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Seu Companheiro Valentão

(Matilha Nehalem 29)


De: A.J. Jarrett

Cullen Ford passou a maior parte de sua vida evitando Glenn


Shepard, seu algoz no ensino médio. De certa forma, o homem se redimiu dois
anos antes, quando salvou a sua vida, mas Cullen está tendo dificuldades para
esquecer o passado. Não tem que pode deixar ir a sua raiva e dor para aceitar
o novo e melhorado Glenn.
Não há como negar. Glenn costumava ser uma pessoa terrível,
especialmente para Cullen. Mas isso foi há muito tempo atrás, pelo menos,
para ele. Glenn está diferente agora, não mudou apenas na capacidade de
mudar num lobo, mas aceitando que está apaixonado por Cullen e quer o
homem. Só tem que provar a Cullen que mudou.
Cullen nunca se viu se apaixonando por seu agressor, mas é chance,
ou enfiar o nariz num livro e deixar a vida passar por ele.
Capítulo 1

— Vejo vocês mais tarde! — Cullen, distraidamente, acenou para seus


amigos quando abaixou a cabeça para o livro que estava lendo.
Glenn sorriu e balançou a cabeça. Aquele era Cullen Ford. O garoto
sempre tinha seu nariz num livro. Era um garoto inteligente, que não tinha que
tentar tirar boas notas. Só tinha que aparecer e conseguia um A. Essa era a
razão pela qual Glenn pensou que o odiasse. O garoto era esperto demais para
seu próprio bem e nunca deu um olhar em sua direção. Com certeza, provocar
o garoto, impiedosamente, podia ter tido algo a ver com isso, mas não ia focar
nisso.
Uma brisa forte passou por Glenn, elevando o fresco aroma
mentolado de Cullen em sua direção. Respirou fundo, deixando seus olhos se
fecharem com o aroma doce, forte. Deus, nunca se cansava daquele cheiro.
Cullen ainda tinha sua atenção presa no livro em suas mãos. O sol
brilhou, iluminando seu cabelo castanho curto. Seus óculos desciam sobre seu
nariz pequeno. Tinha as pernas cruzadas e estava sentado curvado sobre seu
colo. Nada parecia incomodá-lo. As pessoas passavam a caminho de suas
aulas e alguns caras estavam brincando com uma bola de futebol, não muito
longe dele, mas Cullen não se mexeu. Todo o seu foco estava naquele livro. O
mundo poderia chegar a um fim ardente e Cullen nunca veria isso chegando.
Era final de agosto e as aulas na Universidade Hemsworth apenas
começaram. Glenn chegou a Silver Creek há pouco mais de uma semana. Nos
últimos dois anos, viveu em Oregon, com Steve Abbot. Foi aceito na
Universidade do Estado de Oregon e estudava para conseguir um diploma de
justiça criminal. Tinha aspirações de se tornar um policial. Era o sonho de
Glenn desde que era pequeno, ser um policial, e iria tornar esse sonho
realidade.
Glenn cresceu em Silver Creek e nunca pensou que iria sair, mas
depois de ser mordido por um lobo, tudo o que queria mudou. No começo,
ficou meio confuso. Acordar num quarto branco, amarrado a uma cama, nu,
poderia fazer isso com uma pessoa, mas depois de descobrir a verdade do que
havia se tornado, era natural que estivesse chateado. Sua vida agradável e
normal foi mudada para sempre, por uma única ação. Não era justo, mas a
vida não era justa e tomou a decisão de seguir em frente. Se ficasse remoendo
aquilo, seria miserável. Também não se arrependia do que fez. Salvou Cullen e
isso era tudo o que importava.
Após o ataque, Glenn foi enviado para viver com Steve Abbot, que
trabalhava para o conselho dos caçadores e foi quem mostrou a Glenn como
lidar com ser um shifter lobo. Respeitava Steve e queria ser como ele, um dia,
nobre e abnegado. O homem era um santo. Não conheceu seu pai. O homem o
abandonou e a sua mãe antes que nascesse. Mas, quanto mais tempo passava
com Steve, mais percebia que era isso que ter um pai significava e foi uma
sensação incrível. Steve o ajudou a controlar esse novo lado de si mesmo, o
lobo, e também ajudou a perceber que a vida era curta demais para ficar com
raiva o tempo todo. Disse-lhe que tinha que aprender a aceitar as coisas que
não podia controlar e valorizar os momentos felizes que a vida lhe trazia,
porque, não importava o quão ruim pensasse que a situação era, alguém no
mundo estava pior.
No início, depois de acordar e descobrir que era algo que não apenas
humano, estava perturbado. Trabalhou a vida inteira para ser aceito e ser
normal, e tudo se foi, destruído por Jaron Yarc. Glenn realmente queria o
odiar, mas não podia. Depois de saber pelo que o cara passou, só queria dar
ao homem um abraço e dizer-lhe que sentia muito, o que era verdade. Seu pai
poderia tê-lo abandonado, mas, pelo menos, teve sua mãe, que era a mulher
mais amorosa e carinhosa do mundo.
Levou um bom tempo para controlar totalmente as alterações de
humor e mudanças incontroláveis. O lobo dentro dele era forte e sempre
parecia um pouco agitado. Na época, não entendia. Pensava que era algo que
todos os shifters passavam.
Enquanto estava no Oregon, frequentou a universidade em meio
período. Seu lobo não gostava de ficar apertado numa sala de aula durante
todo o dia, de modo que assistia algumas aulas, depois passava o resto de seu
tempo se familiarizando com seu lobo e aprendendo a controlá-lo. Fez as pazes
com o lobo dentro dele e, em pouco tempo, aprendeu a amar o que se tornou.
Glenn tinha que admitir que fosse incrível ser um lobo. Gostava de
correr e caçar, e ser livre do mundo humano. A mudança de humano para lobo
e vice-versa levou algum tempo para se acostumar, mas valeu a pena. Nunca
se sentiu tão relaxado e confortável dentro de sua própria pele, até que se
tornou um shifter lobo.
A mudança drástica na sua vida o fez ver que a vida realmente era
muito curta para estar com raiva o tempo todo. Ser raivoso nunca o fez se
sentir melhor e, com certeza, não fazia as pessoas gostarem dele e respeitá-lo.
Era um grande cara e usou sua altura e músculos para intimidar as pessoas.
Perguntou-se quantos amigos reais tinha, além de Cooper. Claro, Dylan era
seu amigo, mas apenas porque estava acasalado a Cooper. Jaron e ele se
tornaram amigos depois de ter várias conversas ao telefone, mas, pelo que
sabia, eram só estes. Não tinha ninguém para culpar, além de si mesmo. Era
um idiota e não ter amigos era algo que merecia.
Demorou algum tempo e um monte de contemplação interna para ver
o que realmente o estava incomodando. Sempre teve muito rancor e falava
antes de considerar que o que tinha a dizer e como poderia afetar alguém.
Poderia admitir que fosse um idiota rude e merecia ter sua bunda chutada,
mas nunca ninguém o enfrentou, até Dylan. Glenn odiava o cara no começo,
mas logo descobriu que o odiava porque Dylan tinha a coragem de ser quem
era e vivia sua vida do jeito que queria. Não demorou muito para que Cooper
fizesse o mesmo. Estava com ciúmes por não ter a força para ser verdadeiro
como seus amigos.
Já se passaram quase dois anos e, como a maioria das coisas na
vida, muita coisa mudou. O que o levou a refletir muito e com a ajuda de
Steve, descobriu quem era e o que queria. E, atualmente, o que queria estava
sentado em frente a uma enorme árvore, lendo um livro.
Glenn se moveu contra a árvore, sentando-se. A casca dura estava
machucando suas costas, mas a ignorou. Todo o seu foco estava em Cullen.
Havia momentos em que ainda não podia acreditar. Por muito tempo viveu sua
vida como um homem hetero. Até teve uma namorada, com a qual namorou
por um ano e meio, enquanto esteve no ensino médio. Na verdade, ela acabou
por ser uma lésbica, então não tinha certeza o quão hetero isso o tornava.
Mas, o ponto era que Glenn passou tanto tempo vivendo à altura dos padrões
de algo que não significava nada. As pessoas colocavam etiquetas em coisas
que não entendiam e ele próprio era culpado disso. Tanto queria se encaixar
que se tornou algo que odiava.
Enquanto crescia, passou muito tempo com uma babá, enquanto sua
mãe trabalhava em dois empregos e frequentava a faculdade. Não a culpava
por não estar por perto. Estava fazendo o que tinha de fazer para lhe
proporcionar uma boa vida. Mas, sua ausência foi sentida e não importava o
quanto tentasse, se ressentia um pouco. Talvez se ela tivesse estado mais
perto, não teria sido tão idiota, mas não poderia jogar a culpa toda em cima
dela. Era grande o suficiente para saber o que era certo e errado e escolheu o
caminho errado. Tornou-se um idiota, fazendo bullying com o cara.
Tudo estava no passado agora. Recebeu a chance de um novo
começo e ia fazer tudo em seu poder para compensar seus pecados. Queria ser
uma pessoa melhor e mostrar ao mundo um lado dele que manteve escondido.
Estava nervoso e com um pouco de medo. Por muito tempo ficou escondido
por trás de sua boca grande, insultando as pessoas, mas não era mais assim.
Queria voltar para Silver Creek há um tempo. Sentia falta de sua mãe
e de seu melhor amigo, Cooper. A vida no Oregon era ótima. Se não tivesse
ninguém em Silver Creek, teria ficado, mas havia muito em sua cidade natal
para o que voltar.
Quando recebeu a ligação de sua mãe com a boa notícia, pensou que
estava na hora. Fez os arranjos apropriados para a transferência de
universidade e comprou uma passagem de avião de volta para casa. Ia sentir
falta de Steve, mas como o homem tinha um filho, Peyton, que vivia em Silver
Creek, Glenn iria ver Steve frequentemente.
Pediu a sua mãe para não dizer a Cooper que estava voltando para
Silver Creek. Havia algumas coisas que precisava resolver primeiro.
Quando estava no Oregon, chegou a um acordo sobre sua atração
por Cullen. Tentou negar no primeiro momento, dizendo a si mesmo que era
culpa por ser tão terrível com o cara e fazer sua vida miserável desde que
eram crianças, mas eram mentiras.
Foi cruel com Cullen desde que atingiu a puberdade. Cullen era um
garoto tímido, magro, que guardava tudo para si. Nunca disse nada a ninguém
e fez o seu melhor para ficar invisível, mas sempre o via. Odiava que não
importava onde Cullen estivesse, Glenn sempre parecia encontrá-lo numa
multidão. Naquela época, não entendia o que estava acontecendo com ele. Por
um lado, o achou intrigante e não conseguia parar de pensar nele, por outro, o
odiava por essas razões. Não era culpa de Cullen, mas Glenn não se
importava. Jogou todas as suas frustrações em Cullen, seja chamando-lhe de
nomes feios, insultando suas roupas ou, em raras ocasiões, empurrando-o
num armário. Em troca, Cullen o temia. Quem não temeria?
— E agora tenho que pagar o preço por isso. — Murmurou para si
mesmo, enquanto o observava do outro lado do campo.
Nos últimos quatro dias, passou seu tempo olhando Cullen. As suas
aulas só começariam na quinta-feira, desse jeito teve bastante tempo para
segui-lo ao redor. Sentiu-se um pouco como um perseguidor, mas tinha que
ter certeza de que seus sentimentos ainda era os mesmos. Steve lhe contou
sobre shifters e seus companheiros predestinados. Não tinha certeza se Cullen
era o dele, mas precisava ter certeza. Mesmo do outro lado do país, Cullen
estava constantemente em sua mente. Isso tinha que significar algo.
O aroma que subia da pele cremosa e pálida de Cullen, a maneira
como seus olhos azuis brilhavam a luz do sol e o som de sua risada, faziam o
lobo de Glenn uivar e vim à superfície, para reivindicar o que era deles, mas
não iria permitir. Por tudo que fez, sabia que Cullen ainda o odiava e temia.
Teria que trabalhar muito, a fim de ganhar a confiança do pequeno humano.
Seu telefone vibrou e se inclinou para o lado para tirá-lo do bolso de
trás. Era uma mensagem de sua mãe.
Jantar as sete. Não se esqueça!!!!!
Glenn riu e colocou o telefone de volta no bolso. Esse era outro
obstáculo que tinha que contornar. Sua mãe, depois de todos esses anos,
finalmente encontrou alguém. O homem parecia um grande cara e a tratava
bem. Estava feliz por ela, mas havia um pouco de apreensão. Gavin Ford, o
novo namorado de sua mãe, era o pai de Cullen Ford.
Não tinha certeza de como Cullen ia aceitar a notícia de seus pais
namorando, ou como reagiria ao descobrir que Glenn estava de volta na
cidade. Uma coisa era certa, no entanto: não deixaria Cullen escapar. Não
tinha certeza de como faria para conseguir isso, mas quando queria algo, era
persistente. Encontraria uma forma de mostrar a Cullen o quanto mudou e
quão grande poderiam ao estar juntos. Não havia outra opção.

Capítulo 2

O som de seu telefone tocando o fez abaixar o livro que estava lendo.
— Olá? — Cullen segurou o telefone entre o ombro e a orelha. Dobrou
o canto da página do livro que estava lendo e empurrou o livro em sua bolsa.
— Filho, como está o seu dia?
— Ótimo. — Cullen se levantou. — Na verdade, tenho uma aula em
dez minutos, então, obrigado por me ligar. Estava um pouco distraído.
— Estava com o seu nariz enfiado num livro novo, com certeza. —
Seu pai riu.
— Mais ou menos. — Cullen sorriu. Seu pai o conhecia demasiado
bem. — Então, a que devo esta ligação?
— Sim, bem, sobre isso... — Seu pai estava protelando. — Existe
alguma maneira que possa me encontrar às seis e meia, para jantar na
Churrascaria na cidade? Há algo que preciso discutir com você.
— Está tudo bem? — O coração de Cullen acelerou. Sua mãe morreu
ao lhe dar à luz e seu pai era tudo que tinha. Não podia perdê-lo também. —
Está doente? Oh! Meu Deus, tem câncer?
— Cullen, acalme-se, antes que tenha um ataque de pânico. Bom
Deus, rapaz. A última vez que me viu, parecia que estava doente? Não
responda a isso. — Seu pai bufou. — Não, filho, não estou doente ou tem
qualquer coisa de errado comigo. Só queria sentar e conversar com você. Tem
estado tão ocupado ultimamente que não tivemos tempo para recuperar o
atraso.
— Oh, ok. — Cullen deu um suspiro de alívio. — Claro, um jantar
parece ótimo. Vejo-o às seis e meia.
Desligou o telefone, após seu pai dizer adeus. O colocou em sua bolsa
e se dirigiu para o edifício de ciência, correndo para que não chegasse tarde
para a aula de bioquímica. Cullen alcançou as portas principais que davam
para o edifício com três minutos de sobra. Correu para a sala de aula e viu
Jaron sentado em seu lugar habitual.
— Oi, Jaron. — Sentou-se ao lado do amigo e puxou seu livro.
— Cullen. — Jaron sorriu para ele. — Perdeu a noção do tempo de
novo?
— Só um pouquinho. — Cullen levantou o dedo polegar e o indicador
cerca de um centímetro de distância.
Jaron e Cullen se tornaram bons amigos nos últimos dois anos.
Ambos estavam estudando para se tornarem cientistas clínicos e planejaram
seus próximos anos de faculdade para que tivessem as mesmas aulas e
pudessem ser parceiros de laboratório.
Cullen, muitas vezes, achou engraçado como na escola não tinha
nenhum amigo e, agora, na faculdade, tinha mais do que jamais poderia
imaginar. Sempre pensou que estava feliz de estar sozinho, mas comprovou
que estava errado. Sair com Dylan, Cooper, Brooke, Jaron, e até mesmo
Trevor, era muito divertido. Podia não parecer um monte de amigos para
alguns, mas, para Cullen, era uma abundância. Ajudou a lhe trazer fora de seu
escudo e não o fazia se sentir tão nervoso em grandes grupos.
Houve momentos em que pensou que era estranho se tornar amigo
do homem que quase o atacou. Na verdade, se não fosse por Glenn pular na
sua frente, Jaron o teria mordido e só Deus sabia o que poderia ter acontecido
com Cullen.
Foi também por não saber nada sobre a mordida de Jaron que fez
ambos se tornarem mais próximos. Jaron era único shifter conhecido que
poderia morder uma pessoa e transformá-la num shifter. O pai de Jaron
brincou com o seu DNA, até que se tornou algo diferente, algo especial.
Shifters nasciam assim e foi assim durante anos, até Jaron aparecer.
Em seu tempo livre, Cullen e Jaron trabalhavam na tentativa de
descobrir por que a mordida de Jaron era capaz de passar adiante o gene
shifter e por que nem todo mundo sobrevivia a sua mordida. O companheiro
de Jaron, Trevor, recebeu um e-mail de um homem chamado Nate Siefert.
Trevor disse que o homem poderia ser confiável e como ele enviou um enorme
arquivo que falava sobre a capacidade única de Jaron, acreditaram nele.
Os arquivos continham estudos de casos de pessoas que se
voluntariaram para serem mordidas por Jaron e se tornar um shifter. Nenhum
dos cinco pacientes sobreviveu à mordida. Cullen e Jaron não conseguiam
descobrir por que não deu certo. Glenn e Trevor sobreviveram ao serem
mordidos e agora eram shifters. Se a mordida de Jaron tinha a capacidade de
mudar a todos que mordesse, então, por que aqueles cinco homens não
sobreviveram? Era um quebra-cabeça em que ambos estavam trabalhando ao
mesmo tempo em que continuavam com os seus estudos.
— Oh, antes que esqueça, não posso ficar até mais tarde esta noite.
— Cullen fez beicinho. Realmente amava trabalhar no laboratório, mas não
poderia faltar ao jantar com seu pai. — Meu pai quer que jante com ele. —
Mais uma vez estava confuso. Sua testa franziu. O que poderia seu pai,
eventualmente, ter para lhe falar?
— Isso é legal. — Jaron afagou Cullen no ombro. — Não poderia ficar
até mais tarde também. Vamos jantar com a cunhada de Trevor. — Cullen se
aproximou quando Jaron acrescentou: — Podemos ficar até mais tarde amanhã
à noite. — Cutucou Cullen no braço e piscou.
— Sim! Podemos. — Cullen estava aliviado. Passou tanto tempo nesse
ano e meio tentando descobrir o que estava por trás da capacidade de Jaron,
que se tornou uma obsessão.
— Boa tarde, alunos. — O professor Flint entrou na sala de aula, sem
se preocupar em olhar para cima de seu telefone, enquanto cumprimentava.
O professor Flint era bastante novo em Silver Creek. Era apenas o
seu segundo ano em Hemsworth. Este seria o segundo ano que Jaron e Cullen
estavam em sua aula. O homem não era muito social, mas era bom quando se
tratava de ensinar. Era rigoroso e não dava mole aos alunos. Como Flint
gostava de dizer-lhes o tempo todo, estavam na faculdade agora e era hora de
começarem a agir como adultos e não como pequenos bebês chorões.
Cullen fez o seu melhor para ficar na lista boa de Flint, embora não
estivesse totalmente certo de que houvesse uma. O professor estava em seus
quarenta e tantos anos, achava. Para um homem mais velho, era muito bonito
e estava em forma. O ligeiro envelhecimento de seu cabelo castanho o deixava
mais charmoso. Viu o homem correndo ao redor do campus e, mesmo assim,
tinha um olhar severo sobre o seu rosto, testa franzida, como se estivesse
pensando seriamente em alguma coisa.
O professor saltou direto para a aula e a classe ficou em silêncio
pelos próximos noventa minutos.
Quando a aula acabou, Cullen e Jaron foram para o refeitório almoçar
com seus amigos, depois voltaram para o edifício de ciência para a aula de
fisiologia humana. Após a última aula do dia, entrou em seu laboratório.
Todos os de classes superiores tinham suas próprias estações de
laboratório, das quais eram responsáveis. Cullen fez com que ele e Jaron
marcassem seus espécimes em conformidade. A última coisa que precisava era
que alguém conseguisse por as mãos no sangue de Jaron.
Já passava das seis quando saiu do laboratório. Trancou a porta,
depois foi para a entrada principal. Jaron saíra a mais de uma hora atrás, mas
Cullen ficou muito preso em sua designação atual. O professor Flint lhes deu
de uma amostra de sangue e tinham que determinar qual a doença, se
houvesse, estava na amostra e se fosse encontrada a doença, que tipo e o que
fariam para determinar como tratar a doença.
Cullen correu para casa, tomou um banho rápido, vestiu-se e dirigiu-
se para a cidade, para encontrar seu pai. Estava correndo, pois estava quinze
minutos atrasado, porém sabia que seu pai iria entender. Seu pai sabia o
quanto amava a ciência e o quebra-cabeça que era, e respeitava isso. O seu
pai sempre gostou de se gabar de quão interessado ele era. Gostava de
aprender e era, provavelmente, a razão pela qual sempre foi perseguido na
escola.
— Desculpe, pai. — Cullen puxou a cadeira em frente a seu pai e
sentou-se. Estava sem fôlego e um pouco suado. — Estava fazendo o meu
trabalho escolar.
— Não se preocupe, garoto. — Seu pai acenou para o garçom e pediu
água para Cullen beber. — Entendo completamente.
— Obrigado. — Cullen bebeu um grande gole de água, deixando o
líquido frio matar a sede. — Então, o que quer falar?
— Sim, isto... — Seu pai olhou para suas mãos, não encontrando o
olhar de Cullen. Viu o ligeiro tremor nas mãos de seu pai e o suor acumular no
lábio superior.
— Oh, meu Deus! — O temor de mais cedo retornou. Seu pai estava
doente. Por que mais estaria assim? — Está morrendo, não é? — Lágrimas
queimaram na parte de trás dos seus olhos. Isso não poderia estar
acontecendo com ele, não agora.
— Oh, pelo amor de Deus! — Seu pai revirou os olhos. — Não estou
morrendo. — Jogou o guardanapo de pano em Cullen. — Realmente pareço tão
ruim? Querer sentar e conversar com meu filho, que dizer que estou preste a
morrer?
Olhou novamente para seu pai. O homem estava em boa saúde para
um homem de quarenta e cinco anos. Cullen herdou os traços do lado da
família de sua mãe, pequeno, pele pálida e cabelos castanhos. Seu pai, por
outro lado, era alto, magro, com o cabelo loiro escuro. Ambos tinham olhos
azuis, que eram iguais, e usavam óculos.
— Ok, se não está morrendo, então, o que é? — Perguntou,
levantando uma sobrancelha.
— Bem, meu filho, conheci alguém. — Seu pai finalmente olhou para
ele. — Ela é incrível. Há muito tempo que não estive tão feliz. — Um sorriso
curvou os lábios de seu pai.
— O quê? — Cullen deixou cair o copo que estava em sua mão e
derramou sobre a mesa. O garçom correu para limpá-lo e pegou um copo
novo. — Sinto muito, mas você está namorando? Por que não disse nada? —
Estava realmente muito feliz por seu pai. Estava começando a se preocupar
que seu pai ficasse só quando saísse de casa. Não que estivesse se mudando a
qualquer momento em breve, mas ainda assim. — Isso é ótimo.
— Se soubesse que ia aceitar bem, teria dito antes. — Seu pai riu.
— O que isso quer dizer?
— Cullen, por muito tempo foi apenas nós contra o mundo. — Seu pai
deu de ombros. — Não queria que sentisse que não era amado.
— Pai, estou preste a fazer vinte e um. Acho que posso lidar com meu
pai namorando. — Cullen se levantou e caminhou para dar um abraço em seu
pai. — Estou realmente feliz por você, papai.
— Isso significa muito, filho. — Seu pai deu um tapinha nas costas
dele e se sentaram. — Obrigado.
— Então, quem é? — Perguntou, animado para ouvir tudo sobre a
mulher que roubou o coração de seu pai. — Como se conheceram?
— Ela é professora. Ensina na escola primária. Quinta série. — Seu
pai sacudiu a cabeça. — Não sei como ela tem a paciência para isso.
— Pai. — Cullen revirou os olhos. Seu pai era um farmacêutico e o
pensamento de ficar preso em torno de um grupo de crianças deixava seu pai
com medo.
— O quê? — Seu pai levantou as mãos no ar. — Nem todas as
crianças são bem comportadas como você. Sempre foi mais maduro do que as
outras crianças da sua idade. — Disse com orgulho.
— Vou deixar passar.
Algumas crianças eram absolutamente monstruosas, Cullen pensou
consigo mesmo. Se alguém sabia como as crianças podiam ser irritantes e
cruéis, era Cullen. Teve seu próprio valentão da sexta série até que se formou
no ensino médio. Sabia muito bem como algumas crianças se comportavam.
Após Glenn salvar sua vida, deveria sentir mais gratidão para com o cara, mas
era realmente difícil esquecer o passado. Era muito grato a Glenn pelo que fez,
mas não mudaria a forma como se sentia. Talvez fizesse dele um idiota, mas
anos de abuso sofrido nas mãos de outra pessoa eram difíceis de esquecer.
— Então, me dê os detalhes. — Cullen esfregou as mãos e sorriu
loucamente para seu pai.
— Bem, já estamos juntos por quase um ano, agora.
— O quê? — Cullen bateu as duas mãos sobre a mesa, atraindo a
atenção das pessoas em mesas próximas. Aproximou-se para sussurrar. —
Quase um ano? E nunca pensou, nenhuma vez, em me dizer?
— Sem ofensa, filho, mas não tenho que lhe dizer agora e nem
depois. — Seu pai deu de ombros. — Esteve ocupado com sua própria vida.
Mal te via. Era bem legal ter algo apenas para mim. Além disso, não queria
que a conhecesse e depois não déssemos certo.
— Mais uma vez, tenho vinte anos, não cinco. — Lembrou a seu pai.
— Posso lidar com você namorando.
— Eu sei, eu sei, mas acho que foi mais para meu benefício. — Seu
pai passou a mão pelo cabelo. — Essa coisa de namoro é realmente nova para
mim e estava nervoso. Queria ter certeza que daria certo.
Cullen concordou. Era bom saber que mesmo os adultos como seu pai
levavam o namoro a sério. Quando estava na escola, namoro era inexistente
para ele. Era um nerd e ninguém lhe deu uma segunda olhada, a menos que
Glenn, mexendo com ele implacavelmente, contasse. E, agora na faculdade,
não encontrou ninguém que chamou sua atenção. Estava aberto a homens ou
mulheres, porque sem nunca ter se sentido atraído por outra pessoa em toda
sua vida, não tinha certeza de quem ou o que queria. Estava começando a
pensar que poderia ser assexual. Era uma possibilidade.
— Pai, você é um grande cara, tenho certeza que não tem nada para
se preocupar. — Assegurou a seu pai. — Então, quem é esta mulher
misteriosa? Disse que ela ensina na escola primária. Qual é o nome dela?
Posso saber quem é.
— Nikki. É o nome dela. — O rosto do pai se iluminou, seu sorriso se
ampliando. — É simplesmente fantástica. Temos muito em comum. Somos
pais solteiros, ambos gostamos de ler, temos um amor compartilhado por The
Walking Dead1 e temos filhos.
— Nikki? — Cullen revirou seu cérebro, tentando lembrar uma
professora com o nome de Nikki quando frequentou a escola primária, mas era
uma tela em branco. — Tenho certeza que não me lembro dela. Qual é seu
sobrenome?
— Acho que não frequentou a escola primária, quando ela estava lá.
Sendo uma mãe trabalhando em dois empregos, dava aulas quando o tempo
permitia. Acredito que começou a ensinar depois que você foi para a sexta
série. Seu nome é Nikki, Nikki Shephard.
Cullen inclinou a cabeça para o lado, pensando. O sobrenome soava
familiar, mas não tinha certeza do por que. Nunca teve um professor com esse
nome antes, mas algo nele...
— Gavin! — Uma alegre voz feminina disse atrás de Cullen e se virou

1
Série de televisão dramática e pós-apocalíptica de zumbis norte-americana.
para ver quem era essa mulher.
— Nikki, querida, é bom vê-la. — O pai dele deu a volta na mesa para
abraçar a mulher.
Cullen viu que era alta e magra, com o cabelo castanho ondulado,
muito escuro, e a pele cor de oliva. Tinha grandes olhos castanhos que
pareciam estranhamente familiares também.
— Nikki, este é meu filho, Cullen. — Seu pai fez um gesto com a mão
para ele.
Cullen colocou o guardanapo na mesa e levantou para cumprimentar
a senhora bonita, por quem seu pai estava completamente apaixonado. Era
óbvio em seu sorriso estúpido e rosto corado.
— Oi, Nikki, é bom que... — Qualquer outra coisa que Cullen poderia
ter dito foi cortado com a visão de quem estava andando atrás de Nikki e
colocando as mãos em seus ombros. — Shephard... — Cullen fez o seu melhor
para engolir o nó na garganta. De pé, atrás da mulher, não estava outro senão
Glenn. Glenn Shephard.
Se passou quase dois anos desde que viu Glenn e ele mudou muito
nesse tempo, e para a melhor. Onde Cullen ainda parecia o mesmo, baixo,
magro e com grandes óculos, Glenn cresceu, sendo que seu corpo já era
grande. Os músculos de seus braços e peito quase explodiam as costuras de
sua justa camisa polo preta. Seu cabelo preto desgrenhado ficava em volta da
cabeça, numa pequena onda, semelhante à sua mãe. Seus grandes olhos
castanhos perfuraram os azuis de Cullen.
— Ei, Cullen, muito tempo sem te ver. — Disse Glenn, com um grande
sorriso no rosto. Estendeu a mão para um Cullen tremendo.
Nos anos que conheceu Glenn, viu aquele sorriso muitas vezes e
nada de bom veio dele. As mãos de Cullen balançaram, enquanto olhava para
ele. Estava com medo, mas também achou a visão de Glenn excitante. A
nenhum homem deveria ser permitido ter uma boa aparência e também ser
um idiota que fazia bullying.
Não estou com medo, não sou mais um garotinho. Cullen lembrou a
si mesmo. Dois anos se passaram. Tinha a esperança de que Glenn não fosse o
mesmo idiota que era na sua juventude.
— Vocês dois se conhecem? — Perguntou Nikki, olhando entre eles.
— Frequentamos a escola juntos. — Glenn mostrou seu sorriso de
cem watts para sua mãe. — Mesma turma.
— Como é que não nos conhecemos mais cedo, Gavin? — Nikki
estendeu a mão para entrelaçar os dedos com o pai de Cullen.
— Acho que éramos apenas dois navios que passavam na noite, nada
mais. — Seu pai puxou Nikki para perto e abaixou para beijar sua bochecha.
Cullen fez uma careta para a visão diante dele. Não tinha certeza do
que era pior, ver Glenn após todo esse tempo ou ver seu pai se esfregando
com a mãe do valentão da escola. As opções eram ilimitadas.
— Glenn, é bom finalmente conhecê-lo. — Seu pai apertou a mão
estendida de Glenn. — Sua mãe me disse que estava frequentando a
universidade de Oregon. Isso é emocionante.
— Sim, senhor. — Glenn apertou a mão de seu pai, mas manteve seu
olhar sobre Cullen. — Me foi oferecida uma bolsa de estudos lá e não podia
deixar passar essa oportunidade.
Cullen queria rolar os olhos para a mentira. A única razão que Glenn
foi para a escola em Oregon era porque se permitiu ser mordido por um lobo.
Agora, não foi bem assim. Ele estava, afinal, tentando salvar sua
vida. Aquela vozinha irritante da razão dentro de sua cabeça escolheu aquele
momento para dialogar.
— Vamos sentar. — Nikki fez um gesto para a mesa.
Para consternação de Cullen, Glenn se sentou ao seu lado, enquanto
seus pais se sentaram em frente a eles. Glenn continuou lançando olhares para
Cullen, mas recusou-se a reconhecê-los. Odiava admitir, mas estava com um
pouco medo de Glenn. Claro, se passou dois anos desde última vez que viram
um ao outro, mas os anos de provocações deixaram uma cicatriz e não tinha
certeza se um dia iria curar. Glenn poderia tê-lo salvo de ser mordido naquela
noite na floresta, mas não mudava o que ocorreu durante seis longos anos
antes disso.
— Cullen, seu pai me disse que está estudando para ser um cientista
clínico. — Nikki sorriu, mostrando os dentes brancos, perfeitamente retos.
Realmente era uma mulher bonita e podia ver de onde Glenn herdou a beleza.
— Isso parece emocionante. O que exatamente faz?
— Sim, é muito emocionante. — Cullen balançou a cabeça e sorriu
para ela. Adorava falar sobre a sua futura profissão. — Um cientista clínico ou
técnico de laboratório são os que trabalham nos bastidores. Não trabalhamos
diretamente com os pacientes, mas somos quem descobre a presença ou
ausência de uma doença, e fornece as informações para os médicos,
determinando o melhor curso de tratamento para o referido paciente. Se
gostar de ciência e cuidados médicos, é realmente fascinante.
— Parece que você realmente gosta. — Nikki se inclinou para o lado
de seu pai.
— Gosto. — Cullen concordou.
— Sim, Cullen aqui sempre foi o inteligente na nossa classe. — Glenn
levantou o braço para descansar na parte de trás da cadeira de Cullen. —
Sempre tinha o rosto enfiado num livro.
Todos, menos Cullen riram. A mandíbula de Cullen apertou e suas
mãos estavam enroladas em seu colo. A sensação do braço quente de Glenn
tocando suas costas o estava deixando ansioso. Por que o homem tinha que
ser tão atraente e babaca?
— Melhor do que ser empurrado em um armário. — Cullen murmurou
sob sua respiração, quando olhou para o cardápio na sua frente.
— O que quer dizer, meu filho? — Perguntou seu pai.
— Oh, nada. — Forçou um sorriso. — Vamos pedir? — Cullen levantou
o cardápio.
O calor que irradiava do braço de Glenn o estava deixando louco, mas
não lhe permitiria chegar até ele. Não, era um adulto agora, com amigos que
cuidavam dele. Não estava mais sozinho e Glenn não tinha poder sobre ele.
Não tinha certeza do que Glenn era ou de por que estava de volta em Silver
Creek, mas não seria vítima deste homem, de novo, não.

Capítulo 3

Era errado que Glenn sentisse prazer em ver o rosto chocado de


Cullen? O cara nunca viu isso acontecer e, para ser justo, nem Glenn. Sua mãe
falando para ele que estava saído com um homem por quase um ano era uma
coisa, mas o fato de que era o pai de Cullen, era apenas um bônus
adicional. Deu-lhe uma razão para se aproximar de Cullen.
O garçom veio à mesa para recolher seus pedidos e rapidamente se
afastou. Olhou para sua mãe. Não conseguia se lembrar de vê-la tão
feliz. Estar apaixonado parecia bom para ela e para o pai de Cullen, pelo que
podia ver, também. O casal mais parecia dois adolescentes em seu primeiro
encontro.
— Então, Glenn, quanto tempo vai ficar na cidade? — Perguntou
Gavin.
— Definitivamente. — Respondeu Glenn.
— O quê? — O copo na mão de Cullen escorregou e derramou o
liquido sobre a mesa. — Porcaria. Novamente, não. — Cullen fez o seu melhor
para limpar a bagunça com o guardanapo.
Glenn estendeu a mão para mover as mãos trêmulas de Cullen fora
do caminho e limpou a bagunça.
— Me transferi para Hemsworth. — Olhou para Gavin. — Estava
ficando com saudades de casa e decidi voltar.
— Estou feliz com isso, querido. — Sua mãe estendeu a mão sobre a
mesa e descansou sua pequena mão em seu antebraço. — Senti muito a sua
falta.
— Obrigado, mãe. — Terminou secar a água e moveu o braço para o
encosto da cadeira de Cullen. — Senti falta de você, assim como dos meus
amigos. — Deu um aperto suave na parte de trás do pescoço fino de Cullen. O
contato enviou uma sacudida de desejo ardente direto para seu pênis. Estava
ficando cada vez mais difícil ficar perto de Cullen e não tocá-lo, ou o
querer. Daria tudo para empurrar o homem menor de joelhos entre suas
pernas e vê-lo chupar seu pênis. Aqueles lábios consideravelmente cor de rosa
ficariam ainda mais tentadores envolvidos ao redor de seu pau.
Cullen tentou livrar-se de sua mão, mas ele só apertou ainda mais.
— Você dois eram amigos? — Perguntou Gavin.
— Nem um pouco. — Cullen começou a rir.
— Vamos apenas dizer que andávamos em diferentes panelinhas na
escola. — Glenn foi rápido em esclarecer.
— Essa é uma maneira de colocar. — Cullen murmurou tão baixo, que
provavelmente só Glenn ouviu com a audição lobo.
— Bem, isso vai mudar agora. — Nikki estendeu a mão para
descansar na mão de Glenn e as de Cullen. — Quer dizer a eles ou eu digo?
— Dizer-nos o que? — Perguntou Cullen, sentando-se em linha reta
em sua cadeira.
— Vá em frente, querida. — Gavin sorriu para a mãe de Glenn.
Glenn não tinha a menor ideia do que estava acontecendo. Podia
sentir o corpo de Cullen tremendo debaixo da sua mão e deu um pequeno
aperto para confortá-lo, mas achou que teve o efeito oposto. Cullen ficou ainda
mais tenso.
— Vamos morar juntos. — Nikki bateu palmas. — Não é fantástico?
— Oh! Meu Deus! — Cullen caiu de volta em sua cadeira. Seu rosto
estava mais pálido do que o habitual e seus óculos deslizaram para baixo de
seu nariz.
— Sei que ambos devem estar se perguntando o que isso significa
para vocês. — Gavin olhou entre Glenn e Cullen. — Nikki e eu temos discutido
isso por mais de um mês e, na época, não sabia que estaria voltando para
Silver Creek, Glenn, mas não se preocupe. — Gavin sorriu para Nikki. — Nossa
casa é grande o suficiente para todos.
— Vamos ser uma família feliz. — Nikki bateu palmas novamente e
saltou na cadeira.
— Parabéns. — Glenn saltou de sua cadeira para abraçar sua mãe e
apertar a mão de Gavin. Era incrível ver sua mãe tão animada. Ela passou a
maior parte de sua vida cuidando dele e tentando lhe proporcionar uma boa
vida. Sentiu que merecia ser feliz e se Gavin fazia isso, então que assim
fosse. Não deixou de notar que isso significava que ele e Cullen logo estariam
vivendo na mesma casa. — Estou feliz por vocês dois.
— Cullen, você está bem, filho? — Perguntou Gavin.
— Uh, sim. — Cullen balançou a cabeça e se levantou. Sorriu e deu a
mãe de Glenn um abraço. — Estou feliz por ambos.
Nikki pediu licença para usar o banheiro e Gavin foi até o bar para
pedir um pouco de champanhe. Cullen estava sentado com os braços cruzados
sobre o peito magro, mordendo o lábio inferior. Não era preciso ser um gênio
para ver que não estava feliz com este arranjo, no entanto.
— Você vai ficar bem? — Glenn colocou a mão na parte de trás do
pescoço de Cullen, esfregando os dedos para trás e para frente.
— Pode, por favor, parar com isso? — Cullen se sentou e bateu
afastando sua mão. — Pode parar de fingir ser bom para mim. Ninguém está
aqui para ver este pequeno show.
— Pequeno show? — Glenn do estreitou os olhos para Cullen. — Do
que está falando?
— Sabe exatamente o que estou falando. — Cullen virou para ele. —
Não vou discutir isso aqui com você agora. Vamos apenas fingir que estamos
felizes para nossos pais. Não é como tivéssemos alguma escolha.
— Por que está agindo como um egoísta de merda? — Não queria
soar duro, mas sua mãe estava feliz e se Gavin Ford era o motivo, então
Cullen precisaria lidar com isso. Podia querer que Cullen fosse seu, mas seria
condenado se o deixasse ficar no caminho da felicidade dos pais.
— Oh, me pergunto por quê? — Cullen revirou os olhos. — Você sabe
o que? Aceite. — Cullen levantou uma mão para Glenn, silenciando-o. —
Somos todos adultos aqui, então vamos agir como tal.
— Eu estou, mas você está agindo como uma criança. — Glenn
inclinou-se perto de Cullen.
Cullen virou-se para ele e seus olhos ficaram presos por um breve
momento, num fixo olhar intenso. O olhar de Glenn caiu para os lábios em
forma de arco de Cullen. Teve que morder a bochecha quando a língua rosa
umedeceu a carne cheia.
— O Champanhe está a caminho, rapazes. — Gavin sentou-se. Glenn
e Cullen desviaram o olhar. — Uma vez que nenhum dos dois tem idade legal
para beber, pedi uma cidra espumante.
— Parece ótimo, Sr. Ford. — Glenn acenou com a cabeça.
— Não, por favor, me chame de Gavin. — Riu. — Somos uma família
agora.
— Família? — Perguntou Cullen. — Você... Vocês dois vão... Se casar?
— Posso responder a isso. — Nikki deu um tapinha no ombro dele,
enquanto ela passava. — Gavin e eu já conversamos e não vemos uma razão
para isso. Estamos apaixonados e felizes juntos, e um pedaço de papel não vai
mudar isso. — Inclinou a cabeça de lado a lado. — Talvez com o passar do
tempo possamos mudar de ideia, mas, por agora, estamos apenas felizes de
estar juntos.
O garçom trouxe o champanhe, a rolha fazendo um som de
estalo. Encheu um copo para Nikki e outro para Gavin, depois entregou Glenn
e Cullen seus copos de cidra.
— Proponho um brinde. — Glenn levantou a taça. — Pelo início de um
novo começo. — Glenn virou-se para olhar para Cullen. — Para todos nós.
— Vou beber a isso. — Gavin bateu seu copo no de Glenn.
— Eu também. — O sorriso no rosto de sua mãe era infeccioso. Era
uma mulher tão doce e carinhosa. Já era tempo dela ter a oportunidade de
seus sonhos virarem realidade.
O garçom voltou depois de alguns momentos e anotou seus
pedidos. Sua mãe e Gavin eram realmente bonitos juntos, pensou Glenn. Tão
bonitos, que era uma espécie de demais. Ele acabou de conhecer Gavin e ele
parecia um cara muito bom, mas estava um pouco desconfortável com todo
esse negocio de tocar e beijar. A maioria das crianças não quer ver seus pais
recebendo todo esse carinho na frente deles. Olhou para Cullen e ele não
estava se saindo muito melhor. Seu rosto estava comprimido, fazendo com
que a testa enrugasse.
Tal como se apresentava no momento, não achou que as coisas
parecessem muito boas para ele com Cullen. O homem parecia absolutamente
miserável e bastante afetado por estar tão perto de Glenn. Naquele momento,
a certeza de que Cullen era seu companheiro estava crescendo. O aroma de
hortelã fresco rolando fora do homem fez seu pênis ficar semiduro por todo o
jantar. Tinha que meter a cabeça de seu pênis no cós da sua boxer, para
tentar esconder o crescente bojo.
— Então, quando é a grande mudança? — Glenn perguntou quando
saíram do restaurante.
— Este fim de semana. — Sua mãe se virou e pegou a mão dele e
estendeu a mão para Cullen. Glenn ficou aliviado quando o outro homem
pegou a mão dela, sem hesitar. — Sei que isto é repentino e não espero que
vocês, rapazes, sacrifiquem o seu fim de semana para nós ajudar, mas... —
Nikki assobiou em uma respiração.
— Não se preocupe com isso, mãe. — Passou o braço em volta dos
ombros de Cullen, enfiando a cara debaixo do braço e perto de seu corpo. —
Vamos ajudar. Não é mesmo, Cullen? — Glenn sorriu para o outro homem.
— Com certeza. — O sorriso falso estava de volta ao rosto bonito de
Cullen. Sabia que era falso, porque não alcançou seus olhos.
— Obrigado, rapazes. — Nikki colocou um braço em volta de cada um
deles e os abraçou apertado. — Quem tem os maiores filhos no mundo? Nós!
Glenn balançou a cabeça e riu das palhaçadas de sua mãe. A amava
mais do que palavras poderiam explicar.
— Vamos pegar um pouco de sorvete. — Gavin pegou Nikki pela
mão. — Vocês dois são convidados a participar.
— Vou passar. — Cullen enfiou as mãos nos bolsos. — Tenho
toneladas de lição de casa e, se vou ajudar a mudarem este fim de semana, é
melhor termina-las logo.
— Cullen, querido, se estiver ocupado, não precisa ajudar. — Nikki
chegou tocou a bochecha de Cullen. — Entendo o quão difícil a faculdade pode
ser e não quero que fique atrasado. — Olhou para Glenn. — Qualquer um de
vocês.
— Não, Nikki, estou bem. — Cullen corou. — Estarei ajudando vocês
neste fim de semana.
Pela primeira vez durante toda a noite, Glenn viu um sorriso genuíno
atravessar os lábios de Cullen. Passou muitos anos examinando os
maneirismos de Cullen e sabia quando seu sorriso era real e quando era
falso. E agora, com os sentidos aprimorados, podia sentir a raiva, felicidade e
tristeza de Cullen. Podia dizer o homem estava feliz por seus pais.
— Ok, estamos indo. — Gavin se inclinou para abraçar seu filho
dizendo adeus e bateu em Glenn no ombro. — Vejo vocês, meninos, mais
tarde.
Glenn e Cullen estavam lado a lado, enquanto observavam seus pais
andarem de mãos dadas em direção ao carro de Gavin, que abriu a porta para
Nikki e Glenn sentiu-se desmaiar só um pouco. Sua mãe finalmente encontrou
seu protetor.
Uma vez que o carro foi embora, Glenn observou até as lanternas
traseiras se misturando ao tráfego na rua. O som dos pés batendo foi o seu
primeiro indicador de que Cullen estava saindo.
— Ei, onde está indo? — Glenn teve que correr para alcançá-lo. Porra,
o cara podia se mover rápido.
— Casa. Enquanto ainda é minha, é isso. — Cullen puxou as chaves
do bolso para abrir seu carro.
— O que isso quer dizer? — Agarrou Cullen gentilmente pelo braço,
para fazê-lo encará-lo.
— Exatamente o que parece. — Cullen bateu na mão de Glenn
afastando-a. — Alguém sabia que estava de volta na cidade?
— Não. — Glenn cruzou os braços sobre o peito, sorrindo, enquanto
observava o olhar de Cullen baixar, examinando-o. Antes de Glenn se tornar
um shifter, ele tinha um corpo musculoso, mas, desde a transformação,
ganhou mais peso e massa muscular. Inferno, parecia bom o suficiente
foder. — Queria surpreender a todos.
— Bem, parabéns. Missão cumprida. — Cullen voltou para o carro,
abrindo o lado do motorista. Glenn estendeu a mão para colocar a mão contra
a porta, mantendo-a fechada. — Uh, desculpe-me. Estou tentando sair daqui.
— Por que está agindo assim? — Foi totalmente pego de surpresa
com a atitude de Cullen. Claro, não eram próximos ou qualquer coisa, na
verdade, não poderia nem mesmo dizer que eram amigos, mas salvou a vida
de Cullen. Isso tinha que contar para alguma coisa.
— Agindo como o quê? — Cullen jogou as mãos para o ar. —
Chateado porque meu pai jogou não uma, mas duas bombas em mim esta
noite? — Cullen levantou dois dedos. — E, sem ofensa, mas pode parar com
essa de cara agradável. Não serei enganado.
— Enganado como? Estou confuso agora. — Glenn levantou as mãos
para agarrar o cabelo dele.
— Como é que isso não me surpreende? — Cullen zombou, a
expressão tão feia em seu rosto bonito. Glenn odiou.
Em todos os anos que conheceu Cullen, nunca viu esse lado do outro
homem. Parecia que Cullen Ford desenvolveu um pouco de coragem enquanto
esteve fora e Glenn estava realmente feliz com isso. Cullen precisava ser capaz
de cuidar de si mesmo, mas realmente não gostava da sua frieza.
— Olha Cullen, sinto muito por toda a merda que lhe fiz quando
éramos mais jovens. — Glenn se desculpou. Sabia que deveria ter feito desde
que saiu, mas não teve a coragem. — Não sou mais o mesmo cara.
— Sente muito? — Cullen soltou uma risada áspera. — O que? Acha
que dizer que está arrependido compensa tudo o que já fez comigo? — Cullen
empurrou seu peito. Glenn era muito maior e mais forte do que Cullen jamais
seria, e a ação pareceu mais como um vento forte batendo no peito e não um
homem adulto o empurrando. — Sabe o que é ter medo de sua própria
sombra, porra? Sabe o que é saltar cada vez que alguém esbarra em você,
porque está com medo de que um punho vai socar seu braço? E sabe o que é
não ter amigos? Claro que não! Por sua causa odiava o ensino médio e era um
pária. Porque no mundo iria querer aceitar o seu pedido de desculpas?
— Cullen, não sou mais aquele cara. — Estendeu a mão para Cullen,
mas as puxou de volta antes que fizessem contato. Cullen estava com raiva e
o cheiro amargo o fez querer vomitar. — Se não tivesse mudado e não
quisesse ser seu amigo, teria deixado Jaron atacá-lo naquela noite, há dois
anos, não saltando na sua frente.
— Ah, então agora deveria me curvar aos seus pés e agradecer por
salvar minha vida? Sou grato por isso, não me interprete mal, mas... E sobre
os seis anos da minha vida que transformou num inferno, Glenn? Esses são
anos que nunca voltarão e ainda tenho pesadelos sobre esse tempo na minha
vida, então, me perdoe por não querer perdoar instantaneamente e esquecer.
— Virou e abriu a porta do carro. — Só espero que sua mãe não seja nada
como você. Mas, é sua mãe e dizem que a maçã não cai longe da árvore.
O lobo dentro de Glenn rosnou e se arrastou para a superfície. Podia
sentir os dentes começarem a alongar e sua pele se arrepiar com as sensações
de seu pelo crescendo. Podia querer Cullen, mas seria condenado se o homem
falasse mal de sua mãe. Ela não era nada como ele. Era a pessoa mais legal do
mundo e fez de tudo para impedi-la de descobrir que tipo de pessoa ele
costumava ser. Ela ficaria devastada e desapontada com ele.
Arrancou Cullen de volta e o empurrou contra a lateral do
carro. Dobrou os joelhos para que ficasse no nível dos olhos Cullen. A boca do
menor homem estava aberta e agarrou-se ao metal duro da porta do carro
atrás dele. Glenn podia sentir seu medo.
— Vamos esclarecer uma coisa bem rápido, Cullen. — Apoiou as mãos
em cada lado do corpo magro de Cullen. — Pode dizer o que quiser sobre
mim. Mereço isso, mas nunca fale mal de minha mãe. Faça novamente e vou
ter que empurrar algo nessa sua boca para cala-la. — Quando Glenn terminou
de falar, seu peito arfava para cima e para baixo com suas emoções. Ficou
cara a cara com Cullen.
— E ai está o Glenn que eu conheço. — Disse Cullen suavemente,
com desdém. — Claro, porque não me bate em nome dos velhos tempos?
Glenn se afastou de Cullen. Não podia acreditar que fez aquilo. Não
era mais aquele e, com certeza, não queria que Cullen tivesse medo dele.
— Cullen, sinto mui...
— Me poupe. — Cullen interrompeu.
Glenn ficou lá com os braços pendurados em seus lados. Não era
assim que pensou que seria seu primeiro encontro com Cullen, depois de todo
aquele tempo. Fez asneiras, mas não foi tudo culpa dele. Cullen atingiu os
botões certos que faziam seu temperamento subir. Cullen nunca ouviu falar
que nunca se deve falar mal da mãe de outra pessoa? Era como uma lei não
escrita.
Glenn ficou lá por mais alguns segundos, antes de entrar em seu
carro. Aquela noite foi um fracasso, mas não estava desistindo. Cullen era seu,
se o cara gostasse ou não. De uma forma ou de outra, ficariam juntos e o fato
de que estariam vivendo sob o mesmo teto tornava seus planos de sedução
ainda mais fáceis.
Capítulo 4

— Não posso acreditar que isso está acontecendo comigo. — Cullen


apertou sua mão no volante. — Acho que essa noite será cheia de surpresas.
Cullen bateu seu pisca-pisca e virou à direita para a Summit Trail. Viu
que a luz da varanda de Trevor e Jaron ainda estava acesa e entrou em sua
garagem. Não tinha outro lugar para ir e estava com um pouco de medo de
voltar para sua casa, no caso de seu pai e de Nikki estarem lá.
Saiu do seu carro e subiu correndo os degraus como se estivesse
sendo perseguido. Cullen bateu duas vezes e deixou as mãos caírem
fracamente ao seu lado. Seu coração estava batendo forte em seu peito e
desejou que pudesse voltar no tempo, mas não faria muita diferença. Seu pai
ainda estaria com Nikki e Nikki ainda seria mãe de Glenn. Se a felicidade de
seu pai não significasse tanto para ele, ficaria com muita raiva e teria feito
alguma coisa exatamente naquele momento.
— Cullen? — Jaron abriu a porta e parecia um pouco surpreso ao ver
Cullen em sua porta. — O que está acontecendo?
— Posso entrar, por favor?
— Claro. — Jaron abriu a porta e Cullen entrou. Esperou que Jaron
fechasse a porta e seguiu para a sala de estar.
— Ei, Cullen. — Trevor sentou-se no sofá. — Está tudo bem? —
Trevor cheirou o ar.
Cullen realmente ficava irritado que shifters conseguissem sentir suas
emoções. Isso era grosseiro e incômodo.
— Na verdade, não. — Cullen riu. — Tenho que te perguntar uma
coisa. — Sentou-se na cadeira vazia perto dele. — Sabia que Glenn Shephard
está de volta na cidade?
— O quê? — Jaron perguntou quando se sentou ao lado de seu
companheiro. — Glenn está de volta em Silver Creek? — Olhou para seu
companheiro.
— Ele está? — Os olhos de Trevor se arregalaram e parecia tão
surpreso quanto Cullen. — Há quanto tempo está aqui?
— Não faço ideia. — Cullen se moveu para trás em sua cadeira.
— Então, como sabe? — Perguntou Trevor.
— Engraçado você perguntar isso. — Cullen agitou o dedo para
Trevor. — Meu pai está namorando a mãe de Glenn. — Trevor e Jaron
engasgaram. — Oh, mas isso fica ainda melhor. Estão apaixonados e decidiram
viver juntos.
— Oh, merda. — Jaron levantou a mão para cobrir sua boca.
Cullen tinha dito a Jaron tudo sobre seu relacionamento tórrido com
Glenn. Se alguém sabia como era ser agredido, esse alguém era Jaron. Fora
mantido prisioneiro por seu próprio pai desde quando tinha cinco anos, depois
se transformou num experimento científico pelo homem, mais tarde, pelo
Santuário Não-Humano, ou mais conhecido como SNH. As situações eram
totalmente diferentes, mas eram capazes de se unir ainda mais pela crueldade
mostrada a eles por outros.
Jaron era simpático com Glenn, considerando que o tinha atacado e
todo o resto. Mas a coisa surpreendente era que Glenn tinha perdoado Jaron e
realmente se tornaram amigos. Cullen não o culpava por ter feito isso. Ele
entendeu. Cullen respeitava Jaron como pessoa e como um amigo, e não iria
tentar influenciar Jaron para o seu lado, mas Jaron sabia como Cullen se
sentia.
— Oh, merda, você está certo. — Cullen se inclinou para frente,
apoiando os cotovelos sobre os joelhos e segurando as mãos no alto da
cabeça. Sentia-se como se a cabeça estivesse preste a explodir. — Estão se
mudando nesta semana. Vou ter que viver na mesma casa que ele ou sair, e
não quero fazer isso. — Cullen olhou para seus amigos. — É a minha casa. Não
deveria ter que sair.
— Sinto muito, Cullen. — Trevor disse. — Se soubesse que estava
voltando para Silver Creek, teria lhe dado um alerta.
— Eu sei. — Cullen caiu para trás na cadeira. — A vida é uma droga.
— Ora, vamos, Cullen. — Jaron se levantou e caminhou até sentar-se
no braço da cadeira onde Cullen estava. — Glenn não é tão ruim assim. Sei
que te tratou como merda absoluta na escola, mas ele teve uma vida muito
difícil, também. — Jaron deu de ombros. — Afinal de contas, eu o mordi e isso
mudou a sua vida para sempre. Acho que sabe uma coisa ou duas agora sobre
ser diferente.
— Entendo. Realmente, entendo, e não quero parecer ingrato pelo
que ele fez por mim. Sou extremamente grato, mas... Poxa! — Cullen gemeu.
— Era um idiota comigo quando éramos mais jovens e agora estou sendo
forçado a viver na mesma casa que ele.
— Cullen, simpatizo com o que está dizendo e estou com você, cem
por cento, mas tem que perceber que Glenn não é mais aquele atleta estúpido
da escola. — Trevor apertou as mãos na frente dele. — Não estou tentando ser
um idiota quando digo isso, mas é hora de deixar o passado e seguir em
frente. — Cullen e Jaron engasgaram e olharam por cima de Trevor. — O quê?
— Somente alguém que nunca foi intimidado diria uma coisa dessas.
— Jaron ficou ao lado de Cullen e envolveu um braço em volta dos ombros.
— Não quis dizer isso, querido. Tudo que estou dizendo é que, o que
está no passado está no passado e não há como mudar. Tudo o que Cullen
pode fazer agora é seguir em frente. Não estou dizendo que tem que perdoar
Glenn, mas, Cullen, você precisa encontrar uma forma de coexistir com o cara.
Seus pais estão juntos e todos vão viver sob o mesmo teto. Confie em mim. —
Trevor apontou o dedo para ele. — A menos que encontre alguma forma para
fazer isso funcionar, vai ser infeliz vivendo em casa.
Trevor tinha razão, mas Cullen queria estar de mau humor. Por tanto
tempo tinha odiado Glenn Shephard. O homem tinha sido uma ameaça e agora
deveria apenas perdoar e esquecer?
— Você está certo, Trevor. — Cullen mexia com os dedos, olhando
para eles. — Mas isso não significa que tenho que estar feliz com isso.
— Ei, cara, a vida não é fácil. — Trevor riu.
— Então, como estava ele esta noite? — Perguntou Jaron. — Foi rude
ou lhe deu qualquer indicação de que seria um problema?
— Não. — Cullen balançou a cabeça. — Foi muito estranho, na
verdade. Estava bom. Não estou acostumado a isso e, então, naturalmente,
achei que fosse um truque.
— Mas talvez não seja. — Jaron descansou a cabeça em cima na de
Cullen. — Talvez queira perdão e ser seu amigo.
— Há! Amigo, certo. — Cullen riu.
— Cullen, amigo. — Trevor se levantou e veio a se ajoelhar na frente
dele. — Dê uma chance e se isso não funcionar, pode sempre vir ficar com a
gente. — Trevor olhou para Jaron e ele concordou. — Será sempre bem-vindo
aqui.
— Obrigado. A vocês dois. — Cullen sorriu. Era bom ter amigos que
se preocupavam com ele.
Cullen ficou por mais uma hora, depois, voltou para casa. A casa
estava vazia, então foi capaz de deslizar para seu quarto sem ter que discutir
as novas mudanças em sua vida. Tirou a roupa e vestiu o calção de pijama e
uma camiseta velha. Aconchegou-se debaixo de seus lençóis e deixou seu
colchão macio o abraçar. Olhou ao redor de seu quarto e sorriu para si mesmo.
Crescera ali, aquele era o seu porto seguro. O único lugar que sempre poderia
ir e ser ele mesmo, mas tudo isso estava preste a mudar. Queria acreditar que
Glenn já não era mais o mesmo e que tinha deixado a idiotice no passado, mas
era difícil esquecer. Um ato heroico não apaga toda a merda que Glenn lhe fez
passar. Levaria algum tempo, mas, por seu pai, iria lhe dar uma chance.

*****
— Bem, se não é o Super Cooper. — Glenn correu atrás de Cooper,
envolvendo os braços ao redor da cintura e girando em torno dele.
— Glenn! — Cooper escapou do abraço de seu amigo e virou-se para
encará-lo. — Oh, meu Deus, é realmente você! — Cooper avançou em direção
a ele, abraçando-o apertado. — Não posso acreditar que está aqui. — Cooper
deu um passo para trás, apenas o suficiente para olhar Glenn. — Veio para
ficar ou apenas uma visita?
— Para ficar. — Glenn sorriu e ergueu o livro na mão. — Hoje é meu
primeiro dia de aula.
— De jeito nenhum! — Cooper bateu Glenn no braço. — Por que não
ligou e me disse? Cara, isso não é legal.
— Queria fazer uma surpresa. — Glenn mordiscou o lábio inferior. —
E não tinha certeza de quão feliz ficaria em me ver. Você seguiu em frente
com sua vida e não tinha certeza se havia algum lugar para mim, nesta nova e
melhorada vida adulta.
Glenn não estava mentindo sobre isso. Cooper e ele foram amigos
desde a pré-escola e tinham passado por muitas coisas juntos, seus primeiros
beijos, seu ódio mútuo pelo treinador, formando a linha defensiva em sua
equipe de futebol da escola e apenas ficando por ai, sem fazer nada. Foram
grandes momentos. Desde que se afastou ficaram em contato através de
telefonemas e mensagens de texto, mas não era o mesmo. Temia que
tivessem se afastado.
Antes de deixar a cidade e da mordida, Glenn era um verdadeiro
idiota com o namorado de Cooper, Dylan. Glenn não tinha vergonha de admitir
que fosse um valentão e suas ações quase lhe custaram o seu melhor amigo.
Na época, Glenn estava convencido de que odiava Dylan porque o
cara era gay, mas era uma mentira. Ficou com ciúmes porque pensava que
Dylan gostava de Cullen e iria roubá-lo. Era tudo tão louco e irracional. Por
tantos anos descontou suas frustrações em Cullen. Atacou o cara
implacavelmente e tratou-o como merda. Depois, Dylan apareceu e Glenn
entrou em pânico. Pensou que o cara de quem, secretamente, gostava desde o
ensino médio, havia encontrado alguém. Não podia aguentar isso, então,
naturalmente, tinha de tornar a vida de Dylan um inferno. Para ser justo,
naquele momento, Glenn não sabia sobre shifters ou que Dylan e Cooper eram
companheiros. Se soubesse de tudo isso, talvez as coisas pudessem ter sido
diferentes.
— Cara, você é um idiota às vezes, sabe disso? — Cooper passou o
braço em volta do pescoço de Glenn e o puxou para perto. — Somos melhores
amigos para a vida, cara. Se acostume com isso. Está preso comigo.
— Posso viver com isso. — Glenn empurrou o peito de Cooper e
livrou-se das garras de seu amigo. — Então, como está Dylan?
— Bem. — O rosto de Cooper se iluminou com um sorriso brilhante.
— Estamos vivendo juntos. — Bateu no peito de Glenn. — Mas já lhe disse
isso. Estar apaixonado é incrível.
— Isso é o que ouvi dizer. — Glenn riscou um ponto atrás da orelha.
Cada vez que pensava em estar num relacionamento sério, uma visão de
Cullen passava pela sua mente. Sempre foi atraído por Cullen, mas ser um
shifter e saber que o homem pequeno e magricelo era seu companheiro era
dez vezes pior. Uma das principais razões por que voltou para Silver Creek foi
Cullen. Glenn e seu lobo estavam ficando loucos separados do homem.
— Não acredito que não disse uma palavra sequer sobre sua volta. —
Cooper apontou um banco vazio sob a sombra de uma árvore e se sentaram.
— Aposto que sua mãe ficou muito feliz em ver a sua cara feia.
— Ei, agora! — Glenn levemente perfurou Cooper no braço. — Este
rosto não é nada mais que bonito. — Cooper revirou os olhos e ele e Glenn
ambos começaram a rir. — Não, mas, sério, ficou emocionada. Ela é uma das
razões pelas quais quis voltar. Senti falta dela, de você e... — Glenn sacudiu a
cabeça, não deixando o pensamento ser dito.
— Estou feliz que tenha voltado, Glenn. A vida não tem sido a mesma
sem você.
— Obrigado por dizer isso. — Glenn recostou-se no banco e espalhou
o braço sobre as costas. — Estar de volta aqui em Silver Creek, é como se
nunca tivesse saído.
— Sim, não mudou muita coisa. — Cooper deu de ombros.
— Muito mudou para mim. — Glenn virou para olhar para Cooper. —
Sabia que a minha mãe tem um namorado?
— Tem? — Perguntou Cooper. — Eu a vi em torno da cidade, mas
está sempre tão ocupada. Mas parece feliz. Cara, não posso acreditar que está
namorando. Isto é sério?
— Espero que sim. — Glenn riu. — Estão se mudando para morarem
juntos. Ou, na verdade, minha mãe e eu estamos nos mudando para a casa
dele e de seu filho. — O sorriso no rosto de Glenn cresceu tanto que suas
bochechas doíam.
— Não me diga?
— É sério. — Glenn assentiu.
— Bem, quem é? — Cooper bateu no peito de Glenn.
— Gavin Ford. — Glenn inclinou a cabeça para o lado e viu quando o
nome entrou na cabeça de Cooper. Riu no momento em que o amigo pareceu
compreender.
— O pai de Cullen? — Cooper perguntou e Glenn assentiu uma vez. —
Puta merda! O Cullen sabe sobre isso?
— Agora sabe. Levaram-nos para jantar na noite passada para dar a
notícia. — Glenn sentou e se inclinou para frente. — Claro, minha mãe me
disse duas semanas antes da minha volta para Silver Creek. Fiquei chocado,
mas, ei, se ela está feliz, então estou feliz por ela.
— Eu também, mas e Cullen? — Cooper olhou para alguém de
passagem na calçada. — Como reagiu?
— Não tão bem como esperava. Não é todo dia que se descobre que
seu agressor do ensino médio irá morar com você. — Glenn gemeu e cerrou a
mão em seu cabelo.
— Glenn, cara, o que esperava? Atormentou aquele cara durante toda
a sua vida escolar. — Cooper levantou a mão para colocar sobre a boca de
Glenn quando a abriu para protestar. — Eu sei, eu sei, eu sei. Você o salvou de
ser atacado por Jaron, mas uma boa ação não apaga uma vida inteira de
sofrimento que causou. — Cooper fez um som de clique na garganta e relaxou
em seu assento. — Deveria ter me escutado anos atrás, quando lhe disse para
parar com toda essa merda, mas não, você não ouviu.
— Por que tem que me lembrar disso? — Glenn esfregou seu queixo.
— Era jovem e estúpido. O que posso dizer?
— Nada. — Respondeu Cooper. — Tudo o que pode fazer é pedir
desculpas e esperar que um dia possam ser amigos.
Glenn virou a cabeça para que seu amigo não visse a sua decepção.
Não queria esperar mais um dia por ele. Queria Cullen agora e seu lobo estava
ficando inquieto.
O vento soprava em todo o campus e ouvia as folhas nas árvores
oscilando. O campus estava cheio de ruídos e cheiros e um em particular bateu
no rosto de Glenn. Sentou-se para frente com seu nariz no ar, procurando a
direção de onde o mentolado aroma fresco estava vindo.
Ao longo da entrada principal da biblioteca o encontrou. Cullen estava
usando calça jeans clara e camiseta preta, que tinha como estampa uma
tabela periódica. Jogou a cabeça trás, rindo. A pele pálida, cremosa e delgada
de seu pescoço deixava Glenn com água na boca.
Desde a primeira vez que viu Cullen, pensou que o cara fosse um elfo
ou uma fada, como das histórias dos livros infantis. Cullen tinha traços
delicados e pele de aparência suave, e era tão bonito. Foi provavelmente o que
começou a fascinação de Glenn por Cullen. Glenn tinha amado Peter Pan e
depois de ler o livro e encontrar Cullen, estava convencido de que era quem
Cullen era. Não demorou muito para que o fascínio se transformasse em algo
mais hormonal. Ficava surpreso por ficar excitado por outro cara na escola. Era
estranho e não queria ser diferente. Estava tão irritado por desejar Cullen, que
o culpava e fez de sua vida um inferno. Deus, se pudesse voltar no tempo com
o conhecimento que tinha agora, iria fazer tantas coisas de forma diferente.
Podia ouvir Cooper chamando seu nome, mas toda a sua atenção
estava em Cullen, em suas bochechas havia um tom claro de rosa e o modo
como seus óculos grossos ridiculamente deslizavam para baixo de seu nariz.
Parecia tão doce e inocente. O pau de Glenn pulsava em seu jeans e ficava em
um ângulo desconfortável à medida que endurecia.
Uma mão, que não era de Cullen, estendeu-se para empurrar os
óculos de Cullen no nariz. Glenn desviou o olhar e viu um homem de pé na
frente de Cullen. Também estava rindo. O homem estava de pé, um pouco
perto demais. Era alto, com uma compilação magra e ainda muscular. Glenn
podia ver o contorno dos músculos definidos na sua camisa de longe. Tinha
cabelo castanho claro, cortado curto, e olhos azuis. Glenn tinha que admitir, o
cara era bonito, se fosse para esse tipo de coisa, mas não ia. Tinha olhos
apenas para Cullen e, aparentemente, o mesmo fazia aquele cara.
— Quem é que está falando com Cullen? — Glenn teve que morder o
interior de sua bochecha para não rosnar.
— Uh, aquele é... — Cooper franziu os lábios. — Conheci o cara. Qual
é o nome dele? — Cooper estalou os dedos juntos. — Corbin. — Cooper
apertou os olhos. — Corbin Brewer, esse é o nome dele. Cullen foi o tutor dele
no ano passado. Por quê?
— Também é tutor esse ano? — Glenn não podia desviar o olhar de
seu companheiro. Não gostava de quão perto o cara estava de Cullen e a
maneira como o tocava livremente. Aquilo não foi legal.
— Não sei. — Cooper cutucou Glenn no lado. — Cara, você está
rosnando. Precisa seriamente parar com isso.
— Huh? — Glenn desviou o olhar de Cullen olhar para Cooper.
— Você estava rosnando. — Cooper assentiu. — É estranho. Pare com
isso. Não precisamos de pessoas parando para olhar.
— Desculpe. — Glenn voltou a olhar Cullen e o viu acenar um adeus a
Corbin, em seguida, virou e se afastou.
— Glenn, cara, o que há com você? Está agindo estranho.
— Não é nada. — Glenn sacudiu a cabeça. Respirou profundamente
para acalmar seus nervos tensos. Esse cara, Corbin, era apenas um amigo,
nada mais e se tivesse alguma ideia na cabeça de ser mais que um amigo de
Cullen, Glenn poderia acabar com o rapaz.
— Não me venha com essa merda. Eu o conheço muito bem. —
Cooper colocou a mão na parte de trás do pescoço de Glenn. — O que está te
incomodando?
Glenn espiou pelo canto do olho para seu melhor amigo. Podia
realmente dizer para Cooper a verdade? Poderia dizer-lhe como se sentia
sobre Cullen? Mas, o mais importante, poderia confiar que iria manter o seu
segredo?
— Se te contar, promete não contar a ninguém? — Perguntou Glenn.
— E isso inclui Dylan.
— Droga, isso deve ser grande se quer que mantenha um segredo até
para meu companheiro. — Cooper passou a mão sobre sua boca. Estava
batendo o pé em uma batida rápida. — Não é ilegal ou algo que vai deixar
alguém ferido, não é?
— Não — Glenn recuou.
— Ok. — Cooper assentiu. — Manterei segredo. Só porque é você. —
Respirou fundo. — Divida comigo, cara. — Cooper sentou-se com o punho
fechado e o cenho franzido, como se estivesse à espera de ser atingido.
— Gosto do Cullen. — Disse Glenn. Soltou a respiração que não tinha
percebido que estava segurando. Sentiu-se melhor do que esperava, por ser
capaz de admitir isso a outra pessoa.
— É isso? Estava enlouquecendo, pensando que fosse algo ruim como
matar alguém ou alguma merda desse tipo. — Cooper soltou um suspiro
profundo.
— Não, você não entendeu. — Glenn mudou de posição no banco e
colocou uma perna debaixo dele. — Eu gosto do Cullen. — Cooper sacudiu a
cabeça como se não entendesse. — Gosto dele como lobos gostam de pessoas.
Glenn viu o momento quando o que disse foi registrado no cérebro de
Cooper. Seus olhos se arregalaram e sua boca estava aberta.
— Puta merda!
— Sim. — Glenn concordou. Não tinha nenhuma dúvida de que isso
não seria uma boa notícia para Cullen. Claro, o vínculo de acasalamento
gostaria de chamar Cullen para Glenn, mas isso não significava que Cullen
tinha que gostar. Uma pessoa poderia estar apaixonada por outra e ainda
guardar rancor.
— Tem certeza? — Cooper sentou-se para frente, juntando os dedos
na frente dele.
— Sim, total. — Glenn deixou sua cabeça inclinar para trás para olhar
para as folhas grossas de árvore. Fatias estreitas de céu azul cortavam através
das folhas.
— Sabia disso todo esse tempo?
— Não com certeza. — Glenn sentou-se. — Não, até juntar todas as
peças. Tinha minhas suspeitas, enquanto estava em Oregon, mas não tinha
certeza. Mas vendo Cullen depois de todo esse tempo, eu soube. Ele é meu. —
Glenn riu. — De certa forma, sempre foi. Era muito estúpido para admitir isso.
— Glenn olhou para Cooper chocado. — Sempre gostei de Cullen, Cooper. Acho
que é por isso que fiz tudo aquilo com ele. Não queria ser gay, então joguei
toda minha raiva e frustração sobre ele. Não era certo, mas, na minha mente
de adolescente, isso fazia sentido.
— Oh, meu Deus... — Cooper cobriu o rosto com as mãos. — Oh, meu
Deus! Sabe o que isso significa?
— Sei. — Glenn assentiu, exausto de todo o pensamento que estava
tendo. Era tudo o que podia pensar. Cullen era seu companheiro predestinado
e Glenn o tratou como uma merda ao longo dos anos. Como poderia esperar
que o perdoasse?
— Tenho que dizer a Dylan. — Cooper começou a se levantar. Glenn
agarrou seu pulso e puxou-o de volta para baixo. Cooper pode ser um pouco
mais alto do que ele, mas não era tão forte como Glenn.
— O inferno que você vai. — Glenn estalou. — Ele vai dizer a Cullen e
não estou pronto para que saiba ainda.
— O quê? Por que não diz direto a ele? — Perguntou Cooper. — Se
são companheiros, ele vai sentir a conexão.
— Eu sei, mas... — Como poderia Glenn explicar ao seu melhor
amigo, que era como o cara mais legal do mundo?
— Mas o quê?
— Quero que goste de mim pela minha pessoa. Não quero que
simplesmente aceite que vamos estar juntos, porque somos companheiros. —
Glenn apertou as mãos.
— Mas ele meio que é... — Cooper disse suavemente. — Entendo o
que está dizendo e respeito isso. Mas se o que diz é verdade, Cullen acabará
sendo seu. Sabia desde o momento em que vi Dylan que o queria. Se
realmente são companheiros, não há como lutar contra isso.
— Sei disso, mas não quero que Cullen se sinta preso a mim. Quero
mostrar a ele o quanto mudei e quanto o desejo. — Glenn respirou fundo e
fechou os olhos. Podia sentir o cheiro persistente de Cullen. — Porque, porra,
cara, eu o quero demais. Eu o quis desde quando tinha treze anos, e agora é
pior com essa merda de lobo. — Glenn estreitou os olhos para Cooper, quando
seu amigo começou a rir. Estava rindo tanto que seus olhos estavam
lacrimejando. — O que, diabos, é tão engraçado?
— Não é nada realmente, mas é que Dylan costumava dizer que
achava que você tinha uma queda por Cullen e por isso aprontava com ele. —
Cooper teve outro ataque de risos. — Dizia que ele estava louco, mas agora
acho que estava certo.
— Estou feliz que possa ver humor em tudo isso. — Glenn cruzou os
braços sobre o peito. Era irritante que Dylan tivesse sacado isso desde o início.
— Sinto muito, cara. É tão bizarro, mas entendo. — Cooper sentou-se
e pôs o braço em torno de Glenn. — E agora? Vai fazer com que Cullen passe
a gostar de você?
— Algo assim. — Glenn assentiu.
— Tudo certo. Prometo não dizer nada a Dylan, mas é melhor levar
essa merda a sério. — Cooper deu um tapinha na orelha de Glenn. — Cullen
percorreu um longo caminho nos últimos dois anos. É inteligente, engraçado e
terrivelmente adorável. Tem sorte que ainda não tem ninguém.
— Eu sei. — Glenn assentiu. Aquele era o seu maior medo. Se Cullen
tivesse se apaixonado por outra pessoa, Glenn ficaria devastado. — Não vou
deixá-lo longe de mim novamente. Vou fazer isso direito.
— É bom ouvir. — Cooper levantou-se e estendeu a mão para Glenn
pegar. — Estou faminto. Vamos comer alguma coisa. — Glenn riu e pegou a
mão de Cooper, deixando-o que o puxasse para ficar de pé. — E, cara, se
precisar da minha ajuda com qualquer coisa, é só me avisar. Seria legal ver
você e Cullen juntos. Pense na história de amor que vai ser capaz de dizer às
pessoas. Posso ouvi-lo agora: 'valentão torna-se namorado'.
— Você é estranho. — Glenn sacudiu a cabeça e riu.
Algo dentro do peito de Glenn despertou. Não se sentia mais sozinho
nessa bagunça. Alguém sabia o seu segredo e, com a ajuda de Cooper,
certamente teria o homem dos seus sonhos.

Capítulo 5

― Quanta coisa ela tem? ― Cullen reclamou.


― Filho, ela está vendendo a sua casa e se mudando pra cá. ― Seu
pai grunhiu, enquanto levantava outra caixa em seus braços do caminhão de
mudança. ― Onde acha que iria colocar todos os seus pertences e os de
Glenn?
― No armazenamento. ― Cullen sugeriu. ― Porra. ― Tropeçou em
seus pés, quase deixando a caixa cair de seus braços.
― Sei que este será um grande ajuste, Cullen, mas vai ser divertido.
― Seu pai sorriu. ― Somos todos adultos. É como viver com companheiros de
quarto.
― Sim, companheiros de quarto. ― Cullen revirou os olhos. Depositou
a caixa que estava carregando e voltou lá fora para pegar outra.
Estavam em meados de setembro e entre o sol brilhando em cima
dele e o ar quente e úmido, se sentia miserável. Tirou os óculos para limpar as
lentes em sua camisa, então os deslizou de volta no lugar.
― Maldição! ― Cullen suspirou com a visão de Glenn andando em
nada além de um short preto solto, pendurado mais abaixo em sua cintura,
dando a Cullen uma visão perfeita de seus músculos proeminentes. Sua pele
estava escorregadia com o suor e tinha o cabelo escuro puxado para trás de
seu rosto com uma tiara. Por que o cara tinha que ser tão bonito? E por que a
libido hibernando de Cullen tinha que acordar justo agora? Precisava tirar estes
sentimentos de desejo do seu sistema. Dylan uma vez lhe dissera que shifters
podiam sentir o cheiro quando uma pessoa estava excitada. Algo sobre
feromônios. Aquilo era realmente um saco e a última coisa que queria era que
Glenn soubesse que o achava atraente.
Glenn rolou a plataforma móvel até em cima da rampa e amarrou a
geladeira nela, depois rolou de volta até o chão. Cullen só ficou lá assistindo. A
forma como o sol iluminava a sua carne úmida era como um acidente de trem.
Simplesmente não conseguia desviar o olhar, nem se tentasse.
― Você está bem, Cullen? ― Perguntou Glenn. O canto de sua boca
puxando para cima. Ele piscou quando passou.
― Foda-se a minha vida... ― Cullen gemeu, enquanto caminhava de
volta até o caminhão de mudança. Procurou algo leve e fácil de transportar.
Viu um abajur e o apanhou.
― Ei, Cullen! ― A voz alegre de Nikki o assustou e quase deixou cair
o abajur. ― Oh, merda, querido, não queria assustá-lo.
― Está tudo bem. ― Cullen colocou a mão no lado do caminhão para
se firmar. ― Acredite ou não, sou completamente desastrado, estando
assustado ou não.
― Oh, querido, e não somos todos? ― O sorriso de Nikki desapareceu
e cruzou os braços sobre o peito. Parecendo nervosa. ― Cullen, obrigado por
lidar bem com isso. Sei que este será um grande ajuste, não só para o seu pai
e eu, mas para você também. Não quero que se sinta como um estranho em
sua própria casa, ou como se estivesse tentando me livrar de você. Realmente
quero que sejamos uma grande família feliz.
Cullen achou difícil odiar a mulher. Não podia culpá-la por querer ser
feliz. Sim, levaria algum tempo para se acostumar com ela e Glenn se
mudando para lá, mas podia lidar com isso. Nikki fazia o seu pai feliz e isso era
tudo que importava. Em poucos anos, Cullen iria encontrar o seu próprio lugar
e se mudar de lá. Era bom saber que seu pai não estaria sozinho.
― Eu também, Nikki. ― Cullen deu um tapinha no braço dela quando
passou ao seu lado. Os braços de Nikki o envolveram quando tentou dar um
passo contornando-a, e se não fosse por seu forte abraço, teria caído.
― Você é um menino tão doce. ― Nikki o beijou no rosto suado. ―
Glenn está sempre dizendo coisas legais a seu respeito.
― Sério? ― A testa de Cullen franziu. Duvidava disso.
― Sim. ― Nikki assentiu. ― Ele te admira, Cullen. Está sempre
falando sobre como é inteligente. Apenas entre você e eu. ― Nikki segurou
uma mão ao redor de sua boca como se fosse sussurrar. ― Se puder ajudá-lo
com suas tarefas do curso, ficaria muito grata.
― Adoraria. ― Cullen forçou um sorriso nos lábios e assentiu.
Cullen virou-se e caminhou até a rampa para sair do caminhão.
Estremeceu em surpresa quando viu Glenn parado lá. Cullen não disse nada,
apenas continuou andando. Glenn, sendo um shifter, provavelmente ouviu
tudo o que Cullen e Nikki tinham acabado de conversar. Achava que isso era
outra coisa irritante sobre shifters.
Uma vez na casa, depositou o abajur e correu ao banheiro. Fechou a
porta e girou a trava na maçaneta. Ainda não tinha passado nem um dia e
Glenn já estava deixando-o louco. Claro, Glenn não tinha feito nada
pessoalmente a ele, mas o corpo de Cullen estava experimentando coisas que
nunca tinha ocorrido antes.
Cullen estava na frente do espelho do banheiro e deixou seu olhar
cair até a tenda na frente de seu short.
― Por que isso continua acontecendo?
Era como se a sua mão tivesse mente própria. Cullen observou sua
mão agarrar suavemente seu eixo que endurecia, depois dar-lhe um aperto
firme. Cullen gemeu e seus quadris empurraram para frente. Masturbar-se, ou
bater uma, como seus amigos gostavam de chamar, nunca foi algo que Cullen
sentiu a necessidade de fazer numa base regular. Só tinha feito isso algumas
vezes, quando estava extremamente frustrado e fazia para ajudá-lo a relaxar.
Mas agora sabia que não haveria nenhum alívio ou relaxamento depois de
gozar. Enquanto compartilhasse o mesmo quarto com Glenn, não achou que
este sentimento de ansiedade fosse sumir.
Moveu a mão para cima e para baixo em seu comprimento duro. Sua
boca estava aberta e podia ver suas bochechas se tornando coradas com o
calor, enquanto dava prazer a si mesmo. Cullen empurrou seu short e cueca
para baixo de suas coxas. O cós ficava bem debaixo de suas bolas,
impulsionando seu pau duro para cima. A ponta estava úmida com pré-sêmen.
Apoiou uma mão sobre o balcão e usou a outra para envolver seus
dedos quentes e finos ao redor de seu pênis. A pele estava suave e pegajosa
de suor. Correu a palma da sua mão sobre a ponta molhada e espalhou seus
sucos claros pelo seu eixo.
Deixou seus olhos se fecharem e sua mente conjurou a imagem de
Glenn, de mais cedo: A forma como o corpo do homem brilhava a luz e todos
aqueles músculos duros que cobriam seu corpo ondulando com cada
movimento que fazia. Era como se os mamilos de Glenn estivessem
constantemente em posição ereta. Eram de um marrom escuro e deixavam a
boca de Cullen cheia de água com a visão. O que não daria para chupar
apenas um em sua boca durante cinco segundos.
Sua mão acelerou e seus joelhos começaram a tremer. A visão de
Glenn na sua mente sorriu e enrolou um dedo, como se estivesse chamando-o
mais perto. Cullen era um escravo para aquele Glenn imaginário.
A sensação imaginária da mão de Glenn em seu pênis foi o suficiente.
Um toque o enviou ao êxtase e seus joelhos se dobraram, esbarrando no
armário do banheiro. A dor em seus joelhos foi o suficiente para trazê-lo de
volta à realidade quando disparou sua carga cremosa e espessa na pia. O
corpo de Cullen se contraiu, enquanto puro êxtase sacudia através de suas
veias.
Usou sua mão seca para puxar seu short de volta. Inclinou-se sobre a
bancada, descansando até que restaurar sua respiração. Cullen não tinha
certeza de quanto tempo tinha se passado e não se importou.
Uma vez que se sentiu estável o suficiente para ficar em pé sem a
ajuda da bancada, lavou as mãos na pia. Ajeitou o cós de seu short e tirou a
camisa para cobrir a protuberância em sua bermuda. Seu pênis não ficou
totalmente suave depois do orgasmo.
Satisfeito com sua aparência, Cullen abriu a porta.
― Puta merda! ― Engasgou. Glenn estava parado do lado de fora da
porta, encostado na parede oposta. Tinha um sorriso astuto em sua cara e
podia sentir todo o seu corpo corar de vergonha. Glenn era um shifter e, sendo
amigo de vários shifters, sabia tudo sobre as suas habilidades. Ele seria capaz
sentir o cheiro do sêmen de Cullen, embora o tivesse lavado.
― O que estava fazendo lá, Cullen? ― Glenn se desencostou da
parede. E foi perceptível quando cheirou o ar.
Maldito olfato lobo. Cullen fechou a boca, rangendo os dentes. Estava
dando o seu melhor para não mostrar que ficou afetado por qualquer coisa,
mas foi muito difícil.
― Nada. ― Cullen balançou a cabeça. ― Não é possível um cara usar
o banheiro sem ser interrogado? ― Cullen desligou a luz e caminhou para sair
do banheiro.
― Tem certeza? ― Glenn se moveu com elegância e rapidez para ficar
na frente de Cullen, bloqueando seu avanço. ― Porque com certeza não cheira
a nada. ― Glenn se aproximou e inspirou perto do rosto de Cullen.
Cullen respirou fundo quando seu corpo estremeceu por ficar tão
perto de Glenn. Seu corpo estava irradiando calor e o cheiro almiscarado
natural de Glenn estava fazendo cócegas em seu nariz. Por que, em nome de
Deus, estava ficando excitado de novo?
― Pode, por favor, parar com isso? ― Cullen resmungou.
― Parar o quê? ― Glenn sussurrou baixinho em seu ouvido.
As mãos de Cullen tremeram em seus lados. Queria muito estendê-la
e tocar o corpo liso e suado de Glenn e ver o quão duro seus mamilos rosados
estavam.
― Acho que alguém tem sido um menino travesso, tocando coisas
que não devia. ― A respiração úmida de Glenn em seu pescoço fez os pelos
em seus braços se arrepiarem. ― Não é certo, Cullen? Estava aí tendo prazer
com coisas que não devia? O que seu pai diria se soubesse?
― Oh, meu deus! Foda-se. ― Cullen empurrou o peito de Glenn,
pegando-o desprevenido o suficiente para afastá-lo um passo. Foi apenas o
suficiente para Cullen deslizar por ele. ― Você é doente. ― Cullen apontou um
dedo para Glenn.
― Relaxe, cara. ― Glenn estava rindo. Com cada contração de seu
corpo, seu abdômen duro contraía junto, transformando-o no tanquinho
perfeito. ― Nossos pais saíram para conseguir algo para o almoço.
― Ótimo. Me deixaram sozinho com você. ― Disse Cullen em um tom
sarcástico. ― Vou para o meu quarto. ― Cullen virou a cabeça em direção ao
seu quarto quando uma enorme mão agarrou a parte de trás de sua camisa. ―
Ei! ― Cullen gritou quando foi empurrado contra a parede. Glenn tinha uma
mão pressionada contra o peito de Cullen. A pressão era suave e quente, mas
firme. Cullen encontrou-se arqueando no toque pesado.
― Por que está agindo assim? ― Perguntou Glenn. Seus olhos
castanhos escuros perfurando profundamente os azuis de Cullen. Seu olhar
muito intenso para desviar.
― Assim como? ― Cullen estendeu a mão e agarrou o pulso de Glenn,
mas não conseguiu fazer o homem soltá-lo. ― Você não está acostumado
comigo respondendo sozinho ou me defendendo? ― Perguntou Cullen. ― Oh,
entendi. Preferia o pequeno covarde e fraco que aterrorizou na escola. Bem,
deixe-me lhe atualizar sobre uma coisa. Não sou mais aquela pessoa. Se acha
que pode me intimidar, tem outra coisa vindo...
Cullen mal conseguiu registrar o que estava acontecendo. Engasgou
quando os lábios suaves de Glenn desceram até os seus. A língua forte e
exigente de Glenn sondou sua boca e não teve outra opção, a não ser abri-la.
A língua escorregadia e quente deslizou entre os lábios de Cullen e ele gemeu
alto ao redor do músculo grosso. Cullen estendeu a mão, colocando suas mãos
pequenas no peito de Glenn, curvando seus dedos nos músculos duros dos
peitorais dele. Os pequenos mamilos pontudos esfregavam contra as palmas
das suas mãos. Não podia lutar contra isso. Estava beijando Glenn de volta
com uma força que nunca sentiu antes.
Um rugido profundo borbulhava da garganta de Glenn. As vibrações
faziam cócegas nos lábios de Cullen e ele gemeu, movendo seus braços para
envolver em torno do pescoço de Glenn, puxando-o mais perto. Glenn o
envolveu em seus braços e agarrou sua bunda em suas mãos, pressionando a
parte inferior do corpo de Cullen contra o seu. A pressão do longo e grosso pau
duro de Glenn cutucou o estômago de Cullen e ele choramingou.
Aquilo era tão diferente de Cullen. Não era o tipo de cara que beijava
outras pessoas daquela maneira. Na verdade, só tinha beijado outra pessoa
antes e foi por acidente.
― Meninos, estamos de volta! ― O som de seu pai gritando da
cozinha fez Cullen e Glenn saltarem para longe.
Cullen olhou para o rosto duro de Glenn. Levantando a mão para
tocar seus lábios inchados pelo beijo. Tantos pensamentos estavam correndo
por sua mente. Será que realmente tinha acabado de beijar o homem que fez
a sua vida um inferno por tantos anos? E, o mais desconcertante de tudo,
tinha gostado.
― Vamos, rapazes. ― Nikki espreitou no final do corredor. ― Vamos
comer.
― Vamos terminar isso mais tarde. ― Glenn inclinou-se para
sussurrar, depois virou e se afastou.
Cullen caiu contra a parede. Levou as mãos ao rosto, correndo sobre
seu cabelo suado. Não tinha certeza do que Glenn entendia por mais tarde,
mas, certo como o inferno, não ficaria por perto para descobrir. Não importava
quão duro seu pau estava e quão desesperadamente seu corpo ansiava por ser
tocado por ele novamente, Cullen não podia permitir.
Demorou alguns segundos de profundas respirações, antes de
conseguir se controlar o suficiente para entrar e almoçar com o seu pai, a
namorada dele e o filho dela.
Sorriu quando era apropriado e nenhuma vez olhou na direção de
Glenn. Recusava-se a ser a mesma pessoa fraca que fora na escola. Ele era
um homem agora e não seria intimidado por Glenn mais. Não importa o quão
bom beijador fosse.
Depois de ter comido, voltou lá fora para ajudar a descarregar o
caminhão. E ignorou Glenn pelo resto do dia. Não foi fácil, mas ainda estava
em choque sobre o que tinha acontecido. Não conseguia entender o motivo de
Glenn tê-lo beijado. Começou a pensar que era outra forma de intimidação,
tentando mexer com a sua mente. Não tinha certeza, mas não ia deixa-lo ter
esse poder sobre ele.

*****
Segunda de manhã não poderia ter chego mais cedo. Domingo tinha
sido um longo dia de desencaixotar. Dylan e Cooper tinham parado para dar
uma mão.
Dylan havia puxado Cullen de lado para se certificar de que estava
bem, e Cullen sorriu e disse ao seu amigo o que ele queria ouvir. Seria
condenado se lhe dissesse a verdade. Não, não estava bem com tudo isso, e
especialmente não depois daquele beijo. O beijo que não conseguia parar de
pensar.
Saiu mais cedo naquela manhã e chegou à faculdade antes das sete.
Pegou sua mochila de seu carro e se dirigiu para o edifício de ciências. Tinha
feito planos para se encontrar com Jaron e revisar as suas notas para a sua
aula de química, além de comparar suas descobertas sobre a mais recente
amostra que coletaram do sangue de Jaron.
Sexta-feira passada, Cullen e Jaron, tiveram vontade de
experimentar, misturando o sangue de Jaron com o de Cullen. Foi tudo feito
em uma placa de petri e algo perfeitamente seguro para ambos. Até
descobrirem o que estava no corpo de Jaron que conseguia transformar um
humano num shifter, não podiam testá-lo em uma pessoa. Trevor e Glenn
tiveram sorte, na opinião de Cullen. Ele leu os estudos de caso que Nate deu a
Trevor, e Cullen e Jaron ainda estavam muito confusos. O que determinava se
uma pessoa podia se tornar um shifter?
Cullen usou a chave da porta do seu laboratório e entrou. Deixando
destrancado. Sentou-se e tirou as amostras. Tão concentrado em seu trabalho,
não ouviu a porta abrindo.
― Sr. Ford, está aqui mais cedo? ― Cullen saltou de surpresa. O
professor Flint estava com as mãos entrelaçadas atrás das costas, o olhar
vagando sobre a sala. ― Deve ser uma pessoa da manhã. ― Disse Flint, com
um sorriso, que nunca tinha visto antes, em seus lábios.
― Uh, sim. ― Cullen, saiu de seu choque e sorriu para o homem mais
velho. ― Sabe o que dizem. Passarinho que acorda cedo bebe água limpa2.
― Sim, eu sei. ― Flint caminhou ao redor do pequeno laboratório
olhando por cima da mesa de trabalho de Cullen. ― Confio que sua atribuição
atual está seguindo nos conformes?
― Sim. ― Cullen agarrou o relatório do projeto e o colocou em cima
de seus papéis sobre os lobos shifters. ― Jaron e eu fomos capazes de analisar
nossa amostra e determinar que nosso sujeito de teste teve mononucleose e o
melhor curso de ação do médico seria iniciar o tratamento do paciente.
― Oh, droga! ― Flint estalou os dedos. ― Estava esperando que
conseguisse uma das melhores doenças. Realmente, amo ler seus trabalhos.
Você é um jovem inteligente, Sr. Ford.
― Oh, bem, obrigado, mas não poderia ter feito isso sem a ajuda de
Jaron.
― Sim, bem, ainda é um bom trabalho. ― Flint deu um tapinha no

2
Do original: “The early bird and the worm”. Ditado que indica que quem acorda cedo consegue algo melhor.
ombro de Cullen. ― Ainda é incrível ver alguns bons homens... ― Cullen não
perdeu a ênfase que Flint colocou em “homens”. ―... dispostos a trabalhar
duro e fazer o que precisa ser feito. Todo seu trabalho duro vai ser
recompensado algum dia, meu jovem. ― Flint sorriu, então saiu da sala.
Cullen deu de ombros e voltou ao trabalho. Jaron apareceu trinta
minutos depois e passaram suas descobertas. Era pouco antes das nove,
quando se dirigiam para sua aula.
Depois de sua aula de química terminar, Cullen caminhou até a sua
aula de psicologia. Escolheu essa matéria para se divertir. Amava como o
corpo humano funcionava e achou fascinante quão complicada a mente era.
Foi em sua aula de Introdução à psicologia que conheceu Corbin, que
veio com uma bolsa de basquete e estava reprovando a matéria. Desde que
Cullen tinha se tornado um tutor, para fazer um pouco de dinheiro extra,
ofereceu seus serviços para o homem e de lá se tornaram amigos.
Foi com Corbin que deu seu único quase beijo. Cullen e Corbin tinham
se reunido para sessões de tutoria por cerca de dois meses, quando durante
uma dessas sessões, Corbin tinha tentado beijá-lo. Cullen tinha ficado tão
chocado que se jogou para trás em seu banco e caiu de costas. Corbin se
sentiu mal e ficou envergonhado. Levou uma boa hora para convencê-lo de
que estava bem e que não tinha esse tipo de sentimentos em relação a ele.
Foi quando Cullen começou a pensar que poderia ser assexuado. Só
não sentia atração sexual como os outros homens de sua idade. E não foi
porque Corbin era homem também. Cullen tinha falado com várias garotas
desde que chegou a faculdade, mas elas também não faziam nada com ele.
Assumiu que estava tão concentrado em seus estudos que não tinha tempo
para isso. E funcionou muito bem até Glenn voltar para a cidade.
― Cullen, espere! ― Corbin gritou para ele.
Cullen parou e virou-se para Corbin. Tirou um momento para olhar o
homem. Era um cara atraente. Era alto, com dois metros de altura e cheio de
músculos tonificados. Tinha cabelo castanho claro curto, que penteava para o
lado. Nunca houve um momento em que Cullen não viu o homem com um
sorriso no rosto. Corbin era apenas uma pessoa boa e bonita, mas não lhe
fazia nada. Cullen queria estender a mão e bater em seu pênis flácido.
― Ei, Corbin. ― Puxou as alças de sua mochila sobre seus braços.
― Ei. ― Corbin parou na frente dele, seu sorriso sempre presente no
rosto. ― Como vai? ― Perguntou.
― Bem. ― Cullen bocejou.
― Parece cansado. ― Corbin estendeu a mão para esfregar o polegar
sob o olho direito de Cullen. A ação fez seus óculos moverem um pouco em
seu rosto.
― Eu estou. ― Abafou outro bocejo. Com Glenn em sua casa, não
estava tendo muito sono.
― Tem algum tempo livre? ― Corbin perguntou e Cullen concordou.
― Vamos lá, então. ― Corbin colocou o braço em volta dos seus ombros. ―
Vamos tomar um café. Por minha conta.
― Ok. ― Cullen riu. Não era como se Corbin estivesse lhe dando
muita escolha. O cara levou-o até o café ao lado da biblioteca. Estava exausto
e uma sacudida de cafeína, além de passar tempo com um amigo, era só o que
precisava.
Tomou a decisão de empurrar todos os pensamentos de Glenn e
daquele fatídico beijo para fora de sua mente. Não significou nada, ou, pelo
menos, era o que estava dizendo a si mesmo. Admitir outra coisa, senão isso,
seria pura tortura.
Capítulo 6

Glenn acordou de manhã, rígido e dolorido. Desde o beijo de Cullen,


sua mente e seu lobo não conseguiam relaxar. Era como se Cullen fosse uma
droga e o apetite de Glenn por isso se tornara tão forte que não conseguia
mais funcionar sem. Estava realmente começando a irritá-lo.
Era segunda-feira e não teve sua primeira aula até as onze. Saltou no
chuveiro, em seguida, vestiu-se. Dirigiu seu caminhão para o campus,
vociferando a cada pessoa que não estava dirigindo até o limite de velocidade.
Shifter lobo e raiva da estrada, não eram uma boa combinação.
Claro, assim que chegou no estacionamento do campus, não
conseguiu encontrar uma vaga perto do edifício que precisava ir, então teve
que estacionar perto da biblioteca. Não era um grande negócio. Teve tempo de
sobra para fazer a caminhada de lá para sua aula de comunicações. Glenn
deslizou as alças de sua mochila em suas costas e começou a andar.
Sua mente estava confusa com pensamentos de Cullen Ford. O que
Cullen estava fazendo? O que estava vestindo? Estava pensando em Glenn,
enquanto Glenn pensava nele? Era tudo tão confuso e irritante. Nunca perdeu
a calma sobre outra pessoa antes.
Sério? Uma pequena voz no fundo de sua mente riu. Então, o que
foram todos aqueles anos fazendo Cullen miserável, hum?
— Cale a boca! — Disse Glenn para si mesmo, um pouco alto demais,
ganhando olhares de duas mulheres que passavam próximas. Glenn gemeu e
continuou caminhando. — Por que aquele pequeno imbecil não me dá uma
chance, hein? Eu disse que estava arrependido. O que mais ele quer? — Glenn
mantinha a cabeça baixa enquanto andava.
O familiar aroma mentolado de Cullen, seguido de sua risada, o fez
parar, tão de repente que alguém bateu em suas costas.
— Desculpe, com licença. — Glenn saiu do caminho e seguiu o cheiro
e o som da voz de Cullen.
Sentado a uma mesa, de costas para Glenn, estava Cullen. Outro
homem estava sentado na sua frente, falando descontroladamente e
gesticulando com as mãos. Observou a interação dos homens e viu-se cada
vez mais ciumento. Cullen estava falando muito facilmente com o outro
homem... Qual era mesmo o nome dele?
— Corbin, — Glenn assobiou baixinho.
O lobo de Glenn rosnou com a visão. Cullen era seu e seria
condenado se algum outro cara tomasse o que lhe pertencia. Glenn foi em
direção a mesa e agarrou uma cadeira de outra mesa. Puxou-a perto de Cullen
e se sentou.
— O que você está fazendo aqui? — Cullen perguntou, enquanto
tentava afastar sua cadeira de Glenn.
— Tenho aula hoje. — Glenn colocou o braço sobre o encosto da
cadeira de Cullen, puxando-o de volta para ele. Estava sentado num ângulo
que lhe permitiu puxar a cadeira de Cullen no V de suas pernas. Cullen
estreitou os olhos para ele e tentou se afastar, mas Glenn apenas sorriu e
virou-se para o outro homem. — Oi, meu nome é Glenn. — Ergueu a mão livre
em direção ao outro homem.
— Corbin. — Corbin apertou a mão dele, mas olhou por cima de
Cullen.
Glenn não gostou nem um pouco e apertou mais a mão de Corbin.
Viu a ligeira contração no olho esquerdo de Corbin, mas, fora isso, ele agiu
como se nada de estranho tivesse acontecido.
— Prazer em conhecê-lo, Corbin. — Glenn soltou a mão de Corbin e
descansou o braço sobre a mesa, com o corpo meio virado e inclinando-se
para Cullen. — De onde conhece Cullen?
Corbin olhou entre Cullen e Glenn, como se não soubesse o que dizer.
Glenn não poderia culpá-lo. Glenn estava com uma postura toda de alfa. Se
alguém caminhasse perto, e visse Glenn e Cullen, não teria dúvidas de que
estavam juntos. Estava marcando seu território de uma forma grande.
— Somos amigos, Glenn. — Cullen deu uma cotovelada nas costelas
de Glenn. — Agora, por que não vai para sua aula? Não quero que chegue
atrasado. — Cullen olhou para ele.
— Oh, tenho muito tempo. — Glenn enrolou o braço em volta do
pescoço de Cullen, trazendo-o mais perto. Olhou por cima para Corbin, quando
beijou o topo da cabeça de Cullen.
Esse pequeno movimento pareceu deixar Cullen sem palavras. Seu
corpo ficou frouxo e parou de tentar lutar contra o abraço de Glenn.
— Uh, é melhor eu ir para a aula. — Corbin se levantou. — Foi bom
conhecê-lo, Glenn. Eu te vejo mais tarde, Cullen.
—Igualmente. — Glenn riu quando acenou adeus a um Corbin
recuando.
— O que diabos está errado com você? — Cullen empurrou para trás,
quase caindo. Glenn estendeu a mão para impedi-lo de cair de bunda no chão.
— Não posso acreditar que fez isso. — Cullen se levantou e começou a se
afastar.
Glenn encarou o traseiro apertado de Cullen quando ele se afastou.
Seu pênis se contorceu em seu jeans e suas bolas começaram a formigar.
Precisava que Cullen enxergasse a razão, porque não tinha certeza de quanto
tempo mais poderia adiar de atacar o cara. Atacar de um jeito bom. Queria
beijar o corpo nu de Cullen da cabeça aos pés. Chupar seu pau duro, até que
ele implorasse para ser fodido, e depois lhe daria tudo o que pedisse.
— Foda-se... — Glenn gemeu. Apertou sua mão para baixo em sua
virilha. Ele pegou sua mochila e acenou para Cullen. — Espere, Cullen!
— Não! — Cullen gritou por cima do ombro.
— Oh, vamos lá. — Glenn correu para apanhar Cullen. — Você está
com raiva de mim?
— O que você acha? — Cullen parou de repente. — O que foi aquilo
lá? Você me beijou de novo.
— Oh, aquilo? — Glenn zombou. — Isso não foi um beijo. Isso foi
apenas eu sendo amigável com você e conhecendo seu amigo. — Glenn se
aproximou de Cullen, fechando a distância entre eles. — Quem é esse cara,
afinal? Cooper disse que ensinava o cara, mas tenho certeza que não vi
nenhum livro nessa mesa.
— Você falou com Cooper sobre Corbin? — Cullen balançou a cabeça.
— Falei. Queria saber o que eu estava enfrentando.
— Enfrentando? — Perguntou Cullen, seu rosto delicado confuso. —
Que diabos está falando?
Glenn agarrou suavemente a nuca de Cullen, levantou seu rosto,
então se inclinou e o beijou. Foi um curto e casto beijo, apenas um roçar de
pele contra pele.
— Eu quero você, Cullen. — Glenn esfregou o nariz no rosto de
Cullen, inalando seu cheiro viciante.
— Você... Você me quer? — Cullen gaguejou.
— Quero. — Glenn cobriu mais uma vez a boca de Cullen, passando a
sua língua e provocando seus lábios.
Glenn podia sentir Cullen se derreter e sorriu no beijo.
— Pare com isso. — Cullen empurrou de volta. Ele correu as costas da
mão sobre os lábios. — Pare de brincar comigo. Não sei que jogo está jogando
aqui, mas pare. Eu não quero você. — Cullen girou sobre os calcanhares e saiu
correndo.
O lobo em Glenn queria dar perseguição, mas isso só iria piorar as
coisas.
Podia sentir que Cullen o queria. Podia cheirar sua excitação e sentir
seu pênis endurecido pressionado em sua coxa. O vínculo de acasalamento
estava envolvendo Cullen, afundando em seus ossos. Não demoraria muito até
Cullen descobrir. A questão era o quão duro Cullen iria combatê-lo.
Capítulo 7

— Você está fazendo o quê? — Perguntou Cullen. Observou seu pai


colocar roupas em sua mala. Uma pequena parte sua queria alcançar e tirar as
roupas para fora da mala.
— Cullen, é apenas o fim de semana. — O pai virou-se para sorrir
para ele. — Nikki e eu achamos que merecemos um pouco de férias.
— Não estou dizendo que não merecem, mas... — Cullen não sabia
como explicar que não queria ser deixado em casa sozinho com Glenn.
— Mas o quê, meu filho? — Seu pai entrou em seu banheiro para
pegar o seu kit de barbear e escova de dentes.
— Estará nos deixando sozinhos em casa? — Cullen procurava alguma
coisa para dizer, mas não encontrava nenhuma boa desculpa que pudesse ser
dita. — Como pode estar certo de que não iremos destruir esta casa? Dar uma
grande festa ou fazer uma orgia?
— Uma orgia? Tem certeza, meu filho? — Seu pai riu. — Vem cá,
Cullen. — Seu pai sentou-se na cama e deu um tapinha no espaço ao lado
dele. — O que realmente está acontecendo aqui? E não me diga 'nada', porque
tenho dois olhos na minha cabeça. Ou você fica até tarde da noite estudando
com os seus amigos ou se tranca em seu quarto e sai antes de o sol aparecer.
Está realmente descontente com esta vida?
Cullen olhou nos olhos tristes de seu pai. Sabia que se dissesse que
sim, seu pai sacrificaria sua felicidade pela sua, e não podia deixá-lo fazer isso.
— Não é isso, pai.
— Então, o que é? Não gosta de Nikki?
— Não, ela é ótima, pai. — Cullen cruzou os braços sobre o peito e
ombro curvado para frente.
— Se não é Nikki, é Glenn? Ele é o problema? — Seu pai passou a
mão nas costas de Cullen. — Sabe que pode me dizer alguma coisa, certo?
Cullen concordou. Queria dizer a seu pai o que estava acontecendo,
realmente queria. Mas não queria perturbar seu pai ou arruinar a vida feliz que
estava começando a construir com Nikki.
— Sinto falta de quando era apenas nós dois, acho. — Cullen deu de
ombros. Não era de todo mentira. Gostava da rotina constante que
desenvolveu com seu pai ao longo dos anos. Jantavam tarde, assistiam TV e
pediam pizza nas noites de sexta-feira, mas tudo isso mudou com a vinda de
Nikki e Glenn. Cullen realmente sentia que não se encaixava mais na nova
vida. — Não se preocupe com isso, pai. Vou superar.
— Cullen, meu rapaz. — Seu pai passou os braços ao redor de Cullen
e o balançou para trás e para frente. — Sabe que ninguém nunca vai substituí-
lo. Eu te amo mais que a minha própria vida. Se isso está o fazendo tão infeliz,
posso pedir a Nikki para sair.
— Não! — Cullen sentou-se ereto. — Não faça isso, pai. Sou um
adulto. Preciso me acostumar com o meu pai apaixonado e uma vida própria.
— Tem certeza? — O pai não parecia convencido.
— Positivo. — Cullen se levantou. — Agora, é melhor ir andando ou
vai se atrasar para o passeio.
Cullen foi com seu pai até seu carro e disse adeus. Olhou para a casa
quieta uma última vez antes de entrar em seu carro. Tinha duas noites e três
dias sozinho com Glenn. Poderia aguentar isso. Glenn não tinha poder sobre
ele e qualquer que seja a porcaria que acontecesse, não deixaria isso o afetar.
Aquela era a sua casa e Glenn tinha que aprender a respeitar o seu espaço.
O caminho até o campus foi sem complicações. Cullen encontrou um
lugar para estacionar perto da entrada e parou. Estava quase no edifício de
ciência quando ouviu alguém chamar seu nome. Virou-se e viu Corbin andando
em sua direção.
— Ei, Corbin. — Cullen enfiou as mãos nos bolsos. Não tinha visto
Corbin desde que Glenn atrapalhou seu pequeno encontro, no café. —
Aconteceu alguma coisa?
— Oh, nada. — Corbin sorriu, mas não chegou a encontrar seus olhos.
Cullen poderia dizer que algo estava incomodando o outro homem. — Estava
apenas correndo antes da minha primeira aula.
— Legal. — Cullen balançou frente e para trás em seus pés. O silêncio
entre eles era ensurdecedor. Nunca tinha realmente compreendido o que isso
significava, até agora.
— Queria pedir desculpas por ontem. — Disse Corbin. — Se soubesse
que tinha um namorado, não teria ido para você tão fortemente.
— Hã? — Cullen puxou o lóbulo da orelha direita. — Namorado?
— Sim, Glenn.
— Oh, não é meu namorado. — Cullen começou a rir histericamente.
Isso só o fez parecer louco, mas o que Corbin disse era um absurdo. — É mais
como uma dor na minha bunda. — Cullen disse sóbrio ante as palavras. — E
não é o tipo bom de dor.
— Está tudo bem, Cullen. Entendi. — Corbin sorriu.
— Entendeu o quê? Não disse nada.
— Isso é complicado.
— Não, não é. — Cullen balançou a cabeça. — Complicado implicaria
que há alguma coisa para implicar, mas não é o caso aqui.
— Não estou tão certo sobre isso. — Corbin levantou a mão para
arranhar a parte de trás do seu pescoço. — Parece complicado para você, mas
não para Glenn. Esse cara é realmente ligado em você. Senti essa maldita
vibração emanando dele.
— Corbin, por favor. — Cullen levantou a mão na frente dele. Sentiu
essa terrível necessidade de explicar isso para Corbin. — Glenn costumava me
intimidar na escola. Era um completo idiota. Posso lhe assegurar que não há
sentimentos por aquele idiota.
— Você tem certeza disso? — Corbin deu um pequeno passo para
frente. — A maneira como olhou para ele dizia o contrário.
— A maneira como olhei para ele? — As sobrancelhas de Cullen
arquearam-se em sua testa.
— Quero dizer, é, você pareceu surpreso quando ele se sentou, e
então, estava com um pequeno sorriso bobo nos lábios e olhava para ele como
se ele pudesse pendurar a lua no céu. — Corbin deu de ombros. — Fiquei com
um pouco de ciúmes.
— Não fiz isso! — Cullen agarrou.
— Mas você fez. — Corbin estendeu a mão para descansá-la no braço
de Cullen e deu um aperto suave. — Ele é um cara de sorte. — Corbin virou e
começou a andar na direção oposta.
Cullen ficou ali, congelado. Uma bala de canhão poderia estar vindo
em sua direção e ainda assim não teria se movido. Será que estava gostando
de Glenn?
— Não. — Cullen riu nervosamente. Poderia admitir que Glenn era um
cara de boa aparência, mas dizer que gostava dele era um pouco demais.
Recuperou o movimento de seu corpo e se dirigiu para seu
laboratório. Subiu até o segundo andar. Uma vez na porta, tirou a chave do
bolso e quando foi deslizá-la no botão, a maçaneta girou em seu aperto.
— Huh? — Abriu a porta.
Entrou na sala e olhou em volta. Nada parecia fora do lugar. Correu
para o seu posto de trabalho e verificou o computador que ele e Jaron usavam.
Estava protegido por senha. Trevor tinha configurado para eles, e não havia
nenhuma maneira que qualquer um pudesse descobrir o código. Cullen
levantou a tela e mostrou que ainda estava protegida pela senha.
— Isso é tão estranho. — Deixou-se cair na cadeira. — Podia jurar
que havia trancado a porta ontem.
Um monte de coisa passou pela cabeça de Cullen. Deve apenas ter
pensado que trancou a porta.
— Está tudo bem aqui? — O professor Flint enfiou a cabeça para
dentro da sala.
— Sim, senhor. — Cullen concordou. — Apenas terminando algum
trabalho de última hora.
— Muito esforçado. — Flint deu-lhe um polegar para cima. —
Impressionante, Sr. Ford.
Cullen sorriu para o elogio de seu professor. Flint era um homem tão
difícil de agradar, que Cullen comeu as pequenas migalhas de pão que o
homem mais velho deu a ele na ocasião. Quando Flint partiu, começou a
trabalhar.
A amostra de sangue de Jaron misturada com a de Cullen não tinha
ido muito bem. O prato começou com células do sangue de Jaron atacando as
de Cullen, e, então, elas completamente assumiram. O que restava era preto,
duro, e tinha um cheiro estranho para ele. Jaron e Cullen pensaram que era
estranho, mas decidiram tentar novamente com outra amostra humana.
Tiveram Maurice para doar uma amostra, mas terminou com os mesmos
resultados que Cullen.
— Consegui! — Jaron levantou o pequeno frasco de sangue quando
entrou na sala.
— Caramba, homem. — Cullen agarrou o peito. — Você me assustou.
— Oh, desculpe. — Jaron jogou sua bolsa e tomou a cadeira ao lado
de Cullen. — Recebi uma amostra de sangue de Colt. E, vamos apenas dizer, o
homem não é muito fã de agulhas. — Jaron riu. Cullen deu um sorriso de boca
fechada e Jaron estendeu a mão para pegar a mão dele. — Está tudo bem? As
coisas estão indo bem em casa? É o comportamento de Glenn?
— Oh, sim, com certeza. — Cullen concordou. — As coisas estão
ótimas.
— Almocei com Glenn no outro dia e é bom vê-lo bem. — Jaron
mordeu o lado direito de seu lábio superior. — Perguntou sobre você.
— Perguntou? — Cullen virou-se para enfrentar o seu monitor do
computador e se conectou.
— Acho que realmente gosta de você, Cullen. Não acho que é um
truque. — Jaron cutucou Cullen no joelho com a mão. — Por favor, não pense
que estou do lado dele, mas talvez devesse falar com ele. Veja o que acontece.
Veja o que acontece? Cullen pensou consigo mesmo. Estava um
pouco assustado para ver o que aconteceria se cedesse aos seus desejos. Por
muitos anos, gastou seu tempo odiando Glenn e secretamente desejando que
desaparecesse, para que nunca mais tivesse que o encontrar, mas agora isso
era realmente a última coisa que queria que acontecesse.
Ao longo dos últimos dias Cullen começou a se perguntar se havia
algo mais do que sua atração incontrolável por Glenn. Não conseguia tirar o
cara de sua mente e desejava estar perto dele sempre que podia. Cullen tinha
sonhos com beijos apaixonados e mãos ásperas sobre seu corpo de Glenn.
Cullen não era estúpido, longe disso. Arruinou seu cérebro para
conseguir uma explicação para o que estava acontecendo com ele e, a única
coisa que conseguiu com isso, era que ele e Glenn poderiam ser companheiros.
Estar ao lado de shifters nos últimos dois anos ensinou muito a Cullen, viu a
conexão compartilhada entre os companheiros e a forma como não podiam
ficar longe um do outro. Não queria mencionar aquela possibilidade aos seus
amigos por medo de estar errado. Talvez Cullen fosse apenas um perdedor que
tinha caído na grande paixão por seu algoz. Não seria a primeira pessoa com
quem isso tinha acontecido.
— Posso te dizer agora o que vai acontecer. Nada. — Cullen bateu os
dedos no teclado, fazendo suas anotações. Não queria discutir mais aquela
questão. Jaron era seu amigo e supunha que estava ao seu lado. E, no fundo,
sabia que estava. Apenas incomodava ouvir o homem que respeitava falar
muito bem de Glenn. A visão de Glenn o deixava louco de desejo e de vontade,
e essas emoções eram sempre seguidas por memórias de ser chamado de
nomes e empurrado em seu armário. Era confuso querer muito uma pessoa e
ao mesmo tempo odiá-la.
Pegou o frasco de Jaron e começaram a trabalhar. Pensamentos da
porta destrancada foram esquecidos, mas não os pensamentos de Glenn. Isso
estava se tornando um problema que Cullen não queria.
Capítulo 8

Glenn olhou ao redor da sala, verificando se tudo estava preparado.


Ele foi direto para casa depois das aulas e limpou a sala de estar, aspirou e
tirou pó.
Depois de uma semana sendo evitado, Glenn teve o suficiente e
decidiu que era hora de acelerar o seu jogo. Falou sobre isso com Cooper e
juntos bolaram um plano para atrair Cullen.
Glenn pediu a pizza favorita Cullen, de presunto e abacaxi. Deixo-a
no forno para mantê-la quente. Colocou dois pratos na mesa e acendeu duas
velas. As luzes estavam apagadas e a sala parecia perfeita. Desejou que
estivesse um pouco mais frio, para que pudesse acender a lareira, mas com a
temperatura tão alta, não tinha como.
Faróis brilharam na frente das janelas e começou a ficar nervoso. Não
queria que Cullen se sentisse emboscado, embora estivesse. Foram sólidos
cinco dias de Cullen lhe dando gelo. O único jeito de manter seu lobo calmo,
era se esgueirar para o quarto de Cullen durante a noite e vê-lo dormir. E isso
era uma tortura. Queria tanto Cullen, e observa-lo dormir e não ser capaz de
tocá-lo era como ser apunhalado no coração e morrer lentamente.
Quando Cullen dormia parecia muito calmo. Seus longos cílios
escuros se espalhavam sobre suas bochechas. Cullen gostava de dormir
enrolado em seu lado, com um travesseiro entre as pernas. Parecia tão
adorável envolto no cobertor fofo.
O som de passos na varanda da frente o fez torcer as mãos. Podia
sentir seu lobo andando para trás e para frente, querendo atacar o outro
homem logo que entrasse pela porta.
— O que é tudo isso? — Cullen perguntou quando entrou na sala mal
iluminada. — São velas?
— Sim. — Glenn deu um passo para Cullen, mas rapidamente parou
quando o viu se mexer, como se pensasse que Glenn ia acertá-lo. — Peguei
sua pizza favorita e o refrigerante está na geladeira. Pensei que poderíamos
sentar e conversar um pouco. Se estiver tudo bem com você. — Glenn
suavizou o tom e sorriu.
— Conversar, certo. — Cullen olhou ao redor da sala de estar. Voltou-
se para Glenn. — Acho que vou ter que passar. Trabalho a fazer. — Cullen
bateu levemente sua mochila, em seguida, começou a caminhar em direção ao
seu quarto.
— Você está brincando comigo?
Glenn sussurrou para si mesmo. Fez o impossível para ser bom para
Cullen desde que chegou à cidade. Tentou fazer tudo o que podia para dar ao
homem algum espaço e tudo o que conseguiu em troca foi rejeição. Agora, se
Cullen não fosse seu companheiro, Glenn poderia seguir em frente e lidar com
suas perdas, mas eram companheiros e não podia. Sabia que Cullen o queria,
mas estava sendo teimoso demais para reconhecer esses sentimentos. — Você
sabe o quê? — Glenn gritou, enquanto seguia Cullen pelo corredor.
— O quê? — Cullen não se preocupou em virar-se quando alcançou a
porta e a abriu.
— Você é uma pessoa má. — Glenn queria bater na própria cabeça
por dizer isso, mas era verdade. Fora cruel com Cullen enquanto crescia e
tentou várias vezes pedir desculpas, mas Cullen não iria dar-lhe a hora do dia.
Uma pequena parte sua começou a acreditar que causou aquele ódio em
Cullen, mudando para sempre o menino doce e inocente de que se lembrava.
— Eu sou uma pessoa má? — Cullen virou-se para encará-lo. — Está
delirando ou algo assim? Será que a mordida o deixou mais burro do que já
era?
A raiva de Glenn começou a subir. Foi por causa de Cullen que fora
mordido. Se não entrasse na frente dele naquela noite, há dois anos, Jaron o
teria mordido em vez de Glenn. Arriscou sua vida por Cullen. Se qualquer
coisa, a mordida o tornou uma pessoa melhor, não algum louco estúpido.
Podia não ser a pessoa mais inteligente do mundo, mas estava longe de ser
um idiota.
— Vou deixar esta passar.
— Faça isso. — Cullen jogou a bolsa sobre a cama. — Agora, se não
se importa, saia do meu quarto.
— Não. — Glenn cruzou os braços sobre o peito, flexionando seus
músculos. Sentiu uma ligeira vitória como Cullen o olhou. — Precisamos
conversar.
— Não há nada para falar, Glenn. — Cullen levantou as mãos no ar. —
Estamos presos juntos, você e eu. Nossos pais estão namorando e agora
estamos vivendo juntos. Estamos no nosso próprio inferno pessoal.
— Como pode dizer isso? — Glenn perguntou entre os dentes
cerrados.
— Porque é a verdade. — Cullen gritou. — Pode enganar todo mundo,
mas não pode me enganar. — Ele pisou em direção Glenn e espetou-o no peito
com o dedo. — Voltou aqui com esta besteira que gosta de mim. Desde
quando? Fez minha vida um inferno por tanto tempo e agora espera que
acredite que, milagrosamente, mudou de ideia e quer estar comigo, Cullen
Ford? — Cullen cutucou novamente no peito. — Sinto muito, Glenn, não estou
acreditando. E, se é real que me quer, como espera que eu esqueça o
passado? Tudo que já fez para mim?
— O que aconteceu com você? — Perguntou Glenn. Ele não gostava
muito desse Cullen.
— Você me aconteceu. — Cullen cruzou os braços, estufou o peito e
ficou um pouco mais alto. — Não sou mais tão covarde, Glenn. Estou mais
forte agora e não vou mais permitir que brinque com minha vida.
— Eu não estou tentando foder qualquer coisa para você, Cullen. —
Glenn deixar cair os braços em seus lados. — Só quero que me dê uma
chance. Reconhecer como estou agora, e não o menino de escola secundária,
que era muito confuso para seu próprio bem.
— Como disse, não estou interessado.
— Por quê? Gosta de alguém? — Cullen começou a se virar, mas
Glenn não estava disposto a deixá-lo. Agarrou seu pulso, puxando para parar.
— Será que é Corbin?
— Isto não tem nada a ver com ele e tudo a ver com você. — Cullen
olhou para baixo, onde Glenn segurava seu pulso e até os olhos. — Deixe-me
ir.
— Eu não posso fazer isso. — Glenn sacudiu a cabeça. — Não
novamente. — Glenn se aproximou e prendeu os braços de Cullen nos lados,
quando ele começou a lutar. — Tenho que lhe permitido ficar longe de mim
desde que tínhamos treze anos. — O corpo de Cullen endureceu. Glenn
inclinou a cabeça para baixo para esfregar sua bochecha contra a de Cullen. —
Não pode ver que nunca desistirei de você?
Glenn apertou os lábios nos de Cullen e suspirou de alívio quando
Cullen não o afastou. Levemente roçou os lábios sobre Cullen, persuadindo-o a
beijá-lo de volta. Cullen soltou um suspiro e levantou-se na ponta dos pés para
trazer sua boca mais perto. Glenn envolveu seus braços em Cullen e o
levantou do chão. Cullen envolveu suas pernas na cintura de Glenn e agarrou-
se firmemente a ele. Cambaleou para frente, empurrando Cullen contra a
parede e beijou-o profundamente, liberando toda a sua ânsia reprimida desde
a sua juventude.
Cullen beijou de volta com tanta agressividade, como se também
estivesse esperando o momento certo para deixar ir e sucumbir aos seus
desejos. Glenn empurrou os quadris para frente, fixando Cullen no lugar,
liberando as mãos para puxar a camisa de Cullen.
— Você é perfeito. Totalmente perfeito. — Glenn deixou suas mãos
vaguearem para cima e para baixo no peito pálido de Cullen. Seus mamilos
cor-de-rosa endurecidos sob seu toque. Beliscou e puxou as pequenas
protuberâncias.
— Glenn... — Cullen fechou suas mãos no cabelo de Glenn, puxando-
o para perto.
Cobriu o mamilo de Cullen com sua boca, chupou e mordiscou o pico
rígido. Cullen empurrou seu pênis duro contra a barriga de Glenn, num ritmo
rápido. Com a necessidade de sentir carne nua de seu companheiro contra a
sua, Glenn segurou Cullen e caminhou de volta para a cama. Deitou-se
suavemente, em seguida, pairava sobre ele. Apenas olhou para Cullen por
alguns segundos, então, estendeu a mão para tocar a massa muscular magra
ao redor de seu corpo. Não podia acreditar que Cullen finalmente estava
cedendo. Alguns beijos roubados não foram suficientes. Queria saborear
aquele momento por tanto tempo quanto pudesse. Glenn chegou botão da
calça de Cullen e rapidamente puxou a calça e as roupas íntimas de Cullen fora
de suas pernas.
— Você é como imaginei que seria. — Abaixou-se para beijar o
interior da coxa de Cullen. Seu doce aroma mentolado, combinado com o suor,
encheu sua boca de baba.
— O que? Branquelo e magrela? — Perguntou Cullen. Suas mãos
estavam se remexendo em seus lados.
— Acho que é absolutamente lindo. — Glenn beijou seu caminho até a
coxa de Cullen, parando para enterrar o nariz suas bolas firmes, respirando
profundamente. De lá, jogou sua língua para traçar a veia grossa na parte
inferior do pênis. O quadril de Cullen arqueou fora da cama. Quando alcançou
a ponta, já pingando, rodou sua língua ao redor da cabeça, cantarolando em
delírio com o sabor doce e salgado de seu pré-gozo. Glenn queria explorar o
resto do corpo de Cullen, mas estava ansioso para provar seu companheiro.
Queria ser preenchido com o gozo de Cullen e queria ouvir como seu
companheiro soaria em seu orgasmo.
Glenn olhou para Cullen. Seus olhos estavam fechados e sua boca
aberta, quando ele engasgou por ar. Agarrou o pênis de Cullen pela base e
ergueu-o, então, abriu a boca para engoli-lo inteiro. Se não fosse sua mão
esquerda nos quadris do Cullen, seu companheiro teria saltado da cama.
— Oh, Deus, Glenn! — Cullen gritou num soluço. Seu corpo tornou-se
corado e uma camada de suor irrompeu ao longo de sua pele.
A cabeça do pênis de Cullen era esponjosa contra a língua de Glenn e
seu gosto era único, com sabor de hortelã e creme chocolate. Usou a língua
para molhar o eixo e começou a mexer a cabeça para cima e para baixo no
eixo aveludado.
Glenn nunca tinha feito aquilo antes e esperava estar fazendo direito.
Pelos sons que Cullen estava fazendo, teve que assumir que estava. Cullen foi
o único homem que sempre quis e nunca sentiu necessidade de experimentar
com outros. Quando estava na escola, pensou que era uma fase que passaria.
Tinha encontros com meninas e teve sexo uma ou duas vezes, mas sempre o
deixava insatisfeito.
— Merda, merda! — Cullen ganiu e começou a empurrar seus quadris
na boca de Glenn. Levou a ponta ampla ao fundo da sua garganta.
Glenn usou a mão esquerda para bombear na base do pênis de
Cullen, enquanto chupa a ponta. Usou a mão direita para acariciar as pesadas
bolas do Cullen. Não demorou, mais algumas sucções e Cullen estava no
limite, que se arqueou para fora da cama e gritou, enquanto enchia a boca de
Glenn. Cullen tinha um aperto firme no cabelo de Glenn, enquanto
descarregava seu gozo, cremoso e grosso, descia por sua garganta.
O sabor não era como qualquer coisa que provou antes. Era amargo e
um pouco salgado, mas Glenn adorou. Chupou avidamente, querendo mais.
Lambeu Cullen, limpando-o, e deixou seu pau semiduro de sua boca. Cullen
caiu de volta na cama, com os olhos fechados e um sorriso no rosto. Glenn
sorriu, enquanto subia no corpo de Cullen, parando para beijar e sugar
pequenas contusões, enquanto se dirigia para a sua boca.
Uma vez no seu destino, Cullen abriu seus lábios e enfiou a língua na
boca de Glenn. Excitou Glenn ainda mais que estivesse compartilhando o gosto
de seu amante com ele.
Cullen agarrou o músculo dos ombros de Glenn, puxando a camisa
dele por suas costas. Glenn rompeu com o beijo para tira-la sobre a sua
cabeça. Cullen empurrou o peito de Glenn até que se moveu para deitar de
costas e montou seus quadris, deixando as mãos levemente acariciarem o
peito de Glenn.
— Nunca fiz nada como isso antes. — Cullen sussurrou.
— Nunca? — Glenn estendeu a mão para segurar as de Cullen ainda.
— Nem mesmo com uma garota?
— Não... — Cullen olhou para o peito de Glenn, não encontrando seus
olhos. — Nunca quis antes.
— E agora? — Glenn engoliu tão duro que doía.
— Você é tudo em que penso. — Cullen olhou para cima através de
seus cílios grossos. — Desde que voltou para a cidade, não posso deixar de o
querer, não importa o quanto tente não fazer isso.
— Sinto muito, Cullen. — E realmente sentia. Não queria lhe causar
mais sofrimento do que já tinha. Eram companheiros, destinados a ficar
juntos, e até mesmo se fossem, ainda teria encontrado uma maneira de fazer
aquele homem seu. Fora secretamente apaixonado por Cullen por tanto tempo,
que não podia simplesmente desistir.
— Não, não sente. — Cullen riu. — Posso te perguntar uma coisa?
— Qualquer coisa. — Glenn sentou, ficando cara a cara com Cullen.
— Há algo mais? — Perguntou Cullen.
— O que quer dizer? — Inclinou a cabeça para o lado. Cullen podia
saber a verdade? Podia sentir a conexão, além do desejo?
— Este forte desejo que tenho por você, não é porque somos
companheiros? — Cullen pôs as mãos nos ombros de Glenn e olhou em seus
olhos. — Isto é algo que não podemos controlar?
— Acredito que somos companheiros. — Glenn pegou uma das mãos
de Cullen e levou-a até a boca, para beijá-la. — E não quero que isto nos
controle. Sei que pode dizer que é o vínculo de acasalamento que está nos
aproximando, mas para mim não é. — Glenn soltou a mão de Cullen para se
aproximar e segurou os lados de seu rosto. — Não estou mentindo quando
digo que o queria desde que éramos adolescentes. Estava muito assustado e
estúpido para fazer algo sobre isso naquela época, mas depois do que
aconteceu há dois anos, na floresta, posso ver agora que a vida é muito curta.
Não vou te deixar me afastar. Não posso .
— Deixe-me perguntar... — Cullen gentilmente segurou os antebraços
de Glenn. — Se pudesse mudar as coisas, ter uma vida diferente, não a
escolheria?
Glenn pensou nisso várias vezes em sua curta vida. Se tivesse a
oportunidade de deixar seus sentimentos por Cullen, faria isso?
— Não. — Glenn sacudiu a cabeça e um pequeno sorriso tomou seus
lábios. — Cresci muito nos dois anos que nos separamos e meu amor por você
só tem crescido.
— Você me ama? — Perguntou Cullen. — Você não me conhece.
— É aí que está errado. — Glenn se inclinou e bicou Cullen nos lábios.
— Você é inteligente e gosta de ler. Quando lê, movimenta seus lábios. Cora
com qualquer elogio dado a você. É muito atencioso e prestativo, dando o seu
tempo para ajudar os outros nos estudos. Ama seu pai e seus amigos, e faria
qualquer coisa por eles. Confie em mim, Cullen, sei quem você é.
— Mas como? — Cullen balançou a cabeça, seus olhos encobertos.
— Porque observo você desde que tínhamos treze anos. Tenho
certeza que ninguém o conhece tão bem quanto eu. Por favor, Cullen, me dê
uma chance para lhe provar que estou diferente.
— Glenn, pode apenas ser o vínculo, fazendo-nos sentir dessa
maneira.
— Oh, meu Deus, você é tão teimoso! — Glenn gemeu. — Não ouviu
o que eu disse? Aos treze anos eu não era um shifter, Cullen. Todos aqueles
anos que passei o querendo, eu era humanos. Não tinha algum desequilíbrio
químico que me desse a capacidade de mudar em lobo.
— Então, todos os anos que me perseguiu, foi porque secretamente
me queria? — Os lábios de Cullen arquearam-se. — Menino, com certeza,
gosta de viver de acordo com cada clichê de bullying.
— Confie em mim, não era minha intenção. — Glenn riu. — Então, o
que diz, Cullen? Vai me dar, a nós, uma chance?
Cullen não disse uma única palavra. Moveu-se para frente e cobriu a
boca de Glenn com a sua. Glenn estendeu a mão e colocou as mãos na parte
de trás da cabeça de Cullen, segurando-o no lugar enquanto violava sua boca.
Os movimentos hesitantes da língua de Cullen transformaram-se em
dominantes e exigentes.
Glenn apertou os braços em torno de Cullen e empurrou-o para
baixo. Seu pênis estava tão duro Glenn, que estava preocupado em rasgar um
buraco em seu jeans. As mãos de Cullen se moveram sobre seu corpo,
deslizando por seu peito, até que espalmou o eixo duro de Glenn.
— Eu quero... — Cullen ofegou contra os lábios de Glenn. — Quero...
— O que, bebê? O que quer? — O corpo de Glenn estava em chamas
com o desejo lascivo pelo homem se contorcendo no colo. Queria estar
completamente nu com Cullen. Sentir cada centímetro da carne aquecida
pressionada em seu corpo, quando o tivesse pela primeira vez.
— Você. — Cullen disse suavemente. Ele afastou-se do aperto de
Glenn e deitou-se de costas. Abriu as pernas, dando-lhe a visão perfeita da sua
pequena entrada rosada.
— Tem certeza? — Glenn estendeu a mão sobre a panturrilha de
Cullen.
— Mais do que qualquer coisa. — Cullen riu nervosamente.
Glenn levantou-se da cama e tirou a calça, deixando-a cair numa
pilha no chão. Tinha um joelho na cama, quando um pensamento lhe ocorreu.
Aquela era a primeira vez de Cullen e não podia esperar que seu companheiro
recebesse seu pau apenas com cuspe como lubrificante. Saiu da cama e
segurou um dedo para cima quando Cullen deu-lhe um olhar curioso. Correu
para o seu quarto, para pegar a garrafa de lubrificante que comprou quando se
mudou para a casa de Cullen. Estando tão perto de seu companheiro e não ser
capaz de agir sobre seus desejos, significava muita masturbação. Pegou a
garrafa da gaveta de cabeceira e correu de volta para o quarto de Cullen.
— Foda-me! — Glenn gemeu. Cullen estava deitado de lado, com a
perna erguida e seu traseiro virado para ele. A pele pálida e suave brilhava no
quarto escuro.
Andou calmamente até a cama e quando Cullen tentou rolar sobre
seu estômago, Glenn o deteve.
— Não, fique assim. — Glenn acariciou as mãos para cima e para
baixo as costas de Cullen, indo mais baixo, para pegar um punhado de suas
nádegas firmes.
Cullen gemeu e agarrou o travesseiro em seus braços. Mexeu o seu
traseiro, empurrando-o para cima. Glenn se inclinou para beijar a sua nuca,
deixando os dentes rasparem na carne tenra. Lentamente lambeu a espinha de
Cullen, até que alcançou a curva da parte inferior. Colocou beijos molhados em
cada globo redondo, usando as mãos para separar as nádegas. Glenn rosnou
na carne dócil quando arrastou sua língua, até que lambeu sobre a carne
ondulada da entrada de Cullen.
— Oh, meu Deus... — Cullen gemeu e seu corpo ficou tenso. Glenn
teve de segurar suas nadegas mais firmemente para impedi-las de sede
fechar.
Lambeu Cullen, de sua entrada até suas bolas, chupando uma, depois
outra, em sua boca. Cullen gemeu e empurrou seus quadris na cama. Glenn
chegou debaixo dele para dar ao pau duro de Cullen algumas bombeadas, em
seguida, deixou ir. Cullen choramingou com a perda.
Glenn pegou o lubrificante que tinha jogado na cama. Abriu a tampa
e regou o gel frio sobre seus dedos. Segurou a nadega esquerda e deslizou os
dedos sobre a entrada aquecida. Glenn provocou a borda, arrancando mais
gemidos devassos de Cullen. Lentamente pressionou um dedo para dentro. O
corpo de Cullen endureceu e Glenn moveu sua mão livre para segurar a perna
de Cullen no lugar. Gostou do ângulo em que Cullen estava. Mostrava a
magreza de seu corpo e abria sua bunda perfeitamente para ele. Sentiu Cullen
relaxar e empurrar para trás com seu toque e foi finalmente capaz de deslizar
o dedo para dentro. Cullen era tão apertado, que teve medo de que estava o
machucando.
— Você está bem? — Beijou Cullen no quadril.
— Hum-hum. — Cullen balançou a cabeça em seu travesseiro.
Sorriu contra a pele pálida de Cullen e mordeu de leve a carne
cremosa. Pegou a garrafa de lubrificante e apertou algumas gotas diretamente
na entrada de Cullen. Calmamente espalhou o gel em Cullen com o dedo,
deixando a pequena abertura relaxada e umedecida.
Com movimentos suaves tinha um dedo dentro e fora de Cullen, de
modo a não sobrecarregar ou causar qualquer dor. Antes de perceber, Cullen
estava empurrando sua bunda para sua mão, implorando por mais e mais
rápido. Acrescentou um segundo dedo, começando lentamente e torcendo seu
pulso, para esfregar o feixe esponjoso de nervos nas profundezas da bunda de
Cullen, o que o fez soluçar por mais. Suas bolas doíam muito e queria gozar
dentro de Cullen, mas sabia que não podia se apressar. Cullen era um virgem.
Empurrou um terceiro dedo e um grito alto irrompeu de Cullen.
— Cullen, bebê, osso fazer amor com você? — Perguntou. Seu pênis
estava desesperado para estar dentro do canal quente do Cullen. — Posso
estar dentro de você?
— Sim... — Cullen gemeu. Ele mudou de posição para ficar em suas
mãos e joelhos, mas Glenn segurou-o.
— Não, fique assim. — Glenn tirou os dedos da entrada de Cullen e
subiu na cama, para deitar ao seu lado, enrolando seu corpo contra o Cullen.
— Mantenha esta perna para cima. — Glenn espremeu a coxa esquerda de
Cullen, que foi puxada para cima perto de sua cabeça, deixando seu
companheiro exposto a ele. Glenn agarrou seu pênis e o guiou para a entrada
de Cullen. Limpou a ponta chorando sobre a abertura, em seguida,
lentamente, empurrou para frente. Uma vez que a cabeça violou a entrada,
ambos gritaram. Era tão quente e apertada, não importava o quanto Glenn
tinha esticado Cullen. Seu pênis de vinte centímetros estava entrando em
estava enterrado completamente no corpo de Cullen. — Você está bem? —
Glenn enrolou seu braço esquerdo em torno do peito de Cullen e colocou o
outro sob a cabeça de Cullen. Sugou o lóbulo da orelha de Cullen.
— Sim! — Cullen balançou seu corpo mais perto, gemendo quando o
pau de Glenn cutucou contra a sua próstata. — Eu me sinto tão completo, mas
ainda não é o suficiente. — Cullen entrelaçou os dedos com Glenn.
— Sei o que quer dizer. — Glenn inclinou o queixo de Cullen para que
pudesse selar seus lábios. Quando fez isso, puxou seus quadris para trás e
empurrou para frente. Uma e outra vez, mantendo um ritmo suave. Adorava a
maneira como Cullen abraçava seu pênis. Era como se seu corpo quisesse que
nunca o deixasse, sempre o sugando de volta, mais e mais fundo.
— É tão bom... — Cullen gemeu, batendo os quadris para trás em
Glenn. A mão de Cullen se estendeu para agarrar seu pênis inchado e começou
a empurrar sua mão. — Posso sentir isso. Estou perto.
Glenn cobriu a mão de Cullen com a sua e ajudou seu companheiro a
bombear seu eixo. O pau de Cullen ficou mais duro em suas mãos e pré-sêmen
escorria da ponta. O corpo de Cullen ficou tenso e Glenn sentiu o pênis de
Cullen pulsar, atirando seu gozo. A sensação do corpo de Cullen apertando ao
redor dele levou Glenn para mais perto da borda. Bateu o seu pênis dentro e
fora de Cullen, até que suas bolas se apertaram mais e gozou profundamente
dentro do corpo de Cullen, marcando-o por dentro.
O cheiro de esperma e suor encheu o quarto e o seu lobo queria sair
para jogar. Os dentes de Glenn desceram, enchendo sua beliscando e
chupando a pele delicada. Seu lobo exigiu que reivindicasse o seu
companheiro, marcando Cullen como seu para sempre.
— Posso... — O quadril de Glenn estremeceu quando se derramou no
corpo de Cullen. — Posso reivindicar você?
— Por favor. — Cullen alcançou seu braço para trás para travar os
dedos no cabelo de Glenn, puxando-o para mais perto.
Saliva escorria dos caninos afiados de Glenn e seu corpo formigava
com a aceitação de Cullen. Abriu a boca e mergulhou, mordendo a pele macia
e os músculos firmes. Cullen gritou e seu corpo estremeceu, quando outro
orgasmo foi arrancado de seu pênis.
Glenn suavemente embalou para rente, prolongando o prazer de
Cullen e o seu. O doce sabor do sangue de Cullen apaziguou seu lobo e, pela
primeira vez em sua vida, Glenn se sentiu em paz. Tinha o homem que queria
para sempre em seus braços, recheado com seu pau e aceitando sua mordida.
No mundo shifter, eram como casados.
Cullen dia não ter que o amava também, mas era apenas uma
questão de tempo. Uma coisa que aprendeu enquanto vivia com Steve era que
os lobos acasalavam para a vida. Uma vez que encontrasse seu companheiro
não havia como voltar atrás, e Glenn não queria. Finalmente tinha Cullen e ele
nunca o deixaria ir.

Capítulo 9

Depois do clímax, Cullen não conseguia se mover. Seu corpo estava


exausto. Não podia acreditar que tinha feito aquilo. Não ter sexo com Glenn.
Não, aquela maneira nunca lhe ocorreu e, agora, não podia esperar para fazer
novamente.
Bocejou e aconchegou suas costas contra o peito de Glenn.
Estremeceu um pouco por causa da picada onde Glenn o mordera, deveria ter
ficado irritado porque Glenn tinha o mordido, mas teve o efeito oposto. Cullen
queria aquela mordida e esperava que deixasse uma cicatriz enorme. Mostraria
ao mundo que foi tomado, que alguém o amava e não estaria mais sozinho
novamente.
Glenn esfregou o rosto no de Cullen. Suas grandes mãos acariciaram
levemente seu peito. Tanto quanto queria falar com Glenn sobre o que tinha
acontecido, não podia lutar contra a bem-aventurança do sono. Pela primeira
vez em mais de uma semana, foi capaz de fechar os olhos e se afastar para a
terra dos sonhos, com visões do lindo corpo nu de Glenn próximo a ele.

*****
Os raios luminosos do sol, que brilhava através da janela, acordaram
Cullen na manhã seguinte. Alongou-se, estremecendo com a dor estranha na
sua bunda. Lembranças do que tinha acontecido na noite passada voltaram
para ele e riu para si mesmo, enquanto rolava para deitar de lado.
— Do que está rindo?
O som da voz de Glenn o fez abrir os olhos.
— Você ainda esta aqui?
Glenn ficou deitado de lado, de frente para Cullen. Estava com o
braço dobrado sob a cabeça, apoiando-a. Cullen copiou a pose, para olhar
melhor para o homem.
— Onde mais eu estaria? — Glenn se inclinou e beijou Cullen na
bochecha.
— Eu... Uh... Não tenho certeza. — Cullen deu-lhe um sorriso de boca
fechada. — Não sei se as coisas serão diferentes para você durante o dia. —
Não estava à procura de compaixão, mas precisava da confirmação de Glenn
de que aquilo era real. Que realmente eram companheiros e que Glenn não ia
voltar atrás, com seus velhos modos, para atormentá-lo.
— Nunca. — Glenn chegou mais perto, trazendo o braço para
descansar ao longo do quadril de Cullen. — Não estou tentando ser um idiota
quando digo isso, mas você precisa, seriamente, seguir em frente com o
passado. Não quero parecer insensível, mas preciso que acredite em mim
quando digo que é meu. — Glenn apontou o dedo para Cullen e em direção a si
mesmo. — Você e eu somos companheiros e não há como mudar isso. Mesmo
sem isso, ainda o quero. Sempre vou querer. — Glenn disse suavemente.
— Acredite em mim. — Cullen esfregou os olhos. — Estou fazendo o
meu melhor para aceitar que o novo você é sincero e que me quer. Só estou
com medo de acordar e ver que tudo foi um sonho, e que você está vindo
bater minha cabeça contra a parede quando passar por mim no corredor.
— Não consigo dizer a você o quanto estou envergonhado pelo modo
como o tratei naquela época. — Glenn inclinou a cabeça para baixo de modo a
não encontrar o olhar de Cullen. — Culpava-o por me fazer te querer. Quão
fodido que é isso? — Glenn levantou o olhar para Cullen. — Pensava que se me
convencesse de que o odiava, esses sentimentos iriam embora.
— Será que se foram? — Cullen perguntou, curioso para ouvir a
resposta de Glenn.
— Não. — Glenn sacudiu a cabeça. — Tudo o que consegui foi dar-lhe
medo e ódio contra mim.
— Bem, teve sucesso nessa frente. — Cullen sorriu. Ergueu a mão
para beliscar o mamilo de Glenn. Riu quando a ação fez Glenn assobiar numa
respiração.
— Posso dizer. — A mão de Glenn moveu-se para o traseiro de Cullen.
— Não pensava que fosse possível, até que vi Cooper e Dylan juntos e como
fizeram o seu relacionamento dar certo, então, comecei a ter esperanças de
que talvez um dia você conseguisse me perdoar. — Glenn piscou para ele. — E
pudesse levá-lo para sair num encontro comigo. Louco, não é?
— Não. — Cullen balançou a cabeça. — Mas sabe o que é louco?
— O quê?
— Que somos companheiros. — Cullen achou toda a situação
estranha e confusa. — Se nunca fosse mordido por Jaron, teria sido tão
persistente em me conquistar?
— Sabe, perguntei a Steve sobre isso, enquanto estava vivendo em
Oregon. — Glenn sentou-se para descansar as costas contra a cabeceira da
cama. — Ele me disse que existem companheiros para os humanos, também,
mas porque são tão cínicos, não conseguem aceitar a crença numa alma
gêmea. Se nunca fosse mordido e transformado num shifter, poderia ter vivido
toda a minha vida querendo você de longe, mas com muito medo de agir sobre
os meus desejos de estar com você.
— Isso é assustador de se pensar. — Cullen se sentou. Glenn colocou
o braço em volta dos ombros de Cullen. Ele permitiu que Glenn o puxasse para
o seu lado.
— Conte-me sobre isso. Todos os “que e se” que mantive durante a
noite após o ataque. Se não tivesse sido mordido, iria simplesmente deixá-lo
longe de mim. — Glenn abaixou-se para beijar Cullen no topo da cabeça. —
Almocei com Jaron no outro dia e ficou genuinamente surpreso quando
agradeci. Sem a sua mordida, nunca teria tido a coragem de persegui-lo tão
agressivamente.
— Quer dizer que me perseguia? — Cullen brincou.
— Chame do que quiser. — Glenn correu os dedos sobre o couro
cabeludo de Cullen.
— Pare com isso. — Cullen empurrou de brincadeira o peito de Glenn.
— Mas, falando sério, porém, você foi super persistente me seguindo, andando
pela casa sem camisa e assustando o pobre Corbin. — Glenn riu disso e Cullen
lhe deu uma cotovelada no lado. — Isso não é engraçado.
— Eu sei, sinto muito, caramba. — Glenn passou a mão sobre sua
boca. — Mas minha persistência, não desistir nunca, na verdade, vem por eu
ser um alfa.
— Você é um alfa? — Cullen ainda estava aprendendo a dinâmica das
apresentações. Sabia que apenas o mais forte dos lobos, que poderia liderar
uma matilha e tornar-se um alfa. Alguns lobos, Cullen tinha aprendido,
poderiam ser um alfa, mas sem a necessidade de liderar. Alguns alfas apenas
queriam viver em paz, dentro de uma matilha.
— Sim. Steve disse que podia sentir o cheiro da dominância em mim
assim que pisei fora do avião quando cheguei, pela primeira vez, em Oregon.
Disse que, por causa disso, seria fácil me treinar para controlar meu lobo. Na
verdade, sou muito bom nisso. Em mudar. Quer ver?
— Claro. — Cullen concordou.
Nos últimos dois anos, Cullen viu seus amigos em forma de lobo, mas
nunca realmente testemunhou a mudança de perto. Sempre sentiu como se
isso fosse uma coisa particular entre lobos e não queria se intrometer.
Glenn moveu-se para o pé da cama, sentando-se sobre os joelhos.
Cullen viu como o ar em torno de Glenn tornou-se denso e nebuloso e, então,
aconteceu. O corpo de Glenn empurrou para frente e o som de ossos se
quebrando o fez tapar seus ouvidos. A pele do corpo de Glenn esticou e
deslocou-se para se moldar em torno do novo corpo se formando. Glenn
arqueou seu pescoço, enquanto seu belo rosto se tornou distorcido e seu nariz
cresceu, tomando a forma de um focinho. Pelos pretos e grossos surgiram por
todo o seu corpo e em um piscar de olhos, e estava feito.
O lobo pulou da cama com suas grandes patas e deu um grito alto.
Os pelos de Glenn eram negros como a noite, brilhantes e grossos. Seus olhos
castanhos eram os mesmos de quando estava em forma humana. Cullen só
podia olhar. O que acabara de testemunhar era realmente incrível, grosseiro e
parecia doloroso. Não tinha vontade de se tornar um shifter.
Cullen se arrastou em direção a Glenn. Não conseguia superar, em
tamanho, Glenn na forma de lobo. Ocupou toda a metade inferior de sua cama
queen-size e mergulhou sob seu peso enorme.
— Você é enorme. — Cullen passou a mão sobre a cabeça peluda de
Glenn, que rodou sua língua para fora para lambê-la.
Algo ocorreu a Cullen quando olhou para seu companheiro. Glenn era
maior do que o lobo de Dylan e de Jaron. O lobo de Trevor era tão grande
quanto Glenn, e também quando eram apenas humanos. Glenn e Trevor foram
mordidos por Jaron e se transformaram em shifters lobo. Haviam sobrevivido à
mordida.
Alfas.
— Oh, meu Deus, é isso! — Cullen pulou da cama, andando para lá e
para cá. — Não posso acreditar que não percebemos isso antes.
Glenn pulou da cama para o chão e latiu para Cullen, que se virou
para ele e empurrou de volta com o tamanho de Glenn sobre as quatro patas.
— Precisamos encontrar Jaron. — Cullen correu para sua cômoda,
abriu a gaveta, e tirou algumas roupas íntimas. — Acho que descobri.
— Descobriu o quê? — Glenn perguntou atrás dele.
Cullen virou e bateu o dedo do pé. Não podia acreditar o quão rápido
Glenn poderia mudar.
— Por que você sobreviveu à mordida de Jaron. — Cullen segurou os
lados do rosto de Glenn. Sua barba fazia cócegas na palma de Cullen. — Você
é um alfa.
— Ok, bebê, continua dizendo isso, mas ainda não tenho ideia do que
está falando. — Glenn descansou as mãos sobre os ombros de Cullen.
— Jaron e eu estamos trabalhando em descobrir por que a mordida
dele mata algumas pessoas e salva outras. — Cullen pulou em um pé,
enquanto puxava sua cueca. — Até agora não conseguimos descobrir isso, mas
acho que descobri agora. — Cullen pegou um short e uma camisa e os vestiu.
— Ok, bem, pode explicar isso para mim? — Glenn coçou a cabeça.
— Aqui está o negócio. — Cullen se sentou na cama, colocando uma
perna debaixo dele. — Shifters nascem, não são fabricados. Assim era até
Jaron chegar. Seu pai mexeu com seu DNA, até que alterou sua composição
genética, concedendo-lhe a capacidade de transformar outros humanos em
shifters. Mas nem todos os humanos podem sobreviver à mordida. Na verdade,
o SNH estava testando as pessoas em seus laboratórios e cinco humanos
morreram com isso, mas, não você e Trevor. Por que isso aconteceu? O que
vocês dois, humanos comuns, têm que os tornam especiais?
— E? — Glenn fez sinal com a mão para Cullen para continuar.
— Porque são alfas. — Cullen colocou a mão na testa. — Você e
Trevor em forma de lobo são tão grandes quanto Devon e Asa. E quando era
apenas humano, tinha uma personalidade dominante, assim como Trevor
também tinha. Apostaria minha vida que o fator chave de sobreviver à
mordida de Jaron é a capacidade de se tornar um alfa. Tem que ser forte o
suficiente, física e mentalmente, para sobreviver.
— Hã?
Cullen não poderia ficar irritado com seu companheiro sem noção.
Era uma responsabilidade muito grande para compreender, mas Cullen e Jaron
tinham trabalhado para encontrar a resposta para este enigma por dois anos.
— Glenn, você é um lobo alfa. — Disse Cullen e Glenn assentiu. —
Isso permitiu que o seu corpo lutasse contra as toxinas da mordida. Em vez do
gene lobo destruir seu corpo, misturou-se com sua composição genética e você
está aqui, parte humano, parte lobo.
— Então, está me dizendo que poderia ter realmente morrido? —
Glenn pareceu surpreso com isso.
— Sim. — Cullen concordou. — É um dos sortudos. — Cullen se
levantou e agarrou a mão de Glenn. — Agora, vá se vestir. Precisamos
encontrar Jaron, para que possa dizer a ele o que descobri.
Quando Glenn vestiu-se e deixaram a casa, era pouco antes das onze
da manhã. Cullen não podia acreditar que dormira até tão tarde. Glenn os
levou até a casa de Trevor e Jaron. Cullen não se surpreendeu ao ver o jipe de
Dylan na unidade.
— Devíamos ter ligado antes de vir? — Perguntou Glenn, olhando o
jipe de Dylan.
— Nah. — Cullen acenou despreocupado para Glenn. — Estão sempre
aqui. — Cullen apontou para o carro de Dylan. — Normalmente, estou aqui,
também.
— Oh. — Glenn seguiu Cullen até a porta da frente.
Cullen bateu uma vez e foi para dentro.
— Olá? — Cullen gritou.
— Aqui fora. — Trevor gritou de volta.
— Jaron, descobri! — Cullen pegou Glenn pela mão e se dirigiu para
as portas duplas francesas que levavam ao quintal. Trevor, Jaron, Dylan e
Cooper estavam sentados em torno da grande mesa redonda, na sombra.
— Descobriu o quê? — Perguntou Jaron.
— Que diabos é isso? — Dylan apontou para Cullen e as mãos unidas
com Glenn, interrompendo o que Cullen estava preste a dizer. — E o que é
esse cheiro? — Dylan cheirou o ar e seus olhos se arregalaram. — Que diabos?
— Não agora, Dylan. — Cullen segurou firme a mão de Glenn. Não
havia tomado banho antes de sair de casa e Glenn também não. O aroma de
seu ato de amor tinha que estar muito forte no calor úmido do quintal. Em
qualquer outro momento, estaria constrangido, mas não naquele.
— Uh, o inferno sim, agora. — Dylan focou em Cullen, com seu olhar
estreito de olhos.
— Bebê, relaxe. — Cooper colocou a mão nas costas de Dylan,
piscando um olhar preocupado na direção de Cullen e Glenn.
— Relaxe, minha bunda. Explique isso. — Dylan apontou um dedo em
suas mãos unidas. — Você desenvolveu a síndrome de Estocolmo?
— O quê? — As sobrancelhas de Cullen arquearam-se em sua testa.
— Glenn nunca me sequestrou ou me manteve refém. — Cullen balançou a
cabeça.
— Que seja. — Dylan revirou os olhos. — Sabe o que quero dizer.
— Você provavelmente deve dizer-lhes. — Glenn sussurrou no ouvido
de Cullen.
— Ouvi isso. — Dylan se levantou. — Dizer-nos o quê?
— Dylan, não tenho tempo para isso. — Cullen se moveu ao redor da
mesa para se aproximar de Jaron. — Com esse nariz seu, pode muito bem
deduzir.
— Dormiu com ele por vontade própria? — Dylan olhou para Glenn. —
Sem ofensa. Apenas passamos um bom tempo odiando você.
— Sem problemas. — Glenn puxou uma cadeira para Cullen, em
seguida, uma para ele mesmo.
— Então, o que isso quer dizer? — Dylan olhou entre eles.
Cullen olhou para Glenn, que só deu de ombros. Cullen daria
qualquer coisa para o vínculo de acasalamento ter habilidade telepática. A
questão de com quem estava dormindo era a menor das suas preocupações no
momento. Cullen tinha acabado de fazer um grande avanço em descobrir como
a mordida infecciosa de Jaron trabalhava no corpo humano. Isso era
importante, e falar sobre sexo não era prioridade.
— Cullen e eu... — Glenn tossiu para limpar a garganta. — Somos
companheiros.
— Você tem que estar me cagando! — Dylan entrou em colapso em
sua cadeira como se tivesse levado um tiro.
— Parabéns! — Trevor inclinou sobre a mesa com a mão estendida
para apertar a mão de Glenn, em seguida, Cullen. — Isso é uma notícia
incrível.
— Obrigado. — Cullen podia sentir rubor calor para seu rosto.
— Veja, disse que valeria a pena dar-lhe uma chance. — Jaron
sentou-se em sua cadeira para abraçar Cullen. — Agora, o que tinha para me
dizer?
Um enorme sorriso se espalhou pelo rosto de Cullen, enquanto
explicava a Jaron sua teoria. Cullen estava muito decepcionado com ele
mesmo por não ter pensado naquela possibilidade antes. Fazia todo o sentido.
Um humano não possui qualquer capacidade especial para ser um shifter, e
para se tornar um, significava que o humano tinha de ser muito resistente.
— Realmente, acha que é isso? — Perguntou Jaron, olhando para
Trevor. — Só uma pessoa com a força para ser um alfa pode sobreviver a
minha mordida?
— Faz todo o sentido. — Explicou Cullen. Jaron, tanto quanto sabiam
era um de uma espécie única. Shifters nascidos não tinham a capacidade de
morder e mudar um humano. — É por isso que a minha amostra de sangue e a
de Maurice se deterioravam. Não somos fortes o suficiente para lutar contra a
infecção em nossos corpos produzida pelo gene shifter.
— Como é que não vimos isso antes? — Jaron bateu os dedos no
tampo da mesa.
— Você é o primeiro de sua espécie, Jaron. — Cullen pegou a mão do
amigo. Um rugido profundo baixo veio de Glenn e Cullen revirou os olhos. —
Pare com isso. — Disse para Glenn.
— Desculpe. É uma coisa de lobo. — Explicou Glenn. — Ficamos com
ciúmes com muita facilidade.
— Bom trabalho, Cullen. — Trevor sorriu orgulhosamente para Cullen.
— Vou notificar o conselho de suas descobertas. Isso é muito importante.
— Parabéns, cara. — Cooper disse Glenn. — Disse que tudo iria dar
certo.
— O que iria dar certo? — Perguntou Cullen. Virou-se para seu
companheiro. Será que Cooper sabia o tempo todo sobre serem
companheiros?
— Sabia disso? — Dylan fez um sinal com o queixo para Glenn, em
seguida, Cullen. Cooper assobiou e fingiu não ter percebido que seu
companheiro falava com ele. — Cooper Michael Higgins!
— Sim, sabia. — Cooper gemeu. — Eita.
— Não fique bravo com ele. — Glenn falou, defendendo o amigo. —
Pedi-lhe para não contar a ninguém. — Glenn olhou para Cullen. — Não tinha
certeza de como você iria reagir ao me ver novamente. Não ajudou que nossos
pais estivessem namorando. Não queria forçá-lo.
— Entendo, Glenn. — Cullen pegou a mão de seu companheiro e a
trouxe para beijar os nós dos dedos. — Não fui muito amigável com você
quando voltou à cidade.
— Bebê, não tem que explicar nada para mim. — Glenn puxou a mão
de Cullen, que se levantou e deixou Glenn puxá-lo para o seu colo. —
Costumava ser um bosta e merecia como me tratou.
— Talvez, mas salvou minha vida do mordedor aqui. — Cullen
apontou com o polegar por cima do ombro para Jaron, que chutou o lado da
cadeira de Cullen. — Deveria ter sido mais agradável com você. Todos fazemos
coisas estúpidas quando somos crianças.
— Deus, eu te amo. — Glenn agarrou a parte de trás do pescoço de
Cullen e puxou-o para beijar seus lábios.
Cullen ainda não tinha certeza de como se sentia sobre Glenn dizer
“eu te amo” para ele tão rápido. A existência de Glenn como um shifter
tornava seus sentimentos mais intensos, mas Cullen era apenas um humano.
Gostava de Glenn, gostava muito dele, mas para dizer que o amava ainda
sentia que era muito cedo.
— Como diabos não vi esse evento? Quero dizer, merda. Costumava
dizer a Cooper que você tinha uma grande paixão por Cullen e que era por isso
que era um bosta com ele, mas realmente dizia apenas da boca para fora. —
Dylan riu e sacudiu a cabeça. — Glenn, é melhor tratá-lo direito ou vou chutar
o seu traseiro. Alfa ou não.
— Nunca vou machucá-lo novamente. — Glenn roçou os lábios mais
uma vez em Cullen. — Prometo.
Foi um alívio ter contado para seus amigos sobre ele e Glenn. Cullen
ainda não tinha pensado sobre como iria dizer a Dylan e os outros, mas agora
não tinha que se preocupar com isso. E, no fim, não importava o que todo
mundo pensava. Enquanto Glenn e Cullen estivessem felizes, isso era tudo que
importava.
Pensou que fosse levar algum tempo para se acostumar a ser
companheiro de Glenn, mas os sentimentos de atração e desejo vieram
naturalmente. Pensamentos do passado ainda fazia alvoroço em sua mente,
mas deixava-os de lado. Era um novo dia e não tinha vergonha de admitir que
estava gostando de seu agressor. Nunca sequer considerou esta possibilidade,
mas agora que estava ali, não podia esperar para ver que outras coisas loucas
ainda iriam entrar em sua vida.

Capítulo 10

Depois de passar o resto da tarde e à noite na casa de Trevor e


Jaron, Glenn e Cullen voltaram para casa. Foi um dia longo. Glenn não havia
percebido o quanto o trabalho de Cullen e Jaron colaborou para desvendar o
segredo da mordida de Jaron. Ficou um pouco abalado ao descobrir que a
mordida poderia potencialmente tê-lo matado, mas não matou, e estava grato
por isso.
Demorou algumas horas, mas Dylan finalmente aceitou a ideia de
Glenn e Cullen estarem juntos. Ele disse que se Glenn e Cullen já tivessem
filhos, teriam um inferno de uma história para contar.
Glenn aceitou o que fez a Cullen no passado, e estava pronto para
seguir em frente. Não era uma sensação boa ser constantemente lembrado
durante uma conversa. Fora um idiota enquanto crescia, não podia negar, mas
não queria que fosse o único legado a ser deixado. Foi preciso quase perder
Cullen, para perceber o que estava preste a perder.
Quando chegaram em casa, estacionou seu caminhão na garagem.
Caminhou ao redor da frente do seu carro, pegou a mão de Cullen e liderou o
caminho para a porta da frente. Uma vez dentro, não soltou Cullen e levou-o
pelo corredor até o banheiro. Acendeu a luz e puxou um Cullen sorrindo para o
banheiro com ele.
— O que você está fazendo? — Perguntou Cullen.
— Bem, uma vez que não tive a chance de tomar banho esta manhã,
pensei que poderíamos tomar um agora. — Glenn puxou a camisa para cima,
sobre a cabeça. — Juntos. — Glenn agarrou o cós da bermuda de Cullen,
puxando-o para frente. — O que estava dizendo? — Glenn balançou as
sobrancelhas.
— Como posso recusar essa carinha? — Cullen riu e passou os braços
ao redor do pescoço de Glenn e estendeu a mão para beijá-lo. Enfiou a língua
na boca de Glenn, provocando-o.
Glenn soltou um grunhido baixo e puxou Cullen de encontro ao seu
corpo, até que estavam esmagados juntos, do peito até a coxa. O pau duro de
Cullen cutucava Glenn, dando toda a aprovação que precisava do seu
companheiro. Glenn fez um rápido trabalho de remoção das roupas de Cullen,
então as suas próprias. Ligou o chuveiro e estendeu a mão para Cullen
novamente, beijando-o enquanto esperava a água aquecer.
— Não posso acreditar que me sinto assim. — Disse Cullen.
— Como se sente? — Perguntou, enquanto beijava da mandíbula de
Cullen, até o pescoço.
— Este desespero que tudo consome: se-eu-não-tiver-você-dentro-
de-mim-agora-eu-morro. — Cullen empurrou a cabeça de Glenn suavemente
longe do seu pescoço para que pudessem olhar um nos olhos do outro. —
Antes de vir atrás de mim, pensei que ia morrer virgem, Glenn. E estava bem
com isso.
— Isso te incomoda? — Glenn queria saber. Cullen teria segundos
pensamentos sobre estarem juntos? — Acha que é apenas o vínculo de
acasalamento que nos mantêm juntos?
— Não. — Cullen balançou a cabeça. — Acho que um pequeno pedaço
de mim sempre o achou um pouco atraente.
— Sério? — Isso deu a Glenn alguma esperança.
— Não quando éramos crianças. — Cullen deu de ombros. — Claro,
você era um cara bonito e popular. Tinha inveja de você e de Cooper, mas não
foi até que pulou na minha frente naquela noite, que comecei a ver uma
pessoa atrás da sua personagem de valentão. — Cullen passou os dedos pelo
cabelo de Glenn. — Não há um dia, desde que se foi, que não penso em você.
No começo, me convenci de que era enfrentá-lo por ser um babaca para mim,
enquanto crescíamos. Mas não era nenhuma dessas coisas. Acho que a razão
pela qual nunca quis namorar ninguém foi porque, uma parte de mim, estava
esperando por você.
Lágrimas queimavam atrás dos olhos de Glenn. Nunca ouviu palavras
tão doces faladas para ele. Cullen Ford estava esperando por ele.
Arrancou os óculos de Cullen do seu rosto e colocou-os no balcão.
Então, carregou Cullen, abriu a porta de vidro do chuveiro e entrou. Pressionou
Cullen contra a parede, o spray de água sobre seus corpos. O pau de Glenn
ficou duro e orgulhoso, cutucando abaixo das bolas de Cullen. Balançou no
úmido calor do seu companheiro, querendo enterrar seu eixo ansioso no seu
traseiro.
— Faça amor comigo. — Cullen engatou suas pernas mais para cima,
segurando-se firme ao corpo liso de Glenn. — Quero sentir você gozar dentro
de mim. Me reivindique novamente.
Glenn olhou nos olhos azuis cintilantes do seu companheiro,
enquanto pegava a garrafa na prateleira. Bombeou um punhado de lubrificante
na palma da mão e alcançou entre eles para cobrir seu eixo pulsante.
Introduziu dois dedos confortavelmente no canal de Cullen, esticando-o o mais
rápido que pôde. Não achou que duraria muito mais tempo. Ouvir Cullen pedir
para ser reivindicado era como acenar uma bandeira vermelha na frente de um
touro.
Tesourou seus dedos dentro e fora da entrada de Cullen, levando-o
ao limite. Cullen empurrou e contraiu sua pelve no estômago duro de Glenn,
deixando um rastro do seu pré-sêmen entre seus corpos úmidos. Glenn
deslizou os dedos para fora, agarrou firmemente o seu pau e colocou a ponta
na abertura de Cullen, que olhou fixamente nos seus olhos, enquanto Glenn
lentamente empurrava para frente. O calor apertado agarrou em volta do seu
pênis e Glenn soltou um uivo ensurdecedor quando sentiu que estava perto de
gozar.
— Você me faz sentir tão bem. — Glenn bombeava seu pênis em
Cullen, fazendo um pequeno círculo com seus quadris a cada impulso. —
Perfeito pra caralho.
— Oh, Deus, Glenn... — Cullen cravou suas unhas curtas nas costas
de Glenn. A dor da mordida estimulava o lobo dentro de Glenn a ir mais
rápido.
O orgasmo de Glenn aproximava-se rapidamente. Suas bolas
estavam formigando e seu pênis estava vazando, pronto para explodir. Mas
queria sentir Cullen gozar primeiro, então alcançou entre eles e envolveu o
punho em torno do pênis, consideravelmente vermelho, de Cullen. Glenn
bombeou-o num ritmo rápido e Cullen gritou quando gozou em jatos fortes por
todo o peito de Glenn.
— É isso aí, bebê. — Glenn mergulhou para chupar um hematoma no
pescoço de Cullen, no encontro com o ombro. — Goza para mim. — Glenn
permitiu que seus caninos se estendessem e mordeu a pele salgada,
saboreando um grito áspero de Cullen.
Glenn bateu no corpo de Cullen, sentindo seu suave e sedoso canal,
quando segurar tornou-se muito e Glenn descarregou profundamente dentro
de Cullen. Grunhiu enquanto segurava Cullen perto. Retirou os dentes do
ombro de Cullen, lambeu o sangue e depois beijou a área avermelhada.
— Acho que melhora com a prática. — Cullen estremeceu quando
Glenn se soltou do seu corpo.
— Você acha? — Glenn acariciou o lado do seu rosto contra Cullen.
— Eu acho, mas não estou cem por cento certo. — Cullen moveu suas
mãos pelo peito de Glenn, esfregando os dedos sobre seus duros e pequenos
mamilos. — Precisamos fazer de novo, e de novo e de novo. Apenas para ter
certeza.
— Concordo completamente. — Glenn riu, enquanto inclinava a
cabeça para beijar os lábios de Cullen.
Se beijaram por mais algum tempo, até que a água começou a
esfriar. Rapidamente lavaram-se, em seguida um ajudou o outro a se secar.
Uma vez que terminaram, se dirigiram para o quarto de Cullen e subiram na
cama. Cullen deitou-se de lado, com a cabeça apoiada no peito de Glenn, que
adormeceu sentindo a respiração suave de Cullen sobre sua pele.

*****
Cullen acordou antes de Glenn na manhã seguinte. Ficou lá por mais
de uma hora observando o sono de Glenn. Fazia, pelo menos, dois dias desde
que Glenn havia se barbeado e surgia o princípio de uma barba. Passou a
palma da mão sobre os curtos cabelos espetados. O restolho era um pouco
mais escuro do que os cabelos na cabeça de Glenn. Cullen afastou as cobertas
do corpo de Glenn para verificar o resto do corpo do seu companheiro. Os
pelos dos seus braços e pernas não eram extremamente grossos e se
misturavam com a pele cor de oliva. Um punhado estreito de cabelo cobria seu
peitoral, seguia pelo seu estômago até uma escura trilha feliz, descendo até
seus pelos pubianos aparados.
Deslizou as pontas dos dedos sobre a bochecha de Glenn, em
seguida, desceu em direção ao seu peito. Notou que o lençol formava uma
tenda perto da região da virilha. Sorriu e pressionou os dedos um pouco mais,
massageando os músculos firmes que cobriam seu abdômen.
Quando Glenn não acordou, Cullen abaixou-se e passou a língua
sobre seu mamilo. Chupou suavemente, mas ainda não havia nenhum
movimento do seu amante. Estava ficando entediado de ver Glenn dormir.
Queria o homem acordasse para beijá-lo, tocá-lo e fazê-lo gozar até desmaiar.
— O que está fazendo? — Glenn perguntou enquanto bocejava.
— Tentando te acordar. — Cullen rodou sua língua ao redor do
mamilo direito de Glenn e beliscou o esquerdo. — Está funcionando?
Glenn agarrou a mão de Cullen e colocou sobre a espessura do seu
eixo. Cullen gemeu ao sentir o enorme mastro sob o lençol. Desejava provar
Glenn ali embaixo.
— Agora que despertou a ambos. — Glenn movia a mão de Cullen
para cima e para baixo do seu comprimento. — O que vai fazer sobre isso?
Poderia ter cedido e deslizado entre as pernas de Glenn, mas estava
no modo brincalhão. E era culpa de Glenn não acordar mais cedo. Cullen se
sentia um pouco malicioso.
— Não sei. — Cullen saiu dos cobertores, livrando-se do tecido,
enquanto Glenn ainda estava embrulhado. — Acho que precisa me pegar para
descobrir. — Cullen decolou, antes de Glenn conseguir sair da cama.
Cullen passou pelo corredor e pela sala, antes de Glenn o pegar.
Glenn investiu contra ele, envolvendo os braços em volta do corpo de Cullen, e
caindo em cima do sofá. Riu quando Glenn começou a fazer-lhe cócegas
debaixo dos braços.
— Ninguém nunca disse para não correr de um lobo? — Glenn riu e
continuou fazendo cócegas. — Amamos perseguir a nossa presa.
— Oh, sou sua presa? — Cullen se contorcia debaixo de Glenn.
— Sempre. — Glenn sorriu, com seus perfeitos e brilhantes dentes
brancos.
— Acho que hoje você vai ser minha presa. — Cullen empurrou os
óculos no nariz. Realmente deveria pensar em lentes de contado ou cirurgia
ocular a laser.
— E por que seria? — Glenn passou levemente as mãos para cima e
para baixo das costas de Cullen.
— Porque... — Cullen saiu de cima de Glenn e ajoelhou-se no chão.
Empurrando Glenn até que se sentou com as pernas descansando no chão,
uma de cada lado dele. — Quero prová-lo na minha boca.
Estendeu a mão para pegar na base do pau de Glenn. O membro
carnudo começou a endurecer. As veias grossas corriam da base à ponta e
Cullen traçou-as levemente com o dedo. Glenn gemeu e deixou cair a cabeça
para trás para descansar no sofá. Abriu as pernas mais afastadas e Cullen se
aproximou mais.
Glenn tinha um bom par de bolas. Eram firmes e havia uma fina
camada de pelos sobre elas. Cullen se abaixou para esfregar os lábios sobre as
esferas apertadas, em seguida, passou a língua para ter um gosto. Glenn
gemeu novamente e Cullen sugou com muito cuidado uma na sua boca.
— Maldito inferno santo, Cullen! — As mãos de Glenn apertavam em
punhos.
Cullen sugou uma, depois a outra. Passou as mãos para cima e para
baixo das coxas tensas de Glenn. Com a coragem de Cullen construída,
moveu-se para beijar ao longo da espessura do eixo de Glenn. Achatava sua
língua e lambia a ponta. Uma gota clara de pré-sêmen surgiu, apenas
esperando para ser beijada por Cullen, e ele a beijou. O doce sabor de Glenn
explodiu sobre suas papilas gustativas e sentiu-se provocador. Abriu a boca e
tomou tudo dentro.
Sem nunca ter feito aquilo antes, não sabia ao certo o que fazer,
então apenas reencenou o que Glenn fez com ele. Cullen pegou as bolas de
Glenn num aperto leve, rolando-as em torno dos seus dedos. Escavava suas
bochechas e sugava ao longo do comprimento espesso de Glenn. O pau de
Glenn tinha, pelo menos, 22 ou 23 centímetros de comprimento. Cullen não
era qualificado o suficiente para levá-lo muito profundo, mas usou a outra mão
para bombear os poucos centímetros restantes.
— Assim mesmo, Cullen. — Glenn passou os dedos pelo cabelo de
Cullen, delicadamente incitando-o a se mover mais rápido. — Porra, é tão
bom.
Mais pré-sêmen vazava a partir da ponta e a própria excitação de
Cullen começou a subir. Manteve seu ataque oral sobre o pênis de Glenn,
quando estendeu a mão para o seu próprio pênis. Nunca havia imaginado que
servir ao outro homem o deixaria tão excitado.
Os dedos de Glenn apertavam seu cabelo e seu corpo ficou tenso. Era
apenas o aviso antes do creme quente de Glenn encher a sua boca. Havia
tanto dele e não conseguia engolir rápido o suficiente. O gosto era mais
amargo do que o pré-sêmen, mas não se importava.
Cullen lambia em volta da coroa em erupção e estremecia ao mesmo
tempo. Três bombadas duras e encheu sua mão com uma quente carga
pegajosa. Deixou o pau de Glenn deslizar da sua boca e colocou sua testa
contra a coxa dele. Demorou alguns segundos para recuperar o fôlego.
— Deixe-me ver isso. — Glenn puxou a mão de Cullen até a boca.
Fixou o olhar de Cullen quando começou a lamber todas as evidências do seu
orgasmo. — Porra, você tem um gosto bom.
— Assim como você. — Cullen podia sentir seu rosto esquentar.
Levaria algum tempo para se acostumar a ser sexualmente aberto e afetivo
com outra pessoa.
— Vem aqui. — Glenn colocou um dedo sob o queixo de Cullen,
trazendo-o mais perto. Quando estava ao alcance, Glenn pressionou os lábios
em Cullen, forçando a língua na sua boca.
Cullen gemia em volta da língua gorda invadindo sua boca. O gosto
dos seus sabores combinados endurecia o pau de Cullen novamente.
— Que diabos está acontecendo aqui? — O som do grito furioso do
seu pai foi como um balde de água gelada sobre sua libido reacesa.
— Pai! — Cullen gritou quando ficou de pé. Assistiu chocado e irritado
o olhar do seu pai cair sobre o seu corpo nu. — Merda. — Cullen pegou uma
das almofadas do sofá para cobrir seu pênis rapidamente esvaziando.
— Mãe! — Glenn também se levantou, colocando as mãos sobre o seu
pênis exposto. — Você voltou mais cedo.
A boca de Nikki estava um pouco aberta e ela estava congelada, o
seu olhar se movia para trás e para frente, entre Cullen e Glenn. Cullen sentiu-
se aliviado por ela não pirar, ao contrário do seu pai.
— Seu filho da puta! — O pai de Cullen andou em direção a Glenn, os
punhos enrolados ao lado. — O que fez com o meu filho?
— Pai, pare com isso. — Cullen pulou na frente de Glenn, que tentou
tirá-lo do caminho, mas Cullen não se moveu. — Não é o que parece.
— Não é o que parece? — Seu pai estreitou os olhos. Seu peito arfava
para cima e para baixo e Cullen estava preocupado dele ter um ataque
cardíaco.
— Sr. Ford, posso explicar. — Disse Glenn em um tom suave e calmo.
— Gavin, acalme-se. — Nikki encontrou sua voz e correu, puxando o
braço do seu pai.
— Você pode explicar? — Gavin balançou a cabeça. — Saímos por
alguns dias e voltamos para casa para... — Seu pai olhou ao redor da sala de
estar. — O que diabos seja isso. — Estendeu a mão para pegar um Glenn
estranhamente silencioso.
— Pai, pare! — Cullen largou o travesseiro e levantou as mãos para
impedir o pai de chegar mais perto. — Eu o amo.
A sala ficou em silêncio. O som de uma gota poderia ser ouvida sobre
o silêncio atordoado.
— Você me ama? — Perguntou Glenn.
Ele amava? Cullen podia sentir seus sentimentos e a atração
crescendo a cada dia, antes mesmo de terem sexo. O vínculo de acasalamento
fixou suas garras nele, mas sabia, no fundo, que o vínculo de acasalamento
apenas acelerou o que viria a desenvolver dentro de Cullen. Seu ódio por
Glenn ao longo dos anos era, parcialmente, por não ser amado por Glenn. De
volta a escola, não conseguia entender esses sentimentos, mas agora sabia.
Cullen Ford amava seu agressor.
— Amo. — Cullen virou-se para enfrentar Glenn. — Oh, meu Deus,
realmente amo. — Com um sorriso nos lábios. — Eu te amo, Glenn Shephard.
Glenn inclinou-se e capturou os lábios de Cullen, que jogou seus
braços ao redor do pescoço do seu companheiro e segurou firme. Aquele
momento de constrangimento ao ser pego, literalmente, sem calça na frente
do seu pai era, de repente, o maior momento da sua vida.
— Desculpe-me. — O som da voz de Nikki quebrou a pequena névoa
acolhedora em que Cullen estava. Quase esqueceu que seus pais estavam
atrás deles. — Acho que talvez todos devêssemos sentar e conversar um
pouco. — Nikki agarrou o braço do pai de Cullen e puxou-o um passo para
trás. Começaram a caminhar em direção à cozinha. — E os meninos, por favor,
coloquem algumas roupas.
— Você me ama? — Glenn tinha a testa pressionada contra Cullen,
um sorriso no rosto bonito.
— Eu amo. — Cullen riu. — Tão louco quanto possa parecer, eu amo.
— Roçou os lábios mais uma vez nos de Glenn. Isto era o começo de algo
grandioso.

Capítulo 11

Ser pego sem calça, na frente do pai de Cullen, não era o modo como
Glenn gostaria de anunciar que estavam juntos. Se surpreendeu ao ver sua
mãe aceitar tudo tão bem. Mesmo a calma e compreensiva mulher que era,
Nikki Shephard pegou o touro pelos chifres, esse seria Gavin, e assumiu a
situação.
Cullen e Glenn seguiram para seus quartos separados e vestiram
algumas roupas. Depois se encontraram no corredor e juntos caminharam até
a cozinha. Glenn tomou a mão de Cullen e liderou o caminho. Ele meio que se
sentia como um homem marchando para a morte. O pai de Cullen não parecia
feliz em vê-los juntos.
— Aí estão vocês. — Nikki colocou quatro canecas sobre a mesa e
serviu a todos um pouco de café. — Sentem-se, rapazes.
Glenn puxou uma cadeira para Cullen, depois sentou ao seu lado. Se
olhares pudessem matar, teria caído morto diante do brilho mortal que Gavin
lhe dava. Glenn se sentia mal por seus pais terem descoberto daquela forma,
mas isso não mudaria nada. Ele e Cullen ficariam juntos, nada importava.
— Então, rapazes. — Sua mãe sentou, sorrindo encorajadoramente.
— Importam-se de explicar tudo isso para nós?
— Uh, bem… — Cullen virou-se para Glenn com olhos suplicantes.
— Tudo começou quando voltei para a cidade. — Glenn tomou a mão
de Cullen. — Não foi algo planejado, mas estamos juntos.
— Juntos? — Gavin estalou. — Não posso acreditar que peguei vocês
se masturbando na minha própria casa.
— Gavin... — Nikki colocou a mão no antebraço de Gavin.
— Deixei-o morar na minha casa e é assim que trata o meu filho? —
Gavin se inclinou para frente.
Glenn poderia reconhecer que foi desrespeitoso o que estiveram
fazendo, mas ambos eram adultos. E, como adultos, teriam sexo. Como era
sua culpa se seus pais retornaram de viagem mais cedo?
— Bem, é muito melhor do que ser o alvo dele, isso é certo. — Cullen
acenou com a cabeça.
— O quê? — Gavin piscou os olhos e sacudiu a cabeça.
— Glenn costumava intimidar-me na escola. — Glenn apertou a mão
de Cullen, que o olhou deu de ombros. — É a verdade.
— Glenn Allen Shephard. — Nikki estalou. — Isso é verdade?
— Sim, mas isso foi há anos. — Glenn engoliu em seco o nó na
garganta.
— Dois anos, para ser exato. — Cullen sorriu.
— Não está ajudando, querido. — Glenn sussurrou pelo canto da
boca.
— Então, deixe-me ver se entendi. — Gavin colocou os cotovelos
sobre a mesa e se inclinou na direção deles. — Você intimidava o meu filho e
agora está fornicando com ele na minha casa? Que tipo de monstro é você?
— Gavin, isso é o suficiente. — Nikki cruzou os braços sobre o peito e
olhou firmemente para o pai de Cullen. — Não vamos esquecer que aquele
monstro ali... — Nikki apontou para Glenn. — É o meu filho. E, sem querer
ofender ninguém, mas não vi Cullen reclamar.
— Não, eu não estava reclamando. — Cullen olhou para Glenn e
sorriu.
— Oh, meu Deus! — Gavin bateu as mãos em cima da mesa e se
levantou. Começou a andar pela cozinha. — Então, o que é isso? Vocês dois
estão apaixonados e querem ficar juntos?
Glenn e Cullen se entreolharam, em seguida, olharam para Gavin e
assentiram.
— Pai. — A voz de Cullen rangeu um pouco quando falou. — Você
está louco porque sou gay?
— Não, Deus! Não. — Gavin caiu de volta na cadeira. Olhou de Cullen
para Glenn, em seguida, para Nikki. — Eu te amo não importa o que, e quero
que seja feliz. Só estou sendo egoísta, por causa do que tudo isso significa
para Nikki e eu.
— O que significa? — Nikki mexeu-se na cadeira para olhar para
Gavin.
— Se estão juntos, nós não podemos estar. — Gavin acenou para a
Glenn e Cullen. — E não vou pedir para o meu filho ser infeliz, apenas para
que eu possa ser feliz.
— Pai... — Disse Cullen.
— O que diabos está errado com você? — Nikki se aproximou e bateu
Gavin na parte de trás da cabeça. — O que faz eles estarem juntos ter algo a
ver com a gente?
— Vamos, Nikki. — Gavin gemeu. — Como vai parecer? Você e eu
namorando e, oh, a propósito, esses são nossos filhos.
— Hum, e daí? — Nikki deu de ombros. — A última vez que verifiquei,
não éramos relacionados, e somos todos adultos. Quem amamos não é do
interesse de mais ninguém, só nosso.
— Mas todos nós vivemos juntos. — Gavin ergueu a mão para cobrir
os olhos. — Isto é uma bagunça.
— Mãe, sinto muito. — O peito de Glenn doía. Não queria tornar sua
mãe miserável, fazendo-a perder o amor da sua vida só por causa dele. Glenn
não podia se controlar, no entanto. Cullen era seu companheiro e não havia
como voltar atrás sobre isso, só olhar para frente.
— Não é culpa sua, bebê. — Nikki bateu os dedos no queixo, e então
seu rosto se iluminou em um sorriso enorme. — Gavin, pare de fazer beicinho.
Você está sendo excessivamente dramático. — Ela cutucou Gavin no braço. —
Tenho uma sugestão. Vocês meninos querem ficar juntos, não importa o quê,
correto? — Glenn e Cullen concordaram. — E Gavin, você quer estar comigo,
certo?
— Mais do que qualquer coisa. — Gavin estendeu a mão para
descansar no joelho de Nikki.
— Então, tenho uma ideia. A casa que Glenn e eu estávamos
morando já está paga. Meus pais me deram quando se mudaram para a
Flórida. — Ela disse a Gavin. — Vou tirá-la do mercado e dá-la a Glenn. Glenn,
doçura, não é que eu não queira viver com você, mas é melhor. Não podemos
viver todos sob o mesmo teto. Seria um pouco estranho.
— Sim, seria. — Cullen concordou.
— Então, aqui está o que proponho. Glenn, pode mudar-se para lá, ou
vendê-la e encontrar outra coisa. Não tenho certeza se estão prontos para
viverem juntos, mas, se estão, Cullen é mais do que bem-vindo para viver com
você ou ode ficar aqui. — Nikki estendeu a mão para Cullen, que sorriu e a
tomou. — Não estou chutando-o para fora da sua própria casa, querido. Tudo
o que decidirem, apoiaremos. Certo, Gavin?
— Sim. — Gavin olhou para a mãe de Glenn com tanto amor e
respeito.
A casa em que Glenn cresceu não era muito grande, apenas uma
casa de dois quartos, que seus avós moraram desde que foi construída. Depois
que decidiram se mudar para um clima mais quente, deram a casa para sua
única filha e neto. Glenn realmente amava aquela casa e pensar em
compartilhá-la com Cullen era emocionante.
— Você tem certeza, mamãe? — Perguntou Glenn.
— Totalmente. — Nikki dispersou suas preocupações. — É tão minha,
quanto sua. Se quiser, é sua.
— O que acha? — Glenn perguntou a Cullen, que sentava ao lado dele
mordiscando seu lábio inferior. Ele parecia nervoso, isso era a última coisa que
queria. Sim, queria morar com Cullen, mas se o seu companheiro não estava
pronto para esse tipo de compromisso, podia esperar. — Não temos que viver
juntos, se não se sente pronto. — Glenn levou a mão de Cullen à boca e
beijou-a. — Posso esperar durante o tempo que for preciso.
— Filho, você não tem que tomar uma decisão hoje. — Disse Gavin
para Cullen.
— Mas eu quero. — Um sorriso espalhou lentamente sobre os lábios
em forma de arco de Cullen. Ele virou-se para Glenn. — Adoraria morar com
você.
— Graças a Deus! — Glenn puxou Cullen mais perto até ser capaz de
pegá-lo e colocá-lo no seu colo. — Eu te amo. — Disse Glenn, antes de tocar
levemente os lábios sobre Cullen.
— Como é que você está tão confortável com isso? — Gavin
perguntou a Nikki.
— Porque meu filho está feliz. E, pelo menos desta forma, podemos
estar juntos, bem como, os nossos filhos estarão aqui em cada feriado e, se
Deus quiser, quando tiverem filhos, não teremos que competir com quaisquer
outros avós. — Nikki riu. Glenn quebrou o beijo para olhar para a sua mãe. —
Isto soa como a melhor coisa do mundo! Fico com o homem que amo, recebo
meus filhos, e terei meus futuros netos só para mim. Isto é incrível!
— Sua mãe é…
— Um pouco estranha? — Glenn riu. — Não sei nada disso.
— Não me julguem, rapazes. — Nikki apontou para eles. — Um dia,
quando tiverem filhos, vão ver.
— Sim, vamos fazer isso funcionar, não vamos? — Gavin deu-lhes um
sorriso de boca fechada.
— Pai, você está realmente bem com isso? — Perguntou Cullen. Glenn
esfregava a mão para cima e para baixo das costas de Cullen, sabendo o
quanto a aprovação do seu pai era importante para ele.
— Não vou mentir. Vou levar algum tempo para me acostumar. Mas
se está feliz, então, isso é tudo o que importa, Cullen. Só temos uma vida e
não pode gastá-la tentando me fazer feliz. Faça-se feliz. E, se Glenn faz isso
para você, então ótimo. — Gavin estreitou os olhos para Glenn. — Você tem
sorte que gosto tanto de você. É melhor fazer meu filho feliz.
— Prometo, senhor. — Glenn puxou Cullen mais perto do seu peito.
— Então, Cullen. — O sorriso no rosto de Nikki caiu. — Conte-me
sobre esse negócio do meu filho praticar bullying com você. — Nikki recostou-
se na cadeira, cruzando os braços sobre o peito. — Adoraria ouvir tudo sobre
isso. — Sua mãe levantou a cabeça e olhou para Glenn.
— Bem… — Cullen riu.
Glenn não estava ansioso em ter sua mãe descobrindo que tipo de
garoto costumava ser, mas mudou sua atitude há muito tempo. Teve que
aceitar quem era e trabalhava duro todos os dias para provar a Cullen e ao
resto do mundo que era um homem mudado. Agora que tinha Cullen na sua
vida, não havia como voltar atrás, nunca.
Capítulo 12

— Seus pais encontraram vocês? — Cooper perguntou e Glenn


balançou a cabeça, estremecendo com a memória. — Isso é tão nojento.
Era segunda de manhã e Glenn se reuniu com Cooper para lhe dizer
tudo o que aconteceu no dia anterior e pedir ao seu melhor amigo ajuda para
mover as coisas dele e Cullen para sua casa velha.
— Ei! — Glenn jogou o guardanapo em Cooper. — O que estávamos
fazendo não era nojento. — Ele deu de ombros. — Só se tornou estranho
quando percebemos que nossos pais estavam ali. Matou o clima.
— Acredito. — Cooper riu. — Será que surtaram?
— O pai de Cullen surtou, mas conhece a minha mãe... — Glenn
sorriu. — Sempre a mulher amorosa, cuidadosa e de sangue-frio. Ficou com
Gavin sob controle e até mesmo veio com a ideia de Cullen e eu vivermos
juntos. Concordamos que seria muito estranho estar sob o mesmo teto.
Inferno, já estava estranho, sabendo o que minha mãe e Gavin estavam
fazendo em seu quarto. — Glenn estremeceu. — Agora, isso é nojento.
— Estou feliz por você, cara. — Cooper estendeu a mão para bater.
— Estar apaixonado fica bem em você.
— Obrigado, cara. — Glenn levantou seu sanduíche de café da manhã
para sua boca e deu uma mordida.
— Oi, bebê. — Dylan veio ao café e abaixou-se para beijar Cooper. —
Glenn, ouvi como sua mãe tentou te aterrorizar por ser um pau quando era
mais jovem. — Dylan começou a rir.
— O quê?— Perguntou Cooper.
A mordida na boca de Glenn desceu errado e ele começou a tossir.
Seus olhos se encheram de lágrimas e agarrou seu suco para ajudá-lo a descer
o alimento em sua garganta.
— Deixe-me adivinhar. — Glenn tossiu para limpar a garganta. —Você
falou com Cullen?
— Uh, sim. — Dylan revirou os olhos. — Ele é meu melhor amigo.
— Alguém pode explicar sobre este negócio de aterrorizar? — Cooper
apoiou os cotovelos sobre a mesa apoiando o queixo em suas mãos. — Soa
interessante.
— Dificilmente. — Glenn limpou a boca fora em seu guardanapo e
jogou-a no seu prato. — Ontem, depois de termos tudo planejado, Cullen
decidiu contar aos nossos pais tudo sobre como costumava intimidá-lo. E,
vamos apenas dizer, que não deixou de fora nenhum detalhe.
— Ainda não entendo como seus pais não sabiam de nada disso. —
Dylan sacudiu a cabeça em confusão. — Será que Cullen realmente não
procurou qualquer ajuda de seu pai ou a escola quando eram mais jovens?
— Não, não procurou. — Respondeu Glenn. — E isso realmente
chateou seu pai. Cullen disse que era porque não queria preocupar seu pai.
— Isso é fodido. — Dylan pegou o garfo de Cooper e começou a
comer sua comida.
— Foi, mas isso é passado. — Glenn pegou seu telefone para verificar
a hora. — Cullen é meu companheiro e minha principal prioridade na vida. Eu o
amo. — Glenn levantou-se. — Então, vejo vocês depois da aula, pode ser por
volta das quatro? — Cooper assentiu. — Ótimo! Vejo vocês depois.
Glenn pegou sua bolsa e saiu do café. Era um dia agradável, com
uma brisa quente girando em torno dele. Glenn caminhou os poucos
quarteirões para chegar ao campus universitário. Tinha quarenta e cinco
minutos até sua primeira aula, então decidiu checar em seu companheiro.
Cullen saiu antes do sol se levantar completamente, para chegar ao
seu laboratório e trabalhar nas conclusões que descobriu com o sangue de
Jaron. Antes de sair, ele se esgueirou para dentro do quarto de Glenn, para
dar um beijo de adeus. Glenn tentou puxar Cullen na cama com ele, mas seu
companheiro não aceitou. Por respeito a seus pais, eles se abstiveram de fazer
sexo. E essa foi a motivação para mudar o mais rápido possível. Viver sem
sexo não era uma opção quando Cullen andava em seu jeans skinny e suas
tolas camisetas. Cullen era muito adorável para não se notar. Amava o rubor
que penetrava em seu rosto élfico sempre que Glenn piscava para ele ou
sussurrava algo impertinente em seu ouvido. O rosto de Cullen queimava num
vermelho brilhante e reajustava seus óculos.
O edifício de ciência estava tranquilo e Glenn subiu dois lances de
escadas para chegar à sala do laboratório de Cullen e Jaron. Passou por uma
porta para o quarto com outro estudante, uma menina, trabalhando em algo.
Percorreu todo o caminho pelo corredor e parou na porta de Cullen. A porta
estava encostada e muito calmamente a abriu. Cullen sentava-se debruçado
sobre um computador, teclando.
Glenn riu silenciosamente para si mesmo. Seu companheiro era tão
alheio a todo o resto em torno dele quando estava trabalhando. Na verdade,
quanto mais pensava sobre isso, mais odiava que Cullen estivesse tão
ignorante dos perigos do mundo ao seu redor. Qualquer um poderia chegar ao
seu companheiro e Cullen não saberia, até que fosse tarde demais. Glenn fez
uma nota mental de manter um olhar em seu companheiro.
Caminhou lentamente até onde Cullen estava sentado, curvou-se e
sussurrou ao lado de seu ouvido:
— O que está fazendo?
— Oh, meu Deus! — Cullen pulou e sua cabeça bateu no queixo de
Glenn. — Glenn, o que diabos está fazendo? — Cullen apertou a mão sobre o
peito. Estendeu a mão para empurrar os óculos mais acima de seu nariz. —
Quase me deu um ataque cardíaco.
— Sim, bem, acho que você quebrou meu queixo. — Glenn moveu
suavemente o queixo de lado a lado. Doía muito.
— Bem feito. — Cullen estreitou os olhos para ele, balançando a
cabeça. Glenn prendeu o lábio em um beicinho e Cullen começou a rir. —Vem
cá, pobre bebê.
Glenn sorriu, enquanto passava seus braços ao redor da cintura fina.
Inclinou-se para beijar os lábios rosados de Cullen. O aroma mentolado estava
rolando de Cullen em ondas. Cheirava deliciosamente. Tanto que, Glenn
precisava ter um gosto.
— Senti sua falta. — Glenn se afastou apenas o suficiente para olhar
nos olhos de Cullen.
— Senti sua falta também. — Cullen bicou Glenn sobre os lábios mais
uma vez.
— Como esta o trabalho? — Perguntou Glenn. Cullen saiu do abraço e
ficou ao lado de Glenn, que passou o braço em volta da cintura de Cullen. Sua
mente ficava melhor ao tocar seu companheiro.
— Bom. — Cullen se inclinou para digitar algo no teclado e a tela ficou
em branco. Uma caixa apareceu dizendo para digitar uma senha para acessar
os arquivos. — Estou terminando as minhas notas do meu palpite sobre toda a
— Cullen fez um barulho de rosnado para cima de em Glenn. — ‘questão’.
Jaron me ligou ontem à noite para me deixar saber que um médico que
trabalha com o conselho está vindo para Silver Creek. Seu nome de Dean. Ele
está trabalhando em como explicar as habilidades de Jaron nos últimos dois
anos, também. Depois do que descobri, o conselho está ansioso para começar
a testar minha teoria. Dean deve chegar ainda esta semana. — Cullen sorriu
largamente.
— Olhe para você, meu pequeno companheiro inteligente. — Glenn
beliscou o queixo de Cullen e deixou suas mãos caírem para apalpar a bunda
de seu companheiro. — Amo como é inteligente. Me deixa com tesão.
— Bebê, acho que o vento soprando tem o mesmo efeito em você. —
Cullen riu quando Glenn beijava seu pescoço.
— Só quando você está por perto. — Glenn puxou o lado do colarinho
da camisa de Cullen e passou a língua sobre a pequena cicatriz deixada por
sua mordida. Cullen tremeu em seus braços e Glenn o puxou para mais perto.
— O que está acontecendo aqui?
Cullen tentou sair do abraço de Glenn, mas Glenn o segurou
apertado. Glenn se virou para ver um homem mais velho, talvez em seus
quarenta e poucos anos, e bonito, olhando para eles. Cullen sussurrou para
Glenn deixa-lo ir e ele deu um passo para o lado.
— Professor Flint. — As bochechas de Cullen ficaram rosas. — Não
estava o esperando esta manhã.
— Aparentemente, não. — O professor olhou Glenn, seu olhar
vagando de cima e para baixo de seu corpo. Glenn podia sentir o cheiro
amargo de sua raiva. Flint não estava feliz que estivesse no laboratório de
Cullen. — E quem é esse?
— Meu namorado, senhor. — Cullen cruzou os braços sobre o peito.
— Ele simplesmente parou para dizer Olá.
— É mesmo? — Flint olhou entre eles.
— Meu nome é Glenn. — Glenn deu um passo para o professor com a
mão estendida. Flint não levou a mão num primeiro momento, apenas olhou
para ele por um minuto, e depois, relutantemente, a tomou. — Prazer em
conhecê-lo, senhor.
— Da mesma forma. — Flint deu-lhe um aperto duro, em seguida,
soltou sua mão. — Cullen, preciso lembrar que apenas os alunos da minha
classe são permitidos nesses laboratórios? Seu amigo... — Flint dirigiu seu
olhar irritado na direção de Glenn. — vai ter que sair.
— Sim, senhor. Desculpe, senhor. — Cullen apertou a mão de Glenn e
o levou para fora da sala.
Glenn olhou para Flint enquanto passava. O homem olhou-o como se
pensasse que fosse algo sujo, que contaminaria seus preciosos laboratórios.
Era uma loucura, mas teve a nítida impressão de que Flint não gostava muito
dele e não conseguia entender por que, a não ser que o bom professor tivesse
algum interesse por Cullen. Se fosse o caso, era melhor o velho sentar e
esperar, porque nunca o teria.
— Isso foi estranho, não acha? — Glenn perguntou uma vez que saiu
para os degraus da frente do edifício.
— Não, é só Professor Flint. — Cullen defendeu seu professor. — Ele é
rígido com as regras. — Ele revirou os olhos.
— Se você diz. — Glenn não podia afastar a sensação de que o
homem não gostava dele.
— Então, esqueça o meu mal humorado professor. — Cullen se
aproximou de Glenn, apoiando as mãos nos quadris de Glenn. — Você veio me
ver, lembra?
— Vim. — Glenn empurrou todos os pensamentos de Flint de sua
mente. — Conversei com Cooper hoje.
— Você fez? — Cullen chegou até a beijar o queixo de Glenn.
— Ele vai nos ajudar a mudar nossas coisas. Vai chegar em casa por
volta das quatro. — Glenn descansou os braços grossos sobre os ombros
magros de Cullen. — Tem certeza de que quer morar comigo? Você não
precisa, se não estiver pronto.
— Não vou mentir. — Cullen puxou o lábio inferior com os dentes. —
Estou nervoso, mas o pensamento de não dormir ao seu lado a cada noite e
acordar em seus braços é o pior sentimento de todos. Você e seu mojo 3 lupino
acabam comigo. — Cullen sorriu. — Você é a droga com a qual não posso viver
sem.
— O mesmo vale para mim, meu pequeno humano. — Glenn beliscou
a ponta do nariz de Cullen.
— Ei! — Cullen atingiu cerca e beliscou Glenn no bumbum. — Você
ainda é humano, idiota.
— Eu sei, mas faz eu me sentir selvagem quando o chamo de meu
humano. — Glenn empurrou seus quadris contra Cullen.
— Você é terrível. — Cullen começou a rir.
— Sou terrível? — Glenn deu um passo para trás e sorriu, enquanto
seu companheiro começou a lamentar-se. — Você que contou a Dylan que
minha mãe me aterrorizou pela merda que lhe fiz quando éramos crianças.
— Porque foi engraçado, maldição. — Cullen rolou a cabeça em seus
ombros. — E porque você mereceu.
— Mereci. — Glenn puxou Cullen de volta em seus braços. —
Realmente, sinto muito pela maneira como te tratei naquela época. Sei que
continuo a dizer-lhe isso. Só espero que um dia possa olhar para mim e não

3
Sex appeal, algo de bom na pessoa, charme, sensualidade.
ver o idiota que costumava ser.
— Acredite ou não, já estou vendo tudo isso no passado. — Cullen
enfiou a mão debaixo da camisa de Glenn. Roçou suas unhas sobre a pele nua
de Glenn. — Não me interprete mal, você era o bicho-papão em meus
pesadelos quando éramos crianças, mas, lentamente, essas memórias estão
sendo substituídas por boas. Mesmo quão brega isso possa parecer, acho que
o amor está me curando.
— Sim, isso soava totalmente brega. — Glenn cobriu a boca de Cullen
com a sua antes que seu companheiro pudesse dizer qualquer coisa em
resposta. — Te amo, lindo. Nunca se esqueça disso.
— Eu também te amo. — Cullen suspirou com o próximo beijo.
— É melhor você voltar ao trabalho. — Glenn bateu Cullen na parte
inferior quando virou seu companheiro para as portas dianteiras. — Vejo você
depois da escola.
Cullen olhou para trás, por cima do ombro, acenou e entrou no
edifício. Glenn ficou lá por mais alguns minutos e a sensação de estar sendo
observado o fez olhar ao redor, mas não viu ninguém. Um movimento numa
janela do segundo andar chamou sua atenção. O brilho do sol tornou difícil ver
quem era, mas tinha a sensação de que era professor Flint. Não sabia qual era
o problema do cara com ele, mas seria melhor acabar com ele. Cullen era dele.
Não era proibido os professores terem encontros com seus alunos?
Glenn deu de ombros e se virou para ir embora. Realmente, esperava
que o dia passasse voando para que pudesse começar a mudar suas coisas.
Aquela noite dormiriam na mesma cama e fariam amor a noite toda, se assim
escolhessem. Mal podia esperar.
Capítulo 13

— Cara, é impressionante que sua família tenha lhe comprado móveis


novos. — Dylan disse se deixando cair sobre o novo sofá de couro na sala de
estar.
Tinham se passado quatro dias desde que Cullen e Glenn tinham se
mudado para a casa de infância de Glenn. Era pequena, mas perfeita para
eles. Tinha uma espaçosa sala de estar, cozinha recentemente remodelada,
dois quartos e dois banheiros completos. Havia piso de madeira em toda a
casa e Cullen amou as paredes, cinza e branco, dava uma sensação de calor
para a pequena e acolhedora casa.
Naquela segunda-feira, Cullen chegou em casa e encontrou Glenn,
Cooper e Trevor movendo as coisas para parte de trás da picape de Glenn. Foi
com Glenn até a casa para deixar a primeira parte da carga. Na casa, notou o
carro de seu pai e Nikki. Glenn parecia tão surpreso quanto ele.
Aparentemente, seus pais se sentiram culpados por lhe pedir para
sair, o que era estúpido. Cullen pensava que era o melhor que vivessem
separados. Não havia nenhuma maneira que fosse capaz de fazer sexo na
mesma casa onde estava seu pai. Seria muito estranho.
Mas seus pais haviam comprado moveis novos na segunda-feira para
Cullen e Glenn. Compraram um novo conjunto para sala de estar, um para
cozinha e uma nova cama. Nikki ainda estava descompactando a nova louça e
a colocando nos armários. Cullen e Glenn tinham ficado chocados, mas
extremamente gratos. Tinham ganho uma casa e um mobiliário novo, tudo no
espaço de dois dias.
Sabia que outros casais não tiveram um começo tão fácil.
— É. — Cullen disse sentando ao lado de Dylan. — Eles são realmente
ótimos pais. Meu pai até parou de se encolher a cada vez Glenn me toca. —
Cullen zombou.
— Sim, bem, pode culpá-lo?
— Não, e é por isso que não deixo isso me incomodar. — Cullen tinha
ido almoçar com o pai naquela terça-feira. Discutiram tudo o que havia
acontecido, e seu pai se sentiu mal por não ter percebido o quão difícil foi para
Cullen quando ainda estava na escola. Odiou por seu pai estar se culpando.
Poderia ter dito ao seu pai ou procurado ajuda da escola, mas, naquela época,
temia dizer alguma coisa contra seus agressores por medo das agressões
ficarem piores. Sabendo o que sabia agora, tinha certeza que Glenn não o teria
ferido. Glenn era uma criança confusa, tentando descobrir o que fazer com sua
sexualidade. Teve sorte, porque não tinha percebido que era gay até Glenn
voltar para Silver Creek.
Esperava que Glenn o chamasse cedo para dizer que estava a
caminho de casa. Glenn fora para o treino de futebol com Cooper. Era parte da
equipe, mas depois do ataque e da transferência de faculdade, tinha desistido.
Cullen achou que era uma decisão muito madura para se fazer. Glenn tinha
acabado de ser transformado em shifter e teve que aprender a controlar seu
lobo.
— Como é viver com esse idiota? — Dylan brincou, cutucando Cullen.
— Bom. — Cullen respondeu honestamente. — É estranho o quão
bem nos damos. Uma parte de mim pensa que Glenn quer compensar o que
aconteceu no passado, mas outra pensa que realmente fomos feitos um para o
outro.
— Sério? Sem brigas e tudo mais? — Dylan pareceu chocado.
— Oh, tivemos nossos momentos. — Cullen sorriu para si mesmo.
Naquela manhã, Cullen acordou e viu que Glenn tinha deixado seus
pratos sujos da noite anterior na pia e ainda não tinham sido lavados. Essa era
uma das coisas que mais o irritava.
Gostava de ordem e limpeza, e por causa disso tinha dado uma
bronca em Glenn. Mas, logo depois que acabou de falar, Glenn o tinha
empurrado contra a parede e o beijou até perder o ar dos pulmões. Fizeram
sexo ali mesmo no chão da cozinha. Foi incrível.
— Sim, Cooper e eu também já fizemos isso. — Um sorriso de
conhecimento se formou nos lábios de Dylan. — Mas os nossas discussões
sempre acabam com o melhor sexo.
— Podemos concordar nisso.
O toque de seu telefone fez Cullen ir buscá-lo na mesa de café. Uma
imagem de Jaron mandando um beijo para a câmera apareceu na tela. Sorriu
quando atendeu.
— Oi, Jaron. — Cullen se recostou no sofá.
— Cullen, o médico Dean Woodberry, do conselho está aqui em
Nehalem. — Jaron parecia animado. — Ele chegou hoje. Você tem que vir aqui.
Cullen olhou para o relógio e suspirou. Glenn não estaria em casa por
mais algumas horas. Então, ainda tinha algum tempo para matar e estava
ansioso para falar com o médico.
— OK. Estou a caminho.
Cullen desligou o telefone e olhou para Dylan, enquanto enviava um
texto para Glenn, avisando que estava saindo de casa por pouco tempo. Não
queria que seu companheiro se preocupasse caso chegasse em casa e não
estivesse lá.
— O médico do conselho está em Nehalem. Quer vir comigo para falar
com ele?
— Claro, por que não? — Dylan deu de ombros. — Não tenho nada
melhor para fazer.
Cullen revirou os olhos e se levantou do sofá. Entraram no carro de
Cullen e dirigiram até Nehalem. Quando chegaram, estacionou na área de
estacionamento e caminharam lado a lado até a porta da frente.
— Dylan, Cullen. — Aiden abriu a porta e cumprimentou ambos com
um abraço caloroso.
Aiden era o companheiro do alfa da matilha e um cara super doce.
Sempre fazia com que todos se sentissem bem-vindos.
— Estão todos na sala de estar. Querem alguma coisa para beber?
— Não, estou bem, mas, obrigado. — Cullen se dirigiu para a sala de
estar. Podia ouvir as vozes de Devon, Phillip, Trevor e Jaron, e mais uma que
não reconhecia.
— Cullen, o homem que estava esperando. — Devon se levantou e
caminhou para apertar sua mão.
— Dylan, é sempre um prazer. — Devon deu a Dylan um abraço com
um braço só.
— Este é o gênio da ciência?
Um homem mais jovem, com cabelos castanhos com luzes e olhos
cinzentos, ficou de frente para Cullen. Era um pouco mais alto do que Cullen,
mas não tão alto quanto Devon ou tão musculoso. Seu cabelo era curto e
espetado na parte superior e seus lábios se curvaram no lado direito. Parecia
muito mais jovem do que tinha esperado.
— Estou morrendo de vontade de ouvir o que esse pequeno gênio
acha que estão planejando.
— Este é Cullen Ford. — Devon pôs a mão quente reconfortante no
ombro de Cullen. — Cullen, este é Dean Woodberry. — Devon se aproximou
para sussurrar para Cullen. — O cara é uma espécie de espertinho.
— O que disse? — Dean perguntou, enquanto puxava sua orelha
direita. — Minha audição humana não chegou a ouvir.
— Essa foi a intenção. — Devon riu.
— Vamos lá, Cullen. — Dylan colocou um braço protetor em torno
Cullen e acompanhou-o para o sofá em frente à um Dean que o estava
observando.
— Ignore Dean, Cullen. — Phillip olhou para Dean. — Ele está apenas
com inveja por não ter descoberto isso primeiro.
— Não estou com ciúmes. — Dean resmungou. — Só irritado. — O
homem passou a mão sobre os olhos. — Desculpe, Cullen. Já me disseram
várias vezes, que sou um pouco idiota.
— Apenas algumas vezes? — Perguntou Dylan.
— Sim, bem, de qualquer maneira, sinto muito por isso. — Dean deu
um sorriso amigável. — Pode me contar tudo sobre a sua teoria sobre a
capacidade de infectar de Jaron?
Cullen acenou com a cabeça, respirou fundo e lhe explicou as suas
descobertas. Ao longo dos últimos dias, Cullen e Jaron tinham feito um
progresso real. Testaram mais amostras de sangue dos membros humanos da
Matilha Nehalem e puderam ver quais eram capazes de tornar-se um alfa e
quais não. As amostras de sangue que sobreviveram à admissão de sangue de
Jaron, cresceram e mudaram, mas nunca se perderam. Somente Alfas
humanos poderiam tolerar a mudança. Eram fortes o suficiente para isso.
— Isso é fascinante. — Dean estava sentado na borda de seu assento.
— Faz todo sentido. Como com qualquer doença, algumas pessoas são mais
equipadas para suportar a mudança que ocorre em seus corpos e lutar contra
ela, e alguns não. Não posso acreditar que não pensamos nisso antes. — Dean
olhou para Phillip. — A coisa boa coisa é que não usaram cobaias humanas
para testar seu sangue.
— Sim. — Phillip assentiu. — Isso teria sido muito ruim.
— Acho que o seu namorado e Trevor aqui estão com sorte. — Dean
olhou para Cullen. — Então tem um relatório impresso de suas descobertas ou
um pendrive?
— Oh merda. — Cullen murmurou. — Deixei minha mochila em casa.
Se quiser, posso trazer amanhã. — Dean tinha um olhar irritado em seu rosto
e Cullen não queria perturbar o homem. — Ou pode vir conosco e passar a
noite na minha casa. — Cullen olhou para Devon, que deu de ombros e
concordou. — Se quiser. Glenn e eu temos um quarto extra em nossa casa
onde pode ficar.
— Parece perfeito. — Dean se levantou. — Deixe-me pegar minha
bolsa e podemos ir. Estou ansioso para mergulhar nesta pesquisa.
— Tem certeza de que quer esse cara fique em sua casa? — Jaron
apontou para traseiro de Dean se afastando. — Ele não é muito agradável.
— Está tudo bem. — Cullen acenou afastando suas preocupações. —
Se ele ficar muito saidinho, solto Glenn nele.
— Se você fizer isso, filme e mande para mim. — Phillip riu. — Esse
garoto é um merdinha irritante.
— Estou pronto. — Dean anunciou quando voltou para a sala. —
Vamos, princesas.
— Filho da pu...
— Seja legal. — Cullen disse colocando a mão sobre a boca de Dylan.
— Vou tentar. — Dylan se levantou e quando passou por Dean,
rosnou. O homem não parecia nem um pouco incomodado com isso. Ter
trabalhado no Conselho deve tê-lo tornado imune as táticas de intimidação de
um shifter.
Cullen e Dylan se despediram dos outros e se dirigiram para o carro.
Cullen abriu o porta mala para que Dean pudesse colocar sua mala no interior.
— Hum, eu deveria sentar no banco da frente. — Dean estava ao lado
da porta do passageiro.
— Uh, por quê? — Dylan retrucou. Já abrindo a porta e entrando no
carro.
— Porque seria a coisa mais educada para se fazer. — Dean agarrou a
porta quando Dylan tentou fechá-la.
— Bem, quando conhecer uma pessoa com que vale a pena ser
educado, vou fazer isso, mas, até então, o banco de trás é para você, querido.
— Dylan puxou a porta e Dean a deixou ir.
Cullen olhou por cima do ombro em direção à casa e Devon estava lá,
balançando a cabeça. Ergueu a mão e acenou para Cullen, que acenou de volta
e entrou em seu carro.
— Dean, há quanto tempo vem trabalhando com o conselho? —
Cullen perguntou, enquanto manobrava para voltar para estrada.
— Dez anos.
— O quê? — Dylan virou em seu assento para olhar para Dean. —
Isso não pode ser verdade. Você parece muito jovem para ter trabalhado lá
por tanto tempo.
— Obrigado. — Dean disse. — Tenho vinte e quatro. Me formei na escola
quando tinha nove e na faculdade quando tinha quatorze.
— Você é uma espécie de super dotado? — Perguntou Dylan.
Cullen olhou no espelho retrovisor para Dean. Estava curioso para ouvir
sobre isso. Fora sempre muito inteligente e seus professores o consideravam um
gênio, mas não foi capaz de avançar através de seus anos escolares, como Dean
aparentemente fez.
— Sou. — Dean levantou uma sobrancelha. — Meu pai trabalha para o
conselho e, como todo menino, queria crescer para ser como meu pai, por isso estou
aqui. — Dean estendeu as mãos para os lados. — Ajudo com o avanço médico da
genética shifter e, como hobby, gosto de inventar coisas.
— Isso explica sua personalidade de merda. — Dylan assentiu. — Faz
sentido.
— O que? — Dean se inclinou para frente entre os assentos. — O que isso
deveria significar?
— Isso significa que todo o trabalho e nenhuma diversão fez de Dean um
menino muito chato. — Dylan começou a rir.
— Dyl, pare com isso. — Disse Cullen. O flash de luz alta em seu espelho
retrovisor chamou a sua atenção. Olhou no espelho lateral e viu um grande SUV preto
vindo na direção deles.
— Estou longe de ser chato. — Dean retrucou. — E, provavelmente, já fodi
mais pessoas do que você.
Dylan riu.
— Humanos e shifters.
— Ei, pessoal. — Cullen disse mantendo os olhos no espelho, observando
como o SUV se aproximava. Dylan e Dean foram falando mais alto e comparando suas
histórias. Para obter a sua atenção Cullen gritou: — Gente!
— O quê? — Dylan se voltou para ele.
— É impressão minha ou aquele SUV está nos seguindo e parecendo
querer nos fechar? — Então o veículo atrás deles bateu levemente no para-
choque traseiro do carro de Cullen. — Puta merda.
— Vá mais rápido. — Dean pediu. — Trabalhar com o conselho me
ensinou uma coisa muito importante.
— E o que foi isso? — Cullen colocou o pé no acelerador e o carro
acelerou, e assim também fez o carro atrás deles.
— Nada de bom vem de ser seguido por grandes carros escuros.
— Vá! — Dylan gritou.
Luzes brilhantes inundaram o carro e teve que apertar seus olhos
para enxergar. Era ofuscante. Apertou suas mãos no volante e pisou no
acelerador até o fim. O SUV bateu no seu carro novamente, em seguida,
mudou para pista contrária e acelerou passando por eles.
— Liguem para Devon. — Cullen disse em pânico. Não sabia o que
estava acontecendo, mas precisariam de ajuda.
Observou enquanto o veículo virou e começou a se aproximar deles.
Estava escuro e a estrada estava deserta, exceto por eles. Cullen pisou no
freio, o carro derrapou e saiu da estrada. Tentou orientar o carro para evitar
bater nas árvores, mas os freios travaram e perdeu o controle de seu carro. O
carro continuou acelerando no meio do mato, até que colidiu com uma árvore.
Os airbags se armaram e Cullen ouviu o baque nauseante da cabeça de Dylan
batendo na janela lateral.
— Dylan, Dean! — Cullen gritou, mas ninguém respondeu.
No acidente, perdeu seus óculos. E estava entrando e saindo de
consciência. Sua cabeça doía e não conseguia ver nada. Algo molhado gotejava
em seu olho esquerdo.
O som da porta de seu carro sendo aberta o fez olhar para cima.
— Vamos, Sr. Ford. Temos algumas coisas para fazer.
— Professor Flint? — Cullen reconheceu a voz do homem. — O que
está fazendo?
— Salvando você de uma vida de arrependimento. — Flint soltou
Cullen do cinto de segurança e puxou-o do carro. — O SNH me mandou aqui
para vigiar esta Matilha de pagãos. Mal sabia que encontraria um diamante
bruto.
— Eu não entendo. — Os joelhos de Cullen estavam bambos e não
conseguia ficar de pé.
— Está tudo bem, filho. — Flint se abaixou e pegou Cullen em seus
braços. — Tudo será explicado, mas temos que sair daqui.
— Não. — A cabeça de Cullen estava ferida e não conseguia focar sua
vista. — Meus amigos...
— Eles não são seus amigos, Cullen. Eu sou. — Flint colocou Cullen no
banco traseiro de seu carro, em seguida, entrou no banco do motorista. —
Agora, descanse um pouco. Temos um longo caminho pela frente.
Cullen tentou se sentar, chutar o vidro lateral, qualquer coisa, mas
seu corpo não estava cooperando. Pontos pretos começaram a dançar na
frente de seus olhos e tentou combatê-los. Tinha que ficar acordado. Seus
amigos precisavam dele. Glenn precisava dele. Aquele foi o último pensamento
de Cullen antes que a escuridão vencesse e desmaiasse no assento macio sob
ele. Só precisava descansar um pouco. Em seguida, iria ajudar seus amigos e
voltar para Glenn.

Capítulo 14

Foi apenas depois das 10:30 que Glenn chegou em casa. Ele e
Cooper ficaram até tarde para falar com alguns outros jogadores da equipe.
Cullen e Dylan foram se encontrar com o médico do conselho, enviado para
Nehalem para verificar o caso de Jaron, por isso não teve pressa em chegar
em casa.
Quando chegou, fez um lanche e entrou no chuveiro. Ficou surpreso
por Cullen ainda não estar em casa. Estava indo pegar seu telefone para ligar
para Cullen quando o aparelho começou a tocar. O identificador de chamadas
dizia que era Trevor.
— Ei, Trev, o que houve homem? — Glenn bocejou.
— Glenn, estou indo para sua casa. Preciso que não entre em pânico
sobre o que estou preste a lhe dizer. — A voz de Trevor era estridente e
profunda.
— Que porra está falando? — Um nó começou a se formar em seu
estômago. — O que está acontecendo?
— Houve um acidente. Encontramos o carro de Cullen a cerca de 16
km da propriedade Carsten. Tinham colidido com uma árvore.
— Meu Deus! Cullen está bem? Dylan? — Glenn já estava colocando
seus sapatos.
— Dylan está bem. — Respondeu Trevor. — Um pouco machucado,
mas vivo e assim também está o médico, Dean Woodberry. Ambos têm alguns
cortes e contusões, mas vão sobreviver.
— E Cullen? — Glenn não perdeu que Trevor não tinha mencionado
Cullen. Algo não estava certo.
— É exatamente esse o problema. — Houve uma longa pausa antes
de Trevor continuar. — Ele se foi.
— Foi? Foi para onde? — Uma onda rolou sobre os músculos de
Glenn. Seu corpo ficou quente e seu lobo uivou para ser liberado.
— Ai é que está. Não sabemos. — Glenn podia ouvir o som de uma
porta de carro batendo. — Eu estou em sua casa. Me deixe entrar.
O telefone caiu da mão de Glenn. Seu corpo caiu para frente e soltou
um grito estridente. Seu lobo queria sair. Precisava encontrar seu
companheiro. Pode ouvir Trevor batendo na porta da frente e gritando para
que o deixasse entrar. Ouviu o som da porta quebrando, logo depois, o som da
batida da madeira pesada contra a parede deixou Glenn saber que Trevor
encontrou uma maneira de entrar na casa.
Glenn rugiu quando seu corpo começou a mudar. Seus ossos
estalaram, reformularam, sua pele ficou apertada e seus músculos se
alongaram. Estava perdendo o controle e o lobo estava ganhando. Trevor
correu em sua direção, mas Glenn rosnou e mostrou os dentes. O pensamento
de perder Cullen era muito doloroso. Suas emoções estavam por toda parte e
seu lobo estava confuso.
— Glenn! — Jaron passou correndo por Trevor e deslizou de joelhos
na frente de Glenn. Colocou as mãos ao redor da cabeça peluda de Glenn. —
Você precisa se acalmar. Nós vamos encontrá-lo. Consegue me escutar? Nós
vamos encontrá-lo. — Os olhos de Jaron brilharam num verde fluorescente.
Glenn parou de lutar contra a mudança. Permitiu que seu corpo
ficasse mole e voltou a sua forma humana. Seus olhos ardiam por causa das
lágrimas não derramadas, mas estava zangado demais para chorar. Quem
levou seu companheiro ia pagar por isso.

*****
O som de um carro buzinando fez Cullen despertar. Sua cabeça ainda
estava doendo e sua lateral estava dura. Tentou levantar a mão para esfregar
a testa, mas algo frio e apertado estava envolvido em torno de seu pulso o
impedindo.
— O que está acontecendo? — Cullen olhou para suas mãos para ver
que estava usando algemas de metal, que prendiam suas mãos juntas.
— Está tudo bem, Cullen. É apenas uma precaução.
Ao som da voz do Professor Flint, Cullen se virou para ver o homem
no banco do motorista. A mesma expressão pétrea estava sobre o seu rosto,
enquanto olhava para a estrada. Cullen lutou para se sentar e olhou para fora
pelo para-brisa dianteiro. Tudo estava embaçado.
— Meus óculos. — Cullen sussurrou, enquanto levantava as duas
mãos para tocar seu rosto.
— Sim, eles quebraram no acidente. — Flint estendeu a mão para dar
um tapinha no ombro dele. Cullen se afastou de seu toque. — Não se preocupe
com isso. Faremos um novo para você.
— Por quê?
A pulsação de Cullen começou a acelerar e achou estranho que não
estivesse tão assustado quanto estava com raiva. O que o Professor Flint
estava fazendo? Tirando Cullen e seus amigos da estrada. Ainda não sabia se
Dylan e Dean estavam vivos ou mortos. E, por cima disso, o homem mais
velho o tinha sequestrado.
— Porque vai precisar de óculos novos, filho.
— Não sou seu filho. — Cullen respondeu. — E por que está me
levando?
— Relaxe, Cullen. — Flint olhou para ele. — Ser indelicado não vai
mudar sua situação.
— Oh, e deveria ficar feliz com isso? — Perguntou Cullen. Com suas
mãos enroladas em punhos. — Você quase me matou e agora estou só Deus
sabe onde. — Cullen respirou fundo, tentando o seu melhor para acalmar seus
nervos. — Só quero ir para casa.
— Sinto muito, mas isso não será possível. — Flint se moveu da pista
onde estavam e entrou na próxima curva. — Temos um avião para pegar.
— Avião? — A testa de Cullen enrugou em confusão. — O que está
falando?
— Tantas perguntas. — Flint suspirou. — Estamos indo para Buffalo.
Uma vez lá, vamos embarcar para o Arizona e vou poder, finalmente, voltar
para casa.
— Arizona? — Podia ter um galo na cabeça, mas não estava
entendendo nada disso. — O que há no Arizona e quem você é? Por que está
me sequestrando? — Cullen puxou suas algemas, o metal frio machucou sua
pele.
— Você sabe quem eu sou. — Flint se virou para olhar para Cullen,
em seguida, se voltou para a estrada. — Meu nome é Malcolm Flint. Ensinava
química na Universidade de Stanford até que fui recrutado pelo SNH.
— Oh, meu Deus! — Cullen sussurrou.
O SNH foi a organização que fez experimentos em Jaron e vinha
fazendo inúmeras experiências com milhares de shifters e humanos. O SNH
era o último lugar do mundo para onde Cullen queria ir.
— Oh, entendeu agora, Cullen. — Flint zombou. — Tenho certeza que
já ouviu as histórias de horror que seus preciosos amigos da Matilha de
Nehalem lhe disseram, mas essas mentiras não poderiam estar mais longe da
verdade.
— Sério? — Cullen torceu o pulso, tentando deslizar suas mãos. —
Então, o seu povo não apoiava um médico que realizou inúmeras experiências
com seu jovem filho e depois o torturaram, quando tiveram finalmente suas
mãos sobre ele? E todos os outros? — Cullen empurrou com tanta força seu
punho contra o metal que rasgou sua pele e começou a sangrar. — E quanto a
todos os outros shifters e humanos torturados?
— Esses shifters são coisas das quais nosso mundo poderia se
beneficiar. Basta pensar nisso, Cullen. A maneira como se curam, poderíamos
curar o câncer e a AIDS. Sofrer um ferimento a bala não seria nada, se fomos
capazes de curar tão rapidamente quanto um shifter faz. — Flint sorriu para
Cullen. — E sua descoberta. O que foi capaz de descobrir é incrível. O
conhecimento de que mordida de Jaron só pode transformar um humano com
qualidades de alfa, isso é incrível. Nossos cientistas têm trabalhado para
descobrir isso por anos, e você, um estudante universitário, de vinte e um
anos, o fez em dois. Sua mente brilhante não deve ser desperdiçada
trabalhando junto com o conselho dos caçadores. Poderia fazer coisas muito
melhores no SNH.
— Não. — Murmurou Cullen, mas Flint não estava escutando.
— Estamos trabalhando na elaboração de um plano para ter Jaron
volta. O conhecimento que pode ganhar dele é interminável. Não seria tão
difícil, se o seu amante não estivesse sempre por perto. — Flint pareceu
irritado. — Temos grandes esperanças de que, com a sua ajuda, podemos
encontrar uma maneira de criar outro como Jaron, que vai ter a capacidade de
transformar qualquer pessoa em um shifter. Imagine o que o governo poderia
fazer com isso. Terão soldados quase impossíveis de se matar. Seríamos
invencíveis.
Cullen era um homem razoável. Viu os benefícios de decodificar o que
fazia Jaron único e também pode ver o avanço médico que seria introduzir
genes shifters para o público americano. Mas a que custo para os shifters
inocentes? Não seria direito tratar shifters como ratos de laboratório. Eram
pessoas também. Não mereciam viver em uma gaiola e serem remetidos a
uma vida de dor.
— Soube desde o momento que o conheci, que seria extraordinário,
Cullen. — Flint sorriu com orgulho. — Você tem uma mente que não aceita um
não como resposta e não teria escrúpulos em trabalhar com um shifter. Na
verdade, esteve sendo um bom amigo para Jaron, o que pode tornar mais fácil
quando o levarmos de volta para a SNH. E suas descobertas. Suas anotações
são tão detalhadas. O SNH precisa de mais cientistas como você, Cullen.
— Você leu minhas anotações? — Cullen balançou a cabeça. — Mas
como? Meu computador é protegido por senha.
— Nada é impossível, filho. — Flint estendeu a mão para apertar a
parte de trás do pescoço de Cullen. — Trabalhar para o SNH só irá beneficiar
uma mente como a sua.
— Por que acha que iria ajudá-lo? — Não poderia manter Cullen sob
vigilância o tempo todo. Só gostaria de encontrar uma maneira de se libertar.
— Porque se não fizer isso, vamos matar seu amante lobo. — Os
olhos de Cullen se arregalaram. — Oh, agora tenho sua atenção. Pela forma
como vejo, Glenn fará qualquer coisa para estar com você e vamos lhe
permitir, mas apenas sob a condição de que você trabalhe para nós. Vai fazer
o que dissermos e todos viverão felizes para sempre.
— Exceto Jaron e os outros shifters, cujas vidas você quer destruir.
— Tecnicalidades. — Flint deu de ombros. — Você não pode fazer uma
omelete sem quebrar alguns ovos.
Nunca, nem em um milhão de anos, Cullen iria trabalhar para o SNH.
Viu o que foi feito com Jaron e leu sobre outros casos nos arquivos que Trevor
lhe havia mostrado. Os médicos do SNH não eram nada mais do que monstros
usando pele humana. Mataram e mutilaram várias pessoas. E precisavam ser
detidos.
Ainda estava escuro lá fora e podia ver as luzes brilhantes dos carros
que passavam. Sem os óculos, não havia muito que podia ver com grandes
detalhes, mas isso não importava. Tinha que ir embora, antes que Flint o
colocasse no avião. Não havia nenhuma maneira que pudesse viver uma vida
sendo mantido como prisioneiro e trabalhando para o SNH. Todas as vidas que
teria que destruir, e ainda sujeitar seu companheiro e um de seus melhores
amigos a uma vida de miséria.
Não. Cullen não ia ser mais um fracote influenciável. Estava cansado
de ter medo. Era hora de se levantar e tomar o controle de sua vida. Pararia
Flint, mesmo que isso significasse ferir a si mesmo.
Cullen se endireitou em seu assento. Olhou para Flint e o viu batendo
levemente com os dedos no volante. Era agora ou nunca. Se moveu no acento
do carro, pulou na direção de Flint, envolvendo sua mão em torno do volante.
A alça de seu cinto de segurança estava apertada contra o peito, mas Cullen
não ia soltar o volante. O carro desviou e em seu choque, Flint pisou no pedal
do acelerador.
— Cullen, o que está fazendo? — Flint agarrou seu ombro e deu um
soco na cabeça de Cullen, mas ele continuou segurando o volante.
Puxou o volante com força para o lado e o carro e bateu em algo. O
som de metal sendo amassado e pneus cantando ecoou em seus ouvidos.
Cullen arremessou o cotovelo para trás, acertando Flint no nariz.
O SUV bateu em outra coisa e os fez capotar. Cullen perdeu o agarre
no volante e caiu para trás no banco do passageiro. O carro virou e pulou, e,
então, tudo parou. As janelas frontais e laterais tinham se quebrado e estava
mergulhado em um monte de vidro.
Seu corpo estava ferido em todos os lugares. Tentou se sentar, mas
quando colocou pressão sobre o braço esquerdo, gritou de dor. Estava num
ângulo estranho.
Entrou em colapso quando olhou ao redor para os escombros do
carro. Pode ouvir pessoas conversando do lado de fora do carro, mas não
conseguia entender qualquer coisa que disseram.
Fechou os olhos e sorriu. Estava feito. Foi capaz de parar Flint.
Certamente, o homem não estava morto, mas a polícia iria vir e o levar preso.
Esperava que sim. A dor em seu braço e cabeça se tornou muito forte e Cullen
se deixou desmaiar. Se não conseguisse sair vivo, teria pelo menos a certeza
de que seus amigos estariam bem e que conseguiu salvar Glenn de ter que
viver uma vida de dor e sofrimento.
Glenn estaria livre e isso era o suficiente para Cullen.

Capítulo 15

— Onde ele está? — Glenn andava para frente e para trás na sala de

estar de sua casa. Após sua mudança improvisada, Glenn vestiu-se e ouviu
Trevor e Jaron explicarem o que tinha acontecido.
Tudo o que Dylan e Dean foram capazes de lembrar era que um SUV
preto estava os seguindo e os tirou da estrada. Ficaram inconscientes no
acidente e quando voltaram a si, Cullen sumira.
— Não sabemos onde está, mas vamos encontrá-lo. — Jaron levantou-

se e ficou na frente de Glenn.


— Como? — Perguntou Glenn. Ele cerrou os dedos em seus cabelos e

puxou. Sentia-se tão impotente. — Não sabemos quem o levou ou por quê. Isto
é tão fodido.
— É, Glenn, mas não pode desistir. — Trevor colocou o braço em volta

dos ombros de Glenn. — Pode parecer impossível agora, mas vamos trabalhar
até encontrarmos Cullen.
O telefone de Glenn tocou e ele agarrou de seu bolso, quase
rasgando o tecido. Olhou para a tela e viu que era sua mãe.
— Mãe? — Disse Glenn ao telefone.

— Oh, graças a Deus, você está acordado. — Disse Nikki num tom

apressado. — Gavin e eu estamos indo para você. Houve um acidente.


— Acidente? — Glenn olhou para Trevor e Jaron. Assumiu que

estavam se referindo ao de Nehalem.


— Sim, a polícia de Buffalo contatou Gavin. — Sua mãe respirou

fundo. — Querido, Cullen estava num acidente de carro. A enfermeira do


hospital disse que ele vai ficar bem. A batida foi feia, quebrou o braço e uma
perna no acidente.
— Cullen estava em Buffalo? — Glenn disse alto o suficiente para

Trevor e Jaron ouvir. Trevor pegou seu celular e fez uma chamada.
Assim que sua mãe e Gavin chegaram, Glenn correu para fora da
casa e entrou no carro. O rosto de Gavin era uma máscara rígida de
preocupação. Glenn podia simpatizar. Sentia-se tão impotente e estava
morrendo de vontade de saber como seu companheiro acabou em Buffalo,
Nova York. Eram, pelo menos, três horas de carro de Silver Creek.
— Querido, você sabe por que Cullen estava dirigindo para o Buffalo

tão tarde da noite? — Perguntou a mãe.


Glenn sacudiu a cabeça. Não sabia o que dizer.
— Tenho certeza que quando chegarmos lá vamos conseguir mais

respostas. — Sua mãe chegou entre os assentos para pegar a mão de Glenn.
O trajeto parecia durar para sempre. A mente de Glenn estava
agitada com tantas perguntas. Tinha que ver Cullen. Tinha que ver por si
mesmo que seu companheiro estava vivo e ficaria bem. O lobo dentro dele
queria expulsar seu exterior humano e correr, correr o mais rápido que podia
para seu companheiro.
Gavin soltava murmúrios para si mesmo. Glenn desejava que
pudesse oferecer ao homem algo para aliviar sua mente, mas não havia nada
que pudesse dizer e que o homem mais velho acreditaria.
Uma vez que chegaram ao hospital, Gavin estacionou o carro e todos
saíram correndo para a entrada principal e encontraram o posto de
enfermagem.
— Meu filho foi trazido para cá esta noite, Cullen Ford. — Gavin tinha

suas mãos pressionadas no balcão e estava suando.


— Deixe-me ver o médico. — A senhora mais velha levantou-se da sua

mesa para procurar o médico responsável pelo atendimento de Cullen.


O telefone de Glenn vibrava com uma mensagem de texto. Ficou em
contato com Trevor toda a viagem até Buffalo. Trevor, Jaron, Phillip e Devon
estavam a caminho. Cullen não era apenas o companheiro de Glenn, mas um
membro da matilha Nehalem. Queriam ter certeza de estava bem e encontrar
os responsáveis.
— Olá. Você deve ser o Sr. Ford. — Um homem mais velho andou em

direção a eles e estendeu a mão para apertar a mão do pai de Cullen. — Sou o
Dr. Alcott.
— Sim, sou Gavin Ford. O pai de Cullen. — Gavin apertou a mão do

homem. — Esta é a minha namorada, Nikki, e este é Glenn, o namorado de


Cullen.
— Prazer em conhecê-los. — Alcott sorriu. — Por favor, sigam-me.

Glenn caminhava atrás de Gavin, sua mãe e do médico. Ainda estava


escuro lá fora, quase manhã, e o hospital estava tranquilo. Alcott parou numa
porta fechada. Ele empurrou-a e entrou.
Cullen estava imóvel a cama, mas podia ver a ascensão e queda do
seu peito. Havia um curativo na testa e havia vários pequenos arranhões no
rosto. Os hematomas roxos na pele pálida de Cullen eram uma visão
desagradável. Seu braço esquerdo estava num gesso, cruzado no peito, e sua
perna direita também estava engessada. Seu companheiro foi espancado e
quebrado, mas não morto. Glenn poderia lidar com o resto, desde que Cullen
estivesse vivo.
— Foi um muito ruim acidente. — Disse Alcott. — Estavam na pista

oeste e parece que o motorista do carro perdeu o controle. Quando chegaram


ao hospital, fomos capazes de determinar o motorista... — Alcott folheou o
prontuário de Cullen. — Um Malcom Flint, tinha sofrido um ataque cardíaco.
— Oh, meu Deus! — Gavin passou a mão pelo cabelo de Cullen. —

Esse é um dos professores do Cullen, em Hemsworth. Eu me pergunto o que


estavam fazendo aqui em cima.
A mandíbula de Glenn cerrou à menção do nome de Flint. Sabia que
algo estava errado com o cara. A primeira chance que tivesse, deixaria Trevor
ciente e, em seguida, iria caçar aquele filho da puta e deixar seu lobo comê-lo.
— Ele vai ficar bem? — Perguntou Glenn, dando um passo para o

outro lado da cama e pegando a mão direita de Cullen na sua.


— Sim, vai. Ele teve uma boa queda naquele carro. Poderia ter sido

pior, se não estivesse usando o cinto de segurança.


— E o outro cavalheiro? — Perguntou a mãe de Glenn.

— Não tenho que discutir os detalhes do cuidado de outros pacientes,


mas, considerando as circunstâncias que envolvem este caso...
— As circunstâncias? — Glenn olhou para Gavin, que olhou para o

médico. — Que circunstâncias?


— Quando a polícia e os paramédicos chegaram ao local, encontraram

Cullen algemado. Estamos assumindo que Cullen estava com o Sr. Flint contra
a sua vontade.
— Oh, meu Deus! — Gavin sussurrou e olhou para Cullen. — Por que

ele faria uma coisa dessas?


— Não sabemos, Sr. Ford. Gostaria de ter mais respostas para você,

mas agora isso é tudo que temos. Uma vez Cullen acordar, ele pode lançar
mais luz sobre o que, exatamente, aconteceu naquele carro.
— Eu vou matá-lo. — Um rugido profundo baixo retumbou no peito de

Glenn. Como se Flint atreveu a levar Cullen para longe dele?


— Filho, entendo que esteja chateada agora, mas tente manter a

calma. — Alcott olhou por cima do ombro em direção à porta. — E, para aliviar
um pouco a raiva que está sentindo, o Sr. Flint não sobreviveu ao acidente. Ele
está morto.
O aperto no peito de Glenn aliviou um pouco. Teria gostado de rasgar
Flint com suas próprias mãos, mas morto era morto. Acenou com a cabeça,
incapaz de desviar o olhar de Cullen.
— Então, meu filho vai se recuperar e ficar bem? — Perguntou Gavin.

Seus olhos estavam vermelhos e Glenn viu o homem enxugar mais de uma
lágrima, desde que saiu da casa para o hospital.
— Sim, ele o fará. — Alcott sorriu. — Demos-lhe alguma coisa para

ajudá-lo a dormir, mas vai ter uma recuperação completa.


Para os próximos seis horas que se sentou ao lado da cama de Cullen
e esperou. Glenn mal piscou. Ele estava ansioso para ver seu companheiro de
abrir os olhos e sorrir para ele. Foi tudo Glenn queria agora.
Era um pouco depois das sete, quando Nikki e Gavin saíram para
conseguir algo para comer. Glenn ficou, não querendo que seu companheiro
acordasse enquanto não estava ali. Prometeram lhe trazer algo para comer.
Trevor ligou e disse que estavam na sala de espera e, uma vez que
Cullen acordasse, para ir e pegá-los.
— Por que o levou? — Glenn sussurrou. Ele se inclinou para frente,
para descansar sua testa contra o lado de Cullen. O cheiro de desinfetante e ar
obsoleto encheu seu nariz. Odiava hospitais.
— Glenn... — Cullen disse numa voz áspera rouca.
— Cullen! — Glenn ficou de pé e pairou perto do rosto de Cullen.
Notou que seu companheiro não tinha os óculos e não queria que tivesse que
esticar os olhos para vê-lo. — Bebê, sou eu. — Glenn levemente roçou os
lábios sobre os ressecados de Cullen.
— Estou vivo. — Cullen sorriu. Ele estremeceu com o corte em seu
lábio.
— Sim, você está. — Glenn esfregou o nariz contra Cullen. — Você
está um pouco confuso, mas vivo.
— Se pensa que estou mal, você deve ver o outro indivíduo. — Cullen
tentou rir, mas vaiou de dor. — Ele está vivo? — Perguntou. O olhar fixo em
Glenn, que podia sentir a sua raiva. Ele estava um pouco surpreso que não
sentisse medo.
— Flint? Não. — Glenn sacudiu a cabeça. — E não posso dizer que
sinto muito. O que ele estava fazendo?
Cullen abriu a boca para falar, mas acabou tossindo tanto que a cama
começou a tremer. Glenn pegou o copo na mesa ao lado e encheu-o com água,
em seguida, segurou-a contra os lábios de Cullen. Seu companheiro tomou um
gole, depois outro.
— Ele trabalhava para o SNH. — Um rosnado irrompeu da garganta
de Glenn e Cullen concordou. — Sim. Ele entrou no meu computador e
descobrir tudo o que eu e Jaron estávamos trabalhando. Ele queria que o
ajudasse a criar outro shifter como Jaron, com a capacidade de transformar
qualquer pessoa em um shifter, não apenas potenciais alfas. — Cullen fez sinal
para outra bebida. — Foi enviado para vigiar o bando Nehalem. Queriam
recapturar Jaron. Flint estava animado com todas as possibilidades que
poderiam vir dos shifters. Ele era louco.
— E agora ele está morto. — Glenn colocou o copo para o lado e
sentou-se na beira da cama de Cullen. — Preciso dizer a Trevor e aos outros
sobre isso. O SNH tem que ser parado.
— Tem, mas como? — Os olhos de Cullen se encheram de lágrimas.
— O conselho continua a destruir laboratórios SNH, e, a cada vez que um se
fecha, mais dois surgem em seu lugar. Todas aquelas pobres pessoas... —
— Ei, agora, acalme-se. Não é culpa sua. — Glenn fez o seu melhor
para confortar seu companheiro.
— Sei disso, mas ouvir como Flint falou sobre shifters, como se
fossem coisas e não pessoas, foi nojento. — Cullen respirou fundo e enxugou
os olhos em seu travesseiro. — Houve mais alguém ferido no acidente que
causei?
— Não, mas o que quer dizer com o acidente que causou? —
Perguntou Glenn.
— Quando acordei, estava sentado no banco da frente do carro de
Flint. Ele tinha me algemado e começou a falar sobre todos os planos que tinha
para mim. Queriam que eu fosse uma parte do SNH. Ele disse que, se não os
ajudasse, iriam matá-lo. — Os olhos cheios de lágrimas de Cullen o encararam.
— Sabia que tinha que fazer algo, então, investi contra Flint e agarrei o
volante, fazendo com que o carro desviasse.
— Você atacou Flint? — Glenn sorriu.
— Claro que sim. — Cullen concordou. — Ele ameaçou meu namorado
e meus amigos. Não podia deixar o SNH machucar as pessoas que amo.
— Não acredito que fez isso. — Glenn sacudiu a cabeça, maravilhado
com seu companheiro. — Você estava me protegendo. O seu agressor.
— Meu companheiro. — Cullen corrigiu.
Glenn se inclinou e apertou os lábios nos de Cullen. O toque suave da
carne quente acalmou o lobo dentro de Glenn.
Permitiu-se mais alguns minutos a sós com Cullen, antes de notificar
o posto de enfermagem que Cullen estava acordado. Mandou uma mensagem
Gavin e sua mãe, e Trevor e os outros na sala de espera.
Um policial pegou uma declaração de Cullen, depois que Alcott deu
permissão. Cullen e Glenn inventaram uma história para contar as autoridades,
que Flint ficou com ciúmes do relacionamento de Cullen e Glenn, e queria levar
Cullen, mantendo-o para si. Era uma história maluca, que não estava longe da
verdade. Em vez de Flint querer o corpo de Cullen, ele só queria sua mente.
Uma vez que o médico e policial saíram, a mãe de Glenn convidou
seus amigos para o quarto de Cullen. Jaron correu para a cabeceira e abraçou-
o o melhor que podia, com o braço esquerdo de Cullen envolto em gesso.
Como Gavin não tinha encontrado Devon ou Phillip antes, eles não entraram.
Já estavam trabalhando arduamente tentando encontrar alguma pista para
ajudá-los a encontrar o laboratório SNH no Arizona, com o que Flint tinha dito
a Cullen.
Quando Cullen começou a ficar cansado, seus amigos saíram,
voltando para Silver Creek. Gavin e Nikki pegaram um quarto de hotel e
tentaram fazer com que Glenn fosse com eles, mas ele se recusou. Quase
perdeu o amor de sua vida uma terceira vez. Seria condenado se deixasse seu
lado novamente.

Capítulo 16

O Dr. Alcott manteve Cullen no hospital por mais uma noite, para
observação. No sábado de manhã, finalmente o liberou. Cullen estava feliz.
Estava pronto para ir para casa.
O pai de Cullen era todo sorrisos na volta para Silver Creek. Ele
Comentou sobre o desejo de que Flint ainda estivesse vivo, para que pudesse
bater nele. O presidente da Universidade Hemsworth ligou para o pai de Cullen
e ofereceu um sincero pedido de desculpas. Desde que Cullen já tinha uma
bolsa de estudos, não havia nada, financeiramente, que a escola pudesse
oferecer, mas o pai de Cullen exigiu que Glenn tivesse toda a sua educação
livre de despesas, incluindo todos os seus livros, ou ele os processaria.
Hemsworth rapidamente concordou.
Foi bom para ver seu pai olhando por Glenn. Cullen teve que assumir,
depois de ver como Glenn cuidava bem dele, seu pai aceitou totalmente a ideia
de estarem juntos.
Uma vez de volta a Silver Creek, seu pai e Nikki levaram-nos à casa
de Cullen e Glenn. Seu pai tentou lhe convencer a voltar para casa, mas ele se
recusou. Cullen só viveu em sua nova casa por menos de uma semana, mas a
amava. Era sua e de Glenn.
Seus pais ficaram para jantar, depois saíram.
Glenn levou travesseiros de seu quarto para a sala de estar e os
colocou em torno da perna e braço de Cullen, que ainda estava um pouco
rígido e todo dolorido, mas estava vivo e com Glenn. Isso era tudo o que
importava.
Foi pouco antes das nove, quando alguém bateu na porta. Glenn
levantou-se para respondê-la e era Devon, Asa e Phillip, o dois alfas da matilha
e um dos cabeças do conselho do caçador.
— Como está indo, Cullen? — Devon perguntou quando se sentou na
cadeira mais próxima ao sofá.
—Já estive melhor, mas, pelo menos, estou vivo. — Cullen sorriu.
— Você está, homenzinho. — Asa se inclinou sobre o lado do sofá,
para beijá-lo no topo da cabeça.
Cullen conheceu Asa muito bem nos últimos dois anos. Dylan era
irmão de Asa e melhor amigo de Cullen. Passou muito tempo perto de Asa,
tanto que Asa dizia a todos que Cullen era seu irmão adotivo. Era bom ter
família.
— Dylan está melhor? —Perguntou Cullen. Falou com Dylan no
telefone, mas Cooper recusava-se a deixá-lo sair de casa, até que todas as
suas contusões sumissem. Que, com shifters, deveria ser no dia mal não podia
esperar.
— Sim. — Asa revirou os olhos. — Cooper está apenas sendo um
pouco superprotetor.
— Eu posso entender isso. — Glenn passou os dedos pelo cabelo de
Cullen.
— E Dean? — Cullen perguntou a Phillip.
— Ele está indo muito melhor. — Phillip cruzou as pernas. — Teve
uma concussão, alguns cortes e contusões, mas vai sobreviver. Infelizmente,
não o impediu de abrir a boca. — Phillip sorriu.
— Então, o que há, rapazes? — Perguntou Glenn, erguendo as pernas
de Cullen, ficando sob elas e as pousando em seu colo. — Encontraram algo
novo?
— Temos algumas pistas. — Phillip assentiu. — Temos uma equipe
indo para o Arizona esta noite. Devemos ter alguma informação amanhã à
tarde, o mais tardar.
— Espero que encontrem esse lugar. — Cullen olhou para suas mãos.
Os dedos da mão direita gentilmente esfregando sobre seu único dedo livre e
inchado na esquerda. — O SNH precisa ser parado.
— Concordo. — Devon sentou-se para frente, os cotovelos apoiados
nos joelhos. — Cullen, a nossa principal razão para vir esta noite era ver como
estava e agradecer. Você arriscou sua vida para proteger o bem-estar dos
shifters. Em nome da Matilha Nehalem, obrigado. Nunca poderemos agradecer
o suficiente.
— Você não precisa me agradecer, Devon. Qualquer um de vocês
teria feito o mesmo por mim, um anão humano. — Cullen riu.
— Faríamos, mas não porque é um humano, mas porque faz parte da
nossa matilha.
Os olhos de Cullen se arregalaram e sua boca estava aberta. Ficou
chocado ao ouvir Devon.
— Sim, você é uma parte da matilha Nehalem. Faz uma parte da
nossa família o tempo todo. Simplesmente não percebeu isso. — Devon
estendeu a mão para pegar a boa de Cullen. — Sempre cuidaremos de você. É
um bom homem, Cullen Ford, e temos a sorte de tê-lo.
— Oh, meu Deus... — Cullen usou seu braço engessado para
empurrar o óculos no nariz. — Não sei o que dizer. Obrigado.
— Não, não é necessário agradecer, pequeno. — Asa bagunçou o
cabelo dele. — Somos uma família. Sempre fomos, sempre seremos. — Asa
puxou a orelha de Glenn e seu companheiro gritou. — Até mesmo este idiota.
— Asa sacudiu os dedos contra a orelha de Glenn. — Você tem sorte que
puxou sua cabeça de sua bunda. Cullen é um cara doce e só merece o melhor.
— Não brinca. — Glenn passou a mão sobre sua orelha. — Cullen é
minha vida. Eu o amo mais do que qualquer coisa e ele vai ter sorte se deixá-
lo ter um momento sozinho. Depois do que aconteceu, não vou correr nenhum
risco.
— Droga. — Asa riu. — Você e Cooper soam iguais. Cullen, parece
que você e Dylan terão seus próprios guarda-costas pessoais os seguindo para
o resto de suas vidas. — Asa começou a rir.
Eles permaneceram por mais alguns minutos, depois saíram. Glenn
os levou até a porta e voltou para onde Cullen estava sentado. Ajudou Cullen a
se acomodar mais a frente, para que pudesse deslizar atrás dele. Passou os
braços grossos em volta do peito de Cullen e segurou-o perto. Cullen relaxou
no calor reconfortante de seu companheiro. Houve um breve momento,
enquanto estava no carro com Flint, que achou que nunca seria capaz de fazer
isso de novo, sentir o toque amoroso de seu companheiro.
— Estou tão feliz que está bem e em casa. — Glenn inclinou-se para
beijar Cullen logo atrás de sua orelha. — Eu te amo demais.
— Eu também te amo. — Cullen virou a cabeça para o lado, para
pressionar seus lábios contra Glenn.
— Sabe que não estava brincando sobre aderir ao seu lado como cola,
certo? — Glenn brincou. — Não posso ter você se afastando e sendo raptado
de novo.
— Oh, meu Deus! — Cullen gemeu e revirou os olhos. — Como se eu
quisesse que isto acontecesse. — Ele começou a rir.
— Não importa. — Glenn sacudiu a cabeça. — Você está preso
comigo.
— Ah, é mesmo? — Perguntou Cullen.
— Sim, realmente. — Glenn deu um beijo molhado na bochecha de
Cullen.
— Então, é uma coisa boa que te ame tanto, seu grande tirano. —
Cullen virou a cabeça, apenas o suficiente para se apoiar e beijá-lo.
— Ei, este grande tirano te ama como louco e nunca vai deixa-lo ir
embora. — Glenn segurou a mão na bochecha de Cullen e gentilmente
pressionou sua língua na boca de Cullen, cortando qualquer outra coisa que
poderia ter a dizer.
Foi estranho quando Cullen olhou de volta para sua infância. Tinha
passado muito tempo com medo e odiando Glenn, em seguida, tudo mudou
num piscar de olhos. A vida era louca e era engraçado como as coisas
aconteciam. Glenn não foi o único que mudou nos dois anos que tinham se
separado. Cullen estava mais confiante e com menos medo. Agora, com Glenn
em sua vida, sabia que seria mais forte e mais feliz. A vida era boa e estar
apaixonado a tornava muito melhor.

FIM

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