ela não pôde mais uma vez ler, agente
11 se recostou na poltrona.
— Sammy, por que não vem aqui e diz a senhora simpática, o que
você pensa?
O ruivo estava ao seu lado em questão de segundos. Cruzando seus
braços sobre o peito, o jovem empoleirou-se no braço da poltrona do agente
11. Quase perdendo o equilíbrio, Sam agarrou o ombro do agente, e
perscrutou Rachel com olhos verdes brilhantes.
— Olhe, a menos que você possa magicamente me fazer desaprender
as informações confidenciais que já aprendi antes de me demitir do MI6, qual é
o ponto? Não é mais inteligente manter-me onde possa ter um olho em mim,
em vez de me deixar ir e vender a sua preciosa informação para outra pessoa?
Rachel franziu os lábios e olhou para o agente 11, mas ele não
parecia incomodado pela insolência do rapaz. Na verdade, também não parecia
incomodado que o rapaz ainda não tivesse retirado a mão do seu ombro.
Rachel olhou de um para o outro, curiosamente, tentando adivinhar
que tipo de relação eles tinham. Ela sempre se orgulhou de ler bem as
pessoas, mas agora estava confusa. Que o agente 11 e Sam Landon não
tinham linguagem corporal de amigos; isso ela tinha certeza.
Além disso, não tinha de mais nada. Enquanto ela não pensou que
eles fossem amantes, - a relutância do agente 11, quando se tratava de
seduzir homens era bem conhecida - havia algo ali, algo que ela não podia
colocar o dedo.
Por um lado, o agente 11 não parecia tão à vontade com alguém
invadindo seu espaço pessoal. Rachel admirava a habilidade de Dominic
Bommer de não mostrar emoções, mas mesmo ele não conseguia apagar
completamente a tensão, pouco perceptível em seus músculos, sempre que
alguém chegava perto dele - tensão que não estava lá agora.
Que estranho.
Era interessante que a guarda do agente estivesse baixa. Ele parecia
considerar o ruivo como... Algo seguro? Talvez algo incluído na sua bolha
pessoal? Como uma extensão dele.
Mais e mais curioso.
— Talvez. — Rachel concedeu. — Mas as regras existem por um
motivo. — Ela olhou para o agente 11 firmemente. — Está explicitamente
indicado em seu contrato que só pode falar sobre seu trabalho com seu
cônjuge, ou seus parentes designados, se você não tem um. Então é isso.
Receio que Sam não possa viver com você. Isso criaria um precedente ruim
para outros agentes. — Só pensar nisso lhe dava dor de cabeça. Ela estaria
lidando com todas as queixas e demandas de outros agentes, se deixasse o
agente 11 se safar desta.
Rachel fingiu não ver a expressão de Sam cair quando percebeu que
ela não estava cedendo. No interior, estremeceu. Ela não era cruel. Sabia que
o garoto nunca teve uma casa, e agora estava tirando sua casa novamente.
Sentiu pena dele. Mas regras são regras, e ela não se tornara chefe do RH do
MI6 por ser mole.
— Tudo bem. — Disse o agente 11. — Vou preencher a papelada
necessária amanhã.
Ela piscou.
— Perdão?
Agente 11 levantou-se.
— Vou colocar Sam como meu parente designado.
Levou todo o seu considerável autocontrole para se impedir de ficar
de boca aberta.
Rachel disse lentamente:
— Quer que este garoto seja a pessoa tomando decisões relativas à
sua saúde, se você estiver incapacitado? — Para um agente ativo, essa era
uma preocupação legítima, então esse era um incrível show de confiança.
Agente 11 deu-lhe um olhar sereno.
— Sim, estou ciente do que parentes designados são.
— Bem. — Ela disse, ficando de pé e olhando para o rapaz, que tinha
uma expressão estranha no rosto. — Suponho que é seu direito escolher quem
quiser. Vou embora. — Ela caminhou em direção à porta, seus passos
ressoando no meio do silêncio que caiu sobre a sala. — A propósito. — Ela
disse, parando com a mão na maçaneta da porta. — Amanda quer um relatório
sobre a missão Whitford.
O agente 11 deu um aceno decidido de cabeça, enquanto Sam olhou
para baixo.
Rachel saiu, se sentindo mais confusa do que em anos.
O que estava acontecendo entre esses dois?
*****
Quando a porta fechou atrás de Rachel, Sammy disse em voz baixa,
sem olhar para Dominic:
— Não precisa fazer isso, sabe. Eu posso morar em outro lugar. Não
quero que sinta que tem de...
— Eu não diria isso a ela se não quisesse. — Disse Dominic,
encolhendo os ombros. — Não há ninguém que eu confie mais do que você, de
qualquer forma.
Com os olhos brilhantes, Sammy sorriu, atirou-se para frente e o
abraçou com força, enterrando seu rosto contra a garganta de Dominic.
Dominic o abraçou de volta.
Ficaram assim por um tempo, no silêncio, enquanto Sammy agarrou-
se a ele como uma criança pequena, sua respiração instável e irregular,
enquanto Dominic fingia não notar a umidade em seu pescoço.
Quando Sammy levantou a cabeça, poucos minutos depois, parecia
mais composto.
— Obrigado, Nick. — Ele disse com voz rouca. — Estou... Estou
honrado que você confie em mim tanto assim. Eu... — Ele engoliu e sorriu. —
Confio em você mais que ninguém, também.
Dominic retornou o sorriso.
— Bom saber. — Ele disse secamente. — Agora que estabelecemos a
confiança mútua, acho que posso parar de esconder as joias de família debaixo
da minha cama.
Sammy riu, seus olhos verdes brilhando com alegria.
— Joias de família, hein? — Ele disse, seus braços ainda em torno de
Dominic. — Elas são valiosas?
Dominic fez um som afirmativo, o peito apertado com carinho quando
olhou para o rosto sorridente de Sammy. Foda-se, ele estava tão... Inclinando-
se, beijou Sammy no nariz. Não foi o suficiente. Seu olhar caiu para os lábios
carnudos, e a vontade de esmagá-los com os seus era quase irresistível.
Maldito inferno sangrento.
Dominic recuou às pressas, ruborizado. Jesus, ele não sabia mais o
que se passava com ele quando estava perto de Sammy.
Sabia que gostava de vir para casa para um Sammy com olhos
sonolentos esperando por ele, não importa o quanto era tarde. Sabia que
gostava de cozinhar para os dois, que gostava de ensinar Sammy a cozinhar
sem queimar a casa. Gostava de comprar coisas para Sammy e ver seus lindos
olhos se iluminarem. Gostava de vê-lo nas roupas que tinha comprado para
ele. Gostava de ver Sammy feliz e ser a causa de sua felicidade.
Separadamente, nenhuma dessas coisas era particularmente
estranha. Mas juntas, tinha que admitir que fossem um pouco.
Sem mencionar que, querer beijar Sammy sem ser pedido para era
mais do que apenas um pouco estranho, considerando o fato de que era
hétero, e Sammy parecia genuinamente querer que fossem só amigos.
Nas últimas semanas, desde que tiveram sexo, Sammy foi
perfeitamente afetuoso e amigável, mas havia uma distância quase
imperceptível entre eles que não estava lá antes - distância que incomodava
Dominic mais do que devia.
— Algo errado? — Sammy disse, inclinando sua cabeça.
— Não. — Disse Dominic, virando o rosto e olhando o relógio. —
Acabei de me lembrar que preciso buscar Luke.
Sammy assentiu com a cabeça, sua expressão neutra.
— Como vão as coisas? Vocês ainda não são oficiais?
Dominic o olhou cuidadosamente, mas por mais que tentasse, não viu
sequer um traço de ciúme. Parecia que Sammy estava bem com sua pequena
paixão, que era... Bom. Realmente era.
— Não, estamos apenas namorando casualmente. Ele tem estado
muito ocupado lidando com as consequências da morte do seu pai. Prometi
ajudá-lo a resolver algumas questões, na verdade.
— Que é promissor, não é? — Sammy disse. — E Roman Demidov?
Dominic franziu a testa para o lembrete.
— Está na Suíça. Ainda não fez contato com Luke. Talvez Luke não
tenha nada a ver com a morte do pai, afinal de contas.
Sammy franziu os lábios.
— Ou talvez eles saibam que o MI6 está observando-os.
Dominic encolheu os ombros, pegando as chaves do balcão.
— Não se esqueça de que você tem suas aulas em duas horas.
Sorrindo, Sammy revirou os olhos.
— Sim, pai.
— Eu não sou seu pai. — Dominic disse e quase fez uma careta. A
voz dele tinha saído muito mais dura do que pretendia.
Sammy levantou as sobrancelhas, olhando curiosamente para ele.
— Você está estranho hoje. Apague isso, você tem estado um pouco
estranho há semanas. Tenso.
— Eu tenho um trabalho estressante, Sam. — Dominic disse,
encolhendo os ombros em seu casaco.
Sammy riu.
— Alguém lhe disse o quanto é engenhoso seu jeito de mentir sem
mentir? Sei que você tem um trabalho estressante. Não é a razão pela qual
está estranho. E você nunca me chama de Sam a menos que haja algo.
Dominic ficou dividido entre sentir-se ridiculamente orgulhoso e
consternado que aparentemente era tão fácil de ler, então lhe deu um sorriso
torto.
— Sinto muito. Acho que só preciso transar. Fico muito irritável se
não o fizer. — Era verdade o suficiente, embora ele não soubesse por que
estava dizendo isso a Sammy.
Sabe por que, seu bastardo viscoso.
Dominic ignorou a voz em sua mente, observando a reação de
Sammy.
Os olhos de Sammy se arregalaram, suas narinas dilataram.
— Então ainda não transou com ninguém desde que nós... — Ele
parou, ruborizou e então deu de ombros. — Faz semanas. Você deve procurar
alguém.
Quando Sammy não se ofereceu para chupar seu pau, como estava
esperando, Dominic balançou a cabeça.
— Talvez eu devesse. Não espere por mim.
Sammy já estava olhando seu iPad.
— Ok. — Ele murmurou distraidamente, sem prestar atenção.
Dominic olhou-o por uns momentos e depois saiu.
Ele não bateu a porta, mas chegou perto.
Capítulo 25
Capítulo 26
*****
Na noite seguinte, Sam voltou de suas aulas mais cedo que o
habitual. Embora já fossem nove horas, Dominic não estava em casa ainda.
Normalmente ficava preocupado quando Dominic trabalhava até mais tarde -
mas naquele dia isso lhe convinha muito bem.
Sam pediu pizza, tomou um banho e depois foi para o quarto de
Dominic. Abrindo o guarda-roupa, examinou seu conteúdo. Balançando a
cabeça com carinho com a quantidade de ternos caros - quase todos iguais -
Sam encontrou uma camisa verde que esperava não custasse centenas de
libras e a colocou. Era muito macia e cheirava fracamente a Dominic.
Sam sorriu para seu reflexo. A cor realçou seus olhos. Embora não
fosse muito mais baixo do que Dominic, não tinha seus ombros e peitorais,
assim a camiseta parecia bem grande nele, caindo logo abaixo de suas coxas.
Era o comprimento perfeito, não muito curto para parecer indecente, mas
curta o suficiente para acentuar suas pernas. Suas pernas eram sua melhor
característica na opinião de Sam, e ele não era tímido em explorá-las. Nem
para explorar o fato de que Dominic gostava de vê-lo em suas roupas. Dominic
não era óbvio a respeito disso, mas sempre o tocava mais quando Sam usava
suas roupas. Isso tinha que significar alguma coisa, certo?
Mordendo os lábios algumas vezes para torná-los mais vermelhos, e
correndo a mão pelo cabelo, Sam acenou para seu reflexo, satisfeito com a
aparência. Com certeza transaria com ele mesmo. Se Dominic não o
quisesse... Bem, pelo menos assim saberia com certeza que não tinha chance
com Dominic e pararia de esperar o impossível, desta vez para sempre.
Sam foi para a sala de estar na hora de abrir a porta para o
entregador de pizza. Depois de pagar pela pizza e colocar na mesa do café,
ligou a TV e esticou-se no sofá. Dominic mandou-lhe uma mensagem que
estaria em casa logo. Agora tudo o que tinha que fazer era esperar.
Não teve que esperar por muito tempo.
Cinco minutos mais tarde, a porta abriu e Dominic entrou. Soltando a
pasta na porta, encolheu os ombros fora de sua jaqueta com um suspiro.
— Estou velho demais para isso. — Ele disse, atirando-se no espaço
ao lado das pernas de Sam e deixando a cabeça cair no estômago dele.
Sam tentou ignorar o frio no estômago, e analisou o comportamento
do outro homem. Havia outro sofá perfeitamente confortável na sala, mas
Dominic escolheu o de Sam. Isso tinha que significar alguma coisa, certo?
— Coitadinho. — Murmurou Sam, enfiando os dedos pelo cabelo de
Dominic e massageando o couro cabeludo. — Como foi seu dia?
— Chato. — Disse Dominic, fazendo carinho no estômago de Sam. —
É a minha camisa?
— Era.
Dominic bufou suavemente.
— Pensei que compramos roupas o bastante para você parar de
roubar as minhas.
— Mentira. — Sam disse com um sorriso. — Você me comprou roupas
porque gosta de me comprar coisas.
— Culpado das acusações. — Murmurou Dominic, fechando os olhos.
— Vai dormir em mim?
— Provavelmente.
— Tem pizza.
— Hmm, tentador, mas não o suficiente para me fazer levantar.
Sam estava feliz que Dominic não pudesse ver o olhar apaixonado no
seu rosto.
— Acho que deveria deixar seu trabalho se te desgasta tanto.
— Qual deles? — Dominic disse com um suspiro, mergulhando mais
fundo no estômago de Sam, as mãos grandes fixando-se nas coxas suas nuas.
Sam se encolheu, desesperadamente tentando pensar em algo
nojento. Tesão era a última coisa que ele precisava agora. À noite não ia
exatamente como tinha imaginado. Enquanto Dominic o estava tocando, nem
parecia notar o que estava fazendo; estava claramente apenas confortável
com ele.
Sam esperava... Não sabia o que esperava. Que Dominic de repente
percebesse que estava muito sexy e saltasse nos seus ossos? Estúpido.
— Falando do meu trabalho... — Murmurou Dominic, suas palavras
abafadas pela camisa de Sam. — Estou indo numa viagem de negócios para
Tóquio. Vou amanhã de manhã.
As sobrancelhas de Sam se ergueram.
— Quanto tempo vai ficar fora?
— Uma semana.
Sam franziu os lábios, ficando infeliz, seu estômago apertando. Uma
semana sem Dominic parecia ser uma vida inteira.
— Uma semana? — Ele repetiu.
Dominic soltou um suspiro.
— Não é o ideal, mas não há nada que eu possa fazer. As
negociações são importantes demais para mandar outra pessoa. A missão vai
ter que esperar. O MI6 vai vigiar Luke enquanto estou fora.
E quanto a mim?
Sam mordeu o interior da bochecha, engolindo as palavras mal-
humoradas. Ele se recusou a ser pegajoso. Não seria pegajoso. Ele não queria.
— Eu poderia levá-lo comigo. — Dominic disse como se ouvindo seus
pensamentos. — Adoraria o Japão.
Aquecido pelas palavras de Dominic, Sam sorriu e separou mais as
pernas para acomodar os ombros de Dominic. Sua posição provavelmente
parecia muito obscena. Para um observador desprevenido, provavelmente
pareceria que Dominic estava lhe dando um boquete.
O pau dele contorceu-se com o pensamento.
— Você já esteve no Japão antes?
— Sim, algumas vezes. — O polegar de Dominic traçou a coxa de
Sam ociosamente. — Tive uma longa missão lá. Boa cultura... Muito
interessante. E as pessoas. Gostei do povo.
— Parece que há uma história aí. — Disse Sam.
Dominic não disse nada por alguns instantes.
— Havia uma mulher... — Ele disse, sua voz um pouco vazia e
melancólica. — Eu me apaixonei por ela.
O sorriso de Sam desvaneceu-se.
— Obviamente, não deu certo. Relacionamentos à distância
raramente fazem. Mas... — Dominic se interrompeu.
Sam se contorceu debaixo de Dominic e levantou.
— A pizza está esfriando!
Agora ele entendia por que as pessoas se diziam esmagadas ante a
decepção e tristeza; parecia um peso em seu peito, nos pulmões, forte e
avassalador, tornando difícil respirar.
Não pôde encontrar os olhos de Dominic pelo resto da noite, não
querendo que Dominic visse o quanto doeu. Não é como se tivesse esquecido
que Dominic era hétero - nunca esquecera, mas...
Talvez tivesse, afinal. Nunca viu Dominic com uma mulher que
estivesse realmente interessado. Lembrar-se da sexualidade de Dominic foi
como um soco no estômago. E pensar que realmente alimentara o pensamento
de que Dominic podia querê-lo... Parecia tão patético e ridículo agora.
Dominic ainda estava apaixonado por aquela mulher? Iria vê-la
enquanto estava no Japão?
As perguntas permaneceram na ponta da sua língua pelo resto da
noite, mas nunca deixaram seus lábios. Covarde. Estava sendo um covarde.
Não importava se Dominic amava uma mulher ou não. Ele certamente não o
amava.
Então Sam usou tudo que aprendera no MI6 e colocou um sorriso nos
lábios, um sorriso que não conseguia sentir. Ele brincou, sorriu, e até riu. Se
Dominic notou algo, não comentou.
A noite foi... Tolerável. Mesmo que seu patético plano de sedução foi
um fracasso total, não ia reclamar de uma noite que passara com Dominic.
Mendigos não podem escolher. Sammy pensou amargamente,
afastando sua decepção, e jurando a si mesmo que seria a última vez que teria
esperanças quando se tratava de Dominic.
Homens heterossexuais não se tornam gays na vida real.
Pelo menos não para alguém como Sam.
Capítulo 27
*****
Na manhã seguinte, Dominic estava com um péssimo humor depois
de uma longa noite de exame de consciência, e seu humor não melhorou em
nada pelo fato de ter um encontro via Skype agendado com Luke no início da
manhã.
Colocar a máscara de um cara simpático e agradável não era fácil
quando estava com um humor de merda.
Mas é claro que faria isso. Não era como se tivesse uma escolha.
Sorriu, flertou e provocou Luke, sua postura relaxada e seus olhos
fixos em Luke atentamente, mesmo que sua mente estivesse preocupada com
outras coisas.
Mas quando Luke trouxe o nome de Sam, a atenção total de Dominic
foi para ele.
— Eu me confundi com o encontro marcado e fui a sua casa esta
tarde. — Disse Luke. — Conheci Sam.
Dominic lutou para manter sua postura relaxada inalterada. Seu
sangue esfriou, seus instintos protetores entraram. Por fora, sorriu, fazendo
uma cara de surpresa.
— Você conheceu Sammy? Ele não disse nada sobre isso quando
conversamos.
— Sim. — Disse Luke. — Você não mencionou que não vivia sozinho.
Dominic olhou-o cuidadosamente. Embora tivesse se inclinado a
pensar que Luke era um cara bom, o encontro de Luke com Roman Demidov
provou que ele não era tão inocente quanto aparentava.
— Não mencionei porque não era fácil de explicar. Algumas pessoas
entenderiam de maneira errada.
Luke deu um sorriso torto.
— Gosto de pensar que não sou apenas algumas pessoas.
Luke Whitford era um cara interessante. Flertava facilmente, mas
Dominic não acreditava que havia uma intenção seria por trás do flerte.
Enquanto Luke parecia atraído por ele num nível superficial, não ia além disso.
Era curioso. Para não soar presunçoso, mas Luke foi a primeira
pessoa em sua carreira que estava se mostrando difícil de encantar. Isso fez
com que se perguntasse se Luke tinha sentimentos por outra pessoa. Para o
bem de Luke, esperava que esse alguém não fosse Roman Demidov.
— Espero que você não seja. — Disse Dominic, olhando para Luke
através de olhos pesados e olhando para os lábios dele. — Eu gosto do cabelo,
por sinal. Nem sabia que o seu era tão encaracolado.
Esperava que o desejo em seu olhar parecesse sincero o suficiente.
— Quando conheci Sam... — Dominic começou; voltando o olhar para
os olhos de Luke. — Ele era um garoto sem moradia e meio faminto. Levei-o
para casa. Dei-lhe uma casa. — Encolheu os ombros. — Praticamente é isso.
— Oh! — Luke disse, parecendo surpreso. — Isso é... Extremamente
gentil.
Dominic balançou a cabeça.
— Na verdade, não. Você teria feito a mesma coisa se o tivesse visto
naquela época.
— Você disse que algumas pessoas pensariam errado. Por quê?
Dominic pensou rapidamente, considerando e descartando suas
opções. Precisava fazer com que Luke acreditasse que via Sammy como uma
criança, não um objeto de atração.
— Porque as pessoas têm lixo em suas mentes. Sim, sei que parece
estranho. Ele mora comigo, sou aberto sobre minha sexualidade, e sou muito
mais velho do que ele. Não somos parentes, ainda assim paguei por sua
educação, pago por tudo, então, claro, as pessoas começam a assumir alguma
besteira. Sammy é hétero, é uma criança, e não sou um maldito pedófilo, mas
algumas pessoas ainda pensam que sou seu papai de açúcar. — Dominic riu,
como se fosse a coisa mais ridícula que já ouviu.
Luke não riu com ele.
— Você tem certeza de que não é? — Ele murmurou. — Se entendo
bem, um relacionamento papai/bebê de açúcar não é necessariamente sexual.
Dominic sentiu seu sorriso desaparecer. Ele não gostou do que Luke
estava dizendo. Não o incomodava quando Sammy fazia piadas sobre ser seu
bebê, mas o aborreceu que Luke estava implicando que seu relacionamento
era um arranjo mutuamente benéfico baseado em dinheiro.
— Eu tenho certeza. — Disse Dominic, mais incisivo do que pretendia.
— Sam não fica comigo por causa do meu dinheiro. Sou sua família. —
Gostava de gastar seu dinheiro com Sammy e sabia que ele gostava
secretamente de todos os mimos e atenção, mas não era somente sobre
dinheiro. Isso Dominic tinha certeza. O dinheiro não era o ponto.
— Desculpe. — Disse Luke, parecendo um pouco desconcertado. —
Estou perguntando apenas porque ele não parecia feliz em me ver. Ele
pareceu... Um pouco ameaçado.
Dominic suspirou, passando a mão pelo rosto.
— Sammy é inseguro. Acha que vou me livrar dele quando começar
minha própria família. — Olhou Luke nos olhos. — Ele está errado. Ele não vai
a lugar algum, não importa o que alguém pense. — Mais uma vez, sua voz saiu
mais dura do que deveria. Droga. Esta... Coisa estava comprometendo sua
missão. Dominic tentou suavizar. — É uma criança que precisa de uma casa.
Não tem ninguém mais além de mim.
Luke assentiu, mas ainda parecia um pouco reservado pelo resto da
conversa.
Assim que a ligação terminou, Dominic praguejou. Precisava fazer
algo sobre o problema de Sammy antes que isso estrague completamente a
missão. O que diabos havia de errado com ele? Se Amanda ouvisse essa
conversa, teria suas bolas e ela estaria absolutamente certa. Nada já o fez
perder a compostura dessa maneira durante uma missão.
Até Sammy.
Sammy, Sammy, Sammy. Droga. Ultimamente era somente nisso
que pensava.
As coisas não poderiam continuar assim.
Capítulo 28
*****
Sam andou. Nem sabia para onde estava indo. Só sabia que tinha
que se afastar dos olhos negros acusadores de Dominic.
Embora Dominic não o culpasse pelo fracasso da missão, estava
implícito. Podia sentir o ressentimento, a agressão na linguagem corporal de
Dominic. Talvez Nick não tivesse dito isso imediatamente, mas claramente
culpava seu apego por Sam, que era basicamente a mesma coisa que culpá-
lo.
E estava absolutamente certo em culpar Sam.
Dominic ainda não sabia que Luke falou com ele várias vezes
enquanto estava fora, e Sam tinha fodido. Sabia que não havia conseguido
conter totalmente seu ciúme. Foi rude e agressivo com Luke, apenas querendo
que ele saísse da casa. Sam provavelmente tornou óbvio que não via Dominic
como um garoto hétero desabrigado veria a pessoa que o deixava morar em
sua casa.
Dominic certamente descobriria em breve.
E, então, culparia Sam, se já não o fizesse, e se ressentiria por criar
problemas para ele no trabalho. Amanda, sem dúvida, aproveitaria essa
oportunidade para fazer com que Dominic parecesse muito mal e pouco
profissional. Depois de falhar numa missão tão importante, não havia nenhuma
maneira no inferno que Dominic seria indicado como o Chefe do SIS.
E era sua culpa.
Sam afastou a umidade de seus olhos. Engolir o nó dolorido na
garganta era mais difícil.
Sentou no banco, enterrou as mãos nos cabelos e ficou olhando para
os pés. Para os novos sapatos que Dominic comprou para ele.
Não levou nada a Nick, além de problemas, desde que se agarrou a
ele como uma espécie de... Parasita.
Um parasita. Isso era o que ele era, não é? Dominic gastou uma
quantia estúpida de dinheiro e tudo o que conseguiu foi uma missão
fracassada, cortesia de Sam. E não foi uma missão pequena. Era uma missão
de alto perfil, que Dominic tinha passado anos construindo o disfarce. O
fracasso da missão colocaria o MI6 de volta vários anos. Quantas pessoas
morreriam por causa disso? Quantas pessoas morreriam por causa de
Sam? Quantas pessoas morreriam antes que Dominic percebesse que Sam não
valia as vidas perdidas e danificadas?
Sam ainda se lembrava com perfeita clareza do olhar de Dominic
quando contou a Sam sobre a missão em que havia fracassado, porque ficou
sentimental e se recusou a matar a mulher grávida.
— Levou-me onze meses para me infiltrar naquele círculo de tráfico
sexual. Depois que meu disfarce foi queimado, levou ao MI6 mais dois anos
para conseguir outro agente. — A voz de Dominic era vazia. — Havia
crianças entre aqueles profissionais do sexo. A mais nova tinha oito anos, a
mais nova encontrada viva. — Ele encarou Sam e sorriu. Não foi um sorriso
bonito. — Ainda acha que fiz a coisa certa?
Mesmo que Dominic não o culpasse agora, a longo prazo, quando as
consequências de sua missão fracassada fossem mais claras, ele o faria, assim
como claramente se arrependia de ter escolhido a vida daquela mulher sobre o
destino daquelas pobres crianças. A corporação de negócios de Richard
Whitford também era suspeita de tráfico humano, entre outras coisas.
Claro, Dominic gostava dele, mas aos olhos de Dominic, seu apego
por Sam comprometera sua missão. Quantos dias seriam necessários antes
dele começar a lamentar dar-lhe uma casa?
Com os olhos ardendo, Sam apertou os lábios trêmulos com força.
Talvez devesse simplesmente sair. Não seria capaz de suportar ver
arrependimento e ressentimento no rosto de Dominic. Não queria se tornar um
parasita grudento aos olhos dele.
Não era como se tivesse uma chance de ser mais. Dominic não o
queria assim, na verdade, não. Claro, Dominic era possessivo, protetor e
apaixonado por ele, mas essas emoções não eram amor. Alguém poderia ser
apaixonado e protetor de uma criança. Alguém poderia ser possessivo com um
brinquedo comprado. Possessividade não tinha nada a ver com amor.
Dominic tinha uma mulher que amava, esperando que voltasse para
ela. Tudo o que sentia por Sam claramente não era sério o suficiente para
impedir que ele se reunisse com seu pássaro japonês. Luke Whitford entendera
tudo errado. Dominic definitivamente não colocou Sam em primeiro lugar em
sua vida, e nunca faria isso.
Se Sam ficasse, seria ele a implorar por migalhas de afeição de
Dominic, como um filhote de cachorro idiota e apaixonado, que
constantemente ficava no caminho, o qual Dominic não se livrava por pena e
carinho desorientado. Deveria ir embora antes de se tornar mais patético do
que já era, e antes que o carinho de Dominic fosse substituído por
arrependimento e ressentimento.
Antes que se tornasse um fardo.
Você tem alguma ideia do quanto estraga tudo? Você estragou tudo.
Enxugando os olhos novamente, Sam se levantou e se afastou da
casa de Dominic. Ele poderia ter voltado para pegar suas coisas, Dominic
provavelmente já tinha saído para se encontrar com Amanda, mas estava com
muito medo de fazer isso. Estava com medo de não ser forte o suficiente para
sair se estivesse cercado por tudo que o lembrava de Dominic.
Não queria ou precisava de bens materiais, de qualquer maneira.
Os lábios de Sam se contorceram num sorriso amargo. Sempre
poderia roubar o que precisava, afinal. Essa era a única coisa que era bom.
Quando a distância entre ele e a casa de Dominic cresceu, a dor na
garganta de Sam tornou-se quase insuportável.
Nunca mais verei Dominic novamente.
O pensamento pareceu um soco no estômago, fazendo-o cambalear e
parar, com os olhos arregalados e sem fôlego.
Ele não podia fazer isso.
Não podia.
— Você pode, porra! — Sam sussurrou, cavando as unhas em suas
palmas. Rangendo os dentes, se forçou a recomeçar a andar. Parecia andar
contra um vento forte, cada passo um esforço. Ignorou a voz pequena e
carente no fundo de sua mente, sussurrando que não podia simplesmente sair
sem dizer a Dominic. Sam não deixou que isso o influenciasse. Não podia falar
com Dominic: um olhar para ele faria sua determinação desmoronar.
Além disso, não precisava ver Dominic para informá-lo de que estava
saindo.
Sam pegou seu telefone - o único elo restante entre ele e Dominic - e
digitou uma mensagem rápida. Devia muito a Dominic.
Capítulo 29
Capítulo 30
Foi um acidente.
Aquela era a parte enlouquecedora disso. Estava se esforçando para
não ser um idiota patético e viver sua vida ao máximo, sem pensar em
Dominic a cada dois minutos, e estava indo tão bem - tudo bem, estava
exagerando um pouco, mas ainda assim! - ele estava bem. Ok. Pensava em
Dominic não mais do que dez vezes por dia, o que era... Mais do que um pouco
deprimente, mas ainda um progresso enorme.
Então, sim, foi um acidente total. Não procurava notícias sobre
Dominic. Havia reprimido esse desejo meses atrás.
O jornal jazia inocentemente na mesa da cozinha. Provavelmente
pertencia a Dave ou Patty. Sam tinha a intenção de ler a seção de esportes
quando pegou, mas congelou quando viu o sobrenome familiar em uma das
manchetes.
Herdeiro de Whitford namorando um oligarca russo.
E lá, logo abaixo dessa manchete, havia uma foto de Luke Whitford
sorrindo para Roman Demidov.
Olhou para a foto. Então folheou o artigo. Foi bastante informativo.
Afirmava que Demidov havia recentemente transferido a sede de seu
império comercial de Genebra para Londres e pretendia investir em negócios
locais.
O jornal sugeriu que Demidov se mudou para a Inglaterra com o
único propósito de estar perto de seu namorado.
Isso fez Sam rir. Se aquele homem de olhos frios fosse capaz de
amar, comeria o chapéu.
Mas isso o fez se perguntar por que Demidov havia se mudado para a
Inglaterra. Se era verdade que Luke estava namorando com ele, isso
praticamente confirmava que estava envolvido na morte de seu próprio pai.
Franzindo a testa, Sam examinou o resto do artigo. Dizia que o casal
feliz pretendia passar o Natal na Suíça, onde a família de Roman ainda vivia.
Sam acariciou seu lábio pensativamente. Se as fontes estivessem
corretas, a casa de Demidov estaria vazia no Natal.
Sam balançou a cabeça, colocando o jornal no chão.
Era loucura. Ele não ousaria.
Não era da sua conta. Considerando o que fazia para viver, seria o
auge da hipocrisia de repente querer ajudar as autoridades.
Mas...
Por fim, foi culpa dele que o MI6 não tenha se infiltrado nas
Indústrias Whitford.
Não seria correto corrigir seu próprio erro?
*****
No começo, Sam considerou invadir a cobertura de Luke, mas a
segurança do prédio era muito apertada. Foi decepcionante e interessante. Não
se lembrava que a segurança de Luke era tão boa quando Dominic estava
saindo com ele.
Imaginando que, como Luke estava em conluio com Demidov, o
russo devia possuir informações incriminatórias suficientes, decidiu se
concentrar na casa de Demidov.
Não demorou muito para descobrir onde Demidov morava. Bilionários
não eram exatamente conhecidos por serem discretos.
Então, dois dias antes do Natal, observou Roman Demidov colocar a
mala no carro e ir embora.
Sam olhou para a casa grande e não se moveu de seu lugar. Tinha
que ter cuidado. Depois de sua passagem pelo MI6, tinha uma ideia de que
medidas de segurança malucas o russo poderia ter. Sam suspeitava que não
havia nenhuma maneira que pudesse entrar naquela casa sem disparar
alarmes de segurança.
Mas não tinha que arrombar.
Ele poderia... Conseguir as chaves.
Homens como Roman Demidov poderiam ter medidas de segurança
de primeira linha, mas homens ricos não faziam suas próprias tarefas
domésticas, especialmente quando moravam sozinhos. Tinham empregados. E
estes tinham cópias das chaves.
Depois de vigiar a casa por horas, a paciência de Sam finalmente foi
recompensada à noite, quando uma mulher de meia-idade saiu da
casa. Provavelmente algum tipo de governanta, se tivesse que adivinhar. Ele a
observou trancar a porta.
Quando ela entrou no carro, Sam rapidamente subiu na bicicleta que
pegou emprestada de Scotty e a seguiu.
Entrar no apartamento dela foi bastante fácil, pois estava roubando
as chaves enquanto estava no chuveiro. A parte mais difícil seria colocá-las de
volta no armário depois de as copiar com o kit de duplicação de chaves que
pegou da gangue, antes de sair.
Mas quando deu uma boa olhada nas chaves, franziu a testa
infeliz. Eram chaves de alta segurança, que eram impossíveis de
copiar. Deveria ter esperado que não fosse tão fácil. Agora teria que esperar
que a mulher não notasse as chaves perdidas e avisasse a segurança de
Demidov cedo demais.
Como o tempo era essencial, voltou para a casa de Demidov o mais
rápido que pôde.
Estava completamente escuro quando chegou lá.
Até onde sabia, depois de horas de vigiar a casa, havia seis
seguranças, mas a maioria parecia estar no que imaginava ser a sala de
segurança, e apenas dois guardas pareciam patrulhar regularmente a
casa. Seria um desafio, mas não recebeu o apelido de Sombra por nada.
Sam prendeu a respiração enquanto usava as chaves da governanta
para abrir a porta da frente. Havia uma pequena chance de notificar a
segurança, mas nada aconteceu. A casa permaneceu praticamente quieta. Ele
podia ouvir vozes masculinas abafadas de uma das salas, mas a porta estava
fechada e não era difícil passar despercebido.
A parte mais difícil era passar por câmeras de segurança. Felizmente,
as dicas de Dominic sobre como encontrar pontos cegos de câmeras vieram a
calhar e Sam não foi pego. Mas seu progresso foi frustrantemente lento, e
encontrou seu coração batendo mais e mais rápido, quanto mais o tempo
passava.
Apesar de ter um tempo desde que participou de uma invasão - não
era sua especialidade - a experiência passada de Sam o ajudou muito a
navegar por uma casa desconhecida. Mas seu progresso não foi ajudado pelo
fato de que algumas vezes teve que se esconder em quartos quando os
guardas de patrulha passavam por ele.
Deus, seu coração parecia estar prestes a explodir de seu
peito. Geralmente ficava mais calmo quando estava trabalhando, mas desta
vez não estava invadindo a casa de algum civil inocente. Se fosse pego, não
chamariam a polícia.
Finalmente, no terceiro andar, encontrou uma porta de madeira
trancada com um bloqueio. Bingo.
Com cuidado para não tocar a porta, Sam olhou a fechadura por
alguns momentos antes de sorrir. Honestamente. Esperava melhor de
Demidov.
Povo rico e sua obsessão por tudo caro e chique.
Sacudiu a cabeça e abriu a bolsa. Para ser justo, aquele bloqueio
tinha alguns recursos bem legais e era impossível bloquear a captura por
meios normais, mas tinha uma grande falha de segurança. Poderia ser aberto
essencialmente com uma chave de fenda e uma chave de torque.
Para ser justo, isso não poderia ser feito por amadores, o bloqueio
seria travado se cometesse um erro, mas, felizmente, Sam não era um
amador.
Puxando as ferramentas necessárias, Sam olhou ao redor, forçando a
audição, embora não pudesse ouvir os guardas, não significava que não
estivessem perto, mas tudo estava quieto.
Mordendo o lábio em concentração, colocou um pedaço de chave em
branco na fechadura e, em seguida, enfiou a chave de fenda atrás dela, com
tanta força quanto pôde. Estremecendo um pouco com o barulho, apertou sua
chave e girou a chave de fenda no ângulo necessário.
A fechadura girou e ele escorregou para dentro, com o coração
martelando no peito. Meio que esperava ouvir os guardas vindo correndo, mas
não deve ter havido tanto barulho quanto imaginara.
Acalmando-se quando nada aconteceu, ligou a lanterna e olhou em
volta. Era um escritório, como esperava. Felizmente, não havia câmeras de
segurança na sala.
Sam foi até a mesa e ligou o computador. Enquanto ele iniciava,
procurou nas gavetas da escrivaninha. Havia muitos documentos importantes,
mas a maioria estava em russo. Foi imensamente frustrante, considerando que
não tinha certeza do que estava procurando.
Idealmente, seria algo que provaria que Roman Demidov e Luke
Whitford estavam por trás da morte de Richard Whitford, mas qualquer tipo de
prova de seus crimes seria bom o suficiente para ele.
Você não dá a mínima para os crimes deles, disse uma voz maliciosa
no fundo de sua mente. A única coisa que quer é agradar Dominic e ter um
motivo para contatá-lo.
Sam franziu os lábios, abrindo outra gaveta. Claro que se importava
em deter pessoas más.
E você é bom? A voz sussurrou ironicamente. Invadindo a casa de
alguém, apenas porque está morrendo por uma razão para ver
Nick. Patético. Provavelmente ele nem se lembra de você. Ele é um espião
profissional. Teria te encontrado, se realmente tentasse. Se realmente
quisesse.
Aquilo não era verdade. Dominic não o encontrou porque Sam tinha
sido cuidadoso, não porque... Não porque...
Sam empurrou o pensamento para longe, odiando o modo como fazia
sua garganta e peito doerem. Tinha um trabalho a fazer. Não podia se permitir
distrair com pensamentos estúpidos. Porque eram idiotas.
Eram tão estúpidos que o assombravam há meses.
Talvez Dominic tivesse ficado feliz em se livrar dele. Talvez foi um
alívio voltar para casa e vê-lo desaparecido. Talvez Dominic nem tivesse se
incomodado em procurar por ele.
Percebendo que não era a tela do computador que estava ficando
embaçada, Sam piscou furiosamente. Quando isso não funcionou, limpou a
umidade de seus olhos. Umidade, não lágrimas. Ele não estava chorando.
Vamos, controle-se, caramba. Disse a si mesmo e focou no
computador.
Era necessária uma senha, claro.
Era uma coisa boa que estava preparado. Tirou um pendrive do bolso
e conectou.
Estritamente falando, roubou propriedade do governo quando copiou
o programa de hackers do MI6 para seu armazenamento em nuvem, mas Sam
não se sentia particularmente culpado por isso. Era útil e gostava de coisas
úteis. Não tinha realmente pensado que iria precisar disso; copiou apenas no
caso.
Foi uma coisa boa que o fez.
Sorriu quando a tela de senha desapareceu e o Windows inicializou
normalmente.
Como esperava, o computador estava isolado de qualquer rede. Foi
uma das primeiras coisas que seu treinador do MI6 tocou na cabeça dos
estagiários: nenhum computador estava completamente protegido, desde que
estivesse conectado à Internet. Se alguém tivesse algo a esconder, era preciso
cortar um computador de qualquer rede.
Parecia que Roman Demidov tinha algo a esconder.
Sorrindo um pouco, começou a copiar qualquer coisa que parecesse
remotamente promissora.
Mais tarde, iria culpar o brilho da tela e sua alegria pela invasão bem-
sucedida por sua falta de atenção na porta.
Mais tarde, ele se culparia por ficar ganancioso demais e querer
copiar o máximo de documentos possível.
Mas a retrospectiva era de meio a meio.
— Bem, bem, bem. O que temos aqui?
Capítulo 31
6
Gatinho em russo.
Luke corou e também disse algo em russo.
Sam observava-os com o canto do olho, mas a cada minuto que
passava tinha dificuldade em focar sua atenção neles.
Dominic viria?
Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, o interfone da
mesa apitou.
Roman se aproximou e apertou o botão dele.
— Sim?
— Há um homem aqui, senhor. — Disse uma voz masculina. —
Dominic Bommer. Disse que você está esperando por ele. Não está armado.
Sam endireitou-se, o coração martelando em algum lugar da
garganta.
— Traga-o para cima. — Disse Roman antes de olhar para Sam. —
Venha aqui.
Relutantemente, Sam se levantou e se aproximou. O russo apertou a
arma contra sua têmpora novamente.
Luke suspirou.
— Isso é mesmo necessário? Dominic não está armado. Ele é
inofensivo.
Roman deu uma risada baixa.
— Vamos ver o quanto ele é inofensivo.
Todos olharam para a porta.
Capítulo 32
Capítulo 33
Assim que ficaram sozinhos, Sam percebeu que havia algo de errado
em Dominic. Além do forte aperto no seu braço, Dominic não lhe deu atenção,
seus olhos escuros percorreram o corredor e olharam para qualquer lugar
menos para ele. Sam pensaria que Dominic estava apenas procurando por
perigo, mas podia sentir que não era só isso.
— Nick? — Sam sussurrou incerto.
Um músculo se contraiu no queixo de Dominic. Ele ignorou Sam.
Sua garganta estava desconfortavelmente apertada, Sam aceitou a
sugestão e calou-se, seguindo Dominic em silêncio.
Para sua surpresa, Dominic dirigiu-se para a porta da frente.
— Há seguranças lá. — Sam murmurou. Dominic não disse nada.
Percebendo que ele havia colocado a arma e a faca sob o casaco, Sam franziu
a testa. — Roman provavelmente disse a eles para nos impedirem de sair.
Dominic continuou ignorando-o.
Sam olhou para ele, começando a ficar chateado também. Sim, ele
tinha fodido tudo, mas quase conseguiu! Foi puro azar que Roman tivesse
voltado para casa. Por que Dominic estava tratando-o desse jeito?
Por que ele não olha para mim?
Sam estava tão chateado com isso que não podia nem se sentir
culpado quando quatro guardas armados os encontraram na porta da frente.
Dominic apenas suspirou em aborrecimento. Ignorando as armas
apontadas para ele, disse:
— Ligue para seu chefe e deixe-me falar com ele por alguns
instantes.
Os guardas trocaram olhares antes de um deles finalmente puxar um
telefone. Ele disse algo em russo antes de entregar o telefone para Dominic.
— Se eu não voltar dentro de uma hora, você vai ter o MI6 batendo
na sua porta. — Disse Dominic ao telefone. — Tenho certeza de que você tem
coisas melhores para fazer no Natal do que responder a perguntas
desconfortáveis.
Sam não pôde ouvir o que Roman disse, mas fez os músculos de
Dominic ficarem tensos.
— Foi só um corte. Se realmente quisesse machucá-lo, eu teria. Diga
a Luke que peço desculpas. Isso é tudo?
Ele devolveu o telefone ao guarda, que ouviu o que quer que Roman
dissesse e baixou a arma.
— Você pode ir.
Apertando o braço de Sam, Dominic saiu da casa, arrastando Sam
para o seu carro estacionado.
— Entre. — Ele gritou sem olhar para Sam quando sentou no banco
do motorista.
Atirando-lhe um olhar desconfiado, Sam fez o que lhe foi dito.
A viagem foi em silêncio.
Sam fechou as mãos em punhos e olhou pela janela, fingindo que não
podia sentir a tensão sufocante e furiosa no carro e ciente do corpo de Dominic
com cada centímetro dele. Mesmo agora, apesar de sua atitude defensiva,
raiva e culpa, suas entranhas doíam com necessidade. Seu coração não se
importava que Dominic estivesse zangado com ele e nem seu corpo. Tudo que
o seu corpo queria era as mãos de Dominic nele, desejando qualquer contato,
seja gentil ou violento.
Deus, ele estava além da ajuda.
Finalmente, depois do que pareceram horas, eles chegaram à casa
familiar. A visão disso fez seu peito doer. Não foi sua casa por muito tempo,
mas foi tão feliz nela.
Sam não se apressou em sair do carro. Foi lento o suficiente para
forçar Dominic a pegar seu braço e arrastá-lo para fora, a pele de Sam
formigou pelo contato apesar das camadas de tecido entre eles.
Sam olhou para o rosto tenso de Dominic, e seu estômago apertou de
nervoso. Ele nunca o viu tão bravo.
Dominic abriu a porta e empurrou-o para dentro. Sam obedeceu o
suficiente, mas se virou e cruzou os braços sobre o peito assim que Dominic
fechou a porta.
— Sinto muito por ter sido pego, mas você não precisava intervir! Eu
quase o convenci, pude sentir! Você estragou seu disfarce
desnecessariamente! Se esperasse alguns minutos... — Ele guinchou quando
Dominic sentou no sofá e o puxou de bruços sobre o colo.
— Esperar pelo quê? — Dominic gritou, puxando a calça de moletom
e cueca de Sam. — Por ele sufocá-lo? — Ele trouxe uma mão para baixo na
bunda de Sam, com força.
Sam gritou, mais por surpresa do que por dor.
— Você está falando sério? Eu não sou criança para apanhar! E ele
não estava me sufocando! Estava tudo sob controle... Oof.
O segundo tapa ardeu mais.
— Sob controle? — Dominic rosnou, entregando outro tapa afiado, e
depois outro. — Ele tinha uma arma na sua cabeça. Você tem alguma ideia de
como esse homem é perigoso? Poderia ter te matado. Não teria sido nada para
ele.
— Ele não fez. — Sam tentou fracamente, fechando os olhos.
— Você teve sorte que Luke estava com ele. — Dominic disse,
entregando outra palmada dolorosa. — Ele é o ponto fraco de Demidov. Se
Luke não estivesse lá... — Sua mão ficou imóvel, apenas um peso na bunda de
Sam antes que seu toque se transformasse em um aperto contundente. —
Porra, você tem alguma ideia...
A próxima coisa que Sam sabia era que estava de costas e Dominic
estava em cima dele, sólido, pesado e perfeito.
Olhos escuros olhavam para ele.
— Porque você partiu?
Sam passou a língua sobre os lábios secos, o coração trovejando no
peito. Estava ciente de quão alto ele estava respirando, seus pulmões
gananciosos se enchendo com o cheiro de Dominic, como um viciado.
Dominic olhou para ele atentamente.
— Você estava realmente com a gangue de Redknap?
— Você não sabia? — Sam conseguiu falar.
— Não procurei por você.
Com a garganta dolorida e desconfortável, Sam lutou para manter o
rosto calmo. Embora esse fosse seu pior medo, não acreditava realmente que
Dominic nem se importaria em procurá-lo.
Os lábios de Dominic se torceram. Ele deu a Sam um olhar quase
odioso.
— Pare de parecer assim quando foi você quem me disse para não te
procurar. Ou queria que eu fosse um daqueles idiotas assustadores e
controladores que perseguem as pessoas contra seus desejos?
Claro que sim!
Ruborizando, Sam engoliu a resposta instintiva. Jesus, isso era mais
do que mortificante.
— Você quer dizer... Que queria me procurar? — Ele disse em voz
baixa.
Dominic riu, o som tão sem graça quanto dissonante.
— Você poderia dizer isso. — Deslocando seu peso para um cotovelo,
Dominic levou a outra mão até o rosto de Sam. Ela pairou um centímetro
acima da bochecha de Sam, seus dedos se contraindo um pouco. — Eu poderia
ter te encontrado em alguns dias se realmente tentasse. Teria sido tão fácil
usar os recursos à minha disposição para te perseguir. Eu nunca cruzei essa
linha em todos os anos com o MI6, nunca fui tentado, mas foda... — Dominic
parou, seus olhos escuros vagando por todo o rosto de Sam, como se não
acreditasse que ele estava realmente lá.
Sam olhou para ele, realmente olhou para ele pela primeira vez
naquela noite. Embora Dominic estivesse tão devastadoramente bonito como
sempre, havia linhas cansadas e tensas ao redor dos seus olhos que falavam
de noites sem dormir e estresse.
Será que... Teria sido tão ruim para Nick quanto para ele? Isso
poderia ser possível?
— E então eu recebo o telefonema do sangrento Roman Demidov. —
Disse Dominic. — Porque você decidiu que era uma boa ideia invadir a casa de
um chefe do crime russo?
Eu queria compensar o meu erro e obter alguma prova para o MI6.
Ele poderia dizer isso, mas não fez.
Sam disse a Dominic a verdade, a qual estivera em negação.
— Foi uma desculpa para vê-lo novamente.
As narinas de Dominic alargaram.
Sua mão finalmente tocou a bochecha de Sam, o toque mal lá, mas
tão bom, e um pequeno gemido subiu do fundo do peito de Sam. Ele virou a
cabeça para pressionar os lábios trêmulos na mão de Dominic, sentindo-se
envergonhado por sua carência, mas incapaz de se controlar.
— Sinto muito. — Ele sussurrou com urgência. — Por arruinar sua
missão e criar problemas para você no trabalho. Eu queria deixar de ser um
parasita, fazer a coisa certa e ficar longe, mas... Mas... — Ele fechou os olhos
com auto depreciação fazendo seus olhos arderem. — Eu não sou... Não sou
forte o suficiente, sinto muito...
Dominic inclinou suas testas juntas.
— Garoto bobo. — Ele disse bruscamente, acariciando a bochecha e o
pescoço de Sam levemente. — Não sei de onde você tirou a ideia idiota de que
era um parasita, mas se você disser isso de novo, vou te bater de verdade. —
Segurando o rosto de Sam num aperto bastante duro, Dominic pressionou sua
boca numa bochecha dele, depois na outra, seus lábios entreabertos e sua
respiração superficial e rápida. — Porra, Sammy, eu quero... — Com um
pequeno gemido, ele encaixou seus lábios contra os de Sam e lambeu a
entrada em sua boca.
Sam fez um barulho que nem sequer soava humano, sua mente
felizmente vazia quando Dominic deu-lhe um profundo beijo sujo. Ele não
podia nem beijar de volta, de tão sobrecarregado que estava.
Só podia se contorcer sob o corpo pesado de Dominic e aceitar o
ataque em sua boca, deixando Dominic fazer o que quisesse, desde que não
parasse.
Ele não conseguia nem entender mais o que estava acontecendo, o
que isso significava ou por que Dominic estava devorando sua boca como se
fosse um banquete e ele um homem faminto. Sam também se sentia muito
faminto para se importar.
Sua mente estava muito lenta e confusa com desejo e alívio -
finalmente, senti sua falta, precisava que você precisasse de mim - então
demorou um tempo embaraçoso para perceber que Dominic o carregava para
algum lugar, suas bocas ainda unidas.
Cama. Esta era uma cama em que ele estava, e então estava nu, em
seguida Dominic estava nu também, nu e em cima dele, e havia tanta pele que
se sentiu tonto e oprimido.
Ele perdeu a noção do tempo de uma maneira que nunca fez durante
o sexo. Não era como se Sam nunca tivesse sentido desejo; isso era outra
coisa. Ele nunca se perdeu em um homem até Dominic, e a sensação era tão
assustadora e avassaladora quanto estimulante.
Distantemente, como se em um sonho, Sam registrou alguém
gemendo e choramingando antes de perceber que era ele. Eram as suas mãos
vagando pelas costas largas e magníficas de Dominic e cavando os músculos
das nádegas dele quando Dominic pegou os dois pênis na mão e começou a
acariciá-los juntos, beijando-o sem parar.
Era glorioso, incrível, mas não estava nem perto o suficiente. Depois
de meses separados, se sentia muito faminto e carente, precisando de mais,
mais e mais, precisando sentir Nick em todos os lugares: nele, debaixo dele,
ao redor dele, dentro dele, tão fundo quanto podia até Sam saciar os meses de
separação. Fome queimava seu corpo de dentro para fora.
— Nick... — Sam falou, ofegante, os olhos arregalados, mas sem ver
como a mão lubrificada de Dominic acariciava os dois. Palavras. Ele precisava
de palavras. — Isso não é... Suficiente. Preciso de você.
Ele provavelmente não estava fazendo nenhum sentido, considerando
que Dominic estava lhe dando a masturbação de sua vida.
— Sim. — Disse Dominic, chupando seu pescoço. Ele parecia tão
longe quanto Sam se sentia. — Eu sei, bebê. — Suas mãos massagearam as
coxas de Sam e as separaram. — Quero ir tão fundo, te foder tão bem que
nunca conseguirá que eu saia de você. — Levantando a cabeça do pescoço de
Sam, olhou para ele, seu olhar desfocado de repente se tornando divertido. Ele
deu a Sam um sorriso torto, sacudindo a cabeça. — Porra, às vezes eu ouço as
coisas que saem da minha boca e só...
Sam riu atordoado, passando os braços pelo pescoço de Dominic e
arrastando-o para outro beijo. Ele não queria falar. Não tinha certeza se podia
falar. Só podia gemer e beijar Dominic desesperadamente, sua pele
supersensível de fome e necessidade.
Foda-me, entre em mim, quero te sentir de dentro.
Sam não tinha certeza se estava dizendo aquelas palavras em voz
alta, mas deve ter, porque Dominic estava empurrando um dedo escorregadio
dentro dele, e Sam absolutamente se perdeu, choramingando, ofegando e
exigindo mais.
Quando o pênis de Dominic deslizou dentro dele, Sam estava quase
delirando, contorcendo-se no pênis de Dominic com gemidos baixos e
desavergonhados, pernas tão abertas que suas coxas doíam.
Era uma dor boa, mas não tinha nada a ver com o prazer de balançar
seu corpo toda vez que Dominic puxava para fora e enchia-o até a borda
novamente. A plenitude parecia inacreditavelmente boa, mas o ritmo do pênis
de Dominic era muito lento. Era certamente uma tortura.
— Você está tentando me matar? — Sam resmungou, balançando os
quadris para encontrar as estocadas de Dominic. — Mais forte.
Respirando fundo, Dominic dobrou as pernas de Sam contra o peito e
mudou o ângulo, acertando sua próstata com estocadas curtas e intensas que
fizeram Sam gemer, com lágrimas nos olhos. Era tão intenso que não podia
fazer nada além de ficar ali deitado, imóvel e indefeso, empalado no pênis
grosso de Dominic.
Deus, Sam não tinha certeza de quanto tempo durou. Cada músculo
em seu corpo estava se esforçando com a necessidade de obter mais de Nick,
mais de seu pênis, mais de tudo, apesar de Dominic estar mantendo-o tão
cheio que podia sentir todo o caminho em sua barriga.
— Deus, olhe para você. — Disse Dominic, empurrando com força.
— Parece tão lindo com o meu pau te enchendo.
Apertando os olhos, Sam gemeu, absorvendo cada investida do pênis
de Dominic e perdendo-se no prazer. Mas não podia gozar, equilibrando-se na
borda e incapaz de tropeçar.
— Porra, Sammy. — Disse Dominic com voz rouca, murmurando no
lado do seu rosto enquanto o fodia. — Deus, eu te amo.
Os olhos de Sam se abriram e ele gozou com um soluço
estrangulado, seu canal apertando em torno do pênis de Dominic, que rosnou
e empurrou nele mais algumas vezes antes de ficar imóvel.
Lutando para estabilizar sua respiração, Sam olhou para o teto, de
olhos arregalados. Dominic estava praticamente esmagando-o sob seu peso,
mas Sam mal notou isso.
— Desculpe, eu provavelmente sou pesado. — Dominic murmurou e
rolou-os, de modo que Sam ficasse em cima dele.
Sam encostou a bochecha corada contra o peito de Dominic, dizendo
a si mesmo para não ler muito nas palavras dele. As pessoas diziam alguma
merda idiota durante o sexo; ele também era culpado disso.
Mas e se Dominic quis dizer isso?
Quando o batimento cardíaco de Dominic ficou mais e mais lento,
Sam murmurou hesitante:
— Nick?
— Mmm? — Dominic murmurou, sua mão acariciando as costas de
Sam antes de se fixar em sua bunda.
— Você quis dizer isso? — Sam disse, sua voz mais incerta do que
teria gostado. — Realmente me ama?
O peito de Dominic parou de se mover por um momento antes dele
voltar a respirar.
— Antes de você sair... — Ele começou, passando os dedos pelo
cabelo de Sam. — Não sabia o que fazer do nosso relacionamento, o que eu
queria que fosse. Não sabia o que diabos queria de você. Seduzir alvos
masculinos sempre foi uma tarefa tão grande, então eu tinha certeza de que
era completamente hétero, mas era diferente com você.
— Diferente?
A mão de Dominic na sua bunda se moveu um pouco.
— Foi fácil tocar em você, mesmo no começo. Nunca tive que me
forçar. A primeira vez que você se masturbou enquanto te segurei... Sabe o
que pensei?
— O quê?
— Pensei que você parecia muito bonito em meus braços, todo
corado e excitado. — Dominic bufou. — Olhando para trás, é meio óbvio que
houve alguma atração latente desde o começo, mas eu não reconheci o que
era porque não achava que poderia ser atraído por homens. Tipo, passei horas
tentando encontrar algo atraente em Luke, de modo que seria mais fácil fingir
atração por ele, mas não pensei duas vezes que nunca tive esse problema com
você.
— Mas... E sua mulher japonesa? Você teve um encontro com ela em
Tóquio.
Dominic deu uma risada.
— Sammy, passei toda a viagem ao Japão tentando não ligar para
você a cada hora como um estudante apaixonado. Para ser honesto, esperava
que o encontro com Asami me distraísse. Estava ficando embaraçoso como o
inferno.
Sam sorriu contra o peito de Dominic.
— Mesmo? Você deveria ter me ligado a cada hora. Eu não teria me
importado. Senti sua falta terrivelmente. — Seu sorriso desapareceu. Essa
semana sem Dominic não foi nada comparado aos últimos seis meses sem ele.
Acariciou o peito de Dominic, lembrando-se de que ele estava ali. — E então o
quê?
— Quando me masturbei ouvindo sua voz, ficou óbvio que eu tinha
um problema. — Disse Dominic secamente.
Sam piscou, sua mente voltando para a última ligação de Dominic do
Japão.
— Você também?
— Pensei que você notou.
— Não! — Disse Sam, sorrindo. — Eu estava um pouco ocupado no
momento. Então, foi assim que você soube?
— Não! — A diversão deixou a voz de Dominic. Sua mão parou de
acariciar o cabelo de Sam e seu braço escorregou para envolver firmemente as
suas costas nuas. — Eu estava apaixonada por Asami e me senti triste depois
do nosso rompimento, mas não foi nada perto de como me senti depois que
você partiu. Porra, Sammy. — Seu braço apertou ainda mais, tornando difícil
respirar, mas Sam não reclamou.
Ele estava ocupado sorrindo como um louco.
— Você sentiu muito a minha falta?
Dominic rolou-os de lado. Eles se entreolharam, os rostos estavam
separados por centímetros e os corpos ainda se emaranhavam com tanta força
que era difícil dizer onde ele terminava e Dominic começava.
Os olhos de Dominic ainda estavam suaves e pesados devido ao
sexo, mas seu olhar se tornou mais intenso enquanto olhava para Sam.
— Eu estava tão perto de desistir da minha missão e voltar a Londres
para te procurar.
— Você estava no exterior?
Dominic fez uma careta.
— Sim, Amanda me arranjou uma nova missão por ter falhado na de
Whitford e me mandou para a Síria. Tenho certeza que ela viu isso como
punição, mas eu estava quase feliz. Isso me deu tempo para pensar... E
perceber algumas coisas. Me demiti do MI6 assim que voltei.
Sam franziu a testa.
— Por quê?
— Você sabe que isso estava vindo por um tempo. Tornou-se mais
difícil equilibrar os dois trabalhos sem comprometer nenhum deles. Então fiz a
escolha. — Uma ruga se formou entre as sobrancelhas de Dominic. — Talvez
eu esteja envelhecendo, mas meu trabalho na Grayguard me dá uma sensação
de estabilidade que é mais atraente quanto mais eu ganho. Não sou o viciado
em adrenalina que já fui. E mentir o tempo todo mexe com minha cabeça. —
Os nós de Dominic roçaram o lábio inferior de Sam. — Eu estava tão ocupado
vivendo vidas falsas que perdi a única coisa real que queria. Então parei.
— Você achaaa... Achaaa que sou a coisa real? — Sam corou com a
gagueira, odiando o quão inseguro soou, mas tinha ficado tão acostumado a
pensar que Dominic nunca retornaria seus sentimentos que ainda não parecia
real.
Dominic encostou a testa na sua, colocou uma mão na nuca de Sam
e riu baixinho.
— Você conhece a expressão ‗louco de amor‘? Pensei que fossem
apenas palavras. Mas definitivamente me sinto um pouco louco... — Ele deu a
Sam um beijo curto e voraz, suas mãos subindo e descendo pelo seu corpo. —
Porra, eu teria feito isso, sabe.
Sam se afastou um pouco.
— Feito o quê?
Havia algo sombrio na expressão de Dominic enquanto olhava para
Sam.
— Se Demidov tivesse realmente atirado em você, eu teria feito o
que ameacei. Não tenho orgulho disso, mas sei que o faria.
A boca de Sam ficou seca.
— Não seja bobo. Você não é... Esse tipo de homem.
— Não sou? — Dominic apertou as testas novamente, a respiração
ríspida e instável, um sorriso sem graça torcendo seus lábios. — De certa
forma, Demidov e eu somos cortados do mesmo tecido, Sammy. Eu teria
matado Luke se ele te tirasse de mim. Olho por olho. Ele sabia disso. Essa é a
única razão pela qual te deixou ir.
Sam sabia que provavelmente deveria se sentir incomodado, mas era
difícil se incomodar com qualquer coisa quando estava envolvido nos braços de
Dominic.
— Estamos em perigo?
— Não penso assim. — Disse Dominic contra sua bochecha, apertando
o braço ao redor das costas de Sam novamente. — Ele não teria nos deixado
partir se realmente quisesse vingança. Não há nada com que se preocupar.
— Nada? — Sam disse ceticamente.
— Ele sabe que eu realmente não queria machucar Luke e só queria
protegê-lo. Demidov é um bastardo, mas entende o desejo de proteger seus
entes queridos. Além disso, Demidov tem estado quieto desde que se mudou
para Londres. Há rumores de que está fechando o lado obscuro de seus
negócios. Não parece que ele quer problemas se puder ser evitado. De
qualquer forma, não sou exatamente alguém que possa simplesmente fazer
desaparecer. Ele nos deixará em paz. — Dominic beijou-o no nariz. — Não se
preocupe. Vai ficar tudo bem.
Enterrando a mão no cabelo de Dominic, Sam assentiu com um
sorriso estúpido.
— Não estou preocupado. Sei que estou seguro com você.
Dominic se afastou um pouco para olhá-lo nos olhos. Sam olhou de
volta, irremediavelmente pego por aquele olhar escuro e demorado.
— Porra, isso está mexendo com a minha cabeça. — Disse Dominic.
Sam piscou, confuso.
— O quê?
Dominic riu.
— Às vezes, tenho esses pensamentos sobre você... Eles iriam te
assustar... Inferno, eu me assusto. — Ele passou o polegar gentilmente sobre
o lábio inferior de Sam. — Mas, ao mesmo tempo, você me faz querer ser um
homem melhor, ser um bom homem. — Ele se inclinou e chupou o lábio de
Sam suavemente. — Fode um pouco minha mente. Mas eu te amo, Deus.
Sentindo que seu peito estava prestes a explodir de felicidade, Sam
sorriu contra a boca de Dominic.
— Eu também. Mas você provavelmente já sabe disso.
Dominic começou a rir.
— Certo, Sr. ―É apenas uma paixão!‖ Isso deveria ser uma confissão
de amor?
Sam fez uma careta antes de rir também.
— Ah, cale a boca. Era tão óbvio que era embaraçoso.
A risada de Dominic morreu, seu olhar ficou sério e intenso.
— Diz. Eu quero ouvir isso, Sammy.
Sam sentiu o rosto quente.
— Eu te amo. — Disse ele, sentindo-se ridiculamente tímido. — Te
amo mais do que qualquer coisa.
Um rubor apareceu nas maçãs do rosto de Dominic, seus olhos
brilhando com algo como satisfação.
— Cristo... As coisas que eu quero fazer com você...
Sam o empurrou de costas e olhou para ele com um sorriso lascivo.
— As coisas que eu quero fazer com você...
Dominic deu-lhe um sorriso lento e preguiçoso.
— Sou todo ouvidos.
Epílogo
Fim