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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE-FURG

DISCIPLINA: HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA I


PROFESSOR: JUAREZ JOSÉ RODRIGUES FUÃO
CURSO: HISTÓRIA LICENCIATURA

PROPOSTA:
Analise a  Revolução Industrial  e destaque como ela alterou o papel do trabalhador
no processo produtivo, relacionando tal mudança à letra musical “Construção, Chico
Buarque, 1971.”

As transformações causadas pela Revolução Industrial se deram além do


maquinário inovador e produção mecanizada, a vida nas sociedades foi alterada
radicalmente tanto no processo de urbanização, com o crescimento exponencial da
população quanto nas relações de trabalho, e consequentemente nas relações pessoais,
como Chico expressa em sua canção construção, o trabalhador passa a ser somente mais
uma peça integrante desta engrenagem que é o sistema capitalista; com sua métrica
repetitiva e em uma ordem mecânica, o músico narra o dia de trabalho de um operário
sem rosto.
Os trabalhadores deste período saíram do interior de suas cidades, de uma lógica
de trabalho no campo, ou artesanal, trazidos a um contexto de disciplina e rígida
movimentação das fabricas, da operação e ritmo de trabalho exaustivos, tudo regrado ao
som dos sinos (Ibidem, pp. 391-392. APUD (BEAUD, Michel 1989). Nesse processo de
mecanização e aquisição e mão de obra, a desumanização do trabalhador é uma
realidade, crianças órfãs, mulheres, homens mais velhos ou não, a seleção do operário
se dá mediante sua obediência e eficiência nas tarefas destinadas, sob pena de demissão
ou coerção mais bruta.
Engels já nos revela o perfil do burguês inglês, o detentor dos meios de produção
não enxerga no operário um ser humano, mas um meio de adquirir lucro, e a partir disso
o desumaniza e oprime para que o mesmo se veja como uma peça que pode ser
descartada ou substituída a qualquer momento, o homem tem então um preço, vale por
sua produção é aceito na sociedade conforme sua categoria econômica.
Desconheço uma classe tão profundamente imoral, tão incuravelmente
corrupta, tão incapaz de avançar para além do seu medular egoísmo como a
burguesia inglesa – e penso aqui na burguesia propriamente dita, em
particular a liberal, empenhada na revogação das leis sobre os cereais. Para
ela, o mundo (inclusive ela mesma) só existe em função do dinheiro; sua vida
se reduz a conseguir dinheiro;
(ENGELS, Friedrich,2008).

As lágrimas, pesares, cansaços ou necessidades dos trabalhadores não estão em


questão, desde que levantem as paredes sólidas, comam seu arroz e feijão para se nutrir
o suficiente e ao caírem desfalecidos por aí, não caiam na contramão atrapalhando o
tráfego e assim sejam facilmente substituídos, sem gerar prejuízos ou atrasos.

REFERÊNCIAS
-BEAUD, Michel. Na aurora da Revolução Industrial na Inglaterra. In: História do
Capitalismo: de 1500 aos nossos dias. São Paulo: Brasiliense, 1989. P. 99-118
- HOBSBAWM, Eric. Rumo ao mundo industrial. In: A Era das Revoluções
-ENGELS, Friedrich. A atitude da burguesia em face do proletariado.  In: A situação
da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Boitempo, 2008. P. 307-328.
-Construção, Chico Buarque, 1971.

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