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ISSN 1982-8632 AVALIAÇÃO EXTERNA E GESTÃO ESCOLAR: REFLEXÕES

SOBRE USOS DOS RESULTADOS


Revista
@mbienteeducação.
5(1): 70-82, jan/jun,
2012 Cristiane Machado1
cristiane13machado@yahoo.com.br

Resumo
Introdução: este artigo aborda e problematiza usos dos resultados de avaliações externas no
trabalho pedagógico para melhorar a qualidade do ensino por equipes da gestão escolar no
ensino fundamental. Explora as relações da avaliação externa e da gestão escolar com usos dos
resultados. Método: analisa dados de alunos de quatro escolas do ensino fundamental de uma
rede municipal de ensino do estado de são paulo para exemplificar possibilidades de usos de
resultados. Conclusões: conclui que, para efetivar as funções da gestão escolar, é necessário
evidenciar elementos da realidade escolar que estão disponíveis nos resultados das avaliações
externas e socializá-los com os profissionais da escola para edificar o trabalho coletivo na dire-
ção da concretização de uma escola pública democrática. Destaca a importância da escola não
esgotar a reflexão sobre sua realidade nas avaliações externas e buscar trilhar a trajetória da
avaliação institucional, contemplando a autoavaliação.
Palavras-chave: Gestão pedagógica da escola • Avaliação externa • Qualidade do ensino

Abstract

70 Introduction: This article discusses uses and results of external assessments in educational
work to improve the quality of education by school management teams of elementary schools.
It explores the relationships of the external evaluation and the school management to use the
results. Method: It analyzes data from students in four elementary schools in the state of São
Paulo to illustrate possible uses of results. Conclusion: This article concludes that to accom-
plish the tasks of school management it is necessary to evidence the elements of a reality that
is available in the school results of external evaluations, and to socialize them with school pro-
fessionals to build the collective work toward the realization of a democratic public school. It
stresses the importance of schools not exhaust the reality in their reflection on external eva-
luations and seek to tread the path of institutional evaluation contemplating self-assessment.
Key Words: School, educational management • External evaluation • Quality of teaching

Avaliação externa
e gestão escolar:
reflexões sobre usos
dos resultados 1
 ocente do Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade do Vale do Sapucaí - Univás e Doutora
D
Machado C em Educação pela Faculdade de Educação da USP. Participa do GEPAVE (Grupo de Estudos e Pesquisas em
Avaliação Educacional) na Faculdade de Educação da USP.
Introdução na ou interna, quando o objetivo é a ISSN 1982-8632
obtenção de dados para elaborar pro-
Avaliação sempre foi um tema
postas de investimentos e ações para
candente entre os pesquisadores e os
a melhoria da qualidade da educação. Revista
profissionais da educação. Durante
Avaliar é um processo que pode ter @mbienteeducação.
muito tempo o foco dos debates privi- 5(1): 70-82, jan/jun,
como integrante o levantamento siste-
legiou a avaliação que é feita dentro da 2012
mático de informações dos alunos em
escola, a avaliação da aprendizagem.
testes padronizados, mas não se esgo-
No entanto, mais recentemente, a par-
ta nele. A análise dos dados obtidos, a
tir de 1990, ganhou relevância nas
produção de juízos de valor sobre eles
discussões a avaliação externa, que é
e a utilização dos resultados alcança-
aquela gestada fora do ambiente esco-
dos na proposição e direcionamento de
lar.
ações são etapas indissociáveis do ato
Fatores diversos impulsionaram de avaliar.
esse movimento, dentre eles as ini-
No caso das redes públicas de en-
ciativas do governo federal de criação
sino, urge repercutir os resultados das
do Sistema de Avaliação da Educação
avaliações externas de forma a ala-
Básica (Saeb), em 1990, do Exame
vancar o desenvolvimento de proces-
Nacional de Cursos (ENC), em 1995
sos subsequentes por parte de profes-
e do Exame Nacional do Ensino Mé-
sores e equipes gestoras de unidades
dio (Enem), em 1998 tiveram, sem
educacionais, configurando impactos
dúvida, um papel preponderante. Na
desejáveis na escola.
esteira do governo federal alguns go-
vernos estaduais amplificaram esse
O reconhecimento da valorização
movimento com a criação de seus pró-
da etapa inicial da avaliação, o levan-
prios sistemas de avaliação do ensino
tamento, coleta e sistematização de
fundamental, como os pioneiros Cea- 71
informações, em detrimento do estí-
rá (1992), Minas Gerais (1992) e São
mulo e elucidação para a apropriação
Paulo (1996).
das etapas seguintes do processo ava-
liativo ensejaram este artigo. Nele são
O objetivo de fornecer informa-
abordados e problematizados usos dos
ções sobre o desempenho e resultados
resultados de avaliações externas por
dos sistemas educativos para gestores
equipes de gestão escolar de escolas de
educacionais e de ensino, famílias e so-
ensino fundamental, na perspectiva
ciedade aparece, dentre outros, como
de sua utilização no trabalho pedagó-
principal justificativa nos documentos
gico, visando à melhoria da qualidade
oficiais de criação das avaliações ex-
do ensino. São tomados para análise
ternas (Brasil, 1994), expressando a
alguns dados de alunos de quatro es-
importância do levantamento e coleta
colas do ensino fundamental de uma
de dados para subsidiar as ações nos
rede municipal de ensino do estado de
âmbitos da gestão da política educa-
São Paulo. Antecedendo o estudo des-
cional. De modo geral, tais avaliações
ses dados, busca-se explorar relações
concentraram-se em torno da aplica-
da avaliação externa e da gestão esco-
ção de testes para a aferição de compe-
lar com usos dos resultados.
tências e habilidades em língua portu-
guesa e matemática, para obtenção de
Sobre avaliação externa
seus resultados.
Avaliação externa é todo processo
Em que pese sua relevância para
avaliativo do desempenho das escolas Avaliação externa
os processos educacionais, sistema- e gestão escolar:
desencadeado e operacionalizado por
tizar informações sobre os sistemas reflexões sobre usos
sujeitos alheios ao cotidiano escolar. dos resultados
educativos é insuficiente para a cons-
Existem vários arranjos possíveis na
tituição de uma avaliação, seja exter- Machado C
organização dos processos das ava-
ISSN 1982-8632 liações externas e, em algumas expe- tura, e em matemática, com foco na
riências e/ou etapas2, a participação resolução de problemas (Inep, 2012). O
de profissionais das escolas avaliadas diferencial - e aqui está a inflexão - é
Revista pode ser contemplada, mas a decisão o tipo de avaliação, que é amostral na
@mbienteeducação. de implementar uma avaliação do de- Aneb (alguns alunos das séries ava-
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sempenho das escolas é sempre exter- liadas fazem a prova) e censitária na
na a elas. Prova Brasil (todos os alunos das sé-
ries avaliadas fazem a prova).
Comumente, é também uma ava-
liação em larga escala, abrange contin- Corolário desse diferencial, que
gente considerável de participantes e também contribuiu para essa inflexão,
pode fornecer subsídios para diversas é a geração e divulgação dos resultados
ações e políticas educacionais. Para dos desempenhos na avaliação da Pro-
Freitas (2009, p. 47), essa avaliação va Brasil por município e escola, além
dos dados já produzidos pelo Saeb (re-
é um instrumento de acompanha- sultados dos desempenhos do Brasil,
mento global de redes de ensino com regiões e unidades da Federação), que
o objetivo de traçar séries históricas não possibilitava a identificação de
do desempenho dos sistemas, que
municípios e/ou escolas nos dados dis-
permitam verificar tendências ao
longo do tempo, com a finalidade de ponibilizados pelo INEP. Nas palavras
reorientar políticas públicas. de Sousa e Lopes (2010, p. 55):

Fortalecida e ampliada no contex- A avaliação amostral, com a qual as


escolas e até mesmo os municípios
to das reformas educativas dos anos
nunca se identificaram, somada à ne-
1990 (Oliveira, 2000), a avaliação ex- cessidade de fazer da avaliação um
terna vem, cada vez mais, adquirindo instrumento de gestão para/das uni-
centralidade na formulação das políti- dades escolares levou à proposição da
72
cas educacionais em vários níveis (Vi- Prova Brasil, cujos resultados estão
anna, 2003). No caso da educação bási- disponíveis para cada uma das redes
ca, a avaliação externa vem, também, e para cada escola.
paulatinamente ultrapassando as cer-
canias das escolas, estreitando a dis- Nesse sentido, dados sobre os de-
tância entre o avaliador (governo) e o sempenhos das escolas e dos muni-
avaliado (escola) e produzindo referen- cípios, com foco nas habilidades dos
ciais nacionais de qualidade de ensino. alunos em língua portuguesa e ma-
temática, que antes ficavam restritos
Inflexão significativa nesse senti- aos muros escolares se tornaram pú-
do foi a criação da Avaliação Nacional blicos. A relação entre governo federal
do Rendimento Escolar – Anresc, tam- e escolas foi estreitada com a disponi-
bém conhecida como Prova Brasil. In- bilização de recursos suplementares
corporada ao Saeb em 2005, essa ava- para aquelas que não atingiram a mé-
liação passou a compor, juntamente dia nacional. “O MEC ofereceu apoio
com a Avaliação Nacional da Educação técnico ou financeiro aos municípios
Básica – Aneb, o Sistema Nacional de com índices insuficientes de qualidade
Avaliação da Educação Básica. de ensino” (Brasil, 2012).

Aplicadas a cada dois anos, as A criação da Prova Brasil abriu a


duas avaliações se complementam e possibilidade para que o governo fede-
possuem semelhanças e diferenças ral criasse, em 2007, o Ideb – Índice
Avaliação externa
e gestão escolar: entre si. Podemos destacar como se- de Desenvolvimento da Educação Bá-
reflexões sobre usos melhança as provas, que são pautadas sica, a partir da agregação dos dados
dos resultados
na aferição das habilidades dos alunos obtidos nas avaliações com os dados
Machado C em língua portuguesa, com foco na lei- das taxas de aprovação já existentes
no Censo Escolar, com o objetivo de rito da burocracia educacional; neces- ISSN 1982-8632
torná-lo “um indicador de qualidade sita integrar-se ao processo de trans-
educacional” (Inep, 2007, p. 06). Na in- formação do ensino/aprendizagem e
ternet estão disponíveis os dados refe- contribuir, desse modo, ativamente,
Revista
para o processo de transformação dos
rentes às aferições do Ideb dos anos de @mbienteeducação.
educandos. 5(1): 70-82, jan/jun,
2005, 2007 e 2009. Os dados da última 2012
aferição, levantados em 2011, ainda Refletir sobre como as escolas
não foram divulgados. vêm, ou não, analisando e utilizando
os resultados das suas práticas conso-
As informações coletadas e di-
lidados na Prova Brasil e no Ideb e es-
vulgadas pelo INEP são ferramentas
timular a apropriação competente do
imprescindíveis para a gestão da edu-
uso dos resultados por parte dos pro-
cação nacional, porém só fazem sen-
fissionais da escola são condições para
tido quando desencadeiam as outras
assegurar a melhoria da qualidade das
etapas necessárias para a efetivação
escolas.
da avaliação externa: a interpretação
dos dados e o uso dos resultados no Sobre gestão escolar
trabalho das escolas. Como afirmou
Sousa (2012), ao conceder entrevista O conceito de gestão escolar foi
sobre avaliação da aprendizagem aos introduzido na educação no período
profissionais de uma rede pública do da redemocratização política nos anos
estado de São Paulo: “o problema não 1980. Tem suas origens no conceito de
é a prova, o problema é o que se faz com “administração escolar”, significando
os resultados da prova”. também, de modo geral, “utilização ra-
cional dos recursos para a realização
Temos observado, frequentemen- de fins” (Paro, 2000, p. 123).
te, a utilização dos resultados das
avaliações externas na produção e di- 73
Freitas, (2007 p. 502) aponta que
vulgação de rankings que classificam o conceito de gestão escolar surgiu no
as escolas e estimulam a competição momento de crítica ao “caráter conser-
entre elas na busca por melhores re- vador e autoritário” da administração
sultados. Nesse sentido, subjaz a equi- escolar para evidenciar “seu compro-
vocada transposição da “lógica da eco- misso com a transformação social e
nomia de mercado” para a educação com a democratização do ensino e da
pública, na qual a competição induz escola”.
qualidade. Avaliar as escolas com esse
objetivo não impulsiona a “democrati- Distinto, embora complementar,
zação” da educação pública e sim o seu do conceito de gestão educacional, ges-
“desmonte” (Sousa, 1997, p. 281). tão escolar diz respeito à organização
das unidades educacionais, das esco-
Para além dos rankings, os pro- las, enquanto gestão educacional refe-
cessos avaliativos externos devem ser- re-se à gestão dos sistemas educacio-
vir ao propósito de permitir as revisões nais em todos os níveis. Vieira (2007,
necessárias no trabalho desenvolvido p. 61) esclarece que gestão escolar nos
nas escolas e, para tanto, seus resul- remete à “abrangência dos estabeleci-
tados devem ser utilizados na análise mentos de ensino”, enquanto a gestão
coletiva da realidade escolar e no di- educacional se situa no “espaço das
recionamento de ações e alternativas ações de governo”.
para enfrentar as dificuldades vividas
no ensino-aprendizagem. Confirma Compõem a gestão escolar as fun- Avaliação externa
e gestão escolar:
Vianna (2005, p. 16) que: ções de direção e coordenação4. “Dirigir reflexões sobre usos
e coordenar são tarefas que canalizam dos resultados
A avaliação não é um valor em si e
o esforço coletivo das pessoas para os Machado C
não deve ficar restrita a um simples
ISSN 1982-8632 objetivos e metas estabelecidos”. O referem-se às “finalidades” da escola,
diretor, como o próprio nome sugere, as seguintes aos “meios” e a última à
“é o dirigente e principal responsável análise sobre “os objetivos e os resul-
Revista pela escola, tem a visão do conjunto, tados”.
@mbienteeducação. articula e integra os vários setores”. O
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coordenador “responde pela viabiliza- Os dados coletados e disponibili-
ção, integração e articulação do traba- zados pelo INEP, quando apropriados
lho pedagógico-didático em ligação di- pelo diretor e pelo coordenador da es-
reta com os professores, em função da cola, podem contribuir para a reflexão
qualidade do ensino” (Libâneo, 2004 p. sobre todas as áreas de atuação da ges-
215-219). Ao diretor, conforme Koetz tão escolar, mas devem, principalmen-
(2010, p. 166), cabe, ainda, te, servir à análise sobre a efetiva con-
dução da escola na realização da sua
procurar mecanismos que possibili- função social na sociedade democráti-
tem a superação dos obstáculos, mui- ca que, como dissemos anteriormente,
tos decorrentes da própria estrutura deve garantir o ensino-aprendizagem
e organização dos sistemas de ensino para todos os seus alunos.
e das unidades escolares, bem como
dos conflitos gerados pela diversida-
Cabe ressaltar que os resultados
de cultural existente no cotidiano es-
colar. obtidos na Prova Brasil e no Ideb po-
dem compor a avaliação institucional
Muitos são os desafios enfrenta- das escolas, mas esta não se esgota
dos pela escola e, consequentemente, naqueles. “A avaliação institucional é
pela gestão escolar. A valorosa, porém um processo de apropriação da escola
lenta, conquista de 98%3 das crianças pelos seus atores” Freitas, (2009, p.
de 07 a 14 anos no ensino fundamental 36) que, com certeza, não se resume
em 2009, impele a escola a enfrentar ao desempenho dos alunos em língua
74 portuguesa e matemática.
as mais variadas ordens de dificulda-
des para cumprir a sua função social
na sociedade democrática de garantir Usos dos resultados: estudos e
o ensino-aprendizagem para todos os possibilidades
seus alunos (Ipea, 2010). A produção de estudos e pesqui-
sas sobre o impacto dos usos dos re-
Nesse sentido, estabelecer priori-
sultados das avaliações externas no
dades, decidir ações, mediar soluções
trabalho pedagógico das escolas, es-
pedagógicas, ordenar problemas, apa-
pecialmente na área da gestão, é re-
ziguar conflitos, dentre outros, sem
lativamente recente6 (Barretto et al.,
perder de vista a “utopia”5 da educação
2001).
que desejamos, estão na pauta do coti-
diano da gestão escolar. Mais do que No âmbito dos sistemas educa-
nunca o foco na organização do traba- cionais, investigação conduzida por
lho é imperativo (Paro, 2008). Sousa e Oliveira, (2010, p. 813) so-
bre o delineamento de cinco siste-
Libâneo et al., (2006, p. 355-356)
mas estaduais de avaliação durante
sugerem seis áreas de atuação e orga-
os anos de 2005 a 2007, evidenciou
nização do trabalho da gestão escolar,
que o uso dos resultados “por parte
que devem ser tratadas de forma ar-
dos gestores é escasso ou inexisten-
ticulada entre si: 1) planejamento e
te”, e que os responsáveis pelas ini-
projeto político; 2) currículo; 3) ensino;
Avaliação externa ciativas reconhecem que “as escolas
4) práticas administrativas e pedagó-
e gestão escolar: têm dificuldade até mesmo de ler e
reflexões sobre usos gicas; 5) desenvolvimento profissional
dos resultados compreender os resultados produzi-
e 6) avaliação institucional e da apren-
dos”. Entretanto, oferecer subsídios
Machado C dizagem. Sendo que as três primeiras
para as decisões dos gestores apare-
ce como o escopo das avaliações em- ticas de avaliação na educação básica ISSN 1982-8632
preendidas. no cotidiano das escolas e concluiu que
84% dos gestores entrevistados afir-
Conclusão preocupante para ges- mam ter mudado suas práticas após a Revista
tores e pesquisadores, embora os es- implementação da Prova Brasil e, dos @mbienteeducação.
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tados analisados sejam pioneiros na professores entrevistados, 73% cor- 2012
criação de sistemas próprios de avalia- roboraram a afirmação dos gestores.
ção, ainda não conseguiram lograr êxi- Todavia, pondera a autora que os ges-
to na consecução do objetivo declarado. tores possuem uma preocupação com
No caso do Ceará, o começo dos anos o aumento do índice no Ideb e, nesse
1980 marca as experiências iniciais de sentido, desenvolvem “uma prática
implementação do sistema. voltada para resultados” e os profes-
sores planejam suas atividades con-
O trabalho coordenado por Werle siderando as questões solicitadas nas
(2010) contempla estudos e relatos de avaliações, mas não se percebe uma
pesquisas sobre avaliação na educação “mudança na concepção dos processos
básica, realizados em alguns municí- avaliativos” (Gewehr, 2010, p. 96).
pios do Rio Grande do Sul, no âmbito
da gestão de sistemas e das escolas. Em estudo com propósito similar,
Garcia investigou uma escola pública
Adentrando os muros das escolas, de uma cidade do interior paulista,
estudo de Adrião e Borghi (2008) des- buscando apreender como a equipe
tacou as características que podem ter gestora e os professores organizam
influenciado o desempenho diferencia- trabalho pedagógico, tendo em vista as
do no Saresp de uma escola pública do políticas de avaliação externa. Para a
interior de São Paulo. Constataram as pesquisadora, a equipe gestora inves-
autoras que os resultados da avaliação te e estimula o preparo e, até mesmo,
redimensionaram o projeto da escola, o “treino” para o Saresp, enquanto os 75
uniram o grupo em torno do objetivo professores canalizam esforços para
comum de melhorar o processo ensino- ensinar os alunos sem preocupação em
-aprendizagem, redefiniram as priori- focar o conteúdo das provas das ava-
dades da escola e impactaram nas prá- liações externas. Entretanto, adverte:
ticas dos professores, principalmente, “essa liberdade dos professores pode
em relação ao trabalho com alunos não ser caracterizada como uma auto-
com rendimento abaixo do esperado e nomia ou consciência crítica, revelan-
na construção conjunta das habilida- do, ao contrário, um desejo de não que-
des de leitura e escrita. Reconhecem rer participar ou, inclusive, falta de
que “para a escola o sistema de ava- profissionalismo” (Garcia, 2010, p. 86).
liação tem servido como mecanismo
de indução e alteração de práticas Mais próximo do foco desse artigo,
educativas no cotidiano”, mas ressal- estudo de Martins, (2010) teve o obje-
tam que, contraditoriamente, “dentre tivo de analisar como o coordenador
os professores entrevistados não há pedagógico da escola utiliza os resulta-
consenso sobre a pertinência da escola dos das avaliações externas para me-
em direcionar seu trabalho em função lhorar a qualidade do ensino. Foram
dos resultados no Saresp” (Adrião e entrevistados quatro profissionais de
Borghi, 2008, p. 91-92). escolas públicas de uma cidade do in-
terior paulista. O estudo evidenciou
Pesquisa desenvolvida por dificuldade na definição de avaliação
Gewehr (2010), em seis escolas públi- externa, na exposição clara da utiliza- Avaliação externa
e gestão escolar:
cas de uma cidade do interior do Pa- ção dos resultados da escola e no di- reflexões sobre usos
raná, analisou o “olhar” de gestores e recionamento do trabalho pedagógico dos resultados
professores sobre o impacto das polí- para a melhoria da qualidade do ensi- Machado C
ISSN 1982-8632 no, por parte dos coordenadores. Não Quadro 1 – Ideb – Rede Municipal e
houve explicitação do trabalho que é Escolas
desenvolvido com os professores a par-
tir da avaliação externa e nem sobre Rede e Ideb Ideb Ideb
Revista
@mbienteeducação. como é feita a formação em serviço Escolas 2005 2007 2009
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desses profissionais que estão sob res- Rede 4,2 4,5 4,8
ponsabilidade do coordenador. Lirio 4,3 4,3 4,8
Rosa 3,6 4,3 4,6
Atentando para a amostra utili-
zada por Martins (2010) vemos que, Tulipa 4,2 5,3 4,6
dos quatro profissionais entrevista- Cravo 4,7 4,7 4,5
dos, três desempenham a função de Fonte: INEP
coordenador há mais de quinze anos, o
que reforça nossa preocupação já esbo- objetivo de examinar possibilidades de
çada. Espera-se que o profissional da usos pela gestão escolar, dessa forma
educação consiga maior apropriação desconsideramos os dados utilizados
das questões do cotidiano educacional, para efeito da composição da fórmula
à medida que sua inserção na escola que calcula o Ideb (Inep, 2007).
e tempo de experiência aumentam, o
que parece não ocorrer nesse caso. A comparação do comportamen-
to da escola nas três aferições do Ideb
As pesquisas e estudos menciona- com os dados da rede permite analisar
dos convergem para fortalecer a pre- e relacionar a proximidade, distância
mência de uma reflexão profunda e e/ou os dois movimentos da instituição
ampla sobre o significado de uso dos com a trajetória da média do conjunto
resultados da avaliação externa, que das escolas do sistema. É importante
não pode se resumir na busca por me- buscar localizar quais políticas educa-
76 lhores resultados. Usar os resultados cionais foram implantadas ou cessa-
das avaliações é colocar os dados ob- das que possam ter contribuído com as
tidos no alicerce da construção de no- mudanças observadas nos resultados
vas oportunidades de ensinar todos os finais obtidos.
alunos.
Embora seja dada muita visibili-
São muitas as possibilidades ana- dade para o Ideb, principalmente pe-
líticas de usos dos resultados pela los órgãos de imprensa que publicam
gestão escolar dos dados do Ideb dis- rankings à exaustão, como se esse
ponibilizados pelo INEP na internet. fosse o objetivo último do sistema de
Vejamos exemplos dos anos iniciais do avaliação, para a escola o Ideb deve
ensino fundamental de uma rede mu- ser visto como objetivo primeiro e a
nicipal de uma cidade do interior do partir do movimento que ele expressa
estado de São Paulo e de quatro das precisa aprofundar as reflexões sobre
suas escolas. Os nomes foram altera- os indicadores que o produziram: de-
dos e os quadros apresentados têm o sempenho dos alunos na Prova Brasil

Quadro 2 – Prova Brasil – Níveis de Desempenho das Escolas em Matemática e Língua


Portuguesa
Prova Brasil 2005 Prova Brasil 2007 Prova Brasil 2009
Escolas
M. Nível L. P. Nível M. Nível L. P. Nível M. Nível L. P. Nível
Avaliação externa Lirio 170,98 2 169,10 2 177,15 3 161,43 2 197,25 3 176,96 3
e gestão escolar: Rosa 160,80 2 156,19 2 182,75 3 163,78 2 185,68 3 170,24 2
reflexões sobre usos
Tulipa 174,26 2 172,29 2 204,04 4 189,43 3 189,39 3 166,26 2
dos resultados
Cravo 189,08 3 179,49 3 188,84 3 170,25 2 186,38 3 168,42 2
Machado C
Fonte: INEP
Quadro 3 – Taxas de Aprovação das Escolas ISSN 1982-8632
Esco- Aprovação 2005 Aprovação 2007 Aprovação 2009
las 1ª 2ª 3ª 4ª SI 1ª 2ª 3ª 4ª SI 1ª 2ª 3ª 4ª
Lirio 100,0 100,0 100,0 95,9 100,0 100,0 100,0 100,0 97,7 100,0 98,7 100,0 100,0 90,9 Revista
Rosa 95,5 92,6 99,7 88,2 100,0 90,7 100,0 100,0 98,9 99,4 99,3 99,3 100,0 97,7 @mbienteeducação.
5(1): 70-82, jan/jun,
T u l i - 91,6 91,1 96,6 96,8 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
2012
pa
C r a - 100,0 99,5 98,8 94,6 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 99,3 100,0 98,6 93,8
vo
Fonte: INEP

e taxas de aprovação. ensino-aprendizagem.

O desempenho dos alunos do úl- Em todos os casos, é indispensável


timo ano da primeira etapa do ensino que a gestão escolar paute as reuniões
fundamental em matemática (resolu- pedagógicas para provocar os profis-
ção de problemas) e língua portuguesa sionais da escola, principalmente os
(leitura) está disponibilizado no site professores, no sentido de estabele-
do INEP. É descrito em “níveis de de- cer uma reflexão acerca dos possíveis
sempenho”. Em matemática vão desde fatores que explicam a dinâmica do
nível 0 - com pontuação abaixo de 125 desempenho dos alunos nas três afe-
- até nível 12- com pontuação de 400 a rições. É uma interpretação pretérita.
425. Em língua portuguesa vão de ní- Não há mais condições de ensinar o
vel 0 - com pontuação abaixo de 125 que os alunos não aprenderam porque
- até nível 9 - com pontuação de 325 a eles, em muitos casos, não são mais
350. Cada nível corresponde a um con- alunos da escola, mas é possível recon-
junto de habilidades dominadas (Bra- siderar procedimentos, rever métodos
sil, 2012). e alterar projetos. Como é um exercício
sobre o que “foi” trabalhado, retomar 77
Observando o desempenho médio registros, anotações, atas e documen-
dos alunos, vemos que a Escola Tulipa tos é essencial. Nesse sentido, “esta-
obteve maior êxito em matemática e mos concebendo as reuniões pedagó-
em língua portuguesa em 2007 e, em gicas como espaço de reflexão crítica,
2009, não conseguiu manter o mesmo coletiva e constante sobre a prática de
resultado. A Escola Cravo teve melhor sala de aula e da instituição” (Vascon-
desempenho em língua portuguesa em cellos, 2009, p. 120).
2005 do que em 2007 e 2009. As Esco-
las Lírio e Rosa têm conseguido alguns As taxas de aprovação, descritas
modestos avanços nas aferições, signi- no Quadro 3, juntamente com os resul-
ficando uma tendência de melhoria do tados da Prova Brasil, compõem o Ideb
Quadro 4– Distribuição, em percentagens, dos alunos dos anos iniciais de ensino funda-
mental em Matemática - Escola Tulipa

Nível Pontos na Escala Percentual (%) 2005 Percentual (%) 2007 Percentual (%) 2009
Nível 8 300 a 325 0,0 0,0 1,0
Nível 7 275 a 300 0,0 4,4 2,8
Nível 6 250 a 275 1,19 7,4 5,6
Nível 5 225 a 250 8,33 16,2 8,4
Nível 4 200 a 225 14,29 23,5 18,7
Nível 3 175 a 200 22,62 25,0 27,1
Avaliação externa
Nível 2 150 a 175 27,38 17,6 18,7 e gestão escolar:
Nível 1 125 a 150 19,05 4,4 11,2 reflexões sobre usos
dos resultados
Nível 0 125 ou menos 7,14 1,5 6,5
Machado C
Fonte: INEP
ISSN 1982-8632 e devem ser cotejadas com os desempe- com os professores, sobre os fatores
nhos dos alunos. Alcançar bons resul- que podem estar associados a essa di-
tados em detrimento da reprovação de versidade de distribuição em níveis de
Revista muitos alunos não pode ser visto como desempenho de um mesmo grupo de
@mbienteeducação. sucesso pelas escolas. Nesse sentido, é alunos que, teoricamente, é submetido
5(1): 70-82, jan/jun,
2012
fundamental a apreciação da dinâmi- ao estudo de um mesmo conteúdo, é
ca das taxas de aprovação das escolas imprescindível. A pesquisa de Franco
em cada série/ano à luz dos desempe- et al., (2007, p. 277) sobre “qualidade e
nhos dos alunos para o desvelamento equidade em educação”, que investiga
das práticas subjacentes a elas. “características escolares promotoras
de eficácia e de equidade intraescolar”,
Algum tempo depois da divulga- pode contribuir com esse desafio.
ção dos resultados do Ideb7, dos dados
da Prova Brasil e das Taxas de Apro- O boletim permite, também, in-
vação, o INEP divulga os boletins com tensificar o estudo dos níveis de de-
os dados consolidados por escola (Bra- sempenho dos alunos. No caso da Es-
sil, 2012). Neles, é possível visualizar cola Tulipa, em matemática, embora a
a distribuição dos alunos da escola nos média esteja concentrada no nível três,
níveis de desempenho alcançados. conforme Quadro 2, uma análise mais
acurada nos dados do Quadro 4, reve-
Na Escola Tulipa, por exemplo, la que a percentagem de alunos que
em matemática, os alunos estão dis- estão abaixo da média é maior do que
tribuídos em mais níveis de desempe- aqueles que estão na média. Enquanto
nho a cada aferição da Prova Brasil, 27,1% dos alunos estão no nível três, os
conforme demonstra o Quadro 4. Os níveis 0, 1 e 2 somados abarcam 36,4%
alunos que estavam no último ano do destes. Considerar apenas a média da
ensino fundamental em 2005 se con- escola no nível de desempenho pode
78 centraram em sete níveis de desempe- escamotear a desoladora realidade de
nho; em 2007 esse número subiu para uma escola que não consegue ensinar
oito e em 2009 para nove. Em que pese a todos os seus alunos.
a análise positiva de que, a cada aferi-
ção, alguns poucos alunos estão apren- Observando os dados do Quadro
dendo mais matemática, é relevante o 5, que retrata a distribuição dos alu-
destaque para a falta de equidade na nos da Escola Tulipa, em língua por-
aprendizagem dos alunos. Nesse sen- tuguesa, vemos a mesma diversidade
tido, uma investigação criteriosa, por de distribuição nos níveis de desempe-
parte da gestão escolar em conjunto nho, com exceção da aferição de 2007,

Quadro 5– D
 istribuição, em percentagens, dos alunos dos anos iniciais de ensino funda-
mental em Língua Portuguesa - Escola Tulipa

Nível Pontos na Escala Percentual (%) Percentual (%) Percentual (%)


2005 2007 2009
Nível 8 300 a 325 0,00 0,0 1,0
Nível 7 275 a 300 1,19 0,0 0,0
Nível 6 250 a 275 0,00 2,9 0,9
Nível 5 225 a 250 5,95 8,8 7,5
Nível 4 200 a 225 14,29 25,0 7,4
Nível 3 175 a 200 23,81 32,4 21,3
Avaliação externa
Nível 2 150 a 175 21,43 20,6 24,0
e gestão escolar:
reflexões sobre usos Nível 1 125 a 150 20,24 10,3 25,9
dos resultados
Nível 0 125 ou menos 11,90 0,0 12,0
Machado C Fonte: INEP
que registra uma diversidade menor, dos e disponibilizados pela avaliação ISSN 1982-8632
seis níveis, enquanto em 2005 foram externa, que a gestão escolar pode
sete e, em 2009, oito. Outro destaque empreender nas reuniões pedagógicas
importante para esse ano é o fato de e no cotidiano da escola para lançar Revista
a escola não inscrever algum aluno no luzes sobre o trabalho que é realizado @mbienteeducação.
5(1): 70-82, jan/jun,
nível 0, fato que, infelizmente, voltou com o objetivo de avaliá-lo e, a partir 2012
a se repetir em 2009. Mais uma vez é desse movimento, estabelecer as prio-
urgente a investigação sobre os fatores ridades para a continuidade das ações
que podem ser associados a esses re- coletivas da escola na constante busca
sultados. da melhoria da sua qualidade.

Situações como: rotatividade de Efetivar as funções da gestão es-


professores e/ou alunos, mudanças na colar, de direção e coordenação, signi-
gestão, ausência de clareza, por parte fica evidenciar elementos da realidade
dos profissionais, do projeto pedagógi- escolar e socializá-los com os profissio-
co e das metas da escola, insistência nais da escola para edificar o trabalho
no desenvolvimento de metodologias coletivo na direção da concretização de
repetitivas, conteúdos voltados para o uma escola pública democrática que,
aluno ideal e não real, alterações drás- além de ser para todos, também en-
ticas na organização do cotidiano esco- sina a todos. Nesse sentido, assertivi-
lar, como a implantação do ensino fun- dade e clareza na definição da escola
damental de nove anos, por exemplo, que queremos e no ser humano que
podem ser elementos desencadeadores vislumbramos formar devem ser a es-
dos resultados da escola. sência da atuação da gestão escolar e o
horizonte da sua organização.
Assim como ocorre em matemáti-
ca, a equipe escolar não pode deter sua As avaliações externas, especial-
análise somente na média do desempe- mente a Prova Brasil como examinada 79
nho dos alunos em língua portuguesa. aqui, fornecem dados que, se apropria-
Pois, enquanto a média, em 2009, ficou dos de forma consistente, podem revi-
no nível dois, temos uma percentagem gorar os contornos da escola pública
maior de alunos no nível um. Nesse que realiza a sua função social na so-
nível encontramos 25,9% dos alunos e ciedade democrática de garantir o en-
naquele 24%. Embora a escola tenha sino-aprendizagem para todos os seus
tido uma percentagem significativa de alunos. Porém, a avaliação da escola
alunos no nível três, que garantiu a e a reflexão sobre sua realidade não
média dois à escola, não se pode des- podem se esgotar nelas, que podem
prezar o contingente que ficou abaixo ser tomadas como o ponto de partida
da média, somados níveis zero e um para a trajetória da escola rumo à sua
temos 37,9% dos alunos. avaliação institucional, que não pode
prescindir de uma autoavaliação.
Análises e estudos exploratórios
sobre os resultados da escola, a partir Utilizar os resultados das avalia-
do cotejamento dos dados desagrega- ções externas significa compreendê-los
dos do Ideb com as práticas pedagógi- não como um fim em si mesmos, mas
cas desenvolvidas, podem fazer a dife- sim como possibilidade de associá-
rença para a escola cumprir seu papel -los às transformações necessárias no
de ensinar todos os seus alunos. sentido de fortalecer a escola pública
democrática, que é aquela que se or-
Essas são algumas possibilidades ganiza para garantir a aprendizagem Avaliação externa
e gestão escolar:
reflexivas, com base nos dados gera- de todos. reflexões sobre usos
dos resultados
Machado C
ISSN 1982-8632 Notas explicativas
2
 Secretaria de Educação do Estado de São Paulo tem utilizado o currículo oficial da educação básica de São
A
Paulo que foi consolidado “com ampla participação dos professores”, como matriz de referência do SARESP
Revista (SÃO PAULO, 2009).
@mbienteeducação.
3
Vários são os arranjos que os sistemas adotam na composição da gestão escolar. Em alguns casos, além de
5(1): 70-82, jan/jun, diretor e coordenador, temos as funções de vice-diretor e orientador. Em outros, como uma rede municipal do
2012 interior de Minas Gerais, ainda temos a função de supervisor que fica nas escolas e, portanto, também compõe
a gestão escolar.
4
Dados do IPEA (2010) revelam que em 1992 86,6 % das crianças de 07 a 14 anos estavam na escola, em 2009
atingimos 98% desse contingente.
5
Referência ao trabalho de Paro (2008, p. 09) no qual o autor diz que “utopia”, embora signifique lugar que não
existe, não quer dizer que não possa existir nunca, podendo, portanto, se colocar como algo “desejável”.
6
Evidência dessa afirmação pode ser encontrada em Barreto et al, (2010), que analisam 217 artigos produzidos
no período de 1990 a 1998 publicados em 10 periódicos. Avaliação de sistema é um dos agrupamentos feitos
pelas autoras, com os temas: conceitos e contextualização, estudos pioneiros, Saeb e avaliação em Minas Gerais
e São Paulo. Não há, nessa pesquisa, referência de artigos sobre usos dos resultados.
7
O Ideb juntamente com os dados da Prova Brasil e as Taxas de Aprovação, foram divulgados em julho de 2010.
Os boletins foram disponibilizados somente em agosto de 2011.

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Recebido em fevereiro 2012

Aceito em março 2012

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Avaliação externa
e gestão escolar:
reflexões sobre usos
dos resultados
Machado C

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