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Introdução
2. Premissas
5. Negritude e politica
O Negro estabeleceu uma hierarquia rigorosa das Forças. No vértice, um Deus único,
não criado mas criador. Aquele que tem a força, o poder por si próprio. A intenção mais
ou menos patente de Senghor é colocar-nos perante a revelação do conceito de Deus ao
homem. Para Paul Hazoumé a definição de Deus dada no Evangelho de S. João está
próxima da concepção que os animistas do Daomé têm do Ser Supremo. Muitos padres
africanos lançaram-se no estudo das religiões dos seus povos. Entre as obras mais
significativas deste período encontra-se a do padre Vincent Mulago sobre o pacto de
sangue e a comunhão alimentar entre os bantos. (CARRILHO, 1975, pp. 144-145)
Na época da expansão europeia, os povos “descobertos” eram considerados
“selvagens”, “bárbaros”, “infiéis”, ou “pagãos”. O Deus católico conseguiu conservar
sempre o seu trono. Depois de citar os erros do comércio dos escravos, Senghor
lamenta-se de que a França o “convidava para a sua mesa e lhe pede para trazer consigo
o pão”. Segundo os teóricos da Négritude; os negros-africanos teriam desenvolvido
sectores indubitáveis de humanidade, a emoção, a intuição, a sensibilidade, o
humanitarismo profundo. A realização de uma “Union Française à la mesure de l
´Homme” passa segundo o líder senegalês, por um processo de “assimilação” e de
“associação”. (CARRILHO, 1975, pp.145-155)
A plataforma da mestiçagem parece efectivamente dar ao líder da Négritude as garantias
políticas suficientes. Sobre este e outros aspectos, torna-se inevitável fazer uma
comparação entre a Négritude e o Lusotropicalismo. A “Tropicologia”, de que a
Lusotropicologia seria um sector fundamental. O Lusotropicalismo sustenta que “em
todo o lado onde prevaleceu o tipo black is beautiful sobre o aspecto físico, olhos
apresentam-se como insignificantes e a mestiçagem torna-se uma força psicológica
social e etnicamente activa e criadora”. Elogio da mestiçagem, valorização de certos
aspectos da vida africana sob a marca civilizadora do catolicismo, rejeição do racismo
“biológico”, e defesa de uma área cultural político euro-tropical, eis os mais salientes
pontos de contacto entre a Négritude e o Lusotropicalismo. (Ibidem pp. 157-159)
5.1.Négritude e marxismo
No seu período inicial, o movimento da Négritude, fosse porque se confundia com o
movimento de libertação dos oprimidos de todo o mundo, fosse pele sua ligação com o
surrealismo, cujos principais expoentes eram militantes ou simpatizantes comunistas. O
aumento dos conhecimentos e informações a respeito das zonas não estudadas por
Marx, Engeles, nem mesmo por Lenine, levou a uma tentativa de aplicação menos
mecânica do marxismo. (Ibidem pp.159-160)
A Négritude nunca foi, ao contrário do que parecem querer dizer alguns críticos
americanos, um movimento que, partindo do marxismo, pretendia completá-lo ou
aperfeiçoa-los de modo a aplicar os seus princípios entre os povos africanos. O
problema fundamental continua a ser, segundo Senghor, o “conciliar o socialismo com
os valores culturais negro-africanos, sobretudo os valores religiosos”. (Ibidem pp. 163-
165)
Ainda mais escreve Fanon: “aqueles homens que cantaram a raça, que assumiram todo
o passado abastardeia e antropologia, encontram-se, e infelizmente, a frente, de uma
equipa que que volta as costas a realidade do pais e proclama que a vocação do seu
povo é ir atrás ir ainda sempre (ibidem, p.173).
No caso de que a cultura nacional é a que é marcada por uma efectiva ligacao com a luta
de libertação conduzida por todo um povo contra a opressão colonial. Em geral, em
todos os países subdesenvolvidos, a cultura nacional deve situar-se no próprio centro da
luta de libertacao. Segundo a afirmação do Fanon. A negritude tendo uma perspectiva
racial, não tem uma perspectiva cultural e politicamente um futuro. (Ibidem, pp.175-
176)
Os intelectuais da Negritude são vistos como uma elite resultante da aculturação dos
povos marginais. Assim, afirma-se que na intervenção guinense a Negritude “é
objectivamente uma ideologia auxiliada, ideologia imperialista. A negritude é além
disso acusada de não ter contestado devidamente o colonialismo, e de ser uma ideologia
que evita a luta. Os ideólogos da negritude teriam assim acabado por entregar os povos
africanos de pés e mãos atados aos etnólogos e aos antropólogos (imperialista) actuando
objectivamente contra o desenvolvimento da África.
Segundo o delegado Daomé os defensores das negritude procuram opor
propositadamente o continente negro a Europa racional e sobretudo industrial, e
justificar assim uma espécie de divisão internacional das funções que tendem a manter a
África na posição de fornecedora de matérias-primas a baixo preços e de mão-de-obra
não qualificada. Fazendo o balanço de encontro de Argel, podemos dizer que a cultura
africana clarificou as suas tarefas, superar o subdesenvolvimento, edis o desafio que
deve ser aceite pela cultura do Norte, Centro e do Sul de África (Ibidem, pp.183-185).
No entanto, os africanos não querem continuar a ser olhados como objectos, ainda que
interessantes, não querem continuar a serem povos “etnológicos”.
Os intelectuais da corrente da negritude, insiste numa investigação das origens que se
tornam pesquisas da originalidade, isto é, demonstração que se propõe conseguir o
reconhecimento da Europa. As teorias da Negritude caíram na ratoeira etnológica. A
especificidade da Negritude não sabe dar uma resposta as exigências do
desenvolvimento dos países africanos.
6. Conclusão
Terminando o presente trabalho que aborda sobre “Sociologia da Negritude” em Maria
em Maria Carrilho, é de estrema importância para se perceber sobre o verdadeiro
sentido da sociologia da negritude. No que se refere a negritude em geral, e a sociologia
da negritude em particular, é impossível falar sobre eles sem se tocar no Senghor.
Sendo a negritude como uma Fénix africana, o seu surgimento não foi algo repentino e
fácil, O negro era visto como nível de discriminação racial, Cesaire e Senghor fizeram
com que o negro assume-se os seus valores, pelo que ninguém poderia envergonhar-se
ou humilhar-se por ser negro. Ela surge como um chamado para responder ao racismo
do branco Europeu e do mundo. Na concepção de Fanon, para a libertação do
colonialismo, é necessário um facto violento um embate entre as duas forças, neste caso,
do colonizado contra o colonizador.
7. Bibliografia
1. CARRILHO, Maria. Sociologia da Negritude. Lisboa, Ed. 70, 1975