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Resumo
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Parte integrante da pesquisa intitulada: Considerações Sobre o Papel do Pedagogo no Conselho de
Classe.
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Acadêmica do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Centro Oeste- UNICENTRO - Irati,
PR.
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Professora e Orientadora da Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO - Irati -
Departamento de Pedagogia
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Introdução
Percebe-se que o autor afirma que o Conselho de Classe é de grande importância para
o processo educacional, pois envolve não só a equipe de direção, mas professores e em
algumas determinadas situações alunos e pais.
Conselho de classe é um órgão colegiado, dentro da organização de uma escola em
que vários profissionais da área da educação se reúnem para discutir e avaliar o desempenho
das turmas e alunos. Apresenta características que se diferem de outros órgãos da escola.
Dalben (2004) comenta que o Conselho de Classe tem como característica a forma de
participação direta, efetiva e envolvida dos profissionais que atuam no processo pedagógico,
que a sua organização é interdisciplinar e tem como foco principal de trabalho a avaliação
escolar. Afirma que o Conselho de Classe é a mais importante das instâncias colegiadas da
escola pelos objetivos de seu trabalho, pois é capaz de dinamizar o coletivo escolar pela via da
gestão do processo de escolarização. Trata-se de um espaço prioritário da discussão
pedagógica e de uma parte integrante do processo de avaliação desenvolvido pela escola.
Segundo Dalben (1995, p. 114)
(...) o papel do Conselho de Classe no cotidiano escolar tem sido mais o de reforçar
e legitimar os resultados dos alunos, já fornecidos pelos professores e registrados em
seus diários, e não de propiciar a articulação coletiva desses profissionais num
processo de análise dialética, considerando a totalidade.
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de
acordo com algumas regras comuns:
V – a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos
aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período
sobre os de eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
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(…) as notas se tornam a divindade adorada tanto para o professor como pelos
alunos. O professor adora-as quando são baixas para mostrar a sua “lisura” (“não
aprovo de graça, sou durão”); por mostrar o seu “poder” (“ não aprovo qualquer
aluno e de qualquer jeito”). O aluno, por outro lado, está a procura do “Santo Graal”
- a nota. Ele precisa dela, não importa se expressa ou não uma aprendizagem
satisfatória; ele quer a nota. Faz contas e médias para verificar a sua situação. É a
nota que domina tudo; é em função dela que se vive na prática escolar.
Percebe-se com clareza a afirmação feita acima em relação a nota, e outro fator que
podemos perceber em relação a avaliação é de que alguns professores tiram um certo proveito
de seu poder em sala de aula, demonstrando rigidez, o que ocasiona um certo medo nos
alunos.
O controle de uma sala de aula requer o poder e autoridade do professor mas com
certa moderação. Há muitas definições de poder, mas vou expor a teoria de Foucault (1987)
na qual coloca que poder e saber estão diretamente ligados, que não há uma relação de poder
se não houver o saber.
Os professores utilizam a prática do poder em sala de aula e principalmente no
processo de avaliar, pois este torna-se instrumento de controle e sobre os alunos que tem um
comportamento adequado aos olhos do professor para serem avaliados com uma postura
exemplar. E o professor faz aquilo que a sociedade quer, que o aluno tenha um bom
comportamento o que reflete no desempenho escolar, ou seja, o professor passa a exercer um
papel de disciplinador. Dalben (2004, p. 75) fala da reflexão do professor sobre a prática de
ensino:
acrescentam conteúdos nas provas como uma forma de coagir o aluno e induzi-lo ao bom
comportamento.
Os professores utilizam-se da nota como uma forma de controle sobre a turma, ou de
alguns alunos com medo de serem avaliados pela direção da escola ou do sistema no qual
estão inseridos. A avaliação se torna uma preocupação para todos, pois acaba tornando-se o
centro do processo educacional. Essa questão de aprovação e reprovação dos alunos vem
sendo discutida há algum tempo.
Ao chegar o fim do ano letivo, professores e alunos ficam preocupados com a
aprovação ou reprovação escolar. Os pais desejam que os seus filhos sejam aprovados, mas
muitas vezes esquecem de se preocupar se o seu filho realmente aprendeu os conteúdos
desenvolvidos durante o ano. E mais uma vez comento sobre as notas, que são uma espécie de
passaporte para a série seguinte. Os alunos temem a reação dos pais, e por esse motivo não
estão preocupados em dominar o conteúdo e sim obter a nota. Não se trata de uma
generalização, mas de alguns apontamentos sobre essa realidade que infelizmente permeia a
nossa educação.
A avaliação perde o seu significado, em vez de instrumento dialético se transforma em
instrumento disciplinador dos alunos. A avaliação deve ser um instrumento mediador do
conhecimento, mas também necessita de certa autoridade, desde que seja dentro dos limites,
sem exageros e abusos de poder do professor sobre os alunos. Hoffmann (1995, p. 72) fala da
avaliação como forma mediadora:
As Formas de Avaliação
Sabemos que existem várias formas de se avaliar os alunos, mas ainda precisa-se
compreender o conceito dos tipos de avaliação. Hadji (2001) apresenta três tipos de avaliação:
prognóstica, formativa e cumulativa:
• Avaliação Prognóstica – Permite a alternativa de ajuste, e tem como finalidade
promover um levantamento do que possa concluir sobre as dificuldades apresentadas.
Permite estabelecer relações entre conteúdos que podem ser descartados e quais
devem ser ressaltados para que a aprendizagem projetada obtenha êxito.
• Avaliação Formativa – Esta designa ser um horizonte lógico de uma prática avaliativa
em âmbito escolar, apresenta essa prática em três distinções: implícita, espontânea e
instituída. A avaliação formativa é entendida como avaliar para formar.
• Avaliação cumulativa - Tem função de averiguar se as aquisições apontadas pela
formação foram feitas. Esse tipo de avaliação refere-se a tarefas socialmente
significativas.
Hadji (2001) afirma sobre a avaliação normativa e afirma que “toda avaliação
organizada, anunciada e executada como tal dentro de uma instituição é normativa”.
Normativa porque atribui normas. A avaliação exige que se estabeleçam primeiramente
critérios, e após definir os procedimentos.
O foco principal da avaliação é ajudar o aluno na aprendizagem e o professor no
processo de ensino, mas para que isso aconteça é necessário o uso de instrumentos e
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Fica claro que o conceito de avaliação não está restrito a utilizar procedimentos a
aferir a quantidade de conhecimentos delimitados as provas, de quanto conteúdo o aluno
conseguiu assimilar.
A importância da avaliação consiste no fato do aluno saber sobre as suas dificuldades
e avanços. O professor deve proporcionar a superação das dificuldades e continuar
progredindo na construção dos conhecimentos. Luckesi (1999, p.43) afirma que “para não ser
autoritária e conservadora, a tarefa de ser diagnóstica, ou seja, deverá ser o instrumento
dialético do avanço, terá de ser o instrumento da identificação de novos rumos”.
A avaliação é uma ferramenta necessária na construção do conhecimento, pois é
através dela que diagnosticamos a nossa aprendizagem. A avaliação deve ser entendida como
recursos que o professor utiliza para verificar se as práticas educativas estão sendo realizadas
em sala de aula e assim poder avaliar a aprendizagem dos alunos.
Pode-se afirmar que o conselho de classe teria como eixo essencial dinamizar a
atividade de avaliação por intervenção das variadas análises de seus participantes, e assim
organizar os trabalhos pedagógicos seguindo essa prática. É a partir deste contexto que se
caracteriza a ação e o trabalho do pedagogo, um profissional responsável na organização da
prática pedagógica. Uma de suas atribuições é fazer o encaminhamento do Conselho de
Classe e assim encaminhar o professor no planejamento metodológico atender nas
dificuldades de aprendizagem dos alunos.
É importante que o pedagogo proporcione aos demais profissionais, a intervenção nos
problemas que foram apontados no Conselho de Classe e assim a toda comunidade escolar, os
resultados do aproveitamento de conteúdos, sobre os aspectos qualitativos e quantitativos do
processo de ensino-aprendizagem na escola.
Dentro desse contexto, o eixo principal do trabalho do pedagogo é fazer o
acompanhamento do processo de aprendizagem do aluno através das reuniões do Conselho de
Classe. O trabalho do pedagogo consiste em organizar e coordenar os Conselhos de Classe de
uma forma de reflexão sobre o trabalho pedagógico durante todo o ano, acompanhando e
orientando o trabalho do professor na escolha dos conteúdos e também nos procedimentos de
avaliação dando ênfase no aproveitamento da aprendizagem adequando-os na sua Proposta
Curricular.
Considerações Finais
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Este artigo teve por objetivo apresentar e esclarecer algumas questões sobre o
Conselho de Classe que se apresenta como forma de avaliação coletiva. Podemos perceber
que a avaliação não é somente para avaliar o aluno, mas também para avaliar a prática do
professor em sala de aula. Este órgão colegiado não pretende fazer uma revolução nas
metodologias de ensino, e sim uma reflexão sobre a importância do ensino aprendizagem e
uma compreensão do que é possível acontecer no Conselho de Classe.
Há muito conteúdo a ser discutido sobre a avaliação, mas o que podemos concluir com
essa pesquisa é que através das opiniões coletivas que ocorre o processo de avaliar, ou seja,
acompanhar o desempenho dos alunos no decorrer do ano letivo e apresentar resultados nas
reuniões do Conselho de Classe. Avaliar não se trata de um julgamento, pois não é um
processo seletivo e sim um diagnóstico.
O orientador ou coordenador pedagógico é quem coleta dados, e orienta os demais
professores dentro de um embasamento teórico e procura resolver situações coletivamente
dentro do Conselho de Classe para que todos possam falar e expressar opiniões sobre
determinados assuntos.
O Conselho de Classe como um processo avaliativo, é uma reflexão sobre as práticas
de ensino. A avaliação é que sustenta o processo de ensino aprendizagem, pois é uma análise
do cotidiano que envolve professores, alunos e equipe pedagógica para chegar a um
diagnóstico. Os objetivos do Conselho de Classe devem ser claros, para que os instrumentos
de avaliação cumpram seu papel de maneira satisfatória, e possa garantir apoio de todos os
profissionais, como base para as possíveis dificuldades que possam surgir.
REFERÊNCIAS
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: história das violências nas prisões. Rio de Janeiro:
Vozes, 1987.
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