Você está na página 1de 6

1

ROTEIRO DE ATIVIDADE

CURSO: PEDAGOGIA
DISCIPLINA NORTEADORA: A GESTÃO DO TEMPO E DO ESPAÇO DA
ESCOLA

Profa. Dra. Rita de Cassia Gallego


Profa. Dra. Vivian Batista da Silva

– Direcionando a avaliação em nome das aprendizagens

Uma pergunta fundamental na organização do tempo e do espaço escolares diz


respeito aos efeitos do trabalho pedagógico. Em outras palavras, interessa saber
em que medida temos favorecido as aprendizagens dos estudantes. Por isso, os
tempos dedicados às avaliações têm um papel tão importante e estamos
considerando aqui a avaliação em suas múltiplas dimensões, desde as provas
usadas para medir o desempenho de cada aluno, passando pela avaliação de
nosso trabalho institucional e considerando também as avaliações feitas por
instituições externas à escola.
Vale a pena lembrar que, para além da ordenação do trabalho em sala de aula, a
avaliação inclui as decisões tomadas no âmbito de cada instituição e também
aquelas que se referem à rede de escolas. E vocês, diretores, assumem uma
posição estratégica na definição e nos efeitos dessas decisões. O diretor é peça-
chave da equipe diretiva de cada escola e ocupa assim um lugar privilegiado, ao
lado do coordenador, no qual é possível acompanhar o delineamento de políticas
que guiam a organização curricular das escolas e orientar a apropriação dessas
propostas por parte dos professores, no dia-a-dia do trabalho em sala de aula. Ele
tem como um de seus grandes desafios liderar (Fulan e Hargreaves, 2001) a
construção de tempos e espaços de avaliação na escola.
Sabemos que esses desafios têm se tornado cada vez mais complexos,
particularmente desde a década de 1980 e com mais ênfase nos anos 2000, com a
implantação das avaliações do sistema de ensino nos âmbitos nacional, estadual e
municipal (Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB)/1989, Prova
2

Brasil/2005, por exemplo). Qual tem sido o desempenho da escola em que atua
nessas avaliações externas? Esses dados são analisados? Como? O que tem sido
feito com e a partir dos dados recebidos?
Nesse sentido, afora as questões voltadas à avaliação que ocorre nas diferentes
áreas do conhecimento e as avaliações criadas institucionalmente para saber como
tem se dado a aprendizagem dos alunos, os diretores, hoje, têm o desafio de,
conjuntamente com os coordenadores e professores, pensar e desenvolver ações
no âmbito da instituição para lidar com dados sobre a aprendizagem advindos de
diferentes fontes. Como tem se dado esse processo na instituição em que trabalha?
Para pensarmos sobre essa questão, pedimos para que você identifique as
características da avaliação no interior da instituição escolar onde é diretor(a),
considerando:
- a avaliação de desempenho dos alunos: Quais são os principais instrumentos de
avaliação utilizados pelos professores nas várias disciplinas? Quais as
principais características dessas avaliações? Quando são realizadas, de modo
geral? Quais as ações decorrentes, ou seja, o que é feito com os resultados
das avaliações?
- a avaliação institucional de desempenho dos alunos: há na escola alguma
avaliação criada pela equipe de professores para avaliar os alunos (por ano do
Ensino Fundamental, por disciplina etc.)? Se sim, o que é feito com os dados
dessas avaliações? Qual a periodicidade com que são dadas? Quais as suas
principais características?
- a avaliação externa de desempenho dos alunos (SARESP, Prova Brasil, SAEB...):
Sua escola participa? O que é feito com os dados dessas avaliações? Qual a
periodicidade?
Tendo em vista esses diferentes níveis de avaliação aos quais os alunos são
submetidos, é imprescindível pensar na dinâmica de avaliação que caracteriza a
instituição na qual atua. Qual a cultura de avaliação que marca a instituição?
Tomar essa questão para análise é identificar como se dá o impacto dessas
avaliações para a organização das reuniões com os professores, a configuração
das aulas de reforço e das atividades extras propostas para aos alunos, a
atualização dos objetivos e metas traçados na Proposta Pedagógica da escola etc.
3

Essas discussões alimentam a equipe e são elementos fundamentais para a


autonomia da escola. Notem que elas devem ser compartilhadas por todos1.
Quando falamos de planejamento e avaliação, estamos colocando em pauta
elementos importantes da cultura dessa instituição. Entendemos que as soluções
para os problemas não são ditadas pela direção ou pelos trabalhos acadêmicos da
área. Não estamos à procura de receitas porque as soluções para os problemas da
escola não vêm de fora. O papel das contribuições acadêmicas é aprimorar os
modos de entender concepções, práticas e dinâmicas que permeiam a escola de
forma a ampliar o repertório analítico e as possibilidades de pensar as soluções e
as melhorias.
Desse modo, cabe à escola identificar os sentidos que o planejamento e a
avaliação assumem na instituição pelos diferentes agentes, considerando as
orientações oficiais e as formas como elas se concretizam – ou não – nas ações de
sua equipe. Isso quer dizer que, enquanto uma organização que deve ter
autonomia, a própria escola deve dar conta de seus objetivos e impasses (Nóvoa,
1995). Daí a necessidade de interrogarmos: De que modo as escolas onde
trabalhamos se
organizam? Elas privilegiam a lógica burocrática? Como as decisões são tomadas?
De que maneira os atores educativos são responsabilizados pela vida da
instituição? Como traduzir as orientações legais, propostas para todo o sistema
educacional, em práticas vividas na escola? E, mais especificamente, como recriar
as experiências de avaliação para que as aprendizagens sejam privilegiadas?
Essas perguntas precisam ser postas pela equipe diretiva, para que sejam
criados na escola espaços de formação da equipe pedagógica e para se alimentar a
reflexão e a intervenção comunitárias (Alarcão, 1996). Esses elementos são
fundamentais para que os estabelecimentos de ensino exercitem uma autonomia
que está prevista em lei e que se quer ver construída no cotidiano das escolas.
No final das contas, cada instituição pode e deve encontrar os caminhos
que a ela são mais férteis. É nesse sentido que o trabalho do diretor pode ser útil e

1 O REDEFOR tem sido um importante lugar onde discussões dessa natureza têm circulado entre professores,
diretores e coordenadores pedagógicos. Boa parte das observações que aqui fizemos sobre avaliação,
planejamento, ensino e aprendizagem também foram desenvolvidas em disciplinas oferecidas no curso
destinado aos professores coordenadores (LUGLI e SILVA, 2011; VICENTINI, GALLEGO e SILVA, 2011).
O intuito foi tornar comum referências que, ao serem compartilhadas, poderão contribuir para o enriquecimento
de toda equipe pedagógica.
4

estimulante, sobretudo quando o que se quer é rever as tradicionais experiências,


de modo a privilegiar a aprendizagem dos alunos. Os processos de avaliação são
aliados para fazer avançar na aprendizagem.
Para tanto, é necessário pensar nessa cultura de avaliar que tem marcado
nossa história. Os tópicos que se seguem discutem os diferentes níveis de
avaliação na escola, considerando especialmente o papel de algumas instâncias
que podem potencializar a criação de propostas para melhorar a aprendizagem.
Finalizamos a disciplina discutindo os desafios versos ações possíveis de pensar
formas de avaliar para promover a aprendizagem.

Entre avaliações institucionais e externas: caminhos para melhorar a


aprendizagem dos alunos

Sabemos que a escola nunca foi tão avaliada como é hoje e é nessa
perspectiva que figuram as avaliações institucionais e externas. Elas têm mobilizado
cada vez mais as escolas e seus diretores. E isso é perfeitamente compreensível.
As provas aumentam pela sua quantidade, variedade e complexidade: defende-se a
avaliação institucional que enfatize o diálogo, a participação, a elaboração coletiva
das propostas de mudança, o estabelecimento de relações menos hierarquizadas e
mais democráticas entre as diferentes instâncias.

Somam-se aos dados das avaliações feitas pelos professores aqueles


advindos das avaliações externas recebidos pelas escolas e, também, aqueles das
avaliações preparadas pela própria equipe escolar, o que não acontece em todas as
escolas.

Enfatiza-se a importância de as equipes discutirem constantemente a


implantação da proposta pedagógica da escola, verificarem se as metas têm sido
alcançadas, analisarem o trabalho dos professores, examinarem os resultados das
avaliações realizadas pelos alunos.

Importa não perder de vista que essas avaliações precisam ser usadas para
possibilitar o crescimento e o aperfeiçoamento da escola como um todo. “Mudar a
avaliação significa provavelmente mudar a escola”. É com essa frase que
Perrenoud (1999, p.173) inicia o texto “Não mexam na minha avaliação: para uma
5

abordagem sistêmica da mudança pedagógica”. Tal afirmação está pautada no fato


de que as práticas avaliativas encontram-se no centro do sistema didático e do
sistema de ensino, assim alterá-las significa “pôr em questão um conjunto de
‘equilíbrios frágeis’ e parece representar uma vontade de desestabilizar a prática
pedagógica e o funcionamento da escola”.
No que diz respeito aos dados coletados das escolas em decorrência das
avaliações externas, é importante que as informações sejam utilizadas de modo a
levar em conta a relação entre as condições oferecidas às escolas e os resultados
atingidos. É importante que se diagnostique a real posição de uma escola,
mobilizando-a internamente para atingir um patamar superior, com base na análise
das condições oferecidas e dos resultados obtidos. Como percebem tais
considerações? O que foi identificado em sua reflexão sobre o tratamento dos
dados das avaliações externas? Mesmo considerando que muitas escolas não
preparam avaliações a serem dadas aos seus alunos como mais um dispositivo de
análise da aprendizagem dos alunos, apresentamos, a seguir, um documento
produzido após a realização de uma avaliação institucional, com o objetivo de
oferecer uma entre inúmeras possibilidades de realizar uma discussão sobre dados
relativos à avaliação da aprendizagem no âmbito institucional, no caso aqui tratado,
mas que pode ser inspirador para a análise dos dados acerca das avaliações
externas.
Se é verdade que a variedade de instrumentos pode nos auxiliar, não
podemos deixar de destacar alguns impasses e desafios a serem vencidos. É
preciso garantir a dinâmica da revisão de metas postas na Proposta Pedagógica
continuamente assim como estabelecer metas com tempos diferentes para cada
apontamento do que é preciso melhorar na instituição.
Um dos desafios mais delicados é o tratamento dado às dificuldades dos
professores. Quando identificamos dificuldades de um ou mais professores,
podemos ter subsídios nas reuniões pedagógicas, para que possamos igualmente
identificar quais práticas pedagógicas devem ser revistas etc. (Davis, Grosbaum,
2002, p. 103) e não para expor os professores ou fazermos exatamente o que
estamos criticando – constatar e não agir!
Do mesmo modo que se fala em tempos e ritmos no que diz respeito
aos alunos, é importante analisar as práticas e concepções dos professores
6

levando-se em conta o seu tempo de formação, sua inserção na escola, tempo de


profissão etc. De nada adiantam os julgamentos sem dar possibilidades de
crescimento aos membros da equipe.
É preciso reconhecer que as práticas de avaliação devem ser coerentes com
as concepções de conhecimento, aprendizagem, ensino, papel do aluno, do
professor, da escola etc., as quais devem ser explicitadas na Proposta Pedagógica
das escolas de modo a nortear o trabalho realizado pela equipe. Parece que um
dos entraves a ser superado para que a avaliação funcione bem é justamente
alcançar essa coerência entre as várias instâncias e dimensões do processo
educacional e de aprendizagem. Acrescenta-se a isso o fato de que, no que tange à
situação de ensino, em muitas circunstâncias, a avaliação sobrecarrega os
professores. Dependendo de fatores como o nível de ensino, o número de alunos
por sala e o número de horas de aulas dos professores, é evidente que se alteram
as possibilidades de acompanhamento, observação, avaliação e retomada de
dificuldades dos alunos.
Como foi discutido ao longo desta disciplina, a escola é uma instituição
perpassada por tradições internalizadas em sua cultura de tal modo que se
apresentam, quase sempre, como naturais. A Progressão Continuada é uma das
proposições que, atualmente, requer uma (re)significação das maneiras de avaliar e
do tempo de ensinar e aprender. Ao atentarmos para os tempos e espaços
escolares, estamos refletindo sobre seus usos. Usos que, conforme explicamos,
podem parecer naturais e até banais, mas que, de fato, estão no cerne de nossas
ações institucionais. Esperamos que essas reflexões conduzam a uma
compreensão mais acurada acerca de nosso trabalho na escola e inspirem
alternativas para as aprendizagens de nossos alunos.

ATIVIDADE

FAZER UM TEXTO REFLEXIVO SOBRE A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO NA


INSTITUIÇÃO ESCOLAR.

Você também pode gostar