Você está na página 1de 3

1.

Noção do conceito de Avaliação


Segundo PILETTI(2004:190):
Avaliação é um processo contínuo que visa interpretar os conhecimentos, habilidades e
atitudes dos alunos, tendo em vista mudanças esperadas no comportamento, propostas
nos objectivos, a fim de que haja condições de decidir sobre alternativas do
planeamento do trabalho do professor e da escola como um todo.

Esta definição nos remete perceber que após um período de leccionação das aulas, o professor é
obrigado a submeter aos alunos um processo para ele ver se os alunos estão acompanhando os
conteúdos pré elaborados.

Ademais, o mesmo autor defende que desta definição pode-se concluir o seguinte:
a) a avaliação não é um fim, mas um meio. Ela é um meio que permite verificar até que
ponto os objectivos estão sendo alcançados, identificando os alunos que necessitam de
atenção individual e reformulando o trabalho com a adopção de procedimentos que
possibilitem sanar as deficiências identificadas.
b) O próprio aluno precisa perceber que a avaliação é apenas um meio. Nesse sentido o
professor deve informá-lo os objectivos da avaliação e analisar com ele os resultados
alcançados.
c) A avaliação, sendo um processo contínuo, não é algo que termine num determinado
momento, embora possa ser estabelecido um tempo para realiza-lo. (Ibidem).

Estas conclusões nos remetem em linhas gerais esclarecer certas dúvidas em torno da avaliação.
Não podemos ver a avaliação como um castigo para o aluno. Não se pode elaborar uma
avaliação com o intuito de que os alunos caiam, ou seja, apanhem negativas, mas sim ele é um
meio. Na medida em que o professor avalia ao aluno, ele também se avalia. Para aprimorar os
métodos, e maneira de planejar no âmbito das aulas.
A avaliação, como parte integrante do processo de ensino-aprendizagem, tem como
função acompanhar o progresso do aluno em relação aos objectivos e competências
básicas definidas no programa. Ela serve ainda de mecanismo de retro-alimentação, pois
fornece informação relevante aos pais, encarregados de educação, aos professores, à
direcção da escola e aos próprios alunos sobre os sucessos e fracassos. (INDE e
MINED2007:80).
1.1. A Avaliação no Ensino de Filosofia (o quê se avalia?)
Partindo da opinião segundo a qual ‘se em Filosofia há o que aprender e memorizar, então na
pratica de seu ensino há também o que avaliar’. Numa avaliação de filosofia estão implicados
pelo menos três aspectos, a saber: ‘o objecto de avaliação’, ‘os critérios da avaliação’ e ‘os
instrumentos da avaliação’. O primeiro refere-se ‘às competências’, ‘às habilidades’ (em que
medida ou grau foram alcançados).
Segundo Aranha e Martins (2000: 10) afirmam que o que importa na avaliação
do trabalho filosófico não é a concordância dos argumentos do aluno com os
do professor, mas sim, o adequado atendimento ao tema proposto, a devida
coerência e riqueza da exposição, a clareza de ideias, a capacidade e riqueza de
argumentação, enfim, a rigorosa fundamentação teórica dos conceitos
trabalhados.

No entanto, se essas são as habilidades ou competências específicas dos objectivos do ensino da


filosofia, a avaliação não se pode limitar a uma avaliação de resultados meramente somáticos,
ela precisa ser uma avaliação de processo, continuada. As competências filosóficas exercem-se
sobre os conteúdos da filosofia. Portanto, “o que queremos avaliar são as competências
filosóficas aplicadas aos conteúdos filosóficos” (MURCHO, s/ano: 11).
Segundo Murcho (s/ano:22) avaliar correctamente um estudante de filosofia é uma
tarefa tão objectiva quanto avaliar um estudante de lógica ou matemática. No entanto, é
uma questão de saber como se faz perguntas e de saber como se avalia as respostas.
Portanto, para acontecer tudo isso supõe-se um domínio sólido da disciplina, uma
compreensão abrangente da disciplina e sua importância.

É preciso desenvolver uma orientação nos processos da avaliação curricular da disciplina, mas
‘baseada nas competências ou qualidades reveladas pelo aluno ao longo da aprendizagem e não
centrada nos conteúdos’.

O professor de filosofia não pode avaliar exactamente a compreensão de uma matéria qualquer.
Outros sim, Isabel Marnoto (1989: 292) diz-nos que “não é possível a avaliar a consciência que
um aluno tem de um certo problema filosófico”, senão recorrendo a estratégias que permitam
por em evidência através de textos (escritos ou orais, por exemplo), caso não, correr-se-á o risco
de se reduzir a disciplina de filosofia a mera História da Filosofia ou ate mesmo em História das
Ideias.

A prova deve ser entendida como mais um, dentre vários instrumentos que devem compor o
processo avaliativo, não obstante que não é a única ou importante forma, mas apenas por ser
essencial na composição de uma avaliação processual a ser considerada na disciplina de
filosofia.

Quanto à construção das provas, expõe que as provas escritas são classificadas em objectivas e
dissertativas, de perguntas e respostas fechadas ou abertas. Os Sistemas de Avaliação utilizam,
em geral, provas objectivas com questões de múltipla escolha, em razão da função diagnóstica
desse instrumento e por servir a uma avaliação padronizada, além de uma proposta de redacção
(ZABALA, 2010: 87).

O esforço avaliativo do professor deve concentrar-se em perceber coisas como:

 Dado um determinado tema filosófico, o estudante foi capaz de identificar o problema


que está por trás dele?
 Dado o desenvolvimento de um tema por um determinado filósofo, o estudante foi capaz
de identificar o problema ou conjunto de problemas que mobilizaram seu pensamento?
 Lendo um texto filosófico a partir de um determinado problema mobilizador, o estudante
foi capaz de identificar o conceito ou conceitos produzidos pelo filósofo para enfrentar
este problema? O estudante foi capaz de ‘recriar’ o conceito do filósofo, refazendo o
movimento de pensamento? O estudante foi capaz de deslocar este conceito para um
outro contexto ou um outro problema?
 O estudante foi capaz de comunicar seu movimento de pensamento através de um texto
de natureza filosófica?
 Como se pode perceber, estas questões são complexas e de forma alguma direccionam
para qualquer ‘formulário’ de como avaliar? (RODRIGO, 2009: 87).

Assim cada professor, no contexto de seu trabalho, precisa criar os mecanismos próprios que lhe
permitam perceber o desenvolvimento dos estudantes, podendo intervir para seu
aprimoramento, uma vez que, este é o único sentido aceitável para um processo de avaliação.

Eisner propõe um modelo de avaliação em que o ‘triângulo didáctico’ professor – aluno -


conteúdo permita atender não apenas à análise dos resultados obtidos no âmbito da aquisição
dos conteúdos, mas também, a outros efeitos importantes processo educativo, como a influência
exercida pelo professor concreto em aspectos diferentes dos conteúdos, as melhorias individuais
obtidas por cada sujeito em função da sua experiencia singular, ou mesmo as características de
cada aluno. Portanto, o rendimento académico é muito importante desde que não seja
descontextualizado e redutor, uma vez que, não é algo que surja do nada, não é nada que se
aprenda sem mais nem menos, pois é resultado de um conjunto de influencias cruzadas: da
situação pedagógica em que ocorre a aula, da actuação do professor, do método didáctico usado,
das próprias pretensões e disponibilidades do aluno.
2. A Problemática de Avaliação no ensino de Filosofia
Na óptica de Dias Sobrinho avaliação é a medida do que o aluno já aprendeu, isto é, avaliar é
medir. Neste sentido a avaliação era um método tecnicista. Com o passar do tempo, a avaliação
foi vista ‘como um modo de fazer juízo sobre os estágios e os intervenientes. Portanto, a
avaliação é para ambos, o professor e o aluno.

A avaliação deve destacar três tendências ou perspectivas: Humanista, Construtivista e


Reflexiva.

 Perspectiva ou Tendência Humanista: a avaliação deve ser vista a partir da própria


humanidade, vinculada ao saber-ser, saber-estar e ao saber-fazer;
 Perspectiva ou Tendência Construtivista: a avaliação deve estar vinculada a construção e
mudança de atitude, de método, de modo que os intervenientes do processo de ensino e
aprendizagem possam concertar ou modificar aquilo que não levava a continuidade do
PEA;
 Perspectiva ou Tendência Reflexiva: a avaliação deve ser vista como modo de reflexão
sobre a transmissão de conhecimentos estão sendo acatadas.

Você também pode gostar