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A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM COMO FERRAMENTA AUXILIAR

NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM: Uma reflexão teórica

Franklin Carvalho Ribeiro


Universidade Federal do Piauí, Picos, Piauí, Brasil
E-mail: franklin145@ufpi.edu.br
Patrícia da Cunha Gonzaga Silva
Universidade Federal do Piauí, Picos, Piauí, Brasil
E-mail: patriciagonzaga@ufpi.edu.br
Rafaela Santos Pereira
Universidade Federal do Piauí, Picos, Piauí, Brasil
E-mail: rafaelasants@ufpi.edu.br

RESUMO

O resumo deverá ser justificado, sem deslocamento, com espaçamento simples,


devendo possuir no máximo 250 palavras.

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Palavras-chave: Avaliação da aprendizagem. Avaliação mediadora. Aprendizagem e


ensino.

1. INTRODUÇÃO

Para compreender a avaliação da aprendizagem é necessário concedê-la o seu real


significado, avaliar significa transformar uma reflexão em ação através de práticas e
procedimentos didáticos, sendo assim, avaliar implica utilizar métodos, práticas e processos

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avaliativos que estejam pautados em princípios morais e éticos que estejam alinhados as
concepções da educação. O processo de avaliação da aprendizagem dentro do contexto
escolar se caracteriza como a investigação da qualidade dos resultados obtidos através dos
resultados alcançados pelos educandos.

Durante muito tempo o conceito de avaliação da aprendizagem esteve atrelado a


hegemonia dos exames, ou seja, a avaliação da aprendizagem era vista como uma prática
classificadora, excludente e antidemocrática, essa visão equivocada da avaliação da
aprendizagem permaneceu estável por muito tempo, entretanto, Ralph Tyler em meados dos
anos 30, do século XX, atribuiu a avaliação da aprendizagem o seu verdadeiro significado e
objetivo, quando propôs que a avaliação da aprendizagem é um recurso subsidiário na
medição dos objetivos educacionais. Sob esse viés, podemos afirmar que a avaliação da
aprendizagem não deve ser sinônimo de aplicação de exames, Hoffmann (2007, p.13) vai de
encontro a essa linha de raciocínio quando afirmar que:

[...] não se deve denominar por avaliação testes, provas ou exercícios


(instrumentos de avaliação). Muito menos se deve nomear por avaliação
boletins, fichas, relatórios, dossiês dos alunos (registros de avaliação).
Métodos e instrumentos de avaliação estão fundamentados em valores
morais, concepções de educação, de sociedade e de sujeito. São essas as
concepções que regem o fazer avaliativo e que lhe dão sentido. [...] A
avaliação da aprendizagem, mais especificamente, envolve e diz respeito
diretamente a dois elementos do processo: educador/avaliador e
educando/avaliando.

Diante do exposto, podemos constatar que não se pode afirmar que o educador avaliou
o aluno a partir da observação do aluno, vale ressaltar que não podemos denominar por
avaliação apenas a correção de tarefas/provas e o registro singular das notas, Hoffmann, em
sua obra intitulada “Avaliação formativa ou avalição mediadora?”, define que todo o processo
da avaliação da aprendizagem tem por objetivo: observar o aprendiz; analisar e compreender
suas estratégias de aprendizagem; e tomar decisões pedagógicas favoráveis à continuidade do

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processo, a autora ainda completa essa hipótese ao afirma que o processo avaliativo se
constitui como tal, apenas se ocorrerem os três tempos: observar, analisar e promover
melhores oportunidades de aprendizagem.

Parafraseando com Perrenoud (1999) o ato de avaliar consiste em criar hierarquias de


excelência, em função da progressão do ensino, sob essa ótica, podemos concluir que o
processo avaliativo auxilia o educador durante o diagnostico dos alunos enquanto aprendizes,
ou seja, a avaliação constitui uma ferramenta auxiliar que fomenta o trabalho idealizado pelo
mesmo, refletindo assim em suas atividades desenvolvidas em sala, para que o educador possa
moldar o seus métodos e práticas ruma a uma aprendizagem efetiva. É notório após tais
argumentos que a educação visa construir uma aprendizagem através de atividades diversas
idealizadas no cotidiano de crianças, jovens, adolescentes e adultos, possibilitando uma
interação entre a descoberta e o mundo que cercam estes indivíduos, logo, a avaliação deve
ser compreendida como uma ferramenta auxiliar do processo de ensino-aprendizagem, não
devendo ser usada como ferramenta de classifica e exclusão.

Diante isso, o nosso objetivo é refletir sobre a avaliação da aprendizagem como


ferramenta auxiliar no processo de ensino-aprendizagem. Avaliar não é uma tarefa fácil, e a
resistência existente no atual sistema de ensino faz com que a avaliação da aprendizagem
continue sendo uma ferramenta de classificação e exclusão de maiorias, logo, especificamente
o trabalho procura expor a avaliação da aprendizagem como parte de um processo contínuo de
observações sobre o cotidiano em sala de aula, que consequentemente auxilia o
desenvolvimento dos alunos, evidenciando suas habilidades e necessidades durante a
construção de seus conhecimentos.

2. METODOLOGIA

A metodologia adotada para esta pesquisa bibliográfica sobre a avaliação da


aprendizagem como ferramenta auxiliar no processo de ensino-aprendizagem, logo, o trabalho

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baseia-se em uma abordagem sistemática de revisão. Inicialmente, foi realizada uma extensa
pesquisa em bases de dados acadêmicas como o Google Acadêmico e o SciELO com o
objetivo de identificar pesquisas relevantes. Foram utilizados termos de busca específicos
dentro da temática buscando por obras recentes, usando obras publicadas nos últimos cinco
anos.

Em seguida, foram selecionadas as obras/trabalhos analisados levando em


consideração à sua pertinência e qualidade, analisando as metodologias usadas, os contextos
em que os trabalhos se desenvolvem e os resultados obtidos por tais obras. A análise de tais
textos, possibilita o entendimento do tema e a compressão dos impactos que a avaliação da
aprendizagem causa dentro do sistema de ensino quando não usada de forma adequada, ou
seja, quando a avaliação da aprendizagem deixa de ser uma ferramenta auxiliar e passa a ser
uma ferramenta classificadora e de cunho excludente.

O presente trabalho busca evidenciar a importância da avaliação da aprendizagem


enquanto ferramenta de ensino, para que assim possamos desenvolver práticas avaliativas que
interajam com o sistema de ensino. Especialmente, busca-se promover o conhecimento sobre
a avaliação da aprendizagem enquanto ferramenta auxiliar dentro do processo de ensino-
aprendizagem, para que assim possamos expor o real significado e objetivo da avaliação da
aprendizagem, vale ressaltar que devido ao fato do trabalho em questão ser fruto de uma
revisão de literatura em parte, tal pesquisa foi desenvolvida a partir das seguintes etapas:
identificação do tema alvo, leitura e análise das obras selecionadas, definição das informações
a serem agregadas ao trabalho, a interpretação dos resultados obtidos e pôr fim a apresentação
da obra.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Avaliar implica relacionar característica e objetivos do processo avaliativo, ou seja, a


avaliação deve ser construída a partir de alguns princípios fundamentais, como a observação,
o agir do aluno e principalmente deixar que o aluno participe do processo de ensino-
aprendizagem de forma direta, vale ressaltar que o ato de avaliar deve ser um ato de

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compaixão, a educação é fonte de transformação, e a avaliação da aprendizagem é uma
ferramenta que busca promover habilidades necessárias a vida de jovens aprendizes, para que
tal feito seja alcançado é necessário promover debates e diálogos sobre a avaliação da
aprendizagem enquanto mecanismo de formação. Hoffmann (2018), em uma entrevista
concedida a Revista Teias comenta sobre a sua obra “O jogo contrário em avaliação”, vai ao
encontro do que foi dito quando afirmar que “... a avaliação mediadora consiste em observar +
refletir + agir, configurando-se em três tempos, não lineares, mas contínuos, inter-
relacionados: o tempo de admiração dos alunos; o tempo de reflexão sobre suas aprendizagens
e o tempo de mediação/reconstrução das práticas educativas.”

Sob esse viés, Hoffmann (2018) completa essa linha de raciocínio ao dizer que:

O desenvolvimento do ser humano como processo de significação do mundo


é sempre dinâmico, de aprendizagem gradual e, portanto, de continuidade,
de evolução, de crescimento. O que pressupõe olhar para a sua história e
para o seu presente, ou seja, compreender a trajetória de vida do aluno na
família e na escola procurando captar-lhe as experiências vividas para
projetar o futuro das ações pedagógicas (visão prospectiva), estando sempre
atento às dimensões em que deve ser desafiado para avançar em todas as
áreas do saber, “admirar” o estudante pela própria diversidade de
experiências e pela capacidade infinita de produzir sempre alguma diferença
em nós, educadores (Hoffmann, 2018, p. 64).

Hoffman (2019), expõe alguns princípios que norteiam a avaliação da aprendizagem


enquanto prática avaliativa mediadora, sendo eles: favorecer aos alunos momentos em que
possam expressar suas ideias, com criatividade e autenticidade; promover a discussão entre
alunos através de situações problematizadoras; realizar diversas tarefas individuais, buscando
compreender as respostas apresentadas; comentar sobre as tarefas dos alunos fugindo da mera
atribuição de pontos, para assim localizar as dificuldades individuas de cada aluno, para
propor soluções eficazes; e por fim, transformar os registros avaliativos em anotações
significativas que auxiliem na construção do conhecimento dos alunos. Sob essa ótica,

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podemos compreender que a avaliação enquanto ferramenta auxiliar do processo de ensino,
deve se portar como uma mediadora do ensino e aprendizagem, buscado incluir os alunos de
forma direta na construção de seus conhecimentos, transformando assim os alunos em agentes
ativos.

É muito comum vermos a avaliação ser utilizada com o objetivo de classificar os


alunos colocando-os no mesmo patamar de conhecimento sem respeitar as diferenças de cada
um, mesmo que estudos no campo da educação já tenham provado que não se nivela os alunos
em um mesmo nível de aprendizagem e que é preciso respeitar as limitações de cada aluno.
(Francestto, 2020, p.1). Diante disso, podemos concluir que o uso da avalição da
aprendizagem como ferramenta de classificação e promoção distorce o papel da avaliação da
aprendizagem, fazendo com que o sistema de ensino se torne uma grande competição por
notas e destaque, deixando de mão a construção de um conhecimento estruturado e que vise o
desenvolvimento de um sistema de ensino igualitário.

A avaliação da aprendizagem quando usada de forma errada pode causar danos ao


sistema de ensino e aos alunos, a cobrança constante por bons resultados afeta o desempenho
de jovens estudantes, fazendo com que eles busquem apenas a obtenção de bons resultados,
deixando de lado a construção efetiva do conhecimento. A constante busca por boas notas
transformam os alunos meros competidores, afetando o seu desejo pelo conhecimento, eles
não estudam por prazer ou por achar aquilo significante para suas vidas, mas sim por estarem
sendo ameaçados por uma nota, o que acaba afetando o seu psicológico, causando ansiedade,
medo e angustia.

Por conseguinte, a avaliação da aprendizagem deve ser vista como uma ferramenta de
auxílio dentro da educação, avaliar implica identificar os problemas existentes dentro do
processo de ensino-aprendizagem e buscar solucionar tais problemas, para caminhar rumo a
uma aprendizagem efetiva.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A avaliação da aprendizagem enquanto ferramenta auxiliadora e mediadora visa um


sistema avaliativo que esteja pautado em princípios, enxergando o aluno como a peça
principal do sistema de ensino-aprendizagem, transformando jovens educandos em agentes
ativos na construção de seus conhecimentos e suas habilidades, diante de tais fatos, o estudo
pode evidenciar falhas existentes na forma como a avaliação da aprendizagem é vista e
compreendida, os tabus que circunda o processo avaliativo faz com que instrumentos
avaliativos sejam entendidos como o processo avaliativo, avaliar não é sinônimo de aplicação
de provas e exames.

Percebe-se que quanto mais diversificado for o processo avaliativo, mais os alunos se
interessam de forma consciente pelo todo, ou seja, os alunos deixam de ver o processo de
avaliação da aprendizagem como algo temível e passam a se enxergar a avaliação da
aprendizagem como algo natural.

O presente trabalho também destaca a necessidade de debates sobre a avaliação da


aprendizagem, tendo em vista que a avaliação da aprendizagem está diretamente relacionada
as concepções dos professores. Sob esse viés, é necessário proporcionar aos alunos um
processo avaliativo mais dinâmico, que vincule o que se é aprendido em sala de aula com as
experiências vividas em nosso cotidiano.

Um dos objetivos principais da avaliação da aprendizagem é propiciar aos alunos


momentos de reflexões, para que assim os alunos possam desenvolver habilidades que irão
lhes auxiliar em sua busca pelo conhecimento, sob essa ótica, podemos compreender que tais
ideias serão alcançadas através da integração efetiva do sistema de ensino com a avaliação da
aprendizagem, permitindo assim que a avaliação da aprendizagem seja uma ferramenta que
auxilia o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem, para que assim possamos superar o
conceito milenar de que a avaliação da aprendizagem e a pedagogia do exame são sinônimos.

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5. REFERÊNCIAS

FRANCESTTO, C. P. Avaliação Educacional: Conflitos a serem superados. Disponível em:


https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/avaliacao-educacional-conflitos-serem-
superados.htm. Acesso em: 30 de nov. de 2023.

HOFFMANN, J. M. L. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré escola à


universidade. 35.ed. Porto Alegre: Mediação, 2019.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à


universidade. 34. ed. Porto Alegre: Mediação, 2018.

HOFFMANN, Jussara. O jogo do contrário em avaliação. 10. ed. Porto Alegre: Mediação,
2018.

PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens-entre duas


lógicas; trad. Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artes Mádicas Sul,1999. 183p.

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