Você está na página 1de 564

Bishop

Uma Verdadeira História de Amantes


A. E. Via

Com apenas trinta e dois anos, Bishop Stockley teve uma vida difícil.
Sua gangue era sua família, as ruas sua casa. Até a equipe que ele sempre
chamara de seus irmãos o traiu. Depois de passar cinco anos em uma prisão
federal, Bishop está de volta ao trailer de seu pai e trabalha para sua empresa
de paisagismo, entrando em um mundo legítimo onde ele não é mais o alfa -
um mundo em que um registro criminal é a menor de suas desvantagens,
porque Bishop não sabe ler, nem escrever. O analfabetismo nunca fora um
obstáculo para ele nas ruas, ele não precisava saber ler Moby Dick para
sobreviver, precisava saber ler pessoas... E essa era uma coisa que aprendera
muito e rápido. Agora, ele tinha que mudar sua vida.

Para Bishop o único sistema de apoio era um pai jovem e inexperiente,


que insistira que o chamasse de Mike a vida toda „já que pareciam mais
irmãos do que pai e filho‟. E seu melhor amigo de infância, o temperamental
Trent. Bishop já tinha o pátio empilhado de trabalho para ele, mas ele não
tinha medo de trabalhar duro para mudar sua situação, e ele queria mudar.
Especialmente depois que ele encontrou Edison Scala, um gerente de
escritório que não hesitou em defendê-lo... Um homem que viu além

2
do macacão manchado de grama de Bishop. Um homem que não estava
intimidado por suas feições rude e seu silêncio.

Edison não tinha crescido como a maioria de seus colegas. Ele havia
sido criado por um pai solteiro que possuía uma barbearia antiquada, onde
Edison foi ensinado a não apenas fazer a barba com uma navalha reta e
sapatos brilhantes, mas também como tratar os outros, não julgar, ser um
cavalheiro, para ser respeitoso e sem falar palavrões. Mas, a maior lição que
ele aprendeu, era sempre ser ele mesmo. Sua falta de amigos e uma vida
social não era culpa dele. Não importa quanto peso ele ganhasse, quantas
vezes sua equipe o chamasse de quadrado, Edison não precisava mudar.

Bishop sabia que Edison estava fora dos limites. Ele fez votos pessoais
para si mesmo quando foi libertado da prisão, que nunca pretendeu quebrar.
Mas, quando Edison perguntou a ele sobre a prestação de serviços de
paisagismo em sua casa, não havia como ele recusar. Ele não esperava que
Edison o alimentasse, o elogiasse, o encorajasse e o olhasse como se Bishop
fosse alguém. Mas Mike e Trent o avisaram para não misturar negócios com
prazer e ele não pretendia quebrar essa regra.

3
Capítulo 1
Edison

Edison empurrou seu corpo cansado da cama. Ele se sentiu lento e


inchado. Ele teve a audácia de voltar para casa tarde da noite de quarta-feira e
comer frango General Tso1, cinco donuts, e entãouma hora depois se sentia
culpado como o inferno. Ele tolamente fez trinta minutos em sua esteira e

1
O frango do General Tso é um doce prato de frango frito que é servido em restaurantes chineses norte-americanos. O prato tem o nome de Zuo
Zongtang, um estadista e líder militar da dinastia Qing, embora não haja conexão gravada com ele, nem o prato é conhecido em Hunan, a província
natal de Zuo

4
vinte minutos de supino no peito sem alongar primeiro. Idiota. Mas ele teve
dificuldade para tirar o pensamento de seus colegas de trabalho.

Ele saiu do trabalho tarde demais para ir para casa e fazer uma refeição
decente, então foi a um restaurante popular próximo no centro da cidade para
jantar. E ficou surpreso ao encontrar vários de seus funcionários ao redor do
bar, rindo e se divertindo. No entanto, no momento em que tentou se juntar a
eles recebeu muitas desculpas de como estava ficando tarde e que precisavam
acordar cedo na manhã seguinte. Nenhum deles parecia pronto para ir
quando ele chegou, mas ele deu um sorriso compreensivo e voltou para sua
mesa. Depois que ele terminou de comer e voltou para o carro, eviram todos
eles a apenas dois quarteirões em um local noturno com um bar do lado de
fora, segurando bebidas frescas nas mãos. Ele não se incomodou em parar e
perguntar o que estava acontecendo. Ele já sabia. Edison nunca tinha sido
popular no ensino médio, ou ele tinha sido um jogador na faculdade. Não,
eram apenas seus pais, a barbearia e seus estudos e como a vida tinha sido
boa para ele.

Ele seguiu sua rotina matinal habitual, mas fez questão de tomar um
banho extra longo para tentar relaxar seus músculos tensos. Talvez ele visse
alguns resultados do esforço da noite passada. Você não pode sair comer
horrores e exercitar-se. Não funciona assim e você sabe disso. Todas as
revistas de saúde e fitness espalhadas por sua mesa de café já haviam lhe dito
isso. Ele prendeu a toalha de banho nos quadris e pegou o kit de barbear.
"bom dia Pop", ele sussurrou. Ele fazia isso toda vez que tirava o case vintage.
Foi passado do avô para o pai e agora para ele. Enquanto Edison optou por

5
não entrar no negócio da família, ele ainda havia crescido lá e seu pai havia
ensinado tudo o que sabia.

Edison fez uma boa espuma, depois alisou a espuma cremosa através da
barba por fazer, no queixo e nas bochechas, depois abriu a navalha afiada e
reta. Ele começou no topo da bochecha e, habilmente, desceu a mandíbula
com as mãos mais firmes que as de um cirurgião. Quando terminou, ele
enxaguou bem, depois aplicou um pano frio para fechar os poros. Mantendo a
tradição, depois de se barbear ele jogou uma quantidade esparsa de Paco
Rabanne nas palmas das mãos, depois deu uma tapinha nas bochechas e no
pescoço. Ele sabia que a colônia no rosto depois de barbear era um hábito
antigo, mas não era um ritual que ele podia deixar de lado. Era uma das
poucas maneiras pelas quais ele ficou conectado ao pai. Mesmo depois de dois
anos, Edison sentia sua falta todos os dias.

As quintas-feiras eram mais descontraídas no escritório, mas Edison


tinha várias reuniões agendadas, então ele usava uma calça cor de carvão,
uma camisa cinza e uma gravata de seda preta. Ele certamente não seria pego
parecendo despreparado. Aos vinte e seis anos, ele sentiu como se estivesse
sempre tendo que provar que era bom e maduro o suficiente para estar em
sua posição. O escritório nunca tinha funcionado de maneira mais suave e a
equipe não tinha sido tão bem organizada nos anos anteriores à chegada de
Edison. A última gerente executiva tinha uma agenda pessoal e usava o nome
da empresa para aumentar seu currículo, permanecendo apenas três anos e
não implementando uma única alteração ou fazendo qualquer diferença. Até
agora, não havia duvidas que Edison e o homem certo para o trabalho.

6
Ele parou no Mcdonalds e comprou uma combinação de bife e ovo para
comer na sala de descanso antes de sua reunião. Os donuts e os bagels
comuns com baixo teor de gordura que serviam nas reuniões da manhã não
foram o suficiente para ele. As dez, seu estômago estava roncando novamente.
Ele tentou tomar shakes de proteína como substituto de um lanche, mas
achou que eram inúteis. Tão inútil quanto um punhado de nozes gordurosas
ômega-3 saudáveis, meia xícara de frutas ou um pacote de granola seca em
iogurte grego. Ele era meio italiano, pelo amor de Deus. Nada disso fez nada
pelo seu apetite robusto. Era como usar borrifos de água para extinguir um
fogo ardente. Quando Edison estava com fome, ele queria comida, comida de
verdade, boa comida.

Ele entrou no estacionamento executivo e notou vários caminhões de


trabalho estacionados na frente. Havia homens descarregando incontáveis
sacos de terra e algumas ferramentas. Depois, lembrou-se de que haviam
programado uma empresa para vir e verificar o sistema de irrigação antes dos
novos paisagistas começarema semana.

— Ei, Edison.

Edison gemeu baixinho, tirando um tempo para tirar sua bolsa do banco
de trás e garantir o café da manhã. A voz de Skylar não era o que ele queria
ouvir logo de manhã. O ego ambulante, bonito, com um metro e meio de
altura, caminhou até ele com uma inclinação humorística nos lábios finos.

— Você comprou todas as guloseimas no Mcdonalds amigo? Essa bolsa


parece meio pesada. ─ Edison sentiu uma palma da mão dura no centro das

7
costas, fazendo-o querer se afastar. Em vez disso, ele revirou os ombros. — Eu
pensei que você estava fazendo dieta... Esta semana.

Edison bateu a porta do carro e começou a andar pelo estacionamento,


em direção ao prédio, deixando Skylar para trás. Tecnicamente, ele era o
chefe de Skylar, mas Skylar não agia como se fosse esse o caso. Era como se
ele desprezasse Edison ser seu superior. Skylar tinha apenas trinta e um anos
e ele já era auxiliar administrativo sênior de um dos sócios seniores. Mas ele
não tinha um escritório na ala executiva ao lado do proprietário, Presley
Alfred, como Edison, e ele acreditava que ele estava entalado na garganta de
Skylar. Então, ele dava pequenas alfinetadas e isso o fazia se sentir melhor.

— Ei, espere. — Skylar gritou e andou a passos largos ao lado dele.

Edison verificou a aparência de Skylar pelo canto do olho. Claro, ele


estava impecavelmente vestido. Seu terno era de grife e feito sob medida, as
meias na moda e os sapatos tão elegantes que pareciam desconfortáveis.
Edison não se vestia como um desleixo. Ele tinha algumas lojas que atendiam
ao homem de tamanho normal e que sabiam como encaixar seus ternos
corretamente. Enquanto ele nãovestia Armani e Stefano Ricci, ele ainda
estava orgulhoso de seu Ralph Laurens e Kenneth Coles. Ele esperava que os
elogios que recebesse fossem genuínos e não ruins, porque ele era o chefe.
Isso não importava. Ele entenderia de qualquer maneira.

8
Capítulo 2
Bishop

Bishop estava com os cotovelos apoiados nos joelhos e a cabeça apoiada


nas mãos. O som das portas da cela se abrindo e depois se fechando
continuou a bater entre seus ouvidos. Como diabos eu estou de volta
àmaldita cadeia de novo? Ele olhou para seu melhor amigo Trent, que estava
balançando no canto, murmurando algo que ele não conseguia entender. Ele
suspirou e recostou-se no concreto frio, a aspereza penetrando em seus
músculos doloridos. Eram quase seis da manhã e ele estava cansado como
uma merda. Ele ficou acordado a noite toda e ainda precisava trabalhar em
duas horas.

O quinto guarda passou por sua vistoria, olhando entre as celas que
revestiam a passagem estreita com uma carranca que ele conseguiu manter
no lugar a noite toda. Bishop segurou os olhos redondos do homem com seu
próprio olhar irritado. Em sua mente, ele desligou o policial e disse para ele
ser foder vinte vezes. Mas, na realidade, ele apertou o punho e apertou a boca
em uma linha firme, apenas querendo ser libertado.

Ele e Trent estavam presos juntos, como nos velhos tempos. O


departamento do xerife chamava de bloqueio de 24 horas ou tanque de
bêbados. Na cidade de Norfolk, Virgínia, havia um comportamento tão
conturbado em um determinado dia que o departamento de polícia não tinha

9
capacidade para prender todo mundo. As prisões já estavam superlotadas de
criminosos de verdade. No entanto, muitas vezes removiam os bêbados
desordeiros das ruas e os jogavam em uma cela até ficarem sóbrios, e
começarem a agir racionalmente ou manterem a boca fechada o tempo
suficiente. Até agora, nenhum deles havia sido liberado.

— Ei cara! Quando diabos você vai nos deixar sair daqui? — Um dos
membros da gangue rival perguntou da cela em frente a ele.

Bishop rangeu os dentes.

O guarda parou. Ele girou lentamente o pescoço grosso, a cabeça careca


brilhando mesmo na luz fraca. Seus lábios finos executavam um sorriso de
desprezo perfeito.

— Bem, eu estava prestes a dizer para irem embora, mas desde que você
teve que falar merda, que tal esperar mais uma hora.

Foda-se. Os gemidos e maldições provavelmente eram como música


para os ouvidos do guarda, enquanto ele se afastava com a cabeça erguida
enquanto era chamado por todos os palavrões existentes no livro. Trent
empurrou a parede e girou para encarar os membros da gangue do Digg's
Park, e nenhum deles hesitou em atirar punhais de volta para ele. A cabeça
de Bishop bateu mais forte.

— O que diabos você está olhando, Trent? — Um grande urso


esfarrapado chamado Jessup, com punhos do tamanho de blocos de concreto,
avançou pelo espaço da cela até o nariz quase tocar nas barras de aço.

10
Bishop conhecia Jessup. Ele era conhecido não apenas por suas palavras
duras, mas também por sua política de não-misericórdia. Trent não
respondeu, mas sustentou o olhar desafiador nele. Graças a Deus, os guardas
tinham bom senso suficiente para manter os membros rivais, ou os escolhidos
para lutar, em celas opostas. Isso os impediu de tentar se matar, mas não os
impediu de falar besteiras.

Bishop não queria que as palavras começassem a voar novamente. Foi o


que os levou a todos para a cadeia, em primeiro lugar. Ele, Trent e alguns de
seus amigos do antigo bairro haviam estado em uma boate no centro de
Norfolk, um local que costumavam frequentar o tempo todo, mas que haviam
parado desde que não eram mais membros de gangues. A maioria dos clubes
naquela área era notória por atividades obscuras. Eles fizeram parte dessa
cena durante a maior parte de suas vidas até cerca de seis anos atrás.
Bishop tomou a decisão de sair desse estilo de vida junto com Trent, depois de
passar cinco anos em uma prisão de segurança mínima. Eles foram libertados
da maneira oficial e da maneira mais difícil. Bishop havia cumprido seu
tempo. Ele nunca abriu a boca, nunca deu nada aos federais sobre sua gangue
e, por sua lealdade, eles deixaram que ele e seu melhor amigo saíssem sem
penalidade. Agora eles tinham permissão para andar pelas ruas sem serem
agredidos ou mortos. Eles levaram um tempo preso para o time. Ele e Trent
não eram mais afiliados e também estavam fora dos limites.

— Você fala muita merda Trent, para seu próprio bem. Se não
fosse Bishop salvando sua bunda, eu teria colocado uma bala em sua têmpora.
— Jessup retumbou em sua voz rouca.

11
Bishop não se incomodou com essa ameaça. Estava ocioso, a menos que
o homem sentado no banco de metal à sua frente permitisse. Sly não era tão
nervoso quanto à maioria de seus membros, e ele dirigia seu bairro com uma
combinação de empatia e força. Ele era um bom líder e um cara decente, sem
mencionar que ele e Bishop tinham história. Ele esperava que seu velho
amigo se lembrasse disso e desse uma folga a ele e Trent.

— Tudo bem, pessoal. — Anunciou o oficial de plantão depois de mais


uma hora e quinze minutos. Um som alto tocou a trava, e a porta da cela foi
desbloqueada com um clank, mas Bishop procurou ignorar. Ele ouvia aquele
som maldito em seus pesadelos. — E se você pensarem em começar algo do
lado de fora, não terei problema em trazer vocês de volta aqui e colocá-los na
frente de um magistrado.

Houve algumas queixas e xingamentos abafados, mas todos ficaram em


silêncio a maior parte do tempo. Foram-lhes devolvidos rapidamente seus
pertences pessoais ensacados e escoltados para fora do prédio. Quando
Jessup esbarrou Trent no ombro, Bishop correu e agarrou o bíceps de seu
amigo antes que ele pudesse bater em Jessup por isso.

— Nem pense nisso, Trent. Esqueça-o.

— Esquecer? — Trent rosnou baixo, seu olhar furioso disparando para o


guarda idiota ainda parado nas proximidades. Ele esperou até que eles
estivessem fora do alcance dos ouvidos antes de continuar falando. —Você viu
o que ele acabou de fazer, B. Ele praticamente me desafiou. E depois do que
ele te disse ontem à noite. Eu vou pegá-los.

12
Bishop se erguia sobre o corpo apertado de um metro e oitenta e cinco
de seu melhor amigo. Sentia a cabeça como se fosse explodir, ele estava tão
cansado e com raiva. Ele não tinha ideia de como conseguiria colocarno
crânio grosso de Trent que ele não estava nesta vida. Que não era mais para
ele. A luta, a mentira, o roubo e o tráfico. Ele havia superado tudo isso aos
trinta e dois anos. Especialmente quando isso lhe custou anos valiosos de sua
vida. Com a testa contra a de Trent, ele cerrou os dentes enquanto controlava
a raiva.

— Não sei de quantas maneiras posso dizer isso para você, cara, mas
não vou ser preso novamente. Estou farto das besteiras. Estou cansado de
brigar, Trent, e você também deveria.

— É sobre respeito, B. — Trent franziu a testa.

— Você acha que não temos? Nunca denunciamos nossos irmãos, não
importa quantos acordos os policiais nos ofereceram e fizemos o nosso tempo.
As pessoas que realmente importam para nós têm um respeito louco por nós.
Quem se importa com o que eles pensam? ─ Bishop apontou na direção da
gangue de Sly, que havia subido vários metros a St. Paul Boulevard, mas havia
parado e se reunido ao redor de um ponto de ônibus, como se estivesse
esperando para ver o que faria. Nas ruas, era uma coisa de respeito,
mas Bishop não era mais das ruas. Ele não faria nada além de fazer ele e Trent
ficarem em um bairro rival antes que eles se metessem em problemas que não
precisavam.

— Eu me importo. — Disse Trent severamente.

13
— Então é melhor você se importar. — Bishop recuou alguns passos e
encarou o amigo, deixando-o saber que estava falando sério. Trent sabia
quando devia calar a boca. Eles estiveram juntos a maior parte de suas vidas,
desde que Bishop foi detido pela primeira vez aos doze anos de idade, onde
conheceu um garoto de boca suja e temperamento quente, que era rápido em
apunhalar um inimigo pelas costas ou era leal a uma falha se sua confiança foi
adquirida. Bishop tinha sido o único a não provocar, mas fez amizade com o
garoto baixo com as roupas sujas que nunca se encaixam. Eles clicaram
imediatamente por causa de seus antecedentes e educação semelhantes.
Ambos tinham pais questionáveis e mães que há muito tempo não queriam
nada com eles. E ao longo dos anos eles se tornaram tão unidos como ladrões
e como irmãos

— Eu estava lutando por você. — A voz de Trent baixou para quase um


tom suplicante. — Eu não vou ficar parado e deixar alguém te chamar de
idiota.

Bishop ficou quieto por um tempo antes de murmurar.

— Porque você acha que eu sou idiota?

Trent mostrou os dentes.

— Não me pergunte isso, porra. Você é o homem mais inteligente que eu


conheço.

Bishop bufou e deu um suspiro profundo.

— Então você precisa sair mais.

14
Trent franziu a testa e finalmente fez Bishop abrir um sorriso.

— Vamos lá, cara. Só temos uma hora e meia antes de termos que
trabalhar. Espero que Mike tenha ficado na casa de sua namorada ontem à
noite, para que ele não saiba que eu não voltei para casa e não precise
responder a nenhuma pergunta.

— Ele ainda está em cima de você, hein? — Trent deu a ele um olhar
simpático.

— Sim. Ele disse que se ouvir a notícia de eu entrar em alguma merda


novamente, então estou fora de casa. ─ Bishop os levou caminhando em
direção ao ponto de ônibus. — Ele deixou bem claro quando disse que eu
tinha que ficar longe de problemas e ele tem tolerância zero para qualquer
coisa relacionada a gangues.

— Uau. Ok. Entendi. — Trent assentiu. — Não tentando te deixar sem


teto. A menos que você queira morar comigo.

Bishop balançou a cabeça.

— Cara, você mal tem um teto sobre sua própria cabeça. O que vai dizer
a Sil sobre onde você estava e por que você não atendeu o telefone a noite
toda?

— Vou dizer a ela que estava jogando videogame na sua casa até tarde e
adormeci. O telefone estava descarregado. Então eu peguei uma carona com
você e Mike para trabalhar. Simples.

Bishop gemeu.

15
— Não é simples. É uma mentira. Vamos, Trent. Ela deveria ser sua
garota.

— Eu sou bom com ela. E olhe B, você foi quem fez o voto pessoal de não
mentir. Eu não. Eu minto bem quando preciso, e obrigado. Além disso, é
apenas uma pequena mentira branca.

— Não há nada de branco ou pequeno nessa mentira, se você diz que


estava na casa do seu chefe dormindo em vez de dizer que estava no centro da
cidade, na cidade. — Bishop parou a alguns metros do cruzamento.

Trent bateu no ombro e riu de sua declaração. Mas Bishop viu o amigo
se afastar alguns passos e pegar o celular, para enviar uma mensagem rápida
para sua garota e controlar os danos. O que era exatamente o que ele
precisava fazer. Enquanto Trent estava ocupado, Bishop caminhou vários
metros até o Boulevard, quase até o Mcdonalds, na esquina da Market Street.
Os pedestres deram-lhe espaço quando ele desceu e atravessou à calçada.
Bishop costumava ser lembrado de que, embora ele fosse genuinamente um
cara legal, ele não parecia particularmente um. Mulheres de terno e tênis
olharam para os braços expostos e o rosto severo antes de desviar os olhos em
outra direção.

— B. Espere! —Trent gritou para ele, mas ele acenou para ele ficar e
esperar o ônibus deles, ele tinha sua própria limpeza para fazer.

Quando estava quase chegando à esquina, manteve uma distância


decente da gangue do Diggs Park, que havia se reunido em frente a uma
pequena loja de conveniência. Isso era outra coisa que Bishop não sentiria

16
falta de estar em uma gangue, sair e ficar sem fazer nada o tempo todo.
Nenhum deles tinha algo produtivo para fazer, a não ser ficar parado e
esperar para entrar em alguma merda. Sly estava encostado na lateral do
prédio falando ao telefone. Quando ele fez contato visual com Bishop, ele deu
um sinal para encontrá-lo nos fundos do prédio, para que ele pudesse falar
com ele... Sozinho.

Bishop observou que Trent ainda o observava enquanto chegava mais


perto da gangue, mas não se mexeu. Se ele tivesse caminhado até lá,
certamente teria mais uma discussãocom Jessup. Ninguém avançou sobre ele
quando passou dois caras até acenaram em respeito por ele. Bishop virou à
direita na Market Street, passando pela padaria da esquina, o cheiro de
biscoitos recém-assados fazendo seu estômago roncar ferozmente. Ele estava
além de morrer de fome, e seu corpo doía de ficar sentado à noite toda, mas
sabia que se não cuidasse disso agora, ele e Trent ficariam olhando por cima
do ombro o resto do dia.

Bishop cortou entre os prédios, seus passos pesados e sua marcha lenta,
mas no instante em que uma palma quente agarrou seu bíceps e o empurrou
de lado, ele girou e agarrou seu captor pela garganta e empurrou seu corpo
grande contra ele até suas costasbaterem na parede de concreto. Um
grunhido duro saiu da boca de Sly quando seus olhos se arregalaram e sua
outra mão voou para segurar o pulso de Bishop.

— Droga, cara. — Sly assobiou enquanto ele lentamente soltava seu


aperto. Bishop não o deixou ir, mas ele aliviou a pressão antes de soltar as

17
mãos até que estivessem apertadas ao seu lado. Ele não gostava de ter alguém
se esgueirado sobre ele. — A prisão te deixou nervoso B.

Bishop ainda estava praticamente em cima de Sly, tanto que o homem


mais baixo teve que inclinar a cabeça para trás para olhar nos olhos. Estar tão
perto de seu velho amigo novamente, cheirando a suor e sentindo seus
músculos compactos pressionados contra ele, fez com que a parte inferior do
corpo de Bishop reagisse, sem mencionar que ele estava fora da prisão há seis
meses e ainda não havia conseguido transar. Os votos pessoais eram uma
merda.

— É bom vê-lo no bairro de novo. — A voz de Sly ainda era tão suave e
sedosa quanto ele se lembrava.

Bishop prendeu a respiração quando os braços de Sly se levantaram e se


prenderam atrás da cabeça. Ele rapidamente examinou o beco estreito,
mesmo que eles estivessem completamente fora de vista, mas mesmo
assim Sly o puxou para trás de uma lixeira fedorenta. E assim, a realidade
bateu em Bishop, a vergonha de Sly possivelmente ser pego com ele.Bishop
balançoua cabeça se livrando da luxúria e conseguindo se recompuser colocou
algum espaço entre eles.

— Não voltei às ruas. — Foi à única resposta de Bishop.

Sly estreitou seus penetrantes olhos cinzentos. Ele não tinha mais o
cabelo preto desgrenhado que costumava cobrir sua testa, optando pela
aparência mais madura de um simples corte de cabelo desde que agora era
líder.

18
— Eu imaginei isso. Você realmente não deu nenhum golpe ontem à
noite, como eu sei que pode. ─ Sly lambeu os lábios quando examinou os
músculos de Bishop. — Eu sei que você estava apenas tentando tirar Trent de
lá.

— Então estamos bem. — Bishop murmurou.

— Eu não disse isso.

A resposta de Sly foi rápida e Bishop sabia o que isso significava. Como
ele ia consertar isso?

— O que você quer?

— Você já sabe a resposta para isso.

— Não vai acontecer. — Ele sussurrou, aproximando-se.

— Vamos lá, B. Por que eu nunca fui bom o suficiente? — Sly examinou
o beco novamente. Eles ainda estavam sozinhos.

Bishop manteve o olhar fixo em seu amigo próximo.

— É por isso, aqui mesmo. — Ressaltou. — Você está muito preocupado


com os olhos de alguém em nós. Eu não posso mais fazer essa merda. Eu não
dou a mínima para o que alguém pensa de mim agora. Ninguém com certeza
se importou quando fui preso.

— Eu fiz. — Sly franziu a testa. — Se você estivesse comigo, essa merda


nunca teria saído assim. Você sabe que eu me importo.

19
Bishop recordou a outra carta que ele tinha recebido na prisão que não
tinha vindo de Trent.

— Nós não daríamos bem juntos. Você sabe disso. Já tentamos antes.

— Nós realmente tentamos? — Sly passou a ponta do dedo na palma da


mão de Bishop. Mesmo esse pequeno contato enviou choques a sua virilha
negligenciada. — Ou você desistiu porque era muito difícil? Você sempre
gostou das coisas da maneira mais fácil.

— Isso não é verdade. — Bishop manteve a voz baixa.

— Oh, é. — Sly sorriu. — É por isso que você ficou abalado com aquele
idiota disse no tribunal, bastardo que apanha de ratos.

Bishop balançou a cabeça. Ele realmente queria ir para lá agora?

— Eu nunca teria feito o que ele fez com você.

— O que ele fez foi defender-me.

— Dizendo a todos na maldita sala do tribunal que você era burro


demais para fazer um assalto a uma loja. Eu sei que você contou tudo isso a
ele com confiança e ele o usou de qualquer maneira. ─ Sly parecia chateado.

Bishop suspirou, tentando não relembrar o testemunho de seu ex-


namorado novamente em sua cabeça. Ele se torturou com isso por cinco
longos anos. Mas sua mente se recusou a ouvir.

— Por favor, você precisa acreditar em mim. Bishop Stockley nunca


poderia ter sido um mentor de nada. Ele não fez isso! — Royce chorou
dramaticamente na bancada de testemunha.

20
Ele já havia dito a Bishop que não aguentaria se ele fosse para a
prisão. Significando que não esperaria por ele. Eles tinham um futuro
planejado. Embora um futuro envolvido em gangues estivesse fadado ao
fracasso, mas Royce adorava sua influência nas ruas.

— Estou lhe dizendo, você está com o dedo apontado para o homem
errado.

Os olhos de Bishop se arregalaram quando ele se sentou ao lado de seu


advogado nomeado pelo tribunal. Ele não queria que Royce dissesse isso.
Aqui não. Não em um tribunal lotado.

— Sim, Bishop é o mais velho, mas ele também é o mais burro.


Bishop não poderia ter feito isso. Ele é completamente analfabeto. Ele nem
sabe ler! ─ Royce gritou para o promotor. — Ele tem o QI de uma formiga,
provavelmente foi enganado.

Bishop abriu os olhos lentamente. Os suspiros de sua equipe e amigos


íntimos eram tão altos que o juiz teve que bater seu martelo várias vezes
para acalmar todos. Sussurros eram altos o suficiente para alcançar seus
ouvidos.

— Espere! B é um idiota? Temos seguido alguém que nem sabe ler. Que
porra é essa? Bishop não pode ser estúpido, ele é o melhor líder que tivemos.

Foi somente quando o tribunal recuou para o almoço e ele pôde ficar
de pé e olhar para trás, percebeu que todos haviam sumido. Sua equipe, sua
família. Tudo se foi.

21
E por causa do testemunho chocante e traiçoeiro de seu namorado e de
seus resultados do teste de alfabetização padronizado pelo estado, a acusação
de mentor foi passada a cúmplice. Caso contrário, Bishop ainda estaria na
prisão por assalto à mão armada.

— Eu nunca teria feito isso com você. — Disse Sly enquanto acariciava
o ombro de Bishop até o pescoço.

Sem pensar, ele se inclinou para o toque. Ele estava faminto por
carinho, mas o que Sly estava oferecendo não era real. Seria temporário e
muito secreto. Ele não era a mentira suja de ninguém. Bishop absorveu
apenas um pouco do cuidado, do calor da mão calejada de Sly.

— Eu sei que você não teria. — Bishop reconheceu. — Você não teria dito
uma palavra.

Sly olhou como se estivesse confuso.

Bishop segurou Sly em volta da cintura estreita e olhou profundamente


em seus olhos.

— Se meu álibi fosse você. Se eu estivesse dividindo sua cama o tempo


todo. Você teria dito alguma coisa? Você teria assumido minha posição?

Sly não disse nada quando sua mão caiu lentamente do pescoço de
Bishop.

— B. — Ele sussurrou. — Não faça isso. Isso não é justo.

— É uma coisa que aprendi enquanto cumpria pena, Sly, que a vida não
é justa e nunca será.

22
— Então, você ficará do meu lado se eu sair? — Sly perguntou.

Eu teria.

— Sim! — Bishop respondeu honestamente. — Mas você tem uma


equipe decente agora e eu estou danificado.

— Então vocês precisam ficar de fora do parquinho. Você vai se


encontrar em um mundo de problemas se Trent continuar brigando sem
equipe para apoiar sua boca alta.

E aí estava. Eles eram velhos amigos, mas Sly tinha novas


responsabilidades, ele tinha uma reputação a manter. Bishop abaixou as mãos
e deu alguns passos para trás enquanto Sly estava mais alto.

— Perdi dinheiro ontem à noite por estar preso.

Bishop olhou a rua, com a mente acelerada.

— Sua mãe ainda tem aquela pequena fazenda na vila de Aragona?

Sly assentiu lentamente como se não tivesse certeza do porquê de


Bishop estar perguntando.

— Você ainda faz um trabalho de merda no quintal dela toda semana?

Sly revirou os olhos cinzentos.

— Veja. Pelo menos eu cortei a grama. Isso é muito mais do que a


maioria dessas bundas preguiçosas faz por suas mães.

— Que tal eu e Trent irmos lá depois do trabalho hoje e arrumamos


aquele canteiro deprimente com o qual você não faz nada? Aposto que ela

23
ainda se preocupa com isso. Vou dizer a ela que você nos enviou e o quintal
dela ficará melhor do que qualquer pessoa naquela rua. — Bishop estendeu a
mão. — Vou fazer Trent fazer todo o trabalho pesado. Combinado?

Sly riu levemente e apertou a mão de Bishop.

— Combinado.

— Então estamos bem?

Sly inclinou a cabeça para o lado como se estivesse considerando suas


palavras.

— Sim, B. Estamos bem. Sempre estaremos bem.

— E Trent?

A risada de Sly foi suave.

— Ele é seu problema. Sempre foi. Mas vocês não terão problemas
comigo.

— Então eu vou levar isso.

— Fique fora do quarteirão, Bishop. Vocês não pertencem mais a esse


lugar. ─ Sly olhou para a esquerda e para a direita e deu um beijo suave nos
lábios de Bishop, permanecendo ali por um momento enquanto se despediam
silenciosamente.

Bishop não seria pego de novo em uma briga como na noite anterior.
Ele fez um voto para si mesmo de que não voltaria para a prisão, nem Trent.

24
Isso significava fazer mudanças sérias e abandonar velhos conhecidos. Ele
sabia que seria a última vez que via Sly por muito tempo.

Bishop começou a sair do beco quando Sly gritou:

— Ele é gerente da IHOP em Monticello agora. Ninguém realmente o vê


há anos.

Bishop não se virou, seus longos passos cortando o concreto enquanto


se dirigia para a Market Street e se juntou à multidão. Por que Sly disse a ele
onde encontrar Royce? Ele não tinha certeza se queria encarar seu ex, mas
talvez ele devesse apenas morder a bala e acabar logo com isso. Talvez tirar
esse peso de seus ombros o ajudasse a seguir em frente.

25
Capítulo 3
Bishop

— Por que estamos aqui? Vamos nos atrasar para o trabalho. — Disse
Trent enquanto seguia Bishop do ônibus na East 21st Street e na Monticello
Avenue.

— Eu estou com fome. Não posso trabalhar todas essas horas do lado de
fora com o estômago vazio. Sem mencionar o quintal extra que temos esta
noite.

— Pátio extra! — Trent tropeçou em uma grande fenda na calçada. Esta


parte de Norfolk não era onde residiam os ricos então a paisagem das ruas
não era tão agradável, nem os pedestres. Uma senhora fez uma careta quando
Trent acidentalmente bateu no ombro dela.

— Maldita mulher. — Trent olhou para trás.

A mulher chupou os dentes e continuou andando. Bishop riu.

— Você com certeza tem jeito com as mulheres.

— Cara, eu não posso mexer com essas fêmeas aqui no lado oeste. Tudo
o que elas querem é um homem que pague suas contas e fique deitado
debaixo delas à noite toda.

Bishop balançou a cabeça e respondeu sarcasticamente:

26
— Sim, as mulheres são loucas por isso.

— Certo. — Disse Trent, sem entender. — Você tem sorte de gostar de


caras.

— Por alguma razão, você ainda acha que namorar homens é mais fácil,
você esta louco.

— Bem verdade. Seu último cara era um verdadeiro pedaço de...

— Não pode parar. Não estou de bom humor. — Disse Bishop quando
entraram no IHOP. O ar frio e o doce aroma da massa de panqueca correram
para recebê-los. Seu estômago roncou bem na hora.

Ele estava feliz por não estar ocupado por uma manhã de segunda-feira.
Trent estava parado na recepção atrás de um casal de idosos, com as mãos
nos bolsos. Bishop olhou ao redor do restaurante tentando não parecer tão
óbvio, mas ele obviamente falhou porque assim que eles estavam sentados
com seus menus, Trent inclinou a cabeça para ele. Seu tom era baixo, seus
olhos em seu cardápio.

— O que você está procurando?

Bishop abriu as pernas e se inclinou mais para dentro da cabine,


sentindo- se confortável. Mesmo depois de ficar seis meses fora, Trent ficou
em alerta, independentemente do fato de que não havia mais um alvo nas
costas deles.

— Nada, acalme-se. Eu estava apenas checando o lugar.

27
— Hum. — Trent olhou em torno de um segundo, franzindo a testa,
antes de voltar ao seu menu. — Ainda acho que não devemos nos atrasar para
o trabalho. Poderíamos ter comprado algunssanduíches de galinha no
Hardee's ou algo assim. Por que estamos em um restaurante? Parece que
estamos em um encontro de merda.

Bishop fungou.

— Você sonha com isso. Veja. Eu senti vontade de tomar um café da


manhã decente desde que eu tive que sentar na maldita cadeia a noite toda.
Desde que eu tive que fazer um acordo e engolir orgulho e falar com Sly para
manter Jessup fora de sua bunda.

Trent pareceu momentaneamente arrependido enquanto mordia o lábio


inferior fino até ficar vermelho.

— Cara, foda-se Jessup.

— Oh sim. — Bishop brincou. — Foda-se Jessup? Ele e toda a sua


equipe não é? Toda a gangue Diggs.

Trent largou o cardápio e caiu no banco. Era difícil para um homem


quando percebia que havia perdido todo o poder na rua. Especialmente se
fosse tudo o que ele já conhecera. Era como ser expulso de uma família e
forçado a romper todo contato. Havia algumas retiradas.

— Como conseguimos foder com ele, Trent? Controle mental?


Bishop apertou a mandíbula enquanto se inclinava sobre a mesa, as mãos
apertadas com força na frente dele. — Nós nem somos capazes de carregar um

28
estilingue maldito, a menos que violemos os termos de nossa condicional.
Então sim. Como exatamente você planeja foder Jessup? Na bunda? Porque
você não tem mais nada com o que fazer.

Trent se encolheu.

— Tudo bem, tudo bem. Você não precisa ser tão gráfico.

— Eu quero que você tire esse cara da sua cabeça. Ele é uma má notícia,
T. — As veias dos antebraços de Bishop saltaram de sua luta para manter o
temperamento sob controle. — Agora eu passei minha última noite maldita
em uma cela, T. Você entende?

Trent olhou Bishop nos olhos dele.

Ele os estreitou e rosnou mais baixo:

— Você entendeu? Porque se você voltar novamente... Você vai sem


mim.

Trent tinha que saber que ele estava falando sério. E Bishop odiava ter
que ser tão severo, mas por algum motivo seu melhor amigo não estava
compreendendo. Eles terminaram. E, quando Trent deixou que essa
percepção se instalasse em seu espírito, ele murchou como se a consciência de
tudo isso fosse demais.

— Olhe me disseram que certa vez um homem sábio disse: 'Ontem não é
nosso para recuperar, mas amanhã é nosso para ganhar ou perder. ' Ou
seja, somos responsáveis pelas vitórias e derrotas do nosso futuro. Não há
nada que possamos fazer sobre o passado.

29
— Ótimo, aqui está você de novo. — Trent murmurou, pegando seu
cardápio e virando as páginas agressivamente. — Não comece a se aprofundar
em mim, lorde Bishop. Todos nós não tínhamos um colega de cela de acordo
como você. Eu estava muito ocupado tentando manter meu companheiro de
cela longe do meu pau. Trent teve um olhar distante em seus olhos. — Droga,
aquele cara estava com fome de pau.

— Bom dia, como vocês estão? Sou Natalie, vou cuidar de você hoje. O
que posso fazer para você começar a beber? Café, suco?

Bishop finalmente pegou seu cardápio, dando um leve aceno à


garçonete. Ela era magra e pequena, mas a maioria das pessoas
eracomparado a ele. Seus olhos provavelmente seriam bonitos se não
estivessem envoltos por maquiagem azul escura pesada e delineador preto
como carvão que se estendiam dos cantos dos olhos em uma ponta afiada.

— Vou tomar café. Quanto mais preto melhor, e uma água. — Disse
Trent, depois se levantou e foi em direção à parte de trás do restaurante.
Bishop assumiu que ele estava indo ao banheiro.

— E para você? — Ela sorriu seus olhos dramáticos examinando seu


peito antes de passar para o rosto dele.

Ele se perguntou se ela ainda o olharia com tanto desejo se soubesse


onde ele estivera nos últimos cinco anos. Mais provável que não. Não
importaria se ela o fizesse, porque ele era tão gay quanto gay. Mas, os homens
não tinham sido diferentes. É claro que ninguém de seu antigo bairro queria
se associar a ele, que não teve sorte em conhecer alguém de uma cidade

30
diferente. Tudo o que ele fez foi trabalhar, de qualquer maneira. Bishop
ignorou o sorriso paquerador da garçonete e murmurou que ele teria o
mesmo que Trent.

— Ei, hum... Seu gerente está aqui?

Natalie gaguejou um momento:

— Há algo...

Bishop se apressou para esclarecer o que ele queria.

— Estou procurando um velho amigo.

— Oh. — Ela sorriu. — Na verdade, temos três gerentes. Royce está aqui
de manhã e Jen e Stuart são os gerentes da noite. Qual deles?

A garganta de Bishop ficou seca ao som do nome de seu ex e, de repente,


ele quis que Natalie se apressasse e pegasse sua água. Ele estava no mesmo
lugar que Royce. Agora mesmo. Ele poderia aparecer a qualquer momento.
Ele pareceria o mesmo? Alto, loiro, bonito e com uma boca flexível pela qual
um homem hipotecaria uma casa. E tanta atitude e carência que não fazia
sentido. Todas as coisas pelas qual Bishop costumava se excitar. Costumava.
Ele realmente não sabia o que estava fazendo agora. Paz. Bondade.

A garçonete mergulhou para ter uma visão melhor de seus olhos, e ele
percebeu que estava olhando, sem dizer nada.

— Royce. Você poderia dizer a ele que um velho amigo está aqui para vê-
lo? Por favor.

31
— Ok! Em um instante. O escritório dele fica logo ao lado da cozinha. —
Ela apontou por cima do ombro. — Vou pegar suas bebidas enquanto você
decide sua comida.

A língua de Bishop era muito grossa para ele falar, então ele assentiu e a
observou sair. Quando ela desapareceu atrás de um conjunto de portas
duplas. Trent sentou-se pesadamente na frente dele. Bishop tentou parecer
imperturbável, mas suas mãos começaram a suar e seu joelho não parava de
bater. Seus nervos estavam tirando o melhor dele, não importa o quanto ele
dissesse a si mesmo que tudo estava bem. A tensão é apenas o seu corpo se
preparando para o momento. Bishop ficou calado, perdido em pensamentos,
enquanto Trent falava sobre os preços caro e completamente alheios à sua
turbulência interior.

— Merda, cara. Dez dólares por frango e waffles. Consigo um frango


inteiro por esse preço sabia? Trent fez uma careta, virando mais páginas. —
Eu só vou ter o especial. Por cinco dólares, ganho panquecas, bacon e ovos.

Bishop ficou olhando as muitas fotos do cardápio, tentando tomar uma


decisão sobre o que comer. Quando ele saiu da prisão do condado, quarenta
minutos atrás, estava faminto. Mas no instante em que a garçonete saiu pela
porta lateral “que ele assumiu ser o escritório do gerente”, sentiu como se
uma colmeia enxame tivesse caído em seu intestino.

— Ele disse que virá logo. — Disse ela a Bishop, colocando os cafés na
frente deles. Em seguida, pegou dois copos de água gelada da pequena
bandeja e colocou-os ao lado com dois canudos que tirou do avental preto.

32
— Quem virá logo? — Trent perguntou.

— Eu vou comer isso, por favor. — Bishop ignorou o amigo e apontou


para um prato de tamanho decente de bacon, presunto, linguiça, batatas
fritas, ovos e panquecas. Ele não tinha idéia do que se chamava, mas parecia
delicioso, apesar de sua inesperada onda de náusea.

— A especialidade do café da manhã. Claro.— Ela cantarolou. — E como


você gostaria que seus ovos fossem feitos?

— Mexidos. — Bishop resmungou.

Ela se virou para Trent, que ainda estava franzindo a testa.

— E para você?

— Eu vou ter os dois, dois e dois especiais. Ovos mexidos. Trent pegou o
cardápio grande e devolveu a ela.

— Queijo sobre eles? — Ela perguntou.

Trent deu-lhe uma expressão pensativa.

— Inferno, por que não? Eu acho que vou me tratar. Adicione um pouco
de queijo cheddar nesses ovos, querida.

Ela riu enquanto fazia algumas anotações em seu bloco. Bishop olhou
para cima enquanto passeava com os menus. Somente quando ela caminhou
até as portas duplas da cozinha, ela roçou os ombros com um homem alto e
impressionante que estava encostado na parede com os braços cruzados sobre
o peito apertado, não tirando os olhos dele. O cabelo na nuca de Bishop
se levantou e seu pau foi o próximo a seguir o exemplo.

33
Royce. Bishop olhou para a caneca de café enquanto engolia um grande
pedaço de nada na garganta. Ele pegou sua água e bebeu metade do copo,
esperando que o frio dela apagasse o fogo em sua barriga e virilha. Foda-se.
Ele esperava que Royce não fosse até sua mesa, ele só... Ele só queria vê-lo.
Mas agora que ele tinha, ele pensou que talvez ele quisesse mais. Royce tinha
sido tudo para ele antes de ser trancado como um animal. Bishop tentou
nivelar a respiração, mas não havia como alguém não perceber a sua
respiração acelerada quanto mais ele bebia a presença de Royce.

— O que diabos esta acontecendo com você? ─ Trent fez uma careta. —
Quando Bishop não respondeu, optando por beber o resto da água, Trent
virou-se e encarou Royce, que ainda estava inclinado como se nada o
incomodasse. Especialmente a maldição murmurada de Trent, ou os punhais
que ele estava atirando de seus olhos castanhos escuros. O da esquerda se
contraiu quando olhou para Bishop, sua raiva o dominando.

Porra, ótimo.

— Você está de sacanagem agora? — A voz de Trent subiu quando ele


bateu as palmas das mãos na mesa, chamando a atenção de algumas pessoas
ao seu redor. Bishop o observou. — É por isso que estamos aqui? É por isso
que vou pagar oito dólares no café da manhã por causa dele? Não acredito.

— Abaixe sua voz. — Bishop disse calmamente.

Trent balançou a cabeça, mas pelo menos seu tom se transformou em


um rugido abafado.

— Depois do que ele fez?

34
— E o que ele fez, hein? Dê um menos tempo, porque ele era o único
corajoso o suficiente para se posicionar em nosso nome. Ele é o único que
falou por nós... Por mim. — Bishop olhou para Royce e o viu fazer um gesto
para encontrá-lo nos fundos. Ótimo, outra reunião em um beco. Ele estava
rolando. — Nós ainda estaríamos presos agora, se ele não tivesse.

— Prefiro ainda estar na prisão a ser chamado de idiota analfabeto com


o QI da formiga. — Trent recostou-se com uma careta quando Bishop
estremeceu com o lembrete. — Ele traiu sua confiança. Isso é imperdoável.
Puro e simples. Você só contou esse segredo a Mike e a mim. No segundo em
que você contou a ele veja o que ele fez com isso. Tornou isso de
conhecimento público do caralho.

— É fácil dizer que você prefere ficar na prisão quando está sentado aqui
livre para comer panquecas quentes, ovos de queijo que não dão a
você fugas e café que não tem gosto de alcatrão. — Bishop levantou-se. — Eu
volto já. Eu só quero esclarecer algumas coisas.

— Tudo bem. — Trent resmungou, mas voltou seu sorriso de megawatt


quando Natalie reapareceu para encher o café e a água de Bishop. — Não diga
que eu não avisei. Você está pedindo problemas, B.

— Muito provavelmente. — Bishop murmurou. Ele saiu da horrível


cabine cor de camelo e saiu pela porta da frente, sem se preocupar em olhar
para trás para o olhar de desaprovação de Trent. Ele estava pedindo da pior
maneira.

35
O ar estava ficando mais quente quando o sol apareceu no início da
manhã, nublado. Sim, seria um diaquente hoje. Mas agosto em Hampton
Roads, Virgínia, normalmente era. Quanto mais Bishop chegava ao fim da
rua, mais ansioso ficava. Ele estava prestes a ficar a centímetros de seu ex. Ele
não o via uma única vez em cinco anos e seis meses, nem mesmo uma carta.
Seu ritmo diminuiu até seus pés mal se moverem. Os poucos pedestres que
estavam a caminho do trabalho ou transportando seus filhos para a creche
ficaram irritados ao manobrar em torno dele. Trent provavelmente estava
certo. Por mais que Bishop tentasse justificar o que Royce fizera, era difícil
perdoar o que dissera sobre ele na frente de um tribunal cheio. Um enorme
comprimido para engolir. Foi assim que o namorado o viu? Estúpido e
ingênuo, ou ele diria qualquer coisa para mantê-los juntos? Ele nunca saberia
se perguntar.

Bishop virou a esquina pronta para enfrentar a situação. Ele evitou essa
conversa por tempo suficiente. Royce estava parado na porta dos fundos do
restaurante com o telefone na mão, os olhos fixos no que estava na tela, como
se não estivesse esperando por ele. Como ele poderia parecer tão
despreocupado quando o interior de Bishop estava em frangalhos? Sua cabeça
confusa e doendo. Ele era uma tolice procurar Royce ou querer vê-lo. Estaria
tão excitado e nervoso quanto ele? Mas, novamente, seu ex era muito bom em
atuar. Pelo menos ele tinha sido. Ele se perguntou se estava se aproximando
do mesmo homem que havia deixado todos aqueles anos atrás, porque Bishop
com certeza havia mudado.

36
Ele continuou andando até que estivessem a apenas alguns metros de
distância.

— Ei. — Disse ele, feliz por sua voz esta firme.

Royce enfiou o telefone no bolso da calça cáqui e deu a Bishop toda a


sua atenção. Ele usava uma camisa de botão azul escuro com um simples
logotipo Champion sobre o peitoral direito. Seus sapatos eram bons, ainda
normais, mas não os sapatos antiderrapantes e sujos que a maioria dos
gerentes de restaurante usava. Bishop olhou fixamente a longa garganta de
Royce para a boca pecaminosa, depois para os cílios escuros que delineavam
grandes olhos azuis. Ele tinha sido a fraqueza de Bishop em um ponto.

— Bem. Olhe para você. — Royce sorriu. Ele não parecia feliz em vê-lo,
mas também não parecia decepcionado. Simplesmente despreocupado. —
Você realmente ganhou alguns músculos.

Ele tentou não fechar os olhos ao som da voz de Royce.

— Não há muito mais o que fazer na prisão além de musculação.

Royce assentiu, ainda o observando atentamente, seu olhar vagando por


todo o corpo. Bishop se forçou a ficar parado e aguardando a inspeção. Ele
estava vestindo o mesmo jeans e camiseta preta sem mangas que ele usara na
noite passada e suas botas de trabalho. Ele parecia um bandido na frente de
Royce. Ele o viu passar os dedos magros por suas mechas bagunçadas dos
cabelos dourado que ele agora mantinha um pouco maior com topete.

37
— Você fez mais alguma coisa... Como... Hum. — Royce deu de ombros.
— Você teve aulas? Já ouvi falar de pessoas que estão se formando...

─ Não. ─ Bishop não zombou, mas sabia o que Royce estava


perguntando. — Eu ainda sou estúpido. — Com o QI de uma formiga.

Royce suspirou e caiu as últimas polegadas contra a porta. Ele olhou


para cima como se estivesse perguntando a Deus o por que.

— Bishop, vamos lá. Você sabe que não é...

Bishop fechou parte da distância entre eles.

— Não é o quê?

Royce abriu os olhos devagar, encarando Bishop como costumava fazer


quando queria que ele se sentisse melhor. Ah Merda. Bishop sentiu seu
estômago revirar. Ele não deveria fazer isso. Ele estava lá para...

— Você sabe que eu não quis dizer isso. Eu te amei.

Amou? Anotado.

— Você significou tudo para mim. Eu estava ficando louco pensando em


você me deixar e ir para a prisão. Então sim. Eu disse tudo era tudo que podia
fazer. — Royce se afastou da parede e ergueu os ombros. Ele era alguns
centímetros mais baixo que Bishop, mas ainda era alto. — Eu pensei que você
seria grato, uma vez que funcionou.

Bishop baixou a cabeça.

38
— Sim, e fez. — Sua voz era áspera. — Funcionou como um encanto. O
teste deles mostrou que eu era tão burro quanto você disse e, assim, fui
indiciado com cúmplice.

— E aqueles outros bastardos, os verdadeiros idiotas que colocam você


no meio da merda deles têm vinte anos de cadeia para pegar. — A mão de
Royce surgiu como se ele estivesse prestes a tocá-lo, então sacudiu o braço e o
jogou de volta para o lado. — Eles atiraram e paralisaram um homem por não
desistir dos poucos dólares que ele tinha em sua caixa registradora. Eles
mereceram o que tiveram. Mas você. Eu conheço você. Você nunca teria
aprovado algo assim. Você ou aquele idiota, Trent. Engraçado que também
não recebi um agradecimento dele.

Não prenda a respiração. Bishop pensou no testemunho de Royce. Ele


disse ao promotor a verdade absoluta. Que ele e Trent haviam jogado
videogame em seu minúsculo apartamento na noite anterior, bebendo cerveja
e fumando maconha até ele cair no sofá. Bishop e Royce fizeram sexo duas
vezes antes de desmaiar na cama até o meio dia do dia seguinte. Naquela
tarde, quando ele saiu para dar uma volta com a gangue, eles o levaram a uma
loja e puxaram armas enquanto ele e Trent estavam pegando cerveja no
maldito freezer.

— Sim. Ele acha que você poderia ter deixado algumas coisas de fora.

— Não foi suficiente, e você sabe disso. — A palavra do seu amante


contra a deles. Royce beliscou a ponta do nariz. — Eu teria dito qualquer coisa

39
para eles te deixarem sair. Eu precisava tanto de você. Eu sabia que se você
fosse embora...

— Tudo acabaria. — Bishop não tinha certeza do que mais precisava


dizer. A maneira como Royce confessava dolorosamente o quanto ele queria
que Bishop ficasse o afetava de uma maneira que ele não queria.

— Eu fui embora do bairro quando você saiu! Do nosso lugar. — Royce


gritou de repente. — Delator não ganha pontos, você sabe. Todo mundo me
odiava. Odiava-me pelo que fiz com o grande Bishop. Fui eu quem destruiu
seu representante. Fui ameaçado e quase morto, se não fosse por Sly. Ele me
ajudou a sair de Norfolk. Ele disse que me odiava também, mas estava me
ajudando por você.

Agora Bishop sabia por que Sly havia dito a ele onde encontrar Royce.

— Eu não sabia. — Disse Bishop, inclinando-se para o corpo rígido de


Royce. Ele estava vibrando com fúria e paixão. Este era o Royce que ele
conhecia. Dramático e bonito. Ele tinha que perguntar, ele precisava saber. —
Você simplesmente se esqueceu de mim. Por que você não veio me ver? Nem
uma vez. Por que não enviou uma carta Royce?

— Como você ia ler? — Royce sussurrou.

Porra, inferno. Bishop só conseguiu soltar o bufo assustado que ficou


preso em sua garganta. Essa era uma verdade dura e maldita ali. Ele imaginou
que não havia como Royce saber que Bishop havia sido emparelhado com um
colega de cela decente que leu para ele as cartas que recebera de Trent e Mike.

40
— Eu não queria que ninguém mais lesse o que queria lhe dizer. O que
senti quando você foi embora. Eu nem queria reconhecer esses sentimentos
para mim, Bishop. Como eu poderia escrever para você sobre minhas noites
sem dormir em uma cama fria, hein? O que isso teria feito por qualquer um
de nós? Eu deveria ter chegado lá no dia da visita e implorado para você sair
dali? Que eu precisava de você em casa como eu precisava de oxigênio. Você
não entende? Eu não conseguia ver meu homem assim. Enjaulado. Não pude
Bishop.

Antes que soubesse o que estava fazendo, ele agarrou Royce e o puxou
com força contra o peito e o segurou como nunca antes. O segurava como se
não tivesse segurado um homem há cinco anos. Ele quase gemeu quando os
braços fortes de Royce envolveram sua cintura e seu rosto foi para o lugar que
sempre ia quando eles eram um casal, apenas na base de sua garganta. Aquele
hálito quente contra o pescoço dele causou calafrios por toda a pele quente.

— Por que você demorou tanto tempo para vir me ver? — A voz de
Royce estava rouca e cheia de tristeza. — Você está fora há meses.

— Eu não consegui encontrar você. — Foi sua única resposta.


Bishop não fez exatamente pesquisas no Google. Ele sentiu os lábios macios
de Royce contra o pomo de adão. Ele fechou os olhos, esquecendo onde estava
e esperando o mundo tombar.

— Beije-me, Bishop. — Royce implorou seus lábios já se abriram em


convite.

41
Maldita boca. Ele sabia que não podia negar e não mentiria para si
mesmo. Seu corpo queria... E o mesmo fazia sua mente. Seus lábios se
encontraram timidamente no começo. Apenas um toque e um beliscão
quando ele logo se familiarizou com o que antes era só dele. Royce pode não
ter sido o namorado mais altruísta do mundo, mas ele foi leal até o fim.
Bishop lembrou-se disso e tentou extrair as boas lembranças que haviam
compartilhado aquelas que não envolviam sua vida na gangue. Royce havia
sido seu alívio por tudo isso. Ele empurrou a língua mais, provando café e
xarope de amora antes de cavar mais fundo, buscando o sabor natural que ele
sonhava com tantas noites escuras.

— Eu quero isso. — Royce sussurrou.

— Espere, espere, espere. — Bishop agarrou a mão de Royce, passando


rapidamente por seu abdômen. Ele respirou fundo, precisando controlar sua
luxúria. Ele fez promessas para si mesmo que planejava cumprir. — O que
você quer Royce?

— Essa é uma pergunta complicada? — Royce lambeu os lábios. — Eu


quero você. Esta noite.

Não, não era uma pergunta complicada, mas a resposta era confusa. Ele
não sabia se Royce o queria por enquanto ou queria que eles tivessem algo em
longo prazo. Algo bom. Não é o que eles tinham antes. Aquele Bishop se foi.
Mas talvez eles pudessem construir uma vida sem a constante negatividade
dos outros ao seu redor. Sem a responsabilidade de Bishop para uma equipe,
para uma família que nunca o amou de verdade.

42
— Deixe-me vê-lo hoje à noite.

— Ok! — Royce hesitou.

— Eu vou sair por volta das oito.

— Onde você está trabalhando? — Royce perguntou.

— Estou de volta ao Mike agora, trabalhando para a empresa de


paisagismo dele. ─ Bishop ficou mais reto. — É legal. O pagamento é bom.

— Lembro-me de quando você desenhava jardas o tempo todo. Você


costumava dizer que é assim que nossa casa ficaria na frente. ─ Royce
levantou uma sobrancelha. — Você ainda está desenhando?

Todos os dias.

— Às vezes. — Ele murmurou. Ele desejou não se sentir tão tenso


quando Royce perguntou sobre sua vida ou o que estava fazendo. Tudo o que
ele continuava ouvindo repetidamente eram suas últimas palavras.

Ele é analfabeto!

— Bem, meu intervalo foi de apenas quinze minutos e tenho certeza que
já passamos alguns segundos disso. Aqui. Royce puxou um pequeno bloco de
notas e uma caneta do bolso de trás. Aqui está o meu número e endereço. Eu
moro em apartamentos de Pembroke Crossing. Custa uma pequena fortuna
morar na praia, mas é muito mais seguro e limpo.

— Você sempre quis morar em Virginia Beach. — Disse Bishop.

— Eu sei.

43
O ar estava denso e tenso ao redor deles. A vida que eles poderiam ter
tido piscando diante deles e desaparecendo no pó. Eles fizeram todos os tipos
de planos futuros para quando Bishop saísse da vida de gangue. Ele era um
paisagista decente na época e ganhara um salário justo, apesar da falta de um
diploma do ensino médio. Mas esse tempo se foi e ele não conseguiu
recuperá-lo. Ele só podia controlar o que estava ao seu alcance agora. Ele
segurou o pescoço de Royce e sentiu um papel enfiado no bolso lateral.

— Que tal meia-noite? — Royce sussurrou. — Eu estarei pronto.

Bishop protegeu sua decepção. Ele não queria uma ligação.

— Acho que teremos tempo para jantar e conversar. Talvez se recupere


um pouco. ─ Ele não queria pensar que Royce não estava mais interessado em
conversar com ele.

Quando ele confidenciou a Royce que não sabia ler muito bem, na
verdade, não muito, ele não havia rido ou insultado. Isso só aconteceu alguns
meses depois, quando eles acabaram no tribunal. Até então, Royce tinha
entendido a maior parte do tempo, deixando apenas casualmente os folhetos
do Centro de Aprendizagem de Adultos e do curso preparatório GED em sua
mesa de cabeceira.

— Hum. Hoje vou encontrar alguns amigos da escola em um restaurante


no Centro da Cidade... Mas... Acho que você pode me encontrar lá e podemos
comer juntos, se quiser. ─ Royce não parecia tão certo, mas Bishop ainda
concordava.

44
— Eu posso fazer isso. Encontre você onde? Por um momento ele
pensou em mudar de idéia, mas quanto mais ele olhava para o corpo quente
de Royce, mais ele estavadecidido. Além disso, ele ainda não estivera no
Centro da Cidade e pretendiairlá em algum momento. Ele deveria saber que
Royce estava lá agora, ele sempre quis ser melhor, ter mais do que ele havia
crescido em moradias de baixa renda.

— Chama-se Gordon Biersch. Está na esquina da Central Park Avenue e


Virginia Beach Boulevard.

Sem pensar, Bishop se aproximou e prendeu o cinto de Royce, puxando-


o para frente.

— Você vai estar com muitas pessoas?

Royce balançou a cabeça.

— É um grupo de estudo. Eles devem ter ido embora quando você


chegar lá. Vou ficar no bar ou algo assim.

Bishop precisava sair, ele saiu. Ele sabia que Royce estava flertando com
ele, mas não conseguia pensar com seu pau duro. Mas droga. Cinco malditos
anos. Ele queria sentir Royce estremecer em seus braços, mas certamente
ainda não.

— Vamos conversar hoje à noite.

Royce piscou algumas vezes.

— Ok. Então eu vou te ver hoje à noite. Royce franziu o cenho para ele
novamente como se estivesse vendo algo que não gostava.

45
Sly pode estar certo sobre seu ex. Royce era de alta manutenção,
exigente e muitas vezes mesquinho. Ele só se importava com uma pessoa...
Ele mesmo. E Bishop pensou que utilizado parecia ser o suficiente para ele,
que isso era tudo o que ele merecia. Mas ele amadureceu nos últimos cinco
anos, tendo crescido da maneira mais difícil. A prisão tinha um jeito de
transformar um garoto em homem, quer eles estivessem prontos ou não.

— Tchau, Bishop. — Royce se virou e correu de volta para dentro.


Bishop ficou um momento com as mãos flácidas ao lado do corpo, o corpo
ainda vibrando por ter sido tocado.

46
Capítulo 4
Bishop

Quando Bishop saiu do beco, viu Trent encostado a um carro com um


recipiente branco de isopor em uma mão e um café grande na outra. Quando
ele estava quase com ele, Trent empurrou a caixa em seu peito.

— Estamos atrasados demais. Aqui está a refeição decente que você


tanto queria. Está frio. E o seu café também. — Trent praticamente jogou a
xícara na mão e começou a voltar na direção em que haviam vindo.

Bishop não deixou seu aborrecimento aparecer. Em vez disso, ele seguiu
um pouco atrás de seu amigo para deixá-lo ficar sozinho com raiva, porque
atualmente sua própria mente estava correndo com pensamentos sobre seu
encontro hoje à noite... Ele tinha um encontro.O que diabos eu vou lhe dizer?
Como ele faria Royce ver que ele mudara e era um homem diferente? Ainda
alguém de quem ele pudesse se orgulhar, independentemente do seu QI.

Sentado ao lado de Trent no ônibus, Bishop correu para comer suas


panquecas e ovos frescos. Era melhor do que morrer de fome o dia inteiro e,
como ele não estava em casa, ele também não tinha o almoço. Isso significava
que ele teria que comprar fast food no intervalo, o que ele odiava. Eles só
tinham duas opções na área em que estavam trabalhando hoje comer um
hambúrguer gorduroso, ou o céu não permita um pouco de taco e sua maldita
carne misteriosa.

47
— Você sabe. Você continua me irritando sobre seguir em frente,
olhando para o futuro, esquecendo o passado. Você está apenas falando essa
besteira para mim? Porque com certeza não parece que você está seguindo
esse conselho. Royce está no passado. — Trent falou, depois de andar em
silêncio por vinte e cinco minutos e olhando pela janela enquanto o ônibus os
movia mais para outra cidade adjacente Chesapeake.

— Eu não vou para trás, Trent. — Bishop murmurou. — Não estou


tentando, de qualquer maneira.

— Você acha que ele quer algo mais do que o seu pau? — Trent olhou
para ele.

Bishop se eriçou em seu assento. Foda-se. Ele não podia ignorar que
estava se socando na parte de trás do crânio com a mesma pergunta.

— Eu acho que vou saber hoje à noite.

— Você vai sair com ele? Cara! Eu sabia! — Trent gritou, fazendo o
motorista levantar os olhos para o espelho. O olhar estreitado dela voltou à
estrada quando Trent baixou a voz. — Inacreditável. Ele estava praticamente
transando com você naquele beco como um Rottweiler excitado com sua
coisinha rosa saindo. Não acredito que você está sendo tão cego.

— Às vezes, um homem tem que ver as coisas por si mesmo. —


Disse Bishop calmamente.

Ele ficou calado e quinze minutos depois e desceu do ônibus com ar


condicionado e entrou no sol escaldante. Sua testa esquentou rápido e as

48
gotas de suor começaram a rolar por sua têmpora. Droga. Ele ia assar hoje.
Pelo menos ele tinha sua bandana preta no bolso de trás; isso manteria o suor
longe dos olhos dele. Bishop não tinha seu equipamento, seu cooler ou seu
chapéu de abas largas. Merda. Talvez Mike tivesse um chapéu extra no
caminhão em algum lugar.

Bishop dobrou sua velocidade, percebendo que agora estavam atrasados


trinta minutos. Ele ouviu os cortadores de grama e os sopradores já se
movendo enquanto atravessava a Volvo Parkway até o pequeno shopping
Center que faziam às segundas-feiras. Ele e Trent correram para o trailer e
começaram a desembalar os outrosremovedoresde ervas daninhas. Ele
também pegou seus corta-sebes e tesouras de poda. Bishop verificou onde
estava seu chefe, mas ele não o viu. Ele deve estar do lado de trás. Bom. Ele e
Trent chegaram ao imóvel mais próximo da rua, mais próximo dos
transeuntes. Mike gostava que ele fosse responsável pelo designers e pelo
embelezamento do solo.

Bishop percebeu que era hora do almoço quando viu o resto dos caras
voltarem ao trailer de várias partes da propriedade. Ele e Trent estavam
tentando evitar o contato visual com o chefe enquanto passeavam por eles,
conversando com Manny sobre a perspectiva de um novo contrato em
Virginia Beach. Manny era o melhor amigo de Mike, tinha sido nos últimos
vinte anos, ele era o gerente e Bishop era o líder da equipe. Não demorou
muito para conquistar esse título, especialmente depois que seus projetos
começaram a ganhar muito mais dinheiro. Ele não parou de dar forma ao

49
arbusto largo de um metro e meio prestando atenção extra aos detalhes,
notando se um galho estava fora do lugar.

— Não há necessidade de trabalhar durante o almoço. Eu vou render


você de qualquer maneira, para que você possa comer. — Mike ficou ao lado
dele enquanto se ajoelhava sobre o arbusto, checando duas vezes o lado
direito.

Bishop continuou aparando.

— Isso me parece muito bom.

Bishop ficou de pé, olhando o chefe nos olhos. A mesma altura exata,
constituição, postura, comportamento, voz, tudo. Ele cerrou os dentes ao
remover as luvas que havia emprestado de Manny, já que estivera no
caminhão fazendo ligações a maior parte da manhã. Eles tinham outro
negócio a fazer depois disso e uma grande casa em Lake Placid que exigia
vinte e dois caixotes de amores-perfeitos para apanhar e trezentos quilos de
palha. Seria um dia longo e comida parecia boa. Mas, ele estragou tudo e
tinha que fazer penitência. Ele foi para o próximo arbusto e começou a
trabalhar. Trent revirou os olhos, resmungando enquanto erguia as tesouras e
seguia a liderança de Bishop.

— Bishop. — Mike disse severamente.

— Não pretendíamos chegar tão tarde. O que aconteceu foi...

— Isso não vai acontecer novamente. ─ Bishop interrompeu o que


diabos Trent estava prestes a dizer. Qualquer frase que começasse assim seria

50
absurda. E Bishop não era sobre isso, ou pelo menos ele estava tentando não
ser.

Mike ficou lá, olhando com olhos escuros e difíceis de ler.

— Vocês parecem ter tido uma noite difícil.

Bishop não comentou, e Mike não fez isso como uma pergunta.

— Foi boa. Ei olhe. Tenho um trabalho paralelo depois de terminarmos


em Lake Placid. Acha que posso usar o caminhão quando paramos? — Ele
esperava que a mudança óbvia de assunto desse ao chefe uma dica de que o
assunto estava encerrado.

— Eu só não quero que você acabe com isso, Bishop. Conheço a


aparência que você tem quando se ferra.

— Mike... — Bishop rosnou.

— Desculpe? Eu sou Mike de novo? Pensei que tivéssemos resolvido


isso.

Ele precisava pegar emprestado o caminhão e os suprimentos de Mike.


Ele não teve tempo de estufar o peito para ele. Ou negar o que ele queria.

— Eu não estou nem aí. Consegui um trabalho, ok? — Bishop


murmurou rigidamente. — Papai.

Trent riu atrás dele, e Bishop sentiu uma repentina vontade de chutar
seu melhor amigo. — Vá nos pegar algo leve, Trent, enquanto eu termino isso.

51
Trent não precisou ser avisado duas vezes. Ele correu para encontrar os
caras que atravessavam a rua em direção ao Burger King.

— Claro. — As sobrancelhas grossas de Mike subiram quase até a linha


do cabelo. — Você conseguiu um trabalho por si mesmo.

— Não exatamente, chefe.

Mike bufou, arrancando o amplo chapéu de camuflagem da cabeça e


batendo na coxa. Eles ainda tiveram o mesmo corte na moda.

— Você ainda não quer me chamar de pai? Isso é o que eu sou.

— Oh eu sei. Mas é meio que um hábito difícil de quebrar depois de


trinta anos. Quero dizer, você insistiu que eu te chamasse de Mike por toda a
minha vida, agindo como se fôssemos irmãos ou primos o tempo todo porque
você estava com vergonha de ter um filho. Agora que eu cresci como o
inferno, você quer que eu te chame de papai?

— Não papai. De jeito nenhum! Isso parece errado... Especialmente


com... Com você sabe... Você é gay e tudo...

Bishop olhou furioso para o pai enquanto ele continuava segurando os


corta- sebes, quase o desafiando a continuar dizendo essa merda ridícula.

— E nunca fiquei com vergonha de ter um filho tão jovem... Apenas


aterrorizado. Mas isso foi há muito tempo atrás. Veja. Você continua me
dizendo que mudou. E eu vejo. Eu faço. Mas eu também tenho. — Mike olhou
para trás como se tivesse certeza de que ninguém os havia escondido. Sim,
nenhum deles era tão bom em expressar suas emoções um para o outro. Eles

52
eram mais como brigas de irmãos do que qualquer outra coisa, certamente
não um relacionamento normal e saudável entre pais e filhos. — Quando sua
própria equipe o preparou para assumir uma acusação de assalto e eu tive que
passar por esse julgamento e ouvir toda a merda que você sofreu quando
criança crescendo na quadra com um pai solteiro que não sabia a primeira
coisa sobre sendo responsávelsenti como se estivesse sendo punido também
por meus erros. Não colocando você em torno de pessoas positivas, não
ajudando você a fazer as escolhas certas... Sem ter certeza de que ia a escola.

— Você está me pedindo desculpas? — Bishop perguntou. Porque ele


não estava interessado. Ele havia dito a Mike um milhão de vezes que não o
culpava por suas próprias decisões ruins. Ninguém apontou uma arma para a
cabeça de Bishop e disse para ele pular a escola e se juntar à gangue de Young
Park. Inferno, apesar de Mike ter se juntado ao Devil Wreckersum notório
clube de motocicletas quando tinha dezenove anos e arrastado Bishop junto
com ele para esse mundo, e agora estava tentando assumir a culpa. Aqui
estava seu pai, crescido, tentando reivindicar responsabilidade por ele. E ele
não sabia como se sentia sobre nada disso.

— Não. Essas não são desculpas. São fatos. Mas podemos seguir em
frente, certo? Você continua dizendo que não devemos insistir em coisas
velhas que não podem ser apagadas ou alteradas.

— Isso mesmo. — Bishop enxugou o suor escorrendo pela garganta e


no colarinho úmido.

53
— Então por que eu e você começamos de novo? Não é tarde demais. —
Mike olhou para as botas, esfregando o dedo do pé na grama seca. Ele parecia
exausto, uma expressão derrotada cruzando seus traços fortes. Às vezes era
como encarar um espelho. Bishop odiava aquela expressão oprimida. Não
gostou em um rosto que se parecia tanto com o dele. Seu pai estava esperando
por ele quando saiu daquela prisão. Ele não esperava vê-lo, e com certeza não
esperava que ele viesse abraçá-lo e dizer: — Estou feliz que você esteja fora,
filho. Vamos para casa.

Bishop quase caiu de choque, e as perguntas passaram por sua mente


rápido demais para responder a todas. Que casa? De volta aos projetos? De
jeito nenhum. E ele acabou de me chamar de filho? Mike nunca o chamou
assim. Era sempre, 'mano', 'garoto' ou 'nanico', ou mesmo 'pentelhoirritante'.
Mas nunca filho. Seu pai tinha sido inflexível dizendo a Bishop não fazê-lo
parecer velho chamando-o de pai. Eles eram caras, manos. Quando ele
alcançou um surto de crescimento aos doze anos e atingiu quase a altura de
seu pai, não demorou muito para que as pessoas começassem a perguntar se
eles estavam relacionadas. Esse era um dos segredos mais bem guardados
deles. E agora que ele tinha trinta e dois anos, Mike queria mudar de nome e
função.

— O que você disse, cara? Talvez possamos até tentar pescar ou


acampar, ou alguma merda. Eu não sei. Pelo menos foi o que ouvi que pais e
filhos deveriam fazer para se relacionar.

— Ligação? — Bishop franziu a testa.

54
Mike bateu o chapéu na cabeça e recuou alguns passos diante da
indignação na voz de Bishop.

— Droga, Bishop. Você não vê que estou tentando? Eu era um pai de


merda, tudo bem, e isso levou meu filho a ser preso por cinco anos. Só estou
tentando garantir que isso não aconteça novamente. Agora que estamos
ambos afastados dessa vida, podemos fazer o que quisermos. Talvez continue
construindo esse negócio de paisagismo juntos?

Bishop olhou para a outra direção, contemplando ao ver os funcionários


voltando pela estrada com sacos cheios e gordurosos de hambúrgueres e
bebidas grandes. Ele ouviu Mike xingar baixinho antes de começar a se
afastar.

— Tudo bem. — Bishop gritou. A cabeça de Mike estava baixa e seus


ombros caíram em derrota. Dessa vez, Bishop deixou de lado a mordida
quando disse o que Mike queria ouvir. Quando ele o chamava de título, ainda
não ganhara. — Ok pai. Claro, por que não? Vamos pescar no domingo, sem
acampar. Não vou me perder na floresta com você.

Mike deu um duplo passo para ele, um grande sorriso dividindo seu
rosto áspero. A única maneira de realmente diferenciá-los era pelas barbas. A
de Mike era mais grossa, e mais cheia, enquanto Bishop mantinha seu corte
próximo bem aparado.

— Ok. Sim. Mike franziu a testa e esfregou a mão na mandíbula. — Você


sabe pescar?

Bishop revirou os olhos, sentindo um leve sorriso se formar.

55
— Não. Você sugeriu.

Mike recuou e riu, de repente, parecendo despreocupado e animado.


Bishop se perguntou se seria assim que ele soaria se ele risse alto.

— Bem, não pode ser tão difícil de entender. Nós vamos voar.

Bishop assentiu sua boca formando uma linha tensa.

— Sorria às vezes, B. Está tudo bem.

— Eu vou quando tiver algo para sorrir.

Seu pai parecia ter o coração quase partido por ele. E é melhor não ser
pena que ele estava percebendo. Ele não precisava da simpatia de ninguém.

— Aqui, Bishop. Peguei duas saladas de frango. Eles estavam acabando


de sair. — Disse Trent enquanto passava por eles, movendo-se para a sombra
de uma árvore. Ele sentou no chão e colocou a comida de Bishop ao lado dele.
Trent comeu seu primeiro hambúrguer e enfiou algumas batatas fritas na
boca antes de olhar para eles. — Manny tem sua comida, chefe.

— Obrigado, Trent. — Mike voltou seus olhos duros para Bishop. —


Então, eu vou te ver em casa depois do seu trabalho hoje à noite?

— Por um tempo. — Disse Bishop.

Mike olhou desajeitadamente por um momento antes de estender a mão


e colocá-la no ombro de Bishop em seguida, deu um tapinha nele algumas
vezes. Bishop olhou para o local onde seu pai o segurava, o que o fez afastar a
mão.

56
— Um sim. Até mais... Quero dizer, aproveite o seu almoço.

Bishop sorriu de verdade. Sua troca foi tão estranha e desajeitada que só
poderia ser engraçada.

Ele e Trent estavam almoçando em silêncio quando ele perguntou.

— O que foi aquilo? Você contou a ele sobre a briga ontem à noite?

— Não. Ele não perguntou. Bishop espetou o máximo de alface e cubos


de frango que pôde em seu minúsculo garfo de plástico.

— Ele já sabe.

— De verdade? — Trent amassou sua bolsa. E olhou para ele e depois


para as mãos. — Ele não está falando em colocar você para fora, está?

Bishop tomou um grande gole de água.

— Não. Ele quer ir pescar.

Trent hesitou um momento como se não tivesse ouvido direito, depois


começou a rir.

— Ok. Mike está de brincadeira. Primeiro, ele cria um ótimo lugar para
você viver quando você saida cadeia, então ele te dá um bom emprego, quer
que você comece a chamá-lo de pai, e agora ele quer que vocês pesquem?

Bishop tinha anos para refletir, mas era raro ele considerar o
relacionamento dele e de Mike se tornar algo mais do que sempre fora. Ele
não sabia como se sentia, então encheu a boca com o resto da salada. Não
estava perto de calorias suficientes para ele, mas teria que servir. Ele limpou

57
os restos de molho vinagrete de framboesa da boca e depois terminou a água.
Ele se recusou a usar qualquer tipo de molho repugnante à base de creme. Era
o que ele tinha que comer na prisão, e ele odiava qualquer coisa que o
lembrasse daquele lugarcomo comida horrível. Ele ainda tinha dificuldade em
se adaptar a algumas coisas desde que saíra, mas Mike, seu pai, tinha sido
uma grande ajuda. Então, por que Bishop estava ignorando seus esforços?

— Cara. Por que você está assim?

— Como o quê. — Bishop resmungou.

— Como se alguém tivesse tentado enfiar alguma coisa na sua bunda.

Bishop jogou a cabeça para trás, dando a Trent um olhar curioso.

— Eu acho que o que Mike está fazendo é legal. Ele não é mais como
costumava ser. E esta tentando seriamente. Quero dizer, ele sempre cuidou de
nós de alguma maneira, mas nunca foi um ás de negócios e aspirante a Cliff
Huxtable.

— Acho que as pessoas não usam mais Bill Cosby como exemplo, Trent.
— Brincou Bishop. Ele se levantou e tirou a grama recém-cortada de seus
quadris, depois gritou para os caras ainda vagando pelo trailer em seus
telefones. — Vamos! Hora de terminar isso!

58
Capítulo 5
Bishop

No segundo que Bishop puxou o alto F150 na entrada de carros dele e


de Mike, ele olhou para o trailer de largura dupla em agonia. Ele sabia que era
legal e acolhedor lá dentro, e estava tão além do cansaço que sua visão estava
embaçada. Mike parecia estar na sala, já que a luz do quarto estava apagada.
Bishop suspirou profundamente e desligou o motor. Quando ele deixou Trent
na casa de sua namorada ele, tropeçou duas vezes tentando entrar no
pequeno duplex. Depois de não ter dormido a noite passada e de trabalhar tão
duro quanto hoje, não era de admirar que eles fossem os mortos-vivos. Então,
ter que fazer um quintal de graça no final do dia foi um verdadeiro chute nas
bolas.

Mas ele tinha um lugar para estar. Seus jeans ficaram automaticamente
mais apertados no momento em que ele pensou em Royce e em como ele se
sentiu ao redor dele esta manhã. Foi à pior provação de sua vida, e ele não
podia acreditar que tinha feito isso consigo mesmo. Mesmo agora excitado do
jeito que estava ele não iria dormir com Royce hoje à noite ou em nenhuma
noite até que soubesse onde estava. E se Royce não estivesse mais nele, ele
aceitaria isso. Girando o pescoço e estalando a vértebra, Bishop olhou o
relógio. Já eram oito e meia. Merda. Ele correu para fora da caminhonete e
subiu correndo os poucos degraus, usando a chave para entrar. Eles não

59
estavam mais em um bairro ruim, mas não estavam em um lugar que gritava,
também deixe sua porta aberta.

O cheiro de mortadela queimada e queijo foi o primeiro ataque a seus


sentidos no momento em que ele entrou pela porta, o cheiro fazendo-o
estremecer com o simples pensamento daquela carne. Mike estava
esparramado no sofá, com uma mão na frente do short de nylon e a outra
recheada com um sanduíche de sanduíche comido pela metade.

Bishop tirou as botas na porta para não sujar de grama e sujeira o tapete
marrom arenoso.

— Cara. Que porra você está comendo? — Ele perguntou a caminho da


cozinha para pegar três garrafas de água e um Gatorade.

— É um sanduíche de mortadela frita e macarrão com queijo. — Mike


deu outra mordida enorme, gemendo depois de engolir. — Eu chamo de
submarino Philly do pobre homem.

— Sim, se você gosta disso. — Disse Bishop.

— Eu gosto. Quer que eu faça um para você? — Mike perguntou,


levantando um cotovelo.

— Nunca será sempre a resposta para essa pergunta.

Mike riu e encolheu os ombros.

— Isso é legal. Peguei mais alguns estava com fome no caminho de casa.
Você gostou daquele de Salisbury, certo?

60
Bishop estava terminando sua segunda garrafa de água, encostado na
meia parede que separava a sala dos quartos. Ele abaixou a cabeça para
esconder a inclinação de seus lábios.

— Eu gostei daqueles.

— Legal. Tudo bem, bem, coloque dois no forno, tome um banho bem
rápido e depois volte aqui. Encontrei este programa de pesca no prime vídeo.
Chama-se Alaska guerra de peixes. Achei que poderíamos conseguir algumas
dicas antes do domingo. Mike sentou-se, puxando a outra mão livre e
limpando as duas na blusa.

Bishop balançou a cabeça.

— Não tenho certeza de como isso será útil para nós. Sinto que é uma
grande diferença pescar no Pier Oceanview em Norfolk.

— Hum. Nunca se sabe. Ainda parece ruim de assistir. Mike puxou o


aplicativo na televisão de tela plana que ficava no canto oposto. E sentou-se
no sofá de camurça camelo que além da mesa de centro de nogueira de
segunda mão eram tudo o que cabia na sala de estar.

— Eu não posso. Estou prestes a me trocar e sair um pouco. —


Bishop se levantou e deu a volta na esquina e pelo corredor até o quarto. Ele
ouviu os passos de Mike atrás dele no chão oco. — Posso pegar emprestado
uma camisa?

61
Mike apenas concordou com a cabeça. Ele estava parado no final do
corredor com os braços cruzados sobre o peito largo, os braços esbugalhados
como se estivesse lutando com alguma coisa.

— Onde é que você vai? Não pode ser com Trent se você precisar de uma
camisa. É meio tarde e você já parece algo que o gato arrastou e espancou por
um tempo antes de comer, depois cuspiu de volta.

— Obrigado. — Disse ele secamente. — Mas, eu vou sair com um velho


amigo por um tempo esta noite.

— Oh sim. Velhos amigos levam a velhos problemas. — Mike estava


parado na porta, então era impossível ignorá-lo e seria desrespeitoso, sem
mencionar o suicídio, se Bishop tentasse fechar a porta na cara dele.

— Não é desse jeito. Não com esse amigo. — Bishop entrou em seu
pequeno closet e tirou a roupa, em seguida, enrolou a toalha na cintura. Ele
começou o banho o mais quente possível, precisando relaxar seus músculos
rígidos. Quando ele estava atrás da cortina, ouviu Mike entrar de novo.

— Esse não seria o amigo que Trent disse que vocês encontraram no
café da manhã, certo?

Bishop queria dar um soco nos ladrilhos do chuveiro, mas isso não
serviria para nada. Não, ele esperaria até ver Trent amanhã e o socaria.
Usando uma quantidade excessiva de lavagem corporal, ele rapidamente
limpou horas de sujeira e sujeira.

— Bishop, por que diabos você está saindo com aquela pequena puta?

62
— Pai! — Bishop retrucou. — Posso ter um pouco de privacidade, por
favor? Eu tomo banho com outros homens há cinco anos. Você pode fechar
minha porta? Eu vou sair em um segundo.

— Tudo bem, tudo bem. — Disse Mike, saindo do banheiro.

Bishop xingou quando ouviu a porta estalar. Ele amava Trent e também
amava seu pai, mas eles tinham que deixá-lo ser um homem. Ele terminou de
se vestir com um jeans escuro e uma camisa simples de botão preto de
mangas curtas. Ele colocou a corrente de aço preta em volta do pescoço e a
pulseira de aço de duas polegadas no pulso direito. Seu relógio esportivo
preto básico não era nada de especial, mas servia a seu propósito. Ele
costumava ter muitas mais jóias e alguns objetos de valor antes de ir para a
prisão, mas, surpreendentemente, quando Mike tentou conseguir seus
pertences para ele, a maioria de suas coisas havia sido roubada.

Ele vestiu suas botas pretas, desejando ter seu tênis Jordan ou algo
parecido para usar no verão quente. Mas sapatos de cento e oitenta dólares
não eram um luxo que ele pudesse pagar naquele momento. Ele colocou a
carteira no bolso de trás e pegou as chaves na cômoda. Ele verificou seu
reflexo uma última vez no espelho, depois olhou ao redor do quarto como se
tivesse certeza de que não havia esquecido nada. Ele estava parado. Ele
começou a sentir essa ansiedade novamente, aquele sentimento nervoso no
estômago que lhe dizia que isso talvez não fosse uma boa ideia. Que Royce
não parecia estar na mesma página que ele. Mas como ele poderia saber isso
sem uma conversa mais longa com ele?

63
Com esse pensamento final, Bishop desligou a lâmpada e fechou a porta
do quarto atrás dele. Ele caminhou a curta distância pelo corredor até o
quarto de Mike e foi até a cômoda onde guardava suas poucas garrafas de
colônia. Bishop pegou o primeiro que viu. Uma garrafa transparente com
letras cursivas azuis brilhantes e uma elegante tampa de cromo. Ele se bateu
com alguns sprays no pescoço e depois colocou a garrafa de volta.

Ele evitou os olhos de Mike enquanto se dirigia para a porta da frente.

— Não se atrase amanhã. — Disse Mike severamente.

— Eu não vou. Volto hoje à noite, Mi... Pai. — Bishop apertou a


mandíbula. Ele parecia tão tolo tentando fazer isso. Ele trancou a porta atrás
de si, e a última coisa que ouviu foi o pai tentando aperfeiçoar suas técnicas
de pesca assistindo a pescaria gelada do Alaska.

Então este é o Centro da Cidade? Agradável. Bishop passou por ele


algumas vezes, mas nunca se aventurou pelas ruas e pelas lojas. Era um local
de ponto de encontro da moda, com muitos restaurantes modernos, bares,
cafeterias, butiques, um pátio popular que mostrava músicos locais e até uma
cervejaria. Era a área mais promissora de Hampton Roads. Os condomínios
de luxo nos arranha-céus de trinta e oito andares no meio de tudo eram tão
caros que Bishop só podia piscar com os preços loucos. O centro da cidade
era o lugar para estar, para sair... Se os bolsos de um homem fossem fundos o
suficiente.

64
Ele estacionou a caminhonete no estacionamento mais próximo da
Market Street e ficou ali por um momento, observando o ambiente. Pessoas
circulavam em terraços com vista para a cidade. Mulheres e homens andavam
pelas calçadas limpas, rindo e curtindo a vida, parecendo despreocupados. Ele
sentiu um choque cultural. Suas roupas eram decentes o suficiente, mas ele
ainda estava se sentindo constrangido. E por um breve momento ele desejou
que Trent estivesse lá. Isso é estúpido. Saia do caminhão. É apenas Royce.

Ele checou três vezes o nome que Royce havia enviado do restaurante
com as letras na porta. Gordon Biersch? Ele não sabia que tipo de nome era
ou quem era, mas devia ter tudo a ver com cerveja. Porque a primeira coisa
que ele viu ao se aproximar do balcão de recepcionistas foi um longo bar com
torneiras de cerveja por quilômetros. Atrás de grandes portas claras havia
enormes recipientes de aço com fiação e tubos passando pelo teto. Puta
merda. Ele era alto o suficiente para ver a multidão na área do bar,
procurando nas cabeças por cabelos loiros cor de mel.

— Olá. Bem vindo a Gordon Biersch. Quantos na sua reserva? —


Perguntou a anfitriã educadamente.

Bishop interrompeu sua busca para lhe dar atenção.

— Estou encontrando alguém.

— Qual é o nome dele?

— Bishop.

65
Ele se virou quando ouviu o nome dele e sentiu a luz acariciar suas
omoplatas. Royce estava lá parecendo tão sexy e atraente quanto ele se
lembrava. Jeans skinny desfiado e uma camiseta azul quase transparente. O
corpo de Bishop reagiu bruscamente e ele teve que parar de puxar Royce para
o canto escuro mais próximo.

— Não me olhe assim, Bishop. Foi você quem quis “falar” primeiro. ─
Royce usou aspas no ar quando falou em falar.

— Sim. — Bishop encontrou sua voz, mas ele não a reconheceu. Ele
estava praticamente sem fôlego. Ele precisava de uma dessas cervejas.

— Vamos. Temos uma mesa por aqui. — Disse Royce, segurando sua
mão e guiando-o para mais longe da seção do bar.

Havia estandes curvos ao longo da divisória que os separavam da sala


de jantar. Do lado deles havia mesas altas e mais longas para acomodar festas
maiores de quem queria ficar bêbados juntos. Ele não esperava uma multidão
tão densa na segunda-feira. Bishop franziu a testa, lembrando que Royce
disse que ele estaria sozinho.

— Nós?

— Eles estão indo embora. Estamos todos prontos agora. Este é o meu
grupo de estudo sobre poli-ficção científica, Bishop. — Disse Royce enquanto
se aproximava de uma mesa que tinha duas jovens sentadas lá e um cara de
óculos de armação escura e um sorriso de desprezo.

66
Essa não era realmente uma introdução adequada, mas como parecia
que estavam prontas para ir, ele não pensou demais.

— Noite. — Disse Bishop, sentando-se no final. Uma mulher deu-lhe


uma boa saudação, a outra chegou a apertar sua mão. No entanto, o cara
zombador fez um show fechando seu livro grosso e empurrando-o em sua
mochila esfarrapada. Bishop não teve a chance de avaliar qual era o problema
do cara, mas ele tinha uma boa ideia antes que a garçonete se aproximasse da
mesa e colocasse um longo menu de página à sua frente.

— E o que você vai beber esta noite? — Ela perguntou, parecendo muito
borbulhante para quinze para as dez da noite. — Você deve ser o super
inteligente, não é? Você não precisa estudar, pode aparecer duas horas
atrasado, aprender tudo em dez minutos e depois passar o resto da noite
bebendo.

As garotas da mesa riram e Bishop também sorriu, mas por algum


motivo Royce estava parecendo um cervo preso nos faróis. Bishop não podia
perguntar nada sobre isso, então ele manteve sua atenção na garçonete.

— Eu não sou um estudante. Vou comer palitos de mussarela e uma Bud


Light.

A garçonete sorriu docemente para ele.

— Nós não temos nenhum deles.

Que tipo de bar não tinha palitos de queijo ou cerveja Bud? Bishop
olhou para ver Royce com a cabeça nas mãos.

67
— Merda. Eu sabia que isso iria acontecer. — Royce pegou o menu
de Bishop entre os dedos e começou a apontar para alguns dos itens. — Isso é
hum, diz entradas para cervejas. É o aperitivo ou pratos de inicio. Então as
asas estão aqui. Tacos... Muitos tipos diferentes.

Bishop pegou o cardápio de volta, imaginando o que diabos havia feito


para Royce fazer isso. Ele nunca tinha feito isso antes. Anos atrás, antes que
ele soubesse que eu não sabia ler. Mas isso foi então antes, e isso foi agora.
Bishop viu o cara tenso em frente a ele tentando esconder seu sorriso.
Bishop sentiu o pescoço esquentar quando todos os olhos pousaram nele, mas
ele se manteve calmo. Esta não foi sua primeira vez. Bishop olhou para o bar.

— Eu não prestei atenção quando entrei. É a minha primeira vez aqui.

— É claro. — Disse ela, inclinando-se sobre ele e apontando para o menu


dele. — Deste lado, estão nossas cervejas artesanais, fabricadas aqui mesmo
em nossa cervejaria. Também temos cervejas locais da Virgínia. Então, se
você gosta da Bud Light, como muitas pessoas que aqui vêm, eu diria que vá
com a Golden Export. Tem um acabamento limpo e nítido.

— Parece bom. — Disse Bishop.

— Se você não preferir, sempre posso lhe dar algumas amostras de


algumas que acho que você vai gostar. A cerveja Birdnecklace é nova. Tem
um sabor cítrico que todo mundo está amando neste verão. Eu vou pegar suas
bebidas enquanto você olha o cardápio. — Ela disse tudo isso enquanto
limpava vários copos de vinho vazios e pequenos pratos brancos da mesa.

68
— Com licença. Acho que vou indo. O sujeito do estudo ficou e pé tão
rápido, batendo na mesa com força o suficiente para fazer com que os poucos
itens no topo tocassem alto.

Bishop lançou um olhar pedregoso que o garoto teve dificuldade em


segurar. Quando ele baixou o olhar e piscou para Royce como um filhote
ferido, Bishop perdeu qualquer respeito em potencial pelo cara.

— Sim. Vejo você na aula amanhã. — Royce não olhou para seus colegas
de classe quando eles passaram.

Ele esta com vergonha de mim. Bishop pigarreou e tentou dar uma
expressão apreciativa à garçonete quando ela colocou um copo gelado de uma
bebida cor de mel na frente dele e um copo de água ainda mais alto.

— Você quer pedir alguma comida? — Ela esperou com a bandeja


inclinada no quadril. Ela usava uma blusa cinza conservadora e calça preta
justa. Ele nunca tinha ido a um restaurante onde os garçons se vestiam tão
bem. Seu cabelo estava preso em um coque apertado e preso com pelo menos
uma dúzia de pinos de metal finos.

Bishop virou o cardápio, sentindo os olhos de Royce nele o tempo todo.


Ele procurou as palavras familiares que ele viria a reconhecer na maioria dos
menus. Frango. Camarão. Ele estava confiante de que qualquer prato que
tivesse uma dessas duas carnes seria bom para ele. Mas, por alguma razão,
esse cardápio estava louco. Isso é mesmo inglês? Bishop olhou para as longas
palavras estrangeiras que ele não conseguia nem pronunciar. Gorgonzola,

69
Caprese, Schnitzel. Foda-se. Não havia uma única ilustração de seus pratos,
exceto a foto de pretzel de aparência desagradável na tenda da mesa.

— Eu acho que estou bem com a cerveja.

— Você tem certeza? — Ela perguntou, lentamente estendendo a mão


na direção dele para o cardápio dele.

Não. Estou morrendo de fome.

— Tenho certeza. Obrigado. ─ Bishop esperou até que ela se fosse antes
que ele desse um longo gole para saciar a garganta seca. — Eu ia levá-lo ao
Coral Dourado hoje à noite. Lembra que costumávamos ficar chapados e
invadir o bufê logo antes do fechamento, para que fôssemos legais e cheios
para o clube?

— Eu não como mais naquele lugar excêntrico. — Royce disse, sem


graça. Ele terminou o resto da bebida e usou o guardanapo de pano preto para
limpar nada nos cantos da boca.

— Entendo. Bishop tentou encontrar os olhos afiados de Royce, mas ele


não deixou. Ele sentou-se com uma perna cruzada sobre a outra, tentando
parecer elegante como se fosse exatamente onde ele pertencia.

— O que você está estudando na escola? — Bishop perguntou, tentando


criar um tópico seguro.

— Ciências Políticas.

Bishop pensou por um momento. Ele não se lembrava de ter ouvido


falar de uma disciplina assim.

70
— Você sabe que não precisava fazer isso na frente dos meus amigos. Eu
só estava tentando ajudar, Bishop. Eu sei que o cardápio é estranho, isso é
comida de inspiração alemã. Eu não quis dizer nada com isso. — Royce deixou
escapar.

Bishop teve dificuldade em acreditar que Royce não podia ver o óbvio.

— Por que você acha que eu gostaria que você lesse o cardápio para mim
como se eu tivesse cinco anos de idade?

— Porque esse é o nível em que você lê.

— Foda-se. — Bishop bufou o golpe o pegando de surpresa. A rapidez e


a brutalidade ardente dele perfurando o inferno fora dele.

Royce girou em seu assento.

— Droga. Sinto muito, Bishop. É só que você me deixa louco. Vê-lo


agora é muito.

— Você concordou em se encontrar comigo. Se você não quisesse,


deveria ter dito isso. ─ Bishop bebeu um pouco de água, não querendo mais
álcool. — Eu não estava tentando te pressionar. Pensei que talvez nos re-
encontrar. Eu só queria ver que você era bom... E agora eu tenho.

Quando a garçonete passou, Bishop pediu a conta.

— Vocês dois estão juntos? — Ela perguntou.

— Não. — Royce falou rapidamente.

71
Bishop olhou para o homem que ele costumava estar de cabeça
para baixo. Mas ele não era mais dele. Ele não conhecia esse homem. Esse era
alguém para quem Bishop nunca seria bom o suficiente.

— É tudo de bom. É por minha conta. — Ele disse à garçonete.

— Ah. Que cavalheiro. ─ Ela sorriu e foi até a mesa seguinte.

— Bishop eu tenho um amigo na minha aula de ética que é voluntário


no Centro de Aprendizagem de Adultos. Eu posso lhe dar a sua...

— Eu não vim aqui para contato, Royce. — Disse Bishop entre os dentes
cerrados. Ele puxou a carteira do bolso de trás no momento em que a carteira
preta foi colocada na frente dele. Quando ele examinou a conta, quase cuspiu
o último gole de água.

— Oitenta e seis dólares! Que diabos?

— Eu comi os rolinhos de ovo, o gorgonzola e três matins. Eu lhe disse


que eu mesmo poderia pagar. — Royce rosnou.

Bishop tirou as notas da carteira, enfiou dentro e levantou-se para sair.

— Espero que tudo corra bem com suas aulas, Royce. Adeus. ─ Quando
ele saiu pela porta e voltou à Market Street, Bishop sentiu como se pudesse
respirar novamente. Ele estava esgotado e pronto para esse pesadelo desse dia
acabar. Ele supôs que poderia dizer que foi produtivo, porque ele havia
fechado o relacionamento que deixara aberto há cinco anos.

— Espere! Bishop. — Royce parecia incrédulo quando se apressou em


alcançá-lo. — Você está realmente saindo? Você não quer... Olha... Por que

72
você simplesmente não volta à minha casa hoje à noite? Deixe-me cuidar de
você. Eu posso pelo menos fazer isso.

Royce achou que ele estava tão desesperado? Que ele esqueceria a
maldita grosseria e abuso que ele acabara de sofrer naquele restaurante
arrogante, depois esqueceria e se deitaria em sua cama. Só pelo pau dele? A
força de vontade de Bishop era muito mais forte que sua carne. Ele se recusou
a foder com alguém naquela maldita prisão, não importa o quão azul suas
bolas tivessem ficado. Houve algumas sessões rápidas de punheta, mas foi
isso. Ele nunca tinha sido atraído pelas cabeças duras daquele lugar. Todo dia
havia sido uma luta para manter sua sanidade e masculinidade.

Bishop não precisou pensar nisso. Ele considerou esse outro capítulo
encerrado.

— Não, eu estou bem. Mas obrigado, de qualquer maneira. —


Bishop segurou o contato visual de Royce quando ele se inclinou e deu um
beijo na bochecha corada. Sua boca se abriu quando Bishop se afastou. —
Adeus, Royce.

73
Capítulo 6
Edison

Edison odiava que ele continuasse encontrando Skylar a caminho do


escritório. Era uma maneira bem ruim de começar o dia. Se ele não soubesse
melhor, diria que o cara estava esperando que ele aparecesse antes de
aparecer do nada como uma acne ruim. Tudo o que ele disse esfregou o
caminho errado. Skylar era o tipo de homem que insultava uma pessoa e
depois tentava fazê-la rir com ele, basicamente rindo de si mesma.

— Que diabos? Parece um circo esquisito por aqui. Quanto tempo temos
que aguentar isso? — Skylar disse com atitude ao lado dele enquanto
caminhavam para o prédio. Os homens da construção ainda estavam
trabalhando para concluir a atualização do sistema de irrigação. — Isto é
ridículo! Como podemos fazer algum trabalho com este barulho?

Desde quando você se preocupa em fazer algum trabalho? Skylar tinha


um secretário jurídico para quem ele ditava tudo. Ele teve sorte que ela era
tão competente e poderia carregar seu preguiçoso chefe nas costas. Tudo o
que Skylar fazia era subir e descer os corredores do escritório fofocando e se
arrumando. Ele era uma enorme dor no pescoço de Edison da maneira
como interrompeu o fluxo do escritório e interrompendo outras pessoas
enquanto trabalhava. Ele nem queria entrar no modo que ele flertava com a
equipe júnior. E havia rumores de que ele se safou de não fazer nenhum

74
trabalho porque Shirley Bickel, sócio sênior, às vezes o usava como escape
depois de um caso particularmente estressante. Pelo menos foi o que Edison
ouviu ao redor da copa antes de toda a conversa cessar quando o viraram
entrar.

— Tenho certeza que você vai descobrir. — Edison garantiu.

— Claro que odeio que você tenha que trabalhar até tarde ontem à
noite, cara. Você sabe que as quintas-feiras são noites de pôquer, por que você
precisou escolher aquela noite para planejar o orçamento? Perdemos porco
cobertor que você fez da última vez... Com a pitada de queijo gruda nele. —
Skylar bateu energicamente no ombro de Edison com o antebraço duro,
enquanto se encaminhavam para o hall de elevadores.

— Queijo Gouda2. — Edison murmurou. — E talvez da próxima vez que


você me peça para fazê-los, eles me incluirão no convite para a noite do poker.

— Pensei que você tivesse dito que não sabia jogar. — Skylar franziu a
testa. Ele passou rudemente por um homem parado perto das portas e
apertou o botão já aceso.

— Eu não. Mas eu aprendo rápido. O pôquer é um jogo de estratégia


hábil. Gosto de pensar que tenho essa qualidade. — Edison acenou para duas
mulheres entrarem no elevador antes dele e depois entrou.

2
Queijo Gouda é um queijo amarelo feito de leite de vaca. Recebe o nome da cidade de Gouda, nos Países Baixos, porém seu nome não é protegido.
A Comissão Européia, no entanto, confirmou que o Gouda holandês deverá ser protegido. Queijos feitos em outros países com o nome de Gouda
são vendidos, no entanto, ao redor do mundo.

75
— Olha Edison. Não temos tempo para dar aulas. Se você quer aprender
a jogar o jogo de homens distintos, assista a um vídeo do Youtube ou algo
assim. — Skylar riu, passando a mão sobre a lapela do terno.

Edison não se mexeu quando alguns olhos se voltaram para ele. Este era
um lugar privilegiado para Skylar humilhá-lo.

— Bem. Esqueça. — Ele odiava que aquelas noites de pôquerfossem


cobiçadas e todo mundo quisesse ser convidado. Dizia-se que até alguns dos
sócios seniores haviam ido a algumas. Mas não apenas da empresa, mas
também os principais executivos de alguns dos outros escritórios do prédio.
Parecia óbvio que alguém na posição de Edison seria convidado com certeza,
mas isso nunca aconteceu. No entanto, Skylar não se importava em pedir que
ele providenciassea comida caseira.

— Bem, você sempre pode vir assistir, eu acho. Contanto que você traga
bons petiscos. Nenhum peixe ou vegetal ou qualquer outra coisa de mau
gosto. — Skylar deu um soco no estômago de brincadeira pelo menos Edison
acreditava que Skylar pensava que era brincalhão e depois alterou o convite.
— De fato, eu vou deixar você saber.

Skylar desceu no terceiro andar. Edison levantou a mão em questão e


depois olhou o relógio.

— Só vou dizer um bom dia rápido para essa gostosinha na empresa de


contabilidade aqui em baixo. Começar seu dia bem direita para ela, você sabe
o que quero dizer? — Skylar piscou como um idiota, assim como as portas
foram fechadas.

76
A mulher ao lado dele zombou com nojo, mas quaisquer comentários
que possam ter estado em sua língua ela manteve para si mesma, e Edison
também. Deixar Skylar entrar em sua cabeça era estúpido. Ele tinha um longo
dia pela frente e muito a fazer se quisesse estar em casa às seis da noite. O
pensamento de uma noite na Netflix e o pernil que ele colocara na panela
elétrica hoje de manhã seria seu catalisador para impulsioná-lo durante as
oito horas.

Ele foi até o escritório para descarregar a bolsa e depois para o café da
manhã. O chefe dele, Presley, não chegaria até tarde, para que ele não
atendesse aos pedidos dela a manhã toda. Ela tinha uma reunião de credores
as nove e quarenta e cinco e estava se preparando para partir com um de seus
amigos para pousada de cama e café da manhã em Williamsburg no fim de
semana. Até uma mulher importante como Presley Alfred encontrou tempo
para ter um pouco de prazer de sua vida agitada. Claro, provavelmente havia
algo em que ela poderia estar trabalhando no escritório, mas ela optou por
inserir um pouco de alegria... E ação em seu corpo.

Edison não queria pensar em ação ou a falta dela em sua vida. O


trabalho era uma boa distração do sexo, e a leitura também. No minuto em
que ele se sentou e espalhou sua comida na frente dele, ele pegou seu
aplicativo Kindle em seu telefone e abriu seu último download de Robert
Galbraith. Ele estava esperando com muita paciência a próxima parte de
sua série Cormoran Strike e pensou que agora seria um bom momento para
ler alguns capítulos. Ele comeu seu sanduíche de café da manhã e estava
bebendo seu pequeno recipiente de suco de laranja com a cabeça enterrada na

77
tela do telefone quando uma das secretárias legais o sacudiu com sua voz
estridente.

— Bom dia Edison. — Jessica disse enquanto pulava para o centro de


café e pegava sua própria caneca que tinha a secretária, porque fodão não é
um título oficial envolvido em torno dela. — Você conseguiu aprovar aquela
folga para mim? Eu realmente quero ir com Derrick para o show clássico do
Dia do Trabalho em Miami.— Ela choramingou.

Edison se certificou de que não houvesse migalhas ao redor da boca ou


do terno e jogou o lixo. Por que alguns parceiros continuavam contratando
preguiçosos como esse? Ele suspirou internamente e guardou o telefone no
bolso interno do peito. Tanta coisa por alguns minutos de leitura.

— Não, Jess, desculpe. Não posso. De novo não. Você acabou de voltar
de férias há um mês. Isso é muito cedo. Por acaso, você olhou a agenda do Sr.
Shaw antes de solicitar este horário? Ele tem duas audiências e sete reuniões
de credores naquela semana. Como ele deve se preparar para isso com a
secretária desaparecida?

— Alguém não pode me cobrir como da última vez? Tenho certeza de


que Roberta não se importaria. ─ Jessica mexeu um pacote de adoçante em
seu café preto. Apesar dos sinais óbvios de ressaca da excursão de happy hour
da noite anterior, Jessica era uma garota bonita que gostava de usar sua
aparência para manipular parte da equipe. Mas Edison estava imune. Ele não
gostou dos jogos que ela jogava. Ela se sentou no banco ao lado dele e se
inclinou para agarrar as mãos dele. Seu decote apareceu em sua blusa baixa

78
com decote em V e ela sorriu quando os olhos de Edison acidentalmente
caíram nessa direção. Deus, ele não queria ter outra conversa com ela sobre
trajes apropriados para o escritório. — Eu ficaria muito grata. — Ela
ronronou.

Edison desembaraçou as mãos e foi até a porta.

— Desculpa. Eu já neguei o pedido e enviei para recursos humanos. —


Ele não estava tão longe quanto ela pensava quando a ouviu assobiar: „Gordo
chato irritante. É por isso que todos nós te odiamos.‟

Edison quase tropeçou nos pés. Ele parou um pouco antes de chegar à
recepção, não querendo passar pelo saguão quando sabia que seu rosto
provavelmente tinha dez tons de vermelho. Ele queria se virar e gritar no
rosto de Jessica que ela estava demitida. Limpe sua mesa! Vá diretamente
para casa. Não colete seus duzentos dólares! Mas ele não podia demitir a
bruxa porque ela não gostava dele e o chamava de nomes maus. Não foi a
primeira vez que ele foi chamado assim, e não seria a última.

Endireitando sua coluna e andando alto como seu pai sempre lhe
ensinara, ele foi ao seu escritório e fechou a porta para começar o dia.

79
Capítulo 7
Bishop

Bishop estava olhando a merda boba na parte de trás da caixa de cereais


quando ouviu Mike sair do quarto. Ele já estava vestido para o trabalho
enquanto arrastava os pés pelo corredor da mesma forma que Bishop havia
feito quinze minutos atrás.

— Bom dia! — Mike murmurou. Ele enfiou a mão no armário e pegou


outra saladeira e uma colher que ambos apelidaram de pá, depois caiu em
uma das cadeiras na pequena mesa de jantar com quatro tampos na cozinha
que eles comeram. Depois que seu pai derramou o último quarto da caixa em
sua tigela, ele imediatamente a inundou com leite e comeu. Sua boca estava
cheia quando ele disse: — Você chegou mais cedo do que o esperado.

Bishop manteve os olhos em sua própria tigela.

— Como foi?

— Acabou. — Respondeu Bishop.

— Sinto muito, filho.

Bishop zombou.

— Não diga.

80
— Eu estou. Você voltou uma hora depois, o que significa que ele te
insultou e você foi embora. Mike colocou outra colher na boca. — Essa era
última coisa que eu queria.

— Vamos apenas trabalhar. Não quero mais falar sobre isso. Royce
mudou sua vida e eu também. Ele está fazendo o que quer. Fazendo muito
bem, na verdade, então...

— Sim. Então. — Mike assentiu como se Bishop tivesse dito algo


profundo. — Você faz suas próprias coisas também. A melhor maneira de se
vingar de alguém por duvidar de você é provar que ele está errado.

Ótimo. Pérolas de sabedoria de alguém que tinha apenas quinze anos


mais velho. Bishop colocou a tigela na pia e pegou o leite da mesa para voltar
à geladeira.

— Ei! Lave isso. — Mike gritou quando Bishop deixou a louça.

Sabendo que ele tinha que respeitar as regras, ele se virou e limpou sua
bagunça sem atitude, depois foi para o quarto pegar seu equipamento. Ele
também tinha alguns novos designs para mostrar Manny no almoço. Ele
decidiu se concentrar em seu trabalho, em vez da derrota esmagadora que
sentira na noite passada. Royce era um estudante universitário agora,
completo com o grupo de estudos sobre hipster. Ele mostrara sua verdadeira
natureza, e Bishop a teria visto mais cedo se não tivesse ido para a prisão dois
meses depois que Royce descobrira seu segredo. Porque, mesmo assim, Royce
obviamente tinha tolerância zero para os analfabetos.

81
— Então, você quer assistir Pesca Mortal hoje à noite? Acabei de
encontrar. Esse programa é viciante, cara. — Mike perguntou a caminho da
porta.

Era muito cedo para pensar no que ele estava fazendo hoje à noite. Mas
o que quer que fosse ele tinha certeza de que estaria em casa.

— Sim. Vou dar uma olhada com você.

Depois de prender o trailer do equipamento na traseira do F150, Mike


saiu da entrada estreita e seguiu para a casa de Trent há dez minutos. Seu pai
tinha um sorriso enorme no rosto que rivalizava com o sol da manhã.

— O que você está fazendo que te deixou tão feliz hoje? —


Perguntou Bishop, folheando as páginas em seu bloco de desenho.

— Estou ansioso por um pouco de tempo de qualidade com meu filho


esta noite. — Mike sorriu.

A risada de Bishop deixou seus lábios antes que ele pudesse pará-lo.

— Você não está?— Mike perguntou.

Bishop pigarreou.

— Um sim.

— Vamos lá B. Eu sei que isso é diferente, mas não somos estranhos. Eu


tive você a minha vida inteira. Eu nunca te deixei.

— Eu nunca disse que você fez.

— Eu era apenas um pai de merda.

82
— Não. — Bishop apertou a ponte do nariz. — Eu sei que você fez o que
pôde. Você era adolescente, Mike. Eu entendi.

Seu pai balançou a cabeça. Talvez porque ele escorregou e o chamou de


Mike novamente, mas Bishop não gostou da expressão que viu. Seu pai estava
se esforçando tanto e Bishop realmente estava tentando encontrá-lo no meio
do caminho.

— Então, o que há de tão bom nesse programa de caranguejo? Você sabe


que pescar peixe e pescar caranguejo são duas coisas diferentes?

Mike se endireitou na cadeira como se tivesse tido uma ótima idéia.

— Talvez possamos fazer as duas coisas. Manny tem uma cesta de


caranguejo. Ele e seus filhos vão o tempo todo. Vou emprestar isso também
quando conseguir seus bastões.

— Tenho a sensação de que vamos ficar loucos por aí. Nenhum de nós
sabe pescar.

— Já era hora de mudar isso. — Disse Mike.

— Eu gosto de jogar boliche. — Bishop deu de ombros. — Eu costumava


ser bom nisso.

Ele não achou que o sorriso de Mike pudesse aumentar.

— Oh sim! Eu não sabia disso. Bem, vamos tentar isso também. Talvez
você possa me ensinar.

Bishop olhou pela janela porque não tinha certeza de como era, com um
sorriso no rosto.

83
No momento em que Trent pulou no banco de trás, ele perguntou.

— Que horas você chegou ontem à noite? Foi tudo o que você imaginou
que seria?

Bishop respirou fundo, sentindo seu corpo começar a esquentar de


raiva. Ele não queria mais pensar na noite passada.

— Cale a boca, Trent. Isso é da conta dele. Ninguém perguntou se Sicilia


fez você dormir no sofá novamente na noite passada, o que tenho certeza que
ela fez.

— Mas está tudo bem. Eu merecia aquele sofá depois de não voltar para
casa na noite anterior. Eu atendo. Mas o que eu quero saber é...

— Pare. Agora! — Mike ordenou

Trent prontamente fechou a boca ao tom de Mike. Era tão intimidador e


comandante quanto o dele. Bishop não era do tipo que deixava outro homem
em sua defesa, mas ele não se importava que seu pai o defendesse. E o céu
sabia que ele não queria lembrar como a língua de Royce era tão aguda e cruel
que Bishop se sentiu inútil em minutos. Ele ficou acordado a maior parte da
noitenovamente tentando esquecer aquelas palavras prejudiciais de sua
mente.

— Bishop, isso é incrível. — Manny falou sobre seus dois últimos


esboços. — Não acredito que você possa ver tudo isso em sua mente. É louco.
Ei, Mike, venha aqui! Veja isso.

84
Eles estavam sentados em uma mesa de piquenique no parque em
frente à propriedade que acabaram de terminar em Virginia Beach. Era uma
área sombreada, e a brisa do pequeno corpo de água atrás deles parecia
agradável em sua pele úmida. Bishop estava agradecido por ele ter seu
equipamento de trabalho adequado hoje e o sol não estar batendo
diretamente em sua pele. Mangas compridas e chapéus eram essenciais no
paisagismo. Seu pai veio com seu boné eroupas largas sentou-se ao lado de
Manny, em frente a ele e Trent.

— O que você tem aí? — Mike se inclinou, franzindo a testa para


o bloco de desenho gráfico de vinte centímetros de Bishop.

— Acho que temos o novo design para a casa do lago de três andares.
Olhar para este homem. Confira as curvas nas camadas internas e externas.

— Perfeito. Merda. É como se eles estivessem se movendo em direções


opostas.

— O arranjo de flores faz com que pareça assim. — Disse Bishop.

Manny se aproximou para estudar algumas flores amarelas brilhantes


que Bishop havia acrescentado ao redor do pequeno lago de carpas do novo
cliente, ao lado do canteiro de flores. — São aqueles…

— Eles são pessegueiros. — Bishop já sabia a que ele estava se referindo.

Manny sorriu.

— Bishop, isso é incrível. Gostaria de deixar Joe trabalhar isso no


software e mostrá-lo ao cliente. Eu sei que ele escolheria um desses.

85
Mike parou de comer seu sanduíche. Seus olhos estavam segurando os
de Bishop por mais tempo do que ele estava confortável, mas ele não desviou
o olhar.

— Estou orgulhoso de você.

Ele lutou para não se mexer ou se contorcer quando todos os olhos


pousaram nele, incluindo alguns caras da equipe que se aproximaram para
ver do que se tratava o barulho.

— Obrigado. — Bishop murmurou, em seguida, afastou o bloco. Ele


arrancou o novo desenho e deu a Manny. Seu filho mais velho, Joe, era um
artista gráfico do jornal local e gostava de praticamente qualquer tipo de
software de design. Então, quando seu pai ou Manny quisessem usar um de
seus projetos, Joe faria com que parecesse profissional.

— Eu vou fazer o Joe projetar isso.

Raphael se aproximou do lado de Bishop, olhando para os papéis.

— Sim. Claro que o inferno não pode mostrar ao cliente um desenho de


giz de cera.

Trent pulou tão rápido que Bishop mal teve a chance de enganchar o
braço antes que ele pudesse pular por cima do assento.

— Jesus. Sente-se, Trent. Eu não dou a mínima para ele. — Seu amigo
não podia simplesmente estalar alguém na boca por ser desrespeitoso... Não
mais.

86
— Tanto faz. — Raphael se afastou quando Trent olhou com raiva para
suas costas.

— Qual é o maldito problema dele, Mike? — Trent sibilou.

— Além do fato de que Bishop assumiu sua posição depois de trabalhar


aqui apenas por quatro meses? — Steve respondeu. Steve era um dos caras
que Bishop mantinha nos cortadores de grama, porque ele não podia
se meter na merda e ele era o caçador de ervas daninhas mais lento que já
vira. Mas ele era um cara legal e sempre aparecia na hora e pronto para
trabalhar.

— Bishop não levou nada. — Rosnou Manny. — Eu nunca promoveria o


Raphael. Ele é muito preguiçoso. Eu teria lhe dado o emprego, Steve, antes de
perguntar a ele.

— Ah não. Eu concordo com vocês. — Steve levantou as mãos. — Estou


feliz como o inferno com as novas mudanças. Bishop tem habilidades loucas.
Não estávamos fazendo jardas como essa antes que ele se juntasse a nós. As
pessoas estão tirando fotos deles e merda. E você sabe que eu sou sobre o meu
dinheiro, desde que vocês consigam bons contratos com os desenhos desse
cara, então eu digo: compre para ele outro maldito pacote de giz de cera.

Todos os garotos riram, enquanto outros contaram algumas piadas de


bom humor sobre os desenhos de Bishop, misturados com elogios sobre o
quanto eles eram meticulosos e se eles seriam capazes de fazer alguns dos
detalhes mais intrincados da paisagem.

87
— Não vai ser um problema. Conseguiremos isso. — Mike ainda sorria
com orgulho.

Steve ainda estava rindo quando acrescentou:

— Sim, seu irmão pode dar o fora, Mike.

Manny e Trent riram ainda mais.

— Esse não é meu irmão, imbecil, esse é meu filho. — Mike rosnou.

Só causou mais risadas quando Steve e alguns dos caras mais novos
continuaram movendo os olhos para frente e para trás entre ele e Mike.
Alguns deles balançam a cabeça como se não acreditassem como se
estivessem brincando.

Mike acenou para eles.

— Vocês são idiotas e vão começar a lamber as botas do meu filho


porque acabei de receber um e-mail de que vencemos a licitação no prédio de
escritório no centro da cidade.

Houve uma pequena pausa antes que os caras soltassem gritos altos.
Bishop olhou para frente, sem querer acreditar. Ele sabia que era o maior
serviço que seu pai e Manny já haviam oferecido. E a decisão deles de arriscar
foi por causa de Bishop. Eles usaram um de seus esboços para o vasto pátio e
estacionamento do prédio de quatro andares.

— Você não está me zoando, está? — Manny gritou.

Mike balançou a cabeça.

88
— Começamos segunda-feira.

— E os dois serviços na estrada militar que faremos naquele dia? —


Perguntou Trent. — Nós não podemos encaixar isso também.

— Vou refazer a programação. Inferno, podemos até ter que contratar


mais alguns caras. — Disse Mike. — Os negócios estão crescendo!

— Ok, já que terminamos o dia, vamos começar as seis da próxima


semana, porque precisamos fazer algumas pesquisas primeiro. — Observou
Manny. — Não há trabalho nessa propriedade há meses. Você sabe que a
cidade de Virginia Beach não tolerará um trabalho mau feito no meio do seu
precioso Centro da Cidade. Todos os olhos estarão voltados para o nosso
trabalho, pessoal.

— Vou dar uma olhada nesta tarde. — Ofereceu Bishop.

Era um trabalho enorme para eles, que poderia colocar os negócios de


seu pai acima de muitas outras empresas de paisagismo em Hampton Roads.
Ele tinha visto o escritório do Centro da Cidade algumas vezes quando eles
foram tirar fotos para ele esboçar idéias para a oferta, mas ele não tinha visto
isso desde então. Era um grande pedaço de propriedade inexplorada que os
proprietários haviam deixado passar por muito tempo e provavelmente
estavam mais preocupados com as caras decorações do lado de dentro do que
com a grama e a sujeira do lado de fora. Ele ignorava os ocupantes do prédio
como sempre fazia, assim como eles, e concentrava sua atenção naquilo que
considerava ser seu ofício.

89
Capítulo 8
Edison

— Você chegou atrasado. — Disse Presley a caminho da porta dele.

— Eu poderia dizer o mesmo sobre você. Você deveria estar saindo da


cidade. — Edison dissea chefe, o sócia sênior e proprietária do escritório de
advocacia em que trabalhava. Ele sorriu para ela quando ela voltou atrás e
enfiou a cabeça na porta dele. — Você terminou seu movimento?

— Sim, chefe. — Ela piscou. — E obrigada por ajudar Marie com a


agenda do capítulo sete, quero dizer, não entendo por que ela continua
lutando com isso. Droga. O software de falências faz tudo por você.

— Nem tudo. — Edison argumentou, não querendo dizer nada negativo


sobre a nova assistente jurídica.

— Você é tão paciente. Ela não é a estrela mais brilhante do céu e você
sabe disso. Alguns dos erros que ela cometeu são meio que reveladores.

— Deixe-me continuar trabalhando com ela. Ela vai se segurar. Todo


mundo leva tempo para se acostumar com o nosso sistema.

— Ok. Você é o gerente executivo. Suas besteiras caem sobre você,


infelizmente. — Presley acenou e se afastou. — Você estará demitindo-a se ela
enviar outra agenda imprecisa para mim.

90
Edison passou a mão pela gravata e decidiu afrouxar o nó grosso
pressionando contra a garganta. Demitir não era sua parte favorita de seu
trabalho, mas às vezes era necessário. Ele odiava especialmente quando um
dos sócios seniores contratava uma coelhinha fofa que parecia linda no
escritório, mas não tinha nenhuma ideia sobre como trabalhar em um. Alguns
deles nem tinham experiência jurídica, muito menos conhecimento sobre
falência. Portanto, como gerente do escritório executivo, era sua
responsabilidade garantir que a equipe de suporte dos parceiros sênior
estivesse operando com eficiência.

Ele era um dos gerentes mais jovens que eles já tiveram, mas ninguém
poderia argumentar que ele também era um dos melhores. E isso foi porque
ele viveu e respirou seu trabalho. Ele tinha o título e o salário para mostrar o
seu trabalho duro, mas também tinha a vida social inexistente. Os jovens
funcionários com quem trabalhava haviam saído as cinco em ponto e, sem
dúvida, já tinham convites para sair do happy hour de rotina de sexta à noite.
Como chefe, ele nunca foi convidado.

Ele desligou o computador e começou a arrumar sua mesa em


preparação para a manhã de segunda-feira. Seu assistente definiu sua agenda
em sua caixa de entrada e rapidamente a examinou para garantir que nada
havia sido adicionado. Ele tinha uma reunião inicial da equipe, depois uma
reunião do comitê de planejamento após o almoço, seguida de outra reunião
do orçamento da equipe sênior às quatro. E ele, de alguma forma, teve que
concluir seu próprio trabalho entre essas discussões demoradas. Ele tinha um
capítulo sete de emergência que Presley precisava concluir na próxima sexta-

91
feira, ou então o salário de seu cliente seria descontado no período de
pagamento seguinte, o que significa que eles tinham pouco tempo para detê-
lo. Ele rabiscou sua agenda para ligar para Strollenburg e dizer a ela que
precisava da documentação dela o mais rápido possível, para que ele pudesse
arquivá-la e obter proteção contra falência. O pensamento da mulher de
sessenta e dois anos, que já estava trabalhando em dois empregos para cuidar
de seus três netos, perdendo quase um salário inteiro realmente mexeu com
seu coração e o fez dar o segundo passo.

Ele apagou as luzes e atravessou o escritório que ocupava todo o último


andar do prédio de escritórios no centro da cidade. Sua empresa, Alfred,
Dolan, Maroko & Bickel, PC, também era dona do prédio e era proprietária de
vários escritórios nos níveis mais baixos. Felizmente, a empresa contratou
uma empresa de gestão imobiliária para supervisionar seus inquilinos, e
Edison não precisou se preocupar com esse departamento. A equipe de
custódia ainda estava lá dentro, então Edison não se incomodou em trancar.

Ele olhou o relógio no caminho pelo opulento saguão do edifício. Seu


estômago roncou alto o suficiente para fazê-lo checar novamente que
ninguém mais tinha ouvido. Já passava das oito horas da noite, já passará
hora de ele jantar. Hoje ele havia almoçado no Bravo com lasanha de três
carnes, pão de alho e dois Arnold Palmers3, então é claro que estava com
fome. Lá fora, o sol já havia se posto sobre a torre alta que ficava no topo do
Westin Hotel, de quatro estrelas. Deixando o céu de um azul e laranja

3
O Arnold Palmer é um nome comumente usado para uma bebida não alcoólica que combina chá gelado e limonada. O nome "Arnold Palmer"
refere-se ao jogador profissional de golfe americano Arnold Palmer, que costumava solicitar e beber essa combinação de bebidas; alguns atribuem
a invenção da bebida ao jogador de golfe

92
bastante pálido, que ele teve que fazer uma pausa e admirar. O Centro da
Cidade estava lindo esta noite, até parecia maravilhoso, pois o talento local ao
vivo que exibiam todo fim de semana podia ser ouvido no grande pátio.

Tantas pessoas passavam a noite quente em trajes casuais, homens de


calça, alguns de bermuda cargo, outros de jeans e Edison viu pelo menos
quatro mulheres de macacãozinho, outras de blazer, outras de saias curtas ou
curtas, ou aquelas eram camisas? Nesta parte de praia da Virginia, o fim de
semana começou ontem. Quinta feira era a nova sexta-feira. O happy hour
durou até as nove. Os restaurantes funcionavam até meia-noite, alguns até as
duas da manhã. Homens de negócios proeminentes organizavam coquetéis
que se filtravam para suas grandes varandas.

Nenhuma dessas cenas o atraiu.

Edison ergueu a bolsa marrom rústica até o ombro e desceu os dez


degraus da entrada do prédio até o caminho escuro. Ele tirou as chaves do
bolso e se preparou para desativar as fechaduras do carro quando uma figura
alta, parada no canto mais distante do gramado, chamou sua atenção. Quem é
aquele? Tudo o que ele podia ver era ombros largos afinando até quadris
bonitos em jeans gastos. O homem ficou rígido, com os pés afastados na
largura dos ombros, e Edison pensou que talvez os braços do sujeito
estivessem cruzados sobre o peito. Ele não podia ter certeza, porque estava de
costas para ele. Ele não parecia ser um empregado, não vestido com jeans
sujos e botas de construção. Talvez ele tenha perdido alguma coisa? O

93
homem estava parado ali, olhando através dos arbustos irregulares e sem
forma que cercavam o prédio.

Apesar de seu bom senso, Edison se aproximou do estranho. Ainda


estava meio claro lá fora e havia outras pessoas por perto, então ele não estava
preocupado. Talvez o cara estivesse desabrigado e desorientado. Edison tinha
certeza de que poderia apontá-lo na direção do abrigo mais próximo. Se um
policial circulasse, ele poderia ser pego por vadiar nesta área. Edison
pigarreou para que ele pudesse projetar sua voz. Ele não era um gritador.

— Desculpe. Posso ajudar?

Ele observou os ombros do homem enrijecerem antes de se virar para


encará-lo lentamente.

Ah Merda. Edison soube imediatamente que havia cometido um erro. O


cara foi construído como diabos, seu peito, seu estômago, suas coxas, todos os
músculos. Droga. Mas o que o preocupava era a maneira como o homem
estava olhando zangado para ele. Edison deu alguns passos para trás ao ver
olhos escuros perfurando-o.

— Eu, uh. — Edison apontou para o topo do edifício. — Eu trabalho


aqui. Eu só estava pensando se talvez você tivesse perdido alguma coisa.

Quando o desconhecido não respondeu, Edison sentiu seu pulso


disparar e ele olhou em volta para ver se alguém os observava. Não. Quando
ele se aproximou, se de conta de outra realização impressionante. Não era
apenas um cara grande e de aparência durona, mas ele era muito mais alto do
que ele pensava. Pelo menos dez ou quinze centímetros acima dele, com uma

94
força imponente que emanava dele. Edison engoliu em seco, sentindo o suor
se acumular sob seus braços e no centro das costas. O homem poderia
facilmente envolver um daqueles grandes bíceps ao redor da garganta,
arrastá-lo pela lateral do prédio e ter seu jeito mau com ele. Porra, Edison.
Pare de ser ridículo. Por que alguém iria querer fazer isso com você? Oh
droga. E o dinheiro?

— Sou Bishop Stockley. Eu sou o novo paisagista. Começo esse trabalho


na próxima semana. — O homem finalmente disse, apontando para um
logotipo em seu peito grande e direito. Sua voz era rouca e profunda, como se
ele não tivesse pronunciado uma palavra em horas.

Edison soltou um suspiro aliviado, e de repente se sentiu um idiota por


ter medo em primeiro lugar. Mesmo por um segundo. Puxa, ele tinha sido
estereotipado? Doce de açúcar! Ele tinha sido preconceituoso por causa da
maneira como esse cara estava vestido? Edison balançou a cabeça.

— Claro. Eu sinto muito. Certo, certo. Eu deveria saber. Acabei de


aprovar a fatura no início desta semana para o Stockley Serviço de Paisagismo
ser enviado para a contabilidade. Uau, eu ouvi vocês montaram uma proposta
impressionante. Parabéns. Tivemos uma tonelada de ofertas.

O cara Bishop não abriu a boca novamente, nem mesmo para aceitar os
elogios pelo contrato. Edison não tinha certeza de qual era o problema, mas
aqueceu seu corpo com a maneira como ele olhou para ele. Houve uma pausa
desconfortável quando Edison ficou parado olhando o peito do homem,
porque ele era incapaz de encontrar seus olhos escuros.

95
— Bem, eu vou deixar você voltar a isso. — Edison se virou e correu para
o caminho e entrou no estacionamento.

Ele ligou o carro e ligou o ar condicionado o mais alto possível. Ele


odiava suar como um porco da fazenda sempre que estava nervoso. Ele
grunhiu e puxou o nó da gravata, puxando-o mais para baixo para que ele
pudesse respirar. Edison olhou para cima e viu o novo sujeito do gramado
caminhando na direção oposta, indo em direção a uma picape branca com
uma identificação na porta anunciando o nome da empresa. Edison tinha
perdido tudo isso e sabia o porquê. Ele fora atraído para aquela figura grande
e iminente com visão de túnel. Bishop. Esse era o nome dele. Cara, ele era
intenso. Edison viu as pernas de Bishop percorrerem no gramado, seus passos
confiantes e decididos. Ele lançou outra longa expiração. Isso tinha sido um
monte de homem. Ele parecia jovem para ter sua própria empresa de
paisagismo, mas Edison descobriu que admirava isso. Bishop Stockley era
obviamente um homem que tinha vontade e determinação. Edison espiou seu
peito indefinido e seu estômago gordinho, desejando ter a vontade e o desejo
de alcançar seus objetivos.

Puxe- me em uma esquina para ter seu jeito desagradável comigo. Ok,
certo. Era meio deprimente pensar que ele não tinha um homem que lhe
mostrasse maneiras de nada ultimamente. E foi esse o raciocínio que ele usou
para parar no caminho de casa e comprar meia dúzia de donuts quente.

96
Capítulo 9
Bishop

— Eu poderia me acostumar a trabalhar no centro da cidade, cara. Onde


você quer almoçar? Mike até aumentou nossa pausa para uma hora. Isso é tão
viciante. E há toneladas de restaurantes por aqui. — Trent sorriu, caminhando
pelo estacionamento em direção ao trailer. — É assim que os locais os
chamam.

— Sim, restaurantes caros. Você reclamou de gastar dez dólares no café


da manhã na semana passada, imagine quanto o almoço custaria por aqui.
Você quer gastar quinze dólares para um sanduíche de ruibarbo como Manny
acabou fazer? — Bishop enfiou a mão no banco de trás do caminhão e pegou
o refrigerador. — Eu trouxe o meu.

— Você me trouxe alguma coisa? — Trent disse, olhando avidamente


para o refrigerador de Bishop. Ele riu e o empurrou no ombro.

— Como você conseguiu uma mulher, mas sempre está com fome?

— Ela deveria me alimentar? — Trent recusou. — Quem disse? Se eu


entrar e perguntar a ela o que tem para o jantar, provavelmente vou receber
uma daquelas coisas do CD na minha cabeça.

Bishop riu.

97
— Bem, ela trabalha em turnos de doze horas no hospital. Você deveria
cozinhar para ela e talvez ela faça isso por você.

— Tanto faz. Você sabe às vezes eu realmente sinto falta do Bishop do


tipo; não diga besteira foda-sevocê fez sua cama deite-se nela. — Trent se
mudou com ele para onde alguns caras estavam comendo sob um pequeno
dosselque Mike e Manny havia montado. Não havia muita sombra nessa área,
especialmente ao meio-dia, então às vezes eles precisavam criar os suas
próprias.

Bishop não reagiu. Ele não sentia falta daquele cara. Ele nem era real.
Bishop era apenas um sobrevivente naquela época.

— A propósito, Sil diz que ela tem novos CDs, se você quiser ouvir. —
Disse Trent, aceitando um dos quatro sanduíches de peru e queijo de
Bishop que ele havia embalado na noite passada enquanto ouvia Mike gritar
na sua mais recente obsessão pelo programa de TV, Pesca Mortal. — Eu não
posso acreditar que você gosta de ouvir esses essas coisas bregas.

Bishop encolheu os ombros. Ele terminou um sanduíche em alguns


minutos e foi para o próximo quando confessou.

— Eu sei, meio. Quero dizer, é um livro inteiro em um CD-ROM sendo


lido para você. Quem pensou nisso é bastante gênio. Eu só queria que sua
garota tivesse algo além de romance.

Trent o empurrou para o lado, rindo dele.

— Eu aposto.

98
— Só ouço porque isso me dá uma folga da Netflix o tempo todo. Não
temos cabo, e os videogames ficam chatos, então...

— Entendo. — Trent assentiu.

Ele realmente queria que Sicilia tivesse algum mistério, ou ficção


científica, ou algo assim. Ouvir algumas dessas cenas de amor era um pouco
demais para um homem que não tinha tido sexo há quase seis anos. Merda.
Bishop fechou os olhos e bebeu uma de suas garrafas de água de uma só vez.
No segundo, ele deixou o último quarto escorrer pela garganta quente e pelo
colarinho. De repente, ele estava se sentindo mais quente do que antes.

— Há uma livraria Barnes & Noble naquele quarteirão. Trent apontou.


— Ao lado do hotel.

— Eu vi. — Bishop murmurou, abrindo outra garrafa de água gelada.


Ele se inclinou para frente, onde estava sentado no chão macio e jogou
metade daquele sobre o crânio, depois colocou o chapéu de volta.

— Você deveria ir lá e escolher o seu próprio. — Disse Trent com


naturalidade, depois se levantou para sair. — Eu tenho que ligar para Sil.

Bishop fechou a bolsa térmicatirou o macacão e enfiou-o embaixo da


cabeça enquanto ele se esticava para relaxar nos últimos trinta minutos de seu
almoço. O pensamento de entrar naquela livraria sofisticada não o agradava.
Ele não tinha certeza de que poderia encontrar o que procurava sem precisar
pedir ajuda. Ele odiava fazer isso. De óculos escuros, ele olhou para o alto
prédio do Centro da Cidade e se perguntou como seria ir a um lugar assim
para trabalhar.

99
Edison

Edison deu outra mordida na barra de granola de trigo natural


sentindo-se orgulhoso por ter empurrado C9 na máquina de venda
automática e não C15 para os Snickers. Ele estava parado na janela olhando
para a equipe de paisagismo nos últimos quarenta e cinco minutos, mesmo
que seu almoço tivesse terminado há dez minutos. Ele simplesmente não
conseguia se afastar. Edison não tinha visto Bishop no local, não que ele o
estivesse perseguindo. Não era incomum ele olhar pela janela de vez em
quando e apreciar a vista. E era uma bela vista que ele tinha.

Bishop decidiu almoçar no gramado sul, onde Edison tinha uma visão
desobstruída de Bishop despejando água gelada por toda a sua pele beijada
pelo sol. Ele acreditava que Bishop era um homem branco, mas estava tão
bronzeado que Edison não podia ter certeza se isso era do seu trabalho ou se
ele era mestiço. O cabelo de Bishop era um simples corte de mechas negras
tosquiadas, com um corte justo emoldurando sua testa popa e uma barba
cheia por fazer. Edison deu outra mordida de seu lanche e mastigou.
Bishop havia tirado o macacão azul marinho e o enfiara embaixo dele
enquanto ele dormia com um par de jeans e uma camisa preta de mangas
compridas. A partir de algumas histórias, Edison conseguiu entender a
definição nos braços e no estômago de Bishop de que ele tinha certeza de que
era natural. Todo aquele transporte, corte e elevação estava destinado a
manter um homem em forma. Que boa forma.

100
Edison estava praticamente babando. Bishop levantou uma perna e
deixou-a cair para o lado, e Edison quase apertou a testa no vidro frio para ver
se isso era realmente uma impressão de... Oh, isso é tão ruim, para não
mencionar imaturo. Você tem que parar. Edison gemeu quando seu pênis se
rebelou e endureceu a ponto de não poder ignorá-lo. Oh Deus. Bishop colocou
um braço sobre a testa e o outro sobre o peito, enfiando a mão na cova.
Contra seu melhor julgamento, a outra mão de Edison, que não estava
segurando um invólucro de granola vazio, avançou em direção ao zíper. Ele
não ousaria puxar o pau para fora no escritório, mas não resistiu a pressionar
com firmeza para aliviar a pulsação.

Ele se perguntou como seria um homem grande assim segurá-lo contra


a parede e pegar o que queria dele. Um homem grande que não teria
problemas com seu tamanho, porque com braços como aqueles, ele
provavelmente poderia bancá-lo. Edison gemeu fracamente, apoiando-se em
seu pênis inchado. Parecia obsceno, empurrado contra sua calça lisa. Ele
lambeu o lábio inferior quando pensou em como a água caíra em cascata
na longa garganta de Bishop.

— Edison!

As duas batidas rápidas na porta antes de sua secretária enfiar a cabeça


e soltar o nome dele o fizeram pular com tanta força que ele bateu a cabeça
contra a janela. Sua mão voou para longe de seu pau e até seu rosto. Porcaria!

— Mila. — Edison bufou, tentando fazer sua mente parar de girar. Ele
se sentiu tão perdido. Como quando seu pai o pegou se masturbando para um

101
vídeo de Blake Shelton quando tinha dezesseis anos. Ele se virou para que ela
não visse o que ainda era bastante visível. — Você deve ser cortês e esperar até
eu dizer entre, por favor.

Ela lhe deu uma careta estranha, e Edison tentou não se contorcer.
Como no mundo ele deixou isso acontecer? Ele estava disposto a sua ereção
cair o melhor que podia. Ele olhou pela janela e notou que a equipe de terra
estava de pé, como se estivesse voltando ao trabalho, e pegou a parte de trás
do corpo enorme de Bishop dobrando a esquina antes de desaparecer.
Definitivamente foi o melhor.

— Mas, eu sempre... Eu nunca... — Mila entrou e fechou a porta atrás


dela, inclinando-se contra a superfície dura. Sempre que inclinava a cabeça
para um lado assim, dava o penteado bob perfeitamente assimétrico que
usava para inclinar para um lado. — Está tudo bem? Rosemary disse que você
parecia chateado depois de encontrar Jessica na semana passada. Ela sabe
que você negou a licença dela?

A ereção de Edison secou mais rápido que um balão estourado. Ele


tentou esquecer o comentário rude de sua colega de trabalho, mas não teve
sucesso. Então, depois de ser pego fantasiando com o cara do gramado, um
cara que ele não conseguia prender em um milhão de anos, não importava se
ele perdesse os últimos vinte quilos ou não, tornou tudo tão óbvio. Ele
atravessou o escritório e sentou-se cautelosamente.

— Eu disse, e ela não estava feliz.

102
— O que ela esperava? Este não é um local de lazer onde você pode ir e
vir trabalhar quando quiser. Este não é o Google. Ela é tão idiota. — Mila
pegou suas mãos largas e as ergueu como se estivesse torcendo um pescoço. —
Essa figura bonitinha não vai levá-la tão longe quanto ela pensa.

Edison mudou alguns papéis, sem se importar em realmente ver o que


estava fazendo. Mila sentou-se em frente a ele em uma das cadeiras de frente
para sua ampla mesa.

— Parecemos odiados ditadores.

— Nós não. — Mila murmurou. — Eu nunca odiaria os desnutridos.

Enquanto Edison constantemente lutava com seu peso flutuante, Mila


estava feliz e orgulhosa de esta fora do tamanho padrão e seu marido ainda
mais feliz. Ninguém perdia a maneira como ele olhava para ela nas funções do
escritório ou da maneira como ele ficava envolvido em torno dela. Então
Edison sabia que esse tipo de amor era possível para pessoas que se pareciam
com ele. Apenas não tinha vindo no seu caminho.

— Ela não disse nada de mal, disse? Ouvi dizer que ela pode ser uma
cuspidora de verdade quando não está conseguindo o que quer. Juro que vou
direto ao RH esta tarde com a reclamação. Mila estava se levantando da
cadeira como se fosse pegar os formulários da mesa.

— Sente-se, sente-se. — Edison acenou. — Não. Eu disse a ela que foi


negado e saí da sala de descanso. Acho que estou cansado de toda a agitação
de concluir esses registros de emergência. Na verdade, estou ansioso para que
as coisas desacelerem e me concentre na apreciação da comunidade no

103
projeto do parque que está por vir. — Sim, isso manteria sua mente ocupada.
Ele adorava esse projeto e, embora não tivesse tempo para liderá-lo, ele o
administrou discretamente.

— Bem. Eu vim aqui para lhe dizer que sua reunião da equipe sênior foi
alterada da sala de conferências um para o Bravo. Enviei para o seu telefone
há vinte minutos, mas você ainda não o leu. ─ Ela se levantou e ajeitou o
vestido esvoaçante e floral e ficou no lugar em que Edison acabava de se tocar
na frente da janela aberta. Ele passou a mão na mandíbula lisa, tentando
parecer imperturbável. — O que você estava vendo foi tão fascinante aqui que
eu assustei o diabo de você, afinal?

Edison engoliu em seco.

— Eu estava apenas checando o trabalho que estava sendo feito lá em


baixo. Esses caras são bons.

— Eu sei certo. — Ela sorriu, esticando a cabeça para o que tinha


chamado sua atenção. — Alguns dos caras estavam me encarando com tanta
força quando cheguei esta manhã que estava prestes a dizer a eles para tirar
uma foto, que duraria mais.

Edison balançou a cabeça. Mila estava tão cheia de confiança que


desejou poder pegar emprestado um pouco disso.

— Nenhum deles foi inapropriado, não é? — Edison perguntou,


mantendo o chapéu de chefe.

104
— Não. Espero que sim, no entanto. Uma garota precisa ouvir alguns
gritos e insinuações impetuosas às vezes. Ela sorriu para ele. — Você também
pode ouvir um pouco, porque eu tenho certeza que quando você sai com
Skylar, ele não o inunda exatamente com reforço positivo.

— Eu não saio com ele. — Edison cerrou os dentes. — Ele veio à minha
casa algumas vezes para pegar uma coisa ou outra, e fomos a algumas
reuniões juntos, mas isso é apenas porque Skylar gosta de ser motorista.

— E você concorda. — Disse Mila, dando-lhe uma careta de pena. —


Você é o chefe, Edison. Você não pode deixá-los passar por cima de você
porque quer se encaixar. Skylar, Jessica, Courtney e Smith... Eles não são os
garotos legais, você sabe. Você precisa de um círculo melhor de amigos.

Que amigos? Edison respirou. Nenhuma dessas pessoas saiu com ele,
nunca. Ele apreciava a preocupação de sua assistente, mas ele meio que
queria ser deixado sozinho agora.

— Mila, hum. Você pode confirmar o encontro no Bravo?

— Já fiz. — Disse ela rapidamente.

Edison olhou em volta da mesa para ver o que ele poderia pedir para
fazê-la voltar ao seu cubículo.

— Então você pode ligar para a Srta. Strollenburg e dizer a ela que eu...

— Feito e feito. Ela chegará às cinco e meia com os documentos que você
solicitou antes de ela ir para o trabalho noturno. Mila se levantou. —
Mantenha sua cabeça fora das nuvens e verifique sua programação atualizada.

105
Não era assim que a cabeça dele estava nem uma delas, mas tudo bem.

— Certo. Vou dar uma olhada agora.

— E não coma nada no Bravo, você almoçou lá na semana passada. E eu


sei que você está cozinhando em casa. — Disse Mila ao sair. Ela podia falar
com ele assim, porque sabia que ela tinha boas intenções e queria que Edison
estivesse feliz em sua própria pele.

Edison passou os dedos pela gravata.

— Certamente, um aperitivo não faria mal. E... Talvez um pouco de pão


e azeite.

— Edison... — Ela rosnou.

— Sim, ok, sem pão. Vá em frente, tenho algumas ligações a fazer.

— Eu vou saber se você comeu de qualquer maneira. — Ela avisou,


depois fechou a porta atrás dela.

106
Capítulo 10
Bishop

A semana tinha corrido bem e Bishop estava gostando do novo projeto,


mas ele estava feliz por ser sexta-feira. Ele havia dito ao pai que estava
voltando para o Centro da Cidade para verificar o equipamento, porque não
achava que as lonas das sacolas de cobertura preta premium estivessem
seguras o suficiente para o fim de semana inteiro e queria checar novamente.
Esperava-se que houvesse tempestades no domingo, mas Mike ainda o
olhava cético. Bishop estava preocupado com as lonas, mas ele também
queria fazer outra corrida nas proximidades. Levou alguns segundos para seu
pai ceder e jogar as chaves do caminhão. Sexta feira significava que seu pai
estaria no apartamento de sua namorada até amanhã à noite. Bishop gostava
de tirar vantagem de ter o lugar sozinho quando podia desligar a televisão alta
e colocar um daqueles livros em CD e trabalhar em alguns esboços. Mas não
há mais romance! Se ele ouvisse mais duas páginas de respiração e gemidos,
ele iria perder suas bolas azuis.

Claro, teria sido fácil para ele encontrar um gostoso para a noite em um
dos clubes do centro da cidade, mas não era isso que Bishop queria. Depois de
ver o que ele tinha na prisão, o pensamento de sexo sem sentido e sem amor
fez seu estômago revirar. Fez com que ele sentisse que deveria estar de volta
àquelas celas, ouvindo o sulco e o grunhido de corpos duros e irritados. Tinha

107
estado em seu rosto, nas oportunidades, e ele lutou o tempo todo, jurando que
esperaria até que pudesse segurar um homem de boa vontade e ternura em
seus braços. Alguém que o quisesse.

Estou lhe dizendo que ele tem o QI de uma formiga! Bishop bateu no
volante com o punho e esfregou a mão na cabeça. Ele queria parar de repetir
essa declaração várias vezes em sua mente, mas não sabia como. Merda. Por
que diabos ele não podia? Ele se despediu de Royce.

Bishop olhou para a placa de neon verde brilhante em cima da loja que
ele estava estacionado na frente. Ele assistiu várias pessoas entrarem e saírem
da livraria Barnes & Noble nos últimos quinze minutos, tentando sair da
caminhonete. Ele sabia que era estúpido ser intimidado por uma loja, mas
caramba, ele estava. No entanto, lá estava ele e encontrou um CD de livro que
ele iria gostar ou ser forçado a ouvir o que Sicilia havia lhe dado quando ele
deixou Trent. Bishop pressionou o polegar contra a têmpora quando pensou
na capa do homem e da mulher se beijando enquanto era arrastada por uma
onda na praia. Apenas saia, cara. Bishop quase podia ouvir a voz de seu
colega de cela, Woods. Ele o chutaria na bunda agora por duvidar de si
mesmo.

Ele segurou a porta para duas mulheres andando à sua frente. Eles
sorriram e ambos agradeceram enquanto lhe davam uma discreta olhada. Ele
não puxou ansiosamente suas roupas escuras; em vez disso, levantou a cabeça
e entrou na livraria bem iluminada. Muita coisa saltou e atacou seus sentidos
ao mesmo tempo. O mais potente é o aroma de café. Bishop reconheceu o

108
logotipo da Starbucks na área de cafés e evitou ir nessa direção. Ele avançou
pelo corredor, tentando não parecer turista, e olhou para o teto alto e as
imponentes prateleiras de literatura. Grandes placas e anúncios foram
postados em cada mesa que ele passava. Mas não apenas todo o espaço
disponível estava repleto de livros, mas também brinquedos, doces,
alimentos, material de escritório e muito mais.

Todos os outros se moveram ao redor dele, parando em várias mesas


para conferir a seleção, pegando um livro e virando-o para trás para ler mais
sobre ele. O coração de Bishop começou a acelerar. Será que essas pessoas
sabiam a sorte que tinham? Eles tomaram sua educação como garantida ou
alguma vez pensaram nas pessoas que não conseguiram, mas que escaparam
das rachaduras? Bishop não culpou nenhum sistema pelas escolhas que ele
fez. Tudo o que ele queria agora era uma chance de começar de novo. Talvez
até faça certo desta vez. Mas isso nunca aconteceria se ele continuasse
deixando o medo agarrá-lo. Não é o medo de ser analfabeto. Mais o medo de
ser condenado por ser analfabeto.

Ele teve que fazer a escolha consciente de mudar sua situação. Ele
pegava o livro do CD e depois veria se eles tinham alguma coisa para começar
a ensinar a ler. Bishop esticou a cabeça em diferentes direções, procurando
algo que se assemelhasse ao que Sil havia lhe dado. Ele caminhou por um
corredor vazio, notando que os livros nessas prateleiras pareciam quadrinhos
e arte gráfica. Ele queria parar e pegar uma, mas achou melhor primeiro
conseguir o que procurava, antes de verificar outra coisa. Ele queria ficar lá a

109
noite toda e passar por tudo o que tinham, mas parecia que ele usava uma
placa vermelha piscando na cabeça que piscava que eu não sei ler.

Ele deve ter parecido perdido, por mais que tentasse, porque um garoto
jovem de rosto cheio de espinhas aproximou-se dele, vestindo uma camisa
verde escura e perguntou se ele poderia ajudá-lo a encontrar alguma coisa.
Bishop lembrou-se de passar por aquela fase embaraçosa de uma voz aguda e
acne que não iria parar. Ele também se lembrou de Mike dizendo a ele que
fazer espinhas significava que era hora de um garoto pegar uma bunda e se
tornar um homem. E Bishop foi condenado, funcionou. Mike não era o pai do
ano, mas foi assim que ele cresceu.

Bishop ficou feliz por ter sido esse garoto que pediu ajuda.

— Sim. Estou procurando seus CDs de livros.

O garoto franziu a testa. Ele tinha uma prancheta na mão e um tablet


em cima disso.

— CD de livro?

Merda. Agora ele não tinha certeza se os estava chamando de a coisa


certa.

— Sim. Os livros que estão no CD ROM.

O funcionário estalou os dedos e depois se colocou no lado da cabeça.

— Livros áudio! Certo. ─ O garoto apontou por cima do ombro


de Bishop. — Você não ouve mais muito o CD-ROM, mas sim, temos algumas
cópias impressas aqui.

110
Livros Áudio. Entendi. Cópias impressas? Bishop não tinha certeza se
era isso que ele estava procurando, mas ele seguiu o garoto de qualquer
maneira.

— Bem aqui. — Ele apontou para as diferentes prateleiras. — Isso é


tudo o que temos na loja, mas se você tem um título, quer que eu procure,
posso ver se o temos e encomendá-lo para você.

— Não. ─ Bishop assentiu. — Isso esta bem, obrigado.

— Ok. Eu estarei por perto. — O cara se afastou e Bishop se viu sorrindo


como tinha fácil isso, mais do que ele pensava. O jovem rapaz não suspeitava
de nada. Bishop aproximou-se das prateleiras, evitando os livros que
pareciam pastel e doces, e começou a procurar capas que tinham alguns
homens na frente, de preferência com armas, correndo em um beco escuro ou
diante de uma explosão. Algo que gritava mistério e suspense, não, orgasmos
aguardam.

Ele encontrou um homem solitário em pé na frente de uma grande


janela olhando para um lago. Um livro de LT alguém. Então ele escolheu um
com um homem recortado andando por uma rua pouco iluminada com uma
criança ao seu lado. Bishop reconheceu a palavra assassino no título de seu
videogame favorito chamado Assassino Creed. Esse aqui tem que ser bom.
Ele queria continuar procurando e comprá-los todos, mas custava dez e
noventa e nove cada um, ele pegou com apenas dois.

— Você encontrou o que queria senhor? — O garoto o interceptou


quando ele estava caminhando em direção ao caixa. Bishop estava se sentindo

111
feliz com seus novos livros áudio, seus próprios livros. Agora tudo o que ele
precisava fazer era continuar avançando para melhorar sua vida.

— Na realidade. Estou procurando mais uma coisa.

— Certo. Venha aqui. ─ O jovem desviou o labirinto de mesas e balcões


até chegar a um posto de atendimento ao cliente no centro da loja. Ele
pressionou algumas teclas do teclado e deu vida ao monitor e perguntou
a Bishop qual título ele precisava.

— Não tenho título. Que seção são os... Livros de aprender a ler? ─
Bishop baixou a voz na última parte de sua pergunta, mesmo que não
houvesse mais ninguém no balcão.

— Para que série? — O cara perguntou.

Bishop fez uma careta. Droga. Sua mente já estava gritando para ele
correr, abortar. Bishop sentiu alguém se aproximar do seu lado direito,
esperando o serviço, olhando para eles. Não havia mais privacidade com
transações no balcão? Ou ele apenas sentiu como se todo mundo estivesse
olhando para ele.

— Para o ensino fundamental?

De repente, a garganta de Bishop sentiu como se ele tivesse um bloco


alojado nela. Como ele não pensou nisso primeiro? Ele não poderia começar
com nada muito pesado. Também não ajudou que ele estivesse agora perto da
seção infantil da loja, e a visão de bebês com menos de cinco ou seis anos

112
estava sentada em pequenas mesas e folheando seus livros. Sim, ele precisava
sair agora.

— Eu hum. Obrigado. Eu só vou levar isso.

Os olhos do garoto se arregalaram e depois abaixaram como se ele


tivesse percebido o que Bishop estava dizendo. Primeiro os livros de áudio,
agora ele estava pedindo um livro sobre como ler. O cara não era burro.
Então, na hora certa, veio a lamentável expressão de que sinto muito por
você.

— Boa noite. — Bishop murmurou e virou-se para sair.

— Lá embaixo do unicórnio pendurado no canto mais distante está algo


que você pode estar procurando.

Bishop seguiu o olhar do sujeito e se retirou para a seção, felizmente


deserta, da loja. Ele checou os livros nas prateleiras sob o bicho de pelúcia
reluzente e imediatamente sentiu vontade de derreter no chão. E tão rápido
que seu humor exaltado desabou sobre suas botas sujas. A maioria dos livros
tinha imagens coloridas de crianças sorridentes, segurando livros na vitória.
Havia também cartões de memória e livros de aulas. Todos eles parecem ser
para a escola primária. Bishop xingou baixinho e apressou-se e pegou o que
dizia fácil e tinha o número um no canto superior esquerdo, assumindo que
era um nível inicial. Ele quase mudou de ideia novamente quando chegou à
frente da loja e viu a fila recuar e havia apenas dois caixas trabalhando nos
registros. Todas essas pessoas aqui na sexta-feira à noite e não têm mais
funcionários do que isso?

113
Bishop estava com o livro de aulas de primeiro nível debaixo do braço e
os livros áudio na mão, enquanto girava lentamente um carrossel de
marcadores para evitar o contato visual ou a conversa ociosa na fila. O
repentino toque de um liquidificador de alta velocidade o fez olhar na direção
do ocupado Starbucks. A língua de Bishop ficou presa na garganta quando
seus olhos pousaram no homem excessivamente prestativo que o abordara
quando ele estava examinando a propriedade do Prédio do Centro da Cidade.
Olhos claros que brilharam ainda mais quando ele o viu. Merda. Bishop
esperava como o inferno que ele não fosse vir e tentar... Foder.

Bishop entrou em pânico quando o cara levantou um dedo em sua


direção e se levantou da mesa redonda, correndo para pegar seus livros e
beber. Ele estava sentado com alguém, mas ele nem se deu ao trabalho de
reconhecer seu amigo antes de deixá-lo e ir em direção à frente da loja.

Não, não, não. Bishop apressou-se e retirou a pasta de trabalho da axila


e a colocou debaixo de uma pilha de calendários sobre a mesa ao lado dele.
Suas mãos quase tremiam quando ele se certificou de que nenhuma parte do
livro da escola primária pudesse ser vista. Bishop olhou para cima bem a
tempo de ver o Senhor Útil entrando na abertura da fila, dirigindo- se a ele
com uma expressão de surpresa, mas um pouco nervosa, tocando em seu
rosto.

Bishop tentou não estudá-lo, mas foi difícil. O cara tinha certa qualidade
interessante para ele. Ele era mais jovem que ele, com certeza, porque seu
rosto era tão liso quanto seda, mas ele não falava assim. Ele também não se

114
vestiu assim. Ele usava calças que combinavam bem com suas pernas grossas
e Bishop gostava de como elas o abraçavam nos lugares certos. Ele tinha uma
leve barriga contra seu belo cinto de couro e seu peito estava cheio, não era
largo e também não estava marcado por definição; mas Bishop descobriu que
gostava da maneira como todo o pacote era montado.

— Olá. — O cara disse em um tom agradável, a palavra deixando aqueles


lábios sorridentes em uma respiração ofegante.

Bishop acenou com a cabeça uma vez e depois resmungou:

— Ei.

— Eu estou... Eu sou Edison. Você se lembra de mim da outra noite? Eu


trabalho na...

— Eu lembro. — Disse Bishop, sem querer impedi-lo, mas ele estava


nervoso e chateado por quase ter sido pego. Edison não era apenas bastante
atraente de perto e com toda essa iluminação ousada, mas, por Deus, ele
trouxe um perfume incrível junto com ele. Limpo, fresco e convidativo.

— Oh. Sim, claro. — Edison riu. E esfregou a mão na gravata preta e


olhou em volta como se estivesse procurando por mais palavras.

Bishop também não foi em seu socorro. Em vez disso, ele continuou a
estudar Edison, sem saber por que estava tão enrolado ao seu redor. Ele tinha
certeza de que não era nada além de um trabalhador para esse cara. No
entanto, ele precisava jogar bem, ele não podia comprometer seu trabalho por
nada. Bishop achou que ele tinha feito um bom trabalho em parecer menos

115
intimidador e não tão “carrancudo” como Mike havia dito, no entanto, Edison
aindaencontrava o seu olhar e mantinha os olhos por muito tempo.
Quando Bishop conseguiu desviar o olhar da pele macia e dos lábios carnudos
de Edison, ele notou que tinha duas grossas brochuras apoiadas na dobra de
um braço.

Edison olhou para sua própria seleção e depois para o que Bishop tinha
na mão. Seu rosto abriu um sorriso tão brilhante que quase o cegou.

— Livros de áudio. Agradável. Eu amo esses, eu tenho pelo menos...

— Cara. Não é legal, Edison. — Disse um cara rudemente, falando sobre


a voz calma de Edison. Ele veio do nada. Ou talvez Bishop simplesmente não
tivesse se incomodado em notar mais ninguém. O cara com quem Edison
estava sentado no café estava atrás dele praticamente franzindo a testa na
parte de trás do crânio. — Você poderia ter esperado. Eu disse que estava
enviando um e-mail.

Bishop observou Edison respirar fundo antes de se virar e reconhecer o


amigo.

— Espere o que, Skylar?

— É apenas Sky. Eu te disse isso um milhão de vezes. Eu sei que você


odeia apelidos, mas o meu me faz parecer sexy. — Skylar sorriu.

— E como seu chefe, isso é o oposto do que eu estou buscando... Eu te


disse isso um milhão de vezes.

116
— Veja. Não estou interessado em ficar nessa fila. Pague para mim. — O
homem teve a audácia de pedir.

Bishop não sabia o que fazer com esse idiota arrogante. Ele ficou ali,
perplexo, que eles ainda faziam caras assim; chorosos, auto-importantes e
vaidosos. Como se ele fosse uma cópia de um dos homens da revista GQ que
ele estava segurando.

— Acho que você pode fazer isso sozinho. — Disse Edison friamente,
depois se voltou para Bishop. — Então, de qualquer maneira. Eu também
estava mencionando meu amor por livros áudio. Eu tenho tantos que tive que
comprar uma estante separada apenas para eles.

O cabeça de pênis não deve ter notado que Edison estava interessado
em outra coisa além dele, porque no segundo que ele, enfiou o telefone no
bolso do jeans e cruzou os braços sobre o peito para observar. Bishop não
gostou da expressão irritada que ele encarava Edison ou do olhar repugnado
que ele lhe deu.

— Eu realmente gosto deste lugar. Barnes & Noble, quero dizer. Não
Starbucks. É realmente incrível e eu provavelmente poderia sentar aqui a
noite toda. Você também vem aqui com frequência? — Edison pareceu fazer
uma careta ao ouvir seu clichê e o constrangimento da entrega, depois tentou
se recuperar sorrindo. — Não é assim... Isso. Quero ler... Como numa sexta à
noite?

— Suave. — O amigo de Edison cantou antes de soltar uma risada


silenciosa.

117
Bishop sentiu que o cenho dele tinha cavado firmemente de volta no
lugar. Sua testa estava quente e a têmpora esquerda pulsava enquanto sua
impaciência crescia.

Edison pareceu se arrepiar com o comentário do amigo, mas não se deu


ao trabalho de reconhecê-lo. Em vez disso, ele apontou para os CDs de
Bishop.

— Por um tempo, eu estava com um cd de áudio direto, mas não


demorou muito para voltar às cópias impressas e ao meu Kindle.

Bishop assentiu, desejando ter mais a dizer, mas não o fez. Ele
literalmente não tinha nada a acrescentar, porque não tinha muita certeza do
que Edison estava falando. Ele o observou mordiscando o lábio inferior, a pele
rosando levemente ao redor da mandíbula.

— Eles são legais de ouvir quando eu cozinho.

— O que é o tempo todo. — O idiota murmurou atrás de seu punho,


depois olhou em outra direção, como se alguém tivesse dito isso.

— Skylar. Você pode... — Edison bufou e virou-se para o homem mais


alto. — Apenas me dê sua revista, eu pagarei por ela.

Bishop só podia imaginar o olhar furioso que ele estava usando. Ele
queria tanto chamar esse cara, mas sabia melhor. Não era o lugar dele. E essa
loja certamente não era o lugar. Bishop estava longe de seu mundo. Embora o
trailer dele e de Mike em Norfolk estivesse a apenas vinte minutos de Virginia
Beach pela Interestadual 264, poderia estar a vinte dias de distância.

118
Hampton Roads era uma comunidade grande e rica, mas infelizmente ele
morava nas partes mais pobres.

— Oh não, está tudo bem, Edison. Acho que vou ficar e assistir a isso. —
Skylar riu de novo e Bishop achou que parecia uma gargalhada de bruxa.

Edison fez aquele sorriso nervoso e começou a mexer na gravata quando


olhou para o amigo que Bishop achou que era o pior ala de todos os tempos.

Que diabos tipo de amigo é esse? Mas a melhor pergunta era por que
Edison suportou essa merda? Ele é inseguro? Trent nunca teria tentado
humilhá-lo assim. Bishop não demorou muito para ler esse cara também.
Skylar era um assediador sério. Ele não sabia pelo que odiava Edison, mas era
obviamente algo. Bishop poderia não ter sido capaz de ler livros, mas ele
sempre foi um dos melhores em ler as pessoas falsas.

— Oh nada. — O cara brincou.

Edison esfregou a garganta. Seu botão de cima já estava desfeito e a


gravata estava puxada para baixo o suficiente para fazê-lo parecer confortável,
mas Bishop podia ver o quanto ele não estava.

— Enfim, eu só queria dizer que vocês estão realmente fazendo um


trabalho incrível no prédio. A empresa tinha citações por falta de
manutenção.

Bishop assentiu.

— Assim. Sim. Eu queria perguntar se sua empresa atende a residências


particulares. Casas? Edison se remexeu novamente. — Estou planejando

119
arrumar meu quintal há anos. E não pude examinar nenhuma empresa de
paisagismo porque estou sempre no trabalho.

O amigo de Edison fez um som de escárnio, mas não disse mais nada
quando Edison olhou para ele.

— Não estamos recebendo novos clientes. Mas posso lhe dar o nome de
uma empresa que está tomando nosso excesso. — Disse Bishop, rígido.

— Oh, morri. — Skylar riu. — Abatido como um míssil de curto alcance.

— Certo. — Edison parecia que estava tentando ao máximo ignorar as


provocações intermináveis atrás das costas e disse em um murmúrio
sussurrado: — Isso seria ótimo.

— Isso é triste... É mesmo. Eu simplesmente não posso mais assistir.

— O que exatamente você está assistindo, Skylar? — Edison tentou


parecer severo, mas não pareceu funcionar.

— Vendo você tentar flertar. — Skylar riu novamente. — Acho que


nunca vi isso. Eu pensei que você estivesse morto lá em baixo. Eu quase quero
pegar meu telefone e gravá-lo para o escritório.

Bishop sentiu pena de Edison quando seu rosto se iluminou e suas


bochechas macias e outrora cor de pêssego estavam cheias de manchas
vermelhas e irritadas. Edison evitou os olhos de Bishop e, em vez disso, olhou
para a fila que não se movia e para os caixas esparsos, como se estivesse
tentando transmitir silenciosamente a eles para se apressarem.

120
Capítulo 11
Edison

— O que! Skylar, não, eu não estava. — Edison espiou Bishop e depois se


apressou a virar a cabeça novamente quando viu de relance aquele olhar
severo. A testa de Bishop estava tão alta e vincada com indignação óbvia.

— Sim, você estava. — Skylar riu. — Então, se você for chutado no


estacionamento, estará por sua conta.

— Eu... Eu não estava flertando ou… Eu juro. — Edison podia sentir seu
coração acelerando uma milha por minuto. Skylar tinha perdido a cabeça?
Por que ele soltou algo assim para todos ouvirem? Mas o pior foi que Bishop
provavelmente não era gay. Edison não estava entendendo nada e ele não
estava flertando; no entanto, a frase 'você vem aqui muitas vezes'
simplesmente desapareceu quando ele encontrou os olhos misteriosos de
Bishop. Ele ficou com a língua presa, isso foi tudo.

Edison nunca tinha sido tão humilhado em sua vida. Humilhado e


enlouquecido preso. Ele não podia jogar seus livros no chão e sair da fila
como um garoto ferido sem parecer um. Mas o pior foi que Bishop estava
parado ali, pairando sobre ele, como se ele fosse realmente anular quaisquer
pensamentos gays que Edison tivesse sobre ele fora de sua mente com seu
grande punho. Edison podia sentir o suor começando a escorrer pela testa e
debaixo dos braços. Ele só queria elogiar Bishop pelo extenso trabalho que

121
eles haviam feito em apenas um dia, não ofendê-lo e talvez até custar à
empresa seu contrato. Edison já estava arrependido de ter parado nesta loja.
Seu cronômetro da panela de barro havia disparado horas atrás, ele deveria
ter ido para casa como sempre.

— Então, você gosta de cozinhar, hein? — Bishop falou seu tom baixo e
rouco.

Edison levantou os olhos e murmurou um rápido

— Sim.

— Mas ele gosta de comer ainda mais. — Skylar riu novamente.

— Ei cara! Eu não te perguntei. — Bishop disse severamente, olhando


por cima da cabeça de Edison para Skylar. — E por que você está rindo tanto,
vê algo engraçado?

A resposta de Bishop foi tão forte e rápida que Edison se assustou, seus
olhos se arregalando. Ele nunca tinha ouvido alguém colocar Skylar em seu
lugar assim. Todo mundo beijou sua bunda. Skylar parecia atordoado. Tipo,
se ele tivesse um colar de pérolas, ele as teria arrancado com tanta força.
Depois de alguns segundos de escancarado, ou talvez esperando Bishop
perceber o erro de seus caminhos e pedir desculpas, Skylar encontrou sua voz.

— Na verdade, eu vejo algo tão engraçado que me quebra todos os dias.


— Skylar mordeu, em seguida, olhou para Edison.

Bishop não falou. Em vez disso, ele subiu os poucos espaços na fila e
virou as costas.

122
Ótimo.

— Edison, estou indo para a Yard House. — Disse Skylar, como se nada
tivesse acontecido. Como se ele não tivesse acabado de cruzar uma linha com
Edison que ele nunca iria esquecer. Como se fossem amigos quando não
eram. Edison não estava ciente do motivo pelo qual Skylar cerrou os dentes e
se sentou com ele algumas vezes ele estava dando um show, como se fosse um
amigo tão bom de seu superior fora do escritório, quando ele era o contrário.
Skylar de alguma forma aperfeiçoou a arte de ser um idiota.

— Eu não vou para aquele lugar barulhento e cheio de gente. Eu estou


indo para casa. Boa noite, Skylar. — Edison queria gritar 'saia daqui', mas ele
nunca gritou. Ou raramente, pelo menos. E ele certamente não usou
palavrões.

— Eu não estava convidando para você vir. Além disso, você parece
minha avó. — Skylar bateu a revista GQ deste mês contra o peito de Edison: —
Essa frase está demorando muito. Compre isso para mim e eu devolverei
depois.

Edison pegou a revista antes que ela caísse no chão. Quando Skylar saiu,
Edison sentiu como se pudesse respirar novamente. Era uma pena que ele
prendeu a respiração ao seu redor de qualquer maneira. Não foi um segundo
depois, Edison jogou a revista sobre a mesa ao lado dele.

— Bom para você. — Disse Bishop. Ele deu a Edison um olhar que não
entendeu direito talvez uma expressão de entendimento e depois foi até a
caixa registradora para fazer sua compra.

123
Edison não achava que Bishop estivesse prestando atenção neles mais.
Ele se encolheu como um filhote de cachorro covarde na frente de seu colega
de trabalho, então achou que Bishop estava com nojo de sua fraqueza. Ou
talvez Bishop estivesse apenas sendo gentil e humorado antes que ele lhe
desse um soco no estômago no estacionamento. Edison era o próximo e ele
não se incomodou em sentir algum tipo de coisa quando Bishop terminou sua
transação e saiu sem outro olhar em sua direção.

Típico.

Edison destrancou a porta do carro com o chaveiro e entrou, jogando


seus livros no banco do passageiro. Ele ligou o ar condicionado novamente e
ficou sentado um segundo, desejando ter algum lugar para ir que fosse mais
divertido do que sua cozinha. Mas o barulhento pátio no centro da cidade ou
os bares movimentados não o atraíam. Skylar estava certo. Ele agia como uma
avó às vezes. Repreendendo seus funcionários por usarem roupas minúsculas,
falarem sobre etiqueta e bons hábitos de trabalho ou admoestá-los a festejar a
qualquer hora... Em um dia da semana.

Seu estômago tentou mostrar sua atitude em ter apenas uma caixa de
proteínas e um café com leite gelado de baunilha no café, como se estivesse se
perguntando o que aconteceu com acarne que haviam sido prometida. Ele
comeria um ou dois pedaços delas com uma salada amanhã. Edison não se
considerava de dieta, mas nos últimos dois anos ele tinha estado consciente
agora de como ele preparava sua comida e quanto ele comia de uma só vez,
com algumas falhas aqui e ali. Ainda assim, ele não estava desapontado com

124
seu peso atual, algumas pessoas nasceram com ossos grandes era genética.
Mas ele queria ser saudável. Seu pai morreu de ataque cardíaco aos sessenta e
um anos e ele jurou que não queria acabar assim também. Então, ele estava
tentando fazer mudanças na vida, não mudanças temporárias na dieta.
Aquelas nunca funcionaram para ele.

Talvez eu vá na casa e fique lá

Edison odiava o grito agudo que escapava de sua garganta ao som de


juntas fortes batendo na janela do lado do motorista. Doce de açúcar! Ele
prendeu a respiração e depois olhou para fora, apenas capaz de ver roupas
escuras cobrindo um corpo enorme que obstruía a maior parte de sua visão do
mundo exterior. Edison engoliu em seco era Bishop. Ele voltou para lhe
ensinar uma lição? De repente, o ar condicionado pareceu ter sido transferido
para o calor. Bem, não havia como ele sair do carro. Seu pai não criou
nenhum tolo e este não estava prestes a ser um episódio de Guerra no
Estacionamento. Olhando em volta, mas tentando não parecer muito
frenético, Edison esqueceu como abaixar a janela. Ele olhou para os controles
em sua porta, depois apertou o botão errado, enviando a janela traseira para
baixo. Ele respirou fundo e acertou na terceira tentativa.

Edison puxou a gravata e tentou parecer casual, como se não estivesse


suando nas roupas.

— Oi, Bishop. Tudo bem?

— Bem.

125
Edison lançou um olhar para cima, mas mesmo se inclinando um pouco
para frente, ele ainda tinha uma visão direta da virilha de Bishop... Tão perto
de sua janela. Edison virou a cabeça rapidamente, olhando para frente e
concentrando-se em não fazer contato visual com aquela protuberância
considerável novamente.

— Você está bem? — Bishop perguntou.

Edison não sabia por que seu peito exagerou com cada pequena
declaração que Bishop fez. O homem não disse muitas palavras, mas o que ele
disse foi tão grande. E sua voz, era como nada que ele já tivesse ouvido, nem
mesmo em seus sonhos. O som é profundo e rouco... Quase gutural. A
maneira como Bishop meio que franziu a testa quando falou, mesmo ao
perguntar como alguém estava, fez parecer muito intimidante para responder.
Como se por trás das palavras de Bishop houvesse emoções profundamente
enraizadas que a outra pessoa não conseguia lidar.

— Edison. — Bishop se abaixou seu rosto áspero se aproximando.

Ele encontrou os olhos de Bishop e os segurou o melhor que pôde. Eles


eram tão escuros e profundos. Edison estava se movendo em seu assento, sim,
e ele esfregava as mãos molhadas nas coxas, mas não desviou o olhar. Ele
queria que Bishop repetisse seu nome, com aquele ar de comando atado de
preocupação. Ele pigarreou e se recompôs, já que Bishop obviamente não
estava lá para espancá-lo.

— Sim, claro que estou bem. Eu só estava tentando decidir para onde
sair, você sabe. ─ Edison balançou a cabeça. Estúpido.

126
— Eu pensei que você estava indo para casa. — Bishop disse facilmente,
aquela voz quente mordendo Edison em sua virilha. Edison deu de ombros e
soltou o forte olhar de Bishop. Ele não precisava que ele sentisse pena dele.

— Eu estava esperando para lhe dar as informações de contato da


equipe de paisagismo que está fazendo o nosso excesso. O nome dele é Shane
e ele é muito bom. Eu não daria o cartão dele de outra forma.

Edison sentiu algo cutucá-lo no ombro através da camisa fina. Ele


estava se concentrando tanto em não ser pego observando as partes íntimas
de Bishop que não percebeu que ele havia produzido um cartão de visita do
nada.

— Ah com certeza. Eu aprecio isso. — Ele murmurou. Ele foi rotulado


como estouro. Isso significava excesso que precisava ser repassado. Edison
abaixou a cabeça para iniciar a ignição quando sentiu dedos calejados
agarrando-o sob o queixo, segurando a maior parte de sua mandíbula e
levantando até que ele estava olhando para o rosto bonito de Bishop.

— Mantenha a cabeça erguida, Edison. — Bishop disse num


murmúrio baixo que Edison supôs ser sua versão de um sussurro.

Seu pulso bateu acelerado e a adrenalina enviou um pico de luxúria


diretamente para seu pênis. Mas, ele não tinha certeza se um pequeno gemido
escapou ou não. Os olhos da meia-noite de Bishop caíram em seus lábios
enquanto ele olhava, hipnotizado. Bishop apertou os olhos, com a testa
enrugada como se não tivesse mais certeza do que estava fazendo. O que quer

127
que fosse Edison rezou para que não terminasse, e o pequeno contato durou
mais cinco segundos.

Bishop retirou a mão devagar, a rugosidade da palma da mão que


trabalhava arrastando prazerosamente o queixo de Edison. Ele tentou ficar
parado e não vibrar com luxúria reprimida, mas falhou. Oh Deus.

— Com a cabeça erguida, eu posso te ver melhor. — Bishop resmungou,


observando Edison enquanto se afastava.

128
Capítulo 12
Bishop

Bishop estava sentado à mesa de jantar às quase uma da manhã, ainda


ouvindo seu novo livro de áudio e desenhando em seu bloco de design. Depois
de encontrar Edison naquele estacionamento e ver sua reação a ele, ao seu
toque... Bishop não conseguiu dormir. Mesmo depois de se masturbar duas
vezes no chuveiro. Sim, ele fez isso. Como ele não pôde? Essa resposta era
tudo o que ele queria tudo o que esperava todas as noites durante cinco
malditos anos.

Edison.

Bishop esperou em sua caminhonete depois que ele saiu da loja para ver
se ele ia e voltava para casa, ou voltava para o café, ou pelo amor de Deus,
seguia aquele cara do céu. Praticamente rosnando com o desenho que estava
fazendo, ele continuava adicionando amores-perfeitos ao longo da borda de
um canteiro de flores, seu movimento das mãos ficando espasmódicos quanto
mais ele pensava nas coisas fodidas que dissera a Edison. Porra, já fazia um
tempo desde que Bishop queria espancar alguém. Esse era o departamento de
Trent. Edison não tinha feito um trabalho terrível, mas havia algo que o cara
tinha sobre ele, e Bishop estava quase tentado a descobrir. Quase. Poderia ser
um território em que ele não queria mergulhar. Ele podia ver o que Edison
queria, ele parecia faminto por isso, mas Bishop não estava mais interessado

129
nisso. Não apenas uma noite. Ele realmente não podia ir lá com alguém tão
doce e inocente quanto Edison.

Bishop se levantou e se esticou o máximo que pode as pontas dos dedos


quase roçando o teto. Ele deveria ir para a cama. Ele estava exausto. Ele
estava carregando sacos de terra à maior parte do dia, enquanto treinava os
quatro novos caras que eles haviam contratado. Ele estalou o pescoço de um
lado para o outro e depois girou os ombros. Merda, ele estava dolorido. Ele
teria feito qualquer coisa por uma massagem. Imediatamente, ele se
perguntou como seriam as mãos de Edison pressionando firmemente contra
seus músculos doloridos. Tão ansioso para agradá-lo e fazê-lo se sentir bem.
Mãos que provavelmente estavam macias e ilesas do trabalho manual.

Bishop riu para si mesmo. Isso é loucura. Era óbvio que Edison tinha
uma ideia errada sobre ele. Ele pensou que Bishop era alguém que ele não
era. Ele não era o proprietário do Stockley Serviço de Paisagismo, e essa não
era a equipe de onze homens que trabalhava nos terrenos do Prédios de
Escritório do Centro da Cidade. E ele com certeza não havia montado aquela
oferta complicada que havia vencido centenas de outras empresas. Edison
pensou que ele era um gênio. E no segundo em que descobriu que Bishop era
o oposto completo, então seria o fim disso.

Aceitando a realidade, Bishop deitou na cama e passou o braço pelo


rosto. Ele sabia que estava sendo dramático, mas estava tudo bem, já que não
havia mais ninguém para testemunhar. Cara, ele queria tocar aquela
bochecha macia de novo e de novo. Como Edison conseguiu se barbear tão

130
bem? E Bishop gostou que, embora o homem tivesse um rosto limpo, não era
um bebê. As feições de Edison eram fortes, e seus quentes olhos castanhos e
dourados pareciam sábios para a sua idade. Oh sim. Ele intrigou o inferno
fora de Bishop. Gemendo em agonia torturante, ele enfiou a mão dentro da
cueca boxer com a mesma mão que roçou a pele de Edison, e a envolveu em
torno de seu pau pulsante, os dedos dos pés se curvando instantaneamente.

Foda-se.

A mão dele teria que ser o suficiente. Edison estava fora dos limites, por
sua própria sanidade.

Bishop pulou em uma posição defensiva ao som das batidas duras


contra a madeira frágil da porta do quarto. Levou apenas um segundo para
perceber que ele não estava mais na prisão e esse som não era um guarda
prestes a forçar a entrada. Bishop agarrou o lado de sua cabeça. Droga.

— O que foi pai? — Bishop latiu. Ótimo, agora parecia que ele dizia meu
pai o tempo todo. Ele se jogou de volta no colchão fino imaginando que horas
eram infernais.

— Por que você ainda está na cama? Você está doente? — Mike
perguntou, batendo na porta novamente.

Bishop franziu o cenho. E sério?

— Não. Estou dormindo ou estava. O que você está fazendo em casa?

131
Mike entrou em seu quarto já vestido com um jeans e uma camisa preta
sem mangas.

— Erin foi chamada para trabalhar, então tivemos que cancelar a viagem
à praia. Queria ver o que você estava fazendo hoje, embora eu já vi.

— Estou me levantando. — Disse Bishop, esfregando o sono nos olhos.


— Você precisa que eu faça alguma coisa por aqui?

— Não. Pensei que poderíamos almoçar no Metro Diner e tentar o


boliche em que você disse que era tão bom. — Mike estava parado na porta
esperando.

Os lençóis finos haviam se enrolado nas pernas de Bishop no meio da


noite e ele lutou para desembaraçar e se libertar.

— Eu disse que costumava ser muito bom. Duvido que seja mais.

— Oh. — Mike não tentou esconder sua decepção.

— Que horas são? — Bishop perguntou.

— Quase uma.

— Droga.

— Tarde da noite?

— Você poderia dizer isso. Eu terminei outro desenho. — Disse Bishop,


sentando-se ao lado da cama. Ele se inclinou e puxou as calças de jogging e
deslizou os pés nos chinelos da Nike.

132
— Mal posso esperar para vê-lo. — Mike começou a fechar a porta
quando Bishop foi para o banheiro.

— Então, almoce e jogue boliche com meu velho hoje. — Bishop


não revirou os olhos ou pareceu paternalista.

— Parece bom, B.

Bishop se limpou rapidamente e quase vestiu um par de jeans e


camiseta preta, mas mudou de idéia e usou um botão verde gasto. Ele e seu
pai eram parecidos o suficiente sem que eles se fantasiassem como gêmeos.

O boliche não estava tão cheio quanto ele pensava que seria para uma
tarde de sábado, então eles chegavam no momento perfeito para ter em
alguns jogos tranquilos. Mike sentou-se no terminal do computador e
descobriu como inserir as iniciais e iniciar um jogo. Depois de escolher as
bolas que funcionavam para eles, Bishop foi até a pista primeiro, tentando se
lembrar de como ele costumava dar um giro no arremesso. Ele puxou o braço
para trás e o impulsionou para frente, soltando a bola. Bateu na madeira lisa
com um barulho duro, trovejou pela pista e bateu no fundo depois de
derrubar três pinos. Merda. Isso foi muito barulho para três pinos
desprezíveis.

— Você deveria ter tanto calor na bola? Parece que você está apostando
nos lançamentos. — Mike riu.

Bishop voltou para o lado deles e esperou sua bola circular.

133
— Não muito. — Ele sorriu. — Não percebo minha própria força em
algum momento.

— Tanto faz. — Mike acenou com a cabeça em direção aos pinos novos.
— Apenas me mostre algumas técnicas ou dicas, por favor, mas desta vez sem
que você mostre sua força bruta. Não estou impressionado.

Bishop inclinou o lábio e girou a bola algumas vezes em suas mãos,


aproveitando as idas e vindas ridículas que ele estava tendo... Com seu pai.

— Arranje alguns jarros de cerveja quando a garçonete chegar e alguns


nachos ou algo assim.

— Você foi pago esta semana, pague sua cerveja e nachos. — Replicou
Mike, mas chamou um dos garçons do bar.

— Sim, mas meu chefe é barato. — Bishop caminhou até a pista,


sentindo os olhos penetrantes de seu pai nele. De repente, ele quis
impressioná-lo. Mesmo que isso fosse apenas um jogo, ele queria mostrar a
Mike que ele era talentoso em outras coisas naquela época, além de liderar
uma gangue.

Bishop levou a bola ao peito, olhando a pista. Ele nunca havia


descoberto os aspectos técnicos desse esporte em particular, mas havia
conseguido manter a bola fora da sarjeta. Que era o objetivo, se ele se
lembrasse corretamente. Bishop puxou o braço para trás e soltou a bola com
menos força, mas ela ainda disparou pela pista e derrubou o resto dos pinos,
dando-lhe a reposição. Ele jogou as mãos para cima em vitória. O sorriso

134
largo de seu pai não deveria ter feito com que ele se sentisse tão bem quanto
antes, quando ele tinha trinta e dois anos.

— Legal. — Comentou Mike. — Ok, agora me mostre.

Bishop passou a dar ao pai o melhor conselho que pôde sobre onde
ficar, quando largar a bola e como mantê-la reta. Mike tinha principalmente
sarjetas no primeiro jogo, mas no final do segundo eles estavam bem e se
tornando competitivo.

— Você perdeu a aposta e compra o jantar. — Disse Mike, enquanto


voltavam para o caminhão. — Você não recebeu o ultimo ponto.

— Eu lembro. — Bishop zumbiu. Apertou o cinto de segurança e


verificou o que havia comida rápida em volta deles. — Quer comer pizza?
Chinês?

— Legal. Nós levaremos para casa os chineses.

Bishop não podia acreditar no dia em que teve. Ele se sentia uma merda
ontem à noite depois de perceber que nunca poderia ter nada com Edison, ou
mesmo um homem tão incrível quanto Edison. Então seu pai apareceu.
Mostrado para ele como nunca antes. Bishop havia renunciado há um dia na
cama, ouvindo os mesmos livros áudio e pensando em como ele poderia
mudar suas circunstâncias. Agora Bishop estava se sentindo bem, porque esse
era um relacionamento que ele merecia e que ele poderia construir.

— Pesca mortal e chinesa. — Bishop riu.

135
— Oh, sim, sim. — Mike concordou ansiosamente. — Amanhã
estaremos pegando uma porra de atum, B.

136
Capítulo 13
Edison

— Edison, estes estão deliciosos. Fico dizendo a Carlota que ela deve ir à
sua casa e tirar algumas lições de culinária de você. Oh cara esta saindo do
osso. — O tio de Edison, Gino continuou a jorrar e encher o rosto com as
sobras da carne de Edison. — Mais purê de batatas?

Ele tentou não corar quando reabriu sua tigela de Tupperware e pegou
um pouco mais de manteiga e cebolinha batia no prato meio vazio do tio.

— Olhe para essa barriga! Você come bem o suficiente. — Sua tia gritou
da cozinha onde ela estava lavando a última louça do jantar.

Seu tio o convidava para jantar todos os domingos desde a morte do pai
de Edison, mas ele nem sempre entrava no tempo da família. Ele e Carlota
tinham empregos em período integral e o tio Gino se voluntariava no centro
sênior aos sábados; portanto, aos domingos era a única vez que eles passavam
juntos. Mas sempre que ele vinha, tentava ser o mais útil e generoso possível.
Dessa vez, ele trouxe três pratos e uma sobremesa para acrescentar às cascas
e presunto recheados de Carlota.

— Eu amo sua comida, Carlota, não preste atenção nele. — Edison


sorriu. Era bom estar perto do irmão de seu pai por um tempo. Ele ficou louco
o dia todo no sábado, pensando em Bishop e na maneira como o acariciara.

137
Ok, o tocou. Não, definitivamente tinha sido um carinho. Agora ele não tinha
certeza do que ia fazer ou dizer quando o visse a caminho do trabalho
amanhã.

Ele não sabia se deveria apenas dar-lhe um aceno casual e continuar o


seu caminho, ou ir além e fazer questão de dizer bom dia com a cabeça
erguida para que Bishop pudesse ver seu rosto. Edison repetiu essa frase
repetidamente em sua cabeça sexta à noite enquanto ele estava deitado na
cama querendo Bishop.

— Edison. — Seu tio estalou o dedo na cara.

— Sim. — Ele deixou escapar, depois limpou a garganta.

— Vejo que você ainda está se mantendo limpo, garoto. — Seu tio sorriu,
tentando aliviar o clima. Ele o encarou com olhos castanhos escuros, primeiro
olhando para o rosto, depois para os cabelos e depois para as roupas. —
Parecendo afiado, Edison. Nem uma marca à vista.

Edison franziu a testa, sentindo-se quase insultado. Nenhum um corte!


Desde os dezesseis anos!

— Ei, ei, fácil. — Seu tio riu, cutucando seu ombro. — Só estou
brincando com você, criança. Eu sei que você tem as mãos do seu pai... Mais
firmes no sul.

Edison não falou devido ao nó que entupia sua garganta. Inferno. Fazia
dois anos, ele pensou que estaria bem agora. Não acabou... Mas tudo bem.
Talvez ele ainda não estivesse, porque havia perdido seu melhor amigo, não

138
apenas seu pai. Edison esfregou sua mandíbula lisa, deixando a sensação
relaxá-lo. Ele afiou sua lâmina reta na noite anterior, para que fosse agradável
e fresco para o barbear da manhã. Era triste o que suas poucas alegrias eram
na vida.

— Vou para casa agora, tenho que acordar cedo para trabalhar. —
Edison se levantou e começou a levar os pratos restantes para a cozinha onde
Carlota estava quase terminando. Ele veio atrás dela enquanto as mãos dela
ainda estavam na pia e beijou a parte de trás de sua cabeça. Ela era mais baixa
que ele em vários centímetros, o que era meio difícil, já que ele tinha menos
de um metro e oitenta. — Tenha uma boa noite, Carlota. E obrigado por tudo.

— Ah, você também, Edison. — Disse ela, com o sotaque italiano mais
pronunciado que o do tio dele, desde que nasceu e cresceu em Pienza até os
dezessete anos antes de vir aos Estados Unidos para morar com os avós. — E
não demore muito para voltar, sentimos sua falta. Você é da família, querido,
pertence a nós à mesa do jantar.

— Eu não vou. Promessa. — Edison foi lavar as tigelas, mas ela as tirou
dele. Dando a ele um dos olhares patenteados dela.— Eu os lavarei. Você
pode obtê-los quando voltar.

Edison sabia que não devia discutir com ela, e ele também entendeu sua
sugestão completamente não sutil. Seu pai não queria que ele se isolasse do
jeito que ele tinha.

139
Edison verificou seu reflexo no espelho do retrovisor. Ele não podia
acreditar que estava se arrumando, mas queria ter certeza de que estava bem.
Ele levou trinta minutos extras para se preparar esta manhã, na expectativa
de obter mais atenção de certo chefe de paisagismo. Ele manobrou seu Chevy
Impala em um dos pontos abertos na frente.

O Stockley Serviço de Paisagismo já estava trabalhando duro, como se


estivessem por um tempo. Edison notou paletes de flores coloridas agora
estavam alinhadas ao longo do edifício esperando para serem colocadas na
terra. Elas eram lindas e Edison não podia esperar pelos resultados finais. Ele
se sentia coxo por ter tão poucos prazeres na vida, mas não se demorou muito
nesse pensamento.

Ele saiu do carro e rapidamente ajeitou a gravata de seda antes de vestir


o paletó Kenneth Cole cor de areia. Era o favorito dele e o que ele mais
elogiava. Edison colocou a bolsa no ombro e um sorriso quente da manhã
antes de caminhar em direção à passarela pavimentada. A maioria dos
homens cavava trincheiras ao longo do canteiro, como se a estivessem
expandindo ou mudando de forma. Edison notou dois homens ao longo da
borda direita caminhando para trás, aparando o exterior com um golpe de
machado. Ele correu para o outro lado da calçada como a mulher vários
metros à frente dele, certificando-se de que nenhum dos detritos voou para
ele.

— Ei Edison! Espere.

140
De jeito nenhum. O que o mundo Skylar estava fazendo lá naquela hora?
Edison cerrou os dentes quando se lembrou do que havia feito com ele na
frente de Bishop na sexta à noite. Ele não diminuiu a velocidade, não
querendo ser visto com ele. De fato, ele acabou tentando convencer Skylar e
sua camarilha a não vê-lo apenas como seu chefe, mas como o cara legal
que deveria ser convidado para suas noites de pôquer, churrascos na piscina e
happy hour.

— Ei, ei. — Skylar correu até ele. — Eu disse, espere. Você trouxe minha
revista?

Edison não sabia se ficava ali, boquiaberto ou batia em Skylar na parte


de trás de sua cabeça gelada e gritando para ele ter uma pista. Ele decidiu não
fazer nada.

— Eu não entendi. Se você quer uma revista, compre-a.

— Oh maldito. Acho que alguém teve um fim de semana chato como


sempre. — Disse Skylar secamente. — Ou alguém urinou em suas cinco
tigelas de cereal esta manhã?

Edison parou e girou sobre Skylar.

— Isso mesmo. — Edison apontou para a boca aberta de Skylar. — Não


quero ouvir outro comentário desrespeitoso sobre mim ou qualquer outra
pessoa no escritório. Você entendeu?

O comportamento duro de Edison ficou de pé quando Skylar riu bem na


cara dele.

141
— Você é tão sensível. Ok desculpe. Chega de piadas de cereais.

— Não há mais piadas sobre pessoas gordas. Piadas de sexo, piadas


femininas, piadas homofônicas. Nada — Rosnou Edison, sentindo o rosto
esquentar. — É rude e cria um ambiente de trabalho desconfortável.

— Grosseiro? Deus, você é tão quadrado. — Skylar se virou e continuou


andando, deixando Edison parado ali.

Skylar estava quase nos degraus quando um jardineiro vestindo calças


cargo pesadas e pelo menos duas camisas, com outra envolvida em torno de
sua cabeça como no deserto, passou por ele com um comedor de ervas
daninhas que segurava as duas mãos.

Skylar nem se incomodou em tentar se afastar dos destroços voadores


quando pedaços de grama e sujeira atingiram suas calças caras. O jardineiro
continuou com a cabeça baixa, concentrado em sua tarefa e alheio a Skylar
latindo para ele parar. Edison acelerou seus passos quando viu o cara
finalmente remover um conjunto de fones de ouvido quando Skylar entrou
em seu rosto.

Ah não.

— Ei! Você precisa prestar atenção no que está fazendo. Olhe para isso!
— Skylar apontou para a poeira nas pernas da calça.

— Ou você precisa assistir onde está indo. — O sujeito respondeu. Ele


usava tons escuros e ficava na mesma altura que Skylar, mas enquanto Skylar

142
tinha músculos magros, feitos na academia por um treinador, esse cara
parecia totalmente natural.

— Desculpe? Você trabalha para nós. — A voz de Skylar subiu alto o


suficiente para chamar a atenção do trio de homens ao lado de um longo
trailer que ainda estava sendo descarregado. Skylar olhou para os sapatos
empoeirados e perguntou: — Deixe-me falar com seu chefe. Agora.

O cara olhou para Skylar e depois balançou a cabeça.

— Suas bolas não caíram o suficiente para falar com meu chefe.

Ele quase tropeçou quando o latido de riso saiu de sua boca antes que
ele pudesse detê-lo. Skylar parecia como se estivesse prestes a ter uma
conexão. Edison estava quase na dupla quando percebeu que o homem que
escolhera ir passear era Bishop. Mesmo em toda a roupa para protegê-lo dos
raios severos do sol, ele conhecia aquele corpo grande e em forma de todos os
outros homens. Edison ficou alto quando Bishop limpou o gramado com
passos determinados enquanto seu trabalhador ficava mais alto.

— Você me viu cortando aqui. Isso foi a sua culpa.

— Trent, o que está acontecendo? — Bishop perguntou no momento em


que ele se aproximou seu olhar saltando ao redor deles, depois permanecendo
em Edison por mais alguns segundos.

Edison não recebeu nenhuma vibração calorosa de Bishop, mas,


novamente, não era o momento de tentar trocar gentilezas quando os dois
tinham colegas de trabalho que estavam chegando perto de brigar. Oh cara.

143
Mesmo atrás daquele chapéu cômico de abas largas e da bandana vermelha
amarrada no pescoço como se ele fosse de um filme antigo do oeste, Bishop
ainda parecia absolutamente delicioso. Como o sanduíche de bacon e ovo que
ele preparara para o café da manhã, delicioso demais. Edison lambeu os
lábios nervosamente e os olhos escuros de Bishop voaram para sua boca.

Edison viu o momento em que Skylar reconheceu Bishop.

— Você... Você é o chefe dele?

— Eu sou. — Disse Bishop rigidamente.

— Então você precisa dizer aos seus funcionários para ficarem atentos
ao tráfego de pedestres. Você não pode agredir pessoas com seu equipamento
─ argumentou Skylar, apontando os outros homens usando pás para cavar o
canteiro de flores.

— Agressão? — Trent zombou.

— Whoa... — Edison interveio. Ele tinha ouvido o suficiente. E não havia


como ele deixar Skylar jogar palavras carregadas como essa. Ele tinha visto
tudo e certamente não houve assalto, o que significava que tudo isso era um
enorme desperdício de tempo de Bishop. — Já chega Skylar. Você precisa
observar para onde está indo. Você recebeu o memorando, como todo mundo,
sobre a manutenção do gramado nos próximos dois meses.

— Vou enviar uma fatura para substituir o terno que você arruinou o
que, com certeza, será retirado da sua compensação. — Ameaçou Skylar, a
Bishop.

144
— E eu vou rejeitar essa fatura. — Disse Edison. — Eu nem vou me
preocupar em enviá-lo para a contabilidade. Skylar fique longe da
manutenção do gramado ou... Ou comece a usar shorts.

O jardineiro, Trent, não se incomodou em tentar esconder sua risada.


Edison notou uma leve contração nos lábios de Bishop, mas ele não sorriu ou
comentou.

Skylar puxou um lado da boca em um rosnado médio, um Edison nunca


tinha visto antes. Ele não estava assustado com isso, mais como surpreso por
ter causado esse tipo de reação.

— Bem, você é o chefe, Edison. Como não posso substituir isso, tenho
certeza de que você vai me dispensar da reunião da equipe desta manhã
enquanto eu for para casa, trocar de roupa e levo isso para minha lavanderia.

Edison deu de ombros como se não pudesse se importar menos. Ele não
fez.

— Faça o que achar que precisa fazer.

Skylar invadiu a direção do seu cupê Lexus, andando tão rígido como se
alguém tivesse enfiado uma mangueira de jardim no rabo dele. Edison sabia
que esse seria o destaque de seu dia. Quando teve certeza de que Skylar estava
fora do alcance da voz, ele se virou para Bishop e seu colega de trabalho,
sentindo repentinamente a necessidade de se desculpar. Puxa o que eles
devem pensar de homens como eles. Homens que trabalhavam em cargos
executivos e usavam seu título como desculpa para tratar mal os outros.

145
Edison não era assim, e ele temia que não tivesse a chance de mostrar
a Bishop.

— Bishop, sinto muito por isso. Não se preocupe com a ameaça inútil de
Skylar. Nada será deduzido do seu contrato, garanto. Todas as faturas da
minha equipe precisam passar pela minha mesa para aprovação, por isso, se
eu vir uma, ele estará no lixo.

— Vocês dois se conhecem. — Perguntou o colega de trabalho de Bishop,


enquanto levantava os óculos de proteção e esperava que um deles
respondesse.

Quando Edison viu que Bishop estava fazendo aquela coisa intensa, ele
falou para evitar que o silêncio ficasse estranho.

— Tipo que. Nós meio que nos encontramos algumas vezes. — Edison
disse, segurando aquele olhar... Por pouco.

— Sério? — Trent disse, parecendo surpreso.

— Sim, realmente. — Bishop rosnou.

Edison engoliu em seco quando Trent se calou. Ele não sabia o que dizer
quando todos os olhos estavam nele. Ele se sentiu meio bobo parado ali de
terno, enquanto vários outros homens ainda estavam assistindo.

— Eu vou entrar e trabalhar. Eu segurei todos vocês o suficiente.

— Obrigado por sua ajuda. — Disse Bishop, ignorando a expressão


curiosa que seu amigo estava dando aos dois.

146
— Não tem problema. Edison enfiou a mão dentro da jaqueta e puxou
um suporte fino de couro para cartões. — Se alguém lhe der mais problemas,
me avise. Nós realmente apreciamos o quão bonito está ficando aqui. — Ok,
agora ele estava soando como se estivesse falando com a ajuda. Ele precisava
ir.

Bishop lentamente pegou o cartão da mão e o enfiou no bolso de trás,


sem nem mesmo espiar.

— Vou fazer.

— Ok então. — Edison virou-se para sair quando ouviu Bishop


pigarrear.

— Você está realmente bonito hoje, Edison.

Essas poucas palavras simples passaram pela mente de Edison como


uma carícia reconfortante, depois deslizaram por sua espinha. Ele queria
gravar Bishop dizendo essa afirmação naquela voz sexy e repeti-la para sua
psique o dia todo sempre que alguém tentasse fazê-lo se sentir menos do que
isso. Porque uma surpreendentemente, espécime finas de um homem
como Bishop pensou que ele era bonito.

— Obrigado. — Edison estava feliz por sua voz não tremer e seus
joelhos não tremerem enquanto colocava um pé antes do outro. Em pouco
tempo, seus braços caíram no ritmo com uma nova confiança em seu passo.
Com a cabeça erguida, Edison entrou no Prédio de escritórios, sentindo os
olhos de Bishop nas costas.

147
Capítulo 14
Bishop

Bishop não conseguiu desviar os olhos das costas deliciosas de Edison


enquanto entrava em seu local de trabalho. Droga. Edison parecia bem pra
caralho naquele traje. Isso fez a luz marrom em seus olhos brilhar mais que o
ouro.

— Conheço esse olhar, B. Não faça isso, cara. — Disse Trent,


balançando a cabeça com firmeza.

— Você viu como ele olhou para mim?

— Todos nós vimos. E a maneira como ele quase atropelou para ajudar
quando você apareceu.

— Aqui. Bishop tirou o cartão do bolso e entregou a Trent, ainda


olhando para onde Edison havia desaparecido.

— Diz Edison Scala, BACJ. Não faço ideia do significado dessas iniciais.
Gerente do escritório executivo e Auxiliar Jurídico para Presley Alfred,
Esquire. Alfred, Dolan, Maroko e Bickel, PC. O endereço de e-mail, o
escritório e o número do celular estão aqui.

— Isso é muito em um cartão. — Murmurou Bishop. — Executivo,


hein?

148
— Sim. Parece que ele também é o chefe. Você viu como ele falou com
aquele outro cara e o mandou fugir. — Trent riu e começou a brincar
como Bishop sabia que ele faria. — Você gosta das calças chiques dele, não é?

— Não. — Bishop pegou o cartão entre os dedos de Trent. — Ele acha


que sou alguém que não sou.

— Qual é? — Trent começou a pressionar o acelerador em seu mato,


pronto para voltar ao trabalho.

— Ele acha que eu sou o chefe.

— Você é. — Trent franziu a testa.

— Não. — Bishop virou-se para o amigo. — Eu não sou e não vou fingir
que sou. Sou empregado, supervisor de equipe.

Trent o empurrou com força em seu ombro.

— Olhe ao seu redor, imbecil. Tudo isso é por sua causa. Sim, é ótimo
que Manny possa reunir algumas folhas de papel e dar um lance. — Trent se
aproximou, mas não se incomodou em abaixar a voz. — Mas teria sido o
equivalente a papel higiênico sem o seu maldito desenho lá. Então, não me
diga que você não é o chefe. Além disso, é apenas uma questão de tempo até
Mike mudar o nome da empresa para Stockley e Filho.

Bishop ficou parado com uma mão coçando a testa e a outra que ele
queria usar para bater com a boca de Trent.

— Não é provável.

149
— Droga, B. Você me dá nos nervos, às vezes. É como se você não
pudesse nem elogiar agora sem duvidar disso. Você sabe muito bem que isso é
tudo por sua causa. — Trent gesticulou para o trabalho que estava sendo feito
para implementar seu design exclusivo. — Se não fosse pelos seus esboços...
Seus malditos cérebros, B, ainda estaríamos fazendo postos de gasolina e
complexos de apartamentos em Chesapeake. — Trent o empurrou novamente.
— Agora se mexa. Eu tenho que voltar ao trabalho ou meu supervisor vai
pirar.

— Não reclamo. — Resmungou Bishop, mas Trent não o ouviu


enquanto pressionava os fones de ouvido de volta aos ouvidos e começava a
cortar a erva daninha.

Bishop voltou para onde seu pai e Manny estavam debruçados sobre o
capô do caminhão, examinando alguns papéis. Embora o contrato com o
Centro da Cidade fosse sua principal preocupação, eles ainda tinham homens
trabalhando em suas outras propriedades. Ok, Trent pode estar um pouco
certo. Os negócios quadruplicaram desde que ele e Trent se juntaram à equipe
menos de um ano atrás, mas precisamente sete meses. Ele pode ter tido algo a
ver com isso. Ao se aproximar, ele não pôde deixar de imaginar como seria se
ele abrisse seu próprio portfólio. A maioria dos paisagistas tinha uma
agitação lateral. Até Manny fazia calçadas de designer nos fins de semana. Ele
tinha a sensação de que Mike não se importaria se pedisse para usar um de
seus caminhões à noite. E ele sabia exatamente com qual trabalho secundário
ele queria começar.

150
— Ei... Hum, pai. — Disse Bishop.

Mike se virou com um sorriso.

— Ei, B. Você lidou com isso muito rápido por lá. Bom trabalho.

— Obrigado.

— É melhor você dizer a Trent para esfriar. Não estamos perdendo este
contrato. Ponto final. — Mike disse severamente. E Bishop sabia que ele
estava falando sério. Significando que seria difícil como o inferno se Bishop
tivesse que tirar Trent desta propriedade.

— Eu vou falar com ele.

— Sim, veja o que você faz. — Mike e Manny voltaram para seus papéis.

— Ei. Eu queria perguntar se posso pegar emprestado um dos


caminhões para talvez começar um trabalho paralelo em breve. Muito em
breve.

Isso chamou a atenção de seu pai, suas sobrancelhas escuras subindo


alto em sua testa amassada. Ele o examinou por um longo tempo antes de
inclinar a cabeça na direção do prédio.

— Você não mistura negócios com prazer, filho.

Droga. Bishop às vezes esquecia por que ele era tão bom em ler pessoas
e nas entrelinhas, era porque Mike havia lhe ensinado como.

— Eu não estou misturando prazer...

— Eu pensei que você jurou a si mesmo não mentir.

151
Bishop estreitou os olhos e manteve o tom sob controle.

— Eu não estou mentindo. E eu não vou misturá-los. Ele tem uma


propriedade que precisa de manutenção. Por que eu deveria recusar? Isso é
dinheiro.

— Você tem certeza que isso é sobre dinheiro? Eu vi o que aconteceu por
lá. Vocês pareciam...

— Apaixonado. — Manny sorriu.

Bishop se virou para os dois.

— Posso usar o caminhão ou o quê? Eu sei o que estou fazendo.

— Ok, ok. — Seu pai e Manny caíram na gargalhada. — Eu só quero que


você tenha cuidado. Além disso, você realmente quer trabalhar o dia todo e
depois faz um trabalho noturno? Como vamos pescar? Ficamos presos neste
fim de semana por causa da chuva, precisamos de um dia de maquiagem

— Muitas pessoas trabalham em turnos duplos quando estão tentando


avançar. Você sabe que tenho coisas no meu prato. E também, dependendo
do que ele quer que seja feito, a noite será longa o suficiente para completá-la,
então a manutenção não será muito. Então ainda a tempo de pescar, tudo
bem.

— Tudo certo. Vou confiar em você para fazer esse julgamento. — Mike
finalmente cedeu. — E use o equipamento que precisar, apenas verifique se
eles estão trancados depois.

Bishop assentiu.

152
— E eu ligarei para Will no Jardins por Atacados para que ele saiba que
você pode comprar o que for necessário na conta. — Acrescentou Manny.

Droga, Trent estava certo? Agora ele tinha acesso ilimitado a todo o
equipamento que ele poderia precisar e uma linha de crédito aberta em um
dos melhores viveiros de Hampton Roads. Ninguém mais na equipe tinha
permissão para isso. Se eles tinham empregos pessoais, usavam seus
equipamentos pessoais. Bishop respirou fundo. Agora tudo o que ele
precisava fazer era permanecer profissional com Edison. Ele só queria ajudá-
lo, da mesma forma que acabara de fazer por ele.

Edison

Ele estava cantando a música de Pharrell, Happy, na cabeça o dia todo,


porque literalmente era assim que ele se sentia. A tarde transcorreu sem
problemas e todo mundo estava pronto para a tarefa após a reunião de sua
equipe. Além disso, Skylar o evitava a maior parte do dia. Nem uma vez ele
colocou a cabeça na porta e fez um pedido irritante, nem andou por aí
tentando entreter o escritório. E mesmo que ele estivesse levando para casa
mais trabalho para concluir, ele não se importava, não eram nem seis horas e
ele estava indo para casa. O tempo estava bonito lá fora, o sol diminuindo
lentamente atrás dos prédios altos quando a noite se aproximava.

Ele tinha destrancado a porta do carro quando ouviu seu nome ser
chamado.

— Edison.

153
Edison se virou, surpreso, mas feliz por ver Bishop encostado em uma
das árvores que ladeavam o estacionamento. Ele estava... Me esperando?

— Ei, Bishop. Como você está? Ele não sabia mais o que dizer, tendo
sido pego de surpresa.

— Bem. — Bishop caminhou em sua direção. Porra, suas pernas eram


longas. Ele tinha perdido o macacão, chapéu e bandana, agora usava jeans e
camiseta da empresa. Bishop permaneceu firme e ereto, mas Edison podia ver
seu cansaço por ter exercitado o calor o dia inteiro. Bishop parou no final do
carro. — Você sempre para nessa hora?

— Não. Sim. Bem, às vezes. Sempre posso optar por levar o trabalho
para casa, o que estou fazendo hoje à noite. Edison fechou a boca. Agradável.
Mostre a ele como você é social.

— Eu queria saber se você já ligou para Shane?

Edison tentou se lembrar do nome. Ele tinha certeza de que estava


parecendo confuso quando Bishop acrescentou.

— A outra equipe que eu disse que você poderia ligar sobre o seu
quintal.

— Oh! — Edison deixou escapar um pouco alto demais, depois abaixou a


voz. Ele não queria pensar na empresa que Bishop o punha. Ele abaixou a
cabeça e puxou a gravata. — Ainda não. Estive ocupado hoje.

— Bem, se você quiser, posso dar uma olhada. Pensei que não teria
tempo para obter propriedades adicionais com este novo contrato. Bishop

154
apontou para o gramado do prédio, que ainda estava longe de ser concluído.
— Mas, eu posso pelo menos ver o que você está acontecendo.

Edison sabia que seu sorriso estava maior do que nunca, porque ele
podia senti-lo esticando seu rosto, mas ele não conseguiu detê-lo. Bishop
levantou um lado da boca e desviou o olhar, apertando a nuca. Ele estava...
Nervoso.

— Você definitivamente quer deixar B checar sua merda. Ele é o melhor!

Edison riu quando o animado colega de trabalho de Bishop o mesmo


que disse a Skylar que ele tinha testículos não descidos esta manhã se
aproximou e ficou corajosamente ao lado de seu amigo. Edison nem tinha
notado ele se aproximando, ele estava tão focado no homem à sua frente. O
cara deu um tapa em Bishop com tanta força no centro das costas que Edison
se perguntou como não doía.

— Realmente? Um dos melhores, hein? — Edison olhou para Bishop.

— Isso aí. Tudo isso aqui é obra dele. Trent andou por Bishop,
apontando para a paisagem recém-cortada e cortada. — E lá em cima, veja
como estamos curvando o canteiro de flores em direção às escadas.

Edison assentiu, olhando para onde estava gesticulando. Ainda havia


montes de terra por todo o lado, mas Edison podia ver o que eles estavam
tentando fazer. De qualquer maneira, ficaria muito melhor do que eles
tinham.

— Eu acho que vai fica incrível.

155
— Será! Eu vi o design final. Bishop foi quem fez isso.— O cara estendeu
a mão grande, palma para cima. — Eu sou Trent, a propósito. Sou irmão
de Bishop de outra mãe que não queria nada com nós dois.

— Oh. — Edison riu um pouco antes de diminuir. O que Trent disse foi
engraçado e triste, se é verdade.

— Pedi que você esperasse no caminhão. — A voz de Bishop era rouca


quando ele olhou para seu amigo, que ainda estava trabalhando horas extras
para impulsioná-lo. Se ele soubesse Edison não precisava vender Bishop. Ele
havia decidido que, se tivesse espaço para apertá-lo em sua agenda, ele
seguiria em frente. Ele só queria estar perto de Bishop e absorver mais sua
atenção.

Trent usou uma toalha pendurada no bolso de trás para limpar a testa.

— Você esqueceu de deixar as chaves. Está quente naquele maldito


caminhão.

— Então espere do lado de fora.

— Apenas me dê às malditas chaves.

— Aqui. — Bishop rosnou.

Edison riu um pouco mais alto. Eles realmente se comportaram como


irmãos de verdade.

— Foi um prazer conhecê-lo, Trent.

O homem parou e se virou para encarar Edison com uma expressão


perplexa. Ele se perguntou se tinha dito algo errado.

156
— Uau. Acho que ninguém nunca me disse isso antes. Você ouviu isso,
B? Ele disse que foi um prazer me conhecer.

Bishop parecia que queria sufocar o amigo. Em vez disso, ele agarrou
Trent por trás do pescoço, o que deve ter sido bastante difícil, porque ele fez
uma careta e se abaixou, tentando se afastar do aperto quando Bishop
o empurrou em direção ao F150 branco, alguns espaços abaixo. O tom
de Bishop dizia que a conversa havia terminado.

— Eu o ouvi. Pode esperar no caminhão, por favor, Trent?

— Certo. OK. Calma, cara. — Trent se afastou de Bishop, foi até o


caminhão e deu partida.

— Só preciso deixá-lo em casa e depois posso ir se você não estiver


ocupado hoje à noite. — Disse Bishop.

— Não. Não estou ocupado. Não estou ocupado na maioria das noites. —
Edison não deveria ter acrescentado nada naquele último momento, mas tudo
bem estava fora agora.

Bishop se aproximou perto o suficiente para Edison sentir o cheiro do


suor. Ele fez questão de não revirar os olhos atrás das pálpebras quando o
pensamento de tomar banho no suor de Bishop passou por sua mente. Edison
trancou os joelhos para que não tremessem.

— Se você me der seu endereço, eu posso dar uma passada. Não vou
ocupar muito do seu tempo. — Disse Bishop, com a voz cada vez mais

157
profunda. As calças de Edison ficaram mais e mais apertadas enquanto ele
tentava posicionar discretamente sua bolsa de mensageiro na frente dele.

— Claro. — Disse ele, tentando parecer calmo, embora estivesse


pulsando de emoção. Bishop estava vindo para sua casa. — Eu estarei lá
esperando. Sempre que você estiver pronto. Cale a boca, você parece
desesperado. Edison procurou no bolso interno a caneta prateada e preta e a
usou para rabiscar seu endereço no verso de outro cartão de visita. Depois de
guardar a caneta, entregou o cartão a Bishop, notando o quanto ele o
encarava. Deus, por que ele o assistia como ele, como se Edison fosse tudo?
Aqueles olhos escuros continuaram a percorrer seu rosto descaradamente, e
enquanto Edison continuava a cair mais fundo no abismo, os dedos
de Bishop roçaram os dele durante a troca. Aquele olhar afiado voou para a
boca de Edison em sua rápida expiração. O contato foi breve demais para ser
analisado, mas a leve sensação daqueles dedos calejados tocando sua pele fez
o pau de Edison pulsar com tanta força que ele entrou em pânico.

— Hum, ok então. Vejo você lá. Edison abriu a porta do carro enquanto
procurava desajeitadamente para manter a bolsa na frente dele. Ele se sentou
no banco e correu para se despedir antes de fechar a porta. — Apenas me ligue
se você se perder.

Bishop ainda estava ali com um olhar confuso, mas bastante divertido
no rosto. Quando Edison estava virando da esquina, ele gemeu tão alto que o
fez tossir. Ele afastou a gravata de cortar o suprimento de ar e abriu os dois

158
primeiros botões. Muito bem, Edison. Ele estava voltando para casa com um
pau tão duro que podia que poderia ser um lenhador.

159
Capítulo 15
Bishop

— Apenas me dê uma camisa. — Bishop resmungou, segurando a


pequena toalha de banho em volta da cintura enquanto abria a cômoda de
Trent. Parecia semelhante ao dele. Muito poucas peças para escolher.

— Você vai parecer um grandalhão em uma camiseta. — Trent riu, mal


tirando o olhar do seu videogame.

Bishop tinha tomado o banho na casa de Trent, não querendo ir para


Edison cheirando como um gambá morto.

— Você tem alguma camiseta branca 2X?

Trent olhou para ele por um segundo.

— Não, B. Desde que eu uso uma grande.

— Bem. Isso vai ter que dar certo. — Disse Bishop, vestindo a camisa
grande, sem mangas e cinza escuro. Estava apertado ao redor do peito, mas
era melhor que suja. Ele estava feliz por sempre manter um par de shorts de
basquete limpos em sua mochila. — Onde está sua cueca?

— Oh infernos não. Eu não cruzoessa linha, Bishop. — Trent parou o


videogame. — Você não pode pedir emprestadas as cuecas de outro homem.
Isso é apenas... Apenas não, cara.

160
— Cale a boca. — Bishop continuou procurando. É verdade que não era
algo que ele queria fazer, mas ele não podia liberá-lo em shorts de nylon. Seu
pênis estaria em todo lugar. — Enquanto eles estiverem limpos.

Trent ainda não cedeu. Mas Bishop encontrou o pequeno estoque de


cuecas boxer.

— Você está bravo porque sabe que seu shortinho não segura todo o
meu pau.

— Foda-se. — Disse Trent e voltou ao jogo. Não havia nada que ele
pudesse fazer, já que Bishop já estava puxando uma sobre sua bunda ainda
molhada. — Não é como se eu fosse tirá-los e entregá-los de volta para você.
Vou lavá-los.

— Está tudo bem, B. — Trent acenou para ele. — Que tal você apenas
mantê-los.

Bishop riu e começou a enrolar as roupas sujas e enfiá-las na mochila.


Trent o observava atentamente.

— O que você está olhando?

— Você homem. Olhe para você. Você é todo nervoso como se estivesse
indo num primeiro encontro. Você também riu alto também. — Trent
apontou.

— Não gostei. — Bishop não gostou da maneira como seu amigo o


encarava. Ele tinha um duplo objetivo de ir à casa de Edison. Ele queria ver
seu quintal para ajudá-lo, mas ele também só queria vê-lo. Seu pai havia dito

161
para não misturar negócios e prazer, mas Bishop tinha certeza de que ele
poderia mantê-los separados.

— Você fez. O que há com esse cara? — Trent perguntou.

— Vou ver um trabalho paralelo, Trent. — Disse Bishop, sem convencer.

— Você não precisa tomar banho e mudar para isso.

— Ele é um potencial novo cliente. Sim eu preciso.

— Você está mentindo para si mesmo, B? — Trent perguntou mais


seriamente. — Mas na verdade, por que diabos você está mentindo para mim?

Bishop não respondeu da maneira certa. Ele estava mentindo?

— Você não conhece esse cara e já disse que ele tem uma ideia errada
sobre você. Você vai ser honesto com ele? Porque eu te conheço, Bishop. Você
gosta desse cara. Até o elogiou na frente de todos.

— Por que você não diz o que realmente está pensando. Que um
executivo como Edison está fora da minha liga?

— Que diabos? — Trent rosnou, cutucando-o em seu peito. — Eu estava


falando sobre lhe contar onde você esteve nos últimos cinco anos.

— Está tudo bem. — Era tudo o que ele conseguia dizer, virando-se para
sair.

— Tenha cuidado, Bishop. — Disse Trent em voz baixa enquanto


deixava a porta se fechar.

162
Ele seguiu as instruções que Trent havia lhe dado depois de colocar o
endereço de Edison em um aplicativo de GPS. O passeio inteiro, ele bateu na
cabeça com o quão desastroso isso poderia ser. Ele estava atraído pelo cara.
Edison era tão diferente do que ele estava acostumado. Ele não tinha a atitude
e o desprezo que Royce tinha, e com certeza não tinha a aspereza dos homens
com quem ele viveu na prisão. Edison era apenas uma pessoa calorosa e
bondosa e queria continuar experimentando mais disso. Mas havia apenas
algumas coisas que permaneceriam com ele, por mais que tentasse sacudi-lo
sua ficha criminal. Trent estava certo. Ele tinha que ser honesto antes de
tentar qualquer trabalho na residência particular de Edison.

Os nervos de Bishop começaram a comer em seu estômago, fazendo


com que as sobras de lasanha que ele engoliu com a ameaça de Trent
voltassem à tona. Era bom que ele tivesse apenas vinte minutos para se
torturar. Edison morava perto do Boulevard, a uma curta distância do centro
da cidade. Bishop respirou fundo quando chegou ao seu destino. É claro que
Edison morava em uma bela casa familiar em Thalia, um bairro tranquilo em
Virginia Beach.

Ele puxou seu modelo atrasado F150 para a garagem vazia. Ele assumiu
que Edison estacionou seu belo carro na garagem. A casa parecia estar bem
cuidada. A casa de tijolos tinha persianas azuis escuras, com uma porta da
frente correspondente. O quintal era exatamente como Edison descreveu.
Ignorado. E o gramado o chamou, dando a Bishop o empurrão que ele
precisava para sair do maldito caminhão. Ele atravessou o gramado cortado
para o canteiro de flores vazio. Havia uma área emparedada, como se alguém

163
pretendesse plantar algo ali, mas tivesse mudado de idéia. Ajoelhou-se e
enfiou as mãos na terra, deixando o solo peneirar entre os dedos. Ele ficou de
pé quando ouviu a porta da frente se abrir.

— Ei Bishop. — Edison saiu e ficou descalço na varanda com um


sorriso tímido, mas agradável. Ele trocou o traje sofisticado e vestiu uma calça
de linho e uma camiseta branca brilhante que abraçava seu meio. — Pensei ter
ouvido seu caminhão. Então você já está checando meu quintal, hein?

Bishop teve que desviar os olhos daquele corpo de aparência suave


quando Edison desceu os degraus e atravessou o quintal até onde estava. Por
alguma razão, ele o lembrou de Chris Pratt quando ele estava em seu primeiro
emprego na Parks & Rec. Ninguém se lembrava daquele programa antigo ou
de que ele era uma estrela nele. Todo mundo conhecia e adorava o rasgado e
lustroso Jurassic Park Chris, mas Bishop achou que aquele homem gordo e
divertido de se divertir também era incrível, se não mais.

— Puxa, não é tão ruim assim é? — Edison riu nervosamente


quando Bishop ficou lá como um tolo confuso.

Merda, seu pai estava certo. Seria quase impossível não misturar os
dois. Ele já havia esquecido os negócios em que esteve lá em primeiro lugar
por causa do puro prazer de ver Edison assim relaxado em sua casa.
Bishop finalmente se virou, balançando a cabeça.

— Desculpa. Não. Eu estava apenas... Não esta ruim... Hum... — Agora


ele não podia nem falar. Era uma maneira de provar seu valor e agora ele não
conseguia se lembrar de nada sobre paisagismo.

164
Edison sorriu enquanto esfregava a mão sobre o queixo liso,
novamente, chamando a atenção de Bishop. Ele se lembrou de como era a
bochecha, não importava o quão rápido o contato tivesse sido, e ele queria
mais, então ele teve que se recompor. Ele era tipicamente mais suave do que
isso quando conversava com um cara, mas Edison era diferente.

— Desculpe. — Bishop colocou uma pequena distância entre eles e


gesticulou em direção à grama. — Você corta a grama do seu quintal? Está
sendo cortado muito baixo e está muito quente para isso. É por isso que sua
grama está queimando e morrendo.

— Não. Estou no trabalho o dia todo e, quando chego em casa, a última


coisa que quero fazer é empurrar um cortador de grama. Os olhos de Edison
se arregalaram quando ele percebeu o que acabara de dizer. — Não... Não que
algo esteja errado com esse trabalho. Só não quero fazer isso. Edison bateu na
testa e cuspiu de novo: — Não, não. Não é assim. Como se fosse... Quero
dizer, é um treino e...

— Ei. Eu sei o que você quer dizer. Relaxe. — Bishop não pôde evitar o
sorriso de seus lábios, Edison realmente pensou que estava o insultando.
Bishop ampliou sua postura e seguiu seus próprios conselhos e relaxou.
Edison era engraçado. Ele tinha um jeito de fazer Bishop parecer bem e
menos tolo, e se viu querendo fazer isso por Edison também. — As pessoas
contratam serviços de jardinagem porque, sim, elas não querem fazer isso
sozinhas. Isso não é uma coisa ruim. É por isso que tenho um emprego.

165
Edison apenas assentiu, olhando de vez em quando para encontrar seus
olhos. Bishop desejou que ele não se afastasse porque os olhos de Edison
eram lindos. Marrons claros e escuros e até dourados estavam lá, mas nada
brilhava mais do que a genuína polidez de Edison. Deus, ele é tão...

— Para responder sua pergunta. Um garoto da rua aparece e faz


algumas casas para pessoas que não têm tempo. Ele esta no ensino médio,
então suponho que ele faça isso por dinheiro em patins ou sorvete.

A risada de Bishop o escapou tão rápido que não só surpreendeu


Edison, mas também o chocou. Ele acabou de dizer uma pista de patinação?
Porra, quantos anos ele tem? Depois de ficar trancado durante todos esses
anos, Bishop achou que ele não tinha contato com o que era importante para
as crianças hoje em dia, mas acreditava que Edison o havia derrotado.
Bishop tinha certeza de que a maioria dos adolescentes estava em suas casas
em seus videogames, jogando online com pessoas de outros países. O cara
provavelmente precisava do dinheiro para o aplicativo da loja Playstation.

— Não ria. Se ele está massacrando meu quintal, obviamente, preciso de


ajuda. Acabei de lavar a casa no mês passado e repintar partes do exterior.
Mas, neste quintal... — Edison continuou a acariciar sua mandíbula,
e Bishop estava com ciúmes. — Eu não quero mais ter o pior gramado da
rua, você sabe.

Bishop estava se sentindo muito mais confiante.

— Entendi. — Ele apontou para o canteiro de flores. — Então, o que


você tem em mente para isso?

166
— Hum. Meu pai começou quando ele estava... Quando ele estava aqui.
Mas nunca chegou a fazê-lo, com ele ocupado administrando sua loja e tudo...
Edison parou sua voz ficando mais suave. Ele piscou algumas vezes antes de
continuar: — Eu realmente não tenho ideia do que funcionaria neste quintal.
Eu só quero algo agradável e simples na frente. De fácil manutenção.

— Claro. — Disse Bishop, imaginando o que teria acontecido com o pai


de Edison. Ele pegou o celular e tirou algumas fotos para poder fazer alguns
esboços. — Eu consigo pensar em alguma coisa.

— Ótimo. Porque essa não seria a parte mais difícil. Você está pronto
para um desafio? — Edison perguntou provocativamente, e Bishop se viu
gostando. — A verdadeira bagunça está no quintal. Vamos. Eu preciso de
minhas botas para ir lá.

Bishop riu, deixando-o desaparecer lentamente enquanto olhava para


Edison.

— Estou sempre pronto para um desafio.

Os olhos de Edison ficaram grandes antes que ele mudasse sua


expressão... Mas já era tarde demais. Bishop percebeu o quanto ele gostara do
tom de sua sugestão. Era óbvio que Edison estava atraído por ele e não tinha
ideia de como agir, como se ainda estivesse avaliando Bishop. Ele pensou que
deixara bem claro que era realmente gay, mas tinha tantos malditos
obstáculos a resolver antes que pudesse começar a pensar que eles poderiam
sair como algo além de parceiros de negócios.

167
— Tudo bem. Entre. Há acesso ao quintal pela frente, mas não acho que
o portão se abra com a grama tão alta. — Edison se virou e caminhou em
direção a sua varanda, puxando a ponta da camisa. Ele se perguntou se
Edison sabia que estava checando sua bunda.

168
Capítulo 16
Bishop

No momento em que Bishop entrou na casa de Edison, ele adorou. Ele


deveria saber que sua casa seria atraente e confortável, assim como o homem.
A casa de um andar não era enorme, mas a planta semi-aberta foi uma ótima
ideia. Ele também gostou que não fosse tudo calmo e clínico, apenas com
móveis em preto e branco e fotos em cores de rosas negras. Ou cheio de
aparelhos cromados elegantes e eletrônicos muito caros. Em vez disso, era
limpo e decorado com pinturas coloridas e arte masculina. Bishop foi capaz
de absorver a maior parte dela, enquanto seguia Edison pela sala de estar,
com um sofá grande e azul escuro em cima de um tapete quadriculado creme
e cinza. Ele tinha uma parede de carvalho à moda antiga que separava os
banheiros e os quartos, com uma televisão moderada de 50 polegadas,
sistema de som com toca-discos e muitos DVDs, CDs e... Fitas VHS?

A área de jantar estava bem decorada com um conjunto de mesa que


mais parecia uma mesa de restaurante curva com um banco no lado oposto.
No centro havia uma tigela de frutas e no final havia uma caneca ainda
fervendo e um laptop. A televisão estava desligada, mas o jazz suave tocava
nos alto-falantes estéreo.

— Espero não estar interrompendo. — Bishop olhou em volta.

169
— Não. Acabei de terminar o jantar e estava trabalhando em alguns
casos para ganhar tempo até você chegar aqui.

Bishop notou o cheiro do céu imediatamente quando ele entrou. Como


carne queimada, mas também havia um cheiro de mel no ar que fez seu
estômago roncar, mesmo que ele tivesse acabado de comer. Então ele pensou
em Edison comendo sozinho.

— Cheira bem, Edison. O que você fez?

Edison virou-se antes de chegar às portas do pátio que ficavam perto da


cozinha. A cozinha de Edison era muito legal. Novamente, não era o que ele
esperava, mas tão feliz que não era. Os balcões eram de mármore marrom
escuro e claro. Os armários eram de cerejeira e a maioria dos aparelhos
parecia desatualizado e bem utilizada. Tudo estava bonito, limpo e de volta ao
seu devido lugar, mas era óbvio que Edison estava lá. Bishop adorou. Parecia
a cozinha que ele sonhara que sua mãe teria se o tivesse mantido. A vida que a
maioria das outras crianças teve. Ela ficava lá o tempo todo, na ilha,
preparando o jantar ou talvez fazendo um almoço escolar para ele. Seu pai
vinha de seu emprego legítimo como carteiro, ou motorista de caminhão de
lixo e eles brincavam de pegada na frente até que sua mãe os chamava para
jantar. Sim, essa tinha sido a merda estúpida com a qual ele sonhava quando
era juvenil.

Os olhos brilhantes de Edison dançaram quando ele se afastou da porta


e entrou na cozinha. Ele apertou um botão que tornou o espaço duas vezes
mais brilhante.

170
— Uau.

Edison riu daquela risada doce.

— Eu gosto de poder ver.

Bishop observou-o percorrer o espaço com facilidade. Observou seu


corpo sexy se mover sob aquelas calças finas. Ele lambeu os lábios, sentindo
tanta fome, mas não pelo que estava no forno de Edison. Ele teve que parar de
fazer perguntas pessoais e voltar aos negócios.

— Fiz uma panela assada e arroz selvagem para o jantar, mas


provavelmente é isso que cheira tão bem. Edison abriu uma gaveta e puxou
uma luva de forno verde e a deslizou na mão. Bishop se inclinou na ilha,
intrigado, esperando para ver o que Edison estava buscando naquela caixa
grande que parecia outro mini forno em cima do balcão.

— Eu estava entediado, então fiz alguns biscoitos de aveia com mel. —


Edison colocou o tabuleiro quente no balcão. — Eles ainda estão esfriando.
Deve estar pronto em breve.

— Uau. — Bishop contornou a superfície larga e ficou tão perto quanto


ele ousou. Ele gostava da diferença de altura, gostava quando Edison tinha
que levantar a cabeça para vê-lo. Ele não era baixo de forma alguma;
Bishop era alto como o inferno. — Você disse que gostava de cozinhar, mas eu
não sabia que você queria dizer isso. Cheira como uma padaria gourmet aqui,
bonito.

Edison sorriu suas bochechas macias corando.

171
— Bem, o que você achou que eu quis dizer?

Bishop, tolamente, continuou falando, precisando ver mais dessa


reação. Querendo que Edison comesse cada palavra e elogio.

— Pensei que você quisesse fazer um bom queijo grelhado e sopa, ou


um hambúrguer caseiro não mole, algo assim. Mas estes cheiram muito bem.
— Bishop disse enquanto se aproximava, percebendo que os biscoitos de mel
não eram a única coisa com um cheiro delicioso.

Edison acenou para ele como se não fosse nada, mas Bishop podia ver o
que suas palavras estavam fazendo, e agradeceu novamente ao senhor por
suas habilidades de leitura de pessoas. Edison inclinou a cabeça um pouco
para trás para encontrar seus olhos e, quando o fez, Bishop fez questão de
segurá-lo lá. Edison engoliu algumas vezes antes de dizer ofegante:

— Você terá que provar alguns.

— Eu adoraria. — Bishop respondeu sem pensar. Sua boca estava se


movendo mais rápido que seu cérebro. Tudo o que ele queria era que esse
homem único continuasse olhando para ele como se ele fosse o rei do
universo... Até descobrir quem ele realmente era.

— Bom. — Edison desviou o olhar, sua risada sem todo o humor. — Eu


certamente não preciso tê-los aqui como uma tentação. Grande como eu sou.

— Hum. — Bishop assentiu devagar e depois começou a absorver a


espessa constituição e beleza de Edison. Deixando os olhos vagarem, já que
Edison fez questão de chamar sua atenção. Ele não acreditava que Edison

172
estava procurando um elogio, não, pela expressão insegura, quase
desconfortável, parecia que ele queria saber como Bishop se sentia sobre seu
peso. Esse homem era louco? Como ele não podia ver o quão sexy era? Com
seu espírito gentil, aqueles olhos radiantes, pele super macia, sua voz
distintamente calma e aqueles malditos ternos de bunda afiada cobrindo um
corpo que era sem dúvida quente e satisfatório. Bishop ficou confinado com
homens com peito duros, coxas de granito e estômagos definidos por anos.
Agora, olhando para a suavidade de Edison, ele desejava toda aquela carne
flexível. Bishop pigarreou antes de ousar falar, mas sua voz ainda estava
bruta.

— Sim, bem, eu não me importo com um homem com um pouco de


carne sobre os ossos.

Edison

Muito quente. Essa era uma coisa que Edison tinha com certeza: um
pouco de carne nele. Bishop não o conhecera há dois anos e ele estava feliz
com isso. Ele estava feliz por gostar do homem que estava na sua frente agora.
Um homem que, embora jovem na idade real, tinha mais controle e disciplina
do que a maioria das pessoas de quarenta anos. Não apenas em sua vida
pessoal, mas também nos negócios.

Edison não conseguiu parar o que as palavras de Bishop estavam


fazendo com ele. Ele estava meio duro desde que vira Bishop pela primeira
vez ajoelhado em seu quintal, mas agora seus shorts estavam muito mais

173
apertados. Ele se perguntou se Bishop sabia o efeito que ele estava
causando nele. Ele tinha alguma ideia de quão quente ele era? E intimidador.
Tão amplo musculoso e alto. Sem dúvida, ele conseguiu sua forma após anos
de trabalho manual duro.

Agora, Bishop estava em sua casa, cheirando a banho e usando shorts e


botas de construção. Ocupando tanto espaço em sua modesta cozinha. E
elogiando ele e sua comida. Essas eram coisas que ele queria por um longo
tempo. Mas ele não queria ter esperanças e começar a agir como um garoto
inexperiente com sua primeira grande paixão.

Talvez Bishop ainda estivesse com pena dele da outra noite. Ou talvez
ele fosse um bom homem de negócios e soubesse ler a fraqueza de outra
pessoa, aprimorar-se nela e usá-la em seu benefício nesse caso, para
conseguir um novo contrato. Edison rapidamente descartou esse pensamento.
Ele tinha sido o único a solicitar Bishop serviços privados. Se alguém tinha
segundas intenções... Era ele.

Seu corpo começou a vibrar ao som da voz de Bishop. Foi de grave a


sensual quanto mais tempo ele o encarou. E o homem realmente não teve
nenhum problema em olhar. Bishop tinha olhos tão escuros que não sabia de
que cor era. Marrom profundo, preto? Castanho? Eles eram difíceis de
encarar e impossíveis de desviar o olhar. Bishop era sua fantasia do melhor
tipo de garoto mal. Não na realidade, apenas na aparência, porque Bishop era
um empresário de sucesso, um chefe, um homem.

174
— Por que você não me deixa dar uma olhada neste quintal
negligenciado que você tem. — Bishop finalmente murmurou.

Edison corou, com o coração acelerado. Oh Deus, é tão negligenciado.


Ele sugou um gole de ar, piscando tentando limpar a névoa do seu cérebro.

— Meu o quê?

Bishop estreitou os olhos enquanto um sorriso lento e astuto inclinava


um lado da boca. Parecia que Bishop podia ver através dele algumas vezes.
Cara, ele esperava que não.

— Seu quintal, Edison.

Edison balançou a cabeça, sentindo o rosto esquentar.

— Certo. Sim, meu... Fora... Do quintal. Hum, por aqui. Ele os levou até
as portas de vidro do pátio e empurrou as persianas verticais para o lado. Ele
acendeu as luzes exteriores, embora ainda houvesse alguma luz do dia às oito
da noite. Ele se afastou para que Bishop pudesse andar à sua frente, porque,
mesmo com as botas de chuva, não se aventurou mais longe do que a varanda.
Ele riu quando notou a expressão horrorizada no rosto de Bishop. — Eu tentei
te avisar.

— Sim, você fez. Mas todo mundo diz que o quintal está uma bagunça.
— Bishop virou-se para encará-lo.

Edison revirou os olhos, percebendo as provocações de Bishop.

175
— Eu realmente não sou bom com o trabalho no quintal. É cansativo. As
pessoas só vêem o jardim da frente de qualquer maneira, então eu apenas me
concentrei nisso.

— Focado?

Edison acenou:

— Você sabe o que eu quero dizer.

— Que diabos eu faço. — Bishop caminhou mais dentro do


quinta/selva. O espaço não era enorme, mas era um tamanho decente o
suficiente para não deixar crescer em uma pequena floresta tropical. — O que
você quer que eu faça? Eu realmente não posso ver muita coisa sem
antecapinar este mato, para que eu possa verificar sua fundação. Tem pelo
menos um metro e meio de crescimento aqui. Você tem um sistema de
irrigação?

— É não. — Disse Edison da porta.

Bishop ficou no meio do mato alto e acenou para ele.

— Aqui. Por que você está lá gritando comigo?

Ele sabia que estava corando novamente. Ele gostou quando Bishop lhe
deu esse tipo de conversa e atenção.

— Não estou gritando. Eu estou bem na varanda. Só vim aqui para usar
minha churrasqueira e, mesmo assim, acho que há algo lá fora me
observando.

176
— Está tudo bem, Edison. Você pode caminhar desde que você já esteja
usando equipamentos de proteção. Mas eu vou te salvar se algo der errado.
Bishop sorriu. — Como um gafanhoto ou um sapo. Porque provavelmente é
tudo o que há por aqui.

— Ou... — Edison se inclinou contra a moldura da porta. — Eu posso


apenas esperar aqui.

— Como você chega ao seu galpão? — Perguntou Bishop, apontando


para o pequeno abrigo no final do quintal.

— Eu não vou lá. Além disso, não há nada lá. Meu pequeno
equipamento de gramado está na garagem.

— Ok, então. — Bishop parecia como se ele mal estivesse segurando seu
sorriso. — Eu direi que a grama“enquanto enlouquece”é saudável. Eu posso
cortar alguns padrões nele. O salgueiro-chorão lá atrás oferece muita sombra,
o que nos deixa abertos a muitas opções, como folhagem de outono e
vegetação. Você tem espaço para um caminho para o seu galpão, se você
pensa em usá-lo.

Ele ficou encantado ouvindo Bishop enquanto estava no seu elemento.


Ele não viu o que Bishop viu quando ele girava em um círculo, absorvendo
cada centímetro do espaço, seus olhos se arregalando e apenas uma sugestão
mais brilhante, como se o quintal estivesse se transformando diante de si. Foi
inspirador, e Edison desejou poder imaginar isso também, mas não conseguiu
etudo o que viu foi uma grande bagunça. Ele realmente queria voltar para
dentro.

177
— Eu já tenho algumas ideias. Vou tirar algumas fotos. Bishop pegou o
celular e começou a clicar.

— Quero investir mais no quintal do que na frente e tenho espaço no


orçamento para torná-lo agradável e porque gosto de vir aqui para fazer
churrasco. Eu não me importaria com uma mesa e poucas cadeiras para poder
sentar aqui no sábado à noite. Talvez uma fogueira para o outono que se
aproxima. Eu leio muito e ouço livros áudio, então talvez esses pequenos alto-
falantes externos. Como um recanto de leitura ao ar livre! O sorriso de Edison
caiu quando Bishop continuou olhando fixamente para ele. — Não parece tão
emocionante, tenho certeza.

Ele tinha encontrado Bishop em uma livraria, então achou que eles
tinham isso em comum e que seria uma boa conversa. Mas, como Bishop
se virou sem dizer uma palavra e voltou a tirar fotos, começou a pensar que
talvez não fosse. Paisagismo parecia ser o caminho mais seguro se ele quisesse
uma reação.

— Você tem tempo para assumir esse tipo de projeto, Bishop? Eu sei que
sua empresa está ocupada. E esse trabalho parece ser mais extenso do que
você pensava. Mas espero que sim. Eu não me importaria de poder ter meus
próprios churrascos ou algo assim. Meus colegas de trabalho os têm o tempo
todo... Então... Edison fez um sinal para sua casa. — E honestamente, não
tenho certeza se quero que qualquer pessoa de lá tenha acesso à minha casa.

— Eu entendo. — Bishop resmungou.

178
Edison respirou fundo enquanto Bishop se aproximava dele. Ele não
parou até que eles estivessem a alguns centímetros de distância. Ele olhou
daquele jeito que fez a pele de Edison apertar e seu estômago revirar.

— Não é um trabalho muito grande e eu aceito. Mas... Mas tenho que


falar algo com você primeiro, Edison.

Ele franziu o cenho ante a súbita seriedade de Bishop, mas rapidamente


acenou com a cabeça e os levou de volta para dentro. Os dois pararam e
sentaram na mesa do café da manhã, e foi então que Edison notou as mãos
de Bishop tremendo.

— Posso usar o seu banheiro?— Bishop perguntou.

— Claro. No final do corredor. Segunda porta à esquerda. — Edison


entrou na cozinha. — Eu vou pegar água.

— Tudo bem. — Foi tudo o que Bishop disse ao sair da sala com os
ombros rígidos.

O que acabou de acontecer? Ele sabia que não era bom em toda a
atração, mas o que ele disse que tão errado? Edison repetiu tudo em sua
mente a partir do momento em que Bishop parou em sua garagem, porque foi
isso que ele fez. Ele pensou demais nas coisas. Eles estavam bem naquele
momento. Bishop havia flertado com ele em sua cozinha. Foi algo que ele
disse quando eles estavam no quintal que perturbou Bishop.

Os passos de Bishop pelo corredor eram lentos, como se ele estivesse a


caminho de enfrentar seu destino. Quando ele virou o corredor, o olhar de

179
cansaço e frustração gravado em todas as suas feições ásperas deixou Edison
nervoso. O que diabos aconteceu?

— Bishop. Você está bem? Aqui, sente-se, eu lhe servi um copo de


água.

180
Capítulo 17
Bishop

Ele não queria nada além de sair pela porta da frente com a cabeça
baixa e o espírito derrotado, mas não era esse tipo de homem. Ele não correu
e não se encolheu. Mas desejava saber que poder Edison já tinha sobre ele.
Ele pegou o copo de água oferecido, o tempo todo querendo muito mais do
que esse homem gentil tinha para dar. Quando eles estiveram na cozinha
mais cedo e Bishop baixou a guarda para sentir um pouco da bondade de
Edison, ele se esqueceu momentaneamente de quão diferentes eram os seus
mundos. E levou apenas um segundo para ele perceber que estava tão fora de
seu alcance o que não era engraçado.

Edison falou sobre a criação de um espaço especificamente para leitura,


porque provavelmente pensava que Bishop era inteligente e adorava ler
também. Mas ele estava errado. Bishop adorava histórias e escapava da
realidade, mas não gostava de ler. Edison só queria alguém em sua
propriedade em que pudesse confiar e, no momento em que dissera isso,
Bishop sabia que não era mais qualificado. Ninguém queria um homem por
perto que tivesse sido condenado por ser cúmplice em um assalto à mão
armada.

Ele bebeu o copo inteiro de água, mas sua boca ainda estava no deserto.

181
— Posso tomar outro copo, Edison? — Bishop resmungou, mal
conseguindo manter o contato visual.

— Eu disse algo errado? — Edison pegou uma garrafa de água da


geladeira e colocou na frente dele.

Bishop não se incomodou em derramar a água no copo, em vez disso


abriu e bebeu metade enquanto Edison se remexia ao lado dele. Ele só
precisava falar. Qualquer outra pessoa que ele diria para se foder, que seus
assuntos pessoais eram seus malditos assuntos. Mas, não podia fazer isso com
Edison se quisesse que ele realmente visse como ele era.

— Eu só queria esclarecer algumas coisas sobre mim. — Bishop tossiu


bruscamente na palma da mão, sua voz ficando presa na garganta. — Eu acho
que você pode ter tido a ideia errada. Eu hum... Eu não possuo o Serviço
Stockley de paisagismo. Meu pai faz. Bem, ele e seu melhor amigo, Manny.
Eu... Eu dirijo as equipes e faço a maior parte do projeto. Mas eu não fiz essa
oferta extravagante ou nada. Bishop deixou a mão cair no balcão. — Eu não
trabalho com a papelada ou com os negócios. Eu apenas desenho e corto.

Edison piscou e bufou o que soou como uma respiração aliviada.

Bem, merda.

— É isso? — Edison entrou na cozinha e puxou um prato do armário.


Um por um, ele começou a colocar os biscoitos que estavam esfriando na ilha,
enquanto olhava para ele com um leve sorriso. — Você trabalha com seu pai.
Isso deve ser legal.

182
— Com licença? — Bishop franziu a testa.

Edison pareceu surpreso.

— O que? Você não gosta disso? Ele te faz trabalhar duro?

Bishop balançou a cabeça, um pouco confuso.

— Não. Ele é legal. Irritantemente legal.

Edison riu.

— Eu não me importo se você não é o proprietário, Bishop. Quero dizer.


Você ainda é... ótimo. E bom no seu trabalho. — Edison mordeu metade de
um biscoito, depois lambeu as migalhas do lábio inferior e começou a
mastigar lentamente, distraindo Bishop do que estava dizendo. — Além disso,
meu pai era dono de seu negócio de barbearia, e eu costumava trabalhar em
sua loja. Atendia a homens mais velhos e eu adorava passar cada segundo
livre que eu tinha lá. Ouvindo, assistindo, aprendendo.

Agora Bishop entendeu. Edison deve ter tido um relacionamento


especial com o pai para pensar da maneira que ele pensava. E Bishop ficou
feliz por ele não se importar com esse pequeno detalhe, no entanto, não era o
que Bishop realmente tinha a lhe dizer. Não era o que tinha os joelhos
tremendo.

— Você aprendeu o desenho da paisagem com ele? O aluno superou o


professor? — Edison comeu o resto de seu biscoito. Em seguida, colocou
alguns na frente de Bishop em um guardanapo de papel. — Ok, estes são
realmente bons. Você tem que experimentá-los.

183
Bishop não os alcançou. Ele não conseguiu.

— Não, Edison, não é isso. E não, meu pai não me ensinou muita coisa.
Não tínhamos um relacionamento estável quando eu era criança. Aprendi
paisagismo sozinho quando era mais jovem e precisava trabalhar. Meu pai
não entendeu o assunto até eu...

Ele deve ter ficado quieto por muito tempo porque Edison veio e ficou
ao lado dele.

— Até você ser o quê? — Ele disse naquele tom reconfortante.

Bishop olhou para aqueles olhos lindos e fez uma pequena oração por
um milagre. Por favor, deixe-o entender, de alguma forma.

— Eu só trabalhei para o meu pai nos últimos seis meses. Porque antes
disso... Antes disso eu estava preso nos últimos cinco anos.

O sorriso aberto de Edison caiu de seus lábios carnudos como se um MC


soltasse o microfone. Ele definitivamente não riu dessa confissão. Edison
ficou mais reto e recuou, colocando alguma distância entre eles. Bishop
engoliu em seco quando seu estômago revirou com angústia e irritação.
Porra! Ele deveria saber que tudo isso era pedir demais. Ele olhou ao redor da
casa de Edison, independentemente de quão bem vivido e tentador parecesse,
ele não pertencia a este lugar. Edison já estava se afastando e a rejeição doía
como o inferno. Bishop abaixou a cabeça e riu sombriamente.

— Eu pensei que você deveria saber desde... Acho que vou indo.

Seu pai o avisou... Mas ele não ouviu.

184
— O que você estava fazendo? — Edison perguntou antes que Bishop
pudesse se mover.

Bishop levantou a cabeça. Essa sempre foi à próxima pergunta.

— Cúmplice de assalto à mão armada. — A reação de Edison foi abafada


desta vez, como se estivesse sendo cuidadoso. Bishop balançou a cabeça. Às
vezes, ele ainda não conseguia acreditar como sua vida acabara. Não
conseguia entender que ele teria que fazer isso para sempre. Se ele queria um
relacionamento, tinha que incluir um maldito aviso primeiro. — Eu sei que
quase todo mundo diz essa merda... Mas eu juro... Eu não tive nada a ver com
isso. Mas eu tinha feito inimigos e não podia rolar.

— Rolar.

— Entregar. — Bishop esclareceu. — Eu não sou um homem de


desculpas. Não culpo ninguém por minhas escolhas. Estou pronto para seguir
em frente com minha vida. A única razão que te disse é por que...

— Por que... — Edison sussurrou, depois de um longo momento.

O pulso de Bishop acelerou quando Edison se aproximou seus olhos


focados nele. Ele disse a verdade:

— Porque não quero que você pense que sou esse tipo de homem. Um
homem violento. Não forcei ninguém, Edison. — E nunca, jamais, colocaria
uma mão em você, a menos que seja para fazer você se sentir bem.

185
— Obrigado por me dizer. — Disse Edison. Ele esfregou a mão sobre o
queixo novamente, como se o fizesse sempre que estava pensando
profundamente ou ansioso.

— Você quer que eu vá embora?— Bishop não quis perguntar, mas ele
tinha que saber. Tinha que ter certeza de que sua presença não estava
deixando alguém desconfortável em sua própria casa.

— Se você for... Eu espero que você volte. — Edison não hesitou. —


Olhe, eu estudei o sistema de justiça criminal desde que me lembro. Eu amo a
forma como você faz paisagismo. E sempre houve uma coisa em que
honestamente acredito; que se um homem comete um crime, ele deve ser
punido dentro dos parâmetros da lei. E se um homem cumpre seu tempo,
pagou sua dívida com a sociedade e deve receber uma nova chance. É assim
que o sistema é projetado. Realmente aprecio sua honestidade e franqueza,
Bishop. É admirável.

Porra era loucura que esse jovem falasse do jeito que falava, e Bishop se
apoiava em todas as suas palavras.

— Mas seu histórico passado não tem influência nesse trabalho.


Gostaria de contratá-lo por sua experiência. Edison fez uma pausa, as
pálpebras baixando enquanto seu olhar vagava pelo rosto de Bishop, até a
garganta. — Porque acredito que você é o homem certo para me dar o que
estou procurando, Bishop.

Bishop leu todos os tipos de significados ocultos nessa declaração e


guardou-o para depois. Edison era incrível, e quanto mais Bishop o conhecia,

186
mais ele percebia o quanto gostava dele. Bishop conhecia a vida, as lutas e a
pobreza desde que se lembrava. Ele se cercou de caras que queriam deles e
não se importava com o pescoço e as costas que pisavam para pegá-lo e os
chamava de família. Ele era jovem e estúpido e percebeu isso tarde demais.
Agora, ele podia se afundar em sua situação ou poderia mudar isso.

As bolas de Bishop estavam pesadas entre as coxas, as mãos tremiam


para tocar, segurar, mas ele aprendeu a conter. Se ele fizesse isso certo e
demonstrasse paciência, poderia ganhar o direito de dar a Edison o que
procurava.

— Eu acredito que também sou.

— Bom. — Edison assentiu seu doce sorriso de volta no lugar. — Agora


você vai comer esses biscoitos, ou devo comer tudo sozinho?

Bishop riu... Ele riu e depois colocou um biscoito inteiro na boca. Ele
mastigou devagar, como Edison, quando a guloseima explodiu com sabor na
língua. Ele gemeu alto, indo para outro. Porra, eles estavam fodidamente
deliciosos. Ele não reteve seus louvores e pode ter se irritado um pouco com
os gemidos, mas ele gostou de como Edison o observava fascinado.

— Deixe-me dar alguns para levar para casa. — Edison desviou os olhos
da boca de Bishop. Ele ficou olhando o tempo todo, e Bishop teve cuidado ao
dar uma olhada no volume das calças finas de Edison.

— Eu poderia comer tudo isso. Você tem habilidades, bonito. —


Bishop pegou a sacola Ziploc. — Vou adicionar isso ao meu almoço.

187
— Você almoça? — Edison sorriu. — Eu também. Na maioria dos dias
tenho sobras.

Bishop sorriu.

— Eu faço. É mais barato. Meu almoço geralmente é peito de peru e


queijo, ou sanduíches de manteiga de amendoim e geleia e barras de proteína.

— Oh, merda! — Edison recuou. — Isso parece... Não apetitoso.

Bishop ficou hipnotizado e encantado.

— Você acabou de dizer merda?

— Cale a boca. — Edison revirou os olhos. — Não vejo razão para


amaldiçoar apenas por isso.

— Você quer dizer como eu? Bishop piscou, fazendo Edison corar e se
virar.

— Não. Você não. — Edison deu de ombros. — Você fala bem.

Bishop poderia ter ficado lá a noite toda, mas...

— Eu deveria ir. Já ocupei o suficiente do seu tempo.

— Está tudo bem... Realmente. Foi bom ter alguma companhia por um
tempo. Quebra a monotonia do trabalho e da leitura. Edison começou a
acompanhá-lo até a porta da frente. — Quando você acha que pode começar?

— Eu posso montar alguns esboços esta semana. E podemos revisá-los


na sexta-feira para ver se é algo que você gosta. Se tudo for aprovado, farei um
contrato simples e posso começar neste fim de semana. Você se importa de eu

188
trabalhar à noite durante a semana até que esteja completo? Vai muito mais
rápido.

— Não. De modo nenhum. Estou em casa todas às noites. Você não


estará perturbando ou interrompendo nada.

Casa todas as noites? Deus, por que um homem era tão lindo quanto ele
sozinho todas as noites? Bem, ele não estará mais.

— Ok. Até sexta-feira.

Edison estava parado na porta depois que Bishop desceu os degraus da


escada.

— Vejo você então.

Sim você irá. O caminho todo de Bishop para casa, ele pensou que
poderia ser à noite em que tudo mudaria.

189
Capítulo 18
Bishop

Era a quarta noite consecutiva que Bishop não conseguia dormir. Ele
estava deitado na cama novamente, com a mão na cueca e a mente consumida
por Edison. Ele o viu saindo para o trabalho todos os dias com aqueles ternos
bonitos, mas eles não haviam se falado, apenas um aceno de mão ou aceno de
cabeça. Não foi o suficiente! Bishop estava ficando louco. Ele tinha tantas
perguntas que queria fazer, especialmente depois que teve que expor seus
próprios esqueletos feios. Como; quantos anos eletinha? O que aconteceu com
o pai dele, e por que ele estava sozinho? Comoficaria tão maduro? Muitas
outras perguntas giravam em sua cabeça, juntamente com ideias para o seu
recanto de leitura no quintal que iria impressioná-lo. Se Bishop não pudesse
ser mais nada para Edison, ele definitivamente poderia ser o homem certo
para este trabalho.

Ele estava vestido às seis da manhã de sexta-feira e à mesa comendo sua


segunda tigela de cereal quando ouviu a porta de Mike se abrir. Seu pai estava
de cueca, os passos pesados e o rosto enrugado, como se estivesse
representando o Grinch.

— O que diabos você está fazendo acordado tão cedo? — Ele resmungou,
deixando a porta aberta enquanto ele mijava.

190
— Preciso da sua ajuda com uma coisa. — Disse Bishop, acrescentando
alguns retoques finais em seus esboços.

— Droga, garoto. Esses desenhos novos são para mim? — Mike


perguntou, inclinando-se sobre Bishop com o hálito da manhã.

Bishop curvou-o para longe.

— Pai, vá escovar os dentes, eu tenho algo para conversar com você.

— Vá se foder. — Mike alcançou a geladeira e pegou a caixa de suco de


laranja. Ele terminou em alguns goles e depois jogou o recipiente no lixo. Ele
se sentou na cadeira à sua frente, ainda parecendo meio sono. — Melhor?

Bishop zombou.

— Tanto faz. Veja estes são para o trabalho paralelo que recebi.

— Oh. Então você aceitou? Eu não tinha ouvido mais nada.

— É eu aceitei. Essas são algumas ideias diferentes para eu mostrar a ele


hoje, mas eu queria saber se você poderia fazer um contrato rápido para mim
depois que eu mostrar isso?

— Claro Bishop. Isso não é problema. Mike esfregou o sono dos olhos. —
Isso é tudo?

— Hum. — Bishop empurrou a tigela para o lado. — Você mencionou ir


aescola quando cheguei em casa...

— Aquela vez em que você mordeu minha cabeça e não mencionei essa
merda desde então. — Mike rosnou.

191
— Sim. — Bishop disse com os dentes cerrados. — Você acha que pode
talvez...

Seu pai se levantou e deu a volta na mesa e deu-lhe um beijo grande,


molhado, desleixado e fedorento na bochecha. Bishop empurrou seu pai para
longe.

— Cara, saia daqui.

— Estou orgulhoso de você por perguntar, cara. Eu te amo. — Mike foi


em direção ao seu quarto. — Eu amo você, B. Deixe-me jogar minha merda.
Eu vou sair em um segundo. Salvei o site no laptop.

— Ugh, não o laptop. — Bishop resmungou. Ele odiava o som disso. A


tecnologia era o diabo. Tudo o que esse dispositivo complicado fez com ele
foram mostrar-lhe que não tinha educação e estava desatualizado. Seu humor
já estava se esvaindo. Ele passou a mão sobre a barba. Ele poderia fazer isso.
E tinha que fazer isso. Ele queria ser um homem melhor. Não apenas para ser
digno de um bom parceiro, mas para si mesmo. Ele não queria mais se sentir
assim. Ele não queria ser analfabeto. Ele queria andar de mãos dadas em uma
livraria com o cara e navegar como todo mundo. Ele tinha certeza de que
parecia pequeno e simples, mas era o que ele queria.

— Tudo bem, chegaremos cerca de uma hora antes de começarmos a


trabalhar. Vamos dar uma olhada. — Disse Mike, colocando o laptop na mesa
e deslizando as cadeiras. — Eu já pesquisei bastante antes de você chegar em
casa e parece que o Centro de Aprendizagem de Adultos é sua melhor opção.

192
— Por quê? — Bishop perguntou. Ele esperou enquanto Mike arrastou o
dedo sobre o bloco macio e clicou em várias coisas. Bishop já estava cerrando
os dentes, sem ter idéia do que seu pai estava fazendo.

— Porque eles têm testes de avaliação para que você possa ver
exatamente em que nível você está, e então eles têm cursos preparatórios on-
line que você pode fazer em vários níveis que eu acho que todos levaram a
você fazer o GED. — Mike levantou a mão assim que Bishop abriu a boca para
discutir. — Você nem precisa pensar nesse teste agora. Primeiro as pesquisas.
Estamos apenas interessados nas aulas iniciais que eles têm.

Bishop não olhou nos olhos do pai, mas os manteve na tela. Ele odiava o
sentimento de humilhação.

— Preparação online?

— Sim. Significado... Mike olhou para a tela e clicou em algumas


palavras destacadas. — É basicamente uma sala de aula virtual. Você faz todo
o trabalho de sua casa no laptop.

Bishop passou as mãos pelos cabelos curtos. Se ele tivesse algum


comprimento lá em cima, provavelmente o arrancaria do couro cabeludo.

— Porra, Mike! Por que você está me mostrando isso? Eu não posso
fazer nada sobre isso. — Bishop rosnou, empurrando o laptop para longe.

— Ei! — Seu pai falou, olhando de volta para ele. — Acalme-se.

Bishop lutou para controlar sua raiva, sua decepção. Essa era a única
maneira? Toda porra de coisa tinha que estar online? O que aconteceu sobre

193
ir a um prédio, conversar com uma pessoa e obter ajuda? Ele não tinha ideia
de como usar um computador, e se esse era o único caminho para ele
continuar seus estudos, estava ferrado. O pensamento de ter que trabalhar em
uma dessas coisas fez suas mãos suarem. E a esperança que ele tinha de ser
bom o suficiente para um homem como Edison estava desaparecendo mais
rápido do que o pôr do sol da tarde.

— Bishop. Veja. Eu sei que parece uma merda. Mas eu posso te ajudar.
Os programas são configurados para qualquer nível em que você esteja. Você
pode fazer o teste de avaliação e, quando estiver inscrito, eles provavelmente
farão login em aplicativos que são realmente fáceis de usar, tenho certeza. E
quando você começar a usá-lo... Você verá... E aprenderá Bishop. Isso é
aprender. Ninguém disse que seria um pedaço de bolo. Nada é. Mas estou
aqui agora e não vou a lugar nenhum. Eu posso ajudar.

— Eu sei. — Bishop resmungou. Ele se sentiu um idiota. — Você sempre


esteve lá, Mike.

— Sim, mas eu estive lá como Mike. — Seu pai bateu a tampa do laptop
e passou a mão sobre a cabeça, exatamente como Bishop havia feito. — Você
não precisava de um mano quando era criança, B. Você precisava de um pai.
Um adulto que deveria ter certeza de que você estudava todos os dias e que
estava recebendo suas lições e fazendo sua lição de casa. Não brigando nas
ruas.

Bishop balançou a cabeça.

194
— Nós não vamos lá novamente. Não foi sua culpa que eu era uma
merda.

— Você estragou tudo, porque esse foi o exemplo que você teve.

— Besteira.

— Eu nem tentei encontrar uma boa mãe para você. Eu apenas brinquei.
Eu assisti você entrar e sair da detenção juvenil. E, em vez de ficar chateado
por perder meu maninho por um tempo, eu deveria estar tentando encontrar
uma maneira de impedir que você voltasse sempre.

— Pai. — Bishop sussurrou. — Você fez o seu melhor quando


adolescente está tudo bem. Eu poderia ter acabado em uma lixeira ou preso
por drogas. Mas você me manteve por perto.

— Bem, merda. — Mike deu uma risada de dor. — Esse é o padrão com
o qual estou comparada. Foda-se, cara.

Bishop esforçou-se para afrouxar o queixo.

— Bem, meu pai está aqui agora e eu... Eu realmente poderia usar sua
ajuda, cara. Isso é muito... — Bishop apontou para o laptop fechado.

Seu pai se levantou e agarrou seu ombro.

— Sou eu e você, lil4 mano. Está no papo.

— Aonde você vai? Não precisamos terminar? — Bishop perguntou.

4
Não consegui achar o significado por ser giria, mas no contexto quer dizer meu mano.

195
— A primeira coisa que disse que precisamos fazer é ir lá e se registrar
para os testes e pagar a taxa. Isso não pode ser feito online. Mike calçou as
botas e pegou as chaves. — Vamos parar no Centro de Aprendizagem de
Adultos a caminho do local de trabalho e acabar com isso. Envie uma
mensagem para Manny e disse que chegaremos algumas horas atrasado.

Bishop queria agarrar seu pai e abraçá-lo, mas ele apenas o seguiu
porta afora, sentindo o peito mais leve do que em meses. Ele finalmente
tinhaalgum tipo de plano e também alguma ajuda muito necessária. Foi difícil
pedir, mas ele estava feliz por ter. Wood costumava dizer-lhe que um bom
homem ofereceu sua ajuda, mas era preciso ser um sábio para saber quando
pedir.

Bishop ficou feliz por não haver uma fila ou uma grande área de espera
aberta. Ele e Mike foram direto ao balcão de informações onde três mulheres
estavam conversando e tomando café.

Um com um sorriso largo e olhos azuis brilhantes olhou para cima para
recebê-los. Seus olhos saltaram para frente e para trás entre eles, seu sorriso
ficando impossivelmente mais amplo.

— Bom Dia. Como posso ajudá-lo? Seu tom era profissional.

— Sim, meu filho quer se inscrever para fazer os testes de avaliação para
os cursos preparatórios do GED. — A voz profunda de Mike chamou a
atenção das outras duas mulheres atrás da longa mesa na cintura.

196
— Seu filho? — A mulher negra, com um coque tão apertado no topo da
cabeça que puxava os cantos dos olhos, continuava olhando. — Saia daqui.
Você parece irmãos.

— Gêmeos. — A outra riu.

— Não, senhoritas. — Seu pai imediatamente ligou o feitiço como


costumava fazer quando Bishop era criança e eles estavam tentando garantir
um lugar para ficar a noite toda. Mike amava mulheres, isso não era segredo,
mas ele tinha uma mulher firme agora. No entanto, ele não se importava de
flertar para ver se ele ainda o tinha. Bishop virou a cabeça para esconder o
cenho franzido. — Não. Não irmãos. Esse é o meu garoto. Ele tem sorte de eu
ter decidido compartilhar esses bons genes com ele.

— Ele com certeza tem. — Olhos azuis golpearam seus longos cílios
loiros.

Mike inclinou-se sobre a mesa, seus bíceps grossos saltando quando ele
se apoiou contra a superfície baixa.

— Agora isso não é justo. Por que esse centro de aprendizado colocou
três moças bonitas bem aqui na frente? Eles não sabem o que tipo de
distração vocês são? Eu tinha algumas perguntas sobre os testes, mas esqueci
as quais eram.

Alguém me mate agora. Bishop não estava com disposição para muito
mais dessa porcaria. Não era como se Mike fosse convencer essas mulheres a
dar-lhe uma dica, ou melhor, ainda, levar a maldita coisa para ele.

197
— Pai. — Bishop murmurou. Dando-lhe um olhar severo, ele tinha
certeza de que poderia interpretar. Mexa-se-e-foda-se.

As mulheres absorveram a atenção, mas finalmente a mulher negra se


libertou do transe de seu pai e começou a tocar o teclado.

— Temos testes as segundas, quartas e sextas-feiras. Então, você está


aqui no momento perfeito. Posso incluí-lo. Não está lotado lá atrás, só temos
duas outras pessoas para os testes de avaliação.

Merda. Teste agora? Bishop não achou que ele teria que fazer algo hoje.
Foda-se. Ele pensou que eles dariam a ele um monte de panfletos e papelada
para preencher primeiro.

— Isso parece ótimo. Obrigada, meninas. — Disse Mike, pegando a


prancheta de formulários e pegando uma caneta do suporte. — Quanto tempo
leva?

Bishop estava tremendo nas bases, e ninguém era o mais sábio. Sua
cabeça latejava e seu queixo estava tão apertado que fazia seus ouvidos
doerem.

Olhos azuis encolheram os ombros.

— Não demora, cerca de meia hora a quarenta e cinco minutos. Existem


quinze perguntas, cada uma em vários níveis para cada uma das cinco seções
do GED. Seções de Matemática, Ciências, Estudos Sociais, Artes da
Linguagem, escrita e leitura. Não há uma determinada nota que você precise
tirar para se inscrever. Nós levamos todos os níveis.

198
— Agora, o teste é feito em computadores? — Mike perguntou.

Bishop ficou tenso.

— Sim. Mas você tem a opção de papel. Muitos estudantes não se


sentem à vontade para testar em computadores. Você quer que eu indique
teste de papel?

— Claro que sim. — Mike piscou.

Bishop se contorceu com as gotas de suor escorrendo pela espinha.


Merda, isso soou muito ao mesmo tempo. Como ele estava indo... Bishop
queria gritar que ele não estava pronto, que não podia fazer isso, mas ele
manteve os lábios firmemente juntos enquanto seguia Mike para um conjunto
de cadeiras no saguão. E sem perguntar, assim como Trent, seu pai começou a
preencher os formulários para ele.

— Eu sei que você não esperava fazer o teste hoje, mas talvez seja uma
coisa boa. Às vezes, é melhor simplesmente sair do caminho. — Disse Mike
enquanto escrevia informações. — Pare com isso.

— Talvez. Acho que deveríamos voltar outra hora. — Disse Bishop,


olhando em volta. Em qualquer lugar, menos no pai. — Eu vou fazer o teste.
Mas não vamos nos atrasar demais para o trabalho se eu aceitar agora? Eu
posso fazer isso... Em outro dia.

Mike olhou para ele por um longo momento.

— Não! — Ele disse e continuou escrevendo.

Droga.

199
— Pai. — Bishop murmurou, sentindo como se seu peito estivesse
desabando. A pressão estava esmagando e a verdade que ele estava
enfrentando era aterrorizante.

— Apenas faça o seu melhor, Bishop. Como aquela garota disse. Não há
notas boas ou ruins. Pense nisso como se testar.

— Sim, tudo bem. — Bishop esfregou as mãos e o joelho direito saltou


sem parar até que um jovem rapaz com calça jeans skinny rasgada e
uma camiseta dos Vingadores chamou seu nome.

Seu pai estendeu o punho e Bishop ficou mortificado quando ele bateu
com o punho trêmulo no do pai. Os olhos escuros de Mike brilharam com
preocupação quando ele deu um aceno rápido. Ele estava dizendo a Bishop
que ele ficaria bem, mas esse era o completo oposto do que estava sentindo.
Ele colocou um pé na frente do outro, suas botas de construção parecendo tão
pesadas quanto pedras. Cada passo parecia que ele iria encarar uma planta no
linóleo brilhante.

— Por aqui. — Disse o jovem. — Segunda porta à direita. Verifique se o


seu telefone celular está silenciado e se não há outros dispositivos eletrônicos
de qualquer tipo que possam ser utilizados durante o teste.

Bishop entrou na sala que estava montada como uma sala de aula, com
três filas de mesas com computadores na frente de cada cadeira e uma mesa
vazia que Bishop supôs ser para os participantes do teste de papel. Havia até
um quadro negro e uma mesa na frente. O garoto sentou-se e apontou para a
mesa mais distante.

200
— Seu teste está no seu lugar, Sr. Stockley.

Ugh. Já era ruim o suficiente que as outras duas pessoas ali parecessem
não ter mais de vinte e cinco anos, mas ele tinha que ser tratado como o mais
velho? Os outros estavam sentados em computadores nas extremidades
opostas da mesa e os dois o observavam com curiosidade até que ele se sentou
em seu assento. Ele era o pária, mais uma vezse destacou. Sempre que ele
aparecia na escola, as outras crianças sempre sabiam que Bishop tinha
necessidades especiais.

O cara começou a falar mais alguns detalhes sobre as regras dos testes e
o que fazer quando eles terminaram, mas Bishop não pôde ouvir quando o
zumbido nos ouvidos ficou mais alto. Quando tudo de repente ficou quieto,
ele ouviu os fracos cliques dos computadores dos outroscaras, e concluiu que
deveria começar. Ele abriu a aba, ignorando o parágrafo na primeira página, e
virou para a segunda.

A primeira seção foi matemática. A pergunta era tão básica, um simples


problema de adição, que Bishop quase riu. Ele atendeu rapidamente e passou
para o número dois, sentindo a rigidez em sua espinha afrouxar. Isso não
eratão ruim. A matemática da primeira página progrediu gradualmente, mas
Bishop sentiu-se confiante em suas respostas de subtração e multiplicação.
Foi à terceira página que quase o fez quebrar o lápis enquanto fechava o
punho em cima da mesa. Problemas com palavras. Ele percorreu cada linha
captando algumas palavras, mas não o suficiente para saber se ele deveria

201
dividir esses números ou multiplicá-los. Foda-se. Esta poderia ser uma
resposta que ele poderia acertar se ele apenas... Caramba.

Bishop mudou-se para o próximo. Mesma coisa. O problema depois


disso foi o dobro do tempo. A página seguinte era problemas de matemática
que ele nunca tinha visto antes. Eles tinham números e formas e merda neles.
O joelho de Bishop começou a saltar. Ele deixou essas respostas em branco - o
que significa errado - e quando virou a página novamente, ele estava na seção
de ciências, que parecia ser uma tonelada de frases e parágrafos longos que
deveria ler e circular uma das quatro respostas abaixo.

Depois de ficar lá folheando as páginas por muito tempo, Bishop


silenciosamente chamou a atenção do garoto. Ele franziu a testa, mas
levantou-se da mesa e se aproximou.

— Sim?

Bishop tentou manter a voz o mais quieta possível, mas ele podia sentir
os olhos nele.

— Eu preciso... Eu... Queria saber se é possível ter algumas das


perguntas lidas?

O garoto deu uma expressão incrédula que fez Bishop querer derreter
na parede atrás dele e desaparecer.

— Não, Senhor. Não posso ler as perguntas para você. Não posso ajudá-
lo nos testes. — O cara poderia pelo menos tentar sussurrar de volta para ele.

202
Bishop podia sentir seu rosto queimando. Ele passou a mão sobre a
barba. Ele abaixou a voz ainda mais.

— Eu não preciso que você leia. Eu tenho um amigo lá fora, ele só pode
ler a pergunta e depois...

O cara zombou.

— Não. Isso não seria justo. Você não precisa se preocupar em acertar
cada pergunta, Senhor. Esses testes são apenas para fins de avaliação. Se você
não souber a resposta, sombreie a última resposta que diz 'eu não sei' e passe
para a próxima pergunta. — O cara não deu a Bishop à chance de fazer outro
pedido antes de se virar e se afastar.

As outras duas pessoas correram para desviar os olhos dos monitores


quando Bishop olhou na direção deles. Ele estava tão perto de pegar aquele
fino folheto de teste e empurrá-lo para a lata de lixo a caminho da porta, mas
ele não seria capaz de enfrentar Mike depois que saísse. Ele não seria capaz de
se concentrar em sua reunião de negócios com Edison hoje à noite se ele
desistisse. Ele não desistiu e não queria ser visto como covarde ou fracassado.
Ele teve que tentar. Como Bishop teve a sensação de que desistiu agora e
deixou que esse analfabetismo o derrotasse, então ele levaria mais seis meses
antes de voltar pela segunda vez.

Bishop engoliu sua tensão e passou por cada pergunta, escolhendo e


dissecando as palavras da melhor maneira possível, mas era muito e as
palavras só ficaram maiores. Ele respondeu que eu não sei muito mais do que
ele respondeu conscientemente. A seção de estudos sociais tinha mapas e

203
perguntas gráficas, então ele acreditava que poderia ter acertado alguns deles.
Quando Bishop finalmente chegou ao fim, ele pensou que sua cabeça ia
explodir. Seu pescoço estava rígido e seus dedos estavam doloridos por
segurar o lápis com tanta força. Ele levantou-se para levar o teste para frente
quando notou que os outros dois caras já tinham ido. Ele nem os ouvira
partir.

Bishop entregou o teste ao sujeito e tentou sair dali, mas o garoto o


impediu.

— Ei, espere. Preciso fornecer algumas informações para que você possa
verificar sua pontuação. Eles serão enviados em quarenta e oito horas.
Quando estiverem no sistema, você poderá se inscrever nas aulas, e isso só
permitirá que você se inscreva nas que se qualificarem. Portanto,
recomendará aulas de pré-requisito ou curso preparatório que você possa
precisar primeiro.

Bishop estava feliz que o cara não estava indo para corrigir suas coisas
na frente dele. Ele sempre odiou isso. Sim, ele não queria saber o quanto era
burro até estar em casa e de preferência perto de uma caixa de cerveja.
Bishop colocou a pasta de boas-vindas do Centro de aprendizagem para
adultos debaixo do braço e encontrou o pai no saguão. Mike deu um grande
sorriso quando saiu e deu um tapa forte nas costas. Era bom, ele tinha que
admitir. Bom, isso tinha acabando. Ele sabia que havia muito mais a fazer, e
que a parte mais difícil ainda estava por vir. Mas ele pulou seu primeiro
obstáculo.

204
— Vamos lá, vamos para o local de trabalho. — Disse Mike.

Eles saíram para o calor, atravessaram o estacionamento em chamas e


entraram no caminhão em silêncio. Ele estava feliz que seu pai não perguntou
como ele foi. Ele não queria discutir como era admitir o quanto ele não sabia.

— Cara, se não fosse sexta-feira, B, eu diria para irmos jogar boliche e ir


pescar ou algo assim. Tenho orgulho do que você acabou de fazer e quero...
Não sei... Fazer algo por você.

Bishop virou-se de onde estava olhando pela janela enquanto Mike


dirigia pela Virginia Beach Boulevard em direção ao Centro da Cidade.

— Isso não é necessário. Você foi comigo... Era isso que eu precisava. Eu
não preciso ir comemorar agora. Quero ir trabalhar e ter certeza de que
ninguém estragou minhas vincas. Eles só deveriam dar a volta nos arbustos
do lado direito.

Mike riu.

— Temos mais novidades hoje também.

— Eu sei.

— Tudo bem, vamos ao que interessa.

205
Capítulo 19
Edison

— Você tem planos para este fim de semana, Edison? — Perguntou


Mila, apagando as luzes em volta da mesa.

— Na verdade, não. — Edison manteve a cabeça baixa enquanto fazia


as malas, não querendo que ela o visse corar quando pensou em Bishop vindo
sobre sua casa novamente. A última vez foi... Bem, esclarecedora, para dizer o
mínimo. — Só jardinagem.

— Oh. — Ela franziu a testa. — Você foi inflexível quanto a sair a tempo
hoje, pensei que talvez tivesse um encontro quente com um garoto mal.

— Ha! — Ele gritou, porque não sabia mais o que dizer. Certo garoto
mau era tudo o que ele conseguia pensar na semana passada. O ex-presidiário
que ele convidara para sua casa. Ele achava que Bishop só estava no papel.
Áspero, grosseiro e intimidador porque ele era mal compreendido. Não. Não
foi um ato. Bishop era um menino muito ruim. Alguém que acariciava sua
bochecha quando se sentia uma porcaria em um estacionamento escuro.
Aquele que constantemente checava seu corpo como se ele fosse uma alcatra
assada com todas as guarnições. Alguém que agia como se gostasse e queria
estar na companhia de Edison.

206
— Você não precisa parecer tão chocado. Não seria uma coisa terrível se
divertir, Edison. Jura que você tem vinte seis anos?Em vez de sessenta e seis.
Esses livros e mercados de pulgas não podem mantê-lo aquecido, querido. Ela
acenou a caminho do saguão. — Tenha um bom fim de semana. Vejo você na
segunda-feira.

— Bom fim de semana. — Foi sua resposta habitual. Edison podia sentir
as borboletas tremulando em seu estômago. Ele estava esperando a sexta-
feira chegar ansioso, e não tinha nada a ver com o novo livro que acabara de
baixar no almoço. Ele ficou um pouco parado no escritório vazio, certificando-
se de que a maioria da equipe de suporte havia saído. Edison olhou pela
janela e viu que a equipe de terra havia terminado o dia e estava carregando
seu equipamento de volta nos trailers. Edison esperava ter encontrado Bishop
para poder perguntar como ele queria fazer esta noite.

No elevador, ele brincou com o botão do paletó, decidindo deixá-lo


aberto. Ele passou a mão sobre a gravata azul-celeste e respirou fundo. Ele
poderia fazer isso. Ele era adulto e Bishop também, e ele iria deixar claro suas
intenções. No momento em que abriu uma das portas, Bishop estava de pé no
pé da escada com Trent. Edison esqueceu o que ia dizer quando viu a forma
forte de Bishop. Ele estava sujo e suado por trabalhar em temperatura de
quase quarenta graus o dia todo, mas, maldição, se ele não parecesse bom o
suficiente para seguir em frente. Ele olhou para Edison com aqueles olhos
escuros, e seus joelhos ficaram fracos com o sorriso que curvava um lado
da boca larga de Bishop. O menor dos sorrisos, mas estava lá. Ele ficou calmo

207
quando desceu os degraus, agradecido por não tropeçar e parou na frente
deles.

— Boa noite.

— Tarde. — Disse Bishop, mal abrindo a boca, aqueles olhos penetrantes


vagando livremente pelo rosto de Edison.

— Prazer em vê-lo novamente. — Disse Trent com humor provocando


seu tom. — Como foi o seu dia?

Edison riu quando Bishop bufou de irritação. O amigo de Bishop era


engraçado. Ele era mais baixo que Bishop, mas era musculoso e igualmente
atarracado. Ele tinha o cabelo cortado rente e tinha a mesma pele bronzeada.
Ele tinha olhos castanhos e lábios rosados, um cara bonito, mas quando
combinado com sua personalidade divertida, ele era bastante atraente.
Edison se viu sendo sugado e riu quando Trent estendeu a mão para apertar a
mão dele.

Ele agarrou a palma grossa de Trent e a sacudiu com firmeza.

— É bom ver você também, Trent. E meu dia foi bom... Muito bom. E
você?

— B, esse cara é irreal. — Trent sorriu e soltou a mão de Edison. — Com


mãos macias e loucas também.

— Tchau, Trent. — Bishop rosnou. — Vejo você amanha.

O pau de Edison estremeceu com o timbre da voz de Bishop e a


autoridade em seu tom. Ele mordeu o lábio inferior enquanto tentava mover a

208
bolsa sem que nenhum deles percebesse. No entanto, ele não achava que
havia enganado Bishop.

— Sim, paz. Vejo você depois, Eddie. — Trent partiu sem outra palavra.

— Adeus. — Edison acenou. Ele olhou de volta para Bishop e viu que
seus olhos estavam ardendo. Edison não sabia como ele faria isso. Ele estava
fora de seu elemento e longe de sua liga. Ele não era um paquerador ou uma
borboleta social. Ele fora introvertido a vida toda. Quando adolescente, ele
crescera ouvindo as divagações e os modos antigos de homens de setenta anos
de idade, em vez de sair à beira-mar ou na Dave & Buster'scom seus colegas.
Agora, ali estava ele, aos vinte e seis anos, com menos experiência sexual do
que um garoto de dezesseis anos.

Bishop se aproximou. Era difícil para ele pensar quando Bishop invadiu
seu espaço e atacou seus sentidos.

— Você está bonito.

Edison passou a mão na gravata, rindo levemente. Ele não tinha certeza
de que poderia se acostumar com os elogios.

— Obrigado, Bishop.

— Eu tenho que ajudar os caras a guardar o equipamento, então eu vou


para casa, tomar banho e retirar toda essa sujeira em mim. — Bishop olhou
para suas calcas caquis sujas. — Então, se você ainda quiser, eu tenho os
esboços prontos para o seu quintal. Podemos passar por cima deles e ver se

209
você gosta deles. Mas tenho que ir para casa e me trocar, sinto que cheiro
como uma merda.

O coração de Edison deu um pulo e suas bolas cerraram a qualquer


momento que Bishop usava esses palavrões todos à vontade. Eles rolaram da
língua dele como se não fosse nada, e Edison descobriu que gostava disso.
Gostava da boca suja de Bishop.

— Certo. Sim, eu estarei em casa. Eu definitivamente quero dar uma


olhada. E eu... Eu estava pensando... — Edison parou, esquecendo exatamente
como ele havia ensaiado sua próxima fala. Droga.

Com os olhos na ponta dos sapatos, ele viu Bishop se aproximar até que
suas botas estavam quase tocando os dedos dos pés.

— Se minhas mãos não estivessem tão sujas, eu tocaria seu lindo rosto.
Olhe para mim, Edison.

O coração de Edison quase parou e toda a vida pareceu desacelerar. Ele


olhou em volta para ver se mais alguém estava assistindo, mas eles estavam
sozinhos. Ele ficaria tão envergonhado se alguém testemunhasse Bishop
reduzindo-o a uma poça de gosma na calçada. A equipe dele estava ao redor
do estacionamento lateral, e a maioria das pessoas que trabalhava no prédio
saía de seus escritórios as cinco em ponto, e não às cinco e uma. Deus, ele não
se importava se as mãos de Bishop estavam sujas ou não, ele as queria nele.
Ele quase disse que não se importava, mas manteve os lábios juntos enquanto
levantava a cabeça. Ele tinha um longo caminho a percorrer, enquanto seus
olhos viajavam pelo corpo de Bishop, polegada por polegada. Seu peito estava

210
inchado e Edison podia ver a definição de seu abdômen delineada através
da camiseta ensopada de suor de Bishop. Sua garganta era grossa e estava
úmida, sua barba por fazer era exatamente a quantidade certa para queimar
suas bochechas. Ele não encontrou os olhos de Bishop, mas sua visão parou
nos lábios.

— Você estava dizendo. — Bishop solicitou. Seus lábios mal se


moveram, mas sua voz soou clara e forte.

Edison tentou segurar a reação de seu corpo à proximidade de Bishop, à


sua voz grave, ao seu aroma almiscarado e com cheiro de grama. Ele lambeu
os lábios, embora eles já estivessem úmidos. Ele pensou ter
ouvido Bishop gemer, mas seu pulso estava batendo tão alto em seus ouvidos
que ele poderia estar errado.

— Eu ia dizer... Eu poderia fazer comida para nós enquanto... Você sabe,


enquanto olhamos para seus planos. — Edison exalou e apressou-se a
continuar: —Como um jantar de negócios, é claro. Eu não sou bom em comer
fora ou discutir contratos em lugares lotados.

— Hum.

Edison podia sentir o calor do olhar de Bishop, mas ainda não conseguia
se perder naqueles olhos. Não agora. Ele ajustou sua bolsa e seus joelhos
quase dobraram quando o material resistente cutucou seu pau duro. Ele
engoliu em seco e olhou para a boca de Bishop, esperando que ele
murmurasse mais algumas palavras, ou para cantarolar sua aprovação
novamente:

211
— Depende de você. Eu não estou fazendo nada maravilhoso, então se
você quiser comer em casa, então...

— Jantar com você parece ser a melhor coisa que eu já ouvi há muito
tempo. Confie em mim.

Confia nele? Edison ficou tão surpreso com a resposta que não
conseguiu pensar no que dizer a seguir. Ninguém nunca havia falado com ele
dessa maneira. Ele construiu a coragem de convidar alguns caras em sua vida,
mas ambos foram demonstrações embaraçosas de sua inexperiência e foram
seguidos rapidamente com rejeições. O cara que ele namorou por um tempo,
bem, ele não iria nem pensar nessa catástrofe. Bishop não era nada parecido
com aquele idiota. Edison já amava as partes de Bishop que ele tinha visto e o
que ele havia oferecido com tanta ousadia e bravura.

No entanto, Edison não conseguiu abalar a voz sussurrando em sua


cabeça que Bishop tinha acabado de ser libertado da prisão, e ele
provavelmente faria qualquer sexo que pudesse conseguir. Mas, no segundo
seguinte, a mente racional de Edison estava assegurando-lhe que Bishop era
um dos homens mais sexy que ele já conhecera, de muitas maneiras
excepcionais. Ele podia ir a qualquer clube noturno e havia muitos nas sete
cidades de Hampton Roads e sair com o cara mais gostoso de lá e apreciá-lo
até a manhã chegar, se ele desejasse. Ele não precisava perder suas noites e
fins de semana conhecendo Edison.

— Isso... — Edison assentiu, não querendo dizer nada bobo. — Então


tudo bem.

212
Nenhum deles disse mais nada, mas nenhum deles se moveu até
Trent gritar o nome de Bishop do outro lado e dizer que estavam prontos.
Trent não esperou que Bishop o reconhecesse enquanto saía para esperar com
os outros homens, o que era bom porque Bishop nunca tirava os olhos de
Edison. O homem era tão intenso que fez sua pele formigar.

Ele precisava ir. Estava ficando cada vez mais difícil justificar ficar ali,
respirando o perfume do difícil dia de trabalho de Bishop.

— Sempre que você chegar lá, tudo bem.

— Não demorarei. — Bishop começou a se afastar, e Edison finalmente


conseguiu respirar um pouco mais fácil e chamar a atenção de Bishop quando
ele disse uma última vez: — Não vou demorar muito, Edison.

213
Capítulo 20
Bishop

Bishop estava na calçada de Edison novamente,pensandona decisão que


estava tomando. Ele tinha a voz de Mike em sua mente desde que seu pai
decidiu adicionar seus dois centavos sobre o jantar de negócios de Bishop
hoje à noite antes de sair para a casa de sua namorada.

— Espero que você saiba o que está fazendo,lil mano. Eu vi você


conversando com ele depois do trabalho hoje e não parecia que vocês dois
estavam planejando um jantar de negócios. Parecia que você estava
planejando se encontrar no Holiday Inn.

Bishop apertou o último botão da camisa que tirara do armário de


Mike para combinar com os melhores jeans que ele tinha o que significava
que não havia manchas de grama. Ele tomou um banho de quinze minutos e
fez questão de prestar atenção extra à barba, já que era óbvio que Edison
gostava disso. Bishop nunca tinha visto um homem prestar tanta atenção à
sua aparência.

— Eu sei o que estou fazendo. Você viu os esboços? — Bishop disse


confiante. Ele se sentiu ótimo e não sabia por que seu pai estava tentando
foder seu bom humor. — Ele vai amá-los.

— Sim. É um dos melhores que eu já vi.

214
— Tudo bem então. — Bishop enfiou a carteira no bolso de trás. —
Então, qual é o seu negócio?

— Meu negócio é você fodendo esse executivo, enquanto trabalha para


ele. É um negócio ruim, Bishop.

Bishop jogou a cabeça para trás. Sim, ele estava ridiculamente atraído
por Edison e isso crescia a cada dia, mas ele não acreditava que isso afetaria
sua capacidade de fazer o trabalho e ele queria mais do que uma merda
dele.

— Eu não estou tentando transar com ele. Ele é... — Bishop rosnou e
passou por seu pai. Ele invadiu a sala de jantar para reunir seu portfólio e o
resto de seus pertences. — Ele não é assim.

— Eu conheço o visual, B. Eu já vi muito. — Mike ergueu uma das


sobrancelhas para ele. — Ele quer mais de você do que apenas um serviço de
jardinagem.

E Bishop queria mais de Edison.

— Talvez você deva parar de assistir ou olhar de perto. Ele não é


Royce. Nem mesmo perto.

— Eu sei disso... Esse é o problema.

— Eu sei o que estou fazendo. — Bishop parou na porta. — O centro já


enviou minhas pontuações de avaliação?

Mike esfregou a barba.

215
— Ainda não. Mas, quando o fizerem, eu vou lhe dizer. E nós podemos
ir.

Seu pai continuou usando a palavra 'nós'.

Bishop pegou seu grande portfólio e saiu do caminhão. Ele viu Edison
espiar pelas cortinas antes de abrir a porta da frente. Ele estava descalço e
vestido casualmente de novo, desta vez com uma camisa de colarinho verde
usada e calça preta atlética. Quando Bishop estava no último degrau, Edison
sorriu suavemente e manteve a porta aberta para ele. Ele teve que se virar de
lado para os dois caberem na porta, e quando o fez, os corpos foram
separados apenas alguns centímetros. Edison parecia estar prendendo a
respiração, mas Bishop com certeza não estava. Tudo cheirava incrível,
incluindo o homem que estava tão perto de pressionar todo o seu corpo.
Porra, ele sabia que a atração deles estava crescendo rapidamente, mas isso
era insano. Ele queria se curvar e pressionar o nariz na mandíbula lisa de
Edison e inalar e passar horas e horas apenas o cheirando. Então o cheiro de
carne temperada e o som de frituras fizeram seu estômago roncar.

— Ei lindo. Algo cheira bem aqui. Além de você.

Edison fechou a porta. Ele passou por Bishop enquanto entrava,


sorrindo para ele enquanto fazia isso.

— Como é sexta-feira à noite, fiz hambúrgueres. Eu quase os coloquei na


grelha nos fundos, mas jurei que vi algo se movendo lá fora, no segundo em
que abri a porta. Então, eu os fiz no fogão.

216
Bishop não podia acreditar nos olhos dele. Edison tinha dois jogos
talheres na mesa de jantar, nada muito chique e não havia velas ou garfos de
sobremesa, mas muito melhor do que qualquer coisa com a qual ele estava
acostumado. Dois enormes hambúrgueres cobertos com queijo branco e um
ovo frito estavam em uma travessa. Bishop nunca tinha visto um hambúrguer
assim antes, mas caramba, se seu estômago não roncou furiosamente. Edison
fez parecer delicioso. Então ele tinha todos os utensílios que um homem
precisaria para fazer o melhor hambúrguer: tomate, cebola, alface e picles.

— Você pode colocar suas coisas lá em cima da mesa, se quiser. Depois


de tirar as batatas, podemos fazer nossos hambúrgueres e começar a comer.
Estou faminto. Os olhos de Edison se arregalaram antes que ele se apressasse
a dizer: — Tomei apenas um café da manhã e almoço leve... Então...

— Bem, eu almocei e acho que ainda posso comer aquele hambúrguer


inteiro, Eddie. Parece tão bom.

— Ok. — Edison sorriu e começou a pegar as grandes batatas fritas de


uma panela funda de óleo.

As luzes nas outras partes da casa estavam apagadas, mas a área de


jantar e a cozinha estavam bem iluminadas, e Bishop se viu pronto e ansioso
para começar. Quase desesperado para mostrar a Edison o que ele poderia
fazer. Como ele não era estúpido. Música instrumental suave tocava no
sistema de som de Edison, e se perguntou se esse era o tipo de música que ele
sempre ouvia.

217
— Fique à vontade. — Disse Edison, observando-o da cozinha aberta. —
O que você quer beber? Isso é chá doce na mesa, mas eu também tenho suco,
refrigerantes... Ou cerveja. Eu realmente não bebo, mas eu tenho alguns hoje
no caso...

— O chá é bom. — Disse Bishop, apoiando o grande bloco de desenho


na parte de trás do banco. Ele se serviu de um pouco de chá frio no que supôs
ser o copo designado e tomou um grande gole. Foi realmente doce e
refrescante descer pela garganta ressecada.

─ Doce o suficiente para você? ─ Edison sorriu daquele jeito tímido e


sexy que Bishop gostava.

Ele esperava que ele desse uma expressão que mostrasse sua satisfação.
As bochechas de Edison estavam levemente rosadas quando ele desviou o
olhar.

— Está bom. — Disse Bishop. Ele queria sentar a mesa do café da


manhã e assistir Edison se movimentar tão livremente em sua cozinha. Ficou
claro que é onde ele se sentia mais à vontade, tanto que começou a flertar.

Edison apagou as luzes da cozinha e trouxe o prato cheio de batatas


fritas para a mesa e colocou-as ao lado dos hambúrgueres.

— Mal posso esperar para ver o que você projetou Bishop. — Disse ele.
— Eu já sei que vai ser incrível.

Bishop sentou-se, observando fascinado Edison colocar os


hambúrgueres em pães grandes e gesticular para ele se servir. Ficou claro que

218
ele colocara muito trabalho em sua refeição, e Bishop apreciava mais do que
Edison poderia imaginar. Fazia anos desde que alguém cuidou dele dessa
maneira, elogiou-o, encorajou-o... E alimentou-o. Isso deveria ser sobre
negócios, e ele já não estava nem perto. Era uma loucura querer estender a
mão e segurar a mandíbula de Edison e arrastá-lo para sua boca?

Quando estavam sentados, os dois comeram com gosto. Bishop


empilhou alface, tomate, um pouco de maionese e ketchup em seu
hambúrguer, optando por evitar as cebolas. Após a primeira mordida, o suco
da carne perfeitamente cozida escorreu por seu queixo, fazendo Edison rir
enquanto limpava um pouco do mesmo escorrendo pelo canto de seus
próprios lábios. As batatas fritas estavam crocantes e tinham algum tipo de
sal duro por cima, que ele nunca tinha provado antes. Os dois estavam
morrendo de fome, porque foi só no meio da refeição que Bishop apareceu
para falar.

— Como você aprendeu a cozinhar assim? Nunca ouvi falar de um


homem cozinhando tão bem. — Bishop encostou-se na parte de trás da
almofada do banco e deu um tapinha no estômago. — Estou quase cheio e
ainda tenho meio hambúrguer.

Edison mordeu a batata ao meio e mastigou até ficar com a boca vazia
antes de responder:

— Eu cozinho desde os doze anos de idade. Você realmente não conhece


homens que gostam de cozinhar?

Bishop franziu a testa, balançando a cabeça.

219
— Assim não.

Edison limpava a boca após cada mordida que dava, e Bishop precisava
se lembrar de não limpar as mãos no maldito jeans.

— Se você assistir a algum programa de culinária na TV verá que a


maioria dos cozinheiros, juízes e especialistas são homens.

Bishop assentiu.

— Você fez alguma aula de culinária ou algo assim? Isso é algo gourmet
de verdade aqui.

— Não. — Edison escondeu o sorriso atrás do guardanapo. — Meu pai


costumava trabalhar muitas horas e, quando eu era mais jovem, eu sempre
estava lá na loja com ele. Mas quando eu estava no ensino médio, comecei a
ficar em casa sozinha e isso significava que tinha que me alimentar. Havia
uma senhora idosa que morava a algumas portas, ela já morreu e ela vinha me
ver enquanto meu pai estava no trabalho, ou eu sentava ali com ela até o
marido chegar em casa. Eu a assistia fazer o jantar para sua família, fascinado
com os cheiros e doces que ela podia fazer permear toda a casa. Ela era tão
gentil e costumava dizer que não havia nada errado na vida de uma pessoa
que um prato cheio de amor não pudesse consertar. Para encurtar a história.
Ela começou a me ensinar algumas coisas e eu expandi a partir daí. Eu assisti
a programas de culinária, pedi alguns livros de culinária e a próxima coisa que
sei é que eu estava fazendo o jantar para mim e pop. E ele vivia se gabando
disso também. Edison riu baixinho: — O que me fez querer aprender mais e
cozinhar melhor.

220
— Parece que você e seu pai estão próximos. — Disse Bishop.

Edison assentiu.

— Éramos. Ele morreu de ataque cardíaco há alguns anos. Ele... Ele era
meu melhor amigo. Meu único amigo de verdade.

Bishop estendeu a mão e gentilmente colocou a mão sobre a de Edison e


apertou. Ele fez isso antes que ele pudesse adivinhar. Era difícil ver esse tipo
de tristeza de partir o coração em um rosto tão bonito. Edison largou o
guardanapo, mas continuou a falar naquele tom suave, enquanto mantinha os
olhos no contato que eles compartilhavam.

— Ele era um homem grande e eu sou como ele. Ele gostava de comer. E
eu gostava de alimentá-lo. Nós dois perdemos um pouco de peso depois que
ele foi diagnosticado com pressão alta, mas acho que não o suficiente. Ele era
um ótimo pai. O melhor. Ele trabalhou duro para me dar uma boa vida e me
ensinar de maneira diferente da maneira como as crianças são criadas agora.
E eu adorei. Eu nunca senti que estava perdendo alguma coisa por não ser
popular ou social na escola. As crianças eram idiotas de qualquer maneira.
Então, sempre fomos eu e ele.

— Onde estava sua mãe? — Bishop perguntou, querendo saber tudo.


Ele puxou a mão para trás, mas não longe. Ele não deveria estar ficando tão
pessoal, mas esperava que Edison quisesse conhecê-lo também.

— Ela morreu de uma infecção dois dias depois que eu nasci. É claro que
não me lembro dela, mas meu pai nunca se casou e ele me contou histórias
sobre ela o tempo todo. Ele disse que ela era sua primeira e única.

221
Bishop não sabia como era ser criado dessa maneira, da maneira que ele
sempre sonhou. Embora Edison não tivesse mãe, o mesmo que ele, eles ainda
tinham uma educação tão diferente. O pai de Edison tinha sido um bom
modelo e se certificou de cercar o filho com influências positivas.

— Você disse antes que ele tinha uma barbearia.

A expressão sombria de Edison se transformou diante dos olhos


de Bishop. O ouro em sua íris brilhou quando ele começou a falar.

— Sim. Era na First Colonial, em Virginia Beach. Estava em operação


por quarenta anos antes de ele falecer. Eu costumava viver e respirar naquele
lugar, e todo mundo pensava que eu assumiria o lugar do meu pop quando ele
morresse, mas eu não podia. Meu tio teve que lidar com a venda, porque eu
não podia mais entrar no prédio depois que isso aconteceu. O lugar continha
muitas lembranças. Até o cheiro do meu pai estava lá. O cheiro de loção pós-
barba e o óleo de madeira doce que ele usava para limpar o suporte de
engraxate eram demais para eu lidar. ─ Edison bufou. — Além disso,
barbearia nunca foi meu chamado e meu pai sabia disso. Eu era bom no
ofício, mas não o amava. Só gosto de me arrumar, não de arrumar homens
aleatórios o dia inteiro.

— Você faz um bom trabalho, se eu posso ser tão ousado. — O clima


estava mais leve agora e Bishop estava agradecido.

Edison revirou os olhos, mas seu sorriso era brincalhão.

— Não, eu não me importo que você seja ousado, Bishop.

222
— Então, você corta o seu próprio cabelo. — Disse Bishop, incrédulo.

— Sim. Desde que eu era adolescente. Edison bebeu o resto de seu chá
gelado. Ele só comeu metade do hambúrguer e algumas batatas fritas antes de
empurrar o prato. Bishop continuou comendo. Era bom demais para
descartar o resto, e ele não sabia quando teria a oportunidade de comer outro
hambúrguer gourmet sem que isso lhe custasse vinte dólares.

— E isso também. — Bishop tocou o fundo da mandíbula de Edison.


Ele não pôde evitar. — Eu nunca vi uma barba tão bem feita.

Edison fechou os olhos como se estivesse saboreando a sensação.

— Eu uso uma navalha. Todos os dias.

— Oh droga. — As sobrancelhas de Bishop se ergueram. Isso é muito


foda, bem ali. Edison era cheio de surpresas.

223
Capítulo 21
Edison

Edison não queria que Bishop mexesse as mãos. Ele só usou as pontas
dos dedos para roçar em sua bochecha, mas foi o suficiente para acender um
pavio que estava queimado há séculos. Seu pênis continuou se contraindo
com entusiasmo quanto mais Bishop falava. Ele não estava tão calado quanto
Edison pensava. Muito pelo contrário. Era como se Bishop não conseguisse
parar de fazer perguntas. Ele fez questão de não gaguejar quando encontrou
os olhos de Bishop.

— Então, hum. Vamos ver o que você tem no meu quintal. Mal posso
esperar. Eu disse que o outono é minha época favorita do ano, não é?

— Eu acho que você pode ter mencionado isso. — Bishop murmurou,


observando-o tão de perto que o deixou nervoso.

Edison moveu os pratos para o outro lado da mesa e abriu espaço para o
grande bloco de desenho que Bishop havia trazido com ele. Provavelmente
teria sido mais hospitaleiro da parte dele limpar a louça suja, mas ele não
suportava sua situação atual. Era por isso que ele precisava levar a conversa
deles para o trabalho, porque se Bishop continuava olhando para ele dessa
maneira, ele tinha certeza de que seria um tolo.

224
— Espero que você goste deles. Fiz três projetos diferentes para atender
a um orçamento intermediário. Bishop passou pelo banco e colocou o bloco
na frente deles, folheando várias páginas antes de parar. — Peguei o que você
disse sobre outono. E querendo fazer churrasco ao ar livre, às vezes pode
divertir. Então você quer um tipo de área aconchegante para você ler.

— Sim. — Edison suspirou, olhando para o grande pedaço de papel que


mostrava um gramado fresco, moderno e tão cheio de cores brilhantes que ele
não podia acreditar em seus olhos. Não havia nenhuma maneira
enlouquecedora de Bishop transformar o refúgio de vida selvagem que ele
tinha em seu quintal na cena deslumbrante que ele viu diante dele. Mas esse
era o seu grande salgueiro no final da propriedade que pairava sobre a cerca
dos fundos, agora parecendo um oásis sombrio. Ficou claro que a imagem
havia sido desenhada à mão com lápis de cor, mas a definição e os detalhes
eram tão claros que, à distância, poderia ser confundido com uma fotografia.
Edison percebeu os diferentes tipos de plantas que Bishop havia escolhido a
maioria delas com castanho avermelhado, verdes profundos e folhagem
laranja e vermelha. Havia um caminho de pedra que serpenteava entre fileiras
de lindas flores alaranjadas que levavam ao galpão, então ele não precisava
mais andar na grama se quisesse ir lá. Que, no papel, estava imaculadamente
cortado em um daqueles desenhos xadrez que ele tinha visto em casas de
luxo. Sua grade foi reposicionada para o outro lado da varanda e Bishop havia
adicionado um toldo de madeira escura na cerca, para que ele tivesse sombra
quando cozinhasse. Havia um recinto de pedra cinza ao redor de sua área de
cozinhar, com mais plantas e arbustos adicionados ao longo dos lados,

225
fazendo com que parecesse uma daquelas configurações no programa de
culinária ao ar livre que ele assistia. Bishop chegou a atrair as chamas no ar e
a fumaça subindo da churrasqueira.

Mas o favorito dele, de longe, era a poltrona de grandes dimensões e o


novo pátio que ele viu em torno de uma fogueira de tamanho médio. Não era
aquele que parecia custar uma pequena fortuna, mas era perfeito para ele. E,
assim como ele havia pedido, havia dois alto-falantes instalados ao redor da
varanda, mas eles não estavam disfarçados de pedras, eram corujas. Edison
riu. Isso é brilhante! As corujas eram aves de rapina noturnas espantariam
todos os assustadoresbichos que tentassem entrar na varanda à noite
enquanto ele estava perdido em um romance. Quando ele conseguiu desviar
os olhos do desenho, viu Bishop observando-o tão intensamente como
sempre.

— Você gosta disso?

Edison queria afundar no chão ao som daquela voz maldita. Oh, diabos
sim. Eu gosto de tudo. Eu gosto de você! Ele queria gritar, mas jogou o mais
legal possível, embora estivesse além de impressionado.

— Bishop... — Ele respirou. — Não acredito nisso. Seu desenho é lindo,


mas pensar que você pensou nisso olhando para isso.— Edison apontou para
as portas abertas do pátio. — É inacreditável. Você é tão talentoso.

Edison não sabia dizer se Bishop estava corando, porque sua pele estava
muito bronzeada e sua barba muito escura. Mas a maneira como seu olhar
disparou sobre o desenho, então o rosto de Edison era revelador.

226
Bishop queria que ele gostasse do seu trabalho, queria que ele o adorasse.
Assim como ele queria que Bishop adorasse sua comida.

— Eu tenho mais algumas. — O joelho de Bishop saltou debaixo da


mesa enquanto ele pulava para a próxima página.

Edison ofegou. Era o mesmo conceito, exceto com diferentes conjuntos


de pátios e diferentes opções de flores. As linhas ainda eram tão elegantes e
complicadas quanto à primeira possibilidade. Então Bishop virou outra
página. Tão elaborado e intrincado quanto os outros. Ele balançou a cabeça,
sorrindo para este homem incrível.

— Como eu escolho?

Bishop lambeu os lábios e Edison sentiu seu sorriso desaparecer


enquanto olhava a boca cheia de Bishop, imaginando como seria beijá-lo.

— Você não precisa escolher agora. Há muito a ser feito antes que eu
compre as flores e assim por diante.

— Uau. — Edison virou de volta para o primeiro. — Eu acho que vou


com este. Sim esse.

— Este é o primeiro que eu desenhei.

Edison sorriu.

— Gosto das cores. Em novembro será muito bom, não é? Quando tudo
estiver florescendo.

— Sim. Será.

227
— Bem a tempo do Dia de Ação de Graças. Esse era o feriado favorito do
meu pai. — Edison falou e revirou os olhos. — Meu também.

— O meu também. — Acrescentou Bishop. — Estive em um ou dois


jantares de Ação de Graças na minha vida.

Só dois. Edison não sondou. Mas isso parecia triste, e se perguntou mais
sobre a família de Bishop. Ele tinha um pai com quem estava perto o
suficiente para trabalhar e um melhor amigo que chamava de irmão. Por que
ele parecia tão sozinho?

Edison se levantou, esperando que Bishop não prestasse muita atenção


à sua região inferior. Bishop teria que aceitar o fato de que ele não tinha
controle sobre isso, e a culpa era de Bishop por ser tão atraente. Ele juntou os
pratos e copos vazios.

— Você quer algo mais para beber?

Bishop o seguiu até a cozinha com os poucos condimentos restantes.


Edison sentiu a temperatura subir, sentiu o pulso acelerar. Bishop estava em
sua cozinha novamente. Embora normalmente fosse o espaço perfeito para
ele, parecia sufocante com o grande corpo de Bishop girando em torno do seu.
Ele pegou os pratos da mão de Bishop e os colocou na pia.

— Você não precisava fazer isso. Meu pai me ensinou melhor que isso.
Você é um convidado em minha casa.

— Bem, meu pai diria, adivinhe. Levante sua bunda preguiçosa e ajude
com a louça.

228
Edison riu enquanto empilhava o resto dos pratos e pegava um pano
para limpar a mesa. Ele cuidaria da bagunça depois que Bishop partisse, não
querendo perder um segundo do tempo juntos.

— Quando você quer começar? Parece que isso vai levar algum tempo.

— Trent vai me ajudar com a inicialização e então eu vou levá-la de lá.


Farei algumas horas depois do trabalho durante a semana e no sábado. Não
vai demorar tanto quanto você pensa. Posso ter um contrato para você
examinar amanhã e trarei meu equipamento comigo.

— Amanhã? — Edison ficou em pé.

— É muito cedo? — Bishop se aproximou.

Edison secou as mãos e jogou a toalha no balcão.

— Não. De modo nenhum. Estou apenas surpreso. E... Animado... Então


sim, vamos lá. Estou pronto.

— Eu também. — Bishop murmurou.

Edison não sabia o que estava acontecendo. Eles ainda estavam falando
sobre o quintal dele? Bishop não parecia estar pensando em paisagismo. As
costas de Edison estavam pressionadas contra o balcão, enquanto Bishop
ficava lá, a toda a altura de um metro e noventa, bloqueando sua saída.
Edison piscou enquanto seus olhos viajavam pelas coxas tonificadas
de Bishop até suas botas. Botas muito grandes.

— Olhe para mim, Eddie. — Bishop chegou ainda mais perto, quase
perseguindo-o.

229
Seu coração parecia que ia pular de seu peito. Bishop ainda não tinha
parado de avançar e Edison não tinha mais para onde ir na cozinha mal
iluminada. Não que quisesse. Ele levantou a cabeça até olhar nos olhos
de Bishop. Enquanto ele tinha o olhar nivelado ele conhecia a expressão.
Luxúria. Bishop o procurava com uma expressão de fome que o aterrorizava.
O que ele deveria fazer? Ele manteve contato visual o melhor que pôde,
precisando exercer alguma masculinidade lá em algum lugar, mas era difícil
ignorar o peso de sua respiração e a sensação de pânico em seu intestino.

Edison estava quase desmaiado quando Bishop pressionou o peito


contra o corpo. Santa... Mãe de... Bishop era tão duro seu estômago, seus
braços, seu pênis... E Edison também. Ele não tinha motivos para se
envergonhar de sua ereção, porque pelo que podia sentir, Bishop estava na
mesma situação. Ainda assim, ele duvidava que Bishop estivesse prestes a
gozar como ele estava. Edison agarrou a parte de trás do balcão com as duas
mãos. Ele tentou o seu melhor para diminuir a respiração, mas foi inútil
quando viu a mão de Bishop subindo pelo canto do olho. Lentamente,
Bishop segurou o queixo, os olhos vagando pelo rosto de Edison como se
nunca o tivesse visto antes.

— Você é lindo. — Disse Bishop, soando como se ele estivesse perdendo


a voz. O baixo em sua voz vibrou a pele na bochecha de Edison quando
Bishop arrastou o nariz pela mandíbula até a garganta. — Eu disse a mim
mesmo para ser profissional enquanto estivesse aqui, mas não posso... —
Bishop emitiu um rosnado baixo que disparou diretamente para a virilha de
Edison. — Eu não posso ajudar, mas quero tocar em você.

230
Deus, ele precisava tanto de ser tocado, mas não sabia como pedir. A
reação de Edison foi um gemido suave. Bishop agarrou seus quadris e o puxou
com força, e o pau de Edison começou a vazar. Ele sabia que não tinha muito
antes de sentir aquele formigamento na virilha e a pressão aumentando em
seu saco. Ele simplesmente não podia acreditar no que estava acontecendo. O
peito de Bishop não parecia nada com o dele. Tinha tanta definição que
Edison podia sentir os músculos através de sua camisa. E ele queria sentir
mais. Como se Bishop pudesse ler seus pensamentos, ele passou um braço
musculoso pelas costas enquanto continuava a acariciar o lado da bochecha
de Edison com a outra mão.

— Tão suave. — Bishop murmurou contra sua bochecha. — Eu queria


fazer isso desde que te toquei naquele estacionamento.

— Bishop... — Ele suspirou apenas capaz de recuperar o fôlego o


suficiente para dizer essa palavra. Seu pênis estremeceu e seu
rosto ficou vermelho quando Bishop rosnou em resposta, seu eixo grosso
latejando fortemente contra a pélvis dele. Oh meu Deus, oh meu Deus. Ele
não queria parecer tão inexperiente, então soltou o aperto da morte no balcão
e colocou as mãos sobre as de Bishop, onde descansavam nos quadris dele.
Ele se perguntou se Bishop namorava homens grandes. Ele queria acreditar
que Bishop era atraído por ele, e ele estava fazendo um trabalho convincente
agora, mas as coisas muitas vezes tinha uma maneira de não trabalhar para
ele no departamento de intimidade.

231
— Obrigado. — Ele sussurrou. Ele não tinha ideia do por que ele disse
isso. Ele sentiu o rosto esquentar a uma temperatura anormal. Bishop apertou
sua cintura, fazendo-o se contorcer desconfortavelmente com o pensamento
de Bishop sentindo o amor dele. Embora estivesse orgulhoso de quão longe
chegara ao controlar seu peso e saúde, ele não pôde deixar de se sentir um
pouco constrangido com a forte presença de Bishop, e ele odiava isso.

Ele gostava de pensar que era um cara decente criado de maneiras,


seguia a regra de ouro; não havia razão para ele ter que se contentar com
alguém que o maltratava porque ele não era um homem perfeito, com uma
cintura de quarenta e quatro. Não, ele não se parecia com Skylar, mas Sky era
o homem mais feio do mundo por causa de quão repugnante ele era por
dentro. Quando Edison voltava da escola chorando porque as crianças o
estavam gastando de novo, seu pai dizia que era o que estava por dentro que
importava. E ele esperava que Bishop estivesse atraído por ele, não tanto pelo
que todos viam do lado de fora.

— Você cheira tão bem. — Bishop murmurou seu nariz ainda


explorando enquanto aqueles lábios cheios dançavam em sua pele, apenas
tocando o canto dos lábios.

Edison engasgou quando Bishop segurou sua mandíbula, inclinou a


cabeça na direção em que ele o queria e depois foi por sua boca. Seus lábios
estavam mais abertos quando a língua de Bishop mergulhou dentro para um
gosto completo. Edison não tinha sido beijado em anos, e ele meio que tinha
esquecido que precisava participar também. Ele colocou as mãos

232
cautelosamente nos ombros grossos de Bishop e deixou a língua tocar. No
primeiro toque furtivo no, lábio inferior, de Bishop ele ouviu o grunhido antes
de ser levantado do chão e sentado no topo de seu balcão como se ele
estivesse prestes a ser preparado para uma refeição.

Seus olhos se arregalaram quando agarrou os braços de Bishop. Como


diabos ele o levantou tão facilmente? Nesta posição, ele estava olhando
nos olhos de Bishop e sentiu-se perdido na escuridão e não querendo ser
encontrado. Ele nunca esteve em seu balcão assim, jogado sobre ele no meio
da paixão. Ele só tinha visto esse tipo de coisa acontecer nos filmes.
Bishop procurou sua boca novamente e Edison não resistiu a ele, por mais
que seus lábios tremessem. Desta vez, ele foi mais ativo, sentindo-se
encorajado por sua posição. Ele abriu as pernas e passou os braços em
volta do pescoço de Bishop enquanto chupava a sua língua.

233
Capítulo 22
Bishop

Bishop teve sua língua enterrada tão profundamente na boca de Edison


que ele estava praticamente o sufocando. Mas ele não conseguiu parar.
Quando ele finalmente respirou, ele manteve o nariz contra a mandíbula dele,
inalando sua fragrância. Ele encontrou o perfume natural do homem
enterrado sob o aroma do jantar de hoje à noite e apenas sob o cheiro daquela
colônia sedutora. O pau de Bishop estava tão duro que ele não conseguia ver
direito. Ele podia sentir a umidade em seu short, e ele queria alcançar por
dentro e acariciar a mancha sobre sua cabeça sensível, mas ele manteve o foco
em Edison. Ele já estava dando a Bishop tudo o que ele queria e muito mais.
Não havia nada no mundo como as respostas de Edison para ele. Elas eram
viciante, e isso o fez se sentir poderoso com o quão fraco ele poderia fazê-lo.

Edison continuou a seduzi-lo com aqueles beijos tímidos antes


de Bishop mergulhar em um gosto mais profundo. O sabor de Edison era tão
novo e de dar água na boca que ele teve dificuldade em parar e respirar. Ele
não pretendia lidar com Edison de forma tão agressiva, jogando-o no balcão,
mas perdeu todo o pensamento racional ao sentir o corpo de Edison pela
primeira vez um contraste tão grande com o que ele costumava ver nos
últimos anos. Edison era tão terno que Bishop se viu pressionando com
mais força, incapaz de se aproximar o suficiente para satisfazer seu desejo. Ele

234
soltou as bochechas de Edison e colocou os dois braços em volta da cintura,
amando a flexibilidade da carne sob seu toque. Edison estava se rendendo ao
seu comando, e ele disparou em sua cabeça antes de acertá-lo. Foda-se.

Fazia muito tempo, e Bishop sabia que estava perdendo o controle, mas
Deus ele queria, precisava. Antes de ser libertado da prisão, prometeu a si
mesmo não ser descuidado com o sexo e construir alguma forma de
relacionamento com um homem antes de pular na cama com ele. Um homem
que o aceitaria por tudo o que ele era... E tudo o que ele não era.

Edison gemeu alto quando Bishop desviou as mãos e correu-as pelo


peito macio até chegar à garganta.

— Eddie. — Bishop gemeu, lambendo-o ao longo da pele cremosa sobre


sua mandíbula.

— Espere. Nós... Eu preciso... — Edison bufou, parecendo desesperado.


Bishop conhecia o sentimento e ele não queria esperar, ele não queria parar.
Não poderia terminar agora. — Eu vou…

— Sim. — Respondeu Bishop, empurrando contra o armário duro


enquanto puxava o corpo de Edison contra ele. Ele passou o polegar sobre o
mamilo duro de Edison e o homem quase pulou do balcão.

— Oh! Eu vou gozar... Bishop. — Edison o soltou e bateu a mão sobre o


pau, cobrindo o ponto úmido que cresceu desde que começaram a se beijar.
Bishop esperava que Edison não estivesse envergonhado. Ambos estavam
vazando como torneiras.

235
Bishop aliviou o aperto. Os olhos de Edison estavam encobertos, suas
pupilas avelã brilhantes mais dilatadas que o normal, refletindo seu desejo,
seu desejo de ser tomado.

— Você se sente tão bem, não me faça parar agora. — Bishop sussurrou,
esfregando a mão para cima e para baixo no braço de Edison, onde ele
continuou a pressionar seu pau. — Já faz um tempo para você também?

Edison riu, mas não havia humor por trás disso. Ele tentou virar a
cabeça, mas Bishop não deixou. Ele percebeu que estava nervoso pela
maneira como seus dedos se contorciam na nuca de Bishop e seus olhos
começaram a vagar por toda parte, menos diretamente para ele.

— Hum...

— Ei. — Disse Bishop, acariciando sua bochecha. — É tudo de bom.


Tem sido um verdadeiro muito tempo para mim.

— Eu... — Edison mordeu o lábio inferior, em seguida, suspirou uma


respiração longa e lenta. — Eu provavelmente poderia você bater nesse
assunto.

O que? Bishop olhou Edison nos olhos dele quando confessou com total
seriedade:

— Eu nunca dormi com ninguém na prisão. Nunca. Nem uma vez, nem
mesmo um boquete. Fiquei tão desanimado... Sem sentir atração para os
caras lá dentro, o que honestamente não foi tão difícil. E eu não estive com
um homem desde que cheguei em casa. Assim…

236
Edison assentiu; o olhar dele ainda era instável.

— Isso é muito tempo.

— Conte-me sobre isso. — Bishop sorriu.

Edison não sorriu enquanto mantinha a expressão preocupada.


Bishop continuou a esfregar Edison e a maneira como ele se inclinou ao toque
disse a Bishop que a última coisa que ele queria era que ele parasse, mas
ainda havia algo o incomodando. Bishop esperava que Edison não estivesse
mais duvidando de sua atração por ele, porque não havia como fingir o que
estava sentindo.

— Eu ainda posso ter você vencido... Um pouco... — Murmurou Edison.

— Tudo bem. Não é uma competição, bonito. Bishop já estava gostando


que Edison estivesse no mesmo barco que ele. Não havia nada errado em ficar
celibatário por um tempo para reunir suas coisas. Se esse era o caso de
Edison, era apenas mais uma coisa para Bishop admirá-lo.

— Bom. Porque eu perdi muito tempo. — Edison revirou os olhos. O


clima estava esfriando, e Bishop não sabia o que acabara de acontecer ou o
que ele havia feito para fazer o homem em seus braços passar de um calor
escaldante a frio. Talvez ele tivesse perdido o controle.

— O que você está dizendo? Como dez anos? — Bishop franziu a testa,
tentando entender. De qualquer maneira, não importava. Ele era bom em
captar o tom das pessoas e as mensagens ocultas por trás de seus
maneirismos, mas estava cem por cento confuso.

237
— Ugh... Mais como vinte e seis anos e meio... — Disse Edison enquanto
abaixava a outra mão para se juntar à que ainda cobria sua ereção. — Eu ia
tentar improvisar, você sabe. Mas... Acho que não teria conseguido muito
bem.

Bishop inclinou a cabeça para o lado, como se não pudesse ter ouvido o
que pensava ter ouvido. Ou que Edison poderia estar dizendo o que estava
dizendo... Ele tirou as mãos da cintura de Edison e deu alguns passos para
trás, observando-o para ver se ele sorria ou piscava... Ou algo assim. Porque
não havia como Bishop estragar tudo terrivelmente.

— Uau. — Edison bufou e desajeitadamente desceu do balcão. Ele virou


as costas e correu para arrumar as roupas. — Eu só queria ser honesto com
você, como você foi comigo.

A língua de Bishop parecia grossa em sua boca e suas mãos coçavam


para tocar Edison, mas ele não o fez. Ele continuou a distanciar-se enquanto
sua mente corria. O que ele tinha feito? Edison era um maldito virgem...
Como ele não sabia disso? Bishop gemeu e apertou o punho na testa quando
pensou na maneira como jogara Edison na porra da bancada como um filé e
começou a devorá-lo, tudo sob a premissa de que ele estava dando a Edison
o que queria. Não. Bishop estava sendo impaciente e ele se movendo rápido
demais. Ele não tinha planejado dormir ou nada, mas ele queria transar, ele
não mentiria. Ele estava contornando a segunda base e estava pronto para
bater em terceiro com força pouco antes de Edison soar o tempo limite.

238
— Sinto muito. — Bishop resmungou. Ele parecia que fumava charutos.
Ele balançou a cabeça, tentando limpar a luxúria persistente que ainda o fazia
lutar contra seus impulsos. O que Edison acabara de admitir para ele apenas o
tornava muito mais sexy, mais fascinante e tão desejável que o fez gemer
quando se virou para pegar suas coisas. Seu pau estava tentando esfaquear o
material áspero de sua calça jeans, mas ele ignorou, sendo este o teste final de
sua força de vontade.

— Bishop. Pelo amor de Pete, eu não disse que estava arrependido. Eu


não sinto muito. E eu não disse pare... Eu disse espere porque... Bem, eu
estava tão perto de gozar e pensei... — Edison passou a mão pelos cabelos, às
bochechas pálidas vermelhas da barba de Bishop e seus belos lábios inchados
pelos beijos. A voz de Edison estava baixa quando ele acrescentou: — Que
poderíamos ir para o meu quarto.

Foda-me. Ele sabia o que faria se voltassem para lá e Bishop não podia
garantir que ele pudesse se comportar... Ainda não. Fazia quase seis anos! A
intimidade era nova demais, repentina demais. Apenas alguns dias atrás, ele
estava lutando com a ideia de não ser bom o suficiente para ir atrás de um
homem como Edison e ele havia acabado de se reconciliar de que ele era... Ou
logo seria assim mesmo. Agora, Edison havia aumentado a aposta. As mãos
de Bishop tremiam quando ele enfiou os papéis em sua pasta. Edison saiu da
cozinha e parou junto à mesa de café da manhã com um olhar de decepção no
rosto, e isso fez o hambúrguer no estômago de Bishop ameaçar reaparecer.

239
— Então é assim que é? — Edison cruzou os braços sobre o peito. —
Ouvi quando você disse que tinha algo difícil de confessar. Não te julguei
pelas escolhas que você fez em sua vida... Agora você faz isso comigo depois
que eu te contar uma coisa tão particular.

Bishop sentiu como se tivesse levado um tapa. Ele não podia ver mais
mágoa naqueles olhos enquanto olhava para um ponto acima da cabeça de
Edison.

— Você está realmente entendendo mal. Eu não estou te julgando. Eu só


preciso de um segundo e... Você sabe... Desacelerar um pouco.

— Devagar, o quê? — Edison franziu a testa. Sua mandíbula tremeu


quando ele cerrou os dentes, como se estivesse lutando para não mexer. —
Nós não fizemos nada. Olha... Eu não estou esperando casamento ou algo
assim. Mais como a oportunidade certa.

Droga. Edison merecia mais do que apenas uma oportunidade de ser


fodido. E Bishop não queria mais ser a oportunidade de ninguém. Ele tinha
sido sincero quando disse ao pai que não queria apenas foder Edison. Agora
ele tinha que provar isso.

— Não é isso que você é. — Bishop resmungou. Ele pegou sua carteira
debaixo do braço e foi em direção à frente da casa.

— Claro. — Edison balançou a cabeça como se não pudesse acreditar


que estava saindo. — Eu acho que vou levá-lo para fora.

240
— Obrigado. — Bishop não ficou na porta, sabendo que se ele se
recostasse no corpo de Edison novamente, todas as apostas seriam
canceladas.

— Sim. Boa noite, Bishop. — Ele mal ouviu as palavras quando Edison
começou a fechar a porta.

Ele estava no último degrau quando se virou.

— Vejo você de manhã. Cerca das oito.

O leve sorriso de Edison não alcançou seus olhos quando ele deixou a
porta se fechar.

241
Capítulo 23
Edison

— O que um... Bichano. — Não... Ele disse a palavra. Claro que sim. Ele
nunca pensou que um homem tão confiante e ousado como Bishop se
dobrasse tão facilmente. Ele não podia acreditar o quão rápido ele correu de
sua confissão. Era como se ele tivesse dito a Bishop que tinha herpes. Era
irônico que ele pensasse isso porque era mais difícil se livrar de sua
virgindade do que uma DST. Edison colocou o último prato na prateleira e
limpou os balcões já limpos. Quando ele chegou ao lado oposto do fogão onde
acabara de ficar de costas a humilhação bateu nele. Ele quase se ofereceu em
uma bandeja, convidou Bishop para sua cama, apenas para ser rejeitado
novamente. Obviamente, Bishop preferia um homem com experiência.

Como é que eu vou ter uma experiência louca se não vai me tocar!
Edison pegou o copo que Bishop havia bebido e jogou no chão de madeira,
estremecendo quando alguns dos cacos atingiram o topo de seus pés
descalços. Isso foi estúpido da parte dele, mas estava tão irritado que
precisava desabafar. Ainda mais porque ele ainda estava com excitação do
caralho que chegava a doer. Ele tinha sido um idiota imaturo. O acidente foi
levemente satisfatório, e ele queria fazer isso de novo, mais ele olhou para o
balcão, quebrar todos os seus pratos agradáveis não mudaria nada. Ele

242
cuidadosamente manobrou em torno dos grandes pedaços de vidro e pegou
sua vassoura na despensa para limpar a bagunça que tinha feito.

Edison fechou as cortinas do pátio, trancou e apagou todas as luzes. Ele


entrou no quarto e bateu a porta. Vestiu uma calça de moletom e uma
camiseta sem mangas e foi para o antigo quarto de seu pai. Agora, sua sala de
ginástica. Não havia como ele manter a casa exatamente como era quando seu
melhor amigo morava lá. Ele se foi e Edison não seria capaz de seguir em
frente se seu espaço parecesse um santuário para seu pai.

A sala não era elaborada e ele não tinha o melhor e mais novo
equipamento do mercado, mas era o suficiente para atingir seus objetivos.
Havia uma esteira e uma máquina elíptica já que o cardio era seu foco
principal, além de um banco de pesos e vários conjuntos de halteres que ele
tentava acrescentar à sua rotina, mas raramente fazia. Havia alguns outros
acessórios de moda passageira que ele tentara ao longo dos anos encostados
no canto perto do tapete de ioga e da bola de exercícios. Ele acendeu a luz do
ventilador do teto e ligou o ventilador no máximo. Um pouco de atividade
física devia acalmá-lo.

Ele foi até a parede das estantes de livros e pegou o romance que
comprara quando se deparara com Bishop na Barnes & Noble. Ele balançou a
cabeça quando se lembrou de como foi o encontro. Haveria um momento em
que ele não teria que levantar o rosto do chão quando Bishop partir. Ele
estava tão frustrado que podia gritar, e isso dizia muito.

243
Ele fez alguns alongamentos, depois subiu na esteira, apoiando o livro
no suporte. Ele tinha um sistema de som para ouvir livros áudio enquanto se
exercitava e uma televisão montada na parede, mas também não sentia
vontade de se preocupar.

Ele começou com um aquecimento, mas rapidamente aumentou a


velocidade para uma caminhada rápida. Ele acrescentou os braços para
aumentar a frequência cardíaca e o sangue fluir para outras áreas além da
cintura. Ele tentou se concentrar no livro e deixou as palavras levá-lo para
outro lugar, para outra vida muito diferente da sua. Mas, não importa o
quanto ele tentasse ou o quão rápido ele bombeasse suas pernas, ele não
podia superar a vergonha. Ele esfriou depois de quarenta e dois minutos. Suas
bolas ainda estavam pesadas e seu rosto estava suado e vermelho, mas pouco
disso tinha a ver com o esforço de seu exercício. Ele desceu da máquina e
curvou-se para frente, apoiando as mãos nos joelhos.

Edison marchou de volta para o quarto. Ele não poderia enfrentar


Bishop amanhã. Não quando ele sabia tudo o que o via como um garoto
inepto que se disfarçava de executivo maduro. Ele era tão verde e estúpido
que abriu sua boca grande e não apenas deixou escapar seu segredo, mas
também revelou sua idade... O que podia esperar.

Não havia como ele fazer isso amanhã. Ele não voltaria atrás no acordo
deles. Ele ainda queria o lindo quintal pelo qual já se apaixonara. Mas isso
não significava que eles tinham que começar tão cedo. Ele já havia adiado a
tarefa por anos... Mais algumas semanas não faria diferença. Talvez a

244
essa altura ele pudesse enfrentar Bishop sem que seu rosto se transformasse
em tomate.

Ele tomou banho e se arrumou para a noite e depois se deitou na cama


vazia. Ele revirou os olhos quando pensou em quão perto ele estava. Ele se
contorceu contra os lençóis frios, sua pele ainda formigando das mãos
ásperas de Bishop. Ele não se atreveu a colocar a mão dentro da calça de
dormir para satisfazer a necessidade não satisfeita, ele se sentiu patético o
suficiente. Edison tentou ler um pouco mais de seu romance, mas não
conseguiu. Ele assistiu à CNN, mas nem Don Lemon demonstrou interesse.
Ele desligou tudo e ficou ali, olhando para o ventilador de teto, esperando que
a rotação das pás o fizesse dormir, mas depois de trinta minutos, não havia
tanta sorte. Faltavam cinco minutos para as onze quando ele desabou e
mandou uma mensagem para Bishop.

Edison: — Desculpe se estou mandando mensagens tarde demais. Mas


eu estava pensando que você poderia começar no quintal em algumas
semanas. Não há razão para superlotar sua agenda. Voltarei a você com
mais detalhes depois de verificar meu calendário.

Edison se sentia como o pedaço mais fraco de esterco que havia, mas
isso era sobre a sanidade dele naquele momento. Ele já estava chutando o
inferno de sua própria bunda por deixar escapar o que fez e arruinar sua
única chance que teve em anos de se tornar um homem. No momento em que
Edison colocou o telefone na mesa de cabeceira e se acomodou debaixo das
cobertas, o telefone tocou com uma notificação de mensagem recebida.

245
Oh, droga. Ele não achava que Bishop responderia hoje à noite.

Bishop: — Eu vou te ligar

Edison franziu a testa enquanto olhava para a tela. Me ligar? Quem faz
isso? Ele não teve a chance de terminar o pensamento antes que o telefone
tocasse tão alto que o assustou e o fez soltar o dispositivo pesado na testa.

—Oh, merda. — Edison procurou o telefone, mas hesitou alguns


segundos antes de deslizar o receptor verde para a direita.

— Alo. — Ele tentou parecer casual, cansado, como se estivesse


descansando facilmente a noite toda.

— Por quê? — A voz de Bishop era grave, como se ele não tivesse falado
desde que saiu da casa de Edison. — Por que você está desistindodo projeto?

Ele só se importa com o projeto droga. Bishop não estava confiante o


suficiente em suas habilidades para saber que não precisava adoçar a panela
dormindo com seus clientes? Edison era tolo em pensar que ele era diferente.
Deus, ele tinha sido impensado e desesperado. Edison empurrou o caroço na
garganta. Ele pensou que talvez devesse apenas contratar uma escolta,
que prestasse serviços completos e acabasse com tudo, para que nunca tivesse
que confessar esse fato em particular novamente.

— Eu não estou. — Disse Edison calmamente. — Eu não só acho que


você não precisa começar imediatamente, é tudo o que eu estava dizendo. Eu
ainda vou fazer isso. Definitivamente.

246
Bishop ficou quieto por tanto tempo que Edison precisou verificar a tela
para garantir que a ligação ainda estivesse conectada. Ele não tinha ideia do
que dizer e odiava que Bishop o chamasse e o colocasse no lugar assim, em
vez de apenas mandar uma mensagem de volta.

— Não é isso mesmo. Percebo na sua voz. — Disse Bishop. — O que você
acha que aconteceu hoje à noite, Edison?

Isso é uma pegadinha? Edison pigarreou.

— Nada aconteceu. — Como sempre.

— Sim, aconteceu. Muita coisa aconteceu.

— Eu não estou aqui chorando por isso, tudo bem. — Disse Edison,
sabendo que ele parecia agitado. — Somos adultos. Tocamos por alguns
minutos e foi divertido, mas agora estou falando de negócios. Quero começar
o trabalho em algumas semanas.

— E eu quero começar amanhã.

Edison respirou fundo e depois o soltou lentamente. Ele não estava


vendo Bishop amanhã. De jeito nenhum.

Bishop

Bishop pensou que seria capaz de esclarecer tudo de manhã, mas


Edison não tinha paciência para besteiras ou Bishop realmente tinha fodido
tudo. Seu pulso disparou com o tom agudo de Edison e sua raiva quase
invisível. Edison não parecia ser um homem que permitia alguém sob a pele

247
com muita facilidade. Ele era tão maduro e digno. Bishop quase gostou de
poder tirá-lo tão longe de seu elemento... Mas não desse jeito. Ele podia ouvir
e sentir a decepção, a irritação e a mágoa na voz de Edison.

— Edison, olhe. — Bishop esfregou a mão sobre o peito nu, empurrando


o lençol abaixo da cintura. — Eu não sou o melhor em me expressar com
palavras. Às vezes, tenho que parar e pensar nas coisas antes de continuar o
que quer que esteja na minha cabeça. Agora vejo que parecia que eu estava
fugindo do que você me disse... Ou julgando o que você me disse. Mas eu não
estava.

— Você não estava? — Edison disse em um tom cortante. — Estávamos


a todo vapor até eu dizer... Isso.

— Eu sei. E esse é o problema, Eddie. — Bishop gemeu. — Eu estava


indo para isso. Eu fui. Eu queria que você gostasse... Não... — A voz
de Bishop ficou mais profunda. — Eu quero você. E eu tive que me afastar ou
então eu faria algo de que me arrependeria... E possivelmente você também.

— Eu não entendo. — Afirmou Edison. — Arrepender?

— Sim. Eu estava tão interessado, tão excitado que eu... Eu... Bishop não
sabia como dizer o que queria. Palavras simplesmente não eram o seu forte.
Enquanto tomava banho e repassava seu plano de ação no quintal amanhã,
ele havia decidido por um grande gesto que esperava mostrar a Edison o quão
especial ele pensava que era, e que gostaria de provar ele mesmo.

Ele queria levar Edison para um encontro, segurar sua mão em público,
beijá-lo e mostrar como ele era sexy. Depois de um tempo, eles pudessem

248
fazer mais do que fizeram hoje à noite, mas ele não se apressaria e mostraria a
Edison as maravilhas de fazer amor. Inferno mostraria os dois. Mas, tudo
estava indo para a terceira base depois de um maldito jantar... Que Edison
teve que cozinhar para eles. Merda. Bishop poderia fazer melhor que isso. Ele
tratou Royce melhor e que fez pouco para merecer isso.

— Eu estava pensando em mim mesmo, nas minhas necessidades, não


as suas. Você merece mais do que ser jogado no seu quarto favorito em sua
casa e manuseado como uma boneca de pano.

— Ugh. Mas eu queria isso. — Edison reprimiu. — Não tenho uma


palavra a dizer sobre como me livrar dessa praga com a qual nasci?

Bishop riu. Ele não estava rindo em Edison, mas foi engraçado que ele
não viu a sua virgindade como o mais raro presente, mais especial ele poderia
dar para outro. Bishop queria ser digno desse tesouro. Edison era um
unicórnio em seu mundo sujo e fodido.

— Eu não estou rindo. — Disse Edison. — Eu disse a você algo que não
digo a todos, como presumo que você faça sobre sua ficha criminal.

O sorriso de Bishop caiu.

— Mas no segundo em que eu confiei em você, você fugiu, como


se eu fosse a pessoa que lhe disse que acabei de sair da prisão por cometer um
crime.

249
Bem, droga. As sobrancelhas de Bishop subiram. Edison tinha mais
centelha nele do que Bishop pensava. Ele estava chateado, desapontado e não
estava deixando Bishop tão fácil.

— Eu mereço isso.

— Esteja certo, você merece.

Bishop passou a mão sobre o mamilo duro, segurando o suspiro. O


temperamento de Edison o estava excitando. Ele adorava ser gentil e
bondoso, mas também gostava de não ser uma pessoa fácil e que podia dar o
melhor de si. Edison não estava se encolhendo... Ele tinha bolas.

— Estou tentando explicar o melhor que posso. Eu não estava desligado,


era exatamente o contrário. Depois que você me disse que era virgem,
querido, pensei que meu pau iria explodir naquele momento. Queria atacar
você, Edison... Merda, quase consegui.

— Eu pensei que você estava com nojo disso. — Disse Edison


calmamente. Se não estivesse tão escuro e silencioso em seu pequeno
quarto, Bishop não teria sido capaz de ouvi-lo.

Bishop gemeu quando enfiou a mão na bermuda.

— Por que diabos isso me dá nojo? Não sei como era meu rosto quando
você me contou. Provavelmente não era bom. Mas era uma batalha interna
com a qual eu estava lutando e precisava ir... Respirar um pouco. Mas eu
estaria voltando e sabia que poderia consertar as coisas.

250
— Você poderia ter lidado com isso de maneira diferente, Bishop. Eu me
senti uma porcaria e...

— Eu sei. — Disse Bishop. — E sinto muito. Eu ia compensar você. Não


achei que você me mandaria uma mensagem no meio da noite e me largaria.

Edison deu uma risada rápida.

— Despejar você? Como posso dar um fora em você quando não


estamos juntos?

Bishop ouviu a sugestão, sentiu o leve sorriso e hesitação de Edison pelo


telefone. Ele abaixou a voz.

— Edison. Deixe-me ir amanhã, ok. Eu tenho uma coisa que quero lhe
contar.

— Tudo bem. — Disse Edison depois de vários segundos. — Vejo você


amanha.

— Boa noite, bonito.

Bishop colocou o telefone na mesa de cabeceira depois que Edison


desligou e se forçou há dormir um pouco. Ele precisava trabalhar duro
amanhã. Ele quase estragou sua chance com um cara incrível antes mesmo de
conseguir um. E ele sabia o porquê. Misturar negócios e prazer sempre
resultaria em um mal-entendido, depois em um desastre. Então, ele
consertaria isso assim que chegasse à casa de Edison de manhã.

Não haveria mais negócios com seu prazer.

251
Capítulo 24
Edison

Edison estava acostumado a acordar cedo, mas quando ele abriu os


olhos às cinco da manhã, ele sabia que eram seus nervos. Ele tinha algumas
horas de olhos fechados, mas era o suficiente para ele funcionar. Ele decidiu
perder tempo fazendo pesos livres e meia hora na máquina elíptica. Eram seis
e meia quando tomava banho, se barbeava e vestia uma calça Nike e uma
camiseta branca lisa.

Ele tomou um café da manhã rápido com ovos, bacon e torradas de


canela enquanto lia o New York Times online. Ele ainda tinha uma hora antes
de Bishop chegar e seus nervos estavam tentando tirar o melhor dele e ele
sabia apenas uma maneira de acalmá-los. Ele entrou em sua cozinha e
começou a puxar ingredientes para fazer alguns muffin de mirtilos. Edison
era louco por continuar cozinhando assim para Bishop, mas ele adorava vê-lo
apreciar sua comida. Além disso, eram apenas bolos e café... E suco. Só isso.

Ele se viu sorrindo enquanto dobrava os mirtilos esmagados na massa.


Ele pensou que não iria ver Bishop por um tempo, mas ele estava vindo, e
insistiu. Ele pediu uma chance de fazer as pazes com ele. Edison ouviu Bishop
tentar explicar suas ações na noite passada, e ele queria acreditar em seu
raciocínio. Parecia bom. Honroso mesmo. Mas ele não queria isso. Ele queria
que Bishop, o garoto mau, o levasse para o quarto, jogasse-o na cama e o

252
arrebatasse como um homem que ficou sem sexo a vida toda. Edison gemeu
de frustração sexual enquanto alinhava a lata de muffin enchia cada um com a
massa. Depois de espalhar açúcar extra por cima, colocou-o no forno e
acendeu o cronômetro. Eles deveriam estar agradáveis e quentes quando
Bishop chegasse lá.

Ele arrumou a casa já limpa e abriu todas as persianas e portas para


permitir a entrada do sol da manhã. Ele também teria uma visão completa
de Bishop no quintal enquanto trabalhava em seu laptop na mesa da sala de
jantar. Ele tinha acabado de desligar o forno quando ouviu o som de um
caminhão entrando em sua garagem. Edison rapidamente colocou cada
bolinho grande no rack de resfriamento e foi abrir a porta da frente.

Bishop usava uma camisa preta de manga comprida, calça cáqui


manchada de sujeira e botas de construção marrom. Ele acenou quando
Bishop o notou e ele ficou tão encantado com suas roupas de trabalho que não
notou Trent na parte de trás do longo trailer.

— B, você quer que eu retire o cortador de grama agora?— Trent


perguntou. Ele usava uma blusa folgada e jeans desgastado, com a camiseta
amarrada à cabeça raspada para protegê-lo do sol.

— Sim. Os cortadores de erva daninhastambém, — Bishop disse


enquanto subia os degraus da varanda, seus olhos escuros percorrendo o
corpo de Edison. — Bom dia.

— Olá. — Disse Edison despreocupadamente.

253
— Posso entrar? — Bishop se aproximou mais, dando a Edison
nenhuma escolha a não ser recuar e permitir que ele entrasse ou colidisse com
ele.

— Claro. — Edison não segurou a porta. Em vez disso, ele se virou e


caminhou em direção a sua cozinha, deixando Bishop a seguir.

— Cheira bem aqui. — Disse Bishop.

— Sim... — Edison reconheceu. Ele tirou a cafeteira do suporte e


colocou-a na mesa de café da manhã, ao lado do suco de laranja, junto com
pratos de papel e canecas.

— Você não precisava fazer tudo isso por mim. — Disse Bishop,
inclinando-se contra o balcão.

―Eu não fiz. Por acaso gosto de muffin de manhã. — Disse Edison com
naturalidade.

— Eu também.

— Então sirva-se. Trent também. — Edison virou-se para servir outra


xícara de café, incapaz de ficar ali e encarar a sensualidade de Bishop. Ele
estava mexendo em uma segunda colher de açúcar quando sentiu o hálito
quente de Bishop na parte de trás do pescoço.

— Você ainda está bravo comigo?

Edison fechou os olhos. Draga essa voz. Bishop tinha o tipo de tom
corajoso e provocador de luxúria que lhe dificultava pensar com a cabeça em

254
cima dos ombros. Ele tomou um gole de café quente e o colocou de volta no
balcão antes de responder, esperando que sua voz não tremesse:

— Eu não estava bravo.

Bishop passou o braço pela cintura e baixou a cabeça até o nariz ficar
atrás da orelha.

— Você estava. E tinha todo o direito de estar. — Bishop o apertou com


mais força.— Perdoe-me.

O corpo de Edison o traiu quando ele se inclinou contra o peito duro


de Bishop.

— Saiba que eu quero você, e eu estou aqui. Eu não vou ficar


desse jeito novamente. — Bishop beliscou seu lóbulo da orelha, e o pau de
Edison endureceu até a plenitude tão rápido que ele balançou em seus pés.

— Hummm. Isso me deixa louco do jeito que você me responde. —


Bishop pegou sua mandíbula e virou a cabeça para o lado, os lábios pairando
no canto da boca. — Sua virgindade é tudo. E eu quero isso.

— Oh Deus. — Edison gemeu. — Sim, pegue, por favor.

— Eu quero que o desafio de ganhar ela, Edison. Você pode pensar que
quer que eu aceite, mas se você não desistiu até agora... Então não é isso que
você realmente quer. Se eu soubesse dessa informação antes de ontem à noite,
não estou dizendo que ainda não teria gostado porque teria. Você parece
delicioso, o tempo todo, Eddie...

255
Sua boca ficou frouxa, imóvel, enquanto ele se apaixona pelo charme
de Bishop.

Bishop passou a língua pelo lábio inferior de Edison.

— Mas teria sido assim... Mais lento... Mais suave. Como você precisa.

Preciso que você me incline sobre minha ilha e me foda como se


houvesse amanha. Mas ele não podia dizer isso sem parecer uma vadia. E ele
não era uma, e estava apenas com excitação. Então era verdade. Edison tinha
resistido às duas vezes que ele teve a chance de percorrer todo o caminho.
Bishop o estava lendo como um livro aberto. Edison não fez isso porque seus
parceiros não estavam sendo atenciosos... Seus toques eram exigentes, seus
beijos e carinho, inexistentes.

— Me perdoe. E deixe-me fazer isso da maneira certa. Bishop o virou


nos braços.

Edison piscou para clarear sua visão nebulosa. Bishop cheirava como se
tivesse tomado banho recentemente e tivesse passado uma pitada de uma
colônia apimentada que funcionava bem com seu cheiro de terra. Edison não
pôde deixar de notar o novo corte de cabelo de Bishop e como a barba estava
arrumada.

— O que você quer dizer com o caminho certo?

— Quero dizer. — Disse Bishop, com as duas mãos ao redor da cintura.


— Saia comigo.

256
Edison apertou os olhos e olhou para Bishop como se tivesse ouvido
errado.

— Você me ouviu.

Edison riu, balançando a cabeça lentamente. Doze horas atrás, Bishop o


derrubou e o fez sentir vontade de destruir coisas em sua cozinha, agora ele
estava lá dizendo que queria que eles namorassem. Edison não seria pego
jogando de otário novamente.Engane-me uma vez, que vergonha... Bem, ele
não estava prestes a cair de joelhos e agradecer ao grande Bishop por convidá-
lo para sair. E se eles saíssem e Bishop odiasse isso? Então ele ainda estaria
preso vendo-o todos os dias em seu quintal. Edison tentou extrair-se
do bíceps de Bishop, mas não o deixou ir.

— Bishop. Talvez devêssemos nos concentrar nos negócios em questão.


Ouvi seu pedido de desculpas e aceito. Mas você estava certo. Precisamos
desacelerar e focar em uma coisa de cada vez. Agora. Você tem contrato para
eu examinar?

Bishop ficou de pé em toda a sua altura e relaxou.

— Não.

— Não? — Edison franziu a testa em confusão. — Não está pronto?

— Não estou fazendo contrato. Bishop tirou alguns papéis dobrados do


bolso de trás e os colocou na barra de café da manhã. — Esta é a lista de
preços para os materiais. Nós compramos nossas coisas por atacado e muito

257
mais barato do que qualquer loja ou em um grande viveiro. Você compra o
material e eu faço o seu quintal... De graça.

— O quê! — Edison gritou. — De jeito nenhum. O que é isso, Bishop?

Bishop olhou para ele com tanta fome que Edison começou a mexer na
bainha da camisa para esconder sua protuberância. Então ele foi puxado
para os braços de Bishop novamente.

— Meu pai estava certo. Eu não posso fazer as duas coisas. Não posso
misturar negócios com prazer. E você é um prazer para mim, nunca será um
negócio. Não depois de ontem à noite, depois de hoje... Não depois de
amanhã. Não posso cobrar por um trabalho, pegar seu dinheiro e depois subir
na sua cama à noite.

Edison inalou bruscamente. Ele gostou do som disso. Mas... De graça?


Esse era o gesto que Bishop disse que o compensaria? Bem, foi demais.

— Eu não posso pedir para você fazer isso. É demais. — Edison respirou,
passando os braços em volta do pescoço de Bishop e olhando para ele,
incrédulo.

— Não é o suficiente. Não é o que eu quero de você. E não estou


tentando parecer que estou comprando. Eu te disse... Eu quero ganhar. E a
única maneira de saber como fazer isso é mostrar a você. Bishop baixou a
cabeça e Edison pensou que estava indo para a boca, mas ele desviou e beijou
sua bochecha, ficando ali por um longo momento antes de continuar falando.
— Veja. Ainda há alguma merda em que estou trabalhando comigo que me fez

258
reagir da maneira que fiz ontem à noite. Eu nunca me importei em ser bom o
suficiente para alguém... Mas... Eu quero ser... Para você.

— Bishop. — Edison sussurrou. Ele não sabia o que pensar. O que


dizer. Tudo parecia tão irreal. Ele tinha um homem lindo nos braços que
estava se abrindo, e ele seria condenado se derramasse sal na ferida. Edison
acreditava em Bishop. Ninguém faria esse tipo de trabalho ou dedicaria tanto
tempo à outra pessoa, a menos que realmente gostasse dela. — Eu sei que não
sei muito sobre você, Bishop, mas sei que você não precisa mudar para mim.
O que você me contou sobre seu passado não me impediu de querer conhecer
o homem na minha frente agora.

— Namore comigo. — Bishop quase exigiu.

— Ok. — Edison escondeu seu sorriso mordendo o lábio inferior.

— Beije-me. — Disse Bishop, mas não esperou uma resposta antes de


fechar a boca sobre a dele e afundar lentamente a língua dentro. Ele tinha um
gosto rico, com uma pitada de canela.

Foi tão profundo e comovente quanto o beijo da noite passada, mas não
tão frenético. Bishop gemeu e estendeu as mãos grandes sobre as costas de
Edison e o colocou perto de seu corpo. Ele se afastou o tempo suficiente para
dizer a Edison o quão doce ele era antes de beijá-lo um pouco mais. Se ele
pudesse ter ficado naquele momento pelo resto de sua vida, ele pensou que
seria ótimo. Ele se sentiu desejável nos grandes braços de Bishop.

— B. Você não me disse que era o Jurassic Park aqui atrás. — Disse
Trent, parado do lado de fora das portas do pátio com uma mão no quadril

259
enquanto a outra batia um par de luvas na coxa. — Estou tentando abrir
aquele maldito portão por dez minutos.

Bishop não reconheceu Trent, mesmo quando Edison rapidamente


quebrou o beijo. Em vez disso, ele manteve o rosto fechado, não permitindo
que Edison escapasse independentemente do fato de agora terem um
espectador. Ele não tinha certeza se Bishop ficaria bem em fazer isso na frente
de seu melhor amigo, mas obviamente ele estava.

— Desculpa. O garoto que corta o jardim da frente não de trás. — Edison


tentou explicar.

— E por boas razões. — Apontou Trent. — Isso é um risco ambiental por


aí. Eu deveria denunciá-lo.

Edison piscou.

— Você conseguiu Trent. — Bishop rosnou. — Estou saindo para ajudar


em um segundo.

— Oh, bom, porque eu estava pensando. Você disse que precisava de dez
minutos de tempo de recuperação. Já passaram vinte. — Disse Trent quando
começou a se acalmar e a visitar a casa de Edison. — Merda. É bom aqui em
cima.

— Obrigado. — Disse Edison. Ele ainda estava tentando esconder seu


sorriso depois de ouvir que Bishop havia conversado com seu amigo sobre
fazer as pazes com ele... E por quanto tempo.

— Trent. — Bishop disse um pouco mais alto. — Eu te ouvi. Eu já sairei.

260
— Legal. — Trent virou-se para sair quando notou a mesa de café da
manhã. — Uau. É como um café da manhã continental ou algo assim?

— Este não é um Marriot, T. — Bishop rosnou com pouco calor.

Edison riu porque os dois eram hilários. Deve ter sido bom ter um
amigo tão próximo quanto Trent. Se Bishop estava lá no sábado para
trabalhar de graça, então isso significava que Trent também. O mínimo que
Edison podia fazer era lhe dar um bolinho.

— Eu fiz isso hoje de manhã. Sirva-se, Trent. Por favor.

— Obrigado, Edison. É bom ver que alguém tem um pouco de decência


por aqui. — Trent resmungou de costas para eles enquanto servia uma caneca
de café.

Bishop agarrou o queixo de Edison entre o polegar e o dedo indicador e


virou a cabeça para encará-lo.

— Não se preocupe com ele. Ele me deve mais favores do quepensar... E


vice-versa.

Edison viu os lábios de Bishop se movendo, mas ele realmente não


ouviu as palavras saindo de sua boca.

— Eu vou começar. Se você tem algo a fazer hoje, não precisa ficar aqui.
Apenas tranque-se como de costume e continuaremos trabalhando aqui.

— Não tenho nada para fazer. — Disse Edison um pouco rápido demais.
— Quero dizer. Eu estava indo para o trabalho. Às vezes, vou ao mercado dos

261
fazendeiros ou a um mercado de pulgas de manhã, mas acho que vou ficar por
aqui.

— Bom. — Bishop murmurou e beijou sua mandíbula uma última vez.


— Falo com você mais tarde.

— Tudo bem. Edison observou Bishop pegar dois bolos e um copo de


suco na mesa antes de piscar para ele e sair pela porta do pátio.

262
Capítulo 25
Bishop

Bishop estava feliz por Trent ter concordado em ajudá-lo no quintal de


Edison, mesmo depois que ele lhe disse sobre fazê-lo por um custo zero de
mão-de-obra. Ele pensou que a cabeça de seu amigo iria explodir. O que teria
sido melhor do que a reação de seu pai quando ele descobriu. Era um trabalho
grande, capaz de suprir suas escassas contas bancárias com mil cada, mas no
segundo em que ele explicouo melhor que pode como Edison o olhou, e tratou
Trent concordou em não discutir mais nada.

— Cara, você estava lá implorando como, Elvis. — Trent quebrou o


silêncio enquanto eles limpavam arbustos mortos e arbustos despenteados ao
longo da cerca lateral onde estaria a churrasqueira. Com a pá na mão, aquele
imbecil cantou sua melhor impressão Não seja cruel, completa com a
arrogância do quadril e o lábio enrolado.

— Cale a boca.— Resmungou Bishop, jogando alguns detritos em Trent.

Trent riu alto:

— Só estou dizendo. Eu nunca pensei que veria o dia.

— Eu também. — Bishop manteve a cabeça baixa e as mãos na terra.

— Então, o que há nele, cara?

— Ele é diferente.

263
— Você disse isso um zilhão de vezes. — Trent voltou ao trabalho. —
Além disso, ele parece muito diferente do seu último namorado e tem um
emprego muito melhor. De que outra forma ele é tão diferente, B?

Bishop pensou por um momento. Havia muitos para citar e muitos


pessoais que ele não compartilharia com Trent.

— Você só precisa confiar em mim.

— Você contou a ele?

Bishop revirou os olhos, seu pescoço ficando rígido quando seus ombros
subiram aos ouvidos.

— Eu disse a ele a coisa mais importante... E ele nem sequer piscou.

— Você vai contar a ele sobre...

— Em breve. Eu só tenho que alinhar algumas coisas com esse Centro de


Aprendizagem para Adultos e o farei. — Um nó duro se formou na boca
do estômago de Bishop sempre que ele tentava pensar em uma maneira de
dizer a seu executivo super inteligente que ele acabou de concordar em
namorar um analfabeto. Ele não conseguiu. Não até que ele tivesse um plano
concreto que ele pudesse traçar para Edison provar que não estava
confortável onde estava na vida, e ele iria trabalhar sem parar para mudar
isso. Depois que Edison viu o quão duro ele estava trabalhando e o quão
dedicado ele era, talvez não fizesse diferença. Bishop balançou a cabeça. Ele
poderia enganar muitas pessoas. Mas não ele mesmo.

264
Eles conseguiram muito em um dia ele e Trent trabalhando juntos como
uma máquina bem oleada e ele finalmente pôde ver suas botas quando
atravessou o quintal. Edison vinha de vez em quando à porta para lhes
oferecer bebidas geladas, mas na maioria das vezes ficava à mesa de jantar em
seu laptop. Ele se perguntava se era isso que Edison fazia todo fim de semana
quando voltava dos mercados de pulgas matinais. Ele parecia tão sozinho, e
havia mais de uma vez que Bishop queria parar o que ele estava fazendo para
entrar, sentar e conversar com ele. No entanto, ele ficou na tarefa, querendo
se exibir ao mesmo tempo. Eles não pararam até as seis e, enquanto
colocavam o equipamento no trailer, Edison estava parado na porta do pátio,
boquiaberto no quintal despojado.

— Parece uma bagunça agora... Mas continue pensando no desenho.—


Bishop sorriu, passando com mais sacos de grama para colocar no meio-fio
para a coleta de lixo.

Edison piscou.

— Não. Não é isso. Estou chocado com a rapidez com que vocês
trabalham.

— Obrigado. — Disse Bishop.

— Tudo bem, cara. Estou fora daqui, Edison. Bishop pode levá-lo daqui.
— Disse Trent com uma pequena saudação quando saiu do portão lateral.

— Muito obrigado, Trent. — Disse Edison educadamente.

265
Bishop estava ali, sujo e suado, desejando poder se inclinar e enterrar o
rosto no pescoço limpo de Edison, mas ele tinha maneiras melhores do que
isso.

— Eu ia colocar alguns bifes na grelha e assistir a um filme ou algo


assim. — Disse Edison em um longo suspiro, como se ele estivesse criando
coragem para perguntar isso o dia todo.

Bishop enganchou um dedo na calça de Edison e deu-lhe um puxão


suave em sua direção.

— Eu realmente quero fazer isso, e parece muito bom... Mas estou uma
bagunça.

— Entendo. — Disse Edison sem fôlego.

— Preciso ir e tomar um banho ok? — Bishop estava perto, mas não o


suficiente para tocar, e seu corpo queimou enquanto ele continuava a sentir o
cheiro de Edison. Deus, ele queria ficar, e um bife parecia ter atingido o local.
Ele passava o dia todo com apenas uma pausa de vinte minutos para engolir
seu almoço ruim que ele havia embalado. — Da próxima vez, trarei algo em
que possa me trocar, para não estragar o seu sofá.

Edison passou a mão pelos longos fios marrons uísque no topo da


cabeça e eles ainda estavam no lugar perfeito. Bishop também queria fazer
isso. Ele deu um passo à frente, mas se conteve.

— Eu te ligo mais tarde, tudo bem.

266
— Claro. Edison recuou lentamente, depois fechou as portas do pátio e
arrastou as persianas verticais até que suas janelas altas estavam cobertas.

Bishop suspirou quando saiu pelo portão lateral.

Edison

Ele estava deitado na cama lendo quando o telefone tocou, arrancando-


o de uma cena incrível. Ele odiava isso. Ele franziu a testa, até ver que
era Bishop. Lembrou-se de ter dito que ligaria, mas estava esperando um
simples texto de boa noite ou o que quer. Não é uma ligação real. Ninguém
mais faz isso. Edison sorriu enquanto passava o fone para a direita.

— Olá, Bishop.

— Bonito.

Edison inalou e lambeu os lábios repentinamente secos. Como Bishop


fez essa palavra simples parecer tão crível? Ele abandonou o livro e reclinou-
se de costas, pronto para afundar naquela voz pecaminosa.

— Como vai você? — Era tudo o que ele conseguia dizer.

— Eu estou bem, dolorido como merda. Mas é bom. — Bishop gemeu.


— Eu gosto de trabalho duro.

Oh meu deus. Edison já estava latejando abaixo com o rugido estridente


da voz de Bishop, e não demoraria muito para que seu short estivesse muito
apertado.

267
— Seu trabalho certamente não parece fácil. — Mas você parece tão
bem fazendo isso. Edison esperava que ele estivesse sido discreto hoje,
enquanto observava Bishop trabalhar através das enormes janelas. Ele não
conseguia parar de encarar a forma como seus músculos estavam inchados
quando puxou a base dos arbustos enquanto puxava suas raízes profundas da
terra. Ou a maneira como seus músculos da coxa ondulavam quando ele
usava a bota para pressionar a pá no chão. E o favorito pessoal de Edison, a
maneira como Bishop pegava a barra da camisa e a usava para limpar o suor
escorrendo pelo rosto, dando a Edison uma visão de dar água na boca
daqueles abdominais esculpidos.

— Então, como foi o seu jantar? — Bishop perguntou casualmente.

Uau. Eles realmente iriam ter uma conversa da velha escola, para se
conhecerem por telefone. Não há conversas, mensagens de texto, boxe apenas
as vozes no ouvido um do outro. Ele adorava a ideia, mas não era a norma.

— Acabei comendo uma refeição no micro-ondas. Guardarei os bifes


para mais tarde.

— Eu gosto de refeições com micro-ondas.

— Bem, eu não. Mas há alguns que trabalharão para mim em uma


pitada se eu quiser tirar uma noite da cozinha.

— Obrigado pelos bolos esta manhã. Eles estavam bons. Muito melhor
do que a tigela de torradas com canela que eu comi na casa de Trent. — Ele
podia praticamente ouvir o sorriso suave e quase sorriso de Bishop. — Eu
gosto quando você está na cozinha.

268
— De nada. — Ele sussurrou. Ele cozinharia para Bishop a qualquer
momento.

— O que você está fazendo? Está quieto.

— Estou na cama... Lendo. — Zombou Edison. — Meio patético para


uma criança de vinte e seis anos num sábado à noite, não é?

— Ei. Tenho trinta e dois anos e estou na cama há mais de uma hora,
esperando a hora certa de ligar para esse cara doce pelo qual sou louco.

— Bishop. — Edison riu timidamente, sem saber como responder.

— Eu estive deitado aqui pensando o quanto eu queria jantar com você


hoje à noite, o quanto eu quero levá-lo para jantar. Não sei cozinhar, então
nem vou me envergonhar lá.

Edison riu, acomodando-se mais confortavelmente em seus lençóis


macios. Ele passou a mão sobre o colchão vazio ao lado dele, ansioso pelo dia
em que Bishop estivesse deitado lá com ele e esperava que esse dia chegasse
mais cedo ou mais tarde. Bishop continuou falando, sua voz áspera atraindo
Edison para uma sensação quente de conforto e estímulo de queima lenta.

— Amanhã vou pescar com meu pai, tentamos no domingo passado,


mas ele sumiu. Mas, segunda-feira depois do trabalho, eu queria ir até ai para
terminar de limpar as ervas daninhas contra a casa onde ficará o canteiro de
flores. Quanto mais cedo eu baixar algumas aplicações químicas para controle
de ervas daninhas, melhor. Eu já estou começando bastante tarde na
temporada. Só vai demorar algumas horas para terminar isso.

269
— Ok. Talvez eu tenha que trabalhar até tarde na segunda-feira. Tenho
uma reunião com um cliente as quatro, mas você pode entrar, nunca tranco o
portão.

— Eu vou fazer isso. — Concordou Bishop.

Houve uma longa pausa enquanto ele ouvia as respirações profundas


de Bishop e os engates periódicos em sua voz.

— O que você está fazendo? — Ele perguntou.

— Só ouvindo você, Eddie.

Edison tremia quando ele passou a mão sobre o peito nu enquanto as


palavras de Bishop levantaram arrepios sobre seu corpo.

— Eu gosto quando você me chama assim. — Disse ele, sua própria voz
soando. — Eu não deixo mais ninguém me chamar assim.

— Bom.

Edison não se masturbava há muito tempo, mas tinha certeza de que


iria hoje à noite. Não havia como ele conseguir dormir. Seu pau estava
latejando e se aglomerava desajeitadamente em sua cueca. Ele queria deixar
escapar, mas sabia que choramingaria no momento em que sua carne quente
atingisse o ar frio, então ele apenas se absteve. Mas, Deus, doeu tanto.

— Eu vou deixar você ir por que... Eu só... Sim. Eu vou. A voz de Bishop
parecia tensa e tão rouca quanto à dele. — Eu vou falar com você em breve,
bonito.

270
Bishop desligou rapidamente, não dando a ele a chance de responder,
mas ele acreditava saber o porquê. Edison jogou o celular na cama e no
segundo seguinte ele baixou o short até os joelhos e a mão agarrou o eixo. Era
muito embaraçoso para ele pensar sobre o quão rápido isso aconteceu quando
suas costas se curvaram da cama e o seu orgasmo espirrou em seu peito. O
nome de Bishop permaneceu em seus lábios entreabertos, sua cabeça
cambaleando com o que ele tinha acabado de fazer e com que facilidade ele
gozou.

271
Capítulo 26
Bishop

— Isso foi loucura. — Bishop riu ao longo do longo cais. Eles passaram
pela estação de limpeza de peixes, e ele e seu pai pararampara assistir a um
homem puxar um peixe de aproximadamente nove centímetros que
continuava fazendo um barulho estridente.

— Por que não conseguimos um desses? — Mike resmungou.

— Bem, pelo menos temos alguns caranguejos. — Bishop deu de


ombros e continuou andando. — Eu gosto mais de mariscos do que peixes
com um monte de ossos para pegar retirar a carne.

— Cara, não acredito que tivemos que jogar de volta os únicos três
peixes que capturamos.

Bishop franziu o cenho.

— Ok certo. Eu não sabia nada sobre peixes protegidos. Qual era o nome
disso mesmo?

— Solha5. Sim, eu não me lembro de ouvir sobre eles em Bass Fishers. —


Disse Mike enquanto jogava o refrigerador, depois a varas na traseira do
caminhão. Bishop levantou o balde de caranguejo e colocou-o firmemente no

5
Soleidae é uma família de peixes actinopterígeos pertencentes à ordem Pleuronectiformes. As solhas, também chamadas aramaçás e linguados,
são classificadas nesta família. O grupo surgiu no Eocénico.

272
banco traseiro. — O meu também era bem grande, mas o cara disse que eles
deveriam ter o que...

— Como vinte e um centímetros ou mais. — Bishop subiu no banco da


frente. Ele estava suado e quente, mas quando o sol se pôs e a noite chegouele
foi capaz de apreciar a tranqüilidade da água.

— Isso é uma merda. — Mike reclamou. — O que aconteceu com 'há


muitos peixes no mar'?

Bishop sorriu.

— Você está levando isso um pouco literal demais.

Seu pai o empurrou no ombro.

— Hoje ainda foi divertido, sim? Mesmo que eu quase tenha dado um
soco naquele cara antes.

— Ele estava apenas brincando. — Bishop riu levemente. — Eu disse


que aqueles ganchos que tínhamos eram grandes demais. O que ele disse para
você de novo?

— O que diabos você está tentando pegar aqui, amigo... Maxilares?—


Seu pai zombou do cara que estava do outro lado do cais, enquanto ele gritava
alto o suficiente para fazer alguns outros pescadores veteranos se virarem e
ria junto com ele.

— Cara, nenhum de nós sabia como colocar o peso nas linhas e depois
tivemos a isca errada. Eu não sei sobre você, mas eu me senti um idiota

273
quando aquela velhinha teve que continuar vindo para me ajudar a
desembaraçar minha linha... Vinte vezes.

— Eu acho que ela gostou de você.— Mike sorriu.

— Você está doente, cara. Essa mulher tinha uns sessenta anos. —
Bishop olhou pela janela enquanto se afastavam mais da água. Ele realmente
se divertiu. Especialmente depois que descobriram a mecânica da pesca em
um píer e abandonaram o que aprenderam na Batalha de Pesca da Netflix.

Houve alguns momentos em que ficou quieto, e ninguém estava


recebendo muitas mordidas quando a maré mudou. Foi calmante, relaxante, e
ele se viu se abrindo para Mike mais do que ele pensava. Ele contou a ele
sobre seu colega de cela, Wood, e como ele o ajudou a passar aqueles anos
difíceis na prisão por ser um amigo de verdade. Ele também falou sobre os
planos para os negócios e alguns novos projetos paisagísticos que tinha. Seu
pai falou sobre Bishop assumir um papel de gerente na empresa depois que
ele terminar os estudos. Mike tinha tanta confiança nele que fez Bishop
querer satisfazer todas as expectativas que sua única família tinha dele. Ele
também disse a Bishop que ele e a namorada estavam falando sério e
conversaram sobre conseguir um lugar pequeno juntos.

Mike fez algumas perguntas sobre Edison que ele não estava pronto
para respondercomo se fossem um casal de verdade. E se ele seria
completamente honesto com ele. Mas também não foram respondidas
perguntas.

274
Quando eles pararam no trailer, Mike disse a ele para tirar a varas de
pesca da traseira do caminhão e entrar no galpão enquanto colocava os
caranguejos no fogão. Seus pensamentos foram para Edison, imaginando o
que estava fazendo e se ele estava sozinho. Ele não gostava de mandar
mensagens e não queria ligar para ele porque sabia que podia ouvir a voz
suave de Edison por horas, e isso não seria justo com Mike.

Ele estava abrindo a tela traseira quando ouviu seu pai gritar por sua
ajuda. Bishop atravessou a porta, os olhos arregalados enquanto examinava a
pequena cozinha e sala de jantar esperando ver um intruso. Ele quase perdeu
a cabeça quando viu a bunda grande de Mike em pé em uma das cadeiras da
sala de jantar com um par de pinças na mão como um dos caranguejos azuis
que eles pegaram deslizando lateralmente pelo chão de linóleo.

— O pequeno bastardo pulou da porra da panela! Bishop! Não fique aí


parado! — Seu pai gritou.

Bishop estava rindo tanto que mal conseguia recuperar o fôlego. Ele não
conseguia se lembrar de ter visto Mike tão petrificado, especialmente quando
ele era cem vezes maior que o objeto que o assustava. As pequenas garras do
caranguejo foram erguidas como se estivessem em uma posição de luta.
Bishop se aproximou e colocou a bota em cima da bunda do caranguejo,
apenas o suficiente para impedir que ela corresse mais pelo corredor. As
garras beliscavam a sola grossa de suas botas, mas eram inúteis. O riso
de Bishop foi contagioso quando seu pai o encarou, seu próprio sorriso se
formando quando ele desceu da cadeira.

275
— Foda-se. — Mike o virou.

— Droga, eu deveria ter gravado isso para Trent. — Bishop riu ainda
mais alto.

— Eu não ouvi você rir assim há anos, lil mano. — Disse o pai dele
quando Bishop pegou as pinças dele e colocou o amigo fugitivo de volta ao
pote com seus amigos. — A pesca foi interessante, mas o boliche foi divertido
como o inferno... Talvez devêssemos tentar mais disso. E talvez um parque de
diversões, ou como um golfe em miniatura ou algo assim.

O riso de Bishop se transformou em uma risada suave enquanto ele se


sentava à mesa esperando seu pai terminar o jantar. Ele não ria assim por
mais tempo do que ele conseguia se lembrar. Ele não tinha nada para rir ou
sorrir. Agora ele acreditava que sim. Mike jogou uma cerveja para ele e sentou
na outra cadeira. Eles conversaram cerca de vinte minutos quando Mike
examinou a correspondência dos últimos dias.

— Ei. Você recebeu uma carta.— O pai dele disse e entregou a ele um
envelope fino endereçado a ele pelo preso # 589645, Herschel Wood na... O
que... O que é isso? Bishop não reconheceu o nome da prisão em que ele e
Wood estavam há cinco anos.

— Pai. — Bishop franziu a testa enquanto rasgava a carta. Ele deu o


envelope para Mike. — De onde é isso?

Bishop ficou olhando as poucas palavras que Wood escrevera para ele.
Ele não gostaria que Bishop tivesse que pedir a alguém que o lesse e ele sabia
que era melhor não complicar demais. Depois de alguns segundos,

276
Bishop sorriu com a caligrafia limpa e em estilo de bloco de Wood. Era
simples e direto ao ponto, assim como seu antigo companheiro de cela.

Estar em casa em breve, B.

Bishop dobrou o único pedaço de papel amarelo e o colocou no bolso de


trás.

— Ele enviou isso da cadeia regional de Eastern Shore. — Seu pai leu o
endereço do remetente no envelope para ele. — Isso é em Eastville, Virgínia.

— Cadeia? Ele foi transferido. — Disse Bishop para si mesmo. — Isso


significa que ele está saindo na condicional.

— Ele disse isso? — Mike perguntou enquanto alinhava a mesa com


jornal e depois jogava os caranguejos laranja no centro da mesa, com uma
tigela grande de manteiga derretida.

— Não. Mas se ele foi da prisão federal para uma prisão de segurança
mínima que fica perto de sua cidade natal como eles fizeram comigo, ele está
prestes a sair. — Bishop podia sentir a emoção agitando seu estômago.

Mike quebrou uma garra e mergulhou na manteiga.

— Essas são boas notícias.

Bishop olhou para o pai.

— Essas são boas notícias. Se alguém não pertence a um lugar como


esse, é Wood. Ele é um bom homem.

— Ele tem família? — Mike perguntou.

277
— Ele está preso há dezessete anos. — Bishop balançou a cabeça
lentamente. — Ele não tem ninguém.

— Talvez ele precise que você cubra as suas costas quando ele sair, como
ele tinha a sua quando você entrou. — A expressão de Mike era séria.

— Como posso ajudá-lo quando estou apenas me ajudando?

— Você conseguiu um bom emprego, um teto sobre sua cabeça e


algumas pessoas que amam você e querem vê-lo ter sucesso. Isso é muito...
Especialmente para alguém que não tem.

Bishop continuou comendo enquanto o pai falava de uma maneira que


nunca havia feito quando estava crescendo. Ele estava tão feliz por ter esse
Mike agora, quando ele mais precisava dele.

— Talvez ele possa cair no sofá por algumas semanas até conseguir um
emprego.

— Ei. Se esse cara foi quem manteve o nariz limpo enquanto você estava
lá, ele está bem no meu livro. — Mike apertou Bishop no ombro com a mão
com cheiro de caranguejo. — Eu não te ensinei isso, B, mas agora sou assim
porque alguém me ensinou. É chamado de pagar adiante.

278
Capítulo 27
Edison

Edison ajeitou a gravata no espelho enquanto se preparava para outra


segunda-feira. Ele estava realmente feliz por estar indo para o trabalho, para
ter algo a fazer, porque o domingo foi cheio de longas e chatas horas de
limpeza e recados. Foi preciso muita força de vontade para não ligar
para Bishop. Ele sabia que estava tentando ter um tempo bom no
relacionamento com seu pai, e Edison não queria violar isso. Ele teria dado
qualquer coisa por apenas mais um dia com seu pop. Eles costumavam pescar
no barco de seu tio quando tinhamum tempo. Aqueles dias foram alguns dos
melhores da sua vida e ele sentia falta do seu melhor amigo todos os dias.

Edison olhou o relógio e saiu correndo do quarto, com o paletó jogado


no braço. Ele havia feito mais muffin de mirtilos na esperança de
encontrar Bishop e Trent antes de estar em sua reunião de equipe. Não era
grande coisa, ele simplesmente queria mostrar sua gratidão pelo trabalho
duro realizado no sábado. Muffin na segunda-feira sempre iniciavam sua
semana bem.

Ele parou em um estacionamento e, como sempre, o Stockley Serviço de


paisagismojá estava lá em plena atividade. Edison examinou o amplo
gramado, procurando um membro da equipe bem construído em particular, e
não demorou muito para que ele avistasse seus ombros largos ao lado de

279
Trent e dois outros homens, enquanto apontava para uma fileira de arbustos
ao longo dos degraus.

Edison estava sorrindo como um imbecil enquanto jogava a bolsa por


cima do ombro e pegava o pequeno recipiente da Tupperware com os muffin.
Ele quase limpou o estacionamento quando viu o chamativo Lexus de Skylar
desviar para um espaço ao lado dele. Edison franziu o cenho para ele através
dos óculos escuros, mas nunca diminuiu o passo.

— Bom dia. — Skylar chamou. Edison ouviu passos apressados atrás


dele, mas o perfume irresistível de Skylar o alcançou antes dele.

— Bom dia. — Murmurou Edison.

— Como foi o seu final de semana?

— Bem.

— Ok. Parece mais não muito bem, mas com certeza.

Edison não disse mais nada. Ele não estava interessado em envolver
Skylar em conversa fiada, o que geralmente o fazia ser rude e insultuoso.
Edison já teve o suficiente disso.

— Como foi meu fim de semana, você não pergunta? Bem, meu fim de
semana foi foda. Oh, cara. — Skylar bateu várias vezes no ombro dele com o
antebraço. — Estou falando de três bebês de seios grandes só para mim. E eu
fiz cada uma gritar por horas... Foi ótimo.

— Sim, parece uma explosão. — Edison zumbiu.

Skylar franziu o cenho para ele.

280
— O que você disse que fez de novo que foi mais divertido?

Edison disse, sem tirar os olhos de Bishop, que agora o observava com
aquela expressão feroz. Aquele que fez pensar se Bishop iria apressá-lo. Era
difícil reconhecer qualquer outra coisa ao seu redor quando ele foi pego
nas garras de Bishop. Ele sorriu agradavelmente e levantou a louça de plástico
na mão, acenando para Bishop vir até ele.

— Vejo você lá dentro, Skylar. E não se atrase para a reunião.

Skylar não continuou andando.

— O que você está fazendo? Ainda elogiando os garotos do jardim todos


os dias?

— Vejo você lá dentro. — Edison cerrou os dentes, Bishop estava quase


com ele e não queria que ele encontrasse mais com seu colega de trabalho
desrespeitoso.

— Bom dia, Edison. — Disse Bishop, olhando diretamente para ele e


ignorando completamente Skylar.

— Ei. — Edison lambeu os lábios e viu quando o olhar escuro


de Bishop caiu em sua boca. Ele gemeu por dentro, não querendo que Skylar
visse as reações de seu corpo a esse homem. Parecia que Bishop ainda não
havia sujado as mãos, o rosto ainda seco e sem manchas. Edison queria se
inclinar e inalar seu aroma amadeirado e lamber sua garganta forte bem na
frente de todos. Mas, em vez disso, ele respirou fundo, ele teve que manter a
conversa amigável. — Você pescou muito peixe ontem?

281
O sorriso de Bishop era sexy:

— Nada de peixe. Pegamos caranguejos o suficiente para um jantar


decente.

— Isso é legal. — Edison queria dizer mais, mas ele segurou a língua. Ele
se virou para Skylar, esperando que ele entendesse a dica e o deixasse em paz,
mas ele não estava se mexendo. — Eu hum... Trouxe para você e Trent uma
coisa.

Bishop manteve os olhos nele quando ele pegou o recipiente da mão de


Edison, seus dedos deslizando lentamente sobre os dele enquanto fazia.
Bishop abriu a tampa e espiou dentro, um sorriso lento e conhecedor
aparecendo em seu rosto severo.

— Meu favorito.

Edison sabia que ele estava corando. Talvez ele pudesse culpar por estar
de terno completo ao sol da manhã.

— Certifique-se de dar um a Trent. — Disse Edison, mordendo o lábio


inferior e fazendo o possível para não sorrir de orelha a orelha.

— Vou pensar nisso. — Bishop finalmente afastou o olhar quente dele,


seu olhar intenso apontado diretamente para Skylar. — Eu não gosto de
compartilhar.

Skylar ajustou sua postura, sua expressão furiosa mudando de Bishop


e depois de volta para Edison. Ele não tinha ideia do por que Skylar ainda

282
estava lá, mas ele seria condenado se ele perdesse os poucos segundos que
teve com Bishop antes de começar a trabalhar.

A voz de Bishop caiu duas oitavas:

— Obrigado pelos bolos. Então, vejo você mais tarde hoje à noite?

— Sim. — Edison respirou, praticamente derretendo com o tom de


Bishop. Ele queria lembrá-lo de trazer uma muda de roupa para poder ficar e
jantar com ele, mas se o fizesse, não havia dúvida de que Skylar teria essa
informação em todo o escritório na hora do almoço.

— Bom. — Bishop se aproximou e se mexeu para que a maior parte de


suas costas estivesse em Skylar. Ele arrastou alguns dedos pelo peito de
Edison, ao longo do material liso de sua gravata, seu grande corpo protegendo
Edison de todos. Bishop inclinou-se lentamente como se estivesse dando
tempo a Edison para se afastar e o beijou com cuidado na bochecha. O pênis
de Edison estremeceu e ele sabia que tinha que parar com essa loucura sem
vergonha e chegar à segurança de seu escritório. Bishop sorriu como se
soubesse exatamente o que Edison estava pensando. A voz de Bishop era
como sua favorita sinfonia.

— Eu gosto da sua gravata, bonito.

A língua de Edison estava pesada demais para ele dizer obrigado.


Quando Bishop estava de costas para ele, ele se virou e começou a subir as
escadas que levavam às portas do prédio, sentindo-se tão alto que esperava
que durasse o dia todo.

283
— Você está transando com esse cara? — Skylar gritou ao lado dele, a
caminho dos elevadores.

Edison deu um pulo, segurando seu peito.

— Jesus, Skylar. — Edison olhou ao redor do amplo saguão, feliz por


estarem sozinhos. — Antes de tudo, abaixe sua voz. E segundo... Isso não é da
sua conta. Sem mencionar inadequado para discutir no local de trabalho.

— Você com certeza não parecia preocupado com as regras alguns


segundos atrás.

Edison riu:

— Tecnicamente, isso estava fora do local de trabalho.

Skylar apertou o botão para cima e virou-se para encará-lo, afastando-


os apenas alguns centímetros. Edison deu um passo para trás, não gostando
da linguagem corporal de Skylar, nem mesmo entendendo seu
comportamento. Ele entrou no elevador no momento em que as portas se
abriram, e Skylar seguiu logo atrás, em seu terno todo preto. Esse idiota
pomposo realmente achava que ele era tudo isso, e Edison estava começando
a ver que o grande ato de vanglória e ousadia de Skylar era exatamente isso...
Um ato. Edison não estava mais dando a ele o público que ele ansiava.

Skylar olhou para ele enquanto eles estavam lado a lado para fazer a
curta viagem até o quarto andar. Ele enrolou um lado do lábio.

284
— Não achei que você estivesse tão desesperado, Edison. Poxa.
Brincando com alguém como que... Achei que você era suposto ser o epítome
da classe.

Edison ficou tão surpreso que levou um momento para reunir sua
inteligência o suficiente para responder. Ele teve que cerrar os dentes para
não chamar Skylar de alguns dos nomes que estavam surgindo em sua cabeça.
Em vez disso, ele cerrou os dentes e disse:

— Sugiro que se lembre com quem está falando. E o assunto da minha


vida pessoal está completamente fora dos limites... Éprivado. Você
entendeu? Se eu pegar uma dica de que você está espalhando fofocas sobre
mim ou sobre qualquer pessoa do Stockley Serviços Paisagismo pelo
escritório, eu o explicarei seu comportamento imaturo para os recursos
humanos. Não tenho tempo para essa distração no meu departamento.

Edison estava tão irritado que pensou que se as portas não tivessem se
aberto, ele poderia ter dito a Skylar o quanto Bishop era realmente um
homem e não importa o que, Skylar nunca seria metade do homem que ele
era. Foi sua vez de parar e apontar seu próprio olhar intimidador para Skylar,
e pelo modo como sua cabeça se afastou e seus passos vacilaram, Edison diria
que ele acertou em cheio.

— Espero ter me feito claro.

285
Capítulo 28
Bishop

Bishop terminou de guardar um jeans desgastado e uma camiseta azul


lisa em sua bolsa, juntamente com alguns de seus produtos de higiene
pessoal. Se Edison queria alimentá-lo hoje à noite, ele não estava dizendo
não. Ele queria sua boa comida, mas acima de tudo, queria sua companhia.
Bishop estava em uma missão e não tinha tempo a perder. Ele viu o olhar nos
olhos de Skylar quando tocou Edison, quando ele ousadamente se inclinou e
inalou sua nova loção pós-barba. Ele precisava mostrar àquele idiota que ele
definitivamente estava fazendo uma reivindicação emEdison Scala, e não
tinha medo de torná-la conhecida. Bishop ficaria muito orgulhoso de ter um
homem como Eddie no braço, por conta própria.

E sem falhar, no momento em que um homem encontra um tesouro...


Aparece os malditos piratas para roubá-lo.

Ele ouvira Skylar falando na orelha de Edison no caminho até a


passarela. Skylar se gabando de um monte de garotas que ele teve no fim de
semana. Ok, certo. Bishop viu através dessa besteira. Aquele cara era tão gay
quanto o dia era longo, ou pelo menos bi. E agora ele sabia por que tinha
passado tanto tempo para Edison porque estava vivendo a vida que queria.

Bishop odiava não ter tido a oportunidade de ver Edison antes de sair
para o dia. Ele e Mike haviam parado cedo para poder ajudar Bishop a se

286
inscrever nas aulas preparatórias para o GED. Ele ficou nervoso a tarde toda,
desde que Mike disse a ele que o centro havia enviado por e-mail suas notas
de avaliação.

— Vamos lá B, se você quiser que eu faça isso. — Seu pai gritou da sala
de jantar, onde ele estava sentado com o laptop na frente dele. — Vou levar
Erin ao cinema em uma hora e ela vai me chutar se eu fizer com que ela perca
as prévias.

— Tudo bem, tudo bem. — Disse Bishop, descendo o corredor,


amarrando os braços do macacão em volta da cintura ao mesmo tempo. Ele
deixou sua bolsa cair no chão ao lado dele e caiu na cadeira. Ele queria se
apressar e passar pelo próximo passo, mas não queria ouvir a verdade sobre
as pontuações. Talvez ele apenas mandasse o Mike pular essa parte. Ele já
sabia a verdade de qualquer maneira. — Qual é a palavra? Você não precisa
ler para mim. Apenas me dê direito, sem mais delongas. Quão estúpido sou e
quanto tempo levarei até pensar em fazer o teste de equivalência no ensino
médio?

— Ei. Não diga isso sobre...

— Mike. — Bishop rosnou não interessado em uma maldita conversa


inspiradora.

— Tudo bem. — Mike digitalizou a página. — Bem, você se saiu muito


bem em matemática, mas ainda tem alguns pré-requisitos a fazer antes de...

— O que são pré-requisitos? — Bishop franziu a testa.

287
— É curto para pré-requisitos. Lembre-se de que eu disse que você pode
ter que fazer alguma aula preparatória antes de chegar às aulas preparatórias
reais do GED. Mike apontou para ele. — E eles listaram os números de
catálogo dos cursos e a disponibilidade. Como eu disse, eles têm aulas on-line
e... Mike olhou de soslaio para o informe. — Mas o único que você pode fazer
é parte online, parte da sala de aula. Ele se reúne às terças-feiras.

— O que você quer dizer? — Bishop perguntou sua perna balançando


incontrolavelmente debaixo da mesa.

— Parece que você não pode se matricular em matemática, estudos


sociais ou ciências até fazer os cursos de leitura e reabilitação de artes
plásticas para adultos.— Mike inclinou a cabeça para o lado.

— Oh, eu lembro disso. — Bishop riu tristemente. — Essa é outra


maneira de dizer aulas corretivas. Para os realmente analfabetos. Quanto
você quer apostar que seremos apenas eu e talvez duas outras pessoas lá.

Mike tentou esconder sua careta, mas Bishop viu... Viu a pena também.

— Está bem então. Nós inscreveremos para este. Comece devagar e com
firmeza à medida que avançamos.

— Nós? — Bishop zombou.

— Sim, 'nós'. — Mike mordeu. — Cada curso dura quatro semanas, B, e


é apenas o nível um. Estou com você o tempo todo, lil mano. Eu te disse que
estou com você, cara. Sou eu e você.

288
Bishop passou a mão pelos cabelos curtos da cabeça. Isso era fodido. Ele
tinha a sorte de ter Mike ao seu lado, e sabia que também tinha Trent, mas
não podia negar que voltar à escola era assustador pra caralho, e ele tinha
sido um membro de uma gangue a maior parte de sua vida.

— Tudo bem, cara. — Bishop suspirou. — Inscreva-me.

— Você entendeu. — Mike sorriu e começou a clicar as teclas uma de


cada vez.

Bishop olhou o relógio. Já passava um pouco das seis e ele esperava


ficar algumas horas no quintal de Edison antes do jantar.

— Quase pronto. Só tenho que pagar. Mike clicou no bloco algumas


vezes e depois piscou rapidamente na tela. — Merda. São setenta e cinco
dólares.

— Merda. — Bishop imitou, puxando sua carteira e entregando a Mike


seu cartão de débito.

— Não se preocupe. Você ganha dinheiro suficiente para pagar, Bishop.


E mesmo assim. Esse grande trabalho que você conseguiu com Edison deve
cobrir este curso e o resto deles também. Mike não estava olhando para ele, e
foi por isso que ele não conseguiu ver a expressão culpada de Bishop. — A
propósito, eu quis perguntar se Trent ajudou você com o contrato. Eu não
tinha ouvido mais nada.

— Não, hum. Trent não.

O pai dele bateu palmas uma vez.

289
— OK. Tudo pronto. Suas aulas começam no final do mês, cara. Vou ler
todas as letras pequenas mais tarde sobre a sala de aula virtual e praticaremos
no computador na próxima semana. Alguns tutoriais.

— O quê? — Bishop latiu. Ele sabia que estava sendo um idiota irritável,
mas odiava quando as pessoas usavam palavras que ele não conhecia.

— Algumas instruções passo a passo sobre o básico do computador.


Mike fechou o laptop e entregou o cartão a Bishop. — Agora, quem você disse
que fez o contrato.

Bishop evitou os olhos do pai e foi à cozinha encher a garrafa térmica


com água fria.

— Eu não disse a ninguém. — Bishop engoliu em seco, pronta para a


tempestade aumentar. Não tenho contrato com Edison. Não vou levar o
dinheiro dele.

— Bishop. — Seu pai avançou lentamente sobre ele, mas Bishop não
recuou. Mike estreitou os olhos castanhosquanto mais perto ele chegou e sua
voz ficou assustadoramente mais profunda do que havia sido um momento
atrás. — Diga-me que você não está fazendo aquele maldito design que você
me mostrou... De graça. Diga-me que você não está fazendo isso, Bishop.

Bishop se manteve firme e olhou de volta para o pai.

— Não posso, porque é exatamente isso que estou fazendo. Estou


fazendo o quintal de Eddie de graça.

— Oh, ele é Eddie, agora? — Seu pai zombou.

290
— Ele é Eddie para mim. — Bishop retrucou.

— E como exatamente um homem de suas maneiras eu vi os malditos


ternos que ele veste o convenceu a fazer centenas de horas de trabalho livre,
hein? A bunda dele é boa demais? Mike retrucou.

Bishop se adiantou e agarrou a gola da bela camisa de Mike. Seu pai


agarrou seu pulso, seus olhos arregalando quando Bishop o puxou para perto.

— Você não sabe do que diabo está falando.

— Tire suas malditas mãos de mim, Bishop. — Seu pai respondeu. —


Você está enrugando a porra da minha camisa.

Seu pai o empurrou no peito quando Bishop o libertou.

— Chacoalha irritante. — Ele resmungou, endireitando suas roupas.


Não foi a primeira vez que eles atacaram a cabeça, mas nunca saiu do
controle. Ele não queria machucar Mike e seu pai nunca o machucaria. Eles
eram tão pareados que seria estúpido que realmente chegassem a um golpe.
Ele se apoiou no balcão, diminuindo a velocidade da respiração enquanto
Mike arrumava a gola no espelho da sala de estar. — Espero que esse cara
valha à pena, Bishop. É tudo o que estou dizendo. Não gosto da ideia de
alguém tirar vantagem de você.

— Eu sei que pode parecer assim do seu ponto de vista, mas confie em
mim, não é. Você simplesmente não o conhece. Ele não faria isso. De todo.
Bishop colocou o cartão de volta na carteira e pegou as chaves do balcão.

291
— Então talvez eu deva conhecê-lo. — Mike estava na porta esperando
por ele. — Se você está falando sério.

— Você está me sacaneando, certo? — Bishop franziu a testa.

— Não. Quero conhecer as intenções dele. — Mike não conseguiu mais


parar de rir.

Bishop o empurrou para fora da porta.

— Engraçado. Dê o fora daqui para que eu possa trancar a porta.

— Não, sério. — Mike parou na velha caminhonete de Tacoma


enquanto Bishop continuava caminhando em direção ao caminhão de
trabalho para desatrelar o trailer. — Eu gostaria de conhecê-lo.

— Vou ver. — Respondeu Bishop. — Ainda não chegamos lá.

— Então, o que há com a bolsa? — Seu pai apontou para a pequena


mochila em seu ombro.

— Ele perguntou se eu queria ficar para o jantar, então estou trazendo


uma muda de roupa.

— Significando que você está tomando banho lá?

Bishop ergueu os olhos, aborrecido.

— É apenas um banho em um maldito banheiro de hóspedes, Mike,


droga.

Mike levantou as mãos.

— Não se atrase para o trabalho de manhã.

292
Bishop revirou os olhos e subiu no banco do motorista. Se Mike
soubesse. Bishop desejou como o inferno que ele pudesse ficar a noite toda na
cama de Edison.

293
Capítulo 29
Edison

Edison ouviu o motor do caminhão de Bishop sobre a versão de


Summer Winds, de Michael Bublé, que ele tocava muito alto em seu sistema
de som. Ele rapidamente limpou as mãos no avental e usou o controle remoto
para desligar o CD. Ele teve tempo suficiente para tomar banho e se
transformar em algo mais adequado para a noite depois do trabalho. Ele
usava a melhor loção pós-barba e usava a camiseta cinza mais macia. Edison
jogou o pano de prato por cima do ombro e foi abrir a porta da frente.
Bishop tinha ferramentas nas duas mãos para que ele não pudesse acenar,
mas Edison estava feliz em aceitar o delicioso olhar malicioso que ele lhe deu
como alternativa.

— Deixe-me colocar isso na parte de trás. — Disse Bishop, indo em


direção ao portão lateral.

Edison já podia sentir seu batimento cardíaco acelerado ao saber


que Bishop estava de volta em sua propriedade. Ele esperava se lembrasse do
convite para o jantar, porque estava lucrando com isso hoje à noite. Ele
e Bishop haviam esclarecido bastante durante as conversas por telefone. E
agora que sabia que Bishop o queria tanto quanto antes, se não mais, estava
se sentindo encorajado.

294
Ele caminhou por sua casa, fazendo uma inspeção final antes de abrir as
portas do pátio. Bishop deixou cair suas pequenas ferramentas manuais perto
da varanda e entrou. Ele deu um passo para trás para permitir que
ele passasse pela porta quando foi agarrado pela cintura e puxado contra o
peito de Bishop.

— Vamos lá, Eddie. Eu quero fazer isso desde esta manhã. — Bishop
inclinou-se e colocou a boca sobre a de Edison, sua língua buscando entrada.

Ai sim. Edison abriu de bom grado, deixando Bishop liderar. Ele sentiu
sua cintura apertar mais forte enquanto passava os braços em volta dopescoço
dele, fazendo-o ter que inclinar a cabeça ainda mais. Eles finalmente tiveram
que parar e respirar. Bishop enterrou o nariz debaixo da mandíbula e inalou
profundamente.

— Você sempre cheira tão bem. — Bishop gemeu, mordiscando sua


bochecha.

Edison podia sentir a dureza de Bishop contra sua coxa e sua bunda se
apertou em antecipação. Ele se perguntou se poderia levar um homem tão
grande quanto Bishop. Ele passou as mãos pelos ombros largos e pelo peito
dele. Ele não podia ir mais longe por causa do macacão, então continuou
massageando esses peitos firmes.

Bishop jogou a cabeça para trás e gemeu:

— Suas mãos.

295
Edison se inclinou e beijou a garganta bronzeada de Bishop,
continuando seus toques modestos que estavam se tornando mais confiantes
com cada suspiro de aprovação que Bishop fazia. Ele não tinha percebido que
eles estavam se movendo até suas costas baterem na porta de vidro
e Bishop estar pressionado contra ele. Edison gemeu depois quando as mãos
grossas de Bishop serpentearam por seu corpo até chegarem à garganta dele.
Ele esticou o pescoço querendo tudo o que Bishop estava fazendo e muito
mais. Unhas pontudas cravaram em sua carne apenas o suficiente para fazer
seus olhos se fecharem.

Bishop rosnou e atacou a boca de Edison com vigor, empurrando seus


quadris fortes contra os dele até que Edison pensou que ele gozaria em suas
calças se Bishop não parasse logo.

— Porra. É por isso que preciso esperar. — Disse Bishop contra a pele
quente de Edison. — Eu ainda não consigo me controlar.

Edison tremia de desejo, ele não precisava de Bishop para demonstrar


controle. Mas não era só sobre ele. Bishop disse que fez votos para si mesmo
antes de voltar para casa e queria mantê-los. Se Edison queria ser respeitado
sobre as escolhas de sua vida, ele também precisava respeitar as de Bishop.
Ele viveu uma vida de celibato nos últimos cinco anos; Edison não queria
pressioná-lo antes que estivesse pronto para cumprir esse voto.

Edison virou a cabeça e respirou fundo. Os lábios de Bishop passaram


sobre seu pulso, o que só o fazia acelerar mais.

— Você me deixa louco. — Bishop sussurrou.

296
Edison pressionou as mãos contra o peito dele. Quando ele finalmente
encontrou sua voz, ela soou rouca quando ele disse:

— Você está certo. Precisamos ir devagar... — Edison respirou de prazer


quando Bishop beliscou seu lóbulo da orelha. — Sim devagar.

— Tudo bem. — Disse Bishop, ainda segurando.

— Você está com fome? — Edison perguntou.

— Morto de fome. — Bishop resmungou.

Edison tremia e Bishop reagiu apertando suas costas.

— Droga, querido.

— Unnh... — Edison gemeu. A boca ruim de Bishop o excitou tanto


quanto seu toque.

Bishop o beijou mais uma vez, depois usou seu aperto firme para
manter Edison imóvel enquanto ele se afastava.

— Eu vou retirar o mato contra a casa enquanto você...

— Cozinhar. — Edison terminou sem fôlego. — Eu ia cozinhar.

Bishop assentiu enquanto continuava colocando um pouco de ar


necessário entre eles. A sala estava faiscando com a energia deles, e se Bishop
não tivesse parado quando ele parou, eles teriam acabado acendendo um fogo
que nenhum dos dois poderia extinguir.

— O que você está fazendo?

297
Edison se levantou da porta de vidro quando Bishop estava a uma
distância segura. Ele entrou em sua cozinha, olhando Bishop de brincadeira.

— Não estou dizendo. Você verá quando eu colocá-lo no seu prato.

Bishop riu e Edison percebeu o quanto ele gostava do som. Não era alto
ou indisciplinado. Era simplesmente um estrondo de seu profundo teor.
Até Bishop pareceu um pouco assustado com isso, enquanto observava
Edison com curiosidade antes de acender as luzes do pátio e sair pela porta.

Bishop

De alguma forma, Bishop deixou Edison Scala entrar em sua alma,


tocando-o em um lugar que ninguém tinha antes. Ele não estava acostumado
a rir e provocar. Não era como ele foi criado. Ele havia sido ensinado a ser
duro e esperto e não mostrar medos ou fraquezas. Sempre que ele
demonstrou emoção, foi usado contra ele ou espancado. Mas Edison o fez se
sentir tão especial, e querido, fez com que ele sentisse falta de coisas
importantes da vida, como sorrir, comer bem e ter relacionamentos
saudáveis. Ele pode nunca ter experimentado um gesto de bondadeantes, mas
podia reconhecê-la, e Edison a possuía em abundância. Bishop queria
merecer isso. O que significava que ele não poderia fazer disso uma coisa
física. Ele tentou dessa maneira a vida toda e, obviamente, não funcionou
porque estava atraindo o tipo errado de homem.

Bishop se perdeu no ritmo de seu trabalho. Ele puxava algumas ervas


daninhas, jogava alguns grânulos no solo, virava-o e depois se movia alguns

298
metros abaixo da fileira. Ele estava quase no fim da fila quando o cheiro de
ervas e alho fez seu estômago roncar. Ele se viu sorrindo de novo, sentindo os
maxilares estranhos enquanto guardava suas poucas ferramentas. Ele estava
na porta dos fundos de Edison com a mochila pendurada no ombro enquanto
ele o observava se mover em sua elegante cozinha.

Tudo tinha seu próprio lugar. Enquanto havia algumas panelas


fumegando no fogão, não havia uma gota de molho ou manteiga manchada
em nenhuma das superfícies de mármore. Sempre que ele ou Mike tentavam
cozinhar, geralmente havia um desastre para limpar depois. Edison estava de
costas para ele, enquanto misturava um molho de cor clara em uma saladeira
grande. De vez em quando Edison limpava as pontas dos dedos na toalha azul
escura apoiada no ombro, como os profissionais. Ele tinha uma vista incrível
da bunda gorda de Edison quando se inclinou para verificar o que estava
assando no forno.

— Cheira bem. — Disse Bishop quando ele olhou o seu preenchimento.

Edison se virou surpreso ao ver Bishop parado ali.

— Ei. Eu estava prestes a vir buscá-lo. O jantar está pronto.

— Cheira a espaguete. — Bishop sorriu. — E pão de alho.

— Errado e correto. — Brincou Edison. — Fiz conchas recheadas com


pão de alho. É a receita da minha tia Carlota. Espero que você goste de
italiano. Provavelmente teria sido mais inteligente perguntar isso antes de eu
fazer.

299
— Eu amo italiano, mas nunca tive conchas recheadas. — Admitiu
Bishop. — Mas se você fez... Tenho certeza que vou adorar.

Edison começou a colocar os pratos na mesa.

— O banheiro fica no final do corredor, se você estiver pronto para se


limpar. Há toalhas nas prateleiras à direita da pia.

— Obrigado. — Bishop já estava se movendo nessa direção. Estava


escuro, o que significava que ele não tinha muito tempo para desfrutar da
companhia de Edison antes que ele precisasse sair. Ambos tinham que
trabalhar pela manhã.

Ele estava atento para não fazer uma bagunça no belo banheiro de
hóspedes de Edison, enquanto limpava a sujeira do corpo. As paredes eram
verdes esponjosas e decoradas com fotos emolduradas em cinza escura e
prateado da praia. Ele saiu do chuveiro quente para o tapete de banho macio e
rapidamente se secou. Os cheiros do jantar haviam percorrido o corredor e
seu estômago estava se retorcendo, ele estava com tanta fome. Ele não tinha
comido desde o sanduíche fino que ele tinha almoçado. Bishop usou sua
toalha para limpar os pontos úmidos e depois colocou as toalhas usadas no
cesto. Ele acrescentou desodorante, mas nenhuma água de colônia, pois
planejava sentar-se ao lado de Edison dessa vez, em vez de em frente a ele.

Edison estava colocando outra jarra de seu incrível chá doce na mesa
quando ele virou o corredor. Bishop examinou a deliciosa comida que Edison
havia preparado em apenas algumas horas. Havia uma salada verde cheia de
legumes frescos, uma cesta de pão de alho perfeitamente torrado e um amplo

300
prato de macarrão, coberto com queijo pegajoso e molho vermelho brilhante.
Foi esmagador e muito apreciado.

— Ei. — Disse Edison quando Bishop continuou em direção à mesa, seu


olhar saltando de Edison e depois de volta ao jantar que havia sido posto
diante dele como se fosse um rei.

— Isso é realmente ótimo, Eddie. Obrigado. — Bishop resmungou. Um


dos desafios mais difíceis para ele durante o tempo preso se resumia a
comida. Durante anos, ele ansiava por uma refeição como a que Edison havia
posto diante dele. Um que foi feito com cuidado e veio de um lugar especial.
Desta vez, ele se sentou ao lado de Edison, perto o suficiente para que seus
joelhos batessem, gostando do sorriso surpreso, mas intrigante que Edison
deu a ele.

301
Capítulo 30
Edison

O jantar estava delicioso, se ele próprio o dissesse. E os elogios de


Bishop foram abundantes, e os sons que ele fez ao sugar o molho de tomate
da ponta dos dedos eram obscenos. Mais de uma vez, Edison teve que apertar
as coxas para aplicar alguma pressão nas bolas. Ele lutou durante todo o
tempo para comer e manter os olhos longe do peito de Bishop, que estava
maravilhosamente delineado na camiseta fina que ele vestia.

Bishop esfregou a barriga lisa enquanto terminava o terceiro copo de


chá gelado enquanto Edison empilhava a louça na pia. Eram quase nove
horas, era além do que ele estava acostumado a terminar o jantar, mas ele
estava feliz pela companhia.

— Então, o que você estaria fazendo, Eddie, se eu não estivesse aqui


agora? — Bishop perguntou com naturalidade.

Edison balançou a cabeça. Ele não queria dizer a verdade porque


parecia lamentável, mas não mentiria para Bishop. Edison riu levemente:

— Honestamente? Eu estaria lendo. Eu estaria na sala de estar extasiado


com este novo livro que recebi ontem. Eu provavelmente teria terminado de
jantar à uma hora. Eu teria comido bem ali, onde estava sentado, como faço

302
todas as noites, exceto que normalmente tenho meu laptop, navegando na
rede ou...

— No Facebook, ou no Instagram. — Bishop terminou.

— Não. — Edison balançou a cabeça, olhando para Bishop como se


estivesse louco. — Os vinte cincos ou trinta amigos que eu tinha no Facebook,
eu nunca tinha conhecido antes, e os poucos pedidos de amizade que enviei
ficaram sem resposta, então... — Edison deu de ombros como se não fosse
grande coisa. — Eu não sou fã de mídias sociais.

— Eu também. — Bishop sentou-se mais alto, parecendo satisfeito com


a resposta de Edison. — Tudo o que as pessoas querem agora é digitar textos
longos em seus telefones e conversar no computador, em vez de realmente
conversar. É frustrante.

— Estou começando a entender isso sobre você. E eu gosto. No começo,


pensei que você era um homem de poucas palavras, mas fiquei surpreso ao
ver que você não gosta de enviar mensagens de texto, conversar ou qualquer
uma das formas convencionais que nossa geração escolhe se comunicar agora.
Você prefere falar comigo, como se gostasse de ouvir minha voz.

— Como se... — Bishop repetiu. Ele se levantou e deu a volta na mesa,


encontrando Edison ao sair da cozinha. Ele desligou as luzes do teto,
deixando apenas o brilho quente da luz do fogão e da sala de jantar.
Bishop não parou até que ele estivesse perto, e Edison corou quando Bishop
pegou as duas bochechas nas mãos grandes. — Eu gosto da sua voz.

303
Edison tentou abaixar a cabeça, mas Bishop o segurou com firmeza. —
Obrigado. — Ele sussurrou, encontrando aqueles olhos expressivos. Quando
Edison realmente olhou para Bishop, ele pôde ver a sinceridade.

Como se não pudesse evitar, Bishop lentamente se inclinou e pressionou


os lábios contra os dele, mantendo-se ali por alguns segundos antes de
inclinar a cabeça. A boca de Bishop era como o melhor prato que ele já havia
provado. Ele podia ficar satisfeito com isso, e ficou feliz por Bishop ser tão
generoso.

Ele gemeu quando Bishop se aprofundou mais, ou talvez os dois


tivessem emitido esse som, ele não sabia ao certo, tudo o que sabia era que
queria mais. A boca de Bishop era larga e exigente o suficiente para fazê-lo se
sentir tomado.

— Então você estaria lendo agora, hein? — O sussurro


de Bishop parecia um motor a diesel em marcha lenta.

Edison piscou e lambeu os lábios formigantes. Ele riu levemente.

— Um sim.

Bishop nunca mudou de posição enquanto acariciava as bochechas de


Edison com os polegares ásperos enquanto descansava a testa juntos. Sua
boca se moveu como se ele estivesse tentando dizer algo, mas não conseguiu
encontrar as palavras. Edison passou as mãos para cima e para
baixo nas costas fortes de Bishop em apoio. O que quer que ele precisasse
dizer seria:

304
— Leia para mim. — Bishop resmungou.

Edison olhou surpreso. Ele ouviu direito?

— O que?

Os olhos de Bishop se arregalaram e suas mãos se apertaram na


mandíbula.

— Eu... Porque eu realmente gosto da sua voz. Isso me relaxa. E se ler é


o que você normalmente faria... Então vamos fazer isso.

O sorriso de Edison rapidamente se espalhou por seu rosto. Ler juntos.


Era um sonho tornado realidade.

— E sério?

Bishop assentiu, mantendo seus corpos próximos, seu aperto quase


doloroso.

Edison apertou os braços de Bishop quando viu como estava falando


sério.

— Tudo bem. Vamos lá, deixe-me mostrar uma coisa. Edison passou a
mão pelos antebraços de Bishop até chegar à mão. Ele uniu os dedos e o levou
para a sala de ginástica.

A boca de Bishop caiu quando ele abriu a porta e acendeu a luz. Ele se
afastou e deixou Bishop entrar diante dele.

— Puta merda.

305
— Algumas pessoas preferem paredes de espelhos na área de exercícios,
mas eu prefiro estantes de livros. É menos realidade na sua cara, você sabe.

Bishop caminhou pelas fileiras de prateleiras pretas, arrastando o dedo


pelas capas de vários romances de John Grisham. Edison tinha quase todos os
seus livros. Ele percebeu o quão obsessivo tudo isso parecia, especialmente na
era digital. Os leitores veteranos transformaram seus livros em cinzas e
transformaram os leitores eletrônicos em sua nova obsessão. Embora Edison
tenha quebrado e adquirido um Kindle por conveniência, ele ainda gostava de
ir à livraria e encontrar um bom livro de capa dura, para se perder na
sensação e no cheiro das páginas.

— Você leu tudo isso?

Edison enfiou as mãos nos bolsos e se apoiou nos calcanhares, tentando


ver a sala do ponto de vista de Bishop.

— Sim eu li. Depois de ler, adiciono-o à prateleira. Algumas pessoas


colecionam bonecas trolls... Eu coleciono meus romances favoritos. E também
tenho bastante áudio. Se você quiser emprestar um pouco.

— Eu acho isso sexy como o inferno. — Disse Bishop. Ele deu a Edison
um olhar sedutor e assentiu para ele se aproximar. — Escolha um. Qualquer
que você fosse ler esta noite.

Edison foi até a prateleira meio cheia e pegou o livro de capa


dura Kingsley McDennis ainda dentro da sacola da Barnes & Noble.

306
— Kingsley é um dos meus escritores de mistérios favoritos. Ele é um
dos melhores em fazer a ação saltar da página. A voz de Edison ficou mais alta
com sua excitação.

Edison pegou a outra mão de Bishop e os levou de volta à sua sala de


estar. Ele deixou as luzes principais apagadas e acendeu a pequena lâmpada
em uma de suas mesas finais. Bishop já havia se acomodado em uma posição
confortável no sofá. De costas contra a forma de L da espreguiçadeira, ele
abriu os braços em convite para Edison se juntar a ele. Ele ficou surpreso com
a facilidade com que se encaixava contra Bishop. Edison achava que ele era
um cara grande, mas a força de Bishop, e a maneira como ele levantou o seu
corpo sem esforço o fazia se sentir pequeno e sem peso.

— Pronto.— Murmurou Bishop contra o lado da cabeça de Edison,


ajustando-o até que Edison estivesse aninhado profundamente debaixo do
braço. — Perfeito.

Edison estremeceu e puxou a colcha que tia Carlota fizera para ele no
seu décimo oitavo aniversário, na parte de trás do sofá e a colocou sobre as
pernas, em um esforço para esconder sua ereção que parecia constante
quando Bishop estava por perto.

— Eu não sou muito pesado apoiando em você?— Edison perguntou


calmamente.

— Não, querido. — Foi tudo o que Bishop disse.

Edison abriu o livro de capa dura eles estavam tão quietos que ele podia
ouvir a espinha estalando enquanto a espalhava mais. Ele folheou as

307
primeiras páginas de conteúdo, direitos autorais e dedicações até ver o
capítulo um. Edison podia sentir o coração de Bishop batendo, combinando
com seu próprio batimento cardíaco irregular. Ele não estava nervoso, a
leitura era algo que ele poderia mostrar. Ele estava apenas ansioso para não
fugir de outro homem por causa de seu estilo de vida chato. No entanto, ele
não estava recebendo essa vibe de Bishop, e Edison vibrou com emoção.

Ele leu as primeiras frases à frente e depois começou. Ele manteve o


tom baixo e suave, esperando que Bishop gostasse. Depois de algumas
páginas, Edison encontrou seu ritmo e começou a mergulhar na narração. Ele
estava bastante à vontade com a leitura em voz alta e fazia isso muitas vezes
quando estava sozinho. Na escola, seu pai o fez ler sua lição de casa, o jornal,
uma revista ou o que quer que fosse enquanto estava limpando na hora de
fechar. Esse tinha sido o período de estudos dele.

Quando chegou ao capítulo três, o antebraço de Bishop estava


embalando sua cabeça, colocando-o em uma boa posição para passar as
pontas dos dedos pelos cabelos. Era tão hipnótico que Edison se viu
encostado no toque. Sua voz ficou mais rouca quando ele continuou e Bishop
pareceu gostar.

Eles riram de uma frase engraçada e estavam se acalmando


quando Bishop olhou o relógio.

— Está ficando tarde.

Porra, ele amava o som da voz de Bishop no final da noite. Eram apenas
dez e meia, mas ele supunha que Bishop estava certo. Ele tinha que acordar

308
muito mais cedo do que ele. E onze horas eram quando o livro começou a
fazê-lo cochilar.

— Sim. — Edison sentou-se, deixando o calor do peito de Bishop, e


levantou-se para esticar. Ele aproveitou cada segundo e esperava que eles
pudessem fazer isso novamente em breve.

— Quais são seus planos para amanhã? — Perguntou Bishop.

Edison pegou Bishop tentando se ajeitar discretamente em seus jeans,


mas Edison teria que ser cego para vê à protuberância. Ele desviou os olhos e
foi para a cozinha tomar um gole rápido de água antes de soltar algo
embaraçoso para Bishop como 'fique e me foda a noite toda'.

— Estarei aqui. Não faço muito durante a semana. — Respondeu


Edison.

Bishop pegou sua mochila e começou a caminhar em direção à porta. Os


dois estavam calados, como se um estivesse esperando o outro se mover.
Antes que Edison pudesse pegar a maçaneta, Bishop o agarrou pela cintura e
o girou até que suas costas foram empurradas contra a porta. Edison quase se
humilhou porque a maneira como Bishop o lidava com tanta facilidade o
deixou próximo demais de gozar em suas calças. A mandíbula de Edison foi
agarrada, e ele mal teve tempo de abrir os olhos e ver a expressão feroz
nos orbes escuros de Bishop antes de tomar a boca em um beijo ardente.
Edison não fez nada além de se abrir ao prazer e tentou não cair aos pés
de Bishop com os joelhos fracos.

309
— Deixe-me voltar amanhã. — Disse Bishop depois de respirar fundo,
ofegando contra a garganta de Edison. — Nós podemos fazer a mesma coisa...
Ou nada.

Edison assentiu incapaz de falar.

— Ok. — Bishop finalmente o soltou e Edison abriu a porta. Eles se


observaram por um longo tempo enquanto Bishop caminhava até o
caminhão. Edison queria gritar para ele voltar, que ele estava cansado de ficar
sozinho, mas ele apertou seus lábios delicados e acenou quando Bishop saiu
da garagem.

Ele voltaria amanhã. Ele poderia ler mais para ele em breve. Edison
sentiu como se estivesse flutuando em uma elevação natural para seu quarto,
e cantarolou em sua rotina noturna antes de cair em um sono tranquilo.

310
Capítulo 31
Bishop

Edison fez exatamente o que Bishop pediu nas próximas duas semanas.
Ele só ficou em casa dois daqueles dias e aos domingos. Fora isso, ele estava
na casa de Edison. Ele trabalhava no quintal por um tempo, enquanto Edison
cozinhava. Algumas vezes ele tinha grelhado, ou estava lá fora para
fazer companhia a Bishop enquanto ele procurava o caminho complicado que
levava ao galpão. Ele adorou a oportunidade de exibir seu conhecimento em
paisagismo. Edison sempre parecia genuinamente interessado, como se não
estivesse apenas brincando com Bishop quando falava sobre plantar amores-
perfeitos em vez de mães.

Enquanto comiam na mesa de jantar de Edison, conversava sobre seu


trabalho ou seu tio que o lembrava tanto de seu pai que poderia ser difícil
para ele ficar perto dele por muito tempo. Eles também conversaram sobre a
vida de Bishop crescendo, mas ele tendia a levar a conversa rapidamente de
volta para Edison. Ele não gostava de compartilhar histórias de sua educação
desprezível e de quem ele era naquela época. Ele queria que Edison se
concentrasse neste Bishop.

Então sua parte favorita viria depois. Edison fazia uma bebida para eles,
apagava a maioria das luzes da casa e ficava embaixo dele enquanto lia para
ele... Todas as noites. Embora os livros de mistério permitissem que eles se

311
perdessem em outro mundo e ficava encantado com a vida de duas pessoas
inventadas, isso de alguma forma os aproximava. E Edison fez isso com tanta
paixão e entusiasmo que Bishop sabia que também o amava. Às vezes, ouvia
pequenos soluços na voz de Edison quando passava o nariz pela têmpora e
pelos cabelos que sempre cheiravam um pouco a framboesas. Ele poderia
sentar lá e ouvir por horas. Mas ele não conseguia manter Edison trancado
em casa sozinho, e não queria que ele pensasse que Bishop queria manter o
relacionamento em segredo. Porque nenhum desses era verdade. E hoje à
noite, ele iria provar isso.

— Ei. — Bishop chutou Trent em sua bota, onde ele se sentou encostado
a uma árvore, se preparando para apreciar a sombra durante o intervalo do
almoço.

— Ei, você mesmo. O que há cara? — Trent perguntou, protegendo os


olhos. Hoje era outro dia quente, e o índice de calor havia subido para trinta e
cinco, e não era nem uma hora.

— Pedi a Mike um almoço mais longo. Vamos, preciso de sua ajuda com
alguma coisa. — Bishop fez sinal para Trent segui-lo, e ele só conseguiu
atravessar o gramado quando Trent o alcançou.

— Onde estamos indo?

Bishop não respondeu imediatamente, à esquerda na Columbus Street,


na direção do centro da cidade.

— Bem ali. — Bishop apontou quando o belo restaurante apareceu.

312
— Onde? Para aquela fonte? — Trent sorriu.— Você precisa fazer um
pedido.

Bishop chupou os dentes.

— Não, idiota. O restaurante atrás de lá. Isso é o Bravo, certo?

Trent franziu o cenho para o grandioso prédio de dois andares.

— Você quer almoçar lá? Você ter que esta pagando.

— Estou comprando uma bebida... Talvez um aperitivo.

Ele viu a confusão de Trent e decidiu seguir em frente e se limpar.

— Este é um dos restaurantes favoritos de Edison. Ele ama italiano e já


falou sobre esse lugar algumas vezes. E eu quero trazê-lo aqui hoje à noite
para jantar. Num encontro.

— Tudo bem. — Trent deu de ombros e o deu uma cotovelada no


ombro. — O que você quer? Praticar comigo?

— Bem, boa sorte. — Bishop murmurou enquanto eles fizeram o seu


caminho para dentro.

— Eu simplesmente não sou esse tipo de ala, cara.

— Preciso de ajuda com o cardápio espertinho. — Bishop assobiou


pouco antes de se aproximarem da mesa da anfitriã.

— Boa tarde. — Disse a jovem anfitriã em tom alegre: — Dois lugares


hoje?

313
— Sim, mas podemos sentar no bar? — Bishop apontou para a esquerda
imediata na área murada, não querendo estar sentado nas mesas elegantes da
grande e ampla sala de jantar. Não até ele precisar. Não que ele não sentisse
que pertencia a lugares legais como este, ele não era inseguro nesse aspecto.
Ele nunca conseguiu pagar tanto pelos mesmos pratos que eram oferecidos
em um buffet de onze e noventa e nove. Mas nada era bom demais para
Edison.

A anfitriã entregou-lhes dois menus.

— Claro, fiquem a vontade.

Trent olhou para Bishop.

— Você esta falando sério?

— Sim. — Disse Bishop. — Eu não pareço sério?

— Você não precisa fazer isso por Edison. Eu não acho que ele se
importaria se você o levasse para Olive Garden. Ou o buffet de frutos do mar
do Capitão George? Isso é bastante sofisticado.

─ Não. — Bishop sacudiu a cabeça e olhou para o longo menu de uma


página, cheio de pratos que não conseguia ler. Ele não deveria ter que limitar
suas experiências gastronômicas a apenas buffet também. — Eu sei que ele
não se importaria, mas... Mas eu quero surpreendê-lo, T.

A expressão de Trent suavizou quando ele estendeu o punho fechado.


Bishop bateu levemente as juntas dos dedos, um sorriso aliviado nos cantos
dos lábios.

314
— O cardápio do jantar é diferente do cardápio do almoço?— Trent
perguntou às recepcionistas.

— Sim. Gostaria de ver o do jantar também? — Ela já estava alcançando


o pódio quando Trent respondeu. Bishop queria agarrar o amigo e abraçá-lo
ele nem pensara nisso.

O barman era um cara mais velho, com um rosto bonito e um sorriso


matador. Ele tinha as mangas arregaçadas logo depois dos antebraços,
e Bishop podia ver as tatuagens tribais escuras quando se preparou no bar.

— Vocês estão aqui, descansando um pouco desse calor, hein? — Ele


disse, vendo seus jeans empoeirados e as camisas do gramado Stockley.

— Merda, sim. — Bishop assentiu, colocando o chapéu largo no


banquinho ao lado dele. Quando olhou para Trent para perguntar que tipo de
cerveja ele queria, ficou confuso ao vê-lo cutucando a superfície lisa de
madeira do bar, como se não quisesse fazer contato visual com o barman. —
Eu vou ter um Guines e... Ei. O que você quer beber, T?

— Tudo está bom. — Murmurou Trent, ainda olhando para as mãos


ásperas.

O barman riu um som gutural:

— Tudo bem. Uma cerveja para você e um copo de óleo mineral para seu
amigo duro por aqui.

Bishop riu repentinamente quando Trent levantou a cabeça, fazendo


uma careta para o barman que nunca deixou seu grande sorriso.

315
— Então, ele tem um rosto.

— Eu vou ter o mesmo que ele... Mas sem os comentários. — Trent


gritava.

O cara deu um sorriso e virou-se para preparar as bebidas. Bishop


levantou a sobrancelha e murmurou que porra era essa?

Trent revirou os olhos e posicionou o cardápio do jantar entre eles.

— Nada. Vamos acabar logo com isso. Esse cara me dá arrepios.

Bishop estreitou os olhos quando Trent olhou para o cardápio, seu olhar
periodicamente subindo para encontrar o dele e depois caindo novamente um
sinal clássico de que um homem estava mentindo ou escondendo alguma
coisa. Ele decidiu não pressionar e se inclinou para que Trent pudesse
apontar as coisas favoritas de Bishop para comer.

— Vocês querem pedir comida? — Perguntou o barman quando ele


colocou suas cervejas e dois copos altos de água gelada na frente deles.

— Acho que não. — Disse Bishop.— Estamos apenas olhando. Estamos


no intervalo do almoço, então não temos tempo para mais nada além de
bebidas.

O homem se apoiou no bar como se estivesse prestes a manter uma


longa conversa, e Bishop viu Trent tenso em seu banquinho.

— Vocês estão olhando para o cardápio do jantar, a maioria das coisas


no almoço leva apenas de nove a onze minutos para cozinhar.

Bishop tentou encobrir a irritação de Trent limpando a garganta.

316
— Obrigado, cara. Vamos dar uma olhada.

O barman alto não tirou os olhos de Trent quando disse:

— Claro. Meu nome é Graham. Apenas me dê um grito se você mudar


de ideia.

— Obrigado. — Disse Bishop. Ele esperou até o cara se afastar e notou


que um aroma picante e amadeirado desapareceu com ele. Ele cheirava muito
bem, mas não tão incrível quanto seu executivo.

— O que há de especiais?— Bishop perguntou depois que ele estendeu


a mão e pegou uma das tendas da mesa de papel anunciando um novo prato.

— Algumas almôndegas orgânicas novas. Vegetal, sem carne, carne de


tofu, yada, yada, yada6, besteira.

— Direito. — Seguindo em frente. Bishop empurrou isso para o lado.


Edison gostava de carne, não daquela coisa vegano.

Trent começou a apontar alguns dos pratos mais populares sob o que
ele dizia ser a palavra italiana para peixe e ler as pequenas descrições de cada
um. Bishop prestou muita atenção, certificando-se de que seria capaz de se
lembrar de tudo.

— Você provavelmente vai gostar disso... É ravióli de lagosta.

— Isso soa bem. Quais são as outras duas opções? — Bishop perguntou.

6
Yada yada yada é uma expressão que significa uma conversa vazia, apenas repetindo coisas já entendidas. Funciona de forma semelhante ao "blá
blá blá".

317
— Lagostim grelhado de salmão ou camarão feito com macarrão
capellini. — Trent o olhou com cautela. — Eu nem sei que porra é essa de
macarrão.

— É apenas um espaguete um pouco mais fino. — Graham falou de


onde ele obviamente estava assistindo e ouvindo.

— Droga. — Trent resmungou perto do ouvido de Bishop. — Esse cara


está preso em todas as suas malditas palavras, B.

Bishop riu.

— Na verdade, acho que ele está se agarrando as suas.

— O quê! — Trent gritou.

Graham olhou para o bar, mas virou a cabeça quando Trent atirou
punhais nele.

— Venha, vamos. Já faz meia hora. Eu acho que você conseguiu daqui.

— Sim. Eu sou totalmente hetero. — Ele acenou para Graham, já que


Trent já estava indo em direção à porta e deixou várias notas para a conta e
uma gorjeta decente. Bishop caminhou a curta distância de volta ao local de
trabalho, sentindo-se muito mais confiantes sobre o encontro. Ele não achou
que o que estava fazendo fosse outra maneira de manter a lã puxada sobre os
olhos de Edison. Ele só queria que esta noite fosse especial. Seu encontro teria
uma taxa de sucesso mais alta quanto mais preparado ele estivesse. Além
disso, hoje à noite ele diria a Edison que ficaria indisponível por algumas
noites durante a semana enquanto fazia as aulas. Depois de ouvir Edison a ler

318
com tanta perfeição por semanas, ele sustentou que iria trabalhar duro e não
perderia uma única lição. Ele iria aprender a ler, e não por causa de seu novo
relacionamento, mas por si mesmo. Porque estava na hora e ele merecia.

319
Capítulo 32
Edison

— Alguma coisa precisa da minha atenção antes de eu ir? — Edison


disse alegremente para sua secretária. Ele estava com a bolsa no ombro e
todas as luzes estavam apagadas em seu escritório.

Ela olhou para ele como se ele tivesse um peito preso na testa.

— O quê? — Ele sorriu.

Ela balançou a cabeça e apontou uma das unhas afiadas e listradas de


tigre na direção dele:

— Tudo bem, é isso. Você foi o Sr. Smiley durante toda a semana e hoje
está pronto para partir antes de mim. Agora, derrame. O que o deixou tão
feliz? — Ela perguntou enquanto colocava a bolsa no ombro.

Edison não aguentou mais. Ele precisava contar para alguém, e ele e
Mila costumavam estar mais perto antes que seu pai morresse e Edison se
retirara ainda mais em sua concha.

— Bem. Ok. Eu tenho um encontro.

Seus olhos esbugalharam-se atéEdison temesse que ela perdesse a visão


se não os colocasse de volta na cabeça.

320
— Nossa Mila. Você não precisa parecer tão surpresa. Eu o vejo há cerca
de quatro semanas e acho que está começando a ficar sério.

— Oh meu Deus, esta é a melhor notícia. — Mila falou, caminhando


com ele até os elevadores, praticamente pulando nos saltos altos. Enquanto o
esperava chegar ao seu andar, Mila continuava bajulando. — Qual o nome
dele? Como ela se parece? Ele é um twink? Ele é um pai musculoso? Oh cara,
eu acabei de perceber que nem conheço seu tipo.

Edison riu. Seu coração batia loucamente sempre que tentava pensar
em uma descrição para Bishop. — Ele é um cara grande e seu nome é Bishop.
Ele é mais velho que eu... Mas não tão velho.

— Oh, esse é um nome forte. — Mila se abanou.

— Você é inacreditável.

Ele e Mila se viraram e encontraram Skylar atrás deles com uma


expressão de repulsa.

— Com licença? — Mila fez uma careta de volta. — Você está falando
comigo?

— Ele sabe com quem estou falando. — Disse Skylar, sem tirar os olhos
de Edison.

Ok, ele não sabia por que Skylar estava lançando para frente e para trás,
mas ele estava ficando cansado. Skylar foi mais cortês depois que Edison o
colocou direto no elevador. Enquanto ele se resignara ao fato de que ele e
Skylar nunca seriam amigos de ponto de encontro, ele se saíra melhor nas

321
últimas semanas com sua ética de trabalho, para que talvez eles pudessem ter
melhores condições como colegas de trabalho. Skylar veio ao escritório de
Edison uma vez e se ofereceu para acompanhá-lo até a reunião. E na terça-
feira, ele chocou Edison quando o convidou para almoçar. Ele recusou
educadamente e atribuiu a culpa à sua enorme carga de trabalho, mas
lembrou que todos os seus funcionários pegaram o belo inseto na semana
anterior ao Dia da Apreciação do Chefe.

Edison devolveu o olhar enojado de Skylar com um dos seus e depois


continuou conversando com Mila como se sua presença fosse inconsequente.
Fazer isso com um homem tão vaidoso quanto Skylar era a melhor maneira
de batê-lo de volta. No momento em que as portas do elevador se abriram,
Skylar passou rapidamente, batendo com força no ombro de Edison quando o
fez.

— Oh inferno não. — Mila mexeu nas costas de Skylar.

— Deixe-o ir. — Edison suspirou. Ele não se importava com o tipo de


transtorno de humor que Skylar estava sofrendo nesta semana. Nada poderia
derrubar sua alegria. Mila desejou-lhe muita sorte no encontro e disse que
queria ouvir tudo na segunda-feira.

Edison demorou a se arrumar. Ele queria ter certeza de que seu barbear
era suave e rente, como Bishop preferia. Ele usou as tesouras nas laterais da
cabeça e o aparador para afiar a linha do cabelo. Ele tinha sido cuidadoso com
a quantidade de gel de cabelo que usava, querendo que seu comprimento no

322
topo tivesse um pouco mais de corpo e não fosse domado como quando estava
no escritório. Hoje à noite, Bishop ia ver o Edison descontraído com o melhor
deles. Ele jogou a loção pós-barba de seu pai, tomando cuidado para usá-lo
com moderação. Era a mistura pessoal de seu pai e Edison estava no último
quarto da garrafa. Mas hoje à noite era uma ocasião especial e ele queria estar
bem, acima de tudo, queria se sentir bem.

Edison terminou cedo, é claro, e, quando olhou o relógio, viu que ainda
tinha meia hora antes da chegada de Bishop. Ele ficou em sala de
entretenimento, bebendo da garrafa de água e ouvindo um pouco da Dave
Matthewspara passar o tempo e, esperançosamente, acalmar seus nervos. Ele
estava imaginando se hoje seria a noite. Eles não fizeram muito mais do que
beijar e se acariciar na porta quando Bishop voltou para casa à
noite, sendo Bishop o cavalheiro supremo. Mas Edison confiava nele e ele
estava pronto... Estou pronto, maldito.

Edison pulou quando a campainha tocou. Ele riu, sentindo-se bobo e


correu para a porta da frente. Bishop chegou cedo, o que fez Edison parecer
um tesouro que Bishop mal podia esperar para chegar. Ele passou a mão
sobre a lapela do blazer casual Tom Ford, de cor amêndoa, verificando sua
aparência uma última vez antes de abrir a porta.

— Ei, você é o conde... O sorriso de Edison congelou antes que ele


rapidamente substituísse a expressão pela raiva. — O que você está fazendo
aqui, Skylar?

Skylar não disse nada enquanto ele estava na varanda olhando para ele.

323
— Olá? — Edison disse mais alto.

Skylar engoliu como se sua boca tivesse subitamente seca, depois olhou
para o corpo de Edison antes que seus olhos verdes pousassem em seu rosto.

— Você está muito bem vestido. Acho que nunca vi você de calça jeans.
— Ele disse sua voz soando distante. — Grandes planos hoje à noite?

— Eu acho que você já sabe a resposta para essa pergunta. — Disse


Edison, irritado. Ele queria saber o que diabos estava acontecendo e por que
Skylar estava em sua casa. — Esta visita está relacionada ao trabalho?

Skylar espiou por cima do ombro de Edison.

— Posso entrar?

— Não. — Edison eliminou a grande lacuna na porta aberta. — Estou


esperando companhia.

Skylar fez uma careta por um longo momento antes de erguer uma
pasta de papel pardo, um olhar de irritação contorcendo seus traços de
bachelores7.

— Há algo que eu preciso lhe mostrar antes do seu pequeno


encontro hoje à noite.

Edison cruzou os braços sobre o peito.

— Eu não estou interessado.

7
O bacharelato ou bacharelado é um grau académico com diferentes caraterísticas conforme a época e o país. O titular de um bacharelato é
designado bacharel ou bacharela.

324
— Ah, sim, você estará nisso. — Disse Skylar entre dentes. — Apesar de
sua posição e de quão bom você é no seu trabalho, você é jovem, Edison, e
ainda é ingênuo quanto às coisas.

Edison piscou, sem saber para que lado ele queria dizer a Skylar para se
ferrar primeiro. Ele podia sentir seu rosto esquentando, e isso o deixava ainda
mais chateado por seu colega de trabalho ter a audácia de aparecer em sua
casa para...

— Eu posso vê-lo acelerando, mas apenas segure esse pensamento antes


de dizer algo que precisará pedir desculpas para mais tarde. — Disse Skylar,
cortando o discurso interno de Edison. — Apenas olhe.

Edison franziu a testa quando Skylar abriu a pasta e a primeira coisa


que viu no lado direito foi uma foto de Bishop na cadeia pública de Norfolk
City, parecendo exausta e derrotada. Do outro lado, havia uma cópia do seu
registro de prisão.

— Ele é um maldito criminoso, Edison. Bishop R. Stockley pegou cinco


anos e três semanas por assalto a mão armada em uma prisão federal de
segurança máxima. Ele não é um cara maravilhoso, ele não é seu maldito
príncipe encantado ou o que diabos você pensa. Você está andando por aí com
pó de fada na bunda há semanas, pensando que está tendo algum romance
acidental, quando não está.

Edison sabia que seus ouvidos estavam prestes a disparar. Como Skylar
se atreve a se intrometer em seus assuntos pessoais? Edison teve que respirar

325
fundo antes de falar, não querendo gritar e atrair a atenção de nenhum de
seus vizinhos.

— Eu já sabia da situação dele, Sr. Johnny Venha Ultimamente.


Bishop não foi nada além de honesto comigo desde o início.

Skylar olhou furioso como se estivesse prestes a ter um ataque.

— Você... Você já sabia e ainda está saindo com ele? — Skylar jogou as
mãos para cima. — Isso é uma loucura. Quero dizer, como você está tão
desesperado? Você é o chefe do nosso departamento, Edison. Isso é patético.

Edison balançou a cabeça, sem saber por que estava deixando esse bosta
tirá-lo de seu maravilhoso espaço na cabeça pouco antes de seu encontro
chegar, seu primeiro encontro em anos. Ok, já basta.

— Você sabe você está me chamando de desesperado e patético, mas é


você quem está aqui na minha varanda às quase oito horas da noite de sexta-
feira com informações públicas sobre o homem com quem estou namorando.

Skylar fechou a pasta com força, encarando Edison.

— Estou tentando ser um amigo.

— Ser amigo significaria que você não estaria chateado por eu estar
mais feliz nas últimas semanas. Em vez disso, meu bom humor está
incomodando você a tal ponto que você começou uma caça às bruxas para
desenterrar o passado de alguém de quem eu gosto.

— Este é o agradecimento que estou recebendo, hein? — Skylar


balançou a cabeça.

326
Edison olhou Skylar nos olhos dele, não gostando da loucura que via ali.

— Quero que você tire esse lixo da minha propriedade agora e leve seu
trabalho de detetive de bosta nessa pasta com você. — Disse Edison e bateu a
porta.

Ele se inclinou contra a superfície dura, seu coração batendo rápido


demais para ele analisar corretamente o que acabara de acontecer. Skylar
sempre fora um idiota, mas Edison não achava que desperdiçaria tanto tempo
e energia em Bishop, em alguém que ele parecia desprezar. Bem, não havia
como ele contar a Bishop o que havia acontecido porque, um, ele não sabia
como explicar isso a um homem tão honrado quanto Bishop que alguns
homens estavam apodrecidos até o âmago, e dois, eu não vou deixar isso
estragar a noite deles.

327
Capítulo 33
Bishop

Bishop tocou a campainha e recostou-se nas botas, tentando impedir


que a perna direita batesse. Ele estava tão animado e ansioso ao mesmo
tempo em que não fazia ideia do que fazer com toda a adrenalina reprimida
que o atravessava. Isso foi até Edison abrir a porta. Puta merda.
Bishop levou alguns segundos para envolver sua cabeça em torno do que
estava vendo antes de estar em Edison, puxando-o em seus braços e
movendo-o de volta para casa até que atingissem uma superfície firme. Ele
passou as mãos pelas costas de Edison sob seu belo casaco, acariciando o
material macio de sua camisa. Bishop olhou para seu encontro, não
acreditando em sua boa sorte. Os brilhantes olhos castanhos de Edison
dançavam de prazer quando Bishop segurou sua mandíbula e tomou a boca
devagar. Embora a última coisa que ele quisesse fosse devagar, mas a noite
não foi uma corrida, foi uma maratona. E era hora de mostrar a Edison que
ele poderia ser o homem que ele queria e, com sorte, mudar o relacionamento
deles para o próximo nível. Oficial e exclusivo.

Bishop soltou a boca de Edison, mas manteve a testa unida.

— Ei. — Ele respirou.

— Ei. — Respondeu Edison, sua condição é a mesma de Bishop.

328
— Você está maravilhoso. — Bishop passou a mão pelas laterais de
Edison até os quadris. Ele o apertou lá e puxou-os para perto, para que seus
pênis duros fossem pressionados juntos. Edison tremeu e gemeu contra a
mandíbula de Bishop. — Você está todo arrumado para mim, bonito?

Edison sorriu contra seu rosto e Bishop mergulhou na boca novamente.

— Diga-me. — Disse Bishop, estendendo a mão para roçar a palma da


mão sobre a bunda de Edison. — Como você se sente sobre o afeto público?

As bochechas de Edison ficaram com um tom sexy de rosa.

— Bem, eu nunca tive que responder a essa pergunta antes, mas acho
que ficaria bem com isso.

— Bom. — Bishop murmurou. — Porque eu não sou tímido.

Edison trancou a casa e seguiu Bishop para fora. Por mais bonito que
Edison parecesse, ele não queria colocá-lo em seu velho caminhão de trabalho
sujo, independentemente do fato de ter limpado a grama dos assentos e
pulverizado um pouco de purificador de ar. Seu cara estava tão fodidamente
bem em seus jeans azuis escuros e naquele casaco quente que Bishop estava
quase envergonhado com seu modo de transporte hoje à noite. No entanto,
ele não tinha carro próprio, então teve que usar o veículo da empresa.

— Eu odeio até pedir para você andar nisto. — Disse Bishop enquanto ia
abrir a porta do passageiro.

Edison se virou.

329
— Isso não importa para mim. Mas se isso te deixa mais confortável,
posso dirigir meu carro. Onde estamos indo?

— Centro da cidade. — Bishop sorriu. — Para o Bravo.

O sorriso de Edison era tão brilhante quanto o sol.

— Esse é o meu lugar italiano favorito.

— Eu sei. — Disse Bishop, sentindo como se já tivesse marcado alguns


pontos de bônus.

O Impala azul escuro de Edison não era chamativo, mas era espaçoso,
limpo e cheirava a ele, então Bishop se viu acomodado confortavelmente nos
assentos de couro. O centro da cidade ficava a apenas dez minutos da casa de
Edison e, antes que ele percebesse, estavam se transformando no
movimentado bairro, procurando estacionamento. Eles tiveram a sorte de
encontrar um lugar na rua, e Bishop rapidamente tomou a mão de Edison
enquanto faziam a curta caminhada pelo pátio em direção às portas de Bravo.
O tempo estava ótimo quando o calor do dia desapareceu e o pôr do sol
deixou belas faixas de roxo, laranja e amarelo no céu.

— Você já comeu em algum desses outros restaurantes? — Perguntou


Edison, apontando para o nível superior. — Há Ruth Chris lá em cima, mas
pessoalmente, acho que os bifes são muito caros. Quero dizer, vamos lá, ainda
é carne, não escargot. Mas, McCormick & de Schmick direita há um
realmente bom lugar de frutos do mar. Deveríamos ir lá algum dia.

Bishop soltou a mão de Edison e passou o braço em volta dos ombros.

330
— Não. Eu não comi em nenhum desses lugares. Morando em Norfolk,
raramente dirijo vinte minutos para jantar.

— Você dirige tanto tempo para jantar na minha casa. — Disse Edison,
descaradamente.

Bishop enrolou o braço, puxando Edison em sua direção para que ele
pudesse sussurrar em seu ouvido enquanto eles caminhavam.

— Dirigiria ainda mais longe para provar você.

Eles conseguiram alguns olhares de alguns homens, mas nada que


fez Bishop ter que dar a ninguém um olhar duro. Virginia Beach era um lugar
amigável e diversificado para se divertir e a cidade tinha tolerância zero a
distúrbios, especialmente em seu centro da cidade. Além do Oceanfront, era
uma das maiores atrações turísticas, com vinte e quatro quarteirões de lojas,
restaurantes, cafés e clubesabsolutamente algo para todos.

Ele segurou a porta para Edison e o deixou entrar antes dele. Enquanto
esperavam dar o nome ao anfitrião, Bishop ficou atrás de Edison, com as
mãos nos ombros. Ele queria estar em contato com ele o tempo todo, ou pelo
menos a maior parte do tempo. E não era apenas para provar que Bishop não
tinha medo de sair com ele, na verdade ele estava orgulhoso, mas ele
acariciou Edison porque ambos estavam famintos por toque.

— Bem vindo ao Bravo. Quantos lugares, senhor? — O anfitrião


perguntou a Edison. Ainda bem que era um cara no turno da noite e não a
garota que estava lá na hora do almoço.

331
— Dois, por favor. — Respondeu Edison.

— Certo. Por aqui. Ele pegou dois dos menus do jantar e pediu que o
seguissem.

Bishop caminhou com uma mão nas costas de Edison enquanto eram
levadas a uma mesa de quatro tampos no meio da movimentada sala de
jantar. Edison era todo sorriso quando ele se sentou e posicionou o cardápio à
sua frente. Bishop olhou em volta, notando o quão elegante o restaurante era
daquele lado, com seus tetos altos e murais da Itália nas paredes.

— Boa noite. Meu nome é Darla e serei sua garçonete esta noite. Com
posso trazeralgo para vocês beberem? — Ela perguntou com um sorriso largo
no rosto.

— Vou tomar um Guines e uma água, obrigado. — Disse Bishop, depois


olhou para Edison, que pediu um chá doce. Darla os deixou sozinhos para
navegar pelo cardápio que Edison havia deixado em cima da mesa.

— Você vai comer? — Bishop sorriu. Ele percebeu que vinha fazendo
isso muito ultimamente. Enquanto ele não exibia uma fileira cheia de dentes,
ainda era bom para ele.

— Claro. Mas, eu meio que conheço esse cardápio para frente e para
trás. Então, eu já sei o que estou recebendo. — Edison corou. — Você quer
que eu recomende algo? Acho que sei do que você gosta agora.

332
— Eu acho que você sabe. — Bishop acariciou o topo da mão de Edison.
Ele observou Edison se ajeitando em seu assento, os dentes superiores
afundando no lábio inferior.

— Bishop... — Edison sussurrou. Suas bochechas estavam rosadas, mas


não era muito perceptível na luz fraca, apenas para ele. — Quando você disse
carinho público, eu não pensei que você estivesse falando sobre eu não ser
capaz de ficar a noite toda.

Bishop riu, ele adorou o som disso. — Eu só quero tocar em você, Eddie.
Sua pele sempre parece tão...

— Eu não acredito nisso. É um mundo tão pequeno. — Disse uma voz


suave perto dele. — Muito perto.

Bishop não se desviou imediatamente dos olhos de Edison, embora eles


tivessem deixado os dele e estivessem focados na pessoa que falava atrás dele.
Bishop não podia acreditar em sua maldita sorte, ele deveria ter jogado na
loteria porque quais eram as chances de seu ex estar no único lugar em que
ele estava em todo o maldito centro da cidade. Mais de vinte e dois lugares
para comer por lá e Royce havia escolhido o Bravo.

Edison franziu a testa levemente, um sorriso agradável nos lábios


quando ele olhou para Bishop.

— Eu acho que ele está falando com você.

333
Infelizmente. Bishop olhou para cima quando Royce veio detrás dele e
ficou ao lado da mesa deles. Seu ex tinha um sorriso largo e sinistro no rosto
enquanto observava ele e Edison. Bishop pigarreou sem saber o que diabos.

— O que você está fazendo aqui, Royce?

— Estou aqui para jantar, é claro. Não estou aqui para assistir a um
filme. — Royce inclinou a cabeça para o lado, como se Bishop fosse um idiota.
Ele assumiu que era uma coisa estúpida de se dizer. Royce se concentrou em
Edison, seus olhos afiados o avaliando de maneira tão óbvia que Edison
acabou estendendo a mão.

— Royce? Prazer em conhecê-lo, sou Edison Scala, um amigo de Bishop.

Bishop queria chutar sua própria bunda. Ele não tentou ignorar Edison,
ele apenas não queria que ele conhecesse Royce. Porra, por que eu não o
apresentei? Bishop não teria descrito Eddie como um mero amigo. Ele não
queria fazer amor com seus amigos. Ele finalmente encontrou sua voz e suas
bolas.

— Desculpa. Edison, este Royce, é um velho amigo do meu bairro.

Royce virou-se lentamente e estreitou os olhos para ele, e Bishop sabia


que estava prestes a começar. Não demorou muito para acender o pavio de
Royce.

— Essa é uma maneira ruim de apresentar o homem com quem você


planejava passar o resto da vida.

334
Bishop verificou sua reação, inflexível de que Royce não iria humilhá-lo.
Ele tinha que afastá-lo de Edison. Royce não merecia estar perto dele, e a
última coisa que ele queria era que seu cara legal visse o tipo de
relacionamento disfuncional em que já esteve.

— Isso foi há muito tempo. — Bishop murmurou. — Foi bom ver você,
Royce.

— Ai, Bishop. — Royce fingiu mágoa, mesmo segurando a mão sobre o


coração. — Não é assim que se trata um amigo, Ed?

— É apenas Edison. — Disse Edison educadamente, mas Royce


obviamente o ignorou, com os olhos espalhados por Bishop.

Ele apertou a mandíbula, tentando ao máximo transmitir a Royce que


era melhor manter a boca gorda fechada e sair.

Royce empurrou os braços da jaqueta até os cotovelos, depois soltou o


botão do meio.

— Estávamos prestes a sentar no bar quando eu vi você.Se importa se


nos juntarmos a você? — Royce olhou furioso para Edison.

Edison passou a mão na lapela e sentou-se um pouco mais alto.

— Por favor. Minha tia Carlota sempre diz que partir o pão com os
amigos torna a comida um pouco melhor.

— Eu aposto que ela diz. — Royce zombou. Na verdade, ele não esperou
em perguntar seestava tudo bem se juntar a eles antes de já estar sentado em
uma das outras cadeiras. Só então Bishop percebeu que Royce não estava

335
sozinho. Ele estava com o pequeno idiota de seu grupo da escola, de
onde Bishop sentiu a zombaria; e parecia que ele trouxe essas mesmas
expressões irritantes com ele hoje à noite. Ele sentou seu corpo esguio na
última cadeira, atirando raios laser através de seus óculos de aro preto na
direção Royce, que ele desconsiderou.

Edison continuou a usar uma expressão convidativa, mas estava claro


que ele não estava entendendo o que estava acontecendo. Royce e Bishop não
eram amigos, e isso era óbvio. Eles não eram mais nada. Ele pensou que
Royce tinha entendido o que significava adeus.

— Olá, eu sou Edison. — Edison estendeu a mão para o cara, que mal a
tocou antes de largar a mão de Edison. Bishop queria estender a mão e
agarrar o cara atrás do pescoço, mas ele precisava ficar calmo ou sua noite iria
para o sul, rápido demais.

— Então, Bishop. Não te vejo há algum tempo. — Disse Royce como se


estivesse genuinamente interessado. — O que você tem feito?

— Trabalho. — Bishop murmurou. O garçom veio e largou as bebidas,


depois perguntou se Royce e seu acompanhante se queriam alguma coisa.

— Vou beber um mojito, prateleira de cima, por favor. — Disse Royce,


recostando-se e cruzando as pernas como se fosse uma estrela de cinema. Ele
levantou o cardápio, ignorando o protesto de seu amigo.

— Eu só quero água. Não vamos ficar. — Insistiu o imbecil, mas Royce


não se deu ao trabalho de reconhecê-lo. Bishop quase queria rir. Se aquele

336
cara pensou por um segundo que seus desejos eram mais importantes que os
de Royce, então ele não deveria conhecê-lo bem.

Royce acenou na direção de seu amigo.

— Este é Jason, ele é meu colega de estudo. Estávamos apenas dando


um tempo.

É assim que são chamados hoje em dia? Bishop gostava mais de amigo
de foda. Tinha um belo anel. Ele tomou um longo gole de sua bebida escura,
bebendo metade do copo antes de colocá-lo sobre a mesa. Os olhos de Edison
estavam nele, e Bishop não gostou da expressão desconfortável em seu rosto.

— Alguém quer começar com um aperitivo? — Perguntou a garçonete,


seu olhar intrigado saltando entre os quatro.

— Gostaria de começar uma tigela do bisque de lagosta. — Disse


Edison, quando ninguém mais entrou na conversa.

— Hum. — Royce olhou interrogativamente para Bishop. — Esta é a


minha primeira vez aqui... Você pode recomendar algo, Bishop?

Bishop quase mordeu sua língua, ele estava apertando sua mandíbula
com tanta força. Ele já sabia o que Royce estava fazendo, exatamente do que
tinha medo. Provocando-o.

— Na verdade, é a primeira vez de Bishop aqui. Praticamente eu mesmo


posso escrever esse cardápio já que como aqui tantas vezes. — Edison riu,
embora ninguém mais o tenha feito.

337
— Aposto que sim.— Disse Royce, condescendente, disfarçando sua
grosseria por trás do sorriso de um milhão de dólares. — Mas Bishop sabe do
que eu gosto.

A garçonete estava ali com a caneta sobre o bloco de notas, enquanto


eles jogavam pingue-pongue na esquisitice. Bishop tomou outro gole de
cerveja, elevando-o para Carla. Ela assentiu, entendendo a mensagem. Edison
olhou para o cardápio quando Bishop tentou olhar para ele.

— Coma o que quiser Royce. Eu não ligo. — Bishop examinou seu


cardápio, lembrando onde Trent disse que as entradas estavam. — Vou dar
um mergulho de espinafre e alcachofra, por favor.

As sobrancelhas de Royce subiram quase até a linha do cabelo, mas ele


rapidamente riu das palavras de Bishop.

— Ainda está tão mal-humorado. — Royce sorriu para Carla. — Nada


pra mim.

A mesa ficou em silêncio depois que a garçonete saiu e Bishop estava


rezando para qualquer entidade que o ouvisse fazer Royce desaparecer.

— Então, Ed. Como você e Bishop se conheceram? Vocês certamente


formam um casal interessante.

Edison nervosamente passou a mão pela lateral do cabelo, depois olhou


para Bishop como se não tivesse certeza do que poderia dizer. Ele não tinha
ideia de qual sinal dar a ele, então ele apenas colocou a mão sobre a dele onde
estava sobre a mesa.

338
— Apenas Edison, por favor. — Disse Edison com um pouco mais de
força. — E conheci Bishop no meu trabalho.

Outro garçom trouxe suas bebidas do bar, e desta vez Bishop não fez
parecer que ele estava tentando ficar bêbado. Ele tomou um gole de cerveja
enquanto Royce mostrava seu coquetel de hortelã.

— E o que você faz Edison?

— Sou gerente de escritório executivo de um escritório de advocacia. A


empresa de Bishop foi contratada recentemente para fazer o paisagismo.
Acho que fiquei tão impressionado com o trabalho dele que queria conhecê-
lo. — Edison olhou calorosamente para Bishop com aqueles olhos castanhos e
verdes impressionantes e sentiu o resto da sala desaparecer... Até Royce
interromper.

— A companhia dele? — Royce agiu confuso e estalou os dedos. — Oh,


você quer dizer a empresa de Mike o pai dele.

— Claro. — Havia um tique na mandíbula de Edison, e ele pareceu


aliviado quando o garçom trouxe a louça para não precisar pensar em mais
nada para dizer.

— Se vocês estão prontos para pedir suas entradas, eu posso entrar. —


Disse a garçonete.

— Nada para mim. — O imbecil bufou, olhando para cima do telefone.


Royce tinha sido um show de um homem como sempre, que Bishop tinha
esquecido que o cara estava lá.

339
— Eu gostaria do salmão grelhado, com o vinagrete de pesto ao lado, por
favor. — Disse Edison e entregou seu cardápio.

Bishop estava olhando seu cardápio, e ele podia ver Royce observando-o
pelo canto do olho... Esperando que ele escorregasse para poder atacar.
Embora Royce não quisesse mais um relacionamento com Bishop, vê-lo rindo
e dando as mãos a outra pessoa o fazia agir como um idiota.

— Vou comer o ravióli de lagosta com a salada da casa.

— Qual? — Ela perguntou.

— Sim, qual? — Royce riu, fazendo Edison franzir a testa.

— Vou comer a salada Della Casa, obrigada. — Bishop entregou o


cardápio à garçonete e depois olhou para Royce com uma expressão foda-se.

— E para você? — Carla perguntou a Royce.

Ele entregou o cardápio para ela e disse casualmente.

— Estou de dieta. Vou tomar outro mojito.

— Essa deve ser a nova dieta das Desesperadas Donas de Casa da


Virginia, de que já ouvi falar muito. — O imbecil murmurou as palavras,
mas Bishop e o resto da mesa o ouviram, e ele realmente teve que conter a
risada.

— Se você adicionar frango grelhado a essa salada, Bishop, ele fará um


jantar incrível. — Acrescentou Edison quando o ar começou a estalar com a
estática.

340
— Vou me lembrar disso, bebê. — Disse Bishop, pegando a mão de
Edison.

Royce olhou para a conexão deles por tanto tempo que Edison
finalmente deslizou a mão por baixo da de Bishop e a colocou no colo. Depois
de algumas colheres de sua sopa alaranjada e cremosa, Edison acrescentou:

— Você disse que vocês eram colegas de estudo, Royce. Em que


escola vocês estudam?

— TCC. — Ambos disseram em uníssono, e Royce revirou os olhos.

— Ótima escola. — Edison assentiu. — Eu fui lá também antes de me


transferir para a Old Dominion University.

— Ahh. — Royce assentiu como se estivesse ouvindo.

— O que você está estudando? — O pobre Edison estava realmente


tentando manter a conversa leve e um pouco cordial. Bishop não estava
interessado em falar com nenhum dos dois idiotas que havia atrapalhado seu
maldito encontro. Eles tiveram sorte que ele não estava sendo mais rude do
que era.

— Ciência política. — Respondeu Royce. — Mas posso mudar isso mais


tarde.

— Ah sim, para quê? — Edison perguntou.

— Quem sabe. A ficção científica é simplesmente muito chata.

O idiota estava fazendo beicinho para Royce como se estivesse prestes a


chorar. Boa porra tristeza. O que Royce está fazendo com esse pobre cara?

341
— Eu me tornei muito bom em administrar restaurantes, então, talvez
eu mude para o gerenciamento de hospitalidade ou de alimentos e bebidas. —
Royce deu de ombros.

O sorriso de Edison ficou mais amplo e Bishop sabia o porquê. Qualquer


conversa sobre restaurantes e comida, e Edison sentia que ele estava em sua
casa do leme.

— Realmente? Isso parece ótimo. Acho que a indústria de restaurantes é


um negócio em expansão em Hampton Roads. O campo de trabalho é
lucrativo agora e você seria esperto em atacar enquanto o ferro está quente.

— É assim mesmo? Bem, simplesmente preciso seguir seu conselho, Ed.


— Royce olhou para Bishop enquanto passava o dedo pela borda do copo e
pegava um pedaço de hortelã na borda e o colocava sensualmente na língua,
como se fosse um golpe ácido.

Edison não olhe, por favor.

Edison olhou para Bishop e depois voltou para Royce.

— Era apenas minha opinião, é claro. Eu provavelmente teria feito algo


semelhante se tivesse mais de uma escolha. Lembro que meu pai me deu um
livro de receitas das entradas favoritas de todos em restaurantes populares.
Como as costelas de chilli, ou o molho de alcachofra de sexta-feira. — Edison
riu:— Meu favorito eram os biscoitos de cheddar da Red Lobster.

— Sem besteira? Você pode fazer isso? — Imbecil perguntou, parecendo


impressionado, o que parecia incenso a Royce.

342
Edison sorriu.

— Eu posso. Eles realmente não são tão difíceis assim. Que restaurante
você está gerenciando, Royce? Eu quase garanto que fiz um prato com eles.

— Não é importante. — Disse Bishop a Edison antes que Royce pudesse


responder. — Suas panquecas são muito melhores que as da IHOP, querido.

343
Capítulo 34
Edison

Edison poderia ter contado, por um lado, quantas vezes ele rezou para
que o jantar terminasse. Isso era raro para ele. Mas, Deus estava feliz por
estar saindo de Bravo e entrando no ar noturno. Esse foi o jantar mais
estranho que ele já teve. O que realmente foi uma droga, porque ele estava
ansioso por isso por tanto tempo. Mas ele não estava bravo, não com Bishop
de qualquer maneira. Ele tinha certeza de que não tinha planejado isso, não
com a maneira quase hostil de reagir ao cara. Mas Royce havia aliviado o
desconforto e dominado a noite, gostando ou não.

Edison balançou a cabeça enquanto caminhavam lentamente de volta


para o carro. Que Royce era um personagem real. Edison achou que havia
conhecido algumas pessoas interessantes em sua linha de trabalho estagiando
no Tribunal Geral do Distrito, voluntariar-se no suporte técnico dos Serviços
Sociais, mas Royce superou todas elas. Ele deveria ter sido um ator ou algo
assim, porque ele tinha todos eles de cima a baixo com suas palhaçadas
sarcásticas. Royce dizia as coisas de uma maneira que não era legal, mas
nunca ficou claro se ele estava sendo um insulto. Especialmente a maneira
como ele continuava agindo como se não quisesse ligar para Edison, Ed.

Ele era teatral no modo como desenrolava as pernas longas, girava o


corpo em outra direção e as cruzava novamente. Com um conjunto de jogos

344
como esses, ele poderia ser um homem do Radio City Rockette,
provavelmente o velho George da loja de seu pai teria dito. Edison ficou
confuso com o quão bem o homem podia franzir a testa com os olhos
enquanto sorria com a boca. Dizer que sua personalidade poderia ter usado
uma revisão geral era um eufemismo. Muitos homens teriam matado pelo
corpo de Royce por seus ganhos. Ele era um homem que poderia escolher
qualquer pretendente que quisesse se não fosse tão... Tão... Edison franziu a
testa. Estranho.

Era inacreditável pensar que Bishop já estivera apaixonado por ele.


Bishop não negou quando Royce disse que eles deveriam passar o resto de
suas vidas juntos. Então, ele deve ter o amado. Mas agora pareciam quase
inimigos, certamente não amigos. Edison apertou a mão de Bishop enquanto
eles manobravam em torno de um grupo desordeiro de Senhoras que estavam
penduradas uma na outra e se divertindo.

Bishop ficou quieto durante todo o jantar. Royce havia se desculpado


literalmente depois da entrada deles, alegando que ele e seu colega de estudo
precisavam voltar ao trabalho. A mandíbula de Bishop estava rígida desde
então. Ele se sentiu mal por Bishop ter deixado seu ex chegar até ele. Os
pequenos socos que Royce havia dado em Edison ricocheteavam em sua pele
grossa. Quando se tratava de caras como Royce, Edison podia desviar o dia
todo. Ele tinha muitos anos de experiência, então desfrutou do prato de
salmão e não pensou duas vezes na picada quando saiu. No entanto, o furacão
Royce deixou uma bagunça para trás quando ele partiu.

345
Edison não ligou o motor assim que entraram no carro. Estava mais
quieto, e ele finalmente pôde falar sem ter que gritar com o barulho e a
música no pátio.

— Ei. — Edison sussurrou. Ele estendeu a mão e pegou o queixo


de Bishop na palma da mão, a barba áspera eletrificando sua pele sensível.
Os ombros de Bishop estavam caídos e sua expressão doía quando ele olhou
para Edison. — Obrigado pelo jantar.

— Seu jantar foi arruinado. — Bishop rosnou.

Edison retirou a mão, o som da voz de Bishop o atingindo em seu peito.


Ele estava tão chateado e Edison odiava, ele queria consertar. Era verdade,
eles não mereciam que seu primeiro encontro fosse assim, mas esperou que
houvesse mais.

— Sim, eu acho. Mas está tudo bem, Bishop. Estou realmente feliz por
estar com você.

Bishop abriu um sorriso e Edison agarrou-o e continuou falando.

— Da próxima vez, vou escolher o restaurante e garanto que não é um


lugar em que Royce aparecerá.

— E onde seria isso? — Bishop olhou para ele.

— Coral Dourado. Você gosta desse lugar? — Edison sorriu. — Eu amo


o buffet deles. É um dos meus prazeres culpados. Aposto que Royce não seria
pego morto lá dentro.

346
O riso de Bishop foi profundo e estridente quando ele inclinou a cabeça
para trás e encheu o carro de Edison com um som maravilhoso. Quando ele
finalmente parou, com uma risada profunda, Edison abaixou a cabeça, não
querendo que Bishop visse o quão feliz ele acabara de fazer. Esse idiota
tentara fazer Bishop parecer pequeno e, às vezes, como se ele fosse simples,
mas Edison sabia que o homem ao seu lado estava longe disso. E foram
necessárias apenas algumas palavras dele e Bishop se sentiu melhor. Ele fez
isso por ele.

A expressão de Bishop ficou séria quando ele se inclinou e segurou a


mandíbula de Edison, esfregando a mão áspera ao longo da bochecha. Edison
colocou a mão sobre a de Bishop para impedi-lo de removê-la e fechou os
olhos. A próxima coisa que ele sentiu foram os lábios quentes e cheios
de Bishop pressionando os seus. Ele gemeu mais alto do que deveria no
contato leve, mas era tão bom que ele não podia evitar. Bishop passou a mão
na parte de trás do pescoço, sentindo a pressão incrível quando Bishop
inclinou a cabeça e deslizou a língua para dentro.

Edison revirou os olhos para a língua quente acariciando sua boca.


Bishop era tão sensual na maneira como o tocou que Edison teve dificuldade
em lutar para não se envergonhar. Como, alguém goza apenas com um beijo?
Graças a Deus, Bishop recuou apenas deixando seus lábios se aproximarem
dele. Ambos estavam respirando profundamente, reciclando as mesmas
respirações lascivas.

347
— Eu já disse que você está sexy hoje à noite? — Bishop retumbou,
passando a outra mão ao longo da parte inferior da lapela de Edison, as juntas
dos dedos roçando seu mamilo.

Edison gemeu baixinho.

— Acho que uma ou duas vezes, sim.

— Você esta.

— Obrigado. — Edison sussurrou.

Bishop o beijou mais uma vez, depois voltou para o lado do veículo.
Edison pressionou o botão do motor de partida e teve uma ótima ideia de que
sabia que iria disparar o humor de Bishop no espaço onde o pensamento de
Royce nem existia. Ele começou a sorrir antes que pudesse dizer.

— O que há de tão engraçado? — Perguntou Bishop.

— Nada. Eu só tenho uma ótima ideia.

— Sim?

— Sim. Você se importa em uma rápida parada antes de voltarmos para


minha casa.

Bishop lambeu os lábios.

— Eu gosto do jeito que isso soa... De volta ao seu lugar.

A respiração de Edison gaguejou. Deus, Bishop exalava sexo e charme.


Edison queria pressionar seu pênis crescente, mas ele sabia que seu rosto
ficaria envergonhado se o fizesse. Em vez disso, ele engatou o carro e dirigiu

348
alguns quarteirões até a Barnes & Noble e parou no estacionamento. Quando
ele olhou por cima, Bishop estava olhando para o prédio com uma expressão
ilegível.

— Adivinha?

— O quê? — Bishop virou-se para encará-lo.

— Lembra-se da história de Operação Negra que eu estava lendo para


você na semana passada por P. Stevenson Roth?

— Sim. Esse autor é legal. Gostei do estilo dele... E gosto especialmente


do jeito que você soa quando lê essas cenas de amor.

Edison mordeu o lábio inferior com o elogio único e muito amado.

— Ele tem outra série sobre um assassino chamado Meridian. É a série


Meridian Takedown, e as críticas são loucas. Eu pedi na semana passada e
está aqui para eu pegar.

Bishop olhou para Edison por um longo tempo, com os olhos escuros no
rosto, e ele se perguntou se sua ótima ideia não seria tão boa, afinal. Edison
abaixou a cabeça, sua voz baixa com a incerteza, mas ele não sabia mais o que
dizer.

— Eu sei que esta noite não foi como planejado, mas não quero que você
pense que estou chateado ou algo assim. Olha, podemos pegar esse novo livro
e voltar para minha casa... E eu posso ler para você, Bishop. Não quero que
você se sinta pressionado a compensar qualquer coisa, porque esta noite foi
realmente especial para mim. Sóo fato de estar com você.

349
Bishop o chocou quando ele se virou e saiu sem dizer uma palavra, e o
mundo de Edison parecia ter caído debaixo de seus pés por alguns segundos
até Bishop dar a volta no carro e abrir a porta. Uma palma grossa foi
estendida para ele, e quando ele a pegou, Edison foi puxado para um peito
duro enquanto braços fortes o envolveram ali mesmo no terreno aberto.
Bishop certamente não era tímido. Uma mulher passou com a filha
adolescente, que lhes deu um sorriso doce.

Edison passou os braços pelas costas de Bishop.

— Eu não estava esperando isso.

— Eu não estou bravo, Eddie. Apenas desapontado. Eu queria ficar


sozinho com você.

— Estamos sozinhos agora. — Edison sussurrou.

Bishop deu um beijo casto em sua bochecha, abaixando a cabeça e


enterrando-se na lateral de sua mandíbula com sua barba por fazer.

— Venha. Vamos pegar esse livro.

Edison recuou e olhou entre eles.

— Estou feliz por estar vestindo uma jaqueta.

350
Capítulo 35
Bishop

Bishop se ajustou antes de entrar na livraria bem iluminada. Ele


segurou a mão de Edison com força e o deixou guiá-los pelas multidões de
monitores, navegando pelos corredores como se conhecesse bem o lugar. Ele
não se importava de ir atrás para ver a bela bunda de Edison se mover
naqueles jeans caros. As roupas de Edison sempre se encaixavam
perfeitamente, e tudo o que Bishop conseguia pensar era tirá-lo delas e adorar
cada centímetro dele.

— Aqui está a seção de ficção. — Edison examinou as linhas até chegar


no meio do caminho e parar. — Aqui estão os livros de Roth.

Bishop aproximou-se atrás de Edison, enquanto pegava uma brochura


de um homem sombrio na capa, segurando uma arma ao seu lado enquanto
estava em frente à porta fechada. O título estava escrito em letras vermelhas,
mas Bishop não teve a chance de tentar tocá-lo antes que Edison o virasse.

— Isso parece bom. É uma série de quatro livros de um assassino


fazendo sua última defesa. — A voz de Edison mergulhou naquele tom sensual
e suave de narrador que deixou Bishop louco e como se isso fosse natural para
ele Edison começou a ler em voz baixa para ele o que a série era sobre.

351
— Um encontro acalorado em um aeroporto em Dubai deixa o
assassino de aluguel internacional X Meridian em um mundo em que ele não
pode mais confiar. Porque agora, alguém está acertando nele... Bishop. O
que você está fazendo?

Deus, ele não pôde evitar. Bishop estava com os braços em volta da
cintura de Edison, e com o nariz pressionado contra o seu pescoço, os lábios
dançando no pulso acelerado. Edison simplesmente não sabia o que fazia com
ele quando estava lendo. Quando ele soou como fez. Quando ele pronunciou
essas grandes palavras tão facilmente. E como ele parava nos lugares de
suspense para deixar Bishop no limite antes de continuar. Ele queria isso por
tanto tempo, se perder nas páginas de um livro... Mas estava com muito medo
de pedir ajuda. Edison fez isso sem pensar e isso o fez querer devorá-lo. Seu
coração disparou para corresponder ao de Edison quando o sentiu se inclinar
mais contra ele, apesar de seu fraco protesto.

— Bishop, não devemos entrar aqui... Isso é loucura. — Edison


sussurrou.

— Continue lendo. — Bishop ordenou.

Edison olhou ao redor para verificar se eles ainda estavam sozinhos no


corredor. Bishop não o queria preocupado com ninguém ou qualquer outra
coisa, apenas eles. Ele aproximou os quadris, enquanto usava uma mão na
cintura de Edison para segurá-lo imóvel.

— Leia. — Bishop murmurou contra o ouvido de Edison.

Edison tremeu lindamente em seus braços, depois fez o que pediu.

352
— Descobrir quem fez isso o fez reconsiderar desenterrar esqueletos
antigos de seu passado. Ele tinha que descobrir quem havia retirado o
contrato em sua cabeça. Era o homem que ele deixara vivo em Buenos Aires,
ou a beleza glacial com o coração desprezado que ele ainda desejava?
Edison parou novamente.

Os lábios de Bishop se torceram quando sentiu Edison empurrar contra


ele, esquecendo o livro.

— Isso parece bom. Mais. — Bishop disse, sua voz soando como areia
para seus próprios ouvidos. Ele deslizou a outra mão dentro do casaco de
Edison, ao redor da cintura para poder espremer a carne macia lá. Edison
ficou tenso nos braços e depois relaxou quando Bishop ronronou: — Você se
sente bem, bebê.

A respiração suave de Edison era quase um gemido quando Bishop


beijou a base do pescoço.

— Mais, Eddie.

— Oh Deus. — Edison pigarreou e depois ergueu o livro na frente do


rosto enquanto Bishop mantinha sua carícia. — Poderia ter sido seu
treinador que ensinou Meridian como matar. Inferno poderia ter sido
apenas um inimigo despercebido que ele cruzou anos atrás. Agora, o
caçador se tornou a caça e o X Meridian precisará de alguns de seus amigos
e até alguns de seus inimigosse quiser sair vivo do jogo da morte.

— Tudo bem, vamos lá. — Bishop beliscou o lóbulo da orelha de Edison


e tentou se afastar, mas a mão de Edison apertou seu quadril para detê-lo.

353
— Mais. — Desta vez, era a vez de Edison exigir, querer, e Bishop daria
a ele qualquer coisa que ele pedisse.

— O que Eddie? Mais o que?

— Toque... toque-me. — Edison desviou o olhar quando um rubor


escuro atravessou suas bochechas e seu pescoço quente.

— Você não precisa se envergonhar. — Bishop virou Edison e, assim


que fez, ele enterrou o rosto na garganta de Bishop. Ele passou o braço em
volta do pescoço de Edison e sussurrou em seu ouvido: — É minha fantasia
decifrar em uma livraria.

Edison olhou para ele e riu baixinho:

— Eu acho que é fantasia de todo nerd de livros.

— É verdade. — Bishop beijou os lábios, mas não aprofundou o beijo


quando um homem virou o corredor. — Precisamos voltar aqui em um dia
menos cheio.

— Uma quarta-feira por volta das sete está sempre vazia. — Disse
Edison a caminho do caixa.

— Então é um encontro. — Bishop sorriu.

— Você quer uma bebida? — Edison perguntou quando eles estavam


em sua casa.

354
— Claro. — Bishop disse, encostando-se na ilha da cozinha. A casa de
Edison estava fria e a maioria das luzes estava apagada, exceto pelo brilho
quente da luz do fogão e uma pequena luz noturna no corredor, levando aos
quartos.

Edison abriu a geladeira.

— Eu tenho maisGuines, um pouco de chá, Pepsi ou...

— Cerveja seria bom. — Bishop pegou a garrafa oferecida e os dois


ficaram assistindo um ao outro beber. Ele teve um segundo para se refrescar
depois da livraria, o que era uma coisa boa. Ele realmente queria ter tempo
com seu unicórnio, mas estava esperando para ver se Edison queria fazer
mais. A noite deles tinha sido interessante, e ele não queria cometer mais
erros, então estava esperando... Esperando a luz verde. Edison havia dito que
eles poderiam apenas ler, e se o fizessem, Bishop ficaria bem com isso.
Enquanto Edison estava em seus braços, as coisas pareciam certas em seu
mundo.

— O que você está pensando tanto ai? — Edison perguntou, andando


até que ele estava de pé ao lado dele.

Bishop colocou sua cerveja na ilha e se virou para encará-lo de frente.

— Eu estava pensando que queria ser seu namorado, mas me


perguntando se os caras ainda perguntam isso.

O sorriso de Edison começou devagar antes que ele logo estivesse


radiante.

355
— Eu... Eu não sei se eles fazem ou não. Eu acho que a maioria das
pessoas muda de status de relacionamento no Facebook é isso. Mas sou um
pouco antiquado.

— Eu notei... E eu gosto disso. — Bishop sentiu seus próprios lábios


puxando os cantos quando ele colocou as duas mãos sobre as bochechas de
Edison e levantou a cabeça até que ele estava olhando para ele. — Eu quero
ser seu homem, Edison.

Edison assentiu.

— Bom. — Bishop murmurou contra os lábios de Edison, então o beijou


tão completamente quanto ele queria na livraria. Um deles gemeu e
Bishop sentiu as mãos macias de Edison em sua garganta, depois ao longo da
nuca. Ele grunhiu contra o desejo de empurrar os quadris e, em vez disso,
abraçou a cintura de Edison com força, seus olhos se fecharam quando o
prazer inundou seu corpo. Prazer como ele nunca conheceu. Ele sentiu uma
conexão tão profunda com Edison que ia muito além de suas necessidades
sexuais, e diretamente para sua alma ferida. De alguma forma, esse homem
notável estava em sua cabeça, e isso só tornava a união assim muito mais
poderosa e muito mais estimulante.

— Vamos lá. — Edison ofegou quando os separou. Ele pegou a mão


de Bishop e começou a levá-lo pelo corredor, passando pelo banheiro de
hóspedes, até seu quarto. Edison abriu a porta, ligando um interruptor que
ligava o ventilador de teto. Edison soltou a mão e caminhou mais para dentro
do quarto, próximo a uma cama grande e bem arrumada, e acendeu a

356
lâmpada em cima de uma das mesinhas de cabeceira. Bishop olhou em volta,
percebendo que os móveis eram grandes e confortáveis, como no resto da
casa, mas havia mais livros e fotos enchendo as prateleiras na parede e as
duas cômodas altas no lado oposto da sala. Bishop teria que explorar isso
mais tarde.

357
Capítulo 36
Edison

Edison colocou a jaqueta na única cadeira do quarto.

— Apenas fique à vontade, eu vou usar o banheiro. — Edison esperava


que sua voz não fosse tão instável quanto ele se sentia.

Bishop o observava como um leão observava uma gazela. A fome e a


captura inevitável estavam ali naqueles olhos escuros, e Edison sentiu seu
corpo reagir.

Santo Moly! Edison murmurou depois que ele se fechou no banheiro,


encostado na porta com admiração. Ele não estava assustado, nem um pouco.
Ele estava à vontade com Bishop e estava mais do que pronto para dar o
próximo passo... Com o namorado. Ele não podia acreditar. Finalmente! Ele
realmente estava gostando da companhia de Bishop e o conheceu no mês
passado, mas tentou não ficar muito animado com as chances de as coisas não
darem certo. O que eles normalmente não fizeram para ele naquele
departamento. Ele não era tão ingênuo quanto à maioria das pessoas pensava
que era, e para ele prender um homem como Bishop que era o sonho de um
milhão de pessoas. Não por causa da aparência de Bishop e por eles formarem
um casal de aparência interessante, mas porque Bishop era um dos homens
mais gentil, mais doce, talentoso, inteligente e ambicioso que ele já
conhecera. E sim, diabos sim, ele queria que Bishop fosse seu namorado, seu

358
homem, seu primeiro, seu amante, seu... Seu tudo. Era um risco,
uma aposta infernal. Mas Bishop sempre foi honesto e real com ele desde o
início. Edison mantinha o homem sozinho em sua casa há semanas e Bishop
não havia lhe dado motivos para não confiar nele... Especialmente com seu
coração.

Edison afrouxou os dois primeiros botões da camisa, desabotoou e


arregaçou as mangas. Ele lavou as mãos, depois correu para usar fio dental e
escovar os dentes. Suas mãos tremiam quando ele pegou a toalha da
prateleira para secar o rosto. Ele verificou seu reflexo no espelho de corpo
inteiro e passou a mão sobre o peito, sentindo-se bem consigo mesmo...
Sentindo-se pronto. Ele apagou a luz e fechou a porta atrás de si. Seus olhos
se fixaram nas costas de Bishop enquanto ele estava na frente de uma de suas
cômodas, olhando as muitas fotos dele e de seu pai. Ele sentiu o rosto quente
quando Bishop ficou em uma foto dele quarenta e sete kilos mais pesadoe seu
pai na frente de sua barbearia.

Seu coração quase pulou na garganta quando Bishop virou-se para


encará-lo. Seus sapatos e tudo ainda estavam vestidos, mas a camisa preta de
botão estava aberta, exibindo o peito largo de Bishop. Ele tentou respirar
normalmente enquanto observava o cabelo liso e preto que escorria dos
abdominais de Bishop até a cintura.

— Eddie. — Bishop chamou seu nome, seu tom áspero disparando


direto para sua virilha, fazendo-o querer se dobrar. — Vamos, bebê.

359
Edison encontrou Bishop no final da cama. E como sempre, as mãos
de Bishop foram para o rosto dele. Seus polegares ásperos massageavam
círculos em suas bochechas enquanto Bishop o olhava. Ele lentamente
inclinou a cabeça e pressionou o nariz ao longo da mandíbula, arrastando-o
pela bochecha e inspirando profundamente. Edison começou a tremer,
e Bishop se aproximou ainda mais, trazendo consigo um calor que aquecia os
arrepios surgindo por todo o pescoço e nos braços.

— Porra, você sempre cheira tão bem. — Bishop gemeu contra os lábios
de Edison, roubando o fôlego com um beijo que fez os dedos dos pés se
enrolarem nos sapatos.

Ele segurou a cintura de Bishop e, enquanto continuava lambendo e


experimentando o sabor de Edison, enfiou as mãos dentro da camisa
de Bishop e nas costas. Ele passou as mãos sobre os músculos tensos e duros,
coberta com a pele quente e dourada. Músculos que eram do trabalho árduo e
árduo que Bishop fazia todos os dias. Ele levantou as mãos e segurou os
ombros de Bishop, massageando-o enquanto o beijava.

Bishop torceu a boca, ofegando por ar. Ele passou os braços em volta da
cintura de Edison e enterrou o rosto no pescoço. A sensação grave
da voz de Bishop vibrou a pele sensível atrás da orelha.

— Suas mãos são tão boas. Elas são tão macias. Você passa hidratar ou
algo assim?

Edison riu baixinho, mas continuou sua massagem.

— Você está dizendo que eu tenho as mãos de uma mulher?

360
O peito de Bishop tremeu com sua risada calma.

— Hum. Eu não ligo homem ou mulher elas são suas mãos e se sentem
incríveis comigo.

A confissão de Bishop fez Edison se sentir um pouco mais ousado. Ele


amava o jeito que o peito duro se sentia contra o seu, mas ele queria senti-lo
com as mãos... Banhá-lo com a língua. As pontas dos dedos de Edison
dançaram ao redor da cintura de Bishop até que elas estivessem em seu
abdômen. Ele passou as unhas curtas pelos cabelos escuros antes de começar
a alisar os fios sedosos com as palmas das mãos. Bishop gemeu, de cabeça
baixa, vendo Edison tocá-lo. Ele explorou cada cordilheira e vale no meio
e Bishop nunca o parou, apenas deixou-o fazer o que queria. Os peitorais
de Bishop eram grossos e firmes, com mamilos estreitos e frisados no centro
deles. O cabelo era mais fino em seu peito, mas não menos delicioso.

— Você está me matando. — Bishop virou-os até que as costas das


pernas de Edison estavam contra o colchão. — Posso te despir?

Era difícil para Edison procurar outro lugar com a camisa de Bishop
bem aberta, mas ele conseguiu concordar. Bishop o beijou novamente e
Edison derreteu-se nele, suas mãos fazendo um lar permanente nos peitorais
de Bishop. Bishop chupou a língua de uma maneira que fez o pau de Edison
palpitar e vazar em sua cueca boxer. Antes que ele percebesse, sua própria
camisa estava aberta e as mãos seguras de Bishop estavam puxando sua
camiseta da calça jeans. Ele ouviu o barulho do cinto e o toque de um botão,

361
mas Bishop não tentou tirar a calça, pelo que estava feliz. Ele não queria ficar
nu na frente de Bishop com ele ainda completamente vestido.

Ele tentou controlar os tremores quase violentos que experimentou


quando as mãos calejadas de Bishop estavam em sua pele nua. Ele não
levantou a camisa sobre a cabeça, mas explorou cegamente enquanto fazia
amor com a boca. Edison inclinou a cabeça mais alta, sentindo-se tonto, com
o tamanho do seu namorado. Bishop balançou os quadris suavemente, as
palmas das mãos largas determinadas e ansiosas. Seu mamilo direito foi
apertado e Edison gemeu, mas Bishop não interrompeu o beijo, aproveitando
sua boca frouxa para chupar o lábio inferior.

— Oh Deus. — Edison chorou.

— Eu sabia que você se sentiria tão bem assim. Eu sabia. — Bishop


sussurrou. Ele tirou as mãos de debaixo da camisa de Edison e queria
implorá-lo para tê-la de volta. Como se Bishop estivesse em sintonia com o
que seu corpo estava implorando; o encontro depele com pele Bishop
lentamente tirou a camisa de Edison e depois a camiseta branca.

Quando Edison estava nu da cintura para cima, ele não pôde deixar de
olhar para seu próprio corpo e depois para o de Bishop. Não havia como
negar a grande, grande diferença do lado de fora, mas ainda fazia Edison
sorrir, porque ele e Bishop eram os mesmos por dentro - corações de ouro
puro. Mesmo de contextos opostos, Edison ainda sentia que eram espíritos
afins. Duas almas que estavam tão desesperadas uma pela outra que se
manifestaram através do toque delas. Eles estavam acariciando e se

362
apertando tão intensamente que Edison tinha medo que ele tivesse que
desacelerá-los antes de tudo terminasse, antes mesmo que pudesse começar.

Bishop o segurou pelo pescoço, sua mandíbula desalinhada, picando


deliciosamente o lado do rosto.

— Vá para a cama, Eddie. — Bishop ordenou contra sua orelha.

Oh cara, oh Deus. É isso. O coração de Edison estava prestes a lhe


causar preocupação. Ele sabia que Bishop podia sentir o som batendo contra
seu próprio peito. Ele olhou para Bishop por um longo momento, perdendo-
se no calor e calor que viu em seus olhos. Ele estava tão feliz por ter tomado a
decisão de esperar por um homem que realmente o queria, não importa o
quão difícil e frustrante tivesse sido. Ele sabia no fundo do coração que fazer
isso com Bishop era certo, era bom. Ele tinha um homem que se importava
profundamente com ele, ele podia sentir, e hoje à noite, Bishop levaria seu
tempo com ele.

Ele era o seu tempo.

363
Capítulo 37
Bishop

Bishop esperou até Edison puxar os lençóis e deitar na cama com a


cabeça apoiada nos travesseiros. Também lhe deu alguns minutos para
esfriar. Ele ficou ao pé da cama até Edison parecer acolhedor. Seus lindos
olhos passaram pelo peito de Bishop e depois para seu próprio pau duro
apertado nas suas cuecas quadriculadas pretas. Seu peito estava subindo e
descendo com suas respirações rápidas, e Bishop instintivamente pegou o
cinto. Edison precisava dele. Ele manteve os olhos nele enquanto enfiava os
polegares na cintura e puxava, deixando o jeans se juntar aos pés. Edison
torceu os lençóis frios, as mãos cavando o tecido ao lado do corpo.

Bishop tirou as botas e deixou as meias e o jeans no chão antes de subir


na cama. Bishop saboreou a reação de Edison, enquanto ele pairava sobre a
metade inferior de quatro. Ele passou a palma da mão pela coxa de Edison,
maravilhado com a suavidade. Ele adorava que não era um homem peludo,
como ele, mas, em vez disso, tinha uma leve penugem abaixo do joelho, mas
as coxas eram lisas como sedas. Ele segurou Edison atrás do joelho e levantou
a perna até que o pé estivesse apoiado na cama. Ele mordeu o lábio inferior
enquanto embalava toda a carne quente em seu braço e lambia um longo
caminho do joelho de Edison até a base da cueca.

364
As costas de Edison se arquearam da cama, sua mão voando na parte de
trás da cabeça de Bishop. Sim, Eddie. Bishop o queria tão enlouquecido de
êxtase quanto ele. Edison era suave em todo lugar? Ele gemeu enquanto
chupava aquelas coxas doces, deixando marcas em alguns lugares e ficou
impressionado com o gosto. Deus, como ele iria sobreviver a isso?

Edison massageou o couro cabeludo, seu toque ficando mais firme,


desesperado, quanto mais Bishop subia a coxa. Ele enterrou o rosto na dobra
da coxa de Edison e o inalou através de sua cueca de seda. Um lado
da boca de Bishop se levantou, porque mesmo os menores detalhes sobre
Eddie o deixaram louco. Ele a colocou através do tecido fino e Edison agarrou
sua cabeça.

— Eu sou... Unh. Bishop. — Edison ofegou.

Sim. Era assim que Bishop queria. Agora, era tudo sobre Edison e suas
necessidades. Bishop teve que esperar até que ele soubesse que poderia fazer
isso direito. Ele olhou para Edison enquanto o beijava através da cueca.

— Posso tirá-las, bebê? — Bishop sussurrou asperamente.

Edison engoliu em seco e soltou um suspiro:

— Sim.

Edison levantou os quadris e deixou-o puxar a cueca para baixo, seu pau
praticamente batendo no queixo quando ele o fez. Oh merda. Ele caiu no
colchão entre as pernas abertas de Edison, precisando de algum tipo de
pressão em seu pau. Seu eixo latejava, sua fenda vazava enquanto tentava

365
decidir o que banquetear primeiro. O pênis curto e grosso de Edison, que
estava corado e chorando por sua atenção, ou se ele queria engolir o saco
apertado de Edison, que já estava puxado para perto de seu corpo.

— Maldição. — Bishop gemeu, em seguida, chupou um das bolas


enrugadas em sua boca. Edison deu um pulo embaixo dele, mas o peso
de Bishop o manteve preso ao colchão, e ele podia dizer o quanto Eddie
amava isso pela maneira como lamentava. O sabor de Edison era tão ousado e
delicioso lá, e ele aproveitou mais alguns segundos até que ele não podia mais
suportar os gemidos imploradores de Edison. Bishop massageou Edison
enquanto sua cabeça estava enterrada na pélvis, sua língua explorando todas
as fendas e brechas.

As pontas dos dedos macios de Edison deslizaram sobre sua bochecha


enquanto ele lambia um caminho lento por seu pênis duro até chegar à ponta.
Ele manteve os olhos em Edisoncuja cabeça estava pressionada no
travesseiro, sua garganta apertada e expostaenquanto ele o engolia. O grito
de Edison era uma bela canção em seus ouvidos. Ele girou a língua em torno
da fenda e foi recompensado com um sabor inebriante que explodiu em sua
boca, fazendo-o chupar mais forte, buscando mais.

Edison continuou a vazar, e Bishop empurrou seu pau com mais força
no colchão firme, tentando transar com ele como se fosse a bunda de Edison.
Seus olhos rolaram e seus músculos das costas se contraíram, seu sinal de que
ele estava prestes a gozar. Bishop rosnou ao redor do eixo de Edison quando
seus quadris tentaram sair da cama. Ele não deixaria Eddie pará-lo. E depois

366
de quase seis anos de celibato, Bishop com certeza não estava removendo a
boca até que Edison gozasse no seu peito ou pela garganta.

— Bishop! — Edison gritou sua voz rouca e à beira do pânico. Suas


respirações se tornaram mais rápidas, mais pesadas, e Bishop sentiu o pênis
pesado de Edison pulsar contra sua língua, pouco antes do primeiro jato de
esperma atingir o fundo de sua garganta.

— Ahhh! Oh! Deus. — Edison gritou, tremendo sob o aperto de Bishop.

Ele engoliu uma e outra vez, apenas capaz de manter os olhos abertos
enquanto apertava o pau no ritmo das liberações de Edison. Ele lambeu seu
comprimento amolecido até sentir que havia ordenhado cada gota que podia
dele. Bishop ainda não se afastou, continuando a saboreá-lo até que ele estava
se contorcendo e puxando os ombros de Bishop.

— Bishop. — Edison gemeu tão suavemente.

— Hum. — Bishop o observou através dos olhos estreitados. Ele estava


doendo da pior maneira, mas ele não levaria o tesouro de Edison hoje à
noite... Ainda não. — Do que você precisa Eddie? Conte-me.

— Beije-me. — Edison ofegou, soando como se ele ainda estivesse no


meio de seu orgasmo.

Bishop fechou os olhos com força enquanto subia o resto do corpo sexy
de Edison. Ele lambeuentre os peitinhos carnudos e depois beijou até a
garganta. Edison passou os braços em volta dos quadris de Bishop e puxou-o

367
até que todos os seus noventa kilos estivessem em cima dele. Edison levantou
uma coxa lisa e a prendeu no quadril de Bishop.

— Oh merda. — Bishop gemeu, tentando não empurrar como um louco.


Mas, ele nunca esteve tão envolvido, nunca precisou gozar tanto. Todo o
empurrão e afiação com que ele se torturara no mês passado ainda não o
haviam preparado para o quão rápido Edison o fez perder o controle.
Bishop não tinha certeza de que poderia controlar seus impulsos. Seu
orgasmo estava ali batendo na porta, suas bolas pulsando por liberação. Como
se Edison estivesse tão preocupado com os desejos de Bishop quanto com os
dele, ele sentiu sua cueca sendo puxada pela bunda e as mãos macias e
tímidas apertando suas nádegas e balançando-o para frente.

Bishop empurrou o resto de suas cuecas apertadas embaixo das bolas e


gemeu obscenamente quando sua carne encontrou a de Edison. Bishop podia
sentir a tensão em seus músculos enquanto diminuía o movimento dos
quadris, sabendo que não precisaria de muito mais estímulo. Ele inclinou a
boca sobre a de Edison e deslizou a língua dentro dele, alimentando Edison
com seu próprio sabor. Seu pau estava tão bem, cutucando a suavidade de
Edison entre as pernas.

Sua cabeça estava vazando profusamente. Bishop agarrou a perna de


Edison e a ergueu mais alto na cintura, depois virou o corpo para ele, seus
quadris assumindo um ritmo urgente. Seu pau se aninhou em uma dobra
particularmente quente e carnuda, e Bishop amaldiçoou quando ele balançou

368
seu eixo dentro e fora. Levaram apenas alguns segundos antes que ele
estivesse apertando Edison e grunhindo seu nome.

— Eu quero que você goze em cima de mim, Bishop. — Edison respirou


contra o lado do rosto.

— Oh, merda. — Isso foi demais. Bishop empurrou com mais força e
Edison gemeu em seu ouvido, seus quadris se curvando para encontrar o
movimento de Bishop.

— Eu vou gozar Eddie. — Bishop advertiu.

— Por favor. — Implorou Edison. E esse apelo delicado, quase reverente,


foi sua completa ruína. Bishop parou, com sua coluna travando quando seu
pau disparou contra a pele macia de Edison. Ele grunhiu e gozou novamente,
seu pau pulsando com força. Edison gemeu, segurando-o em volta do
pescoço, seus lábios pressionados contra o pulso rápido de Bishop. Ele se
agarrou a Edison por sua vida, precisando que ele o mantivesse no chão
enquanto seu orgasmo o atravessava com a força de um tornado F-5. Ele
subconscientemente sabia que estava apertando Edisonno colchão enquanto
apertava seu pênis espasmódico contra ele, mas não conseguiu parar de
perseguir o prazer.

Bishop começou a afrouxar a mão, certo de que ele havia deixado suas
impressões para trás; o pensamento manteve seu pau meio duro. Assim como
em qualquer outra vez que ele pensava em Edison, uma vez não tinha sido
suficiente, mas ele não ia ser ganancioso, tinha tempo de sobra. Edison
lambeu o lóbulo da orelha de Bishop, cantarolando baixinho. Ele tem feito

369
isso o tempo todo? Bishop não conseguiu ouvir o som satisfeito acima do
zumbido em seus ouvidos.

Ele rolou para o lado, levando Edison com ele. Ele precisava limpar a
bagunça que tinha feito, mas não achava que seus joelhos funcionariam se
tentasse ficar de pé. Bishop colocou Edison debaixo do braço e enterrou o
nariz no topo da cabeça. Seus olhos se fecharam enquanto ele
preguiçosamente passava a mão pelos longos fios castanhos cor de mel que
cheiravam tão bem. Pela primeira vez em sua vida, ele entendeu o que
significava estar em um relacionamento e como era encontrar alguém que
chegasse a todas as partes dele. Edison fez amor com sua mente lendo seus
livros para ele, e seu corpo abalou seu mundo, dando-lhe um orgasmo que
ainda tinha o fogo fervendo em suas veias... E ainda... Eles ainda não haviam
feito sexo.

370
Capítulo 38
Edison

Edison estava quase dormindo quando sentiu o corpo de Bishop se


mover contra ele. Ele esperou, não querendo que ele se mexesse. Gostava da
maneira como Bishop o embalava em seus braços grandes, como se ele fosse
um pouquinho de nada. A risada profunda de Bishop bagunçou seu cabelo.

— Eu só vou conseguir um pano para limpar você. Eu já volto. ─


Bishop beijou sua têmpora e Edison abriu os olhos para ver Bishop atravessar
o quarto.

Ele desejou que Bishop não tivesse puxado sua cueca de volta, ele não se
importaria com o visual agora que sabia o que eram aqueles montes duros.
Edison rolou de costas se perguntando se era apenas a primeira rodada. Ele
ouviu Bishop mexer na porta do banheiro antes de acender as luzes.

— Puta merda. — Disse Bishop. — Parece que temos uma barbearia


aqui.

Edison sorriu. Seu banheiro principal era seu segundo lugar favorito de
sua casa, e onde passava muito tempo.

— As toalhas estão no armário de roupas à sua esquerda.

A água começou há escorrer alguns segundos depois, e enquanto ele


esperava ser limpo, seus olhos começaram a se fechar. Tinha sido uma

371
semana longa no trabalho e ele estava se esforçando como um louco para
acompanhar sua extensa carga de trabalho e ainda sair cedo o suficiente para
ter tempo com Bishop à noite. Ele deve ter cochilado, porque pulou quando
sentiu um pano quente alisando seu estômago.

— Calma é só eu. — Bishop sussurrou, limpando-o gentilmente. Ele


cheirava a sabão e enxaguante bucal. — Volta a dormir.

Edison tentou pestanejar, percebendo que agora estava escuro no


quarto, exceto pelo brilho das luzes da rua do lado de fora. Não, ele não queria
dormir, ele queria foder. Bishop iria sair se ele adormecesse? Bishop deve ter
visto algo que parecia pânico em seus olhos porque ele se inclinou e o beijou
nos lábios murmurando:

— Posso ficar?

Ele respondeu, estendendo a mão e puxando Bishop de volta à posição


em que estavam, e puxou o lençol sobre a cintura. Ele caiu na fenda
da axila de Bishop, o calor e o cheiro ali o levou para um sono feliz que ele não
podia mais combater. Tudo o que ele pôde fazer foi suspirar quando ouviu
Bishop lhe dizer boa noite.

— Eu sabia que você se sentiria tão bem, Eddie... Tão apertado ao meu
redor. — Bishop empurrou tão profundamente dentro dele que Edison só
pôde ficar lá e sentir... E chorar o nome de Bishop.

372
Edison empurrou seu pau dolorido contra uma firmeza que era
alucinante. Seu pênis doía com a necessidade de gozar, e o que ele estava
montando estava prestes a fazê-lo fazer exatamente isso. Ele sentiu uma
delicada carícia ao longo de sua costura, fazendo-o recuar, buscando mais
daquele toque. Edison ficou relaxado, sentindo como se tivesse se afastado.

— Eu poderia ficar dentro de você para sempre, bebê. É isso que você
quer? A voz de Bishop estava distorcida e áspera, fazendo o espasmo do
pênis de Edison e suas costas arquearem.

— Sim. — Edison murmurou sua própria voz soando estranha para seus
ouvidos. Ele desejou poder ver Bishop, mas tudo estava tão escuro. Edison
virou a cabeça e roçou algo que fazia cócegas no nariz ao inalar um perfume
que o fez lamber os lábios. Ele se aninhou mais naquele cheiro, sua língua
saindo por conta própria e provando. A superfície era lisa, e ele continuou a
banhar a área enquanto apertava a dureza entre as coxas.

— Você está me matando, Eddie. — Bishop murmurou. Desta vez,


Edison ouviu tudo alto e claro. A voz de Bishop não era mais distorcida, mas
gutural e cheia de paixão.

Edison acordou completamente... Tudo acabando. Ele percebeu que seu


rosto estava enterrado na axila de Bishop e ele realmente estava lambendo lá.
Ele estremeceu, seu pau duro espetando a pressão firme que acabou sendo a
coxa de Bishop. Edison sentiu o calor subir ao rosto e o embaraço o inundar,
apesar de seu pau ainda vazar por todo o lugar. Ugh. Por que tenho que agir
como uma virgem o tempo todo? Edison forçou suas coxas a relaxar,

373
apertando aquele músculo espesso como se estivesse subindo em uma árvore
sem galhos.

— Onde você pensa que está indo? Eu não quis te acordar, querido. Mas
essa merda é muito bom. — Bishop disse, segurando a bunda de Edison para
impedi-lo de se mover. A mesma carícia que ele sentiu um momento atrás em
que ele pensava ser um sonho e deslizou de volta pelo vinco, fazendo-o
tremer.

Bishop não o havia tocado lá na noite passada e Edison se absteve de


empurrar de volta para aqueles dedos. Edison gritou quando Bishop ajeitou a
perna, empurrando-a ainda mais na virilha. Oh Deus. Ele já estava tão perto
da borda antes de acordar. Agora ele sabia que não era tudo um sonho e ele
realmente tinha um homem „seu homem’em sua cama, tentando cuidar de sua
ereção matinal.

— Feche os olhos e monte nele, Eddie. — Os dedos de Bishop


pressionaram mais perto, abrindo-o. — Somos só eu e você, não tenha
vergonha.

— Oh... — Edison gemeu, balançando a bunda para trás apenas


para Bishop o empurrar para frente. Estavam de lado, encarando-se enquanto
Edison apertava a coxa de Bishop como se fosse um cavalo com alças. Ele
podia sentir a dureza de Bishop deslizando ao longo de seu estômago, e ele se
perguntou se seria sempre tão intenso e tão necessário. Bishop empurrou a
coxa ainda mais alto, uma pontada de dor percorreu o saco apertado de
Edison e o fez gozar antes que ele pudesse gritar um aviso. Ele manteve o

374
rosto escondido na axila de Bishop enquanto ofegava através do orgasmo
como se tivesse acabado de correr uma maratona. Isso foi insano. Ele ainda
podia sentir o eixo duro de Bishop pressionando seu corpo e naquele
momento ele não queria nada mais do que fazer Bishop ficar tão duro quanto
ele.

— Posso? — Edison sussurrou enquanto passava a mão pelo peito


de Bishop, sobre os abdominais, até que a palma da mão pairava sobre a
ereção de Bishop inchada contra o material escuro de sua cueca.

— Hum. Tudo o que você precisa fazer é me tocar, Eddie. — Bishop


gemeu, empurrando a cueca até os joelhos.

Os olhos de Edison se arregalaram quando o eixo grosso


de Bishop bateu contra seu estômago. Sua cabeça inchada era tão vermelha
que parecia dolorosa. A bunda de Edison se apertou sob a palma áspera
de Bishop enquanto ele imaginava tudo isso dentro dele, se ele pudesse
aguentar tudo. Ele com certeza queria o desafio. Bishop rolou de costas, quase
puxando Edison em cima dele. Bishop passou a mão pela nuca de Edison e
rosnou contra sua bochecha quando ele finalmente fechou a mão trêmula em
volta da circunferência de Bishop.

— Você é tão grande. — Disse Edison sem fôlego. Ele acariciou para
cima, seus dedos roçando a borda da cabeça de Bishop. Ele não sabia
como Bishop queria ser tocado, mas masturbar um pau era universal, então
ele apertou o punho e bombeava para cima e para baixo em um ritmo fácil.

375
— Foda-se. — Bishop assobiou quando Edison passou o polegar sobre a
fenda e usou o liquido lá para facilitar o deslizar da palma da mão. — Sua pele
é tão macia.

Bishop apertou a mão grande sobre a de Edison e apertou


impossivelmente mais.

— Oh meu Deus. — Edison gemeu quando Bishop arqueou em direção a


ele, movendo o punho de Edison mais rápido. Ele queria que Bishop
assumisse o controle, mostrasse exatamente o que precisava e como queria
ser tocado. Parecia que seu namorado bad boy gostava de uma mão firme, o
que só deixou Edison muito mais animado. Seu rosto estava ali pairando
sobre o peito de Bishop, e ele não resistiu a inclinar-se e passar a língua em
um dos mamilos rígidos. O som que Bishop fez vibrou os lábios de Edison,
fazendo-o chupar com mais força.

— Merda. Estou prestes a gozar, bebê. — Bishop gemeu, apertando o


pescoço de Edison com um aperto de vício enquanto sentia aquele eixo grosso
pulsou sob as palmas das mãos combinadas. Edison aguentou o passeio
enquanto Bishop bateu os punhos mais rápido, concentrando-se na cabeça
grossa.

— Sim. — Edison gemeu com ele. E lutou para manter os olhos abertos
em vez de fechá-los em êxtase. Ele tinha muito a aprender e não queria perder
um momento do que estava prestes a acontecer. Bishop resmungou
severamente, depois puxou um punhado dos cabelos de Edison, fazendo-o
arrancar a boca do peito. Edison ofegou, sem se importar com o quão

376
desesperado ele parecia ao ver Bishop gozar. Seus dedos estavam cerrados
com tanta força que estavam com cãibras, mas ele não se atreveu a reclamar.
Levou mais alguns segundos para ele sentir Bishop enrijecer, seu corpo
ficando rígido antes que o primeiro jato de esperma surgisse dele e pousasse
em seu abdômen.

A boca de Edison ficou frouxa enquanto Bishop o beijava


agressivamente, grunhindo em sua boca com cada onda de porra que fluía
sobre suas mãos.

— Caramba, Eddie. — Disse Bishop, com a voz grossa enquanto eles


ordenavam as últimas gotas dele. Bishop começou a afrouxar o aperto na mão
de Edison, mas ele manteve o outro enterrado em seus cabelos. Quando os
dois conseguiram controlar as respirações difíceis, o toque de Bishop tornou-
se suave mais uma vez. — Desculpe-me... Eu não quis...

— Pare. — Edison avançou para o lado de Bishop, sua visão ficando


nebulosa quando seu pênis meio duro e nu roçou os cabelos lisos na coxa
de Bishop. — Isso foi incrível... Foi realmente... — Edison bufou uma risada
satisfeita. — Estou tentando não dizer nada que me faça parecer um idiota.

Bishop observou-o com os olhos semicerrados, como se estivesse quase


adormecendo. Edison se perguntou como seria ficar na cama com Bishop
o dia todo. Simplesmente conversando, comendo, talvez até lendo, entre
explorar um ao outro. Edison passou as pontas dos dedos pela bagunça que
eles fizeram, sabendo que ele precisava se levantar e tomar banho, mas

377
querendo deixar o cheiro de Bishop vir como uma prova de que ele não estava
mais sozinho. Ele beijou Bishop mais uma vez antes de sair da cama.

— Onde você está indo? — Bishop perguntou, virando-se para vê-lo ir


embora.

— Onde você acha? — Edison riu. Ele acendeu a luz do banheiro e ligou
o chuveiro. — Eu me sinto ótimo! Eu vou cozinhar.

378
Capítulo 39
Bishop

— Droga... Como é que isso se chama de novo? — Bishop perguntou


com a boca cheia de ovos e batatas e queijo. Ele estava comendo a comida
quente tão rápido que pensou em pedir uma colher maior a Edison. Ou uma
pá.

Edison dobrou o jornal Virginia Pilot, rindo cada vez que Bishop fazia
outra pergunta.

— Pela terceira vez, é uma frigideira com bacon, ovo e batata. É apenas
uma refeição de uma panela.

— Com certeza não tem gosto. — Bishop bebeu o resto do suco de


laranja e depois limpou a boca. Depois de se limpar no belo banheiro de
Edison, ele tirou a bolsa da caminhonete e vestiu o macacão para trabalhar no
quintal. Hoje seria quente, mas não havia como ele desperdiçar toda essa
linda luz do dia. O quintal estava realmente tomando forma e ele até
conseguira adicionar algumas atualizações, mas Edison não notaria até que
tudo estivesse terminado. Bishop esperava que Edison fosse ao produtor de
plantas com ele para que pudessem receber as flores e os arbustos do
perímetro. Ele estava determinado a ter o oásis de leitura de seu namorado
completo no momento em que sua estação favorita chegasse.

379
Bishop espiou Edison quando voltou ao jornal, à testa lisa e enrugada
enquanto ele parecia estar lendo algo interessante ou perturbador.
Bishop ficou tentado a perguntar o que era ele também estava curioso sobre o
que estava acontecendo no mundo, mas a última coisa que ele queria era que
Edison entregasse o papel e pedisse que ele lesse alguma coisa. Embora nunca
tivesse mentido para Edison, ele não estava pronto para admitir essa verdade.

— Eu vou juntar algumas das bases para a sua saliência. Trent vai me
ajudar a construí-lo no final da semana, e então podemos pedir as flores para
pátio. — Ele se aproximou e passou o braço em torno de Edison. — Você tem
planos para hoje?

— Não, na verdade não. Eu preciso fazer algum trabalho aqui em casa.


Preciso finalizar alguns detalhes de uma petição de emergência para um dos
clientes de Presley. Se não for protocolado até a próxima quarta-feira, o banco
vai levar a casa dela. Este capítulo Sete é a única maneira de salvar sua casa.

Bishop olhou para o lado do rosto suave de Edison, enquanto ele falava
com indiferença sobre guardar a casa de uma mulher para ela, enquanto lia o
jornal da manhã. O Eddie dele era um herói. Bishop se perguntou como ele
se comportava como ganharia o que tanto desejava.

— É incrível que você possa salvar pessoas assim, bebê. A falência deve
realmente ser horrível.

Edison deu um sorriso apreciativo e depois colocou o jornal de lado.

— Lutar financeiramente definitivamente é péssimo para qualquer


pessoa, tenho certeza. Mas, quando nossos clientes não estão mais sendo

380
assediados e atolados pelo estresse de seus credores, isso me faz sentir bem
com meu trabalho. Então, não é realmente eu que vou salvá-los. É o processo
de depósito que os coloca em proteção contra falência. É a lei que faz isso, não
eu.

— Mas você tem que juntar tudo.

— Verdadeiro.

— Então, o que exatamente seu advogado faz se você preparar toda a


papelada e se reunir com os clientes dela?— Perguntou a Bishop.

— Ela vai ao tribunal. Presley é um dos advogados de falência mais


agressivos nessa área e os credores a conhecem bem. Ela obtém bons
resultados para seus clientes. Acredite em mim... Eu não poderia fazer o que
ela faz. E ela não pode preparar uma petição de sessenta páginas o mais
meticulosamente possível. Então... Edison deu de ombros. — Nós somos uma
boa equipe.

— Você é tão inteligente. — Bishop sussurrou. Ele passou a mão pelo


cabelo de Edison, gostando sem nenhum produto para impedir que caísse do
lugar. Ele beijou a bochecha dele, depois pegou o queixo e virou a cabeça para
que pudesse reivindicar sua boca completamente. Beijar Edison rapidamente
se tornou sua coisa favorita a fazer. Seus lábios eram tão macios e doces, e
agora sua língua tinha gosto do creme italiano que ele colocara em seu café.

Edison gemeu em sua boca e depois chupou a língua de Bishop da


maneira que ele queria sua boca bonita em seu pau. Ele não resistiu em
deslizar a mão pelas costas de Edison e por baixo da cintura elástica da calça

381
de trilha. Bishop acariciou aquela bela bunda, exatamente o que ele poderia
alcançar enquanto alimentava Edison com mais da sua língua. Bishop
provocou o topo do vinco de Edison, apenas o suficiente para que ele soubesse
que ele ainda estava no trabalho. Sua decisão em tempo integral de fazer
Edison se sentir querido e desejado em todos os momentos. Bishop sorriu
contra a boca de Edison quando ele se contorceu no banco.

— Eu quero. — Edison sussurrou.

— Eu sei.

— Eu quero sentir mais.

— Você irá. Logo. — Bishop gemeu, afastando a mão.

— Não. — Edison quase choramingou.

Bishop sacudiu a língua e lambeu a decepção de Edison, até que seus


dedos estavam acariciando o coração de Bishop e ele estava sorrindo no beijo.
Era incrível que ele pudesse se sentir tão satisfeito apenas com Edison em
seus braços, que eles não precisavam ser físicos para se conectar. Para ele, foi
muito além do sexo. Bishop passou o polegar por baixo do lábio inchado de
Edison.

— Depois de trabalhar no quintal algumas horas, você vem comigo ao


centro de jardinagem para pedir o resto dos suprimentos? Então é claro que
você tem que pagar por isso.

Edison riu.

— Ok.

382
— Ok. — Bishop repetiu, enquanto eles continuavam se encarando. Isso
foi loucura. — Eu vou trabalhar.

— Você quer jantar hoje à noite? — Edison perguntou quando


Bishop estava quase na porta dos fundos. — Podemos começar com o livro
Meridian.

O sorriso de Bishop era amplo. Isso o deixava louco quando Edison


queria ler para ele, e rasgou-o que ele teria que perder outra oportunidade de
ouro.

— Eu não posso hoje à noite. Eu tenho uma consulta médica. Então eu e


meu pai temos planos no domingo.

Edison franziu a testa.

— Uma consulta médica... Você está bem?

— Sim... Eu hum. — Bishop olhou para suas mãos ásperas, escolhendo


não se esquivar da pergunta. — É apenas a clínica de saúde. Eu vou... Quero
fazer o teste para você. Eu fiz exames de sangue quando entrei na prisão e era
negativo... E não dormi com ninguém, mas ainda quero mostrar os
resultados. Você merece isso.

Os olhos brilhantes de Edison se aqueceram. Ele caminhou lentamente


até ele e deu um beijo suave e incrivelmente doce na parte de baixo de sua
mandíbula.

— Obrigado. Obrigado por fazer isso, Bishop.

Ele estava fazendo isso porque sabia que era a coisa certa a fazer.

383
Bishop ainda estava pensando na sessão de beijos que ele e Edison
tiveram pouco antes de sair de casa. Eles se divertiram no imenso centro de
jardinagem, onde ele pegou a mão de Edison e o conduziu por um mundo que
ele sabia que podia brilhar. Edison admirava o conhecimento de Bishop, da
mesma forma que Bishop elogiava Eddie trabalhar esta manhã.

Edison estava se tornando mais confiante na maneira como tocou


em Bishop. Ele não se apertava mais quando Bishop agarrava o corpo em
torno de sua cintura. Na verdade, Edison gostava da maneira como Bishop
acariciava a carne macia entre as coxas com a língua. Mas o favorito dele de
longe era apertar a bunda gorda de Edison enquanto ele assolava sua boca.

— Então, você e Edison são como o verdadeiro negócio, namorados,


parceiros ou o que for. — Disse Trent, quando Bishop parou o caminhão no
estacionamento gratuito da clínica de saúde da cidade. Estava sempre lotado
e não importa se ele tinha um compromisso ou não, ele sabia que estaria lá
pelo menos algumas horas.

— Sim. Ele disse que quer isso. Então, nós estamos juntos. Ele não está
vendo mais ninguém e eu também. Nós seremos... Qual é a palavra... ─
Bishop olhou para Trent. — Quando somos apenas nós?

— Exclusivo. — Respondeu Trent.

— Exatamente. — Bishop assentiu, desligando o motor. — E mesmo


sabendo que ele aceitaria minha palavra, ainda quero mostrar a ele o papel
que estou limpo.

384
— Tudo bem. — Disse Trent, prestes a sair do caminhão até Bishop
agarrar seu cotovelo.

— Ei. — Bishop franziu a testa, olhando para o amigo. — Você esta


bem?

Trent agarrou sua nuca, fazendo uma careta como se estivesse


estressado ali.

— Eu só estou passando por uma merda com Sil.

— Tudo bem. — Bishop empurrou o ombro de Trent. — Você quer


conversar ou algo assim? Voltaremos para minha casa depois disso. Peça uma
pizza ou algo assim enquanto eu chuto sua bunda no Mortal Kombat.

— Você não vai ficar na casa de Edison hoje à noite?— Trent perguntou.

— Não. Eu estou indo para casa. Amanhã você pode jogar boliche
comigo e Mike. Quanto mais pessoas eu vencer, melhor.

Trent parecia estar pensando sobre isso, mas Bishop sabia ler através de
sua atitude. Seu melhor amigo nunca ficaria desapontado com o fato
de Bishop encontrar alguém para fazê-lo feliz, mas claramente o incomodava
que Bishop não estivesse por perto tanto quanto costumava. Mas isso era
porque ele pensava que Trent estava feliz e passava o tempo todo com a
namorada, como se Bishop passasse todo o tempo livre com ele.

— Preciso do seu sofá em breve, cara. — Trent balançou a cabeça.

385
— Você sabe que é bem vindo. — Bishop nem precisou perguntar a
Mike primeiro. Trent era da família. — Mas se eu fosse você, eu me certificaria
de colocar um lençol antes de dormir nele.

— Ah não. Mike ainda está descansando no chuveiro?

Bishop riu.

— Sim. Infelizmente.

Uma vez dentro da clínica, Bishop foi e ficou na fila que foi isolada e
enrolada no centro da sala. Era barulhento, caótico, o som de casais
barulhentos, viciados em drogas reclamando e bebês chorando eram todos
um assalto a seus sentidos, mas ele estava lá por um motivo maior. Não
importava o que ele precisava passar para obter os resultados, desde que os
obtivesse. Trent estava ao lado de Bishop, avaliando a sala como se estivesse
procurando por perigo. Bishop atribuiu isso a seu amigo se sentindo uma
merda por sua dama e ignorou seu comportamento estranho.

Quando chegou a sua vez na janela, a mulher perguntou a natureza de


sua visita.

— Eu preciso de testes completos de DST, HIV também. — Disse


Bishop alto o suficiente para poder ouvi-lo através da divisória de vidro.

— Pelo amor de Deus. — Trent gemeu, cobrindo o rosto quando várias


pessoas na grande área de espera olharam em sua direção.

Bishop riu quando pegou a prancheta e seu número na ordem em que


seria chamado.

386
— O que se passa contigo? Você sabia por que eu estava aqui.

Trent caminhou rapidamente até uma fileira de cadeiras vazias no


fundo da sala, tentando evitar o contato visual com alguém. Quando Bishop
sentou ao lado dele, Trent puxou a prancheta da mão e começou a rabiscar as
informações de Bishop nos campos obrigatórios.

— Eu sei disso. Mas, parece que estamos aqui... Juntos, cara. Como se
estivéssemos aqui para fazer o teste antes de foder.

Bishop olhou para Trent como se ele fosse louco.

— A maioria das pessoas aqui está fazendo a mesma coisa, Trent. Além
de quem se importa? Bishop recostou-se mais na cadeira azul de plástico duro
e abriu bem as pernas.

Trent continuou escrevendo com a cabeça baixa.

— Eles provavelmente pensam que você está me fazendo entrar no...ou


algo assim.

A explosão de risadas de Bishop fez com que mais pessoas se voltassem


em sua direção. Ele acenou para alguns deles, não se importando com o que
aqueles estranhos estavam pensando. Ele estava lá porque estava pronto para
dar o próximo passo com o namorado em breve e isso era a coisa responsável
a fazer, então por que diabo Trent estava tropeçando?

— A última vez que você fez sexo foi antes da prisão? — Disse Trent,
franzindo a testa para uma seção cheia de caixas de seleção.

Bishop exalou.

387
— Sim, basta dizer seis anos.

— Merda, isso é muito tempo. — Trent riu. — Essas enfermeiras


provavelmente não vão acreditar em você lá atrás.

— Eu não dou à mínima. Eu só preciso deles para fazer o teste.

Depois que Bishop entregou os formulários preenchidos, ele foi sentar-


se ao lado de Trent, depois de lhe dar uma batida com o punho.

— Obrigado cara. Sei que não é isso que você quer fazer no sábado à
tarde, mas agradeço, de verdade. Bishop cutucou uma ferida na articulação
dos dedos. — Você sabe se eu poderia fazer isso sozinho, eu...

— Eu sei cara. — Trent se inclinou para frente, apoiando os cotovelos


nos joelhos com a cabeça nas mãos. — Eu não estava tentando ser um idiota.
Você sabe que eu te protegi.

— Sim.

— Ei, eu ainda vou te deixar na sua escola terça-feira de manhã, certo?—


Trent mudou de assunto.

— Sim. Bishop torceu as mãos. Seu primeiro dia de aula na escola não
era até a próxima terça-feira, mas ele ainda estava nervoso com a orientação.
Mike fez um ótimo trabalho ao ensiná-lo a ficar on-line tornando o laptop
menos frustrante do que parecia para abrir a sala de aula virtual do Centro de
Aprendizagem de Adultos, onde ele teria que fazer testes semanais e
participar de discussões em grupo.

388
— Você está realmente fazendo muito por Edison, cara. Você gosta tanto
assim desse cara? — Trent olhou desconfiado para ele.

— Eu gosto dele... Eu gosto muito. Mas estou fazendo isso apenas por
ele.

— Eu sei. Você sempre falou em voltar para a escola. — Trent deu de


ombros. — Mas, quando você chegou em casa, colocou-os em segundo plano
por um tempo.

— Eu estava nervoso, só isso.

— E agora você não esta?

Inferno sim, eu sou. Bishop estava aterrorizado. Mas nada na vida que
valha a pena ter sido fácil, dizia Wood. Ele queria ser um bom homem para
Edison, mas isso não era tudo que ele queria ser. Ele queria provar para si
mesmo que tinha tido sido esperto o tempo todo, que nunca havia se aplicado.
— Eu sou homem. E não tenho medo do trabalho duro.

— Mas você tem medo de Edison descobrir, não é?

— Só antes que eu tenha a chance de contar a ele primeiro.

— Bishop. Então você precisa fazer isso.

Bishop não disse mais nada. Em vez disso, ele ficou em silêncio ao lado
de seu melhor amigo e esperou que seu número fosse chamado. Enquanto
estava sentado pensando sobre isso, duvidava que houvesse um momento
perfeito para dizer a Edison que ele era namorado de um aluno da primeira
série. Ele só precisava aprender um pouco mais para mostrar a Eddie que

389
pode ser assim agora, mas nem sempre. Ele mostraria e provaria que isso era
algo que ele podia fazer.

390
Capítulo 40
Edison

Edison passou a mão pela gravata azul lisa, enquanto tentava se lembrar
se Presley havia atualizado a versão mais recente do movimento em que ela
estava trabalhando antes de sair do escritório como se tivesse atingido os
milhões de dólares. Era o dia da apreciação do chefe e ele dera a Presley um
pacote noSPA de luxo no Le Croix Salon, à beira-mar. E porque ela era uma
das advogadas mais importantes de Hampton Roads, eles a contrataram hoje.
Edison sabia que ela adoraria o presente, mas ele não tinha pensado que ela
sairia do escritório e o deixaria com todo o trabalho. Ele estava tão
perturbado, com as mãos voando sobre o teclado pelo menos quinhentos
golpes por minuto enquanto tentava recuperar o atraso.

Felizmente, por causa do dia em que sua equipe não o bombardeou com
muitas bobagens desnecessárias, e todos pareciam estar fazendo seu trabalho
com eficiência total. Graças a Deus. Tudo o que ele queria fazer era terminar
no horário, porque ele tinha duas belas peças de linguado fresco que ele
pegou do mercado ontem e que planejava cozinhar para Bishop hoje à noite.

Ele sentira sua falta hoje de manhã, já que Edison chegara cedo para dar
o pontapé inicial no dia. Então, ele não via o namorado desde sábado, depois
que ele e Bishop terminaram a loja de jardinagem. Eles se separaram para
que ele pudesse lidar com seus negócios e passar um tempo com seu pai e

391
Trent no domingo. Edison não foi capaz de dormir em lençóis que ainda
cheiravam a Bishop até que ele se deu prazer... Duas vezes. Domingo, ele
acordou com muita energia. Ele passou uma hora trabalhando em sua sala de
ginástica antes de limpar sua sala de jantar e higienizar sua cozinha. Ele
parou na lavanderia para pegar seus ternos, depois começou a fazer compras
na mercearia para a semana, o que tinha sido divertido, mas ele terminou
suas tarefas muito rápido. Às cinco da tarde, ele estava entediado e sozinho. Ir
a uma visita a tia e o tio tinha sido uma ótima ideia, porque depois que ele se
empanturrou de presunto cozido, feijão verde e batatas, ele não serviu para
nada além de dormir quando chegou em casa às nove.

— Edison venha. Todo mundo está pronto. — Mila sussurrou com a


cabeça dentro da porta dele.

Edison gemeu, fechando os olhos. Ele estalou as juntas dos dedos


doloridos e depois sacudiu as mãos.

— Eu preciso mesmo ir? — Ele choramingou de brincadeira.

Mila sorriu.

— Basta fingir, ok.

— Oh, você quer dizer que todos os meus funcionários estão fazendo
agora? Você sabe que nenhum deles quer fazer isso por mim. Eles apenas
pensam que precisam. — Resmungou Edison. Ele fechou o que estava
trabalhando e colocou o arquivo em sua mesa. Ele olhou em volta para o seu
espaço de trabalho desordenado. — Você puxou o caso de Ramona Jackson?
Eu preciso disso.

392
— Estar à sua direita, Edison. — Mila avançou e levantou o arquivo
debaixo de uma pilha de livros de direito.

— Porcaria. Desculpe. — Edison esfregou a testa e abriu o arquivo.

— De jeito nenhum. Não comece por isso. Temos de ir. Eu disse a eles
que o teria lá as três em ponto, agora vamos seguir em frente. — Mila
contornou a mesa com seu vestido justo em zigue zague e sapatos pretos altos,
e tirou o paletó de pendurar no encosto da cadeira. Ela levantou uma
sobrancelha e fez sinal para ele levantar o traseiro.

Edison se levantou e se virou para que Mila pudesse colocar a jaqueta


nos braços. Ele enfiou a gravata e abotoou os dois compartimentos do meio.
Na verdade, parecia um pouco mais frouxo em torno de sua barriga e ele se
perguntou se talvez tivesse perdido mais alguns quilos. Ele sorriu,
imaginando se Bishop notaria. Sentindo-se bem, ele fechou a porta do
escritório e caminhou pelo longo corredor com sua assistente. Ele tinha
certeza de que ela o estava levando a uma das salas de conferências do outro
lado do prédio, onde sua equipe sem dúvida almoçava à sua espera. Ele
realmente não tinha tempo para fazer isso quando tinha trabalho empilhado
até a linha dos cabelos esperando por ele. Graças a Deus ele tinha conseguido
terminar algumas deles no sábado à noite ou então estaria lá até as oito.

Edison deu o seu melhor sorriso de gratidão e entrou na sala atrás de


Mila. Ela jogou as mãos para o alto e começou a bater palmas, incentivando
todo mundo a participar.

393
— Aqui está o melhor chefe do mundo!— Ela disse com um sorriso
enorme no rosto, mas estava claro que ninguém mais estava compartilhando
seu entusiasmo.

Ele deu a volta em volta de Mila, ignorando as poucas batidas lentas que
ele contornou as expressões irritadas. Os olhos de Mila se arregalaram
quando pousaram na mesa de conferência.

— O que é isso? — Ela olhou horrorizada para seus colegas de trabalho.

A maioria das pessoas estava no telefone, algumas conversavam umas


com as outras e alguns membros até trouxeram seus laptops e estavam
trabalhando. Edison quase riu. Ele disse a Mila que todo esse programa era
ridículo, mas ela insistiu que ele merecia algum reconhecimento.

— Eu disse uma comemoração, pessoal. Isso significa cozinhar alguma


coisa. — O tom de Mila fez com que todos parassem. — Vocês todos leram o
memorando? O que você achou que eu quis dizer quando disse para trazer
um prato saboroso? ─ Mila pegou as duas sacolas de Doritos que alguém
havia trazido e colocou na mesa ao lado de duas caixas de donuts de Krispy
Kreme. — Quem trouxe isso? Como isso é remotamente saboroso?

— Sinto muito, Mila. — Disse Robert, hesitante, levantando-se da


cadeira. Suas bochechas estavam vermelhas escuras e seus olhos azul-claros
eram tão arregalados que suas sobrancelhas praticamente desapareceram na
frente de sua peruca. — Minha esposa está em greve. Ela não cozinhava nada,
mesmo que eu perguntasse sobre isso na semana passada. Então eu... — Ele

394
apontou para as embalagens. — Acho que Edison disse que esse tipo era o seu
favorito.

— Que diabos? — Mila rangeu enquanto continuava a comer todos os


alimentos comprados na mercearia.

Edison riu e colocou as mãos nos ombros tensos de Mila, massageando


sua fúria. Ele apreciou o que ela tentou fazer e queria que ela soubesse que
não estava chateado. Ele teria uma ótima refeição caseira com uma
companhia incrível em apenas algumas horas. Ele beijou a assistente na
bochecha dela enquanto ela sussurrava:

— Sinto muito, Edison. Você está sempre cozinhando para nós. Você
merece melhor porque é o melhor chefe que existe.

— E isso é tudo que eu queria ouvir... De você, Mimi. — Ele sussurrou


de volta, usando o apelido dela. Ele pegou a mão dela e levantou a voz para
que todos pudessem ouvi-lo. — Muito obrigado por fazer isso. Eu realmente
aprecio que vocês tenham tempo para... Hum... Ir à loja para mim.

— Nós não somos todos chefes. — Jessica disse enquanto estava com
sua camarilha de garotas malvadas. — Fizemos o melhor que pudemos.

Edison suspirou. Ele também não era chefe, mas podia se aplicar. Não
era assim que ele chamaria de almoço de agradecimento. No próximo ano, ele
insistiria que Mila não obrigasse todos a fazer isso. Ele estava limítrofe agora.
— Eu tenho certeza que você fez. Como eu disse muito obrigado a todos.

395
Edison enfiou as mãos nos bolsos quando ninguém se mexeu,
encontrando alguns dos olhos deles. Isso era loucura. Ele pegou um prato de
papel e deu a volta na mesa tentando escolher algo apetitoso. Ele não gostava
particularmente de alimentos preparados na loja porque nunca sabia quanto
tempo à comida estava embalada e se havia sido cozida adequadamente. Mila
sabia disso sobre ele, e é por isso que ela tentou arranjar uma festa.

Sua assistente deu um passo ao lado dele, enquanto ele estava na frente
das bandejas de frutas. Ele colocou vários pedaços de melão e morangos em
seu prato antes de ir para o prato de carnes e queijo. Não havia como ele
comer aquela salada de batata do posto de gasolina ou o sushi do Wal-Mart.
Ele fez questão de despejar alguns Doritos em seu prato ao lado de sua única
fatia de peito de peru e queijo para Robert, pois ele ainda parecia desanimado
no canto.

Ele se sentou em uma das cadeiras vazias e várias pessoas encheram


seus pratos e se juntaram a ele. Ninguém o envolveu em uma conversa,
optando por conversar com quem estava ao lado deles, mas isso estava
perfeitamente bem com ele. Edison não tinha ideia do que conversar com
alguns deles que não eram relacionados ao trabalho, de qualquer maneira.
Jessica estava sentada no outro lado da sala com Skylar e seu grupo de
rapazes, que se aglomeravam atrás dele como patinhos onde quer que fosse.

— Aqui Edison. Eu fiz o seu favorito... Pimentão. — Mila sorriu


orgulhosa, colocando uma tigela ao lado do prato de Edison. Ele sorriu para

396
ela. Suas bochechas redondas coraram de orgulho. — Eu usei a receita que
você me deu no ano passado. Eu nunca a perdi.

Chilli era um dos seus pratos favoritos... No inverno. Não quando estava
quase quarenta graus à sombra no final de um verão em Virginia Beach.
Edison balançou a cabeça para ela.

— Você é incrível, Mimi. Isso parece delicioso.

Muitos de seus colegas de trabalho concordaram quando pegaram


tigelas e começaram a servi a si mesmos. Edison continuou olhando seu
relógio discretamente, imaginando quando seria o momento apropriado para
o homenageado sair. Ele temia que seus funcionários ficassem lá sem fazer
nenhum trabalho pelo tempo que ele permitisse.

Mila voltou-se para ele depois de conversar com a recepcionista


Rosemary por vários minutos. Ela olhou para as sobras de comida de Edison.

— Você não comeu todo o seu pimentão. Esta muito picante?

Ele se inclinou para perto dela e sussurrou.

— Não, estar perfeito. Eu tenho um encontro hoje à noite. — Ele deu


um tapinha no estômago. — Eu não acho que devo comer muitos grãos.

Mila jogou a cabeça para trás e riu alto o suficiente para atrair a atenção
de todos. Edison revirou os olhos para ela enquanto abaixava a cabeça e
mexia na gravata para esconder seu próprio sorriso. Ele era incapaz de
esconder a sensação quente que se espalhava em seu peito sempre que
pensava em Bishop.

397
— Isso é tão incrível. — Ela apertou o braço dele. — Eu tenho que
conhecê-lo.

— Shhh... — Ele disse, dando-lhe um olhar que dizia que não estava
falando sobre isso aqui.

— Sim, claro. Antes de todos irmos... — Mila se levantou e caminhou


para o outro lado da sala de conferências e pegou um único cartão atrás do
pódio. — Todos nós assinamos isso, Edison.

Tudo o que ele conseguia pensar era: estou tão feliz que isso esteja
quase terminando quando ele se levantou e a encontrou no meio do caminho.
Todas as conversas aleatórias pararam quando ele rasgou o envelope. O
cartão estava cheio de tantas assinaturas no interior que ele mal conseguia
encontrar a mensagem do cartão.

— Leia. — Disse Mila.

Edison olhou para ela aborrecido, depois limpou a garganta.

— Desejando a você um feliz dia dos chefes, com grande apreço por tudo
que você faz. Uma vez por ano não é suficiente para expressar o quanto nossa
equipe aprecia você todos os dias. ─ Ele olhou para cima e viu um monte de
sorrisos duros e agradeceu a todos novamente. Ele segurou o certificado de
presente no Whole Foods Fresh Market, que estava escondido dentro do
cartão e agradeceu novamente a todos. — Isso é demais, eu...

— Merece muito mais que um cartão-presente de supermercado. — A


voz suave de Skylar invadiu o agradecimento de Edison.

398
Ele se virou e trancou os olhos nos verdes escuros de Skylar,
imaginando o que estava fazendo agora. Skylar tinha um comportamento e
carisma que exigia atenção sempre que ele abria a boca. Ele se moveu como
uma pantera à espreita enquanto atravessava a sala com uma mão enfiada no
bolso da calça, chutando a jaqueta de grife, enquanto a outra segurava uma
caixa lindamente embrulhada.

— Sua liderança e orientação significam muito. Para todos nós... Mas


especialmente para mim. Se alguém tinha que ser o meu chefe... Fico feliz que
seja você, Edison. ─ Skylar piscou.

Houve vários ooh e risadas ao redor da sala, mas Edison não estava
divertido. Na verdade, ele estava ficando chateado. Por que Skylar estava
mentindo para todos? Ele odiava Edison como chefe desde o momento em
que Presley o contratou. Skylar deve ter notado o ceticismo de Edison, porque
ele continuou avançando até estar a poucos metros de distância. Ele estendeu
a caixa dourada e preta, quase tocando Edison no peito com a esquina, se ele
não tivesse estendido a mão para pegá-la.

— E espero que esse sinal da minha apreciação mostre isso. — Skylar


terminou, olhando para Edison como se ninguém mais estivesse na sala.

Edison pigarreou e murmurou:

— Obrigado, Skylar, você não deveria.

— É o céu, pare. E, basta abrir. — Skylar disse suavemente.

399
Edison olhou para cima, notando que mais mulheres - o fã-clube de
Skylar - haviam se aproximado. Ele começou a abrir a caixa enquanto todos
ficavam boquiabertos, esperando para ver o que Skylar havia lhe dado. Ele
retirou o lenço de papel manchado de ouro, os olhos arregalando-se de
surpresa por uma das gravatas mais lindas que já vira. Ele acariciou a seda
prateada e a tirou da caixa quando alguém perguntou por trás dele o que era.
Mila o ajudou com a caixa e Edison segurou a gravata para uma inspeção mais
próxima.

Sua equipe começou a aplaudir e Edison olhou em volta, confuso. Eles


estavam realmente aplaudindo Skylar? Ele acreditava que sim, porque vários
deles lhe disseram um bom trabalho e como ele fosse um funcionário incrível
por escolher um presente tão atencioso.

Skylar deu de ombros, colocando o feitiço extra.

— Bem, eu não ousaria tentar cozinhar um prato para uma paladar tão
refinada quanto o de Edison, mas eu sei de outra coisa que ele gosta tanto, se
não mais, do que cozinhar.

— Gravatas. — Várias meninas disseram em uníssono, rindo, incluindo


Mila.

— Sim. — Skylar sorriu. Ele voltou seu olhar quente para ele, quase
desafiando Edison quando disse: — Coloque, vamos ver como fica.

Edison balançou a cabeça, mas o grupo já estava pedindo para ele fazer
isso, dizendo o quão bem combinava com o terno que vestia. Melhor do que a
gravata que ele estava vestindo. Edison admitiu que as riscas azuis cobalto

400
combinavam perfeitamente com seu terno azul e cinto Gucci preto com a
elegante fivela prateada. Ele passou o polegar sobre a costura da mão,
notando a boa qualidade. Ele virou e leu o nome.

Caralho. Era Armani. Edison levantou a cabeça e encontrou Skylar


observando-o, pensativo. Ele só tinha umagravata Armani que seu pai lhe
dera de presente depois de se formar na faculdade; e a última vez que o vestiu
foi no funeral de seu pai. Ele sentiu Mila puxando a gola da jaqueta.

— Oh, vamos lá, sério. Eu não acho que todos vocês se importem em me
ver nisso...

— Sim, nós fazemos. — A senhora Parker aplaudiu. Ela era a assistente


do Sr. Duff e provavelmente era a mais velha deles. — Não seja rude, querido.
Skylar quer ver se ele se encaixa corretamente, tenho certeza.

Havia mais pressão e concordância quando ele admitiu e deixou Mila


tirar sua jaqueta. Skylar ainda estava perto, então ele deu alguns passos para
trás para remover sua própria gravata azul sólida. Seu rosto estava
esquentando, pois parecia que ele estava se despindo na frente de todo
mundo quando ele levantou a gola branca de amido para acomodar a nova no
lugar.

Ele chicoteou as pontas finas e largas com facilidade, enquanto


rapidamente amarrava um nó completo de Windsor sem precisar olhar para
um espelho. Ele dobrou a gola de volta no lugar e passou a mão pela gravata,
a ponta apenas roçando a ponta da fivela do cinto. Perfeito.

401
— Uau. Você é outra coisa. — Skylar murmurou alto o suficiente para
Edison ouvir. Ele não teve a chance de entender o que queria dizer com isso
antes de ser puxado pelos braços de Mila. Suas unhas manchadas de leopardo
acariciavam a gravata lisa.

— Skylar, isso é lindo. Oh meu Deus. — Ela sorriu. E se virou para


Edison e os dois se entreolharam, que surpresa agradável, talvez os dois
pensassem a mesma coisa. Skylar virou uma nova folha para sempre?

— Obrigado. — Edison estendeu sua mão para Skylar apertar. Ele


demorou a aceitar o gesto e, quando o fez, deslizou a mão na de Edison como
se estivessem fazendo um acordo obscuro, e apertou a mão devagar.

Skylar apertou a palma da mão.

— Você merece.

Mila terminou a festa e Edison deu a ela o resto da tarde para ir ao jogo
de futebol da sobrinha. O que foi uma coisa boa, porque parecia que ele tinha
feito mais trabalho com o assistente fora do escritório. Edison estava
limpando a mesa as quatro e cinquenta e cinco. Ele nunca deixaria ninguém
vê-lo sair mais cedo, mas não se sentia culpado por sair a tempo. Ele tinha
arrebentado hoje e agora ele queria sua recompensa.

Edison estava todo sorridente quando saiu do prédioàs cinco horas e


cinco minutos. Bishop e Trent estavam de pé ao lado da escada, como se
estivessem esperando por ele. Edison mordeu o lábio inferior ao ver Bishop
em botas de construção sujas, com o macacão meio aberto, apertado
firmemente em volta da cintura. Sua camiseta apertada Stockley Serviço de

402
Paisagismo estava grudada no peito suado e Edison sentiu seu pau engrossar
ao pensar em passar a língua entre os sulcos. Como ele sentiu tanta falta dele
em apenas um dia e meio? Seu corpo precisava tanto de novo.

O som do riso de Trent quebrou o sonho de Edison enquanto ele ficava


lá boquiaberto no topo da escada enquanto outras pessoas se moviam ao seu
redor.

— Seu homem está enlouquecendo, cara.

A cabeça de Bishop ergueu-se para Edison, e foi preciso tudo para não
tropeçar nos pés e cair de cara na escada. Trent riu mais quando Bishop
lhe deu uma cotovelada no peito. Edison chegou ao último degrau sem
ferimentos.

— Ei. — Ele disse sem fôlego.

— Ei, Eddie. — Disse Bishop, sua voz profunda e rouca, como ele amava.
O olhar intenso de Bishop percorreu-o e a virilha de Edison aqueceu em suas
calças. — Você está pronto para ir?

— Sim. Você vai me encontrar em casa?

— Posso tomar banho lá, se você quiser. — Murmurou Bishop.

— Eu quero. — Edison sorriu.

Bishop torceu um lado da boca, estendendo o dedo para acariciar a


gravata. Edison manteve os olhos em Bishop enquanto o comia.

— Você está sexy como o inferno nesta gravata, bebê.

403
Edison sorriu e olhou para o terno, os olhos arregalados de choque
quando percebeu que ainda estava usando a gravata Armani. Atire.

— Na verdade, isso foi...

— Então, você gosta da gravata, hein, garoto do jardim?

Edison fechou os olhos. Não, não, não, não. Isso não está acontecendo.

— Skylar. Estou tendo uma conversa particular...

— Ei, quem diabos você está chamando de menino? — Trent fez uma
careta, aproximando-se dos três. O coração de Edison começou a bater
freneticamente, mas Bishop parecia tão calmo como sempre, quando ele
colocou a mão no peito de Trent, sem tirar os olhos de Skylar.

— Relaxe, T. Está tudo bem. Eu já conheço o acordo com Sky —


Zombou Bishop. — Seus olhos estão tão verdes de ciúmes por uma razão.

O sorriso de Skylar era perturbador antes de se transformar em algo


astuto. Ele concentrou toda sua atenção em Edison e lambeu os lábios finos,
imitando o olhar zombeteiro que Bishop estava lhe dando.

— Devo admitir que estou com um pouco de inveja. Mas minha hora
chegará. — Skylar passou a ponta do dedo pelo centro do peito de Edison, ao
longo da gravata cara. — Fico feliz que seu garoto do gramado goste do
presente que eu te dei, Edison. Como ele disse... Muito sexy.

Edison olhou sem palavras para a parte de trás do corpo alto de Skylar,
enquanto o deixava parado em frente a um Bishop enfurecido.

— Oh droga. — Trent murmurou.

404
Edison estava balançando a cabeça, mas nenhuma palavra estava saindo
de sua boca.

— Eu sei que a porra do meu namorado está aqui na minha frente,


vestindo um presente que outro homem deu a ele. Um presente que você me
deixou elogiar bem na frente dele? — A mandíbula de Bishop estava tão
apertada que Edison achou que poderia quebrar. Bishop tinha todo o direito
de ficar chateado, e agora que ele havia dito dessa maneira, Edison podia ver
como tudo aquilo parecia realmente bagunçado. Ele não deveria ter aceitado
um presente tão caro de Skylar.

— Droga. Tchau, Edison. — Trent murmurou e saiu antes que pudesse


gaguejar qualquer coisa.

O que? Tchau? Por que o adeus de Trent parecia tão permanente?


Edison começou a entrar em pânico. Sua voz estava trêmula quando ele
finalmente conseguiu falar.

— Não é assim, Bishop, eu juro. De modo nenhum. Lembre-se de que eu


lhe disse hoje que é o dia da apreciação do chefe. — Edison sorriu, tentando
aliviar o clima aterrorizante, mas o cenho franzido de Bishop só ficou mais
profundo. — Houve um almoço e...

— Quantos outros presentes você ganhou? ─ Bishop rangeu os dentes,


os punhos cerrados ao lado do corpo enquanto se aproximava o suficiente
para que Edison sentisse o cheiro do suor.

405
Edison não queria responder a essa pergunta. Ele recebeu um presente
coletivo da equipe como sempre. Ninguém fez nada demais... Exceto Skylar. E
ele fez isso por apenas um motivo.

— Eu pensei assim. Somente ele, certo?

— Bishop na...

— E você gostou tanto que teve que colocá-lo imediatamente.

Edison podia sentir seu espírito afundar no concreto quente. A


expressão devastada de Bishop o estava matando. Edison estava balançando a
cabeça tanto que estava olhando para machucar.

— Não. Quero dizer... Coloquei porque todo mundo estava dizendo...

— Espero que tenha gostado da apreciação dele, Edison. Boa noite.

Bishop virou as costas e deixou Edison parado ali, com uma gravata de
duzentos dólares, sem entender o que diabos aconteceu. Ele acabara de
perder o namorado? Edison não podia correr atrás de Bishop, especialmente
quando ele ainda usava o material ofensivo no pescoço. Em vez disso, ele
caminhou rapidamente até o carro e jogou a bolsa de dentro e caiu no banco.
Ele bateu o punho contra o volante, depois virou a agressão na direção da
seda em volta do pescoço. Ele quase se engasgou quando o arrancou da
garganta. Jogou-o no chão e agarrou o volante, tentando se acalmar o
suficiente para voltar para casa. Ele precisava chegar lá para ligar para
Bishop e arrumar toda essa bagunça.

406
Capítulo 41
Bishop

— Mãe da puta, filho da puta! — Bishop gritou, batendo com o punho


no painel enquanto Trent corria pela I-264 em direção a Norfolk, Virgínia.

— B, acalme-se, cara.

— Acalme-se! Acalme-se! Como diabos eu deveria me acalmar quando...


— Bishop segurou o lado de sua cabeça, as batidas lá pareciam que alguém
estava tocando um bumbo contra sua têmpora. — Foda-se.

— Você vai ter enxaqueca. — Trent fez uma careta, agarrando o ombro
de Bishop.

Bishop deu de ombros para o amigo e continuou a bater no interior


irregular do caminhão de trabalho.

— Ok, tudo bem então. Quebre sua mão maldita, veja se isso faz você se
sentir melhor.

Bishop sabia que não, mas nunca em sua vida ele queria destruir algo
tanto quanto queria danificar o rosto presunçoso de Skylar. Cada vez que
fechava os olhos com a dor em sua cabeça, via Edison parado ali naquela bela
gravata, o que provavelmente custaria mais do que ele jamais poderia pagar
enquanto outro homem o tocava. E Edison não tinha feito nada além de ficar
ali.

407
Bishop balançou a cabeça. Ele estava tão irritado que não conseguia
pensar.

— Eu sabia que aquele bastardo iria me dar um tiro eventualmente,


mas... Mas... Merda. — Bishop rosnou. — Eu não achei que ele viria dessa
maneira.

— Então ele conseguiu uma chance barata. — Trent deu um pfft. — E


daí.

— 'E daí'? Ele me jogou como um idiota, cara, você não vê isso? E eu me
apaixonei... Como um idiota!

— Ei! — Trent gritou.

Bishop levantou a mão, parando o discurso habitual de Trent. Seu


estômago revirou e ele sentiu bile subir na garganta, fazendo-o querer
vomitar. Seu melhor amigo e Mike eram as únicas duas pessoas com quem ele
poderia ser real e, se ele não deixasse escapar, sabia que isso o deixaria louco
a noite toda.

— Eu me apaixonei por isso... Porque ele é mais esperto do que eu,


Trent.

— Aff... — Trent rosnou. — Ele não está. A única razão pela qual ele te
sacaneou dessa vez é porque você não estava prestando atenção. Edison está
com a porra de sua boca escancarada, cara. Isso é tudo. Agora você sabe o que
se passa. E estaremos prontos para o rabo sorrateiro da próxima vez.

Bishop balançou a cabeça.

408
— Eu sempre soube o que estava acontecendo. Captei o cheiro daquele
idiota há um mês e não fiz nada sobre isso, Trent. Vi como ele tratava Edison
e a maneira como olhava para ele. Mas pensei que o que eu tinha que dar a
Eddie era suficiente. — Bishop quase quebrou as costas trabalhando dois
empregos, seu emprego diário e depois passando horas todas as noites no
quintal de Edison. Ele estava quase terminando, mas achou que não tinha
sido rápido o suficiente. Ou talvez seu grande projeto não fosse tão
espetacular quanto ele pensava, porque Skylar parecia ter feito um trabalho
fantástico com seu gesto de agradecimento. A gravata combinava
perfeitamente com o namorado. Bishop apertou os punhos doloridos contra
as coxas, sua voz soando seca e quebradiça para seus próprios ouvidos. — Eu
me senti tão estúpido parado ali, T.

— Olha Bishop. Eu admito... Isso foi uma artimanha que aquela vadia
Skylar puxou em você, mas parecia que ele também fez isso com Edison.

Bishop desviou a cabeça da janela, olhando para o lado do rosto de


Trent.

— O que você quer dizer?

— Quero dizer. Edison parecia sem noção. Não sei por que ele pegou a
gravata e a colocou, mas... Nunca vi um cara parecer tão triste, cara. Eu nem
acho que Edison sabe que Skylar está fazendo uma reivindicação para ele. Ou
talvez Skylar não queira seu namorado, e simplesmente não suporta você,
porque alguns homens são apenas assim.

Bishop zombou.

409
— Ah não. Ele definitivamente quer Edison. A maneira como ele o
insulta, brinca com ele, fode com ele, é tudo besteira clássica que caras no
armário fazem. Ele adoraria ter Edison para resolver seus problemas internos.

— Então por que você deixou Edison parado lá sozinho?

Bishop engoliu em seco.

— Eu já te disse.

Trent estacionou a caminhonete na entrada e estacionou.

— Eu me senti um idiota.

Edison

Edison parou em sua garagem. Ele sabia que o caminhão de Bishop não
estaria lá, mas ele estava rezando para que estivesse. Ele juntou as coisas e
correu para dentro com o celular na mão, que continuava procurando ligações
perdidas. Edison tirou a jaqueta e pegou uma garrafa de água da geladeira,
depois sentou-se na mesa do café da manhã. Ele não se deu ao trabalho de
andar pela casa abrindo as janelas, não acendeu nenhuma luz ou música
suave. Ele nem se deu ao trabalho de ir para o quarto para trocar de roupa e
se refrescar. Ele só precisava de alguns momentos para se acalmar primeiro.
Ele sabia que poderia consertar isso. Ele e Bishop tiveram um mal-entendido,
só isso.

Edison bebeu metade da garrafa, sentindo a garganta arranhar como se


estivesse mastigando palha o dia todo. Ele olhou ao redor de sua casa, a

410
solidão já tentando engoli-lo inteiro enquanto pensava em Bishop e no fato de
que ele deveria estar em seu banho agora. Ele ainda pode estar.Edison pegou
o telefone e ligou para ele. Ele prendeu a respiração até quase desmaiar. Não
lhe passou pela cabeça que Bishop não atendesse. Ele sempre respondeu...
Sempre. Ele odiava mandar mensagens. Ele nunca deixou de respondeu à
ligação de Edison, não importa a hora. A mão de Edison tremia quando a
mensagem de correio de voz automatizada começou a tocar em seu ouvido.
Ele colocou o telefone no balcão, imaginando o que diabos ele tinha feito.

Ele ficou lá até sua bunda começar a ficar dormente. Ele não sabia
quanto tempo ele estava olhando pelas portas do pátio para seu lindo quintal
que já estava parecido com os desenhos que Bishop havia lhe mostrado. Havia
pilhas de blocos de concreto ao longo da cerca que haviam sido entregues
para a estação de cozimento embutida. Além de desembrulhar o novo
conjunto do pátio, ligar a fogueira e acender as luzes do teto, Bishop estava
quase pronto. Foi tão bonito. O homem dele era bonito.

Deus, ele queria Bishop lá com ele, ele precisava de seu toque, precisava
ouvir sua voz. Drogaqueria ler para ele enquanto era segurado firmemente em
braços fortes e beijado por toda a parte de trás do pescoço. Os olhos de Edison
lacrimejaram. Ele já havia perdido tudo isso? Ele mal teve a chance de se
divertir. Não, ele não aceitaria isso. Edison ligou novamente. Ele mordeu a
mandíbula enquanto os toques continuavam até chegar ao correio de voz mais
uma vez. Bishop estava tentando descobrir uma maneira de dizer a ele que
acabou?

411
— Por favor, responda Bishop. Por favor. — Edison esfregou a palma da
mão sobre os lábios secos. Ele discou o que parecia ser a décima vez e, quando
a caixa postal atendeu, ele deixou uma mensagem. Ele teve que pigarrear
algumas vezes antes que suas palavras soassem meio inteligíveis. — Hum. Eu
estava ligando para explicar o que aconteceu. Espero que você não esteja
realmente bravo. — Edison revirou os olhos. Isso foi idiota. É claro que
Bishop estava bravo, se não estivesse, estaria lá. Deus, o que ele poderia
dizer? Ele deveria ter praticado primeiro. — Não... Quero dizer, eu sei que
você esta puto, mas...— A voz de Edison falhou. — Eu realmente sinto muito.
Mas eu posso explicar se você acabou de vir. Você pode responder quando
eu...

O correio de voz o interrompeu antes que ele pudesse terminar.

— Droga! — Edison gritou, terminando a ligação. Ele enfiou os


polegares nas órbitas oculares, tentando aliviar a tensão que crescia atrás
deles. Ele estava tão exausto que mal conseguia ver direito. O que não
importava muito porque ele estava sentado em sua cozinha escura por horas.
Ele esperou e esperou uma ligação de Bishop, mas nunca chegou.

Seu estômago começou a roncar por volta das nove horas e ele sabia que
precisava fazer alguma coisa além de ficar sentado em silêncio para se
esquecer do fato de que ele poderia ter acabado de levar um fora. Mas ele não
queria cozinhar. Por que, quando ele não estava mais acostumado a comer
sozinho? Ele não queria ler porque gostava mais de seus livros quando
tinha Bishop para lê-los. Limpar o kit de tosa não era suficiente, porque ele

412
com certeza começaria a pensar em seu pai se o fizesse. Edison passou a mão
trêmula sobre a boca. Por que era tão difícil manter os homens com quem ele
se importava em sua vida? Levantou-se e foi até o armário sobre o fogão e
pegou a garrafa de Jack Daniels que ele mantinha lá nas raras visitas que seu
tio fez em sua casa.

Com um copo de gelo e a garrafa de uísque, Edison se sentou no sofá da


sala, optando por manter as luzes baixas, já que sua cabeça estava doendo por
trás dos olhos inchados. Provavelmente o álcool não ajudaria, mas Edison não
sabia mais o que fazer. Ele só queria dormir. Ele só queria que esse dia
terminasse. Ele não tinha amigos para ligar e conversar. Seu tio só
resmungava com ele por aceitar a maldita gravata em primeiro lugar... O que
era estúpido, estúpido, estúpido. Por que eu fiz isso? E checou o telefone.

Nada.

Edison se serviu de um copo cheio, imaginando que estaria desmaiado


quando terminasse metade disso. Ele colocou o copo na boca, o cheiro forte
picando seu nariz. Ele prendeu a respiração e tomou um grande gole,
engolindo-o rapidamente para que não permanecesse em seu paladar. Ele não
era um bebedor, nem mesmo uma cerveja enquanto assistia a um jogo, então
tinha a sensação de que isso poderia ser um erro.

Edison sibilou por entre os dentes cerrados quando o líquido frio


queimou o peito, depois se estabeleceu na boca do estômago vazio como lava.
Como as pessoas bebem isso o tempo todo? Edison tossiu e depois tomou
outro gole ainda maior.

413
— Eca. Puxa. — Ok, ele imaginou que tinha que ser suficiente para
nocauteá-lo. Ele esperava que sim, porque não achava que poderia aguentar
mais.

Edison colocou o copo ao lado dele, só por precaução, e esperou que


algum tipo de sentimento o atingisse. Enquanto seu estômago revirava infeliz,
ele tirou a bolsa do lugar onde a jogara no sofá e a colocou a seus pés. Ele
estava prestes a se deitar quando o material prateado da gravata Armani
pendurada na lateral da bolsa chamou sua atenção. Edison tirou-o da bolsa,
fazendo uma careta como se tivesse feito algo pessoalmente. Ele odiava isso
agora. Era a maldita gravata mais feia que existia. Edison agarrou o tecido
macio em suas mãos, querendo rasgá-lo em pedaços. Os olhos dele se
arregalaram. Isso é boa ideia.

Edison levantou-se e balançou em pé, tendo que se apoiar nas costas do


sofá para limpar a cabeça da tontura. Ele balançou a cabeça, sentindo os
membros pesados enquanto se arrastava em direção a sua mesa na parede
curta da sala de estar. Não havia nada perto de sua mesa executiva em seu
escritório, era apenas uma unidade de esquina para guardar seus poucos
livros de referência, material de escritório, impressora e seu único
computador de mesa que ele nunca usava. Ele sempre se sentava à mesa de
jantar e trabalhava no laptop para poder olhar para fora, mas o triturador
estava embaixo da mesa. Ele sentou na cadeira e ligou a máquina. Antes que
ele começasse a alimentar o interior, um pensamento surgiu em sua mente
confusa, e ele esperava que fosse bom. Mas se não fosse, ele imaginou que
aprenderia pela manhã.

414
Capítulo 42
Bishop

— Se você fosse esse manozinho distraído, deveria ter respondido uma


de suas ligações. — Resmungou Mike ao seu lado. Seu pai estava dando a ele
outra lição sobre laptop e discussões sobre as maravilhas da tecnologia
moderna, mas a mente de Bishop continuava à deriva. Sem mencionar que ele
não parou de beber desde que terminou seu jantar de baixa qualidade com
asas de frango cozidas demais e macarrão mole.

Bishop bebeu o resto de sua quarta cerveja e depois se levantou para


pegar outra quando uma palma pesada segurou seu ombro. Ele grunhiu
quando seu pai o jogou de volta na cadeira.

— Já chega. — Mike rosnou. — Você vai se afogar naquelas malditas


garrafas ou vai se foder e ligar de volta?

Bishop deixou cair à cabeça nas mãos. Cada vez que seu telefone vibrava
sobre a mesa, parecia uma bala no coração. Ele só podia imaginar como
Edison estava se sentindo, pois sabia que Bishop o estava ignorando de
propósito. Mas isso não impediu que Eddie tentasse repetidamente.
Bishop simplesmente não sabia o que dizer. Ele pegou o celular, querendo ir
ao banheiro e ouvir o correio de voz novamente, mas ele sabia que ele era tão
profundo quanto quando ouvira pela primeira vez.

415
— Pensei que você tivesse dito que ele era diferente. — Disse Mike,
fechando o laptop.

— Ele é... — Bishop retrucou.

— Então por que ele estava deixando aquele outro cara tocá-lo? — Mike
inclinou a cabeça para o lado, desafiando-o.

Bishop apertou a mandíbula.

— Ele não... Porque ele...

— Porque Edison não é o cigarro mais esperto do pacote, é por isso.


Aquela vadia do céu enganou os dois.

— Cale a boca, Trent! Antes de eu chegar lá e dar-lhe uma merda. —


Bishop latiu para Trent, onde ele estava reclinado na cadeira na sala de estar
com o controle do Playstation nas mãos.

— É verdade, é tudo o que estou dizendo. — Murmurou Trent.

— Apenas cale a boca e jogue seu maldito jogo. Não estou recebendo
conselhos de alguém recentemente solteiro. — Bishop amaldiçoou. Em épocas
como essa Trent parecia um irmão mais novo irritante, em vez de seu melhor
amigo.

— Bem.

Mike acenou com a mão para Trent.

— Ignore-o. Ele está bravo por estar de volta no sofá novamente.

— Por escolha. — Trent falou rapidamente.

416
— Ninguém quer deixar a cama de uma mulher e dormir onde outro
homem senta sua bunda nua por opção. — Brincou Mike.

Bishop riu quando Trent parou o jogo e fez uma careta para os dois.

— Oh, vamos lá, cara. Não me diga que você ainda está fazendo essa
merda, Mike.

Bishop riu ainda mais.

Mike assentiu lentamente, um sorriso malicioso se formando em seu


rosto.

— Somente quando está muito quente e minha bunda fica suada.

— Foda-se, cara. — Trent fez uma careta. — Espero que vocês tenham
alguns lençóis limpos por aqui.

Bishop ainda estava ouvindo seu pai e Trent indo e voltando quando seu
telefone tocou com outra notificação. Foi uma mensagem de vídeo. Bishop se
levantou e bateu no antebraço com o do pai.

— Tudo bem, cara. Estou fora.

— Eu te amo. Vejo você de manhã. — Mike bocejou e disse de costas: —


Boa sorte em sua orientação amanhã.

— Sim. — Bishop parou no caminho pelo corredor. — Trentestarei


pronto às sete e meia. Não me atrase.

— Eu sei, eu sei. — Trent zumbiu. Você já me disse duas vezes. Parar de


me chatear... Eu não sou Edison.

417
— Foda-se. — Bishop mordeu de volta.

— Apenas entre no seu quarto e termine de chorar por isso, seu maldito
bebê.

Bishop bateu a porta. Se Trent queria lençóis limpos, sabia onde


consegui-los. Bishop estava cansado, ele precisava dormir. Ele tirou tudo,
exceto a cueca, desligou a única lâmpada e foi para a cama, sentindo-se lento
devido às inúmeras cervejas. Pelo menos ele tinha o dia inteiro de folga
amanhã para fazer a merda da escola. Ele pretendia conversar com Edison
sobre suas novas obrigações na noite de terça-feira, depois que jantaram e de
namoraram... Mas, obviamente, isso não deu certo.

Depois que Bishop foi resolvido, ele acendeu a tela e clicou no botão
play na mensagem de vídeo. Sua respiração ficou presa na garganta ao ver
Edison sentado em sua sala de estar, em sua pequena mesa com a cabeça
apoiada nas mãos. O telefone parecia como se estivesse apoiado em alguma
coisa, já que Bishop era capaz de ver as duas mãos de Edison enquanto as
tecia pelos cabelos bagunçados. Foda-se. Seus olhos estavam inchados e
vermelhos, combinando com as bochechas, e Bishop notou que Edison ainda
estava de terno às onze e meia da noite. Isso não era nada dele.

— Tentei te chamar de Bishop, mas você não me respondeu. Também


deixei uma mensagem para você... Eu... Não sei se você ouviu. — Edison
mordeu o lábio inferior quando começou a tremer.

Oh droga. Bishop sabia que este vídeo iria estripá-lo. Ele já queria
engolir seu orgulho ferido e ligar agora mesmo para pedir perdão a Edison

418
por se afastar e depois ignorá-lo metade da noite. A voz de Edison era baixa e
rouca... E um pouco arrastada. Bishop apertou os olhos e aproximou a tela.

— Você está bêbado, bebê? — Bishop sussurrou, balançando a cabeça.


Ele também sabia que Edison não bebia. Ele imaginou que os dois tivessem a
mesma ideia hoje à noite para aliviar a dor.

— Não te enviei uma mensagem porque sei que você odeia aqueles... E...
E o correio de voz me cortou. ─ Edison enfiou os punhos nas órbitas com
tanta força que parecia doloroso. Quando ele abaixou as mãos, Bishop notou
que os olhos de Edison estavam brilhando, mas ele nunca viu lágrimas
caírem. — Então, pensei em fazer um vídeo para poder explicar. Eu só queria
uma chance de enviar um ok?

Edison se sentou mais reto e Bishop viu que sua camisa branca estava
torcida e tinha algumas manchas marrons claras no centro.

— Hoje foi o dia da apreciação do chefe. — Edison ergueu os olhos para


cima, como se estivesse pensando, e continuou tristemente: — Eu odeio esse
maldito dia. Sempre tem. Porque ninguém no meu escritório gosta de mim.
Não podem me suportar, na verdade. Eles acham que eu sou chato e...

Bishop engoliu em seco pelo desconforto ao ver Edison dessa maneira.

— E de qualquer maneira, Mila, minha assistente meio que força todos a


participar. — Edison puxou seus cabelos, sua voz soando distante como se ele
estivesse falando consigo mesmo e não com Bishop. — Mas, Skylar colocou
isso em mim, um ótimo exemplo e um bom mentor e líder. E eu merecia mais
do que um mísero cartão de felicitações da equipe. Todo mundo estava

419
comendo as palavras de seu pequeno discurso. E hum... Acho que sim
também. Eu deveria ter pensado melhor, porque Skylar nunca fez isso antes...
Mas... Mas acho que queria acreditar que talvez alguns deles pensassem assim
sobre mim. — Edison riu sem humor: — Eu deveria saber que era tudo uma
brincadeira. Skylar me odeia e quer minha posição, e eu gostaria de descobrir
esse jogo estranho que ele está jogando, porque então eu não iria... Não vou
me apaixonar por sua porcaria.

Edison enxugou o rosto.

— Eu prometo. Vou ameaçar Skylar a menos de um centímetro da vida


dele amanhã. E nunca vou tirar nada de... ─ Edison parou, depois voltou
atrás. — Não, eu só estou ficando longe dele. Ok, Bishop. Se é isso que você
quer que eu faça.

Ele odiava como os olhos brilhantes de Edison tinham ficado... Por


causa dele.

— Eu não quero nada dele, ok. Eu só quero ser seu namorado. Não vou
estragar de novo.

— Foda-se. — Bishop gemeu. Trent estava certo. Edison tinha sido


enganado também, mas o que piorou foi que Skylar fez Edison duvidar que
ele era um grande chefe. Na cabeça de Edison, os motivos de Skylar não
tinham nada a ver com a óbvia atração reprimida do homem por ele, mas
tudo sobre constrangê-lo no trabalho e querer seu título. Edison ainda não
conseguia entender o fato de que Skylar o queria tanto que ele estava agindo
como um idiota para tentar chamar sua atenção. Como um maldito juvenil.

420
— É assim que eu me sinto sobre essa... Maldita gravata, querido. —
Disse Edison entre dentes.

Bishop sorriu ao ouvir a primeira maldição de Edison... E seu primeiro


termo carinhoso para ele. Querido. Ele observou enquanto segurava a linda
gravata e lentamente começou a abaixar o braço. A princípio, Bishop não
tinha ideia do que estava fazendo, depois ouviu um zumbido alto e percebeu o
que estava acontecendo. A melhor parte de toda a cena não foi que Edison
estava destruindo a gravata, mas que ele tinha uma verdadeira satisfação no
rosto depois que deixou a ponta desaparecer.

Edison pegou o telefone.

— Sinto muito, Bishop. Vejo você amanhã. — Foi à última coisa


que Bishop ouviu antes de Edison desconectar.

421
Capítulo 43
Edison

— Edison, você quer outro café? — Mila perguntou gentilmente do lado


de dentro de sua porta.

Edison esfregou a pulsação em sua têmpora esquerda. Ele chegou ao


trabalho uma hora mais cedo na esperança de falar com Bishop, apenas para
descobrir que tinha tirado o dia de folga. Edison não tinha sido capaz de
dormir mais de algumas horas na noite passada depois de desmaiar por volta
de uma da manhã, então levou mais tempo do que o habitual para se
apresentar hoje. Ele acordou no sofá com uma dor de cabeça penetrante e o
pior gosto em sua boca que ele jamais imaginou. Pior do que quando ele
comeu um pedaço ruim de tamboril8.

— Não, Mila. Obrigado. Eu realmente quero ser deixado sozinho hoje,


está bem? Desvie qualquer coisa que precise da minha atenção da melhor
maneira possível, por favor.

— Claro. — Disse ela, continuando a dar-lhe um olhar triste.

— O quê? — Edison gemeu.

— Você... Eseu cara brigaram ou algo assim? — Mila perguntou


suavemente.
8
Tamboril, tambaril é o nome vulgar dos peixes lophiiformes pertencentes aos géneros Lophius e Lophiodes. O tamboril é um peixe bentónico, que
vive junto do fundo, que pode ser encontrado desde a zona de maré até aos 600 metros de profundidade.

422
— Não... — Edison franziu a testa. — Bem, sim... Mais ou menos. Mas
tudo bem. Estamos bem. ─ Edison sabia que ele parecia um bufão tagarelado
recentemente, mas não tinha paciência para esclarecer ou entrar em detalhes.
— Mimi. Por favor. Conversaremos em breve, ok?

— Ok, claro. — Disse ela. — Ah, e você pediu para ser notificado quando
Skylar estivesse em seu escritório.

— Sim. — Edison levantou a cabeça.

— Ele está aqui. Há algo que você quer que eu lide com você? — Ela
perguntou.

— Não! — Edison quase rosnou, e a expressão de Mila mudou para


choque e depois confusão. Mais uma vez, ele não estava interessado em se
explicar. — Eu vou cuidar disso sozinho.

Edison pegou a sacola plástica de Wegman da mesa e seguiu pelo


corredor até o escritório de Skylar, ao lado do advogado Maroko. Ele viu a
secretária peituda de Skylar levantar a cabeça do cubículo, mas acenou para
ela se sentar. Ele bateu duas vezes na porta fechada de Skylar e entrou sem
esperar que ele dissesse entrar. O escritório de Skylar era rígido e
monocromático, com sua grande mesa de vidro e todos os móveis pretos.
Edison sentiu como se estivesse fechado em um mausoléu.

Skylar estava sentado em sua mesa com uma caneca de café fumegante
na frente dele, lendo o jornal e comendo uma barra de proteínas. Quando viu
que era ele, um sorriso lento se espalhou por seu rosto. Aquele que Skylar

423
pensou fazia todas as mulheres caírem a seus pés. Edison queria atirar o
grampeador do homem nele.

— E a que devo o prazer, chefe? — Perguntou Skylar, parecendo injetar


o máximo de fascínio em sua voz possível.

— Corte essa porcaria. — Respondeu Edison.

Skylar torceu um lado da boca como se estivesse ainda mais intrigado


com a ira de Edison. Seu olhar percorreu o traje cinza Calvin Klein de Edison
e depois voltou ao peito. Skylar deixou cair à mão no colo e lambeu os lábios.

O que…? Edison franziu a testa, não confiando em nada que Skylar fez
ou disse. Ele aprendeu sua lição para sempre.

— Você sabe... A gravata Armani que eu dei a você também combinaria


muito bem com esse terno. — Skylar olhou para ele, pensativo, colocando os
dedos longos na frente do rosto. — Você é um homem com um gosto
impecável, Edison.

— Eu não poderia me importar menos com o que você pensa do meu


gosto. E aqui está o que penso da sua gravata. ─ Edison virou a bolsa de
cabeça para baixo e jogou a gravata desfiada por toda a mesa limpa. Ele não
parou por aí, embora estivesse gostando da expressão horrorizada que
contorcia o rosto de Skylar. Edison tirou duzentas e cinquenta notas de dólar
da carteira e a jogou em cima da pilha de lixo. — Agora. Você não pode dizer
que já me deu uma coisa.

Skylar revirou os olhos.

424
— Porque você sendo tão dramático?

— Você deve ser um chacal de duas facadas nas costas?

— Meus ouvidos estão queimando com esses nomes duros, Edison. Meu
Deus, você é tão quadrado... Nem sei por que me preocupo. ─ Skylar pegou as
notas. — Esse presente foi duzentos e oitenta e sete na Macy's.

— Então você pagou demais, idiota. — Edison terminou essa conversa


e, acima de tudo, terminou com Skylar. — Este é seu último aviso, Skylar.

— Ou o quê? — Skylar se inclinou sobre a mesa, olhando


desafiadoramente.

— Você está criando um ambiente de trabalho desconfortável para mim


e interrompendo a produção do meu departamento. Vou dizer a Presley
Alfred que tem que ser eu... — Edison se inclinou para combinar com a
intimidação de Skylar. — Ou você. Agora, quem você acha que ela vai
escolher?

Skylar fechou a boca com força e recostou-se na cadeira.

— Eu pensei que sim. — Disse Edison antes de se virar e sair pela porta,
fechando-a com força atrás dele.

Ele fez a curta caminhada de volta ao seu escritório e trancou a porta.


Tudo o que ele queria agora era ir para casa, tomar uma garrafa de aspirina,
beber um galão de água e ir para a cama.

425
Edison soltou o maior suspiro de alívio em sua vida quando viu o
caminhão de Bishop na calçada quando chegou em casa às sete e meia. Ele
queria sair mais cedo, mas um homem poderia sonhar. Ele ficou sentado no
carro por alguns segundos, afrouxando a gravata, finalmente capaz de
respirar. Era como se ele estivesse prendendo a respiração por dias. Edison
não passou pelo portão dos fundos; em vez disso, ele destrancou a porta da
frente e entrou para deixar cair à bolsa e remover a jaqueta. Ele pensou por
um momento que talvez devesse começar a deixar uma chave embaixo do
tapete para Bishop em momentos como esse, mas guardou esse pensamento
para mais tarde. Ele se sentiu nervoso quando puxou as persianas verticais
para o lado e viu a forma rígida de Bishop em pé na frente do salgueiro-
chorão no outro extremo do quintal. Ele parecia tão grande e imponente por
trás de suas botas, jeans azul escuro e camiseta preta. Não chamativo, pelo
menos, mas a estatura sombria e sombria de Bishop exigia atenção.

Edison abriu a fechadura e saiu para o ar quente da noite. Sua


respiração ficou difícil quando Bishop não se virou. Edison continuou a
abordá-lo por trás, certo de que Bishop o ouvira abrir e fechar a porta do
pátio. Ele se arriscou e passou os braços pela cintura de Bishop e pressionou a
bochecha na base do pescoço. Os cabelos curtos de Bishop fizeram cócegas em
sua testa quando ele se inclinou para pressionar um pequeno beijo ali.

Bishop finalmente relaxou e se apoiou no peito de Edison, e pensou que


iria chorar enquanto segurava Bishop mais apertado. Por um momento, ele
pensou que tinha perdido isso. Nenhum dos dois disse nada, e Edison não
achou que eles precisavam. Ele divulgou tudo no vídeo ontem à noite - suas

426
inseguranças, seus desejos reais e suas promessas. Bishop estar em sua casa
tinha que significar que ele havia aceitado.

Ele se afastou e agarrou o ombro de Bishop, pedindo que ele


o encarasse, precisando ver seus olhos expressivos. Bishop girou lentamente,
suas grandes mãos subindo e segurando as duas bochechas de Edison. Ele
colocou a mão sobre a pele quente de Bishop e não pôde deixar de girar e dar
um beijo no centro da palma da mão áspera. Ele ouviu a inspiração aguda
de Bishop e inclinou a cabeça para trás, implorando pela boca dele. Fazia dias,
muito tempo desde que ele foi banqueteado. E como se Bishop pudesse sentir
o que queria, ele abaixou a cabeça e pressionou os lábios nos dele.

Edison gemeu, sua boca se abriu e Bishop aproveitou ao máximo sua


fraqueza. Ele agarrou a cintura de Bishop, puxando sua parte inferior do
corpo para mais perto. O grunhido que encheu a boca de Edison o fez
estremecer, apesar das gotas de suor se formando em sua testa. A língua
de Bishop era quente e exigia todo o sabor de Edison, e ele ficou mais do que
feliz em compartilhá-lo.

Bishop foi o primeiro a sair para respirar, mas Edison não o deixou se
mexer, enquanto beijava sua garganta e mandíbula. Mãos firmes correram
para cima e para baixo nas costas dele antes de ser puxado para um abraço
apertado. Bishop aproximou a cabeça e o abraçou como se Edison tivesse
acabado de voltar de uma missão. Ele se perguntou se Bishop teria ficado tão
chateado quanto na noite anterior. Ele não perguntoupor que não queria mais
insistir nisso. Nunca mais ele deixaria alguém ficar entre eles. Quando uma

427
das mãos de Bishop roçou sua bunda e o apertou através da calça, ele
imediatamente quis compensar o que havia perdido na noite passada.

— Entre. — Edison respirou. Ele pegou a mão de Bishop e o levou para


dentro de casa, passou pela sala de jantar, pelo corredor e direto para o
quarto.

Eles caíram na cama nos braços um do outro, seus membros


entrelaçados e trancados. Edison arqueou ao sentir os músculos de
Bishop pressionando-o, empurrando-o mais profundamente em seu colchão.

— Senti tanto a sua falta ontem à noite. Por que você não me
respondeu?

Bishop fechou os olhos com força e os abriu lentamente. Ele acariciou o


lado raspado da cabeça de Edison, depois tocou suas testas juntas.

— Eu sei. Eu também senti sua falta, querido.

Edison puxou a camiseta de Bishop por cima da cabeça para poder tocar
sua pele nua. O grande corpo de Bishop tremeu em cima dele, e uma pressa
que Edison não podia acreditar inundou seu corpo que ele tinha sido o único
a fazer Bishop sentir isso. Ele deitou as mãos contra os músculos firmes
nas costas de Bishop e esfregou em todos os lugares que podia alcançar.

— Meu orgulho é grande demais para eu engolir algumas vezes, Eddie.

— Está tudo bem. — Edison sussurrou.

— Não, não é. Foi infantil. — Bishop beijou Edison profundamente. —


Me perdoe também.

428
Edison assentiu; suas emoções tentando tirar o melhor dele. Bishop não
tinha nada para se desculpar. Surpreendentemente, Bishop foi quem estava
com o ex-namorado frio, mas foi Edison quem trouxe drama para o
relacionamento deles. Bishop era o verdadeiro negócio o tipo de homem
maduro que Edison estava esperando. Não era um dos millennials
autodidatas e incapazes de se comunicar que ele namorou, essa era sua
geração. Agora ele faria tudo o que havia aprendido para manter Bishop feliz.

Edison começaria a se lembrar de mais receitas que sua tia Carlota lhe
mostrara que eram uma maneira segura de garantir um homem ou pelo
menos ela sempre dizia. Ele estava se lembrando das lições que seu pai lhe
ensinou sobre ser um bom cônjuge, e até mesmo alguns dos ensinamentos
dos velhos chefes que ele havia criado na barbearia. Edison seria tudo o
que Bishop precisava em um namorado e, em troca, esperava que Bishop
devolvesse o carinho dez vezes.

Edison abriu as pernas, tentando aliviar a dor quando seu pau tentou
irromper pelo zíper. Ele levantou os quadris, procurando um pau muito
necessário para esfregar.

— Porra, Eddie. — Bishop assobiou quando seus galos roçaram um no


outro. — Eu quero minha boca em cima de você.

Edison mordeu o lábio para parar o grito embaraçoso que tentava


escapar, mas Deus era tão bom. As palavras maliciosas de Bishop em seu
ouvido e seu corpo pesado em cima dele já o faziam sentir como se ele fosse

429
gozar. Ele não estava mais preocupado com sua resistência e não durava,
porque Bishop geralmente estava logo atrás dele, mal se segurando.

Bishop ficou de joelhos e, depois de observar Edison por vários


segundos, ele finalmente começou a despi-lo.

— Você esta bonito hoje. — Disse Bishop enquanto desabotoava o cinto


de Edison e começava a afrouxar as calças nas pernas. Edison se contorceu
querendo que Bishop fosse mais rápido. Seu pênis estava pingando em sua
cuecaquando Bishop os tirou também. Ele podia sentir muito barulho na
cama e imaginou que Bishop estava tirando as botas e as calças enquanto
acariciava as pernas de Edison e as costas de suas coxas. Ele sacudiu com
antecipação ansiosa quando Bishop amassou a bunda, as pontas dos dedos se
aproximando do vinco e abrindo-o. — Você é tão suave por toda parte.

Edison não conseguiu parar de lamentar quando Bishop chupou com


força sua parte interna da coxa, sua barba desalinhada roçando seu pau duro.
Ele teve que agarrar a base de seu pênis quando pensou que iria gozar. Ele
estava se sentindo delirante pela necessidade. Seus quadris começaram a se
mover e empurrar, e pouco que ele poderia fazer para detê-lo. Ele segurou a
parte de trás da cabeça de Bishop, onde estava aninhada entre as coxas, e o
segurou imóvel enquanto esfregava o eixo contra a aspereza da mandíbula.
Era lascivo e sem vergonha, sim, mas era apenas a mordida de estímulo que
Edison precisava. Ele tremia, com a mão em volta da base, nem precisando se
levantar enquanto pulsava uma e outra vez.

430
— Você tem um gosto tão bom, Eddie. — Bishop respirou, lambendo as
bolas de Edison pouco antes de ele tirar o pênis de suas mãos e engoli-lo.

— Ahhh! — Edison gritou os braços voando para os lados, como se


estivesse se rendendo ao senhor. Era tão maravilhoso que ele não sabia o que
fazer. Como ele passou vinte e seis anos sem isso? E, não era apenas sexual
com Bishop, porque Edison já tinha homens tocando seu corpo antes. Mas
ninguém realmente o alcançou, a parte mais profunda dele que se conectava
com seu coração e alma. Bishop engoliu de volta seu pau, depois esvaziou as
bochechas e puxou até que apenas a cabeça estivesse descansando em sua
língua.

— Estou... Estou perto. — Admitiu Edison.

— Eu quero que você foda minha boca, Eddie, e desça pela minha
garganta. — Bishop apertou a bunda de Edison e empurrou seus quadris para
cima, empurrando seu pau mais profundo dentro da boca quente.

Os olhos de Edison rolaram. Enquanto seu corpo tremia violentamente,


ele acreditava que já estava com orgasmo a caminho. Tudo começou a partir
do momento em que Bishop mordiscou e chupou a carne de sua coxa como se
fosse uma costela. Sua cabeça inclinou-se para o lado quando ondas de prazer
subiram e ameaçaram afogá-lo. Suas bolas puxaram confortavelmente para
seu corpo e seu pênis explodiu na boca quente de Bishop quando ele nivelou
aqueles olhos escuros nele, pedindo que gozasse.

Edison tentou aguentar o máximo que pode adiar o prazer pelo maior
tempo possível, mas foi uma batalha perdida. Bishop era sexy demais para

431
resistir. No momento em que um dígito grosso roçou seu buraco, ele
empurrou Bishop, mas não parou quando soltou tudo o que seu homem havia
pedido. As vibrações ao redor de sua base o fizeram estremecer e apertar os
músculos do estômago enquanto ele disparava várias vezes na garganta
de Bishop.

Rosnados profundos, guturais e satisfeitos encheram seu quarto


quando Bishop o soltou e subiu seu corpo flexível. Ele montou os quadris de
Edison entre suas coxas poderosas, com sua ereção espessa em seu punho.

— Oh meu Deus. — Edison respirou, tentando não desmaiar da vista


diante dele.

432
Capítulo 44
Bishop

O sabor de Edison era delicioso em sua língua e ele não resistiu a


inclinar-se e compartilhar com ele. Edison abriu a boca tão obedientemente,
assim como ele fez com as pernas, e Bishop enfiou a língua dentro. Ele gemeu
alto com o primeiro par de puxões em seu pau. Ele nem iria durar tanto
quanto Edison, porque ele quase gozou quando Eddie o amordaçou com seu
pau gordo. Ele pegou a mão de Edison e colocou-a sobre o saco, que pendia
pesado e cheio entre as pernas.

As pálpebras de Edison se agitaram quando ele fez o que Bishop queria


sua mão macia massageando-o timidamente no início, antes de ganhar
confiança, quando Bishop mais alto gemeu.

— Foda-se, sim, assim. Esprema bebê. — Bishop exigiu, puxando mais


difícil na cabeça sensível.

Olhar para a carne imaculada de Edison enviou solavancos de energia


através de seu corpo, fazendo com que ele se dobrasse. Ele apoiou a palma da
mão ao lado da cabeça de Edison e se inclinou para lamber aqueles lábios cor
de pêssego.

— Ahn, você vai me fazer gozar. Você é tão lindo, Eddie.

433
Edison se apoiou em um cotovelo e deixou Bishop assolar sua boca,
choramingando tão lindamente para ele enquanto massageava suas bolas
mais rapidamente.

— Vamos lá. — Edison sussurrou seu rosto corando.

Sempre que Edison encontrava a coragem de dizer o que queria


de Bishop, fazia sua cabeça girar e seu corpo girar fora de controle.

— Eddie. — Bishop grunhiu e empurrou seu pau em seu punho


apertado. Ele gozou com tanta força na primeira vez que pousou na base da
garganta de Edison, fazendo seus olhos castanhos se abrirem mais. O bíceps
de Bishop flexionou, apertando sua bunda com cada surto que se derramava
no estômago de Edison. Ele permaneceu nessa posição por um momento até
conseguir desacelerar a respiração.

Antes que ele pudesse pensar duas vezes, ele passou a mão pelo
esperma e espalhou por todo o peito liso de Edison. Ele subiu e desceu
rapidamente sob seu toque agressivo quando os olhos de Edison começaram a
brilhar. A mão de Bishop estava escorregadia quando ele a colocou entre os
peitorais de Edison até que ela foi enrolada em sua garganta. Ele o segurou
gentilmente, mas sua mensagem era clara. Bishop colocou todo o seu peso em
Edison, cobrindo-o da cabeça aos pés e colocando a boca sobre a dele.

— Você é meu. Ele não pode ter você, Eddie.

Edison não precisou falar porque Bishop foi capaz de ler todas as
emoções, todos os sentimentos que brilhavam através dos olhos do quarto.
Edison não queria mais ninguém. Na verdade, ele queria tanto de Bishop que

434
a pressão quase o consumiu. Edison precisava que ele fosse tudo... Um amigo,
um parceiro, um amante. Alguém que o estimava e o tratava da mesma
maneira que ele tratava todos os outros. Edison agraciou as pessoas com sua
bondade, generosidade e boa culinária... Mas ele nunca recebeu nada em
troca. Edison estava tão faminto quanto Bishop, se não mais, para alguém
para amá-lo de volta.

Eles começaram a se beijar e moer um contra o outro, nem parecendo


preocupados com a viscosidade entre eles. Edison levantou uma das pernas
mais alto no quadril de Bishop, fazendo com que seu pau ainda meio duro
deslizasse sob as bolas de Edison. Ele se mexeu e empurrou contra ele,
fazendo os dois congelarem quando sua cabeça pressionou contra o buraco
apertado de Edison. Bishop estremeceu com o pensamento de sacudir a
bunda virgem de Eddie agora. Ele sabia que seria mais apertado do que
jamais imaginara e tinha certeza de que perderia a cabeça.

Edison ofegou em sua boca quando Bishop se aproximou. Oh merda, ele


é tão apertado.

— Sim, por favor. — A voz de Edison era grossa com sua luxúria, seu
pedido beirando um soluço. — Estou pronto.

Bishop segurou Edison com força, lutando pela sanidade enquanto


lutava para não empurrar mais. Bishop rosnou quando Edison balançou os
quadris para cima, gritando em êxtase quando sua cabeça pressionou mais.
Ele enterrou o rosto no pescoço de Edison, beijando-o suavemente enquanto
acalmava a tempestade que se alastrava entre eles. Ele apertou as mãos na

435
bunda de Edison e massageou os montes macios, sabendo que ele estaria
naquele paraíso em breve... Mas não hoje. Bishop mordeu o lóbulo da orelha
de Edison.

— Ainda não, querido.

Os olhos de Edison já estavam fechados, mas uma carranca começou a


enrugar sua testa lisa.

Bishop não queria que Edison pensasse por um minuto que ele não
queria tudo dele.

— Vou receber meus resultados da clínica em algumas semanas.

— Eu confio em você. — Edison respirou.

Bishop acalmou os quadris implacáveis de Edison, sua força de vontade


diminuindo. Essas eram palavras muito importantes que Edison acabara de
sussurrar em seu ouvido e era vital que Bishop não as violasse.

— Eu confio em você também. E eu quero fazer isso direito. Quero


esperar até que eu possa mostrar os resultados. Enquanto isso podemos fazer
ummonte de outras coisas. Bishop embalou o rosto de Edison, olhando-o nos
olhos. — Porque eu não vou a lugar nenhum.

Bishop piscou para afastar a grogue em sua cabeça quando ele acordou
completamente. Estava escuro como breu a sala e um peso quente e sólido
estava meio deitado sobre seu peito. Roncos leves chegaram aos seus ouvidos
e, antes que ele percebesse, Bishop sorriu. Um sorriso cheio de orelha a orelha

436
que alcançou seu coração. Ele passou as pontas dos dedos sobre o ombro nu
de Edison, não querendo acordá-lo. Ele não sabia que horas eram e não se
importava. Ele ficou lá no escuro e pensou em como tinha quase estragado
uma segunda vez com Edison. Três merdas grave e estaria fora. Bishop viu a
devastação que ele havia causado ao não atender as ligações de Edison a noite
toda. Independentemente de quem estivera certo ou errado, ele não deveria
ter deixado seu orgulho vencer. Era veneno em um relacionamento... Wood
disse isso a ele.

Edison se mexeu, sua coxa roçando as bolas de Bishop. Ele mordeu a


mandíbula para não grunhir. Ele precisava acordar Edison porque ele não
seria capaz de negar Edison duas vezes em uma noite. Bishop virou-os até
ficarem de lado e os olhos de Edison se abriram lentamente.

— Ei, dorminhoco. — Bishop beijou sua têmpora.

— Humm. Desculpa. Eu estava exausto. — Edison se curvou ao redor


dele, como se ele não estivesse pronto para se mover. — Não dormi muito
ontem à noite.

Uma nova onda de culpa tomou conta de Bishop quando ele esfregou as
costas de Edison.

— Estou morrendo de fome. — Bishop disse. — Você quer algo para


comer?

Edison assentiu seu estômago roncando bem na hora.

437
— Eu não posso mentir e dizer que não estou, hein. Vou conseguir algo
para nós.

— Você está cansado. Você não precisa cozinhar o tempo todo.

— Eu gosto de cozinhar para você.

— E eu amo comer o que você cozinha... Mas também gosto de chinês. —


Bishop ignorou seu pau duro que continuava tentando interromper seus
pensamentos. A nudez de Edison cheirava e me sentia muito bem, e era
perturbador para dizer o mínimo. — Você se limpa; Vou pedir algo para nós.

— Ou podemos tomar banho juntos? — Edison sussurrou, provocando o


mamilo de Bishop com os dedos.

Droga. O que eu criei?

— Se eu chegar lá com você, você vai sair mancando.

Edison rolou de costas, rindo.

— Bondade. Está bem então. Vamos pegar um pouco de comida. Há um


lugar na rua que tem entrega on-line. É o palácio imperial. Eu só quero um
pouco de binfum9 e um pote missô10. Meu estômago ainda está se rebelando
com o jantar líquido da noite passada.

Bishop girou as pernas para o lado e puxou a cueca para trás. Ele viu
Edison desaparecer no banheiro e esperou o chuveiro começar antes de pegar
9Originário da China, o macarrão de arroz, ou mais comumente conhecido como bifum, é um alimento com alto valor nutritivo e que
não contém glúten, sódio e muito menos gorduras saturadas. Ele é completamente diferente do macarrão italiano, pois é feito com o
grão de arroz, que passa por um longo processo antes de chegar até o nosso prato.
10A soja fermentada é utilizada como origem para vários produtos, como é o caso do Missô, uma pasta de soja fermentada, a qual é feita

a partir de arroz fermentado, soja cozida e sal; é utilizado, normalmente, como ingrediente do missoshiru, sopa típica do Japão. Sua
origem é incerta, sendo dividida pela China e Coreia.

438
o celular. Ele tocou o microfone de conversão de texto em fala e falou
baixinho no alto-falante:

— Entrega de comida chinesa perto de mim. — Edison havia lhe dado o


nome de um restaurante, mas ele não estava disposto a perguntar como
soletrar isso. E ele não estava online de ninguém para tentar descobrir como
pedir comida. Que provavelmente não havia fotos de qualquer maneira.
Alguns tutoriais da Internet não o tornaram um especialista.

Depois que ele pediu a comida deles por telefone, ele foi até a
caminhonete pegar sua bolsa enquanto Edison limpava. Quando terminou de
tomar banho no banheiro de hóspedes, Edison estava colocando a comida na
mesa de jantar.

— Ei. Bem na hora. — Disse Edison, servindo um copo grande de chá


gelado a Bishop. Ele estava descalço, vestindo uma calça de flanela e uma
camiseta grande demais. Bishop achou que ele era bonitinho e
definitivamente era uma visão que ele poderia se acostumar a ver por um
longo tempo.

— Boa. Porque estou prestes a comer você, estou com muita fome.—
Disse Bishop, olhando para o traseiro de Edison. Ele adorava fazê-lo corar
com seus elogios, e Edison nunca o decepcionou.

Bishop devorou a comida enquanto Edison bebia cautelosamente sua


sopa e chá quente. Eles conversaram sobre o resto da semana de trabalho, e
Edison explicou como estava ocupado com seus novos clientes e com algum
grande evento de valorização da comunidade que sua empresa patrocinou.

439
Bishop contou a Edison que Mike queria que ele assumisse o lado residencial
do negócio enquanto dirigia o comercial. Edison foi muito atencioso e
prestativo, dizendo a Bishop o quão incrível ele seria em uma posição de
gerência. Quando terminaram, Edison pediu a Bishop que ficasse e ele ficaria
condenado se rejeitasse Edison novamente, não se pudesse evitar.

Ele estava na cama antes de Edison, enquanto apagava todas as luzes,


trancava a casa e acionava o alarme. Edison tirou a camisa e a calça e ficou
embaixo das cobertas com ele. Que automaticamente abriu os braços, mas
Edison não caiu contra o peito. Em vez disso, ele alcançou a mesa de
cabeceira e retirou o livro de capa dura que eles pegaram na livraria.
Bishop riu baixinho quando Edison a ergueu como se fosse um troféu
premiado.

— Estou morrendo de vontade de começar isso com você. — Edison


sorriu. Ele se acomodou contra Bishop na posição em que sempre leem. Ele
embalou a cabeça de Edison no braço e passou os dedos pelos cabelos
enquanto o rapaz lia para dormir.

440
Capítulo 45
Edison

— Edison, Edison, Edison! Oh meu deus do caralho é ele? Você tem um


homem aqui com flores para você e ele é delicioso. Foi isso que fez você andar
no ar nas últimas duas semanas. Pensei por um minuto que você estava
prestes a pular da ponte Hampton Roads Bridge. E então... — Mila correu
para o escritório com as mãos agitadas. — É ele?

Edison olhou para ela como se ela fosse louca e recostou-se na cadeira,
passando a mão sobre a gravata de marfim.

— Sobre o que você está falando?

— O cara lá fora, lá na minha mesa. — Ela apontou por cima do ombro.

Edison virou a cabeça bem a tempo de ver a estrutura alta


de Bishop preencher sua porta. Ele não estava em suas roupas de trabalho,
em vez disso, usava uma camisa verde de mangas curtas e shorts cargo azul
marinho. Mila olhou com a boca aberta quando Bishop entrou, carregando
um lindo buquê de rosas vermelhas. O coração de Edison disparou e seu pulso
disparou.

— Oh, é só ele. — Edison sorriu, dando de ombros com indiferença.

441
Os olhos de Bishop aqueceram quando ele se moveu em direção a sua
mesa. Ele estava olhando para Edison como quando estavam sozinhos em sua
cama. Sua voz era rouca quando ele falou com um ligeiro toque de seus lábios:

— Agora é assim que você sempre apresenta seu namorado?

— Oh meu Deus. — Mila riu, cobrindo a boca e assistindo a troca deles


como se fossem dois atores de novela.

— Oi Bishop. Essa é uma ótima surpresa. — Edison se levantou e


estendeu a mão para aceitar as flores. Ele as levou ao nariz e inalou as pétalas
perfumadas antes de se virar e colocá-las atrás dele em uma posição em frente
à janela.

Bishop inclinou a cabeça e gentilmente o beijou na bochecha.

— Ei lindo.

Edison corou nada acostumado a esse tipo de atenção em seu escritório.

— Por que você me trouxe flores?

Bishop encolheu os ombros.

— Porque é segunda-feira? Porque eu pensei que elas eram tão sexy


quanto você? Porque eu tenho o dia de folga. Porque eu estava pensando em
você. Bishop acariciou a bochecha de Edison. — Eu realmente preciso de um
motivo?

— Isso é demais. — Disse Mila, abanando o rosto e cobrindo o coração.

442
Edison revirou os olhos e acenou com a cabeça em direção a sua
assistente boba. — Bishop, essa é minha amiga e secretária, Mila Richardson,
Mila, sim, esse é o cara. Este é meu namorado, Bishop Stockley.

Bishop finalmente tirou os olhos escuros do peito de Edison para


reconhecer Mila, que correra com suas longas garras estendidas. Bishop
pegou sua mão, dando-lhe um aperto agradável o suficiente.

— Prazer em conhecê-lo. Eddie fala sobre você o tempo todo.

— Oh não. — Edison murmurou assim que Mila cantou.

— Bem, bem, bem. Então, ele chama você de Eddie? Agradável. Você
deve ser algo especial, Bishop.

— Mila. — Edison apontou para a porta aberta. — Você pode nos dar
licença?

Mila passou a mão sobre o bíceps de Bishop.

— Você é sortudo. Ele praticamente arrancará nossas cabeças se alguém


murmurar um Ed ou um Eddie. Ele odeia isso.

Bishop riu:

— Ah, sim. O que mais ele odeia?

— Querido, deixe-me contar. — Mila apoiou os quadris amplos na mesa


dele e começou a contar exemplos nos dedos. — Um: ele é um defensor da
pontualidade, por isso não deixe de sair tarde para um encontro. Ele é um
esnobe completo sobre higiene e acha que a aparência deve ser a prioridade
número um de um cavalheiro depois do parceiro. A comida é extremamente

443
importante para ele, então nunca diga que não importa o que há para o
jantar... Ele terá um ataque. E ele tem que ter algum tipo de carboidrato de
manhã ou é insuportável até o meio dia. E ele odeia ser interrompido durante
o almoço.

Mila bateu no queixo.

— Isso cobre seus principais ódios de estimação. Tanto quanto quiser, se


você quer ficar do lado bom dele, elogie a gravata, os sapatos ou a barba. Às
vezes, ele gosta de se exibir, então você pode perguntar qual é a melhor
maneira de cozinhar um osso T ou se há realmente uma grande diferença
entre macarrão, ramen. E acho que o encontro dos seus sonhos
provavelmente aconteceria em algum tipo de livraria ou biblioteca.

A cabeça de Edison levantou-se por estar enterrada em suas mãos.

— Ok. Você está demitida.

— E o que quer que você faça, por favor, não concorde com ele se ele
perguntar se sua bunda parece gorda em uma certa calça branca.

Edison pulou da mesa e começou a tirar Mila do escritório, enquanto


Bishop ria à custa dele.

— Sério Judas? Você deveria me fazer parecer bem, não assustá-lo.

— Eu estava tentando ajudar. — Disse Mila, parecendo inocente. —


Além disso, você é perfeito.

— Isso não estava ajudando, Mimi. Para um homem gay, essas coisas
que você acabou de chamar são chamadas de bandeiras vermelhas. Agora, vá

444
em frente, você já causou danos suficientes, obrigado. — Edison a cutucou
suavemente para fora da porta, em seguida, ficou boquiaberta com as várias
pessoas que se misturavam ao redor do escritório tentando dar uma espiada
lá dentro. — Vocês estão falando sério? Volte ao trabalho agora, por favor.

— Não esqueça que sua reunião começa em onze minutos. — Mila se


apressou a dizer antes de se virar.

Ele não fechou a porta, querendo garantir que sua equipe voltasse aos
negócios. Caso contrário, eles ficariam na mesa de Mila pressionando-a para
obter detalhes suculentos. Edison virou-se e cruzou os braços sobre o peito.

— Satisfeito? Essas garotas serão insuportáveis o resto do dia. Serão


perguntas sem parar.

Bishop observou-o com fome quando ele parou na frente dele.

— Pare de me olhar assim. — Sussurrou Edison.

— Eu não posso evitar.

— Por quê? — Perguntou Edison, olhando timidamente para Bishop.


Sim, ele estava pescando, mas não se importava. Ele viveu pelos elogios de
Bishop e sempre foi mais do que generoso com eles. Eles tiveram outras duas
semanas incríveis quando Bishop ficou em sua casa quase todas as noites,
exceto no domingo e na terça-feira.

— Porque eu nunca vi você em suspensórios, e isso está deixando meu


pau duro. — Disse Bishop corajosamente, quase em pé em cima de Edison

445
enquanto passava a mão por baixo das tiras de couro preto, os nós dos dedos
roçando os mamilos dele.

— Jesus, Bishop. — Edison sentiu seus joelhos enfraquecerem.

— Eu gosto do seu escritório. Não é de admirar que todos estejam com


ciúmes. — Bishop tocou a bochecha de Edison. — Os deixeeles odiarem você,
bebê. Significa apenas que você está fazendo algo que eles gostariam de fazer
se pudessem.

— Ok, você tem que sair daqui falando nisso. Tenho uma reunião em
alguns minutos e não posso entrar lá com uma grande mancha na frente da
calça. — Edison balançou a cabeça, sem saber o que fazer com o namorado
quando ele dizia coisas assim. Quando ele fez coisas que iluminaram seu
mundo inteiro.

— Ok, eu vou. Mas eu queria saber se poderia buscá-lo em sua casa


depois do trabalho. — Disse Bishop, passando as mãos sobre o ombro de
Edison através da camisa de marfim.

— Certo. Você quer comer fora hoje à noite?

— Podemos comer depois... Há alguém que eu quero que você conheça


primeiro. — Bishop parecia incerto.

— Quem?

— Você verá. — Bishop gemeu.

Edison riu. Deus, ele estava se divertindo muito.

— Eu estarei pronto às seis.

446
— Legal. — Bishop estava prestes a sair quando de repente agarrou
Edison pela cintura e o puxou com força contra o peito.

Edison não teve chance de se perguntar o que estava acontecendo


quando a boca de Bishop se fechou sobre a dele e deu um beijo possessivo que
o fez tropeçar para trás e agarrar a borda da mesa. Caramba! Edison se
levantou e ajeitou a camisa, os olhos arregalados de choque.

— O que no mundo foi isso querido?

Edison virou-se para pegar o paletó da cadeira e foi quando viu Skylar
encostado na porta com as mãos atrás das costas e uma expressão agitada no
rosto. Ele e Bishop estavam trancados em um olhar aquecido, e Edison se viu
balançando a cabeça com o ridículo.

— Existe algo que eu possa ajudá-lo, Skylar?

Skylar levantou-se a toda a altura de um metro e oitenta e deu de


ombros.

— Só pensei em passar por aqui e ter certeza de que você estava bem.
Jessica disse que viu um homem de aparência perigosa entrando no seu
escritório.

— Ha. E o que diabos você faria se fosse, Skylar? — Disse Mila de sua
mesa. — Ligar para polícia?

Edison praticamente arreganhou os dentes.

— Meu namorado pode vir ao meu escritório quando quiser. E ele


certamente não é um perigo para ninguém.

447
— O inferno que ele não é. — Bishop rosnou, ainda assistindo Skylar
com um olhar de morte em seus olhos castanhos escuros.

— Bishop, por favor. — Implorou Edison. Ele não poderia trazer


nenhum drama para o seu local de trabalho. Toda a culpa cairia sobre ele.

— Tudo bem. — Disse Bishop. Ele pegou o paletó preto de Edison da


mão e o ajudou a entrar. Edison sorriu e colocou os braços no casaco e
abotoou o fecho do meio. Bishop se inclinou e o beijou novamente na frente
de Skylar. — Vejo você mais tarde, bonito.

Bishop levantou o dedo do meio enquanto avançava sobre Skylar, que


ainda estava na porta. Quando ele não saiu do caminho de Bishop, o coração
de Edison começou a bater mais rápido. Não, por favor, não. Skylar
murmurou algo no rosto de Bishop que mudou as características calmas do
namorado em uma expressão de raiva absoluta. Edison não ouviu a conversa
silenciosa e não teve a chance de perguntar o que estava acontecendo
quando Bishop quase bateu no ombro de Skylar quando ele passou por ele.

O sorriso de Skylar era sinistro, o mesmo que ele usara quando


apareceu pela primeira vez na porta de Edison com a ficha corrida de Bishop.
Ele tinha a sensação de que Skylar poderia ter algo mais na manga, mas ele
e Bishop não estariam com a guarda baixa da próxima vez. Eles estavam
ficando juntos.

448
Capítulo 46
Bishop

Bishop subiu a varanda da frente de Edison exatamente as cinco e


cinquenta e cinco. Ele bateu algumas vezes na porta antes de entrar. Edison
tinha uma chave em um suporte magnético presa embaixo da caixa de
correio, mas ele ainda não a usara. Mas, estar na casa de Eddie estava se
tornando mais sua casa do que o trailer de Mike. Ele amava seu pai por
fornecer a ele um lugar seguro para ficar quando ele saiu da prisão, mas ele
não queria estar lá para sempre. E agora, ele odiavadormir se não estivesse na
cama grande de Edison, com seu corpo macio em volta dele.

Bishop entrou na cozinha para pegar um copo rápido de chá de Edison e


voltou para o quarto.

— Ei, lindo, você está pronto? Estou aqui a tempo. — Bishop sorriu. —
Considerarei muito rude se você não estiver pronto quando eu chegar aqui às
seis. Sou defensor de coisas assim.

— Muito engraçado. Vou fazer Mila pagar caro por me trair. — Disse
Edison, andando pelo corredor em sua direção.

Maldito. Bishop ficou boquiaberto.

Edison estava apertando um grande relógio de prata no pulso. Ele


estava vestindo um jeans quente preto que parecia novo, e uma camisa branca

449
desbotada, branca e cinza, com uma gola larga. O primeiro par de botões foi
desfeito, e Edison havia empurrado as mangas largas da camisa para o meio
do antebraço, fazendo a roupa parecer elegante e casual ao mesmo tempo. Ele
até gostava dos sapatos de lona cinza escuro que Edison havia escolhido para
completar o estilo. Bishop adorou o que viu. Ele ainda não podia acreditar nos
cuidados que Edison colocou em sua aparência. E por mais que Bishop
gostasse de pensar que fez tudo por ele, mais sabia que não era assim. Edison
tinha todo o estilo e classe quando Bishopprimeiro pôs os olhos nele. Ele não
tinha certeza de que se cansaria de assistir Edison passar pela complexa
rotina de escolher suas roupas ou se arrumar com aquela navalha.

Ele largou o copo devagar e abriu os braços. Edison pressionou contra


seu peito e inclinou a cabeça. Bishop não a manteve o beijo casto. Ele não
conseguiu. Ele mergulhou a língua profundamente na boca de Edison como se
não tivesse provado algumas horas atrás. Edison foi o primeiro a respirar
fundo e Bishop segurou sua mandíbula, perseguindo aquela boca doce.
Edison apertou os lábios, ofegando na língua de Bishop enquanto ele
continuava a consumi-lo.

— Você vai me queimar com a barba antes de sairmos. — Gemeu


Edison enquanto Bishop procurava a garganta.

Bishop rosnou, fazendo Edison estremecer em seus braços.

— Você sabe o que está fazendo quando se veste assim. Quando você
coloca minha loção pós-barba favorita.

Edison lutou fracamente para sair das garras de Bishop.

450
— Eu estou sempre vestido, e você diz isso sobre a todos os pós-barba.

Bishop lambeu os lábios e deu um tapa forte na bunda de Edison


quando ele se virou para a porta da frente.

Edison deu um pulo para frente, virando-se e franzindo o cenho


para Bishop como se não o tivesse secretamente amado. Ele sabia o que Eddie
gostava, se ele admitiria ou não.

— Com licença. — Edison abriu a porta da frente e acenou


para Bishop ir na frente dele.— Eu vou ter que vê-lo com cuidado esta noite.

Bishop podia sentir seu pênis se estendendo por sua coxa quando não
conseguia tirar os olhos do traseiro de Edison enquanto descia à calçada.

— Droga, você é um idiota. — Disse Bishop.

Edison parou tão rápido que Bishop colidiu em suas costas. Edison
virou-se, seus olhos brilhantes brilhando com indignação fingida que
fez Bishop rir.

— Você está tentando me fazer machucá-lo? — Edison avisou, e Bishop


poderia dizer que ele estava tentando determinar se Bishop estava brincando
com ele ou não.

— O que? É minha culpa que esse jeans faça sua bunda parecer
realmente gorda? — Bishop piscou e seu sorriso esticou seu rosto. — Muito
quente e tentador. Estou impressionado com meu parceiro, bebê.

— Bishop! — Edison gritou, empurrando-o no ombro.

— Você não se lembra desse filme? — Bishop riu.

451
— Não, graças a Deus. Apenas cale a boca e entre no maldito caminhão.
Ugh, nunca mais vou dar a Mila outra tarde de folga.

Bishop piscou para ele e ligou o motor. Ele tinha feito um trabalho
melhor mantendo seu caminhão de trabalho mais limpo, então Edison não
precisava levá-los aonde quer que fossem. Ele até borrifou um pouco de bom
ar para combater o cheiro de grama cortada.

— Estamos indo para Norfolk? — Edison perguntou quando Bishop


entrou na rampa interestadual.

— Sim. Para meu lugar.

A cabeça de Edison virou.

— E agora?

— Sim, Eddie. Eu disse que alguém quer conhecê-lo.

Edison soltou um longo suspiro.

— Seu pai?

— Bem, eu só tenho três pessoas na minha vida e você. Trent, você já vê


regularmente, o outro está voltando para casa em breve. Então, sim, isso
deixa meu pai, e ele está me dando nos nervos, então eu vou levá-lo por um
rápido segundo para dizer oi e tchau, depois vamos jantar.

— Bishop podemos ficar um pouco mais do que isso. Não quero que ele
pense que sou rude. As pessoas se ofendem se você agir como se não pudesse
ficar na casa delas por mais de dez minutos. Temos que ficar pelo menos uma
hora.

452
— Uma hora! De onde você tira essas regras, Eddie? — Perguntou
Bishop. Ele nunca tinha ouvido isso antes. Ele tinha ouvido falar em ficar
mais do que bem-vindo.

Edison sorriu.

— Provérbios de homens velhos.

Bishop riu.

— Bebê, estou mais preocupado com ele te ofender. O filtro dele precisa
ser trabalhado. Eu e ele temos um tipo diferente de relacionamento que a
maioria dos pais tem com os filhos.

Edison massageou a coxa de Bishop.

— Por que você não fala mais sobre seu pai? Acho que você já sabe tudo
sobre meu pop agora.

— Eu não me importo de você falar sobre seu pai. Eu posso dizer que
isso faz você se sentir bem e também as histórias são bem engraçadas. Ele
parecia um cara incrível. — Bishop manteve os olhos na estrada quando
estendeu a mão e acariciou a bochecha de Edison. — Ele tinha que ser se ele
criou você.

Edison abaixou a cabeça, apertando ainda mais a coxa de Bishop,


fazendo-o se acostumar.

— Você acha que seu pai vai gostar de mim?

Bishop agarrou a mão de Edison, pegando seus olhos preocupados por


um momento antes que ele tivesse que devolvê-los à estrada.

453
— Sim vai. — Ele disse confiante.

Ele morava apenas cerca de vinte minutos de Edison e, como quase não
havia tráfego, eles chegaram lá mais cedo. Edison bateu os dedos no joelho,
seus grandes olhos vagando por toda a pequena quadra antes de se instalar no
trailer. Embora não fosse luxuoso, tinha sido mais do que Bishop estava
acostumado.

Bishop pegou a mão trêmula de Edison e beijou cada um dos nós dos
dedos.

— Acalme-se. Você verá quando o conhecer que está ficando excitado


por nada.

— Nada? — Edison zombou. — Eu nunca conheci os pais do meu


namorado.

— Um pai.

— Ok. — Edison deu de ombros. — Isso é ainda mais pressão.

Bishop saiu e deu a volta para abrir a porta de Edison. Ele puxou até
sair, novamente tentando tranquilizá-lo.

— Você parece gostoso.

— Obrigado. — Edison sorriu.

— Sentir-se melhor?

Edison assentiu.

454
Bishop o beijou mais uma vez, depois o levou pelos três degraus
precários e usou a chave para abrir a porta da frente.

455
Capítulo 47
Edison

Edison apertou a mão de Bishop como se fosse sua única salvação. Ele
podia fazer isso, tudo o que tinha que fazer era ser ele mesmo, como seu pai
costumava dizer. Edison endireitou as costas e manteve a cabeça erguida,
orgulhoso de estar no braço de Bishop.

— Mike, que porra é essa!— Bishop gritou sua voz profunda fazendo
Edison pular. Ele tinha apenas um pé na porta quando Bishop não o deixava
ir mais longe, sua imensa estrutura impedindo Edison de ver o que estava
acontecendo. — Coloque algumas roupas malditas!

Os olhos de Edison se arregalaram. Com quem ele está falando? Bishop


não mencionou ter um companheiro de quarto.

— Foda-se. Está quente.— Uma voz estridente filtrou do lado de fora,


soando exatamente como a de Bishop.

— Eddie está comigo, seu burro. — Bishop rosnou.

— Agora? — Edison ouviu a surpresa na voz do homem, depois


brigando e o som de passos pesados. — Por que você não me disse que estava
vindo? Eu teria me arrumado. Não estou tentando fazer seu namorado te dar
um fora por mim.

456
Edison riu abruptamente, mas rapidamente tentou cobri-lo com tosse
quando seu namorado olhou para ele.

Bishop virou-se e ameaçou:

— Muito espertinho engraçado. Basta colocar algo antes de mudarmos


de ideia.

— Não, não, não. Eu volto já. Deixe-o entrar, B.

Edison estava confuso. Com quem diabos Bishop estava falando assim?
Depois de alguns segundos, ele abriu a porta e deixou Edison entrar. O
interior estava escuro, com a maioria das cortinas juntas para impedir o pôr
do sol. O trailer era todo em espaço aberto. Havia uma sala de estar com um
sofá e uma poltrona reclináveis posicionados em frente a uma grande
televisão. Algum tipo de programa de pesca passava nele antes de Bishop
pegar o controle remoto e desligá-lo. A sala estava silenciosa, exceto pelo
barulho das gavetas vindo dos fundos. Edison piscou, imaginando quem mais
ele poderia estar encontrando. Aquele cara nu parecia um personagem real.

Bishop colocou as mãos em volta da cintura de Edison por trás,


enquanto ele olhava em volta. Seus braços estavam bem ao seu redor, mas ele
não queria ser muito prático na frente dos únicos pais de Bishop. Ele ouviu os
passos confiantes antes de um homem virar o corredor com um sorriso largo
no rosto. Edison podia sentir seu corpo ficar rígido quando Bishop começou a
massagear seus ombros.

457
— Eddie. Este é o Mike... — Edison olhou para Bishop como se eles
estivessem brincando com ele. Bishop esfregou a parte de trás do pescoço. —
Este é meu pai.

Edison continuou parado ali e piscou como um idiota. O pai de Bishop


riu um som seco e gutural - vaca sagrada, ele até ri como ele - enquanto
mostrava a palma da mão grande.

— Acalme-se. Tenho certeza de que você não esperava que isso fosse
ativado quando me conhecesse.

— Porra. Aqui vamos nós. — Bishop rangeu.

Edison estendeu a mão lentamente, tentando fazer com que seu cérebro
reiniciasse.

— Eu não estou. Eu juro que não estava pensando como...

— Ele está fodendo com você. — Disse Bishop contra o ouvido de


Edison.

Edison riu, sentindo-se um tolo, sabendo que seu rosto era dez tons de
vermelho.

Mike estendeu os braços para os lados, olhando para o corpo.

— O inferno que eu estou. Você está olhando a versão um pouco mais


refinada de Bishop, Eddie.

— Edison. — Bishop esclareceu.

O pai de Bishop não pareceu surpreso, mas alterou o que ele havia dito.

458
— Prazer em conhecê-lo, Edison.

— É muito bom conhecê-lo também... hum, Sr. Stockley. — Edison não


tinha certeza do título adequado a ser anexado ao final da frase, porque
nenhum deles parecia se encaixar. Ele ainda não conseguia acreditar no
quanto Bishop e seu pai se pareciam. Tanto que Edison se perguntou quantas
vezes ele olhou pela janela do escritório e pensou que estava olhando para o
namorado, mas poderia estar babando sobre a chamada 'versão um pouco
mais refinada'.

— Apenas me chame de Mike, Edison. Apenas os filhos da puta da


Receita Federal me chamam de Sr. Stockley. — Mike apertou a mão de Edison
com firmeza.

O pai de Bishop vestiu uma calça preta e uma bata branca. Parecia que
ele jogou um pouco de água no cabelo para cravar os fios um pouco mais
longos no topo, que era a única maneira de dizer a diferença entre os dois
homens. Mike apontou para o sofá.

— Continue e sente-se. Sinta-se a vontade.

Edison assentiu e foi em direção à sala de estar quando Bishop


de repente agarrou seu braço e o conduziu para a única cadeira.

— Eu nem sequer me sento no maldito sofá. Você pode sentar aqui.

Edison riu quando Mike virou Bishop como se fossem amigos, sem
perder o ritmo quando se sentou no sofá, dando a Edison toda sua atenção.

459
— Eu tenho pedido a Bishop para trazê-lo por semanas. Ele fala sobre
você o tempo todo.

Edison corou seu coração pulando uma batida ao saber que Bishop
pensava tanto nele quando estavam separados.

— Nós não vamos ficar Mike. Eu e ele paramos antes de irmos jantar.

— Não estamos com pressa, Bishop, relaxe. — Disse Edison, começando


a relaxar mais, já que Mike não era nada como um pai convencional.

— Sim. Sente-se e relaxe. Edison quer conversar comigo. — Mike fez


uma careta.

Edison ainda estava se sentindo como se tivesse entrado na Zona do


Crepúsculo. Não era todo dia que um homem aprendia que seu namorado
tinha um sósia. Que idade tinha Mike? Bishop disse que seu pai o tinha
jovem, mas que diabos. Mike nem tinha cabelos brancos no têmpora, ou nada.
Até os antebraços grossos eram idênticos quando Mike se inclinou parafrente
e apoiou os cotovelos nos joelhos.

— Conte-me um pouco sobre você, Edison. Qual é o seu sobrenome.


Quem é seu povo?

Edison passou a mão na frente da camisa e depois lembrou que não


estava usando gravata.

— Meu sobrenome é Scala.

— Agora, isso é italiano?

460
Bishop bufou irritantemente de onde ele estava apoiado ao lado dele no
braço da cadeira, e Edison lhe lançou um olhar severo antes de continuar.

— Isto é. Meu pai era italiano e minha mãe era portuguesa. O que tenho
certeza é como consegui essa pele, porque meu pai estava todo enrolado. Ele
morreu alguns anos atrás, então agora só tenho minha tia e tio.

— Onde está sua mãe?

— Pai. — Bishop advertiu.

Edison balançou a cabeça. Ele não tinha certeza do que Bishop pensava
que ele estava protegendo, mas Mike não o estava ofendendo.

— Bishop... Eu posso falar. Se há algo que não quero responder, não


vou.

— Ah Merda. Você conseguiu um show aqui, B. Eu gosto dele. — A


risada de Mike foi calorosa e mais jovial do que a de Bishop. — Edison, pensei
que você seria mais... Não sei.

Edison acreditava que sabia o que Mike estava dizendo. Ele achava que
Edison seria uma pessoa de fala mansa, sem palavrões, que precisava deixar
seu cara falar por ele. Ele ia mostrar ao Mike que ele era o oposto. Ele
era igual a Bishop. Seu filho não queria um fraco que ele pudesse mandar por
aí. Ele precisava de um homem que pudesse se sustentar e apoiá-lo quando
ele precisasse.

— Então, onde vocês vão comer? Bishop me diz que você é praticamente
um mestre em cozinha, Edison. Estou surpreso que você coma fora. — Mike

461
se levantou de repente. — Oh cara, eu deveria lhe oferecer algo para beber.
Bishop, onde estão suas malditas maneiras?

— No mesmo lugar que as suas. — Bishop respondeu.

Edison riu, começando a entender suas travessuras.

— Estou bem, Mike, não quero nada.

— Tem certeza que? Temos água... Na torneira. Cerveja... Acho que


pegamos leite. Tudo o que Bishop come é cereal.

Edison virou-se para Bishop.

— Você ainda está comendo esses cereais açucarados?

Bishop praticamente mostrou os dentes para o pai.

— Raramente.

— Bishop lhe disse que minha namorada quase me deu intoxicação


alimentar na semana passada? — Mike sentou-se novamente.

— Não. — Edison fez uma careta. — O que aconteceu?

— Ela fez algum tipo de macarrão com peito de frango. Mas ela não
cozinhou a carne o tempo todo.

— Oh não. — Os olhos de Edison se arregalaram.

— Exatamente certo. Eu pensei que ia morrer. — Mike esfregou o


estômago. — Eu estava na merda por quarenta e oito horas seguidas.

— Foi muito gentil de a sua parte compartilhar isso conosco antes de


irmos comer. — Resmungou Bishop.

462
— De qualquer forma. — Mike ignorou o filho. — Vou surpreendê-la
com uma refeição caseira quando ela sair do trabalho amanhã à noite. Estou
fazendo uma coisinha que a fará me elogiar da mesma forma que Bishop faz.

— Você não vai me envergonhar, pai. Edison já sabe que eu sou louco
por ele.

— Eu não estava tentando te envergonhar, lil mano. Eu só estava


dizendo. — Mike olhou para Bishop com um monte de orgulho e felicidade
transbordando em seu olhar. Eles podem zombar e irritar um ao outro, mas
Edison já estava vendo que era assim que eles mostravam seu carinho. Até a
maneira como Bishop mudou entre ligar para o pai, Mike ou pai, foi feita com
amor.

— Se você não se importa que eu pergunte... O que você está fazendo


para ela?— Edison avançou mais para a beira do assento. Agora eles estavam
conversando.

Mike estufou o peito grosso e disse:

— Bife com pimenta... E arroz. Meu amigo, Manny me disse exatamente


o que fazer. — Mike olhou para Bishop antes de lançar os olhos escuros de
volta para Edison. — Apesar…

— Nem pense nisso. — Disse Bishop, balançando a cabeça para Mike


como se fosse inacreditável.

— O quê? — Edison perguntou.

463
— Ele vai pedir para você cozinhar... É isso. — Bishop olhou para Mike,
que pelo menos teve a decência de parecer levemente culpado.

— Eu não ia. Eu só ia pedir algumas dicas. Nada mais. — Mike deu de


ombros. — Mas se ele quisesse ajudar...

— Ele não quer.

Edison se levantou e as mangas um pouco mais alta.

— Eu adoraria ajudar. Mostre-me o que você tem Mike.

Mike bateu palmas e pulou com o entusiasmo de uma criança em seu


primeiro dia de escola.

— Por aqui, chefe. — As longas pernas de Mike comeram a curta


distância da pequena cozinha.

Bishop correu para segui-los, passando os braços em torno de Edison e


puxando-o contra o peito. Bishop sussurrou não tão silenciosamente contra a
orelha.

— Não quero que você cozinhe. Eu queria te mostrar meu quarto.

Edison gentilmente afastou Bishop antes que seu pau se interessasse.


Ver o quarto de Bishop parecia uma ideia incrível, mas Bishop também o
trouxe lá para conhecer seu pai. Edison não estava prestes a desaparecer em
um quarto dos fundos como um adolescente excitado - ele havia aprendido
melhor que isso. Ele não seria rude.

— Mais tarde. — Ele murmurou para Bishop e depois lavou as mãos


na pia.

464
Mike colocou seus poucos itens de mercearia na bancada e começou a
tirar alguns potes do armário. Não havia muito espaço para trabalhar, mas
Edison não era mimado, ele podia cozinhar em praticamente qualquer
cozinha, desde que estivesse limpo. E ele gostava que os dois homens
mantivessem sua casa realmente arrumada, para jovens e bonitos solteiros.
Ele fez um inventário dos poucos ingredientes e tentou se lembrar de sua
receita favorita de bife de pimenta Bobby Flay.

— Você tem cebolas? — Ele perguntou.

— Oh. Sim. — Mike correu para uma pequena porta de correr ao lado da
geladeira, que Edison percebeu que era a despensa e pegou uma cebola
grande e amarela.

— Perfeito. — Disse Edison. — Você tem tudo o que precisa. E gosto


que seu amigo tenha lhe dito para comprar mais do que apenas pimentão
verde. Acho que o amarelo e o vermelho acrescentam muito sabor e dão cor
ao prato, não é?

A testa de Mike enrugou, mas ele assentiu como se entendesse.


Bishop sentou-se à mesa da cozinha cruzou a bota grande sobre o joelho, os
olhos cheios de luxúria seguindo Edison por toda parte. Ele estava
acostumado a Bishop observando-o cozinhar, mas não estava acostumado a
Mike, e se viu querendo mostrar suas habilidades. Normalmente, ele pré-
media todos os seus ingredientes e os despejava em pequenas tigelas de vidro
para reduzir o tempo de cozimento, mas ele não estava disposto a pedir.

— Mike, você tem algum prato de papel?

465
— Isso aí. Detestamos lavar a louça. — Mike tirou uma pilha de pratos
de isopor da prateleira sobre o fogão.

Edison colocou quatro pratos e perguntou:

— Onde está o seu armário de especiarias?

Bishop e Mike soltaram a mesma risada assustada. Edison abaixou a


cabeça, as bochechas esquentando, percebendo seu erro. Mike o apertou no
ombro e apontou para os saleiros e pimenteiros descartáveis na mesa.
Bishop passou para ele e Edison colocou-os ao lado de um dos pratos. Tudo
bem. Não seria a primeira vez que ele fazia bife sem o seu tempero favorito.

— Você tem uma tábua de corte por acaso? — Edison apertou os olhos,
ousando perguntar.

— Foda-se, chefe de cozinha. — Mike riu, empurrando Edison


novamente. — Eu tenho um desses. Não cortamos nossa carne no balcão,
temos alguma civilidade neste trailer.

Edison gostou do senso de humor sombrio de Mike e da maneira como


ele usou as mãos para enfatizar seus pontos. Ele estava morrendo de vontade
de perguntar quantos anos ele tinha, mas se absteve. Ele imaginou que sairia
de alguma maneira. Enquanto Edison preparava o jantar surpresa de Mike
para sua dama, ele conversou com ele sobre o seu negócio de paisagismo e o
quão incrível Bishop tinha sido ao tirar seus livros do vermelho e voltar a
operar no verde com seus projetos. Mike falou com tanta admiração
por Bishop que se sentiu sentindo uma pontada de ciúmes e sentindo tanto a
falta do pop que queimou o peito. Eventualmente, Mike começou a fazer

466
muitas perguntas sobre seu trabalho e parecia realmente interessado na
barbearia de seu pai e em como era crescer lá.

— Seu pai parecia um cara de verdade, Edison. — Mike olhou


para Bishop e depois para onde Edison estava cortando o bife de flanco plano
em tiras longas e uniformes. Ele parecia chateado ou perturbado, e Edison
esperava que não tivesse ultrapassado. — Eu hum... Eu nem sempre fiz a
coisa certa pelo meu manozinho ali.

— Mike. — Bishop balançou a cabeça.

Mike estava encostado no balcão, seus olhos afiados intensos em


Edison.

— Eu o tratei como meu irmão em vez de tratá-lo como meu filho.


Quando ele tinha dez anos, todos pensavam que éramos irmãos... ou primos.
Mas ele cresceu bem, eu acho.

— Eu o acho incrível, Mike. — Disse Edison. — Você fez um trabalho


fantástico.

Mike vibrou ao lado dele.

— Sim? Ele é não é? Bishop é um ótimo homem. Ele tem esse olho,
você sabe. O olho de um artista. Ele também fará grandes coisas, muito
maiores do que eu jamais sonhei. Eu não estava lá para encorajá-lo como seu
pai fez por você quando você estava na escola e indo para a faculdade.

— Pai. — O tom de Bishop passou de ameaçador a quase implorador. —


Não.

467
O que você não quer que eu saiba querido?

— Só estou querendo que Edison saiba que nem sempre eu entendi


direito e demorou muito tempo para me recompor antes que isso afetasse
meu filho. Mas, aos quinze anos, eu simplesmente pensei que mantê-lo seria
suficiente. Não achei que fosse tão difícil criá-lo.

Edison parou a faca e olhou para Mike.

— Você me ouviu direito. Eu era apenas uma criança maldita quando


tinha B. À mãe dele era uma puta de vinte e nove anos, casada. Ela nem
sequer ficou no hospital as quarenta e oito horas completas antes de sair. Eu
não vi sua bunda insignificante desde então e melhor ela nunca
aparecer,espero que eu nunca a veja. Mas está tudo bem agora. Funcionou
para o melhor. Mike olhou para Bishop e piscou. — Meu pequeno erro no
lago.

— Legal. — Bishop riu. — Eu gostei mais do fardo do bebê.

— Ei. — Mike apontou, agindo irritado, mas a peculiaridade de seus


lábios o denunciou. — Você é meu filho. Você nunca foi um fardo... Você era
um problema. Há uma diferença.

Bishop levantou-se e agarrou o pai em um abraço de urso, e Edison teve


que desviar-se do caminho para evitar ser pisoteado. Era como dois leões
colidindo.

468
— Nossa! — Disse Edison, piscando rapidamente quando Mike
girou Bishop e o agarrou por trás. Ele caiu baixo como se estivesse prestes a
fazer algo grande que Bishop lutou para entrar em outra posição.

— Não me jogue fora. — Bishop rosnou, tentando tirar os braços


grandes de Mike da cintura.

— Você não vai sair do aperto. — Mike colocou Bishop contra a parede,
parecendo que eles estavam prestes a irromper para o outro lado. Eles
derrubaram as coisasnão se importando se elas quebraram ou não e brigaram
pelo trailer como se fizessem isso todos os dias. — Desista, lil mano.

Edison ficou lá, balançando a cabeça, confuso, imaginando o qual


diabos era o jogo final. Os dois mantiveram-se em pé até o Edison ficar
entediado.

— Vocês são loucos.

— Vejo. Agora meu namorado pensa que eu sou um idiota. —


Bishop resmungou. — Saia de cima de mim antes que eu vá embora de você.

Edison se virou e viu que Mike tinha Bishop embrulhado novamente,


forçando seus grandes braços contra os lados. Os braços de Mike flexionaram
com o esforço de manter Bishop no lugar.

— O que há de errado? Assustado que seu homem está prestes a ver que
o original é melhor que a cópia?

Bishop levou a cabeça para trás como se estivesse se preparando para


bater a testa no nariz de Mike, quando de repente ele deixou Bishop ir.

469
— Idiota. — Disse Bishop, caindo contra a pia, respirando com
dificuldade por causa do esforço. — Eddie. Se você quiser que um homem
saia de cima de você, então dê um pulo nele.

— Claro querido. Vou ter que lembrar disso. — Disse Edison, sem tentar
esconder seu sarcasmo.

Mike pegou duas latas de cerveja na geladeira e jogou uma para Bishop,
que a pegou com uma mão. Edison colocou o prato de papel de carne em
fatias ao lado e começou o pimentão.

— Eu pensei que vocês iriam destruir o lugar.

— Está acostumado a nós. — Bishop bateu a palma da mão contra a


parede. — Ela é forte.

— Assim como o dono dela. — Mike assentiu e segurou sua lata de


cerveja em uma saudação antes de dar um longo gole.

Bishop bufou.

— Não tenha ciúmes, B. — Mike cantou.

— Eu não estou.

— Esta sim.

Bishop zombou.

— E por que diabos eu ficaria com ciúmes de você?

Mike ficou de pé com as pernas afastadas e os braços cruzados sobre o


peito do barril.

470
— Porque eu sou mais quente que você.

— Você está sonhando.

— Eu sou maior que você.

— Eu tenho você por um quarto de polegada.

— Minha amante é mais louca que o seu.

— Mas ela não sabe cozinhar para salvar sua vida.

— Eu corto grama melhor do que você.

— Você está fumando maconha, se pensa assim.

— Meu pau é maior que o seu.

Bishop disse a seu pai:

— Estava frio lá fora naquele dia.

Mike caiu na gargalhada e logo Bishop se juntou a ele. A boca de Edison


se abriu. Bem, isso foi loucura. Que tipo de... Espere! Volte. Como no mundo
Mike saberia sobre minha loucura... Ou a falta dela? Edison deu um tapa na
testa. Me mate agora, Senhor. Quando Bishop disse que ele e seu pai tinham
um relacionamento único... Ele não estava brincando. Eles realmente tinham
que discutir tudo?

471
Capítulo 48
Bishop

Ele sabia que Mike estava feliz por deixá-lo conhecer Edison, mas
Bishop estava preocupado que seu pai começasse a correr a boca e
derramasse alguma merda que ele não estava pronto para ter por aí. Mas, até
agora tudo bem, e Edison não parecia estar muito chocado com o
relacionamento casual dele e de Mike. Enquanto seu pai assistia Edison
começar a combinar os ingredientes em uma panela redonda e plana,
Bishop abriu o laptop e clicou no aplicativo de paciência.

Não demorou muito para que Edison tivesse o trailer cheirando a uma
churrascaria. O estômago de Bishop roncou, mas ninguém ouviu sobre as
perguntas incessantes de Mike.

— Agora, como sei quando a carne está pronta?

Bishop pressionou os dedos nas têmporas. Agora seu pai estava


praticamente sequestrando sua noite. Ele enganou Edison para fazer o jantar
para ele e agora eles estavam presos lá uma hora e meia. Eles tinham que
trabalhar de manhã e Bishop ainda queria um tempo sozinho. No entanto,
Edison parecia completamente à vontade e riu e brincou com Mike como se
estivesse tendo o melhor encontro de todos os tempos.

472
— É carne. Você pode deixar um pouco de rosa no centro, se quiser. —
Disse Edison, depois jogou o prato de cebola e pimentão na panela de vapor e
depois cobriu a panela novamente. Ele limpou as pontas dos dedos em
algumas toalhas de papel e começou a raspar a pele de um dos pimentões
vermelhos extras.

— O que você está fazendo agora? — Mike perguntou.

— Fazendo um enfeite. — Respondeu Edison.

— Eu não acho que preciso de tudo isso.

— Claro que sim. — Edison balançou a cabeça. — Você vai ver.

Bishop continuou olhando furtivamente para a bunda de Edison


naqueles jeans pretos, querendo nada mais do que ir até o fogão e pressionar-
se contra ele, como fazia quando estavam em sua casa. Edison adorou
quando Bishop o acariciou enquanto ele cozinhava. Mas ele se comportaria e
não envergonharia seu namorado antiquado, tateando-o na frente de seu pai.
Depois de mais vinte minutos, Edison anunciou que o arroz estava pronto, e
ele poderia mostrar a Mike como colocá-lo para sua dama. Ele literalmente
disse isso... E Bishop se sentiu caindo.

Mike deu um tapa em Edison no centro das costas, abrindo os olhos.

— Bom trabalho. Parece ótimo demais! Mas ela nunca vai acreditar que
eu consegui. De jeito nenhum. — Mike riu.

473
— Ela fará isso se você o colocar e apresentar a ela... Que não
questionará nada. É tudo sobre a apresentação. — Edison assentiu com uma
sobrancelha levantada.

Mike pareceu intrigado... Bishop também. Ele sempre elogiou Edison


como deliciosa a comida era, mas ele não achava que o quanto Edison esforço
adicional foi para não só fazer o prato gosto bom, mas também torná-
lo olhar bonito. Foi assim que ele demonstrou sua afeição. Bishop havia
abandonado seu jogo há muito tempo, hipnotizado pelos movimentos de
Edison, enquanto ele pegava um dos pratos reais do armário - e não de papel -
e o colocava no balcão.

— Apenas assista.

— Claro. — Disse Mike.

Edison começou pegando uma colher de tamanho médio de arroz


branco macio e colocando-a diretamente no centro do prato e curvando as
bordas até que parecesse uma bola de sorvete.

— Posso lhe fazer uma pergunta final, Edison? De homem para homem.
Sem besteira.

— É claro. — Disse Edison, sem desviar os olhos da tarefa.

Mike continuou estudando o rosto de Edison e pôde ver seu pai se


preparando para obter uma boa leitura sobre qualquer resposta que Edison
desse a ele.

— Você e Bishop estão se vendo há um tempo, certo, há alguns meses?

474
— Sim. Mais ou menos alguns dias. — Edison sorriu timidamente. Ele
removeu a tampa da carne e legumes fumegantes e empilhou uma porção
decente em cima do arroz.

— Como você sabe. Bishop é meu único filho. Eu não seria um bom pai
se não perguntasse quais são suas intenções. — Mike disse com toda a
seriedade.

Bishop queria bater a cabeça contra a mesa.

— Bebê, você não precisa responder a isso.

— Quero responder a essa pergunta. — Disse Edison, limpando a lateral


do prato com um guardanapo, onde algumas gotas de molho haviam
escapado. — Essa é realmente a pergunta mais fácil que ele fez a noite toda.

— Bem, vamos ver se você vai me dar uma resposta fácil. — Mike
respondeu.

Bishop não disse outra palavra e seu pai lançou um olhar que dizia
que você poderia querer calar a boca e ouvir isso.

Edison sorriu seus olhos na obra-prima que ele estava projetando no


prato.

— Não sei quão fácil ou complexa a resposta será, mas certamente será
honesta.

— Está bem então.

A sala ficou em silêncio enquanto ele e seu pai esperavam Edison falar.
Ele estava curvado sobre o balcão com uma faca minúscula na mão, cortando

475
a pele do pimentão vermelho em longas lascas. Ele se levantou, parecendo
estar perdido em seu próprio mundo, quando começou a entrelaçar os fios do
pimentão e organizá-los sobre a carne... Dando um toque de cor. Então ele
começou a fazer o mesmo com o amarelo.

— Eu acho que seu filho é incrível, Mike. Ele é o homem mais atencioso,
generoso e intuitivo que eu já conheci.

Bishop flexionou a mandíbula para impedir que a boca se abrisse.


Edison parecia estar em transe, falando naquele tom suave e calmante que ele
usava quando lia para ele. Bishop se ajeitou nas calças com Edison usando
aquelas grandes palavras para descrevê-lo.

— Posso dizer que Bishop se importa muito comigo. Ele mostra isso o
tempo todo. E minhas intenções são cuidar dele de volta. Para ouvi-lo quando
fala. Para confortá-lo quando ele machuca. Assim como ele faz por mim.
Quero mostrar a ele o que significa ter um parceiro de verdade. Alguém que
esteja ao seu lado, não importa o quê. — Edison começou a tecer as lascas de
pele amarela ao redor das vermelhas, como faziam nos programas de
culinária que ele adorava assistir.

— Eu entendo que ele é seu único filho, Mike. — Edison sorriu com
carinho. — Ele é o meu primeiro e único também. Para responder sua
pergunta. Eu pretendo ser fiel a ele... E verdadeiro. E eu vou alimentá-lo,
todas as partes dele que estão com fome. Porque... — Edison se virou e veio
até ele com o prato de comida que parecia pertencer a uma capa de revista. —
Porque eu amo Bishop. Eu amo... Eu o amo muito. E honestamente, não há

476
muito que eu não faria... — Edison gentilmente colocou o prato na frente
de Bishop e olhou em seus olhos. — Para o seu filho.

Bishop pegou Edison pelo pulso depois que ele soltou o prato. Ele ouviu
os passos do pai se afastando pelo corredor, mas ele e Edison não conseguiam
tirar os olhos um do outro. Ele ficou de pé, seu coração batendo tão forte que
o estava assustando. Ele segurou o rosto de Edison e, com ternura, juntou
suas bocas. Bishop queria deixar seu beijo falar por si, mas sabia que Edison
precisava ouvir suas palavras. Precisava que ele falasse em voz alta. Ele amava
Edison de volta, ele sabia que sim. Mas, porra, ele nunca teve tanto medo em
toda a sua vida, nem mesmo em seu primeiro dia na prisão. O tipo de
sentimento que tudo consumia quando ele estava com Edison nem se
comparava a quando ele estava com Royce. E ele sabia que se ele perdesse
Edison - algum dia perdesse seu unicórnio - ele não sobreviveria.

Edison tremia em seus braços e Bishop o segurou mais apertado.

— Espero que você não esteja chateado, eu disse isso na frente do seu
pai... Mas eu disse que seria honesto.

Bishop podia sentir os vincos na testa, a tensão nos bíceps, enquanto


tentava puxar Edison quase dentro dele. Sua voz estava rouca quando ele
finalmente disse:

— Não estou chateado. — Bishop segurou o queixo de Edison e afastou o


rosto do rosto contra a garganta. Ele precisava que ele olhasse para ele. Ver
seu coração se abrir. Os olhos de Edison estavam tão cheios de bondade
que Bishop sentiu seu peito afrouxar o suficiente para que ele pudesse

477
respirar. Ele olhou intensamente para o homem que acabara de chamá-lo de
seu primeiro e único. Ele passou o polegar pelos lábios de Edison. — Você está
muito bem.

Os olhos de Edison se fecharamseus longos cílios castanhos repousando


em sua bochecha corada. Bishop sentiu os lábios macios de Edison na palma
da mão, cutucando a mão para abrir mais. Seu pau ficou tão duro a qualquer
momento que Edison mostrou sua inocência dessa maneira. Bishop teve que
dizer isso agora, porque ele não achava que haveria um momento melhor, não
achava que ele sentiria isso mais forte do que naquele momento.

— Edison. Mantenha sua cabeça erguida para que eu possa te ver bebê.

A respiração de Edison passou por sua garganta quando ele inclinou a


cabeça para encontrar seus olhos. Bishop podia ver o desejo, a emoção... O
amor que Edison tinha por ele. Foi mostrado de todas as maneiras que Edison
sabia como, em todas as coisas doces que fez por ele, mas ele ainda não tinha
medo de dizer as palavras.

Bishop pressionou a testa na de Edison e sussurrou em sua boca.

— Eu também te amo, Eddie. Tanto que eu estou...

— Eu sei. — Edison colocou as pontas dos dedos sobre os lábios


de Bishop. — Eu também estou com medo.

Bishop balançou a cabeça, sentindo-se arrasado por admitir essa


verdade.

478
— Você não tem nada com que se preocupar, Edison. Você é o único
com todo o poder aqui. Eu não.

Edison parecia confuso, mas Bishop não explicou. Edison era um


homem inteligente; ele tinha certeza de que descobriria. Em vez disso, Bishop
o beijou até Edison choramingarse esfregou contra ele.

— Ei! Vocês dois terminaram com suas verdadeiras confissões? A


comida está esfriando — Mike gritou detrás.

Edison riu contra a bochecha de Bishop. Se Edison sentiu algo como ele
no momento, então ele estava se sentindo alto como uma pipa.

— Cala a boca! — Bishop gritou de volta.

— Oh, vamos lá, B, isso não é justo. Estou morrendo de fome e cheira
tão bem. — Mike parecia pior do que um aluno do jardim de infância
perdendo a hora do lanche. — Edison, eu também queroaprender a enfeitar
coisas pegajosas no meu prato.

— Embaraçoso. — Bishop murmurou.

— Está tudo bem, deixe ele vir comer. Eu fiz o suficiente para todos.

— Mas eu quero você. — Bishop gemeu, agarrando as grossas nádegas


de Edison. — Sozinho.

— Hum. Eu também. Edison balançou na dureza de Bishop.

— Vamos comer para que possamos ir para casa.

479
Bishop ergueu as sobrancelhas em surpresa quando Edison gaguejou
para alterar suas palavras.

— Não é como... Eu quero dizer... Minha casa.

— Parece bom. — Bishop soltou a mão quando Mike colocou a cabeça


grande na cozinha.

Edison arrumou outro prato, mostrando novamente a Mike como


apresentá-lo à namorada e eles se sentaram à pequena mesa de jantar e
comeram juntos... Como uma família.

480
Capítulo 49
Edison

— Enquanto vocês limpam a louça do jantar, eu vou bisbilhotar no seu


quarto, Bishop. — Disse Edison descaradamente.

Bishop acenou para ele enquanto ele secava a louça na prateleira.

— Última porta à direita.

Edison entrou no pequeno quarto de Bishop. Ele ficou surpreso ao


encontrá-lo tão arrumado. Não havia muito para ver além de uma cama de
casal desarrumada empurrada contra a parede. Havia uma pequena televisão
de tela plana em cima de uma cômoda alta na parede oposta. Mas os olhos de
Edison se concentraram na mesa de uma noite cheia de lápis de cor,
borrachas e um grande bloco de desenho. Ele pegou as poucas folhas soltas de
papel, encarando as cores brilhantes das flores de outono que Bishop
desenhara em torno da pequena paisagem de um restaurante. Uau.

— Essas são algumas das ideias que desenhei para Manny. Ele está
conseguindo muito mais empregos comerciais — Disse Bishop, chegando
atrás dele e envolvendo-o nos braços. Bishop colocou o queixo no ombro,
olhando para os papéis.

Edison se virou.

— Eu pensei que sua paixão era residencial?

481
— Isto é o que eu quis dizer para você. Mike e Manny querem tirar
algumas fotos do seu quintal quando terminar e criar um site ou algo assim. E
acho que ele quer o seu quintal como o centro e a frente, na esperança de
conseguir mais contratos residenciais para eu fazer.

Os olhos de Edison se arregalaram.

— Meu quintal? Como na página inicial?

Bishop encolheu os ombros.

— Hum. Sim eu acho. O filho de Manny faz esse tipo de trabalho.

— Seria ótimo! Certo. Quando as pessoas veem suas habilidades,


procuram o site tentando entrar com você, querido. — Disse Edison.

Bishop inclinou um lado da boca, balançando a cabeça como se Edison


estivesse exagerando, mas ele não estava. Ele não precisava acariciar o ego
de Bishop seu talento falava por si.

Ele inclinou a cabeça quando Bishop se inclinou para beijá-lo. Suas


mãos grandes emaranhadas em seus cabelos, puxando o comprimento,
forçando a cabeça para trás, e Edison sabia que as coisas estavam prestes a
esquentar. Ele apertou seu pênis dolorido contra a coxa dura de Bishop no
segundo em que o colocou entre as pernas.

— Onde está o seu pai? — Ele engasgou quando Bishop o deixou


respirar.

— Ele esta...

482
— Ele está bem aqui e prestes a tirar uma soneca, então vocês dois
mantêm a baunilha, legal? — Mike interrompeu parado na porta de Bishop,
observando-os. — Essas paredes são finas.

— Oh Deus. — Edison se virou e abaixou a cabeça, seu rosto em chamas


quando Bishop empurrou Mike para o corredor.

— Eu não estou fazendo nenhuma promessa. — Bishop sorriu.

— Olha, minha garota sai as onze e então eu tenho horas de trabalho


para colocar quando ela faz você me entende? Eu preciso descansar.

Edison não podia acreditar quando Bishop e Mike bateram nos


antebraços antes de fechar a porta e voltar para ele como se a conversa fosse
perfeitamente normal.

— Não ligue para ele. Ele está apenas brincando. — Bishop franziu a
testa. — Meio que.

— Eu estou tão envergonhado. Eu estava praticamente esfregando meu


pau na sua perna. — Disse Edison com um gemido abafado.

— Eddie. Está bem. Ele não está ofendido porque estávamos tocando. —
Bishop passou as mãos pelas costas e agarrou os quadris. — Você acabou de
me dizer que me ama. Ele está totalmente ciente do que está prestes a
acontecer.

Edison pensou que seus olhos estavam saindo da cabeça dele. Isso era
loucura. Ele falou:

— Eu não posso fazer isso aqui com ele ouvindo.

483
— Bebê. Você sabe quantas vezes ouvi Mike fodendo uma garota na sala
ao lado? Bishop zombou. — Você sabe quantas vezes eu estive na sala maldita
quando ele estava fodendo?

Zona do Crepúsculo. Edison esfregou a testa. Ele e o pai também eram


melhores amigos. Mas eles tinham limites. Deus, Edison ainda corou quando
pensou na segunda vez que seu pai o pegou se masturbando para um
programa de culinária de Gordon Ramsey.

— Se isso te incomoda, podemos sair e voltar para sua casa. —


Disse Bishop calmamente.

Edison respirou fundo. Não. Bishop obviamente queria ficar, e não era
justo Edison insistir quando Bishop sempre estava em seu lugar.

— Não. Podemos relaxar um pouco.

Bishop sorriu e o beijou novamente, desta vez mais suave, facilitando


Edison na sensação. Ele fez questão de enterrar seu gemido abafado contra a
garganta de Bishop.

— Eu tenho algo para lhe mostrar. — Bishop o soltou e entrou na gaveta


superior de sua mesa de cabeceira. Ele pegou um envelope que já havia sido
aberto e entregou a Edison a única folha de papel que estava dobrada dentro.

Ele franziu o cenho, curioso, imaginando o que Bishop estava lhe


mostrando, mas depois de uma rápida olhada no emblema da Clínica de
Saúde de Virginia Beach, ele sabia. Edison leu os resultados negativos dos

484
testes de Bishop para toda e qualquer doença sexualmente transmissível. Ele
sorriu para o namorado com o papel apertado firmemente na mão.

— Obrigado. — Ele sussurrou. — Obrigado por fazer isso.

— Foi à coisa certa a fazer. — Bishop acariciou sua bochecha. — Eu


sempre quero fazer o certo por você, Eddie.

Edison fechou os olhos e se deliciou com o calor do amor de Bishop. Ele


manteve os olhos desviados enquanto passava a língua sobre os calos duras
na palma da mão dele. Bishop usou o outro braço para envolver a cintura de
Edison e juntou as pélvis para que seus pênis se arrastassem deliciosamente
uma contra a outra.

O rosnado de Bishop ficou mais alto quando Edison fechou a boca em


torno do polegar dele e chupou como se quisesse fazer seu pau. Mas, não
havia como eles conseguirem abaixar o suficiente para não perturbar a soneca
de Mike.

— Querido, talvez devêssemos fazer algo um pouco mais quieto


enquanto seu pai está dormindo. — A cabeça de Edison caiu para o lado
quando a boca de Bishop se agarrou à pele por seu pulso. Ele tentou combater
o êxtase, mas sabia que era uma batalha perdida. — Podemos ler por um
tempo... Ou assistir televisão.

— Você realmente quer assistir TV comigo agora, Eddie? — A voz


de Bishop era tão profunda e sexy que Edison se viu balançando a cabeça sem
pensar. Bishop começou a desabotoar sua camisa, não parando até que ele
abriu os lados para que aqueles olhos escuros pudessem deleitar-se com o

485
corpo de Edison. — Bom. — Bishop alcançou entre eles e apalpou o pênis de
Edison, fazendo-o empurrar na pressão.

— Bishop. — Implorou Edison o mais silenciosamente possível.

Bishop acariciou-o através do jeans, tornando mais difícil para Edison


ficar de pé. Bishop começou a andar para trás até que as costas dos joelhos
atingiram a borda do colchão.

— Deixe-me colocar minha boca em você. — Bishop sussurrou contra a


concha de sua orelha, mordiscando seu lóbulo.

Edison assentiu ansioso, assim que sentiu o cinto ser solto e as calças e a
cueca desceu pelas pernas. Bishop o levou para o colchão fino quando ele
estava quase nu.

— Suba lá e enterre seu rosto no meu travesseiro para que cheire como
você quando você sair.

Edison gemeu quando ele obedeceu. Ele deitou de bruços e abriu as


pernas, seu pau duro e pingando contra os lençóis. Bishop pegou o outro
travesseiro e fez um gesto para Edison erguer os quadris para poder enfiá-lo
debaixo dele. Edison corou com a bunda nua no ar para a tomada. Ele queria
ser modesto e, pelo menos, tentar se esforçar para conseguir, mas depois de
cozinhar para Bishop, depois de ouvir seu carinho retornado, ele
simplesmente não tinha força de vontade para se segurar.

Edison agarrou a beira do colchão ao sentir a respiração de Bishop


contra a parte de trás de suas coxas sensíveis. Ele nunca esteve nessa posição

486
antes e a sensação de estar tão exposta e vulnerável apenas aumentou a
sensação. Ele gostava de estar à mercê de Bishop.

— Coloque seu rosto no travesseiro, bebê, e grite tão alto quanto você
quiser. — Murmurou Bishop contra uma de suas nádegas, sua barba fazendo
cócegas nas bolas de Edison.

— O quê? — Edison disse no momento em que Bishop o abriu e o


lambeu de suas bolas até o topo de sua bunda. Edison bateu o rosto no
material macio que já cheirava a Bishop e o soltou.

— Hum... — Bishop concordou, banhando a nádega esquerda com a


língua. — Porra, você tem um gosto bom.

— Oh Deus. — Edison tremeu. Bishop não o provocou muito antes de ele


estar lambendo seu ânus mordendo-o primeiro, antes de lamber a dor. As
coxas de Edison tremiam com seu esforço para segurar seu orgasmo, mas já
estava tão perto. Ele fechou os olhos quando teve que admitir: — Estou perto.

Bishop respondeu empurrando a ponta da língua contra ele, fazendo


flashes de luz explodir atrás das pálpebras fechadas. — Ah... — Edison
gemeu, querendo mais. Sem vergonha, ele implorou, sabendo que Bishop
nunca o envergonharia: — Mais fundo... Mais...

— Eu sei querido. — Disse Bishop, sua voz bruta e cheia de fogo. Seu
hálito quente chamuscava o buraco de Edison e ele ficou mais alto de joelhos,
perseguindo-o. — Gostaria que você pudesse se ver Edison. Como você está
sexy agora.

487
Não demorou muito para Bishop dar a ele exatamente o que ele havia
pedido. Aquela língua lisa escorregava dentro e fora dele enquanto dedos
cegos afundavam sua carne, mantendo-o bem aberto. Os sons de Edison
cercavam um soluço, ele estava com tanta felicidade. Seu pênis estava
vazando profusamente, e ele temia que o travesseiro embaixo dele pudesse
não ser recuperável quando terminasse.

Bishop parou com a língua e Edison estava prestes a exigir que o


colocasse de volta quando sentiu um dedo rígido pressionando dentro. Ele se
apressou e voltou à cabeça para o travesseiro, gemendo de alívio. O dedo
de Bishop era áspero e grosso e, surpreendentemente, não havia queimadura,
dor ou prazer. Bishop colocou a boca de volta entre as pernas de Edison e
lambeu seu saco apertado enquanto ele empurrava o dedo até que a palma da
mão estava contra sua bunda. Edison sentiu como se estivesse prestes a
perder a cabeça, e no momento em que o dedo de Bishop roçou sua próstata,
foi exatamente o que ele fez. Edison apertou sua bunda com força ao redor do
dedo de Bishop e ficou mais duro do que nunca. Ele enfiou os quadris no
material macio do travesseiro, precisando de algum tipo de atrito em seu eixo
latejante, enquanto Bishop bombeava o dedo no mesmo ritmo.

Quando seu pau parou de pulsar, Bishop afastou o dedo, beijando


suavemente seu buraco sensível. Edison queria chorar com o cuidado
que Bishop mostrava a seu corpo a qualquer momento que se conectavam
assim. E sempre se certificava de que ele saciado antes de buscar seu próprio
prazer. E hoje à noite não foi diferente. Bishop ergueu-se sobre o corpo de
Edison e o cobriu, seu pau duro aninhado em seu vinco. Edison sacudiu com

488
antecipação que Bishop estava prestes a reivindicá-lo, tirar sua virgindade,
mas ele não o penetrou. Bishop ficou de joelhos e começou a se masturbar por
cima da bunda exposta de Edison.

— Oh, meu Deus. — Edison queria que Bishop aparecesse em todo o


corpo novamente. Ele queria muito, mas também queria dar mais a Bishop.
Ele não queria que ele tivesse que se divertir. Edison correu para se virar e
sentou-se, colocando a boca bem na frente da ereção tensa de Bishop. Ele
olhou nos olhos encapuzados de Bishop... Então percebeu... Que ele não tinha
ideia de como chupar um pau.

489
Capítulo 50
Bishop

Se Bishop não tomasse cuidado, tiraria um dos olhos de Edison, porque


estava prestes a gozar a qualquer segundo. Ele agarrou a base de seu pênis
enquanto Edison o encarava como um cervo perdido. A cabeça de Bishop
estava quase roxa e vazando quando os olhos nebulosos de Edison caíram em
sua fenda. Ele lambeu os lábios e sussurrou:

— Como... O que eu faço?

Bishop apertou com força os dentes, que a mandíbula até começar a


doer. Seu Edison era tão inocente, e a maneira como Bishop queria enfiar seu
pau dentro dele e sujá-lo tornou difícil para ele se controlar. Depois de tocar
no buraco apertado de Edison e senti-lo apertar em sua língua, seu orgasmo
já estava formigando na base da coluna. Ele estava prestes a se humilhar, mas
estava cansado demais para se preocupar com isso.

— Apenas abra a boca. — Murmurou Bishop, sentindo a língua grossa e


ainda cheia do sabor de Edison.

Edison lentamente abriu os lábios cor de pêssego e olhou para Bishop


como se estivesse esperando mais instruções. Puta merda. Ele colocou a
ponta do seu pênis dentro do calor de Edison e seu corpo estremeceu. Ele
relaxou um pouco mais e Edison naturalmente fechou os lábios em volta dele.

490
— Oh meu Deus, Eddie.

Ele sabia que no segundo que Edison chupasse a cabeça do seu pau
estaria terminado. Ele estava atento para não empurrar, deixando Edison
levar o quanto ele estava confortável, o que não era muito. Bishop segurou a
bochecha de Edison com a outra mão e sentiu a suavidade sob seu toque,
assim como Edison engoliu em volta dele.

— Foda-se! — Bishop gritou, esquecendo-se de ficar quieta. Ele apertou


à bunda quando Edison agarrou seus quadris e engoliu novamente. Quanto
mais Bishop resmungava e gritava seu nome, mais Edison era ruim. Ele não
tinha ritmo ou método para o que estava fazendo, apenas puro instinto, e era
mais do que suficiente. — Estou indo gozar. — Ele avisou, dando há Edison
muito tempo para se retirar antes de gozar, mas para surpresa de Bishop,
Edison se agarrou como se estivesse se preparando para o passeio.

Mantendo uma trela firme em seu pau, Bishop cambaleou no primeiro


choque de sua libertação, tomando cuidado para não sufocar seu namorado
inexperiente. Ele se apoiou com uma mão no ombro de Edison para não
tombar quando ondas e ondas de prazer o dominaram.

— Droga. — Bishop gemeu, ordenhando o último orgasmo na língua de


Edison.

Edison o afastou com um estalo raso e limpou os restos de sua semente


que escaparam do lado da boca. Então, com um sorriso satisfeito,
quando Bishop continuou a empurrar e espasmo por cima dele, Edison caiu
na cama e colocou as mãos atrás da cabeça, parecendo muito satisfeito

491
consigo mesmo. E ele mais do que mereceu. Bishop não tiraria isso dele.
Edison tinha definitivamente acertado seu primeiro boquete.

Bishop estava descansando confortavelmente nos lençóis que cheiravam


a loção pós-barba de Edison quando ele esticou os braços sobre a cabeça e o
alcançou, mas não sentiu nada além de lençóis frios. Ele abriu os olhos e viu
Edison sentado ao lado da cama abotoando a camisa. Seus jeans e sapatos
estavam como se ele estivesse prestes a correr silenciosamente para a porta.

— Você está me esgueirando? Espero que você pelo menos tenha


deixado algum dinheiro na mesa de cabeceira.

Edison riu baixinho.

— É tarde e tenho que acordar cedo para a corrida final do nosso comitê
de planejamento para o dia de diversão da comunidade. Não se esqueça
querido, é neste sábado.

— Eu lembro. — Bishop disse em um bocejo.

— Vocês fizeram um trabalho incrível com o paisagismo, este é o


primeiro ano em que não precisamos alugar um parque, podemos realmente
tê-lo por conta própria. É um grande negócio, aberto ao público e tudo mais.
Então, vocês têm que vir.

— Eu disse aos rapazes. Nós estaremos lá, Edison. — Bishop


resmungou. Um sábado cheio de funcionários de elite e caminhantes do
Centro da Cidade não era sua ideia de um dia divertido, mas significava
muito para Edison.

492
— Prometo não fazer você ficar o tempo todo. — Edison se inclinou e o
beijou.

— Boa. Porque tenho planos para você no sábado à noite. —


Disse Bishop, sedutoramente. Ele reclinou-se na cama e tentou levar Edison
com ele quando ele foi parado.

— Meu táxi estará aqui em alguns minutos.

Bishop se endireitou, não gostando do som disso.

— Um táxi? Você não precisa pegar um táxi, Eddie. Que tipo de


namorado você pensa que eu sou? Eu te peguei eu vou te levar para casa. —
Bishop se aproximou e encostou a testa na de Edison. — Eu pensei que você
deveria ser a antiquada?

Edison enfiou a língua na boca e Bishop esqueceu o que ele deveria estar
reclamando. Quando ele se afastou, Edison passou as mãos macias sobre a
barba.

— Você só tem mais algumas horas para dormir. Não há necessidade de


me levar vinte minutos para casa e depois voltar logo, quando você já estiver
aqui. E sei que você tem muito que fazer às terças-feiras... Mesmo que não me
diga o que é.

— Eu irei em breve. Promessa. — Disse Bishop. Seu humor começou a


diminuir quando ele pensou na conversa que precisava ter com Edison no
sábado à noite. Era hora de ficar limpo e ser completamente sincero com o
homem que amava antes que alguém o vencesse.

493
— Acho que devo ficar, caso precise de mais ajuda, Bishop. Por que eu
preciso sair para a sua aula agora? — Mike não apenas parecia ofendido, mas
também magoado.

Bishop estava sentado à mesa de jantar em frente ao laptop, esperando


para entrar na sala de aula virtual às seis horas. Esta era sua segunda aula e
ele queria fazer isso sem Mike parado por cima do ombro. Ele sabia que seu
pai tinha boas intenções, mas ele precisava fazer isso sozinho.

Ele foi sozinho para a orientação na ALC onde passou vinte minutos
pairando do lado de fora, mas conseguiu puxar a maçaneta e entrar em seu
novo futuro. E ele estava orgulhoso de si mesmo. A multidão não tinha sido o
que ele esperava. Havia pessoas de todas as idades entre vinte e oitenta anos
e, pela primeira vez, ele não sentiu como se estivesse esticado como um
polegar dolorido.

A orientação de duas horas tinha corrido bem. Os administradores do


programa GED foram pacientes e prestativos. Eles responderam perguntas
sem parecer aborrecidos ou fazer alguém se sentir simples. Bishop sentou-se
no fundo da grande sala e prestou a maior atenção que pôde. Houve uma
pequena visita ao centro, onde foram mostradas salas de aula, dois
laboratórios de informática e uma biblioteca. Até os alunos on-line tinham
acesso total à escola, seus orientadores e instrutores internos para aulas
particulares. Eles foram levados à sala de mídia e fizeram uma demonstração
sobre como navegar no site da ALC e um tutorial completo no site da sala de
aula virtual. O joelho de Bishop não bateu tão forte durante a parte da

494
tecnologia como ele se lembrou de muitas das lições que Mike já havia lhe
ensinado. Ele poderia fazer isso.

No final da sessão, eles entraram em filas e pegaram seus materiais para


as aulas. Ninguém sabia quem estava lá para quê, e Bishop apreciava a
privacidade. Algumas pessoas estavam recebendo grandes livros didáticos, ou
grossos, mas quando ele chegou à frente e deu seu nome, o ajudante
entregou-lhe um envelope marrom de doze por doze e disse-lhe boa sorte
como todos os outros.

— Ok, você não precisa sair, mas... Apenas, vá para o seu quarto ou algo
assim.

Mike franziu a testa.

— Desculpe?

Bishop revirou os olhos.

— Você sabe o que eu quero dizer.

— Eu disse que estaria lá para você o tempo todo. E se você precisar da


minha ajuda?

— Então eu vou perguntar ao professor. — Disse Bishop.

Mike colocou as mãos nos quadris e fixou os olhos nele. Ele odiava
quando o pai o estava lendo, e Bishop sabia que, se o observasse por tempo
suficiente, acabaria vendo o significado oculto por trás de seu pedido. Droga.
Ele estava apenas tentando ficar com os pés dele.

495
— Pai. — Bishop disse sua voz cheia de frustração. Ele sustentou o olhar
duro de Mike. — Isso já é bastante difícil, ok. Eu... Eu não posso fazer isso
com você em cima de mim, para que eu possa me preocupar com o que você
está pensando. Quero dizer, olhe para essa merda. Você acha que eu quero
que você me veja lutando para ler isso, porra.

Bishop levantou seu material de classe da pasta ALC. A qualquer


momento, ele tinha que estudar o livro básico que eu posso ler nível um, com
os músculos contraídos no pescoço. Parecia um daqueles livros que ele vira na
seção infantil da Barnes & Noble, completo com ilustrações e tudo. Ele
adivinhou o que realmente o incomodava mais era que havia palavras que ele
não conhecia no livro do primeiro nível, palavras que ele não conseguia nem
soar. Foda-me.

Mike suspirou sua decepção caindo para o entendimento. Ele apertou as


mãos grandes nos ombros de Bishop e o apertou.

— Tudo bem, manozinho. Eu posso respeitar isso. Eu estarei no meu


quarto. Amo você, criança.

Bishop observou as costas de Mike até que ele estava quase no seu
quarto e depois o chamou.

— Papai.

— Sim. — Mike virou-se como se estivesse pronto para voltar se Bishop


tivesse mudado de ideia.

496
— Eu também te amo, cara. — Bishop murmurou, em seguida, desviou
os olhos de volta para o laptop. Mike disse essas palavras muitas vezes, mas
nunca esperou ouvir em troca. Não era algo que eles estavam acostumados a
fazer, expressar seus sentimentos um ao outro sem lutar, era algo novo que
eles estavam tentando.

Ele não olhou para cima até ouvir a porta de Mike fechar alguns
segundos depois. Agora que ele finalmente estava sozinho, ele voltou sua
atenção para a lição. Olhando para o livro de nível um, Bishop sabia que ele
tinha até agora antes mesmo de entrar nos cursos de GED, mas era muito
cedo para desanimar. Em vez de ficar confuso, pegou as folhas de papel
pautado e começou a copiar as palavras que não conhecia repetidamente,
como se tivesse sido instruído. Prontamente as seis ele entrou na sala de aula
on-line do centro.

Quando ele se conectou para a primeira aula, ele pensou que haveria
vários rostos olhando para ele, mas era apenas um homem mais velho, com
quarenta e poucos anos, em pé na frente do quadrocom um sorriso fácil.
Bishop achou que seu professor era confiante e inteligente e gostou da
maneira como ensinava as lições. Ele não fez os livros parecerem tão infantis.
No final da semana, ele entregava esse pacote e pegava os materiais da
próxima semana. Ele sentiu que faria isso pelos próximos mil anos.

Por mais que demorasse, ele faria. Um dia desses, ele seria capaz de ler
para seu Eddie como ele lia para ele.

497
Capítulo 51
Edison

Edison estacionou em sua vaga com um sorriso enorme no rosto. Estava


claro e cedo, numa sexta-feira de manhã, e o serviço de gramado de Stockley
estava de volta aosEscritórios do Centro da Cidade, atendendo os motivos do
dia da comunidade amanhã. Sentia falta de olhar pela janela e ver Bishop
todos os dias, mas sabia que teria que mudar para as outras propriedades
mais cedo ou mais tarde. Ele não via o namorado desde que ele e Trent
haviam aparecido na quarta-feira à noite para terminar sua churrasqueira.
Bishop havia escolhido ficar em casa com seu amigo ontem, desde que ele
estava tão deprimido por se mudar da casa de sua namorada, e Bishop estava
preocupado que ele não estivesse sendo um bom amigo o suficiente. Ele
estava convencido de que havia mais alguma coisa acontecendo com Trent.

Edison pegou o contêiner do banco do passageiro e sua bolsa e saiu do


carro. Bishop devia estar esperando por ele, porque ele e Trent estavam de pé
perto da escada conversando, com o equipamento no chão ao lado deles.
Edison sabia que ele estava sorrindo como um idiota, mas ele não podia
evitar. Ele estava apaixonado... E era sexta-feira, e o sol estava brilhando no
céu, ele tinha dois dias de folga e tinha bifes marinados para colocar em sua
nova grelha... Apenas todas as pequenas coisas eram ampliadas dez vezes.

498
Bishop olhou Edison de cima a baixo quando ele se aproximou, nem um
pouco tímido com suas cobiças. Edison ficou olhando enquanto Bishop tirava
uma de suas grossas luvas de jardinagem da mão e mal o tocava por baixo do
queixo quando Edison entrou e levantou a cabeça para um beijo. Bishop
cheirava a sabão e sol da manhã. Ele queria um sabor mais profundo, mas
Edison mantinha o padrão, já que as pessoas estavam passando.

— Manhã. Como você dormiu? — Bishop perguntou sedutoramente.

Edison engoliu em seco, segurando o olhar penetrante de Bishop.

— Oh, tudo bem. — Ele murmurou, sabendo que Bishop podia ver
através dele. Pude ver que sua noite estava cheia de desejos e saudades dele.

— Você cozinhou na grelha ontem à noite? — Trent perguntou,


quebrando o momento dele ede Bishop.

Edison pigarreou e sorriu para Trent. Ele não conseguia ver seus olhos
castanhos por trás dos óculos escuros, então acabou encarando seu próprio
reflexo nas lentes.

— Ainda não. Pensei em guardar isso para hoje à noite.

Bishop estava olhando para ele seus olhos vagando pelo terno cinza de
Edison que ele combinou com uma gravata preta floral. Edison corou
quando Bishop avançou, lambendo os lábios como se tivesse esquecido
completamente onde eles estavam.

— Hum. E você também cheira bem, porra.

— Bishop. — Disse Trent em alerta. — Há alguns ternos chegando.

499
Edison sabia que suas bochechas estavam vermelhas, e ele pensou que
seu pau iria estourar através de suas calças. No entanto, ele ainda não
conseguia desviar o olhar.

— É melhor você subir as escadas e se trancar naquele seu belo


escritório, Edison. — Bishop rosnou, ficando tão perto que ele podia sentir o
cheiro do chiclete de menta que ele estava mastigando.

Edison mordeu o lábio inferior para impedir o gemido que ameaçava


escapar quando viu a mão de Bishop subindo até o rosto. Seu corpo oscilou
enquanto esperava ansiosamente sentir aquelas mãos fortes em seu corpo
quando Trent de repente agarrou o ombro de Bishop e puxou para trás.
Edison piscou, sem saber o que diabos ele estava pensando. Jesus, ele estava
prestes a deitar na passarela e abrir as pernas?

— Bom dia, Edison.

Edison quase pulou de sua pele ao som da voz de sua chefe. Sua mão
voou sobre seu coração, fazendo-o soltar uma risada envergonhada. Ele
prendeu a respiração o suficiente para dizer:

— Bom dia, Presley.

— Sim. Certamente parece ser um dia muito bom. — Presley sorriu


maliciosamente, seus olhos castanhos afiados se movendo para Bishop.

Edison se aproximou do lado de Bishop e tocou seu bíceps através do


macacão.

500
— Presley. Este é meu namorado, Bishop Stockley e seu amigo, Trent.
Vocês, esta é minha chefe e a sócia sênior da empresa, Presley Alfred.

— Prazer em conhecê-la. — Bishop assentiu em sua direção. Sua voz


calma. — Eu só ouvi coisas boas sobre você, Srta. Alfred.

Presley colocou os longos cabelos negros atrás de uma orelha, piscando


para Edison, surpresa.

— É assim mesmo? E, por favor, me chame de Presley, isso me faz sentir


um pouco mais jovem.

Bishop assentiu, dando a Edison um sorriso suave.

— Bem, ele tem sido muito discreto sobre você. — Presley bateu seu
salto bege brilhante contra o concreto. — Eu tive que pegar os restos ao redor
do bebedouro sobre as lindas flores que meu gerente teve em seu escritório
esta semana... Duas vezes.

— Desde quando o sócio sênior se preocupacom fofocas no escritório? —


Edison levantou a sobrancelha.

— Quando eu sou recusado em primeira mão. Além disso, eu só queria


saber quem ou o que foi responsável pelo seu bom humor nos últimos meses.
Quero dizer, posso ver por que você sai pontualmente as cinco agora, em vez
de ficar até mais tarde comigo. Agora estou sozinha. — Presley fingiu estar
magoada. Ela se endireitou em seu terno de quinhentos dólares e levantou a
cabeça. — Eu vou sobreviver sem você, eu suponho.

501
— Você pode parar com a atuação? Já te disse que você é péssima. —
Disse Edison secamente.

Bishop e Trent pareciam surpresos com as palavras insensíveis de


Edison.

— Uma vez eu fiz uma audição na Escola de Drama da Carolina do


Norte, obrigado. — Presley apertou os olhos para ele. — Sou melhor do que
você me dá crédito.

— Somente na sala do tribunal.

— Vocês dois têm um relacionamento interessante. — Comentou


Bishop, ainda assistindo a troca.

— Edison é meu tudo. Ele sabe mais sobre mim do que qualquer um
deveria. — Presley admitiu com um sorriso carinhoso em seu rosto bonito.
Ela era de pele clara e escolheu destacar seus traços afro-americanos com
pouca maquiagem ou aprimoramentos, e funcionou perfeitamente para ela.

— Verdade. Eu sei mais do que quero. Por falar em... Edison olhou o
relógio. — O que você está fazendo aqui? Você tem uma reunião em três horas
e quarenta e um esta manhã com o administrador Williams.

— Eu sei, eu sei. Disse a Mila que avisasse que eu me atrasaria. — Disse


ela, olhando para o seu relógio caro.

— Por quê? — Edison perguntou.

— Eu só queria dar uma espiada na sua reunião muito rápido para


garantir que o projeto da nossa comunidade esteja pronto para amanhã. —

502
Ela sorriu brilhantemente e depois se virou para Bishop e Trent. — Edison
convidou você para a extravagância de sábado? Vocês estão todos convidados.
Vocês têm o gramado do meu prédio como o assunto do Centro da Cidade,
você sabe.

Edison acenou para ela se acalmar.

— Sim, eu já fiz. E ele está vindo.

— Bom. — Ela assentiu. — Bem, tempo é dinheiro. Eu tenho que correr.


Bishop e Trentfoi um prazer. Traga sua família e amigos amanhã. É tudo
sobre a comunidade.

Quando ela estava lá dentro, Edison assentiu em sua direção.

— Agora você conheceu minha chefe.

— Ela parece ótima. Eu não me importaria de trabalhar para ela. —


Bishop riu quando Edison o colocou no peito. — Bem, ela está bem. Estou em
um relacionamento, querido, não sou cego. Ela é casada? O que você achou
Trent?

— Não. — Edison sorriu para Trent. — Ela é jovem, bem-sucedida,


inteligente e solteira.

Trent deu de ombros.

— Ela estava bem.

Bishop olhou desconfiado para o amigo, mas Edison imaginou que


Trent ainda devia estar chateado com seu recente rompimento. O que o
lembrou. Ele puxou o recipiente da bolsa e foi para o outro lado de Bishop.

503
— Trent. Fiz algo para você esta manhã. Bishop disse que o chocolate
era o seu favorito.

Trent tirou os óculos escuros e os colocou em cima do boné do NY


Yankees. Ele riu da carranca que Bishop estava usando quando abriu a tampa
e deu uma grande fungada nos grandes bolos de chocolate dentro.

— Inferno, sim, obrigado, Edison.

— Existe o suficiente para mim? — Bishop franziu a testa.

— Não. — Disse Trent. — Tem apenas dois.

Edison riu e Bishop virou-se, prendendo-o com um olhar quente de


intimidação em todo o rosto bonito. Ele aproximou seus corpos, seus lábios
mal se movendo enquanto ele retumbava sexualmente:

— E o que você vai me dar?

— Vocês são como adolescentes excitados. — Disse Trent com a boca


cheia de muffin.

Edison recuou, não ousando responder à pergunta de Bishop. Ele tinha


uma reunião para começar.

— Vou vê-lo hoje à noite.

Edison sorriu.

— Sim você irá. Se você terminar o trabalho antes de mim, use...

— Merda. Bishop. Três horas, cara. — Trent apertou.

504
Edison virou a cabeça na mesma direção que Bishop bem a tempo de
ver Skylar caminhando na direção deles, em um terno cinza de três peças. Ah
não.

505
Capítulo 52
Bishop

Filho da puta. Bishop gostava de não ver o rosto presunçoso de Skylar


todos os dias quando ele vinha trabalhar, apesar de sentir falta de estar no
centro da cidade, tão perto de Edison. Provavelmente tinha sido o melhor que
ele e Trent haviam passado para o próximo projeto quando o fizeram. Mas do
jeito que Skylar estava avançando em direção a eles, estava claro que ele não
se acalmara nas últimas semanas.

— Desculpe interromper seu pequeno encontro amigos. — Disse Skylar


em vez de um bom dia educado.

— Não tem problema, idiota. Junte-se ao idiota do círculo e pegue um


pau. — Trent zombou.

Skylar torceu a boca, mas ignorou os dois e manteve os olhos em


Edison.

— Você vai se atrasar para a sua própria reunião, chefe?

Bishop estava com a mão na nuca de Edison, o polegar esfregando a


pele macia na base da mandíbula. Ele estendeu a mão e o tocou para se
acalmar, porque, caso contrário, ele poderia ter se adiantado e dado um tapa
em Skylar na boca por falar com o namorado de alguma forma.

— Eu não preciso que você verifique meu tempo. — Respondeu Edison.

506
— Está certo. Porque você é o meu chefe. — Skylar estreitou os olhos.

Edison balançou a cabeça, parecendo confuso em como responder a


isso.

— Esse cara é desrespeitoso como o inferno, B. — Disse Trent ao seu


lado. — Eu acho que você deveria me deixar bater nele. Às vezes, um idiota
precisa aprender uma lição.

Skylar zombou e passou a mão bem cuidada na frente de sua jaqueta de


grife.

— Esse é um cão de guarda cruel que você chegou arrumou Bishop.

— Oh sim. — Trent rosnou, dando um passo à frente, até Bishop colocar


o antebraço no peito para detê-lo. Trent olhou para a barreira de Bishop e não
pressionou mais. Eles não estavam prestes a demitir Edison e com certeza não
estavam prestes a perder o contrato de Manny e Mike. — Você está certo, eu
sou cruel. E um dia B vai me soltarele sempre soltae eu vou dar uma grande
mordida na sua bunda, Sky - puta.

— Realmente elegante. — Skylar dirigiu-se a Edison, olhando-o como se


devesse ter vergonha. — Esta é acompanhia que você prefere manter com ex-
presidiários indisciplinados, raivosos.

Bishop se arrepiou, sentindo as veias como se estivessem bombeando


gasolina pelo corpo, em vez de sangue. Ele precisava se afastar desse cara,
porque Bishop agora sabia qual era o plano de Skylar, e se ele atacasse e
cerrasse o rosto por baixo da bota, ele venceria e teria um caminho

507
desobstruído para exatamente o que queria. Meu Eddie. Bishop olhou para
Edison, que estava encarando Skylar com tanta força que temia que seu
namorado pudesse ter dor de cabeça. Tudo o que ele precisava fazer era
manter a calma e seguir seu próprio plano. Edison saberia hoje à noite; ele
diria tudo a ele. Então ele fazia amor com ele por horas, porque tinha cem por
cento de certeza de que Edison não o deixaria, não importa o quê. Bem, talvez
noventa e nove, com nove por cento de certeza.

— Ugh. Apenas vá embora. — Disse Edison.

Skylar se aproximou de Edison, e dessa vez Trent foi quem segurou o


braço de Bishop. Ele não tinha percebido que tinha feito um punho até sentir
as unhas cravando na palma da mão.

— Esta é a sua última chance. Você pode estar com um homem de


verdade, Edison. Alguém que pode ficar bem ao seu lado. Então, quem será?
Eu ou ele. — Disse Skylar bem na frente de Bishop. Negrito como tudo. E
aqui ele pensando que a boceta pomposa não tinha bolas.

Edison torceu o rosto como se tivesse acabado de entrar na merda com


seus sapatos bonitos.

— Você me dá nojo. — Edison se levantou e rapidamente beijou


Bishop na boca. — Eu tenho que trabalhar. Vou vê-la hoje à noite. Se você
chegar lá antes de mim, use sua chave.

Bishop observou Edison se afastar.

508
— Isso deve responder à sua pergunta, vadia do inferno. — Trent
sorriu.

— Agora, estou lhe dando seu último aviso. Deixe-o. — Skylar se


aproximou de Bishop, quase na mesma altura que ele. Independentemente do
fato de ele não ter perto da massa muscular que ele e Trent tinha isso não o
impediu de ameaçá-los.

— Como mais cinco anos de prisão soam para vocês dois? Porque se
você se atreve a foder comigo, terei os melhores advogados de Virginia Beach
para garantir que vocês dois obtenham o máximo de agressão desta vez.
Edison é meu amigo. Estou fazendo isso por ele.

— Besteira. — Trent retrucou, e Bishop segurou seu amigo, sabendo que


a conversa deles estava chegando à zona de perigo.

— Você deve gostar da picada de rejeição. — Disse Bishop. — Edison não


quer você.

— Veremos. Às vezes, os problemas precisam ser eliminados primeiro. ─


Skylar começou a se afastar e depois ergueu o dedo indicador como se tivesse
acabado de se lembrar de algo crítico. — Oh, uma última coisa. Lembre-se de
quando você estava aqui entregando flores e eu lhe disse que enviei suas
transcrições do julgamento... Elas chegaram ontem.

O estômago de Bishop caiu em pé.

Skylar sorriu, sabendo que ele o tinha.

509
— Aposto que seria uma leitura interessante durante a minha hora de
almoço. Acho que vou imprimir algumas cópias e distribuí-las pelo escritório.
É claro que depois que eu colocar uma na mesa de Eddie.— Skylar zombou.

— Foda-se ele, B. — Trent tentou mover Bishop, mas ele não estava se
mexendo. Tudo o que ele conseguia pensar era bater com o punho nos dentes
de Skylar para que ele não pudesse falar. Suas mãos começaram a tremer
enquanto ele pensava sobre o que poderia estar nessa transcrição. Isso não
significava tudo o que havia sido dito em seu julgamento? De repente,
Bishop sentiu como se tivesse engolido um punhado de areia.

— Bishop não poderia ter feito isso. Ele é completamente analfabeto.


Ele nem sabe ler! ─ Royce gritou para o promotor. — Ele tem QI de formiga,
provavelmente foi enganado.

O peito de Bishop ficou apertado e ele não achou que poderia inalar. Ele
queria falar mal, gritar e destruir, mas, em vez de fazê-lo, Bishop agarrou o
ombro de Trent, virou as costas e se afastou. Se isso tivesse acontecido seis
anos atrás, ele e Trent ainda estariam espancando Skylar ali em plena luz do
dia. Era tudo sobre o desrespeito... A chantagem do caralho. Porra! Mas ele
não era mais um bandido. Ele cresceu na prisão e aprendeu a usar a cabeça
em vez de punhos. Wood havia lhe ensinado uma disciplina inabalável, não
havia como deixar que o punk o vencesse. Com os fones pressionados
profundamente nos ouvidos, ele voltou ao trabalho.

— O que você vai fazer? — Trent perguntou quando eles terminaram o


dia e voltaram para o caminhão.

510
Bishop esfregou a mão na mandíbula.

— Eu vou fazer o que eu disse. Vou contar a Eddie hoje à noite. Eu só


estava... Queria terminar mais algumas semanas de aula, mas... Está tudo
bem. Vai ficar tudo bem. — O joelho de Bishop começou a saltar quando ele
pensou em Edison lendo a transcrição.

— Então você acha que Edison leria? — Trent perguntou em voz baixa.

— Acho que não. Ele odeia Skylar e não confia nele, então... Bishop
pressionou o punho na coxa para tentar acalmar o tremor. Ele estava com
raiva, ele tinha que lidar com essa besteira. Ele se perguntou se ele nunca
apareceria se Skylar alguma vez tivesse se mudado para Edison.
Provavelmente, não.

— Você quer que eu te deixe lá?

— Não... Sim... Não, espere, eu estou muito foda... — Assustado, com


raiva. Bishop estalou os nós dos dedos.

— Eu peguei você, B. — Trent saiu da interestadual na Rosemont Road.

— Onde estamos indo?

— Vou comprar uma cerveja para você antes de eu deixar você cuidar
dos seus negócios. — Disse Trent e puxou uma parada em frente à biblioteca
pública.

511
Capítulo 53
Edison

Edison fechou a tampa da grelha e voltou para dentro. Colocou a panela


de lombo no forno para descansar e depois verificou novamente o tempo no
fogão. Estava escuro lá fora; Bishop costumava chegar muito antes das oito.
Em vez de esperar para cozinhar, ele imaginou que iria em frente e jantaria
esperando na mesa. Supondo que Bishop tivesse tido um dia difícil
especialmente depois de encontrar Skylar. Edison tentou pensar em maneiras
de relaxá-lo esta noite. Algumas idéias muito boas estavam surgindo em sua
cabeça quando ele ouviu uma chave girando na porta da frente.

Edison voltou pelas portas abertas do pátio depois que terminou de


colocar a salada de espinafre e morango na mesa. Seu sorriso caiu
instantaneamente com a expressão assombrada no rosto de Bishop. Ele
largou a bolsa lentamente na sala e apontou para o banheiro.

— Eu vou tomar banho muito rápido, Eddie.

— Ei. — Disse Edison, impedindo Bishop de ir embora. Ele limpou os


dedos na toalha de mão por cima do ombro e se inclinou para ele.

— Eu estou uma bagunça, querido. Não quero te sujar. — Bishop


murmurou, recuando.

512
Edison franziu a testa. Algo não estava certo. Bishop gostava de sujá-lo,
então por que ele o estava afastando?

— Jantar está pronto. Por que você não muda de camisa e lava as mãos,
estamos comendo lá fora no meu novo pátio hoje à noite?

Bishop olhou para ele e viu onde Edison tinha as luzes do teto acesas e a
fogueira acesa. Ainda estava quente da temperatura de hoje, mas o brilho do
fogo fazia o quintal parecer romântico. Ele colocou algumas velas de citronela
no pátio para afastar os mosquitos. Mas ele estava mais orgulhoso de quão
bem havia colocado a nova mesa de vidro. Bishop assentiu e deu um sorriso
que nunca alcançou seus olhos perturbados.

— Certo. Eu vou fazer isso. — Bishop sussurrou. Ele se abaixou e


rapidamente beijou Edison na bochecha antes de levar sua bolsa para o
quarto.

Edison respirou fundo e voltou a dar os retoques finais no prato


de Bishop. Ele tentou não se preocupar muito com o humor de Bishop. Todo
mundo tinha dias ruins. As coisas nem sempre podem ser luz do sol e
margaridas. O trabalho às vezes pode ser um inferno e Bishop era um gerente
como ele. Muitas vezes Edison chegou em casa e tudo o que ele queria fazer
era encontrar um canto e se enroscar com um livro. Agora, ele estava ainda
mais decidido a fazer Bishop se sentir bem esta noite.

Edison estava se esforçando ao máximo para desfrutar de seu lindo


quintal, mas estava tendo dificuldades quando Bishop estava com um humor
tão sombrio. Ele estava comendo sua comida, mas ele não elogiou Edison

513
uma vez e estava meio acabado. Edison pousou a faca e limpou a boca com o
guardanapo.

— Eu amo meu quintal, Bishop. Eu não posso acreditar o quanto isso se


parece com o seu desenho. Quando você acha que Manny vai querer tirar
algumas fotos? — Edison perguntou com entusiasmo.

Bishop finalmente ergueu os olhos do prato, pegando o olhar de Edison


por um segundo antes de abaixar a cabeça novamente.

— Eu não sei. Em breve provavelmente. Eu aviso você.

— Ok. — Edison exalou lentamente e tentou uma abordagem diferente.

— Todo mundo está tão animado com o dia da comunidade de amanhã.


— Edison sorriu enquanto bifurcava morangos e queijo feta. — Este projeto é
muito próximo de Presley. Ela gosta de retribuir da maneira que puder.

Bishop assentiu. Sua mandíbula estava trabalhando agressivamente


como se estivesse rasgando o bife em pedaços na boca.

Edison colocou as mãos no colo, o jantar perdendo o apelo.

— Hum... Há algo errado, Bishop?

— O quê? — Bishop franziu o cenho como se Edison estivesse louco.

— É Mike? Ou Trent? — Perguntou Edison. — Ou eu?

A voz de Bishop era superficial e Edison podia ver o joelho dele saltando
através da mesa clara.

— Não, nada está errado com ninguém.

514
Exceto você. Edison observou Bishop por um longo tempo antes de
falar.

— Eu tive um dia fodido, Eddie. Isso é tudo. ─ Bishop empurrou o prato


para longe, seu bife pela metade e a batata cozida duas vezes quase intocada.
— Merda. Eu sinto muito. Eu sei que estou estragando sua boa refeição bebê,
eu só...

— Ei. — Edison levantou-se e foi para Bishop. Ele deslizou a cadeira


para trás e sentou no colo, fazendo Bishop sorrir pela primeira vez a noite
toda.

— Você sempre se preocupa quando eu peço que se sente no meu colo.


— Bishop colocou a testa no pescoço e respirou.

— Porque eu sou muito grande. Essa cadeira provavelmente tem uma


capacidade de peso que estou testando no momento.

Silencioso Bishop beliscou o pomo de adão.

Edison passou os braços em volta do pescoço de Bishop.

— Eu posso sentir uma tonelada de nós aqui, querido. Poxa.

— Acho que é daí que vem a dor. — Bishop sibilou, apertando a nuca
com força.

Edison precisava cuidar de seu sujeito. Bishop trabalhou não era apenas
para fazê-lo feliz, ele tinha que estar lá para Bishop também. Pelo que
parece, Bishop teve um dos piores dias possíveis e os músculos tensos em seu

515
pescoço eram a prova. Edison sabia exatamente o que fazer por ele. Ele
inclinou a cabeça de Bishop e beijou os lábios.

— Por que você não toma um banho longo e quente enquanto eu guardo
a comida? Podemos ir para a cama cedo e posso ver se consigo tirar esses nós
de você.

Bishop o apertou, sua voz soando à beira de quebrar.

— Eu não te mereço, porra.

— Ei. — Edison o beijou novamente. — Você merece tudo o que tenho


para dar. — Ele se levantou e pegou a mão de Bishop e o puxou para cima,
conduzindo-o de volta para dentro. — Agora vá. Encontro você no quarto.

Edison observou Bishop se afastar, incapaz de esperar para colocar as


mãos em todos aqueles músculos doloridos nas costas.

Bishop

Bishop estava apoiado na pia com a toalha amarrada na cintura. Ele


limpou o vapor do espelho e encarou seu reflexo. Ele tentou pensar mais
positivamente sobre o que estava prestes a dizer a Edison, mas estava lutando
para ver o revestimento prateado. Exceto que seu analfabetismo finalmente
estivesse lá fora, ele teria esse alívio. Merda, merda, merda. Bishop passou a
mão na cabeça. Ele teve que se levantar e parar de se esconder, não podia
ficar no banheiro para sempre. Está bem. Eddie te ama. Apenas seja honesto,
não dê muitas desculpas e diga a ele que você vai ficar na escola e terminar,

516
não importa o quão frustrante seja. Apenas diga isso a ele. Bishop sentiu-se
estúpido, dando-se uma maldita conversa animadora. Ele estava meio que
repetindo a mesma coisa que Trent lhe dizia várias vezes durante as três
cervejas no bar.

Bishop se certificou de que todas as suas roupas sujas estavam no cesto


que Edison havia designado para ele no banheiro de hóspedes e desligou a
luz. Ao se aproximar do quarto de Edison, seus ombros pareciam ter subido
aos ouvidos e um espasmo muscular estava fixado na base do pescoço. Desde
a ameaça de Skylar, ele se dedicara a uma grande bola de tensão e
preocupação. Ele ainda estava tentando detectar se Edison sabia ou não, se
Skylar havia cumprido sua ameaça e dado a ele a transcrição. Mas nada
parecia diferente no comportamento de Edison hoje à noite; Bishop foi quem
derrubou a noite de sexta-feira.

Ele colocou a mão contra a porta e respirou tentando se acalmar. Sua


perna tremia profusamente e não havia como ele parar. Foda-se. Ele pensou
que isso poderia ser uma das coisas mais difíceis que ele teve que fazer em sua
vida. Possivelmente decepcionou alguém que ele tanto amava. Talvez até o
perca. Bishop balançou a cabeça. Ele não conseguia pensar assim. Em vez de
continuar se deixando levar, Bishop lentamente abriu a porta e entrou, mas
rapidamente parou com a visão à sua frente.

— Jesus. — Bishop respirou, olhando para toda aquela carne deliciosa


deitada em lençóis de seda azuis. Edison apagou as luzes e acendeu algumas

517
velas ao redor da sala. Havia uma música de meditação suave tocando no
fundo e duas garrafas de óleo na mesa de cabeceira.

Edison saiu da cama e foi até ele. Ele estava usando uma cueca boxer
cinza claro de seda e um sorriso provocante. Bishop deu boas vindas ao
abraço assim que Edison o pressionou. Ele abaixou a cabeça contra a garganta
de Edison e chupou a pele macia, os olhos revirando na cabeça pelo sabor
doce.

— Sim. — Edison suspirou.

Bishop segurou a bunda de Edison com as duas mãos e apertou,


gemendo quando seus pênis roçaram juntos. Sua cabeça caiu para trás
quando Edison o acariciou através da toalha. Droga. Não era isso que eu
deveria estar fazendo. Ele deveria estar conversando, não um...

— Ahhh, merda. — Bishop gemeu quando Edison desamarrou sua


toalha deixando-a cair no chão e agarrou seu pau.

— Isso não é o que eu tinha em mente para você hoje à noite.

Bishop estava respirando com dificuldade. Ele teve que parar com isso.

— Eu quero ajudá-lo a relaxar.

Você está fazendo um bom trabalho agora.

— Deite na cama, de bruços. — Sussurrou Edison. Ele pegou a mão


de Bishop e o levou para a cama.

Bishop obedeceu, seu coração batendo rapidamente, seu pênis inchando


sob ele. Ele ouviu Edison se movendo antes de a cama afundar e as costas de

518
suas coxas serem montadas. Bishop agarrou os lençóis nos punhos. O peso de
Edison era maravilhoso nele.

— Eu costumava fazer massagens todas as semanas, quando estava


trabalhando para perder peso.

Bishop ouviu Edison bombeando o bico de uma das garrafas, depois os


sons escorregadios de suas mãos se esfregando. Ele se contorceu em
antecipação, sua pele formigando ao sentir as mãos macias de Edison sobre
ele. Ele nunca teve outro homem massageando-o antes.

— Não só me senti muito bem com os músculos doloridos, mas me


relaxou tanto que às vezes eu adormecia.

Deus. Eu preciso falar com você, Edison. Bishop deveria ter ficado
concentrado, preso ao que ele disse que tinha que fazer hoje à noite. Mas
como ele resistiu a isso? Como ele poderia recusar ao corpo o cuidado que
tanto precisava? Como ele negou à sua alma o conforto?

— Eu só quero que você bloqueie todo e qualquer pensamento ruim a


partir de agora. — Disse Edison suavemente contra o lóbulo da orelha, o peito
nu apoiado nas costas de Bishop. Edison passou as mãos escorregadias pelos
braços até que ele estava amassando os ombros doloridos. Bishop pressionou
a cabeça no travesseiro, seus olhos se fecharam no momento em que Edison
mudou para aquela voz suave. — Eu só quero que você se concentre nas
minhas palavras e na maneira como me sinto em cima de você.

Edison estava tentando fazê-lo gozar? Porque era isso que aconteceria
se todo esse carinho amoroso continuasse.

519
— Calma, querido. — Edison sentou-se e alisou as mãos na espinha,
depois pressionou os polegares na dor na parte inferior das costas. — Apenas
respire fundo, feche os olhos e pense em nada além da minha voz.

Bishop soltou um longo suspiro e limpou a mente de Skylar, a escola,


seus registros do julgamento, tudo isso, e deixou Edison aliviar a dor.
Ele fez merece. Ele ganhou isso. Bishop fechou os olhos e se permitiu sentir.

Quando os abriu novamente, o sol estava brilhando em seu rosto.

520
Capítulo 54
Edison

Edison estava bebendo seu café e lendo o Piloto do outro lado do pátio,
em sua nova poltrona. Teve o cuidado de não acordar Bishop quando
se levantou da cama às sete. Ele estava exausto ontem à noite, então Edison
queria garantir que descansasse o máximo que pudesse antes do grande dia
de hoje. Ele se sentiu bem com o que tinha feito por Bishop. Ele lhe esfregou o
corpo inteiro e, quando chegou às solas dos pés de Bishop, ouviu seus roncos
profundos. Mesmo que os dois estivessem duros enquanto ele acariciava
Bishop da cabeça aos pés, ele ignorou. Era mais do que apenas sexo para eles,
sempre fora.

Ele largou o jornal quando ouviu Bishop deslizar a porta do pátio para o
lado.

— Bom dia. — Ele disse com um sorriso. — Sentindo-se melhor?

— Eu estou. — Bishop disse sua voz rouca com a sonolência da manhã.


O pênis de Edison se contorceu em suas calças. — Eu não posso acreditar que
você me nocauteou assim.

— Eu posso. — Edison sorriu. Ele balançou os dedos na frente dele. —


Estes são dedos mágicos.

521
Bishop sorriu, a tensão na testa e no pescoço que estivera lá na noite
passada parecendo inexistente.

— Você vai ficar lá fora a manhã toda?

— Claro que vou. Você não pode me dar um pátio externo deslumbrante
como esse e não espera que eu aproveite ao máximo. — Edison tomou um
gole de café quente.

— Pelo menos abra o guarda-chuva para que o sol não esteja batendo
bem em você.

— Eu estou bem. Eu posso usar a vitamina D. Trabalho em um


escritório o dia todo, lembre-se. Preciso de um pouco de sol. — Edison
reclinou-se e pegou a seção de saúde de seu jornal. — Fiz uma caçarola de café
da manhã, vá em frente e pegue algo para comer. Precisamos sair de casa ao
meio-dia.

— Começa a uma? — Bishop perguntou da cozinha.

— Sim. — Edison chamou de volta.

— Boa. Isso significa que tenho tempo suficiente para molestá-lo nesta
ilha em sua cozinha antes de partirmos. — Bishop disse isso tão casualmente
que Edison se perguntou se tinha ouvido direito.

Ele fingiu que de repente não estava mais excitado do que uma virgem
na noite do baile, quando largou o café lentamente e abandonou o jornal.
Molestado por seu amante em sua cozinha... Meu sonho se tornando
realidade.

522
— Edison, vocês fizeram um trabalho incrível aqui hoje. Uau! — Disse
Strollenburg, gesticulando para as várias casas de rejeição criadas para as
crianças. Ela parecia à vovó mais doce do mundo, com seus tornozelos, seu
vestido floral e seu amplo chapéu de sol. — Esses caras estão tendo uma bola.
Você se lembra dos meus netos, não é?

Edison acenou com a cabeça para as crianças, todas com algodão doce
grudento na boca e tinta no rosto nas bochechas.

— Eu faço. Vocês estão se divertindo? — Ele perguntou.

Eles pularam em torno de sua avó, gritando.

— Sim. — E como eles não podiam esperar o início dos passeios de


pônei.

— Certifique-se de entrar na fila cedo. — Edison disse a eles.

— Edison. Não posso dizer quanta bênção você tem sido para minha
família. — A senhora Strollenburg apertou a mão dele entre as dela. — Eu
pensei que passar por essa falência seria um pesadelo, mas... Mas de alguma
forma você fez disso um sonho. Não tenho mais cobradores de contas me
ligando, ninguém tirando dinheiro do meu salário. Na verdade, posso levar
meus bebês para um sábado de diversão e não ter medo se vou conseguir
fazer compras nessa semana.

Edison deu um tapinha nas mãos frágeis. Ela era uma cliente especial
para ele, também para Presley. Os dois se sentiram tão tocados pela situação
dela, de repente perdendo uma filha e obtendo a custódia de três filhos em

523
luto que Presley pagou metade da taxa e aplicou o restante em um acordo de
pagamento para arquivar seu caso, e Edison tinha sido mais do que feliz por
ajudar.

— Estou feliz que tudo deu certo, Srta. Strollenburg. Mas ainda estou
aqui se você tiver alguma dúvida ou precisar de alguma coisa.

— Mesmo se eu apenas precisar de uma boa receita de torta de maçã?

Edison riu.

— Especialmente para uma receita.

Ela sorriu para ele como se ele fosse um dos filhos dela, em seguida,
lançou seus olhos curiosos para trás dele.

— E quem é esse homem bonito com você?

Agora, era sua vez de vibrar de emoção.

— Este é meu amigo muito especial, Bishop. Bishop, esse é um de


nossos clientes mais queridos, a Srta. Strollenburg, e seus três netos que são
incríveis. — Edison riu, cumprimentando-os quando começaram a examinar
ele.

— Você é um cara de sorte. — Disse Strollenburg.

— Eu sei. — Edison recostou-se no peito de Bishop.

— Eu estava conversando com ele. — Ela sorriu para Bishop e se


afastou.

524
— Entendo por que ela é tão especial. — Disse Bishop, beijando o lado
de sua mandíbula. — Eu gosto dela. E ela te adora.

— Eu trabalhei com ela por um longo tempo para arquivar o caso. —


Edison se virou e olhou de soslaio para Bishop. — Você não precisa ficar ao
meu lado o tempo todo. Se você quer sair com seus amigos ou seu pai...

— Eles estão bem. Eu os vejo todos os dias. Além disso, tudo o que Mike
está fazendo é distribuir cartões de visita. E todos os outros caras trouxeram
suas famílias ou namoradas, então não estou tentando aproveitar o tempo
deles. — Disse Bishop.

— Seu pai é esperto. Este é o momento perfeito para a empresa. Todo


mundo está percebendo o gramado. — O dia acabou sendo lindo e não havia
uma nuvem de chuva no céu. Edison olhou para o amplo espaço, cheio de
pessoas de todas as idades que vieram para desfrutar de suas festividades.
Presley realizou alguns eventos comunitários todos os anos. Uma foi durante
o verão e a outra foi uma campanha de educação durante as férias de
primavera para jovens carentes na cidade de Portsmouth.

— Quanto tempo temos que ficar? — Bishop perguntou.

Edison esperou que Bishop jogasse fora o resto de sua sacola de pipoca.
Eles estavam em pé sob uma árvore de sombra na beira do gramado mais
próximo dos caminhões de comida. Ele olhou para o relógio:

— Acho que um bom momento para fugir é depois de fazer o sorteio.


Uma vez terminado, a maioria das pessoas começa a se dispersar e a ir aos
bares no centro da cidade.

525
— Quando é o sorteio?

— Em cerca de vinte minutos, mas temos um problema. — Disse Mila


caminhando na direção deles. Ela usava um macacão brilhante fúcsia e
guarda-sóis que cobriam quase todo o rosto.

— Ugh. — Edison deixou cair o queixo no peito. — Por favor, diga-me


que é um pequeno problema.

— Bem, John não está aqui para fazer o sorteio e deve começar às
quatro. — Mila apertou as mãos. — E você sabe que eu odeio microfones.
Hum. Mas uma pessoa se ofereceu para assumir o controle.

Edison franziu a testa.

— Quem?

— Skylar. — Mila se encolheu.

Edison sentiu Bishop tenso atrás dele, mas ele não se virou para ver o
que estava errado.

— Bem. Diga a ele para fazer isso. Mas nenhuma improvisação louca.
Diga a ele para chamar apenas os números.

— Vou fazer. — Disse ela e se apressou.

— Cerca de mais trinta minutos, querida, e estamos fora daqui. —


Sussurrou Edison. — Então eu quero que você comece com os planos que você
disse que tinha para mim.

526
— Tudo bem. — Disse Bishop, sua voz ficando rouca. — Eu tenho que
falar com você primeiro.

— Ok.

— Eu pretendia ontem à noite... Mas alguém me colocou para dormir.


— Bishop murmurou contra seu pescoço. A risada de Edison se transformou
em um gemido silencioso quando ele pensou na manhã em sua cozinha e em
como Bishop compensou o que eles haviam perdido na noite passada. Ele
tremeu quando se lembrou de estar curvado sobre a ilha, sua bunda no ar e os
dedos de Bishop profundamente dentro dele.

— Eu sei o que você está pensando. — Disse Bishop, escondendo-se


atrás das costas. Edison se sentiu tão mal enquanto seu namorado falava mal
com ele quando seu chefe estava a apenas dez metros de distância. — Você
quer mais, não é?

Edison trabalhou para não voltar à dureza de Bishop. Eles pareciam


estar encostados na árvore, aproveitando a sombra. Ninguém era o mais sábio
dos pensamentos em sua cabeça ou a espessura subindo em seus shorts.

—Lembrar. Eu tenho shorts de cores claras. Apenas para sua


informação.

— Vocês dois deveriam ser açoitados... Envergonhados — Disse Trent


em voz alta, aproximando-se e empurrando Bishop com força em seu ombro,
desalojando Edison de seus braços. — Este é um evento familiar.

— Cale a boca, idiota. — Bishop rosnou.

527
— Há crianças e famílias por aqui, pelo amor de Deus. — Trent balançou
a cabeça em Edison como se ele fosse o diretor de uma escola preparatória. —
E você, Edison. Eu esperava mais. Você devia se envergonhar.

O rosto de Edison ficou vermelho, mas ele começou a rir da indignação


fingida de Trent e não conseguiu parar. Ele estava sóbrio quando ouviu a voz
de Skylar através dos grandes alto-falantes posicionados ao redor do
gramado.

— Sejam bem-vindos ao sétimo dia de diversão comunitária Alfred,


Dolan, Maroko e Bickel!

Os aplausos aumentaram quando as pessoas começaram a se aproximar


da plataforma elevada onde Skylar estava de pé segurando um microfone sem
fio. Edison pegou a mão de Bishop e caminhou com ele e Trent até que
estivessem do lado do palco improvisado.

— Ainda temos mais algumas horas para aproveitar as festividades e


queremos que todos tirem vantagem total de nós, porque isso é tudo para
você. — Skylar gesticulou para a pitada de diversão ao seu redor. Ele sorriu,
colocando uma mão no bolso do short. — Mas agora é a hora que todos vocês
estavam esperando.

Os adultos estavam fazendo mais barulho do que as crianças enquanto


se esforçavam para sacar os canhotos do sorteio.

Skylar acenou com o braço para a multidão se acalmar. Edison se


perguntou como o homem era capaz de fazer com que as pessoas comessem
na palma da mão, não importando que besteira ele as estivesse alimentando.

528
— Temos passes de temporada para parques de diversões! Cestas de
presente de alguns vendedores aqui no Centro da Cidade. E nós temos
toneladas de cartões-presente doados em supermercados, lojas de
departamento... Inferno, lojas de bebidas... Você escolhe! — Skylar gritou. E a
menção de cartões-presente de álcool deixou a multidão enlouquecida.

Bishop colocou o braço em volta do ombro de Edison enquanto ele e


Trent falavam em um tom abafado atrás dele. Edison manteve os olhos em
Skylar, esperando que ele continuasse fazendo um trabalho decente, porque a
partir de agora, ele estava fazendo a empresa parecer realmente boa. No
momento em que aqueles olhos verdes se fixaram nos dele, o sangue de
Edison gelou. Ele não gostou da fúria que viu no momento em que Skylar se
concentrou no antebraço de Bishop, segurando-o possessivamente em volta
da garganta.

529
Capítulo 55
Bishop

— Aquele filho da puta contou a Edison sobre a transcrição? — Trent


perguntou.

— Não. — Bishop murmurou. — Acho que não.

— Como foi quando você contou a ele?

— Eu não tive a chance. Adormeci. Mas Edison não agiu diferente


ontem à noite. — Disse Bishop perto do ouvido de Trent, enquanto a
multidão estava aplaudindo qualquer coisa que Skylar estivesse dizendo.
Bishop não se importou. Ele estava apenas esperando Edison dizer que eles
poderiam sair.

— Mas espere. Antes de chegarmos aos prêmios, quero dar uma mão ao
incrível comitê de planejamento que passou inúmeras horas reunindo tudo
isso para nós. Confie em mim. Este projeto não foi fácil.

Mais aplausos e aplausos.

Skylar continuou a subir no palco e todos os olhos seguiram sua


estrutura magra quando ele se moveu. — Gostaria de poder dizer que ajudei a
organizar tudo isso, mas não o fiz. Eu gostaria de poder dizer que sou
responsável por esse belo gramado novo que temos agora, mas não sou... Esse
paisagismo não é incrível? Sim! Skylar colocou o microfone debaixo

530
dos braços e bateu palmas, a multidão se juntando com entusiasmo. — É
lindo. Não há mais aluguel de parques. Esperamos que o nosso oitavo dia
anual da comunidade seja realizado aqui, por nossos próprios motivos. Nós
poderíamos festejar aqui a noite toda, se quisermos o que você diz?

Edison queria revirar os olhos. Ele disse que não era improvável.

— Mas, se você quer agradecer aos homens responsáveis, nós os temos


aqui, no palco lateral. — Skylar apontou diretamente para ele e Edison. — O
presidente do comitê de planejamento e o arquiteto paisagista responsável
por todo esse projeto estão aqui, todos, e temos um agradecimento especial
apenas por eles. Vamos ver se conseguimos trazê-los para cá.

A multidão enlouqueceu, aplaudindo e gritando.

O pulso de Bishop disparou e seu corpo começou a esquentar quando


ele estreitou os olhos para Skylar. Que porra você está fazendo? Edison olhou
para Bishop com incerteza, parecendo como se aquela plataforma fosse o
último lugar que ele queria estar, mas todos os olhos estavam neles.

— Nosso belo chefe é um pouco tímido, vamos encorajá-lo. Vamos lá,


Edison. — Skylar aumentou a multidão e eles se alimentaram, chamando o
nome de Edison.

Bishop pegou a mão de Edison e o levou ao palco. O que quer que esse
bastardo estivesse tentando fazer, não funcionaria. O rosto de Edison já
estava ficando vermelho quando ele ficou ao lado de Skylar com um sorriso
estampado. Quando o microfone foi empurrado em seu rosto, a mão de
Edison tremia onde estava segurando.

531
— Não há necessidade de nos agradecer. — Disse Edison docilmente. —
Fizemos isso porque amamos nossa comunidade. Vocês continuam se
divertindo, e boa sorte com o sorteio.

Edison virou-se para se afastar ao som de aplausos mais ambiciosos


quando Skylar se colocou entre eles. — E não queremos esquecer de agradecer
ao Sr. Bishop Stockley, da Stockley Serviço de paisagismo, por este incrível
local que ele criou.

Bishop olhou para Skylar e resmungou uma popa.

— Obrigado. — Quando ele empurrou o microfone tão perto de seus


lábios que quase o fez beijar a porra da coisa. Skylar riu como se fossem
velhos amigos e se apoiou no ombro dele quando ele tentou se afastar.

— Não vá ainda. Temos um reconhecimento especial pelo Stockley


Serviço de Paisagismo do Gabinete do Prefeito localizado bem aqui no Centro
da Cidade! — Havia ohhs e ahhs da multidão quando Skylar chegou atrás dele
bem a tempo de Jessica lhe entregar uma pequena placa de oito por dez. — E
nossa empresa se sente agradecida por uma empresa de prestígio como a sua
estar disposta a fazer tudo isso para a nossa comunidade.

Skylar segurou a apresentação de mogno e preto brilhante na mão e


levou o microfone à boca.

— Isso é tão bonito, pessoal. Ouça isso... Para o Stockley Serviço de


Paisagismo. Obrigado por seus incansáveis esforços na construção de nossa
comunidade... ─ Skylar parou. — Oh inferno. Estou sendo rude, não estou?

532
Estou agindo como se fosse meu reconhecimento. Eu não fiz nenhum deste
trabalho incrível. Bishop Stockley fez, damas e cavalheiros.

Skylar virou-se para encarar Bishop de frente, olhando-o morto nos


olhos, e empurrou a placa grossa em seu peito e largou. — Por favor, Bishop.
Leia para todos nós. — Ele disse, entregando o microfone a Bishop.

Bishop ficou ali atordoado, percebendo que mais uma vez havia
subestimado seu inimigo. A multidão ficou em silêncio enquanto esperavam
que ele terminasse a mensagem. Mas seu primeiro olhar para a escrita cursiva
e ele sabia que não estava acontecendo. Ele não percebeu que estava tirando o
prêmio do inferno até ouvir seus dedos estalando e Edison chamando seu
nome fracamente.

Skylar deu um passo à frente, fingindo preocupação.

— É... Desculpe-me há algo errado?

Esse cara deveria ter recebido um Oscar porque Bishop nunca tinha
visto uma atuação tão convincente. Ele sabia que Skylar havia lido a
transcrição e descobriu exatamente por que Bishop havia conseguido uma
sentença menor. E o esperto filho da puta esperou até o momento perfeito
para tornar públicas essas informações e humilhá-lo, tudo ao mesmo tempo.

— Ah, não. — Disse Skylar, retirando lentamente o microfone do punho


apertado de Bishop. — Você não pode ler. Oh meu Deus, eu não sabia. Eu
sinto muito, Bishop. Eu não percebi. — Skylar acenou com a mão para
silenciar os sussurros abafados. — Por favor, pare todos. Não há vergonha
aqui. Não se preocupe tudo bem. A placa de comemoração do prefeito será

533
pendurada na parede do saguão na segunda-feira de manhã para quem quiser
ler.

A visão de Bishop ficou turva e tudo o que ele podia ver era vermelho.
Sua perna começou a tremer quando ele chamou a atenção dos olhos da
multidão. Até Strollenburg e seus netos estavam olhando para ele com choque
e pena. Porra! Foda-me! Ele sabia que isso tinha sido uma má ideia.

— Bishop.

Ele mal conseguiu desviar os olhos de Skylar enquanto Edison estava na


frente dele com um olhar de horror no rosto vermelho.

— É... O que... — Ele estava envergonhado. Bishop sentiu o antebraço


esticar quando ele fechou o punho com a maior força possível. Ele ia matar
esse pedaço de merda.

— Bishop, não! Não! — Mike gritou de algum lugar, abrindo caminho


para o palco. — Trent!

Pelo menos ele pensou que era o que ouvia. Ele podia apenas ver o rosto
de seu pai, a carranca ultrapassando suas feições, enquanto ele lutava para
chegar até ele. Mike sabia... Sabia que estava prestes a jogar o resto de sua
vida fora. Bishop inclinou o cotovelo para trás no momento em que Trent
bateu em seu peito e o empurrou para trás até que eles tropeçaram na
plataforma.

— Ok. Todo mundo tem esses bilhetes de sorteio? Vamos lá, temos um
monte de coisas para dar e você não quer perder! — Mila disse com

534
entusiasmo enquanto tentava desviar os olhos curiosos do drama dele e de
Edison.

Bishop não sabia como ela roubara o show de Skylar, mas Trent, seu pai
e Manny levaram Bishop para longe do bastardo, enquanto ele estava ali com
o sorriso mais vitorioso que já vira. Mike o empurrou para dentro do
caminhão no estacionamento e gritou para Trent tirá-lo dali.

Ele nem teve a chance de se despedir de Edison.

535
Capítulo 56
Edison

— Edison, espere. — Presley chamou atrás dele enquanto corria pelo


estacionamento o mais rápido possível. Ele tinha que conversar com Bishop.
Ele ouviu o som das sandálias dela clicando no asfalto, mas não diminuiu a
velocidade. Ele não conseguiu. — Edison!

Ele se atrapalhou com a maçaneta antes de abri-la, exatamente quando


Presley correu para o lado dele, pendurando na porta enquanto ela
recuperava o fôlego.

— Edison, espere, por favor. Meu Deus. Sinto muito, tanto que
aconteceu. Aquilo foi...

— Fodido! — Edison latiu, olhando para sua chefe.

Os olhos dela se arregalaram, mas ela não disse nada sobre o idioma
dele.

— Sim, foi. Aonde você vai?

— Eu tenho que ir atrás dele... Eu tenho que dizer a ele que não importa.
Não acredito... ─ Edison esfregou a testa. Como ele não juntou essas peças?
Agora que ele levou um segundo para pensar sobre isso, tudo fez sentido e ele
sabia que era verdade.

536
— Edison, o que posso fazer? — Perguntou Presley, parecendo
sinceramente se desculpar.

Edison olhou com tristeza até ver Skylar caminhando em sua direção.

— Demita-o. — Disse ele antes de perceber.

Presley olhou por cima do ombro e depois voltou-se para Edison.

— Feito.

Edison piscou. Foi realmente assim tão fácil? Se ele soubesse que teria
Skylar demitido há séculos.

— Eu não vou demiti-lo porque ele machucou os sentimentos do seu


namorado, Edison. Estou demitindo-o porquê ele usou meu evento de
divulgação na comunidade para exibir uma vingança pessoal. Ele me
envergonhou e a minha empresa. Se não fosse pela atitude rápida de Mila,
teria arruinado o resto do dia.

Skylar estava quase neles e havia alguns retardatários intrometidos de


seu escritório ainda o observando.

— Eu tenho que sair daqui.

— Tire a semana de folga, Edison. — Disse Presley.

Edison ficou boquiaberto para ela do banco do motorista.

— O que? Não.

537
— Não foi um pedido. Aproveite a semana e deixe-me esclarecer toda
essa bagunça para você, tudo bem. — Ela disse, inclinando-se e dando um
beijo na bochecha dele. — Vai ficar tudo bem.

— Obrigado, Presley. — Disse ele. Edison sentiu o peito afrouxar uma


fração ao sair do estacionamento e entrar no Boulevard.

Edison dirigiu o mais rápido que podia oito quilômetros acima do limite
e entrou na quadra. Seu batimento cardíaco estava alto e suas mãos estavam
úmidas no volante enquanto ele desviava para a entrada da garagem. Ele
subiu correndo os degraus da varanda destrancou a porta e entrou
rapidamente.

— Bishop! Bishop, querido, você está aqui? — Edison gritou, correndo


para as portas do pátio e as abrindo. Quando ele não viu ninguém, ele correu
para o quarto. — Bishop!

Bishop também não estava lá. O coração de Edison afundou. Ele fugiu
dele novamente? A mochila de Bishop ainda estava aberta ao lado da cama e
Edison foi até ela, lembrando-se da conversa enquanto se vestiam juntos. Ele
mencionou a criação de algum espaço nas prateleiras para as coisas de
Bishop, então ele não precisava se sentir como se estivesse vivendo na mala.
Edison respirou fundo, ele não queria apenas abrir espaço em sua cômoda.
Ele queria dar mais espaço em sua casa inteira. Ele queria que Bishop se
mudasse.

Ele pegou a bolsa e foi colocá-la no chão quando um grande envelope


marrom saindo do bolso lateral chamou sua atenção. Edison franziu o cenho

538
quando viu o Centro de Aprendizagem de Adultos em negrito no topo. Ele não
sabia quanto tempo ficou lá olhando o envelope, mas no momento em que o
alcançou, ouviu a porta da frente bater. Ele pulou e saiu correndo do quarto e
pelo corredor.

— Bishop, eu tenho me preocupado tanto... — Edison derrapou até


parar, quase tropeçando nas costas do sofá.

— Ela me demitiu. Você sabia disso?

— Skylar, o que diabos você está fazendo na minha casa? — Edison fez
uma careta.

— Sua porta estava aberta. — Skylar disse parado perto de sua sala de
jantar. Ele cruzou as mãos atrás das costas e olhou em volta como se estivesse
em uma exposição de arte. — Então, esta é a sua casa. — Skylar deu de
ombros e fez uma expressão de muxoxo: — Não é ruim. Poderia usar uma dica
do meu estilo.

Edison olhou de soslaio para Skylar, notando que algo estava errado.
Ele estava agindo de forma estranha e estranhamente calma, apesar de ter
levado o fato de que agora estava sem emprego. E se Presley tinha algo a ver
com isso, completamente fora do campo jurídico em Hampton Roads. Seria
quase impossível para ele encontrar trabalho depois que se soubesse que ele
não tinha medo de humilhar a empresa em que trabalhava.

Edison ficou a uma distância decente quando Skylar se mudou para sua
cozinha, passando os dedos longos pela superfície da ilha no topo de
mármore.

539
— Se você soubesse o que aconteceu nessa superfície hoje de manhã,
não tocaria. — Disse Edison, maldosamente.

Skylar afastou a mão como se tivesse sido queimado e atirou punhais


em Edison com aqueles invejosos olhos verdes. Ele não se importava que isso
irritasse Skylar, Edison queria que ele pagasse pelo que havia feito com
Bishop. Ninguém deve se sentir assim, nunca. Edison havia sofrido bullying a
vida toda, sabia o que Bishop devia estar sentindo. Derrotado. Mortificado.
Envergonhado. Edison não conseguia se imaginar lutando pela vida sem
poder ler. Seja como for, não poderia ter sido a escolha de Bishop ou sua
culpa. E com todos esses desafios, Bishop ainda era um empresário talentoso,
notável e realizado.

— Eu não queria ter que fazer dessa maneira, Edison. Você deveria ter
me ouvido quando tentei avisá-lo sobre a história dele. — Argumentou
Skylar.

— Eu não ligo para o passado de Bishop e nunca vou me importar.

— Você não percebe que eu fiz isso para o seu próprio bem. Você merece
alguém que faça você parecer bem. Eu e você, juntos, poderíamos ser a
melhor equipe de gerenciamento executivo de nossa área, como já vimos. E
depois que você deixar Presley Alfred também, eu e você podemos criar uma
marca e aplicar em uma dessas mega-empresas no centro da cidade. — Skylar
desabotoou o segundo botão de sua camisa polo branca. — Agora que Bishop
se foi, você verá que eu e você fazemos muito mais sentido.

540
Edison só pôde ficar lá e ficar boquiaberto por alguns segundos antes de
cuspir:

— Você enlouqueceu? Você é ilusório. Bishop não se foi. Ele não vai a
lugar nenhum! — Edison gritou. — Você não entendeu? Idiota. Descobrir isso
só me faz amar ainda mais esse homem.

Skylar saiu da cozinha parecendo tão chocado e horrorizado quanto ele.

— Edison, você não o ama. Você simplesmente não quer ficar sozinho.
Você é um intelecto. Eu já vi você ler Ulisses pelo menos cinco vezes. Você
realmente quer um homem em seu braço que não consiga nem ler ovos
verdes e presunto do Dr. Seuss?

Edison ficou rígido quando sentiu a temperatura subir no peito e no


pescoço.

— Saia da minha casa.

Skylar atravessou sua sala e estava no rosto de Edison tão rápido que ele
não teve chance de recuar.

— Ei! — Ele avisou avançando o mais perto possível do sofá.

— Estou tentando ser um cara decente aqui, Edison. Tentando fazer a


coisa certa. Que Bishop é uma má notícia e não é para você. Pense na sua
carreira. Pense em mim. — Skylar disse suavemente, seus olhos caindo na
mandíbula de Edison. — Eu sei que você não sabia que eu sou bissexual.

— Eu não ligo. — Edison resmungou, ainda tentando abrir espaço entre


eles.

541
— Você perdeu muito peso nos últimos dois anos. — Skylar disse sua voz
rouca, ignorando completamente o desconforto de Edison. — Você não acha
que eu notei. Mas eu tenho. Estou orgulhoso de você.

— Eu vou dizer isso uma última vez. Você é um fodido delirante. Eu não
te quero. Não antes, agora não. Agora saia da minha casa! — Edison latiu na
cara de Skylar.

— Edison. — Skylar suspirou, beliscando a ponta do nariz. — Vou fazer


você acordar, de um jeito ou de outro. E então você vai pedir a Srta. Alfred
que me escreva uma brilhante carta de recomendação pelo incrível trabalho
que fiz na empresa dela.

— Que trabalho? — Edison rosnou. — Você não faz nenhum trabalho.


Tudo o que você faz é denunciar o advogado que deve ajudar, porque não tem
ideia de como fazer o trabalho necessário para o seu cargo.

Algo parecido com raiva brilhou nos olhos de Skylar, e Edison sabia que
precisava fugir.

— Você deixa ele te foder, Edison. Hum? — Skylar disse, aproximando-


se. Edison sentiu as coxas de Skylar pressionando contra as dele.

— Eu disse para recuar. — Edison advertiu novamente. Ele não tinha


para onde ir, então tirou o telefone do bolso. — Não me faça chamar a polícia.

Skylar pegou o telefone de Edison da mão e jogou-o no sofá, então o


agarrou com força, pressionando os braços ao lado do corpo quando ele
tentou alcançá-lo.

542
— Por que você está fazendo isso? — Skylar grunhiu quando Edison
lutou para se soltar.

— Deixe-me ir, Skylar! Saia de cima de mim!

— Acalme-se, Edison. Não vou machucá-lo. — Disse Skylar, tentando


controlá-lo. — Eu só quero conversar um pouco.

Edison estava em pânico porque, embora as palavras de Skylar não


fossem ameaçadoras, ele ainda não o deixou ir. Ele estava com a cabeça
recuada quando Skylar se inclinou tão perto que conseguiu arrastar o nariz
comprido pela garganta.

— Não me toque! — Edison gritou. Seu coração estava batendo tão forte
e ele estava respirando rápido demais para pensar racionalmente. Ele estava
assustado. Ele não era um lutador. E antes que ele percebesse, a adrenalina
inundou seu corpo e o levou ao modo de sobrevivência. — Solte-me!

— Não até você concordar em ligar para a senhorita Alfred. — Skylar


resmungou, apertando Edison com mais força.

Ele avançou como um verme tentando libertar os braços e, quando não


conseguiu, levantou a cabeça para trás e a empurrou para frente com todas as
suas forças, batendo a testa na ponte do nariz de Skylar, a cabeça batendo
nele... Exatamente como Bishop havia dito a ele quando ele e Mike estavam
lutando. Skylar gritou, soltando Edison e apertando as mãos sobre o nariz
quebrado.

543
Capítulo 57
Bishop

Bishop e Trent ficaram quietos no caminhão, enquanto seu amigo o


conduzia por um tempo até que ele se acalmasse.

— Você está bem, Bishop? — Perguntou Trent.

—Sim, cara. — Disse ele, sua voz rouca. Ele balançou a cabeça pensando
em tudo o que havia acontecido nas últimas vinte e quatro horas. Ele levara a
ameaça de Skylar a sério, mas colocara o amor dele e de Edison em primeiro
lugar. Ele deveria ter contado a ele ontem à noite, mas não se arrependeu do
amor que havia recebido.

— Você está pronto para ir para casa? — Trent perguntou depois de


fazer uma inversão de marcha.

— Leve-me para a casa de Eddie. — Bishop murmurou.

— Foi para lá que eu quis dizer. — Trent apertou o acelerador com mais
força. — Você nunca está no trailer. Mike também não é.

— Isso é... Você está?

— Não. Estou bem. — Trent se apressou a dizer, olhando para ele antes
de lançar os olhos de volta para a estrada. — Estou gostando do lugar só para
mim, você sabe. Conectando comigo mesmo.

544
— Bem, não se conecte com muita coisa no sofá, cara. — Bishop sorriu.

Trent jogou a cabeça para trás e riu.

— Foda-se. Também vou me deitar na sua cama se estiver de bom


humor.

O sorriso de Bishop foi sincero:

— Você não ficará sozinho por muito tempo. Wood deve sair em breve.
Ele estará a caminho em seis meses, então eu e Mike dissemos que ele poderia
ficar no trailer até que ele se levante.

— Bem, merda. — Disse Trent. — Então, seremos apenas eu e ele.

Bishop esfregou sua têmpora.

— Sim, eu acho. — Ou seremos nós três se Eddie me enviar as malas. —


Mas Wood é legal. Você vai gostar dele.

— Ele é gay? — Trent perguntou de repente.

Bishop franziu o cenho.

— O que importa?

— Não importa.

— Está bem então.

— Vocês todos mexeram quando estavam trancados?

Bishop lançou um olhar cansado para Trent.

545
— Não, Trent. Que parte do celibato você não entendeu? Além disso,
acho que não seria o tipo dele.

— O que isso significa? Ele tem um tipo?

— Você pode perguntar o que quiser quando ele chegar lá. Mas deixe-
me avisá-lo, Wood é difícil de ler e difícil pra caralho. — Disse Bishop. Esse
era o melhor conselho que ele poderia dar ao amigo. Ele realmente teria que
experimentar Wood em primeira mão. Não havia como descrevê-lo.

Trent não parecia satisfeito.

Bishop deu um soco no ombro dele.

— Você sabe que pode vir à casa de Eddie a qualquer momento, cara.
Ele sempre me diz para convidar você e Mike para jantar ou algo assim. Nem
sempre estamos juntos ou nada disso. Ele trabalha muito em seu laptop e eu
mato o tempo no quintal ou jogando meu videogame quando ele está
cozinhando. A voz de Bishop começou a diminuir quando ele pensou na vida
confortável que ele e Edison estavam vivendo juntos. Se ele perdeu isso, ele
não sabia o que...

— Parece bom, cara. Eu vou comer... Você não precisa me perguntar


duas vezes. Eu amo a comida de Edison.

— Eu também. — Bishop sussurrou.

— Você e Edison vão ficar bem, B. Ele está louco por você, cara. Ele não
vai a lugar nenhum. — Trent tentou tranquilizá-lo como sempre.

546
— Sim, e acho que sei disso, mas mais uma vez... É difícil como o inferno
enfrentá-lo agora. Ele é tão esperto e tenho certeza que está se perguntando
como diabos eu consegui sobreviver sendo tão estúpido.

— B... — Trent rosnou.

— Eu deixei esse pedaço de merda chegar até mim novamente. —


Bishop deixou o rosto cair nas mãos. Ele chutou e se socou cansado, então
tudo o que ele podia fazer agora era rosnar: — Você sabe o ditado, não sabe
Trent? Me engane uma vez, com vergonha, me engane duas vezes, com
vergonha comigo, me engane três vezes e sou apenas um idiota.

— Sim, você perdeu algumas batalhas, Bishop, mas a guerra ainda está
acontecendo. Vá para casa e fale com Edison. Mostre a ele que você ainda é o
mesmo cara pelo qual ele é louco. E enquanto a Sky - puta tentou todos os
truques do livro, tudo o que ele fez foi tornar você e Edison mais fortes. Essa é
a única maneira de vencê-lo que não envolve você voltar para a prisão.

O joelho de Bishop saltou.

— Obrigado, cara. Tudo certo. Leve-me para o Eddie. É hora de encarar


a música.

— Eu te protejo mano. — Trent assentiu.

— Eu sei T. — Bishop não disse mais nada enquanto ensaiava o que ia


dizer. Ele estava com a cabeça baixa quando Trent entrou no beco sem saída
de Edison.

547
— Bishop! — Trent gritou, fazendo-o pular. Bishop levantou a cabeça e
olhou na direção que Trent estava apontando. — Não é o cupê daquele
bastardo ali?

— Merda. — Não se incomodando em esperar até Trent parar


completamente, Bishop pulou do caminhão. Por que o carro de Skylar estava
na garagem de Edison?

— Vá pelos fundos. — Ele ordenou, subindo os degraus da varanda.

A porta já estava aberta quando ele entrou correndo ao som de gritos.


Assim que ele entrou pela porta, Edison colidiu com ele e Bishop mal os
impediu de cair no chão devido à força.

— Bishop. Oh meu Deus. — Edison chorou, tremendo contra ele. Ele


passou os braços em volta dele, agarrando suas roupas como se estivesse
tentando subir dentro dele. Ele parecia tão assustado que a proteção
de Bishop entrou em ação.

Ajoelhou-se e segurou a bochecha de Edison, as próprias mãos


tremendo quando notou as manchas de sangue na testa de Edison.

— Bebê, você está bem?

— Não. Não, ele é... Eu bati nele com a cabeça. — A voz de Edison estava
tão trêmula que Bishop conseguiu entender o que ele estava dizendo.

Ele levantou a cabeça quando ouviu um gemido de dor mais distante na


casa. Bishop avançou, mas Edison segurou-o no braço, com os olhos injetados
de medo.

548
— Não. Ligue para a polícia.

Levou apenas um segundo para ver que Edison não tinha machucados, e
o sangue em seu rosto não era dele. Skylar levantou-se do chão usando as
costas do sofá. Bishop colocou Edison atrás das costas com um braço e os
levou em direção à sala de estar. Por mais que ele quisesse pular o sofá e
arrancar as mãos de Skylar por tocar o que era dele, ele não ousaria sair do
lado de Edison. Não do jeito que estava tremendo e se agarrando a ele.

Bishop deu uma boa olhada no rosto de Skylar. Era ruim. Ele tinha uma
mão sobre o nariz, que estava escorrendo por sua camisa cara e os dois olhos
já estavam escurecendo por baixo com hematomas. Uma cabeçada no nariz
pode ser um golpe incapacitante. Ele estava feliz por Edison estar prestando
atenção em sua lição.

Ele e Skylar olharam por alguns segundos tensos e uma pequena parte
de Bishop sorriu, mas ele não deixou transparecer. Esta era a batalha final, e
ele planejava vencê-la. Skylar havia trabalhado horas extras para tornar sua
vida um inferno, assediara repetidamente seu namorado, ameaçara sua
liberdade e o humilhara na frente de todo o centro da cidade. Só havia uma
maneira de Bishop saber lidar com problemas como esse.

— Trent. — Bishop rosnou.

— Eu avisei que ele me soltaria, não foi? — Trent disse, entrando pela
porta aberta do pátio. — Ele sempre faz.

549
Skylar estendeu uma mão ensanguentada na frente dele, seu olhar
frenético procurando uma rota de fuga, mas havia apenas duas maneiras de
sair. Ele teria que passar por ele ou por Trent.

— Eu vou te processar. Eu tenho advogados na discagem rápida. Você


não pode me tocar. — Disse Skylar, tentando soar como se ele ainda estivesse
em vantagem.

— Você invadiu a casa de outro homem e o atacou, agora você quer ser a
vítima? — Trent ampliou sua posição. — Não funciona assim de onde eu
venho.

— Foda-se.

— Eu não balanço assim. — Trent olhou com raiva. — Mas eu vou fazer
você se curvar aos meus pés.

— O quê? — Skylar perguntou. Não demorou muito para se perguntar o


que Trent quis dizer quando acelerou em sua direção, deixando-o sem ter
para onde correr.

— Oh não. — Edison sussurrou, apertando a cintura de Bishop.

— Desvie o olhar bebê. — Bishop murmurou e enfiou a cabeça de Edison


em sua axila no momento em que Trent levantou a bota e a bateu na parte de
baixo de Skylar, fazendo-o dobrar e cair no chão... Bem aos pés de Trent.

Edison colocou uma mão na orelha.

— Pare, pare! — Ele disse repetidamente ao som do grito de Skylar.

550
Bishop não disse pare e Trent continuou. Ele agarrou Skylar pela nuca e
o ergueu até ficar de joelhos.

— Não vou reorganizar esse rosto, já que Edison já fez isso. — Skylar
grunhiu quando Trent puxou o braço atrás das costas e rosnou em seu ouvido.
— Você não quer ter um rosto tão bonito na cadeia, confie em mim. Os caras
vão mantê-lo de joelhos a noite toda. Você não terá um momento de paz.

Bishop fez questão de manter o corpo na frente de Edison enquanto


Trent trabalhava.

— Você sabe. Acho que você deve a Edison um pedido de desculpas por
ser tão idiota a vida toda. — Trent jogou Skylar com tanta força que ele voou
pelo chão da sala de jantar, com o impulso batendo na mesa do café da
manhã. Ele assistiu satisfeito quando Skylar segurou a parte de trás da
cabeça, fazendo uma careta.

— Bishop. — Edison fungou.

— Faça a ligação. — Bishop disse calmamente, não querendo deixar


Edison mais chateado. Ele nunca tirou os olhos de Skylar. Ele queria ter seus
próprios tempo, mas sabia que se o fizesse... Ele não seria capaz de parar. Não
até terminar. Não até Skylar ter danos permanentes. Por isso, Trent preferia
lidar com o homem ele tinha mais autocontrole.

Trent pegou o celular, o peito pesado e o suor escorrendo pela têmpora.

— Você está chamando algumas pessoas de gangues para virem levá-lo?


— Edison se afastou, balançando a cabeça profusamente.

551
Trent deu uma risada:

— Você lê muitas histórias de ficção, Edison.

Bishop puxou Edison de volta para ele.

— Eu não tenho nenhuma gangue para quem eu possa ligar Eddie. Não
mais. Ele está chamando a polícia.

Edison caiu contra ele.

Trent ficou de pé sobre Skylar até a polícia chegar. Não importa o


quanto implorou a Edison para não prestar queixa, seu namorado tinha sido
corajoso. Ele disse que não estava deixando Skylar fugir colocando as mãos
nele.

552
Capítulo 58
Edison

—Aqui bebê. — Bishop colocou um copo de seu chá Lipton na sua frente.
Ele ainda estava um pouco trêmulo, mas estava se sentindo muito melhor
agora que Skylar estava fora de sua casa e provavelmente tendo impressões
digitais naquele momento. Ele teria que falar com Presley logo de manhã e
que ela soubesse o que havia acontecido, porque ele pretendia apresentar
queixa na medida em que a lei permitisse. Ele também queria ter certeza de
que Trent estava protegido.

Ele tomou um longo banho enquanto Bishop limpava o quarto de


hóspedes. Trent saiu depois de meia hora conversando com Bishop sozinho
no pátio. Quando voltou para dentro, ele estava no centro de sua sala de
jantar apenas olhando para ele. Aqueles olhos escuros parecendo tristes e
cansados. A realidade de tudo o que aconteceu com eles hoje bateu nele
e Bishop estava ao seu lado, envolvendo-o firmemente nos braços.

A colcha de Edison caiu de seus ombros enquanto segurava Bishop. Ele


sabia que eles precisavam conversar e limpar o ar, mas ele não queria. Não
queria que Bishop tivesse que passar por mais vergonha. Ele desejou que
houvesse algum gesto ou emoção que pudesse mostrar que faria tudo certo.

553
Bishop se soltou do abraço, segurando as mãos de Edison. Ele passou o
polegar pela palma da mão de Bishop, esperando que ele dissesse o que
precisava.

— É verdade, Eddie.

Edison ficou quieto por um longo tempo antes de responder:

— Eu sei.

— Você sempre soube? — Bishop murmurou.

Edison teve que se esforçar para ouvir o que estava dizendo.

— Não. Parece que tive que descobrir da maneira mais difícil.

Bishop fechou os olhos com força.

— Eu queria te contar tantas vezes. Eu juro que sim.

— Por que você não fez?

— Porque é a coisa mais difícil do mundo para um homem adulto


admitir, além de não conseguir levantar o pau. Apenas Mike e Trent sabiam.
É assim que sempre foi. No momento em que contei a outra pessoa, ele a usou
contra mim nem um mês depois.

— E então você pensou que eu o que... Trairia você também... Não iria
mais te querer? De repente, se apaixona por você?

— Sim. É o meu pior medo, Eddie. Não por você me deixar porque eu
sou um idiota, mas me deixar porque eu não estou à altura.

— Bishop, deus. Você me conhece mesmo?

554
— Eu sinto muito. Sim, eu conheço você. Eu só estava esperando talvez
tirar mais algumas semanas da escola e depois eu ia te contar. Então, você
veria que eu estava falando sério e comprometido.

— Esse é o projeto de terça à noite em que você trabalha toda semana?

Bishop não respondeu. Em vez disso, ele se levantou e desapareceu no


corredor. Edison tomou mais alguns goles de seu chá quando Bishop voltou e
colocou na mesa o envelope marrom da ALC que vira antes.

— Não faço isso apenas às terças-feiras, faço todos os dias. Mesmo que
seja apenas por vinte minutos no meu horário de almoço, eu trabalho nisso.

— O que é isso? — Edison perguntou, sentando-se para frente.

―Eu. Eu me matriculei há algumas semanas. — Bishop abaixou a cabeça


quando removeu o livreto fino e o papel pautado que ele usava para praticar
sua caligrafia de dentro do envelope e espalhá-lo sobre a mesa. — Eu ainda
estou no nível um, livro dois, ou no nível inicial. Pensei depois de alguns
meses ou algo que eu poderia lhe mostrar algo diferente disso. O livro parece
realmente infantil, eu sei, mas... Bishop agarrou sua testa.

— Este é o programa GED do Centro de Alfabetização de Adultos?

Bishop torceu as mãos com tanta força que os nós dos dedos estalaram.
— Tipo é como uma extensão disso. Eu irei às aulas eventualmente. —
Bishop engoliu em seco. Edison ouviu. — Desde que eu não sei ler o suficiente
para os cursos preparatórios. Eu tenho que tomar essas... hum... como pre-
prep... Merda.

555
Edison estendeu a mão para Bishop, mas ele a puxou para longe antes
que pudesse tocá-lo.

— Não quero pena, Edison. Eu posso fazer isso bem. Eu sei que é um
longo caminho a percorrer, mas não sou um desistente. Eu nunca vou desistir.
— Disse Bishop, franzindo a testa.

— Eu sei que você não vai. — Foi tudo o que Edison disse seu coração
explodindo com tanto amor por Bishop que ele não tinha certeza de que tinha
espaço para mais. Mike dissera a Edison que não se certificara de que
Bishop fosse à escola e, em vez disso, lhe ensinara a inteligência das ruas a
sobreviver. — E eu não tenho pena de você. Eu te respeito tanto, você
simplesmente não entende. O fato de você ter superado todos os obstáculos
da sua vida me deixa ainda mais apaixonado por você. Só me faz querer ser
digno do seu amor.

— Apenas não me julgue. — Disse Bishop dolorosamente. — Por favor.

— Nunca. — Edison balançou a cabeça. Como ele faria Bishop entender


que eles estavam melhores do que bem? Que isso não mudou nada para ele,
exceto para melhor. Ele adivinhou que ele teria que mostrar a ele. Ele se
levantou e apagou a luz da sala e levou Bishop para o quarto deles. Depois
desta noite, ele iria querer Bishop com ele o tempo todo. Noite e dia.
Bishop era dele e ele seria de Bishop.

Edison levou-os para sua cama, sua mente e corpo precisando dessa
conexão com Bishop. Ele precisava ver que nada havia mudado para ele. Ele
se virou e passou as mãos pelo peito nu e peludo de Bishop, deixando uma

556
mão repousar sobre seu coração. Ele se inclinou e colocou os lábios ali,
demorando-se por um longo momento. Ele sentiu os braços de Bishop ao
redor de sua cintura e Edison continuou sua caricia. Ele beijou todo o peito
firme até Bishop começar a empurrá-los para trás. Seus cabelos estavam
presos e a cabeça inclinada para trás, para que Bishop tivesse acesso total à
boca. Ele abriu e chupou a língua de Bishop, deixando-o chupar até não poder
parar de gemer. Dedos grossos arrastaram seus cabelos e depois
massagearam seu couro cabeludo.

Eles caíram na cama juntos, sob as cobertas e se abraçando. Bishop


estava em cima dele, triturando seu pau no dele, os dois vazando, tornando o
deslizamento delirantemente estimulante. Edison passou os braços em volta
deles e apertou a bunda de Bishop, empurrando-o contra ele. Eles balançaram
e se chocaram contra uma dança sensual, suas mãos acariciando e acariciando
o que suas bocas não tinham provado.

— Eddie. — Bishop gemeu.

— Bishop. — Ele respondeu, abrindo as pernas e apertando-as


nas costas de Bishop. — Eu preciso... — Ele levantou os quadris, perdendo o
controle, precisando que Bishop assumisse.

— Você quer gozar, bebê. — Bishop resmungou. — Agora mesmo.

Edison assentiu, sem se importar com o quão desesperado ele estava se


comportando. Não seria mentira. Sua necessidade por Bishop era intensa
demais para ser expressa em palavras. Um dedo largo e liso empurrou dentro
dele, fazendo-o bater a parte de trás da cabeça no travesseiro.

557
— Meu Deus. Sim. Sim, Bishop. Mais duro. — Ele levantou os quadris
para obter mais, choramingando em agonia quando Bishop deu a ele
exatamente isso.

— Nos leva, Eddie. Deixe-me sentir suas mãos. — disse Bishop,


estalando os quadris enquanto bombeava os dedos no buraco. Edison usou as
duas mãos para segurá-los e começou a bombear seus paus juntos.

— Foda-se... — Bishop gemeu. — Eu nunca posso durar com suas mãos


em mim, Eddie.

Edison apertou o punho com mais força e concentrou-se em suas


cabeças, sacudindo a borda como Bishop gostava. Mas Edison foi quem gritou
primeiro, suas costas curvando-se da cama enquanto ele se enrolava no corpo
de Bishop, esperando que ele o ancorasse e o impedisse de voar para longe.
Bishop prendeu a glândula várias vezes até que ele tombou na borda.

Ele sacudiu os quadris quando o calor dele correu pelos nós dos dedos,
sua bunda apertando os dedos de Bishop.

— Jesus Cristo.

Bishop afastou os dedos dele e empurrou no punho de Edison algumas


vezes, depois jogou a cabeça para trás e gozou contra ele, esmagando seu pau
na pélvis. Bishop gemeu enquanto continuava a acariciá-lo. Bishop sempre
estava meio duro, mesmo depois que gozou.

— Droga, Eddie.

558
O corpo de Edison ainda estava em chamas. Sim, ele tinha acabado de
gozar, mas sua bunda estava vazia e apertando em torno de nada, sentindo
falta da plenitude. Bishop rolou de costas para recuperar o fôlego e Edison o
perseguiu. Ele jogou a perna sobre a virilha de Bishop e sentou-se em cima
dele.

— Oh merda. — Bishop apertou as mãos nos quadris quando Edison


começou a balançar a bunda ao longo do comprimento de Bishop. — Eddie.
Foda. O que... O que você está fazendo?

Eles estavam escorregadios e bagunçados com seu sêmene quanto mais


Edison esfregava sua bunda no pau de Bishop, mais seu corpo começava a
tremer. Ele não tinha um plano, estava apenas seguindo o que parecia bom.
Ele se inclinou para frente e chupou um dos mamilos de Bishop, mordiscando
o botão apertado enquanto continuava girando os quadris. Ele não tinha
certeza do que estava tentando fazer, tudo que sabia era que estava vazio, e
tão cansado de estar vazio. Quando ele sentiu uma pressão brusca em sua
abertura, desta vez não se esquivou dela. Em vez disso, ele enfiou o lábio
inferior entre os dentes e voltou para ele. Seus olhos se arregalaram com a
plenitude enquanto a cabeça do pau de Bishop empurrava para dentro.

Ele começou a perder o controle da respiração quando percebeu


exatamente o que estava acontecendo. Bishop sentou-se e segurou seu rosto,
o movimento fazendo-o deslizar mais fundo.

— Oh Deus. — Edison lamentou. Isso estava realmente acontecendo.


Ele estava fazendo isso.

559
— Bebê fácil. Assim mesmo. — Bishop gemeu sua voz soando como se
estivesse prestes a quebrar. — Vá tão devagar quanto você precisar.

Edison colocou os braços em volta do pescoço de Bishop e enterrou a


cabeça na garganta. Ele não sabia o que fazer com o prazer rasgando seu
corpo inteiro. Edison estava vivo da cabeça aos pés e sentiu Bishop em todos
os lugares dentro dele, não apenas no seu ânus.

— Deus, você é tão apertado ao meu redor, Eddie.

As coxas de Edison se apertaram quando sentiu o pau de Bishop roçar


naquele lugar que o fez gritar. Em vez disso, ele sufocou o grito contra a
lateral da face áspera de Bishop. Seu pênis estava pulsando entre eles e ele
não tinha percebido que tinha ficado tão duro novamente. Bishop segurou sua
bunda e usou sua força para balançá-lo de um lado para o outro em seu colo.
Edison ficou frouxo e colocou todo o seu peso em Bishop sabendo que ele
poderia apoiá-lo e deixou seu namorado tirar a virgindade.

Bishop beijou seu ombro, sua clavícula e seu pescoço, enquanto ele
balançava seu pau endurecido dentro dele. Ele podia sentir Bishop ficando
mais grosso enquanto passava dentro e fora de seu canal sensível, e a
sensação de estar sendo esticado tão lentamente o estava deixando louco.
Quando Bishop entrou pela primeira vez, sua cintura macia era perfeita e
Edison sentiu uma pequena queimadura, apenas sensações poderosas de
felicidade. Agora, o longo e duro eixo de Bishop o estava cutucando e
estimulando em lugares que ele nem sabia que existiam.

— Estou gozando... — Edison ofegou.

560
— Porra. Eu também. — Bishop grunhiu e ergueu os quadris ao mesmo
tempo em que puxou Edison para frente.

Edison sentiu o espasmo de seu pênis e seu ânus apertando quando ele
se revirou pela segunda vez.

— Ahhh. Deus. — Bishop gritou. — Muito apertado.

— Sim. Só para você. — Edison respirou, sentindo-se mais ousado. —


Goze fundo dentro de mim, Bishop.

Ele puxou a cabeça do pescoço de Bishop e o olhou nos olhos. Ele


precisava que ele visse o amor que tinha por ele e que estava intacto e
inabalável. Nada poderia vir entre eles agora, nem ninguém. Ambos estavam
ofegando pesadamente um contra o outro e ele sabia que estava prestes a
acabar... Por enquanto. Mas ele mal podia esperar para fazê-lo novamente.
Era diferente de tudo que ele poderia ter imaginado. Bishop olhou em seus
olhos, em seguida, agarrou sua boca quando ele gozou, apertando-o a ponto
de cortar a circulação. Mas ele nunca iria reclamar, pois o calor que sentia até
os dedos dos pés o encheu.

Bishop demorou um pouco e amou todas as partes de Edison que


estavam em necessidade antes que ele começasse a fazer sexo com seu corpo.
Nunca tinha sido uma prioridade. Tudo o que Bishop queria era cuidar dele e
fazê-lo sentir-se especial e desejado. Isso era mais importante para seu
parceiro e era disso que Edison realmente precisava. E ele sabia agora o
que Bishop precisava. Ele continuaria a alimentá-lo, conversar com ele, rir

561
com ele, ler para ele e apoiá-lo na escola. E ele sabia que, com Bishop, a vida
nunca seria chata.

Bishop

Bishop trabalhou para recuperar o fôlego enquanto sua cabeça nadava e


seu corpo continuava espasmo sob o peso sexy de Edison. Ele se deitou e
levou Edison com ele, seu pênis gasto se contorcendo e escorregando de sua
bunda apertada enquanto o puxava para cima em seu peito. Ele beijou
aquelas bochechas macias, sua testa, nariz até ele chupar aqueles lábios
doces. Ele não sabia quanto tempo eles ficaram no pós- coito, mas Bishop não
estava pronto para sair da cama. Ele dobrou Edison em seus braços,
deixando-o acariciar sua axila.

Quando ele pegou os olhos brilhantes de Edison, ele viu um leve rubor
trabalhar das bochechas macias até o peito.

— Eu não sou mais virgem. — Ele disse suavemente.

— Obrigado. — Ele murmurou contra a têmpora de Edison. — O que


você acabou de me dar... Significa tudo para mim.

— Eu amo você. — Disse Edison.

— Eu também te amo... — Bishop sussurrou.

Eles ficaram em silêncio por um longo tempo enquanto Edison passava


as pontas dos dedos sobre os cabelos lisos do abdômen. Bishop estava

562
olhando para ele, tocando preguiçosamente os cabelos macios de Edison
quando de repente perguntou:

— Você vai morar com...

— Sim. — Bishop disparou antes mesmo que Edison terminasse de


fazer a pergunta.

Edison piscou.

— Você ouviu o que eu perguntei?

—Você ouviu minha resposta? — Perguntou Bishop, sorrindo


largamente.

O sorriso de Edison ficou cada vez maior até que ele estava radiante e
vibrando ao lado dele. Não havia nada que ele negasse a Edison. Nada que ele
recusaria a seu amante. Se Edison o quisesse lá com ele todos os dias, ele o
daria todo o tempo que ele tinha de sobra.

— Você tem certeza de que está pronto para suportar tudo isso? —
Perguntou Bishop, abrindo os braços. — Vai ser um longo caminho, bebê.
Você quer ir comigo?

— Oh sim, eu estou triste. — Edison riu. — Não tenho certeza do que


isso significa, mas sim... Estou triste.

Bishop rolou com Edison nos braços, sentindo o coração como se tivesse
saído do peito. Finalmente, a guerra acabou e ele venceu a batalha mais
importante. Ele nunca conheceu a verdadeira felicidade antes. Wood falou
sobre isso e descreveu para ele, mas ele nunca tinha entendido direito... Até

563
agora. Ele tinha amigos, pai, trabalho, educação e agora ele tinha o coração de
Edison Scala.

Bishop tinha tudo o que precisava para ter sucesso.

Fim... Por enquanto...

564

Você também pode gostar