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Colégio Estadual Dr Feliciano Sodré

Elisangela O. Hildebrando
3ª Série do Curso Normal
CDPEJA
o Pauta:
• Assistir o vídeo: Estratégias de Ensino para EJA: https://www.youtube.com/watch?v=Zo1BLFqQLMI,
• Fazer a leitura do texto : Um olhar sobre o processo avaliativo
• Responder às questões.

EJA – UM OLHAR SOBRE O PROCESSO AVALIATIVO


Em todas as etapas escolares, da educação infantil ao ensino superior, o processo avaliativo é um
momento crucial para a construção do conhecimento. O processo de avaliação se faz necessário para avaliar
o aprendizado do aluno. Como é um processo que ocorre periodicamente no decorrer de um curso é de suma
importância os métodos escolhidos para a verificação da aprendizagem, de maneira que esse processo não
afete negativamente o quadro emocional do educando.
Avaliar é – cedo ou tarde – criar hierarquias de excelência em função das quais se decidirão a
progressão no curso seguido, a seleção no início do Secundário, a orientação para diversos tipos de estudo, a
certificação antes da entrada no mercado de trabalho e, frequentemente, a contratação. Avaliar é também
privilegiar um modo de estar em aula e no mundo, valorizar formas e normas de excelência, definir um
aluno modelo, aplicado e dócil para uns, imaginativo e autônomo para outros (PERRENOUD, 1999, p. 9)
A avaliação deve buscar utilizar a análise do aprendizado como instrumento de incentivo para que o
educando vença suas dificuldades e possa prosseguir os estudos motivado no aperfeiçoamento de suas
habilidades e desenvolvimento dos saberes:
Uma proposta pedagógica é, antes de tudo, um idealismo, que acompanha o sujeito docente, partindo
do princípio de que a educação, enquanto ato político-ideológico, é também um processo social, resultado
das interações entre os homens, envolvendo a transmissão, (re)elaboração de saberes, valores e modos de
sentir, agir e pensar (NETO et al, 2010, p.2)
Na EJA, a avaliação deve buscar a inclusão do educando, a valorização do Ser humano, dando ao
processo de aprendizagem mais produtividade e tornando as aferições melhor aceitáveis do ponto de vista do
alunado.
Políticas voltadas para a EJA exigem projetos pedagógicos que realmente entendam a população em
questão. Para isso será necessário, além de inúmeras medidas, uma formação adequada dos professores e
uma avaliação da aprendizagem que realmente possa permitir uma efetiva inclusão da população atendida.
Precisamos ter cuidado com o utilitarismo e o imediatismo da cotidianidade que prevalecem hoje e não
perder de vista que todo processo de aprendizagem exige trabalho paciente e demorado de apropriação de
conhecimento (NASCIMENTO; BASSANI; PINEL. 2009 p.4).
As aferições precisam ser diversificadas, utilizando-se múltiplos instrumentos e elaboradas tendo em
vista o nível de dificuldade equalizado adequadamente ao público que será submetido.
A avaliação da aprendizagem escolar na EJA, em geral, no contexto brasileiro, tem sido utilizada
como elemento de auxílio no processo ensino aprendizagem, porém, ainda apresenta um caráter excludente
na medida em que as escolas aplicam métodos tradicionais e classificatórios, o que não auxilia o avanço e o
crescimento dos educandos (NASCIMENTO; BASSANI; PINEL. 2009 p.5)
Nogueira, trindade e ramos (2007), desenvolveram um trabalho sobre os métodos utilizados pelos
professores da EJA de uma escola da rede pública do município de Florianópolis em Santa Catarina,
objetivando “analisar o sistema de avaliação escolar e sua efetiva aplicação relacionada ao projeto político
pedagógica (PPP) (NOGUEIRA; TRINDADE; RAMOS.2007, p. 7). Na escola objeto de estudo, foi
implantado em 2001 uma abordagem diferenciada para as salas da EJA. Nessa plataforma, a construção do
conhecimento se dá por meio de um Projeto de Pesquisas que é engatilhado através de uma questão inicial,
orientada pelos professores e que passam a trabalhar a problemática lançada.
Um aspecto muito interessante desse momento de construção do mapa conceitual é que a sua
elaboração não está submetida a nenhuma das disciplinas. Ele está “descolado” de todas. A partir deste mapa
percebe-se o delineamento do currículo da Educação de jovens e Adultos de Florianópolis. No centro do
mapa está o foco da pesquisa, ou seja, a problemática e por volta desse ponto central, todos os conteúdos
conceitos, levando em conta as dimensões do conhecimento que envolve a problemática, como dimensões
espaciais, temporais, sociológicas, filosóficas, artísticas, culturais, econômicas, entre outras. Logo que os
conteúdos vão sendo trabalhados, as conexões são registradas no mapa, formando ao final, um grande
emaranhado (NOGUEIRA; TRINDADE; RAMOS. 2007, p. 7)
Nesse projeto a avaliação ocorre por meio de trabalhos e um relatório, como descrito abaixo:
“O processo de certificação consta das seguintes fases: Solicitação do interessado; Verificação de
pelo menos 600 (seiscentas) horas aulas presenciais, e 200 (duzentos) horas aulas não presenciais;
Apresentação de pelo menos três trabalhos e de um relatório de aprendizagem; Reunião e discussão do
interessado no conselho de classe sobre sua solicitação, relatórios e pareceres descritivos.” (NOGUEIRA;
TRINDADE; RAMOS.2007, p. 25)
Bordim (2014) utilizou como objeto de pesquisa um Centro Estadual de Educação Básica para
Jovens e Adultos da cidade de Maringá no estado do Paraná, onde, assim como Nogueira, Trindade e
Ramos, encontrou uma escola que faz uso de diversos instrumentos pedagógicos na avaliação da EJA.
Bordim descreve o processo de avaliação, abaixo:
“A avaliação processual utilizará técnicas e instrumentos diversificados, tais como: provas escritas,
trabalhos práticos, debates, seminários, experiências e pesquisas, participação em trabalhos coletivos e/ou
individuais, atividades complementares propostas pelo professor, que possam elevar o grau de aprendizado
dos educandos e avaliar os conteúdos desenvolvidos. É vedada a avaliação em que os educandos sejam
submetidos a uma única oportunidade de aferição. O resultado das atividades avaliativas será analisado pelo
educando e pelo professor, em conjunto, observando quais são os seus avanços e necessidades, e as
consequentes demandas para aperfeiçoar a prática pedagógica” (BORDIM. 2014, p. 19).
Analisando todo o processo de aferições da Educação de Jovens e Adultos, percebe-se que esta
precisa de melhor adequação, critérios diferenciados e maior sensibilidade por parte dos professores, para
que possam entender o quão diferenciadas são as turmas dessa modalidade de ensino. Diferentemente da
criança, que chega aberta a todo tipo de experimentação, o educando da EJA chega à sala de aula com uma
bagagem que foi adquirida ao longo de sua vida. Essa pessoa que chega decidida e motivada na sala de aula,
muitas vezes, ao longo do curso vai perdendo a vontade prosseguir. Avaliações pesadas, formatadas em um
método tradicional, não considerando essa diversidade do alunado EJA gera ansiedades e frustrações diante
a comprovação de baixos rendimentos.
O educando da EJA precisa se sentir acolhido pela escola para que tenha interesse em continuar o
curso. Há cada vez mais exemplos de transformação e adaptação dos recursos instrumentais pedagógicos
utilizados. Entretanto, ainda são poucos os projetos que passam a fazer parte de resescolares nos municípios.
É necessário estar ciente e procurando derrubar as velhas práticas autoritárias através de reflexões,
buscando por uma dimensão formadora e transformadora.
Através de toda a análise apresentada constata-se que a avaliação é uma das etapas mais importantes
no processo de aprendizagem do educando e deve ser tratado com grande atenção, pois a avaliação verifica o
aprendizado não apenas para o professor, mas também para o aluno. A escolha do método avaliativo muitas
vezes determina a permanência ou não do educando na sala de aula.
Utilizar múltiplos instrumentos avaliativos contribui para criar motivação entre os alunos. Dentre as
técnicas que podem ser utilizadas estão a apresentação de trabalhos, seja individualmente ou em grupo; aulas
práticas, provas com consulta, debates e as tradicionais provas sem consulta. Estas não estão proibidas, mas
não devem ser o único canal. O importante é que os recursos adotados colaborem para a conquista dos
alunos e na formação de um indivíduo consciente e cidadão participativo em nossa sociedade.

CONCLUSÃO
O EJA é uma modalidade com características únicas às quais se dão em fase do público que é
acolhido nesta modalidade. Trabalhar com um público adulto implica na necessidade efetiva de adotar um
processo avaliativo diferenciado, tendo em vista que estes indivíduos diferem do público escolar habitual
por se constituírem de pessoas adultas com a vivência de uma vida em seus ombros.
Ser professor do EJA exige do docente uma postura mais sensível quanto à realidade do público
atendido, é preciso conhecer e compreender as experiências, características e saberes destes indivíduos, sem
deixar, no entanto, de exigir a devida dedicação aos estudos, aos horários de aula e aos critérios avaliativos.
Em suma, se faz necessário estabelecer uma harmonia entre o lado humano e as exigências pedagógicas
inerentes à prática cotidiana do professor.
Os critérios estabelecidos para a avaliação devem visar contemplar o total aprendizado do aluno,
estando em consonância com o contexto deste público, o que implica na necessidade do professor interagir
de perto com seus alunos contemplando suas dificuldades para saná-las da melhor forma possível. Em tudo
isso o conhecimento quanto à natureza e história da educação de jovens e adultos é igualmente fundamental.
A qualificação profissional sem dúvida é uma prioridade na vida dos educandos do EJA, sendo
igualmente verdade que estes precisam da mesma para adquirirem melhores condições de subsistência,
considerando que o mercado de trabalho tem sido cada vez mais exigente. Mas, essa necessidade
profissional não pode prescindir da construção do conhecimento, pois somente assim os educandos do EJA
poderão tomar consciência de si próprios enquanto sujeitos constroem a própria história e, portanto, os
únicos que podem vir a transformá-lo através da própria superação.
Paulo Freire ensina que o processo de ensino aprendizagem precisa envolver o contexto vivenciado
pelo educando, deve fazer sentido para ele, pois somente assim é possível construir uma educação
libertadora capaz de promover a auto conscientização dos sujeitos. Avaliar neste contexto é uma tarefa de
grande responsabilidade que deve ser tratada com o devido cuidado e atenção. É impossível construir-se um
modelo educacional democrático, inclusivo e de qualidade enquanto a principal preocupação avaliativa não
for capaz de englobar o contexto do educando avaliando de forma mais humana, uma avaliação mais
processual e menos não taxativa, apta a estimular o gosto pelo aprendizado e uma verdadeira inclusão. (
partes do texto extraído do site: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/pedagogia/avaliacao-e-pratica)
ATIVIDADE – QUESTÕES:
1) O que é avaliação?
2) Como deve ser a avaliação na Eja?
3) Pesquisar: O que é avaliação processual –
4) Na sua opinião: Avaliar na Educação de Jovens e adultos é igual a avaliar outros segmentos?
Justifique sua resposta;

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