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Companheiro a Primeira Vista

(Matilha Nehalem 27)


De: AJ Jarrett

Se lhe fosse dada uma segunda chance de um novo começo você não
iria aceitá-la... Não importa o quê?
Dylan Anders tem uma segunda chance para começar de novo em
Silver Creek e nada vai ficar em seu caminho... Ou assim ele pensa.
Cooper Higgins sabe por toda a sua vida que é gay, mas isso nunca
foi um problema antes. Está feliz vivendo sua vida e mantendo seus desejos
sexuais escondidos num armário muito escuro. Seu plano de ficar celibatário é
quebrado quando vê Dylan e sabe imediatamente que ir embora não é uma
opção.
Entre amigos hostis, o início do semestre na Universidade de
Hemsworth e um shifter desonesto à solta, aceitar o amor não é o único
obstáculo a ficar no caminho de seu relacionamento.
Podem, Dylan e a matilha de Nehalem, encontrar o lobo misterioso a
tempo ou segunda chance de Dylan vai se perder?
Capítulo 1

— Parabéns pra você. Feliz aniversário, querido Dylan. Parabéns pra


você.
Dylan olhou para as dezoito velas iluminadas. A sala estava escura e
a luz do bolo fez um efeito de halo acima dela. Podia sentir todos os rostos
sorridentes olhando para ele, enquanto olhava para o grande bolo decorado na
sua frente.
— Vá em frente, faça um desejo. — Asa, seu irmão, sorriu para ele.
Fechou os olhos, enquanto tentava pensar num desejo. Sabia que
não significa nada. Desejo era para os tolos, mas uma parte dele não se
importaria se alguma coisa trabalhasse a seu favor agora mesmo.
Desejo que tudo corra sem problemas amanhã na faculdade e que
possa, pelo menos, fazer um amigo. Dylan disse as palavras em silêncio dentro
de sua cabeça. Nunca foi o tipo de cara que se preocupava em causar uma boa
primeira impressão ou em fazer amigos. Sua atitude arrogante funcionou
muito bem para ele quando era uma parte da matilha de seu avô. Não foi até
que soube o monstro que era seu avô, que percebeu que as pessoas só o
respeitavam por medo, não porque realmente gostassem dele.
Não queria ser temido por ninguém. Só queria ser aceito. Claro,
estava bem ciente de que querer mudar e realmente fazê-lo eram duas coisas
inteiramente diferentes. Estava trabalhando em ser bom, e não tão crítico e
chateado com o mundo, mas dezoito anos de maus hábitos eram difíceis de
quebrar.
Respirou fundo e soprou. Cada vela tremulou, depois se apagou, num
movimento sincronizado. Aplausos irromperam em torno da mesa e Dylan
olhou para seu irmão. Não sabia o que faria sem Asa. O homem sempre esteve
lá para ele e sacrificou sua própria vida para protegê-lo. Todos deveriam ter
uma pessoa tão cheia de amor e carinho em sua vida.
— O que desejou, Dyl? — Perguntou Riley.
Olhou para o menino. O rosto sorridente de Riley estava brilhante de
entusiasmo. Oh, o que Dylan não daria para ser tão jovem e ingênuo sobre o
mundo ao seu redor. Adorava Riley, que era seu primo, filho de Carson. O
menino era doce e inocente, e Dylan esperava que nunca mudasse.
— Se te contar, não vai se tornar realidade. — Estendeu a mão para
tocar a ponta do dedo no nariz de Riley.
— Não é justo. — Riley mordeu o lábio num beicinho.
— Filho, sabe como isso funciona. — Carson ajoelhou-se ao lado de
Riley. — Não gostaria que o desejo de Dylan não se tornasse realidade, não é?
— Carson piscou para Dylan.
— Não. — Riley pulou da cadeira para o colo de Dylan. — Feliz
aniversário, Dyl.
— Obrigado, garotão. — Dylan envolveu seus braços em torno do
pequeno corpo de seu primo e segurou-o com força. Riley não sabia o quão
idiota costumava ser e queria mantê-lo dessa forma. Queria ser uma pessoa
melhor, para nunca perder o olhar de aceitação dos olhos azuis de Riley.
— Ok, senhores. — Devon, o alfa, bateu palmas. — Vamos cortar
esse bolo e depois ir para uma corrida.
Depois de comer um pedaço de bolo do tamanho de sua cabeça,
Dylan seguiu os outros para o quintal. A matilha Nehalem cresceu com a
adição de Dylan, seu irmão e alguns outros meninos shifters jovens. Pelo que
ouviu falar, a matilha começou com apenas Devon e seus irmãos, mas, com o
passar do tempo, mais shifters encontraram seus companheiros, ou tiveram
filhos, e a matilha cresceu numa família grande e feliz.
— Lembrem-se das regras. — Devon apontou para os jovens e
crianças shifters. — Fiquem dentro de nossas linhas de propriedade. — Fez um
gesto com o dedo para Riley e seu filho Jackson. — Nenhuma exploração.
Os meninos assentiram com a cabeça, mas Dylan viu como se
entreolharam e sorriram. Sacudiu a cabeça e riu. Aqueles seriam um problema
algum dia.
Dylan começou a tirar suas roupas, dobrando-as numa pilha limpa e
colocou-as na cadeira vazia. Havia uma leve brisa no ar, não muito quente,
mas não muito fria, tampouco. A noite cairia sobre eles em breve, o tempo se
tornaria mais frio e as folhas das árvores se transformariam numa tela de
cores para depois caírem no chão.
O outono era a estação do ano favorita de Dylan. Gostava de todas
as cores diferentes. Sempre pensou naquela época do ano como o fim de algo
e o começo de algo novo. As estações mudavam como um relógio, para fora
com o velho e dentro com o novo. Dylan gostava de acreditar que a vida era
assim também. Cada dia era um novo começo.
— Você está pronto irmão caçula? — Asa cutucou Dylan no ombro.
— Não estou sempre? — Dylan deu a seu irmão um sorriso arrogante.
— Corra...
Dylan debruçou-se e permitiu que seu corpo se deslocasse da forma
humana para sua forma de lobo. Seus músculos alongaram, seus ossos se
comprimiram e estalaram para seu corpo lobo. Pelo cinza cresceu de sua pele
e seu rosto formigava quando se transformou num focinho, com dentes
afiados. Dylan adorava a mudança. Alguns alegavam que doía, mas ele
congratulava-se com a dor. Estava bem ciente do dom que tinha por nascer
um shifter e não iria reclamar disso.
Com um aceno da cabeça peluda, a língua pendendo para o lado,
Dylan disparou. Os outros membros da matilha juntaram-se à diversão,
correndo o mais rápido que podiam. O grupo correu para frente, mas Dylan
desviou-se para a esquerda e se dirigiu para o lado oeste da propriedade. O
chão era um pouco mais plano lá e veados tendiam a pastar naquele local.
Podia ouvir os passos pesados de Asa, quando ele se lançou atrás
dele. Essa era a grande vantagem em ser pequeno em sua forma de lobo. Era
mais rápido do que o mega corpo de lobo de seu irmão mais velho. Dylan ficou
com ciúmes quando era mais jovem, mas logo superou isso. Uma coisa boa
que seu avô lhe ensinou foi que cada lobo tinha a sua finalidade e tamanho
não significava nada.
Asa latia atrás dele, Dylan olhou por cima do ombro e gritou de volta.
Correram e correram, até chegarem a uma pequena clareira. Dylan diminuiu o
ritmo e cheirou o ar. Amava o cheiro de almíscar selvagem, terra úmida e
folhas de pinheiro que pairavam na atmosfera.
Parou quando um aroma ácido e decadente flutuou debaixo do seu
nariz, dominando os aromas da natureza. Sentou-se sobre as patas traseiras e
esperou seu irmão. Asa caminhou ao lado dele, farejando o ar. Olhou para ele
e Dylan deu de ombros, o melhor que podia naquele momento. Levantou e
seguiu com Asa, acompanhando o perfume. Quanto mais se aproximavam da
mata, mais forte ele se tornou. Definitivamente, era algo morto.
Asa parou e Dylan deu a volta nele para ver para onde estava
olhando. No chão, em frente a eles, havia dois veados mortos. Dylan não podia
acreditar na visão. Haviam sido atacados até a morte. Parecia que o que os
matou, comeu seu preenchimento e depois mutilou os corpos. Os membros e
vísceras do cervo estavam espalhados por todo o chão, como se o pobre veado
tivesse sido explodido por uma bomba. Era nojento.
O ar em torno Asa dançou e logo estava como um humano
novamente. Dylan revirou os olhos e mudou também. Isso tornava mais fácil
falar.
— Olhe para isso. — Asa passou por cima de uma das carcaças de
veado.
— Sim, então? — Dylan fez uma careta e empurrou de volta quando
pisou em algo molhado e mole.
— Não acha que é um pouco estranho? — Asa levantou uma
sobrancelha para Dylan.
— Por quê? — Dylan deu de ombros. — É apenas um par de veados
mortos. A última vez que verifiquei, veados estavam abaixo na cadeia
alimentar. Algo maior os pegou e tornaram-se o jantar. — Dylan nunca foi
reticente sobre coisas como esta. Veados era carne para ser caçada por
animais maiores. Inferno, até mesmo humanos caçavam veados por esporte.
— Mas olhe para isto. — Asa cutucou o cervo com seu dedo do pé. —
Parece que foi torturado depois de morto. Quer dizer, se um animal o matou
por comida, por que fazer uma bagunça tão grande?
— Então, está incomodado que um animal brincou com o seu
alimento? — Dylan franziu os lábios para não rir.
— Não seja obtuso. — Asa sacudiu a cabeça.
— Não estou tentando ser e pare de usar sua linguagem universitária
em mim. — Dylan socou suavemente o ombro de seu irmão. — Tudo o que
estou dizendo é: qual é o problema?
Asa não disse nada por um momento. Cheirou o ar novamente e
olhou em volta. Dylan fez o mesmo, mas nada parecia estranho para ele. Tudo
o que podia sentir era o cheiro da essência selvagem de seu irmão, o odor do
veado morto e outros animais encontrados na floresta. Nada de estranho se
destacou.
— Nada, acho. — Asa olhou para Dylan. — É apenas um desperdício.
— Tenho que concordar com você nessa, querido irmão. — Dylan deu
um passo para trás e pisou em outro local molhado. Amaldiçoou em voz baixa.
— Ok, estou fora daqui. Não me importo de caçar veados e comê-los, mas me
recuso a pisar nas tripas sangrentas de uma matança, que nem sequer é
minha.
— Você é uma menina. — Asa riu quando seguiu Dylan para longe do
veado.
— Agora, isso foi rude e muito machista. — Dylan cruzou os braços
sobre o peito e estreitou os olhos para o irmão. — Conheci muitas meninas que
não teriam sequer piscado um olho para isso. — Um grande sorriso se
espalhou por seu rosto. — Na verdade, conheci algumas meninas que ficariam
ligadas por isso. — Apontou para a carcaça de veado.
— Pare, por favor. — Asa levantou a mão. — Com certeza, não quero
ouvir sobre a vida sexual do meu irmãozinho. — O corpo de Asa estremeceu.
— Isso é estranho.
— Assim como ouvir você e Maurice fodendo como coelhos.
— Ok, você me pegou. — Asa colocou o braço em volta dos ombros
de Dylan e o puxou para o seu lado. — Falando de grandes palavras, está
pronto para amanhã? Não é todo dia que se descobre que o seu irmão mais
novo é tão inteligente, que a escola sugere que ele obtenha o seu GED e se
inscreva na faculdade. Logo, logo, você vai ter um vocabulário maior do que o
meu.
— Talvez. — O rosto de Dylan corou. Não estava acostumado a
receber elogios sobre coisas como seu cérebro. Sua boa aparência, sim, mas
não sua inteligência. Estava preparado para passar através de um ano do
ensino médio, mas a sua pontuação foi tão alta no teste de inscrição que a
escola lhe deu, que o diretor marcou uma reunião com ele e Asa, para
informá-los de que Dylan realmente deveria se matricular na faculdade,
dizendo que era um homem inteligente e jovem, que iria se cansar se fosse
ficar e assistir seu último ano na Silver Creek High.
Dylan estava emocionado. Não estava preocupado com o drama que
veio junto com estar na escola. Viveu uma vida longa em seus dezoito anos e
viu muitas coisas. Estava pronto para começar a viver uma nova vida e
trabalhar para melhorar a si mesmo.
— Estou nervoso, mas animado.
— Eu também. — Asa apertou seu braço em torno de Dylan. — Não
posso acreditar que vai ser um calouro de faculdade e que vamos para a
faculdade juntos. — Asa suspirou. — Nunca imaginei que fosse tão inteligente.
Quero dizer, não me interprete mal. Sabia que ia bem quando frequentava a
escola, mas não sabia a extensão de sua capacidade. Acho que agora pode
usar sua mente de gênio do mal para o bem. — Asa brincou.
— Muito obrigado. — Dylan riu. — Não tenho certeza se deveria estar
ofendido ou lisonjeado.
— Vá com o último. — Asa deu um passo atrás e socou-o levemente
no ombro. — Corra de volta! — Virou-se e mudou, enquanto corria.
Dylan ficou ali, rindo. Esperou apenas mais um momento para dar a
Asa uma vantagem inicial, depois caiu de joelhos e se mexeu. Sorriu quando o
vento bateu contra seu rosto.
Não queria pensar no amanhã. Nunca foi um grande fã de escola,
mas sabia que era hora de crescer. Tinha que descobrir o que ia fazer com o
resto de sua vida e amanhã seria o primeiro passo para fazer isso.

Capítulo 2

Dylan olhou para o espelho do banheiro e pensou que ia ficar doente.


Seu cabelo loiro curto estava escovado e escolheu suas roupas com atenção
especial, para não se destacar muito. Sua pele era clara e tinha um ligeiro
brilho em suas faces bronzeadas. Parecia bom, se tivesse que avaliar a si
mesmo, mas isso não fez nada para acabar com os nós em seu estômago. Era
como se tivesse um enxame de borboletas batendo as asas como loucas
dentro dele.
— Vai dar tudo certo. — Disse para seu reflexo. — Você é um cara de
boa aparência e é inteligente. As meninas e os professores vão te amar. —
Deu de ombros. — E, se as coisas derem errado, forem muito difíceis ou se
perceber que é um fracasso total, seu irmão mais velho está no mesmo
campus e pode ir e chorar em seu ombro. — Revirou os olhos. Por que estava
tão assustado?
— Como vai, gênio? — Maurice perguntou quando se encostou na
moldura da porta do banheiro. Dylan enviou um olhar ansioso em sua direção.
— Dylan, você está bem? — Maurice deu um passo ao lado dele e esfregou a
mão na parte de trás do pescoço de Dylan. — Qual é o problema?
— E se o teste na escola estava errado?— Dylan se sentia fraco em
admitir isso, mas era a verdade. — E se sou apenas um estudante médio e
falhar? — Levou a mão ao rosto e esfregou os olhos. — Pior, não conheço
ninguém na Hemsworth, exceto você e Asa. E se não fizer nenhum amigo?
— Você está falando sério? — Maurice riu, mas fechou a boca quando
Dylan olhou para ele no espelho. — Oh, merda. Não estou acostumado a esse
tipo de comportamento de você. Normalmente é tão confiante.
— Estou confiante, mas ainda sou o cara novo. — Dylan não queria
ser olhado como se fosse uma exibição de um zoológico. Estava bem ciente de
sua boa aparência. Sabia que era bonito: cabelos loiros, corpo tonificado e um
grande senso de moda, que iria fazê-lo se destacar na multidão.
— Você é um calouro da faculdade, Dyl, indo para a escola com toda
a carga de merda de qualquer outro calouro da faculdade. Você e todos os
novos caras. — Maurice sorriu e cruzou os braços sobre o peito magro.
— Não está ajudando, Mo-Mo.
— Dyl, cara, vamos lá. — Maurice ergueu as mãos para descansar
sobre os ombros de Dylan e massageou os músculos tensos. — Você é
inteligente e, se começar a ter dificuldades, vamos contratar tutores para
ajudá-lo. — Maurice encontrou o olhar de Dylan no espelho. — E não se
preocupe em fazer amigos. Você tem todo esse visual de menino bonito que
vai ajudar você. As meninas estarão fazendo fila para serem suas amigas.
— Menino bonito? Realmente Maurice? — Dylan sabia exatamente
como se parecia e, às vezes, na vida, ter uma boa aparência era suficiente,
mas não achava que isso iria ajudá-lo na faculdade. Não seria como quando
estava na escola. Professores universitários não se importariam se aparecesse
para a aula ou fizesse o trabalho. Se falhasse, seria por seu próprio mérito e os
professores universitários não tomavam conta dos alunos, como professores
do ensino médio faziam.
— Com certeza, esse rosto bonito pode torná-lo um alvo entre alguns
dos estudantes do sexo masculino. — Maurice moveu a cabeça para o lado. —
Quero dizer, é da faculdade que estamos falando aqui, mas não vá fazer
quaisquer inimigos por roubar a namorada de um cara. — Maurice deu um
tapinha nas costas dele. — Só porque é a faculdade, não significa que não há
alguns idiotas no campus.
— Que seja. — Dylan revirou os olhos. — Qualquer um seria um
completo idiota em se meter comigo. Quero dizer, vamos lá, Maurice. Sou um
shifter para sair chorando. Se alguém se meter comigo, seria o pior erro que já
fez. — Dylan enfrentou o seu quinhão de humanos e shifters que pensavam
que só porque era menor, era fraco. Esse foi um erro que esses idiotas não
repetiriam duas vezes.
— Dylan, não pode reagir a eles. — Disse Maurice.
— Por quê? — Dylan perguntou e se virou para olhar para Maurice,
apoiando o quadril contra o balcão.
— Porque você é um shifter e não vai fazer nada se o provocarem. —
Asa caminhou para o banheiro e olhou para Dylan. — Você está na Hemsworth
para ter uma educação, não ser o senhor da popularidade ou bater toda garota
que vê. Mantenha sua cabeça para baixo e seu pau em sua calça. Se alguém o
provocar, tem que ser o adulto e ir embora.
— Então, está dizendo que devo deixá-los me bater? — Dylan apertou
os olhos em Asa. Esta era uma conversa hipotética, mas ainda assim. — Hum,
não penso assim.
— Você está com deficiência auditiva? — Asa golpeou o ouvido de
Dylan. — Se começar a briga por que... — Asa apontou para Dylan, seus olhos
presos nele. — Porque, bem, você é você, precisa minimizá-la e seguir em
frente. Esta é a faculdade, não o ensino médio.
— Não vamos esquecer que a maioria de seus colegas acabou de sair
da escola há três meses. — Maurice entrou na conversa. — E, vamos ser
justos, caras são idiotas nessa idade.
— Não está ajudando, querido. — Asa estalou os olhos para olhar
para seu companheiro.
— Primeiro: não sou algum bichano que vai deixar um idiota me
empurrar ao redor. — Dylan se voltou para o espelho, arrumando sua roupa.
—E, segundo, o que diabos isso quer dizer? Porque eu sou eu?
— Isso aí, irmãozinho. — Asa bateu um dedo na parte de trás da
cabeça de Dylan. — Essa boca grande não vai lhe fazer nenhum favor. —
Soltou um suspiro profundo e sua cabeça caiu para trás em seus ombros.
Murmurou algo para si mesmo e olhou para Dylan. — Dyl, eu te amo. Entendo
que ser o cara novo é um tipo de porcaria, mas lembre-se: Maurice e eu
estaremos lá também. Se as coisas ficarem ruins sempre pode sair com a
gente.
Sim, isso não ia acontecer. Dylan tinha o suficiente de seu amor por
viver com eles. Não iria se sujeitar a mais do que isso. Além disso, queria fazer
seus próprios amigos. Sabia que ia ser difícil, porque antes, quando estava
com a matilha de seu avô, todo mundo queria ser seu amigo por causa de
quem ele era. Mas ali? Ali em Silver Creek, era apenas mais um rosto na
multidão.
Dylan olhou entre Asa e Maurice. Estremeceu, enquanto observava
Asa colocar o braço em torno de Maurice e como Maurice moveu a mão para
baixo, para agarrar a cintura de Asa.
— Por isso não vou sair com vocês dois. — Olhou para seu relógio,
vendo que tinha quinze minutos até que a orientação dos calouros começasse
e correu para fora do banheiro.
— Você é um idiota, irmãozinho. — Asa riu. — Mas ainda te amo.
Tenha um bom dia.
— Vou ter. — Desceu os degraus do prédio e para o estacionamento.
Sorriu quando avistou seu novo Jeep Renegade preto. Abriu a porta e subiu
dentro.
O trajeto até Hemsworth demorou menos de dez minutos. O tráfego
em torno do campus não era tão ruim. O semestre não começaria até o dia
seguinte.
Dylan ligou seu pisca-pisca e virou para o estacionamento. Uma vez
estacionado, respirou fundo. Olhou para os grandes edifícios, sentindo-se um
pouco intimidado. Aquela seria sua casa pelos próximos quatro anos, a menos
que decidisse se transferir para uma faculdade diferente. Era um começo para
ele, um novo começo. Só esperava que tudo corresse bem.
Saiu de seu jipe e tirou um pedaço de papel dobrado do bolso de
trás. Era uma folha com toda a informação e orientação do campus. Também
tinha um mapa.
Verificou os sinais ao longo das calçadas e caminhou para o prédio da
administração. Quanto mais se aproximou, viu mais pessoas caminhando na
mesma direção. Algumas pessoas passaram por ele com olhares de medo em
seus rostos jovens. Esperou que não estivesse com a mesma expressão
aterrorizada.
Um grande grupo de pessoas estava em pé na frente do grande
edifício de tijolo. Alguns estavam amontoados juntos, obviamente, pessoas
que já conheciam um ao outro. O resto ficou por si mesmo. Alguns tinham
olhares de terror em seus rostos, outros de extremo nervosismo e alguns
tinham olhares de tédio como se tivessem algo que preferissem estar fazendo.
Dylan parou na borda externa do círculo que outras pessoas
formavam em frente do edifício. Não conhecia ninguém e não queria parecer
desesperado, aproximando-se de algum desconhecido para começar uma
conversa.
— Há muito mais pessoas aqui do que eu esperava. — Veio uma voz
atrás dele. Dylan se virou para ver um cara aproximadamente de sua idade. —
Meu nome é Cullen. — Cullen estendeu uma mão trêmula para Dylan.
Dylan olhou para a mão pálida, depois para o rosto a qual pertencia.
Cullen era um cara magro, com cabelo castanho curto e óculos muito grossos.
Dylan não sabia que era possível ter lentes tão espessas. Os olhos de Cullen
eram de um azul brilhante e pareciam enormes por trás de suas lentes. O
jovem tinha um sorriso simpático no rosto e Dylan descobriu que era
contagioso.
— Dylan. — Ele apertou a mão do menino. — Prazer em conhecê-lo.
— Da mesma forma. — Cullen sorriu. — Então, de onde vem?—
Perguntou Cullen.
— Maine. — Dylan olhou em volta, procurando a pessoa que estava
organizando esta coisa. Estava ansioso para conhecer o lugar.
— Lugar agradável. Ouvi dizer que têm grandes escolas lá. —Dylan
assentiu e Cullen continuou a falar. — O que o trouxe para Silver Creek?
— Meu primo mora aqui e meu irmão pensou que seria bom estar
perto da família. — Dylan deu uma explicação simples. Não sabia nada sobre
esse garoto e ele, com certeza, fazia um monte de perguntas.
— E seus pais?
Dylan olhou sem piscar para Cullen. Não gostava de falar sobre seus
pais, principalmente porque não se lembrava deles. Seu avô os matou antes
que tivesse a chance de formar memórias deles. Dizer que isso era um assunto
delicado era o mínimo.
Cullen deve ter visto algo na expressão de Dylan, porque disse:
— Oh, merda. Sinto muito. Estou sendo excessivamente intrometido.
Não quis dizer...
— Está tudo bem. — Interrompeu. Não queria ser rude, mas esse
garoto era um pouco falador. Dylan virou-se para encarar a multidão.
Um grupo de meninas chamou sua atenção e não pode deixar de
olhar. Uma menina com cabelo vermelho o viu e acenou, depois se voltou para
seus amigos, rindo. Dylan sorriu. Poderia realmente gostar dali.
— Sou de Silver Creek. — Ao som da voz de Cullen, o sorriso caiu do
rosto de Dylan. Desviou o olhar do grupo de garotas que estava flertando para
olhar para o rapaz. — Eu me formei em Silver Creek High. — Cullen sorriu para
Dylan. — Fui o orador oficial.
— Legal. — Dylan disse e olhou para trás para ver se a garota com a
qual havia se comunicado silenciosamente, através de contato visual, ainda
estava lá. Mais pessoas tinham chegado e não viu mais o rosto bonito.
— Não, realmente. — A voz de Cullen caiu para pouco acima de um
sussurro.
Virou-se para olhar para Cullen, sem saber para onde foi a voz feliz e
amigável do cara. Cullen tinha a cabeça para baixo, mas manteve-se olhando
para algo na distância. Podia ouvir que a respiração do garoto começou a
acelerar e estava começando a se perguntar se o cara estava preste a ter um
ataque de pânico. Seguiu a linha de visão de Cullen, para ver o que o
assustou.
Perto da borda do círculo, nos degraus da frente do edifício, havia um
grupo de homens. Alguns estavam vestindo camisetas com Hemsworth Futebol
impressos nelas. Dylan assumiu, pelo tamanho de seus corpos, altos e
musculosos, acompanhados pela camisa, que deveriam estar no time de
futebol. Formavam um grupo forte e desagradável, apontando para as outras
pessoas e rindo. Não demorou muito para perceber que aqueles caras eram
idiotas.
— Foi para a escola com esses idiotas? — Perguntou Dylan. Ele não
conseguia descobrir o porquê, mas o incomodava ver Cullen em tal aflição.
Claro, o garoto era um nerd, obviamente, mas isso não significava que
merecesse ser perseguido e algo disse a Dylan que Cullen teve seu quinhão de
valentões.
— Sim. — Murmurou Cullen. Ele manteve a cabeça baixa e recuou um
passo para estar no outro lado do Dylan, fora do grupo de linha de visão dos
jogadores de futebol.
— Então, presumo que não são amigos? — Dylan riu. Estava fazendo
o seu melhor para aliviar o clima.
— Poderia dizer isso. — Cullen empurrou os óculos no nariz, mas com
a cabeça baixa em direção ao chão os fez deslizarem de volta para baixo. — A
menos que considere empurrar alguém num armário ou chamá-lo de nomes
seja sinal de amizade.
Dylan olhou para trás, em direção ao grupo de homens, e raiva
borbulhou em seu intimo. Não tinha certeza de por que se importava tanto,
mas o fez. Só de olhar para Cullen, qualquer um podia ver que o cara não
poderia machucar uma mosca. Um vento forte o levaria embora, se não
tivesse cuidado.
O que mais incomodou Dylan foi que costumava ser como aqueles
caras. Os de uma grande multidão que todo mundo queria ser uma parte, o
cara que iria tirar sarro de outra pessoa, apenas para seu divertimento, mas
não era mais assim. Dylan odiava o seu passado e se recusava a permitir que
os anos de faculdade de Cullen fossem tão maus como os de seu ensino
médio.
— Está tudo bem, cara. — Colocou a mão na parte de trás do pescoço
de Cullen e deu um aperto suave. Era o que Asa fazia quando ele não estava
se sentindo bem. Parecia fazer o truque, porque Cullen finalmente olhou para
ele. — Não deixe que idiotas como estes cheguem até você. Estamos na
faculdade agora. Terão de crescer e deixar de serem provocadores.
— Ah, merda, garotos! — A voz fez a multidão em torno deles ficar
em silêncio. — Olha quem está aqui. — Dylan olhou para cima para ver um
cara com o cabelo castanho desgrenhado e um grande sorriso em seu rosto
andando até eles.
— Aparentemente, a sua teoria está errada. — Cullen sussurrou.
Dylan podia sentir o corpo de Cullen tremendo sob onde sua mão
estava em seu pescoço. O garoto estava realmente com medo e isso não era
legal. O cara andando na direção deles era enorme. Era uns quinze
centímetros mais alto que Cullen e uns trinta quilos mais pesado, talvez mais.
— Ei, Cul... Cul... Cullen... — O homem gaguejou num tom
zombeteiro. — É este o seu novo namorado?
Cullen não disse uma palavra. Seus ombros curvaram e ele parecia
menor do que antes.
— Quem está perguntando? — Dylan levantou uma sobrancelha. —
Seu ex?
O comentário teve o efeito desejado. As pessoas perto deles que
ouviram o que estava acontecendo começaram a rir. Mesmo alguns dos amigos
do idiota riram.
— Você acha que é um cara engraçado, né? Pense que está perto de
ser batido por levantar-se por seu namorado. — O cara se aproximou e
empurrou-o no peito. — Quão engraçado acha que vai ser quando colocar meu
punho para baixo em sua garganta?
Dylan acabara de conhecer Cullen e não sabia se o rapaz era gay ou
hetero. Não era da conta dele. Dylan era tudo sobre a igualdade de
oportunidades e não importava qual era a orientação sexual de uma pessoa.
Seu irmão era gay e também conhecia outras pessoas homossexuais e ouvir
esse cara falar como se isso fosse algo para se envergonhar realmente o
irritou.
— Hmm. — Franziu os lábios e apertou os olhos. — Usar o punho e
forçar coisas na minha garganta. Agora, isso soa muito gay, se me perguntar.
— Mais risos se seguiram.
— Você, seu porra... — O homem cerrou a mão na camisa de Dylan.
Seu rosto era uma máscara profunda de vermelho e deu a Dylan uma pequena
fração de prazer saber que ele o causou.
— Bem-vindos novos calouros! — Uma voz alta, chamou a atenção do
público para frente. — Desculpe, estou atrasada. — A mulher mais velha
sorriu. — Vamos levar este show na estrada, certo?
— Isso ainda não acabou. — O homem empurrou Dylan no peito e
saiu com sua horda de seguidores idiotas atrás dele.
— Fodido idiota. — Dylan sacudiu a cabeça. Quantos anos eles
tinham? Queria gritar nas costas do cara porque isso era ridículo. Estavam na
faculdade agora e mexer com alguém, como ele fez com Cullen, era
desnecessário.
— Sim, Glenn sempre foi assim. — Cullen respirou fundo, depois
continuou. — Obrigado por me defender. Ninguém nunca fez isso antes.
— Não tem problema. — Dylan cutucou Cullen no braço. — Então, por
que Glenn te odeia tanto? — Perguntou curioso para saber por que, mesmo
após o ensino médio terminar, Glenn ainda perseguia Cullen.
— Não tenho certeza. — Cullen olhou para Dylan e sacudiu a cabeça.
— Sempre estive na parte inferior da cadeia alimentar, quando se tratava de
popularidade. Era tímido e me mantinha para mim mesmo. Acho que era um
alvo fácil. Na maioria das vezes, passava despercebido, mas por alguma razão
ele sempre me encontrava.
Soava como o típico valentão na opinião de Dylan. Foi como quando
estava em forma de lobo e caçava. A mente de seu lobo assumia e a meta era
sempre a mesma: achar os mais fracos e derrubá-los.
— Espere um minuto. — Dylan levantou a mão. — Acabou de dizer
que era tímido? — Cullen concordou. — Mas você veio até mim e começou uma
conversa. Isso não é a ação de alguém que é tímido.
— Eu não sei. — Cullen deu de ombros. — Você parecia uma boa
pessoa, então pensei que ia ter uma chance.
Algo dentro do peito de Dylan aqueceu-se com essas palavras. Cullen
pensou que ele parecia uma pessoa agradável. Essa foi a primeira vez. Em sua
velha matilha, as pessoas temiam Dylan. Ele não era gentil e tirava sarro das
pessoas. Mudar-se para Silver Creek trouxe-lhe esperança de que poderia
mudar quem costumava ser e as palavras amáveis de Cullen deu-lhe essa
esperança.
— Obrigado, cara. — Dylan sorriu.
— Ok. — Cullen sorriu de volta. Seus olhos pareciam um pouco
incertos, mas Dylan ignorou.
A oradora terminou seu discurso e dividiu os alunos em pequenos
grupos. Dylan e Cullen ficaram juntos quando excursionaram por todo o
campus. Não viram Glenn novamente, pelo que Dylan estava grato. Se esse
cara o atacasse de novo, não tinha certeza se seria capaz de manter a sua
palavra a Asa. Brigar não resolve nada, mas com certeza fazia uma pessoa se
sentir bem e Dylan realmente queria colocar Glenn em seu lugar.
Esse era o velho Dylan falando, mas, às vezes, na vida, é preciso ser
o macho alfa e mostrar o seu domínio; e Dylan usaria sua força shifter para
um bem maior. Tinha que proteger seu novo amigo. Certamente, Asa
entenderia.

Capítulo 3

— Merda. — Cooper gemeu quando olhou para o relógio. Estava


atrasado para a reunião de calouro.
Fechou seu armário e correu, saindo do vestiário. Se ele se
apressasse, poderia recuperar o atraso com o grupo. Felizmente, o campus
estava bastante deserto. As aulas só começariam, oficialmente, no dia
seguinte e assumiu que as pessoas estavam fora se divertindo, antes do início
das aulas. Cooper não teve esse luxo. Sua vida foi consumida com o futebol
desde que se formou no ensino médio, em maio. Foi-lhe oferecida uma bolsa
de estudos para jogar em Hemsworth e os treinadores se certificaram de que
seu investimento estivesse em condições superiores de jogo.
Futebol sempre foi uma grande parte de sua vida, desde que era
criança. Começou como algo que ele e seu pai faziam juntos, quando ele
estava em casa de licença, e tornou-se mais. Adorava olhar para cima nas
arquibancadas e ver seus pais aplaudindo-o. Era uma das maiores memórias
que tinha de seu pai. O sorriso no rosto e o orgulho em seus olhos faziam
Cooper se sentir como se fosse o rei do mundo.
Mas, isso foi há muito tempo atrás. Seu pai morreu quando tinha
nove anos. Um helicóptero levou sua vida, juntamente com outros dez
Marines. Não era justo, mas a vida não era justa. Cooper teve de crescer sem
o pai, mas o mesmo fez um monte de crianças. O pai de Cooper pode não ter
sido muito presente enquanto estava crescendo, mas quando seu pai estava
em casa, estava em casa. Cuidava de Cooper e sua mãe, e gostava de ver
Cooper em campo e, por causa disso, Cooper nunca pensou em desistir.
Sentia como se seu pai ainda estivesse cuidando dele, enquanto
jogava. Era uma loucura dizer isso, mas se sentia mais próximo de seu pai
quando estava no campo de futebol. Mesmo sabendo que seu pai não estava
nas arquibancadas aplaudindo-o, ainda olhava lá pra cima. Não era tão triste
quanto parecia, porque sua mãe estava lá. Não importava o seu horário de
trabalho no hospital, ela ia a cada jogo.
Cooper virou a esquina e se dirigiu para o grande pátio em frente ao
edifício da administração. Viu grupos de pessoas indo em direções diferentes.
— Ei, Higgins! — Cooper virou para ver seu melhor amigo Glenn
acenando para ele. — Traga sua bunda aqui.
Cooper sorriu, enquanto ia até Glenn.
— O que perdi?
— Nada. — Glenn bocejou. — Algumas senhoras falando sobre como
estes iriam ser os maiores anos de nossas vidas ou alguma merda. — Glenn
inclinou a cabeça para o lado. — Tenho certeza que a nossa diretora do ensino
médio nos deu o mesmo discurso sobre o ensino médio.
— Provavelmente. — Cooper riu.
— Coop, homem, o treinador o manteve até mais tarde? — Evan,
outro bom amigo de Cooper, estendeu a mão para Cooper agarrar.
— Sim. — Cooper engoliu o rosnado que queria deixar sair. Amava o
futebol, mas sentia como se seu treinador estivesse lhe empurrando o maldito
esporte garganta abaixo. Realmente precisava de uma pausa ou, pelo menos,
uma maneira de aliviar o seu stress.
— Não fique tão chateado. — Glenn cutucou suas costelas com o
cotovelo. — Não tem muitos calouros que já começam jogando.
— Só estou começando, porque o outro running back foi convocado
para a NFL. — Cooper ouviu o treinador falar sobre o quanto ia sentir a falta de
Nash.
— Sim e isso significa que tem que estar lá fora, no campo de futebol,
fazendo o que faz de melhor, em vez de assistir do lado de fora. — Glenn
cutucou novamente, um pouco mais forte. — Seja grato, mano.
O grupo que estavam era conduzido por um professor mais
velho. Cooper pensou ouvir o cara dizer que ensinava física ou algo dessa
natureza. Caminharam ao redor do edifício de ciência com o professor
apontando cada classe. Cooper achou um pouco chato, mas não reclamou.
Depois disso, o professor levou-os de volta para o lado para a
biblioteca que ficava do lado esquerdo.
— Oh, olhe, Glenn. — Evan começou a rir. — É o seu novo melhor
amigo.
— Foda-se, Evan. — Glenn estalou. — Esse cara tem sorte que não
posso arrebentar-lhe a boca.
— O que estão falando? — Cooper parou para ver quem Evan estava
apontando.
— Um cara estava falando alguma merda para Glenn. — Evan não
conseguia parar de rir. — Foi a coisa mais engraçada que já vi em muito
tempo.
— Mais uma vez, vá se foder, Evan. — Glenn empurrou o ombro de
Evan.
Cooper inclinou a cabeça para olhar para o cara. Seus olhos se
arregalaram quando percebeu quem era o homem em questão. Era magro,
com cabelo louro claro, curto nos lados com um pouco de comprimento na
parte superior que estava penteado para trás. Cooper só podia ver o perfil do
rapaz, mas foi o suficiente para o seu batimento cardíaco acelerar um pouco
mais rápido em seu peito. Gostaria de poder ver de perto, mas não queria que
seus amigos tivessem quaisquer ideias. Glenn estava discutindo com Evan,
então Cooper levou o seu tempo olhando melhor.
O homem tinha os braços cruzados sobre o peito, escutando a sua
guia. Tinha a pele de pêssego, macia e cremosa. Cooper podia ver que uma
bochecha estava num tom claro de rosa, provavelmente, por estar de pé no
sol. Seu nariz era reto e estreito e os seus lábios — oh, Deus — eram cheios,
numa tom de rosa escuro. O cara era um modelo?
Cooper sentiu seu pênis se contrair em seu short de ginástica e
mudou sua postura para tentar cobrir sua excitação crescente. Não haveria
nenhuma maneira de ser capaz de explicar a seus amigos porque ficou com
tesão, no meio de um lugar público. Nunca o deixariam em paz. Cooper sabia
o que achava atraente numa pessoa, mas não contou a seus melhores amigos
que se interessava por homens e não por mulheres.
Cooper manteve seu segredo por tanto tempo, que se tornou um
hábito manter seus pensamentos para si mesmo. Ouvia o modo como seus
amigos faziam piadas sobre as pessoas que achavam que era gay e não queria
que o tratassem assim. Isso fazia dele um covarde, mas não estava pronto
para se assumir e mudar toda a sua vida. Estava na faculdade e tinha o
futebol. Não era como se tivesse tempo de namorar de qualquer maneira.
— Quem é esse? — Perguntou Cooper, incapaz de resistir.
— Não sei. — Glenn zombou. — Está saindo com Cullen, então estou
supondo que é seu namorado.
— Cullen? — O nome soava familiar.
— Sim, Cullen Ford, do ensino médio. — Glenn disse como se
pensasse que Cooper devesse saber disso.
Cooper se lembrou de Cullen da escola. Iam para a escola juntos
desde o jardim de infância, uma vez todos eram amigos, até que chegaram ao
ensino médio. Aquele tempo que todo mundo estava ficando mais alto e mais
forte, seus corpos crescendo, exceto Cullen. Ele era um cara pequeno, que era
inteligente, então, naturalmente, as pessoas começaram a provocá-lo. Cooper
nunca teve qualquer problema com Cullen. Ele era um garoto tímido e quieto,
que nunca causou problemas, praticamente se mantinha na dele. Glenn, por
outro lado, viu isso como uma fraqueza e intimidava Cullen,
implacavelmente. Se não fosse por Cooper, Glenn poderia ter realmente
prejudicado Cullen.
— Que diabo, homem? — Cooper bateu no braço de Glenn com as
costas da mão. — Estamos na faculdade agora. Por que ainda continua
mexendo com ele?
— Não estava mexendo com ele. — Glenn tentou defender suas
ações. — Estava apenas brincando com ele.
— Cara, somos adultos agora. É hora de crescer e parar de aterrorizar
as pessoas. — Cooper colocou o braço em volta dos ombros de Glenn e seguiu
atrás do resto do grupo.
Cooper olhou para trás para olhar mais uma vez, depois focou em
ouvir o guia.
Uma das desvantagens de cursar a faculdade na cidade em que
cresceu, era que não estava escapando das besteiras do ensino médio. Cooper
se sentia mal por Cullen e realmente esperava que Glenn parasse a porcaria do
bullying.
Outras escolas fizeram ofertas para Cooper participar de suas
universidades, mas não estava pronto para sair de casa. Era apenas ele e sua
mãe e não queria deixá-la sozinha. Tinha um tio que via algumas vezes por
ano e os pais de sua mãe, mas viviam no Novo México, portanto não os via
muito, também. Sua mãe nunca disse isso, mas Cooper sabia que estava feliz,
por ter decidido ficar em Silver Creek.
Também não queria magoar alguns de seus amigos mais próximos,
então decidiu ficar em Silver Creek. Glenn e Evan, que eram seus amigos
desde a pré-escola, receberam ofertas para jogar para Hemsworth e sua ex-
namorada, agora melhor amiga, Brooke também decidiu ir para lá. Hemsworth
tinha um excelente programa de enfermagem e Brooke não podia recusar a
bolsa de estudos que lhe foi oferecida.
Fora seus amigos, estava mais animado que Brooke escolheu
ficar. Ela foi a única namorada que já teve, a única pessoa com quem teve
relações sexuais e também era a única pessoa em sua vida que conhecia o seu
grande segredo. Era fácil se assumir para Brooke, sendo que ela saiu primeiro
para ele. Eram amigos desde o ensino fundamental e grudados durante todo o
ensino médio. As pessoas pensavam que um dia acabariam se casando, mas o
fato de que ambos eram gays, significava que isso nunca ia acontecer.
Cooper tinha um pouco de inveja de Brooke. Ela teve a coragem de
fazer o que ele não podia, viver abertamente sua vida, sem se preocupar que o
mundo soubesse que era lésbica. Brooke era a garota dos sonhos de cada
indivíduo. Era linda, com seu longo cabelo loiro ondulado, a pele bronzeada do
sol, grandes olhos azuis e um corpo maravilhoso. Era magra, mas seu corpo
tinha curvas nos lugares certos, o sonho da maioria dos homens e, para
completar, era inteligente. Brooke tinha um cérebro e o usava bem.
Foi apenas depois que se formaram que ela finalmente saiu do
armário auto imposto. Estavam na casa de Cooper uma noite e estavam
falando, quando ela se levantou e disse tudo, e que estava com medo. Brooke
era, secretamente, apaixonada por sua melhor amiga, Kimmy, durante os
últimos cinco anos. Kimmy era a namorada de Glenn. Para encurtar a história,
Kimmy admitiu a ela, também, que tinha sentimentos por Brooke e agora
estavam num relacionamento de longa distância. Kimmy foi aceita na
Universidade Estadual de Ohio, mas Brooke e Kimmy não se preocupavam com
quantos quilômetros as separando. Estavam comprometidas em fazer o
relacionamento dar certo.
Cooper estava com ciúmes disso. Sua melhor amiga tinha uma vida
amorosa que parecia um roteiro de filme de Hollywood. Desejava que fosse
assim tão fácil e talvez fosse, mas não queria lidar com todas as besteiras de
se assumir. Seus amigos ficariam chocados, provavelmente o abandonariam e
poderiam fazer coisas estranhas no vestiário. Cooper sabia que a melhor coisa
para ele fazer era evitar isso, trabalhar duro, conseguir a melhor educação que
podia e, verdade seja dita, não encontrou qualquer um que o fez querer mudar
quem era e parar de se esconder.
Mas talvez fosse esse cara? A pequena voz dentro de sua cabeça
falou, lembrando-o do cara que viu no campus. Claro, o homem era atraente,
mas isso não significa nada. Quem sabia se era gay? Mas, Cooper não podia
negar que queria saber.
— Bem, se não é a garota que roubou minha namorada. — Disse
Glenn com um sorriso e, rapidamente, teve que se esquivar do punho de
Brooke.
— Idiota. — Brooke estreitou os olhos para Glenn e se aproximou
para dar um abraço em Cooper. — Como vai, Coop?
— Ótimo e você? — Cooper passou os braços ao redor da cintura fina
de Brooke e levantou-a do chão. Brooke gritou e começou a rir.
— Entediada. — Brooke deu um abraço em Evan quando Cooper a
colocou de volta em seus pés. — Estou pronta para começar a aula. — Ela
pulou de um pé pro outro.
—Fale por você, mocinha. — Glenn sacudiu a cabeça. — Alguns de
nós têm uma vida. Apenas está solitária porque sua menina está a quilômetros
de distância. — Glenn sorriu como se lhe desse algum tipo de prazer ver
Brooke chateada.
— Ciumento? — Brooke sorriu, largamente. — Não se preocupe,
Glenn. Quando Kimmy e eu nos vermos, na próxima semana, vamos recuperar
o tempo perdido. — Ela piscou para um irritado Glenn. Ela e Glenn não se
davam muito bem e qualquer chance de uma amizade se foi quando Kimmy
escolheu Brooke, em vez de Glenn. — De qualquer forma, estou saindo. — Ela
juntou as mãos. — O meu grupo está reunido na cafeteria ao lado. — Brooke
abraçou Cooper, disse adeus e saiu.
— Por que não foi para outra faculdade? — Glenn resmungou
baixinho, mas Cooper ainda ouviu.
— Ei, cara, ela é minha amiga. — Cooper colocou uma mão sobre o
peito de Glenn.
— Eu sei, mas ela tem que provocar? — Glenn bateu a mão no peito
de Cooper.
— Provocar? — Perguntou Cooper.
— Essa coisa de ser gay. — Glenn começou a andar novamente. — Me
deixa doente.
— Glenn. — Cooper agarrou Glenn pelo braço e virou-o para ele. —
Brooke é uma boa amiga minha e serei amaldiçoado se ficar parado e deixar
que fale mal dela. Entendo que isso deva doer, mas deixa pra lá, cara. Há uma
abundância de outras garotas aqui para ocupar seu tempo, certo?
— Sim. — Glenn disse depois de um momento de silêncio. — É
apenas irritante. Quero dizer, como pode aceitar tudo isso? Brooke era sua
namorada.
— Porque não era para ser, cara. — Cooper soltou um suspiro
profundo. — O coração quer o que quer e o coração de Brooke não me queria.
— Porra, cara, Brooke é quente e a Kimmy também. — Evan surgiu
entre Cooper e Glenn e envolveu um braço em volta de cada um deles. —
Vocês não podem, simplesmente, imaginá-las juntas?
Não, Cooper não podia. Isso não era a coisa dele, mas o sorriso no
rosto de Evan deixou claro que era o seu passatempo favorito. A expressão de
Glenn era um pouco difícil de ler, mas isso não importava. Cooper estava feliz
por Brooke e esperava que talvez um dia, assim como ela, fosse também. Não
apenas pela relação, mas a coragem de ser ele mesmo.
Capítulo 4

— Então, é um nativo de Silver Creek? — Dylan perguntou a Cullen,


quando se sentaram numa mesa no refeitório. A turnê terminou e uma vez que
Dylan estava morrendo de fome, pensou que deveria convidar seu novo amigo
para acompanhá-lo.
— Nascido e criado. — Cullen sorriu de orelha a orelha. — Meu pai
cresceu aqui e não poderia pensar num lugar melhor para me criar. Meu pai é
o melhor.
— Hum. — Dylan pegou o cheeseburger e deu uma mordida. — E a
sua mãe? — Perguntou com a boca cheia.
— Uh, morreu quando nasci. — Cullen olhou para a bandeja de
comida, mas Dylan podia ouvir a tristeza em seu tom e podia sentir o cheiro
flutuando dele em ondas.
— Sinto muito por ouvir isso, cara. — Dylan ofereceu uma batata frita
para Cullen. — Temos isso em comum, no entanto. — Dylan pensou que era
justo compartilhar sua história triste. Tinha a sensação de Cullen iria entender.
— Temos? — Perguntou Cullen, olhando para Dylan.
— Sim, meus pais morreram quando eu era apenas uma criança. Fui
criado por meu avô e irmão mais velho, Asa. — Dylan deixou de fora a parte
sobre como seu avô era e que matou seus pais. Não achava que Cullen,
realmente, precisava ouvir toda a sua roupa suja.
— Acho que temos isso em comum. — Cullen sorriu. Então, pegou o
sanduíche de peru e começou a comer.
Dylan e Cullen conversaram um pouco, enquanto comiam. Percebeu
que uma vez que Cullen começava a falar, o garoto não conseguia parar. Mal
parava tempo suficiente para comer sua comida e respirar um pouco. Teve a
impressão de que Cullen queria mostrar-se tranquilo, mas na realidade estava
ansioso. Passar todo o ensino médio sem amigos deve ter sido solitário. Podia
ver que, fisicamente, Cullen era menor do que a maioria dos rapazes da sua
idade e usava óculos grossos, mas aquelas eram apenas as coisas do lado de
fora. Sentado lá e ouvindo Cullen conversar, Dylan viu que havia muito mais
nesse cara. Era inteligente, engraçado e, do jeito que falava sobre seu pai,
muito carinhoso.
— Cullen Ford, é você? — Uma menina gritou do outro lado da sala.
Dylan olhou para cima e sobre o ombro de Cullen, para ver uma
mulher loira linda, sorrindo na direção deles. Cullen virou na cadeira e a
mulher acenou com a mão. A ação fez com que o ar ao seu redor se agitasse e
algo cítrico e achocolatado batesse bem no nariz de Dylan. Seu pulso acelerou
e seu pênis empurrou em seu jeans skinny.
A mulher caminhou através da multidão, em direção a sua mesa, no
canto. Dylan farejou o ar, novamente, apenas para confirmar se ela era a dona
daquele cheiro. Não era super forte, mas estava lá. Seu irmão lhe dissera para
ficar atento aos sinais quando encontrasse a sua companheira e, segundo Asa,
aroma era um fator importante. Asa disse que era como uma droga na qual
ele, instantaneamente, ficaria viciado e não seria capaz de controlar a reação
do seu corpo a ele. Era isso! Encontrou sua companheira e ela era de arrasar.
— Não sei o que fiz para merecer ela, mas obrigado, Jesus. — Dylan
murmurou sob a respiração, enquanto observava a mulher se aproximar. —
Quem é essa? — Dylan perguntou a Cullen.
— O nome dela é Brooke. Fomos ao colégio juntos. — Cullen se
levantou quando Brooke chegou a sua mesa. — Ei, Brooke. Esqueci que foi
aceita para Hemsworth.
— Como pode esquecer sua aluna favorita? — Brooke colocou os
braços em volta dos ombros de Cullen e abraçou-o.
— Aluna? — Dylan falou, sem nada melhor para dizer. Olhou para
Brooke da cabeça aos pés e a achou extremamente atraente, mas seu cheiro
não era tão forte como pensou que seria.
— Cullen era meu tutor de anatomia. Sem ele, não teria passado. —
Brooke sorriu para Dylan, então se inclinou sobre a mesa e estendeu a mão. —
Olá. Meu nome é Brooke.
— Sou Dylan. — Dylan estendeu a mão e passou os longos dedos em
torno dela, mas nada. Nenhuma faísca ou onda de calor, que eram comuns
quando companheiros se tocavam. No entanto, o cheiro ainda estava lá e
quando Cullen sentou e puxou a cadeira mais perto de Dylan, para abrir
espaço para Brooke, Dylan percebeu que Cullen agora cheirava a mistura de
laranja e chocolate.
Que diabos? Dylan olhou entre Brooke e Cullen, antes de se
tocar. Aquele cheiro, aquele que pertencia a sua companheira, foi passado
para Brooke e depois, quando ela abraçou Cullen, foi passado para ele. Que
bagunça. Como iria encontrar sua companheira? Brooke poderia ter andado em
torno de qualquer um. O campus universitário era grande, mas a cidade de
Silver Creek era ainda maior. Dylan não podia acreditar que tinha encontrado
sua companheira, mais ou menos, só para não saber quem era. A vida
simplesmente não era justa.
— Ela está exagerando. — Cullen balançou a cabeça. — Brooke
precisava tirar um B em anatomia. Não era como se fosse a pior da classe.
— Mas, sem a sua ajuda, não teria chegado a um A ou entendido
muito melhor as aulas. — Brooke cutucou Cullen com o ombro. — Cullen nunca
foi bom em aceitar um elogio. Acredite nas minhas palavras. — Brooke colocou
o braço em volta dos ombros magros do Cullen. — Ele é o cara mais
inteligente que conheço e, se tiver dificuldade com qualquer aula, pode chamá-
lo.
Dylan se sentou e ouviu a dois falarem. Não conseguia desviar o
olhar de Brooke. A mulher era totalmente o seu tipo, longo cabelo loiro
ondulado, estrutura do corpo petit, mas não ultrafino. Ela parecia inteligente e
tinha o sorriso mais brilhante e os olhos mais azuis. Era tudo que Dylan
esperava numa companheira. Por que não podia ser ela?
— Bem, é melhor eu ir. — Brooke se levantou. O pé de Dylan bateu,
nervosamente, no chão. Ele tinha o forte desejo de se levantar e segui-la. Ela
poderia ser a única a levá-lo a sua verdadeira companheira. Talvez uma de
suas amigas quentes. — Foi bom vê-lo, novamente, Cullen. — Se inclinou para
abraçar Cullen mais uma vez. — Não suma. Oh, bom te conhecer, também,
Dylan.
— Da mesma forma. — Dylan acenou quando a loira saiu correndo. —
Pensei que disse que não tinha nenhum amigo? — Perguntou Dylan.
— E não tenho. — As sobrancelhas de Cullen franziu sua testa. —
Brooke me pagou para ser seu tutor. Isso não é uma amizade. É uma
transação comercial.
— Cara! — Dylan jogou o guardanapo em Cullen, atingindo-o no
rosto. — Ela foi superagradável e superfofa. Não conseguia parar de tocá-
lo. Acho que tem uma queda por você. — Brooke pode não ser a sua
companheira, mas não havia nenhuma razão para que Cullen não pudesse ficar
com ela.
— Uh, isso nunca vai acontecer. — Cullen balançou a cabeça.
— Por que não? — Dylan se inclinou sobre a mesa, descansando
sobre os cotovelos. — Acha que não é bom o suficiente para ela ou algo assim?
— Não. — Cullen começou a rir. — Acho que sou do sexo errado para
ela.
— Sexo? — Dylan franziu os lábios, pensando. Cullen começou a rir
ainda mais e então, Dylan entendeu. — Ela é gay?
— Sim. — Cullen limpou as lágrimas de seus olhos. Suas bochechas
estavam ruborizadas. — Pelo que sei, ela tem uma namorada.
— Não brinca! — Dylan se mexeu em seu assento. Conhecia muitos
caras gays, seu irmão era gay, a maioria de sua matilha era gay, mas uma
mulher gay ainda era um conceito estranho para ele. Não deveria ser, mas
nunca encontrou uma lésbica antes.
Dylan esperou Cullen terminar seu almoço e caminhou com ele para o
estacionamento. Cullen não tinha um carro e Dylan ofereceu-lhe uma carona
para casa. Depois de largar Cullen, correu para casa. A tensão estava fazendo
seus músculos doerem e ficarem rígidos. Sua mente continuava agitada com
os pensamentos de sua misteriosa companheira. O cheiro que se agarrou a
roupa de Brooke estava gravado em seu cérebro. O lobo nele quis mudar e ir
ao redor, de porta em porta, para encontrar a dona daquele aroma inebriante,
mas isso era impossível, a menos que quisesse assustar toda a cidade.
Quando Dylan chegou a seu apartamento, estacionou seu carro e
entrou. O apartamento estava vazio, assim Dylan passou direto para seu
quarto. Deixou-se cair em sua cama, mas seu corpo não iria parar de se
mover. Suas pernas estavam empurrando num tique nervoso no chão e suas
mãos estavam em constante movimento. Era por causa de seu lobo. O lobo
queria sair para encontrar sua companheira, mas as mãos de Dylan estavam
amarradas. Não havia nada que pudesse fazer até que encontrasse a dona
daquele cheiro maravilhoso.
Precisava colocar pra fora de alguma forma essa sua
ansiedade. Dylan se levantou e, rapidamente, trocou de roupa, vestiu uma
camiseta leve e short de ginástica e saiu pela porta. Pegou em seus fones de
ouvido e colocou o telefone em sua faixa de braço, então correu. Dylan
começou sua corrida, indo ao redor da cidade. Se tivesse sorte, poderia pegar
um rastro do perfume de sua companheira.
Acenou para os outros membros de sua matilha que viviam em Silver
Creek. Viu Ryan em seu carro de polícia e bateu a mão no capô, enquanto
passava, rindo para si mesmo quando ouviu Ryan buzinar.
Dylan adorava correr. Era a única coisa além de estar com sua família
que lhe dava alegria. Se sentia livre e que nada poderia detê-lo. Não havia
nada como o vento em seu rosto e a queimadura que sentia em seus
músculos, enquanto empurrava-se mais e mais rápido.
Depois de fazer suas rondas em torno da cidade, Dylan se dirigiu
para a trilha que corria pela floresta que cercava Silver Creek. Era uma trilha
rústica, mas Dylan adorava. Correu o mais rápido que pôde e sentiu todos os
aromas e paisagens ao redor dele. Desde que o tempo ainda estava quente,
havia uma abundância de pequenas criaturas e pássaros brincando na
floresta. Se Dylan estivesse em forma de lobo, os animais não se sentiriam tão
livre em serem vistos.
Quanto mais Dylan corria, mais profundo dentro da floresta
entrava. As folhas das árvores eram grossas, proporcionando uma sombra
refrescante, enquanto se movia ainda mais para dentro da floresta. Dylan fez
uma pequena curva e um aroma decadente, azedo, encheu o ar. A curiosidade
levou a melhor sobre ele e Dylan seguiu seu rastro até que deu de cara com
um grande cervo. O animal estava deitado no chão, olhando sem vida para o
céu coberto de árvore. As entranhas do pobre animal foram rasgadas. Haviam
mordidas cruéis e marcas de garras ao longo de seu corpo.
Dylan sabia que era natural os animais caçarem e matarem outros
animais, mas este parecia ser um grande desperdício. Quase nada da carne foi
comida. Era quase como se tivesse sido morto apenas por divertimento. Dylan
olhou em volta, mas nada parecia estranho. Assumiu que o que atacou este
cervo ficou com medo e o deixou para morrer. Não cabia a Dylan punir
qualquer animal selvagem pela forma como fazia suas refeições.
Dylan virou-se e foi para o outro lado. Diminuiu o ritmo e iniciou uma
corrida constante. Tinha os fones de ouvidos e tudo o que podia ouvir era a
música estridente em seus ouvidos. O suor escorria pela sua testa, costas e
peito encharcando sua camisa. Dylan estendeu a mão puxou a bainha de sua
camisa para cima e enxugou o rosto. Um vento forte soprou através das
árvores, fazendo-a balançarem, mas também trazendo um cheiro mais perto
de seu nariz.
Era o perfume sedutor de laranjas e chocolate. Como um homem
possuído, Dylan arrancou seus fones de ouvidos e começou a correr. Empurrou
as pernas com mais força no chão, impulsionando-se para frente. Não podia
perder sua companheira. Dylan saltou sobre as árvores e arbustos grossos,
enquanto atravessava a trilha para chegar ao outro lado. Quanto mais se
aproximava, mais forte o cheiro ficava.
Dylan correu até a colina que o colocaria bem no caminho de sua
companheira. Quando chegou ao topo, colidiu com algo duro e sólido e por
está distraído, caiu ao chão, rolando com um corpo duro envolvido em torno
dele. Quando finalmente parou, Dylan estava em cima da outra pessoa. Seu
lobo chegando sob a superfície de sua pele e Dylan encostou o nariz perto do
pescoço suado, inalando profundamente o perfume adorável.
— Puta merda. — O homem debaixo de Dylan gemeu. — Você está
bem?
Dylan parou de se mover. Sentou-se, lentamente.
— Você é um homem? — O olhar de Dylan percorreu o rosto do
homem e desceu pelo seu peito. Seus olhos só confirmaram o que seu cérebro
já havia processado.
— Sim. — O homem riu. — O pênis entre as minhas pernas, que vejo
todos os dias, deixa isso claro. — O homem se levantou e olhou nos olhos de
Dylan. — Mas, falando sério, você está bem?
— Estou... — Dylan soltou uma respiração profunda. Seu cérebro
estava correndo um milhão de quilômetros por minuto. — Estou bem?
— Você está perguntando ou me dizendo? — O homem sorriu e foi
como se o sol começasse a brilhar, fazendo os dedos de Dylan se enrolarem e
seu pênis engrossar em seu short solto. Dylan estava sem palavras. Sua língua
parecia grossa e sua garganta seca como o deserto. — Meu nome é Cooper, a
propósito. — O homem levou as mãos para descansar sobre as coxas de
Dylan, então deve ter pensado melhor e mudou-as de volta para o
chão. Cooper olhou, profundamente, nos olhos de Dylan, lentamente, lambeu
os lábios e disse: — Te vi hoje cedo. Na orientação dos calouros.
Dylan podia ouvir as palavras saindo da boca de Cooper, mas não
estavam fazendo qualquer sentido. Sua mente estava uma bagunça, confusa,
principalmente, porque seu pênis estava pronto para sair e jogar com este
homem. Um homem. Pelo amor de deus, Dylan não sabia o que fazer ou dizer.
Dylan sempre gostou de mulheres, desde os nove anos. Amava estar
ao seu redor e ser o centro das atenções. Sabia que era um cara de boa
aparência e as meninas gostavam disso. Amava como o corpo macio e cheio
de curvas de uma mulher se esfregava contra o seu, o doce aroma de sua pele
e os gemidos felizes que fazia quando dava prazer a elas. Porra, uma mulher
era algo que Dylan sabia muito bem como satisfazer, mas um cara? Não tinha
nenhuma pista, embora seu corpo estivesse se preparando para descobrir.
No entanto, Dylan não tinha problema com dois homens juntos e
tinha que admitir que Cooper era um cara de boa aparência. Ele era lindo,
classicamente, bonito e construído como um jogador de futebol. Porra, era
todo músculo. Cooper tinha que ter mais de 1,83 de altura e tinha o cabelo
castanho curto e olhos azuis claros. Seu rosto era belo de todos os ângulos,
com uma delicada tez de pêssego, livre até mesmo da menor mancha.
Dylan olhou para o espesso peito do homem para ver que ele estava
vestindo uma camiseta com as mangas cortadas, aberta dos lados. Seu peito
suado, duro feito pedra estava, ligeiramente, exposto e um mamilo estava
duro de debaixo da borda irregular da camisa cortada. Não parecia decente e
fez a boca de Dylan encher de água.
— Meu... Meu nome é... É Dylan. — Dylan gaguejou. Era como se
tivesse perdido o controle de sua língua. Queria morrer ali mesmo no chão. Um
mar de emoções estava girando dentro de sua cabeça. Não havia como negar
isso. O cheiro de Cooper, a excitação incontrolável de Dylan e a sensação de
formigamento elétrica rastejando sobre cada centímetro de seu corpo era
suficiente para confirmar o que Dylan já sabia. Cooper era seu companheiro.

Capítulo 5

— Prazer em conhecê-lo, Dylan. — Cooper não poderia evitar o


sorriso nos lábios. Estendeu a mão para Dylan.
— Un-hm. — A boca de Dylan estava frouxa e seus olhos estavam tão
brilhantes, que era como se estivessem brilhando de dentro para fora. Cooper
achou que eram bonitos. Lembravam-lhe safiras escuras brilhantes. Dylan
piscou os olhos e foi como se algo estalou de volta no lugar para o outro
homem, e tentou levantar-se do colo de Cooper.
— Foda-se! — Dylan agarrou. — Sinto muito sobre isso.
Sem saber por que, exceto que não queria que Dylan se movesse,
Cooper estendeu ambas as mãos para descansar em cada lado da cintura de
Dylan. Não estava pronto para perder o contato que estavam compartilhando,
e ali, na floresta? Estavam a salvo de olhares indiscretos.
— Você não tem que se levantar. — Cooper disse rapidamente. —
Espere um momento e recupere o fôlego. — Cooper gentilmente esfregou as
mãos para cima e para baixo dos lados de Dylan. Podia sentir os músculos
tensos que revestiam o corpo magro.
Dylan era exatamente o tipo de Cooper. Todos os homens que
Cooper achou atraentes eram menores do que ele. Isso poderia fazê-lo parecer
machista e, não estava tentando feminizar um homem, mas Cooper queria
alguém pequeno o suficiente para poder abraçar, envolver seu corpo em seus
braços, alguém em quem poderia colocar o pau, sem ter que lutar pelo
domínio.
— Não tenho certeza se isso é uma boa ideia. — As bochechas Dylan
estavam um vermelho brilhante e não conseguia encontrar o olhar de Cooper.
— E por que não? — Perguntou Cooper. Podia sentir seu pau
endurecer e seus braços acabaram ao redor de Dylan, puxando-o para mais
perto. Era como se seu corpo fosse tomando o controle sobre o seu melhor
julgamento. Cooper não conhecia Dylan. Só o tinha visto uma vez antes e não
tinha certeza se era mesmo gay e aceitaria seus avanços, mas havia algo em
Dylan. Era como se, em algum nível espiritual, Cooper soubesse que aquele
homem não queria que fosse embora, que Dylan o queria tão mal. Não fazia
sentido, mas estava muito envolvido no calor de Dylan e seu corpo duro para
se preocupar com qualquer outra coisa.
Um gemido escapou dos lábios de Dylan quando Cooper moveu seus
quadris para frente, para o traseiro firme de Dylan. Não queria fazer isso, mas
o seu corpo ansiava pelo toque de Dylan.
Foi a vez de Cooper gemer quando Dylan deslizou para frente,
descansando seu traseiro direto sobre o seu eixo duro, em seguida, empurrou
para frente, deixando seu pênis, igualmente duro, cutucar Cooper no
estômago. Cooper não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Não
tinha se assumido para ninguém, e, tanto quanto o resto da cidade sabia, ele
era heterossexual. Se fosse pego ali na floresta, com outro homem, moendo-
se um contra o outro, isso seria muito ruim, mas saber todas as razões do
porquê deveria por um fim naquilo, o que quer que fosse, com Dylan não
parecia tão importante.
— Está tudo bem? — Cooper perguntou em voz baixa, áspera.
Olhando fixamente Dylan acenar com a cabeça. Dylan levantou as mãos e as
estendeu para tocar Cooper. Estava hesitante e puxou suas mãos para trás
algumas vezes, antes de deixá-las repousarem sobre seus ombros. No
momento em que fez contato, os olhos de Dylan se fecharam e inclinou-se
para Cooper.
— Não tenho certeza. — Dylan olhou para os olhos de Cooper e para
os seus lábios. Sua língua rosa serpenteou para umedecer os lábios e Cooper
sabia que era um caso perdido.
O ar ao redor deles parecia crepitar com energia sexual e Cooper não
sabia o que o possuía, mas estendeu a mão direita para agarrar suavemente
na parte de trás do pescoço de Dylan e puxou-o até seus lábios estarem
pressionados firmemente juntos. Dylan gemeu e sua boca abriu-se apenas o
suficiente para Cooper infiltrar a sua língua dentro da caverna quente,
molhada.
Dylan gemeu alto e começou a chupar a língua de Cooper, enquanto
apertava seus quadris em Cooper. A mente de Cooper era um redemoinho de
ruído branco, tirando toda sua razão. O beijo foi quente e molhado e liso, o
maior beijo que nunca tinha experimentado. O toque de Dylan estava
deixando-o louco, mas de um jeito bom.
Logo depois, Dylan se afastou. Engasgou com o ar e suas mãos
tremiam onde estavam sobre os ombros de Cooper. O peito de Cooper subia e
descia e não conseguia tirar os olhos de Dylan. Os lábios de Dylan estavam
inchados do beijo que compartilharam e formavam um belo vermelho. Cooper
estendeu a mão para puxar Dylan de volta para um beijo mais profundo, mas
Dylan saltou para seus pés.
— Tenho que ir. — Dylan se virou para sair.
— Espere um minuto! — Cooper levantou-se do chão. Assobiando
quando seu pau duro se ergueu, formando um ângulo embaraçoso. — Dylan,
espere um segundo. — Cooper estendeu a mão e agarrou a de Dylan. Apenas
o leve contato fez sua boca encher-se com o cheiro de Dylan, um aroma de
sabonete com cheiro fresco e chuva. Um momento de distração que deu a
Dylan a oportunidade que precisava para escapar.
Cooper ficou olhando quando Dylan desapareceu na floresta densa. O
cara nem sequer se preocupou com a trilha, apenas correu para dentro da
mata fechada.
— O beijo foi tão ruim assim? — Cooper perguntou a si mesmo.
Era uma pergunta que não teria uma resposta, porque Dylan foi
embora. Porra, o cara era rápido. Cooper pegou seu celular e fones de ouvido
do chão e voltou da maneira como veio. Caminhou em vez de correr, precisava
de tempo para pensar.
Uma parte dele estava ferida por Dylan, literalmente, correr para ele,
beijá-lo e fugir. Era loucura, estranho e devastadoramente impressionante,
tudo misturado. Não era a maneira que Cooper esperava conseguir o seu
primeiro beijo com um cara, mas não mudaria isso por nada no mundo. Bem,
talvez mudasse a parte em que Dylan fugiu dele, mas Cooper era uma pessoa
compreensiva. Imaginou que talvez Dylan não tivesse assumido para todos
sobre ser gay. Cooper estava na mesma situação. Se qualquer um de seus
amigos tivesse testemunhado aquilo, não tinha certeza de como teria reagido.
Realmente desejou que Dylan não tivesse fugido, mas não era como
se não pudesse encontrar o cara. Sabia onde Dylan frequentava a escola e, de
acordo com os seus amigos, foi visto saindo com Cullen Ford. Era um tiro no
escuro, mas talvez se encontrasse Cullen, encontraria Dylan também.
— O que estou fazendo? — Cooper parou para olhar para o céu. As
árvores estavam densas e cheias de folhas, portanto, apenas lascas de céu
azul apareciam. Cooper respirou fundo o ar fresco.
Desejou que soubesse o que fazer. Cooper não queria começar
qualquer drama para sua vida e se assumir para seus melhores amigos,
dizendo que preferia um corpo masculino, quente e duro, em vez de uma
mulher suave e com seios grandes, poderia causar muito comentário. Também
não sabia como os caras do time reagiriam se tivesse um homo no vestiário.
Cooper tinha lido muitos artigos sobre atletas homossexuais e com o que
tiveram que lidar, a discriminação e os insultos cruéis. Não queria fazer parte
disso. Apenas queria jogar futebol e fazer uma pós-graduação, com um
diploma em jornalismo. Se jogar futebol profissional não desse certo, queria
ser um analista de esportes. Jogar futebol para ganhar a vida era um tiro
longo, mas era seu sonho.
Não chegando a nenhuma solução, decidiu que era melhor dormir
com isso, para ver se ainda sentia essa necessidade profunda, esse fogo de
estar perto de Dylan, pela manhã. As coisas podiam parecer diferentes com
uma cabeça clara e um pau vazio.
Cooper ligou sua música e começou a correr.

****
— Merda, merda, porra, merda! — Dylan bateu com o punho fechado
contra a coxa, enquanto subia para seu apartamento. A vida estava tão
confusa agora. Até aquele dia, a maior decisão de Dylan era o que ia usar para
a aula de amanhã, e agora tinha que decidir o que fazer com toda a questão
“companheiro homem”. — O que vou fazer? — Dylan parou na porta da frente
e bateu a testa contra ela.
— O que diabos está fazendo? — Maurice perguntou por detrás dele e
Dylan saltou no ar.
— Nada! — Dylan engasgou. Estava com as costas pressionadas
contra a porta, rezando para que seu cunhado não tivesse visto nada através
dele. Dylan realmente não tinha vontade de falar sobre os seus problemas
agora, principalmente, sobre o companheiro do sexo masculino que tinha
acabado de sugar o rosto com na floresta.
Oh, Deus! O pau de Dylan se contraiu em seus shorts soltos com o
mero pensamento de Cooper. As ásperas e quentes mãos do homem quando
tocou suas laterais e a parte de trás. A suavidade de seus lábios cheios,
enquanto se beijavam. O cara era perfeito.
— Você está bem? — Maurice segurava duas sacolas de
supermercado nos braços e empurrou o queixo em direção a porta, para Dylan
abri-la. — Parece um pouco pálido e suado.
— Estou ótimo. — Dylan abriu a porta e pegou uma das sacolas de
Maurice. — Fui para uma corrida depois da orientação de hoje.
— Como foi? — Perguntou Maurice. — Fez amigos?
— O quê? — Dylan deixou cair a sacola que estava segurando sobre o
balcão e virou-se para enfrentar Maurice. — O que quer dizer, amigos?
— Amigos, pessoas de sua própria idade que saem juntas. — Maurice
arqueou uma sobrancelha e apertou os olhos em Dylan. — O que você tem?
Está agindo de forma estranha.
— Nada. — Dylan disse rápido. Limpou as mãos pegajosas nas coxas
e riu. Tinha de parar de agir estranho ou Maurice não iria deixá-lo sozinho.
Dylan adorava Maurice e estava feliz que fosse o companheiro de seu irmão,
mas era como um cachorro com um osso se achasse que algo estava errado
com Dylan. Maurice era como uma mãe excessiva. — Apenas toda essa
energia correndo através de meus ossos. A faculdade é um grande negócio. —
Dylan forçou um sorriso. — E, sim, fiz um amigo. Seu nome é Cullen. Cresceu
aqui em Silver Creek. Bom garoto.
Dylan deixou de fora a parte sobre o encontro com Cooper. Não
tinham decidido se seriam amigos. Ser companheiros e tatear o outro na
floresta, realmente não queria dizer que eram amigos.
— Sim? — Maurice inclinou-se para colocar o leite no frigorífico. — É
bom ouvir isso. Asa e eu estávamos um pouco preocupados com isso. —
Maurice ficou de frente para ele. Dylan franziu a testa, sem saber o que seu
cunhado queria dizer com isso.
— Preocupados com o que, exatamente? — Perguntou Dylan,
cruzando os braços sobre o peito.
— Oh, você sabe. — Maurice para ele. — Toda essa lasca em seu
ombro que é maior do que a sua cabeça. Você é bom para nós e a matilha,
mas conhecer novas pessoas não é realmente a sua coisa.
— Não é a minha coisa? — Dylan olhou para Maurice.
— Ok, posso ver que está ficando chateado. — Maurice ergueu as
mãos na frente dele. — Vamos mudar de assunto.
— Oh, não. — Dylan sacudiu a cabeça. — Quero saber o que pensam
de mim. Acha que sou um idiota ou algo assim?
— Querido, isso é um fato. — Maurice piscou seus cílios para Dylan.
— Mas, falando sério, deixe-me perguntar-lhe isto. Está vivendo em Silver
Creek por quase dois meses agora. Quantos amigos fez? — Dylan abriu a boca
para começar a nomear as pessoas, quando Maurice acrescentou: — Que não
seja da matilha.
Bem, aquilo mudou tudo. A resposta era nenhum. Dylan não tinha
nenhum amigo além da matilha de Nehalem. Não tinha tempo para coisas
triviais como essas. Ser amigos dos humanos era difícil. Teria que esconder
seu segredo deles e fingir ser mais fraco e mais lento do que realmente era.
Dylan odiava ter que fingir ser algo que não era, mas depois de conhecer
Cullen, a opinião de Dylan estava começando a mudar. Não doeu que seu
companheiro também fosse um humano.
Merda! Tenho um companheiro humano. Um companheiro humano
homem. Merda, merda, merda! O queixo de Dylan cerrou e apertou os dentes.
Aquele dia foi cheio de primeiras vezes.
— Ok, você tem um ponto. — Dylan se empurrou para fora do balcão.
— Mas estou tentando. Cullen é uma pessoa agradável e temos algumas aulas
juntos. Estou aberto a conhecer novas pessoas, seu idiota. Prometo. — Dylan
se aproximou de Maurice e deu-lhe um abraço.
— Bom, Dyl. — Maurice apertou-o com força. — Amo você, Dylan, e
só quero que seja feliz aqui, em Silver Creek.
— Eu sou. — Dylan se afastou de Maurice e se dirigiu para o corredor.
Entrou em seu quarto e fechou a porta. Caminhou até sua cama e
deixou-se cair, de cara. Enrolou os braços sob seu travesseiro e aconchegou-se
a ele. Toda vez que fechava os olhos, via o olhar cheio de luxúria de Cooper
sobre ele. Seu pau ficou duro e Dylan gemeu. Era um total caso perdido, mas
não havia como voltar atrás agora. Tinha que ver isso e seria um mentiroso se
dissesse que não estava olhando para frente.

Capítulo 6

O som estridente do relógio despertador de Dylan o acordou.


Estendeu a mão para desligá-lo, mas a coisa não parava de tocar.
Dylan soltou um rosnado baixo, agarrou o relógio e o jogou do outro
lado do quarto. O som dele se quebrando em pedaços minúsculos foi o que o
fez sair da cama.
Esfregou os seus olhos e bocejou.
Tinha ido para a cama logo depois do jantar, alegando que queria ter
uma boa noite de sono antes do início das aulas amanhã, mas era uma
mentira.
A tensão em seu corpo estava tão apertada que o fez se tornar
excessivamente nervoso, e, para adicionar insulto à injúria, o seu pau não iria
para baixo.
Ficar sentado durante todo o jantar com um pau duro em sua calça,
enquanto ouvia Maurice, com seu entusiasmo em relação a iniciar o seu
primeiro ano de faculdade na Hemsworth, e assistir Asa com os olhos
arregalados, fixos em Maurice, foi uma tortura.
Quando Dylan finalmente se deitou na cama, olhou para o teto por
umas boas duas horas, se masturbou duas vezes, e ainda não conseguiu
adormecer. Não tinha certeza de quando finalmente cochilou, mas isso não
importava. Fosse qual fosse o sono que conseguiu, este não fez nada pelo seu
corpo ou mente. Estava exausto e seu pau estava ferido de tanto tocar a si
mesmo.
— É assim que ter um companheiro vai ser? — Dylan olhou para o seu
pau semiereto e dolorido, o que não foi de nenhuma ajuda, pois apenas pensar
em Cooper o deixou totalmente duro, fazendo Dylan gemer em desespero.
Não querendo se debruçar sobre isso, levantou, tomou banho, se
vestiu, e depois saiu de casa. Disse a Cullen que era para encontrá-lo na
escola e não queria se atrasar.
Dylan e Cullen tiveram sua primeira aula no mesmo edifício, mas com
diferentes professores. As salas estavam um pouco cheias, mas Dylan tinha
que admitir que fosse refrescante. Não era como na escola, onde uma pessoa
ficava nervosa por ter sido julgada e em constante medo de ser perseguida. As
pessoas que Dylan viu pareciam estar focadas em si mesmas e não lhe deram
uma segunda olhada. Estavam todos no mesmo lugar porque escolheram, não
porque tinham que fazer.
— Vamos nos encontrar depois da aula de Literatura Inglesa? —
Dylan perguntou a Cullen. Eles não tinham nenhuma aula juntos, mas tinham
um monte dentro dos mesmos edifícios e ao mesmo tempo. — Podemos
almoçar juntos?
— Sim, claro. — O rosto de Cullen se iluminou. — A gente se vê
depois.
Dylan se sentiu um pouco mal com o quão animado Cullen estava por
sair com ele. Não queria imaginar como foi para Cullen na escola secundária,
nessa matéria. Dylan se lembrou de como tratava as pessoas e não queria
deixar sua mente vagar de volta para aquele tempo de escuridão. Esta era a
sua segunda chance e não iria desperdiçá-la olhando para trás.
Com mais um olhar na direção de Cullen, só para ter certeza de que
ele chegou sem problemas na sua classe, Dylan se virou e entrou na sua sala
de aula.
Não podia deixar de ser um pouco protetor de Cullen. Um pedaço de
Dylan pensava que protegendo Cullen e se tornando o melhor amigo que
poderia ser para o jovem, de alguma maneira estaria se redimindo por todas
as vezes que não tinha sido uma boa pessoa. Era um desejo tolo, mas não
queria ser o cara mau, e ajudava que realmente gostasse de Cullen.
Sua primeira aula foi de cálculos. Dylan não ligava muito para a
matemática, mas sempre se sobressaiu nela. Números vinham fáceis para ele,
e depois de falar com um dos conselheiros da faculdade, quando se matriculou,
achou prudente olhar para um grau de contabilidade ou de negócios. Dylan
não tinha nenhuma pista sobre o que gostaria de ser quando se formasse, mas
era bom ter opções.
O professor falou pela primeira hora, expôs seu plano de aula e
explicou a primeira tarefa de casa, que deveria ser entregue na sexta-feira.
Quando terminou de falar, à hora tinha passado, então dispensou a classe.
Dylan agarrou sua bolsa, empurrou seu notebook dentro e saiu. Esperou por
Cullen, então, juntos, saíram do prédio em que estavam e atravessaram o
pátio para o prédio de Inglês. Cullen tinha algum tipo de aula de redação e
Dylan tinha Literatura Inglesa.
Dylan se sentou na parte de trás e descansou em sua cadeira. A
professora, uma senhora mais idosa, falou com muita paixão quando explicou
o trabalho do curso para o semestre. Ainda conseguiu deixar Dylan animado
para ler um livro escrito mais de cem anos atrás. Quando a aula terminou, já
tinha passado quinze minutos do horário. Nenhum dos estudantes pareceu
notar até que houve uma batida na porta
— Merda! — Dylan murmurou para si mesmo, enquanto recolhia seus
pertences. Tinha dito a Cullen que iriam ir para o refeitório juntos e agora
estava atrasado. A última coisa que queria era que Cullen pensasse que o
tinha abandonado.
O corredor estava bastante vazio quando Dylan saiu da sua classe.
Andou por ele até chegar onde era a aula de Cullen, mas a porta estava
fechada e trancada. Dylan deu de ombros e assumiu que Cullen já devia ter se
dirigido para o refeitório.
Dylan passou a alça da sua bolsa em ambos os ombros e saiu pela
porta lateral. O sol estava no auge, e o campus estava vivo com a atividade.
As pessoas caminhavam ao longo da calçada, algumas de bicicletas, indo para
onde quer que precisem ir.
Tornou-se realmente aparente para Dylan que os calouros do
primeiro ano se destacavam dos alunos do segundo ano. Tinham os olhos
arregalados, testas suadas e mãos cerradas com nódulos brancos segurando
suas bolsas, da mesma forma que já tinha visto algumas vezes naquele dia.
Era o primeiro ano de Dylan também, mas não ia pensar nisso. Ficar chateado
e pirando não iria torná-lo um aluno melhor.
Dylan desceu os degraus da frente e virou à esquerda, em direção ao
refeitório. Tinha acabado de dar um passo nessa direção quando ouviu um
pequeno gemido seguido de uma risada ruidosa. Dylan virou a cabeça para
pegar o cheiro e, lá estava, tinta e papel, as duas coisas que Dylan associava
com Cullen. Girou sobre os calcanhares e seguiu seu nariz. Ele o levou para o
outro lado do prédio onde viu não só Cullen, que estava sendo empurrado
contra a parede, mas o idiota do Glenn.
— Não é tão durão quando o seu namorado não está aqui, não é? —
Glenn tinha o rosto tão perto de Cullen que seus narizes se tocaram. —
Quando lhe fizer uma pergunta, quero que me responda, Cullen.
— Ele... Ele é... Ele não... Não... Meu-meu namorado. — Cullen
gaguejou. O som saiu triste e patético, e Dylan odiou a forma como Glenn riu
de Cullen.
— Ei, idiota! — Dylan gritou. — Você não tem mais nada para fazer, a
não ser incomodar outras pessoas durante todo o dia?
Dylan fez o seu melhor para engolir a sua raiva. Prometeu ao seu
irmão que não iria causar problemas ou usar a sua força shifter contra
ninguém. Era difícil manter essa promessa quando viu o medo nos olhos de
Cullen
— Você de novo. — Glenn se afastou de Cullen para olhar para Dylan.
— É melhor simplesmente ir embora, antes que te foda pela merda que puxou
ontem.
— Merda que puxei? — Dylan apontou para si mesmo. — Você foi o
único a incomodar o Cullen. Não fique puto por atacar as pessoas e não gostar
de ser atacado de volta.
Dylan acenou para que Cullen viesse para ele.
— Olha, cara, não estou procurando causar nenhum problema, mas
essa merda precisa parar. Cullen não fez nada para incomodá-lo, então por
que apenas não deixamos por isso mesmo? Você o deixa sozinho e te deixarei
sozinho.
— Você está falando sério? — Glenn sacudiu a cabeça e começou a
rir. — Realmente acha que pode me vencer?
— Vamos, Dylan. — Cullen envolveu seus dedos esbeltos e suados em
torno do pulso de Dylan, tentando puxá-lo para longe. — Vamos embora.
— Sim, acho. — Dylan deu um passo para mais perto de Glenn,
empurrando Cullen atrás dele. — Pelo menos, seria uma luta justa, ao
contrário de você empurrando Cullen ao redor. Diga-me, Glenn, isso o faz se
sentir como um homem, intimidando alguém muito menor do que você? Te
deixa duro? — Dylan disse a última parte em voz baixa e ameaçadora.
— É isso. — Glenn estufou o peito, respirando profundamente. —
Você está morto. — Puxou seu braço direito para trás, com o rosto contorcido
de raiva.
Dylan firmou os pés no chão e fechou o punho ao seu lado. Ele
poderia tomar um soco. Precisava de para ferir um shifter, assim, a menos que
Glenn fosse atropelá-lo com um caminhão, estava confiante de que ia dar tudo
certo.
— Glenn, que merda!
Ambos, Glenn e Dylan, se viraram para ver quem estava correndo em
direção a eles.
Cooper.
Dylan o viu antes do cheiro do outro homem encher suas narinas. Ele
estava vestindo uma camiseta branca, com um bolso no lado superior direito
do seu peito e bermuda cargo, de cor cáqui. Seu cabelo castanho desgrenhado
balançava ao vento, enquanto corria em direção a eles.
Observou enquanto Cooper se aproximava. Era como se ele estivesse
se movendo em câmera lenta.
— Cooper? — Perguntou Glenn. — O que está fazendo aqui?
— Poderia estar me perguntando a mesma coisa. — O olhar de
Cooper parou em Dylan, então se moveu por cima do ombro dele até Cullen.
— Ei, Cullen, como vai?
— Bem. — Respondeu Cullen, mas não levantou a cabeça para fazer
contato visual com Cooper.
— E você é? — Cooper perguntou a Dylan.
Sério? Não tivemos esta conversa ontem à noite, logo depois que
teve sua língua empurrada na minha garganta? Dylan pensou.
— Dylan. — Disse ele com os dentes cerrados.
Pela forma como Cooper se manteve lançando olhares em direção a
Glenn, ficou óbvio que seu amigo não sabia sobre a sua tendência de beijar
outros caras. Ótimo. Não só o seu companheiro era um cara, mas um cara que
estava trancado em um armário. Era uma coisa clichê para dizer, mas foda-se.
Dylan não estava em caras até que conheceu Cooper, de modo que isto tudo
era novo para ele também, e nunca negaria o seu companheiro para ninguém,
mas o mesmo não poderia ser dito sobre Cooper. Tinha que ser o cérebro
humano fazendo-o agir estupidamente.
— Prazer em conhecê-lo, Dylan. — Cooper estendeu a mão, mas
Glenn a afastou com um tapa.
— Não, não estamos fazendo amizade com esta fada sugadora de
pau. — Glenn zombou.
— Lá vem você com essa conversa de sugadores de pau de novo. —
Dylan levantou a sobrancelha e sorriu. — A maneira como tem procurado o
pobre Cullen me faz pensar que talvez queira que ele chupe o seu pau.
Dylan não poderia se segurar. Mesmo que fosse uma espécie de gay
agora, ainda se sentia ofendido com os comentários de Glenn. Dylan não tinha
a menor ideia se Cullen era gay ou não, mas, mesmo que ele fosse, isso não
era motivo para Glenn perturbá-lo assim. Já era o suficiente.
Glenn voltou-se para Dylan. Suas mãos tremiam. Seu rosto tinha
adquirido um tom áspero de vermelho e Dylan poderia dizer que Glenn estava
preste a perder seu controle a qualquer minuto.
— Glenn, homem, deixa isso pra lá. — Cooper agarrou Glenn pela
parte de trás da camisa e o puxou para trás.
Glenn soltou uma respiração profunda, seus lábios se curvaram,
expondo seus dentes brancos e retos. Parecia um cão rosnando.
— Sim, vamos.
Dylan observou enquanto Cooper e Glenn se afastavam. Cooper
olhou por cima do ombro, sua expressão era de tristeza, mas Dylan não se
importava. Não era culpa dele nada do que tinha acontecido. Glenn era um
idiota. Isso era tudo o que importava.
— Você está bem, Cullen? — Dylan se virou, ficando de costas para
Cooper e Glenn.
— Sim. — Os dedos de Cullen apertaram as alças da sua bolsa.
— O que aconteceu? — Dylan apontou por cima do ombro em direção
a Glenn.
— Vi que você ainda estava na sala de aula, então pensei que poderia
me dirigir para o refeitório para conseguir uma mesa. — Cullen olhou para
Dylan. — Estava apenas andando quando ele ficou ao meu lado, colocou o
braço em volta dos meus ombros e me virou para o outro lado do edifício. Eu...
— Os olhos de Cullen se arregalaram. — Dylan, cuidado!
Dylan se virou bem a tempo de ver o punho de Glenn voando para o
seu rosto. Ele caiu no chão, apertando a mão sobre o lado da sua bochecha.
— Glenn, seu imbecil! — Cooper gritou quando puxou Glenn de volta.
— O que diabo está errado com você?
Cooper caiu de joelhos ao lado de Dylan. Ergueu a mão como se
estivesse indo tocá-lo, mas puxou para trás como se tivesse sido queimado.
— Você está bem?
— Fabuloso! — Dylan disparou.
A raiva e dor corriam através do seu sistema como uma droga,
fazendo seu lobo querer sair para jogar. A besta interior não era submissa a
ninguém e, tanto o lobo quanto Dylan, queria fazer Glenn pagar, mas a sua
metade humana sabia que não era uma opção.
— Pegue o seu amigo e vá embora. — Disse Dylan em voz baixa e
grave. Seus dentes estavam se alongando em pontas afiadas, o fazendo ter
que manter seus lábios puxados para baixo, ao redor dos dentes em
crescimento.
Cooper olhou para Dylan, como se implorando, mas pelo quê não
sabia. Não ia delatar Cooper sobre o que fizeram na floresta. Não importava
quão idiotas os amigos com que ele saia fossem, Dylan nunca se inclinaria tão
baixo quanto fazer algo parecido com isso.
Cooper se levantou, pediu desculpas novamente e se foi, atrás do seu
amigo.
— Você está bem, Dylan? — Cullen estendeu a mão para ajudar Dylan
a se levantar.
— Sim, estou bem. — Dylan abriu e fechou a boca algumas vezes,
trabalhando sua mandíbula. — Ele bate como uma menina. — Falou sorrindo,
na esperança de deixar Cullen à vontade. — Vamos. — Dylan começou a
caminhar de volta pelo caminho que veio. — Vamos comer. Estou faminto.
O dia tinha começado ótimo. Suas aulas correram sem problemas,
Cullen e ele estavam se dando bem, e tinha grandes esperanças de descobrir
sobre este negócio de acasalamento com Cooper, mas tudo foi para o inferno
em um minuto.
Mas não era tudo culpa de Glenn, também. Ver seu companheiro
apenas ficar lá e não fazer nada para defendê-lo, foi como levar um tiro no
peito. Que tipo de companheiro faria algo assim? Dylan nunca iria ficar de
braços cruzados e deixar que alguém atacasse Cooper.
Este deveria ser o momento mais feliz da sua vida, conseguiu um
novo começo em uma nova cidade, mas não era. Desde que Maurice entrou na
vida de Asa e viu o quão feliz seu irmão estava, ansiava por aquela merda.
Também queria alguém para amá-lo incondicionalmente, para estar lá para ele
sem hesitação e que não tivesse vergonha de quem ele era. Agora que tinha,
finalmente, encontrado seu companheiro, queria saber como funcionava a
política de devolução para um companheiro não desejado.

Capítulo 7

— Você é um babaca. — Cooper não podia conter sua raiva. Não


podia acreditar no que tinha acabado de presenciar e, mais do que isso, não
podia acreditar que não fez nada sobre isso. Glenn era seu melhor amigo
desde sempre, mas no momento em que o viu perto de Dylan, algo em Cooper
disparou. Não gostou da forma como Glenn estava falando com ele e, depois,
quando bateu em Dylan? Queria arrancar a cabeça de Glenn dos seus ombros.
Glenn tinha sido um idiota falastrão durante anos. Cooper sempre
chamava a atenção dele, o que faria com que Glenn parasse de implicar com
as pessoas por cerca de uma semana, antes de começar novamente. Isso
incomodava Cooper, mas o que deveria fazer? Glenn era seu melhor amigo,
mas, naquele exato momento, não importava. Odiava Glenn pelo que tinha
feito. Pela maneira que Dylan o olhou, com nojo e repugnância em seus olhos,
não havia nenhuma maneira que conseguiria um segundo beijo do homem.
— O quê? — Glenn agarrou Cooper pelo ombro. — Eu que sou o idiota
aqui? Você está falando serio?
Glenn levantou o braço e apontou na direção que tinham acabado de
se afastar.
— Esse cara mereceu. Ele fala um pouco demais.
— Oh, sim. — Cooper empurrou as mãos dele e cruzou os braços
sobre o peito. — Parece com alguém que conheço muito bem, Glenn.
Cooper não queria pensar que Glenn fosse tão estúpido, mas estava
começando a se perguntar. Será que ele não via que foi o único que procurou
Cullen, e Cooper ainda não entendia por que Glenn estava fazendo isso,
ameaçar Cullen e Dylan?
— Você está ficando do lado daquele punk ao invés do meu?
Glenn deu um passo ameaçador em direção a Cooper, estufando o
peito.
— Guarde-o, Shepard. — Cooper deixou cair os braços para os lados,
com as mãos fechadas em punhos. — Sabemos que irei chutar o seu traseiro e
te vencer, se puxar essa porcaria em mim.
— Porra, Coop. Sinto muito. — Glenn passou a mão pelo cabelo preto
e grosso.
— Não diga que sente muito para mim. — O maxilar de Cooper doía
de cerrar os dentes. — Não sou aquele a quem deve um pedido de desculpas.
Quero dizer, merda, Glenn. Você realmente tinha que atacar Dylan?
Mais do que tudo, isso era o que mais irritava Cooper.
— Ei! — Glenn gritou. — Ambos conseguiram o que procuraram.
Fodidos idiotas gays.
— Conseguiram o que procuraram? — Cooper franziu a testa,
tentando muito duro não socar a cara do seu melhor amigo por ser um babaca
ignorante. — Você escuta si mesmo? Realmente, não estava lá quando tudo
isso começou, mas deixe-me adivinhar como foi, porque sempre é da mesma
maneira. Você procurou Cullen e foi atrás dele. — Cooper apontou um dedo
para o peito de Glenn. — E bateu em Dylan, porque ele te repreendeu sobre o
seu comportamento idiota. Deus! Como ainda somos amigos, homem?
Cooper virou as costas e saiu. Estava cansado dessa conversa.
— Coop, homem. Vamos lá... — Glenn correu atrás dele. — Estava
apenas brincando, é tudo, tendo um pouco de diversão.
— Tendo um pouco de diversão? — Cooper olhou por cima do ombro
para Glenn. — Alguma vez parou para pensar que talvez essa merda não seja
divertida para Cullen?
Parou e se virou para o amigo. As bochechas de Glenn estavam
vermelhas e ele continuava abrindo e fechando os punhos. Podia ver que Glenn
realmente estava chateado. Mas por quê? Por que Glenn procurava
constantemente Cullen para perturbá-lo? Se tivesse deixado Cullen em paz,
nunca teria entrado em atrito com Dylan.
Cooper se lembrou de algo que sua mãe lhe disse quando era apenas
um menino e uma menina em sua classe ficava lhe perturbando. Ela havia dito
que a menina provavelmente tinha uma queda por ele. Depois disso, Cooper
percebeu que um monte de meninos e meninas fazia isso. Era uma maneira de
flertar. Poderia ser que, em algum lugar lá no fundo, Glenn gostasse de Cullen
e estivesse com ciúmes de Dylan?
— Por que é que sempre escolhe Cullen como alvo, Glenn? — Cooper
sabia que era um grande tiro, mas tinha que perguntar. — Cullen é o cara
mais legal e mais tímido nesse mundo de merda, e ainda assim você sente a
necessidade de tornar sua vida miserável. Fez isso na escola secundaria, no
ensino médio e, agora, na porra da faculdade. Qual é o seu negócio? É como
se não pudesse ficar longe dele, ou algo assim.
— Aonde quer chegar, Higgins? — Os lábios de Glenn se achataram
numa linha reta, suas narinas dilatavam a cada ingestão de ar.
— Não sei Shepard. — Cooper disparou de volta, usando o sobrenome
de Glenn. Só o usava quando estavam brigando e a contração da mandíbula de
Glenn deixou Cooper saber que não passou despercebido por seu amigo. — Por
que não me conta? Você é o único que continua causando este drama.
— Sabe o quê? Foda-se. — Glenn começou a andar e quando passou
por Cooper, esbarrou no seu ombro.
— Glenn! — Cooper gritou para o amigo, esperando que parasse, mas
ele não o fez. Era provavelmente o melhor, porque Cooper não sabia o que
diria. Esta era uma situação fodida, que Cooper tinha realmente esperado que
fosse acabar uma vez que se formou no colegial. Não importava o quanto
Glenn negasse, havia algo em Cullen que mexia com ele, e Cooper realmente
desejava saber o que era.
Olhou para o relógio e viu que só tinha quinze minutos até a sua aula
de sociologia começar. Ficou observando até Glenn sumir de vista e se dirigiu
para a sua classe. Quando o professor terminou sua palestra, estava morrendo
de fome.
Juntou suas coisas e se dirigiu para o refeitório. Realmente deveria
ter pegado algo para comer antes da sua última aula, mas o pequeno
desentendimento entre Glenn e Dylan tomou todo o seu tempo livre.
— Ei, Coop. — A voz alegre de Brooke o fez olhar para cima. —
Espere.
— Ei. — Cooper sorriu para Brooke. — Como está o seu dia?
— Bastante impressionante. — Brooke saltava um pouco quando
andava. Era um sinal de que estava em um bom humor.
— Até agora, todos os meus professores me amaram e falei
com Kimmy ao telefone, então, sim, bastante surpreendente. E quanto a você?
— Oh, você sabe. — Cooper fez um som de clique com o seu rosto. —
O mesmo de sempre, o mesmo de sempre.
— O que aconteceu? — O sorriso amigável caiu dos lábios rosados de
Brooke. Seus grandes olhos azuis escureceram.
— Nada. — Disse balançando a cabeça.
— Não me venha com essa besteira de nada. — Brooke colocou as
mãos nos quadris e o olhou. — Posso dizer que está chateado, assim derrame,
senhor.
Ela começou a bater o pé.
— Não é nada, realmente. Glenn está apenas sendo um imbecil.
Cooper colocou a mão no ombro de Brooke para fazê-la andar
novamente.
— O que há de novo nisso? — Brooke permitiu que Cooper a
conduzisse em direção ao refeitório. — Então, o que ele fez agora?
— Encurralou Cullen Ford.
Isso foi tudo o que Cooper precisava dizer. Viu o reconhecimento
nos olhos de Brooke. Tinha havido muitas vezes, no passado, em que ela tinha
defendido Cullen de Glenn.
— Glenn é um idiota! — Brooke gritou. — O que o pobre Cullen fez
para ele? — Ela fez uma pausa como se estivesse esperando uma resposta, em
seguida, continuou. — Nada, isso é o que ele fez. O pobre rapaz tem medo da
sua própria sombra, graças a esse fodido louco. — Brooke respirou fundo. —
Filho da puta!
— Droga! — Cooper riu. — Seu vocabulário se torna mais vulgar
quando está com raiva.
— Só porque sou uma loira bonita, com peitos grandes, não significa
que não sou desbocada. — Brooke pegou um elástico que estava enrolado em
seu pulso e prendeu seu cabelo em um rabo de cavalo. — Sou livre para
pensar e dizer o que quiser. E digo que Glenn é um filho da puta.
— Tenho que concordar com você, hoje. — Cooper manteve a porta
do refeitório aberta para Brooke, em seguida, entrou. — Ele não só estava
empurrando Cullen, mas socou o seu amigo Dylan na cara, isso por que ele o
estava defendendo. Pode acreditar nessa merda?
Cooper agarrou uma bandeja e foi até o balcão de sanduíche.
— Glenn bateu em Dylan? — Brooke agarrou o braço de Cooper. —
Dylan, o cara que é dessa altura — Brooke levantou a mão algumas polegadas
acima da sua cabeça. — Com o cabelo louro, olhos azuis e o sorriso mais doce
do mundo, esse Dylan?
— Espere um minuto. — Cooper virou a cabeça para o lado. — Você
também o conhece?
— Sim. — Brooke assentiu. — Conheci ontem. Ele estava com Cullen.
Cara agradável, e gosto dele ainda mais agora que sei que defendeu Cullen.
— Bem, você não pode gostar dele. — Uma onda de ciúme queimou
no estômago de Cooper. — Você é lésbica, lembra?
— Oh, mas ainda vejo como ele é.
Cooper olhou para Brooke para vê-la sorrindo de orelha a orelha.
— Você gosta de Dylan e é por isso que está tão chateado com Glenn.
Não é apenas toda a coisa com Cullen que te deixou assim.
— O quê? Por favor. — Cooper zombou. Podia sentir o calor do rubor
cobrindo as suas bochechas. Agarrou um sanduíche, batatas fritas e uma
bebida, e correu para o caixa. Ainda podia ouvir Brooke rindo atrás dele.
— Oh, vamos lá, Coop. — Brooke seguiu atrás dele para uma mesa
perto das janelas da frente. — Você gosta de Dylan?
Brooke tinha um brilho nos seus olhos.
— Não vou parar a menos que fale comigo, senhor. Vou incomodar o
seu traseiro o dia todo.
Cooper não duvidava disso. Deu uma olhada em volta para ver se
algum dos caras do time de futebol estava ao redor. Não se importava de
discutir sua vida amorosa, ou a falta de uma, com Brooke, mas não queria
expor todos os seus negócios na frente dos seus companheiros.
— Gosto. — Empurrou a bandeja do almoço para o lado. Não estava
mais com muita fome.
— Isso é incrível. — Brooke estendeu a mão para bater no braço dele.
— É hora de entrar na cena do namoro. Você não pode ser um virgem para
sempre, sabe.
Brooke espertou seu garfo na sua salada e deu uma grande mordida.
— Não sou um virgem. — Cooper cutucou a perna da sua cadeira. —
Perdemos nossos cartões V juntos, lembra?
— Sim, mas não o seu cartão de V no sexo gay. — Brooke bufou.
— Você tem uma boca suja. — Cooper apontou um dedo para ela. —
Como é que Kimmy faz com isso?
— Oh, querido, ela ama minha boca suja. — Brooke sacudiu sua
língua para lamber em torno dos lábios. Cooper fez um som de engasgos e ela
riu. — Pelo menos os meus chamados lábios sujos — Brooke fez aspas no ar.
— conseguem um beijo doce dos lábios macios e sedosos da minha namorada.
Os olhos de Cooper se arregalaram com a menção de beijar. Ele
também tinha conseguido um beijo doce dos lábios macios de Dylan na noite
anterior. Apenas a lembrança já deixava o seu pau em posição de sentido.
Rapidamente, voltou a olhar para o seu prato de comida, pegou seu sanduíche
de peru e tomou uma mordida enorme.
— Coop. — Brooke se inclinou sobre a mesa. — Conheço esse olhar.
Fale.
— Nós meio que nos beijamos. — Cooper estremeceu quando disse
isso em voz alta, com medo do teto começar a desmoronar sobre a sua
cabeça.
— Cale-se! — Brooke lhe deu um tapa novamente no braço. —
Realmente? Como foi? Então ele é gay. Oh, meu Deus, isso é tão emocionante.
— Brooke estava falando tão rápido que nem devia estar respirando.
— Foi ótimo. — Cooper sorriu, enquanto se lembrava da sensação de
ter Dylan apertado em seu peito e contra o seu pau duro. Não queria que esse
momento acabasse, mas Dylan tinha fugido e não havia nada que pudesse
fazer sobre isso.
— Bem, isso é alguma coisa, certo? — Brooke deu outra mordida em
sua salada. — Quero dizer, pelo menos, sabe que ele é gay.
— Bem, não estou tão certo sobre isso. — Cooper explicou
rapidamente como se encontraram enquanto corriam na pista e como
acabaram se beijando, então Dylan decolou.
— Talvez ele não seja totalmente fora, como você. — Brooke deu de
ombros. — Talvez fosse o seu primeiro beijo com um cara. — Falou balançando
as sobrancelhas.
— Talvez.
Esperava que fosse o caso, mas depois daquele dia, não tinha certeza
se o que aconteceu ainda importava. Ele tinha fodido tudo. Cooper tinha
apoiado e assistido quando seu amigo deu um soco no cara, com quem queria
ficar nu. Algo lhe dizia que Dylan não iria perdoar tão facilmente.
— Mas depois do que aconteceu hoje, vou ter sorte se Dylan me der a
hora do dia.
— Dylan parece ser um cara legal. Tenho certeza de que não vai te
julgar duramente só porque tem péssimo gosto na escolha de amigos.
— Pode ser essa minha única esperança. — Cooper tomou um gole da
sua garrafa de água.
— Olha, Coop. — Brooke empurrou seu prato para longe na frente
dela. — Se gosta de Dylan e quer buscar algo com ele, precisa mostrar o seu
verdadeiro eu, não esta farsa de cara hetero, que coloca para fora para o resto
do mundo ver. Seja verdadeiro e espere que isso seja o suficiente para Dylan.
Quero dizer, merda. — Brooke revirou os olhos. — Agora que ele sabe que é
amigo de Glenn, pode pensar que é um idiota intolerante, também.
— É disso que tenho medo.
— Não se estresse, Coop. — Brooke colocou a mão em cima da dele.
— Significa apenas que tem que trabalhar duro para conseguir o que deseja.
Se realmente gosta de Dylan, então não desista. Desistir é fácil, mas dar uma
chance para algo, que pode vir a ser grande, precisa de monte de coragem.
Vamos Super Cooper. É a sua vez de pegar o cara.
Cooper amou seu entusiasmo e ela estava certa. Dylan poderia ser o
primeiro cara pelo qual Cooper se encontrou atraído, mas era mais do que
apenas luxúria hormonal puxando-o para Dylan. Não podia explicar, mas sabia
que se deixasse Dylan ir, se arrependeria pelo resto da sua vida.
Capítulo 8

Até o final do dia, a bochecha de Dylan parou de latejar. A pele na


área atingida passou de vermelha para um rosa apagado. Estava se curando e
ficaria melhor até o dia seguinte. Dylan estava contente por conseguir passar o
dia inteiro sem encontrar Asa ou Maurice. Eles ficariam chateados ao saber que
esteve em uma briga. Mesmo não tendo começado, deveria ter feito o melhor
para evitá-la.
Depois da última aula do dia, Dylan esperou Cullen no carro e levou
seu amigo para casa. Cullen estava de bom humor, falando animadamente
sobre a aula de escrita que estava tendo. Seu entusiasmo ajudou a diminuir
um pouco da raiva e irritação de Dylan em relação a Cooper.
Deixou Cullen em casa e voltou para a sua. O apartamento estava
vazio quando chegou. Acabara de entrar na cozinha quando o telefone
começou a tocar.
— Olá. — Dylan disse enquanto abria a porta da geladeira.
— Hey, primo! — A voz de Carson era muito alegre. — Gostaria de
tomar conta de seu pequeno primo favorito? — Perguntou Carson, referindo-se
a seu filho, Riley.
— Quando e a que horas? — Dylan sorriu. Uma forma de levantar seu
humor era ficar com Riley à noite.
Quando Dylan esteve pela primeira vez em Silver Creek, foi para
raptar Carson e seu filho, Riley. Parecia um longo tempo atrás, mas foi apenas
há alguns meses. Estava grato, porque, mesmo depois de tudo, Carson e seu
companheiro Ryan lhe permitiram se aproximar de Riley. Achava que tinha
algo a ver com Riley gostar tanto de Dylan.
Dylan imediatamente se afeiçoou ao pequeno Riley. O menino estava
tão cheio de esperança e felicidade, que transmitiu isto a Dylan. Queria estar
perto de Riley na esperança de ter uma dose de sua inocência pura.
Fez um sanduíche e deixou um bilhete para Asa e Maurice sobre onde
estaria. Agarrou sua bolsa com seu dever de casa de cálculo dentro dela e
saiu.
— Droga, garoto. — Ryan se assustou quando Dylan bateu a porta. —
O que aconteceu com seu rosto?
—Bati na porta. — Dylan evitou Ryan e entrou na casa.
—Mais como o punho de alguém. — Ryan fechou a porta e seguiu
Dylan. — Está tudo bem? Asa viu isso? — Ryan estendeu a mão para tocar o
rosto de Dylan, onde punho gordo de Glenn deixou uma marca vermelha.
— Sim e não. — Dylan afastou a mão de Ryan. — E gostaria de
mantê-lo assim.
— Dylan. — Ryan estreitou os olhos para ele. — Você está em algum
tipo de problema?
— O quê? — Dylan zombou. — Não. Por que tem que ser algo que eu
fiz? — Dylan sacudiu a cabeça para ajudar a afastar a sua raiva por ter sido
acusado de ser culpado. — Uma pessoa foi agredida, ok? Parece que após anos
sendo um valentão, não aguento ver uma pessoa ser agredida pelos outros.
— Eu diria que é uma coisa boa, garoto. — Ryan acariciou Dylan,
bagunçando com a mão o estilo perfeito de seus cabelos.
— Cara! — Dylan riu quando saltou longe.
— Ei, você aí, Dyl. — Carson caminhou pelo corredor e seu sorriso
sumiu quando olhou para Dylan. — O que aconteceu com seu rosto?
— Nada, bebê. — Ryan colocou o braço em volta dos ombros de
Carson e conduziu-o para a porta. — Dylan tomou pontapé de alguém. Vai
desaparecer em poucas horas. — Ryan piscou para Dylan sobre a cabeça de
Carson e Dylan sorriu em agradecimento. — Vamos jantar. Estaremos de volta
em duas horas. Chame se precisar.
— Eu sei o que fazer. — Dylan acenou para o par, quando deixaram a
casa.
Assim que se foram, trancou a porta da frente e foi cuidar de Riley.
Encontrou o rapaz em seu quarto, brincando com a pista de corrida Hot
Wheels, que ganhou em seu aniversário.
— Ei, homenzinho. — Dylan se sentou ao lado de Riley.
— Dilly! — Riley pulou e abraçou Dylan ao redor do pescoço. — O que
aconteceu com seu rosto? — O pequeno nariz de Riley ficou amassado quando
tocou a marca na bochecha de Dylan.
— Defendi meu amigo. — Dylan levemente bateu Riley no nariz. —
Alguém estava sendo cruel com ele sem nenhum motivo.
— Isso não é bom. — Riley cruzou os braços sobre o peito e apertou
os lábios. — Papai e papai disseram nunca ser mau para os outros. Eles dizem
para tratar os outros como gostaria de ser tratado.
— É um bom conselho. — Dylan se levantou e estendeu a mão para
pegar Riley. — Vamos fazer o jantar. Estou faminto.
Depois do jantar, Riley ajudou Dylan a limpar a cozinha e depois
foram para a sala assistir à TV. Riley se inclinou contra Dylan, com as pernas
chutadas em cima do sofá.
Na mesinha ao lado do sofá estava uma foto de Ryan e Carson. Dylan
pegou e olhou para ela. Os dois homens estavam sorrindo. Carson estava
olhando para a câmera, mas Ryan estava olhando para Carson. A fotografia
tinha capturado o amor compartilhado entre os dois companheiros. Era doce e
romântico, e fez Dylan desejar a mesma coisa. Estava cercado por casais
acasalados, felizes e apaixonados, e se perguntou se alguma vez seria dessa
forma para ele e Cooper.
— Dilly, você está bem? — Riley se sentou de joelhos e olhou para a
foto nas mãos de Dylan em seu rosto. — Está triste?
— Não, amigo. — Dylan pôs a imagem em cima da mesa. — Só
pensando, é tudo.
— Sobre o quê? — Perguntou Riley, sempre tão curioso.
— Se algum dia terei um amor como seus pais, ou meu irmão e
Maurice. — Dylan sorriu.
— Você vai! — Disse Riley com toda a confiança no mundo, que
apenas um menino de quatro anos de idade poderia ter. — Meus vovôs dizem
que shifters têm companheiros e isso é o melhor tipo de amor. Vovô Sky disse
que é impossível escapar dele.
— Mas e se encontrar um companheiro que não é o que esperava, ou
não é muito agradável, ou te deixa irritado? — Dylan fez a pergunta em voz
alta, não tendo certeza por que estava tendo essa conversa com um menino
de quatro anos de idade.
— Oh, isso é simples. — Riley revirou os olhos. — Papai Cars disse
que o pai era assim.
— Não diga! — Dylan mordeu o lábio para não rir. Ele tinha ouvido a
grande história de amor de Carson e Ryan, um caso de amor de conto de
fadas. Era bonito ver Riley falar sobre isso.
— Simmm! — Os olhos de Riley se arregalaram e ele acenou com a
cabeça. — Papai não era muito agradável para o papai Cars, que me contou
um segredo. — Riley acenou para Dylan chegar mais perto. — Disse que teve
de fazer papai sofrer para perceber o que realmente possuía. — Riley deu de
ombros. — Não sei o que isso significa, mas, o que quer que seja, funcionou.
Meus pais são felizes e o amor deles é de ir para a lua e voltar.
Dylan pensou sobre o que Riley disse. Talvez pudesse fazer algo
assim com Cooper. O vínculo de acasalamento estava crescendo mais forte a
cada minuto que passava e não tinha certeza de quanto tempo poderia
aguentar sem falar com Cooper, mas estava disposto a arriscar. Talvez se o
seu companheiro percebesse que o desejo ultrapassava o vínculo de
acasalamento, talvez tirasse a cabeça de sua bunda ou, pelo menos, se
tornassem melhores amigos, porque esse cara Glenn era um idiota que só iria
causar problemas.
— Sim, eles se amam, Ri, e amam você ainda mais. — Dylan se
inclinou para beijar Riley na testa.
Dylan nunca esperava ter aconselhamento de namoro de seu primo
de quatro anos, mas, naquele momento, tomaria o que pudesse. Afinal,
observava Carson e Ryan. As coisas funcionaram para eles. Deu esperança a
Dylan e, realmente, era tudo o que poderia pedir.

*****
Cooper não estava no melhor dos humores, já que não conseguia
pegar Dylan sozinho desde quarta-feira. Toda vez que viu o homem, o rosto
carrancudo de Dylan era o suficiente para lhe mostrar para ficar a distância.
Odiava essa distância que estava aumentando entre eles, mas não entendia
por que se importava tanto. Não era como se ele e Dylan se conhecessem há
muito tempo. Foi ficando cada vez mais frustrado no decorrer do dia e não
ajudava que ele e Glenn ainda não estavam se falando, mas isso não era culpa
de Cooper.
Teve sua última aula do dia e foi para o treino de futebol. Teriam seu
primeiro jogo em casa no dia seguinte à tarde e uma combinação de emoção
pelo jogo e estresse, por não ser capaz de falar com Dylan fizeram o estômago
de Cooper amarrado em nós.
Quando virou a esquina do prédio de Arte e Fotografia, ouviu uma
risada alta familiar. Cooper sorriu ao balançar a cabeça. Reconheceria a risada
de Brooke a um quilometro de distância. Ele se dirigiu na direção da
lanchonete, apenas para parar, quase tendo um ataque cardíaco quando viu
com que ela estava falando.
Dylan e Cullen estavam de pé em frente a ela, rindo de algo que ela
dissera. O punho de Cooper fechou apertado e seus olhos se estreitaram,
enquanto observava Brooke dar um tapa leve no braço de Dylan e depois
Cullen cutucar o lado do corpo de Dylan.
Por que estão tocando-o tanto, maldição? Cooper queria gritar com
eles, mas não gritou. Mordeu a língua com tanta força, que pode provar o
gosto cobre e amargo que encheu a boca.
Não tinha certeza de quanto tempo ficou lá, antes de Dylan e Cullen
dissessem adeus à Brooke e fossem para o estacionamento. Assim que se
foram, Cooper tomou um caminho direto e mais curto para Brooke.
— Que diabos foi isso? — Cooper sussurrou.
— Olá a você também, luz do sol. — Brooke riu.
— Que seja. — Cooper puxou as correias da mochila, aborrecido. — O
que estava fazendo com Dylan? Pensei que gostasse de vagina, não de pau. —
Cooper teve que suprimir o estremecimento com suas palavras duras.
— Uau! Esta merda de novo? — Os olhos de Brooke se arregalaram.
Ela fez um barulho com a língua. — Vou deixar essa passar porque está
claramente tendo um momento de ciúmes agora. Confie em mim, Coop, não
estava dando em cima de seu namorado. Estávamos conversando. Acredite ou
não, Dylan e Cullen são meus amigos, também.
— Brooke. — Cooper fechou os olhos e respirou fundo. Não devia
jogar sua frustração sobre ela e não havia necessidade de ser rude, tampouco.
— Sinto muito.
— Sei que lamenta. É por isso que não vou bater em você. — Brooke
piscou e sorriu. — Não quero ser uma cadela aqui, mas já considerou, talvez,
falar com Dylan? Sei que está preocupado com o que ele poderia dizer depois
de toda aquela coisa com Glenn, mas pode sempre pedir desculpas por ser um
covarde e não se colocar- ao lado de seu amante. — Brooke sorriu.
— Ele não é meu amante. — Cooper se aproximou para sussurrar.
— Mas você quer que seja.
— Brooke. — Cooper gemeu. — Eu não procuro…
— Cale a boca. — Brooke levantou a mão na frente do rosto de
Cooper. — Não me venha com a porcaria que está muito ocupado. Está apenas
com medo. Sei que é um jogador de futebol macho e não quer ser incomodado
pelos outros caras da equipe, especialmente pelo seu melhor amigo, Glenn. —
Ela fez um barulho de engasgo. — Mas acho que ficaria surpreso em saber
quantas pessoas homossexuais existem no campus. Este não é o ensino
médio. Ninguém realmente se importa com o que está fazendo. Estão
preocupados com a sua própria merda.
— O que vou fazer? — Cooper ergueu o punho fechado e bateu contra
a testa. Brooke deu tantos pontos positivos e ele odiava que, mais uma vez,
estava mais preocupado com o que os outros pensavam.
— Cooper, pare com isso. — Brooke agarrou seu braço, mas Cooper
não parou. — Cooper! — Ela gritou. Ele parou o que estava fazendo e olhou
para ela. — Pelo amor de Deus, machucar a si mesmo e ter cicatrizes no rosto
bonito não vai atrair os meninos. — Ela sorriu.
— Isso não é engraçado. — Os ombros de Cooper se inclinaram para
frente. — Por que ele tinha que vir aqui agora? Por que não quando eu me
formasse na faculdade, tivesse um trabalho agradável e confortável e fosse
capaz de ser tudo do que ele precisaria que eu fosse?
— Porque a vida não é fácil, Coop. — Brooke ficou ao lado dele. — Se
gosta de Dylan, deve explorar isso por você mesmo. — Ela encolheu os
ombros. — Você disse que ele fugiu depois de um beijo, mas talvez ele esteja
nervoso também. Talvez Dylan precise de alguma garantia de você.
— Sim, você está certa. — Cooper olhou para Brooke. Ela fazia
parecer tão fácil e ele queria que fosse.
— Sei que estou certa. — Ela soltou uma gargalhada. — E só entre
você e eu... — Ela se inclinou perto. — Ele está disparando meu faro gay,
então não acho que o beijinho na floresta foi apenas um acaso.
— Brooke... — Cooper revirou os olhos.
— Não, sério! Acho que realmente tem uma chance. — Brooke parecia
tão esperançosa.
— Como posso ter certeza? — Cooper não podia acreditar que estava
mesmo pensando em fazer isso. O que ele faria se Dylan o rejeitasse?
— Deixe tudo comigo, Coop. — Brooke ligou seu braço com o de
Cooper e levou-o pela calçada. — Eu tenho uma ideia.
Cooper estava um pouco nervoso pelo brilho que viu em seus olhos,
mas o que realmente tinha a perder?

Capítulo 9

— Por que estamos aqui de novo? — Cullen se aproximou para


sussurrar para Dylan.
Dylan ficou olhando para a multidão que passou a ficar bêbada. A
equipe de futebol ganhou o primeiro jogo em casa da temporada e,
aparentemente, era motivo de celebração.
Uma enorme fogueira foi feita num poço, aumentando o calor na
noite. A música alta na escuridão era como unhas num quadro negro. Todo
mundo parecia estar se divertindo, mas para Dylan parecia um pouco perigoso.
— Não tem perigo de um incêndio? — Perguntou Cullen.
Dylan estava pensando a mesma coisa. Um grande grupo de
estudantes intoxicados e uma grande fogueira, mesmo contida como estava,
não augurava nada de bom. A festa estava ocorrendo num dos parques de
campismo na floresta. O tempo não era frio o suficiente para matar a
vegetação, então, pelo menos, não tinham que se preocupar com folhas secas
pegando fogo.
— Tenho certeza que está tudo bem. — Dylan passou um braço em
volta dos ombros magros do Cullen. — Mas para responder a sua outra
pergunta, estamos aqui porque Brooke nos convidou. Basta ser grato por eu
ter conseguido nos manter fora do jogo de futebol. — O corpo de Dylan ficou
arrepiado por todo o lado. Ele não era um fã de praticar esportes ou de
observá-los.
— Mas por que ela nos convidou? — Cullen olhou para o chão. Dylan
odiava como Cullen era tímido. Cullen era uma boa pessoa, engraçado,
inteligente e de boa aparência. Qualquer uma dessas meninas teria a sorte de
tê-lo, mas o lado antissocial de Cullen o mantinha separado das pessoas.
Dylan realmente não poderia culpar se Cullen fosse embora. Se não tivesse
sido provocado por tantos anos, ele poderia ter mais confiança.
— Porque somos seus amigos e sair e ser social é o que os adultos
fazem. — Dylan agitou um pouco Cullen. — Precisa viver um pouco e se
divertir. Estou certo? — Cullen olhou para Dylan e encolheu os ombros. — Sim,
estou certo. Vamos. Vamos pegar uma cerveja. — Dylan manteve o braço em
volta dos ombros de Cullen e andou com ele até o barril que estava encostado
perto das mesas de piquenique.
— Ah, como é doce. — Dylan encolheu ao som da voz de Glenn. Pela
maneira como arrastava as palavras, era evidente que o homem estava
bêbado. — Vocês dois vão chupar o pau um do outro mais tarde?
Dylan não queria se envolver em qualquer discussão com Glenn,
ainda mais quando o cara estava chapado. Nunca era um bom presságio
desperdiçar seu tempo falando com um bêbado. Normalmente perdiam a
razão, mas Dylan nunca foi de recuar de uma luta ou deixar um insulto no
vazio.
— Por quê? Quer assistir? — Dylan virou-se lentamente. O canto de
sua boca se curvou num sorriso preguiçoso. Um movimento atrás de Glenn
tirou qualquer semelhança com um sorriso do rosto de Dylan. Cooper estava
caminhando em direção a eles. Dylan engoliu a saliva e limpou a garganta.
— Você, seu fodido! — Glenn arrastou a voz, enquanto partia contra
Dylan, mas tropeçou em seus pés. Se não fosse por seus amigos, teria caído
de rosto. — Vou fazer você chupar meu pau. Sei que quer.
Dylan reparou que Glenn estava olhando para Cullen quando falou
aquelas palavras. Cullen estava tremendo e Dylan empurrou seu amigo atrás
dele.
— É melhor você ir embora! — Glenn gritou. — Vou chutar a porra
dos seus paus.
— Vamos lá, Cullen, vamos sair daqui. — Havia muitas coisas que
Dylan poderia dizer, mas não via o ponto. Glenn estava bêbado e só perderia
seu fôlego. Além disso, queria colocar tanta distância entre ele e Cooper
quanto possível. Mais uma vez, Cooper provou não ter espinha dorsal e ir
contra o amigo idiota.
— Aí está você. — Brooke se empurrou através da multidão ao redor
do barril. — Estive procurando vocês. — Ela deve ter notado que algo estava
errado, se aproximou e puxou Cullen para um abraço. — O que aconteceu? —
Ela perguntou sobre o ombro de Cullen.
— Oh, o de costume. — Dylan deu de ombros. — Glenn estava sendo
um idiota. — Dylan levantou um dedo. — Mas estava pior, porque estava
sendo um babaca bêbado esta noite.
— Juro, esse cara é um palerma. Essa é uma das muitas razões pela
qual Kimmy deixou-o por mim. — Brooke deu um tapinha em Cullen na parte
de trás. — Foda-se ele. Vamos pegar uma bebida e nos divertir um pouco.
Dylan amava como Brooke era aberta sobre sua sexualidade. Quando
a viu, pela primeira vez na sala, e por um breve momento pensou que ela
fosse sua companheira, a achou de uma beleza impressionante. Ela foi uma
lufada de ar fresco que Dylan não poderia ter o suficiente. Era engraçada e pra
cima e, acima de tudo, realmente parecia gostar de Cullen. Tratava-o como
uma pessoa e o notava. Cullen estava tão acostumado a ser invisível que era
bom vê-lo acender quando estava com seus amigos, ele e Brooke.
Dylan e Cullen se juntaram à Brooke e seus amigos. Era uma
tonelada de meninas e alguns rapazes. Todos se sentaram em torno de uma
das mesas de piquenique, contando piadas, bebendo ou apenas tendo um bom
tempo. Dylan estava se divertindo e poderia dizer que Cullen também. Tudo
bem, poderia ser a cerveja que estava soltando Cullen, mas era bom vê-lo
relaxar e se divertir.
— Ei, Brooke. — Dylan acenou. — Preciso tirar água do joelho. Pode
manter um olho em Cullen para mim?
— Absolutamente. — Brooke levantou a mão para saudá-lo. — Nada
acontecerá com ele sob meu olhar. — Ela oscilou um pouco quando girou nos
calcanhares. Andou em direção a Cullen, empurrou uma menina que estava
sentada perto dele e tomou seu lugar. Ela olhou para Dylan e deu-lhe um
polegar para cima.
Dylan sacudiu a cabeça e riu quando saiu para a floresta, longe da
multidão. Era mais quieto ali e Dylan foi capaz de respirar os aromas da
natureza. Adorava estar perto da natureza. O pio de uma coruja e a ligeira
brisa fresca causaram uma coceira no seu lobo para sair e correr.
Quando estava longe o suficiente, n tirou seu pau e se aliviou. Perdeu
a conta de quantas cervejas bebeu, mas, aparentemente, a bexiga não. Uma
das coisas boas sobre ser um shifter era a habilidade de beber tanto quanto
quisesse e nunca ficar bêbado. Era bom que realmente gostava do sabor
amargo e da espuma da cerveja.
O estalar dos galhos atrás dele o fez colocar seu pau de volta em sua
calça, fechando-a. Uma rajada de vento soprou à sua frente o forte cheiro de
citrus.
Cooper.
Dylan não tinha de se virar para ver quem estava atrás dele. Não
havia como perder o forte aroma de seu companheiro.
— Está me seguindo agora? — Dylan lentamente virou-se para
Cooper.
— Não! — Cooper retrucou. Colocou as mãos nos bolsos e se
balançou sobre as solas de seus pés. — Estava apenas me certificando de que
está bem.
— Sim, certo. — Dylan caminhou em direção Cooper. — Está sozinho
ou um de seus amigos vai saltar e me insultar ou ameaçar chutar a minha
bunda? — Dylan não farejava qualquer outra pessoa, mas não podia deixar
escapar aquela pequena provocação. Ainda estava louco por Cooper não correr
para parar Glenn de persegui-lo ou a Cullen.
— Estou sozinho. — Cooper tirou as mãos dos bolsos para cruzar
sobre o peito.
— Por quê? — Dylan perguntou ao dar um passo mais perto. O cheiro
de Cooper ficou mais forte e quanto mais nervoso Cooper se tornava, mais
enchia o ar ao seu redor e em torno de Dylan, como uma bolha.
— Por que estou sozinho? — Perguntou Cooper.
— Não. — Dylan sacudiu a cabeça. — Por que me seguiu?
— Porque queria dizer que sentia muito.
— Desculpe? — Dylan inclinou a cabeça para o lado.
— Desculpe pelo outro dia, com Glenn. — Cooper soltou um suspiro
profundo. Seu hálito quente se espalhou pelo rosto de Dylan e ele passou a
língua para fora para provar o sabor celestial de seu companheiro. — Ele é um
idiota, mas também é meu amigo.
— Se fosse você, iria tentar amigos melhores. — Dylan voltou a
cabeça para o acampamento, dando a conversa por terminada. A parte
primitiva dele queria ter Cooper nu por terra e acesso ao corpo de seu
companheiro, mas a parte humana, que tinha alguma dignidade para manter,
queria ir embora.
— Dylan, pare. — Cooper agarrou seu braço. — Não se afaste de
mim.
— Não pode me dizer o que fazer. — Dylan puxou o braço do aperto
de Cooper.
— Não. — Cooper entrou na frente de Dylan. — Não vou deixar você
ir. — Cooper se aproximou até que era tudo Dylan podia ver e cheirar. — Eu
poderia ter alguns problemas, mas não posso continuar me sentindo assim. —
Cooper deu mais um passo mais perto de Dylan. — Eu quero... — Cooper
mordiscou o lábio inferior, enquanto olhava nos olhos de Dylan, que não podia
se mover, paralisado e ansioso para ouvir o que seu companheiro tinha a
dizer.
— O que você quer? — Dylan esperou, mas Cooper apenas olhou para
ele com um olhar vazio em seu rosto. — Estou caindo fora daqui. — A risada
de Dylan soou amarga para seus próprios ouvidos. Soltou seu braço e deu a
volta por Cooper. Estava acabado. Era como se Cooper tivesse dado-lhe
apenas um pouco de sua atenção, em seguida, tirando-a. Foda e foda-se ele.
Dylan não iria implorar por migalhas de afeto de Cooper.
— Dylan! — Cooper chamou por ele.
— O quê? — Dylan virou-se lentamente, ofegando em choque quando
viu que Cooper estava pairando sobre ele. Ele não o ouviu se mexer.
— Disse para não se afastar de mim. — Cooper agarrou os lados da
camisa de Dylan e puxou-o para frente. Seus peitos colidiram, arrebatando o
ar dos pulmões de Dylan.
— O que você quer? — Dylan perguntou entre os dentes cerrados.
Não gostava de ser tratado assim. Era o mais forte dos dois e devia ser o único
a dominar Cooper, mas havia algo muito excitante naquilo. Dylan estava
ansioso para ver o quão longe Cooper levaria essa demonstração de
dominância.
— Você. — Cooper disse antes de esmagar seus lábios sobre Dylan. O
beijo foi duro e áspero e nada como Dylan experimentou antes. Era tão
diferente do beijo desajeitado que tinham compartilhado alguns dias atrás.
Cooper beliscou e mordeu com força os lábios de Dylan, e forçou sua língua
profundamente em sua boca. O beijo foi agressivo e beirava a doloroso, mas
no bom sentido. Era algo que nunca poderia ter feito com uma menina.
Levou apenas alguns segundos para que Dylan se livrasse do choque
inicial. Moveu os braços para se enrolar no pescoço de Cooper, enrolando as
mãos em seu cabelo castanho espesso. Dylan fechou os dedos para dentro,
puxando o cabelo de Cooper, puxando-o para mais perto para um beijo mais
profundo.
Todos os outros pensamentos desapareceram do cérebro de Dylan
quando se deixou sucumbir ao beijo duro e apaixonado de Cooper. Era como
se Cooper estivesse segurando isso por tanto tempo e Dylan estava feliz por
ser o destinatário dos desejos de seu companheiro. Nada em sua vida nunca o
fez se sentir tão bem. Seu corpo cantarolou com a excitação e seu pênis ficou
rígido em seu jeans. Finalmente, algo estava acontecendo e Dylan não poderia
estar mais feliz.

Capítulo 10

Cooper não sabia o que ia fazer quando seguiu Dylan para a floresta.
Aquele desejo ardente que sentia por Dylan cancelava toda a sua
racionalidade. Estava cansado de lutar contra este anseio, do tipo que
consumia tudo, que tinha por Dylan.
Como esperava, Dylan não estava feliz em vê-lo. Não poderia culpá-
lo, mas queria tanto Dylan. Será que era tão difícil para o outro compreender a
pressão em que estava? Cooper era gay, sabia disso, mas não estava pronto
para gritar isso por cima dos telhados.
― Cooper... ― Dylan sussurrou suavemente contra seus lábios. O
som sussurrado aumentou a pulsação de Cooper e fez seu pau engrossar ao
ponto de ser doloroso.
Soltou a camisa de Dylan e moveu as mãos para baixo na parte de
trás do corpo de Dylan. Enrolou seus dedos na carne dura e definida, então,
puxou Dylan para fora de seus pés. Dylan envolveu as pernas em torno dos
seus quadris e Cooper caminhou até que prendê-lo contra uma árvore.
― Você tem um gosto bom pra caralho. ― Cooper mordeu o lábio de
Dylan, arrancando um pouco de sangue. O gosto amargo chiou em sua língua
e empurrou seus quadris, moendo seus comprimentos duros juntos.
― Sim, você também. ― Dylan puxou o seu cabelo e apertou as
pernas ao redor da cintura dele.
― Está tudo bem? ― Perguntou Cooper. Continuou a enfiar a língua
na boca de Dylan, enquanto serpenteava um braço em torno das costas dele e
usava seu outro para deslizar ao longo do peitoral sólido de Dylan, para
espalmar seu pau duro.
― Como se tivesse até mesmo que me perguntar. ― Dylan riu, então
gemeu quando Cooper moldou a mão no seu pau grosso ― Pare de falar, e
mais toque, por favor. ― Dylan lamentou.
Cooper sorriu no próximo beijo. Sua mão direita continuou a mapear
o comprimento duro do pênis de Dylan. Abaixou sua mão ainda mais para
acariciar suas bolas. O calor saindo de seus corpos combinados fez o suor
escorrer pelas suas costas. Queria se livrar de algumas daquelas malditas
roupas.
Colocou Dylan em pé e encostou-o contra a árvore. A diferença de
altura entre eles era um pequeno problema, por isso, dobrou os joelhos.
Atrapalhou-se com o fecho da calça jeans, até que conseguiu soltar o seu
pênis, depois começou a trabalhar em Dylan. Assim que soltou o botão da
calça de Dylan e abriu seu zíper, empurrou o jeans apertado para baixo, pelas
coxas dele.
― Oh, deus... ― Dylan gemeu quando seu pau bateu para fora e
Cooper envolveu sua mão ao redor da carne aquecida.
― Sim. ― Cooper olhou com espanto o pênis de Dylan. Não era tão
longo quanto o seu, mas tinha um bom tamanho. A ponta estava úmida com o
pré-sêmen de Dylan e Cooper mergulhou para outro beijo, enquanto deslizava
a mão para cima e para baixo no eixo sólido.
― Merda. Foda-se! ― Os dedos de Dylan se enrolaram nos bíceps de
Cooper e poderia jurar que as unhas do rapaz estavam mais afiadas. ― Coop...
― Deus, amo ouvi-lo dizer o meu nome. ― Cooper beijou o pescoço
de Dylan, aproveitando ao máximo este momento, não tendo certeza se, ou
quando, isso iria acontecer novamente.
Moveu seus quadris para mais perto de Dylan, então envolveu sua
mão ao redor dos dois comprimentos e começou a bombear seu punho. Pré-
sêmen vazou de ambas coroas e acrescentou lubrificante na sua mão,
facilitando o atrito.
O som de pele batendo contra a pele encheu o ar da noite. O cheiro
do sabonete e da colônia de Dylan encheu os seus sentidos e jurou que podia
gozar apenas com isso. Acelerou a mão e acariciou a palma sobre as cabeças
duras de seus paus.
― Puta merda, Cooper. ― Dylan moveu a cabeça para descansar no
seu ombro. ― Estou tão perto.
― Também estou. ― Cooper distribuiu chupões ao longo do pescoço
fino de Dylan, deixando hematomas. A carne levemente bronzeada era salgada
e delicada sob a sua boca e queria deixar a sua marca por todo o corpo de
Dylan.
O orgasmo de Cooper alcançou o ápice e seu corpo formigou,
enquanto seu pênis explodia cordas quentes de sêmen. Afundou os dentes no
ombro de Dylan e chupou duro para não gritar seu prazer e todos ouvirem.
Dylan deve ter pensado a mesma coisa, porque quando o orgasmo de Cooper
diminuiu sentiu o pau de Dylan entrar em erupção e ele, também, mordeu o
músculo magro, onde o ombro e o pescoço de Cooper se encontravam. O seu
corpo ficou tenso com a sensação dos dentes pontudos e afiados afundando
em sua pele. Era quente pra caralho e o fez empurrar seus quadris contra
Dylan.
Depois de alguns minutos ofegando pesadamente, sua respiração
desacelerou, assim como seus batimentos cardíacos. Cooper suavemente
beijou a lateral do pescoço de Dylan, não querendo que esse momento
chegasse ao fim.
O medo que esperava sentir, uma vez que tivesse terminado o ato,
nunca veio. Cooper estava um pouco apreensivo sobre o que pensar a respeito
do que acabara de fazer, mas não estava com medo o suficiente para fugir.
Queria aquilo. Queria Dylan. Por mais estranho que pudesse parecer, algo
dentro dele dizia-lhe para segurar aquele homem e nunca deixá-lo ir. Dylan
era a sua felicidade. Era uma loucura, mas queria acreditar nisso.
― Isso foi... ― Dylan recuou e sorriu para Cooper.
― Maravilhoso. ― Cooper devolveu o sorriso e se inclinou para outro
beijo, quando o som de um grito aterrorizado seguido por outro, alto e
estridente, o fez dar um passo atrás. ― Que diabos foi isso?
― Temos que ir, agora. ― Dylan empurrou Cooper para longe e
puxou a calça.
Cooper rapidamente fez o mesmo e seguiu Dylan, sem saber na
direção do quê os dois estavam correndo.

*****
O momento mais perfeito da vida de Dylan foi interrompido. Uma
parte dele queria dizer foda-se e continuar com Cooper, na segurança das
árvores, mas este novo e melhorado Dylan, a versão não idiota, não podia
fazer isso. Seguiu o som dos gritos e quanto mais se aproximava, mais podia
ouvir rosnados.
Escutou os passos de Cooper batendo no chão, seguindo-o, enquanto
acelerava. Não podia arriscar e ter o seu companheiro se machucando. Dylan
correu através das folhagens pesadas e viu um homem deitado no chão e um
enorme lobo negro rosnando sobre ele. Correu para frente e soltou um
rosnado baixo. O lobo olhou na sua direção, arreganhou os dentes e arranhou
as patas no chão.
― Vá embora. ― Disse Dylan num tom mortalmente baixo e deixando
seus olhos piscarem num azul brilhante. O animal olhou para o homem
inconsciente no chão, depois de volta para Dylan e, então, decolou.
― Dylan! ― Cooper gritou.
O som da voz de Cooper o fez entrar em ação. Dylan virou-se para
certificar-se de que seu companheiro não estava em perigo, então correu para
o homem deitado no chão.
― O que aconteceu? ― Cooper ajoelhou ao seu lado.
― Acho que ele caiu e bateu a cabeça. ― Dylan tirou a sua camisa e
segurou-a no corte, na lateral da cabeça do homem. Deu uma rápida olhada
sobre o corpo do homem, mas não viu quaisquer outros ferimentos. ―
Precisamos levá-lo de volta para os outros e buscar alguma ajuda.
― Claro. ― Cooper levantou-se e o ajudou a levar o homem.
Dylan olhou por cima do ombro para confirmar se o lobo tinha ido
embora ou se estava apenas se escondendo. Não viu, nem cheirou nada. Isso
tinha sido a coisa mais estranha de tudo, não sentiu nenhum cheiro. Esse lobo
não era um lobo comum. O tamanho da besta era a de um shifter, ainda que
não cheirasse a um. Dylan estava tão consumido por seus pensamentos que
não falou uma única palavra, enquanto ele e Cooper levavam o homem de
volta para o local de acampamento.
― Que diabos aconteceu com ele? ― Uma mulher perguntou,
correndo para eles.
― Nós o encontramos no chão. Parece que desmaiou. ― Dylan deu a
resposta mais plausível. Podia sentir o cheiro de álcool no hálito do cara e seria
mais seguro dar essa desculpa, do que contar a verdade. Dizer a todos que um
enorme lobo quase comeu o seu amigo não iria fazer nenhum bem.
Tirou seu telefone e ligou para Ryan, seu primo e companheiro de
Carson, bem como um policial e um membro da matilha Nehalem, e, no
momento, Dylan precisava dos dois últimos.
― Ei, idiota, o que está acontecendo? ― Ryan perguntou quando
atendeu ao telefone.
― Preciso de sua ajuda. ― Dylan deu-lhe uma descrição rápida do
que tinha acontecido e disse sobre o lobo que viu, e que poderia querer
chamar Asa e Devon, os dois alfas do bando, para vir investigar.
Enquanto esperavam os policiais e paramédicos chegarem, Cooper
ajudou Dylan a encaminhar os festeiros. Quanto mais cedo essas pessoas
fossem embora, mais cedo ele e os membros de seu bando poderiam procurar
o lobo pelo acampamento.
Dylan ajudou a carregar Cullen e Brooke para a caminhonete de
Cooper. Seus dois amigos se acabaram de beber e estavam quase desmaiados.
Pareciam bonitos aconchegados juntos no banco da frente da caminhonete de
Cooper.
― Olha, Dylan... ― Cooper começou a dizer, mas o som de sirenes
aproximou.
― Está tudo bem, Cooper. Vá. ― Dylan empurrou Cooper para o lado
do motorista de sua caminhonete. ― Podemos falar sobre o que aconteceu
depois, ou não. ― Dylan deu de ombros.
Viu algo brilhar nos olhos azuis de Cooper, mágoa e raiva, talvez.
Dylan não tinha certeza e aquele não era o momento para discutir o que
aconteceu entre eles. Algo mais urgente precisava de sua atenção. Cooper
concordou, entrou em sua caminhonete e foi embora.
Os paramédicos correram para o cara deitado no chão. A namorada
do homem e alguns de seus amigos ficaram para trás e permaneceram com
ele. Ryan e seu pai, Caleb, questionaram as pessoas, enquanto os paramédicos
carregavam o cara e colocavam-no na ambulância.
― Ei, irmãozinho. ― Asa levantou a mão para descansar na parte de
trás do pescoço de Dylan. ― Já está causando problemas?
― Não. ― Dylan revirou os olhos.
― Não lhe dê um tempo difícil. ― Devon riu. ― Lembro quando Erik
costumava vir aqui com seus amigos. Ah, ser jovem de novo... ― Devon
suspirou, então voltou sua atenção de novo para Dylan. ― Ok, esguicho, por
que acha que seu irmão e eu precisávamos vir investigar um cara que
desmaiou e bateu a cabeça?
Dylan olhou para a ambulância e as pessoas que a rodeavam e deu
um passo na direção oposta, acenando para Asa e Devon o seguirem.
― Quando encontrei o cara. ― Dylan apontou para a ambulância. ―
Estava deitado no chão, com um lobo enorme de pé sobre ele. ― O olhar de
Dylan correu na direção da floresta. ― Não era apenas um lobo qualquer. Era
um shifter. Tinha pelo negro e era enorme. Provavelmente, tão grande quanto
você, Asa.
― Isso é impossível. ― Devon cruzou os braços sobre o peito enorme.
― Cheirei aquele cara na maca e não senti o cheiro de shifter.
― Ele não cheirava a nada. ― Os olhos de Dylan se arregalaram. ―
Essa coisa que quase o atacou não tem nenhum perfume. Se um cão selvagem
ou até mesmo um lobo estivesse perto dele, teríamos sentido. Não é estranho
para nenhum de vocês que ele cheire a nada?
― Ele tem um ponto. ― Devon estreitou seus olhos quando olhou ao
redor.
― Então o que era? ― Asa perguntou suavemente.
― Só há uma maneira de descobrir. ― Devon olhou na direção da
floresta. ― Vamos caçar.
Depois da ambulância partir, Caleb dirigiu as poucas pessoas
restantes para a sua viatura e as levou de volta para a cidade. Ryan ficou para
trás, com Dylan, Asa e Devon para procurar na floresta.
Dylan tirou as roupas e as pôs ao lado das de seu irmão. Rolou a
cabeça em seu pescoço e estava prestes a mudar quando seu irmão abriu a
boca.
― Sem querer mudar de assunto, mas o que exatamente estava
fazendo quando este homem foi atacado? ― Asa olhou para a sua roupa,
depois de novo para Dylan e cheirou o ar.
Dylan olhou para seu corpo nu e se encolheu. Merda! Sêmen seco
estava preso em seus pelos pubianos aparados e uma trilha manchava o seu
estômago. Shifters tinham um sentido de olfato afiado e seu irmão foi capaz de
pegar o que estava fazendo antes do ataque animal. Era em momentos como
aquele que desejava ser apenas parte de uma família humana comum.
― Nada. ― Dylan sacudiu a cabeça.
― Nada, minha bunda. ― Ryan caminhou ao lado deles. ― Você
cheira a sexo. ― Ryan acenou com a mão na frente do seu nariz como se
Dylan estivesse fedendo.
―Você é muito jovem para ter sexo. ― Devon puxou a sua orelha.
― Olá! Tenho dezoito anos de idade. ― Dylan bateu nele. ― Tenho
idade suficiente para votar e me juntar às forças armadas, e estou na
faculdade. Acho que sou velho o suficiente para... Outras coisas, também.
― Se não pode nem mesmo dizer, então não deveria estar fazendo
isso. ― Ryan riu.
― Cale a boca! ― Dylan cobriu os olhos com a mão. ― Podemos, por
favor, voltar para o que é importante aqui?
―Ele está certo. ― Disse Devon. ― Depois de mudar, precisamos
ficar em grupos de dois. Ryan está comigo, Asa e Dylan ficam juntos. Se tiver
um shifter selvagem à solta, não quero ninguém sozinho. Não sabemos o quão
perigoso isso pode ser.
Dylan assentiu e moveu-se para o lado. Fechou os olhos e relaxou os
músculos, enquanto a mudança no seu corpo o dominava. Sua pele formigava
conforme pelo crescia em seus poros e caiu de joelhos enquanto seus ossos
quebravam e modelavam o seu corpo de lobo. Estendeu seu pescoço enquanto
sua pele repuxava para formar um focinho. Num piscar de olhos, tudo tinha
terminado. Dylan se levantou em suas patas, balançou a cabeça, depois trotou
em direção ao seu irmão.
Devon soltou um latido alto, então todos decolaram. Dylan ficou
perto de seu irmão. Quando foram em torno da floresta densa, nada parecia
fora do lugar. Não existia nenhum cheiro indicando qualquer shifter, ou lobo,
no caso. Dylan podia captar o seu cheiro, o de Asa e aqueles comuns às áreas
de madeira despovoadas. Era reconfortante, mas ao mesmo tempo não, pois
sabia que era uma ilusão. Algo estava ali fora.
Depois de algumas horas de busca infrutífera, um uivo alto ao longe
fez Dylan e Asa seguirem até a sua origem. Toparam de novo com Devon e
Ryan, e os dois também não encontraram nada. Foi um desperdício de tempo.
Dylan sabia que o seu irmão e seus amigos acreditavam nele, mas ainda
queria mostrar-lhes a prova real de que não estava enlouquecendo.
Eles se vestiram e Dylan seguiu os outros para fora da floresta. Olhou
por cima do ombro uma última vez e sabia que era apenas uma questão de
tempo antes do animal, lá fora, aparecer mais uma vez.

Capítulo 11

Quando Dylan chegou em casa, tomou um banho rápido para tirar o


cheiro de Cooper dele. Não seria capaz de dormir se não conseguisse parar de
pensar sobre o seu companheiro. Já era difícil manter Cooper fora de sua
mente, antes de sua pequena sessão mútua de punheta na floresta.
Dylan caiu na cama e envolveu o edredom grosso ao redor de seu
corpo. Estava cansando até os ossos e só queria cair numa noite sossegada,
mas não podia. Sua mente corria desenfreada, com imagens do rosto bonito
de Cooper enquanto gozava, tremendo contra o corpo de Dylan. Foi perfeito.
Nunca, em um milhão de anos, Dylan pensou que permitiria que
outro homem o tocasse, mas agora era tudo no que podia pensar. O toque de
Cooper era duro e agressivo. Seu companheiro sabia o que queria e o tomava.
Não que Dylan se importasse. Se qualquer coisa, gostava que Cooper
assumisse o controle. Todo este material homem-com-homem era novo para
ele e não se importava se Cooper assumisse a liderança, mostrando-lhe os
prazeres do corpo masculino.
O seu pau ficava duro quando pensava em Cooper beijando e
tocando-o. Suas mãos foram suaves e gentis e seus beijos escaldantes. Fora
um momento perfeito, até que aquele lobo tentou atacar um humano na
floresta. Por que nada na vida de Dylan poderia ser apenas fácil?
Não sabia quanto tempo ficou lá, olhando para a parede, antes de
adormecer. Quando a escuridão chegou, estava muito ansioso para sucumbir a
ela.
Um som alto batendo na porta da frente fez Dylan se jogar de costas.
Olhou para o relógio e viu que eram apenas nove horas da manhã. Num
domingo. Não havia uma lei sobre não perturbar as pessoas antes do meio-dia
no fim de semana?
Dylan gritou para Maurice e Asa, mas ninguém respondeu a ele ou a
porta da frente. As batidas continuaram e Dylan se sentou. Chutou o cobertor
para o lado e cambaleou para fora de seu quarto. Só tinha posto uma calça de
pijama solta e seu cabelo estava amassado em direções diferentes. Parecia
uma confusão e pensou que era justo que a pessoa do outro lado da porta o
visse assim, sendo como era culpa dela que estivesse acordado em primeiro
lugar.
― O quê! ― Dylan estalou quando abriu a porta, interrompendo a
batida irritante.
― Bom dia para você, também. ― Cooper sorriu timidamente,
enquanto parava na frente de Dylan.
― Cooper? ― Dylan cruzou os braços sobre o peito nu e inclinou-se
na moldura da porta. ― O que está fazendo aqui?
― Vim vê-lo. ― Cooper apontou para o apartamento. ― Posso entrar?
― Claro, por que não? ― Dylan deu um passo para o lado e deixou
Cooper entrar na sala da frente. ― Então, a que devo esta visita? ― Bocejou
quando se afastou de Cooper.
Dylan gritou de surpresa quando dedos quentes o agarraram pela
cintura e puxaram-no de volta contra o corpo duro de Cooper. As mãos de seu
companheiro se moveram através do seu estômago e sobre seus mamilos,
acariciando sua pele com movimentos firmes.
― Cooper... ― Dylan gemeu o nome dele e relaxou contra o toque de
Cooper.
― Deus. ― Cooper enfiou a cara no pescoço de Dylan, beijando e
mordiscando a sua pele. ― Não conseguia parar de pensar em você na noite
passada. ― Cooper moveu seus quadris para frente, para pressionar seu pau
duro no vinco da bunda de Dylan.
Dylan precisava dizer a verdade, mas não sabia como. Dizer aos
humanos sobre shifters poderia ser uma coisa complicada. Ou aceitavam ou
não, e não saber como Cooper reagiria o deixava receoso de lhe dizer a
verdade. Não ajudava que não queria que o homem parasse de tocá-lo.
― Nem eu. ― Arqueou as costas, empurrando sua bunda no eixo
rígido. Virou a cabeça para capturar os lábios de Cooper, que agarrou o seu
queixo duro e segurou sua cabeça no lugar, enquanto enfiava a língua no
fundo na boca dele.
― Onde é o seu quarto? ― Cooper perguntou entre beijos.
― No final do corredor. ― Dylan começou a andar, mas seu
companheiro não o soltava.
Cooper ficou grudado na traseira de Dylan enquanto abria o caminho
para o seu quarto. Dylan gemeu quando os dedos dele beliscaram os seus
mamilos. Tropeçou em seus pés, mas o forte abraço de Cooper o impediu de
cair. Uma vez em seu quarto, Cooper o empurrou para a cama, mas seguiu-o
para baixo, cobrindo as suas costas com seu corpo. Cooper girou seus quadris
e movimentou contra o traseiro de Dylan.
― Por favor, me diga que quer isso. ― Cooper beijou um caminho até
o pescoço de Dylan, deixando uma trilha molhada pelas costas dele. Suas
mãos o percorreram até agarrar o traseiro de Dylan.
― Eu quero. ― Dylan arqueou-se para fora da cama quando sentiu os
dentes beliscarem a pele sensível de sua bunda. ― Quero você.
Cooper puxou a calça de Dylan pelas suas pernas e o ar fresco do
quarto acariciou sobre sua parte inferior exposta. Dylan enterrou o rosto em
seus travesseiros para suavizar seus gemidos. As mãos de Cooper apertaram
as suas nádegas e as separaram. A primeira reação de Dylan foi pará-lo.
Nunca esperou se encontrar debaixo de Cooper daquela maneira. Sempre
assumiu que seria o homem no topo em seu acasalamento, o homem que
comandava, mas, ao primeiro toque da língua quente e molhada de Cooper
lambendo sua entrada, Dylan gritou. Estava no céu.
― Puta merda! ― Gritou Dylan. Abriu as pernas mais afastadas e
empurrou seus quadris para cima e na direção da talentosa boca de Cooper.
― Você gosta disso? ― Perguntou Cooper, depois bateu a mão na
nádega direita de Dylan, então espremeu.
― Sim. ― Dylan murmurou. Seu corpo formigava com as várias
sensações. Estava perto de perder o controle. Seu lobo uivou dentro dele,
querendo mais do seu companheiro.
Dylan relaxou em sua cama e apenas curtiu a sensação de Cooper
lambendo o seu ânus. Nunca tinha feito isso com ninguém, muito menos
recebido. A língua de Cooper sondava a sua entrada virgem e sentiu como se o
seu corpo estivesse derretendo. Um desejo de ser preenchido o deixou
ofegando e rezando para que Cooper soubesse o que estava fazendo.
― Tem um gosto bom pra caralho. ― Cooper chupou a entrada de
Dylan, depois enfiou a língua no canal apertado.
Dylan conseguiu apenas acenar com a cabeça. Incapaz de formar
palavras no momento.
Não demorou muito para que sentisse Cooper apertar um dedo
contra a sua pequena abertura. Sua entrada estava molhada e solta pela
atenção recebida. Não tinha certeza se estava pronto para mais, mas seu
companheiro não lhe deu tempo para pensar sobre isso. Cooper aliviou a ponta
do dedo na sua bunda, enquanto continuava a lamber e chupar a borda do
anel vibrando.
― Está tudo bem? ― Cooper perguntou quando empurrou o dedo
mais profundamente.
A sensação de queimação se espalhou por todo o seu corpo. Parecia
muito apertado e queria dizer a Cooper que o dedo não caberia, mas, então, o
homem torceu a mão e seu longo dedo roçou contra algo dentro dele e Dylan
perdeu a capacidade de pensar.
― Oh, merda, oh foda! ― Dylan gritou.
― Acho que gosta disso também. ― Cooper riu suavemente atrás
dele.
Dylan assentiu com a cabeça e começou a balançar os quadris para
trás. Era uma sensação estranha. Estava dividido entre a pressão esmagadora
que sentia e uma sensação de queimação. Essas duas sensações combinadas
faziam o seu sangue ferver e queria mais.
Logo esse dedo se tornou dois, depois três. Cooper sugava
hematomas por toda a nádega de Dylan e a mordida da dor misturada com o
toque excitante o mantinha na beira do orgasmo. Seu pau estava preso
debaixo dele, vazando pré-sêmen por toda a sua cama. Dylan amou tudo o
que Cooper estava fazendo com ele, mas precisava de algo mais.
― Cooper... ― Dylan moveu seu corpo para que pudesse olhar para
trás. Estendeu a mão para pentear os dedos pelo cabelo suado de Cooper. ―
Acho que quero mais. ― Não sabia o que estava pedindo exatamente. Sabia
qual era o próximo passo e não importa o quão duro seu cérebro tentasse lhe
avisar contra o ato, seu corpo não aceitaria isso.
― Sim. ― Cooper sentou-se sobre as pernas, nunca parando suas
carícias duras na bunda de Dylan. Seus dedos ainda estavam dentro dele, em
constante movimento. ― Tem alguma loção ou lubrificante?
Dylan apontou para a mesa ao lado de sua cama. Cooper arrancou os
dedos do apertado canal para pegar o lubrificante. Dylan estava incerto sobre
o que fazer, então apenas permaneceu deitado e esperou que Cooper voltasse.
Seu companheiro se moveu de volta entre as suas pernas abertas e
colocou a garrafa de lubrificante, que Dylan usava para se masturbar, ao lado
de sua perna. Dylan o observou quando puxou a camisa sobre a cabeça e
atirou-a no chão. Deixou seu olhar deslizar sobre o peito nu de Cooper e
realmente desejou se levantar e tocar seu companheiro por toda parte.
Grossos, músculos salientes confinados sob uma pele levemente bronzeada,
faziam Dylan apreciar o corpo masculino, como nunca tinha feito antes. Não
podia acreditar no quão ligado estava ao ver outro cara sem camisa, mas o
excitou totalmente. Agora, naquele exato momento, podia jurar que nunca
tinha contemplado uma visão mais erótica.
― Seu olhar fixo está me deixando nervoso. ― Cooper pulou da cama
e levou as mãos para descansar na cintura de sua bermuda.
― Sim, bem, a sua nudez está me deixando com muito tesão. ―
Dylan se apoiou no cotovelo e fez seu corpo virar ligeiramente para observar
enquanto Cooper retirava o calção.
Cooper olhou para o chão, enquanto lentamente puxava para baixo
sua bermuda. Dylan teve que forçar a sua garganta a engolir a baba
acumulando em sua boca. Seus olhos se arregalaram quando o pênis do
homem saltou, se libertando de sua prisão de tecido.
― Puta merda. ― Dylan engasgou. Estava totalmente a bordo sobre
encarar toda a coisa do sexo anal, mas, porra... O pênis de seu companheiro
era enorme, longo e largo, com veias grossas pulsando nas laterais. Estava
começando a se perguntar se tinha sido sua melhor ideia. Afinal, aquela era a
sua primeira vez com outro cara. Estava com um pouco de medo de doer. ―
Você é muito maior do que eu esperava.
― Tendo segundos pensamentos? ― Cooper subiu de novo na cama e
colocou seu corpo sobre Dylan, cobrindo-o com seu calor. Ele beijou-o
suavemente na boca. ― Prometo ir devagar. Se disser uma palavra, vou parar.
― Certo. ― Dylan assentiu e virou-se para encarar a sua cabeceira.
Empurrou para cima seus joelhos. Seu coração estava acelerado e podia ouvi-
lo batendo contra os seus ouvidos. Dizer que estava nervoso era um
eufemismo. Este era um lugar no qual nunca tinha esperado se encontrar e
agora estava preenchido com uma mistura de emoções. Excitação e medo
eram as duas predominantes.
O som de Cooper esguichando lubrificante em sua mão ecoou pelo
quarto. Tremeu quando o sentiu esfregar o gel transparente sobre a sua
entrada aquecida. Cooper provocou a sua abertura e Dylan deixou cair a
cabeça para frente e empurrou para trás contra seu toque, mais uma vez
desejando mais.
Muito cedo os dedos grossos se foram, apenas para ser substituído
com a cabeça gorda e sem corte do pau de Cooper. A ponta bateu na sua
entrada e Dylan gemeu com o contato macio. Seu companheiro se aproximou
mais do seu traseiro e Dylan engoliu um suspiro, enquanto a cabeça
arredondada pressionava contra a sua entrada virgem.
Um grito suave escapou dos lábios de Dylan e seu corpo apertou-se
por instinto com a invasão. O pau de Cooper parecia como se um punho
estivesse sendo empurrado no traseiro dele.
― Relaxe, Dylan. ― Cooper passou a mão levemente para cima e
para baixo no seu peito.
Dylan fechou os olhos e deixou a sensação de ter Cooper dentro dele,
inundá-lo. Tomou algumas respirações profundas e girou seus quadris um
pouco, fazendo o seu melhor para dar espaço ao pênis de seu amante.
Precisou de alguns momentos, mas logo a queimação desapareceu e começou
a desfrutar da sensação completa.
― Estou bem. ― Dylan murmurou, enquanto movia para frente e para
trás no eixo de Cooper. ― Pode se mover.
Cooper soltou uma respiração profunda, como se estivesse se
segurando. Com movimentos lentos e espasmódicos, Cooper puxou para fora,
então, pressionou novamente, uma e outra vez. O deslizamento molhado do
pênis de Cooper afundou mais em seu canal apertado e Dylan arqueou-se para
levá-lo ainda mais profundamente.
― Você é tão apertado. ― Cooper grunhiu quando bateu seus quadris
na bunda de Dylan. ― Deus, amo isso.
Dylan acenou com a cabeça, incapaz de falar. Seus corpos
encharcados de suor faziam ruídos obscenos quando eram pressionados
juntos. Era como se estivessem competindo entre si para ver quem gozava
primeiro. Dylan estendeu a mão entre as pernas e a envolveu ao redor de seu
pênis inchado. Estava tão quente ao toque e coberto de seu pré-sêmen.
Precisava realmente gozar.
Ergueu o punho em seu pênis e apertou os olhos firmemente quando
sentiu seu orgasmo subir cada vez mais alto, até o seu eixo. Suas bolas
formigavam e com cada impulso, o pau de Cooper roçava contra aquele lugar
especial no fundo de seu canal, então, Dylan perdeu a batalha. Gozou com um
grito e sêmen quente cobriu a sua mão e colcha.
― Oh, Deus, sim! ― Cooper passou os braços em volta do peito de
Dylan e segurou-o com força. ― Porra, Dylan. Posso sentir você. Uh, sim. ―
Cooper gritou o nome de Dylan quando gozou dentro dele.
O seu traseiro apertou contra o pau grosso de Cooper, ordenhando o
seu orgasmo. Podia sentir a contração do pau no seu canal, derramando mais
umidade dentro dele. Foi molhado e sujo, e Dylan adorou.
O cansaço se apoderou do seu corpo e caiu sobre a sua cama. O
corpo pesado de Cooper desceu com ele, mas Dylan não se importava. Estaria
mentindo se dissesse que não amava sentir Cooper cercando-o, por dentro e
por fora. Aquele era o seu companheiro, a outra metade de sua alma, a pessoa
que foi feita apenas para ele.
Por mais estranho que todas essas novas sensações fossem, não
poderia reclamar. Cooper podia ser um idiota, mas era o idiota de Dylan agora.
Cooper fora um amante gentil e isso tinha de significar alguma coisa. Talvez,
apenas talvez, Cooper não fosse tão mau quanto pensou inicialmente e havia
um futuro para eles.
Capítulo 12

— Oh, meu Deus. — Cooper rolou para deitar de costas, olhando para
o teto. Sabia que tinha um sorriso bobo no rosto, mas não se importava. O que
ele e Dylan tinham acabado de fazer foi incrível. Não, melhor do que incrível,
foi marcante. — Isso foi muito melhor do que jamais poderia ter imaginado. —
Disse Cooper a si mesmo, sem realmente esperar que Dylan o ouvisse.
— Uh, o que quer dizer com isso? — Dylan voltou para o seu lado e se
apoiou em seu cotovelo. A testa de Dylan estava enrugada quando olhou para
Cooper. — Achou que sexo comigo seria horrível?
— Não! — Cooper rolou para o lado. — Deus, não. Só quis dizer que
nunca esperei que fosse ser tão bom, como foi, entre dois homens. — Cooper
deu de ombros. — Não me interprete mal. Estava constantemente pensando
sobre isso, mas meio que achei que a coisa real não faria jus as minhas
fantasias. — Desde que Cooper atingiu a puberdade, se perguntava como seria
estar com outro homem. Pensou tanto sobre isso que estava preocupado que
nenhum homem fosse conseguir superar os seus sonhos, mas Dylan tinha
superado e muito as suas expectativas.
— Espere um minuto... — Dylan se sentou, passando a mão pelo seu
cabelo loiro bagunçado. — Nunca esteve com outro cara antes? Tipo, nunca?
— Não. — Cooper sentou-se contra a cabeceira da cama. — Fiz sexo
com uma menina antes, mas nunca com um cara. — Cooper olhou para suas
mãos sobre seu pênis agora flácido. — Sempre tive muito medo de explorar
isso.
— Mas todas as coisas que fez... — Os olhos de Dylan estavam
arregalados. — Com certeza, parecia como se soubesse o que estava fazendo.
— Tudo graças à internet. — Cooper riu. — Então, eu me igualo aos
outros caras com quem esteve antes? — Cooper pegou a mão de Dylan e
sorriu quando ele não se afastou.
— Outros caras? — A testa de Dylan franziu. — Que outros caras?
Você foi o meu primeiro.
— O quê? — Cooper sentou-se para frente, sem acreditar no que seus
ouvidos tinham acabado de ouvir. — Seu primeiro?
— Sexo com um cara, sim. — Dylan riu. — Fiz muito sexo com
mulheres, mas nunca com um homem.
A boca de Cooper se abriu e um som chiado borbulhava de sua
garganta. Tinha certeza que Dylan era gay. Bem, talvez não cem por cento de
certeza, mas Dylan parecia um cara gay. Vestia-se bem e não socou Cooper na
cara quando o beijou a outra noite, então, sim, achava que Dylan fosse gay.
— Espere um minuto. — Dylan retirou a mão do aperto frouxo de
Cooper. — Você pensou que eu fosse gay, não é?
— Bem, sim. — Cooper jogou as mãos no ar. — Odeio alimentar
estereótipos, mas olhe para você. Você é lindo. Tem esse estilo de cabelo
perfeito, se veste como se tivesse acabado de sair da passarela, e sua pele?
Nenhum homem comum tem uma tez tão clara, lisa e macia como a sua.
Apenas presumi que fosse.
— Só porque um cara sabe como se vestir e cuida de si mesmo, não
significa automaticamente que está interessado em caras. — Dylan pegou o
lençol e enrolou ao redor de seu corpo, em seguida, levantou-se. — Você
parece o meu irmão falando. Gosto de ter boa aparência. Por acaso, isso é um
crime?
— Não. — Cooper não conseguia parar de rir. Dylan andava ao lado
da cama, o rosto vermelho e um bonito beicinho em seus lábios. Deus, Cooper
era um caso perdido. — Sinto muito. Não devia ter assumido isso sobre você.
— Não, não devia. — Dylan parou na frente de Cooper e bateu o pé.
— Para ser justo, eu não era gay, até que conheci você.
— Sério? — Cooper estendeu a mão para Dylan. Não conseguiu evitar
de se sentir feliz com aquele comentário. Isso podia fazê-lo um idiota, mas
gostou de saber que foi o primeiro de Dylan.
— É verdade. — Dylan revirou os olhos. — Acho que eu sou gay
somente para você.
— Sinto-me lisonjeado. — Cooper puxou a mão de Dylan e puxou-o
entre as pernas. Dylan se sentou em seu colo. — Isso te incomoda?
— Não. — Dylan deu de ombros. — Quero dizer, com certeza, isso me
pegou de surpresa, mas o meu irmão é gay e temos um monte de amigos
gays, então, ser gay não me incomoda em nada. E você? — Dylan se inclinou
para o lado de Cooper e levantou a mão para passar os dedos pelo seu cabelo.
— Você só é gay para mim ou apenas gosta de homens?
Cooper olhou para os olhos azuis escuros de Dylan e percebeu que
não podia mentir para ele. Tinham acabado de compartilhar algo tão especial,
que não queria manchá-lo sendo falso com Dylan.
— Sou cem por cento gay. — Cooper olhou para baixo, incapaz de
encontrar o olhar de Dylan. Não tinha vergonha de quem era, mas estava no
armário por tanto tempo que ainda era assustador dizer isso em voz alta.
— É por isso que não fez nada no outro dia, quando Glenn encurralou
Cullen e eu? — Dylan colocou um dedo sob o queixo de Cooper e inclinou a
cabeça para encontrar seu olhar. — Você estava com medo que ele
descobrisse o seu segredo e deixasse de ser seu amigo.
— Sim. — Os olhos de Cooper arderam pelas lágrimas. — Conheço
Glenn toda a minha vida e se ele descobrisse o que sou, provavelmente nunca
mais falaria comigo novamente. — Cooper respirou fundo. — Não tinha certeza
se estava pronto para correr esse risco.
— Quer dizer que não tinha certeza se poderia confiar em mim. —
Dylan assentiu. — Entendi. Eu te abandonei na floresta, depois de bater no seu
rosto na primeira vez que nos encontramos. — Dylan se aproximou para
descansar sua testa contra a de Cooper.
— Sim, você fez isto. — Cooper apertou seus braços na cintura de
Dylan. — Não apostaria em algo se não tivesse certeza que você ia me querer
de volta. — Cooper soltou um suspiro profundo. — Tenho escondido quem sou
por tanto tempo, que é fácil só ser o que todo mundo espera que eu seja.
— Sim, entendo isso. — Dylan roçou os lábios sobre Cooper. — Mas
se isso te ajuda a decidir alguma coisa, quero dar a isso, o que quer que seja,
uma chance.
— Eu também. — Cooper sorriu para Dylan.
Dylan se arrastou para fora do colo de Cooper e deitou-se na cama.
Ele deu um tapinha no local ao lado dele e Cooper se moveu para deitar ao
lado dele.
— Sei que estamos fazendo isso ao contrário, mas me fale sobre
você?
— Não tenho muito que contar, realmente. — Cooper agarrou o
cobertor grosso e puxou-o para cima e sobre o seu corpo e o de Dylan.
Deslizou o braço em torno do ombro de Dylan e o puxou para perto, deitando a
cabeça no seu peito. — Cresci aqui e vivo com a minha mãe. Meu pai morreu
quando eu tinha nove anos. Era um fuzileiro naval e morreu na guerra.
Cooper ficou em silêncio por um momento relembrando seu pai.
Sentia falta dele todos os dias e desejou que pudesse falar com ele mais uma
vez.
— Depois que ele morreu, minha mãe e eu ficamos em Silver Creek.
Ela não era próxima de sua família e meu pai só tinha um irmão. Vemos meu
tio Trevor de vez em quando, mas ele vive na Carolina do Norte, assim, não o
vemos muitas vezes.
Cooper contou a Dylan sobre sua infância e como foi crescer em
Silver Creek. Foi relaxante e não forçado. Tão assustador como tudo poderia
ser, Cooper queria se agarrar em tudo aquilo durante o tempo que pudesse.
Dylan era como os raios quentes do sol que brilhavam sobre seu rosto, quente
e suave, libertando-o de seus medos.
— Já falei o suficiente sobre mim. — Cooper esfregou o nariz contra o
cabelo macio de Dylan. — E você? O que te trouxe para Silver Creek?~

*****
— Meus pais morreram quando eu era muito pequeno. Não me
lembro deles muito bem. Fui criado por meu avô. — Dylan acariciou os dedos
para cima e para baixo no peito de Cooper, enquanto falava. Odiava falar
sobre o seu passado, porque não queria que o tempo, quando foi uma pessoa
ruim, interferisse na sua vida de agora. — Ele morreu alguns meses atrás e
meu irmão se tornou meu tutor legal, e nos mudamos para cá. Temos uma
família que vive aqui e em Nehalem.
— Sinto muito por isso. — Cooper esfregou os dedos ao longo do
couro cabeludo de Dylan, provocando arrepios e fazendo formigar sua pele.
— Não sinta. — Dylan se sentou e apoiou as costas contra a cabeceira
da cama. — Meu avô não era um homem bom e não merece a bondade ou
remorso de alguém.
Dylan ainda não tinha superado sua raiva para com o seu avô. O
homem assassinara seus pais, somente porque o pai e a mãe queriam viver
sua vida longe do bando. Queriam que seus filhos tivessem um futuro que não
envolvesse morte e violência, e, por causa disso, seu avô matou o próprio filho
e sua esposa, deixando seus dois filhos órfãos.
Somente quando seu avô quis reconstruir o seu bando e chegaram a
Silver Creek, para fazer seus primos, Carson e Holden, participarem da sua
matilha que realmente viu seu avô pelo que realmente era. Um monstro. Dylan
queria acreditar que talvez seu avô fosse mentalmente insano, mas não podia
acreditar nisso. Seu avô gostava de ter o controle e se saíssem da linha, seu
avô faria questão de fazê-los pagar por isso.
Dylan ainda não conseguia esquecer a imagem de seu avô em pé
sobre seu irmão Asa, preparando-se para matá-lo. Ver isso fez algo estalar
dentro de Dylan e, desde esse dia, fez uma promessa a si mesmo que nunca
seria assim. Custasse o que custasse, seria uma boa pessoa.
— Ok. — Cooper disse bem devagar. — Mas sinto muito por seus pais.
— Cooper entrelaçou os dedos com os de Dylan. — Não consigo imaginar
crescer sem poder conhecer minha mãe e meu pai. Claro, meu pai morreu
quando era pequeno, mas pelo menos tenho memórias dele.
Um longo momento de silêncio se estabeleceu entre eles. Dylan não
gostava da sensação de melancolia que tinha sempre que pensava sobre seu
passado. Desejou poder esquecer, mas isso não era possível, e realmente não
queria esquecer. Se esquecesse seu passado, poderia acabar por repeti-lo no
futuro. Essa era uma possibilidade que Dylan não queria arriscar que
acontecesse.
— Bem, isso é deprimente. — Dylan bufou.
— Ei, foi você que deu a ideia de conversarmos para conhecer um ao
outro. — Cooper cutucou Dylan no ombro. — Totalmente culpa sua.
— Desculpe-me por querer conhecer o homem que enfiou o seu pau
dentro de mim. — Dylan começou a rir. — Que estupidez a minha.
— É mesmo? — Cooper investiu contra Dylan, empurrando seu corpo
entre as pernas de Dylan. Dylan permitiu que Cooper agarrasse seus pulsos e
os prendesse a cama. — Não ouvi você reclamar.
Dylan apertou suas pernas ao redor da cintura de Cooper e os virou,
ficando agora por cima. Foi fácil soltar as suas mãos do agarre de Cooper.
Podia ser o menor dos dois, mas sendo metade lobo fazia dele o mais forte.
Dylan não sentiu a necessidade de esfregar isso no rosto de seu companheiro,
especialmente porque Cooper não sabia sobre a verdadeira natureza de Dylan.
— Ei, Dylan. — Maurice disse, enquanto abria a porta do quarto de
Dylan. Dylan e Cooper ambos viraram a cabeça em sua direção. Dylan sentiu o
corpo de Cooper ficar tenso. — Oh, merda! — Maurice levantou a mão para
cobrir os olhos. — Desculpe, não queria interromper nada. — Maurice espiou
por entre os dedos. — Merda! — Maurice rapidamente fechou a porta e Dylan
ouviu enquanto ele corria pelo corredor.
— Esse... É o seu irmão? — Perguntou Cooper, sua voz tremendo de
nervosismo.
— Nah. — Dylan se sentou, ainda sentado no colo de Cooper. — Esse
é o namorado do meu irmão. — Dylan olhou para Cooper e sorriu, então
apontou para a porta fechada. — Agora, isso é como um cara gay se parece.
Levou um momento, mas o olhar de medo desapareceu do rosto
bonito de Cooper. Um sorriso se espalhou pelos lábios.
— Hã? Sério? Vocês devem fazer compras nas mesmas lojas.
— Seu idiota. — Dylan enfiou as mãos debaixo do braço de Cooper e
começou a fazer-lhe cócegas. Rolaram pela cama, até que estavam
emaranhados nos lençóis. Dylan puxou Cooper perto e beijou-o nos lábios,
nunca querendo deixar a segurança de seu quarto. Não sabia o que iria
acontecer assim que Cooper saísse e estava com um pouco de medo de
descobrir. Queria que aquele momento pudesse durar para sempre.

Capítulo 13

— Não fique tão nervoso. — Dylan estava encostado à porta do


quarto, à espera de Cooper terminar de se vestir.
Tinha sido um pouco mais de uma hora desde que Maurice invadiu
sobre eles. Dylan rapidamente distraiu Cooper com um longo e profundo beijo,
que levou a boquetes mútuos. Por mais que quisesse manter Cooper trancado
em seu quarto, não era possível. O mundo continuava a girar e ambos tinham
outras obrigações fora do seu relacionamento recém-descoberto.
— Me de alguma folga, por favor. — Cooper disse amarrando os
cadarços em seu tênis. — Não estou acostumado a ser apanhado na cama, nu
e com outro cara.
— Confie em mim, a última coisa que precisa se preocupar é com
Maurice. — Dylan riu. — Maurice e meu irmão foram capturados em posições
mais comprometedoras do que pode contar. Parecem esquecer que moro aqui,
às vezes. Um arrepio percorreu a espinha de Dylan. Viu mais os corpos nus de
seu irmão e Maurice do que gostaria de admitir. Dylan não podia esperar até
que tivesse um lugar próprio.
— Bruto. — Cooper se levantou e foi até Dylan. — Só me faz apreciar
ser filho único. Obrigado! — Cooper deu um tapinha no braço Dylan.
— Ainda bem que pude ajudar. Dylan sacudiu a cabeça quando abriu
a porta do quarto e saiu para o corredor. Podia ouvir Asa e Maurice
sussurrando na sala de estar. Maurice parecia estar em pânico que ele e Asa
tivessem causado aquilo. Só porque viu seu irmão e seu cunhado no auge da
paixão, não o levou a querer experimentar com outro cara. Não era tão
impressionável.
— Ei, pessoal. — Dylan chegou e pegou a mão de Cooper e puxou-o
para a porta da frente. — Este é Cooper. — Ele acenou com a mão para fora
na frente dele. — Cooper, este é o Maurice, que já viu, e o outro cara é meu
irmão, Asa.
Asa pulou do sofá e estendeu a mão para um Cooper trêmulo. Os
olhos de Cooper estavam arregalados e seu rosto um pouco pálido, mas
apertou a mão de Asa. Maurice ofereceu sua mão e disse um pedido de
desculpas rápido, por não bater antes de entrar no quarto de Dylan.
— Liga mais tarde? — Dylan perguntou a Cooper quando abriu a porta
da frente.
— Sim. — Cooper deu um passo para trás em direção Dylan como se
fosse beijá-lo, mas parou e olhou para Asa e Maurice. Dylan soltou um gemido,
certo de que Cooper estava preste a correr para fora da porta, mas engasgou
de surpresa quando ele se inclinou e beijou Dylan muito suavemente na
boca. — Eu te ligo mais tarde. — O sorriso de Cooper foi diabólico. — Prometo.
— Excelente. — Dylan disse com face corada. Observou enquanto
Cooper desceu os degraus. Cooper parou quando alcançou o último e se virou
para acenar.
Dylan esperou até estar certo de que Cooper tinha ido embora e
fechou a porta. Borboletas invadiram em seu estômago. Parecia um novo
começo. Cooper estava tão nervoso quando Maurice os viu, mas beijou Dylan
em adeus. Isso tinha que ser um bom sinal.
— Dylan. — Asa disse alto o suficiente para chamar a sua atenção. Ele
se virou para ver seu irmão com os braços cruzados sobre o peito e encostado
no sofá. — Quem é este, exatamente?
— Cooper. — Dylan apontando por cima do ombro. — Apresentei ele.
Dylan sorriu quando ouviu seu irmão soltar um grunhido irritado. — Ele é meu
companheiro.
— Espere um minuto... — Maurice pulou na frente de Asa. — Você
acabou de dizer o seu companheiro?
— Sim disse. — Dylan mordiscou o interior de sua bochecha.
— Oh, meu Deus! — Maurice pôs as mãos nos quadris. — Esse cara é
o seu companheiro? — Dylan assentiu. — E você é gay?
— Maurice. —Dylan gemeu e rolou a cabeça para trás em seus
ombros para olhar para o teto. Depois de alguns segundos, olhou para o
irmão. — Asa, cara, já não explicou essa merda para o seu companheiro? —
Quando Asa não respondeu, Dylan voltou-se para Maurice. — Maurice, pensei
que soubesse de tudo isso até agora. Companheiros não são específicos para
cada sexo. Shifters não rejeitam um companheiro só porque não são o que
esperávamos. Claro, nunca tive um pensamento gay em toda a minha vida até
que conheci Cooper, mas agora... — Dylan olhou para o lado e tentou
encontrar as palavras certas para descrever o que queria dizer. — Agora ele é
tudo em que penso. Estar com ele e fazê-lo feliz, e fazer mais do que fizemos
hoje no meu quarto, é tudo que quero. Porque, meu Deus, foi incrível.
Felicidade encheu o peito de Dylan. Achava que o sorriso que usava
em seus lábios nunca iria embora. Queria escrever um cartão de
agradecimento a todos os poderes que permitiram encontrar seu companheiro
tão jovem. Alguns shifters passavam anos e anos à procura de sua alma
gêmea e Dylan, literalmente, apenas caiu em seu colo. A vida estava ficando
melhor a cada dia e ainda mais agora.
— Meu irmão mais novo encontrou seu companheiro. — Os lábios de
Asa enrolaram nos cantos. — E ele faz você feliz?
— Praticamente. — Dylan assentiu. — Além de seu melhor amigo ser
um homofóbico, bullying idiota, sim, estou feliz.
— Então, estamos felizes por você. — Asa estendeu a mão para
despentear os cabelos de Dylan. — Mas se seu amigo se tornar um problema,
lidarei com isso. Você não precisa de mais estresse em sua vida. Escutou?
— Sim, Asa. — Dylan fechou a distância entre ele e seu irmão, e
abraçou-o. — Obrigado por tudo.
— Ei, isso é o que os irmãos fazem. — Asa abaixou-se e cheirou o
cabelo de Dylan. — Agora vá pro chuveiro. Posso sentir o cheiro dele em cima
de você. — Asa muito empurrou Dylan longe dele. Seu rosto numa careta de
desgosto.
— Agora, entende como me senti quando encontrei os dois pequenos
pombinhos apaixonados. — Maurice bateu Asa no braço.
Dylan riu, enquanto caminhava de volta para o corredor e foi direto
tomar banho. Não queria lavar o cheiro de Cooper, mas também sabia que se
havia alguma esperança de passar o dia, precisava afastar sua mente de seu
companheiro.

*****
Dylan acordou na segunda de manhã com um enorme sorriso no
rosto. Não teve muito sono na noite anterior, porque ficou até uma da manhã
conversando com Cooper. Estavam de trocando mensagens e imagens toda a
noite, e quando conseguiram, finalmente, dizer boa noite, Dylan não conseguia
dormir. Ficou olhando para as fotos que Cooper enviou de seu corpo delicioso.
Ninguém estava em casa quando Dylan saiu de seu quarto e foi para
a cozinha, tomar café da manhã. Pegou uma maçã na saída, junto com sua
mochila e correu escada abaixo. Dylan pegaria Cullen aquela manhã, então
tinha que se apressar ou estariam atrasados.
— Ei, Cullen! — Dylan cantou enquanto seu amigo entrou em seu
carro.
— Ei. — Cullen respondeu, dando a Dylan um olhar engraçado. —
Você está super alegre esta manhã.
— É um dia bonito, homem. — Dylan saiu da garagem de Cullen e foi
em direção a Hemsworth.
Dylan e Cullen se separaram e concordaram em se reunir para o
almoço. As primeiras horas de Dylan passaram num flash. A voz monótona de
seu professor de cálculo não o incomodava naquele dia. Nada iria derrubar seu
bom humor. No final de sua palestra de sociologia, Dylan agarrou sua bolsa e
se dirigiu para o refeitório. Pegou uma bandeja e encheu-a com alimentos.
— Desculpe. — Dylan sorriu para a menina atrás dele quando
esbarrou em seu ombro, ao parar para puxar seu telefone do bolso. Sorriu e
seu rosto esquentou quando viu que era um texto de Cooper.
Onde você está???
Cafeteria, digitou de volta.
Doce! Vejo você em alguns minutos. Guarda um lugar. Cooper
acrescentou um emoticon piscando.
— Ei. — Dylan puxou a cadeira ao lado de Cullen e se sentou. Brooke
já estava lá, comendo uma salada.
— Ei, voltou. — Brooke estendeu a mão para pegar uma frita da
bandeja de Dylan. — Como estão as coisas?
— Ótimas.
— Se não são os dois pequenos pombinhos. — Disse Glenn atrás de
Dylan, interrompendo o que estava preste a dizer. — Vocês dois não
conseguem ficar longe um do outro.
— Foda-se, Glenn. — Brooke retrucou. Seu rosto ficou um vermelho
brilhante e Brooke parecia que estava preste a explodir.
— Relaxe, Brookey. — Glenn inclinou-se sobre o ombro de Dylan e
colocou a mão sobre a mesa. — Somos todos amigos aqui, não somos?
Dylan olhou para Glenn, mas Glenn não estava olhando para
ele. Não, estava olhando para um Cullen apavorado.
— Está tudo bem. — Dylan sussurrou para Cullen.
— Está tudo bem, garoto bonito? — Glenn chutou a cadeira de Dylan,
empurrando-o para trás da mesa.
— Qual é o seu problema, cara? — Dylan saltou em pé. Fez uma
promessa ao seu irmão de que não lutaria, mas seria condenado se deixasse
aquele idiota empurrá-lo ou a Cullen.
— Você é o meu problema, menino bonito. — Glenn deu um passo
para Dylan, torcendo o punho na camisa de Dylan, que apertou a mandíbula,
preparando-se para o golpe que sabia que viria. Ele não tinha medo.
— Ei, Glenn! — Cooper gritou atrás de Glenn quando o arrancou de
Dylan e deu-lhe um soco no nariz.
Dylan se encolheu com o som de trituração de osso. A cafeteria ficou
em silêncio, enquanto todos se viraram para assistir a cena se
desenrolando. Dylan, como os outros, ficou com a boca aberta olhando seu
companheiro sobre Glenn, que sentou esparramado no chão.
Dylan ficou tão consumido encarando Glenn, que não tinha visto
Cooper vir atrás de seu amigo.
— Que diabo, homem? — Glenn estalou. O sangue jorrando de seu
nariz e sua voz soava engraçada, com o nariz quebrado.
— Eu te disse uma vez para parar esta porcaria e você não deu
ouvidos. — Cooper pairava sobre Glenn. — Você trouxe isso em si mesmo.
— Porque se preocupa com um monte de bichas? — Glenn passou a
mão debaixo do seu nariz.
— Você nunca vai aprender, vai? — Cooper puxou sua mão de volta
para pousar outro golpe, quando um guarda de segurança do campus correu
pelas portas duplas, correndo em direção a eles.
Dylan estava ali, atordoado demais para fazer qualquer coisa. Estava
pasmo de seu companheiro se erguer, não só para ele, mas para Cullen e, de
certa forma, para si mesmo.
— O que está acontecendo aqui? — O guarda do campus, gritou. Ele
olhou entre Cooper e Glenn depois sacudiu a cabeça. — Ninguém quer
falar? Não importa. — O homem sacudiu a cabeça, com o rosto vermelho e
suor escorria pelos lados de seu rosto. — Podemos resolver isso no escritório
de segurança. Só porque esta é uma faculdade, não significa que não posso
chamar seus pais, pequenos privilegiados punks. Vamos, vamos embora. — O
homem estendeu a mão para ajudar Glenn no chão.
Cooper se endireitou e caminhou em direção a Dylan. Todos os olhos
estavam sobre eles e Dylan achou difícil de engolir. Sem dizer uma palavra,
estendeu as mãos, segurou o rosto de Dylan e o beijou. A língua de Cooper
lambeu em seus lábios e ele abriu para conceder-lhe o acesso. Suas línguas
giravam em torno de si, fazendo com que Dylan ficasse fraco dos
joelhos. Estendeu as duas mãos para descansar sobre os quadris de Cooper,
para não cair.
— Isso é o suficiente. — O guarda estalou os dedos para obter a sua
atenção.
— Inferno, sim, Super Cooper! — Brooke gritou.
O barulho na cantina ficou mais alto quando as pessoas começaram a
bater palmas e assobiar para eles.
— Espero que isso esteja bem. — Cooper sussurrou contra a boca de
Dylan, enquanto se afastava. Seus olhos estavam arregalados com a incerteza.
— Está mais do que bem. — Dylan sorriu e apertou a testa contra
Cooper.
— Vamos embora. — O guarda bateu Cooper no ombro.
— Eu vou, caramba. — Cooper sorriu para Dylan, deu-lhe mais um
beijo e depois seguiu o homem, para fora da lanchonete.
— Minha nossa! — Cullen agarrou o braço de Dylan, sacudindo-o.
— Dylan! — Brooke correu para Dylan e jogou os braços em volta
dele. — Isso foi tão legal! Não posso acreditar que Coop fez isso. — Brooke
sorriu de orelha a orelha.
— Nem eu. — Dylan riu.
Dylan estava num pequeno choque, mas do tipo bom, não o tipo
onde desmaiaria. Não sabia onde seu companheiro tirou a coragem de fazer o
que fez, mas não iria questioná-lo. Só esperava que Cooper não lamentasse
suas ações, porque isso iria matar Dylan.
Puxou sua cadeira de volta e sentou-se para terminar o seu
almoço. O sorriso nos lábios era forte demais para desaparecer. Não importava
o que aconteceu depois disso, ele e Cooper podiam trabalhar com isso. Dylan
não precisava de uma bola de cristal para dizer o que já sabia. Estava
apaixonado por Cooper Higgins, e que viesse o inferno ou enchentes, nunca
iria deixá-lo ir.

Capítulo 14

Cooper se sentou numa pequena área de espera no escritório de


segurança do campus. O guarda que os tinha levado para o escritório de
administração, para ver como o reitor, queria lidar com a situação. Só porque
estavam na faculdade agora não significava que não haveria consequências
para suas ações. Cooper se sentiu como uma criança no escritório do diretor,
esperando sua mãe para vir tirá-lo. Foi estúpido, mas não mudaria
nada. Glenn merecia o que teve.
Soltou uma respiração profunda e recostou-se na cadeira de metal
duro. Não era assim que viu seu dia. Quando se levantou naquela manhã,
estava tão animado para ver Dylan. Tinha sido apenas um dia desde que o viu,
mas parecia uma eternidade.
— Então, você é gay agora? — Glenn perguntou a Cooper.
— Sim. — Cooper rolou a cabeça em seus ombros para olhar sobre a
Glenn. O rosto de seu amigo estava inchado e manchando de sangue sua
camiseta cinza.
— Desde quando? — Perguntou Glenn, sentando-se para frente como
se realmente estivesse ansioso para ouvir a resposta.
— Desde sempre. — Cooper levantou a mão direita para escovar o
cabelo da t esta.
— Por que nunca disse nada?
— Por que acha, Glenn? — Cooper sacudiu a cabeça. Seu amigo não
poderia ser realmente tão sem noção. Glenn olhou para Cooper com um olhar
vazio e Cooper percebeu que não era apenas um ato. Glenn realmente não
sabia. — Glenn, você importuna as pessoas constantemente. Tira sarro delas e
um dos seus insultos favoritos é chamá-los de gay. Por que confessaria a você
que sou gay, se ia me tratar da maneira como trata todo mundo que considera
abaixo de você?
— Porque você é meu amigo, Coop. — Glenn cerrou o punho e bateu-
o em sua coxa. — Nunca faria isso com você, Glenn. — Sussurrou.
Cooper se afastou de Glenn. Não podia olhar para o que fez para o
rosto do seu amigo por mais um momento. Quando entendeu o que Glenn
tinha acabado de dizer, não sabia o que pensar. Eram amigos desde que eram
apenas meninos, mas ao longo dos últimos anos Cooper estava cansado de ser
amigo de Glenn.
Glenn era cruel e rude, e Cooper não queria fazer parte disso, mas
sentado ali, vendo a dor no rosto de Glenn, estava dividido sobre o que
fazer. Queria odiar Glenn, mas uma parte dele queria agarrar os bons
momentos que compartilharam quando ainda estavam jogando futebol em seu
jardim da frente, rindo sobre coisas estúpidas.
— E aí, Coop? — Cooper olhou para cima, chocado ao ver seu tio
andando pelo escritório.
— Tio Trevor? — Cooper levantou-se para cumprimentar seu tio. — O
que está fazendo aqui?
— Acabei de chegar a cidade e sua mãe perguntou se poderia vir lidar
com isso. — Trevor olhou para Glenn. Estremeceu quando deu um bom olhar
para o nariz de Glenn. — Ela estará em reuniões durante todo o dia no
hospital, então vim aqui em seu lugar. — Trevor inclinou-se para sussurrar em
seu ouvido. — Você fez isso?
— Sim. — Cooper murmurou.
— Bem, acho que sei por que a segurança do campus queria ver um
adulto responsável porque, obviamente, você também não tem um pingo de
sentido.
Trevor apontou para as cadeiras vazias e Cooper sentou. Fazia quase
um ano desde que tinha visto seu tio Trevor, que viajava muito a trabalho e
mal tinha tempo de parar e visitar Cooper e sua mãe. Na maioria das vezes,
simplesmente aparecia do nada, ficava por alguns dias e desaparecia até a
próxima vez.
A mãe de Cooper, muitas vezes, disse que era difícil para Trevor ficar
em torno deles, porque ele perdeu seu irmão. Cooper entendia isso. Trevor
parecia tanto com seu pai, que às vezes era como olhar para uma cópia
carbono. Ambos tinham o mesmo cabelo curto castanho-escuro, rosto angular
afiado, que sempre tinha uma sombra de barba no queixo e os mesmos olhos
azuis claros.
Tio Trevor era apenas dez anos mais velho que Cooper. Estavam com
a mesma altura, Trevor era talvez quatro ou cinco centímetros mais alto, mas
quando se tratava de massa muscular, não havia comparação. Trevor era
construído como uma máquina. Músculos grossos e arredondados cobriam seu
corpo. Cooper teve que assumir que seu tio malhava muito.
Sentaram-se em silêncio, até que o segurança saiu de seu escritório.
— Ok, rapazes, falei com o reitor e ele disse para deixá-los ir com
uma advertência. — Ele apontou um dedo para Glenn e Cooper. — Falei com
sua mãe, filho. — O homem olhou para Glenn. — E vou dizer o mesmo para
você. Qualquer briga mais e ambos irão serão expulsos de Hemsworth. Esta é
uma faculdade que se orgulha de ter um campus seguro. Os jovens adultos
aqui estão aqui para aprender a não tratar este estabelecimento como um
ringue de boxe. Capiche?
— Sim, senhor. — Cooper e Glenn ambos disseram ao mesmo tempo.
— Bom, agora saiam daqui.
— Qualquer aula mais para o dia? — Perguntou Trevor.
— Sim, uma, então tenho treino. — Cooper enfiou as mãos nos bolsos
enquanto caminhava pela calçada. — Então, quanto tempo fica na cidade?
— Algumas semanas. — Trevor colocou o braço em volta dos ombros
de Cooper. — É bom ver você, garoto.
— Você também. — Cooper levemente bateu seu tio no lado.
— É melhor você ir para a aula. — Trevor deu-lhe um pequeno
empurrão. — Vou estar em casa quando chegar. Podemos falar mais sobre o
que aconteceu hoje.
Cooper acenou com a cabeça e correu para a aula. Estava cinco
minutos atrasado. Conseguiu escapar em despercebido pelo seu professor e
tirou seu caderno para tomar notas. Uma vez que a aula acabou, seguiu para o
campo de futebol para a prática. Notou que Glenn não estava lá e teve que
assumir que seu amigo estava recebendo seu nariz arrumado no hospital.
— Ei, cara. — Keith, o quarterback da equipe parou no armário de
Cooper, que estava calçando as chuteiras e teve de olhar para cima. — Foi
muito impressionante o que fez hoje. — Keith segurou o punho para fora para
Cooper bater. — É bom saber que não estou sozinho aqui.
— O quê? — Os olhos de Cooper se arregalaram e sua boca caiu
aberta. — Você é... — Cooper olhou ao redor, em seguida, sussurrou: — Gay?
— Da última vez que verifiquei, sim. — Keith riu. — Todo mundo aqui
sabe e estão bem com isso. Se alguém lhe dar qualquer merda, deixe-me
saber, tudo bem?
— Sim. — Cooper sorriu e se levantou.
Cooper não podia acreditar. Todo esse tempo estava tão preocupado
com o que seus companheiros de time diriam, mas foi tudo em vão. Ninguém
parecia se importar. Alguns dos atacantes racharam algumas piadas à sua
custa, mas foi de uma forma média. Estavam apenas brincando com ele, como
se fosse um irmão mais novo. Foi um grande alívio.
Após a prática, Cooper foi para casa. Dylan tinha mandado uma
mensagem de que sairia mais depois com Cooper, mas tinha que cuidar d o
filho de seu primo por algumas horas.
Cooper parou na calçada e viu seu tio sentado na varanda da
frente. Saiu de seu caminhão e dirigiu-se para se sentar ao lado dele.
— Como foi a prática? — Perguntou Trevor.
— Ótima. — Cooper se sentiu tonto com a forma como o treino foi
bem.
— Impressionante ouvir. — Trevor deslocando ao redor para ter um
melhor olhar de Cooper. — Então, quer me dizer o que aconteceu hoje?
— Glenn e eu tivemos um desacordo sobre algumas coisas. — Cooper
estava de bom humor e estava feliz com a maneira como as coisas
aconteceram hoje, mas estava um pouco nervoso para dizer a seu tio. Perder
um amigo ou ficar com medo pela equipe era uma coisa, mas perder o amor
de um membro da família era muito mais difícil de aceitar.
— Que coisas, Cooper? Uma garota? — Trevor pressionou. Ele
recostou-se nos cotovelos e inclinou a cabeça em direção ao sol.
— Bem, mais ou menos. — Cooper mordiscou seu lábio inferior. Sabia
que tinha que dizer a verdade ou estaria sentado naquela maldita varanda o
dia todo. — Mas não era uma menina. — Cooper olhou para seu tio, esperando
que o entendesse o que disse.
— Huh? — Trevor sentou-se e virou-se para Cooper.
— Glenn estava sendo um idiota para o meu... meu... — Cooper
respirou fundo e deixou as palavras rolar para fora sua língua. — O meu
namorado. — Cooper cerrou os olhos fechados, mas quando o mundo não
chegou a um fim ardente e seu tio não estava gritando com ele, abriu-os.
— Namorado? — Trevor disse a palavra de forma lenta e Cooper
assentiu. — Ok, então. — Trevor levantou-se e estendeu a mão para Cooper
tomar.
— Só isso? — Cooper olhou para seu tio, esperando mais de uma
reação. — Não tem nada mais a dizer?
— O que quer que eu diga, Coop? — Trevor encolheu os ombros. —
Você tem um namorado. E daí? Não sou um idiota intolerante. — Trevor
estendeu a mão e apoiou as grandes palmas das mãos sobre os ombros de
Cooper. — Se esse cara que te faz feliz, então estou feliz.
Cooper sorriu e podia sentir nos olhos as lágrimas, lágrimas felizes,
isso foi. Poderia seu dia ficar melhor?

*****
Depois do almoço, Dylan recebeu um texto de Ryan para ver se
poderia cuidar de Riley por algumas horas. Carson tinha uma aula e Ryan tinha
que trabalhar até tarde. Dylan concordou, mesmo que estivesse ansioso para
ver Cooper.
Uma vez que Carson chegou em casa, Dylan pegou suas coisas,
abraçou Riley e Carson em adeus, e correu para casa. Asa tinha ligado
enquanto cuidava de Riley para pedir-lhe para parar em casa antes de
encontrar Cooper.
Dylan parou o carro numa vaga de estacionamento e subiu correndo
as escadas, e ficou surpreso ao ver Devon sentado na sala de estar.
— Ei, pessoal, o que aconteceu? — Dylan jogou sua mochila na mesa
ao lado da porta.
— Dylan, o lobo com quem eu queria falar. — Devon acenou para
Dylan sentar. — Quero que olhe algo para nós.
Dylan se espremeu entre Asa e Devon e se sentou. Na mesa de café
estava uma pilha de fotografias em preto-e-branco. Haviam sido tiradas na
floresta, nos arredores da cidade, perto da pista em que gostava de
correr. Veados e coelhos foram capturados nas fotos, seus olhos brilhando com
a luz noturna que capturou as imagens. Dylan passou a pilha e parou quando
chegou a uma em particular. Era uma vista lateral de um lobo grande, de cor
escura.
— Esse é o lobo! — Dylan olhou para Devon e Asa. — Eu disse que vi
um. Como conseguiu isso?
— Alguns anos atrás, Brandon colocou câmeras em certas partes da
floresta. Ele nunca as tirou. Todas as semanas, olha o filme e descobriu isso
alguns dias atrás. — Devon apontou para a imagem do lobo. — Há um shifter
na cidade, mas este é especial.
— Especial, como? — Perguntou Dylan.
— Porque ele não tem cheiro. — Devon soltou um suspiro pesado. —
Asa e eu temos andado em cada centímetro dessas florestas, com a ajuda de
alguns outros membros da matilha, e não encontramos nada.
— Mas isso é impossível, certo? — Dylan olhou para Asa.
— Isso é o que pensávamos, mas temos a prova de que algo está lá
fora. — Asa passou a mão sobre o cabelo curto. — Precisamos encontrá-lo
antes que faça mais danos. O garoto da floresta vai ficar bem e não tem
nenhuma lembrança do que aconteceu.
— Isso é uma coisa boa, certo? — As mãos de Dylan começaram a
tremer.
— É, até aquele lobo finalmente atacar alguém e dar uma mordida. —
Devon pegou a foto e olhou para a imagem borrada. — Você assustou o shifter
desconhecido e salvou a vida do homem, mas não temos pessoal para manter
olhos sobre todos na cidade. É apenas uma questão de tempo, antes que um
humano seja atacado, e, se isso acontecer, teremos todos os tipos de
caçadores vindo à cidade e nem todos são bons. Poderia tornar-se perigoso
para nós.
Dylan se sentou no sofá. Seu dia estava indo tão bem e isso tinha
que acontecer. Tinham acabado de se mudar para Silver Creek e Dylan não
queria sair, mas se as pessoas começassem a caçar lobos, não teriam escolha.
— Não se preocupe, irmãozinho. — Asa bateu-lhe no joelho. — Temos
pessoas trabalhando nisso. Vamos encontrar este shifter em algum momento.
O som do telefone de Dylan indicou que tinha um texto. Tirou o
telefone do bolso de trás e sorriu para a tela. Era Cooper perguntando onde
estava.
— Tenho que ir. — Dylan se levantou e deu um passo por cima das
pernas estendidas de Devon. — Vou manter um olho para fora procurando o
shifter desonesto, também. Espero que possamos encontrá-lo em breve e ver
o que ele quer. — Dylan correu em direção à porta.
— Se você o ver, Dylan... — Devon disse exatamente quando Dylan
estava abrindo a porta. — não tente enfrentá-lo. Ligue e peça ajuda, me
ouviu?
— Sim, senhor. — Dylan saudou seu alfa e correu para fora da
porta. Um monte estava acontecendo, mas tudo parecia cair para segundo
plano quando se tratava de Cooper. Não podia esperar para ver o seu
companheiro.

Capítulo 15

Dylan parou em frente à casa de Cooper. Havia alguns carros na


garagem e, de repente, sentiu-se nervoso. Todas as questões começaram a
surgir em sua mente. Será que Cooper contou a sua mãe o que aconteceu?
Será que ela aprovaria seu relacionamento? Cooper iria se ressentir de beijá-lo
numa sala cheia de pessoas?
Era um pouco irritante não saber o que estava preste a enfrentar,
mas não importando o que houvesse, iria manter a cabeça erguida. Não era
como se tivesse transformado Cooper em gay. Se aconteceu qualquer coisa
parecida, Cooper o transformou em gay. Dylan riu, enquanto caminhava até os
degraus da frente. Respirou fundo, levantou a mão e bateu na porta.
— Olá. — Cooper disse suavemente quando abriu a porta.
— Olá. — Dylan entrou. Cooper ficou na frente dele sorrindo e Dylan
não pode se conter. Investiu contra Cooper e passou os braços ao redor de sua
cintura. — Senti sua falta.
— Senti a sua, também. — Cooper apertou os braços em torno de
Dylan e puxou-o para mais perto.
Dylan esfregou o rosto no tecido da camisa de Cooper. Se não
houvesse ninguém esperando, ficaria apenas aninhado com Dylan, mas era
mais do que isso. Estava marcando Cooper com seu cheiro.
O som de alguém limpando a garganta fez Dylan e Cooper saltarem e
se afastarem. Em pé, na frente deles, estava uma morena bonita com cabelos
lisos e uma tez clara. Não era muito alta, mas tinha o mesmo sorriso de seu
filho. Aquela tinha de ser a mãe de Cooper.
— Desculpe interromper. — A mulher se aproximou e estendeu a
mão. — Meu nome é Angie, e, pelo que ouvi, você deve ser Dylan.
— Sim, senhora. — Dylan pegou a mão dela e deu-lhe um aperto
suave.
— Você é a razão pela qual meu filho foi repreendido por ter brigado
no campus da faculdade. — Angie estreitou um olho, enquanto deixava seu
olhar vagar de cima para baixo pelo corpo de Dylan.
— Eu... Uh... Bem... — Dylan não sabia o que dizer. Olhou para
Cooper, como que pedindo ajuda, mas seu companheiro não ajudou. Sua mãe
não era uma mulher grande, mas o olhar duro em seu rosto o fazia tremer
onde estava.
— Estou brincando com você. — Angie estendeu a mão para bater
levemente no braço de Dylan. — Eita, relaxe um pouco. — Ela riu. — Dylan, é
muito bom conhecê-lo, e, não, não te culpo pelo que aconteceu hoje. — Angie
caminhou até seu filho e deu um tapinha nas costas dele. — O ensinei a
defender a si e aos outros e estou orgulhosa dele, mas Glenn, por outro lado...
— Ela balançou a cabeça. — Vou precisar ter uma conversa com a mãe do
garoto.
— Mãe. — Cooper gemeu.
— O que? O que Glenn fez foi uma merda. — Angie olhou para Dylan.
— Perdoe a minha linguagem.
— Está tudo bem. — Dylan tranquilizou-a.
Foi bom ver que ela estava do seu lado e não tentando defender as
ações de Glenn. Pelo que Cooper havia lhe dito, ele e Glenn eram amigos
desde antes que pudessem andar. E ficou com medo que a mãe de Cooper
tomasse o partido de Glenn.
— Eita, Angie, deixe pelo menos o pobre garoto entrar, antes de
bombardeá-lo com um milhão de perguntas. — Um homem, que parecia com
Cooper, se aproximou. Ele era bonito e tinha um corpo mais robusto. — Oi,
sou Trevor. O tio de Cooper.
— Olá, senhor. — Dylan apertou a mão oferecida. Era quente, áspera
e tinha calos na palma da mão, como se Trevor fosse um homem que
trabalhasse com as mãos. — Prazer em conhecê-lo.
— Você é adorável. — Angie foi até Dylan e colocou o braço em volta
dele.
— Uh, mãe. — Cooper disse, enquanto olhava por cima da cabeça de
Dylan e exclamou: — Desculpe.
— Pelo que? Ele é tão educado. — Angie disse levando Dylan em
direção à sala de estar. — Vamos sentar e conversar um pouco mais, não é?
Dylan olhou por cima do ombro para Cooper. Seu companheiro
estava rindo para si mesmo e balançando a cabeça. Aparentemente, Dylan não
tinha nada com que se preocupar quando veio conhecer a família de Cooper, o
que foi um alívio, já que eram companheiros e, da última vez que verificou,
não havia nenhuma forma de negar seu companheiro ou seus familiares.
— Quer dar um passeio? — Cooper perguntou Dylan, um pouco mais
tarde, depois de terem jantado com sua mãe e tio.
Uma vez que já tinham terminado o jantar, Dylan e Cooper retiraram
os pratos. O tio de Cooper se desculpou, dizendo que tinha alguns telefonemas
para retornar e sua mãe recebeu um telefonema no trabalho e teve de voltar
para o hospital. Dylan soube que Angie era uma enfermeira no hospital,
também era a responsável pelas programações e horários de todas as outras
enfermeiras e lidava com problemas dentro da equipe de enfermagem, quando
surgiam. Cooper disse que sua mãe trabalhava muitas horas e não ficava
muito em casa.
— Claro, por que não? — Dylan seguiu Cooper para sua caminhonete
e corou quando Cooper caminhou até o lado do passageiro e abriu a porta para
ele.
— Obrigado.
Cooper voltou para o lado do motorista e entrou. O sol se pôs
algumas horas atrás e o bairro estava coberto pela escuridão. Não havia uma
nuvem no céu e as estrelas brilhavam ainda mais.
— Para onde estamos indo? — Dylan perguntou depois de alguns
minutos de silêncio. Cooper estendeu a mão, agarrou a mão de Dylan e a
trouxe para descansar em sua coxa.
— Queria ficar algum tempo a sós com você. — Cooper piscou para
ele. — Não me interprete mal, estou super excitado que minha mãe e tio
aprovaram estarmos juntos, mas estou cansado de compartilhar você esta
noite. — Cooper puxou Dylan, o trazendo para mais perto e colocando-o sob
seu braço.
— Sim, é legal que ela tenha aceitando tão bem estarmos juntos. —
Dylan deixou a cabeça descansar no peito duro de Cooper.
— É uma mãe incrível. Nem sequer pestanejou quando disse a ela.
— Sua mãe parece ser surpreendente. — O coração de Dylan doeu
com um pouco de inveja. Não lembrava muito sobre sua própria mãe e, em
momentos como este, desejava que ela ainda estivesse por perto.
— Ela é e você vai amá-la. — Cooper deve ter sentido a tristeza de
Dylan, segurou-o um pouco mais perto, e se inclinou beijando o topo de sua
cabeça.
Dirigiram em silêncio por mais alguns minutos, até que Dylan
percebeu que estavam indo direto para a floresta. Cooper manobrou no
estacionamento vazio, parando a caminhonete perto do caminho que levava ao
início da pista de caminhada. Não havia luzes de rua, mas Dylan não precisava
de nenhuma. Olhou em volta, à procura de qualquer sinal de movimento. Era
estúpido estar ali, especialmente sabendo que havia um shifter misterioso à
solta. Não seria inteligente ficar vagando pela floresta escura.
— Sei que esse não é o mais romântico dos lugares. — Cooper disse
desligando o motor. Girou a chave novamente para ligar o rádio. — Mas tinha
de ficar sozinho com você.
Antes que Dylan pudesse dizer uma única palavra, Cooper o levantou
e o colocou no seu colo. Dylan sentou abrangendo os quadris de seu
companheiro. Cooper muito levemente acariciou com as mãos as costas de
Dylan, até que parou segurando firmemente em suas nádegas. Dylan
engasgou e arqueou o corpo para Cooper.
— Meu pênis esteve duro desde que entrou na minha casa, esta noite.
— Cooper mordiscou o pescoço de Dylan. — Deveria haver uma lei contra você
parecer tão gostoso. — Cooper chupou a pele logo abaixo da orelha de Dylan.
— Oh Deus, Cooper... — A cabeça de Dylan pendeu para o lado. Uma
onda de calor pulsou em suas bolas e ondulou ao longo de sua pele, fazendo
seu pênis crescer, ficando mais e mais duro.
— Amo ouvir você dizer o meu nome. — Cooper empurrou seus
quadris para cima, contra a bunda de Dylan. — Juro que posso ouvi-lo na
minha cabeça, mesmo quando não está por perto. — As mãos de Cooper se
moveram entre eles e rapidamente desabotoaram a calça de Dylan. — Muita
roupa. Quero você nu.
— Sim, nu. — Dylan murmurou, enquanto se moveu o suficiente para
tirar um pé para fora da calça jeans e da cueca boxer. Riu quando sua bunda
esbarrou na buzina e ela disparou. — Merda.
— Ei, bebê, está tudo bem. — Cooper segurou com as mãos cada lado
do rosto de Dylan. — Estamos sozinhos aqui. Então, por favor, faça tanto
barulho quanto quiser.
Dylan não tinha tanta certeza sobre isso. Virou a cabeça para o lado e
olhou pela janela do lado do passageiro, enquanto Cooper continuava a beijar
e lamber ao longo de seu pescoço. Dylan pensou que a floresta parecia
tranquila demais. Algo tinha assustado os animais selvagens que viviam dentro
da mata.
— Dylan, onde você está? — Cooper levemente segurou o queixo de
Dylan, fazendo com que o encarasse. — Você está bem? Não temos que fazer
nada se não quiser.
Dylan olhou fundo nos olhos de luz azuis de Cooper e esqueceu de
todo o resto. Nada era tão importante quanto se conectar e ser apenas um
com seu companheiro.
— Oh, eu quero. — Dylan se atrapalhou com o cós da bermuda de
Cooper. — Realmente, realmente, realmente quero.
Cooper riu, enquanto levantava o quadril para tirar sua bermuda o
suficiente para expor seu pênis e bolas. A boca de Dylan encheu de água
quando olhou para aquele belo pênis. Não podia esperar para tê-lo dentro de
si, o possuindo, mostrando a Dylan a quem pertencia. Olhando para os pênis
duros entre eles, Dylan baixou o corpo para pressionar seus pênis juntos.
Cooper agarrou a parte de trás da cabeça de Dylan e o puxou para
um beijo escaldante. Dylan começou a balançar os quadris para frente, se
esfregando em Cooper, com a necessidade de tê-lo e esfregou contra seu
pênis entorpecido. Cooper baixou as mãos para nádegas de Dylan. Amassou os
músculos firmes e afastou as nádegas de Dylan, depois, lentamente, moveu
uma mão para seu vinco quente. Dylan empurrou e gemeu alto quando as
pontas dos dedos de Cooper acariciaram seu ânus. O músculo tremeu e Dylan
empurrou de volta para o toque de Cooper.
Cooper trabalhou a ponta de um dedo dentro dele e Dylan queria
mais.
— Foda, Cooper. — Dylan estava arqueado contra o corpo duro de
Cooper. — Preciso de você.
Podia sentir seus dentes começando a alongar. Raspou os dentes
afiados levemente sobre a pele frágil do pescoço de Cooper. Seu lobo queria
sair. Cooper agarrou com a outra mão os cabelos de Dylan e puxou-o para
perto para selar seus lábios. Dylan fez o seu melhor para manter seus caninos
afiados afastados de Cooper. Nada poderia estragar o momento mais do que
se Cooper descobrisse agora que não era inteiramente humano.
— Estenda a mão e abra o porta-luvas. — Disse Cooper contra os
lábios de Dylan inchados pelo beijo. — Coloquei algumas coisas lá dentro.
Dylan arqueou as sobrancelhas para seu companheiro, mas fez o que
lhe foi dito. Se inclinou e abriu o porta-luvas, riu quando encontrou
preservativos e um tubo de lubrificante. O objetivo do lubrificante, entendeu,
mas os preservativos? Não muito.
— Não é um pouco tarde para isso? — Dylan levantou a caixa. Cooper
não sabia do estado de shifter de Dylan, que o mantinha imune a pegar
qualquer doença, mas sem contar isso, a primeira vez que tinham tido sexo,
não usaram nada. Dylan preferia não usar preservativo.
— Bem, sim, mas não quis correr o risco de você não querer manter
relações sexuais comigo sem eles. — Cooper bateu o dedo contra o ânus
tremulo de Dylan. — Só estive com outra pessoa antes de você e essa pessoa
era virgem, também. No meu último exame físico, fui testado e não tinha
nada, mas não quero que sinta qualquer pressão.
— Confio em você. — Dylan sorriu quando se inclinou para beijar
Cooper. — Também não tenho nada, então se tiver certeza sobre isso, digo
que não devemos usar preservativos, não é como se pudesse engravidar.
— Não, mas tenho certeza que podemos tentar. — Cooper riu e
apertou as mãos ao redor do quadril de Dylan.
Cooper pegou a pequena garrafa de lubrificante da mão de Dylan e
abriu a tampa. Dylan ouviu o som suculento quando Cooper espremeu um
pouco fora da embalagem. Os dedos frios fizeram Dylan ficar tenso antes de
relaxar novamente com o toque de Cooper.
Cooper empurrou um dedo grande dentro de Dylan, sua boca abriu
com a sensação que causou.
— Empurre sua camisa para cima, bebê. — A voz de Cooper estava
baixa e arrastada.
Fez o que lhe foi pedido e Cooper baixou a cabeça para frente e
começou a chupar o mamilo direito de Dylan. Gritou e agarrou os cabelos de
Cooper, puxando-o para mais perto. Nunca teve ninguém brincando com seus
mamilos antes e não podia acreditar o quão bom era. Sua pele foi salpicada
por arrepios e um suor eclodiu ao longo de seu corpo.
Cooper puxou os dedos para fora de Dylan e bateu em seu quadril.
Dylan se levantou de joelhos e engasgou quando a cabeça gorda do pênis de
Cooper pressionou através de seu ânus. Cooper segurou seu pênis com uma
mão e manteve a outra no quadril de Dylan, encorajando-o a afundar mais.
Dylan baixou lentamente o corpo no pênis aveludado e liso até que
não pode ir mais longe, e os pelos pubianos grossos de Cooper fizeram
cócegas nas suas nádegas nuas. Ambos gemeram e ficaram parados por
alguns segundos. Dylan estava absorvendo todo prazer correndo através de
seu corpo. E ainda não conseguia entender como nunca, nenhuma vez se
perguntou como seria foder com outro homem. Agora que sabia, não poderia
imaginar ter qualquer outro tipo de sexo.
— Você está bem? — Perguntou Cooper. Roçando os lábios sobre os
de Dylan.
— Perfeito. — Dylan levantou as mãos e colocou-as em ambos os
lados do pescoço de Cooper.
Lentamente começou a montar o pênis duro de seu companheiro.
As mãos de Cooper esfregavam as costas de Dylan. E começaram a
fazer amor, doce e devagar. Então, como se um interruptor tivesse sido
invertido, Dylan moveu sua bunda mais e mais rápido de encontro ao pênis de
Cooper que encontrou impulso por impulso de Dylan.
— Oh, Deus, Dylan. — Cooper mudou as mãos para cima para
segurar Dylan pelos ombros, ancorando-o no lugar. Cooper puxou e Dylan
desceu de encontro ao seu impulso para cima.
O som de seus corpos encharcados de suor se movendo juntos ecoou
na pequena cabine da caminhonete de Cooper. O cheiro de sexo impregnava o
ar e Dylan estava perto de perder o controle. Moveu suas mãos para longe de
Cooper por medo que suas garras machucassem sua pele. Seus dentes doíam
com a necessidade de se afundar no ombro musculoso e bronzeado que estava
em frente à sua boca, mas se conteve. Estava ficando cada vez mais difícil se
controlar. Tudo que queria era reivindicar seu companheiro.
— Bebê, estou perto. — Cooper resmungou. — Quero sentir você
gozando primeiro.
Dylan estava de acordo com isso. Colocou a mão entre eles e
envolveu-a ao redor de seu pênis, consciente de suas garras afiadas. Levou
apenas alguns movimentos de seu punho antes que gozasse. Um jato de
esperma saiu de seu pênis e caiu sobre o peito de Cooper. Uma pequena
quantidade molhou a camisa de Cooper, mas Dylan não achou que ele fosse se
importar.
— Porra! Tão bom. — O corpo de Cooper começou a tremer e Dylan
sentiu que o momento que Cooper lançou seu esperma profundamente no seu
corpo.
As paredes sedosas e apertadas de seu ânus ordenharam até a
última gota de esperma que jorrou do pênis de Cooper. Dylan balançou o
corpo suavemente para frente e para trás, fazendo o seu melhor para
aumentar o clímax de seu companheiro.
— Oh, homem, pare de se mover. — Cooper riu sem fôlego. E
lentamente abriu os olhos para olhar Dylan. — Nunca vou ter o suficiente de
você. — Sussurrou.
— Me sinto da mesma maneira. — Dylan se inclinou e beijou os lábios
úmidos de Cooper.
Ficaram sentados assim por um tempo. Dylan não estava com pressa
de sair do colo de Cooper. Por um breve momento, estavam seguros em sua
própria bolha pequena, separados do resto do mundo, mas sabia que era
apenas uma ilusão. Em algum lugar lá fora, na floresta, havia um monstro, e a
Matilha de Nehalem teria que encontrá-lo, antes que o problema atingisse sua
pacata cidade.

Capítulo 16

Era quinta-feira à noite e Cooper e Dylan estavam no sofá de sua sala


de estar. Tinham se passado quatro dias desde o grande passeio e vida estava
estranhamente normal. Nada tinha mudado, realmente. Cooper acordava pela
manhã, ia para a escola, assistia a prática de futebol e cada minuto disponível
entre isso era gasto com o Dylan.
A mãe de Cooper tinha praticamente adotado Dylan. Banhava-o de
atenção quando estava na casa e dava-lhe abraços de olá e de despedida. Isso
aquecia o coração de Cooper. Disse a sua mãe sobre os pais de Dylan terem
morrido e, claro, sua mãe começou a chorar. Sua mãe tinha um grande
coração e não importava o quão dura tentasse se pintar ao resto do mundo,
ela era uma grande manteiga derretida.
Seu tio Trevor aceitou extremamente bem Cooper ser gay e parecia
gostar de Dylan, mas Trevor não estava por perto muito recentemente. Ele
tinha ido embora antes de Cooper levantar-se de manhã e não tinha voltado
para a casa até depois da meia-noite. Cooper não conseguia entender o que
mantinha seu tio fora por tanto tempo. Trevor era um programador de
computador e sabia que seu tio tinha horas loucas e viajava bastante devido
ao seu trabalho, mas achou que seu tio lhe diria se estivesse trabalhando ali
na cidade, e mesmo que estivesse, poderia realmente fazer Trevor ficar fora
durante todo o dia e noite?
Cooper se sentou no sofá abraçando Dylan por trás, enquanto
assistiam TV. Sua mente continuava vagando para pensamentos de seu tio e
esperando que estivesse bem. Realmente odiaria se seu tio estivesse ficando
longe de casa apenas para evitar ficar perto dele. Esse pensamento o
entristeceu e ele apertou os braços em torno de Dylan, puxando-o para mais
perto.
— Bebê, você está bem? — Dylan perguntou, enquanto deslizava
suavemente seus dedos finos para cima e para baixo no antebraço de Cooper.
— Sim. — Cooper se inclinou para beijar a parte de trás do pescoço
de Dylan. — Apenas cansado, é tudo.
— Se quiser, posso ir. — Dylan tentou sentar, mas Cooper o puxou de
volta para baixo e jogou a perna sobre Dylan.
— Não. — Cooper mudou de posição até que estava deitado em cima
de Dylan, que gritou e se sacudiu quando Cooper começou a lhe fazer cócegas.
— Você não vai a lugar nenhum.
— É isso mesmo? — Dylan passou seus braços ao redor do pescoço
de Cooper e puxou-o para um beijo suave.
A língua de Dylan jogou sobre os lábios de Cooper e abriu sua boca
para permitir o acesso ao seu amante. Cooper moeu seus quadris contra
Dylan, engolindo os gemidos cheios de luxúria de Dylan.
O som da campainha da porta tocando através da casa teve Cooper
se afastando de Dylan e sentando-se.
— Eu me pergunto quem será. — Cooper saiu de cima do sofá, se
esquivando das mãos de Dylan, enquanto andava em torno dele. — Volto já.
— É melhor mesmo. — Cooper olhou por cima do ombro para Dylan.
Dylan tinha sua mão agarrando ao redor de sua dura, grossa protuberância em
sua calça. — Tem algumas coisas que precisam de sua atenção aqui. — Dylan
balançou as sobrancelhas.
Cooper gemeu enquanto olhava para seu namorado sexy. Ele e Dylan
tinham feito tantas vezes nos últimos dias. Era como se os dois estivessem
recuperando o tempo perdido. Esperava que fossem sempre assim, incapazes
de manter suas mãos longe um do outro. Cooper não era estúpido ou algum
idiota apaixonado. Sabia que as chances de que ele e Dylan ficassem juntos
eram pequenas, porque eram jovens, mas tinha esperança de que talvez
fossem a exceção à regra. Não conseguia descobrir o que o impulsionava para
Dylan, mas era forte. Não queria ficar sem Dylan, nunca.
Quem estava do outro lado da porta da frente bateu novamente e
Cooper foi abri-la.
— Glenn. — Cooper ficou surpreso ao vê-lo ali. Praticamente tinham
evitado um ao outro quando se viam no campus, em seguida, no treino de
futebol. Conseguiam se manter afastados. Cooper jogava na linha ofensiva e
Glenn na defensiva, por isso não era tão difícil. — O que está fazendo aqui?
— Pensei em passar por aqui e ver como você estava. — Glenn olhou
para o chão e arrastou seus pés. — Sei que tenho uma cabeça dura. — Glenn
olhou para cima e sorriu. — Queria ter certeza que meu rosto não sujou a sua
mão ou algo assim.
— Não, estou bem. — Cooper riu. Ele tomou conhecimento dos olhos
enegrecidos e do curativo no nariz de Glenn. O inchaço tinha ido, mas ainda
parecia doloroso.
— Fico feliz em ouvir isso. — Glenn ficou se remexendo e estava
começando a fazer Cooper desconfortável.
— Cara, por que está aqui? — Cooper encostou-se na moldura da
porta.
— Senti sua falta. — Glenn levantou a cabeça e olhou nos olhos de
Cooper, que podia ver a sinceridade nas profundezas marrons quentes. —
Sinto falta de falar com o meu melhor amigo. — Glenn cruzou os braços, em
seguida, descruzou-os para enfiar as mãos nos bolsos. — Fui um idiota e
mereço minha bunda chutada. — Os olhos de Glenn começaram a piscar como
se estivesse preste a chorar. —Eu sinto muito.
— Glenn, cara, não sou o único a quem precisa dizer isso. — Cooper
olhou por cima do ombro e pode ver Dylan olhando em sua direção.
— Eu sei. — Glenn soltou uma risada nervosa. — Mas precisava
começar em algum lugar. — Glenn levantou a mão para correr através de seu
cabelo. — Merda! Tudo está tão confuso agora. — Glenn bateu a mão sob seu
olho. — Somos amigos por tanto tempo quanto me lembro. Cada lembrança
que tenho, você é uma parte dela. Não quero que isso nos impeça de sermos
amigos, Coop. Se soubesse que você era, você sabe, do jeito que é, poderia
ter agido de forma diferente. Acho que apenas estou esperando que possa me
perdoar.
Cooper sentia um pouco de simpatia por Glenn. Não ia criar
desculpas para ele, mas deveria ter sido mais vocal quando Glenn estava
sendo um idiota a todos e contado a ele desde o início que era gay. Talvez se
tivesse, Glenn teria tido uma perspectiva diferente das coisas.
— Eu te perdoo, Glenn, mas precisa provar que mudou.
— Eu vou. — Glenn respirou fundo. — É difícil estar bravo com você.
Vi vocês dois no campus e pareciam tão felizes, e não vou foder com isso.
— Obrigado. Agradeço.
— Não se preocupe. — Glenn olhou por cima do ombro, depois de
volta para Cooper. — Bem, é melhor eu ir. Disse à minha mãe que não iria
demorar. Vou vê-lo no treino de amanhã?
— Sim, amanhã. — Cooper ficou ali e observou, enquanto Glenn
entrava em seu carro e ia embora. Realmente esperava que seu amigo muda-
se. O mundo era um lugar grande e se Glenn mantivesse sua mente numa
caixa, poderia realmente se machucar em algum lugar ou entrar em apuros.
— Acredita nele? — Dylan veio por trás de Cooper e passou os braços
ao redor de sua cintura.
— Não sei. — Cooper cobriu as mãos de Dylan com as suas. — Eu
quero.
— Sei que quer, bebê. — Dylan beijou a nuca de Cooper. Dylan
empurrou seus quadris na coxa de Cooper. O comprimento duro estava
cutucando-o em um ritmo delicado.
— O que está fazendo? — Cooper suspirou.
— Tentando distraí-lo. — Dylan puxou a gola da camiseta de Cooper e
mordiscou seu ombro. — Está funcionando?
Cooper não disse uma palavra. Ele se virou, levantou Dylan e
caminhou de volta para seu quarto. Sua mãe deveria estar em casa em uma
hora e era apenas tempo suficiente.

*****
Dylan pegou sua mochila do chão, deu a Cooper um beijo de boa
noite e saiu pela porta. Eram quase onze horas e se não saísse agora, iria
acabar caindo no sono na cama de Cooper, de novo. Não teria sido um grande
negócio, mas tinha aula às sete horas da manhã e não queria ter que se
levantar super cedo para ir para casa e conseguir uma muda de roupa.
Enquanto se aproximava de seu carro, viu faróis descendo a rua. Era
um grande SUV preto. Ele o reconheceu como o carro do tio de Cooper,
Trevor. Esperou um momento para dizer Olá para o homem.
— Ei, Dylan. — Trevor saiu do carro e fechou a porta. — Saindo já? —
Trevor olhou para baixo em seu relógio.
— Sim. — Dylan revirou os olhos. — É uma noite de escola e tudo. —
ele brincou.
— Engraçado. Eu me lembro de que quando estava na faculdade,
parecia que havia uma festa todas as noites. Você e Coop são pesos leves,
sempre estão enfurnados em casa. — Trevor cruzou os braços sobre o peito. A
ação fez sua camisa preta de manga comprida subir até sua cintura e os olhos
de Dylan avistaram um metal preto brilhante. Um calafrio percorreu sua
espinha com a visão. Era uma arma que estava dentro do jeans escuros de
Trevor.
Dylan rapidamente correu os olhos de volta para o rosto de Trevor,
enquanto ele continuava a falar, mas Dylan não estava prestando atenção.
Armas o deixavam nervoso. Desde que atirou em um membro da matilha, não
gostava delas. Armas eram iguais à dor e morte no mundo de Dylan e estaria
perfeitamente feliz se nunca mais visse outra.
— Dylan, amigo, você está bem? — Trevor deixou cair os braços para
os lados e deu um passo em direção a ele. — Parece como se tivesse visto um
fantasma.
— Não. Estou bem. — Dylan forçou um sorriso.
— Ok, bem, tenho certeza que vou vê-lo mais tarde.
— Sim, mais tarde. — Dylan assentiu e entrou em seu carro.
Na volta para casa, Dylan quebrou seu cérebro pensando no porque o
tio de Cooper estaria carregando uma arma. Cooper disse que seu tio era um
programador de computador. Na última vez que checou, essa profissão não
exigia armas de fogo.
A mente de Dylan nadou nas memórias que tentou manter
enterradas, mas elas se recusavam a serem ignoradas. Em outro lugar e outro
tempo, Dylan tinha sempre carregado uma arma por insistência de seu avô.
Nunca teve de usá-la, até que ele veio para Nehalem. Sob a ordem de seu avô,
atirou em Kaden Kline-Kemp quando o shifter puma tentou impedi-lo e a seu
avô de levar Carson para longe de Nehalem. Dylan não sabia na época o
monstro que seu avô era. Não foi até que ele tentou matar Asa que Dylan
finalmente saiu do encanto de seu avô.
— Pare com isso. — Dylan disse para si mesmo. — Isto está no
passado e nunca vou voltar para lá novamente.
Dylan não era a mesma pessoa que costumava ser. Estava fazendo
uma boa vida para si mesmo em Silver Creek e, com Cooper ao seu lado, ele
não tinha nada a temer.

Capítulo 17

Na manhã seguinte, Dylan dirigiu para pegar Cullen. Isto se tornou


uma rotina. Quando conheceu Cullen, nunca pensou que aquele pateta tímido
se tornaria seu melhor amigo. Cullen era realmente o maior amigo que Dylan
já teve. Com certeza, ninguém se comparava com Cooper, mas Cullen estava
próximo.
Dylan estacionou seu carro e ele e Cullen se separaram. Como
sempre, concordaram em se reunir para o almoço e irem para a biblioteca para
estudar.
Até o meio-dia Dylan estava morrendo de fome. Nunca tinha sido
uma pessoa da manhã e nunca teve tempo suficiente para comer antes de ter
que correr para fora. Uma vez na cafeteria, pegou uma bandeja e fez suas
voltas, enchendo-a.
— Vejo que não tomamos café da manhã novamente. — Brooke disse,
enquanto se sentava na cadeira ao lado dele.
Cullen apareceu à mesa poucos minutos mais tarde. Estava falando
sobre um dos cursos de ciências que estava tendo. Quanto mais Dylan ouvia
Cullen falar, mais percebia o quão inteligente o cara era. Cullen tinha sonhos
de se tornar algum tipo de químico de laboratório. Dylan tentava seguir
quando Cullen começava a falar sobre o seu mais recente projeto, mas estava
acima da cabeça de Dylan. Geralmente apenas sorria e acenava com a cabeça
nos momentos certos.
— Boa tarde, bonito. — Cooper sussurrou no ouvido de Dylan.
— Ugh! — Dylan divertidamente deu um tapa no braço de Cooper
quando ele puxou a cadeira ao lado de Dylan e se sentou. — Pare de me
chamar de bonito. É irritante. — Dylan se inclinou para pressionar seus lábios
nos de Cooper. — Sou um homem, caramba. Diga-me que sou asperamente
bonito.
— Bebê, não há nada de áspero em você. — Cooper riu.
— Cale-se, moço. — Dylan beliscou Cooper na parte inferior de seu
braço e seu companheiro arquejou e estremeceu.
— Você está pronto para o jogo no sábado? — Brooke perguntou a
Cooper.
— Você sabe. — Cooper levantou a mão para dar um tapa em Brooke.
— O treinador está nos fazendo trabalhar duro, mas acho que temos um
objetivo para bater em Wake Forest. Eles são um bom time, mas também
somos.
— É o que eu queria ouvir, Coop. — Brooke bateu as mãos em cima
da mesa. — Você vão? — Ela perguntou a Dylan, então olhou para Cullen.
— Eu não sei. — Dylan não era um fã de esportes e realmente não
tinha qualquer desejo de passar três horas de sua noite sentado nas
arquibancadas duras do estádio, para assistir a um jogo que não tinha nenhum
desejo de ver.
— Oh, vamos lá. — Cooper cutucou Dylan com o cotovelo quando ele
deu uma mordida em sua pizza. — Vou começar. — Ele disse com a boca cheia
de comida. —Você tem que ir assistir.
— Você deveria ir, Dylan. — Brooke sorriu. — Vai conseguir ver o seu
namorado em calças super apertadas.
Dylan nunca tinha pensado sobre isso. Antes de Cooper, não tinha
necessidade de ver os caras em calças de nylon apertadas, mas ver seu
companheiro nelas…
— Ok. Estou vendido. Que horas começa? — Dylan cedeu e Cooper
beijou sua bochecha.
— Legal! — Brooke levantou a mão para Dylan bater. — Então,
depois, quando vencermos, fogueira na floresta. Hora da festa! — Brooke
bombeou seu punho no ar.
— E se não vencermos? — Cooper perguntou.
— Ainda fogueira na floresta. — Brooke deu de ombros.
— Fogueira? — Dylan perguntou. As florestas eram perigosas no
momento. A última coisa que queria fazer era ir lá, com todos os seus amigos
humanos, que eram vulneráveis a um ataque, e isso não contando todas as
outras pessoas que estariam lá, bebendo a noite toda. Era uma má ideia.
— Vamos, bebê. — Cooper passou o braço em volta do pescoço de
Dylan e enfiou a cabeça debaixo de seu braço. — Vai ser divertido.
— Ok. — Dylan engoliu em torno do caroço de preocupação em sua
garganta. Se seus amigos estariam lá fora, tinha que manter um olho neles.
— Não acho que vou. — Cullen empurrou a bandeja para o centro da
mesa. Estava com a cabeça baixa e olhando para suas mãos.
— O que? — Brooke gritou. — Você vai conosco. — Ela agarrou a mão
de Cullen do outro lado da mesa. — Você é nosso amigo agora, também,
Cullen, e isto é o tipo de coisas que fazemos juntos, então vai. Entendeu?
— Ok? — Cullen olhou para Dylan, mas ele só podia dar de ombros
em resposta. Parecia que não tinham uma escolha.
Todos se sentaram ao redor e conversaram por alguns minutos, até
que tiveram que ir para sua próxima aula. Brooke indo em direção a direita e
Dylan, Cullen e Cooper, para a esquerda. Estava um pouco nublado e um
pouco úmido. Dylan podia sentir o cheiro de chuva no ar. Estavam quase no
edifício de Psicologia quando avistou Glenn caminhando em direção a eles.
Dylan pode ver pelo canto do olho como o corpo de Cullen ficou rígido, como
se estivesse se movendo através de um monte de água. Cooper acenou para
Glenn e Glenn fez o mesmo. Os olhos de Glenn lançaram um olhar para Dylan
então para Cullen, mas não disse uma palavra. Simplesmente continuou
andando.
Não sabia o que pensar de Glenn. Claro, ouviu ele e Cooper
conversando em sua casa na outra noite, mas isso não significava
necessariamente que Glenn iria mudar. Podia estar apenas dizendo o que
Cooper queria ouvir. De qualquer forma, ainda iria manter um olho sobre o
cara. Se Glenn escolhesse continuar a ser um imbecil, então Dylan iria lhe dar
um soco.
Mas Glenn era a menor de suas preocupações. Outra festa na floresta
poderia atrair shifters desonestos em direção a eles e Dylan tinha que estar
preparado para tudo.

Capítulo 18

Era sábado à noite e uma hora antes da hora de jogo. O estádio


começou a encher e Cooper se manteve olhando por cima da arquibancada,
para ver se Dylan ainda estava lá. Quando faltavam trinta minutos para o jogo
começar, avistou Dylan, que estava sentado na primeira fila, com Cullen de um
lado e Brooke do outro.
Cooper estava feliz em ver Dylan lá. Não que achasse que não fosse
aparecer, mas realmente ajudava ver o belo rosto do seu namorado. Sabia que
Dylan não era muito chegado a esportes, por isso significava muito que estava
disposto a tentar por ele. Cooper ficou tão emocionado que Dylan concordou
em vir vê-lo jogar, que prometeu ir às compras com ele na semana seguinte.
— Vamos, cara. — Keith bateu a mão contra o capacete de Cooper. —
Coloque sua cabeça no jogo.
Cooper estava preste a se virar quando Dylan se levantou e acenou
para ele. O sorriso no rosto de Dylan era apenas o que Cooper precisava ver.
Dylan era dele e faria o que fosse preciso para manter o homem com ele para
o resto de sua vida.

*****
O jogo terminou com o Hemsworth Grizzlies vencendo. Dylan não
podia acreditar no grande jogador que Cooper era. Ele lançou a bola para três
touchdowns e evitou ser bloqueado a cada vez. No último passe de touchdown,
ele quebrou um tackle1 e arrastou o cara atrás dele por dez jardas.
Assistir Cooper pegar a bola e correr, como se o próprio diabo
estivesse atrás dele, foi incrível. A outra equipe não teve a menor chance.
Dylan estava orgulhoso de Cooper. Precisava ter muita resistência e força para
jogar futebol. Para a maioria das pessoas era apenas um jogo, mas a
habilidade e compromisso necessários para jogar iam além de qualquer coisa
que Dylan algum dia poderia fazer.
Dylan, Cullen e Brooke esperaram no estacionamento até Cooper
sair. Alguns outros jogadores estavam com ele. Estavam rindo e conversando,
mas quando Cooper viu Dylan, correu até ele.
— Bem? — Cooper colocou as mãos nos quadris de Dylan e o puxou
para perto, então se inclinou para beijá-lo nos lábios. — O que achou?
— Você foi incrível. — Dylan sorriu. — Se soubesse o quanto o futebol
era violento e agressivo, teria tentado entrar para a equipe. Quer dizer,
inferno! Você tem permissão para bater em alguém, tudo em nome de
conseguir a bola.

1
O principal objetivo do tackle é tirar a bola do controle adversário, impedir o adversário de ganhar terreno até a
linha de gol ou simplesmente de parar a jogada em andamento.
— Há mais do que isso, querido. — Cooper sacudiu a cabeça. — Estão
prontos para ir?
— Sim, estamos. — Brooke cutucou Cullen no lado. — Certo, Cullen?
— Tão pronto como sempre estarei. Da última vez que fiz isso,
acordei com dor de cabeça. — Cullen se virou para olhar para eles. — Acho
que você me deixou bêbado. — Cullen olhou diretamente para Brooke.
— Quem, eu? — Brooke perguntou falsamente chocada. — Nunca
faria uma coisa dessas.
— Sim, você faria. — Dylan riu.
— Devemos ir no seu Jeep? — Perguntou Cooper.
— Provavelmente seria melhor. — Dylan desbloqueou as portas. —
Mais espaço.
— Sigo vocês, ok? — Brooke desbloqueou a porta e entrou em seu
carro. — Vejo vocês lá! — Gritou pela janela aberta enquanto partia.
Depois que todos estavam no carro, Dylan saiu do estacionamento e
foi para a entrada da floresta.
Antes de Dylan sair naquela noite, conversou com Asa e lhe contou o
que iria fazer. Asa não ficou entusiasmado com a ideia de Dylan estar na
floresta, mas entendeu a necessidade de manter seus amigos seguros. Asa fez
Dylan prometer chamá-lo se algo estranho acontecesse. Não era como se
pudessem impedir as pessoas de se aventurarem na floresta. Era um lugar
público e não se exporiam como shifters para toda a cidade, tinham que
manter silêncio sobre o que estava andando na escuridão. Era um motivo
egoísta, mas Asa e Devon estavam diariamente fazendo varreduras noturnas
na área e ainda não conseguiram encontrar o shifter desonesto. Com alguma
sorte, a criatura fora embora.
O estacionamento estava lotado de carros e Dylan podia ver o brilho
da fogueira à distância.
Saíram do carro e caminharam em direção à multidão. Cullen parou
de repente e Dylan olhou para o amigo. O rosto suave de Cullen estava tenso e
sua pele de um tom claro de branco.
— Cullen, o que foi? — Dylan seguiu a linha de visão de Cullen e viu o
que causou seu comportamento anormal. Glenn estava do outro lado da
fogueira, olhando para eles. Era uma visão estranha do ponto de vista deles,
com as chamas tremeluzindo sobre o seu rosto. Fazia Glenn que parecer muito
mais aterrorizante e Dylan compreendeu o medo de Cullen. — Está tudo bem,
cara. Prometo que não vou deixar nada acontecer com você.
— Eu sei. — Cullen respirou fundo, mas não conseguiu esconder a
forma como seu corpo começou a tremer.
— Vamos. — Dylan passou o braço em volta do pescoço de Cullen e
puxou o amigo para o seu lado. — Vamos nos divertir um pouco.
— Hey, meninos! — Brooke de onde estava sentada com algumas
outras pessoas. — Por que demoraram tanto?
— Ao contrário de alguém que conheço... — Dylan se inclinou para
beijar Brooke na bochecha. — Respeito o limite de velocidade.
— Só porque está relacionado a um policial. — Brooke revirou os
olhos.
— Oi. — Dylan puxou a borda do copo de plástico vermelho de
Brooke. — O que? Não vai beber esta noite?
— Uh, não. — Brooke levantou o copo no ar. — Estou dirigindo, então
sem álcool para mim.
— Pensamento inteligente. — Dylan assentiu.
— Graças a Deus. — Disse Cullen alto.
— Ah, Cullen meu doce. Apenas porque não estou bebendo não
significa que não pode. — Brooke colocou o braço em volta dos ombros de
Cullen e levou-o para onde o barril de cerveja e refrigeradores estavam.
— Ajude-me. — Cullen murmurou para Dylan, que apenas sorriu e
acenou para ele. Sabia que Cullen estava seguro com Brooke.
— Então, o que vamos fazer agora? — Dylan perguntou quando olhou
em volta. Algumas pessoas dançavam, outras estavam sentadas em mesas de
jogar cartas, mas a maioria estava por aí conversando.
— Bem, podemos ficar aqui ou encontrar um local bom e tranquilo em
algum lugar. — Cooper envolveu Dylan em seus braços. — Como isso soa?
— Perfeito. — Dylan sorriu contra os lábios de Cooper e depois deixou
seu companheiro beijá-lo.
Cooper se afastou de Dylan, tomou sua mão e o levou para dentro da
floresta escura. Dylan estava com os olhos e ouvidos atentos por quaisquer
sinais do lobo negro, mas, até ali, nada. Uma coruja piou ao longe e Dylan
podia ouvir pequenas criaturas se deslocando ao redor da floresta. Tudo
parecia normal.
Não estava prestando atenção e ficou sem fôlego quando Cooper o
puxou ao redor, empurrando-o contra uma árvore. Cooper dobrou os joelhos e
esfregou seu pau duro no estômago de Dylan.
— Deus, estava com vontade de fazer isso a noite toda. — Cooper
beliscou e chupou para baixo no pescoço de Dylan. — Vê-lo nas arquibancadas
me assistindo foi tão excitante.
— Vê-lo em campo foram preliminares para mim. Estava quente pra
caralho em seu uniforme. — Dylan gemeu e engasgou quando Cooper moveu
as mãos para baixo em direção ao fecho da calça, apalpando sua espessura. —
Oh, deus, Cooper.
— Adoro quando diz o meu nome. — Cooper abriu rapidamente as
calças de Dylan e puxou o pênis ereto de Dylan.
— Sim. — Dylan ofegou contra os lábios de Cooper. Quaisquer outras
palavras mais inteligentes desapareceram nesse momento. Sentir as mãos
quentes de Cooper em seu corpo estava dando ao seu cérebro um curto-
circuito. Cooper começou a bombear lenta e suavemente o pau de Dylan e
Dylan fechou os dedos nas laterais dos braços de Cooper. — Continue fazendo
isso e vou gozar.
— Esse é ponto. — Cooper riu contra o pescoço de Dylan. Cooper lhe
deu um chupão deixando um hematoma e se moveu para a parte inferior. Ele
caiu de joelhos na frente de Dylan e enterrou o nariz nos aparados pelos
pubianos loiros de Dylan.
— Cooper... — Dylan gemeu e choramingou em êxtase quando
Cooper sugou o eixo rígido aveludado de Dylan em sua garganta.
Cooper se moveu para cima, chupando forte na ponta, em seguida,
passando à língua na fenda vazando na cabeça. Dylan passou os dedos pelo
cabelo de Cooper e gentilmente pediu que Cooper tomasse mais e se movesse
mais rápido. Cooper não se conteve. Começou balançar a cabeça mais e mais
rápido, enquanto massageava as pesadas bolas de Dylan em sua mão. Dylan
estava com a parte de trás da cabeça apoiada na árvore, a casca dura
espetando seu couro cabeludo, mas não se importou.
O som de um zíper descendo fez Dylan abrir um olho. Ele olhou para
baixo para ver seu companheiro bombeando seu pênis rapidamente. A visão
empurrou Dylan para mais perto da borda e sem volta. A boca de Cooper
apertou e uma onda quente se espalhou ao longo do pau de Dylan quando o
pau de Cooper entrou em erupção pintando o chão com seu esperma. O cheiro
doce e salgado do sêmen do seu amante empurrou Dylan a conclusão. Gozou
com um grito e forçou seu pênis profundamente dentro da boca de Cooper,
regando sua garganta com seu creme quente.
O corpo de Dylan estremeceu quando Cooper o lambeu até que
estivesse limpo. Cooper foi gentil com as mãos quando colocou Dylan de volta
em sua calça jeans e a fechou. Cooper se levantou com um largo sorriso no
rosto. Abaixou-se e beijou Dylan nos lábios, deslizando sua língua dentro da
boca de Dylan, compartilhando o gosto do seu prazer.
— Deus, eu te amo. — Dylan sussurrou contra os lábios de Cooper.
— O quê? — Cooper perguntou, inclinando-se para olhar para Dylan.
Os olhos de Dylan se arregalaram quando percebeu o que acabara de
dizer. Seu relacionamento era muito recente para admitir isso. Cooper era um
humano, mesmo podendo sentir uma forte ligação por Dylan, duvidava que o
seu cérebro humano pudesse compreender quão profundamente estavam
ligados.
— Você me ama? — Perguntou Cooper.
— Eu... Uh... — Dylan não sabia o que dizer. Não queria estragar o
que ele e Cooper tinham entre eles.
— Dylan. — Cooper ergueu as mãos para descansar no rosto de
Dylan, forçando seu rosto para cima de modo que Dylan tivesse que olhar para
os grandes olhos azuis de Cooper. — Você me ama?
Dylan assentiu. Não conseguia fazer sua boca trabalhar para dizer as
palavras. O medo da rejeição lançou uma lasca fria de pavor através dos seus
ossos.
— Eu também te amo, Dylan. — Cooper selou suas palavras com um
beijo. Dylan envolveu seus braços ao redor da cintura de Cooper, não
querendo deixa-lo ir. — Sei que é louco e aconteceu tão rápido, mas realmente
te amo. — Cooper descansou sua testa contra a de Dylan.
Aquela era a melhor oportunidade para Dylan contar a verdade a
Cooper, lhe dizer que era um shifter e que Cooper era seu companheiro
predestinado, mas Dylan engoliu as palavras que deveria ter dito. As coisas
estavam indo tão bem e não queria que mudassem. Ainda tinha muito tempo
para contar ao seu amor a verdade.

Capítulo 19

Cooper estava nas nuvens. Estava muito feliz. Foi repentino, mas o
que importa quando o coração está envolvido? Amava Dylan e Dylan o amava.
Quem podia dizer que o que sentiam não era real? Amor acontecia sem uma
razão, e Cooper não esteve tão feliz desde que seu pai estava vivo, e ficaria
arrasado se virasse as costas para Dylan.
— Não acha que é muito cedo, ou apenas está dizendo isso porque eu
disse? — Dylan perguntou. Ele mordiscou o lábio inferior e tinha um olhar
inocente no rosto bonito.
— Não, para ambos. — Cooper riu. — Se alguém tem um problema
com a gente juntos e apaixonados, que se foda. Quem pode dizer que o que
sentimos é errado? Só eu e você podemos decidir por nós mesmos. Podemos
ser jovens, mas sei o que sinto por você é real, Dylan. Eu o amo, e fim da
história. — Cooper não queria que Dylan refletisse demais, porque pensar
demais poderia fazê-lo retirar aquelas preciosas três palavras, que Cooper não
tinha percebido que precisava ouvir.
— Ok. — Dylan sorriu. — Vamos voltar, antes que Cullen envie uma
equipe de busca. — Dylan se aproximou para beijar os lábios de Cooper e o
virou na direção de onde vieram.
— Sim. — Cooper pôs o braço em torno de Dylan e caminharam de
volta para seus amigos. — Melhor ir salvar o garoto de Brooke.
Entraram na clareira e o calor da fogueira rolava em ondas em
direção a eles. Dylan saiu debaixo do braço de Cooper seguiu atrás de seu
namorado.
— Eu queria saber para onde tinham escapulido. — Brooke andou em
direção a Cooper, abanando as sobrancelhas.
— Você não gostaria de saber. — Cooper passou o braço levemente
em volta do seu pescoço e delicadamente roçou os dedos no seu couro
cabeludo, bagunçando o cabelo muito louro.
— Onde está Cullen? — Dylan perguntou em voz alta, sua cabeça
girando de um lado para o outro.
— Ele disse que precisava ir ao banheiro e desde que alguém trancou
as portas para os banheiros, saiu para a floresta, para fazer o seu negócio.
— Você o deixou ir sozinho? — Dylan girou em torno e a encarou.
— Bem, eu não podia ir com ele. — Ela revirou os olhos. — Isso seria
estranho. Acho que Cullen pode segurar seu pau, enquanto faz xixi.
— Não é isso. — Dylan virou ao redor. — Onde está Glenn?
— Ah, não sei. — Disse Brooke.
Cooper viu a expressão dura de da mandíbula de Dylan e também
começou a olhar ao redor. Depois de tudo o que tinha acontecido, Cooper não
estava confiante que Glenn não estaria à altura de seus velhos truques,
especialmente se tivesse bebido.
— Tenho certeza de que está bem. — Brooke procurou a mão de
Dylan, mas ele empurrou de volta. — Está zangado comigo? — Ela fez
beicinho.
— Não. — Dylan deu-lhe um sorriso de boca fechada. — Só vou ter
certeza de que ele está bem.
Cooper deu um tapinha no ombro de Brooke com um sorriso
reconfortante, depois seguiu atrás do seu namorado. Dylan, cruzou através da
multidão de pessoas, indo direto para a floresta escura. Cooper observou
quando Dylan virou a cabeça para cima e cheirou o ar, então mudou de
direção e começou a andar mais rápido.
— Dylan, você está bem? — Cooper teve de correr para acompanhá-
lo.
— Eles estão aqui. — Dylan começou a correr.
— Eles quem? — Cooper correu para Dylan e agarrou seu braço,
impedindo-o. Cooper abriu a boca para dizer a Dylan para relaxar, que
encontrariam Cullen, quando um uivo alto rasgou através do ar. O corpo de
Dylan endureceu sob a mão do Cooper e ele prosseguiu.
Cooper mal podia acompanhar. Não podia acreditar o quão rápido
Dylan poderia correr. Os sons de gemidos e rosnados ficaram mais altos.
Cooper não gostou daquilo. Claramente havia algo errado ali... E seu
namorado, o amor da sua vida, estava correndo em direção ao perigo.
— Dylan! — Cooper, gritou, mas Dylan não parou.
— Cullen, corra! — O som grave da voz de Glenn chegou aos ouvidos
de Cooper, antes que virasse numa grande árvore e viu a visão diante dele.
Cullen estava andando como um caranguejo para trás em suas mãos e pés,
quando um grande lobo preto seguia em direção a ele. Cullen levantou-se
quando o lobo negro saltou em direção a ele.
— Oh, não. — Cooper assistiu o lobo atacar e Glenn pulou na frente
de Cullen, afastando-o do caminho e recebendo toda a força do impacto do
grande lobo contra seu corpo. Glenn gritou para Cullen correr, e o homem
menor fez exatamente isso. Glenn agarrou a besta em torno da cintura para
dar tempo de Cullen fugir. Glenn gritou de dor quando o lobo o mordeu com os
dentes afiados, rasgando a carne.
De canto de olho, Cooper viu Dylan cair de joelhos, seu corpo
tremendo, em seguida, algo aconteceu que não conseguia explicar. Uma névoa
turva cercou o corpo do Dylan e o som nojento de ossos quebrando fez a bile
subir na parte de trás da garganta do Cooper.
Viu quando as suaves feições do rosto de Dylan esticaram e a pele e
os músculos mudaram para formar um focinho. Pelo branco brilhante cresceu
sobre pele pálida de Dylan. Pareceram horas, mas foram só alguns segundos,
e estava feito. Havia um lobo branco onde Dylan estava. Tinha os lábios
puxados para trás, rosnando para o outro lobo, em seguida, atirou-se para ele.
Ele desembarcou na parte de trás do lobo preto e o lobo preto se afastou de
Glenn. O lobo negro rosnou para o lobo branco, então girou ao redor e correu
para a floresta densa.
Cooper ficou congelado, como se seus pés estivessem presos em
cimento. Eu realmente vi isso? Não foi até que ouviu Glenn chamando seu
nome, que Cooper recuperou a circulação nas pernas. Ele correu para Glenn e
ficou de joelhos quando se aproximou.
— Glenn, está bem? — Cooper olhou para baixo e, mesmo na
escuridão, podia ver o fluxo de sangue escorrendo da área onde se
encontravam o ombro e o pescoço de Glenn. Não parecia bom.
— Já estive melhor. — Glenn tentou rir, mas tudo acabou em um
ataque de tosse. Ele estremeceu de dor. — Tem que procurar Cullen. — Glenn
agarrou a mão do Cooper.
— Não posso deixá-lo. — Cooper pressionou suas mãos na mordida
no ombro de Glenn para estancar o sangramento.
— Não. — Glenn empurrou as mãos de Cooper. — Vá. Ficarei bem.
Vá ajudar Cullen.
Glenn estava inflexível e Cooper levantou. Temia por seu amigo e por
si mesmo. Cooper não sabia o que estava lá fora e viu uma coisa que não
conseguia explicar. O homem a quem confessou seu amor, virou um maldito
cachorro. Não era algo que acontecia todos os dias, mas não importava que
estivesse assustado, tinha que encontrar Dylan. Cooper não parou para
pensar. Ferveu com adrenalina quando começou a correr.
Cooper não foi muito longe quando colidiu com Cullen. O rosto de
Cullen estava branco como uma folha, e o seu corpo estava tremendo.
— Você... — Cullen gaguejou. — Você viu aquilo?
— Sim.
— E Dylan… — Cullen encarou os olhos do Cooper.
— Sim. — Cooper assentiu com a cabeça, incapaz de pensar em
alguma outra palavra para dizer.
Os sons de latir e rosnar ficaram mais altos e Cooper empurrou
Cullen atrás dele.
— Temos de ajudá-lo. — Cullen pisou em torno de Cooper, mas
Cooper agarrou seu braço. — Me solta! — Cullen puxou o braço. — Esse lobo
branco é Dylan.
Para Cooper ouvir de outra pessoa, que também vira a mesma coisa
que ele, era um grande alívio. Sabia que não era louco. Assentiu com a cabeça
e, naquele momento, nada mais importava. Aquele lobo era Dylan. Cooper não
sabia como ou por que, mas Dylan poderia se transformar em lobo, e Cooper,
não importava o quanto incomum era a situação, ainda estava apaixonado por
Dylan.
— Fique atrás de mim, entendeu? — Cooper empurrou Cullen atrás
dele, quando se aproximaram dos lobos lutando.
Eles subiram numa pequena inclinação e, abaixo, num pequeno
barranco, Cooper podia ver os lobos, branco e preto, rolando no chão. O lobo
branco estava de costas para Cooper e não podia ver o que estava
acontecendo, mas, em sua opinião, o lobo branco parecia estar em melhor
forma.
— Olhe para isso. — Cullen sussurrou.
Um suave brilho branco cercou o lobo negro e os mesmos sons
revoltantes ressoaram quando a criatura mudou de lobo para homem. Cooper
podia ver as pernas do homem, mas era só isso. De repente o lobo branco
mudou e tornou-se novamente Dylan.
Cooper ainda não podia acreditar em seus olhos e o som de um
Cullen ofegante ao lado dele era um alívio. Se estava enlouquecendo, então
não era o único.
O som de uma arma disparando fez Cooper pular, esbarrando em
Cullen. Dylan levantou e o outro homem, o lobo negro, estava deitado imóvel
no chão.
— Afaste-se do lobo. — Um homem alto com uma compilação
atarracada saiu atrás da árvore. O homem usava uniforme preto e tinha o que
parecia ser um rifle de alta potência, mas o cano era grande. Não eram balas
que viriam daquela coisa. — Eu disse para se afastar do lobo. — O homem
virou sua arma na direção de Dylan. — E vá para o chão. Você virá conosco,
também.
— Como se eu fosse. — Dylan se manteve firme e Cooper viu
quando o outro homem puxou uma arma da parte de trás da calça. — Ou vem
com a gente ou o mato. O homem deu de ombros. — Não faz diferença para
mim. As ordens eram para só trazer um de volta. — O homem destravou a
arma.
— Não! — Cooper desceu a ladeira. Podia ouvir Cullen seguir atrás
dele.
— Cooper, para trás. — Dylan gritou. — Saia daqui.
— Não vai acontecer. — As bochechas de Cooper aqueceram quando
percebeu que seu namorado estava completamente nu.
— Cooper?
— Trevor. — Cooper, virou-se ao som da voz familiar. Cooper
surpreendeu-se mais uma vez. Seu tio saiu das árvores, vestindo o mesmo
que o outro homem, mas, em vez de ter a arma apontada para Dylan, tinha
uma virada para o chão. — Tio Trevor, o que está acontecendo?
— Você conhece que esse garoto, Higgins? — Perguntou o outro
homem.
— Afaste-se, Johnson. — Trevor parou na frente de Cooper e Dylan.
— Eu pensei que você era familiar. — Trevor disse a Dylan. — Cooper, sabia o
que era?
Cooper olhou de relance parece Dylan, que olhou Cooper nos olhos e
não sabia o que Dylan estava tentando transmitir-lhe. Quando tudo mais
falhava, concordar era a melhor opção.
— Sim. — Cooper pegou na mão de Dylan, apertando os dedos
juntos. — Sei o que Dylan é. — Cooper olhou para Dylan. — Ele é o homem
que amo. — Dylan apertou a mão de Cooper.
— Ah, foda. — Johnson gemeu. — Estou farto desta merda. Ande
garoto, ou você e o seu namorado terão um par de ferimentos de bala aqui. —
Johnson tocou um dedo no centro da testa dele.
— Johnson, pare com isso. — Trevor gritou. — É o meu sobrinho, e
conheço Dylan. Ele não é perigo para ninguém
— Como se estivesse me lixando. — Johnson levantou sua arma,
apontando para Dylan. — Ordens são ordens.
— Ordens? — Dylan zombou. — Quais são suas ordens exatamente?
Torturar um homem e matar três inocentes? — Zombou Dylan. — Sei que não
está com o Conselho de Caçadores. Eles nunca autorizariam isso.
— Conselho de Caçadores? — Johnson riu tanto que se dobrou, em
seguida, levantou-se, rosto sem sinal de qualquer humor. — Aquele grupo de
idiotas de metamorfos maricas. Eles não merecem nem existir.
— Johnson, isso é o suficiente. — Trevor rebateu.
— É a verdade, Higgins. Acham que estas criaturas podem ser
treinadas para viver na sociedade humana, e ambos sabemos que isso não é
verdade. — Johnson voltou-se para olhar para Cooper, em seguida para Dylan.
— Todos merecem ser enjaulados, como animais. — Johnson levantou sua
arma novamente, apontando para Dylan. — Para o chão, garoto.
A mão de Dylan começou a tremer na de Cooper. Estava fria e úmida.
— Cooper, leve Cullen daqui. — Dylan sussurrou.
— Sim, ouça o seu namorado, rapaz. — Johnson riu. — É o melhor.
— Johnson, abaixe a arma. — Trevor pisou mais perto de seu
parceiro.
— Eu não vou deixa-lo. — Cooper pulou na frente de Dylan. — Eu o
amo, Dylan, e não vou deixar você.
— Estúpido. — Johnson abanou a cabeça, em seguida, apontou a
arma para o peito de Cooper.
— Cooper, saia. — Dylan empurrou Cooper.
— Johnson, abaixe a arma agora! — Trevor, gritou.
— Cooper, saia. — Dylan agarrou Cooper pelo ombro e virou-se para
enfrentá-lo. — Você tem que ir. Eu não poderia sobreviver se algo acontecesse
com você.
Cooper olhou o azul escuro dos olhos de Dylan e entendeu ali que
morreria por aquele homem. Não havia nenhuma chance de deixar Dylan para
trás, nunca.
Podia ouvir seu tio e o outro homem discutindo, e depois um tiro
solitário ressoou. Cooper apertou Dylan nos braços, e se virou para agarrar
Cullen. Virou-se para ver Johnson deitado no chão e ele não estava se
movendo.
— Meu Deus! — Cooper ofegou quando encarou a visão diante dele.
Cooper não conseguiu recuperar seu fôlego e sentiu como se o chão
estivesse caindo de debaixo dele. Apertou a mão ao redor de Dylan, mas não
foi o suficiente. Manchas escuras passavam diante de seus olhos. Podia ouvir a
voz de Dylan, mas parecia tão longe, e Cooper não conseguiu manter os olhos
abertos por mais tempo, caindo no calor que a escuridão fornecia.
Capítulo 20

O arrebatamento que Dylan sentiu depois de ouvir que Cooper o


amava desapareceu quando retornou para a fogueira. Imediatamente notou
que Cullen não estava onde o deixara e, conhecendo Cullen como conhecia,
sabia que algo não estava certo. Cullen não teria se afastado... para se
misturar com as outras pessoas na festa. Ele era muito tímido.
Dylan imediatamente entrou em alerta. Além dos shifters desonestos
à solta, também era uma festa onde estava Glenn. Até que Glenn provasse
que mudara suas formas de intimidação, não tinha motivos para confiar nele.
Quando não pôde localizar Glenn, ele se dirigiu para a floresta onde
Brooke disse que Cullen entrara. Cheirou o ar e pôde perceber o perfume limpo
de Cullen, mesclado ao cheiro azedo de medo. O cheiro que sobrepunha era de
Glenn, um odor masculino misturado com sua colônia picante.
Dylan podia ouvir Cooper atrás dele, mas sua preocupação com
Cullen o fez mover-se em vez de pensar. Ele tinha feito uma promessa de
proteger Cullen e não falharia com o primeiro amigo de verdade que tinha
feito.
Ouvir o rosnar de um lobo e os suaves gritos de Cullen, fez Dylan
correr em direção ao som. Suas gengivas doeram quando seus caninos afiados
violaram o tecido macio e os músculos em seu corpo ficaram tensos. A
mudança de humano para lobo estava chegando e estava acontecendo
rapidamente.
Antes de sua transformação se completar, viu o lobo negro correr
para Cullen, apenas para ser parado por Glenn, que pulou na frente do Cullen,
protegendo-o. Dando tempo suficiente a Dylan para mudar e atacar o lobo
negro.
Dylan abordou o outro lobo no lado, o afastando de Glenn. O lobo
rosnou e mostrou suas mandíbulas e correu. Ele podia ouvir as lamentações
suaves de Glenn e o chocado suspiro de Cooper, mas não tinha tempo para
verificá-los. Tinha que encontrar aquele lobo e pará-lo.
O lobo negro titubeou em seus passos e Dylan sabia que o cheiro
azedo de medo de Cullen estava provocando seus sentidos. Ele olhou por cima
do seu ombro para Dylan, rosnou, em seguida, foi-se embora. Dylan estava
em seus calcanhares e desejou que tivesse a clarividência de chamar seu
irmão antes de mudar, mas não podia recuar. Glenn fora atacado, e ele tinha
que salvá-lo de ser espancado até a morte.
O lobo negro não era tão rápido como Dylan em sua forma de lobo e
ele o alcançou rapidamente. Dylan saltou para o ar e trancou seus dentes
afiados e mortais no pescoço do lobo negro. Caíram numa pequena colina,
rolando várias vezes, mas o lobo negro não conseguiu desalojar a preensão de
Dylan.
Pararam de lutar e Dylan ainda tinha seus dentes no pescoço do lobo
negro. Dylan sentiu o corpo por baixo dele e, em seguida, o lobo tornou-se um
homem. A necessidade de matar e punir o monstro que atacou seus amigos
desvaneceu-se. Dylan não era um assassino e aquele homem choramingando,
abaixo dele, merecia justiça, Dylan não o mataria sem ouvir a história dele.
Destrancou os dentes e deu um passo para trás. Ele olhou para baixo, os olhos
verdes cheios de medo estavam repletos de lágrimas. Seu cabelo era longo e
estava uma bagunça, sua pele pálida estava coberta de cicatrizes e sujeira.
— Me mate. — Suplicou o homem.
Dylan permitiu que seu corpo voltasse a sua forma humana. O
homem deitado e balançando a cabeça, implorando-lhe para voltar atrás, para
rasgar sua garganta.
— Por que quer morrer? — Dylan perguntou. Não sabia o que pensar.
Desejou que Asa estivesse lá. Ele saberia o que fazer.
— Eu não posso voltar. — Lágrimas escorrerem pelo rosto sujo do
homem, deixando marcas. — Não posso.
— Não sei do que está falando. — Dylan chegou um pouco mais
perto. — Mas sei que não pode sair por aí perseguindo as pessoas e as
atacando.
— Me desculpe. Não consigo controlar. — A voz do homem era tão
suave e tremeu quando ele falou. — Só, por favor, me mate. Acabe com meu
sofrimento, por favor.
— Qual é seu nome? — Dylan não sabia o que havia de errado com
esse homem, ou porque não cheirava como um shifter, mas não o mataria,
não importava o quão duro ele implorasse. Havia uma história ali e tinha que
levar esse homem a Asa e Devon.
— Jaron. — O homem chorou um pouco mais. — Jaron Yarc.
Um galho quebrando por trás deles, seguido por um tiro fez Dylan
saltar para seus pés. Um homem pisou fora da escuridão em direção a ele e
Jaron. Ele tinha um rifle longo, de aparência estranha, em suas mãos.
— Afaste-se dele. — O homem ordenou.
Dylan olhou para baixo para ver que o homem, Jaron, estava
inconsciente, mas não morto. Ele podia ouvir o ritmo lento, mas constante da
respiração.
A partir daí, o mundo desabou. Cooper veio correndo para salvá-lo, o
que Dylan apreciava, mas não precisava. Cullen estava junto a Cooper.
Dylan não sabia o que estava acontecendo. O homem que atingiu
Jaron estava exigindo que Dylan fosse com eles. Dylan não sabia quem era
aquele homem, ou o que queria com ele, mas sabia uma coisa: aquele cara
não estava com o Conselho de Caçadores. Dylan conhecera muitos dos
caçadores que trabalhavam com essa Organização, e não tentavam matar
pessoas inocentes, longe de suas casas. Não sabia qual era o negócio com
esse cara, Jaron, mas Dylan não era um perigo para ninguém. A situação ficou
mais estranha quando o tio de Cooper Trevor saiu das árvores.
Para crédito de Trevor, ele tentou impedir seu parceiro de atirar em
Dylan e Cooper, mas não foi o suficiente. O homem que Trevor chamou de
Johnson, estava pronto para disparar o gatilho de sua pequena arma e Dylan
empurrou Cooper para fora do caminho, e no meio de tudo isso, a arma
disparou. Dylan pulou na frente de Cooper e Cullen, mas não aconteceu nada.
Ele olhou para ver Trevor com uma arma na mão, encarando o corpo caído de
Johnson, que estava morto.
Dylan sentiu quando o corpo de Cooper começou a cair. Ele pegou
Cooper antes que pudesse cair no chão. Ajoelhou-se colocando a cabeça de
Cooper em seu colo, e levemente tocou em suas bochechas.
— Cooper, bebê, pode me ouvir? — A garganta de Dylan apertou.
Nunca esteve tão assustado em toda a sua vida, nem quando seu avô
ameaçou matá-lo, ou quando aquele homem estava com uma arma apontada
para seu peito.
— Ele desmaiou, Dylan. — Trevor ajoelhou-se ao lado deles. A grande
mão enluvada levemente tocando a bochecha de Cooper.
— Quem é você? — Dylan perguntou.
— Você sabe quem sou. — Trevor olhou para Dylan.
— Sabe o que quero dizer. — Dylan queria afastar a mão do homem
de Cooper. Não confiava nele, e com razão. Ele estava com um homem que
apontou uma arma para ele e Cooper.
— Estou com uma organização que captura criaturas como você. —
Trevor apontou o queixo na direção de Dylan. — Estamos trabalhando para
encontrar uma maneira de curar esta doença.
— Não estou doente. — Dylan disse entre dentes cerrados.
— Seu tipo, qualquer que seja. — Trevor abanou a cabeça. —Não
importa agora.
— Claro que importa. — Dylan levantou a voz.
— Não, agora não. — Trevor se levantou. — Preciso notificar o resto
da minha equipe e explicar tudo isso. — Trevor apontou o dedo para Dylan, e
então Cullen. — Vocês precisam levantá-lo e sair daqui agora.
— Não podemos sair. — Cullen se levantou. — Glenn está lá atrás.
Ele... Ele... — Cullen olhou para suas mãos. — Ele se machucou tentando me
salvar.
— Estou ciente. — Trevor suspirou quando ajudou Dylan a levantar
Cooper. Dylan suportou o fardo do peso do seu companheiro. — Dois membros
da minha equipe já o recolheram. Vamos cuidar dele.
— Como ia cuidar de mim e Jaron? — Dylan não pôde segurar o
rosnado que borbulhava do fundo da garganta.
— Dylan, me desculpe, você foi pego no meio disso, mas como
Johnson se foi, ninguém além de mim sabe sobre você. Seu segredo está
seguro comigo. Agora, por favor, vá. — Trevor agarrou Cullen e colocou o
braço frouxo de Cooper ao redor de seus ombros frágeis.
— Como sei se posso confiar em você? — Dylan perguntou.
— Não sabe. — Trevor franziu os lábios. — Mas que outra opção tem
agora?
Dylan assentiu e com ajuda de Cullen, começaram a subir a colina,
arrastando o Cooper com eles. Quando chegaram ao topo, Dylan inclinou-se,
passou Cooper por cima do ombro, e o levantou. Dylan era mais forte que o
ser humano médio do tamanho dele.
Cullen olhou para ele, sua boca aberta com tal demonstração de
força, mas ele não disse nada. Dylan ficou grato por isso, e eles continuaram a
andar. Voltaram para o lugar onde Glenn estava antes, mas ele fora embora.
Tudo o que restou foi uma mancha suja de sangue nas folhas mortas do chão
duro. Dylan empurrou sua preocupação por Glenn de sua mente. Agora,
precisava tirá-los da floresta e voltar para seu apartamento. Precisava da
ajuda de Asa mais do que nunca.
A festa ainda estava em pleno andamento quando se aproximaram da
clareira na floresta. Dylan olhou para seu corpo nu e amaldiçoou sob sua
respiração. Quando Dylan mudou, ele não só tinha perdido suas roupas, mas
as chaves do carro. Ele tinha uma sobrando, numa caixa de fechadura
magnética, na parte de baixo da roda do lado do motorista para momentos
como este. Disse a Cullen onde encontrar a chave, então disse-lhe para dirigir
seu jipe do estacionamento e o encontrá-lo do outro lado, longe de olhares
indiscretos.
Cullen fez como pediu, Dylan levou Cooper pelo bosque e até chegar
à estrada exterior. Um minuto depois, Cullen chegou e abriu a porta traseira
para Dylan. Ele colocou Cooper para dentro, em seguida, abriu a porta do
motorista e pegou a calça que tinha lá, entrou no banco do motorista,
enquanto Cullen pulou no lado do passageiro. Dylan olhou para seu amigo,
surpreendido que Cullen não fugisse dele tão rápido quanto podia. Depois de
tudo o que tinha visto, quem poderia culpá-lo?
— Cullen...
— Somos amigos, Dylan. — Cullen o interrompeu. — Estamos nisto
juntos.
— Obrigado. — Dylan deu um pequeno sorriso. — Significa muito.
— Bem, sua amizade significa muito para mim. — Cullen puxou seu
cinto. — O que realmente aconteceu lá? Você é um... — Ele respirou fundo. —
Você é um lobisomem?
— Nós preferimos o termo shifter. — Dylan pôs seu carro em marcha
e desceu a estrada.
— E aqueles caras lá fora? — Cullen perguntou.
— Não sei quem eram. — Dylan deu de ombros. — Conheci o tio de
Cooper, Trevor, antes, mas nãotinha ideia que estava envolvido em algo
parecido com isto. — Um calafrio percorreu sua espinha só de pensar em Jaron
e Glenn. Qual seria o destino deles agora?
— Acha que ele vai ficar bem? — Cullen perguntou.
Dylan olhou pelo espelho retrovisor para Cooper. Ainda dormindo.
— Cooper vai ficar bem.
— Não, não, Cooper, mas Glenn? — Cullen se virou para olhar pela
janela para a noite escura. — Ele se machucou tentando me salvar. Não quero
pensar que o deixaria morrer.
— Cullen, não sei o que vai acontecer. Tenho que imaginar que
querem Glenn vivo, se o levaram em vez de deixá-lo sangrar no chão.
Provavelmente, querem entrevistá-lo, saber o que aconteceu. Tenho certeza
que logo estará de volta. — Dylan esperava que estivesse certo.
— Ok. — Cullen assentiu com a cabeça, mas manteve seu olhar
virado para a janela.
Dylan chegou a casa de Cullen e colocar seu jipe no estacionamento.
— Cullen, manterá meu segredo? — Dylan não achava que Cullen
contaria para toda a cidade o que era um shifter, mas tinha que ter certeza.
— Juro que vou, Dylan. — Cullen riu. — Você é o meu primeiro amigo
e não me importo que possa se transformar em um cão.
— Lobo. — Dylan corrigiu.
— Um lobo. — Cullen, estendeu a mão e pegou a mão de Dylan. — O
seu segredo está seguro comigo. — Cullen inclinou sua cabeça para Cooper. —
Tem certeza que não precisa de ajuda com ele?
— Não. Eu posso cuidar dele. — Dylan virou sua mão para fechar os
dedos com o Cullen. — Obrigado, Cullen.
Cullen se inclinou, deu a Dylan um abraço e saiu do jipe. Dylan
esperou até que Cullen estivesse seguro em sua casa, então foi para casa.
Havia uma vaga no estacionamento na frente e Dylan estacionou. Ele saiu e
ergueu Cooper por cima do ombro e subiu as escadas. Uma vez no topo,
estendeu a mão e abriu a porta.
— Dylan, o que aconteceu? — Asa pulou do sofá seguido por Maurice.
Asa o ajudou a acomodar Cooper.
Dylan sentou-se na borda da mesa, inclinou-se até beijar Cooper na
testa e olhou para seu irmão. A história se derramou de seus lábios como se
estivesse cantando sua canção favorita, nem uma única palavra esquecida. Era
um pesadelo e Dylan odiava revivê-lo, porque se sentia culpado por deixar não
só Glenn, mas Jaron para trás. Jaron podia ser um shifter selvagem, mas havia
algo nos olhos do homem que falava de medo e confusão. Algo estranho
cercava Jaron Yarc, mas Dylan não sabia o que era.
— Então, o tio de Cooper é amigo ou inimigo? — Maurice perguntou.
— Não sei. — Dylan abanou a cabeça. — Eu o vi um dia quando
estava saindo com Cooper e ele tinha uma arma, mas não esperava que fosse
algum tipo de caçador ou vigilante.
— Dyl, ninguém o culpa. — Asa se ajoelhou ao lado de Dylan, e
descansou a mão no seu joelho. — Estou feliz que esteja bem. Sinto que
alguém tivesse que morrer, mas antes eles do que você. — Asa puxou Dylan
para um abraço apertado. — Não posso perder você, irmãozinho.
— Nunca. — Dylan dobrou a cabeça perto do pescoço de Asa e se
aconchegou ao calor do corpo de seu irmão. Ele e Cooper estavam seguros
agora, e isso ajudou a acalmar seu lobo nervoso.
— Vamos mover seu companheiro para seu quarto. — Asa sugeriu e
levantou-se. — Preciso fazer umas ligações e tenho certeza de que Devon vai
correr para aqui, depois que contar todos os detalhes.
Dylan permitiu a Asa pegar Cooper do sofá. Asa o levou para o quarto
de Dylan e o deitou na cama. Assim que viu que Cooper ainda dormindo, ele
deixou Maurice ajudá-lo a entrar no chuveiro para lavar o sangue seco e a
sujeira endurecida do seu corpo.
— Tudo vai ficar bem, Dilly. — Maurice abraçou Dylan quando estava
se secando. — Asa e Devon vão ter tudo planejado. Não se preocupe. Agora,
vá lá e tome conta de seu companheiro. — Maurice sorriu através de suas
lágrimas. — Eu o amo, Dilly. Não se esqueça disso.
— Também o amo, Mo-Mo. — Dylan entrou no seu quarto e fechou a
porta. Ele puxou uma calça de pijama e se arrastou para a cama ao lado de
Cooper. Aninhou-se perto de Cooper, moldou seu corpo ao lado de seu
companheiro e envolveu seu braço em volta dele. Sono não era uma opção
esta noite. Até que visse Cooper abrir os olhos, Dylan não teria um momento
de descanso.
Capítulo 21

Cooper acordou com um sobressalto. Sentou-se, olhando ao redor do


quarto escuro. Levou um momento para perceber que estava no quarto de
Dylan. Deu algumas golfadas de ar e passou a mão sobre os olhos. Os
acontecimentos da noite voltaram correndo, em turbilhão. Uma parte de
Cooper perguntou se tudo foi apenas um sonho.
— Você está acordado? — A luz no lado oposto da cama acendeu.
Cooper se virou e viu Dylan encostado na cabeceira da cama. Seu
cabelo loiro estava uma bagunça em cima da sua cabeça e seu rosto tinha
linhas de vinco, de onde estava deitado. A pele sob seus olhos estava escura e
o branco de seus olhos era de um rosa brilhante.
— Será que tudo realmente aconteceu esta noite ou apenas sonhei?
— Foi real. — Dylan puxou as pernas para cima e abraçou os
joelhos. — Você tem medo de mim, agora?
— Medo? — Cooper não tinha pensado sobre isso. O que testemunhou
na floresta o assustou? Inferno, sim, mas isso fazia amar menos a Dylan? —
Não, não tenho medo de você. — Cooper deslizou até a cama e sentou ao lado
de Dylan, pressionando os ombros juntos. — Não posso mentir e dizer que não
estou um pouco assustado com os eventos desta noite, mas quem não estaria?
— Dylan assentiu, mas não olhou para cima para encontrar seu olhar. — Pode
me explicar o que foi que vi lá?
— Sou um shifter lobo, Cooper. — Dylan finalmente olhou para cima e
fixou seus olhos azuis escuros em Cooper. — O que significa que tenho a
capacidade de me transformar em um lobo, quando eu quiser.
— Isso é... Interessante e incomum. — Cooper não sabia mais o que
dizer.
— Não, realmente. — Dylan deu de ombros. — Há muito mais de nós
lá fora do que pensa. Apenas mantemos nosso segredo bem escondido por
medo do que o mundo humano faria se descobrissem.
— Uau! — Cooper sussurrou. Sua mente correu com cada pessoa que
já tinha conhecido e se perguntou se era uma espécie de shifter. Foi um pouco
enervante. — Algum de vocês é perigoso? — Cooper não podia deixar de
perguntar. O lobo negro de mais cedo atacou seu melhor amigo. Falando
nisto, onde estava Glenn agora?
— Alguns, mas não todos. — Dylan apertou as mãos. — É como com
os humanos. Há bons e ruins. A maioria de nós vive entre os humanos e é
pacífica, e era assim em Silver Creek, até que o lobo chegou. Tem algo errado
naquele lobo. Estamos tentando encontrá-lo, mas não tem um aroma, por isso
tornou impossível controlar.
— Você sabia que algo estava lá fora? — A testa de Cooper franziu,
enquanto tentava entender o que Dylan estava dizendo.
— Sabia. — Dylan passou a mão pelo rosto. — Não podia dizer-lhe
porque não tinha lhe dito sobre mim ainda e estava com medo de lhe contar a
verdade, você poderia ter medo de mim ou pensar que era louco.
— É verdade, mas, Dylan, poderia ter me mostrado o que era, se
transformado lobo para provar isso para mim.
— E veja como deu certo. — Dylan riu. — Você desmaiou.
— Não, desmaiei porque vi meu tio matar um homem esta noite. —
Cooper balançou a cabeça em descrença. — Não faz qualquer sentido. Meu tio
é um programador de computador e não um assassino de arma em punho.
— Acho que o seu tio é um caçador, é o que parece.
— Então, ele mata os outros como você? — Cooper não queria
acreditar que seu tio fosse capaz de tais coisas, mas com tudo o que tinha
acontecido, era difícil não acreditar.
— Não tenho certeza. Acho que estavam tentando pegar o lobo, não
matá-lo.
— Mas por quê? — Cooper estendeu a mão de Dylan.
— Não sei. Tudo o que posso dizer, com certeza, é que foi uma noite
louca. — Dylan cutucou seu ombro com Cooper. — Então, meu namorado
tentou bancar o herói e quase se foi morto.
— Ei! — Cooper segurou o lado do rosto de Dylan e o forçou a encará-
lo. — Ele estava ameaçando você e faria tudo novamente. Eu te amo, Dylan, e
não me importo se você se complicar de vez em quando. — Cooper roçou os
lábios Dylan. — Estou feliz que esteja seguro. Como estão os Cullen e Glenn?
— Cullen está em casa, mas o pessoal de seu tio levou Glenn.
— Por quê? — Perguntou Cooper. — Glenn não fez nada de errado e
foi muito ferido.
— Meu único palpite é que o levaram para lhe dar atendimento
médico, mas não sei. — Dylan deitou sua cabeça no ombro de Cooper.
Eles se sentaram em silêncio por alguns instantes, até que a cabeça
de Dylan disparou e ele pulou da cama. Ele correu para a porta e abriu-
a. Cooper podia ouvir gritos vindo da frente do apartamento. Saiu da cama e
seguiu Dylan pelo corredor.
— Trevor. — Cooper foi impedido de fazer qualquer coisa por Dylan.
Um homem grande tinha Trevor preso à parede, de pé, a centímetros
de seu rosto. As bochechas de Trevor estavam vermelhas, mas ele suspirou de
alívio quando viu Cooper.
—Graças a Deus, você está bem. — Trevor deixou sua cabeça bater
contra a parede.
— Claro que ele está bem. — Asa foi por trás do cara segurando
Trevor. — Cooper é família e não ferimos a família, mas acho que você não
recebeu o memorando.
Cooper sorriu do que Asa tinha dito. Consideravam-no família, mas a
emoção foi de curta duração, pelo olhar de puro ódio no rosto de seu tio.
— Nunca machucaria Coop. — Trevor empurrou o homem lhe
segurando. — Matei o meu parceiro, porque ele ia atirar, não só em Cooper,
mas em Dylan também. Não podia deixar isso acontecer.
— Por quê? — O homem se aproximou de Trevor. — Por que não
colocar uma bala na cabecinha de Dylan?
— Ei! — Cooper gritou e se lançou para o outro homem.
— Porque conheço Dylan e sei que não é perigoso. — Trevor ficou
mole contra a porta. — Dylan é doce e amoroso, e significa o mundo para
Cooper. Se tudo o que aprendi sobre shifters fosse verdade, então Dylan não
seria capaz dessas coisas.
— Boa resposta. — O homem deixou Trevor ir e estendeu a mão na
frente dele. — Meu nome é Devon. Asa e eu somos os alfas dos bandos de
Nehalem e Silver Creek. Prazer em conhecê-lo, Trevor.
Cooper observou como os olhos de seu tio se arregalaram, mas
rapidamente obteve o controle de si mesmo e apertou a mão oferecida. Devon
pôs a mão nas costas de Trevor e conduziu-o para o sofá. Asa e Maurice
sentaram-se, do outro lado de Devon e Trevor.
— Vamos. — Dylan pegou a mão de Cooper e o levou para sentar ao
lado de seu tio, e Dylan se sentou no braço do sofá.
— Como pode ver, obviamente, não somos monstros enlouquecidos
querendo comer você, talvez possa nos dizer quem você é exatamente, ou
mais precisamente, para quem trabalha. — Devon se inclinou para trás e
cruzou a perna direita sobre a esquerda, deixando seu tornozelo descansar
sobre o joelho.
— Eu trabalho para uma organização chamada de SNH, Santuário
Não-Humano. — Disse Trevor.
— Isso parece idiota. — Dylan murmurou sob sua respiração.
— É um grande grupo de homens e mulheres, que procuram capturar
shifters para aprender com eles.
— Pensei que você fosse um programador de computador. — Cooper
estava tão confuso.
— Eu sou, mas isso é apenas parte do meu trabalho, Coop. Logo
depois que seu pai morreu, estava tendo problemas com depressão. Não podia
lidar sua morte, então comecei a beber. Estava no meu primeiro ano de
faculdade, e entre perder seu pai e a escola, estava acabado. Foi apenas
demais, então dirigi para a floresta com o plano de acabar com tudo. Estava
cansado de viver daquela maneira. Tinha uma arma e uma nota escrita para
você e sua mãe, mas quanto mais me sentava lá, percebi que não poderia
fazê-lo. Não podia deixá-lo ou a Angie assim. Você já perdera o seu pai. Não
deveria ter me enterrar, também. Quando voltava para o meu carro, podia
sentir que algo estava me seguindo. Antes que pudesse chegar até mim, um
homem atirou nele, salvando a minha vida, e, a partir daí, o resto é
história. Juntar-me ao SNH salvou a minha vida.
— Então, está dizendo que matar shifters indefesos, salvou sua vida?
— Perguntou Dylan.
— Não os matamos. — Trevor olhou ao redor da sala para todos
eles. — Capturamos para estudá-los, não para matá-los.
— Estudá-los? — Asa arqueou uma sobrancelha para ele.
— Para encontrar uma maneira de curá-los. — Disse Trevor.
— Para curá-los do quê? — Devon perguntou num tom calmo e suave.
— De ser o que são. — Disse Trevor, como se aquilo fizesse sentido.
— Trevor, nascemos assim. — Explicou Devon. — Não há nenhuma
cura.
— Mas... Mas isso é o que me foi dito. — Os olhos de Trevor se
arregalaram e suas mãos fechavam e abriam ao seu lado. — Só queria ajudá-
los.
— Jaron Yarc, com certeza, não parecia muito entusiasmado em
voltar com você, Trevor. — Dylan falou. — Ele estava me implorando para
matá-lo.
— Espere um minuto... — Devon sentou-se, inclinando-se para olhar
para Dylan. — Você disse Jaron Yarc?
— Sim. — Dylan assentiu. — Conhece ele?
— Conheço. Não pessoalmente, mas, sim. — Devon assentiu. — Seu
pai era Harold Yarc. Era um dos médicos que fazem experiências com
shifters. Colt e Steve o encontraram morto em sua casa.
— Isso não é verdade. — Trevor sacudiu a cabeça. — O Doutor Yarc
morreu n um acidente de avião e não tem um filho.
— Você conhecia Yarc? — Perguntou Devon.
— Sim. — Trevor segurou o olhar de Devon. — Ele era um bom
homem, que estava trabalhando duro por uma cura. Toda a família no SNH
ficou triste com sua morte.
Cooper estava sentado ali, ouvindo, e podia ouvir a sinceridade na
voz de seu tio. Ele não estava mentindo. Trevor realmente acreditava no que
dizia e Cooper tinha a suspeita e que seu tio fora enganado.

Capítulo 22

Dylan se sentou lá, cativado pelo que Trevor estava dizendo. Desde
que se mudou para Silver Creek, conheceu todos os membros da matilha
Nehalem, o que incluía Dix e Dax. Eles eram gêmeos que chegaram ao bando
não muito tempo atrás. Eram homens muito agradáveis. Depois de ver Dix
com uma criança, que parecia estranhamente como ele e seu outro pai, Colt,
Dylan começou a fazer perguntas e Devon lhe explicou tudo. Depois de saber
sobre o passado dos gêmeos, realmente desejava que não tivesse.
Um homem chamado Granberg manteve Dax e Dix refém em sua
casa, desde uma idade precoce. Ele experimentou neles. Com os anos de
cativeiro, Dax tinha perdido a capacidade de falar. Uma vez que estava livre,
recuperou a voz, mas Dix tinha uma história diferente. Dix fora cirurgicamente
modificado para ter filhos.
— Trevor, o nome Granberg soa familiar para você? — Perguntou
Devon.
— Sim. — Trevor assentiu. — Ele morreu de um ataque cardíaco,
alguns anos atrás.
— Oh, garoto. — Devon apertou a mandíbula até que fez um som de
clique terrível. — Trevor, tenho algumas coisas a dizer-lhe que podem levá-lo a
questionar os motivos do SNH, mas deixe-me ligar para um dos membros de
meu bando primeiro. Ele tem toda a papelada para comprovar o que estou
prestes a dizer-lhe.
Devon pegou seu celular e ligou para Colt, que vivia em Silver Creek
com a sua família, por isso não iria demorar muito para chegar.
— Sabe o que está acontecendo? — Cooper perguntou Dylan.
— Sei. — Dylan se inclinou para sussurrar no ouvido de Cooper. — E
acho que seu tio terá grande despertar.
Quinze minutos depois, Colt chegou e entregou uma pasta
grossa. Devon a deu a Trevor, que olhou os papéis, suas mãos se movendo
mais rápido e mais rápido, enquanto virava de uma página para a próxima.
— Isso não pode estar certo. — Trevor olhou para cima da pilha de
papéis. — Granberg era um homem tão doce. Ele era inflexível em encontrar
uma maneira de ajudar as criaturas, quero dizer, shifters.
— Bem, isso está certo. — Colt apontou para a pasta. — Se não
acredita nisso, pode conhecer o meu companheiro e nosso filho de cinco anos,
e não me dê essa merda que é impossível. Eu estava lá no nascimento do meu
filho e fiquei ao lado do meu companheiro, nos nove meses que esteve
grávido, então, por favor, não teste minha paciência com isso. Granberg era
um monstro.
— Por que iriam mentir para mim? — Perguntou Trevor.
— Talvez porque sabiam que se soubesse a verdade, não iria ajudá-
los. — Respondeu Dylan. — Você parece ser um cara correto, Trevor, e se é
bom em seu trabalho, então não gostaria de lhe perder.
— Concordo com Dylan. — Devon sorriu para ele. — Trevor, não tem
que acreditar, mas pelo que ouvi que aconteceu esta noite, pense nisso. Por
que o seu parceiro ameaçou matar Cooper? Qualquer pessoa em sã
consciência, teria explicado a ele o que estava acontecendo, não puxado uma
arma e ameaçado matá-lo.
— E, cara... — Colt bateu a mão na pasta na mão de Trevor, que
saltou. — Leia toda essa merda. Granberg era um homem mau. Foi eu e meu
parceiro do conselho que encontramos o corpo de YARC e ele tinha um
filho. Naquela noite, enquanto procurava em sua casa, alguém estava
lá. Quando o persegui, ele mudou e vi quando passou de um homem para um
lobo. Meu parceiro é um shifter lobo e disse que o lobo não cheirava a shifter,
mas eu o vi mudar, então teríamos de pensar que talvez Yarc era um bastardo
doente, que experimentou em seu próprio filho. Não queria acreditar, mas
depois de ouvir tudo isso, tenho que achar que era Jaron Yarc que vi naquela
noite.
— Você quer que acredite que Jaron costumava ser humano? —
Perguntou Trevor. — Que o Doutor Yarc o alterou de propósito?
— Você não tem que acreditar em nós. — Devon apontou para a
pasta. — Está tudo bem ai. Só você pode decidir em que acreditar, mas olhe
ao seu redor, Trevor. Parecemos criaturas violentas? Será que parece que
estamos infelizes sendo shifters? — Trevor sacudiu a cabeça. — Então,
pergunte a si mesmo, porque esta organização, o SNH, tenta consertar algo
que não está quebrado?
— Se o que diz é verdade, então os deixei levar r o melhor amigo do
meu sobrinho de volta ao seu laboratório.
— Por que os deixou fazer isso? — Perguntou Cooper.
— Porque... — Trevor virou-se para Cooper. — Quando meu pessoal
achou Glenn, ele estava no processo de mudança em lobo.
A sala ficou em silêncio com o anúncio. Era impossível. Trevor tinha
que estar mentindo porque Glenn não cheirava como um shifter e não era tão
forte como um, qualquer um. Dylan saberia. O cara dava um soco como uma
menina.
— Eles devem estar mentindo para você, Trevor. — Dylan teve que
morder o lábio para não gritar. — Glenn é humano.
— Vi com meus próprios olhos, Dylan. Glenn estava em algum lugar
entre o homem e lobo. Um membro da minha equipe tinha dado Glenn algo
para ajudá-lo a dormir. — Trevor afastou o olhar de Dylan e olhou para o
chão. — Foi aterrorizante testemunhar.
— E você o deixou. — A voz de Cooper soou baixa. Lágrimas corriam
pelo seu rosto. — Conhece Glenn e o deixou com esses monstros.
— Eu não sabia, Coop. Pensei que estava do lado dos mocinhos. —
Trevor segurou a pasta. — Acho que estava errado.
Dylan moveu-se para o colo de Cooper e segurou seu companheiro
de perto, enquanto ele chorava pelo amigo. Foi de partir o coração. Dylan
nunca gostou de Glenn, mas nunca desejaria isso a ninguém.
— Trevor. — Devon disse em voz alta. — Você tem que tomar uma
decisão. Vai enterrar a cabeça na areia e voltar a trabalhar para o SNH, ou vai
nos ajudar a acabar com eles?
Trevor olhou para Cooper com lágrimas nos olhos e virou-se para
Devon.
— Vou te ajudar.
— Escolha inteligente, meu amigo. — Colt se aproximou do sofá e deu
um tapinha em Trevor na parte de trás.
— Vamos entrar em contato com Steve Abbot. Ele ajuda a comandar
o setor nordeste do conselho do caçador. Ele saberá o que fazer. — Devon
levantou-se do sofá e se dirigiu para a porta.
— Cooper, amigo. — Trevor estendeu a mão e colocou a mão no
ombro de Cooper. — Realmente sinto muito. Pensei que estava fazendo algo
digno, ajudando as pessoas, não ajudando a destruir vidas inocentes.
— Tio Trevor, eu te amo, mas se não conseguir tirar Glenn de lá,
nunca vou ser capaz de perdoá-lo.
— Eu sei. — Trevor limpou uma lágrima do rosto de Cooper. — Não
serei capaz de me perdoar, também. — Trevor levantou-se e seguiu Devon e
Colt para fora do apartamento.
— Vamos lá, Cooper. — Dylan desceu do colo de Cooper e estendeu a
mão para o seu companheiro tomar. — Vamos para a cama.
Cooper parecia um zumbi quando se levantou e seguiu Dylan para
seu quarto. Não disse uma palavra quando Dylan o ajudou a tirar suas roupas
e o colocou debaixo dos cobertores. Assim que a luz apagada, Cooper passou
seus braços fortes em volta do corpo magro de Dylan.
— Eu te amo tanto, Dylan. — Cooper sussurrou suavemente contra o
pescoço de Dylan.
— Eu também te amo e não vou a lugar nenhum. — Dylan esfregou
as mãos para cima e para baixo as costas de Cooper. Fora uma longa noite,
cheia de muitos segredos revelados, mas Dylan soube naquele momento que
tinha que dizer a Cooper a verdade. Seu companheiro precisava ouvir
isso. Com um sorriso nos lábios, Dylan disse: — Cooper, sabia que cada shifter
no mundo tem uma alma gêmea?

Epílogo

Oito meses mais tarde

— Ei, querido, deixe-me ajudá-lo com isso. — Cooper pegou a caixa


que Dylan carregava de suas mãos.
— Você percebe que sou superforte, certo? — Dylan cruzou os braços
sobre o peito, enquanto observava Cooper colocar a caixa no canto de seu
apartamento.
— Sim, eu sei, mas ainda gosto de cuidar do meu bebê. — Cooper
enrolou seus braços ao redor da cintura de Dylan, puxando-o para um beijo.
Fazia oito meses desde que Dylan disse-lhe que eram
companheiros. Cooper ficou confuso, até que Dylan explicou que um
companheiro era basicamente o que o mundo humano chamava de amor à
primeira vista. O companheiro era uma pessoa especial, com quem um shifter
passaria o resto de sua vida, e Cooper era isto para Dylan. Depois de saber
isto, fez muito sentido que Dylan fosse hetero antes de encontrar
Cooper. Muitas vezes se perguntou se Dylan ficou incomodado com isso. Dylan
ficou irritado quando Cooper perguntou se desejava que as coisas fossem
diferentes. De acordo com Dylan, um companheiro era o presente mais
estimado dado a eles. Não importava se um shifter fosse gay ou hetero. O
amor não conhecia limites.
— Uh, vocês e os beijos! — Cullen disse, enquanto entrava no
apartamento.
Seu primeiro ano de faculdade tinha chegado ao fim. O
relacionamento de Cooper e Dylan ficava mais forte a cada dia. Não
conseguiam suportar estar separados um do outro e decidiram morar juntos. O
apartamento era em frente ao do irmão de Dylan vagou e Asa comprou-o,
como um presente.
Cooper achou que era um pouco demais, mas Dylan lhe informou
rapidamente que o dinheiro não nunca seria um problema para eles. Dylan e
Asa haviam recebido uma herança de seus pais e de seu avô. Cooper estava
feliz que ele e Dylan não teriam que trabalhar em dois empregos para dar
conta das despesas, enquanto estavam na faculdade.
— Oh, Cullen, venha aqui. — Dylan agarrou o braço de Cullen e
plantou um beijo molhado em sua bochecha. — Você se sente deixado de fora?
— Eca, bruto! — Cullen tentou se afastar, mas Dylan era muito
forte. Eles caíram no chão com Dylan abrangendo os quadris de Cullen. Dylan
começou a fazer cócegas nele.
Enquanto observava Dylan e Cullen juntos, rindo e se divertindo,
sentia muita falta de Glenn. Sabia que seu melhor amigo estava passando por
um momento difícil. Desde que fora mordido, estava tendo dificuldade em
controlar seu lobo. Um shifter chamado Steve Abbot levou Glenn para viver
com ele, para lhe treinar em como viver sendo um shifter e não atacar uma
pessoa, sempre que mudasse de homem para lobo.
O tio de Cooper, Trevor, voou para a cidade há uma semana. Foi a
única vez que ele conseguiu escapar um pouco. Estava trabalhando com o
conselho do caçador para encerrar todas as células restantes do SNH, que era
maior do que Trevor pensou originalmente. Cooper estava orgulhoso de seu tio
para tomar uma posição e ajudar a salvar Glenn e os outros shifters, mantidos
prisioneiros e sofrendo experimentos. Que era o principal objetivo do SNH. Eles
queriam experimentar em shifters, para ver exatamente o quão longe
poderiam empurrar seus corpos. Nem todos os experimentos foram correram
como planejado, como no caso de Jaron Yarc. Chamar aquele lugar de
santuário era uma piada. Era mais como uma prisão.
Glenn fora infectado com o gene shifter de uma mordida que recebeu
de Jaron, que costumava ser completamente humano, mas após pai, um
cientista completamente louco, ter feito experimentos com ele, era um shifter
lobo, com uma habilidade especial.
Os médicos empregados pelo conselho do caçador estavam
trabalhando o tempo todo para descobrir o que o pai de Jaron estava tentando
realizar. Pelo que tinham encontrado, Jaron era o portador do vírus, o paciente
zero. Era como uma doença. Ele poderia transmitir o gene que muda de lobo
através de sua mordida, mas os infectados não possuíam a mesma
capacidade. Os médicos do conselho estavam procurando uma maneira de
bloquear a transmissão do gene, mas, até ali, não tinham tido qualquer
sucesso.
Enquanto isso, o conselho do caçador realocou Jaron para
Nehalem. Havia uma casa do grupo criada para shifters instáveis. O alfa,
Devon, estava ajudando Jaron a controlar seu lobo. Jaron estava ficando
melhor a cada dia, mas Cooper ainda ficava nervoso perto do cara. Ele não se
importava com quem fosse um shifter lobo, simplesmente não queria se tornar
um.
— Então, vão para a fogueira hoje à noite? — Perguntou Cullen. — De
acordo com Brooke, que vai ser um o máximo.
—Não posso acreditar que estão fazendo isso com este calor. —
Dylan revirou os olhos. — Devemos começar uma nova tradição. — Dylan
bateu a mão contra sua coxa. — Digo vamos todos nadar nus no lago e nos
refrescarmos e não ficar numa fogueira, crepitando como bacon.
— Nadar nus? — Cullen olhou entre Cooper e Dylan, então sorriu. —
Tenho que dizer isto a Brooke. Ela vai adorar. — Cullen correu para fora do
apartamento gritando por Brooke.
— Por que tinha que sugerir isto? — Cooper gemeu quando passou os
braços na cintura de Dylan. — Sabe que ela vai fazer isso acontecer, certo?
— Espero que sim. — Dylan sorriu para Cooper. — Mal posso esperar
para vê-lo nu. — Ele balançou as sobrancelhas.
— Você me vê nu o tempo todo. — Cooper roçou os lábios de Dylan.
— Sim, mas não em público. — Dylan empurrou os quadris para
frente, apunhalando Cooper na coxa com seu pau duro. — Estou todo animado
só de pensar nisso.
— Querido Deus. — Cooper sacudiu a cabeça, mas não conseguiu
esconder o sorriso. — O que vou fazer com você?
— Nada. — Dylan levantou-se para mordiscar o lábio inferior de
Cooper, em seguida, lambeu a picada com a língua lisa. O pau de Cooper
pulsava em sua bermuda. — Você me ama do jeito que sou.
— Você é tão espertinho. — Cooper esmagou seus lábios em Dylan,
antes que pudesse dizer outra palavra.
Antes de Cooper encontrar Dylan, vivia uma vida de miséria
constante. Tinha uma vida boa, casa e amigos, mas esconder quem realmente
era quase sugou toda a felicidade dele. Dylan o trouxe de volta para a luz e
mostrou-lhe que não importava quem ou o que era, desde que estivesse feliz,
e Dylan fez dele o homem mais feliz do mundo.
Cooper iria se esforçar todos os dias para ter certeza de que era
digno do amor de Dylan. Afinal, eram companheiros e, como Dylan gostava de
lembrá-lo, não havia nenhuma política de devolução nisto.

FIM

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