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Coração de Ouro

Vila Brac 23
Lynn Hagen

Manny gosta da sua solidão, até que o seu irmão o convence em ter
um colega de quarto. Depois de um turno de quarenta e oito horas no quartel
dos bombeiros, Manny chega em casa para uma cozinha destruída e um
estranho bonito. Ele está pronto para enviar Nick de volta para Mordechai até
descobrir que Nick é seu companheiro. Mas Manny não conta a Nick. Seu
companheiro tem muita angústia para trabalhar. Muito ruim, que o irmão de
Nick descobre e diz a ele o que Manny e Nick são um para o outro.
Nick é caloroso com o seu novo colega de quarto. O cara é sexy como
o pecado, mas Nick não quer complicar as coisas. Ele já foi expulso de uma
casa e não quer ter a chance de acontecer de novo. Até descobrir o que Manny
realmente é para ele. Mas alguém invade a sua casa, e Nick quase é morto.
Manny pode manter Nick seguro, ou ele perderá sua única chance de
felicidade?
Capítulo Um

— Quando eu disse que era meu dever manter você e Malachi a


salvo, isso não incluía ter um colega de quarto. — Manny começou a fechar a
porta no rosto de Mordechai, mas seu irmão segurou sua mão, o parando.
— Vamos, Manny. Seja razoável. Nick precisa de um lugar para ficar
e você tem muito espaço. Você nem saberá que ele está aqui.
As férias já tinham sido solitárias para Manny. Dois dos seus irmãos
estavam acasalados, os dois irmãos que lhe interessavam. Seu irmão mais
velho, Matthias, estava foragido, fugindo de alguma agência que estava
querendo prendê-lo e a mãe de Manny. Ele ainda não podia acreditar nessa
merda.
Mas solitário ou não, não havia como ele não notar um colega de
quarto na sua casa. Ninguém era tão quieto.
— Estou certo das minhas convicções. — Argumentou Manny. — Eu
gosto da paz e tranquilidade por aqui, e minhas horas são loucas. Além disso,
você sabe que eu não me dou bem com os outros.
— Eu sei como são suas horas. — Disse Mordechai. — Nós dois
trabalhamos no quartel de bombeiros. Isso é melhor. Você dificilmente estará
aqui, e Nick vai conseguir um emprego assim que o seu ombro curar. Os dois
não verão um ao outro.
Mordechai sorriu, como se ele tivesse dado a Manny a solução
perfeita. Mas ele não se importava se o seu irmão tentasse convence-lo, ele
não estava aceitando um colega de quarto. Ele não gostava de compartilhar o
seu santuário com ninguém. Era por isso que ele nem sequer tinha um animal
de estimação.
— Eu não quero um estranho na minha casa. — Manny se afastou e
deixou seu irmão entrar. Estava frio do lado de fora, e todo o calor estava
saindo direto pela porta. Ele não podia esperar pelo fim do inverno. Ele
detestava o frio.
— Você ouviu alguma coisa sobre mamãe e Matthias?
Manny sabia o que Mordechai estava fazendo. Ele estava mudando de
assunto, esperando que o pegasse de surpresa e concordasse em deixar Nick
ficar lá.
Não havia uma chance no inferno que ele fosse burro o bastante para
se enganar por essa tática.
— Antes de tudo, tire seus sapatos com neve e não, eu não ouvi
nada. Por que eles viriam até mim, afinal? Matthias odeia minhas tripas, e
mamãe nunca foi quente e aconchegante comigo. E se eles aparecerem, eu
não os deixaria entrar. Pareço um idiota? O governo está caçando-os. Eu não
vou ficar preso nessa tempestade de areia.
Depois de remover as botas, Mordechai caiu no sofá de Manny e
descansou um braço sobre as costas.
— Eu ainda não posso acreditar que eles eram traidores do nosso
país e nunca soubemos sobre isso.
Manny também não podia acreditar nisso. Bem, talvez ele pudesse
acreditar nisso sobre Matthias. Seu irmão mais velho sempre foi secreto.
Manny poderia acreditar nisso sobre ele, mas sua mãe e pai? Sua mente ainda
estava soprada por essa revelação, e Manny ainda não tinha certeza de que
era verdade. Ninguém queria acreditar que os seus pais eram maus.
Ele rangeu os dentes apenas pensando nisso.
— Quer uma bebida?
— Claro. David não sai até as seis, então eu posso ficar por alguns
minutos.
Manny estava realmente feliz por seus irmãos. Ele estava. Mas vê-los
tão apaixonados enquanto ele ainda estava solteiro lhe deu uma dor no peito.
Ele queria chupar o rosto de alguém, que não conseguia tirar as mãos dele,
alguém que fizesse as outras pessoas rolarem seus olhos porque Manny e o
seu companheiro eram tão repugnantemente apaixonados. Ele tinha que
encontrar seu companheiro primeiro, e, como todos sabiam, aquilo não era
uma tarefa fácil.
Mas a única coisa que Manny não queria era que alguém invadisse
seu espaço.
— Diga-me por que ele não pode ficar com você.
— Estou recém-acasalado. — Disse Mordechai. — Eu não quero que
ele ouça David quando ele...
— Não se atreva a me dizer. — Advertiu Manny. — Eu não preciso
pensar sobre o que a sua bunda peluda faz com o seu companheiro.
Mordechai deu uma risada suave.
— Tudo bem, sem detalhes.
Manny olhou para ele antes de voltar e servir dois copos de bourbon.
Eles não podiam ficar bêbados com o álcool porque um corpo shifter queimava
muito rápido isso, mas ambos gostavam do gosto.
— Há mais para você querer que eu aceite Nick como colega de
quarto. Você acha que eu não conheço você? O que você não está me dizendo?
Quando Manny se virou, Mordechai parecia desconfortável. Mordechai
sorriu, mas não alcançou seus olhos.
— Não estou escondendo nada.
— Você é um horrível mentiroso, irmãozinho. — Ele entregou a
Mordechai a bebida dele. — Se você quer que eu até considere deixar Nick
viver aqui, é melhor você jogar limpo.
Não que ele deixaria Nick se mudar, mas Manny estava curioso sobre
o que Mordechai estava escondendo.
— Ok. — Mordechai levantou a mão. — Ele pode ser um pouco...
angustiado.
Isso era mesmo uma palavra? Manny duvidava que fosse quando ele
pensou sobre o que Mordechai estava dizendo. Seus instintos lutaram contra a
ideia de deixar alguém viver com ele, mas seria bom ter alguém que pudesse
fazer uma refeição e lavar as roupas. Ele nunca tinha tempo para tarefas
domésticas e, se não fosse pelos restaurantes locais, Manny morreria de fome.
— Ele sabe cozinhar?
Mordechai encolheu os ombros.
— Se não, ele pode ir buscar a comida.
Esfregando a mandíbula, Manny finalmente decidiu dar ao pedido um
pensamento sério. Ele lidaria com o distúrbio na sua casa, se isso significasse
ter roupas íntimas limpas sem fazer a lavanderia no último segundo. — Não
estou fazendo promessas. — Disse ele. — Se essa merda não funcionar, eu o
envio para você.
Manny se sentia como se ele tivesse a palavra otário carimbado na
sua testa.
— Justo o suficiente. — Mordechai levantou-se e colocou o copo no
aparador junto à estante. — Mas também não estamos falando de algumas
discusões. Ele deve ser um idiota para você antes de me ligar.
Manny gemeu. Ele realmente iria fazer isso? Ele gostava da sua
solidão em casa, e a sua casa arrumada e limpa. Gostava de voltar para casa e
ver o seu programa de televisão favorito, embora ele tivesse visto cada
episódio mais de uma dúzia de vezes. Ele era uma criatura de hábito, e
mudanças sempre o agitava.
Mas maldição, ele simplesmente não conseguiu recusar Mordechai, e
Manny conhecia o seu irmão e ele não desistiria até que ele aceitasse.
— Quando você está deixando ele na minha porta?
Mordechai sorriu.
— Devo fixar uma nota para o seu parceiro?
Manny o olhou furioso.
— Cara, foda-se você. Apenas me diga quando esperá-lo.
— Ele sai do hospital amanhã. Ele teve que ficar uma semana extra
devido a complicações da sua ferida de bala. Ele teve febre, e os médicos não
o deixaram sair até que ele tenha se recuperado.
— Você me deve por isso. — Manny tomou a bebida dele e depois se
serviu outra. — E você terá que deixá-lo entrar. Eu consegui um turno de vinte
e quatro horas a partir desta noite.
Ele geralmente trabalhava quarenta e oito no departamento de
bombeiros, mas nem sempre. Manny ficou contente pelo corte ter sido feito
pela metade. Ele precisava do descanso. Ele estava passando muitas horas
ultimamente porque odiava estar sozinho em torno dos feriados.
Então, por que você está lutando contra ter um colega de quarto se
você odeia se sentir tão sozinho? Porque ele também gostava da sua
privacidade. Manny mentalmente revirou os olhos. Mesmo ele não podia se
entender às vezes.
— Eu vou te ligar quando tiver resolvido. — Mordechai caminhou
para porta. Ele virou, dando a Manny um sorriso sincero. — Eu realmente
aprecio que você está fazendo isso por mim. David se preocupa com o seu
irmão.
— Você sabe que eu tenho as suas costas.
— Então, por que você me deu tanta merda? — Perguntou
Mordechai.
— Eu tenho que ser eu. — Manny piscou para ele. — Agora vá
embora, para que eu possa ficar nu e assistir o meu programa.
Mordechai fez uma careta.
— Eu não precisava dessa imagem.
— Mas você entendeu, então aproveite. — Manny sorriu quando ele
bateu a porta no rosto de Mordechai.
Ele virou e abaixou a bebida dele, o sorriso dele desapareceu. Passou
a mão por sua cabeça, respirando fundo, já se arrependendo da sua decisão.
Era depois da meia-noite quando Manny chegou em casa. Ele
esperava que o seu turno de vinte e quatro horas fosse relaxante, mas o
departamento de incêndio tinha sido chamado para um acidente de carro, fogo
em uma cozinha, ajudou um cara que estava tendo um ataque cardíaco e
Manny foi enviado para pegar um Gato maluco de uma árvore.
No começo, ele pensou que o último era uma brincadeira, mas
quando ele apareceu na casa de uma mulher idosa, ela o guiou até o quintal
para pegar o seu gato preto e branco.
Ele estava de folga pelos próximos três dias, e ele planejou
aproveitá-lo curtindo no sofá e não se movendo.
Manny se deixou entrar na casa e jogou as chaves na tigela perto da
porta e, em seguida, tirou os sapatos. Ele começou a remover o seu casaco
quando ele cheirou algo queimando.
Em pânico, ele correu para cozinha para encontrar uma panela no
fogão com o que parecia com frango queimado. O queimador estava apagado,
mas o odor forte ainda persistia. Que diabos? Sua cozinha estava destruída. Os
pratos sujos cobriam a mesa e o balcão, os ovos quebrados espalhados no
chão e o saco de farinha estava aberto e caído na pia. A pele sob os olhos de
Manny se contraiu quando ele olhou para os destroços.
Então se lembrou do seu novo colega de quarto. Manny rosnou
quando ele jogou o casaco na parte de trás de uma cadeira e atacou a
bagunça. Foi bem depois da uma da manhã quando jogou a toalha sobre o
fogão.
— Você deve ser Manny.
Irritado com a bagunça que ele teve que limpar, Manny virou-se para
enfrentar o seu novo companheiro de quarto.
Ele não era o que Manny imaginara quando Mordechai falara sobre o
irmão de David. Nick tinha cabelos grossos e castanhos que lhe caíam no
rosto, penetrantes olhos castanhos e... Manny cheirou o ar. O cara cheirava a
flores silvestres. Algo no seu peito se desenrolou quando sua pantera ficou
louca, chiando como louca quando ele simplesmente olhou para Nick.
Manny esfregou uma mão sobre a sua mandíbula, chocado como a
foda que Nick fosse seu companheiro.
— E você deve ser o meu companheiro de quarto que deixou minha
cozinha um desastre.
Nick pareceu pensativo por um momento, então suas sobrancelhas
mergulharam quando uma carranca profunda se espalhou por seu rosto.
— Eu estava tentando cozinhar um jantar para você. Não pude
evitar, o fogo estava muito alto no fogão e eu adormeci.
— Você adormeceu? — Ele era real? Como bombeiro, Manny pensou
em quão horrivelmente errado poderia ter ido. Agradeceu a foda que a sua
casa não tinha queimado até o chão.
E por que esse punk tem uma atitude com ele? Nick foi quem
queimou o frango e arruinou a cozinha, mas parecia que Manny era o único
que violara a cozinha.
— Ei, pelo menos eu acordei a tempo de desligar o fogão. — Nick
saiu da cozinha. Ele nem sequer agradeceu Manny por limpar sua bagunça.
Acordou há tempo? Ele... aquele pequeno... Manny rangeu seus
molares enquanto seguia Nick.
— Faça-me um favor.
Nick olhou por cima do ombro enquanto caminhava para o quarto de
hóspedes.
— E o que seria?
— Não me faça mais favores.
Manny parou de andar quando Nick bateu a porta do quarto fechada.
Ele apenas bateu uma porta na casa de Manny? Ele estava tentado a tirar a
porta das dobradiças. Então Nick podia bater o ar.
Ele pressionou a palma da sua mão contra sua testa, fechando os
olhos enquanto contava até dez. Se Nick não fosse seu companheiro, Manny
teria chamado Mordechai e exigido que ele fosse buscar Nick. Ou ele podia ter
estrangulado o idiota ingrato.
Manny foi até a sala de estar se serviu uma bebida, depois caiu no
sofá. Ele inclinou a cabeça para trás, olhando para o teto enquanto soltava
uma respiração profunda. Talvez, talvez a bagunça na cozinha não fosse algo
que Nick fazia com frequência. Se fosse, Manny não tinha certeza do que faria.
Ele olhou em volta e se encolheu, imaginando que a sua casa limpa e
arrumada se transformaria em uma porcaria.
Quando ele ouviu Nick descer pelo corredor, Manny se forçou a não
olhar por cima do ombro. Era tarde, ele estava morto de cansaço, e não tinha
energia para discutir com o seu companheiro.
Manny cedeu e olhou para trás quando a sala permaneceu quieta.
Nick estava encostado na parede, com os braços cruzados sobre o peito. Sua
pantera olhou para o quão lindo Nick era. Mas ele viu a tensão nos olhos avelã
de Nick, desconfiança e dor. Manny não tinha ideia do que poderia colocar
aquele olhar neles, e ele queria descobrir. Mas Nick não pareceu receptivo a
uma conversa.
Que pena. Manny não teria se importado de conhecer seu
companheiro em um nível mais profundo e pessoal. Mesmo depois de trabalhar
seu longo turno, Manny teria encontrado a energia, mas Nick parecia preferir
discutir do que foder.
— Me desculpe. — Resmungou Nick.
A palavra chocou Manny. Mordechai havia dito que Nick estava cheio
de angústia, e Manny sentiu que Nick não se desculpava com muita frequência.
Ele ergueu o copo de bourbon.
— Quer uma bebida?
Nick mordiscou o lábio inferior, olhou atentamente para o copo na
mão de Manny e então balançou a cabeça.
— Eu não tenho vinte e um anos, e mesmo que eu tivesse, não
bebo. Eu tive o suficiente dessa merda do meu tio.
Do jeito que Nick rosnou na última palavra, Manny sabia que o
assunto do seu tio estava fora da mesa.
— Quantos anos você tem?
— Vinte.
Nick afastou-se da parede e sentou-se na poltrona do lado, de frente
para Manny. Ele agarrou uma almofada e colocou as pernas debaixo dele.
Manny se forçou a não sair do sofá, não se arrastar pelo chão e puxar o seu
companheiro para baixo, e não lamber cada centímetro de Nick até que o
rapaz gritasse com prazer.
Porra. Ele acabou de se dar um bônus. Manny precisava se
comportar, embora ele não quisesse. Não quando Nick parecia tão delicioso
enrolado na sua poltrona reclinada.
— Eu aprecio você me deixar ficar aqui. — Disse Nick enquanto ele
cutucava as unhas. — Vou tentar não destruir a sua casa novamente. Se
quiser, posso ficar no meu quarto quando estiver aqui.
Manny o estudou. Nick tentou ser educado porque ele sentiu a
atração ou porque ele estava com medo que Manny o expulsaria?
— Você não precisa fazer isso. Apenas limpe depois que você sujar.
De jeito nenhum, Manny queria que Nick estivesse preso no quarto
de hóspedes. Isso iria privá-lo de ajudar o seu companheiro em todas as
chances que tivesse. Como ele estava fazendo agora. Só imaginava Nick nu,
de quatro e implorando a Manny que o fodesse.
Ele realmente precisava tirar sua mente da sarjeta. Esses
pensamentos não estavam ajudando, e Manny não iria pegar nenhuma bunda
esta noite.
Nick riu. Era um som suave e agradável, e o seu sorriso fez Nick
parecer ainda mais bonito do que ele já era.
— Essa será uma mudança para mim. David era quem fazia toda a
limpeza. Eu sou um pateta básico que gosta de se alimentar e de cochilos
preguiçosos.
Nick esfregou o ombro, estremecendo ligeiramente. Tinha que ser
onde ele tinha sido baleado. Manny ainda tinha dificuldade em acreditar que
algum cara do governo queria matar Mordechai, invadiu a casa de David e Nick
e que Nick foi baleado no processo antes que Mordechai matasse o cara.
A pantera de Manny gritou que o seu companheiro estava machucado
de qualquer maneira.
— Como está a ferida?
Nick deixou cair sua mão, como se ele não quisesse que Manny o
visse com dor.
— Ainda dói um pouco.
A julgar pela expressão de Nick, doía mais que um pouco.
— O hospital não deu uma receita para medicamentos para dor?
— Eles deram, mas eu não gosto de tomar. Eles deixam minha
cabeça muito confusa.
Manny levantou-se e foi ao armário do corredor. Ele pegou um frasco
de ibuprofeno e levou para o seu companheiro.
— Isso não é tão forte, mas deve ajudar a aliviar um pouco.
Nick pegou o frasco. Seus dedos roçaram. Ele acabou de colocar a
sua ereção sob controle, mas com o toque, Manny ficou duro novamente. Seu
pau estava no nível dos olhos de Nick, mas seu companheiro estava olhando o
frasco e não o que estava na frente dele.
— Obrigado. Eu não tinha certeza se você possuía algum, e eu não
queria bisbilhotar para descobrir.
Ok, então Nick não era de todo mau. Pelo menos, ele respeitava a
privacidade de Manny, e o fato dele não ser um saqueador ou bisbilhoteiro era
uma vantagem. Isso aliviou Manny.
— Eu posso te fazer um chá quente.
Nick abriu o frasco e pegou duas pílulas, tomando-as. Manny não
tinha certeza de como ele havia feito isso sem água.
— Nah, você não precisa se preocupar. Posso fazer meu próprio chá.
— Como no inferno. — Disse Manny. — Você está banido da minha
cozinha. — Ele entrou na cozinha para colocar a chaleira no fogo. Nick entrou
atrás dele e colocou o frasco de ibuprofeno no balcão.
Jesus. Manny tinha ido até a cozinha para tentar trazer o seu corpo
de volta sob controle. Ele também estava tentando escapar do aroma de Nick.
Mas agora o aroma de flores selvagens inundou a cozinha, forçando Manny a
ficar de costas para o seu companheiro.
— Você não escuta muito bem.
— Foi me dito uma ou duas vezes. — Nick foi até a geladeira e pegou
uma garrafa de água. — É a primeira das minhas melhores qualidades.
Pelo menos ele era honesto.
— E eu sou um louco por limpeza. Uma das minhas qualidades
menores que afligem as pessoas.
Manny teve que admitir, ter alguém para conversar depois do seu
longo turno se sentiu bem. Ter alguém para voltar para casa também era bom.
Mas o seu tesão do inferno estava matando-o, e tão difícil quanto ele tentou
não olhar para o seu companheiro, Manny perdeu a batalha e olhou por cima
do ombro.
Nick sorriu.
— O que é que procura? — Perguntou Manny.
— Cara, você me deu um botão para empurrar. — Ele riu. — Aviso
simples, eu gosto de pressionar botões.
Ele estava agora convencido de que Nick era um merda malvado
enviado do inferno para tortura-lo. Não conseguiu impedir o seu cérebro de
pensar no botão que ele adoraria pressionar em Nick.
Se apenas.
Manny virou, incapaz de parar a pergunta.
— E quais botões você tem que posso apertar?
Ele se certificou de que a sua pergunta gotejasse insinuações.
Nick jogou com alegria o frasco de ibuprofeno. Manny pegou-o no ar
e colocou-o de lado.
— Nós somos companheiros de quarto. — Disse Nick. — Eu não sou
sua chamada de sexo ao vivo, então não vá lá.
Manny planejava ir lá tantas vezes quanto ele precisasse até que Nick
se entregasse. Ele se inclinou contra o balcão, cruzando os braços.
— Eu poderia te foder que essa dor do seu ombro desapareceria.
Definitivamente, seu pau falava. Manny estava bem ferrado, pronto
para atacar se Nick dissesse a palavra. Ele já estava imaginando Nick de
joelhos, sugando o seu pau na sua boca ali mesmo na cozinha.
Nick tossiu e depois olhou com olhos arregalados para Manny antes
de franzir o cenho.
— David não me disse que você era um idiota.
Nick foi para a sala, mas Manny tinha visto a luxúria e a curiosidade
nos olhos do seu companheiro, mesmo que Nick tivesse acabado de recusá-lo.

Capítulo Dois

Na manhã seguinte, Nick saiu da casa antes que Manny acordasse. O


médico havia dito a ele que pegasse leve até que o seu ombro estivesse
completamente curado, mas Nick não estava vivendo às custas de outra
pessoa. Ele precisava encontrar um emprego.
Durante anos, Nick esteve se esquivando da vida. Ele ainda estava
ferido e zangado de que os seus pais haviam morrido, e o seu sofrimento
apenas transformou sua raiva em uma raiva mais profunda. Era um ciclo que
ele estava pronto para quebrar. Precisava provar não só a si mesmo, mas a
David que ele poderia cuidar de si mesmo. Manny era uma situação
temporária. Nick não planejava viver lá por muito tempo. Ele conseguiria um
emprego, seu próprio lugar, e esperava aprender a deixar sua raiva ir.
Ele simplesmente desejou ter esperado até que o clima estivesse
mais quente para ir procurar trabalho. O ar frio fazia o seu ombro palpitar.
Nick estremeceu enquanto esfregava, entrando na loja local de motos. Se ele
pudesse evitar, Nick não estaria trabalhando em nenhuma loja de comida,
cinema, loja de flores, cabeleireiro ou em qualquer lugar que tivesse que lidar
com crianças.
Não que Nick tivesse algo contra crianças, mas ele preferia não estar
em volta de gritos e choro o dia todo. Ele tinha tido o suficiente dessa vida
com o seu tio bêbado.
Ele entrou na Santiago Motos e olhou em volta. Ele assumiu que o
lugar apenas vendia ou reparava motos, mas também havia acessórios de
motos e roupas penduradas em racks, camisetas, jaquetas de couro, luvas de
equitação, e assim por diante. Nick sorriu quando viu uma pequena seção que
oferecia vestuário e jaquetas de couro em tamanhos de criança.
— Você está querendo comprar uma moto?
Nick olhou para o balcão. Ele nem sequer percebeu que o cara veio
da parte de traz. Santo Moisés. Ele era amplo e tinha que estar bem acima de
1,95m, com cabelos ondulados escuros que terminavam nos seus ombros e
penetrantes olhos azuis. Esse cara parecia um motoqueiro perigoso.
Letal nem sequer começou a descrever esse cara, mas Nick nasceu
sem uma sensação de autopreservação. Ele tinha que ter tido, porque o cara
se debruçava sobre ele e Nick não estava assustado.
Balançando a cabeça, Nick abriu caminho para o balcão.
— Eu só queria saber se você estava contratando. — Ele estendeu a
mão. — Nick Winston.
O cara apertou.
— Tryck Santiago.
— Você precisa de alguém para organizar os registros, varrer ou
anotar os recados para você?
Nick soltou a mão de Tryck. O aperto de mão tinha sido firme, mas
gentil, embora ele parecia que poderia quebrar a sua mão com um único
aperto.
— Não no momento. — Tryck acenou com a mão para a janela. —
Nós principalmente fazemos manutenção e reparos no inverno, embora nós
enviemos pedidos para compradores fora da cidade. Mas estamos lentos
agora.
Maldito seja, isso era uma merda. Nick esfregou novamente o ombro
palpitante. O frio não lhe fazia favores.
Tryck olhou para ele.
— O meu aperto de mão foi muito áspero?
Nick poderia dizer que Tryck estava provocando-o e ele não queria
parecer fraco aos olhos desse homem duro.
— Não foi o seu aperto de mão. Fui baleado.
Não, isso soou mauzão. Não era que Nick fosse duro, mas fingir não
faria mal. Ele fingiu quase toda a sua vida. Por alguma razão cósmica
desconhecida, o problema sempre parecia segui-lo onde quer que ele fosse.
Para Nick, a má sorte era como uma merda de cachorro presa no fundo do seu
sapato, e não importava como ele tentasse tirá-la, ainda se apegava a ele.
Sua declaração pareceu intrigar Tryck. Uma das suas sobrancelhas se
ergueu enquanto um leve sorriso surgiu ao lado da sua boca.
— Como isso aconteceu?
Nick não tinha ideia do porquê, mas queria impressionar o dono.
Talvez Tryck o contratasse se achasse que Nick era um rebelde. O que Nick
não era.
— Um cara entrou na minha casa e eu lidei com ele, mas não antes
que ele tivesse atirado.
Tryck deu-lhe um sorriso malicioso, e Nick não tinha certeza se o cara
estava impressionado ou se ele sabia que Nick estava cheio de merda. Alguém
tinha entrado na casa do seu tio, mas Mordechai tinha sido o único a se livrar
do intruso. Nick acabou entrando no caminho.
História da minha vida.
Uma brisa repentina e fria acertou Nick, dizendo-lhe que alguém
tinha entrado na loja, mas ele não se virou. Ele segurou o olhar de Tryck,
esperando que ele diria que Nick tinha um emprego. A atenção dele desviou
para o recém-chegado e ele assentiu.
— Ei, Manny.
Nick endureceu. Por que diabos o seu companheiro de quarto estava
aqui? Ele estava perseguindo Nick ou isso era apenas uma coincidência? Seja
como for, ele se virou e olhou para Manny.
— Você está me seguindo?
As narinas de Manny dilataram enquanto seus lábios se achatavam.
Seu olhar estreitou quando ele olhou de Tryck para Nick.
— Você foi indicado a descansar até o seu ombro curar.
Ser repreendido na frente de Tryck estava sugando o mauzão Nick.
Quando ele se virou para o dono, os olhos azuis de Tryck brilharam com
humor.
Nick olhou de volta para Manny, irritado por poder ter aproveitado as
chances de conseguir um emprego.
— Nós somos companheiros de quarto, filho da puta. Você não tem o
direito de me seguir e me dizer o que fazer. Você não é meu maldito pai.
Certamente, Nick estava extremamente atraído por Manny. A
aparência do cara tinha que ser ilegal, especialmente os seus músculos. E
esses olhos. Manny tinha os olhos mais quentes e sonhadores que Nick já tinha
visto. Eles eram de um tipo esverdeado, e os seus espessos cílios só serviram
para mostrá-los. E exatamente quantos agachamentos Manny fazia em um dia,
porque, maldição, sua bunda era pura perfeição, tão redonda que ele poderia
cravar seus dentes nela.
Felizmente, o pau de Nick não o liderava, e ele seria condenado se
Manny lhe dissesse o que fazer. Eles eram apenas colegas de quarto, nada
mais, e Manny não tinha direitos sobre ele. Nenhum.
— Eu vou estar lá atrás, se você precisar de mim. — Disse Tryck a
Manny.
— Não, espere! — Nick disse, entrando em pânico. Seu estratagema
para conseguir o trabalho estava rapidamente se desenrolando, e era culpa de
Manny.
Tryck lançou um sinal de paz e desapareceu através de uma porta
que levava à parte de trás da loja. Nick rangeu os molares quando ele atirou
adagas para Manny.
— Muito obrigado por estragar minhas chances aqui.
Manny combinava com o olhar dele, e na verdade ele era bem melhor
com a expressão. Tryck era maior e mais letal do que Manny, mas Manny fez
Nick querer recuar.
— Este é um negócio familiar. — Disse Manny. — Há apenas um cara
aqui que não é da família, e ele trabalha nesta loja há muito tempo. Você não
tinha chance, Nick.
— Adivinha, nunca vou saber. — Nick passou por Manny, alcançando
a maçaneta da porta da frente, mas Manny agarrou o seu pulso e o impediu de
sair. O toque enviou uma onda de choque através do seu corpo até o seu
pênis. Ele teve um impulso irresistível de se jogar em Manny enquanto
implorava ao homem para beijá-lo. Em vez disso, rangeu seus molares e
lembrou-se de que transar com o seu companheiro de quarto era uma má
ideia.
Além disso, ele ainda estava chateado com ele.
— Você acabou de sair do hospital antes de ontem. Essa ferida não é
um corte de papel, Nick. Você precisa de tempo para andar antes de começar
a correr pela cidade procurando trabalho.
Nick afastou o braço e sibilou com a dor que percorreu o seu lado.
— Fique bem longe de mim. — Ele abriu a porta e saiu, forçando as
lágrimas da imensa dor que sentia.
Apenas sua sorte, Manny estava logo atrás dele, ensinando-o a fazer
dano permanente ao ombro.
Nick o apertou. Ele enfiou as mãos nos bolsos do casaco e caminhou
para rua, examinando os negócios por um trabalho prospectivo.
Onde quer que ele fosse, Manny estava ao seu lado. Nick não gostava
de comprimidos de dor. Ele havia dito a verdade sobre como eles deixavam
sua cabeça grogue, mas agora ele estava pronto para tomar um punhado
porque todo o seu lado direito se sentia como se estivesse em chamas.
Ele se moveu para a esquina e estava esperando o farol mudar
quando uma onda de tontura o fez balançar. Ele ouviu Manny gritar, mas o
som estava longe. A cidade girou e Nick inclinou-se para frente e começou a
cair na rua. Ele sentiu um braço em volta da sua cintura segundos antes de
desmaiar.

Plantar um grampo provou ser mais difícil do que Richard pensou.


Malachi e Mordechai nunca pareciam deixar suas casas. Só quando Richard viu
Manny sair da sua casa, ele finalmente teve uma oportunidade.
Ele precisava de uma pista de Linda e Matthias Kent, e não havia
conseguido encontrar nenhuma a mais do que ele tinha desde quando seu
parceiro, Alan, havia morrido. Se Richard não estivesse preso, logo, sua bunda
ficaria no lugar quente da agência.
Richard esperou até que a caminhonete de Manny se aproximasse da
esquina antes de entrar pela porta dos fundos. Felizmente, Manny não possuía
um cachorro como os seus irmãos. Mas, na falta de chance, ele estava errado,
ele tinha um bolso cheio de lanches para cães.
Richard tirou os grampos do bolso da jaqueta e colocou um
dispositivo de escuta no abajur da sala de estar, um no teto da cozinha e um
no quarto principal atrás da mesa de cabeceira.
Antes de sair da casa, ele também plantou uma pequena câmera de
batom no respiradouro na sala de estar. Deus, ninguém limpava suas
aberturas? Richard poderia fazer um travesseiro com todas as bolas de poeira.
Ele prendeu a tampa do respiradouro no lugar, forçando a sua necessidade de
limpar o respiradouro.
O lugar estava agora ligado. A menos que alguém rastejasse pela
janela do quarto de hospedes e ficasse naquele quarto, Richard saberia se
Linda ou Matthias aparecessem.
Ele zumbiu para si mesmo quando voltou para a cozinha, e viu uma
tigela de plástico cheia de biscoitos caseiros. Ele realmente não deveria.
Richard sabia melhor, mas o cheiro de passas de aveia era muito irresistível
para deixar passar, especialmente porque ele não tinha tido nada de caseiro
em eras. Ele pegou alguns e empurrou um na sua boca ao sair pela porta.
Deus eram bons. Muito ruim, que ele não poderia ter pegado toda a
tigela.
Felizmente, a neve tinha derretido um pouco, e ele não deixou
nenhuma pista para trás. Satisfeito com o seu trabalho, Richard entrou no jipe
e voltou para o apartamento que havia alugado ao lado da delegacia de polícia.
Ele sorriu para si mesmo, achando irônico que estivesse tão perto dos
policiais enquanto tentava derrubar duas pessoas por espionagem. Se as
coisas acontecessem como ele esperava, Linda e Matthias ficariam presos em
uma cela escura e nunca mais veriam a luz do sol.
Manny abriu a porta da frente antes de voltar para a caminhonete e
pegar Nick do lado do passageiro. Ele o levou até a casa e pousou-o
gentilmente na cama no quarto de hóspedes.
Que diabos Nick estava pensando em ir à cidade quando ele nem
estava perto de estar curado completamente? Com um grunhido de irritação,
Manny tirou o celular do bolso e discou o número do Dr. Sheehan. Enquanto
esperava o médico atender, ele olhou para Nick.
Seu companheiro era lindo, mas ele era teimoso como o inferno. E a
sua atitude? Manny estava começando a ver o que Mordechai havia estado
falando. Ele e o seu companheiro teriam uma longa conversa quando Nick se
sentisse melhor. Manny seria condenado se ele permitisse a Nick levar sua
raiva sobre ele ou se colocar em perigo novamente. Havia teimosos, então
havia uma bobagem absurda. Ele não se surpreenderia se Nick tivesse
atrasado sua cura por semanas.
Quando o Dr. Sheehan atendeu, Manny explicou sobre a condição de
Nick e o que acabou de acontecer na cidade.
— Eu vou para aí. — Disse o Dr. Sheehan. — Mantenha-o o mais
confortável possível.
— Devo esfregar o seu ombro?
— Deixe-me dar uma olhada nisso primeiro, então vamos levá-lo de
lá.
— Obrigado. — Manny desligou. Precisando manter-se ocupado, ele
entrou na cozinha e colocou a chaleira no fogo. Ele viu agora que estar
acasalado com Nick seria um desafio.
Enquanto esperava para fazer uma xícara de chá, Manny pegou um
biscoito da tigela de plástico no balcão. Ele atirou na sua boca, depois tirou
uma caneca do armário e colocou-a perto fogão.
Manny se apoiou.
E olhou para a tigela.
Na outra noite ele tinha feito uma dúzia de cookies. Agora havia
apenas cinco. Nick os comeu? Puxando o pensamento de lado, ele fez a sua
xícara de chá.
Manny queria aprender tudo sobre Nick, o que o fez sorrir, rir, franzir
o cenho e por que ele estava tão bravo. Ele sabia que Nick não lhe falaria. Seu
companheiro estava muito fechado, lutando demais com o mundo. Mas se
Manny fosse fazer qualquer tipo de progresso, ele precisava de algo para
trabalhar.
Ele ligou para Mordechai, esperando que David lhe dissesse.
— Ei, David está em casa? — Perguntou quando o irmão atendeu.
— Espera um segundo.
Manny pegou o chá da mesa e sentou-se. Se Nick acordasse, ele não
queria que o seu companheiro ouvisse a conversa. Ouvir Manny fazendo
perguntas pessoais sobre ele pode irritar Nick.
— Ei, Manny. — Disse David. — O que está acontecendo?
Ele explicou sobre Nick fugindo e desmaiando na rua. Depois de
assegurar a David que o seu irmão estava bem, ele perguntou:
— Você pode me dar uma história de fundo sobre ele?
David ficou quieto. Por um momento, Manny pensou que o cara tinha
desligado.
— Você realmente deveria conversar com Nick sobre isso.
— E você sabe muito bem que ele não vai me contar.
Manny deslizou o dedo sobre a borda da caneca, esperando que
David não insistisse em falar com Nick.
— Nossos pais morreram em um acidente de carro quando Nick tinha
quinze anos. Em vez do luto e seguir em frente, ele ficou preso no seu
sofrimento. — David passou a explicar como o seu tio Travis os tratara como
uma merda, sempre ameaçando expulsá-los, como Nick constantemente
discutia com o bêbado e como a tia Gloria os fez partir quando Travis teve um
ataque cardíaco e precisava se mudar. — Nick fugindo enquanto ele ainda está
ferido soa como ele. Ele é teimoso como o inferno, e ele adora apertar botões.
Nick já havia dito tanto.
— Antes dos nossos pais morrerem, Nick costumava rir o tempo
todo. — Disse David com um suspiro. — Eu sinto falta desse Nick. Ele era
brincalhão, gostava de brincar, e realmente se importava.
— Alguém já pensou em leva-lo a uma terapia? — Perguntou Manny.
— Claro, se pudéssemos ter conseguido isso. Ambos trabalhamos em
empregos ruins, com nenhum seguro saúde. Eu vou odiar ver a conta do
hospital quando chegar.
Manny fez uma careta. Sem dúvida, seria enorme. Ele sempre
agradeceu que ele fosse um shifter e que pudesse curar de quase qualquer
ferida, e nunca ficou doente ou pegava doenças humanas. As companhias de
seguros devem agradecer os shifters por seus sistemas imunológicos.
Independentemente disso, Manny encontraria uma maneira de ajudar Nick a
pagar essas contas, mesmo que ele tivesse que trabalhar mais horas.
— Obrigado. — Disse Manny. — Eu aprecio você me dizendo isso.
— Sem problemas. Mordechai e eu queríamos parar para verificá-lo.
— Agora não é um bom momento. — Disse Manny. — Eu chamei o
médico, e ele está vindo para dar uma olhada nele, então ele vai ficar na cama
até se sentir melhor.
David riu.
— Estou contente que ele esteja em boas mãos. Boa sorte para que
ele ouça você.
Nick estava nas melhores mãos. Manny não disse a David que Nick
era seu companheiro. Ele não queria anunciar isso ainda. Não até que ele
dissesse a Nick e o ajudasse a superar o seu sofrimento e raiva. Manny não
precisava que alguém lhe revelasse a verdade. Isso provavelmente daria a
Nick outra razão para irritar-se.
Ele desligou assim que a campainha soou. Com um suspiro, Manny
levantou-se e atendeu. Ele mostrou ao Dr. Sheehan o quarto de Nick. Seu
companheiro ainda não estava acordado, e isso preocupou Manny.
Na verdade, ele não sabia muito sobre doenças humanas.
— Ele ainda deveria estar nocauteado?
— Eu preciso tirar sua camisa. — Disse o médico.
Manny não gostou que o Dr. Sheehan não tivesse respondido a sua
pergunta.
— Espere. — Ele saiu do quarto, depois voltou com uma tesoura de
ponta. Ele não queria causar dor a Nick mais do que ele já estava tentando
puxar sua camisa sobre a sua cabeça.
Ele cortou a camisa da parte superior do braço até o colarinho, depois
descascou o material. Manny amaldiçoou. Mesmo ele sabia que a ferida não
deveria estar tão vermelha.
O Dr. Sheehan cutucou e cutucou, e os olhos de Nick se abriram. Ele
gritou, e o seu punho se conectou com o maxilar do Dr. Sheehan.
Manny ficou parado em estado de choque. Seu companheiro
realmente apenas socou o médico? Nick entrou em colapso, respirando
pesadamente, seus olhos selvagens e sem foco quando olhou ao redor do
quarto.
— Você está seguro. — Disse Manny, pronto para agarrar o braço de
Nick se ele o levantasse de novo. — O médico está olhando o seu ombro. —
Ele observou o Dr. Sheehan, rezando para que o cara não estivesse tão irritado
que ele se recusasse a ajudar Nick.
O Dr. Sheehan estreitou os olhos enquanto esfregava a mandíbula.
— Só por isso, você não está ganhando um doce.
Nick deu ao médico um olhar confuso. Manny suspirou com alívio. Ele
tinha ouvido que o Dr. Sheehan tinha um grande senso de humor, e ele estava
agradecido como a merda por isso.
— Eu vou prescrever antibióticos, e também vou voltar com uma
intravenosa para ter certeza de que ele não está desidratado. Sua ferida
parece infectada, mas nós a pegamos antes de ficar muito mal.
— Ele se recusa a tomar medicações contra a dor. — Disse Manny.
— Você seriamente vai me dedurar? — Nick olhou para ele.
Manny olhou para trás.
— Quando se trata da sua saúde? Foda-se sim.
Nick desviou o olhar e a sua boca ficou em uma linha sombria.
Maldição se Manny não tivesse seu trabalho cortado para ele. Felizmente,
Manny tinha experiência em lidar com esse tipo de atitude desde que cresceu
com irmãos que eram tão teimosos. Somente, que ele não iria bater Nick na
bunda como tinha feito com eles.
— Embora eu não possa forçá-lo a tomar. — Disse o Dr. Sheehan. —
Você deve considerá-lo para as próximas doze horas, pelo menos. Precisa
descansar. Posso dar-lhe uma injeção de morfina se preferir.
O olhar de Nick passou de Manny para o médico. Parecia que ele
estava prestes a recusar, então deu um ligeiro aceno.
— Tudo bem, seja o que for.
Manny ficou aliviado por ele ter concordado com os remédios para
dor, mesmo que fosse apenas uma injeção. Isso era melhor do que Nick,
deitado em agonia. Pelo suor na sua testa e na pitada dos seus olhos, Nick
estava definitivamente com dor.
— Eu preciso fazer um telefonema. — O Dr. Sheehan saiu do quarto.
— Ele está apenas tentando ajudar.
— Eu disse que tomaria a injeção. — Argumentou Nick. — Você pode
ir agora. Não preciso de você aqui.
Se Nick não estivesse ferido, Manny teria levado seu companheiro
para o joelho dele e bateria a merda dele.
— Você precisa tomar cuidado com o seu tom.
— Ou o quê? — Nick falou. — Você vai me expulsar?
Era o medo de Nick? Que Manny faria as mesmas ameaças que o tio
dele?
— Não, não vou te expulsar. Mas eu vou colocar o pé na sua bunda
se você continuar falando assim comigo.
Nick olhou para ele, como se estivesse se perguntando se Manny
realmente faria isso. Então ele sorriu, o que pegou Manny de surpresa.
— Você está fixado na minha bunda, cara.
Manny deu um grunhido baixo.
— Você realmente é uma dor na bunda, não é?
— Veja? — Nick riu. — Mais uma vez com a minha bunda. Eu sei que
é boa, mas é melhor você manter suas mãos para você mesmo, amigo.
Manny revirou os olhos quando o Dr. Sheehan voltou, saco de soro e
seringa na mão. Como diabos ele tinha ido para casa e voltado tão rápido A
Toca estava do outro lado da cidade. Então, novamente, Manny tinha vivido
sua vida inteira no mundo paranormal, então ele sabia que ele não deveria se
surpreender.
Nick recuou, como se a agulha tivesse três metros de comprimento e
o médico estava prestes a mergulhar no seu coração e aspirar cada gota de
sangue que Nick tinha.
— Assustado com uma pequena picada?
Seu companheiro estreitou os olhos.
— É tudo sobre sexo com você?
— Não. — Disse o Dr. Sheehan. — Eu não estava no quarto com
vocês dois, então não censuro o que você diz.
— Desculpe, Doc. — Manny sorriu e olhou de volta para o seu
companheiro. — Ou você tem medo de qualquer tamanho de pau?
— Chute-o para fora. — Disse Nick ao médico.
— Eu faria. — Disse o Dr. Sheehan enquanto trabalhava no saco de
soro. — Mas estou achando isso muito divertido. Sua maneira de acordar é
muito melhor do que a dele.
Nick franziu o cenho.
— Eu acordei com dor. Eu não queria te socar.
Manny colocou a mão na sua orelha.
— Isso foi uma desculpa?
— Desculpe. — Disse Nick ao Dr. Sheehan, mas olhou para Manny.
— Você ainda não está recebendo um doce. — O médico sentou-se
ao lado da cama. — Eu acho que vou dar-lhe a morfina primeiro para que você
não enlouqueça sobre a IV. Parece que você odeia agulhas.
Nick engoliu enquanto seu olhar voltou para a seringa na mão do
médico.
— Eu não, eu não estou com medo.
— O mauzão total é um bebê grande. — Provocou Manny. — Seja
um bom garoto e tome a sua injeção. Eu vou te dar algo para chupar depois.
O maxilar de Nick caiu.
— Você está louco, você sabe disso?
— Sim, mas tirei sua atenção da injeção. — Ele sorriu. — O médico
já deu.
Nick olhou para o médico.
— Verdade?
— Eu sou tão bom. — Disse o Dr. Sheehan. — Depois que você
estiver tonto, vou inserir a agulha IV. — Ele deu um tapinha no quadril de
Nick. — Deite e aproveite o passeio.
O Dr. Sheehan virou-se para Manny.
— Eu voltarei quando a soro tiver acabado. Enquanto ele está
dormindo, certifique-se de que ele não seja perturbado. Ele vai machucar
ainda mais essa ferida se ele não descansar um pouco.
— Ainda não estou alto. — Reclamou Nick. — Pare de falar como se
eu não estivesse no quarto.
Assim que ele terminou a última palavra, Nick estava apagado como
uma luz. O médico riu.
— Ele é um peso leve.
Depois que o Dr. Sheehan começou o IV, Manny o acompanhou até a
sala de estar.
— Eu não posso agradecer o suficiente por me ajudar.
— Ele é seu companheiro, não é?
— Sim, mas não quero que ninguém saiba até contar a Nick.
— Você deve levá-lo para a Toca quando ele estiver curado. — O Dr.
Sheehan puxou o celular dele. — Há muitos companheiros lá para ajudá-lo
com os seus problemas de raiva. — Ele ergueu a mão quando Manny começou
a argumentar. — Não precisa de um cientista de foguetes para descobrir que
ele está passando por algo. Eu não vou contar, mas estar com gente que ele
pensa ser da sua própria idade pode fazer-lhe algum bem.
Porque os humanos na Toca envelheceram tão devagar quanto seus
companheiros, a maioria ainda parecia ter seus vinte e poucos anos.
— Você está dizendo que eu sou velho?
— Se o sapato se encaixa. — O Dr. Sheehan sorriu. Ele discou um
número e depois disse; — Estou pronto, Carter.
Um elfo apareceu na sala de estar. Manny rosnou para o visitante
inesperado e os olhos de Carter se arregalaram.
— Ele é todo latido. — Disse o Dr. Sheehan.
— Eu sou uma pantera. — Corrigiu Manny.
— Então ele é todo ronronado. — O médico riu. — Eu me superei. —
Ele olhou para Manny. — Eu voltarei quando o IV tiver acabado.
Ele e o elfo desapareceram. Com um movimento de cabeça, Manny
voltou para o quarto de Nick, onde ele se esticou ao lado do seu companheiro.
Esta era provavelmente a única vez que ele conseguiria se aproximar.
Até que Nick estivesse melhor e Manny lhe dissesse que eram
companheiros. Então ele planejava ficar muito, muito mais perto.
Se Nick não o socasse, primeiro.
Capítulo Três

— Você sabe quem ele é? — Perguntou Kota quando entrou no


escritório de Maverick. Seu alfa estava sentado atrás da sua mesa, com os pés
em botas apoiados na borda. Ele estava esfregando a nuca enquanto olhava
para o laptop.
— Vai me dizer de quem você está falando ou vamos jogar o jogo
das 20 perguntas? — Maverick fechou o seu laptop.
— O cara que Mordechai nos avisou. — Kota sentou-se no sofá de
couro, jogando o braço nas costas. — CIA, FBI, Homeland 1?
— Não tenho certeza. — Disse Maverick. — Fiz Nero cavar, mas ele
continua batendo em parede após parede. Este Alan McGee é um fantasma.
Nero encontrou sua informação básica, mas nenhum registro de emprego,
nenhum histórico de crédito. Apenas sua data de nascimento e número social,
e o seu número social não nos deu nenhuma merda.
Kota não gostou disto. O fato de terem que lidar com caçadores e
desonestos era ruim o suficiente. Agora, algum funcionário clandestino do
governo pode estar bisbilhotando a cidade? Era difícil o suficiente manter os
moradores humanos no escuro sobre a natureza que vivia ao redor deles.
— Devemos avisar os residentes não-humanos para ter cuidado?
— Eles sempre são cuidadosos. — Disse Maverick. — Na maioria das
vezes, de qualquer maneira.

1
uma premiada série de televisão dos Estados Unidos desenvolvida por Howard Gordon e Alex Gansa, baseada na
série israelense Prisioneiros de Guerra, criada por Gideon Raff
Ok, certo. Kota não podia contar quantas vezes os shifters e outros
seres sobrenaturais se expuseram. Era uma maravilha que todo ser humano
na Vila Brac não soubesse sobre a sua existência.
Maverick riu.
— Sei exatamente o que está pensando, e você está certo. Não
fomos exatamente discretos na maioria das vezes. — Ele puxou os pés para
baixo da mesa e sentou-se para frente, seus longos e escuros cabelos caindo
nos seus ombros. — Quero saber quem merda Alan McGee realmente é, para
quem trabalha, e se precisamos conter a merda.
Este era o alfa feroz que Kota conhecia e amava. Implacável, pronto
a matar para proteger.
— Falarei com Hawk sobre ter os sentinelas patrulhando fortemente
a cidade.
— Procure por alguém que se mudou para a cidade nas últimas duas
ou três semanas. — Disse Maverick. — Na verdade, quero uma verificação de
antecedentes de todos na merda desta cidade.
Seu alfa estava irritado. Assim como Kota. A matilha e os
companheiros na Vila Brac lutaram muito para manter o governo fora das suas
vidas. Kota não culpou os irmãos Kent por chamar a atenção do governo. Ele
acreditou neles quando disseram que não tinham ideia de que os seus pais e
irmão mais velho viviam uma vida secreta. Mas Kota planejou ter alguns
sentinelas observando suas casas no caso da sua mãe ou Matthias voltarem.
Maverick beliscou a ponte do nariz.
— Estava tentando duro, não usar as câmeras que instalamos para
espionar os moradores, mas acho que não temos escolha.
— Se queremos manter nosso modo de vida em segredo, faça o que
precisa fazer. — Disse Kota. Mas ele sabia como Maverick se sentia. Ninguém
queria se sentir sendo observado. Infelizmente, se alguém de uma agência do
governo tivesse se infiltrado na sua cidade, eles não tinham outra opção.
Kota deu a Maverick um aceno de cabeça antes de sair do escritório,
para procurar Hawk.

— Se você abrir os olhos para o mundo, pode se surpreender com o


que encontra.
Nick esfregou os olhos quando virou a cabeça. O que diabos estava
fazendo Manny esticado na sua cama?
— Meu colega de quarto na minha cama pensando que este é um
momento de Hallmark. Essa é a surpresa que encontro.
— Só estou tentando levantar o seu humor. — Gritou Manny
enquanto se sentava. — Estava esperando que estivesse melhor depois do seu
descanso.
— E eu estava esperando despertar para um mordomo e uma
mansão, mas você nem sempre consegue o que deseja.
O ombro de Nick ainda estava doendo, mas pelo menos a dor era
suportável. Agora ele estava morrendo de fome. Seu estomago retumbou
enquanto tentava se sentar, mas ele sibilou e caiu de volta.
— Pare de exagerar. — Manny saiu da cama. O olhar de Nick foi
direto para a bunda do cara. Essa parte traseira linda e bem formada. O que
não daria para ver Manny sem roupas. — Apenas me diga o que precisa e vou
jogar de servo para você.
A mente de Nick foi diretamente para a sarjeta, até que a sua bexiga
se contraiu. Ele afastou o olhar da bunda de Manny quando se virou. Agora,
Nick estava olhando a virilha de Manny e a sua imaginação foi para lá. Deus,
por que Manny não podia estar nu? Nick provavelmente teria ficado louco se
tivesse acordado ao lado de Manny e ele estivesse nu, mas pelo menos saberia
o que o cara estava escondendo.
Então sua bexiga se contraiu de novo.
Não havia como chegar lá sozinho. Manny teria de ajudá-lo a ir ao
banheiro. Nick teria que estar no seu leito de morte para deixar isso acontecer.
— Só preciso ir ao banheiro. — Nick tentou mais uma vez levantar-
se, forçando-se a não chorar de dor. Manny deslizou o braço ao redor da
cintura de Nick e o ajudou a sair da cama. Mais uma vez, seu toque disparou
através de Nick como uma tempestade elétrica. Seu braço forte estava quente,
e tudo o que Nick queria fazer era girar para poder enfrentar Manny, para que
pudesse lhe roubar um beijo.
— Você é sempre tão teimoso?
— Apenas em torno de caras que me incomodam. — Nick esperava
que Manny não visse sua ereção crescente. — Ok, já posso me manter. Pode
remover o seu braço.
Ele não gostou do fato de que queria que o braço de Manny ficasse ao
seu redor, ou a intensa atração que sentia pelo sujeito. Mas, mesmo lutando
contra a estranha atração, ele estremeceu quando Manny deslizou o braço
para longe. Nunca lutou tanto para não ser atraído por alguém e sentiu-se
como uma batalha perdida. Mas Nick estava determinado a manter as coisas
platônicas entre eles.
— Vou te fazer alguma coisa para comer. Grite se precisar de mim.
— Manny se afastou e Nick olhou para a parte traseira em retirada, mordendo
o lábio quando as imagens de como o cara pareceria nu mais uma vez
apareceram na sua cabeça.
— Não vá lá. — Resmungou Nick. Mesmo que quisesse um colega de
quarto com benefícios, as coisas tinham um mau jeito de voltar a bater no seu
rosto. E se as coisas entre ele e Manny explodissem?
De jeito nenhum no inferno, Nick poderia aproveitar essa chance. A
única coisa que podia fazer com Manny é adicionar o cara à sua lista de
proibido e se esforçar várias vezes por dia para tirá-lo do seu sistema.
Depois de usar o banheiro, Nick passou lentamente pelo corredor.
Olhou para a árvore de Natal no canto da sala e mordeu o lábio superior.
Assim como na noite em que Mordechai o trouxe aqui, Nick teve um desejo de
jogar a árvore pela janela.
Ele odiava o Natal e estava feliz por não ter sentido falta ao estar no
hospital. O feriado não tinha sido o mesmo desde que os seus pais morreram,
e ele não queria celebrar novamente.
Nick sentiu o cheiro de queijo grelhado. Deus, amava esse aroma.
Isso lembrou os tempos em que a sua mãe o fazia para o jantar, juntamente
com a sopa.
Dirigiu-se para a cozinha e parou à porta, observando Manny se
mover. Ok, então ele estava observando a bunda de Manny, enquanto fazia o
jantar. Aparentemente gostava de se torturar. Deus. Mas não conseguia
afastar os olhos da bunda de Manny, das costas fortes, nem dos músculos que
se moviam quando Manny tirou os pratos do armário.
Foda-me de lado. Nick iria morrer dentro de alguns dias apenas pela
tensão de manter o seu pau na sua calça em torno desse cara.
Ele deveria simplesmente sair, mas com a dificuldade de tentar se
afastar, não conseguiu que o seu corpo obedecesse.
— Tenho permissão para estar aqui? — Ele perguntou
sarcasticamente, porque não queria que Manny soubesse o quão ligado estava.
— Somente se prometer não cozinhar nada.
— Não foi minha culpa ter adormecido. — Mesmo que não tivesse,
provavelmente teria queimado a comida de qualquer maneira. Ele era um
péssimo cozinheiro. O que não havia dito a esse tipo de deus era que estava
tentando fazer um bom jantar para Manny para demonstrar a sua apreciação,
mas, após o desfecho, o generoso clima de Nick tinha saído pela janela.
Manny olhou por cima do ombro. Esses olhos atraíram Nick, e ele
teve que se forçar a não cruzar a cozinha, ou ficar nu e curvar-se à mesa,
enquanto implorava a Manny para foder os seus miolos.
— Sente-se. O jantar estará pronto em breve.
Nick olhou o relógio no fogão e ficou chocado pelo horário.
— Já é depois da meia-noite?
— Você dormiu o dia inteiro. — Manny colocou um sanduíche de
queijo grelhado em um prato, depois foi até a despensa e pegou uma lata de
sopa. O peito de Nick doeu quando pensou na sua mãe. Ele sentia tanto a falta
dela; sentia falta da sua risada, do jeito que sorria para ele, do jeito que
colocava o cabelo atrás da orelha enquanto se concentrava em qualquer tarefa
que estava fazendo.
Era incrível como o cheiro evocava emoções tão poderosas, e Nick
sentiu-as agora quando o aroma do sanduíche seguiu o seu caminho. Ele
odiava que Manny já o vira o seu pior, não precisava adicionar chorão aos seus
momentos mais embaraçosos em torno de Manny.
Então, depois de se sentar na mesa, deu as costas a Manny e
enxugou as lágrimas quentes picando os seus olhos.
Foda-se, precisava se controlar.
— Você pode ter o resto desses cookies depois de comer. — Manny
trouxe o prato para ele. Se notou as lágrimas nos olhos de Nick, ele não disse
nada. Nick tentou o seu melhor para controlá-las, mas ainda sentiu-as
enchendo os seus olhos.
Manny voltou ao balcão, abriu a lata de sopa e derramou o conteúdo
em uma tigela antes de empurrá-la no micro-ondas. Ficou afastado de Nick,
como se soubesse que Nick precisava de tempo para juntar sua merda. Então
Nick se lembrou do que Manny havia dito e olhou para a tigela no balcão.
— Não sou fanático por aveia. — Nick enrugou o nariz, agradecido
por algo mais para se concentrar, além da humidade embaraçosa nos seus
olhos. — Você tem algum biscoito de manteiga de amendoim ou açúcar?
Ou alguns biscoitos de chocolate e um grande copo de leite frio, mas
Nick não queria soar como uma criança, embora a combinação fosse seu
lanche favorito.
O olhar de Manny passou de Nick para a tigela de plástico no balcão.
— Você não comeu nenhum deles?
— Cara, acabei de dizer que não gostava deles. Não tente me culpar
se você comeu a maioria deles, Bunda grande.
Lá vai você novamente, concentrando-se na sua bunda
surpreendente. E era realmente um fodido trabalho de arte.
Nick pensou que a sua resposta tiraria pelo menos um sorriso de
Manny, mas o cara ainda estava olhando a tigela de plástico. Manny finalmente
desviou o olhar quando o microondas apitou.
— Obrigado. — Disse Nick quando Manny colocou a tigela na frente
dele. — Não precisava passar por todo esse esforço por mim.
Ele estava falando mais do que da sopa e o sanduíche. Manny parecia
um cara genuinamente legal que se importava com as pessoas. Então,
novamente, ele era um bombeiro, então provavelmente estava no seu DNA
resgatar cachorros e sentir pena de um cara sentado na sua mesa com
lágrimas persistentes nos seus olhos.
— É apenas sopa. — Manny pegou outra lata e colocou numa tigela
antes de se juntar a Nick na mesa. Ele sentou-se na cadeira ao lado de Nick, o
cheiro terrenal e masculino de Manny invadiu seus pulmões, sua virilha, se
Nick fosse totalmente honesto. Felizmente, a mesa escondeu o seu pau.
Não conseguiu se lembrar de qualquer momento na sua vida em que
ficou tão duro. Ele precisava de um banho frio, algum lubrificante e dez
minutos sozinho consigo mesmo. Mas Manny não permitiria que ele deixasse a
mesa sem comer, embora ele não soubesse o que Nick estava indo fazer no
banheiro.
Nick sentiu seu rosto enrubescer, seu pênis latejava, e ele precisava
encontrar outra coisa para se concentrar, além do pedaço sentado ao seu lado.
— Não espere refeições completas. Sou tão ruim em cozinhar como
você. A maioria das coisas na despensa ou freezer é rápida e fácil de fazer.
Mesmo que eu não possa esconder isso.
Nick sabia que Manny estava sendo gentil com ele porque David
estava com Mordechai. Mas secretamente esperava que algumas das suas
bondades fossem reais, porque estava começando a gostar dele e não apenas
de maneira sexual.
— Há mais alguma coisa que precisa?
Manny empurrou uma colher de sopa na boca. Nick observou,
hipnotizado enquanto a colher deslizava entre os lábios de Manny.
Sexo. Deus, Nick precisava de sexo tão mal. Ele não teve relações em
um mês, e estava prestes a gozar, apenas observando Manny comer sua sopa.
Como não tinha idade suficiente para ir a um bar para se conectar, Nick
perguntou-se para onde os homens solteiros e homossexuais desta cidade iam.
Ele teria que perguntar ao redor, porque se não se aliviasse logo,
poderia aceitar a oferta de Manny.

Nick acordou, seu sonho desaparecendo lentamente, deixando-o


suado e com dor no ombro. O quarto estava escuro, exceto pelo luar que
passava pela janela ao abrir a cortina.
Não teve um sonho tão vívido e erótico desde que... Ele não achou
que já tivesse tido um. Não assim. E quem tinha sido a estrela do seu sonho?
Manny.
Nick gemeu quando se levantou e caminhou para a cozinha,
precisando de um copo de água gelado. Sentia como se parte desse sonho
ainda estivesse acontecendo, ainda se agarrando ao seu corpo quando entrou
na cozinha e acendeu a luz. Ele piscou algumas vezes enquanto seus olhos se
ajustavam ao brilho, depois se dirigiram para a geladeira.
O sonho tinha sido tão real que esperava acordar na cama com
Manny. Seu corpo ainda doía, seu pênis ainda estava duro. Nick pegou uma
garrafa da geladeira, fechou a porta e inclinou a testa contra o congelador,
perguntando-se por quanto tempo resistiria antes de aceitar os avanços de
Manny.
— Preciso me deitar antes de perder a cabeça.
— O que você disse?
Nick se virou para encontrar Manny sentado à mesa, uma xícara de
chá na frente dele. A visão o golpeou. Imagens das mãos de Manny voltaram
para ele, de Manny dobrando-o sobre o balcão e...
— Você sempre se senta na maldita escuridão? — Nick não tinha a
intenção de gritar com Manny, mas ele tinha sido pego de surpresa e, vendo o
homem dos seus sonhos, sentado lá, os olhos intensos de Manny penetrando
nele, Nick agradeceu que não tinha gritado as palavras. Seu coração acelerou
ao ver aqueles ombros largos, aqueles lábios sensuais e aquelas mãos fortes.
Seu pau saltou de alegria ao ver Manny. Nick, por outro lado, queria
afundar no chão.
— É reconfortante. — Disse Manny, ignorando o sarcasmo de Nick.
— A escuridão me ajuda a pensar.
Nick desviou o olhar, tentando se recompor. O suor se agarrando ao
seu corpo momentos antes de começar a secar, deixando-o frio e com coceira.
Depois do sonho erótico que teve, a última pessoa que queria ver agora era
Manny. No entanto, ele estava ali sentado, observando calmamente Nick.
Merda, Manny deve ter ouvido o que ele disse antes de perceber que
o homem estava sentado na cozinha.
Agarrando a garrafa de água, e completamente mortificado, Nick
tentou se apressar a sair da cozinha. Mas num movimento fluido, Manny saiu
da cadeira e bloqueou a saída de Nick.
O peito de Nick levantou-se e caiu com respirações rápidas e
aterrorizadas. Ele olhou para o peito de Manny, com muito medo de encarar
esse lindo homem nos olhos. Medo porque o pedido de que Manny o fodesse
estava muito perto dos lábios de Nick, pronto para derramar em qualquer
momento.
— Por que está correndo? Pensei que talvez pudéssemos ter uma
conversa decente desde que estamos ambos acordados.
Manny pegou a garrafa de água e colocou-a no balcão junto à porta.
A voz dele. Oh, puta. Era profunda, suave e totalmente erótica. Se
ele usasse o mesmo tom para dizer que queria que sugasse o seu pau, Nick
iria cair de joelhos, sem perguntas.
— Só precisava de algo para beber. Vou voltar para a cama.
Manny aproximou-se dele, e Nick ficou parado, hipnotizado, incapaz
de se mover, esperando que ele o puxasse para um beijo e esperando que não
o fizesse. Mas tudo o que Manny fez foi usar aqueles dedos fortes para
arrumar alguns cabelos rebeldes atrás da orelha de Nick.
Nick não conseguiu respirar, e temia não resistir ao aroma rico e
masculino envolvendo-o.
— Como está o ombro? — A mão de Manny era suave, seus dedos
provocando a concha da orelha de Nick. O coração de Nick acelerou
violentamente, sua boca ficando seca. Sua mão quase esmagou a garrafa de
água que ainda segurava, mas Nick estava muito perdido no que Manny estava
fazendo para tomar a bebida.
— Ainda dói. — Ótimo. Nick perdeu a habilidade de conversar sem
gaguejar. Tudo o que ele precisava era começar a babar e mostraria a Manny
como era um completo idiota.
— Tem certeza de que não quer mais medicações para dor? —
Manny avançou, forçando Nick a dar alguns passos atrás. Nick quebrou o
contato visual e contornou-o, indo para a porta da cozinha.
— Só preciso de mais descanso. — Esse sonho o afetou. Sua atração
não tinha nada a ver com o quanto ele queria o cara. Nick se recusou a
acreditar que estava se apaixonando por Manny. Sua mente privada de sexo
estava apenas fazendo-o pensar que tinha algo profundo e significativo com
Manny.
Definitivamente havia uma forte atração entre eles, mas Nick não iria
ceder à sua libido. Eles eram companheiros de quarto, e precisavam manter as
coisas simples entre eles. Começar um relacionamento sexual, seria soletrar
problema.
Ele quase tropeçou nos seus próprios pés, para chegar ao seu quarto.
Uma vez dentro, fechou a porta e encostou as costas contra ela, fechando os
olhos enquanto tentava recuperar o coração impetuoso.
Só preciso manter minha distância e não ficarei tentado a ceder.
Uma batida soou na sua porta.
— Você esqueceu a sua água.
Para o inferno com a água. Se Nick abrisse a porta e olhasse para
Manny, se jogaria no cara e imploraria a ele para reeditar esse sonho. Mas,
sentiu que Manny não iria embora até que pegasse a água.
Você consegue fazer isso. Seu pau não o leva. Consiga algum
autocontrole e pegue a sua água.
Abriu a porta e pegou a garrafa. Ele tentou fechar rapidamente a
porta, mas Manny levantou a mão, parando-o, segurando a porta com a palma
da mão.
— Por que você está assim esta noite?
Pelo brilho de diversão nos olhos escuros de Manny, o bastardo já
sabia. Isso e a declaração que fez antes de saber que Manny estava na cozinha
provavelmente o delataram.
— Foda-se. — Nick empurrou a porta, mas Manny era forte, e não
deixaria Nick fechá-la.
— O que diabos eu fiz para merecer isso? — Os olhos de Manny se
estreitaram. Nick não tinha a intenção de irritá-lo, mas precisava afastar
Manny dele.
— Estou cansado. — Nick mentiu, desistindo da luta inútil para
fechar a porta. — E você está me impedindo voltar a dormir.
— Eu poderia ajudá-lo a dormir melhor, mas você continua me
afastando. — Manny abriu a porta e entrou no quarto. Nick se afastou e
colocou a garrafa na sua cômoda.
— Não acho que entende a definição de um colega de quarto. —
Disse Nick.
— Eu entendo a definição de atração. — Manny sorriu. — E você não
pode negar que somos atraídos um pelo outro.
— No momento, a única coisa que me atrai é a cama. — Brincou
Nick, tentando aliviar a estranheza da situação. — Agora vá, por favor. Eu
preciso do meu sono.
O sorriso de Manny se transformou num sorriso largo, enquanto seus
olhos tinham um olhar astuto.
— Continue jogando duro para conseguir, gatinho. Você cederá. Não
tenho dúvidas sobre isso.
Manny saiu do quarto, fechando a porta atrás dele. Nick caiu sobre a
cama, sua mão tremendo quando a passou por seus cabelos. Ele queria negar
o que Manny acabara de dizer, mas tinha a sensação de que não seria
possível.
Capítulo Quatro

— Você poderia me avisar que você estava me enviando para viver


com um cara que pensa que colega de quarto significa presa fácil. Nick colocou
uma frita na boca enquanto olhava ao redor do restaurante. Na verdade, ele
ficou chocado. Manny não tinha feito uma birra sobre ele saindo da casa.
— Qual é o problema dele?
David encolheu os ombros.
— Ele é um cara legal quando está ao meu redor.
— Isso é porque você está namorando o seu irmão. Ele deveria ser
legal com você.
Nick tinha jogado e se virou a noite inteira, incapaz de dormir porque
o ombro dele o estava matando, mas também porque ele não conseguia evitar
Manny. Duas vezes ele se levantou, seu pênis ainda duro, pronto para ir ao
quarto de Manny. Agradecia que ele tenha tido algum sentido em si mesmo.
— Ele não é um cara mal, Nick. Eu não vejo por que você não tira
proveito da situação. Poderia ser pior.
— Oh merda. O que diabos está errado com vocês? — Nick olhou em
volta para se certificar de que ninguém o tivesse ouvido. Às vezes ele esquecia
de onde estava quando ele ficava bravo.
— Em sexo é tudo o que você e Manny pensam?
David riu.
— Não costumava ser. Até eu acasalar com Mordechai.
Isso era outra coisa. A mente de Nick tinha sido explodida quando
descobriu que os irmãos Kent eram shifters pantera e que David estava
acasalado com um deles. O padrasto de Nick tinha sido um shifter lobo, e sua
a mãe era a companheira do cara. Quando Nick descobriu, ele agiu como se a
notícia não fosse grande coisa, mas demorou muito para se acostumar com a
ideia e parar de pensar que o seu padrasto o atacaria sempre que a lua
estivesse cheia.
— Então, você está gostando do gato em casa? — Nick falou.
David o chutou debaixo da mesa.
— Baixa a voz, idiota. E não vou ficar chateado com sua brincadeira.
Você só tentará usar isso como um botão que você pode empurrar.
— Ok, mas me dê um conselho real. O que diabos eu vou fazer sobre
Manny?
David mergulhou a frita em uma pilha de ketchup.
— Você já contou que não está interessado?
— Mais de uma vez.
David comeu a sua frita, olhando fundo e pensando. Nick comeu um
bocado do seu hambúrguer, aguardando uma resposta. David tomou um gole
de refrigerante e mordiscou o hambúrguer.
Nick rosnou.
— Você vai parar comer e me ajudar? Deus, você é o pior
conselheiro.
— Eu estava apenas pensando. — David mergulhou outra frita.
Nick estava a menos de um segundo de empurrar o prato do seu
irmão.
— Pensando em quê?
— Ele pode ser seu companheiro.
Nick não esperava ouvir isso. A salada que ele estava prestes a
morder caiu no seu prato.
— Quais drogas você está fumando?
David encolheu os ombros.
— Pelo que você está me dizendo, Manny é fortemente atraído por
você. E eu conheço você, Nick. Você não ficaria suando sobre isso se ele
também não o interessasse. Estou apenas supondo aqui. Eu poderia estar
errado.
— Você está completamente errado. — Nick disse. Deus, de jeito
nenhum... Apenas... Não.
— Ele está excitado. Estou excitado. Vivemos na mesma casa.
Somos apenas homens disponíveis que procuram marcar.
— Se você diz isso. — David mordiscou o seu hambúrguer de novo.
— Você sente uma conexão profunda com Manny?
— A única coisa que sinto em relação a ele é o desejo de envolver
minhas mãos ao redor da sua garganta e estrangulá-lo.
Nick não admitiria o quão esmagador seus sentimentos eram por
Manny. Se o fizesse, David o perseguiria para dar a Manny uma chance. Nick
estava muito ferrado para estar em um relacionamento. Ele o destruirá antes
mesmo de começar.
Ele virou a cabeça quando ouviu algo esmagar. O garçom deixou cair
a bandeja. Nick olhou para trás do garçom e viu um cara sentado em uma
cabine olhando para ele. Ele examinou o estranho por um batimento cardíaco
antes de voltar para Davi.
— Eu vou encontrar algo de uma noite para fazer sexo e tirar Manny
do meu sistema.
David ficou boquiaberto com ele.
— Se Manny é seu companheiro, ele matará quem você estiver
dormindo. Eu não faria isso se eu fosse você. Não, a menos que você tenha
algum desejo de morte.
Nick ficou no seu assento, afastando o prato. Por que David teve que
plantar essa semente na sua cabeça? Agora, a possibilidade de Manny ser seu
companheiro era tudo o que Nick iria pensar. Ele poderia apenas perguntar a
Manny, mas Nick não queria saber a resposta.
— Pare de se mexer. — David disse. — Pelo menos você não estará
mais privado de sexo.
Nick estreitou os olhos.
— Só porque você é extremamente feliz, não significa que você
tenha que tentar me encher com essa porcaria.
David suspirou.
— O que há de errado em se apaixonar?
Nick se levantou.
— Quem disse algo sobre amor? Eu estava falando sobre luxúria.
David estava cavando um buraco mais profundo para que Nick
entrasse. Nick não estava gostando de para onde essa conversa estava indo.
Ele não amava. Ele não lidava com essas emoções bagunçadas. Nick gostava
de coisas limpas e sem complicações.
Quando olhou de volta ao restaurante, o estranho ainda estava
olhando para ele.
— Tudo o que estou dizendo é para não fechar a possibilidade. —
David disse, atraindo a atenção de Nick do cara.
— De sexo ou relacionamento?
— Ambos.
— Você está prestes a fazer-me jogar o meu almoço fora. Desde
quando você é o cara no topo de um bolo de casamento?
David riu.
— Não tenho ideia do que isso significa, mas se apaixonar é divertido
e emocionante. Você deveria tentar.
Nick ficou pálido.
— Não, obrigado. Vou deixar o romance e as flores para você. Tudo
o que preciso na minha vida são alguns preservativos e lubrificantes.
— Você está sem esperança.
— Eu tenho que usar o banheiro.
Nick se levantou e passou pela mesa com o estranho. Talvez ele
tivesse acabado de encontrar essa conexão que ele estava procurando.
Nick e virou para a mesa e estendeu a mão.
— Oi, eu sou Nick.
O cara ficou de pé e beijou a mão de Nick.
— Eu sou Richard.

Manny não queria parecer que ele estava vigiando Nick, então,
quando Mordechai se aproximou, dizendo que estava indo ao restaurante para
pegar David, Manny viu a desculpa perfeita para ver o que Nick estava
fazendo.
Ele não tinha estourado uma junta sobre Nick sair apenas porque
David havia vindo para pegá-lo. Se Nick perguntasse, Manny poderia
simplesmente dizer que estava vindo com o seu irmão.
Mas ele não esperava entrar no restaurante e encontrar o seu
companheiro com um sorriso pateta no seu rosto enquanto falava com algum
estranho.
Com um grunhido, Manny começou a avançar, mas Mordechai
levantou a mão, parando-o.
— Se você for todo machão lá, Nick vai pensar que você é um
lunático. Fique calmo, Manny.
Ficar calmo? A sério?
Manny queria esperar para dizer aos seus irmãos que Nick era seu
companheiro, mas ele havia dito a Mordechai enquanto iam para o
restaurante. Ele não conseguiu parar-se. O segredo o estava matando.
— Ele está com esse estranho. — Manny exclamou.
— Segure-se e fique calmo. — Mordechai grunhiu.
Manny estava vibrando de raiva. Ele não queria ficar calmo. Ele
queria rasgar o coração do bastardo por olhar tão duro para Nick, um olhar
que deveria ser apenas para Manny.
— Tudo bem, eu vou me acalmar. — Ele respirou profundamente e
deixou sair. Mas se aquele filho da puta dissesse a coisa errada, todas as
apostas estavam fora.
Manny atravessou o restaurante e parou logo atrás de Nick. O
estranho olhou para Manny, mas ele não achou que Nick o tivesse notado
ainda.
— Eu não me importaria de dar um passeio pela cidade. — O cara
estava dizendo.
— Não sei o quanto eu posso ajudar com isso. — Nick disse
— Eu sou muito novo aqui e sozinho. Mas podemos nos encontrar
mais tarde e nos perder juntos.
Manny apertou o queixo. Ele também notou que o estranho cheirava
a um gato. Ele tomou uma inspiração profunda. Puma. O cara era um shifter.
Forçando-se a não arrastar Nick do restaurante, Manny colocou a
mão na nuca do seu companheiro. Nick se afastou e virou a cabeça e olhou
para Manny com os olhos arregalados.
— Eu acho que um passeio é um pouco demais para você. — Manny
deu ao estranho um sorriso apertado antes de olhar para Nick. — Você precisa
do seu descanso, querido.
— Richard. — O cara estendeu a mão.
Manny olhou a mão de Richard. Ele esperou um batimento cardíaco
antes de sacudi-la. — Manasseh Kent.
Nick apertou os olhos para Manny.
— Eu não sabia qual era o seu nome verdadeiro.
Manny se inclinou e apertou os lábios na orelha de Nick, a mão ainda
apertada na nuca do seu companheiro.
— Há muitas coisas que você não conhece sobre mim. Você
realmente não quer me empurrar, Nicholas. — Ele se certificou de adicionar
apenas um pequeno grunhido, dizendo a Nick como ele estava chateado.
Richard estudou Manny, inclinando ligeiramente a cabeça para o lado.
Manny desejou, oh, como ele queria que Richard se aproximasse e tentasse
afastar Nick.
A tensão chiou no ar. A julgar pelo olhar nos olhos de Richard, ele era
um macho alfa, e ele não queria recuar mais do que Manny.
— Vá para o seu irmão. — Manny deixou Nick ir.
— Mas...
— Vá. — Manny gritou.
Nick olhou entre eles antes de se virar e se afastar.
Manny estreitou os olhos.
— Você faria um grande favor por ficar longe dele, idiota.
— E se eu não quiser? — Richard inclinou o braço na parte de trás da
sua cabine. Ele parecia relaxado, mas Manny sabia melhor. O cara estava
esperando para atacar.
O lado da boca de Manny se encurralou em um sorriso desafiante. Ele
olhou Richard de cima para baixo, depois tirou vinte dólares do bolso e jogou
sobre a mesa.
— Desfrute da sua refeição.
Ele deu a Richard suas costas, dizendo ao bastardo que ele não
estava com medo dele. Manny rolou os ombros, esforçando-se para aliviar a
tensão antes de entrar na cabine de Nick. Sua pantera grunhiu, querendo
voltar e separar o puma. Manny não podia acreditar que o seu companheiro
estivesse flertando com um estranho, que ele estava tão perto de Richard e
sorriu com interesse.
Quando ele alcançou a cabine, Manny agarrou Nick sob o seu braço
bom e puxou-o para cima.
— Ei! — David levantou-se, mas Mordechai enrolou a mão ao redor
do pulso de David e puxou-o de volta, balançando a cabeça. David olhou para
Manny.
— É melhor você não machucá-lo.
— O que diabos? — Nick perguntou quando Manny puxou o seu
companheiro do restaurante. Manny vibrava de raiva enquanto caminhava com
Nick pela porta.
Uma vez que estavam na calçada, ele soltou Nick. Tocar Nick agora
não era uma coisa boa. Não com a irritação de Manny.
— Eu queria esperar para te contar. — Manny fechou os olhos e
contou até dez, tentando apagar a imagem de Nick conversando com Richard.
Mas quanto mais ele via na sua cabeça, mais irritado ele se tornou.
— Dizer o quê?
Manny abriu os olhos. Sua pantera se movia, batendo a cabeça
contra Manny, exigindo se libertar para reivindicar o seu companheiro. Sua
besta estava perto da superfície, e Manny estava lutando para mantê-la
enjaulada.
— Que você é meu, e se eu alguma vez te ver flertando com outro
homem, eu vou matá-lo, Nick. Eu vou tirar o fodido coração dele fora.
Ele estava esperando um retorno grosseiro, mas Nick simplesmente
ficou parado olhando para Manny com medo nos seus olhos castanhos. Manny
não queria assustar o seu companheiro, mas queria dar uma resposta, queria
que Nick conhecesse a severidade do que havia feito, porque Manny estava a
poucos segundos de voltar para o restaurante e causar um banho de sangue.
Nick balançou a cabeça quando deu um passo para trás.
— Não, David não pode estar certo.
Manny não tinha ideia do que David tinha falado, mas deu um passo
à frente, e viu algo pelo canto do olho. Manny virou-se para ver que alguns dos
clientes no restaurante estavam observando-os.
Incluindo Richard.
— Não aqui. — Manny agarrou a mão de Nick e puxou-o pela rua.
Ele não planejava andar para casa, mas não conseguiam ficar no frio e Manny
seria condenado se eles voltassem para o restaurante. Ele estava preocupado
com o ombro de Nick, mas ele verificaria a ferida quando chegassem em casa.
— Pare de me puxar. — Nick puxou a mão dele. — Não vou a lugar
algum com você.
— O inferno que você não vai. — Manny virou-se para encarar o seu
companheiro e viu Mordechai andando até eles. Ele não estava com vontade
de conversar com mais ninguém agora.
— Aqui estão as minhas chaves. — Mordechai disse quando as
lançou.
— David e eu iremos para casa. Vá em frente e pegue a minha
caminhonete.
Quando Manny os levou, Mordechai voltou para o restaurante. Manny
agarrou a mão de Nick novamente e puxou o seu companheiro para a
caminhonete.
— Corra e você se arrependerá. — Manny disse quando abriu a porta
do passageiro e esperou que Nick subisse.
Com uma carranca, Nick entrou.
Manny mais uma vez soprou algumas respirações, mas não estava
ajudando. Ele não achava que algo o ajudaria no momento. Sua pantera
estava tentando assumir o controle, e Manny não tinha certeza de quanto
tempo ele poderia manter a sua besta na baía.
Ele os levou para casa, depois saiu da caminhonete e abriu a porta da
frente. Manny estreitou os olhos quando Nick permaneceu no banco do
passageiro.
— Entre na merda da casa, Nick.
Nick ergueu o dedo médio.
Soltando um rosnado profundo, Manny abriu a porta do passageiro
com tanta força que quase a arrancou.
— Na casa. Agora.
Desta vez, Nick obedeceu. Ele saiu da caminhonete e entrou na casa,
batendo a porta da frente atrás dele.
Depois do que aconteceu no restaurante, Manny não tinha paciência.
Ele foi atrás de Nick, mas encontrou a porta da frente trancada. Ele começou a
desbloqueá-la para entrar, mas em seguida, parou e ficou ali, tomando
respirações profundas e calmantes, dizendo a si mesmo para juntar a sua
merda.
Momentos depois, ele entrou na casa e fechou a porta atrás dele e foi
direto ao quarto de Nick. Manny entrou sem bater, descobrindo seus caninos.
Ele abaixou-se a tempo de evitar a bota, que Nick atirou na sua
cabeça.
— Saia do meu quarto!
Nick jogou sua outra bota, mas Manny pegou-a no ar e atirou-a. Ele
tirou suas próprias botas, depois tirou o casaco.
— Você quer uma boa foda? Era o que você estava procurando
naquele restaurante? — Ele arrancou sua camisa sobre a cabeça. — Você está
procurando um pau duro batendo na sua bunda?
Os olhos de Nick se arregalaram quando Manny afrouxou o cinto e
desabotoou o botão no jeans. Ele teria parado se Nick não tivesse nada, além
de medo nos seus olhos, mas em vez de medo, havia luxúria naquelas belezas
cor de avelã, uma necessidade pesada que ardia neles enquanto Nick engoliu.
— Estou cansado de ser cauteloso, Nick. Estou cansado da sua boca,
de você fingindo que não há nada entre nós. Se você está procurando uma boa
foda dura, então você está prestes a conseguir uma.

Capítulo Cinco

Nick não queria admitir isso, mas o domínio de Manny era uma
ativação completa. Quanto mais roupas ele tirou, mais o pênis de Nick latejava
duro.
Normalmente, se alguém o superava, Nick estava pronto para sair.
Mas a agressividade de Manny tinha o seu pênis escorrendo um fluxo
constante de pré-sêmen. Agora, mais do que nunca, Nick precisava daquela
garrafa de água porque parecia como se tivesse comido toda a sobremesa.
Nick queria pegar a garrafa ainda na sua cômoda no início desta
manhã, mas ele não conseguia mover os pés. Sua atenção total e absoluta era
sobre as mãos de Manny, sobre as roupas que ele estava removendo, e sobre
a pele digna de adoração que ele revelou.
— Eu sugeriria sair dessas roupas. — Manny advertiu enquanto
deslizava o jeans e a roupa de baixo. Seu pau saltou, a cabeça inchada e
pingando pré-sêmen.
Agora Nick tinha outra parte do corpo inteiro para se fixar. Ele tocou
sua camisa, mas simplesmente puxou, seu cérebro incapaz de entender a
função básica de tirar uma camisa.
— Faça do seu jeito. — Manny se moveu ao redor da cama, mais
parecido como uma garantia arrogante. Nick pensou que Manny ficaria todo
arrogante com ele, mas ele foi gentil enquanto ajudava Nick a ficar nu,
cuidadoso com o ombro ferido.
O frio do quarto acariciava a pele de Nick, mas as mãos de Manny
estavam quentes enquanto as deslizava pelo peito de Nick.
— Bonito.
Manny enrolou um braço em torno da cintura de Nick, aproximando-
os até que os seus paus se tocaram. O ânus de Nick apertou firmemente
enquanto Manny olhava para ele, com fome e necessidade nos seus olhos.
Quando Manny baixou a cabeça, Nick respirou fundo, seus lábios
roçando antes que a língua de Manny entrasse na boca de Nick. Sons ecoaram
no quarto quando Nick agarrou o bíceps de Manny, pressionando mais forte no
seu corpo, desesperado por chegar o mais perto possível.
Então Manny fez o inesperado. Ele bateu no traseiro de Nick. Forte.
Pegando-o de guarda baixa, Nick gritou. A picada doce. Nick se
afastou, olhando para Manny.
— Sério que você me bateu?
O sorriso de Manny era sete tipos de perverso.
— Nem sequer minta e diga que você não gostou disso.
Nick ficou surpreso por ter gostado, mas a sua teimosa seria a morte
dele e não permitiria que ele admitisse quanto queria que Manny fizesse isso
de novo.
— Me acerte de novo e...
Manny interrompeu a ameaça de Nick com um beijo eletrizante
enquanto guiava Nick para a cama. Nick queria lutar contra sua atração, queria
dizer a Manny que fosse para o inferno, mas o seu corpo não cooperaria.
Apertou com necessidade desesperada enquanto Manny o ajudava a ficar mais
no meio da cama.
Muito ruim, seu ombro estava doendo. A dor tornou se movimentar
muito mais difícil. Nick lutou para se aproximar dos travesseiros, mas Manny o
ajudou, levantando Nick e colocando-o contra eles com facilidade.
Manny pairava sobre ele, seus olhos se estreitaram.
— Você estava flertando com outro homem. Por isso, eu deveria
espancar sua bunda até que você não possa se sentar.
O pensamento de Manny dobrando Nick sobre os seus joelhos e
golpeando a sua bunda teve o pau de Nick babando. Mas ele estava com raiva
de que Manny tivesse mantido um grande segredo dele.
— Você sabia, desde o início, que éramos companheiros e não me
disse. Isso é tudo sua culpa.
Manny descobriu seus caninos.
— Então eu planejo corrigir isso. Estou prestes a reivindicá-lo,
Nicholas. Estou prestes a colá-lo a mim. Você não tem desculpas agora. O
único homem com quem você vai flerta sou eu. Você entendeu?
— Eu já lhe disse. — Nick disse desafiadoramente. — Você não é
meu chefe.
Nick gritou quando Manny mordeu um dos seus mamilos, depois o
acariciou. Ele mordeu o outro mamilo, ronronando alto. O pênis de Nick
empurrou ao som quando ele suprimiu um gemido.
— Não pense que sou contra a tortura sedutora, Nick. — Manny
deslizou pelo corpo de Nick e beliscou o seu lado. Não era uma mordida forte,
mas a sua pele picou, no entanto. Mas foi sua língua que torturou Nick. Ele
queria senti-la batendo no seu pênis, lambendo suas bolas e banhando o seu
ânus.
Ele bateu no ombro de Manny.
— Pare com isso.
Você está louco? Não se atreva a fazê-lo parar!
Manny olhou para Nick, humor perverso nos seus olhos escuros.
— Eu não vou parar até você ser meu.
Até que você seja meu. Seu olhar seguiu os movimentos de Manny
enquanto ele lambeu um caminho para o quadril de Nick, beijando a sua pele,
antes de se mover para o outro lado, fazendo o mesmo.
Como seria ser a propriedade de Manny? Desejo apertando o peito e
a solidão de Nick encheu o seu coração. Mais do que qualquer coisa, ele queria
deixar sua raiva, seu orgulho e os seus modos teimosos, aproveitar o
momento e rir como costumava, mas ele sentia essas emoções por tanto
tempo, Nick não tinha certeza se ele sabia como se soltar.
Manny tirou-o dos seus pensamentos quando provocou a cabeça do
pau de Nick com a língua. Um deslize e Nick sentiu-se fraco nos joelhos. Ele
engasgou e os seus olhos se arregalaram quando ele olhou para baixo e viu...
Maldição se Manny não parecia sexy quando se acomodava entre as suas
pernas.
— Você gosta de ser torturado? — Manny passou a língua sobre a
cabeça do pênis de Nick. — Você gosta do que eu faço com você?
Manny estava brincando? Gostar nem sequer começou a descrever.
Nick estava tão duro, Manny estava segurando um pedaço de dinamite na
mão, e Nick estava com medo de que explodisse antes que qualquer coisa
começasse.
Por favor, não me deixe gozar muito cedo.
Manny se moveu para a esquerda e alcançou a mesa de cabeceira.
Nick pensou que ele iria pegar uma garrafa de lubrificante, e Manny pegou,
mas ele também pegou um vibrador.
Oh inferno. Seu companheiro tinha um lado gentil nele.
O ânus de Nick apertou quando Manny se virou para ele.
— Eu acho que você gosta de ser torturado, mas você é muito
teimoso para ceder. Você já teve um vibrador na sua bunda?
— Uh, quando isso entrou na minha gaveta?
— Coloquei algumas coisas lá antes de partir para o restaurante. Um
cara pode esperar, e eu definitivamente esperava.
Tontura superou Nick enquanto sua respiração se tornava irregular.
Suas pernas se espalharam pelo instinto enquanto sua mente gritava para que
ele desacelerasse, para pensar nisso, para parar antes que ele fodesse e não
pudesse afastar-se disso.
Os relacionamentos nunca funcionavam para ele. Ele estragou isso.
Nick não tinha dúvidas de que o faria. Tudo o que ele tocava virava merda. Era
culpa dele que os seus pais morreram. Mas, tanto quanto ele queria correr,
Nick estava deitado ali, esperando em uma agonia por Manny balançar o
mundo dele.
Para sua surpresa, Manny colocou um beijo suave em ambas as
coxas internas. Nick estremeceu quando seus dedos se enrolaram na roupa de
cama. A antecipação estava matando-o.
— Espalhe as pernas mais, querido.
Nick levantou os pés e dobrou os joelhos, deixando-os cair ao lado.
Um silvo escapou quando Manny lubrificou o seu ânus, provocando a
musculatura com os dedos, deixando a ponta de um entrar no traseiro de Nick.
Ele deu um pequeno grito quando Manny enfiou o dedo mais adiante.
— Lento e firme é o seu castigo, Nick.
— Seu bastardo. — Nick grunhiu. Ele tentou se sentar, mas uma
pitada de dor no ombro o deteve.
— Saia da cama e tudo para. Eu prometo a você.
Manny torceu o dedo, passando sobre a próstata de Nick. Nick se
contorceu, empurrando o traseiro para baixo, tentando fazer esse dedo ir mais
fundo.
— Ainda mente. — Manny puxou-o livre, então empurrou dois dedos
em Nick. Como diabos, Nick deveria mentir quando Manny o fazia perder a sua
maldita mente?
— Você aprenderá a me escutar. — Manny girou o pulso, curvou os
dedos dele e roçou a próstata de Nick novamente.
— P-por favor. — Aw foda. Ele tinha sido reduzido a implorar. — Por
favor, faça algo antes que eu fique louco.
Manny enrolou os dedos em torno da base do pênis de Nick,
apertando firmemente.
— Você não vai gozar. Você é meu para fazer o que quiser, e isso me
agrada vê-lo tão desenrolado, ver que o seu muro está desmoronando.
Nick fechou os olhos, soprou algumas respirações enquanto tentava
desesperadamente acalmar o seu corpo furioso.
— Por que você está fazendo isto comigo?
— Por que... — Manny subiu na cama, seus dedos ainda estavam na
bunda de Nick.
— Você foi a outro homem por prazer. — Ele pareceu chateado. — E
porque, tanto quanto você quer negar, você está gostando disso, Nick.
Ele odiava que Manny tivesse razão.
— Não vou voltar a fazê-lo. — Nick prometeu. — Eu juro. Agora, por
favor, foda-me.
Nunca na vida de Nick ele esteve tão desesperado por um pau. Ele
sentia-se desesperado, pronto para dar a Manny tudo o que ele queria,
enquanto Manny lhe desse uma foda incrível.
Mas Manny conhecia bem Nick, e isso o incomodava. A tortura lenta e
sedutora estava matando Nick, mas ele também não queria que ele parasse.
— Eu vou foder a sua bunda quando estiver pronto, e não antes. —
Manny deslizou outro dedo dentro de Nick.
— Você se enganou em pensar que você tem alguma coisa a dizer,
que você está mandando por aqui. Estou prestes a provar o quão impotente
você realmente é, e que me ouvir tem suas recompensas.
Pouco sabia Manny ou ele que ele estava batendo nos gatilhos que
nem Nick sabia que tinha. Se este fosse seu castigo por ser um pirralho, então
um pirralho Nick seria.
Nick gemeu quando Manny puxou a mão. Seu ânus se sentia vazio,
mas agora sabia que implorar não o levaria a lugar algum.
— Foda-se.
Manny deu uma risada baixa e sedutora. O som sexy passou por Nick
e foi direto ao pau dele. O suor se juntou no seu corpo, seus membros
tremiam, e a sua bunda apertada enquanto Manny lubrificava o vibrador antes
de ligá-lo.
Ele zumbiu quando Manny provocou o ânus dolorido de Nick com a
ponta.
Nick prendeu o lábio inferior com tanta força que ele tirou sangue. Ele
manteve seu braço ferido ao seu lado, cavando as unhas no lençol enquanto a
cabeça do vibrador o violava.
— Relaxe.
Nick não tinha percebido o quanto estava tenso até que Manny
dissesse alguma coisa.
— Não posso.
E aqui Nick pensou que ele era um amante experiente. Comparado
com o que Manny estava fazendo com ele, Nick não sabia nada. Seus
encontros sexuais sempre foram rápidos e bagunçados. Nick não aconchegava.
Ele não falava palavras floridas, nem qualquer tipo de promessas.
E brinquedos? Nick nunca pensou em usá-los no quarto antes, nunca
pensou em ter um vibrador empurrado no seu traseiro. Agora que ele
experimentou, não havia volta para o sexo baunilha. Ele estava sendo virado
de dentro para fora por Manny, as paredes que Nick tinha construído para
evitar que se machucar estavam desabando tijolo por tijolo. Estar vulnerável
era assustador, e Nick odiava estar à mercê de outra pessoa, no entanto, ao
mesmo tempo, ele não tinha forças nele para fazer Manny parar.
E ele não queria que Manny parasse.
Nick sempre se sentiu tão sozinho, mesmo antes da morte dos seus
pais. Ele tinha um único amigo, e essa era a pior parte, ele não era tão
próximo de Stan. Nick nunca deixou ninguém entrar, nunca permitiu abrir-se a
uma única pessoa. Nem mesmo David. Ele era próximo do seu irmão, mas Nick
nunca o deixou ver a dor que Nick vivia.
No entanto, Manny estava mudando tudo isso.
Ele empurrou o vibrador até o final, fazendo Nick gritar. Manny
esmagou os seus lábios nos de Nick, devorando-o quando um som ruim
retumbou no seu peito.
Mas o bastardo ainda segurava a base do pênis de Nick, impedindo-o
de gozar.
— Você é um maldito. — Nick grunhiu contra os lábios de Manny.
— Eu estou lhe ensinando uma lição, gatinho. — Manny beliscou o
lábio inferior de Nick. — Se você pensar em seduzir outro homem vou torturá-
lo por dias antes de lhe dar alivio.
Manny desenrolou os dedos. As costas de Nick curvaram-se enquanto
gritava, seu esperma espirrando. Ele desabou contra a cama, tão drenado que
nem a dor no seu ombro se registrou.
— Eu estou longe de terminar com você. — Manny tirou o vibrador,
desligou-o e jogou-o de lado. Ele deslizou pela cama até que ele se instalou
entre as pernas de Nick.
Nick sentiu como se estivesse torcido de dentro para fora, e Manny
não terminou com ele? Ele subestimou seriamente esse homem. Mas, como
prometido, Manny continuou a torturá-lo. Ele separou as nádegas de Nick e
empurrou o rosto no traseiro dele, sua língua escorregando no ânus de Nick
que ainda estava trêmulo.
Oh. Meu Deus!
Nick nunca tinha feito isso antes, e o prazer que o atravessou fez com
que as pernas tremessem e o seu pênis rugisse de volta à vida.
As unhas de Manny cavaram nas coxas de Nick enquanto ele comia o
ânus de Nick, então se moviam para banhar as suas bolas de saliva. Nick
estava perdendo. Estava perdendo e precisava se aterrar, parar a sensação de
queda livre. Agarrou o cabelo de Manny, puxando os fios sedosos, batendo sua
cabeça de um lado para o outro enquanto balbuciava. Nick também não tinha
ideia do que ele estava falando. Mas Manny afastou as mãos, fazendo Nick
agarrar os lençóis, em vez disso.
— Por favor. — A garganta de Nick estava tão seca que as suas
palavras estavam saindo como um coaxar.
— Sugue o meu pau. Por favor, pegue meu pau. Não posso aguentar
mais isso.
Manny deslizou a língua no lado do pênis de Nick. Ele pegou a cabeça
na sua boca e lambeu o pré-sêmen antes de se afastar.
— Não! — Nick bateu os punhos contra o colchão. — Não pare. Por
favor, não pare.
— Quem tem o controle?
— Você! — Nick sibilou quando Manny provocou o pau dele com a
ponta da língua.
— Por que eu estou torturando você, Nick?
— Por que. — Nick gritou. — Eu flertei com outro homem.
Manny rosnou quando ele se pôs de joelhos.
— Você sabe o quanto eu quero caçar esse bastardo e arrancar o seu
coração?
Nick viu agora que tinha atravessado uma linha, forçou a pantera de
Manny até querer a morte de alguém. Ele gostava de pressionar os botões,
mas Nick sabia quando recuar.
— Eu sinto Muito.
Manny caiu para frente, com as mãos em ambos os lados da cabeça
de Nick. Suas bocas estavam tão perto que a respiração de Manny percorreu
os lábios de Nick.
— Eu sou um cara bastante descontraído, mas trapacear é uma das
coisas que me farão matar, Nick. Você faria bem em lembrar disso.
O domínio de Manny, seu selo de propriedade, incendiou o sangue de
Nick. Nenhum homem jamais tentou dominar Nick antes, e ele adorava o quão
seguro e dominado se sentia.
Ele admitiria isso a Manny? Nem em um milhão de anos.
— Você não é meu chefe.
Manny descobriu os caninos para Nick mais uma vez.
— Você simplesmente não pode fechar a boca, pode?
Nick olhou para ele.
— Você vai me punir?
Manny riu.
— Você gostaria muito disso. — Ele se levantou para trás e
empurrou as pernas de Nick para o peito. Manny se aproximou até que a
cabeça do seu pênis tocou o ânus de Nick, mas ele não o violou.
— Tudo bem, bem! — Nick bateu no peito musculoso de Manny. —
Você é o chefe. Eu juro. Agora foda-me.
— Você está apenas dizendo isso porque você quer o meu pau na
sua bunda. Algo me diz que amanhã, você estará de volta aos seus modos
inteligentes.
Nick provavelmente estaria.
Manny moveu seus quadris para frente uma polegada, e a cabeça do
seu pênis pressionou forte contra o ânus de Nick.
— Eu apenas falei que você era o chefe, idiota.
Com um rosnado, Manny moveu seus quadris para trás.
— Tudo bem, ok. — Nick enrolou seus dedos no bíceps de Manny. —
Desculpa. Eu não queria te chamar de idiota.
— Sim, você quis. — Manny sorriu e Nick queria bater essa
expressão longe do seu rosto.
— Tudo bem, eu quis.
— Você vê o que está acontecendo aqui, gatinho?
— Você está tentando me quebrar.
Manny balançou a cabeça.
— Eu nunca faria isso. Eu não quero um companheiro quebrado. Mas
eu quero que você perceba quem está no comando. Sua atitude de foder e a
sua boca não são aceitáveis. Eu lido com a sua raiva, Nick. Bem vou lidar com
isso até você a deixar, mas não tolerarei grosseria.
Lágrimas picaram os olhos de Nick. Ele virou a cabeça, com raiva de
que Manny se importasse tanto. Por que chateava-o, Nick não tinha nenhuma
pista.
Sua raiva evaporou quando Manny dirigiu o pau na bunda de Nick até
que ele estivesse enterrado completamente. Nick jogou a cabeça para trás e
gritou antes que Manny começasse um ritmo acelerado. Nick segurou o bíceps
de Manny enquanto deslizava as pernas ao redor da cintura do homem,
levantando o traseiro mais alto para que Manny pudesse ir mais fundo.
— Oh puta! — Nick tentou manter o ritmo, mas a dor no seu ombro
o deteve. Tudo o que ele podia fazer era ficar lá e tomar. Manny quase dobrou
Nick pela metade por um beijo, um beijo desleixado e cheio de dentes que
deixou Nick sem fôlego e desejando estar completamente e totalmente
dominado.
— Meu. — Manny ronronou na boca de Nick.
Nick sugou a língua de Manny enquanto o pênis de Manny quase o
dividia em dois, passando sobre a sua próstata com cada golpe. O acúmulo
veio rápido, eletrizando o corpo de Nick enquanto Manny quebrou o beijo e
lambeu o seu ombro.
Então, Manny afundou seus caninos na pele de Nick. O orgasmo de
Nick o rasgou. Seu mundo se inclinou de lado enquanto seu peito estreitava, e
ele sentiu como se Manny estivesse ali dentro do coração.
Manny puxou seus caninos livres, lambeu a mordida e enterrou o
rosto no pescoço de Nick enquanto seu pau latejava fortemente no traseiro de
Nick. Ele empurrou algumas vezes mais antes de se aproximar de Nick.
Nick sibilou quando Manny se afastou dele. Seu ânus estava dolorido
e o seu corpo dolorido quando Manny se acomodou ao lado dele.
— Como está o seu ombro?
A risada retumbou na garganta de Nick e explodiu.
— Você acabou de me torturar e você está preocupado com a minha
ferida?
Manny roçou as costas dos seus dedos sobre a bochecha de Nick.
— Eu apenas nos dei um imenso prazer que deveria ter deixado você
em coma. Agora, como está o seu ombro?
— Um pouco dolorido, mas nada que eu não consiga lidar. — Nick
virou-se para o lado e aproximou-se mais de Manny. Por esta noite, ele cedeu
ao que ele realmente queria.
Ao terminar esqueceu sua raiva e auto aversão.
Manny puxou Nick até que estivesse praticamente abaixo dele, então
apoiou sua bochecha contra o lado da cabeça de Nick.
— É melhor me avisar se a dor se tornar demais.
Com um sorriso que Manny não conseguiu ver, Nick disse:
— Você não é meu chefe.

Capítulo Seis

— Reuni uma lista, Ricky. — Nero entrou no escritório de Maverick,


um pedaço de papel na mão com luvas de látex.
— Uma lista?
— Das pessoas com antecedentes questionáveis. Questionável, de
fato. — Colocou o papel na mesa de Maverick, e Maverick pegou e olhou-a,
arqueando uma sobrancelha.
— Meu irmão nem sequer vive na vila Brac.
— Ainda não confio nele. — Nero fungou antes de deixar o escritório.
Maverick sorriu. Amava a loucura de Nero. O cara era tão estranho
como o dia em que se conheceram, mas isso era parte do charme de Nero.
Isso e aquelas luvas de látex malditas.
Pegou o telefone de mesa e ligou para Hawk.
— Nero tem uma lista que preciso que verifique. — disse quando
Hawk atendeu. — Tem alguns nomes aqui que conheço, mas os outros não.
— Estarei ai... — Hawk abriu a porta do seu escritório.— Maverick
estreitou seus olhos quando desligou.
— Você poderia ter dito que estava do lado de fora da minha porta.
— Hawk enfiou o telefone no bolso.
— Teria levado muito tempo para dizer isso. — Pegou o papel que
Maverick estendeu e olhou-o. — Será que Nero tinha que realmente colocar o
nome de Sebastian aqui?
— Desconsidere esse. — Maverick estava desconsiderando. — Mas
verifique os outros e veja se estão no nível ou escondendo alguma coisa.
Com um aceno de cabeça, Hawk dobrou o papel e colocou-o no bolso
de trás.
— Nisso.
Maverick saiu atrás do comandante. Cecil esteve com Khaos este fim
de semana, e Maverick precisava se certificar que o seu companheiro não
estivesse corrompendo o pequeno duende. Quando os dois se reuniam, sempre
tinha escrito problemas neles.
Richard amaldiçoou quando entrou no seu apartamento. O que estava
pensando ao se apresentar a Nick? Ele tinha perdido a sua cabeça? Mas não
tinha sido capaz de evitar. Nick era muito bom e o puma de Richard tinha
ficado intrigado.
Mas essa intriga tinha tido um preço. Agora, o homem que ele tinha
sob vigilância sabia da existência de Richard. Precisava ser mais cuidadoso.
Um confronto com Manasses Kent só poderia explodir a sua operação.
Deslizou o casaco e atirou as chaves antes de ir para o quarto de
hóspedes, onde montou o seu equipamento. Richard se sentou e olhou as
imagens que tinha até agora. Viu quando Nick entrou na casa e andou pelo
corredor. Alguns momentos depois, Manny entrou.
Não devem ter ido ao quarto de Manny ou Richard teria ouvido a sua
conversa.
Amaldiçoou quando seu telefone tocou. Era o seu chefe, Talban.
Esfregando a mão na testa, Richard respondeu.
— Olá?
— Você tem qualquer coisa sobre os Kents?
— Apenas coloquei a vigilância há poucos dias. Este tipo de coisa
leva tempo.
Talban bufou.
— Interceptamos uma conversa de que outra compra está para
acontecer, mas não conhecemos a localização. Preciso de Linda e Matthias
Kent sob custódia, Richard. Macacos me mordam se eu levar a culpa por isso
se mais segredos forem vendidos aos nossos inimigos.
— Sabe quando a reunião é?
— Em uma semana. Isso é quanto tempo você tem para capturar
pelo menos um dos Kents. Se você falhar, você vai ser o único sentado em
uma cela escura em algum lugar. — O bastardo desligou.
Richard jogou o telefone de lado.
— Fico feliz que pense que eu possa puxar milagres fora da minha
bunda.
Agora, em vez de simplesmente observar a casa de Manny, Richard
teria de recorrer a outras táticas, táticas que poderiam se tornar drásticas se
ele estivesse sem tempo.
Richard afastou-se da sua mesa, pegou o casaco e as chaves, e saiu
pela porta.

Na manhã seguinte, Manny sentiu o cheiro de bacon queimado. Pulou


da cama, quase caindo de bunda no chão quando o cobertor se enrolou em
torno das suas pernas. Soltou-se e correu para a cozinha.
Nick estava no fogão, vestindo apenas cueca. Estava cantarolando
enquanto balançava seus quadris de um lado para o outro.
Manny estava preparado para brigar com o seu companheiro quando
uma bolha de risada irrompeu da sua boca. Riu tanto que sentiu dor do seu
lado e grossas lágrimas escorriam pelo seu rosto. Caiu em uma cadeira à
mesa, enxugando os olhos. Não tinha ideia do que estava rindo, mas se sentia
bem e era melhor do que gritar.
Nick olhou para Manny como se o cara tivesse enlouquecido,
segurando apertada a espátula quando precisa fazer com que Manny voltasse
a si. Talvez Manny tivesse perdido a cabeça, mas não poderia reunir a raiva
que sabia que deveria sentir.
— Você está bem?
Manny sentou-se, esfregando uma mão sobre o rosto.
— Na verdade estou.
— Sei que você proibiu... Mandou... Proibir... O que quer. — Nick
balançou a cabeça. — Você disse que não poderia entrar na cozinha, mas
estava com fome e você ainda não estava acordado.
Manny levantou-se da mesa e se juntou a ele no fogão.
— Então me deixe ajudá-lo a cuidar do café da manhã. Faço os
melhores ovos deste lado do Mississippi e posso preparar as melhores torradas
também.
Nick desligou o fogo e deixou a espátula de lado.
— Que tal a gente apenas ir para a lanchonete atrás de um pouco de
comida? Prefiro não ficar doente ou comer ovos queimados.
— Agora isso soa como um plano. — Manny envolveu Nick em seus
braços e lhe deu um beijo rápido. Este foi muito melhor, do que Nick dizendo-
lhe para dar o fora ou dando-lhe uma atitude. Este era o tipo de manhã que
Manny poderia se acostumar.
Menos o café de manhã queimado.
Nick torceu o nariz quando virou a cabeça para o lado.
— Precisa escovar os dentes. Você tem a respiração da manhã.
Manny brincou e mordiscou a sua orelha.
— Isso é porque passei a maior parte da noite passada com o seu
pau na minha garganta.
O rubor de Nick deveria ter deixado o seu rosto em chamas. Ele deu
a Manny um olhar carrancudo.
— Se vista para que possamos ir comer. Estou morrendo de fome, e
você precisa escovar os dentes antes de continuar a falar tão perto do meu
rosto.
Manny riu.
— Sua respiração não é tão doce, também.
Manny começou a juntar-se a Nick no chuveiro, mas se estavam para
sair da casa, precisava manter a sua distância. Não se importaria de ir para a
cama para brincar, mas o seu companheiro estava com fome.
Reuniram-se na porta da frente, então foram para a lanchonete. O
dia estava mais quente do que o habitual, e Manny notou a neve derretida.
Pena que este tempo não poderia ficar por aqui. Tinham meses antes da
Primavera chegar e Manny não podia esperar.
Estacionou na frente da lanchonete e correu ao redor do capô da sua
caminhonete para ajudar Nick a sair. A caminhonete de Mordechai não tinha
estado na sua garagem esta manhã. Seu irmão a pegou ontem à noite, ou
tinha sido roubada. Talvez devesse ligar para Mordechai para se certificar de
que não foi o último.
— Não sou um inválido.
— Pare de ser um idiota e deixe-me mimá-lo. — Manny reclamou. —
Você está fazendo as coisas com uma mão e que tem que ser duro.
— A única coisa dura por aqui é a minha cabeça. — Nick corou.
Apontou para a sua testa. — Esta cabeça, pervertido.
— Você não disse isso na noite passada. — Ele fechou a porta da
caminhonete e levou Nick para dentro. O estômago de Manny rosnou com o
cheiro de bacon e panquecas. Keata estava atrás do balcão, conversando com
o seu irmão Kyoshi, que estava sentado em um banquinho, assim como
Tangee e o outro garçom na lanchonete.
Manny amava esta pequena cidade. Quanto mais tempo vivia lá, mais
residentes tornaram-se familiares. Viver na vila Brac era muito melhor do que
viver na cidade. Se Manny fosse abençoado com filhos, adoraria tê-los aqui.
Embora não tivesse certeza se crianças estavam no seu futuro. Tinha
as mãos bastante cheias com Nick.
Acompanhou Nick para o balcão e apresentou-o aos irmãos Keys.
Ainda se assombrava que eram shifters tigre. Os dois eram tão delicados que
deveriam ter sido shifters gatinhos.
— Prazer em conhecê-lo. — Keata disse enquanto apertava a mão de
Nick. — Este é o meu irmão, Kyoshi.
Nick sentou-se e começou a conversar com eles. Fez o coração de
Manny se sentir bem em vê-lo tentando se encaixar. Talvez o Dr. Sheehan
tivesse razão. Talvez Manny precisasse levar Nick a Toca e apresentá-lo aos
companheiros que viviam lá.
Simplesmente teria que manter Nick longe de Cecil. O cara era nada
além de problemas.
Manny se sentou ao lado de Nick e fez o seu pedido de café da
manhã. Nick também pediu, mas continuou a falar com Kyoshi.
— Talvez possamos ter encontros duplos. — disse Kyoshi. — Nunca
fui ao cinema.
Algo chamou a atenção de Manny. E se virou e viu Richard sentado
em uma cabine, observando-os. Seu primeiro instinto foi o de ir lá e arrancar a
cabeça do bastardo, mas decidiu que o puma não valia à pena.
Não a menos que Richard dissesse algo, então todas as apostas
estavam fora.
Alguns dos sentinelas entraram na lanchonete e se sentaram no
balcão. Manny rapidamente se esqueceu de Richard enquanto falava com
Storm e Mica, e Cody logo se juntou a conversa.
Storm bateu no ombro de Manny, chamando sua atenção. Quando
falou, sua voz era quase um sussurro.
— Ouviu alguma coisa?
Manny sabia que Storm estava falando sobre a fuga da sua mãe e
irmão. Balançou sua cabeça.
— Nada, e estou contente. Confie em mim quando digo que não
quero ficar preso nessa merda.
— Nós estamos mantendo um olho nas coisas. Também estamos à
procura de alguém fora do lugar.
Manny olhou para Richard antes de olhar para longe.
— O mesmo aqui.
A conversa voltou-se para outros tópicos, mas Manny não conseguia
afastar a sensação de que algo estava se formando. Que havia algo, mas não
tinha ideia do que era. A sensação de mau agouro não deixava o seu instinto.
Quando olhou em direção a Richard novamente, o cara tinha
desaparecido.

Manny abriu os olhos para a escuridão. Olhou por cima do ombro


para o relógio na mesa de cabeceira e viu que era três da manhã. Nick estava
enrolado nos seus braços, dormindo. Estavam dormindo no quarto de
hóspedes desde que Manny tinha reivindicado o seu companheiro, mas Manny
não se importava. A cama era confortável e a vista da janela era nada além da
floresta.
O que o tinha acordado? Começou a fechar os olhos e voltar a dormir,
mas um ruído quase inaudível de algum lugar na casa o fez levantar
lentamente.
Manny colocou sua cueca, tomando cuidado para não acordar o seu
companheiro. Saiu do quarto, e foi para o corredor, depois parou, esperando o
som se repetir.
Uma gaveta fechada no seu quarto.
Manny mudou para sua pantera antes de se arrastar em direção a
porta aberta do quarto. Alguém vestido de preto estava na sua cômoda,
vasculhando suas coisas.
Apertou suas patas no tapete, e fez o seu caminho ao redor da cama.
A falta de aroma permeou o ar, mascarando o cheiro do intruso.
O estranho endureceu, então correu para a janela, e Manny começou
a perseguição. O bastardo era rápido, escapando antes de Manny poder chegar
até ele. Manny saltou pela janela, tentando pegar o ladrão, mas a pessoa não
estava à vista.
Isso não fazia qualquer sentido. Na sua forma de pantera, Manny era
rápido demais para alguém a pé ficar longe dele. Caminhou ao redor do
perímetro da sua casa, verificando se não havia ninguém por perto antes de
pular de volta através da janela.
Nick estava no seu quarto, sua mandíbula caiu solta.
— Por favor, me diga que é você, Manny.
Manny mudou e fechou a janela, até então trancada.
— Alguém arrombou. — Foi para o seu armário, mas nada parecia
estar faltando. Quem era o intruso? As únicas coisas nas gavetas eram as
roupas de Manny. Agarrou uma cueca e colocou, juntamente com uma camisa.
— Alguém entrou aqui? — Nick olhou ao redor como se o ladrão
fosse saltar para fora de uma das sombras. — Que diabos é esse cheiro?
— Um agente de mascaramento. — disse Manny. — Quem quer que
fosse não queria que conhecesse a sua espécie.
— Parece que um gambá desfilou por aqui. — Nick apertou o nariz
quando fez um barulho de engasgo. — Você não deveria chamar a polícia?
Manny estava perturbado pela forma calma de Nick depois de saber
que alguém tinha arrombado. Balançou a cabeça.
— Vi as luvas nas suas mãos, o que significa que não deixou
quaisquer impressões para trás. Duvido que a polícia possa fazer algo, mas
vou dar queixa.
Pegou a mão de Nick e o levou de volta para o quarto de hóspedes
antes de recuperar o seu telefone. Ligou para Maverick e lhe contou sobre o
arrombamento.
— Deve haver alguns sentinelas nessa área. — Maverick disse,
soando muito alerta às três da manhã. — Vou ligar para eles e descobrir se
viram alguma coisa.
— Obrigado. — Manny desligou.
— Quem era? — Perguntou Nick. Em vez de subir de volta na cama,
puxou uma calça de malha e uma camisa.
Manny explicou que era Maverick, sobre os sentinelas que
patrulhavam a vila Brac, e que a maioria dos moradores não eram humanos.
Nick olhou para ele, mas não disse nada.
— Será que isso te assusta?
— Já passei por tanta besteira que quase nada me assusta mais.
Essa declaração foi também extremamente triste para alguém tão
jovem. A visão de Nick sobre a vida não deveria ser tão cansada. Ainda não,
pelo menos. Manny pegou sua mão.
— Vamos, vou fazer-nos um pouco de chá.
— O que há com você e o chá? — Nick perguntou enquanto foi para
a cozinha. — É como cura para você?
— Me acalma. — Manny colocou a chaleira no fogão. Não era o único
que era fã de chá. Mordechai e Malaquias também. Talvez fosse algum tipo de
cura para eles depois de tudo.
Nick bocejou enquanto se enrolou em uma cadeira à mesa.
— Tem algum café?
Manny tirou um saco do congelador e começou a colocar na cafeteira.
Manteve esse saco para os hóspedes e tinha uma pequena cafeteira de quatro
xícaras.
— O que você acha que o intruso estava atrás?
— Não tenho ideia. — disse Manny. — Estava verificando as minhas
gavetas. Não há nada lá, só roupa.
— Bizarro. — disse Nick. — Talvez admirasse toda a flanela que você
veste e decidiu que queria.
Manny olhou por cima do ombro, estreitando os olhos.
— Não uso flanela.
— Aposto que ficaria sexy. — Nick brincou.
— A não ser que mude de carreira para um lenhador, você não está
me pegando nelas. — Trouxe uma xícara de café para Nick. — Eu pareço
terrível de xadrez.
Manny rosnou quando alguém bateu na porta da frente. Olhou para
Nick.
— Fique aqui.
Nick deu-lhe uma saudação simulada antes de beber o seu café.
Manny olhou para fora da janela da sala e viu Hawk. Abriu a porta e o
deixou entrar.
— Maverick me disse que você teve um hóspede indesejado.
— Pensei que vocês estavam vigiando a minha casa. — Manny
fechou e trancou a porta atrás de Hawk. Manny se considerava um cara
grande, mas ele não era nada diante do shifter lobo. Hawk se elevava até
mesmo acima dele, e a sua forma áspera gritava que iria infligir dor na queda
de um chapéu. Manny estava feliz que o cara estava do seu lado.
— Não temos todos os ângulos cobertos. — Disse Hawk. — E quem
veio deve ter visto a gente e passou por nós.
Isso não era um pensamento reconfortante. Manny contou o que o
intruso tinha feito, e como tinha desaparecido quando Manny tinha dado
perseguição.
— No seu caso, não vou acreditar em coincidências. Você acha que
isso tem alguma coisa a ver com a sua mãe ou irmão?
— Como? — Perguntou Manny. — O que poderia esperar para
descobrir sobre eles, passando por minha gaveta de cuecas?
O nariz de Hawk se contraiu.
— Está um cheiro desagradável na sua casa.
— Isso é do intruso. — Disse Manny.
— Foda como fede. — Hawk abriu a porta. — Vou ter certeza que
cada ângulo seja coberto hoje à noite.
Manny agradeceu, embora duvidasse que o culpado voltaria. Não está
noite, pelo menos.
Capítulo Sete

— Isso tem que ser um sonho. Não, não. Isto é um pesadelo e vou
acordar a qualquer momento.
— Pare de ser dramático. — Travis bufou. — A merda entre nós não
foi tão ruim.
— Que porra de vida que você está lembrando? — Perguntou Nick. —
Com certeza não é a nossa, se acha que as coisas entre nós não eram tão
ruins. Você fez os últimos cinco anos da minha vida miserável.
Manny tinha ido para uma corrida com os seus irmãos, e disse que a
casa era protegida pelos sentinelas para que Nick não tivesse nada para se
preocupar. Pena que o seu telefone não tinha sido protegido, também. Por que
diabo não tinha bloqueado o número do seu tio?
— Tudo está um pouco confuso. — Disse Travis. — Desde que estive
sóbrio, estive pensando sobre os meus sobrinhos.
— Oh, não. — Disse Nick. — Você não está ligando para me verificar.
Isso não é seu estilo. Você quer algo.
— Quero vocês de volta na minha vida.
Nick estava sentado lá olhando para fora da janela da frente. O calor
que tinha vindo através desta manhã se foi e neve começou a cair no final da
tarde. Esperava que Manny não tivesse ido muito longe. Era absolutamente
louco, mas Nick sentia falta do idiota.
— Para fazer o que, gritar comigo e me pedir dinheiro? — Deveria
desligar. Conversar com Travis só iria dar a Nick uma úlcera. Nunca disse a
David que sofria disso quando viviam com Travis. David sempre teve porcaria
o suficiente para se preocupar. Também não tinha dito ao seu irmão sobre a
depressão que às vezes o atormentava durante esse tempo.
Nick tinha feito um trabalho muito bom de esconder quem realmente
era, às vezes até de si mesmo. E agora Travis os queria de volta na sua vida?
Nick sentiu a depressão e úlceras tentando voltar. Não, não poderia passar por
isso novamente, não importa o motivo de Travis querer fazer as pazes.
— Não quero nenhum dinheiro de você, Nicky.
O peito de Nick apertou. Travis costumava chamá-lo assim, quando
Nick era pequeno, antes que o seu tio tivesse se transformado em um imbecil
alcoólico. Sua garganta apertou, mas se recusou a chorar. Não estava dando a
Travis uma lágrima maldita.
Nick pode estar tentando mudar, ou mais precisamente, voltar ao que
era antes da raiva ter tomado conta dele, mas não tinha como mudar muito,
não o suficiente para encontrar o perdão no seu coração para o que o seu tio
tinha feito com ele e David.
— Você arruinou essa confiança, Travis. Você nos tratou como merda
no seu sapato, e pretende se conciliar agora?
— Quero compensar o que fiz. Era o que a minha irmã queria.
A raiva de Nick queimou.
— Não se atreva a trazer minha mãe na conversa!
— OK, sinto muito.
Nick franziu as sobrancelhas. Normalmente até agora Travis teria
gritado com Nick, mas estava mantendo a calma, e mesmo soou apologético.
Esse não era o Travis que Nick conhecia.
— Qual é o seu objetivo, velho?
— Maldito seja, Nick. Não tenho um objetivo. Só quero começar de
novo com você. É pedir demais?
— Sua irmã nos chutou para fora. Ela lhe contou sobre isso? E se
você soube, como diabos você pode ter coragem de me ligar? — Apesar do
quanto lutou, lágrimas quentes brotaram nos olhos de Nick. — Se você ou
Deloris querem honrar a memória da minha mãe, nunca me ligue de novo.
Nick desligou e atirou o telefone, gritando com frustração e raiva
pura. Olhou em volta em busca de algo para rasgar, mas não queria destruir
nada de Manny.
Então se levantou e chutou a árvore. Chutou até que estava rodeado
de galhos quebrados. Pisou nas decorações no tapete, em seguida, caiu de
joelhos, chorando porque tinha assassinado a árvore de Manny.
Nick queria a sua mãe tão mal que todo o seu corpo doía. Como
Travis se atreve a jogá-la no rosto dele. Queria ir para a cidade e sufocar a
merda fora do seu tio por puxar essa porcaria.
A porta se abriu, deixando entrar uma rajada de ar frio. Nick não se
incomodou em olhar por cima do ombro. Se fosse o intruso, Nick não poderia
ter se importado menos.
— Nick? — Manny passou um braço em torno dele e levantou-o. — O
que está acontecendo, gatinho?
Os ombros de Nick sacudiam enquanto chorava, e quando começou,
não conseguia parar. Anos de frustração e raiva, impotência e solidão tinham
transbordado. Não tinha vergonha que Manny o visse chorar.
Manny pressionou Nick firmemente contra o seu peito.
— Basta deixá-lo sair, querido.
— Estou... Desculpe... — Exclamou Nick. — Estou... Apenas de...
Desmoronando.
— Não se atreva a pedir desculpas por isso. — Disse Manny. — É pra
isso que estou aqui. Tenho ombros muito grandes e podem lidar com suas
lágrimas.
Manny pegou Nick e o levou para o sofá. Sentou-se e colocou Nick no
seu colo. Nick estava contra o peito de Manny, lutando para se acalmar. Não
podia acreditar que ele estava chorando assim. Mas as lágrimas tinham sido a
limpeza como se soltasse um pedaço dele que corroía a sua alma.
— Sente-se melhor? — Manny beijou a sua testa.
Nick deu um suspiro trêmulo.
— Sim.
Manny tirou o cabelo dos olhos de Nick. A ação foi simples, mas
mexeu com algo dentro de Nick.
— Quer me dizer o que causou isso?
— Sinto muito sobre a sua árvore. — Nick olhou para a destruição e
queria pedir desculpas novamente. — Espero que nada disso seja sentimental
para você.
— Nah, não era. Apenas algumas coisas que comprei na loja.
Nick franziu a testa quando percebeu que Manny não estava usando
nenhuma roupa.
— Por que você está nu?
— Roupas de Shifters não mudam com eles. Quando volto a ser
humano, estou nu. — Manny balançou as sobrancelhas. — Por que, você gosta
de algo que vê?
— Meu tio.
Manny o olhou parecendo sete tipos de confuso.
— Repete novamente?
— Foi o que causou tudo isso. — Disse Nick a Manny sobre o
telefonema. — Só me deixou tão bravo que me perdi e me fez querer bater em
alguma coisa próxima a mim.
Dizer as palavras em voz alta fez Nick estremecer. Parecia um
verdadeiro guerreiro atacando uma árvore estúpida. Mais como um covarde.
Sentia-se como se precisasse ir encontrar um urso para lutar a fim de obter
sua masculinidade de volta. Ou talvez um esquilo... Ou um coelho. Nick nunca
havia sido tão malvado para começar. Não tinha medo de admitir... A si
mesmo.
— Deixe-me pegar algumas roupas e podemos limpar essa bagunça.
— Manny deu uma tapinha no quadril de Nick. — Ainda quero saber se você
não matou a árvore só porque a odiava.
Nick sorriu.
— Isso pode ser a razão.
Com um rolar de olhos, Manny colocou Nick de lado.
— Não me faça bani-lo da sala de estar, também.
— Então vou estar preso no meu quarto. — Nick argumentou.
— Sobre isso. — Disse Manny. — Acho que é hora de você se mudar
para o nosso quarto. Isso não é os Flintstones. Não quero quarto separados,
nem camas separadas.
— Yabba-Dabba-doo. — Nick disse rindo. Apenas alguns momentos
com Manny e ele já se sentia melhor. Sim, Manny iria definitivamente derrubar
as suas paredes.

— Obrigado por ter vindo. — Hawk apertou a mão de Manny quando


entraram na Toca. — Maverick está esperando por você no seu escritório.
Manny olhou ao redor, impressionado com o lugar. Esta foi a primeira
vez que esteve ali, e sinceramente, o seu encontro com o alfa tinha lhe
colocado um pouco na borda.
— Será que Maverick disse por que queria me ver? — Tiraram seus
casacos, e Hawk pendurou-os em um enorme armário da frente.
— Você tem passagens secretas e uma masmorra neste lugar? —
Perguntou Nick. — Aposto que precisa de um mapa para se locomover.
Hawk sorriu para Nick. Pelo que Manny tinha aprendido sobre os
sentinelas e alfa, eles tinham um fraquinho por companheiros.
— Posso conseguir um dos companheiros para lhe dar o grande tour.
— Hawk ofereceu.
— Contanto que possamos explorar salas secretas. — O olhar de
Nick saltou em todos os lugares. Manny estava contente de vê-lo em um
melhor animo. Após o colapso de Nick, em seguida, sua risada, se tornou
solene para o resto do dia. Manny não tinha ideia de como o puxar para fora
do seu humor pensativo, mas parecia que essa viagem a Toca iria levantar o
seu espírito.
— Não tenho certeza sobre passagens e cavernas, mas há muito
para ver. — Hawk puxou o telefone e enviou uma mensagem. Momentos
depois, Johnny desceu correndo os degraus, um largo sorriso no rosto.
Fez uma profunda reverência e riu.
— Aqui estou eu, a quem estou mostrando ao redor?
Hawk puxou Johnny em seus braços e lhe deu um beijo rápido.
— Doce bebê, este é Nick e Manny.
Johnny agarrou a mão de Nick e as soltou antes que Manny pudesse
dizer uma palavra. Arqueou uma sobrancelha.
— Nick ficará bem. — Hawk assegurou.
Manny sabia disso. Viu Johnny em mais de uma ocasião no café e
gostava do cara peculiar. Era um pouco fora da sua mente, mas Manny sempre
foi um bom juiz de caráter, e Johnny era inofensivo.
Era Cecil que o preocupava.
— Neste caminho. — Hawk o levou por um longo corredor, em
seguida, acenou para Manny antes de entrar em uma sala à sua direita. Entrou
em um grande escritório com estantes de livros atrás de uma mesa de mogno
que tinha duas cadeiras em frente a ela. Um sofá de couro preto à sua
esquerda, mas o que chamou sua atenção foi Maverick, que estava sentado
com os pés calçados com botas descansando na borda da sua mesa. Puxou
seus pés para baixo e se sentou quando Manny se sentou em uma das
cadeiras.
— Poderia me dizer por que me chamou aqui? — Manny perguntou,
cruzando os tornozelos e descansando as mãos sobre o estômago.
— Quero saber o que aconteceu na casa de Nick. — Disse Maverick.
— Quando David foi atacado.
— Você não deveria ter chamado Mordechai aqui? — Perguntou
Manny. — Meu irmão estava lá. Tudo o que sei é o que me disse.
Manny virou quando alguém entrou no escritório. Era Mordechai.
— Vou perguntar. — Disse Maverick. — Seu irmão pode me dar as
informações sobre a luta e a morte do agente do governo, mas alguém está
atrás de você, Manny, e quero descobrir quem. — Deslizou um pedaço de
papel sobre a mesa.
Manny pegou e examinou. Havia apenas dois nomes nele, e
reconheceu um deles.
— O que é isso?
— Os nomes de duas pessoas que não pude verificar. — Hawk disse
enquanto se sentava no sofá de couro. Mordechai sentou ao lado de Manny na
outra cadeira.
Antes que Manny pudesse dizer que conhecia um dos nomes,
Mordechai disse a Maverick sobre alguém chamado Alan McGee ter chegado à
sua casa e o atacou, em seguida, apareceu na casa do tio de David e Nick na
cidade. Então disse que o agente lhe tinha dito sobre a espionagem dos seus
pais e irmão mais velho, e como Mordechai tinha matado Alan, logo após Alan
ter atirado em Nick.
Manny tinha ouvido a história antes, mas ainda o fez sentir um aperto
no intestino. Odiava que o seu irmão tinha sido posto em perigo, e como não
estava ali para ajudá-lo. Manny era um dos mais velhos, e sempre cuidou de
Mordechai e Malaquias.
Estava grato que Malaquias não tivesse sido envolvido nesta
bagunça. Não que soubesse, pelo menos.
— E você não teve nenhuma pista sobre os seus pais e irmão
vendendo segredos para um governo estrangeiro? — Perguntou Maverick.
— Nenhuma. — Disse Mordechai. — Se isso for verdade, eram muito
bons em manter o que tinham escondido.
— Mas sua mãe e Matthias estão foragidos. — Disse Hawk. — Não
gostaria de assumir nada, mas isso tem culpado escrito sobre eles.
Manny pensou a mesma coisa, embora não quisesse acreditar que
fosse verdade. Merda de espionagem acontecia nos filmes, não na vida real.
Toda a situação era muito surreal para Manny. Se fosse verdade que a sua
mãe e Matthias estavam envolvidos, por que Manny e os seus irmãos não
foram chamados para interrogatório por qualquer agência que estava
acusando-os de cumplicidade? Por que a agência não foi atrás da sua família
para intimidá-los?
As palavras de Mordechai ainda ecoavam na cabeça de Manny da
noite em que Alan tinha atirado em Nick. Disse que a morte do seu pai não
tinha sido um acidente. Que Alan tinha propositadamente o colocado para fora
da estrada. Sabia que Mordechai se culpava pelo acidente, porque tinha estado
no carro no momento.
Mas, mesmo que o seu pai tivesse sido distante com eles, Manny
ainda não queria pensar nele como um traidor do seu país. Não queria pensar
isso sobre a sua mãe ou Matthias, também.
Maverick virou-se para Manny.
— Os nomes?
Manny acenou o papel.
— Não tenho certeza, mas conheci um cara chamado Richard na
lanchonete. Não sei o seu último nome.
Maverick entregou-lhe duas fotos. Manny assumiu que fossem os dois
caras na lista e olhou ambas as fotos mais atentamente. Um homem não era
familiar, mas o outro o fez rosnar.
Virou uma em direção ao alfa.
— Esse é o cara da lanchonete. Você acha que ele tem alguma coisa
a ver com o que está acontecendo?
De certa forma, Manny esperava que sim. Queria chutar o traseiro de
Richard por flertar com Nick e ser um idiota era um bônus.
— Nós não temos certeza. — Disse Maverick. — Descobrimos
equipamentos de vigilância no seu apartamento, mas Richard Cohen
desapareceu.
Manny não sabia por que pensava sobre os biscoitos de aveia e
passas. Em seguida, sua mente começou a virar as coisas ao longo dos últimos
dias. Seu olhar saltou para Maverick.
— Acho que ele esteve na minha casa.
Maverick virou a cabeça para Hawk.
— Vá até Nero e verifique a casa de Manny em busca de escutas ou
câmeras. — Olhou para Manny. — Você falou sobre qualquer coisa que não
deveria?
— Não tenho certeza. — Manny pensou sobre tudo o que tinha dito e
feito desde a morte de Alan, mas não conseguia se lembrar de todas as
conversas que teve.
Se Richard tinha plantado escutas ou câmeras na sua casa, Manny
iria caçar o bastardo e arrancar a sua coluna.

Nick tinha aprendido tudo sobre a vida de Johnny nos primeiros vinte
minutos do passeio. Se soubesse que o cara ia derramar suas entranhas, Nick
teria ficado com Manny.
Mas agora que o conhecia, Nick sentiu pena dele e estava feliz que
estava muito melhor agora. Ninguém merecia ser abusado, e muito menos
pelo seu próprio irmão. A vida de Johnny fez a de Nick parecer uma moleza.
— E este é Drew. — Johnny disse quando entraram na cozinha. —
Ele é muito inteligente e ajuda a um grupo de pessoas na cidade.
O homem sentado no balcão tinha os mesmos olhos castanhos que
Nick. Seu cabelo era castanho, e o seu corpo magro. Por alguma razão, Nick
instantaneamente gostou dele.
— Oi, Nick. — Drew apertou a sua mão. Um cara alto, com cabelo
loiro estava no fogão, cozinhando algo que cheirava a frango frito. Virou-se,
sorriu para Nick, depois voltou para o que estava fazendo.
— Tenho que ir. — Disse Johnny. — Eu e Hawk temos um encontro.
Nick observou Johnny sair com pressa da cozinha, depois se virou
para Drew.
— Ele é, uh... Agradável.
Drew riu.
— Johnny é tão simples como você pode começar. Não há nada falso
sobre ele.
Nick teve essa vibração sobre Johnny. Inocente e um pouco ingênuo.
— Quão longe foi o seu passeio?
Nick franziu as sobrancelhas.
— Como você sabia que estava num tour?
— Ninguém pode guardar um segredo nesta casa. — Drew levantou-
se e acenou para Nick segui-lo. Nick olhou para o cozinheiro, desejando que
pudesse obter alguns dos pedaços do frango. Estava morrendo de fome. A
Toca era enorme, e depois de toda a caminhada, poderia precisar de algo para
comer.
Drew o levou a uma grande biblioteca. Nick virou em um círculo,
olhando para prateleira após prateleira de livros. Não achava que tinha visto
tantos em um só lugar, em toda a sua vida.
Drew se sentou no sofá.
— Dr. Sheehan disse-me que ficou ferido.
Demorou um segundo para Nick se lembrar de quem era o Dr.
Sheehan. Fez uma careta.
— O cara que me cutucou.
Drew sorriu.
— Sim.
A menção do seu ferimento fez pulsar o ombro de Nick. Sentou-se
em uma cadeira em uma mesa, olhando para as estantes em torno dele.
— Tem alguma passagem secreta nesta sala?
— Não, mas há uma no escritório do Maverick, mas tem que
prometer não contar a ninguém sobre isso.
Isso despertou o interesse de Nick.
— Podemos explorar isso? — Girou na cadeira, depois parou quando
ficou tonto. Talvez não devesse ter feito isso. Com o estômago vazio e o seu
ombro ferido, sentiu que estava prestes a vomitar.
— É apenas um túnel de terra. — Disse Drew. — Não é nada
emocionante, e duvido que Maverick queira que desçamos lá. Ele é louco
quando se trata de companheiros e proteção.
Nick olhou para a mesa, sentindo falta de Manny da mesma forma
como sentiu quando Manny tinha ido a uma corrida com os seus irmãos.
Precisar de alguém assim se sentia estranho. Nick nunca havia se deixado ficar
ligado a qualquer pessoa antes, e a vulnerabilidade o assustava.
— Qual o problema? — Perguntou de Drew.
Nick deu de ombros, em seguida, lamentou o movimento quando a
dor se espalhou por cima do ombro.
— Acho que ainda estou me acostumando com tudo isso.
— Tudo o quê?
O olhar de Nick se virou para Drew antes de olhar para fora da janela
grande para a floresta atrás da casa.
— Nada. — Não estava prestes a derramar as suas entranhas a um
estranho, embora Drew fosse fácil para conversar. Tinha olhos bondosos e
uma voz suave, e algo sobre ele fez Nick relaxar.
— Entendo. — Drew assentiu. — Eu era da mesma maneira.
— Como assim?
— Não queria que ninguém soubesse nada sobre mim. Era um
estudante correto, até que comecei a usar drogas. Era um desastre completo
quando Remi me encontrou.
Nick escutou Drew lhe contar sobre a sua vida antes e depois de
conhecer o seu companheiro. Nick não desejava o que Drew tinha passado a
ninguém. Felizmente Nick nunca havia se voltado para as drogas. Nem sequer
gosta do cheiro de álcool. Recordava-lhe muito do seu tio e o motorista que
tinha matado sua mãe e o seu padrasto.
— É minha culpa que os meus pais estão mortos. — Disse Nick,
surpreendendo a si mesmo.
Drew deu-lhe um olhar curioso.
— Como assim?
— Nem sequer deveriam estar no carro naquela noite. — Seu peito
se contraiu, um caroço se formou na sua garganta. Olhou para longe de Drew,
a dor quase insuportável. — Tinha chegado de uma briga com o meu melhor
amigo, e o pai de Stan ligou para os meus pais e disse-lhes para vir me
buscar. — Nick limpou as lágrimas. — Nunca chegaram. Então meu tio liga e
diz que tiveram um acidente, foram atingidos de frente por algum motorista
bêbado, quando estavam no seu caminho para me pegar.
Uma parte de Nick odiava Stan por aquela noite, mas continuava
voltando para a casa do seu amigo, uma parte torcida dele esperava que se o
fizesse, poderia voltar atrás naquela noite de alguma forma, parar os seus
pais, em vez de entrar no carro.
Essa era à razão de Nick odiar tanto Travis. Toda vez que cheirava a
bebida, a culpa corroía Nick. Tinha levado sua raiva a Travis, e sobre todos,
além de David. Seu irmão era a única pessoa segura da ira de Nick porque
Davi tinha sofrido a mesma perda devastadora.
E David nunca tinha culpado Nick pelo acidente.
— Como é que isso é sua culpa? — Perguntou de Drew. — Se alguém
é culpado, é o motorista que dirigiu bêbado o seu carro.
Nick sabia que era verdade, mas a culpa ainda pesava sobre ele.
— Você acha que o cara na cozinha irá partilhar o seu frango?
O sorriso de Drew aliviou um pouco a dor no peito de Nick.
— George é um cara doce. Não recusaria a oportunidade de mostrar
suas habilidades culinárias.
No momento em que Nick encontrou Manny na porta da frente,
estava bem alimentado e tinha feito um novo amigo. Drew prometeu aparecer
para que pudessem sair.
Mas Nick não era um idiota. Johnny disse que Drew ajudava muita
gente, então Nick assumiu que Drew era uma espécie de conselheiro. A julgar
pela sua conversa na biblioteca, Drew queria ajudar Nick a atravessar e
superar a sua dor. E Nick estava pronto para colocar essa dor atrás dele.
Perder os seus pais era uma dor que feria a sua alma, mas estava pronto para
seguir em frente.

Capítulo Oito

Manny estava lívido.


— Você tem certeza de que isso é tudo?
— Sim, sim, tenho, — disse Nero. — Fiz a varredura em toda a casa.
Ele empurrou os dispositivos para dentro do bolso, depois passou a
mão com a luva de látex sobre os cabelos pretos, quando ele olhou ao redor.
— Poderia limpar este lugar para você. Sou um especialista em
limpeza.
— Estou bem, — disse Manny. Sua casa estava limpa. Nero tinha um
microscópio nos olhos? — Mas obrigado pela oferta.
— Bem, seu erro. Sim. Sim, eles são, — disse Nero.
Manny sentiu-se violado no nível mais profundo. Ele compartilhou
momentos íntimos com o seu companheiro que não tinham sido para ninguém
além deles, mas o imbecil invadiu a sua privacidade.
— A única vez que estive fora da casa foi hoje de manhã, — disse
Manny — Ele deve ter plantado hoje então.
O que significava que Richard estava observando a sua casa. Ele era
a mesma pessoa que havia entrado? Se fosse, talvez ele estivesse procurando
alguma coisa.
— Eu não sei. — Hawk balançou a cabeça. —Mas agora que sabemos
como ele se parece, poderemos ficar de olho nele.
Nero tirou o celular e franziu as sobrancelhas.
— Essa é a sexta mensagem do meu companheiro. Sim. Acho que
ele me quer em casa.
— Vamos embora, — disse Hawk. — Gunner fica ansioso quando
Nero sai por um logo tempo. Se não o devolver, Gunner vai ficar muito
irritado.
Manny agradeceu, fechou e trancou a porta quando eles saíram. Nick
ficou do outro lado do sofá, olhando ao redor nervosamente.
— Está seguro agora, — disse Manny, tentando colocar Nick à
vontade. Ele não queria que Nick se sentisse inseguro na sua casa
Nick balançou a cabeça.
— O que há de errado? — Perguntou Manny.
Nick apontou em todas as direções, então fez um movimento de
fechar os seus lábios. Ele se afastou, seu olhar ainda estava em todo os
lugares.
Manny sabia como Nick estava se sentindo. Ele tinha medo de dizer
qualquer coisa, também. E se Nero não tivesse olhado tudo? Agora, Manny
encontrou-se olhando como se a conversa ainda estivesse sendo gravada. Ele
foi ao quarto deles, mas Nick não estava lá.
Quando entrou no quarto de hospede, Nick estava sentado na cama,
com os braços cruzando. Ele achou que o seu companheiro ficaria com raiva e
partiria, mas ele se virou para Manny e disse:
— Apenas me diga o que você quer que eu faça. O que precisamos
fazer para pegar ele?
A pergunta de Nick deixou Manny pasmo.
— Primeiro, não estamos fazendo nada para pegar Richard. Não
quero você em qualquer lugar perto dele. Ele é um shifter, Nick. Além disso,
trabalha para o governo. Só por isso, já é um grande problema.
Nick saltou da cama e acenou com a mão.
— Então, simplesmente vamos deixá-lo entrar na nossa casa e
invadir a nossa privacidade? Ele comeu os seus biscoitos, Manny. Ele. Comeu.
Seu. Biscoitos.
Manny não tinha certeza se Nick percebeu que tinha acabado de se
referir a esta casa como sua. Ele queria apontar isso, mas Nick continuou
falando.
— Precisamos colocar uma armadilha — Ele bateu o lado do punho
na palma da mão. — Precisamos pegar esse babaca e tirar ele para sempre
das nossas vidas.
— Uau, espere. — Manny balançou a cabeça. Esta situação não era
nem um pouco engraçada, mas, do jeito que Nick estava agindo, Manny teve
que lutar para não rir. — Você não é um agente secreto. Prefiro deixar os lobos
lidar com Richard.
Manny era apenas um bombeiro. Ele não sabia nada sobre operações
secretas ou armadilhas. Manny só queria que tudo acabasse, para ele
começasse a sua nova vida com o seu companheiro.
A campainha tocou e eles se olharam. Nick apertou um dedo no seu
lábio e saiu do quarto, indo pelo corredor e até a porta da frente onde ele
olhou pela janela. Manny queria rolar os olhos. Ele duvidava que Richard viesse
à sua casa, mas Nick parecia animado com isso, essa era a palavra certa:
animado.
Nick olhou pela janela, e ficou um pouco decepcionado quando disse:
— É só David e a sua família.
— Minha família? — Manny abriu a porta da frente. David e
Mordechai estavam lá fora, juntamente com Malachi, Abner e Robbie.
Malachi estreitou os olhos quando entrou.
— Estou chutando a sua bunda por não dizer que você está com
problemas. O que há com você e Mordechai mantendo segredos de mim?
Quando todos estavam dentro, Manny fechou a porta e virou-se para
Malachi.
— Não te contei porque não havia nada que você pudesse fazer
sobre isso.
— Só porque não posso fazer nada sobre a situação não significa que
você pode me deixar no escuro, — explodiu Malachi. — Mordechai é atacado e
ele não conta para mim. Você tem um cara do governo atrás de você, e você
não me conta.
— E você teve um incêndio e não nos contou, — lembrou Manny. —
Não se atreva a andar aqui pensando que você vai brigar comigo.
— Ok. — Abner levantou as mãos. — Vamos nos acalmar.
Precisamos nos apoiar um nos outros, não brigar.
— Deixe-os discutir. — Robbie tirou o casaco. — Estou achando
divertido. Mas podemos pedir comida antes da grande luta? Estou faminto.
— Por que não vamos para a cozinha e deixamos nossos homens
resolver isso, — sugeriu David.
— Eu nunca me divirto, — Robbie resmungou quando os
companheiros se afastaram.
— Vamos nos encontrar em alguns dias? — Perguntou Drew quando
ele deixou Nick na noite seguinte.
Nick gostava de Drew, mas de jeito nenhum ele estava voltando para
a Toca. Era muito barulhenta e ele não gostava de lugares lotados. Ele gostava
do silencio de casa. Não tinha notado que ele agora se referia à casa de Manny
como sua, mas parecia certo, e Nick estava cansado de lutar contra... a vida.
Ele queria se estabelecer. Ele queria envelhecer com alguém especial.
Nick só queria ser feliz pela primeira vez na vida.
— Podemos jantar na próxima vez.
Nick saiu do carro e fechou a porta. Quando ele vivia com o seu tio,
Nick sempre odiava entrar em casa. Brigas com Travis sempre deram uma
forte dor de cabeça. Sentia-se bem em casa agora, sentia-se bem em
atravessar a porta e respirar um suspiro de alívio.
Drew baixou a janela do passageiro.
— Não foi tão ruim.
Nick revirou os olhos.
— Vou ligar para você em alguns dias.
Não, não tinha sido tão ruim, além das distrações. Johnny tinha razão
sobre Drew ajudando as pessoas. Falar com Drew era bom, e Nick estava
aprendendo a deixar muita merda. O que surpreendeu Nick foi que eles apenas
falavam. Drew não o colocou em um sofá, nem fez Nick olhar em manchas de
tinta. Eles simplesmente falavam.
Drew foi embora, quando Nick dirigiu-se para a porta da frente
caçando as chaves nos bolsos. Manny tinha feito uma cópia ontem. Mas ele
não estava achado.
Quando ele não achou, ele tocou a campainha. Estava mais frio aqui
fora, do que no carro de Drew. O ar estava gelado, fazendo com que os seus
dentes batessem.
Ele tocou repetidas vezes, mas Manny não atendeu. O que tinha
acontecido? Nick bateu o punho contra a porta, depois chutou.
Nada.
— Foda.
Nick andou até a parte de trás da casa, esperando que ele pudesse
entrar pelo fundo e ficou agradecido quando ele encontrou a porta aberta. Nick
entrou apressadamente, absorvendo o calor enquanto tirava o casaco e os
sapatos. Manny odiava quando alguém levava neve para dentro de casa.
Veja, olhe para mim. Agora estou arrumando. Nick riu com o
pensamento.
— Manny, — Nick gritou quando ele trancou a porta dos fundos. —
Esqueci minhas chaves. Por que você não me deixou entrar?
Entrou na sala de estar e parou. Um homem alto que parecia muito
com Manny estava ali. Ele tinha o mesmo cabelo escuro, e olhos penetrantes.
Ainda assim, Nick perguntou:
— Quem é você?
— Onde está Manasseh?
O estranho foi até a janela e olhou para fora da cortina antes de
deixar o material cair novamente no lugar.
Uma sensação incômoda se instalou no intestino de Nick. O cara virou
o olhar para Nick. Não, seus olhos não eram nada como os de Manny. Eles
eram frios, enquanto que Manny era caloroso e convidativo e cheio de
compaixão.
— Você é Matthias.
A realidade deixou Nick mais nervoso. Ele ficou ainda com mais medo
quando Matthias se afastou da janela. Ele tinha uma presença dominante,
como se estivesse acostumado a obter o que queria.
— Onde está Manasseh?
Nick desejou saber onde estava Manny. Ele não gostou de estar na
mesma sala com esse cara. Matthias era procurado por seu próprio governo.
Nick não queria ser envolver com aquela besteira.
— Senta. — Matthias acenou para a poltrona reclinada. — Podemos
esperar juntos pela volta do meu irmão.
— Por que você está aqui?
Nick colocou o sofá entre eles. O fato que Matthias poderia se
transformar em uma pantera, tornou-o ainda mais intimidante. Se ele
decidisse matar Nick, ele não podia fazer nada para evitar que fosse
despedaçado.
Matthias agarrou Nick pela parte superior do braço. Ele arrastou Nick
ao redor do sofá e jogou-o na cadeira. Nick levantou a mão, ergueu os
ombros, aumentou a raiva.
— Nunca mais toque em mim!
Matthias o socou e Nick voou para a poltrona enquanto algo quente e
úmido cobria a sua boca. Ele tocou o seu rosto, então olhou a sua mão. Estava
coberta de sangue.
— Sente-se e fique quieto, — advertiu Matthias. — Suponho que ele
não foi longe demais, pois ele deixou o seu companheiro sozinho.
Nick vibrou de raiva. Agora ele viu por que Manny não gostava muito
dele. Matthias era um idiota.
Nick levantou-se da cadeira até ouvir o som de um rosnado profundo
e revoltante. Matthias olhou para ele como se quisesse uma desculpa para
acabar com o traseiro de Nick.
— Tenho que usar o banheiro, — Nick disse, mantendo o medo fora
da sua voz.
Só porque Nick colocou um rosto corajoso não significava que ele não
estivesse aterrorizado. Matthias era alto, musculoso. Muito ruim, Nick não
tinha uma frigideira à mão. Ele bateria com ela na cabeça de Matthias.
— Você pode esperar para ir ao banheiro, — gritou Matthias.
— Tenho uma bexiga muito fraca, — Nick mentiu. — É uma
condição, eu juro. Se você fizer eu esperar muito, vou urina na calça.
Ele empurrou Nick no seu ombro ferido em direção ao corredor,
seguindo atrás dele. Sentiu muita dor, mas ele murmurou o gemido. Ele não
queria que Matthias se aproveitasse do seu ponto fraco.
— Faça isso rápido.
— O que você vai fazer, segurar o meu pau por mim? — Nick
perguntou quando Matthias continuava seguindo-o. — Prometo que sou
treinado e posso usar o banheiro sozinho.
Nick realmente precisava saber quando manter a sua grande boca
fechada. Provocar Manny era uma coisa, mas Matthias já era burrice.
Nick gritou quando Matthias pegou um punhado de cabelo e
empurrou a cabeça para trás. Parecia que ele estava puxando os cabelos de
Nick para fora do seu couro cabeludo. Nick gostava de um pouco de cabelo
puxando durante o sexo, mas isso não era sexo e o aperto de Matthias era
brutal. Ele queria chutar Matthias nas suas bolas.
— Basta com essa boca inteligente, humano. Use o banheiro, então
vá sentar o seu traseiro e feche os seus lábios. Entendeu?
— Entendi! Eu entendi!
A cabeça de Nick doeu quando Matthias o soltou. Ele balançou, dor
disparando pelo pescoço. Quando Nick chegou ao banheiro, ele bateu a porta
no rosto de Matthias.
Não que uma porta pudesse impedir que um shifter entrasse, mas
Nick tinha que pensar, tinha que avisar Manny que o seu irmão havia
aparecido.
Nick tirou a celular do bolso e enviou uma mensagem a Manny. Então
ele pensou sobre isso. Isso era sequestro. Tinha que ligar para o 190. E se ele
deixou Nick manter o seu telefone em propósito de poder ligar para Manny e
levá-lo de volta aqui?
Matthias bateu na porta do banheiro.
— Eu disse para ser rápido.
— Não consigo ser rápido, — gritou Nick.
Ele lavou as mãos na pia e olhou pela janela. Ele poderia rastejar,
mas ele não tinha os sapatos e o casaco. Ele congelaria suas bolas antes de
encontrar ajuda.
Tudo o que ele podia fazer era esperar que Manny não estivesse
entrando, e que ele inventasse um plano para acabar com Matthias antes que
ele rasgasse Nick.
E onde diabos estavam os homens que deveriam estar vigiando a
casa? Como Matthias tinha entrado sem que ninguém o visse?
Assim que Nick estava enxugando as mãos, Matthias abriu a porta
como se não estivesse fechada. Ele olhou em volta do banheiro, depois seu
olhar se moveu para Nick.
— Saia.
Nick enrolou o lábio, olhando para Matthias enquanto ele saiu do
banheiro. Havia muito o que ele queria dizer a Matthias, mas Nick não queria
ficar calvo. Matthias já havia provado que ele não estava brincando e Nick não
queria empurrá-lo, então ele obedeceu e sentou-se na poltrona enquanto
esperava que Manny o resgatasse.
Quando Nick ouviu alguém entrar pela porta da cozinha, ele estava
pronto para gritar um aviso, mas suas palavras ficaram presas na garganta
quando Matthias rosnou e puxou uma arma de dentro do seu casaco fino.

Capítulo Nove

Richard assumiu um grande risco ao entrar na casa de Manny, mas


tinha visto Matthias entrar há meia hora e a carreira de Richard estava em
jogo. Se conseguisse fazer Matthias lhe dizer onde estava a sua mãe, poderia
encerrar este caso.
Fechou a porta da cozinha, depois se acalmou, inspirando o ar.
Richard ficou chateado por esperar por tanto tempo para entrar. Agora, Nick
estava aqui, e Richard tinha que ter cuidado. Não queria causar dor ao
humano, não se pudesse evitar.
— Quem quer que seja, mostre-se, ou o humano pagará. — Matthias
gritou do outro cômodo.
Puxando uma arma tranquilizante da sua jaqueta, Richard se dirigiu
para a entrada da cozinha. Não queria matar Matthias. Queria levar Kent para
a agência e deixar Talban levá-lo de lá.
O puma de Richard uivou quando Matthias disparou um tiro de
advertência. A bala foi muito perto, erando por trinta centímetros, mas Richard
entendeu.
— Traga sua bunda aqui, agora.
Richard circulou a parede, sua arma apontada para Matthias.
— Deixe-o ir, Kent. Nick não tem nada a ver com isso.
— Se deixá-lo ir, ficarei aberto e não posso deixar você atirar em
mim. — Matthias tinha um braço enrolado em torno do peito de Nick, o outro
segurando sua arma na têmpora do humano. Nick parecia que ia se mijar a
qualquer momento, mas também parecia furioso.
— Não sou um escudo humano. — Argumentou Nick. — Seja qual for
o problema de vocês, deixem-me fora disso.
— Cale a boca. — Gritou Matthias.
— Por que não o deixa ir e podemos falar sobre isso? — Disse
Richard. — Pode me dizer por que você traiu o seu país, e posso dizer-lhe
como vou interrogá-lo até me dizer onde está a sua mãe.
— Bem, então, temos um problema. — Disse Matthias. — Em
primeiro lugar, ninguém na minha família cometeu espionagem. Armaram para
nós.
Richard resmungou.
— Isso é o que todos dizem. Segurar uma arma contra o seu
cunhado na verdade não o faz parecer inocente.
— Não importa. — Disse Matthias. — Ninguém vai acreditar em mim.
Richard não gostou da aparência nervosa de Matthias. Seu olhar
continuava deslizando pela sala, estava suando e a mão que segurava a arma,
tremia. Tinha que tirar Nick de Matthias.
Richard fez a única coisa que conseguiu pensar. Transformou-se e
saltou em direção a Matthias. Nick gritou quando foi nocauteado. O humano
atingiu a parede, depois se curvou.
Matthias mudou também. Enquanto lutavam, Richard não tinha
certeza se ganharia. Não quando a pantera superava o seu puma em quase
dez quilos.
Com um rápido movimento à direita, Matthias chegou à cozinha.
Richard começou a perseguir, mas queria verificar Nick. Amaldiçoando, Richard
mudou para a forma humana quando a porta da frente abriu.

Manny correu para a mercearia. Não achou que ficaria fora por tanto
tempo, ou que Nick retornaria antes dele. Mas o seu companheiro voltou antes
e agora estava com problemas.
Enviou mensagens para Mordechai a caminho da casa, e quando
chegou a casa, seu irmão e David estavam esperando por ele.
Manny pisou nos freios e parou a caminhonete no estacionamento
antes de saltar e correr em direção à porta da frente. Mordechai agarrou o seu
braço e puxou-o para trás.
— Saia de cima de mim, porra! — Manny latiu.
— Não precisamos de um plano de ataque. — Disse Mordechai. — Se
Matthias estiver lá, você sabe tão bem quanto eu que ir com armas em punho
só vai ferir Nick.
— Vou arrancar suas tripas de onde ele estiver. — Disse Manny. —
Esse é o meu plano de ataque.
Se Nick estivesse ferido, Manny nunca perdoaria a si mesmo. Tinha
deixado ele fora da sua vista, mesmo sabendo que o perigo estava à espreita.
Por que diabos baixou a guarda? Por que ele permitiu que Nick saísse, mesmo
que fosse para a Toca?
A culpa fez Manny querer correr rapidamente, mas Mordechai estava
certo. Precisavam lidar com isso, então Nick não se machucaria.
— Apenas me dê uma frigideira e cuidarei dele. — Disse David. — Já
estive nesse tipo de situação antes. Um bom ferro fundido pesado fará o
trabalho.
— Talvez da próxima vez. — Disse Mordechai, então beijou David na
sua têmpora. — Neste momento, temos que descobrir como tirar Nick de lá,
ileso.
Os três se viraram quando os uivos se propagaram pelo ar e houve
barulho de algo esmagado. Manny não estava à espera de um plano. Correu
pela porta da frente e entrou. Nick estava no chão, e Richard, que estava nu,
estava de pé sobre ele.
— Eu não fiz isso! — Richard levantou as mãos enquanto recuava. —
Estava tentando mantê-lo seguro.
Manny foi para Richard enquanto David correu para o irmão dele. Ele
pressionou os dedos contra o pescoço de Nick.
— Não sinto o pulso!
Manny virou-se para Mordechai.
— Fique de olho no bastardo. — Ele foi até Nick e se ajoelhou,
olhando para onde David apertava os dedos. — Isso é porque você está
procurando por seu pulso na clavícula.
David encolheu os ombros.
— Não sou um profissional da saúde. Veja, Manny. Se apresse.
Manny tocou a garganta de Nick, procurou pelo pulso e ficou aliviado
quando o sentiu. Nick gemeu enquanto piscava rapidamente.
— Por que sempre estou me machucando?
— Consegue se sentar? — Perguntou Manny. Ajudou seu
companheiro a ficar em uma posição sentada. — Como está o seu ombro?
— É com a minha cabeça que estou preocupado. — Nick esfregou as
têmporas. — Estou com uma dor de cabeça assassina. Lembre-me de não ficar
entre dois animais em combate novamente.
Manny se pôs de pé e virou-se para encarar Richard.
— É melhor você começar a se explicar e rápido, ou vou arrancar o
seu maldito coração.
Manny pegou Nick do chão e embalou o seu companheiro em seus
braços. Sentou-se na poltrona reclinada segurando-o contra o peito.
Considerando o dano que dois shifters poderiam ter causado, Nick teve sorte
de estar vivo. Mas Manny ainda estava chateado com o fato do seu
companheiro ter se machucado. Estava furioso com Richard, mas também com
ele mesmo por ter deixado Nick desprotegido.
— Estou bem. — Nick se contorceu no colo de Manny. Apesar da
gravidade da situação, Manny estava ficando duro enquanto o traseiro de Nick
se movia sobre o seu pênis. Queria levar Nick para o quarto deles e foder os
seus miolos, para certificar-se de que Nick não tinha ferimentos e reivindicá-lo
mais uma vez.
Pelo rubor de Nick, seu companheiro estava pensando o mesmo.
— Não há nada para explicar. — Argumentou Richard. — Você sabe
por que estou aqui e sabe que o seu irmão estava nesta casa. Ele usou Nick
como um escudo, então mudei para lutar contra Matthias. O filho da puta tinha
uma arma e a segurava contra a cabeça de Nick.
Matthias tinha feito o quê? Fúria surgiu dentro de Manny enquanto
segurava Nick mais perto. Não tinha ideia do porquê o seu irmão havia
aparecido, mas quando encontrasse Matthias, mataria o bastardo.
— Diga isso ao alfa. — Disse Manny. — Você invadiu minha casa e
instalou microfones e uma câmera. Vou deixar Maverick decidir o que fazer
com você, e confie em mim, vai preferir que eu fosse o interrogador.
— Só invadi porque estava procurando por Matthias. E o meu
instinto estava certo. Ele apareceu aqui. — Argumentou Richard.
— O que ele quis dizer com “armaram para nós”? — Perguntou Nick.
Quando seu companheiro observou a nudez de Richard, Manny
rosnou e olhou para Mordechai.
— Vá buscar algumas roupas pra ele.
Mordechai sorriu quando se dirigiu pelo corredor. Manny não achou a
situação engraçada.
— Matthias disse que armaram para ele?
— É claro que ele vai dizer isso. — Disse Richard. — Você não diria
se fosse pego?
— Mas ele não foi pego. — Apontou Manny. — Além disso, meu
irmão nunca admitiria a derrota, mesmo que estivesse completamente
rodeado, sem saída.
Não que Manny estivesse defendendo Matthias. Se o seu irmão fosse
culpado de trair o seu país, deveria apodrecer em uma cela para o resto da sua
vida. Mas se não tivesse praticado o crime do qual estava sendo acusado,
então precisavam de uma maneira de provar a sua inocência.
Manny precisava descobrir a verdade.
— Sente-se, idiota. Você tem uma explicação para dar.
— Meu nome é Richard, — disse ele. — não, idiota.
Os olhos de Nick brilharam com maldade. Havia encontrado um botão
para empurrar.
— Então, Idiota, conte-nos como você suspeitou que Manny é um
espião?
Richard virou o seu olhar para Nick.
— Vou te dizer, mas só se prometer não me chamar assim de novo.
— Ele promete, Idiota. — Disse David. — Mas eu não. Seu pessoal
quase me matou e atirou no meu irmão. — David bateu no queixo. — Alan
McGee. Sim, esse era o nome dele. Você quer explicar a ele, Idiota?
Richard vestiu a calça de moletom quando Mordechai a trouxe para
ele. Serviu direitinho. Manny enrolou o lábio.
— Ele está livre. Agora, terei que queimar a calça.
— Você pode guardá-la como lembrança. — Richard falou antes de
se sentar no sofá.
Manny rosnou, mas Mordechai entrou entre eles.
— Você pode chutar a sua bunda depois que nos disser o que ele
sabe.
Manny iria chutar o traseiro de Richard apenas por invadir a sua
privacidade e comer os seus cookies. E, claro, ficar completamente nu na
frente de Nick.
Ele enrolou o lábio superior.
— Tudo bem, comece a falar.
Antes que Richard abrisse a boca, uma batida soou na porta de
Manny. Mordechai franziu as sobrancelhas quando foi ver quem era.
De pé do outro lado estava Maverick. Sua cabeça quase tocava o
batente da porta quando entrou. Tinha uma expressão sombria enquanto
enfiava as mãos atrás das suas costas.
— Meus sentinelas me disseram que você estava aqui. — Disse ele a
Richard. — E pensei que eu iria lidar com isso sozinho.
Richard ficou pálido. Seu olhar verificou Maverick enquanto ele se
levantava do sofá. Mordechai agarrou o ombro de Richard e empurrou-o para
baixo. Manny esperava que Maverick não rasgasse o sujeito na sala de estar.
Nunca tiraria as manchas.
— Olhe, — Richard disse. — Alan não foi minha culpa. Eu disse à
agência desde o início que ele era instável, mas o usaram como operário de
qualquer maneira.
Hawk e Kota, os dois homens de confiança de Maverick, entraram na
casa. Manny sentiu o poder crepitante entre os três. As correntes correram ao
longo dos seus braços quando o seu aperto em Nick aumentou. Nick também
deve ter sentido isso porque ele se inclinou para Manny.
— Ele estava prestes a nos contar o que sabia. — Disse Mordechai.
Maverick olhou para Richard.
— Então comece a falar. Se me disser o que quero ouvir, posso
poupar a sua vida.
Richard engoliu em seco.
— Tudo começou quando...

Quando Richard acabou de falar, Nick estava convencido de que


Matthias e os pais de Manny tinham feito o que foram acusados de fazer. Havia
muitas provas contra eles.
— Por isso — Richard disse: — Não sou o cara ruim em tudo isso. Só
estou fazendo o meu trabalho e tentando rastrear traidores.
— Pelo menos você não vai expor a nossa existência. — Disse Hawk.
Richard olhou para ele.
— É disso que tem medo? Nunca diria nada já que eu também sou
um shifter. Essa é uma das razões pelas quais ingressei na agência, para me
certificar de que permaneçamos em segredo.
Maverick parecia aliviado, mas Nick, não. A história de Richard tinha
sido convincente, mas Nick ainda estava chateado que ele tinha flertado com
Richard, então o sujeito instalou aparelhos na sua casa. E comeu os biscoitos
de Manny. Nick ainda queria chutá-lo nas bolas, mas ele se comportou.
— Matthias tem que estar por perto. — Argumentou Richard. — Ele
estava observando a casa ou não saberia quando poderia entrar.
— Ele tem um ponto. — Disse Nick. Mas isso era difícil para Manny.
Nick sabia que ele não se dava bem com o seu irmão, mas Matthias ainda era
família. Assim como Nick odiava Travis, mas quando o seu tio teve seu ataque
cardíaco, Nick ficou preocupado com ele. Isso era apenas para mostrar que
não importava que a família fosse fodida, você estava preso a eles, e uma
parte de você realmente se preocupa com eles.
No fundo, bem no fundo, bem lá no fundo.
— Vamos ajudá-lo a capturá-los. — Disse Maverick. — Então, nunca
mais quero vê-lo na minha cidade.
— Justo o suficiente. — Disse Richard. — Posso voltar para o meu
apartamento agora? Preciso seriamente de algumas roupas e do meu
equipamento. Meu chefe terá minha bunda se eu perder as coisas. Ele não
gosta de burocracia, e perder equipamento valioso é muita burocracia.
Maverick virou-se para Kota.
— Acompanhe Richard para o apartamento dele e fique com ele.
— Por quê? — Perguntou Richard. — Estava falando a verdade. Não
preciso de uma babá.
— E eu não preciso de um funcionário do governo correndo pela
minha cidade. — Disse Maverick. — Além disso, se estiver mentindo para nós,
quero um dos meus homens ao seu lado para que possa trazê-lo para mim.
Richard não pareceu feliz, mas também não discutiu. Simplesmente
apertou os lábios enquanto Hawk saía da casa, depois voltou com uma
mochila. Entregou a Richard.
— Vista-se.
Nick não entendeu até que Manny lhe explicou que todos os shifters
carregavam uma bolsa com roupas de reposição e sapatos. Quando Richard se
vestiu, Nick riu. As roupas de Hawk eram um pouco demais para ele.
Hawk e Richard saíram, mas Maverick ficou para trás para dizer algo
a Manny que Nick não podia ouvir. Então o Alfa também partiu.
— Pelo menos sua vida não é um tédio.
— Prefiro ficar entediado. — Disse Manny. — Não estou acostumado
a esta excitação e não gosto disso.
— Poderíamos fazer outras coisas interessantes. — Nick piscou para
ele.
Manny deu um rugido estrondoso enquanto seguia Nick pelo
corredor. O som sexy fez o pau de Nick endurecer.
— Que tipo de coisas, gatinho?
Assim que entraram no quarto, Nick começou a se despir.
— Tenho certeza de que posso pensar em algo.
Os olhos de Manny tornaram-se pesados quando estava na porta,
com os braços cruzados sobre o peito.
— Você apenas vai admirar ou se juntar à diversão? — Nick balançou
a bunda para Manny.
— Não posso evitar, mas ficarei aqui assistindo você a descobrir o
seu lindo corpo. — Manny afastou-se da porta e entrou no quarto. As
sobrancelhas de Nick levantaram-se antes de correr pela cama.
— Pare de parecer um predador. — Nick foi para o colchão, rindo
enquanto Manny mergulhava para ele. Seu companheiro enrolou-se em torno
de Nick, aconchegando-se e Nick olhou por cima do ombro. — Então, vamos
nos abraçar?
— Só por um segundo. — Manny beijou o lado do pescoço de Nick.
— Às vezes, ainda é difícil para mim acreditar que encontrei o meu
companheiro. Não parece que é real.
Nick sabia como ele se sentia. Ele mesmo mal podia acreditar que
tivesse alguém no seu canto, alguém que nunca o deixaria, não importa o quê.
Pela primeira vez em muito tempo, Nick se sentia... feliz. Ficou impressionado
com a forma como alguém poderia entrar na sua vida e mudá-la de forma tão
dramática. Sentia-se uma pessoa diferente sempre que estava com Manny.
— Faça isso de ronronar. — Nick adorava sentir a vibração e ouvir o
som. Era reconfortante, mas também sexy pra caramba.
Quando Manny ronronou, Nick virou-se e agarrou o seu rosto. Olhou
nos olhos do seu companheiro, colocando um beijo suave nos seus lábios.
— Eu te amo.
Nick ficou chocado. Não era o que planejava dizer, mas quando abriu
a boca, essas três palavras haviam escorregado. Seu choque deve ter se
mostrado no seu rosto porque as sobrancelhas de Manny se levantaram.
— Quero dizer... O que quis dizer foi...
— O que disse foi perfeito. — Manny deslizou a mão ao lado do rosto
de Nick e o beijou sentindo o seu coração bater mais rápido. Nick gemeu, seu
corpo o desejando.
— Então, tire suas roupas. — Nick disse contra os lábios de Manny.
— Fico sem graça sendo o único sem roupa aqui.
— Você esqueceu sua lição muito rápido. — Manny escorregou da
cama e se despiu.
Nick verificou o seu cérebro, tentando descobrir o que Manny estava
falando.
— Que lição?
Manny levantou suas sobrancelhas.
— Que eu estou no comando.
Nick revirou os olhos.
— O que quer que você seja. — Esperava que a sua resposta
atrevida resultasse numa palmada. Seu traseiro ficou tenso com o
pensamento.
Manny percorreu a cama e se acomodou nas suas costas. Acariciou
sua coxa.
— Monte aqui.
Nick odiava que o seu traseiro parecia estar em chama. Geralmente
não era tímido, mas Manny parecia tão controlador, tão dominante que estava
deitado esperando que Nick obedecesse.
Deslizou a perna sobre Manny e montou-o.
— E agora?
O riso de Manny era profundo e alto.
— Realmente tenho que lhe dizer o que fazer?
Nick franziu os lábios.
— Bem, desde que você gosta de mandar em mim, pensei que
gostaria de me dar instruções passo a passo.
Manny bateu no seu quadril, um brilho de luxúria nos olhos.
— Então vire-se. Vamos chupar um ao outro enquanto te preparo
para este pau grande.
Manny não estava mentindo sobre o seu tamanho, mas Nick era Nick.
— E quem lhe disse essa mentira? Quase não o senti na minha
última vez.
Seu pequeno truque funcionou. Manny rosnou quando virou Nick e
deu um tapa na sua bunda.
— Acho que você está me provocando de propósito, fedelho.
— Não estou! Juro! — Nick balançou a bunda, a picada enviando
ondulações de prazer pelas suas costas. Teve que lutar para não sorrir, não
implorar pra Manny fazer isso de novo.
Mas o seu companheiro deve ter lido a sua mente, porque bateu na
outra nádega de Nick.
— Posso ver nos seus olhos que gosta disso. — Manny acariciou
onde tinha batido.
— Não tenho ideia do que você está falando.
— Você é um péssimo mentiroso. — Manny agarrou o lubrificante da
gaveta e virou Nick de costas. — Agora venha aqui para que eu possa engolir o
seu pau.
O pau de Nick latejava enquanto subia e se acomodava em Manny.
Sentiu-se tão exposto com a bunda pendurada no ar. Nick nunca tinha feito
nessa posição antes, e isso o emocionou secretamente.
— Não fique só olhando. — Manny agarrou a base do seu pênis para
Nick. — Prometo que isso não morde.
Não, mas tomaria completamente a sua boca. Nick respirou
profundamente, depois engoliu o pau de Manny, trabalhando com a carne dura
enquanto Manny dirigia seus dedos lubrificados no traseiro de Nick. Estava
usando mais de um dedo porque o traseiro de Nick estava em chamas pela
queimadura.
Mas o seu desconforto não durou muito. Não quando Manny começou
a chupar o pau de Nick. Oh, inferno. Nick não ia aguentar muito tempo, não
com os lábios mágicos e com essa língua especializada.
Nick estava quase no limite, seu orgasmo se aproximando, mas antes
que gozasse, Manny retirou os seus dedos e soltou o pau de Nick da sua boca.
— Hora de me montar, lindo. Se eu esperar mais, vou gozar na sua
garganta.
O pau de Nick estremeceu. Não se importaria com isso, mas Manny
queria a sua bunda e quem era Nick para negar-lhe o prazer? Relutantemente,
deslizou de Manny e ficou de quatro.
— Não é assim. — Manny moveu Nick até ele ficar de costas com a
cabeça apoiada contra os travesseiros. — Gosto de olhar para você.
— Você deve escrever para o Hallmark. — Nick o provocou. Ele
realmente gostava quando Manny falava com ele dessa maneira, mas, para
Nick, expressar suas emoções mais suaves era difícil.
Mesmo que ele acabasse de dizer que amava Manny.
— Além disso. — Nick disse — Achei que você queria que eu
montasse você.
— Oh, você vai. — Manny piscou e puxou as pernas de Nick para
trás. Ele sibilou quando seus olhos ficaram pesados. — Adoro ver a marca das
minhas mãos na sua bunda.
Nick se contorceu, muito excitado para se concentrar no que Manny
dizia.
— Você já vai me foder?
— Precisa de outra lição?
A última coisa que Nick queria no momento era ser torturado. Queria
uma boa foda rápida e dura que o deixasse em coma por uma semana.
Olhou para Manny.
— Não, sem lições.
— Isso é muito ruim. — Manny dirigiu seu pênis no fundo do traseiro
de Nick. — Adorei fazer você gritar.
— Agh!
— Sim. — Manny riu. — Bem desse jeito.
Ele teria derrubado a mania de Manny, mas seu companheiro
começou um ritmo de castigo que chacoalhou o cérebro de Nick e o deixou
insensato.
Nick enrolou os dedos nos braços de Manny, cavando suas unhas
profundamente enquanto tentava levantar ainda mais a sua bunda. Nick só
desejou que ele pudesse usar o braço direito, mas estava latejando e Nick não
queria sofrer depois.
Sentia o seu orgasmo próximo, muito próximo, tão próximo, mas
Manny os virou, e Nick encontrou-se pressionando as palmas das mãos no
amplo peito do seu amado.
— É meio difícil fazer isso com um braço.
— Então, sente-se aí. — Disse Manny. — Farei todo o trabalho.
Nick sabia que isso não aconteceria. Não podia simplesmente ficar de
braços cruzados enquanto Manny fazia todo o trabalho. Ele apertou o seu
braço no peito de Manny, plantou os pés e começou a saltar.
— Para o inferno com isso. — Manny colocou Nick nas suas costas. —
Não vou fazer você se machucar, embora você parecesse muito sexy sentado
em cima de mim.
— Numa próxima vez. — Disse Nick.
— Quando você estiver completamente curado. — Manny mordiscou
o pescoço e lambeu o seu ombro. Nick ofegou um segundo antes de Manny
afundar seus caninos profundamente.
Seu orgasmo percorreu-o, fazendo Nick jogar a cabeça para trás e
gritar, jogando seu esperma entre eles.
Manny ronronou quando extraiu os dentes e lambeu a ferida. O corpo
de Nick estremeceu com pequenos tremores, mas Manny não terminou. Ele se
ergueu de volta, agarrou as pernas de Nick e bateu na sua bunda.
Seu companheiro jogou a cabeça para trás, rugindo quando ele
gozou. Nick estava gasto. Não tinha energia para se levantar, mesmo que a
casa pegasse fogo.
Manny enrolou-se ao lado de Nick, puxando-o para perto e beliscando
o seu queixo.
— Também te amo, gatinho.
Nick sorriu. Aquelas eram as palavras mais doces que Manny poderia
ter dito a ele. Nick não se preocupou com o seu tio tentando se redimir. Ele
não se preocupou com nenhum agente à procura de Matthias ou Linda.
Ele simplesmente não se importava. Não quando ele estava envolvido
nos braços do seu companheiro, a salvo do mundo e sentindo-se amado.

Capítulo Dez

Nick tinha que terminar com isso. Se a vida dele e de Manny fosse
ficar sempre normal, Matthias e Richard tinham que estar fora do caminho. O
único plano que ele poderia ter era usar-se como isca.
Não era um dos seus planos mais brilhantes, e enfrentar um
agressivo shifter poderia matá-lo. Nick precisava descobrir onde Matthias e a
sua mãe estavam escondidos.
Essa também não era uma tarefa fácil. Enquanto Manny dormia na
noite seguinte, Nick procurou na casa por qualquer coisa que pudesse ajudá-lo
a encontrá-los.
Ele olhou para o relógio sobre a lareira. Eram três da manhã. Ao ver
a hora, Nick engasgou, mas ele precisava continuar olhando.
Quando chegou as quatro, Nick se enrolou no sofá, dizendo a si
mesmo que iria tirar uma rápida soneca, depois olhava mais até que Manny
acordasse. Depois de Manny estar acontecendo, Nick não seria capaz de
pesquisar. Seu companheiro não entenderia que tudo o que Nick queria era
que a vida parasse de chutá-lo nas bolas.
Assim que as pálpebras de Nick começaram a fechar, ele ouviu um
estranho barulho. Era apenas audível, mas isso o fez se sentar e olhar ao
redor. Talvez ele devesse acender algumas luzes, mas ele não queria acordar
Manny. Tudo o que ele viu eram sombras profundas. Nem mesmo a lua
penetrou, e Nick suspeitava que era por causa das nuvens grossas que ele
havia visto naquela noite.
Os cabelos ao longo dos braços e da nuca ficaram de pé. Alguém
estava na sala com ele. Nick congelou, pulando para quem quer que fosse não
o visse.
Então ele os viu. Um par de olhos brilhantes no escuro. Eles eram
uma cor esverdeada estranha e se moviam firmemente para ele. Nick abriu a
boca para gritar, mas nada saiu. O par de olhos desencarnados estavam
olhando para ele.
Por que diabos o mundo de Manny era tão assustador? Enquanto
estava na Toca, Nick tinha aprendido que os shifters não eram as únicas
criaturas da natureza e Nick desejava nunca ter descoberto isso. Esse
conhecimento tornou estar com Manny ainda mais assustador.
Os olhos olharam para ele em uma ameaça, depois desapareceram.
Nick ouviu passos suaves recuando. Manny! Nick tinha que salvar o seu
companheiro.
Ele saltou do sofá, mas o seu progresso foi lento. Nick tinha que
sentir o seu caminho para o corredor, e mais de uma vez ele encontrou algo.
Droga. Onde foram os interruptores de luz? Nick passou as mãos ao longo da
parede para o interruptor, mas ele não conseguiu encontrá-lo.
Desistindo, encontrou o corredor e sentiu o caminho para o quarto
deles. Ele se acalmou quando ouviu algo atrás dele. Nick olhou por cima do
ombro, mas tudo o que viu foi a escuridão.
Alguém estava entrando? Nick ficou ali pressionando para ouvir, mas
o barulho não se repetiu. Virou-se e dirigiu-se para o quarto. Se uma segunda
pessoa entrara, ele iria lidar com ele mais tarde. Neste momento, Nick
precisava chegar a Manny.
Ele sentiu o batente da porta e se moveu para o quarto. Assim que
ele passou a porta, algo duro bateu no lado da sua cabeça. Nick gritou quando
ele caiu de joelhos.
— O que diabos?
Era Manny. Ele deve ter ligado as luzes do quarto, porque o brilho
repentino cegou Nick. Ele segurou o lado da sua cabeça enquanto ele piscava
rapidamente, rezando para que os seus olhos se ajustassem antes de ser
atingido de novo.
Rosnados entraram em erupção quando Nick se levantou. Ele se
inclinou contra o batente da porta, agradecido por não ter sangue na mão
quando ele puxou-a e olhou para a palma da mão.
Quando ele voltou a atenção para o barulho, viu duas panteras pretas
lutando. Nick não sabia quem era, mas sabia que um deles era Manny.
Ele precisava de uma arma. Nick se virou e correu pelo corredor,
tocando nas coisas no escuro enquanto tentava chegar na cozinha. Ele sentiu a
parede e bateu no interruptor, e as luzes inundaram a sala.
Quando seus olhos se ajustaram, ele percebeu que não estava
sozinho.
Um estranho estava no meio da cozinha. Ele parecia por volta dos
quarenta, talvez alguns anos mais velhos, com cabelos vermelhos finos e
bigodes espessos. Seu nariz era um pouco grande, mas não muito grande para
o rosto dele. Seus olhos eram verdes, e eles estavam fixos em Nick.
— Quem diabos é você? — Perguntou Nick. Isso estava ficando
ridículo. Sua atenção caiu dos olhos do cara para a arma na sua mão. Nick deu
um passo para trás enquanto seu ombro latejava. Sem palavras, ele foi
baleado de novo.
— Eu vim para acabar com isso — disse o estranho. — É muito ruim
você me ver. Eu não posso deixar nenhum fim solto para trás.
Nick se moveu até as suas costas chegarem à parede. O bastardo
planejou atirar nele.
— Eu nem sei quem você é. Eu prometo não dizer que eu vi você.
O cara balançou a cabeça.
— Isso não é bom o suficiente. Há muito em jogo, garoto. Não posso
arriscar minha aposentadoria na palavra de um estranho.
Nick caiu no chão um milésimo segundo antes do próximo disparo.
Ele se pôs de pé, ignorando a dor no seu ombro enquanto ele correu para a
sala de estar.
Ele mergulhou atrás da poltrona enquanto outro tiro passava por ele.
O coração de Nick trovejava nos seus ouvidos enquanto tentava pensar em
uma maneira de desarmar o malfeitor. Ele viu um frasco de vela de vidro e
agarrou-o, olhou a poltrona reclinada e jogou-o na cabeça do cara.
Nick se abaixou, irritado por não ter atingido seu alvo.
— Você está apenas evitando o inevitável — disse o cara. — Apenas
saia e eu prometo tornar sua morte rápida.
Nick pegou uma estátua pesada de uma pantera e atirou no cara. Ele
se abaixou, então ouviu o homem amaldiçoar. Ele o atingiu? Nick sabia que
não poderia ficar atrás da poltrona para sempre. Ele deslizou em torno da
poltrona, então correu para o sofá, mantendo-se baixo e em uma corrida
agachada.
Se Manny não viesse ajudá-lo em breve, Nick não duraria mais cinco
minutos. Apoiando-se, porque ele estava com medo e não queria lutar contra
esse cara, Nick se empurrou do lado do sofá e correu para a cozinha, o
estranho logo atrás dele.

Manny bateu na parede e caiu no chão. Ele se pôs de pé e descobriu


os caninos. Matthias descobriu os dele também. Eles se rodearam, suas
orelhas abaixadas. Manny não conseguia entender por que Matthias continuava
vindo atrás dele. Nada disso fazia sentido. Se Matthias fosse culpado, ele
deveria estar em outro país até agora.
Se ele fosse inocente... por que diabos ele estava aqui?
A atenção de Manny foi afastada quando ele ouviu Nick gritar e uma
arma disparar. Ele se virou para Matthias, quando seu irmão atacou. Ele caiu
de costas e a boca de Matthias apertou a sua garganta.
Não, ele não podia morrer. Não assim, não quando Nick precisava
dele. Manny tinha que ir para o seu companheiro. Nick talvez não fosse o
companheiro ideal de Manny, mas ele se apaixonou pelo humano, e ele seria
condenado se permitisse que Nick fosse machucado de novo.
De novo não.
Manny empurrou as pernas para Matthias, derrubando o irmão dele.
Ele girou, levantou-se e afundou os dentes no pescoço de Matthias. Seu irmão
torceu enquanto tentava se libertar de Manny, mas Manny o segurou.
Matthias mudou para a forma humana, e Manny ficou tentado em
destruir a garganta do bastardo. Incerto de que ele podia se arrepender de
deixar Matthias partir, Manny recuou, depois mudou.
— Por que diabos você me atacou? — Matthias grunhiu.
Manny ficou ali atordoado.
— Talvez porque você entrou na minha casa e acertou o meu
companheiro.
— Eu pensei que ele era o cara atrás de mim. — Matthias olhou para
a porta. — Eu não sabia que era Nick atrás de mim.
Manny queria descobrir por que Matthias estava lá, mas o som de um
segundo tiro o fez correr na direção da porta do quarto.
Matthias bloqueou o seu caminho, e Manny rosnou.
— Deixe-me passar.
— Se é o cara que armou para mim, ele é perigoso. Não podemos
simplesmente correr pelo corredor e para as suas mãos.
— E Nick lá fora. Mova-se, ou eu vou terminar o que eu comecei e
rasgarei a sua puta garganta.
Eles olharam um para o outro por um segundo antes de Matthias se
afastar. Manny decolou, correndo em direção ao seu companheiro enquanto
rezava que nenhum desses tiros tivesse atingido Nick.
— Você tem certeza de que o viu entrar? — Perguntou Maverick
quando se juntou a Kota, o sentinela que guardava Manny e a casa de Nick.
— Era Matthias. — Kota assentiu. — A semelhança da família é muito
impressionante para o cara não ser ele.
— Vou tomar sua palavra para isso — disse Maverick.
— Mas outro cara entrou também — disse Kota. — Ele parecia um
humano.
— Como o humano parece?
Com um aperto dos seus lábios, Kota olhou para Richard, depois
voltou para Maverick.
— Por que você o trouxe?
Ele não estava prestes a entrar em um debate com Kota. Não quando
Maverick interrogou Richard por horas e fez o shifter puma dizer a verdade.
Tudo o que Richard queria fazer era trazer os traidores para a justiça. Ele não
tinha motivo oculto.
— Quem eu trago para o baile de graduação não é da sua conta —
disse ele. — O que você precisa se preocupar é em capturar Matthias,
descobrir onde a mãe está escondida e quem é o recém-chegado.
Kota não parecia feliz, mas descreveu o estranho.
Richard estreitou os olhos.
— Você deve estar enganado.
— Você sabe quem é? — Perguntou Maverick.
Antes que Richard pudesse responder, Maverick ouviu um tiro. Os
três saíram da caminhonete e correram em direção à casa. Maverick explodiu
pela porta da frente e se moveu pela cozinha para encontrar Manny e Matthias
de pé nus na sala de estar.
E Nick estava sentado nas costas do estranho, uma frigideira
levantada sobre a sua cabeça. Maverick arqueou uma sobrancelha.
— Eu vejo que tudo está sob controle.
Nick estreitou os olhos para o cara embaixo dele.
— Pare de se contorcer ou vou bater este ferro fundido na sua
cabeça.
Richard olhou para o homem.
— Diga-me que você não faz parte da traição, Talban.
Talban segurou seus braços sobre o rosto.
— Apenas tire este idiota de mim.
— Talban? — Maverick olhou para Richard.
— Meu chefe. — Richard enrolou o lábio. — Se ele está aqui, então
ele deve estar envolvido porque Talban nunca sai do escritório em casa. —
Richard olhou para Talban, o desgosto gravado nas suas características. — Eu
sempre me perguntei como os Kents ficavam um passo à nossa frente e por
que você permitiu que Alan fosse parte disso.
— Eu nunca vou falar — grunhiu Talban. — Você não tem nenhuma
prova de nada.
Maverick olhou para Talban.
— Oh, você vai cantar muito bem pra mim.
— Você não pode fazer isso — gritou Talban.
Nick bateu com a frigideira.
— Isso é por deixar Alan atirar em mim.
— Você tem um jeito com as pessoas. — Manny puxou Nick para
fora dele.
— É um dom. — Nick olhou para Talban antes de dar a Manny a
frigideira, mas não antes de chutar Talban no seu lado. — E isso é por atirar
em mim, seu bastardo!
Maverick sorriu. Manny definitivamente tinha as mãos cheias, mas
Nick parecia ser o próprio.
— Ele está certo — disse Richard. — Não temos provas suficientes
para ter uma convicção.
— E eu não tenho nenhuma prova de que ele me incriminou — disse
Matthias. — Mas eu sei que era ele.
— Eu não sei — disse Manny a Richard. — Quando Maverick terminar
com ele, eu aposto que o seu chefe lhe dirá tudo.
— Esperemos — disse Richard antes de sair.
Maverick tinha a sensação de que Richard não estava indo muito
longe, não quando ele precisava da confissão do seu chefe. Mais do que
provável, Richard tentaria conversar com Maverick para entrar no
interrogatório.
Richard merecia isso.

Manny estava no chão enquanto Matthias lhes dizia que os seus pais
eram realmente espiões. Eles vieram para a América antes de terem filhos e
estavam trabalhando para o governo russo. Matthias começou a suspeitar dos
seus pais e tentou recolher provas, mas a sua mãe fugiu antes que ele tivesse
alguma coisa sobre ela, então Matthias a seguiu.
Mas ela estava no vento agora, e ele duvidava que ela ressurgisse.
— Isso é inacreditável — disse Manny enquanto esfregava uma mão
sobre a sua mandíbula.
— Então, por que você me atacou na primeira vez que você esteve
aqui? — Nick perguntou a Matthias. — Você me derrubou, idiota.
Manny rosnou para Matthias. Ele não sabia disso.
— Você bateu no meu companheiro?
Matthias não parecia arrependido. Mesmo que ele não fosse um
traidor, ele ainda era o mesmo idiota arrogante que Manny sempre conheceu.
Eles nunca seriam próximos, e Manny não se importava. Na verdade, ele não
se preocupava com nada disso. Ele não era um traidor como os seus pais, e
tudo o que Manny queria era viver uma vida normal.
— Eu vim aqui para atrair quem estava armando para mim. Nick não
estava sendo razoável.
Ele enrolou o lábio para Matthias.
— Você pode ser inocente em tudo isso, mas se você se aproximar
de mim ou de Nick novamente...
— Você vai rasgar a minha garganta — disse Matthias. — Sim,
entendi essa ameaça alto e claro.
Kota levantou Talban. O cara tentou correr, mas ele não chegou
longe. Kota pegou-o e bateu-o na porta da cozinha.
— Acho que não.
— O que você vai fazer com ele? — Perguntou Manny.
Maverick sorriu perversamente.
— Aproveite sua vida com Nick. — Ele deu um aceno antes que ele e
Kota saíssem.
Manny observou Matthias.
— Eu sugiro que você vá também.
Com um toque de arrogância nos seus olhos, Matthias saiu.
Manny não tinha certeza do que aconteceria com o seu irmão,
Richard ou Talban, mas essa não era sua preocupação.
Nick sim.
— Como está o seu ombro?
Nick revirou os olhos.
— Está bem, então pare de perguntar. Nada que alguns dias de
descanso na cama não vão curar.
— Então leve o seu traseiro para a cama — gritou alegremente
Manny.
Nick olhou para ele.
— Você não é meu chefe.
Com uma risada, Manny jogou Nick sobre o ombro e foi pelo
corredor.
— Nós veremos sobre isso.

Fim

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