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1º Orador (Celestino) FILOSOFIA E DIDÁCTICA DE FILOSOFIA: IMPLICAÇÕES DE UMA RELAÇÃO

Depois de uma leitura exaustiva, compreende-se que a relação pedagógica é toda relação que tem como
intencionalidade a acção de ensinar e de aprender, num movimento contínuo dos sujeitos que têm em comum a
aprendizagem. No espaço pedagógico, professor e alunos se encontram com o conhecimento para pesquisar, desvelar,
duvidar, compreender, conhecer, objectivando o renascimento do conhecimento, tanto aos sujeitos quanto ao próprio
conhecimento.

É importante considerar a relação pedagógica como sendo “o conjunto de relações sociais que se estabelecem entre o
educador e aqueles que educa para atingir objectivos educativos [...], relações essas que possuem características
cognitivas e afectivas identificáveis, que têm um desenvolvimento e vivem uma história”, pois a relação professor-
aluno, vai muito além das questões aqui analisadas, isso acontece principalmente, devido às constantes e aceleradas
mudanças que ocorrem na sociedade e reflectem no contexto escolar.

Didáctica de filosofia
Há uma didáctica para o ensino da filosofia?
Se há ensino há didáctica. Se a filosofia pode ser ensinada, há uma didáctica para ela. E como a filosofia pode,
certamente, ser ensinada - pois é ensinada desde seus primeiros dias -, não há como negar que alguma didáctica é
empregada no seu ensino. Qual é, então, o problema da didáctica em filosofia? Grosso modo, o problema da didáctica
geral é um só: estabelecer o limite entre o que está sendo organizado de maneira a ser melhor apreendido pelo estudante
e o assunto propriamente dito como ele aparece classicamente na história dos conhecimentos. Wikipedia (acesso no dia
09 de Agosto de 2021 pelas 15:30’).
Assim, o problema da didáctica da filosofia é, mutais mutandis, o mesmo que o da didáctica geral - falando através de
um exemplo: como posso organizar os argumentos de PEIRCE contra Descartes, de modo que eu venha a ser
compreendido pelos meus estudantes sem, no entanto, trair o consenso que existe entre os bons professores de filosofia
a respeito do que disse PEIRCE na sua oposição a Descartes. Se consigo uma narrativa sobre isso que satisfaça as
necessidades intelectuais de meus alunos e ao mesmo tempo tenha a bênção do crivo da crítica de meus bons pares e das
minhas próprias exigências, realizei um bom trabalho didáctico em filosofia, no que se refere a começar a explicar onde
é que o pragmatismo dá início ao seu combate ao cartesianismo. Colocado assim, formalmente, o problema da didáctica
da filosofia parece ser a coisa mais fácil de se fazer no mundo. Em parte é, em parte não é. (Id. acesso no dia 09 de
Agosto de 2021 pelas 15:35’)

Didáctica, educação, pedagogia: a didáctica ensino/aprendizagem

Didáctica

Origem etimológica da palavra Didáctica

A palavra Didáctica deriva da palavra grega didactos, que significa “Instrução”. Nesta ordem de ideia, a Didáctica
desenvolveu-se como teoria de instrução. Em sua obra Didáctica Magna, Coménio, qualifica a Didáctica como a arte
de instruir.

Ao se falar da instrução no processo de formação humana, estamos a nos posicionar principalmente do lado de
desenvolvimento do indivíduo, nos seguintes aspectos:

Saber (conhecimentos)

Saber fazer (capacidades e habilidades).

Quer dizer deixamos de parte o saber ser (atitudes, valores, convicções), assim como o saber estar (comportamentos e
hábitos) que são também importantes para se conseguir o desenvolvimento integral do Homem.

Aliás, quando falamos da Didáctica, um aspecto que merece o nosso maior apreço, é o de que o processo didáctico, se
refere à actividade do professor e, neste sentido, o ensino e aprendizagem tem lugar, na sua máxima intensidade e
expressão, na sala de aulas, razão pela qual a Didáctica também se designa de teoria de ensino. Assim, através dos seus
objectivos de formação, o ensino deve incorporar a instrução (saber e saber fazer) e a educação (saber ser e estar).

Universidade Rovuma: curso de ensino de filosofia 2º ano. Trabalho em grupo. (DF1)


Conceitos de Didáctica

Então, reconhecendo esta limitação epistemológica, como podemos definir a Didáctica hoje?

Estamos a imaginar que são múltiplas as situações em que nós teríamos ouvido pela primeira vez falar do termo
Didáctica: na escola, na instituição de formação de professores, na conversa entre professores ou trabalhadores de
educação.

Para estes diferentes casos, podemos compreender que a Didáctica é uma ciência dimensionada para o ser humano,
que se propõe ajudar a educar o Homem, necessitando, por isso, de se fundamentar nos princípios da educação. Por isso,
onde que se procure falar ou definir a Didáctica, a sua essência reside na questão de ensino e a formação, no mesmo
sentido em que deve estar a conceitualização que acabou de se apresentar em relação a Didáctica.

LIBÂNEO (1994, pp;25 & 26) diz que a Didáctica investiga os fundamentos, as condições e modos de realização da
instrução e de ensino. A ela cabe converter os objectivos sociopolíticos e pedagógicos em objectivos de ensino,
seleccionar conteúdos e métodos em função desses objectivos, estabelecer os vínculos entre ensino e aprendizagem,
tendo em vista o desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos. E se definirmos a acção educativa pelo seu
carácter intencional, também a acção docente se caracteriza como direcção consciente e intencional do ensino, tendo em
vista a instrução e a educação dos indivíduos, capacitando-os para o domínio de instrumentos cognitivos e operativos de
assimilação da experiência social e culturalmente organizada.

PILETTI (2004), define a Didáctica como uma disciplina técnica e que tem como objecto específico a técnica de ensino
(direcção técnica de aprendizagem). A Didáctica, portanto, estuda a técnica de ensino em todo os seus aspectos práticos
e operacionais, podendo ser definida como: “a técnica de estimular, dirigir e encaminhar, no decurso da aprendizagem,
a formação do Homem”.

Objecto de estudo da Didáctica

O objecto de estudo da Didáctica é o PEA, campo principal da educação escolar.

Na medida em que o ensino viabiliza as tarefas da instrução, ele contém a instrução. Podemos assim delimitar como
objecto da Didáctica o processo de Ensino-aprendizagem (PEA) que, considerado no seu conjunto, inclui: os conteúdos
dos programas e dos livros didácticos, os métodos e as formas organizativas do processo de ensino, as actividades do
professor e dos alunos e as directrizes que regulam e orientam esse processo.

A Didáctica é, pois, uma das disciplinas da Pedagogia que estuda o processo de ensino e aprendizagem (como já nos
referimos) através dos seus componentes conteúdos escolares, o ensino e aprendizagem para, com o embassamento
numa teoria da educação, formular directrizes orientadoras da actividade profissional dos professores. É, ao mesmo
tempo, uma matéria de estudo na formação de professores e um meio de trabalho do qual os professores se servem para
dirigir a actividade de ensino, cujo resultado é a aprendizagem dos conteúdos escolares pelos alunos.

Definindo-se como mediação escolar dos objectivos e conteúdos do ensino, a Didáctica investiga as condições e formas
que vigoram no ensino e, ao mesmo tempo, os factores reais (sociais, políticos, culturais, psicossociais) condicionantes
das relações entre a docência e a aprendizagem. Ou seja, destacando a instrução e o ensino como elementos primordiais
do processo pedagógico escolar, traduz objectivos sociais e políticos em objectivos de ensino, selecciona e organiza os
conteúdos e métodos e, ao estabelecer as conexões entre ensino e aprendizagem, indica princípios e directrizes que irão
regular a acção didáctica.

Podemos ver nela a tripla função. Ela tem sido entendida como arte, técnica e ciência. MARNOTO (1990)

 Arte – apela para a criatividade, para a invenção. Interessa-lhe o modo como os conhecimentos são transmitidos, a
maneira como fazemos passar a informação.
 Técnica – implica um saber fazer, um «know-how» ‘saber como’ que supõe a aquisição e domínio de certas «skills»
habilidades.
 Ciência – a didáctica apoia-se numa determinada teoria do ensino que toma como ponto de referência. Essa teoria por
sua vez, enquadra-se-a num plano mais vasto.

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2ª Oradora Ansia Marssada Educação

"Educação – vem do latim educare ou seja cuidar. Mas vem também de educare que significa conduzir, levar, a
educação é um processo de integração de um indivíduo no seio da cultura " MARNOTO (1990).

Pedagogia

A palavra significa guia da criança ate ao século XIX esta definição literal serviu. Admitia-se que se recebia
informação e ∕ ou formação ate certa idade e que depois essa informação era consolidada e alargada mas não
qualitativamente alterada. MARNOTO (1990).

Mas oque seria ensinar

Partimos do princípio de que o ensino é possível e desejável. Definimo-lo pela sua vertente essencialmente
comunicativa. Ensinar é comunicar algo a alguém. MARNOTO (1990).

Podemos falar do ensino aplicando-o a inúmeras circunstâncias. Mas na sua vertente escolar exigimos certos
requisitos para a sua ocorrência.

Nesta ordem de ideia chega-se a conclusão que para que haja o ensino na vertente escolar é necessário que haja:
intenção, espaço, um tempo, professores e alunos.

3º Iracema Hilário. Relação dialéctica no processo Ensino-aprendizagem

Dialéctica (lat. dialéctica, do gr. dialektike: discussão) Em nossos dias, utiliza-se bastante o termo "dialéctica" para se
dar uma aparência de racionalidade aos modos de explicação e demonstração confusos e aproximativos. Mas a tradição
filosófica lhe dá significados bem precisos. JAPIASSÚ e MARCONDES (2001)

Em PLATÃO, a dialéctica é o processo pelo qual a alma se eleva, por degraus, das aparências sensíveis às realidades
inteligíveis ou ideias. Ele emprega o verbo dialeghestai em seu sentido etimológico de "dialogar", isto é. De fazer passar
o logos na troca entre dois interlocutores. A dialéctica é um instrumento de busca da verdade. Uma pedagogia científica
do diálogo graças ao qual o aprendiz de filósofo, tendo conseguido dominar suas pulsões corporais e vencer a crença
nos dados do mundo sensível, utiliza sistematicamente o discurso para chegar à percepção das essências, isto é, à ordem
da verdade. (Id:2001)

Em ARISTÓTELES, a dialéctica é a dedução feita a partir de premissas apenas prováveis. Ele opõe ao silogismo
científico, fundado em premissas consideradas verdadeiras e concluindo necessariamente pela "força da forma", o
silogismo dialéctico que possui a mesma estrutura de necessidade, mas tendo apenas premissas prováveis, concluindo
apenas de modo provável.

Em HEGEL. a dialéctica é o movimento racional que nos permite superar uma contradição. Não é um método, mas um
movimento conjunto do pensamento e do real: "Chamamos de dialéctica o movimento racional superior em favor do
qual esses termos na aparência separados (o ser e o nada) passam espontaneamente uns nos outros. em virtude mesmo
daquilo que eles são, encontrando-se eliminada a hipótese de sua separação". Para pensarmos a história, diz Hegel,
importa-nos concebê-la como sucessão de momentos, cada um deles formando uma totalidade, momento que só se
apresenta opondo-se ao momento que o precedeu: ele o nega manifestando suas insuficiências e seu carácter parcial; e o
supera na medida em que eleva a um estágio superior, para resolvê-los_ os problemas não resolvidos. E na medida em
que afirma urna propriedade comum do pensamento e das coisas, a dialéctica pretende ser a chave do saber absoluto: do
movimento do pensamento. Poderemos deduzir o movimento do mundo: logo, o pensamento humano pode conhecer a
totalidade do mundo (carácter metafísico da dialéctica).

MARX-ENGELS faz da dialéctica um método. Insiste na necessidade de considerarmos a realidade socioeconómica de


determinada época como um todo articulado, atravessado por contradições específicas, entre as quais a da luta de
classes. A partir dele, mas graças sobretudo à contribuição de ENGELS, a dialéctica se converte no método do
materialismo e no processo do movimento histórico que considera a Natureza:

a) Como um todo coerente em que os fenómenos se condicionam reciprocamente; b) como um estado de mudança e de
movimento: c) como o lugar onde o processo de crescimento das mudanças quantitativas gera. Por acumulação e por

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saltos, mutações de ordem qualitativa: d) como a sede das contradições internas. Seus fenómenos tendo um lado
positivo e o outro negativo. Um passado e um futuro. O que provoca a luta das tendências contrárias que gera o
progresso (MARX-ENGELS).

De acordo com o dicionário universal (2002:259) dialéctica arte de argumentar ou discutir, arte de raciocinar

Ensino-aprendizagem

De acordo com VYGOTSKY (2009), a aprendizagem se dá nas relações com outros homens, nas quais se transmitem
intencionalmente os conhecimentos produzidos historicamente. A criança se desenvolve a partir do meio sociocultural,
considerando o que lhe é disponibilizado e oferecido para desenvolver-se ou não. Portanto, é necessário recuperar o
papel do educador como aquele que planeja a acção educativa para promover o desenvolvimento de seus alunos. O
conhecimento, devido à sua complexidade, exige formas também sistematizadas para sua apropriação e não se dá de
modo espontâneo. Por esse motivo, o professor deve ser o organizador do meio social (VYGOTSKY, 2001). Assim, o
conhecimento é compreendido como uma construção social, pois tem origem relacional e discursiva.

VYGOTSKY, no entanto, entende que a aprendizagem é que produz o desenvolvimento, acentuando o foco na
interacção do sujeito com o meio, destacando a importância da mediação. Em sua concepção, o conhecimento está no
mundo e é ele que move o desenvolvimento; o conhecimento vem da mediação cultural e a partir daí a criança vai se
desenvolvendo (VYGOTSKY, 2008). Os fenómenos da linguagem e do pensamento são compreendidos dentro do
processo sócio histórico e, por esse motivo, VYGOTSKY afirma que a aprendizagem dos conceitos deve partir das
práticas sociais, evidenciando a necessidade de contextualizar o ensino. Para ele, os processos de desenvolvimento e de
aprendizagem estão intimamente relacionados e essa relação é dialéctica.

A relação com o saber

BERNARD CHARLOT, um dos principais teóricos da sociologia da educação a discutir esta questão, ao tratar das
relações de saber reforça que estas são relações sociais em sua essência, e sem as quais não há saber (CHARLOT,
2000). Compreende-se, assim, a relação de contínua dependência entre a aprendizagem e as interacções sociais, uma vez
que o ser humano, como salienta o autor, é essencialmente social.

A discussão sobre os mecanismos/estratégias que se realizam em sala de aula é fundamental para clarear algumas
concepções sobre as relações que se estabelecem no ambiente de aprendizagem (especialmente entre professor e aluno),
sobre quem é este sujeito que aprende e quais são os elementos que produzem uma situação de fracasso escolar.
Portanto, considerando esta dimensão social da aprendizagem, conhecer quais são as influências das diferentes formas
de interacção do professor com seus alunos nos possibilita localizar e propor intervenções significativas na
aprendizagem das crianças.

Alguns pesquisadores em nossa área vêm apresentando resultados de trabalhos investigativos neste sentido, mostrando
algumas evidências da influência do tipo de relação construída com o professor no nível de aprendizagem dos alunos.

TACCA E BRANCO (2008), por exemplo, partem de estudos teóricos sobre a perspectiva denominada de sociocultural
construtivista e de um trabalho de pesquisa desenvolvido por elas com turmas de 2ª série do Ensino Fundamental. O
objectivo é tentar compreender a relação que se estabelece entre as interacções professor-alunos e a aprendizagem. As
autoras destacam a relevância de o aluno construir uma auto imagem positiva no seu processo de aprendizagem. E, no
espaço da sala de aula, o papel do professor é decisivo nesta construção. É essencial que o professor conheça, então, as
características de seu grupo e quais são os mecanismos ou estratégias que mais mobilizam todos ou cada um para a
aprendizagem dos conteúdos.

Segundo TACCA E BRANCO (2008), esta tarefa é determinante no panejamento do professor. Através dos
mecanismos de comunicação, os atores sociais, professores e alunos, negociam as direcções da construção dos conceitos
que devem ser aprendidos. E é como este processo se estabelece e como o professor pode direccioná-lo que as autoras
buscaram investigar. TACCA E BRANCO (2008) evidenciam alguns comportamentos e posturas das professoras que
influenciam de maneira categórica na forma como aquelas crianças se relacionam com a actividade e com o que deve
ser aprendido.

Universidade Rovuma: curso de ensino de filosofia 2º ano. Trabalho em grupo. (DF1)


Em um cenário onde a interacção se torna o foco da discussão sobre a aprendizagem, também se tornam decisivas as
concepções que cada professor tem sobre o saber e sobre o aluno, pois elas determinarão a natureza da interacção.

Uma das perspectivas a serem observadas, para compreender melhor como se dá a interacção professor-alunos, é a
escolha e utilização das estratégias e recursos metodológicos pelo professor em sala de aula. A opção por um
material/estratégia diz muito sobre a concepção teórica daquele educador, mas também sobre o tipo de interacção que
pretende estabelecer com seus alunos. Para compreender melhor como uma opção metodológica e seu desenvolvimento
traduzir-se-ia na aprendizagem dos alunos, NUNES-MACEDO et al. (2004) analisaram os resultados de uma pesquisa
etnográfica que realizaram em uma turma de primeiro ciclo do Ensino Fundamental.

Através da observação e das entrevistas e questionários realizados, os autores detiveram seu interesse na utilização do
livro didáctico enquanto ferramenta de mediação entre o professor e a aprendizagem de seus alunos. A utilização do
livro didáctico como ferramenta central do processo de ensino é uma prática comum nas escolas brasileiras, onde muitas
vezes ele determina o panejamento das aulas, sendo a referência principal do professor. Na citada pesquisa, os autores
analisaram especificamente como se dá a utilização do livro didáctico pelas professoras responsáveis pela alfabetização
em uma escola. Na observação do quotidiano escolar, foi possível analisar “como as interacções na sala de aula foram
mediadas pelo livro didáctico, através do discurso e das vozes que circulam nesse espaço” (NUNES-MACEDO et al.,
2004, p. 20).

4º Alexandre Pedro. A didáctica da Filosofia como problema filosófico

A opção de abordarmos a didáctica como problema filosófico não é uma opção pacífica, mas é oque fez para este curso.
Não pretendemos didactizar toda a filosofia. Temos consciência de que a didáctica Ensino-aprendizagem não esgota a
globalidade do filosofar. Sabemos que filosofia ultrapassa grandemente o problema da sua ensinabilidade. De qualquer
modo, entendemos a didáctica como lugar privilegiado de filosofar, como o seu momento prático. MARNOTO (1990)

A didáctica é a filosofia enquanto exercício, é a ocasião que a filosofia tem para se justificar, e como tal, para se
repensar. Como nos diz BARATA no texto 6, a filosofia não se põe questões como põe em questão, questiona e
questiona-se. Em filosofia a auto-problematizacao é constituída da própria disciplina. Quando nos interrogamos sobre a
vaidade ou sobre a pertinência da filosofia estamos a filosofar, ao passo que, quando nos interrogamos sobre a
matemática ou historia não estamos a pensar matematicamente e nem historicamente.

A Filosofia é das poucas disciplinas que aceita a problematização no interior de si mesma, que considera essencial pôr-
se em causa. E que toma um ou outro rumo consoante a resposta dada a essa questão. De onde a necessidade de termos
clara a ideias de filosofia, quando nos propomos pensar a pratica filosofia na sala de aula, é impossível ensinar algo que
nos próprios não sabemos o que é. (Id:1990)

Temos que clarificar o conceito o nosso conceito de filosofia. Seguidamente há que tomar consciência do tipo de ensino
que tal conceito implica. Mesmo que isso nos leve a consequências dolorosas da sua não ensinabilidade. De facto, como
admitir que um professor de filosofia defenda a não ensinabilidade daquilo que por definição lhe cabe ensinar?

A filosofia é eminentemente dialógica, comunicativa. Ela faz-se para se expandir, para se discutir, para se expor, para
que o diálogo se processe, para que haja troca, debate ou comunicação há que escolher meios adequados, há que
enveredar por estratégias que permitam a ocorrência do diálogo. O difícil é encontrar os caminhos da sua comunicação.

É este problema essencial da didáctica, pensar como se ensina a Filosofia. Pensar se ainda é possível ensinar
filosofia e, radicalizando a questão, interrogarmo-nos, a maneira de Sócrates, se é possível ensinar algo a alguém. Não
será o acto ensinar, todo o acto de ensinar ou de aprender algo.

A filosofia sendo essencialmente comunicável, dialógica, pode e deve transmitir-se. O problema esta no modo como se
estabelece a transmissão, ou seja, na relação a criar entre o (aluno-professor). Ex: imaginem-se a trabalhar com um
grupo de alunos da escola secundária e teriam de falar da alegoria da caverna. Pensem no modo como organizariam as
vossas aulas. Prevejam algumas dificuldades que os alunos sentiriam, as estratégias que usariam para os interessar, os
conceitos cuja problematização assinalariam, as questões motivadoras a propor etc. MARNOTO (1990)

Universidade Rovuma: curso de ensino de filosofia 2º ano. Trabalho em grupo. (DF1)

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