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Índice
Introdução..................................................................................................................................4

FILOSOFIA E DIDÁCTICA DE FILOSOFIA: IMPLICAÇÕES DE UMA RELAÇÃO........5

Didáctica de filosofia.................................................................................................................5

Didáctica, educação, pedagogia: a didáctica ensino/aprendizagem...........................................6

Didáctica....................................................................................................................................6

Origem etimológica da palavra Didáctica..................................................................................6

Conceitos de Didáctica...............................................................................................................6

Objecto de estudo da Didáctica..................................................................................................7

Educação....................................................................................................................................8

Pedagogia...................................................................................................................................8

Mas oque seria ensinar...............................................................................................................9

Relação dialéctica no processo Ensino-aprendizagem...............................................................9

Ensino-aprendizagem...............................................................................................................10

A relação com o saber..............................................................................................................11

A didáctica da Filosofia como problema filosófico.................................................................12

Texto 5 (Martin Heidegger – Was heisst denken?)..................................................................14

Conclusão.................................................................................................................................15

Referências bibliográficas........................................................................................................16
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Introdução

O presente trabalho tem como tema Filosofia e Didáctica de Filosofia: Implicações de uma
relação.

A palavra Didáctica deriva da palavra grega didactos, que significa “Instrução”. Nesta ordem
de ideia, a Didáctica desenvolveu-se como teoria de instrução. Em sua obra Didáctica
Magna, Coménio, qualifica a Didáctica como a arte de instruir.

Objectivo geral:

 Conhecer e compreender a didáctica de filosofia e o seu problema

Objectivo específicos:

 Descrever o conceito de aprendizagem e o PEA


 Ilustrar a importância do estudo da didáctica da filosofia
 Mencionar algumas reflexões sobre didáctica de filosofia

A metodologia empregue perante elaboração sintética deste trabalho, foi basicamente a


consulta bibliográfica e a consulta electrónica, num processo que tanto resultou no
confronto das mesmas de modo a obter a veracidade do essencial adquirido. Para além
disso o trabalho obedece a seguinte estrutura: Introdução, desenvolvimento e a
conclusão.
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FILOSOFIA E DIDÁCTICA DE FILOSOFIA: IMPLICAÇÕES DE UMA RELAÇÃO

Depois de uma leitura exaustiva, compreende-se que a relação pedagógica é toda relação que
tem como intencionalidade a acção de ensinar e de aprender, num movimento contínuo dos
sujeitos que têm em comum a aprendizagem. No espaço pedagógico, professor e alunos se
encontram com o conhecimento para pesquisar, desvelar, duvidar, compreender, conhecer,
objectivando o renascimento do conhecimento, tanto aos sujeitos quanto ao próprio
conhecimento.

É importante considerar a relação pedagógica como sendo “o conjunto de relações sociais


que se estabelecem entre o educador e aqueles que educa para atingir objectivos educativos
[...], relações essas que possuem características cognitivas e afectivas identificáveis, que têm
um desenvolvimento e vivem uma história”, pois a relação professor-aluno, vai muito além
das questões aqui analisadas, isso acontece principalmente, devido às constantes e aceleradas
mudanças que ocorrem na sociedade e reflectem no contexto escolar.

Didáctica de filosofia

Há uma didáctica para o ensino da filosofia?

Se há ensino há didáctica. Se a filosofia pode ser ensinada, há uma didáctica para ela. E como
a filosofia pode, certamente, ser ensinada - pois é ensinada desde seus primeiros dias -, não
há como negar que alguma didáctica é empregada no seu ensino. Qual é, então, o problema
da didáctica em filosofia? Grosso modo, o problema da didáctica geral é um só: estabelecer o
limite entre o que está sendo organizado de maneira a ser melhor apreendido pelo estudante e
o assunto propriamente dito como ele aparece classicamente na história dos conhecimentos.
Wikipedia (acesso no mês de Março de 2023 pelas 15:30’).
Assim, o problema da didáctica da filosofia é, mutais mutandis, o mesmo que o da didáctica
geral - falando através de um exemplo: como posso organizar os argumentos de PEIRCE
contra Descartes, de modo que eu venha a ser compreendido pelos meus estudantes sem, no
entanto, trair o consenso que existe entre os bons professores de filosofia a respeito do que
disse PEIRCE na sua oposição a Descartes. Se consigo uma narrativa sobre isso que satisfaça
as necessidades intelectuais de meus alunos e ao mesmo tempo tenha a bênção do crivo da
crítica de meus bons pares e das minhas próprias exigências, realizei um bom trabalho
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didáctico em filosofia, no que se refere a começar a explicar onde é que o pragmatismo dá


início ao seu combate ao cartesianismo. Colocado assim, formalmente, o problema da
didáctica da filosofia parece ser a coisa mais fácil de se fazer no mundo. Em parte é, em parte
não é. (Id. acesso no mês de Março de 2023 pelas 15:35’)

Didáctica, educação, pedagogia: a didáctica ensino/aprendizagem

Didáctica

Origem etimológica da palavra Didáctica

A palavra Didáctica deriva da palavra grega didactos, que significa “Instrução”. Nesta ordem
de ideia, a Didáctica desenvolveu-se como teoria de instrução. Em sua obra Didáctica
Magna, Coménio, qualifica a Didáctica como a arte de instruir.

Ao se falar da instrução no processo de formação humana, estamos a nos posicionar


principalmente do lado de desenvolvimento do indivíduo, nos seguintes aspectos:

Saber (conhecimentos)

Saber fazer (capacidades e habilidades).

Quer dizer deixamos de parte o saber ser (atitudes, valores, convicções), assim como o saber
estar (comportamentos e hábitos) que são também importantes para se conseguir o
desenvolvimento integral do Homem.

Aliás, quando falamos da Didáctica, um aspecto que merece o nosso maior apreço, é o de que
o processo didáctico, se refere à actividade do professor e, neste sentido, o ensino e
aprendizagem tem lugar, na sua máxima intensidade e expressão, na sala de aulas, razão pela
qual a Didáctica também se designa de teoria de ensino. Assim, através dos seus objectivos
de formação, o ensino deve incorporar a instrução (saber e saber fazer) e a educação (saber
ser e estar).

Conceitos de Didáctica

Então, reconhecendo esta limitação epistemológica, como podemos definir a Didáctica hoje?
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Estamos a imaginar que são múltiplas as situações em que nós teríamos ouvido pela primeira
vez falar do termo Didáctica: na escola, na instituição de formação de professores, na
conversa entre professores ou trabalhadores de educação.

Para estes diferentes casos, podemos compreender que a Didáctica é uma ciência
dimensionada para o ser humano, que se propõe ajudar a educar o Homem, necessitando,
por isso, de se fundamentar nos princípios da educação. Por isso, onde que se procure falar ou
definir a Didáctica, a sua essência reside na questão de ensino e a formação, no mesmo
sentido em que deve estar a conceitualização que acabou de se apresentar em relação a
Didáctica.

Libâneo (1994, pp;25 & 26) diz que a Didáctica investiga os fundamentos, as condições e
modos de realização da instrução e de ensino. A ela cabe converter os objectivos
sociopolíticos e pedagógicos em objectivos de ensino, seleccionar conteúdos e métodos em
função desses objectivos, estabelecer os vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em vista
o desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos. E se definirmos a acção educativa
pelo seu carácter intencional, também a acção docente se caracteriza como direcção
consciente e intencional do ensino, tendo em vista a instrução e a educação dos indivíduos,
capacitando-os para o domínio de instrumentos cognitivos e operativos de assimilação da
experiência social e culturalmente organizada.

Piletti (2004), define a Didáctica como uma disciplina técnica e que tem como objecto
específico a técnica de ensino (direcção técnica de aprendizagem). A Didáctica, portanto,
estuda a técnica de ensino em todo os seus aspectos práticos e operacionais, podendo ser
definida como: “a técnica de estimular, dirigir e encaminhar, no decurso da aprendizagem, a
formação do Homem”.

Objecto de estudo da Didáctica

O objecto de estudo da Didáctica é o PEA, campo principal da educação escolar.

Na medida em que o ensino viabiliza as tarefas da instrução, ele contém a instrução.


Podemos assim delimitar como objecto da Didáctica o processo de Ensino-aprendizagem
(PEA) que, considerado no seu conjunto, inclui: os conteúdos dos programas e dos livros
didácticos, os métodos e as formas organizativas do processo de ensino, as actividades do
professor e dos alunos e as directrizes que regulam e orientam esse processo.
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A Didáctica é, pois, uma das disciplinas da Pedagogia que estuda o processo de ensino e
aprendizagem (como já nos referimos) através dos seus componentes conteúdos escolares, o
ensino e aprendizagem para, com o embassamento numa teoria da educação, formular
directrizes orientadoras da actividade profissional dos professores. É, ao mesmo tempo, uma
matéria de estudo na formação de professores e um meio de trabalho do qual os professores
se servem para dirigir a actividade de ensino, cujo resultado é a aprendizagem dos conteúdos
escolares pelos alunos.

Definindo-se como mediação escolar dos objectivos e conteúdos do ensino, a Didáctica


investiga as condições e formas que vigoram no ensino e, ao mesmo tempo, os factores reais
(sociais, políticos, culturais, psicossociais) condicionantes das relações entre a docência e a
aprendizagem. Ou seja, destacando a instrução e o ensino como elementos primordiais do
processo pedagógico escolar, traduz objectivos sociais e políticos em objectivos de ensino,
selecciona e organiza os conteúdos e métodos e, ao estabelecer as conexões entre ensino e
aprendizagem, indica princípios e directrizes que irão regular a acção didáctica.

Podemos ver nela a tripla função. Ela tem sido entendida como arte, técnica e ciência.
Marnoto (1990)

 Arte – apela para a criatividade, para a invenção. Interessa-lhe o modo como os


conhecimentos são transmitidos, a maneira como fazemos passar a informação.
 Técnica – implica um saber fazer, um «know-how» ‘saber como’ que supõe a
aquisição e domínio de certas «skills» habilidades.
 Ciência – a didáctica apoia-se numa determinada teoria do ensino que toma como
ponto de referência. Essa teoria por sua vez, enquadra-se-a num plano mais vasto.

Educação

"Educação – vem do latim educare ou seja cuidar. Mas vem também de educare que
significa conduzir, levar, a educação é um processo de integração de um indivíduo no seio
da cultura " Marnoto (1990).

Pedagogia

A palavra significa guia da criança ate ao século XIX esta definição literal serviu. Admitia-
se que se recebia informação e ∕ ou formação ate certa idade e que depois essa informação
era consolidada e alargada mas não qualitativamente alterada. Marnoto (1990).
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Mas oque seria ensinar

Partimos do princípio de que o ensino é possível e desejável. Definimo-lo pela sua vertente
essencialmente comunicativa. Ensinar é comunicar algo a alguém. Marnoto (1990).

Podemos falar do ensino aplicando-o a inúmeras circunstâncias. Mas na sua vertente


escolar exigimos certos requisitos para a sua ocorrência.

Nesta ordem de ideia chega-se a conclusão que para que haja o ensino na vertente escolar é
necessário que haja: intenção, espaço, um tempo, professores e alunos.

Relação dialéctica no processo Ensino-aprendizagem

Dialéctica (lat. dialéctica, do gr. dialektike: discussão) Em nossos dias, utiliza-se bastante o
termo "dialéctica" para se dar uma aparência de racionalidade aos modos de explicação e
demonstração confusos e aproximativos. Mas a tradição filosófica lhe dá significados bem
precisos. Japiassú e Marcondes (2001)

Em Platão, a dialéctica é o processo pelo qual a alma se eleva, por degraus, das aparências
sensíveis às realidades inteligíveis ou ideias. Ele emprega o verbo dialeghestai em seu sentido
etimológico de "dialogar", isto é. De fazer passar o logos na troca entre dois interlocutores. A
dialéctica é um instrumento de busca da verdade. Uma pedagogia científica do diálogo graças
ao qual o aprendiz de filósofo, tendo conseguido dominar suas pulsões corporais e vencer a
crença nos dados do mundo sensível, utiliza sistematicamente o discurso para chegar à
percepção das essências, isto é, à ordem da verdade. (Id:2001)

Em Aristóteles, a dialéctica é a dedução feita a partir de premissas apenas prováveis. Ele


opõe ao silogismo científico, fundado em premissas consideradas verdadeiras e concluindo
necessariamente pela "força da forma", o silogismo dialéctico que possui a mesma estrutura
de necessidade, mas tendo apenas premissas prováveis, concluindo apenas de modo provável.

Em Hegel. a dialéctica é o movimento racional que nos permite superar uma contradição.
Não é um método, mas um movimento conjunto do pensamento e do real: "Chamamos de
dialéctica o movimento racional superior em favor do qual esses termos na aparência
separados (o ser e o nada) passam espontaneamente uns nos outros. em virtude mesmo
daquilo que eles são, encontrando-se eliminada a hipótese de sua separação". Para pensarmos
a história, diz Hegel, importa-nos concebê-la como sucessão de momentos, cada um deles
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formando uma totalidade, momento que só se apresenta opondo-se ao momento que o


precedeu: ele o nega manifestando suas insuficiências e seu carácter parcial; e o supera na
medida em que eleva a um estágio superior, para resolvê-los_ os problemas não resolvidos. E
na medida em que afirma urna propriedade comum do pensamento e das coisas, a dialéctica
pretende ser a chave do saber absoluto: do movimento do pensamento. Poderemos deduzir o
movimento do mundo: logo, o pensamento humano pode conhecer a totalidade do mundo
(carácter metafísico da dialéctica).

Marx-Engels faz da dialéctica um método. Insiste na necessidade de considerarmos a


realidade socioeconómica de determinada época como um todo articulado, atravessado por
contradições específicas, entre as quais a da luta de classes. A partir dele, mas graças
sobretudo à contribuição de ENGELS, a dialéctica se converte no método do materialismo e
no processo do movimento histórico que considera a Natureza:

a) como um todo coerente em que os fenómenos se condicionam reciprocamente; b) como


um estado de mudança e de movimento: c) como o lugar onde o processo de crescimento das
mudanças quantitativas gera. Por acumulação e por saltos, mutações de ordem qualitativa: d)
como a sede das contradições internas. Seus fenómenos tendo um lado positivo e o outro
negativo. Um passado e um futuro. O que provoca a luta das tendências contrárias que gera o
progresso (Marx-Engels).

De acordo com o dicionário universal (2002:259) dialéctica arte de argumentar ou discutir,


arte de raciocinar

Ensino-aprendizagem

De acordo com Vygotsky (2009), a aprendizagem se dá nas relações com outros homens, nas
quais se transmitem intencionalmente os conhecimentos produzidos historicamente. A
criança se desenvolve a partir do meio sociocultural, considerando o que lhe é disponibilizado
e oferecido para desenvolver-se ou não. Portanto, é necessário recuperar o papel do educador
como aquele que planeja a acção educativa para promover o desenvolvimento de seus alunos.
O conhecimento, devido à sua complexidade, exige formas também sistematizadas para sua
apropriação e não se dá de modo espontâneo. Por esse motivo, o professor deve ser o
organizador do meio social (Vygotsky, 2001). Assim, o conhecimento é compreendido como
uma construção social, pois tem origem relacional e discursiva.
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Vygotsky, no entanto, entende que a aprendizagem é que produz o desenvolvimento,


acentuando o foco na interacção do sujeito com o meio, destacando a importância da
mediação. Em sua concepção, o conhecimento está no mundo e é ele que move o
desenvolvimento; o conhecimento vem da mediação cultural e a partir daí a criança vai se
desenvolvendo (Vygotsky, 2008). Os fenómenos da linguagem e do pensamento são
compreendidos dentro do processo sócio histórico e, por esse motivo, VYGOTSKY afirma
que a aprendizagem dos conceitos deve partir das práticas sociais, evidenciando a
necessidade de contextualizar o ensino. Para ele, os processos de desenvolvimento e de
aprendizagem estão intimamente relacionados e essa relação é dialéctica.

A relação com o saber

Bernard Charlot, um dos principais teóricos da sociologia da educação a discutir esta


questão, ao tratar das relações de saber reforça que estas são relações sociais em sua essência,
e sem as quais não há saber (Charlot, 2000). Compreende-se, assim, a relação de contínua
dependência entre a aprendizagem e as interacções sociais, uma vez que o ser humano, como
salienta o autor, é essencialmente social.

A discussão sobre os mecanismos/estratégias que se realizam em sala de aula é fundamental


para clarear algumas concepções sobre as relações que se estabelecem no ambiente de
aprendizagem (especialmente entre professor e aluno), sobre quem é este sujeito que aprende
e quais são os elementos que produzem uma situação de fracasso escolar. Portanto,
considerando esta dimensão social da aprendizagem, conhecer quais são as influências das
diferentes formas de interacção do professor com seus alunos nos possibilita localizar e
propor intervenções significativas na aprendizagem das crianças.

Alguns pesquisadores em nossa área vêm apresentando resultados de trabalhos investigativos


neste sentido, mostrando algumas evidências da influência do tipo de relação construída com
o professor no nível de aprendizagem dos alunos.

TACCA E BRANCO (2008), por exemplo, partem de estudos teóricos sobre a perspectiva
denominada de sociocultural construtivista e de um trabalho de pesquisa desenvolvido por elas
com turmas de 2ª série do Ensino Fundamental. O objectivo é tentar compreender a relação
que se estabelece entre as interacções professor-alunos e a aprendizagem. As autoras destacam
a relevância de o aluno construir uma auto imagem positiva no seu processo de aprendizagem.
E, no espaço da sala de aula, o papel do professor é decisivo nesta construção. É essencial que
o professor conheça, então, as características de seu grupo e quais são os mecanismos ou
estratégias que mais mobilizam todos ou cada um para a aprendizagem dos conteúdos.
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Segundo Tacca E Branco (2008), esta tarefa é determinante no panejamento do professor.


Através dos mecanismos de comunicação, os atores sociais, professores e alunos, negociam
as direcções da construção dos conceitos que devem ser aprendidos. E é como este processo
se estabelece e como o professor pode direccioná-lo que as autoras buscaram investigar.
Tacca E Branco (2008) evidenciam alguns comportamentos e posturas das professoras que
influenciam de maneira categórica na forma como aquelas crianças se relacionam com a
actividade e com o que deve ser aprendido.

Em um cenário onde a interacção se torna o foco da discussão sobre a aprendizagem, também


se tornam decisivas as concepções que cada professor tem sobre o saber e sobre o aluno, pois
elas determinarão a natureza da interacção.

Uma das perspectivas a serem observadas, para compreender melhor como se dá a interacção
professor-alunos, é a escolha e utilização das estratégias e recursos metodológicos pelo
professor em sala de aula. A opção por um material/estratégia diz muito sobre a concepção
teórica daquele educador, mas também sobre o tipo de interacção que pretende estabelecer
com seus alunos. Para compreender melhor como uma opção metodológica e seu
desenvolvimento traduzir-se-ia na aprendizagem dos alunos, Nunes-Macedo et al. (2004)
analisaram os resultados de uma pesquisa etnográfica que realizaram em uma turma de
primeiro ciclo do Ensino Fundamental.

Através da observação e das entrevistas e questionários realizados, os autores detiveram seu


interesse na utilização do livro didáctico enquanto ferramenta de mediação entre o professor e
a aprendizagem de seus alunos. A utilização do livro didáctico como ferramenta central do
processo de ensino é uma prática comum nas escolas brasileiras, onde muitas vezes ele
determina o panejamento das aulas, sendo a referência principal do professor. Na citada
pesquisa, os autores analisaram especificamente como se dá a utilização do livro didáctico
pelas professoras responsáveis pela alfabetização em uma escola. Na observação do
quotidiano escolar, foi possível analisar “como as interacções na sala de aula foram mediadas
pelo livro didáctico, através do discurso e das vozes que circulam nesse espaço” (NUNES-
Macedo et al., 2004, p. 20).

A didáctica da Filosofia como problema filosófico

A opção de abordarmos a didáctica como problema filosófico não é uma opção pacífica, mas
é oque fez para este curso. Não pretendemos didactizar toda a filosofia. Temos consciência de
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que a didáctica Ensino-aprendizagem não esgota a globalidade do filosofar. Sabemos que


filosofia ultrapassa grandemente o problema da sua ensinabilidade. De qualquer modo,
entendemos a didáctica como lugar privilegiado de filosofar, como o seu momento prático.
Marnoto (1990)

A didáctica é a filosofia enquanto exercício, é a ocasião que a filosofia tem para se


justificar, e como tal, para se repensar. Como nos diz Barata no texto 6, a filosofia não se põe
questões como põe em questão, questiona e questiona-se. Em filosofia a auto-
problematizacao é constituída da própria disciplina. Quando nos interrogamos sobre a
vaidade ou sobre a pertinência da filosofia estamos a filosofar, ao passo que, quando nos
interrogamos sobre a matemática ou historia não estamos a pensar matematicamente e nem
historicamente.

A Filosofia é das poucas disciplinas que aceita a problematização no interior de si mesma,


que considera essencial pôr-se em causa. E que toma um ou outro rumo consoante a resposta
dada a essa questão. De onde a necessidade de termos clara a ideias de filosofia, quando nos
propomos pensar a pratica filosofia na sala de aula, é impossível ensinar algo que nos
próprios não sabemos o que é. (Id:1990)

Temos que clarificar o conceito o nosso conceito de filosofia. Seguidamente há que tomar
consciência do tipo de ensino que tal conceito implica. Mesmo que isso nos leve a
consequências dolorosas da sua não ensinabilidade. De facto, como admitir que um professor
de filosofia defenda a não ensinabilidade daquilo que por definição lhe cabe ensinar?

A filosofia é eminentemente dialógica, comunicativa. Ela faz-se para se expandir, para se


discutir, para se expor, para que o diálogo se processe, para que haja troca, debate ou
comunicação há que escolher meios adequados, há que enveredar por estratégias que
permitam a ocorrência do diálogo. O difícil é encontrar os caminhos da sua comunicação.

É este problema essencial da didáctica, pensar como se ensina a Filosofia. Pensar se ainda
é possível ensinar filosofia e, radicalizando a questão, interrogarmo-nos, a maneira de
Sócrates, se é possível ensinar algo a alguém. Não será o acto ensinar, todo o acto de ensinar
ou de aprender algo.

A filosofia sendo essencialmente comunicável, dialógica, pode e deve transmitir-se. O


problema esta no modo como se estabelece a transmissão, ou seja, na relação a criar entre o
(aluno-professor). Ex: imaginem-se a trabalhar com um grupo de alunos da escola secundária
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e teriam de falar da alegoria da caverna. Pensem no modo como organizariam as vossas


aulas. Prevejam algumas dificuldades que os alunos sentiriam, as estratégias que usariam para
os interessar, os conceitos cuja problematização assinalariam, as questões motivadoras a
propor etc. Marnoto (1990).

Texto 5 (Martin Heidegger – Was heisst denken?)

Ensinar é, com efeito ainda mais difícil do que aprender. Sabemo-lo bem mas raramente
reflectimos sobre isso. Por que é que ensinar é ainda mais difícil do que aprender? Não
porque quem ensina deve possuir uma soma maior de conhecimentos tendo-os sempre
disponíveis. Ensinar é mais difícil do que aprender porque ensinar quer dizer «fazer
aprender». Aquele que verdadeiramente ensina não ensina mais nada que não seja a
aprender. É por isso que a sua acção desperta sempre a ideia de que perto dele, propriamente
dito, não se aprende nada. E isso é porque entendemos por «aprender» uma aquisição
exclusiva de conhecimentos utilizáveis, e entendemo-lo inconsideradamente. Quem ensina só
ultrapassa os aprendizes nisto: no facto de dever aprender ainda muito mais do que eles, pois
que deve ensinar a «fazer aprender». Quem ensina deve ser mais dócil do que o aprendiz.
Quem ensina esta muito menos seguro do que faz do que aqueles que aprendem. É por isso
que na relação daquele que ensina e daqueles que aprendem, quando é uma relação
verdadeira, nem a autoridade de multisciente nem a influencia autoritária do que desempenha
uma tarefa entram em jogo. É por isso que é uma grande coisa ser-se um «ensinante» é algo
totalmente diferente o ser-se um professor célebre. Se hoje em dia – onde tudo se mede sobre
a baixeza e consoante a baixeza, por exemplo sob o ponto de vista do lucro – ninguém quer
mais tornar-se um «ensinante», isso deve-se sem dúvida alguma ao que essa «grande coisa»
implica, e à sua grandeza. Devemos manter sempre a verdadeira relação entre aquele que
ensina e o aprendiz, se é que queremos que no processamento deste curso haja aprendizagem.

Marnoto (1990:54)
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Conclusão

No terminar do trabalho em curso, na cadeira de Didáctica da Filosofia1, percebemos que a


didáctica é definida de várias formas dependendo do autor. Dai podemos compreender que a
Didáctica é uma ciência dimensionada para o ser humano, que se propõe ajudar a educar o
Homem, necessitando, por isso, de se fundamentar nos princípios da educação. Por isso, onde
que se procure falar ou definir a Didáctica, a sua essência reside na questão de ensino e a
formação.

Olhando ao que nos interessa o grupo pude verificar que pensar como se ensina a Filosofia.
Pensar se ainda é possível ensinar filosofia, já seria o problema essencial da didáctica de
filosofia
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Referências bibliográficas

Charlot, B (2000). Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre, RS:
ArtMed, 2000.

Dicionário, U (2002). mais gramática, língua portuguesa. 3ª Edição, Maputo Outubro de


2002.

Japiassú, H. Marcondes, D (2001). dicionário básico de filosofia. 3ª Edição, Rio de Janeiro.

Libaneo, J (2006).Carlos. Didáctica; Cortez Editora, São Paulo.

Marnoto, Isabel (1990). Didáctica da Filosofia.1. S/L. ed. Lisboa.

Nunes-Macedo, M. S. A. Mortimer, E. F. Green, J. A constituição das interacções em sala de


aula e o uso do livro didáctico: análise de uma prática de letramento no primeiro ciclo.
Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 25, p. 18-29, Jan./Abr. 2004.
Https://doi.org/10.1590/S1413-24782004000100003

Piletti, Claudino (2004). Didáctica Geral; 23aEdição; Editora Ática, São Paulo.

Tacca, M. C. V. R. Branco, A. U. Processos de significação na relação professor alunos: uma


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Vygotsky, L. S (2008). Pensamento e linguagem. São Paulo, SP: Martins Fontes.

_______. Psicologia pedagógica. São Paulo, SP: Martins Fontes, 2001.

_______. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo, SP: Martins Fontes, 2009.

WWW.GOOGLEACADEMICO.COM, didáctica da filosofia (acesso no mês de Março pelas


15:30’- 15:35’).

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