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Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3

Cadernos PDE

I
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM:
Concepções e práticas

Autora: Elisabete Luisa Candido1


Orientadora: Drª. Roseneide M. Batista Cirino2
RESUMO
Este artigo apresenta a síntese do projeto de intervenção intitulado “Avaliação da aprendizagem:
concepções e práticas”, desenvolvido no Colégio Estadual Profª Maria Helena Teixeira Luciano. Está
articulado à temática avaliação da aprendizagem e fundamentado em debates teóricos, discussões,
pesquisa bibliográfica e de campo que culminou na implementação na produção do material didático
e implementação do projeto PDE, na escola, turma 2014. O objetivo deste trabalho foi estudar e
debater o tema “avaliação no interior da escola” com intuito de analisar a prática avaliativa da ação
pedagógica. A prática de avaliação da aprendizagem tem sido marcada por concepções equivocadas,
como mecanismo de exclusão. Com a necessidade de romper com estas concepções excludentes
de avaliação constatou-se a necessidade de compreender a importância da avaliação, no fazer
pedagógico. O referencial teórico está respaldado em pesquisadores da área como: Hoffmann (1996),
Luckesi (2005), Fernandes (2009), Furlan (2007), Vasconcellos (2006), além do PPP (Projeto Político
Pedagógico do Colégio Estadual Maria Helena), a instrução 007/99 e Diretrizes Curriculares da
Educação Básica.

Palavras – chave: Avaliação, Aprendizagem, Prática

INTRODUÇÃO

A produção deste artigo se dá num momento onde educadores do Brasil, em


especial do Estado do Paraná, debruçam-se sobre os problemas da educação. A
avaliação, sendo elemento importante do trabalho pedagógico impõe-se a
necessidade de analisá-la minuciosamente para entender sua prática e caracterizar
o resultado do trabalho pedagógico no chão da escola, examinando assim os
processos avaliativos e, colaborando no dia adia da escola, com reflexões sobre a
elaboração de instrumentos e critérios de modo a abranger o processo avaliativo da
aprendizagem, no Colégio Maria Helena, no seu todo.
Historicamente, o processo de avaliação da aprendizagem centra-se na nota
como um fim em si mesma, para cumprir prazos e, na escola em questão isso não
se dá de forma diferente. A implementação do projeto PDE desenvolveu-se durante
1
Professora Graduada em Pedagogia, Especialização em Gestão Escolar; Metodologia do Ensino,
Alfabetização e Educação Infantil.
2
Professora Drª em Educação com pesquisa na área da Educação Especial e Inclusiva, licenciada
em Pedagogia, Especialista em Orientação e Supervisão Escolar, Psicopedagogia e Educação
especial, Mestrado em Educação com tema na área da Educação especial e Inclusiva e orientadora
do PDE turma 2014.
a hora atividade dos educadores, em reunião pedagógica através de situações
problemas do cotidiano que direcionassem às discussões, reflexões teóricas e a
análise práticas. Como resultados evidenciou-se um amplo e profícuo debate sobre
avaliação da aprendizagem, bem como sobre as concepções e práticas. Estes
momentos propiciaram ao educador analisar sua ação pedagógica, debater e refletir
o Projeto Político Pedagógico, a Proposta Pedagógica Curricular e avaliação como
parte integrante de todo esse processo.

1 AVALIAÇÃO O QUE MUDAR?

Até o momento não tem ocorrido mudanças na maneira de avaliar, embora


seja tão comentada a questão, ainda é preciso superar está prática excludente que
não contribui em nada para a qualidade do aprendizado, além de dificultar o acesso
ao conhecimento. Vasconcellos (2006, p.67) afirma “enquanto o professor não
mudar a forma de trabalhar em sala de aula, dificilmente conseguirá mudar a
avaliação formal, decorativa, autoritária, repetitiva e sem sentido.” É necessário
explicar as relações existentes entre educadores/escola/sistema de
ensino/comunidade para entender a afirmação de Vasconcellos.
É comum ouvir dos profissionais de educação que a comunidade apenas
enxerga a escola como um lugar seguro e confiável para deixar seus filhos, porém
não a caracteriza como espaço de conhecimento. Por outro lado, o sistema de
ensino tem a preocupação somente com índices de avaliações externas (Prova
Brasil, SAEB, PISA), não havendo preocupação com a qualidade da educação.
Os professores e agentes educacionais são levados a implementar políticas
na escola decididas verticalmente, mesmo assim são responsabilizados se os
índices não satisfazem. Para dificultar as relações das diferentes instâncias
colegiadas falta recursos. O docente, em sala de aula, tenta atacar o problema
buscando mostrar o desinteresse do aluno pelo conhecimento praticando uma
avaliação autoritária, seletiva e excludente.
O educador não tem conseguido mudar sua “forma de trabalhar em sala de
aula” e a precarização crescente em seu trabalho contribui a esta situação.
Precarização esta do trabalho/trabalhador, em especial do magistério, no sentido de
baixos salários e cargas horárias estendidas, bem como a má formação; o educador
foi se distanciando do fazer pedagógico. Esse resgate se faz urgente, e se dará ao
passo que, o professor como o profissional mais bem informado, da comunidade
escolar, volte a fazer parte da comunidade e a dirija para uma consciência de
unidade em prol da educação pública de qualidade para todos, onde inclua e não
exclua. Para Fernandes (2009, p.29) “continuam a predominar práticas de avaliação
que, no essencial, visam a classificação, em detrimento de práticas que também
tenham em conta a necessidade de melhorar e de compreender o que se tem de
aprender”.
A avaliação da aprendizagem constitui-se equivocada no interior das escolas
paranaense como reflexo das contradições que afeta o sistema educacional
brasileiro. Então é necessário superar a prática excludente sabendo se que esta
mudança depende de todos: pais, professores, sistema de ensino. Há que dizer
ainda, que é de importância teórica decisiva que os educadores se utilizem da
escola para localizarem, teoricamente, a comunidade escolar e a si mesma, na luta
contra a exclusão, que muitas vezes se materializam pelas políticas de estado para
a educação. De acordo com Vasconcellos (2005, p. 25) “para mudar a avaliação não
basta articular um discurso novo; não adianta ter uma nova concepção e continuar
com práticas arcaicas”. A avaliação deve ser utilizada em função da aquisição de
conhecimentos, deve servir de instrumento de intervenção durante todo processo de
ensino, propiciando êxito no aprendizado.
Nesse sentido, “avaliação da aprendizagem deve apontar para a construção
de uma prática avaliativa qualitativamente mais significativa, comprometida com a
aprendizagem” (Furlan, 2007, p. 20). Portanto, é necessário compreender o papel da
avaliação no desenvolvimento da aprendizagem. Desenvolvimento este, que deve
ser observado o “caminhar” do aluno, não somente o ponto de chegada. É
necessário acompanhar toda a trajetória permitindo assim para que a avaliação
cumpra o seu papel como forma de diagnóstica e formativa. Para Luckesi
(2005, p.99):
A prática da avaliação da aprendizagem, em seu sentido pleno, só será
possível na medida em que se estiver efetivamente interessado na
aprendizagem do educando, ou seja, há que se estar interessado que o
educando aprenda aquilo que está sendo ensinado.

Com base no autor a avaliação pode ser uma grande ferramenta a favor do
processo de ensino aprendizagem, se for utilizado da maneira correta, deixando
assim, de ser um procedimento rotineiro que se pensa apenas no resultado, na nota
tornando-se um fim em si mesma apenas classificando e excluindo. Constata se,
então que a prática da avaliação deve ser diagnóstica, dialógica e formativa, voltada
para a construção do conhecimento.
A avaliação deve ser um instrumento para diagnosticar as ações, refletir, tirar
conclusões e, decidir se continua da mesma forma, ou se precisa haver mudanças.
E a partir do trabalho coletivo, deve ser realizada a avaliação da aprendizagem
pedagógica e inclusiva.

1.1 A AVALIAÇÃO PRATICADA E PERSPECTIVAS DE MUDANÇAS NA AÇÃO


PEDAGÓGICA

Ao avaliar deve ser percebido, diagnosticado o conhecimento prévio do aluno,


bem como em que avançou até o momento da avaliação, entendendo-se que
concebendo-a como formativa a todo instante está se avaliando, portanto, a
avaliação a ser praticada precisa ser integrada ao processo de ensino-
aprendizagem.
No Colégio Estadual Maria Helena, assim como na maioria das escolas da
rede pública de ensino, entende-se a avaliação apenas como um processo de
verificação do aprendizado dos alunos. De acordo com os comentários dos
cursistas do GTR- 2015 (Grupo de Trabalho em Rede) pode ser observada a
avaliação apenas como verificação, como regra geral na rede pública.

(...) embora o assunto seja comentado e conhecido no âmbito educacional, o


mesmo sugere tanto falta de autonomia quanto impotência diante de um sistema
arcaico de se avaliar, pois, há compreensão que a avaliação é um momento de
análise da formação do conhecimento discente e ao mesmo tempo, reflexão da
práxis docente. (Cursista 1 GTR, 2015)

É possível perceber ainda que há uma insegurança em definir outros instrumentos


avaliativos que não seja a famigerada prova, por entenderem que os demais
instrumentos facilitariam apenas que os alunos tirassem nota de forma mais fácil e
por acreditarem que a prova escrita é mais segura no caso de terem que comprovar
aos pais as notas retiradas pelos filhos. (Cursista 2 GTR, 2015)

Pelas falas dos docentes nota-se que estes chegam à conclusão de que suas
práticas avaliativas são arcaicas, no entanto não compreenderam que os PPPs de
suas escolas oferecem certa autonomia em orientar suas avaliações e continuam
com práticas que estão habituados a décadas, ou seja, a ideia de educador
pesquisador não é levado a cabo. É desta forma que os educadores ouvem as
críticas, aceitam, porém continuam sem retomar os teóricos que as definem. E por
isso mesmo não sabem como implementar práticas diferentes das que já sabem.
Na prática há muito ainda a avançar quando o assunto é avaliação da
aprendizagem, pois, “muitas vezes a escola muda regimento escolar, substitui as
notas por conceitos, inclui conselho de classe e nada muda, pois essas são
reformas periféricas, não são mudanças radicais”. ( HOFFMANN, ESTEBAN, 2010,
p. 108).
Com base na citação o educador precisa buscar e descobrir o real significado
de avaliar para que a escola desempenhe seu papel de formar cidadãos críticos e
conscientes. Porém, no dia a dia escolar alguns professores ainda dizem que “não
adianta mudar, pois que os alunos não querem saber de aprender” (PROFESSOR 1,
2015). Sem entender como mudar sua prática, muitos educadores jogam a
responsabilidade para o aluno e abrindo mão de seu papel de educador que pode se
estender a comunidade.
Realmente, a escola tem encontrado muitas dificuldades de incorporar as
mudanças sociais e os novos desafios que a ela tem sido encarregada, contudo, a
família também tem papel fundamental na aprendizagem do aluno. E na conjuntura
atual a família tem estado pouco presente na vida do aluno, atribuindo a
responsabilidade apenas para a escola. É aqui que o educador precisa intervir
desde a comunidade familiar e romper ideias equivocadas sobre a educação formal
de suas comunidades muitas vezes refém de mídias tendenciosas. Pois, o educador
é que tem a formação necessária para compreender os problemas, equívocos
pedagógicos e metodológicos.
Nesse direcionamento, a gestão democrática de fato poderia ser o caminho
para o rompimento dos equívocos, no entanto a qualquer menção de participação
dos pais e alunos num simples conselho de classe é refutada com argumentos de
que os pais não tem tempo para vir a escola e que também não estariam
familiarizados com os problemas internos da escola. Pois, este seria o momento de
intervir na educação da comunidade e construir a gestão democrática efetivamente.
“Professores, administradores, atendentes, funcionários, técnicos, pais e familiares
devem estar disponíveis para refletir sobre os interesses, as necessidades, as
conquistas das crianças no sentido de auxiliá-las em suas tentativas. ( HOFFMANN,
1991, p. 107).”
A realidade das escolas, como no Colégio Maria Helena, no que diz respeito
essa relação educador/conhecimento/educando não poderá se realizar caso o
educando venha para a escola para apenas viver relações sociais de toda ordem,
menos pelo conhecimento. Este é o cerne da problemática.

Pais, sistema de ensino, profissionais da educação, professores e alunos,


todos tem suas atenções centradas na promoção ou não, do estudante de
uma série de escolaridade para outra. O sistema de ensino está interessado
nos percentuais de aprovação/ reprovação do total dos educandos; os pais
estão desejosos de que seus filhos avancem nas séries de escolaridade; os
professores se utilizam permanentemente dos procedimentos de avaliação
como elementos motivadores dos estudantes, por meio da ameaça; os
estudantes estão sempre na expectativa de virem a ser aprovados ou
reprovados e, para isso, servem-se dos mais variados expedientes. O nosso
exercício pedagógico escolar é atravessado mais por uma pedagogia do
exame que por uma pedagogia do ensino/aprendizagem. (LUCKESI, 2005,
p.18).

A comunidade do Colégio Maria Helena, ou seja, os pais e, portanto os alunos


também, perderam a referência da escola como espaço de saber, de conhecimento.
Como isso se perdeu?

Com a necessidade de disputar vagas nos postos de trabalho através da formação


escolar amplia-se a oferta de ensino porém contribui para disseminar a ideia do
estudo formal como instrumento para ascensão profissional, distanciando assim de
sua função primordial que é a construção do conhecimento científico”(cursista 3,
GTR – 2015).
Conhecer o aluno individualmente é o princípio da mudança e como estamos
falando de um projeto que vai trabalhar com os professores da escola se justifica
este estudo dando possibilidade de reflexão sobre as práticas escolares e sua
intencionalidade. Como cada indivíduo tem seu tempo para que ocorra a
aprendizagem. A avaliação se estabelece como sendo um instrumento para que o
professor analise a forma com que foram abordados os conteúdos para que ocorra
mudanças de estratégias (Cursista 4, GTR – 2015).

O cursista três (3) aborda uma questão relevante para o distanciamento da


real tarefa da escola (conhecimento científico),e da comunidade; que é justamente a
meritocracia nas disputas de cargos no 'mercado de trabalho’. Entretanto, o cursista
quatro (4) analisa que a um afastamento também dos conhecimentos científicos,
propostos em sala de aula, da realidade social econômica dos indivíduos, é o que
dificulta o mecanismo de partir de uma situação concreta para uma posterior mais
elaborada.

Atualmente, o educando tem a escola como uma obrigação na qual ele não
sente a menor atração, professor e banco escolar são “martírios”. Pois bem, o
professor é o adulto dessa relação pedagógica e precisa assumir esse papel
educando os pais desses alunos quanto a sua postura diante de seus filhos de
forma que possam usar autoridade dos pais junto aos educandos; desta forma, usar
a autoridade dos pais no trabalho pedagógico. Para isso precisa se ter os pais,
também, na escola, ou seja, planejando o fazer pedagógico junto com o professor.
Isto tudo deverá ser feito sem autoritarismo diante dos educandos, neste sentido
podem ser elaboradas assembleias e discussões com os próprios alunos para
extrair deles ações pedagógicas que reconheçam como privilegiadas.

1.2 FUNDAMENTOS DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E DA PRÁTICA


PEDAGÓGICA

Os documentos norteadores, normalmente são esquecidos nas estantes,


tais como PPC (Proposta Pedagógica Curricular), PPP (Projeto Político Pedagógico),
DCE (Diretrizes Curriculares da Educação Básica) e instruções de toda ordem. O
resgate do espaço escolar como lugar de conhecimento e debate precisa ser
construído, e isto poderá se dar através da iniciativa de convidar os segmentos
representativos da comunidade escolar para analisar os documentos numa
perspectiva de aprimoramento da realidade social, principalmente da aprendizagem
dos educandos conforme esses documentos indicam. Para Villas-Boas (1998, p.21),
“as práticas avaliativas podem, pois, servir à manutenção ou à transformação
social”. Conforme as palavras do autor os documentos institucionais podem ser
extremamente progressistas, mas as práticas podem continuar conservadoras.
A avaliação intervém em todo o trabalho pedagógico, portanto não pode
ocorrer de forma isolada, mas sim deve estar ligada a um projeto fundamentado e
que este norte tenha como objetivo a aprendizagem.

A avaliação escolar é um meio e não um fim em si mesmo; está delimitada


por uma determinada teoria e por uma determinada prática pedagógica. Ela
não ocorre num vazio conceitual, mas está dimensionada por um modelo
teórico de sociedade, de homem, de educação e, consequentemente, de
ensino e de aprendizagem, expresso na teoria e na prática pedagógica.
(CALDEIRA, 2000, p.122)

Na implementação do projeto a análise feita é de que o que consta no PPP


pouco se realiza no dia-a-dia escolar, por isso a problemática tinha como foco
estudar as teorias, mas também aprofundar nos dispostos nos documentos que
subsidiam a prática pedagógica na escola. Sentiu-se a urgência em debater e
analisar o PPP para então, pensar, coletivamente, numa prática que alterasse o que
estava posto e no dia-a-dia se efetivasse o que se propunha no PPP. Para tanto,
questionou-se aos educadores sobre a concepção de avaliação posta no PPP
(Projeto Político Pedagógico), para o que obtivemos as seguintes respostas:

[...] avaliação paralela; (Professor 1, 2014)


[...] instrumento de emancipação do aluno; (Professor 2, 2014)
[...] avaliação diagnóstica e continua; (Professor 3, 2014)
[...] medir o conhecimento e possibilitar o desenvolvimento de múltiplas habilidades
do alunado; (Professor 4, 2014)
[...] As etapas que temos que avaliar pois, sem objetivo não precisaria do P.P.P.
(Professor 5, 2014).

Como já assinalado o desenvolvimento do projeto PDE pautou-se numa


problemática real a qual fora confirmada por professores em suas falas como se
pode constatar quando questionou-se sobre as concepções foi perceptível o
desencontro entre a teoria e a prática. As respostas dadas pelos professores podem
ser entendidas com bases empíricas, não se referenciam nos trechos expostos no
PPP, dos textos sobre avaliação, são falas que denotam a distorção do que seria a
concepção de instrumentos ou mesmo dimensões da avaliação. Portanto, sem
conhecer a teoria não há como praticá-la. Ainda sobre a questão, o PPP (Projeto
Político Pedagógico) do Colégio Maria Helena define a avaliação como:

A avaliação é uma prática pedagógica intrínseca ao processo ensino e


aprendizagem, com a função de diagnosticar o nível de apropriação do
conhecimento pelo aluno, a mesma é contínua, cumulativa e processual, é
realizada em função dos conteúdos, utilizando métodos e instrumentos
diversificados (PPP Colégio Maria Helena, 2013).

Assim pode-se constatar que a avaliação da aprendizagem deve


fundamentar- se no PPP dada a sua importância no processo pedagógico. O PPP
da escola é fundamentado na Pedagogia Histórico Critico, a avaliação, portanto,
precisa estar respaldada em fundamentos formativos, tais como: que tipo de homem
se quer formar; que tipo de sociedade vive este homem e a formação de um
indivíduo crítico. No PPP constata-se que “o resultado da avaliação proporcionará
dados que permitam a reflexão sobre a ação pedagógica, contribuindo para que a
escola possa reorganizar conteúdos/instrumentos/métodos de ensino, caso haja
necessidade”(PPP Colégio Maria Helena, 2013). Apesar de explícito no PPP a ideia
de retomada do processo e a perspectiva formativa em processo estes aspectos
fundamentais não aparecem em nenhum comentário dos pesquisados
A relação teórica e prática, enfim toda questão metodológica, exige reflexão e
discussão de toda a comunidade escolar, o professor não pode analisar sozinho a
prática docente, é necessário o envolvimento de todos, bem como, assumir sua
responsabilidade para que se efetive um trabalho pedagógico de qualidade.
Uma gestão democrática, na escola será extremamente coerente diante de
uma ação pedagógica e avaliativa assim. Em outras palavras, não se avalia para a
libertação sem gestão democrática. Além Disso, as concepções de homem,
educação e conhecimento intencionam a aprendizagem escolar, conforme o que se
apresenta no PPP do Colégio Maria Helena: “O funcionamento cotidiano da escola
deverá se referenciar nos debates e decisões elaboradas em reuniões com as
instâncias colegiadas da comunidade escolar”(PPP Colégio Maria Helena, 2013). De
acordo com as deliberações e ou instruções toda a organização do trabalho
pedagógico deve estar pautada no princípio democrático.
A implementação de ações como esta, pressupõe um passo significativo, do
grupo docente de uma escola. É muito comum educadores não querer a
comunidade dentro dos espaços escolares, tendo-a como ignorante do trabalho
pedagógico, temendo ser atrapalhado, portanto, não dá para negligenciar o fato de
que essa visão da escola frente aos familiares colabora para a reprodução de
práticas pedagógicas pouco produtivas, descontextualizadas e, portanto, a
reprodução de práticas avaliativas excludentes. Em conversa com professores é fácil
confirmar o que está posto:

[..] falta de participação dos alunos, professores desmotivados, critérios mais claros
quanto a proposta curricular; (Professor 1, 2014).
[...] burocracia, proibições, legislação (ECA), falta de interesse dos alunos;
(Professor 1, 2014).
[...] participação dos alunos, interesse dos mesmos e da família sobre a importância
da educação; (Professor 1, 2014).
[..] falta de interesse dos alunos, estrutura escolar precária, (Professor 1, 2014).;

É possível constatar, nessas falas que a família acaba sendo a responsável


pela condição de fracasso escolar, que ela tem sua parcela de responsabilidade isso
é fato, mas daí atribuir todos os problemas pedagógicos de não aprendizagem a ela
é nada mais que reproduzir discursos históricos que em nada ajudam a mudar a
prática, além, disso é preciso romper com os preconceitos e ensinar a comunidade a
educar seus filhos junto com os profissionais da educação formal. Do mesmo modo,
que não se pode cobrar apenas do professor e da escola, também não se pode
cobrar da família aquilo que ela desconhece. A família, no contexto de uma
avaliação diagnóstica e formativa é partícipe do processo, porque contribui trazendo
informações sobre o aprendizado de seus filhos, mas essa é uma tarefa que
também precisa ser ensinada às famílias.
2 APLICAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO

A implementação do projeto de intervenção iniciou em fevereiro de 2015 no


Colégio Estadual Maria Helena na semana pedagógica, apresentando o projeto a
comunidade escolar e, em seguida o vídeo entrevista com o Professor Luckesi
(2004) concedido a Paulo de Camargo. Finalizando este primeiro encontro com um
debate sobre os verdadeiros objetivos da realização da avaliação. Durante as
discussões os professores manifestaram-se dizendo sobre a avaliação que fazem
com os alunos reafirmando que fazem para selecionar os mais capazes, alguns
educadores entenderam que não tinham rompido com a avaliação que seleciona e
exclui, disseram ainda que não faziam avaliação para diagnosticar problemas e grau
de dificuldades de seus alunos. Fala do professor na realização do encontro: “Nós
não podemos aprovar os alunos que não conseguem aprender e não respondem
adequadamente as provas” (Professor 1, 2015).
No segundo e terceiro encontro que ocorreu durante a hora atividade dos
docentes foram debatidos os fundamentos teóricos da avaliação numa perspectiva
emancipadora, bem como, as concepções e dimensões da avaliação da
aprendizagem. Neste encontro os educadores comentaram que é muito importante
esses momentos de estudos, de reverem a teoria e analisar a prática, pois no
dia a dia escolar com as cargas horárias excessivas acabam minimizando os
aspectos teóricos. Quanto ao quarto e quinto encontro, aconteceu no dia previsto
em calendário de reunião pedagógica do qual foi apresentado o filme – Entre os
muros da escola (BÉGAUDEAU, 2008) terminando com um debate sobre a
avaliação praticada hoje e as perspectivas de possíveis mudanças.
Levando em consideração as discussões e reflexões que foram realizadas
ficou evidente, para os educadores, a necessidade de realizar uma reavaliação de
suas próprias práticas, pois a questão da avaliação educacional não pode
permanecer na escola como mera formalidade educativa. É necessário um novo
olhar sobre diferentes questões, principalmente na questão avaliação da
aprendizagem. O sexto encontro, na hora atividade foi refletido sobre a prática
avaliativa utilizada, finalizando com o questionamento: esta consiste num problema
pedagógico?
Os docentes perceberam, nesse encontro, a necessidade de repensar as
ações desenvolvidas no que refere à avaliação da aprendizagem, na tentativa da
superação de uma visão classificatória de avaliação. Concluíram ainda, a
necessidade de rever o trabalho pedagógico, e a importância de seu papel de
educador. No encontro sétimo, na hora atividade os docentes debateram o PPP –
Projeto Político Pedagógico e a Deliberação Nº 007/99, constando que a proposta do
projeto difere do que se pratica.
Neste encontro os educadores constataram que cada professor utiliza-se de
uma concepção de avaliação diferente e muitas vezes sem ter noção disto. Muitos
com pouco conhecimento do PPP da escola e da sua importância. Um comentário
que parece relevante neste debate consiste na preocupação de um determinado
educador, em que deve ser oferecido maior espaço de fóruns, debates e momentos
do fazer pedagógico para que sejam revistos os documentos norteadores da ação
pedagógica como o PPP (Projeto Político Pedagógico), por exemplo. Relato de
professor no encontro: “Nós precisamos garantir no calendário escolar, reuniões
pedagógicas para reelaborar nosso PPP, também podemos usar horas atividades
para estudar as teorias” (Professor 2, 2015). O oitavo encontro foi finalizado no
momento de hora atividade com uma discussão sobre critérios e instrumentos de
avaliação, elementos necessários no fazer docente. Nesse encontro lançou mão do
vídeo Em ação (2013) que discute a avaliação e sua importância no Plano de
trabalho docente. Fala ainda sobre critérios e instrumentos da avaliação, elementos
necessário do Trabalho pedagógico. o planejamento e a execução. O vídeo
proporcionou aos educadores uma maior compreensão sobre as Diretrizes
Curriculares e sobre o Caderno de Expectativa de Aprendizagem, enquanto
documentos norteadores do currículo da escola; sobre o plano de trabalho docente,
enquanto instrumento da prática educativa; e sobre a avaliação, critérios e
instrumentos avaliativos.
Finalizou-se essa etapa do trabalho com a certeza coletiva de que a
avaliação da aprendizagem, apesar de já exaustivamente comentada, ainda tem
muito a avançar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao organizar os momentos formativos na implementação do projeto de


intervenção pedagógica o objetivo foi analisar a prática avaliativa instaurada na
escola possibilitando assim refletir e discutir, teorias e metodologias.
Os momentos formativos serviram para os educadores entenderem o
verdadeiro objetivo da avaliação da aprendizagem, isto mesmo, da aprendizagem e
não apenas aferição quantitativa de resultados. Possibilitou aos educadores
compreenderem ainda o quanto é necessário e importante retomarem as
dificuldades do educando, sendo que as estratégias não devem ser meras
repetições, mas sim devem ser oportunizadas diferentes metodologia na avaliação
e, no próprio processo de ensinar, pois como já afirmado a avaliação formativa
ocorre no processo.
Ao implementar o projeto, analisando as concepções e práticas ficou evidente
a necessidade de ter mais esses espaços de estudos e reflexões, possibilitando
assim aos educadores novos caminhos para o fazer pedagógico. A implementação
do projeto contribuiu ainda com resultados significativos para alguns professores
pois perceberam que o fundamental ao avaliar é a aprendizagem significativa e
efetiva.
Há que se considerar os comentários na escola, em que repensar as formas
de avaliação é sempre para a melhoria da escola como um todo. Dispor de ações
dentro do espaço escolar poderá promover mudanças as quais só resultará em
aprendizagem e melhoria na qualidade do ensino.
Todo o referencial teórico que discute a prática educativa numa perspectiva
democrática nos alerta para os rumos da batalha por uma avaliação de qualidade, O
que é fundamentalmente, uma luta conjunta de todos (educadores, comunidade,
gestores) devendo ser construída numa perspectiva crítica combatendo os
desmandos que muitas vezes emanam do próprio sistema educacional.

REFERÊNCIAS

BÉGAUDEAU, François. Entre os muros da escola. Disponível em:


http://www.youtube.com/watch?v=7s9Kc2ihsyg. Acesso em: 13/12/2014.

CALDEIRA, Anna M. Salgueiro. Avaliação e processo de ensino aprendizagem.


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COLÉGIO ESTADUAL MARIA HELENA TEIXEIRA LUCIANO. PROJETO POLÍTICO
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http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?
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Teresa. Práticas avaliativas e aprendizagens significativas em diferentes áreas
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VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação da aprendizagem: práticas de


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