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Wood

A História de um Verdadeiro Amante 02


A. E. Via

Já se passaram dezessete anos, mas finalmente Herschel Wood Jr. é um


homem livre e está ansioso para se reconectar com seu antigo companheiro
de cela, Bishop que lhe prometeu um lugar para ficar e alguma ajuda para se
recuperar. Wood teve uma vida boa uma vez, quando era dono de uma das
lojas de tatuagem mais bem-sucedidas em Virginia Beach Oceanfront até que
um acidente fatal que foi sua culpa lhe custou tudo.

Agora, aos quarenta e seis anos, tudo o que Wood quer é trabalhar em
outra loja na praia e encontrar um homem maduro e tranquilo para se
estabelecer. Mas quando ele chega ao seu novo lugar descobre que terá que
dividir o pequeno trailer com o amigo de infância de Bishop, ele não esperava
um pirralho sexy e de boca esperta que gosta de levar um homem ao seu
limite.

Wood pressionou com força até que só houve mal-entendido entre eles,
sua boca a poucos centímetros dos lábios entreabertos de Trent. — Você
queria obter uma reação de mim, sua merdinha irritante e imaturo... Agora
você tem uma.

Trent Armstrong nunca foi considerado um bom partido. Ele é um

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operário de vinte nove anos, e um ex-presidiário e não é a pessoa mais fácil de
se conviver. Ele está acostumado a ser a única pessoa jogada para o lado
quando terminam com ele. Todo mundo com quem ele se importou saiu de
sua vida sem olhar para trás, então ele está acostumado com a solidão. Sua
boca suja e temperamento explosivo são um ótimo mecanismo de defesa e
uma maneira fácil de esconder sua dor.

Desde o momento em que o homem tatuado de cabelos prateados


entrou na casa, não havia nada além de tensão, um olhar de esguelha e faíscas
explodem entre eles. Trent sempre escondeu um lado de si mesmo que tem
medo de explorar, e sem avisar a voz de Wood, sua maturidade, aquele cheiro
enlouquecedor e até mesmo seu passado danificado, e todos os sentimentos
desencadeadores que Trent pensou que havia enterrado há muito tempo.

Trent ficou completamente imóvel quando Wood arrastou o nariz pela


testa e pela lateral do rosto. Sua voz estava trêmula e sua respiração quente
e rápida ao longo da garganta de Wood. — Que diabos esta fazendo?

— Estou fazendo o que você quer que eu faça. — Wood sussurrou. —


Estou jogando seu jogo de merda, Trent.

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A História de um Verdadeiro Amante

1 – Bishop

2 - Wood

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Capítulo 1
Wood

Wood sentou-se desconfortavelmente na cadeira de alumínio fraca em


frente à mesa do diretor da casa de detenção, tentando não colocar todo o seu
peso sobre ela. Ele tinha certeza de que a coisa frágil tinha uma restrição de
capacidade de peso de oitenta quilos, e pelos gemidos que ela estava fazendo,
ele percebeu que a estava testando até seus limites. Wood apoiou os cotovelos
nos joelhos, pegando outro documento que precisava assinar antes de poder
deixar a casa de recuperação para sempre.

Wood passou os olhos pelos tópicos: Sim, vou me reportar ao meu


oficial de condicional. Não, não vou usar drogas ilegais. Não, não vou me
envolver em nenhuma atividade criminosa. Sim, continuarei em um
programa de AA. Não, não tentarei entrar em contato com minhas vítimas.
Assinado. Acordado. Agora, posso, por favor, dar o fora daqui logo. Como se
o diretor tivesse ouvido seus pensamentos, ele deu um sorriso tenso
para Wood.

— Mais um formulário e eu juro que é só isso. — Ele riu alto, que


rapidamente se transformou em uma tosse seca. O homem atarracado
supostamente havia abandonado seu hábito de fumar dois maços de cigarros
por dia, mas cheirava como se o Sr. Mannis tivesse acabado de apagar um
antes de Wood entrar.

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Pelo que ele entendeu, Mannis foi expulso do exército por servir às
suas próprias necessidades e não às de seu país. Ele tinha bagunçado tanto
até terminar com um trabalho como este. Ser babá de um bando de homens
adultos que também já haviam bagunçado demais. Wood aprendera cedo que
a vida era irônica como o inferno.

— Você tem um lugar para ficar, não é?

— Sim. — Wood murmurou.

O Sr. Mannis teve que terminar a tosse antes de aceitar a forma


final. Ele leu rapidamente as respostas de Wood, então olhou para ele por
cima dos óculos de leitura. — Vejo que sua nova casa é em Norfolk.

Wood não respondeu, notando que essas palavras não foram colocadas
como uma pergunta. Ele conhecia a expressão que o Sr. Mannis usava.
Norfolk podia ser uma cidade violenta, e ele foi aconselhado a evitar certos
lugares e tipos de pessoas, já que era também onde Wood tinha problemas.
Ele não revirou os olhos com irritação, mas já havia passado por isso com seu
oficial de condicional. Em vez disso, ele ouviu em silêncio enquanto olhava
para seus dois sacos de lixo, totalizando os bens de sua vida inteira.

— E o emprego?

Wood esfregou a mão na barba antes de deixar cair o braço de volta na


coxa. Ele olhou para a tinta colorida enrolada em seu antebraço, sua arte, seus
projetos.

— Sim, vou continuar com a agência de empregos temporários. Isso me

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manteve com um trabalho estável, então...

O Sr. Mannis acenou com a cabeça e continuou a encará-lo por um


longo momento como se ele tivesse algum tipo de habilidade telepática.

— Sabe, eu tenho te observado pela casa nos últimos meses, e você


parece não se importar. Quieto. Não fez nenhum amigo... Ou inimigo. Você
evitou as besteiras que acontecem. — Ele olhou para a pasta. — Eu li seu
registro, Sr. Wood. E eu tenho que te dizer, o homem que viveu sob este teto
nos últimos seis meses não parece o mesmo homem que fez as coisas listadas
aqui.

— Mas ele fez. — Wood rangeu.

O diretor inclinou a cabeça para o lado e Wood sustentou seu olhar com
o seu.

— Você ainda bebe?

— Não.

E mais fodidamente olhando.

— O homem neste papel parece violento, zangado e rápido para...

— O homem naquele papel fez o que tinha que fazer para sobreviver à
prisão, certo. E acho que você está fazendo este trabalho há tempo suficiente
para saber disso.

— Eu tenho. — Sr. Mannis rosnou, inclinando-se para frente. — E eu


também sei que um homem não cumpre o tipo de tempo que você faz e se sai
bem. E saia tão tranquilo quanto você está fingindo.

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Wood ficou de pé.

— Eu nunca disse que estava bem, porque você nunca perguntou como
eu estava. Mas não importa o que você pensa que sabe. Você não me conhece.
E já fiz as sessões necessárias. Então, se você me der licença. Não quero
deixar minha carona esperando.

O Sr. Mannis recostou-se na cadeira rangente.

— Espero nunca mais vê-lo novamente, Sr. Wood.

— Apenas Wood. E posso garantir para você que isso não vai acontecer.
— Wood deixou o escritório sufocante com as sacolas penduradas nos
ombros.

O ar fresco de fevereiro era bom contra seu rosto aquecido enquanto ele
saía de sua residência pelos últimos cinco meses e meio. Chega de check-ins,
companheiros de beliche, toque de recolher e uma tonelada de outras regras
que ele não precisava mais seguir. Ele desceu correndo os degraus até o fim
da longa estrada, finalmente se sentindo um homem livre. Ele deixou de ouvir
o que fazer todos os dias por dezessete anos de prisão apenas para ser
libertado na mansão de regras e regulamentos do Sr. Mannis. Ele olhou para
trás, para a grande casa de estilo vitoriano, depois para a longa rua que saía
da cidade em direção à interestadual. Ele quase tropeçou ao perceber o que
significava aquele longo trecho de estrada. Ele estava sozinho agora, e a
merda estava prestes a ficar séria. Não havia ninguém para dizer a ele o que
fazer e quando fazer. E ele admitiu que o fato o assustou profundamente. Mas
seu bom amigo Bishop Stockley tinha conseguido, e ele soube que estava

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se saindo bem desde sua libertação.

Ele largou as malas a seus pés no meio-fio e ficou encostado na cesta de


basquete que o Sr. Mannis permitia que os caras jogassem uma hora por dia.
Ele estava animado para ver seu antigo companheiro de cela novamente. Ele
sorriu um pouco com o relacionamento duramente conquistado.
Definitivamente não foi amor à primeira vista. Wood se lembrou de quando
Bishop foi ao Centro Correcional McDowell. Ele foi transferido de outra
prisão e apenas três anos depois de cumprir sua pena. Mas ele parecia estar
acabado de entrar na cela com lágrimas nos olhos, como se nunca tivesse visto
um maldito seis por oito antes.

Nos primeiros dias como seu companheiro de cela, Bishop não comia,
não fazia exercícios e não dormia. E quando o fez, teve pesadelos horríveis,
e Wood queria espancá-lo por ter causado tanto transtorno. E ele chegou
perto até que Bishop começou a gritar um nome em seus sonhos... Trent. Ele
descobriu que Bishop estava cumprindo sua pena até que foi forçado a deixar
seu melhor amigo para trás, seu irmão, que ele jurou que nunca abandonaria,
e ele estava apavorado por ele. Wood acreditava que provavelmente teria
quebrado Bishop se ele não tivesse intervindo e o ajudado a passar.

Foi apenas algo sobre a maneira como ele descreveu Trent que deixou
Wood curioso.

— Hum, Wood. Você está indo embora tão cedo? Diga que não é assim.
— Uma voz suave e sedosa deslizou por sua nuca e desceu por sua espinha.

Wood fechou os olhos e respirou fundo, sabendo exatamente a quem

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aquela voz pertencia. Seu pênis não pôde deixar de se interessar pela menor
insinuação de sexo hoje em dia, mas lançar um viciado em sexo quente como
Rayne para tentá-lo era simplesmente cruel. Wood baixou a cabeça para trás
enquanto dedos delgados se enredavam pelo comprimento no topo de sua
cabeça, aplicando a quantidade perfeita de pressão em seu couro cabeludo.
Droga, o cara sabia como tocar um homem em todos os lugares certos. Outro
braço envolveu sua cintura enquanto uma mão aliviava seu torso, roçando seu
mamilo esquerdo. Wood gemeu enquanto seu pênis pulsava ansiosamente
com o mero pensamento de alguma ação.

— Sim. Não me deixe, Wood. Não antes de ouvir você gemer meu nome.

Sirenes de alerta começaram a soar na cabeça de Wood enquanto ele


dava alguns passos para frente e se virava para encarar seu e agora ex -
companheiro de casa.

— Rayne. — Wood estava quase ofegante enquanto se apoiava contra a


trave. — Pare com isso.

— Por quê? — Ele perguntou, avançando sempre tão ousado em sua


abordagem.

Wood lutava um pouco mais cada vez que precisava recusar o homem
delicioso. Ele era o sexo personificado hoje em um par de calças justas de
couro preto, um suéter marfim macio que fazia o cinza em seus olhos
parecerem mais brilhantes e uma parca creme de aparência cara com pele ao
redor do capuz. O homem mais jovem não tinha trabalhado um dia em sua
vida, então Wood presumiu que fosse outra roupa comprada por seus muitos

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admiradores. Rayne sorriu suavemente para ele quando o olhar de Wood
instintivamente viajou para baixo para a protuberância proeminente.

Ugh.

— Droga, Rayne. Pare. — Até o nome do homem era sexy. É por isso
que Rayne continuou a perseguição ele disse que literalmente não conseguia
parar até que os homens gritaram seu nome em êxtase. E confiança, muitos
deles o fizeram. Era uma droga para Rayne, sua própria forma de alta. Mas
Wood gostava do homem mais jovem como amigo e ele nunca quis tirar
vantagem de seu vício como os outros residentes tentaram fazer.

Rayne fez uma pausa com a firmeza no tom de Wood, apesar de


qualquer desejo que ele possa ter visto em seus olhos um segundo atrás. O
olhar de Rayne caiu para suas botas de camurça preta, e ele pareceu se
enrolar bem diante dos olhos de Wood. Ele viu os efeitos do vício de Rayne
em sua linguagem corporal derrotada, a vergonha, o constrangimento.

— Obrigada, Wood. — Sussurrou Rayne, mal conseguindo encontrar


seus olhos enquanto ele o olhava por entre os cílios escuros. — Não são
muitos os homens que lutam comigo. Você sempre faz.

— Tenho certeza de que não é fácil para você. E muitas pessoas não
entendem seu vício, Rayne. — O jovem parecia tão infeliz que Wood desejou
poder ir até ele e abraçá-lo, mas ele sabia que seria um gatilho horrível. —
Tudo o que eles veem é um homem bonito os querendo... E o que é melhor do
que isso?

— Mas você não me quer? — Rayne mordiscou seu lábio inferior rosa.

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— Oh, eu quero. Mas vejo muito mais do que apenas sexo em você. Não
é assim que eu começo uma conversa.

Rayne cerrou as mãos em punhos, depois as enfiou nos bolsos do casaco


como se estivesse lutando para não o tocar.

— Você é um dos bons, Wood. Mas temo que eles não os façam mais
como você.

Esperemos que não. Deus deveria ter quebrado o molde depois de tê-lo
criado. Wood não se considerava um bom homem, nem mesmo um homem
decente. Ele tinha feito coisas horríveis às pessoas. Ele arruinou vidas... Tirou
vidas. Ele não era nada. E com certeza não merecia se deitar com um homem
tão jovem, doce e bonito como Rayne. Tão facilmente corruptível. Sim, o cara
tinha um registro de uma milha de comprimento e ficava dentro e fora da
prisão, mas ele não era um criminoso aos olhos de Wood. O governo
continuou prendendo Rayne porque ele gostava de fazer sexo. Embora
geralmente estivessem em locais públicos, mas o sistema de justiça não tinha
peixes maiores para fritar?

— Onde ficará?

— Vou ficar na casa de um amigo em Norfolk por um tempo até


conseguir um emprego decente.— Wood tentou não pensar em quanto tempo
isso levaria sabendo que ele tinha que começar do zero. — Pelo menos terei
meu próprio quarto pelo menos uma vez.

Rayne riu, seus lindos olhos dançando quando ele o fez. Era como se ele
se tornasse uma pessoa diferente quando não estava tentando ser sexy.

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— Eu te escuto. Estou protelando o máximo que posso antes de entrar.
Estou tão farta de Jerome e de seu odor corporal que não sei o que fazer. Juro
que se pisar em mais uma meia suja e crocante, vou enforcá-lo com ela. E ele
se pergunta por que é o único cara na terra com quem não vou dormir.

Wood sorriu afetadamente.

— Você vai sair daqui em algumas semanas, certo?

— Sim. — Rayne esticou os braços magros acima da cabeça, e Wood


teve um vislumbre de pele lisa e pálida sobre abdominais rígidos. Ele se
apressou e voltou os olhos para a estrada. Vamos, Bishop.

— Claro que estou. Está de volta ao mundo real. Pênis, bolas e


shoppings. — Rayne cantou.

Wood estreitou os olhos.

— Estou brincando. — Rayne soltou um suspiro longo e frio. — Vou


tentar muito fazer as etapas desta vez, sabe. Eu tenho um patrocinador
decente agora... Ela é legal. Graças a Deus, não é ele. Isso raramente funciona
para mim.

— Você vai ficar bem. — Wood murmurou.

— Estou feliz que você tenha confiança em mim, Wood. Talvez seja por
isso que eu flerto tanto com você. Estou seguro porque sei que você dirá não.
— Os olhos de Rayne ficaram vidrados de tristeza. — Tão patético.

— Olhe isto deste modo. Você poderia ter entrado e começado a mexer
com qualquer um dos caras relaxados na sala. E provavelmente não

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encontraria muita rejeição. Mas, em vez disso, você parou de flertar comigo
sabendo que eu diria não. Você está lutando, Rayne, quer perceba ou não.

Ele pareceu contemplar essas palavras por um momento antes de virar


um sorriso deslumbrante para ele.

— Sim. Você está certo.

— Encontre alguém, em algum lugar, seguro quando você sair daqui ok?

Rayne acenou com a cabeça.

— Eu vou. Eu estou indo para a casa do meu tio. Ele tem aquela loja de
música de que lhe falei na Cypress Avenue. Ele tem trabalho para mim e tudo.

— Isso é bom. — Wood estava quieto enquanto sua mente ia ver


Bishop e encontrar seu amigo de longa data o novo colega de quarto de Wood.
Trent. Ele tinha ouvido tantas histórias malucas sobre Trent até que fez o
homem parecer algum tipo de fodão em sua cabeça.

— É melhor eu ir. Eu tenho uma sessão de aconselhamento em alguns


minutos. — Rayne deu um passo à frente, então hesitou antes de se
aproximar. — Posso te abraçar... Tipo... Apenas um abraço normal?

Wood não disse nada enquanto se erguia e abria os braços. Rayne tocou
seus peitos juntos e passou os braços ao redor da cintura de Wood. Wood
colocou os braços livremente sobre os ombros de Rayne e baixou a cabeça na
têmpora. O homem franzino tremia contra ele, mas Wood não acreditava que
fosse de excitação. Rayne respirou pesadamente contra seu peito quando ele
enterrou o rosto perto de sua axila e o agarrou o mais forte que pôde.

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— Você sabe o que? Vou te contar um segredinho.— Wood sussurrou
perto dele. — Eu também estou com medo.

Ele segurou Rayne em silêncio, os dois perdidos em seus pensamentos e


no desconhecido enquanto esperava pelo único amigo que tinha no mundo,
Bishop.

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Capítulo 2
Trent

Trent continuou a espanar seu toca-discos clássico enquanto ignorava


as batidas persistentes na porta de seu quarto. Ele nunca teve seu próprio
quarto, então ele estava ansioso para alguma privacidade muito merecida.
Toda sua vida ele teve que dividir um quarto com sua mãe, ou com quinze
outros caras em um dormitório, ou com um colega de cela. Se ele tivesse
sorte, às vezes, ele dormiria no sofá de outra pessoa no porão. Ele admitiu que
não estava animado com o fato de seu melhor amigo, Bishop, ir morar com
seu parceiro, Edison, depois de estarem juntos por apenas dez meses, mas
isso era amor, ele supôs. O pai de Bishop, Mike, foi morar com sua namorada
há um tempo, então Trent estava começando a se acostumar com o silêncio.

— Trent, pare de ser um idiota e abra a porta. — Bishop latiu enquanto


batia na madeira frágil.

— Se você quebrar, você conserta!— Trent gritou de volta.

Ele ouviu o suspiro alto de Bishop.

— Eu e Edison estamos prestes a ir buscar Wood. Você quer vir


conosco?

Não! Trent apertou a mandíbula. Que tipo de nome é Wood? Ele não
tinha certeza sobre o homem vir aqui para morar com ele, mas não foi

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exatamente sua escolha. Este não era seu trailer, embora às vezes ele
desejasse que fosse; era propriedade do pai de Bishop, Mike. E, embora
estivesse grato por ter um lugar para alugar, ele não tinha voz sobre quem
mais Mike permitia que morasse ali. Trent estava com vinte nove anos e
começava a acreditar que aquilo era o melhor que sua vida poderia ser.

— Posso entrar? — Bishop bufou.

— Sim. — Trent finalmente respondeu depois de colar um sorriso falso.

A porta clicou e seu melhor amigo entrou no quarto. Bishop abriu a


boca para continuar sua agitação quando seu olhar viajou pelo que costumava
ser o quarto de seu pai.

— Puta merda. O que você fez aqui? Mike viu isso?

Trent deu um sorriso malicioso.

— Não. — Ele realmente não queria ninguém em seu espaço pessoal.


Bishop seria a única exceção de vez em quando.

— Ele vai querer voltar quando o fizer, especialmente porque ele e sua
garota estão brigando. Isso não se parece em nada com o quarto chato que ele
tinha.

— Eu basicamente tinha um quadro em branco para trabalhar. — Trent


olhou para as várias capas de álbuns e pôsteres de músicos famosos que agora
cobriam quase todos os espaços abertos nas paredes.

— Mike só veio aqui para dormir, se vestir ou fazer sexo. — Disse


Bishop com indiferença. Ele e seu pai tinham um relacionamento único, mais

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como melhores amigos do que pai e filho. A diferença mínima de idade entre
eles tinha muito a ver com isso.

— Vejo que você ainda gosta de todas essas coisas de Blues. —


Bishop caminhou até o bem precioso de Trent, seu sistema de som.

— Não é só blues, Bishop. Não fico ouvindo Muddy Waters a noite toda.
É ritmo e blues, cara. Miles Davis. Clapton. James Brown.

— Eu gosto de algumas coisas R&B mais novas, eu acho. Mas acho que
vou ficar com meu rock é mais otimista, edificante. Embora Edison tenha me
feito ouvir muito Dave Matthews Band ultimamente. — Bishop se curvou
para frente para ver melhor a configuração de Trent. — Eu não sabia que você
ainda tinha isso.

Trent apertou o pano de poeira em sua mão enquanto Bishop estendia a


mão para tocar um dos níveis do equalizador.

— Não mexa com isso. — Ele ordenou.

Bishop puxou sua grande mão como se tivesse sido acertada por uma
régua. Seu amigo levantou-se em seu metro e oitenta e quatro completos e fez
uma careta para ele.

Trent riu.

— Eu os coloquei na posição certa.

Bishop o encarou por um momento, e Trent lutou para não se contorcer


sob o intenso escrutínio. Ele sabia o que Bishop estava fazendo, mas não
estava com vontade de ser lido ou analisado.

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— Eu nem sabia que você ainda tinha as coisas dele.

— Sil manteve em seu sótão para mim enquanto eu estava trancado. E


quando eu saí, nunca me preocupei em configurá-lo novamente na casa dela.
— Trent se afastou e devolveu o álbum de vinil que estava espanando na
manga. — Eu sabia que eu e ela não iríamos dar certo no meu primeiro mês
em casa. Então, mudei tudo para o armazenamento.

Bishop continuou a estudar as mudanças que Trent havia feito na sala


nas últimas semanas. Novas lâmpadas foram colocadas nas mesas finais;
fotos e fotos que o representavam agora estavam nas paredes. Ele tinha
roupas penduradas em um armário pela primeira vez e não amontoadas em
uma mala ou baú. Ele até esbanjou e comprou um novo colchão queen-size e
lençóis de flanela para a cama. Trent sempre gostou de como eles se sentiam
no inverno, e nunca teve sua própria cama para colocá-los. Mike foi legal o
suficiente para deixar a tela plana em cima de uma cômoda preta, mas ele não
gostava muito da merda maluca da televisão nos dias de hoje. Trent amava
música. Ele não era um músico de longe, e ele não poderia cantar uma nota
decente se sua vida dependesse disso. Mas houve um homem que introduziu
um pouco de serenidade em sua mente caótica por meio de ritmo e blues.
Alguém muito especial para ele há muito tempo.

— Não acredito que ele deixou você ficar com tudo isso. — Sussurrou
Bishop. — Isso é tipo... Vintage. Essa é a palavra certa, certo?

Trent sorriu para o amigo.

— Sim, cara.

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— Todo esse equipamento também está em perfeitas condições. Deve
valer muito dinheiro.

Trent franziu a testa

— Pode valer um milhão de dólares. Eu não dou a mínima. É meu e ele


queria que eu o tivesse.

Bishop ergueu as mãos como se não estivesse procurando encrenca.

— Ele pode ter feito. Além disso, tenho certeza de que ele teria voltado
e...

— Você não queria me fazer uma pergunta... Ou algo assim? — Trent


proferiu.

Bishop fechou a boca enquanto Trent tentava evitar a estranheza que


havia se infiltrado em seu pequeno santuário. Ele não queria que seu melhor
amigo terminasse aquela frase porque sabia que era verdade. Já fazia treze
anos. Se Miles quisesse seu equipamento de volta... Ou se estivesse
interessado em ver Trent, já o teria feito. Em vez de deixar o nó se formar em
seu peito a qualquer momento que pensava em Miles, Trent exalou a dor.

Bishop pigarreou e murmurou:

— Belo consolo. Isso é hum, baixo ou algo assim? Edison tem um.

Trent deixou-se cair sobre o cobertor cinza de pelúcia em sua cama e


olhou para Bishop, esperando que ele fosse direto ao ponto. Ele aceitou o fato
de que havia perdido seu parceiro favorito de namoro meses atrás. Ele não
estava delirando ao pensar que ainda era importante ou uma prioridade

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na vida de Bishop. Os dois foram libertados da prisão na mesma época, há
pouco mais de um ano, e tudo mudou. Eles tiveram que crescer pra caralho.
Bishop foi o primeiro a aceitar que eles não eram os mesmos idiotas que
costumavam rasgar e correr pelas ruas com pouca ou nenhuma supervisão
dos pais. Era hora de serem homens de verdade. E a percepção de que seu
amigo havia seguido em frente sem ele se infiltrou agressivamente na mente
de Trent, deixando-o se sentindo deserto em uma ilha de um homem só.

— Então, achei que você gostaria de ir com a gente para pegar seu novo
colega de quarto. — Disse Bishop como se quisesse ficar otimista, mas não
deu certo.

— Vou esperar aqui. — Resmungou Trent.

Bishop beliscou a ponte do nariz, e Trent quase se sentiu mal


por incomodá-lo tanto. Seu amigo estava entre uma pedra e um lugar duro.
Ele nunca deixaria Trent no frio, mas Bishop devia a seu antigo companheiro
de cela, Wood, sua vida. Oferecer a ele um lugar para ficar quando ele saísse
até que Wood estivesse de pé era exatamente como Bishop pagaria essa
dívida.

— Vamos, T. Apenas tente ser legal comigo, ok. Você verá que Wood é
um cara decente se lhe der uma chance. — Bishop parou na frente de uma
foto de Trent e Miles em seu primeiro ano no Festival de Jazz de Hampton. —
Espero que você não esteja chateado com a minha mudança.

Trent zombou do ridículo absoluto dessa ideia.

— Eu sou um homem adulto, B. Tenho tentado fazer com que seu

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traseiro feliz e apaixonado vá embora para sempre. Você acha que estou
chateado por finalmente ter meu próprio quarto? Eu tenho dormido naquele
sofá esfarrapado lá fora por meses.

Bishop franziu a testa, continuando a olhar para ele, talvez vendo


através de suas besteiras. Trent saltou e se dirigiu para a porta.

— O Edison está cozinhando? Algo cheira bem.

Trent não se incomodou em olhar para trás; ele podia ouvir as botas
pesadas de Bishop seguindo-o pelo corredor estreito. Droga, ele precisava
relaxar. Toda a ansiedade de encontrar Wood tinha lhe dado terríveis dores
de cabeça nos últimos dias. Embora desempacotar todos os seus pertences de
seu depósito e colocar seu quarto em ordem o mantivesse bastante distraído,
ele ainda não conseguia se livrar dos nervos que estava sentindo ao pensar em
um estranho, um desconhecido recentemente libertado da prisão e dormindo
alguns metros do outro lado do corredor com ele.

— Trent, ainda estou...

— Edison! — Trent gritou, assustando o namorado de Bishop. Edison se


encolheu enquanto estava na pequena cozinha mexendo uma panela
fumegante de algo que cheirava delicioso. — Este lugar só cheira bem quando
você vem. Deixe Bishop e venha cozinhar para mim em tempo integral.

Edison se virou com um sorriso suave em seu rosto redondo e bonito.

— Você não pode me pagar, Trent.

— Ou você poderia simplesmente dizer a ele que não está interessado

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em me deixar. — Bishop rosnou para seu parceiro.

— O que é isso? Cheira a frango. — Trent se inclinou sobre o ombro de


Edison, embora fossem quase da mesma altura e tentou remover a tampa
quando seus nós dos dedos foram atingidos por uma colher de pau.

— Merda! Ai.

— Lave as mãos. Não sei o que você tem feito aí todo esse tempo.

— Isso realmente dói, não é? — Bishop riu de Trent enquanto ele erguia
os nós dos dedos vermelhos.

— Vamos, gente, é melhor irmos ou vamos nos atrasar. Não será uma
boa primeira impressão, hein, Trent? Vamos levar pelo menos trinta minutos
para chegar a Suffolk, se pudermos evitar o tráfego. — Edison desligou o
fogão e enxugou as mãos no pano de prato. — Eu estava pensando que
quando voltarmos poderíamos comer o guisado, conversar e nos conhecer.

— Wood não fala muito, querido, e não queremos sobrecarregá-lo


assim que ele chegar aqui. — Bishop ficou atrás de seu namorado e esfregou
os ombros através de sua camisa de botões da moda, sussurrando em seu
ouvido: — Vamos adiar a sessão de compartilhamento por um tempo.

Trent ficou de costas para eles enquanto lavava as mãos na pia da


cozinha. Ele precisava pensar em uma maneira de sair dessa viagem de carro.
O encontro de Bishop com “outro” melhor amigo iria apenas tornar as coisas
mais estranhas do que elas já estavam indo para ser.

— Eu acho que vou apenas esperar aqui. Não há necessidade de uma

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multidão de boas-vindas para aparecer.

— Trent. — Bishop ficou amuado, o que parecia ridículo para um


homem de seu tamanho. — Você prometeu.

— E estou cumprindo essa promessa, certo. — Trent deu um sorriso


enorme. — Eu e Wood vamos nos dar muito bem. Você não está se
preocupando por nada.

— Tudo certo. Tanto faz. — Bishop pegou a mão de Edison e caminhou


pela pequena sala de jantar em direção à porta da frente. Ele distraidamente
ajudou Edison em seu casaco como se ele fizesse isso o tempo todo, e Trent
novamente se viu olhando para longe. Às vezes, o amor de Bishop e Edison
um pelo outro era quase irritante. — Voltaremos em breve. Mantenha tudo
bem organizado.

Trent quase jogou a colher de guisado na porta depois que Bishop


saiu. Quem diabos ele pensou que estava limpando este lugar de cima a baixo
por três dias? Ele olhou ao redor do trailer enquanto o silêncio lentamente
começava a se formar. Ele foi até a janela e viu seu único amigo no mundo
ficar cada vez mais longe. Literalmente. Trent se perguntou por que sempre
pagava o preço quando alguém ao seu redor encontrava a felicidade.

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Capítulo 3
Trent

Trent reclinou-se ainda mais na cadeira quando ouviu um carro


estacionar na garagem. Ele estava indo para a indiferença porque caso
contrário, todos perceberiam seus nervos em frangalhos ao conhecer esse
estranho. A porta se abriu e Mike correu para dentro como se a temperatura
fosse de vinte graus negativos, em vez de quarenta e dois. O pai de
Bishop pisou ruidosamente com suas botas de caminhada no pequeno
quadrado de linóleo na porta da frente antes de entrar. Trent se sentou e deu
uma libra em Mike enquanto olhava ao redor do espaço vazio.

— B e Edison ainda não voltaram com Wood?

— Não. — Trent murmurou.

— Eles devem ter pego o tráfego na ponte do arranha-céus. — Disse


Mike de costas para ele enquanto pegava uma das poucas cervejas da
geladeira e bebia metade antes de pegar outra.

— Sirva-se de algo para beber enquanto estiver aí.

— Vejo que Edison esteve aqui. Que tipo de sopa é essa? Estou
morrendo de fome. — Mike perguntou enquanto pegava uma colher e uma
tigela. — Venha aqui, cabeçudo. Eu quero que você examine este contrato.

Trent pausou seu videogame e jogou o controle para o lado. Ele fez uma

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careta para Mike quando ele se sentou à mesa e o observou tirar algumas
folhas de papel dobradas do bolso de trás.

— Que diabo é isso?

Mike olhou para ele com a mesma expressão que Bishop possuía.

— Eu já disse que é um contrato de arrendamento. Nada importante,


apenas o que já combinamos.

Trent bufou.

— Exatamente. Já combinamos. A palavra de um homem não serve


mais?

— Onde diabos você pensa que estamos? Texas. — Mike riu.

Trent pegou o papel e deu uma olhada nos marcadores. Embora não
houvesse nada lá que não fosse irracional, ele ainda não gostou. Mike
e Bishop não confiaram nele de repente? Havia dois lugares na parte inferior
para os inquilinos assinarem. A assinatura ilegível de Mike já estava rabiscada
no campo denominado Proprietário/Gerente de propriedade.

— Estamos em dois mil e vinte, Trent. Você sabe que eu te amo como
meu próprio filho, mas a merda tem que ser legítima hoje em dia, ok. — Mike
enfiou na boca um grande pedaço de frango da sopa e gemeu como se tivesse
um orgasmo. — Droga, isso é bom. Qual é o nome disso?

Trent rabiscou seu nome na linha de fundo.

— Eu não sei. É ensopado, tudo bem.

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— Você está chateado porque estou tentando fazer o certo por vocês? —
Mike empurrou sua tigela para o lado e se inclinou sobre a pequena mesa de
jantar. — O arrendamento protege vocês como inquilinos legais. Antes você
ficava no sofá, vivendo com uma mala. Agora você tem um quarto e todas as
suas coisas estão aqui. É hora de tornar isso legal, cara, isso é tudo.

Trent fez um som evasivo e jogou a caneta em cima do papel.

Mike se recostou na cadeira e cruzou os braços grandes sobre o peito.

— O que diabos está acontecendo com você?

— Nada. — Trent se levantou, foi até a pia da cozinha e pegou o pano de


prato para limpar as gotas de caldo de laranja que Mike deixou no fogão.

— Você sabe que sempre agiu como um cachorrinho chutado sempre


que Bishop se interessou por qualquer coisa além de você, mas é hora de você
encontrar seu próprio interesse, Trent. — Disse Mike, encostando-se no
balcão. — Pegue um hobby. Faça alguns novos amigos.

— Espere um segundo, Mike, e deixe-me pegar uma caneta e papel para


que eu possa anotar essas pérolas de sabedoria. — Trent fingiu dar ao pai do
amigo toda a sua atenção. — Quer dizer, isso é bom.

Mike mostrou-lhe o dedo do meio.

— Por mim tudo bem. Aja como um idiota. Mas a situação só será uma
merda se você fizer assim. Falei com o Wood algumas vezes ao telefone e ele
parece bem, cara. Talvez você deva dar uma chance a ele antes de montar uma
estratégia de defesa.

27
— O que? — Trent estava limpando o mesmo local repetidamente
enquanto Mike o observava. — Eu não estou tentando me defender de
qualquer...

— Em primeiro lugar, pare, porque você está se envergonhando. Eu te


conheço desde que você tinha o que, oito, nove? Eu sei quando você está
chateado, T, porque você não consegue esconder seu temperamento. Em
segundo lugar, você está tentando enganar um mentiroso, porque eu sei que
Wood vindo aqui intimida o inferno fora de você, e eu quero saber por quê.

Trent não disse nada porque Mike estava certo nas duas coisas.
Bishop não lhe contara muitos detalhes sobre seu antigo companheiro de cela,
mas o que ele disse fez o homem parecer o filho de Gandhi, ou um parente
distante de Mandela. De acordo com Bishop, Wood era muito sábio e forte.
Definitivamente não eram traços que alguém usaria para descrever
Trent. Mais como protetorou superprotetor.

— Você nunca disse o que aconteceu entre você e Sil? — Mike se


aproximou dele. Ele odiava quando Bishop fazia isso também. Fez com que
ele se sentisse encurralado e pediu sua merda. — Vocês estavam juntos para
sempre, então você não está em casa por alguns meses e você termina de vez.

Trent atingiu o rosto de Mike, o que foi um erro, porque ele foi
imediatamente agarrado e puxado para uma chave de braço.

— Eu não terminei nada. Ela me pôs para fora. — Trent se esforçou


para dizer.

— Por quê? — Mike gritou, controlando Trent com seu grande bíceps.

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— Isso não é da sua conta. — Rosnou Trent. — Por que você tem que
agir como uma criança grande o tempo todo? Me deixar ir!

Quanto mais Trent tentava se livrar do aperto, mais Mike ria.

— É um grande músculo nesse braço, Trent. Não tente lutar. —


Provocou Mike enquanto Trent usava as duas mãos para tentar se livrar de
Mike.

A porta da frente se abriu, pegando-o desprevenido, e Bishop entrou


com um Edison sorridente atrás dele.

— Não acredito que Bishop realmente fez isso.

— Edison, seu namorado fazia um monte de coisas malucas para me


entreter às vezes. — Uma voz profunda retumbou do outro lado da porta.

Trent tropeçou quando Mike o soltou e teve que se apoiar na mesa para
recuperar o fôlego. Ele ainda estava olhando furioso e segurando a garganta
quando olhou pela primeira vez para Wood. E isso era tudo que ele sabia
sobre o homem também “Wood”. Esse era o primeiro nome do cara? Nome do
meio? Um nome de animal de estimação, o quê? Por mais alto que fosse,
talvez tenha o apelido de Redwood. O homem que se aproximava da porta era
talvez alguns centímetros mais baixo do que o metro e noventa de Bishop,
com uma espécie de físico venoso e musculoso que um homem só conseguiria
depois de anos cumprindo pena.

Mesmo que Wood fosse uma figura imponente, que não era o que tinha
Trent atordoado estúpido. Era a idade de Wood ou idade assumida. Se toda a

29
prata misturada com os fios de cabelo preto era algum indicador, o homem
devia estar no final dos sessenta anos, Trent exagerou. Bishop poderia pelo
menos ter dito a ele que moraria com um velho. Seu amigo se recusou a lhe
contar até os menores detalhes, insistindo que queria que ele conhecesse
Wood por si mesmo.

Bem, merda. Trent pensou que Bishop o estava apresentando a alguém


com quem ele poderia jogar sinuca, ir ao clube ou assistir a um filme de ação
no cinema. Mas Wood não parecia um homem que gostasse de nada disso. O
que os dois poderiam ter em comum? Trent não tinha um membro AARP
para reclamar. Eles não podiam exatamente sentar e falar sobre os bons
velhos tempos antes do Google, ou para onde diabos Chia Pets foi. Trent não
tinha certeza se ele nasceu quando Wood estava crescendo. Bishop deveria
saber que ser ex-presidiário não tornava ninguém automaticamente amigo.

— Wood, entre. Você pode pendurar seu casaco no cabide bem ali ao
lado do de Trent. — Bishop jogou o casaco nas costas de uma das cadeiras de
jantar e conduziu o novo colega de quarto de Trent até onde ele e Mike
estavam encostados no balcão. — Este é meu pai, Mike. Você já falou com ele.

O olhar de Wood ricocheteou para frente e para trás como se estivesse


surpreso com as semelhanças surpreendentes entre Bishop e seu pai.

— Acho que poderia ter descoberto qual era o seu pai, Bishop.

— Falando em velhos. — Trent murmurou.

Wood desviou os olhos para ele, e Trent pensou ter visto um leve
movimento em seus lábios antes de se virar. Se Bishop ou Mike ouviram sua

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piada, nenhum dos dois se deu ao trabalho de reconhecê-lo e continuou
falando.

Mike apertou a mão de Wood.

— Homem. Você parecia mais jovem no telefone. Acho que deveria


chamá-lo de Sr. Wood.

Wood deu uma risada profunda e ruidosa que fez os olhos de Trent se
arregalarem.

— Não se atreva a me chamar assim.

— Se você não se importa que eu pergunte, quantos anos você tem,


cara? Bishop disse que você puxou dezessete anos para dentro. — Disse Mike.

— Eu fiz. Entrei no final dos meus vinte anos. Tenho quarenta e seis
anos.

— Não me diga! Você é um ano mais novo que eu. Você parece mais
velho. — Disse Mike sem rodeios.

— Mike, nossa. Isso foi... Franco. — Edison disse enquanto colocava um


avental que mantinha do lado de dentro da porta da despensa. — Não há
razão para elogiá-lo tão cedo.

— É tudo de bom. — Wood riu novamente. — Eu não sou tão sensível,


Edison, especialmente sobre minha aparência. A prisão tem um jeito de
envelhecer o homem. Acho que a falta de protetor solar e hidratante tem seus
efeitos depois de um tempo.

Mike e Bishop riram como se o gelo tivesse se quebrado e a tensão

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tivesse passado. Mas não para Trent. Ele tinha de alguma forma trabalhado
em si mesmo em um punhado de tensão enquanto observava cada centímetro
de seu novo colega de quarto. E havia muito para ele ver.

— E este é Trent, Wood. Vocês vão compartilhar este lugar por um


tempo. Ou, como você disse, até ficar de pé. — Bishop agarrou Trent com
força em seu ombro, seus olhos escuros fixos nos dele. — Eu não contei a ele
muito sobre você, então se ele parecer um pouco surpreso ou pego...

— Ele está bem aqui, Bishop. — Trent mordeu fora.

Mike revirou os olhos e tirou sua terceira cerveja gelada do pacote de


seis de Trent.

— Ótimo. Aqui vamos nós. Continuamos com outro episódio dramático


de “As voltas do mundo de Trent”.

— Foda-se, Mike. E pare de beber toda a minha cerveja!

— Tenha cuidado, Wood. Trent tem alguns problemas. — Mike


continuou ignorando-o completamente. — Não é tão ruim. Apenas alguns
deles requerem um médico com um consultório escuro e uma
espreguiçadeira.

— Ainda. Em pé. Aqui. — Trent não precisava de ninguém que o fizesse


parecer um idiota inacessível. Claro, ele ficou chocado com a chegada
de Wood, mas ele não queria novos amigos, especialmente do tipo sênior.

— Eu ouvi muito sobre você. Para sua sorte, não acredito em tudo
que Bishop me diz. — Disse Wood em vez de olá, prazer em conhecê-lo.

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Trent notou que Wood estava com a palma da mão grossa estendida
para ele sacudir, então ele a agarrou com firmeza e deu um aperto extra antes
de finalmente soltar. Os lábios de Wood se curvaram levemente e ele não
parou de olhar para ele quando puxou a mão para trás e flexionou os dedos.

Wood estreitou os olhos escuros e sorriu maliciosamente para ele, e


Trent, de repente, sentiu como se o oxigênio tivesse sido sugado de seus
pulmões.

— Bishop, acho que Trent e eu vamos nos dar bem.

E assim começou.

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Capítulo 4
Wood

Bem, bem, bem. O que eu tenho aqui? Wood sentou-se em frente a


Trent na pequena mesa de jantar enquanto Mike repassava alguns detalhes
importantes em seu contrato de uma página. Wood sabia que deveria estar
prestando atenção, mas gostava de como ficava pegando Trent tentando
desviar um olhar em sua direção. De todas as histórias que tinha ouvido do
temperamental e rápido Trent, ele não o imaginava com lábios grossos de
pêssego ou olhos castanhos penetrantes e quentes que mantinha protegidos
por uma carranca leve.

Ele era fascinante.

Wood meio que gostaria que Bishop tivesse contado à família um pouco
mais sobre ele, em vez de deixá-los desconfiados... E eventualmente
surpreso. Isso significava que eles também não sabiam por que o governo
achava que ele merecia perder dezessete anos de sua vida. Ótimo.

— Wood, seu quarto já está mobiliado. Esse é o seu próprio espaço. A


sala de estar e a cozinha que vocês dois compartilham. No entanto, você
deseja dividir as compras entre vocês dois. O segundo banheiro tem alguns
problemas de cano, então vocês terão que dividir o banheiro no corredor até
que eu conserte. Você vai dividir as contas pela metade e o aluguel vence no
primeiro dia do mês, atrasa no dia dez. Não me faça caçar seus traseiros pelo

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meu dinheiro também. — Mike girou o papel na direção de Wood e apontou
para ele assinar sob o nome de Trent. — Tudo parece certo?

— Sim. Parece normal. — Wood não tinha ideia de como era um


contrato de aluguel típico hoje em dia, mas ele o assinou mesmo assim. Ele
tinha um teto sobre sua cabeça que não incluía um guarda e uma sala que ele
não precisava trancar para manter os ladrões fora. Os termos de Mike eram
justos; ele não parecia um bastardo conivente. E se ele era parecido com seu
filho, provavelmente era um cara decente. Quando Bishop disse a ele que seu
pai era apenas quinze anos mais velho do que ele e mais parecido com um dos
caras do que com uma figura paterna... Ele não estava exagerando.

Mike se levantou quando eles terminaram os negócios e apertou a mão


de Wood novamente.

— Eu gostaria que houvesse outra maneira de agradecê-lo pelo que você


fez pelo meu filho na prisão. Eu sei o quanto ele lutou quando ele e Trent se
separaram. Obrigado. Obrigado por estar lá para ele quando eu não pude.
Você é um bom homem.

Wood ficou surpreso com a repentina seriedade e lutou para receber


tantos elogios. Ele aceitou o aperto de mão com um aceno de cabeça apertado
e Mike acrescentou:

— Estamos em nosso período de entressafra no trabalho, mas me avise


se precisar de alguma renda extra na primavera. Tenho certeza de que posso
colocá-lo em uma das equipes.

Trent cantarolou seu acordo.

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— Tenho certeza de que terei espaço na minha equipe neste verão. Se
ele puder hackear.

Os olhos de Wood estavam fixos em Trent. Ele está tentando me atrair?


Que fofo.

Mike passou pelas costas da cadeira de Trent e deu-lhe um tapa na


nuca.

— Boa noite, idiota. Obrigado pelas cervejas.

— De nada. Vou apenas deduzir do seu aluguel, seu pedaço irritante


de...

— Trent! — Bishop latiu. — Por que você não mostra a casa


para Wood e diz a ele onde fica o quarto dele.

Trent lançou um olhar incrédulo para Bishop, e Wood teve que conter a
risada que ameaçava escapar. Além disso, ele tinha a sensação de que seu
novo colega de quarto não gostava de ser ridicularizado. Bishop disse que
levaria um minuto para fazer Trent se acostumar com a ideia de eles morarem
juntos, mas estava pensando que demoraria muito mais do que isso.

Trent se levantou e fez um gesto para que Wood o seguisse enquanto


Bishop fingia estar ocupado assistindo Edison mexer o ensopado de frango.
Trent apontou para a despensa, o banheiro do corredor, o armário e o
armário de linho. No final do curto corredor, Trent se encostou na parede e
apontou para um quarto com a porta já aberta.

— Você fica aqui. — Ele passou o dedo por cima do ombro. — Este é o

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meu.

— Você sempre mantém a porta bem fechada? — Wood perguntou,


percebendo o quão perto eles tinham de ficar no espaço confinado.

Trent zombou.

— Existe uma razão para você querer que esteja aberta?

Wood não conseguiu evitar o olhar. Droga, ele gostou da maneira como
Trent disse isso, gostou de como era carregado de sugestões, quer o homem
percebesse ou não.

— Não. Nenhuma razão.

Trent engoliu em seco visivelmente e tentou dar um passo para trás,


mas não tinha para onde ir.

— Sim, eu gosto de minha porta fechada. Mas, se você me quer... Quero


dizer, se você quer alguma coisa então bata, quero dizer, bata na minha
porta. E eu irei. — Os olhos de Trent se arregalaram quando Wood lambeu os
lábios. — Fora! Eu vou sair.

— Vocês, rapazes, joguem bem agora. — Disse Mike, balançando a


cabeça e sorrindo ao sair pela porta.

— Está tarde. Estamos saindo também. — Disse Bishop. — Wood, você


ainda precisa de uma carona até o mar quando sair do trabalho amanhã?

— Sim. — Wood voltou para a cozinha, seguindo o perfume masculino


de Trent.

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— Legal. Vejo você amanhã por volta das sete. — Bishop vestiu o casaco
e acrescentou: — Trent, você quer ir com a gente? Provavelmente vou mostrar
a casa a ele e comer alguma coisa lá. Você sabia que Wood adora frutos do
mar tanto quanto você?

— Bem, merda. Deixe-me propor agora mesmo. — Trent brincou, então


imediatamente se arrependeu quando três pares de olhos estourados focaram
nele.

Depois de várias batidas de silêncio estranho, Wood disse:

— Faz muito tempo que não como peixe fresco. Parece bom, Bishop.
Obrigado, cara.

— Tudo bem então. — Bishop hesitou como se tivesse medo de deixá-


los sozinhos. Ele apontou para as sacolas pesadas perto da porta. — Wood,
você precisou de ajuda para desfazer as malas ou...

— Não. Eu estou bem. — Wood estava a poucos metros de um Trent


ainda envergonhado. Era uma boa coisa que eles estavam perdendo sua
audiência porque ele queria falar com ele em particular e talvez começar
quebrar o gelo entre eles.

— Trent, mando uma mensagem para você mais tarde. — Disse Bishop
ao sair pela porta.

— Aproveite o ensopado. — Disse Edison, em seguida, acenou um


adeus. — Certifique-se de colocar as sobras na geladeira. Você não pode
deixar o frango de fora durante...

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— Eu acho que eles entenderam, querido. — Bishop apressou seu
namorado para fora da porta.

O trailer ficou tão silencioso que ele poderia ter ouvido um alfinete cair
no tapete. Wood não tinha medo do contato visual e manteve o olhar
cauteloso de Trent com o seu próprio olhar paciente. Ele inclinou a cabeça em
direção à panela fervendo no fogão.

— Isso tem um cheiro bom. Achei que você gostaria...

Trent balançou a cabeça como se estivesse confuso e quase correu para


seu quarto no final do corredor e bateu a porta antes que Wood pudesse
terminar a frase.

— Pensei que talvez você quisesse me deixar aqui sozinho, falando


sozinho como um idiota. — Wood terminou baixinho. Ele olhou ao redor de
sua nova residência para o futuro previsível e sorriu. Não era luxo, e não era o
estilo de vida dos ricos e famosos. Mas era quente, limpo e seu, contanto que
ele cumprisse sua parte do acordo. Com Trent ausente por um momento, ele
percebeu que se sentiria em casa.

Wood levou suas malas para seu quarto, no lado oposto do trailer onde
ficava o de Trent. O espaço era maior do que o que estava acostumado, com
uma janela de bom tamanho e cortinas escuras. Parecia que o carpete tinha
sido limpo recentemente e a cama tinha uma pilha nova de lençóis
empilhados em cima da cama. Ele até tinha uma televisão e um pequeno
rádio na cômoda em frente à sua cama queen-size. Ele jogou suas malas no
armário vazio para guardar mais tarde. No momento, seu estômago estava

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roncando e sua garganta estava seca. Ele percebeu de repente que não
precisava esperar que ninguém lhe dissesse que era hora de jantar. Ele
poderia comer quando quisesse. E poderia comer em seu quarto sozinho, se
quisesse. Era o seu espaço. Wood sentiu um sorriso curvando seus lábios
enquanto agradecia a Deus por seu bom amigo. Se não fosse por Bishop, ele
estaria arrastando suas malas para um abrigo masculino.

Ele deixou a porta aberta e voltou para o cheiro incrível ainda


engolfando a pequena cozinha. Ele espiou dentro de cada armário,
observando onde as tigelas, xícaras, pratos e potes estavam. Eles não tinham
muitos utensílios de cozinha, mas era o suficiente para duas pessoas, ele
supôs. Wood cresceu em uma casa com pais que adoravam cozinhar, então a
cozinha era o cômodo mais extravagante da casa. Ele sentia falta disso, todos
os dias. Quando olhou na geladeira, ficou surpreso ao descobrir que estava
bastante abastecido com ovos, leite, carnes frias e uma porta cheia de
condimentos. Ele ignorou a cerveja e agarrou a garrafa cheia de suco. Em vez
de colocar um copo sujo na pia, ele abriu o recipiente e levou-o à boca,
tomando alguns goles profundos.

— Cara! Que porra é essa?

Wood cambaleou para a frente, tentando não cuspir o último gole de


suco no chão. Ele usou as costas da mão para limpar as gotas que deslizaram
em sua barba.

— Jesus. Não se aproxime furtivamente de mim assim. Eu não gosto


disso.

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Trent cruzou os braços sobre o peito e olhou para ele como se estivesse
orgulhoso de si mesmo.

— Isso está certo? Você sabe o que eu não gosto?

Uma tonelada de merda, e tenho certeza que você está prestes a me


contar uma.

— Germes. Você está aqui há cinco minutos e acha que não precisa usar
um copo? — Trent passou por ele, enfiou a mão dentro de um dos armários,
tirou uma xícara vermelha de tamanho médio e empurrou-a contra o peito. —
Aqui. Não estamos tão perto que eu quero beber na mesma garrafa que você.

Wood colocou o recipiente vazio no balcão enquanto olhava para Trent.


Ele pegou a xícara sem quebrar o contato visual aquecido e a jogou na pia. Ele
fez questão de manter sua voz baixa e seu tom medido.

— Restava apenas uma pequena quantia. Não achei que precisava


desperdiçar uma xícara só para...

— Você bebeu o resto do meu suco de laranja? — Trent olhou para a


caixa.

Wood suspirou e passou a mão pelos cabelos, e os olhos escuros de


Trent seguiram o movimento. Eles estavam próximos o suficiente para que ele
pudesse ver que os olhos de Trent não eram tão escuros quanto ele pensava.
Eles eram mais de um âmbar esfumaçado, encobertos por cílios castanhos
profundos. Wood baixou lentamente a mão e Trent recuou alguns passos com
uma expressão determinada.

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— Precisamos definir algumas regras da casa. Agora mesmo. —
Wood observou enquanto Trent entrava na sala de estar, abria uma gaveta
em uma das mesinhas laterais e tirava um caderno espiral e uma caneta preto.

— Não acho que seja necessário. Compreendo. Não beba todo o suco de
laranja. — Wood jogou o recipiente vazio na lixeira. — Deixa comigo.

— Sim, precisamos de regras, porque evitará que um de nós tenha


problemas. — Trent estava descalço e vestiu uma calça de moletom larga e
uma camiseta branca.

— Só um de nós, hein? — Wood desafiou. Ele tentou não olhar para a


forma como o material fino se moldava ao belo peito de seu companheiro de
quarto. Ele se ocupou em lavar as mãos para não ser pego boquiaberto. A
princípio, ele pensou que Trent era reto como uma flecha, mas para
sobreviver, Wood passou a última década aprendendo a interpretar a
intenção nos olhos de um homem, e agora, ele estava recebendo algumas
vibrações únicas. Ele observou Trent rabiscar uma frase no papel e colá-la na
geladeira. Ele nivelou Wood com um olhar de advertência que não empacotou
tanto calor quanto o homem pensava e apontou para o que ele havia acabado
de escrever. O antebraço de Trent flexionou e Wood sentiu seu pênis
responder. Maldito seja este homem.

— É preciso usar um copo ou prato para comer e beber. — Trent olhou


para o fogão. — Você está pensando em pegar uma tigela e uma colher ou ia
engolir o guisado direto da panela?

Wood se aproximou, incapaz de se conter. Trent tinha tanta atitude e

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espírito embalados em um corpo compacto e sexy que não sabia por onde
começar com seu fascínio. Wood não estava acostumado com os homens
falando dessa forma com ele.

— Você tem uma boca muito inteligente, sabia disso?

Trent sorriu, parecendo não se incomodar com Wood tentando usar seu
tamanho para intimida-lo.

— Foi o que ouvi.

Wood olhou para baixo quando Trent pressionou o antebraço contra o


estômago, permitindo-se ser desviado do caminho.

— Eu acho que você não vai se juntar a mim para o jantar.

— Não essa noite.

— Tem certeza disso? — Wood ouviu a luxúria em sua voz.

— Aproveite.

Wood presumiu que o fechamento da porta de Trent foi sua resposta


final, e ele teve que esperar até que seu pênis parasse de pulsar antes de poder
comer. Tanta atitude. Como eu tive tanta sorte?

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Capítulo 5
Wood

Mesmo que seu novo quarto fosse quente e a cama de Wood fosse
confortável, ele não dormiu mais de duas horas a noite inteira. Ele se dividiu
entre desempacotar suas roupas e olhar pela janela para o quintal vazio. Ele
quase cochilou quando ouviu uma melodia suave vindo do quarto de Trent,
mas parou antes que ele pudesse apreciá-la. Wood não estava acostumado
com os barulhos que o trailer fazia no meio da noite, e sempre que ele
colocava a cabeça no travesseiro macio e fechava os olhos, sua mente
disparava sem parar. Ele foi removido da sociedade no início dos anos dois
mil e, em dois mil e vinte, saiu para um mundo diferente.

Wood ligou a televisão por volta das cinco e imaginou que assistiria ao
noticiário local antes de se vestir para o dia. Ele se lembrou de uma das
muitas sessões de grupo que teve sobre como se adaptar à sociedade moderna
e o que fazer quando se sentia oprimido. Ele fez uma pequena lista de tarefas
que eram importantes e que estavam em sua mente. Havia tantas coisas que
ele precisava e queria realizar, mas pensar sobre tudo de uma vez iria
continuar a mantê-lo acordado à noite. Antes de mais nada, ele precisava
encontrar um emprego melhor, porque oito dólares por hora simplesmente
não dariam certo.

Ele estava ouvindo preguiçosamente um relatório sobre o tempo

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quando ouviu a porta do quarto de Trent abrir pouco antes das seis.
Bishop havia dito a ele que Trent comandava uma das equipes de solo para
Mike, mas ele se perguntou o que faria para ganhar dinheiro enquanto o
negócio de paisagismo de Mike estava fora de temporada. Ele se levantou e
vestiu a regata e o short de basquete, imaginando se seu novo colega de
quarto era uma pessoa matinal ou não.

Trent estava sentado à mesa de jantar mexendo no seu telefone celular e


comendo uma enorme tigela de cereais quando Wood entrou. O olhar de
Trent vagou para cima e para baixo em seu corpo antes de voltar rapidamente
para seu café da manhã. Interessante.

— Bom dia.

— Unnh... — Trent murmurou com a boca cheia de cereal.

— Se importa se eu me juntar a você?

Trent ergueu os olhos para ele e Wood percebeu que ele tinha círculos
escuros embaixo deles.

— É o seu lugar também. Faça o que você quiser.

— Isso não foi exatamente bem-vindo. — Disse Wood.

— Este não é o Denny's. — Trent sorriu, e Wood percebeu o quão sexy


seu sorriso era quando ele pensava que estava sendo um espertinho. Ele não
podia ficar apaixonado por este jovem quando ele tinha coisas de homem
adulto para fazer. E ele já sabia que Trent gostava de irritar as pessoas. Se
continuasse assim, sua boca escorregadia e seu raciocínio rápido o colocariam

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em apuros.

Wood abriu alguns armários e perguntou:

— Algum café?

— Eu não bebo. Você terá que colocá-lo em sua lista de compras.

— Só vou comer cereal. — Wood tirou uma tigela de tamanho normal


do armário e agarrou a caixa de cereaissaborde frutas. Ele não tinha isso há,
bem... Muito tempo.

Trent recostou-se na cadeira, observando enquanto Wood preparava


seu café da manhã.

— Para sua informação, eles não colocam nessas caixas o suficiente para
dois.

A voz de Trent era mais profunda do que Wood pensava que seria, mas
quando ele estava sendo um idiota ele adicionava mais estrondo a ela, e se o
homem soubesse o que isso estava fazendo com ele, pararia. No momento em
que Wood se sentou para comer, Trent se levantou e lavou sua tigela na pia.
Ele puxou uma lancheira preta de cima da geladeira e a colocou no
balcão. Enquanto estava de costas para ele, Trent embalou dois sanduíches de
peru e presunto, algumas batatas fritas e algumas maçãs.

— Tive uma ideia. Por que não dividimos os mantimentos também? —


Mike disse que podemos resolver isso como quisermos. A geladeira não é
grande o suficiente para dobrar tudo, e você não acha que seria um
desperdício de dinheiro?

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Trent encolheu os ombros enquanto continuava a preparar seu almoço.
Wood conseguiu dar uma boa olhada no corpo do colega de quarto por trás e
parou com a colher de cereal açucarado a meio caminho da boca quando
Trent se abaixou para pegar uma garrafa de água na despensa. Merda. O
homem usava calça jeans de trabalho esfarrapada que ia até os quadris
estreitos, um suéter de lã grosso e botas com biqueira de aço. Seu corpo
estava tenso, e ele era apenas alguns centímetros mais baixo do que ele, mas
estava cheio de muita ousadia. Trent seria exatamente o seu tipo se não fosse
tão jovem. Wood não sabia mais o que abalava seu barco, mas sabia que não
era isso. Ele preferia maturidade... Experiência.

— Sim, não tenho certeza sobre como dividir os custos dos alimentos. —
Trent finalmente se virou e Wood captou o lampejo de algo em seus olhos
antes que Trent desviasse o olhar. — Quero dizer, você não tem um monte de
restrições alimentares e essas merdas? Alimentos saudáveis são caros. Os
cereais especiais custam muito mais do que os de frutas. Então precisaremos
adicionar Metamucil e Tums à lista? Ou alimentos ricos em fibras e com baixo
teor de sal. Mais folhas verdes?

O pequeno bastardo. Ele realmente gostaria de ensinar boas maneiras a


Trent, mas ele só conhecia uma maneira de fazer isso, e ele não era mais um
condenado, então não era um método muito eficaz. Inferno. Trent realmente
o via como um velho seco, fulminante, prestes a chutar o balde? Wood sabia
que não era George Clooney, e prisão não tinha sido gentil com ele, mas não
era tão ruim maldito. Ele podia ver que Trent gostava de entrar na cabeça das
pessoas, mas logo aprenderia que Wood não era tão fácil de manipular.

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Wood se levantou, e o som estridente de sua cadeira raspando no chão
duro atraiu a atenção de Trent para ele. Enquanto aumentava a distância
entre eles, o olhar de Trent rapidamente vagou sobre seu peito, então para as
imagens que ele tatuou em ambos os braços. Quando ele olhou para cima,
Wood estava de pé bem na frente dele.

— Que diabos está fazendo? — Trent gritou. Ele olhou ao redor como se
estivesse procurando uma rota de fuga.

Wood sorriu e ergueu sua tigela vazia.

— Você está parado na frente da pia.

Trent franziu o cenho e saiu do caminho.

— E não, eu não tenho nenhum problema gástrico, mas obrigado por


sua preocupação. Vou à loja mais tarde, se você quiser que eu pegue alguma
coisa.

— Eu estou bem. Obrigado. — Trent tirou o almoço do balcão e foi na


direção oposta, contornando a mesa de jantar, para não ter que passar por
ele. Ele caminhou até o armário do corredor e tirou uma pequena bolsa de
viagem e um capacete amarelo.

Então ele trabalha em construção. Ele parecia preparado para


trabalhar um longo dia e Wood estava curioso.

— Que horas você sai? Você vai para o mar comigo e Bishop esta noite?

— Vou pensar sobre isso. — Trent sorriu como se fosse o maldito


curinga e saiu pela porta da frente.

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Trent

Trent jogou sua bolsa na caminhonete e correu para sair do frio


congelante. Ele rapidamente ligou sua velha picape Chevy para que ela
esquentasse. Ele soprou seu hálito quente nas mãos enquanto olhava para a
porta da frente de seu trailer e pensava em quem estava além dela.

Quando Wood chegou ontem, seu corpo estava coberto com uma camisa
de manga longa e jeans, então ele perdeu as malditas tatuagens na parte
superior do peito e braços de Wood. Arte colorida e brilhante que ele nunca
tinha visto em lugar nenhum. Não havia como isso ser feito na prisão, e Trent
queria um olhar mais atento, mas ele seria condenado se perguntasse. Trent
lambeu os lábios distraidamente ao pensar em como eles ficaram próximos
um do outro na cozinha. Perto o suficiente para que ele pudesse sentir o
cheiro da colônia velha de Wood.

Ele se endireitou e se ajustou em sua cadeira, recusando-se a reconhecer


qualquer coisa que estivesse sentindo. Tudo o que ele queria reconhecer era a
irritação que sentia por Bishop por se mudar e forçar um estranho goela
abaixo. Ele poderia lidar com seus amigos seguindo em frente com suas vidas;
ele estava acostumado a ser jogado para o lado. Mas o que ele não estava
acostumado a estar observado de perto outro homeme sentindo aroma único
do jeito que ele fez com Wood. Provavelmente é algo antigo como English
Leather ou Wind & Timber. Ele ignorou a voz irritante no fundo de sua mente
que o lembrou que Wood tinha apenas quarenta e seis anos, nem mesmo era
tão velho quanto Mike. E ele nunca considerou Mike velho e ainda não o

49
considerava.

Trent apertou o volante com as mãos frias. Ele se perguntou se seu


melhor amigo estava realmente fazendo isso com ele. Bishop estava lutando
para dividir seu tempo entre a escola, o amor de sua vida, seu pai, seu novo
negócio e seu melhor amigo. E Trent tinha certeza de que o alinhamento
vertical de Bishop caiu nessa ordem. Mike e Bishop nunca mais estavam por
perto e devem estar se sentindo culpados por deixar Trent de fora. Agora
parecia que ele estava sendo imposto a outra pessoa. Alguém com quem ele
parecia não ter nada em comum e provavelmente não queria ser incomodado
por ele em primeiro lugar. Mas os mendigos não podiam escolher, e Wood
precisava de um lugar para ficar. Então isso significava brincar com as sobras.

Trent levou o punho à boca quando teve vontade de bater no painel.


Atacar não o faria se sentir melhor, então ele lutou para afastar a decepção.
Todo mundo estava começando a fazer suas próprias coisas, e era hora de ele
fazer também. Ele não tinha mais família com quem pudesse contar e perdera
a namorada há muito tempo porque não conseguia ser honesto consigo
mesmo. Mas ele estaria condenado se aceitasse alguma amizade de pena. Se
isso significava que ele tinha que ficar sozinho, então que fosse. Ele já havia
percorrido esse caminho antes.

Trent saiu da garagem e começou a trabalhar.

50
Capítulo 6
Wood

Wood estava vestido com uma calça escura verde-oliva e uma camisa
preta de gola que ele comprou no Goodwill. Ele se olhou no espelho do
banheiro depois que terminou de pentear o cabelo do rosto com os dedos.
Quando terminou, fez questão de limpar a bagunça, pois parecia que Trent
gostava de manter as coisas organizadas. Wood olhou para seu celular pré-
pago e se perguntou quanto tempo demoraria até que o idiota voltasse para
casa.

Ele estava sentado na poltrona no canto próximo à janela da sala de


jantar, desenhando em seu bloco, quando a porta da frente se abriu. Ele não
tinha certeza de por que seu pulso acelerou por um breve segundo ou desabou
quando Bishop entrou correndo em vez de Trent.

Bishop fechou a porta rapidamente atrás dele.

— Está mais frio do que a bunda de um pinguim lá fora.

— Teve muitos desses, não é? — Wood sorriu.

— O que você está fazendo perto da janela? — Bishop franziu a testa.

— Estou observando as estrelas. O que parece que estou fazendo.

Bishop sorriu, aproximando-se dele.

51
— Eu com certeza senti falta do seu senso de humor irônico, Wood.

— Desenhar aqui é mais fácil porque esta sala tem a luz mais brilhante.
— Wood apontou para a luminária acima dele. — Esta janela recebe boa luz
natural durante o dia.

— Se você quiser outra lâmpada, compre uma. — Disse Bishop, e


imediatamente mudou de assunto. — O que você achou de Trent?

Wood olhou para Bishop. Seu amigo pelo menos teve a audácia de
parecer culpado. Wood se levantou e jogou seu bloco de desenho na cadeira
enquanto ficava cara a cara com Bishop.

— Por que diabos você não me avisou?

— Porque eu sei que você não gosta quando os caras tentam empurrar
seus botões. E esse é definitivamente o modo de Trent. — Bishop deu a ele
uma expressão suplicante. — Vamos, Wood, ele não é tão ruim assim. Ele só
cutuca as pessoas de quem gosta. Ele vai crescer em você.

— Sei... Como mofo. — Wood resmungou.

Bishop sorriu brilhante e caloroso para ele, sabendo que Wood


sempre desistia quando ele o fazia. Ele deu um passo para trás e observou seu
ex-companheiro de cela. Droga, Bishop parecia bem. Ele estava vestido com
uma roupa bonita que ele tinha certeza não era comprada em um brechó
como a sua. O corpo de Bishop sempre foi impressionante, mas desde que ele
saiu, Wood sabia que ele estava trabalhando duro para tirar seu negócio de
paisagismo do chão. O trabalho manual parecia estar dando frutos. Embora.

52
— O que há com o intestino? Seus abdominais pareciam tijolos da
última vez que te vi. Agora você tem uma barriguinha, cara.

Bishop riu alto e deu uma tapinha em sua barriga quase lisa.

— Merda, cara, esse é o Eddie. Eu disse que ele está me alimentando


demais.

— Hum... — Wood cantarolou, balançando a cabeça ao ver a expressão


apaixonada no rosto de seu amigo. — É o caminho para o coração de um
homem, certo?

— Claro que é. — Bishop sorriu. — Falando em comida. Venha, vamos


para a praia. Estive pensando em um jantar de frutos do mar o dia todo.

— Parece bom. Deixe-me pegar meu casaco. — Wood pegou seu bloco e
o levou para o quarto, e Bishop o seguiu.

— Então, como foi a noite passada?

Wood soltou um longo suspiro de exaustão.

— Não foi exatamente um momento quando Harry conheceu Sally.

Bishop ficou em seus calcanhares enquanto foi até o armário e tirou o


cachecol e um gorro grosso. Ele ignorou as vibrações quase desesperadas
vindo de trás quando ele desligou a luz e saiu de seu quarto.

— Trent é realmente um cara legal depois que você passa pela guarda. E
acredite em mim, está no lugar por um motivo. Mas se você puder ignorar o
barulho e ganhar o respeito dele, ele começará a confiar em você. Com sua
confiança vem sua lealdade. E se você tiver sorte o suficiente para ganhar isso,

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então ele será o melhor homem do mundo para ter ao seu lado.

— Melhor que você? — Wood perguntou, percebendo que estava


intrigado com o desafio repentino.

— Dez vezes melhor. — Disse Bishop, e então agarrou seu ombro. —


Você não está pensando em ir embora, está? Vamos, Wood. Você está
acostumada a lidar com homens tagarelas que simplesmente... Precisam de
um amigo.

Wood girou em cima de Bishop quando eles chegaram à sala de estar.

— Aquele cara não precisa ou não quer um amigo. E mesmo se quisesse,


ele não me quer... Ele quer você.

— Trent me tem. — Bishop franziu a testa.

— Ele tem? — Wood perguntou sério.

— Sim! Mas eu quero vocês dois. Quero dizer, quero que vocês dois se
dando bem para que possamos relaxar todos juntos. Duplique e tal. Trent não
quer sair comigo e com Eddie porque ele diz que não quer ser um terceiro na
roda.

Wood fez uma careta. — Você está louco? O que diabos você quer dizer
com dupla? Eu e ele não somos um... Ele acha que eu sou o pai do tempo. Ele
me perguntou se eu tinha alguma restrição alimentar.

A porta da frente se abriu no momento em que Bishop soltou uma


gargalhada. Trent sorriu ao entrar, como se estivesse agradavelmente
surpreso ao vê-lo ali. Então seus olhos esfumados pousaram em Wood e seu

54
sorriso caiu de seus lábios mais rápido do que Lúcifer caiu em desgraça. Era
difícil não notar o brilho levemente irritado enquanto ele examinava
a roupa “bem vestida” de Wood.

— Foi uma longa implantação, hein, marinheiro? — Trent perguntou


maliciosamente. — Parece que você está planejando ter mais do que apenas
jantar esta noite.

Wood estreitou os olhos e Bishop se apressou em falar como


se sentisse a discórdia.

— Trent, vá limpar bem rápido e se trocar. Vamos levar Wood para sua
antiga loja e, em seguida, comprar um pouco de comida no Rudee's. — Bishop
esfregou avidamente as mãos grandes. — Vamos, esse é o seu restaurante
favorito.

Trent olhou para trás e para frente entre eles, seu olhar demorando
em Wood mais alguns segundos, então balançou a cabeça.

— Vocês vão.

— Trent... — Disse Bishop, parecendo surpreso.

— Só estou cansado, certo? Trabalhei o dia todo. — Trent passou com


sua bolsa e sussurrou na direção de Wood: — Espero que você se divirta.

— Droga. — Bishop sibilou. — Por que ele não sai dessa?

— Nem todo mundo gosta de mudanças. Especialmente quando é


forçado sobre eles. — Wood acrescentou seus dois centavos, quisesse Bishop
ouvir ou não.

55
— Vamos embora. A loja vai fechar em uma hora. — Bishop saiu antes
dele, e Wood apagou as luzes e trancou a porta da frente.

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Capítulo 7
Wood

— Cara, muita coisa mudou aqui embaixo. Uau, vejo que a mansão mal-
assombrada ainda está lá. — Wood disse enquanto Bishop os conduzia pela
Avenida Atlântica vinte quilômetros por hora.

Ninguém dirigia rápido na pista; eles tiveram que navegar devagar para
absorver tudo o que tinha a oferecer. Como era inverno e época de baixa
temporada para turistas, não estava fervilhando de gente. Qual foi a hora
perfeita para ele ir. Ele não preferia grandes multidões; eles o deixavam
nervoso. Sempre acontecia algo quando muitas pessoas estavam reunidas em
um só lugar. Ele fez com que a janela do caminhão de trabalho de Bishop
abaixasse até a metade para que pudesse sentir o cheiro do mar salgado e
ouvir as ondas batendo na costa.

Ele se lembrou de ter caminhado até o Dairy Queen pelo qual tinham
acabado de passar e de comer um sorvete de menta Oreo Blizzard1 em seu
intervalo entre os clientes. E o Beach Arcade, onde ele envergonhou seus
amigos em Skee-Ball no fim de semana antes de eles irem para o bar. Ele
estava feliz que algumas coisas nunca mudaram. Havia um novo monumento
da aviação naval ao longo do calçadão, e Wood decidiu que pegaria o ônibus
de volta sozinho mais tarde e verificaria. Tantas memórias o inundaram

1
Sorvete de menta com pedaços de biscoito de chocolate oreon.

57
quando Bishop parou no meio-fio em frente à loja de tatuagem em que ele
colocou seu sangue, suor, lágrimas e economias inteiras, apenas para vê-lo
agora com o nome de outra pessoa na frente. Ele não saiu imediatamente
enquanto olhava pelas janelas de vidro.

— Você está bem, cara? — Bishop perguntou baixinho.

Wood acenou com a cabeça rigidamente. Se alguém conseguia entender


a turbulência interna que ele estava sentindo, era o cara ao lado dele. Ele
queria irromper por aquelas portas e dizer a quem quer que estivesse em sua
estação para sair do caminho, e então cavaria na bunda do aprendiz por não
ter as janelas imaculadas.

— Entre e veja o que eles dizem, Wood. — Encorajou Bishop.

— Eu estou... Eu só... Eu só queria ter meus malditos portfólios. —


Wood grunhiu. Ele precisava recuperá-los de alguma forma, mas aquela seria
uma guerra difícil, e ele tinha que se concentrar em uma tarefa administrável
de cada vez.

— Vou parar no estacionamento municipal e te encontro de volta aqui.


— Disse Bishop, e Wood sabia que não podia mais protelar.

Ele saiu da caminhonete e entrou na familiar, mas estranha loja de


tatuagem. A localização era perfeita, e o tráfego de pedestres não parava
durante a alta temporada. Ele e Gary ganhariam o suficiente durante o verão
para carregá-los durante todo o ano, durante os meses mais lentos. Um
homem com longos cabelos loiros e raízes negras ergueu os olhos do balcão
quando ele entrou. Ele deu a Wood um aceno rápido e acenou para que ele

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fosse até o balcão.

— E aí, irmão. Como posso ajudá-lo? — O homem parecia não ter mais
de trinta anos, com sua barba baixa e sorriso torto.

— Sim, hum. Gostaria de saber se você sabia onde eu poderia encontrar


o dono anterior deste lugar. Seu nome era francês, Gary French. — Wood
queria desesperadamente bisbilhotar, mas manteve contato visual.

— Sim, eu sei Frenchy. — Disse o cara. — Ele vendeu este lugar para
meu tio há cerca de dez anos, e eu comprei dele em dois mil e dezoito. Como
você o conheceu?

— Eu era seu parceiro de negócios quando ele abriu pela primeira vez. —
Disse Wood gravemente, sentindo a dor ao se lembrar de seu amigo há muito
perdido.

— Não brinca. — O sorriso do cara ficou mais amplo. — Eu nem sabia...

— Wood? — Um homem disse, vindo da porta onde o antigo escritório


de Wood costumava ser. Ele sorriu para o homem reconhecível que uma vez
foi aprendiz de Gary. Ele era mais velho, é claro, e tinha um pouco de cinza na
têmpora e rugas de expressão nos cantos dos olhos, mas parecia o mesmo. —
Herschel Wood, é você?

Brad se aproximou e agarrou a mão estendida de Wood, em seguida,


puxou-o contra o peito. Ele o abraçou com força, dando-lhe um tapa forte nas
costas.

— Droga, é bom ver você, Wood. O que diabos você está fazendo, cara?

59
Wood zombou.

— Você quer dizer além do tempo?

Brad bateu em seu ombro.

— Bem, eu sei disso. Deus, você está grande agora.

— Eu sempre fui grande.

— Ahhh, você sabe o que quero dizer. — Brad fez um gesto por cima do
ombro para o jovem ainda olhando e sorrindo. — Este é meu sobrinho Elton,
nós o chamamos de El. Ele é o dono do lugar agora. Eu apenas apareço a cada
dois meses ou assim e folheio seus livros para ele. Ele é um bom garoto,
Wood. Talentoso como você.

— Espere um pouco. — Disse o sobrinho. — É este o Wood que pintou o


Jardim pendurado na galeria?

Wood virou a cabeça com a menção de sua pintura. Ainda estava lá?

— É, El. Esse é ele. Este é o Wood. Artista extraordinário, formou-se


como o primeiro de sua classe no Virginia Beach Instituto Arte. Ele ajudou
Gary a construir este lugar do zero. E deixe-me dizer a vocês, quando eles
abriram suas portas no verão de 2000, este lugar continuou lotando. Todos e
suas mães foram para a beira-mar naquele ano, e éramos a única boa loja de
tatuagem da região. Os designs de Wood fizeram os clientes voltarem tão
rápido que mal conseguiam deixar o último cicatrizar. E eu era o melhor
aprendiz que eles já tinham visto. — Brad sorriu, olhando ao redor da loja
com saudade. — Oh cara. Simplesmente não ficava melhor do que vocês. Pena

60
que não durou tanto quanto queríamos.

Wood estava lutando para conter a emoção que sentia agora que ficara
cara a cara com tudo que havia perdido. Um acidente de fração de segundo
alterou o curso de sua vida inteira. Falar assim com alguém que estava tão
perto de Gary estava colocando aquele peso na boca de seu estômago
novamente. Aquele em que ele queria se enrolar em uma bola de depressão
por ter estragado tudo. Isso é o que relembrar os bons tempos antigos fazia.
Brad sorriu e continuou tagarelando como se Wood tivesse acabado de sair
em um período sabático extralongo e não apodrecendo em uma jaula. Ele
jogou sua vida fora!

— Ei por que você não vai pegar algumas garrafas de água para nós, e
vou mostrar a Wood para onde mudamos seu jardim sagrado. — Disse
El. Brad deu um sorriso confuso, mas pelo menos parou de falar e foi fazer o
que El pediu.

Wood baixou a cabeça e murmurou:

— Obrigado.

— Então, quanto tempo você ficou? — El perguntou enquanto Wood


olhava ao redor do pequeno saguão. — Eu conheço o visual, sabe. Quando
alguém começa a falar sem parar sobre como você foi incrível.

Wood parou e ouviu o que El estava realmente dizendo.

— Cumpri dois anos e meio em Greensville por fraude em cheques em


dois mil e treze. Também cometi um crime antes de... Sabe...

61
— Fui pego. — Wood terminou.

El riu suavemente e passou a mão pelos longos cabelos. Agora que ele
estava virando a esquina, Wood podia ver que o homem mais jovem era quase
tão alto quanto ele, mas não tão musculoso. Suas unhas curtas estavam
pintadas de um preto fosco e ele tinha tatuagens de rosas em botão nas costas
das mãos. Ele usava jeans rasgados, um moletom de manga comprida e anéis
de prata em todos os dedos. Wood nunca tinha visto um estilo assim, mas
descobriu que gostava desse cara. El tinha olhos claros e pele bronzeada,
apesar de ser o meio do inverno. Seu cavanhaque era escuro e bem aparado ao
redor da boca larga. Wood percebeu que ele estava olhando quando a língua
de El serpenteou para brincar com a barra furada em seu lábio inferior. Puta
merda. Wood estava percebendo muitos jovens desde que ele saiu. Ele
precisava encontrar um bar maduro onde os homens fossem crescidos e
qualificados... E logo.

— Mudei sua pintura para a sala de estar nos fundos. É onde todos se
sentam enquanto aguardam sua consulta ou procuram por ideias em seus
portfólios. Me siga. — Wood ficou atrás de El, certificando - se de manter os
olhos voltados para cima e para a frente. — Normalmente não é tão lento
aqui. Eu tive alguns entrando antes. A loja está indo bem. Operando no
verde. Brad vai chutar minha bunda de outra forma. Ele sempre diz que Gary
e Wood nos deixaram uma mina de ouro, mas cabe a nós mantê-la assim.

Wood ficou surpreso com a configuração nos fundos da loja. Costumava


ser uma sala de estar para ele, mas El a converteu em uma sala confortável

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com sofás e cadeiras de veludo. Havia duas televisões de tela plana montadas
em cada lado da sala, e o longo bar no meio estava cheio de álbuns e
desenhos.

— Droga. Isso é legal. Eu gosto disso. — Wood disse honestamente.

— Realmente? — El perguntou como se a aprovação de Wood


realmente significasse algo para ele.

— Sério. — Houve anos de mudanças em sua casa, mas algumas coisas


ainda eram as mesmas. Como sua pintura pendurada no centro de
tudo. Cercado por uma cara moldura creme personalizada, com uma placa
assinada abaixo que diz — Não está à venda. — Wood ficou na frente dele e
olhou por um longo momento, e El não o perturbou. Ele se perdeu nas cores
das pétalas e nos traços de verde no exuberante jardim. Ele se lembrou de
cada pensamento que teve quando criou esta pintura. Cada emoção que ele
sentiu com cada pincelada. Adam “seu ex” gostava de entrar em seu estúdio e
fazer amor com ele na frente dele. Esta peça tinha sido seu orgulho e alegria,
sua única obra de arte que ele permitiu que fosse pendurada em uma galeria
de verdade. Ele até recebeu várias ofertas, embora nunca estivesse à venda.

— É melhor eu ir andando. Meu amigo está lá fora esperando por mim.


— Wood disse, sua voz soando crua e torturada.

— Sim, claro. — Disse El. Ele seguiu Wood em direção à frente, falando
com suas costas. — Em que loja você está agora?

— Eu não estou em uma loja. Não estive fora por muito tempo e queria
ver se poderia pegar tudo de novo. Recomeçar... — Wood não tinha certeza de

63
pedir o que queria mais.

— Você renovou sua licença e tudo mais? — El perguntou, ficando atrás


do balcão.

— Não. Ainda não. Para ser honesto, estou apenas começando. —


Respondeu Wood.

— Olha, hum. — El começou a mexer em suas joias, girando a faixa


grossa em torno de seu dedo médio. — Me sinto uma merda pedindo isso a
alguém como você, mas sei o que é preciso para recomeçar no negócio... E
acabei de me livrar de três dos meus artistas algumas semanas atrás. Eles
foram pegos fazendo alguma merda clandestina, então estou limpando a casa,
me preparando para este verão.

O peito de Wood se expandiu e ele tentou conter a emoção que


borbulhava por dentro.

— Espero não estar te insultando, e eu sei que você sabe muito mais
sobre esse negócio do que eu e provavelmente seria você me ensinando mais
do que qualquer coisa, mas é uma maneira rápida de obter sua licença de
volta se vocêcomeçar em uma loja com um programa oficial de aprendizagem.

Wood quase teve vontade de agarrar o jovem e girá-lo nos braços.

— Eu não sei o que dizer. Quero dizer, você tem certeza? — Você não
está preocupado em trabalhar com um criminoso condenado?

As bochechas quentes de El ficaram rosadas.

— Seria uma honra. Verdadeiramente. Eu só precisaria de uma cópia de

64
sua licença expirada, e se você tivesse alguns portfólios para eu folhear
enquanto envio a papelada para o conselho de cosmetologia, isso seria ótimo.

— Eu posso levar isso para você. — Disse Wood, embora não tivesse
certeza de como.

— Conseguir o que? — Brad perguntou quando ele saiu do escritório


com suas águas. — Eu sinto muito que demorou tanto. Eu tive que atender
uma ligação. El, era o eletricista. Eu confirmei a consulta para amanhã.

— Obrigado. Wood vai trabalhar aqui enquanto ele renova sua licença.
— Disse El quase com orgulho.

— Droga, merda! — Os olhos de Brad quase saltaram das órbitas


quando ele deu a volta na mesa e agarrou o sobrinho pelos ombros. — Isso aí!
Essa é a melhor decisão de negócios que você fez o ano todo, garoto. Merda!

Seus sorrisos eram contagiosos, e Wood se viu sendo pego pela


empolgação.

65
Capítulo 8
Trent

Trent estava deitado no sofá jogando seu videogame on-line quando


ouviu a caminhonete de Bishop estacionar na garagem. Ele verificou a hora
em seu celular como se não tivesse feito isso há cinco minutos e jogou-o na
mesa de centro. Já passava da merda da meia-noite; o restaurante fechou há
duas horas. O que diabos eles estavam fazendo todo esse tempo? Wood usou a
chave para entrar e, quando Trent viu o sorriso enorme em seu rosto, não
soube por que ficou tão irritado. Onde estavam as maneiras de Wood? Se
Trent tivesse acabado de se mudar com alguém que não conhecia, não estaria
dormindo por aí e entrando em casa a qualquer hora da manhã no dia
seguinte.

— Boa noite. — Wood disse facilmente enquanto pendurava o casaco


no cabide e tirava o chapéu e o cachecol.

Wood passou a mão pelo cabelo e soprou na palma da mão enquanto se


dirigia para a cozinha. Ele abriu a geladeira e se abaixou para pegar uma
garrafa de água na prateleira de baixo.

— Está muito frio lá fora esta noite, especialmente perto da água. Você
deveria ter vindo conosco, Trent. O jantar foi incrível.

Trent fechou os olhos ao som de seu nome saindo da boca de Wood com

66
aquela voz profunda e corajosa. Ele não observou a maneira como a garganta
de Wood funcionava enquanto ele engolia uma garrafa inteira de água em
segundos. E ele não conseguia reconhecer quanto espaço seu grande corpo
ocupava na cozinha. Então, ele fez o que estava acostumado a fazer quando
estava chateado. Ele empurrou.

— Onde estava Edison esta noite?

Wood encostou-se ao balcão com os polegares enfiados nos bolsos da


calça. Trent percebeu um brilho de metal sob a luz fraca e percebeu que Wood
tinha uma grossa corrente de prata que ia da lateral ao bolso de trás. Trent
revirou os olhos. Caras nem usam mais isso.

— Bishop disse que Edison estava trabalhando até tarde.

— Sei... — Trent se aproximou mais para mostrar a Wood que não se


intimidava com sua aparência de motociclista ou seu tamanho. —
O Bishop não tem prova no final da semana?

Wood o encarou por um momento, depois encolheu os ombros.

— Eu não sei. Ele não mencionou isso.

Trent balançou a cabeça. Ele não era tão bom quanto Bishop em ler as
pessoas, então não estava exatamente pronto para confiar em Wood. Não
quando ele não sabia nada sobre ele. E em vez de eles jantarem em casa esta
noite e se conhecerem, Wood mal podia esperar para sair e conhecer outra
pessoa. Sem pensar, Trent perguntou:

— Por que você foi preso, Wood? — Ele viu uma rachadura no

67
comportamento frio de Wood quando fez a pergunta, o que o levou a acreditar
que era algo horrível.

Por vários segundos, Wood não respondeu, e quanto mais Trent se


mantinha firme, mais se arrependia de fazer a pergunta. Não foi algo que um
homem perguntou a outro homem, e com certeza não foi algo que dois ex-
presidiários discutiram. Trent sabia melhor, mas não recuou.

— Bem?

Wood pareceu sair de qualquer estupefação em que havia entrado e deu


seus próprios passos ousados na direção de Trent. Quando ele se inclinou,
Trent respirou fundo, seus olhos indo direto para a boca firme de Wood. Ele
queria recuar e abrir algum espaço entre eles, mas não sabia como mostrar
submissão.

— Não é da sua conta. — Wood rosnou.

Foi a primeira vez que Trent ouviu Wood ser tudo menos educado, e
sabia que deveria parar enquanto estava à frente, mas esse nunca foi seu
estilo.

— Ele é o meu negócio se você vai estar envolvendo Bishop. Ele teve um
ano difícil desde que saiu, e não vou deixar você corrompê-lo e bagunçar tudo
pelo que ele trabalhou.

— Corrompê-lo? — Wood fez uma careta. — É isso que você pensa que
estou fazendo? Você não me conhece bem o suficiente para me julgar, Trent.

— Você está certo, Wood! Não sei nada sobre você. Eu nem sei seu

68
maldito nome. Wood é seu primeiro nome? Seu último Nome? É apenas
Wood? Como SEAL ou Cher. Ou Wood é seu nome de usuário no Grindr? Eu
não tenho ideia. — Trent provavelmente não tinha o direito de fazer
exigências, mas era uma merda tentar forçá-lo a viver com um completo
estranho. Agora ele estava curioso para saber o que Wood estava escondendo.

— Se você estava tão preocupado com o que estávamos fazendo hoje à


noite, então deveria ter aceitado o convite e vindo conosco. Bishop e eu fomos
jantar, Trent. Isso é tudo. Encontrei um velho amigo com quem trabalhava e
ele se juntou a nós. Começamos a conversar e relembrar... e talvez perdemos a
noção do tempo. — Wood fechou os olhos e pareceu respirar fundo antes de
continuar. — Bishop não me disse que eu teria outro diretor para responder
enquanto morasse aqui.

Trent sentiu o rosto esquentar e o coração martelando no peito. Ele


estava ficando nervoso e frustrado por não poder obter uma resposta direta
de Wood. Foi assim que ele soube que seu novo colega de quarto não
permaneceria por aqui, e não demoraria muito para que Mike estivesse
arrastando algum outro pobre coitado para morar com ele. Trent tinha
perdido a conta de quantas vezes lhe disseram que era intolerável estar por
perto. Ele estava cansado de ser deixado sozinho, cansado de ser jogado de
lado e não tinha ideia de como impedir que isso acontecesse continuamente.
A cabeça de Trent começou a latejar, e o latejar atrás de seu olho esquerdo só
serviu para frustrá-lo ainda mais. Ele não sabia por que estava exercendo
tanta energia em alguém que não conhecia... De todo.

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— Veja. Posso ver que você precisa de um tempo sozinho.

— Realmente? — Trent falou. Ele cruzou as mãos sobre o peito em um


esforço para silenciar o baixo batendo atrás de sua caixa torácica. Ele cometeu
o erro de inalar a fragrância que parecia se fundir com o próprio perfume
de Wood para fazer uma combinação inebriante que deixou Trent tonto e um
pouco louco. — Você realmente vai manter seu nome em segredo? Acho que
vou chamá-lo de Woody W. Wood.

Wood se encolheu com força, como se tivesse sido apunhalado por um


atiçador quente. Depois de várias respirações severas, como se estivesse
lutando para se acalmar, os olhos castanhos claros de Wood encontraram os
dele. E pela primeira vez desde que Wood invadiu a vida de Trent, ele viu o
fogo, a paixão e a dor ardendo naqueles orbes explodidos enquanto fechava o
pequeno espaço entre eles.

— Não me chame de Woody. Nunca me chame assim. Você entendeu?

Wood saiu da cozinha sem dizer mais nada, como se Trent tivesse sido
corrigido e agora fosse dispensado. Que diabos? Trent admitiu que nem
sempre sabia quando sair bem em paz, mas às vezes irritar alguém era a única
maneira de descobrir quem era realmente.

— Entendido. Boa noite, Woody?

Trent não conseguiu entrar em seu quarto antes que um antebraço


grosso e tatuado fosse enganchado em sua garganta. Ele ficou
momentaneamente chocado com a força absoluta que Wood possuía ao ser
girado com força e empurrado contra a parede. Trent conseguiu agarrar-se a

70
dois ombros largos antes que Wood estivesse em seu rosto, seus narizes se
tocando.

— O que...

— Ninguém nunca te ensinou a respeitar os mais velhos, garoto? —


Wood rosnou. Trent ficou imobilizado, imobilizado, e tudo o que pôde fazer
foi olhar fixamente, completamente fascinado.

71
Capítulo 9
Wood

— Você está louco pra caralho? — Trent sibilou com os dentes cerrados,
mas a coragem que tivera por trás de suas palavras anteriores se foi agora
substituída por cautela... E luxúria.

— Pedi educadamente que não me chamasse assim. Agora, estou te


dizendo. Não. Faça. Meu nome é Herschel Wood, Jr. Sem nome do
meio. Você pode me chamar de Herschel ou Wood, só isso. Eu teria te
contado isso se você tivesse se incomodado em perguntar. — Wood ficou
furioso. Ele tinha o antebraço sobre o peito de Trent, empurrando as costas
contra a porta do armário no final do corredor escuro. Ele não conseguia
acreditar no que estava fazendo, mas como Trent ousava levá-lo ao limite
assim? Wood pressionou com tanta força que só restou ar e mal-entendido
entre eles, a boca a poucos centímetros dos lábios entreabertos de Trent. —
Você queria obter uma reação de mim, seu merdinha irritante e imaturo...
Agora você tem uma.

Os olhos de Trent brilharam enquanto ele tentava empurrar a porta,


mas Wood o segurou com sua massa.

— Foda-se. — Trent grunhiu, seu olhar quente fixou-se nos lábios


de Wood.

72
Wood deu um sorriso malicioso e gostou enquanto Trent se contorcia
ainda mais contra ele.

— Você acha que eu não sei o jogo que você está jogando? Talvez
ninguém mais saiba, embora eu tenha ensinado melhor o Bishop, mas posso
ver através de sua bunda transparente, Trent. Tão claro.

Os desejos mascarados de Trent eram óbvios Wood percebeu isso no


momento em que ele pôs os olhos nele. Ele sabia que não estava errado. Mas
ele queria deixar Trent fora dos limites. Bishop só queria que eles fossem
amigos, mas Wood estava com medo de que ele finalmente tivesse que dizer
ao amigo que isso não aconteceria. Os quatro não estariam saindo juntos o
tempo todo. Havia muita merda bagunçada acontecendo com Trent, e Wood
merecia alguns dias de paz. Ele não tinha mais paciência para aguentar as
merdas de homens hesitantes. Ele não tinha dúvidas de que Trent estava
pressionando seus botões... Porque ele queria que Wood pressionasse de
volta.

— Wood. — Trent rosnou, enquanto se agarrava firmemente aos


ombros com as duas mãos.

A resposta de Wood foi outro sorriso astuto. Trent percebeu que não
estava afastando Wood, ele o estava segurando perto? Wood não apontaria
isso ainda. Se Trent queria se divertir um pouco com ele, tudo bem. Ele se
divertiria até a hora de partir. Ele deveria saber que essa configuração era boa
demais para ser verdade. O que Trent fez com ele foi exatamente o tipo de
confusão a que Wood estava acostumada. Pessoas o julgando e condenando

73
sem motivo.

Trent ficou completamente imóvel quando Wood arrastou o nariz pela


testa e pela lateral do rosto. Sua voz estava trêmula e sua respiração quente e
rápida ao longo da garganta de Wood.

— Que porra você está fazendo?

— Estou fazendo o que você quer que eu faça. — Wood cerrou os


dentes. — Estou jogando seu jogo de merda, Trent.

— Eu não estou jogando nada. — Ele respirou.

— Oh sim, você esta. — Wood soltou Trent de repente, mas ele não se
afastou. Ele se inclinou até que sua boca estivesse contra a orelha de Trent. —
Mas estou prestes a mostrar que sou muito melhor neste jogo do que você. —
Wood lentamente se afastou, então inclinou a cabeça para o lado, apontando
para o aperto punitivo de Trent que ele ainda tinha em seus ombros. — Agora
me deixe ir.

Trent respirou fundo, então puxou as mãos, olhando para eles como se
nunca os tivesse visto antes. Ele fez uma careta para Wood como se não
quisesse nada mais do que bater sua maldita cabeça.

— Isso vai ser divertido. — Wood resmungou e se fechou em seu quarto,


deixando Trent atordoado e confuso do lado de fora de sua porta.

74
Capítulo 10
Trent

— Pare de rir, Summer, não é engraçado. — Trent jogou o segundo


caroço de maçã em sua lancheira, desejando ter escolhido comer sozinhohoje.
— Ele me chamou de um pequeno chato... Não... Foi, um pequeno pirralho
irritante e imaturo.

— Oh meu Deus. — Summer rolou para o lado, segurando a barriga


enquanto tentava controlar sua diversão. — Eu já gosto dele.

— Aposto que ele chama todos com menos de cinquenta anos de


imaturos, já que tem uns cem anos. — Murmurou Trent, empurrando
Summer de cima dele.

— Você disse que ele tinha quarenta e seis anos. Isso não é velho, Trent,
e você sabe disso. — Summer colocou sua garrafa térmica com sopa de
lentilhas de lado e se virou para encará-lo no banco do passageiro. Eles
costumavam almoçar no caminhão em vez de ficar sentados no local de
trabalho no frio congelante. — Vamos lá, seja honesto. Qual é o verdadeiro
problema que você tem com esse cara?

Trent olhou pela janela da frente, recusando-se a encontrar os olhos


astutos de Summer.

— Nada.

75
— Nada? — Ela pressionou.

— Porque ele... — Trent hesitou enquanto tentava contar a Summer


uma razão legítima para ter pressionado Wood tanto na noite anterior.

— Você pode ser honesto comigo, Trent. — Summer disse suavemente,


estendendo a mão e tocando seu antebraço tenso.

— Eu sei. — Trent suspirou, mas ele ainda tinha que ser honesto
consigo mesmo. Como ele poderia dizer a Summer que havia causado sua
melhor primeira impressão e Wood ainda mal podia esperar para sair de lá na
noite seguinte.

Summer sorriu suavemente e acenou com a cabeça. Seu capataz não


mostrava seu lado bondoso com frequência, apenas para ele de vez em
quando, quando precisava. Summer trabalhava no campo dominado pelos
homens da construção civil, e seu título não tinha sido conquistado
facilmente. Se ela mostrasse algum sinal de fraqueza, era rapidamente usado
contra ela. Mas ela tinha um aliado em Trent, e a maioria dos caras sabia que
agora devia tomar cuidado. Além de Bishop, Summer era o único outro amigo
que Trent tinha. Eles não ficavam fora do trabalho com frequência, já que a
namorada de Summer era bastante possessiva com seu tempo livre, mas eles
trabalharam bem juntos todos os invernos antes de ele ser preso.

— Então, vamos lá, o que é?

— Eu não confio nele.

Summer assentiu de maneira compreensível enquanto pegava sua

76
salada de jardim.

— Trent. É o terceiro dia. Vocês acabaram de se conhecer. Você não


confia nele porque não o conhece.

— Exatamente! — Trent explodiu.

— Mas não é como se você estivesse dando uma chance ao cara


também. Por que ele tem que se abrir e contar sua história de vida quarenta e
oito horas após conhecer um estranho. Lembre-se de que ele conhece
Bishop... Não você. — Summer mastigou ruidosamente uma tira de pimentão
enquanto Trent olhava para o lado de seu rosto. — Como ele é, a propósito?

— Não sei. — Disse Trent.

Summer ergueu os olhos lentamente.

— O que você quer dizer com não sabe? Você não tem olhos?

— Sim, eu tenho olhos. — Trent bufou.

— Ok. Ele está usando véu desde que se mudou?

— Summer.

— Como você pode não saber o que ele parece...

— Ele é alto, ok! — Trent deixou escapar.

— Alto. — Summer zumbiu. — Eu tenho um metro e setenta e quatro,


Trent. Oitenta por cento das pessoas no mundo são altas para mim. O quê
mais?

Trent exalou um suspiro irritado.

77
— E forte. Ele tem muitas tatuagens do caralho. Incríveis. Barba cheia e
cabelo... — A mente de Trent voltou à noite anterior, quando Wood o prendeu
na parede e os fios de cabelo cinza claro caíram sobre sua testa. — É, hum,
cinza... Ele tem muitos cabelos grisalhos com tipo... Preto também. Ok! Isso é
uma descrição suficiente para você?

— Oh sim. Ele parece uma raposa. — Summer sorriu.

Trent tentou parar o coração de Summer com a ferocidade de sua


carranca, mas tudo o que ela fez foi rir na cara dele. Seu chefe há muito se
tornara imune à sua atitude e bufando. Tudo o que ele podia fazer era sentar
lá e aceitar o ridículo.

— Trent, você sabe que eu te amo como um irmão mais novo, certo?

— Você não é muito mais velha do que eu, Summer. — Trent encostou a
cabeça no encosto. Ele teve a mesma pulsação atrás do olho esquerdo durante
toda a noite, e nenhuma quantidade de analgésico o aliviou.

— Eu ganhei você por cinco anos. É o bastante. Então, deixe-me dar um


bom conselho.

Trent fechou os olhos.

— Tenho certeza de que vou conseguir, queira ou não.

— Isso é o que ela disse! — Summer riu alto, eventualmente fazendo


com que ele tivesse que esconder seu próprio sorriso.

— Você é um idiota.

— Mas de verdade. Aqui está meu conselho. Primeiro. Seja verdadeiro

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consigo mesmo, Trent. Por favor.

— Que diabos isso deveria...

Ela levantou a mão, efetivamente interrompendo-o.

— Apenas o que eu disse. Depois, em segundo. Saia, vá a algum lugar e


transe, cara. Você e Sil terminaram há meses, e agora você tem teias de
aranha crescendo em suas bolas e isso está te deixando insuportável.

Trent riu daquela vez porque parecia verdade. Já fazia muito tempo.
Provavelmente o caminho mais longo para Wood embora. Trent baixou a
cabeça entre as mãos, porque pela milionésima vez hoje, seus pensamentos
voltaram para seu colega de quarto. Isso era parte do jogo que ele mencionou?
Trent realmente não estava brincando com nada, mas agora Wood estava
mexendo com sua mente. Ele fechou os olhos com força e tentou aliviar um
pouco a pressão que aumentava, mas tudo o que fez foi piorar a dor de
cabeça. Seu corpo... Seus sentidos estavam todos confusos.

O cheiro de Wood, a sensação daqueles fios prateados na bochecha de


Trent, aqueles malditos lábios tão perto de sua boca... Porra! Trent agarrou
seu capacete, saltou do caminhão basculante e voltou para o local de trabalho
sem dizer uma palavra.

— Trent, espere! — Summer gritou. Ele ouviu as botas dela esmagando


o cascalho enquanto ela corria atrás dele.

Ele diminuiu a velocidade o suficiente para que ela o alcançasse, mas ele
honestamente não queria ver o julgamento em seus olhos. A voz silenciosa

79
que ele ouviu o chamou de covarde maldito por pegar o caminho do covarde e
tentar afastar Wood.

— Você sabe onde estou se precisar de mim. — Disse ela quando caiu no
passo ao lado dele.

Ele bateu em seu capacete.

— Obrigado, chefe.

— A qualquer momento. — Ela piscou, então sem esforço baixou sua


severidade de volta sobre seus lindos traços e se separou dele para tirar os
caras de suas bundas e de volta ao trabalho.

80
Capítulo 11
Wood

Wood sentou-se à mesa de jantar comendo uma caixa de Tamales


picantes2 e olhando para seu bloco de desenho quando seu colega de quarto
voltou para casa. Ótimo. Ele não se preocupou em cumprimentar Trent com
um “boa noite”, esperando para ver se o homem ainda estava chateado com
ele. Ele ouviu o som dos passos pesados de Trent enquanto ele ia até o
armário e jogava sua bolsa e capacete dentro. Enquanto ele tirava o casaco
grosso, Wood ergueu os olhos a tempo de ver Trent curvado, tirando as botas.
O homem com certeza tinha uma bela bunda. Era redondo e parecia firme
para apertar, e Wood apostou que suas mãos se encaixariam perfeitamente,
agarrando aquela cintura estreita enquanto...

— O que você está olhando? — Trent perguntou, agora enfrentando


Wood com as mãos na cintura. Os quadris em que ele estava pensando em
deixar impressões digitais.

— Estou olhando para o que diabos eu quero. — Wood respondeu, sem


perder o ritmo, independentemente de ter sido pego sem querer.

— Você quer que eu ande devagar para que possa ver melhor? — Trent
murmurou, depois se virou e entrou no quarto.

2
O tamal ou tamale é um prato tradicional da culinária mesoamericana, feito de masa, uma massa normalmente feita à base de milho, que pode ser
cozida a vapor, ou então fervida num invólucro.

81
Eu sou um maldito se vou estrangulá-lo, Bishop. Eu juro por Deus.
Trent saiu alguns minutos depois com uma toalha xadrez azul e branco,
amarrado frouxamente em torno de sua barriga lisa, e outra toalha pendurada
no ombro. Da mesa, Wood pôde ver aquele sorriso sarcástico no rosto de
Trent. Seu colega de quarto fez questão de sacudi-lo e murmurar um “foda-
se” bem legível antes que ele se fechasse no banheiro.

— Você deseja, seu merdinha. — Wood murmurou baixinho. Deus, o


que ele estava fazendo? Ele colocou mais alguns Tamales na boca, então
voltou ao desenho de uma videira de rosas emaranhadas ao redor de um
coração. Depois de adicionar um pouco mais de sombra a um espinho afiado,
ele largou o lápis e reclinou-se na cadeira. Passava um pouco das sete e ele
estava ficando com fome, seu magro almoço de atum com trigo da máquina
de venda automática do trabalho havia sumido. Ele não tinha certeza do que
era e não tinha permissão para comer, então pedir era provavelmente melhor
até que ele pudesse fazer suas próprias compras no mercado.

Ele pegou seu celular barato e parou no armazém mais próximo. Ele não
tinha comprado sua própria comida há muito tempo, e ele estava curioso para
saber como estavam os preços agora. Wood endireitou o corpo enquanto
folheava o anúncio semanal da Kroger. Ele não conseguia acreditar quanto
custava um quilo de lombo ou o custo de um saco de asas. Jesus. Wood
arrancou um pedaço de papel de seu caderno e começou a fazer uma lista de
necessidades. Seu desejo por bife e pernas de caranguejo teria que esperar se
ele quisesse pagar a conta do celular na próxima semana. Em vez disso, optou
por massas fáceis, peito de frango desossado e mais frios para sanduíches.

82
— O que diabos você está olhando com tanta força? — Trent perguntou
quando ele entrou na cozinha.

— Não é da sua conta. — Disse Wood, sem se preocupar em olhar na


direção de Trent, o que só pareceu irritá-lo mais quando ele bateu rudemente
na mesa com o quadril.

— Deixe-me adivinhar. Esses são os classificados de apartamento que


você está verificando? — Trent zombou.

— Você já está se apegando a mim? — Wood perguntou, ainda focado


em seu desenho. — Deveria ter sabido.

— Você é um filho da puta muito arrogante, não é?

Wood beliscou a ponte do nariz antes de dar ao maldito pirralho sua


atenção. Ele teve uma resposta sarcástica na ponta da língua, mas esqueceu o
que era quando olhou para cima e fixou o olhar em Trent. Ele ainda estava
cheio de atitude e cautela... Mas a animosidade que Wood vira lá antes se foi,
substituída por algo que parecia mais próximo do respeito.

Se você puder ignorar o barulho e ganhar o respeito dele, ele começará


a confiar em você. Com sua confiança vem sua lealdade.

Wood se lembrou do segredo que Bishop lhe contara sobre Trent. Ele
decidiu continuar dando o melhor que podia, porque parecia que a única
maneira de seu colega de quarto mostrar-lhe alguma decência e parar de
tentar brincar com sua mente. Se Trent queria um desafio, então ele lhe daria
um. Ele fechou seu bloco de desenho com um estalo forte quando o olhar de

83
Trent viajou por seu desenho.

— Isso também não é da sua conta.

Trent franziu o cenho para ele.

— Eu não estava tentando ver isso, idiota.

— Sim, você estava.

— Não, eu não estava.

— Ok. — Wood se levantou e deixou Trent na cozinha. Ele teria ficado


para mexer com ele um pouco mais, mas no momento em que Trent chegou
perto o suficiente para ele sentir o cheiro de seu corpo recém-limpo, seu pau
ficou dolorosamente duro.

Ele se fechou em seu quarto e encostou-se na porta. Oh inferno. Ele


enfiou a palma da mão em seu short e apertou com a dor. O que diabos ele
estava fazendo? Droga, ele queria não gostar da provocação imatura de Trent
a ponto de ser um assassino de ereção, mas a picadinha estava tendo o efeito
oposto. Wood gemeu quando a pulsação ficou mais intensa. Ele tinha que sair
de lá e encontrar alguém do seu nível, mas ele só tinha saído da casa de
recuperação há alguns dias e tinha coisas mais importantes para cuidar.

Ignorando seu estômago vazio, Wood tirou suas roupas e agarrou sua
toalha para que pudesse tomar um banho. No banheiro, ele pensou em bater
uma punheta rápida para aliviar seu desconforto, mas decidiu contra
isso. Esperançosamente, em breve ele teria um homem forte e disposto em
seus braços, e uma vez que ele estivesse profundamente dentro de sua bunda

84
apertada... Foi quando ele deixou escapar anos de contenção reprimida. Ele
terminou sua preparação e vestiu um par de calças limpas de flanela,
dispensando uma camisa para que pudesse secar ao ar. Ele teria ficado em seu
quarto o resto da noite, mas o cheiro de carne frita permeando o trailer o
atraiu de volta para fora.

Wood demorou a andar pelo corredor, apreciando a vista do físico firme


de Trent em um par de moletons soltos e uma camiseta branca esticada sobre
os ombros tonificados, enquanto ele cuidava do que quer que estivesse
cozinhando no fogão. A visão era sexy como o inferno para ele, e ele não
parou seu avanço até que estava diretamente atrás de Trent e olhando por
cima do ombro.

— Hum... — Wood ronronou. — Cheira bem. Eu amo linguiça.

— Porra. — Trent saltou e atingiu Wood no estômago com o cotovelo.


Não havia força suficiente para machucá-lo, e Wood acabou rindo
enquanto colocava a mão sobre o estômago.

— Você já está me dando tapinhas de amor. — Wood se inclinou para o


lado e se apoiou no balcão enquanto observava Trent virar a carne. Quando
ele terminou, seu colega de quarto se virou para encará-lo, parecendo pronto
para entrar sabe-se lá o quê quando aqueles lindos olhos ficaram arregalados
como pires.

— Onde diabos estão suas roupas? — Trent gritou.

85
Capítulo 12
Trent

— Jesus! — Trent tentou desviar o olhar, mas era como se seu cérebro
estivesse dizendo aos olhos que não havia nada mais fascinante para ver no
momento do que Wood parado diante dele, limpo, molhado e com o peito nu.

— Eu estou com calor. Você ajustou o termostato para trinta e seis...


Isso é muito alto. Além disso, eu estou de roupa. — Wood disse calmamente.

— Não, você não está! — Foda-me. Ele está jogando novamente. Trent
marchou através do espaço apertado e pegou a caneta e as regras de uso
doméstico da geladeira, rasgando um pedaço do canto no processo, e
começou a rabiscar rapidamente: — Nova regra! Roupas devem ser usadas o
tempo todo. Da cabeça aos pés.

Wood estava balançando a cabeça com um sorriso imperturbável no


rosto que fez o sangue de Trent ferver enquanto ele prendia o papel com fita
adesiva. Ele voltou ao fogão determinado a se concentrar em seu jantar e não
em seu colega de quarto que por algum motivo não entendia o significado dos
limites.

— Por mais velho que você seja, eu acho que você entende o que é
espaço pessoal. — Trent brincou.

Wood deu meio passo para o lado, mal se movendo.

86
— Desculpe. Estou muito perto?

Trent zombou, cortando os olhos para um dos mamilos rígidos de


Wood, depois se apressando para desviar o olhar.

— Isso tem um cheiro bom. Existe o suficiente para mim? — Wood


perguntou educadamente.

Trent revirou os olhos, sabendo que soaria como um idiota completo se


dissesse não e comesse todo o pedaço de salsicha sozinho enquanto o
estômago de Wood roncava alto o suficiente para ele ouvir.

— Uma pequena quantidade, mas não pense que vou ser sua cozinheira.
Se você não sabe como, sugiro que assista a um programa de culinária ou algo
assim.

— Eu posso cozinhar. — Wood sorriu para ele e Trent estreitou os olhos


para não se perder na expressão. — Pelo menos eu acho que ainda posso, de
qualquer maneira. Algumas coisas você nunca esquece como fazer, não
importa quanto tempo... Estou certo, Trent?

A voz de Wood estava carregada de sugestões, e Trent sabia que deveria


tê-lo questionado... Mas por algum motivo... Ele não o fez. Trent cutucou o
jantar com sua pinça quando percebeu que ainda estava olhando para o peito
de Wood. Ele tinha cabelos lisos e sedosos, cinza claro, mas principalmente
pretos caindo lisos sobre seus peitorais largos. O cabelo descia por seu torso
musculoso e em suas calças largas que estavam tão baixas que Trent podia ver
as pontas dos pelos púbicos escuros de Wood. Trent sentiu sua pulsação
disparar à medida que baixava o olhar. Havia tanta coisa para ver. Todo o

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corpo de Wood, seus braços, seu estômago, todo o seu maldito peito era uma
variedade de flores desabrochando brilhantes e da natureza.

— Você tem alguma tatuagem? — Wood perguntou, enquanto ele


simplesmente ficava lá e recebia a porra de olho que Trent sabia que estava
dando a ele. Mas era tão difícil para ele não olhar. O que Wood esperava que
ele fizesse?

— Não. Nunca entendi as pessoas que fazem uma ou duas tatuagens e


sentem que têm que transformar seu corpo inteiro em uma obra de arte. —
Trent gemeu, pensando que não tinha saído bem. Seu golpe soou mais como
um elogio.

— É isso que você vê quando olha para mim? Um trabalho de arte? —


Wood perguntou, sua voz deslizando deliciosamente sobre o corpo de Trent
da mesma forma que as bolinhas de água escorriam pela garganta de Wood.

— O que há para comer com a salsicha ou estamos apenas comendo


carne pura como os carnívoros? — Wood olhou ao redor. — Sem
acompanhamento?

Trent bateu com a pinça na borda da frigideira. — Se você quiser uma


refeição de três pratos, faça você mesmo.

— Certo. — Wood lambeu seus lábios macios. — Talvez eu vá. Você quer
que eu cozinhe para você, Trent?

— Tanto faz. — Trent se virou para esconder o sorriso, tentando


esconder a indiferença que não sentia. Wood estava claramente flertando, e

88
até agora Trent ainda não tinha admitido que gostava... Ou não gostava. E
quanto mais ele aparecia, mais seu colega de quarto aumentava. Enquanto
Wood estava ocupado olhando para o telefone, Trent decidiu deixar seus
olhos vagarem porque a luta para não fazê-lo estava lhe dando outra dor de
cabeça.

— Essa foi a minha primeira. — Disse Wood de repente, e Trent se


encolheu, sentindo seu rosto esquentar em um inferno. — É um lírio que eu
continuei acrescentando. Como uma tatuagem, significa que você terá fortuna
no trabalho e boa sorte entre os amigos.

O olhar de Trent pousou na boca de Wood, surpreso por ele ter dito algo
tão poético.

— Foi lindo e viciante que, como você disse, eu continuei adicionando


mais e mais. — Wood esfregou a mão grande na barriga, olhando para o
próprio corpo. Ele apontou para o lírio e começou a traçar as pétalas verdes e
azuis de aparência delicada. — Eu adicionei a amarílis em seguida porque eles
estão tão perto do lírio, então as azaléas continuam descendo pela minha
pélvis e sobre meu quadril. — A voz de Wood estava quase melodiosa. Seu
baixo rico quase hipnotizou Trent. Wood estava puxando um lado da calça
para baixo, exibindo aquelas flores lindas que Trent conhecia muito bem. Ele
trabalha com paisagismo desde a adolescência porque sempre apreciou a
beleza que uma flor pode trazer a quase tudo.

Trent estava quase mordendo o lábio inferior enquanto esperava


que Wood abaixasse a calça um pouquinho mais e ele seria capaz de ver...

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— Tarde! — Bishop gritou ao passar pela porta sem ao menos bater
primeiro.

Trent estremeceu violentamente e correu para voltar para o fogão.

— Foda-se. — Ele rangeu enquanto abanava a fumaça e virava sua


salsicha carbonizada.

— Uh-oh. — Wood murmurou para apenas ele ouvir. — Nosso jantar


está queimando.

Wood

Bem, isso foi o que mais se divertiu Wood nos últimos tempos. A reação
de Trent ao seu flerte desatualizado não teve preço. Sem mencionar que
consertou um pouco de seu ego despedaçado quando Trent praticamente
babou em seu peito.

— Trent, o que você está queimando aqui? — Bishop perguntou,


pendurando o casaco no cabide.

— Nada. — Disse Trent, sem se preocupar em fazer contato visual com


ninguém.

— Não cheira assim.

— Acontece que eu prefiro um pouco de carvão na minha carne. —


Trent murmurou. — Obrigado.

— Desde quando? — Bishop riu e acenou para Wood a caminho do

90
banheiro.

— Ainda cheira bem para mim. — Disse Wood perto do ouvido de


Trent.

— O que você está fazendo? — Trent sussurrou.

— Qualquer coisa que você quiser que eu faça.

Wood deu a Trent algum espaço para respirar pouco antes de Bishop
sair e se juntar a eles. O que diabos ele estava fazendo? Essa foi uma pergunta
muito boa. Wood teve misericórdia de seu colega de quarto e foi vestir uma
camisa antes da hora de comer.

— Só pensei em passar por aqui e me certificar de que vocês não se


mataram. — Bishop deixou-se cair na cadeira de jantar, olhando entre eles. —
Como tá indo?

— Macios como pêssego. — Trent respondeu primeiro.

— Um mar de rosas. — Wood concordou.

Bishop riu.

— Qualquer dano que vocês façam aqui, vocês são os responsáveis.

Comeram salsichas como cachorros-quentes, embrulhados em uma


única fatia de pão com mostarda e ketchup e batatas fritas simples. A
conversa foi dominada principalmente por Bishop enquanto ele tentava
desesperadamente discutir assuntos em que todos pudessem se envolver, mas
Trent ficou rígido em sua cadeira com a boca bem fechada, parecendo perdido
em seus próprios pensamentos.

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— Wood. Você terminou o esboço para mim? — Perguntou Bishop.

— Claro que sim. — Wood enxugou as mãos nas calças e pegou o bloco
de desenho. — Dê uma olhada.

— Isso aí. — Bishop sorriu enquanto examinava o desenho de uma


tatuagem que queria que Wood fizesse para ele. — Isso representa Eddie
perfeitamente. Oh cara, Wood. As camélias são perfeitas. O que você disse
que eles significam no mundo da arte?

— Significa “você é a chama do meu coração”. — Wood fez questão de


não olhar para Trent, embora pudesse sentir os olhos penetrantes de seu
colega de quarto ao lado de seu rosto.

— Ele vai ficar louco. — Bishop sorriu, ainda focado no bloco. —


Quando você acha que pode fazer isso? Você já recebeu seu equipamento?

— Ainda não. — Wood disse sombriamente. — Eu avisarei quando eu


fizer isso.

— Você está fazendo uma tatuagem? — Trent perguntou abruptamente.

— Sim. — Bishop franziu a testa. — Eu disse que sempre quis um, T,


mas não queria pegar na prisão pelo amor de Deus. Eu queria algo bom, feito
por um profissional. E não existe nada melhor do que este homem aqui.

Olhos Trent foi para Bishop com a mão noombro do emocionado


Wood.

— Não, eu não sabia disso.

— Seriamente. Você viu as tatuagens dele?

92
— Você pode dizer isso.

— E os desenhos dele?

— Oh, isso não é da minha conta. — Trent sorriu e Wood deu uma
piscadela sutil que fez seu rosto ficar vermelho.

— Você deveria dar uma olhada. Ele é o melhor, Trent. — Elogiou


Bishop.

Wood podia apreciar o que Bishop estava fazendo, mas não precisava do
amigo para fazê-lo soar bem. Se Trent não podia vê-lo por ele, então ele não
se incomodaria. Trent não precisava saber que Wood já teve um futuro
promissor; uma vez ele teve uma loja que ficou lotada por meses... Antes de
estragar tudo. Ele não era mais aquele homem, e não precisava que Trent se
perguntasse para onde aquele cara tinha ido.

— Bem, a assinatura de Wood são suas flores, então vou comprar uma
para representar o amor da minha vida. — Bishop inclinou a cabeça, sua
expressão repentinamente curiosa. — Isso é um problema?

— Claro que não. — Trent se levantou sem dizer palavra e colocou os


pratos na pia, depois se fechou dentro do quarto.

Os dois olharam para o corredor vazio por um momento, nenhum deles


falando. Bishop eventualmente se levantou e lavou os pratos, dizendo a Wood
que queria chegar em casa a tempo de Edison ler para ele. Bishop colocou seu
casaco pesado, e Wood o acompanhou até a porta para que ele pudesse
trancar depois dele.

93
Bishop o encarou e perguntou:

— Se você tivesse que fazer, qual das uma de suas flores qual você
tatuaria em Trent?

— Um cacto. — Disse Wood sem pensar.

Bishop riu e disse-lhe para aguentar firme. Wood acenou com a cabeça e
deu um abraço em seu amigo antes de sair. Ele não quis dizer o que ele
sugeriu para soar como um insulto. O cacto era uma das plantas mais fortes e
duráveis do mundo. E era o favorito de Wood. Uma coisa viva tão milagrosa
que poderia crescer e se tornar algo poderoso... Com muito pouco cuidado.

94
Capítulo 13
A próxima semana passou como a última, enquanto Trent tentava evitar
Wood e sua implacável sedução tanto quanto possível em seus aposentos
próximos. Na maior parte do tempo, ele voltava do trabalho apressado e
tomava banho, jantava e se trancava no quarto o resto da noite. Mas estava
começando a ficar chato e ele preferia não ficar fechado muito tempo. O
despertador de Trent tocou pela segunda vez e, em vez de apertar a soneca
novamente, ele jogou o lençol para o lado e passou as pernas por cima da
cama.

Ele estava prestes a se levantar quando ouviu o chuveiro correndo no


banheiro do corredor. Droga. Wood não precisava estar no trabalho antes das
nove; por que diabos ele estava monopolizando o banheiro tão cedo? Trent
passou a mão pelos fios espetados de cabelo no topo da cabeça enquanto o
cobertor de flanela macia caia entre suas pernas abertas. O material era bom
contra sua ereção matinal, e ele tentou ao máximo ignorá-lo, mas continuou
ouvindo aquele maldito chuveiro... E a razão de Wood estar demorando tanto
nele. O que ele estava fazendo lá? Trent gemeu, não querendo pensar demais.
Seu pau estremeceu e ele tentou resistir à pulsação. Foda-se.

Trent baixou o queixo para frente e passou a mão por baixo das cobertas
amontoadas entre as coxas. Ele se agarrou com força, quase com raiva por
não conseguir se livrar das imagens por trás das pálpebras fechadas. Louco

95
porque não importava o que fizesse, seus pensamentos foram para o homem
que tornara Trent sua diversão noturna regular. Wood só aumentara sua
curiosidade nos últimos dias, e sempre que Trent tentava questioná-lo, Wood
se fazia de bobo como se não tivesse ideia do que Trent estava falando. Era
tão irritante e frustrante! Trent acariciou mais rápido, já sentindo um
formigamento forte na espinha que viajou cada vez mais baixo até que ele teve
que apoiar um calcanhar na beira da cama para se abrir mais. O ar frio era
bom em sua pele aquecida enquanto ele usava a outra mão para massagear
suas bolas.

Ele seria um mentiroso do caralho se dissesse que estava pensando em


uma mulher, ou seios, ou mergulhado em uma boceta de mel quente e úmida.
Mas tudo o que ele podia ver de pé sobre ele era uma figura alta com um peito
mais largo e mais forte do que o seu, com cabelo sexy prateado e preto
cobrindo uma das maravilhas da arte.

— Oh... — Trent gemeu, falhando em conter a gratificação. Ele nem


mesmo estava usando seu lubrificante, em vez disso, deixou que a fricção de
sua palma áspera lhe desse a quantidade certa de prazer doloroso. Ele deveria
saber que seria tão bom se não lutasse, se deixasse sua mente se entregar à
fantasia que realmente queria.

Trent corajosamente abaixou a mão, usando apenas o dedo médio para


brincar com as bolas. Ele queria se tocar ali, mas não podia... Não quando
sabia o que isso faria. Não quando ele conheceu a erupção de sentimentos e
memórias que ressurgiriam se o fizesse. Trent saltou da base até a ponta da

96
cabeça, extraindo o nirvana... E a agonia. Seus pensamentos fugiram dele
quando ele imaginou os dedos maiores e mais experientes de Wood
acariciando-o.

— Oh merda! — Trent apertou as nádegas juntas em desespero, os


dedos dos pés se curvando quando o orgasmo disparou dele, espirrando em
seu peito nu. Ele reprimiu um grito de êxtase enquanto mais esperma escorria
sobre seu punho apertado e descia por seu saco. Seu buraco pulsava enquanto
Trent tentava se acalmar de um dos orgasmos mais intensos que tivera em
muito tempo. Ele caiu de costas na cama, ignorando os motivos, e gostou dos
tremores secundários.

Ele usou uma camiseta suja para se limpar e correu pelo quarto para se
preparar para o trabalho. Mais e ele se atrasaria com certeza. Ele enrolou a
toalha em volta da cintura e jogou uma sobre o ombro enquanto saía do
quarto, apenas para ouvir o maldito chuveiro caindo. Droga. Ele
definitivamente não podia se dar ao luxo de se atrasar e pagar uma taxa
de juros se Wood iria aumentar a conta da água assim.

Trent bateu na porta frágil como se fosse a polícia. Se Wood estava


batendo forte, ele não deveria ter demorado tanto.

— Wood! Você estáaimuito tempo! Eu tenho que ir trabalhar cara, que


diabos? Saia!

97
Wood

— Ugh. Pirralho irritante — Wood resmungou, abaixando a cabeça sob


o jato quente uma última vez antes de fechar as torneiras.

— Nova regra, Wood! — Trent berrou pela porta.

Deus, é muito cedo para isso. Wood já não tinha vontade de esfregar o
chão e limpar banheiros públicos em seu trabalho, agora ele tinha que ouvir a
boca de Trent até sair pela porta.

— Não mais do que dez minutos no banheiro pela manhã! Você sabe que
eu tenho que trabalhar às sete, seu idiota imprudente...

Wood escancarou a porta e ficou tão perto do rosto de Trent que ele
pingou água nas bochechas enquanto olhava para ele.

— Bom dia para você também, raio de sol.

— Saia da frente. — Disse Trent, enxugando o rosto, a voz baixa e


gutural enquanto olhava para todos os lados, menos para ele. Wood observou
as narinas de Trent dilatarem-se quando ele o empurrou no peito para movê-
lo, mas Wood não se mexeu.

— É um pouco cedo para colocar suas mãos em mim, Trent. Eu sugiro


que você as mova. — Wood fez questão de manter o tom relaxado, embora
pudesse sentir a emoção em seu pau quando ele começou a pressionar sua
toalha.

Trent baixou as mãos.

— Então vá. — Ele rosnou daquela maneira que excitou Wood em vez

98
de intimidá-lo.

— Você tem espaço. — Wood acenou com a cabeça em direção à porta


do banheiro aberta. — Vá em frente.

Trent bufou de exasperação enquanto avançava lentamente ao redor do


corpo de Wood, que estava bloqueando a maior parte da entrada. Wood fez
questão de observar cada expressão de desejo lampejarnos olhos de Trent
quando ele roçou sua própria ereção no quadril de Wood.

— Você é um idiota.

— Você sabe que gosta disso. — Wood se virou e apoiou um braço em


cima da porta. — Quanto tempo você vai continuar brincando comigo, Trent?

— Até aqui. — Trent zombou e bateu a porta na cara dele.

Apesar de quão forte Trent estava rindo, Wood segurou onda dele e foi
se vestir para o dia. Ele fez questão de se apressar porque queria que Trent
continuasse a se animar antes de entrar. Com o passar dos dias, Wood ficou
ultraconsciente da proximidade da data do aniversário. E não era um dia que
ele iria comemorar com champanhe e flores ou uma noitada na cidade. Não.
Era o dia da redenção de Wood chegando, e mesmo que tivesse se passado
dezessete anos, ele ainda não estava pronto.

Wood largou a mochila ao lado da cadeira da mesa e preparou uma


xícara de café forte e uma tigela de cereal. E não foi por acaso que ele estava
usando a tigela de Trent. Wood ouviu música alegre e animada vindo do
quarto de Trent enquanto ele se preparava para o trabalho, e percebeu que

99
seu colega de quarto devia estar de bom humor. Era interessante que Wood
já estava reconhecendo esses sinais. Ele estava lendo uma mensagem de seu
agente, Brody, quando ouviu Trent sair. Ele digitou uma resposta rápida para
ele que estaria em uma reunião em breve e apertou Enviar assim que o peito
quente de Trent pousou em suas costas.

— Você fez isso para mim? Porque está na minha tigela. — Trent
perguntou naquele maldito tenor gutural, fazendo cócegas na nuca de Wood.
Ele percebeu que quanto mais ele e Trent se provocavam, mais corajoso ficava
seu toque.

Wood virou a cabeça para sentir o cheiro melhor, a barba arranhando


maravilhosamente a bochecha de Trent. Talvez percebendo o que estava
fazendo, Trent saiu de cima dele e foi até a geladeira preparar o almoço do
trabalho.

— Não se esqueça de que hoje é seu dia de lixo.

— Estou morando aqui há cinco minutos. — Wood franziu a testa de


brincadeira.

— Sim. Apenas o suficiente para pegar o lixo no dia. Eu tirei na semana


passada, hoje é sua semana. — Trent disse coloquialmente. — E não se
esqueça da lixeira.

Wood se levantou e colocou sua tigela na pia. Ele continuou a esbarrar


em Trent desnecessariamente enquanto preparava outra xícara de café.

— Você fica bastante confortável me dizendo o que fazer.

100
— Acho que você gosta que eu diga o que fazer. — Rebateu Trent.

Wood não respondeu porque era verdade. Em vez disso, ele perguntou:

— Qual era aquela música que você tocou ontem à noite?

Trent fechou a marmita com força e deu a Wood toda a atenção. Droga,
por que ele tinha que se perder sempre que olhava para aqueles olhos cor de
canela que sempre continham um brilho de travessura.

— Por quê? Você gostou dela?

— Parecia bom, mais velho. — Reconheceu Wood.

— Então você deveria ter reconhecido isso. — Trent riu alto e,


embora Wood fosse o alvo da piada, ele se viu envolvido pelo humor.

Wood caminhou perto de Trent até que ele teve que inclinar a cabeça
para trás para sustentar seu olhar. O sorriso de Trent diminuiu lentamente ao
perceber sua proximidade.

— Você realmente acha que eu sou tão velho? — Wood perguntou.

Trent piscou como se de repente estivesse sem palavras antes de seus


olhos caírem para a boca de Wood. Ele lambeu os lábios de propósito e Trent
tentou se afastar, mas Wood o prendeu entre ele e o balcão.

— Me responda. — Wood exigiu.

— Eu estava ouvindo Coltrane3 noite passada. — Trent disse ofegante.


— Ao vivo no Village Vanguard.

3
John William Coltrane foi um saxofonista e compositor de jazz norte-americano, habitualmente considerado pela crítica especializada como o
maior sax tenor do jazz e um dos mais importantes jazzistas e compositores deste gênero de todos os tempos

101
— Sim... Eu gostei. — Wood sussurrou. — Agora. Responda minha
outra pergunta.

— E... Eu acho... — Trent gaguejou.

— Droga, você cheira bem. — Wood não se conteve. Ele baixou a cabeça
e correu o nariz ao longo da têmpora de Trent, inalando o xampu com aroma
de baunilha que usava. Ele estava perto de perder o controle quando Trent
inclinou a cabeça para o lado, dando-lhe mais espaço para explorar sua
garganta. Wood agarrou-se à beirada do balcão para se impedir de agarrar
Trent, colocá-lo em cima da mesa de jantar e bater nele, quando ouviu seu
gemido baixo.

— Vocês…

— Você o que? — Wood pediu.

— Eu ia dizer que... Você cheira bem também.

Wood sorriu e roçou a ponta do dedo ao longo da gola do suéter grosso


de Trent enquanto um leve rubor subia por seu pescoço e pelas bochechas.
Deus, o que estou fazendo?

— É melhor eu começar a trabalhar. Summer vai chutar a minha bunda


se eu chegar atrasado. — Trent administrou.

— Você tem planos para esta noite? — Wood não queria deixar seu
colega de quarto ir até que tivesse algo pelo que ansiar mais tarde.

— Não. Eu nunca tenho planos.

Wood ignorou o quão triste essa declaração soou e decidiu que faria algo

102
para corrigir isso em breve.

— Eu vou cozinhar hoje à noite. Quero que você coma comigo e não se
esconda em seu quarto depois.

— Eu não tenho me escondido. — Pela primeira vez, o sorriso de Trent


era tímido e doce. — O que vamos comer?

Wood ficou tão tentado a tomar aqueles poucos centímetros de espaço


entre seus lábios e provar o que ele vinha fantasiando por dias, mas ele
manteve a calma.

— Espaguete.

Trent assentiu.

— Ok.

Wood finalmente recuou e Trent caminhou lentamente até a porta.


Wood o seguiu como um cachorro que não quer que sua pessoa favorita no
mundo saia para o dia.

Trent colocou a mochila no ombro e deu um último adeus a Wood.

— Vejo você mais tarde. — Disse Wood, segurando a porta. — Jantar.

Trent desceu a calçada para trás, observando Wood.

— O extintor de incêndio está sob a pia, se você precisar.

Wood riu antes de fechar a porta e foi até a janela observar até que a
caminhonete de Trent desapareceu na esquina. Ele olhou para o relógio.
Tinha menos nove horas e contando... Então ele tinha um encontro. Meio

103
que. Ele sabia que não devia brincar com fogo, especialmente com alguém tão
quente como Trent, sabendo que iria se queimar.

104
Capítulo 14
Trent

— Ei, Trent! Aguente! — Summer gritou atrás dele. Ele abriu a porta de
sua velha batedeira e jogou seu equipamento dentro. — Qual é a pressa?
Normalmente você é um dos últimos a sair. — Ela se encostou no para-
choque dele e observou os outros caras saindo do estacionamento.

— Sem pressa. Estou pronto para ir para casa. — Respondeu Trent. O


dia todo ele ficou pensando no que estaria esperando por ele quando chegasse
lá. Um cara bem descontraído e uma refeição caseira. Então ele se perguntou
se era assim que Bishop se sentia todos os dias quando saía do trabalho.

— Lakeisha tem um turno de quarenta e oito horas novamente, então


você quer vir e jogar Call of Duty, pedir uma pizza ou algo assim?

Trent se aproximou e beijou-a na testa.

— Não, obrigado. Já tenho planos para o jantar.

Summer se sentou, seus olhos azuis se arregalando como se ele tivesse


dito que tinha planos de saltar de paraquedas.

— Parece tão formal. Planos de jantar com quem?

Trent não conseguiu conter o sorriso que curvou seus lábios, por mais
que tentasse.

105
— Oh meu Deus, olhe essas covinhas. — Summer cantou. — Deixe-me
adivinhar com quem, já que você tem planos para o jantar... Em casa.

— Summer... — Advertiu Trent.

— O que? Eu acho isso ótimo!

— Não é nada formal. É sua vez de cozinhar, para variar. Nada mais. —
Trent tentou minimizar esta noite, mas sabia que não era como se sentia.
Wood o havia tocado de maneira mais do que amigável e o convidou para
jantar com ele.

— Um homem que sabe cozinhar. — Ela esfregou as mãos na frente


dela, dando a ele uma expressão conhecedora.

— Você vai parar com isso. — Trent agarrou a manga de seu casaco fofo
e puxou-a para fora de seu caminho. — Posso chegar em casa e encontrar o
trailer totalmente destruído.

— Você pode fingir o quanto quiser, mas sei que você está animado.
Você esteve de bom humor o dia todo.

— Tenho estado normal. — Disse Trent e olhou para o relógio.

— Olhe para você. Você está prestes a me jogar no chão e levantar poeira
na minha cara tamanha é apressa que você está. — Ela brincou.

Trent entrou e fechou a porta. Ela fez uma careta para ele e bateu na
janela. Ele rolou para baixo, e ela alcançou dentro e segurou seu rosto.

— Estou muito feliz por você estar fazendo isso. Não conheci Wood
ainda, mas sei que ele é a razão de você ter sido tão brincalhão na semana

106
passada.

Trent desviou o olhar. Ele estava com um humor melhor e gostava


disso. Ele não conseguia se lembrar de ter ficado chateado uma vez.

— Como você disse. Todos ao seu redor estão crescendo e se


estabelecendo. Então, talvez você deva reconsiderar sua existência de lobo
solitário.

Trent balançou o joelho, nervosamente imaginando como ele poderia


colocar isso.

— O que é isso?

— Wood é muito mais velho do que eu, Summer.

— Você disse que não achava que ele era velho.

— Eu não. Eu disse que ele é mais velho do que eu. E se ele quiser
alguém como...Você sabe... Experiência? — Trent não conseguia olhar nos
olhos de Summer. Ele sabia que ela nunca zombaria dele quando ele estava
falando sério, mas ainda era um assunto difícil de discutir com uma mulher,
para não mencionar aquele que ele considerava uma irmã.

— Não comece assumindo, novamente. É por isso que vocês tiveram


aquela confusão na segunda noite dele lá. Sente-se, converse e realmente o
conheça, Trent. Pare de se esconder em seu quarto e enfrente-o. Diga a ele
que você está preocupado com isso. Tenho a sensação de que Wood é o tipo
de homem que admiraria esse tipo de honestidade em um cara.

Mal sabia Summer que Trent tinha feito isso esta manhã, quando

107
admitiu que Wood cheirava bem e a resposta do homem o assustou pra
caralho. A atenção, o foco, a ternura que ele mostrou a Trent, como se tudo
isso pudesse ser dele se ele quisesse, era uma sensação que ele nunca sentiu
antes. Wood era um homem grande, e quando ele entrou no espaço de Trent
como ele fez, parecia como se ele estivesse sugando todo o oxigênio do ar e
lutou para respirar. Apesar de todo o lixo que falou, Trent não conseguiu
comprovar nada. Hoje em dia, tudo que Wood precisava fazer era sair de seu
quarto e Trent se tornava uma bagunça quente e cheia de tesão.

Ele olhou para frente, seu coração batendo forte no peito.

— Sim, as provocações e empurrões têm sido divertidos, mas agora está


se transformando... Está se transformando em algo mais. E comecei a
pensar. E se eu baixar minha guarda e deixá-lo entrar... Porque sim, eu gosto
dele. — Trent soltou uma risada sem humor. — E então ele vai embora,
Summer. Cada homem com quem me preocupei na vida sempre segue em
frente para algo melhor.

Summer deu a ele um sorriso compreensivo.

— Eu sei amor. Mas você não pode passar o resto da vida negando a si
mesmo uma chance de felicidade porque pode não funcionar. E se isso
acontecer? Apenas dê a Wood uma pequena chance, T. Por favor. — Ela
implorou, apertando suas bochechas em seus dedos gelados.

— Eu já disse sim para o jantar, certo? Agora me deixe ir porque você


está me atrasando. — Ele disse, tirando-a de seu rosto.

— Eu quero ouvir tudo sobre isso amanhã. — Ela acenou.

108
— Estamos de folga amanhã. É sexta feira.

— Então me ligue! — Ela gritou quando ele arrancou. Trent acenou em


agradecimento e abriu a janela.

Wood, pensou Trent ao subir na rampa e pisar no acelerador.

109
Capítulo 15
Wood

Wood acabava de tirar o pão do forno quando Trent entrou em casa. Seu
colega de quarto tirou o casaco e pendurou-o no gancho enquanto olhava ao
redor do trailer, notando onde Wood havia limpado e aspirado na sala de
estar. Até poliu a mesinha de centro e endireitou os livros e revistas antigos
que estavam espalhados pelo topo. Um lento sorriso se espalhou pelo belo
rosto de Trent quando ele entrou na cozinha bem iluminada que cheirava a
carne grelhada e alho. Wood ficou encostado na pia, observando cada
expressão de Trent e sabendo que ele tinha feito algo certo.

Trent foi até a pia e lavou as mãos, olhando timidamente para Wood.

— Cheira bem.

— Esperemos que tenha o mesmo gosto. — Respondeu Wood.

Trent parou diante do fogão, ergueu a tampa da panela e espiou dentro.

— Uau. Na verdade, também parece comestível.

— De nada. — Wood não conseguiu resistir a se acomodar atrás de


Trent e apoiar o queixo em seu ombro, senão para ver o que ele faria. — Eu
tenho trabalhado como escravo nesta casa a noite toda por você.

Trent jogou a cabeça para trás e riu, e Wood por pouco se impediu de se
virar e beijar a garganta de Trent.

110
— E você gostaria que eu mostrasse meu apreço, Wood?

Que tipo de pergunta foi essa? Wood fechou os olhos e se aproximou ao


ver como Trent disse seu nome, seu corpo gravitando em direção ao que
precisava desesperadamente. E não havia como Trent não sentir sua
excitação.

— Vá tomar banho. Estou faminto.

Trent não se mexeu enquanto ficava parado olhando para o fogão e


descansando com mais força no peito de Wood. Ele foi indulgente com ele por
um longo momento, deixando Trent se apoiar silenciosamente nele como se
ele tivesse muito em sua mente e estivesse tentando resolver o problema.
Wood finalmente cutucou Trent atrás da orelha.

— Continue.

Trent se virou sem encará-lo e foi para o quarto. Wood se ocupou em


reaquecer a comida e preparar seus pratos. Quando Trent voltou com um par
de calças de corrida confortáveis e uma camiseta vermelha do Virginia
Cavaliers4, tudo estava pronto, até as bebidas. Wood gesticulou para que
Trent se sentasse em frente a ele.

— Você pode tomar uma cerveja se quiser. Só sou mesquinho com Mike.
— Disse Trent ao notar que Wood tinha água. — Eu tenho uma garrafa de
tinto na despensa que Edison me deu um tempo atrás.

4
Time de basquete universitário da Virginea

111
— Não. Estou bem. — Disse Wood. Ele pegou o queijo parmesão e
polvilhou um pouco em cima do macarrão, na esperança de que Trent evitasse
perguntar mais nada sobre álcool. — Caia dentro.

Trent olhou para os pratos deles, franzindo a testa como se algo não
estivesse certo.

Wood largou o garfo com um barulho alto quando percebeu aquele


brilho sempre presente nos olhos de seu colega de quarto. Aqui vamos nós.

— O quê, Trent?

— Você tem mais coragem do que eu. — Trent murmurou.

Wood quase engasgou com a mordida que acabara de engolir. Ele mal
conseguiu se controlar, especialmente porque Trent parecia estar falando
sério.

— Isso é verdade. — Wood concordou, cobrindo o sorriso com o punho.


— Se você quiser mais bolas... Pegue algumas.

Trent desviou os olhos do prato de Wood e olhou para ele como se


tivesse acabado de perceber o que havia dito, em seguida, chutou Wood
por baixo da mesa.

— Idiota.

Wood piscou e, para sua surpresa, Trent piscou de volta. Um leve rubor
apareceu nas bochechas de Trent enquanto ele comia sua comida como um
homem que trabalhou duro o dia todo. Ele ficou lisonjeado quando Trent
limpou o prato, usando o pão de alho para limpar o molho restante, foi até o

112
fogão e pegou uma segunda porção.

— Acho que você gostou. — Disse Wood quando Trent voltou a respirar.

Ele tomou um longo gole de cerveja e cobriu o arroto com a dobra do


cotovelo antes de responder.

— Está tudo bem.

Wood balançou a cabeça.

— Então como foi o trabalho hoje?

— Longo. Frio. E você?

— Longo... Mas não tão fria. Eu trabalho dentro de casa.

— Você trabalha no Laboratório de Patologia, certo? — Perguntou


Trent.

— Sim. — Wood reconheceu.

Trent cortou uma almôndega grossa ao meio e enfiou na boca.

— O que você faz lá?

— Tenho certeza de que não sou um cientista. — Wood zombou.

Trent ficou olhando.

— Seja sério. Estou tentando te conhecer, aqui.

O sorriso de Wood diminuiu.

— É isso que você está fazendo?

Trent respirou fundo e depois se endireitou, como se estivesse se

113
preparando.

— Sim. Vamos morar juntos, então... Não há necessidade de ser


estranhos.

Wood concordou. Ele pensou no quanto adoraria conhecer de verdade o


homem à sua frente. Para quebrar todas as barreiras protetoras que ele tinha
e ver o que o esperava bem no fundo.

Mas na idade dele, ele se sentia tão inadequado. O que tinha a oferecer a
um homem forte e viril como Trent? Trent jovem, fresco e inocente. O
que ele poderia trazer para a mesa?

— Eu sou um zelador lá. É por meio de um serviço temporário que ajuda


os presidiários a encontrar empregos. Era tudo o que eu conseguia para pagar
as contas por enquanto.

— Você trabalhou como tatuador antes de entrar, certo? — Perguntou


Trent.

Wood sentiu seu coração disparar. Ele não queria discutir seu passado,
não agora, e ele tinha certeza que não queria dizer a Trent por que ele
cumpriu uma sentença de dezessete anos. Não se ele quisesse ter uma chance
de lutar para ser algo mais para ele do que apenas um colega de quarto. Ele
diria quando fosse a hora certa.

— Eu fui. Tive uma loja na praia por quatro anos no início de dois mil.

— Isso deve ter sido bom.

— Isso foi.

114
Trent o observou enquanto ele comia, e Wood pigarreou quando o
silêncio se tornou denso e incômodo.

— Tenho a sensação de que você é um artista tão bom quanto Bishop diz
que é. — Disse Trent, levantando-se para colocar o prato na pia. — Você estará
de volta a uma loja em breve.

Wood ficou sentado ali por alguns minutos, percebendo que Trent não
tinha falado sobre seu talento no passado como todo mundo fazia como se
tudo tivesse acabado.

— O jantar estava bom, cara. Obrigado. — Trent sorriu. — Precisamos


fazer disso uma nova regra. Wood tem que cozinhar pelo menos seis vezes por
semana.

— Se isso o torna tão agradável e agradável, então cozinharei sete dias


por semana. — Wood confessou.

Trent deu uma tapinha nas costas dele quando ele passou.

— Vou para a sala jogar o meu jogo.

Wood se levantou e agarrou Trent pelo bíceps antes que ele pudesse
chegar a qualquer lugar.

— Ei. — Disse ele baixinho, olhando Trent de cima a baixo com avidez.
— Você não está esquecendo de algo?

Trent baixou o olhar e permitiu que Wood o puxasse de volta para


ele. Sua voz estava rouca quando perguntou:

— O que seria isso?

115
— É sua vez de limpar a cozinha. — Wood deu um tapa na bunda de
Trent e o deixou parado ali ofegante com uma carranca no rosto. — Eu
cozinhei, então você conseguiu os pratos. Fique bravo com você mesmo é sua
própria regra.

116
Capítulo 16
Trent

No momento em que Trent terminou suas tarefas e colocou o resto do


espaguete de lado, ele encontrou Wood já sentado na sala de estar com um
bloco de desenho no colo e um copo de lápis de cor ao lado dele, comendo
uma caixa daquelas nojentos Tamales picantes. Trent sentou-se no sofá com
uma cerveja fresca e ligou o Playstation. Talvez se Summer estivesse online,
eles pudessem jogar em times. Ele não tinha nem dez minutos de jogo antes
de ter que mexer com Wood.

— Como você pode sentar aí e comer esse doce nojento, como alguém de
dezesseis anos em um filme de terceira? — Trent riu de sua própria piada.

Wood amassou um pedaço de papel e o acertou no meio do peito com


ele.

— Como você pode ficar sentado ali por horas e jogar aquele jogo bobo,
como uma virgem adolescente sem vida social?

Trent pegou uma revista da mesa e a jogou nas pernas de Wood.

— Idiota. — Era triste que duas dessas três coisas fossem verdadeiras.
— Só para você saber... Esses consoles de vídeo são computadores de última
geração, com jogos que desafiam as habilidades estratégicas e a rápida
tomada de decisões. O que você recomendaria que eu jogasse, Wood?

117
Scrabble... Pokeno? Deixe-me pensar qual foi o primeiro jogo de tabuleiro de
Milton Bradley.

Trent foi atingido por mais bolas de papel amassado.

— Você vai pegar essa bagunça que está fazendo também. — Trent
olhou na direção de Wood depois que ficou em silêncio e percebeu que ele o
encarava antes de baixar os olhos e fazer um esboço no papel com seu lápis
preto. — O que você está desenhando?

— Você.

Trent ergueu a cabeça surpreso, sem saber o que dizer, exceto:

— Deixe-me ver.

— Não.

— E você me chama de irritante. — Trent bufou.

— Não deveríamos estar nos conhecendo?

— Estamos.

— Então não deveríamos estar conversando? — Wood perguntou e


colocou mais alguns doces na boca.

— Aqui. — Trent pegou seu outro controlador e o jogou no colo de


Wood. — Vamos nos jogar.

Wood riu.

— O que eu devo fazer com isso? Jogue de volta para você... Só que com
mais força?

118
— Pressione o X e participe. — Trent continuou mexendo em seu
controlador enquanto seu cara era emboscado enquanto estava distraído
com Wood. — Agora veja o que você fez. Você me matou.

— Trent, não sei do que diabos você está falando. Eu não me movi,
então se você morreu, então era para ser. — Wood disse secamente. — São
nove horas... Desligue essa maldita coisa e vire para o noticiário.

Trent olhou para Wood como se ele tivesse duas cabeças.

— Notícia?

— Você não quer saber o que está acontecendo no mundo?

— Estou fazendo o meu melhor para não fazer isso. — Trent sorriu. —
Eu gosto desta bolha em que estou bem aqui. — Contigo.

Wood fechou seu caderno e o jogou na mesinha de centro, depois se


levantou e se sentou para fechá-lo também no sofá. E bem na hora, o corpo de
Trent respondeu ao aroma empoeirado e masculino de Wood que parecia
nunca desaparecer. Ele ainda estava segurando o controle firmemente em
suas mãos, embora o jogo tivesse expirado e acabado. Esta foi a primeira vez
que seu corpo teve uma reação tão responsiva a outra pessoa, homem ou
mulher.

— Trent. — Disse Wood, fazendo-o estremecer quando sua respiração


passou por sua bochecha.

— Hum. — Ele respondeu distraidamente.

— O controle remoto, por favor?

119
Trent olhou ao redor, confuso.

— Há?

— Eu quero mudar a televisão dessa tela azul. Posso ficar com o controle
remoto, por favor?

Remoto, remoto, onde está o maldito controle remoto?

Wood cutucou-o contra o ombro, depois pressionou a mão sólida no


centro do peito e empurrou até que Trent ficasse reclinado. Sua respiração
engatou quando Wood inclinou a parte superior do corpo sobre o colo e
agarrou o controle remoto da mesa final. Droga, ele era pesado e firme, e
Trent descobriu que gostava disso... não, ele amava. E estava respirando com
dificuldade enquanto pegava um dos frágeis travesseiros ao lado dele e o
colocava em seu colo. Ele tinha certeza de que Wood notou sua situação, mas
não disse nada quando começou a passar os canais locais.

Trent fingiu estar interessado nas notícias enfadonhas enquanto


desejava que sua ereção baixasse o tempo suficiente para ele se levantar e
recuar. Ele precisava tanto de um orgasmo, e se não conseguisse, ele não
poderia ser responsabilizado por suas ações. Será que Wood tem que sentar
tão perto que suas coxas e ombros se tocaram? Trent segurava o travesseiro
com uma das mãos e a outra ao lado, afundando no assento. Ele encostou a
cabeça na almofada e virou o rosto, precisando respirar algo diferente
do cheiro de Wood. Porra, ele estava duro e latejante... Talvez devesse...
Droga. Estou agindo como se eu fosse o único de nós que acabou de sair da
prisão.

120
O telefone de Wood vibrou em seu bolso e Trent quase pulou do sofá.
Wood olhou para ele como se ele estivesse preocupado, então colocou sua
grande mão em seu joelho e apertou.

— Você está bem?

Jesus. Trent assentiu.

— Hummm. — Ele não confiava em sua voz para falar, não com a palma
da mão de Wood queimando sua pele através de suas calças finas. Enquanto
mantinha a conexão, Wood pegou seu telefone e verificou sua mensagem.

— É de Edison. Ele e Bishop querem vir amanhã à noite para jantar e


assistir a um filme. — Wood o informou. — Ele está trazendo enchiladas.

— Hum.

Wood guardou o telefone e colocou o braço no encosto do sofá, e Trent


cambaleou como se tivesse levado um soco no saco. Isso é o quanto eles
doeram. Wood se inclinou perto de seu ouvido, e Trent se virou, nervoso
demais para fazer o que realmente queria. E se ele não beijasse como um
homem gostaria de ser beijado? Sua boca encheu de água com o hálito com
cheiro de canela de Wood. E ele se perguntou se enfiasse a língua na boca
agora, ele teria gosto de uma bola de fogo?

— Sente-se a vontade de ter companhia amanhã à noite... Ou... Pode ser


apenas eu e você de novo. Você ainda está tentando conhecer este estranho?

Wood sabia todas as coisas certas a dizer. O homem tinha um jeito de


articular coisas suave e clássico eram as palavras que vinham à mente que

121
Trent não estava acostumado a ouvir de sua geração. Ele havia muito
admitido que sua ereção não iria a lugar nenhum, e ele tinha certeza de que
esse era o plano de Wood. Trent abriu os olhos e olhou para a mão de Wood
ainda segurando seu joelho. Quando ele olhou para cima, o rosto esculpido
de Wood estava bem ali, e Trent lentamente levantou a mão e passou os dedos
pela barba curta e grisalha de Wood. Finalmente. Ele estava querendo saber
como era, e era mais suave do que ele esperava, tanto que ele não conseguia
tirar os olhos da boca de Wood enquanto continuava falando.

— Depende de você, Trent. O que você quer fazer neste fim de semana?
— Wood disse, sua voz ainda mais esfumaçada.

Trent encontrou os olhos semicerrados de Wood, e ele não teve medo do


desejo profundo que viu... Que ele esperava. Ele achou que seria bom ser
necessário para uma mudança, talvez até o ponto em que seria difícil deixá-lo
ir. Ele colocou a mão no centro do peito de Wood e sentiu o batimento
cardíaco acelerado.

— Eu digo sim. As enchiladas do Edison são incríveis e, assim, nenhum


de nós precisa cozinhar.

— Bem pensado.

— Você vai está em casa no domingo? — Perguntou Trent.

— Sim. Estou de folga todo fim de semana. — Wood usou a ponta de


seu polegar áspero para acariciar a nuca de Trent, enviando cargas elétricas
por sua espinha.

122
— Você assiste futebol? — Trent deu um sorriso malicioso.

— Não. Mas vou assistir com você. — Wood respondeu.

O interior da boca de Trent ficou seco, e seu pênis vazou o suficiente


para fazer uma mancha úmida em suas calças.

— Isso é tudo que eu faço aos domingos se você quiser se juntar a mim.

— Sim. — Wood lambeu os lábios e Trent sabia que era hora de ele ir.
Ele não era um leitor de mentes, mas tinha crescido o suficiente para
reconhecer aquele olhar nos olhos escuros de Wood. O que disse que é melhor
correr.

— Legal. — Trent respondeu, não se sentindo composto. Ele se afastou


do calor de Wood, jogou o travesseiro para o lado e se levantou do sofá. Ele
fez questão de manter os quadris para frente quando se virou e disse boa noite
a Wood.

— Noite. — Wood acenou com a cabeça superficialmente e Trent


desapareceu no corredor.

Ele quase correu pelo corredor e abriu a porta com o ombro para entrar
em seu quarto. Ele precisava de privacidade. Agora. Trent encostou-se na
superfície dura mais próxima, incapaz de acreditar no que diabos havia
acontecido. Ele tinha acabado de sair com um homem? Com Wood! Claro,
eles já moravam juntos e eram apenas eles jantando e depois sentados na sala
por um tempo. Mas o que eles fizeram foi extremamente íntimo. E ele tinha
certeza de que também marcaram um encontro para o domingo. Era possível

123
namorar alguém com quem ele já morava?

Trent puxou a camisa pela cabeça e passou as mãos na barriga. Sua pele
estava em chamas quando ele enfiou a mão nas calças e deu a seu pênis um
par de puxões firmes para aliviar a dor imediata. Ele não estava prestes a
fazer isso rápido, queria prolongar porque ele não tinha um material tão bom
há muito tempo. Ele realmente se divertiu esta noite. O som da voz de Wood,
a maneira como ele cheirava e a sensação de sua respiração em seu rosto, ele
ansiava por tudo. Se ao menos se sentisse mais confiante, poderia ter deixado
Wood agir. Só Deus sabia o quão excitado o homem estava, mas Trent não
estava pronto. Ele não estava preparado, ou conhecedor o suficiente ainda.
Trent tirou as calças até ficar só de cueca samba-canção, gemendo de alívio
enquanto mantinha um ritmo vagaroso em seu pênis. Ele usou um pouco da
viscosidade que se acumulou em sua cabeça para alisar seu eixo e suas bolas,
imaginando que era a boca de Wood em vez de seu punho fechado.

— Trent. — Wood bateu de repente.

Trent se afastou da porta como se uma freira fosse entrar e pegá-lo se


masturbando. Ele puxou o manto do pé da cama e o pendurou nos ombros, as
mãos tremendo como se ele tivesse cometido um crime. Uma vez que se
recompôs, ele balançou a cabeça em seu ridículo e abriu a porta. Wood ficou
lá parecendo sexy como o inferno com aquele cabelo grisalho e sorriso
malicioso.

Trent chupou os dentes.

— Era espaguete, Wood, não costela. Eu não estou colocando para fora

124
tão facilmente.

A risada gutural de Wood foi agradável de ouvir, e Trent abriu mais a


porta e ficou ali encostado no batente da porta com ele.

— Não foi por isso que eu bati. — Disse Wood, mas estava olhando
Trent de cima a baixo, seu olhar desavergonhado demorando-se na ereção
insatisfeita de Trent.

— Então por que?

Wood não respondeu enquanto olhava fixamente para o peito de Trent,


que era visível através de seu manto aberto.

— Você realmente não tem nenhuma arte em você, Trent? Nenhuma?


Qualquer lugar?

— Não. — Trent franziu a testa. Wood estava olhando para ele como se
ele fosse uma aberração da natureza. Por que isso era tão difícil de
acreditar? — Foi isso que você veio me perguntar?

Antes que ele percebesse, Wood estendeu as duas mãos e puxou o


manto até os quadris e o girou. Ele foi preso contra a porta com um calor
como ele nunca tinha conhecido pressionando-o por trás.

— Eu sinto muito. — Wood respirou pesadamente contra a base do


pescoço, como se tivesse perdido a cabeça momentaneamente. — Sua pele…

— Wood. — Trent descansou a nuca no ombro de Wood, de repente se


sentindo bêbado enquanto seu colega de quarto observava a parte superior de
seu corpo como se fosse uma obra-prima. Ele não entendeu. Ele não tinha

125
nada sobre ele, apenas algumas cicatrizes e algumas manchas. Wood
engasgou e passou a palma da mão no centro das costas de Trent.

— Você é tão forte. Mmmm, olhe esses músculos bem aqui. —


Wood sussurrou como se estivesse falando sozinho. — Droga, Trent, você é
lindo. Você é uma tela sexy, completamente intocada.

Trent se agarrou ao batente da porta para evitar alcançar seu pênis. Ele
podia sentir a empolgação de Wood sobre ele, e isso o estava deixando louco.

— Você me faz querer pegar um marcador e colocar uma das minhas


assinaturas em você.

Trent assentiu, mas não tinha certeza com o que estava concordando.

— Sim. Acho que você gostaria disso. — Wood ronronou.

Trent vibrou por dentro enquanto gotas de suor se formavam em sua


testa e peito. Em todos os seus vinte e nove anos, ele nunca quis o toque de
uma pessoa tão ferozmente, e ele definitivamente nunca se sentiu tão
desejado. Ele empurrou sua bunda na pélvis de Wood, apenas para ver que
reação ele teria dele, e não pôde acreditar quando seus próprios joelhos
dobraram com a sensação daquela protuberância dura. Wood o segurou pelo
peito com uma mão segurando-o com segurança em seu quadril.

— Ainda não é hora para isso, Trent. Mas você está me testando e estou
tentando o meu melhor para ser paciente. — Wood gemeu, beijando-o atrás
da orelha. — Vim fazer um pedido. Eu não esperava a distração.

— Qual pedido? — Qualquer coisa, dê um nome. Trent ofegou. Ele

126
estava delirando e completamente à mercê de outro homem. Se alguém de sua
equipe o visse agora, eles nunca acreditariam.

— Eu estava me perguntando se você planeja ouvir alguma música esta


noite. — Wood perguntou, enquanto acariciava lentamente os dedos ao longo
do estômago de Trent.

— Eu pretendo. Por quê?

— Eu queria te pedir para tocar algo para mim.

Trent adorou isso. Sua música era uma das coisas mais importantes de
sua vida, e ele estava feliz por ele e Wood pareceu gostar pelos mesmos
motivos.

— Ok.

— Eu quero ouvir algo diferente do que ontem à noite. Coltrane estava


meio triste e melancólico. — A voz de Wood ficou ainda mais baixa, seus
lábios dançando na base do pescoço de Trent. — Eu quero ouvir algo lento...
Sexy. — Wood acentuou cada palavra com uma leve inclinação dos quadris.
— Sim... Algo gentil, Trent.

— Tudo certo. — Trent sabia fazer algo lento e suave na verdade,


era exatamente disso que ele precisava. Ele não queria ouvir um som sexy há
algum tempo, mas isso não significa que ele esqueceu como era ouvi-lo. E
como o ritmo fez seu corpo responder.

Wood o soltou e atravessou o corredor para seu quarto, deixando Trent


abraçado à porta por sua preciosa sanidade. Ele realmente admirava a

127
contenção de Wood porque Trent estava tão aquecido que estava perto de
escorregar pela parede e colocar seu traseiro no ar. Ele deixou algum espaço
em sua porta igual a Wood e foi para seu esconderijo pessoal para encontrar
seus discos Sade.

Ele colocou o volume baixo, desligou as luzes e se escondeu sob as


cobertas para apreciar os sons da voz sensual de Sade. Não demorou nem
cinco segundos antes que ele tivesse uma perna aberta e sua mão em seu pau,
esperando que Wood também.

128
Capítulo 17
Wood

Wood esperou do lado de fora da porta do banheiro enquanto Trent


terminava. Ele estava acordado há algumas horas assistindo televisão
estúpida quando ouviu seu colega de quarto arrastando os pés pelo corredor.
A noite anterior ainda estava em sua mente, e ele dormia sem parar enquanto
lutava consigo mesmo sobre o que estava fazendo. Ele se apoiou pesadamente
contra a parede e deixou sua cabeça cair para trás com um baque. Por que ele
estava fazendo isso consigo mesmo? Ele estava fora da casa de recuperação há
tempo suficiente para chegar a um ponto no centro da cidade e encontrar um
companheiro disposto por algumas noites. Mas depois de estar perto de Trent
nas últimas semanas, ele estava pensando em outra direção. Bishop disse a
ele como ele conheceu e cortejou Edison quando ele saiu, em vez de dormir
por aí. Wood nunca tinha sido esse tipo de homem de qualquer maneira. Ele
sempre preferiu um parceiro em sua cama, um parceiro que estava no seu
nível.

No entanto, ele continuou a esperar porque coisas boas aconteciam


àqueles que o faziam, e quanto mais ele conhecia Trent, mais agradavelmente
surpreso ele ficava. O homem tinha tantas camadas que Wood ficou intrigado
e nada entediado. As provocações e as brincadeiras foram divertidas e
mantiveram seus desejos sob controle, mas Wood acabou de jogar. Ele estava

129
começando a descobrir que Trent possuía muitas qualidades que admirava
em um homem. Ele não usava drogas e bebia muito. Ele realmente gostava da
ética de trabalho de Trent e do fato de que ele trabalhava duro todos os
dias. Ele voltou para casa e relaxou, ele não balançou a noite inteira como
muitos de sua geração. Wood sorriu... Mas Trent jogava aqueles videogames
idiotas.

Assim que Trent abriu a porta e Wood viu a expressão comprimida em


seu rosto, ele soube que algo estava errado.

— Ei. Você está bem?

Trent acenou com a cabeça lentamente, fazendo uma careta enquanto


estendia a mão desajeitadamente pelas costas.

— Manhã. Sim eu estou bem. É só minha...

Wood se aproximou e passou o braço pelas costas de Trent e tirou a mão


de onde ele estava tentando massagear.

— Você se machucou? — Wood perguntou, assumindo a massagem. —


Deus, você esta duro.

Trent descansou a testa no ombro de Wood, sibilando enquanto movia a


massagem um pouco mais para baixo.

— Eu tenho um disco protuberante na parte inferior das minhas


costas... E, às vezes, ele sobe. Devo ter dormido errado de novo.

— Hum. — Wood ouviu enquanto ele esfregava os músculos firmes com


as duas mãos.

130
— Está tudo bem. Você não precisa se preocupar. Tem sido assim por
um tempo. — Trent disse, olhando para a garganta de Wood em vez de
encontrar seus olhos. — Ah...

— Sentir-se melhor? — Wood murmurou contra o cabelo molhado de


Trent. Droga, ele amava como ele cheirava fresco fora do chuveiro. Ele se
sentiu ainda melhor, aninhado com força contra o peito, permitindo
que Wood cuidasse dele. Outra camada descoberta.

— Sim. Obrigado. — Trent praticamente gemeu. Ele estava segurando o


bíceps de Wood, as pontas dos dedos cegos cravando em sua carne com a
profundidade da massagem de Wood. — É... É muito bom.

Wood afastou as mãos, precisando colocar alguma distância entre eles


ou então não seria capaz de se controlar por muito mais tempo. Trent se virou
e caminhou na frente dele, e Wood percebeu que ele mancava
consideravelmente e estava favorecendo o lado esquerdo como se a dor
estivesse descendo pela perna direita. Ele foi até a geladeira e se abaixou para
pegar seu suco de laranja e acabou grunhindo alto, com a mão batendo no
centro das costas.

Wood disparou pela cozinha e agarrou Trent pelos quadris.

— Fácil. Deixe-me ajudá-lo.

Trent se virou com um sorriso tenso, mas malicioso, nos lábios


carnudos.

— Tem certeza de que está apenas tentando me ajudar? Porque parece

131
que você tem outra coisa em mente.

Wood manteve um braço apoiado na cintura de Trent, mas permitiu que


a outra mão vagasse como fez na noite anterior... e Trent não o impediu. Ele
sabia que teria que alimentar Trent com pequenos pedaços de seu estilo de
vida por vez, já que tinha certeza de que só namorava mulheres, não querendo
assustá-lo para longe de si mesmo. Então, ele alisou a mão sob a regata de
Trent e subiu por sua barriga lisa até a mancha de cabelo no centro de seu
peito. Ele podia sentir o coração de Trent batendo em uma cadência rápida
que combinava com o seu. Wood não parou até que sua palma estava sobre a
garganta de Trent, e ele cantarolou feliz ao ver como seu grande pomo de
Adão balançou dramaticamente contra a restrição.

— Você realmente acha que é sábio provocar um homem que esteve na


prisão há dezessete anos? — Wood rosnou quando seu pau ameaçou estourar
a calça do pijama.

— E... Eu acho que não. — Trent engoliu em seco novamente.

— Então eu sugiro que você e suas costas machucadas vão para a sala de
estar, deitem-se um pouco e parem de jogar perigosamente. — Aconselhou
Wood.

Trent se virou, seu olhar caindo momentaneamente antes de subir


aos olhos de Wood. Ele viu o desejo, mas também viu indecisão na expressão
acalorada de Trent. E Wood não fez curiosidade. Ele saberia quando Trent
estivesse pronto para ele. Mas, caramba, ele esperava que fosse logo.

— Eu estou com fome. Não posso tomar meus relaxantes musculares

132
com o estômago vazio.

— Eu vou pegar algo para você. Vá se deitar. — Ordenou Wood.

Os olhos castanhos de Trent brilharam com algo semelhante à excitação


antes de ele acenar com a cabeça uma vez... E obedecer. Wood achou que
precisaria de mais um minuto sozinho em seu quarto, mas conseguiu baixar
sua ereção o suficiente para fazer para Trent sua famosa omelete de espinafre
e cogumelos com queijo pegajoso. Esperançosamente, ele ainda sabia como.

Trent

Trent não conseguia acreditar que suas costas optaram por agir agora,
mais do que nunca. Ele deve ter rolado para uma posição estranha depois de
seu incrível orgasmo na noite passada porque agora seus músculos inferiores
estavam espasmos como o inferno. Ele se sentiu um idiota por falar toda
aquela merda sobre Wood ser velho, e aqui estava ele, mancando e parecendo
precisar de uma bengala. Trent cerrou os dentes ao sentar-se nas almofadas,
sentindo de repente as costas como se estivessem em chamas. Foda-se! Ele
precisava muito de seus comprimidos.

— Apenas me dê uma tigela de cereal, Wood, para que eu possa tomar


isso. — Trent fez uma careta. Ele tinha que se apressar e controlar tudo; ele já
estava sentindo dormência no quadril.

— Vai demorar apenas um minuto. Estou fazendo ovos. — Wood


chamou da cozinha.

133
— Tudo certo.

Trent ligou a televisão e mudou as estações até chegar aos destaques do


jogo de futebol universitário de hoje. Wood entrou dez minutos depois com
um pano de prato xadrez pendurado no ombro e carregando dois pratos de
ovos fumegantes. Trent não pôde deixar de admirar a sensualidade do físico
de Wood. Ele estava com uma calça larga cinza e uma camiseta de treino com
buracos nas laterais para que Trent ainda pudesse ver os belos desenhos que
decoravam toda aquela delicadeza. Ele sorriu enquanto lutava para se sentar
direito. Este homem era realmente outra coisa. Wood colocou o prato na
mesa de centro, e a empolgação de Trent parou bruscamente.

— O que é isso?

— Minha especialidade. — Wood sorriu com orgulho.

— Oh sim? — Trent riu nervosamente. Ele amava ovos, mas ovos de


uma certa maneira.

Wood voltou para a cozinha e Trent pegou o garfo e cutucou a omelete


gorda. Ele não era um fã. O que diabos está aqui?

Ele ouviu a porta da geladeira abrir, então Wood perguntou:

— Você quer suco de laranja, ou leite, ou...

— Suco de laranja... Omaior copo que temos lá. — Trent se apressou em


dizer. Ele colocou o prato no colo para não ter que se inclinar sobre a mesa
para comer. — O que você disse que estava aqui?

— É uma omelete de queijo de espinafre com cogumelos. — Wood

134
piscou. — Bishop me disse que você adora ovos. E que você coloca queijo
extra em tudo.

Trent exalou silenciosamente. Ele fez isso agora? Droga. Wood tinha
perguntado sobre as coisas que gostava de seu melhor amigo para que ele
pudesse cozinhar para ele?

— E estou feliz que você goste disso porque eu realmente só tenho


alguns pratos que posso fazer, e este é um; você teve a outra noite passada. —
Wood sentou-se na poltrona reclinável e imediatamente começou a comer
seu café da manhã. Quando ele levou o garfo à boca, um longo pedaço de
queijo amarelo agarrou-se à sua omelete. — Mmmm. Agora isso é o paraíso.

— Onde você conseguiu espinafre e cogumelos? — Trent franziu a testa,


ainda apavorado.

— Da loja ontem, quando comprei os ingredientes do espaguete. —


Wood acenou com a cabeça para seu prato intocado. — Vá comer antes que
esfrie. O queijo tem que está quente.

— Oh, bem, eu ia...

— Eu costumava fazer isso para minha mãe quando ela não estava se
sentindo bem... — O leve sorriso de Wood sumiu e ele desviou o olhar de
Trent como se o que acabara de lembrar não despertasse memórias felizes.
Seus pais estavam mortos? — Ela ficaria tão feliz em me ver na cozinha. Ela
sempre amou quando eu fazia isso só para mim e para ela.

Trent não queria sondar e Wood não ofereceu mais nada enquanto

135
ficava sentado olhando para o prato como se estivesse em um transe
nostálgico. Trent não gostou da maneira Wood a expressão de dor que ele se
sente por dentro. Talvez Wood tenha perdido sua mãe enquanto ele estava na
prisão. Ele tinha ouvido falar que era uma das piores coisas para um preso
passar.

Sem saber mais o que fazer, Trent pegou o garfo, deu uma grande
mordida nos ovos e gemeu alto, chamando a atenção de Wood.

— Mmm. Eu vejo porque ela amava isso. — Trent assentiu, apontando


para o queijo pendurado em seu lábio inferior. Ele rapidamente engoliu a
boca com um grande gole de suco e voltou a beber. — Uau. O queijo está
literalmente derretendo na minha boca. — Embora o estômago de Trent
parecesse que ia se rebelar a qualquer minuto, Wood estava olhando para ele
agora com olhos brilhantes e um sorriso satisfeito.

Trent receberia essa punição por Wood. Inferno, o banheiro estava a


apenas alguns metros de distância.

136
Capítulo 18
Wood

Trent tomou dois relaxantes musculares depois de comer e acabou


tendo que se deitar. Por volta das quatro horas, Wood ligou para Bishop e
cancelou seus planos de jantar para esta noite, já que Trent foi nocauteado e
ele não estava realmente com humor para entreter. Em poucas palavras... Ele
estava fodidamente excitado e frustrado. Wood ficou em seu quarto com a
porta aberta para o caso de Trent precisar de sua ajuda e preguiçosamente
esboçou em seu bloco de notas. Ele não sentia nenhuma inspiração real há
anos e estava ficando nervoso porque nunca sentiria. Se ele não podia entrar
em uma loja respeitável e realizar sua arte novamente, então ele sobreviveu
todos aqueles malditos anos naquela jaula para nada.

Trent só saiu do quarto para usar o banheiro e voltou para a cama. Ele
estava mexendo no Playstation de Trent para ver se conseguia descobrir um
daqueles jogos ridículos quando ouviu um carro parando na garagem. Ele se
levantou e abriu a porta e ficou surpreso ao ver Edison subindo a varanda
com um grande prato nas mãos e um sorriso. Wood estendeu a mão e o
aliviou, então se afastou para que ele pudesse deixar o parceiro de seu amigo
entrar do frio.

— Não se preocupe, eu não vou ficar. Eu sei que cancelamos para esta
noite por causa das costa de Trent. — Edison apontou para o recipiente

137
fumegante nas mãos de Wood. — Mas vocês ainda precisam comer, certo,
então eu só vim deixar as enchiladas. E são um dos favoritos de Trent, então
talvez o façam se sentir melhor.

— Uau. Obrigado, Edison. Isso foi mais que esperávamos. — Wood


acenou com a cabeça, colocando a comida no fogão. O cheiro era incrível,
e Wood imediatamente quis pegar um prato e uma espátula. — Tenho certeza
que isso o fará se sentir muito melhor.

Edison começou a se dirigir para a porta, e Wood odiava sentir que


tinha acabado de receber os benefícios da comida caseira e não da
companhia.

— Certifique-se de enviar uma mensagem de texto para Bishop e nos


avisar quando vocês quiserem ir juntos, então. E, claro, se Trent precisar de
alguma coisa, me ligue. Talvez eu leve alguns nachos para o dia do jogo
amanhã.

— Coisa certa. — Wood riu, incapaz de acreditar que um cara como esse
existisse no mundo.

Edison deu de ombros, e Wood percebeu como seus lindos olhos


castanhos eram gentis quando ele sorriu.

— Está bem. Família de Trent. E eu cozinho muito nos fins de semana


para descomprimir. Muita comida seria desperdiçada se eu não
compartilhasse também.

Wood teve a ideia de pedir a Edison mais algumas dicas sobre como

138
preparar comida para Trent, mas ele não estava com disposição para essa
conversa esta noite. Quando ele viu Edison em seu carro, ele admirou os bons
jeans e a camisa de gola que estava usando. Seus sapatos eram Polo e
pareciam nunca ter sido usados. Bishop disse a ele que Edison era um homem
ligeiramente acima do peso que poderia vestir sua bunda, e ele acreditou
nele. Mas ver Edison Scala pessoalmente... Droga. As descrições nas cartas
frequentes de Bishop para ele não faziam justiça ao homem. Seu velho
companheiro de cela era um cara de sorte. Edison parecia ser o verdadeiro
negócio, o pacote completo. Talvez se Wood esperasse e fosse tão paciente
quanto Bishop, talvez ele tivesse seu próprio bem.

Wood preparou um prato de comida para Trent por volta das sete e
meia e levou-o para o quarto. Trent ainda estava dormindo, e Wood
se perguntou o quão fortes eram aqueles comprimidos que ele havia tomado.

— Trent. Trent... — Wood gritou, não querendo espreitar um homem


enquanto ele estava dormindo. Um enorme, não faça. — Eu tenho comida.

Trent lentamente abriu as pálpebras e um sorriso lento e sereno se


espalhou por seu rosto, e a metade inferior de Wood respondeu quando a
vibração em seu peito se amplificou. Trent olhou para o prato em suas mãos e,
lentamente, sentou-se. Ele ajudou a escorar alguns travesseiros nas costas de
Trent e colocou o prato no colo.

Os olhos de Trent se arregalaram.

— Edison trouxe suas enchiladas?

— Sim. Cerca de uma hora atrás. Pensei em deixar você dormir um

139
pouco mais. Como estão suas costas? — Wood perguntou.

— É porcaria. Mas sempre melhora em alguns dias. — Trent disse, então


começou a comer seu jantar. Ele olhou para Wood e facilmente leu a gratidão
em seus olhos.

Wood se perguntou há quanto tempo Trent estava sozinho e negando


sua sexualidade.

— Você comeu? — Perguntou Trent.

— Ainda não.

— Vá pegar um prato e venha aqui comer comigo. — Trent instruiu.

Wood sorriu e se levantou para fazer o que ele mandou. Ele preparou
para si uma porção decente de macarrão, pegou duas latas de refrigerante de
gengibre da geladeira e se juntou a Trent em seu quarto para jantar. Foi a
primeira vez que ele foi convidado, e ele tinha muito o que falar enquanto
examinava a eclética coleção de álbuns e pôsteres de shows de Trent.

— Você gosta de Jimmy Hendrix? — Wood riu, apontando para o pôster


psicodélico com as cores do arco-íris.

— Quem não gosta. — Trent zombou. Ele apontou para suas pilhas de
caixotes escalando uma das paredes. — Gosto de muita coisa, mas
principalmente de R&B. Você encontrará de tudo lá, de R&B a rock.

— Como você se interessou tanto pela música? — Wood perguntou.

— Esse cara que minha mãe estava saindo há muito tempo. — Trent
disse suavemente. — Ele usava música para remediar tudo.

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— Ele era seu padrasto? — Wood perguntou, tentando entender a
tristeza repentina.

— Não mas. Mas eu meio que esperava que ele quisesse o trabalho. —
Trent comeu mais um pouco antes de continuar. — Ele era músico. Tocou em
uma banda local aqui que se abria para grandes atos quando eles vinham para
festivais ou qualquer outra coisa.

— Ele estava bem? — Wood tentou aliviar o clima.

— Ao melhor. Pelo menos eu pensei que ele estava. — Trent balançou a


cabeça. — Cara, minha mãe namorou alguns idiotas de merda. Muitos deles.
Mas Miles... bem, Miles era Miles. Ele nunca ficou bravo com a minha atitude
ou quando me meti em problemas na escola. Nunca me bateu ou tentou me
testar como os outros fizeram.

— Ele parece legal. Onde ele está agora?

Uma carranca severa cravou-se profundamente na testa de Trent, e seus


olhos brilharam de raiva antes que ele colocasse um escudo defensivo sobre
suas emoções.

— Eu não sei. Eu não me importo. Saí do reformatório aos dezessete


anos e ele se foi. Ela também. Em vez de entrar no sistema, fugi e fiquei com
Bishop e Mike até fazer dezoito anos. Quando fui preso por aqueles cinco anos
com Bishop, nem liguei muito. Eu mal estava sobrevivendo nas ruas de
qualquer maneira.

Wood não tentou fazer Trent continuar falando da mesma maneira que

141
não pressionou Wood antes sobre seus pais ou seu histórico. Mas ele estava
contando a Trent logo antes que levassem as coisas a outro nível. Ele
precisava ser honesto. Wood não cometeu mal-entendidos, ele estava velho
demais para isso. Se Trent não gostasse dele, da mesma forma que estaria
disposto a aceitar os defeitos de Trent, então seguiria em frente. Quanto mais
cedo eles tirassem isso do caminho, melhor.

— Estou com as costas doendo. Vou deitar mais um pouco. — Disse


Trent, colocando o prato vazio na mesa de cabeceira.

— Tudo certo. Vou desligar tudo e trancar. — Disse Wood e se levantou.


Ele observou Trent se contorcer e fazer uma careta enquanto tentava ficar em
uma posição confortável, e Wood odiou que não houvesse mais que ele
pudesse fazer.

Depois de lavar a louça e guardar as poucas sobras, Wood pensou em


fazer uma compressa quente para Trent. Isso sempre o ajudava quando seu
joelho o incomodava. A lâmpada do quarto de Trent estava apagada, mas
Wood podia ver muito bem com a luz filtrada do corredor. Trent estava
deitado de bruços com os dois braços ao lado do corpo.

— Trent, você ainda está acordado?

— Sim. — Trent murmurou com metade do rosto no travesseiro.

— Eu tenho uma toalha quente para as suas costas, ok. — Disse Wood,
sentando-se cautelosamente ao lado da cama. Ele puxou o lençol até que
estivesse no topo da boxer de Trent e passou a mão sobre a pele lisa. Trent
gemeu e suas pernas se moveram sob o lençol fino, deixando Wood com água

142
na boca. Em vez de ser desprezível, Wood deixou suas próprias necessidades
de lado e colocou o pano dobrado no centro da parte inferior das costas de
Trent.

— S... — Trent sibilou ao primeiro contato de calor em sua pele.

— Calma — Acalmou Wood, pressionando suavemente o pano contra os


músculos. — Isso vai ajudar.

Depois de massagear um pouco, ele percebeu que a testa franzida de


Trent lentamente começou a diminuir e as pontas dos dedos não estavam
mais tentando perfurar o colchão. Wood não tirou as mãos até que a boca de
Trent afrouxasse e sua respiração se normalizasse. Ele poderia ter ficado
sentado lá a noite toda. Ele queria. Mas ele continuou a dizer a si mesmo para
ser paciente. Ele não queria uma trepada rápida; e não queria um buraco
voluntário por alguns dias. Ele queria mais. Ele queria algo para chamar de
seu novamente. Se ele escolhesse ser fraco e ceder à sua carne e não voltar
para casa uma noite, ele sabia que perderia qualquer chance com Trent.

No domingo, eles assistiram ao futebol e comeram os nachos que


Edison trouxe até tarde da noite. As costas de Trent estavam se sentindo
melhor, mas ele achou que seria uma boa ideia ir com calma, já que teria
trabalho no dia seguinte. Wood disse a ele para reconsiderar e talvez ficar em
casa, mas obviamente essa ideia era absurda porque Trent gaguejou como se
ele tivesse dito para ele desistir.

— Eu vou ficar bem. — Trent ajustou a almofada térmica atrás dele. —

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Eu disse que você não precisava se preocupar. Estou acostumado com isso. A
cirurgia custa muito caro, então geralmente sei o que fazer para não torcer...
Devo ter dormido muito na outra noite. — Trent deu um sorriso maroto em
sua direção. — Depois de... Sabe...

— Não provoque. — Advertiu Wood.

— Quem disse que estou brincando? — Trent inclinou a cabeça para o


lado, mordendo o lábio inferior grosso que parecia ter gosto de morango.

É melhor Trent ficar feliz por ele já estar com uma dor nas costas,
porque do contrário ele colocaria uma lá. Em vez de ser egoísta, Wood
manteve o flerte no mínimo e se concentrou em ajudar a manter Trent
confortável. Certificou-se de que comia para poder tomar as receitas e,
quando conseguiu se acalmar, esfregou a parte inferior do quadril e da coxa
de Trent quando as dores desceram por sua perna.

Por volta das onze horas era hora de dormir. Eles disseram seus
sussurros de boa noite, e Wood mal conseguiu atravessar o corredor rápido o
suficiente antes de fechar a porta e agarrar seu pau com força. Toda a imagem
doméstica estava piscando por trás de suas pálpebras fechadas enquanto ele
puxava seu prazer. A maneira como ele cuidou de Trent nos últimos dias e a
maneira como ele absorveu cada grama da atenção de Wood o fez se sentir
necessário novamente. Trent queria as mãos de Wood sobre ele e não tinha
vergonha de pedir isso. Trent não o fazia se sentir o tipo de homem que
magoa as pessoas. Ele o fez se sentir como a pessoa calorosa que uma vez
pensou ser. Wood esvaziou-se em seu punho com um gemido abafado, sua

144
semente quente jorrando sobre os nós dos dedos vermelhos e descendo pelas
coxas.

Inferno. Wood baixou a cabeça exausto. Trent o estava matando e ele


não sabia o quanto mais seria capaz de aguentar. Ou quanto mais ele poderia
esperar. Se o fim de semana não tivesse ficado tão confuso, enfrentar o que
viria amanhã não teria sido tão ruim quanto ele esperava. Wood se limpou e
foi para a cama.

Amanhã seria o dia de sua redenção.

145
Capítulo 19
Wood

Wood lutou a maior parte da noite, não cochilando até depois das 2h.
Ele ainda acordou excepcionalmente cedo querendo pegar Trent antes que ele
saísse para o trabalho. Wood estava andando fora da porta do banheiro
quando Trent saiu do banheiro fumegante com nada além de uma toalha fina
e um sorriso cansado.

— Manhã.

— Ei. Como estão suas costas?

— Melhor. Ainda um pouco duro, mas vou tomar um pouco de


analgésico no caminho. — Trent respondeu. Ele ficou lá olhando para Wood
como se ele estivesse agindo de forma estranha, o que ele sabia que
estava. Ele hesitou dizendo o que precisava enquanto mexia na corrente em
seu quadril. — Você vai me deixar passar para que eu possa me vestir?

— Eu vou, mas antes de fazer... — Wood pensou se ele queria ser


mais aberto agora ou esperar até esta noite. — Eu hum... Hoje é um dia
único... Ou hum... Diferente de...

— Deixe-me adivinhar. É seu aniversário e significaria muito para você


se você pudesse comprar alguns esta noite. — Trent riu, mas Wood não.

Ele estava apavorado demais para encontrar diversão em qualquer

146
coisa. Wood suspirou.

— Deixa pra lá. — Ele foi passar, mas Trent agarrou seu ombro.

O sorriso de Trent foi rapidamente substituído por uma carranca de


preocupação.

— Espere... Desculpe. O que é isso?

— Você está pronto para ir à beira-mar jogar sinuca ou jantar hoje à


noite? Tenho a sensação de que será um dia ruim para mim. Então, eu só
quero ter alguns planos para mais tarde.

— Normalmente fico muito cansado depois do trabalho, mas sim,


podemos fazer alguma coisa. — Trent concordou.

Wood deu um passo para o lado e permitiu que Trent passasse,


sentindo-se um pouco idiota. Mesmo que ganhasse o respeito de Trent, e
depois sua confiança, isso não significava que jamais superaria o que tinha
que confessar a ele. Trent pode estar começando a desejar homens um tanto
tarde, mas ainda tinha muito tempo para descobrir tudo. Além disso, seria
idiota para um homem forte e bonito como aquele desperdiçar seus anos mais
tesudos com ele. Trent pode não ser o que era considerado lindo de morrer,
mas isso não era um requisito para ele. Foi aquela atitude feroz e língua
perversa que deu a ele emoções claras até suas bolas. Foi o desafio e a luta em
Trent que deixou Wood excitado. E ele estava se iludindo pensando que
merecia um homem assim. Talvez depois de hoje... Ele se sentiria digno.

Wood estava sentado à mesa de jantar enquanto Trent estava em seu

147
quarto terminando de se arrumar. Ele ligou para seu patrocinador e rezou
para não cair no correio de voz. Ele realmente precisava falar com alguém que
concordasse com o que estava prestes a fazer hoje. Após o quarto toque, um
homem com uma voz como a do sol atendeu.

— Bom dia, Wood. Eu esperava ouvir de você hoje.

— Bom dia. — Disse Wood, mantendo a voz baixa.

— Como você esta? — Seu patrocinador de AA, Brody, perguntou depois


de um momento de silêncio. — Não te vi em nenhuma reunião nas últimas
semanas.

— Eu me mudei, lembra? Tenho tentado me acomodar.

— Como você lida com o estresse de uma mudança?

— Eu não bebi, se é isso que você está perguntando.

— Não, não é. Se eu quisesse te perguntar isso, eu não faria rodeios


sobre isso.

— Desculpe. — Wood bufou. — Já foi uma longa manhã. Estou ligando


sobre... Você sabe. Hoje é o dia do acidente, e eu quero colocar algumas flores
no túmulo dela... Você acha que é uma boa ideia? — Wood mastigou a unha
do polegar enquanto esperava por qualquer forma de encorajamento que
pudesse obter. Embora ele nunca se considerasse um alcoólatra, seu
patrocinador o ajudou a entender o amplo escopo dessa doença, e só porque
Wood nunca se embriagou mal, o álcool ainda havia arruinado sua vida e a de
outras pessoas ao seu redor.

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— Você disse que nunca teve que se desculpar, mas você precisava. Eu
acho que se isso vai te dar um pouco de paz e encerramento, então você
deveria.

— Então... — Wood pensou nessas palavras com cuidado.

— Você quer que eu vá com você? — Brody perguntou gentilmente. Ele


era gerente de restaurante durante o dia, mas à noite ele era uma dádiva de
Deus, uma rocha para muita gente. Incluindo ele.

— Não. Eu preciso fazer isso sozinho.

— Você não precisa, Wood. Às vezes, enfrentar nosso passado e a


destruição que causamos a outras pessoas pode ser opressor, e a culpa pode
ser demais para suportar sozinho.

Wood esfregou as mãos com força na testa. Ele entendeu isso porque já
sentia como se seu peito fosse desabar com a pressão.

— Eu vou ficar bem. Acho que só queria ouvir sua voz ou algo assim. Eu
preciso ver você, Brody. Não tenho certeza se posso esperar mais. — Wood
se assustou com o som da porta do armário batendo. Atire! Trent entrou na
cozinha carrancudo para Wood, como se quisesse bater nele.

— Olha, Brody, eu tenho que ir, tudo bem.

— Claro, mas se você precisar de mim, estarei no centro de recreação


hoje à noite, das oito à meia-noite.

— Eu sei.

— Então, vejo você em breve, Wood. — Brody colocou de uma forma

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que dizia que esperava que Wood arranjasse tempo para ir a uma reunião.

— Sim, te vejo mais tarde, talvez. — Wood disse baixinho, mas ele
percebeu pela tensão nos ombros de Trent que ele o ouviu.

Wood observou enquanto Trent enfiava a lancheira na mochila e a


puxava pela cabeça, puxando o traseiro em direção à porta.

— É melhor eu ir.

— Trent, espere.

Trent saiu furioso pela porta da frente antes que Wood pudesse explicar
a ligação.

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Capítulo 20
Wood

Wood desceu do ônibus na Virginia Beach Boulevard, perto da Laskin


Road, onde os bairros e as escolas eram muito mais legais do que em Norfolk.
Andar pelas sete cidades com um maldito passe de ônibus não fez nada para
melhorar seu humor, especialmente depois de ter que trocar de ônibus três
vezes! Uma coisa que não mudou desde que ele foi preso foi o sistema de
transporte público de baixa qualidade de Hampton Roads. Ele fechou o zíper
de sua jaqueta jeans fina até a garganta em uma tentativa de bloquear o vento
frio que açoitava seu rosto enquanto cruzava a movimentada estrada de
quatro pistas.

Ele lentamente fez seu caminho através da comunidade pitoresca de


casas de dois andares, sem pressa para enfrentar seu passado. Ver Adam e
dizer que sentia muito foi sua primeira parada em sua caminhada de
vergonha. Ele não tinha ideia se a mãe de seu ex-namorado ainda morava lá
ou não, mas ele esperava que ela morasse porque era o único endereço que ele
tinha. A casa branca com venezianas azuis apareceu quando ele chegou à
última rua e, no momento em que viu a cadeira de balanço na varanda em
volta, soube que ela ainda estava lá.

Ele bateu levemente, então deu alguns passos para trás da porta de tela.
Ele prestou atenção em qualquer movimento dentro ou na televisão, talvez,

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mas não ouviu nada. Ele abriu a tela para bater novamente quando um jovem
com menos de vinte cinco anos atendeu e gesticulou com um dedo para que
ele esperasse um segundo enquanto batia rapidamente na tela do telefone.
Wood ficou em silêncio, depois tirou o gorro enquanto o garoto o olhava de
cima a baixo.

— Você não parece ser da empresa de telefonia. — Disse ele.

— Desculpe?

— Estou esperando meu técnico.

— Não sou seu técnico. — Disse Wood.

— Eu posso ver isso. — Ele cruzou os braços sobre o peito magro. —


Como posso ajudá-lo?

— Estou procurando a Sra. Geneva, ela está aqui? Peço desculpas


por passar sem avisar, mas não tenho mais o número dela.— Disse Wood.

O jovem ficou olhando para ele por muito tempo, e Wood se perguntou
se ele não estaria na casa errada. Ele olhou para cima e para baixo na rua,
depois de volta para o garoto. Ele só podia ver um dos olhos azuis claros do
cara, já que o direito estava coberto por sua longa franja. Ele ampliou sua
postura tanto quanto sua calça jeans skinny permitia e balançou para trás em
seu Converse preto.

— Como você conhece minha avó?

OK. Então ela tem uma família ainda mais protetora do que antes. A
mulher nunca faltou.

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— Eu era um bom amigo de... Sou um bom amigo de seu filho, Adam.
Eu esperava poder falar com ela e talvez conseguir seu número ou endereço.
Já estou longe há muito tempo e acabei de voltar para a cidade. Ela está
disponível? — Wood sorriu. — Ela adorava assistir suas histórias ao meio-
dia. Ela ainda é louca pelo Hospital Geral?

O que ele disse pareceu ajudar em seu caso, pois um sorriso melancólico
apareceu no rosto estreito do cara.

— Sim. Ela com certeza era.

— Era? — Wood disse hesitante.

O jovem acenou com a cabeça.

— Lamento dizer a você. Minha avó faleceu há seis anos.

Wood levou o punho fechado à boca e respirou fundo que quase o fez
engasgar quando o vento frio atingiu o fundo da garganta.

— Droga. — Wood rangeu para fora. Outra das coisas que ele mais
temia. Saindo e percebendo tudo que ele perdeu. Não só os aniversários,
aniversários, casamentos... Mas até os funerais. A Sra. Geneva acreditou nele,
encorajou-o e alimentou-o depois que a própria mãe cristã evangélica
de Wood não quis mais ter nada a ver com ele.

O garoto recuou como se fosse fechar a porta.

— Eu realmente sinto muito.

Antes que ele pudesse desaparecer, Wood perguntou:

153
— E quanto a Adam? Ele ainda está na área?

O garoto semicerrou os olhos claros.

— Não entendi seu nome?

Se este era o neto da Sra. Geneva, então ele estava falando com um dos
muitos sobrinhos de Adam. Ele pode ter ouvido o nome de Wood antes, mas
ele era meio jovem. Inferno, ele não podia mentir, e o jovem era parente de
sua ex. Essa era sua única chance. Ele teve que ficar cara a cara com Adam
para se desculpar e pedir perdão. Deus, ele precisava tanto de perdão.

— Meu nome é Wood Jr. Eu e Adam há muito tempo, temos muita


história.

— Hum. — Disse o jovem. — Por que você não me dá seu número, e se


eu vir Adam, com certeza vou passá-lo.

Wood sabia que não tinha escolha e que o garoto era realmente
inteligente. Não era sábio dar informações de ninguém a um completo
estranho. Ele enfiou a mão na mochila e tirou seu caderno e um de seus lápis
de desenho do fundo.

— Vou deixar meu número e meu endereço também. Por favor, diga a
ele... — Wood hesitou. — Por favor, diga a ele que é importante. Ele saberá o
que você quer dizer.

— Claro. — Disse o cara, ainda sem dizer o próprio nome, e pegou a


folha de papel meio rasgada.

Wood saiu com a sensação de que poderia ter sido muito pior. Embora

154
estivesse com o coração partido ao saber do falecimento da Sra. Geneva, ele
estava feliz por ter conseguido pelo menos mandar uma mensagem para
Adam. Ele também colocou a bola em seu campo para alcançá-lo, e rezou para
que o fizesse. Wood caminhou oitocentos metros até o ponto de ônibus para
esperar o ônibus para levá-lo adiante no Boulevard, para que ele pudesse
fazer um zilhão a mais de baldeações apenas para chegar a Chesapeake, uma
cidade que ficava a menos de vinte minutos de Uber. Mas ele não tinha
dinheiro para desperdiçar. Ele tinha um passe funcionando perfeitamente e
todo o dia para aguentar essa surra mental.

Eu posso lidar com isso. Eu tenho esse. Wood balançava o joelho


continuamente enquanto ele se sentava no banco a alguns lugares de outra
mulher. Ela estava perdida em tudo o que estava lendo em seu telefone, então
ele não se preocupou em falar. Ele estava muito ocupado tentando se preparar
psicologicamente. Era uma loucura para ele pensar que seus pais
simplesmente abririam a porta da frente e o receberia de volta depois de todo
esse tempo, mas ele tinha esperança. É tudo o que ele tinha. Ele escreveu
toneladas de cartas embora elas nunca tenham sidorespondidas e ele colocou
seu coração lá em cada uma. Ele se desculpou tantas vezes por não ser o filho
que eles queriam e mereciam. Inúmeras vezes ele explicou suas ações na
esperança de que entendessem, mas nunca obteve uma resposta. Talvez fosse
muito difícil para eles escreverem sobre o filho único na prisão.

— Ei! Você está esperando por mim, não está? — O motorista do ônibus
gritou com ele da porta aberta.

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— Desculpas! — Wood se apressou e saltou alguns degraus e
rapidamente passou seu passe. — Desculpe. Sonhando acordado.

A mulher sorriu e saiu do meio-fio enquanto Wood se sentava no banco


de trás.

Wood estalou as costas ao descer do último ônibus no Great Bridge


Boulevard. Todas as paradas e transferências haviam consumido mais duas
horas de seu tempo. Ele precisava se apressar, porque se tudo corresse bem
com sua gente e talvez sua mãe queira que ele ficasse e comer um almoço
tardio com ela ou algo assim, ele ainda tinha para chegar ao seu túmulo antes
do anoitecer. Ele se concentrou nos sons das folhas mortas sendo esmagadas
sob suas botas enquanto caminhava pela rua de duas pistas através de
Chantecler Heights para não vomitar por causa do enxame de vespas que
picavam suas entranhas. Quase naturalmente seu ritmo diminuiu enquanto
ele olhava para o imóvel de seus pais, apenas duas casas mais abaixo.
Disseram a ele para nunca mais voltar. Sempre. Mas lá estava ele. Porque
“sempre” era muito tempo.

Ele parou no final do longo caminho e olhou para as duas placas de


deficientes físicos do modelo mais recente do Lincoln e de um SUV
compacto. Ele sorriu imaginando sua pequena mãe atrás do volante daquele
carro dirigindo para suas vendas de quintal nas manhãs de sábado. Ele se
perguntou se ela ainda fazia isso? Ele ficou lá soprando um hálito quente em
suas mãos trêmulas antes de colocá-las com força nos bolsos do casaco. Ele

156
caminhou pela calçada limpa, porque o perdão não iria simplesmente vir para
ele. Ele estendeu a mão e tocou a campainha e percebeu que suas mãos
estavam tremendo porque ele estava apavorado, não porque estava quarenta
e um graus. Ele olhou para a frente da casa que parecia estar funcionando
bem. As venezianas precisam de uma nova camada de tinta. Ele faria isso por
eles em um piscar de olhos, no frio congelante se eles quisessem.

A porta se abriu lentamente como se a pessoa do outro lado estivesse


esperando o bicho-papão.

— Olá. — Disse uma voz suave.

— Mãe. — Disse Wood com os dentes batendo. Houve um longo


momento de silêncio quando ele deu um passo para o lado para que ela
pudesse vê-lo melhor.

— Meu Deus. — Ela sussurrou, abrindo mais a porta. — Wood Jr. O que
você... Não posso acreditar.

Ele avançou para trás na ampla varanda apenas no caso de ela querer
abrir a porta e deixá-lo entrar. Ela não parecia zangada, apenas chocada. Ele
tentou ligar para eles várias vezes, mas ele só recebeu mensagem de voz.

— Sim, mãe. — Wood sorriu, enquanto tentava vê-la melhor através da


tela. — Sou eu.

Seu cabelo não era tão comprido como costumava ser, e agora os fios de
prata eram tão brilhantes que praticamente brilhavam. Ela usava um vestido
conservador na altura do joelho, como sempre fazia porque era o que as

157
esposas dos ministros usavam e um casaco de lã azul claro. A Sra. Stephanie
Wood foi a mãe mais amorosa e atenciosa com que qualquer criança poderia
sonhar. E Wood era a centelha em seu coração, ela sempre dizia, e ele era a
joia dos olhos de seu pai. Até que ele amadureceu e percebeu que era gay e
não queria mais ser o filho do pastor perfeito em uma igreja fanática. E ele
pagou caro por isso.

— Eles nos disseram que você saiu? — Ela agarrou seu suéter e fechou
as pontas.

Wood franziu a testa em confusão.

— Eles?

— Seu oficial de condicional. Eles são obrigados a ligar para todas as


suas vítimas quando você foi libertado. — Ela balançou a cabeça e olhou
friamente para ele. — Por que você veio aqui?

O estômago de Wood caiu, e toda a esperança que ele tinha foi


arrancada de sua alma e explodida bem na frente de seu rosto. O nojo e a
decepção que ele viu em seus olhos eram a prova de que nada havia mudado
entre eles. E provavelmente não iria. Ele juntou as mãos na frente dele, dando
a sua mãe cada coisa que ele tinha.

— Mãe. Por que você acha que estou aqui depois de todos esses anos?
Eu vim... Eu vim para um abraço. Por um aperto de mão de meu pai... Por um
prato de comida caseira... Inferno, um copo de água. Eu vim para... Vim pedir
a minha mãe e meu pai que me perdoassem pela dor que causei a eles. Eu vim
para trazer minha família de volta.

158
— Bem desse jeito? — ela disse. — Seu estilo de vida nojento roubou
tudo de nós. Você não poderia simplesmente ir e nos deixar em paz. Você
tinha que viver selvagemente e se embebedar e matar alguém! Então eles nos
culparam. Você era um homem adulto capaz de tomar suas próprias
decisões... E eles nos culparam!

— Mãe... — Wood implorou, perto de ficar de joelhos. Ele sentiu tanto a


falta de seus braços ao redor dele; mesmo com sua idade, ele precisava de sua
mãe agora mais do que nunca. — Vou levar a culpa, ok? Se alguém o assediar
depois, eu juro, é a última coisa que eu quero. Você sabe disso. Mãe por favor.
Você sabe que não sou um assassino. Não é? Por favor, me diga que você
conhece seu filho... Sua faísca...

— Não se atreva. — Ela retrucou, e Wood fechou a boca como se


tivesse levado um estalo. — Não se atreva a dizer isso. Minha centelha se foi.
Eu perdi minha centelha quando ele escolheu viver como homossexual.

— Eu não escolhi nada! — Ele gritou.

— Wood Jr! — A voz estrondosa de seu pai veio de trás de sua mãe,
fazendo seu coração bater mais forte.

Wood se recompôs enquanto pensava por uma fração de segundo que


talvez seu pai fosse mais receptivo em enterrar essa rivalidade de décadas. Ele
era um homem gay, o fim. Ele nasceu assim, e ele se recusou a negar a si
mesmo. Foi por isso que seus pais o colocaram no primeiro ano da escola de
arte, para lhe dar uma lição. E eles prometeram que assim que ele visse a
maldade em seus caminhos e se arrependesse, ele teria permissão para voltar

159
para casa. Mas uma vez que Wood deixou a igreja da família e decidiu viver
sua própria vida e não havia como perdoá-lo por isso. Ser homossexual tinha
sido intolerável o suficiente para seus pais, mas agora ele era um criminoso
condenado, um matador de homens vendo-o como qualquer outra coisa,
menos isso seria impossível. Ele nunca mais seria seu filho.

— Papai. Boa tarde. Eu não estava tentando parar sem avisar e


surpreendê-lo assim, mas tenho ligado para tentar entrar em contato com
você. — Wood sorriu apesar da dor e do arrependimento. Ele estava tentando
o seu melhor para mostrar a eles que ainda era seu filho. Mesmos olhos,
mesma voz, mesmo coração.

Seu pai cuidadosamente avançou sua esposa para o lado e saiu para a
varanda. Wood não o abraçou porque tinha a sensação de que não estava se
aproximando dele para isso.

— Rapaz, eu não te disse para nunca mais pisar na minha casa de novo?

Wood caiu com tanta força que teve que apoiar as mãos nos joelhos.
Jesus.

— Você está falando sério? — Wood gritou, sentindo-se repentinamente


exausto. — Foi um acidente, droga!

Ele ouviu sua mãe suspirar, e a figura imponente de seu pai pareceu
ficar ainda maior, fazendo Wood se sentir o mais jovem que era. Apesar da
pontada afiada em seu peito, Wood ficou em pé e olhou seu pai nos olhos. Seu
velho parecia abatido e seu rosto envelhecera bem além dos setenta e três
anos. Seu cabelo era ralo e careca no meio, deixando manchas de pelos

160
grisalhos nas laterais. Wood olhou para o homem que ele pensava que mais
queria ser no mundo, olhou para um homem que já foi seu herói. Flashes de
seu relacionamento passaram por sua mente enquanto ele olhava nos olhos
de seu pai e dizia seu último adeus. Ele sabia quando um homem estava
acabado, acabado... Com repulsa. E ele podia ver tudo, dez vezes, expresso em
seu pai.

— Não leve essa voz na frente de sua mãe! Ouça como você fala. Onde
está o seu respeito? Você veio aqui em busca de perdão, garoto, então você
perdeu seu tempo. — Seu pai disse rispidamente, nunca interrompendo seu
olhar fixo.

Wood sabia que estava perto de desistir, mas trancou os joelhos e ficou
firme, obrigando-se a lembrar as palavras de Brody. Ele lembrou que havia
pago sua penitência. Ele pagou sua dívida para com a sociedade. Ele estava
autorizado a viver sua vida agora. Mas não significava que ele poderia fazer os
outros perdoarem e esquecerem. Se eles não estavam prontos para seguir em
frente, então Wood teria que fazer isso sozinho... Sem a compaixão deles.

Wood se virou para sua mãe.

— Mamãe. Peço desculpas. Vim aqui para dizer quer você aceite ou não
que realmente sinto muito. E eu amo vocês dois, sempre amei e sempre
amarei. — Wood balançou a cabeça e limpou a umidade acumulada no canto
dos olhos. — Mas eu sinto que mesmo que vocês dois pudessem me perdoar
pelo acidente... Vocês nunca me perdoarão por ser gay. E sinto muito, mas
não estou me desculpando por isso.

161
— Então eu acho melhor você ir. — Seu pai disse friamente.

Wood estreitou os olhos, totalmente confuso. Como isso poderia ter sido
tão ruim?

— Papai. Posso dizer mais uma coisa? Como você pode subir naquele
púlpito todos os domingos diante de jovens impressionáveis e pregar a
palavra de Deus sobre perdão e misericórdia... Mas então você vive o oposto
total? Quando eu costumava ouvir esses sermões, você chamava esses tipos de
supostos cristãos de hipócritas.

— Wood Jr... — Sua mãe advertiu. Ela ainda não tinha saído de trás da
porta como se ele não fosse seguro estar por perto.

— Que púlpito! — seu pai gritou, e Wood se encolheu com a raiva que
viu. Ele nunca tinha visto seu pai perder a paciência a ponto de cerrar os
punhos como se estivesse prestes a atacar. — O Conselho de Bispos levou
minha igreja. Oitenta e quatro por cento da nossa congregação saiu depois do
que você fez. Matando aquela mulher inocente. Não importa o quanto
dissemos que não o criamos dessa forma, não importa. — Seu pai fez uma
careta para ele. — Nós demos a você uma vida linda criando você em um lar
temente a Deus e moralmente decente, e veja o que você nos deu em troca.

— Eu estou... Desculpe. Eu disse tanto que perdi a conta. Escrevi várias


vezes para você dizendo exatamente o que aconteceu naquela noite já que
nenhum de vocês veio ao meu julgamento que eu não estava bêbado.
Realmente foi um acidente. Eu quero que você saiba que eu estou não
segurando qualquer rancor em você não estar lá para mim durante o tempo

162
mais assustadora da minha vida ou nunca escrever. Estou muito velho para
isso agora e muito tempo se passou. Eu realmente gostaria que pudéssemos ir
além disso, mas não acho que podemos... — Wood parou de falar para ver se
alguém negaria suas palavras, mas seu pai continuou a ferver enquanto sua
mãe virava o rosto.

Wood suspirou. Estava muito frio e seu pai ia acabar pegando uma
pneumonia se ele não voltasse para dentro.

— Compreendo. Eu acho que isso realmente é um adeus.

Seu pai acenou com a cabeça rigidamente.

Ai meu Deus! A dor quase o fez cair no chão em derrota, mas ele
esperaria até que estivesse sozinho para perder a cabeça.

— Posso ter meus pertences que foram retirados do meu condomínio?


Meu senhorio disse que precisava dar minhas posses para meus parentes
mais próximos e que ele entrou em contato com você. — Disse Wood. De
repente, eles pareceram culpados e Wood começou a ficar nervoso. — Está
tudo bem se você não moveu minha mobília eu acho que você não tinha
como armazenar todas as minhas coisas. Mas... — Wood mordeu o lábio
ansiosamente. — Mas você manteve meus portfólios, certo? Meus desenhos,
meu equipamento?

Sua mãe se afastou da porta e Wood deu um suspiro de alívio. Ele ficaria
feliz em ter apenas seus portfólios. Seu equipamento de tatuagem era velho e
desatualizado de qualquer maneira, e custaria uma pequena fortuna para
substituí-lo... Mas sua arte era insubstituível. Ele vinha construindo sua

163
coleção desde o colégio. Ele ganhou prêmios por alguns deles.

— Não tínhamos obrigação de guardar suas coisas. Não era nossa


responsabilidade proteger seus bens depois que você os abandonou.
Perdemos nossa igreja e nosso ganha-pão... E acho que você também.

Wood franziu a testa.

— O que?

Sua mãe apareceu na porta e a abriu apenas o suficiente para colocar


um saco de lixo preto pela metade a seus pés. Ela estava enxugando as
lágrimas dos olhos avermelhados com um lenço de renda azul bebê enquanto
se fechava para dentro. Ok, se eles tivessem jogado sua arte lá, então parte
dela poderia ser recuperada. Wood trepou para dentro da sacola e caiu de
joelhos na varanda de madeira com o que viu. A dor que crescia em suas
rótulas congeladas não foi registrada enquanto ele levantava carta após carta
fechada. O que...

— O que diabos é isso? — Wood ergueu uma pilha de correspondências


na mão e viu que eram todas dele.

— Isso é tudo que temos de você. Você pode levá-lo quando for embora.
— Disse o pai desanimado, pairando sobre ele como os guardas da prisão
faziam quando Wood estava em seu pior estado... — E não volte aqui,
Herschel. O diabo tirou nosso filho de nós muito antes de ele ir para a prisão.

Wood os ignorou enquanto vasculhava freneticamente a bolsa em busca


de qualquer sinal de um de seus portfólios. Por favor, esteja aqui. Vou até

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levar um. Wood sentiu as lágrimas ardendo em suas bochechas, mas não
parou de vasculhar as letras que continham seus pensamentos mais
profundos enquanto procurava por sua obra de arte. Ele ainda tinha a chance
de viver seu sonho e ser um tatuador na praia se conseguisse reunir suas
credenciais e voltar para El. Ele tentou não olhar impotente para os envelopes
ainda lacrados que continham palavras que foram arrancadas de seu peito e
colocadas no papel na esperança de que um dia entendessem quem ele
realmente era. Anos derramando seu coração, e eles não se importaram em
ler uma única palavra.

— Vá embora, Wood Jr. — Disse o pai severamente. — Saia agora ou eu


chamarei seu oficial de condicional. Ele disse que se eu tivesse algum
problema com você, deveria ligar para ele.

Wood lentamente se levantou, sentindo a tristeza tomar conta dele.

— Por favor, me diga que você os tem. Por favor, eu estou te


implorando. — Wood engoliu seu orgulho enquanto se humilhava. — Eu
preciso deles. Preciso de meus portfólios, pai. Mãe por favor.

— Sair. Agora.

— Você realmente os jogou fora? — Wood ficou mais perto de seu pai, e
ele não podia mais sentir o frio de tão lívido. — Esse foi o trabalho da minha
vida! Isso era tudo que me restava! Você não poderia jogá-los no sótão ou algo
assim?

— Stephanie, pegue o telefone. Depressa. — Disse o pai rapidamente,


arregalando os olhos e Wood percebeu que ele era na verdade cerca

165
de três centímetros mais alto que o pai e muito maior.

— Eu nunca te machucaria. — Wood suspirou e se afastou. Ele se


abaixou e pegou seu lixo. — Eu irei embora.

A última coisa que ele precisava era uma ligação para seu oficial de
condicional. Ele não se virou e olhou para trás, mesmo quando ouviu a porta
pesada se fechar. Wood caminhou atordoado até o ponto de ônibus em
direção a Norfolk. Ele deixou a pessoa mais importante para o final. Talvez
esta próxima parada realmente ajude. Então ele poderia ir para casa.

Onde ele veria Trent.

166
Capítulo 21
Wood

Quando chegou ao cemitério Forest Lawn, na Granby Street em


Norfolk, Wood mal conseguia colocar uma bota na frente da outra. Já passava
das sete e o parque memorial logo estaria fechando, então ele tentou apressar
seus passos, mas era difícil caminhar em direção ao medo quando tudo em
seu corpo estava lhe dizendo para fugir dele. Para ir para casa e proteger o
que restou de seu coração despedaçado. Mas ele acreditava que falar com ela
poderia aliviar a dor. Ele examinou algumas lápides antes de encontrar um
dos zeladores. Depois de dar ao homem o nome da sepultura que estava
procurando, ele o perfurou em um tablete e apontou para o vasto gramado do
outro lado do prédio do mausoléu.

Wood levou pelo menos quinze minutos para percorrer a curta distância
enquanto ensaiava novamente o que queria dizer a ela. O que ele queria dizer
para a jovem esposa e mãe de vinte seis anos que ele matou por causa de uma
terrível decisão de uma fração de segundo. Ele não ficaria muito tempo,
apenas o suficiente para dizer o que tinha a dizer. Pelo que seu advogado
havia lhe contado, Rebecca Marie Dulenaka tinha sido enfermeira da triagem
no pronto-socorro do Beach General Hospital e era conhecida por seu coração
bondoso e gentileza com seus pacientes. Então, Wood queria acreditar que ela
o teria entendido e perdoado se tivesse sobrevivido.

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Ele dobrou a esquina com a cabeça baixa, não pensando que alguém
ainda estaria no parque tão tarde, ou que a família dela teria passado muito
antes para vê-la neste dia. Mas quando percebeu que não estava sozinho, era
tarde demais. Ele reconheceu o homem imediatamente. Mesmo no crepúsculo
baixo, ele podia ver aqueles malditos olhos verdes tristes. Olhos de que ele se
lembrava cravados na nuca enquanto era julgado pelo assassinato de sua
esposa. Olhos que o perseguiram por muitos anos antes que ele desabasse e
recebesse ajuda, aconselhamento. Wood puxou o colarinho até o queixo
tentando se esconder. Talvez eles pensassem que ele era um jardineiro. Além
disso, o Sr. Dulenaka tinha um enorme buquê de lindos copos-de-leite e rosas
nos braços, e tudo o que Wood tinha era um saco de lixo nas mãos.

— Com licença. — Wood murmurou e continuou andando.

— Covarde. — Disse o homem às suas costas, fazendo com que os


passos de Wood vacilassem. — Mesmo depois de todo esse tempo, você
realmente acha que eu não te reconheço?

Wood se virou e voltou com os ombros caídos.

— Eu só estava tentando dar a você sua privacidade, só isso.

— E evite me enfrentar. — Disse o homem asperamente.

— Papai. — Sussurrou a jovem que estava debaixo de seu braço. —


Quem é?

— Ele não é ninguém. Por que você não vai esperar no carro, querida, eu
já estarei aí. — Ele beijou sua filha de aparência adolescente na testa e

168
esperou até que ela estivesse fora do alcance da voz. — Um membro do
conselho de liberdade condicional ligou e disse que você tinha saído. Mas não
achei que você teria a ousadia de aparecer aqui.

— Sinto muito. — Disse Wood com a cabeça baixa. Ele queria levantá-
lo, mas não conseguiu. Droga, fazia muito tempo que ele não se sentia assim.
Completamente inútil. Brody estava certo... Ele não deveria ter feito isso
sozinho. Foi muito mais difícil do que ele poderia ter imaginado, e ele nem
mesmo conseguiu falar com seu ex. E se ele culpasse Wood também? E se sua
vida estivesse em ruínas por causa dele?

— É por isso que você veio aqui? Você está tentando aliviar sua
consciência culpada. — O homem riu asperamente. — Deixe o túmulo de
minha esposa. Você não é bem-vindo aqui. Se você voltar, vou ligar para o seu
oficial de condicional mais rápido do que você pode murmurar a palavra
alcoólatra.

Wood cerrou os maxilares para evitar discutir ou tentar defender seu


caso. Este homem merecia sua raiva, e suas palavras amargas foram mais do
que justificadas. Veja o que Wood roubou dele. Ele enfiou a mão no bolso e
tirou o desenho de uma mulher parada em um campo de flores silvestres em
um vestido de verão com a brisa levantando um lado de seus longos cabelos.
Ele o desenhou com um lápis de carvão, mas esperava que ela pudesse
imaginar as cores que ele via quando pensava nela. Teria sido bom comprar
flores de verdade, mas infelizmente ele não percebeu quanto as rosas custam
hoje em dia.

169
— Posso apenas... Posso apenas deixar isso aqui? Eu desenhei para ela.
— Wood disse em torno da pedra alojada em sua garganta. Ele se abaixou
para colocá-lo no chão, mas o Sr. Dulenaka o deteve.

— Não. Ela não quer nada de você. — Ele olhou nos olhos de Wood, e
ele se sentiu muito sem sentido para olhar de volta. — Ela queria ser mãe
mais do que tudo. Para criar uma garotinha. — Ele esfregou a mão trêmula
sobre o topo da lápide cinza claro enquanto sussurrava entrecortado. — Você
arruinou nossas vidas, Herschel Wood Jr. E agora você pode continuar e viver
a sua como se nada tivesse acontecido.

Wood não disse a ele o quanto errado ele estava.

— Va. Se você ainda tem um pingo de decência, saia agora, por favor. —
O Sr. Dulenaka continuou a acariciar a lápide de sua esposa enquanto
Wood esmigalhava o desenho em sua mão e se afastava.

Ele achava que não tinha energia suficiente para voltar ao ponto de
ônibus, então pegou seu celular. Ele não percebeu que tinha mais lágrimas em
suas bochechas até que esfregou a mão para cima e para baixo em seu
rosto. Ele estava completamente entorpecido, como se seu corpo estivesse se
fechando sobre ele. Ele precisava de ajuda. Ele estava prestes a ligar
para Bishop, mas não queria que ele o visse agora, não assim. Não tão
derrotado. Brody também. Ele rolou para baixo sua lista mínima de contatos e
pressionou o nome de Trent sem pensar.

Trent parecia chateado quando saiu naquela manhã, mas Wood tinha
certeza de que ele atenderia sua ligação. Ele parou no meio da calçada na rua

170
escura e ficou boquiaberto com a tela do telefone como se estivesse
atordoado. Suas mãos tremiam tanto que ele mal conseguiu discar novamente
depois de receber o correio de voz automático pela segunda vez. Trent já devia
estar de folga do trabalho, em casa para tomar banho e jantar. Ele ficaria
muito grato se seu colega de quarto pudesse vir e lhe dar uma carona apenas
desta vez, para que ele não ficasse sozinho com seus pensamentos no ônibus
lotado por mais uma hora. Wood ouviu a mensagem de voz de Trent
novamente e decidiu mandar uma mensagem de texto quando apareceu uma
mensagem de Trent.

Estou ocupado. Não estarei em casa esta noite.

Wood não soube quanto tempo ele olhou para a tela antes de
lentamente colocá-la de volta no bolso. Quando ele olhou para cima para ver o
quão longe na rua ele tinha que ir para chegar ao ponto de ônibus, ele notou
uma loja de bebidas alcoólicas em seu caminho.

171
Capítulo 22
Trent

— Trent, você sabe que é a décima pessoa mais importante para mim
em todo o mundo, certo? — Summer sorriu para ele através de seu espelho de
maquilhagem enquanto ele se esparramava em sua cama king-size. — Mas
querido, você tem que ir. Lakeisha estará em casa a qualquer minuto e tenho
uma surpresa esperando por ela.

Trent apoiou a cabeça na mão e observou sua melhor amiga continuar a


colocar uma tonelada de cachos em espiral em seu longo cabelo loiro com um
ferro de aparência estranha. Ele balançou sua cabeça.

— Eu pensei que você disse que ia ficar esta noite.

— Eu vou. — Ela sorriu, preparando cada mecha. — Eu quero estar


perfeita para o nosso encontro. Meu bebê trabalhou quarenta e oito horas
direto naquele maldito corpo de bombeiros e, quando ela chegar em casa, vou
me certificar de que ela relaxe e receba uma porção dupla de tudo que
adora. Lagosta, torta de limão e eu.

— Tanto faz. Se você realmente se importasse comigo, teria misericórdia


de mim e me deixaria ficar no quarto de hóspedes. — Murmurou Trent. —
Vou ficar quieto como um rato; Lakeisha nem vai saber que estou aqui.
Quando ela dormir, você pode entrar lá e me fazer companhia, já que estou de

172
muito mau humor.

Summer se virou, olhando boquiaberta para ele.

— Você é suicida? Você quer que eu esconda um homem no outro


quarto, foda minha mulher até o coma, então fuja e vá para o seu quarto?

— Sim.

— Devo tomar um banho rápido de prostituta antes de mim? —


Summer riu.

Trent rolou de costas.

— Bem, quando você coloca dessa forma, parece errado. Summer, não
me faça ir para casa. Bishop tem uma prova no final da semana, então ele e
Edison estão estudando a noite toda.

Summer se levantou depois de verificar a maquiagem três vezes e


ajeitou o robe.

— Trent.

Ele a ignorou e puxou o telefone novamente para ver se Wood algum dia
responderia à sua mensagem. Ele nem se importou em perguntar o que Trent
estava ocupado fazendo a noite toda. Ele provavelmente não se importava, já
que tinha planos com algum cara Brody.

— Trent!

Quem diabos era Brody, afinal? Algum homem de setenta anos de idade
com quem Wood era amigo por correspondência enquanto estava preso e

173
havia prometido uma boa experiência quando ele saísse?

— Trent! — Summer gritou.

— O que! — Ele se sentou e encarou os olhos imaculadamente


maquiados de Summer.

— Bem? — Ela apoiou as duas mãos nos quadris.

— Bem o que? — Trent latiu. — Ok, ok, estou saindo. — Ele correu para
o final da cama e começou a colocar seus Timberlands de volta.

— Oh meu Deus. Você está brincando comigo? — Summer revirou os


olhos e parou bem na frente dele. — Meu robe está aberto há cinco minutos,
estou usando um ursinho de couro preto e renda, e você nem olhou para
mim. Eu estava perguntando como eu estou?

Trent teve dificuldade em encontrar a expressão sábia de Summer ou


olhar para aquele sorriso sarcástico.

— Você está muito bem. — Ele murmurou, então continuou amarrando


os cadarços. — E eu vi que você estava seminua eu estava sendo respeitoso, já
que somos apenas amigos. Eu não olho para você assim.

— Não me engane, Trent. Eu poderia fazer um padre dar uma segunda


olhada em mim usando essa coisa minúscula. É porque você não me vê como
aquele com corpo sexy. Pare de evitar seu colega de quarto e vá para casa,
encare a cara dele e pergunte a ele o que está acontecendo. Diga a ele que você
exige saber quem é esse tal de Brody, isso é tudo que você precisa fazer. Além
disso, tenho a sensação de que Wood é louco por você.

174
— Claro. — Trent murmurou. — É por isso que provavelmente há algum
outro cara na minha maldita casa agora, sentado no meu sofá, assistindo
minha televisão e bebendo minha cerveja.

— Ahh. — Summer arrulhou. — E ele provavelmente está comendo todo


o seu mingau também. Nossa, por que os homens gays têm que tornar as
coisas tão complicadas? — Ela zombou. — Você não pode ficar aqui, T. Eu
não serei seu facilitador.

Trent suspirou.

— Talvez eu goste dele... Muito...

— Sim! Eu sabia! Finalmente. — Summer gritou e jogou as mãos para o


ar, fazendo seus seios fartos quase saltarem da lingerie.

Trent passou os dedos pelos cabelos curtos. Bem, merda. Summer era
uma loira linda e voluptuosa com um corpo construído pelo trabalho duro e
ele nem tinha notado que ela estava praticamente nua na frente dele. Mas no
momento em que Wood entrou em uma sala, todos os sentidos de Trent
ganharam vida.

Trent estagnou o máximo que pôde. Depois de deixar Summer, ele


rodou a cidade de Virginia Beach por um tempo, antes de pegar o caminho
mais longo para casa. Já passava das dez horas e ele mal podia esperar mais
um minuto para comer. Ele parou na garagem, sem saber se Wood estaria em
casa ou não, ou... Porra. Trent cerrou os dentes. E se a companhia de Wood

175
tivesse decidido passar a noite? Tecnicamente, não havia merda que Trent
pudesse fazer sobre isso se o fizesse a não ser entrar em seu quarto e se afogar
na música.

Ele fez o máximo de barulho que pôde ao entrar. Ele fechou a porta com
força, depois bateu as botas no tapete antes de removê-las. Seu colega de
quarto não estava em lugar nenhum, então Trent jogou sua bolsa no armário,
em seguida, caminhou lentamente pelo corredor até a porta aberta de Wood.
Ele não sabia para o que estava se preparando, mas exalou de alívio quando
viu que a cama de Wood ainda estava feita e seu quarto vazio. Ele tinha que
estar em casa porque o homem sabia que era melhor não deixar tantas luzes
acesas.

Onde diabos você está?

— Wood! — Trent gritou. Ele voltou para a sala de estar e fez um


círculo completo, imaginando o que estava acontecendo. Era uma pequena
sala de estar e Wood era grande demais para se esconder em qualquer lugar.
Ele estava prestes a chamar o nome de Wood novamente quando viu que a
porta dos fundos estava aberta. Ele percebeu que talvez estivesse levando o
lixo para fora e decidiu preparar a comida para colocar no forno. Teria sido
bom se você tivesse feito o jantar, já que esteve aqui a noite toda. Trent olhou
para trás e olhou para a porta, antecipando o grande corpo de Wood para
preencher o quadro a qualquer minuto.

Terminou de lavar os quatro pedaços de peito de frango, temperou-os


com sal e pimenta e levou-os ao forno. Depois de lavar as mãos, foi até a porta

176
dos fundos e deu uma olhada do lado de fora para ver se seu colega de quarto
havia se perdido. A luz da varanda estava apagada, tornando mais fácil para
Trent ver as brilhantes chamas laranja tremeluzindo na lata de gelo de
alumínio que Mike usava para churrascos. Que porra é essa? Wood estava
sentado em uma pilha de blocos de concreto, curvado sobre um saco, mal se
movendo.

Trent saiu pela porta, confuso sobre por que diabos Wood estava
sentado no frio em frente a uma fogueira improvisada.

— Wood... — Ele chamou enquanto se aproximava. Ele já estava


tremendo enquanto esfregava as mãos. — Está congelando. O que você está
fazendo aqui? — Wood se endireitou e foi então que Trent viu a garrafa de
Jack Daniel's. Ele não conseguia acreditar. Ele nunca tinha visto Wood beber
uma de suas cervejas; agora Trent podia dizer que ele estava três folhas ao
vento.

— Vá para casa, Trent. — Wood falou arrastado, enquanto inclinava a


garrafa para o alto e bebia três grandes goles antes de colocá-la ao lado dele.

— Estou em casa. — Respondeu Trent. Droga. Wood parecia horrível.


Seus olhos estavam semicerrados e seu cabelo normalmente estilizado de
cinza estava emaranhado e bagunçado. Ele se sentou caído para frente com os
ombros baixos, e de vez em quando ele balançava, então se endireitava. —
Entre.

Wood o ignorou como se ele nem estivesse lá e enfiou a mão no saco de


lixo que estava entre suas pernas e tirou um envelope amassado. Trent

177
observou enquanto Wood rasgava a carta, sua respiração acelerando quanto
mais ele lia, como se as palavras o estivessem levando para outro lugar. Trent
ficou parado em silêncio até que Wood terminasse as quatro páginas. Ele
achou que Wood fosse dobrar a carta e colocá-la de volta na sacola, mas em
vez disso pegou o isqueiro e o ateou fogo. Ele o viu queimar na mão de Wood,
as chamas iluminando a dor e a desesperança que ele viu naqueles olhos
úmidos. Depois que não conseguiu mais segurá-lo, Wood jogou o papel
chamuscado na lixeira com a pilha de outras cinzas e pegou sua garrafa.

Há quanto tempo ele está aqui? Já fazia tempo que Wood bebia sua
segunda garrafa de bebida. Trent pegou a garrafa vazia de vodca barata e
jogou na lata de lixo. Ele olhou para Wood se perguntando o que diabos tinha
acontecido em apenas um dia para transformá-lo nisso. Quem fez isso com
ele? Foi aquele cara, Brody? Trent estava ficando com raiva, mas acima de
tudo, nervoso. Ele reconheceu muito bem esse tipo de comportamento
autodestrutivo em espiral, porque ele mesmo o fizera. Embora ele nunca
tivesse bebido muito, ele tinha seus outros vícios.

— Wood. Vamos lá, cara. Seja o que for, não pode ser tão ruim.

Wood não olhou na direção de Trent. Como se estivesse no modo robô,


Wood enfiou a mão e tirou outra carta para repetir sua tortura. Desta vez,
Trent foi atrás de Wood para ver melhor o envelope, mas não conseguiu
distinguir o nome do destinatário no escuro.

— Eu estou fazendo o jantar. Você está com fome?

A reação de Wood foi um escárnio, mas pelo menos foi alguma coisa.

178
— Se você não estiver interessado, vou comer tudo sozinho.

A próxima carta tinha apenas algumas linhas, e Wood terminou


rapidamente, queimou e jogou fora. Depois que ele bebeu mais um quarto de
sua garrafa, Wood lentamente se virou para ele, e Trent quase se encolheu
quando seus olhos se encontraram. A dor de Wood era tão real e potente que
de alguma forma estava se infiltrando nele.

— Oh, agora você está disponível? — Wood disse. Suas palavras saíram
confusas como se sua língua fosse grossa demais para sua boca.

— Wood, o que aconteceu?

— Não é da sua conta. Você não entenderia. — Wood rosnou. — Esses


são problemas de velhos.

Trent se irritou.

— É isso que você chama de ser um homem, hein? Sentado aqui se


sentindo bêbado e sentindo pena de si mesmo? Você acha que é a primeira
pessoa a ter uma vida difícil para fora da prisão, Wood?

Wood saltou mais rápido do que Trent pensava que seria capaz em seu
estado e agarrou dois punhados de sua camisa. Ele mal teve a chance de
segurar a cintura de Wood antes de ser empurrado contra a cerca. O corpo
de Wood estava duro e quente pressionado contra o seu, apesar do tempo
gelado. O coração de Trent disparou e ele lutou para manter a compostura
enquanto a forma maciça de Wood se erguia sobre ele, sua testa se afundando
dolorosamente na sua.

179
— O que diabos você sabe sobre ser um homem, hein? Você não sabe
nada! — Wood gritou para ele.

Trent cravou os dedos no corpo trêmulo de Wood.

— Então me diga. — Ele sussurrou.

Wood fechou os olhos com força, fazendo uma careta como se


estivesse sentindo mais do que apenas uma dor emocional. O olhar de Trent
estava grudado naquele rosto bonito até que Wood preguiçosamente abriu as
pálpebras.

— Fique feliz por você não conhecer esse tipo de ódio, Trent. Fique feliz
por você não saber o que é para alguém odiar sua existência inteira.

— Quem fez isto para você? — Trent gritou. — Conte-me.

O toque de Wood começou a suavizar enquanto ele lentamente abriu os


punhos, mas Trent se recusou a deixá-lo ir. Qualquer coisa para Wood não
voltar para aquela garrafa. Ele baixou a cabeça quando a mão trêmula de
Wood subiu por sua garganta e algemava sua nuca. Era reconfortante e algo
que ele precisava desesperadamente, mas agora não era o momento para ele
tomar.

— Eu chamei você. Onde você estava? — Wood gemeu de cansaço,


pressionando a bochecha contra a têmpora de Trent. — Eu não chamei
ninguém, só você... E você não me respondeu. Então, o quão ocupado você
estava?

Trent queria deslizar pela lateral do portão e afundar na terra porque

180
não conseguia se sentir mais baixo do que agora. Ele tinha sido um idiota.
Wood tinha estendido a mão para ele talvez até antes de ele conseguir aquelas
garrafas e ele tinha sido um idiota teimoso.

— Wood. — Trent balançou a cabeça sombriamente. — Eu não estava


com um...

— Não foi o quê? — Wood murmurou, ainda balbuciando


horrivelmente. — Você estava ocupado, certo? Isso é o que você mandou.
Assim? Foi bom, Trent?

— Não. Eu não estava fazendo isso. Eu...

— Sim, você estava. — Wood rosnou, reforçando seu aperto, fazendo


com que o estômago de Trent subisse pela garganta. — Mesmo com o uísque,
posso sentir o cheiro do perfume caro dela em você.

Trent suspirou exasperado. Ele havia tomado banho na Summerdepois


do trabalho e colocado algumas roupas sobressalentes que mantinha em sua
mochila. Mas antes de ele sair pela porta, Summer deu-lhe um abraço para se
apoiar.

— Não é desse jeito. Ela é apenas uma amiga.

Wood rugiu e o empurrou, quase caindo quando ele o fez.

— Dane-se! Você me acha estúpido. Caras da sua idade não têm amigas.
Você realmente acha que pode sugar peitinhos o suficiente para manter seus
pensamentos gays suprimidos, Trent? Já vi isso tantas vezes até que não é
mais divertido. — Wood tropeçou de volta para seu assento e foi buscar sua

181
bebida.

Trent tentou arrancar a garrafa da mão de Wood, mas não foi rápido o
suficiente.

— Estou tentando o meu melhor para ser compreensivo e não bater em


sua bunda agora, mas você está pressionando.

— Então vá. — Wood rasgou outro envelope. — Estou bem agora. Eu


não sinto nada.

Droga. Quantas letras mais existem?

— Se você não parar com essa merda e resolver isso, vou deixar
Bishop vir cuidar disso.

A risada de Wood foi seca e quebrada.

— Sim, você faz isso. Chame Bishop para lidar com seus problemas
como sempre faz. Enquanto você está nisso, diga a ele que o herói dele é
apenas um maldito homem e que você estava certo o tempo todo. Eu posso
corrompê-lo. — Wood jogou a carta em chamas no fogo. Como aquele parecia
ter cerca de dez páginas, demorou mais para as chamas consumi-lo.
Wood ficou completamente imóvel enquanto observava as palavras se
dissolverem em nada.

— Tudo bem então. Não ligue para Bishop. — Trent apertou a


mandíbula, não apreciando a reação, mas ele sabia que Wood não queria
dizer nada disso. — O frango deve estar cozido demais agora. Venha, vamos
comer. — Trent barganhou. Ele estava tão frio que seus pés e mãos

182
formigavam.

— Trent. — Wood olhou para ele com olhos surpreendentemente claros


e uma expressão severa. — Eu não quero comer com você. Eu cansei das
brincadeiras e brincadeiras de merda. Vá lá fora e foda-se, foda-se, não me
importo. Estou saindo desta maldita cidade. Eles nem mesmo têm ônibus
decentes aqui!

Trent sentiu como se seu peito fosse implodir de raiva. Sua respiração
estava fora de controle, como se ele tivesse acabado de dar doze rodadas
seguidas, e nenhuma quantidade de respirações profundas iria retardá-la. Ele
cometeu um erro, e agora Wood estava indo embora, não só ele, mas Bishop
também, e provavelmente ele seria culpado por isso.

— Bem! Você quer fugir e ser um covarde. Ir! Eu não vou te impedir.
Homens como você nunca ficam por muito tempo, de qualquer maneira.

183
Capítulo 23
Wood

Finalmente, ele se foi. Wood não se importava mais com seus pais e o
lixo que eles jogaram nele. Ele queria odiar o Sr. Dulenaka, mas sempre que
tentava amaldiçoar o homem, tudo o que ouvia eram seus soluços por sua
esposa. Wood não tinha o direito de sentir qualquer coisa por ele. Ele não
tinha o direito de odiar suas vítimas em troca. Ele não reagiu quando ouviu
Trent bater a porta dos fundos com força suficiente para balançar o trailer
inteiro. Maldito pirralho. Wood olhou para a garrafa quase vazia se
perguntando por que ele não tinha se voltado para o álcool antes. Todos o
chamavam de alcoólatra de qualquer maneira, então ele provavelmente
deveria ir em frente e fazer o papel.

Quando ele voltou para uma casa escura e vazia naquela noite, ele lutou
tanto para respirar que pensou que ia desmaiar, como se não merecesse o
oxigênio que estava inalando. Mas depois de cinco doses de vodca, um
zumbido agradável começou a percorrer seu corpo até que logo ele não sentiu
nada, apenas uma felicidade entorpecente. Conforme ele examinava as
dezenas de envelopes, ele começou a ficar irritado quanto mais lia. Por que ele
estava tão fraco e desesperado no começo? Implorando para que sua mãe e
seu pai fossem vê-lo, implorando que eles o perdoassem. Agora ele sabia que
suas palavras haviam caído em ouvidos surdos. Ele deveria ter se sentido

184
confortado por eles não terem lido suas cartas, rido e nunca respondido.
Wood deu um gole e deixou a segunda garrafa de uísque levar o resto da dor
embora.

Wood estava tentando ler um cartão de Natal que ele havia desenhado
para sua mãe no terceiro ano. Era difícil distinguir as palavras através de sua
visão turva, pois as letras e as imagens começaram a se juntar. Wood traçou
as pétalas das poinsétias5 vermelhas brilhantes com a ponta dos dedos,
lembrando como ela decorava a casa com elas todas as estações. Ele fazia um
desenho para ela em todos os feriados, mas sabia que a Páscoa sempre foi sua
favorita. Ele passou semanas desenhando aqueles anjos no céu. Os caras na
prisão tentaram convencê-lo de que a família era superestimada, mas ele não
deu ouvidos. Em vez disso, ele caiu naquele ridículo chamado esperança.
Enquanto ele jogava mais algumas letras, outro estrondo alto de dentro do
trailer o fez pular.

O que ele está fazendo aí? Wood tentou se levantar, mas percebeu que
suas pernas não cooperavam. Era como se ele não tivesse controle sobre seu
corpo e algo mais tivesse assumido o controle. Wood apoiou os cotovelos nos
antebraços e balançou para a frente. Ele quase riu do absurdo, da hipocrisia
do que estava fazendo. Toda a pregação que ele fez para Bishop sobre
permanecer focado e forte... Agora olhe para ele. Ele não se preocupou em se
virar quando a porta dos fundos se abriu novamente e os passos pesados de
Trent ficaram mais altos quanto mais perto ele se aproximou. Wood mal

5
Flores usadas nas decorações também conhecidas como bico de papagaio.

185
conseguia manter as pálpebras abertas, então ele só viu o borrão de um corpo
parado na frente dele.

— Aqui! Beba isso. É aquele café nojento que você toma todas as
manhãs. — Trent o empurrou no ombro e Wood balançou e começou a
tombar, mas de alguma forma ele se endireitou antes de atingir o chão. —
Maldição! Você acabou de me fazer derramar metade.

— Vá embora. — Murmurou Wood, ou pelo menos foi o que ele pensou


ter dito.

— Wood. Já faz horas. Entre. Eu não estou dizendo isso de novo. Estou
cansado pra caralho estive acordado desde as cinco da manhã e trabalhei o
dia todo. Estou pronto para trancar e ir para a cama. — Trent segurava seus
ombros com raiva, mas Wood mal conseguia sentir seu toque. Ele queria as
mãos de Trent sobre ele, ansiava por isso, mas seu corpo estava embotado
demais para senti-las. — Vamos! Você pode terminar sua festa de pena lá
dentro.

Wood lutou quando Trent tentou levantá-lo.

— Saia de cima de mim. — Ele arrastou embaraçosamente.

— Filho da puta! — Trent gritou e atirou a caneca de café na cerca atrás


dele. Wood não vacilou quando pedaços de cerâmica e respingos de líquido
quente atingiram sua nuca. — Eu disse vamos!

Trent estava de pé sobre ele, e demorou uma eternidade para Wood


erguer a cabeça o suficiente para encontrar o olhar de seu colega de quarto.

186
Havia três pares de olhos franzindo a testa para ele, então ele se concentrou
no do meio.

— Eu sou um alcoólatra, Trent. Lá. Você queria saber quem eu sou. E


por que isso que fiquei na prisão por tanto tempo. — A raiva e o nojo que
sentia por si mesmo estavam começando a se infiltrar em seu espírito,
tentando fazê-lo sentir dor, então ele agarrou a garrafa e deu um jeito de
tomar um gole antes que fosse arrancada de suas mãos. Seu cérebro estava
processando muito devagar para seguir o que estava acontecendo, mas o
barulho alto de vidro quebrando em algum lugar perto dele disse que ele
estava cansado de afogar seus problemas. Essa foi sua última garrafa.

— Eu não me importo com o que você fez. — Disse Trent em voz baixa.

— Sim, você precisa.

— Eu disse que não. Você também não perguntou o que eu fiz.

Wood suspirou pesadamente e seu corpo balançou novamente, mas as


mãos quentes de Trent continuaram a segurá-lo.

— Eu já sei o que você não fez, Trent. Você e Bishop... Um caso trágico
de estar no lugar errado na hora errada. Vários de seus supostos amigos
roubaram uma loja de conveniência e vocês dois foram pegos no meio. Culpa
por associação. — Wood zombou. — Sim. Como você dorme à noite?

— Wood. — Trent rangeu irritantemente.

— Deixe-me perguntar uma coisa. — Continuou Wood, sem dar a


mínima para o que Trent pensava dele. — Você já matou alguém? — Trent

187
engasgou e trouxe um sorriso ao rosto de Wood. — Eu acho que não.

— Wood.

— Você fica dizendo meu nome.

— Entre.

Wood puxou o desenho esfarrapado da Sra. Dulenaka que ele tinha nele
por tantos anos. Ele felizmente não conseguia ver o esboço com sua visão
aquosa, não conseguia ver a beleza das flores.

— Ela era uma mãe... Uma enfermeira. Uma boa pessoa... E eu a matei,
Trent. Tive uma briga com Adam naquela noite, enquanto estávamos em um
bar com amigos. Nada de novo estávamos sempre discutindo sobre minhas
longas horas na loja. — Wood suspirou, lembrando-se daquela noite como se
fosse ontem, embora não houvesse muito o que lembrar. — Adam estava
bêbado. Ele estava sendo um idiota tentando me fazer reagir. E acho que
sim. Ele saiu, eu fui atrás dele e peguei as chaves e disse a ele que iria dirigir, e
quando chegássemos em casa, eu queria que ele saísse do meu apartamento.

Trent ficou em silêncio e Wood ficou feliz por não poder ver o que sabia
que estava ali. Julgamento.

— Eu não estava bêbado, eu juro. Eu tinha bebido algumas cervejas,


mas estava com tanta raiva que não devia... Não estava prestando atenção. —
Wood balançou a cabeça miseravelmente. — Eu tirei meus olhos da estrada
por um segundo, e um maldito animal... Um gambá, guaxinim, seja lá o que
for, foi o que bastou. Eu desviei para evitar um roedor horrível e, em vez

188
disso, matei uma mulher. — Wood acendeu o isqueiro e tocou a ponta da
chama no canto do papel. — Lá. Eu disse isso. Agora, você ainda quer que eu
entre?

Trent não hesitou.

— Sim.

— Você é tão ingênuo, Trent. Estou lhe dando uma saída fácil aqui, e
você é burro demais para aceitá-la.

— Foda-se.

— Foda-me, Trent. — Wood começou a rir, mas interrompeu quando


seu estômago embrulhou violentamente. Ele prendeu a respiração quando
uma onda de tontura e náusea o invadiu.

— Por que você não entra e descobre... Se você é homem o suficiente? —


Trent disse, sua voz não soando tão confiante quanto suas palavras.

— Que fofo. — Wood murmurou. — Mas talvez você devesse salvar essa
psicologia fraca nas pobres mulheres inocentes que você dormiu. Homens de
verdade não se apaixonam por um touro assim.

As mãos de Trent desapareceram de repente e, em segundos, Wood


estava de lado no chão frio, incapaz de se manter em pé. Ele nunca sentiu
quando seu ombro ou a lateral de sua cabeça bateu na terra fria. Demorou um
minuto, mas finalmente conseguiu se sentar. Só Deus sabia como ele
parecia. Wood baixou o queixo até o peito e enfiou a mão no bolso de trás
para pegar a única outra coisa que mantinha com ele em todos os momentos

189
desde que saiu dos portões da prisão.

Wood virou o chip de sobriedade de plástico azul na palma da mão. Ele


correu o polegar ao longo das palavras gravadas “A ti mesmo seja verdadeiro”
e fechou os olhos com força. Ele esteve tão perto daquele chip de nove
meses. Brody já estava falando sobre isso... Agora ele estragou tudo. Ele disse
a si mesmo quando saiu que o programa obrigatório de AA que ele tinha que
fazer seria moleza, porque ele não era um alcoólatra. Wood olhou ao redor.
Ele era o epítome maldito de um, e agora ele literalmente afundou o mais
baixo que podia. Ele estava no fundo do poço. Ele tinha ouvido adictos
falarem sobre isso nas reuniões, mas nunca tinha entendido totalmente, até
agora. Wood manteve o punho fechado sobre as chamas na caixa de metal.

— Wood, não. — Ele ouviu Trent dizer tão perto dele.

Wood jogou o chip no fogo. Ele não precisava disso e com certeza não
merecia.

— Eu estarei em um minuto. — Ele respirou pesadamente, a maldita


miséria se recusando a ficar longe.

— Vou esperar aqui com você. — Parecia que Trent estava agachado
atrás dele, e Wood sentiu aquelas mãos robustas retornarem... Ele as queria
longe dele. Ele não merecia esse toque também. Os dentes de Trent batiam
perto de seu ouvido e ele queria se voltar para aquela pele e hálito quente,
mas recusou. Ele não iria bagunçar a vida de Trent também. Ele era um cara
bom e merecia coisa melhor.

— Por favor, vá... Eu só preciso de um minuto. — Wood implorou. Ele

190
não podia deixar isso acontecer na frente de Trent, de jeito nenhum. — Vá.

— Tudo certo. Vou esperar aqui mesmo na cozinha. — Prometeu Trent,


depois se levantou, levando consigo o calor.

Wood estava começando a se perguntar se algum dia sentiria o toque


bem-vindo de um homem novamente. Sinta sua força e calor como ele sentiu
agora. Ele balançou a cabeça, mas imediatamente se arrependeu. Ele não faria
isso se tivesse que ser honesto primeiro. Homens bons não dormem com
assassinos.

191
Capítulo 24
Trent

Trent acordou com um puxão forte, como se alguém o tivesse cutucado


nas costelas com um pedaço de pau. Merda. Ele se sentou e estendeu a mão
para trabalhar uma torção na parte inferior das costas. Gemendo de
desconforto, ele olhou ao redor, perguntando-se como diabos tinha
adormecido na mesa da sala de jantar. Ainda estava escuro lá fora, mas seu
relógio interno disse que não demoraria muito até o amanhecer. Droga, eu
devo estar exausto-

Trent não terminou seu pensamento antes de sair da cadeira e correr


pelo corredor até o quarto de Wood quando os eventos da noite anterior
o atingiram.

— Wood! — Ele gritou quando tropeçou em um quarto vazio. — Porra!


— Trent arrastou o traseiro pelo trailer e saiu pela porta dos fundos,
arrancando a tela das dobradiças. Ele não sabia qual era o som daquele cinto
saindo de sua boca quando viu Wood deitado de bruços na terra porque ele
nunca tinha feito isso antes.

— Não, não, não, não... — Trent rangeu enquanto corria e pegava o


grande corpo de Wood em seu braço e tentava movê-lo. Parecia que ele estava
tentando levantar um Volkswagen. — Que porra você fez? Wood! Acorde! —
A respiração de Trent vacilou com a primeira sensação da bochecha

192
gelada de Wood, e a aparência de seus lábios pálidos e rachados. — Vamos,
droga. Nem pense nisso, porra.

Trent tentou com todas as suas forças levantar Wood e só conseguiu


arrastá-lo alguns metros. Ele deu um tapa na bochecha de Wood
repetidamente, tentando acordá-lo, sentindo que não era forte o suficiente
para carregá-lo. Ele esfregou os braços para cima e para baixo no peito e nos
braços de Wood para causar alguma fricção.

— Acorde, acorde. Ou juro que vou chamar a polícia agora, liberdade


condicional ou não, se você não acordar, porra. Você me está me escutando?
— Trent ameaçou.

Wood finalmente gemeu e seu corpo grosso começou a tremer


ferozmente, e Trent deu um leve suspiro de alívio, apesar de ter soado como
se Wood não passasse de uma enorme bola de agonia. Ele dobrou seus
esforços tentando acordá-lo, chamando seu nome mais alto. O que quer que
fosse, ele faria. O corpo de Wood começou a convulsionar enquanto ele
levantava com violência, e Trent passou de assustado a petrificado. Ele ficou
atrás de Wood e o forçou a se ajoelhar com os braços em volta dele como se
estivesse prestes a administrar manobra de Heimlich6. Trent enfiou os
punhos cerrados na barriga de Wood enquanto ele se dobrava e esvaziava o
estômago na grama.

— Isso mesmo... Tire toda essa merda. — Ele só podia imaginar quanto
desconforto Wood estava sentindo, e ele pensou que o álcool poderia até
6
Manobra de Heimlich é uma técnica de primeiros socorros utilizada em casos de emergência por asfixia, provocada por um pedaço de comida ou
qualquer tipo de corpo estranho que fique entalado nas vias respiratórias, impedindo a pessoa de respirar.

193
mesmo tê-lo envenenado, então era bom que ele estivesse tirando isso de seu
sistema.

Wood vomitou até que seu corpo não passasse de uma bagunça trêmula
nos braços de Trent. Ele segurou firme, mostrando a Wood que ele o tinha e
não o deixaria ir. Depois de esperar que a maior parte da bebida estivesse fora
de seu sistema, Trent sabia que precisava tirar Wood do resfriado matinal,
agora. Ele correu de volta para dentro e arrancou o edredom de Wood de sua
cama. Ele voltou e percebeu que o céu já estava com um tom de safira
arroxeado, o primeiro vislumbre do dia pronto para espiar a qualquer
momento. Trent estava com tanta raiva de si mesmo que conseguia cuspir
fogo; como ele pode ter adormecido e deixado Wood lá fora? Ele envolveu
Wood no edredom grosso e canalizou cada pedaço da fúria que estava
sentindo consigo mesmo por não estar lá e Wood por colocá-los nisso e
começou a arrastar Wood para dentro de casa com ele.

Trent conseguiu levar Wood pela cozinha e pelo corredor até seu quarto.
Ele ignorou os espasmos em suas costas enquanto desembrulhava Wood e se
apressava para tirar as roupas úmidas e frias dele. Trent havia trabalhado fora
a maior parte de sua vida, então ele sabia o que fazer se uma pessoa
começasse a sentir qualquer sinal de superexposição ao frio. E em qualquer
outra circunstância ele teria chamado o corpo de bombeiros agora, mas se AA
e ficar sóbrio estivesse em condições de liberdade condicional de Wood, então
depois que ele foi tratado no hospital, ele poderia estar voltando para a
prisão. Trent não poderia fazer isso. Não se ele pudesse ajudar primeiro.

194
Assim que despiu Wood e ficou apenas com a cueca boxer, Wood
começou a tremer tanto que parecia que estava tendo um ataque, e Trent
sentiu alguma esperança. Se Wood estivesse em um estágio avançado de
hipotermia, ele não estaria tremendo e sua respiração ficaria muito mais
lenta. Trent pegou um novo cobertor do armário e o cobriu com ele. Ele se
lembrou de que Bishop mantinha um aquecedor debaixo da cama, e ele o
puxou para fora, ligou-o do outro lado do quarto e ligou-o no máximo. Ele
colocou um travesseiro sob a cabeça de Wood e seus olhos se abriram
lentamente, vermelhos e lacrimejantes, partindo o coração de Trent.

— Lute, Wood. Vamos lá, cara. — Trent colocou a palma da mão


na bochecha desalinhada de Wood e o sacudiu levemente quando ele começou
a cochilar novamente. — Não. Fique acordado. Wood! Wood!

— Me deixe em paz. — Disse Wood, sua fala tão confusa que se Trent
não estivesse em seu rosto, ele não seria capaz de entendê-lo.

Droga.

— Não. Eu não vou te deixar sozinho. Foda-se você. Não sou tão imaturo
e fraco quanto você pensa. Vou ficar bem aqui na sua cara até que você se
enjoe de mim e se levante. — Ameaçou Trent.

Wood parecia estar tentando zombar dele, mas acabou vomitando tanto
que seu rosto passou de um branco fantasmagórico para um vermelho
brilhante antes de se enrolar sobre si mesmo. Trent envolveu as costas largas
de Wood com os braços e o posicionou do lado esquerdo, caso ficasse doente
novamente. Ele o segurou com força para que soubesse que não estava

195
passando por isso sozinho, não importa quantas vezes o afastasse.
Wood tossiu e grunhiu até que seu corpo ficou mole. A cada poucos minutos,
Trent fazia algo para mexer com Wood e impedi-lo de cochilar
profundamente. Ele ficou deitado lá pelo que pareceu uma eternidade, até que
a sala estivesse iluminada pelo novo dia e a sensação em seus braços
morresse. Trent mudou de posição e teve que manter a boca fechada quando
uma punhalada cortou suas costas. Ele estava suando como um louco, mas o
calor estava fazendo bem a Wood, e sua cor estava voltando lentamente. Trent
ouviu seu telefone tocar pela milionésima vez e decidiu que precisava se
levantar para poder se esticar e fazer Wood beber um pouco de água.

— Ei. Não vá dormir. — Trent disse contra o lóbulo da orelha de Wood.

Wood gemeu, mas não abriu os olhos.

— Eu não vou sair da sua orelha até que você olhe para mim. — Trent se
afastou e olhou para o rosto de Wood, se perguntando por que diabos ele
tinha sido tão estúpido. O homem era bonito pra caralho. Mesmo deitado de
bruços no chão e cheirando a um campo de cavalos, ele ainda era
deslumbrante. Trent passou a mão pelos longos cabelos de Wood no topo de
sua cabeça, surpreso como os fios cinzas claros pareciam macios passando
por seus dedos. As laterais eram mais escuras, quase todas pretas e bem
raspadas, e Trent percebeu que era um visual que achava muito atraente.
Depois de seu sexto ou sétimo ensaio, ele olhou para baixo e viu
Wood observando-o com as pálpebras pesadas. Trent deslizou a mão e ficou
olhando, sem saber o que dizer.

196
Ele se levantou e fez algumas tentativas para tentar afrouxar o aperto
que sentia, mas desistiu do esforço inútil. Transportando Wood através do
reboque assim deve ter o levou a puxar um músculo ou algo porque ele mal
conseguia ficar de pé. Wood estava olhando para o mesmo lugar que Trent
acabara de estar, seus olhos fixos em nada como se ele estivesse perdido em
sua cabeça. Deus, se ele soubesse o que aconteceu. O pensamento de ligar
para Bishop havia surgido em sua mente tantas vezes que ele estava ficando
frustrado. Ele entendeu por que Wood não tinha ligado para ele, e Trent faria
o possível para evitar que Wood se decepcionasse mais.

— Eu volto já. Vou pegar um pouco de água para você, ok. Você tem que
tentar se hidratar agora. — Trent murmurou e saiu do quarto.

Na cozinha, ele pegou o celular da mesa e viu que era um pouco depois
das onze, e ele tinha nove chamadas perdidas, quatro de seu chefe e cinco
de Bishop.

— Merda. — Ele imediatamente apertou a tecla Redial, e Summer


atendeu ao primeiro toque.

— Seu idiota. Eu estava quase chegando lá. O que está acontecendo? Por
que você não está no trabalho? — Summer disse no momento em que a linha
foi conectada.

Trent foi mancando até o armário e pegou um copo plástico e o encheu


pela metade com uma garrafa de água.

— Eu sinto muito. Olha, hum. Eu preciso que você me proteja com o


chefe hoje, certo.

197
— Trent, eu sou o chefe maldito.

Trent deu uma risadinha fraca.

— Eu sei. Preciso que minha melhor amiga, Summer, fale com minha
chefe e diga a ela que tive uma emergência e não posso ir hoje... E
possivelmente amanhã.

Ele quase podia ver o sorriso curioso de Summer pelo telefone.

— Muito bonitinho. Ok tudo bem. Vou falar bem de você com o


gerenciamento, mas seu melhor amigo exige saber o que está acontecendo
com você e por que você parece tão sem fôlego.

— É uma longa história. — Trent se inclinou para a frente e apoiou a


testa na porta aberta do armário. — E estou exausto demais para contar
agora.

— Mas você está bem? Você não disse que estava doente. É Bishop?

— Não.

— Mike?

— Não.

— Oh! — Ela sussurrou. — Você e Wood...

Trent revirou os olhos. Mulheres e sua maldita intuição.

— Não é como você pensa. Não tenho certeza do que está acontecendo
com meu colega de quarto, mas preciso estar aqui.

— Trent. Estou um pouco preocupado, querida.

198
— Não sinta. Está bem. Eu tenho isso. Eu só tenho que... Eu preciso. Às
vezes, uma pessoa precisa saber que não está sozinha, Summer. E se eu sair
por nove horas, então eu sei que ele vai...

— Não diga mais nada. Leve o tempo que precisar. Vou até conseguir
um emprego temporário da agência, se for preciso. É temporada de gripe,
então é isso que direi a qualquer um dos chefões do escritório se eles derem
um passeio, ok.

— Além disso, se Bishop ligar ou vier ao local, cubra-me com ele


também. — Trent sentiu seus ombros cederem de alívio. — Devo-lhe.

— Rapaz, você diz tanto isso, estou começando a achar que nunca será
capaz de retribuir.

— Verdade. — Trent bocejou.

— Tudo bem, irmãozinho. Acho que vou confiar que você sabe o que
está fazendo. Mas me ligue se precisar de mim, ok?

— Sim. Entendi.

— Amo você, cabeçudo.

Trent sorriu, seu peito parecendo um pouco mais leve.

— Sim, de volta a você.

Trent não queria lidar com as perguntas extras que Bishop teria, então
mandou uma mensagem para ele e disse que Wood estava gripado e que não
deveria voltar, ele ligaria de volta.

199
200
Capítulo 25
Wood

Wood não se mexeu. Ele permaneceu o mais imóvel possível nas


profundezas de onde quer que este lugar estivesse. Havia apenas escuridão e
frio, como o tipo de calafrio que ele sentiu quando visitou a exibição do
SeaWorld na Antártica. O tipo que se infiltrou profundamente em seus ossos e
o gelou até o âmago. Ele podia ouvir sons e sentir movimento ao seu redor,
mas era abafado, distante, e a voz em seu ouvido soava como um eco distante.

— Como os hipócritas caíram. — Dizia seu pai.

Onde quer que Wood estivesse, parecia o lugar mais seguro para se
estar. Ele afundou tão baixo até que sua mente foi protegida da desesperança
e da humilhação.

— Wood. Acorde Wood. Eu tenho água.

Lá estava ele novamente. Essa voz, aquele cheiro, tentando chegar onde
ele se escondeu. Não. Wood não deixava ninguém entrar e nunca sairia.
Dane-se o mundo, ferrem-se tentando transformar sua vida em qualquer
coisa depois de não ter feito nada para merecer uma. Ele não tinha expiado
seus erros. Ele precisava se arrepender e ser perdoado. Mas como ele poderia
se suas vítimas não permitiam?

— Wood. Por favor.

201
Wood tentou fugir daquele som, da persistência daquela voz que ficava
cada vez mais forte e alta. Em vez de correr em sua direção, Wood se enterrou
ainda mais. Se ele não permitisse a entrada de ninguém, ele nunca teria que
ver o nojo vil nos olhos das pessoas quando descobrissem a verdade sobre ele.
O líquido escorreu por seu rosto, mas ele não se importou. Ele nem sabia se
estava quente ou frio.

Sim, isso foi perfeito. Era aqui que ele ficaria.

Trent

Trent segurou a cabeça de Wood um pouco mais alto e colocou a xícara


de volta nos lábios secos.

— Abra sua boca e beba isso. — Ele agarrou o queixo de Wood e tentou
forçar a água na garganta, mas tudo o que Wood fez foi permitir que
pingasse pelo canto da boca. Trent ficou sentado olhando nos olhos vazios
de Wood, sentindo que isso era pior do que quando estava bêbado e agressivo.

— Você está me assustando, droga. Você está me escutando? — Trent


sussurrou perto do ouvido de Wood. Ele colocou a xícara de lado e virou o
rosto de Wood para ele. Seu colega de quarto apenas se deixou ser
manipulado e cutucado, nunca tentando se mover sozinho, não piscou e
reconheceu que ele ouviu o que Trent estava dizendo também. — Nova
maldita regra, Wood. Número... Número. — Merda, ele não tinha ideia de
quantos números havia escrito no curto tempo que viveram juntos. — Eu não
sei em qual numero estamos, mas você não tem permissão para me assustar,

202
certo? Não gosto de ter medo.

Wood não estava falando, ele não estava tremendo, engolindo, ele mal
piscava.

— Volte. Eu sei que é mais calmo, mais tranquilo onde você está agora...
Eu estive lá, Wood. E não tem ninguém pra te julgar, certo? Seu próprio
confinamento solitário. Eu sei que você está enterrado bem fundo, e você está
sozinho e isso é tão bom. Mas você não pode ficar lá porque aquele lugar vai
virar contra você também. Você está me escutando? Você tem que voltar.

Trent passou a mão pelo cabelo de Wood novamente, qualquer coisa


para obter uma reação.

— Eu sei que parece mais fácil onde você está, mas não é. — Trent
suspirou. — Você me perguntou se eu sabia o que era se sentir odiado. Eu
acredito que odioso foi a palavra que você usou. — Ele fez uma pausa,
imaginando o rosto carrancudo de sua mãe em sua mente. Ele acariciou
suavemente o cabelo de Wood, recusando-se a deixar essas memórias
arrebatá-lo mais. Mas as imagens ainda eram tão claras como quando ele era
criança. — Minha mãe não me suportava. Ainda não consigo. Eu era
temperamental e um verdadeiro encrenqueiro quando era jovem. Minha mãe
era linda. Ela queria ser uma estrela, como uma atriz ou cantora. Teve
algumas raízes reais também. Mas ela namoraria esses músicos viajantes ou
agentes falantes que entravam e saíam da cidade para fazer shows à beira-
mar, e os perseguia tentando ser descoberta, tentando conseguir sua grande
chance.

203
— Eu sempre estive no caminho de suas audições ou de ela comprar a
roupa perfeita. Eu não era nada além de um incômodo, irritando-a no jantar
depois que ela trabalhou no turno da noite em qualquer salão de coquetéis
aleatório. Mas o pior foi quando afugentei seus namorados por serem
desbocados, uma pestinha. Mas eu tive que ser mau, sabe. Eu tive que ficar
duro rápido, porque senão aqueles idiotas teriam continuado me tentando.
Eles agiam como padrasto do ano quando ela estava por perto, mas quando
ela ia embora, eles me batiam. Eventualmente, comecei a revidar. E também
não usei meus punhos. Eles eram muito pequenos. Eu pegaria uma frigideira,
um sapato, o que quer que estivesse por perto.

Trent ficou em silêncio quando pensou ter ouvido Wood fazer um som.
Mas ele estava errado. Enquanto ele olhava para as pálpebras sonolentas
de Wood, ele mal conseguia ver os redemoinhos castanho-mel na íris
de Wood através de suas pupilas dilatadas.

— Eu vou ficar bem aqui, certo? O dia todo se você quiser. Liguei para
minha chefe e ela disse que me cobriria pelo tempo que eu precisasse. —
Trent apoiou-se no cotovelo, tentando encontrar uma posição mais
confortável no piso de madeira. Ele gostaria de poder colocar Wood na cama,
mas sabia que já havia empurrado suas costas muito longe. A sala estava
quente o suficiente para cozinhar pipoca, então ele desligou um pouco o
aquecedor e desembrulhou um dos cobertores de Wood ao redor dele para
verificar se ele aqueceu o suficiente. — Bem, eu não posso verificar sua
temperatura central a menos que eu tenha um termômetro retal... E sim, isso
não está acontecendo. — Trent sorriu, mas seu sorriso desapareceu

204
rapidamente quando Wood continuou a olhar através dele. — Eu acho que
você está quente o suficiente.

Trent conversou com Wood sobre tudo e qualquer coisa para que ele
soubesse que não tinha saído do seu lado. Ele falou sobre o tempo que ele
passou na prisão e a maneira como ele se comportou para que todos os outros
presos pensassem que era psicopata e ninguém iria foder com ele. E sobre
como ele se tornou solitário e desanimado depois que Bishop foi transferido.
Ele queria que Wood soubesse que Trent o entendia mais do que ele pensava.

— O filho da puta do sistema judiciário. Eles nos trancam em gaiolas


como animais por anos e depois nos libertam de volta à sociedade, armados
com nada além de defesa e hostilidade, e então esperam que ajamos como
cidadãos-modelo. Que porra é essa, sabe?

Ele disse a Wood o quanto odiava o inverno porque não apenas amava a
praia, mas sentia falta do paisagismo no verão com Bishop e sua equipe. Ele
ansiava pelos longos dias de sol cavando na terra, inalando a grama recém-
cortada e cortando com os caras na hora do almoço.

— Mas o trabalho da construção paga bem e evita que eu tenha que usar
minhas economias durante o período de entressafra. Não sou eletricista nem
nada, mas fui promovido a operador de equipamento este ano, então... Estou
muito feliz com isso. O hotel que estamos construindo no centro também é
chique pra caralho. Tem vinte e um andares e ocupa metade do quarteirão da
Main Street. — Ele até contou a Wood sobre a potencial oferta de emprego
que ele tinha para permanecer em tempo integral em uma posição

205
assalariada.

Trent teve que parar de falar e comer. Não demorou muito para
terminar seus dois sanduíches de presunto e beber um pouco mais de água.
Ele tentou fazer Wood tomar um gole novamente, mas falhou.
Periodicamente, os olhos de Wood se fechavam lentamente, mas não por
muito tempo. Depois que Trent terminou de divagar sobre prisão, trabalho e
sua vida familiar de merda, ele começou a falar sobre algumas das coisas
malucas que ele e Bishop fizeram depois que se conheceram no reformatório.

Trent reposicionou Wood do outro lado e se certificou de que as


cobertas estivessem bem dobradas ao redor dele. Ele passou a ponta do
polegar pela testa de Wood e tocou alguns fios de cabelo que haviam caído em
sua têmpora.

— Eu não estava com uma mulher ontem à noite. Summer é minha


chefe e também minha melhor amiga. Como uma irmã mais velha. Nunca
fiz nada com ela, nunca. E eu cheguei tão tarde porque... Porque eu estava
sendo bobo. E eu sinto muito, Wood. Lamento não ter atendido sua ligação.

Ele pensou ter visto uma reação, uma oscilação na expressão de Wood.

— Eu sei que você pode me ouvir. Volte, Wood. Você é mais forte do
que isso. Você é muito mais forte do que eu, e eu consegui... Você também
pode. — Trent se aproximou, seus lábios a apenas alguns centímetros dos
de Wood. — Mas você tem que olhar para mim. Olhe para mim, Wood.
Droga. Você tem que ver o que está bem na sua frente, cara.

Trent continuou a falar até Wood cochilar. Eram quase quatro horas e

206
ele estava tão cansado que mal conseguia pensar direito. Ele pegou o telefone
para verificar suas mensagens e viu que Bishop havia mandado uma
mensagem quinze minutos antes para dizer que estava vindo.

— Porra. — Trent correu para chamá-lo de volta.

— Cara! — Bishop latiu. — Eu tenho ligado o dia todo. O que quer dizer
com Wood está com gripe? Como?

Trent pressionou o polegar e o dedo médio nas têmporas. Ele realmente


não queria mentir para Bishop, mas faria isso uma vez por Wood.

— Acalme-se, B. Quando cheguei em casa ontem à noite, ele não estava


se sentindo bem. Eu disse a ele para ir para a cama, e ele está lá desde então.

— Estou a caminho. Vou usar a chave debaixo do tapete.

— Não! — Trent gritou.

— Por que não? — Trent podia ouvir a confusão na voz de Bishop e a


suspeita.

— Porque já estou aqui. Estou certificando-me de que ele está bem. —


Disse Trent, tentando manter o nervosismo longe da voz.

— Você não trabalhou hoje? Liguei para você durante o almoço, e


quando você ainda não atendeu, liguei para Summer e ela disse que tinha
mandado você buscar suprimentos.

Trent bateu com a palma da mão na testa. Ele e Summer deveriam ter
esclarecido suas mentiras.

207
— Ela provavelmente estendeu mal. É tudo de bem.

— Então, Wood também não foi trabalhar?

— Não. Ele está doente, Bishop.

— Bem, eu sei que não é sua responsabilidade, e Wood não tem mais
ninguém para quem ele possa ligar. Então, vou trazer um pouco de sopa e um
pouco de remédio com...

— Não, Bishop! Eu já cuidei dele. Você sabe que mantenho Theraflu no


armário o tempo todo. Confie em mim. Eu estava apenas esquentando um
pouco de macarrão de frango agora. — Trent tentou pensar. — Além disso,
você não disse que você e Edison não tomaram vacinas contra a gripe? Bem,
eu fiz, por isso é provavelmente mais seguro para apenas eu de estar aqui. Eu
sei que você não quer acabar doente e ter que faltar às aulas. — Bishop ficou
em silêncio por tanto tempo que Trent teve que verificar sua tela para ver se
eles ainda estavam conectados. — B?

— Estou aqui. Estou apenas surpreso que você esteja tão ansioso para
cuidar dele. Vocês dois estão se dando bem agora?

— Claro. — Trent murmurou. — Por quê? Ele disse algo diferente?

— Um pouco. — Bishop parecia estar sorrindo. — Wood não


compartilha muito, mas ele disse algumas coisas interessantes sobre você na
semana passada.

— Sim, eu aposto. — Disse Trent, lembrando o quanto Wood gostava de


provocá-lo.

208
— Oh, eles são engraçados, acredite em mim. Mas há uma coisa que ele
disse que me fez pensar, Trent.

Bishop finalmente voltou para a escola para aprender a ler, mas ele
aprendeu a ler as palavras de uma pessoa há muito tempo. Trent não quis
parecer muito animado quando soltou:

— O que é isso?

A voz profunda de Bishop era mais suave, seu tom contemplativo.

— Ele disse que você o fez querer tentar novamente. Mas ele não disse o
que especificamente.

Trent pensou nessas palavras enquanto abaixava lentamente o telefone.


Então por que diabos você está desistindo?

209
Capítulo 26
Wood

Wood sentiu como se tivesse aberto os olhos, mas ainda não conseguia
ver nada além da escuridão. Ele não sabia se era noite ou dia; ele não tinha
nenhuma lembrança de tempo. Seu corpo foi repentinamente empurrado, e
então o cheiro de chuva de verão e terra encheu suas narinas e seu corpo
pareceu querer gravitar em sua direção.

— Eu só fui tomar banho e me trocar, Wood. Agora estou de volta. Você


abriu os olhos de novo... Como foi sua soneca? Com o que você sonhou?

A mente de Wood parecia estar tentando alcançar aquele eco suave


contra seu lado esquerdo. Parecia uma sinfonia tocada apenas com os
instrumentos mais suaves. Esse era o seu anjo bom? Tinha que ser, porque no
outro ouvido ele ouviu distintamente uma voz dizendo-lhe para ficar e se
esconder. Que o mundo era um labirinto bagunçado no qual ele se perderia.

Seu demônio era mais forte.

— Eu fiz para você uma sopa de macarrão com galinha. É a última lata,
então você tem que engolir.

Essa voz estava ficando mais clara, mais suave. Mais perto.

— Só um pouco, certo. Algumas colheres.

Não.

210
Trent

Trent grunhiu, se esforçou e quase gritou de agonia enquanto apoiava a


parte superior do corpo pesado de Wood em alguns travesseiros para que ele
pudesse alimentá-lo com a sopa. Droga, suas costas estavam fodidas. Mas ele
ignorou a queimadura e manteve sua concentração em Wood. Trent sabia que
seu tempo estava acabando. Se Wood não começasse a responder logo, ele
teria que fazer a ligação. Ele já estava com medo de estar atrasando muito.

Os olhos de Wood ainda estavam brilhantes como se ele tivesse acabado


de se injetar metanfetamina. Quando Trent olhou para eles, ele sabia que
Wood não estava olhando para trás, e que estava rasgando pedaços de seu
peito. Trent colocou uma pequena quantidade de caldo na colher e colocou
nos lábios entreabertos de Wood e esperou. Quando Wood não se mexeu,
Trent enfiou a colher dentro e despejou o caldo morno na boca de Wood,
apenas para assistir devastado enquanto ele pingava de volta.

— Droga Wood. Vamos! — Trent pegou mais um pouco e tentou


inutilmente de novo. — Uma colher maldita, cara.

Trent parou ao perceber que suas mãos tremiam. Ele colocou a tigela
sobre a mesa, examinando a bagunça que tinha feito tentando fazer Wood
comer. Ele tinha caldo saturando sua barba, misturando-se com a sujeira
ainda presente da noite anterior. Trent se afastou até que suas costas estavam
contra a lateral da cama. Ele baixou a cabeça para frente e agarrou dois
punhados de cabelo. O que eu estou fazendo? O que eu estou fazendo? Trent

211
tirou o celular do bolso e olhou para a tela inicial. Seu dedo pairou sobre a
imagem do contato de Bishop por um longo tempo antes que ele finalmente
jogasse o telefone do outro lado da sala. Trent lutou para ficar de pé, olhando
para o grande pedaço de homem pelo qual ele de alguma forma enlouqueceu.

Trent acordava todos os dias ansioso por sua briga matinal pelo
banheiro ou por quem comia o resto do cereal. Sua pausa para o almoço de
uma hora com Summer estava cheia dele contando para ela todas as merdas
irritantes que Wood tinha feito com ele na noite anterior. Como olhar para ele
como se quisesse lambê-lo todo enquanto Trent comia seu jantar ou roçar seu
corpo duro contra ele quando os dois estavam na cozinha, como se Wood não
tivesse espaço suficiente para manobrar. Ele jogou pedaços de papel
amassado no rosto enquanto assistia à televisão, então teve a ousadia de
chamar Trent de imaturo. Ele sorriu ao se lembrar de Wood falando sem
parar sobre a inutilidade dos videogames e como eles apodreciam as células
cerebrais. Trent perguntou se ele tinha lido isso na Enciclopédia Britânica.

Apenas algumas semanas atrás, ele odiava quando chegava a hora do


relógio porque sabia que estava voltando para um trailer escuro e vazio.
Agora, depois de um longo dia de trabalho, ele foi um dos primeiros caras a
queimar borracha no estacionamento. Porque ele sabia que iria virar a chave e
entrar em uma casa bem iluminada com o calor já bombando e alguém
esperando para cumprimentá-lo com um sorriso. Embora sarcástico e
travesso, Wood estava lá mesmo assim. E por alguma razão ele achou o
temperamento de Trent divertido... Delicioso foi na verdade a palavra que ele
usou. Ele estivera tão ocupado tentando vencer no chamado jogo, que não

212
percebeu que nenhum dos dois estava realmente jogando.

Trent bufou e tirou os nervos de suas mãos. Ele sabia no fundo talvez
sempre soubesse que queria tentar fazer isso com Wood, ele queria. Queria
ver se seus sentimentos eram reais, se o que ele ansiava por tanto tempo era a
última peça do quebra-cabeça. Trent arregaçou as mangas do moletom
quando a determinação se instalou. A diferença entre ele e Wood era que ele
era um filho da puta implacável e a palavra covarde não estava em seu
vocabulário.

— Cara, T. Se você quer alguém tão bom quanto Wood, então parece
que ele vai fazer você trabalhar para isso.

Ele cobriu o restante da sopa com filme plástico e colocou na geladeira.


Depois que ele zombou do resto do peito de frango e arroz cozido que ele fez
na noite anterior, ele estourou dois de seus relaxantes musculares e os tomou
com água. Ele encheu outra xícara e voltou para o quarto de Wood. Ele
franziu o nariz com o fedor no momento em que passou pela soleira. Trent
podia sentir o cheiro de suor e sujeira misturados com traços de uísque
escorrendo dos poros de Wood.

Talvez fosse por isso que Wood não conseguia comer ou beber ele ainda
cheirava a vômito. Trent precisava limpá-lo e tinha certeza de que isso
faria Wood se sentir vivo novamente. Achando que tinha um bom plano,
Trent pesquisou no Google como dar um banho de esponja, porque não havia
como arrastar Wood para o banheiro e colocá-lo na banheira.

Trent aumentou o aquecimento do quarto e reuniu os suprimentos

213
necessários que o site recomendou. Ele encheu duas de suas maiores tigelas
com água morna e pegou a última pilha de toalhas limpas. Em suas mãos e
joelhos, Trent lentamente começou a descascar as camadas de cobertores,
revelando a carne quente e úmida de Wood. Ele engoliu em seco enquanto
tentava evitar ter pensamentos que não deveria em um momento como
este. Em vez disso, ele manteve a metade inferior de Wood coberta e enfiou
algumas toalhas sob a cabeça para que pudesse lavar o cabelo.

— Ok. Caso você esteja se perguntando por que está pelado, vou lavar
essa porcaria de você, tudo bem. Trent despejou um monte de xampu em uma
tigela e se posicionou para que pudesse segurar a cabeça de Wood sobre ela.
Ele usou uma das mãos para segurar a nuca de Wood e a outra para
massagear o cabelo com o sabonete. Ele fez questão de observar os olhos
de Wood em busca de uma faísca, de uma reação, mas não conseguiu. Wood
nem se incomodou em ajudá-lo enquanto Trent lutava. — Está tudo bem se
você está muito cansado para lutar agora. Eu posso lutar por nós dois.

Trent meticulosamente tirou a água limpa da outra tigela e deixou


chover sobre a cachoeira prateada. Tão lindo. Ele fez três viagens para
refrescar suas tigelas e só lavou o cabelo de Wood. Trent estava muito
cansado, mas perseverou.

O próximo foi o rosto de Wood. Trent fechou a barra de sabonete Ivory


dentro de outra toalha e mergulhou-a na tigela de água fresca para fazer
espuma. Demorou muito porque ele não queria perder uma partícula de
sujeira e também não queria que o sabão nos olhos de Wood. Quando ele

214
completou essa tarefa, Trent lentamente passou uma toalha na testa
de Wood e sobre seu cabelo molhado, olhando para ele enquanto o fazia.

— Ei. — Sussurrou Trent. — Você está olhando para mim?

Wood não piscou.

Trent sentiu um nó na garganta e seus olhos ficaram embaçados demais


para que ele pudesse ver. Ele esfregou as costas das mãos sobre eles,
ignorando o cansaço, e continuou suas funções.

— Estou bem aqui, Wood. — Trent repetiu solenemente. Repetidamente


ele disse isso, esperando obter qualquer sinal de reconhecimento do cara
incrível que ele gostava de irritar. — Não vou a lugar nenhum.

Trent não teve outro pensamento sexual enquanto limpava o corpo


lindamente pintado de Wood. Ele estava muito chateado, muito confuso e
muito assustado para ficar excitado. Fazia vinte e quatro horas e Wood
continuava a bloqueá-lo. Trent jogou a roupa suja na lavanderia e
colocou Wood em um cobertor limpo com seu próprio edredom da cama
cobrindo-o. Ele encontrou um short solto em uma gaveta para Wood, mas não
teve forças para levantá-lo e colocar uma camiseta.

Ele tentou mais uma vez fazer Wood beber depois do banho, pensando
que devia estar se sentindo melhor, um pouco humano, mas Wood nem
tentou. Trent teve que se levantar e ir embora antes de jogar todos os móveis
no quarto de Wood. Porra, ele estava louco! Trent saiu mancando pelo
corredor, querendo socar a parede, ou chutá-la, qualquer coisa para liberar a
raiva e a raiva. Ele estava fazendo tudo em que podia pensar. Brincando,

215
gritando, tocando, ameaçando, e ele falou até ficar com o rosto azul. Ele
nunca tinha falado tanto em sua vida. Mas ele estava sem o que dizer. Sua
vida era uma bagunça quente, nada que escrever.

Trent se sentou à mesa e olhou para o corredor, sentindo aquela


sensação de desespero tentando invadir seu espírito. E como se ela tivesse
algum tipo de radar para quando ele estivesse descendo, o telefone vibrou em
seu bolso, e ele o puxou para ver a foto sorridente do contato de Summer. Ele
exalou um suspiro cansado e respondeu.

— Ei.

— Oi. Como foi hoje?

— Tudo bem. — Trent mentiu.

— Não parece certo.

Trent apoiou a testa na palma da mão.

— Estou com medo, Summer. Estou com tanto medo.

— Trent. — Ela engasgou. — Estou chegando.

— Não. — Trent se assustou. — Não. Não. Eu não posso deixar


ninguém... Eu não quero que ele tenha que explicar nada a ninguém mais
tarde, se ele não quiser.

— Ok, isso foi enigmático como o inferno.

— Eu sei.

Summer ficou quieta por um tempo, como se esperasse que Trent

216
cedesse e confessasse como sempre fazia, mas não desta vez. Não era segredo
seu para revelar. Como se ela tivesse aceitado que ele não iria elaborar, ela
perguntou:

— Você precisa de alguma coisa? Você está com fome, vocês jantaram?

— Sim. Já comemos. — Trent acenou com a cabeça, então se lembrou:


— Oh, sim, há algo que preciso. Você pode me trazer algumas latas de sopa
Campbell no seu caminho para o trabalho amanhã de manhã? Eu usei meu
último.

— Wood está doente?

— Summer. — Advertiu Trent.

— Tudo bem, tudo bem. Puxa, homens. Tão estranho.

Trent sorriu. Por que ela dizia isso o tempo todo, como se os homens
fossem criaturas tão peculiares?

— Vejo você de manhã.

— Ok. — Trent estava prestes a apertar o botão fim quando ouviu


Summer gritar.

— Trent!

— O que? — Ele franziu a testa.

— Tente tocar sua música esta noite para acalmar seus nervos.
Faz muito tempo que não ouço você soar tão estressado e agitado, e esses
malditos discos são a única coisa que sei que ajuda além de mim ou Bishop.

217
Summer desligou e Trent mexeu o traseiro e foi para o quarto. Por que
diabos ele não tinha tentado seus discos antes? A música tocava o coração.
Trent vasculhou a caixa de Miles e removeu uma balada de R&B da velha
escola intitulada “Try Again”. Ele pegou seu violão de segunda mão do
armário e voltou para o corredor.

218
Capítulo 27
Wood

Música. Era implacável e tão perto dele. Estava alcançando-o e Wood


não conseguia escapar. Quando começou, ele tentou ignorar a melodia suave
e a voz profunda de barítono de qualquer música que estivesse tocando,
dizendo-lhe que “talvez ele devesse tentar novamente”. Agora, depois que
parou, ele se viu procurando por ela.

— Eu não sou tão bom quanto Miles era. Ele tentou me ensinar, pois
minha mãe nunca me daria as lições que eu implorava, mas ele mesmo foi
autodidata. Cara, eu queria ser igual a ele.

A música começou a tocar novamente, como uma trilha sonora para as


histórias que seu anjo lhe contou.

— Miles nunca levantou a voz ou xingou. E ele não empurrou minha


mãe também. Quando ela ficava fora até tarde, ele me levava para um de seus
shows e me escondia nos bastidores. Droga. Aqueles foram os melhores dias
da minha vida com ele. Miles se gabava o tempo todo de ser um músico de
quinta geração, mas nenhum de sua família jamais havia se destacado.
Embora seu bisavô tenha tocado para James Brown por cerca de cinco
minutos.

Seu anjo riu.

219
— Mesmo quando eu estava de mau humor, ele era bom comigo... E
usava a música para me animar. Eu o empurrei no início, pensando que era
estúpido. Pensando em como eu, um garoto branco mal e educado das ruas,
vou sentir o poder do ritmo do blues?

Wood ouviu uma batida lenta, e as vibrações pareceram costear no ar e


diretamente em seu peito. Sua luz negra estava brilhando nas bordas
e Wood tentou agarrá-la.

— Mas ele me disse para apenas ouvir. Para fechar meus olhos e deixar
minha mente ir aonde a letra me levasse. Ele costumava me dizer que o ritmo
não via cor e o blues não discriminava. Quando me perdia na minha raiva,
fechava os olhos e deixava a letra falar comigo. Me acalma.

A música continuou, o som crescendo com clareza, e Wood podia ouvir


que era um violão sendo tocado sobre um homem cantando em um tom
sombrio e blues. Ele podia ouvir muito bem, quando sabia que não deveria.
Não importa o quanto ele tentasse se agarrar ao seu lugar escuro, uma voz,
um cheiro, continuava puxando-o, recusando-se a deixá-lo ir. E não
importava a luta que ele lutasse, sua mente e corpo flutuavam com cada nota
tocada. Então Wood podia ouvi-lo, ouviu a voz doce de Trent dizendo-lhe
histórias enquanto ele tocava aquelas notas suaves em sua guitarra.

Deus, tem sido ele o tempo todo.

220
Trent

Trent se levantou e desligou outro disco. Já passava das três da manhã,


e seus olhos pareciam ter sido encharcados de areia e as pontas dos dedos
ardiam como o inferno de tocar as cordas rígidas do violão. Ele foi até a
cozinha e fez outro bule de café nojento e bebeu metade do bule em um
esforço para ficar acordado. Ele queria ser aquele para quem Wood olhasse
quando seus olhos voltassem a se concentrar, mas ele sabia que não tinha
muito vapor. E ele também sabia que seu relógio tinha parado. Talvez fosse
hora de conseguir ajuda profissional para Wood. Ele se odiaria se isso
o colocasse em problemas, mas se odiaria ainda mais se estivesse causando
um dano de longo prazo a Wood. Obviamente, foi algo terrível que deixou um
homem como ele em tal estado de depressão. O nome Brody continuava
surgindo em sua mente, e ele sabia que Wood esperava vê-lo naquela noite.

Trent se apoiou pesadamente no balcão enquanto esperava que a tigela


de sopa esquentasse. Se Wood ainda se recusasse a comer ou mesmo beber
água, ele ligaria para o 911. Eles provavelmente apenas o levarão a um
centro de tratamento para uma avaliação de vinte quatro horas eles nem
saberão que ele está em liberdade condicional. Eles vão deixá-lo ir embora
quando virem que ele está deprimido consigo mesmo. Trent enfiou as mãos
nas órbitas dos olhos, sabendo que provavelmente seria diferente. Ele não
sentia esse tipo de exaustão profunda há muito tempo. Mas, felizmente, a dor
aguda na parte inferior das costas também estava ajudando a mantê-lo alerta.

Trent carregou o caldo quente e um copo de água pelo corredor e para o

221
quarto de Wood pela quinta vez. Ele verificou cada centímetro dele,
desapontado por encontrá-lo na mesma posição, mas seus olhos não estavam
mais fechados. Ele estava acordado, mas Trent sabia que Wood não estava
olhando para ele.

— Eu trouxe um pouco de sopa para você. Summer vai trazer um pouco


mais pela manhã. — Trent bocejou e olhou para o relógio. — Bem, em
algumas horas.

Trent apoiou outro travesseiro sob a cabeça de Wood e gentilmente


colocou a xícara nos lábios.

— Aqui está.

Wood nem tentou.

A respiração de Trent começou a aumentar e ele não conseguiu mais


conter o pânico.

— É isso. Você me ouve? Se você não me deixar ajudar, terei que


encontrar alguém para você. Eu não vou deixar você simplesmente
desaparecer.

Trent pressionou o polegar contra o queixo de Wood para abrir mais a


boca e derramou... Nada. Ele se levantou do chão, fazendo uma careta, com as
mãos fechadas em punhos.

— Por que você está fazendo isso! Você não vê que estou tentando?
Estou fazendo o trabalho, porra, e você não, Wood! — Trent pegou um porta-
copos cheio de lápis de cor de Wood e os jogou pela sala. O som não foi alto o

222
suficiente, então ele agarrou a luminária da mesa e a jogou com toda a força
que pôde no corredor, satisfeito quando ela se quebrou em pedaços. —
Acorde!

Trent caiu de joelhos, sentindo-se derrotado como sempre.

— Por favor, acorde. Por favor, Hersh. Estou sozinho aqui também,
cara. — Trent usou a parte de trás da manga para enxugar o suor que escorria
pela têmpora. Sua voz estava rouca e seca, e ele podia sentir seu corpo
querendo desligar e dormir. — Eu sinto muito, mas estou com medo. Vou ter
que chamar ajuda. Tentei de tudo em que posso pensar e não tenho mais
nada, Wood. Não sei mais nada para fazer .

Trent encarou a expressão sem vida nos olhos de Wood antes de seu
olhar cair para os lábios. Lentamente, Trent se acomodou ao lado de Wood e
abaixou o rosto até que estivessem separados por apenas alguns fios de
cabelo. Ele parou, desejando que milagrosamente Wood conseguisse passar e
tomar aquela última polegada como se ele não pudesse esperar mais um
segundo para que suas bocas se tocassem, mas ele não se moveu. Trent
manteve os olhos baixos até que eles se conectaram. Os lábios de Wood
estavam secos e rachados, mas ainda assim eram maravilhosos. Trent nunca
tinha beijado os lábios de outro homem, nunca realmente quis, até que
conheceu Wood. Ele nunca quis um vínculo com alguém tão ferozmente.
Trent soprou na boca de Wood como se o estivesse alimentando com vida e
apertou os lábios mais profundamente. Quando ele se afastou, Trent
engasgou quando sua mão voou para os lábios que ainda vibravam com a

223
sensação. Deus. Seu corpo parecia ter sido injetado com adrenalina e sua
alma tinha ganhado vida.

Droga. Era para ajudá-lo, não a mim. Trent balançou a cabeça. Aquilo
foi estúpido. Este não é um conto de fadas de merda. Quando Trent ergueu os
olhos, seu corpo congelou. E seu coração começou a bater forte o suficiente
para fazer seu peito doer. Não havia dúvida agora. Wood estava olhando
morto para ele.

224
Capítulo 28
Wood

O corpo de Wood foi empurrado rudemente quando Trent caiu sobre o


seu, com as mãos fortes segurando o rosto.

— Wood, Wood. Você está olhando para mim? Wood.

Wood fechou os olhos e os abriu lentamente, querendo ter certeza de


que a visão diante dele era real. Que ele estava olhando fixamente nos olhos
cor de rum de Trent, e não havia julgamento ali. Sem vergonha ou pena.
Apenas cansaço e preocupação. Wood sentiu a dor do que tinha acontecido
bater de volta nele com força suficiente para fazer suas costelas doerem
quando ele gritou.

Trent ficou de joelhos e puxou Wood em seu peito duro, agarrando-o


em um abraço forte.

— É isso, Wood, volte. Deixe essa dor entrar para que você saiba que
está vivo.

Wood percebeu terrivelmente que ele estava aqui em tempo real e


completamente exposto. Enquanto a culpa ainda pesava em seu coração e ele
não tinha ideia se algum dia iria diminuir totalmente, ele percebeu que não
estava tão sozinho quanto pensava. Wood sentiu seu estômago se contrair
violentamente e gemeu de desconforto, fazendo com que Trent o abraçasse

225
com mais força.

— Você está bem. — Sussurrou Trent, passando a mão para cima e para
baixo em sua pele nua.

O corpo inteiro de Wood doía, machucado até a alma. Agora tudo o que
podia fazer era fechar os olhos e enterrar o rosto na curva do pescoço de
Trent, já que não tinha outro lugar para se esconder. Ele respirou fundo, e
havia aquele cheiro de chuva fresca e jardins.

— Nunca mais me apavore assim de novo. — Disse Trent, colocando-


o cuidadosamente no travesseiro, e Wood percebeu que ele estava no chão
cercado por cobertores macios e vários travesseiros.

Me desculpe. Wood estava tão envergonhado que mal conseguia


encontrar os olhos cansados de Trent, mas ele o fez. Ele tinha sido um
desistente e um covarde, deixando a vida reduzi-lo a uma polpa sem ao menos
lançar um contragolpe. Agora tudo o que Wood poderia esperar era que ele
tivesse tempo para reparar o dano que ele tinha feito com o homem ainda
espalmando sua bochecha. Ele exalou e se transformou em um toque
reconfortante.

— Eu quero que você beba um pouco dessa água agora, certo? Você
esteve fora disso por quase vinte e quatro horas. — Trent estendeu a mão ao
lado dele, e Wood notou que ele se encolheu como se estivesse ferido antes de
colocar um pequeno copo de plástico nos lábios. Trent segurou seu pescoço
para firmá-lo e observou Wood aceitar os primeiros goles. Uma expressão de
pura exaltação eclipsou o cansaço na expressão de Trent e fez Wood se sentir

226
ainda pior. Ele tinha feito Trent passar por tanta coisa. Droga, como ele iria
pagar esse tipo de dívida?

— Beba um pouco mais. — Disse Trent naquele tom terno e


aveludado. Uma voz que Wood tinha certeza que continuaria a ouvir em seus
sonhos.

Wood deixou o líquido frio escorrer pela garganta ardente e, quando


tentou falar, agradecer, saiu como um gemido dolorido. Se ele pudesse se
livrar da dor física, ele lentamente descobriria como lidar com o outro. Ele
precisava descansar porque se sentia como se estivesse acordado por mais de
um dia. Wood fechou os olhos e afundou a cabeça no travesseiro. Depois de
alguns segundos, a testa de Trent pressionou suavemente contra a dele, seu
hálito quente acariciando seus lábios.

— Vá em frente e durma, Wood. Estarei bem aqui quando você acordar.

Trent

Trent conseguiu tirar uma soneca de uma hora ao lado de Wood antes
de acordar assustado com o som de seu alarme tocando em seu quarto. Ele se
levantou o mais rápido que suas costas permitiram, colocou seus slides e
caminhou pelo corredor contornando grandes pedaços de lâmpada quebrada
para desligar o bipe irritante. Depois de clicar em Cancelar, Trent sentou-se
cautelosamente no colchão e esfregou os músculos doloridos do quadril. Ele
acreditava que seus dias de acampamento no chão já haviam se passado.

227
Sentindo-se como se ainda estivesse de plantão e sem saber se Wood
estava realmente bem, ele mandou uma mensagem para Summer para
lembrá-la de que não iria hoje. Trent tirou a vassoura e a pá de lixo do
armário de utilidades e limpou os resultados de sua explosão. Eu realmente
tenho que parar de quebrar a merda das outras pessoas. Agora ele precisaria
substituir a lâmpada de cabeceira de Wood. Quando teve certeza de que todos
os vidros e peças foram descartados, ele decidiu checar seu colega de quarto
mais uma vez. Trent abriu a porta e olhou para dentro, não querendo
perturbar Wood se ele finalmente estivesse descansando. Mas ele ficou
preocupado quando viu as rugas profundas vincando a testa de Wood e a
maneira como sua cabeça ficava sacudindo para o lado como se alguém
estivesse batendo nele.

Droga. Trent correu para seu quarto e vasculhou a caixa de Miles em


busca de algo para afugentar aqueles malditos pesadelos. Ele havia
memorizado cada registro de trás para a frente e conhecia os que usava para
se sentir melhor, mas a música tocava a todos de maneira diferente. Ele
precisava ter certeza de escolher o caminho certo. Fale comigo, Miles. De
quem ele precisa agora? Trent folheava os álbuns ansiosamente quando de
repente parou em uma capa preta desbotada com letras amarelas. Trent
lentamente tirou o velho disco da embalagem e colocou-o no toca-discos. Com
precisão praticada, ele deslizou sobre o braço e pairou a agulha acima do
sulco externo. Ele gentilmente o tocou; o som inicial de estalos e estalos do
barulho da agulha nunca deixou de estimulá-lo, de prepará-lo para a
perfeição do que estava por vir. Era uma qualidade de som que ele

228
simplesmente não conseguia obter de um CD ou arquivo MP3. Assim que
“Pain In My Heart” de Otis Redding começou a tocar, Trent fechou os olhos.
Era um ritmo tão lento, mas poderoso, e as letras dolorosas iam direto ao seu
núcleo. Ele esperava que Wood pudesse sentir isso também.

Trent deixou o disco tocar em volume baixo, alto o suficiente


para Wood ouvir do outro lado do corredor. Ele pegou uma tigela de água fria
e outro pano grosso no armário de linho e se acomodou ao lado de Wood
enquanto ele continuava a lutar em seu sono.

— O que você está sonhando, hein? — Trent molhou o pano na água e


torceu-o o suficiente para não molhar Wood. Ele o dobrou ao meio e
gentilmente o colocou no centro da testa úmida de Wood. O aquecimento foi
reduzido e os cobertores puxados apenas até a cintura, mas ele ainda estava
suando. Trent enxugou lentamente a transpiração, passando a toalha úmida
pela bochecha de Wood enquanto tirava o cabelo macio do rosto.

Wood gemeu enquanto Trent arrastava a compressa fria garganta


abaixo, depois acariciava repetidamente seu pomo de adão, sendo arrebatado
pela intimidade. Ele engoliu em seco quando pensou em se inclinar mais
perto e lamber aquele grosso pedaço de cartilagem que o fascinou ao ver
Wood beber garrafas inteiras de água em segundos. Na terceira música, Trent
se perdeu em seu trabalho, pois a música o embalou em um estado de paz que
ele não sentia há muito tempo. Ele se concentrou em sua tarefa, meticuloso
na maneira como acariciava as rosas brilhantes que decoravam os peitorais
grossos de Wood. Ele mergulhou o pano mais uma vez, incapaz de resistir a

229
usá-lo para alisar o sexy cabelo cinza e preto em seu estômago, levando até
sua virilha.

Wood parecia estar descansando melhor, e Trent estava além de


satisfeito consigo mesmo. Droga, era bom para alguém ter que confiar nele
para variar. Desde que Bishop encontrou Edison, seu irmão não precisava
mais de sua ajuda, não quando o amor de sua vida estava mais do que
disposto a ajudar. Trent passou a mão pela barba áspera de Wood, segurando
sua bochecha enquanto o olhava. E quanto tempo antes de você sair
também? Ele queria Wood acordado, se sentindo melhor e se comportando
como antes, mas não conseguia evitar de sentir que não seria mais necessário.
Homens como Wood apanhavam da vida o tempo todo, mas nunca ficavam
no chão por muito tempo. Ele conseguiria o que precisava de Trent... Então
seria jogado de lado quando algo melhor surgisse. Novamente.

Trent suspirou e foi quando percebeu que Wood havia aberto os olhos e
o encarava sonolento. E deu a ele um sorriso encorajador que ele não sentia,
porque foi isso que Trent fez. Ele fingiu. Disse a todos que estava bem, que
estava bem, só queria ficar sozinho, porque era o mais fácil. Mais fácil do que
se apegar e acordar para descobrir que um dia eles se foram, desapareceram
sem nenhuma explicação sobre o que ele tinha feito de errado. Ele tentou
quebrar o contato visual, mas não conseguiu; ele se recusou a se virar.
Enquanto Otis cantava para seu coração sobre sonhos inesquecíveis, Trent
pensava nos desejos que tivera na prisão de ter algo maravilhoso para si um
dia. Visões de dias calmos onde ele nunca ficava zangado.

230
Trent não se moveu até que as pálpebras de Wood não puderam ficar
abertas por mais tempo e sua respiração parou. Depois de fechar a porta do
quarto, ele apoiou a mão na parede e se espreguiçou, tentando desfazer os nós
doloridos. Seu celular vibrou em seu bolso com uma notificação, e ele ficou
feliz em ver que era uma mensagem de Summer dizendo que ela estava
parando em sua garagem.

Trent abriu a porta e sua melhor amiga entrou correndo com os dois
braços carregados de sacolas de compras do mercado. Ela largou todos na
mesa de jantar com um baque pesado, depois balançou os braços.

Trent ficou boquiaberto como se ela tivesse perdido o juízo.

— Eu pedi para você me trazer algumas latas de sopa, Summer. O que é


tudo isso? — Ele cavou dentro de uma das bolsas, seus olhos se arregalando.
— Eu não pedi costela. Merda, não posso pagar por tudo isso.

Ela veio por trás dele e colocou os braços em volta de sua cintura
enquanto ele cavava dentro de cada bolsa.

— Eu mencionei uma palavra sobre o pagamento? Parece que você vai


ficar preso dentro de casa por um tempo, então eu queria ter certeza de que
você tinha o que precisava. Não posso fazer algo bom pelo meu amigo? Tudo
bem?

Trent deixou escapar um suspiro cansado, mas seu sorriso era genuíno.

— Isso aí, amor. Muito obrigado. Algumas dessas coisas aqui, vou ter
que perguntar a Edison como cozinhar.

231
— Talvez você e Wood possam fazer algo juntos. — Ela cantarolou,
abraçando-o com mais força.

Trent se virou em seus braços e agarrou o tecido volumoso de sua parca


de inverno, abraçando-a.

— O que vou fazer com você, mulher? — Ele sussurrou.

— Apenas me ame. — Ela sorriu.

— Eu já faço. — Trent a soltou e encostou o traseiro na mesa, sentindo


uma onda de cansaço atingi-lo. — Quer um pouco de café?

Ela jogou a cabeça para trás com surpresa óbvia.

— Você odeia café.

— Eu sei, mas Wood bebe, então eu posso fazer uma jarra se você
quiser. — Trent deu de ombros, incapaz de evitar que seus olhos vagassem
pelo corredor até a porta do quarto de Wood.

As pontas dos dedos frios de Summer agarraram seu queixo e virou sua
cabeça para encará-la.

— Como você está, irmãozinho? Honestamente.

Trent balançou a cabeça tristemente.

— Já estive melhor. Mas eu devo a você por me proteger. Realmente.


Estarei de volta ao trabalho em breve, eu prometo.

— Ei, eu não dou a mínima para aquele hotel chique. Estou falando
sobre você... E Wood. — Summer olhou para trás. — Ele está bem?

232
— Sim. — Trent bufou. — Eleesta agora.

Summer assentiu, olhando para ele com curiosidade. Alguns segundos


se passaram antes que ela declarasse:

— Há sopa suficiente aí para uma semana, ok. E alguns outros lanches


que eu sei que você gosta.

— Entendo. Obrigado, Summer.

— Tudo bem, eu gostaria de poder ficar e conversar com você um pouco,


eu quero. Mas tenho que chegar ao local agora. — Disse ela, já caminhando
em direção à porta da frente.

Trent consultou o relógio. Ela tinha uma viagem de vinte minutos para
chegar ao centro da cidade, mais se acertasse o trânsito da hora do rush da
manhã.

— Dirija com cuidado. Ligue para mim na hora do almoço.

— Você sabe que vou. — Disse ela e beijou-o na bochecha. Ela correu
pela passarela até seu caminhão preto, e ele estremeceu com o frio precoce
enquanto a observava sair em segurança e se afastar.

Trent sentiu como se estivesse no modo zumbi enquanto guardava as


compras e caminhava com dificuldade para o quarto. Ele não se incomodou
em colocar outro disco; ele teve apenas energia suficiente para abrir os braços
e mergulhar de cara no colchão.

233
Capítulo 29
Wood

Wood acordou de um sono agitado, mas se sentindo muito melhor do


que da primeira vez. Só que ele não viu Trent em lugar nenhum. Ele tinha
certeza de que não tinha feito tudo isso em sua mente o homem estava lá,
tocando seu rosto e banhando seu peito. Aquela música blues, atraindo-o para
um sono tranquilo. A sensação foi tão boa, e Wood quis dizer isso a Trent,
mas ele lutou para falar. Sua boca parecia mais seca do que o deserto de
Mohave, e sua garganta ameaçava quebrar cada vez que ele engolia. Trent!
Sua mente o procurou, quer Wood falasse as palavras em voz alta ou não.
Como se Wood precisasse dele. Trent! Não. O que ele precisava fazer era tirar
seu traseiro daquele chão duro e se recompor. Ele estava agindo indefeso.

Wood se virou, a dor queimando em seu estômago. Ele teve que respirar
através dos surtos de náusea enquanto abria caminho para o lado, deslizando
até que suas costas estivessem apoiadas na frente de sua cômoda. A pequena
distância o fez suar e respirar com dificuldade, como se tivesse acabado de
fazer cinquenta flexões. Wood nunca se sentiu assim em sua vida. Golpeado
com o tipo de dor que o atacava por toda parte, o tipo que paralisa os
membros e os sentidos. Wood balançou a cabeça, ainda incapaz de entender o
que realmente acontecera no outro dia. Ele perdeu sua família, o trabalho de
sua vida, sua redenção e sua sobriedade em poucas horas. Nem uma vez,

234
quando saiu daquela prisão, sete meses atrás, lhe ocorreu que falharia tão
miseravelmente. Que ele cairia tão baixo.

Wood estendeu a mão e agarrou a borda superior da cômoda pesada.


Uma coisa era malditamente certa... Ele estava se levantando. Ele grunhiu e
se esforçou ao se levantar, sentindo as pernas como se não fossem mais
capazes de sustentá-lo. Ele teve que ficar parado por um momento para
recuperar o equilíbrio e superar a tontura. Wood deu um passo em direção à
cama, mas teve que se apressar e se controlar, derrubando alguns de seus
produtos de higiene pessoal no processo. Não se passaram cinco segundos
depois que Trent explodiu em seu quarto, derrapando na pilha de cobertores
quando viu Wood de pé.

— O que você está fazendo? — Trent correu para o lado dele e colocou o
braço em volta da cintura para apoiá-lo, mas Wood o ouviu sibilar de dor. —
Vamos, tente ir para a cama.

— Não. — Wood grunhiu. Ele pigarreou. — Eu preciso ficar de pé.

— Tudo bem. — Trent concordou. — Ok, isso é bom.

Wood usou os móveis ao redor da sala para ajudá-lo a dar os primeiros


passos. Ele tinha tão pouca energia que era constrangedor. Se ele lutasse com
um garoto de dezesseis anos agora, o garoto provavelmente daria a ele uma
chance para seu dinheiro. Ele estava segurando a maçaneta quando entrou no
corredor e seu joelho esquerdo cedeu. Wood sabia que ele estava caindo, mas
Trent mergulhou sob seu braço pouco antes de atingir o chão. Embora
pudesse ver que as costas de Trent o incomodavam de novo, de alguma

235
forma Wood se sentiu mais seguro que estivera em muito tempo. Como se
soubesse que Trent não o deixaria cair, ele não o deixaria sozinho, e não o
abandonou quando ele mais precisava dele. De alguma forma, Wood ganhou
a confiança de Trent, e sua lealdade o seguiu rapidamente. E Bishop estava
certo. Wood estava começando a se sentir muito sortudo com isso.

— Para onde você está tentando ir? — Trent perguntou a ele. — Talvez
você devesse deitar e beber um pouco mais.

— Eu vou.

— Boa. — Trent tentou se virar, mas Wood o impediu.

— Eu preciso ir ao banheiro.

As bochechas de Trent ficaram vermelhas e um belo rubor desceu por


seu peito.

— Ok.

Wood não sabia se Trent ficou aliviado ou desapontado quando disse


que não precisava que ele fosse ao banheiro ajudar. Ele argumentou que
poderia não ser seguro para ele tomar banho sozinho, e Wood não conseguia
parar a curva de um lado de sua boca. Ele lentamente removeu as mãos de
Trent de sua cintura e beijou seus dedos.

— Eu posso lidar com isso. — Ele prometeu e se fechou por dentro,


mantendo-o destrancado como ele concordou. Ele poderia dizer que Trent
não queria deixá-lo sozinho, mas Wood já havia sofrido humilhação o
suficiente. Ele precisava fazer essa parte sozinho.

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Wood tomou um longo banho quente, sem pensar que Trent se
importaria em quebrar a regra dos dez minutos. Inferno, ele levou pelo menos
esse tempo para ir do banheiro para a banheira. Seu corpo ainda estava
dolorido, mas ele se sentia mais lento e cansado do que agora. Wood escovou
os dentes três vezes, depois enxaguou com o antisséptico bucal, pois os
flashbacks dele ficando doente e com vontade de vomitar de novo. Ele
esfregou o rosto para limpar, mas não havia sabonete que pudesse tirar o
constrangimento. Ele enrolou uma toalha na cintura e desligou a luz. Quando
ele abriu a porta, seu coração disparou ao ver Trent parado ali esperando.

— Ei. — Trent mordeu o lábio. — Você precisa da minha ajuda?

Wood balançou a cabeça e Trent começou a recuar quando estendeu a


mão e segurou seu bíceps.

— Você não tem que pular toda vez que me ouvir. Estou bem. —
Wood tentou tranquilizá-lo, mas Trent parecia estar o insultando.

— Eu estava indo em direção ao meu quarto quando você abriu a porta,


então...

— Mmmhmm. — Wood cantarolou, deixando Trent saber que ele não


acreditava nele, e ele sorriu quando revirou aqueles olhos castanhos.

— Eu esquentei um pouco mais de sopa. Você provavelmente deveria


tentar comer agora.

— Obrigado. Eu sairei em um segundo. — Wood respondeu, mas


nenhum deles se moveu. Os olhos de Trent estavam em seu peito molhado,

237
seu olhar faminto e suas narinas dilatadas. Wood gostava disso, quanto mais
perto ficavam, mais Trent precisava inclinar a cabeça para trás para manter o
contato visual. Ele ficou lá ofegante contra a pele úmida de Wood, tornando
extremamente difícil para ele não implorar a Trent para levá-lo para a cama e
fazê-lo esquecer tudo confuso neste mundo.

238
Capítulo 30
Trent

Trent estava sentado na sala de estar jogando seu videogame enquanto


dava a Wood todo o tempo que precisava em seu quarto. Ele não queria pairar
e Wood parecia estar se movendo um pouco melhor. Quando o ouviu
descendo o corredor, Trent não deu um pulo e correu para o seu lado dessa
vez; ele deixou Wood entrar na cozinha e sentar-se à mesa onde ele já havia
esquentado uma tigela grande de sopa de frango com arroz selvagem para
ele. Trent quase prendeu a respiração até ouvir a colher batendo no fundo da
tigela.

— O que é isso? Eu não bebo isso. — Wood rugiu, sua voz soando mais
forte. — Eles têm um gosto nojento e são cheios de açúcar.

— Seriamente. — Trent fechou os olhos e sorriu de alívio. Ele gostava


de Wood resmungão, reclamando. — Apenas beba. Gatorade vai te dar os
eletrólitos que você perdeu.

— Obrigado, doutor. — Wood murmurou.

Trent ignorou os poucos “ecas” e “ugh” que vieram da sala de jantar e


continuou com seu jogo. Ele ainda estava bastante abatido e seu corpo doía
pelas horas passadas no chão duro. Quando Wood se levantou e saiu da
cozinha, Trent sentiu-se tentado a correr atrás dele e perguntar o que ele

239
estava fazendo. Para onde ele estava indo? Como ele estava se sentindo? O
que diabos aconteceu na outra noite? E finalmente... Ele estava realmente
deixando Virginia Beach? Toda aquela conversa raivosa foi apenas a bebida.
Tinha que ser. Além disso, Wood não podia simplesmente fugir ele estava em
liberdade condicional. Levaria semanas, talvez até meses, para ser aprovado
para uma transferência de jurisdição.

— Você ainda está jogando ou está sonhando acordado? Atire


neles! Estou levando um chute na bunda! — Summer gritou através de seu
fone de ouvido para jogos.

— Oh merda, desculpe. — Ele disse e voltou a se concentrar em sua


missão.

— O que você está fazendo! Vamos!

Trent revirou os olhos enquanto seus polegares batiam o inferno fora de


seu controlador em uma tentativa de fugir da emboscada.

— Vai se acalmar, eu cuido disso.

Depois que estavam livres e limpos, ele e Summer começaram a


jogar. Ele manteve a voz baixa, apesar de seus gritos escandalosos sempre que
ele errou, sem saber se Wood decidira se deitar novamente após o jantar. Ele
estava focado na caça em seu jogo quando Wood dobrou a esquina com seu
edredom enrolado em volta dele como se ele estivesse congelando. Trent não
conseguiu conter a risada que escapou quando Wood se arrastou e se jogou no
sofá e se espreguiçou, colocando a cabeça no colo de Trent.

240
— Você se transformou em um bebê de quarenta e seis anos por minha
causa?

— Cale a boca, pirralho. Estou com frio e você tem um bom calor
corporal. — Wood agarrou a almofada, enfiou-a sob a cabeça e se aconchegou
mais perto do estômago de Trent.

Ele ficou grato por Wood colocar o travesseiro onde ele colocou, porque
ele não queria acidentalmente dar a ele uma sonda no canal auditivo. Trent já
estava sentindo seu pau inchar, e ele abriu as pernas um pouco mais para dar
a suas bolas algum espaço para latejar. Wood cheirava tão bem, como o cheiro
que ele estava acostumado. Trent respirou fundo, o que foi um erro, porque
quanto mais seus sentidos eram inundados por Wood, mais incoerente ele se
tornava. Wood se virou para ele, seu corpo sólido e pesado pressionando
maravilhosamente contra as coxas.

— Trent! Preste atenção! — Summer latiu.

— Summer, eu tenho que ir. — Trent respirou, esquecendo que estava


online.

— O que? Você está fugindo no meio de uma missão? Ugh, seu


perdedor. — Ele podia ouvir Summer mexendo no fone de ouvido. — Deixe as
tropas comigo, então. Vou salvá-los sozinho.

Trent a ignorou, tirou o fone de ouvido e o jogou na mesa. Ele desligou o


Call of Duty e ligou o cabo, sem se importar em qual canal estava definido.

— Ela parece louca. — Wood murmurou, seu hálito quente vazando

241
pelo tecido fino de sua camisa.

— Na verdade, não. Apenas com videogames.

— Então era Summer, hein?

Trent sorriu para Wood, e antes que percebesse, ele enfiou os dedos nas
mechas macias e prateadas de cabelo, incapaz de resistir ao toque por mais
tempo.

Wood rolou de costas e olhou para ele com os olhos vermelhos.

— Eu gosto quando você faz isso.

— É bom quando você não tem uma tonelada de gel nele.

A risada gutural de Wood era música para seus ouvidos.

— Eu não uso gel. É um mousse de estilo.

— Ah eu vejo. Nós, rapazes normais, usamos um shampoo dois em um e


esperamos que o cabelo fique bem quando secar ao ar.

— Sim. — Wood suspirou cansado. — Seu cabelo está perfeito.

Trent mordeu o lábio inferior. De alguma forma, o tom mudou de casual


para íntimo. Ele acariciou a cabeça de Wood, coçando carinhosamente o
couro cabeludo enquanto ambos cochilavam. De vez em quando, ele
pegava Wood olhando para ele com olhos sonhadores, e um sorriso lento se
espalhava por seu rosto antes que ele voltasse à deriva.

Da próxima vez que Trent acordou, ainda estava escuro como breu e a
televisão desligou. Três horas se passaram e Trent ainda estava reclinado

242
tanto quanto podia no sofá com Wood descansando pacificamente contra seu
estômago. Ele não queria se mover. Ele não se importaria de ficar naquela
posição a noite toda, mas precisava tomar outro relaxante muscular. Trent
ficou lá por um momento olhando para o teto e acariciando
preguiçosamente o cabelo sexy de Wood. Ele sentiu pena dos homens que
trabalharam tanto com tinturas de cabelo e produtos caros para conseguir
uma aparência que Wood usava sem esforço. Trent estava ficando duro
novamente e inconscientemente ergueu os quadris em busca de mais pressão.

— Suas costas estão doendo? — Wood perguntou com a voz sonolenta


mais quente que ele já tinha ouvido.

Trent sibilou com os dentes cerrados quando Wood se moveu contra ele,
esfregando o rosto em seu abdômen. Claro, Wood tinha o sono leve.

— Não, não são minhas costas que estão doendo. — Confessou Trent.
Ele descobriu que era mais fácil ser descarado no escuro.

Trent abriu lentamente os olhos quando a mão firme de Wood deslizou


sobre seu peito. Ele parou bem na base da garganta e Trent engoliu a enorme
bola de nervos alojada ali.

— O que dói, Trent? — Wood perguntou. — Conte-me.

Oh Deus. Trent ficou envergonhado com a rapidez com que respirava,


sabendo que Wood podia ouvir as batidas de seu coração de onde estava
deitado sobre o peito. Ele tinha desejos físicos que beiravam a agonia
torturante. Mas ele sabia que não era o momento para ser egoísta e dizer
a Wood que queria que ele fizesse toda a solidão e o vazio que sentia por

243
dentro desaparecerem. Como ele poderia explicar a Wood que seu orgulho
doía mais quando ele disse tão casualmente que estava deixando Trent para
trás?

— O que é isso? — Wood perguntou, parecendo mais preocupado.

Trent baixou os olhos e acariciou a bochecha de Wood. Ele olhou


ansiosamente por um momento, querendo algo para chamar de seu.

— Nada.

— Não faça isso. Já posso ver que não é nada, mas esperava que você
apenas fosse em frente e me contasse. — Resmungou Wood.

Trent se obrigou a respirar fundo.

— Você não confia mais em mim... Você estava chegando lá... Mas eu
estraguei tudo. — Wood disse suavemente.

Trent imediatamente começou a sacudir a cabeça. Todo mundo tinha


direito a uma merda e, de acordo com ele, Wood não era diferente. Como ele
disse, ele era apenas um homem.

— Não. De modo nenhum.

— Seja honesto. — Wood exigiu.

— Eu sou. Na verdade, é o oposto disso. — Trent se inclinou para frente


enquanto o hálito quente de Wood soprava em sua garganta. — Agora, posso
ver quem você é, Herschel Wood Jr. O bom, o ruim e o feio.

Wood aninhou sua nuca, puxando-o para mais perto.

244
— E?

Trent estava a apenas alguns centímetros de distância agora.

— E eu gosto. Eu gosto de você.

— Eu também gosto de você. Mas... Há outra coisa. — Wood disse.

— Mas... As pessoas desaparecem de mim assim que eu me acostumo


com elas. Eu, hum... Só não tenho certeza de quão confortável devo ficar com
você, Wood. — Disse Trent abertamente.

— Não vou a lugar nenhum. — Disse Wood, e Trent realmente queria


acreditar nisso.

— Não foi isso que você disse na outra noite.

— Tenho certeza de que falei muito, Trent, e estou feliz por não me
lembrar de tudo. Mas realmente tudo que eu deveria dizer agora é obrigado.
— Wood puxou Trent para baixo até que seus narizes se tocassem. — E me
perdoe.

Trent suspirou, sentindo-se dez vezes melhor apenas com aquelas


poucas palavras simples que eram tão importantes para ele ouvir.

— Perdoe-me também. — Sussurrou Trent. — Perdoe-me por não


responder.

— Trent... — Disse Wood com a voz rouca, abrindo a boca.

Trent manteve os olhos abertos até que os lábios de Wood encontraram


os seus. O contato inicial foi um choque, como uma carga de eletricidade que

245
atingiu sua cabeça. A mão de Wood apertou seu pescoço e a pressão
aumentou a tal ponto que Trent não conseguiu segurar o gemido nem mais
um segundo. A língua quente de Wood bateu no canto de sua boca, fazendo-o
engasgar e se virar em direção a ela. Ele apoiou o pé na mesinha de centro
para não ter que se curvar tanto e trouxe Wood até ele.

Trent colocou os dois braços em volta do travesseiro sob a cabeça


de Wood e o abraçou mais forte, querendo estar o mais conectado a ele que
pudesse naquele momento. Ele nunca se sentiu tão tonto de ser beijado,
e Wood estava lentamente provocando sua sanidade com as lambidas suaves
em seu lábio inferior. Trent tentou controlar sua respiração, mas Wood estava
sofrendo o mesmo que ele. A barba de Wood roçou na sua, fazendo com que
mais daquelas sensações únicas formigassem por todo o seu corpo. Mais! A
mente de Trent gritou e sua boca obedeceu.

246
Capítulo 31
Wood

— Mmmm... — Wood gemeu enquanto chupava a língua curiosa de


Trent. As últimas semanas pareceram mais meses, enquanto esperava que seu
colega de quarto parasse de provocá-lo e fizesse sua jogada. Ou pelo menos
admitir para si mesmo que queria.

Wood estava descansando a cabeça confortavelmente no travesseiro,


seu corpo relaxado nos braços fortes de Trent enquanto ele o segurava com
força. O beijo foi crescendo rapidamente em paixão, e Wood lutou para
manter o controle e não virar Trent de bruços e saltar em cima de sua bunda.
Ele enfiou a mão no cabelo de Trent e puxou, gemendo quando foi
recompensado com mais língua procurando profundamente em sua boca.

— Você tem um gosto tão bom quanto cheira. — Sussurrou Trent ao


longo de sua bochecha, tentando respirar.

Wood deixou sua cabeça cair para o lado para que Trent pudesse
continuar sua busca, tentando permitir que ele soubesse o quegostava em um
homem sem balançá-lo. Wood apreciou o punhado de beijos ao longo de seu
pomo de adão e até o queixo. Ele estava se controlando muito bem até que
Trent esfregou sua barba lisa na dele, eroticamente raspando suas
mandíbulas uma contra a outra, e os quadris de Wood saíram do sofá.

247
Ele capturou o suspiro de Trent enquanto dirigia sua língua para dentro
para provar o sabor daquela boca inteligente. O gosto era tão picante quanto
ele pensava que seria, e quanto mais ele puxava o lábio inferior grosso, mais
profundo ele queria o gosto. Suas línguas emaranhadas e duelaram por longos
períodos de tempo, até que a coxa de Wood estava úmido de sêmen. Trent o
estava levando à beira do precipício, gemendo e grunhindo contra sua própria
respiração irregular, os sons de seu beijo o lembrando de uma cena
culminante em um filme erótico.

Wood continuou segurando o queixo de Trent enquanto ele colocava a


outra mão sob as cobertas. Ele não pôde resistir enquanto enrolava os dedos
em torno de seu eixo latejante, a palma deslizando ao longo da maciez. Sua
boca se abriu, e Trent recuou, seus olhos cortando para os movimentos óbvios
de Wood sob o edredom. Ele viu o interesse e o medo naqueles olhos
calorosos antes que um flash de determinação se instalasse em seu rosto
bonito.

— Trent. — A voz de Wood estava dolorida de sede, mas ele não se


importava como soava. — Preciso muito de você. Só uma amostra, Trent. Por
favor.

A respiração de Trent triplicou e a expressão em seu rosto disse


a Wood que era mais de excitação do que de medo. Ele não podia esperar
mais uma noite, outra hora ele precisava que Trent lhe desse algo. Até mesmo
um gosto seria suficiente, então pelo menos ele saberia que tinha algo pelo
qual ansiar além de mais flertes e provocações.

248
— Eu só quero provar, bebê. — Wood ronronou enquanto jogava o
travesseiro debaixo da cabeça. — Eu preciso mais do que sua boca. Eu faço.
Eu preciso muito de você.

Trent lambeu os lábios, depois o fez de novo, como se o sabor


persistente neles fosse agradável. Ele acenou com a cabeça lentamente, mas
não o soltou quando tentou se virar.

— Talvez você ainda devesse pegar leve.

Wood sorriu maliciosamente porque podia ver e sentir claramente que


era a última coisa que Trent queria que ele fizesse. Ele puxou Trent para sua
boca e o reivindicou novamente, tentou beijá-lo até que ele se sentiu muito
bem para questionar seus sentimentos. Ambos gemeram alto, e os quadris de
Trent subiram sob ele, seu pau duro apunhalando Wood entre as omoplatas.
Demorou um pouco, mas eles finalmente se separaram.

Trent deixou cair a cabeça contra a almofada do sofá, e Wood


aproveitou a oportunidade para se virar e enterrar o rosto no colo de
Trent. Toda a delicadeza se foi ao seu primeiro cheiro da luxúria de outro
homem por ele depois de tanto tempo. A frente do short de Trent estava
úmida, quase tanto quanto o seu, e seu pênis pressionava agressivamente
contra o queixo. Wood inalou o mais profundamente que pôde, colocando os
braços de cada lado do quadril de Trent. Por que ele tinha que cheirar tão
inebriante? Wood esfregou o rosto para a frente e para trás, esfregando a
barba contra o tecido de algodão macio que cobria a protuberância de Trent.

— Wood. — Trent suspirou como se estivesse contente, e Wood ainda

249
não tinha chegado à parte boa.

No fundo de sua mente, ele podia ouvir Brody dizendo-lhe para ir


devagar, para ser cauteloso com dependências físicas enquanto ele estava no
programa. Mas agora seu desejo pelo corpo de Trent era carnal, quase
obsessivo. Havia tantas camadas deliciosas para ele, como ele poderia não
ser? Wood abriu a boca e chupou a cabeça do pênis de Trent, saturando-o
através de suas calças finas. Mãos persistentes seguraram sua nuca, e essa era
toda a luz verde de que ele precisava.

Trent cooperou quando Wood agarrou o cós da calça e da cueca e


puxou-as para baixo até ficarem presas em seus tornozelos. A mão de Trent
começou a tremer, seus dedos fortes agarrando o cabelo de Wood com os dois
punhos. Ele desejou ter paciência para tirar isso para eles, mas o pau de Trent
já estava vermelho escuro, sua fenda com contas de umidade. E
Wood tinha quase certeza de que ele iria gozar em cima de si mesmo assim
que aquela carne quente atingisse o fundo de sua garganta.

Wood sentou-se em um ângulo melhor para que pudesse assimilar cada


centímetro de dar água na boca. Ele correu a parte plana de sua língua ao
longo da parte inferior do pênis de Trent antes de fechar a boca
completamente ao redor da cabeça e chupar avidamente. Trent resistiu,
mas Wood o segurou com firmeza, deslizando mais para baixo em seu eixo.

— Puta merda. — Trent rangeu fora.

Wood não parou até que os pelos púbicos de Trent começaram a fazer
cócegas em seu nariz. Seu próprio pau estremeceu, chamando sua atenção,

250
mas se conteve ele não queria perder uma única maldição ou respiração
irregular que Trent fizesse. Ele passou a palma da mão na parte interna da
coxa de Trent e pediu-lhe que abrisse mais. Wood flexionou os quadris contra
o sofá quando Trent permitiu um melhor acesso. Bolas pesadas o provocaram
enquanto ele engolia Trent. Bolas cheias e precisando de sua atenção. Mas
dane-se se ele queria liberar o que já tinha enchendo sua boca. Wood
balançava para cima e para baixo, os olhos fechados, perdendo-se no ato,
deixando as sensações tomarem conta dele. Passaram-se incontáveis anos
desde que ele foi capaz de fazer isso, sentir a circunferência quente de um
homem em sua língua, suas coxas tensas e suas unhas cegas arranhando seu
couro cabeludo.

— Droga, bebê. — Wood engasgou rapidamente antes de mergulhar no


saco de Trent.

Trent arqueou as costas, grunhiu bruscamente e, em seguida, abaixou os


quadris, apoiando uma perna na mesa. Ele está implorando por isso. As
coxas de Trent estavam bem abertas e Wood podia ver a sombra daquele ânus
escuro. Droga, eu quero isso. Como diabos ele iria sobreviver quebrando em
um ânus virgem? Ele tinha perdido a cabeça?

— Parece muito foda... Foda... Wood. Eu vou gozar. — Trent avisou no


grunhido mais sexy que ele já tinha ouvido.

Wood não queria que acabasse, mas talvez pudesse torná-lo bom o
suficiente para que Trent morresse de fome por mais. Ele gostaria de poder
ver o rosto de Trent quando ele finalmente explodisse, mas ele não poderia ter

251
tudo. Wood enfiou a mão dentro da cueca e se acariciou no mesmo ritmo que
Trent estava se enfiando mais fundo em sua garganta.

— Você fazendo isso não está ajudando. — Trent se esticou e Wood


sentiu seu pênis pulsar contra sua língua. — Tão bom.

Wood cantarolou, sem saber qual deles estava gozando mais. Ele
deslizou a mão entre as coxas de Trent e massageou suavemente o local
sensível sob suas bolas.

— Sim, mais...

Os sons involuntários que Trent estava fazendo deixaram as costas


de Wood rígidas, seu orgasmo chegando perto da superfície. Ele gentilmente
pressionou a ponta do polegar contra o ânus de Trent, e sua reação sexy e
devassa foi o suficiente para fazer seu pau explodir. Wood cerrou os punhos
enquanto pulsos de eletricidade viajavam por sua espinha, fazendo seu corpo
estremecer, louco e atormentado de prazer. As pernas de Trent estavam bem
abertas para ele, seus músculos sofrendo espasmos com seus toques.

O próprio orgasmo de Wood foi alucinante, seu pau ainda jorrando


sobre o punho, mas ele conseguiu manter os lábios selados ao redor da base
do pau de Trent, grunhindo em seu êxtase. Ele circulou a abertura apertada
com o polegar, fazendo seu pênis vazar mais com o quão molhado Trent
estava de sua saliva. Trent choramingou como se estivesse lutando para
durar, mas acabou perdendo a batalha. Ele caiu sobre as costas de Wood
como se finalmente tivesse desistido e disparou sua carga quente dentro de
sua boca com um grito assustado.

252
Ele trabalhou o pau de Trent com os lábios e a língua, ordenhando-o
lentamente enquanto mantinha uma pressão constante em torno de seu
ânus. Ele tremia contra a ponta dos dedos, e Wood mal podia esperar para ir
lá, o corpo de Trent praticamente gritando por ele. Ele continuou a engolir e
lamber cada gota até que Trent teve que forçá-lo a sair de seu pau macio.

Trent levantou-se dele e se jogou contra a almofada do sofá parecendo


surpreso, as duas mãos entrelaçadas em seu cabelo bagunçado.

— Puta merda. — Ele engasgou. — Eu nunca…

— Fiz um boquete. — Wood sentou-se, colocando-os cara a cara.

Trent zombou. Ele ainda estava respirando pesado, e seus olhos escuros
vagaram por toda a sala, olhando para tudo, exceto o que estava diretamente
à sua frente. Wood tirou a camiseta e enxugou as mãos, depois a jogou no
chão.

— Você gostou? — Trent perguntou baixinho.

É isso que o deixa tão nervoso? Wood se inclinou até que seus rostos
estivessem se aproximando. Trent levou um dedo trêmulo à boca de Wood e
tocou o canto de seus lábios. Wood segurou seu pulso e beijou a palma de sua
mão calejada.

— Não. Eu simplesmente não gostei. Eu amei.

Wood sabia que ele estava enferrujado no departamento de romance,


mas depois de obter as menores amostras, ele sabia que precisava de mais. O
desejo agora era uma fascinação totalmente maníaca. Se ao menos pudesse

253
aguentar mais um pouco, tinha a sensação de que não se arrependeria.

254
Capítulo 32
Trent

Trent ficou deitado na cama nas primeiras horas da madrugada, depois


que seu relógio interno começou a tocar, uma hora antes de o despertador
tocar. Mesmo em seus sonhos, sua mente se recusou a parar de repetir o que
ele fez com Wood na noite anterior. Como Wood o beijou, tocou e os sons
guturais que ele fez ao engoli-lo inteiro. Trent lutou para não gemer e pegar o
pau na mão para satisfazer a vontade repentina de gozar quando pensou em
como Wood quase o atingiu com o polegar áspero. Ou como ele
distraidamente abriu as pernas tentando retransmitir o quanto ele precisava,
sem ter que realmente dizer. Ele queria explorar mais porque era muito bom
não fazê-lo. Mas ele precisava de ajuda e só conhecia uma pessoa em quem
pudesse confiar que não lhe daria o terceiro grau e o obrigaria a repensar suas
ações. Trent estava pronto para pular sem paraquedas... Mas precisava que
alguém lhe dissesse que era uma ideia brilhante.

Como já estava bem acordado e seu colega de quarto parecia bem o


suficiente para ficar maluco com ele, então supôs que não havia problema em
deixá-lo em casa e fazer sua bunda trabalhar. Ele sentiu como se ainda
precisasse de algumas horas de sono, e provavelmente teria que tomar um
analgésico na hora do almoço, mas poderia lidar com isso. Ele mandou uma
mensagem para Summer para avisá-la de que estava chegando, então

255
lentamente saiu da cama. Ele jogou o manto sobre os ombros e saiu para o
corredor escuro, presumindo que Wood ainda estivesse descansando.

Ele se sentiu mais acordado depois de escovar os dentes e passar o


barbeador elétrico na barba por fazer. Trent encostou-se na porta e enviou
uma mensagem de texto rápida para Edison. Ele não tinha acabado de limpar
as costas quando o parceiro de seu melhor amigo respondeu.

Edison: Bom dia Trent. Tudo certo. Com o que você precisa de ajuda?

Trent mordeu nervosamente o lábio e pensou em como deveria


responder.

Trent: Ei. Eu queria saber se você ainda quer cortar meu cabelo?

Edison: LOL. Você finalmente vai me deixar domar essa selva.

Trent bufou: Você quer fazer isso ou não?

Edison: Claro! Você pode vir hoje à noite?

Trent: Eu vou amanhã…. Quando Bishop está na aula. Isso é entre


você e eu, ok?

Trent observou os três pontos pensantes piscarem em sua tela como se


Edison não tivesse certeza do que dizer. Ele prendeu a respiração,
perguntando-se se havia cometido um erro. Edison disse a ele que eles eram
amigos e que ele estava sempre disponível, mesmo que Bishop não estivesse.

Edison: Sem problema. Vejo você às seis amanhã então.

Trent sorriu depois de ler a resposta de Edison com o emoji piscando

256
atrás dela. Sim, funcionou. Porque sexta-feira era quando ele planejava
convidar Wood para jantar em um bom restaurante na praia. Ia ser
frio pra caralho, mas Wood não parecia se importar. Ele só falava da beira-
mar.

Trent saiu do banheiro e estava a caminho de seu quarto quando o som


da voz de um homem estranho em sua cozinha o fez girar rápido o suficiente
para agravar a dor nas costas. Wood saltou e correu para ele, envolvendo seus
grandes braços em volta de sua cintura e massageando-o suavemente.

— Você está bem? — Wood perguntou. — Desculpe. Não queríamos


assustar você.

Trent ficou lá estupefato enquanto fazia uma careta para o homem mais
velho que estava sorrindo para ele por cima do ombro de Wood.

— Quem é esse porra? — Trent rosnou.

A risada sexy de Wood contra sua têmpora não ajudou.

— Uh-oh. Estou em apuros.

— Wood... — Disse ele em advertência.

— Hmm. Achei que você ficaria em casa hoje. — Disse Wood,


continuando a ignorar sua raiva crescente.

— Eu acho que você está bem agora. — Trent respirou enquanto o


cheiro natural de Wood percorria seu corpo, quase o acalmando. — Eu preciso
voltar ao trabalho.

Wood ergueu o queixo até ficar olhando para aqueles olhos castanhos

257
ricos.

— Eu planejei outro tipo de trabalho para você hoje.

Apesar de quão incrível Wood se sentia em seus braços, Trent não


conseguia se livrar do conhecimento dos olhos de um estranho fixos nele. Ele
queria respostas. Ele se afastou do peito de Wood e acenou com a cabeça em
direção à cozinha.

— Esse é Brody.

Trent se eriçou e Wood o agarrou com mais força.

— Relaxar. Brody Goodwynn é meu patrocinador do AA.

Por algum motivo, essa explicação era ainda pior.

— Patrocinador? — Trent sussurrou, olhando para os olhos verdes


claros que pareciam avaliar a proximidade dele e de Wood. — Eu acho que
você precisa de um novo. Este não é muito bom no que faz.

— Wood é um homem adulto e é responsável por seus próprios atos. —


Disse Brody casualmente. — Meu trabalho não é impedi-lo de beber... Nem é
seu.

Trent se livrou do aperto de Wood.

— Não me diga qual é o meu maldito trabalho...

— Trent, não. — Wood agarrou seu cotovelo e o impediu de correr pelo


corredor e entrar na cara daquele idiota presunçoso. — Ele tem razão. Eu
disse que Brody é meu patrocinador, não meu salvador. Tomei a decisão de

258
fazer o que fiz na outra noite, Trent. Ok?

Trent continuou a brilhar, e Brody estreitou os olhos, então inclinou a


cabeça para o lado com curiosidade.

— É um prazer finalmente conhecê-lo, Trent. Wood me falou muito


sobre você.

Wood deu um beijinho na testa dele e o virou.

— Você vai se atrasar. Falaremos mais tarde esta noite, ok? Mas eu
realmente preciso terminar de falar com Brody.

Trent acenou com a cabeça e fez o que lhe foi dito. Ele não gostava que o
patrocinador de Wood fosse um homem maduro e elegante que parecia ser o
tipo de cara por quem Wood se apaixonaria. Mas foi para ele que Wood
correu e passou os braços ao redor, então ele não se sentia inseguro.

Wood

Wood esperou até que a porta do quarto de Trent fosse fechada antes de
se virar e encontrar a carranca descontente de Brody. Em vez de se
explicar, Wood voltou para a cozinha e pegou a lancheira de Trent de cima da
geladeira. Ele tinha visto seu colega de quarto fazer seu almoço vezes
suficientes agora para saber o que ele preferia. Ele ficou de costas para Brody
e se concentrou em colocar a quantidade correta de fatias de presunto e peru
no sanduíche de Trent.

— Wood. — Brody finalmente disse.

259
— Não faça isso.

— Se você tem que dizer isso, então você já sabe melhor.

— Brody. Trent é um cara bom. Ele estava lá para mim.

— Você não pode depender dele para mantê-lo sóbrio. — Brody rangeu.

— Eu sei disso. — Wood lutou. — Não estou tentando usá-lo.

— Não intencionalmente.

— Droga, Brody.

Brody baixou a voz para aquele tom calmante de patrocinador.

— Eu já disse isso um milhão de vezes, Wood. Não é aconselhável iniciar


um relacionamento durante as etapas do programa. Isso complica as
coisas. Em AA, você deve se concentrar na auto- reflexão e no despertar
espiritual. Como você vai fazer isso e se concentrar no bem-estar dos outros?

— Eu não sei. Eu vou descobrir isso. — Wood resmungou. Ele puxou o


bloco de notas da gaveta e rabiscou um bilhete rápido, dobrou-o e jogou-o na
lancheira antes de fechá-lo. — Mas tudo que sei é que, desde que Trent
colocou as mãos em mim, nem sequer pensei na situação fodida que criei para
mim.

— Você ainda precisa de mim para orientação e conselho? — Brody


perguntou com seus dedos finos entrelaçados na frente dele.

Wood esfregou a mão na barba e sentou-se na cadeira em frente ao


patrocinador.

260
— Claro que eu faço. Mas…

— Mas você está com tesão. — Brody riu, então bebeu um pouco mais
de seu suco de maçã.

Wood olhou para o corredor antes de responder.

— Caramba, cara. Deve haver algumas exceções, Brody, para homens


que acabaram de passar mais de uma década na prisão.

— Eu entendo, Wood.

Wood balançou a cabeça e Brody riu ainda mais.

— Não, você não precisa, amigo.

Trent bateu a porta do quarto atrás de si e se juntou a eles na


cozinha. Ele foi pegar sua lancheira da geladeira e percebeu que já estava no
balcão. Wood conteve o sorriso quando Trent o abriu e viu que seu almoço... E
um bilhete... Já estavam prontos para ele. Trent olhou para ele e Wood viu a
promessa de um agradecimento mais tarde.

— Eu tenho que ir. — Trent disse a ele, então se virou para Brody. — Foi
bom conhecê-lo. Tenha um bom dia.

O pau de Wood estava ficando duro com a maturidade que Trent estava
tentando exibir, embora parecesse que ele não queria nada mais do que jogar
Brody pela porta pelo pescoço.

— Muito prazer em conhecê-lo também, Trent, e da mesma forma.


Tenho certeza que você vai me ver novamente. — Brody sorriu.

261
Wood quase jogou água na cara de Brody, mas sua expressão de
advertência foi tão bem recebida.

— Tenho certeza. — Trent respondeuentre os dentes cerrados.

Wood se levantou e seguiu Trent até a porta. Ele realmente não


esperava que ele fosse trabalhar hoje, mas ele não poderia manter Trent
fechado no trailer e para si mesmo como ele queria. Ele esperou que Trent
fechasse o zíper de seu casaco pesado sobre o suéter de lã antes de chegar
mais perto.

— Que horas é a sua pausa para o almoço?

Trent sorriu pela primeira vez.

— Meio-dia. Por quê?

— Eu vou te ligar.

— Tudo bem. — Trent respondeu com a voz rouca, seus olhos caindo
nos lábios de Wood.

Wood baixou a cabeça lentamente, e Trent não se moveu até que a boca
de Wood tocou a dele. Era suave e casto, mas bastante poderoso. Wood
baixou os olhos para os lábios frouxos de Trent e sussurrou:

— Tenha um bom dia.

Brody pigarreou, e ele e Trent ignoraram enquanto esperavam que o


outro se movesse primeiro.

— Sim. Além disso, hum. — Trent olhou por cima do ombro de Wood

262
antes de continuar. — Eu queria perguntar se você tem planos para amanhã à
noite.

— Tenho uma reunião do AA às seis horas depois do trabalho.

— Oh. — Trent assentiu.

— É apenas uma hora. Vou pedir a Brody para me deixar depois, para
não ter que pegar o ônibus. Estarei em casa por volta das sete e meia.

— Legal. — Trent encolheu os ombros, parecendo querer ser


indiferente. — tal jantar ou algo assim, por minha conta? Em algum lugar à
beira-mar.

Wood queria pegar Trent no colo, envolver suas pernas em volta da


cintura e puxá-lo de volta para a cama. Esperar nove horas pela volta dele
seria difícil. Em vez de agir como um louco, ele simplesmente assentiu.

Trent colocou sua mochila no ombro e saiu pela porta da frente.


Wood foi até a janela e observou até que as lanternas traseiras de Trent
desapareceram na esquina.

Brody chamou seu nome, e pelo som de seu tom, pode não ter sido a
segunda ou terceira vez que ele tentou chamar sua atenção. Wood fechou as
cortinas finas das persianas e fez a curta caminhada de volta à cozinha.

— Não se preocupe em dizer isso. A resposta é não.

— Wood. Eu só quero que você tenha sucesso, irmão.

— Eu vou. Veja. Não posso prometer o que vai ou não acontecer no


futuro, mas juro que farei o meu melhor para não entrar em espiral

263
novamente. Mas não me peça para deixar Trent ir porque não vou... não se ele
me aceitar. Eu preciso dele, Brody e Trent... Wood pensou sobre isso por um
segundo, lembrando a maneira como o homem cuidou dele durante seus
momentos mais sombrios. — Bem, Trent precisa ser necessário.

Brody balançou a cabeça.

— O que há de errado nisso?

— Não é saudável, é isso. Você não pode ir de um...

— Dependência de outro. — Wood terminou, cansado.

— Cara, por que eu sempre pego os teimosos? — Brody murmurou.

— Eu ouvi isso. — Wood riu, sabendo que ele estava começando a


vencer a batalha. — Deixe-me terminar de dizer o que ele fez por mim, e assim
que você estiver totalmente informado, então você pode julgar se ele é
saudável para ter em minha vida.

Brody ergueu os braços como se tivesse desistido.

— Tudo bem, estou ouvindo. Mas, caramba, Wood, você me tirou da


cama às cinco da manhã. O mínimo que você pode fazer é me dar mais do que
este suco barato. Onde está o café acabado de fazer e o pequeno-almoço
quente?

Wood deu uma tapinha nos ombros de seu patrocinador enquanto ele
passava.

— Já está vindo. Eu faço uma omelete de cogumelos com queijo.

264
265
Capítulo 33
Trent

Trent tinha acabado de comprar seu gole de Dr. Pepper quando seu
celular tocou com uma ligação do FaceTime. Era Wood. O estômago de Trent
revirou e ele correu para dizer a Summer que esperaria por ela no caminhão.
Ela acenou para ele se afastar sem levantar os olhos da tela de pedidos
enquanto ele puxava a bunda para fora antes que a chamada fosse recusada.
Ele deslizou a imagem verde do vídeo para a esquerda e prendeu a respiração
até que Wood apareceu.

— Você está nu no sofá? — Trent disse em voz baixa, então deu uma
olhada superficial ao redor onde ele estava sentado em um dos bancos do lado
de fora do jantar. Ele riu sentindo-se como se estivesse fazendo algo perverso,
principalmente do jeito que estava se sentindo. Seu jeans já estava ficando
mais apertado na frente com a visão do peito colorido de Wood. Ele parecia
ter acabado de sair do chuveiro.

— Não. Eu estou de calça. Você quer ver? — A voz de Wood parecia


muito sexy para o meio do dia.

— Mostre-me. Eu não acredito em você. — Trent desafiou.

Wood estendeu o braço mais longe para que Trent pudesse observar
enquanto ele arrastava a outra mão para frente e para trás sobre os peitorais

266
grossos. A boca de Trent ficou ainda mais úmida, desejando poder substituir a
palma de Wood por sua língua.

— Continue me olhando assim, bebê, e vou insistir para que você volte
para casa agora, — Wood disse com aquela voz que ele usou na noite passada
quando estava com o nariz afundado em seu pau.

Trent gostava quando Wood o chamava de bebê. Inferno, ele gostava


quando Wood o chamava de todos os tipos de nomes: bebê, pirralho, menino,
até mesmo merdinha. Trent não tentou esconder o que aquele tom estava
fazendo com ele. Eles se encararam por um longo momento antes de Trent
dizer baixinho:

— Estou feliz que você esteja se sentindo melhor. Parece que sua
reunião com Brody foi bem.

— Sim. Agora estou apenas esperando você chegar em casa. —


Wood gemeu, arqueando as costas quando sua mão desapareceu da tela.

Foda-se.

— O que você está fazendo? — Trent sussurrou, os olhos grudados no


telefone.

Wood deslizou mais para baixo. — Vou deixar você ver se você promete
me dar um pouco mais do que eu tive na noite passada.

— Sim. Agora me mostre. — Trent concordou sem pensar. Pouco antes


de ser capaz de ver algo bom, o telefone de Wood voltou a funcionar e ele só
conseguiu ver seu rosto e a metade superior do sofá. — Ei! O que aconteceu?

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Wood riu profundamente.

— Hum. Há uma linda mulher olhando por cima do seu ombro.

Trent deu um pulo com tanta força ao ouvir o suspiro de Summer que
deixou cair o telefone sobre a mesa com um barulho alto.

— Droga, Summer. Que diabos? — Trent verificou se a ligação de Wood


ainda estava conectada antes de olhar para sua melhor amiga.

— Oh meu Deus. Isso é não como você descreveu o seu novo


companheiro de quarto. Seu sortudo filho da puta. — Summer largou a bolsa
sobre a mesa e se esforçou para pegar o telefone de onde ele estava colado ao
lado do corpo. Eles podiam ouvir Wood rindo, e o ataque de Summer se
tornou implacável. — Eu quero falar com Wood.

— Olá Summer. — Trent ouviu a voz abafada de Wood sobre os pedidos


de Summer.

— Viu! Ele disse meu nome, isso significa que está falando
comigo. Deixe-me falar. — Summer estendeu a mão para pegar o telefone e
Trent, relutantemente, virou a tela. Ela começou a rir e acenar como uma
idiota, fazendo Trent se sentir como se estivesse de volta ao colégio. — Oi,
Wood. Eu sou Summer. Eu sou a irmã mais velha de Trent, o que significa
que você tem que me convidar em breve para que eu possa ter um mais
profundo olhar para você.

— Ele estava doente. — Trent franziu a testa e arrancou o


telefone. Irritado, ele percebeu que Wood havia colocado uma camiseta em

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algum lugar no meio da briga. — Ótimo, agora ele está todo coberto.

Wood riu, e Summer caiu sobre as costas de Trent, segurando o peito


como se estivesse derretendo com a gostosura de Wood.

— Até a risada dele é boa.

— Vou deixar vocês aproveitar o que resta da sua pausa para o


almoço. Trent, vejo você quando chegar em casa.

— Mmhmm. — Trent cantarolou, olhando fixamente nos olhos


de Wood, sabendo que ele poderia ler o que ele não poderia dizer em voz alta.

Wood começou a balançar a cabeça lentamente, um sorriso sexy


brincando em seu rosto robusto e bonito.

— Você leu minha nota?

Trent zombou.

— Não. Ainda não.

— Depois de fazer isso, envie-me sua resposta.

Os nervos de Trent estavam presos na garganta, então ele simplesmente


acenou com a cabeça em aprovação e desligou a ligação. Summer estava com
o calor soprando na caminhonete quando ele se acomodou no banco do
passageiro. Ele alcançou a tábua do chão atrás de si, abriu a tampa de sua
lancheira e leu as palavras rabiscadas no pedaço de papel rasgado enfiado
dentro. Trent exalou asperamente, seu pau indo de meio duro a furioso. Oh
foda-me. Wood havia aumentado a sugestão sugestiva de trinta para cem
durante a noite. Trent sentiu como se sua cabeça estivesse girando de tão

269
tonto.

— Você está bem aí, cara? — Summer perguntou. — Parece que você
acabou de ver o homem dos seus sonhos e ele está esperando por você nu no
seu sofá.

Trent sabia que seu rosto tinha vários tons de vermelho. Summer
acertou o prego na cabeça. Ele dobrou a nota e enfiou-a no bolso. Wood disse
que estava preparando o jantar esta noite... E perguntou se Trent seria sua
sobremesa.

Antes que ele pensasse muito sobre isso, Trent puxou seu telefone
celular e enviou sua resposta.

Trent: Concordo. Estarei pronto para comer quando chegar em casa.

A resposta de Wood foi instantânea, como se ele estivesse esperando


pela mensagem.

Wood: Eu também.

Wood: E pretendo comer a noite toda.

Oh meu Deus. Wood queria comê-lo. Trent se contorceu na cadeira,


tentando ficar confortável. Por que ficou tão quente de repente? Ele abriu o
zíper de sua jaqueta grossa e abanou a frente do suéter. Como ele iria lidar
com todos aqueles caras e Summer com seu pau duro esfaqueando a frente de
sua calça jeans? Ele não teria que fazer uma nova regra face-time.

— Tem certeza que não quer sair mais cedo hoje? — Summer riu. —
Literalmente.

270
Trent gemeu.

— Apenas dirija.

— O que foi que você acabou de ler que te deixou todo quente e
incomodado agora? Não me diga que Wood deixou um bilhete sexy para você
na sua lancheira. — Summer olhou para longe como se estivesse observando
uma manada de unicórnios galopar sobre um arco-íris. — Isso é chamado de
romance da velha escola aqui. Seu sortudo filho da puta.

271
Capítulo 34
Wood

— Então, o que diabos traz vocês dois aqui em um táxi? — Sem aviso
prévio. Wood perguntou a Bishop enquanto ele e Edison se sentavam ao
redor da mesa de jantar bebendo garrafas de água enquanto ele mexia seu
frango Alfredo.

— Nas noites de quinta, algumas pessoas do meu escritório vão a um bar


de Happy hour no Town Center depois do trabalho. Então, Bishop achou que
seria uma boa ideia aceitar o convite pelo menos uma vez. Pegamos um Uber
para o caso de bebermos. — Edison balançou a cabeça. — Mas não
aconteceu. Não gosto de ficar embriagado com colegas de trabalho. Não é
profissional.

— Bem, você é o chefe, certo? Acho que seria estranho. — Concordou


Wood. Ele verificou a hora no fogão e percebeu que Trent deveria chegar a
qualquer minuto. Ele estava antecipando o que faria com ele assim que
passasse pela porta, mas agora o plano de empurrá-lo contra a parede e beijá-
lo sem sentido estava fora de questão.

Edison se juntou a ele no fogão depois que ele jogou fora sua garrafa de
água, e Bishop parecia que estava se preparando para ficar confortável para a
noite. Droga.

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— Isso cheira muito bem. Você e Trent se revezam para cozinhar? —
Edison perguntou enquanto amarrava um avental. De alguma forma,
ele retirou educadamente a colher da mão de Wood e começou a mexer
lentamente o molho cremoso. — Agora você por acaso adicionou um pouco de
cream cheese no seu molho? Acho que engrossa o Alfredo na medida certa.

Wood olhou para Bishop, que deu a ele um encolher de ombros, não
olhe para mim, e depois para Edison. Ele era real? Quem ele pensava que era,
Bobby Flay?

— Não, Edison. Eu derramei meu molho naquele frasco de Ragu que


está ali na lata de lixo. Tenho certeza que tudo tem o mesmo gosto.

Edison deixou cair a colher na panela e tropeçou para trás com a mão
sobre o coração como se estivesse tendo um enfarte. Wood olhou incrédulo
quando Bishop correu e pegou Edison em seus braços e apressadamente
abanou o rosto.

— Está tudo bem, querido. Respirar. Apenas relaxe e respire. Ele não
sabia.

— Oh senhor. Ele apenas... Eu estava bem aqui... Por que ele fez isso? —
Edison parecia arrasado, e Wood começou a rir quando ele voltou a
mergulhar suas tiras de peito de frango em seu Ragu. — Cara, minha vida está
ficando cada vez mais interessante por sua causa, Bishop.

Wood podia ver Bishop segurando sua própria risada enquanto movia
seu namorado perturbado para o sofá e lhe dava outra garrafa de água.

273
— Aqui, Eddie. Apenas sente-se aqui até que a sua pressão arterial
baixe.

— Por favor, me diga que é uma encenação que vocês fazem para
entreter sua empresa. — Disse Wood, encostado no balcão e observando a
reação dramática de Edison.

— Infelizmente não. Cara, você não poderia simplesmente dizer sim


para o cream cheese? — Bishop perguntou, ainda tentando resolver seu
parceiro.

A porta da frente explodiu aberta, e o bom humor de Wood passou de


divertido para eufórico. Trent largou sua mochila pesada no chão e gritou
para ele:

— Wood! Nova regra!

Wood ficou tentado a se controlar quando viu as rugas profundas na


testa de Trent e a luxúria determinada brilhando em seus olhos.

— Tarde. — Ele quase gemeu, mas limpou a garganta para disfarçar.

— Não me dê boa noite, porra. Você tem alguma ideia em que situação
eu estive o dia todo? — Trent sibilou. Ele marchou pelo chão com seu olhar
focado nele, parecendo como se estivesse prestes a dar-lhe algo bom,
e Wood realmente queria receber tudo o que Trent quisesse oferecer, mas eles
tinham convidados.

— Trent, acalme-se. Você acabou de entrar em casa pelo amor de Deus.


O que Wood poderia ter feito? — Bishop se levantou com as mãos na cintura.

274
Trent parou derrapando na mesa de jantar, seus olhos se arregalando ao
perceber que não estavam sozinhos.

— Ei o que?

— Você me disse que vocês dois estavam se dando bem. — Bishop se


aproximou, e Wood teve que colocar o punho sobre a boca para esconder o
sorriso enquanto Trent estava lá fervendo com ele. — Você até ficou em casa
sem trabalhar enquanto ele se recuperava da gripe. Quer dizer... Eu perdi
alguma coisa?

— Estamos nos dando bem. Não é, Trent? — Wood piscou. — Ele


simplesmente adora suas regras, isso é tudo, Bishop.

— Trent, vá se trocar. Estou faminto. — Bishop bateu palmas. — Wood


fez macarrão. Achei que esta noite seria um fracasso depois de ficar perto dos
amigos cafonas de Edison por duas horas.

— Vocês vão ficar? — Trent desviou os olhos para Wood com saudade
ele sabia o que estava sentindo e depois de volta para sua companhia
improvisada.

— Certo. — Bishop foi até o sofá e pegou Edison em seu colo. — Vocês
não têm mais nada para fazer, certo?

Wood esperou para ver se Trent diria sim, mas ficou um tanto
desapontado quando balançou a cabeça e se dirigiu para o quarto.

— Eu não vou demorar.

275
Trent

Trent tirou apressadamente suas roupas de trabalho imundas e as jogou


em seu cesto separado em seu armário. Ele vestiu o roupão e jogou a toalha
por cima do ombro para poder ir ao banheiro. Assim que ele saiu de sua
porta, Wood bateu nele, prendendo-o contra a parede. Ele engasgou com a
surpresa repentina, mas bem-vinda. Antes que ele pudesse perguntar que
porra é essa, a boca quente de Wood estava sobre ele.

— Ei! O que é que foi isso? — Bishop gritou na esquina.

— Nada. Trent bateu na parede. — Wood gritou de volta, então puxou o


lábio inferior de Trent entre os dentes.

Trent fechou os olhos e passou os braços com força em volta da cintura


de Wood. Ele agarrou e puxou sua camiseta fina, pressionando suas ereções
juntas até que a pulsação na parte inferior de seu corpo começou a
desaparecer. Wood empurrou um lado de seu manto aberto e deslizou sua
coxa entre as pernas de Trent. Ele ficou na ponta dos pés quando o denim
grosso do jeans de Wood entrou em contato com suas bolas, fazendo-o quase
explodir. Trent virou a cabeça e espiou pelo corredor, sem querer ser pego,
mas também sem querer parar.

— Maldição. — Trent murmurou enquanto Wood massageava sua


bunda, o rosto enterrado na garganta. — Por que você não me disse que eles
estavam vindo?

— Eles simplesmente apareceram. Eu também não sabia. — Wood disse


entre mordidas na pele sensível sob sua orelha.

276
— Mmmm, saia de cima de mim antes que a bunda intrometida
de Bishop venha ver o que é todo esse grunhido. — Trent deu um empurrão
sem muita vontade no peito de Wood. — E eu preciso tomar banho.

Wood rosnou.

— Você cheira bem para mim. Você cheira a um dia duro de trabalho.

Trent passou os dedos pelos cabelos de Wood e o puxou até a boca. Ele
cheirava maravilhosamente bem, e Trent estava ansioso para ter o perfume
de Wood embutido em seus lençóis esta noite.

— Livre-se deles. — Ele ordenou.

Wood roçou a ponta da língua na dele.

— Não podemos ser rudes.

— Bem. — Trent o empurrou e foi em direção ao banheiro. — Acho que


não teremos espaço para a sobremesa.

277
Capítulo 35
Trent

Trent se sentou do lado de fora da casa estilo fazenda que Bishop e


Edison compartilhavam em uma parte rica de Virginia Beach. Ele olhou para
a hora e viu que Edison ainda tinha quinze minutos para chegar lá a tempo.
Trent pode ter ficado um pouco animado com seu encontro, especialmente
depois do comportamento de Wood na noite passada, quando percebeu que
não tinha tempo para se entregar como planejara. Em vez disso, eles tiveram
que ouvir Edison falar monotonamente durante o jantar sobre os benefícios
dos ingredientes frescos sobre os pré-fabricados. Quando a dupla saiu, Trent
estava cansado demais para fazer qualquer coisa e teria que se levantar para
trabalhar em cinco horas.

Ele sorriu ao ler as mensagens recentes em sua conversa de texto e


de Wood. Estava beirando o sexo vulgar neste momento. Ele realmente
desejou que eles tivessem a chance de explorar mais a noite passada e ele não
estaria tão ansioso hoje, mas foi por isso que ele escolheu falar com Edison.
Não muito tempo atrás, Edison confidenciou a ele que era virgem quando
conheceu Bishop. Agora ele não era. Se alguém pudesse entender o que Trent
estava sentindo, seria ele.

Wood: Brody disse que pode me deixar depois da reunião

278
Trent olhou ao redor para se certificar de que a costa ainda estava
limpa, sentindo seu corpo esquentar. Nunca em sua vida ele ficou tão
animado por alguém.

Trent: K. Estarei esperando você na sala às oito. Ele enviou a


mensagem e imediatamente se arrependeu. Merda, parecia muito formal,
como se ele fosse um par do baile ou algo assim.

Wood: Você vai usar algo sexy para mim?

Trent zombou: Esse cara tem uma mente limitada. Então ele digitou
rapidamente.

Trent: talvez

Essa foi uma resposta estúpida. Ele estava tão envolvido em seus flertes
que não parou para pensar que não tinha nenhuma roupa quente. Merda.

Wood: Não importa as roupas que você veste. Você não ficará nelas
por muito tempo. Eu tenho que ir. A reunião está prestes a começar.

Trent: K.

Ele olhou para a última frase, rezando para que fosse verdade. Ele
estava usando sua própria mão por muito tempo, e os dedos grandes e
grossos de Wood se encaixavam perfeitamente em seu corpo...

— Trent! — Edison bateu na janela fazendo Trent sacudir a cabeça. —


Eu estive acenando para você. O que você está fazendo?

Porra!

279
— Droga, Edison! — Ele fez uma careta. — Bishop não disse para você
não se aproximar assim de nós?

— Sim, mas eu não estava me esgueirando. — Edison ficou perto da


porta da caminhonete olhando para ele como se ele estivesse doente. —
Acenei quando passei e estava tentando chamar sua atenção quando saí do
carro. Você vai entrar ou o quê?

Trent saiu do caminhão e seguiu Edison através de sua cerca para entrar
na casa pelo pátio. A paisagem no quintal parecia algo saído de uma sessão de
fotos da Casa e Jardim. Bishop tinha dado tudo de si quando remodelou o
quintal de Edison na esperança de conseguir um encontro. Trent balançou a
cabeça na direção da fogueira e da churrasqueira ao ar livre, pensando que
talvez seu melhor amigo tivesse se excedido.

— Você está com fome? — Edison perguntou assim que eles passaram
pela porta.

— Não, eu hum... Eu já tenho planos para o jantar. — Trent disse


enquanto observava Edison remover o paletó, em seguida, pendurá-lo sobre
um dos bancos do balcão.

— Realmente? Então esse é o motivo do corte de cabelo? — Edison


sorriu.

— Acho que sim. — Murmurou Trent.

— Ou isso ou você precisa de um conselho.

Trent foi pego de surpresa porque Edison percebeu isso tão

280
rapidamente.

— Meu pai costumava me dizer que há apenas duas razões para um


homem procurar um barbeiro. Porque ele quer ter uma aparência elegante...
Ou quer um bom conselho. — Edison inclinou a cabeça para o lado. — Então,
qual traz você aqui hoje?

Trent não pôde deixar de rir.

— Ambos, eu acho. — Edison era realmente o cara mais legal que Trent
já conheceu. Ele parecia não se encaixar com um bando de ex-presidiário,
mas não tinha problemas para se controlar quando estava perto deles. Se
Trent tivesse que escolher alguém para Bishop para amá-lo... Seria esse cara.

— Volte para o meu quarto.

Trent o seguiu por sua bela casa e novamente percebeu como Edison
estava vestido. Seu terno era listrado de preto e se encaixava perfeitamente
em seu corpo grosso, e sua camisa e gravata não pareciam combinar, mas de
alguma forma combinavam. Trent não entendeu. Seus sapatos eram de
camurça preto meia-noite com um emblema dourado na ponta.

— Belos sapatos. O que são aqueles?

— Gucci. — Edison respondeu facilmente.

Trent o viu desaparecer em um enorme closet e sair alguns minutos


depois com um moletom e uma calça de malha larga.

— Vamos começar. Eu não quero que você se atrase. — Edison acenou


com a cabeça em direção a outra porta, e Trent assumiu que era seu banheiro.

281
Ele esperava que fosse um banheiro máster normal com um chuveiro
sobre a banheira, pia e vaso sanitário. Mas quando Edison abriu a porta, foi
como se ele literalmente tivesse entrado em uma barbearia. A banheira e o
chuveiro separados ficavam do outro lado do banheiro e um box de banho
para o banheiro. Puta merda. A casa de Edison parecia tão pitoresca e
modesta por fora, mas por dentro era feita sob medida para ele. Como Trent
não sabia que seu amigo estava vivendo assim?

— Este era um banheiro de tamanho normal. Mas eu mandei derrubar


uma parede para abrir espaço para as cadeiras e espelhos. — Disse Edison
enquanto dirigia Trent para uma grande pia. — Eu preciso lavar seu cabelo
primeiro.

— Eu lavei ontem à noite.

— Como eu disse. — Edison apontou para a pia. — Eu preciso lavar seu


cabelo.

— Tudo bem. — Grunhiu Trent. Ele puxou o suéter pela cabeça e o


jogou no chão ao lado dele. — Espero não deixar fedendo o lugar. Eu tive que
vir direto do trabalho.

— Bem, você vai tomar banho antes do seu encontro, certo? — Edison
riu. Ele ajudou a guiar a cabeça de Trent sob a água quente e perguntou a ele:
— Então, como é o seu par?

Trent não disse nada até que se sentou na poltrona macia de couro do
barbeiro em frente à penteadeira mais masculina que já vira. Todas as gavetas
eram de madeira escura e a iluminação do teto era de estilo industrial com

282
potes de pedreiro sobre as lâmpadas.

— É Sil de novo? É por isso que você não quer que Bishop saiba?

Trent exalou.

— Não. Não é Sil. Está…

— É o Wood?

— Como você passou de minha ex para um homem? — Trent ficou


boquiaberto.

— Bem. Você é uma espécie de criatura de hábitos, Trent. Você trabalha


e vai para casa. Para se divertir, você sai com seu melhor amigo ou luta contra
Summer no videogame. E se você tem um encontro… Bishop é sempre o
primeiro a saber. Agora, de repente... Algo ou alguém mudou sua rotina
habitual.

— Droga. — Trent murmurou.

— E vocês dois são muito engraçados juntos. Os olhares que vocês


trocam quando pensam que ninguém está olhando são meio gostosos.

Trent se endireitou como uma tábua.

— Merda. Se você descobriu, isso significa que...

— Relaxar. Também vi as regras da casa de vocês na geladeira quando


trouxe as enchiladas.

Trent franziu a testa.

— Isso é típico, Edison. Cada casa tem regras.

283
— Claro que sim. Como aquela em que Wood precisa usar uma xícara e
um prato o tempo todo. Muito típico. — Edison parou de pentear o cabelo de
Trent e deu um passo para trás para olhar para ele incisivamente. — Ou a
regra muito comum de que Wood deve usar camiseta e camiseta o tempo
todo?

Trent soltou uma risada assustada. Droga, ele havia se esquecido


disso. Ele deve revisar aquele. A regra de não usar camisa era meio nula e sem
efeito agora.

— A minha favorita era ' Wood não deve esfregar seu peito contra mim
quando eu cozinhar.'

Trent baixou a cabeça e olhou para o colo.

— Sim, ok, talvez seja Wood.

— Uau! — Disse Edison, continuando com seu trabalho. O cabelo de


Trent já cheirava a Jardim do Éden, e Edison estava usando um pente e uma
tesoura nele que não parecia ter sido comprado do Walmart.

— Que tipo de uau é isso?

— É um tipo surpresa. — Edison respondeu, em seguida, girou-o na


cadeira giratória para que ele pudesse aparar em torno de sua orelha
esquerda. — Isso não é ruim.

— Eu acho.

— Você não parece ter certeza.

Trent pensou por um momento. Ele estava realmente certo de que

284
queria descobrir mais sobre essa parte de si mesmo? Ele pensou no sorriso
encantador de Wood que o saudou quando ele saiu de seu quarto pela manhã,
e na maneira como ele o tocou como se ele fosse especial e a coisa mais
importante em seu mundo. Ele queria mais disso? Claro que sim.

— Tenho sempre certeza quando estou perto dele. Mas…

— Mas...

— Mas hoje à noite, quando sairmos, quero ser tipo, chega, você sabe o
que quero dizer? — Trent fez uma careta, esperando não soar inseguro, mas
ele se perdeu nos golpes rítmicos que Edison usava para pentear o cabelo
entre os cortes constantes com a tesoura, e ele começou a se abrir. — Eu
realmente não posso explicar isso. Desde o momento em que ele entrou pela
primeira vez, eu soube.

Edison sorriu e virou sua cadeira novamente para que ele não estivesse
mais de frente para o espelho.

— Sim, eu conheço esse sentimento.

— No começo ele apenas apertou meus botões e eu tentei dar uma


merda a ele, mas... Ele realmente não caiu nessa. Ele agia todo poderoso e
maduro o tempo todo, mas depois me chamava de apelidos e jogava papel em
mim como uma criança de cinco anos. — Trent sorriu lentamente. — Então
eu vi um lado dele com o qual eu poderia me identificar. Achei que não
teríamos nada em comum, mas eu e ele não somos tão diferentes quanto
pensei.

285
— Não faz mal, ele é fácil para os olhos também. — Edison arqueou
uma sobrancelha como se desafiasse Trent a discordar.

Ele não iria.

— Ele cheira ainda melhor. Como um maldito... — Trent revirou os


olhos. Foda-se. — Como posso descrever?

— Ele cheira a um cavalheiro. — Acrescentou Edison casualmente.

Trent estalou os dedos.

— Sim! Essa é uma descrição perfeita. Ele cheira a trabalhar em um


clube de cavalheiros. — Trent beliscou a ponte do nariz. — Eu nem tenho
certeza do que isso significa.

Edison riu enquanto abria uma gaveta lateral e trocava os pentes, em


seguida, tirou um par fino de aparadores finos e os conectou em uma tomada.

— Sei exatamente o que você quer dizer. Ele usa uma fragrância clássica
com mais de quarenta anos.

Trent chicoteou a cabeça ao redor, fazendo Edison brilhar como se ele


quase o fizesse bagunçar.

— A menos que você queira trazer de volta o rabo de rato, sugiro que
fique quieto.

Trent agarrou o pulso de Edison.

— Você sabe por que ele cheira assim? Diga-me porque ele vive dizendo
que é seu cheiro natural, o que eu sei que é besteira!

286
Edison riu alto.

— Vocês dois são engraçados. Parece que você está se divertindo por
aí. Mas posso te dizer honestamente que o perfume natural de Wood é
definitivamente Givenchy Gentleman. Eu deveria saber porque comprei uma
garrafa para o parceiro de negócios do meu pai no aniversário dele um ano.
Não é uma colônia que você sentiria em um cara jovem, acredite em mim.

— Como ele pode comprar algo que cheira assim? — Perguntou


Trent. — Onde eu consigo isso? É caro?

Edison estava tendo dificuldade em conter o sorriso enquanto


reposicionava a cabeça de Trent e ligava os aparadores.

— Não. É um clássico, nem um pouco caro. Cerca de quarenta dólares.

Trent ficou quieto por um tempo enquanto Edison limpava o pescoço e


moldava a barba crescida em sua mandíbula. Ele tinha que admitir que estava
começando a parecer muito bom, e ele não podia deixar de se perguntar
qual seria a reação de Wood quando o visse. Edison ainda não tinha
terminado, e ele já estava feliz por ter feito esse esforço.

— Você ficou quieto sobre mim.

Trent deu um sorriso malicioso. — Estou feliz por ter vindo para cá e
não para o barbeiro, na esquina da minha casa.

Edison olhou fixamente para ele, em seguida, pegou a tesoura afiada


que ele estava usando antes.

— Por que você não enfia isso na minha jugular, Trent? Vai ser menos

287
doloroso do que o que você acabou de dizer.

Trent balançou a cabeça.

— Você é um cara legal, Edison.

— Eu sei. — Edison sorriu. Ele pegou uma das várias garrafas de


produtos no balcão e esguichou um líquido claro na palma da mão e passou
pelos longos fios de cabelo no topo da cabeça de Trent. — Vou mandar você
para casa com um pouco deste gel para usar depois do banho. Basta espalhar
uniformemente como eu fiz, penteando-o para trás com os dedos.

— Sem problemas. — Trent acenou com a cabeça enquanto tentava


fingir que estava calmo, mas estava tão excitado que parecia que se obrigava a
ficar sentado e imóvel.

— Trent.

— Hmm? — Ele respondeu.

— Existe uma razão para você e Wood não estarem contando a Bishop
sobre este encontro? Ele ainda acha que vocês estão lutando para se dar bem.
— Edison tirou o cabelo caído do pescoço, não encontrando seus olhos no
espelho.

Ele não gostava de colocar Edison na posição de mentir para seu


namorado, mas Trent merecia o direito de sair em seus termos e para quem
ele escolhesse.

— Eu vou dizer a ele, Edison, mas eu só preciso de um pouco de


tempo. Bishop sempre me faz duvidar de tudo que faço. Ele sabe que sou

288
impulsivo e geralmente ajo primeiro e penso nas consequências depois. Eu
hum... Eu não quero ser avisado.

— Eu realmente não acho que ele vai. Adoro a ideia de vocês dois juntos,
e Bishop também. Wood pode ser bom para sua imprudência impulsiva. —
Edison encolheu os ombros.

Trent fez uma careta.

— Ei. Eu não disse que era imprudente.

Edison balançou a cabeça.

— Esqueça. Apenas divirta-se esta noite e não pense demais, Trent.

— É por isso que vim até você, Edison. — Trent passou o polegar pelas
costeletas elegantes. — Você dá ótimos conselhos.

— E cortes de cabelo grátis.

— Verdade.

Trent se levantou e escovou mais cabelo caído. Ele se ofereceu para


ajudar Edison a limpar, mas acenou para ele dizendo que cortaria o cabelo
de Bishop mais tarde, então isso poderia esperar.

— O que você vai vestir esta noite? — Edison perguntou quando eles
estavam fora do banheiro.

Ele não estava surpreso que o quarto de Edison fosse tão arrumado
quanto era, já que o homem era tudo sobre estilo, mas Trent nunca seria
capaz de ficar tão entusiasmado com roupas. Ele pegou alguns frascos de

289
colônia da cômoda e deu uma cheirada rápida.

— Eu não tenho ideia do que estou vestindo, Edison. Não é tão


importante.

— Aqui. Eu consegui on-line há alguns meses e era muito pequeno. —


Disse Edison de dentro de seu armário.

— Edison, vamos lá. — Trent gemeu. — Acho que você está indo longe
demais com todo o... Uau, isso é lindo.

Edison ergueu um pulôver justo preto azeviche com um pequeno


emblema do POLO prateado na gola.

— É bonito, certo?

— Sim, cara, isso é. — Trent estendeu a mão e aceitou a bela peça


pensando que combinaria com suas botas pretas. — Você tem certeza disso?

— Feliz por ajudar. — Edison sorriu. Ele olhou para o relógio e começou
a conduzir Trent de volta para a frente da casa. — É melhor você ir se quiser
ter tempo para se preparar.

— Edison, você está me tratando como se fosse minha primeira vez. —


Trent desviou e foi até a cozinha para pegar alguns biscoitos de chocolate da
jarra.

— Bem, meio que é, certo? — Edison disse, encostado na geladeira com


as mãos nos bolsos. — Tudo bem se você quiser me fazer uma pergunta,
Trent.

Trent ficou de costas para Edison enquanto se servia de um copo de

290
água da torneira. Ele agarrou sua bebida com força para evitar que sua mão
tremesse. Ele precisava parar de ser bobo e falar sobre o outro motivo pelo
qual ele tinha ido lá.

— Você está nervoso?

Trent não respondeu. Em vez disso, ele engoliu a água, tornou a enchê-
la e, em seguida, bebeu novamente como se fosse tequila.

— Trent.

— Sim.

— Sim, você está me respondendo ou sim está nervoso?

— Ambos. — Trent foi reabastecer seu copo, mas Edison veio por trás
dele e roubou-o de sua mão. Ele colocou o copo na pia e virou Trent
lentamente para que pudesse olhá-lo nos olhos.

— Trent. Estou muito feliz que você finalmente esteja seguindo seu
coração. E eu acho que você não tem nada com que se preocupar. — Edison
sorriu suavemente. — Acho que Wood é um homem bom e paciente. E tenho a
sensação de que ele o tornará perfeito para vocês dois.

Trent assentiu, já que não tinha certeza do que mais dizer. Ele não
ousaria fazer perguntas estúpidas a Edison como o que ele deveria esperar
sentir, porque ele já acreditava que estar com Wood seria indescritível.

291
Capítulo 36
Wood

— Você não disse muito esta noite na reunião. — Disse Brody enquanto
estacionava em sua garagem.

— Eu sei. Não há muito a dizer, só isso. É uma sensação de merda


começar de novo, especialmente quando eu não precisava. — Wood segurava
o chip de prata de sobriedade 24 horas na palma da mão. — Eu sou muito
mais forte do que isso.

— Todo homem cai em algum momento de sua vida, Wood. O que


importa é se ele se levanta. — Brody bateu no antebraço de Wood para
desviar seu olhar da iluminação suave na janela do quarto de Trent, sabendo
que ele estava lá se preparando para a noite. — Coloque aquele chip de volta
no bolso, vá lá dentro e aproveite o seu encontro. Tenho a sensação de que
você não está mais me ouvindo.

Wood deu uma risadinha.

— Você está me encorajando agora?

— De modo nenhum. Mas você vai fazer o que quiser de qualquer


maneira. — Brody riu. — E você o quer. Mas acho que você sabe o que está
fazendo, Wood, e Trent parece estar com a cabeça no lugar... Não importa o
quão quente esteja.

292
— Sim cara. Acho que ele... Ele pode... — Wood passou a mão pelos
cabelos, percebendo que estava nervoso.

— Pode o quê? — Brody perguntou.

— Eu não sei. — Wood não estava pronto para admitir nada ainda. —
Estou feliz por ter esperado e não subi a Sixteenth Street como planejei
quando cheguei aqui.

— Você está ficando sério demais aí, cara. Você está parecendo que esse
cara é o cara. — Brody franziu a testa. — Wood, eu entendo querer ter uma
vida social e precisar de algum toque masculino e...

— É muito mais do que isso. Sim, eu preciso de seu toque e seu calor,
mas também preciso de sua teimosia. Preciso daquele desafio que ele me dá e
da energia para querer me esforçar todos os dias. Ele não é como nenhum
jovem que já conheci. Ele tem uma visão sombria da vida e mantém as
pessoas à distância por um bom motivo. Ele está tão inseguro quanto eu sobre
entrar nisso... Mas você está certo, não significa que eu não vá fazer isso. Ele
confia em mim, Brody... Eu não... Não posso simplesmente deixá-lo.

— Droga, Wood. — Brody parecia querer bater com a testa no volante.


— E se ele te deixar? Você pensou sobre isso? Você pensou sobre o que isso
faria à sua auto-estima, sua confiança, seu orgulho?

— Eu só me preocupo com meu coração e sobriedade. E com Trent,


ambas as coisas estão em boas mãos.

— Wood, me escute...

293
— Eu escuto você, Brody. Eu realmente quero, mas você precisa me
ouvir neste momento. Pelo resto da minha vida, as pessoas vão me desprezar
pelo que fiz. Trent é a única pessoa que tentei deixar fechar que não se
desligou do meu passado. Ele não me julga por matar acidentalmente uma
mulher inocente. Até Bishop teve um grande problema com isso quando nos
conhecemos. Trent não está enojado por eu estar em AA ou ofendido com
minhas tatuagens. Ele não se encolhe quando eu o abraço. — Wood suspirou
pesadamente e acenou para o trailer. — Eu vou precisar chegar a um acordo
de que esta pode muito bem ser a minha vida, Brody. Não tenho licença, nem
carteiras não tenho nada. Você tem alguma ideia de como é limpar os
malditos banheiros quando você tem um mestrado?

Brody encontrou seus olhos novamente.

— Isso é temporário, Wood, e você sabe disso. Você está apenas


começando; vai levar algum tempo. Seja paciente.

— Eu vou. E enquanto espero, farei isso na cama de um homem incrível.


— Wood sorriu.

— Saia do meu maldito carro. — Brody o empurrou, tentando mas


falhando em esconder seu sorriso.

Wood abaixou a cabeça quando Brody abaixou a janela automática.

— Eu estarei em casa se você precisar de mim.

— Eu não vou precisar de você.

— Para o caso de ele dizer vamos esperar um pouco mais, não quero que

294
você pule de uma ponte. — Brody riu alto.

— Oh, confie em mim. Eu não estou preocupado. — Ele disse a Brody


que o veria na reunião de amanhã à noite, então acenou enquanto saía da
garagem.

Wood entrou, pendurou rapidamente o paletó e correu pelo corredor até


o quarto. Ele ouviu o jazz sensual de Trent entrando em seu quarto enquanto
ele se esforçava para montar uma roupa meio decente. Porcaria. Ele só tinha
vinte minutos para tomar banho e se trocar. Wood jogou um par de jeans
preto levemente desbotado na cama e um suéter verde grosso. Quando ele
terminou no banheiro e sua barba demorou mais, ele correu para o quarto
para se vestir. Ele tirou alguns fiapos da manga enquanto se examinava no
espelho de corpo inteiro atrás da porta. Ele não parecia mal, mas ele
definitivamente se limpou melhor. Ele gostaria de saber o que tinha
acontecido com todas as suas roupas bonitas.

Wood fechou a porta do quarto e bateu com os nós dos dedos na porta
do outro lado do corredor.

— Ei, você está pronto?

— Sim. E você está atrasado. — Trent disse da direção da sala.

Wood sorriu amplamente e caminhou pelo corredor sabendo que sua


noite seria incrível, e ainda nem tinha começado.

— Peço desculpas. Eu entrei assim que eu... Wood dobrou o corredor e


gaguejou até parar quando viu seu par. Ele não tinha ideia de qual expressão

295
ele usava, mas uma bela tonalidade vermelha começou a cobrir a mandíbula
de Trent e se arrastar para a sexy gola alta que ele usava.

Trent se levantou e olhou para um relógio de prata em seu pulso direito,


dando a Wood um sorriso zombeteiro.

— Tudo que você precisava fazer era tomar banho, fazer a barba e
aparecer. Ouvi dizer que os homens perdem pontos quando estão atrasados
para um primeiro encontro.

— Perdoe-me. — Disse Wood, sua voz gutural enquanto dava passos


inconscientes em direção a Trent. Tudo sobre este homem o puxava para si,
especialmente sua língua escorregadia e aqueles desafios que ele gostava de
oferecer.

Os olhos de Trent brilharam de calor e suas narinas dilataram-se


quando Wood estava a apenas alguns metros de distância. Se ele não
colocasse as mãos em Trent no próximo segundo, ele perderia a cabeça. Trent
parecia ter feito tudo para a noite. Ele usava uma calça jeans azul escura que
não parecia de segunda mão e desbotada como a sua. Ele usava uma blusa de
gola alta preta que se moldava perfeitamente ao seu peito firme e acentuava
sua cintura fina. Mas essa nem foi a melhor parte. Wood segurou a lateral do
pescoço de Trent com uma das mãos e gentilmente tocou a cruz de ouro
branco pendurada em seu pescoço e descansando entre seus belos peitorais.
Wood deu um beijo demorado na testa de Trent, fechando os olhos com o
cheiro incrível que sentiu em seu cabelo.

— Você está perdoado. — Trent respirou contra o queixo.

296
Wood inclinou a cabeça de Trent e beijou suavemente seus lábios,
olhando em seus olhos enquanto ele o fazia.

— Você está bonito. Eu não... — Wood franziu a testa, sentindo-se


confuso, mas principalmente hipnotizado enquanto arrastava o polegar para
baixo na mandíbula de Trent, que parecia ainda mais proeminente com seu
novo corte. — Não tenho outras palavras.

Wood ainda estava tentando pensar em algo eloquente ou cavalheiresco


para dizer, mas ficou pasmo com o silêncio. Como ele teve essa sorte? Não era
como se seus sentimentos não fossem correspondidos, porque ele podia olhar
as íris cor de rum de Trent por horas e se banhar no desejo que viu ali por
ele. O homem em seus braços estava tremendo tanto quanto ele, os lábios
frouxos e quase implorando por um beijo mais profundo. Incapaz de se
conter, Wood envolveu os braços com força ao redor do corpo de Trent e
tentou consumi-lo por fora. Os ternos lábios de Trent pressionaram-se
insistentemente contra os seus, e Wood sentiu o gemido começar em seu
peito antes de soltá-lo dentro da boca de Trent.

Trent

Trent bebia avidamente cada gemido que Wood fazia. E embora fosse o
único sentimento fora de seu alcance, Trent também sentiu uma pontada de
poder por poder reduzir um homem tão imponente como Wood a
gemidos roucos. Trent sentiu seu pau ficar mais duro e puxou para trás, não
querendo deixar manchas no jeans. Ele empurrou o nariz contra a garganta

297
de Wood e inalou, sorrindo enquanto pensava sobre a descrição de Edison
da colônia de Wood.

— Você cheira bem. — Trent arrastou o nariz pelo pomo de adão


de Wood. — Você cheira a um cavalheiro.

Wood sorriu maliciosamente, então capturou seus lábios novamente,


rapidamente dominando o beijo. Trent foi levado para trás enquanto se
agarrava ao pescoço de Wood até que suas costas batessem na parede. Ele
grunhiu com a força, a excitação o inundando enquanto ele deixava o
musculoso ex-condenado esmagar seu pau rígido em sua coxa. Wood estava
curvado sobre ele, cutucando seu rosto com força e indo para sua garganta.
Ele queria levantar uma perna e apoiá-la no quadril de Wood e se abrir para
receber mais estocadas, mas se conteve. Este era um primeiro encontro, pelo
amor de Deus, e ele já estava oferecendo sua bunda em uma bandeja.

Wood abaixou um lado de sua gola alta e tocou sua garganta sensível
antes de se agarrar e começar a sugar com intenção. Trent empurrou os
quadris para a frente, o choque do prazer erótico e um pouco de ferroada
fazendo-o quase desmoronar. Ele esticou o pescoço para o lado e segurou a
nuca de Wood, seus corpos selados juntos enquanto ele tomava sua
reivindicação.

— Wood... — Ele gemeu, fazendo o homem chupar com mais força.


Trent sibilou quando sua pele foi esticada, seus olhos se fechando.

Wood lentamente liberou sua carne abusada, em seguida, voltou a


colocar a gola perfeitamente no lugar. Ninguém saberia que estava lá, exceto

298
os dois.

— Você está pronto agora? — Trent deu uma risadinha, parecendo sem
fôlego.

— Acho que sim. —O olhar de Wood continuou a vagar


preguiçosamente por seu rosto, como se estivesse vendo Trent pela primeira
vez. — É melhor irmos antes que eu mude nossos planos para uma noite de
interação.

299
Capítulo 37
Trent

Trent pegou a rota panorâmica para a Military Highway, depois subiu o


Virginia Beach Boulevard que os levaria até a orla marítima. A interestadual
os teria levado lá mais rápido, mas ele não queria apressar esta noite. Quando
ele voltou para casa da prisão, há pouco mais de um ano, ele ficou feliz o
suficiente por se reencontrar com sua namorada, Cecilia... Mas ele não
deveria estar exultante? O problema era que ela não o fazia se sentir querido,
muito menos necessário. Quando ele a viu, não houve emoção. Não como
quando Wood o cumprimentou com um beijo profundo e um jantar quente
quando ele voltava do trabalho. Ele realmente tentou conhecer sua garota
novamente e se reconectar com ela, mas nunca aconteceu. Ela nunca o fez
se sentir como Wood.

— Você está quieto. — Wood murmurou.

Trent inalou, gostando de sua caminhonete cheirar como a colônia


daquele cavalheiro por vários dias.

— Estou apenas curtindo o passeio.

Wood não disse mais nada até que Trent saiu da Avenida Atlântica para
a Laskin Road e estacionou na garagem do Hilton.

— Um hotel?

300
— Há um restaurante que ocupa metade do andar de baixo chamado
Catch 31. Tem o melhor áreae territórioaberto. E... — Trent desviou o olhar,
sentindo-se um pouco constrangido com a quantidade de esforço que estava
fazendo esta noite. — Eles têm uma boa vista para o mar... Então...

Wood sorriu, então se inclinou na direção dele e o beijou na bochecha.

— Parece legal. Venha, vamos. Estou morto de fome.

Parecia duas vezes mais frio na praia, e a curta caminhada pela Atlantic
Avenue foi o suficiente para fazer seu rosto doer. Wood abriu a porta para ele
e Trent tocou-lhe na barriga quando ele passou. A anfitriã os cumprimentou
com um sorriso brilhante, sua energia alta, como se ela estivesse feliz em ver
alguns clientes.

— Dois para o jantar esta noite?

— Sim. — Respondeu Trent.

— Você gostaria de algo perto da janela? Temos muitos lugares vazios.


— Ela riu, apontando para o restaurante quase vazio.

— Sim. Obrigado. — Wood respondeu.

Eles seguiram atrás do corpo esguio da anfitriã, passando por um bar


que dominava o meio do restaurante, até que ela estava parada ao lado de um
reservado enorme com uma vista incrível da água escura.

— Que tal isso?

— Agradável. — Trent assentiu.

301
Wood deslizou para um lado da cabine e, quando Trent se moveu para
se sentar em frente a ele, Wood agarrou seu pulso.

— Por que você não se senta ao meu lado? Há muito espaço.

— A maioria das pessoas se sentam frente a frente em uma cabine. —


Trent tentou se sentar, mas Wood continuou segurando.

— Não precisamos seguir essas normas idiotas.

— Nós não precisamos. — Trent bufou. — Eu estava apenas... Ok, tudo


bem... Você quer que eu me sente ao seu lado?

— Sim. Não vejo razão para não o fazer.

— Ok. Eu vou sentar, então. — Trent evitou os olhos da mulher


enquanto ela segurava os cardápios e observava suas idas e vindas ridículas.
Ele permitiu que Wood o conduzisse até a cabine e o puxasse para perto.
Trent tentou parecer relaxado enquanto a anfitriã colocava dois cardápios na
frente deles e os abria na página de aperitivos.

— Sean já virá para cuidar de vocês. Aproveite.

Trent assentiu e observou-a se afastar.

— Você está bem?

Trent pulou com o quão perto Wood estava, sua boca perto de sua
orelha e sua coxa pressionando firmemente contra a sua por baixo da mesa.
Trent virou seu corpo em direção ao calor que emanava do corpo
grosso de Wood. Ele encontrou seus olhos escuros quando Wood passou o
braço em volta dele, apoiando o cotovelo na parte de trás da cabine. Ele tocou

302
o cabelo recém-raspado na base do pescoço de Trent, causando um tremor de
excitação em sua espinha.

— Estou bem. — Disse Trent, tentando exercer alguma confiança.

Wood parecia prestes a dizer algo quando o garçom, Sean, escolheu


aquele momento para se aproximar da mesa.

— Boa noite. — Ele disse, dando a eles um sorriso que ganhava gorjetas.
— Vocês decidiram enfrentar o frio por alguns bons frutos do mar esta noite,
hein?

Trent reclinou-se no corpo de Wood e deu atenção ao garçom. Se o


homem mais velho ficou surpreso com a proximidade deles, ele fez um ótimo
trabalho em não demonstrar. Ele simplesmente lhes contou sobre os especiais
da noite, seus pratos favoritos e anotou os pedidos de bebidas. Trent esperou
até que ele tivesse ido embora antes de perguntar a Wood:

— Você quer compartilhar um aperitivo?

Wood sorriu aquele familiar que Trent estava acostumado a ver,


fazendo-o relaxar ainda mais.

— Este é um lugar muito bom, Trent. Estou surpreso. — Wood disse


enquanto olhava pela janela para as ondas negras batendo na areia, então
vagando pacificamente para longe.

— Surpreso?

— Sim. Você me parece mais um cara de cerveja e asas. Eu estava


esperando um lugar lotado com boa comida, mas pensei que haveria TVs

303
montadas em todos os lugares e eu teria que gritar no seu ouvido para você
me ouvir.

Trent estava se sentindo um vencedor por dentro. Ele já havia realizado


uma coisa que pretendia esta noite e que era mostrar a Wood outro lado dele
que a maioria das pessoas não conseguia ver. Quando ele comeu no Catch 31
no verão passado com Bishop e Edison, levou bem mais de uma hora para
conseguir uma mesa, mas Edison jurou que a comida e a experiência do
jantar valeriam a pena. Trent lembrou-se de uma refeição incrível e percebeu
que preferia jantar em lugares que tivessem roupa de cama sobre a mesa e
dedicou todo o cuidado ao preparo da comida. Mas acima de tudo, ele se
lembrou de ter desejado ter alguém sentado ao lado dele como seu melhor
amigo fazia.

— Eu gosto de uma boacerveja e algumas asas quentes... Mas posso ter


isso em casa. — Trent olhou além de Wood para a vista panorâmica da água,
depois apontou para algumas portas do outro lado do bar. — Bandas locais
tocam jazz ao vivo no pátio lá fora no verão, às quartas-feiras. E como não
gosto de multidões, este lugar tem um pátio com uma vibração bem
descontraída que envolve todo o restaurante.

— Ah, sim. — Disse Wood, com a voz baixa e rouca enquanto olhava
paralisado para a boca de Trent, como se ele estivesse dizendo todas as coisas
certas.

— Sim. — Ele engoliu em seco, e o olhar aquecido de Wood caiu para


sua garganta.

304
— Porra. Pare de me olhar assim. — Trent respirou.

Wood se afastou e deu a ele algum espaço para respirar enquanto


o garçom enchia seus copos de água e colocava a cerveja de gengibre de Trent
na frente dele.

— Já decidimos as entradas? Eu recomendo fortemente as ostras


Rockefeller. É a nossa especialidade. — Disse Sean, de pé com seu bloco de
notas pronto e pronto.

Trent inconscientemente esfregou o material macio sobre a marca


que Wood deixou em sua garganta.

— Droga, nós nem tivemos a chance de olhar o menu.

O garçom sorriu conscientemente, já que devia tê-los visto se


comportando como se estivessem com fome de qualquer coisa, exceto
comida.

— Não tem problema. Não tenha pressa.

— Então, vamos comer ou o quê? — Trent começou a examinar seu


cardápio, mas podia sentir que Wood o observava com o canto do olho. Ele
nunca tinha estado tão consciente de tudo que fazia e dizia em um
encontro. — As ostras fritas parecem boas.

— O que você quiser. — Wood respondeu, acariciando preguiçosamente


a coxa de Trent. Parecia que ele estava fazendo isso sem pensar enquanto ele
folheava seu menu para a página de favoritos à beira-mar e fazendas. —
Agora, onde está o bife mais espesso e suculento que eles conseguiram?

305
Eles comeram com pedaços de conversa no meio, mas tudo estava tão
delicioso que eles não queriam correr o risco de ficar resfriado. Wood comeu
todas as suas vieiras embrulhadas em bacon e mais da metade de sua costela.
Onde diabos ele colocou toda aquela comida que Trent nunca saberia. Ele
afastou as últimas duas mordidas de seu próprio pargo enegrecido, incapaz de
comer mais um garfo do peixe amanteigado.

— Eu sei que dois caras grandes como vocês guardaram espaço para a
sobremesa? — O garçom disse com um brilho provocante em seus olhos
azuis. — Você não pode vir até aqui para passar nossa famosa panna cotta de
baunilha.

Trent franziu a testa.

— Um o que?

Wood sorriu lentamente, então se inclinou para o lado de Trent.

— É uma sobremesa italiana, como um pudim cremoso e espesso. — Ele


ronronou em seu ouvido.

Trent se ajeitou na cadeira, esperando que Sean não percebesse como


ele estava ficando quente. Ele podia sentir a umidade ao longo de suas
têmporas, seu corpo pegando fogo em todos os lugares que Wood o tocava.
Trent podia até sentir a sensualidade de Wood no aroma de seus pratos.

— Depende de você se quiser sobremesa. Estou cheio. — Ele conseguiu


dizer.

— Mmm... — Wood concordou. Ele o olhou por um momento antes de

306
falar com o garçom sem quebrar o contato visual dele e de Trent. — Acho que
vou ignorar a panna cotta. Já tenho algo doce em casa.

Trent teve que limpar a garganta.

— Podetrazer a conta, por favor?

— Claro. — O garçom apontou para o prato de Wood. — Posso


encaixotar o restante para você, se quiser.

Wood deu uma tapinha em sua barriga lisa.

— Não, eu terminei. Obrigado.

O garçom continuou a limpar a mesa.

— Vocês voltem para nos ver em breve.

— Oh, eu pretendo. — Wood sussurrou quando Sean estava fora do


alcance da voz. Ele ergueu a cruz que repousava em volta do pescoço de Trent,
os nós dos dedos roçando suavemente seu esterno. — Você tem religião,
Trent?

Trent baixou os olhos para a cruz.

— Se você está perguntando se eu acredito em Deus, a resposta é sim.

— Você vai à igreja? — Wood perguntou com cautela.

Trent quase bufou.

— Você já me viu ir à igreja uma vez desde que mora comigo?

— Não. Não posso dizer que sim.

307
— Tudo bem então. — Trent deu uma risadinha, mas sua risada sumiu
quando percebeu que Wood não pareceu achar sua resposta engraçada.

— Você é contra a igreja ou a adoração a Deus? — Wood largou seu


colar.

— Não, claro que não.

Wood estava olhando para a praia vazia quando o garçom voltou com a
conta. Trent sacou rapidamente várias notas de 20 e colocou-as dentro da
carteira. Quando Sean saiu na esquina, Trent pressionou o peito contra as
costas de Wood, massageando preguiçosamente seus ombros largos enquanto
falava baixinho contra seu ouvido.

— Eu sei que você vem de um lar religioso. Se você quiser ir à igreja,


Wood, eu irei. Acho que posso experimentar algo assim com você.

Wood estendeu a mão e removeu a mão de Trent onde estava em seu


bíceps. Ele praticamente derreteu quando Wood o levou à boca e deu um
longo beijo apreciativo no centro da palma áspera dele. Ele abaixou a cabeça e
cutucou Wood contra sua têmpora, esperando que ele não o tivesse insultado
ao fazer pouco de sua fé. De alguma forma, eles se infundiram juntos
novamente na primeira oportunidade, seus corpos conectados e lábios perto
de fazer o mesmo.

— Eu não quero que essa coisa entre nós “seja o que for” seja unilateral.
Eu também me importo com o que você quer, sabe. Então sim. Vamos para a
igreja.

308
Wood se virou totalmente para olhar para ele com uma expressão de
choque e talvez um pouco confusa.

— Pare de olhar boquiaberto para mim assim. Não sou tão egoísta
quanto Bishop e Mike dizem que sou.

— Você não é egoísta, Trent.

Trent acenou com a cabeça, então pensou em algo.

— Você vai se certificar de que estejamos em casa antes do início do


domingo, certo? Quero dizer, são os playoffs.

Wood balançou a cabeça, seu olhar ligeiramente divertido.

— Bebê, você não é nada como eles disseram que você era.

309
Capítulo 38
Wood

Em vez de virar à esquerda quando saíram do restaurante, Wood pegou


a mão de Trent e o conduziu alguns metros em direção ao calçadão.

— O caminhão está no outro lado. — Disse Trent, apontando para a


Avenida Atlântica.

— Eu sei disso. — Wood passou o braço em volta do ombro de Trent,


sorrindo com a irritação que viu em seus olhos. — Qual é a pressa, hein? É
cedo.

Trent estremeceu quando uma rajada de frio passou por eles.

— São nove e meia e está tipo dez graus aqui.

— Vou mantê-lo aquecido. — Ele beijou Trent na têmpora e o abraçou


forte, tentando bloqueá-lo da maior parte do vento gelado. — Você não quer
ouvir o oceano um pouco?

Trent inclinou o rosto para que seus lábios mal tocassem a mandíbula
inferior de Wood.

— Sim, tudo bem. Talvez por um tempo.

— Apenas um quarteirão, eu prometo. — Wood sussurrou. — É incrível


as pequenas coisas que você perde quando acaba. Como o som das ondas

310
quebrando na costa quando eu caminho. De mãos dadas com alguém especial
sob o luar.

Estava quieto, pacífico enquanto caminhavam juntos. Mais abaixo,


talvez dez quarteirões, ele viu outro casal, mas de forma alguma havia muitos
residentes curtindo o ar de inverno.

— Vamos sentar aqui por um minuto. — Wood parou o passeio e levou


Trent a um dos muitos bancos que ladeavam o calçadão. Ele se sentou
primeiro, então puxou Trent para seu colo, acomodando-o confortavelmente
em cima de suas coxas.

— O que você está fazendo? — Perguntou Trent, olhando ao redor, mas


sem fazer nenhum esforço para se levantar ou deslizar para o resto do banco.

— Achei que você gostaria de sentar aqui. — Wood passou um braço em


volta das costas de Trent enquanto segurava a lateral de seu pescoço com a
outra mão. Ele já estava descendo um pedaço do material liso e preto que
escondia a garganta quente de Trent quando perguntou: — Você quer que eu
te solte?

— Não. — Trent respondeu rapidamente.

— Mmm... — Wood cantarolou. Ele correu o polegar ao longo da


pulsação de Trent. A marca vermelha possessiva que ele havia deixado antes
era visível mesmo na escuridão. Sem pensar duas vezes, Wood agarrou-se ao
mesmo lugar e puxou suavemente a pele doce.

O gemido de Trent foi longo e profundo, e a maneira como ele apertou

311
sua bunda na virilha de Wood o fez chupar um pouco mais forte. Ele se
controlou, não querendo ser indecente e não querendo fazer seu encontro
parecer barato. Mas o homem se contorcendo sobre ele e segurando sua nuca
estava testando sua decência ao limite.

— Quanto tempo você vai jogar duro para conseguir esta noite? —
Perguntou Trent.

— Eu não sabia que estava. — Wood esfregou as costas de Trent antes


de agarrar seu ombro e afastá-lo para que pudesse vê-lo. — Não estou
tentando apressar você.

— Nós estamos dançando em torno um do outro há semanas. Você não


cansou de esperar? — Trent disse quase timidamente. — Eu estou.

— Você já teve alguma coisa dentro de você antes? — Wood perguntou


corajosamente, alcançando sob o casaco de couro de Trent e apalpando sua
bunda.

— Não é como uma pessoa, não. — Trent murmurou.

— Mas... Brinquedos?

Trent revirou os olhos.

— Não. Usei meus dedos.

— Por quê? — Wood perguntou, ainda acariciando enquanto indagava.


Esta era a informação que ele precisava saber. Chame-o de velha escola, mas
em sua época, era tudo sobre o fundo do poço. Eles mantinham o controle no
quarto, e a relação sexual era centrada em seu conforto. Ele ainda acreditava

312
nisso.

— Eu não disse isso a ninguém antes. Nem mesmo Bishop.


Provavelmente porque todo homem gay que eu conheço que já cumpriu pena
sempre se ofendeu quando questionado se tinha um amante ou... Uma
experiência enquanto estava dentro de casa. — Trent desviou os olhos para
ele rapidamente, depois olhou para a água.

— Mesmo em um lugar como a prisão, não é impossível encontrar


alguém especial. Você conheceu alguém enquanto estava cumprindo pena? —
Wood perguntou, rezando para que a resposta fosse não. Deus, por favor,
não. Ninguém merecia seu Trent. Enquanto Wood encarcerado não podia
suportar a aparência dos homens, como eles cheiravam, o engano persistente
em seus olhos... Isso o repelia. Nunca pensou no amor quando estava
confinado ao concreto e ao caos. Talvez porque nunca se apresentou.

— Não, eu não estive com ninguém. — Trent sussurrou, olhando para o


céu nublado como se estivesse se lembrando. — Eu vi algo, algo que foi
revelador... E sim... Eu acho, especial.

— O que?

— Eu vi dois homens fazendo amor pela primeira vez. — Trent balançou


a cabeça. — Eu sei. É o último lugar que eu esperava ver, mas quando o fiz,
não havia dúvida do que era. Eu conhecia os dois caras e todo esse tempo
pensei que eles eram apenas bons amigos. Jack estava sendo transferido na
manhã seguinte, e eles estavam se despedindo.

— Você os assistiu? — Wood perguntou.

313
— Sim. — Trent disse suavemente. — Eu tentei não fazer. Tentei não
ficar tão...

— Ligado.

Trent assentiu e Wood o encorajou a continuar.

— Eu fiquei. Ele teve seus dedos dentro de Jack por tanto tempo, e ele
continuou implorando por isso mais profundamente. Em seguida, as lágrimas
caíram pelo seu rosto, mas seu pau ficou mais duro do que eu já vi antes. Eu
gostei de como eles balançavam um contra o outro, e o tempo todo me
perguntei como é que nunca fiz aqueles sons, aquelas caras? Pior ainda, como
é que eu nunca fiz uma mulher soar assim?

Wood entendeu a epifania que Trent experimentou ao ver dois homens


juntos. Ele mesmo teve um semelhante, embora estivesse feliz por tê-lo tido
muito antes dos trinta anos.

— Comecei a usar meus dedos em mim só para ver. E, hum... Gostei...


Muito, Wood — Confessou Trent. — Quando cheguei em casa e voltei com Sil,
pedi isso a ela uma noite, depois de ter dificuldade em gozar com ela. Ela
atingiu a porra do telhado. Me chamou de nojento e tudo mais. Ela me
perguntou como eu poderia me deixar ser expulso na prisão. Desnecessário
dizer que me mudei naquela noite.

Wood segurou o rosto de Trent perto o suficiente para sentir seu hálito
quente em seus lábios. Ele estava tão feliz por Trent não ter deixado aquela
bruxa ou qualquer outra pessoa tocá-lo na prisão porque sua experiência não
teria sido nada parecida com o que testemunhou não teria sido o que ele

314
queria. E embora tivesse passado dezessete anos para ele, Wood com certeza
não tinha se esquecido de como dar o bem.

— Vamos para casa. — Disse Wood.

— Graças a Deus. — Trent praticamente puxou Wood por todo o


caminho até o estacionamento.

315
Capítulo 39
Trent

Trent saiu correndo do frio e esperou por Wood antes de fechar a porta
e trancá-la. Ele tirou o casaco e pendurou-o no gancho, depois se dirigiu à sala
de jantar.

— Parece que caiu mais dez graus lá fora. Vou aumentar o aquecimento.

— Eu não acho que isso será necessário. — Wood disse em um tom que
enviou uma onda de luxúria direto para o pênis de Trent.

Ele parou com a mão no ar antes de colocá-la contra a parede ao lado do


termostato. Ele ouviu os passos pesados de Wood vindo em sua direção, cada
passo retumbando em seu peito. Ele se assustou quando o corpo quente
de Wood entrou em contato com suas costas.

— Você não precisa ter medo, bebê. — Wood colocou a mão sobre a dele
na parede e entrelaçou os dedos.

— Não estou. — Disse Trent, trêmulo. Ele definitivamente não estava


com medo, mais nervoso do que qualquer coisa. Ele queria se apressar e
acabar logo com a primeira vez. Ele já sabia o prazer que poderia sentir, com
o parceiro certo, e Edison confirmou. Mas o desconhecido ainda o deixava
ansioso.

— Bom. Porque eu prometo a você. — Wood retumbou em seu ouvido,

316
seu pau duro cavando em sua bunda. — Eu vou fazer você se sentir melhor do
que nunca. E vou te mostrar exatamente por que aquele homem estava
implorando a seu parceiro para não parar.

Trent assentiu porque temia que sua voz não funcionasse se ele abrisse
a boca. Seu estômago deu uma cambalhota e sua respiração estava ficando
mais difícil de regular. Ele se preparou com as duas mãos porque não tinha
certeza do que mais fazer.

— Relaxa, Trent. É só eu. — Sussurrou Wood.

Ele se inclinou para trás, permitindo que a voz de Wood fizesse sua
mágica como tinha feito desde o momento em que ele entrou em sua vida.

— É isso aí. — Wood beijou atrás de sua orelha. — Você é quem dita o
ritmo a noite toda.

— A noite toda. — Trent engoliu em seco, sentindo o sorriso de Wood


na base de sua mandíbula.

— Mm... — Wood passou o nariz pelo cabelo. — A noite toda.

Trent se virou e deixou Wood guiá-lo por sua pequena sala de estar até
seu quarto. Lá dentro, Wood fechou a porta e trancou-os, então encostou-se
casualmente nela.

— Sente-se na cama. — Wood ordenou.

Trent obedeceu com gratidão, sem se importar com nenhuma direção.


Ele se sentou ao pé da cama e passou as palmas das mãos úmidas na calça
jeans, esperando ansiosamente o que Wood queria que ele fizesse a seguir.

317
Droga, como seu pau já estava tentando estourar o zíper? Wood parecia estar
pensando em cinquenta maneiras de devorar um homem, e o pênis de Trent
vazou contra sua coxa. Ele apoiou as mãos ao lado dele e cravou os dedos no
edredom grosso, perguntando-se como Wood estava fazendo isso com um
simples olhar. Ele estava apenas parado lá com os braços ao lado do corpo e
os olhos brilhando nele.

Trent lentamente ergueu as mãos e tirou a corrente antes de agarrar a


bainha da blusa de gola alta e puxá-la pela cabeça. As narinas de Wood
dilataram-se, mas por outro lado ele não se mexeu. Trent franziu os lábios e
começou a desatar o cinto.

— Vou fazer isso sozinho?

— Faz muito tempo, bebê. Mostre-me algo bom. — Wood disse


asperamente, continuando a assistir.

Trent se curvou para a frente e desamarrou as botas, chutando-as para o


lado. Em seguida, ele terminou de remover o cinto, depois tirou as calças e as
meias, tentando não fazer isso muito rapidamente. Mas ele não era um
stripper. Isso não era nada que ele já tivesse feito antes, provavelmente
porque ninguém nunca quis que ele fizesse - mas ninguém olhou para ele do
jeito que Wood fez. Com necessidade carnal. A protuberância de Trent era
constrangedora por não ter sido tocada ainda. Ele baixou a cabeça e Wood
finalmente se mexeu. Ele não parou até que estava de pé sobre ele, seus olhos
vagando por seu corpo.

— Suba na cama. — Ele exigiu.

318
Porra, porra, porra. Trent sabia que ia gozar rápido, mas
provavelmente não mais rápido do que Wood. Ele subiu na cama até que a
parte de trás de sua cabeça estivesse no travesseiro.

— Wood, vamos lá, cara.

— Já está implorando? — Wood ergueu um canto da boca.

— Oh, vá se foder. — Trent rosnou.

A expressão de Wood mudou de presunçosa para desafiadora


instantaneamente. Trent abriu mais as pernas, dando a Wood seu show, mas
também dando a suas bolas algum espaço para latejar.

— Oh, eu pretendo. — Wood respondeu, tirando o suéter e a camiseta e


deixando-os cair de seus dedos. — Esta noite, amanhã e todas as vezes que eu
quiser depois disso.

Puta merda. Trent estava mais do que excitado com a fala dominante
de Wood, mas seus olhos estavam focados naquele peito grosso e exposto. Ele
queria aqueles mamilos rígidos em sua boca e entre os dentes como em seus
sonhos. Trent não achou que se importaria com a sensação de sua língua
lambendo o cabelo preto e prateado que cobria os peitorais de Wood. Desde
que deu banho em Wood, ele fantasiava que da próxima vez seria capaz de
usar a boca em vez de uma toalha.

— Seja o que for que você esteja pensando... Não pare. — Wood
sussurrou enquanto abaixava as calças.

Trent olhou para a protuberância que saía da boxer preta de Wood,

319
tentando não se intimidar. Wood subiu na cama e rastejou por cima dele de
quatro, seu olhar vagando lentamente por seu corpo.

— Eu estava pensando na minha boca em você.

Wood pairou sobre ele, e Trent impacientemente jogou os braços em


volta de sua cintura e puxou até que Wood estivesse em cima dele. O ar
deixou seus pulmões em uma respiração surpresa quando ele aceitou o peso
total de outro homem. E, Deus, Wood era pesado. Trent gemeu e arqueou o
pescoço ao sentir os lábios de Wood ofegando contra sua garganta.

— Humm... — Grunhiu Wood, cravando sua espessura na pélvis de


Trent.

Doeu muito bem. Seu pênis estava aninhado desconfortavelmente


contra seus estômagos, e Trent colocou a mão entre eles e tentou se ajustar.
Ele congelou ao ver o olhar possessivo nos olhos de Wood enquanto
lentamente removia sua mão.

— Isso é meu. — Wood esclareceu.

Trent cerrou os dentes.

— Então cuide disso.

O sorriso de Wood se espalhou lentamente.

— Um fundo mandão. Nunca tive um desses. — Wood empurrou seus


quadris fortes contra os dele, fazendo com que os olhos de Trent rolassem em
direção ao teto antes que ele pudesse amaldiçoá-lo. — Eu não deveria ter
esperado nada menos.

320
Wood enfiou sua grande mão entre eles e agarrou o pênis de Trent,
removendo-o de sua posição estranha e dando-lhe um golpe longo e lento.

— É disso que você precisa, Trent?

— Sim, mais. — Implorou Trent. — Muito mais.

Wood o beijou com paixão e propriedade enquanto ele continuava a


bombear seu pau. Era demais e não o suficiente ao mesmo tempo. Trazendo-o
tão perto de explodir, então afrouxando o punho antes que ele pudesse
explodir. O corpo de Wood era quente e forte, suas tatuagens um afrodisíaco
enquanto Trent acariciava e lambia as cores que podia alcançar. Eles se
entregaram um ao outro como se não tivessem acabado de voltar do jantar, e
um tipo diferente de fome precisava ser saciado.

Wood finalmente desistiu da reclamação sobre sua boca e começou a


lamber e morder o peito. Trent se retorceu de êxtase quando Wood lambeu o
mamilo esquerdo, depois deu igual atenção ao direito. Ele não era
particularmente sensível lá, mas ele segurou a nuca de Wood no lugar de
qualquer maneira porque tudo o que o homem fez o deixou louco.

— Sim, sim... — Trent concordou, o Wood inferior arrastou beijos por


seu corpo. — Ali.

Wood não o fez implorar por muito tempo. Ele envolveu sua boca
quente ao redor do pau de Trent e o engoliu, levando sua ponta para o fundo
de sua garganta.

— Porra. — Trent gemeu, a cabeça caindo para o lado. Ele passou as

321
mãos pelos longos cabelos de Wood, observando o cinza escorrer por entre
seus dedos. Ele cerrou os dentes, fazendo o possível para resistir, mas sabia
que gozaria e logo.

322
Capítulo 40
Wood

Wood roçou suavemente os dentes ao longo do eixo de Trent.

— Filha da mãe. — Trent sibilou, agarrando o cabelo de Wood pela


raiz. — Parece tão bom pra caralho.

Wood adorou o tratamento áspero; ele nunca se importou com algum


espírito na cama. A boca suja de Trent o provocou a chupar com mais força,
lamber mais rápido e ele deu-lhe o máximo que pôde aguentar, aplicando
todos os truques que conhecia. Wood passou a língua ao longo da veia espessa
na parte inferior do pênis de Trent. E cada vez que ele vazava e pulsava contra
suas papilas gustativas, Wood o soltava.

— Deixe-me gozar, — Sussurrou Trent. — Por favor.

Este não era o pedido pelo qual ele estava se esforçando, mas ele estava
chegando perto. Wood continuou a se concentrar em seu amante e não em si
mesmo. Depois de todo esse tempo, ele sabia que não teria problemas para
gozar. Ele tirou a cabeça de Trent e aninhou o rosto em suas bolas.

— Eu quero que você goze com meus dedos dentro de você. Não é isso
que você quer?

As pernas de Trent estavam abertas e bem-vindas, e Wood teve


que elogiá-los. Ele passou a palma da mão na parte interna da coxa de Trent,

323
surpreso com a elasticidade de sua pele. Ele passou a língua na dobra do
joelho de Trent e lentamente desceu.

— O que você está fazendo? — Trent gemeu, rolando para o lado


esquerdo e levando Wood com ele.

Eu preciso que você se sinta bem. Eu preciso que você me queira assim
para sempre. Wood enganchou o braço em uma perna e empurrou-o para o
lado para evitar que Trent o prendesse na cabeça. Seu olhar imediatamente
foi para o ânus escuro de Trent, e ele se sentiu caindo com tanta força que
sentiu uma dor no peito. Wood não resistiu a fazer pequenas marcas de
mordida em toda aquela pele imaculada. Ele tinha muito com o que brincar
de muitas maneiras. Como Trent já estava meio virado, Wood manobrou-o o
resto do caminho até que ele estivesse de bruços.

Trent enrolou os dois braços sob o travesseiro e enterrou parte do rosto


na almofada. Ele vagarosamente curvou o cobertor grosso como se Wood
o tivesse levado muito longe para perceber o que estava fazendo, e o pênis
de Wood adicionou mais viscosidade à vasta quantidade já acumulada em seu
estômago. Ele tomou seu tempo mapeando o corpo de seu amante do pescoço
até a planta dos pés, e Trent nunca o pressionou. Não foi até que ele deixou
sua barba fazer cócegas nas bolas pesadas de Trent que ele começou a tremer.

Wood segurou Trent aberto e massageou suas nadegas macias


enquanto tomava sua primeira prova completa. Ele ouviu o gemido abafado
de Trent no travesseiro enquanto ele passava a ponta da língua sobre o ânus
novamente. Wood cravou os dedos sentindo como se pudesse gozar naquele

324
momento, sem tocar em seu pau. Inferno. Trent tinha um gosto tão incrível
que Wood perdeu sua delicadeza e sua mente por um momento. Ele passou a
língua contra a borda, precisando deixar Trent relaxado e logo.

— Wood. — Gritou Trent entrecortado, sua voz soando tão dolorida


que Wood doeu para tirá-lo de sua miséria. Ele sabia o tipo de desejo que
Trent estava sentindo e por quanto tempo ele o ignorou.

— Eu tenho você, bebê. — Wood respirou contra seu ânus. Ele


trabalhou o pau e as bolas de Trent em conjunto com sua boca enquanto ele
desmoronava embaixo dele. Sem fôlego e flexível, e totalmente desbocado. No
momento em que Wood estava deslizando sua língua tão profundamente
dentro do canal de Trent quanto podia, o homem tinha prometido a ele tudo,
exceto seu primogênito se ele apenas permitisse que gozasse. — Dê-me um
pouco de lubrificante.

Trent não se mexeu. Em vez disso, seus bíceps incharam onde


agarraram o travesseiro durante o banquete de Wood em sua bunda. Ele não
queria tirar a boca enquanto sussurrava provocadoramente contra a carne de
Trent:

— Você quer meus dedos, não é, Trent?

— Sim... — Concordou Trent, mordendo o lábio inferior inchado.

— Então me dê o lubrificante. Você tem algum aqui?

Trent finalmente estendeu a mão pela cama e abriu a gaveta da mesinha


de cabeceira. Ele jogou um frasco de lubrificante bem usado no colchão e uma

325
caixa fechada de preservativos. Alívio, alegria é, em seguida, a tensão o
atingiu. Ele tinha orado o dia todo para que Trent quisesse tudo dele esta
noite, e agora que sabia que sim, estava pronto para tornar Trent seu.

Trent

O corpo de Trent estava tremendo e não importava o quanto Wood


sussurrava para ele relaxar com aquela voz rouca, ele não conseguia parar. E
segurou o travesseiro como se ele pudesse protegê-lo, e sua metade inferior se
mexeu como se ele sofresse da síndrome das pernas inquietas. Ele não podia
fazer nada além de ficar ali sob as mãos experientes de Wood, atordoado com
seu toque e atenção. Perder-se nos elogios e nos momentos contínuos
de Wood lhe disse o quanto ele precisava dele. Tudo o que Trent sempre quis
era ser necessário. Insubstituível.

— Fique bem e relaxado. — Wood ronronou. — Bem desse jeito.

Isso seria fácil. Trent estava desossado. Wood tinha feito um bom
trabalho trabalhando com a língua, fazendo-o sentir sensações que nunca
soube que existiam. Isso era o que ele desejava quando voltou para casa, mas
ele se envergonhou da pior maneira. Ele só queria sentir o que viu naqueles
chuveiros. De alguma forma, em sua própria maneira distorcida, ele queria o
amor e a aceitação que testemunhou na prisão.

Ele estava flutuando tão alto que se esqueceu de ficar tenso quando o
dedo rombudo de Wood bateu em sua abertura antes de empurrar lentamente
para dentro. Trent não sentiu a pontada que normalmente sentia quando

326
trabalhava consigo mesmo, apenas um êxtase quente e escorregadio.

— Oh meu Deus. — Wood sussurrou.

Trent teria levantado a cabeça para olhar por cima do ombro, mas era
muito pesado para levantar. O dedo foi mais fundo, e ele ergueu os quadris
para encontrar o prazer no meio do caminho.

— Você é um traseiro natural, amante. Você está me chupando bem por


dentro.

Trent interpretou isso como o último elogio, erguendo a perna ainda


mais, exibindo-se.

— Mais. Hmm? — Wood perguntou enquanto bombeava seu dedo para


dentro e para fora, então lentamente começou a adicionar um segundo.

Trent ficou constrangido com os ruídos que fez, mas não conseguiu
detê-los. Ele parecia uma besta ferida deixada para os predadores se
banquetearem. Mais líquido frio atingiu seu ânus esticado, e o corpo de Trent
foi embalado em um doce movimento de balanço enquanto Wood o fodia com
ternura com seus dedos largos. Ahhh, isso parece tão certo. Sim, Wood. Mais.
De alguma forma, Wood conseguia ir mais longe a cada empurrão até que os
nós dos dedos roçaram em um lugar dentro dele que quase o fez pular da
cama.

— Eita! Porra! — Trent grunhiu asperamente, torcendo a parte inferior


do corpo como se estivesse tentando fugir, mas sabia que não havia como
escapar.

327
Usando seu tamanho impressionante, Wood não teve problemas para
fazê-lo se submeter, e Trent foi rapidamente forçado a voltar à posição, com a
bunda para cima e o rosto no travesseiro.

— Eu preciso de você agora. Por favor.

Trent achou que era ele quem devia implorar. De qualquer forma, ele
sabia que nunca negaria nada a Wood, especialmente seu corpo. É uma coisa
que ele tinha a oferecer que não tinha dado a outro homem. E pela maneira
como Wood cuidava dele, por dentro e por fora, isso dizia a ele o quanto era
apreciado.

— Coloque a camisinha. — Trent mandou.

O calor do corpo de Wood desapareceu e o coração de Trent tentou


bater para fora do peito enquanto ele ouvia o plástico sendo rasgado e o som
do látex batendo contra a carne.

É isso. Finalmente. Trent não estava assustado nem nervoso. Não mais.
Assim como Edison disse a ele, Wood era um cavalheiro... Ele faria este
tempo incrível para os dois. Tudo que Trent precisava fazer era confiar nele.
Wood o cobriu da cabeça aos pés, sua boca contra sua orelha, seu pau preso
entre sua fenda.

— Está pronto? — Wood perguntou, já se alinhando.

Trent respirou fundo e tentou afrouxar todos os músculos.

— Sim, — Ele respondeu.

Wood dobrou a perna de Trent mais para cima e colocou um dos

328
travesseiros sob seu quadril, deixando-o em uma posição melhor.

— Simples assim. — Acalmou Wood. Ele segurou uma das nádegas de


Trent aberta e começou a empurrar para baixo em cima dele.

Os olhos de Trent se abriram no momento em que a cabeça de Wood


o atingiu. Era espesso, duro e maravilhosamente liso.

— Oh meu Deus. — Wood ofegou, seu corpo pesado tremendo contra


ele. — Você está bem?

Trent enrolou os dedos na parte superior do colchão e assentiu. Ele


estava melhor do que bem. Isso era... Não era como ele havia imaginado. Ele
gemeu quando Wood diminuiu mais alguns centímetros e balançou o
quadril levemente para acostumá-lo. Onde está a dor? Ele ergueu sua bunda
mais alto.

— Jesus Cristo. — Wood sibilou enquanto Trent pegava em vez de


esperar.

Ele não iria se desculpar. Ele esperou por Wood muito mais tempo do
que esperava por ele.

— Você está totalmente dentro? — Trent engasgou, ficando mais cheio a


cada segundo.

Wood fez uma pausa, seu peito bombeando rapidamente.

— Apenas a metade.

— Oh, vá se foder. — Trent bufou.

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Wood sorriu contra o lado de seu rosto e se aninhou em sua têmpora.

— Estou tentando tanto ir devagar. — Confessou Wood.

— Eu só preciso de você. — Disse Trent distraidamente, os olhos


fechados, sua mente vagando para um lugar mágico. O sorriso de Wood caiu
lentamente, e Trent se transformou nele, beijando-o de forma confusa. Ele
engoliu o grunhido gutural que Wood lançou em sua boca, que reverberou por
suas costas e em seu peito.

— Droga. — Gemeu Wood, agarrando-se a ele com tanta força que


Trent não temia mais que flutuasse. Parecia uma eternidade, mas
provavelmente só se passaram alguns minutos antes que a pélvis
de Wood estivesse confortável contra sua bunda.

Ele estava totalmente esticado? Sim. Mas ele não estava sofrendo, pelo
menos não de uma forma dolorosa. Ele soltou o colchão e estendeu a mão
para trás, agarrando um punhado do cabelo de Wood.

— Eu estou bem. É bom.

— Bebê. — Wood suspirou, empurrando suavemente sua virilha contra


ele. — Eu sabia que valeria a pena esperar por você.

Wood mudou de posição para que Trent ficasse deitado de lado, a perna
pendurada sobre o travesseiro e o corpo de Wood pendurado nas costas. Ele
avançou para fora e deslizou de volta para dentro dele com um gemido longo
e abafado contra o lado de seu pescoço. O pau de Wood deve ter sido curvado
em um ângulo perfeito para atingir seu ponto, porque os próximos golpes

330
acenderam um fogo em sua espinha que rapidamente se transformou em um
inferno.

— Ahhh, Wood, aí mesmo. — Ordenou Trent, sabendo que seu corpo,


sua mente, seu espírito estavam todos correndo em direção a algo grande,
algo enorme.

Wood recuou, quase puxando Trent para cima dele e acariciando mais
profundamente por dentro, seu pau grosso cutucando sua próstata. Wood
beijou e chupou seu pescoço, liberando gemidos estrangulados contra a
orelha de Trent que o fez começar a dar um pouco do que estava recebendo.
Ele apoiou a mão no colchão e forçou sua bunda na pélvis de Wood,
encontrando seu impulso. A sacudida de êxtase que ondulou através de seu
canal fez seus dedos se curvarem.

— Trent. Eu gostaria de poder descrever como você se sente. —


Wood disse, mordendo seu ombro. — Estou tão perto.

Sua grande mão controlava o quadril de Trent enquanto a outra


percorria seus duros mamilos e descia por seu abdômen. Wood envolveu seus
dedos em torno de seu pênis, e enquanto Trent pairava sobre um penhasco
imaginário pronto para cair em queda livre, Wood de repente se acalmou
dentro dele. Ele apertou os braços em volta da cintura inferior de Trent e
enterrou seu comprimento total dentro de sua bunda, seu pau latejando
contra aquele maldito ponto.

— Estou gozando. — Wood gemeu sensualmente.

Os olhos de Trent se arregalaram enquanto os grunhidos guturais de

331
Wood ficavam mais altos a cada pulsação dentro dele. Ele enterrou a cabeça
na curva do pescoço e os manteve juntos até que os espasmos diminuíram e
tudo o que restou foi a sensação dos batimentos cardíacos acelerados de
Wood. Ele lentamente começou a afrouxar seu abraço de urso apertado, suas
mãos vagarosamente passando pela pele sensível de Trent.

— Droga. — Sussurrou Trent. Ele não tinha gozado ainda, mas ainda se
sentia tão fodidamente bem. Wood estava satisfeito.

332
Capítulo 41
Wood

Wood não conseguia se aprofundar em Trent do que já estava, mas isso


não o impediu de tentar. Ele sabia que dormir com Trent seria alucinante,
mas ele ainda não estava pronto. Seu orgasmo fermentou por tanto tempo
que Wood temeu que ele perdesse o controle que estava rapidamente
escorregando a cada mergulho dentro do calor de Trent. Wood
preguiçosamente bombeou seus quadris contra a bunda lisa de Trent,
olhando para sua conexão, passando a palma da mão sobre a pele cremosa
brilhante. Trent era mais moreno do que ele, seu corpo naturalmente
bronzeado por trabalhar ao ar livre e por receber ar fresco e exercícios.

Trent balançou com ele, mas Wood era muito mole para lhe dar o que
ele precisava para gozar. Ele saiu de trás de Trent, deitou-o de costas e beijou-
o com toda a gratidão que pôde. Não importa o que acontecesse com eles a
partir de então, o homem que o tocava tão carinhosamente sempre teria um
lugar especial em seu coração. Wood havia sonhado com esse dia por tantos
anos que era difícil não se emocionar.

A boca de Trent se abriu quando Wood avançou para baixo em seu torso
magro.

— Deus, toda a arte que eu poderia tatuar em você, sexy. — Ele


posicionou a ponta do pênis corado de Trent em seus lábios e olhou em seus

333
olhos enquanto ele se abaixava até os pelos púbicos. Trent respirou fundo e
soltou com um silvo alto quando Wood colocou os dois dedos dentro dele.

— Sim! — Trent resistiu, não perdendo tempo esmagando sua mão.

Ele chupou o salgado ao redor da cabeça e puxou o pau de Trent na


mesma velocidade que ele bombeava seus dedos dentro dele.

— Era isso que você queria, lindo?

— Foda-se, sim. Bem ali. — Trent resmungou. Ele não ficou tímido
quando pegou a perna atrás do joelho e puxou-a até o ombro.

Bom Deus. Trent sem vergonha, implorando e mostrando sua


flexibilidade fez Wood firmar novamente.

— Tem gosto bom. Eu poderia comer você a noite toda.

Trent passou os dedos pelo cabelo de Wood, seu toque era gentil, seu
impulso nem tanto. Wood balançava para cima e para baixo, enfrentando o
desafio enquanto Trent implorava repetidamente para que ele não parasse.

— Por favor. Sim. Estou gozando. — Ele gemeu, sua respiração se


tornando mais desesperado.

Wood se recusou a fechar os olhos e perder um segundo do orgasmo de


Trent. Suas coxas ficaram tensas primeiro, então seu buraco sugou seus dedos
avidamente quando Trent desceu por sua garganta. Trent praguejou e se
enrolou no corpo de Wood, segurando seus ombros.

— Hum... Porra.

334
Wood relaxou a mandíbula, permitindo que Trent deslizasse por entre
seus lábios. Ele deu beijos experimentais ao longo de seu osso pélvico e em
seu abdômen antes de colocar a cabeça para baixo. Eles ficaram em silêncio
por um tempo enquanto Trent continuava a arranhar o couro cabeludo com
as unhas opacas. Wood não tinha palavras. O que ele poderia dizer que não o
faria parecer louco agora? Como diabos ele caiu tão forte e tão rápido?

Trent adormeceu antes que Wood saísse do chuveiro. Ele havia pensado
em ir para o seu próprio quarto, mas não conseguiu fazê-lo. No momento em
que viu Trent deitado ali saciado e sonolento, sua pele imaculada e nua
brilhando sobre o edredom azul afiado, ele imediatamente correu e pegou
seus marcadores. Há muito tempo ele não tinha inspiração para desenhar em
uma tela tão bonita. Wood subiu nas cobertas e se acomodou perto de Trent.
Ele correu os dedos sobre o ombro esculpido e soube exatamente o que queria
colocar ali. Algo que os representasse.

Trent acordou no meio do trabalho de Wood alheio ao que estava


fazendo e sorriu preguiçosamente para ele.

— Eu pensei que tinha sonhado tudo.

— Não, não foi um sonho. — Wood beijou levemente sua bochecha. —


Volta a dormir.

Em segundos, Trent fez o que ele mandou, e Wood continuou a deixar


sua criatividade fluir, sua visão tão clara quanto antes. Quando terminou,
ficou maravilhado com seu projeto e o que ele sabia que significava em seu
coração. Ele colocou seus marcadores na mesa de cabeceira e enrolou seu

335
corpo em torno de Trent e adormeceu por volta das quatro da manhã.

Trent

Quando Trent acordou mais tarde naquela manhã, ele imediatamente


sentiu uma diferença dentro de si. Não era só porque ele tinha o peso de um
homem de um metro e noventa e noventa quilos segurando-o por trás. Foi
porque, pela primeira vez em anos, ele acordou e não se sentia tão sozinho.
Trent ficou ali se perguntando se essa era a sensação de ser cuidado. Todos os
seus amigos que estavam em relacionamentos, ele se perguntava se eles se
levantavam todos os dias com uma sensação tão incrível. Mesmo quando ele
estava com Cecilia, ela se levantava com os galos porque tinha que assistir ao
noticiário do amanhecer com sua colega de quarto antes de irem para o
trabalho e muitas vezes se esquecia até de dar um beijo de despedida nele.

Trent continuou a ouvir os roncos leves de Wood em seu ouvido até que
não conseguiu mais ignorar sua bexiga cheia. Ele pendurou o robe em volta
do corpo nu e lentamente fez seu caminho pelo corredor até o banheiro,
bocejando e esticando os músculos cansados. Ele terminou seu negócio, foi
até a pia para lavar as mãos e enxaguar a boca com Listerine quando olhou
para o espelho e todo o ar deixou seus pulmões.

— Jesus. — Trent sussurrou, puxando seu manto mais baixo. Seu olhar
chocado foi do espelho para o braço, depois de volta, enquanto olhava para as
flores vermelhas brilhantes cobrindo todo o seu ombro e bíceps. Que diabos?

— Você gostou disso? — Wood disse, encostando-se na porta aberta.

336
A cabeça de Trent virou na direção daquela voz sexy, piscando, sem
saber o que dizer. Ele ficou surpreso. As flores pareciam pintadas em que
eram tão brilhantes em sua plena floração. E os detalhes das pétalas e folhas
eram tão intrincados que Trent doeu pelos lindos três meses de verão que a
Virgínia se aproximava rapidamente.

— Como você fez isso?

Wood entrou no banheiro e passou os braços em volta dele por trás. Ele
colocou os lábios contra o ombro decorado e murmurou:

— Não foi tão difícil. Desenho flores desde que consegui segurar um giz
de cera.

— Não, quero dizer, como você fez isso sem eu saber? — Trent
perguntou enquanto traçava as pétalas vermelhas das camélias.

— Você estava dormindo muito bem, e os marcadores que tenho são a


ponta de feltro para pintar. — Wood empurrou sua ereção contra a bunda de
Trent, observando-o de perto no espelho. — Você já sabe que meu toque é
suave.

Trent deu um sorriso malicioso.

— Eu realmente faço.

— Então você gostou?

Trent olhou para seu ombro que se parecia tanto com o belo jardim
nas costas de Wood. Ele se virou e colocou as mãos em volta do pescoço
de Wood e puxou-o para a boca.

337
— Eu amo isso. É lindo. Por que camélias?

Wood tocou sua boca suavemente com seus lábios quentes.

— Você conhece a flor?

— Claro que eu faço. Você sempre se esquece que também sou


paisagista. Mas eu realmente não sei o que eles significam, apenas com que
arbustos eles ficam bem em um quintal. — Trent esperava que Wood tivesse
escolhido essas flores por um motivo mais íntimo.

Wood segurou sua nuca e intensificou sua conexão. Trent deu um passo
à frente, empurrando-os contra a porta e moldando a frente de seu corpo
no peito grosso de Wood. Se ele pensava que as coisas iam ficar estranhas
entre eles depois da noite passada, ele estava deliciosamente errado. As coisas
não eram estranhas, mas eram diferentes, tudo era mais amplificado. Os
sentidos de Trent pareciam ter sido alvejados por um intensificador. Sua pele
ondulou em todos os lugares que ele foi tocado, e seu ombro acendeu
quando Wood vagamente traçou o desenho com a ponta dos dedos. O
almíscar pulverulento de Wood inundava suas narinas a cada inspiração, e
Trent engasgou para recuperar o fôlego.

— Já faz muito tempo que não sinto uma necessidade tão poderosa de
colocar minha arte em alguém, Trent. Eu escolhi aquela flor... — Wood
chupou a língua de Trent. — E a cor vermelha por um motivo específico.

Ele não sabia. Trent não tentou conter os sons que involuntariamente
escaparam quando Wood colocou suas grandes mãos em sua bunda e apertou.
Ele se sentia bem e esperava que Wood pudesse estar pronto para outra

338
rodada. Era sábado e eles não tinham onde estar e nada para fazer, exceto um
ao outro.

— É por causa do desejo e da paixão que sinto quando estou perto de


você. — Wood gemeu, balançando-se contra ele. — É uma das minhas flores
favoritas, Trent, e há muito tempo não queria colocá-la em nenhum homem.

— Hersch... — Suspirou Trent, jogando a cabeça para trás enquanto


Wood lambia as numerosas marcas de mordidas que ficaram em sua
garganta.

— Eu nunca gostei de ninguém dizendo meu primeiro nome, Trent. —


Wood disse suavemente, sua testa franzindo levemente enquanto ele olhava
para ele com algo próximo ao espanto.

Trent balançou a cabeça.

— Eu hum. Eu nem percebi que disse isso.

Wood mergulhou e cobriu a boca com a sua, sua língua atraindo Trent
para outro torpor. Droga, o homem sabia como beijar. Trent aguentou firme,
querendo dar outro passeio.

— Você está pronto para mais em breve? — Wood perguntou,


deslizando alguns dedos contra seu ânus.

Ele estava sensível, não dolorido, e sim, ele estava pronto. Wood
empurrou a frente de suas calças para baixo e agarrou seus pênis firmes. Os
dois gemeram e grunhiram um contra o outro, soando como um dueto de
baixo horrível, mas incapazes de ficarem quietos.

339
Wood teve que dobrar os joelhos para colocá-los na altura perfeita para
colocá-los juntos. Trent empurrou seus quadris para frente enquanto
segurava a nuca de Wood. Ele apertou sua bunda quando o início de seu
orgasmo veio rapidamente.

— Você deve estar tentando me fisgar nisso. — Wood ofegou contra sua
têmpora.

Trent abriu a boca para dizer que sim, que não queria Wood viciado em
nada além dele, quando uma batida forte na porta da frente fez tudo parar
bruscamente. Wood rosnou enquanto lentamente parava de acariciar. As
batidas ficaram mais fortes e mais rápidas até que Trent pensou que a pessoa
iria quebrar a maldita porta.

— Por que diabos este lugar se transforma na Grande Estação Central


sempre que eu coloco minhas mãos em você? — Wood perguntou, puxando
suas calças para cima.

— Dê uma surra por mim. — Trent suspirou. — Você vestiu mais roupas
do que eu. Você vai matar quem está batendo na porta daquele jeito, e eu vou
me vestir.

— Não vista roupas demais. — Disse Wood em seu caminho pelo


corredor. — Eles estão voltando imediatamente.

340
Capítulo 42
Wood

As batidas começaram novamente, e Wood correu e destrancou a porta


e a abriu quando uma rajada de ar frio o atingiu no centro de seu peito.

— Já estava na hora. — Mike se agitou e passou por Wood carregando


uma grande caixa de ferramentas vermelha na mão. — Eu sei que é sábado e
tudo, mas dormir depois das duas é pura gente preguiçosa.

Wood fechou a porta enquanto Mike seguia para a cozinha.

— O que houve, Mike?

Mike parou com a mão enluvada na maçaneta da porta dos fundos.

— Eu disse ao chefe que estava substituindo aquelas lousas podres na


cerca de vocês hoje.

— Oh. — Wood penteou o cabelo para trás com os dedos. — Acho que
ele esqueceu.

— Esqueceu o quê? — Trent disse, passando por Mike como se ele nem
estivesse lá.

— Você se esqueceu de dizer a Wood que eu e Manny estávamos


consertando a cerca hoje. Você deve querer gambás entrando no quintal e
comendo o lixo novamente. — Mike agarrou Trent por trás enquanto ele

341
pegava sua caixa de cereal e o ergueu no ar.

Trent não era tão grande quanto Mike, mas não era um homem
pequeno de forma alguma. Trent chutou as pernas enquanto tentava tirar as
mãos de Mike de sua cintura.

— Saia de cima de mim, idiota. Bishop gosta da sua brincadeira idiota.


Eu não.

— Eu gosto de brincar com os meus dois meninos. Bishop só me dá mais


luta do que você. — Mike riu, girando Trent rapidamente e jogando-o em
uma chave de braço. — Diga eu te amo, papai, e vou deixá-lo ir.

— Foda-se. — Trent rosnou, girando para se livrar. Wood viu o


momento exato em que o jogo passou de divertido a perigoso. Wood deu um
passo à frente, os olhos fixos no desconforto de Trent enquanto ele segurava a
parte inferior das costas. — Ai! Sai de cima de mim, Mike.

— Diga, tio. — Riu Mike, incapaz de ver a dor de Trent, pois seu grande
bíceps estava preso em volta da garganta de Trent como a mandíbula da vida.

Trent grunhiu quando suas sobrancelhas escuras quase se tocaram em


angústia, e Wood tinha visto o suficiente.

— Deixe-o ir. — Ele ordenou severamente. Mike sacudiu a cabeça


na direção de Wood e se certificou de que Mike visse a seriedade em seus
olhos. Se ele não sabia como brigar com Trent com segurança, então precisava
manter as malditas mãos longe dele. — Certo. Agora.

Mike tirou as mãos e deu alguns passos para longe enquanto Trent se

342
endireitava.

— Foi o que pensei. — Resmungou Trent, esfregando o pescoço. — Eu


estava prestes a ficar bravo.

Trent continuou preparando sua tigela de cereal enquanto Mike


segurava Wood em um olhar zangado que era fácil de compreender. Atire.
Wood tinha a sensação de que ele acabara de denunciá-los, mas sua reação a
outro homem com as mãos em Trent de uma forma que ele não gostou
aconteceu antes que ele pudesse impedir.

— Parece que perdi alguns episódios do mundo de Trent. — Disse Mike


maliciosamente.

Droga.

— Do que você está falando? — Trent franziu a testa, parecendo


confuso.

— Nada. — Mike rangeu. — Eu posso ouvir Manny martelando, então é


melhor eu ir lá e ajudar.

— Vocês precisam de outro par de mãos? — Wood perguntou, ainda


não gostando do jeito que Mike estava carrancudo para ele.

Mike finalmente balançou a cabeça.

— Nah. Nós conseguimos. São apenas algumas placas. — Mike parou na


porta dos fundos e se virou para encará-lo. — Mas podemos usar outro cara
amanhã. Manny está pavimentando uma entrada de automóveis e...

— Ei. — Trent resmungou. — Há semanas que peço trabalho extra.

343
— Se suas costas estão doendo agora, não é. — Disse Mike com firmeza.
— O que você acha, Wood? É só um dia e o pagamento é bom.

Wood não era idiota, ele sabia o que Mike estava fazendo e o que estava
perguntando. Era uma oferta de emprego, sim, mas ele também não tinha a
opção de recusar.

— Sem problemas. Que horas? — Wood respondeu com firmeza.

— Sete em ponto. — Disse Mike. Ele finalmente quebrou o contato


visual intenso para olhar a nuca de Trent. Ele não estava prestando atenção
em nenhum deles enquanto olhava seu telefone enquanto comia seus
cereais. — Ei, cabeçudo. Venha jogar boliche comigo e com Bishop na quinta.

Trent já estava balançando a cabeça negativamente antes de Mike


terminar de perguntar.

— Ah, vamos, por que não desta vez? — Mike bufou.

Wood estudou o rosto de Trent, vendo através de sua expressão


entediada quando Mike resmungou um decepcionado

— Tudo bem. — Então pediu a Wood que saísse para a varanda por um
momento.

— Está frio lá fora! — Trent latiu.

Mike ergueu as sobrancelhas, parecendo chocado com o tom de Trent...


E preocupação. O rosto de Trent ficou vermelho e quente enquanto ele
lentamente voltava para seu café da manhã.

— Só uma conversa rápida. Vai demorar apenas um segundo. —

344
Assegurou Mike, sorrindo com os dentes brancos como se estivesse tramando
algo secretamente.

— Eu vou ficar bem. — Wood dirigiu-se a Trent, querendo acariciar sua


bochecha por se preocupar com ele. Ele abotoou a jaqueta jeans sobre o peito
nu e calçou as botas antes de seguir Mike até a pequena varanda, fechando a
porta atrás de si. Era óbvio que Mike tinha algo privado para tirar de seu
peito. Wood havia previsto isso no momento em que se interessou por um
homem tão jovem. Wood acenou rapidamente com a cabeça para o melhor
amigo de Mike enquanto ele cobria uma das lacunas da velha cerca com uma
nova lousa.

— Então você queria conversar. — Disse Wood, indo direto ao assunto.


O ar fresco já estava cortando sua calça de pijama fina.

— Trent é como um filho para mim. — Começou Mike, olhando para


frente. Wood manteve o rosto para a frente, mas ele podia ver o conjunto da
mandíbula severa de Mike e ferocidade em seus olhos escuros de sua
periferia. — Ele gosta de se iludir pensando que não tem família e que
ninguém dá a mínima para ele, mas está errado. Trent tem um pai, eu e
muitos irmãos.

— Entendido.

Mike lentamente se virou para encará-lo, uma risada sinistra escapando


por entre seus dentes cerrados. Ele inclinou a cabeça para o lado, estudando-o
como se Wood fosse interessante ou louco.

— Não, você não precisa. Você não entende. Então, deixe-me ser franco.

345
— Mike fez uma pausa e Wood pôde ver a sinceridade brilhando em seus
olhos. — Se você machucar meu filho, Wood... Eu vou te matar.

Wood assentiu com firmeza.

— Se você machucar meu filho... E tentar fugir, eu vou te encontrar...


Então eu vou te matar. Eu tenho um amolador de toco de árvore, eu sei o que
fazer com o seu corpo, Wood. — Mike deu um tapa forte em seu ombro, seu
sorriso indo de mal a satisfeito em um piscar de olhos. — Boa conversa. Vejo
você amanha.

Wood estremeceu ao voltar para dentro de sua casa, e isso não teve nada
a ver com a temperatura fria.

— Ei. Decidi fazer algo quente para você. Você provavelmente não está
com humor para cereais, já que já passou da hora do almoço. — Trent disse,
virando o que parecia ser dois sanduíches grelhados de presunto e queijo. —
O que o Mike queria? Para falar sobre o seu trabalho?

— Algo parecido. — Wood suspirou, tirando o casaco. Ele apareceu


atrás de Trent no momento em que ele deslizava o último sanduíche marrom-
dourado em um prato de papel. — Obrigado pela comida.

— De nada. — Trent deixou Wood beijar a lateral de seu pescoço antes


de dar um passo para o lado para comer.

Wood estava limpando a boca quando Trent colocou o queijo e o


presunto na geladeira e lavou os poucos pratos sujos.

— Eu preciso falar com você. — Disse Wood, encostado no balcão.

346
Trent secou as mãos, dando a Wood um olhar cansado.

— Uh-oh. Nada de bom segue essas palavras.

— Depende de como você olha para isso.

Trent jogou no lixo as toalhas de papel que usara para secar as mãos e
deu os passos necessários para colocá-las peito a peito. Ele olhou para ele,
toda paixão e carência em seu olhar, e Wood lutou para não se distrair.

— Por que você ainda não contou a Bishop? — Wood perguntou,


esperando que sua voz não refletisse sua preocupação. Mas ele podia admitir
para si mesmo que não queria ser apenas um experimento para Trent.

— Dizer a ele o quê? — Trent fingiu ser estúpido.

— Não brinque comigo. — Wood rosnou enquanto se afastava do balcão


e ficava de pé.

Trent foi forçado a dar meio passo para trás, seus olhos se arregalando
um pouco quando Wood se ergueu sobre ele.

— Oh, você quer dizer a Bishop sobre nós. Eu vou em breve.

Wood sabia que ele estava olhando com força o suficiente para que
Trent entendesse seu ponto.

— Muito em breve. — Trent acariciou seu peito, sua voz baixando para
um sussurro rouco. — Eu prometo. Só preciso de um pouco mais de tempo
para resolver essa merda na minha cabeça, só isso. Eu e você ainda somos
muito novos, sabe.

347
Trent puxou o lábio inferior entre os dentes, não exatamente
encontrando seus olhos e Wood sabia que ele estava mentindo.

— Besteira.

Trent congelou.

— Você nunca amaldiçoa. Bem, não desse jeito... Por que você está
falando assim?

— Por que você está mentindo para mim?

— Não estou. — Argumentou Trent, virando-se.

— Você já deveria saber que precisa acordar bem cedo para me enganar,
Trent. — Wood pressionou as costas de Trent, mas ele não o fez encará-lo. —
Diga-me o verdadeiro motivo. Porque estivemos em público várias vezes, e
você parece quase orgulhoso de estar comigo. Mas, à primeira menção a
Bishop, você começa a inventar mentiras para nos esconder. Para me
esconder.

Trent deixou cair a cabeça no ombro de Wood.

— Sinto muito por mentir para você, mas é melhor do que dizer a
verdade.

Wood beijou a lateral do cabelo despenteado de Trent, precisando que


ele fosse honesto com ele, sempre.

— Está tudo bem. — Disse ele ao começar uma massagem profunda na


parte inferior das costas de Trent.

348
Trent gemeu alto, e Wood trabalhou cuidadosamente os músculos
tensos, na esperança de relaxar seu amante o suficiente para que ele fosse
mais acessível.

— Isso é bom. — Trent gemeu, empurrando com mais força o peito


de Wood.

— Apenas me diga qual é o problema, Trent, porque estou muito velho


para estar no armário de alguém. Não depois de quanto tempo esperei para
chamar alguém de meu novamente. Sei que este não é o relacionamento mais
convencional, e nem sei como nos chamar, mas você tem que admitir que
temos algo aqui. E você não quer que ninguém importante para você saiba
disso. Por quê?

Trent balançou a cabeça.

— Não é pelos motivos que você pensa.

— Então me esclareça. — Wood disse a ele. — Por que você não conta ao
seu melhor amigo sobre nós? Fazê-lo descobrir um mal-entendido não vai
acabar bem. Confie em mim.

Trent se virou, seus doces olhos castanhos brilhando como ouro recém-
extraído enquanto ele erguia Wood com uma expressão angustiada.

— Porque eu não quero que ele tire você de mim, é por isso.

Essa era a última coisa que Wood esperava que Trent dissesse. Por que
diabos ele teria medo disso?

— Wood. Desde que éramos crianças no reformatório juntos, Bishop

349
teve um lugar na primeira fila para o meu comportamento destrutivo. —
Trent encolheu os ombros. — Ele poderia ter chamado de impulsivo. Quem
sabe a mesma coisa. As pessoas se apegam a mim e eu geralmente danifico
suas vidas de alguma forma. E Bishop sempre foi aquele que tem que limpar a
bagunça.

Wood franziu a testa.

— É isso que você acha que Bishop vai fazer? Avise-me sobre sua
tendência selvagem ou seu passado imprudente.

— Inferno, sim, ele vai. B idolatra você, Wood. Você é o irmão que ele
sempre quis. — Trent cerrou os punhos ao lado do corpo, o corpo tenso
começando a tremer à medida que se punha no chão. — Ele vai te lembrar que
você está em liberdade condicional e você deve manter seu nariz limpo. E que
se envolver com alguém como eu pode não ser uma boa ideia. Não sou
exatamente conhecido por pensar antes de agir. Não faz muito tempo que eu
e Bishop foram colocados em uma prisão de vinte e quatro horas porque não
sei quando parar.

— Trent, não...

— Então é por isso que eu digo que provavelmente não sou alguém a
quem ele vai aconselhar você a se apegar, se você está tentando recomeçar.
Acho que estava tentando aproveitar isso o máximo que pude. — Trent
apontou para o trailer vazio. — Por que você acha que era só eu aqui quando
você veio?

Wood passou as mãos pelos ombros de Trent, depois desceu pelos

350
antebraços tensos até as mãos cerradas e, com cuidado, entrelaçou seus
dedos.

— Porque seu amigo foi morar com seu parceiro. As pessoas fazem isso
quando estão apaixonadas. Eles querem estar mais próximos, juntos o tempo
todo. Ninguém te deixou, Trent.

Wood abaixou a cabeça para um beijo casto que acabou se estendendo


por muito mais do que alguns segundos. Ele se separou daqueles lábios
macios, sentindo-se sem fôlego e ansioso para mostrar a Trent como seu
medo estava errado.

— Não tenho nenhuma intenção de deixá-lo, não importa o que digam.

O alívio de Trent era visível, e Wood só podia esperar que isso


significasse o que ele pensava. Esse Trent não queria que isso fosse
temporário. Wood os levou para trás até que a bunda de Trent colidiu com o
balcão. Ele ofegou na boca de Trent quando suas ereções cutucaram
ansiosamente uma contra a outra. Ele soltou as mãos de Trent e agarrou as
duas nadegas enquanto colocava a boca sobre a dele e enfiava a língua
dentro. Trent tinha o gosto do cereal açucarado que acabara de comer,
e Wood recuou e chupou a doçura da ponta da língua, sentindo seu pau ficar
incrivelmente duro.

— Porra, eu quero você de novo. — Trent sibilou, empurrando seus


quadris para frente.

Wood se curvou e enganchou Trent sob suas coxas e o ergueu sobre o


balcão com facilidade, sorrindo de sua expressão comprimida.

351
— O que há de errado? Você não gosta que eu pegue você? — Wood
perguntou contra a garganta nua de Trent. — Você não quer que eu abra suas
pernas assim também?

Os olhos de Trent caíram para o peito de Wood quando ele o deslizou


para a beira do balcão e espalmou sua bunda redondas através da calça de
moletom. Trent agarrou um punhado do cabelo de Wood e puxou-o até a
boca, seus lábios tenros beliscando avidamente sua língua. Trent passou o
outro braço em volta do pescoço, negando a Wood a capacidade de escapar.
Ele teve que apertar as mãos entre eles para chegar ao cordão da calça de
Trent. Eles continuaram a se beijar febrilmente enquanto ele deslizava o
tecido pela metade inferior de Trent até que suas calças estivessem ao redor
de suas coxas e ele pudesse chegar ao seu pau. Já estava corado, a ponta
úmida e acenando para ele provar outra vez.

— Sim. — Trent gemeu enquanto Wood o acariciava da base às pontas.

Ele olhou para o que o seu estava fazendo, mapeando e aprendendo


cada curva e veia do pênis de Trent, tornando-o seu e apenas seu. Ele ouviu a
parte de trás da cabeça de Trent bater no gabinete com um baque surdo
enquanto fechava a boca em torno da cabeça grossa e chupava com força
suficiente para fazer seus próprios dedos do pé se curvarem. A maneira como
Trent gritou seu nome o deixou feliz por eles viverem sozinho. Ele deslizou
para baixo pelo eixo de Trent até que seu nariz foi pressionado contra seu
osso pélvico.

— Merda, Wood. — Trent gemeu, agarrando-se ao balcão.

352
Ele podia sentir a tensão nas coxas de Trent enquanto elas se apertavam
ao redor dele, e quanto mais rápido ele balançava para cima e para baixo em
seu pau, mais vocal e sexy Trent se tornava. Wood estava tão excitado
que teve que enfiar a mão dentro da calça e se acariciar no mesmo ritmo em
que estava sufocando na cabeça de Trent. Droga, ele cheirava incrível, como o
sexo da noite anterior. Uma pitada de colônia e ele. Wood podia sentir seu
cheiro na barriga de Trent, em seu peito e entre suas coxas macias quando
uma onda de posse caiu sobre ele. Afogando-o em sentimentos que não
deveria ter por um homem que ainda não disse as palavras que precisava
ouvir.

— Você é tão bom nisso. Eu quero provar você também, Hersch. —


Trent se dobrou sobre ele, passando as mãos ásperas pelo trabalho ao longo
das tatuagens que cobriam suas costas. — Você é tão lindo.

Lindo. Wood não conseguia se lembrar de ter sido chamado assim em


sua vida. Ele fechou os olhos com força quando seu orgasmo o atingiu, ao
mesmo tempo que Trent começou a empurrar em sua boca. Ele gemeu,
travando suas mandíbulas e aproveitando o prazer enquanto Trent esvaziava
sua garganta.

353
Capítulo 43
Trent

Trent finalmente entendeu o ditado “o tempo voa quando você está se


divertindo’ porque ele nunca sorriu tanto nas últimas semanas como fez em
toda a sua vida. Ele e Wood estabeleceram uma rotina confortável, onde iam
trabalhar todos os dias, voltavam para casa e jantavam juntos. Normalmente,
Wood cozinhava, exceto nos dias em que ia às reuniões, caso contrário, Trent
fazia o possível para torná-las algo comestível.

Depois do jantar, ele gostava de jogar, mas quando Wood terminou de


trabalhar em seu novo portfólio, ele exigiu a atenção de Trent. E gostava de
usar medidas dissimuladas para consegui-lo. As experiências que eles
estavam compartilhando eram o ponto alto de sua existência. Wood tinha
perdido muito durante seu encarceramento e, enquanto recuperava o tempo
perdido, Trent estivera lá para compartilhar essas novas memórias com ele.
Como ir ao cinema, jantar em restaurantes finos, comer asas de frango
gordurosas e assistir a um jogo de domingo à noite, ou apenas assistir a todos
os grandes programas na nova mídia dos quais nunca tinha ouvido falar.

Em seguida, eles caíam na cama geralmente na de Trent ouvindo jazz e


acordavam de manhã com os corpos emaranhados como se
inconscientemente tivessem dançado em seus sonhos. Preguiçosamente
dando prazer e absorvendo o calor um do outro até a hora de rastejar para

354
fora da cama e fazer tudo de novo.

Trent foi capaz de manter Wood fechado em seu pequeno mundo, para
si mesmo, são e salvo dos pessimistas e fofocas. Mas agora que Bishop havia
terminado com as finais, ele estava ficando implacável em seus pedidos para
sair, e Wood não estava dando mais desculpas para manter o relacionamento
deles em segredo. Trent não queria esconder Wood. Na verdade, ele adorava
andar de mãos dadas ao lado dele nas poucas vezes em que tinham saído ou
mesmo recolhido o necessário para a casa. Agora Bishop e Edison estavam
indo para um encontro, e Wood esperava que Trent fosse honesto.

— Ei, você está pronto? — Wood perguntou, parado na porta de seu


quarto. — Eles devem estar aqui em breve. O que você quer pedir para o
jantar?

Trent respirou fundo e passou as palmas das mãos suadas na camiseta.

— Você parece nervoso. — Disse Wood, pegando-o pelo cotovelo


quando ele entrou no corredor. — Não fique.

— Se Bishop disser que eu..

— Shhhh. — Wood agarrou seu queixo, sua voz profunda enviando


calor por sua espinha enquanto ele gentilmente cobria sua boca com a
sua. Trent abriu e aceitou o beijo reconfortante, encostando-se no peito
de Wood. Ele respirou aquele cheiro suave e cavalheiresco na esperança de
acalmar seu coração acelerado. — Você não tem nada com que se preocupar.

— Eu sei. — Mentiu Trent.

355
Wood o pressionou contra a parede, suas mãos gananciosas vagando
para cima e para baixo em seus lados antes que ele alcançasse e espalmasse
sua bunda. Trent gemeu pensando no que acontecera esta manhã e o que
provavelmente aconteceria novamente esta noite.

— Você acha que vou deixar alguém tirar isso de mim? — Wood rugiu
contra sua garganta, mordendo seu pulso.

Por favor, não. Trent não sabia como convenceria Wood a ficar com ele,
a não deixá-lo, a construir algo junto com ele se Bishop não aprovasse. Ele iria
dizer ao seu melhor amigo esta noite que ele estava louco por seu antigo
companheiro de cela, mas não importava o que Bishop dissesse, ele lutaria
pelo que ele queria desta vez.

— É melhor pararmos. — Trent resmungou.

— Ok. — Wood murmurou, seus dedos passando ao longo da dobra de


sua bunda. — Só um pouco...

Trent deu um pulo com a batida forte na porta da frente antes de ouvir a
trava abrir.

— Chegamos. — Bishop gritou, batendo a porta um segundo depois. —


Onde estão vocês gente?

Wood estava observando Trent com uma expressão magoada, e ele


tardiamente percebeu que havia empurrado Wood para longe dele no
momento em que ouviu a voz de Bishop.

— Merda. Eu sinto muito. Eu não queria...

356
— Talvez você se sinta mais confortável me beijando aqui. — Wood
rosnou, abrindo a porta do armário do corredor.

Trent fez uma careta para o rosto crítico de Wood e agarrou a porta de
sua mão. Assim que Bishop e Edison dobraram a esquina, Trent a fechou com
força suficiente para sacudir o trailer.

— Não seja um idiota de merda.

Wood apertou Trent até que ele foi forçado a recuar contra a parede.

— Não fale assim comigo, Trent.

— Ei, irmão. Espere um minuto. O que está acontecendo? — Bishop


perguntou, colocando a mão entre eles e empurrando Wood para trás alguns
passos. — Droga. Vocês dois me disseram que estavam se dando bem.

— Nós estamos. — Trent murmurou, lançando seus olhos sobre o


ombro de Bishop para um Edison sorridente.

— Não parece. — Disse Bishop, olhando para trás e para frente entre
eles. — Wood, olha, cara. Eu sei que Trent pode falar, mas ele é realmente
muito latido.

Trent balançou a cabeça.

— Não. Ele tem uma mordida muito boa para combinar. — Wood disse,
seu olhar castanho profundo observando-o de perto.

Trent lambeu os lábios casualmente. Ele percebeu um leve tique


na mandíbula de Wood quando seus olhos caíram para a boca. Mal sabia
Bishop, Trent havia descoberto que Wood gostava quando ele lhe dava

357
atitude, já que isso geralmente levava a um tratamento sério e beijos
agressivos.

— Oi, Trent. — Edison deixou escapar em voz alta. — Ei, Wood.

— Oi, Edison. — Wood respondeu. — Espero que vocês estejam prontos


para comer. Tive que pular o almoço hoje.

— Por quê? — Trent disse enquanto procurava na gaveta de lixo os


cardápios de comida para viagem. — Temos bastante carne para o almoço.

— Eu sei. Mas você pegou todo o presunto.

— Bem, foi você que fez meu almoço hoje, então tecnicamente você
pegou todos os... — Trent se conteve, mas era tarde demais. Bishop era
esperto demais para não perceber isso.

— Espere... — Bishop interrompeu. — Wood, você faz o almoço do


Trent?

Edison riu.

— Não o tempo todo, mas se eu estou fazendo meu almoço, então vou
preparar um sanduíche para ele também. — Wood encolheu os ombros
enquanto olhava para Trent.

Trent desejou não ser tão nervoso quanto estava, mas sabia que
precisava dar o fora e logo. Se ele queria ser o suficiente para um homem tão
maduro como Wood, precisava mostrar isso. Wood continuou a observá-lo
enquanto a noite começava, provavelmente se perguntando quando Trent iria
se confessar. Eles decidiram por pizza, e Trent jogou dois menus na mesa da

358
sala para eles escolherem.

— Vamos com Papa John's. — Disse Bishop. — O molho não é tão


salgado.

— Estou bem com isso. — Ele e Wood concordaram.

— Certifique-se de que tem queijo e cogumelos extras. — Edison


interrompeu do sofá enquanto folheava os DVDs.

— Sem cogumelos, lembre-se. Trent os odeia. — Observou Bishop


casualmente. — Até a ideia de cogumelos o deixa doente.

— É mesmo? — Wood perguntou curioso, seu tom revelando sua


descrença e decepção. — Eu não sabia disso.

— Oh sim. Ele age como um idiota sempre que os vemos crescendo


selvagens enquanto cortamos grama. Acho que ele tem um pouco de medo
deles. — Bishop riu.

Trent fechou os olhos, murmurando baixinho:

— Bishop, você tem uma boca grande, cara.

— O que? Não há nada para se envergonhar. — Bishop o checou


pelo ombro quando ele passou. — Todos nós temos alimentos que nos
enojam.

Bishop deixou Trent parado na cozinha com um amante confuso e


chateado, completamente inconsciente da bagunça que ele acabara de fazer.
Trent instintivamente deu alguns passos em direção a Wood quando de
repente parou. Wood cerrou os dentes e Trent se apressou em segurar

359
qualquer comentário irritado que estava prestes a fazer.

— Não sou mentiroso e não sou desonesto. — Trent agarrou seu


pescoço e praguejou de frustração. — Vejo. Isso é o que eu quis
dizer. Bishop tem um jeito de me fazer parecer um idiota.

— Não é Bishop que está fazendo isso, pirralho. Você está fazendo um
bom trabalho sozinho, — Wood disse maliciosamente, então se virou e entrou
na sala de estar. — Eu não me importo com o que está na minha pizza,
Edison.

Trent ficou lá no meio do chão eriçado com o quanto ele estava


soprando isso. Esta era sua oportunidade de mostrar a Wood que ele
realmente o queria, não importa o quão desconfortável, inconveniente ou
difícil sua vida se tornasse. Edison estava sentado no colo de Bishop,
ajudando-o a navegar no aplicativo online para fazer o pedido de comida,
enquanto Wood sentava na extremidade oposta do sofá.

Trent endireitou a coluna e entrou na sala, evitando os olhos curiosos


de Bishop, e se acomodou no colo de Wood.

— Oh meu Deus. — Edison engasgou primeiro.

— Que diabos, Trent?

Trent ignorou a pergunta chocada de Bishop e se concentrou no homem


à sua frente, olhando para ele com esperança e muito orgulho.

— Me escute. — Trent segurou a bochecha de Wood, seus dedos


cavando em sua barba do jeito que ele gostava. — Quando você me fez aquela

360
omelete com aqueles cogumelos nojentos, é, eu devo ter vomitado um pouco
na boca. Mas você disse que era a sua especialidade, e não consegui dizer que
o prato estava me deixando doente.

— Trent! O que você é...

— Cale a boca, Bishop!

— Cale a boca, Bishop!

— Cale a boca, Bishop!

Talvez por estarem todos de acordo, Bishop calou a boca e não


interrompeu de novo.

— Continue. — Wood disse rispidamente, envolvendo os dois grandes


braços em volta da cintura de Trent, prendendo-o no lugar.

Trent engoliu em seco.

— Você me disse que costumava fazer aquela omelete para alguém de


quem você se importava, alguém importante... Então você fez para mim.
Então sim. Eu comi e disse que estava delicioso.

Wood o observou atentamente como se dissecasse cada palavra sua.


Como se procurasse um indício de desonestidade. Trent respirou fundo antes
de se inclinar e pressionar suavemente seus lábios contra os de Wood. Ele
ouviu um gemido irritado na sala, mas não deixou que isso o distraísse.
Os braços de Wood se apertaram ao redor dele, dedos fortes espalhando em
sua parte inferior das costas enquanto Trent permitia que Wood aprofundasse
o beijo. Durou apenas alguns segundos, e pelo brilho de satisfação brilhando

361
nos olhos de Wood quando ele se afastou, Trent sabia que havia feito seu
ponto.

— Posso dizer algo agora? — Perguntou Bishop.

— Claro. — Trent concordou, sentindo-se subitamente mais leve.

— Você se importa em descer do colo dele primeiro? — Bishop


resmungou.

— Eu sabia que você teria um problema. — Disse Trent com raiva,


escorregando do colo de Wood, mas não indo longe.

— O que? — Bishop perguntou, empurrando seu grande corpo para a


borda da poltrona, cutucando Edison de seu colo. — Sim, eu tenho um grande
problema. Não quero ver meu irmão mais novo se agarrando ao namorado na
minha frente.

Wood riu alto, mas Trent não achou nada engraçado. Ele imitou a
postura de Bishop e retribuiu o olhar.

— Seu grande gesto não foi necessário, Trent. Eu já sabia sobre você
e Wood. Mas Edison achou que seria melhor se eu deixasse você me contar
você mesmo.

Trent se voltou para um Edison corado.

— Você prometeu.

— Eu não disse uma palavra, eu juro. Bishop acabou de descobrir como


ele faz tudo. Ele nem sabe que cortei seu cabelo para o primeiro encontro de
vocês. — Edison bateu com a mão na boca. — Ops.

362
— Bem, ele sabe agora. — Trent murmurou, revirando os olhos. — Eu ia
te dizer, B, você sabe disso. Eu só queria que você visse se eu tinha certeza
disso. Não é algo que eu pulei sem pensar.

— Eu sei disso, Trent. Você não é o homem que costumava ser. Eu não
acho que nenhum de nós é, por falar nisso. Eu sabia que você falava sério
quando ficou em casa sem trabalhar por dois dias para cuidar dele. Você não
faria isso por qualquer um.

— Então você não está surpreso que eu goste de um homem? — Trent


ergueu a voz. — Esqueça que é Wood.

Bishop fez um som evasivo e balançou a cabeça.

— Não. Fiz isso um tempo atrás.

Trent baixou a cabeça, cravando as mãos nos olhos. Ele não conseguia
acreditar no que estava ouvindo.

— Você estava diferente quando saiu da prisão, T. Eu sabia que você


talvez tivesse experimentado algo lá. — Disse Bishop com mais gentileza. —
Não necessariamente ruim também. Eu cutuquei o assunto algumas vezes,
mas você sempre se fechava. Então, eu deixei você com isso e apenas esperei.

— Você sabia que eu gostaria de Wood também? — Trent perguntou


sarcasticamente. — Já que você sabe tudo o mais. — Ele só estava um pouco
chateado por nunca ter sido capaz de enganar Bishop ou Mike.

Merda... Mike.

— Não. Mas eu sabia que você não é como ele. — Bishop sorriu. —

363
Então, sim, eu pensei que talvez vocês dois se dariam bem. Então, quando
você mentiu para mim para proteger Wood depois que ele teve uma recaída,
foi quando eu tive certeza.

— O que? — Trent ficou boquiaberto.

— Você sabe que é péssimo em mentir, T. E você esqueceu que morei


com Wood por cinco anos? E em todo aquele tempo de qualidade que
passamos juntos, eu nunca vi esse idiota ficar com o nariz escorrendo, então
eu não estava acreditando em toda a história da gripe. — Disse Bishop antes
de baixar a voz.

— Eu sei que você gosta de pensar que afasta as pessoas, Trent, mas
você não faz. Lamento que os homens que você conheceu fossem tão covardes
e não ficassem por aqui. — Bishop olhou na direção de Wood. — Eu só queria
apresentá-lo a alguém que eu sabia que faria.

Trent percebeu que ele estava balançando a cabeça quando sentiu a mão
calmante de Wood no centro de suas costas.

Bishop esfregou comicamente os olhos cerrados.

— Eu tinha uma teoria de que vocês dois funcionariam, mas não posso
dizer que estava preparado para realmente vê-la.

O rosto de Trent estava quente, mas ele ergueu a cabeça e encontrou os


olhos de Wood. Ele lutou para conter a emoção que o estava dominando. Seu
irmão confiava em seu julgamento e não o considerava mais um idiota.
Confiou nele o suficiente com um homem que ele passou a admirar e

364
respeitar. Naquele momento, Trent jurou nunca decepcionar nenhum dos
dois.

— Eu sei, cara. — Bishop estendeu a mão e empurrou o joelho de Trent.


— Você consegue.

Trent zombou.

— Pare de me ler.

Eles riram por um momento até que Wood o agarrou pelo pescoço e o
puxou contra o peito. Trent foi automaticamente para a boca de Wood, que
estava curvada naquele sorriso sexy que ele amava.

— Tudo bem, chega dessa merda piegas. Vamos comer um pouco. —


Bishop bateu palmas. — Mas eu quero ouvir sobre esse primeiro encontro
que vocês tiveram.

Eles acabaram pedindo duas pizzas grandes de pepperoni e assistindo a


reprises de Game of Thrones, tentando manter Wood atualizado. Trent
reduziu ao mínimo as demonstrações de afeto e, depois de um tempo, parecia
que apenas alguns caras saindo e se divertindo. Trent nunca teve um encontro
duplo, mas a ideia de ter mais noites daquelas o fez sentir-se todo adulto e
maduro.

— Vamos dar uma olhada naquele novo filme de Jason Statham no


próximo fim de semana. — Disse Bishop enquanto ajudava Edison a vestir o
casaco. — Ouvi dizer que é muito bom.

— Estou dentro. — Trent respondeu rapidamente, pulando com a ideia

365
de nos reunirmos novamente tão cedo. — Podemos comer alguma coisa
depois.

— Sim. Parece bom. — Wood acrescentou.

— Legal. — Bishop concordou, dando a ele e Wood uma pancada de


punho antes de sair com Edison dobrado próximo ao seu lado.

Wood

Wood fechou e trancou a porta depois que suasvisitas foram embora.


Ele apagou as luzes da sala e foi até a cozinha ajudar Trent a limpar. Ele tinha
uma mão segurando a parte inferior das costas enquanto lutava para
empilhar os pratos com a outra. Wood veio por trás dele, moveu as mãos e
girou Trent lentamente para encará-lo. Ele não estava tentando esconder sua
dor ou fingir que não estava lá.

— Você tem mais um daqueles relaxantes musculares? — Wood


perguntou, esfregando o centro das costas de Trent.

Trent fez uma careta.

— Sim. Eu recebo suprimentos para um mês de cada vez. Acho que vou
tomar uma dose dupla e encerrar a noite.

— Boa. Vá em frente e cuide disso...

Trent agarrou o bíceps de Wood.

— O que você vai fazer?

366
— Enquanto você vai se deitar, vou terminar de jogar o lixo para fora. —
Wood beijou a testa tensa de Trent. — Então eu vou para a cama e massageio
você até que você adormeça.

— Você não tem que fazer isso. — Trent argumentou fracamente.

— Eu sei o que faço e não tenho que fazer. — Wood começou a conduzir
Trent sonolento até seu quarto. — Já se passaram muitos anos desde que fiz
uma massagem, mas acho que ainda tenho o toque mágico.

Trent já estava tirando a roupa antes de entrar na porta do quarto.


Wood voou com seus deveres noturnos enquanto observava Trent jogando
provocadoramente suas calças para o corredor, então sua camiseta, seguida
por sua cueca.

— Eu estarei dormindo quando você arrastar sua bunda lenta para cá.

Aquele pequeno irritante, Wood cerrou os dentes enquanto era forçado


a lavar a louça com um pau meio duro. E em vez de se concentrar em como
fazer seu amante se sentir melhor, tudo o que ele queria fazer era jogar as
pernas de Trent sobre seus ombros e bater em sua bunda por ser tão falador.

Wood encostou-se no batente da porta admirando o corpo sexy de Trent


deitado nu em cima de seu edredom. Wood, hesitante, desviou o olhar e
pegou o frasco de óleo de bebê que havia sido deixado sob a pia do banheiro.
Ele não sabia por que estava armazenado ali pelos inquilinos anteriores e,
honestamente, não queria pensar muito nisso. Em vez disso, ele voltou ao
quarto de Trent com seu óleo e uma toalha limpa.

367
Já era tarde agora, o quarto escuro e silencioso quando ele se acomodou
na beira da cama. Wood despejou uma boa quantidade de líquido nas palmas
das mãos e esfregou-as para esquentá-las. Trent gemeu no segundo em
que Wood começou a massagear sua bunda, então até os músculos da parte
inferior das costas.

— Hersch. — Disse Trent com um suspiro ofegante que fez o pau


de Wood chamar a atenção, mas ele ignorou suas próprias necessidades.

— Apenas relaxe, bebê. — Wood respondeu. Ele adorava quando Trent


usava seu primeiro nome, especialmente quando estava excitado ou se
sentindo emocionado.

Ele deslizou as mãos oleosas ao longo dos ombros tensos de Trent,


tentando se lembrar de alguns de seus melhores movimentos que
costumavam transformar seu ex em massa em suas mãos. Pela forma como
Trent estava gemendo seu nome e batendo superficialmente seus quadris
contra o colchão, Wood tinha certeza de que ele ainda o tinha.

— Droga, isso é bom. — Trent murmurou baixinho. — Eu nunca tive


ninguém me dando uma massagem antes.

— Você está brincando comigo? — Wood disse enquanto tentava


permanecer na tarefa.

— Não. Acho que ninguém nunca quis. — Trent disse como se não se
importasse, mas Wood não estava acreditando. As pessoas não faziam
questão de mencionar coisas com as quais não se importavam.

368
— Bem, isso está prestes a mudar agora.

— Hum... — Trent cantarolou em seu travesseiro.

— Você já tomou o analgésico? — Wood perguntou, querendo cuidar de


Trent da mesma forma que ele uma vez fez por ele.

— Sim. Provavelmente serei nocauteado em breve. — Trent disse


preguiçosamente. — Eu sinto muito.

Wood deu uma risadinha.

— Você teve uma longa semana. Compreendo. E Trent... — Wood se


inclinou e beijou o queixo caído de Trent. — Não precisamos fazer sexo todas
as noites, sabe? Estou satisfeito apenas fazendo isso com você.

— Bem, eu não estou. — Trent resmungou, colocando a mão embaixo


dele.

Wood balançou a cabeça. Ele estava feliz por ter dominado a arte da
paciência e da espera.

— Nenhum de nós tem que trabalhar pela manhã. Você descansa


primeiro. E quando você acordar, vou te dar qualquer coisa que você acha que
perdeu esta noite.

— De acordo.

Wood quase não ouviu o que Trent disse que estava tão perto de
adormecer. Ele continuou a acalmar Trent até um sono profundo com as
mãos. Ele não parou até que Trent estava roncando e provavelmente
sonhando. Depois que Wood lavou as mãos e se aprontou para dormir, ele

369
subiu ao lado de Trent e olhou para a única coisa incrível que tinha a seu
favor. Ele tinha um longo caminho a percorrer para se tornar o artista que já
foi, e Wood sabia de todo o coração que precisava da forte presença de Trent
para mantê-lo. Para lhe dar um motivo para não levantar as mãos de
frustração. Um bom parceiro pode fazer isso.

Parceiro?

Ele não sabia por que aquele título específico surgiu na cabeça de Wood
em vez de namorado, mas fez sua respiração aumentar enquanto olhava para
a pele quente de marfim de Trent. A próxima coisa que percebeu foi correndo
para o quarto e pegando seus marcadores de feltro. Trent teria outra surpresa
esperando por ele quando acordasse pela manhã.

370
Capítulo 44
Wood

Wood estava todo sorrisos quando Trent os levou para casa do primeiro
culto de domingo. Wood escolheu uma igreja com denominação amigável
para LGBTQ+ e estava feliz por isso. Ele não estava lá quinze minutos antes
de perceber o quanto sentia falta. Ele ia à igreja e à escola dominical
regularmente quando estava na prisão. O reverendo Hutchcroft gostava
do vasto conhecimento de Wood sobre as escrituras e sua interpretação das
histórias da Bíblia.

— Não foi o que pensei que seria. — Disse Trent, interrompendo os bons
pensamentos de Wood ao virar para a rua. — Nunca vi um ministro com
tatuagens e vestindo jeans enquanto prega.

Wood pegou a mão de Trent e beijou seus dedos.

— Obrigado por ir. Eu sei que não é sua praia.

— Não era, mas eu realmente gostei. Foi como ouvir um cara normal da
minha idade contar uma história muito antiga que de alguma forma se
relaciona com o que estou passando hoje.

Wood sorriu.

— Como assim?

371
— Ele estava falando sobre fé. — Trent encolheu os ombros. — Ainda
estou pensando nisso, só isso.

Wood sabia exatamente o que Trent estava sentindo. Ele sempre tentou
levar um pedaço da mensagem do ministro com ele após o culto. Ele estava
feliz por Trent não ter incomodado ele com esse lado tão importante dele.
Seus próprios pais o ensinaram sobre o amor inabalável de Deus, apenas para
tentar tirar seu Deus dele no momento em que ele se tornasse gay. E Wood se
recusou a deixar ir. Os poucos gays com os quais ele conversou sobre religião
tiveram experiências negativas com a igreja. Ele olhou para o rosto bonito de
Trent, seus traços relaxados, o olhar pensativo em seus olhos, e fez seu
coração disparar por Wood ter ajudado a fazer mais um dos primeiros de
Trent um sucesso.

— Você está esperando alguém? — Trent perguntou, parando na


garagem.

Wood se concentrou no Mercedes preto brilhante estacionado na


calçada em frente à casa deles. As janelas estavam muito escuras para ele ver
quem estava dentro, e nem Brody nem seu agente de condicional dirigiam um
veículo de luxo.

— De modo nenhum. Talvez Mike tenha comprado um carro novo.

Trent soltou uma risada incrédula.

— Ok, certo. Se Mike comprasse um veículo novo, seria um grande


caminhão para o trabalho. Não é algo tão pretensioso.

372
Wood concordou e saiu da caminhonete, esperando por Trent na frente
do capô. Ele o observou travar e caminhar em direção a ele com a sugestão
escrita em seu rosto. Wood riu, embora já pudesse sentir sua metade inferior
respondendo.

— Você é insaciável.

— Acabei de sair da igreja. — Sussurrou Trent, colocando o lábio inferior


entre os dentes, seus olhos calorosos examinando lentamente o corpo
de Wood. — Estou no espírito de generosidade.

Wood sentiu o calor daquele clarão deixando-o louco pelo que ele já
tinha duas vezes na noite passada e uma vez esta manhã.

— Achei que você disse que queria descansar hoje?

— Eu vou. Depois disso. Mas estamos trabalhando em nossa resistência,


lembra? — Trent agarrou a mão de Wood e puxou-o em direção à porta da
frente. — Vamos. Temos uma hora inteira antes do início do jogo.

Wood seguia atrás da bunda gostosa de Trent em suas novas calças


justas que ele disse que Edison o ajudara a escolher para hoje, não precisando
de mais nenhum convencimento.

— Woody?

Wood ficou tenso, olhando para Trent em confusão. Ele estava um


degrau acima dele na varanda, olhando desconfiado para alguém que se
aproximava atrás dele.

— Woody. Sou eu.

373
Wood se virou e quase perdeu o equilíbrio enquanto observava seu ex,
Adam, mancando pela calçada. Sem pensar, Wood largou a mão de Trent e
correu em direção ao seu passado, abrindo bem os braços.

Adam segurou sua bengala em uma mão e envolveu a outra firmemente


nas costas de Wood. Adam enterrou o rosto na curva do pescoço e Wood
gemeu de alívio. Ele está vivo e está bem. Obrigado, Deus, que ele está bem.

— Eu nunca pensei que iria segurar você em meus braços novamente. —


Adam disse, sua voz soando tão quebrada que Wood acabou apertando-o com
mais força.

Ele fechou os olhos e encostou a cabeça na têmpora de Adam.

— Adam. — Ele suspirou, respirando o perfume fragrante de seu


cabelo. — Você não está com raiva de mim?

— Não, Wood. — Adam se afastou, passando levemente seus lábios


macios contra a barba por fazer de Wood. — Estou bem. Foi uma longa
recuperação. Mas estou bem.

Wood pegou a mão de Adam e apertou-a com as suas, olhando em seus


grandes olhos verdes. Seu olhar vagou por seu rosto, então por seu corpo
esguio. Ele parecia bem em suas calças escuras e blazer pesado. Ele usava um
casaco longo que combinava com o estilo de seu carro, elegante e caro.

— O que você está fazendo aqui? Como você?

— Meu sobrinho me disse que você passou por aqui enquanto ele estava
na minha casa esperando meu assistente de cabo. — Adam sorriu

374
brilhantemente, e Wood se viu fascinado enquanto velhas memórias de Adam
olhando para ele assim afundaram dentro dele. — Ele disse que você veio
semanas atrás, mas é claro que se esqueceu de me dizer até ontem. Malditos
adolescentes. — Adam passou a mão pelos longos cabelos de Wood no topo
de sua cabeça.

Era bom, estranhamente nostálgico, mas... Estranho. Errado. O toque


era suave, hesitante, pois Wood havia se acostumado a um toque áspero e
firme.

Trent

Wood se virou para uma varanda vazia.

— Entre. Está frio aqui. — Disse Wood. — Eu preciso apresentar você a


alguém.

— Para aquele cara que estava carrancudo para mim? — Adam se


encolheu. — Não, obrigado.

— Eu posso ver como ele pode interpretar mal isso. — Wood olhou para
a proximidade deles.

— Espere um minuto...

— Apenas entre. Eu vou explicar. — Wood colocou a palma da mão no


centro das costas de Adam e ajudou-o a subir os poucos degraus até a
varanda. Sua casa era quente e cheirava a limão Pine-Sol, desde que ele e
Trent haviam limpado na manhã de sábado. Seu trailer não era muito,

375
mas Wood estava orgulhoso de poder oferecer a seu ex uma xícara de café
quente e um lugar para sentar e conversar. Ele não viu Trent na sala de estar
ou na cozinha, então presumiu que tivesse ido para o quarto para colocar
roupas mais confortáveis. — Trent!

— Isso é, hum... — Adam pigarreou. — Isso é muito diferente do seu


condomínio em Ghent, Woody.

Wood tentou relaxar os ombros, mas cada vez que Adam o chamava
daquele antigo apelido, as memórias que isso trazia não eram as felizes que
ele queria lembrar. Wood reprimiu sua insegurança com a maneira como os
olhos de Adam estavam vagando por sua pequena casa.

— Eu sei. Mas o que é importante é que eu tenho um teto sobre minha


cabeça, sabe. — Wood olhou ao redor, tentando ver o lugar que ele chamou
de lar no último mês com novos olhos.

— Se o problema é ter um lugar, você pode sempre vir ficar comigo. —


Adam ofereceu. — Eu herdei a casa da minha mãe e tenho espaço mais do que
suficiente.

Wood colocou os dois copos de água da torneira no micro-ondas e


apertou o botão de início rápido. Ele se encostou no balcão, olhando com
espanto.

— Você só pode estar brincando. Você nem me conhece mais, Adam.

Adam se aproximou.

— Eu conheço você, Wood. Confie em mim. E eu sei que o que

376
aconteceu naquela noite foi um acidente. Você não é um bêbado, nunca foi,
você não estava embriagado durante toda aquela noite. Eu gostaria de ter
estado consciente para lhe dar um álibi. Falar a verdade. Você não merecia o
que eles...

— Pare! — Wood disse baixinho, mas com firmeza o suficiente para


fazer Adam selar os lábios. — Não faça isso, por favor. Foi homicídio culposo,
Adam. O que aconteceu era para acontecer.

Adam apoiou-se pesadamente em sua bengala, piscando lentamente.

— Uau. Não acredito que você está realmente aqui.

Wood reconheceu a vívida faísca de atração nos olhos de Adam


enquanto ele olhava para as tatuagens que ele podia ver ao redor da camisa de
manga curta de Wood. Seus braços sempre foram a parte favorita de Adam, e
não havia como negar que a mente de seu ex estava se aventurando a não
viajar de novo.

— Trent. Bebê. — Wood gritou. — Você pode vir aqui agora?

A porta do quarto se abriu e Wood encontrou os olhos brilhantes de


Trent enquanto ele caminhava lentamente pelo corredor. Ele ainda estava
totalmente vestido com suas roupas de igreja, e Wood se perguntou o que ele
estava fazendo lá e, acima de tudo, por que estava se escondendo.

— Trent. — Disse Wood, estreitando os olhos na postura rígida de


Trent. — Eu quero que você conheça alguém.

Wood se colocou entre os dois homens em sua pequena cozinha, que

377
pareciam estar avaliando um ao outro, e correu para apresentá-los.

— Adam Phillips, este é Trent. Trent, este é...

— O noivo de Wood. — Adam estendeu a mão para apertar, mas Trent


acabou olhando para ela por um longo momento antes que seus olhos tristes
fossem para Wood. Ele sabia que tinha que parecer um cervo pego pelos
faróis, mas não esperava que Adam dissesse isso.

— Desculpe? — Trent zombou.

Adam casualmente enfiou a mão intocada no bolso da calça, chutando


para trás um lado de sua roupa elegante. Ele ficou lá com confiança, com a
cabeça erguida e as costas retas, apesar de depender de uma bengala para
obter ajuda. Adam tocou as pontas grisalhas da têmpora com a mão e olhou
para Wood.

— Vejo que você ainda está levando a coisa de mentor um pouco longe
demais.

Trent parecia estar a dois segundos de estourar, e Wood riu


nervosamente, tentando quebrar a tensão.

— Não. Isso não é verdade. Eu… Não estamos noivos, Adam. Que diabos
está fazendo?

— Sim, estamos separados há muito tempo, mas você está em casa. —


Adam deu uma rápida olhada ao redor. — Bem, aqui… Por agora. Mas
estávamos noivos quando o acidente aconteceu. Nunca desisti de você,
Wood. E obviamente você também não, porque veio à minha casa. Você veio

378
me ver apenas algumas semanas atrás.

— Parece que vocês têm muito para pôr em dia. — Disse Trent, como se
estivesse lutando para respirar. Ele virou as costas para Wood, mas não antes
de ver a derrota e a rejeição naqueles olhos.

— Adam, fui procurar você para se desculpar, é isso. — Disse Wood,


olhando impotente para Trent. — Adam, você pode sentar no sofá por um
minuto, eu preciso limpar isso.

Adam agarrou o braço de Wood quando ele foi passar.

— Woody, o que você está fazendo? — Adam se inclinou, baixando a


voz. — O que diabos está acontecendo com você e aquele garoto?

— Ele não é uma criança, Adam. — Wood se afastou. — Ele é muito


importante para mim.

— Tenho uma coisa para você. — Disse Adam rapidamente, segurando


com força o pulso enquanto Wood olhava impaciente para o corredor. Cada
segundo que ele deixava Trent fermentar em confusão e raiva só tornaria as
coisas mais complicadas.

— Em um minuto.

— Eu tenho seus portfólios, Wood. — Adam disse quase


reverentemente, como se soubesse exatamente quanto peso aquela frase teria.

Wood lentamente se virou para o homem com quem ele uma vez pensou
que passaria o resto de sua vida para ter certeza de que não estava brincando
com ele. Jogando com suas emoções desde que Adam costumava ser o mestre

379
nisso.

— O que? — Wood engasgou. Orando silenciosamente. Por favor, deixe


isso ser real.

— Você me ouviu. Eu tenho seus portfólios comigo agora. — Adam disse


com certeza. — Em perfeitas condições.

— Mostre-me. — Wood sussurrou.

380
Capítulo 45
Trent

De onde diabos ele veio? Trent estava andando de um lado para o outro
no chão do quarto, as mãos apertando o cabelo com tanta força que ele não
tinha certeza se sua dor de cabeça ensurdecedora era de sua raiva ou de seu
aperto. Seu humor havia mudado de exaltado para miserável tão rápido que
ele ficou tonto, desconcertado. Em um minuto ele estava entrando em sua
casa para fazer sexo apaixonado com seu namorado, e no minuto seguinte seu
amante tinha deixado cair sua mão como um peso morto e estava abraçando
algum outro filho da puta.

Trent cerrou os dentes. Noivo. Wood nunca disse a ele que ele tinha
falado tão sério com ninguém antes de ir para a prisão. Ele sabia que Wood
não era virgem, mas isso... Isso era demais. Ele lembrou que disse que lutaria
por Wood, mas como ele poderia ganhar se as chances já estavam contra
ele. Adam Phillips era maduro, articulado, afável, bonito pra caralho, e ele
gritavabem-sucedido. A maioria das qualidades que Trent não possuía, ainda,
ele estava trabalhando nelas.

Agora ele estava queimando um buraco em seu tapete enquanto


pensava em todas as coisas que deveria ter dito àquele idiota arrogante com
seu casaco longo e seu carro chamativo. Mesmo sua bengala preta meia-noite
era fodidamente extra com seu cabo de garra de prata. Wood não poderia ter

381
desejado um marido assim. Um homem que só gostava de aparências. Trent
não perdeu a maneira como olhou ao redor de sua casa como se ela estivesse
abaixo dele... E de Wood. Ele o ouviu oferecer ao namorado um lugar melhor
para ficar, e o motivo pelo qual os olhos de Trent estavam queimando quando
ele saiu da sala foi porque ele nunca ouviu Wood dizer “não, obrigado”.

Ele ouviu a porta da frente abrir e fechar, e Trent parou de andar


enquanto prendia a respiração para ouvir. A qualquer minuto, Wood entraria
lá e diria a ele que tudo isso era um grande mal-entendido e que Adam estava
delirando se pensasse que estava deixando Trent. Qualquer minuto agora. Ele
está entrando pela porta a qualquer segundo.

Parecia que ele esperou uma eternidade e, mesmo assim, Wood nunca
apareceu.

Ele saiu? A boca de Trent abriu-se e seu peito ardeu com um calor que
ele pensou que o consumiria. Será que Wood ir com Adam para sua casa,
fantasia em Virginia Beach? Isso era tudo que Wood estava esperando? Não!
Trent balançou a cabeça violentamente. Ele não apenas tentou dissipar os
pensamentos negativos, mas também tentou ignorar a maneira como aquele
bastardo deslizou para o abraço de Wood como se fosse bem onde ele
pertencia e Trent não tivesse sido nada mais do que um lugar mais quente nas
últimas semanas.

Agora ele estava parado ali como um idiota, sentindo-se um idiota. Não
havia outro motivo para Wood não ter entrado em seu quarto agora. É porque
ele se foi, já que Trent nunca foi alguém que valesse a pena perseguir. Ele

382
continuou a se chutar por ser um covarde e ir embora, mas Adam o intimidou
pra caralho. Trent estava acostumado a implementar força bruta para lidar
com seus problemas isso não funcionaria neste caso.

Talvez... Apenas talvez não fosse tarde demais. Trent foi até a janela,
sentindo os sapatos como se tivessem tijolos em cima, na esperança de ver as
luzes traseiras daquele Mercedes escurecendo cada vez mais. Suas mãos
tremiam quando ele abriu as cortinas, já sabendo o que veria. Trent olhou
através do pequeno gramado para o veículo preto ainda parado no meio-fio,
seu coração afundando no chão enquanto observava Wood abraçar Adam com
tanta força que seus pés estavam pendurados. Wood regou seu noivo com
beijos ansiosos e felizes por todo o rosto. Tanto que Adam parecia que mal
conseguia se agarrar enquanto ria alto o suficiente para Trent ouvi-lo através
de sua janela.

Então Wood aceitou sua proposta.

Trent se iludiu pensando que um homem como Wood realmente o


queria. Ele tinha sido um idiota, novamente. O tempo todo Wood estava
apenas esperando por seu noivo há muito perdido, e quando ele não o
encontrou... Ele se contentou com Trent. Depois de dezessete anos, qualquer
asno provavelmente teria bastado. O rosto de Trent ficou vermelho enquanto
ele pensava em todas as noites que eles compartilharam, os jantares, a
compulsão noturna, as conversas. Ele disse a Wood coisas que ele nem
mesmo disse a Bishop.

E quanto ao nosso amor, não foi? Merda. Wood não estava no amor

383
com ele, portanto ele não poderia chamar todas aquelas noites íntimas em sua
cama “fazer amor”. A umidade cresceu em seus olhos e ele queria morrer de
pura humilhação. Ele tinha feito o melhor que podia desta vez, e ainda não
tinha sido o suficiente. Trent se virou e agarrou a primeira coisa que viu,
precisando deixar sua fúria sair antes que o consumisse. Ele arrancou a corda
da parede quando Trent jogou uma de suas novas lâmpadas de cabeceira pelo
quarto, precisando, querendo gritar tão alto quanto aquele estrondo.

Ele foi até sua vitrola e congelou no lugar com as mãos na plataforma
giratória. Se ele destruísse a propriedade mais importante que possuía, sabia
que se arrependeria pelo resto de sua vida. Além disso, ele precisava de algo
para tocar seus discos para passar as noites tranquilas depois que Wood se
fosse. Trent quase caiu sobre um joelho, a sensação de perder o que pensava
ter construído com Wood quase o paralisou. Por que ele teve que fazer isso
consigo mesmo de novo? Ele deveria ter ficado distante e mantido Wood a
uma distância segura. Agora olhe para ele. Ele estava um caco.

Trent enxugou os olhos agressivamente e rapidamente voltou a vestir o


casaco. Ele certificou-se de que estava com as chaves e a carteira, sem se
importar com a bagunça que tinha feito ou pegar uma bolsa. Ele precisava dar
o fora dali. Ele não se sentaria no sofá como um cachorrinho chutado
enquanto Wood empacotava suas merdas e saía correndo das favelas de
Norfolk.

Trent abriu a pesada porta na esperança de que algum milagre o


impedisse de sair de casa. Esperando que seus olhos o estivessem enganando.

384
Wood estava de costas para ele, e ele ainda estava segurando Adam e olhando
para ele da mesma maneira que o fizera inúmeras vezes.

— Oh meu Deus, Adam. Vou quebrar você se apertar mais forte. —


Trent ouviu Wood dizer enquanto recuava e segurava suavemente as
bochechas de Adam. — Você salvou minha vida, anjo. Eu nunca vou ser capaz
de mostrar o quanto isso significa para mim.

— Sim, você vai. — Disse Adam com confiança, e Trent viu que o ex
de Wood estava olhando para ele por cima do ombro, como se soubesse que já
tinha pegado o que tinha vindo buscar. — Venha para casa comigo, Woody.
Deixe-me ajudá-lo a voltar ao topo de onde você pertence. Posso dar o tipo de
suporte de que você precisa. Eu prometo que não vem com nenhum
compromisso. Devo-lhe pelo menos isso por não ter sido capaz de ajudá-lo
todos aqueles anos atrás, quando teria importado.

Trent explodiu pela porta de tela, sem se importar com a força com que
bateu na lateral do trailer. Talvez tenha quebrado. Ele não verificou, ele não
se importou. Ele desceu a escada, tentando não olhar na direção dos outros
homens, mas era como não olhar para um acidente em um engarrafamento. O
barulho parecia ter tirado Wood de sua névoa porque seus olhos se
arregalaram dramaticamente enquanto ele se afastava de seu ex, seu sorriso
diminuindo ligeiramente enquanto observava Trent caminhar decididamente
para sua caminhonete com as chaves na mão.

— Trent... — Wood gritou, caminhando em direção a ele, mas Trent não


parou. — Trent!

385
Trent chegou à porta e lutou para colocar a chave na velha fechadura,
sentindo-se um idiota inadequado por não ter travas elétricas e partida
automática como tinha certeza de que Adam tinha em seu veículo de luxo.
Provavelmente assentos aquecidos também.

Wood correu ao redor da extremidade traseira assim que Trent colocou


a chave dentro.

— Esperar. Onde você vai?

O corpo de Trent vibrou, seu ombro queimando onde Wood o segurava.

— Saia fora de mim. Agora. — Trent sibilou.

Wood puxou sua mão, parecendo surpreso.

— Trent. Acalme-se. Eu não estou noivo. Você sabe disso.

Trent hesitou, querendo muito ficar, mas sabendo que acabaria fazendo
papel de bobo. Ele não poderia exatamente derrubar um homem em seu
gramado, especialmente não alguém com quase o dobro de sua idade e
usando uma bengala.

— Não sei de nada. — Disse Trent baixinho, incapaz de falar com clareza
com o nó na garganta.

— Trent, vamos todos voltar para dentro e conversar um minuto. —


Wood argumentou.

— Tudo. — Trent zombou. — Tudo.

— Trent. Não faça isso. — Implorou Wood. — Adam estava no carro em

386
que bati todos aqueles anos atrás... Devo a ele mais de cinco minutos do meu
tempo.

A mandíbula de Trent tremeu.

— Não posso discutir com isso. Eu acho que você tem que fazer o que
você tem que fazer.

— Trent, não exagere. — Disse Wood, sua voz soando cortada como se
ele tivesse o direito de ficar chateado. — Não é o que parece.

— Você acha que eu sou um idiota do caralho? — Agora Wood estava


falando baixo com ele como se Trent fosse um garoto que precisava ser
verificado. E o pior era que ele estava fazendo isso na frente daquele babaca
presunçoso, que observava a troca com um olhar de satisfação. Trent
empurrou Wood no peito com força suficiente para fazê-lo recuar alguns
passos. Adam fez um movimento em direção a eles, mas Trent lançou lhe um
olhar que dizia “é melhor você ficar fora disso”.

— Pare de me xingar assim. Você precisa se acalmar.

— Saia da minha maldita caminhonete, Wood. Porra, não me diga como


é! Eu sei o que vi e sei o que diabos eu ouvi, cara. — Trent o empurrou
novamente. — Então ele salvou sua maldita vida, hein? Ele é seu anjo agora?

— Não. — Wood disse com mais força.

— Foi ele o tempo todo que esteve lá para você? — Trent rosnou
para Wood. — Seu filho da puta ingrato e desrespeitoso.

— O suficiente!

387
— Foda-se! — Trent retrucou.

— Não fale assim comigo seu bastardo! — Os olhos de Wood brilharam


de raiva enquanto ele berrava na cara de Trent.

Trent respirou fundo e prendeu-o, sem saber o que ou como responder.


Wood nunca o chamou pelo nome, não dessa forma. Ele nunca o chamou de
bastardo... E quis dizer isso como agora. Trent piscou para afastar as
lágrimas, recusando-se a deixá-las cair.

— Que droga. Eu não quis dizer... — Wood suspirou. — Trent, eu estou...

— É melhor eu sair daqui. — Disse Trent entorpecido, como se


o golpe final de Wood tivesse sido um nocaute técnico e ele não tivesse mais
luta pela frente. Ele subiu no banco do motorista e ligou o motor irregular. —
Você mantém aquele filho da puta fora da minha casa. Quero dizer. Você pode
levar suas coisas com ele quando for embora.

— Não. — Wood rosnou. — Você não vai embora assim, nem eu. Não
faço mal-entendidos, Trent. Volte para dentro para que possamos conversar,
ou os vizinhos precisam saber tudo sobre o nosso negócio?

Trent não se importou com quem estava assistindo. Ele estava


morrendo lentamente por dentro. Essa é a única razão que ele poderia
inventar para a dor em seu abdômen e sua incapacidade de respirar fundo.

Wood estava de costas para ele com o queixo apoiado no peito e as mãos
cruzadas atrás do pescoço.

— Você está interpretando tudo errado. Você sabe muito bem o quão

388
importante você é para mim.

O dinheiro era importante para os milionários, a propriedade era


importante para os desenvolvedores, gostos eram importantes para os
criadores do TikTok. Trent não se importava com o quão importante Wood
dizia que ele era, porque importância não tinha absolutamente nada a ver
com amor.

— Eu sou, hein? Bem, se ele não é quem você quer, como é que ele não
foi jogado contra a parede e sufocado do jeito que eu estava... Woody? —
Trent desejou que não houvesse tanta mágoa e traição irradiando em seu tom.
Ele saiu de sua garagem sem olhar para trás e queimou borracha em sua
vizinhança. Ele precisava ficar o mais longe de Norfolk que meio tanque de
gasolina o levasse.

389
Capítulo 46
Wood

Wood se curvou e apoiou as mãos nos joelhos, tentando inspirar


profundamente o ar fresco nos pulmões para se acalmar. Ele nunca tinha
usado esse tipo de linguagem, especialmente no domingo. Mas ele não
conseguia acreditar na raiva que Trent o deixava ao chamá-lo de
desrespeitoso. Ainda assim, ele não ligou para as pessoas que gostava de
bastardos. O que diabos havia de errado com ele? Sim, Trent vinha xingando
muito, mas Wood sabia que ele estava ferido e era isso que Trent fazia quando
se sentia injustiçado. Foi estúpido responder da maneira que Wood fez. Agora
ele tinha que consertar e rápido.

Wood se recompôs quando ouviu Adam vindo em sua direção.

— É com isso que você tem lidado desde que saiu? Estresse. Lidando
com um garoto apaixonado que dá um acesso de raiva sempre que ele não
consegue o que quer?

Wood exalou lentamente antes de falar. Ele não queria ter que se
desculpar duas vezes no mesmo dia. — Adam. Eu realmente aprecio o que
você fez por mim, guardando meus pertences e protegendo-os. Eu quis dizer
isso quando disse que nunca seria capaz de retribuir você ou seus irmãos. —
Wood olhou para a rua onde Trent havia desaparecido. — Mas o homem que
você acabou de insultar tem sido o meu mundo desde que eu saí. Não é meu

390
estresse. Eu me importo muito com ele, não estou me afastando dele e com
certeza não vou para lugar nenhum.

Adam balançou a cabeça tristemente, como se Wood simplesmente


não entendesse.

— Nós não terminamos. Não encerramos nosso noivado... Fomos


separados.

Wood tocou a bochecha ruborizada de Adam.

— Você deve se lembrar de uma forma diferente de mim. Não estávamos


em um bom lugar, Adam. Fazia meses que não estávamos. Você me devolveu
o anel e estava ficando cada vez menos no apartamento. É por isso que
estávamos brigando naquela noite quando saí atrás de você e peguei as
chaves.

Adam abaixou a cabeça.

— Eu era o bêbado naquela noite. Você bebeu duas cervejas, talvez


três. Deveria ter sido eu naquela cela.

Wood bufou uma risada nada divertida. Ele não reavaliava mais seus
erros com deveria e quer.

— Adam. Eu vim até você há algumas semanas para me desculpar por


impactar sua vida de forma tão horrível. Para dizer que lamento muito para
poder seguir em paz com minha vida. Nunca quis sugerir que queria me
inserir de volta no sua.

— Nunca parei de pensar em você. Amando você. — Adam disse, não

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exatamente encontrando seus olhos.

Talvez os dois estivessem pensando a mesma coisa. Se Adam nunca o


esqueceu, mesmo depois que ele acordou do coma, por que nenhuma carta ou
visita? Nem mesmo um. Wood sorriu, percebendo que a mentira de Adam
não o perturbava nem um pouco.

— Sim, você fez. Mas está tudo bem.

— Eu sinto muito. — Adam balançou a cabeça. — Muito tempo tinha


passado e eu não sabia o que dizer. Fui um parceiro inadequado que te custou
tudo. Foi egoísta ainda tentar segurar você.

— Realmente. Está bem. Venha para dentro por um segundo. —


Wood enfatizou. Mesmo que Trent tivesse sido claro sobre Adam não estar
em sua casa e compreensivelmente Wood não podia deixá-lo do lado de fora
na varanda como se ele fosse um vendedor de aspiradores. — Eu preciso
pegar meu celular e ligar para Trent. E você pode anotar o nome e o endereço
do armazenamento onde está o resto das minhas coisas.

— Claro, Wood. Se esta é a vida que você deseja. — Adam usou sua
bengala para apontar para um lado problemático do trailer que precisava de
alguns reparos. — Não vou tentar impedi-lo se você estiver realmente feliz.
Você só... Você não parece feliz.

— Acabei de brigar com meu parceiro e ele fugiu, Adam. Até que ele
volte para a nossa casa e para a minha cama... Não vou ser feliz.

Wood discou o número de Trent pelo que parecia ser a centésima vez,

392
chutando a lateral da cadeira da sala de jantar em frustração quando mais
uma vez caiu na caixa postal. Wood esperou pelo aviso antes de começar a
falar.

— Trent. Quantas vezes você vai me fazer ligar? Onde você está? Apenas
voltar para casa. — Ele suspirou pesadamente no receptor antes de
desconectar.

Wood ia e voltava da frente do trailer para a parte de trás enquanto


esperava por uma ligação de retorno. Sempre que ouvia um motor alto em sua
rua, ele disparava para a porta apenas para se decepcionar a cada vez. O
ponteiro das horas no relógio da cozinha passava lentamente enquanto o dia
virava noite, e Trent ainda não tinha voltado para casa. Com o coração
pesado, Wood limpou a lamparina quebrada e trocou a roupa de cama da
cama, para o caso de algum vidro estilhaçar naquela direção. Ele queria que
tudo estivesse bem e limpo quando seu bebê voltasse.

Wood puxou o telefone do bolso do short e apertou a tecla Rediscar.

— Trent. Venha para casa. Estou te esperando, ok. Eu não... Eu não vou
embora... Mesmo se você tentar me colocar para fora.

Quanto mais horas se passavam, mais frenética cada mensagem se


tornava.

— Trent. Está ficando tarde. É perigoso sair tão tarde. Você... Você pode
cair em um elemento ruim.

— Trent. Eu não fiz nada. Isto é ridículo. Venha para casa para que

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possamos conversar. Tenho algo importante para te contar.

— Trent, como estão suas costas? Você não tomou nenhum remédio o
dia todo. Venha para casa, por favor.

Por volta da meia-noite, ele estava com tanta raiva que mal conseguia se
conter para não apagar o celular com as próprias mãos.

— E você me chama de desrespeitoso! E a regra número onze, Trent!


Sem medo um do outro! — Wood apertou o botão fim e bateu o telefone
repetidamente na mesa. Que droga!

Onze minutos depois, ele ligou de volta.

— Eu posso ter falado um pouco alto na última ligação. Venha para


casa. Eu fiz frango.

Um pouco depois da uma, as ligações de Trent foram direto para o


correio de voz como se estivesse morto. E se ele estivesse encalhado na beira
da estrada e não pudesse andar até o telefone por causa das costas? Ou e se
ele adormecesse em um parque? Wood não o deixou dormir muito na noite
anterior. Seu coração estava batendo como uma britadeira quanto mais
loucos os cenários que seu cérebro assustado criava. Ele deixou sua última
mensagem no telefone de Trent.

— Você não me dá escolha.

Este pode ser o maior erro de sua vida, e ele não tinha dúvidas de que se
arrependeria mais tarde, mas estava sem opções. Ele precisava de alguém
para trazer Trent de volta para ele antes que ele enlouquecesse. Alguém que o

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conhecesse bem e saberia onde encontrá-lo. Qualquer homem para quem ele
ligou iria rasgá-lo em pedaços, então ele simplesmente discou.

Mike atendeu no segundo toque.

— É melhor que seja bom. — Ele resmungou sonolento.

— Trent se foi.

— Estarei aí em vinte minutos.

395
Capítulo 47
Trent

— Olha quem finalmente descobriu como trazer a bunda para casa?—


Roderick disse, escalando seu corpo enorme de seu banquinho e envolvendo
Trent em um abraço forte.

Trent abraçou o velho amigo com alguns tapas fortes entre as


omoplatas. Ele recuou com um sorriso triste que lutou para manter no lugar.

— O que está acontecendo, Roderick? Como você está, cara?

— Nada mal. — Disse Roderick, ofegando um pouco para recuperar o


fôlego enquanto se acomodava em seu banquinho na frente do clube que ele
vinha pulando por mais de dez anos. — Perdi cerca de trinta e cinco quilos
desde o verão passado.

As sobrancelhas de Trent subiram até a linha do cabelo. Roderick lutou


contra seu peso desde que Trent o conheceu.

— Bom para você, Rod.

Roderick esfregou o estômago redondo.

— Só faltam cem quilos. — Ele riu alto.

Trent deu um passo para o lado para que Roderick pudesse identificar
algumas mulheres bonitas que vinham ao Mamas para desfrutar da atmosfera

396
adulta, música ao vivo e a melhor comida soul em Hampton Roads. As
meninas perguntaram se Trent estava entrando depois de fazer uma
observação ousada.

— Eu planejo. — Trent respondeu com sentimento zero.

Roderick soltou a corda de veludo preto e acenou para que entrassem.


As meninas desapareceram atrás da porta de madeira grossa. Uma lenta
melodia de saxofone blues se filtrou do lado de fora, fazendo Trent morrer de
fome para estar em um lugar que se sentisse em casa. Onde ele acreditava que
sua vida havia começado e mudado para sempre.

— Vejo que você ainda está puxando as mulheres facilmente, Trent. —


Roderick sorriu. — Mesmo quando você era um adolescente malvado,
bisbilhotando nos bastidores, as garçonetes sempre caíam sobre você.

— Ah cara. — Trent dispensou Rod, lembrando-se das boas lembranças.


— Estou aqui apenas para ouvir um bom jazz e talvez pegar um prato de
costeletas de porco assadas da mamãe.

Roderick fechou os olhos e lambeu os lábios.

— Oh, Trent. Eu só pegaria o molho com algumas fatias de pão, cara. É


tudo de que preciso para ser feliz.

— Você quer que eu roube um prato como nos velhos tempos? — Trent
riu.

— Merda. Mamãe tem câmeras por todo o lugar agora. Se ela me pegar
traindo novamente, o próximo nó na minha cabeça levará o dobro do tempo

397
para curar. — Roderick disse a ele, seu grande sorriso diminuindo enquanto
ele continuava. — Aos quarenta e oito anos, eu realmente preciso levar minha
hipertensão e diabetes mais a sério. O doutor disse que preciso tirar mais peso
do coração. E mamãe está se certificando de que eu cumpra isso depois do
meu último episódio.

Trent suspirou, desejando ter passado por aqui e checar mais seu amigo.
Bem, Roderick era amigo de Miles, mas no momento em que começou a
trazer Trent com ele para o clube, ele e Roderick se deram bem rapidamente.

— Me desculpe por isso.

— Não se preocupe. Todos nós não podemos ser garotos brancos magros
e legais que conhecem jazz melhor do que o próprio Gillespie. — Roderick
bateu em seu braço.

Trent soltou uma risada genuína, lembrando-se de como todos


costumavam ficar sentados depois das três da manhã, quando a limpeza
terminava e Trent ouvia os velhos conversando sobre música por horas. Miles
às vezes deixava Trent entrar na frente da casa depois que fechavam, já que
ele era apenas um adolescente e era ilegal para ele ir a uma boate.

Um homem alto com pele morena profunda e dreads finos que tocavam
o centro das costas saiu pela porta principal vestindo um terno sob medida e
parou na frente de Trent. Ele estendeu sua mão esguia.

— Trent, certo? — O cara sorriu e passou de bonito a bom.

Trent estava cansado demais para analisar em demasia quão pouca

398
atenção prestou às mulheres antes ou nenhuma e os detalhes que notou
imediatamente sobre o homem à sua frente. Tudo.

— A gente se conhece? — Trent perguntou enquanto segurava a mão do


cara.

— Não. — Ele continuou sorrindo e avaliando. — Sou um dos muitos


filhos adotivos de mamãe, Marcus. Ela me mandou aqui para te buscar.

Trent enfiou as duas mãos nos bolsos do casaco de couro após a


apresentação.

— Como ela sabia que eu estava aqui?

— Mamãe sabe tudo. — Marcus riu com um som rico de barítono que
fez Trent se lembrar de um de seus instrumentos favoritos.

Roderick piscou para Trent e acenou com a cabeça em direção às


câmeras de vídeo montadas acima da porta.

— Ela não tinha certeza de que você iria entrar, então ela me enviou
aqui para ter certeza de que você iria. — Marcus abriu a porta e esperou que
Trent entrasse antes dele. Ele deu uma rápida olhada ao redor, querendo ver
quaisquer novas alterações feitas na mamãe, mas não querendo fazer contato
visual com ninguém. No entanto, isso não parecia ser um problema porque
Marcus chamava atenção quando ele se movia.

Felizmente não estava lotado para uma noite de domingo. Alguns casais
ocuparam as mesas externas perto do palco, e três casais estavam se
enrolando lentamente um contra o outro na pista de dança enquanto a banda

399
tocava uma versão mais lenta de “They Say It's Wonderful”. Trent reconheceu
a música imediatamente, e ela já estava acalmando sua alma ferida enquanto
ele seguia o homem à sua frente.

Marcus parou no final do bar antes que um conjunto de portas duplas


que Trent sabia levava à cozinha. Ou como era bem conhecido. A casa da
mamãe.

— O que posso pegar para você beber? — Marcus perguntou, encostado


no bar de frente para ele.

Agora que eles estavam dentro e sob as luzes do bar, Trent podia ver que
os olhos de Marcus eram praticamente ônix, e seus longos cílios negros os
faziam parecer maquiados. Trent se virou e olhou para a seleção de cerveja.

— Vou querer uma Heineken. — Disse ele, alto o suficiente para ser
ouvido por cima da música.

Os olhos escuros de Marcus percorreram o corpo de Trent e


instantaneamente seus pensamentos foram para Wood. Trent estava prestes a
tomar uma bebida com outro homem que estava claramente mostrando que
estava interessado nele? Ele ainda tinha namorado?

— Parece que você pode ter algo um pouco mais forte do que isso. —
Disse Marcus, seu sorriso diabólico permanecendo no lugar. Ele manteve seu
corpo voltado para Trent enquanto voltava sua atenção para o barman bonito
que estava esperando para anotar o pedido. — Liza, dê a Trent uma dose
dupla de Hennessey.

400
Trent ia recusar, mas a bebida estava na frente dele antes que pudesse
abrir a boca. Ele estava ciente de que ainda tinha que dirigir para casa, mas
planejava estar lá mais algumas horas. Uma bebida não faria mal.
Lançando Wood e sua dor de cabeça para o fundo de sua mente, Trent engoliu
a dose, dando boas-vindas à sensação de queimação na boca do estômago.

— Aí está. — Disse Marcus assustadoramente, tendo de alguma forma


se aproximado. — Você já se sente melhor, não é? Que tal mais um?

Trent olhou furioso. Marcus parecia ser alguns anos mais velho do que
ele, talvez, mas Trent não gostava da abordagem de bebida forte.

— Não, obrigado. — Disse ele, batendo o copo em cima do bar.


Felizmente não havia clientes daquele lado, mas o barman mesmo assim
percebeu.

— Tudo certo. Legal. — Marcus o olhou de novo, sorrindo


maliciosamente como se o achasse divertido. Um brinquedo interessante para
brincar. — Eu ouvi muito sobre você, Trent. O filho perdido da mamãe.

Trent sentiu uma pontada de culpa por não ter vindo ver a mulher que
ajudara a criá-lo, quando sua própria mãe não queria nada com ele.

— Ouvi o quê.

— Que ela amou você mais do que amou qualquer um de seus outros
meninos, mas nunca foi o suficiente. E quando você foi preso, você partiu o
coração dela. — Disse Marcus seriamente, como se não precisasse mais flertar
depois de receber o duro golpe de Trent. — Então você simplesmente nunca

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mais voltou, como um mimado e insatisfeito...

— Mas ele está aqui agora. — Mamãe disse, entrando pelo conjunto de
portas como a rainha que ela era. Marcus não terminou seu insulto. Em vez
disso, ele se levantou e colocou algumas notas no frasco de gorjetas. — Eu
administro este lugar agora. Volte a qualquer hora, Trent. Seu nome sempre
esteve na lista VIP.

— Meu filho está em casa. — Disse mamãe, abrindo os braços da mesma


forma que antes, e Trent caiu no abraço, quase chorando em seu ombro bem
ali no clube. Ela parecia não ter envelhecido um dia desde que ele a vira pela
última vez, quase seis anos atrás. Ele a apertou com força, inalando o cheiro
da cozinha sulista de conforto e seu perfume Chantilly persistente.

— Eu sinto muito. — Trent disse agonizantemente. — Eu estava


envergonhado.

Ela se inclinou para trás e segurou sua bochecha. — Se Miles pudesse te


ver agora. — Ela disse suavemente, sua voz suave e leve sotaque do
Mississippi lavando sobre ele como um bálsamo calmante. — Venha atrás,
filho. Você está com fome?

Trent já estava se curando.

402
Capítulo 48
Wood

Wood estava bebendo sua terceira xícara de café quando Mike entrou
pela porta da frente como uma bola de demolição, sem nem mesmo bater
primeiro. Wood levantou lentamente a cabeça, pronto para montar algum
tipo de defesa quando seus olhos perceberam o brilho do metal na mão direita
de Mike. Merda. Wood ficou de pé com cuidado, mantendo a mesa de jantar
entre eles e de costas para a parede.

Mike habilmente girou o canivete sobre as costas da mão, abrindo-o e


apontando em sua direção.

— Eu disse a você o que faria se você machucasse meu filho, não disse.

— Mike. — Alertou Wood. — Pense em onde estive nos últimos


dezessete anos. Você realmente acha que vou deixar você enfiar essa lâmina
dentro de mim?

Mike parou, olhando para Wood como se ele fosse estúpido.

— Claro que não. É por isso que trouxe reforços. — Mais homens
entraram em sua casa pelas portas da frente e de trás. Os mesmos homens da
equipe de concreto de Mike e Manny, aqueles com quem ele trabalhou em
algumas ocasiões. — Desculpe, demorei um pouco, mas os irmãos de Trent
insistiram em vir.

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Wood suspirou cansado. Eram quase duas da madrugada que acabou e
ele não tinha ouvido falar de Trent nenhuma vez. Ninguém tinha. Nem
Summer, nem Edison, nem Bishop. Wood não tinha tempo ou paciência para
essa merda. Ele tinha feito um bom trabalho em se manter no controle desde
que saiu, mas isso foi o mais perto que ele esteve de perder a cabeça desde
que foi jogado na solitária por duas semanas. Ele também não tinha
machucado ninguém por tanto tempo.

— Onde ele está? — Um dos rapazes perguntou, parado ao lado de um


homem que parecia ser parente dele. — Há quanto tempo ele se foi?

Pelo menos alguém estava de olho no quadro geral. Eles sempre


poderiam chutar sua bunda mais tarde; ele não estava indo a lugar nenhum.

— Desde cerca de onze e meia desta manhã. — Mike deu um passo


hostil em sua direção, mas Wood não recuou. — Alguém do meu passado veio
me ver hoje, alguém que eu não esperava, e Trent entendeu o caminho errado
e foi embora.

— Uau. — Mike balançou a cabeça, a faca ainda na mão. — Então ele se


enganou ao te encontrar com as panturrilhas de outro homem em seus
ombros?

Se Wood pudesse estrangular Mike com um olhar, ele o teria feito.

— Ele não me pegou fazendo absolutamente nada. Eu nunca iria traí-lo.


Veja! — Wood latiu. — Não há tempo para isso! Agora, Mike, você o conhece
melhor do que ninguém. Para onde diabos ele iria? Qual é o hotel favorito
dele? Um lugar onde ele vai sentar e pensar? Ou ele tem outros irmãos que eu

404
não conheço?

— Por quê? — Mike disse simplesmente.

— O que? — Wood perguntou.

— Por que eu deveria ir buscá-lo e trazê-lo de volta ao motivo pelo qual


ele saiu em primeiro lugar, porra? — Mike esclareceu.

Wood não queria confessar isso a ninguém além de Trent, mas ele
literalmente não tinha escolha.

— Eu o amo, certo. Mas isso é problema meu, não seu. — Wood disse
entre os dentes cerrados.

— Eu não me importo com o que você ama. — Disse Mike, em seguida,


acenou para Manny e dois outros homens grandes bloqueando a porta dos
fundos. — Segure ele.

— Espere! Espere! — Wood recuou e ergueu a guarda à sua frente. —


Ele também me ama.

Manny parou seus rapazes e fez uma careta como só um tio improvisado
com raiva faria, como se estivesse esperando Wood explicar.

— Basta trazê-lo de volta para mim... Vou assumir a partir daí. Confie
em mim, — Wood implorou, precisando de Trent em casa e não se
importando que bunda ele tivesse que beijar para fazer isso acontecer. — Não
posso nos explicar, Mike. Trent e eu simplesmente vamos juntos.

— Eu não confio na sua bunda grande tanto quanto eu posso te


jogar, Wood. — Mike girou o pulso e no segundo seguinte sua lâmina havia

405
sumido e, com um sinal silencioso, seus homens recuaram. — E você e meu
filho andam tão bem quanto pasta de dente e suco de laranja.

Wood garantiu que Manny e Mike pudessem ver sua sinceridade


genuína e mais profunda quando ele gritou:

— Não dou a mínima para o que você pensa. — Os olhos de Wood


moveram-se em torno de seu lugar na gangue que se reuniu para eliminá-lo
ou, pelo menos, causar-lhe lesões físicas graves. — Eu não me importo com o
que qualquer um de vocês pensa. Eu não dou a mínima para você. Vocês.
Vocês. — Wood apontou ao redor da sala. — Vocês. Eu nem ao menos te
conheço, então duplamente não me importo com o que você pensa.

Mike o observou por alguns segundos, seus olhos intensos focados


apenas nele, lembrando Wood de Bishop e como ele costumava examinar um
homem com tanta força que parecia que sua pele estava sendo filetada. Ele
não tinha certeza do que Mike acabou vendo, mas eventualmente ele se virou
e saiu correndo pelo corredor. Wood o seguiu e observou Mike dar uma volta
completa no quarto de Trent.

— Onde diabos você está, garoto? — Mike murmurou para si mesmo.


Ele foi até a cômoda de Trent e mexeu em algumas peças da cota de malha
antes de jogá-las de lado. Ele foi até a vitrola de Trent e lentamente passou o
dedo ao longo da face do equalizador. — Impecável. Nem um grão de poeira à
vista.

— Porque ele cuida daquela coisa como se fosse seu filho. Ele limpa
todos os dias.

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Mike suspirou, tirando um dos raros álbuns de Miles Davis de uma
caixa preta.

— Eu sei exatamente onde ele está.

— Boa. Vá buscá-lo agora. Suas costas estavam doendo mais cedo, e eu


sei que é hora...

— Você me escute. — Mike sibilou, apontando o dedo no rosto de Wood.


Ele apertou a mandíbula com o gesto, mas por outro lado ficou quieto. — Vou
trazer Trent para casa, e você tem doze horas para consertar sua merda.
Quando eu verificar meu filho amanhã, é melhor que ele pareça mais feliz do
que o Sr. Rogers.

— Feito. — Wood concordou facilmente. — Agora vá. E leve sua maldita


gangue com você.

407
Capítulo 49
Trent

Trent enxugou a boca e deu um longo gole em seu chá doce, mal
cobrindo o arroto antes que escapasse ruidosamente.

— Mamãe, isso realmente acertou o ponto. Eu não como uma comida


deliciosa há anos. Bishop tem um parceiro que me traz muita comida, mas
suas coisas são mais ao estilo gourmet que encontram uma alma gentil.

Mamãe sorriu enquanto mexia em uma grande panela em cima de um


de seus três fogões industriais.

— Parece bom.

— Isto é. Mas tenho certeza que perdi isso. — Trent levou o prato para a
máquina de lavar louça nas traseiras e colocou-o na prateleira. Era como se
nada tivesse mudado. Esta tinha sido sua casa longe de casa em um
ponto. Aonde ele ia todos os dias depois que sua mãe o deixava com seu
namorado músico para ir trabalhar em seu turno tardio. Foi uma época de sua
vida da qual Bishop não tinha participado muito porque nunca entendeu a
fascinação de Trent pelo ritmodo blues. Mas nunca foi só pela música. Foi o
amor e o sentimento de pertencimento que esse tipo de música deu a ele, a
família que o apresentou. Só Trent era muito jovem para entender que o
sangue não tornava ninguém da família. — O clube ainda parece e sente o

408
mesmo, mamãe. Vejo que todas as atualizações ainda estão feitas em sua
cozinha primeiro.

— Você sabe disso. — Disse ela. — As pessoas vêm pela música e pela
comida. Isso significa que preciso de um palco que não desmorone e de um
lugar limpo para cozinhar.

— Bem. Eu gosto das novas banquetas. — Trent acrescentou


calmamente.

— Oh querido. O que está acontecendo? Você acha que eu não sei


quando meu filho está abatido? — Mamãe pediu a uma das ajudantes de
cozinha para cuidar de seus pedidos enquanto ela se sentava com ele em uma
grande ilha usada para preparar comida. — Eu sou louca por você desde que
Miles começou a implorar para eu deixá-lo trazer você aqui à noite. Ele disse
que não aguentava mais deixar você em casa com um pacote de macarrão e
mortadela para o jantar. Até ameaçou levar sua banda para outro lugar se eu
não o fizesse.

Trent sorriu. Ele nunca soube dessa informação.

— Ele trouxe você aqui naquela primeira noite e você olhou em volta
para todos esses negros e pensei que fosse mijar sua calça.— Mamãe riu,
estendendo a mão e colocando uma mecha de cabelo atrás de sua orelha. —
Mas eu apenas envolvi você em meus braços e abracei você. Te segurei assim
por tanto tempo até que você finalmente me abraçou de volta.

— Eu não sabia o que diabos eu deveria fazer. Eu tinha quatorze anos e


nunca tinha sido abraçado. — Confessou Trent.

409
— Eu sei. — Mamãe disse afetuosamente. — É por isso que te dei um
sempre que tive uma chance.

— E comida... Muita comida. — Trent acrescentou, reclinando-se no


banquinho com a sensação de estar muito cheio para ficar de pé.

— E a comida ainda está aqui. Tudo que você precisava fazer era voltar
para casa para pegá-lo.

— Eu gostaria que todos estivessem aqui quando eu voltei para casa. —


Trent murmurou, finalmente chegando ao ponto de como ele acabou aqui.

— Tive a sensação de que toda essa melancolia se tratava disso. Você


ainda está chateada com Miles por ter saído do jeito que ele saiu.— Mamãe
respondeu, nunca uma de rodeios. — E você quer respostas.

— Sim.

— Infelizmente não é um conto fascinante, e não é longo. É o caso


clássico de um homem se apaixonando por uma mulher e seu filho. Ele se
apaixona pela mulher... Mas se apaixona ainda mais pela criança.

Trent já podia sentir a emoção crescendo. Miles tinha sido o pai que ele
realmente queria. O pai que ele merecia por todo o inferno que sua mãe o fez
passar, lidando com namorado perdedor após perdedor. Por que ela não
poderia ter deixado ele ficar com Miles?

— Foi como se a única vez que você não teve problemas com aquele
Bishop cabeça-dura foi quando Miles não estava em turnê. Mas ele lutou para
estar ao seu lado e acompanhar as demandas de sua banda. Quase o matou,

410
Trent, quando ele voltou da última vez e sua mãe deixou que eles o levassem
para a detenção juvenil aos dezesseis anos, sem nem mesmo saber por quê.

— Eu estraguei tudo de novo, lutando, bravo como sempre. — Trent


lembrou. Lembrou-se de como ele se sentiu solitário quando Miles se foi e do
ataque por causa disso.

— Deixe-me dizer uma coisa. — Mamãe disse severamente. — Miles


significava muito para mim ele era como outro filho. Se alguém tinha o
talento para chegar lá, era ele. Mas ele perdeu o rumo quando percebeu que
tinha que deixar você ir. Ele deixou o circuito musical e foi para San Diego
depois que sua mãe teve um derrame e nunca mais voltou. Ele me disse que
deixou seu coração para você. A única herança que ele tinha para lhe dar.

— A música dele. — Trent respondeu a sua pergunta silenciosa,


pensando nas centenas de álbuns colecionáveis que tinha em casa.

Mamãe balançou a cabeça lamentavelmente, como se entendesse.

— Ele lutou por você com unhas e dentes, mas sua mãe se recusou a
deixá-lo adotar você sem...

— Sem o quê? — Trent perguntou depois que ela parou e se virou. Ele
precisava saber. — Ele queria me adotar aos dezesseis anos. Por que ela não o
deixou? Ela não deu a mínima para mim ou minha vida fodida!

— Cuidado com a boca na minha cozinha, Trent. — Mamãe disse


olhando para ele.

— Peço desculpas. — Trent se recostou no banquinho. — Sem o quê?

411
— Sem dinheiro. — Disse mamãe com tristeza. — Não está certo. Eu sei
e lamento ter de ser o único a te dizer, mas você veio aqui querendo respostas,
e acho que você tem idade suficiente para merecê-las. Sua mãe queria dez mil
dólares, Trent. E Miles juntou cada centavo que podia. Até organizamos uma
arrecadação de fundos aqui no clube para ajudá-lo a arrecadar dinheiro para
pagar os honorários de advogado. Todos nós contribuímos. Mas não foi o
suficiente.

— Como... Então ela... — As mãos de Trent começaram a tremer, e de


repente ele se sentiu tonto, como se o chão estivesse se mexendo sob seus
pés. — Minha mãe tentou...

Mamãe estava na cara dele.

— Fácil agora.

Trent sacudiu a cabeça dolorida, sentindo como se seus rolos de molho e


manteiga estivessem prestes a fazer uma reaparição violenta.

— Minha própria mãe tentou me vender? — Trent sentiu suas pernas


fraquejarem no momento em que o grito de pânico de mamãe chegou a seus
ouvidos. Mas antes que sua bunda batesse no chão, braços fortes o agarraram
por trás.

— Estou com você, filho. — Disse Mike, segurando-o com força


enquanto Trent desmoronava. — Você pode não ter conseguido o pai que
queria, mas você me pegou, Trent para sempre.

412
Capítulo 50
Wood

Wood estava em frente à janela da sala desde que Mike ligou, uma hora
atrás, para dizer que havia encontrado Trent e que estavam voltando para
casa. Ele respirou fundo quando viu uma grande caminhonete preta entrar na
rua. Ele ficou surpreso que Mike acabou levando Trent para casa. Ele estava
bêbado? Se ele estava, foi culpa de Wood.

Trent subiu a calçada como se este fosse o último lugar que ele queria
estar. Wood deixou a porta destrancada e, assim que o segundo pé de Trent
cruzou a soleira, ele o puxou contra o peito e bateu a porta atrás de si.

Trent cravou os dedos nos músculos das costas, um som ferido


escapando de sua garganta.

— Eu fiz de novo.

Wood segurou Trent nos braços, sentindo muito ao mesmo tempo que
ele estava em casa seguro.

— Eu nunca liguei meu telefone quando saímos da igreja. — Trent


ergueu os olhos para ele com os olhos avermelhados. — Você ligou dezessete
vezes... E novamente eu não atendi.

— Bebê. — Wood engoliu em seco, abraçando-o. — Tivemos uma briga.


Acontece. E provavelmente acontecerá novamente. Não entramos nesse

413
relacionamento exatamente de maneira convencional, Trent. Vamos ter
alguns solavancos ao longo do caminho, quanto mais nos conhecermos.

Trent assentiu lentamente.

— Não estou bravo porque você não atendeu o telefone. Estou chateado
que você saiu em primeiro lugar. — Wood segurou Trent com força atrás do
pescoço. — Que você pensou que eu estava abandonando você, como se o que
temos não signifique nada para mim.

O espírito de Trent parecia derrotado, quebrado, e Wood se esqueceu


das palavras fortes que ele planejou dizer quando Trent voltasse para casa.
Agora, nenhuma dessas palavras parecia importante, não mais. Ele sabia que
a confissão que fizera a Mike era a verdade, porque tudo o que ele queria fazer
naquele momento era colocar a mente de seu parceiro à vontade.

— Olhe para mim. — Disse Wood, com a garganta seca e dolorida. Ele
só podia imaginar como ele soou. — Adam está no meu passado. Paguei
minha dívida com a sociedade, pedi desculpas a ele, agora não devo nada a
ele. Você é meu futuro.

Trent engasgou como se estivesse lutando para respirar, e Wood tocou


suavemente o lado de sua bochecha aquecida.

— Tem sido tudo sobre você desde o momento que cheguei aqui. E vai
continuar assim. Você é meu, Trent, entenda isso. Para que não haja mais
mal-entendidos terríveis. — Enfatizou Wood. Ele fechou os olhos e pressionou
a testa contra a de Trent.

414
— Eu não deveria ter corrido. — Trent disse severamente. — Eu deveria
ter lutado por você.

— É por isso que odeio mal-entendidos. — Wood beijou as rugas


profundas entre as sobrancelhas de Trent. — Você não tem que lutar contra
ninguém. Você já ganhou.

Trent assentiu.

— Não mais, certo? Porque se eu precisar ligar para Mike novamente,


posso não sobreviver. — Wood respirou contra a têmpora de Trent, satisfeito
por ele finalmente estar em casa e em seus braços. Essas dezesseis horas
foram insuportáveis. — Droga, Trent. Amar você vai me matar.

Os olhos lacrimejantes de Trent encontraram os dele, um sorriso


estreito e esperançoso curvando lentamente seus lábios carnudos.

— E eu vou morrer um homem feliz.

Wood esperou por Trent em sua cama enquanto ele terminava o banho.
Ele tinha tantas coisas passando por sua mente que ele sabia que o sono não
estava à vista. Coisas como seus vários conjuntos de pastas que Adam tinha
trazido para ele e que estavam empilhados em seu quarto, ou o depósito que
estava cheio com o resto de seus pertences. Itens que ele pensou que estavam
perdidos, esquecidos, destruídos ou roubados há muito tempo. Agora ele
poderia parar de enrolar El e conseguir sua arte para que ele pudesse se
inscrever para começar a tatuar novamente e deixar o negócio de custódia.

415
Talvez ele fosse antiquado, mas era importante para ele contribuir
igualmente para a sua parceria com Trent. Para sua casa. Ele estava feliz aqui
por enquanto, mas com sorte um dia eles gostariam de ter algo próprio. O
peito de Wood estava tão cheio que ele mal conseguia ficar parado. Todas
essas eram notícias maravilhosas, e ele só queria compartilhar com... Com o
homem que amava.

Trent entrou na sala com a toalha amarrada na cintura. Ele não parecia
tão abalado como quando chegou em casa, e isso só fez Wood querer fazer
ainda mais para ajudar. A pele perfeita de Trent o chamava enquanto o
observava se mover pelo chão até a cômoda. Seu cabelo estava penteado para
trás e as poucas gotas de água que Trent deixaram em seus ombros de repente
deixaram Wood com sede. Eles fizeram contato visual antes que o olhar de
Trent caísse para o peito de Wood, que estava meio exposto sob as cobertas.

Trent parou diante de seu toca-discos, olhando para ele como se o visse
pela primeira vez.

— Posso tocar algo para você, Hersch? — Trent sussurrou na sala


escura.

— Sim. — Respondeu Wood. Depois de alguns segundos, um


instrumental suave começou a encher a sala. Não havia letras. Apenas cordas
suaves e um saxofone sensual. — Isso parece bom.

— É chamado "de forma silenciosa” por Miles Davis. É um dos meus


favoritos.

O tom de voz de Trent estava distante demais para seu gosto, e Wood

416
puxou as cobertas e estendeu a mão. Trent largou a toalha, entrelaçou os
dedos e entrou com ele. Wood abriu as pernas e posicionou Trent em cima
dele para que pudesse massagear suas costas.

— Você está com dor? Você tomou algum remédio?

— Estou bem. — Sussurrou Trent. — Só estou chateado por ter que me


levantar para trabalhar em algumas horas.

— Mike já disse a Summer para não esperar você amanhã. — Disse


Wood.

— Maldito seja. — Murmurou Trent, começando a beijar Wood ao longo


da garganta. — Ele ainda me vê como uma criança.

— É assim que os pais são. — Respondeu Wood solenemente. A maioria


dos pais, pelo menos.

Trent pausou seu toque como se estivesse pensando, mas depois de


alguns segundos, ele continuou, e não demorou muito para que Wood
participasse de sua paixão. Ele inclinou a cabeça ainda mais, gemendo
quando Trent usou os dentes em sua garganta. Wood empurrou seus quadris
em direção à bunda de Trent enquanto o pênis duro de seu amante
pressionava contra seu abdômen. Ele se perdeu nos doces sons do jazz
serenata para eles enquanto Trent derramava beijos em seu peito. Lambendo
e lambendo suas tatuagens como se as apreciasse. Ele passou a mão pelo
cabelo úmido de Trent, puxando suavemente as longas mechas enquanto o
segurava sobre o mamilo.

417
— Oh meu Deus. — Wood gemeu alto. Trent sugou implacavelmente até
que Wood pensou que ele não poderia aguentar a dor aguda mais um segundo
antes de Trent lambê-la com sua língua quente. O coração de Wood começou
a bater descontroladamente enquanto a parte inferior de Trent descia por
suas coxas.

— Você é meu também, Wood. — Trent olhou para ele de onde pairava
sobre sua ereção. — Eu também te amo.

Wood ergueu-se sobre um cotovelo e segurou a bochecha de Trent. Ele


acariciou sua barba áspera, perdendo silenciosamente a cabeça enquanto
esperava que Trent provasse seu primeiro gosto. Eles haviam explorado muito
um ao outro bem, era principalmente Wood se deleitando com a pureza de
Trent. Querendo ser o primeiro em tudo. Seu primeiro homem, o primeiro
dentro dele, seu primeiro bom boquete, seu primeiro e único amante
verdadeiro.

Trent esticou a língua para fora e provou a cabeça primeiro, e Wood


vibrou com a restrição de ficar quieto. Ele pressionou as pontas dos dedos na
base do crânio de Trent, acariciando sua mandíbula com o polegar. Trent
deslizou a língua para baixo em seu eixo, e Wood enrolou os dedos dos pés
quando o prazer disparou por sua espinha. Ele não era um homem xingando,
mas havia muitas palavras vulgares circulando em sua mente.

Trent cantarolava como se gostasse do que estava fazendo, gostasse


do gosto de Wood. A boca de Trent estava tão quente que ele acabou
gravitando em sua direção, abrindo bem as pernas até que a esquerda

418
estivesse pendurada para fora da cama. Trent se acomodou mais
confortavelmente entre suas coxas, como se estivesse encontrando seu
ritmo. Ele o agarrou pela base e cuidadosamente se abaixou sobre ele, aquela
boca quente engolindo sua cabeça.

Mais fundo, mais fundo, bebê. As costas de Wood bateram na cama,


seus olhos girando enquanto Trent bagunçava seu pau com vigor. Wood havia
muito se esquecido da música tocando ao fundo, preferindo a trilha sonora
que Trent estava fazendo.

— Curtiu isso? — Trent perguntou tão inocentemente que Wood achou


que ele iria gozar nos lábios inchados de Trent. — Isso é bom?

— Deus, sim. Continue fazendo isso. — Wood sentiu como se sua cabeça
fosse explodir quando Trent deu uma lambida superficial em suas bolas. E
como se gostasse do sabor que encontrou, Trent gemeu e chupou seu saco até
que Wood começou a falar bobagem. Seu pau estava tão duro que ele teve que
pegá-lo na palma da mão e acariciar enquanto os lábios macios de Trent
pressionavam mais perto de seu ânus. Deus sim. Como ele ficou tanto tempo
sem este céu? Dezessete anos sem esse calor. Trent estava prestando muita
atenção ao seu corpo, a mesma adoração e atenção que Wood demonstrava
quase todas as noites.

— Você tem um gosto muito melhor do que pensei que teria. — Trent
ronronou ao redor dele. — Você cheira bem também, Hersch.

— Vem cá. — Disse Wood com voz rouca, ainda flexionando os quadris.
— Inversão de marcha.

419
— O que? — Trent o encarou com os olhos vidrados, como se estivesse
bêbado.

Wood se abaixou e agarrou Trent na curva de sua coxa direita e o puxou


até que seus joelhos estivessem escarranchados em sua cabeça e seu corpo
sedoso se curvasse ao redor do seu. Eles acabaram de lado, um de frente para
o outro, suas bocas mordendo e chupando avidamente tudo o que podiam
alcançar. Trent espalmou a bunda de Wood, empurrando-o para dentro,
engasgando quando ele foi muito fundo. Wood ia gozar logo, ele sabia, mas
precisava estar dentro de Trent, olhando-o nos olhos, dizendo que o amava
tanto.

Ele não enfiou o dedo dentro do ânus apertado de Trent até que ele o
cobriu e relaxou bem com sua saliva, querendo que cada segundo de seu amor
fosse um prazer alucinante. Ele afundou profundamente, marcando o lugar de
Trent que o fez resistir em seu aperto, conhecendo bem seu corpo.

— Porra. — Trent gemeu, empurrando sua bunda contra o punho


de Wood. — Mais duro.

— Você e aquela boca. — Rosnou Wood, segurando a nuca de Trent com


a outra mão.

— Você ama a porra da minha boca, não é? — Trent sorriu ao redor de


seu pênis.

Muito certo. Wood não conseguia mentir enquanto passava um quarto


de seu comprimento ao longo da língua quente de Trent, bombeando os dedos
em sua bunda no mesmo ritmo que fazia amor com sua boca. No momento

420
em que ele tinha três dedos dentro, Trent tinha parado de chupá-lo,
felizmente, porque Wood estava a segundos de gozar e enterrou seus gemidos
de êxtase na dobra da coxa de Wood.

— Vamos, Wood. — Implorou Trent, parecendo sem fôlego e sexy.

Wood enfiou a mão na mesinha de cabeceira de Trent e tirou um


preservativo e o lubrificante. Ele rapidamente embainhou seu pau enquanto
Trent ficava em posição montando seus quadris. Santo inferno. Trent iria
montá-lo, outra primeira vez. Ele se manteve firme enquanto Trent se
abaixava lentamente em cima dele. O calor forte o engoliu, e as pálpebras
de Wood se fecharam antes que ele as forçasse a abrir, não querendo perder
seu show. Trent jogou a cabeça para trás e sibilou quando seu rosto encostou
na pélvis de Wood.

— Você se sente mais profundo do que antes. — Trent engasgou,


balançando ligeiramente os quadris para a frente.

Wood o segurou com força pela cintura, mais uma vez sem precisar
orientar Trent sobre como satisfazê-lo, porque ele sempre fazia um ótimo
trabalho sozinho. O disco que Trent tocou para ele fez uma pausa, e tudo o
que ele podia ouvir eram suas respirações difíceis e grunhidos abafados no
silêncio antes de uma música sensual cheia de graves profundos começar a
seguir. Trent girou lentamente seu corpo como um dançarino, seus músculos
abdominais ondulando e brilhando na luz fraca que entrava pelo corredor. Ele
se sentou e chupou a clavícula de Trent, girando sua pélvis para atender às
estocadas. Eles entraram em sincronia, ambos ofegantes e agarrando-se um

421
ao outro enquanto perseguiam seu alívio. Wood já estava perto quando Trent
estava com a boca enrolada em seu pênis, mas quando Trent lançou suas
inibições para o lado e começou a pular em seu pau com fervor, Wood
arqueou as costas e gritou antes que pudesse dar a Trent qualquer tipo de
aviso.

— Merda, sim, Hersch. — Trent gemeu, esfregando a bunda em seu pau


pulsante e torcendo apaixonadamente o orgasmo dele. — Eu quero você
dentro de mim o tempo todo.

Trent sacudiu seu pau duro furiosamente, e Wood cerrou os dentes


enquanto o segurava enquanto seu amante gozava em seu peito. Parecia que
levou horas para desacelerar sua respiração, embora provavelmente tenha
sido mais como cinco minutos.

Sim. Wood iria morrer um homem muito feliz.

422
Capítulo 51
Wood

Eles dormiram por algumas horas, mas o alarme interno de Trent


parecia estar ajustado para cinco e meia. Wood ainda estava em um sono
profundo quando ele acordou com Trent lambendo sua coxa até que ele
chupou suas bolas e o fez sólido para outra rodada. Naquela época, Trent
queria Wood por cima, com as pernas nos ombros, fazendo amor com
estocadas longas e profundas.

Wood amarrou o preservativo e jogou-o na lixeira ao lado da cama.

— Vou voltar a dormir. — Disse Trent, meio grogue, parecendo


felizmente sexuado. Ele tinha um leve sorriso no rosto quando Wood pegou
um pano quente para limpá-lo.

— Bebê. — Wood deu um tapinha na coxa nua de Trent, mas ele não
respondeu, já adormecendo. — Deixe-me desenhar nas suas costas enquanto
você dorme.

— Mmhmm. — Trent concordou facilmente.

Wood sorriu enquanto massageava o traseiro de Trent, pensando no


que ele iria marcá-lo desta vez, quando ouviu um barulho contra a porta da
frente. O inferno. Alguém estava seriamente tentando entrar em sua casa? A
porta da frente se abriu e Wood ficou de pé. Ele enfiou as pernas nos shorts,

423
agarrou o bastão de Trent do armário e saiu correndo do quarto.

Ele chegou ao final do corredor escuro e ergueu o taco por cima do


ombro direito, pronto para atacar, quando o rosto carrancudo de Bishop
dobrou a esquina, assustando Jesus fora dele.

— Não faça isso! — Bishop gritou, jogando o antebraço para cima para
bloquear a cabeça, mas seria tarde demais se Wood não tivesse pensado
rápido.

Wood desceu o taco e caiu contra a parede, segurando o centro do


peito.

— Droga, Bishop. Você está tentando se matar?

— É só eu. — Ele franziu a testa. — Quem você achou que era a esta
hora da manhã?

— Eu não sei. Qualquer um. — Wood sibilou, tentando manter sua raiva
em um rugido maçante. — Minha porta estava trancada. Como você entrou
aqui?

Bishop se enfrentou a ele, os dois cara a cara.

— Eu usei a chave reserva que Trent mantém sob o tapete. — Bishop


ergueu a única chave cor de bronze como se fosse um troféu.

— Bem, estamos movendo-o. — Wood rosnou e arrancou a chave.

— Ei! Essa chave sempre esteve lá. É para emergências, Wood.

Wood ergueu os braços, gesticulando ao redor.

424
— Onde está o maldito fogo, Bishop? Que emergência?

— Vim ver como está meu irmão. — Argumentou Bishop, recusando-se


a recuar. — O que diabos você fez, Wood?

— Você teve que vir ver como ele estava às cinco e meia? Trent está
dormindo.

— Eu disse o que você fez? O que diabos aconteceu ontem à noite?

— Eu briguei com o meu homem, Bishop. Isso é inédito?

— Com meu irmão, sim.

Wood agarrou os lados da cabeça em frustração.

— Pelo amor de Deus, cara. Você e Mike agem como se fossem a maldita
família Corleone ou algo assim. Foi um mal-entendido. Estamos bem agora.

— Deixe-me ver por mim mesmo. — Bishop exigiu, tentando passar por
ele.

— Esqueça. — Wood agarrou o cotovelo de Bishop. — Ele não está


vestido.

— Vocês dois calem a boca. — Trent resmungou, saindo da sala com o


manto pendurado em um ombro.

— Você deveria estar descansando. — Wood disse enquanto Trent


passava por eles para chegar ao banheiro.

— Eu ficaria se eu fosse deficiente auditivo. — Disse Trent antes de


fechar a porta.

425
Wood empurrou Bishop no peito.

— Veja o que você fez.

Bishop o empurrou para trás, fazendo-o bater na parede com um baque


surdo.

— Eu? Você roubou minha chave.

— Não é a sua chave, estúpido. Você não mora aqui!

— Eu falei pra calar a boca! — Trent gritou atrás da porta. — Ninguém


quer ouvir essa merda logo de manhã.

Bishop ficou parado olhando para Trent quando ele saiu apertando seu
velho manto.

— Você está bem, cara?

Trent balançou a cabeça e olhou para Wood.

— Sim, B. Estou bem. Wood está certo. Eu não deveria ter fugido assim
ontem e não ter dado a ele a chance de explicar.

— Explicar o quê? — Bishop olhou para trás e para frente entre eles.

— Adam apareceu. — Wood respondeu finalmente.

A boca de Bishop parecia um O quando o reconhecimento pareceu se


estabelecer. Wood havia passado muitas noites depois do apagamento
das luzes conversando com Bishop sobre seu exnoivo.

— Ótimo. — Trent murmurou. — Então, você o conhece?

— Eu sei sobre ele. — Bishop respondeu, em seguida, passou na cozinha

426
para começar um pote de café. — Acho que você e o ex não se deram bem,
hein, Trent? Bem, lá se vai sua fantasia de um trio, Wood.

Trent deu uma risadinha.

— Você é um idiota, Bishop.

— Só estava dizendo.

Trent pegou uma caixa de cereal da geladeira e Wood a tirou de suas


mãos antes que ele pudesse pegar uma tigela.

— Estou com fome. — Suspirou Trent. — Você tem que me deixar voltar
a comer meu cereal em paz.

— É um monte de açúcar e lixo. Não. Você já está se sentindo lento.


Uma tigela por semana desta bagunça está ótima, talvez. Mas eu já te disse
que você precisa de um café da manhã melhor.

Bishop zombou.

— Mano. Wood é seu namorado ou seu pai?

— Ambos. — Wood mordeu bruscamente antes que Trent pudesse


responder.

Trent fez uma careta, mas Wood percebeu que ele não o corrigiu.

— Bem, o que você quer que eu coma, então? Alguns ovos florentinos,
talvez alguns crepes?

— Deus, você é um pirralho. — Wood resmungou, colocando uma


frigideira no fogão e puxando um pouco de salsicha e os últimos quatro ovos

427
da geladeira. — Vou fazer um sanduíche para você.

— Faça dois. — Bishop ergueu a mão.

— Já que preciso da sua ajuda com algo hoje, irei em frente e farei isso
desta vez.

Trent e Bishop beberam o suco de maçã e conversaram enquanto Wood


preparava o café da manhã para eles. — Você quer nos dizer que Edison não
fez biscoitos caseiros com molho antes de você sair de casa?

— Não. Estou meio que na casa do cachorro, na verdade. O que no


mundo de Edison significa não amar mais... Ou cozinhar, até que eu me
desculpe.

Trent recuou e riu.

— E você está aqui dando merda para Wood. Você tem coragem. O que
você fez?

Bishop esfregou a testa com a mão grande.

— Eu acho que devo ter gritado com ele quando fiquei frustrado com
alguns trabalhos escolares. Ele estava tentando me explicar depois que não
entendi o instrutor, e posso ter xingado um pouco.

— Amaldiçoado um pouco... — Trent incitou.

— Eu disse a ele para me deixar em paz e que estava tudo


sob controle. — Disse Bishop baixinho.

— Uh-oh. — Disse Wood, batendo os ovos mexidos.

428
— Eu vou matar a pessoa que inventou os homófonos filhos da puta. —
Bishop latiu. — É como a piada mais cruel para uma pessoa que não sabe
soletrar. Ou soletra como uma palavra soa.

— Eu entendo. — Disse Trent. — Mas você não pode descontar sua


irritação em Edison, cara. Ele é um cara inteligente. Por que você não o deixa
ajudá-lo se você está lutando com alguns dos ingleses?

— Eu deixo. O tempo todo. Mas quando eu não consigo algo e ele tem
que ficar dizendo a mesma coisa para mim sem parar... Isso... M e faz sentir
idiota. — Bishop balançou a cabeça. — Eu sei que Eddie nunca pensaria isso
sobre mim. É minha própria merda pessoal que preciso superar.

— Verdade. — Wood concordou.

— Eu sei eu sei. — Bishop acenou para ele. — Vou consertar quando ele
sair do trabalho. Mas, por enquanto, vou apenas me esconder aqui com vocês.
Eu deveria fazer uma consulta em um jardim às oito, mas o cara cancelou,
então estou livre por metade do dia. Para que você precisa de ajuda, Wood?

Wood colocou os pratos de comida na frente deles, esperando que o que


ele tinha a dizer não incomodasse Trent novamente.

— A família de Adam conseguiu entrar em nosso apartamento após o


acidente. Eles não apenas pegaram as coisas dele, mas também guardaram as
minhas. A mãe de Adam que Deus tenha sua alma sabia tudo que eu tinha
passado com meus pais. Que eles me abandonaram há muito tempo. Enfim,
encurtando a história. Um dos irmãos de Adam possui um depósito. Todas as
minhas coisas estão lá. Ele disse minha arte, alguns móveis, roupas, joias,

429
quase tudo.

— Uau! — Disse Trent, parecendo chocado e aliviado. — Isso é ótimo.

Wood acenou com a cabeça lentamente, um largo sorriso já se


formando. Trent se levantou e passou os braços ao redor dele.

— Estou feliz por você. Eu não conseguia imaginar como me sentiria se


Sil tivesse se livrado de todos os meus discos. Eu teria ficado arrasado.

Wood beijou os lábios macios de Trent.

— Então, você vem me ajudar.

— Você nem precisa perguntar isso.

— Estou tentando desfrutar do meu maldito sanduíche, e vocês estão me


deixando doente. — Queixou-se Bishop.

— Desvie o olhar. — Disse Trent, antes de inclinar a cabeça e passar a


língua pelos lábios de Wood, querendo entrar. Ele não pôde evitar o gemido
que escapou quando puxou Trent para mais perto e mais perto.

430
Capítulo 52
Trent

— Oh cara. Esse é ele. — Bishop olhou pela janela do passageiro de seu


pequeno caminhão de transporte enquanto Adam estava encostado na porta
laranja brilhante da garagem do depósito quarenta e quatro. — Ele é gostoso
pra caralho.

— Cala essa boca, Bishop. — Trent o empurrou com força.

— Estou apenas dizendo. — Bishop continuou boquiaberto. — E a


bengala o deixa ainda mais quente. Adam deve ter feito alguma cirurgia
plástica ou algo assim, Wood, porque não tem como aquele cara ter mais de
cinquenta anos.

— Oh, ele tem. — Wood riu, mas no segundo em que Trent voltou seu
olhar furioso em sua direção, ele apertou os lábios com força.

Trent olhou para o ex de Wood também, mas não pelos motivos pelos
quais todo mundo estava. Ele não poderia se importar menos com a beleza
distinta do homem e suas roupas bonitas. Adam não tinha o coração
de Wood; ele sim. Era tudo o que Trent precisava continuar dizendo a si
mesmo. Wood desceu primeiro e correu ao redor da frente da caminhonete e
deu a Adam um beijo extremamente rápido na bochecha.

Bishop colocou a mão no ombro de Trent e deu um aperto firme.

431
— Por favor, me diga que você não vai bater em um cara que tem uma
bengala. — Bishop suspirou.

— Olha, cara. Só porque ele tem uma deficiência, não significa que deva
ser tratado de forma diferente. Isso não está certo. Você sabe que eu acredito
em ser um chutador de bundas com igualdade de oportunidades, Bishop. —
Trent continuou a observar os dois ex-namorados trocando o que ele supôs
serem algumas gentilezas. — Então, se ele sair da boca errado de novo e eu
bater em sua bunda, na verdade estou sendo uma pessoa não discriminatória.
Isso é o que é mais importante hoje em dia, certo?

Bishop fez uma careta ao esticar a cabeça para o lado.

— Eu acho que uma pessoa pode ver o seu ponto se ela estreitar os olhos
com muita força.

— Obrigado, mano. Vou ser legal, não se preocupe. — Trent sorriu


amplamente.

— Este vai ser o mais rápido que já embalei uma mudança. —


Resmungou Bishop, saindo do caminhão.

Wood

— Eu removi minhas coisas um tempo atrás, então isso é tudo seu, bebê.
Eu gostaria que meus irmãos pudessem ter todas as suas coisas, mas minha
mãe disse a eles para se concentrarem em sua arte e coisas pessoais. A
mobília do seu quarto era enorme e os principais eletrodomésticos também

432
foram deixados. Jake, Leonard e Cody fizeram o melhor que puderam. Mas eu
verifiquei. Cada pintura, desenho, prêmio... Está tudo lá. — Adam ficou
olhando. — Você sempre foi a favorita da minha mãe. Quando acordei, não
fiquei surpreso por ela ter feito o que fez e se certificar de que suas coisas
estavam seguras.

— Foi mais do que generoso para sua mãe e seus irmãos deixarem
minhas coisas ficarem aqui todo esse tempo. — Wood disse
inacreditavelmente. — Diga a Jake que ficaria feliz em fazer um retrato de
família para ele, porque não tenho dinheiro para pagar essas taxas agora.

— Um retrato feito por você seria um pagamento indevido. Mas tenho


certeza que ele vai aceitar. Jake tem cinco filhos. — Adam riu.

Wood gostou no momento, pois tinha certeza de que nunca ouviria


aquele som novamente.

— Sabe, minha oferta ainda vale para ajudá-lo financeiramente até que
você se recupere. Sem cordas.

— Eu agradeço. Realmente. Mas eu não vou a lugar nenhum. Estou feliz.


— Disse Wood. Adam entrou em seu espaço, estendeu a mão e passou os
dedos pelos cabelos. — Eu sempre gostei desse tempo. — Adam disse
pensativamente, como se estivesse travando em suas próprias memórias. —
Ainda mais sexy com toda a prata.

Wood baixou suavemente a mão de Adam.

— Você está fazendo isso de propósito. Você sabe que Trent está no

433
caminhão.

A porta do caminhão se fechou.

— Correção. Ele estava na caminhonete. — Murmurou Wood, sem se


preocupar em se virar. — Adam, abra essas portas e pare de jogar com sua
vida.

Adam sorriu, apoiando-se com força em sua bengala preta para olhar ao
redor. Os olhos estreitos de seu ex examinaram de cima a baixo o corpo de
Trent coberto com seus jeans puídos e jaqueta de couro preta.

— Não posso culpar você, Woody. Ele é sexy se você escolher o tipo de
atitude totalmente inexperiente e malcriado.

— Sim. — Wood respondeu honestamente.

Adam destrancou o armazenamento e entregou a chave a Wood.

— Basta entregá-lo no escritório sempre que vocês terminarem de


descarregar. Não há fatura, é claro.

— Obrigado, Adam.

— Vou sentir sua falta, Herschel Wood Jr. — Sussurrou Adam.

— Cuide-se, Adam. — Disse Wood assim que Trent apareceu ao seu


lado, com uma expressão surpreendentemente calma.

— Bom dia, Adam. — Trent sorriu.

— Trent. — Adam respondeu secamente. — Nenhum ajuste sibilante


hoje?

434
— Adam. — Wood interrompeu rapidamente.

Trent soltou uma risada gutural.

— Está tudo bem, Hersh. Se eu fosse ele, também me odiaria. Vamos.


Vamos pegar suas coisas para que possamos ir para casa.

— Trent, carregue apenas as coisas mais leves. — Bishop resmungou


enquanto ele e Wood lutavam para trocar o sofá velho e surrado de Mike
pelo secional de couro preto de Wood. Apesar de ter vinte anos, ainda parecia
muito melhor do que o que eles tinham.

— Sem problemas. — Respondeu Trent distraidamente, sem fazer


nenhum trabalho. Em vez disso, ele tinha um dos portfólios de quarenta e
duas polegadas de Wood aberto na mesa da sala de jantar. Ele estava olhando
para uma de suas pinturas premiadas nos últimos vinte minutos.

Wood veio por trás dele, olhando para o desenho por cima do ombro.

— Você gosta disso?

Trent respirou fundo, como se estivesse preso nos pulmões.

— Gosto disso? Hersh, eu nunca vi uma arte assim antes. Você tem
diplomas e prêmios e essas coisas. Alguns deles têm etiquetas de preço
altíssimas.

— Nunca gostei de vendê-los. Acho que é por isso que comecei a tatuar
minha arte. Então, eles seriam permanentes.

435
— Permanente. — Trent ecoou baixinho.

— Sim. — Disse Wood, beijando-o atrás da orelha.

— Vamos, vocês dois! Não estou fazendo isso sozinho. Pare de ser idiota
e me ajude, em vez de ficar aí parado, abraçando um ao outro.

Trent agarrou os braços de Wood antes que pudesse soltá-lo e inclinou a


cabeça para trás até que seus lábios descansassem no queixo de Wood.

— Quero testar a durabilidade de nosso novo sofá depois que Bishop


sair.

Wood rosnou miseravelmente, já que a noite ainda estava a horas de


distância.

436
Capítulo 53
Trent

Trent entrou em sua garagem e ficou surpreso ao ver novos botões


florescendo em seus arbustos de azaléa no jardim da frente. A primavera
estava chegando. Ele se sentou na caminhonete pensando na reunião que
acabara de ter com Summer e seu chefe. Durante meses, ela falou com ele
para a empresa sobre contratá-lo em tempo integral. Isso significaria uma
promoção, um aumento considerável e um belo pacote de benefícios. Mas
Deus, ele sentiria falta de trabalhar nos verões com Bishop, Mike e o resto de
sua equipe.

Mas a vida nem sempre era para se divertir. Ele precisava crescer e
mostrar ao namorado que era igual, não apenas um cara jovem com quem
estava saindo. Ele queria ser tudo de que precisava. Wood estava
trabalhando pra caramba nas últimas três semanas em uma loja de tatuagem
chamada El's desde que ele recuperou seus portfólios. Ele disse que estava
feliz por estar naquele ambiente novamente, mas quando ele arrastou sua
bunda para casa depois das dez horas, tudo o que ele queria fazer era jantar,
tomar banho e depois trabalhar em seus novos designs até adormecer. Trent
estava tentando ser paciente, mas sentia falta do amor regular que vinha
recebendo no mês anterior.

Trent desceu da caminhonete e entrou em casa, jogando seus pertences

437
no armário antes de iniciar sua rotina noturna, sem Wood. Depois de
terminar de tomar banho, Trent comeu seu prato de frango na frente da
televisão e, em seguida, acessou a Internet para ver se Summer estava
disposta a jogar. Enquanto esperava que seu sistema fosse atualizado, ele
enviou uma mensagem para Wood.

Trent: Acha que posso te convencer a voltar para casa mais cedo esta
noite?

A resposta de Wood foi rápida e a esperança de Trent atingiu seu pico


quando ele se apressou para tocar na notificação.

Wood: Não está noite. Estou ajudando El com um cliente com o qual
ele está tendo problemas

Trent: Sim, ok

Wood: Não fique chateado, pirralho... Eu disse que o horário tardio é


temporário

Trent jogou o telefone e pressionou a palma da mão contra seu pau


negligenciado, frustrado por estar permitindo que as menores coisas o
deixassem louco de luxúria. Por que Wood estava fazendo isso com ele? Só
porque ele estava cansado quando voltou do trabalho não significava que eles
não poderiam sair, ter uma maldita rapidinha. Ele estava recebendo
quando Wood chegasse em casa, gostasse ou não. A menos que ele tivesse um
cinto de castidade para travar em torno de sua bunda, Trent estava montando
aquele pau esta noite.

438
Trent mexeu e arrancou a cabeça de Summer por qualquer bagunça que
ela fez, e eles estavam apenas uma hora no jogo quando ela se cansou.

— Cara. Que diabos está errado com você? Você nunca leva as missões
tão a sério. Até no trabalho você tem sido uma idiota vadia. Como vai cara? —
Summer estava falando, mas ele continuou atirando em inimigos hostis.
Parecia mais fácil dizer a ela o que o irritava se eles não estivessem cara a cara
e ele estivesse falando ao redor de tiros de artilharia pesada.

— Wood tem trabalhado muito na loja de tatuagem de que falei à beira-


mar. — Ele começou vagamente.

— Oh... — Summer cantarolou. — Isso é uma coisa boa. Você não disse
que ele era um tatuador antes de ir para a prisão e que ele ficou chateado
antes por ser um zelador?

— Sim, ele estava infeliz naquela agência de empregos temporários. Não


é justo o que eles pagam aos ex-presidiário, sabe. Você sabia que Wood tem
mestrado em arte e deu aulas em centros comunitários de Norfolk que não
podiam pagar programas de arte.

— Sim. Você já me disse muitas vezes. — O tom seco de Summer


zumbiu em seu fone de ouvido. — As pinturas deWood são tão bonitas, tão
reais e realistas que Wood ganhou prêmios por sua arte, blá blá blá. Seu
namorado é uma estrela do rock. Entendi.

Trent deu uma risadinha.

— Não fique com ciúmes.

439
— Confie em mim. Eu não estou.

— Talvez você seja só um pouco. Meu amante tem algo muito grande
que o seu não.

Summer zombou.

— Que pena que você não está entendendo nada.

A respiração de Trent ficou presa na garganta, fazendo-o sufocar.

— O que? — Ele gaguejou.

— Você é meu melhor amigo e você acha que eu não sei quando você
está sexualmentefrustrado?

— Isso é ótimo. — Trent murmurou, filmando inutilmente alguns


personagens na tela que estavam parados sem fazer nada.

— Então, o que você fez para ser jogado na casa do cachorro?—


Summer perguntou.

— Nada! — Trent latiu. — É por isso que estou tão chateado. Estou
sendo negado sem motivo.

— Tem que haver alguma coisa. — Disse Summer curiosamente.

— Ele só está dizendo que está cansado.

Summer riu.

— Essa é uma razão muito boa. Se ele está trabalhando muitas horas,
você não deveria tentar ser mais compreensivo?

Trent rosnou.

440
— Cale-se.

— Bem. Vou te ajudar uma vez, já que sou uma pessoa tão legal. Mas eu
conheço uma maneira infalível de conseguir alguns se você realmente não fez
nada de errado.

Trent ficou quieto por um minuto antes de soltar:

— Bem, diga logo!

Summer deu uma risadinha.

— Você tem Speedos?

Trent revirou os olhos.

— Você está me zoando? Um Speedo.

— Sim! Ou algo igualmente quente. — Summer suspirou. — Você não


precisa ter vergonha, cara. Quero dizer, seremos apenas você e ele lá,
ninguém vai saber... Além de mim.

— Cale a boca. — Murmurou Trent. — Então, devo apenas colocar um


par de cuecas que cavam na minha bunda e me pavonear?

— Como um pavão filho da puta. — Disse Summer, em seguida, gritou


com ele para voltar ao jogo. — Ei, atire nesses caras!

A mente de Trent estava girando enquanto ele jogava algumas granadas


nos inimigos na tela para apaziguar seu parceiro. Ele poderia realmente fazer
isso? Seja sexy. Ele supôs que poderia, mas a verdadeira questão era se isso
funcionária? Merda. Ele não tinha nenhuma roupa desprezível para vestir. —

441
E se eu não tiver nada para me exibir?

— Fácil. Compre algo, peça algo. — Ela respondeu. — Com o Prime,


estará lá em dois dias.

— Dois dias! — Trent berrou.

— Droga, cara, quanto tempo faz? — Summer perguntou, rindo tanto


que ficou chateado e desligou o jogo com ela.

— Tome. Ria disso. — Ele murmurou, cruzando as mãos sobre o peito.

Ele olhou para o relógio e viu que eram quase oito horas. Se ele puxasse
o traseiro, poderia chegar ao centro em quinze minutos. Trent arrancou as
chaves e o casaco do gancho, sem se importar que estava apenas de calça de
moletom e um moletom desbotado. Com sorte, ele não encontraria ninguém.

442
Capítulo 54
Wood

Droga, Wood estava exausto. Já fazia muito tempo que ele trabalhava
tão duro e era capaz de colher as recompensas por si mesmo. El tinha feito
exatamente o que disse que faria. Ele já tinha um estande arranjado para
Wood e equipamentos que ele poderia alugar quando chegasse. Ele e Brad
estavam tão animados no primeiro dia de Wood lá que ele ficou um pouco
sobrecarregado no meio da tarde. Enquanto ele ainda estava confiante em sua
capacidade de criar belas imagens, Wood ainda teve que se adaptar a uma
nova era da tatuagem em dois mil e vinte. Acompanhando as novas
tendências e modismos no mundo da arte, então, é claro, os tutoriais temidos
que ele teve sobre a importância das redes sociais.

El queria que algumas de suas obras fossem carregadas no site


imediatamente para promover a nova equipe de artistas que contratou,
incluindo Wood, para o início da grande temporada turística. El tinha
chamado Wood de seu melhor investimento já sabendo o nome de Wood, sua
experiência e seus projetos trariam uma nova clientela. E os negócios já
haviam aumentado.

— Pode apostar. Vou falar com ele sobre como fazer isso pessoalmente.
Falo com você em breve. — El disse e desligou o telefone da loja.

443
Wood estava com a mão na porta, pronto para ir para casa passar a
noite. Ele tentou encerrar antes, ele sentia falta de Trent. Mas ele explicou a
seu parceiro sobre as longas horas de dedicação que levaria para reconstruir
seu negócio como antes.

— Outro perguntando pelo próprio homem. — El veio ao redor do


balcão.

Wood abotoou o casaco de camurça sobre o suéter grosso, feliz por ter a
maior parte de suas roupas e pertences pessoais de volta. A família de Adam
fez um trabalho incrível protegendo suas coisas. Jake disse que depois de
atualizar o armazenamento para unidades climatizadas, foi bastante fácil.
Agora, depois de algumas contas caras de lavanderia e lavagem a seco, ele
tinha um guarda-roupa bastante decente. Embora um pouco mais confortável
em seu corpo em alguns lugares, Trent parecia gostar. Trent.

Wood empurrou a porta da frente para esperar por seu transporte no


meio-fio, sabendo que El o seguiria.

— Vou começar logo, ok. Estou observando há apenas três semanas.


Não tatuo um corpo há muito tempo preciso que você pare de me
pressionar. Você está feliz com os designs que dei para você usar em seus
próprios clientes?

— Isso aí! E todos nós temos pagado bem por sua ajuda. Mas não foi
para isso que o contratei. Você é bom demais para agir como consultor.
Também preciso de você trabalhando, Wood. Tatuagem. É o seu nome e
designs que estive colocando em todo o Facebook, Twitter, Instagram e...

444
Ainda pressionando! Wood apertou seus molares enquanto olhava para
seu aplicativo em seu novo iPhone, sua viagem para casa parecendo presa no
trânsito em algum lugar entre a Avenida Atlântica e a Quarenta e sete. — El,
eu disse que entendo. Eu vou te chamar, me dê algum tempo, tudo bem.

— Você sabe que peguei aquele empréstimo para as atualizações e


anúncios, sem mencionar o custo do equipamento novo para sua estação.

Wood olhou para El até que ele se encolheu, pelo menos tendo a
decência de parecer culpado.

— Desculpe. — Ele disse suavemente, seu olhar em seus tênis pretos.

Wood apertou o ombro de El.

— Eu disse para parar de se preocupar com isso. Eu sei o que estou


fazendo, você só tem que confiar em mim. Você fez muito barulho sobre eu
estar aqui um pouco prematuramente, mas, mesmo assim, eu vou
entregar. Eu só... — Wood olhou para o céu claro à noite e inalou
profundamente o ar salgado do oceano que o rodeava. Ele finalmente estava
de volta em casa. — Estou apenas esperando para sentir isso.

— Sentir o quê? — El franziu a testa para ele.

— Isso.

— O que é isso e como maldito tempo vai demorar? — El suspirou.

Wood se afastou do jovem proprietário quando ouviu a buzina de um


carro. Ele encolheu os ombros ligeiramente.

— Eu saberei quando sentir isso.

445
Wood chegou em casa um pouco depois das dez, esperando que Trent
ainda estivesse acordado. Mesmo sendo sexta-feira, Wood ainda tinha que
estar na loja amanhã cedo. Ele estava trabalhando em algo novo, adaptando
algumas das técnicas mais modernas que aprendeu com os jovens e
incorporando-as em seus designs mais antigos. Linhas duras e sombras
profundas se misturam à beleza clássica de suas paisagens e flores. Ele não
sabia o que estava faltando na imagem, mas sabia que era alguma coisa. E ele
esperava que descobrisse logo.

O trailer estava silencioso quando ele chegou em casa. A área de jantar e


a luz da cozinha estavam acesas, mas a sala de estar estava escura com apenas
o brilho da televisão sem som iluminando as paredes. Wood colocou a sacola
do portfólio na mesa e foi até a pia da cozinha para lavar as mãos. No fogão
estava um prato de frango grelhado e arroz selvagem coberto com filme
plástico esperando por ele. Ele exalou lentamente, sentindo-se mal por Trent
ter sido forçado a comer sozinho durante semanas, garantindo a cada vez que
havia algo de lado para ele.

— Trent. — Wood gritou enquanto removia a tampa de sua comida e


colocava o prato no micro-ondas. — Estou em casa.

Wood caminhou pelo corredor tentando ouvir algum som de


movimento. Ele não poderia estar dormindo já. Talvez ele tenha tido um dia
difícil no trabalho e machucado as costas. Wood bateu na porta de Trent e
tentou entrar apenas para descobrir que estava trancada.

— Ei. — Ele bateu com mais força.

446
— Vou sair em um segundo. — Disse Trent, parecendo sem fôlego.

A curiosidade de Wood foi aguçada.

— Por que a porta está trancada?

— Vá comer seu jantar. Eu disse que vou sair.

Ok então. Wood terminou o banho e estava sentado à mesa, comendo


preguiçosamente o jantar e refletindo sobre os novos toques que havia
adicionado ao seu projeto quando ouviu a porta do quarto de Trent abrir.

— Estava na hora. O que você estava fazendo lá que foi tão... —


Wood olhou para cima e largou o garfo, o metal retinindo ruidosamente
contra a lateral do prato antes de cair no chão.

Ele percebeu o sorriso de satisfação no rosto de Trent quando ele passou


por ele em um longo robe de seda preta e caminhou até a sala de estar.
Wood ficou sem expressão, perguntando-se se acabara de ver o que pensava
ter visto. Tinha que ser porque de repente seu pênis estava pressionando com
força contra seu zíper, e sua boca começou a salivar por alguma carne que não
estava em um prato na frente dele. Ele se levantou e jogou fora as últimas
mordidas de seu frango não comido, lavou rapidamente as mãos e dobrou a
esquina até a sala de estar.

— Como foi o trabalho? — Trent perguntou friamente, deitado no sofá


com um joelho apoiado nas almofadas das costas e o outro apoiado no chão. A
maneira como suas pernas estavam abertas não deixou absolutamente nada
para a imaginação de Wood. O shortinho preto acetinado de Trent não tinha

447
material suficiente para esconder o que ele estava embalando.

Wood caminhou lentamente ao redor da mesa e sentou-se na outra


ponta do sofá, decidindo jogar junto.

— O trabalho foi bom. O negócio está crescendo muito.

— Isso é maravilhoso. — Disse Trent, observando-o com um brilho


divertido nos olhos, como quando um gato prende um rato sob ele. — Você já
tatuou alguém?

— Não. — Disse Wood, o calor de seu corpo aumentando quanto mais


ele olhava para seu amante quente que obviamente tinha ido além para
chamar sua atenção. Trent realmente achava que queria discutir o trabalho
agora?

Trent se inclinou e pegou um dos marcadores de ponta de feltro de


Wood que estavam espalhados pela mesinha e abriu a tampa. Com as pernas
deliciosamente abertas, Trent começou a ilustrar mais como se tentasse
desenhar o início de uma rosa de haste longa na parte interna de sua coxa.
Wood estava absorto na linha verde irregular que ele desenhava em sua pele
pálida. A cor era tão... Era... Cristo Todo-Poderoso.

— Novo robe? — Wood perguntou, passando as mãos ao longo do


material liso e avançando mais para abrir para ver o peito sólido de Trent.

Trent sorriu maliciosamente.

— Este? — Ele arrancou o material das mãos de Wood e cobriu sua pele
nua.

448
Provocação maldita.

— Eu pedi isso há muito tempo e acabou de chegar hoje, então pensei


em experimentar e ver se encaixa. — Trent encolheu os ombros enquanto
desenhava a esmo algumas folhas no caule de sua flor. Os dedos de Wood
formigaram ao pegar uma máquina de tatuagem.

Trent ainda estava jogando com calma, e Wood se viu extremamente


excitado e muito entretido.

— Então, você disse que pediu isso há um tempo?

Trent assentiu.

— Mmhmm. Antes mesmo de você vir morar aqui.

— Um robe de seda preta e um short transparente? — Wood lambeu os


lábios, deslizando a mão pela lateral da coxa de Trent, sua voz revelando que
ele não estava acreditando na mentira por um segundo.

— Sabe, acho que é hora de ter um permanente desses. — Disse Trent


distraidamente, ainda colorindo e ignorando a investigação de Wood. A
maneira como os dedos de Trent agarrou frouxamente o marcador, e as flores
ousadas que ele escolheu para rabiscar em sua pele macia acenderam uma
chama no coração de Wood que estava esperando pela centelha perfeita.

Wood respirou fundo e agarrou a mão de Trent, interrompendo seu


projeto. Ele pegou seu marcador preto e começou a preencher o que sua
mente estava criando especificamente para o homem que amava.

— Você realmente quis dizer isso?

449
— Você me ouviu. — Trent finalmente abandonou a charada e
encontrou seu olhar. Wood reconheceu a sinceridade nos olhos escuros de
Trent quando ele se sentou e gentilmente segurou a barba, fazendo-o se
inclinar para o caloroso conforto. — Você tem desenhado em mim todo esse
tempo, e estou cansado de ver isso escorrer pelo ralo quando eu tomo
banho. Eu quero que seja permanente, Hersch. Eu quero sua arte em mim
para que todos vejam, o tempo todo. Eu nem tenho a porra da ideia do que eu
quero. Eu não me importo.

Wood segurou Trent atrás do pescoço e se inclinou alguns centímetros


para a frente, tocando suas testas juntas.

— Qualquer coisa que você quiser colocar em mim, eu aceito. — Trent


sussurrou. — Orgulhosamente.

Wood ficou olhando pelo que pareceu uma eternidade antes de se


obrigar a perguntar, sua voz áspera e emocional:

— Você confia em mim desse jeito?

— Sim. — Disse Trent severamente. — Sem dúvida.

Wood fez uma pausa. Ele amava o homem em seus braços, mas seu
orgulho ainda o impedia de expressar seus medos mais verdadeiros. E se ele
tivesse perdido seu talento natural?

— Não fiz tatuagem em ninguém porque...

— Então deixe-me ser o seu primeiro. — Trent beijou sua boca frouxa,
sem insistir que Wood terminasse a frase. — Assim como você foi o

450
meu. Deixe-me ser seu.

451
Capítulo 55
Trent

Sim, Deus, finalmente! Trent abriu bem as pernas para acomodar o


tamanho grande de Wood enquanto era empurrado para trás no sofá até ficar
deitado de costas. Ele não sabia quais palavras específicas afetaram mais seu
namorado, mas o que quer que ele tenha dito praticamente mexeu com os
olhos de Wood porque ele não parecia mais perdido em sua cabeça, assustado
e inseguro como quando Trent apareceu pela primeira vez. de seu quarto. Ele
sabia que algo estava acontecendo com Wood, e parecia que o estresse vinha
de sua nova posição. Aquele cara, El, estava colocando muita pressão sobre
ele para ser o magnata das tatuagens brilhante que já foi, com apenas um
estalar de dedos. Wood precisava de inspiração.

Trent esticou a cabeça para o lado e recebeu o ataque feroz que Wood
lançou em sua garganta. Ele enfiou seu pau duro, que estava cutucando a
perna esquerda do short, na coxa de Wood. Ele começou a tirar a manga de
seu manto quando Wood agarrou seu pulso.

— Deixe-o. — ele sibilou contra seu ouvido. — Afinal, você esperou por
isso por tanto tempo.

Trent se virou e sorriu contra o queixo de Wood.

— Idiota. Você sabe que acabei de comprar isso.

452
— Mmhmm. Eu sei.

— Sempre terei que gastar cem dólares no Love Shack para chamar sua
atenção, Hersch? — Trent gemeu, corajosamente enganchando a perna
no quadril de Wood. — Para conseguir no que você me viciou.

Wood o beijou avidamente, sua língua mergulhando profundamente na


boca de Trent como se ele estivesse tão faminto quanto ele.

— Sinto muito por estar tão envolvido na loja que negligenciei a coisa
mais importante da minha vida.

Trent podia sentir suas bochechas esquentando como sempre acontecia


quando Wood ficava piegas com ele. O homem não se importou em deixar seu
amor transparecer, o que tornou mais fácil para Trent aceitar as emoções
estrangeiras pela primeira vez.

— Posso ver agora que você tem muitas pessoas importantes em sua
vida, Trent... Amigos que se tornaram sua família. Irmãos com laços que são
mais grossos que sangue. — Wood disse, seu toque gentil em um contraste
giratório com seu tom áspero. — Só espero estar em algum lugar perto do
topo.

— Claro que está. — Respondeu Trent sem fôlego.

— Porque você é a pessoa mais importante da minha vida. E lamento


que você tenha pensado que tinha que fazer tudo isso para obter meu
carinho. Não me entenda mal. — Wood olhou para o corpo de Trent, seus
olhos castanhos leitosos nublados enquanto ele passava a palma da mão sobre

453
o material delicado que cobria escassamente a saliência de Trent. — Agradeço
o esforço. Você está tão gostoso que estou tentando não me envergonhar.

Trent sorriu, sentindo-se leve e necessário. Sentindo amado.

— Mas na minha vida. Não há ninguém mais importante do que você. —


Wood o agarrou pelo queixo e inclinou a cabeça de Trent para trás. Ele viu
uma gama de emoções passar pelo rosto de Wood antes de falar novamente.
— No meu mundo vai de Deus... A Trent, a tudo o mais.

— Puta que pariu. — Trent sussurrou, puxando Wood para cima dele,
gemendo com a intensa sensação de calor que imediatamente se infiltrou em
sua alma quando o peito de Wood entrou em contato com o dele. Ele enterrou
o rosto na garganta de Wood e inalou seu almíscar sutil e pulverulento,
sabendo que queria viver nele para sempre. — Eu também te amo.
Sim, Wood.

— Eu sei,Bebê. — Wood começou a beijar o peito de Trent até os


mamilos, passando a língua sobre os botões sensíveis. Ele se arqueou e
segurou a nuca de Wood ali até que estivesse satisfeito. — Você gosta disso,
não é?

— Sim. — Trent respondeu a isso e a todas as outras perguntas feitas e


não formuladas. — Você sabe exatamente do que eu gosto.

— Sim. — Wood murmurou. Ele ficou de joelhos e agarrou seu pau


grosso em sua mão, olhando para Trent como se o desafiasse a ver o que ele
faria. Ele não fez Wood esperar muito.

454
Trent se sentou, apoiando uma mão atrás dele na almofada do sofá e
abriu a boca um pouco além da cabeça de Wood. Ele lambeu os lábios
enquanto os olhos de Wood escureciam, a ponta de seu pênis roçando seu
lábio inferior. Ele sabia o quanto seu amante gostava de sua boca, a maneira
como ele o lambia, chupava, falava sujo com ele.

— O que você está esperando? — Trent provocou. — Você sabe que quer
foder minha boca, então faça.

Wood franziu os lábios de maneira sensual, e Trent percebeu que sua


conversa desagradável já estava funcionando.

— Eu tenho vontade de chupar seu pau a semana toda. Quero sentir isso
me engasgando de novo quando tento levar tudo.

— Inferno. — Praguejou Wood, empurrando a ponta da cabeça entre os


lábios de Trent, as coxas tremendo enquanto ele parecia lutar para se manter
no controle. — Sua maldita boca, Trent.

Tudo o que ele podia fazer era cantarolar a delícia. Depois da primeira
vez em que caiu em cima de Wood, ele logo percebeu que não apenas gostava
do ato, mas estava ficando cada vez melhor nisso a cada vez. Ele envolveu os
dedos ao redor da cintura de Wood e o acariciou enquanto ele chupava
intrometidamente, compensando seu período de seca. Era tão bom em sua
boca, pesado e saboroso em sua língua. Um sabor único apenas para Wood.

— Você vai me fazer gozar muito rápido. — Wood tirou Trent de seu
pau com um gole alto.

455
Trent foi rapidamente colocado de joelhos e se virou até que seu
estômago estava rente ao encosto da almofada do sofá. Wood pressionou a
palma da mão no centro das omoplatas até que Trent estava inclinado para a
frente, na posição perfeita para Wood...

— Ah! Porra. — Trent suspirou em agonia prazerosa enquanto abria


mais as pernas e esperava que a língua quente e quente de Wood desse outro
golpe em seu ânus.

Wood ainda se recusava a deixar Trent tirar o short fino. Em vez disso,
ele moveu o material para o lado como se estivesse usando uma tanga e
espetou a língua dentro do canal. Trent fechou os olhos com força e abraçou o
encosto do sofá, inclinando-se com tanta força que pensou que ficaria para
trás.

— Já estou pronto. — Ele exigiu puxando o pequeno tubo de


lubrificante e um preservativo do bolso de seu robe. — Vamos.

— Você sentiu tanto a minha falta? — Wood perguntou, mas Trent não
precisou responder. Sua resposta ficou evidente em seu comportamento. Ele
tentou colocar cada parte de si mesmo em contato com a boca de Wood, e
Trent não teve vergonha de expressar seu prazer em voz alta. Wood usou suas
mãos fortes e massageou seus ombros e parte inferior das costas, beijando-o e
amando-o antes de pegar a camisinha. — Agora eu sei o que você estava
fazendo em seu quarto com a porta trancada.

— Eu não queria perder tempo, caso você estivesse cansado. — Trent


descansou a cabeça no ombro de Wood, arqueando as costas e embalando o

456
pau de Wood confortavelmente na dobra de sua bunda. O som do látex enviou
uma onda de antecipação por sua espinha que o fez tremer.

— Eu nunca estarei muito cansado ou muito ocupado para você


novamente. — Wood disse contra sua bochecha, inclinando-se pesadamente
sobre ele enquanto ele se alinhava e fazia promessas que ele precisava
ouvir. — Nada nem ninguém é mais importante do que você.

Trent sentiu o amor que sentia por Wood claro em seu âmago e, antes
que seus sentimentos pudessem dominá-lo, Wood começou a empurrar
dentro dele. Trent tinha fodido sua bunda com os dedos muito e bem antes
de Wood chegar em casa, mas nada que ele fizesse se compararia ao pênis do
homem tocando aquele lugar sagrado dentro dele. Trent abriu as pernas, seu
pau duro golpeando o material frio da almofada de couro enquanto Wood se
enterrava profundamente. O êxtase foi tão poderoso e instantâneo que os
sentimentos sinceros de Trent foram arrancados de sua boca e rapidamente
substituídos por uma ladainha de imundície que ele não conseguia parar.

— Wood, foda-se. — Trent ajustou sua postura até que Wood estivesse
acomodado dentro dele em um ângulo perfeito. — É isso aí. Ali. Bem aí.

Wood estava ofegando em seu ouvido, seu peito peludo raspando


deliciosamente contra sua pele enquanto ele segurava Trent firmemente
contra ele com um antebraço em seu peito. A outra mão moveu-se de seu
quadril e massageou rudemente Trent em torno do material sexy que cobria
sua bunda, que a princípio o fez se sentir um tanto bobo, mas agora o fazia se
sentir como se fosse uma daquelas modelos vadias do Invictus. E, acima de

457
tudo, seu namorado estava adorando. Wood manteve o longo manto de Trent
empurrado para o lado, as mãos percorrendo o tecido acetinado como se
nunca tivesse sentido nada parecido.

Trent tentou ficar relaxado e superar o êxtase, mas cada experiência


com Wood o ensinou que isso não era possível. Antes que ele percebesse, ele
estava descaradamente empurrando sua bunda na pélvis de Wood, dando e
querendo mais forte a cada estocada.

— Oh meu Deus. — Wood engasgou, pegando o ritmo, seus quadris


bombeando superficialmente nos dele, enviando correntes elétricas por sua
bunda que estimularam suas bolas. — Você se sente muito quente perto de
mim, sexy.

— Estou perto. — Foi tudo o que Trent conseguiu murmurar antes que
uma onda violenta de sensações percorresse sua espinha. Seu orgasmo estava
chegando como um furacão determinado, e Trent ansiava pela destruição que
estava prestes a causar em seu corpo. Ele estava pronto para isso. — Oh
merda. Estou gozando Hersch, foda-me.

Wood grunhiu fortemente e envolveu Trent com segurança em seus


braços, segurando-o com firmeza com o rosto enterrado nos cabelos. Ele não
conseguia distinguir as palavras reais da divagação sem fôlego que Wood
estava fazendo contra sua pele úmida, mas no momento em que ele bateu
seus quadris no canal tenro de Trent e esvaziou sua porra quente no
preservativo, sua linguagem corporal tornou-se universal. Trent soltou um
gemido longo e torturado antes que seu orgasmo explodisse fora dele como

458
uma tempestade de categoria quatro.

Trent estava preguiçosamente esfregando seu pênis gotejante ao longo


de seu robe de seda enquanto Wood os colocava de volta no sofá. Os olhos de
Trent estavam fechados, seu corpo tão completamente exausto e satisfeito que
ele não tinha certeza se moveria novamente.

— Droga... apenas... Droga — ele suspirou, passando as mãos


languidamente pelos cabelos prateados e pretos de Wood enquanto ele
descansava em sua coxa.

Um longo momento de silêncio se passou, e Trent estava quase caindo


no sono ou talvez tivesse quando sentiu uma sensação de cócegas entre as
pernas. Ele levantou a cabeça com algum esforço e olhou para baixo em seu
corpo para ver Wood hipnotizado por tudo o que ele estava desenhando na
parte interna de sua coxa. Trent só tinha feito isso para manter seu amante,
mas a expressão que viu no rosto de Wood no momento estava longe de ser
sexual. Foi uma maravilha.

— O que você está fazendo, Hersch? Venha, vamos para a cama. Eu sei
que você tem que ir para a loja de manhã cedo.— Trent disse, sentando-se,
sua boca aberta enquanto olhava sem palavras para a bela paisagem em sua
perna. Árvores escuras e sombrias envolviam toda a sua coxa. Um deserto.

— Venha para a loja comigo pela manhã. — Wood disse suavemente,


olhando para ele. — Eu acredito que estou pronto.

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Capítulo 56
Wood

Wood estava prestes a enviar uma mensagem de texto a Trent para


lembrá-lo de ir lá para que pudesse verificar sua tatuagem de duas semanas
antes que ele, Mike e Bishop saíssem, quando El gritou que Trent acabara
de estacionar na frente. Ele sorriu apesar de si mesmo, e a mulher atualmente
em sua cadeira não perdeu isso.

— Quem é Trent? — Ela sorriu. — E eu aqui pensando que você era


solteiro... E heterossexual.

— Você está errada em ambos os casos. — Disse El, virando o corredor


com Trent atrás, parecendo tão sexy como sempre em seu jeans áspero de
trabalho, camisa preta longa e esfarrapada e botas de construção com
biqueira de aço.

— Talvez. Mas eu não estava errado em sentar em sua cadeira, Wood.


Esses pássaros são lindos e as margaridas, ai meu Deus. Espere até eu dizer a
minha irmã que você pode fazer acobertamentos também. — Ela sorriu,
torcendo o antebraço para que pudesse ver melhor sua tatuagem nova.

Wood recostou-se no banco e começou o procedimento de limpar e


enfaixar seu último cliente do dia, enquanto Trent ficava a uma curta
distância e o observava. Ele nunca se cansaria do olhar orgulhoso nos olhos

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de seu parceiro quando entrasse no movimentado estabelecimento e
se sentisse em casa na seção de Wood, à direita da de El.

Quando Wood fez a tatuagem de Trent, ele a fez com uma plateia parada
ao seu redor, todos querendo vê-lo em ação. Surpreendentemente, no
momento em que ligou o equipamento e sentiu a máquina vibrar em suas
palmas, todo o seu treinamento e habilidade voltaram à sua mente. Enquanto
ele olhava nos olhos do homem que amava, ele não sentiu nenhum
nervosismo. Sua mão estava firme, suas cores fervilhando e se acomodando
perfeitamente no lugar enquanto ele deslizava a agulha sobre a pele virgem de
Trent. E Trent honrou sua promessa e permitiu que Wood criasse um design
original e inspirado por ele.

Wood respondeu às poucas perguntas de sua cliente e a mandou ao


balcão da frente para pagar. Ele girou em seu banquinho e piscou para Trent,
ganhando em troca um olhar lascivo. Ele higienizou sua estação, então acenou
para Trent. Assim que se acomodou, Wood reclinou a cadeira e deslizou seu
banquinho para dentro. Trent levantou a camisa com um pequeno
preâmbulo, mostrando orgulhosamente a Wood sua primeira tatuagem
depois de dezessete anos. Ele fechou a partição antes de se inclinar para
frente e tomar os lábios de Trent em um beijo longo e desesperado como se
tivesse passado mais do que as meras doze horas que estiveram separados.

— Como foi o trabalho? — Wood se separou brevemente para


perguntar, não dando tempo a Trent para responder antes de chupar o lábio
inferior entre os dentes.

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— Mmm... — Trent gemeu. Sempre tão vocal.

— Shhhh... Você não quer que ninguém pense que o velho não está
sendo profissional, não é? — Ele brincou.

Trent agarrou a base de seu pescoço e o segurou, devorando sua boca


mais silenciosamente. — Que horas você vai sair? Não muito tarde, espero.

— Você está preocupado com a possibilidade de chegarmos na hora do


serviço pela manhã ou... Você quer outra coisa? — Wood sorriu. Eles
continuaram indo à igreja LGBTQ+ aos domingos, e Trent estava gostando
tanto que ficava desapontado se Wood estava cansado demais para ir.

— Ambos.

Wood consultou o relógio. — Eu não terei que ficar aqui por muito mais
tempo. El está encerrando agora, mas ele quer que eu examine algumas novas
adições em um braço que ele está trabalhando.

— Aquele cara age como se não pudesse tomar uma decisão sem você
agora. — Trent sibilou baixinho. Wood sabia que ele não estava com ciúmes,
mas Trent não tinha vergonha de querer passar um tempo com ele à noite e se
preocupar sempre que El infringia isso.

— Eu não estou reclamando. Especialmente sobre o dinheiro. — Wood


entrelaçou os dedos com os de Trent, onde o segurou pela nuca. Eles se
beijaram em silêncio um pouco mais antes de Wood colocar um par de
toalhas de mão limpas sobre o peito de Trent para se certificar de que ele não
o molharia.

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— Não vamos jogar boliche por muito tempo, talvez alguns jogos.
Bishop é muito bom, não é divertido brincar com ele de qualquer maneira. —
Trent chupou os dentes.

— Não é para ser sobre ganhar ou perder, pirralho. Você deveria estar
tendo algum tempo de ligação bem-humorada. — Wood disse, tendo
dificuldade em manter uma cara séria enquanto fazia. Ele tirou um pano novo
do invólucro e o enxugou na água morna que encheu a pia de sua estação. Ele
adicionou algumas gotas de sabonete antibacteriano verde ao líquido
enquanto verificava a tatuagem em busca de qualquer crosta ou infecção
excessiva.

— Bem, alguém precisa, porra, dizer a Mike e Bishop que é apenas um


jogo bem-humorado. Esses dois são loucos. Acabo comendo nachos e
bebendo cerveja enquanto eles fingem que estão competindo na maldita Liga
Nacional de Boliche — Trent resmungou, incapaz de esconder o sorriso.

Wood sabia que Trent estava feliz por não evitar mais desenvolver um
relacionamento mais próximo com Mike e Bishop e, em vez disso, aceitou os
três pelo que eram... Uma família.

Trent mordeu o lábio inferior, seu olhar passando sobre o peito


de Wood, que era parcialmente visível sob sua camisa. Ele ergueu a mão e
alcançou dentro, passando os nós dos dedos ao longo do cabelo sobre o peito
direito, seus dedos calejados roçando seu mamilo.

— Pare com isso — Wood rosnou com pouco calor. Ele continuou a
lavar o peito de Trent, tentando prestar atenção em sua tarefa. Esse não era

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um serviço que ele prestava a todos os seus clientes, é claro; este foi
especial. Todos os outros eram responsáveis por seus próprios cuidados
posteriores ao saírem da loja, a menos que notassem um sinal de aviso.

— Eu quero que você me foda no balcão esta noite. — Trent sussurrou


enquanto olhava seu corpo para sua tatuagem que brilhava maravilhosamente
quando estava molhada. — Duramente.

Como de costume, quando Trent estava lá, Wood lutou para obedecer às
regras e não roubar momentos eróticos atrás de sua cortina. Mas seu parceiro
o fez agir como se fosse dez anos mais jovem do que era. Ele lançou um
gemido baixo, seu pau pulsando em sua calça jeans.

— Meça suas palavras.

— Me faça. — Trent sorriu maliciosamente, tentando abrir a camisa


de Wood até o terceiro botão.

— Wood. Eu sei qual eu quero. — Mike deixou escapar, puxando


rudemente a divisória de Wood para o lado, efetivamente arruinando seu
humor. — Gosto das letras japonesas com este campo de flores de cerejeira.
Isso é ruim pra caralho, cara.

Wood se virou e olhou feio, mas os olhos de Mike estavam grudados na


página de um dos portfólios de Wood que ele mantinha na frente da loja para
os clientes folhearem. Mesmo depois de todo esse tempo, suas paisagens
estariam sempre em demanda.

— Vou dar uma olhada em um segundo. Me deixe terminar.

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— Trent pode lavar o próprio maldito peito. Este não é um salão de
finais felizes, cabeçudo. — Mike disse alto o suficiente para chamar a atenção
de alguns dos outros artistas.

As pontas das orelhas de Trent ficaram cor de vinho quando o grupo fez
algumas piadas, mas Wood simplesmente riu disso, sabendo que era apenas
conversa de negócios. Wood percebeu que Mike estava agindo cada vez mais
como um sogro quando ele apareceu. Irritante pra caramba.

Ele encontrou o olhar afetuoso de Trent enquanto esfregava suavemente


uma fina camada de pomada em sua pele quente. Juntos, seus olhos
desviaram-se para o cacto verde-escuro no musculoso peito de Trent, com as
flores violetas brilhantes saindo de suas muitas articulações. Não era o cacto
solitário real embora incrível e seu detalhe preciso de espinhos afiados como
navalhas, mas era a floresta verde exuberante que o cercava, como se
o protegesse, que era a parte favorita de Wood. Árvores que pareciam tão
ousadas e esplêndidas como sempre-vivas estavam espalhadas pela pele
cremosa de seu namorado, retratando seu relacionamento da melhor maneira
que ele sabia. E no segundo em que a agulha tocou a pele de Trent, ele não
vacilou, seus olhos cheios de confiança enquanto observava Wood fazer o que
deveria fazer.

Wood havia terminado seu trabalho e estava dando um beijo de


despedida em Trent quando ouviu um grande estrondo na frente da loja e seu
nome sendo gritado. Atire! Ele reconheceu aquela voz. Suas pernas estavam
se movendo sem pensar, e antes que ele pudesse chegar à frente da casa,

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Rayne bateu em seu peito, seus braços agarrando-o como um polvo. Seu
coração estava batendo tão rápido e forte que Wood imediatamente percebeu
seu medo e o prendeu ao seu lado enquanto ele examinava a vitrine em busca
de cães que estavam atrás de Rayne.

— Wood. — Rayne engasgou, suas unhas cravando em seus braços. —


Eu não tinha certeza se iria encontrar você.

— Acalme-se. Acalme-se. — Wood disse, todos os olhos nele enquanto


conduzia Rayne em direção a sua estação.

Trent

— Wood. Juro por Deus que é melhor esse cara ser algum parente de
merda com você. — Trent disse asperamente, de pé ao lado de Mike, que
segurava firmemente seu ombro com a mão.

— Ele é um bom amigo meu que conheci na casa de recuperação. —


Wood assegurou-lhe, e Trent acreditou nele. — Apenas um amigo.

— Sim. — Disse Rayne, trêmulo, enquanto olhava ao redor do pequeno


grupo de homens que o cercava. Até Bishop tinha saído da galeria e estava
assistindo à interação. — Wood, me ajude. Acho que aquele idiota ainda está
me perseguindo.

— Quem está perseguindo você? — Mike perguntou bruscamente antes


que alguém pudesse formular a pergunta.

— Eu disse não a ele, Wood. Eu prometo. Eu estava vindo aqui para ver

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vocês porque vi o anúncio de vocês. Parei alguns quarteirões em Guadalajara
para tomar uma bebida quando vi um cara com quem costumava mexer. O
que não é incomum. Ele tentou me convencer, mas eu disse não e fui embora.
Eu disse isso alto também. Mas ele não parava de me seguir e me perguntar...
— Os ansiosos olhos cinza de Rayne percorreram a sala antes que ele baixasse
a voz. — Para o seu quarto de hotel.

Trent não pôde deixar de notar o quão duro e intensamente Mike estava
olhando para o amigo de Wood. O cara era alto, talvez alguns centímetros a
mais que seu metro e noventa. Ele era todo estiloso e arrogante em seus jeans
rasgados que eram justos nos lugares certos. E seu suéter com gola em V
parecia tão macio que Trent achou que poderia até ser de cashmere.

— Ele ficou duro, e quando agarrou meu braço, puxei minha arma de
choque e acertei sua bunda com ela. — Disse Rayne apressado, como se dizer
isso rapidamente não significasse um crime.

— Parece legítima defesa para mim. — Disse Mike, ainda parecendo


muito interessado por motivos que Trent não entendeu.

— Foi mesmo. — Rayne pediu, agarrando as pontas de seu cabelo


ondulado. — Eu juro, Wood.

— Está tudo bem, apenas se acalme. Você viu se o cara voltou? — El


perguntou, olhando pela janela.

— Ele fez e eu corri. Eu acho que ele...

A porta da loja se abriu, de repente, e um homem do tamanho de Bishop

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invadiu com dois homens atrás dele parecendo como se tivesse, bem,
acabado de receber um choque com cinquenta mil volts de eletricidade.

El saiu correndo como um figurante em um filme de terror. Os outros


três artistas não saíram de suas estações enquanto observavam o que estava
acontecendo. Trent ficou ombro a ombro com Bishop, ficando por perto, caso
precisassem fazer alguma coisa. O que os surpreendeu muito foi como Mike
puxou Rayne para trás, prendendo-o ao corpo com o antebraço enquanto
sacudia habilmente o canivete.

O som da faca cortando o ar fez os três idiotas pararem repentinamente,


ou talvez fosse a promessa de ferimentos graves que poderiam ser vistos nos
olhos de Mike se eles continuassem.

— Eu não sei o que diabos vocês querem, mas se for ele, é melhor vocês
darem meia volta agora.

— Mike, guarde essa coisa. Eu cuido disso. — Retrucou Wood, erguendo


a mão apaziguadora na direção de Mike.

— Então cuide disso — Rosnou Mike, ainda segurando o jovem perto


dele.

Trent não parava de desviar os olhos dos idiotas que ameaçavam


chamar a polícia para a maneira como esse cara, Rayne, tinha o rosto
enterrado no ombro de Mike, os dedos magros segurando sua cintura. Até
Bishop estava observando seu pai e a feroz proteção que ele demonstrava ao
estranho.

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— Se você quer chamar a polícia, então chame. Mas você terá que ligar
para eles lá fora na calçada. Sou um dos gerentes aqui e pedi que você fosse
embora. Agora você está invadindo. — Disse Wood.

O líder na frente, com o pescoço grosso e corte militar, acenou com a


cabeça lentamente, seus olhos estreitos no homem assustado atrás do ombro
de Mike como se ele estivesse prometendo vingança.

— Você venceu desta vez, vagabunda. — O cara disse maldosamente. —


Você não era tão bom assim, não é, Mitch?

— Não. — Disse o musculoso rato de academia em pé com ele. — Eu não


gosto deles tão fáceis de qualquer maneira.

Os olhos de Trent se arregalaram junto com os outros que estavam ao


redor ouvindo, conforme a compreensão se instalou. Esses caras devem ter se
revezado com ele, e agora eles o estavam envergonhando por não ter
permissão para ouvir mais... Droga, isso é foda. Trent olhou na direção de
Rayne e foi como se alguém tivesse jogado uma nuvem negra sobre sua cabeça
e uma tempestade de granizo tivesse começado a cair sobre ele. Uma poça
d'água se formou em seus lindos olhos, seus lábios cor de pêssego tremendo
de humilhação. Trent reconhecia aquele tipo de espírito abatido... Ele próprio
o tinha há muito tempo. Antes que ele percebesse, ele estava ficando puto
enquanto cerrava os punhos ao lado do corpo e deixou a onda de raiva tomar
conta dele como fumaça tóxica.

— Acalme-se. — Murmurou Bishop. — Papai está com ele.

Os músculos de Mike em seu antebraço incharam enquanto ele olhava

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para cada um dos homens. Já fazia muito tempo que Trent não via Mike
reagir dessa maneira, e era tudo por causa desse estranho único. A voz de
Mike era mais cortante do que a lâmina que segurava.

— Ele pediu que você fosse embora. Agora estou dizendo para você dar o
fora. — Como se percebessem que não era mais um jogo, lentamente
começaram a inverter seus passos. — E se um de vocês filhos da puta
insignificantes ao menos olhar para ele... Eu vou mudar suas vidas para
sempre.

Os homens arrastaram seus traseiros para fora da loja, e Trent estaria


condenado se um único olhasse na direção de Rayne. Com a situação difusa,
todos exalaram algum tipo de respiração, olhando boquiabertos uns para os
outros e se perguntando se isso realmente tinha acontecido.

Rayne pareceu notar que ele ainda estava segurando Mike e vice-versa.
Ele se afastou, sem encontrar seus olhos enquanto se aproximava de Wood.

— Lamento trazer este problema para você. Só vim te dar os parabéns.


Eu vi seus anúncios para este lugar em todo o calçadão.

— Sim, El é um pouco zeloso demais com publicidade. — Wood disse


levemente, como se estivesse tentando fazer o cara sorrir.

— Vejo você por aí. — Murmurou Rayne e acenou com a mão


escassamente na direção dos outros enquanto se movia em direção à porta da
frente.

— Espere. — Wood e Mike disseram em uníssono. A carranca de Trent

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combinava com a de Rayne enquanto ele girava e olhava para os dois.

Mike pareceu atordoado por ter deixado escapar uma única palavra,
então pareceu correr para pensar em algo mais a dizer.

— Você deve esperar alguns minutos e se certificar de que eles não se


demorem por aí. Posso acompanhá-lo até o carro. — Disse Mike com ousadia.

— Não tenho carro. — Disse Rayne. — Peguei o ônibus até aqui.

— Você precisa de uma carona para casa? — Wood perguntou.

— Eu um... — Rayne percebeu que todos os olhares estavam sobre ele e,


embora ele não parecesse desconfortável sob os holofotes, como se estivesse
acostumado, ele parecia mais hesitante com o que estava prestes a dizer.

— El, certifique-se de vigiar a frente da loja, tudo bem. — Wood disse e


conduziu Rayne de volta para sua estação e fechou a cortina.

Mike ficou parado com os pés na largura dos ombros e os braços grossos
cruzados sobre o peito largo como se de repente ele fosse o guarda-costas
desse cara. Claro, Rayne parecia bem e estava se livrando de toda aquela coisa
de donzela em perigo, mas Trent achou que eles estavam exagerando. Os
bandidos se foram e o homem estava bem agora.

— Trent, você pode pegar um pouco de água para Rayne? — Wood


perguntou, gesticulando para o jovem se sentar em sua cadeira de cliente.

Oh, pelo amor de Deus. Sério?

Bishop riu em algum lugar atrás dele, e Mike se virou e olhou


ferozmente.

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— Mova-se, cabeçudo. Pegue a maldita água.

Trent cerrou os dentes, mas a contragosto foi buscar um pouco de água


para Rayne no mini refrigerador porque isso sempre ajudava qualquer pessoa
em uma situação estressante. Trent entregou-lhe a garrafa e a voz de Rayne
era suave quando ele disse:

— Obrigado.

Sim, graças a Deus você tem água agora. Trent revirou os olhos em sua
mente. Claro, ok, o cara estava bem erótico talvez fosse uma palavra melhor,
mas isso não explicava a reação de Mike.

— Você ainda está morando com seu tio? — Wood perguntou.

Rayne engoliu um pouco da água antes de responder, e Trent observou


Mike se fixar no pomo de adão do homem enquanto ele balançava a cada gole
dramática. Rayne suspirou, sua língua rosa espreitando e pegando as gotas
persistentes em seu lábio inferior grosso.

— Não. Ele acabou por ser o tio assustador que não deveria ter
permissão para ficar perto das crianças em uma reunião de família.

— Oh, droga. — Wood franziu a testa. — Eu realmente sinto muito.

— Está tudo bem. Eu atordoei a bunda dele também. — Rayne balançou


a cabeça. — Quem diria que dizer não o tempo todo causaria tantos
problemas. É mais fácil simplesmente dizer sim e fazer. O que importa se eu
me abster por alguns meses, de qualquer maneira? Sempre serei conhecido
como 'a vagabunda'.

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Wood tocou suavemente o ombro de Rayne.

— E eu sempre serei o alcoólatra. Mas há uma grande diferença, Rayne.


Sou um alcoólatra em recuperação. E você é um viciado em recuperação. Você
sabia que não seria fácil, mas não deixe aqueles idiotas roubarem de você o
que você merece. Sua abstinência é importante para você.

— Estou tentando tanto. — Disse Rayne, cansado, e Trent estava


começando a juntar as peças espalhadas do quebra-cabeça. — Consegui um
emprego no Walmart e meu supervisor é legal. Ela me deixa dormir em seu
sofá algumas vezes por semana. Eu não posso me mover embora.
Provavelmente é toda a minha maldita bagagem que a assusta.

— Você e essas roupas. — Wood sorriu, então lentamente ficou sério. —


Você precisa de um lugar para ficar um pouco?

— Não posso pedir isso. — Disse Rayne, erguendo os olhos com o que
parecia uma centelha de esperança em seus olhos claros. — Não quero que
você se meta em merda nenhuma com o seu namorado.

— Eu. — Trent zombou, confuso.

— Namorados e namoradas não gostam muito de mim por perto. —


Disse Rayne com tristeza.

Compreensivelmente. Inferno, apague a história do cara e o homem


ainda estavafalando sobre sexo. Mas Trent estava confiante de que ele era
o único que teria o coração de Wood agora e para sempre.

— Não sou tão inseguro. — Assegurou Trent. — Eu não me importo em

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ajudar você.

Wood parecia muito orgulhoso e aliviado.

— Você não aluga? Tem certeza de que seu senhorio não se importará?
— Rayne sussurrou, aquela voz sedosa mantendo todos eles em transe.

Quatro pares de olhos pousaram em Mike, e quando ele tentou


responder, sua voz soou tão áspera que ele teve que limpar a garganta para
ser entendido.

— Não. Não, eu não me importo.

Fim

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