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Se lhe fosse dada uma segunda chance de um novo começo você não
iria aceitá-la... Não importa o quê?
Dylan Anders tem uma segunda chance para começar de novo em
Silver Creek e nada vai ficar em seu caminho... Ou assim ele pensa.
Cooper Higgins sabe por toda a sua vida que é gay, mas isso nunca
foi um problema antes. Está feliz vivendo sua vida e mantendo seus desejos
sexuais escondidos num armário muito escuro. Seu plano de ficar celibatário é
quebrado quando vê Dylan e sabe imediatamente que ir embora não é uma
opção.
Entre amigos hostis, o início do semestre na Universidade de
Hemsworth e um shifter desonesto à solta, aceitar o amor não é o único
obstáculo a ficar no caminho de seu relacionamento.
Podem, Dylan e a matilha de Nehalem, encontrar o lobo misterioso a
tempo ou segunda chance de Dylan vai se perder?
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 5
****
— Merda, merda, porra, merda! — Dylan bateu com o punho fechado
contra a coxa, enquanto subia para seu apartamento. A vida estava tão
confusa agora. Até aquele dia, a maior decisão de Dylan era o que ia usar para
a aula de amanhã, e agora tinha que decidir o que fazer com toda a questão
“companheiro homem”. — O que vou fazer? — Dylan parou na porta da frente
e bateu a testa contra ela.
— O que diabos está fazendo? — Maurice perguntou por detrás dele e
Dylan saltou no ar.
— Nada! — Dylan engasgou. Estava com as costas pressionadas
contra a porta, rezando para que seu cunhado não tivesse visto nada através
dele. Dylan realmente não tinha vontade de falar sobre os seus problemas
agora, principalmente, sobre o companheiro do sexo masculino que tinha
acabado de sugar o rosto com na floresta.
Oh, Deus! O pau de Dylan se contraiu em seus shorts soltos com o
mero pensamento de Cooper. As ásperas e quentes mãos do homem quando
tocou suas laterais e a parte de trás. A suavidade de seus lábios cheios,
enquanto se beijavam. O cara era perfeito.
— Você está bem? — Maurice segurava duas sacolas de
supermercado nos braços e empurrou o queixo em direção a porta, para Dylan
abri-la. — Parece um pouco pálido e suado.
— Estou ótimo. — Dylan abriu a porta e pegou uma das sacolas de
Maurice. — Fui para uma corrida depois da orientação de hoje.
— Como foi? — Perguntou Maurice. — Fez amigos?
— O quê? — Dylan deixou cair a sacola que estava segurando sobre o
balcão e virou-se para enfrentar Maurice. — O que quer dizer, amigos?
— Amigos, pessoas de sua própria idade que saem juntas. — Maurice
arqueou uma sobrancelha e apertou os olhos em Dylan. — O que você tem?
Está agindo de forma estranha.
— Nada. — Dylan disse rápido. Limpou as mãos pegajosas nas coxas
e riu. Tinha de parar de agir estranho ou Maurice não iria deixá-lo sozinho.
Dylan adorava Maurice e estava feliz que fosse o companheiro de seu irmão,
mas era como um cachorro com um osso se achasse que algo estava errado
com Dylan. Maurice era como uma mãe excessiva. — Apenas toda essa
energia correndo através de meus ossos. A faculdade é um grande negócio. —
Dylan forçou um sorriso. — E, sim, fiz um amigo. Seu nome é Cullen. Cresceu
aqui em Silver Creek. Bom garoto.
Dylan deixou de fora a parte sobre o encontro com Cooper. Não
tinham decidido se seriam amigos. Ser companheiros e tatear o outro na
floresta, realmente não queria dizer que eram amigos.
— Sim? — Maurice inclinou-se para colocar o leite no frigorífico. — É
bom ouvir isso. Asa e eu estávamos um pouco preocupados com isso. —
Maurice ficou de frente para ele. Dylan franziu a testa, sem saber o que seu
cunhado queria dizer com isso.
— Preocupados com o que, exatamente? — Perguntou Dylan,
cruzando os braços sobre o peito.
— Oh, você sabe. — Maurice para ele. — Toda essa lasca em seu
ombro que é maior do que a sua cabeça. Você é bom para nós e a matilha,
mas conhecer novas pessoas não é realmente a sua coisa.
— Não é a minha coisa? — Dylan olhou para Maurice.
— Ok, posso ver que está ficando chateado. — Maurice ergueu as
mãos na frente dele. — Vamos mudar de assunto.
— Oh, não. — Dylan sacudiu a cabeça. — Quero saber o que pensam
de mim. Acha que sou um idiota ou algo assim?
— Querido, isso é um fato. — Maurice piscou seus cílios para Dylan.
— Mas, falando sério, deixe-me perguntar-lhe isto. Está vivendo em Silver
Creek por quase dois meses agora. Quantos amigos fez? — Dylan abriu a boca
para começar a nomear as pessoas, quando Maurice acrescentou: — Que não
seja da matilha.
Bem, aquilo mudou tudo. A resposta era nenhum. Dylan não tinha
nenhum amigo além da matilha de Nehalem. Não tinha tempo para coisas
triviais como essas. Ser amigos dos humanos era difícil. Teria que esconder
seu segredo deles e fingir ser mais fraco e mais lento do que realmente era.
Dylan odiava ter que fingir ser algo que não era, mas depois de conhecer
Cullen, a opinião de Dylan estava começando a mudar. Não doeu que seu
companheiro também fosse um humano.
Merda! Tenho um companheiro humano. Um companheiro humano
homem. Merda, merda, merda! O queixo de Dylan cerrou e apertou os dentes.
Aquele dia foi cheio de primeiras vezes.
— Ok, você tem um ponto. — Dylan se empurrou para fora do balcão.
— Mas estou tentando. Cullen é uma pessoa agradável e temos algumas aulas
juntos. Estou aberto a conhecer novas pessoas, seu idiota. Prometo. — Dylan
se aproximou de Maurice e deu-lhe um abraço.
— Bom, Dyl. — Maurice apertou-o com força. — Amo você, Dylan, e
só quero que seja feliz aqui, em Silver Creek.
— Eu sou. — Dylan se afastou de Maurice e se dirigiu para o corredor.
Entrou em seu quarto e fechou a porta. Caminhou até sua cama e
deixou-se cair, de cara. Enrolou os braços sob seu travesseiro e aconchegou-se
a ele. Toda vez que fechava os olhos, via o olhar cheio de luxúria de Cooper
sobre ele. Seu pau ficou duro e Dylan gemeu. Era um total caso perdido, mas
não havia como voltar atrás agora. Tinha que ver isso e seria um mentiroso se
dissesse que não estava olhando para frente.
Capítulo 6
Capítulo 7
*****
Cooper não estava no melhor dos humores, já que não conseguia
pegar Dylan sozinho desde quarta-feira. Toda vez que viu o homem, o rosto
carrancudo de Dylan era o suficiente para lhe mostrar para ficar a distância.
Odiava essa distância que estava aumentando entre eles, mas não entendia
por que se importava tanto. Não era como se ele e Dylan se conhecessem há
muito tempo. Foi ficando cada vez mais frustrado no decorrer do dia e não
ajudava que ele e Glenn ainda não estavam se falando, mas isso não era culpa
de Cooper.
Teve sua última aula do dia e foi para o treino de futebol. Teriam seu
primeiro jogo em casa no dia seguinte à tarde e uma combinação de emoção
pelo jogo e estresse, por não ser capaz de falar com Dylan fizeram o estômago
de Cooper amarrado em nós.
Quando virou a esquina do prédio de Arte e Fotografia, ouviu uma
risada alta familiar. Cooper sorriu ao balançar a cabeça. Reconheceria a risada
de Brooke a um quilometro de distância. Ele se dirigiu na direção da
lanchonete, apenas para parar, quase tendo um ataque cardíaco quando viu
com que ela estava falando.
Dylan e Cullen estavam de pé em frente a ela, rindo de algo que ela
dissera. O punho de Cooper fechou apertado e seus olhos se estreitaram,
enquanto observava Brooke dar um tapa leve no braço de Dylan e depois
Cullen cutucar o lado do corpo de Dylan.
Por que estão tocando-o tanto, maldição? Cooper queria gritar com
eles, mas não gritou. Mordeu a língua com tanta força, que pode provar o
gosto cobre e amargo que encheu a boca.
Não tinha certeza de quanto tempo ficou lá, antes de Dylan e Cullen
dissessem adeus à Brooke e fossem para o estacionamento. Assim que se
foram, Cooper tomou um caminho direto e mais curto para Brooke.
— Que diabos foi isso? — Cooper sussurrou.
— Olá a você também, luz do sol. — Brooke riu.
— Que seja. — Cooper puxou as correias da mochila, aborrecido. — O
que estava fazendo com Dylan? Pensei que gostasse de vagina, não de pau. —
Cooper teve que suprimir o estremecimento com suas palavras duras.
— Uau! Esta merda de novo? — Os olhos de Brooke se arregalaram.
Ela fez um barulho com a língua. — Vou deixar essa passar porque está
claramente tendo um momento de ciúmes agora. Confie em mim, Coop, não
estava dando em cima de seu namorado. Estávamos conversando. Acredite ou
não, Dylan e Cullen são meus amigos, também.
— Brooke. — Cooper fechou os olhos e respirou fundo. Não devia
jogar sua frustração sobre ela e não havia necessidade de ser rude, tampouco.
— Sinto muito.
— Sei que lamenta. É por isso que não vou bater em você. — Brooke
piscou e sorriu. — Não quero ser uma cadela aqui, mas já considerou, talvez,
falar com Dylan? Sei que está preocupado com o que ele poderia dizer depois
de toda aquela coisa com Glenn, mas pode sempre pedir desculpas por ser um
covarde e não se colocar- ao lado de seu amante. — Brooke sorriu.
— Ele não é meu amante. — Cooper se aproximou para sussurrar.
— Mas você quer que seja.
— Brooke. — Cooper gemeu. — Eu não procuro…
— Cale a boca. — Brooke levantou a mão na frente do rosto de
Cooper. — Não me venha com a porcaria que está muito ocupado. Está apenas
com medo. Sei que é um jogador de futebol macho e não quer ser incomodado
pelos outros caras da equipe, especialmente pelo seu melhor amigo, Glenn. —
Ela fez um barulho de engasgo. — Mas acho que ficaria surpreso em saber
quantas pessoas homossexuais existem no campus. Este não é o ensino
médio. Ninguém realmente se importa com o que está fazendo. Estão
preocupados com a sua própria merda.
— O que vou fazer? — Cooper ergueu o punho fechado e bateu contra
a testa. Brooke deu tantos pontos positivos e ele odiava que, mais uma vez,
estava mais preocupado com o que os outros pensavam.
— Cooper, pare com isso. — Brooke agarrou seu braço, mas Cooper
não parou. — Cooper! — Ela gritou. Ele parou o que estava fazendo e olhou
para ela. — Pelo amor de Deus, machucar a si mesmo e ter cicatrizes no rosto
bonito não vai atrair os meninos. — Ela sorriu.
— Isso não é engraçado. — Os ombros de Cooper se inclinaram para
frente. — Por que ele tinha que vir aqui agora? Por que não quando eu me
formasse na faculdade, tivesse um trabalho agradável e confortável e fosse
capaz de ser tudo do que ele precisaria que eu fosse?
— Porque a vida não é fácil, Coop. — Brooke ficou ao lado dele. — Se
gosta de Dylan, deve explorar isso por você mesmo. — Ela encolheu os
ombros. — Você disse que ele fugiu depois de um beijo, mas talvez ele esteja
nervoso também. Talvez Dylan precise de alguma garantia de você.
— Sim, você está certa. — Cooper olhou para Brooke. Ela fazia
parecer tão fácil e ele queria que fosse.
— Sei que estou certa. — Ela soltou uma gargalhada. — E só entre
você e eu... — Ela se inclinou perto. — Ele está disparando meu faro gay,
então não acho que o beijinho na floresta foi apenas um acaso.
— Brooke... — Cooper revirou os olhos.
— Não, sério! Acho que realmente tem uma chance. — Brooke parecia
tão esperançosa.
— Como posso ter certeza? — Cooper não podia acreditar que estava
mesmo pensando em fazer isso. O que ele faria se Dylan o rejeitasse?
— Deixe tudo comigo, Coop. — Brooke ligou seu braço com o de
Cooper e levou-o pela calçada. — Eu tenho uma ideia.
Cooper estava um pouco nervoso pelo brilho que viu em seus olhos,
mas o que realmente tinha a perder?
Capítulo 9
Capítulo 10
Cooper não sabia o que ia fazer quando seguiu Dylan para a floresta.
Aquele desejo ardente que sentia por Dylan cancelava toda a sua
racionalidade. Estava cansado de lutar contra este anseio, do tipo que
consumia tudo, que tinha por Dylan.
Como esperava, Dylan não estava feliz em vê-lo. Não poderia culpá-
lo, mas queria tanto Dylan. Será que era tão difícil para o outro compreender a
pressão em que estava? Cooper era gay, sabia disso, mas não estava pronto
para gritar isso por cima dos telhados.
― Cooper... ― Dylan sussurrou suavemente contra seus lábios. O
som sussurrado aumentou a pulsação de Cooper e fez seu pau engrossar ao
ponto de ser doloroso.
Soltou a camisa de Dylan e moveu as mãos para baixo na parte de
trás do corpo de Dylan. Enrolou seus dedos na carne dura e definida, então,
puxou Dylan para fora de seus pés. Dylan envolveu as pernas em torno dos
seus quadris e Cooper caminhou até que prendê-lo contra uma árvore.
― Você tem um gosto bom pra caralho. ― Cooper mordeu o lábio de
Dylan, arrancando um pouco de sangue. O gosto amargo chiou em sua língua
e empurrou seus quadris, moendo seus comprimentos duros juntos.
― Sim, você também. ― Dylan puxou o seu cabelo e apertou as
pernas ao redor da cintura dele.
― Está tudo bem? ― Perguntou Cooper. Continuou a enfiar a língua
na boca de Dylan, enquanto serpenteava um braço em torno das costas dele e
usava seu outro para deslizar ao longo do peitoral sólido de Dylan, para
espalmar seu pau duro.
― Como se tivesse até mesmo que me perguntar. ― Dylan riu, então
gemeu quando Cooper moldou a mão no seu pau grosso ― Pare de falar, e
mais toque, por favor. ― Dylan lamentou.
Cooper sorriu no próximo beijo. Sua mão direita continuou a mapear
o comprimento duro do pênis de Dylan. Abaixou sua mão ainda mais para
acariciar suas bolas. O calor saindo de seus corpos combinados fez o suor
escorrer pelas suas costas. Queria se livrar de algumas daquelas malditas
roupas.
Colocou Dylan em pé e encostou-o contra a árvore. A diferença de
altura entre eles era um pequeno problema, por isso, dobrou os joelhos.
Atrapalhou-se com o fecho da calça jeans, até que conseguiu soltar o seu
pênis, depois começou a trabalhar em Dylan. Assim que soltou o botão da
calça de Dylan e abriu seu zíper, empurrou o jeans apertado para baixo, pelas
coxas dele.
― Oh, deus... ― Dylan gemeu quando seu pau bateu para fora e
Cooper envolveu sua mão ao redor da carne aquecida.
― Sim. ― Cooper olhou com espanto o pênis de Dylan. Não era tão
longo quanto o seu, mas tinha um bom tamanho. A ponta estava úmida com o
pré-sêmen de Dylan e Cooper mergulhou para outro beijo, enquanto deslizava
a mão para cima e para baixo no eixo sólido.
― Merda. Foda-se! ― Os dedos de Dylan se enrolaram nos bíceps de
Cooper e poderia jurar que as unhas do rapaz estavam mais afiadas. ― Coop...
― Deus, amo ouvi-lo dizer o meu nome. ― Cooper beijou o pescoço
de Dylan, aproveitando ao máximo este momento, não tendo certeza se, ou
quando, isso iria acontecer novamente.
Moveu seus quadris para mais perto de Dylan, então envolveu sua
mão ao redor dos dois comprimentos e começou a bombear seu punho. Pré-
sêmen vazou de ambas coroas e acrescentou lubrificante na sua mão,
facilitando o atrito.
O som de pele batendo contra a pele encheu o ar da noite. O cheiro
do sabonete e da colônia de Dylan encheu os seus sentidos e jurou que podia
gozar apenas com isso. Acelerou a mão e acariciou a palma sobre as cabeças
duras de seus paus.
― Puta merda, Cooper. ― Dylan moveu a cabeça para descansar no
seu ombro. ― Estou tão perto.
― Também estou. ― Cooper distribuiu chupões ao longo do pescoço
fino de Dylan, deixando hematomas. A carne levemente bronzeada era salgada
e delicada sob a sua boca e queria deixar a sua marca por todo o corpo de
Dylan.
O orgasmo de Cooper alcançou o ápice e seu corpo formigou,
enquanto seu pênis explodia cordas quentes de sêmen. Afundou os dentes no
ombro de Dylan e chupou duro para não gritar seu prazer e todos ouvirem.
Dylan deve ter pensado a mesma coisa, porque quando o orgasmo de Cooper
diminuiu sentiu o pau de Dylan entrar em erupção e ele, também, mordeu o
músculo magro, onde o ombro e o pescoço de Cooper se encontravam. O seu
corpo ficou tenso com a sensação dos dentes pontudos e afiados afundando
em sua pele. Era quente pra caralho e o fez empurrar seus quadris contra
Dylan.
Depois de alguns minutos ofegando pesadamente, sua respiração
desacelerou, assim como seus batimentos cardíacos. Cooper suavemente
beijou a lateral do pescoço de Dylan, não querendo que esse momento
chegasse ao fim.
O medo que esperava sentir, uma vez que tivesse terminado o ato,
nunca veio. Cooper estava um pouco apreensivo sobre o que pensar a respeito
do que acabara de fazer, mas não estava com medo o suficiente para fugir.
Queria aquilo. Queria Dylan. Por mais estranho que pudesse parecer, algo
dentro dele dizia-lhe para segurar aquele homem e nunca deixá-lo ir. Dylan
era a sua felicidade. Era uma loucura, mas queria acreditar nisso.
― Isso foi... ― Dylan recuou e sorriu para Cooper.
― Maravilhoso. ― Cooper devolveu o sorriso e se inclinou para outro
beijo, quando o som de um grito aterrorizado seguido por outro, alto e
estridente, o fez dar um passo atrás. ― Que diabos foi isso?
― Temos que ir, agora. ― Dylan empurrou Cooper para longe e
puxou a calça.
Cooper rapidamente fez o mesmo e seguiu Dylan, sem saber na
direção do quê os dois estavam correndo.
*****
O momento mais perfeito da vida de Dylan foi interrompido. Uma
parte dele queria dizer foda-se e continuar com Cooper, na segurança das
árvores, mas este novo e melhorado Dylan, a versão não idiota, não podia
fazer isso. Seguiu o som dos gritos e quanto mais se aproximava, mais podia
ouvir rosnados.
Escutou os passos de Cooper batendo no chão, seguindo-o, enquanto
acelerava. Não podia arriscar e ter o seu companheiro se machucando. Dylan
correu através das folhagens pesadas e viu um homem deitado no chão e um
enorme lobo negro rosnando sobre ele. Correu para frente e soltou um
rosnado baixo. O lobo olhou na sua direção, arreganhou os dentes e arranhou
as patas no chão.
― Vá embora. ― Disse Dylan num tom mortalmente baixo e deixando
seus olhos piscarem num azul brilhante. O animal olhou para o homem
inconsciente no chão, depois de volta para Dylan e, então, decolou.
― Dylan! ― Cooper gritou.
O som da voz de Cooper o fez entrar em ação. Dylan virou-se para
certificar-se de que seu companheiro não estava em perigo, então correu para
o homem deitado no chão.
― O que aconteceu? ― Cooper ajoelhou ao seu lado.
― Acho que ele caiu e bateu a cabeça. ― Dylan tirou a sua camisa e
segurou-a no corte, na lateral da cabeça do homem. Deu uma rápida olhada
sobre o corpo do homem, mas não viu quaisquer outros ferimentos. ―
Precisamos levá-lo de volta para os outros e buscar alguma ajuda.
― Claro. ― Cooper levantou-se e o ajudou a levar o homem.
Dylan olhou por cima do ombro para confirmar se o lobo tinha ido
embora ou se estava apenas se escondendo. Não viu, nem cheirou nada. Isso
tinha sido a coisa mais estranha de tudo, não sentiu nenhum cheiro. Esse lobo
não era um lobo comum. O tamanho da besta era a de um shifter, ainda que
não cheirasse a um. Dylan estava tão consumido por seus pensamentos que
não falou uma única palavra, enquanto ele e Cooper levavam o homem de
volta para o local de acampamento.
― Que diabos aconteceu com ele? ― Uma mulher perguntou,
correndo para eles.
― Nós o encontramos no chão. Parece que desmaiou. ― Dylan deu a
resposta mais plausível. Podia sentir o cheiro de álcool no hálito do cara e seria
mais seguro dar essa desculpa, do que contar a verdade. Dizer a todos que um
enorme lobo quase comeu o seu amigo não iria fazer nenhum bem.
Tirou seu telefone e ligou para Ryan, seu primo e companheiro de
Carson, bem como um policial e um membro da matilha Nehalem, e, no
momento, Dylan precisava dos dois últimos.
― Ei, idiota, o que está acontecendo? ― Ryan perguntou quando
atendeu ao telefone.
― Preciso de sua ajuda. ― Dylan deu-lhe uma descrição rápida do
que tinha acontecido e disse sobre o lobo que viu, e que poderia querer
chamar Asa e Devon, os dois alfas do bando, para vir investigar.
Enquanto esperavam os policiais e paramédicos chegarem, Cooper
ajudou Dylan a encaminhar os festeiros. Quanto mais cedo essas pessoas
fossem embora, mais cedo ele e os membros de seu bando poderiam procurar
o lobo pelo acampamento.
Dylan ajudou a carregar Cullen e Brooke para a caminhonete de
Cooper. Seus dois amigos se acabaram de beber e estavam quase desmaiados.
Pareciam bonitos aconchegados juntos no banco da frente da caminhonete de
Cooper.
― Olha, Dylan... ― Cooper começou a dizer, mas o som de sirenes
aproximou.
― Está tudo bem, Cooper. Vá. ― Dylan empurrou Cooper para o lado
do motorista de sua caminhonete. ― Podemos falar sobre o que aconteceu
depois, ou não. ― Dylan deu de ombros.
Viu algo brilhar nos olhos azuis de Cooper, mágoa e raiva, talvez.
Dylan não tinha certeza e aquele não era o momento para discutir o que
aconteceu entre eles. Algo mais urgente precisava de sua atenção. Cooper
concordou, entrou em sua caminhonete e foi embora.
Os paramédicos correram para o cara deitado no chão. A namorada
do homem e alguns de seus amigos ficaram para trás e permaneceram com
ele. Ryan e seu pai, Caleb, questionaram as pessoas, enquanto os paramédicos
carregavam o cara e colocavam-no na ambulância.
― Ei, irmãozinho. ― Asa levantou a mão para descansar na parte de
trás do pescoço de Dylan. ― Já está causando problemas?
― Não. ― Dylan revirou os olhos.
― Não lhe dê um tempo difícil. ― Devon riu. ― Lembro quando Erik
costumava vir aqui com seus amigos. Ah, ser jovem de novo... ― Devon
suspirou, então voltou sua atenção de novo para Dylan. ― Ok, esguicho, por
que acha que seu irmão e eu precisávamos vir investigar um cara que
desmaiou e bateu a cabeça?
Dylan olhou para a ambulância e as pessoas que a rodeavam e deu
um passo na direção oposta, acenando para Asa e Devon o seguirem.
― Quando encontrei o cara. ― Dylan apontou para a ambulância. ―
Estava deitado no chão, com um lobo enorme de pé sobre ele. ― O olhar de
Dylan correu na direção da floresta. ― Não era apenas um lobo qualquer. Era
um shifter. Tinha pelo negro e era enorme. Provavelmente, tão grande quanto
você, Asa.
― Isso é impossível. ― Devon cruzou os braços sobre o peito enorme.
― Cheirei aquele cara na maca e não senti o cheiro de shifter.
― Ele não cheirava a nada. ― Os olhos de Dylan se arregalaram. ―
Essa coisa que quase o atacou não tem nenhum perfume. Se um cão selvagem
ou até mesmo um lobo estivesse perto dele, teríamos sentido. Não é estranho
para nenhum de vocês que ele cheire a nada?
― Ele tem um ponto. ― Devon estreitou seus olhos quando olhou ao
redor.
― Então o que era? ― Asa perguntou suavemente.
― Só há uma maneira de descobrir. ― Devon olhou na direção da
floresta. ― Vamos caçar.
Depois da ambulância partir, Caleb dirigiu as poucas pessoas
restantes para a sua viatura e as levou de volta para a cidade. Ryan ficou para
trás, com Dylan, Asa e Devon para procurar na floresta.
Dylan tirou as roupas e as pôs ao lado das de seu irmão. Rolou a
cabeça em seu pescoço e estava prestes a mudar quando seu irmão abriu a
boca.
― Sem querer mudar de assunto, mas o que exatamente estava
fazendo quando este homem foi atacado? ― Asa olhou para a sua roupa,
depois de novo para Dylan e cheirou o ar.
Dylan olhou para seu corpo nu e se encolheu. Merda! Sêmen seco
estava preso em seus pelos pubianos aparados e uma trilha manchava o seu
estômago. Shifters tinham um sentido de olfato afiado e seu irmão foi capaz de
pegar o que estava fazendo antes do ataque animal. Era em momentos como
aquele que desejava ser apenas parte de uma família humana comum.
― Nada. ― Dylan sacudiu a cabeça.
― Nada, minha bunda. ― Ryan caminhou ao lado deles. ― Você
cheira a sexo. ― Ryan acenou com a mão na frente do seu nariz como se
Dylan estivesse fedendo.
―Você é muito jovem para ter sexo. ― Devon puxou a sua orelha.
― Olá! Tenho dezoito anos de idade. ― Dylan bateu nele. ― Tenho
idade suficiente para votar e me juntar às forças armadas, e estou na
faculdade. Acho que sou velho o suficiente para... Outras coisas, também.
― Se não pode nem mesmo dizer, então não deveria estar fazendo
isso. ― Ryan riu.
― Cale a boca! ― Dylan cobriu os olhos com a mão. ― Podemos, por
favor, voltar para o que é importante aqui?
―Ele está certo. ― Disse Devon. ― Depois de mudar, precisamos
ficar em grupos de dois. Ryan está comigo, Asa e Dylan ficam juntos. Se tiver
um shifter selvagem à solta, não quero ninguém sozinho. Não sabemos o quão
perigoso isso pode ser.
Dylan assentiu e moveu-se para o lado. Fechou os olhos e relaxou os
músculos, enquanto a mudança no seu corpo o dominava. Sua pele formigava
conforme pelo crescia em seus poros e caiu de joelhos enquanto seus ossos
quebravam e modelavam o seu corpo de lobo. Estendeu seu pescoço enquanto
sua pele repuxava para formar um focinho. Num piscar de olhos, tudo tinha
terminado. Dylan se levantou em suas patas, balançou a cabeça, depois trotou
em direção ao seu irmão.
Devon soltou um latido alto, então todos decolaram. Dylan ficou
perto de seu irmão. Quando foram em torno da floresta densa, nada parecia
fora do lugar. Não existia nenhum cheiro indicando qualquer shifter, ou lobo,
no caso. Dylan podia captar o seu cheiro, o de Asa e aqueles comuns às áreas
de madeira despovoadas. Era reconfortante, mas ao mesmo tempo não, pois
sabia que era uma ilusão. Algo estava ali fora.
Depois de algumas horas de busca infrutífera, um uivo alto ao longe
fez Dylan e Asa seguirem até a sua origem. Toparam de novo com Devon e
Ryan, e os dois também não encontraram nada. Foi um desperdício de tempo.
Dylan sabia que o seu irmão e seus amigos acreditavam nele, mas ainda
queria mostrar-lhes a prova real de que não estava enlouquecendo.
Eles se vestiram e Dylan seguiu os outros para fora da floresta. Olhou
por cima do ombro uma última vez e sabia que era apenas uma questão de
tempo antes do animal, lá fora, aparecer mais uma vez.
Capítulo 11
— Oh, meu Deus. — Cooper rolou para deitar de costas, olhando para
o teto. Sabia que tinha um sorriso bobo no rosto, mas não se importava. O que
ele e Dylan tinham acabado de fazer foi incrível. Não, melhor do que incrível,
foi marcante. — Isso foi muito melhor do que jamais poderia ter imaginado. —
Disse Cooper a si mesmo, sem realmente esperar que Dylan o ouvisse.
— Uh, o que quer dizer com isso? — Dylan voltou para o seu lado e se
apoiou em seu cotovelo. A testa de Dylan estava enrugada quando olhou para
Cooper. — Achou que sexo comigo seria horrível?
— Não! — Cooper rolou para o lado. — Deus, não. Só quis dizer que
nunca esperei que fosse ser tão bom, como foi, entre dois homens. — Cooper
deu de ombros. — Não me interprete mal. Estava constantemente pensando
sobre isso, mas meio que achei que a coisa real não faria jus as minhas
fantasias. — Desde que Cooper atingiu a puberdade, se perguntava como seria
estar com outro homem. Pensou tanto sobre isso que estava preocupado que
nenhum homem fosse conseguir superar os seus sonhos, mas Dylan tinha
superado e muito as suas expectativas.
— Espere um minuto... — Dylan se sentou, passando a mão pelo seu
cabelo loiro bagunçado. — Nunca esteve com outro cara antes? Tipo, nunca?
— Não. — Cooper sentou-se contra a cabeceira da cama. — Fiz sexo
com uma menina antes, mas nunca com um cara. — Cooper olhou para suas
mãos sobre seu pênis agora flácido. — Sempre tive muito medo de explorar
isso.
— Mas todas as coisas que fez... — Os olhos de Dylan estavam
arregalados. — Com certeza, parecia como se soubesse o que estava fazendo.
— Tudo graças à internet. — Cooper riu. — Então, eu me igualo aos
outros caras com quem esteve antes? — Cooper pegou a mão de Dylan e
sorriu quando ele não se afastou.
— Outros caras? — A testa de Dylan franziu. — Que outros caras?
Você foi o meu primeiro.
— O quê? — Cooper sentou-se para frente, sem acreditar no que seus
ouvidos tinham acabado de ouvir. — Seu primeiro?
— Sexo com um cara, sim. — Dylan riu. — Fiz muito sexo com
mulheres, mas nunca com um homem.
A boca de Cooper se abriu e um som chiado borbulhava de sua
garganta. Tinha certeza que Dylan era gay. Bem, talvez não cem por cento de
certeza, mas Dylan parecia um cara gay. Vestia-se bem e não socou Cooper na
cara quando o beijou a outra noite, então, sim, achava que Dylan fosse gay.
— Espere um minuto. — Dylan retirou a mão do aperto frouxo de
Cooper. — Você pensou que eu fosse gay, não é?
— Bem, sim. — Cooper jogou as mãos no ar. — Odeio alimentar
estereótipos, mas olhe para você. Você é lindo. Tem esse estilo de cabelo
perfeito, se veste como se tivesse acabado de sair da passarela, e sua pele?
Nenhum homem comum tem uma tez tão clara, lisa e macia como a sua.
Apenas presumi que fosse.
— Só porque um cara sabe como se vestir e cuida de si mesmo, não
significa automaticamente que está interessado em caras. — Dylan pegou o
lençol e enrolou ao redor de seu corpo, em seguida, levantou-se. — Você
parece o meu irmão falando. Gosto de ter boa aparência. Por acaso, isso é um
crime?
— Não. — Cooper não conseguia parar de rir. Dylan andava ao lado
da cama, o rosto vermelho e um bonito beicinho em seus lábios. Deus, Cooper
era um caso perdido. — Sinto muito. Não devia ter assumido isso sobre você.
— Não, não devia. — Dylan parou na frente de Cooper e bateu o pé.
— Para ser justo, eu não era gay, até que conheci você.
— Sério? — Cooper estendeu a mão para Dylan. Não conseguiu evitar
de se sentir feliz com aquele comentário. Isso podia fazê-lo um idiota, mas
gostou de saber que foi o primeiro de Dylan.
— É verdade. — Dylan revirou os olhos. — Acho que eu sou gay
somente para você.
— Sinto-me lisonjeado. — Cooper puxou a mão de Dylan e puxou-o
entre as pernas. Dylan se sentou em seu colo. — Isso te incomoda?
— Não. — Dylan deu de ombros. — Quero dizer, com certeza, isso me
pegou de surpresa, mas o meu irmão é gay e temos um monte de amigos
gays, então, ser gay não me incomoda em nada. E você? — Dylan se inclinou
para o lado de Cooper e levantou a mão para passar os dedos pelo seu cabelo.
— Você só é gay para mim ou apenas gosta de homens?
Cooper olhou para os olhos azuis escuros de Dylan e percebeu que
não podia mentir para ele. Tinham acabado de compartilhar algo tão especial,
que não queria manchá-lo sendo falso com Dylan.
— Sou cem por cento gay. — Cooper olhou para baixo, incapaz de
encontrar o olhar de Dylan. Não tinha vergonha de quem era, mas estava no
armário por tanto tempo que ainda era assustador dizer isso em voz alta.
— É por isso que não fez nada no outro dia, quando Glenn encurralou
Cullen e eu? — Dylan colocou um dedo sob o queixo de Cooper e inclinou a
cabeça para encontrar seu olhar. — Você estava com medo que ele
descobrisse o seu segredo e deixasse de ser seu amigo.
— Sim. — Os olhos de Cooper arderam pelas lágrimas. — Conheço
Glenn toda a minha vida e se ele descobrisse o que sou, provavelmente nunca
mais falaria comigo novamente. — Cooper respirou fundo. — Não tinha certeza
se estava pronto para correr esse risco.
— Quer dizer que não tinha certeza se poderia confiar em mim. —
Dylan assentiu. — Entendi. Eu te abandonei na floresta, depois de bater no seu
rosto na primeira vez que nos encontramos. — Dylan se aproximou para
descansar sua testa contra a de Cooper.
— Sim, você fez isto. — Cooper apertou seus braços na cintura de
Dylan. — Não apostaria em algo se não tivesse certeza que você ia me querer
de volta. — Cooper soltou um suspiro profundo. — Tenho escondido quem sou
por tanto tempo, que é fácil só ser o que todo mundo espera que eu seja.
— Sim, entendo isso. — Dylan roçou os lábios sobre Cooper. — Mas
se isso te ajuda a decidir alguma coisa, quero dar a isso, o que quer que seja,
uma chance.
— Eu também. — Cooper sorriu para Dylan.
Dylan se arrastou para fora do colo de Cooper e deitou-se na cama.
Ele deu um tapinha no local ao lado dele e Cooper se moveu para deitar ao
lado dele.
— Sei que estamos fazendo isso ao contrário, mas me fale sobre
você?
— Não tenho muito que contar, realmente. — Cooper agarrou o
cobertor grosso e puxou-o para cima e sobre o seu corpo e o de Dylan.
Deslizou o braço em torno do ombro de Dylan e o puxou para perto, deitando a
cabeça no seu peito. — Cresci aqui e vivo com a minha mãe. Meu pai morreu
quando eu tinha nove anos. Era um fuzileiro naval e morreu na guerra.
Cooper ficou em silêncio por um momento relembrando seu pai.
Sentia falta dele todos os dias e desejou que pudesse falar com ele mais uma
vez.
— Depois que ele morreu, minha mãe e eu ficamos em Silver Creek.
Ela não era próxima de sua família e meu pai só tinha um irmão. Vemos meu
tio Trevor de vez em quando, mas ele vive na Carolina do Norte, assim, não o
vemos muitas vezes.
Cooper contou a Dylan sobre sua infância e como foi crescer em
Silver Creek. Foi relaxante e não forçado. Tão assustador como tudo poderia
ser, Cooper queria se agarrar em tudo aquilo durante o tempo que pudesse.
Dylan era como os raios quentes do sol que brilhavam sobre seu rosto, quente
e suave, libertando-o de seus medos.
— Já falei o suficiente sobre mim. — Cooper esfregou o nariz contra o
cabelo macio de Dylan. — E você? O que te trouxe para Silver Creek?~
*****
— Meus pais morreram quando eu era muito pequeno. Não me
lembro deles muito bem. Fui criado por meu avô. — Dylan acariciou os dedos
para cima e para baixo no peito de Cooper, enquanto falava. Odiava falar
sobre o seu passado, porque não queria que o tempo, quando foi uma pessoa
ruim, interferisse na sua vida de agora. — Ele morreu alguns meses atrás e
meu irmão se tornou meu tutor legal, e nos mudamos para cá. Temos uma
família que vive aqui e em Nehalem.
— Sinto muito por isso. — Cooper esfregou os dedos ao longo do
couro cabeludo de Dylan, provocando arrepios e fazendo formigar sua pele.
— Não sinta. — Dylan se sentou e apoiou as costas contra a cabeceira
da cama. — Meu avô não era um homem bom e não merece a bondade ou
remorso de alguém.
Dylan ainda não tinha superado sua raiva para com o seu avô. O
homem assassinara seus pais, somente porque o pai e a mãe queriam viver
sua vida longe do bando. Queriam que seus filhos tivessem um futuro que não
envolvesse morte e violência, e, por causa disso, seu avô matou o próprio filho
e sua esposa, deixando seus dois filhos órfãos.
Somente quando seu avô quis reconstruir o seu bando e chegaram a
Silver Creek, para fazer seus primos, Carson e Holden, participarem da sua
matilha que realmente viu seu avô pelo que realmente era. Um monstro. Dylan
queria acreditar que talvez seu avô fosse mentalmente insano, mas não podia
acreditar nisso. Seu avô gostava de ter o controle e se saíssem da linha, seu
avô faria questão de fazê-los pagar por isso.
Dylan ainda não conseguia esquecer a imagem de seu avô em pé
sobre seu irmão Asa, preparando-se para matá-lo. Ver isso fez algo estalar
dentro de Dylan e, desde esse dia, fez uma promessa a si mesmo que nunca
seria assim. Custasse o que custasse, seria uma boa pessoa.
— Ok. — Cooper disse bem devagar. — Mas sinto muito por seus pais.
— Cooper entrelaçou os dedos com os de Dylan. — Não consigo imaginar
crescer sem poder conhecer minha mãe e meu pai. Claro, meu pai morreu
quando era pequeno, mas pelo menos tenho memórias dele.
Um longo momento de silêncio se estabeleceu entre eles. Dylan não
gostava da sensação de melancolia que tinha sempre que pensava sobre seu
passado. Desejou poder esquecer, mas isso não era possível, e realmente não
queria esquecer. Se esquecesse seu passado, poderia acabar por repeti-lo no
futuro. Essa era uma possibilidade que Dylan não queria arriscar que
acontecesse.
— Bem, isso é deprimente. — Dylan bufou.
— Ei, foi você que deu a ideia de conversarmos para conhecer um ao
outro. — Cooper cutucou Dylan no ombro. — Totalmente culpa sua.
— Desculpe-me por querer conhecer o homem que enfiou o seu pau
dentro de mim. — Dylan começou a rir. — Que estupidez a minha.
— É mesmo? — Cooper investiu contra Dylan, empurrando seu corpo
entre as pernas de Dylan. Dylan permitiu que Cooper agarrasse seus pulsos e
os prendesse a cama. — Não ouvi você reclamar.
Dylan apertou suas pernas ao redor da cintura de Cooper e os virou,
ficando agora por cima. Foi fácil soltar as suas mãos do agarre de Cooper.
Podia ser o menor dos dois, mas sendo metade lobo fazia dele o mais forte.
Dylan não sentiu a necessidade de esfregar isso no rosto de seu companheiro,
especialmente porque Cooper não sabia sobre a verdadeira natureza de Dylan.
— Ei, Dylan. — Maurice disse, enquanto abria a porta do quarto de
Dylan. Dylan e Cooper ambos viraram a cabeça em sua direção. Dylan sentiu o
corpo de Cooper ficar tenso. — Oh, merda! — Maurice levantou a mão para
cobrir os olhos. — Desculpe, não queria interromper nada. — Maurice espiou
por entre os dedos. — Merda! — Maurice rapidamente fechou a porta e Dylan
ouviu enquanto ele corria pelo corredor.
— Esse... É o seu irmão? — Perguntou Cooper, sua voz tremendo de
nervosismo.
— Nah. — Dylan se sentou, ainda sentado no colo de Cooper. — Esse
é o namorado do meu irmão. — Dylan olhou para Cooper e sorriu, então
apontou para a porta fechada. — Agora, isso é como um cara gay se parece.
Levou um momento, mas o olhar de medo desapareceu do rosto
bonito de Cooper. Um sorriso se espalhou pelos lábios.
— Hã? Sério? Vocês devem fazer compras nas mesmas lojas.
— Seu idiota. — Dylan enfiou as mãos debaixo do braço de Cooper e
começou a fazer-lhe cócegas. Rolaram pela cama, até que estavam
emaranhados nos lençóis. Dylan puxou Cooper perto e beijou-o nos lábios,
nunca querendo deixar a segurança de seu quarto. Não sabia o que iria
acontecer assim que Cooper saísse e estava com um pouco de medo de
descobrir. Queria que aquele momento pudesse durar para sempre.
Capítulo 13
*****
Dylan acordou na segunda de manhã com um enorme sorriso no
rosto. Não teve muito sono na noite anterior, porque ficou até uma da manhã
conversando com Cooper. Estavam de trocando mensagens e imagens toda a
noite, e quando conseguiram, finalmente, dizer boa noite, Dylan não conseguia
dormir. Ficou olhando para as fotos que Cooper enviou de seu corpo delicioso.
Ninguém estava em casa quando Dylan saiu de seu quarto e foi para
a cozinha, tomar café da manhã. Pegou uma maçã na saída, junto com sua
mochila e correu escada abaixo. Dylan pegaria Cullen aquela manhã, então
tinha que se apressar ou estariam atrasados.
— Ei, Cullen! — Dylan cantou enquanto seu amigo entrou em seu
carro.
— Ei. — Cullen respondeu, dando a Dylan um olhar engraçado. —
Você está super alegre esta manhã.
— É um dia bonito, homem. — Dylan saiu da garagem de Cullen e foi
em direção a Hemsworth.
Dylan e Cullen se separaram e concordaram em se reunir para o
almoço. As primeiras horas de Dylan passaram num flash. A voz monótona de
seu professor de cálculo não o incomodava naquele dia. Nada iria derrubar seu
bom humor. No final de sua palestra de sociologia, Dylan agarrou sua bolsa e
se dirigiu para o refeitório. Pegou uma bandeja e encheu-a com alimentos.
— Desculpe. — Dylan sorriu para a menina atrás dele quando
esbarrou em seu ombro, ao parar para puxar seu telefone do bolso. Sorriu e
seu rosto esquentou quando viu que era um texto de Cooper.
Onde você está???
Cafeteria, digitou de volta.
Doce! Vejo você em alguns minutos. Guarda um lugar. Cooper
acrescentou um emoticon piscando.
— Ei. — Dylan puxou a cadeira ao lado de Cullen e se sentou. Brooke
já estava lá, comendo uma salada.
— Ei, voltou. — Brooke estendeu a mão para pegar uma frita da
bandeja de Dylan. — Como estão as coisas?
— Ótimas.
— Se não são os dois pequenos pombinhos. — Disse Glenn atrás de
Dylan, interrompendo o que estava preste a dizer. — Vocês dois não
conseguem ficar longe um do outro.
— Foda-se, Glenn. — Brooke retrucou. Seu rosto ficou um vermelho
brilhante e Brooke parecia que estava preste a explodir.
— Relaxe, Brookey. — Glenn inclinou-se sobre o ombro de Dylan e
colocou a mão sobre a mesa. — Somos todos amigos aqui, não somos?
Dylan olhou para Glenn, mas Glenn não estava olhando para
ele. Não, estava olhando para um Cullen apavorado.
— Está tudo bem. — Dylan sussurrou para Cullen.
— Está tudo bem, garoto bonito? — Glenn chutou a cadeira de Dylan,
empurrando-o para trás da mesa.
— Qual é o seu problema, cara? — Dylan saltou em pé. Fez uma
promessa ao seu irmão de que não lutaria, mas seria condenado se deixasse
aquele idiota empurrá-lo ou a Cullen.
— Você é o meu problema, menino bonito. — Glenn deu um passo
para Dylan, torcendo o punho na camisa de Dylan, que apertou a mandíbula,
preparando-se para o golpe que sabia que viria. Ele não tinha medo.
— Ei, Glenn! — Cooper gritou atrás de Glenn quando o arrancou de
Dylan e deu-lhe um soco no nariz.
Dylan se encolheu com o som de trituração de osso. A cafeteria ficou
em silêncio, enquanto todos se viraram para assistir a cena se
desenrolando. Dylan, como os outros, ficou com a boca aberta olhando seu
companheiro sobre Glenn, que sentou esparramado no chão.
Dylan ficou tão consumido encarando Glenn, que não tinha visto
Cooper vir atrás de seu amigo.
— Que diabo, homem? — Glenn estalou. O sangue jorrando de seu
nariz e sua voz soava engraçada, com o nariz quebrado.
— Eu te disse uma vez para parar esta porcaria e você não deu
ouvidos. — Cooper pairava sobre Glenn. — Você trouxe isso em si mesmo.
— Porque se preocupa com um monte de bichas? — Glenn passou a
mão debaixo do seu nariz.
— Você nunca vai aprender, vai? — Cooper puxou sua mão de volta
para pousar outro golpe, quando um guarda de segurança do campus correu
pelas portas duplas, correndo em direção a eles.
Dylan estava ali, atordoado demais para fazer qualquer coisa. Estava
pasmo de seu companheiro se erguer, não só para ele, mas para Cullen e, de
certa forma, para si mesmo.
— O que está acontecendo aqui? — O guarda do campus, gritou. Ele
olhou entre Cooper e Glenn depois sacudiu a cabeça. — Ninguém quer
falar? Não importa. — O homem sacudiu a cabeça, com o rosto vermelho e
suor escorria pelos lados de seu rosto. — Podemos resolver isso no escritório
de segurança. Só porque esta é uma faculdade, não significa que não posso
chamar seus pais, pequenos privilegiados punks. Vamos, vamos embora. — O
homem estendeu a mão para ajudar Glenn no chão.
Cooper se endireitou e caminhou em direção a Dylan. Todos os olhos
estavam sobre eles e Dylan achou difícil de engolir. Sem dizer uma palavra,
estendeu as mãos, segurou o rosto de Dylan e o beijou. A língua de Cooper
lambeu em seus lábios e ele abriu para conceder-lhe o acesso. Suas línguas
giravam em torno de si, fazendo com que Dylan ficasse fraco dos
joelhos. Estendeu as duas mãos para descansar sobre os quadris de Cooper,
para não cair.
— Isso é o suficiente. — O guarda estalou os dedos para obter a sua
atenção.
— Inferno, sim, Super Cooper! — Brooke gritou.
O barulho na cantina ficou mais alto quando as pessoas começaram a
bater palmas e assobiar para eles.
— Espero que isso esteja bem. — Cooper sussurrou contra a boca de
Dylan, enquanto se afastava. Seus olhos estavam arregalados com a incerteza.
— Está mais do que bem. — Dylan sorriu e apertou a testa contra
Cooper.
— Vamos embora. — O guarda bateu Cooper no ombro.
— Eu vou, caramba. — Cooper sorriu para Dylan, deu-lhe mais um
beijo e depois seguiu o homem, para fora da lanchonete.
— Minha nossa! — Cullen agarrou o braço de Dylan, sacudindo-o.
— Dylan! — Brooke correu para Dylan e jogou os braços em volta
dele. — Isso foi tão legal! Não posso acreditar que Coop fez isso. — Brooke
sorriu de orelha a orelha.
— Nem eu. — Dylan riu.
Dylan estava num pequeno choque, mas do tipo bom, não o tipo
onde desmaiaria. Não sabia onde seu companheiro tirou a coragem de fazer o
que fez, mas não iria questioná-lo. Só esperava que Cooper não lamentasse
suas ações, porque isso iria matar Dylan.
Puxou sua cadeira de volta e sentou-se para terminar o seu
almoço. O sorriso nos lábios era forte demais para desaparecer. Não importava
o que aconteceu depois disso, ele e Cooper podiam trabalhar com isso. Dylan
não precisava de uma bola de cristal para dizer o que já sabia. Estava
apaixonado por Cooper Higgins, e que viesse o inferno ou enchentes, nunca
iria deixá-lo ir.
Capítulo 14
*****
Depois do almoço, Dylan recebeu um texto de Ryan para ver se
poderia cuidar de Riley por algumas horas. Carson tinha uma aula e Ryan tinha
que trabalhar até tarde. Dylan concordou, mesmo que estivesse ansioso para
ver Cooper.
Uma vez que Carson chegou em casa, Dylan pegou suas coisas,
abraçou Riley e Carson em adeus, e correu para casa. Asa tinha ligado
enquanto cuidava de Riley para pedir-lhe para parar em casa antes de
encontrar Cooper.
Dylan parou o carro numa vaga de estacionamento e subiu correndo
as escadas, e ficou surpreso ao ver Devon sentado na sala de estar.
— Ei, pessoal, o que aconteceu? — Dylan jogou sua mochila na mesa
ao lado da porta.
— Dylan, o lobo com quem eu queria falar. — Devon acenou para
Dylan sentar. — Quero que olhe algo para nós.
Dylan se espremeu entre Asa e Devon e se sentou. Na mesa de café
estava uma pilha de fotografias em preto-e-branco. Haviam sido tiradas na
floresta, nos arredores da cidade, perto da pista em que gostava de
correr. Veados e coelhos foram capturados nas fotos, seus olhos brilhando com
a luz noturna que capturou as imagens. Dylan passou a pilha e parou quando
chegou a uma em particular. Era uma vista lateral de um lobo grande, de cor
escura.
— Esse é o lobo! — Dylan olhou para Devon e Asa. — Eu disse que vi
um. Como conseguiu isso?
— Alguns anos atrás, Brandon colocou câmeras em certas partes da
floresta. Ele nunca as tirou. Todas as semanas, olha o filme e descobriu isso
alguns dias atrás. — Devon apontou para a imagem do lobo. — Há um shifter
na cidade, mas este é especial.
— Especial, como? — Perguntou Dylan.
— Porque ele não tem cheiro. — Devon soltou um suspiro pesado. —
Asa e eu temos andado em cada centímetro dessas florestas, com a ajuda de
alguns outros membros da matilha, e não encontramos nada.
— Mas isso é impossível, certo? — Dylan olhou para Asa.
— Isso é o que pensávamos, mas temos a prova de que algo está lá
fora. — Asa passou a mão sobre o cabelo curto. — Precisamos encontrá-lo
antes que faça mais danos. O garoto da floresta vai ficar bem e não tem
nenhuma lembrança do que aconteceu.
— Isso é uma coisa boa, certo? — As mãos de Dylan começaram a
tremer.
— É, até aquele lobo finalmente atacar alguém e dar uma mordida. —
Devon pegou a foto e olhou para a imagem borrada. — Você assustou o shifter
desconhecido e salvou a vida do homem, mas não temos pessoal para manter
olhos sobre todos na cidade. É apenas uma questão de tempo, antes que um
humano seja atacado, e, se isso acontecer, teremos todos os tipos de
caçadores vindo à cidade e nem todos são bons. Poderia tornar-se perigoso
para nós.
Dylan se sentou no sofá. Seu dia estava indo tão bem e isso tinha
que acontecer. Tinham acabado de se mudar para Silver Creek e Dylan não
queria sair, mas se as pessoas começassem a caçar lobos, não teriam escolha.
— Não se preocupe, irmãozinho. — Asa bateu-lhe no joelho. — Temos
pessoas trabalhando nisso. Vamos encontrar este shifter em algum momento.
O som do telefone de Dylan indicou que tinha um texto. Tirou o
telefone do bolso de trás e sorriu para a tela. Era Cooper perguntando onde
estava.
— Tenho que ir. — Dylan se levantou e deu um passo por cima das
pernas estendidas de Devon. — Vou manter um olho para fora procurando o
shifter desonesto, também. Espero que possamos encontrá-lo em breve e ver
o que ele quer. — Dylan correu em direção à porta.
— Se você o ver, Dylan... — Devon disse exatamente quando Dylan
estava abrindo a porta. — não tente enfrentá-lo. Ligue e peça ajuda, me
ouviu?
— Sim, senhor. — Dylan saudou seu alfa e correu para fora da
porta. Um monte estava acontecendo, mas tudo parecia cair para segundo
plano quando se tratava de Cooper. Não podia esperar para ver o seu
companheiro.
Capítulo 15
Capítulo 16
*****
Dylan pegou sua mochila do chão, deu a Cooper um beijo de boa
noite e saiu pela porta. Eram quase onze horas e se não saísse agora, iria
acabar caindo no sono na cama de Cooper, de novo. Não teria sido um grande
negócio, mas tinha aula às sete horas da manhã e não queria ter que se
levantar super cedo para ir para casa e conseguir uma muda de roupa.
Enquanto se aproximava de seu carro, viu faróis descendo a rua. Era
um grande SUV preto. Ele o reconheceu como o carro do tio de Cooper,
Trevor. Esperou um momento para dizer Olá para o homem.
— Ei, Dylan. — Trevor saiu do carro e fechou a porta. — Saindo já? —
Trevor olhou para baixo em seu relógio.
— Sim. — Dylan revirou os olhos. — É uma noite de escola e tudo. —
ele brincou.
— Engraçado. Eu me lembro de que quando estava na faculdade,
parecia que havia uma festa todas as noites. Você e Coop são pesos leves,
sempre estão enfurnados em casa. — Trevor cruzou os braços sobre o peito. A
ação fez sua camisa preta de manga comprida subir até sua cintura e os olhos
de Dylan avistaram um metal preto brilhante. Um calafrio percorreu sua
espinha com a visão. Era uma arma que estava dentro do jeans escuros de
Trevor.
Dylan rapidamente correu os olhos de volta para o rosto de Trevor,
enquanto ele continuava a falar, mas Dylan não estava prestando atenção.
Armas o deixavam nervoso. Desde que atirou em um membro da matilha, não
gostava delas. Armas eram iguais à dor e morte no mundo de Dylan e estaria
perfeitamente feliz se nunca mais visse outra.
— Dylan, amigo, você está bem? — Trevor deixou cair os braços para
os lados e deu um passo em direção a ele. — Parece como se tivesse visto um
fantasma.
— Não. Estou bem. — Dylan forçou um sorriso.
— Ok, bem, tenho certeza que vou vê-lo mais tarde.
— Sim, mais tarde. — Dylan assentiu e entrou em seu carro.
Na volta para casa, Dylan quebrou seu cérebro pensando no porque o
tio de Cooper estaria carregando uma arma. Cooper disse que seu tio era um
programador de computador. Na última vez que checou, essa profissão não
exigia armas de fogo.
A mente de Dylan nadou nas memórias que tentou manter
enterradas, mas elas se recusavam a serem ignoradas. Em outro lugar e outro
tempo, Dylan tinha sempre carregado uma arma por insistência de seu avô.
Nunca teve de usá-la, até que ele veio para Nehalem. Sob a ordem de seu avô,
atirou em Kaden Kline-Kemp quando o shifter puma tentou impedi-lo e a seu
avô de levar Carson para longe de Nehalem. Dylan não sabia na época o
monstro que seu avô era. Não foi até que ele tentou matar Asa que Dylan
finalmente saiu do encanto de seu avô.
— Pare com isso. — Dylan disse para si mesmo. — Isto está no
passado e nunca vou voltar para lá novamente.
Dylan não era a mesma pessoa que costumava ser. Estava fazendo
uma boa vida para si mesmo em Silver Creek e, com Cooper ao seu lado, ele
não tinha nada a temer.
Capítulo 17
Capítulo 18
*****
O jogo terminou com o Hemsworth Grizzlies vencendo. Dylan não
podia acreditar no grande jogador que Cooper era. Ele lançou a bola para três
touchdowns e evitou ser bloqueado a cada vez. No último passe de touchdown,
ele quebrou um tackle1 e arrastou o cara atrás dele por dez jardas.
Assistir Cooper pegar a bola e correr, como se o próprio diabo
estivesse atrás dele, foi incrível. A outra equipe não teve a menor chance.
Dylan estava orgulhoso de Cooper. Precisava ter muita resistência e força para
jogar futebol. Para a maioria das pessoas era apenas um jogo, mas a
habilidade e compromisso necessários para jogar iam além de qualquer coisa
que Dylan algum dia poderia fazer.
Dylan, Cullen e Brooke esperaram no estacionamento até Cooper
sair. Alguns outros jogadores estavam com ele. Estavam rindo e conversando,
mas quando Cooper viu Dylan, correu até ele.
— Bem? — Cooper colocou as mãos nos quadris de Dylan e o puxou
para perto, então se inclinou para beijá-lo nos lábios. — O que achou?
— Você foi incrível. — Dylan sorriu. — Se soubesse o quanto o futebol
era violento e agressivo, teria tentado entrar para a equipe. Quer dizer,
inferno! Você tem permissão para bater em alguém, tudo em nome de
conseguir a bola.
1
O principal objetivo do tackle é tirar a bola do controle adversário, impedir o adversário de ganhar terreno até a
linha de gol ou simplesmente de parar a jogada em andamento.
— Há mais do que isso, querido. — Cooper sacudiu a cabeça. — Estão
prontos para ir?
— Sim, estamos. — Brooke cutucou Cullen no lado. — Certo, Cullen?
— Tão pronto como sempre estarei. Da última vez que fiz isso,
acordei com dor de cabeça. — Cullen se virou para olhar para eles. — Acho
que você me deixou bêbado. — Cullen olhou diretamente para Brooke.
— Quem, eu? — Brooke perguntou falsamente chocada. — Nunca
faria uma coisa dessas.
— Sim, você faria. — Dylan riu.
— Devemos ir no seu Jeep? — Perguntou Cooper.
— Provavelmente seria melhor. — Dylan desbloqueou as portas. —
Mais espaço.
— Sigo vocês, ok? — Brooke desbloqueou a porta e entrou em seu
carro. — Vejo vocês lá! — Gritou pela janela aberta enquanto partia.
Depois que todos estavam no carro, Dylan saiu do estacionamento e
foi para a entrada da floresta.
Antes de Dylan sair naquela noite, conversou com Asa e lhe contou o
que iria fazer. Asa não ficou entusiasmado com a ideia de Dylan estar na
floresta, mas entendeu a necessidade de manter seus amigos seguros. Asa fez
Dylan prometer chamá-lo se algo estranho acontecesse. Não era como se
pudessem impedir as pessoas de se aventurarem na floresta. Era um lugar
público e não se exporiam como shifters para toda a cidade, tinham que
manter silêncio sobre o que estava andando na escuridão. Era um motivo
egoísta, mas Asa e Devon estavam diariamente fazendo varreduras noturnas
na área e ainda não conseguiram encontrar o shifter desonesto. Com alguma
sorte, a criatura fora embora.
O estacionamento estava lotado de carros e Dylan podia ver o brilho
da fogueira à distância.
Saíram do carro e caminharam em direção à multidão. Cullen parou
de repente e Dylan olhou para o amigo. O rosto suave de Cullen estava tenso e
sua pele de um tom claro de branco.
— Cullen, o que foi? — Dylan seguiu a linha de visão de Cullen e viu o
que causou seu comportamento anormal. Glenn estava do outro lado da
fogueira, olhando para eles. Era uma visão estranha do ponto de vista deles,
com as chamas tremeluzindo sobre o seu rosto. Fazia Glenn que parecer muito
mais aterrorizante e Dylan compreendeu o medo de Cullen. — Está tudo bem,
cara. Prometo que não vou deixar nada acontecer com você.
— Eu sei. — Cullen respirou fundo, mas não conseguiu esconder a
forma como seu corpo começou a tremer.
— Vamos. — Dylan passou o braço em volta do pescoço de Cullen e
puxou o amigo para o seu lado. — Vamos nos divertir um pouco.
— Hey, meninos! — Brooke de onde estava sentada com algumas
outras pessoas. — Por que demoraram tanto?
— Ao contrário de alguém que conheço... — Dylan se inclinou para
beijar Brooke na bochecha. — Respeito o limite de velocidade.
— Só porque está relacionado a um policial. — Brooke revirou os
olhos.
— Oi. — Dylan puxou a borda do copo de plástico vermelho de
Brooke. — O que? Não vai beber esta noite?
— Uh, não. — Brooke levantou o copo no ar. — Estou dirigindo, então
sem álcool para mim.
— Pensamento inteligente. — Dylan assentiu.
— Graças a Deus. — Disse Cullen alto.
— Ah, Cullen meu doce. Apenas porque não estou bebendo não
significa que não pode. — Brooke colocou o braço em volta dos ombros de
Cullen e levou-o para onde o barril de cerveja e refrigeradores estavam.
— Ajude-me. — Cullen murmurou para Dylan, que apenas sorriu e
acenou para ele. Sabia que Cullen estava seguro com Brooke.
— Então, o que vamos fazer agora? — Dylan perguntou quando olhou
em volta. Algumas pessoas dançavam, outras estavam sentadas em mesas de
jogar cartas, mas a maioria estava por aí conversando.
— Bem, podemos ficar aqui ou encontrar um local bom e tranquilo em
algum lugar. — Cooper envolveu Dylan em seus braços. — Como isso soa?
— Perfeito. — Dylan sorriu contra os lábios de Cooper e depois deixou
seu companheiro beijá-lo.
Cooper se afastou de Dylan, tomou sua mão e o levou para dentro da
floresta escura. Dylan estava com os olhos e ouvidos atentos por quaisquer
sinais do lobo negro, mas, até ali, nada. Uma coruja piou ao longe e Dylan
podia ouvir pequenas criaturas se deslocando ao redor da floresta. Tudo
parecia normal.
Não estava prestando atenção e ficou sem fôlego quando Cooper o
puxou ao redor, empurrando-o contra uma árvore. Cooper dobrou os joelhos e
esfregou seu pau duro no estômago de Dylan.
— Deus, estava com vontade de fazer isso a noite toda. — Cooper
beliscou e chupou para baixo no pescoço de Dylan. — Vê-lo nas arquibancadas
me assistindo foi tão excitante.
— Vê-lo em campo foram preliminares para mim. Estava quente pra
caralho em seu uniforme. — Dylan gemeu e engasgou quando Cooper moveu
as mãos para baixo em direção ao fecho da calça, apalpando sua espessura. —
Oh, deus, Cooper.
— Adoro quando diz o meu nome. — Cooper abriu rapidamente as
calças de Dylan e puxou o pênis ereto de Dylan.
— Sim. — Dylan ofegou contra os lábios de Cooper. Quaisquer outras
palavras mais inteligentes desapareceram nesse momento. Sentir as mãos
quentes de Cooper em seu corpo estava dando ao seu cérebro um curto-
circuito. Cooper começou a bombear lenta e suavemente o pau de Dylan e
Dylan fechou os dedos nas laterais dos braços de Cooper. — Continue fazendo
isso e vou gozar.
— Esse é ponto. — Cooper riu contra o pescoço de Dylan. Cooper lhe
deu um chupão deixando um hematoma e se moveu para a parte inferior. Ele
caiu de joelhos na frente de Dylan e enterrou o nariz nos aparados pelos
pubianos loiros de Dylan.
— Cooper... — Dylan gemeu e choramingou em êxtase quando
Cooper sugou o eixo rígido aveludado de Dylan em sua garganta.
Cooper se moveu para cima, chupando forte na ponta, em seguida,
passando à língua na fenda vazando na cabeça. Dylan passou os dedos pelo
cabelo de Cooper e gentilmente pediu que Cooper tomasse mais e se movesse
mais rápido. Cooper não se conteve. Começou balançar a cabeça mais e mais
rápido, enquanto massageava as pesadas bolas de Dylan em sua mão. Dylan
estava com a parte de trás da cabeça apoiada na árvore, a casca dura
espetando seu couro cabeludo, mas não se importou.
O som de um zíper descendo fez Dylan abrir um olho. Ele olhou para
baixo para ver seu companheiro bombeando seu pênis rapidamente. A visão
empurrou Dylan para mais perto da borda e sem volta. A boca de Cooper
apertou e uma onda quente se espalhou ao longo do pau de Dylan quando o
pau de Cooper entrou em erupção pintando o chão com seu esperma. O cheiro
doce e salgado do sêmen do seu amante empurrou Dylan a conclusão. Gozou
com um grito e forçou seu pênis profundamente dentro da boca de Cooper,
regando sua garganta com seu creme quente.
O corpo de Dylan estremeceu quando Cooper o lambeu até que
estivesse limpo. Cooper foi gentil com as mãos quando colocou Dylan de volta
em sua calça jeans e a fechou. Cooper se levantou com um largo sorriso no
rosto. Abaixou-se e beijou Dylan nos lábios, deslizando sua língua dentro da
boca de Dylan, compartilhando o gosto do seu prazer.
— Deus, eu te amo. — Dylan sussurrou contra os lábios de Cooper.
— O quê? — Cooper perguntou, inclinando-se para olhar para Dylan.
Os olhos de Dylan se arregalaram quando percebeu o que acabara de
dizer. Seu relacionamento era muito recente para admitir isso. Cooper era um
humano, mesmo podendo sentir uma forte ligação por Dylan, duvidava que o
seu cérebro humano pudesse compreender quão profundamente estavam
ligados.
— Você me ama? — Perguntou Cooper.
— Eu... Uh... — Dylan não sabia o que dizer. Não queria estragar o
que ele e Cooper tinham entre eles.
— Dylan. — Cooper ergueu as mãos para descansar no rosto de
Dylan, forçando seu rosto para cima de modo que Dylan tivesse que olhar para
os grandes olhos azuis de Cooper. — Você me ama?
Dylan assentiu. Não conseguia fazer sua boca trabalhar para dizer as
palavras. O medo da rejeição lançou uma lasca fria de pavor através dos seus
ossos.
— Eu também te amo, Dylan. — Cooper selou suas palavras com um
beijo. Dylan envolveu seus braços ao redor da cintura de Cooper, não
querendo deixa-lo ir. — Sei que é louco e aconteceu tão rápido, mas realmente
te amo. — Cooper descansou sua testa contra a de Dylan.
Aquela era a melhor oportunidade para Dylan contar a verdade a
Cooper, lhe dizer que era um shifter e que Cooper era seu companheiro
predestinado, mas Dylan engoliu as palavras que deveria ter dito. As coisas
estavam indo tão bem e não queria que mudassem. Ainda tinha muito tempo
para contar ao seu amor a verdade.
Capítulo 19
Cooper estava nas nuvens. Estava muito feliz. Foi repentino, mas o
que importa quando o coração está envolvido? Amava Dylan e Dylan o amava.
Quem podia dizer que o que sentiam não era real? Amor acontecia sem uma
razão, e Cooper não esteve tão feliz desde que seu pai estava vivo, e ficaria
arrasado se virasse as costas para Dylan.
— Não acha que é muito cedo, ou apenas está dizendo isso porque eu
disse? — Dylan perguntou. Ele mordiscou o lábio inferior e tinha um olhar
inocente no rosto bonito.
— Não, para ambos. — Cooper riu. — Se alguém tem um problema
com a gente juntos e apaixonados, que se foda. Quem pode dizer que o que
sentimos é errado? Só eu e você podemos decidir por nós mesmos. Podemos
ser jovens, mas sei o que sinto por você é real, Dylan. Eu o amo, e fim da
história. — Cooper não queria que Dylan refletisse demais, porque pensar
demais poderia fazê-lo retirar aquelas preciosas três palavras, que Cooper não
tinha percebido que precisava ouvir.
— Ok. — Dylan sorriu. — Vamos voltar, antes que Cullen envie uma
equipe de busca. — Dylan se aproximou para beijar os lábios de Cooper e o
virou na direção de onde vieram.
— Sim. — Cooper pôs o braço em torno de Dylan e caminharam de
volta para seus amigos. — Melhor ir salvar o garoto de Brooke.
Entraram na clareira e o calor da fogueira rolava em ondas em
direção a eles. Dylan saiu debaixo do braço de Cooper seguiu atrás de seu
namorado.
— Eu queria saber para onde tinham escapulido. — Brooke andou em
direção a Cooper, abanando as sobrancelhas.
— Você não gostaria de saber. — Cooper passou o braço levemente
em volta do seu pescoço e delicadamente roçou os dedos no seu couro
cabeludo, bagunçando o cabelo muito louro.
— Onde está Cullen? — Dylan perguntou em voz alta, sua cabeça
girando de um lado para o outro.
— Ele disse que precisava ir ao banheiro e desde que alguém trancou
as portas para os banheiros, saiu para a floresta, para fazer o seu negócio.
— Você o deixou ir sozinho? — Dylan girou em torno e a encarou.
— Bem, eu não podia ir com ele. — Ela revirou os olhos. — Isso seria
estranho. Acho que Cullen pode segurar seu pau, enquanto faz xixi.
— Não é isso. — Dylan virou ao redor. — Onde está Glenn?
— Ah, não sei. — Disse Brooke.
Cooper viu a expressão dura de da mandíbula de Dylan e também
começou a olhar ao redor. Depois de tudo o que tinha acontecido, Cooper não
estava confiante que Glenn não estaria à altura de seus velhos truques,
especialmente se tivesse bebido.
— Tenho certeza de que está bem. — Brooke procurou a mão de
Dylan, mas ele empurrou de volta. — Está zangado comigo? — Ela fez
beicinho.
— Não. — Dylan deu-lhe um sorriso de boca fechada. — Só vou ter
certeza de que ele está bem.
Cooper deu um tapinha no ombro de Brooke com um sorriso
reconfortante, depois seguiu atrás do seu namorado. Dylan, cruzou através da
multidão de pessoas, indo direto para a floresta escura. Cooper observou
quando Dylan virou a cabeça para cima e cheirou o ar, então mudou de
direção e começou a andar mais rápido.
— Dylan, você está bem? — Cooper teve de correr para acompanhá-
lo.
— Eles estão aqui. — Dylan começou a correr.
— Eles quem? — Cooper correu para Dylan e agarrou seu braço,
impedindo-o. Cooper abriu a boca para dizer a Dylan para relaxar, que
encontrariam Cullen, quando um uivo alto rasgou através do ar. O corpo de
Dylan endureceu sob a mão do Cooper e ele prosseguiu.
Cooper mal podia acompanhar. Não podia acreditar o quão rápido
Dylan poderia correr. Os sons de gemidos e rosnados ficaram mais altos.
Cooper não gostou daquilo. Claramente havia algo errado ali... E seu
namorado, o amor da sua vida, estava correndo em direção ao perigo.
— Dylan! — Cooper, gritou, mas Dylan não parou.
— Cullen, corra! — O som grave da voz de Glenn chegou aos ouvidos
de Cooper, antes que virasse numa grande árvore e viu a visão diante dele.
Cullen estava andando como um caranguejo para trás em suas mãos e pés,
quando um grande lobo preto seguia em direção a ele. Cullen levantou-se
quando o lobo negro saltou em direção a ele.
— Oh, não. — Cooper assistiu o lobo atacar e Glenn pulou na frente
de Cullen, afastando-o do caminho e recebendo toda a força do impacto do
grande lobo contra seu corpo. Glenn gritou para Cullen correr, e o homem
menor fez exatamente isso. Glenn agarrou a besta em torno da cintura para
dar tempo de Cullen fugir. Glenn gritou de dor quando o lobo o mordeu com os
dentes afiados, rasgando a carne.
De canto de olho, Cooper viu Dylan cair de joelhos, seu corpo
tremendo, em seguida, algo aconteceu que não conseguia explicar. Uma névoa
turva cercou o corpo do Dylan e o som nojento de ossos quebrando fez a bile
subir na parte de trás da garganta do Cooper.
Viu quando as suaves feições do rosto de Dylan esticaram e a pele e
os músculos mudaram para formar um focinho. Pelo branco brilhante cresceu
sobre pele pálida de Dylan. Pareceram horas, mas foram só alguns segundos,
e estava feito. Havia um lobo branco onde Dylan estava. Tinha os lábios
puxados para trás, rosnando para o outro lobo, em seguida, atirou-se para ele.
Ele desembarcou na parte de trás do lobo preto e o lobo preto se afastou de
Glenn. O lobo negro rosnou para o lobo branco, então girou ao redor e correu
para a floresta densa.
Cooper ficou congelado, como se seus pés estivessem presos em
cimento. Eu realmente vi isso? Não foi até que ouviu Glenn chamando seu
nome, que Cooper recuperou a circulação nas pernas. Ele correu para Glenn e
ficou de joelhos quando se aproximou.
— Glenn, está bem? — Cooper olhou para baixo e, mesmo na
escuridão, podia ver o fluxo de sangue escorrendo da área onde se
encontravam o ombro e o pescoço de Glenn. Não parecia bom.
— Já estive melhor. — Glenn tentou rir, mas tudo acabou em um
ataque de tosse. Ele estremeceu de dor. — Tem que procurar Cullen. — Glenn
agarrou a mão do Cooper.
— Não posso deixá-lo. — Cooper pressionou suas mãos na mordida
no ombro de Glenn para estancar o sangramento.
— Não. — Glenn empurrou as mãos de Cooper. — Vá. Ficarei bem.
Vá ajudar Cullen.
Glenn estava inflexível e Cooper levantou. Temia por seu amigo e por
si mesmo. Cooper não sabia o que estava lá fora e viu uma coisa que não
conseguia explicar. O homem a quem confessou seu amor, virou um maldito
cachorro. Não era algo que acontecia todos os dias, mas não importava que
estivesse assustado, tinha que encontrar Dylan. Cooper não parou para
pensar. Ferveu com adrenalina quando começou a correr.
Cooper não foi muito longe quando colidiu com Cullen. O rosto de
Cullen estava branco como uma folha, e o seu corpo estava tremendo.
— Você... — Cullen gaguejou. — Você viu aquilo?
— Sim.
— E Dylan… — Cullen encarou os olhos do Cooper.
— Sim. — Cooper assentiu com a cabeça, incapaz de pensar em
alguma outra palavra para dizer.
Os sons de latir e rosnar ficaram mais altos e Cooper empurrou
Cullen atrás dele.
— Temos de ajudá-lo. — Cullen pisou em torno de Cooper, mas
Cooper agarrou seu braço. — Me solta! — Cullen puxou o braço. — Esse lobo
branco é Dylan.
Para Cooper ouvir de outra pessoa, que também vira a mesma coisa
que ele, era um grande alívio. Sabia que não era louco. Assentiu com a cabeça
e, naquele momento, nada mais importava. Aquele lobo era Dylan. Cooper não
sabia como ou por que, mas Dylan poderia se transformar em lobo, e Cooper,
não importava o quanto incomum era a situação, ainda estava apaixonado por
Dylan.
— Fique atrás de mim, entendeu? — Cooper empurrou Cullen atrás
dele, quando se aproximaram dos lobos lutando.
Eles subiram numa pequena inclinação e, abaixo, num pequeno
barranco, Cooper podia ver os lobos, branco e preto, rolando no chão. O lobo
branco estava de costas para Cooper e não podia ver o que estava
acontecendo, mas, em sua opinião, o lobo branco parecia estar em melhor
forma.
— Olhe para isso. — Cullen sussurrou.
Um suave brilho branco cercou o lobo negro e os mesmos sons
revoltantes ressoaram quando a criatura mudou de lobo para homem. Cooper
podia ver as pernas do homem, mas era só isso. De repente o lobo branco
mudou e tornou-se novamente Dylan.
Cooper ainda não podia acreditar em seus olhos e o som de um
Cullen ofegante ao lado dele era um alívio. Se estava enlouquecendo, então
não era o único.
O som de uma arma disparando fez Cooper pular, esbarrando em
Cullen. Dylan levantou e o outro homem, o lobo negro, estava deitado imóvel
no chão.
— Afaste-se do lobo. — Um homem alto com uma compilação
atarracada saiu atrás da árvore. O homem usava uniforme preto e tinha o que
parecia ser um rifle de alta potência, mas o cano era grande. Não eram balas
que viriam daquela coisa. — Eu disse para se afastar do lobo. — O homem
virou sua arma na direção de Dylan. — E vá para o chão. Você virá conosco,
também.
— Como se eu fosse. — Dylan se manteve firme e Cooper viu
quando o outro homem puxou uma arma da parte de trás da calça. — Ou vem
com a gente ou o mato. O homem deu de ombros. — Não faz diferença para
mim. As ordens eram para só trazer um de volta. — O homem destravou a
arma.
— Não! — Cooper desceu a ladeira. Podia ouvir Cullen seguir atrás
dele.
— Cooper, para trás. — Dylan gritou. — Saia daqui.
— Não vai acontecer. — As bochechas de Cooper aqueceram quando
percebeu que seu namorado estava completamente nu.
— Cooper?
— Trevor. — Cooper, virou-se ao som da voz familiar. Cooper
surpreendeu-se mais uma vez. Seu tio saiu das árvores, vestindo o mesmo
que o outro homem, mas, em vez de ter a arma apontada para Dylan, tinha
uma virada para o chão. — Tio Trevor, o que está acontecendo?
— Você conhece que esse garoto, Higgins? — Perguntou o outro
homem.
— Afaste-se, Johnson. — Trevor parou na frente de Cooper e Dylan.
— Eu pensei que você era familiar. — Trevor disse a Dylan. — Cooper, sabia o
que era?
Cooper olhou de relance parece Dylan, que olhou Cooper nos olhos e
não sabia o que Dylan estava tentando transmitir-lhe. Quando tudo mais
falhava, concordar era a melhor opção.
— Sim. — Cooper pegou na mão de Dylan, apertando os dedos
juntos. — Sei o que Dylan é. — Cooper olhou para Dylan. — Ele é o homem
que amo. — Dylan apertou a mão de Cooper.
— Ah, foda. — Johnson gemeu. — Estou farto desta merda. Ande
garoto, ou você e o seu namorado terão um par de ferimentos de bala aqui. —
Johnson tocou um dedo no centro da testa dele.
— Johnson, pare com isso. — Trevor gritou. — É o meu sobrinho, e
conheço Dylan. Ele não é perigo para ninguém
— Como se estivesse me lixando. — Johnson levantou sua arma,
apontando para Dylan. — Ordens são ordens.
— Ordens? — Dylan zombou. — Quais são suas ordens exatamente?
Torturar um homem e matar três inocentes? — Zombou Dylan. — Sei que não
está com o Conselho de Caçadores. Eles nunca autorizariam isso.
— Conselho de Caçadores? — Johnson riu tanto que se dobrou, em
seguida, levantou-se, rosto sem sinal de qualquer humor. — Aquele grupo de
idiotas de metamorfos maricas. Eles não merecem nem existir.
— Johnson, isso é o suficiente. — Trevor rebateu.
— É a verdade, Higgins. Acham que estas criaturas podem ser
treinadas para viver na sociedade humana, e ambos sabemos que isso não é
verdade. — Johnson voltou-se para olhar para Cooper, em seguida para Dylan.
— Todos merecem ser enjaulados, como animais. — Johnson levantou sua
arma novamente, apontando para Dylan. — Para o chão, garoto.
A mão de Dylan começou a tremer na de Cooper. Estava fria e úmida.
— Cooper, leve Cullen daqui. — Dylan sussurrou.
— Sim, ouça o seu namorado, rapaz. — Johnson riu. — É o melhor.
— Johnson, abaixe a arma. — Trevor pisou mais perto de seu
parceiro.
— Eu não vou deixa-lo. — Cooper pulou na frente de Dylan. — Eu o
amo, Dylan, e não vou deixar você.
— Estúpido. — Johnson abanou a cabeça, em seguida, apontou a
arma para o peito de Cooper.
— Cooper, saia. — Dylan empurrou Cooper.
— Johnson, abaixe a arma agora! — Trevor, gritou.
— Cooper, saia. — Dylan agarrou Cooper pelo ombro e virou-se para
enfrentá-lo. — Você tem que ir. Eu não poderia sobreviver se algo acontecesse
com você.
Cooper olhou o azul escuro dos olhos de Dylan e entendeu ali que
morreria por aquele homem. Não havia nenhuma chance de deixar Dylan para
trás, nunca.
Podia ouvir seu tio e o outro homem discutindo, e depois um tiro
solitário ressoou. Cooper apertou Dylan nos braços, e se virou para agarrar
Cullen. Virou-se para ver Johnson deitado no chão e ele não estava se
movendo.
— Meu Deus! — Cooper ofegou quando encarou a visão diante dele.
Cooper não conseguiu recuperar seu fôlego e sentiu como se o chão
estivesse caindo de debaixo dele. Apertou a mão ao redor de Dylan, mas não
foi o suficiente. Manchas escuras passavam diante de seus olhos. Podia ouvir a
voz de Dylan, mas parecia tão longe, e Cooper não conseguiu manter os olhos
abertos por mais tempo, caindo no calor que a escuridão fornecia.
Capítulo 20
Capítulo 22
Dylan se sentou lá, cativado pelo que Trevor estava dizendo. Desde
que se mudou para Silver Creek, conheceu todos os membros da matilha
Nehalem, o que incluía Dix e Dax. Eles eram gêmeos que chegaram ao bando
não muito tempo atrás. Eram homens muito agradáveis. Depois de ver Dix
com uma criança, que parecia estranhamente como ele e seu outro pai, Colt,
Dylan começou a fazer perguntas e Devon lhe explicou tudo. Depois de saber
sobre o passado dos gêmeos, realmente desejava que não tivesse.
Um homem chamado Granberg manteve Dax e Dix refém em sua
casa, desde uma idade precoce. Ele experimentou neles. Com os anos de
cativeiro, Dax tinha perdido a capacidade de falar. Uma vez que estava livre,
recuperou a voz, mas Dix tinha uma história diferente. Dix fora cirurgicamente
modificado para ter filhos.
— Trevor, o nome Granberg soa familiar para você? — Perguntou
Devon.
— Sim. — Trevor assentiu. — Ele morreu de um ataque cardíaco,
alguns anos atrás.
— Oh, garoto. — Devon apertou a mandíbula até que fez um som de
clique terrível. — Trevor, tenho algumas coisas a dizer-lhe que podem levá-lo a
questionar os motivos do SNH, mas deixe-me ligar para um dos membros de
meu bando primeiro. Ele tem toda a papelada para comprovar o que estou
prestes a dizer-lhe.
Devon pegou seu celular e ligou para Colt, que vivia em Silver Creek
com a sua família, por isso não iria demorar muito para chegar.
— Sabe o que está acontecendo? — Cooper perguntou Dylan.
— Sei. — Dylan se inclinou para sussurrar no ouvido de Cooper. — E
acho que seu tio terá grande despertar.
Quinze minutos depois, Colt chegou e entregou uma pasta
grossa. Devon a deu a Trevor, que olhou os papéis, suas mãos se movendo
mais rápido e mais rápido, enquanto virava de uma página para a próxima.
— Isso não pode estar certo. — Trevor olhou para cima da pilha de
papéis. — Granberg era um homem tão doce. Ele era inflexível em encontrar
uma maneira de ajudar as criaturas, quero dizer, shifters.
— Bem, isso está certo. — Colt apontou para a pasta. — Se não
acredita nisso, pode conhecer o meu companheiro e nosso filho de cinco anos,
e não me dê essa merda que é impossível. Eu estava lá no nascimento do meu
filho e fiquei ao lado do meu companheiro, nos nove meses que esteve
grávido, então, por favor, não teste minha paciência com isso. Granberg era
um monstro.
— Por que iriam mentir para mim? — Perguntou Trevor.
— Talvez porque sabiam que se soubesse a verdade, não iria ajudá-
los. — Respondeu Dylan. — Você parece ser um cara correto, Trevor, e se é
bom em seu trabalho, então não gostaria de lhe perder.
— Concordo com Dylan. — Devon sorriu para ele. — Trevor, não tem
que acreditar, mas pelo que ouvi que aconteceu esta noite, pense nisso. Por
que o seu parceiro ameaçou matar Cooper? Qualquer pessoa em sã
consciência, teria explicado a ele o que estava acontecendo, não puxado uma
arma e ameaçado matá-lo.
— E, cara... — Colt bateu a mão na pasta na mão de Trevor, que
saltou. — Leia toda essa merda. Granberg era um homem mau. Foi eu e meu
parceiro do conselho que encontramos o corpo de YARC e ele tinha um
filho. Naquela noite, enquanto procurava em sua casa, alguém estava
lá. Quando o persegui, ele mudou e vi quando passou de um homem para um
lobo. Meu parceiro é um shifter lobo e disse que o lobo não cheirava a shifter,
mas eu o vi mudar, então teríamos de pensar que talvez Yarc era um bastardo
doente, que experimentou em seu próprio filho. Não queria acreditar, mas
depois de ouvir tudo isso, tenho que achar que era Jaron Yarc que vi naquela
noite.
— Você quer que acredite que Jaron costumava ser humano? —
Perguntou Trevor. — Que o Doutor Yarc o alterou de propósito?
— Você não tem que acreditar em nós. — Devon apontou para a
pasta. — Está tudo bem ai. Só você pode decidir em que acreditar, mas olhe
ao seu redor, Trevor. Parecemos criaturas violentas? Será que parece que
estamos infelizes sendo shifters? — Trevor sacudiu a cabeça. — Então,
pergunte a si mesmo, porque esta organização, o SNH, tenta consertar algo
que não está quebrado?
— Se o que diz é verdade, então os deixei levar r o melhor amigo do
meu sobrinho de volta ao seu laboratório.
— Por que os deixou fazer isso? — Perguntou Cooper.
— Porque... — Trevor virou-se para Cooper. — Quando meu pessoal
achou Glenn, ele estava no processo de mudança em lobo.
A sala ficou em silêncio com o anúncio. Era impossível. Trevor tinha
que estar mentindo porque Glenn não cheirava como um shifter e não era tão
forte como um, qualquer um. Dylan saberia. O cara dava um soco como uma
menina.
— Eles devem estar mentindo para você, Trevor. — Dylan teve que
morder o lábio para não gritar. — Glenn é humano.
— Vi com meus próprios olhos, Dylan. Glenn estava em algum lugar
entre o homem e lobo. Um membro da minha equipe tinha dado Glenn algo
para ajudá-lo a dormir. — Trevor afastou o olhar de Dylan e olhou para o
chão. — Foi aterrorizante testemunhar.
— E você o deixou. — A voz de Cooper soou baixa. Lágrimas corriam
pelo seu rosto. — Conhece Glenn e o deixou com esses monstros.
— Eu não sabia, Coop. Pensei que estava do lado dos mocinhos. —
Trevor segurou a pasta. — Acho que estava errado.
Dylan moveu-se para o colo de Cooper e segurou seu companheiro
de perto, enquanto ele chorava pelo amigo. Foi de partir o coração. Dylan
nunca gostou de Glenn, mas nunca desejaria isso a ninguém.
— Trevor. — Devon disse em voz alta. — Você tem que tomar uma
decisão. Vai enterrar a cabeça na areia e voltar a trabalhar para o SNH, ou vai
nos ajudar a acabar com eles?
Trevor olhou para Cooper com lágrimas nos olhos e virou-se para
Devon.
— Vou te ajudar.
— Escolha inteligente, meu amigo. — Colt se aproximou do sofá e deu
um tapinha em Trevor na parte de trás.
— Vamos entrar em contato com Steve Abbot. Ele ajuda a comandar
o setor nordeste do conselho do caçador. Ele saberá o que fazer. — Devon
levantou-se do sofá e se dirigiu para a porta.
— Cooper, amigo. — Trevor estendeu a mão e colocou a mão no
ombro de Cooper. — Realmente sinto muito. Pensei que estava fazendo algo
digno, ajudando as pessoas, não ajudando a destruir vidas inocentes.
— Tio Trevor, eu te amo, mas se não conseguir tirar Glenn de lá,
nunca vou ser capaz de perdoá-lo.
— Eu sei. — Trevor limpou uma lágrima do rosto de Cooper. — Não
serei capaz de me perdoar, também. — Trevor levantou-se e seguiu Devon e
Colt para fora do apartamento.
— Vamos lá, Cooper. — Dylan desceu do colo de Cooper e estendeu a
mão para o seu companheiro tomar. — Vamos para a cama.
Cooper parecia um zumbi quando se levantou e seguiu Dylan para
seu quarto. Não disse uma palavra quando Dylan o ajudou a tirar suas roupas
e o colocou debaixo dos cobertores. Assim que a luz apagada, Cooper passou
seus braços fortes em volta do corpo magro de Dylan.
— Eu te amo tanto, Dylan. — Cooper sussurrou suavemente contra o
pescoço de Dylan.
— Eu também te amo e não vou a lugar nenhum. — Dylan esfregou
as mãos para cima e para baixo as costas de Cooper. Fora uma longa noite,
cheia de muitos segredos revelados, mas Dylan soube naquele momento que
tinha que dizer a Cooper a verdade. Seu companheiro precisava ouvir
isso. Com um sorriso nos lábios, Dylan disse: — Cooper, sabia que cada shifter
no mundo tem uma alma gêmea?
Epílogo
FIM