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Palestra do Guia Pathwork No.

213
Palestra Anteriormente Editada.
19 de setembro de 1973

O SIGNIFICADO ESPIRITUAL E PRÁTICO DO "SOLTE, DEIXE NAS MÃOS DE DEUS"

Saudações e bênçãos divinas, meus queridos amigos. Retomo aqui um novo trabalho com
muita alegria e amor, para lhes dar a assistência e a orientação que possivelmente necessitam. Vocês
podem dar continuidade ao seu processo de crescimento até onde verdadeiramente o queiram.
Todos vocês podem encontrar, nas palavras que agora tenho o privilégio de lhes falar, o que mais
necessitam neste momento. Se tentarem escutar com seu ouvido interior, sentir com seu ser mais
profundo e deixar em repouso a mente que duvida, encontrarão exatamente o que mais precisam
para o seu desenvolvimento.

Costumo sempre dizer: "Deixe estar, deixe nas mãos de Deus". Quando vocês meditam
também o repetem, ocasionalmente. Agora, vamos examinar o verdadeiro significado desse "Deixe
estar, deixe nas mãos de Deus", porque há muito mais nessas palavras, meus queridos amigos, do
que pode parecer superficialmente.

Deixar estar obviamente significa se desapegar do ego, se desprender dele, deixá-lo ir-se - o
ego que é limitado por sua própria vontade, por sua compreensão estreita e por seus preconceitos.
Significa se desprender dos medos, da desconfiança, das concepções equivocadas, da dúvida. Mas
também significa se desprender da insistente atitude que afirma: "só posso ser feliz se as coisas
acontecerem dessa e daquela maneira, ou se a vida acontecer exatamente como eu determinar".
Essa é uma atitude comum quando não se quer abrir mão de algo precioso que é, em si mesmo,
legítimo e justo de se ter. E surgem duas questões: desapegar-se da vontade pequena do ego
significa ter que acomodar-se à infelicidade e à falta de realização? É errado se esforçar para obter
uma realização que incide na categoria do "deixe estar"? Estas são questões importantes e agora
vamos lidar com elas.

A atitude de "deixar nas mãos de Deus", se ela parte do âmago do seu ser, do fundo do seu
coração, do seu eu mais profundo onde Deus lhes fala, se vocês desejam ouvi-lo - É
verdadeiramente o propósito final. Mas para se atingir esse estado de tanta elevação e bem-
aventurança é preciso, primeiro, remover os obstáculos e as confusões dualísticas.

Geralmente é muito mais fácil compreender um conceito filosófico ou uma premissa espiritual
em termos genéricos que nas suas aplicações cotidianas. Suas reações mundanas sempre lhes
parecem fracas e insignificantes para estarem ligadas às grandes questões da vida. Ainda assim, é
exatamente ao fazer as ligações das áreas pseudo insignificantes que vocês podem encontrar a
solução para suas confusões e seus conflitos, os quais tanto lhes impossibilitam de verdadeiramente
por em prática, na sua vida diária, as verdades espirituais.

Agora vamos tratar da confusão que acabei de mencionar. As grandes verdades, como tudo o
mais, podem ser distorcidas e expressas de forma falsa. Assim, muitas pessoas reconhecem como

by Eva Broch Pierrakos


¤ 1999 The Pathwork£ Foundation
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verdade que o universo é benigno e generoso e que a lei divina não exige que sofram; no entanto, na
sua atual condição, usam a vontade do ego quando tentam concretizar a realização que tanto
almejam. Dizer a essas pessoas que devem se desprender de suas tendências autoritárias e
impositivas parece implicar numa resignação ao vazio, ao sofrimento, à dor e ao anseio não
realizado. Para evitar tudo isso, então, essas pessoas se mantém numa atitude restrita e fechada que
impede o influxo do mundo maior que à luz, verdade, amor, abundância e toda realização
imaginável. O fluxo divino só pode fluir no seu próprio ritmo harmonioso quando é deixado
desimpedido. Energeticamente, não deve haver entraves. A vontade do ego, a ansiedade, a
teimosia, as tendências autoritárias e impositivas, a desconfiança, criam um clima energético que
impede o fluxo divino. O estado de consciência que produz essas atitudes fechadas, desconfiadas,
teimosas, é anti-ético à consciência divina. Há, aí, um desequilíbrio da confiança. Confia-se no ego
pequeno, limitado, enquanto nega-se a força divina. Isso não quer dizer que se deveria negar o ego.
Mas é necessário expandir sua criatividade e sua sabedoria e isso só será possível quando se permite
que o influxo divino circule.

Como sabem, todas as atitudes criam sistemas de energia. A tensão que o apego provoca cria
um sistema energético fechado. Isso pode ser facilmente observado no nível exterior. Sempre que
existe a tirania e a dominação, devido à imposição de alguns indivíduos que se movem pelo poder
sobres os outros - causando e criando mais medo - a centelha criativa fica oprimida. Um sistema
fechado sempre cria resistência, mesmo que algumas pessoas consigam temporariamente se livrar de
seus medos e de suas fraquezas. Mas deve chegar o tempo em que todo e qualquer indivíduo que
sinta medo irá se levantar e jogar fora as algemas. A história sempre mostrou isso. Na confusa
mente humana, este movimento saudável geralmente é visto como uma rebelião geral acompanhada
e alimentada por um desejo infantil de um genuíno questionamento da autoridade, da verdade, da
orientação e da necessidade da auto-disciplina e da responsabilidade própria.

Internamente, entretanto, na verdade as pessoas se rebelam contra a incerteza momentânea


que lhes parece ser a de dar um passo no vácuo. Um vácuo que é criado depois que elas abrem mão
da vontade egoísta do ego e começam a se desprender. Ao invés de confiarem no processo de
desprendimento, preferem confiar em seus próprios falsos deuses.

Nos relacionamentos, é fácil observar a sutileza da pressão interna provocada pela tendência
autoritária e impositiva que diz, "você tem que me amar", criando exatamente a resposta oposta ao
que se deseja. Pessoalmente, talvez vocês sintam que é impossível desistir dessa pretensão já que
não aguentam não serem amados. Não têm o direito a amar? O universo não lhes garante essa
realização tão necessária? Como podem abrir mão dessa pretensão e se contentar com o triste vazio
que tanto temem quando renunciam à pretensão de amar? Ainda assim, está claro que a própria
atitude de "você-tem-que" pode provocar qualquer coisa menos o amor do outro. O amor não pode
florescer num sistema fechado de energia que é fonte de desconfiança, de falta de amor, de poder e
de distorção da verdade. Nada disso pode criar o amor.

Vocês que fazem o trabalho interno do Caminho, sempre encontram em si próprios essa
tensão, esse receio, esse apego. Talvez os chamem de resistência ou lhes dêem outros nomes.
Basicamente, a resistência não se dirige contra nenhum ser humano, contra o facilitador, o terapeuta,
o ensinamento ou, mesmo, contra qualquer dominação real. Porque não é necessário que tenham
essa atitude tão rígida e tão impermeável diante da dominação real. Fundamentalmente, sempre
existe uma ação rígida de apego, uma falta de disponibilidade para o desprendimento, apesar da luta
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espiritual interna por aquilo em que se confia: o pequeno ego ou, por outro lado, o Deus interior.
Mas para se chegar ao Deus interior é necessário trabalhar os estados provisórios da consciência - a
consciência produzida pela mente e que esta quer evitar. Freqüentemente, o eu deseja evitar aquilo
que produziu, seja a dor, a confusão, o vazio ou o medo. Qualquer que seja o estado provisório,
vocês devem abraçá-lo para que ele possa ser explorado, compreendido e, assim, anulado.

Há uma enorme diferença entre acreditar que esse estado temporário é a realidade última que
deve ser mantida num compartimento fechado, e saber que é uma condição temporária. Uma vez
que acreditem que essa é a condição final, o eu poderá tanto lutar contra a possibilidade de se
desprender dela como cair numa resignação, por se sentir desamparado e infeliz.

É por isso que a resistência ao desapego é tão forte. Vocês preferem manter o status quo no
qual evitam entrar naqueles outros estados da consciência de sua criação, aqueles estados que devem
ser percorridos antes que sejam capazes de concretizar o desapego e comecem a criar e a expandir
sua própria vida. Vocês preferem o status quo, mesmo se o estado de desapego e de deixar nas
mãos de Deus os fizer sentirem-se maravilhosos, ricos, leves, alegres e seguros. Muitos de vocês já
começaram a experimentar esses sentimentos com maior frequência. Dessa forma, a resistência em
se desprender vai diminuindo gradualmente. Não é possível conseguir o desprendimento de uma só
vez, na dependência de uma única decisão. É uma decisão e um comprometimento, uma entrega,
que devem ser repetidos muitas e muitas vezes.

A tensão que freqüentemente sentem se origina na tendência que diz: "Quero isso
desesperadamente". Entretanto, o desespero é muito mais um estado de tensão que os tornam
fechados a Deus que propriamente um estado de tensão porque não têm o que desejam. O estado
de tensão que nasce do medo, da desconfiança e de um conceito de pobreza parece justificar o seu
apego. Repito o que mencionei antes: o ato de abrir mão da rígida vontade do ego implica, em
primeiro lugar, no desprendimento da insistência em sua vontade. Por enquanto, a vontade deve ser
deixada de lado, o que é bastante diferente de desistir dela para sempre. Temporariamente, deve-se
desistir do "quem, onde, o que, quando e como" da vontade de realização. Quando tiverem se
desprendido disso poderão até voltar ao mesmo "quem, onde, o que, quando e como", mas essas
vontades, então, se manifestarão em condições emocionais e espirituais completamente diferentes.
Geralmente, sua insistência em realizar sua vontade da forma específica que imaginam, acaba por
limitar a verdadeira realização. Dê asas ao processo criativo e, então, acabarão por sentir que ele irá
superar de longe suas esperanças e visualizações da felicidade e da realização. Uma vez que sua
mente se sente tantas vezes incapaz até mesmo de imaginar a riqueza do universo, vocês devem
aprender a se tornar temporariamente vazios para permitir que o processo divino se revele a vocês.
É isso que quer dizer "deixe nas mãos de Deus".

Às vezes acontece de vocês terem que desistir do desejo da vontade do ego, no entanto, vocês
não estão verdadeiramente desejosos de o fazer. Não querem se livrar da vontade do ego. Mas essa
é uma verdade apenas temporária. Se vocês acumularam internamente uma imagem negativa de suas
próprias vidas que lhes afirma que só o que lhes cabe é o sofrimento, então, devem examinar e
desapossar-se dessa imagem a fim de desativar seu poder energético. E isso só poderá ocorrer se
vocês não se colocarem num estado de apego ou de luta contra essa própria crença interna negativa.
Se vocês enviam correntes de dominação sobre aqueles com quem estão envolvidos num
relacionamento, se lutam contra as imperfeições ou contra a imaturidade daqueles que os
machucam, é apenas porque não confiam que seu Deus interno possa lhes proporcionar uma
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realização sem que tenham que impor suas idéias sobre os outros, não importa quão corretas essas
idéias possam ser em teoria.

A humanidade está presa nesse conflito: ou vocês se apegam à luta contra a desolação, a dor e
o abandono que temem venha a ser seu destino, ou se resignam a este estado sombrio para não se
apegar. Esse conflito universal é uma parte e uma parcela do estado dualístico da mente que ainda
prevalece nessa dimensão de consciência em que vocês se encontram. Vocês já ouviram várias
vezes minhas explicações de que há muitas outras confusões e conflitos para os quais a humanidade
deve encontrar sua saída através de um árduo trabalho. Nessa instância particular o conflito da
humanidade se coloca entre, por um lado, o uso da tendência autoritária e impositiva e, por outro, a
aceitação resignada do estado negativo, fazendo-os sentir-se desamparados e abrigando um conceito
negativo da vida. Esse conflito raramente se aplica a todas as áreas de expressão da vida, mas quase
sempre se aplica a algumas delas.

Externamente, talvez sua tendência seja mais para essas atitudes, mas a outra tendência
também mora em vocês, escondida até mesmo de sua própria capacidade de se dar conta dela.
Vamos dizer que externamente vocês sejam violentos, agressivos e tenham um temperamento mais
ajustado a lidar com os outros de forma dominadora, ou pela força bruta, pela persuasão engenhosa
ou pela manipulação desonesta. Nesse caso, vocês usam algumas de suas habilidades para encobrir a
resignação, a desesperança e a falta de confiança na vida, apesar de o fazerem apenas em algumas
áreas. Ou talvez, externamente tenham um tipo de personalidade que quer principalmente se dar
bem com os outros, que deseja depender deles e não antagonizá-los. Então, por baixo de tudo isso,
deve haver um desejo de dominar. Geralmente essa dominação é obtida pela submissão. "Farei o
que você diz, de tal forma que você ficará amarrado a mim e terá que obedecer a meus desejos.
Você se sentirá muito culpado em me ofender já que provei ser tão obediente a você". Insisto em
dizer que cabe a vocês encontrar, ao longo do seu trabalho do Caminho, essas atitudes escondidas.
Quaisquer que sejam as manifestações externas dessas duas formas de reagir na vida, também
o contrário dessas manifestações aparentes deve existir em vocês. Talvez vocês já tenham se dado
conta de forma clara dessas atitudes manifestas, mas talvez ainda estejam enganados pensando que o
contrário delas não existe em vocês. Todos aqueles que são externamente dominadores encontrarão
dificuldade em lidar com a desesperança interna. Todos aqueles que são extremamente negativos,
dependentes, fracos e submissos encontrarão dificuldade em lidar com seus traços ocultos de
dominação e manipulação. Estes são, inevitavelmente, os dois lados de uma mesma moeda.

No início do caminho da auto-exploração talvez vocês não consigam se dar conta até mesmo
dos aspectos aparentes da sua personalidade. Mas, pouco a pouco, a medida que continuem a se
observar, se darão conta, em primeiro lugar, do lado aparente, em seguida, do lado oculto.

Quando sua personalidade é muito competente no caminho que escolheu para lidar com a
vida, vocês encontrarão mais dificuldade em reconhecer o aspecto escondido. Se são pessoas
violentas por natureza e têm aspectos da força que colocam parcialmente à serviço da tendência
autoritária e impositiva, então continuarão a usar essa solução por um longo tempo esperando
afastar o desastre no qual secretamente acreditam. Se são por natureza suaves e flexíveis, mas usam
esses recursos para manipular os outros e para esconder a dominação que desejam exercer, talvez
considerem extremamente difícil abrir mão do seu jeito aparente de ser a fim de encarar esse desejo
de dominação. Se parecem conseguir o que desejam pela forma que é predominante em sua
personalidade, é muito mais difícil para vocês perceber o que estão perdendo. Apenas quando a vida
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finalmente coloca dentro de sua casa a evidência de que o que consideravam um êxito não passa de
uma ilusão, e que, na verdade, estão é lutando contra um estado de vazio que já existia - um estado
que é resultado da própria solução que escolheram - então, se sentirão suficientemente motivados a
lidar com essa luta.

Talvez momentaneamente pareçam conseguir, ou talvez de fato consigam, tudo que querem,
mas verdadeiramente não conseguem o que almejam. O uso dessas pseudo-soluções vai sempre
tornar impossível a concretização da verdadeira realização. Vamos imaginar que vocês desejam amar
e se sentir próximos a outros seres humanos, mas se sentem inseguros de que irão realizar esse
desejo pela livre e espontânea vontade do outro. Vamos continuar supondo, então, que vocês
dominem pela possessividade, pela força, pelo ciúme, pela coerção e pelas exigências. Isso tanto
pode ocorrer no lado manifesto como no lado oculto. Mas, talvez, tentem dominar por meio de
jogos que produzem culpa, como o "pobre de mim", ou pela fraqueza, pela dependência, pela
censura. Se a outra pessoa os ama de forma neurótica ou se quer explorá-los, ele ou ela irá se
submeter ao seu domínio, mas irá se ressentir e acusá-los, irá odiá-los e os desafiar por causa disso,
apesar de que também eles são parte desse arranjo. Assim, mesmo quando obtêm êxito, isso pouco
significa, já que vocês estão em constante luta contra essas reações pelas quais são co-responsáveis.
Por outro lado, essas reações negativas nos outros apenas fortalecem a sua própria imagem
negativa da vida. E assim se segue, indefinidamente.

Mas o que acontecerá se tiverem a coragem e a integridade de soltar as rédeas, deixando de


lado o medo de que possam perder essa pessoa? Se perderem, o que perderam? Mas se ganharem
descobrirão a imensa alegria de perceber que o outro quer amá-los de forma livre e sem sua coerção,
manipulação e dominação. É essa a verdadeira riqueza que almejam. E, mesmo que percam aquela
pessoa, isso verdadeiramente vai significar que vocês têm que ficar sozinhos para sempre?
Certamente que não. Mas, temporariamente, talvez vocês tenham que mergulhar em sua desolação
para conseguir anular seu poder de criar impedimentos. Assim, podem simplesmente "deixar nas
mãos de Deus".

A Criação Divina deseja que vocês tenham toda a felicidade imaginável. Se conseguirem
enfrentar suas dúvidas sobre se o melhor está verdadeiramente em vocês próprios, então, poderão
estabelecer a confiança. Mas a confiança e a fé não podem ser construídas a partir de fundações
estragadas feitas de desconfiança e falta de fé. Se toda a energia que agora usam para coagir e
subjugar seu ambiente fosse usada para estabelecer a fé na abundância da vida, na riqueza que sua
vida poderia ter, vocês conseguiriam criar verdadeiramente essa riqueza em suas vidas. Ao esconder
sua falta de fé, sua desconfiança, sua perspectiva negativa e também os recursos que usam para
superá-los, estão na verdade consumindo uma energia criativa essencial e valiosa.

Sugiro especificamente que prestem atenção a tudo que seja tanto manifesto como oculto na
sua luta interna e verifiquem em que áreas de suas vidas essas manifestações estão atuando.
Reparem na sua falta de fé quando não se entregam a Deus ou quando a entrega parece ter uma
conotação de resignação a um estado de falta de realização. Sintam o movimento interno a medida
que consigam ir se livrando do apego e, então, visualizem a si próprios num estado mental de
confiança, de paciência, de humildade. Um estado em que o universo pode lhes dar o melhor.

Se vivenciam esse apego externo ou se vivenciam sua desesperança externa, que lhes
provocam o sentimento de que nunca obterão o melhor da vida, tentem entrar em contato com a
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atitude contrária que permanece escondida. As duas facetas devem estar na superfície, assim, vocês
podem ter plena consciência delas. Só então serão capazes de encontrar a solução que agora lhes
descreverei. Entretanto, apenas ouvir sobre essa solução não será suficiente, apesar de que
certamente isso lhes ajudará a encontrar a direção certa. O uso dessa solução vai lhes exigir uma
grande quantidade de trabalho interno.

Primeiro eu gostaria de falar um pouco mais sobre o "deixe estar, deixe nas mãos de Deus"
nas suas interações com os outros. Já mencionei o conflito aparente de querer ser amado, respeitado
e apreciado e a forma como forçam isso. Também falei sobre seu dilema em aparentemente ter que
abrir mão dessa vontade e sua confusão sobre se estão ou não autorizados a fazê-lo. É muito
importante reafirmar que nenhuma reivindicação legítima que façam à Criação pode ser acolhida
pelo universo se sua condição é rígida, impositiva, desesperançada ou negativa. Também a atitude
de "você tem que me amar" não é uma expressão de amor genuíno de sua parte. O amor e o "tem-
que" são antitéticos. O ato de impor não permite liberdade ao outro, ao passo que um sistema
aberto de energia sempre funciona em liberdade.

As atitudes características de um sistema aberto de energia seriam algo assim: "Eu gostaria
que você me amasse. Você parece ser a pessoa com quem eu gostaria de compartilhar a mim
próprio e a quem eu gostaria de me dar por inteiro. Se você é essa pessoa, sei que deve se chegar a
mim em liberdade, de forma espontânea e por sua própria vontade. Mesmo que minha atitude
impositiva pudesse realmente afetar você, eu não gostaria que fosse assim. Confio no universo para
me dar o que é meu justo direito. Se você não quiser livremente, posso, do mais profundo de mim
mesmo, deixá-lo ir-se e esperar com fé que a pessoa que apreciar e desejar livremente receber o que
tenho para dar acabará por chegar até a mim". Essa atitude reflete um sistema aberto de energia e é
compatível com a abundância disponível. A abundância está sempre circulando ao seu redor, mas
seu sistema obstruído de energia constrói um muro que os torna fechados a essa abundância sempre
presente. Está claro que o mesmo princípio se aplica a todo tipo de relacionamento: quando
desejam um trabalho específico, quando desejam amigos, quando desejam pessoas que irão comprar
o que vocês têm para vender, que irão receber o que vocês têm a dar ou que irão lhes dar o que
estão procurando.

Um sistema fechado de energia que implica numa atitude rígida de apego é realmente uma
arma falsa e ineficiente que vocês possuem para lidar contra uma visão negativa do universo em que
vivem - ou, pelo menos, contra uma visão do que a vida significa para vocês. A arma é manejada
ainda com mais força quando se mostra ineficiente: vocês se tornam mais impositivos, mais
possessivos, exigentes, ciumentos e dominadores. Assim, o sistema de energia cada vez se tranca
mais fechando-se contra as riquezas da vida. Sua ilusão sobre a natureza negativa da vida é
reforçada e vocês lutam contra essa visão negativa ilusória esperando não cair no poço de resignação
e de desistência, em vez de simplesmente se desapegar.

Vocês têm que viver num sistema aberto de energia para agarrar a vida e afirmar
confortavelmente e, até mesmo com confiança, seus direitos. Vocês próprios devem se sentir ricos o
bastante para estar energeticamente compatíveis com as riquezas do universo. Num sistema fechado
de energia vocês acreditam que são pobres e jamais beneficiam-se de sua riqueza. Conhecer suas
riquezas implica, como o primeiro passo substancial, ser suficientemente forte, generoso, humilde e
honesto para não exercer a força sobre os outros, não importa a sutileza como essa força é exercida.
Deixar de se desapegar envolve uma corrente autoritária e impositiva; envolve o desejo de se impor,
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não importa quão escondido esse desejo esteja; corresponde à trapaça, porque vocês sabem que não
teriam que conseguir nada à força se isso lhes fosse dado de forma espontânea. A ironia é que
geralmente aquilo que quer ser dado a vocês espontaneamente se torna inacessível quando vocês o
forçam. Não se desapegar deve violentar num nível profundo a sua integridade o que, então, lhes
faz duvidar de si próprios e de seu direito à felicidade. Não se desapegar pode ser igualado ao
pedinte que rouba. O desapego pode ser igualado ao conhecimento de suas principais riquezas e à
determinação em estabelecer esse fato na sua consciência. O desapego implica, portanto, num
enfrentamento árduo e honesto de suas ilusões, seus fingimentos e suas desonestidades.

Como sabem, os pensamentos e as energias estão num constante processo de criação. Há


uma enorme diferença entre, por um lado, a criação de um sistema fechado de manipulação dos
outros, dos fatos, dos acontecimentos, das energias criativas ao seu redor e, por outro, a criação de
um sistema aberto de energia pela confiança.

A solução é se desapegar pela confiança. A fim de confiar, primeiro vocês têm que estabelecer
alguns elos intermediários que não devem ser omitidos. Esses elos formam a ponte para um estado
de perspectiva de vida genuinamente positivo, onde não há qualquer pressão, qualquer ansiedade e
qualquer dúvida. Há, sim, uma fé profunda de que o universo é benigno e de que vocês podem ter o
melhor em todos os níveis da existência. É essa a solução sobre a qual estamos tratando aqui.

Um sistema aberto de energia no qual vocês criam sua realização e sua riqueza de forma
positiva exige que descubram suas próprias riquezas interiores. Vocês devem tornar-se ricos. Se
partem de sua pobreza, nunca poderão criar um sistema aberto de energia. Na melhor das hipóteses
podem criar um sistema fechado de energia no qual continuam a mandar, a coagir, a pressionar, a
comandar, a exigir, a manipular... e a roubar, direta ou indiretamente.

O sistema aberto de energia, criador de riquezas que fluem em vocês tanto de dentro para fora
como de fora para dentro, deve partir de sua própria riqueza interior que é capaz de suportar perdas
momentâneas. Então, vocês conseguirão tolerar a dor temporária da descoberta daquilo que
verdadeiramente impede a realização da necessidade não-satisfeita até finalmente conseguirem
livrar-se dela por meio de uma mudança da atitude interior. É essa a forma de criar riqueza.

Nesse processo, há uma seqüência de passos que devem ser dados. Passo número um:
reconhecer o conflito que acabamos de discutir onde vocês lutam entre recorrer à desesperança ou
recorrer à pressão, à repressão e à opressão. Passo número dois: reconhecer que esse conflito
existe porque vocês operam segundo a premissa de uma pobreza imaginada, convencidos de que
não poderiam ter o que precisam se abrissem mão do esforço de pressionar, de conter e de oprimir.
Vocês acreditam que estão condenados a jamais vivenciar a realização que tanto almejam, sem a qual
sua personalidade não pode florescer. Passo número três: comprometer-se integralmente em
elaborar os verdadeiros motivos da sua falta de realização tal como aprenderam nesse caminho. Isso
deve ser feito num espírito de honestidade, perseverança, paciência e humildade. A humildade
significa deixar de censurar o universo por sua pobreza em uma determinada área de sua vida e
passar a procurar em vocês próprios as distorções que acabaram por criar essa pobreza.

A maioria dos seres humanos tem algumas áreas onde se sentem ricos e algumas onde se
sentem empobrecidos e, portanto, carentes. Esses sentimentos raramente correspondem à situação
real. Assim, procurem descobrir as áreas onde se sentem ricos e onde se sentem pobres. Talvez se
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sintam ricos por ter alguns talentos criativos onde se sentem completamente confiantes e onde
percebem que possuem essa abundância ilimitada em seu próprio interior. Seu interior que é como
um córrego que jamais deixa de fluir. Mas, ao mesmo tempo, talvez se sintam pobres em relação à
possibilidade de conseguir encontrar a verdadeira mutualidade. Outra pessoa pode se sentir segura
nessa área, mas cheia de dúvidas sobre se algum dia terá abundância e segurança no plano financeiro.
Agora, todos vocês já sabem como procurar pelas concepções equivocadas, pela intencionalidade
negativa e pelas atitudes destrutivas que devem estar por baixo dessa condição bloqueada. Vocês
devem ter bem claro onde se sentem ricos e onde se sentem pobres. Onde sentem-se ricos serão
sempre ricos porque aí também devem ter uma atitude doadora e honesta. Mas onde se sentem
pobres continuarão a ser pobres até que criem sua própria riqueza pela entrega e pela honestidade.
Na verdade, sempre existe riqueza em cada um. Mas se vocês não sabem que possuem aquela
riqueza e estão cegos a ela, verdadeiramente acreditarão e vivenciarão apenas a sua pobreza. Quanto
mais pobres acreditam que são mais devem reagir como se nada tivessem a dar. Agora, faço-lhes
uma pergunta: no seu trabalho do caminho já não se deram conta de que deixam de expressar seus
sentimentos porque sentem que se os doassem estariam criando um insuportável vazio em seu
próprio interior, um vazio que só poderia ser preenchido pelos outros?

Vamos ver o que acontece quando acreditam que são pobres. Já mencionei anteriormente que
todo tipo de pressão, de dominação, de repressão, de opressão ou de manipulação se remete à
trapaça. A tradução dessa atitude em palavras concisas seria: "Eu o forçarei a me dar aquilo que
você não quer me dar de forma espontânea. Se o uso direto do meu poder não for adequado, eu o
forçarei por meio da trapaça. Farei com que se sinta culpado por não me dar o que quero de você.
Vou acusá-lo e censurá-lo por ter me feito vítima. Vou colocar as coisas ao contrário, acusando-o de
fazer o que secretamente faço com você. Por exemplo, vou alegar que você me domina porque se
recusa a concordar com meu propósito de forçá-lo a se submeter a mim". É fácil ver que essa
atitude nada tem a ver com o amor. Tal atitude é injusta, trapaceira, proibitiva e infringe a liberdade
do outro ou, pelo menos, tenta fazê-lo.

Já as atitudes livres e amorosas características de um sistema aberto de energia afirmam: "Eu


estaria feliz em ter seu amor. Mas ao amá-lo, lhe darei a liberdade de vir até mim se e quando você
escolher fazê-lo. Se você não deseja me amar, não tenho o direito de fazê-lo sentir-se culpado
fingindo que isso me destrói". Essa é a verdadeira honestidade, decência e integridade que cria a
riqueza. Vocês têm o direito de querer ser amados, ou de ter dinheiro, ou de se realizar, mas se
procuram isso de outra forma, seus recursos tornam-se impeditivos e, num sentido mais profundo,
tornam-se desonestos. Porque se sentem pobres, continuam pobres, porque apenas o honesto pode
sentir-se merecedor das riquezas. A forma energética das atitudes autoritárias e impositivas e das
atitudes repressivas é a de uma prisão sufocante ou de se sentir preso amarrado por cordas.

A trapaça cria culpa e a culpa produz a dúvida sobre o seu direito a ter qualquer coisa de graça.
É exatamente aqui que vocês acabam criando para si próprios um clima de pobreza no qual
certamente vão duvidar da sua capacidade de criar riqueza. Também violam a lei espiritual e é
extremamente importante que descubram de que forma a violam.

Durante o processo de auto-exploração, também descobrirão sua falta de fé em um universo


que irá conceder o que já deseja lhes dar. Vocês deixam o universo impossibilitado de lhes dar tudo
isso devido ao sistema fechado de energia que construíram. Também é exatamente assim no caso de
um relacionamento. Mesmo no melhor relacionamento, se o amor mais genuíno se vê forçado e
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coagido, automaticamente vai se retrair. Sua demanda por amor será recusada até mesmo por
aqueles que afirmam já terem se livrado de seus próprios motivos neuróticos. Vocês não se
permitem receber o amor que existe e que continua a crescer porque a forma proibitiva da energia
está atrapalhando. Quando vocês se apegam e não "deixam estar", não "deixam nas mãos de Deus",
sempre existe uma atitude de deslealdade e de desonestidade. A pressão cria a contra-pressão. É o
desapego que cria a possibilidade da vivência da genuína lei divina, a vivência do que ela é. Toda a
escuridão e negatividade que possam estar lá temporariamente devem ser vistas pelo que são, de tal
forma que sua essência final de luz e de beleza possa se revelar. As outras pessoas só se sentirão
livres para amá-los quando vocês conseguirem essa atitude de "deixar estar".

Na verdade, vocês podem estar enredados num relacionamento onde o amor não acontece de
forma espontânea. Mas isso só se dá porque suas distorções e seus conceitos de empobrecimento só
permitem que se aproximem de vocês aquelas pessoas que são incapazes de lhes dar amor. Talvez,
primeiro, vocês tenham que abrir mão do que querem de uma pessoa específica e aceitar o momento
aparente de empobrecimento e de vazio. Percorram esse estado temporário até que consigam
perceber, por meio de sua própria saúde, liberdade e riqueza internas crescente, o amor que lhes é
dado de forma espontânea. Após terem sentido a diferença entre aquilo que conseguem por meio
da pressão e do controle e aquilo que conseguem quando deixam o outro livre, nunca mais desejarão
a primeira que, de fato, não tem sentido. Aquela atitude não os enriquece porque se origina da sua
própria sensação de pobreza - uma falsa sensação, mas que está lá.

A riqueza necessária para se ter, para ser e para se viver num sistema aberto de energia onde as
pessoas, o amor e a riqueza do universo cheguem até vocês livremente, só pode ser criada por vocês
quando conseguirem dar de forma tão completa como desejam receber. Essas palavras sempre têm
sido repetidas por todas as religiões e filosofias de valor. Certamente não são novas. Mas o ato de
dar é muitas vezes uma máscara falsa, um artifício que apenas esconde a trapaça, o regateio, a
desonestidade, o logro, a negatividade que estão presentes no coração. Já que não é possível
trapacear com o mundo interior da interação verdadeira vocês devem colher os frutos que existem
em si próprios dependendo do que acreditam. É por essa razão que a atitude de desapego muitas
vezes significa, num primeiro momento, mergulhar nesse mundo interior negativo criado por vocês
e que permanece escondido tanto dos outros como da sua própria capacidade de se dar conta dele.
Mas vocês também deveriam se lembrar que esse não é o seu ser último ao qual estão condenados e
do qual devem se esconder. Ao admitir a existência dessa parte negativa, vocês podem mudá-la.

A disponibilidade para um auto-enfrentamento inclui coragem e humildade e nunca leva à


desesperança, mesmo se primeiro vocês examinarem o mundo de pobreza que criaram em sua
consciência. Vivenciem essa dor como um túnel pelo qual atravessam em busca do enfrentamento
de algo que vocês próprios criaram. Quando rejeitam esse processo e escolhem permanecer
sentindo-se vítimas da vida devido à dor que vocês próprios criaram por ignorância, por
desonestidade, por negatividade, nada mais resta a não ser continuar pobres.

Quando encaram a si próprios de forma verdadeira com coragem, a atitude seguinte de


desapego crescente será o resultado inevitável. Essa atitude diz: "Se os outros quiserem o que tenho
a oferecer, lhes darei com prazer. Se não quiserem, deixarei que se vão. Se isso é doloroso, aceitarei
essa dor e passarei a pesquisar onde ela se origina em mim. Terei confiança em que a fundamental
benignidade da natureza da vida me dará o que necessito, mesmo se neste momento ainda não
consigo ter a experiência disso".
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Essa meditação, meus amigos, deve ser o último passo da seqüência que esbocei. Dessa
forma, vocês serão capazes de se livrar da dicotomia incrivelmente dolorosa e desesperançada na
qual toda a humanidade está presa. Uma pessoa pode estar mais envolvida nela do que outra,
mesmo que algumas só o estejam numa pequena extensão. Entretanto, todo ser humano está
tentando escapar desse padrão. Vocês criam a riqueza e um sistema aberto de energia quando
percebem até que ponto suas demandas e seu rígido apego impedem sua realização e significam um
insulto ao universo. A demanda diz: "Não acredito que posso ter o que quero a não ser que eu
pressione, que manipule, que trapaceie, que oprima e force as coisas ou as pessoas para chegarem até
a mim".

A medida que sigam esses passos, primeiro liberem o apego; em seguida, abram mão do que
conseguiram por meio dessas atitudes impositivas que tiveram origem na vontade do ego e que se
utilizam da pressão. Isso significa que talvez vocês não consigam obter de imediato, a partir do
exterior, aquilo que desejam. Primeiro devem criar as atitudes internas nas quais podem aceitar com
boa vontade o fato de não conseguirem o que querem e nas quais ainda conseguem sentir, talvez até
por isso mesmo, sua riqueza interior. A capacidade de se sentir bem mesmo se deixam de ter algo
que desejam é o que permitirá o aumento da sua auto-estima e da sua integridade. Isso dará início a
um processo de enriquecimento a partir de seu próprio interior, a partir de seus próprios recursos.
Então, a realidade externa passa a ser quase secundária - apesar de geralmente existir uma
necessidade genuína de um desejo de realização externa. Entretanto, tal realização tem que se tornar
um sub-produto natural de seu estado interior. Também não deveria ser algo que vocês não
consigam passar sem. Se é este o caso, vocês estão centrados nos outros e não no seu próprio ser.
A realização exterior, por mais importante que seja, é simplesmente um desenvolvimento orgânico
de seu estado interior. Primeiro vocês têm que criar o estado interior no qual consigam abrir mão de
tudo que desejam ter, mesmo se isso lhes deixa com um sentimento de vazio, de dor ou de carência.
Vocês sempre permanecerão com uma sensação de que existe um outro estado de consciência no
qual poderiam estar fluindo, mas que não estão porque continuam a resistir ao seu atual estado. É
essa a maneira de criar o estado interno de riqueza que é compatível com a lei universal e no qual a
Criação está sempre pronta a lhes dar tudo o que verdadeiramente necessitam para alcançar a
felicidade.

Agora quero dizer algumas palavras sobre a culpa, um tópico especialmente importante nessa
relação e esclarecer a diferença entre culpa, vergonha e remorso. No passado, sempre fiz referências
às culpas justificáveis e injustificáveis. Também falei sobre a natureza destrutiva da culpa, que
destrói o eu e proíbe a visão de seu ser divino fundamental. Agora vamos ver de que forma a culpa,
a vergonha e o remorso se diferenciam entre si.

Quando vocês se sentem culpados, na verdade estão dizendo: "Não há salvação para mim.
Mereço ser destruído". Mas como vocês são parte integrante da Criação, do universo, de Deus, estão
assim insultando a si próprios tanto quanto insultam o universo quando não confiam na abundância,
na bondade, na segurança, na justiça, na riqueza e na beleza da vida. Não importa que descubram a
parte em vocês que é negativa, destrutiva, malvada, desonesta, odiosa e manipuladora, essa é apenas
uma parte, apenas um aspecto temporário do eu verdadeiro que aparece sob uma manifestação
material para que vocês possam reconhecê-la e mudá-la. Jamais pensem que isso é o que vocês são
na sua totalidade. Devem ter cuidado com essa perigosa distorção. Essa auto-culpa destruidora está
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diretamente relacionada à sua falta de confiança na vida. É essencial que vocês lidem com essa
distorção dupla.

Agora tenho o privilégio de lhes falar, o que mais necessitam.

Nesse tipo de culpa, vocês inevitavelmente rompem com seu próprio fluxo divino. Dessa
forma, sentem que têm que ir imediatamente para o extremo oposto, o de camuflar suas falhas e
seus fracassos reais, justamente aquelas áreas que precisam ser encaradas de forma direta e honesta.
Colocar-se em defensiva contra seus defeitos sempre se relaciona a uma culpa auto-destrutiva. E a
culpa auto-destrutiva, por sua vez, relaciona-se à negação da verdadeira natureza do universo, uma
natureza doadora, amorosa, realizadora e que está disponível a todos os seres criados. Tenham
cuidado com essa culpa, meus queridos amigos, porque ela não conduz à auto-purificação. Não é
uma atitude realista ou construtiva.

E sobre a vergonha ? A vergonha é a emoção que está conectada à vaidade e a aparência.


Talvez vocês se sintam envergonhados de expor qualquer coisa diante dos outros porque querem
fingir ser outra pessoa que não a que são. A imagem idealizada do ego predomina sobre o que é real.
Assim, há uma diferença entre culpa e vergonha. A culpa está relacionada a seu eu interior, ela os
destrói e vocês a exageram, jogando um jogo consigo próprios. A vergonha refere-se à sua imagem,
às suas simulações diante do mundo exterior.

O remorso verdadeiro nada tem a ver tanto com a culpa como com a vergonha. Ele
simplesmente reconhece seus defeitos, suas limitações, suas faltas, suas impurezas e suas
negatividades. Admite que há partes suas onde violam a lei divina, conseqüentemente, violam suas
integridade mais profunda. Sentir-se arrependido, admitir a verdade de que essas impurezas são um
desperdício desnecessário de energia e que prejudicam os outros e a vocês próprios, é
completamente diferente da culpa ou da vergonha auto-destrutiva. O remorso permite que se diga :
"Sim, é verdade, tenho essa ou aquela desonestidade, mesquinharia, falso orgulho, ódio, maldade, ou
o que seja; mas tudo isso não representa a totalidade do que sou. O próprio fato de que sou capaz de
reconhecê-lo, lamentá-lo e desejar mudá-lo me liga a meu eu divino que, no final das contas, vai me
fazer superar quaisquer traços negativos que me deixam pesaroso". O "eu" que desaprova e quer
mudar os aspectos desviantes, destrutivos, não verdadeiros, permanece basicamente intacto, mesmo
percebendo que alguma coisa está errada. Portanto, façam, de fato, uma distinção entre a culpa, a
vergonha e o remorso, e vejam como a culpa é muito parte da falta de fé no universo.

Meus queridos amados amigos, há muitos seres espirituais para ajudá-los aqui e que se
encontram ao seu redor e em torno de todos aqueles que estão se aventurando nesse caminho do
auto-desenvolvimento. Alguns de vocês talvez duvidem da realidade da existência espiritual além do
corpo, tenham ou não essas dúvidas, isso é um fato. Há todo um mundo que para vocês é inatingível
mas que é extremamente tangível na realidade. Na verdade, é muito mais tangível que o mundo que
vocês conhecem como real. O mundo que conhecem como real é um reflexo, uma imagem de
espelho, uma projeção externa na qual seu eu verdadeiro é atirado a fim de cumprir uma tarefa.
Dêem de graça o presente do amor verdadeiro ao permitir que os outros sejam, mesmo que isso
signifique algum tipo de perda momentânea. Tenham confiança e fé que a vida quer inundá-los com
suas dádivas. Quanto mais estabeleçam uma atitude de verdade em si próprios, mais conhecerão a
beleza interna, o mundo interno de realidade que nunca acaba.
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À medida que perseverem em seu caminho genuíno, seu crescimento torna-se mais e mais
tangível. Vocês resolvem seus problemas de uma forma mais profunda e sua experiência de alegria e
segurança, paz e prazer, torna-se mais profunda, mais duradoura e menos carregada de contradições
amedrontadoras.

Vocês se tornam mais capazes de realizações por causa de seu investimento interno em
deparar-se com a verdade de si próprios.

Que as bênçãos divinas estejam com vocês. Fiquem em paz.


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