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A avaliação pedagógica, tema central das nossas Jornadas, está intimamente

articulada com a atividade humana e, como tal, a sua história parece ser também
bastante antiga (Hadji, 1989). Mas a avaliação, tal como a conhecemos, tem um
passado recente, estando intimamente ligada ao desenvolvimento da escola pública.
Assim, podemos dizer que a avaliação tal como a conhecemos hoje tem pouco mais de
um século. Este frenesim avaliativo que hoje vivemos, em que se preconiza a avaliação
de tudo e de todos, como se este ato fosse em si redentor das ações educativas, solução
mágica para todas as crises não tem contribuído para aprofundar um debate em torno
desta praxis. Durante as palestras dos nossos distintos convidados/oradores debatemos,
analisamos e exploramos esta questão que tanto influencia o nosso sistema educativo e
o dia a dia de qualquer professor.
De facto, tal como o reconhecem Estrela e Nóvoa (1993), a avaliação nunca
mereceu, salvo raras exceções, um lugar de destaque em termos de investigação até aos
finais do século XX. Todavia, a generalização do uso da avaliação, que ultrapassa hoje
largamente os limites da sua utilização tradicional centrada nos desempenhos escolares
dos alunos no ensino formal, impõe um debate aprofundado e uma compreensão e
clarificação em torno não só da avaliação enquanto conceito, mas também em termos
das suas práticas e valores éticos. Sob a ótica de Sant’Anna (1988) “avaliação é um
processo pelo qual se procura identificar, aferir, investigar e analisar as modificações
do comportamento e rendimento do aluno, do educador, do sistema, confirmando se a
construção do conhecimento se processou, seja teórico (mental) ou prático”. Partindo
desse pressuposto e tal como o Professor Domingos Fernandes tão bem explicou no
primeiro dia das Jornadas, avaliação não consiste apenas em avaliar o aluno, mas o
contexto escolar na sua totalidade, permitindo fazer um diagnóstico para sanar as
dificuldades do processo de aprendizagem, no sentido teórico e prático. O objetivo
fundamental da avaliação é melhorar as práticas de avaliação pedagógica e o seu
contributo para que os alunos aprendam mais e melhor. Nesse sentido, é necessário ter
uma visão integradora dos processos de ensino, de avaliação e de aprendizagem.
Com a publicação dos seguintes normativos legais: O Perfil dos Alunos à Saída
da Escolaridade Obrigatória, Aprendizagens Essenciais do Ensino Básico e Secundário
e ainda a Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania, a prioridade da política
educativa está centrada nas pessoas, apostando numa escola inclusiva onde todos e cada
um dos alunos adquirem um nível de educação e formação facilitadoras da sua plena
inclusão social. Neste sentido, todos têm garantia de igualdade de acesso à escola
pública, promovendo o sucesso educativo e, por essa via, a igualdade de oportunidades
e a equidade. No âmbito da avaliação pedagógica deve ser privilegiada a avaliação
formativa que, em diferentes momentos e utilizando diversas técnicas e instrumentos
irá promover um ensino mais inclusivo e equitativo.
Na palestra do Dr. Eusébio Machado, na qual observamos um vídeo, “Austin´s
butterfly” ficou bem claro que a prática da avaliação como usualmente a conhecíamos
está ultrapassada e que devemos considerar a prática da avaliação como central no
papel de transformação, através de uma avaliação de qualidade, com balanço entre
feedback e feedforward, levando os alunos a desempenharem um papel mais ativo no
seu processo de aprendizagem. Considerando que “avaliar” significa compreender,
conhecer, diagnosticar, deduzo que a avaliação deve ter como objetivo primordial
verificar se há algo a corrigir e, se o houver, proceder de imediato à sua
correção/recuperação(feedback). Assim sendo, o sistema de avaliação é um processo
eminentemente pedagógico, com um objetivo positivo, humanista, de ajudar o aluno a
recuperar/melhorar, e cujo principal e fundamental propósito é apoiar e melhorar a
qualidade das aprendizagens dos alunos. A capacidade de usar o feedback é uma
competência que pode e deve ser ensinada (Brookhart, 2008), o que implica que cabe
ao professor ajudar os alunos nesta tarefa de autorregular a sua aprendizagem, tal como
vimos no vídeo, pois quando ensinamos aos alunos desmotivados maneiras úteis para
solicitar feedback dos colegas, professores ou mesmo dos próprios, eles tornam-se
mais envolvidos nas atividades de turma e na sua própria aprendizagem, dando-lhes a
possibilidade de identificarem erros, tornarem-se mais autónomos e controlarem a sua
própria evolução e envolvimento na escola. De facto, constatei no ensino a distância, o
quão importante é dar um feedback claro, conciso e individual na correção das tarefas
propostas aos meus alunos facilitando a aprendizagem dos objetivos que propus aos
alunos. Ao contrário do ensino presencial em que faria uma correção geral da tarefa e
explicaria os erros mais comuns de todos, constatei que ao devolver a tarefa com
feedback (áudio) individual onde explicava como cada aluno poderia melhorar a tarefa
e não apenas corrigindo e classificando, as aprendizagens dos alunos foram mais
consistentes e bem-sucedidas. Infelizmente, na nossa prática letiva diária, penso ser
extremamente complicado este feedback, pelo número excessivo de alunos em cada
turma. No entanto, cabe ao professor o papel de orientar e não só transmitir o feedback
e sendo assim, tal como vimos no vídeo de Ron Berger e debatemos numa das sessões
de trabalho, podem e devem ser os alunos, a transmitir esse mesmo feedback aos
colegas no sentido de ajudar, recuperar e melhorar as aprendizagens.
Numa vertente mais social e em específico na minha disciplina, inglês,
reconheço a importância da relação pedagógica entre aluno e professor e que penso ser
imprescindível para que ocorra sucesso no processo de ensino aprendizagem. Segundo
Chalita (2001), “a educação não pode ser vista como um depósito de informações. Há
muitas maneiras de transmitir conhecimento, mas o ato de educar só pode ser feito com
afeto”. Considero fundamental criarmos na nossa sala de aula, um ambiente
estimulante e afetivo onde se desenvolvam atividades nas quais os alunos possam
trabalhar a expressividade, as emoções e o pensamento criativo e crítico. Tenho
consciência que, muitas vezes, na ânsia de cumprir planificações, programas e
avaliações, limitei o processo de aprendizagem e “cortei as asas” aos meus alunos…
Agora, e depois destas Jornadas, constato que estive refém de grelhas, tabelas e afins…
Mas o que realmente importa é que haja um diálogo efetivo na sala de aula e atividades
que permitam simultaneamente e, na medida do possível, que o professor ensine, os
alunos aprendam e ambos avaliem os processos desenvolvidos.
Com a publicação dos seguintes normativos legais: O Perfil dos Alunos à Saída
da Escolaridade Obrigatória, Aprendizagens Essenciais do Ensino Básico e Secundário
e ainda a Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania, a prioridade da política
educativa está centrada nas pessoas, apostando numa escola inclusiva onde todos e cada
um dos alunos adquirem um nível de educação e formação facilitadoras da sua plena
inclusão social. Neste sentido, todos têm garantia de igualdade de acesso à escola
pública, promovendo o sucesso educativo e, por essa via, a igualdade de oportunidades
e a equidade. No âmbito da avaliação pedagógica deve ser privilegiada a avaliação
formativa que, em diferentes momentos e utilizando diversas técnicas e instrumentos
irá promover um ensino mais inclusivo e equitativo.

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