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Devolutivas pedagógicas

Fonte: nlshop1 /123rf

Descrição da imagem: desenhos infantis de mulheres e homens interagindo. No


centro, dois personagens se dão as mãos, como num cumprimento. Alguns olham
para a frente. Todos estão gesticulando e conversando. Sobre os personagens,
diversos balões de diálogo e de pensamento em branco, direcionados a eles.

EXPEDIENTE
Autoria: Alessandro Lombardi Crisostomo
Edição: Denise Pellegrini
Leitura crítica: Patricia Guarany
Revisão: Denise Rocha
Coordenação: Bruna Carvalho
Realização: Sincroniza Educação

Este material é de propriedade da Sincroniza Educação, com todos os direitos reservados.


Você pode utilizá-lo para consulta e estudo, mas o seu compartilhamento, adaptação,
reprodução e quaisquer demais usos são vedados sem a prévia autorização da proprietária.
.

Objetivos ou expectativas de aprendizagem

● Refletir sobre os meios de interpretação das avaliações externas.

● Analisar as possibilidades de mediação entre os dados externos e o


contexto escolar.

● Discutir sobre o uso das avaliações externas e internas como meio de


aprimoramento dos processos de aprendizagem.

Tópicos a serem abordados

● Avaliações externas: como interpretar seus resultados

● Devolutivas para professores: desafios e possibilidades

● Destaques sobre o uso das avaliações no contexto escolar


Para início de conversa

Olá, gestora! Olá, gestor! Sejam bem-vindos a mais um tema!

Desta vez vamos conversar sobre as devolutivas pedagógicas. Diante de


tantas demandas no dia a dia escolar, essa é uma questão que continua sendo
desafiadora para todos nós, não é verdade?

Como interpretar os resultados das avaliações externas e discuti-los com a


equipe pedagógica? Quais princípios considerar para trazer uma análise
significativa nas devolutivas que conduzo? O que é preciso superar ou agregar
no cotidiano escolar para ir além dos simples dados estatísticos? Essas
questões vão direcionar este encontro.

Esperamos que ao final do tema todos estejam mais seguros e motivados para
assumir os desafios dessa importante etapa na rotina da gestão escolar.

Vamos juntas?

1. Avaliações externas: como interpretar seus resultados

O que são?

As avaliações externas no Ensino Médio são pautadas por indicadores


estruturais, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), e
por avaliações de desempenho acadêmico em larga escala, como o Sistema
de Avaliação da Educação Básica (Saeb), o Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) e o Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará
(Spaece).

Os dados permitem uma compreensão mais ampla sobre a qualidade do


ensino no país, servindo como fundamento para as políticas públicas e as
tomadas de decisão de acordo com os diferentes contextos.

O desempenho no Enem serve ainda para garantir o ingresso em faculdades e


a obtenção de financiamento estudantil, sendo, portanto, determinante na
trajetória acadêmica e profissional dos estudantes.

Em contexto

Os indicadores obtidos pelas avaliações externas não são, contudo, os únicos


parâmetros que os gestores devem ter para analisar a qualidade do trabalho
em sua escola. Muito pelo contrário. É importante estabelecer a articulação
deles com os processos internos de avaliação da aprendizagem em cada
escola e seus resultados específicos. Nesse sentido, será determinante uma
compreensão ampla, na qual os dados externos sejam interpretados de modo a
fomentar ações internas. Essas ações internas seguem na direção de perseguir
objetivos a partir dos pontos de atenção, explicitados pelos resultados em larga
escala. Com base nisso, os processos internos de aprendizagem, isto é, as
experiências planejadas a partir do currículo proposto, são ressignificados,
tendo em vista a ampliação do panorama sobre o trabalho realizado pela
equipe pedagógica.

Por isso, é de suma importância a comunicação entre os gestores e a equipe


pedagógica: professores, monitores, assistentes e demais componentes, de
modo a estabelecer o alinhamento da situação da escola com os resultados
das avaliações. É importante, ainda, que as decisões sejam tomadas de forma
conjunta, considerando as devolutivas que serão dadas e o plano de ação que
será proposto diante dos resultados. Nesse contexto, as reuniões periódicas –
dedicadas ao planejamento e à formação, além dos conselhos de classe e de
encontros com a comunidade escolar – são ocasiões nas quais é possível
estabelecer a relação mais efetiva entre a dimensão macro (os indicadores
externos e a situação da escola diante das outras escolas da região e do país)
e a dimensão micro (as ações e os objetivos em curso no planejamento de
cada docente).

No dia a dia

Atualmente, as gestoras e os gestores contam com uma ampla variedade de


recursos digitais, dedicados à compilação e à comparação de dados internos e
externos. Esses dados servem para identificar e compreender as ações que
estão dando certo e as questões que devem ser repensadas e reconduzidas de
outras formas. São ferramentas com o potencial de simplificar os processos de
análise dos gestores e da equipe pedagógica, aproximar os setores da escola,
relacionar resultados e identificar objetivos de aprendizagem com mais
agilidade, a partir da visualização dos resultados.

Esses recursos, entretanto, por si só, não são suficientes. Os números, por si
só, não apresentam a problemática que deve ser resolvida; é preciso a
interpretação e a análise crítica. Dessa forma, os números demonstram,
tão-somente, os pontos de atenção para os quais a investigação deverá ser
conduzida, no sentido de entender o porquê de determinado resultado, e então
definir as estratégias de atuação, ou seja, os resultados das avaliações
externas são um princípio não um fim. Para que sejam efetivos, requerem o
direcionamento intencional das equipes. Na escola, as gestoras e os gestores
estão na posição de intermediação entre os atores que compõem a
comunidade escolar: estudantes, docentes, funcionários, famílias e sociedade.
São elas também que possuem o contato direto com órgãos externos do setor
público e Organizações Não Governamentais (ONGs), os quais oferecem
dados importantes sobre as demandas e expectativas atribuídas à escola sob
sua responsabilidade.

Entende-se que a presença e o posicionamento ativo dos gestores não devem


ser restritos às funções administrativas nem às da direção escolar. O olhar
ampliado e amplificado pelos múltiplos setores que compõem a realidade
escolar são determinantes nas tomadas de decisão pedagógicas, isto é, na
observação sobre o que está sendo bem-sucedido e o que precisa ser ajustado
para melhorar a qualidade do processo de ensino e aprendizagem dos
estudantes.

O ponto de inflexão determinante, nesse caso, é justamente a capacidade de


estabelecer conexões entre os dados externos e internos e os objetivos mais
essenciais da educação, pontuados de maneira objetiva na Base Nacional
Comum Curricular (BNCC). Dessa forma, em última instância, o sucesso
escolar é medido pela capacidade das escolas de oferecerem experiências de
aprendizagem capazes de construir competências e habilidades aplicáveis à
vida profissional e acadêmica e à inserção ativa e crítica na sociedade.

Resumindo

As avaliações externas oferecem dados essenciais para a análise das


condições estruturais e do desempenho acadêmico dos estudantes. São
indicadores que situam a escola diante da região e do contexto geral da
educação. Esses dados permitem uma análise comparativa, direcionando a
tomada de decisão na esfera de políticas públicas. Além disso, eles servem
como referência importante para as devolutivas pedagógicas à equipe.

A gestão escolar tem a responsabilidade de articular os dados externos com os


processos e parâmetros construídos internamente. Trata-se do processo
colaborativo e dialógico, no qual as diferentes visões sobre os resultados
avaliativos são reunidas e debatidas pela equipe escolar e entre a equipe e a
comunidade, com a mediação da gestora. Isso permite uma compreensão mais
clara sobre os pontos fortes da escola e as melhorias necessárias nos
processos de aprendizagem desenvolvidos, o que favorece o planejamento de
ações efetivas.

Para refletir
Agora que falamos um pouco sobre as avaliações externas, que tal refletir
sobre os seguintes pontos:

- Como ocorreu a análise das últimas avaliações externas em minha


escola?
- Conseguimos desenvolver o debate colaborativo em torno dos pontos de
melhoria e propor ações efetivas?
- As propostas obtiveram resultados significativos?

Sugerimos que esse exercício de reflexão seja estendido a toda a equipe


gestora, como parte do processo de autoavaliação.

Indicação de leitura

Agora que vimos um pouco sobre as avaliações externas e sua interpretação


articulada aos parâmetros internos, estabelecidos no contexto escolar, que tal ir
além? Acesse o link a seguir:

https://www.institutounibanco.org.br/aprendizagem-em-foco/8/

No texto, você vai encontrar dicas interessantes sobre como utilizar as


avaliações externas para a melhoria da aprendizagem dos estudantes. Boa
leitura!

2. Devolutivas pedagógicas

2.1 Retorno aos docentes a partir do desempenho dos


estudantes em avaliações externas

O que é?

Trata-se da disponibilização aos docentes dos dados obtidos pelos estudantes


em avaliações externas e a previsão de análise colaborativa dessas
informações, tendo em vista as melhorias no processo de aprendizagem.

A devolutiva não é restrita às avaliações nacionais, podendo ser realizada a


partir de avaliações regionais, como a Avaliação Diagnóstica de Rede, desde
que haja a possibilidade de identificar o desenvolvimento das competências e
habilidades, os pontos fortes e os de melhoria.

Existe a possibilidade ainda das avaliações diagnósticas de sala de aula. A


avaliação da rede e a avaliação de sala de aula fornecem informações de tipos
diferentes, úteis para o diagnóstico e as tomadas de decisão por diferentes
instâncias da gestão da aprendizagem. Esses dois tipos de avaliação são
complementares.

A finalidade dessas devolutivas pedagógicas é contribuir com a identificação de


aspectos específicos de aprendizagem, identificados em cada componente
curricular, e, a partir do compartilhamento e da discussão dos dados, construir,
colaborativamente, planos efetivos de recuperação das aprendizagens.

Em contexto

Há que se reconhecer a importância das avaliações em larga escala e as


melhorias contínuas que foram realizadas nessa área, auxiliando, por exemplo,
na tomada de decisão em políticas públicas. Entretanto, identificou-se a
escassez de mecanismos capazes de transpor os dados em tempo hábil para
atender à necessidade de ações e intervenções pedagógicas e efetivar a
melhoria nos processos de aprendizagem.

Dessa forma, a Secretaria de Educação do Estado do Ceará (Seduc – Ceará)


propôs o Sistema Online de Avaliação, Suporte e Acompanhamento
Educacional (Sisedu), dedicado a aprimorar o método empregado na avaliação
formativa dos estudantes, identificar com maior precisão os desafios de
aprendizagem. O sistema oferece ainda o material estruturado com orientações
e encaminhamentos para os docentes aplicarem nas múltiplas situações
encontradas nas escolas, tendo como objetivo reduzir os desafios e
potencializar os resultados.

A plataforma Sisedu conta com os descritivos a partir de duas metodologias: a


Teoria Clássica dos testes e a Teoria da Resposta ao Item (TRI). Enquanto a
primeira orienta a análise individual, identifica distratores e sinaliza as
possibilidades de ações pedagógicas imediatas, a segunda pauta-se por
escalas de proficiência, as quais validam os processos em larga escala e
possibilitam as análises comparativas.

No dia a dia

As informações são apresentadas na plataforma em formatos diferentes, para


facilitar a leitura, a interpretação e a utilização das informações, e vão dos
gráficos comparativos às análises descritivas por turmas e por estudantes em
cada componente curricular. Os relatórios são divididos a partir da metodologia
aplicada. O relatório de porcentual de acerto baseia-se na Teoria Clássica dos
Testes, ao passo que o relatório de proficiência está fundamentado na Teoria
da Resposta ao Item (TRI).
Outro ponto de destaque são os níveis de acesso, os quais permitem relatórios
diferenciados, de acordo com a dimensão acessada. Nesse sentido, a escola e
os docentes têm acesso às informações e aos materiais relativos à experiência
local. É importante, contudo, que o gestor e a gestora estejam em interlocução
constante com a rede, para que a análise local dialogue com os resultados
mais amplos, assim como as ações que estão em movimento e servem como
exemplo de experiências exitosas em outras localidades.

Por fim, merece atenção o material disponibilizado na plataforma com o


objetivo de propor ações pedagógicas específicas, a partir dos descritores de
proficiência. O material estruturado é disponibilizado para download em
arquivos PDF, tanto na versão para docentes quanto na versão para
estudantes. Configura-se como uma ferramenta de apoio com potencial de
auxiliar na implementação de estratégias mais precisas, voltadas para a
melhoria de questões pontuais identificadas no processo pedagógico.

As gestoras e os gestores têm a responsabilidade de orientar o acesso aos


dados disponíveis na plataforma e sua análise, de tal maneira que a equipe
pedagógica extraia o máximo do potencial disponibilizado pela ferramenta.
Ressalta-se a importância do esforço de cada uma em apropriar-se da
linguagem e das ferramentas básicas, o que é desenvolvido gradualmente a
partir do uso constante. São materiais objetivos que devem embasar a
discussão da equipe pedagógica em torno de propostas e possibilidades de
melhoria na experiência de aprendizagem promovida pela escola.

2.2 Avaliação de desempenho docente com foco na melhoria


continuada dos profissionais

O que são?

As devolutivas para docentes correspondem ao compartilhamento da avaliação


acerca do desempenho de cada profissional ao longo de determinado período.
A avaliação deve se pautar por critérios claros e objetivos, que possam ser
identificados na atividade profissional e, eventualmente, mensurados de acordo
com parâmetros definidos.

Trata-se do resultado de uma análise detalhada, conduzida pela equipe gestora


- diretores e coordenadores pedagógicos -, no sentido de observar o perfil de
cada docente, seus pontos fortes e elementos de melhoria.

Depois da identificação das características predominantes do docente, de suas


qualificações expressas e potenciais, assim como dos aspectos de
desenvolvimento a serem levados em consideração, temos a devolutiva. Esse
é o momento do diálogo e da troca de impressões entre a equipe gestora e o
docente, que tem a oportunidade de refletir sobre a própria prática, fornecer
outros entendimentos a respeito dos assuntos abordados e se aprimorar com
base nos apontamentos feitos.

Em contexto

Podemos encontrar grandes variações no que diz respeito às avaliações


pedagógicas dos docentes e aos processos de devolutivas e encaminhamentos
dos resultados que são desencadeados pela avaliação. Não há um formato
único para dar a devolutiva ao docente.

Na França, por exemplo, a avaliação pedagógica costuma ser realizada


internamente, ou seja, pela própria equipe pedagógica da escola. Em Portugal,
as avaliações são conduzidas pelos pares, isto é, os próprios docentes avaliam
uns aos outros, de modo a aproximar as avaliações e devolutivas do contexto
concreto, isto é, do dia a dia na escola. Já na Inglaterra, o mesmo processo é
conduzido apenas pelos gestores, com o apoio de avaliadores externos,
destacados e treinados especificamente para essa atividade.

Também no Brasil, a despeito de certas determinações e parâmetros gerais, é


possível identificar variações de uma região para outra, atendendo, assim, às
particularidades de cada local. Trata-se de um processo comum, com
norteadores gerais, os quais, entretanto, são ajustados às demandas
particulares para serem efetivados na prática.

No dia a dia

Existe uma ampla gama de técnicas e procedimentos aplicáveis tanto às


avaliações pedagógicas quanto ao momento da devolutiva, ou como é usual no
ambiente corporativo, do “feedback”. Independentemente da técnica, algumas
premissas devem ser observadas ao longo do processo. Uma delas é a clareza
sobre os critérios e os parâmetros a serem utilizados na avaliação. É preciso
que todos os atores envolvidos saibam, por exemplo, o período considerado,
os aspectos observados, os objetivos contemplados, o tipo de escala – se
houver – a ser aplicada e os fundamentos e as métricas utilizados na análise.

Outro princípio é o da utilidade, ou seja, a devolutiva deve ter como finalidade o


aperfeiçoamento do profissional, não sendo, portanto, um momento dedicado
unicamente ao apontamento de erros. Nesse sentido, o docente deve
identificar a intencionalidade direcionada ao aperfeiçoamento na orientação
que está recebendo, de modo a sentir segurança para seguir as indicações que
forem elencadas.

Vinculado ao anterior, temos ainda o princípio da gentileza. Ninguém gosta de


ser tratado de forma desrespeitosa. Dessa forma, entende-se que a
cordialidade é importante para estabelecer uma escuta ativa por parte do
docente que está recebendo uma devolutiva, sobretudo quando se aponta
algum eventual erro ou ponto de melhoria. A postura gentil da equipe gestora é
capaz de garantir um ambiente harmonioso e colaborativo, algo desejado por
todos e princípio básico das comunidades de aprendizagem.

Entende-se que a avaliação do trabalho docente, devido à complexidade


intrínseca a esse tipo de atividade, se configura como uma tarefa árdua, cheia
de pormenores e “armadilhas” ao longo do caminho. Ocorre, por exemplo, de
uma professora, ou um professor, muito competente em suas tarefas ser mal
avaliada devido ao comportamento contido nas reuniões pedagógicas; ou outro
docente, pelo caráter expansivo, ser subestimado em sua capacidade analítica.
Por isso a grande necessidade de estabelecer processos que tenham como
norte a objetividade e a clareza na definição dos parâmetros. Muitos desses
parâmetros são comuns à rede, ou seja, fazem parte da designação do cargo.
Outros podem ser acordados junto à equipe pedagógica. O mais importante é
que, após cada análise avaliativa, haja um processo de melhoria e
aperfeiçoamento das competências profissionais, além do reconhecimento das
ações e práticas desenvolvidas com êxito.

A ideia é considerar o princípio da avaliação formativa, utilizado como


fundamento pedagógico na condução das avaliações dos estudantes.
Entende-se que a avaliação dos docentes e as devolutivas podem ter como
característica primordial o desenvolvimento do profissional por meio de
processos colaborativos, dialógicos, objetivos e dinâmicos. Tal proposta
envolve o resultado em avaliações externas, o desempenho em projetos e
atividades da escola e, por fim, mas não menos importante, o relacionamento
com estudantes e colegas de trabalho.

Resumindo

Tratamos das devolutivas pedagógicas em duas dimensões básicas: os


resultados disponibilizados para docentes e para a equipe gestora com relação
ao desempenho dos estudantes e a devolutiva, ou feedback, dedicada
especificamente aos docentes e conduzida pela equipe gestora, no sentido de
identificar pontos fortes e a necessidade de ações de melhoria, visando ao
desenvolvimento contínuo do profissional. No primeiro aspecto, ressaltou-se o
uso da plataforma Sisedu como grande aliada das gestoras e dos gestores na
interlocução com a equipe pedagógica a partir de dados objetivos obtidos nas
avaliações. Para tanto, destacou-se a importância de cada gestor se apropriar
da estrutura geral da plataforma, assumindo assim o papel de orientador da
interlocução com a equipe pedagógica em propostas e análises colaborativas
acerca do tema. Sobre o segundo aspecto, destacamos a perspectiva formativa
das devolutivas, as quais devem servir como norteadoras dedicadas ao
aprimoramento das atividades e relações estabelecidas no âmbito escolar.
Trata-se do momento de compartilhar a análise sobre o desempenho das
professoras e dos professores, indicar pontos de melhoria e reconhecer os
esforços e as práticas que tenham resultado em aprendizagem efetiva dos
estudantes. Sendo assim, e por se tratar de uma função complexa a ser
avaliada, é necessário que parâmetros objetivos de análise sejam mensurados
e discutidos de forma colaborativa entre a equipe gestora e os profissionais
avaliados.

Mão na Massa

Acesse o texto 5 dicas para fazer uma boa devolutiva de observação em sala
de aula, disponível em:

https://gestaoescolar.org.br/conteudo/1771/blog-como-fazer-as-devolutivas-de-
observacao-em-sala-de-aula

O que você achou das sugestões? Como você costuma conduzir as


devolutivas de observação em sala de aula?

Faça a elaboração - ou reelaboração, se for o caso - de critérios objetivos para


a observação em sala de aula.

Sugerimos que a atividade seja realizada de maneira conjunta entre a direção e


a coordenação de uma mesma escola.

Você pode iniciar com uma sessão de brainstorming (tempestade mental),


seguir com a seleção e a filtragem de ideias e finalizar com a ordenação de
pontos de atenção, passíveis de mensuração. Trata-se de um exercício
interessante, não somente por produzir ferramentas de melhoria do trabalho,
mas também por aprofundar a interação entre as pessoas.

Então, vamos lá! Mão na massa!


3. Destaques sobre o uso das avaliações no contexto escolar

Superar os limites do treinamento em simulados

As avaliações externas têm como finalidade básica o diagnóstico de


características estruturais no contexto da educação. Elas identificam, assim,
defasagens, pontos de atenção, detalhamentos sobre a desigualdade
socioeconômica, entre outros indicativos essenciais para a orientação de
políticas públicas. Nesse sentido, os dados obtidos pelas avaliações externas
são um meio de enriquecer o processo pedagógico, de oferecer subsídios
acerca do que pode ser melhorado para garantir a aprendizagem efetiva dos
estudantes.

Entretanto, a escola, em articulação com a Secretaria de Educação, deve


construir o projeto político-pedagógico de forma ampla, sem se limitar aos
indicadores. Nesse projeto, as competências essenciais previstas para ser
desenvolvidas pelos estudantes ao longo do processo formativo são verificadas
pelos diversos ângulos disponíveis, os dados externos e internos, as
avaliações diagnósticas, somativas, e, sobretudo, a perspectiva formativa da
avaliação.

A grande vantagem das avaliações externas é a ampliação da perspectiva


sobre a escola, na medida em que os dados podem ser comparados com os
resultados obtidos por outras escolas da região, ou mesmo de outras regiões
do país. É preciso, contudo, que a análise leve em consideração a diversidade
de fatores implicados e as particularidades em cada contexto, assim como os
aspectos formativos que não são contemplados nesse tipo de avaliação.

Sendo assim, reduzir o cotidiano escolar ao objetivo único de obter bons


resultados nos índices gerais pode significar não apenas uma visão distorcida
sobre a realidade, mas também a redução da experiência formativa e das
potencialidades dos processos educativos.

Alinhar as expectativas de aprendizagem

Sabemos que o processo formativo, de acordo com a perspectiva de uma


educação integral, envolve um conjunto de competências essenciais a serem
desenvolvidas. Entretanto, a experiência pedagógica precisa ser constituída de
forma organizada em meio às expectativas de aprendizagem, sem que uma se
sobreponha à outra e se perca a clareza da intencionalidade em cada ação.

É relativamente comum que, na equipe pedagógica, se encontrem profissionais


com diferentes formações, referenciais teóricos e formas de conceber o
processo de ensino e aprendizagem. Dessa forma, é possível identificar, na
mesma escola ou equipe de uma série específica, diversas perspectivas sobre
a escolha de objetivos de aprendizagem, procedimentos ou conteúdos
essenciais.

Diante desse fato, destaca-se a necessidade de diálogo efetivo. Isso inclui


reuniões dedicadas ao alinhamento de processos e expectativas em todos os
níveis, por área, série e segmento, e, em última análise, envolvendo toda a
comunidade escolar. É preciso obviamente especificar o alcance de
detalhamento em cada nível de diálogo. Num encontro, podem ser discutidas
questões particulares a determinada área de conhecimento e, em outro, a
linguagem precisará ser acessível a todos, independentemente da formação ou
da atividade desempenhada por cada um.

Sendo assim, os gestores atuam como articuladores ou mediadores nesse


processo de alinhamento. Eles identificam as diversas matrizes de referência
que são especificadas no debate entre docentes e demais atores que
compõem a comunidade escolar e propõem a harmonização de tais
particularidades com as demandas externas e os norteadores comuns. Diante
dessa complexidade, é importante, portanto, ter clareza sobre o que são os
direitos de aprendizagem, as competências essenciais e as expectativas
básicas em cada nível para, então, dialogar com eficiência, respeitando a
diversidade de perspectivas.

Ultrapassar o uso superficial de dados externos

As notas obtidas em avaliações externas podem significar, dependendo da


leitura realizada, um ponto de inflexão importante no direcionamento
pedagógico. Para tanto, a análise dos gestores não pode se concentrar,
unicamente, nas médias obtidas pelas turmas em comparação com outras
escolas ou em relação aos anos anteriores. É preciso propor o detalhamento
dos resultados dentro de cada contexto e a reflexão crítica sobre eles. Em que
medida as notas evoluíram? As melhorias nos porcentuais são referentes ao
aproveitamento dos estudantes que tinham baixo rendimento, ou rendimento
regular? O que isso significa para nós? Que tipo de ação devemos construir
diante desses resultados? Quais elementos do contexto de cada turma, ou dos
estudantes, podem estar interferindo na aprendizagem ou nos resultados das
avaliações?

As escolas, de modo geral, são compostas de um público diverso, oriundo de


realidades distintas e com desempenhos variados. As metodologias de
avaliação visam promover o desenvolvimento de competências básicas, as
quais porventura não tenham sido desenvolvidas adequadamente nas etapas
anteriores de escolarização. Dessa forma, as notas obtidas em avaliações
externas e em processos internos não se destinam a reforçar a discriminação
ou a competividade entre escolas e estudantes. Em outro sentido, é importante
romper com mecanismos de culpabilização e utilizar a identificação de
dificuldades intrínsecas na proposição de melhorias, em ações mais precisas
sobre aquilo que é necessário aprimorar na experiência formativa.

Por fim, é interessante destacar o uso equivocado dos índices obtidos em


avaliações externas, quando se reduzem à propaganda sobre o desempenho
da escola, como forma de destacá-la em determinada região ou rede de
ensino. Certamente são legítimos a comemoração pelo resultado obtido por
meio do esforço coletivo e o reconhecimento público pelas melhorias na
qualidade do trabalho. Entretanto, convém à equipe, intermediada pelos
gestores, ter clareza sobre os resultados e considerar toda a complexidade
envolvida no processo e não somente a pontuação obtida.

Resumindo

As avaliações externas são um importante subsídio para a equipe gestora, pois


oferecem resultados que podem situar a escola no cenário mais amplo, da
região e do país. É importante, entretanto, que o projeto político-pedagógico
contemple aspectos formativos que eventualmente não sejam identificados nas
avaliações em larga escala. A equipe gestora é responsável por intermediar as
diversas esferas e perspectivas contidas no interior da escola. Para tanto, é
preciso levar em consideração os parâmetros gerais que são norteadores dos
direitos e das expectativas básicas da educação e conduzir o diálogo no
sentido da construção colaborativa que perpassa os diversos níveis de atuação
intrínsecos à escola.

Dica de filme

O homem que mudou o jogo (2012)

O filme do diretor Bennett Miller, baseado em uma história real, traz a


adaptação do livro Moneyball: the art of winning an unfair game, no qual o
gestor de um clube pequeno de beisebol passa a utilizar dados estatísticos
para reorientar a equipe e atingir resultados muito além dos esperados.

Sugerimos o debate com as equipes gestora e pedagógica em torno dos temas


principais do filme. Por exemplo:

● Como a interpretação de resultados pode impactar a reelaboração de


metas?
● Como articular os dados estatísticos e o envolvimento com a equipe?
● Quais as vitórias que perseguimos no contexto escolar e como ajustar
as estratégias para atingi-las?

O que vimos neste tema

Chegamos ao final de mais um tema. Refletimos aqui sobre as avaliações


externas e sua relação com o planejamento interno das experiências
pedagógicas em cada escola.

Falamos sobre a importância de articular as dimensões externa e interna para


o diagnóstico mais preciso sobre os pontos fortes e as necessidades de
melhoria em cada realidade.

Ressaltamos o papel estratégico da equipe gestora na intermediação das


informações, na articulação da comunidade escolar e no direcionamento das
ações dedicadas ao uso dos dados para melhorar a experiência de
aprendizagem de nossos estudantes.

Por fim, discutimos sobre o processo de devolutivas pedagógicas direcionado


aos docentes e sua importância no contexto da melhoria na qualidade da
aprendizagem dos estudantes.

Esperamos que cada ponto destacado contribua para o aprimoramento das


boas práticas já desenvolvidas por você e sua equipe e que os resultados
positivos sejam ampliados com base em nossa experiência juntos.

Conte sempre com a gente!


Referências

BRASIL. Governo Federal. Base Nacional Comum Curricular. Ministério da


Educação. 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/.
Acesso em: 10 ago. 2021.

BRASIL. Governo Federal. Programa de apoio ao novo ensino médio –


Documento orientador. Brasília, 2018. Disponível em:
https://www.sed.sc.gov.br/documentos/ensino-medio/documentos-ensino-medio
/7260-mec-programa-de-apoio-ao-novo-ensino-medio-documento-orientador-da
-portaria-n-649-2018. Acesso em: 16 jun. 2021.

CEARÁ. Governo do Estado. Projeto político-pedagógico: Ensino Médio em


tempo integral na rede estadual do Ceará. Secretaria da Educação. 2020.
Disponível em:
https://www.seduc.ce.gov.br/wp-content/uploads/sites/37/2021/01/Projeto-Politic
o-Pedagogico-do-Ensino-Medio-em-Tempo-Integral-20200A-convertido.pdf.
Acesso em: 11 jun. 2021.

CEARÁ. Governo do Estado. Sistema online de avaliação, suporte e


acompanhamento educacional. In: VIII Congresso Brasileiro de Informática
na Educação (CBIE 2019). Anais dos Workshops do VIII Congresso Brasileiro
de Informática na Educação (WCBIE 2019). Disponível em:
https://www.google.com/url?q=https://br-ie.org/pub/index.php/wcbie/article/view/
9066/6610&sa=D&source=editors&ust=1628223783537000&usg=AOvVaw3VS
8VWRZahtS1ODLz7Fg6d . Acesso em: 04 ago. 2021.

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