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Ingrid da Silva Oliveira   

RA:11057714 
 
Londres e Paris no Século XIX 
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                       (Bresciani) 
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No  primeiro  trecho,  em  “A  descida  aos  Infernos“o autor traz relatos da percepção  de Engels dentre  
outras referências sobre a  Londres  do século  XIX   como uma  cidade  que contrastava  entre a riqueza 
como símbolo mundial do  capital  industrial e  naval  em torno do rio Tâmisa e a condição de extrema 
miséria  sob  a qual vivia  a maior parte  de sua população formada pelo operariado,  aglomerada em ruas 
irregulares e  superpovoadas, insalubres  e caótica  do East End.  Essa região marginalizada de Londres,  
só  era  reconhecida  pelos  seus  adjetivos negativos e  conhecida por  médicos  e padres; não  possuindo 
pousadas ou hotéis, era um local onde não havia quem quisesse visitar o lugar e quem ali vivia. 
Nessa época, a teoria da  degeneração da moral do homem e darwinismo social eram ideias recorrentes 
na sociedade,  e justificavam  a ordem  social. O trabalho era  um  valor  estimado  no geral e, sobretudo, 
pela  burguesia,  entretanto,  apenas  trabalhadores  com  trabalhos  permanentes  desfrutavam  de  não 
serem  rechaçados  pela  comunidade.  Num  quadro  de  instabilidade   econômica  que  se  instalaram  ao 
longo  do  século  XIX   na  Inglaterra,  sobretudo  em  torno  da  década  de  1830,  houve desemprego em 
massa na industria têxtil e naval. 
Levando  em  consideração o contexto  histórico da revolução industrial, as condições de trabalho eram 
abusivas  e  o  trabalhador  não  estava  amparado  por  quaisquer  direitos  e,  com  a  instabilidade 
econômica,  era cada vez  maior  a massa de desempregados na cidade de Londres.  Essa mesma massa 
alimentava  um sistema que descartava seus funcionários com muita facilidade,  não havendo quaisquer 
vínculos,  como antes dito; onde os trabalhadores e trabalhadoras, inclusive crianças, trabalhavam para 
o  dia, mas  não sabia se haveria  dinheiro para  o  dia  seguinte. Logo,  a insegurança era um sentimento 
predominante que alimentava a competição dentre a população.  
E  é  essa  impressão  que  Engels  resgata  sobre  a  dinâmica  e  estrutura  dessa  cidade  que  refletia  os 
valores  e  a  forma  de  pensamento  predominante  da  sua  época  e  lugar retratada  na situação a  qual o 
sistema  industrial  impigiu­lhes.subordinação,  impessoalidade,  individualismo  e  rivalidade  que  não 
reconhecia em si, a unidade de objetivos por uma vida melhor e feliz.  
Nessas condições, as  moradias dos operários e operarias londrinos se aproximavam cada vez mais das 
áreas  onde  se  concentravam  as  industrias  e,  portanto,  as  oportunidades  de  serviço.  Em  geral,  eram  
construções  de  3  a  4  pavimentos  onde  viviam  as  famílias  em  cômodos  apertados  e,   nas  ruas,  o 
movimento  e  o  comércio  alimentavam  um   cheiro  nauseante.  Por  constituírem  um  corpo  de 
trabalhadores  bastante  degradado  física  e  moralmente(  no  sentido  dos  valores sociais) por causa de 
seus  trabalhos  temporários  e  casuais,  mesmo  os  empregadores  de outras regiões evitavam contratar 
londrinos porque pareciam fracos e cheios de excessos de todos os tipos. 
O  cenário  político  e  econômico  do  fim  do  monopólio  para  com  suas  colônias  em  1830,  levou  a 
sobreexploração da mão de obra da população e  a intensificação  da  divisão do trabalho de modo que 
mesmo  um  alfaiate  conhecido  por seu  trabalho,  se limitasse a apenas algumas poucas tarefas de todo 
o  processo de  produção ao vender a  sua forca de trabalho.  O ritmo de  trabalho,  quando  não  imposto 
diretamente  pelo  empregador,  o  era  pelas  máquinas  que  não  permitiam  qualquer  distração, 
criatividade ou liberdade ao funcionário, como relata Charles Dickens, escritor contemporâneo.   
Para aqueles que  não  conseguiam  arranjar­se, restava a vida nas ruas com a mendicância ou o roubo e 
prostituição. Estes eram vistos  como repugnantes pela burguesia no geral e  guiados por um princípio 
também  religioso   ­  e  moral,  para  o  que  consideravam­  organizaram,  inclusive,  instituições  que 
retiravam  compulsoriamente  as pessoas  das ruas  e as instalavam em instituições de onde  rapidamente 
as  pessoas saíam  em busca  de trabalho mais para livrar­se o quanto antes das condições  de tratamento 
enquanto  cabia  aos  benfeitores  ajudá­los  a   responder  ao  chamado  da  natureza,  ao  chamado  do  
trabalho, reintroduzindo­os a sociedade. 
Para Bresciani, parte  dessas medidas de  distanciamento, eram reflexos do temor de que esse modo de 
vida  tornasse  contagioso,  medo este semelhante ao  dos parisienses  que  vivenciavam uma situação de 
pobreza  crescente  e  temia,  no  entanto,  com  as   revoltas  populares,   criando   um  ambiente  de 
instabilidade e mudança de toda uma ordem social predominante. 
 
Em  “A  Colmeia Popular”  o  autor estabelece comparações  entre a  Londres e a Paris industrializadas, 
como  o  espaço  era  ocupado.  Fica  muito  claro,  em  ambos,  que  esses  espaços  eram  totalmente 
demarcados  como   o  lugar do operariado, o  ambiente da indústria, e  o restante  da cidade  que  apenas 
parcela  da  população  poderia  desfrutar.  Ele  traz   a  visão  de  autores  como  Fourier  e  Michelet,  que 
olhando  para  Londres  tentando  compreender  sua  realidade,  levanta  as  questões  pertinentes  para  a 
Franca, que seguia o mesmo caminho, levando milhares de pessoas a pobreza e miséria humana. 
Buret  e  outros autores, convidavam  a burguesia e  demais profissionais liberais a  irem  conhecer  essa  
outra  realidade,  a  dos  marginalizadas  e  observar  o  cenário  urbano  que  externalizava  ­se  através das 
relações de trabalho,  na  vestimenta e  nos lugares onde  os  diferentes  grupos  sociais  ocupavam, assim 
como convidava aos  governos a deixarem a postura passiva com a qual lidavam com o quadro de uma 
população  efetiva  pobre  a  qual  negavam atenção e  consideração no  cálculo do  acúmulo de riquezas 
gerado  pela  nação.  Balzac  ressalta a  consciência do  povo no  que diz  respeito a  qualidade  de  vida, e 
que reconhecem suas causas e organizam­se , admitindo eles próprios, seus líderes. 
Enquanto  que  na  Inglaterra  os  pobres  eram  vistos como  um problema  moral  que causava gastos aos 
demais  ,  na França,  eram vistos como uma ordem  iminente que derrubaria o governo e se organizaria 
de uma forma totalmente diferente , e  era altamente consciente da precariedade das condições de  sua 
vida. 
Tanto  o   historiador  Michelet  quanto  Buret   chegam  a  conclusões  bastante  próximas   sobre  as 
consequências do  isolamento na  cooperação  do trabalho “O resultado disso não é a indiferença,  mas a 
antipatia e o ódio, não a simples negação da sociedade mas seu contrário”. 
Dessas  relações  intrinsecamente  dicotômicas  sobre  as  quais  se  construíram  os  centros  industriais 
europeus,  fermentaram  revoluções  sociais  e  reações  tão  adversas e  violentas quanto as  do Domingo 
Sangrento  de  1877,  quando  cansados  de  esperar  por  uma  ação  por  parte dos  políticos,  a alta classe 
agiu direta e indiretamente na  desocupação dos locais públicos dos bairros ricos pelos pobres, num ato 
de  limpeza,  como  se  estes,  sujassem  o  ambiente,  mesmo  levando  em  consideração  o  contexto  do 
conflito religioso e de independência .   
 
 
 

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