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A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO

DIAGNÓSTICA

Rafaela Pereira Cerqueira

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo identificar a importância da avaliação


diagnóstica, que é uma das funções do processo avaliativo. Para isso, apresenta-se uma
pesquisa sobre as funções avaliativas, a saber, diagnóstica, formativa e somativa. Com
destaque para a avaliação diagnóstica - avaliação feita antes do conteúdo ser trabalhado
-, apresenta-se que a mesma é uma porta aberta para os professores da educação básica,
pois permite que o profissional tenha uma visão mais ampla do que precisa ser
reforçado, do quanto os estudantes já sabem e dominam o conteúdo a ser trabalhado,
permitindo assim, que o professor possa elaborar materiais apropriados para sulear o seu
trabalho dentro da turma trabalhada. Concluindo com o seu papel e importância para o
processo de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Educação; Avaliação; Diagnóstica

INTRODUÇÃO

A avaliação é de fundamental importância no âmbito educacional, é por meio


dela que o professor e o estudante conseguem visualizar o nível de conhecimento obtido
pelo aluno durante o período trabalhado, como o conhecimento está sendo assimilado,
além de possibilitar alívio para os estudantes e responsáveis que estão preocupados com
a tão sonhada aprovação.
Por ter um papel tão importante, a avaliação escolar não pode ser feita de uma
maneira qualquer, por isso dentre as suas funções estão três grandes que contribuem de
forma significativa para o desenvolvimento avaliativo, são elas: a avaliação diagnóstica,
avaliação que deve ser feita antes do processo de ensino-aprendizagem, a avaliação
formativa, que é feita durante o processo e a avaliação somativa que é feita ao final,
funções estás que serão destrinchadas com mais detalhes durante o desenvolvimento do
presente trabalho.
Dentre essas funções, a avaliação diagnóstica é a que chama a atenção para este
artigo, pois, faz parte dos conhecimentos prévios do estudante, é aplicada antes do
conteúdo ser trabalhado em sala de aula e é usada para responder a perguntas como: "O
que o estudante já sabe sobre o assunto?", "O que o estudante acha que sabe, mas não
sabe?", assim, é possível facilitar o trabalho do professor suleando 1 o caminho a ser
trabalhado, além de tornar o aprendizado mais interessante para o estudante, pois a
avaliação diagnóstica tem, também, o papel de atrair o estudante para o conhecimento
que será apresentado.
Sabendo disso, o objetivo maior deste trabalho é analisar a importância da
avaliação diagnóstica diante das demais funções avaliativas, pois a visão da avaliação
somativa, pontual e reprovativa, ainda que já vista por muitos profissionais como
antiquada, ou como recurso a fazer parte e não recurso único para a avaliação, ainda se
faz muito presente, sobretudo, na educação básica brasileira, não que deva ser deixada
de lado, mas deve ser vista como parte de um todo, são três grandes funções e cada uma
tem o seu papel e importância.
Portanto, este trabalho se faz necessário para ampliar o conhecimento sobre as
funções avaliativas, principalmente, avaliação diagnóstica, afim de, quanto mais
professores conhecerem, entenderem e praticarem o método, maior a possibilidade de
um processo educativo com mais participação e interesse do estudante, sobretudo, na
educação básica onde muitos dos alunos se sentem obrigados a participarem das aulas e
se sentem desmotivados com os métodos educativos e avaliativos.

DESENVOLVIMENTO

Avaliar não significa apenas aprovar, reprovar, dar notas e amedrontar os alunos,
embora essa seja a visão mais frequente e considerada pelos estudantes, Luckesi, em sua
obra intitulada Avaliação da aprendizagem escolar: Estudos e proposições, afirma que:

O educando não vem para a escola para ser submetido a um processo


seletivo, mas sim para aprender e, para tanto, necessita do investimento da
escola e de seus educadores, tendo em vista efetivamente aprender. Por si,
não interessa ao sistema escolar que o educando seja reprovado, interessa que
ele aprenda e, por ter aprendido, seja aprovado. (2014, p. 3)

1
Sulear, pois dentro da perspectiva decolonial (vista e praticada pela autora do
presente trabalho), os caminhos levam ao Sul e não ao Norte.
Então, a avaliação deve fazer parte desse processo como um recurso para o
aprendizado, como um suporte na orientação para que o aprender seja efetivo, visto
assim, não apenas por parte dos educadores, mas também por parte dos estudantes e
toda a comunidade escolar.
Avaliar é, também e principalmente, analisar o progresso feito pelo aluno, afim
de orientá-lo na construção do conhecimento, portanto, a avaliação deve ser constante,
fazendo parte do caminho, deve se fazer presente durante todo o processo de ensino-
aprendizagem, pois, como disse Hoffmann (1993), "a avaliação é uma reflexão
permanente sobre a realidade, e acompanhamento, passo a passo, do educando, na sua
trajetória de construção de conhecimento".
Sabendo do papel da avaliação faz-se necessário reforçar sobre as funções
avaliativas e como se comporta cada uma delas durante o desenvolvimento do
aprendizado, pois a avaliação não deve fazer parte apenas do processo final, como
informado por Caldeira (2000):

A avaliação escolar é um meio e não um fim em si mesma; está delimitada


por uma determinada teoria e por uma determinada prática pedagógica. Ela
não ocorre num vazio conceitual, mas está dimensionada por um modelo
teórico de sociedade, de homem, de educação e, conseqüentemente, de ensino
e de aprendizagem, expresso na teoria e na prática pedagógica. (p. 122)

Ou seja, a avaliação deve estar presente desde o início, fazendo parte também do
meio, do durante o sistema de interações entre professores e alunos, que é o processo de
ensino-aprendizagem.
Dentro desse processo, existem as funções avaliativas, que são três e estão
divididas em determinados períodos dentro do decorrer da aquisição do conhecimento.
Quando a avaliação se faz antes desse processo, recebe o nome de avaliação
diagnóstica e é realizada no início do ano letivo, do semestre, curso, ou até mesmo antes
do assunto a ser trabalhado e tem como objetivo verificar os conhecimentos prévios do
estudante.
Após a realização da avaliação diagnóstica é possível a identificação do quanto
os estudantes dominam aquele conteúdo e o quanto precisa ser reforçado, o que dá ao
professor a possibilidade de estabelecer estratégias apropriadas para o desenvolvimento
do trabalho pedagógico dentro de cada turma, ou com cada aluno, no caso de aulas
particulares.
Aqui, é informado também sobre o seu papel de grande importância em outras
áreas, pois a avaliação diagnóstica dialoga com o dar início a processos, quer eles sejam
educativos, médicos, profissionais, esportivos, entre outros, aplicando-se dentro de cada
área de uma maneira única e específica com o melhor que possa ser desenvolvido de si.
Mas, como esclarece Hoffmann:

O processo avaliativo não deve estar centrado no entendimento imediato pelo


aluno das noções em estudo, ou no entendimento de todos em tempos
equivalentes. Essencialmente, por que não há paradas ou retrocessos nos
caminhos da aprendizagem. Todos os aprendizes estão sempre evoluindo,
mas em diferentes ritmos e por caminhos singulares e únicos. O olhar do
professor precisará abranger a diversidade de traçados, provocando-os a
progredir sempre (2001, p. 47).

Aparece então, a função formativa que faz parte do decorrer desse processo, ou
seja, é aplicada de forma processual, apresenta como o estudante está se desenvolvendo,
para além de um entendimento imediato, como o estudante está no caminho da
aprendizagem, se faz interações entre os conteúdos, se dialoga com outras áreas e
principalmente, através da avaliação processual, é possível que o professor e o estudante
compreendam qual a melhor forma de aprendizado para aquele determinado aluno,
sabendo que cada ser de maneira individual tem a sua forma de aprender, de se
desenvolver diante do mundo, tento em vista as suas experiências e vivências dentre a
sociedade.
A última função avaliativa é a função somativa, que é vista por muitos como o
método para aprovar e reprovar os estudantes, é, ainda, a função mais conhecida e
desenvolvida no meio educacional. Trata-se da avaliação feita ao final do processo
letivo e que tem como objetivo, não apenas a aprovação, mas o conhecer o que o
estudante realmente aprendeu, qual conteúdo ele obteve domínio e o que deverá ser
reforçado durante o próximo período letivo, ou antes do próximo conteúdo a ser
abordado.
Para Esteban (2004, p. 85), a avaliação classificatória não é somente um
elemento justificador da inclusão/exclusão, ela está constituída pela lógica excludente
dominante em nossa sociedade. Sendo assim, os métodos avaliativos devem buscar
recursos para não apoiarem o sistema que visa apenas excluir e classificar a sociedade,
afim de não repetir os seus erros amedrontando e afugentando os estudantes.
E, ainda que existam três funções, sendo uma para cada período, elas não devem
ser vistas como únicas, pois a aplicação de apenas uma delas é insuficiente para o
processo avaliativo, visto que apenas a avaliação diagnóstica não assegura o
desenvolvimento do estudante durante o trabalho com determinado conteúdo, apenas a
avaliação formativa não garante saber se o estudante realmente está aprendendo ou está
apenas relembrando o que já sabia, assim como, o uso apenas da função somativa não é
válido para saber se o estudante realmente aprendeu, visto que os mesmos estudam e se
dedicam para memorizar determinado conteúdo apenas para uma avaliação, seja teste,
prova, apresentação de trabalho, ou qualquer outra atividade sugerida pelo professor. A
memorização não significa aprendizado, principalmente quando levado em conta que ao
final desse processo avaliativo os estudantes não mais lembrarão do que foi
memorizado.
Então, tendo em vista o uso das três funções avaliativas de maneira a
colaborarem uma com a outra "a sala de aula é o lugar onde, em termos de avaliação,
deveria predominar o diagnóstico como recurso de acompanhamento e reorientação da
aprendizagem, em vez de predominarem os exames como recursos classificatórios"
(LUCKESI, 2003, p. 47).
A avaliação diagnóstica como um processo para antes de mais nada, acompanhar
o desenvolvimento do estudante, pois se é sabido de onde o mesmo partiu, é mais fácil
identificar onde o indivíduo chegou, quais caminhos percorreu e quais processos foram
enfrentados para se chegar até ali, além de que, a avaliação diagnóstica pode ser feita,
não apenas ao iniciar o ano letivo, mas ao início de cada assunto a ser tratado, o que faz
com que a mesma possa ser refeita em diversos períodos durante o processo de ensino-
aprendizagem, ampliando também o olhar do professor para os meios de aprendizado
abordados para com a turma.
Mas, sabendo de tudo que foi dito até agora, como se deve fazer uma avaliação
diagnóstica afim de que a mesma obtenha resultados?
RIBEIRO (1999, p. 79) citada por FERREIRA (2005)

"refere que a avaliação diagnóstica pretende averiguar da posição do aluno


face a novas aprendizagens que lhe vão ser propostas e a aprendizagens
anteriores que servem de base àquelas, no sentido de obviar a dificuldades
futuras e, em certos casos, de resolver situações presentes". (p. 27)

Sendo assim, a avaliação diagnóstica, para que tenha efeito e o resultado


desejado, deve ser feita levando-se em conta o que o estudante já deve ter aprendido e o
que deve conhecer até aquele determinado período, pois se feita levando em conta
apenas o que o estudante deverá aprender, não será possível saber se ele domina os
requisitos básicos para a compreensão do conteúdo novo.
A avaliação é a ponte entre o antigo conteúdo e novo, e servirá de base para o
professor e para o estudante, portanto, deve ser direta, sem o uso de muitos rodeios, pois
o estudante pode conhecer o conteúdo, mas não dominar os saberes que o cercam.
É importante que o processo de uma avaliação diagnóstica seja visto, tanto pelo
professor, quanto pelo estudante, como um processo que vai avaliar, sem excluir ou
classificar, pois quando vista por esse caminho, não terá o efeito desejado.

CONCLUSÃO

Conclui-se então que o uso de uma avaliação diagnóstica se faz necessário em


diversos níveis da educação, pois a mesma auxilia no processo de aprendizado tanto
para o professor, quanto para o estudante. Além de ser fundamental para dar início ao
processo para as demais funções avaliativas, visto que, é mais fácil avaliar o estudante
de maneira processual, formativa, se o professor souber de onde aquele estudante partiu,
se souber em que nível de conhecimento aquele estudante estava antes da aplicação do
conteúdo, da mesma forma, faz-se necessário para o uso da avaliação somativa, pois o
professor saberá o que de fato o estudante aprendeu durante determinado período letivo,
e o que ele já sabia antes desse processo.
Tendo apresentado o papel da avaliação diagnóstica, o presente trabalho
completa o seu objetivo de mostrar não apenas a sua funcionalidade, mas também de
falar e apresentar sobre a sua importância e o seu papel fundamental no processo
avaliativo. Aqui, é válido ressaltar sobre a aplicação da função diagnóstica em outras
áreas que não educacionais, como visto durante o desenvolvimento deste trabalho, o seu
uso ao dar início a processos, quer sejam educativos, profissionais e até mesmo
processos médicos, serve como um abrir caminhos, conhecer o que será trabalhado, o
como e o com quem, algo que se faz de grande valia, independente de qual seja o
processo em desenvolvimento.
REFERÊNCIAS

CALDEIRA, Anna M. Salgueiro. Ressignificando a avaliação escolar. In: ________.


Comissão Permanente de Avaliação Institucional: UFMG-PAIUB. Belo Horizonte:
PROGRAD/UFMG, 2000. p. 122-129 (Cadernos de Avaliação, 3)

ESTEBAN, Maria Tereza. Pedagogia de Projetos: entrelaçando o ensinar, o aprender e


o avaliar à democratização do cotidiano escolar. In: SILVA, J. F.; HOFFMANN, J.;
ESTEBAN, M. T. (orgs.) Práticas avaliativas e aprendizagens significativas: em
diferentes áreas do currículo. 3.ed. Porto Alegre: Mediação, 2004. p. 81-92.

FERREIRA, Daniel. Construção de instrumentos de observação de práticas educativas:


avaliação diagnóstica: construção de um instrumento comum a andebol e a basquetebol.
Coimbra, 2004/2005

HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola


à universidade. Porto Alegre: Educação & Realidade, 1993.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação mito e desafio: uma perspectiva construtivista. Porto


Alegre: Educação & Realidade, 1993.

LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem na escola: reelaborando conceitos e


recriando a prática. Salvador: Malabares Comunicação e Eventos, 2003.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições.


Cortez editora, 2014.

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