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Avaliação do PEA
Hoffmann (2003), refere que para conceituar avaliação torna – se uma tarefa difícil
quando nos confrontamos com as inúmeras formas de se tratar o assunto e com as mais
diversas formas de aplicação. Mesmo assim, a autora esclarece que a avaliação é “um
processo mútuo, e não só nosso ponto de vista egoísta. E ainda, é saber usar nossos
critérios de julgamento com pessoas diferentes com vivências e pontos de vista também
diferentes” (p. 11).
Segundo Piletti (2003), no processo educativo o aluno deve ser avaliado dia-a-dia, ou
seja, não somente nos dias de provas ou trabalhos, mas sim a cada instante. Quando o
professor ou educador precisa decidir aprovar ou reprovar um aluno, jamais deverá agir
sobre a emoção, pressão e algo parecido.
Nesse sentido, a avaliação pode ser caracterizada como uma forma de ajuizamento da
qualidade do objecto avaliado, factor que implica uma tomada de posição a respeito do
mesmo, para aceitá-lo ou para transformá-lo.
O processo avaliativo é parte integrante da aprendizagem e como tal deve ser visto
como elemento primordial para assegurar ao aluno a tomada de consciência de seu
avanço ou da sua verdadeira necessidade de melhoria e por isso não deve ser encarado
como forma de controle do sistema educacional, entretanto, a avaliação assume um
papel orientador.
1.1. Histórico da avaliação pedagógica
Mais do que isso: uma vez traduzido o aprendizado do aluno num dado objectivo num
valor numérico específico, a saber, a nota, usava-se esse dado para classificar os alunos:
do maior para o menor nível de compreensão, do normal ao patológico, dos “génios” às
“pessoas normais”.
O pioneiro nesse tipo de pesquisa foi Binet, que lançava mão desse mecanismo para
organizar o sistema de educação pública na França, ainda nos idos do ano de 1905. O
raciocínio era simples: não se pode ir contra a “natureza” dos indivíduos – evidenciada
pelos testes de conhecimento – sendo necessário que os estabelecimentos educativos
fossem adequados aos variados níveis de “inteligência” de seus alunos; aqueles que não
se encaixavam no “padrão de normalidade”. Criou, dessa maneira, um método
estatístico que possibilitava analisar e classificar os resultados das avaliações
psicológicas no intuito de estabelecer o nível intelectual dos alunos.
Como visto, o movimento teórico que deu origem aos testes psicométricos foi
determinado fundamentalmente pelo positivismo, na busca pela imparcialidade na
obtenção dos resultados. Muito por conta de expressar o anseio das ciências humanas
em estabelecer para si parâmetros similares àqueles colocados pelas ciências da
natureza, abriu caminho ao surgimento da pedagogia tecnicista, que assimilou grande
parte de seus pressupostos e os instrumentalizou no sentido de perseguir seu principal
objectivo: a apropriação da maior quantidade possível de conteúdo.
Aqui, opera-se uma mudança determinante em relação ao lócus ocupado pelos testes: se
anteriormente eram utilizados principalmente com o fim de organizar homogeneamente
as classes de aula, adquirindo um carácter meramente instrumental, agora admite um
papel de centralidade no processo ensino-aprendizagem, na medida em que o fim último
desse se torna a memorização do conhecimento por meio do treinamento.
Concepção pedagógica que surge por volta da década de 1920, o tecnicismo pedagógico
propugnava por uma educação “bancária”, onde o professor era o centro e o elemento
principal do processo ensino-aprendizagem, expondo o conteúdo, elaborando e
aplicando os testes a fim de verificar se os alunos haviam absorvido uma proporção
satisfatória do que lhes tinha sido passado e se a mudança comportamental querida
havia se efectivado – tudo frente a um padrão pré-estabelecido de resultados
considerados bons.
Como se pode notar, o paradigma metodológico e totalizante das ciências naturais ainda
impregnava determinantemente as ciências humanas, notadamente as Ciências
Pedagógicas e isso de tal forma que Bauzer (1970) chegou a comparar a avaliação com
a régua do marceneiro, o termómetro do médico, a balança do farmacêutico, etc. Assim
como a fita métrica, o teste dá-nos um critério de avaliação mais rápido, mais seguro e
mais preciso.
Assim, uma vez que esses testes também serviam para classificar o desempenho obtido
do melhor para o maior, adequava as turmas de alunos de acordo com esse desempenho.
A avaliação qualitativa
Esse modelo avaliativo de Scriven teve o mérito de chamar a atenção para a importância
de todas as etapas do processo ensino-aprendizagem, e por isso abriu novos espaços de
intervenção pedagógica por parte do professor, corrigindo a trajectória com vistas a um
melhor resultado.
É importante destacar que por meio da visão holística das práticas pedagógicas
avaliativas, esse modelo avaliativo marca ponto de diferenciação com a pedagogia
tecnicista, apontando para a predominância dos aspectos qualitativos em detrimento dos
aspectos quantitativos dos testes educacionais.
A avaliação nunca acontece por acaso. Ela é uma resposta a pedidos sociais
(Barlow,1992).
Devemos reforçar que os erros não devem ser associados a valores negativos, mas sim
como uma verificação que mudanças na forma de ensinar são necessárias para a
promoção da aprendizagem. Por isso, no ambiente escolar, os erros não devem ser
encarados como formas de punição ou reprovação, mas sim devem ser indícios de que
estratégias de ensino devem ser reformuladas de forma que facilite a aprendizagem de
todos os alunos de forma igualitária (Ferreira, 2004; Libâneo, 1994).
Etapa informação.
Nesta etapa o professor deve registar comentários, acções, respostas, gestos e palavras
que possam ajudá-lo na identificação da aprendizagem dos alunos. Estes registos não
devem conter informações somente da comunicação professor aluno, mas também da
relação aluno-aluno e aluno-turma. Possibilitando ao professor uma compreensão mais
ampla dos pontos que não foram compreendidos e gerando a possibilidade de
intervenções.
Essa informação também pode vir por parte dos alunos ao realizarem tarefas de auto-
avaliação ou de avaliação em grupo, contudo o professor deve sempre ser bem claro
com relação aos pontos que devem ser avaliados e o porquê deste processo avaliativo,
sem gerar no grupo possibilidades de “burlar” os resultados por medo de resultados
negativos (Ferreira, 2004; 2005).
Outro ponto ao qual o professor deve ficar atento durante o processo de recolha de
informações são os critérios de avaliação, que devem ser bem definidos e imparciais
para não provocar parcialidade nos resultados. Deixando sempre bem claro que o que
tem que ser observados é se objectivos de aprendizagem foram cumpridos, e não fazer
comparação entre alunos e turmas sobre o nível de aprendizagem e desenvolvimento de
cada um.
Etapa feedback
A falta de aprendizagem dos alunos pode esta relacionada a factores como: aspectos
relacionados ao processo de ensino; aspectos relacionados às estratégias de
aprendizagem; e com os raciocínios dos próprios alunos. Por esta razão o erro não pode
ser visto como uma acção específica do aluno, o professor também pode ter sua parcela
de contribuição.
Os dois primeiros itens estão relacionados ao professor, nesta etapa de feedback o
professor também passa por um processo de auto-avaliação. O erro do aluno poderá
estar sendo causado por aspectos relacionados ao processo ou às estratégias de ensino,
que foram planejadas e escolhidas como objectivo de proporcionar aprendizagem a
todos os alunos. A partir do momento que um único aluno não atinge esse perfil de
aprendizagem, o professor deve reflectir sobre a sua prática pedagógica e repensar
estratégias para desenvolver a aprendizagem em toda a turma (Pacheco, 1995).
O professor também deve tentar identificar como o aluno raciocinou para atingir tal
resposta de forma a descobrir o que o levou a cometer o erro. Ao tentar pensar como o
aluno, o professor consegue identificar soluções para o processo de ensino, garantindo o
sucesso da aprendizagem de todos os envolvidos.
Dependendo do que foi identificado como o motivo que levou o aluno ao erro, as
mudanças pedagógicas podem ser: alterações em actividades, recursos, metodologias,
objectivos intermediários, entre outros. O importante é que o professor consiga
identificar qual a melhor forma de avaliar todos os alunos e conduzi-los ao sucesso da
aprendizagem
A regulação do processo de ensino não pode ser vista pelos professores, como uma
falha do primeiro planeamento ou das primeiras acções de ensino, mas sim uma forma
de aperfeiçoar o seu sistema de ensino para garantir o sucesso da aprendizagem de seus
alunos, assim como o seu sucesso profissional.
Contudo, sabemos que as turmas sempre são compostas por um número significativo de
aluno, que por sua vez possui as suas individualidades de aprendizagem. Como então
promover o ensino de forma a contemplar a todos? Uma resposta simples a esse
questionamento seria: quanto mais diversificada a forma das actividades e de avaliação
do ensino, maiores as chances de alcançar bons resultados de aprendizagem, visto que
muitos alunos possuem competências e habilidades distintas a serem desenvolvidas.
Com essa diferenciação do ensino a escola poderá promover oportunidades reais de
diminuir as desigualdades de aprendizagem, resultantes da origem sociocultural dos
alunos
Os instrumentos são os meios para se realizar a avaliação dos alunos na sala de aula.
Qualquer que seja o instrumento utilizado pelo professor para avaliar os seus alunos,
este deve dar feedback ao aluno sobre o que ele conseguiu fazer e o que não conseguiu
fazer, sobre os seus pontos fortes e fracos. O feedback ajuda o aluno na sua
aprendizagem. Quanto mais variados e diversificados forem os instrumentos de
avaliação melhor o professor conseguirá recolher informações sobre os seus alunos e
melhor será a sua avaliação.
Para Hadji (1994), um instrumento mais adequado para a avaliação formativa seria
aquele que permitisse um diálogo entre quem aprende e quem ensina, ou seja, entre o
aluno e o professor.
Não existe nenhum instrumento que não faça eventualmente parte da avaliação
formativa, uma vez que a natureza da avaliação formativa não está no instrumento que é
utilizado, mas sim no uso que fazemos dela e na forma como vamos utilizar as
informações recolhidas e produzidas através delas.
O questionamento oral
As questões orais são uma espécie de conversação aberta entre o professor e os alunos.
A pergunta é um estímulo para o raciocínio e incita os alunos a pensarem e a tomarem
partido. É um excelente procedimento para promover a assimilação activa dos
conteúdos, suscitando a actividade mental dos alunos.
O professor deve ter sempre uma atitude positiva frente às respostas dos alunos. Elas
podem ser incompletas, mas conterem uma parte correta e as incorrectas devem ser um
ponto de partida que ajuda o professor a conhecer melhor as dificuldades dos alunos.
O questionamento oral deve ser baseado naquilo que o aluno sabe, sente, pensa ou quer.
Com isso, o professor passará a compreender como o processo cognitivo do aluno
funciona, levando o aluno a consciencializar-se da sua própria aprendizagem.
A auto-avaliação
A auto-avaliação é uma estratégia que faz parte da avaliação formativa e que deve ser
estimulada e aplicada na sala de aula pelos professores (Ferreira, 2007).
Santos (2008), fala da auto-avaliação, em que primeiro o aluno faz a comparação entre
aquilo que fez e aquilo que era suposto fazer, ressaltando as inúmeras diferenças entre
esses aspectos e posteriormente vai agir de forma a reduzir ou até mesmo eliminar essas
diferenças.
É através da auto-avaliação que o aluno vai reconhecer as próprias falhas e traçar
caminhos para a melhorar. Ela faz com que o aluno se esforce constantemente para
melhorar, e com isso é preciso que ela seja realizada regularmente e não somente no
final de cada semestre, trimestre ou ano lectivo. A aprendizagem como tal é um
processo contínuo, por isso a sua reflexão também deve ser contínua e constante.
Podemos dizer que a auto-avaliação é o “processo por excelência da regulação, dado ser
um processo interno ao próprio sujeito” (Santos, 2002, p. 2), e que através dela o aluno
toma consciência “do que ele já aprendeu, o que ainda não aprendeu, os aspectos
facilitadores e os dificultadores do seu trabalho, tomando como referências os
objectivos de aprendizagem e os critérios de avaliação” (Villas Boas, 2008, p. 51).
Esses critérios por sua vez, devem ser negociados, ou pelo menos clarificados
pelo professor com os seus alunos. Isto porque é com o conhecimento desses
critérios que o aluno toma a consciência do que ele deve fazer o que que deve
atingir na sua aprendizagem. Por isso, é essencial que os alunos conheçam os
critérios para a realização da actividade de forma que no final dessa actividade
eles possam verificar se a mesma foi realizada com sucesso ou não (p. 37).
A observação
A pré-observação tem a ver com a preparação para observar, na qual é preciso planear
aquilo que se pretende observar bem como as formas e os momentos da sua aplicação.
A pós-observação, por sua vez, tem a ver com a análise que é realizada sobre os dados
que foram recolhidos.
Esses momentos vão ao encontro da ideia de Méndez (2002), quando este refere que na
utilização da observação como instrumento é preciso clarificar o que vale a pena ser
observado, qual a relevância dos dados observados e qual o papel que os observados
desempenham. Também é fundamental que os envolvidos, que são os alunos, conheçam
e saibam o que será observado, qual o uso que é atribuído a esse dados e quais é que são
utilizados para a sua avaliação ou classificação.
Também com a observação é possível recolher informações com maior ou menor grau
de precisão, que serão utilizados pelo professor para realizar a avaliação. Assim, quanto
mais o professor desenvolver a capacidade de observação, maior será a sua
sensibilidade na recolha de informação.
Isto para que quem é observado possa saber a que se dedicar e quem observa possa fazer
uma apreciação justa do que foi observado.
Segundo Ferreira (2007), o professor não consegue observar todos os alunos ao mesmo
tempo, por isso, é preciso que o professor estruture e organize como irá realizar essa
observação.
Ele tem de pensar sobre o quê, quem, como, quando e porquê observar. Para isso o
professor pode criar grelhas ou listas para registar os comportamentos e atitudes dos
alunos logo a seguir à sua ocorrência.
O portefólio
Com isso, a recolha de informação sobre as aprendizagens dos alunos é feita de forma
contínua, informando tanto o próprio aluno como o professor da forma como esta a
decorrer a aprendizagem de cada aluno, e se houver necessidade de intervenção por
parte do professor este pode intervir atempadamente, orientando os alunos na melhoria
das suas aprendizagens.
Sá-Chaves (2005), também nos chama a atenção uma vez que o portefólio:
Ainda segundo esse mesmo autor, podemos ver o portefólio como uma construção do
próprio aluno, onde ele vai colocar os trabalhos que vai realizando, trabalhos esses que
demonstram as aprendizagens realizadas. A construção e a organização do portefólio
são da responsabilidade do aluno que vai contar com a ajuda do professor para a sua
elaboração. Deste modo, o aluno participa da sua aprendizagem, ou seja, ele sabe o que
fazer, o que é esperado dele e qual é o seu progresso.
Deste modo podemos identificar várias vantagens para o professor utilizar o portefólio
como um instrumento de avaliação. Este instrumento permite ao aluno acompanhar o
seu próprio desenvolvimento, ajudando-o assim a identificar e a conhecer as suas
capacidades assim como as suas dificuldades. Aqui o aluno não estuda para apenas
transitar de um ano para o outro, mas estuda para poder aprender. Através deste
instrumento, ele pode motivar-se para encontrar diferentes formas de aprender,
melhorando as suas capacidades e potencialidade.
Para além da importância que os portefólios têm para os alunos, também no dizer de
Silva (2006):
Aqui o aluno é um sujeito activo e construtor da sua aprendizagem, uma vez que é ele o
responsável pela elaboração do seu portefólio, cabendo ao professor a tarefa de orientar
o aluno na sua elaboração. Para além disso, o portefólio permite que os pais estejam
informados sobre a aprendizagem dos seus filhos, fazendo com que estes tomem parte e
participem também desse processo.
Hadji, C. (1994). A avaliação, regras do jogo: das intenções aos instrumentos. Porto:
Porto Editora.