Universidade Federal do Maranhão

Centro de Ciências Humanas

Departamento de Sociologia e Antropologia
Curso de Ciências Sociais
Disciplina: Formação do Mundo Contemporâneo (DSOC0341) 2023.2
Professor: Flávio Reis
Nome: Sâmara Almeida Barros

I Avaliação

Escolha três questões e desenvolva

1. Os poemas em prosa de Baudelaire, Os Olhos dos Pobres e A Perda do Halo, indicam

as novas cenas urbanas da metrópole. Comente.

No fim de 1850, Paris vinha passando por diversas transformações feitas pelo
prefeito Georges Eugène Haussmann, com ideias revolucionárias, Haussmann
vinha implantando uma vasta rede de bulevares na cidade, a ideia era eliminar
habitações consideradas miseráveis e mudar os aspecto sombrio para dar espaço
a novos empreendimentos, expandindo assim os negócios locais.
Com a criação dos bulevares, Paris desenvolveu nova bases culturais, econômica
e principalmente estética, eles eram um show à parte, contavam com grande
luxuosidade e fachadas extravagantes. Todas essas mudanças, transformaram
Paris em um verdadeiro espetáculo, por volta de 1880, as mudanças de
Haussmann já eram consideradas um modelo de urbanismo moderno, e outras
cidades começaram a usá-las como modelo.
Pode-se dizer o grande sucesso dos bulevares, deve-se a oportunidade de estar
em um local público e ao mesmo tempo privado, muito atraente para os casais
tais como o do conto “ Os olhos dos Pobres”. Era um local em que poderiam
demonstrar sua intimidade sem necessariamente estarem totalmente à sós,
vivendo novas experiências em um mundo que estava passando por diversas
transformações. Esse exibicionismo amoroso se tornou uma das marcas de Paris,
sendo conhecida popularmente até hoje como a “Cidade dos apaixonados”.
O ambiente tornava as experiências ainda mais mágicas, e encantadoras.
Baudelaire, nos apresenta o surgimento de um novo mundo público e privado,
exatamente no momento em que se cria, por isso tão grande a importância do
bulevar dentro da história da modernização.
Mesmo com todas as mudanças feitas por Haussmann, algo não mudara, ainda
existia ali o outro lado, o lado obscuro, as ruínas, as pessoas que podiam apenas
contemplar tais extravagâncias, sem consumi-las. Ele não se preocupou em para
onde iria toda essa gente, que tiveram se sair de seus aposentos para que fossem
demolidos e dessem espaço para tais reformas. Não importava o que fizesse, eles
estariam sempre ali, as luzes dos bulevares trouxeram à tona também as feridas
sociais, que se tentava esconder. Foram pensados para melhorar o fluxo de
carruagens e animais, mas as condições não eram tão favoráveis aos pedestres
que tentavam adaptar-se a nova vida na cidade moderna.
 2. Utilizando as noções de anonimato, solidão e indiferença, analise o conto O Homem da
Multidão, de Edgar Allan Poe.

O conto se passa no século XIX, momento em que o mundo está no ápice da

modernidade em meio ao crescimento acelerado das cidades, vemos a chegada da
industrialização e da urbanização, são várias mudanças que refletem também na
sociedade e na forma de ver e viver dentro dessa nova realidade.
O Homem da Multidão conta a história de um narrador, que intrigado por um solitário
homem desconhecido, decide segui-lo pelas ruas de Londres. Enquanto persegue o
estranho, o narrador passa a refletir sobre o comportamento humano e a solidão na
sociedade. O conto nos leva a questionar a própria essência da existência.
Essa troca do olhar, de um ambiente privado com pessoas que pertencem à mesma
classe social, dividindo o espaço em um salão de um luxuoso hotel, para o grupo de
pessoas distintas envolvidas em uma multidão que caminha pelas rua, acredito que
remete a mudança de olhar da modernidade .
A cidade de Londres é retratada como um cenário vibrante e frenético, cheio de vida e
atividades. O movimento constante da multidão proporciona um contraste marcante
com a solidão do homem desconhecido, a rotina, o cotidiano, fazem com que aquelas
pessoas fiquem entorpecidas diante das situações, de forma automática caminham
apressadas e nada lhes chama a atenção. Há um paradoxo entre a individualidade e a
unidade, a multidão é uma unidade repleta de individualidades e personalidades que ao
mesmo tempo se unificam nesse grupo de pessoas revestidas por uma capa de
indiferença, e que mesmo ao se cruzarem ainda assim passam desapercebidas entre si.
O conto examina a solidão tanto física quanto emocional, não só do homem que
caminha, mas também do narrador, destacando como cada indivíduo pode se sentir
perdido mesmo em meio a outros. O ato de observar e ser observado é um tema bem
presente no decorrer conto, levantando questões sobre a natureza humana e o nosso
desejo de compreender os outros. Através de uma narrativa envolvente e misteriosa, Poe
nos faz questionar a natureza humana e explorar as nuances da existência em meio a
uma sociedade movimentada e caótica.
 3. Relacione modernidade, hiperestimulação e sensacionalismo.

Com a chegada da modernidade, veio junto uma demanda crescente por modalidades de
diversão inovadoras, o que acabou por expor ainda mais a sociedade aos hiperestímulos
da mídia.
Para Ben Singer, a modernidade pode abranger conceitos morais e políticos além de
cognitivos e socioeconômicos e que ultrapassam pensamentos contemporâneos.
Podemos definir o sensacionalismo popular como uma estratégia midiática que tem
como intenção atrair a atenção do público apresentando conteúdos exagerados, de certa
forma polêmicos e com carga emocional. O objetivo desse tipo de abordagem é
aumentar a audiência, os danos podem ser o comprometimento da informação pois pode
distorcer a percepção da realidade.
O sensacionalismo, pode ter grande impacto até mesmo no comportamento e nas
atitudes do público. Essa incansável busca por notícias chocantes levam o público a uma
grande falta de discernimento crítico, o que prejudica a capacidade da avaliação
imparcial de informações recebidas.
A modernidade trouxe consigo um maior acesso à informação e uma exposição
constante a estímulos midiáticos. Essa cultura do hiperestímulo, aliada ao
sensacionalismo popular, reflete o desejo da sociedade contemporânea por
entretenimento instantâneo e emocionante. No entanto, é importante refletir sobre os
efeitos desse fenômeno na construção do conhecimento e na formação da opinião
pública.