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A AVALIAÇÃO COMO PARCEIRA NO PROCESSO DE

ALFABETIZAÇÃO ENSINO APRENDIZAGEM NO PRIMEIRO ANO DO


ENSINO FUNDAMENTAL

Rosimeiry Queiroz
Especialista em Gestão Escolar. UNICENTRO. 2014.
E-mail: Rosimeiry_q@hotmail.com
Educação, 7.08.00.00-6

Juliane Sachser Angnes


Professora Orientadora. Doutora em Educação. Departamento de Secretariado Executivo da
UNICENTRO/G.

RESUMO
O presente artigo teve por finalidade analisar como a avaliação pode se tornar parceira no
processo de ensino e aprendizagem. A presente investigação é resultado da análise obtida
após a realização da pesquisa de campo, a qual buscou analisar como a avaliação tem sido
utilizada em uma turma do primeiro (1º) ano do ensino fundamental de escola municipal de
Campo Mourão, e quais as implicações dessas avaliações no processo de alfabetização e
ensino e aprendizagem. A pesquisa contempla ainda a apresentação dos principais
conceitos pertinentes ao tema, os quais foram obtidos por meio da pesquisa bibliográfica a
qual fundamentou-se em autores como Luckesi (1995), Hadji (2001), Piletti (2000), Both
(2008), entre outros. Após as devidas analises aponta-se que a avaliação deve ser seguida
como parte integrada no processo de ensino aprendizagem, permitindo que o professor
possa identificar quais são as dificuldades e avanços detectados em cada aluno, de modo
que o mesmo possa rever os seus procedimentos e replanejar a sua metodologia.

Palavras-chaves: Avaliação. Alfabetização. Ensino e Aprendizagem.

ABSTRATC
This article aims to examine how the assessment can become a partner in the process of
teaching and learning. This research is the result of analysis obtained after the completion of
field research, which sought to examine how the assessment has been used in a class of the
first (1st) year of elementary school public school in Campo Mourao, and what the
implications of these reviews in the process of literacy and teaching and learning. The
research also includes the presentation of key concepts relevant to the topic, which were
obtained through literature search which was based on authors like Luckesi (1995), Hadji
(2001), Piletti (2000), Both (2008) among others. After proper analysis it is pointed out that
the assessment should be followed as an integrated part of the teaching and learning
process, allowing the teacher to identify what are the difficulties and advances detected in
each student, so that it can review its procedures and replan its methodology.

Keywords: Evaluation. Literacy. Teaching and Learning.


1 INTRODUÇÃO

Há muito tempo percebemos a preocupação dos professores em relação à


metodologia de avaliação aplicada em sala de aula, isto porque, é por meio desse
instrumento que o professor consegue analisar os diferentes aspectos educacionais, nos
diversos âmbitos como: currículo, planejamento, ensino e aprendizagem.
Compreendendo a importância dessa forma integrada de avaliar, podemos
afirmar que o planejamento docente se constitui como uma ferramenta essencial ao
processo de avaliação, pois ele orienta as ações docentes. Nesse sentido, a avaliação
possibilita ao docente uma compreensão do processo de construção das aprendizagens
pelos estudantes e de reflexão sobre as estratégias de ensino.
Dessas acepções, podemos ressaltar que atualmente a alfabetização é
prioridade nacional, visto que a função do professor alfabetizador é auxiliar a formação e
cidadania dos alunos. No entanto, para que o professor exerça sua função plenamente é
necessário que o mesmo tenha clareza do que ensina e como ensina. Desta forma, não
basta que ele seja um mero reprodutor de métodos que objetivem apenas o domínio de um
código linguístico, é preciso que ele tenha clareza sobre qual concepção de alfabetização
está subjacente à sua prática.
Partindo deste pressuposto é necessário que os professores que estão em
sala e aula, principalmente no primeiro ano do ensino fundamental saibam orientar as
crianças em relação ao processo de avaliação, bem como consigam organizar suas
avaliações focadas na aprendizagem do aluno.
Daí a necessidade da realização do presente pesquisa, que tem como
objetivo analisar como a avaliação se tornar parceira no processo de aprendizagem,
observando o cotidiano de uma turma do primeiro (1º) ano do ensino fundamental de escola
municipal de Campo Mourão, composta por 21 alunos com idade entre 6 e 7 anos.
Fundamentando-se na teoria Histórico-Cultural a presente investigação vem reafirmar a
necessidade de uma educação para a criança no sentido de cuidar e educar visando o
melhor resultado possível, procurando desenvolver um trabalho que não fragmenta as
atividades, mas que reafirme a intencionalidade educativa.
O desenvolvimento da pesquisa seguiu uma análise sob a perspectiva crítica,
por meio do encaminhamento da pesquisa descritiva exploratória, utilizando-se da pesquisa
bibliográfica como forma de fundamentação teórica dos conceitos pertinentes ao tema
proposto, pautando-se em autores como Luckesi (1995), Hadji (2001), Piletti (2000), Both
(2008), entre outros. Já a segunda parte da investigação caracteriza-se pela realização da
pesquisa de campo, na qual se buscou analisar como a avaliação tem sido utilizada e quais
suas implicações no processo de alfabetização e aprendizagem.
Para tanto, na etapa bibliográfica fez-se uma investigação quanto às
definições existentes para a avaliação; observação dos diferentes aspectos educacionais da
avaliação, tais quais: o currículo, o planejamento, e o ensino-aprendizagem; análise da
importância da avaliação no processo de alfabetização e do ensino e aprendizagem.
Na etapa da pesquisa de campo faz-se uma investigação sobre as práticas
avaliativas usadas pelos professores no processo de alfabetização; diagnosticar, conhecer
as condições, dificuldades e possibilidades de cada aluno em relação a avaliação. Por fim,
propõe-se práticas metodológicas de avaliação de maneira que a mesma possa colaborar
com a aprendizagem o desenvolvimento do aluno, promovendo condições vinculada a uma
aprendizagem efetiva.

2 DEFINIÇÕES DA AVALIAÇÃO: COMPREENDENDO SUA


APLICABILIDADE

Segundo Fernandes (2007) a escola não é apenas uma instituição onde se


aprende um determinado conteúdo escolar, mas um espaço onde se aprende a construir
relações entre o mundo natural e com o mundo social. Para o autor essa relação deve
possibilitar a inclusão de todos e o desenvolvimento da autonomia e auto direção dos
alunos, com vistas, em sua participação como construtores de uma nova vida social. A
importância dessa compreensão é fundamental para que o professor possa, no processo
pedagógico, orientar a avaliação para essas finalidades.
A terminologia avaliar “vem do latim “a+valere”, que significa atribuir um juízo
de valor (LUCKESI, 1995, p.28). Fernandes (2007) compreende a avaliação como uma
atividade orientada cujo processo busca tentar manter ou melhorar nossa atuação futura.
Sendo assim o objetivo da avaliação é a reflexão sobre as informações obtidas com vistas a
planejar o futuro. Conforme a Resolução nº 07 de 2010 do CNE/CEB,

Art. 32 A avaliação dos alunos, a ser realizada pelos professores e pela


escola como parte integrante da proposta curricular e da implementação do
currículo, é redimensionadora da ação pedagógica e deve:
I – assumir um caráter processual, formativo e participativo, ser contínua,
cumulativa e diagnóstica, com vistas a:
a) identificar potencialidades e dificuldades de aprendizagem e detectar
problemas de ensino;
b) subsidiar decisões sobre a utilização de estratégias e abordagens de
acordo com as necessidades dos alunos, criar condições de intervir de
modo imediato e a mais longo prazo para sanar dificuldades e redirecionar o
trabalho docente;
c) manter a família informada sobre o desempenho dos alunos;
d) reconhecer o direito do aluno e da família de discutir os resultados de
avaliação, inclusive em instâncias superiores à escola, revendo
procedimentos sempre que as reivindicações forem procedentes.
II – utilizar vários instrumentos e procedimentos, tais como a observação, o
registro descritivo e reflexivo, os trabalhos individuais e coletivos, os
portfólios, exercícios, provas, questionários, dentre outros, tendo em conta a
sua adequação à faixa etária e às características de desenvolvimento do
educando;
III – fazer prevalecer os aspectos qualitativos da aprendizagem do aluno
sobre os quantitativos, bem como os resultados ao longo do período sobre
os de eventuais provas finais, tal com determina a alínea “a” do inciso V do
art. 24 da Lei nº 9.394/96;
IV – assegurar tempos e espaços diversos para que os alunos com menor
rendimento tenham condições de ser devidamente atendidos ao longo do
ano letivo;
V – prover, obrigatoriamente, períodos de recuperação, de preferência
paralelos ao período letivo, como determina a Lei nº 9.394/96;
VI – assegurar tempos e espaços de reposição dos conteúdos curriculares,
ao longo do ano letivo, aos alunos com freqüência insuficiente, evitando,
sempre que possível, a retenção. (BRASIL, 2010, p. 9-10)

Sobre a avaliação Contreras apud Murcia (2005, p. 103) afirma “[...] que a
avaliação supõe um processo pelo qual se obtêm a informação utilizada para tomar
decisões sobre o ensino-aprendizagem e a estratégia docente empregada”. Da mesma
forma, Piletti (2000) define a avaliação como,

[...] um processo contínuo de pesquisas que visa interpretar os


conhecimentos, habilidades e atitudes dos alunos, tendo em vista mudanças
esperadas no comportamento, propostas nos objetivos, afim de que haja
condições de decidir sobre alternativas do planejamento do trabalho do
professor e da escola como um todo (PILETTI, 2000, p. 190).

Assim a avaliação é compreendida como uma atividade investigativa


facilitadora da mudança educativa e do desenvolvimento profissional do professor,
fundamental para regular o processo de adaptação, integração e contextualização do
currículo junto à comunidade escolar educativa. Segundo André e Passos (2001) a
avaliação possibilita uma retroalimentação, pois,

[...] por um lado, indica ao aluno seus ganhos, sucessos, dificuldades, a


respeito das distintas etapas pelas quais passa durante a aprendizagem e
ao mesmo tempo permite a construção/reconstrução do conhecimento. Por
outro lado, indica ao professor como se desenvolve o processo de
aprendizagem, portanto, o de ensino, assim como os aspectos mais bem-
sucedidos ou os que exigem mudanças (ANDRÉ e PASSOS, 2001, p.182).

Camargo (2010) aponta que sendo a avaliação da aprendizagem um


componente indispensável do processo educativo, é essencial que haja um
acompanhamento do desenvolvimento do educando no processo de construção do seu
conhecimento. Segundo o autor se faz, portanto, necessário que o professor caminhe junto
ao aluno, durante todo o caminho de sua aprendizagem.
De acordo com a LDB no 9.394/96 em seu art. 24, inciso V, a avaliação é
“contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos
sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas
finais”. A Deliberação 07/99 – CEE em seu capitulo I; art. 8º, almeja o “desenvolvimento
formativo e cultural do aluno” devendo “levar em consideração a capacidade individual, o
desempenho do aluno e sua participação nas atividades realizadas”.
Podemos constatar que a avaliação do processo de ensino e aprendizagem
deverá ser realizada de forma diagnóstica, contínua, cumulativa, processual e qualitativa na
escola, com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento da aprendizagem de cada aluno,
em relação à programação curricular. A avaliação deve ser utilizada com um instrumento
que possibilite ir além de quantificar os resultados, ou processo de aprendizagem dos
alunos, mas que enquanto um instrumento da prática investigativa possibilite estabelecer a
relação entre o ensino e a aprendizagem, buscando identificar os conhecimentos
construídos e as dificuldades de uma forma dialógica. Sendo assim,

[...] é imprescindível que haja concepções claras de avaliação e do papel a


ser por ela comprido no contexto de ensino-aprendizagem. Não é objetivo
principal da avaliação identificar o quanto o aluno sabe e com que
profundidade aprendeu os conteúdos, mas sim, verificar quais foram os
caminhos que o levaram a esse conhecimento (BOTH, 2008, p. 28).

Avaliar é portanto, olhar para o aluno vendo suas potencialidades, onde ele
está e para onde ele pode ir. O professor no processo de avaliação deve considerar a
capacidade do estudante de recriar conceitos, analisar que conceitos foram elaborados,
preconceitos foram quebrados, estabelecer comparações entre o discurso que se tinha
antes e qual discurso se tem após o estudo.
Sendo a avaliação contínua, diagnóstica e mediadora do processo educativo,
intimamente ligada aos objetivos, à metodologia e à natureza dos conteúdos, buscando as
causas, as hipóteses e as relações entre os fatores do processo educativo que interferem no
trabalho que se realiza e considerando o desenvolvimento do aluno, esta deve interferir
positivamente na formação integral do cidadão e na construção da autonomia. O diagnóstico
reorienta as ações que compõe o trabalho pedagógico.

É por meio da avaliação que o professor pode acompanhar a aprendizagem


de seus alunos. Examinando a validade de sua prática pedagógica e, ainda,
analisando sua atuação como docente. Ciente disso, o docente vem
colaborar para que a “avaliação se torne uma poderosa alavanca para uma
ampliação do êxito na escola” (HADJI, 2001, p.9).
É primordial que o professor transforme a prática avaliativa em prática de
aprendizagem, sendo assim é necessário avaliar como condição para a mudança de prática
e para o redimensionamento do processo de ensino/aprendizagem e; avaliar faz parte do
processo de ensino e de aprendizagem: não ensinamos sem avaliar, não aprendemos sem
avaliar.
Diante de todas as considerações proporcionadas acerca da importância da
avaliação, percebe-se que a mesma deve ser vinculada à concepção de mundo e de
sociedade, sendo um processo de obtenção de informação que permite a emissão de
ponderações e colabora para a tomada de decisões.

3 A AVALIAÇÃO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E ENSINO


APRENDIZAGEM

De acordo com Paraná (2006) a avaliação tem como dimensão formadora,


um acompanhamento do processo contínuo do desenvolvimento do aluno e da apropriação
do conhecimento, historicamente acumulado, tornando-se suporte para a ação educativa.
Dessa forma, esse processo deve fornecer subsídios constantemente para a organização
das ações pedagógicas junto aos educandos, acompanhando o cotidiano escolar, sendo
vista como instrumento de compreensão sobre a aprendizagem do aluno.
Fernandes (2007) salienta que a avaliação é inerente aos processos
cotidianos e de aprendizagem, na qual todos os sujeitos desses processos estão envolvidos,
desta forma, a avaliação na escola não pode ser compreendida como algo à parte, isolado,
já que tem subjacente uma concepção de educação e uma estratégia pedagógica. Sendo
assim, para que possamos compreender o processo de avaliação na etapa da alfabetização
primeiramente se faz necessário compreender o que é a alfabetização.
A escrita pode ser considerada o aprimoramento da comunicação entre os
humanos, “inventada” como uma necessidade que se impôs com o desenvolvimento da
sociedade. Cagliari (2001) enuncia que todas as formas de escritas sempre foram uma
maneira de representar a memória coletiva, religiosa, mágica, científica, política, artística e
cultural de um povo. O propósito que inicialmente levou o homem a usar as marcas gráficas
foi registrar e comunicar, deu origem a à alfabetização, ou seja, ao processo inicial de
transmissão de leitura e escrita.
Em relação a essa necessidade, Cagliari (1998 p. 15) afirma que: “O longo do
processo de invenção da escrita também incluiu a invenção de regras de alfabetização, ou
seja, as regras que permitem ao leitor decifrar o que está escrito e saber como o sistema de
escrita funciona para usá-lo apropriadamente”. A Alfabetização é compreendida por vários
autores como um processo que possibilita o aprendizado da leitura e escrita:

[...] o processo específico e indispensável de apropriação do sistema de


escrita, a conquista dos princípios alfabético e ortográfico que possibilitem
ao aluno ler e escrever com autonomia. Noutras palavras, alfabetização diz
respeito à compreensão e ao domínio do chamado “código” escrito, que se
organiza em torno de relações entre a pauta sonora da fala e as letras (e
ouras convenções) usadas para representá-la, a pauta, na escrita. (VAL,
2006, p. 19)

Ferreiro (1999, p. 47) ressalta que a alfabetização não deve ser entendida
enquanto “um estado ao qual se chega, mas um processo cujo início é na maioria dos casos
anterior a escola é que não termina ao finalizar a escola primária”. Sendo assim, a
alfabetização é um processo contínuo de ensino e aprendizagem que pode anteceder a
entrada da criança na escola, e acontecer durante e depois do período escolar, o que
implica dizer que a ela ocorre dentro e fora do âmbito escolar. Em consonância a essa
afirmativa Perez (2002) salienta que:

[...] a alfabetização é um processo que, ainda que se inicie formalmente na


escola, começa de fato, antes de a criança chegar à escola, através das
diversas leituras que vai fazendo do mundo que a cerca, desde o momento
em que nasce e, apesar de se consolidar nas quatro primeiras séries,
continua pela vida afora. Este processo continua apesar da escola, fora da
escola paralelamente à escola. (PEREZ, 1992, p. 66)

O aprendizado da leitura começa com o desenvolvimento do sentido das


funções da linguagem escrita, assim sendo, escrever e ler são duas atividades da
alfabetização conduzidas paralelamente. O papel do professor nos primeiros momentos da
aprendizagem é o de criar situações significativas que deem condições à criança de se
apropriar de um conhecimento ou de uma prática.
Segundo o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) todas
as crianças devem estar alfabetizadas até os oito anos de idade, ou seja, ao final do 3º ano
do ensino fundamental. De acordo com o PNAIC (2012), aos oito anos de idade, as crianças
precisam ter a compreensão do funcionamento do sistema de escrita; o domínio das
correspondências grafofônicas, mesmo que dominem poucas convenções ortográficas
irregulares e poucas regularidades que exijam conhecimentos morfológicos mais complexos;
a fluência de leitura e o domínio de estratégias de compreensão e de produção de textos
escritos.
Para que se reformulem os métodos e estratégias, a concepção de
alfabetização focada na inserção das crianças nas práticas sociais podem ser desenvolvidas
por meio de metodologias que, de modo concomitante, favoreçam a apropriação do sistema
alfabético de escrita, por meio de atividades lúdicas e reflexivas, e a participação em
situações de leitura e produção de textos, ampliando as referências culturais das crianças.
Diante da existência de vários métodos e estratégias de alfabetização, é
essencial salientarmos que as novas demandas colocadas pelas práticas sociais de leitura e
de escrita têm gerado novos modos de pensar e conceber o fenômeno da alfabetização. De
acordo com o PNAIC (2012) os métodos e estratégias que levam as crianças somente a
apropriar-se do sistema de escrita, encarando-a como um código a ser memorizado são
insuficientes para suprir tais demandas.
Para que se reformulem os métodos e estratégias de avaliação na fase de
alfabetização, é necessário que o professor foque na inserção das crianças nas práticas
sociais que podem ser desenvolvidas por meio de metodologias que, de modo
concomitante, favoreçam a apropriação do sistema alfabético de escrita, por meio de
atividades lúdicas e reflexivas, e a participação em situações de leitura e produção de
textos, ampliando as referências culturais das crianças.
Partindo do pressuposto que a avaliação é parte constituinte do processo
pedagógico, é necessário entendermos melhor quais são os conhecimentos das crianças e
suas dificuldades, para que assim possamos desenvolver estratégias diversas em sala de
aula.
Por isso, é de fundamental importância que o professor as analise, para saber
de que modo fará melhor uso de tais recursos e estratégias, tendo em vista que, somente a
partir dessa escolha ela poderá realizar sua avaliação, por meio de relatos de rotinas,
sequências didáticas e projetos didáticos. Tal análise deve ser contínua, afinal, a avaliação
deve subsidiar o planejamento da ação docente.
A avaliação deve ser, portanto analisada periodicamente, tendo em vista que
ela é um componente do processo de ensino aprendizagem que vem para motivar os
processos de interação do conhecimento das informações geradas uteis tanto para os
alunos como para o professor, permitindo que os alunos percebam os avanços e
dificuldades obtidas, e aos professores possibilita constarem a sua prática de aula e quais
as reformulações terão que ser realizadas para melhor superar as situações de dificuldade
ou fragilidade no processo de alfabetização. Sendo assim,

A avaliação sempre deve ter caráter de diagnóstico e processual, ‘pois ela


precisa ajudar os professores a identificarem em que os alunos apresentam
dificuldades. A partir daí, os professores poderão refletir sobre sua pratica e
buscar formas de solucionar problemas de aprendizagem ainda durante o
processo e não apenas no final da unidade ou no final do ano (LIBÂNEO,
2004, p. 253).
Fernandes (2007) afirma que o processo avaliativo deve refletir a realidade, a
legislação em vigor, as concepções educacionais que fundamentam o trabalho docente, a
experiência individual e coletiva, e os princípios que norteiam o Projeto Pedagógico da
instituição. A avaliação tem a função de alimentar, sustentar e orientar o processo ensino-
aprendizagem, Luckesi (1995, p. 165) afirma que “a avaliação escolar, em sentido lato, deve
subsidiar o diagnóstico da situação em que se encontra o aluno, oferecendo recursos para
orientá-lo a uma aprendizagem de qualidade, por meio do ensino adequado, pois, ‘avaliar
significa identificar impasses e buscar soluções’”.

4 METODOLOGIA

Apresente pesquisa tem por finalidade analisar como a avaliação se tornar


parceira no processo de aprendizagem, analisando o cotidiano de uma turma do primeiro
(1º) ano do ensino fundamental de escola municipal de Campo Mourão, composta por 21
alunos com idade entre 6 e 7 anos, no período de agosto a dezembro de 2015, turma esta
que será investigada por meio de uma pesquisa de campo, cuja finalidade será observar as
atividades realizadas em sala de aula sobre a avaliação.
O desenvolvimento da pesquisa seguiu uma análise sob a perspectiva crítica,
por meio do encaminhamento da pesquisa descritiva exploratória que tem por escopo
“desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, com vistas na formulação de
problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”. (GIL, 1996,
p. 44).
Deste modo, utilizou-se a pesquisa bibliográfica como forma de
fundamentação teórica dos conceitos pertinentes ao tema proposto. Essa técnica abrange
segundo Lakatos e Marconi (2007, p.185) “toda bibliografia já tornada pública em relação ao
tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas,
monografias, teses, material cartográfico, etc. que tem a função de nos colocar em contato
direto com tudo relacionado à área”.
A pesquisa de campo segundo Lakatos e Marconi (2007, p.188) “consiste na
observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a
eles referentes e no registro de variáveis que se presume relevantes, para analisa-los”.

5 BREVE REFLEXÃO SOBRE O PROCESSO DE AVALIAÇÃO NO


PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL.
Os dados da presente investigação foram obtidos por meio da observação da
já referida turma citada no tópico acima, nos permitiram realizar uma breve reflexão sobre
como tem sido realizado o processo de avaliação no início do processo de alfabetização,
bem como refletir como os instrumentos de avaliação utilizados podem contribuir para o
aprendizado dos alunos, repensando novos estratégias e metodologias de avaliação.
Para realização dessa prática, primeiramente realizamos as leituras que
nortearam nossa investigação, e depois realizamos o primeiro contato com a escola e com
as professoras das turmas do primeiro ano do ensino fundamental, em que expusemos os
objetivos da investigação. Em seguida, tivemos acesso ao Projeto Político Pedagógico da
escolar e ao planejamento de aula das professoras, documentos esses que nos permitiram
aprofundar um pouco mais nossos conhecimento sobre a alfabetização e o processo de
ensino aprendizado, bem como identificar quais são as atividades propostas na avaliação,
nos exercícios e das tarefas desenvolvidas em sala.
Em conversa com as duas professoras (uma leciona na parte da manhã e a
outra no período vespertino) elas fizeram alguns apontamentos sobre sua concepção de
alfabetização e como se deve ocorrer a avaliação nessa etapa do processo de ensino
aprendizagem, elas também descreveram um pouco sobre a metodologia empregada em
sala de aula e mencionaram as principais dificuldades que enfrentam em sala de aula. Em
seguida foi estipulada a turma do vespertino para realização das observações e analises.
Segundo a professora da turma observada, a avaliação configura-se como
um instrumento que permite o diagnóstico do estágio de desenvolvimento do aluno, bem
como demonstrar se os objetivos propostos pelo professor estão sendo alcançados, e quais
são os limites e sucessos da metodologia empregada na alfabetização, servindo assim
como um encaminhamento necessário à aprendizagem. A concepção apresentada pela
professora vem ao encontro da afirmativa de Both (2008) que diz que

[...] o ato de avaliar pode então contribuir decisivamente para o


estabelecimento de auto avaliação do professor, a qual, por vezes, torna-se
tão necessária quanto a hetero-avaliação. Um processo avaliativo
representa para o professor e o aluno, na mesma proporção, uma
oportunidade impar de obtenção de elementos para reflexão sobre a prática
pedagógica docente e sobre a construção da aprendizagem dos alunos
(BOTH, 2008, p. 32).

A possibilidade da auto avaliação é fundamental, pois provoca tanto no aluno


como no professor uma leitura mais clara do processo de aprendizagem. A avaliação no
processo de alfabetização, portanto, não possui um caráter classificatório (pois, não há
reprovação no primeiro ano do ensino fundamental), mas assume uma postura de
flexibilidade de uma visão do todo, que possibilita o acompanhamento do desenvolvimento
do aluno.
Ainda segundo a professora por meio da avaliação se obtém as informações
necessárias para planejar novas ações, baseadas nas dificuldades encontradas, a fim de
intervir no desenvolvimento do educando; redirecionando sua prática e identificando outras
dificuldades com o objetivo de superá-las, contribuindo para o processo de formação de
cidadãos autônomos, críticos e participativos.
De modo geral, a turma analisada pode-se observar que a professora da
turma utiliza-se em grande parte do seu planejamento do livro didático, complementado a
aula com atividades complementares, após a realização das mesmas há a correção
realizada com o auxílio dos próprios alunos, no entanto, verificou-se que a grande maioria
das atividades propostas são exercícios de apenas completar e preencher, o que de certa
forma limita o desenvolvimento do aluno.
O instrumento de avaliação utilizado pela professora na fase de alfabetização
é portfólio, pois em sua concepção ele possibilita o acompanhamento do aluno em sua
totalidade, fornecendo um parâmetro do que pode e necessita ser melhorado ou revisto no
processo de alfabetização. O portfólio é, “um instrumento de fácil emprego, ainda que exija
significativo empenho por parte de quem dele se utiliza, por se valer de variados
componentes que necessitam ser levados em conta no apontamento do nível de
desempenho de quem está sendo avaliado” (BOTH, 2008, p. 79).
O portfólio pode ser definido como um continente de diferentes tipos de
registros, como ficha individual, pasta contendo atividades pontuais e outros. Segundo a
professora a finalidade do portfólio é a organização do registro dos trabalhos do aluno na
escola durante todo o ano letivo. Both (2008) afirma que a importância desse instrumento de
avaliação é que esta forma de documentação permite ao aluno valorizar sua produção e
notar seu progresso, além de constituir-se num subsídio importante para tomadas de
decisão do professor no sentido de melhorar a qualidade de ensino e aprendizagem.
No entanto, não é apenas a escolha do instrumento utilizado para a avaliação
mas o uso que se tem desse instrumento, neste sentido, Both (2008) esclarece que o uso do
portfólio só se torna necessariamente eficaz no processo de ensino e aprendizagem se o
mesmo tiver relação com o projeto desenvolvido em sala de aula, reunido todas as
atividades que são relevantes para o aluno, possua avaliação do aluno nesse processo, e o
mais importante é que o aluno tenha conhecimento de qual é o objetivo desse instrumento,
e que o mesmo possa realizar uma auto avaliação, e por fim que o professor em posse das
informações obtidas tome as decisões necessárias para que ocorra um avanço efetivo do
processo de ensino e aprendizado.
Em relação ao uso deste instrumento na sala observada, pode ser verificar
que os alunos tem ciência do portfólio enquanto um instrumento de avaliação, e que a
professora busca atender ao que foi apresentado por Both. A professora relata que ao final
de cada bimestre o portfólio é apresentado aos pais nas reuniões de entrega de boletim e os
alunos podem dialogar com os pais sobre as atividades desenvolvidas em sala de aula.
Sendo assim, constata-se que o que vai determinar o sucesso da
aprendizagem ou da alfabetização não é o instrumento de avaliação e sim a forma como
este está sendo encaminhado. Deve-se, portanto, ter claro que os critérios de avaliação têm
como base promover o aluno, e ao professor perceber se o aluno assimilou o conteúdo
apresentado por ele. Ao estabelecerem-se critérios de avaliação, estes podem ser
elaborados com a participação do educando, previamente, para o desenvolvimento de cada
tarefa, como também com outros professores, respaldados em critérios qualitativos,
ponderados coletivamente com o objetivo do desenvolvimento integral do educando,
indicando o que se quer alcançar com a aprendizagem dos alunos, refletindo sobre os
conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais, em que a escola é considerada um
espaço para o desenvolvimento intelectual do aluno, de modo que ele entenda o contexto no
qual está inserido.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como podemos constatar no decorrer da presente análise, a avaliação deve


ser seguida como parte integrada no processo de ensino aprendizagem, possibilitando que
o professor faça o diagnostico do desempenho e do desenvolvimento de seus alunos, de
modo a identificar quais são as dificuldades e avanços detectados em cada aluno, de modo
que o professor possa rever os seus procedimentos e replanejar a sua metodologia, ou seja,
permite a reflexão sobre a em sua prática pedagógica.
Quando se faz esta análise da prática e a avaliação só tem a contribuir e a
enriquecer o processo, pois mais que qualificar o aluno atribuindo-lhe uma nota, o professor
se preocupa e responsabiliza-se pela qualidade do ensino e pelo desenvolvimento da
aprendizagem, buscando integrar a metodologia e os conhecimentos dinamizados dentro do
contexto escolar.
Sob esta ótica é necessário que os professores que estão em sala e aula,
principalmente os que lecionam no primeiro ano do ensino fundamental saibam orientar as
crianças em relação a realização da avaliação, organizando instrumentos que contemplem e
foquem na aprendizagem do aluno.
É preciso ter claro que se considerarmos a avaliação apenas como uma
forma de medir a alfabetização desconsideramos que os alunos aprendem em ritmos
diferentes, e ainda, que a mediação das provas podem ocorrer em um momento que o
processo do aprendizado não esteja concluído.
Enfatizamos assim que por mais que o potencial de informação que as
avaliações produzem, afinal, permite que o professor e a escolas planejem e revejam suas
ações em relação ao processo de alfabetização, e identifiquem as necessidades de
aprendizagem e de investimentos diversos, ressaltamos que os resultados obtidos na
avaliação não dependem apenas dos alunos e dos recursos pedagógicos disponibilizados,
mas de um conjunto de medidas que envolvem definição de objetivos, planejamento,
compreensão, auto avaliação, e do uso que se faz dos resultados obtidos com os
instrumentos de avaliação.
Sendo assim, conclui-se que o professor alfabetizador precisa aprender a
coletar os resultados das avaliações e utiliza-los pedagogicamente para melhorar o
processo de ensino e aprendizado não apenas durante a etapa de alfabetização, mas
durante todos os níveis de ensino.

7 REFERÊNCIAS

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CASTRO, Amélia Domingues de; CARVALHO Anna Maria Pessoa de. (org.) Ensinar e
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